36
UNIVERSIDADE DE BRASILIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GEOPROCESSAMENTO IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ Gilberto Werneck de Capistrano Filho Orientador: Profa. Dra. Tati de Almeida MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO BRASÍLIA 2009

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

UNIVERSIDADE DE BRASILIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GEOPROCESSAMENTO

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELEC IMENTO

DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

Gilberto Werneck de Capistrano Filho

Orientador: Profa. Dra. Tati de Almeida

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

BRASÍLIA 2009

Page 2: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

UNIVERSIDADE DE BRASILIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GEOPROCESSAMENTO

IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELEC IMENTO

DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

Gilberto Werneck de Capistrano Filho

Orientador: Profa. Dra. Tati de Almeida

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DE CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

BRASÍLIA 2009

Page 3: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

Dedico este trabalho ao meu pai, Gilberto Werneck de Capistrano, brilhante professor e educador, que me ensinou que a boa educação e o respeito ao próximo são fundamentais para se criar amizades verdadeiras.

Page 4: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

AGRADECIMENTOS Ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Ambientais Renováveis – IBAMA e à Diretoria de Qualidade Ambiental – DIQUA, por incentivar e financiar esta especialização. Aos professores do curso, pela dedicação, incentivo e conhecimentos transmitidos a todos nós. Aos colegas de curso, pessoas especiais que se tornaram amigas durante o caminho, e se tornaram a melhor conquista dentre todas. Ao Serjão, funcionário do Instituto de Geociências, pelo seu excelente bom-humor e presteza dedicados aos alunos em todos os encontros. A todos estes, muito obrigado.

Page 5: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

RESUMO Com a aprovação pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, da resolução 420/09 que dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo e sobre o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas, surgiu à necessidade de que, num prazo de até 4 anos após a data de sua publicação, cada órgão ambiental estadual determine os Valores Orientadores para a Qualidade do Solo – VRQ. O presente trabalho objetivou a aplicação das ferramentas de SIG para criação de uma metodologia para a identificação de áreas no Distrito Federal favoráveis a amostragem de determinação dos VRQ, a partir de dados sobre os tipos de solos, uso e ocupação do solo e unidades de conservação. Cada variável que compunha estes temas foi ponderada pelo método de Processo Analítico Hierárquico, ou AHP, desenvolvido por Thomas L. Saaty, obtendo-se assim um mapa com escala de cor destacando as regiões mais favoráveis. Palavras-chaves: determinação de VRQ, resolução CONAMA, processo analítico hierárquico, AHP, regiões favoráveis, Distrito Federal. ABSTRACT With the approval by the Brazilian National Council for the Environment - CONAMA, of a resolution wich establishes guiding values of soil quality for the presence of chemicals compounds and provide a guidelines for environmental management of contaminated areas by these substances due to human activities, every environmental state agency, in a period of 4 year after the date of its publication, shall determinate its own Guiding Values for Soil Quality – VRQ. This study applies the tools of GIS to create an methodology for identify areas in the Federal District that can be used to determining the VRQ based on the metodology presented in the resolution, by using data on soil types, use and land cover and environmental protected areas. Each variable that comprised these issues was considered by the method of Analytical Hierarchy Process, or AHP, developed by L. Thomas Saaty, in order to obtaining a map with color scale highlighting the most favorable regions. Key words: VRQ, Analytical Hierarchy Process, AHP, CONAMA Resolution, favorable regions, Federal District

Page 6: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

Lista de Ilustrações Tabela 1 – Comparativo entre as áreas do Distrito Federal e da RMSP .................................. 10 Tabela 2 - Escala de importância proposta em SAATY, 2008. ................................................ 15 Tabela 3 - Porcentagem de cada tipo de solo presente no DF .................................................. 18 Tabela 4 - Relação entre os temas e as notas determinadas ..................................................... 20 Tabela 5 - Relação entre os tipos de solos ................................................................................ 21 Tabela 6 - Relação ente as variáveis de uso e ocupação do solo .............................................. 22 Tabela 7 - Relação ente as variáveis ambientais referentes às unidades de conservação ........ 22 Tabela 8 - Pesos globais das variáveis...................................................................................... 23 Figura 1 – Evolução do uso do solo e cobertura vegetal no Distrito Federal nos anos de 1954, 1964, 1973, 1984, 1984, 1994, 1998 e 2001 (UNESCO, 2002). .............................................. 11 Figura 2 - Dados do sistema cartográfico SICAD .................................................................... 13 Figura 3 - Árvore hierárquica - modelo simples (CARVALHO, 2005) ................................... 14 Figura 4 - Fluxo metodológico ................................................................................................. 17 Figura 5 - Ilustração do processo da ferramenta Weighted Sum .............................................. 24 Figura 6 - Áreas favoráveis à amostragem do VRQ para o Distrito Federal............................ 26 Figura 7 – Favorabilidade das áreas das unidades de conservação .......................................... 27

Page 7: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

SUMÁRIO RESUMO/ABSTRACT ........................................................................................................... 05 LISTA DE ILUSTAÇÕES ....................................................................................................... 06 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 07

1.1. Apresentação ............................................................................................................... 07 1.2. Objetivos ..................................................................................................................... 07

1.2.1. Objetivos gerais ................................................................................................ 07 1.2.2. Objetivos específicos ........................................................................................ 07

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 08 2.1. Considerações Iniciais ................................................................................................. 08 2.2. Determinação da área de estudo .................................................................................. 09 2.3. Síntese histórica ........................................................................................................... 10 2.4. O Sistema Cartográfico do Distrito Federal – SICAD ................................................ 11 2.5. O Processo Analítico Hierárquico ............................................................................... 12

3. MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................ 16 3.1 Etapa 1 – Verificação da base de dados ...................................................................... 17 3.2 Etapa 2 – Determinação e análise das variáveis .......................................................... 17 3.3 Etapa 3 – Construção da matriz de comparação pareada ............................................ 19 3.4 Etapa 4 – Transformação dos vetores e obtenção do mapa final................................. 22

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................................... 26 5. CONCLUSÕES ................................................................................................................. 28 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 29 ANEXO I ................................................................................................................................. 31 APÊNDICE I ........................................................................................................................... 33

Page 8: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

8

1. INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação

A presente monografia representa o documento de conclusão do curso de Especialização em Geoprocessamento, oferecido pelo Instituo de Geociências da Universidade de Brasília. O curso ocorreu no período de março a dezembro de 2009 e, em proveito do que foi estudado e aprendido, este trabalho pretende utilizar as ferramentas de SIG para se identificar áreas no Distrito Federal que sejam favoráveis a coleta de solos segundo os critérios determinados para o estabelecimento dos Valores de Referência da Qualidade do Solo – VRQ, estabelecidos na recém aprovada Resolução CONAMA 420/09. O trabalho se justificou porque o texto aprovado prevê que os órgãos ambientais estaduais terão 4 anos para determinarem seus próprios VRQs. É desejável, portanto, que antes de qualquer ação de ida ao campo e coleta de amostras de solo, se tenha um levantamento rigoroso de todas as áreas possíveis de serem escolhidas para a amostragem, a fim de se evitar gastos desnecessários com o deslocamento e levantamentos feitos em campo.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo geral

O presente trabalho tem como objetivo geral identificar no Distrito Federal áreas que atendam os critérios para a amostragem na determinação dos VRQ e propor uma metodologia geral, utilizando as ferramentas de sistemas de informações geográficas – SIG.

1.2.2. Objetivos específicos

• criar um mapa das áreas favoráveis à determinação do VRQ no Distrito Federal;

• utilizar as ferramentas de SIG para obter informações a respeito de áreas antropizadas e de áreas preservadas, em uma etapa anterior a qualquer ida a campo.

