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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Enfermagem Claudia Lucimara Andrade Cavalcante Cracco Juliana dos Anjos Salvador IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO LINS – SP 2010

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Enfermagem

Claudia Lucimara Andrade Cavalcante Cracco

Juliana dos Anjos Salvador

IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT NA

EQUIPE DE ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE

PRONTO ATENDIMENTO

LINS – SP

2010

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CLAUDIA LUCIMARA ANDRADE CAVALCANTE CRACCO

JULIANA DOS ANJOS SALVADOR

IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EQUIPE DE

ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem, sob a orientação da Profa M.Sc. Ludmila Janaína dos Santos de Assis Balancieri e orientação técnica da Profa M.Sc. Jovira Maria Sarraceni.

LINS – SP

2010

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Cracco, Claudia Lucimara Andrade Cavalcante; Salvador, Juliana dos Anjos

Identificação da Síndrome de Burnout na Equipe de Enfermagem de uma Unidade de Pronto Atendimento / Claudia Lucimara Andrade Cavalcante Cracco; Juliana dos Anjos Salvador. – – Lins, 2010.

60p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2010

Orientadora: Ludmila Janaina dos Santos de Assis Balancieri

C921i

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CLAUDIA LUCIMARA ANDRADE CAVALCANTE CRACCO

JULIANA DOS ANJOS SALVADOR

IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EQUIPE DE

ENFERMAGEM DE UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em: ____/____/____

Banca Examinadora:

Prof(a) Orientador(a): Ludmila Janaina dos Santos de Assis Balancieri

Titulação: Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade do Sagrado Coração

(USC).

Assinatura:__________________________________

1º Prof (a):_______________________________________________________

Titulação:_______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:__________________________

2º Prof (a):_______________________________________________________

Titulação:_______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura:__________________________

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Agradecimentos A Deus, Pelo dom da vida, pela inteligência, pelas companhias adquiridas no decorrer da estrada, pelos bens conquistados, enfim por todas experiências que só me fazem evoluir cada vez mais.

Ao meu marido, Meu amado, companheiro de todas as horas, todos os momentos, sejam alegres ou tristes, de saúde ou doença, mas que está sempre presente ao meu lado e em meu coração, o meu desejo maior para que você seja sempre muito feliz por tudo o que você sempre foi para mim: o meu grande amor! Aos meus pais (in memorian), agradeço a educação e o amor que por vocês recebi.

Aos meus filhos, Roberta e Lorenzo Pela compreensão dos meus momentos de ausência, pela felicidade que proporcionam a minha vida e a alegria de ser a mãe de duas criaturas lindas e adoráveis!!! Às professoras Jovira e Ludmila por todas as orientações e paciência para a concretização deste trabalho. A todas professoras que passaram por nossas vidas muito obrigada. A companheira de monografia Juliana, com quem aprendi o valor da amizade e pela compreensão com minhas dificuldades no decorrer deste trabalho Claudia

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AAAA DeusDeusDeusDeus Razão da minha existência, fonte do meu viver, qRazão da minha existência, fonte do meu viver, qRazão da minha existência, fonte do meu viver, qRazão da minha existência, fonte do meu viver, queueueuemmmm me concede sabedoria e força me concede sabedoria e força me concede sabedoria e força me concede sabedoria e força

no dia a dia, obrigada por estar sempre comigo e por mais no dia a dia, obrigada por estar sempre comigo e por mais no dia a dia, obrigada por estar sempre comigo e por mais no dia a dia, obrigada por estar sempre comigo e por mais esesesesssssa etapa a etapa a etapa a etapa da minha vida.da minha vida.da minha vida.da minha vida. Tudo Posso Naquele que me Fortalece. (Fl. 4.13)Tudo Posso Naquele que me Fortalece. (Fl. 4.13)Tudo Posso Naquele que me Fortalece. (Fl. 4.13)Tudo Posso Naquele que me Fortalece. (Fl. 4.13)

A MamisA MamisA MamisA Mamis e e e e o o o o Papis (in memorian)Papis (in memorian)Papis (in memorian)Papis (in memorian)

Pessoas de caráter, fonte de alegria e docilidade, amores da minha vida!!!Pessoas de caráter, fonte de alegria e docilidade, amores da minha vida!!!Pessoas de caráter, fonte de alegria e docilidade, amores da minha vida!!!Pessoas de caráter, fonte de alegria e docilidade, amores da minha vida!!! Mamis, “Mamis, “Mamis, “Mamis, “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante", obrigada.Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante", obrigada.Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante", obrigada.Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante", obrigada.

AoAoAoAos meus irmãos, cunhadas e sobrinhos s meus irmãos, cunhadas e sobrinhos s meus irmãos, cunhadas e sobrinhos s meus irmãos, cunhadas e sobrinhos Vocês moram no meu core!!!Vocês moram no meu core!!!Vocês moram no meu core!!!Vocês moram no meu core!!!

ProfessorasProfessorasProfessorasProfessoras A Tati (Floresce)...A Tati (Floresce)...A Tati (Floresce)...A Tati (Floresce)... pessoa de grande apreço. pessoa de grande apreço. pessoa de grande apreço. pessoa de grande apreço. A Carmen (Dona Budóia)...A Carmen (Dona Budóia)...A Carmen (Dona Budóia)...A Carmen (Dona Budóia)... admirável como pessoa e grande profissionaladmirável como pessoa e grande profissionaladmirável como pessoa e grande profissionaladmirável como pessoa e grande profissional.... A Marilisa (Pageca)...A Marilisa (Pageca)...A Marilisa (Pageca)...A Marilisa (Pageca)... simplicidade em pessoa.simplicidade em pessoa.simplicidade em pessoa.simplicidade em pessoa. A Dani ...A Dani ...A Dani ...A Dani ... retretretretidão em pessoa.idão em pessoa.idão em pessoa.idão em pessoa. A Jovis... paciência incomparávelA Jovis... paciência incomparávelA Jovis... paciência incomparávelA Jovis... paciência incomparável e dedicação em pessoae dedicação em pessoae dedicação em pessoae dedicação em pessoa.... A Neusa...A Neusa...A Neusa...A Neusa... exemplo de profissional.exemplo de profissional.exemplo de profissional.exemplo de profissional. A Viviane (ViviA Viviane (ViviA Viviane (ViviA Viviane (Vivi amigaamigaamigaamiga)...)...)...)... alegria contagiante, alegria contagiante, alegria contagiante, alegria contagiante, O valor das coisas não está no O valor das coisas não está no O valor das coisas não está no O valor das coisas não está no

tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por issotempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por issotempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por issotempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos existem momentos existem momentos existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. ...E a ...E a ...E a ...E a todos os professores obrigados por contribuírem para minha formaçãotodos os professores obrigados por contribuírem para minha formaçãotodos os professores obrigados por contribuírem para minha formaçãotodos os professores obrigados por contribuírem para minha formação.... AmigosAmigosAmigosAmigos Laine, Laine, Laine, Laine, Frávia, Dona Inês, Mel, ViVi,Frávia, Dona Inês, Mel, ViVi,Frávia, Dona Inês, Mel, ViVi,Frávia, Dona Inês, Mel, ViVi, Nice,Nice,Nice,Nice, Amigos Decolores, Ká, Bel, Amigos Decolores, Ká, Bel, Amigos Decolores, Ká, Bel, Amigos Decolores, Ká, Bel, tchurmas de estágiotchurmas de estágiotchurmas de estágiotchurmas de estágio, P, P, P, Pe. e. e. e. Tadeuadeuadeuadeu............

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha, é porque cada pessoa é única e nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos nenhuma substitui a outra! Cada pessoa que passa em nossa vida passa sozinha e não nos deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a deixa só porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós. Essa é a mais bela mais bela mais bela mais bela responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.responsabilidade da vida e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso.

QueQueQueQuemmmm encontrou um amigo encontrou um tesouro. (Eco 6.14)encontrou um amigo encontrou um tesouro. (Eco 6.14)encontrou um amigo encontrou um tesouro. (Eco 6.14)encontrou um amigo encontrou um tesouro. (Eco 6.14) AmoAmoAmoAmooooooooooooooooo....................

A orientadora Ludmila, Obrigada.A orientadora Ludmila, Obrigada.A orientadora Ludmila, Obrigada.A orientadora Ludmila, Obrigada.

A campanheira Claudia,A campanheira Claudia,A campanheira Claudia,A campanheira Claudia, com você fui capaz de me descobrir e com você fui capaz de me descobrir e com você fui capaz de me descobrir e com você fui capaz de me descobrir e enfrente os oenfrente os oenfrente os oenfrente os obstáculos,bstáculos,bstáculos,bstáculos, obrigada por participar desse momento obrigada por participar desse momento obrigada por participar desse momento obrigada por participar desse momento da minha vida da minha vida da minha vida da minha vida e tornar esse e tornar esse e tornar esse e tornar esse sonhosonhosonhosonho possível.possível.possível.possível.

JulianaJulianaJulianaJuliana

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RESUMO

O presente estudo teve como objetivo geral identificar a síndrome de burnout na equipe de enfermagem da unidade do pronto atendimento da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, e demonstrar se há influência do estresse ocupacional na qualidade da assistência de enfermagem. A coleta de dados foi realizada através do questionário Instrumento Maslach Burnout Inventory – MBI, entregues à equipe e teve como participantes 4 enfermeiros e 10 técnicos de enfermagem, que exercem atividade profissional, totalizando 14 profissionais. Os métodos utilizados foram estudo de caso através de questionários, observação sistemática realizada de junho a julho de 2010, onde através dos dados coletados verificou-se que o tema síndrome de burnout - estresse ocupacional crônico é desconhecido, precisando ser divulgado entre os profissionais apesar da palavra estresse estar em alta. Dos 14 profissionais de enfermagem nenhum apresentou síndrome de burnout. De acordo com a observação sistemática ficou claro a dedicação de cada profissional, sendo que cada procedimento foi realizado com calma, destreza e profissionalismo, mostrando também que não há distinção de pessoas e mesmo diante das dificuldades do dia a dia é visível a qualidade da assistência durante o atendimento. Palavras-chave: Síndrome de Burnout. Enfermagem. Pronto Atendimento.

