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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: UMA ANÁLISE DA USABILIDADE EM UM ESTUDO DE CASO. Caruaru 2017

IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: UMA ANÁLISE DA USABILIDADE … · 2019-10-26 · Catalogação na fonte: Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878 B574i Bezerra, Suenya de Oliveira

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA

IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: UMA ANÁLISE DA USABILIDADE

EM UM ESTUDO DE CASO.

Caruaru

2017

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SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA

IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: UMA ANÁLISE DA USABILIDADE

EM UM ESTUDO DE CASO.

Projeto de Graduação de Design apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, no Centro Acadêmico do Agreste.

Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros

Caruaru

2017

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Catalogação na fonte:

Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878

B574i Bezerra, Suenya de Oliveira Alves.

Idosos e abrigos de ônibus: uma análise da usabilidade em um estudo de caso. / Suenya de Oliveira Alves Bezerra. – 2017.

102f. ; il. : 30 cm. Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAA, Design, 2017. Inclui Referências. 1. Mobiliário urbano. 2. Idosos. 3. Desenhos (Projetos). I. Barros, Bruno Xavier

da Silva (Orientador). II. Título. 740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2017-384)

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SUENYA DE OLIVEIRA ALVES BEZERRA

“IDOSOS E ABRIGOS DE ÔNIBUS: Uma análise da usabilidade em um estudo

de caso.”

Projeto de Graduação de Design apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Design pela Universidade Federal de Pernambuco, no Centro Acadêmico do Agreste.

Aprovado em: 20/12/2017.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________

Prof. Bruno Xavier da Silva Barros

_________________________________

Prof. José Adilson da Silva Júnior

_________________________________

Prof. Edgard Thomas Martins

CARUARU

2017

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Dedico esta monografia com todo o meu amor e gratidão à toda

a minha família, mãe, pai, aos meus irmãos, avôs, tios, primos e

ao meu amado esposo José Muniz, e, em especial ao meu avô

paterno Daniel e ao meu Pai Divael (in memorian), por

contribuírem da melhor forma possível para a realização dos

meus objetivos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, por não ter me desamparado e por ter

permanecido comigo durante todo o meu ciclo acadêmico na universidade e por toda

a minha vida neste mundo.

Agradeço imensamente a minha família, a minha mãe Janilda Borba de Oliveira e ao

meu pai Divael Alves Bezerra, por toda compreensão, força, suporte e por me

conduzirem da melhor forma possível, mesmo em meios aos problemas vividos. Não

posso deixar de agradecer as minhas doces e amáveis irmãs Sabryna Alves e Sheila

Alves e ao meu irmão Marcelo Oliveira, que sempre estiveram comigo, agradeço

infinitamente por conviverem comigo, apoiando e me incentivando para continuar e

concluir essa etapa acadêmica em minha vida. Agradeço também aos meus avós

paternos Daniel e Valdete e aos meus avós maternos José e Maria, agradeço também

aos meus tios e tias e a todos os meus primos por fazerem de mim sempre um ser

melhor neste mundo.

Em seguida, sou grata ao meu querido e amado esposo José Muniz e toda a sua

família, por estarem sempre torcendo e me incentivando para continuar e não desistir

nunca dos meus projetos.

Gostaria de agradecer a todos que fazem parte da Universidade Federal de

Pernambuco, de modo especial àqueles que fazem parte do Campus Acadêmico do

Agreste, na cidade de Caruaru e a todos os professores de design que conheci e que

da melhor forma fundamentaram toda a minha base acadêmica, aos demais

funcionários do centro acadêmico do agreste, por terem me proporcionado toda uma

estrutura para a minha graduação em Design.

Agradeço ao digníssimo professor Bruno Barros, por ter se disponibilizado a me

orientar neste projeto e por contribuir da melhor forma possível para o meu

crescimento acadêmico, profissional e pessoal, se mostrando sempre disposto a

ajudar e a retirar qualquer dúvida existente durante a realização de todo esse projeto,

sempre pronto para me direcionar ao melhor caminho.

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Agradeço, com todo o meu amor e carinho, as pessoas e aos amigos que conheci

durante todo o curso e que conviveram comigo durante todo esse tempo, que de

alguma forma, compartilharam conhecimentos, aprendizados, momentos de

felicidades e de tristezas, e que de algum jeito me fizeram chegar até aqui, ficarão

para sempre em minha vida, grata a Deus por ter conhecido todos vocês.

Finalizo esses agradecimentos, em especial ao meu pai Divael e ao meu avô Daniel

que onde quer que eles estejam suponho que estão muito felizes por mim, por mais

esta conquista em minha vida, essa saudade por eles jamais passará, só aumenta e

as vezes nem acredito que eles já partiram, o tempo jamais será capaz de apagar o

que todos nós passamos, tenho a certeza de um dia encontrar vocês e poder sorrir

novamente, este ano não foi fácil, mas até aqui nos ajudou o Senhor!

Por fim, agradeço a todas as pessoas e também aos idosos voluntários que

participaram e colaboraram para a realização deste estudo.

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Guarda-me como a menina dos teus olhos, esconde-me

debaixo da sombra das tuas asas.

(Salmo 17:8)

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RESUMO Com o crescimento no número de idosos residentes no Brasil, é necessário que sejam

projetados mobiliários urbanos levando em consideração as reais necessidades e

demandas que acometem esta gama da sociedade. Com o envelhecimento, os idosos

apresentam limitações físicas, psíquicas e sociais que geram uma certa insegurança

nos longevos em utilizar certos tipos de equipamentos urbanos que se encontram

distribuídos, e em muitas situações, são encontrados inadequados de se fazerem uso,

o que impossibilita de certa forma a utilização adequada deste tipo de mobiliário. Nesta

pesquisa foram abordados assuntos pertinentes às limitações físicas e psíquicas

decorrentes do envelhecimento, a figura idosa em ambientes públicos, o mobiliário

urbano, os abrigos de ônibus, além também da estrutura, funções e materiais

utilizados na fabricação deste mobiliário urbano. Diante disto, foi realizado um estudo

de caso, para investigar a usabilidade dos abrigos de ônibus frente ao público na

cidade de Caruaru - PE, o intuito foi o de verificar quais são as dificuldades

enfrentadas por estes longevos durante a permanência nesses equipamentos durante

a espera do transporte coletivo. Para verificar como foi realizada essa relação entre

os idosos e os abrigos, foi utilizado o método indutivo, já os métodos de procedimento

adotados foram o observacional, o estruturalista, o funcionalista, o estudo de caso e,

também adaptações de etapas da metodologia de Moraes (2010). A análise foi

enfática em mostrar que os abrigos de ônibus não atendem as especificações de

medidas recomendadas por Iida (2005) e por Panero e Zelnik (2013), e foram

encontrados inadequados ao uso dos usuários longevos. Diante disto, foram

propostas recomendações ergonômicas capazes de suprir as necessidades dos

idosos e também do público em geral, em prol de tornar o ambiente dos abrigos de

ônibus um lugar mais acessível diante das diversidades e das limitações que são

encontradas com o avançar da idade dos longevos brasileiros.

Palavras-chave: Idosos. Abrigos de Ônibus. Usabilidade.

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ABSTRACT With the growing number of elderly people residing in Brazil, it is necessary to design

urban furniture, taking into account considerations such as recalls and demands that

accumulate this range of society. With the aging, the elderly in charge of physical,

psychological and social limitations that generate a certain insecurity in the long-lived

ones to use certain types of urban equipment that are distributed, and in many

situations, are found inadequate to make use of, which makes it impossible for certain

suitable for the type of furniture. In this research, the areas of physical and mental

limitations due to aging, an elderly figure in public spaces, urban furniture, bus shelters,

as well as the structure, functions, and materials used in the manufacture of this urban

furniture are discussed. A case study was carried out to investigate the usability of bus

shelters in front of the public in the city of Caruaru - PE, the purpose of payment and

the difficulties faced by these people during a stay during the waiting for collective

transportation. The application method, the method of application, the method of

inquiry, the adopted procedure methods or the observational, the structuralist, the

functionalist, the case study and also the adaptations of steps of the methodology of

Moraes (2010). The analysis was emphatic on display and bus shelters do not meet

as specifications of measures recommended by Iida (2005) and by Panero & Zelnik

(2013), and so many found unsuitable for the use of the long-lived users. In view of

this, proposals were proposed for ergonomics capable of meeting the needs of the

elderly and also the general public, in order to make the environment of bus shelters a

more accessible place in view of the diversities and limitations encountered in the

advancement of the age of long-lived Brazilians.

Key-words: Elderly. Bus shelters. Usability.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social

NBR – Norma Brasileira Regulamentadora

OMS – Organização Mundial da Saúde

PC – Policarbonato

PMMA – Polimetilacrilato

PNI – Política Nacional do Idoso

STP – Sistema de Transporte Público

UV – Ultravioleta

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Projeção da população brasileira de 2010 e de 2050.................................. 25

Figura 02: Dimensionamento do abrigo de ônibus........................................................ 38

Figura 03 - A e B: Vista superior (A) e vista lateral (B) do abrigo de ônibus com o

ponto de parada............................................................................................................

39

Figura 04 - A e B: Assento alto (A) e assento baixo (B) com relação ao piso, para o

usuário..........................................................................................................................

42

Figura 05 - A e B: Assento com grande (A) e pequena (B) profundidade para o

usuário...........................................................................................................................

43

Figura 06: Encosto com formato côncavo com espaço de 15 a 20cm.......................... 44

Figura 07: Paradas distribuídas na Av. Agamenon Magalhães em Caruaru-PE.

Destaque para os abrigos 1; 2; 3; e 4, analisados neste estudo...................................

48

Figura 08: Estrutura dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE.......................................... 50

Figura 09: Assento do abrigo de ônibus de Caruaru-PE............................................... 50

Figura 10: Painel frontal do abrigo de ônibus de Caruaru-PE....................................... 51

Figura 11: Vista frontal do abrigo................................................................................... 52

Figura 12: Painel lateral do abrigo de ônibus de Caruaru-PE....................................... 53

Figura 13: Vista lateral do abrigo................................................................................... 54

Figura 14: Cobertura de policarbonato dos abrigos de Caruaru-PE............................. 55

Figura 15: Vista superior do abrigo............................................................................... 55

Figura 16: Fixação do abrigo em uma calçada da Av. Agamenon Magalhães............ 56

Figura 17: Expositor de Panfletos................................................................................ 57

Figura 18: Vista lateral, superior e frontal do elemento do abrigo................................ 58

Figura 19: Iluminação dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE...................................... 58

Figura 20: Contador de energia com fios entrelaçados................................................ 59

Figura 21: Usuários idosos utilizando o abrigo de ônibus na Av. Agamenon .............. 60

Figura 22: Usuário idoso em pé frente ao abrigo.......................................................... 62

Figura 23: Usuária idosa sentada no assento do abrigo............................................... 63

Figura 24: Propagandas de lojas e de marcas presentes no painel frontal e lateral.... 65

Figura 25: Assento desgastado devido ao uso............................................................. 66

Figura 26: Abrigo posicionado em frente ao sol............................................................ 66

Figura 27: Idoso na sombra de um poste, se protegendo do sol, próximo do abrigo... 67

Figura 28: Pessoas se protegendo do sol, por trás do abrigo de ônibus...................... 68

Figura 29: Lixeira presente neste abrigo de ônibus...................................................... 68

Figura 30: Fixação do abrigo e desnível de calçada..................................................... 69

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Figura 31: Assento com pouca profundidade para o usuário idoso de estatura

elevada..........................................................................................................................

72

Figura 32 - A e B: Assento considerado alto para o usuário idoso de baixa estatura... 76

Figura 33: Assento alto e de pouca profundidade para usuária idosa de baixa

estatura..........................................................................................................................

