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I ABQNIAS FILHO DOUTOR HONORIS CAUSA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ÇrTTnT Tnrm TrnrT YUFBA 178.25 F/1JFBA 378.25 A239 Titulo: Adonias Filho. Doutor Honoris Causa. Universidade Federal 1239 'IRJTi CONSULTA «llllllill 4 : ai v. * r

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I

ABQNIAS FILHODOUTOR HONORIS CAUSA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Ç—)Ç—rTTnT Tnrm TrnrT

YUFBA178.25

F/1JFBA 378.25 A239Titulo: Adonias Filho. Doutor Honoris Causa. Universidade Federal1239

'IRJTiCONSULTA «llllllill 4

: ai v. *r

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ADONIAS FILHODOUTOR HONORIS CAUSAUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

K.WUOTECACP1TOU.4 f' SEÇAO ^ /

O

COLEÇÃO “HONORIS CAUSA” NÚMERO 4

SALVADOR, BAHIA, 1983

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Discursos pronunciados por ocasião da entrega do tí^ tulo de Doutor Honoris Causa ao escritor Adonias Fi^ lho a dia 20 de abril de 1983, no Salão Nobre do Pa lácio da Reitoria, em Salvador.

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ÍNDICE

1. Apresentação - Reitor MACÊDO COSTA.

2. Discurso de saudação - Prof. CLÁUDIO VEIGA.

3. Discurso de agradecimento - Doutor ADONIAS FILHO.

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1APRESENTAÇÃO

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APRESENTAÇÃO

"0 eminente escritor declara, com justeza e indisfarçá vel orgulho, que a sua obra literária é essencialmente baia na, pois se inspira na terra do cacau e recria a gente do Ca tongo e de Itajuípe. Por isso mesmo agradece à Bahia a láu rea que ora recebe".

em verdade, e a própria Bahia que lhe proclama"Poisos méritos, através da voz autorizada do Instituto de Letrase lhe entrega este titulo pelas mãos categorizadas da insti tuição cultural maior: a sua Universidade Federal".

Palavras do Magnífico Reitor Luiz Fernando Seixas de Nacído Costa no encera da ceriaônia de entrega do título de Doutor Honoris Causa.■ento

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0 Professor Cláudio Veiga saudando o escritor Adonias Filho

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2DISCURSO DE SAUDAÇÃO

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DISCURSO

Professor Cláudio Veiga

Ao serdes recebido, em 1965, pela AcademiaBrasileira de Letras, recordastes, no final de vos so discurso de posse, a criança em cuja imaginação e sensibilidade vossos romances começaram a gernúnar:

0 menino está deitado na terra, sombras na rofrutos. 0ça de cacau, os homens cortam os

agreste de Ilhéus, Itabuna e Itajuípe, em todas as vai turas do povo do sul da Bahia, chega pelas vo zes que narram. Heróis que se isolam,guerra e ódio, também piedade e amor, carga humana que pesa no chão de árvores. Ouvir, o menino viu. E quando o romancista se debruça para es crever - sem inventar a fábula original, sem trair as vozes, sem esquecer as figuras - é o menino na verdade que escreve. Esses livros, porém, tempo imóvel em minha vida, não se fa riam em um país sem liberdade.

ou

Nessas linhas em que se condensam vossos mances publicados até aquela data acréscimos, vossos romances posteriores,e nas quais também se esclarece a gênese de vossas criações, se encontra um roteiro para quem deseje fazer uma peque na reflexão sobre tantos livros que têm cativado tantos leitores dentro e fora de nossas fronteiras.

rocom algunse,

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0 sugestivo resumo nos leva a discernir que se ouvem em vossa narrativa, enveredar naquele tempo que a criança captou para sempre, perceber um cenário que se tornou familiar e conhecer figuras marcadas pela fatalidade e paixões desabri. das. Vozes que narram, o tempo que flui, um espaço cúmplice e seus habitantes.

as vozes

aquelas

I

No mundo primitivo em que se desenrolam sos romances inexiste praticamente a palavra escri^ ta. É o recurso excepcional do personagem mudo que, em 0 Largo da Palma, traz consigo um caderno em que anota, com letras volumosas, as suas mensagens. Aci^ ma de tudo, em vossos livros, a palavra é fala,voz.

