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Iconografia do Rio de Janeiro na época da sua fundação Paulo Bastos Cezar

Iconografia do Rio de Janeiro na época da sua fundaçãoimagensdafundacaodorio.com.br/Livro.pdf · Em memória de Carlos Gustavo Pereira (Guta). A geografia de 1565 foi reconstruída

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Antonio Salóes Mendes, Arno Wehling, Capitão Rodrigo Rossi, Cesar Maia, Jacques Sillos, Márcia Lahtermaher, Maria da Conceição Viana, Murilo Medeiros, Naylor Vilas Boas, Pamina Milewski, Raúl Ortúzar, Raúl Tabarez, Renata Arouca, Ronaldo França e Soldado Gustavo Lopes.Em memória de Carlos Gustavo Pereira (Guta).

A geografia de 1565 foi reconstruída com base no que propôs Eduardo Canabrava Barreiros em seu atlas de 1965.

No modelo digital, a reconstituição do Morro do Castelo contou com os estudos dos professores Maurício de Almeida Abreu e Naylor Vilas Boas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ. Uma primeira versão do modelo 3D foi elaborada em 2002, para o Instituto Pereira Passos, autarquia da Prefeitura do Rio de Janeiro. Este protótipo não teria se viabilizado sem a participação de Alfredo Sirkis, Marcos Zambelli, Ana Tereza Barrocas, Luiz Arueira, Raul Tabarez e Rogério Porciuncula Macêdo. A segunda versão, mais precisa e detalhada, foi construída em 2015 por Pedro van Erven e Paulo Bastos Cezar, com produção executiva de Andrea Jakobsson Estúdio.

Paulo Bastos Cezar é editor e pesquisador, com especialidade em memória do Rio de Janeiro. Tem vários títulos publicados, como A Floresta da Tijuca e a cidade do Rio de Janeiro (Nova Fronteira, 1992); A Praça Mauá na memória do Rio de Janeiro (Ex Libris, 1989); A Capela de Nossa Senhora da Cabeça: Pequena joia do patrimônio cultural do Rio de Janeiro (Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, 2005); Rio 500 — uma janela no tempo sobre a cidade maravilhosa (IPP, 2002). Responde pela edição, redação e preparação de Praça XV — 1580/1988 (IplanRio, 1988) e Arcos da Carioca em cinco momentos de sua história (Index, 1988), ambos com arte de Carlos Gustavo Pereira (Guta) e coordenação de Olga E. Campista. Publicou a Coleção Patrimônio Turístico, com quatro volumes (Riotur, 2005-2007). Colaborou na preparação da primeira edição brasileira de O Rio de Janeiro no século XVI, de Joaquim Veríssimo Serrão (Andrea Jakobsson Estúdio, 2008), compilando seu caderno de imagens. Foi também um dos organizadores das comemorações de 200 anos da transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro, em 2008, para a Prefeitura do Rio, sob coordenação de Alberto da Costa e Silva.

É vedada a reprodução deste documento no todo ou em parte sem a autorização expressa da Editora

Andrea Jakobsson Estúdio Editorial Ltda.Rua Senador Dantas 75, grupo 1310+ 55 21 2533-9353www.jakobssonestudio.com.br

@ Andrea Jakobsson Estúdio Editorial, 2016

Catálogo para a exposição Rio de Janeiro — 450 anos: a fundação da cidade e seus marcos históricos, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, de outubro de 2015 a janeiro de 2016.

Pesquisa e texto Paulo Bastos CezarModelagem 3D e desenvolvimento Pedro van ErvenEdição e produção Andrea Jakobsson Estúdio EditorialDesign Maria da Glória Afflalo e Tatiana WanderleyRevisão Fernanda CarvalhoImpressão Sol Gráfica

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Iconografia do Rio de Janeiro na época da sua fundação

06 Os cariocas originais

10 Os primeiros visitantes europeus

14 O batismo do Rio de Janeiro

16 A França Antártica

20 Conquista portuguesa e fundação

24 A construção do Castelo

29 Imagens virtuais a partir de um modelo 3D

46 Notas, bibliografia, índice de ilustrações e abreviaturas

Capa: Detalhe do mapa Terra Brasilis, folha no 5 do atlas de Lopo Homem-Reinéis, c. 1520

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Esta publicação é o resultado de um levantamento dos registros originais sobre a aparência do Rio de Janeiro em torno de 1565, ano de sua fundação.

O acervo pesquisado abarcou mapas, gravuras e documentos impressos ou manuscritos datados do século XVI, conservados em arquivos históricos do Brasil, da França e de Portugal. Foram compilados também os relatos deixados pelos cronistas da época e as pesquisas posteriores de autores como Francisco Varnhagen, Capistrano de Abreu, Armando Cortesão, Gilberto Ferrez, Carl Vieira de Mello, Maurício de Almeida Abreu e Joaquim Veríssimo Serrão. Uma síntese da contribuição desses autores acompanha as imagens publicadas neste volume.

O trabalho resultou ainda na construção de um modelo 3D (maquete digital) do território onde transcorreram os episódios da ocupação da Guanabara por índios e europeus. A maquete abrange as regiões do Centro, da Zona Sul (até o Leblon) e Zona Norte (até São Cristóvão), incluindo a Serra da Carioca. Para reconstruir a geografia

do século XVI, antes dos aterros e desmontes que alteraram a paisagem, recorremos principalmente ao Atlas da evolução urbana da cidade do Rio de Janeiro: Ensaio, 1565-1965 de Eduardo Canabrava, e consideramos paisagens de regiões próximas que permaneceram preservadas. Por fim, sugerimos a forma de algumas edificações pioneiras.