79

Figura 34 - A e B: Assento alto para a usuária idosa de baixa estatura....................... 83

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Fatores que atuam nas funções do abrigo de ônibus................................. 41

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Necessidades Físicas, Informativas e Sociais............................................ 32

Quadro 02: Fatores sociais e culturais, físicos, ambientais e econômicos.................... 35

Quadro 03: Considerações para o design de mobiliário urbano.................................... 36

Quadro 04: Conforto físico e psicológico....................................................................... 40

Quadro 05: Análise do assento e do encosto do abrigo 1............................................. 71

Quadro 06: Análise do assento e do encosto do abrigo 2............................................. 75

Quadro 07: Análise do assento e do encosto do abrigo 3............................................. 78

Quadro 08: Análise do assento e do encosto do abrigo 4............................................. 82

Quadro 09: Análise do assento e do encosto do abrigo 1, 2, 3 e 4 analisados neste

estudo............................................................................................................................

84

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..............…........................................................................................... 16

1.1 Justificativa........................................................................................................ 19

1.2 Objetivos.……..….............................................................................................. 20

1.2.1 Objetivos Gerais.......................................................................................... 20

1.2.2 Objetivos Específicos.................................................................................. 20

1.3 Metodologia Geral............................................................................................. 21

2 O IDOSO.................................................................................................................... 23

2.1 O Público Idoso no Brasil......…....................................................................... 24

2.2 As Limitações Decorrentes do Envelhecimento............................................ 26

2.3 O Idoso em Espaço Público............................................................................. 29

3 MOBILIÁRIO URBANO.............................................................................................. 33

3.1 Abrigos de Ônibus............................................................……......................... 37

3.2 Estrutura, Funções e Materiais........................................................................ 38

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS.............................................. 46

4.1 Descrição do Local do Estudo de Caso.......................................................... 47

4.1.1 Descrição dos Abrigos de Ônibus............................................................... 49

4.2 Classificação do Usuário.................................................................................. 60

4.2.1 Descrição das Atividades Analisadas.......................................................... 61

5 RESULTADOS............................................................................................................ 64

5.1 Análise do Abrigo 1........................................................................................... 70

5.2 Análise do Abrigo 2........................................................................................... 73

5.3 Análise do Abrigo 3........................................................................................... 77

5.4 Análise do Abrigo 4........................................................................................... 80

5.5 Análises dos Abrigos 1, 2, 3 e 4....................................................................... 84

5.6 Lista de Recomendações Ergonômicas.......................................................... 88

6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 91

6.1 Conclusões Acerca da Consideração do Idoso em Projetos........................ 92

6.2 Conclusões Acerca do Procedimento Investigativo...................................... 94

6.3 Conclusões Acerca das Recomendações Projetuais Estabelecidas........... 94

6.4 Sugestões para Estudos Posteriores.............................................................. 95

REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 97

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1 INTRODUÇÃO

Em uma perspectiva mundial tem-se evidenciado um grande aumento do

envelhecimento humano, no Brasil essa realidade não é muito diferente, devido ao

grande número de idosos residentes no país. Em função disso, as pesquisas voltadas

para o campo do Design e da Ergonomia se fazem necessárias e se tornam

ferramentas importantes para a busca de uma melhor qualidade de vida para

esses idosos. Nesta seção, serão explanados os aspectos introdutórios da pesquisa,

a justificativa, os objetivos e o método de abordagem utilizado neste estudo.

Segundo Kuchemann (2012), as projeções indicam que, no ano de 2020, a população

no Brasil, alcançará os 30,9 milhões de idosos, representando assim, cerca de 14%

da população total brasileira. Desta forma, é esperado que esse envelhecimento

produza novas demandas no cenário do Brasil, melhorando assim, a qualidade de

vida desses idosos e, para que isso aconteça, é necessário recorrer aos governantes

brasileiros e reivindicar rápidas respostas em prol das atuais demandas e limitações

que são apresentadas neste estágio de vida para a construção de uma sociedade

mais inclusiva.

Com o avanço da idade, o ser humano passa a apresentar algumas limitações ao

desempenhar algum tipo de atividade, seja ela de característica física, psíquica ou até

mesmo social. Diante desses acontecimentos, é importante refletirmos e discutirmos

sobre esses problemas que envolvem os idosos e as suas limitações, buscando

sempre promover bem-estar físico, psíquico e social através da produção de artefatos

e de mobiliários urbanos destinados a esse público e que os auxiliem da melhor forma

possível no desenvolvimento de suas tarefas diárias.

No século XXI, o mobiliário urbano vem assumindo um maior destaque com o

crescente aumento das pequenas cidades e, em decorrência disso, vêm sendo

instalados nas principais ruas, avenidas, estradas, parques e em praças para diversos

propósitos. Neste contexto, Montenegro (2005) ressalta que os mobiliários urbanos

são elementos voltados para promover comodidade, conforto, segurança e qualidade

de vida para os cidadãos.

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Em se tratando de qualidade de vida, conforto e de segurança para os usuários de

mobiliários urbanos, torna-se pertinente a atuação de designers com a finalidade de

verificar novas possibilidades do design ser inserido no projeto de mobiliários urbanos,

visando à aplicação de requisitos da Ergonomia para adequação às necessidades e

limitações humanas. No entanto, dificilmente se percebe as considerações humanas

nos projetos de abrigos de ônibus, diante desse fato, um dos públicos que mais

sentem essas necessidades é o usuário idoso, que vem sofrendo bastante devido às

suas limitações físicas, psíquicas e sociais ao fazer uso desses abrigos de ônibus.

Conforme Silveira (2012), os abrigos de ônibus são fixados em lugares pré-

estabelecidos para o embarque e desembarque dos usuários de transporte coletivo.

Para o autor, as paradas ou pontos de ônibus não são considerados abrigos, pois, os

mesmos, só são identificados através das placas sinalizadoras indicativas, diferente

dos abrigos de ônibus que possuem toda uma estrutura voltada para abrigar e

proteger os usuários.

Com o avanço da idade, os idosos passam a apresentar algumas dificuldades motoras

ao desempenhar algum tipo de atividade e diante deste cenário de possíveis

limitações em virtude desse avanço, os idosos, ao fazerem uso dos abrigos de ônibus,

acabam sendo expostos às atividades que podem colocar em risco a sua saúde física

e psíquica. No dia a dia, muitos idosos utilizam os abrigos de ônibus à espera do seu

transporte coletivo, no entanto nem sempre os abrigos são encontrados em condições

adequadas de uso, em razão de problemas e inadequações cada vez mais

frequentes neste tipo de mobiliário urbano.

Em alguns abrigos, as estruturas são feitas de aço e, com o tempo, passam a

apresentar desgaste no material por meio das intempéries climáticas e devido o uso,

com isso, os idosos passam a sentir uma insatisfação no uso desse mobiliário em

virtude das estruturas estarem danificadas e sem receber nenhum tipo de manutenção

pela empresa responsável determinada pela prefeitura da cidade a ser feita esta

manutenção.

É comum que os assentos destes abrigos sejam desconfortáveis, fixados de forma

muito elevada ou muito baixos em relação ao piso e, a depender do tipo de material

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dos assentos, os mesmos podem ser encontrados quentes durante o dia, e gelados,

à noite. Em função destes fatores, muitos idosos não se sentam, e os que se sentam,

às vezes não conseguem apoiar-se no encosto e colocar os pés no chão devido às

proporções divergentes do assento, desta forma, ao se levantar, o idoso pode cair e

causar algum tipo de lesão física e/ou psicológica. Os encostos dos assentos

comumente não são ergonômicos e, em alguns modelos de abrigos, nem existe esse

tipo de elemento estrutural. É comum encontrar abrigos de ônibus utilizados no meio

urbano, os quais são produzidos sem levar em consideração o usuário idoso.

Frequentemente os abrigos possuem coberturas, porém a proteção desses abrigos

não é muito eficiente (em se tratando da dimensão e disposição em que são

instalados) pois, em alguma parte do dia, o sol ou a chuva pode chegar e causar

transtornos maiores à todos os usuários, inclusive aos usuários longevos.

Também é comum encontrar calçadas em péssimas condições e, no deslocamento

dos abrigos até o ônibus, o idoso pode vir a cair. Outro problema é o tempo de

deslocamento do abrigo até o ônibus, que pode demorar um pouco, pois o idoso

possui um deslocar mais lento e cuidadoso devido às limitações osteomusculares.

Muitos abrigos também são dispostos em lugares que não facilitam o acesso ao

ônibus e isso pode figurar como um desafio para os idosos.

À espera do transporte coletivo, muitos idosos costumam se posicionar em pé na parte

frontal dos abrigos de ônibus, no entanto, em virtude do trânsito da cidade, poderá ser

que os coletivos demorem a chegar, esse tempo de espera pode se tornar algo muito

desgastante e desconfortável para a saúde física e mental desses idosos. Outro fator

a ser observado é que muitos idosos podem se sentir inseguros à espera do transporte

coletivo em virtude dos casos de assaltos que são cada vez mais realizados nos

pontos de parada dos ônibus. Essas inadequações tornam a vida do público idoso

bastante desgastante durante a utilização desses abrigos.

Uma grande parcela dos usuários que utilizam esses abrigos na cidade de Caruaru é

de idosos, os mesmos frequentemente se direcionam à Avenida Agamenon

Magalhães, através do transporte coletivo, com a intenção de se dirigir aos

consultórios médicos que se encontram em grande quantidade distribuídos ao longo

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dos quarteirões desta, que é uma das principais avenidas da cidade. Dentro deste

contexto, a corrente pesquisa repousou o foco na usabilidade dos abrigos de ônibus

oferecidos para os idosos se protegerem do sol e da chuva, além de também aguardar

o embarque e o desembarque. O intuito foi o de verificar os problemas decorrentes da

relação do uso desse mobiliário urbano tão utilizado pela população idosa.

Acreditamos que a proposição de recomendações projetuais e ergonômicas

alicerçadas em pesquisas científicas e estudos de caso, possa estimular a elaboração

de projetos assistivos de abrigos de ônibus.

1.1 Justificativa

Esta pesquisa tem como foco os problemas relacionados à usabilidade dos abrigos

de ônibus da Avenida Agamenon Magalhães, em Caruaru-PE, por parte dos usuários

idosos. O estudo tem como finalidade propor recomendações ergonômicas para os

abrigos de ônibus, com o intuito de promover a adequação desse mobiliário urbano

ao público idoso.

Para o meio acadêmico essa pesquisa pode contribuir como referência para possíveis

trabalhos e projetos que serão realizados a partir dos estudos que cercam o público

idoso, o envelhecimento, o mobiliário urbano, os abrigos de ônibus e as possíveis

recomendações de projetos de design ergonômico. Com isso, também contribuirá

para um melhor desenvolvimento de pesquisas acerca de mobiliários urbanos

direcionados e adequados às reais necessidades de qualquer que seja o contexto

daquela sociedade.

As vantagens dessa, pesquisa para a sociedade idosa, residente na cidade de

Caruaru, se dará através de elementos projetuais de promoção da qualidade de vida,

através da proposta de recomendações ergonômicas para os abrigos de ônibus, que

são por eles utilizados para descansar e para se proteger do sol e da chuva, à espera

dos transportes coletivos existentes na cidade. Esse estudo poderá servir como base

informativa para projetistas ou designers considerarem a realidade do usuário idoso,

onde será possível identificar os problemas de usabilidade por parte dos idosos com

relação às suas limitações físicas e psíquicas em abrigos de ônibus. Essa análise

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também contribuirá com recomendações, as quais podem auxiliar os projetistas na

concepção de novos projetos de abrigos.

Por fim, as recomendações que serão geradas nesta pesquisa poderão figurar como

principais requisitos para projetos que ainda estão em fase de criação. A análise do

estudo de caso, bem como das soluções que serão propostas em forma de diretrizes

de adaptação a um determinado tipo de usuário, poderão conduzir futuros projetos.

Com isso, será iminente elaborar produtos adequados desde a sua concepção,

evitando assim, a correção do produto após a ocorrência do erro. Cabe lembrar que o

design de um produto que não considere o usuário idoso, ou um possível erro projetual

na criação de qualquer que seja o produto, pode acarretar em um comprometimento

severo à integridade física e psíquica do longevo, considerando, inclusive, a

interrupção de sua vida.

1.2 Objetivos

A corrente pesquisa se alicerça na necessidade de contribuir para uma melhor relação

de usabilidade dos abrigos de ônibus por parte do usuário idoso, a partir dos

problemas de usabilidade, que poderão ser evidenciados nesse estudo, visando assim

à criação de recomendações para uma melhor utilização desse mobiliário urbano que

é tão utilizado por esse público na cidade de Caruaru-PE.

