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Simulações de Combate VAmorim 1 TÁCTICA GERAL Breves Apontamentos Para ganhar um combate. É preciso ter uma compreensão clara das capacidades e limitações do nosso efectivo, armamento e equipamento e das condições favoráveis oferecidas pelo terreno (espaço de batalha) ou “fronteira táctica”, marcada na carta de operações distribuída à Unidade. O combate é sempre feito visando os elementos adversários desde o mais próximo ao mais afastado. Todas as decisões devem ser tomadas tendo em conta a expectativa de manobra da Força Opositora (FOP) o avanço, a prioridade dos alvos e o tempo necessário para a chegada dos fogos indirectos de apoio. OPERAÇÕES DEFENSIVAS A Operação Defensiva pode ter um dos seguintes objectivos: - Anular o ataque das forças opositoras - Manter terreno conquistado - Fixar o opositor numa área para que outras Forças Amigas ataquem um objectivo noutro ponto do terreno 1- Tipos de Defesa a) Defesa móvel Montada de forma a permitir que o opositor avance até uma área exposta, para então contra atacá-lo com uma reserva móvel. b) Defesa com retenção do terreno O opositor é engajado de vários Pontos Fortes para ser destruído, principalmente pelo fogo directo. c) Defesa inopinada Ocupação rápida de uma posição durante o movimento para o contacto, quando é detectada a presença de elementos oponentes na área, pelos elementos avançados de reconhecimento ou a Unidade é atacada. 2- Preparação Estudar o terreno na área de engajamento. Escolher os locais que oferecem melhores condições para a instalação de Pontos Fortes. Identificar os caminhos mais prováveis à aproximação da força opositora. Destacar pequenos efectivos para ocuparem Postos Avançados, para darem o alerta e cobrirem a aproximação. Estabelecido o contacto, regressam à posição e colaboram na defesa. Definir uma “Linha de Alerta” a partir da qual a unidade deve romper o contacto e recuar para ocupar um Ponto Forte alternativo previamente escolhido. Identificar referências no terreno que correspondam ao alcance eficaz das armas, para conseguir o máximo efeito e aguardar que o opositor as alcance para desencadear o ataque.

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Simulações de Combate

VAmorim 1

TÁCTICA GERAL Breves Apontamentos

Para ganhar um combate. É preciso ter uma compreensão clara das capacidades e limitações do nosso efectivo, armamento e equipamento e das condições favoráveis oferecidas pelo terreno (espaço de batalha) ou “fronteira táctica”, marcada na carta de operações distribuída à Unidade. O combate é sempre feito visando os elementos adversários desde o mais próximo ao mais afastado. Todas as decisões devem ser tomadas tendo em conta a expectativa de manobra da Força Opositora (FOP) o avanço, a prioridade dos alvos e o tempo necessário para a chegada dos fogos indirectos de apoio.

OPERAÇÕES DEFENSIVAS

A Operação Defensiva pode ter um dos seguintes objectivos:

- Anular o ataque das forças opositoras - Manter terreno conquistado - Fixar o opositor numa área para que outras Forças Amigas ataquem um objectivo noutro ponto do terreno

1- Tipos de Defesa a) Defesa móvel

Montada de forma a permitir que o opositor avance até uma área exposta, para então contra atacá-lo com uma reserva móvel.

b) Defesa com retenção do terreno

O opositor é engajado de vários Pontos Fortes para ser destruído, principalmente pelo fogo directo.

c) Defesa inopinada Ocupação rápida de uma posição durante o movimento para o contacto, quando é detectada a presença de elementos oponentes na área, pelos elementos avançados de reconhecimento ou a Unidade é atacada.

2- Preparação • Estudar o terreno na área de engajamento. Escolher os locais que oferecem melhores condições para a instalação

de Pontos Fortes. • Identificar os caminhos mais prováveis à aproximação da força opositora. Destacar pequenos efectivos para

ocuparem Postos Avançados, para darem o alerta e cobrirem a aproximação. Estabelecido o contacto, regressam à posição e colaboram na defesa.

• Definir uma “Linha de Alerta” a partir da qual a unidade deve romper o contacto e recuar para ocupar um Ponto Forte

alternativo previamente escolhido. • Identificar referências no terreno que correspondam ao alcance eficaz das armas, para conseguir o máximo efeito e

aguardar que o opositor as alcance para desencadear o ataque.

