52
1 IPAI Janeiro/Março 2014 Trimestral Distribuição gratuita Nº 54 I Fórum de Auditoria Interna das Autarquias

I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

1

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Janeiro/Mar 2012 Trimestral Distribuição gratuita Nº 46

Janeiro/Março 2014 Trimestral Distribuição gratuita Nº 54

I Fórum

de

Auditoria

Interna

das

Autarquias

Page 2: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

2

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

IPAI – Membros colectivos

Click here to enter text.

--Click here to enter text.

Click here to enter text.

Click here to enter text..

Page 3: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

3

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

IPAI – Membros colectivos

.

-

.

Click here to enter

text.

Page 4: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

4

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

IPAI Parceiras

Page 5: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

5

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Missão

Promover a partilha do saber e da prática em auditoria

interna, gestão do risco e controlo interno.

IPAI Membro da

IPAI Chapter 253

Índice

I Fórum de auditoria interna das Autarquias,

Francisco Melo Albino 6

A organização do I Fórum de auditoria interna

das Autarquias, Francisco Melo Albino 9

Auditoria Interna: o caso do Município de

Cascais, Carla Oliveira da Silva 12

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e

para quê? Auditoria Interna nos Municípios

Portugueses: Estado da Arte, António Ferrador

15

A incontornável importância da Auditoria

Interna no combate à Fraude – Análise

empírica comparativa, Teresa Cruz e Georgina

Morais

27

As exigências de formação dos auditores

internos – Continuing Professional Educations

(CPE), Francisco Melo Albino

34

Gestão do Risco e estratégia de negócio – Risco

e recompensa - Jaime Duarte, 41

Fotos - I Fórum de Auditoria Interna das

Autarquias 45

Caneta digital 47

Novos membros 47

Pesquisa na rede 49

Post_it, Miguel Silva 50

Propriedade e Administração

IPAI – Avenida Duque de Loulé, 5 – 2º B – 1050-085 LISBOA;

[email protected]; Contribuinte nº 502 718 714;

Telefone/Fax: 213 151 002

Ficha técnica

Presidente da Direção: Fátima Geada; Diretor: Joaquim

Leite Pinheiro; Redação: Manuel Barreiro; Raul Fernandes;

Conselho Editorial: Jorge Nunes, Manuel Barreiro, Fátima

Geada, Francisco Melo Albino. Colaboradores: Fátima

Geada, Manuel Barreiro, Francisco Melo Albino, Miguel

Silva, Georgina Morais, Teresa Cruz, Jaime Duarte, Carla

Oliveira da Silva, António Ferrador

Pré-impressão: IPAI; Impressão e Acabamento: FIG

Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014;

TIRAGEM: 1300 exemplares.

Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99;

Expedição por correio; Grátis; Correspondência: IPAI – Avenida

Duque de Loulé, 5 – 2º B – 1050-085 LISBOA

@: [email protected]; Web: www.ipai.pt

ERC: Exclusão de registo ao abrigo do artº 12º, DR 8/99, 9 de

Julho.

http://pt-pt.facebook.com/people/Instituto-

Auditoria-Interna-Ipai/

http://pt.linkedin.com/in/ipaichapteriia

Nota: Os artigos vinculam exclusivamente os seus autores, não

refletindo necessariamente as posições da Direcção e do Conselho

Editorial da Revista nem do IPAI. A aceitação de publicação dos

artigos na Revista Auditoria Interna do IPAI, implica a autorização

para a inserção no sítio do IPAI após a edição da revista impressa.

Foto da capa: JLP

Page 6: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

6

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

I Fórum de auditoria interna das Autarquias, Francisco Melo Albino, CIA, CCSA, CGAP-Vice-

Presidente da Direcção do IPAI

Teve lugar no passado dia 12 de Dezembro de 2013, nas

instalações da Biblioteca Municipal de Loures, o I

Fórum de Auditores Internos das Autarquias Locais.

Estiveram presentes 70 profissionais, incluindo

dirigentes do IPAI, representantes do Tribunal de Contas,

da Inspecção Geral de Finanças e de algumas empresas

de auditoria e auditores internos e técnicos superiores de

19 municípios a seguir indicados:

Alenquer, Arruda, Cascais, Lagos, Leiria, Lisboa,

Loures, Matosinhos, Montemor-o-Velho, Odemira,

Odivelas, Oeiras, Palmela, Pombal, Setúbal, Tábua,

Tarouca, Torres Novas e Vila Franca de Xira.

O Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loures esteve

também presente na 2ª parte do evento e procedeu ao

respectivo encerramento.

Na intervenção de abertura a Presidente da Direcção do

IPAI, Dra. Fátima Geada, agradeceu a disponibilidade do

Município de Loures para a organização do evento e

explicou a actividade do IPAI na criação e consolidação

de núcleos sectoriais de auditores internos.

Este I Fórum de Auditores Internos das Autarquias inicia

assim a actividade do respectivo núcleo sectorial de

auditores internos.

Com a criação destes núcleos o IPAI, cumprindo a sua

missão, visa promover a profissão, contribuindo assim

para o aperfeiçoamento da governação, do controlo

interno e da gestão do risco nestas organizações.

O anúncio do evento bem como o respectivo programa

estão em anexo a este artigo.

As apresentações realizadas no Fórum estarão

disponíveis no site do IPAI e também no novo blogue

dos auditores internos das autarquias que está em

construção.

I FAIA

Page 7: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

7

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Convite

Assunto: I FORUM DE AUDITORIA INTERNA DAS AUTARQUIAS

O IPAI – Instituto Português de Auditoria Interna

(www.ipai.pt) é a associação profissional dos auditores

internos portugueses.

Fundado em 1992, conta hoje com mais de 900

membros. Representa em Portugal o IIA - The Institute

of Internal Auditors (www.theiia.org), e é também

membro da ECIIA – European Confederation of

Institutes of Internal Auditing (www.eciia.eu).

Tem como principal missão a divulgação e a promoção

em Portugal do exercício profissional da auditoria

interna, bem como das áreas associadas de gestão do

risco, controlo interno e governação, de acordo com o

código de ética e as normas profissionais do IIA.

No cumprimento da sua missão o IPAI desenvolve um

vasto programa de formação em auditoria, promove

uma conferência e um fórum anual, edita uma revista,

distribui a revista “Internal Auditor” do IIA, promove e

prepara os candidatos para a certificação profissional

em auditoria interna, traduz e divulga as normas

profissionais e intervém como interlocutor nas áreas da

sua especialidade.

Outra das atividades que o IPAI vem desenvolvendo é a

da criação e animação de núcleos setoriais de auditores

internos que promovem a discussão e a partilha de

conhecimentos e experiências nos seus setores, dadas as

especificidades que tal envolve.

Assim, estão a funcionar no seio do IPAI núcleos de

auditores internos dos setores de transportes, infra-

estruturas e reguladores, da banca e seguros, de

sistemas de informação e da saúde.

Estamos agora a promover a criação do Núcleo de

Auditores Internos das Autarquias. Para o efeito

estamos a organizar o I Fórum de Auditores Internos

das Autarquias, que terá lugar em Loures, no próximo

dia 12 de dezembro.

Com a nossa ação e a de todos os colegas auditores

internos de autarquias que têm participado na

organização deste evento, pretendemos contribuir para o

progresso dos sistemas de gestão do risco, de controlo

interno, de governação e também da accountability das

autarquias locais e da administração pública em geral.

Vimos assim por este meio convidar os vossos serviços

de Auditoria Interna, Controlo Interno, Gestão de Risco

ou funções equiparáveis para participarem neste evento.

Por razões de limitação de espaço, apenas poderemos,

em princípio, aceitar a inscrição de um colaborador por

cada Câmara.

Pelas mesmas razões as inscrições serão consideradas

em função da sua precedência cronológica.

Em anexo enviamos o respetivo programa

I FAIA

Page 8: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

8

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Programa

“Auditoria Interna nas Autarquias – porquê e para quê?”

Loures, 12 de Dezembro de 2013

13H30 - Receção dos participantes

14H00 – Abertura – Comissão Organizadora

14H15 – Boas vindas – Fátima Geada - Presidente da

Direção do IPAI

14H30 - Auditoria Interna e Governação no Setor

Público – Francisco Albino – IPAI

15H00 - Um Breve Retrato da Auditoria Interna nas

Autarquias em Portugal – António Ferrador - CM

Loures

15H30 – Intervalo para café e contactos

16H00 – A Auditoria Interna numa Autarquia - Carla

Silva – CM Cascais

16H30 – A Experiência do Tribunal de Contas nas

Autarquias – Dr. Costa e Silva - Tribunal de Contas

17H00 – Núcleo de Auditores Internos das Autarquias –

lançamento e programa de atividades –

Coordenadores do Núcleo

17H45 – Auditoria Interna numa Autarquia - A Visão de

um Presidente de Câmara – Presidente da Câmara

Municipal de Loures, Dr. Bernardino Soares.

Apoio

Local: Biblioteca Municipal José Saramago - Rua 4 de Outubro, nº 19, Loures. Tel.: 21 115 13 04/05;

Coordenadas GPS: N 38º 49’39.4”; W 09º 10’ 16.1.

I FAIA

Page 9: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

9

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

A organização do I Fórum de auditoria interna das

Autarquias, Francisco Melo Albino, CIA, CCSA, CGAP - Vice-Presidente da

Direcção do IPAI

1. Objectivos do Fórum

Apresentar o ponto da situação da Auditoria

Interna nas autarquias em Portugal e lançar o

Núcleo de Auditores Internos das Autarquias

(NAIA).

Promover e divulgar a AI nas autarquias,

contribuindo para o aperfeiçoamento da

governação destas organizações

(responsabilização, equidade no acesso,

transparência, conformidade legal e

regulamentar, práticas sãs de recursos humanos,

divulgação de informação relevante, escrutínio

das deliberações,…).

Divulgar a definição e conteúdo da AI, o código

de ética e as normas profissionais respectivas,

emitidas pelo IIA – The Institute of Internal

Auditors.

Quebrar o isolamento de muitos profissionais

que se dedicam a esta actividade e têm

dificuldade em aceder a apoio mais sénior ou

profissional, ou obter orientações ou conselhos,

área em que o IPAI pode dar uma 1ª ajuda;

ajudas posteriores mais profundas podem ser

obtidas junto dos consultores e auditores

externos.

Utilizar bem os recursos humanos hoje

existentes nas AL ; com essa rotação e utilização

é possível, sem aumento de custos, melhorar

muito a governação destas organizações.

Utilizar a AI com escola de formação de

quadros, como o fazem algumas grandes

organizações, nomeadamente empresas

multinacionais.

2. O compromisso do IPAI

O IPAI apoiará a formação dos AI das autarquias

em matérias de auditoria, gestão de risco,

controlo interno, governação, e áreas afins, em

aspectos fundamentais, sem custos significativos

para os AI destinatários.

A Comissão Organizadora apresenta neste I

Fórum o seu plano de actividades em que a

formação, a troca de experiências, as visitas a

autarquias modelo, as notícias relevantes, a

criação da rede e os meios de contacto entre

profissionais ficarão facilitados.

O Núcleo de AI das Autarquias (NAIA) inicia

hoje mesmo, com este I Fórum, as suas

actividades.

3. A equipa organizadora do I Fórum

A ideia para este Fórum, no sector público,

começou a germinar há 2 anos, no seio do IPAI,

a exemplo do que foi lançado na área da saúde e

que deu origem ao Núcleo de Auditores Internos

da Saúde. Este núcleo já organizou 2 Fóruns

Page 10: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

10

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

nacionais, em Coimbra e um curso de formação

para auditores internos do sector, com 3 edições.

Para o I Fórum de AI das Autarquias, porém, só

em Junho de 2013 foi possível organizar a 1ª

reunião preparatória do evento.

Em 1 de Agosto enviámos aos colegas membros

do IPAI que trabalham nas autarquias um e-mail

com o seguinte desafio:

IPAI - I Encontro de Auditores Internos das

Autarquias

Caros Colegas:

No âmbito das actividades do Núcleo de

Auditores Internos do Sector Público do IPAI,

está em preparação o que designámos por I

Encontro dos Auditores Internos das

Autarquias, a decorrer no princípio de

Dezembro próximo. O Encontro será,

obviamente, aberto a todos os auditores

internos que trabalham nas autarquias em

Portugal.

Por esta razão, vimos endereçar aos 14 colegas

que exercem a profissão em autarquias e que

são membros do IPAI, o anúncio, em primeira

mão, deste evento.

Aproveitamos a ocasião para convidar alguns dos

colegas que tenham um pouco mais de

disponibilidade de tempo e desejo de colaboração,

para se voluntariarem para a Comissão

Organizadora do evento (até agora constituída

apenas pelo signatário e pelo colega António

Ferrador, da CM Loures). Aproveitamos também

para convidar os colegas para integrarem o

futuro Núcleo de Auditores Internos das

Autarquias (a exemplo dos núcleos sectoriais de

AIs que já funcionam no seio do IPAI: banca e

seguros, sistemas de informação, transportes e

reguladores, sector público e saúde) e que deveria

ter pelo menos duas reuniões preparatórias antes

do Encontro de Dezembro, pois há trabalho a

realizar.

