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I – PARQUES URBANOS: CONEXÃO ENTRE AS PESSOAS E OS
ESPAÇOS PÚBLICOS
1.1 A Importância dos Parques na Malha Urbana
Existem inúmeras definições acerca dos parques urbanos. Para Lima (1994, p.15) “é
uma área verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto, com uma extensão maior
que as praças e jardins públicos”. Já os pesquisadores Macedo e Sakata (2003, p.14) dissertam
que os parques urbanos são “todo espaço de uso público destinado à recreação de massa,
qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura
morfológica é autossuficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por
nenhuma estrutura construída em seu entorno”.
A necessidade de criar espaços livres no interior das cidades, resultada da crescente
urbanização e dos impactos ambientais trazidos pela mesma. Nessa linha de raciocínio Lima
(1994), destaca que os espaços livres desempenham as funções estética, social e ecológica.
Segundo o autor, os elementos naturais também contribuem para a minimização desses
impactos gerados pela urbanização e industrialização. Sendo assim, hoje os parques surgem
como resposta aos problemas urbanos. “Os parques tornam-se ‘instrumento de planejamento
urbano’ para orientar a expansão da cidade e a densidade, influenciar a economia, melhorar a
saúde e o saneamento, e embelezar o ambiente urbano”. (ALEX, 2011, p.72).
Nas últimas décadas a discussão dos problemas ambientais vem se intensificando, e as
áreas verdes tornaram-se instrumentos de defesa do meio ambiente.
[...] a constante urbanização nos permite assistir, em nossos grandes centros urbanos,
a problemas cruciais do desenvolvimento nada harmonioso entre a cidade e a natureza.
Assim, podemos observar a substituição de valores naturais por ruídos, concreto,
máquinas, edificações, poluição etc..., e que ocasiona entre a obra do homem e a
natureza crises ambientais cujos reflexos negativos contribuem para degeneração do
meio ambiente urbano, proporcionando condições nada ideais para a sobrevivência
humana. (MORO, 1976, p.15).
Os parques urbanos fazem com que vazios abandonados deixem de ser não lugares, para
tornarem-se espaços com vitalidade, agradáveis, que transmitem segurança, propiciem o
conforto, atraem a população e tornem-se significativos para a mesma. São responsáveis por
trazer a natureza para perto da população, criando novas paisagens e oferecendo as mais
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diversas experiências. “Lugar é todo espaço agradável que convida ao encontro das pessoas ou
ao nosso próprio encontro [...] Um lugar deve ser sempre agradável e propiciar conforto. Nos
dias quentes, deve refrescar com sua sombra; nos frios, aquecer com o sol. E sobretudo, deve
ter proteção e escala compatível com o ser humano” (ABBUD, 2010, p.24). Segundo Sitte
(1992, p.167) “são essenciais para a saúde, mas não muito importantes para a êxtase do espírito,
que encontra repouso nessas paisagens naturais espalhadas no meio da cidade”.
Com base nos autores Loboda e De Angelis (2005), os sistemas de áreas verdes exercem
inúmeros benefícios ao entorno das cidades, garantindo áreas destinadas ao lazer, preservação
ambiental e paisagismo. As áreas verdes contribuem para a redução da poluição, amenizam o
calor do sol, atenuam a temperatura, abrigam a fauna existente, mantêm a permeabilidade e
fertilidade do solo, transmitem bem-estar psicológico, atuam em termos estéticos e dentre
outros. São responsáveis por promover a integração entre o homem e a natureza, estando
associadas à promoção da qualidade de vida e à criação de espaços de convívio os quais influem
diretamente na integração social. Jacobs (2000) aborda a diversidade urbana e para tanto, se faz
necessário a combinação de usos e a concentração de pessoas. Diante disso, as áreas verdes
também promovem a segurança das crianças, pois “precisam de um local perto de casa, ao ar
livre, sem um fim específico, onde possam brincar, movimentar-se e adquirir noções do mundo”
(JACOBS, 2000, p. 188).
Portanto, os espaços públicos desempenham um papel importante no espaço urbano,
aproximando o homem das condições naturais, agindo sobre o lado físico e mental do ser
humano e sendo de extrema importância na garantia da qualidade de vida dos cidadãos. Sua
criação deve fazer parte do planejamento dos municípios e sua ocupação e preservação deve
ser incentivada para a obtenção de resultados satisfatórios.
1.1.1 Tipos de Parques
As cidades passaram por um crescente distanciamento das áreas rurais, tanto por suas
dimensões territoriais, quanto pela diversidade de atividades que nelas se desenvolvem.
(BEZERRA; ROCHA; BOGNIOTTI, 2016).
A concepção das áreas urbanas evolui de um espaço compacto e sem presença de
vegetação, como são as cidades medievais, até as concepções contemporâneas de
urbanismo, que visam a manutenção de áreas nativas na malha urbana de modo a
preservar a biodiversidade e os serviços ambientais ofertados pela natureza.
(BEZERRA; ROCHA; BOGNIOTTI, 2016, p.129).
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As primeiras iniciativas de áreas livres, surgiram com o urbanismo higienista e utópico,
como resposta às precárias condições de salubridade das cidades na era industrial seguindo até
as reformas urbana na Europa. O século XX foi marcado pelo urbanismo funcionalista, onde as
áreas livres desprezavam as condições naturais para assumir apenas a função de lazer, além dos
critérios de densidade demográfica. No entanto, a partir de 1990, os ideais de sustentabilidade
ganhavam cada vez mais espaço no cenário atual e as questões ambientais passaram a fazer
parte da nova concepção de construção do tecido urbano. (BEZERRA; ROCHA; BOGNIOTTI,
2016).
Tratando-se do Brasil, conforme expressa Macedo e Sakata (2010, p. 16):
O Brasil do século passado não possuía uma rede urbana expressiva, e nenhuma cidade,
inclusive a capital, o Rio de Janeiro, tinha o porte de qualquer grande cidade europeia da época,
sobretudo no que diz respeito a população e área. O parque é criado então, como uma figura
complementar ao cenário das elites emergentes, que controlavam a nova nação em formação e
que procuravam construir uma figuração urbana compatível com a de seus interlocutores
internacionais, especialmente ingleses e franceses.
O interesse pela implantação e formação de parques públicos foi influenciada pela
crescente urbanização do país. Portanto, foi no final do século XX, que se iniciou a
implantação cada vez maior de parques no espaço urbano, atribuindo aos mesmos
novas funções. O lazer contemplativo concedeu espaço a atividades esportivas e
culturais, conservação dos recursos naturais e brinquedos eletrônicos e mecânicos dos
parques temáticos. (MACEDO E SAKATA, 2010).
Sendo assim, as duas tipologias de parques mais utilizadas no Brasil são: parques de
lazer e parques de preservação, sendo este chamado também de parque ecológico. Ao definir
parques de lazer, temos conforme Macedo e Sakata (2010, p. 13) “espaço público destinado ao
lazer de massa urbana “. Tem-se, portanto, parques destinados a atender ao lazer e a recreação,
podendo ser um lazer contemplativo ou então relacionado à prática de esportes, atividades
culturais ou programas educativos, atendendo a todos as faixas etárias e grupos sociais. As áreas
livres criam condições de socialização e descanso, permitindo o exercício de atividades
prazerosas e o descanso físico e mental, acarretado pelas tarefas do dia-a-dia.
Abbud (2010) descreve as necessidades e comportamentos de cada faixa etária nos
espaços público. No caso de bebês e crianças de até 5 anos, deve-se atentar às questões de
segurança, sendo assim, devem ser previstos pisos adequados que permitam o desenvolvimento
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das crianças e lugares com bancos próximos aos equipamentos, propiciando a vigilância dos
pais. Além disso, os pequenos necessitam do sol da manhã e brinquedos como gira-giras,
escorregadores e gangorras são os prediletos. Já a faixa etária de 5 a 10 anos é adepta a trapa-
trepas, escorregadores altos, etc. Os adolescentes, por sua vez, fazem muito o uso de áreas de
estar ao ar livre durante o dia e à noite, pois gostam de conversar, ouvir música, namorar. Tais
áreas também podem ser projetadas para os idosos que possuem, em sua maioria, preferência
pelo período da manhã, onde podem praticar exercícios, tomar sol, admirar os jardins, levar
seus netos para brincar e até mesmo relaxar.
Com relação ao parque ecológico ou de preservação, temos que:
O parque ecológico objetiva prioritariamente a conservação desse ou daquele recurso
ambiental, como um banhado ou um bosque. E, paralelamente, possui áreas muito
concentradas, voltadas para atividades de lazer ativo – como jogos e recreação infantil
-, ao lado de áreas voltadas para o lazer passivo – como caminhadas por trilhas
bucólicas e es parsas. (MACEDO; SAKATA, 2010, p.13).
Segundo Bezerra; Rocha; Bogniotti, (2016, p. 134-135):
Os parques de Preservação constituem-se em Unidades de Conservação destinadas à
proteção de áreas representativas de ecossistemas, devendo ser dotadas de atributos
naturais ou paisagísticos notáveis e/ou sítios geológicos de grande valor científico.
Sua finalidade é a proteção da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização
para objetivos científicos, educacionais e recreativos. A importância dos Parques de
Preservação na estrutura urbana vai além do uso que os habitantes urbanos fazem do
mesmo, possuem papel de promoção do equilíbrio ecológico do espaço urbano, onde
além de contribuírem com um visual deslumbrante da natureza, garantem a
biodiversidade local e seus serviços ambientais.
