Humberto Maturana e o espaço relacional da construção do conhecimento

Embed Size (px)

Citation preview

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    1/7

    Uma publtca cao do Centro de Cie ncias de Educa cao e Humanidades - CCEHUniversidade Cat61ica de Brasilia - UCBVolume I - Numero 2 - Novembro 2004 - ISSN 1807-538X

    Sumario

    EditorialEntrevistaArtigos eResenhasNumerosAnterioresExpedienteContato

    IIICCEH

    Humberto Maturana e 0 espacorelac ional da construcao do

    con heci mentoAdriano J. H. Vieira

    Introdu.;aoMuitas SaO as deflnlcdes que pretendem explicar a que seja a conhecimento. Certamente,cada uma delas apresenta avances e limites neste intento. Merecem atencao, entretanto,as deflnicoes que, em sua estrutura, hist6rico de pesquisa e vlvencla englobam maisamplamente as areas da vida humana. Atualmente, a pensamento de Humberto Maturanaparece ser um dos mais significativos na procura pelo fenorreno do conhecimento. Paraeste bi61ogo chileno, a conhecimento e uma construcao da linguagem. A nocao delinguagem trabalhada pelo autor e a referenciada e construida nas relacfies, que, par suavez, sao emocionadas. Nos paraqrafos seguintes apresento alguns t6picos do pensamentode Maturana a fim de compreender sua lnsercso no cenano mais amplo da educacao e, emparticular, na contrlbulcao que oferece a orqanlzacao do conhecimento que, no espacoescolar, considere a formacao do sujeito numa perspectiva mais inteira em sua constltulcaocomo tal.Maturana e sua trajetoria

    Em seus primeiros estudos de Medicina, no Chilee depois na Inglaterra, Maturana foi mapeandouma corrpreensao dos seres vivos como "entesdinamicos eutonomos em continuetrenstormeceo em coerencte com suascircunstimciss de vida".ill A buscaaprofundada desse desejo de compreendermelhor a dinamca do ser vivo levou-o a estudarBiologia em 1956, quando inicia seu doutoradoem Harvard. Inicialmente sua busca perquirit6riaresidia na neuroanatomia e fisiologia da vlsao.Ao longo de seu caminho investigativo foitracando um quadro mais amplo de seuinteresse biol6gico: a modo de operar slsterncoda neurobiologia e a orqanizacao sisterrica dosseres vivos. Mais tarde, suas pesquisaslevaram-no a tese de que 0 visto eespecificado pelo operar da retina, e nao umasimples abstracao do objeto material no qual aia bt C a

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    2/7

    referencial do agir humano.Na pesquisa do sistema nervoso foi formulandosua ideia de ser vivo como sistemas deorqaruzacao circular nos quais a que seconserva e a circularidade. Inaugura aconcepcao de autonomia do ser vivo, aeutopoiese, Pensar a conhecimento a partir daautopoiese so e possivel se entendemos cadavivente como sistema fechado ill, auto-organizado e auto-orqaruzavel. Para Maturanaisso so e possivel porque cada ser e emretacao, 0 que determina, em ultima analise, aorqanlzacao do vivo e sua pr6pria autopolese.Mas a que desencadeia e a relac;ao que seestabelece entre vivo-meio-vivo. 0 organismose autogere, mas so a faz na relacao comoutros organismos. Isso quer dizer que nao epossivel determinar quais as acoessubsequentes num processo autopoietlco. Mase possivel saber que a vivo age ere-age diantedas circunstancias. ja que vai organizando seu

    --___;,---------'conhecer a partir do propria ato de viver.Prefaciando uma das obras de Maturana, Rabelo comenta a ideia do autor:Viver e conhecer sao mecanismos vitais. Conhecemos porque somosseres vivos e isso e parte dessa conaiciio. Conhecer e condiciio de vidana menutenciio da intereciio ou acoplamentos integrativos com os outrosindividuos e com 0 meio (Rabelo, 1998b, p. 08).

