Humidade Ascendente Em Paredes

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  • HUMIDADE ASCENDENTE EMPAREDES DE EDIFCIOS ANTIGOS

    PROCESSOS DE REABILITAO E PREVENO

    Snia Cabaa

    N9 NOVEMBRO 2002

  • SNIA CARVALHO CABAA

    NDICENDICE

    I. INTRODUO HISTRICA

    II. A HUMIDADE ASCENDENTE

    2.1 PRINCIPAIS CAUSAS DO SEU APARECIMENTO

    2.1.1 Fenmeno da capilaridade

    2.2 HUMIDADE ASCENDENTE - DESCRIO DO FENMENO

    2.2.1 Exemplos de manifestaes mais frequentes2.2.2 A influncia dos sais higroscpicos

    2.3 FASE DE DIAGNSTICO

    2.3.1 Factores a considerar2.3.2 Relao do equipamento de ensaio

    III. MTODOS DE REABILITAO SOLUES EXISTENTES

    3.1 REDUO DA SECO ABSORVENTE

    3.2 DRENOS ATMOSFRICOS OU DE KNAPEN3.2.1 Princpio3.2.2 Aplicao em Obra3.2.3 Eficcia

    3.2.4 Limitaes

    3.3 PROCESSOS ELECTRO - OSMTICOS (Electro Osmose Activa; Electro Osmose Passiva;Electro Osmose Forese)

    3.3.1.1 Princpio3.3.1.2 Aplicao em Obra3.3.1.3 Eficcia3.3.1.4 Limitaes

    3.4 INTRODUO DE MEMBRANAS ESTANQUES3.4.1 Princpio

    3.4.2 Aplicao em Obra3.4.3 Eficcia3.4.4 Limitaes

    3.5 INJECES DE PRODUTOS QUMICOS3.5.1 Princpio3.5.2 Aplicao em Obra3.5.3 Eficcia

    3.5.4 Limitaes

    4

    6

    66

    799

    101010

    14

    14

    15151616

    17

    17171818

    2020202121

    2222232525

  • SNIA CARVALHO CABAA

    NDICENDICE

    IV. MTODOS DE PREVENO SOLUES A CONSIDERAR EM PROJECTO

    V. QUADRO SNTESE - ANLISE COMPARATIVA DOS MTODOS ESTUDADOS

    VI. ANEXO FICHAS TCNICAS DE PRODUTOS EXISTENTES NO MERCADO

    VII. BIBLIOGRAFIA

    26

    31

    32

    36

  • SNIA CARVALHO CABAA

    I INTRODUO HISTRICAI INTRODUO HISTRICA

    Desde sempre que os arquitectos tm tentado combater os problemas associados humidade em edifcios. Vitrvio (sec. I a.c.) j recomendava a utilizao de paredesduplas de modo a minimizar a penetrao das chuvas nas mesmas, e rebocohidrulico para a reduo da ascenso capilar na base dos paramentos. Osarquitectos da renascena compreenderam tambm o benefcio da utilizao destasparedes, mas tal como os antigos, mostraram pouco interesse no estudo do problema.

    A grande maioria dos edifcios construdos nos sculos XVII e XVIII nopossuem qualquer proteco contra a humidade ascendente do solo, poispouco foi feito at finais do sc. XlX, excepto certos aspectos de drenagem, ouafastamento das guas freticas dos edifcios.

    Grande parte do progresso atingido no sc. XlX deve-se implementao do sistemade drenagem de guas pluviais na rede pblica, nomeadamente em grandes cidadescomo Nova Iorque, Paris ou Londres.

    Outros avanos foram feitos no sculo XIX. Na Amrica, pedras de origem calcria ougrantica foram largamente utilizadas, especialmente em edifcios pblicos, parapreveno da ascenso capilar do solo, bem como barreiras penetrao de guadas chuvas.

    O progresso feito de modo a compreender e controlar os problemas relativos humidade pode ser analisado na publicao The Architecture in Couuntry Houses,publicado por Andrew Jackson Downing em 1850. Downing tinha plena conscinciados problemas relativos gua proveniente do solo, pois pode ler-se:

    fundaes construdas em pedra e argamassa ordinria sero sempre alvo fcilde ascenso capilar as argamassas correntes no oferecem qualquer impedimento ascenso da gua proveniente do solo. A soluo para este problema a construodas fundaes com argamassas hidrulica

    Downing notou tambm que em solos hmidos, a ascenso da gua deve serprevenida, antes de as fundaes serem construdas, atravs de uma fiada de pedra,ou tijolo argamassado, precedida de uma camada de cimento ou argamassa de calhidrulica no topo da fundao. O detalhe por ele recomendado , nada mais do queo antecedente de um dos 5 processos hoje em dia conhecidos para combate a estetipo de anomalia a introduo de barreiras estanques nos paramentos.

    Ao mesmo tempo, foram experimentadas tcnicas de impermeabilizao de paredespelo exterior. Alguns construtores impregnavam tijolos e pedras com solues degordura animal ou silicatos insolveis provenientes da cal. Embora grande parte destassolues se tenham mostrado ineficazes, no final do sculo comearam a serintroduzidas regras de construo relativas ao tratamento das guas provenientes dosolo.

    Nas primeiras dcadas do sculo XX, a indstria da construo desenvolveu algumassolues. Os drenos Knapen foram inventados em 1911. Inseridos horizontalmente nabase da parede, a sua funo era de evaporar a gua nela depositada atravs daintroduo de ar seco proveniente da atmosfera. Ao mesmo tempo, vrios produtos eaditivos para alvenarias foram patenteados nos Estados Unidos.

    Entre as guerras, foram pela primeira vez executados vrios estudos relativos ascenso capilar e ao aparecimento de eflorescncias, formando uma base cientfica

  • SNIA CARVALHO CABAA

    para a compreenso destes fenmenos.

    Com o final da 2 Grande Guerra, deu-se incio era dos materiais sintticos e altatecnologia na indstria da construo.

    Os silicones, inicialmente utilizados na impermeabilizao de superfcies de estradas,comearam a ser experimentados em impermeabilizaes de paredes. Na dcada de60, na Inglaterra e Alemanha, misturas de silicone e silicone latex eram injectadasdentro das paredes em bandas horizontais de forma a constiturem barreiras contra acapilaridade. Novos materiais como folhas de polietileno, misturas de chumbo/betumee placas de amianto foram tambm largamente utilizados com a mesma funo.

    Nos Estados Unidos eram introduzidos produtos qumicos e, por vezes, argila nosterrenos adjacentes s fundaes com vista a travar a subida da humidade do solopara as paredes.

    Os processos electro-osmticos foram outra contribuio europeia para o problema.Estes sistema estabelece um campo elctrico nas zonas onde instalada a barreira.Tanto o sistema activo que estabelece uma corrente directa e o sistema passivo que utiliza o potencial elctrico natural gerado pela parede hmida e o solo,constituam solues eficazes.

    Tal com aconteceu com vrios produtos no sc. XIX, alguns dos tratamentos divulgadosno sc. XX revelaram-se ineficazes ou inconclusivos. Na dcada de 70 tornou-seevidente a ineficcia dos drenos Knapen, muito utilizados desde a sua inveno. Osprocessos electro osmticos activo e passivo tambm se mostraram ineficazes. Asbarreiras de silicone foram encontradas, em certos casos, a prejudicar a construo, aoinvs de as proteger, e as injeces no solo eram tambm, geralmente, poucoeficientes.

    Deste modo, os mtodos mais eficazes utilizados em edifcios antigos foram aintroduo das barreiras constitudas atravs de folhas de polietileno ou materiaistradicionais.

    Para concluir, convm referir que os edifcios antigos, particularmente os que possuemcariz histrico, no devem ser vistos como alvo de testes de materiais noexperimentados. De modo a evitarem-se experincias semelhantes s atrs descritas, eantes de se proceder a qualquer tipo de soluo de reparao, h que compreender eanalisar os tipos e as causas fundamentais dos problemas relativos humidade. Ostcnicos tero de estar aptos a executar diagnsticos e a seleccionar o tratamentoadequado a cada situao.