Dessa forma, os parques ecológicos associam-se a ideia de qualidade ambiental,
garantindo condições de sustentabilidade urbana. A urbanização das cidades deve resguardar
as áreas de proteção ambiental e preservar os recursos naturais para as presentes e futuras
gerações, atendendo as necessidades do ser humano ao mesmo tempo em que promove sua
integração com a natureza.
Portanto, nota-se atualmente, a associação entre esses dois modelos de parques. Ao
mesmo tempo em que oferecem condições de lazer à população, também contribuem para a
criação de cidades mais sustentáveis e ecologicamente equilibradas. Tais áreas são pontos de
relações sociais e asseguram o direito à cidade diante da relação cidade e natureza.
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1.1.2 Ambiência
De acordo com a definição do termo “Ambiência” trazido pelo dicionário Aurélio, tem-
se que “é o espaço, arquitetonicamente organizado e animado, que constituiu um meio físico e
psicológico, especialmente preparado para o exercício das atividades humanas.” Sendo assim,
está diretamente relacionado à qualidade de vida do ambiente urbano, criando espaços mais
receptivos e propícios ao convívio.
O aumento da atividade urbana gerida no contexto da cidade nas últimas décadas,
como a intensidade de veículos, o adensamento das edificações, o processo de
verticalização, a dominância das superfícies cobertas por asfalto de ruas e avenidas, a
diminuição de áreas verdes, alteraram as existentes e criaram condições críticas de
uso do solo urbano. (MASCARÓ, J., 2009, p.167).
Segundo Mascaró (2009), repensar a ambiência urbana tornou-se uma questão de
extrema importância mediante às condições globais que encontramos hoje. A natureza sofre
cada vez mais com as intervenções humanas, motivadas principalmente pela ambição,
resultando na destruição do meio ambiente e, por conseguinte, na desvalorização da vida.
A mudança da biosfera com o aquecimento global e suas consequências catastróficas
faz com que nos rendamos à evidência e reconhecemos o componente natural como
base para a construção do território, necessário para o encontro entre o projeto natural
e o artificial. (MASCARÓ, J., 2009, p.167).
Nesse sentido, a ambiência urbana associa-se a padrões e procedimentos ecológicos,
repensando a qualidade ambiental. Como explanada por Mascaró e Mascaró (2009), visa
atender as necessidades da população, assegurando qualidade de vida e sustentabilidade urbana.
Conforme o Art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988, s.p.): “Todos têm direito ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
Qualidade de Vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
O termo meio ambiente pode ser tido como sinônimo de ambiência, abrangendo,
portanto, não só o meio material, mas como também o meio moral, onde o usuário interage com
o meio ambiente por meio dos sentidos, envolvendo aspectos relativos à orientação, conforto e
qualidade ambiental (BESTETTI, 2014).
Quando falamos em ambiência, pensamos em humanização por meio do equilíbrio de
elementos que compõem os espaços, considerando fatores que permitam o
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protagonismo e a participação. Pressupõe o espaço como cenário onde se realizam
relações sociais, políticas e econômicas de determinados grupos da sociedade, sendo
uma situação construída coletivamente e incluindo as diferentes culturas e valores.
(BESTETTI, 2014, p.602).
Com base na Cartilha de Ambiência (2006), desenvolvida pela Secretaria de Atenção à
Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, têm-se
elementos modificadores e qualificadores do espaço os quais podemos destacar: luz,
morfologia, cheiro, sinestesia, som, cor, arte, privacidade, acessibilidade e confortabilidade,
contribuindo significativamente para a produção do espaço.
O meio ambiente é o conjunto utilizando-se de valores objetivos como forma, função,
cor, textura, ventilação, temperatura, iluminação, sonoridade e simbologia. Cada um
desses valores objetivos compõe o espaço dimensionado e funcional, resultando no
espaço da arquitetura e determinando o nível de bem-estar de seus ocupantes. Há,
porém, valores subjetivos que são adquiridos culturalmente, de acordo com a
experiência de vida, estabelecendo significados positivos ou negativos, em relação
aos estímulos do ambiente. (BESTETTI, 2014, p.602).
A acessibilidade é um dos aspectos complementares ao estudo da ambiência, desse
modo, o Desenho Universal assegura a criação de espaços que sejam adequados a todos os tipos
de usuários, sejam eles crianças, idosos ou pessoas com mobilidade reduzida, temporária ou
permanentemente. Sendo assim, dota-se de espaços de qualidade os quais beneficiem seus
usuários, garantindo segurança, conforto e o fácil entendimento sobre os usos dos mesmos.
Acessibilidade refere-se à possibilidade de alcance, percepção e entendimento para a
utilização com segurança e autonomia das edificações e equipamentos. Chama-se
barreira arquitetônica qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça
a aproximação, transferência ou circulação no espaço ou equipamento. O Desenho
Universal visa atender à maior gama de variações possíveis de características
antropométricas e sensoriais da população. (BESTETTI, 2014, p.607).
Portanto, ambiência relaciona-se às melhores condições do ambiente de forma a
propiciar a permanência, o prazer e o bem-estar dos usuários. Aspectos relativos à
habitabilidade como temperatura, ventilação e luminosidade são de suma importância.
Conforme explana Bestetti (2014), temperaturas muito altas geram sensações de letargia,
diminuindo a produtividade das pessoas, ao mesmo tempo em que ambientes muito úmidos
acarretam no sufoco e em sensações desagradáveis. Já a ventilação é responsável pela
renovação do ar, pelo conforto térmico e elementos de controle de salubridade. A luminosidade,
por sua vez, abrange o conforto visual e também o melhor aproveitamento de luz natural.
Aspectos acústicos também influenciam no conforto, onde ambientes com muito barulho geram
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inquietação e nervosismo enquanto que ambientes muito silenciosos resultam em sensações de
insegurança e medo. Além desses aspectos tem-se a vegetação, influenciando diretamente na
qualidade ambiental, seja através de espécies isoladas ou de uma cobertura vegetal. Tudo isso
resulta em ambientes humanizados e agradáveis, propícios ao convívio da população.
1.1.3 Elementos paisagísticos
A essência do espaço em paisagismo é diferente daquela da arquitetura e do
urbanismo, pois resulta de matéria-prima distinta, obtida através de elementos e
condicionantes da natureza:
o ar, que tudo envolve e faz viver os seres, é o elemento que respiramos; de ar
é o espaço, e o espaço é fundamental para a paisagem;
a água, que é sempre o centro das atenções do jardim, exerce fascínio sobre as
pessoas, espelha o céu e proporciona tranquilidade, quando em superfícies horizontais
em movimento;
o fogo traz luz, calor e aconchego à noite, quando em tochas, piras, fogueiras
e mesmo em lareiras ao ar livre;
a terra, que é o habitat da fauna e da flora, funciona como base de nossos
projetos;
a flora fornece o principal material de trabalho ao arquiteto paisagista;
a fauna vive e contribui para o equilíbrio das áreas ajardinadas;
o tempo, que é uma espiral ascendente, muda a paisagem, faz transformar,
crescer, amadurecer o projeto de paisagismo ao longo das quatro estações e ao longo
dos anos. (ABBUD, 2010, p.18).
De acordo com ABBUD (2010), esses elementos são dinâmicos, o que não permite a
criação de ambientes geometricamente precisos e permanentes. “No jardim, sempre se deve ter
em mente que as formas espaciais são fluídas, livres e instáveis” (ABBUD, 2010, p. 19).
Tratando-se do espaço paisagístico, é importante pensar não somente os cheios, mas também
no espaço que resulta entre as plantas. No paisagismo, os cheios e vazios compõem os espaços,
pois se fossem previstos apenas massas vegetais (cheios), o espaço não poderia ser usufruído
por pessoas.
ABBUD (2010), disserta sobre os tetos na arquitetura, que é representado pelas copas
das árvores, pergolados, etc. Tem-se também paredes e balizas verticais, representadas por
grandes escadas, taludes, rochas, arbustos, árvores, morros, montanhas, dunas e muros. Além
disso, existem os elementos que estão sob nossos pés, como: gramados, pisos, escadas,
superfícies de água, etc. “O projeto de paisagismo deve fazer o uso do jogo de dissimular e
mostrar certos elementos, fazendo com que os percursos sejam marcados por prazerosas
descobertas” (ABBUD, 2010, p. 20).
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O paisagismo tem como objetivo preservar a natureza ao mesmo tempo em que
proporciona bem-estar, paz, surpresa, aconchego e muito mais ao ser humano. Portanto, como
já dito anteriormente, os elementos já existentes na paisagem serão incorporados ao projeto
paisagístico. Com base nos dados trazidos pela Cartilha do CDHU (Companhia de
Desenvolvimento Habitacional Urbano), esses elementos são: vegetação, terra, água,
equipamentos de esporte e de lazer, mobiliário urbano, pisos, iluminação e detalhes
construtivos.
Vegetação: conjunto de organismos vivos presentes na natureza, que quando
articulados, permitem modificar o ambiente através de suas características, funções e
significados. É importante trabalhar com espécies nativas e disponíveis comercialmente,
de acordo com a região onde será desenvolvido o projeto. Deve-se considerar o porte e
o tempo de crescimento, sendo estes, respectivamente, moderado e rápido, e os tipos de
raízes, tendo em vista a infraestrutura instalada, tanto a área quanto a enterrada, não
possuindo raízes agressivas a ponto de prejudicar os passeios públicos (calçadas) e as
canaletas e guias. É importante estar atendo também à época de floração, características
das flores e frutos, toxidade e dimensão, de forma que sejam resistentes à pragas e
doenças e não ofereçam danos e perigos aos usuários. Além disso, deve analisado a
adaptação às qualidades do solo, os cuidados necessários e a adequação à paisagem da
região. A vegetação empregada deve ser basicamente de árvores e forrações, evitando-
se nos espaços públicos arbustos que formem moitas. As forrações dividem-se em
gramíneas e forrações propriamente ditas. As gramíneas são utilizadas em áreas as quais
sofrerão pisoteio e pleno sol. Já as forrações são destinadas às áreas sem circulação,
além de protegerem o solo contra processos erosivos (CDHU, 2008).