Ficamos a aguardar a manifestação do vosso

interesse e a vossa disponibilidade.

Em resultado desse e-mail surgiram mais alguns

voluntários, embora menos do que esperávamos.

Da equipa que fez nascer este Fórum queremos

destacar o colega António Ferrador, da CM

Loures, entusiasta desde a 1ª hora, que

transmitiu esse entusiasmo aos colaboradores da

sua equipa, entre os quais a Lara Barata que

também se juntou à equipa que designámos por

“Comissão Organizadora” do I Fórum de

Auditores Internos.

À equipa juntou-se a Carla Silva, da CM

Cascais, também grande entusiasta e dedicada à

iniciativa, e o Luís Duarte, da CM Odivelas, que

passou depois para outras funções tendo sido

substituído pela Susana Duarte. Juntou-se

também à equipa a colega Isabel Simões, da CM

Lisboa. Ficámos assim, na Comissão

Organizadora, com 4 municípios representados,

para além do IPAI.

A organização do I Fórum de auditoria interna das Autarquias

Page 11: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

11

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

4. O plano de actividades do NAIA para 2014

Do plano de actividades que a Comissão Organizadora

do Fórum elaborou e apresentou aos colegas presentes

no Fórum, destacamos:

Criação do Grupo de Apoio Técnico aos

auditores internos das autarquias.

Criação de um blogue e de uma newsletter.

Preparação e lançamento de um Inquérito

Nacional à Situação da Auditoria Interna nas

Autarquias.

Realização de encontros trimestrais de auditores

internos.

Realização do programa “Um dia de formação”

em 4 edições.

Realização do programa “ O auditor visita” num

fim-de-semana.

Organização do II Fórum Nacional de Auditores

Internos das Autarquias.

Os detalhes do programa de actividades constam de uma

das apresentações no Fórum.

A primeira acção prevista no plano terá lugar no próximo

dia 25.03.14, em instalações da CM Lisboa, uma acção

de formação, ministrada pelo IPAI, sobre o tema “O

Enquadramento Profissional de Auditoria Interna”.

5. Voluntários precisam-se

O lema do IIA é: “Progress through sharing” – este é

também o compromisso do IPAI perante os seus

associados, o que nos leva a estarmos disponíveis para

promover ou apoiar as iniciativas que visam a troca de

experiências e de práticas seguidas nas organizações, no

domínio da auditoria interna, que compreende o controlo

interno, a gestão do risco e a governação, numa lógica de

melhoria contínua.

Para as tarefas que temos pela frente (uma das quais, a

iniciar muito em breve, será a organização do II Fórum),

contamos que alguns colegas se voluntariem para

reforçar o Núcleo de AI das Autarquias e dêem à sua

profissão algum do seu tempo. Bastará inscreverem-se

ou contactar algum dos membros da Comissão

Organizadora (CO).

E já que temos muito trabalho pela frente, há que iniciá-

lo desde já, sem demora. Assim, em 28.01.14, teve já

lugar a 1ª reunião de 2014 da coordenação do NAIA em

que foram tratados os seguintes assuntos:

o Balanço do I Fórum;

o Organização do NAIA (designação de

responsáveis do blogue e newsletter,

formação, organização de eventos,

contactos com os membros, inquérito

nacional, II Fórum, secretariado).

o Publicações no site e revista do IPAI e site

do NAIA.

o Marcação dos 1ºs eventos de 2014.

Ficamos à espera dos voluntários!

A organização do I Fórum de auditoria interna das Autarquias

Page 12: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

12

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Auditoria Interna: o caso do Município de

Cascais, Carla Oliveira da Silva, Economista, Analista

Financeira, Auditora Interna

Introdução

A Auditoria Interna (AI de ora em diante) nas autarquias

é uma área de especialização que apesar de prevista

desde a primeira hora no Plano Oficial de Contabilidade

das Autarquias Locais (POCAL), só recentemente tem

vindo a ganhar a dimensão e o relevo que merece.

Em primeiro lugar, a função de auditoria interna prevista

no POCAL encontra-se muito centrada na área financeira

e tende a ser confundida com a função desempenhada

pelos auditores externos. Face à extensa amplitude de

competências e áreas de intervenção de um município, a

função da AI é necessariamente muito mais do que

auditoria financeira. Em segundo lugar, e em adição ao

fenómeno de interseção com a atividade de auditoria

externa, encontra-se o elevado grau de desconhecimento

das funções e do valor da auditoria interna.

Num município, a função da AI vai para além da

aferição da compliance com as normas: a unidade

orgânica de AI constitui um órgão estratégico de parceria

com a estrutura de gestão municipal, de consultoria ao

Executivo e às unidades orgânicas, produzindo

informação interna fundamental para o desenvolvimento

e sucesso organizacional.

Previamente à descrição da implementação da AI no

Município de Cascais, é obrigatório referir que ela é

sempre geradora de valor para qualquer organização,

pois a sua atividade consubstancia-se na observação

independente de procedimentos, mecanismos e orgânicas

com base num código de conduta pautado pelos

princípios da Responsabilidade, Integridade, Lealdade,

Cooperação, Confidencialidade, Proteção do Meio

Ambiente e Bom relacionamento com Terceiros dentro e

fora da organização.

Génese e implementação da AI no Município de

Cascais

Surgiu em 2004 a primeira referência à AI no Município

de Cascais. A unidade orgânica então criada designava-

se por Gabinete de Auditoria Interna e Modernização

Administrativa (GAMA). As atribuições do GAMA não

correspondiam a auditoria interna no sentido que lhe

atribuímos, pois a sua atividade estava ligada aos

processos de desburocratização e melhoria da

comunicação interna no município, promoção da

desconcentração e descentralização, promoção de

candidaturas no âmbito da melhoria da qualidade dos

serviços e apreciação das recomendações do Provedor

Municipal. Embora previsto no regulamento de

organização dos serviços municipais, não houve

implementação de atividade.

O regulamento de organização municipal de 2009,

contemplou a criação do Gabinete de Auditoria Interna

(GAUD) na dependência do Departamento de Assuntos

Jurídicos. As competências da unidade orgânica nele

previstas já contemplavam atividades “puras” de

auditoria.

Page 13: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

13

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

A implementação da atividade viria a dar-se no último

trimestre de 2011, momento em que o gabinete iniciou

funções efetivas, tendo o seu start-up correspondido à

aprovação em sede de Executivo Camarário do “Manual

do Auditor Interno”, documento basilar de gestão

interna, que define a função de auditoria, enuncia as

normas e regras de conduta e apresenta o modelo base de

programação e condução de auditorias.

O GAUD formalizou ainda a sua intervenção no

município com a introdução das suas normas e

procedimentos na Norma de Controlo Interno, aprovada

em dezembro de 2011, mês em que foi elaborado o

primeiro plano de auditorias a realizar no exercício

seguinte (2012).

A partir de setembro de 2013 o GAUD, até então

dependente de Vereador de Pelouro com competências

delegadas, passou a depender diretamente do Sr.

Presidente da Câmara, situação na minha opinião mais

correta, pois assegura a autonomia, independência e

autoridade necessárias ao gabinete no desempenho das

suas funções.

É importante referir neste ponto que em Cascais a

experiência de constituição de uma área de AI foi

construída de raiz sem recurso a benchmarking. De fato,

é total a ausência de bases de dados e estudos para a

realidade portuguesa que apoiem a formação de um

gabinete de auditoria interna num município.

Não existe informação centralizada e disponível sobre a

realidade dos municípios portugueses neste campo e os

exemplos práticos de implementação não são conhecidos

pelos técnicos que desenvolvem o seu trabalho nesta

área.

Com o objetivo de permitir a construção de uma

plataforma inicial para os profissionais da AI nas

autarquias, foi realizado o primeiro fórum de auditores

internos das autarquias locais no passado dia 23 de

dezembro de 2013.

Atividade do GAUD

Para os primeiros passos na implementação da AI em

Cascais, foram fundamentais os seguintes fatores:

1. Análise e domínio da legislação em vigor para as

autarquias locais, em particular quanto às competências

e atividades municipais;

2. Consulta do Manual de Auditoria e Procedimentos

do Tribunal de Contas;

3. Consulta dos normativos de auditoria do Instituto

Português de Auditoria Interna (IPAI);

4. Consulta de outras normas de relevo, de que destaco

a International Federation of Accountants e da

Fédération des Experts Comptables;

5. Formação de base necessária ao correto

enquadramento da atividade, que encontrámos no IPAI;

6. E por último, mas não menos importante, a escolha

dos colaboradores. O recrutamento de colaboradores

para o desenvolvimento da AI num município tem um

papel fulcral, devendo ser privilegiadas as pessoas com

interesse e perfil para atividade.

Um aspeto central do trabalho da AI num município é a

construção dos planos de auditoria, que constituem uma

ferramenta de planeamento das atividades a desenvolver

durante o ano e caracterizam as auditorias de acordo com

o seu tipo e extensão.

Auditoria Interna: o caso do Município de Cascais

Page 14: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

14

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Na minha opinião, os planos não devem contudo ser

instrumentos imutáveis. A razão de ser da AI é criar

valor para o município, pelo que os auditores internos

devem estar preparados para ir ao encontro de

solicitações do Executivo e/ou de unidades orgânicas

que necessitam de uma auditoria para desenvolvimento

de determinada atividade. Na nossa experiência em

Cascais, foram elaboradas auditorias a pedido quer de

Eleitos, quer de serviços municipais, tendo a equipa

procedido à necessária adaptação dos seus planos de

auditoria em curso a fim de englobar esses pedidos.

A construção dos planos de auditoria deverá contemplar

as áreas de risco, mas face à elevada amplitude de

competências de um município não deverão ser

esquecidas as áreas de pouco impacto operacional ou

financeiro que poderão beneficiar da ação da AI no

sentido consultivo e pedagógico.

Os planos de auditoria dependerão não só das matérias

mais diretamente quantificáveis por via do grau de risco,

mas também da sensibilidade e conhecimento da

organização pelos auditores internos, pelos gestores

municipais e pelo Executivo.

Resultados e desafios

É minha opinião pessoal que de uma forma geral persiste

ainda alguma neutralidade, quer de profissionais, quer de

autarcas face à atividade desenvolvida pelos auditores

internos, pois ainda não é percetível para todos o valor

acrescentado trazido pela AI. Apesar de persistir um

certo grau de desconhecimento das atividades

desenvolvidas pelos auditores internos, a aceitação da

atividade em Cascais tem sido muito boa, sentindo-se

uma boa receção por parte dos serviços auditados nas

fases de auditoria ou follow-up’s de auditoria.

Como principais resultados no Município de Cascais,

indicam-se a função de consultadoria e pedagogia que a

nós tem sido confiada pelos colegas de trabalho e o fato

de vermos ser implementadas as nossas recomendações,

sabendo assim que foi gerado valor para toda a

organização.

O nosso dia-a-dia é pautado pela execução das auditorias

planeadas para o exercício económico, contudo, temos

vindo a experimentar o sermos contactados no sentido de

prestar apoio (formal ou informal) em várias matérias. É

minha convicção que este fato não deriva apenas da

necessidade de apoio sentida pelas unidades orgânicas,

mas também do reconhecimento pelos colegas da nossa

integridade e capacidade profissional, pois sabem quem

somos: somos colegas de trabalho.

Esperam-se novos desafios para o auditor interno de uma

autarquia. A Lei nº 75/2013, de 12 de setembro, veio

estabelecer (entre outras matérias), o novo regime

jurídico das autarquias locais e o regime jurídico da

transferência de competências do estado para as

autarquias locais.

Estou convicta de que no futuro, a AI nas autarquias e

em particular nos municípios, será vista como uma

ferramenta fundamental ao dispor dos autarcas na

verificação da boa implementação dos vetores

estratégicos definidos pela Lei e pelos Executivos

municipais. É também o suporte por parte dos

Executivos que constitui o garante do sucesso da

implementação da atividade na gestão municipal.

Auditoria Interna: o caso do Município de Cascais

Page 15: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

15

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê? Auditoria Interna nos Municípios

Portugueses: Estado da Arte, António Ferrador - Chefe da Divisão de Auditoria e Controlo de Gestão - Câmara

Municipal de Loures.

I. Introdução

A função de Auditoria Interna nos Municípios

Portugueses, não se encontrando afirmada

especificadamente por via legislativa, tem sido

confinada a uma diminuta sensibilização por parte dos

Executivos para a sua importância na governação da

coisa pública.

Em contraponto, tem sido fruto da visão, e “carolice”,

de membros dos Executivos, nomeadamente sobre a

relevância da função na prossecução das atribuições e

competências, próprias e delegadas dos municípios, que

estruturas desta natureza, ou de natureza afim, têm

vindo, paulatinamente, a integrar as orgânicas

municipais, embora que a ritmo incipiente, em nossa

opinião, como à frente se poderá constatar em face dos

resultados do apuramento realizado.

Como explicação possível, entende-se que os eleitos

ainda não se encontram inteirados e conscientes do

contributo que a Auditoria Interna aporta à gestão.