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ABSTRACT

This study present aimed to identify the burnout syndrome in the nursing team in the emergency care unit of Santa Casa Hospital Association of Lins, and to show whether there is influence of occupational stress on the quality of nursing care. Data collection was conducted through the questionnaire instrument Maslach Burnout Inventory - MBI, deliveres to the team and had as participants 4 nurses and 10 nursing technicians, the performing professional activity, totaling 14 professionals. The methods used were a case study through questionnaires, systematic observation achieved from June to July 2010, where through the data collected showed that the burnout syndrome`s subject - chronic occupational stress is unknown and need to be disseminated among professionals despite word stress being in high. Of the 14 nurses had presented no burnout syndromet. According to the systematic observation became clear dedication of each professional being that each procedure was performed with calm, skill and professionalism, showing also that there is no distinction of persons and even with the difficulties of everyday life is visible to the quality of care during the service. Keywords: Burnout Syndrome. Nursing. Emergency Unit.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Valores da escala do MBI desenvolvidos pelo Núcleo de

Estudos Avançados sobre a Síndrome de Burnout.....................................

17

Quadro 2: Resumo Esquemático da Sintomatologia do Burnout.............. 22

Quadro 3: Resumo Esquemático dos Mediadores, Facilitadores e/ou

Desencadeadores do Burnout.....................................................................

24

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Exaustão Emocional ................................................................... 40

Gráfico 2: Despersonalização ..................................................................... 40

Gráfico 3: Realização Profissional .............................................................. 41

LISTA DE TABELA

Tabela 1: Dados encontrados sobre as dimensões.................................... 56

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A%: Porcentual de Ausência do Pessoal de Enfermagem

ACTH: Hormônio Adreno Corticotrófico

CEP: Comitê de Ética e Pesquisa

CHS: Número de Horas

CRF: Fator de Regulação Cortical

D: dias trabalhados no mês

DS: dias trabalhados

F: número total de funcionários da categoria

FTE(tipo de cuidado): Força Média de Trabalho de Enfermagem

HÁ: tempo médio

MBI: Maslach Burnout Inventory

N: número mensal de ausência dos funcionários da categoria em estudo

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NC: número médio de clientes

NEPASB: Núcleo de Estudos Avançados sobre Síndrome de Burnout

PE: número médio de funcionários de enfermagem

UTI: Unidade de Terapia Intensiva

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................

12

CAPÍTULO I – SÍNDROME DE BURNOUT .................................................. 15

1 SINDROME DE BURNOUT- ESTRESSE OCUPACIONAL

CRÔNICO...........................................................................................

15

1.1 Síndrome de burnout na equipe de enfermagem no pronto

atendimento .......................................................................................

18

1.2 A importância da identificação da síndrome de burnout para o

profissional de enfermagem...............................................................

19

1.3 Síndrome de burnout e suas implicações ........................................ 21

1.4 O estresse normal..............................................................................

25

CAPÍTULO II – FINALIDADES E PROCEDIMENTOS DO PRONTO

ATENDIMENTO ............................................................................................

28

2 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA E PROCEDIMENTOS DO PRONTO

ATENDIMENTO ................................................................................

28

2.1 Dimensionamento e divisão do trabalho no pronto atendimento...... 29

2.2 Divisão do trabalho de enfermagem .................................................. 33

2.2.1 Escala mensal ................................................................................... 33

2.2.2. Escala diária ...................................................................................... 33

2.2.3 Escala de férias .................................................................................

34

CAPÍTLO III – PESQUISA ............................................................................ 35

3 INTRODUÇÃO .................................................................................. 35

3.1 Relato histórico da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins e

caracterização do pronto atendimento ..............................................

35

3.2 Perfil do enfermeiro do pronto atendimento ...................................... 38

3.3 Aplicação dos questionários e discussão .......................................... 39

3.4 Apresentação dos dados.................................................................... 39

3.5 Conclusão da pesquisa...................................................................... 43

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ................................................................. 44

CONCLUSÃO ................................................................................................ 45

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 47

APÊNDICES .................................................................................................. 50

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12

INTRODUÇÃO

O homem desde os primórdios de sua existência vive em busca de

suprir suas necessidades pessoal, familiar ou profissional, podendo gerar

desequilíbrios mentais, dentre eles o estresse. Essa é a causa de muitas

doenças que perturbam o equilíbrio e bem estar do ser humano.

Para Oliveira (2001), o estresse é sentido diariamente podendo ser bom,

quando age como impulsionador para a vida, é o que proporciona ao cérebro

ser criativo, elaborar e relacionar idéias, estar atento e o qual tornaria o ser

humano apático, sem iniciativa para conquistar objetivos em quaisquer campos

do trabalho, afetivo ou emocional.

De acordo com Oliveira (2001), se o homem estiver conectado de forma

constante a uma situação de perigo, o organismo torna-se sempre pronto a

uma reação, gerando assim, como consequência reações emocionais e

comportamentais, tornando o estresse patológico.

Estresse é resultado do esgotamento, da decepção e da perda do

interesse pelas atividades laborais, em profissões que lidam direta e

diariamente com pessoas (BENEVIDES-PEREIRA apud BELANCIERI, 2002).

Quando as situações de estresse são constantes e os métodos de

enfrentamentos são insuficientes torna-se então crônico, o que pode gerar a

síndrome de burnout, onde uma das causas é a falta de reconhecimento

profissional. Portanto burnout é o produto de uma interação negativa entre o

local de trabalho e seu grupo profissional.

Buscando identificar a síndrome de burnout é necessária a utilização de

um questionário auto-aplicável composto por 22 questões, Instrumento

Maslach Burnout Inventory – MBI, criado por Christine Maslach, psicóloga e

professora da Universidade da Califórnia – EUA, validado no Brasil em 2001,

ele identifica as dimensões sintomatológicas da síndrome de burnout, sendo

que a questão de 1 a 9 identifica o nível de exaustão emocional, de 10 a 17

estão relacionadas à realização profissional e as perguntas de 18 a 22 à

despersonalização. Os dados são tabulados através dos valores da escala do

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MBI desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos Avançados sobre a Síndrome de

Burnout (NEPASB). (JODAS; HADDAD, 2009)

A partir da possibilidade da identificação do profissional com estresse, o

conhecimento de como se manifesta, as estratégias de enfrentamento e a

identificação da síndrome de burnout, os hospitais podem direcionar programas

de treinamento para prevenir, acompanhar e tratar esse mal nos trabalhadores

do pronto atendimento, reduzindo os problemas no processo de trabalho e

através da implementação de ações especificas promover a melhoria do

atendimento ao paciente.

O estresse no trabalho é decorrente da inserção do indivíduo nesse contexto, pois o trabalho, além de possibilitar crescimento, transformação, reconhecimento e independência pessoal, também causa problemas de insatisfação, desinteresse, apatia e irritação. Sendo assim, o trabalho deve ser algo prazeroso, com os requisitos mínimos para a atuação e para a qualidade de vida dos indivíduos. (BATISTA; BIANCHI, 2006, p. 534)

Segundo Chamon; Marinho; Oliveira, (2006) o ser humano para

concretizar seus projetos de vida, depende do trabalho que pode constituir

fonte de satisfação ou frustração, e conforme a condição torna-se penoso ou

doloroso, sendo que na unidade de pronto atendimento os profissionais são

extremamente exigidos físico e psicologicamente, em virtude do tipo de

atendimento prestado, o que pode gerar circunstâncias causadoras de

estresse. Para se proteger das condições estressoras o trabalhador deve

buscar e criar mecanismos de defesa com o objetivo de manter-se

psiquicamente saudável.

A enfermagem exerce atividades intensas, em contato constante e direto

com pacientes, com a dor e a morte, expondo-se a uma sobrecarga de trabalho

e desgaste que levam a um estado constante de estresse.

Mediante a demanda de casos atendidos no decorrer do dia na unidade

de pronto atendimento surgiu o seguinte questionamento: pode a equipe de

enfermagem estar desenvolvendo a síndrome de burnout pelo nível de

estresse ocupacional enfrentado e esse interferir na qualidade da assistência

de enfermagem?

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14

Dentro dessa perspectiva, objetiva-se nesse trabalho identificar e

avaliar a ocorrência síndrome de burnout na equipe de enfermagem que atua

no pronto atendimento e avaliar se o acontecimento da mesma influência na

qualidade da assistência.

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15

CAPÍTULO I

SÍNDROME DE BURNOUT

1 SÍNDROME DE BURNOUT – ESTRESSE OCUPACIONAL CRÔNICO

O homem exerce atividades para sua subsistência e com o

desenvolvimento tecnológico, sócio-cultural e modernidades ocorreram

profundas mudanças no comportamento bio-psico-social do ser humano.

Segundo Ressurreição (2005), o homem não encontrou objetos prontos

na natureza, mas teve que produzí-los, ou seja, criar os próprios meios de

produção diante das condições naturais encontradas. Ainda hoje o homem vive

em busca de suprir as suas necessidades, gerando assim, desequilíbrios

mentais, entre eles o estresse.

De acordo com Jodas; Haddad (2009), O ser humano é uma dualidade

funcionante numa unidade, o corpo produz mudanças na mente e esta age

sobre o corpo. Assim muitas doenças geradas por estresse perturbam o

equilíbrio, saúde e bem-estar do ser humano.

Porém o estresse não é necessariamente, sempre negativo, podendo

ser o “sal da vida”, uma vez que qualquer emoção ou atividade poderá

desencadear estresse, passamos constantemente por ele, sendo o que vai

determinar o gosto da vida é a maneira que enfrentamos cada situação

(SELYE apud BELANCIERI, 2005).

O estresse pode ocorrer de duas formas, a primeira de natureza aguda (muito intenso, mas que desaparece rapidamente) e a segunda de natureza crônica (não tão intenso, perdurando por períodos de tempo mais prolongados e os recursos utilizados pelo indivíduo para enfrentá-lo são escassos). O estresse crônico contribui para uma pobre qualidade de vida e aumento do risco de diversas doenças, como coronarianas, hipertensão e baixa do sistema imunológico. (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008, p. 52)

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Quando as situações de estresse são constantes e os métodos de

enfrentamentos insuficientes, pode ocorrer o estresse crônico, e

consequentemente a síndrome de burnout, principalmente porque se espera

alcançar reconhecimento profissional o que na grande maioria não ocorre.

Burnout é o produto de uma interação negativa entre o local de trabalho e seu

grupo profissional.

Segundo Azzi (apud SILVA, 2001, p. 6), nem sempre o estresse é

prejudicial, no entanto, o estresse prolongado é uma das causas que pode

levar ao burnout.