• formalizar uma metodologia de estudo que possa ser utilizada em diferentes regiões.

Page 9: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

9

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Considerações iniciais

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA é o órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA foi instituído pela Lei 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, regulamentada pelo Decreto 99.274/90. As decisões do CONAMA são publicadas por meio de atos, que podem ser resoluções, moções, recomendações, proposições e decisões (última instância administrativa e grau de recurso).

No Diário Oficial da União n° 249, do dia 30 de dezembro de 2009, foi publicada a Resolução 420/09, que “dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas”. Esta resolução prevê que cada Estado deverá determinar seus próprios Valores Orientadores de Referência de Qualidade (VRQ), em até 4 anos após a data de sua publicação (ver Apêndice I).

Os valores de referência de qualidade para as substâncias inorgânicas de ocorrência natural no solo são estabelecidos a partir de interpretação estatística dos resultados analíticos obtidos em amostras coletadas nos principais tipos de solo de cada Estado, seguindo algumas etapas:

1. Seleção dos tipos de solo; 2. Seleções de parâmetros para caracterização do solo; 3. Metodologias analíticas; 4. Interpretações dos dados e obtenção dos VRQs; 5. Base de dados.

Esta resolução também prevê que, em cada compartimento selecionado conforme o item 1, deverão ser definidas estações de amostragem, em trechos sem interferência antropogênica ou com interferência antropogênica desprezível, que devem ser distribuídas de modo a representar estatisticamente a área geográfica de ocorrência de cada tipo de solo.

O Valor de Referência de Qualidade do Solo é a concentração de determinada substância que define a qualidade natural do solo, sendo determinado com base em interpretação estatística de análises físico-químicas de amostras de diversos tipos de solos. O VRQ é um dos três Valores Orientadores do Solo, que pode ser entendido como sendo as concentrações de substâncias químicas que fornecem orientação sobre a qualidade e as alterações do solo e da água subterrânea (CONAMA, 2009). As outras definições são: Valor de Prevenção (VP): é a concentração de determinada substância no solo, acima da qual podem ocorrer alterações da qualidade do solo quanto as suas funções principais; Valor de Investigação (VI): é a concentração de determinada substância no solo ou na água subterrânea acima da qual existem riscos potenciais, diretos ou indiretos, à saúde humana, considerando um cenário de exposição padronizado.

Com relação à gestão de áreas contaminadas no Brasil, destaca-se o pioneirismo do Estado de São Paulo. Em 26 de outubro de 2001, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, publicou a primeira lista de valores orientadores para Solos e Águas Subterrâneas para o Estado de São Paulo, contemplando 37 substâncias e o Relatório de Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São

Page 10: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

10

Paulo. Quatro anos depois, em dezembro de 2005, a CETESB publicou no Diário Oficial do Estado, a nova lista de valores orientadores agora contemplando 84 substâncias.

Para se determinar a condição de qualidade do solo da Região Metropolitana de São Paulo – RMSP, a CETESB realizou cruzamentos das informações pedológicas e de uso e ocupação do solo, definindo 108 pontos de coleta de amostras de solos, como pode ser observado na Figura 1 abaixo. Pela explicação constante em seu site institucional, considerou-se no mínimo duas amostras para cada tipo de solo predominante em cada quadrícula, distribuídas para o uso agrícola e fragmentos de mata. Contudo, não foi possível obter a descrição total da metodologia aplicada naquele estado, nem tão pouco saber como foram feitas as amostragens representativas de cada tipo de solo.

A RMSP é formada, além da cidade de São Paulo, por mais 38 municípios. A Tabela 1 abaixo faz um comparativo dessa região com a área de estudo proposta: a área do Distrito Federal.

Área

Cidade de São Paulo 1.524,96 Km²

Municípios da RMSP 6.419,17 Km²

Total: 7.944,13 Km²

Distrito Federal 5.801,94 Km²

Tabela 1 – Comparativo entre as áreas do Distrito Federal e da RMSP

2.2. Determinação da área de estudo

A região selecionada para esse estudo foi o DF, que possui uma área de 5.814 km2 e localiza-se entre as coordenadas 15º30’ e 16º03’ de latitude sul e entre 47º25’ e 48º12’ de longitude oeste.

2.3. Síntese histórica

O Cerrado ocupa aproximadamente 1,8 milhões de quilômetros quadrados, cerca de 25% do território nacional, e abriga uma grande diversidade biológica (Coutinho, 1990 apud MANTOVANI, 1998).

A partir de meados do século XX, a intensa ocupação agropecuária e urbanização do Bioma Cerrado, especialmente nas três últimas décadas, vêm trazendo grandes prejuízos ecológicos, diretamente associados ao seu desmatamento. Como conseqüência, estima-se que o cerrado tenha somente 1/3 de sua cobertura original conservada, do qual apenas 5 % estão protegidos em unidades de conservação (IBAMA, 2002).

O crescimento de áreas para a exploração agropecuária é uma conseqüência inevitável do crescimento da população humana. No Cerrado, a expansão agropecuária vem causando desmatamento acelerado, assoreamento dos rios, esgotamento dos recursos hídricos e poluição por pesticidas e adubos químicos utilizados nas plantações (Distrito federal, 2004).

O Distrito Federal é composto por 18 regiões administrativas e mais a capital Brasília. Está situado completamente dentro do bioma Cerrado, predominante na região Centro-Oeste. É o segundo maior bioma brasileiro, ficando atrás apenas da Floresta Amazônica. Mas é também o segundo mais ameaçado, depois da Mata Atlântica, que está praticamente extinta. (Distrito Federal, 2004)

Page 11: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

11

O aumento da população do Distrito Federal, desde sua criação e com taxa de crescimento de quase 500.000 habitantes a cada dez anos (Figura 1), vem causando, especialmente nos últimos vinte anos, a ocupação desordenada de áreas de proteção ambiental, descaracterização de áreas rurais próximas ao Plano Piloto de Brasília, principalmente por parcelamento irregular de solo urbano e rural, por meio de proliferação de condomínios e de novos setores habitacionais. (FORTES, 2007).

Em 1954, apenas 0,02% da região do Distrito Federal era ocupada por áreas urbanas. Em 1973, a ocupação chegou a 2,10%. Em 2001, subiu para 7,39%. Transformando esses percentuais em quilômetros quadrados, vemos que a ocupação urbana passou de 1.210 km em 1954 para 122.800 km em 1973, e 429.850 km em 2001, ou seja, um aumento maior que 350 vezes em 50 anos. (Distrito federal, 2004)

Informações obtidas por fotografias aéreas e imagens de satélite, destacam a forte redução de mata (formações florestais), cerrado (formações savânicas) e campo/pastagem (formações herbáceas naturais e antrópicas), diretamente associada à expansão de áreas agrícolas e urbanas, ocorrida no DF entre os anos de 1954 a 2001. (UNESCO, 2002)

Figura 1 – Evolução do uso do solo e cobertura vegetal no Distrito Federal nos anos de 1954, 1964, 1973, 1984, 1984, 1994, 1998 e 2001 (UNESCO, 2002).

As Unidades de Conservação do Distrito Federal representam, aproximadamente, 42% do território e deveriam apresentar-se como um instrumento disciplinador da ocupação humana, dentro de uma ótica do desenvolvimento sustentável. Considerando o fato de o DF possuir mais de 95% da população concentrada em áreas urbanas, se evidencia uma forte pressão antrópica sobre os recursos naturais, principalmente o solo (Distrito federal, 2004).