Trata-se de um modelo aberto, que permite sucessivas atualizações e outros desenvolvimentos. Com base no modelo 3D, foi elaborado um aplicativo para computadores que apresenta de forma interativa os principais fatos da fundação da cidade e permite que o usuário explore o cenário natural e as primeiras construções. Um filme de seis minutos foi extraído do aplicativo e editado em formato mp4.

O resultado da pesquisa foi apresentado no Museu Histórico Nacional entre outubro de 2015 e janeiro de 2016, no contexto das comemorações dos 450 anos da fundação do Rio de Janeiro, e está disponível para consulta em imagensdafundaçãodorio.com.br, sob as regras do Creative Commons.

O mapa da costa brasileira em 1555, de autoria do cosmógrafo veneziano Giacomo Gastaldi, ilustrou o livro de viagens do diplomata e geógrafo veneziano Giovanni Battista Ramusio

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Antes do ano 700 da Era Cristã, a Guanabara era o lar de índios da linhagem goitacá. Eles viviam principalmente da coleta de moluscos, e o principal testemunho que nos deixaram são os sambaquis, grandes montes de conchas no litoral.1

Quando os europeus aqui chegaram no século XVI, esses índios de cultura mais primitiva já haviam sido deslocados pelos da grande nação tupinambá, que povoava toda a costa desde o Ceará até Cananéia, no litoral paulista.2

Os tupinambás haviam domesticado plantas e animais, dominavam técnicas de pesca e manejo de rios, caçavam e coletavam nas florestas e nos

campos. Seu artesanato incluía cerâmica, tecelagem, armas e utensílios de madeira. Viviam em aldeias de até dois mil moradores, compostas de grupos familiares afins. Eram semissedentários: moviam suas aldeias constantemente, em grandes canoas, buscando melhores pontos de pesca e novas terras para plantio.3

Os tupinambás não formavam um estado. Organizavam-se em várias aldeias, em conflito constante com seus vizinhos. Eram comuns as expedições guerreiras por fontes de alimento, como na época da piracema da tainha ou da colheita do milho. O canibalismo ritual era uma prática corrente.4

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Batalha das canoas (acima), e Sacrifício de um prisioneiro são gravuras extraídas do livro Americae Tertia Pars, com ilustrações de Théodore de Brye para o relato da viagem de Hans Staden, publicado em 1592

A gravura da página ao lado, denominada Carta Ficticia, foi realizada com base nos relatos de Nicolas de Villegagnon e Jean de Léry. Indica a localização e o nome de várias tabas indígenas no recôncavo da Guanabara

A xilogravura intitulada Figure des Brisilians foi atribuída a Jean Cousin e publicada em Paris em 1551. No ano anterior, os comerciantes de Rouen comemoraram a visita do rei com uma grande “festa brasileira”, apresentando indios e animais

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Na região da Guanabara, há registro de duas denominações tupinambás: os tamoios e os temiminós.5 Eram parentes, mas rivais. Numa guerra que ocorreu pouco antes da chegada dos franceses, os temiminós foram derrotados e muitos deles seguiram para o norte, onde hoje é o estado do Espírito Santo, e se puseram sob a proteção dos portugueses, que lá estavam desde 1535.6

Em 1555, o francês Jean de Léry contou 22 aldeamentos tamoios nas margens da Baía de Guanabara. O maior contingente ficava na atual Ilha do Governador, com cinco aldeias. Outro localizava-se próximo à foz do Rio Carioca, onde hoje está o bairro do Flamengo.7

Uma estimativa recente, que considerou o relato de outros cronistas, sugere que havia pelo menos 84 tabas indígenas no recôncavo da baía, somando mais de 80 mil habitantes.8

Com a chegada dos europeus, formaram-se alianças: os tamoios criaram relações de troca com os franceses, que chamavam de maïr, já os temiminós se aproximaram dos portugueses, que denominavam perós. O contato com os europeus alterou profundamente a vida dos indígenas. Sua economia voltou-se para os produtos desejados pelos viajantes, como madeiras, ervas e plantas de cheiro e medicinais,

peles de animais, arranjos plumários e tabaco. Em troca, obtinham armas e artefatos de metal, bem como proteção contra seus inimigos.

Mais tarde, com a colonização portuguesa, as aldeias foram agrupadas em reduções controladas pelos jesuítas. Seu tecido social foi reorganizado em torno da catequese e do trabalho agrícola da nova colônia. Há relato de vastas epidemias. A última aldeia na Guanabara (São Lourenço, em Niterói) foi oficialmente dissolvida em 1866, mas os índios já haviam sido exterminados ou aculturados muito antes.9

O livro Les Singularitéz de la France Antarctique (Singularidades da França Antártica), de André Thevet, foi publicado em Paris em 1557. As gravuras retratam a preparação dos alimentos, o corte do pau-brasil e a execução ritual de um inimigo. O relato sobre a vida dos homens do Novo Mundo deflagrou na Europa um intenso debate filosófico e teológico e inspirou novas teses sobre paraíso e utopia

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A partir do século XV, a Era das Navegações abriu caminho para novas potências da costa atlântica europeia. Estados nacionais se fortaleceram em Portugal, na Espanha, França e Inglaterra. Aventureiros e colonizadores buscavam riquezas nas terras recém-descobertas, patrocinados por reis, comerciantes e banqueiros, muitos deles judeus ou cristãos novos. Procuravam as mercadorias de maior valor na Europa: especiarias, tinturas, escravos, açúcar e principalmente ouro e prata.