As atividades profissionais que garantem a sobrevivência e determinam

a situação social do individuo, dependendo das condições em que o trabalho é

realizado, pode se tornar penosa e dolorosa. Para o trabalhador o que antes

poderia ser algo de motivação e satisfação, passa a ser sacrificante, tornando o

relacionamento difícil e podendo ocorrer à queda no rendimento (CHAMON;

MARINHO; OLIVEIRA, 2006, p. 1).

Segundo (BENEVIDES-PEREIRA apud BELANCIERI, 2005), burnout é

um conceito surgido em meados dos anos 70, nos Estados Unidos, sendo ele

consequência do estresse laboral, portanto resultado do esgotamento, da

decepção e da perda do interesse pelas atividades do trabalho em profissões

que lidam direta e diariamente com pessoas.

A síndrome de burnout corresponde à resposta emocional às situações de estresse crônico em razão de relações intensas de trabalho com outras pessoas, ou de profissionais que apresentem grandes expectativas com relação a seu desenvolvimento profissional e dedicação à profissão e não alcançam o retorno esperado. Decorre de um processo gradual de desgaste no humor e desmotivação acompanhado de sintomas físicos e psíquicos. (JODAS; HADDAD, 2009, p. 193).

A atenção direta aos usuários durante o atendimento e o confronto com

diversas doenças diariamente, faz com que o profissional, por mais preparado

tecnicamente que esteja, desperte diversas reações e sentimentos

relacionados ao estresse caracterizando síndrome de burnout.

Trata-se de síndrome multidimensional, caracterizada por três componentes: exaustão emocional, diminuição da realização

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17

pessoal/profissional e despersonalização. O primeiro refere-se a sentimentos de fadiga e redução dos recursos emocionais necessários para lidar com a situação estressora. O segundo refere-se à percepção de deterioração da auto-competência e falta de satisfação com as realizações e os sucessos de si próprio no trabalho. O terceiro componente refere-se a atitudes negativas, ceticismo, insensibilidade e despreocupação com respeito a outras pessoas. (ARGOLO et al., 2002, p. 193)

Para Borges, Argolo, Baker, (2006), a síndrome de burnout ocorre como

um processo dinâmico e gradual, sendo que é possível identificá-la em níveis

distintos.

Um alto nível de estresse contínuo pode gerar um quadro de esgotamento físico e emocional caracterizado por pessimismo, imagens negativas de si mesmo, atitudes desfavoráveis em relação ao trabalho, mais conhecidas como síndrome de burnout. (PAFARO; MARTINHO, 2004, p. 154)

Segundo JODAS; HADDAD (2009), para identificar da Síndrome de

burnout é utilizado de um questionário auto-aplicável composto por 22

questões, Instrumento Maslach Burnout Inventory – MBI, criado por Christine

Maslach, psicóloga e professora na Universidade da Califórnia-EUA e validado

no Brasil em 2001, onde são identificadas dimensões sintomatológicas da

síndrome de burnout. As questões de 1 a 9 identificam o nível de exaustão

emocional, da 10 a 17 estão relacionadas à realização profissional e as

questões de 18 a 22 relacionam-se à despersonalização.

Os dados são tabulados através dos valores da escala do MBI

desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos Avançados sobre a Síndrome de

burnout (NEPASB).

Dimensões

Pontos de corte

Baixo Médio Alto

Exaustão emocional 0 - 15 16 – 25 26 – 54 Despersonalização 0 - 02 03 – 08 09 – 30 Realização profissional 0 - 33 34 – 42 43 - 48 Fonte: Jodas e Haddad, 2009 (apud BENEVIDES-PEREIRA, 2001)

Quadro 1: Valores da escala do MBI desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos

Avançados sobre a Síndrome de Burnout

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Realizado análise dos dados através do Manual do MBI que traz como

princípio para o diagnóstico de burnout a obtenção de nível alto para exaustão

emocional e despersonalização e nível baixo para realização profissional.

Portanto o enquadramento do profissional nesses três critérios dimensionados

indica a manifestação da síndrome de burnout. Dessa maneira possibilita-se o

desenvolvimento do estudo. (JODAS; HADDAD, 2009, p.194)

1.1 Síndrome de burnout na equipe de enfermagem no pronto atendimento

O ser humano, para concretizar seus projetos de vida, depende do

trabalho que pode ser fonte de satisfação ou frustração, e conforme as

condições tornam-se penoso ou doloroso. A unidade de pronto atendimento

requer muitas vezes criatividade e habilidade dos profissionais que ali

trabalham.

A enfermagem exerce atividades intensas, em contato constante e direto

com pacientes, onde se confronta com a dor e morte, expondo-se a sobrecarga

de trabalho e desgaste que levam ao estado constante de estresse.

Segundo Silva; Souza, (2002), a síndrome de burnout parece acometer

pessoas altamente motivadas e dedicadas, onde se pode observar nos

profissionais acometidos uma queda na performance que influi na qualidade

dos serviços prestados.

A síndrome de burnout talvez possa oferecer uma explicação para as dificuldades percebidas na relação profissional de saúde – paciente, dificuldades estas que, ao mesmo tempo em que não contribuem para a recuperação dos doentes, podem levar ao sentimento de grande insatisfação com o trabalho muitas vezes referido pelos profissionais. (SILVA; SOUZA, 2002, p. 32)

Segundo Jodas; Haddad (2009) no caso de trabalhadores de

enfermagem as consequências podem atingir os pacientes, organizações e o

próprio trabalho quando os métodos de enfrentamento falham ou são

insuficientes.

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19

A dupla jornada de trabalho, faz-se necessária aos trabalhadores de enfermagem devido à situação econômica da área da saúde, aos baixos salários insuficientes para o sustento da família, o que os leva a procurar novas fontes de renda. Na realidade, necessitam enfrentar dupla atividade, o que pode interferir em alguns aspectos referentes à qualidade de vida do trabalhador. (PAFARO; MARTINHO, 2004, p. 155)

De acordo com Menzani; Bianchi (2009), muitas vezes a oferta de

serviços são restritas fazendo com que o usuário excedente busque

atendimento em unidades de pronto atendimento hospitalar que tem como

perfil atender as demandas de forma mais ágil e concentrada. Apesar de

superlotadas, impessoais e atuando sobre a queixa principal, esses locais

reúnem uma somatória de recursos, enquanto que nas unidades básicas os

usuários contam apenas com consultas médicas, fazendo com que a equipe de

enfermagem nas unidades de pronto atendimento se sobrecarregue com a

demanda de usuários.

Com o conhecimento dos níveis de estresse e como se manifesta, as

estratégias de enfrentamento e de identificação da síndrome de burnout, os

hospitais podem direcionar programas de treinamento para acompanhar, tratar

e prevenir esses males em seus profissionais diminuindo os problemas com o

processo de trabalho e com essas ações promover a melhoria do atendimento

ao usuário.

1.2 A importância da identificação da síndrome de burnout para o

profissional de enfermagem

Nos dias atuais, as empresas têm interesse que os seus funcionários

tenham boa saúde, o que representa vida saudável, harmônica, equilibrada e

consequentemente de boa qualidade.

Segundo Marques, (2002), a partir da década de 60 surgiu esse

interesse por uma melhor qualidade de vida, em virtude do impacto que os

problemas de saúde ocupacional causam em termos financeiros, o que passa

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20

a ser representativos e preocupantes para o profissional e a empresa que o

emprega.

Segundo Chamon, Marinho, Oliveira (2006), essas questões podem

afetar a produtividade do homem dentro das empresas sendo significativa

quando analisada do ponto de vista econômico porque um funcionário doente

diminui a produtividade. Por essa razão muitas empresas preocupam-se com a

saúde de seus empregados, sabendo ser essa uma garantia de rendimento

tanto para a instituição como para a sociedade quando o que se busca é uma

eficácia de desempenho.

Para Chamon, Marinho, Oliveira (2006), o trabalho para o ser humano é

fonte de sobrevivência onde pode ser fonte de prazer ou frustração, para

alguns o trabalho é um esforço, para outro necessário, há quem veja como

castigo ou quem diga que o trabalho dignifica o homem, portanto a ocupação

laboral de cada ser humano pode ser penosa ou prazerosa dependendo das

condições de trabalho de cada um.

Hoje se pode ver no mercado de trabalho que a competitividade e a

atualização profissional são necessárias e decorrentes das rápidas mudanças

na sociedade contemporânea, que colocam o homem em situação de

desequilíbrio físico e mental.

Quando se transportar tal quadro para o ambiente de trabalho e

acrescentar fatos como de dificuldades de relacionamentos com o chefe e

colegas, falta reconhecimento ao trabalho realizado, problemas organizacionais

e administrativos que vivenciados no trabalho causam insatisfação, frustração,

fracasso gerando sofrimento ao trabalhador.

Segundo Chamon, Marinho, Oliveira (2006), a equipe de enfermagem

num hospital é sem dúvida quem passa a maior parte do tempo com o cliente e

sua família sendo responsável por todos os cuidados durante a permanência

na instituição hospitalar, muitas vezes, expostos a sobrecarga de trabalho, e

desgaste que os levam ao estresse constante. A equipe é responsável pela

qualidade da assistência ao paciente no hospital, sendo também considerada o

maior contingente de recursos humanos. A realidade do trabalho diário e seus

ideais e expectativas, são muitas vezes, fonte de estresse deixando os

profissionais de enfermagem predispostos à síndrome de burnout.

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21

Para Chamon, Marinho, Oliveira (2006), no serviço de emergência há

geralmente sobrecarga de trabalho, onde também ocorrem problemas como a

falta de material hospitalar, baixa remuneração e em algumas instituições,

quadro de funcionários reduzido, contingente com turno rotativo de até três

empregos, absenteísmo aliado ao dimensionamento de equipe inadequado, o

que constituem fatores geradores de ansiedade na equipe de enfermagem.

De acordo com Chamon, Marinho, Oliveira (2006), ao longo do tempo, o

contato direto com as situações de dor, morte e sofrimento pode levar os

profissionais de enfermagem em pronto atendimento a desenvolverem

síndrome de burnout, em consequência do estresse ocupacional crônico ao

qual são submetidos.