1.2.1 Objetivos Gerais

Gerar requisitos para promoção da melhoria da usabilidade de abrigos de ônibus à luz

do público idoso em um estudo de caso.

1.2.2 Objetivos Específicos

Observar a usabilidade dos elementos de abrigos de ônibus em relação ao

usuário idoso;

Identificar as principais inadequações dos abrigos no estudo de caso;

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Propor recomendações projetuais assistivas para o uso do abrigo de ônibus por

parte do público idoso.

1.3 Metodologia Geral

O corrente estudo se estrutura sobre as bases do método de Abordagem Indutivo que,

conforme Santos (2003, p. 179), é um processo que ocorre em três fases: a

observação dos fenômenos, a descoberta da relação e a generalização da relação.

Esse método foi fundamental para esse estudo, pois a partir dele, foi possível observar

os abrigos distribuídos em algumas das paradas de ônibus do estudo de caso e

verificar os principais problemas e inadequações encontrados na usabilidade desse

mobiliário urbano pelos longevos, com a finalidade de prover possíveis conclusões

generalizáveis. Dentro deste contexto, esta pesquisa pode servir como base para o

desenvolvimento de novos projetos de abrigos de ônibus espalhados por todo o

mundo.

Neste estudo, os idosos foram abordados em decorrência do seu aumento

populacional no século XXI no Brasil. Esse número só tende a crescer conforme as

expectativas das futuras projeções, onde é estimado que a quantidade de idosos seja

bem maior em 2050, com relação a quantidade de longevos do atual século XXI. Essa

abordagem ao idoso se dá devido às consequências do envelhecimento. Será de

grande valia abordar os idosos com as suas características dimensionais

dissemelhantes fazendo uso deste mobiliário, para assim verificar como é feita a

usabilidade destes abrigos de ônibus por este público, visando assim orientar no que

pode ser melhorado e recomendado para fazer desta relação a melhor possível,

promovendo assim uma melhor qualidade de vida.

Para a condução desta pesquisa, foram realizadas consultas em livros e em artigos

científicos de congressos e revistas, visando assim, maior confiabilidade das

informações utilizadas neste estudo. O intuito desta pesquisa foi a de abordar as áreas

de conhecimento que seriam utilizadas durante todo esse estudo, conhecimentos

esses voltados para as áreas onde o design se encontra inserido, como em ambientes

públicos, mobiliários urbanos, os abrigos de ônibus, materiais, as funções de produto,

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fatores relacionados à usabilidade, além também das pesquisas da área da saúde

envolvendo trabalhos sobre o envelhecimento humano, como os idosos vivem no

Brasil, as limitações físicas, psíquicas e sociais decorrentes do avanço da idade, o

comportamento dos idosos, entre outros.

Neste estudo, ainda foram explanados na primeira seção a introdução da pesquisa, a

justificativa, o objetivo geral e os objetivos específicos, além também da metodologia

geral aplicada e o método de abordagem utilizado. Na segunda seção foram

abordadas as características do envelhecimento, a figura do idoso no Brasil, as

limitações físicas, psíquicas e sociais enfrentadas pelos longevos, bem como o

comportamento dos idosos em ambientes públicos. Já a terceira seção abordou os

conhecimentos acerca do mobiliário urbano, dos abrigos de ônibus no Brasil, das

estruturas, funções e materiais que são utilizados para a confecção dos abrigos de

ônibus. Na quarta seção tratou-se dos procedimentos metodológicos que foram

aplicados, na quinta seção deu-se os resultados que foram colhidos para a produção

do estudo de caso localizado na cidade de Caruaru-PE e na sexta seção se deu as

conclusões e as considerações finais do estudo.

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2 O IDOSO

Devido ao grande crescimento da população idosa em todo o mundo, é significativo

abordar o envelhecimento, onde, a partir dessas abordagens, torne-se possível serem

produzidos e adequados produtos destinados a este público. Nesta seção serão

apresentadas as principais características do envelhecimento e o público idoso no

Brasil, bem como as limitações físicas, psíquicas e sociais, que são decorrentes do

envelhecimento e o comportamento dos idosos nos espaços públicos. O intuito desta

abordagem é o de compreender como o idoso encara o envelhecimento, além de

verificar também as limitações físicas, psíquicas e sociais enfrentadas, assim como

analisar o comportamento dos idosos brasileiros em espaços públicos.

De acordo com Tomasini (2005), o envelhecimento populacional é um fenômeno

observado por todo o mundo, e teve início nos países desenvolvidos no começo do

século XX. Em 1950, começou a ser observado nos países em desenvolvimento,

apresentando um ritmo bem mais acelerado do que os países já desenvolvidos. É

válido ressaltar que esse tipo de cenário é de certa forma preocupante, em se tratando

da desorganização presente nas estruturas econômicas, políticas e sociais dos países

que tem que lidar com a transição desses impactos demográficos, de forma a garantir

aos idosos uma melhor qualidade de vida. Ainda no contexto de Tomasini (2005), o

processo de envelhecimento ocorre de formas multidimensionais, por ser um

fenômeno bastante complexo. Diante disso, é importante destacar que qualquer modo

de intervir neste processo de envelhecimento deve ter como perspectiva o aumento

da qualidade de vida dos longevos.

Para Brito e Litvoc (2004 apud FECHINE; TROMPIERI, 2012), o envelhecimento é um

processo que acontece em todos os indivíduos e que pode ser definido como sendo

um fato dinâmico, gradativo e irreversível, que está estreitamente ligado aos fatores

biológicos, psíquicos e sociais. O termo “envelhecimento” é utilizado para relacionar-

se a um processo ou a um conjunto de processos que acontecem em organismos

vivos e que, com o avançar da idade, ocasionam uma perda de adaptabilidade, um

déficit funcional e finalmente a morte (SPIRDUSO, 2005 apud OLIVEIRA;

KRONBAUER; BINOTTO, 2012).

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Segundo Mendes (2000 apud MENDES et al., 2005), o ato de envelhecer é um

processo natural determinado em certa etapa da vida, através das mudanças físicas,

psicológicas e sociais que agridem de forma peculiar cada indivíduo. É uma fase em

que o idoso constata que conseguiu vários objetivos, passou por diversas perdas, das

quais a saúde se destaca como um dos aspectos mais afetados pelo avanço da idade.

Já Girondi e Santos (2011) destacam que, à medida em que o envelhecimento

populacional e o avanço no número de pessoas com fragilidades vêm aumentando,

se torna primordial o surgimento de novas demandas, as quais visem atender às reais

necessidades caracterizadoras deste grupo. Do ponto de vista de Oliveira, Kronbauer

e Binotto (2012), é necessário compreender o envelhecimento, não apenas para

determinar as suas possíveis causas, mas também para analisar as necessidades de

como devem ser realizados os procedimentos para retardar ou interferir neste

processo, em virtude do constante crescimento da população idosa.

2.1 O Público Idoso no Brasil

O crescimento da população idosa no Brasil é resultado de dois processos, a alta

fecundidade evidenciada nos anos de 1950 e 1960, comparada com à fecundidade

do século XX e XXI, além também da redução no índice de mortalidade da população

idosa (CAMARANO, 2004 apud RAFAEL, 2014 p. 12).

De acordo com o IBGE (2010), no ano de 1940, diante da queda nos níveis de

mortalidade, a expectativa de vida do brasileiro só fez aumentar, neste mesmo ano a

vida média do brasileiro mal atingia os 45 anos e meio, nem chegava aos 50 anos de

idade, no ano de 2010 essa expectativa foi aumentada para os 72,7 anos de idade,

com futuras projeções de alcançar os 81,29 anos, em 2050. Em 1950 os idosos

correspondiam a 4,9% da população, já no ano de 2010, os mesmos passaram a

representar 10,2% da população brasileira. Estima-se que por volta de 2050 a massa

idosa no Brasil crescerá 3,2% ao ano, enquanto que a população total crescerá 0,3%,

totalizando assim em 64 milhões de idosos (IBGE, 2010). A seguir, na Figura 01, pode-

se acompanhar a projeção brasileira do ano de 2010 e a projeção para o ano de 2050.

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Figura 01: Projeção da População Brasileira de 2010 e para 2050.

Fonte: IBGE (2010).

Na Figura 01, conforme as duas imagens referentes à projeção da população

brasileira de 2010 e de 2050, é possível notar que daqui há trinta e três anos haverá

um aumento considerado enorme na quantidade de idosos na população brasileira

em relação à população idosa do Brasil no século XXI.

Veras (2009) classifica o Brasil como sendo um país ‘‘jovem de cabelos brancos’’,

pois, a cada ano, são integrados mais de 650 mil novos idosos no Brasil, a maior

parcela dos idosos brasileiros se deparam com problemas crônicos ou com algumas

limitações funcionais. Dentro deste contexto, o autor ressalta que em menos de 40

anos, o Brasil passou de uma situação de mortalidade específica de uma sociedade

jovem para um quadro de doenças complexas e onerosas, específica dos países

longevos, caracterizado por patologias crônicas e múltiplas que perduram por anos,

com exigência de cuidados constantes, medicações diárias e de exames regulares.

Segundo Brasil (2012), a população idosa no Brasil vem crescendo de forma frenética,

alterando assim, a sua estrutura de modo significante com relação ao aumento no

número de pessoas com mais de 65 anos, de tal modo que é fundamental que as

autoridades promovam novas políticas públicas voltadas especificamente para este

público.

Conforme Braga et al (2008), as políticas públicas destinadas aos idosos no Brasil

envolvem ações e leis relacionadas a saúde, a assistência social, ao emprego, a

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previdência, a seguridade social, ao esporte, ao turismo, ao lazer e a educação dos

idosos. Já Camarano (2004) ressalta que as políticas públicas devem responder às

necessidades que são demandadas pelos seres humanos que estão à procura de um

envelhecimento mais ativo como, também, atender às demandas daqueles que já se

encontram em contextos de vulnerabilidade adquirida pelo avançar da idade.

Escobar e Môura (2016) destacam que as políticas públicas e os programas que são

criados e direcionados aos idosos apresentam um papel importante na sociedade em

que vivemos, papel este que é capaz de retirar o idoso do esquecimento e do silêncio

e promover uma melhor qualidade de vida em meio a sociedade. As autoras também

ressaltam que, para atender a essas novas demandas, é necessário criar novas leis

que ampliem a proteção e o direito aos longevos.

Em se tratando desta nova estrutura etária assistida no cenário brasileiro, é necessário

que seja dada uma importância maior ao mobiliário urbano, ao transporte público, aos

sistemas de saúde, as edificações, ao mercado de trabalho, a área médica, a

previdência e a assistência social, que deverão passar por novas reestruturações para

assegurar aos idosos brasileiros, os direitos garantidos por lei no país diante da

quantidade enorme de longevos já existentes no Brasil (IBGE, 2008).

2.2 As Limitações Decorrentes do Envelhecimento

As limitações decorrentes do envelhecimento são descritas por Mazo, Lopes e

Benedetti (2004 apud SOARES et al., 2016), como um processo que ocorre devido às

perdas contínuas das funções dos órgãos e dos sistemas biológicos, que acabam

influenciando na capacidade funcional, gerando assim, possíveis limitações,

incapacidades e até mesmo a perda da própria independência.

O sucesso no desenvolvimento do processo ao longo do ciclo de vida é atribuído a

vários fatores que contribuem para a qualidade com que envelhecemos. Os fatores

internos ou individuais, comumente conhecidos como os biológicos, os genéticos ou

os psicológicos, são os influenciados pelos hábitos do dia a dia e exercem uma certa

influência na ocorrência ou não de patologias ao longo de toda a vida, já os fatores

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externos que são os referentes aos ambientais, aos comportamentais e aos

problemas sociais, são evidenciados através do surgimento de doenças depressivas,

sensações de inutilidade e de isolamentos (PAIVA, 2012).