Daí, na metaforização visceral que anima vossas criações, o tratamento recebido pela palavra que se ouve. Bn Memórias de Lázaro, o que Jerõnimo ex

vos

as

prime soa como se fossem pancadas de um machado sua voz "animava a realidade que retalhava com ciência de quando recortava uma rês ou uma sela". A voz de Olegário, em 0 Forte, tanto pa recia trazer o calor da noite, como também "corria,

ter

ea pa

consertava

agua movendo areia, chuva de verão batendo na ra". A voz de Tari Januária, em As Velhas, possuía tamanha vibração que parecia sair do fogo. No mesmo romance, para o jovem Uirá, que tem alma de músico, é de algodão a voz de Marimari, mesmo quando falava com raiva. Em Léguas da Promissão, quando os negros retirantes acampavam em meio da floresta, "a voz de Simoa, era como se houvesse maresia no ar e o cheiro de praia destruísse a resina". Macia quanto os zinhos de queijo e, para o seu namorado mudo,a da moça da Palma.

Ganha relevo particular a palavra falada quar do é proferida, não por um simples interlocutor,mas é asumida pelos narradores auxiliares que, em sos romances, desempenham valioso papel, quase rituais anunciam, então, ou rematam as inter venções desses narradores. Ou são introduzidos pela expressão - "Ouçam, eu peço", como Alexandre senta Jerõnimo em Memórias de Lázaro. Ou é o pro prio narrador quem frisa, no inicio e na conclusão

paevoz

vos Formulas

apre

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de suas falas: "Eu estou dizendo", em 0 Forte, "Contar, eu conto", em As Velhas.

A palavra falada que, no encaixe das narrações, e un elemento estrutural de vossos romances, se consubstan cia naturalmente em vosso estilo que, sem despropo sito, pode ser chamado de oral. Não no sentido que se afirma, por exemplo, que é oral a poesia de Cas tro Alves, isto é, oratória. A poesia e a prosa ora tórias devem ser proferidas, conforme a de Horácio, em sua Arte Poética - "ore rotundo", is to é, com uma elocução cuidadosa, propiciada grandes construções harmoniosas e simétricas. É de outra natureza a oral idade de vosso estilo: a orali. dade que não é oratória, mas coloquial. No entanto, não abris as portas, de par em par, ao linguajar re gional. Tereis, de algum modo, procedido como Álva ro Moreyra de quem vos mesmo dissestes, que, em sua poesia, procurou "libertar-se principalmente na área linguística, incorporando literariamente o da fala do povo". Um coloquialismo naturalizado pe la arte.

ou

expressão

por

melhor

Revolucionária, vossa frase não o é em exibir e entronizar corriqueiras transgressões, mas, empar tindo da linguagem falada, naturalmente avessa às acrobacias da subordinação, estruturar-se em moldes incisivos e sugestivamente insólitos. Recorreis com parcimo nia às orações subordinadas e, quando lançais mão das condicionais, evitais, quase sempre, para deses pero de Kipling, a conjunção se, maneira que aflora mesmo no romance de Wassermann - 0 Processo Maurizi us, que traduzistes juntamente com Otávio de Faria.

Marcado por judicioso coloquialismo, vosso es tilo não rejeita as possibilidade da arte da prosa, mesmo de uma prosa poética, bastando lembrar, entre as simetrias expressivas, certo movimento ternario que se encontra, em profusão, em vossas páginas, co mo neste trecho de 0 Forte: "As frutas, os peixes.todas as cores. Os passaros, os sinos, todas as sicas".

mu

Privilegiais, em consequência, a frase nominal, cuja eficácia, em textos literários, já fora compro vada.pela prosa impresionista e pela poesia lista, tendo ela, em vossos livros, o melhor penho, tanto para descrever e narrar, quanto

simbodesempara

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traduzir o monólogo interior.A respeito do nouveau roman.um crítico, ao fa

lar em cura de emagrecimento, se referia não ao re duzido número de páginas, já que há novos romances obesos, mas ao emagrecimento em substância, à redu ção do assunto, dos personagens e da história. Já em relação a vossos romances, foi a frase que, apro ximando-se da eficácia e economia do estilo coloqui al, renunciou a palavras opacas, as palavras que não passam de simples argamassa, para, mais breve, tor nar-se, ao mesmo tempo, mais expressiva.