Segundo Carlotto e Gobbi, 2003; (apud MUROFUSE, ABRANCHES,

NAPOLEÃO, 2005), a síndrome de burnout foi identificada através de estudos

realizados nos Estados Unidos, como sendo um dos grandes problemas

psicossociais atualmente e que despertam interesse não só da comunidade

científica internacional, mas também das entidades governamentais,

empresariais e sindicais norte-americanas e européias, em virtude das graves

conseqüências que podem gerar, tanto em nível individual como

organizacional. O sofrimento do trabalhador traz efeitos sobre seu estado de

saúde e também sobre seu desempenho, pois passam a existir alterações e/ou

disfunções pessoais e organizacionais, com repercussões econômicas e

sociais.

A equipe de enfermagem pode ter como sintoma sensação de

incapacidade, queixa de cansaço sem explicação, falta de atenção e de

concentração, perda do interesse pelo trabalho e isso constituírem

características da síndrome de burnout. Sabe-se o quanto é importante para a

enfermagem o cuidar do outro, porém se alguns dos companheiros de trabalho

apresentam sintomas da síndrome de burnout, não estará apto a desempenhar

assistência de enfermagem de qualidade.

1.3 Síndrome de burnout e suas implicações

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A síndrome de burnout é definida por Benevides-Pereira (2004), como

uma síndrome multidimensional constituída por exaustão emocional,

desumanização e realização pessoal reduzida no trabalho. É considerada

como uma cronificação do estresse ocupacional, quando a pessoa não

consegue usar outras formas de enfrentar ou lidar com o estresse.

A exaustão emocional significa a falta de energia para o trabalho, onde a

pessoa se sente fatigado e estar diante do trabalho torna-se penoso e

doloroso, ou seja, não tem energia para cumprir suas atividades ocupacionais.

Segundo Maslach, Jackson e Leiter (1996), o que anteriormente era

chamada de desumanização, hoje se denomina cinismo onde se identificam

atitudes de distanciamento emocional da pessoa afetada para com os seus

colegas e as pessoas a quem presta serviço. São contatos sem afetividade,

impessoais, ríspidos, cínicos, irônicos, sendo esse considerado o elemento

defensivo da síndrome.

A realização pessoal no trabalho diminui com a perda da satisfação e

eficiência no trabalho, a falta de realização nas atividades laborais, faz com que

o trabalhador veja a ocupação como um fardo e sem sentido.

Segundo Benevides-Pereira (2004), qualquer ocupação pode vir a

desencadear um processo de síndrome de burnout, mas algumas profissões

são as que mais predispõem os indivíduos a esta patologia, como as atividades

que proporcionem contato direto com o público, ou que possibilite ao

trabalhador se envolver emocionalmente, como ocorre com os profissionais da

enfermagem, psicólogos, professores, policiais, médicos.

Sendo a síndrome de burnout agravamento do processo de estresse

ocupacional, vários são os sintomas atribuídos, sendo então divididos em

quatro categorias: físicos, psíquicos, comportamentais e defensivos como

mostra o quadro.

(continua)

SINTOMATOLOGIA DO BURNOUT Físicos Comportamentais

Fadiga constante e progressiva Negligencia ou excesso de escrúpulos Distúrbios do sono Irritabilidade Dores musculares ou osteo-musculares Incremento da agressividade Cefaléia, enxaquecas Incapacidade para relaxar Perturbações gastrointestinais Dificuldade na aceitação de mudanças Imunodeficiência Perda de iniciativa

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23

(conclusão) Transtornos cardiovasculares Aumento do consumo de substâncias Distúrbios do sistema respiratório Comportamento de alto-risco Disfunções sexuais Suicídio Alterações menstruais nas mulheres

Psíquicos Defensivos Falta de atenção, de concentração Tendência ao isolamento Alterações de memória Sentimento de onipotência Lentificação do pensamento Perda do interesse pelo trabalho (ou até pelo

lazer) Sentimento de alienação Absenteísmo Sentimento de solidão Ironia, Cinismo Impaciência Sentimento de insuficiência Baixa auto-estima Labilidade emocional Dificuldade de auto-aceitação, Astenia, desânimo, distrofia, depressão Desconfiança, paranóia Fonte: Benevides-Pereira, 2002, p. 44

Quadro 2: Resumo Esquemático da Sintomatologia do Burnout

Os trabalhadores sentem os sintomas e apresentam as causas

predisponentes diferentes umas das outras. Mas os profissionais que os

apresentam em alguns casos e, os que estão com a síndrome apresentam

sintomas de forma diferente.

Segundo Murofuse, Abranches, Napoleão (2005), os estudos são

motivos de controvérsias e não são conclusivos com relação aos sintomas

porque existem diferenças entre as relações do que é o estudado como a

resposta, o estímulo, a interação em termos, a reação fisiológica, psicológica

ou social, e as respostas individuais ou universais.

De acordo com Benevides-Pereira, (2002), são multifatoriais as causas

da síndrome de burnout e envolve características pessoais, o tipo de atividade

realizada e a gama de variáveis advindas da instituição onde a atividade

ocupacional é realizada, portanto esses fatores que podem mediar ou facilitar o

processo de estresse que irá desencadear a síndrome de burnout no

trabalhador.

Não basta haver variáveis de personalidade junto com as sócio-

demográficas para desencadear o burnout, é preciso que haja também o fator

relacionado à instituição, ou seja, características de um trabalho comprometido.

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Mediadores, Facilitadores e/ou Desencadeantes do Burnout

Características Pessoais Características do Trabalho

Idade Tipo de ocupação

Sexo Tempo de profissão

Nível educacional Tempo na Instituição

Filhos Trabalho por turnos

Personalidade: Sobrecarga

• Nível de Resiliência Relacionamento entre os colegas de trabalho

• Lócus de controle Assédio moral

• Padrão de personalidade Tipo A Relação Profissional-cliente

• Variáveis do ‘self’ Tipo de Cliente

• Estratégias de Enfrentamento Conflito de Papel

• Neuroticismo Ambigüidade de Papel

• Perfeccionismo Suporte Organizacional

Sentido de Coerência Satisfação

Motivação Nível de Controle, Autonomia

Idealismo Responsabilidade

Características Organizacionais Pressão

Ambiente Físico Possibilidade de progresso

Mudanças Organizacionais Percepção de Inequidade

Normas Institucionais Conflito com os Valores Pessoais

Clima Falta de feed-back

Burocracia Características Sociais

Suporte social

Comunicação Suporte familiar

Autonomia Cultura

Recompensas Prestigio

Segurança

Fonte: Benevides-Pereira, 2002, p. 69

Quadro 3: Resumo Esquemático dos Mediadores, Facilitadores e/ou Desencadeadores do Burnout

São muitas as características e suas variáveis, as combinações entre si

pode desencadear ou não a patologia, ás vezes um agente estressor em um

momento pode agir e em outro ser neutro, ou inócuo para uma pessoa e

extremamente lesivo para outra, tudo depende do processo de vida que estão

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25

sendo vivenciados, tomando uma dimensão complexa e difícil de ser

determinada.

O termo síndrome de burnout não é tão divulgado quanto o termo

estresse e nem por isso deve ser confundido com este, visto que no caso do

burnout são envolvidas atitudes e condutas negativas com relação aos colegas

de trabalho, clientes, organização e trabalho.

É um processo gradual, de uma experiência subjetiva, envolve atitudes e sentimentos que acarretam problemas de ordem prática e emocional ao trabalhador e à organização. Ocorre quando o lado humano do trabalho não é considerado. (MUROFUSE, ABRANCHES, NAPOLEÃO, 2005)

Borges et al. (2002), refere-se a fatores desencadeadores, como sendo

relacionados ao trabalho desempenhado, aspectos da estrutura organizacional,

e fatores facilitadores como sendo as variáveis demográficas e as de

personalidade.

O trabalhador dedica-se com afinco ao seu labor, e não se sente

realizado pessoalmente, e em paralelo ocorre o sentimento de esgotamento

emocional, por fim ocorre como uma estratégia de afrontamento ou defensiva,

os sintomas de despersonalização ou cinismo.

1.4 O estresse normal

A síndrome de burnout ocorre em decorrência do estresse crônico

ocupacional.

De acordo com Oliveira (2001), o estresse é uma reação considerada

normal, saudável frente a uma situação que foge da rotina, ainda que o perigo

não tenha sido identificado ao nível do córtex cerebral, possa vir a ser perigoso.

São situações que colocam o organismo em condições de alerta

desencadeando reações fisiológicas, hormonais e emocionais consideradas

saudáveis e necessárias.

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26

Para Oliveira (2001), a formação neurológica do estresse é baseada na

vivência que a criança tem na sua memória consciente ou inconsciente sendo

este o modelo neural. Assim indivíduos, que em sua infância tiveram um

modelo neural patológico em função do aprendizado (meio ambiente, tensão,

educação) terão uma interpretação errada dos fatos que os levarão ao estado

de alerta ocasionando doenças orgânicas e psíquicas (estresse patológico). Já

nos indivíduos que não sofreram o modelo neural patológico, os estímulos

aversivos desencadearão o estresse fisiológico favorecendo que realizem

mudanças adaptativas.

De acordo com Oliveira (2001), frente a uma situação de perigo qualquer

organismo se prepara para enfrentar a situação inesperada que poderá ser

perigosa, onde o estímulo é captado pelo tálamo que o repassa para o córtex

(ocorrer à identificação), e também para o hipotálamo que aciona o centro de

ataque-defesa-fuga e elabora uma substância que é o fator de regulação

cortical (CRF), que irá estimular a hipófise passando a produzir outra

substância, o hormônio adreno-corticotrófico (ACTH), o qual jorrado no sangue

estimulará diversos órgãos, principalmente o fígado e as glândulas supra-

renais.

Os glicocorticóides elaborados pelas glândulas supra-renais retiram o combustível das células e mandam para os músculos, os mineralcorticóides também elaborados pelas supra-renais são enviados para outros órgãos como estômago e intestino dando ordem de parada para poupar energia. A adrenalina e a noradrenalina possibilitam reação com as seguintes alterações orgânicas: taquicardia, dilatação da pupila, aumento da temperatura corporal, constrição dos vasos sanguíneos superficiais, hipertensão, aumento da circulação nos músculos esqueléticos, diminuição do raciocínio, dificuldade digestiva, aumento da energia e desativação parcial do sistema imunológico. (OLIVEIRA, 2001, p. 175).