Terra: a construção de volumes permite a alteração da morfologia, permitindo a
modificação de usos e uma melhor distribuição dos espaços. No entanto, é importante
ressaltar a necessidade de respeito às características da topografia existente. Em terrenos
muito inclinados, deve ser utilizado o sistema de terraceamento para conter erosões. O
colo de cobertura deve ser preservado, pois é rico em matéria orgânica. Antes do plantio,
é necessário fazer a análise do solo para obtenção de melhores resultados, efetuando um
projeto que esteja adequado às condições do solo local. Além disso a textura e a cor da
terra são indicadores de sua qualidade e condições de fertilidade (CDHU, 2008).
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Água: o projeto paisagístico deve tirar proveito dos corpos d’água existentes no local,
pois proporciona conforto aos usuários. Devem ser planejados os projetos de drenagem
e irrigação, escolhendo-se os mais adequados (CDHU, 2008).
Equipamentos de Esporte e de Lazer: devem atender à normas específicas bem como a
todas as faixas etárias. No caso dos espaços públicos, são comuns: quadras
poliesportivas, parques infantis, pista de skate, campos de futebol, mesas para jogos, etc
(CDHU, 2008).
Mobiliário Urbano: assim como a vegetação, contribui para estruturar e organizar o
espaço. Costumam ser utilizados bancos, mesas, protetores de árvores, postes de
iluminação e dentre outros. É importante que sejam resistentes e exijam pouca
manutenção. Devem ser feitos detalhamentos, orçamentos e utilizados produtos
disponíveis no mercado e de fácil acesso na região (CDHU, 2008).
Pisos: a área pavimentada deve ocupar o menor espaço possível, permitindo a máxima
ocupação do solo permeável para absorção de água e ocupação de vegetação. A escolha
dos pisos deve ocorrer conforme os diferentes usos no projeto, considerando a qualidade
estética, durabilidade, permeabilidade, facilidade de manutenção, etc. Pisos drenantes
devem ser privilegiados (CDHU, 2008).
Iluminação: objetiva aumentar a segurança e oferecer condições para a utilização do
espaço externo pelo usuário. Devem ser feitos projetos específicos e detalhados dentro
das normas técnicas. A iluminação deve estar presente nos acessos, áreas de circulação,
lazer e esportes (CDHU, 2008).
Detalhes Construtivos: são elementos que possam facilitar os acessos, oferecer proteção
aos usuários e facilitar o escoamento das águas pluviais. São eles: escadas, rampas,
passeios, pisos, pérgolas, corrimãos, guarda-corpos, escadas hidráulicas e outros. As
soluções para acesso deverão ser feitas conforme a norma NBR 9050, que garante
condições de acessibilidade para portadores de deficiências (CDHU, 2008).
1.2 Espaços públicos e as pessoas
Gehl (2013), ao dissertar sobre o rápido crescimento das cidades, relata que tanto as
cidades novas quanto as existentes, deverão dotar de uma maior atenção quanto às necessidades
da população. O aumento da preocupação com pedestres e com a vida na cidade são decorrentes
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dos “quatro objetivos-chave – cidade com vitalidade, segurança, sustentabilidade e saúde”
(GEHL, 2013, p. 06). Reforça-se a ideia de cidades vivas, onde as pessoas se sintam convidadas
a permear os espaços públicos e manter uma conexão dos mesmos com suas atividades
cotidianas. Ao se terem mais pessoas circulando pelas ruas, aumenta-se consequentemente o
sentimento de segurança, afinal o ser humano necessita um do outro, poucos são aqueles que
buscam o isolamento.
Por toda a vida, temos uma constante necessidade de novas informações
sobre pessoas, sobre a vida à medida que ela acontece, e sobre a sociedade em torno
de nós. Novas informações são conseguidas não importa onde as pessoas estejam e,
portanto, em grande parte no espaço público [...]. As pessoas reúnem-se onde as coisas
acontecem e espontaneamente buscam outras pessoas. (GEHL, 2013, p. 25).
Gehl (2013) relata o crescimento na utilização dos meios eletrônicos de contato. A
sociedade passou nos últimos anos por mudanças, que levaram ao aumento da vida cada vez
mais privada. Diante disso, nota-se um aumento no desejo de estar em contato com a sociedade,
explicando assim, o aumento na utilização de espaços comuns.
A gama de atividades e atores demonstra as oportunidades do espaço público de
reforçar a sustentabilidade social. É significativo que todos os grupos sociais
independentemente da idade, renda, status, religião ou etnia possam se encontrar
nesses espaços ao se deslocarem para suas atividades diárias. (GEHL, 2013, p. 28)
.Os espaços públicos promovem o contato entre as pessoas e devem ser atrativos e de
preferência “elásticos”. Segundo Fontes (2013), os espaços devem ser abertos e priorizar as
pessoas, “os espaços que contêm características como reversibilidade (capacidade elástica),
flexibilidade (abertura para diversas apropriações) e imprevisibilidade (não rigidez dos usos),
ou seja, espaços menos ‘arquiteturizados’, são mais inclinados a receber diferentes
intervenções” (FONTES, 2013, p.391).
Portanto, projetos que visam a interação social, influenciam diretamente na qualidade
dos ambientes bem como da qualidade de vida das pessoas, estimula-se um convívio mais
harmonioso entre os habitantes, acarretando no bem-estar de todos. É importante ressaltar que
cada pessoa apresenta particularidades físicas e emocionais e talvez o que seja adequado para
um não seja para outro. Ou seja, conhecer os residentes, seus costumes, cultura e necessidades,
assegura a criação de espaços públicos de maior qualidade e com maiores condições de
aceitação pela população, promovendo maior abrangência de público ao compreender a
diversidade social existente.
1.2.1 Espaços públicos e a relação público privado
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O espaço público permite conectar pessoas de todo tipo e procedência, permitindo o
encontro entre desconhecidos, possibilitando a convivência entre grupos heterogêneos de
idades, gêneros e nacionalidades diferentes, sendo, portanto, um espaço democrático, a essência
da civilidade. O espaço público relaciona-se ao “exercício da alteridade e da diversidade. É no
espaço público que encontramos pessoas diferentes de nós “(CALLIARI, 2016, p. 46).
Segundo Calliari (2016), a convivência com diferentes, faz com que os indivíduos
adquiram a capacidade de compreender a si mesmos. A alteridade faz com que a convivência
em sociedade não se torne fácil, pois tem-se indivíduos com características e comportamentos
distintos. Dessa forma, é necessário estabelecer limites para que a convivência com o outro não
seja invasiva e garanta uma civilidade mínima.
Ao longo da história, foi construído um equilíbrio entre a vida pública e privada. A vida
pública nos leva a um certo distanciamento do eu diante da diversidade. No entanto, deve-se
transparecer aos outros bem como os outros devem transparecer a nós, de forma que a oposição
entre público e privado resulte em um equilíbrio entre pontos diferentes. (CALLIARI, 2016).
Jane Jacobs defende a ideia de que para que exista a fruição dos espaços públicos, é
necessário haver essa separação entre público e privado. Sendo assim, um bom convívio social
se estabelece a partir de regras e limites para que os assuntos pessoais não sejam levados ao
público de forma a torna-lo íntimo.
O equilíbrio entre público e privado é elemento essencial para as cidades, porém o
mesmo passou por transformações que, segundo Senett (1976, p. 34) ocorreu devido a três
forças que acarretaram no domínio do individualismo sobre o coletivismo:
Três forças estavam em ação nessa mudança: em primeiro lugar, um duplo
relacionamento que no século XIX o capitalismo industrial veio a ter com a vida
pública nas grandes cidades; em segundo lugar, uma reformulação do secularismo,
que começou no século XIX e que afetou a maneira como as pessoas interpretavam o
estranho e o desconhecido; e, em terceiro lugar, uma força, que se tornou uma
fraqueza, embutida na própria estrutura da vida pública no Antigo Regime.
Sennett (1976), relata que o século XX foi marcado pelo fim da cultura pública,
formando uma ideologia intimista marcada pela impessoalidade. As pessoas optaram por buscar
uma identidade comum, aproximando-se daqueles com quem pudessem compartilhar seus
sentimentos, mostrando-se inteiros aos outros. Tal fato prejudica o crescimento pessoal e
estreita as experiências pessoas, pois as pessoas se aproximarão apenas daqueles que se
identificam ao invés de construírem novos diálogos.
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As pessoas somente podem ser sociáveis quando dispõe de alguma proteção mútua;
sem barreiras, sem limites, sem a distância mútua que constitui a essência da
impessoalidade, as pessoas são destrutivas, não porque a natureza do homem seja
malévola [...] mas por que o efeito último da cultura gerada pelo capitalismo e pelo
secularismo modernos torna lógico o fratricídio, quando as pessoas utilizam as
relações intimistas como bases para as relações sociais (SENNETT, 1976, p.379).
Segundo Loboda (2009), diante de uma análise sócio espacial, os espaços públicos são
produtos das relações sociais e de políticas que atribuem ao mesmo formas e funções.