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Quando disponível, o fogo indirecto de morteiros e de artilharia deve ser preparado e planeado tendo como alvos: a) Áreas alvo na “Linha de Alerta”, em fogo planeado, se a força opositora avançar na sua direcção. b) Locais onde o atacante pode montar bases de fogo de apoio para realizar o ataque. c) Os alvos mais indicados para os morteiros são os caminhos de acesso, em especial se o oponente fizer uma

aproximação com infantaria apeada. A resposta às solicitações de apoio é mais rápida que a da artilharia. d) Para a frente da posição, a fim de deter um possível assalto frontal, usando munição HE. e) Para a rectaguarda do Ponto Forte, com munição de fumos, para proteger a retirada. 3- Obstáculos defensivos A defesa dos Pontos Fortes pode ser reforçada com a colocação de obstáculos com o objectivo de:

- Deter um assalto final - Deter a infiltração entre dois Pontos Fortes - Fraccionar as forças de assalto aos flancos - Deter o oponente no alcance eficaz das nossas armas

O dispositivo defensivo deve ser flexibilizado para enfrentar contingências não previstas. Avaliar a possibilidade de mudança rápida entre posições de combate primárias, alternativas e suplementares, na área do Ponto Forte. Se romper o contacto, o opositor terá de voltar a Adquirir / Referenciar as armas nas novas posições. 4- Conduta da defesa Quando as unidades opositoras se aproximam da Linha de Alerta é pedido fogo de artilharia planeado, se o adversário se dirigir para as áreas alvo seleccionadas. O contacto com tiro directo é iniciado por um único carro de combate ou secção de infantaria, para não denunciar de imediato todo o dispositivo e o potencial de fogo disponível. Em princípio, a vanguarda da FOP é formada por uma unidade de reconhecimento constituída por viaturas com armamento ligeiro. O alcance eficaz das armas, ou uma referência no terreno, indica o momento em que a unidade deve iniciar o ataque com todo o seu potencial. 5- Ruptura do contacto A decisão de romper o contacto deve começar a ser avaliada quando forças opositoras atingem uma certa linha do terreno definida como Ponto de Ruptura do Contacto, considerando: • - A superioridade numérica do adversário • - A velocidade de aproximação e a eficácia do seu tiro, no ataque às nossas posições • - A penetração da FOP entre dois Pontos Fortes; a menos que haja “ordem para reter” na posição • - O avanço de unidades oponentes por uma rota secundária, capaz de anular todo o plano defensivo estabelecido A mudança das posições e de um Ponto Forte para outro, deve ser feita por fases, deixando uma base de fogo de protecção aos elementos em movimento. Esta operação deve ser apoiada por Fogo Directo de uma unidade de apoio e ou de outro Ponto Forte, e indirecto de morteiros e artilharia.

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Exemplo do planeamento de uma Operação Defensiva

1. Uma Companhia de Infantaria Mecanizada recebeu a missão de deter o avanço de um Batalhão de Infantaria Mecanizada da Força Opositora (FOP) para proteger o flanco do eixo de esforço principal da Brigada.

2. Pela análise do terreno, o comandante da companhia considera como mais provável que o cmdt da FOP escolha a aproximação pelo Norte da elevação e dispõe a companhia no terreno numa posição de detenção Primária.

3. No entanto, também toma em consideração que,

por diversas razões, o cmdt da FOP pode optar por um avanço pelo Sul.

4. Por isso, elabora um plano para deslocar as forças

para uma Posição Alternativa, o que fará se as Unidades de Cavalaria Blindada que se encontram actuando na Área de Cobertura confirmarem a presença de duas companhias de infantaria mecanizada das FOP avançando pelo Sul.

Execução do Plano Alternativo A figura abaixo ilustra o plano defensivo da posição primária: dois pelotões ocupando a área defensiva escolhida, com o terceiro pelotão em reserva junto do Comando. Para a frente da posição foi planeado fogo indirecto para duas áreas Alvo [1 e 2] como Fogo de Protecção Final. No caso de a companhia ter de se deslocar para a posição alternativa, é estabelecido o seguinte plano de contingência.

• As armas de apoio de fogo indirecto são

redireccionadas para as Áreas Alvo A1 e A2, com fogo prioritário para AB1202.

