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leila-da-costa-alcantara
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Ideologias defensivas
População estudada: Periferia, população que ocupa favelas e cortiços e é unida pelo subemprego e pelo não emprego;
Sofrimento maciço e evidente; Condições de vida que levam a uma ideologia de
defesa com relação à saúde e muita mais à doença.
Esta população está exposta a condições (falta de sanitarismo publico) que fragilizam sua saúde e a contaminam assim como sofrem de carência de atendimento médico e de impossibilidade de recuperação de doenças adquiridas.
Grande numero de filhos e pouco espaço e recursos;
Baixa escolaridade; Marginalização e reclusão penitenciária; Crianças com desvio padrão de estatura e
peso por carência nutricional desde a gestação;
Estranhamente há reticência em falar da doença e do sofrimento, tentando esconder o fato dos outros;
A doença é tida como vergonhosa e exige desculpas;
“Não é de propósito que a gente fica doente”; “Se a gente está doente é porque é
preguisoço” ou que se entrega à doença, é passivo.
Condenação social da doença e do doente Um homem doente é vagabundo; A mulher não pode adoecer - tem os filhos e
as tarefas que não podem deixar de fazer. O tratamento só é procurado quando a
doença impede a continuidade das atividades
Os adultos se esforçam para guardar as crianças, tudo gira em torno delas;
Procurar o médico pode significar saber de coisas que não se quer saber;
O tratamento também é difícil, pq remédio custa caro;
Sarar é não sofrer e não significa não estar doente, significa domesticar a dor;
Ficar hospitalizado é o fracasso dos esforços para conter a doença;
Como o dinheiro é curto, usa-se a auto medicação com sobras de remédios de tratamentos anteriores;
Ficar doente é = a paralisar o trabalho e causar mais restrições à família.
A gravidez é vergonhosa, pois já não pode com o que tem e vai ter mais um?
Após os filhos terem crescido, as mulheres se entregam às doenças, pois já não há motivos para continuar, a tarefa está cumprida.
O trabalho garante a sobrevivência da família que é numerosa e ficar doente impossibilita para o trabalho.
A ideologia defensiva entende o trabalho como avesso à doença.
Mas o que leva a este mecanismo de defesa?
A ideologia da vergonha consiste em manter à distância o risco de
afastamento do corpo do trabalho e, por consequência , evitar a miséria a falta
de alimentaçao e a morte.
O mecanismo de defesa é coletivo e se ele falha, passa a ser um problema
individual.
O fracasso da ideologia da vergonha pode levar a problemas como o alcoolismo. O alcoolismo é uma fuga individual para o problema e é condenado pelo grupo.
A segunda saída seria a violência anti-social e a terceira, a loucura, as descompensaçoes psicóticas e depressivas.
A recusa em buscar ou aceitar tratamento é uma tentativa de manter afastados a doença, a miséria e a fome e qualquer fator que possa lembrá-los como o médico ou a equipe de segurança do trabalho, por exemplo.
Aquele que não partilha da ideologia é excluído do grupo social.
A ideologia coletiva substitui e é mais forte do que os mecanismos de defesa individuais, entao o sujeito excluído fica desprovido de defesas.
Mecanismos de defesa individuais contra a organizaçao:
Trabalho em série – o controle impede ou condena a interrupaçao do trabalho (“vadiagem”), pois compromete a produtividade.
Taylor criou o controle por gestos repetitivos e por vigilância para facilitar a fiscalizaçao.
Ele (Taylor) dividiu a tarefa, as pessoas em posiçoes hierárquicas e o homem em partes do corpo operacionais e partes intelectuais.
A administraçao científica amordaça a possibilidade de reorganizaçao, adaptaçao ou criaçao do trabalho.
O homem artesao morreu para dar à luz a um aborto:Um corpo operário despossuído de intelectualidade e isolado dos demais, quando não opositor aos demais (aquele que produz mais ou o que é muito lento é rechaçado pelo grupo).
O taylorismo cria o anonimato e individualiza o sofrimento.
Neste caso as defesas coletivas ficam neutralizadas para dar espaço às defesas individuais.
Taylor criou o que ele mesmo chamou de “homem macaco” treinado para realizar gestos repetitivos e não pensar!
Taylor estava errado, pois ninguém melhor do que o trabalhador para pensar sobre possíveis mudanças que possam facilitar sua atividade e preservar sua saúde, aumentando a produtividade.
Apesar de ser impelido à despersonalizaçao, cada trabalhador pode lidar com a questao a seu jeito. Uns podem levar a cadência e o ritmo acelerado de trabalho para outras áreas da vida e outros podem elevar sua mente às fantasias durante o expediente buscando uma fuga espiritual da atividade alienante.
Depende da subjetividade
Fora do trabalho, manter o ritmo acelerado pode ser uma forma de não perder a cadência e evitar readaptaçao diaria.
O afastamento por doença pode ser recusado pelo mesmo motivo, medo de perder o ritmo.
O trabalhador passa a ser o próprio artesao de seu sofrimento.
"O trabalho agradável é o remédio da canseira."
(William Shakespeare)