II

Trazendo vosso discurso de posse o problema da temporalidade no romance, valeria frisar que,sen do o assunto motivo de muitas indagações, remontou- se até á famosa conceituação de Ste Agostinho, em suas Confissões: "0 que, afinal, é o tempo? Se nin guém me perguntar, eu sei; mas se o quiser explicar a quem me fizer esta pergunta, não sei". Quanto a vossos romances, distinguir-se-iam, resumidamente,o tempo do autor e o tempo dos personagens.

Para considerar o primeiro, isto é, o tempo em cuja expessura o autor se vai perfilando com su as realizações, relembre-se a conhecida afirmação de Sainte-Beuve: tal árvore, tal fruto. Não tanto na crença de que o conhecimento do homem seja uma cond£ ção sine qua non para a avaliação de seus livros, mas pela simples verificação de que a árvore não dá fru to uma só vez. Ela vive, atravessa as estações e po de oferecer mais de uma safra. Vossa produção lite rária, que se enraiza em vossa infância, se vem es calonando através do tempo e, para que alguém sonde sem indiscreção nem mau gosto vosso tempo, isto e, vossa idade, permiti que venha à tona a confissão prazerosa feita em vosso romance - Fora da Pista.Da tado de 1978, seus heróis são um avo e um neto e o livro é dedicado a vossos netos. Com essa esclarece dora informação, podemos remontar, sem escrúpulos, ate 1946, quando veio a lume o vosso primeiro roman ce - Os Servos da Morte e descer até 1981, quando apareceu 0 Largo da Palma. Marcadas por grandes li^ vros, são, portanto, quase quatro décadas de cria

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ção literária.Cada um desses livros pode constituir um tem

po imóvel em vossa vida, mas sua seqüincia imprime um dinamismo em que se conjugam fidelidade e evolu ção. É assim significativa a distância que separa a atmosfera escaldante de Os Servos da Morte do clima jovial em que se desenvolvem as peripécias de Beto Guriati, em Fora da Pista. Igualmente, os paezinhos de queijo vendidos na Ladeira da Palma, por sua con sistência e seu sabor, estão distantes daquela rinha de milho que, no começo de Os Servos da Morte , um personagem não consegue ingurgitar. No entanto, apesar de certo abrandamento, não haverão de desapa recer as sombras e as veemências dos primeiros mances. No último de vossos livros, 0 Largo da Pal ma, surge de novo, aquele polêmico recurso a eutaná sia que, em narrativas anteriores, também serviu de bálsamo a outras vítimas da violência. E, ainda no

fa

ro

mesmo livro, um personagem agradece aos ceus ter nas cido cego para não ver os enforcamentos da Revolução

dessashá uma fidelidade a um estilo marcadamente

certas ondula

dos Alfaiates. Acrescente-se que, ao longo décadas,pessoal, mas que, por vezes, ganhaçoes.

Assim como o tempo age sobre o criador, modela o tempo de seus personagens. Com efeito, mo se desenrola o tempo em vossos romances?

0 tempo que flui em vossas criações, ou antes do mais, o tempo em que se situam os vossos ces é particularmente aquele em que ja vai bem _ antado o desbravamento do sul da Bahia em beneficio das plantações de cacau. Quanto à narrativa, os tos ocorreriam ou conforme os moldes

esteco

romanadi

fatradicionais

ou segundo novos enfoques.Enquanto o tempo não era das maiores preocupa

ções dos romancistas, fluía placidamente, do quase sempre â cronologia. Esse correr não é o que se verifica em vossas criações, se manifeste, uma ou outra vez, como Ilhéus, em que os diversos quadros que enaltecem a metrópole do cacau se sucedem em ordem cronlogica:A

- Os jesuítas - Os sertanistas

obedecen singelo

embora no Auto dos

A Santapovoaçao _____Nossa Senhora - Os desbravadores - Os imigrantesOs sirios - Os coronéis - Dom Eduardo. Em 0 Forte,

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os acontecimentos históricos relacionados com a ve lha construção, que foi fortaleza, hospital e pri^ são, embora interpolados noutros acontecimentos,são igualmente relatados conforme a cronologia: as lu tas com os índios, a invasão holandesa, a peste, a revolta dos males, a guerra de Canudos.

