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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MARINHA ICTIO E CARCINOFAUNA DO SISTEMA LAGUNAR PIRATININGA-ITAIPU, NITERÓI, RJ - BRASIL, ANTES E DEPOIS DA ABERTURA DO CANAL DO TIBAU LUANA PRESTRELO PALMEIRA Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Marinha do Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense. Orientador: Dr. Cassiano Monteiro Neto Niterói Fevereiro de 2012 Bio l o g i a M a r i n h a P ó s- G ra d u a ç ã o - u f f

Ictio e Carcinofauna do Sistema Lagunar Piratininga-Itaipu, Niterói, RJ – Brasil. Antes e Depois da Abertura do Canal do Tibau

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Impactos do incremento de água salgada na lagoa de Piratininga

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA MARINHA

ICTIO E CARCINOFAUNA DO SISTEMA LAGUNAR PIRATININGA -ITAIPU,

NITERÓI, RJ - BRASIL, ANTES E DEPOIS DA ABERTURA DO CANAL DO TIBAU

LUANA PRESTRELO PALMEIRA

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Biologia Marinha do Departamento de Biologia Marinha, Instituto de Biologia, Universidade Federal Fluminense.

Orientador: Dr. Cassiano Monteiro Neto

Niterói Fevereiro de 2012

Biologia Marinha

Pós-Graduação - u

ff

II

Agradecimentos

Agradeço,

Ao professor e orientador Cassiano, por todo apoio e aprendizado que

me proporcionou durante esses cinco anos que estive no laboratório, sempre

presente e estimulando a busca pelo conhecimento, sendo fundamental no

meu crescimento e amadurecimento profissional.

Aos meus pais, Eleonora e Guido, pelo apoio e compreensão durante

todos esses anos. Ao Felipe, companheiro de tanto tempo, pela paciência,

carinho e apoio durante essa jornada. A toda minha família pelo apoio.

Ás minhas amigas/irmãs de longa data, Maria, Marina e Pati, que

sempre me apoiaram e me ajudaram a superar todas as adversidades da vida.

A todos os meus amigos, Tomás, Rafael, Victor, Juliana, Mayumi, Ju, JuR,

SuRzy, Renatinha, por facilitarem os momentos difíceis, ajudarem a relaxar e

estarem sempre prontos para descontrair.

A todo o pessoal do ECOPESCA por deixar o trabalho mais fácil e

divertido, em especial à Nathália e Amanda pela grande ajuda nas saídas de

campo, viabilizando este trabalho.

Aos membros da banca por terem aceitado meu convite para avaliar e

enriquecer meu trabalho.

Ao CNPQ pela bolsa concedida, o que possibilitou um melhor

cumprimento deste trabalho.

III

ÍNDICE Página

LISTA DE TABELAS.........................................................................................IV

LISTA DE FIGURAS .........................................................................................VI

RESUMO ........................................................................................................VIII

ABSTRACT.......................................................................................................IX

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................1

2. OBJETIVOS ...................................................................................................7

2.1 Objetivo Geral.......................................................................................7

2.2 Objetivos Específicos ...........................................................................7

3. MATERIAIS E MÉTODOS..............................................................................8

3.1 Área de Estudo .....................................................................................8

3.2 Programa Amostral.............................................................................11

3.3 Análise de Dados................................................................................13

4. RESULTADOS .............................................................................................18

5. DISCUSSÃO ................................................................................................47

6. CONCLUSÃO...............................................................................................62

7. PERSPECTIVAS.......................................................................................... 63

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................64

IV

LISTA DE TABELAS

Tabelas Página

1: Lista de abundância total das espécies de peixes e crustáceos (*) das lagoas

de Itaipu e Piratininga, coletados em 2010-11, por época do ano, em

ordem decrescente de abundância total. Linhas em branco = zero. Em

destaque, a classificação das frequências de ocorrência relativas (FO %)

de cada espécie, por lagoa, época do ano e total..................................... 21

2: Lista da biomassa (kg) das espécies de peixes e crustáceos (*) das lagoas

de Itaipu e Piratininga, por época do ano e totais, em ordem decrescente

de biomassa total. Linhas em branco = zero. ........................................... 22

3: Parâmetros ambientais de cada lagoa, por ponto e época do ano e suas

médias (MD ± desvio padrão). .................................................................. 23

4: Tabela comparativa das espécies presentes nas campanhas de 2006 e

2010-11, por lagoa, época do ano e totais, em ordem decrescente de

abundância total, somados os dois períodos. Linhas em branco = zero. Em

destaque, a classificação das frequências de ocorrência relativas (FO %)

de cada espécie, por período amostral, lagoa, época do ano e total. * -

espécies exclusivas de 2006. ** - espécies exclusivas de 2010-11.......... 27

5: Tabela comparativa da biomassa (em quilogramas) das espécies presentes

nas campanhas de 2006 e 2010-11, por lagoa, época do ano e totais, em

ordem decrescente de biomassa total somados os dois períodos. Linhas

em branco = zero. * - espécies exclusivas de 2006. ** - espécies exclusivas

de 2010-11................................................................................................ 30

V

6: Resultado das análises de variância (ANOVA) realizadas para cada

parâmetros ambiental nas lagoas de Itaipu e Piratininga por período,

estação do ano e sua interação. ............................................................... 33

7: Resultado da PERMANOVA comparando a influência dos períodos

amostrais (2006 vs 2010-11) na estruturação das comunidades.............. 35

8: Resultado da análise discriminante da lagoa de Itaipu, com os valores de

significância, F-valor e a quantidade de explicação (λ) de cada espécie na

separação dos períodos amostrais. * - espécies exclusivas de 2006. ** -

espécies exclusivas de 2010-11. .............................................................. 45

9: Resultado da análise discriminante da lagoa de Piratininga, com os valores

de significância, F-valor e a quantidade de explicação (λ) de cada espécie

na separação dos períodos amostrais. * - espécies exclusivas de 2006. ** -

espécies exclusivas de 2010-11. .............................................................. 46

VI

LISTA DE FIGURAS

Figuras Página

1: Mapa das lagoas costeiras do norte fluminense ............................................ 4

2: Mapa da área de estudo, especificando os pontos amostrais (Piratininga: P1

– P6, Itaipu: I1 – I6) no sistema lagunar. .................................................... 8

3: Porcentagem de lama e areia no sedimento de cada lagoa, por área e época

do ano....................................................................................................... 24

4: Curva cumulativa de espécies em função do número de amostras para as

lagoas de Itaipu e de Piratininga nos dois períodos. As linhas pontilhadas

representam o intervalo de confiança (95% para cada curva). ................. 26

5: Analise de componentes principais (PCA) para a abundância das lagoas de

Itaipu e Piratininga, nos períodos amostrais de 2006 e 2010-11. As elipses

correspondem a 10% da concentração dos dados. .................................. 35

6: “Loadings” (± desvio padrão) das espécies responsáveis pela distribuição

das amostras no plano do PCA. As espécies cujos desvios padrões não

cruzam o eixo X podem ser consideradas significativas para a distribuição

encontrada no PCA................................................................................... 36

7: Analise de correspondência canônica (CCA) para a lagoa de Itaipu nos dois

períodos amostrais. Os vetores representam as variáveis ambientais que

apresentaram uma relação significativa com a distribuição dos dados. ... 38

8: Analise de correspondência canônica (CCA) para a lagoa de Piratininga para

os dois períodos amostrais. Os vetores representam as variáveis

ambientais que apresentaram uma relação significativa com a distribuição

dos dados. ................................................................................................ 40

VII

9: Diagrama t-valor biplot da lagoa de Piratininga dos fatores ambientais que

apresentaram relação significativa com as espécies. Os círculos

representam a área significativa do teste. As espécies que aparecem

dentro desta área apresentam uma relação significativa com o fator

ambiental.. ................................................................................................ 41

10: Esquema ilustrando a porcentagem de variação de cada parâmetro

ambiental testado na partição de variância da lagoa de Itaipu. (A) dados

ambientais, (B) correlação entre os dados ambientais e o tempo, (C)

tempo, (D) porcentagem de variação que não é explicada por nenhum dos

parâmetros medidos. ................................................................................ 43

11: Esquema ilustrando a porcentagem de variação de cada parâmetro

ambientail testado na partição de variância da lagoa de Piratininga. (A)

dados ambientais, (B) correlação entre os dados ambientais e o tempo, (C)

tempo, (D) porcentagem de variação que não é explicada por nenhum dos

parâmetros medidos. ................................................................................ 43

12: Esquema ilustrando a porcentagem de variação de cada parâmetro

ambiental testado na partição de variância da lagoa de Piratininga. (A)

dados ambientais, sem a salinidade, (B) correlação entre os dados

ambientais e a salinidade, (C) salinidade isoladamente, (D) porcentagem

de variação que não é explicada por nenhum dos parâmetros testados. . 44

VIII

RESUMO

Estudos comparativos “antes vs depois” possibilitam a avaliação de ações de

manejo em ecossistemas. Este estudo analisou as modificações provocadas

pela abertura do canal canal do Tibau no sistema lagunar Piratininga-Itaipu

(Niterói, RJ). Dados abióticos e bióticos (peixes e crustáceos decápodes)

coletados antes (2006) e depois (2010-11) da abertura do canal foram

utilizados para comparação. As espécies foram amostradas com uso de tarrafa

nas estações seca e chuvosa. Foi observado uma diminuição na riqueza,

abundância e biomassa de espécies, com 22 espécies ocorrendo

exclusivamente em 2006, 10 em 2010-11 e 22 ocorrendo nos dois períodos. As

análises de Componentes Principais (PCA), Multivariada de Variância por

Permutação (PERMANOVA) e de Similaridade (ANOSIM) indicaram a

separação espacial entre as lagoas, que foram consideradas sub-sistemas

independentes. As análises de correspondência canônica (CCA) e partição de

variância, para a lagoa de Piratininga, indicaram significativa influência da

salinidade na alteração da fauna da lagoa, caracterizada pela diminuição na

abundância da espécie dulcícula dominante (Oreochromis niloticus) e um

aumento na ocorrência e abundância de espécies marinhas (Diapterus

rhombeus e Eucinostomus spp.). As maiores mudanças na composição

faunística observadas em Itaipu, aparentemente não estão diretamente

relacionadas com a abertura do canal do TIbau. O aumento na eutrofização na

lagoa de Itaipu provavelmente influenciou as mudanças observadas na biota,

provocando o desaparecimento de espécies incluindo Farfantepenaeus spp. e

Centropomus parallelus. O presente estudo comparativo só foi possível devido

ao conhecimento das características da comunidade de peixes e crustáceos

antes da abertura do Canal do Tibau. Este aspecto reforça a necessidade do

monitoramento contínuo destes ambientes costeiros, frequentemente sujeitos a

intervenções de manejo. Assim, o monitoramento deveria ter uma

continuidade, visando avaliar a evolução e reestruturação do sistema lagunar

Piratininga-Itaipu (Niterói, RJ)

Palavras-chaves: Estudos comparativos antes–depois (ECAD); lagoas costeiras; comunidade de peixes; impacto antrópico.

IX

ABSTRACT

Before-after contol Impact (BACI) studies enable the evaluation of management

actions in ecosystems. This study analyzed changes induced by the opening of

the Tibau Channel, in the Piratinnga-Itaipu lagoon system (Niterói, RJ). Abiotic

and biotic (fishes and decapod crustaceans) data collected before (2006) and

after (2010-11) the channel opening were used for comparison. Species were

sampled using castnets during the dry and rainy seasons. A decrease in

species richness, abundance and biomass was observed, with 22 species

occurring exclusively in 2006, 10 in 2010-11 and 22 occurring in both periods.

Principal Components Analysis (PCA), Permutational Multivariate Analysis of

Variance (PERMANOVA) and Simirarity Analysis (ANOSIM) indicated a spacial

segregation between lagoons that were then considered as independent

subsystems. Canonical Correspondence and variance patitioning analyses for

Piratininga lagoon indicated that salinity had a significant influence in the faunal

change, characterized by the decrease in abundance of the dominant

freshwater species (Oreochromis niloticus) and increase in the occurrence and

abundance of marine species (Diapterus rhombeus e Eucinostomus spp.). The

greatest changes observed in the faunal composition in Itaipu lagoon,

apparently were not directly related with the opening of the Tibau channel. The

increased eutrophication of Itaipu lagoon probably influenced the observed

biological changes inducing the disappearance of species including

Farfantepenaeus spp. and Centropomus parallelus. The present comparative

study was only possible due to our knowledge about the fish and shelfish

community features prior to the opening of the Tibau Channel. This aspect

further enhances the necessity of continuous monitoring of these coastal

ecosystems frequently subjected to management interventions. Therefore, the

monitoring should be continued, to evaluate the evolution and restructuring of

the Piratininga-Itaipu lagoon system (Niterói, RJ).

Keywords: Before-after control impacts (BACI); coastal lagoons; fish

community; anthropic impact.

1

1. INTRODUÇÃO

A região leste Fluminense do estado do Rio de Janeiro apresenta uma

série de 15 lagunas entre os municípios de Niterói e Cabo Frio (BAPTISTA &

FERNANDES 2009). Nos últimos 50 anos, com a construção da ponte Costa e

Silva (ponte Rio-Niterói), houve um crescimento intenso na região, movido pelo

desenvolvimento turístico, que teve como consequência um adensamento

urbano sem o devido planejamento de ocupação. Isso provocou a degradação

ambiental de diversos ecossistemas, incluindo as lagoas costeiras da região

(WASSERMAN et al. 1999).