  • SNIA CARVALHO CABAA

    II A HUMIDADE ASCENDENTE

    2.1 - PRINCIPAIS CAUSAS DO SEU APARECIMENTO

    Na maior parte dos casos no se pode evitar que o solo sejahmido. Pode estar saturado ou no de humidade, ou seja, os seusporos podem ou no estar cheios de gua lquida. Grande parte dosolo encontra-se sempre saturado de gua, formando a camada de

    gua subterrnea ou fretica1, cujo nvel superior corresponde aonvel de gua nos poos.

    Na realidade, o solo est saturado de gua at um nvel superior dita camada devido s foras capilares, subindo tanto mais quantomais finos sejam os seus poros2 geralmente 20 a 30 cm sobre o

    nvel da gua fretica [19]. A um nvel superior, os poros, semestarem saturados de gua, absorvem quantidades mais ou menosimportantes. Finalmente, s muito perto da superfcie do terreno, ocontedo de gua do solo pode ser bastante baixo, graas absoro pelas razes das plantas ou evaporao por contactocom a atmosfera e a aco dos raios solares.

    Deve ento fazer-se a distino entre o que sucede por baixo e porcima da camada de gua fretica. Na primeira zona o soloencontra-se saturado e a gua est sob presso e, no segundo caso,a gua s penetrar nas paredes sob o efeito da capilaridade, ou

    seja, dentro da camada aqutica f-lo- sob a aco de forasmuito mais importantes, tanto mais importantes quanto mais sedesa na referida camada.

    Poo

    Camada hmida

    Asceno capilarda humidade dosolo saturado degua

    Camada aquticasubvlvea

    Fig. 2.1 Distribuio da gua nas camadas do solo.

    2.1.1 Fenmeno da Capilaridade2.1.1 Fenmeno da Capilaridade

    Fig. 2.2 Fenmeno da Capilaridade.

    A capilaridade um fenmeno que posto bemem evidncia quando se mergulha um tubo finode vidro designado por tubo capilar numrecipiente com gua. Verifica-se que o nvel dagua sobe imediatamente no interior do tubo,destacando-se do nvel da gua do recipiente.Esta evidncia mostra que deve existirnecessariamente uma fora que, nas condiesda experincia, se instala e produz o efeitoobservado. Esta fora toma o nome de foracapilar e a sua aco designa-se porcapilaridade.

    O fenmeno da capilaridade, por sua vez,ocorre em resultado de uma outra propriedadedos fluidos a tenso superficial.

    Entre as partculas ou molculas constituintes deum lquido exercem-se foras de atraco. Estasforas de atraco entre molculas do mesmomaterial designa-se por coeso.

    Fig. 2.3 Tenso Superficial.

    Uma molcula no interior de um lquido, longeportanto da superfcie, ser igualmente atrada emtodas as direces pelas molculas vizinhas, peloque as foras de coeso se equilibram. Contudo,para as molculas prximas da superfcie, dada ainexistncia de outras molculas de lquido acimadelas, as foras de coeso no esto equilibradase, em resultado, a superfcie do lquido ficatensionada (fig. 2.2).

  • SNIA CARVALHO CABAA

    Assim, para que possam ocorrer manifestaes de humidadeproveniente do terreno, sejam de origem capilar ou fretica, necessrio que as paredes se encontrem em contacto com a guado solo, o que pode acontecer nas seguintes situaes [5]:

    - fundaes das paredes situadas abaixo do nvel fretico;

    - fundaes das paredes situadas acima do nvel fretico emzonas cujo terreno possua elevada capilaridade,provocando a ascenso da gua existente a uma cota

    inferior;

    - paredes implantadas em terrenos pouco permeveis ou compendentes viradas para as paredes, dando origem a que asguas da chuva, ou provenientes de outras fontes, possamdeslizar sobre o terreno e entrar em contacto com aqueles

    elementos.

    2.2 HUMIDADE ASCENDENTE - DESCRIO DOFENMENO

    A humidade ascendente pode ser definida como o fluxo vertical degua que consegue ascender do solo atravs do fenmeno dacapilaridade para uma estrutura permevel [4].

    A ascenso de gua nas paredes, que pode ocorrer at alturassignificativas, funo de:

    - condies de evaporao de gua que para a tenha migrado;- porosidade do material3;- permeabilidade do material4;

    - quantidade de gua que se encontra em contacto com aparede.

    No caso de paredes de edifcios antigos de alvenaria oscaminhos mais fceis pelos quais a gua poder ascender so as

    juntas ou ligantes de argamassa. Geralmente, para a gua ascenderpor um tijolo, ter primeiro de percorrer as juntas de argamassa sua volta. De facto, elas constituem o nico caminho contnuopara a sua ascenso. Se os tijolos da alvenaria possurem umtratamento repelente gua, e a argamassa utilizada for comum, aascenso far-se- do mesmo modo. Mas se, pelo contrrio, o

    ligante possuir caractersticas hidrfugas, o fenmeno, de formageral, no acontecer. Constata-se assim que as argamassasutilizadas nas alvenarias formam uma parte bastante importante dotratamento desta patologia.

    tambm a tenso superficial que explica acurvatura observada da gua junto das paredesdo tubo (fig. 2.1).

    Uma molcula junto parede do tubo, no sofredesse lado a aco de molculas de gua. Noentanto, pelo efeito observado, torna-se evidenteque esta molcula atrada pelas molculas dovidro e que essa fora se sobrepe acoexercida pelas molculas de lquido inferiores. Aatraco entre molculas de diferentes materiais designada por adeso. As molculas quesobem por adeso junto s paredes do vidroesto tambm a contribuir para a tensosuperficial, puxando as molculas vizinhas paracima e originando a curvatura observada.

    O fenmeno de ascenso de lquido no tubocapilar no acontece, no entanto, com todos oslquidos. Se a mesma experincia fosse realizadacom mercrio, por exemplo, verificar-se-ia queeste, alm de no subir no tubo, ficaria aindaabaixo do nvel original, e que a curvatura nosbordos seria convexa (fig. 2.1). Isto aconteceporque o mercrio no molha a superfcie dotubo ou, por outras palavras, no adere.

    A diferena entre os casos da gua e domercrio permite afirmar que um lquido emrepouso molhante em relao parede dorecipiente que o contm se o ngulo demolhagem () com a parede inferior a 90, ouseja, se a superfcie do lquido for cncava. Ongulo de molhagem tanto maior quantomaior a tenso superficial do lquido.

    Fig. 2.4 Tubo capilar [8].

  • SNIA CARVALHO CABAA

    Fig. 2.5 Ascenso da gua pelas juntas de argamassa [4].

    Tanto nas paredes de tijolo como nas de pedra, so geralmenteidentificveis os sintomas de humidade ascensional atravs de umalinha horizontal na parede, ou seja, pela diferena de tonalidade

    do paramento, de uma zona mais escura para uma mais clara. Estalinha forma-se no ponto onde o equilbrio entre capilaridade eevaporao atingido, deixando muitas vezes acumulaes visveisde sais cristalizados, usualmente designados de eflorescncias.Para baixo da linha, a humidade ascende por capilaridade. Aseflorescncias no aparecem nesta zona, pois a humidade mantm

    os sais em soluo. Acima da linha, a humidade varia de acordocom as condies climatricas. Nesta rea que, poder-se- chamarde transio, a humidade, por vezes alta, de modo a suportar acapilaridade, outras vezes baixa e s existe vapor de gua.Quando a gua se evapora, os sais cristalizam e ficam adepositados. De facto, a banda de sais poder ser um dos mais

    importantes indicadores de uma possvel humidade ascensional (vercap. 2.3.1.1).

    Fig. 2.6 Esquematizao geral da ascenso de gua porcapilaridade [4].

    Num tubo capilar, um lquido molhante sobe atque o peso da coluna de gua (F) equilibre aaco da tenso superficial (). De acordo como esquema apresentado na figura 2.3, podeassim escrever-se:

    F = . g . . r2 . h = cos . 2 . . r

    A presso hidrosttica correspondente alturado lquido no tubo, equilibra a subpresso ousuco capilar (pc):

    Pc= - . g . h

    vindo a relao entre a subpresso capilar e atenso superficial, dada por:

    pc= - 2 . . cosr

    Nesta expresso, a tenso superficial () vemexpressa em N/m, o raio capilar em m e ongulo de contacto () em graus .