Segundo Brink (1999 apud PAIVA, 2012 p. 49), as perdas funcionais são adversidades

acentuadas com relação a autonomia do idoso, determinando assim, por decorrência,

vários graus de dependência. Apesar disso, é necessário que exista diferenciação

entre a perda de função decorrente de patologia degenerativa das que ocorrem pelo

rumo natural do envelhecimento.

Para Neri (2008 apud PAIVA, 2012 p. 50), na fase de envelhecimento primário ou

normal, popularmente conhecida como senescência são examinadas as perdas,

gradativas e evoluídas, das capacidades de adaptação, funcionais energéticas e

biomecânicas, da redução de tolerância ao estresse físico e psicológico, das perdas

psicomotoras e da diminuição da autoestima e do ânimo. Já a fase de envelhecimento

secundário ou patológico, é comumente conhecida como senilidade e é identificada

através das alterações provenientes das doenças naturais relacionadas ao próprio

processo evolutivo da idade, diferenciando-se das modificações naturais desse

processo e que causam deficiência, e, por conseguinte, incapacidade, como a perda

da autonomia e da dependência, pois diante desse processo de envelhecimento os

idosos se tornam dependentes de outras pessoas (NERI, 2008 apud PAIVA, 2012, p.

50).

De acordo com Chagas (1996) e Sant’Anna (2006 apud MICHELETTO, 2011), as

limitações fisiológicas que mais acometem a mobilidade do idoso, são a acuidade

visual, o declínio no canal auditivo e a biomecânica do movimento. Com o avanço na

idade, a acuidade visual tende a diminuir e, os idosos passam a não enxergar mais

com tanta nitidez as coisas ao seu redor, esse declínio na visão é através da

diminuição da visão periférica e de todo o campo visual que é diminuída, essa

diminuição acaba causando uma certa intolerância à luminosidade, além de causar

também confusão na compreensão dos contrastes e dificuldades em adaptar-se à

ambientes escuros. Em virtude, desses acontecimentos, o ser idoso acaba sendo

prejudicado principalmente ao se movimentar e ao caminhar.

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Chagas (1996) e Sant’Anna (2006 apud MICHELETTO, 2011), ainda destacam que

os distúrbios no canal auditivo dos idosos acabam sendo bloqueados pelo acúmulo

considerável de cera nos ouvidos, e esse bloqueio contribui para os problemas

auditivos que podem afetar a percepção de ruídos e de barulhos e contribuir para a

perda total da audição, prejudicando assim, o equilíbrio do idoso e a sua orientação

no ambiente urbano, já com relação, à biomecânica do movimento, os idosos tendem

a perder cálcio com o avançar da idade e essa ausência de cálcio acaba causando

enfraquecimentos nos ossos, problemas nas articulações, perda do equilíbrio,

redução da força nos músculos, redução da capacidade de extensão e força das fibras

de colágeno. Estudos mostram que, com o avanço da idade, a espinha dorsal dos

idosos podem chegar a sofrer uma maior compressão, e isso causa uma diminuição

na estatura que pode chegar a ser de até 10 centímetros (CHAGAS 1996 e

SANT’ANNA, 2006 apud MICHELETTO, 2011).

A biomecânica do movimento também está relacionada com as complexidades de

coordenação psicomotora que, por sua vez, está associada à uma lenta diminuição

dos movimentos e à um aumento no período de reação, devido à morosidade com

que as informações são processadas (MONTEAGUDO, 2001 apud BRASIL, 2012, p.

17).

De acordo com Sant’Anna (2006), o equilíbrio é um sistema complexo e que diminui

com o avançar da idade. O retardamento deste equilíbrio corporal aumenta

consideravelmente o risco de quedas, tanto com o corpo em movimento quanto

estático. Os idosos são conscientes e se sentem inseguros com relação ao risco de

quedas que podem ser geradas devido ao declínio do equilíbrio e, por isso, eles

tendem a marchar e a se locomover lentamente e com bastante cautela.

Conforme ressalta Ruwer, Rossi e Simon (2005), o envelhecimento compromete a

velocidade do sistema nervoso central em realizar a verificação dos sinais

vestibulares, visuais e proprioceptivos que são responsáveis pela preservação do

equilíbrio corporal, bem como diminui a capacidade de modificações dos reflexos

adaptativos, reflexos esses degenerativos que são responsáveis pela ocorrência de

vertigens e de desequilíbrios em longevos.

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Para Sant’Anna (2006), o período de reação de um indivíduo idoso se torna maior em

virtude do envelhecimento e, a depender do grau de dificuldade da tarefa a ser

realizada, esse período consideravelmente é superior em relação ao tempo da reação

de outras faixas etárias. A autora aponta ainda que os idosos tendem a ter dificuldade

no ato de julgar e de responder, esse fato pode resultar em um risco potencial para a

vida do idoso, em virtude, de se tomar uma decisão baseada em um erro perceptivo

de presumir em uma distância e de responder a uma velocidade incorreta.

Do ponto de vista de Cunha e Costa (2011), essas modificações comprometem a

capacidade do idoso em realizar atividades simples e complexas cotidianamente,

como também atinge a sua mobilidade e o seu bem-estar social. Diante disso, se faz

notório projetar produtos, mobiliários, equipamentos e ambientes urbanos com uma

linguagem mais aberta e intuitiva, para que os idosos possam identificar com mais

facilidade cada um dos elementos dispostos.

2.3 O Idoso em Espaço Público

Para Reis (2009), com o crescimento das cidades, é fundamental garantir aos

cidadãos uma melhor mobilidade no espaço urbano de circulação, verificando assim

como é realizada a locomoção e as atividades nos ambientes físicos. Através dessas

considerações sobre a mobilidade nos espaços urbanos, poderão ser utilizadas

medidas mais contextualizadas, com a intenção de atender as demandas

caracterizantes dos segmentos sociais com a finalidade de garantir uma adequada e

abrangedora mobilidade urbana.

Na visão de Prado (2003, p. 3), os ambientes urbanos estarão completamente

apropriados quando quaisquer pessoas, idosas ou não, com perdas funcionais ou não,

puderem mover-se pelo meio urbano, andar sob as calçadas, atravessar as ruas,

aproveitar as praças, ter acesso aos edifícios e utilizar-se do transporte público com

total liberdade e autonomia.

Segundo Soares (2014), em meio ao progresso das cidades, suas complexidades e

modificações, assim como a criação de preceitos ligados aos centros urbanos, têm

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instigado de diversas maneiras o modo comportamental e de vida das pessoas que

nelas residem. Uma das formas de verificar essas influências consiste nas condutas

com que os indivíduos se conectam e se relacionam em ambientes urbanos. A autora

ainda ressalta que, para que os longevos dos diversos municípios brasileiros tenham

experiências de vida cada vez mais enérgicas e agradáveis, se faz necessário que os

espaços públicos sejam favoráveis para o seu uso, e que para isso acontecer é

fundamental que os ambientes públicos sejam organizados e adaptados para atender

aos longevos em suas peculiaridades (SOARES, 2014).

Daher (2007 apud PORTO, 2015 p. 23) ressalta que, ao longo do envelhecimento,

decorrem as mais variadas alterações funcionais, bioquímicas e psicológicas e que

constituem em uma perda gradativa da capacidade de adaptação do ser ao meio

ambiente. Dessa forma, o ser humano que passa pelo processo de envelhecimento

segue suscetível à incidências patológicas com maior intensidade e tem uma maior

tendência a sofrer acidentes.

De acordo com Cunha e Costa (2011), com o avançar da idade, o público idoso

desenvolve perdas biológicas e funcionais devido ao processo de envelhecimento e

conforme as suas inestimadas particularidades. Em função disso, é necessário que

os idosos tenham livre acesso a todos os ambientes construídos e públicos, sendo de

extrema importância que esses espaços sejam encontrados adequados às suas

necessidades específicas e que sejam destinados à convivência e às trocas sociais,

uma vez que, com o avançar da idade, há uma certa diminuição no grupo dos idosos,

no grupo de colegas do trabalho e perdas de membros da família e amigos, o que

pode causar possíveis isolamentos.

Para Reis (2009), a redução de mobilidade é proveniente das deficiências, das

condições físicas e das características individuais de cada ser. Deste modo, os idosos

que têm transformações decorrentes do avançar da idade, apresentam como

resultado a diminuição em suas capacidades de reação às ações externas vindas do

espaço físico, uma vez que há a diminuição da mobilidade.

Do ponto de vista de Dorneles, Ely e Pedroso (2006), os idosos são usuários

complexos, uma vez que qualquer alteração fisiológica pode ocasionar uma diferente

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limitação, frente a usabilidade dos espaços urbanos e dos equipamentos mobiliários.

No entanto, o processo de envelhecimento não impede os idosos de procurar e

explorar novos lugares, sendo indispensável que tais espaços sejam de fácil

acessibilidade, confortáveis e protegidos. As referências de espaços urbanos

adaptados às necessidades dos idosos, ainda são poucas no Brasil pois ainda

enfrentamos uma realidade muito divergente com relação aos países desenvolvidos.

Conforme Tomasini (2005), quando se reflete sobre projetar ambientes destinados a

idosos, vários questionamentos se tornam pertinentes, haja vista que o processo de

envelhecimento altera de modo significante as relações do ser humano com o

ambiente. O autor ressalta que é necessário compreender as novas relações que os

humanos desenvolvem com os ambientes à medida com que envelhecem, por isso, é

de extrema importância detectar as necessidades dos idosos com relação ao

ambiente construído e analisar essas novas relações dos longevos com o espaço

urbano, que implicam em demandas que são dificilmente contempladas pelos

ambientes construídos das grandes cidades, que consideram projetar em prol do

usuário jovem e não levam em consideração as outras faixas etárias da população.

Diante da realidade do idoso, Cupertino (1996 apud TOMASINI, 2005) relata que o

ambiente, nas suas características física e social, surge como um ponto determinante

para o desenvolvimento e a manutenção de um modo de vida apropriado, capaz de

promover uma melhor satisfação com a vida, com a conservação da capacidade

funcional e da independência. Os espaços públicos urbanos, além de promover

acesso gratuito e irrestrito a qualquer que seja o grupo social, proporcionam ao usuário

idoso o contato com a natureza, a interação com outros indivíduos, oferecem bem-

estar físico, motivam a atividade esportiva ao ar livre, além de permitir também o

contato com o sol (DORNELES; ELY; PEDROSO, 2006).

A falta de medidas específicas para a mobilidade urbana direcionada aos idosos é

apontada como um dos maiores problemas enfrentados, e isso acaba causando uma

redução na mobilidade desses idosos, pois muitos deixam de se locomover em

detrimento das dificuldades que vão se deparar no ambiente urbano (BRASIL, 2012).

Segundo Hunt (1991 apud DORNELES; ELY; PEDROSO, 2006), no ambiente público,

as necessidades da locomoção dos idosos são classificadas no Quadro 01, a seguir:

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Quadro 01: Necessidades Físicas, Informativas e Sociais.

Necessidades Físicas

São associadas aos problemas de saúde física, segurança e bem-estar que são sentidas pelos usuários em um determinado ambiente. Comumente são abordadas como as primeiras a serem levadas em consideração ao projetar algum tipo de ambiente destinado ao público idoso ou deficiente;

Necessidades Informativas

São as necessidades referentes a maneira com que uma informação é processada em um determinado ambiente. É destacável dois aspectos importantes para que a informação seja processada em um espaço, são elas: a percepção, que é o método utilizado para receber uma informação gerada em um recinto; e a cognição, que é o modo em que o indivíduo organiza os seus pensamentos e retrata a informação recebida em um determinado ambiente;

Necessidades Sociais

Estão associadas a promover o controle da vida particular e o convívio com a sociedade. Para isso, é necessário ter cuidado para que os ambientes projetados para os idosos pareçam familiar, proporcionando assim um senso de comunidade, onde a aproximação com os vizinhos aconteçam de forma natural.

Fonte: Hunt, 1991 apud Dorneles; Ely; Pedroso (2006).

Por fim, compartilhamos da reflexão de Tomasini (2005), o qual destaca que a

participação do idoso no método de planejamento dos lugares direcionados para os

mesmos requer uma mudança na figura do projetista, a qual está associada à própria

imagem estereotipada que a sociedade faz da velhice, que presume a submissão e a

incapacidade do idoso de se autodeterminar. Dentro deste contexto o autor ressalta

que ninguém melhor do que o idoso para relatar os acontecimentos, os problemas e

os efeitos que são causados pelo envelhecimento e como este tem influência nas suas

relações com o ambiente construído.