No Distrito Federal existem cinco grandes Áreas de Proteção Ambiental:

1) APA da bacia do rio São Bartolomeu, criada em 1983; 2) APA da bacia do rio Descoberto, também criada em 1983; 3) APA das bacias do Gama e Cabeça-de-Veado, criada em 1986; 4) APA do Cafuringa, criada em 1988; 5) APA do Lago Paranoá, criada em 1989.

Page 12: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

12

Na região ainda se localizam o Parque Nacional de Brasília, a Floresta Nacional de Brasília, a Estação Ecológica de Águas Emendadas, a Reserva Biológica da Contagem e várias outras Reservas Particulares do Patrimônio Natural, ou RPPN.

2.4. O Sistema Cartográfico do Distrito Federal – SICAD

O Sistema Cartográfico do Distrito Federal – SICAD foi instituído pelo Decreto n.º 4.008, de 26 de dezembro de 1977, e constitui a base cartográfica de referência obrigatória para os trabalhos de topografia, cartografia, demarcação, estudos, projetos e implantação de obras, abrangendo também a cartografia temática. Suas características são datum Chuá, projeção UTM, fuso 23 e elipsóide Internacional 1924.

Segundo a Lei Complementar 17/97, do Sistema de Informação Territorial e Urbana do Distrito Federal, Art. 71, temos:

“[...] Art. 71. O Sistema Cartográfico do Distrito Federal - SICAD integra o Sistema de Informação Territorial e Urbana do Distrito Federal. § 1º É da responsabilidade da CODEPLAN a manutenção do SICAD. § 2º O SICAD é a base cartográfica única para os projetos físico-territoriais, constituindo a referência oficial obrigatória para os trabalhos de topografia, cartografia, demarcação, estudos, projetos urbanísticos e controle e monitoramento do uso e da ocupação do solo do Distrito Federal. § 3º O SICAD será permanentemente atualizado com a cooperação dos órgãos setoriais do SITURB.[...]”

A Figura 2 a seguir mostra alguma das características deste sistema cartográfico.

Page 13: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

13

Figura 2 - Dados do sistema cartográfico SICAD

A CODEPLAN, responsável pela manutenção do SICAD, disponibiliza bases de dados do Distrito Federal com escala de 1:10.000.

2.5. O Processo Analítico Hierárquico

Atualmente, tem-se presenciado um uso crescente da técnica de Estatística Multivariada chamada Método de Análise Hierárquica (SAATY, 2008), também conhecida como AHP - Analytical Hierarchy Process.

Esta ferramenta de auxílio a tomadas de decisão foi proposta recentemente por Thomas L. Saaty e visa reproduzir o raciocínio humano no que diz respeito à comparação de elementos de um conjunto. Sendo assim, essa ferramenta auxilia na comparação de um conjunto de itens - que pode se tratar desde várias marcas de um produto como tênis, por exemplo, até um conjunto de diferentes tipos de investimentos - utilizando a opinião humana, ou seja, uma avaliação subjetiva. Para isto, ele usa uma escala de importância para confrontar os elementos dois a dois. A comparação se dá através de uma ordenação dos itens em questão de acordo com o nível de importância dos mesmos, e dos seus respectivos atributos (características). (CARVALHO, 2005)

Algumas das vantagens deste método é que através dele é possível retratar a opinião de uma determinada pessoa (julgador/decisor) em relação a aspectos não quantificáveis e ainda comparar elementos que inicialmente seriam incomparáveis entre si. Segundo SAATY, 2008, “os problemas de tomada de decisão, avaliam e consideram um grande número de elementos que aparentemente não são comparáveis entre si de forma direta. Entretanto, se

Page 14: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

14

estabelecendo um procedimento que agregue tais elementos segundo propriedades comuns, torna-se possível compará-los”.

Ao se deparar com um problema de comparação entre vários elementos de um conjunto, a mente humana cria um processo de hierarquização. Baseado nisto, a AHP é um método onde o problema analisado é estruturado hierarquicamente, sendo que no nível mais alto está o objetivo principal do estudo, nos níveis seguintes estão os critérios (propriedades através das quais as alternativas serão avaliadas) e no nível mais baixo estão as alternativas a serem decididas. (CARVALHO, 2005).

O processo utilizado pelo Método AHP pode ser dividido em duas etapas: (a) estruturação hierárquica do problema de decisão e, (b) modelagem do método propriamente dito. O decisor deve efetuar a estruturação do problema, combinando os critérios segundo os diversos níveis hierárquicos necessários, para que se obtenha uma fiel representação do problema. Dessa forma, determinam-se as alternativas do problema, que serão analisadas em cada critério do nível hierárquico mais baixo. A partir daí tem-se, de maneira simplificada, a estrutura hierárquica apresentada na Figura 4.

Figura 3 - Árvore hierárquica - modelo simples (CARVALHO, 2005)

Segundo SAATY, 2008, para se tomar uma decisão de forma organizada e que torne

possível a geração de prioridades, temos que decompor esta decisão conforme as seguintes etapas:

1) Definir o problema e determinar o tipo de conhecimento requerido;

2) Estruturar a hierarquia de decisão a partir do topo, definindo as variáveis a partir de uma perspectiva ampla;

3) Construir um conjunto de matrizes de comparação pareada. Cada variável de um nível superior é utilizada para comparar as variáveis do nível imediatamente inferior em relação a ela;

4) Usar as prioridades obtidas a partir das comparações para pesar as prioridades no nível imediatamente inferior, para todas as variáveis. Então, para cada variável em nível inferior, adicionam-se seus valores ponderados, a fim de se obter a prioridade global.

Page 15: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

15

Após a divisão do problema em níveis hierárquicos, determina, por meio da síntese dos valores dos agentes de decisão, uma medida global para cada uma das alternativas, priorizando-as ou classificando-as ao final do método.

Depois de construir a hierarquia, cada especialista deve fazer uma comparação, par a par, de cada elemento em um nível hierárquico dado, criando-se uma matriz de decisão quadrática. Nessa matriz, o especialista representará, a partir de um escala pré-definida, sua preferência entre os elementos comparados, sob o enfoque do nível imediatamente superior.

Dessa maneira será gerada uma matriz quadrática recíproca positiva conhecida como Matriz Dominante. Assim a Matriz Dominante é aquela que expressa o número de vezes em que uma alternativa domina ou é dominada pelas demais, onde as alternativas são comparadas par a par. A comparação par a par das alternativas é utilizada realizando uma escala linear própria, que varia de 1 a 9, a qual é denominada Escala Fundamental (SAATY, 1980 apud COSTA, 2008), expressa na Tabela 2.

Intensidade de Importância Definição Explicação

1 Igual importância Duas atividades contribuem igualmente para o objetivo

3 Fraca importância de uma sobre a outra

Experiência e julgamento favorecem ligeiramente uma atividade e relação a outra

5 Essencial ou forte importância

Experiência e julgamento favorecem fortemente uma atividade em relação a outra

7 Importância muito grande ou demonstrada

Uma atividade é fortemente favorecida e sua dominância é demonstrada na prática

9 Absoluta importância A evidência favorecendo uma atividade sobre a outra é a mais alta ordem de afirmação

2, 4, 6, 8 Valores intermediários entre dois julgamentos sucessivos

Quando se deseja um maior compromisso

Tabela 2 - Escala de importância proposta em SAATY, 2008.

Considerando-se as variáveis a1, a2, ..., an, que contribuem para a consecução de um dado objetivo, o método se fundamenta em uma comparação dois a dois da importância relativa entre os pares de atributos. Com isso se constrói uma matriz de julgamento do tipo:

Page 16: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

16

Na matriz “A” mostrada acima, os elementos obedecem à seguinte regra: aji = 1/aij , onde aij são valores reais positivos, i é o índice que representa a linha e j a coluna. Estas características fazem com que a matriz “A” seja denominada como recíproca positiva.

