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1 I PARQUES URBANOS: CONEXÃO ENTRE AS PESSOAS E OS ESPAÇOS PÚBLICOS 1.1 A Importância dos Parques na Malha Urbana Existem inúmeras definições acerca dos parques urbanos. Para Lima (1994, p.15) “é uma área verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto, com uma extensão maior que as praças e jardins públicos”. Já os pesquisadores Macedo e Sakata (2003, p.14) dissertam que os parques urbanos são “todo espaço de uso público destinado à recreação de massa, qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura morfológica é autossuficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por nenhuma estrutura construída em seu entorno”. A necessidade de criar espaços livres no interior das cidades, resultada da crescente urbanização e dos impactos ambientais trazidos pela mesma. Nessa linha de raciocínio Lima (1994), destaca que os espaços livres desempenham as funções estética, social e ecológica. Segundo o autor, os elementos naturais também contribuem para a minimização desses impactos gerados pela urbanização e industrialização. Sendo assim, hoje os parques surgem como resposta aos problemas urbanos. “Os parques tornam-se ‘instrumento de planejamento urbano’ para orientar a expansão da cidade e a densidade, influenciar a economia, melhorar a saúde e o saneamento, e embelezar o ambiente urbano”. (ALEX, 2011, p.72). Nas últimas décadas a discussão dos problemas ambientais vem se intensificando, e as áreas verdes tornaram-se instrumentos de defesa do meio ambiente. [...] a constante urbanização nos permite assistir, em nossos grandes centros urbanos, a problemas cruciais do desenvolvimento nada harmonioso entre a cidade e a natureza. Assim, podemos observar a substituição de valores naturais por ruídos, concreto, máquinas, edificações, poluição etc..., e que ocasiona entre a obra do homem e a natureza crises ambientais cujos reflexos negativos contribuem para degeneração do meio ambiente urbano, proporcionando condições nada ideais para a sobrevivência humana. (MORO, 1976, p.15). Os parques urbanos fazem com que vazios abandonados deixem de ser não lugares, para tornarem-se espaços com vitalidade, agradáveis, que transmitem segurança, propiciem o conforto, atraem a população e tornem-se significativos para a mesma. São responsáveis por trazer a natureza para perto da população, criando novas paisagens e oferecendo as mais

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I – PARQUES URBANOS: CONEXÃO ENTRE AS PESSOAS E OS

ESPAÇOS PÚBLICOS

1.1 A Importância dos Parques na Malha Urbana

Existem inúmeras definições acerca dos parques urbanos. Para Lima (1994, p.15) “é

uma área verde, com função ecológica, estética e de lazer, entretanto, com uma extensão maior

que as praças e jardins públicos”. Já os pesquisadores Macedo e Sakata (2003, p.14) dissertam

que os parques urbanos são “todo espaço de uso público destinado à recreação de massa,

qualquer que seja o seu tipo, capaz de incorporar intenções de conservação e cuja estrutura

morfológica é autossuficiente, isto é, não é diretamente influenciada em sua configuração por

nenhuma estrutura construída em seu entorno”.

A necessidade de criar espaços livres no interior das cidades, resultada da crescente

urbanização e dos impactos ambientais trazidos pela mesma. Nessa linha de raciocínio Lima

(1994), destaca que os espaços livres desempenham as funções estética, social e ecológica.

Segundo o autor, os elementos naturais também contribuem para a minimização desses

impactos gerados pela urbanização e industrialização. Sendo assim, hoje os parques surgem

como resposta aos problemas urbanos. “Os parques tornam-se ‘instrumento de planejamento

urbano’ para orientar a expansão da cidade e a densidade, influenciar a economia, melhorar a

saúde e o saneamento, e embelezar o ambiente urbano”. (ALEX, 2011, p.72).

Nas últimas décadas a discussão dos problemas ambientais vem se intensificando, e as

áreas verdes tornaram-se instrumentos de defesa do meio ambiente.

[...] a constante urbanização nos permite assistir, em nossos grandes centros urbanos,

a problemas cruciais do desenvolvimento nada harmonioso entre a cidade e a natureza.

Assim, podemos observar a substituição de valores naturais por ruídos, concreto,

máquinas, edificações, poluição etc..., e que ocasiona entre a obra do homem e a

natureza crises ambientais cujos reflexos negativos contribuem para degeneração do

meio ambiente urbano, proporcionando condições nada ideais para a sobrevivência

humana. (MORO, 1976, p.15).

Os parques urbanos fazem com que vazios abandonados deixem de ser não lugares, para

tornarem-se espaços com vitalidade, agradáveis, que transmitem segurança, propiciem o

conforto, atraem a população e tornem-se significativos para a mesma. São responsáveis por

trazer a natureza para perto da população, criando novas paisagens e oferecendo as mais

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diversas experiências. “Lugar é todo espaço agradável que convida ao encontro das pessoas ou

ao nosso próprio encontro [...] Um lugar deve ser sempre agradável e propiciar conforto. Nos

dias quentes, deve refrescar com sua sombra; nos frios, aquecer com o sol. E sobretudo, deve

ter proteção e escala compatível com o ser humano” (ABBUD, 2010, p.24). Segundo Sitte

(1992, p.167) “são essenciais para a saúde, mas não muito importantes para a êxtase do espírito,

que encontra repouso nessas paisagens naturais espalhadas no meio da cidade”.

Com base nos autores Loboda e De Angelis (2005), os sistemas de áreas verdes exercem

inúmeros benefícios ao entorno das cidades, garantindo áreas destinadas ao lazer, preservação

ambiental e paisagismo. As áreas verdes contribuem para a redução da poluição, amenizam o

calor do sol, atenuam a temperatura, abrigam a fauna existente, mantêm a permeabilidade e

fertilidade do solo, transmitem bem-estar psicológico, atuam em termos estéticos e dentre

outros. São responsáveis por promover a integração entre o homem e a natureza, estando

associadas à promoção da qualidade de vida e à criação de espaços de convívio os quais influem

diretamente na integração social. Jacobs (2000) aborda a diversidade urbana e para tanto, se faz

necessário a combinação de usos e a concentração de pessoas. Diante disso, as áreas verdes

também promovem a segurança das crianças, pois “precisam de um local perto de casa, ao ar

livre, sem um fim específico, onde possam brincar, movimentar-se e adquirir noções do mundo”

(JACOBS, 2000, p. 188).

Portanto, os espaços públicos desempenham um papel importante no espaço urbano,

aproximando o homem das condições naturais, agindo sobre o lado físico e mental do ser

humano e sendo de extrema importância na garantia da qualidade de vida dos cidadãos. Sua

criação deve fazer parte do planejamento dos municípios e sua ocupação e preservação deve

ser incentivada para a obtenção de resultados satisfatórios.

1.1.1 Tipos de Parques

As cidades passaram por um crescente distanciamento das áreas rurais, tanto por suas

dimensões territoriais, quanto pela diversidade de atividades que nelas se desenvolvem.

(BEZERRA; ROCHA; BOGNIOTTI, 2016).

A concepção das áreas urbanas evolui de um espaço compacto e sem presença de

vegetação, como são as cidades medievais, até as concepções contemporâneas de

urbanismo, que visam a manutenção de áreas nativas na malha urbana de modo a

preservar a biodiversidade e os serviços ambientais ofertados pela natureza.

(BEZERRA; ROCHA; BOGNIOTTI, 2016, p.129).

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As primeiras iniciativas de áreas livres, surgiram com o urbanismo higienista e utópico,

como resposta às precárias condições de salubridade das cidades na era industrial seguindo até

as reformas urbana na Europa. O século XX foi marcado pelo urbanismo funcionalista, onde as

áreas livres desprezavam as condições naturais para assumir apenas a função de lazer, além dos

critérios de densidade demográfica. No entanto, a partir de 1990, os ideais de sustentabilidade

ganhavam cada vez mais espaço no cenário atual e as questões ambientais passaram a fazer

parte da nova concepção de construção do tecido urbano. (BEZERRA; ROCHA; BOGNIOTTI,

2016).

Tratando-se do Brasil, conforme expressa Macedo e Sakata (2010, p. 16):

O Brasil do século passado não possuía uma rede urbana expressiva, e nenhuma cidade,

inclusive a capital, o Rio de Janeiro, tinha o porte de qualquer grande cidade europeia da época,

sobretudo no que diz respeito a população e área. O parque é criado então, como uma figura

complementar ao cenário das elites emergentes, que controlavam a nova nação em formação e

que procuravam construir uma figuração urbana compatível com a de seus interlocutores

internacionais, especialmente ingleses e franceses.

O interesse pela implantação e formação de parques públicos foi influenciada pela

crescente urbanização do país. Portanto, foi no final do século XX, que se iniciou a

implantação cada vez maior de parques no espaço urbano, atribuindo aos mesmos

novas funções. O lazer contemplativo concedeu espaço a atividades esportivas e

culturais, conservação dos recursos naturais e brinquedos eletrônicos e mecânicos dos

parques temáticos. (MACEDO E SAKATA, 2010).

Sendo assim, as duas tipologias de parques mais utilizadas no Brasil são: parques de

lazer e parques de preservação, sendo este chamado também de parque ecológico. Ao definir

parques de lazer, temos conforme Macedo e Sakata (2010, p. 13) “espaço público destinado ao

lazer de massa urbana “. Tem-se, portanto, parques destinados a atender ao lazer e a recreação,

podendo ser um lazer contemplativo ou então relacionado à prática de esportes, atividades

culturais ou programas educativos, atendendo a todos as faixas etárias e grupos sociais. As áreas

livres criam condições de socialização e descanso, permitindo o exercício de atividades

prazerosas e o descanso físico e mental, acarretado pelas tarefas do dia-a-dia.

