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Jornal da PASTORAL DA

^ o M

^kOül 199'

ÜCUWS1

REGIÃO EPISCOPAL IPIRANGA

iaçao

Ano I - nfi1 "Construirão casas e nelas habitarão" IS 65,21 outubro, 1992

Nosso lugar é ao lado do povo

vo nos anos nosso po- ivessando situações IOS grandes centros ;vído âs tnigrações n nosso país. A mu- ampo para a cidade }ue mais alterou va- xaitainentcK das pes- do do espaço social t de laboratório em fculição. As conse-

ida ia e

gre- lho jrai

es- H- em ?ão, )de ier- 'jm- 'as- )ara luz, ?ào, en-

uda

é o ita, em pe uia

Favelas e cortiços crescem em São Paulo Apesar do avanço das lutas populares para minorar o problema da moradia em São Paulo, é assustador o crescimento de habitações precárias. Os moradores em cortiços e favelas já somam cinco milhões e meio, quase metade da população da capital. Esses números guardam relação direta com os rumos tomados pela nossa economia nas duas últimas décadas. Pág. 3 União dos Movimentos exige aprovação do Fundo Nacional de Moradia

Celeste e Heliópolis à todo vapor A auto-gestão provou sua viabilidade em projetos de mutirão na capital.

As associações de moradores administram as verbas da Prefeitura

nos 86 mutirões em andamento. Aqui os

moradores decidem tudo; desde a planta até a

entrega da sua casa. Até janeiro de 93 deverão ser

entregues as primeiras habitações no Jardim Celeste e Heliópolis.

Pág. 4

Mutirão do Jardim Celeste vai entregar primeiras casas

CF/93 escolhe 4 como tema -HOiUVD^ pág. 2

mm

0 que é a Pastoral da Moradia? pág. 2

A luta pelo Fundo Nacional da Moradia pág. 4

pág. 2 PASTORAL DA MORADIA outubro, 1992

Pastoral da Moradia promove a vida Pastoral da Moradia significa ação

da igreja no mundo da moradia à luz do Evangelho de Jesus Cristo. Desde as primeiras comunidades cris- tãs a igreja mostrou predileção pe- los pobres, e nesse caminhar a Pas- toral da Moradia tomou-se um dos braços da igreja em favor dos po- bres sem-casa, proclamando a BoaNotícia do direito à moradia digna. A questão da moradia en- globa outros problemas sociais co- mo a migração para os grandes cen- tros, violência, desemprego, políti- ca habitacional etc. Portanto, a Pas- toral não visa apenas o indivíduo, mas desenvolve uma ação caritati- va mais ampla, enxergando a falta de moradia e as condições precá- rias de sobrevivência como proble- ma social e político.

A ação caritativa da Pastoral é organizada, tendo implicações po- líticas dentro da cidade já que a moradia não é problema isolado. São três os objetivos da Pastoral: ls) atuar junto às populações sem teto ou com habitação precária, de- senvolvendo a conscientização so- bre o direito de morar; 29) conhe- cer e analisar as condições de mo- radia dã população de baixa renda, sensibilizando as consciências dian- te do problema; 39) despertar o com- promisso da igreja para quem não tem moradia digna.

A igreja se faz presente junto ao povo através das pastorais de peri- feria, favela, alagados e cortiços. A Pastoral da Moradia não traba- lha sozinha; ela se relaciona com outros organismos da sociedade co- mo o movimento de moradia, enti-

dades jurídicas, partidos e gover- nos, visando contribuir na solução do problema da moradia.

A igreja no Ipiranga

Há mais de dez anos a Pastoral da Moradia vem desenvolvendo um trabalho junto às favelas da região do Ipiranga. De início lutou-se pe- la melhoria da água e da luz, pas- sando depois para o saneamento bá- sico e por fim à briga pela própria casa, com a legalização do terreno e toda a infra-estrutura. Depois a Pastoral começou a atuar junto aos cortiços, aluguéis e moradores de rua. O acúmulo de problemas so- ciais na última década determinou também o crescimento da Pastoral da Moradia, passando a organiza- ção do povo pelos espaços da igre- ja através dos seus agentes e seus organismos de Pastoral, como por exemplo o Centro Oscar Romero de Direitos Humanos.