As prioridades são obtidas a partir da soma dos valores de cada variável encontrados nas linhas dividido pelo somatório dos valores encontrados. A soma destes valores de prioridade será igual a 1, o que representa todo o universo das variáveis analisadas.

Alguns trabalhos pesquisados utilizaram o Método AHP para obtenção de prioridades entre as variáveis utilizadas:

• COSTA, 2008 utilizou o Método AHP para a escolha da interface telefônica de uma empresa de telefonia móvel, tendo determinado, entre duas tecnologias, a que melhor atendeu os critérios dos especialistas consultados.

• BARROS, 2007 publicou um mapa de favorabilidade ao agroecossistema cafeeiro de quatro municípios do sudoeste de Minas Gerais, tendo comparando variáveis como declividade, classes de solo, altimetria, presença de matas ciliares, dentre outros.

• SILVA, 2009 mapeou áreas de vulnerabilidade ambiental para o município de Pacoti, estado do Ceará, importante pólo turístico da região. Através de uma análise integrada do ambiente, abordando a região como um sistema composto por múltiplas variáveis que se inter-relacionam entre si e com outros sistemas, o método AHP se mostrou satisfatório na determinação da fragilidade ambiental da região, conforme constante na conclusão do artigo consultado.

Em SAATY, 2008, o autor ainda informa inúmeros usos de sua metodologia na administração pública. Alguns exemplos:

• Em (2001), o método AHP foi utilizado para determinar o melhor local para se colocar uma base de atendimento e logística após o terremoto que devastou a cidade turca de Adapazari.

• A British Airways usou o método em 1998 para escolher o sistema de entretenimento de toda sua frota aérea;

• O método foi aplicado para o conflito sobre a propriedade intelectual, em 1995, entre os Estados Unidos e a China, que permitia os cidadãos chineses copiarem músicas, vídeos, softwares e CD's. Uma análise AHP envolvendo três hierarquias para os benefícios, custos e riscos, mostrou que era muito melhor para os Estados Unidos não aplicarem sanção à China. O autor comenta que foi chamado ao escritório do Sr. Mickey Kantor, então negociador-chefe do ex Presidente Bill Clinton, que após a leitura de um artigo sobre o método, ligou para o autor e falou: "Aqui é o Mickey Kantor, parabéns, você não está feliz por não sancionarmos a China?". Pouco tempo depois, um outro estudo de análise multicritério foi realizado e enviado à uma comissão do Congresso norte americano, que mostrava que a China deveria ser admitida na Organização Mundial do Comércio (OMC).

• A Xerox Corporation usou o AHP para alocar cerca de um bilhão de dólares para seus projetos de pesquisa.

Para mais informações e exemplos de uso do método AHP, recomendamos a leitura dos artigos constantes nas referências bibliográficas.

Page 17: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

17

3. MATERIAIS E MÉTODOS

Este item apresenta o desenvolvimento do estudo realizado, descrevendo o material e os métodos utilizados em cada fase do trabalho.

Os dados obtidos para este estudo foram aqueles que poderiam fornecer informações a respeito dos principais tipos de solo encontrados na região de estudo e do seu estado de conservação, representado pelo seu atual uso e ocupação.

Partiu-se da hipótese de que o modelo AHP permite, a partir de variáveis fisiográficas e ambientais, construir um cenário de favorabilidade a identificação das áreas mais propícias a coleta de solos, objetivando a determinação do VRQ. Informações a respeito do uso e ocupação, da conservação e dos tipos de solo da região foram consideradas importantes neste contexto. A Figura 4 apresenta a relação dos critérios usados no modelo.

Figura 4 - Fluxo metodológico

A metodologia aplicada seguiu a seguinte sequência:

Etapa 1: Verificação da base de dados disponível e conversão de todos os sistemas de projeção para o SICAD;

Etapa 2: Determinação e análise das variáveis, de acordo com seu grau de importância.

Etapa 3: Construção da Matriz de Comparação Pareada, seguindo a metodologia proposta em SAATY, 2008;

Etapa 4: Transformação dos vetores para o formato raster e obtenção do mapa final, evidenciando as áreas favoráveis a determinação do VRQ por meio da utilização da ferramenta Weighted Sum (que será explicada posteriormente).

Todo o processamento dos dados foi realizado no software ArcGIS, da empresa Environmental Systems Research Institute, Inc. (ESRI).

Page 18: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

18

3.1. Etapa 1 – Verificação da base de dados

Esta etapa inicial envolve a apuração e verificação das bases de dados disponibilizadas, bem como a escolha do sistema cartográfico. Quatro bases de dados foram utilizadas para este trabalho.

Inicialmente, foi escolhido o Sistema Cartográfico do Distrito Federal – SICAD, como o sistema cartográfico de trabalho. Por ser o sistema cartográfico oficial do Distrito Federal, isto facilitou a aquisição de uma base de dado geradas pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal – CODEPLAN. Esta base de dados continha vetorizadas (formato de arquivo .shp) as unidades de conservação distrital e federal, os limites políticos do DF e suas regiões administrativas, as áreas urbanas, zonas rurais, hidrologia, estradas e as informações sobre o sistema de projeção utilizado (em formato .prj) em escala de 1:10.000. Foram compilados os dados relativos ao limite político, áreas de preservação, estradas, rios, lagos e lagoas.

A segunda base de dados utilizada foi obtida no IBAMA e continha as delimitações das unidades de conservação em escala 1:100.000. O sistema de projeção estava em SAD69 sendo necessário, portanto, a conversão para o SICAD. Foram compiladas as unidades de conservação federal e distrital, delimitando-as dentro da área do Distrito Federal.

A terceira base de dados utilizada foi a do trabalho UNESCO, 2006 sobre a análise multitemporal do uso e ocupação do Distrito Federal, atualizada até o ano de 2006. Esta base de dados continha vetorizadas as áreas de cerrado, matas ciliares, áreas urbanas e agrícolas, reflorestamentos, solos expostos, campos, lagos e lagoas, na escala 1:100.000.

Segundo REATTO (2004), a melhor fonte de informações sobre os solos encontrados no DF é o trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Levantamento de Solos (ver EMBRAPA, 1978), de onde se obteve o mapa pedológico do DF, na escala 1:100.000. Após a conversão dos dados para o SICAD, as nomenclaturas dos solos foram atualizadas para o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. (REATTO, 2004).

3.2. Etapa 2 – Determinação e análise das variáveis

As premissas de favorabilidade a identificação das melhores áreas, para cada uma das variáveis, foram definidas pelo autor e são descritas a seguir.

Lixão: Esta variável foi introduzida para que seja contemplada na análise uma fonte de contaminação do solo. Ela não fará parte da análise AHP na seqüência, mas sua influência será levada em consideração no mapa final.

O lixão em questão fica localizado na Vila Estrutural, no limite sul do Parque Nacional de Brasília. É sabido que ele é uma grande fonte de contaminação ambiental, pois nenhuma obra de engenharia foi realizada a fim de se impermeabilizar o solo antes da disposição final do lixo. Sua localização nas coordenadas 15° 45’45.11” S de latitude e 47° 59’55.97” O de longitude.

Solos: a fim de se identificar os tipos de solo mais representativos do DF, considerou-se a base de dados EMBRAPA, 1978, com as nomenclaturas dos solos atualizadas para o novo sistema de classificação. A área total existente no mapa, excluídas as áreas ocupadas por lagos, lagoas, represas e áreas urbanas, representou a porcentagem de cada um dos tipos de solos, sendo esse valor considerado seu grau de representatividade. A Tabela 3 apresenta os valores encontrados.