Podemos afirmar que, em algumas Autarquias, a função

é considerada menor, queremos crer que não por má-fé,

mas sim por questões culturais, falta de tradição e de

sensibilidade.

Numa conjuntura de crescente confronto com novas

realidades e desafios, endógenos e exógenos, os

Executivos enquanto responsáveis primeiras pela

observância da legalidade e regularidade de processos e

prudente e sã gestão do seu património, não podem

deixar de pugnar pela adequação das estruturas

orgânicas municipais à prossecução das suas atribuições

e competências, numa envolvente de continuado

incremento, embora de forma acanhada, que se tem

vindo a registar nos últimos anos, por via,

designadamente, da criação, implantação e

implementação de estrutura de Auditoria Interna nas

orgânicas municipais.

Não obstante, a Auditoria Interna tem vindo a ser, cada

vez mais, encarada como o agente mais competente e

decisivo na identificação e avaliação da exposição ao

risco, na dissuasão da fraude, na transparência das

operações, constituindo-se como uma mais-valia para a

organização.

Neste contexto, a auditoria interna assume-se como

elemento contributivo para:

a garantia de conformidade com a lei, regulamentos

e contratos;

a salvaguarda de ativos

o rigor, fiabilidade, eficácia e eficiência da execução

de operações;

a fiabilidade e a integralidade da informação

financeira, e,

consequentemente, para a racionalização e otimização

da gestão municipal, por via da obtenção de melhorias

ao nível da gestão administrativa, financeira e

patrimonial e, concomitantemente, na prestação de

serviços públicos de qualidade.

Assim, permitimo-nos perspetivar o incremento e o

justo reconhecimento da importância que a função tem

vindo a ganhar no seio do poder local, tornando-se uma

das peças fundamentais no modelo de boa governação,

gestão do risco e controlo interno, sendo que a

colaboração de todos se funda como fator determinante

de sucesso.

“Responsibly and effectively managed to achieve intended

results, auditors help government organizations achieve

accountability and integrity, improve operations, and instill

confidence among citizens and stakeholders. An effective

public sector audit activity strengthens governance by

materially increasing citizens’ ability to hold their

government accountable. Auditors perform an especially

important function in those aspects of governance that are

crucial in the public sector for promoting credibility, equity,

and appropriate behavior of government officials, while

reducing the risk of public corruption.”

Page 16: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

16

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Enquadramento da Função da Auditoria Interna no Modelo das 3 Linhas de Defesa

II. Enquadramento

Ambiente de Risco e Controlo

Operacional/“no Terreno”

Gestão de Risco

Políticas e procedimentos

Supervisão funcional

Clarificação das

funções e

responsabilidades de

cada uma das

Unidades Orgânicas

intervenientes no

processo de gestão de

risco.

Definição da estrutura

de report entre as

diversas Unidades.

Estrutura que

estabelece segregação

de funções ao

processo, sem

hipotecar o

desempenho das

Atividades.

1ª Linha

- Unidades Orgânicas/Gestão

2ª Linha

– Funções de Controlo:

Divisão de Planeamento e

Controlo, Divisão Financeira,

Direção de Risco, Compliance

3ª Linha

– Auditoria Interna:

Auditoria Externa

Providencia a avaliação da

eficácia e eficiência dos

controlos que são da

responsabilidade da 1ª e 2ª linha

de gestão do risco

P

R

I

N

C

I

P

A

I

S

B

E

N

E

F

I

C

I

O

S

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 17: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

17

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

O Decreto-lei 54-A/99, de 22 de fevereiro, que aprovou

o plano oficial de contabilidade das autarquias locais

(POCAL), estabelece no art.º 3.º que a contabilidade das

autarquias locais compreende, entre outros, o sistema de

controlo interno.

Dispõe o mesmo normativo que o sistema de controlo

interno (SCI) a adotar pelas autarquias locais deve

contribuir para assegurar o desenvolvimento das

atividades de forma ordenada e eficiente, incluindo a

salvaguarda de ativos, a prevenção e deteção de

situações de ilegalidades, fraude e erro, a exatidão e a

integridade dos registos contabilísticos e a preparação

oportuna de informação financeira fiável (cfr. número

2.9.1., do POCAL).

De acordo com o disposto no número 2.9.3., do mesmo

normativo, compete ao órgão executivo aprovar e

manter em funcionamento o sistema de controlo interno

adequado às atividades da autarquia local, assegurando

o seu acompanhamento e avaliação permanente.

A implementação, o alcance e a eficácia de um sistema

desta natureza passa designadamente, entre outros, pela

validação e verificação do cumprimento das medidas de

controlo interno adotadas – auditoria de processos –,

emergentes do estabelecimento, desenvolvimento e

manutenção de procedimentos e controlos instituídos,

suportado por estrutura organizacional apropriada.

A Câmara Municipal, enquanto responsável primeira

pela observância da legalidade e regularidade de

processos e pela prudente e sã gestão do seu património,

deve pugnar pela adequação da estrutura orgânica

Municipal à prossecução das suas competências nesta

matéria.

A este propósito já se refere no preambulo do Decreto-

Lei 116/84, de 6 de Abril, que:

“1. A estrutura e a organização dos municípios têm

continuado a reger-se pelas normas do Código

Administrativo, cuja filosofia centralizadora contraria

os princípios constitucionais vigentes sobre a

autonomia das autarquias locais e a consagração do

poder local.

2. A consolidação daqueles princípios pressupõe a

organização dos serviços municipais em moldes que

permitam aos municípios dar resposta, de forma eficaz

e eficiente, às solicitações decorrentes das suas novas

atribuições e das competências acrescidas aos

respetivos órgãos.

3. Neste contexto, procura-se que o presente decreto-lei

se articule com o conjunto de diplomas sobre

reorganização do poder autárquico, recentemente

aprovado, estabelecendo os princípios gerais de

organização e gestão que deverão orientar os órgãos

autárquicos a definir, nos termos da competência

exclusiva que passam a deter, a estrutura e

funcionamento dos serviços que melhor se adequem à

prossecução das suas atribuições.”

A criação de estrutura orgânica de auditoria interna

encontra fundamento estrutural e organizacional neste

contexto, devendo esta refletir ajustamento às

especificidades, dimensão e complexidade das

operações da organização interna de cada Câmara

Municipal.

A criação de um serviço de auditoria interna na orgânica

municipal encontra suporte legal no disposto no

Decreto-Lei 116/84, de 6 de Abril, com as alterações

que lhe foram introduzidas pela Lei 44/85, de 13 de

Setembro, e na Lei 169/99, de 18 de Setembro, que revê

o regime de organização e funcionamento dos serviços

técnico-administrativos das autarquias locais, com as

alterações que lhe foram introduzidas pela Lei 5-

A/2002, de 11 de Janeiro.

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 18: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

18

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

O Controlo nas Autarquias Locais

Reportando-nos à situação da Câmara Municipal de

Loures, de referir que através da Divisão de Auditoria

Interna (DACG), criada em julho de 2007, com a

denominação de Gabinete de Auditoria Interna, tem

procurado constituir-se, de forma algo resiliente, como

agente ativo na difusão da função, atentando no

pressuposto de se afirmar como elemento contributivo

para a criação, constituição, implantação e

implementação da função de auditoria interna nos

municípios.

Promover e realizar indagação sobre a implementação de

serviços de auditoria interna, participar e dinamizar no

intuito de impulsionar o conhecimento nesta área,

produzir e difundir informação e boas práticas na

administração pública local, promover o intercâmbio em

matérias técnicas, experiências e problemas relacionados

com a prática de auditoria interna na administração

pública local, tem sido apanágio da DACG.

No passado dia 12 de dezembro de 2013, a DACG

usufruiu do privilégio de coorganizar e participar em

evento realizado em Loures – “ I Fórum de Auditoria

Interna das Autarquias -, promovido pelo Instituto

Português de Auditoria Interna, subordinado ao tema

“Auditoria nas Autarquias Locais – Porquê e Para Quê?

De entre os diversos objetivos do Fórum, o estudo

subjacente ao presente artigo, procurou conhecer o grau

de implantação e implementação da função de auditoria

interna nos municípios portugueses.

Importa referir que, seja qual for a natureza de um

trabalho, este está sempre sujeito a limitações que o

condicionam e podem afetar a sua estrutura e os seus

resultados.

CONTROLO INTERNO

PRÉVIO, CONCOMITANTE E SUCESSIVO À REALIZAÇÃO DE OPERAÇÕES

POLITICO ADMINISTRATIVO

EFETUADO PELO

ÓRGÃO DELIBERATIVO

AUTOCONTROLO

EXERCIDO PELOS

ÓRGÃOS COMPETENTES

E PELOS DIRIGENTES DOS

SERVIÇOS

CONTROLO INTERNO PROPRIAMENTE

DITO

EXECUTADO ATRAVÉS DA REALIZAÇÃO

DE AUDITORIAS, COM CARACTER PRÉVIO,

SUCESSIVO E SISTEMÁTICO

CONTROLO EXTERNO

EXERCIDO POR ENTIDADES DA TUTELA (TRIBUNAL DE CONTAS,

INSPEÇÃO-GERAL DAS FINANÇAS E OUTRAS) E POR SOCIEDADE REVISORA OFICIAL DE CONTAS

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 19: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

19

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Esta pesquisa teve como principal limitação a

dificuldade resultante da forma de obtenção das

respostas – realizada, para a maioria das Autarquias,

através de contato telefónico -, bem como a,

consequente, consistência das mesmas. Outra

condicionante resultou do (reduzido) tempo disponível

para o apuro de informação.

Dado que o objetivo de recolha de dados1 se confinou a

indagação que possibilitasse ter noção do panorama

nacional, designadamente no que ao concerne ao número

de Municípios que integram na sua orgânica, estruturas

de auditoria interna, bem como o estádio de

implementação e efetividade de atividade da função, a

metodologia adotada não seguiu o processo mais

comummente utilizado de, designadamente, envio de

inquérito2, tendo sido observado o seguinte método:

consulta aos sítios das Autarquias;

envio de solicitações, via e-mail, de confirmação

da informação; e,

1 Período de realização de recolha de dados: setembro –

novembro de 2013. 2 Segundo Hungler & Polit (1995, p. 367), “a

metodologia em investigação consiste na determinação

das etapas, procedimentos e estratégias utilizadas para

reunião e análise de dados”. É através da metodologia

que se estuda, descreve e explica os métodos que se vão

aplicar ao longo do trabalho, de forma a sistematizar os

procedimentos adotados durante as várias etapas,

procurando garantir a validade e a fidelidade dos

resultados. O IPAI, através do Núcleo de Auditores

Internos Internas das Autarquias Locais, pretende levar

a efeito a realização de inquérito de âmbito nacional, no

decurso de presente ano.

aclaração e validação de dados através de

contacto telefónico.

Assim, o trabalho realizado, refletido nos quadros que

a seguir se apresentam, tem carácter descritivo-

exploratório, pois um dos seus objetivos consistiu na

recolha de dados, sobre matéria em que existe, tanto

quanto é do nosso conhecimento, pouca informação, que

possibilite identificar e descrever a situação atual da

função Auditoria Interna em Portugal, visando responder

à questão: Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e

para quê? Auditoria Interna nos Municípios Portugueses:

Estado da Arte.

Como principal resultado, constata-se o, ainda,

reduzido grau de instituição da função de auditoria

interna nos Municípios Portugueses.

II. Estado da Arte

A organização democrática do estado compreende a

existência de autarquias locais, sendo estas pessoas

coletivas de população e território dotadas de órgãos

representativos que visam a prossecução dos interesses

próprios, comuns e específicos das respetivas

populações.

Atualmente, existem em Portugal 308 municípios – 278

no continente e 30 nas ilhas - e 3.092 freguesias – 2.882

no continente e 210 nas ilhas (4.260 antes da

reorganização administrativa do território).

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 20: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

20

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Municípios Freguesias

Freguesias

(Antes da Reorganização

Administrativa)

Continente Ilhas Total Continente Ilhas Total Continente Ilhas Total

278 30 308 2.882 210 3.092 4.050 210 4.260

Dos 308 Municípios, apenas 74 (24,03%), detêm

estruturas específicas desta natureza, ou em associação

com outras áreas da atividade autárquica - Gabinete de

Auditoria e Qualidade, Serviços de Apoio Jurídico e de

Auditoria Interna, Planeamento e Auditoria, Equipa de

Planeamento Estratégico e Auditoria, Divisão de

Auditoria e Controlo Interno, Gabinete de

Modernização, Qualidade e Auditoria, só para mencionar

alguns.

74

0

234

0

Municípios com Estrutura de Auditoria Interna ou de natureza afim

C/AI

24,03%

S/AI

75,97%

Fonte: elaboração própria

Daqueles, apurou-se que somente 55 Municípios (74,32%) detêm estruturas de Auditoria Interna, ou afim, ativa.