    A altura da ascenso capilar tambm se tirafacilmente:

    h= - 2 . cosr . . g

    pelo que se conclui que, tanto a suco capilar,como a altura de ascenso capilar soinversamente proporcionais ao raio doscapilares. Esto assim intimamente relacionadascom a estrutura interna do material. Verificando-se que a tenso superficial diminui com atemperatura, tambm aqueles parmetros sofunes decrescentes da temperatura.

    Analisando qualquer uma das duas ltimasexpresses, verifica-se que a aco dapenetrao de um lquido por capilaridade nummaterial pode ser contrariada de duas formas:

    - Reduzindo a adeso, que representada pelongulo de molhagem;

    - Reduzindo a tenso superficial [8].

  • SNIA CARVALHO CABAA

    Tal como foi referido anteriormente, a humidade pode serproveniente das guas freticas ou superficiais. A cada um destesdois tipos de alimentao corresponder um conjunto de sintomasespecficos [5].Nas situaes em que a humidade proveniente das guas

    freticas, os fenmenos apresentam-se sensivelmente inalterados aolongo do ano, verificando-se que a altura das manchas,correspondentes s zonas hmidas, aproximadamente constanteem cada parede, sendo maior nas paredes interiores,comparativamente s exteriores o grau de evaporao menor.

    Quando a humidade proveniente das guas superficiais, osfenmenos apresentam variaes durante o ano, sendo em geralmais gravosos no Inverno do que no Vero, e a altura das zonashmidas pode variar consideravelmente ao longo das paredes,especialmente nas exteriores, sendo geralmente menor nas paredesinteriores do que nas exteriores. Em consequncia de tais variaes,

    as zonas erodidas das paredes apresentam grande amplitude emaltura.

    2.2.1 A influncia dos sais higroscpicos tipos mais frequentes

    Os sais existentes no solo e nos materiais de construo dissolvem-sena gua, sendo arrastados por esta at superfcie da parede, ondecristalizam quando ocorre a evaporao da gua, dando origem s

    eflorescncias e criptoflorescncias atrs referidas.

    Os sais provenientes do solo e dos materiais de construo maisfrequentes de se manifestarem so [20]:

    NITRATOS - Sais de origem orgnica, por isso mais frequentes em

    zonas rurais. O mais corrente o nitrato de clcio, que cristaliza a25C e a uma humidade relativa de 50%.

    SULFATOS Sais bastante higroscpicos e solveis. Cristalizam comgrande aumento de volume - o Sulfato de Clcio, p. e., aumenta em

    40% o seu volume.

    CLORETOS Provenientes essencialmente dos materiais deconstruo, da gua e de ambientes marinhos. Absorvem grandesquantidades de gua quando combinados com outros sais,particularmente com os sulfatos.

    CARBONATOS Esto tambm presentes nos materiais deconstruo, transformando-se em bicabornatos sob a aco dagua e do dixido de carbono.

    2.2.2 Exemplos de manifestaes mais frequentes

    Fig. 2.7 - Caso de humidade ascendente de guasfreticas em paredes interiores.

    Fig. 2.8 - Caso de humidade ascendente de guassuperficiais numa parede exterior. A linha aqui

    perfeitamente visvel.

    Fig. 2.9 - A drenagem de um tubo de queda feitadirectamente no solo um dos motivos mais frequentes

    da patologia.

    Fig. 2.10 Manifestao de eflorescncias na base deuma parede.

  • SNIA CARVALHO CABAA

    Seguidamente enumeram-se os sais mais frequentementeencontrados nos diversos materiais de construo:

    2.3 FASE DE DIAGNSTICO

    As vrias fases que constituem uma interveno com vista resoluo de um problema de humidade ascendente podemesquematizar-se do seguinte modo [12]:

    1. Determinao das causas (diagnstico);2. Eliminao da fonte;3. Intercepo da gua;4. Criao de uma barreira contra a subida da humidade;5. Desumidificao da parede;6. Eliminao dos defeitos;

    7. Proteco e preveno.

    De entre as vrias intervenes correctivas atrs referidas, a presentemonografia deter-se- apenas um pouco sobre o mtodo dediagnstico fase essencial para que qualquer tipo de recuperao

    seja bem sucedido e, essencialmente, sobre a criao de barreirascontra a subida de humidade em paredes Captulo III.

    A fase de diagnstico envolve dois processos:

    - A identificao do problema, incluindo a sua natureza eextenso ex: elevado grau de eflorescncias na paredeexterior da fachada norte ao nvel do piso trreo. reaaproximada de 4m2.

    Fig. 2.11 E 2.12 Manifestao extrema de sais numaparede de alvenaria.

    Fig. 2.13 Checkup de rotina a executar ao edifcio nafase de diagnstico.

    Exame externo:

    a) Coberturas, algerozes, caleiras, etc.;

    b) Estado das alvenarias, argamassas,rebocos e pinturas;

    c) Verificao de possvel fendilhaojunto a pontos fracos da construo;

    d) Estado das portas e janelas;

  • SNIA CARVALHO CABAA

    - A previso de uma possvel causa do problema ex: o exameexecutado na base da parede acima referida revelou que estase encontra fendilhada, o que constitui um ponto de entrada degua.

    O diagnstico identifica a causa e o efeito do problema, usualmente

    comeando com a identificao deste ltimo.

    2.3.1 Factores a considerar

    Os materiais de construo comuns diferem bastante entre sirelativamente sua resistncia humidade. Este facto encontra-serelacionado com o grau da mesma existente no ar e com acapacidade que o material possui para a atrair. Para isto concorre asua composio qumica e a presena de sais que se encontram nas

    paredes - seja por ascenso capilar, seja por integrarem oscomponentes estruturais do material empregue.

    A presena de uma ascenso capilar activa indicada porquantidades excessivas de humidade na base das paredes, que vodiminuindo na razo inversa da sua altura. Este gradiente ,

    geralmente, observado at alturas de 1,5 m. Contudo, este valordepende directamente da estrutura e condies das alvenarias,podendo assim ascender a valores mais altos.

    A contaminao das alvenarias por uma banda de sais

    higroscpicos poder confirmar a existncia de um problema destetipo, mas no possibilitar a distino entre uma ascenso activa oupassada. Para a verificao de tais situaes ser necessria arecolha numa faixa vertical - de amostras in situ e a posteriordeterminao dos teores de humidade e higroscopicidade de cadauma. De facto, a altura onde os sais esto presentes revelar a

    histria da humidade eles marcaro sempre a altura mxima aque ela ascendeu. Assim, poder-se- tambm utilizar este mtodopara testar a eficincia de eventuais barreiras instaladas.

    tambm essencial, nesta fase, proceder eliminao de outraspotenciais fontes de humidade - especialmente de condensaes em

    meses frios bem como verificao de possveis tratamentosanteriores nas paredes em causa, de modo a que o diagnstico sepossa executar o mais correctamente possvel (fig. 2.11), j que adeterminao da relao causa/efeito se poder tornar umprocesso extremamente complicado.

    e) Verificao de grelhas de ventilao eoutras aberturas em fachadas;

    f) Verificao de chamins e outroselementos emergentes nas coberturas;

    g) Deteco de uma possvel barreiraanti humidade existente, incluindo aidentificao do produto e sistemautilizados.

    Exame interno:

    a) Verificao da existncia de fungos,manchas e bolores;

    b) Verificao de desagregao depinturas e rebocos;

    c) Verificao da existncia deeflorescncias;

    Identificao de possveis materiais danificadosdevido aco da gua.

    Exame secundrio interno (pressupe o uso deaparelhos de medio de teores de humidade):

    a) Verificao dos teores de humidadeno permetro e centro dospavimentos;

    b) Determinao dos teores dehumidade dentro e fora das paredes;

    c) Verificao das juntas entrepavimentos/paramentos;

    d) Deteco de uma possvel barreiraanti humidade existente, incluindo aidentificao do produto e sistemautilizados (se instalada no interior doedifcio);

    e) Verificao dos teores de humidadenas superfcies paredes sob uma linhavertical e sob uma linha horizontal;

    f) Verificao da existncia decriptoflorescncias;

    g) Verificao da utilizao de folhas depolietileno ou metlicas em paredes;

    h) Listagem do tipo de materiaisutilizados em rebocos, pinturas,estuques, etc.