Page 19: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

19

Tipos de solo Porcentagem Argissolo vermelho e amarelo 0.90% Argissolo vermelho-amarelo Eutrófico 2.30% Cambissolo 30.98% Chernossolo 0.10% Espodossolo+Plintossolo 0.10% Latossolo vermelho 38.92% Latossolo vermelho-amarelo 15.58% Neossolo Flúvico 0.18% Neossolo Quartzânico 0.51% Nitossolo 1,36% Plintossolo Distrófico + Solos Hidromórficos Indiscriminados 0.40% Solos Hidromórficos 3.46%

Tabela 3 - Porcentagem de cada tipo de solo presente no DF

Uso e ocupação: as classes de Cerrado e Matas foram consideradas como as que melhor representavam a não-antropização do ambiente, seguidas de campo, reflorestamento e solos expostos. As que pior representavam essa condição foram agricultura, áreas urbanas e, logicamente, lagos e lagoas. Foi considerado também como sendo uma condição negativa a presença de um lixão nas proximidades do Parque Nacional de Brasília, justamente por não poder ser aplicado o processo de coleta de solo neste local e por também haver influência negativa nos solos marginais das drenagens em suas proximidades.

Unidades de Conservação: seguiu-se o que consta na Lei do SNUC, dividindo-se as áreas obtidas em duas categorias: Unidades de Proteção Integral – UPI, e Unidades de Uso Sustentável – UDS. As considerações para cada uma delas é descrita a seguir.

O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei. O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação, sendo seus objetivos:

I - Estação Ecológica: preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas;

II - Reserva Biológica: preservação integral da biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais.

III - Parque Nacional: preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico;

IV - Refúgio de Vida Silvestre: proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória.

O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de conservação, sendo seus objetivos:

Page 20: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

20

I - Área de Proteção Ambiental: uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais;

II - Área de Relevante Interesse Ecológico: área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza;

III - Floresta Nacional: área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas;

IV - Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.

Outras três categorias foram consideradas em separado:

I – Parques: foram considerados todos os parques públicos que se enquadram dentro do projeto de urbanização da cidade não sendo, portanto, reservas completamente livres da ação antrópica.

II – Reserva Ecológica: a reserva ecológica do IBGE foi considerada como sendo um tipo de Área de Relevante Interesse Ecológico. Apesar de possuir um caráter de preservação, a categoria Reserva Ecológica não é prevista no SNUC, o que dificultou a sua exata localização dentro destas duas categorias principais;

III – APA: O Distrito Federal possui cinco grandes áreas de proteção ambiental, sendo o somatório de sua extensão total maior do que a área do DF em si. Tendo isto em mente, a categoria APA não pode ser levada em consideração, pois essa condição abriga todos os casos possíveis de antropização e ambiente natural da área estudada.

Dentro deste contexto, as unidades que se inserem na categoria UPI tiveram maior peso na ponderação do que as unidades que se inseriram na categoria UDS.

3.3. Etapa 3 – Construção da Matriz de Comparação Pareada

A técnica AHP baseia-se numa matriz quadrada de n x n, de comparação entre os n critérios, onde as linhas e as colunas correspondem aos critérios, sendo o resultado igual à importância relativa do critério da linha face ao critério da coluna.

Cada tema foi decomposto em suas principais variáveis, a fim de se estabelecer a prioridade para cada uma delas. Neste contexto, os valores de entrada nas matrizes foram obtidos com base na comparação dois-a-dois dos fatores que influenciam na vulnerabilidade ambiental da área. A partir desta comparação pareada foi definido o critério de importância relativa entre os fatores, conforme uma escala pré-definida de 1 a 9, onde o valor 1 equivale ao mínimo, e 9 o máximo de importância de um fator sobre o outro.

Foram feitas matrizes de comparação pareada entre as variáveis de cada tema, obtendo-se assim um valor de prioridade entre cada uma delas. O valor encontrado para os temas serão chamados de NOTAS e os valores encontrados para as variáveis serão chamados de PESOS. As tabelas 4, 5, 6 e 7 a seguir apresentam este resultado.

Page 21: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

21

Uso e Ocupação Tipos de Solo Áreas de Conservação Soma NOTA Uso e Ocupação 1 1/3 1/5 1,53 0,103 Tipos de Solo 3 1 1/3 4.33 0.291

Áreas de Conservação 5 3 1 9 0.605

14.86 Tabela 4 - Relação entre os temas e as notas determinadas

Page 22: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

22

Neossolo Quartzâni

co

Chernossolo

Cambissolo

Plintossolo Distrófico + Solos Hidromórficos Indiscriminados

Latossolo

vermelho-

amarelo

Latossolo vermelho

Espodossolo+Plintoss

olo

Argissolo Vermelho-Amarelo

Argissolo Vermelh

o Amarelo-Eutrófico

Neossolo Flúvico

Solos Hidromórficos

Nitossolo Soma PESO

Neossolo

Quartzânico

1 2 1/9 1 1/7 1/9 2 1 1/2 2 1/2 1/2 10.87 0.031

Chernossolo 1/9 1 1/9 1 1/7 1/9 1 1/2 1/3 1 1/3 1/3 5.98 0.017 Cambissolo 9 9 1 9 3 1/2 9 9 9 9 9 9 85.50 0.241 Plintossolo Distrófico + Solos Hidromórficos Indiscriminados 1 1 1/9 1 1/9 1/9 2 1 1/3 2 1/3 1/3 9.33 0.026 Latossolo vermelho-amarelo 7 7 1/3 9 1 1/3 9 9 7 9 7 7 72.67 0.205 Latossolo vermelho 9 9 2 9 3 1 9 9 9 9 9 9 87.00 0.245 Espodossolo+Plintossolo 1/2 1 1/9 1/2 1/9 1/9 1 1/2 1/3 1 1/3 1/3 5.83 0.016 Argissolo Vermelho-Amarelo 1 2 1/9 1 1/9 1/9 2 1 1/3 2 1/3 1/3 10.33 0.029 Argissolo Vermelho Amarelo-Eutrófico 2 3 1/9 3 1/7 1/9 3 3 1 2 1/2 1 18.87 0.053 Neossolo

Flúvico 1/2 1 1/9 1/2 1/9 1/9 1 1/2 1/3 1 1/3 1/3 5.83 0.016 Solos Hidromórficos 2 3 1/9 3 1/7 1/9 3 3 2 3 1 2 22.37 0.063 Nitossolo 2 3 1/9 3 1/7 1/9 3 3 1 3 1/2 1 19.87 0.056 354.44

Tabela 5 - Relação entre os tipos de solos

Page 23: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

23

Agricultura Campo Cerrado Matas Reflorestamento Solo

Exposto Água

Áreas Urbanas

Soma PESO

Agricultura 1 1/5 1/9 1/7 1/3 1/5 3 3 7.99 0.046 Campo 5 1 1/5 1/5 5 5 9 9 34.40 0.200 Cerrado 9 5 1 3 5 7 9 9 48.00 0.279 Matas 7 5 1/3 1 5 7 9 9 43.33 0.252 Reflorestamento 3 1/5 1/5 1/5 1 3 5 5 17.60 0.102 Solo Exposto 3 1/5 1/7 1/7 1/3 1 5 5 14.82 0.086 Água 1/3 1/9 1/9 1/9 1/5 1/5 1 1 3.07 0.018 Áreas Urbanas 1/3 1/9 1/9 1/9 1/5 1/5 1 1 3.07 0.018

172.27 Tabela 6 - Relação ente as variáveis de uso e ocupação do solo

ARIE Est.