550

19

0

Número de Municípios com Estrutura deAuditoria Interna Ativa

Ativas

74,32% (55 / 74)

N/Ativas

25,68% (19 / 74)

Fonte: elaboração própria

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 21: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

21

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Subsistem, assim, 19 Municípios que não se encontram

em efetividade de execução da atividade - Aveiro,

Estarreja (Distrito de Aveiro), Fafe, Vizela (Braga),

Vinhais (Bragança), Idanha-a-Nova (Castelo Branco),

Alenquer, Lourinhã, Torres Vedras (Lisboa), Sousel

(Portalegre), Valongo (Porto), Rio Maior, Santarém

(Santarém), Seixal (Setúbal), Arcos de Valdevez (Viana

do Castelo), Boticas (Vila Real de Trás-os-Montes),

Lamego, Moimenta Beira e Sernacelhe (Viseu).

12

0

6

0

Capitais de Distrito

C/AI

66,66%

S/AI

33,34%

Fonte: elaboração própria

No tocante a capitais de distrito, subsistem 6 Municípios que não integram na orgânica Municipal a função de Auditoria

Interna – Beja, Braga, Castelo Branco, Faro, Guarda e Viana do Castelo.

130

5

0Área Metropolitana de Lisboa

C/Auditoria Interna

72,22%

S/Auditoria Interna

27,77%

Fonte: elaboração própria

Municípios sem estrutura de Auditoria Interna: Alcochete, Amadora, Azambuja, Mafra e Montijo

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 22: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

22

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Analisando a situação no contorno da Área Metropolitana de Lisboa (AML), constata-se que Municípios com dimensão

populacional e/ou espacial relevante, como sejam Amadora, Mafra ou Montijo, não dispõem da função de Auditoria

Interna.

7

0

10

0Área Metropolitana do Porto

C/Auditoria Interna

41,18%

S/Auditoria Interna

58,82%

Fonte: elaboração própria

Municípios sem estrutura de Auditoria Interna: Arouca, Espinho, Gondomar, Maia, Paredes,

Comparativamente com a AML, a Área Metropolitana do Porto (AMP) apresenta, no que concerne à incidência de

Autarquias que não incluem a função de Auditoria Interna nas suas estruturas organizativas, percentual bastante mais

elevado (58,82% - 10 em 17 Municípios -, contra 27,77% na AML – 5 em 18).

Tal como se apurou para a AML, nos Municípios incluídos na AMP, com dimensão populacional e/ou espacial relevante,

como sejam Gondomar, Maia e Vila do Conde, persiste a não existência da função Auditoria Interna.

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 23: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

23

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

2

16

134

6

113

Estrutura de Auditoria Interna Ativapor N.º Trabalhadores

< 100

≥ 100 e < 250

≥250 e < 500

≥500 e < 750

≥ 750 e < 1.000

≥ 1.000 e < 2.500

≥ 2.500Fonte: elaboração própria

Do quadro atrás constata-se que analisando a implantação da função de Auditoria Interna em Autarquias com estrutura

em funcionamento resulta que, tendo em linha de conta o número de Trabalhadores, a maior expressão desta

componente apresenta-se nos Municípios situados no intervalo dos 100 a 500 Trabalhadores (29 Municípios), bem como

no intervalo compreendido entre 1.000 a 2500 (11 Municípios). Ou seja, 72,72% das estruturas ativas (40 em 55).

20

714

94

1

Estrutura de Auditoria Interna Ativapor N.º Habitantes

< 25.000

≥ 25.000 e < 50.000

≥50.000 e < 100.000

≥ 100.000 e < 200.000

≥ 200.000 e < 400.000

≥ 500.000

Fonte: elaboração própria

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 24: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

24

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Tomando como base o número de habitantes por

Município, 34 Autarquias com menos de 25.000

habitantes (20), e as compreendidas no intervalo dos

50.000 a 100.00 habitantes (14), representam cerca de

62% do universo de 55 estruturas de Auditoria Interna

ativas.

III. A Visão da Auditoria Interna Muito se tem falado sobre o atual momento pelo qual

passa a função de auditoria interna nas organizações de

todo o mundo. É questionada a sua real necessidade nas

organizações, como uma atividade que realmente aporta

valor e proporciona segurança sobre as operações.

Com a crescente evolução das atribuições transmitidas

pelo poder central para os Municípios, estes têm, cada

vez mais, necessidade de informações atempadas e úteis

que permitam atingir os seus objetivos e antever

perspetivas para o futuro.

Neste contexto, a figura da auditoria interna tem vindo,

progressivamente, a assumir um papel de maior

relevância e importância no seio das organizações em

geral, e das Autarquias no caso em apreço, indo ao

encontro dos anseios dos utilizadores da informação.

A auditoria interna observa inteiramente os interesses

das entidades e dos seus “gestores” – eleitos, dirigentes e

trabalhadores -, no sentido em que esta audita não

somente a vertente contabilístico-financeira, como,

também, a parte operacional, instituindo um controlo

mais amplo dentro da organização.

As investigações desenvolvidas e afirmadas no trabalho

intitulado CFIA – Competency Framework for Internal

Auditing, levado a efeito pelo IIA3, permite alcançar uma

perspetiva global da auditoria interna, as suas

potencialidades e a suas necessidades, os seus padrões de

competência, identificando temas que irão marcar o

processo evolutivo da função, transmitindo a imagem da

auditoria interna tal como ela deve ser praticada,

enquanto função contributiva para a melhoria dos

processos e na criação de valor dentro das organizações.

RIDLEY (1999)4 concluiu sobre os requisitos que a

Auditoria Interna deve observar:

A profissão de auditoria interna destacar-se-á em função

da qualidade do desenvolvimento dos seus serviços e

não de quem os realiza;

Para continuar a ser viável, a profissão de auditoria

interna precisa de ser vista como acrescentando valor às

organizações;

Os auditores internos devem ter a perspetiva de toda a

cadeia de valor;

A estrutura conceptual da auditoria interna deverá

prosseguir, para além dos seus próprios processos,

estrutura de avaliação que vá de encontro às orientações

organizacionais na prestação de serviço;

As normas, e outras orientações profissionais devem,

não só, servir para conduzir a profissão, mas, para dar

uma imagem de diferente qualidade.

As atividades de auditoria interna persistirão enquanto a

organização lhes reconhecer valor. Contudo, à medida

que a mudança acelera, a auditoria interna deve

perspetivar e enquadrar novas oportunidades de forma a

ir ao encontro das necessidades organizacionais.

3 IIA; Guidance Professional Pratices Framework; PA

2120.A1-2; www.theiia.org. 4 RIDLEY, Anthony, et al.; (1999); “Where we’re

going”; Internal Auditor; Outubro/99.

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 25: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

25

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

A visão do futuro da auditoria interna deve assentar em

quatro vetores que se complementam:

Perspetiva global do negócio:

Os auditores internos têm de conhecer e

compreender a organização e as suas atividades

no seu sentido mais amplo, respondendo

prontamente e profissionalmente aos desafios

colocados à entidade, aos seus objetivos e

estratégias e às exposições ao risco;

Risco:

À medida que os ambientes internos e externos

se tornam cada vez mais complexos, a

habilidade das organizações para identificar,

analisar e gerir o risco torna-se cada vez mais

crítico e mais difícil. Compete à auditoria interna

contribuir para a melhoria da atividade de gestão

do risco e sistemas de controlo interno dos

Municípios;

Controlo e Confiança:

Num ambiente de crescente complexidade das

atribuições e competências conferidas às

Autarquias e, consequentemente das suas

atividades, o incremento do papel da confiança

na Auditoria e nos Auditores Internos, deve

resultar da capacidade dos profissionais

assumirem o dever de promover, de forma

continuada, um ambiente de confiança por parte

do todo organizacional, assegurando que

situações de risco serão corretamente entendidas

e geridas em contexto de constante mudança.

Valor para a tomada de decisão:

No dia-a-dia, Executivos e estruturas dirigentes

são confrontados com a necessidade de tomadas

decisões a, quase, todo o momento. As decisões

apresentam-se, por vezes, simples, outras vezes

mais complicadas. As decisões mais simples,

não necessitam, de princípio, de muita

informação. Já as de maior complexidade,

devem ser suportadas em informação necessária,

tempestiva, relevante, fidedigna, rigorosa e

fiável com o fim de apoiar melhor as suas

opções, evitar dúvidas e minimizar o risco de

uma escolha equivocada, que poderia

comprometer que os resultados planeados pelos

“gestores” sejam alcançados, pois aqueles

procuram a decisão ótima para a sua Autarquia.

Estas incertezas têm tendência a diminuir à medida que

eleitos e dirigentes entendem que o trabalho

desenvolvido pela Auditoria Interna, de recolha,

tratamento e análise de informação, lhe pode fornecer

informações muito valiosas, adequadas e necessárias

para a tomada das decisões mais acertadas.

Assim sendo, podemos afirmar que as boas decisões

se encontram diretamente associadas à qualidade da

informação. Deste modo, sejam elas mais simples ou

complicadas, as decisões podem afetar o resultado de

uma situação tanto positiva quanto negativamente, no

caso de insuficiência, ou mesmo ausência, de informação

ou do facultar de informações inadequadas e inoportunas

transmitidas à gestão.

Em face do exposto, julgamos poder afirmar que,

genericamente, os Auditores Internos encararam a sua

profissão como uma parceira da gestão, no sentido de

assistir as entidades no solucionar de problemas, no

prevenir dificuldades e corrigir deficiências5.

IV. Conclusão

Em síntese, importa referir que o presente trabalho não

teve a pretensão de esgotar o assunto, pois muito ainda

há que indagar e estudar a respeito, nomeadamente no

que concerne ao grau de implantação, implementação e

efetividade da Auditoria Interna nos Municípios

Portugueses.

5 SAWYER, Lawrence B. et al.; (2003; Sawyer’s Internal

Auditing – The practice of Modern Internal Auditing; 5th

edition; Florida; IIA; 424.

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 26: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

26

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

A atividade de auditoria interna encontra-se em plena

evolução. O seu centro de interesse tem-se deslocado,

progressivamente, da verificação da conformidade com

as normas e procedimentos estabelecidos para a análise

das operações, na resultante da identificação dos riscos

inerentes às diversas atividades municipais, procurando,

deste modo, que os objetivos sejam atingidos da forma

mais eficiente e eficaz.

A auditoria interna constitui-se como elemento de

salvaguarda e garantia de conformidade, fiabilidade e

rigor na implementação de metodologias e na

concretização de processos e procedimentos, resultantes

da prossecução das atribuições e competências, próprias

e delegadas, dos municípios, bem como função

contributiva para a racionalização e otimização da gestão

municipal, seja em termos orçamentais e financeiros,

mas também na prestação de serviços públicos de

qualidade.

A credibilidade de uma qualquer entidade, que procura

ser eficiente, eficaz e transparente para os

munícipes/cidadãos passa, também, pela existência de

órgãos de controlo independentes, dotados de

profissionais de elevado sentido ético-profissional e

portadores de elevada qualificação técnica, dos quais a

gestão pública não deve deixar de poder de beneficiar.

O desafio emergente para a Auditoria Interna e para os

Auditores Internos, nomeadamente os afetos a

Municípios, passa, assim, por sensibilizar, demonstrar e

obter o reconhecimento dos Executivos.

O consolidar da função como um dos principais

alicerces da estrutura de governação e da valia

do seu papel na estrutura de gestão de riscos,

enquanto função primordial na prevenção de

perdas e na identificação de oportunidades de

melhoria dos instrumentos de gestão e controlo

das operações, por via das mais-valias e dos

resultados positivos que a função pode potenciar,

completa o repto.

Em face do exposto, julga-se que o objetivo geral de

resposta à questão “Auditoria nas Autarquias Locais –

Porquê e Para Quê?”, se encontra assinalado pela

conclusão de que a auditoria interna contribui para uma

gestão eficaz, uma vez que com as suas análises

objetivas, avaliações, constatações, conclusões e

recomendações sobre as operações examinadas, assiste a

“gestão” no cumprimento das suas funções e

responsabilidades, proporcionando-lhe informações

oportunas e relevantes capazes de a auxiliar no processo

de tomada de decisão, facto que certamente contribuirá

para a valorização, proporcionará sustentabilidade às

atividades e acrescentará valor à organização.

BIBLIOGRAFIA

The Role of Auditing in Public Sector Governance:

Practice Guide, Professional Guidance – Setting the

Standard, The Institute of Internal Auditors /

www.theiia.org, November 2006;

IIA; (2010); Guidance Professional Practices

Framework; PA 2120.A1-2; www.theiia.org

RIDLEY, Anthony, et al.; (1999); “Where we’re going”;

Internal Auditor; Outubro/99; p.29

SAWYER, Lawrence B. et al.; (2003; Sawyer’s Internal

Auditing – The practice of Modern Internal Auditing; 5th

edition; Florida; IIA; p.424

Auditoria nas Autarquias Locais – porquê e para quê?

Page 27: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

27

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate

à Fraude – Análise empírica comparativa 6, Teresa Cruz e

Georgina Morais

Introdução

Ao longo dos tempos a Auditoria tem vindo a

desenvolver-se em função da realidade económica e

como resposta a uma sociedade cada vez mais exigente e

atenta.