  • SNIA CARVALHO CABAA

    Fig. 2.14 a 2.17 Recolha de amostras in situ para a determinao dos teores dehigroscopicidade:

    Fig. 2.14 Materiais necessrios: berbequim de baixa rotao, rgua, aparelho demedio de teor de humidade, caixas de recolha, etiquetas e bloco de notas;

    Fig. 2.15 Marcao dos pontos de recolha distanciados entre 5 a 10 cm;

    Fig. 2.16 Recolha das amostras;

    Fig. 2.17 Medio dos vrios nveis do teor de humidade.

    Quadro 2 Perfil - tipo de uma parede resultados dos ensaios (situaocorrespondente ao 1 perfil do Quadro 3).

    Grfico 1 Perfis tipo possveis de distribuio da humidade e sais em paredes.

    Exames adicionais:

    a) Verificao (se possvel) do historialdo edifcio (projecto, obras derecuperao, etc.);

    b) Avaliao do tipo e condies deutilizao do edifcio ( instalaes deaquecimento central, arcondicionado, extraco de fumos,caudais de ventilao, etc.).

    Interpretao dos Resultados (Grfico 1):

    ASCENSO CAPILAR ACTIVA

    Os sais mascam a altura mxima a que ahumidade ascendeu, mas neste perfil estacontinua ainda a subir. No caso da existncia deuma barreira, comprova-se a sua ineficcia.

    ASCENSO CAPILAR CONTROLADA

    Neste caso, a humidade j atingiu no passado aaltura dos sais, mas neste momento encontra-secontrolada ou reduzida.

    PENETRAO DE GUA DA CHUVA ACIMA DEHUMIDADE ASCENDENTE

    No ltimo caso, existe a presena de humidadeacima da altura mxima de sais. Este fenmenosugere que exista uma possvel ocorrncia depenetrao de gua da chuva ocorrendo acimado nvel mximo ao qual subiu. Em casos comoeste, ser impossvel afirmar com certeza queum tratamento eliminaria a patologia, pois impossvel saber ao certo qual a sua fonteexacta.

  • SNIA CARVALHO CABAA

    III - MTODOS DE REABILITAO -SOLUES EXISTENTES

    3.1 REDUO DA SECO ABSORVENTE

    Este mtodo, ainda que pouco utilizado nos nossos dias, reveste-sede algum interesse no que se refere ao seu fundamento. Foiconcebido no sculo XIX por Koch, no mbito da tentativa deresoluo dos problemas de humidade ascendente na Igreja de S.Lus dos Franceses em Roma, os quais comeavam a afectar

    gravemente os frescos a existentes..

    Consiste em retirar tanto quanto possvel, a zona de alvenariaafectada pelo problema da humidade ascensional, atravs da suasubstituio por espaos vazios, reduzindo assim, substancialmente,os seus poros capilares atravs dos quais a gua possa ascender.

    Efectivamente, o que acontece que a quantidade de guaabsorvida pela seco reduzida da parede ser compensada pelaevaporao que se d nas zonas confinantes com as aberturas,obstruindo deste modo a migrao ascensional natural da gua.

    No caso encetado por Koch, foram realizados uma srie de arcos nabase da parede afectada, os quais foram apoiados em colunas depedra impermevel, reduzindo, assim, consideravelmente aquantidade de gua absorvida.

    Pese embora a sua relativa eficcia, este mtodo coloca bviasreservas quer em termos estticos da construo, quer no que serefere sua estrutura, a qual poderia vir a ser afectada.

  • SNIA CARVALHO CABAA

    3.2 DRENOS ATMOSFRICOS (OU DE KNAPEN)

    3.2.1 - Principio

    Este sistema assenta num princpio aparentemente simples:mergulhando um tubo de ensaio cheio de gua numa tina comleo, observa-se que este, sendo mais leve, substitui gradualmente a

    gua no interior do tubo, enquanto que esta se vai depositar nofundo da tina.

    Partindo desta constatao, Knapen (1911) concebeu um mtodoque consistia em introduzir drenos de material cermico nas paredesde alvenaria, por forma a proceder sua secagem. Seguindo o

    mesmo princpio de funcionamento, o ar que entrava nos drenosficava rapidamente saturado, sendo sucessiva e continuamentesubstitudo pelo ar seco, mais leve. De modo a acelerar estaevaporao, os drenos eram colocados em posio oblqua,favorecendo assim uma corrente de conveco ligada ao

    arrefecimento do ar que promove a evaporao.

    Dado o baixo custo deste processo, a sua utilizao foi generalizada.Contudo, a realidade revelou que era pouco eficaz, pois atemperatura no interior dos tubos, uma vez que diferente da doexterior, dificulta, na prtica, uma avaliao analtica real do

    comportamento deste sistema.

    Os tubos utilizados inicialmente eram constitudos em materialcermico, tendo sido posteriormente substitudos por outros deplstico, cuja ausncia de porosidade foi compensada pela

    existncia de diversas perfuraes.

    Fig. 3.1 Principio de funcionamento dos drenos atmosfricos (ou de Knapen).

    3.2.2 Aplicao em Obra

    Este processo consiste na execuo desimples furos de arejamento, dispostosem quincncio e inclinados de 20 a

    30 com a horizontal, distando entre sicerca de 35 a 40 cm, no devendo asua profundidade ultrapassar dalargura da parede a tratar. Nestesfuros so colocados os drenos, osquais podem ser cermicos, plsticos

    ou metlicos, e apresentar diversasformas e dimenses, consoante o casoonde sero aplicados. Em seguida acavidade dever ser preenchida comuma argamassa porosa, por forma a

    fixar o dreno e favorecer a circulaodo ar. Finalmente aplicada umaargamassa de acabamento e colocadauma grelha de proteco aparente naextremidade livre do dreno.

    Fig. 3.2 Esquema de abertura das cavidadesna parede para colocao dos drenos [3].

    Fig. 3.3 Esquema de abertura das cavidadesna parede para colocao dos drenos [3].

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    3.2.3 - Eficcia

    A eficcia deste mtodo bastante varivel, dependendo de factoresexternos, tais como o aquecimento no interior do edifcio, apenetrao solar, a humidade existente, etc. No entanto, emqualquer caso a sua eficcia duvidosa, uma vez que, por um lado,a abertura de cavidades nas paredes poder provocar pontes

    trmicas, as quais em presena de temperaturas mais baixas,favorecero condensaes localizadas. Por outro lado, ainda que oprincpio de funcionamento seja vlido, os sais que existem nasalvenarias em geral, e especialmente nas que esto sujeitas afenmenos de ascenso de gua do terreno, acabam,inevitavelmente, por colmatar as zonas de contacto entre os drenos e

    a parede, impedindo a passagem do vapor de gua. Esteinconveniente poder eventualmente ser ultrapassado recorrendo colocao de uma barreira de estanquicidade atravs de injeco desilicones (descrita posteriormente), mas o processo de reparaomais frequente o da substituio dos prprios drenos, geralmente

    de 5 em 5 anos.

    3.2.4 - Limitaes

    Em primeiro lugar, convm referir que os tubos no constituempropriamente uma soluo de reparao; eles apenas atenuam oefeito da humidade, no a corrigem.

    Salientam-se tambm os problemas de ordem esttica que a

    colocao das grelhas nas fachadas podero provocar.

    Por outro lado, este sistema no poder ser aplicado em paredesmuito espessas, mal consolidadas ou em alvenarias de pedra.

    Em algumas circunstncias, quando se registam humidades e

    condensaes excessivas, tais como em instalaes sanitrias,lavandarias ou cozinhas, este sistema poder funcionar de formainversa, aumentando o problema.

    Fig. 3.4 Esquema dos drenos atmosfricosconcebidos por Knapen [3].

    Fig. 3.5 Aspecto de um dreno em materialplstico utilizado actualmente (dreno Speedy).

    Fig. 3.6 Aspecto de uma parede tratada comtubos atmosfricos.