Essa cronologia linear não predomina em vos sos romances, mas o entrelaçamento do tempo. Em vez de o tempo se escoar em marcha retilínea, existe um bordejar permanente, sendo tão importante a progres são quanto o recuo. Repetidamente, o presente é in vadido e submergido pelo passado. Esse vai e vem e devido tanto ao imprevisível fluxo da consciência quanto aos encaixes da narração. Com semelhante per meabilidade ou intercomunicação, em As Velhas, por exemplo, na mesma página, pai e filho se ombreiam com a mesma idade. Em 0 Forte, o negro Olegário, ho mem de nosso século, remontando ao início da coloni^ zação, procura impedir, em pessoa, um massacre de mulheres indígenas. AÍ mais do que um simples flash -back, haveria uma espécie de mágico enxerto em vi^ da anterior.

Se, para La Bruyère, escrever um livro é tare fa comparável á fabricação de un relógio, o tempo que marcam vossas criações, tão segura e expressivamen te articuladas, e aquele que hoje se aprecia nos ro mances, depois das experiências de Proust, Joyce e, sobretudo, de Faulkner.

III

Seriam dois os grandes espaços que ocupam vos sos romances. Primeiramente, pela força e extensão com que aparece,é o sul da Bahia. Depois, é a capi^ tal do Estado. Cada um desses espaços talvez se apre sente de duas maneiras. Enquanto alguns romances obe decem a certa unidade de lugar, outros se espraiam com mais exuberância.

Não se trataria de uma unidade de lugar igual àquela que se manifesta no teatro clássico fran cês que exige como espaço não uma cidade nem um pa lacio, mas apenas um salão despersonalizado. A dade de lugar que existiria em vossos romances te rá um sentido mais amplo. É aquela a que obedeceri

uni

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am Os Servos da Morte e 0 Forte.Em Os Servos da Morte, .encontram-se várias fa

zendas, aparecem florestas e plantações de mesmo algumas localidades e há personagens que deslocam. Mas o espaço privilegiado é a fazenda mal

ação

cacau,se

dita com sua casa pesadelo. Em 0 Forte, cuja se passa na capital da Bahia, a unidade de lugar é igualmente elástica. 0 leitor se locomove pela cida de, indo do Pelourinho ao Rio Vermelho, depois passar pelo cais e pela Palma. E faz-se até uma pe quena viagem ao interior. Mas o lugar central é velha fortaleza em suas várias camadas históricas.

de

a

Noutros romances, porem, sendo essenciais os deslocamentos, desde a fuga à odisséia, devem possu ir outras dimensões os espaços. É o que se verifica em Corpo Vivo, Memórias de Lázaro, Luanda Beira Ba hia, As Velhas e Fora da Pista.

Corpo Vivo é atravessaao por fugas, persegui^ ções, expedições punitivas, havendo um ponto de par tida sem que se alcance um ponto de chegada. Nos de mais romances, existe um ponto de partida e um pon to de chegada, uma ida e uma volta. Em Memórias de Lázaro, um filho, deixando o interior remoto,refaz, às avessas, o itinerário paterno e, depois de trans por montanha, floresta e plantações de cacau, retor na ao ponto de partida, onde, seguindo, de novo, as pegadas do pai, haverá de encontrar a morte. Em Lu anda Beira Bahia, romance em que se desenrola um ver­dadeiro périplo, alargando-se o espaço ate os dois lados da África, pai e filho, separados, partem em busca de aventura e, ao voltarem, se defrontam com a tragédia instalada em suas vidas. Em As Velhas,To nho Beré faz uma longa peregrinação em busca dos os sos do pai, entremeando sua viagem com uma investi^ gação no passado. Volta a casa sem os ossos. A tra gicômica expedição de Fora da Pista se conclui com o regresso ao aconchego do lar.