Em 1501 chegou ao Brasil uma expedição organizada pelo comerciante português Fernando de Noronha para explorar as reservas de pau-brasil. Seu preposto a bordo era Américo Vespúcio, comerciante florentino já conhecedor do continente que anos depois teria o seu nome. As naus desceram pelo litoral brasileiro até Cabo Frio e então retornaram a Portugal. Em 1503 Vespúcio se tornaria piloto de uma nova expedição, que provavelmente permaneceu na Guanabara por cinco meses, estabelecendo uma feitoria na Ilha dos Maracajás (hoje do Governador) para reunir e embarcar pau-brasil. Após a partida da frota, 24 europeus permaneceram na feitoria. Este teria sido o primeiro assentamento português nas Américas.10

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Johann Schöner construiu em 1515 este globo de madeira, manuscrito e iluminado, conhecido como Globe Vert. Nele, o sítio do Rio de Janeiro é indicado como R. de Refens

Retrato de Américo Vespúcio, comerciante florentino e grande explorador do Novo Mundo a serviço das coroas de Espanha e Portugal. Em suas cartas, relata como esteve na primeira expedição portuguesa que passou pelo Rio de Janeiro em 1502, retornando em uma segunda viagem no ano seguinte

America Cognita (acima) mostra a América conhecida pelos europeus no final do século XVI. Foi publicado em 1592. O Rio de Janeiro é indicado na foz de um largo curso d’água que dava acesso ao coração do continente. O mapa portulano (ao lado) foi elaborado por João de Lisboa, piloto que cruzou as rotas do império colonial português no século XVI e publicou um rico livro de marinharia em 1514

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Mais bem documentada foi a expedição de Cristóvão Pires, a bordo da nau Bretoa, que partiu de Lisboa em 1511 com destino à feitoria de Cabo Frio. A região de coleta de madeira se estendia até a Guanabara: os portugueses mantinham um assentamento na Ilha de Maracajá, também conhecida como do Gato, ou do Governador.11

Partida a Bretoa, permaneceu na feitoria o português João Lopes de Carvalho, tratando com os índios para estocar pau-brasil e víveres para as próximas naus. Meses depois voltou a Portugal, mas retornou ao Brasil como piloto na esquadra de Fernão de Magalhães, que completaria a primeira volta ao mundo. Na Guanabara, João Lopes encontrou o filho que lhe havia dado uma índia — um menino de sete anos que seguiu viagem com ele para o Pacífico.12

Outro relato sobre a Guanabara está no diário de navegação de Pero Lopes de Sousa, escrivão da armada de seu irmão Martim Afonso de Sousa. Ele conta que estiveram ali por quatro meses, em 1531, a caminho de São Vicente, para consertar e abastecer as naus. Estabeleceram boa relação com os tupinambás e organizaram uma expedição pelo interior. Talvez

tenham construído a casa de pedra, no Flamengo, citada anos mais tarde na descrição da sesmaria da cidade.13

Conhecemos também o relato de Hans Staden, marinheiro alemão que naufragou na costa brasileira e permaneceu prisioneiro dos tupinambás até ser resgatado pelos franceses em 1554. Na passagem pela Guanabara, houve confronto com uma nau portuguesa. O desenho dessa batalha (ao lado) é considerado a mais antiga imagem do Rio de Janeiro.14

O mapa de Gaspar Viegas (na página ao lado), de 1534, incorpora as informações recolhidas pela expedição de Martim Afonso de Sousa dois anos antes. Indica o topônimo Rio de Janeiro, que por essa época já se tornara de uso comum

Página do diário de bordo (abaixo) da expedição de Martim Afonso de Sousa à costa brasileira. A frota de quatro caravelas e uma nau, com 400 tripulantes, esteve no Rio de Janeiro entre abril e julho de 1531

O marinheiro Hans Staden esteve na costa brasileira entre 1548 e 1554, a bordo de navios comerciantes de pau-brasil. Depois de muitas aventuras, sua embarcação naufragou, e Staden foi aprisionado pelos tupinambás. Posteriormente, foi resgatado pela nau francesa Catherine de Waddeville (acima) e retornou à Europa, onde publicou um livro com as memórias de sua viagem (ao lado)

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Antes de ser “Rio de Janeiro”, a região teve várias denominações. Em mapas e relatos da época, estão registrados “Rio de Reféns”, “Rio de Santa Luzia” ou simplesmente “Sombreyro”, porque o Pão de Açúcar lembrava o formato de um chapéu. Em 1527, o cartógrafo Diogo Ribeiro usou o nome “Rio de la Judia”.

Segundo uma hipótese formulada por Francisco Varnhagen, a expedição portuguesa de 1501 (a de Vespúcio) teria nomeado diversos pontos do litoral brasileiro segundo o santo católico do dia de cada descobrimento. A hipótese é consistente com o calendário — inclusive a passagem da expedição pela Guanabara em janeiro de 1502.15 Mas não chegaram até nós relatos originais dessa viagem ou mapas que citem o Rio de Janeiro nos anos seguintes.

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o Entre 1519 e 1522, uma frota comandada por Fernão de Magalhães completou a primeira viagem de volta ao mundo. Esteve na Guanabara por cerca de duas semanas; abasteceu os navios, embarcou uma carga de pau-brasil e seguiu viagem nos últimos dias de 1519. Meses depois, um dos marinheiros dessa expedição, interrogado pelos portugueses, relatou que na costa do Brasil haviam passado por “um ryo que se chama de Janeiro”.16

Nessa mesma época, os cartógrafos do rei de Portugal elaboraram um mapa conhecido como Tabula hoc Regiones Brasilis, ou Terra Brasilis, e nele utilizaram o nome “R. De Janeyro”. Sua datação situa-se entre 1519 e 1523.17

Quanto à alegação de que os portugueses haveriam confundido a entrada da Baía de Guanabara com a foz de um rio, deve-se lembrar que a palavra ria (ou rio), mais comum naquela época do que hoje, aplica-se perfeitamente aos estuários invadidos pela água do mar, como é o caso do Rio de Janeiro.