Posição Primária

• Os pelotões ocupam as posições já

reconhecidas e destinadas. • No primeiro contacto com as FOP os

pelotões engajam, inicialmente, com duas secções. ABF1

• Se o 1º ou o 2ºpelotões sofrerem 50%

de baixas, o 3º pelotão, mantido em reserva, avança em reforço da posição. ABF2

• Se o opositor passar a Linha de Alerta

com mais de 10 carros, o 3º pelotão desloca-se em reforço, ocupando a posição ABF1, se isso se verificar pelo eixo de aproximação mais provável e a posição ABF2 se a companhia for deslocada para a Posição Alternativa.

Posição Alternativa

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OPERAÇÕES OFENSIVAS

As operações ofensivas visam a destruição ou neutralização do adversário, podendo ter como objectivo:

- A conquista de terreno - A recolha de informações - Criar uma manobra de diversão fixando o adversário nas suas posições - Fazer abortar um ataque

O movimento táctico de todas as unidades envolvidas deve ser sincronizado. Se uma parte for obrigada a abrandar devido a restrições do terreno ou à resistência do adversário, as restantes também devem abrandar a progressão. A Táctica Ofensiva compreende:

- Movimento - Contacto - Ataque - Exploração do sucesso e perseguição, se autorizado

1- Planeamento Fazer a leitura do terreno para identificar pontos importantes onde o oponente possa ter instalado posições defensivas. Avaliar a distância eficaz das armas instaladas nessas posições e a possível reacção ao nosso ataque. Fazer o plano de manobra, determinando:

- O itinerário de cada unidade - A técnica de movimento - A formação de combate de cada unidade e o seu espaço de actuação (fronteira táctica) - A posição dos veículos dentro das formações de combate - O esquema a desenvolver em caso de contacto

2- Apoio de fogos • Identificar pontos de presença provável de forças adversárias para solicitar fogo planeado. • Considerar o uso de cortinas de fumo para ocultar o movimento ou suprimir posições enquanto a unidade se

movimenta em áreas expostas. • Designar uma unidade para fornecer apoio à que segue na frente quando esta estabelecer o contacto, ou no assalto. • A vanguarda estabelece o primeiro contacto e fixa a força opositora no terreno, para dar tempo à unidade de apoio

para manobrar e penetrar nas posições. 3- Deslocamentos cautelosos O deslocamento cauteloso é praticado quando a segurança da unidade se sobrepõe à velocidade e o contacto com forças opositoras pode estar iminente. As características do terreno são exploradas no máximo para garantir a cobertura do efectivo.

• Não abandonar uma posição de observação

avançando em frente: recuar e contornar a posição por um dos flancos (figura ao lado).

• Ao atravessar terreno aberto, por cada

pelotão que move deve haver outro instalado em posição de apoio.

• Em terreno fechado, como bosques, ou na

aproximação de áreas urbanizadas, uma das secções da infantaria desmonta e adianta-se para observar o terreno, mantendo a ligação com o resto do pelotão que deve seguir à distância eficaz das armas de apoio.

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FORMAÇÕES TÁCTICAS

As formações tácticas destinam-se a determinar a posição dos diversos tipos de viaturas no terreno, atribuindo-lhes sectores de tiro e observação e são estruturadas de forma a conseguir a protecção mútua de todos os elementos do destacamento. Não devem ser consideradas rígidas, mesmo quanto ao afastamento entre viaturas e serem adaptadas às várias configurações do terreno que a unidade atravessa. O pelotão de carros de combate, a quatro carros, foi a unidade básica escolhida para as exemplificações apresentadas. Estes apontamentos enquadram-se no âmbito da Simulação Táctica Nato-Pacto, no período 1970/80 e deles podem ser tirados conceitos básicos gerais para serem aplicados às unidades de infantaria.

Sector de Tiro O conceito básico da aplicação do “sector de tiro”, consignado nas regras da Simulação de Combate, é ilustrado na figura ao lado, onde se pode avaliar o grau de protecção da coluna com a distribuição de sectores de observação aos carros. Nas figuras seguintes, que ilustram as outras formações, as setas destacam a rotação das torres para um sector de tiro adjacente, considerado de segunda prioridade.

Coluna A formação em coluna é praticada no deslocamento por caminhos, quando se quer avançar ràpidamemte, ou o contacto com o oponente não é esperado ou desejado. Oferece uma boa distribuição de fogo para os flancos, mas mais fraco para a frente e rectaguarda. À direita, vemos o dispositivo adoptado pela coluna quando esta tem necessidade de fazer uma paragem.