    Os estudos de Maturana explicitam a sinonirm entre conhecer e viver. A noc;ao de viver-conhecer esta diretamente vinculada com a modo de relacionar-se e de organizar-se nessarelaceo. Nao se trata de adaptacao ao meio. 0 viver-conhecer na relac;ao significa, aomesmo tempo, a criac;ao/recriac;ao desse espaco relacional, e de outros, e acnacao/recrtacao do sistema em retacao. Pode incluir, em algum momenta, a adaptacao.mas vai alern dela.Nessa relacao criativa, meio-sistema, e que emerge a social. E a social e entendido comodominio de condutas relacionais fundadas na errocao oriqmaria da vida: a amor. ParaMaturana: "A emoctio fundamental que torna possivel a hist6ria da hominizeceo e 0 amor"(Maturana, 1999, p. 23). Ao falar de ermcao a autor nao se refere ao queconvencionalmente tratamos como sentimento. Emoc;ao, neste caso, "sao disposir;oescorporais dinamicas que definem os diferentes dominios de ar;ao em que nos movemos"(Maturana, 1999, p. 15). Assim entendida, a errocao fundante do social - a amor - eelemento estrutural da fisiologia humana. Maturana afirma que a amor e a errocao fundantedo social porque:

    o amor e a emoceo que constitui 0 dominio de condutas em que se dil aoperacionalidade da aceitar;ao do outro como legitimo outro naconvivencie, e e esse modo de convivencie que conotamos quandofalamos do social (Maturana, 1998b, p. 23).

    P d t i e e t I t d o d t

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    3/7

    que r-iaturana encarnnna uma nocao ae eoucacao como vrvencia aas reiacoes mesmas aosindividuos, nos presentes hist6ricos de cada qual, capaz de recriar sistema(vivo-humano)-meio.Os espacos educativos constituem-se em tenorrenos socials que manifestam, comfundamento nas errncoes. os pensamentos, os conceitos e os objetivos dos grupos sociais,num processo hist6rico e relacional, criando realidades que, nesta lnteracao constante,recria os sujeitos dela participantes. Para Humberto Maturana, este agir humane nasrelacdes e cooperativo. Para entendermos essa poslcao do autor convern uma olhada, aindaque rapida, do cenario que desafia pensadores como Maturana a buscarem alternativasviaveis para a eoucacao que resgate as distintas dirrensfies do ser humane em sua cultura.Cooperar ou competir?Uma das caracteristicas que corrpoe 0cenano da arqurrentacao critica dasegunda metade do seculo XX, e que podeajudar nesta reflexao, e a retacaoestabelecida entre habitante e habitat,entre ser humane e seu planeta. A criticaa nocao de progresso como algo que cindeser humane e natureza encaminha para avalonzecao das culturas tidas e ditas comoprimitivas. Nao se trata de sobrepor umacultura a outra. A questao situa-se naforma de relacionar-se e produzir de ummodo slsternco valorativo. 1550 quer dizerque, nesses modes de operar, estasculturas nao lidam com 0 esgotamento daFonte produtora dos bens de subsistencia,nem convivem com a dlstlncao dos modesde operar dos processos de lnteqracao nacultura. Ou seja, 0 aprender, 0 trabalhar, 0brincar, fazem parte do mesmo tenorrenode relacao do ser humane com seu espacovital. Repito que nao se trata de idealizaresta forma de viver como solucao para osproblemas que vivemos em nosso modo deoperar. No entanto, e preciso observarnessas culturas - que sao eccssistemcas- a inexistencia de depredacao, no sentido MichelleHorovitsde irreversibilidade do sistema bi6tico do Nucleode Fotografia UCB Capturameio, e as rnidancas atinentes ao desenvolvimento. A nocao de desenvolvimento nao eprogressiva, no sentido de que uma ac;ao tenha de sobrepujar outras para ser consideradavalida para 0 grupo social, mas reciclavel e integrativa, por trabalhar a relacao ser humanee natureza como modo de operar imbricados. Em outras palavras, e preciso observar nessasculturas um modo de desenvolvimento auto-sustentavel, Decorre dai um processoeducativo tarroern integrado a esta intencionalidade.E isso que podemos estudar/observar, (im)pressionados pela contribuicao da "bio-coqnicao-emocionada" de Maturana. Ao estuda-Ias, nao se pretende padronizar seus criterios para 0conjunto da sociedade ocldental, mas, antes, pode-se re-estudar e re-perspectivar osi h id tid tit i a d bj ti id d h t be dad