Abbud (2010) descreve as necessidades e comportamentos de cada faixa etária nos

espaços público. No caso de bebês e crianças de até 5 anos, deve-se atentar às questões de

segurança, sendo assim, devem ser previstos pisos adequados que permitam o desenvolvimento

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das crianças e lugares com bancos próximos aos equipamentos, propiciando a vigilância dos

pais. Além disso, os pequenos necessitam do sol da manhã e brinquedos como gira-giras,

escorregadores e gangorras são os prediletos. Já a faixa etária de 5 a 10 anos é adepta a trapa-

trepas, escorregadores altos, etc. Os adolescentes, por sua vez, fazem muito o uso de áreas de

estar ao ar livre durante o dia e à noite, pois gostam de conversar, ouvir música, namorar. Tais

áreas também podem ser projetadas para os idosos que possuem, em sua maioria, preferência

pelo período da manhã, onde podem praticar exercícios, tomar sol, admirar os jardins, levar

seus netos para brincar e até mesmo relaxar.

Com relação ao parque ecológico ou de preservação, temos que:

O parque ecológico objetiva prioritariamente a conservação desse ou daquele recurso

ambiental, como um banhado ou um bosque. E, paralelamente, possui áreas muito

concentradas, voltadas para atividades de lazer ativo – como jogos e recreação infantil

-, ao lado de áreas voltadas para o lazer passivo – como caminhadas por trilhas

bucólicas e es parsas. (MACEDO; SAKATA, 2010, p.13).

Segundo Bezerra; Rocha; Bogniotti, (2016, p. 134-135):

Os parques de Preservação constituem-se em Unidades de Conservação destinadas à

proteção de áreas representativas de ecossistemas, devendo ser dotadas de atributos

naturais ou paisagísticos notáveis e/ou sítios geológicos de grande valor científico.

Sua finalidade é a proteção da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização

para objetivos científicos, educacionais e recreativos. A importância dos Parques de

Preservação na estrutura urbana vai além do uso que os habitantes urbanos fazem do

mesmo, possuem papel de promoção do equilíbrio ecológico do espaço urbano, onde

além de contribuírem com um visual deslumbrante da natureza, garantem a

biodiversidade local e seus serviços ambientais.

Dessa forma, os parques ecológicos associam-se a ideia de qualidade ambiental,

garantindo condições de sustentabilidade urbana. A urbanização das cidades deve resguardar

as áreas de proteção ambiental e preservar os recursos naturais para as presentes e futuras

gerações, atendendo as necessidades do ser humano ao mesmo tempo em que promove sua

integração com a natureza.

Portanto, nota-se atualmente, a associação entre esses dois modelos de parques. Ao

mesmo tempo em que oferecem condições de lazer à população, também contribuem para a

criação de cidades mais sustentáveis e ecologicamente equilibradas. Tais áreas são pontos de

relações sociais e asseguram o direito à cidade diante da relação cidade e natureza.

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1.1.2 Ambiência

De acordo com a definição do termo “Ambiência” trazido pelo dicionário Aurélio, tem-

se que “é o espaço, arquitetonicamente organizado e animado, que constituiu um meio físico e

psicológico, especialmente preparado para o exercício das atividades humanas.” Sendo assim,

está diretamente relacionado à qualidade de vida do ambiente urbano, criando espaços mais

receptivos e propícios ao convívio.

O aumento da atividade urbana gerida no contexto da cidade nas últimas décadas,

como a intensidade de veículos, o adensamento das edificações, o processo de

verticalização, a dominância das superfícies cobertas por asfalto de ruas e avenidas, a

diminuição de áreas verdes, alteraram as existentes e criaram condições críticas de

uso do solo urbano. (MASCARÓ, J., 2009, p.167).

Segundo Mascaró (2009), repensar a ambiência urbana tornou-se uma questão de

extrema importância mediante às condições globais que encontramos hoje. A natureza sofre

cada vez mais com as intervenções humanas, motivadas principalmente pela ambição,

resultando na destruição do meio ambiente e, por conseguinte, na desvalorização da vida.

A mudança da biosfera com o aquecimento global e suas consequências catastróficas

faz com que nos rendamos à evidência e reconhecemos o componente natural como

base para a construção do território, necessário para o encontro entre o projeto natural

e o artificial. (MASCARÓ, J., 2009, p.167).

Nesse sentido, a ambiência urbana associa-se a padrões e procedimentos ecológicos,

repensando a qualidade ambiental. Como explanada por Mascaró e Mascaró (2009), visa

atender as necessidades da população, assegurando qualidade de vida e sustentabilidade urbana.

Conforme o Art. 225 da Constituição Federal (BRASIL, 1988, s.p.): “Todos têm direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

Qualidade de Vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

O termo meio ambiente pode ser tido como sinônimo de ambiência, abrangendo,

portanto, não só o meio material, mas como também o meio moral, onde o usuário interage com

o meio ambiente por meio dos sentidos, envolvendo aspectos relativos à orientação, conforto e

qualidade ambiental (BESTETTI, 2014).

Quando falamos em ambiência, pensamos em humanização por meio do equilíbrio de

elementos que compõem os espaços, considerando fatores que permitam o

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protagonismo e a participação. Pressupõe o espaço como cenário onde se realizam

relações sociais, políticas e econômicas de determinados grupos da sociedade, sendo

uma situação construída coletivamente e incluindo as diferentes culturas e valores.

(BESTETTI, 2014, p.602).

Com base na Cartilha de Ambiência (2006), desenvolvida pela Secretaria de Atenção à

Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde, têm-se

elementos modificadores e qualificadores do espaço os quais podemos destacar: luz,

morfologia, cheiro, sinestesia, som, cor, arte, privacidade, acessibilidade e confortabilidade,

contribuindo significativamente para a produção do espaço.

O meio ambiente é o conjunto utilizando-se de valores objetivos como forma, função,

cor, textura, ventilação, temperatura, iluminação, sonoridade e simbologia. Cada um

desses valores objetivos compõe o espaço dimensionado e funcional, resultando no

espaço da arquitetura e determinando o nível de bem-estar de seus ocupantes. Há,

porém, valores subjetivos que são adquiridos culturalmente, de acordo com a

experiência de vida, estabelecendo significados positivos ou negativos, em relação

aos estímulos do ambiente. (BESTETTI, 2014, p.602).

A acessibilidade é um dos aspectos complementares ao estudo da ambiência, desse

modo, o Desenho Universal assegura a criação de espaços que sejam adequados a todos os tipos

de usuários, sejam eles crianças, idosos ou pessoas com mobilidade reduzida, temporária ou

permanentemente. Sendo assim, dota-se de espaços de qualidade os quais beneficiem seus

usuários, garantindo segurança, conforto e o fácil entendimento sobre os usos dos mesmos.

Acessibilidade refere-se à possibilidade de alcance, percepção e entendimento para a

utilização com segurança e autonomia das edificações e equipamentos. Chama-se

barreira arquitetônica qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça

a aproximação, transferência ou circulação no espaço ou equipamento. O Desenho

Universal visa atender à maior gama de variações possíveis de características

antropométricas e sensoriais da população. (BESTETTI, 2014, p.607).

Portanto, ambiência relaciona-se às melhores condições do ambiente de forma a

propiciar a permanência, o prazer e o bem-estar dos usuários. Aspectos relativos à

habitabilidade como temperatura, ventilação e luminosidade são de suma importância.

Conforme explana Bestetti (2014), temperaturas muito altas geram sensações de letargia,

diminuindo a produtividade das pessoas, ao mesmo tempo em que ambientes muito úmidos

acarretam no sufoco e em sensações desagradáveis. Já a ventilação é responsável pela

renovação do ar, pelo conforto térmico e elementos de controle de salubridade. A luminosidade,

por sua vez, abrange o conforto visual e também o melhor aproveitamento de luz natural.

Aspectos acústicos também influenciam no conforto, onde ambientes com muito barulho geram

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inquietação e nervosismo enquanto que ambientes muito silenciosos resultam em sensações de

insegurança e medo. Além desses aspectos tem-se a vegetação, influenciando diretamente na

qualidade ambiental, seja através de espécies isoladas ou de uma cobertura vegetal. Tudo isso

resulta em ambientes humanizados e agradáveis, propícios ao convívio da população.

1.1.3 Elementos paisagísticos

A essência do espaço em paisagismo é diferente daquela da arquitetura e do

urbanismo, pois resulta de matéria-prima distinta, obtida através de elementos e

condicionantes da natureza:

o ar, que tudo envolve e faz viver os seres, é o elemento que respiramos; de ar

é o espaço, e o espaço é fundamental para a paisagem;

a água, que é sempre o centro das atenções do jardim, exerce fascínio sobre as

pessoas, espelha o céu e proporciona tranquilidade, quando em superfícies horizontais

em movimento;

o fogo traz luz, calor e aconchego à noite, quando em tochas, piras, fogueiras

e mesmo em lareiras ao ar livre;

a terra, que é o habitat da fauna e da flora, funciona como base de nossos

projetos;

a flora fornece o principal material de trabalho ao arquiteto paisagista;

a fauna vive e contribui para o equilíbrio das áreas ajardinadas;

o tempo, que é uma espiral ascendente, muda a paisagem, faz transformar,

crescer, amadurecer o projeto de paisagismo ao longo das quatro estações e ao longo

dos anos. (ABBUD, 2010, p.18).

De acordo com ABBUD (2010), esses elementos são dinâmicos, o que não permite a

criação de ambientes geometricamente precisos e permanentes. “No jardim, sempre se deve ter

em mente que as formas espaciais são fluídas, livres e instáveis” (ABBUD, 2010, p. 19).

Tratando-se do espaço paisagístico, é importante pensar não somente os cheios, mas também

no espaço que resulta entre as plantas. No paisagismo, os cheios e vazios compõem os espaços,

pois se fossem previstos apenas massas vegetais (cheios), o espaço não poderia ser usufruído

por pessoas.