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A Cunha A formação em cunha é utilizada quando a unidade se desloca em terreno aberto. O deslocamento é feito com a cobertura de outra unidade, colocada em posição de observação e tiro. Oferece bom poder de fogo para a frente e flancos. Na figura, podemos observar que os carros mais recuados têm os flancos da formação como principal sector de tiro atribuído.

O Escalão A formação em escalão, sobre a esquerda ou sobre a direita, como podemos ver na figura, destina-se a proteger o flanco do destacamento, que se considera mais exposto a um ataque. Normalmente, pelas condições que o terreno propicia para a ocultação de elementos opositores. Permite uma boa resposta de fogo para o flanco sob observação e para a frente, se necessário.

Formação em “V” Esta formação é praticada quando a unidade tem de atravessar terreno cuja configuração impõe restrições ao movimento e exige uma vigilância de pontos suspeitos de ocultar forças opositoras. Possibilita um bom poder de fogo na direcção de marcha. Os carros mais recuados na formação, têm os flancos como sector principal de observação. Nesta, como nas outras formações, o sector é realinhado de acordo com a situação.

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Formação em Linha A formação em linha é adoptada no assalto, ou quando a unidade tem de atravessar uma extensa área descoberta, tem os flancos guarnecidos e uma unidade amiga posicionada à rectaguarda em missão de cobertura. Todo o potencial de fogo está concentrado na direcção do avanço.

Posições de Observação e Tiro As unidades com esta missão ocupam pontos do terreno de onde podem dar fogo de cobertura aos elementos que se encontram em movimento à sua frente, direccionando as armas para os pontos mais susceptíveis de ocultar forças oponentes. Se a unidade em movimento estabelecer contacto, podem dar fogo de cobertura aos elementos avançados, com grande volume de fogo directo e indirecto supressivo, enquanto a unidade atacada procura posições abrigadas.

O CONTACTO

O Contacto ocorre quando um dos nossos elementos observa elementos da FOP ou os referencia pelo fogo ao serem atacados. Normalmente, o primeiro contacto é feito por pequenos efectivos avançados, em missão exploratória do terreno. Na fase inicial de um contacto, a unidade engajada tem como primeiro objectivo avaliar se a força opositora é igual, superior ou inferior, em termos de efectivo e poder de fogo e armamento utilizado. Os acidentes de terreno que podem afectar o nosso movimento e o do oponente, bem como o possível desenvolvimento do dispositivo adversário, também são avaliados. Como o elemento que estabelece o contacto faz parte de uma unidade, (pelotão de cavalaria, pelotão de infantaria, de reconhecimento ou outro) é feito um plano de contraposição e uma previsão de manobra da força oponente. Não existem normas imediatas para determinar a superioridade ou inferioridade de uma força opositora: tudo depende da situação. No entanto, podemos considerar que: • Uma força inferior é aquela que a unidade de contacto sente que pode destruír e continuar apta para novo combate,

se tiver de enfrentar novo engajamento. • Uma força superior só poderá ser destruída pela acção combinada de várias unidades, conjugando os fogos de apoio

disponíveis, artilharia e morteiros, com a acção de helicópteros de ataque ou aviação táctica. Para avaliar o potencial do oponente, a unidade usa a combinação do fogo, da manobra, dos fogos indirectos e da acção apeada, com precaução, tentando clarificar a situação sem se expor demasiado. A unidade de contacto pode receber ordem para destruír, fixar ou ultrapassar as posições do oponente ou para romper o contacto. A decisão depende do plano de conjunto elaborado para o Grosso do Contingente. O objectivo da manobra é ganhar posições de vantagem oferecidas pelo terreno, forçando o adversário a combater em duas direcções. Os fogos indirectos destinam-se a “amaciar” a posição da força opositora, criando condições favoráveis de engajamento à unidade em contacto para o assalto final, ou levar o opositor a abandonar a posição defendida.