Nesses ambientes, a entrada de nutrientes de origem continental

naturalmente já excede a quantidade extravasada para o mar, principalmente

em lagoas sufocadas, promovendo um processo de eutrofização natural

(SUZUKI et al. 1998). Em lagoas isentas de impactos antrópicos, esse aporte

de nutrientes induz à elevada produtividade, sustentando cadeias tróficas

diversificadas e baseadas tanto em detritos (MORENO & CASTRO 1998) como

na produção primária (LIN et al. 1999). Já em ambientes que sofrem pelo

adensamento populacional, o aporte de águas continentais geralmente

transporta grandes quantidades de esgotos domésticos, aumentando a entrada

de nutrientes e matéria orgânica, provocando a deterioração na qualidade da

água e dos sedimentos nas lagoas (BAPTISTA & FERNANDES 2009). Além

disso, a promoção de aterros para ocupação das margens lagunares reduz o

espelho d’água podendo bloquear, muitas vezes, as conexões da lagoa com o

mar (SAAD et al. 2002).

2

Lagoas costeiras são importantes ecossistemas e precisam ser

preservados por serem locais de berçário, alimentação e reprodução de muitas

espécies incluindo algumas importantes para a pesca (VALESINI et al. 1997;

VASCONCELOS et al. 2010). Estudos da comunidades de peixes destes

sistemas têm como objetivo aumentar o conhecimento e a compreensão

desses habitats, possibilitando uma gestão adequada da região (SCHIFINO et

al. 2004). Esteves et al. (2008), analisando lagoas costeiras tropicais,

ressaltaram a importância de estudos posteriores que mostrem como

mudanças na diversidade destas lagoas afetam a sua capacidade de realizar

os processos ecológicos vitais e fornecer serviços essenciais para a sociedade

local.

Visando recuperar ecossistemas lagunares impactados pela ação

humana, diversas intervenções dos órgãos gestores têm sido conduzidas

(WASSERMAN et al. 1999). A mais frequente é a abertura de canais artificiais,

perenizando conexões das lagoas com o mar visando aumentar a circulação e,

com isso, reduzir o tempo de residência das águas, melhorar a qualidade

ambiental, minimizar os efeitos das inundações das residências nas margens

das lagoas nos períodos de chuvas e cheias e proporcionar a entrada de

espécies marinhas importantes para a pesca (SUZUKI et al. 1998 e 2002; LIMA

et al. 2001). Assim, a abertura de canais artificiais é considerada uma ação

essencial para suavizar os efeitos da eutrofização nos sistemas lagunares

(SAAD et al. 2002).

Porém, mudanças no estado hídrico das lagoas, em função da abertura

ou fechamento de canais de comunicação com o mar, acarretam em alterações

3

imprevisíveis na composição e abundância da flora e fauna local, sendo estas

muitas vezes irreversíveis (WASSERMAN et al. 1999; MACEDO-SOARES et

al. 2007). A abertura do canal na lagoa de Saquarema (Figura 1), Barra Franca

de Saquarema em 2003, por exemplo, provocou um aumento na salinidade do

sistema, porém não melhorou a qualidade da água, provavelmente devido ao

grande aporte de efluentes domésticos, decorrente do crescimento regional da

população. Segundo Wasserman (2000) e Azevedo (2005), as previsões para o

futuro da lagoa de Saquarema não são favoráveis. A implementação dos

canais da Costa (lagoa de Maricá) e de Ponta Negra (lagoa de Guarapina)

também não provocaram resultados muito favoráveis para a melhoria ambiental

do sistema lagunar Maricá-Guarapina (Figura 1). Das quatro lagoas contidas no

sistema, apenas a lagoa de Guarapina passou a apresentar melhores

condições sanitárias e obteve um aumento na pesca do camarão e da tainha

(CRUZ et al. 1996). A abertura temporária da barra da lagoa de Iquipari em

São João da Barra (RJ), no ano de 1996, causou mudanças nas características

da água; áreas secas e diminuição do nível da água; perda de vegetação;

mortandade expressiva de peixes dulcícolas; e entrada de peixes marinhos

(LIMA et al. 2001; SUZUKI et al. 2002).

Já na lagoa de Imboassica, no norte fluminense (Figura 1), onde o canal

é aberto uma vez por ano, estudos feitos por Saad et al. (2002) e Macedo-

Soares et al. (2007) demonstraram que os períodos de abertura podem alterar

a estrutura da comunidade de peixes, aumentar a abundância e diversidade

das espécies e melhorar a pesca local, principalmente devido às variações nos

fatores físicos desses ambientes. Ainda, nas lagoas costeiras da região do

4

PARNA de Jurubatiba (2005), estudos feitos por Santos et al. (2007)

evidenciaram uma diminuição nos níveis de poluição, aumento da

balneabilidade e da abundância de peixes, principalmente de interesse

comercial no momento logo após a abertura de um canal, permitindo uma

ligação com o mar, porém não foram feitos novos estudos para determinar

mais alterações na estrutura da comunidade. Estes foram os únicos estudos

realizados nas lagoas da Região Leste Fluminense que demonstraram um

efeito benéfico da abertura de canais na comunidade de peixes.

Consequências negativas já foram observadas no complexo Piratininga-Itaipu

após a abertura do Canal de Camboatá em 1946 e do Canal de Itaipu em 1979,

porém não existe nenhum registro da ictio e carcinofauna antes dessas

modificações, tornando difíceis avaliações comparativas.

Figura 1: Mapa das lagoas costeiras do norte fluminense

5

Se por um lado os resultados das ações de mitigação são bastante

imprevisíveis, por outro observa-se uma carência de informações detalhadas,

não apenas da qualidade da água, mas também das características das

comunidades biológicas, tanto nos estágios que antecedem quanto nos que

sucedem às intervenções efetuadas nos sistemas. Segundo Agostinho et al.

(2005), o monitoramento de ações de manejo efetuadas pelo poder público é

muitas vezes inadequado ou ausente. Assim, a ausência de dados prévios que

possam eventualmente auxiliar na análise do desenvolvimento bio-ecológico de

um sistema modificado, impossibilita avaliar de forma correta, o impacto das

obras sobre o ambiente. Por outro lado, quando essas informações são

disponibilizadas, é possível comparar situações “antes” vs “depois” (Before-

After Control Impacts – BACI) buscando avaliar os resultados e propor medidas

que favoreçam a recuperação da produtividade natural do sistema.

Estudos BACI são normalmente realizados em áreas de conservação, e

raramente apresentam amostragens antes da instalação desta, normalmente

tendo estudos apenas com comparações espaciais entre locais dentro e fora

da área de preservação. Assim, um dos maiores problemas desse tipo de

estudo é exatamente o de amostragem, uma vez que é comum duas

populações se comportarem de maneira diferente em locais distintos

(UNDERWOOD 1994). Porém quando se tem a chance de saber a priori como

a comunidade de um local se comporta, ao identificar nela um posterior

distúrbio, esse problema está solucionado. Isso porque podemos então

comparar a comunidade antes e depois do acontecimento analisando o quanto

o distúrbio a afetou.

6

O sistema lagunar de Piratininga-Itaipu, quando em sua situação

primitiva, era submetido a três grandes fases hidrológicas: a) estagnação

mesoalina predominante na maior parte do ano; b) desequilíbrio de diluição e

cheias, causado pelas chuvas, culminando na abertura da barra para o mar,

mais frequentemente em Piratininga; c) com a barra aberta, as lagoas

passavam a se submeter ao regime das marés (BARROSO et al. 2000).

Em 2007 o Laboratório de Biologia do Nécton e Ecologia Pesqueira

conduziu um programa de monitoramento da íctio e carcinofauna das lagoas de

Piratininga e Itaipu, antevendo as possíveis mudanças que ocorreriam no

sistema após a abertura do novo canal. Nele foram coletados dados de ictio e

carcinofauna com diferentes petrechos, avaliando diferenças de captura e

relacionando-as com dados ambientais medidos in situ (Fortes 2007). Assim,

no caso deste complexo, temos uma situação privilegiada em que uma base de

dados anterior ao distúrbio foi concluída com êxito, permitindo assim o

desenvolvimento de um verdadeiro Experimento Comparativo Antes-Depois

(ECAD).

7

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificar possíveis alterações na ictio e carcinofauna do complexo

lagunar de Piratininga-Itaipu, provocadas pelas alterações no regime de

circulação após a abertura do canal do Tibau.

2.2 Objetivos Específicos

• Descrever a íctio e carcinofauna das lagoas de Piratininga e Itaipu, com

relação aos parâmetros: biomassa, abundância e frequência de

ocorrência das espécies, em função das diferentes estações do ano

(estação seca - julho-agosto e estação chuvosa –janeiro-fevereiro ),.

• Comparar a ocorrência e a abundância da ictio e carcinofauna antes

(2006) e depois (2010-11) da abertura do canal do Tibau.

• Correlacionar as variações observadas na biota com a salinidade,

temperatura, pH, oxigênio dissolvido, transparência, profundidade,

granulometria e matéria orgânica de cada lagoa em cada período

amostral.

• Identificar as principais variáveis ambientais que influenciam as

modificações nas comunidades.

8

3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Área de Estudo

O sistema lagunar Piratininga-Itaipu está situado na região costeira do

município de Niterói, RJ (de 22°56’ S a 22°58’ S e 43°02’ W a 43°06’ W), a

cerca de 40 Km do centro do município do Rio de Janeiro. É formado por duas

lagoas, a Lagoa de Piratininga e a Lagoa de Itaipu, unidas apenas por um

canal com 2,4 Km de extensão, o Canal de Camboatá (Figura 2). O sistema

está localizado na região tropical, e apresentam taxas equilibradas de

evaporação e precipitação, sendo 1,3 m e 1,4 m, respectivamente

(KNOPPERS et al. 1991).

Figura 2: Mapa da área de estudo, especificando os pontos amostrais (Piratininga: P1 – P6, Itaipu: I1 – I6) no sistema lagunar.

A Lagoa de Piratininga apresenta uma área total de 3 Km2, com uma

bacia de drenagem de aproximadamente 23 Km² e profundidade média de 0,6

m (KNOPPERS et al. 1991; BARROSO et al. 2001). O Rio Jacaré representa o

9

seu aporte fluvial mais importante, seguido pelo Córrego do Arrozal. Já a lagoa

de Itaipu apresenta uma área de 2 Km2, uma bacia contribuinte de 22,5 Km² e

uma profundidade média de 1,0 m. Seu principal afluente é o Rio João Mendes

(KNOPPERS et al. 1991; BARROSO et al. 2001). Apesar das diferenças em

tamanho e profundidade, o volume das lagoas é o mesmo, correspondendo a

0,002 Km³ (KNOPPERS op cit.).

Por consistir em duas lagoas pouco ligadas ao mar, o sistema pode ser

considerado como sufocado segundo a classificação proposta por Kjerfve

(1986). Em relação a quantidade de nutrientes dissolvidos, clorofila a e o tempo

de residência das águas, Piratininga e Itaipu foram classificadas como

hipertrófica e mesotrófica, respectivamente (KNOPPERS et al. 1991).

Quando a lagoa de Itaipu era a única em contato direto com o mar a

amplitude média de maré era de 0,3 m, excedendo bastante a média da de

Piratininga de 0,01 m (KNOPPERS et al. 1991). Entre os anos de 2005-2006 o

tempo aproximado de residência da água na lagoa de Itaipu era de nove dias,

enquanto que na de Piratininga era de 83 dias. Atualmente, depois da abertura

do canal em Piratininga, não se tem registro da amplitude de maré, mas o

tempo de residência de Piratininga e Itaipu é de 39 e oito dias, respectivamente

(CERDA et al. no prelo).

Uma das primeiras grandes intervenções no sistema ocorreu em 1946,

com a abertura do canal de Camboatá, ligando as duas lagoas com o objetivo

de permitir o equilíbrio hidráulico entre elas, já que o espelho d’água de Itaipu

recebia maior aporte continental da bacia hidrográfica adjacente. Assim, o

excedente de água seria drenado para Piratininga, e depois seguiria para o mar

10

pela sua ligação natural. Porém, com a obra, o nível da água da lagoa de

Piratininga não mais atingiu o mínimo necessário para provocar a abertura da

barra (MACH & LONGO 1998; WASSERMAN et al. 1999), impedindo a

renovação das águas, essencial para a regulação do seu ciclo biológico

(BARROSO et al. 2000). Além disso, o canal passou a drenar a Lagoa de

Piratininga, sendo essa função intensificada com a abertura permanente da

barra de Itaipu promovida pelo empreendimento imobiliário da Veplan em 1979,

que constituiu o atual bairro de Camboinhas. Com isso, a renovação das águas

na lagoa de Itaipu passou a ser controlada pelo fluxo de marés, enquanto que

em Piratininga a dinâmica era regulada quase que exclusivamente pelo aporte

de água doce (KJERFVE 1994; BARROSO et al. 2000). Essas intervenções

provocaram a redução da lâmina d’água em ambas as lagoas (MARCOLINI &

CORREIA 1989; WASSERMAN et al. 1999), levando ao surgimento de áreas

marginais secas que, somadas aos frequentes aterros irregulares, levaram à

redução de seus perímetros (BARROSO et al. 2000).

Em 2005, A Superintendência Estadual de Rios e Lagoas – SERLA

iniciou o “Projeto de Renovação do Sistema Lagunar de Piratininga-Itaipu”,

objetivando a melhoria da qualidade ambiental do sistema lagunar, através de

uma série de intervenções que aumentassem o nível e altura do espelho

d’água, principalmente da Lagoa de Piratininga, favorecendo a renovação, a

circulação e a melhoria da qualidade das águas (TAVARES 2003). Em abril de

2008 foi concluida a abertura do canal de Tibau, em Piratininga, que consiste

em um túnel de 988 m de comprimento, 5 m de largura e 4,5 m de altura,

escavado no costão rochoso de Piratininga, ligando a lagoa de Piratininga ao

11

mar de forma permanente, permitindo a intrusão de água salgada com o

movimento das marés. Um sistema de comportas impede o retorno da água

pelo canal do Tibau, forçando sua saída pelo canal de Camboatá na outra

extremidade, garantindo a circulação e a manutenção de uma lâmina d’água

mínima adequada.

3.2 Programa Amostral

O programa amostral foi realizado com base no apresentado por Fortes

(2007), modificado de forma a não comprometer o estudo comparativo. Para

análise da ictio e carcinofauna somente os dados de tarrafa foram utilizados,

para uma comparação fiel dos dados. Foram realizadas quatro campanhas em

duas estações: duas durante o verão (estação chuvosa, nos meses de janeiro

e março de 2011) e duas durante o inverno (estação seca, nos meses de julho

e agosto de 2010).