O mapa aquarelado de Maggiolo (ao lado), elaborado por volta de 1504, designa o sítio da Guanabara como “Rio de Reféns”. Essa referência é encontrada também no planisfério de Nicolau de Cavério e na carta anônima, dita Kunstmann II, ambas de 1503. Terra Brasilis (embaixo), folha 5 de uma coleção de cartas conhecida como “Atlas Müller”, indica o local do “R. de Janeyro”

Depoimento de um marinheiro da expedição de Fernão de Magalhães, que relata como as embarcações seguiram pela costa do Brasil, em 1521, “até o ryo que se chama janeiro, onde estiveram por 15 ou 16 dias”

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Em 1555, aportou na Guanabara uma esquadra francesa sob o comando de Nicolas de Villegagnon. Há mais de 20 anos os franceses vinham regularmente à costa brasileira em busca de pau-brasil para fabricar corantes usados na sua indústria têxtil. Mas, dessa vez, o objetivo era fundar uma colônia permanente, que chamaram de França Antártica.

Partiram do porto do Havre cerca de 600 colonos na primeira leva de povoamento. Chegando ao Rio de Janeiro, ergueram uma fortificação numa pequena ilha defronte à entrada da Baía de Guanabara, conhecida ainda hoje como Ilha de Villegagnon, sede da Escola Naval. Planejaram também construir no continente sua cidade, que denominaram Henryville, perto do Morro da Glória. Mas seriam expulsos pelos portugueses antes que ela prosperasse.18

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a Dois dos colonos da França Antártica deixaram relatos: Histoire d’un voyage a la terre du Brésil, do calvinista borgonhês Jean de Léry,19 e Les Singularitez de la France Antarctique, do católico André Thevet,20 de Genebra.

Villegagnon retornou à França em 1559, em meio a uma crescente tensão no interior de sua colônia, que estava dividida pelos mesmos conflitos religiosos entre católicos e protestantes que dilaceravam a Europa. A influência crescente dos calvinistas e as regras cada vez mais restritivas de comportamento, que proibiam o concubinato com as índias, motivaram brigas e deserções. Rebeldes foram executados. Antes mesmo que os portugueses articulassem sua reação militar, o sonho da França Antártica começava a naufragar.21

À esquerda, navegantes europeus embarcam para o Novo Mundo na gravura elaborada na oficina de Théodore de Brye e publicada em Frankfurt em 1592

Na pequena Ilha Henry, em 1555, os franceses de Villegagnon construíram sua principal fortificação. A gravura abaixo foi incluída no livro de André Thevet. Contudo, o relato de Jean de Léry, Histoire d’un Voyage (embaixo, à esquerda), é o mais detalhado sobre o assentamento

Conhecida como Gouffre de la riuiere de Ganabara ou Janaire, a imagem é um levantamento da baía feito pelos franceses em 1556 e publicado no livro de André Thevet. Mostra a localização dos assentamentos dos franceses e das várias tabas dos tamoios

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Os franceses foram senhores do Rio de Janeiro por cinco anos. Em 1560, o governador do Brasil, Mém de Sá, entrou na Guanabara à frente de 120 portugueses e 140 índios temiminós e carijós. Depois de receber reforços provenientes de São Vicente, as naus portuguesas atacaram e arrasaram o forte de Villegagnon, defendido por 74 franceses. Muitos deles já haviam deixado a ilha, espalhando-se pelo recôncavo junto aos tamoios. Mas, depois da vitória, os portugueses voltaram para Salvador e São Vicente sem deixar no Rio de Janeiro qualquer assentamento relevante.22

Os franceses perderam a batalha, mas continuaram a explorar o comércio da região: em 1562, pelo menos sete de suas naus carregaram madeira na Guanabara. Já não havia um comando unificado, nem um projeto de colonização, mas os franceses ainda eram a única presença europeia permanente no Rio de Janeiro. E os tamoios continuavam senhores de toda a costa. A melhor representação do Rio nessa época é o mapa de Jacques de Vaulx de Claye (embaixo), que acompanhou

A imagem publicada em La Cartographie Universelle (página ao lado), de André Thevet, retrata a batalha pelo forte Coligny, travada em 15 de março de 1560. Uma frota portuguesa, sob o comando de Mém de Sá, ataca e arrasa o reduto francês. Ao fundo, a Ilha dos Margaiaz, hoje do Governador, principal assentamento tamoio

O episódio foi registrado numa carta de Mém de Sá a Dona Catarina, regente do trono português, e nos relatos de dois padres jesuítas. Mém de Sá destacou a bravura de seu sobrinho Estácio, que liderara o ataque à cidadela francesa. Informou também que contara com valiosas informações de um renegado francês, de nome Jean Cointa, que permitiram aos portugueses atacar os pontos fracos das defesas de seus inimigos.23

a expedição enviada a Cabo Frio pela regente Catarina de Médici para preparar uma futura campanha de reconquista. Vê-se o território de atuação dos franceses na região: estendia-se da Baía de Guanabara (no alto) até a ponta de Cabo Frio. Indica as áreas de plantação, os pontos de pesca e as principais edificações existentes. Toda a zona era de fácil navegação, rica em pau-brasil e povoada pelos aliados tamoios. Mas na época em que foi desenhado a Guanabara já era dominada pelos portugueses.