Enquanto expressão de um espaço em redefinição constante, os espaços públicos na
cidade contemporânea, ora se apresentam enquanto locais relegados ao esquecimento
pela perda de algumas de suas funções principais, notadamente aquelas relacionadas
ao encontro, à interação e à convivência, ou então por assumirem funções adversas;
ora se fazem notar por meio de políticas de promoção dos mesmos enquanto locais de
espetáculo na moderna cidade por meio de imagens simbólicas que lhes são
peculiares, variando no tempo e no espaço. Não menos importante, parece-nos que é
ressaltar o contrário, ou seja, o espaço público enquanto expressão de um processo de
produção da cidade, das suas contradições, conflitos e reflexos, por isso mesmo, o
lugar do possível, da intervenção, do ato político, da reivindicação, da festa, do lúdico
e do improviso (LOBODA, 2009, p. 52).
Hertzberger (1999) expõe que a questão de coletividade e indivíduo, refere-se a uma
polarização exagerada entre ambos, abrangendo a inter-relação entre pessoas e grupos e o
compromisso mútuo entre os mesmos.
Os conceitos de “público” e “privado” podem ser vistos e compreendidos em termos
relativos como uma séria de qualidades espaciais que, diferindo-se gradualmente,
referem-se ao acesso, à responsabilidade, à relação entre a propriedade privada e a
supervisão de unidades espaciais específicas. (HERTZBERGER, 1999, p.13).
Hertzberger (1999) expressa que a área pública e a área privada são concebidas a partir
de seu grau de acesso, da sua utilização e de quem é responsável por aquele local, estando
diretamente ligados às demarcações territoriais e à administração. Dessa forma, “conceitos
como o de público e privado restringem-se, portanto, a meras entidades administrativas”
(HERTZBERGER, 1999, p. 87).
O equilíbrio entre público e privado pode ser explicitado pelo equilíbrio entre abertura
e fechamento, demonstradas por Hertzberger (1999) a partir do mundo interior e exterior, por
exemplo, sendo que a união entre essas duas perspectivas se dá mediante a recursos
arquitetônicos, tais como “gradações de altura, largura, grau de iluminação (natural e artificial),
materiais, diferentes níveis do chão” (HERTZBERGER, 1999, p.86).
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Para Hertzberger (1999), a utilização de meios arquitetônicos adequados nos permite a
criação de condições para que os edifícios, tidos como privado, se tornem mais acessíveis e as
ruas (públicas) sejam mais convidativas diante do quadro de insegurança presente na sociedade
atual.
Ao selecionar os meios arquitetônicos adequados, o domínio privado pode se tornar
menos parecido com uma fortaleza e ficar mais acessível, ao ponto que, por sua vez,
o domínio público, desde que se torne mais sensível às responsabilidades individuais
e à proteção pessoal daqueles que estão diretamente envolvidos, pode se tornar mais
intensamente usado e, portanto, mais rico. (HERTZBERGER, 1999, p. 86).
Conclui-se que a eficiente aplicação dos recursos arquitetônicos contribui para a
estimulação das relações sociais, devendo-se manter o sentimento de comunidade, afinal o
homem necessita um do outro. O público e o privado devem receber igual atenção e servirem
como complemento um do outro.
1.2.2 Formas de apropriação do espaço público
A industrialização foi responsável pelas inúmeras transformações sofridas pelos centros
urbanos e também pelas pessoas. O surgimento de aparelhos cada vez mais tecnológicos,
acabou por afastar as pessoas dos espaços públicos. Dessa forma, planejá-los tornou-se um
desafio cada vez maior, afinal, não basta que esses espaços apenas existam, eles devem ser
vivenciados. Segundo Fontes (2013), as intervenções temporárias promovem a vitalidade dos
espaços, ocasionando na interação social e na criação de espaços mais amáveis. O conceito de
amabilidade urbana é empregado cada vez com mais frequência nos espaços públicos, “poderia
definir amabilidade urbana como a qualidade que surge da articulação entre as características
físicas do lugar, as intervenções temporárias que ocorrem sobre este espaço e as pessoas que o
utilizam e se conectam, demonstrando que a mesma surge da articulação entre as dimensões
física, temporal e social” (FONTES, 2013, p. 35).
Knuijt (2015, p. 87) defende que:
Espaço deve ser tornado “lugar” pela criação de locais acolhedores para se ficar. As
pessoas querem lugares para sentar, contemplar, debater, se exibir. Para contribuir
com uma paisagem de rua, é importante que sejam lugares para se ficar e desfrutar do
espaço público. O equilíbrio entre “lugar” e “movimento” na cidade apela por
direcionar o movimento e a possibilidade de mudar o uso do espaço [...]. O elemento
principal é priorizar os pedestres sem eliminar o trânsito motorizado. O pilar do
programa é fazer lugares movimentados e lugares tranquilos [...]
14
Calliari (2016) ressalta que a vivência atribui sentido aos espaços, dessa maneira, a
qualidade espacial deve ser concreta e não meramente abstrata, pois é através de bons espaços
que se proporcionam experiências de vida. Conforne Karssenberg (2015, p. 15), “se o destino
é seguro, limpo, relaxado e fácil de compreender, e se os visitantes passeiam com suas
expectativas atendidas ou excedidas, esses visitantes permanecerão três vezes mais tempo do
que numa estrutura apática e confusa”.
Conclui-se que a apropriação dos espaços amplia o sentimento de pertencimento,
fazendo com que as pessoas se sintam confortáveis naquele local e desenvolvam a amabilidade
pelo mesmo, tornando o espaço público adequado e vivenciado, atendendo as demandas sociais
e exercendo funções. Apesar de ser algo que leva tempo, garante grandes benefícios para as
comunidades.
1.2.3 Acessibilidade Simbólica
A cidade contemporânea é marcada por diferenças e desigualdades que interferem nas
formas de apropriação do espaço público. Conforme SERPA (2004, p. 26), “o ‘capital escolar’
e os modos de consumo são elementos determinantes das identidades sociais”. Essa
territorialização dos espaços públicos é tida como acessibilidade simbólica, e na maior parte
dos casos, resulta na privatização de tais espaços.
GOMES (2002) destaca a dificuldade em relacionar as dimensões sociais e políticas
com os aspectos “concretos” do espaço público. A acessibilidade está diretamente vinculada à
demarcação dos territórios. Tem-se, portanto, uma dimensão simbólica diante da concretude
dos espaços públicos, pois esses são constituídos de uma acessibilidade física bem como
simbólica, que vai além do físico dos parques, praças, prédios públicos, ruas, etc.
Como dito anteriormente, diferença e desigualdade fazem parte do processo de
apropriação espacial, o que evidencia uma dimensão de classes que por sua vez revela
identidade sociais. Sendo assim, a acessibilidade na cidade contemporânea parque de uma
sociedade “hierárquica”. (SERPA, 2004).
A questão das identidades urbanas revela um reconhecimento de uma alteridade que só
acontece onde há o contato entre diferentes grupos, resultando em divisões do mundo social,
criando unidades de grupos com identidades distintas.
Tratando-se dos espaços públicos para as classes médias, revela-se que “ o parque
público é um meio de controle social, sobretudo das novas classes médias, destino ferol das
15
políticas públicas que, em última instância, procuram multiplicar o consumo e valorizar o solo
urbano nos locais onde são aplicadas” (SERPA, 2004, p. 26). Tendo em vista o processo de
valorização imobiliária, os novos parques são implantados em áreas com algum interesse
turístico ou que possuam melhores condições de infraestrutura. Paris é um exemplo de que os
parques já nascem nos novos bairros como instrumento de valorização, onde os novos
equipamentos culturais e de lazer tornam-se polos “festivos” da cidade (SERPA, 2004). O
resultado, são espaços públicos centrais e turísticos, que revelam visibilidade e gigantismo,
tornando-se distantes e inacessíveis para o público que habita as periferias da cidade e apresenta
um perfil popular. Com as dificuldades de deslocamento, falta de opções de lazer, essa
população torna-se discriminada, resultando em uma segregação ainda maior da população de
baixa renda.
As classes populares também transformam os espaços livres seguindo os moldes das
classes de renda alta, privatizando esses espaços, interditando acessos, canalizando percursos e
levando à uma desertificação de muitas áreas nas periferias urbanas. Esse confinamento, no
entanto, agrava questões como o uso de drogas e a violência urbana. Os bairros populares
passam também por uma mercantilização das manifestações culturais, onde muitas deixam de
existir devido à expansão urbana e a falta de incentivos públicos, ressaltando os interesses
relacionados ao capitalismo e as atividades turísticas. (SERPA, 2004).
Portanto, com base nas questões apresentadas, conclui-se que a modernidade caminha
para um individualismo cada vez maior em detrimento das atividades coletivas. Para que os
princípios de identidade de classes sejam mantidos, opta-se por uma distância física e
psicológica, evitando-se o contato com o diferente e a criação de relações entre esses grupos.
Isso faz com que a classe popular seja cada vez mais discriminada, resultando em um processo
de segregação. A acessibilidade simbólica retrata justamente esse fato, pois onde deveria haver
o acesso a todos, há uma restrição decorrente da conversão dos espaços públicos em espaços
destinados ao consumo de cultura, constituindo uma cultura de massa, lazer e diversão. Essa
segregação social e espacial nos coloca diante do fato de que não estamos verdadeiramente
diante de espaços públicos, mas sim de espaços implementados para públicos específicos, cuja
acessibilidade torna-se restrita.