A articulação com os movimen- tos populares deu maior abrangên- cia ao trabalho pastoral no acúmu- lo de experiências e promoção de alternativas. Os mutirões e a urba- nização de favelas são exemplos disso; hoje outras cidades aprovei- tam nossa experiência para desen- volver projetos similares em suas regiões.

Nesse sentido, cumpre-se o anún- cio de uma Boa Notícia aos pobres de nossa cidade; a igreja, através da Pastoral da Moradia, proclama esperança e vida no meio do povo. Hoje a vida em plenitude na cidade passa pela conquista da moradia dig- na. Ricos bairros em contraste com periferia mostram diferenças sociais

Campanha da Fraternidade 1993 Onde moras?

Pe, João Júlio em celebração na i jião Episcopal Ipiranga

Todo ano a Igreja do Brasil pro- põe na Quaresma a Campanha da Fraternidade como momento oportu- no para reflexão, oração e ação para os cristãos e pessoas de boa vontade, É importante observar a relevância dos temas que geralmente estão em sintonia com as necessidades do po- vo, como neste ano, quando a juven- tude volta às ruas, Justamente no mo- mento em que a CF-92 escolhe a Ju- ventude como Caminho Aberto na Mis- são.

Mas podemos perguntar, quais os critérios para escolher um tema da CF? Por que não escolher o tema da violência que o noticiário "Aqui/A- gora" revela todo dia? Por quê não dar continuidade ao debate da ecolo- gia, da ética na política, da educação ou outras manchetes de hoje? O que a Moradia tem a ver com a CF?

A Igreja, através de seus bispos, escolhem o tema da CF depois de con- sultar a realidade do povo e de perce-

ber seus sofrimentos. Hoje 75% da população mora na cidade, a maioria não tem casa própria e vive em corti- ços, aluguéis, favelas, em casas em- prestadas e até nas ruas. A Igreja sa- be que pensar na Moradia é pensar todos o problemas como: a falta de infra-estrutura (transporte até o tra- balho, posto de saúde, escolas, cre- ches, comércio próximo etc) e a de- sintegração da família sem habitação (pais frustrados, mães abandonadas e filhos na rua).

A Pastoral da Moradia participa desse debate contando sua história, as dificuldades que encontra diante da política habitacional, do tamanho do problema e dos preconceitos inse- ridos no povo que dificultam o seu trabalho. Procura também apresentar propostas e relatar experiências atuais que possam ser sinal de saída dessa crise habitacional, esperando que sua contribuição seja de ajuda para esse povo que quer viver.

outubro, 1992 PASTORAL DA MORADIA pág 3

Por quê aumentam as favelas? Para compreender a luta dos mora-

dores de favela em São Paulo, e na Região Episcopal Ipiranga, é necessá- rio perceber como partir dos anos 70 se desenvolveu nessa cidade um pro- cesso de urbanização, mesclado com um processo de industrialização cres- cente, levando a uma demanda por mão de obra barata. Esses fatos le- vam a entender a lógica do capital que expulsa os trabalhadores do cam- po e favorece a migração para os gran- des centros urbanos.

A vinda dos trabalhadores traz co- mo conseqüência, o surgimento de uma periferia caótica. Milhares de pessoas ocupando área municipais, estaduais, federais ou particulares, construindo suas moradias com madeira, papelão, debaixo dos viadutos, na beira de cór- regos, nos morros,, ou em praças e terrenos muitas vezes reservados para equipamentos de uso comum, mas que não recebiam qualquer atenção dos poderes públicos. Sem água, luz ou qualquer benefício, à medida que a crise se ampliava, mais aumentavam os núcleos habitacionais desse tipo.

Nesse período o país é palco de lutas pela anistia, contra a ditadura

Cecília Marton

Barracos em beira de córregos mostram risco de vida

militar, a recessão, o desemprego, a fome e o alto custo de vida, inician- do-se grandes mobilizações populares para garantir no campo e na cidade melhores condições de vida para os trabalhadores,combinado com o pro- cesso de abertura democrática.