ABBUD (2010), disserta sobre os tetos na arquitetura, que é representado pelas copas

das árvores, pergolados, etc. Tem-se também paredes e balizas verticais, representadas por

grandes escadas, taludes, rochas, arbustos, árvores, morros, montanhas, dunas e muros. Além

disso, existem os elementos que estão sob nossos pés, como: gramados, pisos, escadas,

superfícies de água, etc. “O projeto de paisagismo deve fazer o uso do jogo de dissimular e

mostrar certos elementos, fazendo com que os percursos sejam marcados por prazerosas

descobertas” (ABBUD, 2010, p. 20).

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O paisagismo tem como objetivo preservar a natureza ao mesmo tempo em que

proporciona bem-estar, paz, surpresa, aconchego e muito mais ao ser humano. Portanto, como

já dito anteriormente, os elementos já existentes na paisagem serão incorporados ao projeto

paisagístico. Com base nos dados trazidos pela Cartilha do CDHU (Companhia de

Desenvolvimento Habitacional Urbano), esses elementos são: vegetação, terra, água,

equipamentos de esporte e de lazer, mobiliário urbano, pisos, iluminação e detalhes

construtivos.

Vegetação: conjunto de organismos vivos presentes na natureza, que quando

articulados, permitem modificar o ambiente através de suas características, funções e

significados. É importante trabalhar com espécies nativas e disponíveis comercialmente,

de acordo com a região onde será desenvolvido o projeto. Deve-se considerar o porte e

o tempo de crescimento, sendo estes, respectivamente, moderado e rápido, e os tipos de

raízes, tendo em vista a infraestrutura instalada, tanto a área quanto a enterrada, não

possuindo raízes agressivas a ponto de prejudicar os passeios públicos (calçadas) e as

canaletas e guias. É importante estar atendo também à época de floração, características

das flores e frutos, toxidade e dimensão, de forma que sejam resistentes à pragas e

doenças e não ofereçam danos e perigos aos usuários. Além disso, deve analisado a

adaptação às qualidades do solo, os cuidados necessários e a adequação à paisagem da

região. A vegetação empregada deve ser basicamente de árvores e forrações, evitando-

se nos espaços públicos arbustos que formem moitas. As forrações dividem-se em

gramíneas e forrações propriamente ditas. As gramíneas são utilizadas em áreas as quais

sofrerão pisoteio e pleno sol. Já as forrações são destinadas às áreas sem circulação,

além de protegerem o solo contra processos erosivos (CDHU, 2008).

Terra: a construção de volumes permite a alteração da morfologia, permitindo a

modificação de usos e uma melhor distribuição dos espaços. No entanto, é importante

ressaltar a necessidade de respeito às características da topografia existente. Em terrenos

muito inclinados, deve ser utilizado o sistema de terraceamento para conter erosões. O

colo de cobertura deve ser preservado, pois é rico em matéria orgânica. Antes do plantio,

é necessário fazer a análise do solo para obtenção de melhores resultados, efetuando um

projeto que esteja adequado às condições do solo local. Além disso a textura e a cor da

terra são indicadores de sua qualidade e condições de fertilidade (CDHU, 2008).

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Água: o projeto paisagístico deve tirar proveito dos corpos d’água existentes no local,

pois proporciona conforto aos usuários. Devem ser planejados os projetos de drenagem

e irrigação, escolhendo-se os mais adequados (CDHU, 2008).

Equipamentos de Esporte e de Lazer: devem atender à normas específicas bem como a

todas as faixas etárias. No caso dos espaços públicos, são comuns: quadras

poliesportivas, parques infantis, pista de skate, campos de futebol, mesas para jogos, etc

(CDHU, 2008).

Mobiliário Urbano: assim como a vegetação, contribui para estruturar e organizar o

espaço. Costumam ser utilizados bancos, mesas, protetores de árvores, postes de

iluminação e dentre outros. É importante que sejam resistentes e exijam pouca

manutenção. Devem ser feitos detalhamentos, orçamentos e utilizados produtos

disponíveis no mercado e de fácil acesso na região (CDHU, 2008).

Pisos: a área pavimentada deve ocupar o menor espaço possível, permitindo a máxima

ocupação do solo permeável para absorção de água e ocupação de vegetação. A escolha

dos pisos deve ocorrer conforme os diferentes usos no projeto, considerando a qualidade

estética, durabilidade, permeabilidade, facilidade de manutenção, etc. Pisos drenantes

devem ser privilegiados (CDHU, 2008).

Iluminação: objetiva aumentar a segurança e oferecer condições para a utilização do

espaço externo pelo usuário. Devem ser feitos projetos específicos e detalhados dentro

das normas técnicas. A iluminação deve estar presente nos acessos, áreas de circulação,

lazer e esportes (CDHU, 2008).

Detalhes Construtivos: são elementos que possam facilitar os acessos, oferecer proteção

aos usuários e facilitar o escoamento das águas pluviais. São eles: escadas, rampas,

passeios, pisos, pérgolas, corrimãos, guarda-corpos, escadas hidráulicas e outros. As

soluções para acesso deverão ser feitas conforme a norma NBR 9050, que garante

condições de acessibilidade para portadores de deficiências (CDHU, 2008).

1.2 Espaços públicos e as pessoas

Gehl (2013), ao dissertar sobre o rápido crescimento das cidades, relata que tanto as

cidades novas quanto as existentes, deverão dotar de uma maior atenção quanto às necessidades

da população. O aumento da preocupação com pedestres e com a vida na cidade são decorrentes

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dos “quatro objetivos-chave – cidade com vitalidade, segurança, sustentabilidade e saúde”

(GEHL, 2013, p. 06). Reforça-se a ideia de cidades vivas, onde as pessoas se sintam convidadas

a permear os espaços públicos e manter uma conexão dos mesmos com suas atividades

cotidianas. Ao se terem mais pessoas circulando pelas ruas, aumenta-se consequentemente o

sentimento de segurança, afinal o ser humano necessita um do outro, poucos são aqueles que

buscam o isolamento.

Por toda a vida, temos uma constante necessidade de novas informações

sobre pessoas, sobre a vida à medida que ela acontece, e sobre a sociedade em torno

de nós. Novas informações são conseguidas não importa onde as pessoas estejam e,

portanto, em grande parte no espaço público [...]. As pessoas reúnem-se onde as coisas

acontecem e espontaneamente buscam outras pessoas. (GEHL, 2013, p. 25).

Gehl (2013) relata o crescimento na utilização dos meios eletrônicos de contato. A

sociedade passou nos últimos anos por mudanças, que levaram ao aumento da vida cada vez

mais privada. Diante disso, nota-se um aumento no desejo de estar em contato com a sociedade,

explicando assim, o aumento na utilização de espaços comuns.

A gama de atividades e atores demonstra as oportunidades do espaço público de

reforçar a sustentabilidade social. É significativo que todos os grupos sociais

independentemente da idade, renda, status, religião ou etnia possam se encontrar

nesses espaços ao se deslocarem para suas atividades diárias. (GEHL, 2013, p. 28)

.Os espaços públicos promovem o contato entre as pessoas e devem ser atrativos e de

preferência “elásticos”. Segundo Fontes (2013), os espaços devem ser abertos e priorizar as

pessoas, “os espaços que contêm características como reversibilidade (capacidade elástica),

flexibilidade (abertura para diversas apropriações) e imprevisibilidade (não rigidez dos usos),

ou seja, espaços menos ‘arquiteturizados’, são mais inclinados a receber diferentes

intervenções” (FONTES, 2013, p.391).

Portanto, projetos que visam a interação social, influenciam diretamente na qualidade

dos ambientes bem como da qualidade de vida das pessoas, estimula-se um convívio mais

harmonioso entre os habitantes, acarretando no bem-estar de todos. É importante ressaltar que

cada pessoa apresenta particularidades físicas e emocionais e talvez o que seja adequado para

um não seja para outro. Ou seja, conhecer os residentes, seus costumes, cultura e necessidades,

assegura a criação de espaços públicos de maior qualidade e com maiores condições de

aceitação pela população, promovendo maior abrangência de público ao compreender a

diversidade social existente.

1.2.1 Espaços públicos e a relação público privado

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O espaço público permite conectar pessoas de todo tipo e procedência, permitindo o

encontro entre desconhecidos, possibilitando a convivência entre grupos heterogêneos de

idades, gêneros e nacionalidades diferentes, sendo, portanto, um espaço democrático, a essência

da civilidade. O espaço público relaciona-se ao “exercício da alteridade e da diversidade. É no

espaço público que encontramos pessoas diferentes de nós “(CALLIARI, 2016, p. 46).

Segundo Calliari (2016), a convivência com diferentes, faz com que os indivíduos

adquiram a capacidade de compreender a si mesmos. A alteridade faz com que a convivência

em sociedade não se torne fácil, pois tem-se indivíduos com características e comportamentos

distintos. Dessa forma, é necessário estabelecer limites para que a convivência com o outro não

seja invasiva e garanta uma civilidade mínima.

Ao longo da história, foi construído um equilíbrio entre a vida pública e privada. A vida

pública nos leva a um certo distanciamento do eu diante da diversidade. No entanto, deve-se

transparecer aos outros bem como os outros devem transparecer a nós, de forma que a oposição

entre público e privado resulte em um equilíbrio entre pontos diferentes. (CALLIARI, 2016).

Jane Jacobs defende a ideia de que para que exista a fruição dos espaços públicos, é

necessário haver essa separação entre público e privado. Sendo assim, um bom convívio social

se estabelece a partir de regras e limites para que os assuntos pessoais não sejam levados ao

público de forma a torna-lo íntimo.

O equilíbrio entre público e privado é elemento essencial para as cidades, porém o

mesmo passou por transformações que, segundo Senett (1976, p. 34) ocorreu devido a três

forças que acarretaram no domínio do individualismo sobre o coletivismo:

Três forças estavam em ação nessa mudança: em primeiro lugar, um duplo

relacionamento que no século XIX o capitalismo industrial veio a ter com a vida

pública nas grandes cidades; em segundo lugar, uma reformulação do secularismo,

que começou no século XIX e que afetou a maneira como as pessoas interpretavam o

estranho e o desconhecido; e, em terceiro lugar, uma força, que se tornou uma

fraqueza, embutida na própria estrutura da vida pública no Antigo Regime.