A gravura abaixo acompanha um mapa holandês e retrata um grupo de calvinistas no Rio de Janeiro em 1556

À direita, o mapa aquarelado desenhado em 1579 pelo cartógrafo francês Jacques de Vaulx de Claye

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Em meados do século XVI, o maior desafio militar português era o domínio dos ricos portos comerciais da Índia. Mas as terras da costa atlântica do Novo Mundo, que Portugal considerava suas de pleno direito desde o Tratado de Tordesilhas, estavam sob ameaça de outras potências marítimas. O Rio de Janeiro, melhor porto natural entre a Bahia e o Rio da Prata, foi então escolhido para abrigar uma cidade portuguesa e afastar os aventureiros.

A expedição fundadora, sob o comando de Estácio de Sá, chegou ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1565. Trazia cerca de 300 portugueses, recrutados principalmente na Bahia, no Espírito Santo e nas vilas da costa paulista, como São

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ão Sebastião, Itanhaém e Cananéia. Acompanhavam os portugueses centenas de índios aliados, a maioria da família temiminó.24

Como os franceses e os tamoios controlavam a baía, Estácio optou por construir sua primeira praça forte em uma praia estreita, entre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão, com saída para a baía e para o mar aberto, onde hoje estão as instalações do Exército no bairro da Urca. Segundo o relato do padre José de Anchieta, que acompanhava a expedição, começaram a lavrar a terra e a erguer uma paliçada no dia 1o de março. Esta passou a ser considerada pelos historiadores a data oficial de fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, batizada em homenagem ao rei menino de Portugal.25

A nau quinhentista que ilustra o mapa deAbraham Ortelius, de 1589, representa o tipo de embarcação que formava o grosso da frota portuguesa dos descobrimentos.As menores carregavam 300 toneladas e 100 tripulantes

Jorge Reinel e seu pai, Pedro, foram os mais importantes cartógrafos de seu tempo. Serviram aos reis da Espanha, em Sevilha, e depois à Coroa portuguesa. A carta náutica do Oceano Atlântico (acima), de 1534, é atribuída a Jorge Reinel e revela os interesses das grandes potências da época

Ao lado: o detalhe do mapa de Luís Teixeira (ver p. 25) mostra onde se situava a “cidade velha”, o antigo arraial de Estácio de Sá no sopé do Pão de Açúcar, assentado em 1o de março de 1565

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Nos dois anos seguintes houve escaramuças entre as forças rivais. Com a chegada de reforços comandados por Mem de Sá, os portugueses se lançaram ao ataque em 20 de janeiro de 1567, dia de São Sebastião. As naus europeias, com sua artilharia, combateram ao lado das canoas indígenas. Os tamoios haviam montado defesas no alto do morro que hoje chamamos de Glória, comandados por seu líder Uruçumirim, junto aos franceses.

A batalha foi feroz e terminou com a vitória portuguesa. Estácio de Sá foi atingido por uma flecha e morreu aos 37 anos. Tombaram também muitos portugueses, franceses e centenas de tamoios, entre eles o chefe Aimberê. Aldeias foram expulsas e prisioneiros executados.26

O governador Mem de Sá voltou para Salvador e deixou aqui, como capitão, outro sobrinho: Salvador Correia de Sá. Sucessivas gerações da família governaram a cidade até o início do século XVIII e controlaram grandes extensões de terra no Rio de Janeiro e em Angola. Estácio foi enterrado na Igreja de São Sebastião, que ficava no alto do Morro do Castelo. Em sua homenagem, foi erguido um monumento no Parque do Flamengo, inaugurado em 1973, conforme projeto do arquiteto Lúcio Costa.

Conquistado o território, os novos senhores passaram a distribuir lotes de terra, ou sesmarias, aos novos colonizadores. Os temiminós assentaram-se primeiro na região que seria hoje o bairro de São Cristóvão, e depois na redução jesuítica de São Lourenço, em Niterói. Os jesuítas receberam grandes sesmarias, ergueram seu colégio e se dedicaram ao projeto de construir no Novo Mundo uma sociedade de base indígena sob inspiração cristã.

Na colonização portuguesa, os núcleos urbanos eram primeiramente reconhecidos como vilas ou arraiais, mas o Rio de Janeiro já nasceu como cidade, sob autoridade do rei e de seus governadores. Logo foi instalada também a administração civil, que incluía conselho, alcaide-mor, juiz ordinário, tabelião, escrivão, carcereiro, provedor da fazenda, feitor e almoxarife.

Acima: detalhe de uma folha do registro das sesmarias distribuídas por Salvador Correia de Sá. Os colonizadores dividiam as terras entre si

Naus europeias trocam fogo de canhão defronte a uma costa povoada por índios. Gravura publicada no livro Americae Tertia Pars em 1592.Abaixo: Ainda do mapa de Luís Teixeira (p. 25), o destaque aponta a ocupação portuguesa em torno do Morro do Castelo e também a aldeia de Martinho, dos índios aliados

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Vitoriosos, os portugueses trataram de escolher um local apropriado para a instalação definitiva de sua cidade. Optaram por uma elevação na orla da baía, cercada de terrenos alagadiços que a tornavam mais segura contra invasores. Ali, ergueram sua fortificação (ou castelo), a igreja de São Sebastião e as primeiras casas e oficinas. Os jesuítas construíram seu colégio, onde formavam missionários e orientavam a administração da nova colônia. O lugar passou a se chamar Morro do Castelo e foi o berço da cidade até o século XX, quando acabou arrasado por uma reforma urbanística. É o lugar que conhecemos hoje como Esplanada do Castelo.27

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No detalhe do mapa de Jacques de Vaulx de Claye (ao lado), vê-se uma representação do Morro do Castelo e de seu entorno em 1579. Indica o forte artilhado no alto (Castelo), as plantações ou jardins e também o local da antiga olaria dos franceses (briqueterie)

O arraial erguido ao sopé do Pão de Açúcar foi progressivamente abandonado, mas mantido como ponto forte de defesa da baía. O forte de São Martinho, antiga paliçada de Estácio de Sá, ainda ocupa o mesmo lugar. Embora bastante alterada, é com certeza a ocupação mais antiga da cidade.