Nos finais dos anos 70, começa a surgir na cidade e no país as primei-

ras articulações para a conquista da cidadania. A principal bandeira de lu- ta é a garantia por melhores condi- ções de vida nos núcleos habitacio- nais. Ou seja, a necessidade do poder público instalar água e luz, e legiti- mar a posse da terra através da con- cessão do direito real de uso.

A partir dos anos 80 o movimento

dos moradores de favela explode com toda a força; a instalação de água e luz foi uma das vitórias dos núcleos na cidade de São Paulo. No mesmo período inicia-se a luta do movimento pela taxa mínima de água e luz; uma nova vitória beneficiando 850 mil pes- soas. A Pastoral da Moradia tem atua- ção em pelo menos 50% dos núcleos, auxiliando diretamente na organiza- ção dos moradores, na construção de Centros Comunitários, no trabalho com as crianças, na formação religiosa e nas celebrações.

A Pastoral acompanha também as reivindicações junto à Câmara Muni- cipal na luta pela terra para todos. Mas o movimento ainda não conse- guiu aprovar o seu projeto de lei. Mui- tas favelas estão quase que totalmente urbanizadas, com projetos de mutirão em andamento (Jardim Climax, He- liópolis e outras). Boa parte dos ve- readores na Câmara, movidos por di- versos interesses anti-populares, tem se negado sistematicamente a votar o projeto que resolveria definitivamen- te os problemas das áreas municipais para o movimento de favelas de São Paulo. A luta continua!

Moradores em cortiços conquistam mutirão

Famílias vivem em condições precárias nos cortiços da cidade

Atualmente mais de três milhões de pessoas moram em cortiços es- palhados por toda a cidade de São Paulo, em condições sub-humanas de vida. Os casarões utilizados no início do século pela nobreza, si- tuados na região central da cida- de, ou casas de quintal existentes em todos os bairros, servem de abri- go para milhares de famílias. Elas se revessam na utilização de ba- nheiros, tanques, pia de cozinha etc. Geralmente os becos tem esgo- to à céu aberto, gerando mau chei- ro e doenças. Porões abafados, in- salubres, falta de privacidade, crian- ças trancadas para os pais pode- rem trabalhar, essa é a vida dessas pessoas. Além de marginalizados pelos poderes públicos, outros se- tores sociais fecham os olhos para essa situação.

A Pastoral da Moradia, através de seus agentes, mantém um tra- balho de organização e conscienti- zação Junto a esses moradores em diversos bairros da região. São fei- tos encontros para formação de li- deranças, novenas de natal, cele- brações etc. Este movimento co- meçou com apenas dez pessoas, mas hoje já conta com quinhentos mo- radores que se reúnem nas suas sub-regiões para discutirem seus problemas. No segundo domingo de cada mês é feita uma grande assembléia.

Entre os diversos assuntos abor- dados nas reuniões discutem-se os direitos comuns, o direito d cida-

dania, e como ampliar a luta para alcançar esses objetivos de todos nós.

Mutirão: uma das soluções

As primeiras vitórias começaram a acontecer com três projetos ha- bitacionais conseguidos junto d Pre- feitura de São Paulo. Estes proje- tos reúnem 64 famílias divididas em três associações de mutirantes, as quais estão iniciando a constru- ção de suas casas pelo sistema de mutirão. As famílias participam, desde a discussão do projeto das suas casas, até como gerir a verba vinda da Prefeitura. Os futuros mo- radores trabalham dezoito horas se- manais (finais de semana) sendo estimado o prazo de dez meses pa- ra o término das obras.

Os mutirantes também se orga- nizam para a convivência nas fu-

turas casas do bairro; já está em discussão como será a utilização dos espaços em comum, e também a construção de um salão comuni- tário em cada um dos projetos.

Ainda será preciso muita luta e trabalho para que a situação dos cortiços da cidade seja ameniza- da. A população aos poucos vai tomando consciência dos seus di- reitos dentro do seu espaço urba- no, mas a organização ainda é len- ta e difícil Em várias regiões da cidade estão sendo tocados proje- tos de mutirão, alcançados depois de muitos anos de luta.