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3 MOBILIÁRIO URBANO

O mobiliário urbano é de extrema importância para a sociedade em geral. No corrente

estudo, a investigação é direcionada ao usuário idoso, em virtude da real necessidade

de visar esse público, aparentemente negligenciado na criação de mobiliários

urbanos. Nesta seção serão apresentados o mobiliário urbano, os abrigos de ônibus

no Brasil, as estruturas, as funções e os materiais que são utilizados para a fabricação

dos abrigos de ônibus que são utilizados por todos, inclusive pelos longevos.

Conforme a ABNT 9283 (Associação Brasileira de Normas Técnicas), mobiliário

urbano são ‘‘todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da

paisagem urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do

poder público, em espaços públicos e privados’’ (ABNT 9283, 1986, p. 1).

Segundo Montenegro (2014), no fim do século XIX, as novas tendências estéticas

passaram a influenciar nos fatores estruturais, funcionais e materiais do mobiliário

urbano, atribuindo-lhe assim, diversas propriedades dentro do contexto urbano. O

progresso dos métodos de produção e de construção, somados à conquista na

aquisição e na redução dos valores dos novos materiais, modificaram de modo

significativo o design e a produção do mobiliário urbano. O autor ainda ressalta que o

modernismo promoveu o desenvolvimento de equipamentos urbanos com um design

mais pensante e reduzido, diferente do estilo vasto e ornamental, que era notável no

desenvolvimento destes mobiliários na metade do século XX.

Conforme Pereira (2010), na metade do século XX, o mobiliário urbano foi

transformado e marcado pelo progresso de novos procedimentos na produção, onde

foram introduzidos novos materiais e tecnologias voltadas para as áreas de transporte

e de comunicação, os quais proporcionaram a criação de equipamentos essenciais,

como as cabines telefônicas, os abrigos de ônibus, os produtos de sinalização, os

armários técnicos, o protetor de pedestres e, sobretudo, pelas transformações

ocorridas pelas demandas sociais que estão provocando novas necessidades para o

ambiente público.

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Montenegro (2014), alega que o mobiliário urbano pode ser entendido como um

equipamento funcional e estrutural que oferece qualidade ao ambiente público,

contribuindo não apenas para ser usufruído, mas também para proporcionar uma

maior comunicação entre as pessoas e o espaço construído na realização das

atividades diárias.

Para Lamas e Colchete (2000 apud ARAÚJO, 2010 p. 25), o mobiliário urbano é

bastante significativo para o desenho de todo um município, uma vez que os

mobiliários colaboram para a criação da paisagem e interferem na qualidade e na

adequação das áreas urbanas desenvolvidas. Do ponto de vista de Mascaró (2008),

o mobiliário urbano auxilia na aparência e no funcionamento dos espaços urbanos do

mesmo modo que oferece segurança e comodidade aos usuários. O autor ainda

ressalta que, para o planejamento dos mobiliários, é necessário precaução com

relação à qualidade dos espaços públicos, das áreas urbanas, das vias trajetórias,

dos parques e das praças.

Montenegro (2014) destaca que, em algumas cidades brasileiras, o mobiliário urbano

que é implantado não condiz com as perspectivas funcionais, usuais e sentimentais

relacionadas às atividades dos usuários, ao papel, à utilização e às circunstâncias

ambientais onde se encontram instalados. O autor ainda enfatiza que, enquanto

qualidade do design, a quantidade, a organização e a distribuição dos equipamentos

no ambiente urbano visam integralizar o mobiliário ao contexto do ambiente urbano

conforme a sua funcionalidade e a sua apreciação de uso pelos habitantes. Dentro

desta perspectiva, é comum encontrar nas cidades brasileiras, mobiliários distribuídos

pelas calçadas de forma caótica, discordante e indiferente ao contexto urbano,

provocando assim, ocorrências de uso inadequado que interferem de modo negativo

na circulação, na acessibilidade, na locomoção e na legibilidade dos espaços urbanos.

Ainda, segundo Montenegro (2014) é notório perceber que o mobiliário alcançou um

patamar elevado em meio a sociedade, diante do fornecimento de serviços públicos

prestados nas cidades modernas, onde é quase que impossível imaginar os centros

urbanos sem a presença destes equipamentos. Assim, o autor ainda destaca que o

mobiliário é um produto que sofre vários tipos de intervenções e que nem sempre

essas intervenções são apropriadas, devido aos sistemas do mobiliário urbano terem

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a necessidade de serem mais práticos e úteis, tanto para os habitantes quanto para o

município, sendo modestos e ao mesmo tempo de fácil entendimento no lugar urbano

onde foram colocados.

A ABNT 9050 (2015), que trata de acessibilidade, diz que para ser considerado

acessível, o mobiliário urbano deve:

1. Proporcionar ao usuário segurança e autonomia de uso;   2. Assegurar dimensão e espaço apropriado para aproximação, alcance,

manipulação e uso, postura e mobilidade do usuário, conforme Seção 4; 3. Ser projetado de modo a não se constituir em obstáculo suspenso;   4. Ser projetado de modo a não possuir cantos vivos, arestas ou quaisquer

outras saliências cortantes ou perfurantes; 5. Estar localizado junto a uma rota acessível;   6. Estar localizado fora da faixa livre para circulação de pedestre; 7. Ser sinalizado conforme 5.4.6.3 (ABNT 9050, 2015, p. 113 - 114).

De acordo com Águas (2010, p.36-37), o design dos equipamentos de mobiliário

urbano provém de quatro fatores (Sociais e Culturais, Físicos, Ambientais e

Econômicos) que devem ser analisados para a elaboração e desenvolvimento do

mobiliário urbano, descritos detalhadamente a seguir no Quadro 02.

Quadro 02: Fatores sociais e culturais, físicos, ambientais e econômicos.

Fatores

Sociais e Culturais

Realizar uma avaliação cuidadosa do local e dos seus rumos natural, construída e social; Garantir uma boa relação afetuosa e simbólica entre os usuários e a imagem da cidade; Tornar o ambiente agradável; Respeitar e atender as diferenças das pessoas que os utilizam.

Fatores Físicos

Fortalecer o elo de ligação entre a área específica onde será executado o projeto e o espaço envolvedor; Executar um projeto bem adaptado, proporcionando assim, uma composição ordenada; Considerar e respeitar toda a topografia/geografia, paisagem/vegetação, costumes/contexto da localidade.

Fatores Ambientais

Avaliar a temperatura, a brisa e a luminosidade; Estabelecer um controle de sombra e do brilho solar nas áreas amplas de pavimentação e nas superfícies das paredes; Inserir o mobiliário de modo a criar rotas cobertas das condições climáticas presentes no ambiente.

Fatores Econômicos

Analisar a manutenção, a facilidade na montagem e desmontagem, a estabilidade (a resistência ao uso, ao ato de vandalismo e a arte grafiteira) e o reparo do mobiliário.

Fonte: Águas (2010).

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Águas (2010, p. 40) ressalta que a funcionalidade, a resistência, a Ergonomia, a

estrutura e a manutenção devem ser considerados como fatores primordiais no

desenvolvimento de projetos de design do mobiliário urbano. A partir da análise

desses fatores citados anteriormente no Quadro 02, Montenegro (2014) destaca que

o desenvolvimento de mobiliários urbanos destinados aos espaços públicos devem

exercer as suas determinadas funções e precisam responder às expectativas que são

geradas pelos usuários. No Quadro 03, a seguir, o autor ainda destaca que o design

desses artefatos urbanos deve considerar alguns fatores importantes, a saber:

Quadro 03: Considerações para o design de mobiliário urbano.

Utilização individual ou

coletiva

Analisar as possibilidades em que o mobiliário projetado expõe o seu uso (individual ou coletivo), que este mobiliário seja de fácil uso e compreendido por todos, independentemente da sua condição social.

Relação direta com os

usuários

Por ser um artefato que não é escolhido por aqueles que vão utilizar, é de responsabilidade do setor público escolher os mobiliários urbanos adequados às demandas dos cidadãos através do fornecimento de equipamentos que promovem bem-estar, proteção e qualidade.

Relação com o contexto ambiental

É necessário que sejam considerados as propriedades físicas e estruturais do ambiente público no qual é instalado o mobiliário urbano, propiciando a melhoria do espaço sem intervir nas múltiplas tarefas que são realizadas naquele local.

Possuir caráter sistêmico

O mobiliário deve ser harmonioso com os outros equipamentos que estão presentes no ambiente urbano, como os edifícios, os pavimentos de circulação e a paisagem verde, como também devem ser para os próprios elementos que compõem a família dos mobiliários que são destinados ao uso público, isto é, devem funcionar em conjunto para o uso coerente e organizado da infraestrutura dos ambientes públicos satisfazendo assim, às necessidades de seus usuários.

Fonte: Montenegro (2014).

Para Mourthé (1998 p. 36 apud NASTA, 2014, p. 7), é necessário que o equipamento

urbano esteja habituado aos ambientes urbanos de forma que não comprometa a

paisagem do município. A autora ainda destaca a necessidade de tomar como alicerce

estudos que são direcionados para a circulação de pedestres, para a adaptação dos

atributos antropométricos dos usuários e para a mínima intervenção visual possível

do mobiliário na paisagem urbana.

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3.1 Abrigos de Ônibus

De acordo com Freitas (2008), os abrigos de ônibus marcam o ambiente e unem as

mais variadas funções, devido ao seu poder de atrair e por representar muito bem o

espaço através da promoção do descanso, dos encontros, dos espaços com sombras,

da proteção contra as intempéries climáticas e para o aguardo do transporte público,

quando dispostos em centros urbanos.

Para Silveira (2012), os abrigos de ônibus são colocados em lugares pré-

estabelecidos para o embarque e desembarque ao longo de todo o roteiro das linhas

dos ônibus. O autor enfatiza que os pontos de parada dos transportes coletivos não

são considerados abrigos, pois, os mesmos, só são identificados como pontos de

ônibus devido a presença das placas sinalizadoras indicativas, diferente dos abrigos,

os quais apresentam uma estrutura voltada para abrigar e proteger o usuário.

Segundo Bellini (2008), o abrigo de ônibus é um mobiliário utilizado como ponto de

acesso para embarque e desembarque das pessoas em um transporte coletivo. O

autor ressalta ainda que este mobiliário urbano marca a memória de gerações de

cidadãos e que a sua criação é totalmente voltada para o interesse da gestão

municipal, onde a cada mudança de governo é costume providenciarem uma outra

pintura característica da gestão atual, ou até mesmo a troca do mobiliário. À medida

em que o mobiliário urbano de abrigo de ônibus faz parte da paisagem urbana, para

ser classificado adequado, o abrigo não deve somente atender aos atributos

funcionais, deve levar em consideração também os atributos estéticos (NASAR, 1997

apud JONH; REIS, 2010, p. 2).

Conforme o art.513 da lei de nº 2454/1977, do Código de Urbanismo, Obras e

Posturas da cidade de Caruaru-PE, vigente no município até a realização da corrente

pesquisa, as colunas ou suportes de anúncios, as caixas de papéis usados, os bancos

ou os abrigos de logradouros públicos, somente poderão ser colocados no espaço

urbano mediante autorização e licença da Prefeitura (CARUARU, 1977, p.113).

Em 1974, Cauduro e Martino já atinavam para a necessidade dos abrigos de ônibus

serem munidos de identificação, de informações sobre as linhas que passam no abrigo

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e sobre a rede das outras linhas itinerárias, de condição/localização na cidade, de

proteção para o sol e a chuva, de bancos para descansar, de telefone e de lixeira

(CAUDURO; MARTINO, 1974 apud SILVEIRA, 2012). No cenário brasileiro é possível

verificar que, mesmo com o passar de 43 anos, a grande maioria dos abrigos de

ônibus é encontrada da mesma forma como eram há 43 anos. Mesmo com as

mudanças que foram ocorrendo nas cidades brasileiras, não houveram mudanças

significativas e plausíveis neste tipo de mobiliário. Cauduro e Martino no ano de 1974

já alertavam para que essas informações citadas anteriormente fossem consideradas

o mínimo necessário para uma utilização correta deste tipo de mobiliário urbano por

todos cidadãos.