Cada lagoa foi dividida em seis áreas de coleta (Figura 2), conforme

estudo anterior (FORTES 2007):

- Lagoa de Piratininga:

• P1: Área de maior interferência do canal de Camboatá, com influência

da Ilha do Modesto.

• P2: Área localizada na saída do rio Jacaré.

• P3: Área sem ocupação urbana. Com vegetação ciliar.

• P4: Área ao fundo da lagoa, no lado oposto ao canal de Camboatá e sob

maior influência do canal de Tibau, consequentemente com uma maior

influência marinha e urbana.

12

• P5: Área com influência urbana e vegetação ciliar predominantemente

de Typha dominguensis e Acrostichum sp.

• P6: Área de maior profundidade da lagoa, com a circulação sobre

influência do canal de Camboatá.

- Lagoa de Itaipu:

• I1: Área do canal de Itaipu, consequentemente, com maior influência

marinha.

• I2: Área com plantas de mangue e algas no sedimento.

• I3: Área sob influência do rio da Vala, com a presença de plantas de

mangue Laguncularia racemosa, Avicennia schaueriana e Rizophora

mangle.

• I4: Região oposta ao canal de Itaipu, porém mais próxima ao canal de

Camboatá; com influência do rio João Mendes.

• I5: Área com vegetação ciliar e sob influência do canal de Itaipu.

• I6: Área central da lagoa, região mais profunda e com bastante

influência das águas oriundas do canal de Itaipu.

As coletas da ictio e carcinofauna foram realizadas com a utilização de

duas tarrafas com tamanhos de malhas diferentes: 12 mm e 20 mm entre nós

adjacentes, ambas com perímetro de 12 braças e 32,2 m² de área. Ambos os

estudos utilizaram as mesmas redes e o mesmo tarrafeador, padronizando a

coleta de dados.

Em cada área foram escolhidos, de maneira aleatória, três pontos

amostrais para o lançamento das tarrafas. Em cada ponto foram realizados

quatro lances de tarrafa de malha 12 mm e quatro de malha 20 mm (formando

13

uma unidade amostral), totalizando 18 amostras (três pontos x seis áreas) por

campanha amostral em cada lagoa. Foram escolhidos, também de forma

aleatória, quatro pontos em cada área para a coleta dos seguintes parâmetros:

temperatura (°C) e salinidade (termo-salinômetro – YSI 30-25 FT),

transparência (em centímetros, com o disco de Sechii), pH (phmetro), oxigênio

dissolvido (mg/L, com oxímetro – WTW Oxi315i) e profundidade da água (cm).

Em três destes pontos foram coletadas amostras de sedimento para

caracterização granulométrica (aparelho CILAS 1026), e quantificação de

matéria orgânica (através do método de diferença de massa, CORDEIRO,

comunicação pessoal). Os valores médios de precipitação foram obtidos a

partir da Tabela de dados pluviométricos mensais da Fundação Instituto de

Geotécnica do Município do Rio de Janeiro (2011).

Os indivíduos coletados foram levados ao Laboratório de Biologia do

Nécton e Ecologia Pesqueira (ECOPESCA), fixados em formol 10% e

conservados em álcool 70%. Depois foram identificados (WILLIAMS 1974;

COELHO & RAMOS-PORTO 1992 para siris; COSTA et al.2003 para

camarões; FIGUEIREDO & MENEZES 1978, 1980; MENEZES & FIGUEIREDO

1980, 1985 para peixes), contados e pesados (Kg).

3.3 Análise de Dados

A compilação de uma lista de espécies de peixes e crustáceos que

ocorreram no complexo lagunar de Piratininga-Itaipu durante o período de

amostragem, forneceu uma caracterização atual da ictio e carcinofauna. Para

cada espécie foi computada a abundância (numero de indivíduos), frequência

de ocorrência e biomassa, por lagoa e por estação de coleta.

14

Os resultados obtidos foram comparados com os resultados anteriores

encontrados por Fortes (2007). A comparação considerou as distribuições das

amostras de cada lagoa, em cada período sazonal e os principais fatores

ambientais monitorados que contribuíram, em parte, para estas distribuições.

Os dados de abundância foram transformados em raiz quarta para diminuir o

efeito das espécies dominantes e foi utilizada a distância de Hellinger para que

não houvesse grandes distorções dos dados (RAO 1995). Para todas as

análises foi considerando uma significância de 95% (p = 0,05).

A análise granulométrica foi realizada com o auxílio do equipamento

CILAS 1026 com o método de análise de Blott & Pye (2001) no programa

GRADISTAT. A quantificação da matéria orgânica foi realizada de acordo com

o método de diferença de massa, antes e depois da queima do sedimento na

mufla a 550 °C durante 2 horas (CORDEIRO, comunicação pessoal).

Para os dados abióticos foi aplicada a análise de variância bifatorial

(two-way ANOVA) a qual testa se há diferença de cada fator entre os período

amostrados (2006 e 2010-11), entre as estações do ano (inverno e verão) e a

interação destes parâmetros. Para tal foi utilizado o programa STATISTICA 7

(STATSOFT 2005).

Para os dados bióticos foi realizada uma curva cumulativa de espécies,

visando esclarecer se o esforço de coleta foi suficiente para avaliar a riqueza

de cada lagoa nos dois períodos amostrais. Para tal foi utilizado o método de

reamostragem Mau Tao (COLWELL et al. 2004) com 10000 permutações,

através do programa EstimateS 8.2 (COLWELL 1994-2004).

15

Para verificar o grau de similaridade entre as diferentes dimensões

consideradas, foi utilizada a análise de similaridade (ANOSIM) realizada

através do aplicativo PRIMER 6 (CLARKE & GORLEY 2006). Esta análise

consiste num recurso estatístico que permite testar se há semelhanças

significativas entre dois ou mais grupos de dados multivariados (CLARKE

1993).

Os padrões de distribuição das amostras com relação às espécies foram

representados através de uma análise de componentes principais (“Principal

Components Analysis” – PCA), proposto por Hotelling (1933). Esta análise

consegue simplificar em poucas dimensões a variabilidade da dispersão dos

dados de uma matriz com muitos fatores, assim, a maior parte da variação

entre os dados fica retida ao primeiro eixo, sendo facilmente visualizada em um

gráfico bi-dimensional (LEGENDRE & LEGENDRE 1998). O valor atribuído a

cada espécie, relativo ao primeiro componente do gráfico de PCA (“loadings”)

foram representados em um segundo gráfico, com o objetivo de avaliar quais

foram as espécies mais importantes para a distribuição.

Visando identificar a influência do espaço, tempo, e da interação entre

estes fatores nas diferenças entre os períodos, foi realizada a análise de

variância multivariada com permutação (“Permutational Multivariate Analysis of

Variance” - PERMANOVA). Esta análise possibilita testar simultaneamente a

resposta de uma ou mais variáveis a um ou mais fatores, utilizando um

desenho amostral idêntico ao da ANOVA (ANDERSON 2005).

A análise de correspondência canônica (“Canonical Correspondence

Analysis” - CCA) foi utilizada para descrever as relações entre as variáveis

16

ambientais com cada amostra com a ictio e carcinofauna. A matriz de CCA

sintetiza, em um gráfico de eixos perpendiculares, a variação multidimensional

de um conjunto de parâmetros. Este método utiliza duas matrizes, uma

representando a abundância das amostras e a outra os fatores ambientais.

Ambas relacionadas com os diferentes períodos amostrais em cada lagoa.

Outro recurso utilizado deste programa foi o diagrama de t-valor biplot, o qual

realiza consecutivas análises de regressão par a par, visando estabelecer

relações entre os dados ambientais e cada uma das espécies (LEPS &

SMILAUER 2003). Deste modo, pode ser avaliado como as espécies do

conjunto de cada amostra respondem aos fatores ambientais monitorados. A

análise foi realizada usando o programa “CANOCO for Windows 4.5” (BRAAK

& SMILAUER 2002; LEPS & SMILAUER 2003).

Para revelar o quanto cada fator (dados ambientais e mudanças

temporais) influenciou a comunidade de cada lagoa foi realizada uma análise

de partição de variância, que revela a porcentagem de explicação de cada fator

na distribuição dos dados e a correlação entre estes fatores. Essa análise se

baseia no princípio que a variação ecológica pode ser dividida em fatores

(espacial, temporal, ambiental, suas correlações e desconhecidos) a serem

testados individualmente, possibilitando observar o quanto cada um deles

influencia na distribuição dos dados (BORCARD et al. 1992). A análise é

conduzida através de uma CCA, usando o programa “CANOCO for Windows

4.5” (BRAAK & SMILAUER 2002), e seguindo os quatro passos propostos por

Borcard et al. (1992).

17

Devido a sua alta sensibilidade a espécies raras, todas as análises

realizadas no “CANOCO for Windows 4.5” (BRAAK & SMILAUER 2002)

tiveram as espécies com frequência de ocorrência menor que 0,5 % retiradas

da análise.

Para identificar quais espécies foram responsáveis pela separação das

lagoas entre os períodos amostrais, foi realizada uma analise discriminante,

utilizando-se o programa CANOCO, onde a matriz solicitada de espécies foi

representada por uma matriz “dummy” dos períodos amostrais (2006 e 2010-

11) e a matriz requerida de dados ambientais foi a matriz original de

comunidade.

18

4. RESULTADOS

Foram realizadas 144 amostras no período 2010-11. Foram capturados

1180 indivíduos da ictiofauna pertencentes a 17 famílias e 28 espécies e 147

indivíduos da carcinofauna pertencentes a 2 famílias e 4 espécies (Tabela 1).

Foi capturada uma biomassa total de 38,3 Kg, sendo apenas 2,03 Kg

pertencentes a carcinofauna (Tabela 2).

No total, o complexo lagunar apresentou maiores riqueza de espécies e

abundância de indivíduos no verão. A lagoa de Piratininga seguiu este mesmo

padrão, porém a de Itaipu apresentou uma maior abundância de indivíduos no

inverno, muito embora a maior biomassa tenha ocorrido no verão. Apesar

disso, as diferenças entre as estações do ano, de um modo geral, não foram

muito acentuadas.

As cinco espécies mais abundantes para ambas as lagoas foram

Diapterus rhombeus, Callinectes danae (Crustacea, Portunidae), Eucinostomus

argenteus, Elops saurus, e Eucinostomus gula, respectivamente, que juntas

somaram 75,36 % do total de indivíduos capturados. D. rhombeus foi a espécie

mais abundante e representou sozinha 50,94% do total, porém foi muito mais

representativa em Itaipu do que em Piratininga (Tabela 1). Em Itaipu, as cinco

espécies mais abundantes foram D. rhombeus, C. danae, E. saurus, E. gula e

Sardinella brasiliensis, respectivamente, somando 84,78% do total de

indivíduos capturados. Em Piratininga, as espécies mais abundantes foram E.

argenteus, C. danae, Brevoortia pectinata, E. saurus e E. gula,

19

respectivamente, com um total de 65,40% dos indivíduos capturados na lagoa

(Tabela 1).

As cinco espécies mais frequentes foram também as mais abundantes

(Tabela 1), porém em ordem diferente. D. rhombeus também foi a mais

frequente aparecendo em 48,6% nas amostras (sendo 88,90% só em Itaipu e

apenas 8,3% em Piratininga), seguida por E. saurus (aparecendo em 29,2%

das amostras), C. danae (em 25,0% da amostras), E. gula (em 24,3%) e E.

argenteus (em 20,8%). Na lagoa de Itaipu as espécies mais frequentes também

foram, na mesma ordem, as mais abundantes com exceção de E. gula que não

apresentou uma ocorrência tão alta e Litopenaeus schmitti (Crustacea,

Penaeidae) que apareceu como a quinta espécie mais frequente. Já em

Piratininga as cinco espécies mais frequentes foram E. argenteus, E. gula, E.

saurus, L. schmitti e Brevoortia aurea, respectivamente.

As cinco espécies com maior representatividade em biomassa foram D.

rhombeus, E. saurus, Mugil liza, Mugil curema e Oreochromis niloticus,

respectivamente, com 69,80% do total de biomassa capturada. Em Itaipu as

cinco espécies com maior biomassa foram D. rhombeus, E. saurus, M. liza, S.

brasiliensis e M. curema representando 82,96% da biomassa total. Em

Piratininga as cinco espécies foram E. saurus, O. niloticus, Micropogonias

furnieri, B. aurea e M. curema, respectivamente, com 68,99% da biomassa total

da lagoa (Tabela 2).

Com relação aos parâmetros ambientais, as médias de temperatura

variaram ao longo do ano apresentando maiores médias no verão (30,1°C em

Itaipu e 29,8°C em Piratininga) e menores no inverno (23,8°C em Itaipu e

20

24,6°C em Piratininga), para as duas lagoas. A média de salinidade não

apresentou uma variação muito grande por época do ano dentro da mesma

lagoa, porém entre as lagoas foram encontrados valores bastante diferentes,

variando de 30,5 (verão) a 31,2 (inverno) em Itaipu e de 23,8 (inverno) a 24,4

(verão) em Piratininga. Os valores médios de pH, oxigênio dissolvido e

transparência não apresentaram um padrão muito claro entre as épocas do ano

nem entre as lagoas. Já os níveis de matéria orgânica no sedimento em

Piratininga foram, em média, mais altos (19,4 no inverno e 17,9 no verão) que

em Itaipu (12,8 no inverno e 11,4 no verão), independente da época do ano. A

taxa média de precipitação nos meses de verão foi maior do que nos meses de

inverno, justificando a separação entre as estações seca (inverno) e chuvosa

(verão) (Tabela 3).

A proporção de areia e lama em Itaipu variou pouco com as estações do

ano, mas pode ser observado um predomínio de lama no inverno e areia no

verão. Já em Piratininga não houve essa mudança de padrão granulométrico

entre as estações do ano, sendo a lama predominante o ano todo (Figura 3).