Fixando-se mais ou menos os heróis num deternã nado lugar, ou deslocando-se através de grandes es paços, vários cenários se revelarão ao leitor.0 céu não será o mesmo. Por vezes, na zona do cacau, mostra com a baudelairiana aparência de uma tampa de chuiTibo, enquanto na capital, o sol, surgindo por cima da montanha e do mar, inunda de luz a cidade.

se

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Por ocasião do desbravamento das matas, o solo é ge nerosamente regado de sangue e, desde os começos da colonização, o chão do forte se impregna igualmente de sangue. A água é chuva diluviana que apodrece a terra ou é o mar. 0 fogo, proteção, na selva,contra a umidade e as feras, é um perigo para as plantações de cacau.

Em vossas paisagens são, também, elemento es sencial as árvores. Três se erguem frondosas.no for te, devendo, depois da implosão, ser por um bosque viçoso,adubado pelas dores da ria. Na floresta primitiva,troncos gigantescos espe ram a derrubada, enquanto são plantados, frutificam ou ardem os pes de cacau. Na secura do vale,mostram as Memórias de Lázaro "as árvores, tão tristes quan to nos, mas voltadas para cima como se temessem ver o espetáculo de nossas paixões e de nossa miséria". A mais singular de todas seria aquela que, em Luan da Beira Bahia recorta o horizonte de Ilhéus. Daria* um mastro de saveiro, mas seu destino é tornar-se o esquife em que, marcados pela fatalidade, embarcam pai e filho, para alcançar, numa travessia imemor£ al sobre as ondas, a outra margem da vida.

Passando-se á fauna, esta, assim como o espa ço de modo geral, aparece, em vossos romances, em dois planos diferentes: como simples termo de compa ração e com existência própria.

Como termo de referência, somente por exceção os animais pertencem a outros climas. Faz-se, dessa maneira, em Corpo Vivo, uma isolada menção à mitoló gica salamandra, sendo, no entanto, bem mais freqüen tes as alusões ao lobo, ponto de referência da fero cidade. No mais, quer se trate de inclinações, tra ços ou características dos personagens, como selva geria, agilidade ou lentidão, é a fauna local que fornece elementos para símiles e imagens.

Além dessa função retórica, os animais têm e xistência própria e, vivendo junto aos homens, são amigos ou inimigos. Entre os amigos se encontram os animais de estimação como os sagüins e os papagaios da velha Tari Januária. Amigo também é o cão. No en tanto, acossado pela fome, o lobo civilizado volta a ser uma fera, como sucede em Corpo Vivo. Assim, é também imprevisível, entre os animais, a distribui

substituídas histó

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çao do bem e do mal, como se ve em outro exemplo,lo calizado em As Velhas — considerada nociva, a cobra passa a ser benfazeja porque, eliminando os ratos nas plantações de cacau, previne a peste. E, mesmo sem trazer qualquer benefício, certos animais dani nhos grangeiam a admiração do homem. Um caçador mo£ tra, em Léguas da Promissão, certa admiração por una ave de rapina que vai abater. Zonga, heroína de As Velhas, ao dar um apelido ao amante solícito e cora joso, chamou-lhe de Uraçu, isto é, gavião.

De qualquer jeito, alguns animais, sobretudo açulados pela fome, os mostram inimigos. Para saci^ ar-se de carne humana, alguns aguardam que sobreve nha a morte, como os urubus e as pressurosas vare jeiras. Mas outros exigem carne viva: a onça, o ga vião, o tubarão.

No sentido próprio ou figurado, os animais são, em vossos romances, criadores de atmosfera. A pre . sença de alguns deles favorece o surgimento de um ambiente surrealista e fantástico, sobretudo seu ba ter de asas, seja de morcego ou de aves. Não menos terror infundem as serpentes, de modo particular,na quela visão em que, enlouquecidas,mordem as raízes e se enroscam ferozmente. Juntamente com as árvores, desempenham os animais um papel privilegiado no su gestivo cenário de vossas criações.

IV

0 homem será mais uma figura desse espaço,mui tas vezes brutal, de vossos livros. Poderá aparecer como habitante de regiões mágicas, seja na cidade ou natureza. Em Corpo Vivo, no encontro final de Ca jango e Inuri, a mata reage como se fosse um ser hu mano. Em 0 Forte, o casario do Pelourinho se anima à passagem de Jairo e Olegário. É frequente a cum plicidade do espaço com o homem.