3.2 Estrutura, Funções e Materiais

Com relação a estrutura dos abrigos de ônibus, Freitas (2008) ressalta que no geral,

os abrigos devem ter 2,10 metros de altura e 1,50 metros de profundidade e 1,50

metros de largura, podendo serem utilizadas outras medidas maiores ou menores a

depender das medidas dos passeios públicos e do fluxo de pessoas em torno do

abrigo (Figura 02). Para mostrar como as medidas podem ser empregadas na

produção dos abrigos de ônibus, conforme Freitas (2008), foi utilizada a imagem da

vista lateral e a vista frontal de um edital de licitação disponível para a implantação

deste tipo de mobiliário urbano na cidade de Caruaru-PE.

Figura 02: Dimensionamento do abrigo de ônibus.

Fonte: Adaptado do edital da Destra (2011).

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De acordo com Montenegro (2014), dois fatores devem ser critérios para o

desenvolvimento e o design dos abrigos de ônibus. O primeiro fator a ser analisado é

a zona de acesso, essa deve estar adequada à utilização e à movimentação, de modo

que a entrada no ônibus seja realizada de forma eficiente e segura. O segundo fator

a ser abordado é a zona de permanência, que deve promover aos usuários bem-estar,

acessibilidade, dispor de informações e ser seguro.

Nova (2014) recomenda que os abrigos de ônibus não atrapalhem a locomoção das

pessoas nas calçadas e que a faixa livre de deslocamento dos pedestres permaneça

sempre conservada. Nova (2014) ainda relata que às placas de sinalização presentes

nas paradas de ônibus, é aconselhável que as mesmas não atrapalhem a

movimentação das pessoas em torno do abrigo e que sejam instaladas a uma altura

de no mínimo 2,10m e a uma distância de 0,50cm do meio-fio (Figura 03: A e B).

Figura 03 - A e B: Vista superior (A) e vista lateral (B) do abrigo de ônibus com o ponto de parada.

Fonte: Adaptado de Destra (2011) e Nova (2014).

Segundo Bins Ely e Turkienicz (2005), no sistema de transporte público, o abrigo de

ônibus é cumpridor de um dos papéis mais desagradáveis que os usuários de

transporte coletivo têm de passar, que é o período de espera. Para os autores, é de

extrema importância que os abrigos de ônibus promovam bem-estar e segurança ao

usuário, diminuindo assim os desgastes físicos e emocionais que são sentidos pelos

usuários na utilização deste mobiliário urbano. Deste modo, é esperado que sejam

avaliados os aspectos que concorrem para a qualidade dessa espera, considerando

A B

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que o usuário, ao se situar no abrigo, prioriza lugares que possibilitam um melhor

conforto.

Conforme Nasta (2014), o abrigo de ônibus integra o Sistema de Transporte Público

(STP) e, para Bins Ely (1997), precisa desempenhar quatro funções básicas, são elas:

1. Proporcionar conforto (Físico ou Psicológico) durante a espera do transporte

coletivo; 2. Disponibilizar informações (Linhas, Horários e Trajetos itinerários); 3.

Garantir o acesso ao transporte coletivo (visualização e agilidade); e 4. Promover uma

melhor relação dos usuários entre si e entre as relações dos usuários com o ambiente

físico (social e cultural).

No que tange à primeira função (Proporcionar Conforto), Bins Ely (1997 apud

SILVEIRA, 2012, p. 67), destaca que pode ser classificado como físico ou psicológico,

dispostos no Quadro 04 a seguir:

Quadro 04: Conforto físico e psicológico.

Conforto Físico

É necessário que haja cobertura para a proteção contra o sol e a chuva; O abrigo deve servir para proteger os assentos, os apoios e para promover repouso aos usuários; A iluminação nos abrigos podem auxiliar no desenvolvimento de algumas atividades, como por exemplo, a leitura.

Conforto Psicológico

O período de espera do transporte coletivo pode ser minimizado pela existência dos bancos, lixeiras, telefones, da manutenção e da limpeza dos mobiliários; Os abrigos devem ser encontrados iluminados e protegidos contra a circulação dos veículos; O abrigo deve possibilitar que o usuário verifique e distingue o ônibus, fazendo assim, com que o usuário se tranquilize e fique mais calmo durante a espera do transporte coletivo.

Fonte: Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 67).

Na visão de Nasta (2014), a segunda função do abrigo de ônibus é a Informação, a

mesma é utilizada para disponibilizar informações sobre as linhas de ônibus, os

trajetos e os horários que os transportes passam em um determinado abrigo. Para

Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 68), a informação é um suporte importante

para os usuários, porém nos abrigos de ônibus instalados no Brasil, comumente

negligencia-se as informações sobre os horários dos ônibus, sobre as linhas e sobre

os trajetos, tornando assim a vida dos que fazem uso do transporte público muito

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complicada, principalmente para aqueles que não conhecem o sistema de transporte

coletivo de uma determinada cidade.

Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 68) destaca que a terceira função trata do

Acesso ao ônibus através da conexão entre o usuário e o transporte coletivo. Nasta

(2014) ressalta que essa função é importante para auxiliar os usuários dos abrigos de

ônibus, no embarque e no desembarque, pois devido a este fator, o tempo de

embarque pode ser reduzido, caso o abrigo seja planejado de modo que ofereça uma

certa visibilidade para os usuários identificarem o transporte com antecedência.

Bins Ely (1997 apud SILVEIRA, 2012, p. 68) defende que, no aguardo do transporte

coletivo, o conforto, a informação e o acesso ao ônibus dependem dos elementos que

estão presentes no entorno ou no mobiliário, como a cobertura, as paredes laterais, a

presença de assentos, de lixeiras e de luminárias. De acordo com Bins Ely (1997 apud

NASTA, 2014, p. 20), a quarta função comumente conhecida como Social/Cultural só

acontece quando há algum tipo de relação constituída entre um homem, os demais

indivíduos e o próprio meio urbano. A autora resume as funções dos abrigos de ônibus

no Gráfico 01, a seguir.

Gráfico 01: Fatores que atuam nas funções do abrigo de ônibus.

Fonte: Adaptado de Bins Ely (1997).

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Conforme Nasta (2014), em se tratando dos abrigos de ônibus, os principais

elementos que precisam ser analisados são o assento e o encosto, principalmente no

que tange à altura do assento até o piso do ambiente e a altura da superfície do

assento até o encosto, pois para projetar esses tipos de elementos é importante que

sejam levadas em consideração as medidas antropométricas dos usuários. O autor

destaca que também é fundamental que exista uma certa ligação entre as medidas

da altura, profundidade e largura do assento e do encosto.

Segundo Panero e Zelnik (2013, p. 60), no projeto de assentos é relevante analisar a

altura da superfície do assento em relação ao piso. Caso a superfície do assento seja

considerada alta com relação ao piso, é possível que haja uma certa compressão na

parte posterior das coxas do usuário, podendo vir a causar uma má circulação

sanguínea e desconforto ao uso deste assento. Para os autores, caso a superfície do

assento seja considerada muito baixa em relação ao piso, é possível que as pernas

dos usuários fiquem elevadas ou estendidas, comprimindo o abdômen. Na Figura 04,

a seguir, é possível observar quando o assento é considerado alto ou baixo com

relação ao piso para o usuário.

Figura 04 - A e B: Assento alto (A) e assento baixo (B) com relação ao piso, para o usuário.

Fonte: Panero e Zelnik (2013).

Para Iida (2005), a altura do assento teria que ser regulável para melhor se adaptar

às particularidades individuais dos usuários, onde o mínimo seria de 38,1cm (que

corresponde ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo que é de 51,0cm (que

equivale ao 95 Percentil dos homens), estabelecidas pelas medidas existentes. Já

para Panero e Zelnik (2013), a altura do assento teria que ser de 39,4cm para

mulheres e 43,2cm para os homens. Neste estudo, por se tratar de um ambiente

A B

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público, foi interessante levar em consideração que as pessoas estejam sempre

utilizando calçados durante o uso dos abrigos analisados, por isso, já foram

adicionados as medidas correspondentes aos calçados, conforme indicam Iida (2005)

e Panero e Zelnik (2013).

De acordo com Panero e Zelnik (2013, p. 63), é importante analisar a profundidade

dos assentos. Caso seja muito grande, a borda frontal da cadeira pode pressionar a

área posterior dos joelhos, dificultando assim a circulação do sangue para pernas e

pés, causando irritação e desconforto ao usuário. Os autores complementam

afirmando que caso os assentos possuam pouca profundidade, os mesmos podem

ocasionar aos usuários certos incômodos, onde será possível sentir a sensação de

estar caindo para a frente da cadeira. Na Figura 05 é possível verificar a utilização de

um usuário em um assento com uma pequena ou grande profundidade.

Figura 05 - A e B: Assento com grande (A) e pequena (B) profundidade para o usuário.

Fonte: Panero e Zelnik (2013).

Conforme Panero e Zelnik (2013), é indicado que a profundidade do assento seja de

43,2cm relativo ao 5 Percentil das mulheres, considerando assim, as pessoas que

possuem uma baixa estatura e para considerar as pessoas com uma maior estatura

é necessário que a profundidade do assento corresponda a 54,9cm, pertinentes aos

95 Percentil dos homens.

Panero e Zelnik (2013) recomendam que a largura do assento seja de 49,0cm, relativo

ao 95 Percentil das mulheres. Porém, Iida (2005) propõe que a medida seja de 40,0cm

para cada usuário.

A

B

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Iida (2005, p.154) destaca que o encosto deve ter o seu formato côncavo, e ressalta

que o perfil do encosto é muito significativo, pois ao sentar qualquer que seja o usuário

demonstra uma leve protuberância para trás na altura das nádegas. Para o autor a

curvatura da coluna vertebral de um ser humano para outro varia muito, por isso é

importante que seja deixado um espaço vazio de 15,0cm a 20,0cm entre o assento e

o encosto. A Figura 06, a seguir, mostra como deve ser a distância entre o assento e

o encosto:

Figura 06: Encosto com formato côncavo com espaço de 15cm a 20cm.

Fonte: Iida (2005).

A principal função do encosto é abraçar a região lombar, ou a parte inferior das costas

do usuário. No que se refere às dimensões, à configuração e ao posicionamento, o

encosto é considerado um dos aspectos mais significativos para permitir uma

acomodação satisfatória entre o usuário e o assento (PANERO; ZELNIK, 2013).

Desde o século XX, os abrigos de ônibus estão sendo cada vez mais desenvolvidos

com o propósito de suprir as demandas dos usuários, visando assim, acesso a todos,

através da utilização de materiais resistentes e de fácil conservação. Deste modo, os

abrigos de ônibus são tidos como produtos de alta durabilidade, tendo seu impacto

direcionado às fases produtiva e de descarte, sendo significativo diminuir o uso de

materiais e reduzir o impacto dos recursos durante a produção (NASTA, 2014).

Neste sentido, Pereira (2010) afirma que é de responsabilidade do designer fazer a

escolha certa do material que deve ser utilizado em seus projetos. Uma vez que os

materiais têm uma certa influência no valor final do equipamento urbano. A autora

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alerta que, para escolher o material correto para um projeto, é necessário que sejam

levados em consideração os atributos técnicos, formais, funcionais, culturais,

econômicos e socioambientais, além também, da legislação e das normas vigentes.

A autora também afirma que, na produção de alguns abrigos de ônibus projetados

para uns municípios, podem ser utilizados tubos e perfis de alumínio como elemento

estrutural e, para o acabamento ou a vedação do abrigo, podem ser aplicados

revestimentos, por exemplo, painéis, informativos, publicitários, vítreos, foscos ou

transparentes, ou até mesmo os policarbonatos.