Sennett (1976), relata que o século XX foi marcado pelo fim da cultura pública,

formando uma ideologia intimista marcada pela impessoalidade. As pessoas optaram por buscar

uma identidade comum, aproximando-se daqueles com quem pudessem compartilhar seus

sentimentos, mostrando-se inteiros aos outros. Tal fato prejudica o crescimento pessoal e

estreita as experiências pessoas, pois as pessoas se aproximarão apenas daqueles que se

identificam ao invés de construírem novos diálogos.

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As pessoas somente podem ser sociáveis quando dispõe de alguma proteção mútua;

sem barreiras, sem limites, sem a distância mútua que constitui a essência da

impessoalidade, as pessoas são destrutivas, não porque a natureza do homem seja

malévola [...] mas por que o efeito último da cultura gerada pelo capitalismo e pelo

secularismo modernos torna lógico o fratricídio, quando as pessoas utilizam as

relações intimistas como bases para as relações sociais (SENNETT, 1976, p.379).

Segundo Loboda (2009), diante de uma análise sócio espacial, os espaços públicos são

produtos das relações sociais e de políticas que atribuem ao mesmo formas e funções.

Enquanto expressão de um espaço em redefinição constante, os espaços públicos na

cidade contemporânea, ora se apresentam enquanto locais relegados ao esquecimento

pela perda de algumas de suas funções principais, notadamente aquelas relacionadas

ao encontro, à interação e à convivência, ou então por assumirem funções adversas;

ora se fazem notar por meio de políticas de promoção dos mesmos enquanto locais de

espetáculo na moderna cidade por meio de imagens simbólicas que lhes são

peculiares, variando no tempo e no espaço. Não menos importante, parece-nos que é

ressaltar o contrário, ou seja, o espaço público enquanto expressão de um processo de

produção da cidade, das suas contradições, conflitos e reflexos, por isso mesmo, o

lugar do possível, da intervenção, do ato político, da reivindicação, da festa, do lúdico

e do improviso (LOBODA, 2009, p. 52).

Hertzberger (1999) expõe que a questão de coletividade e indivíduo, refere-se a uma

polarização exagerada entre ambos, abrangendo a inter-relação entre pessoas e grupos e o

compromisso mútuo entre os mesmos.

Os conceitos de “público” e “privado” podem ser vistos e compreendidos em termos

relativos como uma séria de qualidades espaciais que, diferindo-se gradualmente,

referem-se ao acesso, à responsabilidade, à relação entre a propriedade privada e a

supervisão de unidades espaciais específicas. (HERTZBERGER, 1999, p.13).

Hertzberger (1999) expressa que a área pública e a área privada são concebidas a partir

de seu grau de acesso, da sua utilização e de quem é responsável por aquele local, estando

diretamente ligados às demarcações territoriais e à administração. Dessa forma, “conceitos

como o de público e privado restringem-se, portanto, a meras entidades administrativas”

(HERTZBERGER, 1999, p. 87).

O equilíbrio entre público e privado pode ser explicitado pelo equilíbrio entre abertura

e fechamento, demonstradas por Hertzberger (1999) a partir do mundo interior e exterior, por

exemplo, sendo que a união entre essas duas perspectivas se dá mediante a recursos

arquitetônicos, tais como “gradações de altura, largura, grau de iluminação (natural e artificial),

materiais, diferentes níveis do chão” (HERTZBERGER, 1999, p.86).

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Para Hertzberger (1999), a utilização de meios arquitetônicos adequados nos permite a

criação de condições para que os edifícios, tidos como privado, se tornem mais acessíveis e as

ruas (públicas) sejam mais convidativas diante do quadro de insegurança presente na sociedade

atual.

Ao selecionar os meios arquitetônicos adequados, o domínio privado pode se tornar

menos parecido com uma fortaleza e ficar mais acessível, ao ponto que, por sua vez,

o domínio público, desde que se torne mais sensível às responsabilidades individuais

e à proteção pessoal daqueles que estão diretamente envolvidos, pode se tornar mais

intensamente usado e, portanto, mais rico. (HERTZBERGER, 1999, p. 86).

Conclui-se que a eficiente aplicação dos recursos arquitetônicos contribui para a

estimulação das relações sociais, devendo-se manter o sentimento de comunidade, afinal o

homem necessita um do outro. O público e o privado devem receber igual atenção e servirem

como complemento um do outro.

1.2.2 Formas de apropriação do espaço público

A industrialização foi responsável pelas inúmeras transformações sofridas pelos centros

urbanos e também pelas pessoas. O surgimento de aparelhos cada vez mais tecnológicos,

acabou por afastar as pessoas dos espaços públicos. Dessa forma, planejá-los tornou-se um

desafio cada vez maior, afinal, não basta que esses espaços apenas existam, eles devem ser

vivenciados. Segundo Fontes (2013), as intervenções temporárias promovem a vitalidade dos

espaços, ocasionando na interação social e na criação de espaços mais amáveis. O conceito de

amabilidade urbana é empregado cada vez com mais frequência nos espaços públicos, “poderia

definir amabilidade urbana como a qualidade que surge da articulação entre as características

físicas do lugar, as intervenções temporárias que ocorrem sobre este espaço e as pessoas que o

utilizam e se conectam, demonstrando que a mesma surge da articulação entre as dimensões

física, temporal e social” (FONTES, 2013, p. 35).

Knuijt (2015, p. 87) defende que:

Espaço deve ser tornado “lugar” pela criação de locais acolhedores para se ficar. As

pessoas querem lugares para sentar, contemplar, debater, se exibir. Para contribuir

com uma paisagem de rua, é importante que sejam lugares para se ficar e desfrutar do

espaço público. O equilíbrio entre “lugar” e “movimento” na cidade apela por

direcionar o movimento e a possibilidade de mudar o uso do espaço [...]. O elemento

principal é priorizar os pedestres sem eliminar o trânsito motorizado. O pilar do

programa é fazer lugares movimentados e lugares tranquilos [...]

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Calliari (2016) ressalta que a vivência atribui sentido aos espaços, dessa maneira, a

qualidade espacial deve ser concreta e não meramente abstrata, pois é através de bons espaços

que se proporcionam experiências de vida. Conforne Karssenberg (2015, p. 15), “se o destino

é seguro, limpo, relaxado e fácil de compreender, e se os visitantes passeiam com suas

expectativas atendidas ou excedidas, esses visitantes permanecerão três vezes mais tempo do

que numa estrutura apática e confusa”.

Conclui-se que a apropriação dos espaços amplia o sentimento de pertencimento,

fazendo com que as pessoas se sintam confortáveis naquele local e desenvolvam a amabilidade

pelo mesmo, tornando o espaço público adequado e vivenciado, atendendo as demandas sociais

e exercendo funções. Apesar de ser algo que leva tempo, garante grandes benefícios para as

comunidades.

1.2.3 Acessibilidade Simbólica

A cidade contemporânea é marcada por diferenças e desigualdades que interferem nas

formas de apropriação do espaço público. Conforme SERPA (2004, p. 26), “o ‘capital escolar’

e os modos de consumo são elementos determinantes das identidades sociais”. Essa

territorialização dos espaços públicos é tida como acessibilidade simbólica, e na maior parte

dos casos, resulta na privatização de tais espaços.

GOMES (2002) destaca a dificuldade em relacionar as dimensões sociais e políticas

com os aspectos “concretos” do espaço público. A acessibilidade está diretamente vinculada à

demarcação dos territórios. Tem-se, portanto, uma dimensão simbólica diante da concretude

dos espaços públicos, pois esses são constituídos de uma acessibilidade física bem como

simbólica, que vai além do físico dos parques, praças, prédios públicos, ruas, etc.

Como dito anteriormente, diferença e desigualdade fazem parte do processo de

apropriação espacial, o que evidencia uma dimensão de classes que por sua vez revela

identidade sociais. Sendo assim, a acessibilidade na cidade contemporânea parque de uma

sociedade “hierárquica”. (SERPA, 2004).

A questão das identidades urbanas revela um reconhecimento de uma alteridade que só

acontece onde há o contato entre diferentes grupos, resultando em divisões do mundo social,

criando unidades de grupos com identidades distintas.

Tratando-se dos espaços públicos para as classes médias, revela-se que “ o parque

público é um meio de controle social, sobretudo das novas classes médias, destino ferol das

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políticas públicas que, em última instância, procuram multiplicar o consumo e valorizar o solo

urbano nos locais onde são aplicadas” (SERPA, 2004, p. 26). Tendo em vista o processo de

valorização imobiliária, os novos parques são implantados em áreas com algum interesse

turístico ou que possuam melhores condições de infraestrutura. Paris é um exemplo de que os

parques já nascem nos novos bairros como instrumento de valorização, onde os novos

equipamentos culturais e de lazer tornam-se polos “festivos” da cidade (SERPA, 2004). O

resultado, são espaços públicos centrais e turísticos, que revelam visibilidade e gigantismo,

tornando-se distantes e inacessíveis para o público que habita as periferias da cidade e apresenta

um perfil popular. Com as dificuldades de deslocamento, falta de opções de lazer, essa

população torna-se discriminada, resultando em uma segregação ainda maior da população de

baixa renda.

As classes populares também transformam os espaços livres seguindo os moldes das

classes de renda alta, privatizando esses espaços, interditando acessos, canalizando percursos e

levando à uma desertificação de muitas áreas nas periferias urbanas. Esse confinamento, no

entanto, agrava questões como o uso de drogas e a violência urbana. Os bairros populares

passam também por uma mercantilização das manifestações culturais, onde muitas deixam de

existir devido à expansão urbana e a falta de incentivos públicos, ressaltando os interesses

relacionados ao capitalismo e as atividades turísticas. (SERPA, 2004).

Portanto, com base nas questões apresentadas, conclui-se que a modernidade caminha

para um individualismo cada vez maior em detrimento das atividades coletivas. Para que os

princípios de identidade de classes sejam mantidos, opta-se por uma distância física e

psicológica, evitando-se o contato com o diferente e a criação de relações entre esses grupos.