Esta atenção aumentou devido aos sucessivos e recentes

escândalos financeiros que abalaram a economia numa

escala global, repercutindo-se nos mercados de capitais e

na confiança dos investidores.

Objectivo

Analisar a existência de fraude em Portugal e o impacto

sofrido pelas organizações nacionais, após a ocorrência

de alguns casos mediáticos a nível global.

6 Artigo baseado no estudo da Dissertação de Mestrado em Auditoria

Empresarial e Pública pelo ISCAC-Coimbra Business School

Será abordada a importância da Auditoria interna na

prevenção, detecção e supervisão da fraude, bem como

outras áreas de superior interesse com que interage.

Os objectivos deste estudo são obter evidências

empíricas do real impacto da fraude e comparar estas

evidências obtidas com o estudo efectuado pela ACFE7

para munir os resultados portugueses de credibilidade,

comparabilidade e fiabilidade (avaliar os dados

portugueses em contraponto com o estudo do ACFE).

Esta comparação vai situar a realidade portuguesa no

enquadramento mundial sobre fraude, em virtude, de não

haver qualquer publicação anterior que o efectue.

Valor Acrescentado

Em Portugal não há dados oficiais publicados sobre

fraude, pelo que este estudo se torna pioneiro na

obtenção de tais dados. Embora sofra pela falta de

resultados transmitidos por potenciais candidatos que

preferiram não dar o seu contributo, existiram outros que

valorizam este estudo.

Limitações do estudo

As limitações deste estudo foram principalmente

temporais e geográficas, uma vez que foram

entrevistados colaboradores de organizações portuguesas

ou profissionais liberais a laboral no nosso País, entre

Lisboa e Porto.

7 A ACFE – Association of Certified Fraud Examiners apresenta

bianualmente um reporte sobre fraude ocupacional a nível mundial

que demonstra os impactos sofridos com as fraudes.

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude – Análise

empírica comparativa 1, Teresa Cruz e Georgina Morais

Page 28: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

28

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Metodologia

De forma a podermos obter a informação do impacto de

fraudes em Portugal foi efectuado um estudo empírico

(estudo de caso), através de entrevistas que se realizaram

a nível nacional, a todas as funções organizacionais, tone

to the top (Presidentes do Conselho de Administração,

CEO, Gerentes, Gestores tipo “C”, Meadle Man, CFE’s,

Auditores, ROC’s e Advogados) de organizações

públicas e privadas, entre Setembro de 2011 e Março de

2012. O questionário de suporte à entrevista é composto

por quatro secções:

Secção A – Caracterização do perfil académico e

profissional do entrevistado;

Secção B – Perfil da Organização;

Secção C – Ocorrência de fraude; custos; perdas

decorrentes e detecção de crimes;

Secção D – Políticas e controlos antifraude.

Para o presente estudo foi considerada uma amostra de

52 entrevistas válidas. Para poder definir quais seriam os

entrevistados, foram analisadas diversas bases de dados,

para obter nomes e contactos dos profissionais

determinados. Nas entrevistas em que o número de casos

era indeterminado devido ao elevado número de crimes

existentes considerou-se um máximo de 100 fraudes por

entrevistado.

Houve entrevistas em que apenas foi denunciada uma

fraude, mas a mesma envolvia diversos crimes em

simultâneo e houve outras entrevistas em que havia

diversos números de fraudes reportadas que envolviam

diversos crimes. Sendo difícil a sua comparabilidade,

optou-se por analisar os dados por cada entrevistado que

as denunciou, em vez de comparar com o número que

cada um individualmente reportou.

Análise empírica comparativa

Em Portugal os principais tipos de fraude (por

frequência), são a apropriação de activos (26,19%),

fraude fiscal (16,67%) e fraude contabilística (11,90%)

Gráfico 1

No ACFE as três formas de fraudes mais comuns são: a

apropriação indevida de activos (também o tipo mais

usual); a corrupção e a fraude financeira. Quando

analisado em valor, a apropriação de activos só

representa cerca de 20% nos dois estudos, enquanto a

fraude contabilística representa 48% em Portugal e a

fraude financeira 68% no ACFE.

Nos dois estudos, a fraude mais cometida é a

apropriação de activos, quando nos referimos à

frequência com que o crime é cometido. Também em

valor a apropriação de activos representa apenas 20%

dos valores globais sofridos pelas organizações, sendo as

fraudes contabilística e financeira as responsáveis pelas

maiores percentagens.

A forma de detecção de fraude mais usual nos Países

evoluídos em matéria de fraude é a denúncia,

representando 40%. Em Portugal a forma mais usual é a

auditoria interna, sendo a responsável por 20%.

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude

Page 29: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

29

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Percentualmente, a auditoria interna é responsável pela

detecção de mais fraudes em Portugal, correspondendo a

20% contra 14,60% publicados no ACFE. No caso

português, as notificações de transacções suspeitas e a

gestão de risco de fraude são outra das formas

importantes para a detecção de fraude enquanto no

ACFE são a revisão de gestão e a auditoria interna (que

só surge em 3º lugar).

Quando analisamos a forma de detecção pela dimensão

das organizações, considerámos três intervalos no caso

português, até 1.000 empregados; entre 1.001 e 5.000

empregados e mais de 5.000 empregados. Podemos

verificar que as organizações até 1.000 empregados

representam em Portugal 44% dos casos e globalmente

as organizações com mais de 1.000 empregados

representam 56%. Comparando com o ACFE, as

organizações até 1.000 empregados representam 51,30%

e organizações com mais de 1.000 empregados e até

10.000 representam 28,10%. Como em Portugal não

foram entrevistados colaboradores de organizações onde

trabalhem mais de 10.000 empregados, não foram

considerados os valores referentes às grandes

organizações publicadas pelo ACFE. O que conseguimos

estabelecer é que em Portugal as organizações com

menos colaboradores tem menos fraudes detectadas, que

as organizações com as mesmas dimensões constantes

do ACFE. A nível nacional, foi nas organizações de

maior dimensão que foram detectadas 56% das fraudes

enquanto no ACFE organizações com as mesmas

dimensões apenas detectaram 27%. Em valores globais

as grandes organizações englobadas no ACFE são

responsáveis por 49,50% dos casos versus os 56%

portugueses.

Os entrevistados que no caso português mais fraudes

denunciaram, foram os colaboradores de organizações

governamentais, estatais ou municipais. Não se trata

apenas, de fraudes sofridas no seio destas organizações,

mas sim, os casos denunciados por inspectores e

reguladores. Por esta razão, as organizações públicas tem

uma representatividade de mais de 50% (ver Gráfico 2).

Gráfico 2

No ACFE, as organizações públicas e governamentais

são divulgadas com valores distintos, mas quando

agrupadas como em Portugal, obtêm uma

representatividade de 44,80%. Como em Portugal os

restantes 46%, representam empresas privadas. No

ACFE as empresas privadas correspondem a 39,30%

(ver Gráfico 2).

Ao efectuar análise pela dimensão da organização, foi

constatado que as organizações até 1.000 empregados

são as com maior percentagem de fraudes, e a

apropriação de activos é o principal método atingindo

19% dos casos. Para a mesma dimensão de organizações

a fraude fiscal é responsável por 16% e a divulgação de

informação privilegiada por 9%. Nas organizações que

empregam entre 1.000 a 5.000 empregados os métodos

de fraude são os mesmos, mas assumem percentagens

bastante inferiores.

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude

Page 30: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

30

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

No caso das organizações com mais de 5.000, os

métodos mais usuais são a apropriação indevida de

activos, fraude fiscal e fraude contabilística.

Nos dados apresentados pelo ACFE, os métodos mais

comuns são a corrupção e a facturação fraudulenta

independentemente da dimensão.

Ao aprofundar a análise por tipo de organização,

consegue-se apurar que em Portugal, as áreas que

denunciaram mais fraudes foram as Organizações de

Regulação e Inspecção; os Hospitais e o Comércio

Retalhista.

Por valor, as Organizações de Regulação e Inspecção, as

Sociedades de Auditoria e de Revisores Oficiais de

Contas e a Banca, reportaram individualmente perdas

superiores a 1.000.000€. No ACFE, as organizações que

reportaram mais casos foram a Banca, a Manufactura e

as de Assistência Médica.

Já em valores, os maiores impactos foram nas Indústrias

de Extracção Mineira, as Imobiliárias e a Construção.

A Banca é um único vector comum nos dois estudos,

mas em perspectivas diferentes, em Portugal a Banca foi

lesada em mais de 1.000.000€ (em valor) enquanto no

ACFE a Banca foi defraudada 229 vezes (número de

portugueses com mais fraudes denunciadas sofreram

crimes individualmente superiores a 1.000.000€, no

ACFE não há um único tipo de organização com fraudes

dessa magnitude.

Os factores que em Portugal ajudaram à prossecução da

fraude foram em 26% dos casos a posição de confiança

do defraudador, em 22% dos casos devido a uma fraca

cultura ética e em 19% dos casos devido a conluio e a

fracos sistemas de controlo interno (ver Gráfico 3).

Gráfico 3

No ACFE, 36% dos casos deveu-se à falta de controlo

interno e em 20% à inexistência de controlos internos

actualizados (ver Gráfico 4).

Gráfico 4

É bastante evidente nesta comparação que o controlo

interno é uma ferramenta fundamental para detectar,

prevenir e evitar a fraude

Quando a análise incide sobre o género do defraudador,

as percentagens apresentadas nos dois estudos são

praticamente iguais, o sexo masculino é responsável por

cerca de 65% dos casos.

Quando passamos do número de fraudes cometidas para

o valor das perdas, mantém-se o mesmo cenário.

O sexo masculino é responsável por 65,22% dos valores

globais em Portugal enquanto no ACFE é responsável

por 69% do total de perdas sofridas.

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude

Page 31: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

31

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

É também importante verificar a idade de quem cometeu

estes crimes de forma a tentar perceber em que faixas

etárias é mais usual a perpetração de fraude.

Gráfico 5

As duas faixas etárias responsáveis pelos maiores

números de fraudes em Portugal, são as das idades

compreendidas entre os 31 e os 40 anos, que representa

quase 50% dos casos enquanto a faixa etária dos 41 aos

50 anos cerca 26% (ver Gráfico 5).

No ACFE, as faixas etárias com maior destaque são as

mesmas que em Portugal. A faixa etária entre os 31 e os

40 anos é responsável por 34,10% dos casos de fraude e

a faixa etária dos 41 aos 50 anos por 33,10% (ver

Gráfico 5).

Face às faixas etárias mais visadas, perspectivaríamos

que os maiores defraudadores tivessem entre 6 a 25 anos

de trabalho (considerando que começaram a trabalhar

com 25 anos de idade). Efectivamente em Portugal, 50%

dos casos são perpetrados por trabalhadores com mais de

6 anos de trabalho.

O ACFE apresenta dados de difícil percepção, uma vez

que a faixa etária até aos 30 anos de idade apenas

representa 15% do total de fraudes, mas considera que os

empregados até 5 anos de trabalho são responsáveis por

47,40% das fraudes (ver Gráfico 6).

Gráfico 6

Se os empregados tiverem começado a trabalhar com 20

anos ou menos, terão supostamente mais de 10 anos de

trabalho quando fizerem 30 anos de idade, ou seja, se

fizermos adicionalmente esta consideração então a faixa

etária até aos 30 anos seria responsável por 74,60% dos

casos de fraude.

Os valores só são entendíveis se houver muitos

defraudadores a começarem a trabalhar já com idade

avançada.

A formação escolar e académica é outro dos factores

analisado. No caso português 42% dos defraudadores

tem apenas até ao secundário enquanto que quase 30% é

bacharel ou licenciado.

No ACFE, os dados apresentados são bastante diferentes

dos Portugueses. Apenas 25,30% dos defraudadores só

tem até ao secundário tendo os 74,20% pelo menos

alguma formação universitária.

As principais razões dos defraudadores portugueses são

os problemas financeiros e o desejo de manter o nível de

vida são as duas razões mais atribuídas aos

defraudadores.

O ACFE considera exactamente as mesmas duas razões

como sendo as mais usuais.

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude

Page 32: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

32

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Políticas e controlos anti fraude em Portugal

Face às respostas obtidas pode-se constatar que cerca

40% dos entrevistados não considera a fraude um

problema para as suas organizações e que mais de 60%

considera que é baixa a probabilidade de ocorrência de

fraude.

Será apurado se tal se deve à existência de controlos e

políticas modernas para supervisionar, prevenir e

detectar a fraude.

Para tal foram elaborados sete grupos de questões, com

diferentes ponderadores, de acordo com a importância e

abrangência das mesmas (esta secção foi adaptada do

check-up do ACFE – mantiveram-se os ponderadores

atribuídos individualmente). O objectivo é que somando

todos os ponderadores se obtenha uma classificação

máxima de 100 pontos. No caso de não terem

conhecimento sobre os temas questionados, o valor

assinalado em cada questão foi zero (ver Gráfico 7).