Ecológica FLONA Parques

Parque Nacional

REBIO RESEC RPPN Zona

Silvestre Soma PESO

ARIE 1 1/5 1/3 3 1/7 1/7 1/2 2 1/3 7.65 0.048

Est. Ecológica 5 1 3 7 1/2 1 3 5 3 28.50 0.178

FLONA 3 1/3 1 5 1/5 1/3 3 3 1/3 16.20 0.101

Parques 1/3 1/7 1/5 1 1/9 1/5 1/3 1/2 1/3 3.15 0.020 Parque Nacional 7 2 5 9 1 3 5 7 3

42.00 0.263

REBIO 7 1 3 5 1/3 1 5 5 2 29.33 0.184

RESEC 2 1/3 1/3 3 1/5 1/5 1 3 1/2 10.57 0.066

RPPN 1/2 1/5 1/3 2 1/7 1/5 1/3 1 1/2 5.21 0.033

Zona Silvestre 5 1/3 3 3 1/3 1/2 2 2 1 17.17 0.107

159.78 Tabela 7 - Relação ente as variáveis ambientais referentes às unidades de conservação

Page 24: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

24

3.4. Etapa 4 – Transformação dos vetores e obtenção do mapa final

Este estágio é o último do processo de decisão utilizando o método AHP. Nesta etapa as NOTAS e PESOS resultantes das matrizes de comparação serão utilizados para compor a classificação final, ou seja, obter-se-á um valor resultante do cruzamento dos três temas escolhidos, refletindo em um mapa de favorabilidade ambiental da área estudada.

Os pesos e notas globais determinados são apresentados na Tabela 8.

Uso e ocupação Solos Unidades de Conservação Nota: 0.103 Nota: 0,291 Nota: 0.605 área urbana: 0,018 Neossolo Quartzânico: 0,031 Parque Nacional: 0,263 agricultura: 0,046 Chernossolo: 0,017 Floresta Nacional: 0,101 campo: 0,200 Cambissolo: 0,241 Estação Ecológica: 0,178

cerrado: 0,279 Plintossolo Distrófico + Solos Hidromórficos Indiscriminados: 0,026

RPPN: 0,033

matas: 0,252 Latossolo vermelho-amarelo: 0,205 Zona de vida silvestre: 0,107 reflorestamento: 0,102 Latossolo vermelho: 0,245 Parques: 0,020

solo exposto: 0,086 Argissolo Vermelho Amarelo-Eutrófico: 0,053

Área de relevante interesse ecológico: 0,048

água: 0,018 Espodossolo+Plintossolo: 0,016 Reserva biológica: 0,184 Argissolo Vermelho-Amarelo: 0,029 Reserva ecológica: 0,066 Neossolo Flúvico: 0,016 Solos Hidromórficos: 0,063 Nitossolo: 0,056

Tabela 8 - Pesos globais das variáveis

Para realizar o cruzamento dos temas optou-se pelo formato raster. Isso porque, neste formato, cada pixel do tema resultante será fruto do cruzamento dos pixels dos outros três temas existentes na mesma coordenada x,y. Para tanto, foi necessário a utilização de uma ferramenta que possibilitasse transformar os temas do formato vetorial para o formato matricial, onde cada pixel passasse a conter o PESO definido por sua matriz.

A ferramenta escolhida foi o Weighted Sum, constante no software ArcGis da empresa ESRI Corporation. Esta ferramenta permite a atribuição de pesos e importância relativa aos rasters e a combinação de múltiplos fatores, possibilitando uma análise integrada. O Weighted sum multiplica um determinado campo do raster de entrada pelo peso específico atribuído ao tema. Isto é possível pelo uso de outra ferramenta disponível no software chamada de Reclassify (Reclassificação), que permite atribuir pesos aos campos desejados. Então, após a multiplicação ocorre a soma conjunta de cada raster de entrada para a formação de um raster de saída (ver Figura 5). (ARCGIS).

Page 25: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

25

Figura 5 - Ilustração do processo da ferramenta Weighted Sum

Onde: Aij = Pixel resultante do cruzamento entre os temas; n = Número de temas utilizados; Pk = Peso atribuído à variável dentro do contexto de seu tema; Nk = Nota atribuída ao tema.

É importante notar que, ao se multiplicar cada peso das variáveis pela nota de seu tema de origem, temos o resultado da análise AHP. Segundo a metodologia proposta por SAATY, 2008, cada variável deve ter seu peso multiplicado pelo valor do critério que está logo acima de sua classe hierárquica.

Logo após o valor a obtenção do peso final, este é imediatamente somado aos valores encontrados para cada pixel dos outros temas que foram analisados conjuntamente, obtendo-se assim a média de cada valor.

Page 26: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

26

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dois mapas foram obtidos após a aplicação desta metodologia: um contendo as melhores áreas para a determinação do VRQ dentro das unidades de conservação e outro da área integral do Distrito Federal. As figuras 5 e 6 apresenta os mapas obtidos.

Figura 6 - Áreas favoráveis à amostragem do VRQ para o Distrito Federal

Page 27: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

27

Figura 7 - Favorabilidade das áreas das unidades de conservação

Na interpretação dos mapas finais, as áreas consideradas favoráveis a aplicação da metodologia de escolha de solos para a determinação do VRQ aparecem em verde. Em vermelho e laranja são representadas as regiões menos favoráveis. Em amarelo, as regiões consideradas intermediárias e, em azul escuro, a área de influência do lixão escolhido como modelo de área contaminada. No ANEXO I encontra-se os dois mapas em tamanho de folha A3, escala 1:380.000.

Page 28: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

28

Na análise do mapa para a área total do DF, as áreas consideradas mais favoráveis ao processo de determinação do VRQ, foram aquelas que se encontram dentro das unidades de conservação. Esta informação pode ser considerada óbvia do ponto de vista lógico, mas se formos considerar as áreas do país que não possuem unidades de conservação demarcadas em seu território, outras avaliações e levantamentos seriam necessários e, neste caso, a aplicação desta metodologia seria válida.

A inserção do fator “lixão” foi uma tentativa de contemplar na análise uma variável totalmente aleatória, mas que possui forte influência no resultado final. Apesar de estar localizado em na área urbana do DF, região totalmente desfavorável para se determinar o VRQ do solo, foi considerado que seus efluentes líquidos contaminam as drenagens subjacentes que, por sua vez, contaminam os solos marginais. Esta contaminação não pôde ser mensurada, mas em um trecho de 3 quilômetros a partir do ponto central do lixão, todos os solos localizados a 20 metros da drenagem de influência foi considerado com peso igual ao apresentado pelas regiões urbanas, lagos e lagoas.

O mapa contendo a favorabilidade das áreas dentro das unidades de conservação foi considerado satisfatório. Os três tipos de solos mais representativos do Distrito Federal somam mais de 80% da área total da região e, supondo que as áreas protegidas serão naturalmente escolhidas em primeiro lugar para a determinação da qualidade do solo, o mapa apresenta um resultado favorável àquelas regiões que possuem a vegetação nativa preservada (cerrado e matas ).

Algumas das áreas localizadas dentro das unidades de conservação tiveram melhor classificação que outras. Isto porque, quando da decisão das relações entre as variáveis escolhidas no tema “unidades de conservação”, o tipo de preservação da UC foi o parâmetro escolhido para ser comparado.