Análise visual conforme as teorias de Kevin Lynch, Gordon Cullen, Jan Gehl, Adriana
S. Fontes
16
O projeto do Parque Urbano, fundamenta-se em quatro teóricos. São eles: Gordon
Cullen, Kevin Lynch, Adriana Sansão Fontes e Jan Gehl. Cullen aborda que a paisagem urbana
deve causar surpresas ao observador ao longo de seus percursos. Lynch trata do conceito de
legibilidade para a identificação dos ambientes. Fontes, por sua vez, explana a respeito da
amabilidade urbana e da influência das intervenções temporárias na transformação dos espaços.
Já Gehl, aborda a incorporação da escala humana para os projetos.
Gehl (2013, p. 118) ressalta que: “a boa qualidade ao nível dos olhos deve ser
considerada como direito humano básico sempre que as pessoas estejam nas cidades. Na escala
menor, a da paisagem urbana de 5km/h, é que as pessoas se encontram de perto com a cidade
[...]. As cidades devem propiciar boas condições para que as pessoas caminhem, parem,
sintetizem, olhem, ouçam e falem.”
Gehl (2013) aponta que a riqueza de detalhes e as experiências existentes nos espaços e
ruas, agem diretamente na qualidade dos percursos e no prazer sentido pelo pedestre ao
caminhar pelo local. As fachas térreas encontram-se a nível dos olhos e, portanto, também
influem sobre a qualidade dos passeios. A experiência do bem-estar das cidades liga-se a
harmonização dos espaços urbanos com o corpo humano. O autor explana ainda que
construções muito altas inseridas aleatoriamente na paisagem urbana, acarretam na ausência de
espaços de transição, criando condições desfavoráveis à permanência e circulação de pessoas.
Portanto, dimensões mais modestas referem-se a cidade ao nível dos olhos e propiciam
condições mais atraentes para as cidades, pois as pessoas não têm sua visão obstruída e
conforme caminham pelos locais podem contemplar fachadas e manter melhores relações,
tornando-se percursos mais agradáveis e qualitativos.
Tratando-se ainda da paisagem urbana, Cullen (2103) aborda que a paisagem deve gerar
surpresas ao observador. Para isso, analisa a paisagem diante de três aspectos: visão serial, local
e conteúdo. Conforme Cullen (2013), a visão serial refere-se ao fato de que através de percursos,
a cidade pode proporcionar ao observador sensações, deixando de ser monótona. Por sua vez,
o local diz respeito a posição do observador no espaço e suas emoções. Já o conteúdo abrange
a constituição da cidade.
A importância dos acidentes numa rua [...], reside na sua capacidade de prender o
olhar, impedindo-o de deslizar para longe, e evitando, desta forma a monotonia. A
disposição estratégica dos acidentes vem dar sentido às formas essências duma
determinada rua, dum determinado local. Pois, apesar de existir um padrão, as pessoas
não se apercebem dele devido às preocupações do cotidiano, tornando-se assim,
necessário chamar a atenção para ele. Creio que é principalmente devido à ausência
de acidentes que muitos projetam falham [...] (CULLEN, 2013, p. 46).
17
Segundo Lynch (2011), as sensações sofridas pelos usuários também são resultantes da
organização das ruas e dos espaços. No entanto, apesar das surpresas gerarem diversas
sensações, o homem ainda necessita de um ponto para se nortear no espaço, pois lugares
desconhecidos causam desconforto e insegurança. Sendo assim, “a legibilidade é crucial para o
cenário urbano” (LYNCH, 2011, p. 03). Portanto, a legibilidade fornece clareza e faz com que
as pessoas se sintam seguras e confortáveis mesmo em ambientes desconhecidos.
[...] um ambiente característico e legível não oferece apenas segurança, mas também
reforça a profundidade e a intensidade potenciais da experiência humana. Embora a
vida esteja longe de ser impossível no caos visual da cidade moderna, a mesma ação
cotidiana poderia assumir um novo significado se fosse praticada num cenário de
maior clareza. Potencialmente, a cidade é em si o símbolo poderoso de uma sociedade
complexa. Se bem organizado em temos visuais, ela também pode ter um forte
significado expressivo (LYNCH, 2011, p.05).
Por fim, a qualidade do espaço público está atrelada também às intervenções
temporárias, uma vez que estas permitem estabelecer relações sociais. Atividades temporárias
se “[...] movem no âmbito do transitório, do pequeno, das relações sociais, que envolve
participação, ação, interação e subversão, e é motivada por situações existentes e particulares,
em contraposição ao projeto estandartizado, caro permanente e de grande escala” (FONTES,
2013, p. 61).
De acordo com Fontes (2013), as intervenções temporárias têm a finalidade de trazer
vitalidade ao espaços ao mesmo tempo em que gera uma interação entre as intervenções e a
população e também entre a população em si, guiando-se rumo à amabilidade urbana.
[...] o entendimento sobre as intervenções temporárias pode ajudar no projeto urbano
em uma série de aspectos. O primeiro seria a discussão sobre o destino dos lugares,
principalmente no caso de locais degradados ou subutilizados [...] a intervenção
temporária tem o potencial de formar identidade e reconquistar espaços, sendo um
meio para se qualificar partes da cidade [...]. O segundo aspecto se refere ao ganho
teórico de um repertório de atividades e políticas públicas, que podem ser importantes
na prática da requalificação urbana, além do avanço nas reflexões acerca dos conceitos
emergentes de cidade, e das práticas arquitetônicas nascidas de condições de
crescimento, movimento e transformação urbana. Uma terceira aplicação desse
aprendizado com as intervenções temporárias relaciona-se ao próprio projeto dos
espaços coletivos. (FONTES, 2013, p.390).
18
II – RECORTE ESPACIAL
A análise morfológica da região permitirá compreender os aspectos físicos que
caracterizam a área de projeto, sendo instrumento fundamental para a elaboração do projeto
arquitetônico com base nas condicionantes, deficiências e potencialidades. Este processo faz
com que se obtenha o maior número de soluções para cada sítio a ser trabalhado, resultando em
um projeto com aspectos funcionais , construtivos, estéticos e econômicos de qualidade.
2.1 Araçatuba/SP e suas áreas livres
Araçatuba (imagem 1) é um município brasileiro localizado na região noroeste do
Estado de São Paulo. Segundo dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
possui uma população de 181.579 habitantes conforme último censo (2010), população
estimada de 194.874 pessoas e densidade demográfica (2010) de 155,54 hab/km².
A cidade caracteriza-se por uma economia diversificada, com primórdios na
expansão cafeeira e, atualmente, tem-se o crescimento das lavouras de cana-de-açúcar. Destaca-
se também a pecuária, atividade a qual conduziu o município ao título de "Capital do Boi
Gordo" e a ovinocultura, com a criação de outros animais. Além dessas atividades econômicas,
Araçatuba é um pólo universitário e gastronômico e o setor de serviços predomina na cidade.
A história de Araçatuba está associada à construção da Estrada de Ferro Noeroeste
do Brasil- NOB, a qual pertencia a uma política que visava a interiorização do país e a ligação
do mesmo com outros países da América do Sul, objetivando a busca de recursos naturais e
para fins agrícolas. No dia 02 de dezembro de 1908, os trilhos atingiram o Km 280, onde foi
instalado um acampamento e deste, nasceu a cidade de Araçatuba.
Os espaços livres e as áreas de lazer não estão distribuídos de maneira uniforme
pela área urbana de Araçatuba, sendo possível observar uma maior concentração dos mesmos
na região centro-norte e uma qualidade espacial decrescente à medida em que se avança do
centro da cidade para a periferia. O município apresenta uma quantidade de áreas verdes que
vêm sendo redescobertas pela população araçatubense, seja para a prática de atividades de lazer
ou até mesmo para a realização de eventos sociais. Dentre essas áreas, destacam-se o Parque
Ecológico Baguaçu, Zoológico Municipal, Lagoa do Miguelão, Praia Municipal e o Parque da
Fazenda, objeto de uso para o projeto em questão. Tais áreas estão sob ações da Secretaria de
19
Turismo e meio Ambiente. visando atrair moradores para essas localidades por meio das
progressivas melhorias realizadas, uma vez que, os espaços livres desempenham papéis
ecológicos, estéticos e de lazer, além de servirem como indicador da qualidade ambiental e da
vida das cidades. No entanto, essas áreas encontram-se degradadas e sofrem com o descaso do
poder público. Não possuem equipamentos adequados e uma manutenção periódica, o que gera
um sentimento de repulsa e insegurança por parte dos moradores, fazendo com que a população
não se sinta convidada a frequentar tais locais.
Imagem 1: Vista aérea da cidade de Araçatuba
Fonte: Google Imagens (2018).
2. 2 Área de implantação do projeto
O local escolhido para a implantação do Parque Urbano é o Parque da Fazenda
do Estado, localizado entre as avenidas dos Araçás e Dr. Alcides Fagundes Chagas (imagem
2). O mesmo é administrado pela Prefeitura de Araçatuba por meio da Secretaria Municipal do
Meio Ambiente e Sustentabilidade- SMMAS. A área possui 18,8 hectares, apresentando uma
riqueza na fauna e na flora. Foi criada a trilha de Malta, com cerca de 1 km de extensão onde é
possível observar a existência de diversas espécies de árvores nativas da região, além de
implantada a praça do idoso, playground e o ponto de leitura. Tudo isso é somado ao
paisagismo, feito com grama, orquídeas, árvores e bancos. Encontra-se também no local um
pomar, prezando atrair pessoas e pássaros. São desenvolvidas a horta orgânica e agroflorestal
20
para a qualidade dos alimentos. O Parque da Fazenda é um local público, aberto diariamente
das 7h30 às 17h30 e o acesso principal é feito pelo portão situado na Avenida Alcides Fagundes
Chagas, 222- Aviação.