Gráfico 7

Os pontos obtidos pelas organizações portuguesas são

claramente baixos, não chegando a obter uma pontuação

de suficiente (não conseguem chegar à barreira dos

50%). Em média as organizações portuguesas visadas

detém 46% do conhecimento, controlo e políticas

antifraude consideradas como necessárias pelo ACFE.

As organizações analisadas foram divididas em 4

escalões tal como apresentado no Gráfico 8.

Gráfico 8

O 1º escalão engloba empresas sem qualquer pontuação;

o 2º escalão organizações com pontuação entre 1% a

49%; o 3º escalão com pontuações entre 50% e os 75% e

o 4º escalão, com as iguais ou superiores a 75%. Os

zeros obtidos anteriormente representam 23%. O 2º

escalão é aquele em que globalmente se enquadra o caso

português e representa 31%. Estes dois escalões

correspondem a 54% das organizações analisadas. Com

controlos considerados entre suficientes até bons existem

13%. 33% das organizações são consideradas pelos

colaboradores como tendo muito bons ou mesmos

excelentes estruturas, conhecimentos e políticas de

combate à fraude.

Principais conclusões

Os resultados obtidos demonstram que o número de

casos e valores envolvidos são avassaladores, chegando

mesmo em valor a ultrapassar os publicados pelo ACFE.

É necessário primordialmente alterar mentalidades, para

que a fraude se denuncie, em vez de se encobrir com o

intuito de se fazer pensar que a mesma não existe.

Após alterar mentalidades e face ao insuficiente sistema

que as organizações têm para controlar, supervisionar,

prevenir e detectar fraudes (demonstrado neste estudo)

há necessidade de se equipararem aos experts

internacionais.

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude

Page 33: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

33

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Muito ainda há para evoluir nas áreas referidas

anteriormente e é premente que tal seja feito, de forma a

travar a evolução de fraude em Portugal.

Tal como é demonstrado neste estudo a Auditoria Interna

tem um papel preponderante na detecção, prevenção e

supervisão da fraude. A Auditoria Interna é a forma mais

importante para detectar fraude em Portugal.

A inexistência de sistemas de controlo interno ou

sistemas de controlo interno desactualizados são os dois

principais factores que ajudam na ocorrência de fraude.

Se até grandes empresas munidas com os sistemas de

Auditoria Interna sofrem fraudes, mais ainda ocorre nas

pequenas e médias empresas sem qualquer forma de

detecção.

É necessário atribuir a devida importância à

Auditoria Interna e constatar que é preferível

investir em supervisão, prevenção e detecção do

que serem continuadamente defraudados sem

saberem ou quantificarem atempadamente.

Investigações possíveis

O Departamento de Investigação e Acção Penal,

incorporado no Ministério Público disponibilizou uma

linha de denúncia e será sem dúvida o organismo em

Portugal com dados mais fiáveis.

Mesmo após tentativas de contacto com tal Ministério

não foi possível obter qualquer informação.

Pode consultar: http://www.acfe.com/default.aspx

Pesquisa na rede:

http://www.fraud-magazine.com/home.aspx?pageid=50

Seja um dos novos auditores certificados

A incontornável importância da Auditoria Interna no combate à Fraude

Page 34: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

34

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing

Professional Educations (CPE), Francisco Melo Albino, CIA, CCSA, CGAP -

Vice-Presidente da Direcção do IPAI – Formação e Certificação Profissional

“CIAs are responsible for:

Maintaining their knowledge and skills.

Updating their knowledge and skills related to improvements and current developments in internal auditing

standards, procedures, and techniques.” (IIA)

1. CPE porquê?

Como os colegas certificados sabem, para se manter a

certificação como válida (“Active”) o IIA exige que o

CIA-Certified Internal Auditor e os colegas com outras

certificações (CCSA, CGAP, CFSA, CRMA) reportem

anualmente 40 horas de “continuing professional

education” (CPE). Esta obrigação de reporte foi ajustada

em 2012, pois ate aí tínhamos que reportar 80 horas de 2

em 2 anos.

Essa exigência de que os CIA e outros auditores internos

certificados cumpram um programa e tempo mínimo de

formação anual, decorre do facto, comum a muitas

profissões, de que se um profissional não se mantiver

permanentemente actualizado, não só não está a cumprir

com os seus deveres éticos e profissionais como não

pode considerar-se suficientemente conhecedor dos

desenvolvimentos das metodologias da profissão, nem

da actividade da organização em que trabalha, nem do

enquadramento económico e de gestão, e do meio em

que actua.

Na nossa profissão de auditores tal envolvimento é

indispensável pois os contextos em que as organizações

operam são dinâmicos, e as próprias organizações vão

adoptando novas metodologias, os negócios vão-se

modificando, os sistemas de gestão, de informação,

contabilístico, legal, etc. vão-se alterando.

Estamos assim todos de acordo em que é necessário para

permanecermos activos na profissão cumprirmos a

obrigação de realizar no mínimo as 40 horas de CPE que

o IIA nos impõe. Essa obrigação existe para muitas

outras profissões, como por exemplo, os ROCs e os

TOCs.

Se o tempo mínimo de formação anual previsto é de 40

horas, os temas sobre que deve incidir essa formação

são, genericamente, os compreendidos no programa dos

exames CIA.

2. O CPE e o IPPF

No IPPF – Enquadramento Internacional de Práticas

Profissionais de Auditoria, o código de ética é uma das

orientações (guidance) obrigatórias. O código de ética,

como é sabido, inclui duas componentes essenciais:

1. Princípios relevantes para a profissão e prática de

auditoria interna;

Page 35: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

35

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

2. Normas de conduta que regem o comportamento que

se espera dos auditores internos. Estas normas são uma

ajuda na interpretação dos Princípios em aplicações

práticas e destinam-se a orientar a conduta ética dos

auditores internos.

Relativamente à formação profissional dos auditores

internos, destacamos o princípio da competência:

“4. Competência - Os auditores internos aplicam os

conhecimentos, técnicas e experiência necessárias no

desempenho dos serviços de auditoria interna.”

e a norma

“4.3. - Deverão continuamente aperfeiçoar a sua

proficiência e a eficiência e qualidade dos seus

serviços”.

De entre as Normas de Auditoria Interna relativas aos

saberes indispensáveis aos auditores internos e às suas

necessidades de formação destacamos a N 1200 –

Proficiência e Adequado Cuidado Profissional e, em

particular, a N 1230 – Desenvolvimento Profissional

Contínuo.

1200 – Proficiência e Cuidado Profissional

Adequado

Os compromissos de auditoria têm que ser

desempenhados com proficiência e cuidado

profissional adequado.

1210 – Proficiência

Os auditores internos têm que possuir os

conhecimentos, o domínio das técnicas e outras

competências necessárias para cumprir com as suas

responsabilidades individuais. A actividade de

auditoria interna, tem que possuir, colectivamente, ou

obter os conhecimentos das técnicas e das matérias

necessárias para o desempenho da sua

responsabilidade.

Interpretação

O conhecimento, técnicas e outras competências são

termos abrangentes que se referem à capacidade

profissional exigida dos auditores internos para que

possam cumprir com as suas responsabilidades

profissionais de forma eficaz. Os auditores internos

são encorajados a demonstrar a sua proficiência

obtendo certificações profissionais e qualificações

adequadas, tais como a de Certified Internal Auditor

e outras certificações oferecidas pelo Institute of

Internal Auditors e outras organizações profissionais

apropriadas.

1210.A2 – Os auditores internos têm que possuir o

conhecimento adequado para avaliar o risco de fraude

e a forma como ele é gerido pela organização, mas

não se espera que disponham da perícia de uma

pessoa cuja responsabilidade principal seja a detecção

e a investigação da fraude.

1210.A3 – Os auditores internos têm que ter

conhecimento dos riscos e controlos-chave das

tecnologias da informação e das técnicas de auditoria

de base tecnológica, para o desempenho do seu

trabalho. Contudo, não se espera que todos os

auditores internos tenham a perícia de um auditor

interno cuja responsabilidade principal seja a de

efectuar auditorias das tecnologias da informação.

1220 – Cuidado Profissional Adequado

Os auditores internos têm que utilizar o cuidado e a

técnica que se espera de um auditor interno

razoavelmente prudente e competente. Um cuidado

profissional adequado não implica infalibilidade.

1220.A1 – Os auditores internos têm que exercer um

cuidado profissional adequado tendo em

consideração:

A extensão de trabalho necessária para alcançar os

objectivos do compromisso;

A relativa complexidade, materialidade, ou

importância das matérias em que se aplicam os

procedimentos de garantia;

A adequação e eficácia dos processos de

governação, de gestão do risco e de controlo;

A probabilidade de erros materiais, fraude ou não

conformidade; e.

Os custos da garantia em relação com os benefícios

potenciais.

1220.A2 – Ao exercer um cuidado profissional

adequado, os auditores internos têm que considerar a

utilização da auditoria assistida por computador e de

outras técnicas de análise de dados.

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing Professional Educations (CPE)

Page 36: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

36

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

1220.A3 – Os auditores internos têm que estar alerta

para os riscos materiais que possam afectar os

objectivos, as operações ou os recursos. Contudo, os

procedimentos de garantia, só por si, mesmo quando

executados com cuidado profissional adequado, não

garantem que todos os riscos materiais serão

identificados.

1230 – Desenvolvimento Profissional Contínuo

Os auditores internos têm que aperfeiçoar os seus

conhecimentos, técnicas e outras competências

através de um desenvolvimento profissional contínuo.

É por força desta norma que nos obriga ao

desenvolvimento profissional contínuo para podermos

desenvolver os nossos trabalhos com Proficiência e

Cuidado Profissional Adequado que os auditores

internos certificados têm que obter anualmente, no

mínimo, 40 créditos de formação (40 para o CIA e 20 para

as restantes certificações de especialidade). Para efeito da

verificação do cumprimento dessa obrigação ética e

também profissional o IIA exige que os CIAs e outros

auditores certificados confirmem anualmente ao IIA a

obtenção desses créditos. Essa confirmação é feita através

de uma declaração, segundo um modelo de formulário

disponibilizado no seu site, na conta individual de cada

CIA. ´

Para além da declaração a efectuar anualmente, é

indispensável que o CIA mantenha organizado o seu

dossiê de formação obtida, por forma a que possa, em

qualquer momento, ser verificada. Essa verificação pode

ser realizada pelo instituto ou “chapter” nacional (em

Portugal seria o IPAI) a pedido do IIA, ou pelo próprio

IIA, solicitando o envio de toda a documentação

probatória das declarações efectuadas. Este processo de

verificação pelo instituto nacional ou pelo próprio IIA é

designado como “CPE Auditing”.

3. Que acções são consideradas para efeitos da CPE

Os grupos de actividades que contam para efeitos da

CPE obrigatória, são os seguintes:

a) Educação e formação recebidas como estudante ou

como profissional;

b) Publicações da sua autoria;

c) Traduções;

d) Apresentações (como orador);

e) Participação em comités relacionados com a

profissão;

f) Avaliações externas de qualidade de unidades de

Auditoria Interna.

O IIA define depois, para cada um dos grupos acima

indicados, os vários subgrupos. E para cada subgrupo a

forma de calcular os créditos em função das horas

dedicadas e também o máximo número de créditos

possível a considerar em cada subgrupo.

Por exemplo, no grupo mais representado – “Education

received” –, os subgrupos são os seguintes:

a)1. Formação profissional, programas de

desenvolvimento, seminários e conferências,

promovidos por organizações nacionais, estaduais ou

locais de auditoria ou contabilidade.

a)2. Sessões técnicas em meetings de organizações

nacionais estaduais ou locais de auditoria ou

contabilidade e chapters do IIA.

a)3. Programas de formação in-house.

a)4. Programas de outras organizações (sectoriais,

sociedades e associações profissionais, …).

a)5. Cursos de ensino superior (com um máximo de 15

créditos horas CPE por semestre, ou 10 por trimestre).

a)6. Outras certificações (obtidas no período).

a)7. Programas de auto-estudo relevantes para a auditoria

interna que tenham uma correspondência formal e

evidência de terem sido completados.

Para todo este grupo a) está previsto um máximo de 120

horas admitidas.

4. Requisitos relativos á formação recebida

Os critérios gerais estabelecidos pelo IIA a este respeito

são, essencialmente, os seguintes:

1. Os CIAs têm que manter elevados níveis de exigência

ao seleccionar a qualidade dos programas

educacionais e de formação que seguem.

2. O programa deve contribuir directamente para a

competência profissional do CIA.

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing Professional Educations (CPE)

Page 37: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

37

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

3. Os programas devem estabelecer os objectivos de

níveis de conhecimentos que os participantes devem

atingir e esses níveis de competência devem ser

testados após conclusão do programa.

4. Devem estabelecer os requisitos de educação e

experiência para o programa.

5. Devem ser desenvolvidos por indivíduos qualificados

nos temas tratados e em métodos pedagógicos.

6. Devem ter um nível profissional e estar relacionados

com os temas do Common Body of Knowledge

(CBOK) para auditoria interna.

Quanto aos temas da educação e formação recebida (ou

ministrada), desde que os programas cumpram os

requisitos acima indicados, deverão ser os seguintes:

1. Auditoria

2. Contabilidade

3. Gestão e comunicação (oral e escrita)

4. Ciências da computação.

5. Matemática, estatística e aplicações quantitativas para

a gestão.