Um outro material, muito importante, a depender das especificações do projeto, é o

aço inoxidável, um material capaz de proporcionar leveza, resistência, manutenção e

durabilidade ao produto de mobiliário. Além dos mais variados tipos de madeiras

naturais que podem ser usados na fabricação do mobiliário urbano, encontra-se no

mercado um novo material reciclável derivado de produtos reciclados, com

propriedades estéticas, vantajoso para o meio ambiente e com resistência até três

vezes maior do que uma madeira de lei, conhecido comumente como madeira

plástica, líquida ou sintética (PEREIRA, 2010).

Freitas (2008) acrescenta que as vedações laterais dos abrigos devem ser compostas

por um material transparente e que esse material deve ser utilizado com cautela,

visando colaborar para uma melhor visualização dos entornos dos abrigos. Segundo

Ashby e Jonhson (2010), um dos materiais que é muito utilizado nas vedações laterais

é o PMMA - Polimetilacrilato, comumente conhecido como acrílico, devido à sua

transparência e a resistência às intempéries, além de ser também um material atóxico

e reciclável. Freitas (2008) sugere que as coberturas dos abrigos devam ter uma certa

inclinação em direção oposta às margens das calçadas, evitando assim o escoamento

da água da chuva sobre os usuários. Para a cobertura dos abrigos, um dos materiais

mais utilizados é o PC - Policarbonato que, no sentido de Ashby e Jonhson (2010), é

um dos termoplásticos com melhores propriedades mecânicas, em seu

processamento é um material que faz uso de bastante energia comparado com os

plásticos comerciais, pode ser também reciclável se não tiver sido reforçado com outro

material.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS

De acordo com Fachin (2005), o método nada mais é do que um instrumento do

conhecimento que orienta e facilita o planejamento de um projeto. É fundamental a

utilização de métodos, ou melhor, das técnicas de coletas e de análise dos dados

pertinentes as pesquisas bibliográficas, as quais foram realizadas referente ao tema

escolhido para ser abordado nesta pesquisa. Nesta seção serão explanados os

métodos de procedimento que foram empregados para a promoção deste estudo.

Na visão de Yin (2005 apud OLIVEIRA, 2011 p. 25), o Método do estudo de caso

permite compreender os fenômenos sociais complexos, a partir de uma investigação

que visa preservar as características dos acontecimentos da vida real. Nesta pesquisa

o método de estudo de caso conduziu à realização de visitas em alguns dos abrigos

de ônibus dispostos na avenida Agamenon Magalhães, em Caruaru-PE, visando

assim, compreender a usabilidade dos elementos dos abrigos sob a ótica do público

idoso. A partir destas visitas nestes ambientes onde estão instalados os abrigos de

ônibus, foi possível identificar as principais inadequações e propor possíveis

recomendações projetuais assistivas para um melhor uso desses abrigos de ônibus

por parte do usuário longevo.

A essência da pesquisa consistiu no Método Observacional que, de acordo

com Marconi e Lakatos (2015), é uma técnica de coleta de informações que tem como

finalidade obter os mais variados aspectos dos fenômenos que pretendem ser

estudados. Para a realização desta pesquisa, foi necessário observar as diferentes

situações em que os longevos se deparavam ao fazer uso desses abrigos à espera

dos ônibus, bem como as maiores dificuldades encontradas no uso desse mobiliário

urbano.

Um outro Método de Procedimento empregado para este estudo foi o Estruturalista

que, conforme Andrade (2010), é um método que parte do concreto para o abstrato e

vice-versa, dos mais variados fenômenos, portanto, o foco foi o de analisar

individualmente alguns abrigos de ônibus, parte por parte, levando em consideração

que por essência um abrigo necessita do outro para tornar o sistema eficiente. A partir

de então, puderam ser propostas possíveis recomendações ergonômicas para uma

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melhor concepção de desenhos de abrigos de ônibus adequados e direcionados as

necessidades dos usuários idosos.

A pesquisa também se fundamenta no método Funcionalista que, segundo Marconi e

Lakatos (2003), é um método que analisa a sociedade do ponto de vista de suas

funções e de suas unidades, como um sistema único e organizado de ações. De

acordo com esse método, faz-se necessário analisar alguns abrigos de ônibus

localizados na avenida, no intuito de verificar a funcionalidade dos elementos

compositivos dos abrigos, como a cobertura, o assento, o encosto e os painéis de

informações.

A metodologia de procedimento também se alicerçou em adaptações da fase de

Análise da Tarefa e de Problematização Ergonômica, fases constantes na

Metodologia de Intervenção Ergonomizadora do Sistema Humano-Tarefa-Máquina,

proposta por Moraes (2010). Estas etapas auxiliaram o procedimento de investigação

in loco, bem como a redação descritiva dos processos analíticos deste estudo.

4.1 Descrição do Local do Estudo de Caso

O estudo de caso desta pesquisa se deu em Caruaru, situada no nordeste do Brasil,

localizada no Agreste Pernambucano e considerada a cidade mais populosa do

interior de Pernambuco. Este projeto se apresentou na Avenida Agamenon

Magalhães, considerada a principal avenida deste município, além de ser também,

uma das avenidas mais antigas e movimentadas da cidade de Caruaru-PE.

Em toda a extensão da avenida há a presença de abrigos de ônibus, porém, não são

em todas as paradas que são encontrados os abrigos. Conforme realizou-se o estudo,

foi possível constatar que em cinco (5) paradas de ônibus localizadas nos dois

sentidos, há apenas a existência de uma placa sinalizando que naquele local é uma

parada e também há placas de início e fim do espaço determinado para o transporte

coletivo. Na Figura 07, a seguir, é possível visualizar as paradas existentes dos dois

lados da via, onde no primeiro sentido, que se inicia na BR 104 até o centro da cidade,

é possível notar que existem seis (6) paradas, sendo que só em duas (2) há abrigos

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de ônibus. Já nas outras paradas só tem placas azuis e em algumas há também

placas vermelhas, sinalizando o início e o fim da parada de ônibus. No sentido do

centro da cidade até a BR 104 há sete (7) paradas, sendo que em uma (1) única

parada não existe abrigo e em outras duas (2) há dois (2) abrigos instalados e nas

outras paradas há somente um (1) único abrigo fixado, totalizando em oito (8) abrigos

localizados em toda a extensão do sentido centro da cidade até a BR 104.

Figura 07: Paradas distribuídas na Av. Agamenon Magalhães em Caruaru-PE. Destaque para os abrigos 1; 2; 3; e 4, analisados neste estudo.

Fonte: Google Maps (2017) adaptado pela autora.

A avenida Agamenon Magalhães está sendo mostrada na Figura 07 através do ícone

de localização. Os quadrados azuis indicam as paradas onde não há abrigos, havendo

apenas placas sinalizadoras. Já os quadrados vermelhos indicam as paradas de

ônibus que contém os abrigos, os quais são utilizados para aguardar o transporte

coletivo. É valido enfatizar ainda que em duas (2) das paradas presentes na avenida

constam dois (2) abrigos ao invés de um (1) abrigo.

Os abrigos analisados neste estudo estão enumerados de (1) à (4) e estão indicados

ao lado dos quadrados vermelhos (Figura 07). Os abrigos de número (1) e (2) estão

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situados nas proximidades da BR 104 e os abrigos (3) e (4) estão localizados nas

imediações do centro da cidade de Caruaru-PE.

Com relação, a escolha dos abrigos analisados neste estudo, os mesmos foram

abordados em decorrência do uso e da movimentação em torno dos abrigos 1, 2, 3 e

4, feito pelo público idoso, levando em consideração que o abrigo um (1) e dois (2)

localizados nas proximidades da BR 104 liga a cidade de Caruaru à outras cidades

vizinhas, além também da presença de pontos comerciais e de consultórios médicos

residentes nas proximidades destes abrigos, possibilitando de certa forma o tráfego

dos idosos na cidade e também para as outras cidades, deste modo acabam fazendo

com que os abrigos dessas paradas, tão frequentadas e utilizadas, fossem analisadas

neste estudo. Já os abrigos três (3) e quatro (4) estão fixados nas proximidades do

centro de compras da cidade, e esta localização decorre da necessidade dos idosos

em se deslocarem até o centro, com o intuito de realizar compras, além também de

poderem resolver algum tipo de problema referente a sua vida pessoal.

4.1.1 Descrição dos Abrigos de Ônibus

Os abrigos de ônibus instalados são todos produzidos em aço galvanizado, porém, as

medidas encontradas em um abrigo divergem das medidas encontradas nos demais,

isso se dá em virtude dos abrigos terem sido dispostos sem estudo prévio da

superfície urbana, conforme a demanda solicitada pelo órgão responsável, a empresa

fornecedora deste mobiliário na cidade analisada. Na Figura 08, a seguir, é possível

observar a estrutura dos abrigos de ônibus fixados em Caruaru-PE.

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Figura 08: Estrutura dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Em todos os abrigos de ônibus, o assento (Figura 09) possui formato retangular e é

produzido de chapa de aço de 3mm de espessura dobrada. Contudo é valido destacar

que as medidas referentes ao assento dos abrigos de ônibus analisados diferem de

um abrigo à outro abrigo.

Figura 09: Assento do abrigo de ônibus de Caruaru-PE.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Nos abrigos de ônibus existem dois painéis, o painel frontal e o lateral. O painel frontal

(Figura 10) não possui iluminação e tem medidas de 102,0cm de altura por 201,0cm

de largura e 15,0cm de profundidade, a parte posterior e lateral deste elemento é de

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aço galvanizado e a parte frontal é feita em acrílico cristal de 3mm de espessura, além

também do perfil do próprio alumínio que é utilizado para a fixação das publicidades.

Figura 10: Painel frontal do abrigo de ônibus de Caruaru-PE.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

As informações presentes nos abrigos tratam de divulgações de marcas e só é visível

na parte frontal deste painel.

Conforme o edital disponibilizado pela Destra, órgão responsável pela distribuição dos

abrigos na cidade de Caruaru-PE, as especificações técnicas presentes no projeto de

licitação não coincidem com as medidas obtidas no decorrer deste estudo. Devido a

isso, serão mostradas a seguir nas vistas (Frontal, Lateral e Superior), as medidas

que foram identificadas na maioria dos abrigos de ônibus dispostos em Caruaru-PE.

Na vista frontal do abrigo (Figura 11), é possível visualizar as medidas que foram

aferidas durante a realização do estudo.

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Figura 11: Vista frontal do abrigo.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

Há também o painel lateral (Figura 12) que fica localizado na lateral do abrigo, este

possui face frontal e posterior, sem iluminação e com medidas de 130,0cm de altura

por 81,0cm de largura e 15,0cm de profundidade e a medida total da base do painel

localizada na calçada até a parte da superfície do painel é de 198,0cm. A proteção do

painel é feita em acrílico cristal de 3mm de espessura, além do perfil de alumínio que

é utilizado para a fixação dos painéis de publicidade e das informações na face

posterior e frontal deste painel.

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Figura 12: Painel lateral do abrigo de ônibus de Caruaru-PE.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Na Figura 13, a seguir, é possível evidenciar as medidas da vista lateral que foram

encontradas no estudo através da realização das medições nos abrigos.

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Figura 13: Vista lateral do abrigo.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

Com relação a cobertura dos abrigos, a mesma é produzida com um material

comumente conhecido como policarbonato alveolar (Figura 14) e a sustentação da

coberta é toda de aço galvanizado calandrado de seção circular com diâmetro de

5,0cm, já as terças de sustentação da cobertura também são de aço galvanizado de

seção circular com diâmetro de 5,0cm.

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Figura 14: Cobertura de policarbonato dos abrigos de Caruaru-PE.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Para a fixação da cobertura, é utilizado perfil de alumínio, já a sustentação é dada

através das duas colunas presentes nas laterais do mobiliário, que são produzidas em

aço galvanizado de seção circular com diâmetro de 11,0cm. A seguir na Figura 15,

apresentamos a vista superior, a qual evidencia as dimensões encontradas no estudo

através da realização das medições nos abrigos dispostos.

Figura 15: Vista superior do abrigo.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

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Devemos ressaltar que, durante a realização do estudo, foi verificado que as medidas

encontradas na vista frontal, lateral e superior divergem das dimensões do projeto

idealizado pela Destra (2011). Deste modo, se faz notório dizer que o projeto presente

no edital de licitação da Destra (2011) não representa o abrigo de ônibus real instalado

na avenida analisada. As diferenças de medidas que foram encontradas chegam a

alcançar medições muito acima da indicada no projeto de licitação destes mobiliários

urbanos, além do mais, ao comparar as distâncias que foram encontradas foi

verificado que variam de 4,5cm até 55,0cm as medidas do projeto e do real disposto.