Ocorrerá também uma integração menos mágica. Assim, é a natureza que, muitas vezes, fornece o no me dos personagens. Os pais de Malva escolheram es» te nome por sua estima às malvas do campo. Por ser irrequieto e assobiar com perfeição, o neto de Tari Januária se chamará Uirá, isto e, passaro. E Tonho Beré recebe a alcunha porque, no dia de seu nasci

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mento, o peixe beré tinha sido a pesca trazida pelo pai.

0 homem não só se adapta à natureza, mas che ga a embutir-se nela. Em Memórias de Lázaro, um per

escavouvive dentro de uma rocha e outrosonagemsua morada no tronco de uma árvore gigantesca. E de tal modo Cajango estava enleado na natureza que pa

“Trecia "um homem que a selva acabasse de pahir". imitação de Cajango, Calupo, em As Velhas,cresceu e se formou na selva. E, dentro dela, certos são invencíveis.

A

heróis

Para o homem, a natureza sera uma escola de du reza em que os instintos e as paixões só poderão se exacerbar. A grande lei é que só tem direito à vida o mais forte ou o mais astuto. Um personagem de Me mórias de Lázaro, não muito apreciador de mos, da o seguinte conselho: "Você precisa tornar- se forte como uma besta, agressivo como uma batida, para sobreviver". Outro preceptor de rudeza é o índio Inuri, mestre de Cajango. Para testar a fibra do discípulo, monta o bugre uma cena viva simbólica: depois de ter capturado uma fera a quem impôs um longo jejum, lança na armadilha um indefe so animal que é logo despedaçado.Quando a fera vol^ ta a cabeça para o alto, recebe um tiro na testa.As sistindo impassível ao espetáculo, Cajango está for mado.

eufemis

cobra

e

Nem sempre a crueza do herói esta ligada à sogratuibrevivincia, existindo mesmo uma crueldade

ta‘, mais ligada aos demônios interiores, como e ocaso da jovem que cortava as pernas dos passarinhos e lhes furava os olhos. Mas a violência está princi^ palmente ligada à conquista da terra e da mulher e à Vingança. A violência inicial vai gerar a violên cia da vingança, correndo parelhas ou confundindo- se, em meio àquela natureza primitiva, a caça a fe ra e a caça ao homem. 0 romance As Velhas duas amostras exemplares. 0 negro Calupo e acossado por uma matilha e três capitaes do mato.Transforman do-sedesgarre na malograda perseguição a uma onça.enquan to elimina os perseguidores. Mais eloqüente é o su cedido a Zefa Cinco: ao ver os filhos estraçalhados por um casal de onças, persegue e abate as feras cu

oferece

de caça em caçador, faz que a matilna se

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jas peles curtidas serão o troféu de sua vingança. Mas antes imolou friamente o caçador que, sem rer, tangeu os brutos até as crianças indefesas.

que

Comparado com os animais,o homem consegue vencomprovace-los em ferocidade. Mais de uma vez se

esse sentimento. Ao referir-se à educação de Cajan go, ministrada por Inuri, um personagem afirma: "0 bugre não criou um homem. Criou a fera pior que a pior fera". 0 mesmo personagem dirá mais adiante:"0 bicho mata para comer e nós matamos para enterrar". Em relação a um herói enfurecido, lê-se o seguinte: "As pedras seriam mais sensíveis e menos impiedosa a fera faminta". E a propósito de mais uma luta en tre homens, ocorrida na selva, diz um narrador: "As feras, que nela habitam, sentirão vergonha do hcnvem".

Doutor Adonias Filho:Talvez alguém ache por demais brutal e sombrio

o mundo que aparece em vossos romances. Mas,sem que seja preciso trabalhosa pesquisa, esse mundo e tros diferentemente aterradores existem e vêm sendo a partilha de muitos escritores. Não será de extravagante a palavra de Macbeth, que forneceu a Faulkner o título de um de seus romances: "A vida é uma história contada por um louco,cheia de ruído e

ou

todo

furor e desprovida de sentido". E certos generos sao, o habitat da violência e sofrimento humanos - a tra gédia, a epopéia. E o trágico e o épico são o fermen to de vossos romances. Ha neles uma emoção que nas ce do espetáculo da miséria humana, permitida ou cai sada por um destino cego ou uma Providência inescru tável. Nessa atmosfera trágica, o homem se sente es magado. Por outro lado, o homem se agigantando perseguição de uma empresa, de ordinário, violenta, inspira o heroísmo da epopéia, que tem, na batalha encarniçada, a realização suprema.