Isso faz com que a classe popular seja cada vez mais discriminada, resultando em um processo

de segregação. A acessibilidade simbólica retrata justamente esse fato, pois onde deveria haver

o acesso a todos, há uma restrição decorrente da conversão dos espaços públicos em espaços

destinados ao consumo de cultura, constituindo uma cultura de massa, lazer e diversão. Essa

segregação social e espacial nos coloca diante do fato de que não estamos verdadeiramente

diante de espaços públicos, mas sim de espaços implementados para públicos específicos, cuja

acessibilidade torna-se restrita.

Análise visual conforme as teorias de Kevin Lynch, Gordon Cullen, Jan Gehl, Adriana

S. Fontes

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O projeto do Parque Urbano, fundamenta-se em quatro teóricos. São eles: Gordon

Cullen, Kevin Lynch, Adriana Sansão Fontes e Jan Gehl. Cullen aborda que a paisagem urbana

deve causar surpresas ao observador ao longo de seus percursos. Lynch trata do conceito de

legibilidade para a identificação dos ambientes. Fontes, por sua vez, explana a respeito da

amabilidade urbana e da influência das intervenções temporárias na transformação dos espaços.

Já Gehl, aborda a incorporação da escala humana para os projetos.

Gehl (2013, p. 118) ressalta que: “a boa qualidade ao nível dos olhos deve ser

considerada como direito humano básico sempre que as pessoas estejam nas cidades. Na escala

menor, a da paisagem urbana de 5km/h, é que as pessoas se encontram de perto com a cidade

[...]. As cidades devem propiciar boas condições para que as pessoas caminhem, parem,

sintetizem, olhem, ouçam e falem.”

Gehl (2013) aponta que a riqueza de detalhes e as experiências existentes nos espaços e

ruas, agem diretamente na qualidade dos percursos e no prazer sentido pelo pedestre ao

caminhar pelo local. As fachas térreas encontram-se a nível dos olhos e, portanto, também

influem sobre a qualidade dos passeios. A experiência do bem-estar das cidades liga-se a

harmonização dos espaços urbanos com o corpo humano. O autor explana ainda que

construções muito altas inseridas aleatoriamente na paisagem urbana, acarretam na ausência de

espaços de transição, criando condições desfavoráveis à permanência e circulação de pessoas.

Portanto, dimensões mais modestas referem-se a cidade ao nível dos olhos e propiciam

condições mais atraentes para as cidades, pois as pessoas não têm sua visão obstruída e

conforme caminham pelos locais podem contemplar fachadas e manter melhores relações,

tornando-se percursos mais agradáveis e qualitativos.

Tratando-se ainda da paisagem urbana, Cullen (2103) aborda que a paisagem deve gerar

surpresas ao observador. Para isso, analisa a paisagem diante de três aspectos: visão serial, local

e conteúdo. Conforme Cullen (2013), a visão serial refere-se ao fato de que através de percursos,

a cidade pode proporcionar ao observador sensações, deixando de ser monótona. Por sua vez,

o local diz respeito a posição do observador no espaço e suas emoções. Já o conteúdo abrange

a constituição da cidade.

A importância dos acidentes numa rua [...], reside na sua capacidade de prender o

olhar, impedindo-o de deslizar para longe, e evitando, desta forma a monotonia. A

disposição estratégica dos acidentes vem dar sentido às formas essências duma

determinada rua, dum determinado local. Pois, apesar de existir um padrão, as pessoas

não se apercebem dele devido às preocupações do cotidiano, tornando-se assim,

necessário chamar a atenção para ele. Creio que é principalmente devido à ausência

de acidentes que muitos projetam falham [...] (CULLEN, 2013, p. 46).

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Segundo Lynch (2011), as sensações sofridas pelos usuários também são resultantes da

organização das ruas e dos espaços. No entanto, apesar das surpresas gerarem diversas

sensações, o homem ainda necessita de um ponto para se nortear no espaço, pois lugares

desconhecidos causam desconforto e insegurança. Sendo assim, “a legibilidade é crucial para o

cenário urbano” (LYNCH, 2011, p. 03). Portanto, a legibilidade fornece clareza e faz com que

as pessoas se sintam seguras e confortáveis mesmo em ambientes desconhecidos.

[...] um ambiente característico e legível não oferece apenas segurança, mas também

reforça a profundidade e a intensidade potenciais da experiência humana. Embora a

vida esteja longe de ser impossível no caos visual da cidade moderna, a mesma ação

cotidiana poderia assumir um novo significado se fosse praticada num cenário de

maior clareza. Potencialmente, a cidade é em si o símbolo poderoso de uma sociedade

complexa. Se bem organizado em temos visuais, ela também pode ter um forte

significado expressivo (LYNCH, 2011, p.05).

Por fim, a qualidade do espaço público está atrelada também às intervenções

temporárias, uma vez que estas permitem estabelecer relações sociais. Atividades temporárias

se “[...] movem no âmbito do transitório, do pequeno, das relações sociais, que envolve

participação, ação, interação e subversão, e é motivada por situações existentes e particulares,

em contraposição ao projeto estandartizado, caro permanente e de grande escala” (FONTES,

2013, p. 61).

De acordo com Fontes (2013), as intervenções temporárias têm a finalidade de trazer

vitalidade ao espaços ao mesmo tempo em que gera uma interação entre as intervenções e a

população e também entre a população em si, guiando-se rumo à amabilidade urbana.

[...] o entendimento sobre as intervenções temporárias pode ajudar no projeto urbano

em uma série de aspectos. O primeiro seria a discussão sobre o destino dos lugares,

principalmente no caso de locais degradados ou subutilizados [...] a intervenção

temporária tem o potencial de formar identidade e reconquistar espaços, sendo um

meio para se qualificar partes da cidade [...]. O segundo aspecto se refere ao ganho

teórico de um repertório de atividades e políticas públicas, que podem ser importantes

na prática da requalificação urbana, além do avanço nas reflexões acerca dos conceitos

emergentes de cidade, e das práticas arquitetônicas nascidas de condições de

crescimento, movimento e transformação urbana. Uma terceira aplicação desse

aprendizado com as intervenções temporárias relaciona-se ao próprio projeto dos

espaços coletivos. (FONTES, 2013, p.390).

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II – RECORTE ESPACIAL

A análise morfológica da região permitirá compreender os aspectos físicos que

caracterizam a área de projeto, sendo instrumento fundamental para a elaboração do projeto

arquitetônico com base nas condicionantes, deficiências e potencialidades. Este processo faz

com que se obtenha o maior número de soluções para cada sítio a ser trabalhado, resultando em

um projeto com aspectos funcionais , construtivos, estéticos e econômicos de qualidade.

2.1 Araçatuba/SP e suas áreas livres

Araçatuba (imagem 1) é um município brasileiro localizado na região noroeste do

Estado de São Paulo. Segundo dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,

possui uma população de 181.579 habitantes conforme último censo (2010), população

estimada de 194.874 pessoas e densidade demográfica (2010) de 155,54 hab/km².

A cidade caracteriza-se por uma economia diversificada, com primórdios na

expansão cafeeira e, atualmente, tem-se o crescimento das lavouras de cana-de-açúcar. Destaca-

se também a pecuária, atividade a qual conduziu o município ao título de "Capital do Boi

Gordo" e a ovinocultura, com a criação de outros animais. Além dessas atividades econômicas,

Araçatuba é um pólo universitário e gastronômico e o setor de serviços predomina na cidade.

A história de Araçatuba está associada à construção da Estrada de Ferro Noeroeste

do Brasil- NOB, a qual pertencia a uma política que visava a interiorização do país e a ligação

do mesmo com outros países da América do Sul, objetivando a busca de recursos naturais e

para fins agrícolas. No dia 02 de dezembro de 1908, os trilhos atingiram o Km 280, onde foi

instalado um acampamento e deste, nasceu a cidade de Araçatuba.

Os espaços livres e as áreas de lazer não estão distribuídos de maneira uniforme

pela área urbana de Araçatuba, sendo possível observar uma maior concentração dos mesmos

na região centro-norte e uma qualidade espacial decrescente à medida em que se avança do

centro da cidade para a periferia. O município apresenta uma quantidade de áreas verdes que

vêm sendo redescobertas pela população araçatubense, seja para a prática de atividades de lazer

ou até mesmo para a realização de eventos sociais. Dentre essas áreas, destacam-se o Parque

Ecológico Baguaçu, Zoológico Municipal, Lagoa do Miguelão, Praia Municipal e o Parque da

Fazenda, objeto de uso para o projeto em questão. Tais áreas estão sob ações da Secretaria de

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Turismo e meio Ambiente. visando atrair moradores para essas localidades por meio das

progressivas melhorias realizadas, uma vez que, os espaços livres desempenham papéis

ecológicos, estéticos e de lazer, além de servirem como indicador da qualidade ambiental e da

vida das cidades. No entanto, essas áreas encontram-se degradadas e sofrem com o descaso do

poder público. Não possuem equipamentos adequados e uma manutenção periódica, o que gera

um sentimento de repulsa e insegurança por parte dos moradores, fazendo com que a população

não se sinta convidada a frequentar tais locais.

Imagem 1: Vista aérea da cidade de Araçatuba

Fonte: Google Imagens (2018).

2. 2 Área de implantação do projeto

O local escolhido para a implantação do Parque Urbano é o Parque da Fazenda

do Estado, localizado entre as avenidas dos Araçás e Dr. Alcides Fagundes Chagas (imagem

2). O mesmo é administrado pela Prefeitura de Araçatuba por meio da Secretaria Municipal do

Meio Ambiente e Sustentabilidade- SMMAS. A área possui 18,8 hectares, apresentando uma

riqueza na fauna e na flora. Foi criada a trilha de Malta, com cerca de 1 km de extensão onde é

possível observar a existência de diversas espécies de árvores nativas da região, além de

implantada a praça do idoso, playground e o ponto de leitura. Tudo isso é somado ao

paisagismo, feito com grama, orquídeas, árvores e bancos. Encontra-se também no local um

pomar, prezando atrair pessoas e pássaros. São desenvolvidas a horta orgânica e agroflorestal

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para a qualidade dos alimentos. O Parque da Fazenda é um local público, aberto diariamente

das 7h30 às 17h30 e o acesso principal é feito pelo portão situado na Avenida Alcides Fagundes

Chagas, 222- Aviação.