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    4/7

    rOIO IWIOLUIOIIO 0 lli;;;;UU\..O"_OU 1--'010 0 \..UIIII--'II;;;;LI"_OU IIOU ;;:)11;;;;..UII;;:)LILUI 11;;;;111UIIIII;;;;AIli;;;;I\..I\..IU UII;;;; \..OIOLII;;;;Inatural/bioloqlco, em sua constltulcao. mas e algo construido culturalmente. Para ele: "acompeiiciio nao e nem pode ser sadia, porque se constitui na nega~ao do outro (...) Acompeiiciio e um tenbmeno cultural e humano, e nao constitutivo do biologico" (Maturana,1998b, p. 13).A partir dai, por decorrencia obvla, os processos educativos competitivos e, por derivacao,que ensinam a cormetlcao, sao processos que afastam 0 ser humane da natureza. E 0fazem nao somente porque, do ponto de vista social, exclui 0 outro de determinadoprocesso, mas porque desconsidera 0 outrn como legitimo outro, ja que estabelece 0espaco pelo qual compete como a unlca possibilidade de rranltestacao de alquern comosujeito. Alijando-o nao somente de determinado espaco eleito como digno, mas de suacondicao de quempode dizer sua palavra.Aeducacao para MaturanaAcreditando na perspectiva do humane como integrado com seus pares, biodiversificados, aconcepcao educacional de Maturana busca resgatar a vida como centro de todos osprocessos slsterncos, Do ser humane enquanto sistema que se espraia na cultura, naconvlvencla, Pensa e desafia-nos a buscar uma educaceo que resgate a bio-centralidade.o lugar da vida e da amorosidade nos relacionamentos e acoes dos viventes.Umfio condutor que nos ajuda ir refletindo a eoucacao e a pratlca educativa e a rrudancana finalidade da educacao, passando da busca rrercadoloqica como objetivo educacionalpara a melhor qualidade do conviver humano, da qual 0 trabalho e decorrencia, crtacao enao fim.A educeceo sempre e para que. Os grupos humanos, por situacoes diversas, vaopontuando, consciente ou inconscientemente, seus objetivos do educar. Para Maturanaisso se da de uma forma intersubjetiva. Emoutras palavras, as acoes sao construidas nasratacoes, mas de uma maneira autonorra e partilhada ao mesmo tempo. Atribui grandeirrportancia ao relacionar-se, mantendo a responsabilidade do sujeito por suas decisdes.Por issoafirma que:

    Nos, seres vivos, somos sistemas determinados em nossa estrutura. Issoquer dizer que somos sistemas tais que, quando algo externo incide sobrenos, 0 que acontece conosco depende de nos, de nossa estrutura nessemomento, e nao de algo externo (Maturana, 1998b, p. 27).

    Quando Maturana fala em sistema determinado esta se referindo a uma construcaoestrutural que vem se constituindo historicamente no proprio processo vital do sistema,enquanto linhagem e enquanto individuo. Ao dizer que os sistemas vivos sao determinadosnao quer dizer pre-determinedos, 0 que ocorre e a constante autoqeracao do sistema emrelacao com suas circunstancias. Como0 processo de determnaceo estrutural e constante,e ele, enquanto sistema, que determina, no momento em que uma a-;:ao incide sobre ele,sua propria a-;:ao.Autonomia nao significa isolamento. Quando afirma que, pela autopotese, e 0 propriosistema que determina a a-;:ao nao esta afirmando que este agir seja isolado de outrasintervenientes. Ao contra rio, para Maturana, a a-;:ao e congruente. E de acordo com arelacao estabelecida, mas, a a-;:aocomo tal, particular, nao e determinada por ela.Essa relacao do sistema com 0 meio cria a linguagem 0 autor ve a linguagem nao como

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    5/7

    .. - --:/-- -- ... - -._--._-:/-- --. __ ., -- ._._, ... _- -- _._-- -- -- .. -_._-:/-- -- -- ... r-.-- .. ---- - ...torno de um tenorreno comum que vai se interpretando de acordo com a propria histoneconstrulda em torno dele e da hlstorla estrutural do sistema interpretante. Por isso, alinguagem como relaceo possui uma singular trmortancta nos processos educativos. Estes,por sua vez, deixam de ser atividades depositadoras de informac;;6es passando a constituir-se em exercfcio de conversa. Entendo, assim, a conversa como forma inclusiva e extensivado dialoqo.Para Maturana a conversa, na ac;;aoeducativa, e elemento central na relacao que produz 0conhecimento. Para ele: "A palavra con versa vem da uniao de duas raizes latinas, 'cum'.que significa 'corn; e 'verssre', que significa 'dar vottes'. de maneira que converser, emsua origem, significa 'dar voltas com' outro" (Maturana, 1998a, p. 80). A conversaconstitui-se, assim, em um espaco relacional por excelencla na ac;;aoeducativa.Se entendermos a lrroortancla do processo relacional na ac;;aoeducativa, se a torrracao dooutro como totalmente outro se constitui como objetivo da educaceo, entao e precisorepensar as interac;;6es em que 0 educando possa confrontar-se como autonorro nas acoesrelacionais e construa sua autoconsctencta, que se exercita na relacao. Para Maturana:

    A eutoconsciencie nao este no cerebra - ela pertence ao especorelacional que se constitui na linguagem. A opera~ao que da origem aeutoconsciencie este relacionada com a rettexso na distin~ao do quedistingue, que se faz possivel no dominio das coordeneciies de a~oes nomomenta em que ha linguagem. Entao a eutoconsciencte surge quando 0observedor constitui a euto-observeciio como uma entidade ao distinguira distinceo da distin~ao no linguajar (Maturana, 1998b, p. 28).