Poderia um simples leitor guardar, como tos de referência ou veredas preferenciais, io à grande impressão causada por vossos livros,três recordações: a pulseira de Imboti, em Léguas da Pro missão a cruz do negro Setembro, em Corpo Vivo e os ossos de Pedro Cobra, em As Velhas.

A jovem índia Imboti, carregava como

na

pon em me

adornouma pulseira feita com as três balas com que o pai fora assassinado.Também assassinada,seu noivo recu

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pera o enfeite, transformando-o, de novo, em balas com as quais abaterá os criminosos. É a reparaçãoda vingança.

0 negro Setembro,contrário à educação para a vingança, recebida por seu amigo Cajango, trazia ao peito uma cruz trançada com o arame de uma gaiola de passarinho. Morrendo violentamente, sua cruz guar necerá o peito de Cajango. E,quando este se Malva, a cruz de arame fere o seio esquerdo da com panheira que passará a usar o adorno simbólico.Aban donando a vingança pelo •meio, Cajango com sua companheira uma difícil escalada de

une a

empreenderámonta

nha.Trazer os ossos do pai, abatido há vinte anos

por una feroz justiceira, foi a missão que Tonho Be ré recebeu da velha mãe e de que. na companhia sobrinho, Uirá, procurou desobrigar-se. Trazendo de volta consigo, não aqueles despojos, mas a neta da matadora, a jovem Marimari, a quem se prende o vem Uirá, enterrou-se o passado. Marimari tem voz de algodão. Uirá " tem a musica dos passáros na gar ganta e nos lábios". Não serão servos da morte valendo mais que velhos ossos, trarão mais vida mais amor.

do

e,e

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0 escritor Adonias Filho agradecendo o título recebido.

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3DISCURSO DE AGRADECIMENTO

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DISCURSO

Doutor Adonias Filho

Nao será agora que ouse o depoimento para justifi^ car o título de Doctor Honoris Causa que, concedido pela Universidade Federal da Bahia, recebo com gra tidio e humildade. Sabeis, melhor que eu, de vossa própria decisão. Mas, ao recebê-lo por do Instituto de Letras e o endosso do Conselho Uni^ versitário - com a valorização da obra literária pe la exegese crítica do professor Cláudio Veiga - cre io seja um dever do escritor confessar, ao lado do agradecimento, que não pode fazer melhor o que fez em trabalho de meio século. No trabalho realizado,

intelectual se

iniciativa

porem, mesmo quando a preocupação concentrava em torno do criticismo e do ensaísmo, avocação de ficcionista jamais permitiu o desvio. Nao houve sequer preferência. E tanto assim que, apesar das deficiências na aprendizagem e no artesanato, ro mance seria a estréia e de novela6 o último livropublicado. Todos os livros,em ambientes e tipos so ciais, costumes e cenários, de inspiração e ancora dos na Bahia.

A matéria ficcional colocou-se de frente a de monstrar a realidade que se oferecia. 0 romancista a viu, essa realidade baiana - com territórios Salvador e no sul do cacau - e viu para não esque cer.Viu a paisagem e a criatura que, transfiguradas pela imaginação - sempre um direito de todos os fic

em

I

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cíonistas —, reinventou-as sem trair o complexo cul^ tural da Bahia. E não poderia mesmo traí-lo já que se torna impossível ocultar-se o encontro do roman cista com o documentário. Isso não significa,porém, que o documentário deforme o romance no sentido da penetração interiorizante, do reconhecimento psico lógico e da busca da criatura ilhada em si mesma. E fácil concluir que, sendo o veículo para o documen to, o romance não é o documento em si mesmo. E tam bém não é difícil concluir que, auscultando a moti^ tivação humana da paisagem, o romancista não como evitar a interiorização numa descarga dramáti^ ca.

teve

E por que, assim fora do depoimento, estou a dizer estas coisas?