Imagem 2: Área de Intervenção
Fonte: Google Earth, editado pela autora (2018).
2. 3 Orientação solar e ventos dominantes
No que diz respeito aos ventos, são predominantes na direção sudeste e sua
intensidade é constante e maior no outono/inverno (imagem 3). Com isso, nas épocas mais
quentes, isto é, primavera/verão, a sensação térmica é mais elevada, portanto, o parque deverá
ser bem arborizado, proporcionando a ventilação necessária por meio da vegetação, garantindo
21
o conforto dos usuários. Além disso, as construções executadas no local deverão possibilitar a
ventilação cruzada e através de espelhos d'água, fontes, etc, serão garantidas melhores
condições de umidade do ar.
Araçatuba é uma cidade de clima tropical, onde o verão é longo, com altas
temperaturas, abafado e com precipitações. Em contrapartida, o inverno é mais curto, com
temperaturas mais amenas e pouca precipitação. Sendo assim, serão adotadas técnicas para
melhorar o conforto térmico, como o uso de vegetação e elementos de sombreamento das
fachadas mais expostas à incidência solar. Na fachada sul, tem-se uma menor incidência, ao
contrário da fachada norte, que apresenta maior. A fachada oeste recebe o sol da tarde e, por
conseguinte, também deverá receber devida atenção quanto à proteção das aberturas, sendo que
nesse período o mesmo apresenta-se bem forte. Já a fachada leste recebe os raios solares na
parte da manhã, estes são mais fracos e considerados bons para o adentramento das edificações
(imagem 3).
Imagem 3: Mapa Orientação Solar e Ventos Dominantes
Fonte: Plano Diretor de Araçatuba, modificado pela autora (2018).
22
2.4 Topografia
A área de estudo é caracterizada por grandes desníveis ao longo do terreno
(imagem 4). Através dos mapas de estudo topográfico, conclui-se que maiores desníveis são
gerados à medida em que se avança para o fundo do mesmo. Tais características levaram a um
estudo cuidadoso para a instalação das estruturas do parque de forma a garantir boas condições
de acessibilidade, facilitando a circulação dos usuários. O projeto propõe, portanto, a
manutenção do relevo existente, tirando partido de suas curvas no resultado arquitetônico final.
Imagem 4: Mapa Topográfico
Fonte: Global Mapper editado pela autora (2018).
23
Imagem 5: Perfil Topográfico Transversal
Fonte: Google Earth, modificado pela autora (2018)
Imagem 6: Perfil Topográfico Longitudinal
Fonte: Google Earth, modificado pela autora (2018).
24
2.5 Uso e Ocupação do Solo
O entorno do terreno é caracterizado pela predominância de lotes residenciais
(imagem 7). No entanto, nota-se uma diversidade de usos conforme se avança para o centro da
cidade. O prevalecimento de residências é aspecto positivo para o projeto já que a proposta do
mesmo é atrair a população desses bairros bem como de toda a cidade para o parque a ser
instalado.
Imagem 7: Mapa Uso e Ocupação do Solo
Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).
25
2.6 Gabarito de Altura
Araçatuba caracteriza-se por um gabarito mais padronizado, com construções
térreas e a assobradadas (imagem 8). A cidade passou por um crescimento no quesito
verticalização das edificações, no entanto, tal verticalização ainda não é significativa a ponto
de torná-la uma cidade de grandes gabaritos. Sendo assim, os estudos nortearam a escolha da
escala projetual, de forma a possibilitar a unificação do parque com a cidade, sem que este
venha a destoar da mesma.
Imagem 8: Mapa Gabarito de Altura
Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).
2.7 Espaços de convívio
A cidade de Araçatuba possui poucos espaços destinados ao convívio e lazer. A maioria
desses espaços são praças (imagem 9) as quais encontram-se abandonadas devido ao
26
desinteresse do poder público. Dessa forma, os passeios públicos (calçadas) tornam-se
empecilhos para a circulação de pedestres uma vez que se encontram sujas, cobertas por matos
e quebras. Além disso, os poucos equipamentos urbanos existentes não recebem manutenção e
estão instalados de maneira a não favorecer seu uso. A falta de iluminação dessas áreas também
merece destaque, pois ambientes escuros são mais propensos à criminalidade e geram
insegurança aos seus frequentadores. Sendo assim, o projeto prevê reunir todos esses aspectos
no âmbito de prover melhorias e assim, desenvolver um espaço público de qualidade e
convidativo para a população.
Imagem 9: Mapa Espaços de Convívio
Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).
2. 8 Áreas Verdes
A área de projeto engloba uma área de preservação permanente, com espécies nativas da
Mata Atlântica e um adensamento de mata fechada (imagem 10), o que permite a instalação do
27
parque urbano. O local também contém uma área de reflorestamento que será intensificada com
a implantação de mais espécies nativas. O projeto tem o objetivo de proporcionar a integração
da população com a natureza ao mesmo tempo em que promove a educação ambiental.
Imagem 10: Mapa Áreas Verdes
Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).
2. 9 Zoneamento urbano
Conforme a análise do mapa de zoneamento urbano da cidade de Araçatuba-SP, tem-se
que o terreno onde será implantado o parque urbano, situa-se na Zona de Ocupação
Condicionada (imagem 11).
Imagem 11: Mapa Zoneamento Urbano
28
Fonte: Plano Diretor de Araçatuba, editado pela autora (2018).
2.10 Sistema viário
A cidade de Araçatuba possui significativa quantidade de avenidas, sendo que as
mesmas recebem um grande tráfego de pessoas e veículos ao longo do dia, além de facilitarem
os deslocamentos pela cidade. O terreno em questão, encontra-se cercado por diversas avenidas
(imagem 12), o que contribuíra positivamente para o projeto de implantação do parque urbano,
pois haverá uma grande circulação de pessoas pelos entornos, levando-as a terem esse contato
visual com o parque, e posteriormente, estimulando o desejo de conhecer o local. Além disso,
facilitarão o acesso ao local para quem circula a partir de qualquer extremidade da cidade.
29
Imagem 12: Mapa Sistema Viário
Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).
2.11 Pontos Relevantes
A área onde será implantada o projeto do parque urbano situa-se nas proximidades e no
trajeto para lugares que recebem uma grande quantidade de pessoas diariamente, tais como
postos para a prestação de serviços à comunidade, assim como também escolas e locais
pertencentes à área da saúde (imagem 13). Portanto, o parque estará situado em uma área de
visibilidade, o que permitirá que mais pessoas sejam atraídas a frequentá-lo.
30
Imagem 13: Mapa de Visadas
Fonte: Plano Diretor de Araçatuba, editado pela autora (2018).
2.12 Cheios e vazios
Araçatuba conta com uma quantia considerável de vazios urbanos ao longo de sua
extensão (imagem 14). Essas áreas acabam por gerar transtornos à população devido ao seu
abandono e mal-uso. Espaços como esses tendem a favorecer a marginalização urbana, servindo
muitas vezes como esconderijos e pontos de utilização de drogas. Além disso, seu abandono
pode acarretar na proliferação de doenças e animais perigos e no acúmulo de lixo, oferecendo
riscos a saúde da população. A implantação do parque urbano objetiva a demonstração na
prática de como essas áreas realmente podem ser transformadas e o quanto benéficos esses
31
espaços podem ser para a sociedade se projetados de maneira correta, visando atender as
necessidades da população e assegurar melhores condições de qualidade de vida.
Imagem 14: Mapa Cheios e Vazios
Fonte: Plano Diretor, modificado pela autora (2018).
32
III - REFERÊNCIAS PROJETUAIS
3.1 Parque Villa-Lobos
Implantado num grande vazio urbano, localizado no bairro Alto dos Pinheiros, na região
oeste da cidade de São Paulo, o parque Villa-Lobos (imagem 15) tornou-se um dos locais mais
frequentados para passeio e prática de exercícios físicos ao ar livre. Durante a semana, cerca de
8 mil pessoas passam pelo local. Aos finais de semana, estima-se 50 mil frequentadores e aos
feriados, 60 mil. Desenhado pelo arquiteto Decio Tozzi, abrange uma área de 732 mil m²,
contando com aparelhos para ginástica, quadras, pista de cooper, trilhas, ciclovia, campos de
futebol, anfiteatro com 750 lugares (imagem 16), sanitários adaptados, bosque com diversas
espécies de árvores e vegetação da Mata Atlântica, biblioteca, etc. Segundo Decio, os gramados
para uso livre da população e as praças com áreas para descanso e lazer, trazem o significado
do paisagismo das praças e jardins urbanos brasileiros. O parque destaca-se por ser um dos
pioneiros da capital a ser adequado à acessibilidade de pessoas com necessidades especiais.
Para isso, foram pensados caminhos nivelados para facilitar os deslocamentos e equipamentos
elaborados para garantir a acessibilidade nos playgrounds e estações de ginástica.
Esse projeto apresenta-se como referência, pois propõe-se a transformar um vazio
urbano em um espaço público de lazer de qualidade, garantindo os requisitos de acessibilidade
e atraindo a população para o mesmo, fazendo deste, um local de permanência. Além disso,
colaborou para a eliminação dos problemas causados pelo uso anterior da área, tais como:
depósitos de lixos, material dragado do Rio Pinheiros e entulhos da construção civil. Tornou-
se um parque de lazer, cultura e esporte ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento
da educação ambiental, provando que vazios urbanos são capazes de garantir vitalidade desde
que recebam às devidas interferências e atenção.
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Imagem15: Parque Villa-Lobos
Fonte: Site Galeria da Arquitetura (2018).