    A autcconsctencta aparece aqui mais abrangente do que uma concepcao deautoccnsciencra como consctencta de si enquanto si mesmo. Passa a ser uma conscienciade si na relacao, ja que na relacao e que se estabelece a identiflcacao do outre comolegitimo outro, 0 conhecimento passa a ser compreendido como crqanizacao do vivo nasrelacbes que vai vivenciando, como tenorrenos. 0 pr6prio ate de conhecer-viver seconstitui em uma leitura da relac;;ao cognoscente-vivente. Por isso, nesta perspectiva, 0conhecer-viver e elemento fundamental no processo de consclentlzacao.Nessa responsabilidade autonorra-relaclonal do sistema como construtor de si mesmo seestabelece uma novidade perene nas ac;;6esinterativas na linguagem. Por isso "0 futuro deum organismo nunca esta determinado em sua origem" (Maturana, 1999, p. 29). Talperspectiva ancora uma educacao continuamente criada e criadora do conhecimento-vida.Para Maturana:

    o educar se constitui no processo em que a crience ou 0 adulto convivecom 0 outre e, ao conviver com 0 outre, se transformaespontaneamente, de maneira que seu modo de viver se fazprogressivamente mais congruente com 0 do outre no especo deconvtvencte (Maturana, 1998b, p. 29).

    o pressuposto da aflrrracao da centralidade do conviver no processo educativo reside nofato de este conviver nao constituir-se simplesmente em estado. No sentido de ter dois oumais sujeitos intocaveis e refratanos um ao lade do outro. Trata-se de uma retacao, nosentido de um ser tocar 0 outro ser nesse contato. Porque ha relacao ha, por conseguinte,rmdificacao, mais ou menos perceptivel, dos sujeitos envolvidos nela. A conqruencla relineos modos de proceder nessa relacao que tornem as acoes compreensiveis aos integrantes

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    6/7

    - -interpretacao dos signos. Para Maturana nao e mais a razjio que fundamenta e embasa asacoes e a corrumcacao. mas sim a errocao, que nao pode ser abarcada pela linguagemenquanto construcao racional, mas pela linguagem construida nas coordenacoes de acoesconsensuais.o educar deixa de ser entendido como um ato da fala enquanto apresentacao de quemdomina certas informar;:5es pronunciadas como verdades e passa a constituir-se emcornmlcacao de sistemas viventes nas acoes comuns. Na primeira a acento se da noaspecto doutrinal da pronuncla. Na vlsao de Maturana, da educacao como convivio, aconqruencla, que e a corrunlcaceo mais possivel inteira do ser humano, e que vaiconstruindo as crttertos de validade para a maior qualidade do conviver. Nao se trata denegar a autoridade de quem fala, mas, ao contrarto, possibilitar-Ihe plena sentido porque afala passa a ser, no conviver, a ar;:ao do dizer desde a autoridade, portanto, uma autoria.Outro aspecto importante a considerar e a permanencia do processo educativo. Nao existeintervalo no ato de educar no conviver. 0 ato pedag6gico e assim entendido como todaar;:ao que alquern realiza no conviver. Ao contrario de dispensar a especificidade pedag6gicaesta perspectiva pretende tamar as espacos artificiais de eoucecao mais plenos dasexperienclas do conviver. Os espacos artificiais de educacao sao aqueles criados pelo gruposocial para alern do convivio do nucleo familiar au tribal pr6prios do ser humano. Valorizar epossibilitar a pleniftcacao do conviver nos espacos educativos e caminho paraexistencializar a conhecer-viver e assumir a cultura como uma das dimens6es do conviviode tal modo que se tome - ela, cultura - cada vez mais humanizante, ja que, ao mesmotempo, e comunicada aos sujeitos e transformada par eles na conqruencia, Nesse sentido,no processo educativo, "ocorre como uma trensiormeciio estrutural contingente comuma hist6ria no conviver, e 0 resultado disso e que as pessoas aprendem a viver de umamaneira que se configura de acordo com 0 conviver da comunidade em que vivem"(Maturana, 1998b, p. 29).No conviver como processo educativo, a transforrracao estrutural se da a partir dacorrpreensao slsterrsca do estrutural. Em vista disso, qualquer ar;:ao comunicada interferena totalidade do sujeito. Par isso a mudanr;:a e estrutural. E contingente porque nao nega acircunstancialidade, ao contrario, apropria-se dela para transformar-se e transforrra-la. E,alern disso, nao despreza a acurrulc que as experiencias anteriores do conviver Iheofereceram, pelo contra rio, as considera como elementos constitutivos no novo ato doconviver.A guisa de conclusaoConceber a conhecer-viver nas relacdes, no convivio, como produto/produtor de novasconheceres-viveres e do espaco das retacces onde este se da implica em pensar aorqanlzacao do ensino de modo que privilegie a convivio como espaco denso desse viver-conhecer. No agir comum da sociedade conterrporanea, que guarda a nocao deorqanizacao como sinorurm de corrpartlrrentauzecao, esta orqenizacao que pressup5eautorias no ato de conhecer-viver pode parecer um tanto dificil. Num primeiro momenta anor;:ao de autoria pode parecer-se com espontaneismo. A primeira concebe a sujeito comovirtuoso no seu dizer sabre a mundo. A segunda considera, simplesmente, qualquer dizercomo valido par si, incorrendo no mesmo equivoco do absolutismo.Essa mirada diferente sabre as processos educativos compreende uma complexidade defatores que intervem no momenta mesmo do conhecer e do sistematizar esseconhecimento. A hist6ria do/s observador/es que olham a fenorreno; a hist6ria doIenorreno ate a momenta mesmo da observacao/corrpreensao de quem a observa; a