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    3.3 PROCESSOS ELECTRO OSMTICOS (Electro Osmose Activa; Electro Osmose Passiva; Electro Osmose Forese)

    3.3.1 Principio

    A ascenso capilar da gua nos materiais porosos introduz umadiferena de potencial elctrico entre a parede e o terreno. Estecampo elctrico natural soma-se s foras da capilaridade e bombagem devida evaporao superficial, favorecendo a subida

    da humidade no interior da parede. A electro-osmose baseada nofacto de que quando se anula esta diferena de potencial ouquando se aplica uma tenso inversa, o percurso ascendente dagua dever, consoante o caso, ser bloqueado ou contrariado. Ouseja, teoricamente, invertendo a tenso que se cria naturalmenteentre a parede e o terreno, dar-se-ia origem a uma migrao da

    humidade no sentido daquela para este.

    O sistema electro osmtico foi descoberto pelo fsico russo Reuss nosc. XVII mas s na dcada de 30 comeou a ser aplicado naSuia, aps experincias executadas na Escola Superior Politcnica

    de Zurique. Foram os irmos suios Ernst, que, na mesma poca,adaptaram este processo como soluo para problemas dehumidade em edifcios, tendo-o patenteado em diversos pases.

    Este sistema consiste em inserir elctrodos na alvenaria e no solo,ligando-os entre si atravs de fios condutores. As sondas inseridas na

    parede funcionaro como nodo, enquanto que as tomadas de terraactuaro como plos negativos, ou ctodos. Assim, a corrente quese estabelece naturalmente entre o plo positivo (terreno) e o plonegativo (parede), a qual provoca a deslocao da gua carregadade sais (nitratos e sulfatos) ser anulada ou invertida.

    Efectivamente, se apenas se pretende anular a diferena depotencial, basta que as sondas sejam constitudas por materialidntico. Se, por outro lado, o objectivo o de inverter o sentido dofluxo, ento as sondas devero ser constitudas por materialdiferente, como, por exemplo, o cobre para o nodo e o ao

    galvanizado (sendo mais electro-negativo) para o ctodo, criandouma espcie de pilha elctrica. esta diferena que distingue,respectivamente, a electro-osmose passiva da semi-passiva.

    A interposio entre os elctrodos da parede e do terreno de umafonte de corrente contnua, ainda que de baixa tenso, constitui

    aquela que se designa como electro-osmose activa. Neste ltimocaso, a diferena de potencial no dever ser superior a 1,6 V, sobpena de ocorrer a electrlise da gua. ainda considerada a electro-osmose forese, a qual surgiu como

    3.3.2 Aplicao em Obra

    A instalao faz-se no interior ou noexterior da parede e, em certos casos,em ambos os lados, simultaneamente.

    Os circuitos colocados na parede,bem como os do solo, podem ficarcompletamente invisveis, noinfluenciando, assim, o aspectoesttico da construo. Devem tomar-se as precaues necessrias para

    garantir que os elementos utilizados,sobretudo os colocados no solo, semantenham conservados, por forma ano prejudicar o bom funcionamentodo sistema.

    Cada edifcio a tratar deve serconsiderado como um caso particular,devendo determinar-se para cadacaso:

    - altura, colocao e quantidade dedispositivos de contacto;

    - separao entre si e profundidadeda cravao na parede;

    - nmero e colocao doscondutores que unem o conjunto

    de dispositivos de contacto aoconjunto de tomadas de terra;

    - distncia da linha de tomadas deterra parede e sua colocao nointerior ou no exterior da

    construo;

    - separao entre si e profundidadedas tomadas de terra.

    Esta escolha dever ser exaustivamenteponderada, tendo em conta que as

    correntes favorveis se medem emmilivolts e que tero de contrariar um

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    complemento das primeiras j descritas, com a finalidade deultrapassar o seu maior inconveniente: o reaparecimento dosproblemas de humidade aps a interrupo do sistema. Esta formade electro-osmose consiste em introduzir produtos de forese,contendo partculas metlicas em suspenso, os quais so injectados

    nas paredes, por forma a que, sob a aco da corrente elctricaproduzida, a gua contida na parede, ao deslocar-se, arrasteconsigo essas partculas que se iro depositar nos poros do materialda alvenaria. Desta forma, aps um perodo de ano e meio a doisanos de funcionamento do sistema, este poder ser interrompido,

    uma vez que os poros, j obstrudos, impediro a ascenso da guana parede.

    Fig. 3.1 Esquema geral do funcionamento do processo electro osmtico.

    3.3.1 Eficcia

    A eficcia da electro-osmose varia consoante o mtodo e osmateriais utilizados:

    - sonda em cobre: eficcia duvidosa- sonda em ao inxidvel: eficcia mdia

    Por outro lado, a eficcia varia tambm de acordo com o modo decontacto entre a sonda e a alvenaria e a inrcia qumica docondutor utilizado. No sentido de melhorar o desempenho dosistema, dever assegurar-se um contacto pleno entre a sonda e a

    alvenaria, pelo que poder utilizar-se uma argamassa para corrigiras eventuais folgas.

    As sondas de cobre apresentam o inconveniente de se cobrir, comrelativa rapidez, de uma camada protectora de carbonato-hidrxido.No que se refere especificamente ao mtodo da electro-osmose

    activa, frequentemente observado que a corrente vai diminuindo

    sistema muito complexo de foras queelevam a gua nas alvenarias.Devero ainda considerar-se factorescomo a natureza do solo, suatopografia, grau de humidade e

    caractersticas elctricas, bem comooutros, relativos ao edifcio ou paredea tratar, tais como a natureza dos seusmateriais, sua configurao,orientao e caractersticas elctricas.

    Quando as zonas a tratar estoperfeitamente localizadas edelimitadas, a instalao suficienteapenas nessa zona do edifcio.

    3.3.1 Principio

    A tcnica de secagem das paredes porelectro-osmose requer um profundo

    conhecimento dos materiais a tratar edo teor de sais das alvenarias. Acolocao de tomadas de terra e amedio das resistncias elctricasdevero igualmente ser realizadas em

    conformidade com as regras da boaarte.

    A aplicao deste mtodo exige,ainda, indubitavelmente a intervenode especialistas encarregados de

    estabelecer os planos de instalao, ouso de aparelhos de medioespeciais e aperfeioados, uma

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    progressivamente. Alguns estudiosos sustentam que isto se deve secagem da parede, mas a maioria dos fsicos e qumicosconsideram que este facto resulta da polarizao dos electrodos. Seambas as explicaes forem correctas, ento a interrupo dosistema por um determinado perodo deveria resultar no

    restabelecimento da corrente normal, logo que aquele fossenovamente ligado. No entanto, raramente se constata estacondio, sendo que na realidade a reduo da corrente acabasempre por ser progressiva, at se tornar insignificante, aps um oudois anos de funcionamento. Esta diminuio na corrente elctrica

    muitas vezes acompanhada por uma considervel reduo nahumidade ascendente, pese embora este fenmeno s possa serclaramente observado em laboratrio ou em paredes que no sejamafectadas pela penetrao da gua da chuva ou outras fontes dehumidade. A explicao aparente para este fenmeno que os iesexistentes na parede, particularmente os do clcio e os do alumnio,

    foram sendo progressivamente redistribudos, formando uma zonadensificada entre os electrodos, a qual obstrui tanto a correnteelctrica como a humidade ascendente. Enquanto este fenmenotem sido observado em paredes nas quais foi utilizado o sistema deelectro-osmose activa, no se pode concluir que este efeito sejageneralizado, constatando-se ser mais evidente em paredes

    incorporando pedras carboncias e argamassas de cal.

    grande experincia no processo e umjuzo acertado da situao que seapresente.

    Concluindo, este mtodo parece

    apresentar poucos benefcios, sendousualmente aplicado em associaocom outros mtodos, tais como asubstituio dos rebocos ou oaumento da ventilao natural,

    ambos, na sua generalidade maiseficazes e mais econmicos que oprprio sistema da electro-osmose.

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    3.4 INTRODUO DE MEMBRANAS ESTANQUES

    3.4.1 - Princpio

    Esta tcnica, geralmente utilizada em construo nova como se irverificar no Captulo IV - , tambm utilizada, sobre certascondies, na reabilitao de paredes antigas. Consiste emintercalar em toda a seco do paramento um material impermevelsobre a forma de folhas ou placas.