Imagem 16: Anfiteatro Parque Villa-Lobos
Fonte: Site Galeria da Arquitetura (2018).
34
3.2 Parque da Juventude – Aflalo & Gasperini Arquitetos/ São Paulo – Brasil
Localizado no Bairro Santana, na zona norte da capital paulista e com mais de 240 mil
metros quadrados, foi responsável pela alteração da paisagem local a partir de 2003, já que até
2002, a área abrigou o antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, marcado pela extrema
violência. O parque resulta de um longo processo iniciado em 1999, com um concurso público
promovido pelo Governo do Estado de São Paulo. Entre as propostas, o projeto concebido pela
arquiteta paisagista Rosa Kliass em conjunto com o escritório Aflalo & Gasperini foi o
vencedor, contemplando três grandes áreas: esportiva, central e educacional. O parque (imagem
17) possui áreas sombreadas (imagem 18), decks para caminhada e observação, incorporação
de antigas estruturas, quadras poliesportivas, pista de skate, trilhas, preservação das espécies
existentes, biblioteca, ETEC etc (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2018).
A escolha do mesmo como referencial projetual, assegura-se em seu caráter
multifuncional, englobando variadas áreas em um único espaço, recuperando uma região
degradada e transformando-a em um local de lazer e entretenimento ao ar livre, ao mesmo
tempo em que propicia a atribuição de novos significados. Nota-se a integração de diversas
atividades, mantendo a qualidade espacial, funcional e estética, de forma a garantir a
continuidade entre os espaços sem que destoem uns dos outros.
Imagem 17: Parque da Juventude
Fonte: Site Governo do Estado de São Paulo (2018).
35
Imagem 18: Planos de vegetação- Parque da Juventude
Fonte: Site Governo do Estado de São Paulo (2018).
3.3 Parque Ibirapuera
Inaugurado em 21 de agosto de 1954 para comemorar o quarto centenário da cidade, o
Ibirapuera tornou-se o parque urbano mais importante da cidade de São Paulo. O projeto
arquitetônico foi responsabilidade do arquiteto Oscar Niemeyer, já o projeto paisagístico coube
ao paisagista Roberto Burle Marx, porém foi substituído pelo projeto de Otávio Augusto
Teixeira Mendes, engenheiro agrônomo. O parque abriga o Museu de Arte Moderna, Jardim
das Esculturas, Museu Afro Brasil (imagem 20), Oca do Ibirapuera, Fundação Bienal,
Planetário Ibirapuera, Auditório Ibirapuera e diversas áreas externas, incluindo a Praça de
Jogos, Bosque da Leitura, Jardim Japonês e dentre outros. Além disso conta com 13 quadras
iluminadas, pistas para corrida e passeio, ciclovia, espaços para descanso e áreas para shows.
Destaca-se pelo movimento “Inclusão Já”, cujo objetivo é conceber ao parque condições de
acessibilidade para que o mesmo possa receber pessoas com todos os tipos de deficiência em
suas dependências.
A escolha da obra ocorreu devido ao seu compromisso com a acessibilidade,
assemelhando-se ao projeto proposto. Além disso, oferece os mais variados atrativos para o
36
público que o frequenta, incluindo passeios culturais e educativos, museus, ótima infraestrututra
e uma infinidade de opções para lazer. Com um caráter multifuncional, o parque possui um
programa de necessidades abrangente e nem por isso deixa de garantir o equilíbrio entre os seus
elementos, sendo assim, torna-se um atrativo para a população, demonstrando um cuidado com
as áreas verdes (imagem 19) e públicas e assegurando um espaço seguro e acolhedor.
Imagem 19: Áreas Verdes – Parque Ibirapuera
Fonte: Site Vida Sem Paredes (2018).
Imagem 20: Museu Afro Brasil – Parque Ibirapuera
Fonte: Site Vida Sem Paredes (2018).
37
3.4 Quadro Comparativo- Referências Projetuais
Imagem 21: Quadro Comparativo Projetos de Referência
38
39
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
40
Com base nas informações levantadas para a constituição do quadro comparativo
(imagem 21) entre as referências projetuais, foi possível chegar, portanto, a um programa de
necessidades que incorporasse todos esses elementos de análises, trazendo soluções projetuais
para o mesmo de acordo com as soluções adotadas em parques de reconhecimento. Sendo
assim, o projeto do parque urbano irá abordar a questão da educação ambiental a partir da
existência de atividades lúdicas, recreativas e trilhas, preservando a vegetação existente no
terreno em questão. Já a integração com o entorno ocorrerá a partir a partir de amplas áreas
verdes para que a população possa usufruir das mesmas. A acessibilidade, item de extrema
importância para o projeto, visa a abrangência de todos os tipos de público, ficando por conta
de equipamentos acessíveis e trajetos nivelados. O conforto ambiental implicará em uma
preocupação com a vegetação utilizada, com os sombreamentos e com as condições para
garantia do conforto térmico, fazendo com que o ambiente seja agradável e confortável,
estimulando a permanência das pessoas. Para finalizar, a setorização das áreas verdes ocorrerá
pela distribuição das praças e áreas ajardinadas ao longo do parque, sem concentrá-la apenas
em um local, pois o objetivo é fazer com que em qualquer lugar do parque, a população esteja
em contato com a natureza.
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IV – O PROJETO
4.1 Conceito e Partido
Parques urbanos são vistos pela maioria das pessoas como uma alternativa de refúgio
para a rotina exaustiva das grandes cidades, sendo utilizados para descanso, passeio e recreação.
No entanto, sua origem não limita-se única e exclusivamente a tal fator. Além da vontade de
embelezamento urbano e criação de espaços salubres e para passeio, são tidos como elementos
chave para o planejamento urbano, onde em meio à crescente urbanização e aos impactos
ambientais trazidos pela mesma, orientam a expansão das cidades e auxiliam na melhoria da
qualidade de vida e no saneamento do ambiente urbano, atribuindo novos usos aos espaços e
atraindo novos públicos. Devido as suas características gerais, os parques podem ser
considerados espaços de convívio, além de conferir às áreas vazias e abandonadas a
possibilidade de revitalização, permitindo que sejam vivenciadas pela população ao mesmo
tempo em que se tornam responsáveis pelo contato homem natureza, influenciando no
desenvolvimento da educação e consciência ambiental. O conceito do Parque IntegraCidade
(imagem 22) está embasado nas características do terreno, nas atividades desenvolvidas e no
atendimento dos mais variados públicos (imagem 23).
Imagem 22: Conceito do Projeto
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
Imagem 23: Local de Intervenção – Preservação da vegetação
Fonte: autoria própria (2018).
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O partido, consequência formal do conceito, orientou todo o desenvolvimento do
projeto. Sendo assim, a integração social será concretizada através da implantação de
intervenções temporárias e de um mobiliário urbano adequado que gere a aproximação dos
usuários. Serão implantados também pontos de apoio que estimulem a permanência da
população no local, tornando o espaço mais agradável para a manutenção de diálogos. A
preservação da vegetação se dá pelo plantio de novas árvores, pelos condicionantes,
manutenção da vegetação existente e da Trilha Cruz de Malta, composta por espécies nativas
da região. Além disso, a topografia também desempenha um papel importante na medida em
que os desníveis serão mantidos afim de não remover a vegetação local. A permeabilidade se
dá pelo uso do “não muro”, ou seja, existência de gradis ao redor do parque para assegurar
maior segurança aos visitantes do parque. Tratando-se da inclusão/acessibilidade, serão
trabalhado mobiliários adequados concomitantemente com o uso da NBR 9050 e do design
universal. Já a acessibilidade simbólica é expressa pela volumetria simples, com materiais de
“uso cotidiano”, isto é, simples e contextualizados ao parque, que gerem uma integração entre
o projeto e a natureza.
4.2 Intervenções Temporárias
Segundo Fontes (2013), uma forma de trazer vitalidade aos espaços públicos dá-se
através das intervenções temporárias as quais geram a apropriação destes por parte da
população, uma vez que permitem o estabelecimento de relações sociais (imagem 24),
promovendo a aproximação dos seres humanos por meio do contato coletivo. A alteração dos
usos nos espaços públicos resulta das inúmeras transformações sofridas pelos centros urbanos
e pela velocidade com que as coisas acontecem atualmente, fazendo com que, em sua maioria,
prevaleça o individualismo sobre o coletivismo. Dessa forma, pensar esses espaços tornou-se
um desafio cada vez maior, exigindo novas soluções, afim de que deixem de apenas existirem
e passem a ser também vivenciados. As intervenções temporárias são acompanhadas pelo
conceito de amabilidade urbana onde o espaço deve ser tornado “lugar”, ou seja, espaços
acolhedores, que estimulem a permanência das pessoas ao mesmo tempo em que ampliem o
sentimento de pertencimento, fazendo com que os usuários se sintam confortáveis e
desenvolvam a amabilidade urbana. Os espaços públicos devem ser atrativos e de preferência
“elásticos” dando abertura para diversas apropriações e diferentes públicos, contanto com
atividades variadas, atrações inesperadas e áreas que possibilitem a instalação de intervenções
temporárias. O parque IntegraCidade apresenta áreas livres que possibilitam a instalação de
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estruturas ligadas a recreação. O mesmo, dota-se também de um anfiteatro para a realização de
apresentações ao ar livre além de poder ser usado para permanência dos visitantes, onde estes
podem conversar, observar e descansar. O potencial elástico trazido pelas intervenções permite
uma gama de atividades e oportunidades de uso dos espaços públicos, dando a liberdade ao
usuário de escolher de forma criativa como se apropriar do espaço sendo sempre surpreendido
pelo mesmo.