Essas reações do estresse fisiológico são necessárias para a defesa do

ser humano, porém todo esse complexo mecanismo que em segundos é

acionado também rapidamente deverá desaparecer ao passar a situação de

perigo e voltar ao normal.

Segundo Oliveira (2001), essas reações permitem ao cérebro ser

criativo, elaborar e relacionar idéias, estar atento, pois na ausência delas o ser

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humano é apático, sem iniciativa para conquistar objetivos em quaisquer

campos seja do trabalho, afetivo ou emocional.

Quando se fica constantemente conectado a uma ação de perigo,

mesmo imaginário, o organismo torna-se sempre pronto a reagir, apresentando

as reações fisiológicas, com consequências emocionais e comportamentais

como: mau humor, falta de sono, ausência de apetite, ausência de impulso

sexual, insuficiência de impulso prazeroso, depressão, dificuldade digestiva,

dores por todo o corpo, dores de cabeça (cefaléia e enxaqueca), e facilidade

em adquirir doenças, constituindo, assim o estresse patológico.

Pela ação do pensamento ou da imaginação, o organismo identifica

como reais as cenas estressantes, desencadeando todo o processo de defesa,

sendo assim, o homem como um ser animal capaz de gerar seu próprio

estresse despertando conflitos íntimos, causando doença e podendo levar à

morte.

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CAPÍTULO II

FINALIDADES E PROCEDIMENTOS DO PRONTO ATENDIMENTO

2 URGÊNCIA E EMERGÊNCIA E PRONTO ATENDIMENTO

A Unidade de Pronto Atendimento está localizada em local de fácil

acesso junto à instituição hospitalar de assistência à saúde, está preparada

para atender casos diversos de agravos à saúde como, por exemplo, os que

ocorrem de forma aguda sendo então considerados de urgência e as

emergências.

Segundo Santos (2007), considera-se urgência como o agravo a saúde

onde não há risco de morte, cujo portador necessita de atendimento médico

mediato, sendo considerada prioridade moderada de atendimento.

Parafraseando Santos (2007), emergência são casos onde há risco de

morte, exigindo tratamento médico imediato, considerando-o alta prioridade de

atendimento.

Na unidade de pronto atendimento deve haver estrutura ideal para o

atendimento correto e adequado, seja em suporte básico, médio ou avançado

de vida, nesse caso deverá haver uma sala de emergência com equipamentos,

medicações, fácil acesso do meio externo que garanta a chegada de

ambulâncias, proximidade a outros serviços, como: Unidade de Terapia

Intensiva (UTI), centro cirúrgico, banco de sangue, unidade de imagem e

diagnóstico, laboratórios.

Os corredores devem ser amplos e não havendo nada que impeça o

livre acesso.

De acordo com o Ministério da Saúde (2000), a área deve ter no mínimo

12m² para hospitais de até 50 leitos e 24m² para hospitais de até 150 leitos; o

teto, parede e pisos devem ser de fácil limpeza, resistente a água e soluções,

geminados, isentos de desenhos, rachaduras ou frestas que possam abrigar

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partículas de sujeira, deve conter lavatório com torneira automática, fonte de

energia alternativa (gerador), tomadas identificadas em 110V e 220V e

iluminação e ventilação naturais.

Os recursos humanos na urgência e emergência devem ser compostos

por equipe de enfermagem treinada contendo enfermeiros e técnicos de

enfermagem, médicos de várias especialidades, principalmente clínicos,

cirurgiões, pediatras, neurologistas e ortopedistas e ainda pessoal

administrativo.

Os recursos materiais devem conter equipamentos diversos dentre eles, os de suporte básicos como pranchas longas, talas para imobilização, colar cervical, cânula de guedel, ressuscitador manual para ventilação dentre outros, e os equipamentos de suporte avançado, como monitor cardíaco e desfibrilador, oxímetro de pulso, cateteres, sonda, bomba de infusão e outros.(TUNES, 2009, p. 2)

Os serviços de apoio devem funcionar em sistema de plantão de 24

horas, buscando o atendimento do paciente o mais rápido possível, portando

os serviços de diagnóstico por imagem, laboratório, banco de sangue, entre

outros devem estar disponíveis e serem de fácil acesso.

O pronto atendimento deve estar ligado a uma unidade de hospitalar de

atenção secundária que possa dar solução aos problemas do cliente.

2.1 Dimensionamento e divisão do trabalho no pronto atendimento.

No pronto atendimento da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, o

dimensionamento da equipe de enfermagem é realizado pelas enfermeiras do

pronto atendimento, cada uma de acordo com o seu plantão, junto com a

enfermeira de Recurso Técnico em Enfermagem. Havendo a necessidade de

maior número de funcionários em um plantão de maior movimento, há o

deslocamento destes de outros setores, sendo de no máximo 2, com a

autorização da enfermeira de Recurso Técnico em Enfermagem.

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O número de funcionários por plantão são 5 sendo no total de 23

funcionários que realizam carga horária de trabalho variando de 12 horas (h)

diárias a 6 h diárias. O horário de trabalho para quem trabalha 12h é das 7h às

19h, e das 19h às 7h constituindo respectivamente os plantões diurno e

noturno. Quem realiza trabalho por 6h diárias trabalha das 7h às 13h, e das

13h às 19h.

Na unidade de pronto atendimento são atendidos em torno de 200 a 600

pacientes num período de 12h, sendo em torno do mesmo o número de

procedimentos realizados. Os mais realizados são a administração de

medicação, curativos diversos e imobilização. Os casos de emergência

correspondem a 2% dos atendimentos.

Constitui-se um verdadeiro desafio dimensionar pessoal em instituições

com dificuldades socioeconômicas, onde se faz necessário reduzir pessoal

sem prejudicar a qualidade da assistência de enfermagem prestada ao cliente.

A equipe de enfermagem representa cerca de 60% do pessoal das instituições

hospitalares, sendo a mais prejudicada quando a questão é a redução de

gastos, porém dar enfoque à qualidade do dimensionamento é tão importante

quanto a quantidade.

Dimensionar o pessoal de enfermagem constitui a etapa inicial do processo de provimento de pessoal e tem por finalidade a previsão da quantidade de funcionários por categoria, requerida para atender, direta ou indiretamente, ás necessidades de assistência de enfermagem da clientela” (KURCGANT,1991,p.191).

Um erro de dimensionamento prejudicará aos usuários do sistema de

saúde em seus direitos e a instituição poderá responder legalmente por falhas

ocorridas na assistência, em virtude de erros no dimensionamento dos

recursos humanos.

Constitui competência do enfermeiro o dimensionamento dos recursos

humanos que atuam diretamente na assistência aos seus clientes, não

devendo assim ocorrer interferência de outros profissionais, visto que só o

enfermeiro é capaz de identificar e reavaliar as necessidades continuamente de

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recursos existentes frente às necessidades da clientela, podendo então

coerentemente elaborar propostas para melhorar essa assistência.

Pode ser usado para dimensionar o pessoal de enfermagem o método

de trabalho de KURCGANT et al. (1991, p. 93) que fundamenta-se através das

seguintes fases:

a) Reconhecimento da situação: nesta fase deve-se fazer uma caracterização da instituição, conhecer a sua filosofia e objetivos, recursos humanos, materiais físicos e tecnológicos; caracterização do serviço de enfermagem, conhecer seus objetivos, complexidade das atividades diretas ou indiretamente ligadas à assistência, análise do preparo técnico específico dos elementos da equipe de enfermagem, horas de trabalho semanal, distribuição da equipes nas 24 horas, dinâmica das atividades desenvolvidas, análise do método utilizado na prestação da assistência de enfermagem, análise do percentual de ausências da equipe de enfermagem, considerando qualquer ausência do funcionário ao trabalho; pela caracterização da clientela como conhecer o padrão epidemiológico, classificar o paciente segundo as necessidades de cuidado prestadas pela equipe de enfermagem, devendo o cliente ser avaliado todos os dias, num mesmo horário através de entrevista e exame físico, (Sistematização da Assistência de Enfermagem, SAE).

b) Cálculo pessoal de enfermagem: após a obtenção dos valores, será necessário encontrar os cálculos de pessoal usado para isso o cálculo da força média de trabalho de enfermagem, necessária a cada tipo de cuidado, segundo o sistema de classificação do paciente, adotado pela instituição.

FTE (tipo de cuidado) = NCxHAxDS/CHS

FTE (tipo de cuidado)= força média de trabalho de enfermagem

necessária para um dado tipo de cuidado (intensivo, semi-intensivo, auto-

cuidado, etc.),

NC= número médio de clientes classificados dentro de um mesmo tipo

de cuidado,

HA= tempo médio dispendido pelos elementos da equipe de

enfermagem, nas 24 horas, para atender as necessidades de cada paciente

segundo o tipo de cuidado (10 horas/dia para cada paciente classificado em

cuidado semi-intensivo etc),

DS= dias trabalhados na unidade durante a semana (7 dias para as

unidades de internação ou 5 dias para os ambulatórios),

CHS= número de horas, determinadas pela instituição para serem

trabalhadas na semana (36 horas semanais).

Cálculo do pessoal de enfermagem necessário para cada unidade:

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PE= (FTE1+ FTE2+...+FTEn)x(1+A%/100)

Onde:

PE= número médio de funcionários de enfermagem necessários para

cada unidade da instituição;

FTE1+ FTE2+...+FTEn= soma de todas as forças médias de trabalho

calculadas conforme cada tipo de cuidado,

A%= porcentual de ausência do pessoal de enfermagem, onde estão

computadas as ausências de funcionários devido a licenças, férias e faltas,

obtido através da fórmula:

A%= Nx100/FxD

Onde:

A%= porcentagem mensal de ausência por categoria

N= número mensal de ausência dos funcionários da categoria em

estudo,

F= número total de funcionários da categoria

D= dias trabalhados no mês

c) Distribuição do pessoal de Enfermagem: o pessoal de enfermagem deverá ser distribuído segundo alguns critérios como categoria necessária à unidade, de acordo com o tipo e a complexidade dos cuidados de enfermagem e nos turnos de trabalho (manhã, tarde e noite).

d) Avaliação dos resultados: o dimensionamento de pessoal em enfermagem não se constitui uma tarefa fácil por ser um processo dinâmico complexo, sujeito a mudanças que sofre com a interferência de muitos fatores, devendo ser continuamente avaliado pelos enfermeiros responsáveis, correlacionando as necessidades de assistência de enfermagem da clientela com os recursos humanos disponíveis na unidade. A eficácia do dimensionamento se dará nessa continua avaliação, não sendo portanto um processo rápido.