    3.4.2 Aplicao em Obra

    Existem essencialmente quatro tcnicas distintas sob o ponto de vistado mtodo de corte da parede [5]:

    - Substituio dos elementos de alvenaria;- Corte com serra manual ou mecnica;- Corte por carotagens (mtodo de Massari);- Introduo forada de materiais rgidos (processo Shoner

    Turn).

    Substituio dos elementos de alvenaria

    Este processo consiste na demolio de pequenos troos da parede, medida que neles se vai inserindo uma faixa (com cerca de 20 a30 cm de altura) de materiais impermeveis. Trata-se de uma

    tcnica de execuo morosa e difcil, sendo apenas utilizada emparedes constitudas por elementos de dimenses reduzidas eformato regular, dado que hoje em dia tende a cair em desuso.

    Corte com Serra manual ou mecnica

    A utilizao deste mtodo foi francamente melhorada atravs do

    corte com serra. So cortados troos de comprimentos de 1m eneles introduzidos materiais como membranas betuminosas, placasde chumbo, folhas de polietileno ou de policloreto de vinilo, eargamassas de ligantes sintticos. Assegurar a continuidade destesmateriais ao longo da parede um facto fundamental para que o

    processo obtenha resultados favorveis.

    O nvel de vibraes produzido por certo tipo de serras poderinviabilizar a sua utilizao em certas paredes, nomeadamente em

    Fig. 3.1 e 3.2 Colocao de uma barreiraestanque atravs de corte mecnico.

    Fig. 3.3 Aspecto geral de um tratamento porintroduo de barreiras estanques.

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    alvenarias pouco coerentes, nas quais possam existir problemas deestabilidade.

    Fig. 3.4 Corte mecnico de uma parede de alvenaria.

    Corte por carotagens (mtodo de Massari)

    Massari desenvolveu e apresentou um mtodo de corte baseado emcarotagens sucessivas, em troos de 42 cm de comprimento. As

    furaes, com o dimetro nominal de 3,5 cm, so executadasalternadamente em duas sries de modo a que a segunda permitacortar o material remanescente da primeira. Este processo tem oconveniente de poder cortar paredes que qualquer espessura.

    Os espaos vazios, depois de devidamente limpos, so tratados comargamassas de ligantes sintticos.

    Introduo forada de materiais rgidos (processo Introduo forada de materiais rgidos (processo ShonerShoner Turn)Turn)

    Este mtodo, surgido recentemente no mercado, consiste naintroduo na parede afectada de chapas metlicas, geralmente deformato ondulado em ao inoxidvel, atravs da utilizao de

    martelos pneumticos que foram a sua penetrao.

    O seu campo de utilizao bastante restrito apenas se poderutilizar em alvenarias constitudas por elementos de dimensesregulares, com juntas horizontais bem definidas.

    Tal como o corte com serra, as vibraes a que este mtodo estsujeito, podero comprometer a sua aplicao.

    Fig. 3.5 Mtodo de Massari [3]

    Fig. 3.6 Mtodo de Shoner Turn [3]

    3.4.3 Eficcia

    Este processo , de entre todos o mais

    fivel.

    Quando cuidadosamente colocadas,as membranas estanques garantemuma eficcia total.

    3.4.3 Limitaes

    Tal com j foi referido, alguns dosmtodos de corte possuem limitaesdevido s vibraes por si causadas.Convm tambm no esquecer que,na medida em que representa aintroduo de uma descontinuidadefsica nas paredes, este mtodo deverser utilizado apenas em edifcios deporte reduzido, sempre com apreocupao de no enfraquecerzonas estruturalmente importantes.

    Do ponto de vista econmico, detodos os mtodos o mais caro.

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    3.5 INJECES DE PRODUTOS QUIMICOS

    3.5.1 - Princpio

    Tal como foi descrito em 3.4, a criao de uma barreira fsica,

    embora com resultados eficazes, possui grandes limitaes deaplicao; tem custos directos elevados, e so de aplicabilidaderestrita.

    Aliando estes factos ao aparecimento de novos materiais,

    particularmente do tipo sinttico, tm surgido novas tcnicas deexecuo de barreiras estanques, atravs da introduo destesprodutos nas paredes.

    Neste processo, constituda uma banda estanque na qual aspropriedades capilares do material, designadamente o ngulo de

    contacto entre a gua e a superfcie interior dos poros, modificadoquimicamente. Importante referir que, as injeces iro apenas, deum modo geral, controlar a humidade e no impedi-la de subir.

    Deste modo, ao invs de um corte, criada uma srie de furos aolongo da base da parede (o mais prximo possvel do nvel do

    terreno), com um espaamento entre si entre 10 a 40 cm(dependendo da prescrio do fabricante e do modo de injeco).

    Na criao deste tipo de barreiras devero de ser utilizados produtosrepelentes de gua, em forma lquida ou viscosa, diluveis em gua.

    So geralmente baseados em micro-emulses de silicone comestrutura espacial, s quais se associam molculas orgnicas [12].

    Estes produtos devero possuir como caractersticas principais osseguintes aspectos [12]:

    - Capacidade de modificao do ngulo de contacto entre agua ascendente e a superfcie interior dos poros;

    - Boa ligao qumica parede existente;- Capacidade de inalterao do aspecto e propriedades do

    substracto mineral;

    - Constncia de propriedades a temperaturas entre os 5C e40C;

    - Baixa resistncia difuso do vapor de gua, permitindo arespirao das paredes;

    - Resistncia aos alcalis;- Serem fungicidas;

    - No serem poluentes;

    - Serem isentos de solventes qumicos.

    Fig. 3.1 Esquema de funcionamento daintroduo de produtos qumicos por gravidade

    ou difuso.

    APLICAO EM OBRA DE UM MTODO DEINJECO POR GRAVIDADE/DIFUSO:

    1. Parede a tratar

    2. Execuo dos furos

    3. Introduo dos reservatrios de produto

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    3.5.2 - Aplicao em Obra

    Existem dois mtodos de introduo dos produtos: por gravidade oudifuso e por presso.

    No primeiro caso, o produto escorrer livremente para a paredeatravs das foras gravticas, estendendo-se seguidamente, pordifuso, por toda a sua espessura.

    A injeco sob presso, tal como o nome indica, executadaatravs da ajuda de uma bomba, que ser ligada a vrios tubosintroduzidos na furao existente.

    A ttulo de exemplo, o quadro abaixo descreve os principais produtosutilizados e os respectivos mtodos de aplicao em obra [3]:

    Os furos a executar na base das paredes devero ser dispostos doseguinte modo:

    - Para aplicao por gravidade podero ser levementeoblquos relativamente parede;

    - Devero ser executados de um dos lados da parede no caso

    de a espessura desta no ser superior a 0,50 m, ou dos doislados da parede no caso contrrio;

    - O seu dimetro dever ser apropriado ao dimetro dashastes a introduzir na parede para a impregnao.

    4. Verificao e controle dos tubos de injeco

    5. Perodo de permanncia dos reservatrios nolocal para difuso do lquido

    6. Verificao dos nveis do lquido nosreservatrios. Estes encher-se-o sempre que

    estiverem vazios.

    7. Aps a aplicao do mtodo, a parede sser rebocada quando os teores de humidade

    no excederem 5%.

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    A obturao dos furos com argamassas adequadas e noretrcteis s poder ser executada aps a secagem total doparamento.

    Finalmente, e de modo a promover-se a boa reabilitao da parede

    aps o tratamento, ser necessrio proceder-se substituio dosantigos rebocos. Estes s devero ser executados quando os teoresmdios de humidade dos paramentos sejam iguais ou inferiores a5% [12]. Esta operao reveste-se de extrema importncia, pois irremover todos os depsitos de sais higroscpicos neles depositados

    ao longo do perodo em que a anomalia esteve activa.

    Fig. 3.4.2 Possveis tipos de colocao dos furos consoante anatureza da parede a tratar.

    Deste modo, os novos rebocos a aplicar tero - para alm dainevitvel compatibilidade com o suporte uma importante funo:a capacidade de prevenir a passagem dos referidos sais dasuperfcie ainda contaminada para o exterior, pois tal como foi

    referido anteriormente, as paredes podero levar anos a secar e asua base permanecer sempre hmida.