Os outros setores da sociedade devem tirar definitivamente a ven- da dos olhos para este problema tão alarmante, pois somente dessa maneira a população encortiçada alcançará a tão sonhada cidada- nia, apropriando-se do seu espaço dentro de nossa comunidade.

Jornal da PASTORAL DA MORADIA Arquidiocese de São Paulo - Região Episcopal Bispo Regional: Dom Antônio Celso Queiró?. Animador: Pe. João lúfio Farias Jr. Jornalista responfével: Ariovaido Malaquias (MT 12.758) Colaboradores: Aymar, Cássia, Dito, Ir. Enir, José Francisco, Pe. Mau- rílio, Pe. Pauto, Ir. Sabina, Shirley, Sotenge, Tereza, fotos: Jornal O Sào Paulo e Ir. Enir Edição e diagramação: Ariovaido Malaquias Endereço: Rua Xavier <ie Almficia 818, São Pauk>SP, CEP, fone: 274-8500 Serviço Gráfico: Artgraph Editora Ltda - fone 915-8022

pág. 4 PASTORAL DA MORADIA outubro, 1992

Mutirões do Celeste e Heliópolís entregam casas

Até janeiro do ano que vem deverão ser entregues as pri- meiras duzentas casas construí- das em mutirão no Jardim Ce- leste. Começa a se concretizar o sonho da casa própria para centenas de famílias da região do Ipiranga com a construção das primeiras S10 unidades ha- bitacionais, atendendo morado- res de nove sub-regiões.

O terreno do Jardim Celeste soma 130 mil metros quadra- dos, onde também deverão ser construídos 420 apartamentos, através de empreiteira, para aten- der áreas de risco (barracos em beira de córrego e barrancos). Também está prevista a cons- trução de mais 320 casas em convênio com a Cia. Estadual de Desenvolvimento Habitacio- nal Urbano-CDHU, sendo 160 unidades para o Ipiranga e 160 para a Vila Mariana.

Desde o início do projeto os moradores tem total controle do processo. É a auto-gestão em curso: a Prefeitura repassa o di-

nheiro, através de financiamen- to, para a Associação dos Mu- tirantes que administra esses re- cursos e gerencia as constru- ções. A contratação de técni- cos (arquitetos e engenheiros) que trabalham na execução dos projetos e acompanhamento das obras, também é responsabili- dade da Associação.

Os mutirantes do Jardim Ce- leste trabalham aos sábados e domingos, discutindo todos os passos da obra, desde a planta até a entrega das casas. Da mes- ma forma estão sendo desen- volvidos mais 86 mutirões em São Paulo, com total auto-ges- tão. Esse sistema reduz em pe- lo menos 40% o custo das cons- truções, evitando desvios de re- cursos e material como aconte- cia no passado.

Mutirão da Lagoa

Em processo idêntico ao do Celeste, o mutirão da Lagoa, em Heliópolis, vai entregar vin-

te e sete sobrados até novem- bro desse ano. Segundo Aní- sio, um dos coordenadores, além dos técnicos, também foram contratadas onze pessoas da área para trabalhar em período inte- gral durante a semana. "Esses trabalhadores fazem render a obra; quando chega sábado e domingo os mutirantes sentem o avanço do trabalho pois hou- ve continuidade durante a se- mana", explica Anísio.

Os mestres de obra contra- tados ensinam o pessoal a tra- balhar, formando profissionais capacitados como já acontece em outros mutirões. São pedrei- ros, escadeiros, eletricistas, en- canadores e outras habilitações que servirão para arrumar em- prego no final do mutirão; até mulheres estão aprendendo,con- trariando a norma de que ape- nas homens podem trabalhar na construção civil.