De acordo com Kurcgant, (1991) a previsão adequada de equipe em

enfermagem que presta a assistência à clientela, com qualidade e quantidade

necessária, levará assim à melhora da qualidade da assistência de

enfermagem.

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33

2.2 Divisão do trabalho de enfermagem

A divisão do trabalho de enfermagem é uma atividade que requer

conhecimento da clientela a ser assistidas, dinâmicas da unidade,

características da equipe de enfermagem e das leis trabalhistas, torna-se um

trabalho complexo que deverá ser feito de forma racional assegurando uma

melhor assistência ao cliente, sendo realizada sob a forma de escalas, seja de

atividades diárias, mensal ou de férias.

2.2.1 Escala mensal

Para elaboração da escala mensal devem ser observados alguns pontos

como conhecer as leis trabalhistas que subsidiam a elaboração da escala,

conhecer o regulamento da instituição do regimento do serviço de enfermagem

e as atribuições dos elementos da equipe de enfermagem, saber a duração do

trabalho semanal da equipe de enfermagem na instituição, compreender as

características da clientela, da dinâmica da unidade e da equipe de

enfermagem, usar a humanização para a elaboração da escala, seguir as

recomendações para a elaboração da escala mensal e determinar um

cronograma para a elaboração da escala.

É da competência da enfermeira a confecção da escala mensal e “refere-se à distribuição do pessoal da equipe de enfermagem de uma unidade, durante todos os dias do mês, segundo os turnos de trabalho (manhã, tarde e noite). É onde estão registradas as folgas, férias e licenças dos elementos da equipe.”(KURCGANT,1991, p. 107).

2.2.2 Escala Diária

A escala diária tem o objetivo de dividir as atividades de enfermagem

entre a equipe de forma a garantir a assistência de enfermagem aos clientes,

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evitando que alguns trabalhadores se sobrecarreguem com atividades

enquanto outros ficam ociosos, distribuindo-as de forma equitativa.

Segundo Gama (2009), para sua elaboração deve-se observar: escolha

dos métodos de prestação de cuidados; número e qualificação dos elementos

da equipe de enfermagem; área física, volume e complexidade da assistência e

tipo de atividade a ser desenvolvida; divisão eqüitativa das atividades;

avaliação constante com rodízio para evitar automatismo, visando maior

preparo da equipe, considerando as características da clientela, as

necessidades do SE e do próprio pessoal; discussão constante com a equipe

para a avaliação; importância da cooperação no trabalho.

Essa distribuição pode ser feita seguindo alguns métodos:

a) Método funcional: onde a distribuição da assistência é feita por tarefas aos membros da equipe.

b) Método integral: quando um membro da equipe recebe um ou mais pacientes e realiza a assistência integral durante todo o turno de serviço.

c) Método do trabalho em equipe: quando um determinado grupo de enfermagem é designado para dar todo o atendimento durante um turno de serviço.

2.2.3 Escala de férias

As férias devem ser distribuídas entre os membros da equipe de forma

racionalizada, buscando promover a satisfação pessoal e o bom andamento do

serviço, para elaborá-la é preciso observar a lei trabalhista, conhecer a

dinâmica da unidade, e da instituição, é preciso, sobretudo ser imparcial, justo

para com todos os funcionários.

...as escalas sob responsabilidade da enfermeira são de três tipos: mensal, de tarefas e de férias: que as enfermeiras encontram estratégias para lidar com essa atividade seguindo modelos e regras teóricas, assim como, consideram a realidade institucional de modo a maximizarem os recursos de que dispõem; ainda, o conhecimento da legislação trabalhista fundamental para a elaboração das mesmas, sem esquecer, no entanto, de aspectos que humanizam essa ação.(SILVA; 2001, p. 28

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35

CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Visto que o estresse ocupacional vem invadindo cada vez mais a vida

das pessoas devido às exigências do trabalho, exposição da equipe de

enfermagem a situações de conflito, optou-se por demonstrar a presença de

estresse ocupacional nos trabalhadores de enfermagem, com o diagnóstico de

burnout, verificando se este influencia na qualidade da assistência de

enfermagem prestada.

Em fase de aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa do

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – Araçatuba SP, protocolo no.

371 em 23/09/2010, foi realizado estudo de caso com o objetivo de identificar a

síndrome de burnout na equipe de enfermagem da unidade do pronto

atendimento de um hospital filantrópico do município de Lins, durante o período

de junho a julho de 2010.

Foram utilizados os métodos de estudo de caso e observação

sistemática, através de aplicação de questionário, os dados foram coletados de

junho a julho, sendo que durante a pesquisa foram utilizadas as seguintes

técnicas: roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A), roteiro de observação

sistemática (Apêndice B), o instrumento Maslach Burnout Inventory – MBI

(Apêndice C) e termo de Consentimento Livre esclarecido (Apêndice C).

O presente estudo teve como participantes 4 enfermeiros e 10 técnico

de enfermagem, que exercem atividade profissional totalizando 14

profissionais, que voluntariamente aceitaram participar da coleta de dados após

assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido.

3.1 Breve relato da história da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins e

Caracterização do pronto atendimento

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Em 1923, na cidade de Lins/SP, um grupo de 45 pessoas conhecedoras

de seus direitos e deveres, dotados de boa vontade e civismo, se reuniram de

livre e espontânea vontade congregando uma entidade para criar e gerir um

empreendimento de caráter filantrópico na área da saúde, qual seja, de uma

Santa Casa de Misericórdia, tendo em vista a carência de recursos no que se

refere ao atendimento médico ao povo linense e das cidades vizinhas. Assim

determinados, se reuniram em Assembléia no dia 18 de março de 1923, tendo

em pauta aprovar o Estatuto e eleger a primeira Diretoria, com a escolha

ocorreu o registro em cartório de Pirajuí e iniciaram as reuniões para a

construção e sendo lançada a pedra fundamental em 29 de Junho de 1924.

Devido aos trabalhos espontâneos e em regime de mutirões, em menos

de três anos, ficaram concluídos os três primeiros pavilhões destinados à

enfermarias.

Depois, em determinada ocasião, foi constituído o pavilhão Santa Izabel,

o maior de todos, em andar térreo e superior, com recursos financeiros

arrecadados através de doações.

Por fim, durante a gestão de Provedor da Santa Casa, Dr. Érico de

Abreu Sodré, homem de grande coração e largos recursos, que via com

entusiasmo o trabalho da Irmã Elide, foi construído na parte interna do pátio a

Capela que é uma jóia de arquitetura. Fez também doações de seu próprio

bolso, provendo recursos financeiros para a nova diretoria, modernizando todos

os aparelhamentos da administração e da clínica médica.

Ao passar do tempo, através do trabalho, dedicação e espírito de

colaboração e harmonia a Santa Casa completa 87 anos.

A Santa Casa de Lins localizada à Rua Pedro de Toledo, 486 – Centro, é

uma entidade sem fins lucrativos. Atende desde os usuários do Sistema Único

de Saúde (SUS) à diversos convênios de saúde. Vem passando por um

problema de reestruturação no quadro funcional, administrativo, contábil e

organizacional.

Atuando atualmente com 273 funcionários, expandido devido ao

processo extraordinário no campo da saúde, tanto na técnica médica, como na

legislação estatal que favoreceram a ampliação das instalações existentes,

tendo um instrumental eficiente e moderno para o atendimento aos pacientes,

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totalizando uma média de 12.000 pacientes mensais, com uma capacidade de

100 leitos:- sendo 28 leitos 5º andar (convênios e particulares), leitos SUS - 34

leitos para clínico e cirúrgico , 16 leitos Ginecologia e Obstetrícia, 6 UTI Adulto,

6 leitos UTI-Neonatal e 10 leitos Pediatria

Em funcionamento UTI-adulto e UTI- NEONATAL, setor de Imagem e

Diagnóstico com tomógrafo, mamógrafo, endoscopia, aparelho de raios X fixo

e portátil, aparelho de ultra-som; um setor de Hemonúcleo destinado à coleta

de sangue para atender a receptores dos hospitais de Lins e região, setor de

Fisioterapia necessária à complementação de tratamento médico, setor de

laboratório de análises destinado a exames de verificação de dados

fisiológicos, setor de farmácia fornecendo medicamentos para pacientes

internados. Tem no seu Corpo Clínico as seguintes especialidades:

Anestesiologia, Clínica Médica, Cirurgião Geral, Cirurgia Pediátrica, Cirurgia

Plástica, Cardiologia, Dermatologia, Endocrinologia, Endoscopia,

Ginecologia/Obstetrícia, Neurologia, Nefrologia, Oftalmologia, Ortopedia,

Pneumologia, Pediatria e Urologia.

Além destes, conta com serviços de nutrição e dietética, com câmaras

frigoríficas, lavanderia hospitalar e serviços de segurança sanitária para

controle das infecções hospitalares, muito embora a Santa Casa esteja

passando por situações financeiras adversas.

O campo de abrangência da Santa Casa, como hospital de referência da

Direção Regional de Bauru compreende 10 municípios: Sabino, Promissão,

Guaiçara, Cafelândia, Guaimbê, Pongaí, Uru, Guarantã, Getulina e Lins, com

uma população estimada em 163 mil habitantes. Além desta população,

eventualmente há o atendimento a pacientes em trânsito ou de outras cidades

em urgência e emergência.

A unidade de pronto atendimento da Associação Hospitalar Santa Casa

de Lins é composta por hall de entrada com sala de espera, recepção, sala de

triagem, sala para guardar macas e cadeiras de roda, dois consultórios médico-

clínica e um consultório pediátrico, três observações médico-clínica, uma

observação composta por 4 leitos e a outra por 5 leitos para pacientes que

requerem maior atenção juntamente com o posto de enfermagem, visto a

possibilidade de riscos de agravos à sua saúde. É neste local onde ocorre o

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preparo de medicações, atendimento telefônico, realização de relatórios de

enfermagem, encaminhamentos, entre outros. Ainda conta com observação

para pediatria com 3 leitos, sala para preparo e administração de medicação,

sala para realização de curativos, sala de emergência e sutura, sala para

inalação, sala da secretária do setor, sala para guardar os pertences da equipe

de enfermagem, porta de acesso para o hemonúcleo, escadaria e elevador de

acesso aos outros andares.