21

Tabela 1: Lista de abundância total das espécies de peixes e crustáceos (*) das lagoas de Itaipu e Piratininga, coletados em 2010-11, por época do ano, em ordem decrescente de abundância total. Linhas em branco = zero. Em destaque, a classificação das frequências de ocorrência relativas (FO %) de cada espécie, por lagoa, época do ano e total.

Itaipu Piratininga Total Espécies Inverno Verão Total Total (%) Inverno Verão Total T otal (%) Inverno Verão Total Total (%)

Actinopterygii 951 91,62 193 66,78 1180 86,21 Diapterus rhombeus 337 327 664 63,97 6 6 12 4,15 343 333 676 50,94 Eucinostomus argenteus 31 2 33 3,18 14 34 48 16,61 45 36 81 6,10 Elops saurus 21 38 59 5,68 4 3 34 11,76 25 68 66 4,97 Eucinostomus gula 27 16 43 4,14 18 1 28 9,69 45 26 62 4,67 Brevoortia aurea 3 3 6 0,58 16 24 4 1,38 19 27 46 3,47 Sardinella janeiro 43 43 4,14 43 43 3,24 Brevoortia pectinata 2 3 5 0,48 21 14 35 12,11 23 17 40 3,01 Mugil liza 13 2 15 1,45 5 1 6 2,08 18 3 21 1,58 Mugil curema 1 11 12 1,16 5 5 1,73 1 16 17 1,28 Gobionellus oceanicus 11 11 1,06 11 11 0,83 Micropogonias furnieri 1 4 5 0,48 6 6 2,08 1 1 11 0,83 Oreochromis niloticus 1 1 0,10 6 3 9 3,11 7 3 10 0,75 Diapterus olisthostomus 8 8 0,77 1 1 0,35 9 9 0,68 Anchoviella lepidentostole 5 3 8 0,77 5 3 8 0,60 Genidens genidens 2 6 8 0,77 2 6 8 0,60 Achirus lineatus 2 4 6 0,58 1 1 0,35 3 4 7 0,53 Centropomus undecimalis 3 2 5 0,48 3 2 5 0,38 Citharichthys macrops 2 3 5 0,48 2 3 5 0,38 Atherinella brasiliensis 3 3 1,04 3 3 0,23 Caranx latus 3 3 0,29 3 3 0,23 Oligoplites saurus 3 3 0,29 3 3 0,23 Cetengraulis edentulus 2 2 0,19 2 2 0,15 Trachinotus carolinus 2 2 0,19 2 2 0,15 Diplectrum radiale 1 1 0,10 1 1 0,08 Harengula clupeola 1 1 0,10 1 1 0,08 Opisthonema oglinum 1 1 0,10 1 1 0,08 Phalloptychus januarius 1 1 0,35 1 1 0,08 Stephanolepis hispidus 1 1 0,10 1 1 0,08 Decapoda 87 8,38 60 20,76 147 11,08 Callinectes danae 13 58 71 6,84 3 41 44 15,22 16 99 115 8,67 Litopenaeus schmitti 12 4 16 1,54 14 14 4,84 26 4 30 2,26 Callinectes ornatus 1 1 0,35 1 1 0,08 Callinectes sapidus 1 1 0,35 1 1 0,08 Total de famílias 14 16 18 10 11 12 16 16 19 Total de espécies 19 24 28 13 14 18 21 27 32 Total de indivíduos 523 515 1038 110 179 289 633 694 1327 Total de amostras 36 36 72 36 36 72 72 72 144

FO a acima de 40 % FO entre 20% e 40% FO entre 10% e 20% FO Menor que 10 %

22

Tabela 2: Lista da biomassa (kg) das espécies de peixes e crustáceos (*) das lagoas de Itaipu e Piratininga, por época do ano e totais, em ordem decrescente de biomassa total. Linhas em branco = zero.

Itaipu Piratininga Total ESPÉCIE Inverno Verão Total Total (%) Inverno Verão Total Total (%) Inverno Verão Total T otal(%)

Actinopterygii 25,56 95,86 10,68 92,03 36,24 94,69 Diapterus rhombeus 3,69 6,77 10,46 39,24 0,06 0,03 0,09 0,73 3,75 6,80 10,55 27,57 Elops saurus 1,32 3,13 4,45 16,67 0,14 2,10 2,24 19,33 1,46 5,23 6,69 17,48 Mugil liza 3,14 0,29 3,42 12,84 0,76 0,19 0,95 8,19 3,89 0,48 4,37 11,43 Mugil curema 1,73 1,73 6,50 1,03 1,03 8,90 2,77 2,77 7,23 Oreochromis niloticus 0,10 0,10 0,36 1,74 0,50 2,24 19,29 1,84 0,50 2,33 6,10 Sardinella janeiro 2,05 2,05 7,70 2,05 2,05 5,36 Micropogonias furnieri 0,05 0,18 0,22 0,84 1,28 1,28 11,03 0,05 1,46 1,50 3,93 Brevoortia aurea 0,13 0,03 0,16 0,60 0,43 0,78 1,21 10,44 0,56 0,81 1,37 3,59 Brevoortia pectinata 0,04 0,04 0,08 0,30 0,52 0,47 0,99 8,49 0,56 0,50 1,06 2,78 Eucinostomus gula 0,25 0,24 0,49 1,84 0,15 0,08 0,23 1,98 0,40 0,32 0,72 1,88 Genidens genidens 0,07 0,63 0,70 2,64 0,07 0,63 0,70 1,84 Eucinostomus argenteus 0,29 0,02 0,32 1,19 0,10 0,24 0,33 2,86 0,39 0,26 0,65 1,70 Centropomus undecimalis 0,25 0,13 0,38 1,43 0,25 0,13 0,38 1,00 Gobionellus oceanicus 0,28 0,28 1,06 0,28 0,28 0,74 Diapterus olisthostomus 0,23 0,23 0,87 0,04 0,04 0,33 0,27 0,27 0,70 Diplectrum radiale 0,11 0,11 0,39 0,11 0,00 0,11 0,27 Opisthonema oglinum 0,07 0,07 0,28 0,07 0,07 0,19 Citharichthys macrops 0,02 0,04 0,06 0,24 0,02 0,04 0,06 0,16 Oligoplites saurus 0,06 0,06 0,23 0,06 0,06 0,16 Trachinotus carolinus 0,04 0,04 0,17 0,04 0,04 0,11 Atherinella brasiliensis 0,04 0,04 0,37 0,04 0,04 0,11 Achirus lineatus 0,01 0,03 0,04 0,14 <0,01 <0,01 0,03 0,01 0,03 0,04 0,10 Caranx latus 0,04 0,04 0,15 0,04 0,04 0,10 Cetengraulis edentulus 0,02 0,02 0,07 0,02 0,02 0,05 Anchoviella lepidentostole 0,01 0,01 0,01 0,05 0,01 0,01 0,01 0,03 Harengula clupeola 0,01 0,01 0,05 0,01 0,01 0,03 Stephanolepis hispidus 0,01 0,01 0,03 0,01 0,01 0,02 Phalloptychus januarius 0,01 0,01 0,06 0,01 0,01 0,02 Decapoda 11,10 4,16 0,93 7,97 2,03 5,31 Callinectes danae 0,13 0,85 0,98 3,67 0,17 0,56 0,73 6,33 0,31 1,41 1,71 4,47 Litopenaeus schmitti 0,08 0,05 0,13 0,48 0,10 0,10 0,86 0,18 0,05 0,23 0,59 Callinectes ornatus 0,08 0,08 0,67 0,08 0,00 0,08 0,20 Callinectes sapidus 0,01 0,01 0,11 0,01 0,01 0,03 Total geral 11,8 14,9 26,7 4,3 7,3 11,6 16,1 22,2 38,3

23

Tabela 3: Parâmetros ambientais de cada lagoa, por ponto e época do ano e suas médias (MD ± desvio padrão).

Temperatura

°C Salinidade

pH

O2

mg/L Transparência m(% da Prof.)

MO %

Precipitação mm

I1 23,9 30,9 8,6 12,4 0,7 (97,5 %) 2,3 70,9

I2 23,9 30,9 8,6 12,4 0,9 (97,5 %) 2,3 70,9 I3 23,2 32,0 8,4 9,9 0,8 (69,3 %) 18,8 70,9 I4 23,7 31,7 8,3 11,2 0,9 (77,9 %) 21,1 70,9

I5 24,1 30,6 8,4 12,9 0,9 (76,3 %) 25,2 70,9 I6 23,9 31,0 8,7 13,4 1,0 (42,7 %) 6,9 70,9

Inve

rno

Média (± DP) 23,8 (± 0,3) 31,2 (± 0,5) 8,5 (± 0,1) 12 (± 1,3) 0, 9 (± 0,1) 12,8 (± 10,1) - I1 28,9 30,7 8,3 9,3 0,6 (58,4 %) 5,6 113,1 I2 29,2 30,8 8,2 9,6 0,6 (47,1 %) 10,5 113,1

I3 30,2 30,3 8,0 9,3 0,5 (53,0 %) 15,2 113,1 I4 31,2 30,0 8,1 9,0 0,6 (52,5 %) 16,3 113,1

I5 30,3 30,7 8,2 9,3 0,8 (47,9 %) 10,2 113,1 I6 30,6 30,6 8,5 9,1 0,6 (35,8 %) 10,7 113,1

Lago

a de

Itai

pu

Ver

ão

Média (± DP) 30,1 (± 0,9) 30,5 (± 0,3) 8,2 (± 0,2) 9,3 (± 0,2) 0 ,6 (± 0,1) 11,4 (± 3,9) - I1 24,5 23,5 8,3 9,6 0,4 (96,6 %) 17,9 70,9 I2 25,1 22,8 8,4 10,5 0,4 (94,4 %) 23,1 70,9

I3 24,1 24,2 8,4 9,5 0,7 (86,0 %) 8,6 70,9 I4 24,9 24,6 8,3 8,2 0,9 (100 %) 23,8 70,9

I5 24,9 23,9 8,5 9,8 0,8 (84,7 %) 21,3 70,9 I6 23,9 23,5 8,4 8,9 0,7 (81,6 %) 21,5 70,9

Inve

rno

Média (± DP) 24,6 (± 0,5) 23,8 (± 0,6) 8,4 (± 0,1) 9,4 (± 0,8) 0 ,7 (± 0,2) 19,4 (± 5,7) -

I1 28,6 23,8 8,5 8,5 0,5 (81,1 %) 19,3 113,1 I2 29,0 24,1 8,6 9,8 0,5 (85,6 %) 20,2 113,1

I3 30,4 24,4 8,7 10,1 0,5 (90,1 %) 6,5 113,1 I4 30,4 24,6 8,6 8,5 0,5 (91,0 %) 20,9 113,1

I5 31,3 24,9 8,9 8,2 1,0 (52,4 %) 22,7 113,1 I6 29,3 24,7 8,7 10,2 0,7 (63,2 %) 18,0 113,1

Lago

a de

Pira

tinin

ga

Ver

ão

Média (± DP) 29,8 (± 1) 24,4 (± 0,4) 8,7 (± 0,2) 9,2 (± 0,9) 0,6 (± 0,2) 17,9 (± 5,8) -

24

Figura 3: Porcentagem de lama e areia no sedimento de cada lagoa, por área e época do ano.

25

Ao comparar o conjunto de dados obtidos nos dois períodos, foi possível

observar que a comunidade de peixes e crustáceos das lagoas mudou

bastante. De uma maneira geral, pode ser observado uma diminuição no

número de espécies, famílias e indivíduos. Das 44 espécies encontradas em

2006, 22 foram exclusivas. Já dentre as 32 espécies amostradas em 2010-11,

10 foram exclusivas, restando 22 espécies comuns aos dois períodos (Tabela

4). A curva cumulativa de espécies indicou que as amostragens foram

suficientes para a detecção de uma parcela significativa da fauna do local

(Figura 4).

Das cinco espécies mais capturadas, a espécie mais abundante em

ambos os períodos foi D. rhombeus, alterando apenas o número absoluto de

indivíduos, e sendo sempre mais representativa em Itaipu que em Piratininga.

Já o total de capturas das demais espécies variou bastante entre os anos: a

segunda espécie mais abundante em 2006 foi O. niloticus, seguida por

Farfantepenaeus brasiliensis (Crustacea, Penaeidae), L. schmitti e E. saurus,

respectivamente; enquanto que em 2010-11 as outras quatro espécies mais

representativas foram C. danae, E. saurus, E. argenteus e E. gula,

respectivamente. Apesar desta diferença entre os períodos, as cinco espécies

mais frequentes se mantiveram praticamente as mesmas, com exceção de O.

niloticus, cuja frequência de ocorrência e abundância em 2010-11 foram menor

(Tabela 4).

26

Figura 4: Curva cumulativa de espécies em função do número de amostras para as lagoas de Itaipu e de Piratininga nos dois períodos. As linhas pontilhadas representam o intervalo de confiança (95% para cada curva).

27

Tabela 4: Tabela comparativa das espécies presentes nas campanhas de 2006 e 2010-11, por lagoa, época do ano e totais, em ordem decrescente de abundância total, somados os dois períodos. Linhas em branco = zero. Em destaque, a classificação das frequências de ocorrência relativas (FO %) de cada espécie, por período amostral, lagoa, época do ano e total. * - espécies exclusivas de 2006. ** - espécies exclusivas de 2010-11.