Não, não há uma resposta imediata. Talvez por que, ainda a admitir tenha origem na obra literária o título que a Universidade Federal da Bahia acaba de conceder-me, sobreviesse como um dever sobre o processo intelectual que a realizou. E, se houve o processo, nele sobressai a experiência. Uma experi^ ência literária, aliás, jamais se esgota permanece o processo. E, porque interessado em ca£ tar uma realidade humana e social, o romancista não teve como evitar a vinculação da experiência com a

de melhores

enquanto

sua terra. A verdade e que, dispondo instrumentos -e maiores recursos para o tratamento artesanal e o acabamento técnico,o romancista apren deu com a própria experiência a sentir-se como agente a serviço do destino e da condição comum da criatura.

um

Mas, se nao ignorava que o romance deve uma obra de arte - com entrosamento, pela ção' estética, com a arte moderna -, com núcleo fabulação e construção a depender de elementos como

ser correia

de

o espaço e o tempo, o romancista nao ignorava sobreautor -tudo que um romance - do ponto de vista do

não se explica quanto aos valores da criação. E não se explica porque, no ato inventivo, a força criado ra anula a consciência da própria invenção.Fosse um fabrico, e não a criação em absoluto estado de berdade, e talvez se tornasse possível a no sentido de descobrir e inventariar as causas os elementos formadores. É necessário repetir,

lisondagem

epo-

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rem, que, devendo ser uma obra de arte, o não pode limitar-se aos principais elementos da fi£ çao como a personagem caracterizada, a ação episódi^ ca e o ambiente reconstituído. Exige suportes como a linguagem e a arquitetura e, por mais humano que venha a ser,não tem como ser apenas uma intriga ou uma aventura. A complexa caracterização da persona­gem - mesmo quando convertida em mito -, a valoriza ção da intriga no sentido da apresentação mágica ou fantástica da estória e o discurso no cerne da pro blemática, tudo isso não basta para que se faça uma obra de arte.

Reclama, ao lado do artesanato que imediata mente se reflete na linguagem, a arquitetura surge como uma espécie de cobertura plástica. A ar quitetura, aliás, é realmente indispensável para in tegrar o romancista na arte do seu tempo. A correia ção entre as artes - teatro e música,pintura e cine ma, escultura e literatura -, todas se fundindo no estilo de uma época, mostra a impossibilidade de es crever-se um romance fora da receptividade moderna.0 romance moderno, em uma palavra, não tem como ser moderno apenas no tema ou no problema. E no modo de fazer-se, no processo da construção,na arquitetura, que ele se identifica com a arte moderna.

Mais, e muito mais teria a dizer, já que tou a dizer das coisas do meu oficio. E se dizê-lo foi precisamente para concluir que,como fic cionista que dispunha de uma experiência e de um processo, apliquei-os numa reprojeção da Bahia. Em minha percepção, é verdade, mas uma reprojeção lite rária da Bahia. E por isso mesmo posso afirmar que o jovem escritor, que da Bahia saiu aos vinte anos de idade, é o mesmo velho escritor que retorna,qua renta e seis anos depois, para revê-la como se ja mais a houvesse deixado. Tudo porque, em conseqüên cia do tema que é a constante dos meus livros.com a Bahia estive todos os dias neste quase meio século de vida. Agora, quando a Universidade de tantos com panheiros - como Cláudio Veiga, José Calasans Bran dão da Silva, Orlando Gomes, Luiz Henrique Dias Ta vares, Elson Gottschalk, David Salles, Hélio Simões e Oldegar Vieira - me concede, pelas mãos do Magní^ fico Reitor Luiz Fernando de Macêdo Costa, o melhor

romance

o romance

que

estentei

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e mais honroso dos meus títulos - Doutor Causa sex que é à Bahia que devo agradecer.

A Bahia que, através da ficção - ainda e sem pre o meu legítimo trabalho - impediu o exílio.

Honoris

' W-

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0 Reitor Macedo Costa entregando o Diploma de Doutor Honoris Causa ao

escritor Adonias Filho.

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Composto e impresso na Gráfica Universitária

Salvador - Bahia

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