Imagem 2: Área de Intervenção

Fonte: Google Earth, editado pela autora (2018).

2. 3 Orientação solar e ventos dominantes

No que diz respeito aos ventos, são predominantes na direção sudeste e sua

intensidade é constante e maior no outono/inverno (imagem 3). Com isso, nas épocas mais

quentes, isto é, primavera/verão, a sensação térmica é mais elevada, portanto, o parque deverá

ser bem arborizado, proporcionando a ventilação necessária por meio da vegetação, garantindo

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o conforto dos usuários. Além disso, as construções executadas no local deverão possibilitar a

ventilação cruzada e através de espelhos d'água, fontes, etc, serão garantidas melhores

condições de umidade do ar.

Araçatuba é uma cidade de clima tropical, onde o verão é longo, com altas

temperaturas, abafado e com precipitações. Em contrapartida, o inverno é mais curto, com

temperaturas mais amenas e pouca precipitação. Sendo assim, serão adotadas técnicas para

melhorar o conforto térmico, como o uso de vegetação e elementos de sombreamento das

fachadas mais expostas à incidência solar. Na fachada sul, tem-se uma menor incidência, ao

contrário da fachada norte, que apresenta maior. A fachada oeste recebe o sol da tarde e, por

conseguinte, também deverá receber devida atenção quanto à proteção das aberturas, sendo que

nesse período o mesmo apresenta-se bem forte. Já a fachada leste recebe os raios solares na

parte da manhã, estes são mais fracos e considerados bons para o adentramento das edificações

(imagem 3).

Imagem 3: Mapa Orientação Solar e Ventos Dominantes

Fonte: Plano Diretor de Araçatuba, modificado pela autora (2018).

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2.4 Topografia

A área de estudo é caracterizada por grandes desníveis ao longo do terreno

(imagem 4). Através dos mapas de estudo topográfico, conclui-se que maiores desníveis são

gerados à medida em que se avança para o fundo do mesmo. Tais características levaram a um

estudo cuidadoso para a instalação das estruturas do parque de forma a garantir boas condições

de acessibilidade, facilitando a circulação dos usuários. O projeto propõe, portanto, a

manutenção do relevo existente, tirando partido de suas curvas no resultado arquitetônico final.

Imagem 4: Mapa Topográfico

Fonte: Global Mapper editado pela autora (2018).

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Imagem 5: Perfil Topográfico Transversal

Fonte: Google Earth, modificado pela autora (2018)

Imagem 6: Perfil Topográfico Longitudinal

Fonte: Google Earth, modificado pela autora (2018).

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2.5 Uso e Ocupação do Solo

O entorno do terreno é caracterizado pela predominância de lotes residenciais

(imagem 7). No entanto, nota-se uma diversidade de usos conforme se avança para o centro da

cidade. O prevalecimento de residências é aspecto positivo para o projeto já que a proposta do

mesmo é atrair a população desses bairros bem como de toda a cidade para o parque a ser

instalado.

Imagem 7: Mapa Uso e Ocupação do Solo

Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).

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2.6 Gabarito de Altura

Araçatuba caracteriza-se por um gabarito mais padronizado, com construções

térreas e a assobradadas (imagem 8). A cidade passou por um crescimento no quesito

verticalização das edificações, no entanto, tal verticalização ainda não é significativa a ponto

de torná-la uma cidade de grandes gabaritos. Sendo assim, os estudos nortearam a escolha da

escala projetual, de forma a possibilitar a unificação do parque com a cidade, sem que este

venha a destoar da mesma.

Imagem 8: Mapa Gabarito de Altura

Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).

2.7 Espaços de convívio

A cidade de Araçatuba possui poucos espaços destinados ao convívio e lazer. A maioria

desses espaços são praças (imagem 9) as quais encontram-se abandonadas devido ao

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desinteresse do poder público. Dessa forma, os passeios públicos (calçadas) tornam-se

empecilhos para a circulação de pedestres uma vez que se encontram sujas, cobertas por matos

e quebras. Além disso, os poucos equipamentos urbanos existentes não recebem manutenção e

estão instalados de maneira a não favorecer seu uso. A falta de iluminação dessas áreas também

merece destaque, pois ambientes escuros são mais propensos à criminalidade e geram

insegurança aos seus frequentadores. Sendo assim, o projeto prevê reunir todos esses aspectos

no âmbito de prover melhorias e assim, desenvolver um espaço público de qualidade e

convidativo para a população.

Imagem 9: Mapa Espaços de Convívio

Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).

2. 8 Áreas Verdes

A área de projeto engloba uma área de preservação permanente, com espécies nativas da

Mata Atlântica e um adensamento de mata fechada (imagem 10), o que permite a instalação do

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parque urbano. O local também contém uma área de reflorestamento que será intensificada com

a implantação de mais espécies nativas. O projeto tem o objetivo de proporcionar a integração

da população com a natureza ao mesmo tempo em que promove a educação ambiental.

Imagem 10: Mapa Áreas Verdes

Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).

2. 9 Zoneamento urbano

Conforme a análise do mapa de zoneamento urbano da cidade de Araçatuba-SP, tem-se

que o terreno onde será implantado o parque urbano, situa-se na Zona de Ocupação

Condicionada (imagem 11).

Imagem 11: Mapa Zoneamento Urbano

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Fonte: Plano Diretor de Araçatuba, editado pela autora (2018).

2.10 Sistema viário

A cidade de Araçatuba possui significativa quantidade de avenidas, sendo que as

mesmas recebem um grande tráfego de pessoas e veículos ao longo do dia, além de facilitarem

os deslocamentos pela cidade. O terreno em questão, encontra-se cercado por diversas avenidas

(imagem 12), o que contribuíra positivamente para o projeto de implantação do parque urbano,

pois haverá uma grande circulação de pessoas pelos entornos, levando-as a terem esse contato

visual com o parque, e posteriormente, estimulando o desejo de conhecer o local. Além disso,

facilitarão o acesso ao local para quem circula a partir de qualquer extremidade da cidade.

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Imagem 12: Mapa Sistema Viário

Fonte: Plano Diretor, editado pela autora (2018).

2.11 Pontos Relevantes

A área onde será implantada o projeto do parque urbano situa-se nas proximidades e no

trajeto para lugares que recebem uma grande quantidade de pessoas diariamente, tais como

postos para a prestação de serviços à comunidade, assim como também escolas e locais

pertencentes à área da saúde (imagem 13). Portanto, o parque estará situado em uma área de

visibilidade, o que permitirá que mais pessoas sejam atraídas a frequentá-lo.

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Imagem 13: Mapa de Visadas

Fonte: Plano Diretor de Araçatuba, editado pela autora (2018).

2.12 Cheios e vazios

Araçatuba conta com uma quantia considerável de vazios urbanos ao longo de sua

extensão (imagem 14). Essas áreas acabam por gerar transtornos à população devido ao seu

abandono e mal-uso. Espaços como esses tendem a favorecer a marginalização urbana, servindo

muitas vezes como esconderijos e pontos de utilização de drogas. Além disso, seu abandono

pode acarretar na proliferação de doenças e animais perigos e no acúmulo de lixo, oferecendo

riscos a saúde da população. A implantação do parque urbano objetiva a demonstração na

prática de como essas áreas realmente podem ser transformadas e o quanto benéficos esses

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espaços podem ser para a sociedade se projetados de maneira correta, visando atender as

necessidades da população e assegurar melhores condições de qualidade de vida.

Imagem 14: Mapa Cheios e Vazios

Fonte: Plano Diretor, modificado pela autora (2018).

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III - REFERÊNCIAS PROJETUAIS

3.1 Parque Villa-Lobos

Implantado num grande vazio urbano, localizado no bairro Alto dos Pinheiros, na região

oeste da cidade de São Paulo, o parque Villa-Lobos (imagem 15) tornou-se um dos locais mais

frequentados para passeio e prática de exercícios físicos ao ar livre. Durante a semana, cerca de

8 mil pessoas passam pelo local. Aos finais de semana, estima-se 50 mil frequentadores e aos

feriados, 60 mil. Desenhado pelo arquiteto Decio Tozzi, abrange uma área de 732 mil m²,

contando com aparelhos para ginástica, quadras, pista de cooper, trilhas, ciclovia, campos de

futebol, anfiteatro com 750 lugares (imagem 16), sanitários adaptados, bosque com diversas

espécies de árvores e vegetação da Mata Atlântica, biblioteca, etc. Segundo Decio, os gramados

para uso livre da população e as praças com áreas para descanso e lazer, trazem o significado

do paisagismo das praças e jardins urbanos brasileiros. O parque destaca-se por ser um dos

pioneiros da capital a ser adequado à acessibilidade de pessoas com necessidades especiais.

Para isso, foram pensados caminhos nivelados para facilitar os deslocamentos e equipamentos

elaborados para garantir a acessibilidade nos playgrounds e estações de ginástica.

Esse projeto apresenta-se como referência, pois propõe-se a transformar um vazio

urbano em um espaço público de lazer de qualidade, garantindo os requisitos de acessibilidade

e atraindo a população para o mesmo, fazendo deste, um local de permanência. Além disso,

colaborou para a eliminação dos problemas causados pelo uso anterior da área, tais como:

depósitos de lixos, material dragado do Rio Pinheiros e entulhos da construção civil. Tornou-

se um parque de lazer, cultura e esporte ao mesmo tempo em que promove o desenvolvimento

da educação ambiental, provando que vazios urbanos são capazes de garantir vitalidade desde

que recebam às devidas interferências e atenção.