Imagem 24: Intervenções Temporárias
Fonte: file:///D:/User/Downloads/Dialnet-AmabilidadeUrbana-5685577%20(1).pdf
4.3 Programa de Necessidades
O programa nasceu a partir da observação das atividades já exercidas pelos
usuários do local, determinando a escolha adequada de cada ambiente a ser implantado.
Por ser uma área de APP (Área de Preservação Permanente) o local é procurado pelos
usuários para a execução da trilha existente, a qual conta com uma gama de espécies
nativas. Além disso, recebe principalmente, aos fins de semana famílias que buscam por
uma opção de lazer ao ar livre, seja para a prática de piqueniques ou para levarem seus
filhos no playground instalado. Há ainda uma praça destinada aos idosos com
equipamentos adequados para a prática de exercícios dos mesmos. O fato de ser uma
área de preservação atrai muitos visitantes com finalidades educacionais, onde estes,
além de executarem a trilha e conhecerem as espécies, podem visitar a horta e as áreas
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de plantio de mudas. Como forma de preservar o espaço e agregar todas essas atividades
já desenvolvidas, o programa foi divido em blocos: esportivo, recreativo/gastronômico
e bloco verde com atividades de cunho ambiental (Imagens 25 e 26).
Imagem 25: Programa de Necessidades Bloco Esportivo
Fonte: Elaborada pela própria autora (2018).
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Imagem 26: Programa de Necessidades Bloco Verde
Fonte: Elaborado pela própria autora (2018).
4.4 Fluxograma e Organograma
O fluxograma (Imagem 27) do parque demonstra a conectividade entre os setores,
possibilitando o deslocamento entre eles. Os espaços abertos do parque permitem uma livre
circulação dos visitantes, convidando-os a percorrerem diferentes caminhos e a vivenciarem
surpresas ao longo dos mesmos. Com relação aos blocos construídos, estes podem ser acessados
por todos os caminhos existentes, onde a escolha do percurso dependerá do interesse particular
de cada visitante, assegurando-lhe a liberdade de escolher o que fazer e para onde ir. O acesso
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ao Parque IntegraCidade será feito por seus acessos principais, já que o mesmo será rodeado
por gradis afim de garantir a segurança de seus usuários, permitindo um melhor controle em
horários de menor visitação, garantindo o conforto, segurança e bem-estar da população,
evitando situações inoportunas e de risco. Fora isso, o visitante poderá delimitar suas próprias
rotas, seja pelos caminhos já estabelecidos ou pelo uso da sua criatividade.
O organograma do parque foi elaborado conforme a divisão do programa de
necessidades em três blocos, dando origem a diversos setores:
BLOCO ESPORTIVO
Setor administrativo: recepção e salas destinadas aos funcionários.
Setor de esporte e recreação: sala de dança, sala de artes marciais, salas de jogos,
pista de skate, quadras e campos de futebol.
Setor nutricional: refeitório e cozinha industrial.
BLOCO RECREATIVO E GASTRONÔMICO
Setor de vivências: playgrounds classificados por faixa etária, praça dos idosos,
anfiteatro, áreas livres, praça das águas, jardim sensorial e praça de alimentação
composta por food trucks.
BLOCO VERDE
Setor de preservação: espaço para educação ambiental, museu de espécies, área
para plantio de mudas, horta, pomar e lazer ecológico.
4.6 Topografia
Conforme destaca Cullen (2013), é necessário que saibamos trabalhar com os diferentes
níveis existentes no terreno, fazendo do relevo um elemento de destaque se pensado juntamente
ao projeto, tornando-se partido para a tomada de decisões projetuais. No projeto do Parque
IntegraCidade, os desníveis do terreno mais a densa vegetação existente no local, orientaram a
instalação dos ambientes e construções de forma a não interferir nas características naturais da
região. É importante ressaltar que os desníveis agem como barreiras visuais, onde ao longo do
percurso o visitante poderá deparar-se com surpresas, ou seja, é o chama visão serial.
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4.7 Complexo Esportivo
O Bloco Esportivo foi desenvolvido através da concepção de uma volumetria simples
composta por três retângulos os quais dão origem à formação de três eixos (imagem 29). Tais
eixos resultam na formação de um pátio central, onde se estabelece uma relação entre o
ambiente interno e externo de forma a propiciar o contato do homem com a natureza, fazendo
com que este tenha sempre a visão das áreas verdes que o circundam. Além disso, a volumetria
ajuda no conforto térmico, gerando microclimas que tornam mais agradáveis os ambientes,
ajudando também nas questões relativas à ventilação. A forma simples está associada ao
conceito de acessibilidade simbólica discutido por Serpa (2004), sendo assim, a forma se torna
contextualizada ao parque, ou seja, não distoa, mas sim se integra ao mesmo.
Imagem 29: Esquema Volumetria Bloco Esportivo
Fonte: Autoria própria (2018).
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Imagem 30: Planta Baixa Bloco Esportivo
Fonte: Autoria Própria (2018).
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Imagem 31: Planta Cobertura Bloco Esportivo
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
Imagem 32: Setorização Bloco Esportivo
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
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Imagem 33: Tabela de Esquadrias Bloco Esportivo – Portas
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
Imagem 34: Tabela de Esquadrias Bloco Esportivo – Janelas
Fonte: Elaborado pela Autora (2018)
Imagem 35: 3D Bloco esportivo
Fonte: Elaborado pela Autora (2018)
O projeto terá pé direito de 3,5 metros, laje de 0,15 cm em Steel Deck, platibanda de 1
metro, laje técnica de 1,5 metros, telhado verde, implantação de placas fotovoltaicas para
fornecimento energia à construção e ao parque e brise vegetal.
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4.8 Bloco Verde
O Bloco Verde, assim como o Bloco Esportivo, é composto pela junção de formas
simples. Composto por duas formas retangulares, acarreta na criação de dois eixos (imagem 36)
e na consequente formação de um pátio interno, cujas atribuições e benefícios refletem os
mesmos do Bloco Esportivo. Em seu pátio central, traz um local para criação de mudas, de
forma a estimular a educação ambiental e participação da população, além de contribuir para o
plantio de novas vegetações.
Imagem 36: Esquema Volumetria Bloco Verde
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
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Imagem 37: Planta Baixa Bloco Verde
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
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Imagem 38: Planta Cobertura Bloco Verde
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
Imagem 39: Setorização Bloco Verde
Fonte: Elaborado pela Autora (2018).
Imagem 40: 3D Bloco Verde
Fonte: Elaborado pela autora (2018).
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4.9 Mobiliário Urbano e Paisagismo
Gehl (2013, p.118) ressalta que “[...] As cidades devem propiciar boas condições para
que as pessoas caminhem, parem, sintetizem, olhem, ouçam e falem”, ou seja, o mobiliário
inserido no parque também deve atender a essa descrição, pensando em formas de atender a
todas essas condições. Serão inseridos pelo parque bancos confortáveis e com a projeção de
sombras, de forma a assegurar a permanência dos visitantes do local. Além disso, serão
colocados pontos de apoio para que durante diálogos as pessoas se sintam confortáveis e
mantenham uma maior relação social. Serão implantados também bancos de comprimento
menores para que as pessoas não fiquem tão distantes. A área apresenta uma APP com espécies
nativas, portanto, a proposta será manter essa vegetação, complementando-a com árvores de
portes variáveis e com crescimento rápido.
Imagem 41: Referência bancos
Fonte: Imagens Google
Imagem 42: Referência locais para descanso
Fonte: Imagens Google
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Imagem 43: Ipê Roxo
Fonte: Imagens Google
Imagem 44: Ipê Amarelo
Fonte: Imagens Google
Imagem 45: Jacarandá Mimoso
Fonte: Imagens Google
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Imagem 46: Pau Ferro
Fonte: Imagens Google
Imagem 47: Farinha Seca
Fonte: Imagens Google
4.10 Materiais e Técnicas Construtivas
Os passeios e caminhos receberam piso intertravado, para uma maior permeabilidade de
água. O anfiteatro e a pista de skate serão construídos em alvenaria. O parque contará com o
uso de aço e madeira tratada nas instalações recreativas ecológicas. Os dois blocos do parque
serão construídos em tijolo ecológico de solo cimento e laje em Steel Deck será usada nas
construções. A cobertura dos dois blocos será em telhado verde e receberão placas fotovoltaicas
para o fornecimento de energia aos blocos e ao parque. No bloco ecológico será empregado o
brise vegetal para proteção das fachadas com maior insolação, além deste também influenciar
no conforto térmico da edificação.
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Imagem 48: laje em Steel Deck
Fonte: Imagens Google (2018)
Imagem 49: Detalhamento Telhado Verde
Fonte: Autoria Própria (2018)
Imagem 50: Detalhamento Brise Vertical
Fonte: Autoria Própria
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Imagem 51: Tijolo de solo cimento
Fonte: Imagens Google (2018)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar esse trabalho foi possível perceber a importância das áreas verdes nos
centros urbanos e o quanto eles desempenham papel de extrema importância na melhoria da
qualidade de vida da população. Além disso, nota-se o quanto os espaços influenciam
diretamente no comportamento humano e em fatos cotidianos. É preciso analisar os hábitos da
população, suas necessidades, os maiores problemas e as consequências de cada espaço
desenvolvido. Atualmente, não servem mais apenas com um agente embelezador da paisagem
urbana, mas sim como um instrumento do planejamento urbano que visa minimizar os
problemas gerados as cidades por fenômenos como a urbanização e industrialização.
60
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