Em Heliópolis já foram cons- truídas trezentas casas por mu-

Mutirantes em ação no Jardim Celeste

titão, mas somente no governo de Erundina a verba tem total controle dos mutirantes, assim como a decisão de como de- vem ser construídas as habita- ções. No governo Jânio o es- quema era outro: além de não haver controle sobre o proces- so eram notórios os desvios de material e verba. Até processo judicial foi aberto contra o Seac - Secretaria de Ação Comuni-

tária, no final desse governo. "Com a auto-gestão mudou

tudo: material e verba são ad- ministrados pelos moradores, di- minuiu o tempo de construção e economizamos muito; acabou a exploração por terceiros", fi- naliza Anísio.

Esperamos que a próxima gestão da Prefeitura continue o trabalho iniciado por Luiza Erundina.

Fundo Nacional de Moradia espera aprovação do Congresso

£SaSs Movimento foi à Brasília entiegar projeto

O ano de 91 foi marca- do por um acontecimento histórico inédito para o mo- vimento de moradia de to- do o pais. Foi entregue ao Congresso Nacional o pri- meiro projeto de iniciativa popular, desde que foi ins- tituída a lei, que cria o Fun- do Nacional de Moradia. Este projeto foi elaborado por milhares de contribui- ções anônimas de militan- tes, especialistas e técnicos que conseguiram colocar suas experiências a servi- ço de um projeto comum.

O texto aborda duas questões fundamentais: a primeira é a possibilidade

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de grupos populares assu- mirem a gestão e o con- trole das iniciativas habi- tacionais, com recursos provenientes de diversas fontes como o FGTS epar- te das loterias. A segunda é que os projetos deverão atender grupos organizados em associações ou coope- rativas, cuja edificação das casas será concretizada através de regime de aju- da mútua ou mutirão,

Esperamos que o proje- to seja logo aprovado pois tem o peso de mais de um milhão de assinaturas de trabalhadores de todo o país.

União dos Movimentos cobra moradias de Fleury

No dia 17 de maio de 1991 a União dos Movimentos de Moradia de São Pau- lo promoveu uma grande manifestação po- pular para exigir do governador Flemy medidas urgentes na solução dos proble- mas de moradia de São Paulo. As reivin- dicações foram as seguintes:

1) Programa de urbanização de favelas; 2) Programa de mutirões pelo Estado; 3) Programa de atendimento aos corti-

ços e 4) Desapropriação de terras. Depois de cinco horas de manifestação,

cercados pela polícia militar, o governa- dor Fleuiy recebeu uma comissão do mo- vimento e assumiu o compromisso de re- passar doze mil unidades habitacionais pa- ra a população.

A partir daí se estabeleceu um grupo de trabalho integrado pela Cia. Estadual de Desenvolvimento Habitacional Urbano- CDHU, e representantes da União dos Mo- vimentos de Moradia. Depois de um ano de trabalho foram estabelecidas diretrizes para os programas de mutirão e cortiços. No mês de junho de 1992 várias associa- ções assinaram convênios para começar as unidades habitacionais, mas cinco me- ses depois nenhuma contratação foi iniciada.

Diante desses fatos os movimentos por moradia decidiram em suas instâncias fa- zer uma manifestação, no dia 27 de outu- bro de 1992, para exigir do governo esta- dual o início imediato das construções das unidades habitacionais.

Plenárias Populares indicam prioridades Já se encontra na Câmara Municipal,

para ser votado o mais rápido possível, o orçamento da cidade de São Paulo para o ano que vem. Como é costume nessa ges- tão da Prefeitura, o processo foi debatido em diversas plenárias regionais espalha- das pela cidade, buscando democratizar a participação popular no estabelecimento de prioridades para a cidade.

As principais reivindicações, como já era previsto, foram: creches, moradias, es- colas, canalização de córregos, esporte, la- zer e cultura.

No dia 30 de setembro, com presença

de mais de mil pessoas, a prefeita Erundi- na entregou ao presidente da Câmara, o vereador Paulo Kobayashi, a peça orça- mentária. Agora é com a Câmara: os ve- readores devem propor emendas, discutir na Comissão Permanente de Orçamento e abrir audiência pública em todas as re- giões da cidade.

As entidades e a população em geral devem estar atentas para que seja garanti- do tudo aquilo que os movimentos sociais, apontaram nas plenárias populares. Vamos estar de olho na Câmara e nos vereadores.