Lagoa de Itaipu Lagoa de Piratininga 2006 2010 2006 2010 Espécie

Inverno Verão Total Inverno Verão Total Inverno Verão Total Inverno Verão Total

Total 2006

Total 2010

Total geral

Actinopterygii 1387 951 566 1953 1180 3133 Diapterus rhombeus 246 665 911 337 327 664 5 2 7 6 6 12 918 676 1594 Oreochromis niloticus 11 11 1 1 209 58 267 6 3 9 278 10 288 Elops saurus 11 10 21 21 38 59 6 117 123 4 30 34 144 93 237 Eucinostomus argenteus 32 68 100 31 2 33 15 1 16 14 34 48 116 81 197 Eucinostomus gula 27 45 72 27 16 43 5 5 18 10 28 77 71 148 Mugil liza 7 25 32 13 2 15 16 21 37 5 1 6 69 21 90 Brevoortia aurea 2 1 3 3 3 6 40 40 16 24 40 43 46 89 Mugil curema 7 26 33 1 11 12 3 1 4 5 5 37 17 54 Sardinella janeiro** 43 43 43 43 Gobionellus oceanicus 8 22 30 11 11 30 11 41 Brevoortia pectinata** 2 3 5 21 14 35 40 40 Cetengraulis edentulus 35 2 37 2 2 37 2 39 Atherinella brasiliensis 7 7 16 9 25 3 3 32 3 35 Diapterus olisthostomus 10 15 25 8 8 1 1 25 9 34 Citharichthys spilopterus* 23 7 30 30 30 Centropomus undecimalis 1 1 3 2 5 23 23 24 5 29 Micropogonias furnieri 11 11 1 4 5 7 7 6 6 18 11 29 Harengula clupeola 19 19 1 1 19 1 20 Centropomus parallelus* 3 4 7 10 10 17 17 Achirus lineatus 5 1 6 2 4 6 1 1 6 7 13 Anchoviella lepidentostole** 5 3 8 8 8 Genidens genidens** 2 6 8 8 8 Anchoa tricolor* 5 5 5 5 Caranx latus 2 2 3 3 2 3 5 Citharichthys macrops** 2 3 5 5 5 Symphurus plagusia* 4 4 4 4

28

Oligoplites saurus** 3 3 3 3 Opisthonema oglinum 2 2 1 1 2 1 3 Prionotus punctatus* 3 3 3 3 Chilomycterus spinosus* 2 2 2 2 Eucinostomus melanopterus* 1 1 2 2 2 Synodus foetens* 2 2 2 2 Trachinotus carolinus** 2 2 2 2 Anchovia clupeoides* 1 1 1 1 Archosargus rhomboidalis* 1 1 1 1 Chloroscombrus chrysurus* 1 1 1 1 Diplectrum formosum* 1 1 1 1 Diplectrum radiale** 1 1 1 1 Haemulon plumierii* 1 1 1 1 Microgobius meeki* 1 1 1 1 Phalloptychus januaris** 1 1 1 1 Selene vomer* 1 1 1 1 Sphoeroides greeleyi* 1 1 1 1 Sphoeroides testudines* 1 1 1 1 Stephanolipis hispidus** 1 1 1 1 Stephanolipis setifer* 1 1 1 1 Trachinotus sp.* 1 1 1 1

Decapoda 391 87 307 60 698 147 845 Callinectes danae 57 9 66 13 58 71 65 65 3 41 44 131 115 246 Farfantepenaeus brasiliensis* 87 87 109 109 196 196 Litopenaeus schmitti 124 3 127 12 4 16 26 26 14 14 153 30 183 Callinectes ornatus 65 65 43 43 1 1 108 1 109 Farfantepenaeus paulensis* 46 46 36 36 82 82 Callinectes bocourti* 17 3 20 20 20 Callinectes sapidus 8 8 1 1 8 1 9 TOTAL DE ESPÉCIES 29 27 40 19 24 28 19 10 21 13 14 18 44 32 54 TOTAL DE FAMÍLIAS 18 18 24 14 16 18 11 7 12 10 11 12 24 19 26 TOTAL DE INDIVÍDUOS 828 950 1778 523 515 1038 628 245 873 110 179 289 2651 1327 3978 TOTAL DE AMOSTRAS 36 36 72 36 36 72 36 36 72 36 36 72 144 144 288

29

Diapterus rhombeus foi a espécie mais abundante nos dois períodos na

lagoa de Itaipu. Em 2006 as quatro espécies que se seguiram foram L. schmitti,

E. argenteus, F. brasiliensis e E. gula, respectivamente. Já em 2010-11 as

quatro espécies foram C. danae, E. saurus, E. gula e S. brasiliensis,

respectivamente. Em Piratininga, as cinco espécies mais abundantes nas

amostragens de 2006 foram O. niloticus, E. saurus, F. brasiliensis, C. danae e

Callinectes ornatus, respectivamente. Já em 2010-11 foram E. argenteus, C.

danae, B. aurea, B. pectinata e E. saurus, respectivamente (Tabela 4).

A riqueza de espécies e a abundância de indivíduos, quer seja em

número total de indivíduos ou em biomassa total capturada, foi bem menor na

campanha de 2010-11 do que na campanha anterior. No total, a espécie com

maior biomassa foi O. niloticus, com maior captura em 2006 (35,7% do total).

Se considerarmos apenas a campanha de 2010-11, a espécie com maior

captura em peso foi D. rhombeus, enquanto que O. niloticus passou a

representar a quinta espécie com maior biomassa. Além disso, em ambos os

anos esta espécie foi mais capturada em Piratininga, com um total de 28 Kg em

2006 e 2,24 Kg em 2010-11 somente nesta lagoa (Tabela 5).

As outras quatro espécies mais representativas em peso total foram E.

saurus, D. rhombeus, M. liza e M. curema, respectivamente, e as demais

espécies apresentaram uma biomassa total menor que 0,5 Kg (Tabela 5).

30

Tabela 5: Tabela comparativa da biomassa (em quilogramas) das espécies presentes nas campanhas de 2006 e 2010-11, por lagoa, época do ano e totais, em ordem decrescente de biomassa total somados os dois períodos. Linhas em branco = zero. * - espécies exclusivas de 2006. ** - espécies exclusivas de 2010-11.

Lagoa de Itaipu Lagoa de Piratininga 2006 2010-11 2006 2010-11 Espécie

Inverno Verão Total Inverno Verão Total Total

Inverno Verão Total Inverno Verão Total Total

Actinopterygii Oreochromis niloticus 0,86 0,86 0,10 0,10 0,95 12,15 15,86 28,01 1,74 0,50 2,24 30,25 Elops saurus 0,77 0,83 1,60 1,32 3,13 4,45 6,04 0,25 12,16 12,41 0,14 2,10 2,24 14,65 Diapterus rhombeus 2,68 6,26 8,93 3,69 6,77 10,46 19,40 0,01 0,05 0,06 0,06 0,03 0,09 0,15 Mugil liza 2,04 3,74 5,78 3,08 0,29 3,36 9,14 1,38 2,09 3,48 0,76 0,19 0,95 4,43 Mugil curema 0,31 1,87 2,19 0,06 1,73 1,79 3,98 0,04 0,04 0,08 1,03 1,03 1,11 Centropomus undecimalis 0,15 0,15 0,25 0,13 0,38 0,53 1,91 1,91 1,91 Microgobius meeki* 0,60 0,60 0,05 0,18 0,22 0,83 0,23 0,23 1,28 1,28 1,51 Sardinella janeiro** 2,05 2,05 2,05 Brevoortia aurea 0,02 0,02 0,04 0,13 0,03 0,16 0,21 0,53 0,53 0,43 0,78 1,21 1,74 Cetengraulis edentulus 1,43 0,06 1,49 0,02 0,02 1,51 Eucinostomus gula 0,28 0,32 0,59 0,25 0,24 0,49 1,08 0,03 0,03 0,15 0,08 0,23 0,26 Eucinostomus argenteus 0,19 0,34 0,53 0,29 0,02 0,32 0,85 0,11 0,01 0,12 0,10 0,24 0,33 0,45 Brevoortia pectinata** 0,04 0,04 0,08 0,08 0,52 0,47 0,99 0,99 Gobionellus oceanicus 0,17 0,51 0,68 0,28 0,28 0,97 Diapterus olisthostomus 0,20 0,30 0,50 0,23 0,23 0,73 0,04 0,04 0,04 Genidens genidens** 0,07 0,63 0,70 0,70 Atherinella brasiliensis 0,09 0,09 0,09 0,40 0,14 0,54 0,04 0,04 0,58 Centropomus parallelus* 0,17 0,05 0,22 0,22 0,38 0,38 0,38 Citharichthys spilopterus* 0,31 0,19 0,50 0,50 Harengula clupeola 0,37 0,37 0,01 0,01 0,38 Prionotus punctatus* 0,14 0,14 0,14 Opisthonema oglinum 0,06 0,06 0,07 0,07 0,13 Chilomycterus spinosus* 0,13 0,13 0,13 Symphurus plagusia* 0,12 0,12 0,12 Diplectrum radiale** 0,11 0,11 0,11 Achirus lineatus 0,02 0,01 0,03 0,01 0,03 0,04 0,07 <0,01 <0,01 <0,01

31

Citharichthys macrops** 0,02 0,04 0,06 0,06 Oligoplites saurus** 0,06 0,06 0,06 Caranx latus 0,01 0,01 0,04 0,04 0,05 Diplectrum formosum* 0,05 0,05 0,05 Eucinostomus melanopterus* 0,03 0,02 0,05 0,05 Trachinotus carolinus** 0,04 0,04 0,04 Sphoeroides greeleyi* 0,04 0,04 0,04 Synodus foetens* 0,04 0,04 0,04 Archosargus rhomboidalis* 0,03 0,03 0,03 Stephanolipis setifer* 0,02 0,02 0,02 Anchovia clupeoides* 0,01 0,01 0,01 0,01 Sphoeroides testudines* 0,01 0,01 0,01 Stephanolipis hispidus** 0,01 0,01 0,01 Phalloptychus januaris** 0,01 0,01 0,01 Anchoviella lepidentostole** 0,01 0,01 0,01 Chloroscombrus chrysurus* 0,01 0,01 0,01 Haemulon plumierii* 0,01 0,01 0,01 Selene vomer* <0,01 <0,01 <0,01 Anchoa tricolor* <0,01 <0,01 <0,01 Micropogonias furnieri <0,01 <0,01 Trachinotus sp.* <0,01 <0,01 <0,01 Decapoda Callinectes danae 0,69 0,24 0,93 0,13 0,85 0,98 1,90 1,23 1,23 0,17 0,56 0,73 1,96 Callinectes bocourti* 1,25 0,24 1,49 1,49 Farfantepenaeus brasiliensis* 0,38 0,38 0,38 0,77 0,77 0,77 Litopenaeus schmitti 0,72 0,02 0,74 0,08 0,05 0,13 0,86 0,18 0,18 0,10 0,10 0,28 Callinectes ornatus 0,26 0,26 0,26 0,54 0,54 0,08 0,08 0,62 Farfantepenaeus paulensis* 0,16 0,16 0,16 0,26 0,26 0,26 Callinectes sapidus 0,39 0,39 0,01 0,01 0,40 Total 12,32 16,00 28,32 11,79 14,87 26,66 54,98 19,75 32,86 52,62 4,26 7,35 11,60 64,22

32

Considerando as diferenças nos valores totais de biomassa entre as

lagoas, em 2006, a lagoa de Piratininga apresentou uma biomassa total maior

que Itaipu, enquanto que em 2010-11 esta situação se inverteu. Na verdade a

inversão desta relação se deu principalmente pela queda em biomassa da

lagoa de Piratininga, uma vez que a biomassa total de Itaipu se manteve

semelhante (Tabela 5).

A Tabela 6 mostra o resultado da ANOVA bifatorial realizada com os

dados ambientais para cada lagoa. Em Itaipu, a temperatura, pH, oxigênio

dissolvido e profundidade apresentaram diferença significativa tanto entre os

períodos como entre as estações do ano e sua interação. Enquanto que a

granulometria só apresentou diferença significativa entre os períodos, a

transparência entre as estações e os demais fatores não foram

significativamente diferentes.

Em Piratininga, a salinidade, pH e granulometria apresentaram diferença

significativa entre os períodos, as estações do ano e suas interações. A

temperatura só apresentou diferença significativa entre estações, o oxigênio

dissolvido e a profundidade só entre os períodos e a transparência somente

entre a interação entre os dois fatores.

As taxas de precipitação foram iguais para ambas as lagoas,

apresentando uma diferença significativa entre períodos, estações e suas

interações.

33

Tabela 6: Resultado das análises de variância (ANOVA) realizadas para cada parâmetros ambiental nas lagoas de Itaipu e Piratininga por período, estação do ano e sua interação.

Período Estação Período X Estação

r² F p F p F p

Temperatura 0,73 4,36 0,04 104,19 0,00* 10,65 0,00 Salinidade 0,20 0,37 0,55 9,01 0,00 1,96 0,17 pH 0,73 30,24 0,00* 30,03 0,00* 57,58 0,00* O2 (mg.L-1) 0,73 96,12 0,00* 6,31 0,02 15,27 0,00 Transparência (%) 0,18 0,70 0,41 5,90 0,02 3,23 0,08 Profundidade 0,13 5,74 0,02 28,90 0,00* 28,90 0,00* Matéria orgânica (%) 0,07 0,01 0,92 3,28 0,08 0,01 0,92 Granulometria 0,52 41,67 0,00* 2,64 0,11 2,64 0,11

Lgoa

de

Itaip

u

Precipitação 0,70 4,57 0,04 78,00 0,00* 20,91 0,00*

Período Estação Período X Estação

r² F p F p F p

Temperatura 0,75 0,22 0,64 130,99 0,00* 2,10 0,15 Salinidade 0,92 320,69 0,00* 91,47 0,00* 87,33 0,00* pH 0,53 5,62 0,02 27,48 0,00* 17,42 0,00 O2 (mg.L-1) 0,20 10,66 0,00 0,00 0,97 0,18 0,68 Transparência (%) 0,32 2,08 0,16 1,12 0,30 17,91 0,00 Profundidade 0,11 4,66 0,04 0,31 0,58 0,31 0,58 Matéria orgânica (%) 0,03 0,86 0,36 0,22 0,64 0,07 0,79 Granulometria 0,35 14,84 0,00 4,24 0,05 4,24 0,05

Lago

a de

Pira

tinin

ga

Precipitação 0,70 4,57 0,04 78,00 0,00* 20,91 0,00* * p < 0,0001

A análise de componentes principais (PCA), usando os dados de

abundância de espécies, mostrou uma separação entre as lagoas de Itaipu e

Piratininga, independente do período amostral, com os dois primeiros eixos

correspondendo a 22,1 % da variação dos dados (Figura 5). Os resultados da

PERMANOVA reforçam a distribuição espacial do PCA (Tabela 7), indicando

que, independente do período amostral, as lagoas diferem entre si em relação

a íctio e carcinofauna, podendo ser tratadas como dois sub-sistemas

independentes. Assim, as análises subsequentes consideram as duas lagoas

como componentes distintos, permitindo a observação das mudanças em cada

uma, separadamente.