6. Economia.

7. Legislação comercial e de negócios

8. Tópicos específicos de gestão tais como finanças,

produção, marketing, pessoal

9. Áreas especializadas de algumas indústrias tais como

governo, banca, distribuição, energia, e outras, desde

que o CIA consiga demonstrar que contribuem para a

sua competência profissional.

Quanto à forma de calcular os créditos de formação, eles

correspondem, formalmente, a um crédito por cada 50

minutos lectivos. Mas atendendo aos intervalos,

mudanças de oradores, e outras interrupções, o IPAI tem

considerado, em média, como um crédito

correspondendo a 60 minutos.

5. Como organizar o dossiê da CPE

Em 1º lugar há que impulsionar a participação dos

membros que sejam certificados em acções,

organizações, seminários, meetings técnicos, núcleos

sectoriais, e outras organizações e eventos do IPAI, ou

do IIA ou de Institutos congéneres de outros países.

É também importante, como já vimos, que, em relação à

formação recebida escolham criteriosamente as

organizações que promovem e organizam essa formação.

Devem ser organizações credíveis, tanto quanto possível

reconhecidas, que tratem de temas de auditoria, gestão

de risco, governação, contabilidade, economia,

legislação comercial e das sociedades e temas conexos.

Significa isto que, em Portugal, as organizações

abrangidas por esta exigência, sem pretensões de

exaustividade, estariam entre as seguintes:

1. IPAI – Instituto Português de Auditoria Interna (IIA

Portugal).

2. OROC – Ordem do Revisores Oficiais de Contas.

3. ISACA Lisbon Chapter – capitulo Português da

Information Systems Auditing and Control

Association.

4. As Big Four e outras empresas de auditoria e

consultoria

5. SROCs – Sociedades de Revisores Oficiais de

Contas.

6. OTOC – Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas.

7. APOTEC – Associação Portuguesa dos Técnicos

Oficiais de Contas.

8. APC – Associação Portuguesa de Contabilistas.

9. IPCG – Instituto Português de Corporate

Governance.

10. APEE – Associação Portuguesa de Ética Empresarial.

11. OE – Ordem dos Economistas.

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing Professional Educations (CPE)

Page 38: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

38

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Após escolherem cuidadosamente as organizações em

que fazem a formação, convém também que obtenham e

guardem evidência do curso em que participaram. Tal

documento deve incluir o título do curso, tema geral,

objectivos, número de horas, datas, organização

promotora, formador, conteúdos, prova da frequência ou

participação e de completamento/passagem.

Convém também elaborar um ficheiro Excel para

inserção da informação relativa aos CPE obtidos, com os

campos adequados, para ir controlando o número de

créditos já obtidos e planear o número de acções

adicionais a cumprir para atingir os níveis de CPE

exigidos pelo IIA, no período de reporte (um ano).

6. A Auditoria dos CPE e o código de ética do IIA

“CPE Audit Process

On a test basis, The IIA will verify the records of CIAs

and/or course sponsors in a manner deemed appropriate

to determine compliance with the requirements set forth

in this guidance. The potential penalty for submitting

false information will be determined in accordance with

the administrative directive, Disciplinary Policies

and Procedures.”

As declarações dos CIAs e dos auditores internos com

outras certificações do IIA, consistem numa declaração,

com base na sujeição ao código de ética. Um auditor

interno, membro do IPAI ou de outro chapter ou

national institute, se estiver a exercer outras funções,

não tem forçosamente de respeitar, na sua totalidade, o

código de ética do IIA. Mas um CIA, exerça as funções

que exercer, em qualquer organização, é sempre

obrigado a respeitar o código de ética do IIA no

exercício de qualquer função. Este é um aspecto por

vezes pouco conhecido, pelo que não é de mais sublinhá-

lo. De resto esta questão surge com frequência entre as

perguntas dos exames de certificação profissional.

Assim, a declaração que anualmente fazemos, baseia-se

no pressuposto de que o CIA respeita a ética da sua

profissão. E pressupõe que o CIA dispõe de evidências

que lhe permitem declarar que está a cumprir com as

regras de CPE estabelecidas pelo IIA. De resto da

mesma forma que, quando emitimos um relatório de um

trabalho de auditoria e temos que emitir uma opinião,

não podemos emiti-la se não tivermos a evidência

adequada e suficiente para o poder fazer.

Assim, cada um de nós deve reportar que completou as

40 horas (ou 20) anualmente exigidas se, de facto, o

conseguiu. As consequências de não o fazer são a

passagem da certificação para “inactive status”. Isso se

não o fizer. Mas se o fizer em desrespeito do seu código

de ética aí a situação é mais complicada e pode implicar

uma contravenção ética com consequências mais

nefastas para o auditor interno certificado.

O IIA não nos exige assim prova da declaração que

fazemos anualmente. Mas como é próprio da nossa

profissão, não basta emitir a declaração. Ela tem que ter

um grau de garantia muito elevado.

Assim, como um importante aspecto para manter a

integridade do programa de certificação profissional, o

IIA prevê que possa solicitar ao chapter ou national

institute de que o CIA é membro directo (ou em 1ª linha)

ou ser o próprio IIA, através do Certification

Department do Global IIA (para os CIA fora dos EUA) a

pedir ao CIA que comprove a sua declaração,

apresentando as respectivas evidências.

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing Professional Educations (CPE)

Page 39: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

39

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Recentemente alguns colegas CIA membros do IPAI

receberam uma notificação do IIA nesse sentido. Tanto

quanto sabemos (e estamos envolvidos na vida do IPAI

desde a sua fundação, em 1993, ou em rigor, ainda antes,

desde o lançamento da iniciativa para a sua criação), é a

primeira vez que o IIA realiza em Portugal estas

auditorias.

Transcreve-se a seguir o teor dessa notificação do IIA

para um esclarecimento mais completo.

“CIA Audit

Dear F…..

This email is to inform you that you have been selected

randomly to participate in The IIA’s annual

Continued Professional Education (CPE) audit. An

audit of the CPE hours reported is an important aspect

in maintaining the integrity of our Certification

Programs.

Your assistance in this audit is required to maintain your

certification status as active. The audit should not

take too much of your time. Here is what we need from

you:

1. We are auditing your 2012 CPE hours reported –

these are the CPE credit hours that you have earned

in 2011, and 2012.

2. Please locate all of your documentation for the CPE

hours earned during this time frame and upload them

through our Certification Document Upload Portal,

which is now available on our

website: https://global.theiia.org/certification/new/Pa

ges/Certification-Document-Upload-Portal.aspx. We

ask that you select “CPE AUDIT” for the

documentation type.

a. Please note, you have 30 days from the date of this

communication to submit your documentation to

avoid having your certification placed in an

“inactive” status, making you unable to use the

designation until complying with the audit

requirements.

3. Your CPE documentation should consist of

the following:

a.2012 CPE Audit Form

b. Title of program and/or description of content.

c. Dates attended.

d. Location of course or program.

e. Sponsoring organization.

f. Contact hours of credit as recommended by the

course sponsor.

g. A letter, certificate, or other written

independent attestation of course completion.

h. Documentation supporting publications, oral

presentations, and committee or other

participation.

i. Hours (Number of hours for a specific training

course or webinar) CPE credit will be awarded

for whole hours only with a minimum of 50

minutes constituting one hour. As an example, 100

minutes of continuous instruction would count for

two hours; however, more than 50 minutes but less

than 100 minutes of continuous instruction would

count for only one hour.

4. Upon receipt of your documentation, you will

receive a confirmation message that your

documentation has been received and is under

review. During the review, your documentation

will be compared to the Continuing Professional

Education Requirements for validity. The

requirements for CPE can be found at the

following

linkhttps://www.globaliia.org/certification/cia-

certification/pages/cpe-requirements.aspx.

5. Once the review is complete, you will receive

a communication with the audit results.

a. For those candidates that do not pass the

audit, you will be provided additional

information on next steps.

Should you have any questions or concerns, please log a

“New Incident” in your CCMS certification account.

Please title the subject: “2012 CPE Audit.”

The Institute of Internal Auditors, Global Headquarters”

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing Professional Educations (CPE)

Page 40: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

40

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Nesta notificação é pedido que o CIA faça o upload de

toda a documentação que possa comprovar que obteve

no mínimo as 40 horas de créditos CPE obrigatórios. Dá

um prazo de 30 dias, para o efeito. Os certificados

comprovativos da formação, bem como os relativos às

publicações, devem ser traduzidos para Inglês e enviados

em conjunto com os certificados originais.

Toda a tramitação da auditoria é tratada directamente

com o IIA, no seu site, através do CCMS – Certification

Candidate Management System, onde os membros

interagem com o IIA.

7. Recomendações

Os colegas CIA e com outras certificações do IIA

(CCSA, CGAP, CFSA e CRMA) devem organizar os

seus dossiês cuidadosamente para poderem, em qualquer

momento, comprovar em qualquer momento que estão a

cumprir as regras da profissão e nomeadamente os

mínimos de CPE exigidos.

Os colegas devem estudar as circulares do IIA relativas

aos CPE e rever o texto sobre CPE requirements (que se

encontra no site do IIA ou do Globa IIA).

Quaisquer dúvidas podem colocá-las ao IPAI pois

procuraremos estudá-las e encontrar uma resposta, ainda

que tenhamos de recorrer ao Certification Department

do IIA, para uma mais correcta interpretação de algumas

das exigências.

Referências:

– Continuing Professional Requirements for CIAs

(https://na.theiia.org/certification/CIA-

Certification/Pages/CPE-Requirements.aspx)

- Administrative Directive No. 4: 2011 - Continuing

Professional Education Requirements for All

Certification Programs

(https://na.theiia.org/certification/Pages/Certification-

Administrative-Directives.aspx )

2014 Formação

Curso Prático Intensivo de Auditoria

Interna: Lisboa, 2014-03-17

Eventos:

IX Fórum de Auditoria Interna: Lisboa

2014-06-19

IPAI XXI CONFERÊNCIA: Lisboa

2014-11-20

ECIIA Event & CEE Conference

As exigências de formação dos auditores internos – Continuing Professional Educations (CPE)

Page 41: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

41

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Gestão do Risco e estratégia de negócio – Risco e

recompensa - Jaime Duarte, PwC - Senior Manager, Business Consulting

O atual ambiente em que se desenvolvem os negócios,

com elevadas pressões para a obtenção de resultados no

curto prazo e aumentar os níveis de eficiência e

produtividade, coloca enormes desafios às organizações,

sendo necessário desenvolver novos modos de realizar as

suas atividades de negócio, nomeadamente através do

recurso cada vez maior a outsourcing, globalização,

novos modelos de negócio, entre outros, que se traduzem

também em elevados riscos para as organizações.

De modo a minimizar os riscos a que as empresas se

encontram expostas, ou explorar novas oportunidades de

negócio com um nível adequado de risco, é fundamental

que estas implementem um sistema de gestão do risco,

“holístico”, integrado e transversal a toda a organização.

É importante que as empresas criem e desenvolvam

áreas de gestão de risco, o que tem vindo a ocorrer de

modo progressivo, constituídas por colaboradores em

quantidade e com as valências que permitam contribuir

decisivamente nos processos de gestão dos riscos a um

nível estratégico e operacional, constituindo assim um

efetivo parceiro da Gestão de Topo na evolução do

negócio e complementarmente ser um meio efetivo de

criação de valor para os diversos Stakeholders.

Um bom processo de gestão do risco não requer

apenas uma adequada identificação, avaliação e reporte

dos riscos à Gestão de Topo. É igualmente essencial

entender qual o nível de risco aceitável para a

organização e quanto é que esta pode e quer aceitar na

prossecução dos seus objetivos estratégicos. A

determinação do apetite ao risco da organização é um

elemento chave de gestão de risco.

Todas as organizações necessitam tomar alguns riscos

para atingir os seus objetivos estratégicos de negócio e

otimizar os seus resultados/retorno. A tomada de risco

em excesso, face ao apetite ao risco da organização,

representa uma probabilidade maior do que a pretendida

de insolvência do negócio. Da mesma forma, a tomada

de menos risco do que o pretendido, representa uma

redução do potencial retorno do capital, uma vez que não

estará alocado na sua totalidade. A mensuração da

exposição ao risco e comparação com o apetite ao risco

da organização é um elemento chave na tomada de

decisão.

Neste sentido, deverão ser identificados os riscos chave a

que a empresa está exposta, sendo estes aqueles que

podem afetar a sua capacidade para atingir os seus

objetivos estratégicos e de performance. O impacto dos

eventos de risco pode ser expresso como uma variação

aceitável nos objetivos estratégicos que a Gestão está

preparada para aceitar de modo a atingi-los e para os

quais alocou capital por forma a assegurar a

continuidade do negócio no caso de se verificarem.

Page 42: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

42

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Por exemplo: crescimento de 2% com um determinado

grau de certeza ou 10% de crescimento com aumento

significativo de perdas.