O atendimento ocorre durante 24h/d, no período das 7h às 00h, são

atendidos por volta de 300 pacientes por dia, exigindo um ritmo maior de

trabalho do profissional de enfermagem e durante a madrugada diminui bem o

fluxo de pessoas.

3.2 Perfil do enfermeiro no pronto atendimento

No pronto atendimento nem todos os enfermeiros observados demonstra

conhecimento científico atualizado, capacidade de tomar decisões imediatas,

habilidade na realização dos procedimentos trabalhando em equipe, liderança

na coordenação da equipe e poder administrativo.

Na passagem de plantão ocorre troca de informações entre as equipes

de forma clara, objetiva, sobre as intercorrências de cada paciente na

observação e na emergência, clientes que aguardam atendimento pós-

consulta, as medicações controladas, os materiais necessários a serem

requisitados na farmácia.

No decorrer do plantão as emergências são previamente avisadas

ocorrendo sinergismo entre o atendimento pré-hospitalar e a unidade de pronto

atendimento. São realizadas, algumas vezes, curtas reuniões com a equipe

para relembrar procedimentos usados na emergência, onde o enfermeiro

realiza a educação permanente do grupo de enfermagem, sendo primordial nas

tomadas de decisão e na coordenação da equipe durante o atendimento. O

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enfermeiro no pronto atendimento exerce um papel de promover a saúde de

seus usuários com orientações e educação em saúde, sempre que necessário.

Ao observar necessidade dos outros membros da equipe, o enfermeiro

coloca-se prontamente a ajudá-los, realizando desde triagem, atendimentos,

medicação e auxiliando durante as emergências, ocorre também o

deslocamento de enfermeiros de outras unidades, quando solicitado.

Pode-se observar a diferença entre os turnos, onde a equipe se adapta à

postura do enfermeiro, trabalhando em equipe e proporcionando atendimento

necessário e adequado aos usuários.

3.3 Aplicação dos questionários

Os questionários foram aplicados às equipes de enfermagem do pronto

atendimento do hospital filantrópico. Anteriormente à aplicação do questionário,

os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice C) foram

assinados pelos profissionais que aceitaram participar da pesquisa. Após

realização do inquérito, os questionários foram recolhidos para realização do

processo de tabulação e análise dos dados.

A equipe é composta por 23 profissionais de enfermagem, sendo 4

enfermeiros e 19 técnicos de enfermagem, onde 14 trabalhadores participaram

da pesquisa, ou seja 4 Enfermeiros e 10 Técnicos de Enfermagem.

O relacionamento entre entrevistadores e entrevistados foi amistoso,

porém, dentre os profissionais abordados a participar da pesquisa, alguns não

se colocaram prontamente a responder e outros ficaram receosos em assinar o

termo de consentimento, preocupados com sua identificação pela instituição

perante a sua resposta.

3.4 Apresentação dos dados

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Analisando os dados, observou-se que houve prevalência do sexo

feminino (64%), sendo 43% casados, 36% solteiros. A faixa etária

predominante é entre 30 a 39 anos (50%), com os extremos de idade de 23 e

57 anos.

Fonte: Cracco; Salvador; 2010.

Gráfico 1: Exaustão Emocional

Fonte: Cracco; Salvador; 2010.

Gráfico 2: Despersonalização

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41

Fonte: Cracco; Salvador; 2010.

Gráfico 3: Realização Profissional

Constatou-se que dos 14 profissionais da enfermagem pesquisados,

nenhum manifestou síndrome de burnout, não se enquadrando nas pontuações

que indique níveis necessários para a manifestação de burnout, com relação

aos valores encontrados em cada dimensão, verificou-se que 50,00% dos

profissionais tinham baixo nível para exaustão emocional, 57,14% possuíam

nível médio para despersonalização e 57,14% apresentavam um médio nível

para realização profissional.

Quando se fala nas três dimensões, exaustão emocional,

despersonalização e realização profissional, conclui-se que uma porcentagem

significativa de 57,14% apresentou níveis para média despersonalização e

realização profissional levando a crer em nível de estresse ocupacional que

cronificando poderá vir a desenvolver a síndrome de burnout.

Com relação aos limites estabelecidos pelo NEPASB, verificou-se que

28,57% dos profissionais apresentaram alta classificação para exaustão

emocional, 21,43% alta classificação para despersonalização e 14,29%

apresentaram baixa classificação para realização profissional, características

estas que estabelecem diagnóstico para manifestação de burnout.

Segundo ZANELA, MIGLIORINI (2008) a síndrome de burnout ocorre

quando o indivíduo percebe não possuir mais condições de despender a

energia que o seu trabalho requer. Este estado costuma deixar os profissionais

pouco tolerantes e facilmente irritáveis no ambiente de trabalho.

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A despersonalização é considerada uma dimensão típica da síndrome

de burnout e um elemento no qual se distingue esta síndrome do estresse.

Originalmente apresenta-se como uma maneira do profissional se defender da

carga emocional derivada do contato direto com o outro, devido a isso,

desencadeiam-se atitudes insensíveis em relação às pessoas nas funções que

desempenha.

A reduzida realização profissional (rRP) ocorre na sensação de

insatisfação que a pessoa passa a ter consigo e com a execução de seus

trabalhos, derivando daí, sentimentos de incompetência e baixa auto-estima.

Através da realização do estudo de caso e aplicação dos questionários,

verificou-se que o tema síndrome de burnout - estresse ocupacional crônico é

desconhecido, precisando ser divulgado entre os profissionais, apesar de a

palavra estresse estar em evidência.

De acordo com a observação sistemática, a equipe trabalha com

sinergismo, porém, ocorre falta de comunicação entre os plantões no sentido

de falta de materiais e medicação; as escalas de plantões e de atividades são

realizadas com antecedência, sofrendo alterações quando necessário; as

folgas são distribuídas de forma homogênea e tentando satisfazer a

necessidade dos profissionais; a demanda de usuário é constante e há falta de

recursos materiais e humano, exigindo mais do profissional. A cada plantão

observado ficou claro a dedicação de cada profissional, sendo que cada

procedimento foi realizado com calma, destreza e profissionalismo, mostrando

também que não há distinção de pessoas e mesmo diante das dificuldades do

dia a dia é visível a qualidade da assistência durante o atendimento.

Encontramos profissionais desmotivados devido à sobrecarga de

trabalho e não cumprir todas as tarefas, ou mesmo cumprí-las de forma rápida

sem tempo para refletir o que se está realizando. O profissional sente-se assim

desprestigiado, sem identidade, chegando à conclusão que é apenas mais um

num universo de vários técnicos de saúde. (DIAS et al, 2005, p.8).

Para a maioria da população, ainda há o pensamento de que essa

unidade é um meio mais rápido e alternativo, pois não há restrição de

marcação de consultas, onde exames laboratoriais e de imagem, assim como o

diagnóstico, são obtidos em um mesmo dia sem grande tempo de espera. Essa

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atitude ocasiona aumento da demanda de atendimentos, gerando filas

intermináveis, morosidade no resultado de diagnósticos, ausência de

especialistas, acarretando aumento da carga de trabalho aos profissionais de

saúde, falta de leitos, falta de equipamentos e materiais, dificultando o

atendimento de casos realmente emergenciais. Consequentemente, essa

situação agrava a existência de estressores ao profissional de saúde, pois

prestam assistência aos pacientes em condições críticas além de atender

aqueles que poderiam ser assistidos nos níveis ambulatoriais (MENZANI,

2006).

As relações interpessoais na equipe de saúde são referidas por muitos

profissionais como fator contributivo para estresse oriundo do ambiente onde

se desenvolvem as atividades laborais, bem como o ritmo e as exigências de

serviços. (MELO; SILVA, 2006 p. 16)

3.5 Conclusão da pesquisa

Conclui-se que tema síndrome de burnout é pouco conhecido entre os

profissionais, que os trabalhadores da unidade de pronto atendimento,

demonstraram que mesmo em situações de estresse ocupacional, possuem

mecanismos de enfrentamento internos e externos, que contribuem para o não

desenvolvimento da síndrome de burnout e não deixam que as situações

estressoras proporcionada pelo local interfiram na qualidade da assistência.

Evidenciou-se que os recursos humanos e materiais são escassos,

tendo que ser deslocado de outros setores.

Outro ponto a ser destacado é a colaboração entre os plantões, onde

por diversas vezes houve reclamações por falta de material.

Dentro desta perspectiva, observou-se a necessidade de sugerir uma

proposta de intervenção buscando a melhora da qualidade de vida dos

profissionais e por conseguinte manter a qualidade da assistência de

enfermagem aos usuários.

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PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Mediante os resultados obtidos, compete ao profissional buscar o

aprimoramento da qualidade da assistência de enfermagem visando sempre o

melhor atendimento ao usuário e, para isso a educação continuada estabelece

o seu papel principal, devendo ser realizada periodicamente, atingindo a

totalidade da equipe de enfermagem.

Importante também proporcionar um sinergismo entre os turnos através

da comunicação e também, da previsão e provisão bem elaborada de materiais

a fim de evitar falta do mesmo para os plantões seguintes.

Contudo, verificou-se a importância e a necessidade de aprofundamento

no assunto em prol da saúde dos profissionais de enfermagem.

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CONCLUSÃO

A equipe de enfermagem do pronto atendimento em seu dia a dia

enfrenta muitas dificuldades, com necessidade de usar recursos adaptivos para

manter-se aptos a novos desafios, desconhecendo o que vem a ser síndrome

de burnout.

Os pesquisadores vêem com atenção os fatores que levam os

profissionais de enfermagem ao estresse ocupacional, que pode ser definido

como tensão, desgaste que advêm do exercício da atividade laboral, que para

os trabalhadores de enfermagem do pronto atendimento mostra-se como um

local com potencial estressor.

Muito importante se faz o conhecimento dos agentes estressores

negativos, para identificação dos sinais e sintomas e adoção correta de

medidas preventivas contra o estresse ocupacional.

Os profissionais pesquisados demonstraram preocupação com sua

identificação pessoal e alguns que pudessem vir a ser prejudicados na

instituição.

Após a tabulação dos dados nenhum foi identificado com a síndrome de

burnout, tendo a pesquisa apresentado um resultado satisfatório.