34

De acordo com os “loadings” da análise de PCA, as espécies que

influenciaram significativamente na distribuição das amostras foram: A.

brasiliensis, B. aurea, B. pectinata, Callinectes bocourti (Crustácea,

Portunidae), Centropomus undecimalis, Diapterus auratus, D. rhombeus, E.

gula, Gobionellus oceanicus, M. liza e O. niloticus (Figura 6).

A análise de similaridade (ANOSIM) mostrou diferença significativa, com

um R global igual a 0,26 (p = 0,0001) para as duas lagoas corroborando a

hipótese de que ambas lagoas podem ser analisadas independentemente.

35

Eixo 1 = 12,6 %

Eix

o 2

= 9

,5 %

Itaipu 2010-11

Itaipu 2006

Piratininga 2010-11

Piratininga 2006

Figura 5: Analise de componentes principais (PCA) para a abundância das lagoas de Itaipu e Piratininga, nos períodos amostrais de 2006 e 2010-11. As elipses correspondem a 10% da concentração dos dados.

Tabela 7: Resultado da PERMANOVA comparando a influência dos períodos amostrais (2006 vs 2010-11) na estruturação das comunidades.

Fator F p r²

Espaço 5,665 0,0001 0,49

Tempo 12,266 0,0001 0,1

Espaço x Tempo 3,72 0,0001 0,02

36

Figura 6: “Loadings” (± desvio padrão) das espécies responsáveis pela distribuição das amostras no plano do PCA. As espécies cujos desvios padrões não cruzam o eixo X podem ser consideradas significativas para a distribuição encontrada no PCA.

A análise de correspondência canônica (CCA) para a lagoa de Itaipu

revelou uma maior separação entre os períodos amostrais na época de

inverno, enquanto que as amostras do verão não apresentaram distinção no

espaço canônico. Os dois primeiros eixos, juntos, explicaram 14,1 % da

variação dos dados. A precipitação apresentou uma relação positiva com as

amostras do verão, assim como a quantidade de areia no sedimento. A

transparência, profundidade e porcentagem de lama no sedimento

apresentaram relações negativas com este período amostral (Figura 7). A

salinidade não apresentou uma diferença significativa entre os períodos,

indicando que a abertura do canal do Tibau não teve grande influência nas

variações da salinidade na lagoa de Itaipu.

37

Em relação às amostras do inverno, o oxigênio dissolvido esteve

positivamente relacionado com as amostras de 2010-11, assim como a

profundidade e o pH, sendo estes, provavelmente os responsáveis pela

separação entre os períodos, principalmente o oxigênio, que apresentou uma

relação negativa com as amostras do inverno de 2006. Já a transparência e a

porcentagem de lama no sedimento estiveram positivamente relacionadas com

as amostras do inverno de 2006.

Segundo os resultados obtidos pelo diagrama t-valor biplot, nenhuma

delas apresentou relação significativa com os fatores ambientais. Porém, de

acordo com a CCA, foi possível observar uma tendência de agrupamento das

espécies H. clupeola, M. furnieri, Trachinotus carolinus, M. curema e Caranx

latus, com as amostras do verão nos dois períodos. Além disso, S. brasiliensis,

Oligoplites saurus e B. pectinata apresentaram uma maior relação com as

amostras do inverno de 2010-11, enquanto O. niloticus, C. ornatus,

Farfantepenaeus paulensis (Crustacea, Penaeidae), F. brasiliensis, Symphurus

plagusia, Prionotus punctatus e C. spilopterus com as do inverno de 2006.

Destas, a única que também esteve presente nas amostras de 2010-11 foi O.

niloticus, porém em quantidade bem menor (Figura 7).

38

Figura 7: Analise de correspondência canônica (CCA) para a lagoa de Itaipu nos dois períodos amostrais. Os vetores representam as variáveis ambientais que apresentaram uma relação significativa com a distribuição dos dados.

Em Piratininga, os dois primeiros eixos da CCA corresponderam a 19,3

% da variação dos dados. O primeiro eixo explicou a maior parte da variação

(11,8 %), sendo que a salinidade foi o fator que apresentou maior relação na

estruturação dos dois grupos de amostras formados, devido ao posicionamento

e tamanho do vetor que representa esta variável no espaço canônico. Em

relação as estações do ano, em 2010-11 não foi observado um padrão claro de

separação, ao contrário das amostras de 2006, as quais tiveram a

39

profundidade e precipitação separando-as, estando a primeira relacionada com

as amostras de inverno e a segunda com as de verão (Figura 8).

As espécies mais relacionadas com as amostras de 2010-11 foram B.

pectinata, E. gula, E. argenteus, C. danae e M. furnieri. Já, L. schmitti, C.

sapidus, C. ornatus, F. brasiliensis e F. paulensis estiveram relacionados com

as amostras do inverno e C. parallelus e C. undecimalis com as do verão de

2006. Dois grupos de espécies estiveram presentes em ambos períodos,

contribuindo pouco para a separação das amostras no espaço canônico. Ainda

assim, D. rhombeus e M. curema foram mais importantes para as amostras de

2010-11 e M. liza, A. brasiliensis e O. niloticus, para as de 2006 (Figura 8).

Em Piratininga, de acordo com o diagrama t-valor biplot, três fatores

ambientais apresentaram uma relação significativa com as espécies

capturadas. A precipitação e a transparência apresentaram uma relação

negativa significativa com as espécies de camarão (F. brasiliensis e F.

Paulensis), as quais tiveram seus vetores representados dentro do círculo de

relação negativa ao fator ambiental (Figuras 9a e b). A salinidade foi o fator

ambiental mais significativamente relacionado com as espécies (positivamente

com E. gula, E. argenteus, e B. pectinata, e negativamente com C. bocourti, F.

brasiliensis, F. paulensis, C. undecimalis e C. parallelus), evidenciando, mais

uma vez, sua importância na estruturação da comunidade em Piratininga

(Figura 9c).

40

Figura 8: Analise de correspondência canônica (CCA) para a lagoa de Piratininga para os dois períodos amostrais. Os vetores representam as variáveis ambientais que apresentaram uma relação significativa com a distribuição dos dados.

41

Figura 9: Diagrama t-valor biplot da lagoa de Piratininga dos fatores ambientais que apresentaram relação significativa com as espécies. Os círculos representam a área significativa do teste. As espécies que aparecem dentro desta área apresentam uma relação significativa com o fator ambiental..

42

De acordo com a análise de partição de variância foi observado que

para a lagoa de Itaipu, 28,89% da variação da fauna de peixes e crustáceos

coletados ocorreu devido aos fatores ambientais monitorados e 3,22% devido a

diferenças temporais (Figura 10). O resultado desta análise para a lagoa de

Piratininga mostrou que 34,03% da variação da fauna foi devido aos fatores

ambientais, apenas 3,50% devido as diferenças temporais entre as amostras e

6,64% devido a colinearidade entre os fatores. Um total de 50,84% da variação

não pode ser explicada (Figura 11).

A partição de variância entre os dados ambientais e a salinidade

separadamente mostrou que 8,79% da variação na comunidade de peixes e

crustáceos na lagoa de Piratininga foi devido à salinidade (Figura 12). Esse

resultado corrobora o padrão encontrado no CCA onde a salinidade esteve

positivamente correlacionada às amostras de 2010-11.

43

Figura 10: Esquema ilustrando a porcentagem de variação de cada parâmetro ambiental testado na partição de variância da lagoa de Itaipu. (A) dados ambientais, (B) correlação entre os dados ambientais e o tempo, (C) tempo, (D) porcentagem de variação que não é explicada por nenhum dos parâmetros medidos.

Figura 11: Esquema ilustrando a porcentagem de variação de cada parâmetro ambientail testado na partição de variância da lagoa de Piratininga. (A) dados ambientais, (B) correlação entre os dados ambientais e o tempo, (C) tempo, (D) porcentagem de variação que não é explicada por nenhum dos parâmetros medidos.

44

Figura 12: Esquema ilustrando a porcentagem de variação de cada parâmetro ambiental testado na partição de variância da lagoa de Piratininga. (A) dados ambientais, sem a salinidade, (B) correlação entre os dados ambientais e a salinidade, (C) salinidade isoladamente, (D) porcentagem de variação que não é explicada por nenhum dos parâmetros testados.

Em Itaipu, as espécies que foram significativas para separação dos dois

períodos foram: Citharichthys spilopterus, D. auratus, F. paulensis, D.

rhombeus, M. liza, Genidens genidens e Anchoviella lepidentostole (Tabela 8).

Destas, C. spilopterus e F. paulensis foram exclusivas de 2006 e A.

lepidentostole e G. genidens foram exclusivas de 2010-11. As demais espécies

apresentaram maior abundancia em 2006, mas estiveram presentes nos dois

períodos amostrais.

A análise discriminante revelou que as espécies que contribuíram

significativamente para a distinção da fauna entre os anos de 2006 e 2010-11

na lagoa de Piratininga foram: C. undecimalis, E. argenteus, F. brasiliensis e A.

brasiliensis (Tabela 9). Centropomus undecimalis e F. brasiliensis só foram

capturados em 2006 na lagoa de Piratininga. Atherinella brasiliensis e E.

45

argenteus estiveram presentes nos dois períodos, porém a primeira ocorreu em

maior quantidade em 2006, enquanto que a segunda em 2010-11.

Tabela 8: Resultado da análise discriminante da lagoa de Itaipu, com os valores de significância, F-valor e a quantidade de explicação (λ) de cada espécie na separação dos períodos amostrais. * - espécies exclusivas de 2006. ** - espécies exclusivas de 2010-11.

Itaipu

Espécies p valor F valor λ

Citharichthys spilopterus* 0,00 35,58 0,44 Diapterus auratus 0,01 7,27 0,07 Farfantepenaeus paulensis* 0,02 5,57 0,06 Diapterus rhombeus 0,02 6,15 0,04 Mugil liza 0,03 4,89 0,04 Genidens genidens** 0,03 4,84 0,03 Anchoviella lepidentostole** 0,04 4,56 0,03 Centropomus parallelus* 0,05 3,88 0,04 Micropogonias furnieri 0,05 4,03 0,03 Brevoortia pectinata** 0,07 3,51 0,02 Oreochromis niloticus 0,08 3,17 0,01 Elops saurus 0,08 3,16 0,02 Atherinella brasiliensis 0,09 3,06 0,01 Synodus foetens* 0,09 3,07 0,02 Eucinostomus gula 0,10 2,91 0,01 Caranx latus 0,11 2,72 0,01 Farfantepenaeus brasiliensis* 0,13 2,47 0,01 Litopenaeus schmitti 0,13 2,39 0,01 Mugil curema 0,14 2,29 0,01 Achirus lineatus 0,16 2,14 0 Brevoortia aurea 0,17 2,13 0 Citharichthys macrops** 0,21 1,62 0,01 Eucinostomus argenteus 0,23 1,56 0,01 Prionotus punctatus* 0,27 1,26 0,01 Anchoa tricolor* 0,31 1,1 0,01 Cetengraulis edentulus 0,35 0,92 0 Harengula clupeola 0,38 0,83 0 Oligoplites saurus** 0,43 0,66 0 Symphurus plagusia* 0,44 0,63 0 Eucinostomus melanopterus* 0,47 0,55 0 Callinectes ornatus 0,48 0,52 0 Centropomus undecimalis 0,51 0,45 0,01 Sardinella brasiliensis** 0,51 0,45 0 Opisthonema oglinum 0,52 0,42 0 Chilomycterus spinosus* 0,53 0,39 0 Callinectes danae 0,85 0,04 0 Gobionellus oceanicus 0,88 0,03 0

46

Tabela 9: Resultado da análise discriminante da lagoa de Piratininga, com os valores de significância, F-valor e a quantidade de explicação (λ) de cada espécie na separação dos períodos amostrais. * - espécies exclusivas de 2006. ** - espécies exclusivas de 2010-11.

Piratininga Espécies p valor F valor λ

Centropomus undecimalis* 0,00 21,64 0,21 Eucinostomus argenteus 0,00 11,31 0,2 Farfantepenaeus brasiliensis* 0,00 10,65 0,15 Atherinella brasiliensis 0,04 4,19 0,04 Mugil liza 0,11 2,69 0,02 Brevoortia pectinata** 0,11 2,65 0,03 Litopenaeus schmitti 0,14 2,27 0,02 Micropogonias furnieri 0,15 2,13 0,01 Callinectes bocourti* 0,16 2,15 0,02 Elops saurus 0,16 2,03 0,01 Centropomus parallelus* 0,22 1,62 0,02 Farfantepenaeus paulensis* 0,26 1,31 0,01 Diapterus rhombeus 0,55 0,38 0,00 Callinectes ornatus 0,56 0,36 0,01 Oreochromis niloticus 0,70 0,15 0,00 Callinectes danae 0,73 0,13 0,00 Mugil curema 0,91 0,01 0,00 Callinectes sapidus 0,93 0,01 0,00 Brevoortia aurea 0,94 0,01 0,00

47

5. DISCUSSÃO

Diversos estudos descrevendo a ictio e carcinofauna de lagoas e

ambientes estuarinos buscaram avaliar possíveis relações entre a fauna e

determinados fatores abióticos, tais como oxigênio dissolvido, pH, taxas de

precipitação, turbidez, maré, temperatura e principalmente salinidade da água

(e.x. MONTEIRO-NETO et al. 1990; CASTILLO-RIVERA et al. 2010;

CONTENTE et al. 2011a; FRANÇA et al. 2011). Normalmente estes estudos

são realizados avaliando (a) um gradiente longitudinal dos fatores ao longo de

um estuário (ex. LOEBMANN et al. 2008; SANCHEZ-BOTERO et al. 2008;

PLAVAN et al. 2010; VENDEL et al. 2010; CONTENTE et al. 2011a; FRANÇA

et al. 2011); (b) mudanças sazonais em lagoas ou estuários com ligações

intermitentes com o mar (YOUNG et al. 1997; GRIFFITHS 2001; YOUNG &

POTTER 2002; FERREIRA & FREIRE 2009); ou (c) a comunidade após a

abertura de um canal, sem ter um estudo anterior (WASSERMAN 2000; SAAD

et al. 2002). Até o momento, nenhum trabalho comparou as características da

íctio e carcinofauna e condições pré e pós uma intervenção, como a abertura

do canal do Tibau no sistema lagunar Piratininga Itaipu.