Como tal, qualquer discussão acerca do nível de

exposição ao risco aceitável tem de ser efetuada no

contexto dos objetivos estratégicos da empresa e do

capital disponível, pelo que o processo de planeamento

estratégico deverá considerar os riscos das opções

tomadas.

A nossa experiência indica-nos que na maior parte das

vezes estes processos, quando existem, estão

desalinhados, e de um modo geral a Gestão de Topo não

dá suficiente atenção às discussões relativas aos riscos,

muitas das quais ocorrem a um nível departamental,

numa visão em “silo”, e não chegando deste modo aos

adequados níveis de gestão, nem merecendo a necessária

atenção por parte da Administração e órgãos de gestão,

ou que minimiza a sua eficácia enquanto processo de

gestão estratégico. Terá sido esta falta de consideração

dos riscos na definição da estratégia de negócio e

dificuldade de antecipar o futuro que terá originado

falhas empresariais como as da Kodak, GM, BlackBerry,

Microsoft, Minolta, SAAB, Ericsson ou de uma

quantidade significativa dos maiores bancos mundiais.

As discussões em sede de Conselho de Administração

muitas das vezes focalizam-se na definição e de como

atingir os objetivos estratégicos necessários para

melhorar a cadeia de valor de negócio e assim proteger

ou melhorar o valor da organização para os seus

Stakeholders. Implícito na cadeia de valor do negócio

deveriam ser considerados os múltiplos riscos a que as

organizações estão ou poderão vir a estar expostas –

tanto os do meio envolvente externo como interno.

Quaisquer alterações na cadeia de valor, por exemplo

através da estratégia, irá afetar a exposição ao risco da

empresa, ou seja, o seu perfil de risco. Assim, a

compreensão do valor acrescentado das distintas opções

estratégicas deve também considerar as implicações das

exposições ao risco da organização.

O equilíbrio desejado entre risco e valor é muitas das

vezes referido como “apetite” ao risco. A sua

determinação é orientada por uma vasta gama de

influências externas incluindo shareholders, analistas,

reguladores, agências de rating, concorrentes e clientes.

O “apetite” ao risco é essencialmente a definição do nível de risco que a organização pretende assumir de modo a atingir

os seus objetivos estratégicos de negócio, conforme apresentado na Fig. 1. abaixo.

Gestão do Risco e estratégia de negócio – Risco e recompensa

Page 43: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

43

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

É uma ferramenta fundamental através da qual o

Conselho de Administração pode facilmente conjugar as

expetativas dos distintos Stakeholders externos, com as

suas próprias e transmitir para a organização os

princípios que devem pautar a tomada de decisão a todos

os níveis. É esta necessidade de alinhamento de

expetativas que torna tão relevante a definição formal e

concreta do “apetite” ao risco da organização.

Os Conselhos de Administração podem, e devem,

melhorar o seu foco na gestão do risco ao integrá-la no

seu debate estratégico. Geralmente os seus membros

dedicam um montante razoável do seu tempo a

compreender, rever e desafiar a estratégia da

organização. Mas em que medida o risco faz parte e é

um aspeto chave destas discussões? Em que medida há

uma verdadeira consciência das alterações no perfil de

risco das empresas quando são tomadas decisões?

Identificar e compreender os riscos chave para o negócio

– sejam eles originários de fontes internas ou do meio

envolvente em que a organização opera ou pretende vir a

operar, deve ser um dos aspetos de maior influência no

processo de decisão da direção estratégica. De acordo

com estudos efetuados pela PwC, estes enquadram-se

tipicamente num dos grupos constantes da Fig. 2, ainda

que seja necessário efetuar uma análise detalhada em

função de cada organização, seu setor de atividade e

meio envolvente interno e externo.

Risco financeiro – geralmente estes riscos são

geridos e quantificados, sendo frequentemente objeto de

análise pelo Conselho de Administração. Em muitos

casos têm orientações regulatórias, contabilísticas e de

auditoria financeira. São riscos mais facilmente

quantificáveis do que as restantes categorias e têm sido

objeto de atenção internacional nos últimos anos, pelo

impacto visível que a sua má gestão teve na economia

global na crise financeira de 2008.

Adicionalmente, como a informação financeira é uma

ferramenta essencial para aferir a comunicação com

Stakeholders e suportar a avaliação de performance e

cumprimento da estratégia, a atenção acaba por se

focalizar neste tipo de risco.

Gestão do Risco e estratégia de negócio – Risco e recompensa

Page 44: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

44

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Risco operacional – sendo riscos relacionados com

operações específicas da organização, tipicamente são

geridos ao nível de cada unidade de estrutura/negócio e

usualmente centram-se em issues relativos a segurança e

saúde. Na medida em que são objeto de regulamentação

nalgumas indústrias, não são na maior parte das vezes

consideradas outras naturezas de risco como por ex:

eficiência dos processos, fraude, falhas de tecnologias de

informação, entre outras relevantes que podem afetar

seriamente a capacidade da organização de cumprir com

os seus objetivos estratégicos de negócio.

A dificuldade em quantificar este tipo de riscos e o facto

do seu impacto já se encontrar refletido nas contas das

empresas, leva a que sejam descurados. A exceção

acontece em operações cuja natureza implica um

objetivo de risco operacional nulo, na medida em que a

ocorrência de um único evento de perda representa

potencialmente uma calamidade (e.g.: gestão de centrais

nucleares, aviação, exploração petrolífera, etc.).

Risco hazard – frequentemente tem origem em fatores

exógenos de grande relevância, os quais podem afetar

significativamente o meio envolvente em que opera a

organização. Dada a sua magnitude geralmente o seu

tratamento é endereçado por via de Planos de

Continuidade de Negócio, os quais a maior parte das

organizações não possui adequadamente desenvolvidos e

testados, e o recurso a Seguros. Ainda assim persiste o

perigo de estes riscos não poderem ser controlados, e de

acordo com a nossa experiência, os Conselhos de

Administração e Gestão de Topo não refletem

adequadamente esta situação no seu processo de

planeamento e pensamento estratégico.

O mindset de que a estratégia deve estar focalizada em

fatores controláveis cria assim o perigo desta não refletir

adequadamente esses drivers de risco.

Risco estratégico – este tipo de riscos incluem os fatores

que são tipicamente externos ou impactam mais

criticamente as decisões da Gestão de Topo, e como tal

frequentemente não constam dos respetivos registos de

risco. É fundamental que os Conselhos de Administração

os consigam identificar de modo a serem considerados

nas discussões relativas a estratégia de negócio.

Ainda que exista frequentemente uma focalização nos

riscos envolvidos para atingir os objetivos estratégicos,

por vezes é limitada a apreciação efetuada acerca do

nível de profundidade que os riscos chave que

acompanham o negócio e em que a estratégia necessita

de cumprir com o definido.

De modo a ser possível navegar no atual ambiente

económico “turbulento” e volátil, ser bem-sucedidas e

assegurando a sua sustentabilidade, atingindo elevados

níveis de excelência e performance, as organizações

devem considerar as seguintes iniciativas:

a) Desenvolver um framework e processo de

planeamento estratégico que considere os riscos

chave, incluindo cenários (e.g. pessimista,

realista e otimista) de risco estratégico e

quantifique o capital necessário para enfrentar

cada um desses cenários;

b) Implementar sistema de gestão do risco

corporativo (ERM – Enttrerprise Risk

Management), “holístico”, integrado e

transversal a toda a organização, considerando

os níveis estratégico, tático e operacional;

c) Elaborar o perfil de risco (“Top ten risks”) que

podem comprometer ou acelerar a sua estratégia

de negócio, devendo ser adotada uma

abordagem top down de identificação de riscos;

Gestão do Risco e estratégia de negócio – Risco e recompensa

Page 45: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

45

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

d) Definir o apetite, tolerância e capacidade de

risco, devendo estas componentes estar

alinhadas entre si e ser consideradas no processo

de planeamento estratégico, bem como

transmitidas a toda a organização;

e) Assegurar que o processo de identificação e

gestão de riscos é realizado continuamente, e de

modo mais formal e estruturado anualmente.

I Fórum de Auditoria Interna das Autarquias

“The challenge for boards is to ensure the process followed to

review and approve strategy can be flexed to include and

appropriate consideration of risk”

Gestão do Risco e estratégia de negócio – Risco e recompensa

Page 46: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

46

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Pode consultar as apresentações em http://www.ipai.pt/gca/index.php?id=186, Área reservada.

I Fórum de Auditoria Interna das Autarquias

Page 47: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

47

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Caneta Digital

Time is the coin of your life. It is the only coin you have,

and only you can determine how it will be spent. Be

careful lest you let other people spend it for you, Carl

Sandburg

In these times you have to be an optimist to open your

eyes when you awake in the morning, Carl Sandburg

Sugestão de leitura

Novos Membros Ana Margarida Fernandes Monteiro

Sandra Sampaio Silva Moura

Teresa Maria Ramos

Ricardo Martins Coelho

Susana Marlene Alves Guimarães

Roberta Maria Silva Sousa

António Miguel Rico Pires

Eduardo Manuel Martins Galveias Paulos

Maria Isabel Nunes

Emanuel Pedro Tubal Gonçalves

José Manuel Carrera Martinez

Maria Luísa Freitas Coutinho Coimbra

Maria José Osório da Piedade e Silva

António Apolinar Caldeira Pereira

Susana Alexandra Soares de Matos

Jorge Catarino Gonçalves

Sérgio Mauro Alves Menezes

Cristina Isabel Fonseca Lopes

Kevin Medeiros Bulhões

Francisco Ribeiro Alves Abel

Paulo de Carvalho Martins

José Júlio Lourenço Lopes

Henrique Sebastião Alçada Koenders

Pedro Miguel Correia Pereira

Rute Paula da Costa Cruz

Pedro Filipe C. N. Fernandes dos Santos

Célia Clara Santos Silva Lino

Virginia Meyer de Lima

José Manuel da Rocha Pinho

António José Areias Miranda

Firmino Miguel S. T. Costa Serôdio

Hugo Alexandre Sousa Bártolo

Nuno Miguel Silva Martins Rainha

Page 48: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

48

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

José Alberto Correia Polonio

Fernando Jose C.R. cunha Simões

Sofia Alexandra Andrade Pinto Lopes Félix

Rute Isabel Nunes Polónio

Luis Filipe Pires Diz Fernandes

Octavio Medeiros Pereira

Maria Fernanda I. M. Costa e Correia

Daniela Carla M. Silva Maia

Amilcar António Bengla Mourão

Hugo Filipe Santos Silva

Jorge Manuel Bonito de Sousa Miguel

Ricardo Almeida da Silva Moura

Pedro Nuno Aires O. S. Osório

Ricardo Jorge Lemos Lázaro V. Almeida

Marcelo Ramos de Moraes

César Augusto da Conceição

Carla Andrea Bezerra Moita

Mara Edneia dos Santos Coelho

Evanilde Sebastião Correia Guimarães Montenegro

https://global.theiia.org/edu-

events/Pages/Web-Events.aspx

Web Events:

The IIA offers a series of web events with insights on

important guidance including popular practice guides.

The presenters are global IIA committee members who

are current internal audit practitioners.

2014 International Conference - July

6-9 / London, England

Page 49: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

49

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Pesquisa na rede Extracto: http://expresso.sapo.pt/premio-pessoa-para-maria-manuel-mota=f846086#ixzz2nUN9Pvmy

A investigadora do Instituto de Medicina Molecular (Lisboa) é a vencedora do Prémio

Pessoa 2013. A decisão foi hoje anunciada ao final da manhã no Palácio de Seteais, em

Sintra, pelo presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão.

Maria Manuel Mota, 42 anos, é uma das maiores autoridades mundiais no estudo da

malária. Torna-se no mais jovem vencedor do Prémio Pessoa, uma iniciativa conjunta do

Expresso e da Caixa Geral de Depósitos.

Na fundamentação da decisão, o júri lembrou que a malária é hoje "uma das causas

principais de mortalidade a nível mundial", salientando que o trabalho liderado por Maria

Manuel Mota "tem desenvolvido investigação fundamental com vista a esclarecer os

mecanismos pelos quais o parasita se desenvolve no hospedeiro humano."

http://www.fraud-magazine.com/article.aspx?id=4294980282

Tax fraud crisis -Innovators needed

http://www.fraud-magazine.com/article.aspx?id=4294980221

Man on a mission: An interview with David Green, CB, QC, Director of

U.K.’s Serious Fraud Office

A certificação está ao seu alcance.

Contacte o IPAI: [email protected]

Page 50: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

50

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Post-it, Miguel Silva

Page 51: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

51

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

Pesquisa de Institutos de Auditoria

http://www.iia.org.uk/

Page 52: I Fórum - IPAI · Ano XVII – Nº 54 – TRIMESTRAL Janeiro/Março de 2014; TIRAGEM: 1300 exemplares. Registo: DGCS com o nº 123336; Depósito Legal: 144226/99; Expedição por

52

IPAI Auditoria Interna Janeiro/Março 2014 Nº 54

I Fórum de Auditoria Interna das Autarquias

I Fórum de Auditoria Interna das Autarquias