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Ideologias defensivas

Ideologias defensivas. População estudada: Periferia, população que ocupa favelas e cortiços e é unida pelo subemprego e pelo não emprego; Sofrimento

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Ideologias defensivas

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População estudada: Periferia, população que ocupa favelas e cortiços e é unida pelo subemprego e pelo não emprego;

Sofrimento maciço e evidente; Condições de vida que levam a uma ideologia de

defesa com relação à saúde e muita mais à doença.

Esta população está exposta a condições (falta de sanitarismo publico) que fragilizam sua saúde e a contaminam assim como sofrem de carência de atendimento médico e de impossibilidade de recuperação de doenças adquiridas.

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Grande numero de filhos e pouco espaço e recursos;

Baixa escolaridade; Marginalização e reclusão penitenciária; Crianças com desvio padrão de estatura e

peso por carência nutricional desde a gestação;

Estranhamente há reticência em falar da doença e do sofrimento, tentando esconder o fato dos outros;

A doença é tida como vergonhosa e exige desculpas;

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“Não é de propósito que a gente fica doente”; “Se a gente está doente é porque é

preguisoço” ou que se entrega à doença, é passivo.

Condenação social da doença e do doente Um homem doente é vagabundo; A mulher não pode adoecer - tem os filhos e

as tarefas que não podem deixar de fazer. O tratamento só é procurado quando a

doença impede a continuidade das atividades

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Os adultos se esforçam para guardar as crianças, tudo gira em torno delas;

Procurar o médico pode significar saber de coisas que não se quer saber;

O tratamento também é difícil, pq remédio custa caro;

Sarar é não sofrer e não significa não estar doente, significa domesticar a dor;

Ficar hospitalizado é o fracasso dos esforços para conter a doença;

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Como o dinheiro é curto, usa-se a auto medicação com sobras de remédios de tratamentos anteriores;

Ficar doente é = a paralisar o trabalho e causar mais restrições à família.

A gravidez é vergonhosa, pois já não pode com o que tem e vai ter mais um?

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Após os filhos terem crescido, as mulheres se entregam às doenças, pois já não há motivos para continuar, a tarefa está cumprida.

O trabalho garante a sobrevivência da família que é numerosa e ficar doente impossibilita para o trabalho.

A ideologia defensiva entende o trabalho como avesso à doença.

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Mas o que leva a este mecanismo de defesa?

A ideologia da vergonha consiste em manter à distância o risco de

afastamento do corpo do trabalho e, por consequência , evitar a miséria a falta

de alimentaçao e a morte.

O mecanismo de defesa é coletivo e se ele falha, passa a ser um problema

individual.

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O fracasso da ideologia da vergonha pode levar a problemas como o alcoolismo. O alcoolismo é uma fuga individual para o problema e é condenado pelo grupo.

A segunda saída seria a violência anti-social e a terceira, a loucura, as descompensaçoes psicóticas e depressivas.

A recusa em buscar ou aceitar tratamento é uma tentativa de manter afastados a doença, a miséria e a fome e qualquer fator que possa lembrá-los como o médico ou a equipe de segurança do trabalho, por exemplo.

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Aquele que não partilha da ideologia é excluído do grupo social.

A ideologia coletiva substitui e é mais forte do que os mecanismos de defesa individuais, entao o sujeito excluído fica desprovido de defesas.

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Mecanismos de defesa individuais contra a organizaçao:

Trabalho em série – o controle impede ou condena a interrupaçao do trabalho (“vadiagem”), pois compromete a produtividade.

Taylor criou o controle por gestos repetitivos e por vigilância para facilitar a fiscalizaçao.

Ele (Taylor) dividiu a tarefa, as pessoas em posiçoes hierárquicas e o homem em partes do corpo operacionais e partes intelectuais.

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A administraçao científica amordaça a possibilidade de reorganizaçao, adaptaçao ou criaçao do trabalho.

O homem artesao morreu para dar à luz a um aborto:Um corpo operário despossuído de intelectualidade e isolado dos demais, quando não opositor aos demais (aquele que produz mais ou o que é muito lento é rechaçado pelo grupo).

O taylorismo cria o anonimato e individualiza o sofrimento.

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Neste caso as defesas coletivas ficam neutralizadas para dar espaço às defesas individuais.

Taylor criou o que ele mesmo chamou de “homem macaco” treinado para realizar gestos repetitivos e não pensar!

Taylor estava errado, pois ninguém melhor do que o trabalhador para pensar sobre possíveis mudanças que possam facilitar sua atividade e preservar sua saúde, aumentando a produtividade.

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Apesar de ser impelido à despersonalizaçao, cada trabalhador pode lidar com a questao a seu jeito. Uns podem levar a cadência e o ritmo acelerado de trabalho para outras áreas da vida e outros podem elevar sua mente às fantasias durante o expediente buscando uma fuga espiritual da atividade alienante.

Depende da subjetividade

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Fora do trabalho, manter o ritmo acelerado pode ser uma forma de não perder a cadência e evitar readaptaçao diaria.

O afastamento por doença pode ser recusado pelo mesmo motivo, medo de perder o ritmo.

O trabalhador passa a ser o próprio artesao de seu sofrimento.

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"O trabalho agradável é o remédio da canseira."

(William Shakespeare)