A riqueza de espécies do complexo lagunar Piratininga-Itaipu foi similar

a de outros estudos feitos em lagoas costeiras tropicais apresentando em torno

de 30 espécies (GRIFFITHS 2001; SCHIFINO et al. 2004; GARCIA et al. 2007;

MACEDO-SOARES et al. 2007; LOEBMANN et al. 2008; SANCHEZ-BOTERO

et al. 2008). A comunidade de peixes e crustáceos das lagoas apresentou

semelhanças com algumas comunidades estudadas em lagoas costeiras

brasileiras, principalmente do Rio de Janeiro, com representantes da família

48

Gerreidae e espécies como M. liza, M. curema, B. aurea, B. pectinata, G.

genidens, A. brasiliensis, F. brasiliensis, L. schmitti e Callinectes spp. bastante

frequentes, estando fortemente associadas a estes ambientes (ANDREATA et

al. 1989; 1997; ALBERTONI 1998; BARROSO et al. 2000; ARAÚJO &

AZEVEDO 2001; FERREIRA & FREIRE 2009).

Diferenças encontradas na ictio e carcinofauna entre o presente estudo

e os anteriormente citados podem ser devido ao uso da arte de pesca

escolhida. Contudo, estudos demonstraram que não há grande diferença de

captura entre os diferentes amostradores em lagoas costeiras (ANDREATA et

al. 1989; MONTEIRO-NETO et al. 1990; FORTES 2007). Andreata et al.

(1989), na lagoa de Marapendi, observaram que a tarrafa e a pesca de arrasto

apresentaram uma captura semelhante em relação a composição de espécies,

com a maioria das espécies em comum, e sugeriram que o arrasto é mais rico

em espécies e amostra melhor as margens enquanto a tarrafa é mais eficiente

para as áreas mais profundas. Entretanto, Monteiro-Neto et al. (1990) sugerem

que o arrasto apresenta fortes limitações práticas em ambientes lamosos,

como é o caso do complexo lagunar estudado. Além disso a comparação de

diversas artes de pesca no complexo lagunar Piratininga-Itaipu feita por Fortes

(2007), destacou que a tarrafa foi o amostrador que capturou mais espécies

exclusivas. Com base nisso e considerando que o presente estudo tem fins

comparativos, a utilização apenas da tarrafa se mostrou satisfatória,

principalmente por ela apresentar outras vantagens como o fácil manuseio,

diminuindo o esforço amostral e a possibilidade do cálculo da área amostrada,

podendo-se estimar a densidade de cada espécie.

49

A maioria das espécies exclusivas de 2010-11 apareceram em Itaipu e

não em Piratininga, com exceção de Phalloptychus januarius (com apenas um

indivíduo) e de B. pectinata. Além disso, duas espécies, A. lineatus e D.

auratus (ambas com apenas um indivíduo), que antes estavam presentes

apenas em Itaipu, em 2010-11 foram registradas também em Piratininga.

A ausência de B. pectinata em 2006 pode estar relacionada a problemas

de identificação, uma vez que sua separação taxonômica de B. aurea é bem

difícil devido a similaridades entre as espécies. Assim, a relação positiva de B.

pectinata com a salinidade pode não representar uma relação direta com este

fator. Por outro lado a ocorrência de P. januarius em 2010-11 pode ter sido

ocasional, uma vez que a tarrafa não é o melhor amostrador para as margens

da lagoa, onde essa espécie normalmente é encontrada. Segundo Fortes

(2007), esta espécie esteve presente em Piratininga, mas foi capturada com

outro petrecho, assim como D. auratus. Já o aparecimento de A. lineatus, que

antes só estava presente em Itaipu, pode indicar que o aumento da salinidade

e da profundidade em Piratininga, facilitou o trânsito desta espécie de uma

lagoa para a outra, uma vez que ela já esteve associada a regiões mais salinas

(ANDREATA et al. 1989; BARLETTA et al. 2005) e a um gradiente de

profundidade (ALLEN & BALTZ 1997).

Todas as novas ocorrências em Itaipu (S. brasiliensis, Anchoviella

lepidentostole, Oligoplites saurus, Citharichthys macrops, Trachinotus

carolinus, Diplectrum radiale, Stephanolepis hispidus e G. genidens), com

exceção de C. macrops, são espécies registradas para a região costeira de

Itaipu, reforçando a idéia de que a fauna presente em estuários e lagoas

50

apresenta grande conectividade com as áreas rasas marinhas adjacentes

(MONTEIRO-NETO et al. 2008). Além disso, três destas espécies, S.

brasiliensis, A. lepidentostole e D. radiale, foram capturadas com outro

petrecho na lagoa de Itaipu em estudos anteriores (FORTES 2007).

Diapterus rhombeus e E. argenteus, espécies mais abundantes tanto em

Itaipu quanto em Piratininga, são frequentemente encontradas em maior

abundância nas regiões mais baixas de estuários, onde a salinidade é maior

(ANDREATA et al. 1989; CONTENTE et al. 2011a), sendo muitas vezes

classificadas como espécies visitantes-marinhas (GARCIA & VIEIRA 2001;

GARCIA et al. 2001). GARCIA et al. (2001) observaram que tais espécies tem

sua abundância reduzida com a diminuição da salinidade. Os resultados

encontrados neste trabalho corroboram a hipótese de que ambas espécies

preferem áreas mais salinas, já que o aumento da salinidade após a abertura

do canal do Tibau, resultou no aumento na abundância das duas, sugerindo

que, em águas lagunares mais salinas, elas encontrariam um ambiente

apropriado para o seu desenvolvimento.

Diapterus rhombeus é bastante comum em estuários e lagoas (ARAÚJO

et al. 1998; ARAÚJO & AZEVEDO 2001; CASTILLO-RIVERA et al. 2005),

normalmente estando entre as espécies mais abundantes sendo, inclusive,

importante para a pesca em diversas lagoas do leste fluminense (BARROSO et

al. 2000). Por outro lado E. argenteus é menos frequente, sendo superada em

número por outras espécies. Assim, sua abundância elevada neste trabalho

pode indicar que a degradação do complexo lagunar e o aumento da salinidade

em Piratininga desfavoreceram espécies que normalmente tem vantagem

51

competitiva sobre ela, possibilitando a sua prevalência. Inclusive, de acordo

com as análises realizadas, a salinidade foi importante para o aumento das

duas espécies de Eucinostomus presentes em Piratininga.

Das 22 espécies exclusivas em 2006, as mais representativas (com

abundância superior a 5 indivíduos) foram: F. brasiliensis, F. paulensis, C.

parallelus, C. spilopterus e C. bocourti.

Perez-Castaneda & Defeo (2001) observaram em uma lagoa no México,

a preferência de F. brasiliensis por regiões mais salinas, indicando que a média

de salinidade ótima para esta espécie situa-se entre 15 e 35‰ (BRITO et al.

2000). Outros estudos (ex. ALBERTONI 1998; ALBERTONI et al. 2003)

observaram também que a abertura esporádica da conexão entre lagoas e o

mar adjacente aumenta o recrutamento de pós-larvas de camarões F.

brasiliensis e F. paulensis, renovando os estoques nesses ambientes. Assim,

era de se esperar um padrão de acréscimo destas espécies no complexo

Piratininga-Itaipu após a abertura do canal. Todavia, o padrão encontrado foi o

oposto e com estas espécies apresentando uma relação negativa com a

salinidade.

Uma vez que F. brasiliensis e F. paulensis também se relacionaram

negativamente com a taxa de precipitação e transparência da água em

Piratininga, estes fatores poderiam ser julgados importantes para a não

ocorrência destas espécies. No entanto, elas também não foram capturadas

em Itaipu, onde não houve diferença significativa de salinidade e nenhuma

relação direta delas com os dados ambientais. Assim, o padrão encontrado

deve estar relacionado a outros fatores como: o aumento da pesca, já que

52

estas espécies são importantes recursos pesqueiros (ALBERTONI 1998;

BARROSO et al. 2000); diminuição da vegetação (observação dos pescadores

e pessoal, quando comparada à descrição dos habitats feita por FORTES

2007), visto que esta aumenta a complexidade de habitats, provocando um

crescimento na riqueza e diversidade do ambiente (ARAÚJO & AZEVEDO

2001; MARTINO & ABLE 2003) e, mais especificamente, na abundância

dessas duas espécies (GARCIA et al. 1996; PEREZ-CASTANEDA & DEFEO

2001), além de ser um agregador de sedimento fino, fator relacionado com as

espécies em Itaipu.

O desaparecimento de C. parallelus em 2010-11 pode estar relacionado

ao aumento no aporte de contaminantes domésticos, uma vez que esta

espécie é sensível a poluentes surfactantes, principalmente em altas

salinidades, podendo inclusive ser um indicador deste tipo de contaminante em

ambientes estuarinos (ROCHA et al. 2007). Além disso, esta espécie

normalmente é encontrada associada a regiões mais altas de estuários e

lagoas, onde a salinidade é menor (ANDREATA et al. 1989; CONTENTE et al.

2011a). Como C. parallelus foi capturada apenas no período de 2006, nas duas

lagoas, podemos inferir que o aumento da eutrofização do sistema (CERDA

2012), reduzindo a qualidade da água, também pode ter influenciado as

alterações encontradas na ictiofauna das lagoas (MACEDO & SIPAÚBA-

TAVARES 2010). Ainda, o aumento da salinidade em Piratininga, o qual

apresentou uma relação negativa com esta espécie, provavelmente agravou

ainda mais a sensibilidade dela, impossibilitando sua sobrevivência no

complexo lagunar.

53

Já a ausência de C. spilopterus pode estar relacionada com o aumento

da concentração de oxigênio dissolvido e de substrato mais grosso, uma vez

que Allen & Baltz (1997) sugeriram que C. spilopterus estaria mais associado a

regiões com menores concentrações de oxigênio dissolvido e substratos mais

finos, indicando que estes fatores podem ter sido importantes na diminuição da

densidade desta espécie, acarretando sua ausência nas capturas no período

de 2010-11.

O único Portunidae exclusivo de 2006, C. bocourti, foi capturado apenas

em Piratininga e, neste trabalho, apresentou uma relação negativa com a

salinidade. Embora considerada uma espécie pouco abundante em outros

estudos (MONTEIRO-NETO et al. 2000), a total ausência dela no período de

2010-11 e sua relação significativa com a salinidade indicam que esta espécie

pode ser a mais sensível a alterações neste fator. O aumento da salinidade na

lagoa também pode ter influenciado a diminuição da abundância de C. sapidus,

espécie mais relacionada a áreas menos salinas de estuários (Monteiro-Neto et

al. 2000). A diminuição da riqueza e abundancia da família Portunidae pode ser

reflexo também da diminuição da vegetação das lagoas e o aumento de C.

danae em Itaipu pode ter ocorrido devido a sua melhor adaptação em áreas

com menos vegetação. Segundo Garcia et al. (1996) C. sapidus é mais

abundante em áreas com mais vegetação na lagoa dos patos, enquanto que C.

danae não apresenta relação direta com a quantidade de vegetação, indicando

que a ocorrência desta espécie independe deste fator.

Atherinella brasiliensis é uma espécie estuarino-residente (FROTA &

CARAMASCHI 1998; GARCIA & VIEIRA 2001) que tolera longos períodos de

54

fechamento de lagoas com o mar (SERGIPENSE & VIEIRA 1999; CONTENTE

et al. 2011b), porém no primeiro momento de abertura sua população sofre

uma emigração para áreas marinhas adjacentes à lagoa (FROTA &

CARAMASCHI 1998). Esta espécie era considerada abundante e frequente na

lagoa de Piratininga (SERGIPENSE & VIEIRA 1999), porém desde o primeiro

período amostral ela apresentou uma queda em abundância, que se mostrou

ainda mais evidente neste trabalho. Possivelmente este último acontecimento

está ligado à abertura do canal, já que ela foi apontada como uma das

espécies responsáveis pela diferenciação entre os dois períodos.

A perda em biomassa na lagoa de Piratininga foi consequência da

diminuição nas capturas de O. niloticus. O raro contato com o mar, provocado

pela ausência de um canal de ligação direta durante um longo período,

ocasionou uma mudança de estado na lagoa de Piratininga, com o

desenvolvimento de uma comunidade dominada por espécies dulcícolas

(FROTA & CARAMASCHI 1998), tendo como espécie dominante O. niloticus. A

maioria das espécies dulcícolas encontradas em lagoas e estuários não são

residentes e, por serem mais sensíveis a mudanças na salinidade, ficam

restritas às áreas mais altas de estuários, perto dos rios e onde a amplitude de

salinidade é menor (FROTA & CARAMASCHI 1998; MARTINO & ABLE 2003).