Naus francesas retornaram à Guanabara em 1568, atacando a aldeia temiminó em São Lourenço (Niterói), mas foram rechaçadas pela artilharia de Salvador Correia de Sá. Ao longo do recôncavo e das lagoas até Cabo Frio seguiam-se os embates, e os portugueses foram ocupando suas sesmarias. Somente na década seguinte, com a ação militar do governador Antônio Salema, os tamoios seriam inteiramente subjugados e os últimos franceses expulsos da região.28

O Roteiro de todos os sinais, de 1586 (acima), é um precioso guia de navegação para a costa brasileira. Há um mapa e uma descrição para cada porto. Seu autor é Luís Teixeira, patriarca de uma família de cartógrafos portugueses de sobrenomes Teixeira e Albernaz

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Da fortaleza no Morro do Castelo, a povoação foi descendo para a praia, com a qual se ligava pela ladeira da Misericórdia. Construíram-se depósitos, trapiches e oficinas, depois casas de morada e igrejas ao longo da Rua Direita (hoje Primeiro de Março) e suas transversais. Os morros próximos tocaram às ordens religiosas e os engenhos de açúcar se espalharam pelo recôncavo da baía.

Em 1578, o jovem Rei D. Sebastião lançou-se com seu exército ao norte da África, onde foi capturado e morto. Portugal já não tinha soberano, nem exército, nem herdeiro natural ao trono. Depois de uma guerra sucessória, Portugal e Brasil foram incorporados ao império de Felipe II da Espanha. A velha família dos pioneiros, agora de nome Sá e Benevides e ligada por matrimônio à corte de Madri, continuou no comando do Rio de Janeiro e do porto negreiro de São Paulo, em Angola.

No final daquele século, o Rio de Janeiro teria cerca de mil habitantes de origem europeia e três vezes mais índios e escravos. Firmava-se como um porto de comércio na rota marítima entre a Europa, o Rio da Prata e a África. Exportava cana-de-açúcar e aguardente dos primeiros engenhos, além de tabaco e madeira. Era um importante entreposto no tráfico de escravos africanos para as minas de prata espanholas nos Andes, como a de Potosí.29

Gravura publicada em Roterdam, em 1619, no livro que relata a viagem de volta ao mundo de Oliver van Noort, entre 1598 e 1601

O Rio de Janeiro, mapa de João Teixeira Albernaz (ao lado), publicado em 1640, mostra a povoação que na época ja se estendia do Morro do Castelo até o Morro de São Bento, e também a praia fortificada até o morro da Glória

Detalhe do panorama do Rio de Janeiro por Luís Vilhena (abaixo), incorporado à sua planta da baía de 1775. No centro, vê-se o Morro do Castelo com o plano inclinado que trazia as cargas do porto

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No alto: As imagens desta seção foram geradas por um modelo geográfico de parte da cidade do Rio de Janeiro, correspondente às folhas 286 e 287 do acervo cartográfico do município. Sobre o volume tridimensional do relevo foram aplicadas imagens aéreas da própria região e de outros trechos da costa próxima que mantêm a cobertura vegetal nativa. Os detalhes foram ajustados com ferramentas de desenho

Acima: Entrada da Baía de Guanabara e Lagoa Rodrigo de FreitasO penedo do Pão de Açúcar marca a entrada da Baía de Guanabara. Ao longo da costa oceânica sucedem- se restingas e lagoas, acompanhadas por serras florestadas. A lagoa de Sacopenapã, depois Rodrigo de Freitas, com espelho d’água um terço maior do que se vê hoje, se comunicava com o Atlântico por uma barra que se abria e fechava no ritmo das ressacas 30

Lagoa Rodrigo de Freitas

Entrada da Baía de Guanabara Piratininga

Pão de Açúcar Baía de Guanabara

Morro do Corcovado

No alto: Interior da Baía de Guanabara, margem ocidentalEntre o Pão de Açúcar e o Morro Cara de Cão situava-se o arraial dos portugueses, marco de fundação da cidade em 1565. Os franceses tinham seu forte na Ilha de Villegagnon, mas estavam dispersos pela baía, aliados aos índios tamoios. A aldeia tamoio da Carioca ficava onde hoje é a Praia do Flamengo, junto à foz do rio que recebeu seu nome. Depois da vitória sobre seus inimigos, os portugueses transferiram seu assentamento para o Morro do Castelo, em 1567.Toda a linha da costa desde a Urca até o Castelo — e além — foi alterada por sucessivos aterros, como o Parque do Flamengo, o Aeroporto Santos Dumont e o bairro da Urca. O Morro do Castelo foi arrasado em uma reforma urbanística do início do século XX

Corcovado

Enseada de Botafogo

Casa de Pedra

Flamengo

Morro da Viúva

Acima: A casa de pedraA primeira construção europeia de que se temnotícia na Guanabara manteve- se de pé por um século, mas não há registro de quem a ergueu, nem quando. É possível que tenha sido deixada pela expedição de Martim Afonso de Souza, que passou por aqui em 1531, a caminho de sua capitania em São Vicente. Quando os portugueses demarcaram a sesmaria da cidade, em 1565, a velha “casa de pedra”, já em ruínas, foi o ponto de partida do perímetro.31 Hoje, acredita- se que ela estaria próxima à base do Morro da Viúva, em terrenos atualmente cortados pela Avenida Oswaldo Cruz e pela Rua Senador Euzébio. Sua representação nesta imagem é inteiramente conjectural, pois não há nenhuma imagem de época que registre sua aparência