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Imagem15: Parque Villa-Lobos

Fonte: Site Galeria da Arquitetura (2018).

Imagem 16: Anfiteatro Parque Villa-Lobos

Fonte: Site Galeria da Arquitetura (2018).

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3.2 Parque da Juventude – Aflalo & Gasperini Arquitetos/ São Paulo – Brasil

Localizado no Bairro Santana, na zona norte da capital paulista e com mais de 240 mil

metros quadrados, foi responsável pela alteração da paisagem local a partir de 2003, já que até

2002, a área abrigou o antigo Complexo Penitenciário do Carandiru, marcado pela extrema

violência. O parque resulta de um longo processo iniciado em 1999, com um concurso público

promovido pelo Governo do Estado de São Paulo. Entre as propostas, o projeto concebido pela

arquiteta paisagista Rosa Kliass em conjunto com o escritório Aflalo & Gasperini foi o

vencedor, contemplando três grandes áreas: esportiva, central e educacional. O parque (imagem

17) possui áreas sombreadas (imagem 18), decks para caminhada e observação, incorporação

de antigas estruturas, quadras poliesportivas, pista de skate, trilhas, preservação das espécies

existentes, biblioteca, ETEC etc (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO, 2018).

A escolha do mesmo como referencial projetual, assegura-se em seu caráter

multifuncional, englobando variadas áreas em um único espaço, recuperando uma região

degradada e transformando-a em um local de lazer e entretenimento ao ar livre, ao mesmo

tempo em que propicia a atribuição de novos significados. Nota-se a integração de diversas

atividades, mantendo a qualidade espacial, funcional e estética, de forma a garantir a

continuidade entre os espaços sem que destoem uns dos outros.

Imagem 17: Parque da Juventude

Fonte: Site Governo do Estado de São Paulo (2018).

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Imagem 18: Planos de vegetação- Parque da Juventude

Fonte: Site Governo do Estado de São Paulo (2018).

3.3 Parque Ibirapuera

Inaugurado em 21 de agosto de 1954 para comemorar o quarto centenário da cidade, o

Ibirapuera tornou-se o parque urbano mais importante da cidade de São Paulo. O projeto

arquitetônico foi responsabilidade do arquiteto Oscar Niemeyer, já o projeto paisagístico coube

ao paisagista Roberto Burle Marx, porém foi substituído pelo projeto de Otávio Augusto

Teixeira Mendes, engenheiro agrônomo. O parque abriga o Museu de Arte Moderna, Jardim

das Esculturas, Museu Afro Brasil (imagem 20), Oca do Ibirapuera, Fundação Bienal,

Planetário Ibirapuera, Auditório Ibirapuera e diversas áreas externas, incluindo a Praça de

Jogos, Bosque da Leitura, Jardim Japonês e dentre outros. Além disso conta com 13 quadras

iluminadas, pistas para corrida e passeio, ciclovia, espaços para descanso e áreas para shows.

Destaca-se pelo movimento “Inclusão Já”, cujo objetivo é conceber ao parque condições de

acessibilidade para que o mesmo possa receber pessoas com todos os tipos de deficiência em

suas dependências.

A escolha da obra ocorreu devido ao seu compromisso com a acessibilidade,

assemelhando-se ao projeto proposto. Além disso, oferece os mais variados atrativos para o

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público que o frequenta, incluindo passeios culturais e educativos, museus, ótima infraestrututra

e uma infinidade de opções para lazer. Com um caráter multifuncional, o parque possui um

programa de necessidades abrangente e nem por isso deixa de garantir o equilíbrio entre os seus

elementos, sendo assim, torna-se um atrativo para a população, demonstrando um cuidado com

as áreas verdes (imagem 19) e públicas e assegurando um espaço seguro e acolhedor.

Imagem 19: Áreas Verdes – Parque Ibirapuera

Fonte: Site Vida Sem Paredes (2018).

Imagem 20: Museu Afro Brasil – Parque Ibirapuera

Fonte: Site Vida Sem Paredes (2018).

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3.4 Quadro Comparativo- Referências Projetuais

Imagem 21: Quadro Comparativo Projetos de Referência

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Fonte: Elaborado pela autora (2018).

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Com base nas informações levantadas para a constituição do quadro comparativo

(imagem 21) entre as referências projetuais, foi possível chegar, portanto, a um programa de

necessidades que incorporasse todos esses elementos de análises, trazendo soluções projetuais

para o mesmo de acordo com as soluções adotadas em parques de reconhecimento. Sendo

assim, o projeto do parque urbano irá abordar a questão da educação ambiental a partir da

existência de atividades lúdicas, recreativas e trilhas, preservando a vegetação existente no

terreno em questão. Já a integração com o entorno ocorrerá a partir a partir de amplas áreas

verdes para que a população possa usufruir das mesmas. A acessibilidade, item de extrema

importância para o projeto, visa a abrangência de todos os tipos de público, ficando por conta

de equipamentos acessíveis e trajetos nivelados. O conforto ambiental implicará em uma

preocupação com a vegetação utilizada, com os sombreamentos e com as condições para

garantia do conforto térmico, fazendo com que o ambiente seja agradável e confortável,

estimulando a permanência das pessoas. Para finalizar, a setorização das áreas verdes ocorrerá

pela distribuição das praças e áreas ajardinadas ao longo do parque, sem concentrá-la apenas

em um local, pois o objetivo é fazer com que em qualquer lugar do parque, a população esteja

em contato com a natureza.

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IV – O PROJETO

4.1 Conceito e Partido

Parques urbanos são vistos pela maioria das pessoas como uma alternativa de refúgio

para a rotina exaustiva das grandes cidades, sendo utilizados para descanso, passeio e recreação.

No entanto, sua origem não limita-se única e exclusivamente a tal fator. Além da vontade de

embelezamento urbano e criação de espaços salubres e para passeio, são tidos como elementos

chave para o planejamento urbano, onde em meio à crescente urbanização e aos impactos

ambientais trazidos pela mesma, orientam a expansão das cidades e auxiliam na melhoria da

qualidade de vida e no saneamento do ambiente urbano, atribuindo novos usos aos espaços e

atraindo novos públicos. Devido as suas características gerais, os parques podem ser

considerados espaços de convívio, além de conferir às áreas vazias e abandonadas a

possibilidade de revitalização, permitindo que sejam vivenciadas pela população ao mesmo

tempo em que se tornam responsáveis pelo contato homem natureza, influenciando no

desenvolvimento da educação e consciência ambiental. O conceito do Parque IntegraCidade

(imagem 22) está embasado nas características do terreno, nas atividades desenvolvidas e no

atendimento dos mais variados públicos (imagem 23).

Imagem 22: Conceito do Projeto

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

Imagem 23: Local de Intervenção – Preservação da vegetação

Fonte: autoria própria (2018).

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O partido, consequência formal do conceito, orientou todo o desenvolvimento do

projeto. Sendo assim, a integração social será concretizada através da implantação de

intervenções temporárias e de um mobiliário urbano adequado que gere a aproximação dos

usuários. Serão implantados também pontos de apoio que estimulem a permanência da

população no local, tornando o espaço mais agradável para a manutenção de diálogos. A

preservação da vegetação se dá pelo plantio de novas árvores, pelos condicionantes,

manutenção da vegetação existente e da Trilha Cruz de Malta, composta por espécies nativas

da região. Além disso, a topografia também desempenha um papel importante na medida em

que os desníveis serão mantidos afim de não remover a vegetação local. A permeabilidade se

dá pelo uso do “não muro”, ou seja, existência de gradis ao redor do parque para assegurar

maior segurança aos visitantes do parque. Tratando-se da inclusão/acessibilidade, serão

trabalhado mobiliários adequados concomitantemente com o uso da NBR 9050 e do design

universal. Já a acessibilidade simbólica é expressa pela volumetria simples, com materiais de

“uso cotidiano”, isto é, simples e contextualizados ao parque, que gerem uma integração entre

o projeto e a natureza.

4.2 Intervenções Temporárias

Segundo Fontes (2013), uma forma de trazer vitalidade aos espaços públicos dá-se

através das intervenções temporárias as quais geram a apropriação destes por parte da

população, uma vez que permitem o estabelecimento de relações sociais (imagem 24),

promovendo a aproximação dos seres humanos por meio do contato coletivo. A alteração dos

usos nos espaços públicos resulta das inúmeras transformações sofridas pelos centros urbanos

e pela velocidade com que as coisas acontecem atualmente, fazendo com que, em sua maioria,

prevaleça o individualismo sobre o coletivismo. Dessa forma, pensar esses espaços tornou-se

um desafio cada vez maior, exigindo novas soluções, afim de que deixem de apenas existirem

e passem a ser também vivenciados. As intervenções temporárias são acompanhadas pelo

conceito de amabilidade urbana onde o espaço deve ser tornado “lugar”, ou seja, espaços

acolhedores, que estimulem a permanência das pessoas ao mesmo tempo em que ampliem o

sentimento de pertencimento, fazendo com que os usuários se sintam confortáveis e

desenvolvam a amabilidade urbana. Os espaços públicos devem ser atrativos e de preferência

“elásticos” dando abertura para diversas apropriações e diferentes públicos, contanto com

atividades variadas, atrações inesperadas e áreas que possibilitem a instalação de intervenções

temporárias. O parque IntegraCidade apresenta áreas livres que possibilitam a instalação de

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estruturas ligadas a recreação. O mesmo, dota-se também de um anfiteatro para a realização de

apresentações ao ar livre além de poder ser usado para permanência dos visitantes, onde estes

podem conversar, observar e descansar. O potencial elástico trazido pelas intervenções permite

uma gama de atividades e oportunidades de uso dos espaços públicos, dando a liberdade ao

usuário de escolher de forma criativa como se apropriar do espaço sendo sempre surpreendido

pelo mesmo.