Responder a um questionário é um ato subjetivo, visto que não pode-se

comprovar que as respostas sejam fidedignas. Desse modo conclui-se que não

deve-se afirmar não haver nenhum caso de síndrome de burnout entre os

profissionais pesquisados, por que perfizeram apenas uma amostra do

universo total pesquisado. Apenas afirma-se que na avaliação do questionário,

dos 14 participantes, nenhum foi identificado com a síndrome de burnout.

Este tema contribui no processo de trabalho da equipe de enfermagem,

por que como visto a síndrome de burnout coloca em risco o bem estar físico,

psíquico e emocional do profissional e isto certamente influenciará na

qualidade da assistência de enfermagem prestada, podendo colocar a vida do

paciente em risco.

A enfermeira desempenha um papel fundamental neste processo, visto

que é de sua responsabilidade identificar fatores estressantes, bem como,

identificar precocemente a ocorrência da síndrome de burnout, para assim

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elaborar um plano de ação que solucione este problema, proporcionando

ambiente de trabalho tranquilo e agradável, com a valorização do trabalhador e

consequentemente contribuindo para o processo de trabalho em enfermagem.

Este trabalho demonstrou a importância de novas pesquisas no âmbito

da qualidade ocupacional, sendo de muita relevância aos profissionais da

enfermagem.

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50

APÊNDICES

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51

APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso

1 INTRODUÇÃO

O objetivo do estudo de caso será verificar a síndrome de burnout se a

mesma esta influenciando na qualidade da assistência de enfermagem na

equipe de enfermagem da unidade de pronto atendimento, nos turnos da

manhã, tarde e noite. Trata-se de uma pesquisa descritiva, um estudo de caso,

com abordagem quantitativa e observação sistemática e aplicação do

questionário Maslach Burnout Inventory.

2 Relato do trabalho

a) Será realizado um estudo descritivo, utilizando o método de estudo de

caso, observação sistemática, utilizando o questionário Maslach Burnout

Inventory.

2 Discussão

Através das pesquisas será confrontada a teoria conforme os estudos e

pesquisas exploratórias e a prática realizada unidade de pronto atendimento

da Associação Hospitalar Santa Casa de Lins.

3 Resultados e sugestões

Serão colocados os resultados do estudo realizado e sugerida proposta

de intervenção.

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APÊNDICE B – Roteiro de Observação Sistemática

1 IDENTIFICAÇÃO

Serão observados, analisados e acompanhados os procedimentos

aplicados durante o atendimento da equipe de enfermagem em urgência e

emergência: organização de trabalho em equipe; distribuição de escala de

atividades; distribuição de folga; recursos materiais; recursos humanos;

abordagem para com o paciente; comportamento da equipe na dinâmica de

atendimento; realização de procedimentos técnicos.

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APÊNDICE C – Instrumento Maslach Burnout Inventory (MBI)

Cargo:........................................................Setor:..............................................................

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Data De Nascimento:____/____/____

Estado Civil:......................................................................................................................

Por favor, leia atentamente cada um dos itens a seguir e responda se já experimentou o que é relatado, em relação a seu trabalho. Caso nunca tenha tido tal sentimento, responda “0” (zero) na coluna ao lado. Em caso afirmativo, indique a freqüência (de 1 a 6) que descreveria melhor seus sentimentos, conforme a descrição abaixo:

0. Nunca 4. Uma vez por semana 1. Uma vez ao ano ou menos 5. Algumas vezes por semana 2. Uma vez ao mês ou menos 6. Todos os dias 3. Algumas vezes ao mês

1. Sinto-me esgotado/a ao final de um dia de trabalho

2. Sinto-me como se estivesse no meu limite

3. Sinto-me emocionalmente exausto/a com o meu trabalho

4. Sinto-me frustrado/a com o meu trabalho

5. Sinto-me esgotado/a com o meu trabalho

6. Sinto que estou trabalhando demais nesse emprego

7. Trabalhar diariamente com pessoas me deixa muito estressado/a

8. Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço

9. Sinto-me cansado/a quando levanto de manhã e tenho que encarar outro dia de trabalho

10. Sinto-me cheio/a de energia

11. Sinto-me estimulado/a de trabalhar em contato com os pacientes

12. Sinto-me que posso criar um ambiente tranquilo para os pacientes

13. Sinto que influencio positivamente a vida dos outros através do meu trabalho

14. Lido de forma adequada com os problemas dos pacientes

15. Posso entender com facilidade o que sentem os pacientes

16. Sinto que sei tratar de forma tranquila os problemas emocionais do meu trabalho

17. Tenho que conseguir muitas realizações em minha profissão

18. Sinto que os pacientes culpam-me por alguns dos seus problemas

19. Sinto que trato alguns pacientes como se fossem objetos

20. Tenho me tornado mais insensível com as pessoas desde que exerço esse trabalho

21. Não me preocupo realmente com o que ocorre com alguns dos meus pacientes

22. Preocupo-me o fato de que este trabalho esteja me endurecendo emocionalmente

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APÊNDICE D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO (Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

1. Nome:

Documento de Identidade nº Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: IDENTIFICAÇÃO DA SÍNDROME DE BURNOUT NA EQUIPE DE ENFERMAGEM DO PRONTO

ATENDIMENTO

2. Pesquisador responsável: Ludmila Janaina dos Santos de Assis Cargo/função:

Enfermeira Docente

Inscr.Cons.Regional: - Unidade ou Departamento do Solicitante:

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar):

O ser humano é uma dualidade funcionante numa unidade, o corpo produz mudanças na mente e esta

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age sobre o corpo. Assim muitas doenças geradas por estresse perturbam o equilíbrio saúde e bem-estar do

ser humano (JODAS; HADDAD, 2009).

Na área da saúde os fatores estressantes são inúmeros entre eles lidar com pacientes críticos e a

morte , são situações que geram diversos sentimentos e muitas vezes os métodos de enfrentamento são

insuficientes causando um estresse maior no profissional.

Segundo Jodas; Haddad (2009) no caso de trabalhadores de Enfermagem, atinge os pacientes,

organizações e o próprio trabalho quando os métodos de enfrentamento falham ou são insuficientes.

A Síndrome de Burnout corresponde à resposta emocional às situações de estresse crônico em razão de relações intensas de trabalho com outras pessoas, ou de profissionais que apresentem grandes expectativas com relação a seu desenvolvimento profissional e dedicação à profissão e não alcançam o retorno esperado. Decorre de um processo gradual de desgaste no humor e desmotivação acompanhado de sintomas físicos e psíquicos. (JODAS; HADDAD, 2009, p. 193)

Quando as situações de estresse são constantes e os métodos de enfrentamentos não insuficientes

passando ao estresse crônico sendo assim ocorrendo a Síndrome de Burnout, principalmente porque o

profissional espera alcançar reconhecimento profissional o que na grande maioria não ocorre.

Segundo Azzi (apud SILVA, 2007, p. 6) nem sempre o estresse é prejudicial, no entanto, o estresse

prolongado é uma das causas que pode levar ao Burnout.

Segundo França e Rodrigues (1999), o burnout seria a resposta emocional a situações de stress

crônico em função de relações intensas – em situações de trabalho – com outras pessoas ou de profissionais

e dedicação à profissão; no entanto em funções de diferentes obstáculos, não alcançaram o retorno

esperado.

O tema é pertinente para a equipe de enfermagem tendo em vista que visa avaliar as condições

emocionais do trabalhador durante o atendimento em urgência e emergência e os fatores que o levaram a

desenvolver a Síndrome de Burnout.

Neste sentindo demonstrar que o estresse ocupacional pode influenciar na qualidade da assistência

de enfermagem levando o trabalhador a apresentar déficit no atendimento

A pesquisa será realizada na Associação Hospitalar Santa Casa de Lins, na unidade de urgência e

emergência e optou-se por realizar a pesquisa com a equipe de enfermagem (técnicos e enfermeiros), por

ser um hospital filantrópico atendendo grande parte das urgências e emergências de Lins e das cidades da

região.

Mediante a demanda de casos atendidos no decorrer do dia na unidade de pronto atendimento

surgiu o seguinte questionamento: pode a equipe de enfermagem estar desenvolvendo a Síndrome de

Burnout pelo nível de estresse ocupacional enfrentado e esse estar interferindo na qualidade da assistência

de enfermagem?

Objetivo geral

Identificar e avaliar a ocorrência Síndrome de Burnout na equipe de Enfermagem que atua no pronto

atendimento na Associação Hospitalar Santa Casa de Lins.

Objetivos específicos

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- Identificar a Síndrome de Burnout na equipe de enfermagem;

- Demonstrar se o estresse ocupacional está influenciando na qualidade da assistência.

Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar) Será realizado o estudo de caso, na Associação Hospitalar da Santa Casa de Lins, com a equipe de

enfermagem da unidade de urgência e emergência buscando identificar a Síndrome de Burnout através do

instrumento Maslach Burnout Inventory – MBI, verificar fatores que levam ao estresse ocupacional do

trabalhador através do questionário e demonstrar através da observação sistemática se o estresse

ocupacional está influenciando na qualidade da assistência.

Método de Observação Sistemática

Serão observados, analisados e acompanhados os procedimentos aplicados durante o atendimento

da equipe de enfermagem em urgência e emergência: organização de trabalho em equipe; distribuição de

escala de atividades; distribuição de folga; recursos materiais; recursos humanos; abordagem para com o

paciente; comportamento da equipe na dinâmica de atendimento; realização de procedimentos técnicos.

Técnicas

Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A/B)

Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice C)

Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice D)

Instrumento Maslach Burnout Inventory – MBI (Apêndice E)

5. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar) Não se aplica

6. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar)

Identificar a Síndrome de Burnout na equipe de Enfermagem;

Verificar os fatores que levam ao estresse ocupacional do trabalhador de Enfermagem que atua

no pronto atendimento;

Demonstrar se o estresse ocupacional está influenciando na qualidade da assistência.

7. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar)

Não se aplica

8. Duração da pesquisa: Será realizada pesquisa de campo na Associação Hospitalar da Santa Casa de Lins no período de 1 mês.

10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de

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pesquisa em / /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.

5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.

________________________________ Local, / / .

Assinatura

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APÊNDICE E – Resultado dos Dados

Tabela 1: Dados encontrados sobre as dimensões

Dimensão Baixo Médio Alto

Exaustão emocional 7 3 4

Despersonalização 3 8 3

Realização profissional 2 8 4

Total 12 19 11

Fonte: CRACCO; SALVADOR; 2010