Morro do CasteloMorro da Viúva

Botafogo Flamengo

Baía de Guanabara

Ilha de Villegagnon

Pão de AçúcarOceano Atlântico

São Cristóvão

Morro Cara de Cão

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No alto: Praia da CariocaOs índios tamoios, com suas grandes canoas, ocupavam todo o recôncavo da Guanabara. Uma de suas principais aldeias era a da Carioca (onde hoje está o bairro do Flamengo). Ali contavam com o estuário do rio e boas áreas de plantio na baixa encosta dos morros, principalmente para milho e mandioca. A aldeia reunia três ou quatro grandes tabas, protegidas por paliçadas de madeira, com grandes pavilhões coletivos (ocas), ocupadas por grupos de famílias da tribo. Na Carioca, segundo o cronista Jean de Léry, poderiam morar até duas mil pessoas32

Foz do Rio Carioca

Vale do Rio Carioca

PlantaçõesPraia do FlamengoAldeia tamoio

Lagoa Rodrigo de Freitas

Oceano Atlântico

Baía de Guanabara

Porto

Canhões Vila Casarão

Acima: Ilha de VillegagnonChamada Serigy pelos indígenas, a ilha ficava ao largo do Morro do Castelo. Hoje abriga a Escola Naval, ligada ao continente por sucessivos aterros. Em 1555, foi escolhida pelos colonos franceses para sua fortificação principal. Cinco anos depois, uma excursão portuguesa comandada por Mem de Sá arrasou o forte e dispersou os franceses pela região

No alto: O forteO forte Coligny contava com muros de pedra e taipa de pilão, casas de moradia, cisterna, paióis, oficinas e um grande pavilhão para refeições e cultos. Sobre um morrote ficava a casa do comandante e sobre o outro a bateria de canhões. Ali estiveram Jean de Léry e André Thevet, os dois primeiros cronistas da história do Rio de Janeiro. Depois que um conflito interno dividiu a colônia em pelo menos três facções, muitos franceses trocaram a ilha por outros locais, junto aos índios ou em torno da briqueterie, uma olaria que montaram onde hoje é o bairro da Glória

Artilharia

Cerca

Porto

Vila Casarão

Acima: O primeiro arraial português na Guanabara Foi levantado em 1o de março de 1565, data que se comemora como a fundação do Rio de Janeiro. Colonos e soldados vieram de Portugal, de São Vicente, da Bahia e do Espírito Santo, acompanhados de índios, a maioria temiminós. O cronista dessa aventura foi o padre jesuíta José de Anchieta, que relatou como ergueram as casas, a primeira igreja e a paliçada que protegia o perímetro. Eram armações de madeira preenchidas com taipa de mão. Nas construções mais importantes usaram telhas de barro trazidas de São Vicente; nas outras, palmas e sapé. Ergueram currais e oficinas. Plantaram provisões nas encostas e pescavam à maneira dos índios. O arraial, ou Cidade Velha, foi atacado diversas vezes pelos tamoios, mas resistiu até 1567, quando partiram dali as naus e canoas que derrotariam os inimigos dos portugueses. Depois que a sede foi transferida para o Morro do Castelo, a região foi progressivamente abandonada. Hoje, abriga dependências do Exécito Brasileiro, como sua escola de educação física

Baía de Guanabara Forte português Morro Cara de Cão

Arraial Oceano Atlântico

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No alto: Morro da GlóriaTambém chamado de Uruçumirim, situava-se ao lado da aldeia da Carioca. Os tamoios e franceses ergueram ali uma paliçada com artilharia, compondo as defesas com a Ilha de Villegagnon e um fortim na foz do Rio Carioca. Um braço desse rio, o Catete, estendia-se por trás do morro para desaguar na Praia da Glória, onde os franceses mantinham olaria, roças, oficinas e algumas casas de moradia. Foi nessa área que se travou a batalha decisiva com os portugueses, em 1567

Plantações

Aldeia da Carioca

Briqueterie

Praia da Glória

Morro da Glória

Praia do Flamengo

Praia da Glória

Morro do Castelo

Lagoas e brejos

Porto

Forte

Acima: Morro do Castelo Ali estabeleceu-se o assentamento português após a vitória sobre os tamoios. A seu favor, contavam a posição elevada, o porto protegido e uma vizinhança de brejos e lagoas que dificultava a aproximação dos inimigos por terra. Na ponta de pedra, os portugueses ergueriam mais tarde um forte, onde fica hoje o Museu Histórico Nacional32

Igreja de São Sebastião

Forte

Cidade

Colégio jesuíta

Baía de Guanabara

Morro do Castelo

As primeiras edificações da nova cidade O forte, no alto, a igreja de São Sebastião, transferida da cidade velha, e o colégio dos padres jesuítas. Ao longo de três ruas, foram surgindo as casas de moradia, os prédios administrativos, as oficinas e os depósitos. Plantações e currais ocuparam as encostas. A vertente voltada para a entrada da baía era protegida por baterias de canhões e uma espécie de fosso (trasto), descrito por Maurício Abreu.33 A face voltada para o porto tinha sua defesa natural, um desnível rochoso acentuado. A parte de trás, uma encosta mais suave coberta pela floresta nativa, recebeu uma cerca de proteção e guaritas de vigilância