    Como tal, poder-se- distinguir duas fases distintas e indissociveisneste processo:

    - A introduo dos produtos que ir exercer funes decontrole da humidade;

    - A substituio dos rebocos antigos que ir exercer funesde preveno relativamente a futuros estragos.

    APLICAO EM OBRA DE UM MTODO DEINJECO SOB PRESSO:

    1. Remoo e limpeza do reboco afectado.

    2. Execuo dos furos.

    3. Colocao do sistema.

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    3.5.3 Eficcia

    As injeces no formam um plano impermevel como asmembranas estanques, mas sim uma banda difusa.

    Quando as solues so injectadas em substratos heterogneos casos das alvenarias - , de um modo geral no preenchem

    igualmente toda a estrutura; iro criar caminhos preferenciais quecorrespondem s linhas de menor resistncia dos materiais geralmente poros mais largos ou fendas. Infelizmente no so estesos caminhos mais importantes para a condutncia da gua naparede. Para alm disto, quanto mais hmida estiver a parede,maior tendncia tem este fenmeno de acontecer, especialmente

    com sistemas baseados em solventes que no se misturam comgua.

    O fenmeno cujo termo anglo-saxo se designa por viscousfingering [4] assume maior significado no caso das injeces sob

    presso.

    Fig. 3.4.3 Caminhos preferncias do lquido dentro da parede.

    A eficcia deste tipo de sistemas poder tambm ser afectadaquando existem anteriores solues impregnadas na parede a tratar.Problemas semelhantes podero ocorrer quando as paredes sotratadas contra infestaes de animais.

    3.5.4 Limitaes

    De um modo geral, poder-se afirmarque os processos de injeco, seja porgravidade ou sob presso, podematingir bons resultados, se utilizadosinteligentemente e instalados de formaconscienciosa. De facto, o sistemaexige o recurso a mo de obraespecializada, motivo pelo qual temcomeado a cair em desuso emalguns pases, associando-seinevitavelmente ao elevado nmero defalhas.

    Outra grande limitao da utilizaodeste tipo de sistemas o facto de abase das paredes permanecer semprehmida, j que o processo noconstitui uma barreira totalmenteestanque e uniforme.

    A utilizao de emulses base desolventes poder tambm causarproblemas nocivos sade dosutilizadores dos espaos tratados,nomeadamente em condieshigromtricas desfavorveis - elevadashumidades relativas.

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    IV - MTODOS DE PREVENO (SOLUES ACONSIDERAR EM PROJECTO)

    As enormes dificuldades de ordem tcnica e econmica que sepem nas solues de reparao de construes afectadas porhumidade ascensional justificam plenamente que o problema seja

    exaustivamente estudado na fase de projecto constituindo assimum conjunto de medidas preventivas para suprimir ou, pelo menos,minimizar este tipo de anomalias.

    Convm tambm referir que, algumas das solues seguidamentedescritas podero constituir solues eficazes de reparao, sempreque as condies do local o permitam, lembrando tambm que oscustos para a eliminao das referidas patologias sero sempreelevados.

    Os mtodos de drenagem mais correntes so as seguintes:

    - Drenagem perifrica das guas, de modo a afast-las dasfundaes atravs de:

    Valas perifricas com enchimento;

    Valas perifricas sem enchimento;

    Execuo de cmaras de ar nas paredes de fundao;

    - Tratamento da superfcie do terreno;

    - Execuo de barreiras anticapilares;

    - Execuo do corte hdrico na parede atravs da colocaode membranas impermeveis.

    Como seguidamente se ir confirmar atravs dos exemplos grficos,qualquer dos tipos de solues enumeradas no se esgotam em simesmas. De facto, a combinao inteligente de cada uma delas,adaptada a cada tipo de caso, poder constituir um mtodo mais

    eficaz e de maior durabilidade.

    Valas perifricas com enchimento

    As valas com enchimento, tal como o nome indica, diferem das

    anteriores pelo facto de possurem materiais de enchimentopermeveis no seu interior que iro conduzir as guas infiltradaspara uma tubagem existente no seu fundo. Estes materiais devero

    A primeira precauo para protecoda gua ascendente do solo consiste,obviamente, em afast-la das

    fundaes.

    Os drenos e poos de absoro tmpor misso afastar dos alicerces asguas infiltradas atravs do solo por

    gravidade. No entanto, poder-se-baixar pelo mesmo processo o nvel dolenol de gua, se for o caso de oedifcio a construir estiver implantadoabaixo do nvel fretico. Quando ascondies geolgicas so favorveis,

    um poo que chegue a uma camadaabsorvente dar o resultado desejado.No entanto, na maior parte dos casoster-se- recorrer drenagem.

    Segundo [21], a maior parte daspatologias resultante da aco dahumidade do solo(manchas, eflorescncias,descolamento de pinturas e rebocos)observam-se com as seguintes

    condies de terreno e solues deestanqueidade:

    - Edifcios erigidos em solosimpermeveis, ou pouco permeveis,

    compostos por argila ou limo;

    - Elementos construtivos manifestando

    grande quantidade de guaacumulada, consequncia dapendente do terreno ou precedente dedrenagem mal executada do prprio

    edifcio (caso dos tubos de queda aescoar directamente para o terreno);

    - Ausncia de drenagem perimetral erespectivas camadas filtrantes.

    Em casos de terrenos pouco coerentes,

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    constituir em mdia quatro camadas distintas, com granolumetriascrescentes da superfcie para o fundo [3].Os tubos de drenagem podero ou no ser porosos, sendo decontemplar neste ltimo caso, as devidas perfuraes. Tendo emconta que estes recolhero grande quantidade de finos provenientes

    do terreno, convm proceder-se execuo de caixas de limpeza.

    Barreira impermevel

    Revestimento exterior

    Areia

    Gravi lha

    Enrocamento

    Pedras grandes

    Dreno

    Beto ciclpico

    SUBSOLO

    Eventual impermeabilizao do terreno perifrico

    Terrenoimpermevel

    2 m

    varivel

    Barreira impermevel

    Revestimento exterior

    Areia

    Gravilha

    Enrocamento

    Pedras grandes

    Dreno

    SUBSOLO

    Fig. 4.1 e 4.2 Dois exemplos de valas com enchimento.

    Valas perifricas sem enchimento

    So executadas junto das paredes afectadas, de modo a que os seus

    bordos em contacto com o terreno sejam autoportantes, visando ainexistncia de qualquer tipo de solicitaes que se possam transmitirs alvenarias. No seu fundo dever-se- executar uma caleira queconduzir as guas a um esgoto adequado e, a zona superior , deforma geral, fechada.Uma das principais vantagens deste mtodo o facto de, para alm

    de impedir o acesso das guas laterais, favorecer a secagem dasparedes contguas, desde que nelas se garanta a permeabilidade aovapor de gua. Mas , para que tal seja possvel, ter de ser previstaa colocao de um reboco permevel ao vapor ou, se possvel, nolhes aplicar qualquer tipo de revestimento. Dever-se-o tambm

    os finos podero ser arrastados para avala, colmatando os poros dos seusmateriais de enchimento e impedindoo seu bom funcionamento. Nestascircunstncias dever-se- revestir toda

    a sua superfcie com um mantogeotxtil, de modo a anular estesinconvenientes.

    Quanto sua localizao, as valas

    podero ser executadas junto ou longedas paredes (fig. 3.1 e 3.2). Noprimeiro caso, dever-se- ter emconta, tal como no caso anterior, apermeabilidade dos rebocos ao vaporde gua e, no caso de reabilitao, a

    remoo de eventuais argamassasestanques que podero afectar asecagem da parede. No segundocaso, dever existir o cuidado de criare impermeabilizar um declive noterreno (da base da parede para a

    vala).

    A profundidade das valas adjacentess paredes no dever exceder o nveldas suas fundaes. Se a mesma for

    executada afastada das paredes, a suaprofundidade mxima dever sercondicionada pela pendente de umarecta imaginria que una o nvelinferior das fundaes existentes e ofundo da vala (fig. 3.2), a qual no

    deve exceder 15% no caso de oterreno ser constitudo por areias finas,ou 30% se for argiloso [5].