Na porção leste do Distrito Federal, mais precisamente na área do PAD-DF (Programa de Assentamento Dirigido do Distrito Federal), as principais áreas preservadas encontradas são as matas ciliares, consideradas pela lei como áreas de proteção permanente. Contudo, a ausência da vegetação natural indica uma forte pressão antrópica nos recursos naturais e, conseqüentemente, na qualidade do solo em si. Esta região possui todas as características agrícolas observadas nos outros estados do Centro-Oeste. (IBGE, 2006). Podemos afirmar que outras regiões do Centro-oeste brasileiro podem ser analisadas por esta metodologia.

Em comparação com a metodologia aplicada no Estado d São Paulo (CETESB, 2009), é possível atribuir também pontos de coleta baseando-se na distribuição entre quadrículas da área apresentada nos mapas aqui expostos.

4. CONCLUSÃO

Os mapas gerados possibilitaram a identificação das áreas mais favoráveis e menos favoráveis para uma possível amostragem de VRQ dos solos do Distrito Federal.

Acredito que outras regiões do Brasil, principalmente do Centro-oeste, poderão utilizar a metodologia proposta para iniciar os trabalhos de determinação dos VRQ estaduais.

Page 29: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

29

Apesar da determinação do VRQ levar em consideração outras características do solo, tais como a análise do material de origem do solo (litologia), do relevo e clima e dos compartimentos geomorfológicos e geológicos, a metodologia aplicada na análise pedológica se mostrou satisfatória para os fins pretendidos.

Com relação aos outros tipos de fontes de contaminação, como postos de gasolina, cemitérios, áreas contaminadas órfãs, etc., estes podem e devem ser levados em consideração em uma análise mais aprofundada. Na Resolução CONAMA 420/09, Art. 17, é indicado que, em áreas agrícolas que passaram por processo de aplicação de agrotóxicos e fertilizantes químicos recentemente, devem ser considerados o período de carência dos mesmos. Por isso, sugere-se ponderação na aplicação desta metodologia.

Page 30: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

30

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARCGIS Desktop Help. Understanding Overlay Analysis e How Weighted Sum works. Ajuda constante no software ArcGis ver. 9.3 da ESRI Corporation.

BARROS, Marco Aurélio; MOREIRA, Maurício Alves; RUDORFF, Bernardo Friedrich Theodor. “Processo analítico hierárquico na identificação de áreas favoráveis ao agroecossistema cafeeiro em escala municipal”. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.42, n.12, p.1769-1777, dez. 2007.

CARVALHO, Giselle S.; MINGOTI, Sueli A. (Orientadora); Implementação Computacional da Técnica de Estatística Multivariada Análise Hierárquica. UFMG, Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Estatística, Março, 2005.

CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Dados obtidos na seção “Áreas Contaminadas” no site institucional. Link: http://www.cetesb.sp.gov.br/Solo/areas_contaminadas/areas.asp. Disponível em 30/12/2009.

COSTA, José Fabiano da Serra; RODRIGUES, Monique de Menezes; FELIPE, Ada Priscila Machado. Utilização do Método de Análise Hierárquica (AHP) para Escolha de Interface Telefônica. Anais do XXVIII Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008.

Distrito Federal (Brasil). Uso e ocupação do solo no Distrito Federal / Secretaria de Estado de Infra-estrutura e Obras / Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Brasília, 2004.

Embrapa. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos. 1978. Levantamento de reconhecimento dos solos do Distrito Federal. Rio de Janeiro, RJ, 455 p. (Boletim Técnico, 53).

FORTES, Paulo de Tarso Ferro de Oliveira, et. al. “Geoprocessamento aplicado ao planejamento e gestão ambiental na Área de Proteção Ambiental de Cafuringa, Distrito Federal Parte 1: processamento digital de imagens”. Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-26 abril 2007, INPE, p. 2605-2612.

IBAMA. Base de dados relativa às Unidades de Conservação, disponível no site institucional. Link: (http://www.ibama.gov.br/zoneamento-ambiental/basedado/). Acessado em 14/12/2009. IBAMA. GeoBrasil 2002: Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, 2002. 440p. IBGE, 2006. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006 – Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro, p.1-777, 2006.

Lei No 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. SNUC, 2000.

MANTOVANI, José Eduardo; PEREIRA, Alfredo. “Estimativa da Integridade da Cobertura Vegetal de Cerrado Através de Dados TM/Landsat”. Anais IX Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Santos, Brasil, 11-18 setembro 1998, INPE, p. 1455-1466.

Page 31: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

31

REATTO, Adriana; et al. Mapa pedológico digital – SIG atualizado do Distrito Federal Escala 1: 100.000 e uma síntese do texto explicativo. Planaltina,DF: Embrapa Cerrados, 2004. 31 p. Disponível em http://www.cpac.embrapa.br/download/340/t Acessado dia 11/01/2010 às 23h59. Resolução CONAMA n° 420, de 28 de dezembro de 2009 - Dispõe sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. DOU nº 249, em 30/12/2009, pgs. 81-84. SAATY, T.L. (2008) ‘Decision making with the analytic hierarchy process’, Int. J. Services Sciences, Vol. 1, No. 1, pp.83–98. SILVA, Cristiano Alves da; NUNES, Fabiano de Paiva. Mapeamento de vulnerabilidade Ambiental Utilizando o Método AHP: uma análise integrada para suporte à decisão no Município de Pacoti/CE. Anais do XIV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Natal, Brasil, 25-30 abril 2009, INPE, p. 5435-5442.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. “Evolução do uso do solo e cobertura vegetal no Distrito Federal nos anos de 1954, 1964, 1973, 1984, 1984, 1994, 1998 e 2001”. UNESCO, 2002.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Análise Multitemporal do Uso e Ocupação do Distrito Federal. UNESCO, 2006.

Page 32: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

32

ANEXO I

Page 33: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

33

Page 34: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

34

APÊNDICE I

Conama aprova medidas para gestão de áreas contaminadas

Após quatro de análise no MMA e três de tramitação no Conama, foi aprovada nesta quinta-feira, 26, resolução que estabelece critérios e valores orientadores de qualidade do solo, quanto à presença de substâncias químicas, incluindo diretrizes para o gerenciamento ambiental de áreas contaminadas, em decorrência de atividades antrópicas. A proteção do solo, de acordo com a Dra. Zilda Veloso, da SMCQ/MMA, deve ser realizada de maneira preventiva, a fim de garantir a manutenção da sua funcionalidade ou, de maneira corretiva, visando restaurar a sua qualidade ou recuperá-la de forma compatível com os usos previstos. Em levantamento realizado no Estado de São Paulo e concluído em novembro de 2008, foram registradas 2.514 áreas contaminadas. Segundo o texto aprovado, o gerenciamento das áreas contaminadas deverá conter procedimentos e ações voltadas para eliminar o perigo ou reduzir o risco á saúde humana; eliminar ou minimizar os riscos ao meio ambiente; evitar danos aos demais bens a proteger e ao bem estar público durante a execução de ações para reabilitação, além de possibilitar o uso declarado ou futuro da área, observando o planejamento de uso e ocupação do solo.Os órgãos estaduais de meio ambiente terão a tarefa de levantar os tipos de solo em seus territórios e definir os Valores de Referência de Qualidade – VRQ, que são primordiais para a definição de áreas contaminadas e de ações de controle e fiscalização a serem implementadas.A resolução classifica os solos em quatro classes para que sejam aplicados procedimentos de prevenção e controle de sua qualidade. Além de substâncias químicas, como metais pesados - chumbo, níquel e mercúrio - a norma abrange também outras substâncias consideradas cancerígenas , presentes em diversos produtos, tais como, HPA, PCB, BTEX, organoclorados . Os órgãos ambientais deverão criar procedimentos de investigação de áreas suspeitas de contaminação, que serão submetidas a uma avaliação preliminar para aferir a qualidade do solo. Caso seja constatado o risco para a saúde, as áreas serão declaradas contaminadas e exigidas providências para a sua remediação. Estas in-