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TÁCTICA – NATO

A DEFESA Para travar o avanço das formações blindadas do Pacto, a Nato desenvolveu um modelo de defesa em profundidade, organizando o terreno com uma sucessão de Pontos Fortes de Armas Anticarro. Na figura 1, podemos ver o dispositivo defensivo de um Batalhão de Infantaria Mecanizada, colocado na Área de Cobertura do Regimento. O primeiro escalão da defesa é formado por duas companhias de atiradores, a duas linhas defensivas, a terceira companhia forma o segundo escalão da defesa, com os pelotões ocupando posições em linha. O ponto forte dianteiro, a alguma distância das posições da primeira linha, é ocupado por um Esquadrão de Cavalaria Blindada, que exerce uma acção retardadora e fornece informações sobre as características da força atacante, seus itinerários de aproximação e principal eixo de esforço. Para adicionar profundidade e flexibilidade à defesa, são estabelecidos pontos móveis à retaguarda do sector do batalhão. Com o efectivo pesado em carros de combate, estão preparados para serem reposicionados em locais pré-definidos, bloquear infiltrações, restaurar ou reforçar os pontos fixos e efectuarem contra ataques.

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Os Pontos fortes Os Pontos Fortes são organizados em defesa periférica (figura 2). A capacidade anticarro do pelotão é reforçada com secções TOW, da companhia de apoio de combate, em número variável, de acordo com a situação táctica de cada ponto forte. Os TOW podem ser desmontados para se conseguir melhor ocultação e apresentarem alvos mais reduzidos. Para reajustar rapidamente a defesa à manobra do atacante, são escolhidas posições alternativas para as armas anticarro. O sector periférico que se considere estar mais sujeito a um ataque com carros, ou que tenha domínio sobre itinerários de infiltração, é guarnecido com um maior número de armas anticarro.

Quanto aos morteiros, quando nenhum dos pontos fortes tem condições para dar apoio de conjunto (apoiar os restantes mantendo as armas concentradas) são distribuídos pelos pontos que deles possam tirar melhor rendimento. A artilharia apoia com fogo indirecto, pré-planeado, bombardeando itinerários de infiltração e zonas do terreno que não possam ser batidas por fogo directo: obstáculos e campos de minas podem reforçar a defesa, canalizando as formações atacantes para zonas batidas por fogos directos e indirectos. As guarnições dos pontos fortes sustentam as posições: tomam como alvo principal os carros de combate, com o objectivo de separar da infantaria dos carros, rompendo a integridade da combinação de forças. Os sistemas de armas contra aeronaves (ZSU-23-4) são alvos importantes: a sua eliminação aumenta a vulnerabilidade à acção da aviação táctica e dos helicópteros de ataque.

A OFENSIVA Conhecido o tipo de defesa das Forças do Pacto, a Nato esperava ultrapassá-lo, numa situação de contra-ataque, concentrando o ataque num ponto forte escolhido, depois de o ter isolado do campo de batalha com fumos e saturado as posições com fogo indirecto de granadas explosivas. Conseguida a eliminação do ponto forte, o batalhão usa esta penetração para alcançar os flancos e a rectaguarda das restantes posições: o apoio mútuo do sistema defensivo fica abalado, mas não destruído. É preciso continuar o avanço, descobrindo, isolando e destruindo outro ponto forte até que o efeito cumulativo desta acção abra uma brecha que será explorada pelas forças no seguimento. MARCHA PARA O CONTACTO A marcha para o contacto precede a acção ofensiva. O batalhão move-se com um efectivo mínimo na vanguarda para fazer o primeiro contacto: um pelotão de reconhecimento segue à frente da coluna com a missão de localizar posições inimigas, reconhecer itinerários e zonas sobre as quais o batalhão irá avançar. Uma companhia é destacada para a frente (no seguimento do pelotão de reconhecimento) como guarda avançada do batalhão (companhia testa do movimento). Esta companhia, conjuntamente com o pelotão de reconhecimento, facilita o avanço desimpedindo o itinerário para garantir o movimento contínuo do batalhão e cobre o seu desenvolvimento quando este é empenhado no combate: o pelotão de reconhecimento pode, então, ser deslocado para garantir a segurança de um flanco ou cobrir os intervalos entre os elementos de ataque.

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DESLOCAMENTO POR LANÇOS O deslocamento por lanços é usado pelos destacamentos de reconhecimento, articulados em duas equipas: enquanto uma se fixa no terreno e vigia, a outra move-se com cobertura de fogo da primeira. A equipa que manobra, desloca-se para uma posição de onde possa cobrir a continuação do movimento, continuado pela equipa em vigilância. A distância a percorrer no lanço, depende do terreno e da capacidade da equipa que vigia em dar cobertura de fogo à distância: a equipa de vigia deve posicionar-se de onde possa dar apoio imediato à equipa que se desloca, em caso de contacto efectivo.