  • 5/9/2018 Humberto Maturana e o espao relacional da construo do conhecimento

    7/7

    Presentecion, Discurso proferido por Maturana por ocasiao do recebimento do Prernio Nacional deCiencias 1995. Universidade do Chile. (voltar)AD falar em "sistema fechado" 0 autor se refere aos seres vivos. Esta nocao de sistema esta imbricadacom a autopoiese. A autopoiese e a qualidade do ser vivo em "especificar e produzir continuamente suapropria orqanizacao atraves da producao de seus componentes" (Maturana, 1997, p. 71). Usa 0 termo"fechado" no sentido de que as relacoes de componentes "que a definem (a maquina autopoiettce) sejamcontinuamente regeradas pelos componentes que produzem" (Maturana, 1997, p. 71). Num sentido bio-materialista 0 sistema (vivo) e fazedor do sistema mesmo. Isto e: refeito, 0 sistema e, num planointerativo, mais complexo. Nao se trata de urna ccntraposicao a "aberto", no sentido de relacfies com 0meio, mas fechadas sao as macro condicdes dessa relacao, Fechado quer dizer que 0 sistema mesmo edotado de mecanismos de autosustentacac, protosustentacao e retrosustentacao. (voltar)Saiba maisMATURANA, R Humberto. A arvore do conhecimento: as bases biol6gicas do entendimentohumano. Sao Paulo: Psy, 1995.__ . Da biologia e psicologia. Porto Alegre: Artes Medicas, 1998a.__ . Emoedes e linguagem na educaeao e na politica. Bela Horiwnte: UFMG, 1998b.__ . Cngnieac, ciencia e vida cotidiana. Bela Horiwnte: UFMG, 2001.__ .De maquinas e seres vivos, autopoiese: a organlzaeao do vivo. Porto Alegre:ArtesMedicas, 1997a.__ . A Ontologia da Realidade. Bela Horizonte: UFMG, 1997b.MATURANA, Humberto; REZEPKA, SimaNisis de. Formacao humana e capacitaeao,Petropolis: Vozes, 2000.

    - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ - - -Prof. MSc. Adriano J. H.Vieira e professor da Universidade Cat61icadeBrasilia. (Iattes)

    Envie um comentarlo ao autor deste artigo.

    Artigo Humberto Maturana e 0 espaco relacional da construcao do cSeu NomeSeu EmailMensagem

    Enviar Limpar

    Envie mensagem a [email protected] com perguntas ou cementarios sobre este site daWeb.Copyright 2004 Revista HumanitatesUltima modifical,:iio: 02 dezembro, 2004

    mailto:[email protected]:[email protected]