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    adaptar solues construtivas que permitam uma adequadaventilao das valas, geralmente por grelhas de ventilao e peloprprio traado que ter de contemplar vrias exposies ao sol /sombra (que contribuiro para a criao de temperaturas variveisque, por sua vez, criaro o efeito de chamin).

    As larguras das valas oscilam entre 30cm e 1m e a suaprofundidade dever ser a mesma que o nvel inferior das paredes(acautelando os devidos aspectos de segurana estrutural).

    Execuo de cmaras de ar nas paredes de fundao

    A execuo de valas perifricas com enchimento possui comogrande inconveniente o facto de no permitir a ventilao daparede. De modo a atenuar este tipo de problema, existem hoje emdia solues alternativas que se traduzem, nomeadamente, na

    colocao de elementos com configuraes adequadas junto aoparamento exterior tendo em vista a constituio de uma cmara dear para que a ventilao ocorra.Existem algumas variaes deste sistema que se traduzem pelacolocao de blocos drenantes bem como de telas filtrantes (espcie

    de fio condutor da humidade para o dreno) [20].

    ORIFICIO DE VENTILAO

    TAB

    IQU

    E

    Fig. 4.6 e 4.7 Solues de execuo de cmaras de ar com orifcios de ventilaoda parede.

    Tratamento da superfcie do terreno

    Em muitos casos, os terrenos adjacentes construo, apresentam

    declives que permitem o escoamento para a superfcie das paredes.Atravs de simples correces, poder-se-o evitar este tipo deanomalias. Entre elas encontram-se a correco do declive doterreno, a criao das valas drenantes, atrs citadas, em zonasadequadas, e a impermeabilizao ou drenagem da superfcie do

    terreno de modo a evitar possveis infiltraes.

    Fig. 4.3 Soluo de drenagem superficial doterreno conjuntamente com a execuo de uma

    cmara de ar [21].

    Fig. 4.4 Soluo de drenagem perifricaconjuntamente com um corte hdrico [21].

    Fig. 4.5 Soluo de criao de drenagemsuperficial [21].

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    Execuo de barreiras anticapilares

    Tendo em conta que a humidade do solo penetra nas faces dasparedes pela aco das foras capilares, sendo estas tanto maisintensas quanto mais finos forem os seus poros, poder conferirresultados positivos a colocao, entre os elementos de construo

    ou entre as faces das paredes e o solo, de aglomerados de materiaisde poros largos, tais como um enchimento com pedra britada,entulho ou beto ciclpico. Este mtodo geralmente utilizada ematerros e construes subterrneas. Contudo, na maior parte doscasos, conveniente reforar ou substituir a soluo por acolocao de membranas impermeveis (corte hdrico) [19].

    Execuo do corte hdrico atravs da introduo de membranas impermeveis.

    Esta soluo, quando devidamente concebida, sem dvida, de

    todas a mais eficaz. O D.T.U. francs 20.1 [22] considera que asparedes elevadas devem estar protegidas da ascenso capilar dagua do solo atravs de um corte hdrico localizado a uma distnciasuperior a 15 cm do solo exterior. O corte dever de ser executadoem todas as paredes do edifcio exteriores e interiores.

    Os materiais a aplicar recomendados pelo mesmo documento soos seguintes:

    - Feltro betuminoso;

    - Chapa betuminosa armada;

    - Folha de polietileno pousada a seco sobre camada de argamassade 300 a 350 kg de cimento por m3 de areia, com 2 cm deespessura, protegida por uma segunda camada de argamassa de

    cimento de igual espessura.

    Fig. 4.11 e 4.12 Colocao de uma barreira impermevel sob e sobre a laje der/ch [21].

    Fig. 4.8 Colocao de uma dupla membrana- para proteco de salpicos da gua da

    chuva[21].

    Fig. 4.9 Soluo de colocao de membranaimpermevel conjuntamente com a introduo

    de um elemento descontnuo com funesdrenantes [21].

    Fig. 4.10 Soluo de colocao de membranaimpermevel conjuntamente com a execuo de

    uma cmara de ar [21].

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    Contudo, segundo [19] existem outros tipos de materiais quepodero exercer as mesmas funes, conforme se pode verificar noquadro seguinte:

    Os pontos fracos dos cortes hdricosdevero ser criteriosamente tratados.Ao colocar-se uma membranaestanque haver que promover a suacontinuidade ao longo da parede,quer longitudinalmente, quer

    verticalmente. As figuras abaixorepresentadas indicam erros deexecuo comuns:

    Figs. 4.13, 4.14 e 4.15 Erros de execuomais comuns na colocao de membranas

    impermeveis [22].

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    V - QUADRO SNTESE - ANLISE COMPARATIVA DOS MTODOS ESTUDADOS1

    SISTEMAS DESECAGEM

    RESULTADOS DE ENSAIOSEM LABORATRIO

    EFICCIAGLOBAL

    POLIVALNCIA(*)

    ASPECTO(**)

    OBSERVAES

    1 fase 2 fase

    Barreiras Fsicas Excelentes Bons Muito boa Falvel Mdio

    No utilizvel emparedes espessas ou

    que apresentemproblemas deestabilidade

    DrenosDrenosAtmosfricosAtmosfricos Duvidosos --- Duvidosa Mdia Mdio

    No evitam ahumidade

    ascensional;provocam pontes

    trmicas

    Injeco pordifuso desilicatos

    Excelentes Mdios Boa Boa MdioAcentua as

    eflorescncias nazona tratada

    Injeco sobpresso de

    metilsiliconatosde potsio

    Muito bons --- Muito boa Muito boa Bom

    Pouco eficaz para asparedes muito

    hmidas ou quecontm

    concentraeselevadas de sais.

    Injeco sobpresso desilicones

    --- Muito bons Muito boa(1 ensaio)

    Muito boa Bom

    A evaporao dossolventes pode ser

    nociva sade. Estee o anterior so os

    sistemas maisflexveis.

    Injeco sobpresso debetume ememulso

    --- Bons Boa(1 ensaio)

    Boa Mdio

    Risco de manchasnegras nas paredes,

    nas zonas deinjeco.

    Electro-osmose(inox)

    Mdios --- Mdia Boa Bom

    A diferenafundamental de

    eficcia deve-se notanto diferena dometal constituinte

    dos elctrodos, masao bom contacto

    Electro-osmose(cobre) Duvidosos Duvidosos Duvidosa Boa Bom

    com a alvenaria.

    LEGENDA:

    (*) Aptido dos tratamentos relativamente aos diversos materiais e tipos de paredes.(**) Aspecto esttico das paredes na zona tratada.

    1 Este quadro baseado nos ensaios em laboratrio e in situ do CSTC [3] e nas recomendaes da revista Proteste [11].

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    SIKAMUR - SIKA VI ANEXOS FICHAS DE PRODUTOSVI ANEXOS FICHAS DE PRODUTOS

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    CAPILASIL BIUINTERNACIONAL

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    SALIFIM MATESICASAMUR MATESICA

  • SNIA CARVALHO CABAA

    STAPDRY - TECNOCRETE

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    VII BIBLIOGRAFIAVII BIBLIOGRAFIA

    PUBLICAES:

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    [2] BIU Internacional, Manual de Produtos para a Construo, ediode 2000.

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    [5] Henriques, Fernando (1992), Aco da Humidade em Paredes. Formas deManifestao, critrios de quantificao e anlise de solues de reparao,Lisboa, Instituto Superior Tcnico.

    [6] Matesica, Dossier Tcnico, edio de 2000.

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    [9] Paiva, J. Vasconcelos (1969), Humidade nas edificaes, Lisboa, LaboratrioNacional de Engenharia Civil.

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    [13] Recupero Edilizio (1982), Volume 1 Metodologie tecniche prodotti,Bologna, Ristampa84.

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    [16] Sika, Pronturio de Fichas tcnicas (2000-2001), edio n 4.

    [17] Silva, Jos Gomes (1983), Acidentes patolgicos em paredes de edifcios:Origem, formas de manifestao, medidas preventivas, reparaes, exemplosde acidentes, Lisboa, Laboratrio Nacional de Engenharia Civil, Curso 510.

    [18] Tecnocrete, Manual de Fichas Tcnicas, edio de Maro de 2001.

  • SNIA CARVALHO CABAA

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