O CONTACTO Localizada uma posição adversária, a companhia testa (neste caso subAgrupamento; ver adiante) desenvolve para o combate utilizando a técnica do fogo e manobra, ilustrada na figura 5: o subAgrupamento é formado por dois pelotões de infantaria mecanizada e um pelotão de carros de combate (subAgr pesado em infantaria) pelotão de morteiros e duas secções TOW. VAmorim 10

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Na base de fogos, um pelotão de infantaria e o pelotão morteiros colocam fogo supressivo no objectivo, procurando neutralizar armas anticarro, localizadas ou em pontos suspeitos. O grupo de manobra (pelotão de infantaria e pelotão de carros) envolve pelo flanco mais favorável. Uma secção de dois carros de combate, aproveitando as condições de terreno, monta uma base de fogos secundária no flanco: o resto do pelotão e o pelotão de infantaria prosseguem o movimento. Sempre que possível, os carros seguem na frente, a menos que o terreno aconselhe protecção apeada: na ausência de cobertura natural, os morteiros podem encobrir a manobra colocando fumos.

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ORGANIZAÇÃO PARA O COMBATE

A organização para o combate, praticada pelas forças da Nato, apresenta um esquema muito flexível baseado no princípio do "cruzamento" de unidades de infantaria e carros, formando subAgrupamentos de armas combinadas: a reunião de vários subAgrupamentos forma um Agrupamento de Combate; dois ou mais Agrupamentos formam uma Brigada. Os subAgrupamentos podem ser "pesados" em infantaria ou carros: no primeiro caso são formados por dois pelotões de infantaria mecanizada e um de carros de combate, no segundo por dois pelotões de carros de combate e um de infantaria; um subAgrupamento "equilibrado" tem igual número de pelotões de infantaria e de carros. As armas de apoio (morteiros, TOW's, e sistemas de defesa aérea Redeye) são fornecidas pela companhia que forma o subAgrupamento (infantaria ou carros). O Comando dos subAgrupamentos e dos Agrupamentos é exercido pela Arma predominante (Infantaria ou Carros).

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TÁCTICA - PACTO

DESLOCAMENTO PARA O CONTACTO O Regimento que executa um movimento para o contacto, destaca um dos seus batalhões para a frente em missão de Guarda Avançada: a sua missão é evitar demoras desnecessárias ao grosso e protegê-lo contra as acções de surpresa do opositor. Precedida, normalmente, por elementos do reconhecimento do escalão superior, a guarda avançada articula-se em: Grupo de Reconhecimento, Vanguarda e Corpo Principal.

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A Figura 1, mostra como podemos organizar um batalhão de infantaria mecanizada em Guarda Avançada do regimento. O batalhão foi reforçado com uma companhia de carros de combate, elementos de reconhecimento e anticarro e de defesa antiaérea do regimento. O tipo e quantidade dos reforços depende da situação e dos meios disponíveis. O Grupo de Reconhecimento, integrando elementos de combate, tem um potencial de fogo que lhe permite eliminar pequenos focos de resistência. Se não conseguir, ocupa posições de combate e fixa o opositor no terreno batendo as posições com fogo constante. Entretanto, a Vanguarda chega à área e executa um Ataque Rápido, frontal ou combinado com uma força envolvente, com o apoio do fogo indirecto dos morteiros. Se o ataque rápido falhar, a Vanguarda apodera-se de terreno favorável e estabelece uma Defesa Preparada o mais próximo possível das posições adversárias. Prosseguindo a marcha, o Corpo Principal chega à área de acção e lança um Ataque Coordenado, com a cobertura das forças da vanguarda, já no contacto. O ataque é preparado com base nas informações entretanto recolhidas pelas forças já no contacto e dirigido para as passagens e pontos fracos detectados nas linhas de defesa adversárias. A artilharia faz fogo de preparação, bombardeando o objectivo com munição explosiva e colocando cortinas de fumo em locais pré-definidos, para ocultar a preparação do dispositivo de ataque. Quando a força de ataque do corpo principal (a companhia de carros e as duas companhias de atiradores) se aproximam do objectivo, a artilharia cessa o fogo ou transporta-o para alvos distantes.