Oreochromis niloticus, espécie exótica utilizada em aquicultura, é uma das

poucas espécies de água doce que pode ser aclimatada a ambientes

estuarinos e lagunares. Porém um aumento na salinidade, como o que ocorreu

na lagoa de Piratininga, pode ter provocado tanto um aumento na mortalidade

quanto a emigração da espécie para áreas mais altas dos rios, conforme

55

observado por FROTA & CARAMASCHI (1998) em outras regiões. Pescadores

de Piratininga também identificaram esta redução da espécie nas suas

capturas (Senhor Manoel, comunicação pessoal). Tal fato, pode elucidar a

perda em abundância e biomassa da espécie entre os períodos amostrais em

Piratininga, reforçando a mudança significativa na estrutura da ictio e

carcinofauna nesta lagoa.

As principais consequências imediatas da abertura de canais sobre a

comunidade de peixes normalmente são: a mortalidade (pelo aumento na

salinidade) e emigração de espécies dulcículas; a possibilidade de imigração

de espécies marinhas (FROTA & CARAMASCHI 1998). A abertura do canal de

Tibau, aparentemente não favoreceu a entrada de espécies marinhas na lagoa,

já que não houve o aumento de tais registros no período de 2010-11 em

Piratininga onde o canal foi aberto. Isso pode ter acontecido pelo fato do canal

não ter ligação direta com a zona de arrebentação, por ser submerso,

dificultando a entrada de juvenis que normalmente estão nessas áreas

aguardando o momento certo para adentrarem as lagoas (BELL et al. 2001).

Além disso, a lagoa ficou fechada por muitos anos impossibilitando que

espécies marinhas que entram nas lagoas para reprodução sincronizassem

seus ciclos reprodutivos com a abertura desta (HARRISON & WHITFIELD

1995; FROTA & CARAMASCHI 1998).

Alterações nas condições de lagoas e estuários após ligações com o

mar, como foi visto neste estudo, são bem documentadas na literatura (ex.

GRIFFITHS 2001; YOUNG & POTTER 2002; BONETTI et al. 2005;), inclusive

no Brasil (e.x. ARAÚJO & AZEVEDO 2001; LOEBMANN et al. 2008;

56

FERREIRA & FREIRE 2009) e no estado do Rio de Janeiro (ex. SANTOS et al.

2007; SANCHEZ-BOTERO et al. 2008). Frota & Caramaschi (1998), na lagoa

de Imboacica, verificaram pouca atividade pesqueira no período em que a

barra esteve fechada, mas com a sua abertura houve um crescimento da pesca

devido à entrada de espécies marinhas. Lima et al. (2001) observaram um

aumento da pesca de espécies dulcícolas durante a abertura da barra,

atribuída a sua maior vulnerabilidade devido às modificações hídricas

provocadas pelo canal.

Mudanças nas características ambientais são apontadas como sendo

fatores capazes de limitar a distribuição de algumas espécies, favorecer outras

e facilitar o acesso de espécies costeiras a esses ambientes (SAAD et al. 2002;

MACEDO-SOARES et al. 2007). Na lagoa de Piratininga, assim como em

outros estudos (FROTA & CARAMASCHI 1998; LIMA et al. 2001, ALBERTONI

et al. 2003, MACEDO-SOARES et al. 2007; SANTOS et al. 2007), estes

processos ficaram evidenciados pelo aumento na riqueza de peixes e

crustáceos de origem marinha e diminuição de espécies dulcículas,

principalmente de O. niloticus. Dentre os fatores monitorados neste trabalho, a

salinidade foi a variável determinante nas mudanças faunísticas, corroborando

a idéia de que ela é a grande responsável pelas variações espaciais e

temporais na fauna de ecossistemas lagunares e estuarinos (MONTEIRO-

NETO et al. 1990; SUZUKI et al. 1998; LIMA et al. 2001; MARTINO & ABLE

2003; AKIN et al. 2005; BARLETTA et al. 2005; POMBO et al. 2005;

CASTILLO-RIVERA et al. 2010; CONTENTE et al. 2011a).

57

Estudos propõem que diferenças de salinidade podem promover fortes

respostas biológicas espécie-específicas uma vez que, apesar de muitos

peixes serem capazes de aguentar diferentes níveis de salinidade, existem

níveis ótimos para cada espécie (AKIM et al. 2005; CONTENTE et al. 2011a).

Por isso, pode-se dizer que a abertura de estuários e lagoas altera as

condições normais do sistema, interferindo na sua estrutura hidrológica (CRUZ

et al. 1996; SUZUKI et al. 1998, 2002; BONETTI et al. 2005, WEBSTER 2010),

planctônica (BRANCO et al. 2007; SANTANGELO et al. 2007) e,

consequentemente, na composição e recrutamento de peixes (POLLARD 1994;

YOUNG & POTTER 2002; POMBO et al. 2005) e crustáceos (ALBERTONI

1998; ALBERTONI et al. 2003; FERREIRA & FREIRE 2009), eventos que

também puderam ser observados neste trabalho.

O presente estudo observou uma alteração na estrutura da comunidade

de peixes e crustáceos do complexo lagunar de Piratininga-Itaipu decorrente

das alterações no estado das lagoas, especialmente da elevação da salinidade,

decorrente principalmente da abertura do canal de Tibau. Resultado diferente

foi encontrado por Griffiths (2001), que observou que a ictiofauna de uma lagoa

na Austrália se mostrou estável e resistente às mudanças físico-químicas do

ambiente provocadas pela sua ligação esporádica com o mar. Todavia, ele

relacionou esta estabilidade à baixa mudança na salinidade, mantendo-se

numa faixa intermediária de tolerância para espécies estuarinas e marinhas. No

caso deste estudo a elevação da salinidade, principalmente na lagoa de

Piratininga, foi muito grande, provocando as diferenças na ictio e carcinofauna

observadas.

58

Aparentemente, a abertura do canal de Tibau não se mostrou totalmente

benéfica, pelo menos na escala de tempo analisada neste estudo. As

alterações observadas levaram a uma diminuição na diversidade, abundância e

biomassa da ictio e carcinofauna das lagoas, e segundo os pescadores locais,

provocou mortandade de peixes e uma drástica diminuição da pesca local

(Senhor Manoel, comunicação pessoal). Resultados opostos foram

encontrados em outros estudos, os quais sugerem que a ligação de lagoas e

estuários com o mar pode ser benéfica para as comunidades de peixes, se o

ecossistema apresentar uma resistência aos distúrbios gerados por ela (SAAD

et al. 2002; MACEDO-SOARES et al. 2007). Por exemplo, em seus estudos em

lagoas costeiras com ligação esporádica com o mar, Young et al (1997) e Saad

et al. (2002) perceberam uma renovação dos indivíduos sempre que o canal é

aberto, prevalecendo espécies marinhas devido ao aumento da salinidade, mas

com o tempo a comunidade conseguiu se equilibrar novamente. Ainda, de

acordo com Sanchez-Botero et al. (2008) e Young & Potter (2002), a falta de

ligação com o mar por um longo período de tempo constitui um distúrbio para

lagoas costeiras e estuários, diminuindo a estabilidade e riqueza de espécies

no sistema e por consequência o número de espécies marinhas.

Estudos sugerem que processos esporádicos de abertura de canais

representam uma perturbação de pequena duração, possibilitando a posterior

reestruturação da comunidade, enquanto que distúrbios de longa duração

podem não ter o mesmo resultado (LIMA et al. 2001; SAAD et al. 2002).

Segundo Frota & Caramaschi (1998), se a abertura do canal é feita entre curtos

intervalos de tempo, a comunidade não tem tempo de se estabilizar devido a

59

frequente emigração e imigração de determinadas espécies. No caso da lagoa

de Piratininga, a intervenção do canal do Tibau fez com que a lagoa, que antes

não apresentava nenhuma ligação direta com o mar, passasse a estar

constantemente aberta, gerando um grande distúrbio e induzindo uma queda

da diversidade no momento imediatamente após a abertura do canal. Esse

distúrbio de longa duração pode provocar outros tipos de alterações nas

comunidades, como a mudança nas espécies dominantes, podendo alterar

todo o funcionamento e dinâmica do sistema.

A relação entre o aumento no grau de distúrbio do ambiente e a

diminuição na diversidade de peixes também foi visto por Pollard (1994) ao

comparar três lagoas com diferentes regimes de ligação com o mar. Seu

estudo indicou que a única que apresentava ligação permanente com o mar era

a mais rica e com a ictiofauna mais distinta, enquanto que as outras (com

abertura intermitente) eram mais parecidas entre si e estariam empobrecidas,

justamente devido ao distúrbio gerado nos momentos de ligação. Ainda, Araújo

et al. (1998) encontraram uma alta riqueza na Baia de Sepetiba e atribuíram à

relativa estabilidade dos fatores ambientais na região. Com base nisso

podemos inferir que o complexo lagunar Piratininga-Itaipu se encontra num

estágio transicional, razão pela qual ainda não pode ser observado um

equilíbrio no sistema. O esperado é que, com o tempo, suas características

ambientais se estabilizem e sua comunidade consiga se reestruturar, mesmo

que as espécies chaves não sejam as mesmas de antes. Por isso, é

indispensável o monitoramento futuro que avalie o grau de recuperação das

lagoas.

60

Com base nos dados observados sustentamos a idéia de que a

tolerância de organismos em um gradiente abiótico é o que parece determinar

a estrutura de uma comunidade (MARTINO & ABLE 2003; AKIN et al. 2005),

com algumas espécies optando por locais com características ambientais

especificas (POMBO et al. 2005). Isso também foi discutido por Andreata et al.

(1989), que observou que a distribuição espacial de peixes dividiu a lagoa de

Marapendi em dois grupos influenciados principalmente pela salinidade: um

constituído pela área do canal com salinidade mais elevada, e o outro

compreendendo as demais localidades da lagoa.

Em Piratininga os componentes abióticos foram responsáveis por quase

35% da variação nos dados de fauna e a salinidade sozinha por quase 9%,

enquanto em Itaipu eles foram responsáveis por quase 30% desta variação.

Porém, eles não foram os únicos influenciando a mudança na ictio e

carcinofauna das lagoas, ainda restando em torno de 50% a ser explicada por

outros fatores. Em muitos casos, extinções locais e alterações abruptas da

estrutura das comunidades ocorrem como resultado de mudanças no tempo de

retenção e qualidade da água, aumento da poluição e eutrofização do sistema

(AGOSTINHO et al. 2005). Sendo assim, esta parcela não explicada pode ser

atribuída também a fatores biológicos não medidos como predação,

competição e o comportamento de algumas espécies (MARTINO & ABLE

2003), ou mesmo pela mudança na vegetação local.

Padrões temporais não ligados às características ambientais

modificados pela abertura do canal, provavelmente tiveram pouca influência na

mudança da comunidade em Piratininga. Em outras lagoas e estuários a

61

distribuição de peixes se mostrou dependente de variações bióticas e abióticas,

com as mudanças espaciais e temporais sendo um reflexo de fatores

ambientais (WHITFIELD 1999; SANCHEZ-BOTERO et al. 2008; CONTENTE et

al. 2011a). Martino & Able (2003) observaram que a comunidade estudada

durante três anos se manteve praticamente estável especialmente pelo fato de

não ter havido grandes alterações nos padrões abióticos.

Como pode ser observado neste trabalho, a construção do canal de

Tibau causou consequências ao complexo lagunar Piratininga-Itaipu, muitas

delas diferentes às registradas em estudos similares. Mesmo quando trabalhos

são feitos na mesma região, podem gerar resultados diferentes devido as

constantes mudanças inerentes aos ecossistemas. Por exemplo, Sanchez-

Botero et al. (2008) realizaram um trabalho semelhante a dois anteriores na

lagoa de Cabíunas e encontraram resultados bastante distintos com relação a

comunidade de peixes. Por essa razão, projetos de monitoramento visando

verificar o desenvolvimento das lagoas são bastante importantes, já que a

preservação destes ambientes depende de estudos específicos e constantes

em cada sistema (SCHIFINO et al. 2004). Isso porque uma mesma intervenção

pode gerar consequências distintas em diferentes ecossistemas devido

principalmente: (1) às diferenças no tamanho de suas bacias de drenagem, (2)

às variações na evolução natural dos ambientes e (3) às diferentes formas de

uso antrópico em cada um deles (ESTEVES 1998; LIMA et al. 2001).

62

6. CONCLUSÃO

Alterações na ictio e carcinofauna do complexo lagunar Piratininga-Itaipu

foram registradas como consequência da abertura do canal de Tibau. Dentre

elas, ficou evidente a diminuição na riqueza e abundância de espécies nas

duas lagoas e a diminuição da biomassa em Piratininga.

A elevação da salinidade na lagoa de Piratininga, provocada diretamente

pela sua ligação com o mar através do canal do Tibau, ocasionou a mudança

na ictio e carcinofauna, promovendo uma troca de dominância de espécies,

levando ao predomínio de espécies marinhas e prejudicando a principal

espécie de água doce que antes dominava a lagoa. Ainda assim, este estudo

sugere que ictio e carcinofauna da lagoa se encontram em um estágio de

transição, onde as espécies dominantes sejam de origem marinha e não de

água doce.

Já em Itaipu, apesar de ter ocorrido uma supressão de algumas

espécies e surgimento de outras, não foi possível identificar o principal fator

responsável pela modificação da comunidade. Processos de eutrofização local

assim como a própria ligação direta com o mar, podem ter sido mais

importantes na estruturação da comunidade de peixes e crustáceos em Itaipu,

do que os possíveis efeitos da abertura do canal do Tibau neste sistema.

63

7. PERSPECTIVAS

É necessário um acompanhamento constante da fauna da região para

monitorar as mudanças a longo prazo no complexo lagunar, para que se possa

acompanhar a evolução do sistema. Além disso, houve um assoreamento no

canal de Tibau que fechou novamente a ligação da lagoa de Piratininga com o

mar. Por esses motivos é fundamental que haja novos estudos acompanhando

a evolução da comunidade do Complexo lagunar Piratininga-Itaipu, avaliando

as consequências deste novo fechamento na comunidade e visando antecipar

o que novas alterações podem gerar, para que medidas de manejo adequadas

sejam realizadas.

64

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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