Morro do Castelo

Lagoas e brejosMarinha da cidade

Morro de São Bento

Porto

A planícieO Rio de Janeiro se espalhou para a planície a partir do porto, que se articulava com o Castelo por um monta-cargas rudimentar. As naus ancoravam ao largo enquanto embarcações menores faziam a ligação com a praia. Ali surgiram os primeiros depósitos, oficinas e casas de moradia. Ocupavam uma faixa estreita ao longo do mar, pois mais adiante estavam brejos que só foram aterrados posteriormente. A trilha que seguia ao longo da praia chama-se hoje Rua Primeiro de Março. Os lugares mais altos foram reservados para as ordens religiosas, como o morro oposto ao Castelo. Ele recebeu os padres beneditinos, que ergueram ali sua igreja, seu mosteiro e suas defesas militares

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1 Beltrão: p. 157; Fausto, 1992: p. 382.2 Almeida: p. 33.3 Thevet: p. 181 e seguintes.4 Fausto, 2000: p. 75-78; Lopes: p. 81-85.5 Cardim: p. 173.6 Almeida: p. 34.7 Léry: p. 98; Beltrão: p. 139.8 Silva: p. 94 a 96.9 Almeida: p. 156.10 Vespúcio: p. 85; Mello: p. 39-42; Fernandes: p. 12.11 Serrão: p. 25.12 Pigafetta: p. 53, 141.13 Ferreira: p. 158.14 Ferrez, 1965: p. 8.15 Varnhagen: p. 83.16 Serrão: p. 34-35.17 Ferrez, 1965: p. 3.18 Serrão: p. 60; Ferrez, 1975: p. 418.19 Lery, parte VI.20 Thevet, cap. XXV.21 Ferrez, 1975: p. 420.22 Wetzel: p. 83-86.23 Mello: p. 79-80; Wetzel: p. 127.24 Ferreira: p. 206-217.25 Anchieta: p. 262; Castro: p. 139.26 Wetzel: p. 125-130.27 Abreu: p. 200-202.28 Mello: p. 96.29 Serrão: p. 182; Mello: p. 201.30 Canabrava Barreiros: p. 9.31 Ferreira, p. 23, 247. 32 Léry, parte VIII.33 Abreu, p. 203.

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BN-Rio: Biblioteca Nacional do Rio de JaneiroBNF-Paris: Biblioteca Nacional da FrançaIAN/TT: Instituto Nacional da Torre do Tombo, em LisboaBNP: Biblioteca Nacional de Portugal, Lisboa.BNA: Biblioteca Nacional da Ajuda, Lisboa.

Observação: O acervo completo da pesquisa iconográfica, com suas referências de catálogo, está disponível na versão PDF deste estudo, em imagensdafundaçãodorio.com.br.

[p. 15] Carta da Navigare, de Vesconte Maggiolo, 1504. Biblioteca Federiciana de Fano, Itália. Carta de Antônio de Brito, capitão das Molucas, a D. João III. 1522. IAN/TT, Gavetas, 18-6-9. Terra Brasilis, mapa incluído no Atlas Lopo Homem-Reinéis, dito Atlas Müller, folha 5. Lisboa, c. 1520. BN-Rio, AT 009, 03, 017; ARC 016, 11, 059. [p. 16] Gouffre de la Riviére de Ganabara ou Janaire, gravura do livro Grand Insulaire et Pilotage... de André Thevet, c. 1556. BNF- Paris, DCP Ge DD 2987 (9490). [p. 17] Partida do Porto, publicada em Americae Tertia Pars, editada por Théodore de Brye. Frankfurt,1592. BNF-Paris, DCP Ge FF 8184. Histoire d’un Voyage fait en la Terre du Brésil. Folha de rosto, BN-Rio, Obras Raras, Cofre, 1, 10Riviére de Ganabara, Lisle Henrii, publicada em Le Grand Insulaire et Pilotage... de André Thevet. França, 1586. BNF-Paris, CPL Ge DD 2987 (9489) Sc. 9. [p. 18] Île et Fort des Français, publicada em La Cosmographie Universelle, de André Thevet, Paris, 1575. BN-Rio, Obras Raras 088, 05, 06. [p. 19] Calvinistas no Rio de Janeiro, detalhe ilustrativo do mapa De seer aanmerklijke...publicado por Pieter van der Aa, Lieden, c. 1705. BNP, D.S. XVIII — 42.Le Vrai Pourtraict de Geneure et du Cap de Frie, Jacques de Vaulx de Claye, 1579. BNF-Paris, DCP Ge C 5007 Rés. (cliché RC - C - 21222).[p. 21] Carta náutica do oceano Atlântico, atribuída a Jorge Reinel. BNF-Paris, DCP Ge 1148.Nau quinhentista, gravura publicada no atlas Theatrum Orbis Terrarum de Abraham Ortelius. Antuérpia, 1570. Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, 98687183. [p. 23] Combate naval, gravura publicada em Americae Tertia Pars, editada por Théodore de Brye, p. 96. Frankfurt,1592. BNF-Paris, DCP Ge FF 8184.

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CIP — Brasil. Catalogação-na-fonteBibliotecária Juliana Farias Motta — 5880

C421i Cezar, Paulo Bastos Iconografia do Rio de Janeiro na época da sua fundação / Pesquisa e texto Paulo Bastos Cezar: Andrea Jakobsson Estúdio, 2016. 48 p. : principalmente, il. fotos.; 21 cm. Inclui referências, notas e índice de ilustrações

ISBN: 978-85-88742-77-2 Original do Catálogo para a exposição Rio de Janeiro — 450 anos: A fundação da cidade e seus marcos históricos, no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro, de outubro de 2015 a janeiro de 2016.

1. Rio de Janeiro (RJ) — Usos e costumes — Séc. XVI — Obras ilustradas — Exposições. 2. Fotografia — Obras ilustradas — Exposições. I. Título.

CDD 779.9918153