Imagem 24: Intervenções Temporárias

Fonte: file:///D:/User/Downloads/Dialnet-AmabilidadeUrbana-5685577%20(1).pdf

4.3 Programa de Necessidades

O programa nasceu a partir da observação das atividades já exercidas pelos

usuários do local, determinando a escolha adequada de cada ambiente a ser implantado.

Por ser uma área de APP (Área de Preservação Permanente) o local é procurado pelos

usuários para a execução da trilha existente, a qual conta com uma gama de espécies

nativas. Além disso, recebe principalmente, aos fins de semana famílias que buscam por

uma opção de lazer ao ar livre, seja para a prática de piqueniques ou para levarem seus

filhos no playground instalado. Há ainda uma praça destinada aos idosos com

equipamentos adequados para a prática de exercícios dos mesmos. O fato de ser uma

área de preservação atrai muitos visitantes com finalidades educacionais, onde estes,

além de executarem a trilha e conhecerem as espécies, podem visitar a horta e as áreas

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de plantio de mudas. Como forma de preservar o espaço e agregar todas essas atividades

já desenvolvidas, o programa foi divido em blocos: esportivo, recreativo/gastronômico

e bloco verde com atividades de cunho ambiental (Imagens 25 e 26).

Imagem 25: Programa de Necessidades Bloco Esportivo

Fonte: Elaborada pela própria autora (2018).

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Imagem 26: Programa de Necessidades Bloco Verde

Fonte: Elaborado pela própria autora (2018).

4.4 Fluxograma e Organograma

O fluxograma (Imagem 27) do parque demonstra a conectividade entre os setores,

possibilitando o deslocamento entre eles. Os espaços abertos do parque permitem uma livre

circulação dos visitantes, convidando-os a percorrerem diferentes caminhos e a vivenciarem

surpresas ao longo dos mesmos. Com relação aos blocos construídos, estes podem ser acessados

por todos os caminhos existentes, onde a escolha do percurso dependerá do interesse particular

de cada visitante, assegurando-lhe a liberdade de escolher o que fazer e para onde ir. O acesso

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ao Parque IntegraCidade será feito por seus acessos principais, já que o mesmo será rodeado

por gradis afim de garantir a segurança de seus usuários, permitindo um melhor controle em

horários de menor visitação, garantindo o conforto, segurança e bem-estar da população,

evitando situações inoportunas e de risco. Fora isso, o visitante poderá delimitar suas próprias

rotas, seja pelos caminhos já estabelecidos ou pelo uso da sua criatividade.

O organograma do parque foi elaborado conforme a divisão do programa de

necessidades em três blocos, dando origem a diversos setores:

BLOCO ESPORTIVO

Setor administrativo: recepção e salas destinadas aos funcionários.

Setor de esporte e recreação: sala de dança, sala de artes marciais, salas de jogos,

pista de skate, quadras e campos de futebol.

Setor nutricional: refeitório e cozinha industrial.

BLOCO RECREATIVO E GASTRONÔMICO

Setor de vivências: playgrounds classificados por faixa etária, praça dos idosos,

anfiteatro, áreas livres, praça das águas, jardim sensorial e praça de alimentação

composta por food trucks.

BLOCO VERDE

Setor de preservação: espaço para educação ambiental, museu de espécies, área

para plantio de mudas, horta, pomar e lazer ecológico.

4.6 Topografia

Conforme destaca Cullen (2013), é necessário que saibamos trabalhar com os diferentes

níveis existentes no terreno, fazendo do relevo um elemento de destaque se pensado juntamente

ao projeto, tornando-se partido para a tomada de decisões projetuais. No projeto do Parque

IntegraCidade, os desníveis do terreno mais a densa vegetação existente no local, orientaram a

instalação dos ambientes e construções de forma a não interferir nas características naturais da

região. É importante ressaltar que os desníveis agem como barreiras visuais, onde ao longo do

percurso o visitante poderá deparar-se com surpresas, ou seja, é o chama visão serial.

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4.7 Complexo Esportivo

O Bloco Esportivo foi desenvolvido através da concepção de uma volumetria simples

composta por três retângulos os quais dão origem à formação de três eixos (imagem 29). Tais

eixos resultam na formação de um pátio central, onde se estabelece uma relação entre o

ambiente interno e externo de forma a propiciar o contato do homem com a natureza, fazendo

com que este tenha sempre a visão das áreas verdes que o circundam. Além disso, a volumetria

ajuda no conforto térmico, gerando microclimas que tornam mais agradáveis os ambientes,

ajudando também nas questões relativas à ventilação. A forma simples está associada ao

conceito de acessibilidade simbólica discutido por Serpa (2004), sendo assim, a forma se torna

contextualizada ao parque, ou seja, não distoa, mas sim se integra ao mesmo.

Imagem 29: Esquema Volumetria Bloco Esportivo

Fonte: Autoria própria (2018).

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Imagem 30: Planta Baixa Bloco Esportivo

Fonte: Autoria Própria (2018).

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Imagem 31: Planta Cobertura Bloco Esportivo

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

Imagem 32: Setorização Bloco Esportivo

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

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Imagem 33: Tabela de Esquadrias Bloco Esportivo – Portas

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

Imagem 34: Tabela de Esquadrias Bloco Esportivo – Janelas

Fonte: Elaborado pela Autora (2018)

Imagem 35: 3D Bloco esportivo

Fonte: Elaborado pela Autora (2018)

O projeto terá pé direito de 3,5 metros, laje de 0,15 cm em Steel Deck, platibanda de 1

metro, laje técnica de 1,5 metros, telhado verde, implantação de placas fotovoltaicas para

fornecimento energia à construção e ao parque e brise vegetal.

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4.8 Bloco Verde

O Bloco Verde, assim como o Bloco Esportivo, é composto pela junção de formas

simples. Composto por duas formas retangulares, acarreta na criação de dois eixos (imagem 36)

e na consequente formação de um pátio interno, cujas atribuições e benefícios refletem os

mesmos do Bloco Esportivo. Em seu pátio central, traz um local para criação de mudas, de

forma a estimular a educação ambiental e participação da população, além de contribuir para o

plantio de novas vegetações.

Imagem 36: Esquema Volumetria Bloco Verde

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

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Imagem 37: Planta Baixa Bloco Verde

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

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Imagem 38: Planta Cobertura Bloco Verde

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

Imagem 39: Setorização Bloco Verde

Fonte: Elaborado pela Autora (2018).

Imagem 40: 3D Bloco Verde

Fonte: Elaborado pela autora (2018).

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4.9 Mobiliário Urbano e Paisagismo

Gehl (2013, p.118) ressalta que “[...] As cidades devem propiciar boas condições para

que as pessoas caminhem, parem, sintetizem, olhem, ouçam e falem”, ou seja, o mobiliário

inserido no parque também deve atender a essa descrição, pensando em formas de atender a

todas essas condições. Serão inseridos pelo parque bancos confortáveis e com a projeção de

sombras, de forma a assegurar a permanência dos visitantes do local. Além disso, serão

colocados pontos de apoio para que durante diálogos as pessoas se sintam confortáveis e

mantenham uma maior relação social. Serão implantados também bancos de comprimento

menores para que as pessoas não fiquem tão distantes. A área apresenta uma APP com espécies

nativas, portanto, a proposta será manter essa vegetação, complementando-a com árvores de

portes variáveis e com crescimento rápido.

Imagem 41: Referência bancos

Fonte: Imagens Google

Imagem 42: Referência locais para descanso

Fonte: Imagens Google

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Imagem 43: Ipê Roxo

Fonte: Imagens Google

Imagem 44: Ipê Amarelo

Fonte: Imagens Google

Imagem 45: Jacarandá Mimoso

Fonte: Imagens Google

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Imagem 46: Pau Ferro

Fonte: Imagens Google

Imagem 47: Farinha Seca

Fonte: Imagens Google

4.10 Materiais e Técnicas Construtivas

Os passeios e caminhos receberam piso intertravado, para uma maior permeabilidade de

água. O anfiteatro e a pista de skate serão construídos em alvenaria. O parque contará com o

uso de aço e madeira tratada nas instalações recreativas ecológicas. Os dois blocos do parque

serão construídos em tijolo ecológico de solo cimento e laje em Steel Deck será usada nas

construções. A cobertura dos dois blocos será em telhado verde e receberão placas fotovoltaicas

para o fornecimento de energia aos blocos e ao parque. No bloco ecológico será empregado o

brise vegetal para proteção das fachadas com maior insolação, além deste também influenciar

no conforto térmico da edificação.

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Imagem 48: laje em Steel Deck

Fonte: Imagens Google (2018)

Imagem 49: Detalhamento Telhado Verde

Fonte: Autoria Própria (2018)

Imagem 50: Detalhamento Brise Vertical

Fonte: Autoria Própria

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Imagem 51: Tijolo de solo cimento

Fonte: Imagens Google (2018)

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao finalizar esse trabalho foi possível perceber a importância das áreas verdes nos

centros urbanos e o quanto eles desempenham papel de extrema importância na melhoria da

qualidade de vida da população. Além disso, nota-se o quanto os espaços influenciam

diretamente no comportamento humano e em fatos cotidianos. É preciso analisar os hábitos da

população, suas necessidades, os maiores problemas e as consequências de cada espaço

desenvolvido. Atualmente, não servem mais apenas com um agente embelezador da paisagem

urbana, mas sim como um instrumento do planejamento urbano que visa minimizar os

problemas gerados as cidades por fenômenos como a urbanização e industrialização.

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REFERÊNCIAS

ABBUD, Benedito. Criando Paisagens: Guia de trabalho em arquitetura paisagística. 4.

ed. São Paulo: Editora SENAC, 2010.

ALEX, Sun. Projeto da Praça: Convívio e exclusão no espaço público. 2d. São Paulo:

Editora SENAC, 2011.

BESTETTI, M. L. T. Ambiência: espaço físico e comportamento. Rev. Bras. Geriatr.

Gerontol., Rio de Janeiro, 17(3): 601-610. 2014. Disponível em:

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