Simulações de Combate

A Figura 2, representa a formação de ataque do Batalhão Motorizado, com duas companhias em primeiro escalão, precedidas por um pelotão de carros de combate e a terceira companhia recuada, típica de um ataque de penetração. Quando o ataque empenha dois batalhões, a frente passa a três companhias com o outro batalhão no seguimento, em segundo escalão. Os carros de combate operam por pelotões. O comandante marca um alvo como prioritário: a unidade escolhe posições de combate, pára e ataca o alvo em simultâneo até que este seja eliminado. A infantaria segue embarcada nos BMP’s até tão próximo quanto possível do objectivo. Se for encontrada forte oposição de armas anticarro, os atiradores desembarcam para limpar as posições, apoiados de perto pelos BMP’s. Quando a Guarda Avançada não for capaz de eliminar a resistência, o comandante do regimento pode empreender um ataque de flanco com um dos batalhões em segundo escalão, ou dar-lhe ordem para ultrapassar a resistência, prevenindo um contra-ataque do segundo escalão dos defensores. Sempre que possível, os regimentos no ataque devem ultrapassar os pontos defensivos, dirigindo-se para a área de rectaguarda Nato, deixando a sua neutralização para as unidades de segundo escalão.

A DEFENSIVA Numa doutrina táctica com objectivos ofensivos prioritários, a postura defensiva só é encarada no caso em que as unidades são forçadas a parar: consolidar um objectivo conquistado, cobrir uma retirada ou preparar um contra ataque. A Figura 3 mostra a disposição defensiva do Batalhão Motorizado. O dispositivo é baseado no estabelecimentos pontos fortes de efectivo pelotão, por forma a garantir o apoio mútuo: é a capacidade deste apoio que segura o dispositivo e não a capacidade individual de cada ponto forte. Normalmente, são planeados fogos indirectos para a frente das posições; dependendo da situação, a defesa pode ser reforçada com obstáculos e campos de minas. VAmorim 13

Simulações de Combate

A defesa é organizada em dois escalões e três linhas defensivas. O segundo escalão é formado pela terceira companhia, que se estende em toda a frente do sector do batalhão, a cerca de 1000 metros atrás da segunda linha defensiva, formada pelos terceiros pelotões das companhias do primeiro escalão. Os batalhões em primeiro escalão do regimento, são reforçados com uma companhia de carros de combate, pelotão de morteiros de 120mm, secções de mísseis anticarro e elementos de defesa antiaérea da orgânica do regimento. As unidades anticarro do regimento (BRDM/sagger) são colocadas em áreas de concentração entre a primeira e a segunda linha: têm posições de combate alternativas preparadas, para ocupar conforme o desenrolar a acção.

A Figura 4 mostra a organização no terreno, de uma companhia em primeiro escalão. Os carros de combate e os BMP são colocados em posição de casco desenfiado. As armas anticarro do batalhão, são atribuídas às companhias em primeiro escalão (SPG-9, sagger). Em certas situações, os BMP dos pelotões da frente podem ser posicionados com o pelotão em segunda linha, fornecendo fogo observado.

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Simulações de Combate

Na Figura 5 vemos a organização, em pormenor, de uma posição de pelotão. Tal como anteriormente, o posicionamento exacto dos veículos, das armas e da infantaria depende da leitura que é feita da situação concreta.

As unidades em primeiro escalão, não recuam se forem ultrapassadas. Se o atacante conseguir penetrar nas posições, unidades do segundo escalão do batalhão, incluindo a reserva, executam um contra-ataque para restaurar a defesa, ou ocupam posições de contra-penetração, pré-estabelecidas. A reserva anticarro faz a contenção dos ataques lançados aos flancos. Com excepção dos batalhões em primeiro escalão, cujas companhias de reserva terão de executar um contra-ataque frontal, o contra-ataque será lançado por um dos flancos, geralmente a partir da posição de uma unidade de ligação aí posicionada, utilizada como ponto de rotação.

A RETIRADA A retirada é encarada apenas como um meio para criar condições mais favoráveis para um contra-ataque. A ruptura do contacto é feita a coberto de cortinas de fumos lançadas pela artilharia e precedida de contra ataques locais. A retirada do Corpo Principal do regimento é feita com a cobertura de uma companhia mecanizada e uma companhia de carros, deixadas na área da vanguarda do batalhão para apresentar um modelo de defesa inalterado. As Forças de Rectaguarda, fortes em carros, vão ocupando sucessivas posições defensivas pré-determinadas, ao longo dos caminhos de retirada, cada uma delas a manter por um período de tempo estipulado, antes do Corpo Principal iniciar a retirada.

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