Dra. Izabella Teixeira preside reunião do CONAMA formações deverão fazer parte do Banco de Dados Nacional sobre Áreas Contaminadas. Outra determinação da resolução prevê que empreendimentos que desenvolvam atividades com potencial de contaminação dos solos e das águas subterrâneas, implantem programas de monitoramento nas que estiverem em processo de descontaminação. A resolução traz, em seu anexo, tabelas de prevenção e investigação que deverão ser observados pelos estados na classificação da qualidade do solo e determinação das áreas de risco. A aprovação da Resolução conclui um ciclo estruturante no CONAMA, que já possui Resoluções que tratam da qualidade do ar e da água desde a década de 80, mas ainda não dispunha de parâmetros e valores indicadores para a qualidade do solo, conforme enfatizado pela Secretária-Executiva, Izabella Teixeira, na abertura dos debates. Esta decisão do Conselho tem abrangência nacional e uniformiza os procedimentos a serem adotados pelos órgãos ambientais competentes, em todos os estados e municípios, para determinação da qualidade do solo, níveis de contaminação e medidas de gestão das áreas contaminadas adequadas ao país. Trata-se de um marco importante para a identificação de áreas contaminadas, em defesa do ambiente e da saúde da população.A Secretária Izabella, que presidiu os dois dias de reuniões do Conama, elogiou o empenho dos conselheiros na aprovação da proposta, que segundo ela, era um dos maiores passivos a cargo do Conselho.

Educação Ambiental tem novas diretrizes

As campanhas e projetos de comunicação e ticada no Brasil à Política e ao Programa

Page 35: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

35

educação ambiental ganharam novas orientações e diretrizes para linguagem e abordagem inclusive em conteúdos de livros didáticos e publicações oficiais destinadas à educação no País. A resolução, aprovada pelo Conama, tem o objetivo de assegurar a universalização do acesso à informação ambiental, de forma clara e transparente, aos diversos grupos sociais. A medida surgiu da necessidade de atualização e adaptação de conteúdos que nem sempre refletem a realidade das questões socioambientais e sua contextualização entre os dilemas da atualidade. Para Rachel Trajber, coordenadora geral de educação ambiental do MEC, a resolução adapta os conteúdos aos novos tempos, onde o debate mundial em torno das mudanças climáticas assume novas proporções.A idéia é sintonizar a educação ambiental pra-

Nacional de Educação Ambiental, a cargo do Ministério do Meio Ambiente em parceria com o MEC. A resolução se direciona a conteúdos na Internet, produção de material didático e filmes educativos. Muitas publicações atuais trazem, segundo Rachel, informações equivocadas e abordagens impróprias dos problemas ambientais. A interação com o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, em especial o próprio CONAMA, e com o Órgão Gestor da Educação Ambiental, prevista na resolução, propiciará uma melhoria de qualidade dos conteúdos, sem qualquer engessamento. O foco é a promoção da cidadania ambiental, sendo que o debate em plenário contou também com observações da Secretária Nacional de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do MMA, Dra. Samyra Crespo, responsável pela política de educação ambiental no âmbito do MMA.

Dragagem: Foi aprovada também uma resolução que mantém como válidos, em todo o país, os valores orientadores para a classificação de material dragado em águas jurisdicionais brasileiras, até a aprovação de nova norma que revisará, total ou parcialmente, a resolução 344/04. Em 24 meses, a Câmara Técnica de Controle e Qualidade Ambiental deverá apresentar ao plenário uma nova proposta de resolução, que inclusive dependerá de novos estudos e dados técnicos que atualizem as condições e as necessidades atuais, referentes à dragagem e à reforma dos portos brasileiros.

Pilhas importadas: O MMA apresentou ao Conama proposta de revogação do parágrafo único do artigo 16 da Resolução Conama 401/08, que estabelece como pré-requisito ao desembaraço aduaneiro nos portos brasileiros, a verificação de etiquetas em pilhas e baterias que alertem o consumidor sobre os riscos à saúde. Para o Ibama, esse controle da importação não deve ser prévio ao embarque no exterior, mas declaratório junto ao Cadastro Técnico Federal. O pedido de supressão desse parágrafo, encaminhado pela Secretaria de Qualidade Ambiental, da SMCQ/MMA, foi justificado pelo órgão. O plenário decidiu enviar a matéria à Câmara Técnica de Saúde, Saneamento e Gestão de Resíduos, para análise.

Balanço: Um balanço das atividades do Conama, feito pela Secretária Executiva do MMA, Izabella Teixeira, ao final desta última reunião de 2009, revelou que o colegiado produziu 17 novas resoluções, em seis plenárias, que, por sua vez, analisou o resultado de 34 reuniões de GTs e 41 de Câmaras Técnicas. O esforço resultou em normas como a nova fase PROCONVE para veículos leves, a implantação de programas de Inspeção e Manutenção Veicular em todo o país (publicada ontem, no Diário Oficial da União), o licenciamento de aquicultura e de habitações populares para o programa

para intervenções em Áreas de Preservação Permanente – APP, e a que dispõe sobre o licenciamento de empreendimentos e atividades no entornode Unidades de Conservação. O plenário do Conselho aprovou ainda a apreciação da proposta de novo Regimento Interno na primeira reunião ordinária de 2010.

Calendário: O Calendário de reuniões ordinárias para 2010, aprovado pelo plenário da 96ª Reunião Ordinária do Conama, prevê: 97ª RO, 17 e 18 de março ; 98ª, 26 e 27 de maio; 99ª, 25 e 26 de agosto; 100ª, 24 e 25 de novembro .

Moções aprovadas: O plenário do CONAMA aprovou uma moção de repúdio ao Projeto de Lei 154/2009, da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, que, segundo a entidade Mira-Serra e o Ministério Público Federal apresenta um conjunto de dispositivos comprometedores ao bom funcionamento da política ambiental no Estado. Outra moção aprovada, com apenas um voto contrário, pede a ampliação da Chapada dos Veadeiros, no nordeste do estado de Goiás, que ganhará mais 235 mil hectares de Cerrado. O presidente do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, Rômulo Melo, informou que o estudo para a ampliação da área da unidade de conservação - que já foi reduzida duas vezes por decretos presidenciais - está pronto. A previsão é que em março de 2010 sejam inciadas as audiências públicas em Alto Paraíso de Goiás e Cavalcante, municípios que serão afetados pela reintegração da área ao parque. O prof. Paulo Nogueira-Neto, conselheiro e criador do CONAMA, destacou a importância dessa iniciativa. A terceira moção aprovada trata da Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, apoiando as metas brasileiras de redução de emissões de gases de efeito estufa, mas pedindo

Page 36: IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS NÃO ANTROPIZADAS NO DISTRITO FEDERAL FAVORÁVEIS A AMOSTRAGEM DE SOLO VISANDO O ESTABELECIMENTO DO VALOR DE REFERÊNCIA DE QUALIDADE - VRQ

36

Minha Casa, Minha Vida, novas regras para o Plano de Manejo Florestal Sustentável, além da autorização para recomposição em 50% de Reserva Legal da propriedade rural, de acordo com o Zoneamento Econômico-Ecológico da BR-163, no Pará. Em 2010, a prioridade para o Conama será a resolução que define a agricultura familiar como de Interesse Social

compromisso efetivo por parte do governo em sua implementação.

Reforma Agrária: O Ministério do Desenvolvimento Agrário apresentou e distribuiu o relatório das oficinas sobre Licenciamento Ambiental dos projetos de reforma agrária.

Link para esta notícia: http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/174D441A/Boletim_96RO_20091125.html