A pintura e o acabamento dos abrigos é feita através da utilização de esmalte sintético

alquídico, nas cores cinza e vermelho, determinadas pela prefeitura e pela autarquia

de trânsito da cidade estudada aos ganhadores da licitação que fica imposta a

manutenção destes mobiliários.

Para a instalação do abrigo na calçada são utilizadas duas aletas de chumbamento,

com medições de 15x15cm com 1,0cm de espessura, soldadas para permitir uma

adequada fixação do abrigo ao solo (Figura 16).

Figura 16: Fixação do abrigo em uma calçada da Av. Agamenon Magalhães.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Há também um outro elemento (Figura 17) que faz parte da composição do abrigo que

é utilizado para a fixação de panfletos e de notícias pertinentes à serviços prestados

na cidade, porém, esse tipo de elemento não é encontrado em todos os abrigos, as

medidas dele são de 247,0cm de altura, 52,0cm de largura e 6,0cm de profundidade.

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Figura 17: Expositor de Panfletos.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Com relação a este elemento, presente em algumas das paradas de ônibus, não há

nada correspondente a ele no edital de licitação, ou seja, no projeto detalhado dos

abrigos de ônibus. Na Figura 18, a seguir, é possível visualizar as características

dimensionais do elemento de exposição de panfletos que só há em alguns dos abrigos

que estão fixados na avenida Agamenon Magalhães em Caruaru-PE.

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Figura 18: Vista lateral, superior e frontal do elemento do abrigo.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

No projeto da Destra não há tipo algum de iluminação artificial, porém, durante a

realização das visitas nos abrigos analisados, verificou-se que alguns abrigos contam

com um tipo de iluminação artificial (Figura 19 (A e B)).

Figura 19 (A e B): Iluminação dos abrigos de ônibus de Caruaru-PE.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Foi possível visualizar também na Figura 20, a seguir, que a energia elétrica fornecida

para essas adaptações de iluminação são geradas através de um contador de energia

A B//

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que fica localizado na lateral dos abrigos e é feita por amarrações de aço, onde a

energia gerada nestes abrigos advém da energia que é distribuída pelos postes de

iluminação pública, que são fixados nas proximidades dos abrigos de ônibus. Na

imagem a seguir é visível um contador com alguns fios entrelaçados.

Figura 20: Contador de energia com fios entrelaçados.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Como podemos visualizar na figura acima, o contador de energia transmite a energia

elétrica para a iluminação presente em alguns abrigos, porém quando instalado de

qualquer jeito sem levar em consideração o local público onde se encontra fixado,

pode vir a causar alguns tipos de transtornos, como choques, inclusive pode chegar a

levar o usuário de transporte público à morte, através de uma descarga elétrica

passada para o mobiliário chegando até ao usuário do abrigo.

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4.2 Classificação do Usuário

Neste estudo foram abordados os usuários idosos, os quais são um público que utiliza

bastante este tipo de mobiliário urbano (abrigo de ônibus) nas grandes cidades. Para

a realização desta pesquisa também foi necessário proceder uma avaliação

dimensional nos abrigos de ônibus, visando assim, verificar se as medidas

encontradas nesses equipamentos de utilidade pública atendem ou não às dimensões

antropométricas destes usuários (Figura 21), que fazem uso dos abrigos diariamente

na Avenida Agamenon Magalhães, na cidade de Caruaru-PE.

Figura 21: Usuários idosos utilizando o abrigo de ônibus na Av. Agamenon Magalhães.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

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O desenvolver deste estudo se deu através da observação de idosos com idade entre

60 e 85 anos, e possuindo características dimensionais distintas. Deste modo, pôde-

se verificar o usuário longevo realizando a atividade sentado no uso do abrigo e a

atividade em pé em torno do abrigo, em horários distintos durante o dia, e nos (4)

abrigos que são bastante movimentados e utilizados pelo público idoso, como relatado

no tópico 4.1 deste estudo, com o intuito de analisar os quatro (4) abrigos abordados

nesta pesquisa.

É valido ressaltar que essa pesquisa só considerou o usuário idoso, não considerando

outros tipos de usuários que também são bastante comuns de encontrar fazendo uso

deste equipamento urbano. Dentre esses outros usuários, há os cadeirantes, os

deficientes visuais e os auditivos entre outros, pois, para projetar mobiliários

destinados à esses outros usuários seria necessário desenvolver projetos providos de

demandas direcionadas e advindas de suas limitações distintas.

4.2.1 Descrição das Atividades Analisadas

As análises presentes nesta pesquisa foram realizadas com o apoio do levantamento

registrado através de fotografias capturadas no exato momento em que os usuários

idosos se encontravam fazendo uso dos abrigos de ônibus à espera do transporte

coletivo.

Este estudo teve como objetivo analisar se a usabilidade dos quatro abrigos de ônibus

selecionados atende às necessidades e demandas que são típicas dos longevos em

decorrência das possíveis limitações advindas do envelhecimento. A seguir, serão

relatadas as atividades que foram realizadas naturalmente pelos idosos para a

promoção deste estudo.

Foram selecionadas 2 atividades realizadas pelos longevos. A primeira atividade

analisa os idosos de pé, em frente aos abrigos de ônibus, à espera do transporte

coletivo. Na Figura 22, a seguir, é possível visualizar um longevo de pé em frente a

um dos abrigos de ônibus analisados.

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Figura 22: Usuário idoso em pé na frente do abrigo.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

A segunda atividade analisa os idosos sentados no assento dos abrigos selecionados

para estudo de caso. Na Figura 23, a seguir, é possível visualizar um longevo sentado

em frente ao abrigo de ônibus.

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Figura 23: Usuária idosa sentada no assento do abrigo.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

As fotografias foram realizadas durante o dia em horários alternados. As imagens são

resultantes de possíveis flagras que foram identificados sem a abordagem ao usuário

idoso. Teve-se como intuito observar como o usuário longevo naturalmente se porta

ao utilizar este tipo de mobiliário urbano na cidade de Caruaru-PE. Com essas

imagens foi possível enriquecer esse estudo e visar a real necessidade que se têm

em projetar mobiliários urbanos levando em consideração o público idoso.

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5 RESULTADOS

Através da metodologia abordada nesta pesquisa, foi viável chegar a alguns

resultados acerca dos equipamentos urbanos analisados. Nesta seção, serão

explanadas a apresentação e a discussão dos resultados obtidos durante toda a

análise realizada nos quatro (4) abrigos abordados para a efetivação deste estudo. As

análises aqui descritas foram realizadas a partir de usabilidade dos elementos dos

abrigos de ônibus e das proporções dos idosos que fazem uso deste, a partir de fotos

pertinentes a essa relação de usabilidade. A primeira análise foi realizada no abrigo 1

e, consequentemente, nos próximos abrigos 2, 3 e 4, para assim, chegarmos a uma

conclusão desta relação de usabilidade entre os longevos e os abrigos de ônibus.

Conforme exposto no tópico 3.2 (pág. 42), Freitas (2008) sugere que os abrigos

tenham 2,10m de altura e 1,50m de profundidade e 1,50m de largura, podendo assim

serem utilizadas outras medidas maiores ou menores à depender das medidas dos

passeios públicos e do fluxo de pessoas em torno do abrigo. No entanto, o autor ainda

enfatiza que os abrigos podem ser maiores ou menores, a depender do tamanho da

calçada e do fluxo de pessoas que se locomovem ou fazem uso dos abrigos. Na

análise da medida total da estrutura do mobiliário (abrigo de ônibus) deste estudo de

caso, originário da cidade estudada, foi verificado que as dimensões são divergentes

do projeto licitatório. Porém esse estudo focou na avaliação do projeto executado e

observou que a altura do abrigo real se encontra 60cm mais alto. A profundidade

indicada por Freitas (2008) foi de 30cm superior à medida recomendada, já a largura

foi de 1,60m a mais do que o autor indica como sendo as medidas ideais para um

abrigo de ônibus. Porém o autor ressalva que a depender da medida do passeio e do

espaço utilizado para o fluxo de pessoas, a medida do abrigo pode ser maior ou

menor.

No painel lateral e frontal instalados nos abrigos distribuídos pela avenida há ausência

de informações pertinentes aos horários, as rotas e as linhas dos transportes coletivos

que transitam por esses abrigos, o que existem são propagandas de lojas e de marcas

(Figura 24) atuantes na cidade que solicitam a prefeitura para expor as suas

informações nos abrigos da cidade de Caruaru-PE.

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Figura 24: Propagandas de lojas e de marcas presentes no painel frontal e lateral.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Estas ações de publicidade e de marketing que estão presentes nos painéis acabam

dificultando a vida dos usuários idosos, que muitas vezes se encontram sem ter uma

orientação de informações pertinentes aos transportes coletivos que passam em um

determinado abrigo.

Com relação ao encosto, foi visto que o painel frontal é utilizado como sendo encosto

pela população, e, em decorrência disto, é importantíssimo analisar a altura entre a

superfície do assento até o início do painel frontal, com a finalidade de verificar se a

altura medida se encontra adequada conforme o que Iida (2005) indica.

Com o uso, a pintura do assento (Figura 25) dos abrigos de ônibus vai se

desgastando, deixando a aparência estética do produto um pouco desagradável. Já

com relação a manutenção dos assentos e dos outros elementos, não é realizada, o

que é feita é uma demão de tinta sob o aço referente a cor da campanha do atual

gestor, dando uma outra aparência ao equipamento.

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Figura 25: Assento desgastado devido ao uso.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Como podemos visualizar na figura acima, foi dada uma demão de tinta na cor

vermelha e posteriormente foi permitida uma demão de tinta na cor cinza, com isso,

dá para distinguir o material utilizado na fabricação do abrigo vindo à tona na superfície

do assento, em consequência do uso pela população em geral.

Durante o dia, a depender da posição onde foi realizada a instalação do abrigo, é

provável encontrar toda a estrutura do abrigo quente e também, consequentemente

os assentos vão estar aquecidos (Figura 26), aquecimento esse gerado pela condição

climática vigente, assim como do material que é utilizado na fabricação destes

mobiliários, e também dos assentos. No período noturno, há a diminuição da

temperatura e há também o resfriamento do clima na cidade e, consequentemente,

do equipamento urbano.

Figura 26: Abrigo posicionado em frente ao sol.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

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Na análise desta pesquisa foi possível verificar que, durante o dia, a depender do

horário, esses assentos não são utilizados pelos idosos e por qualquer que seja o

público, uma vez que são encontrados quentes demais para se fazerem uso, por isso

é habitual ver vários longevos se posicionando em pé na frente do abrigo à espera do

transporte coletivo.

Figura 27: Idoso na sombra de um poste, se protegendo do sol, próximo do abrigo.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Na Figura 27, acima, é possível ver que um idoso se posiciona por trás de um poste

de iluminação pública, à sombra, e não se senta no assento devido, o mesmo ser

encontrado quente durante o período vespertino para ser utilizado.

Em um outro abrigo, na Figura 28 a seguir, foi possível perceber também, que durante

à tarde o sol bate em toda a estrutura deste abrigo, e consequentemente no assento

e no encosto. Com isso, é normal ver que as pessoas, para se protegerem do sol, se

posicionam por trás do abrigo, devido a temperatura do assento ser considerada muito

quente para ser utilizado pelos usuários que utilizam diariamente os abrigos na cidade

analisada.

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Figura 28: Pessoas se protegendo do sol, por trás do abrigo de ônibus.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Em alguns abrigos existem lixeiras que são disponibilizadas pela prefeitura da cidade

(Figura 29). Porém, essas lixeiras são fixadas próximo dos abrigos, em lugar aleatório,

sem ter uma ordem de onde devem ser colocadas, além também de serem fixadas

em locais considerados impróprios, dificultando a locomoção das pessoas que

transitam nas proximidades do abrigo.

Figura 29: Lixeira presente neste abrigo de ônibus.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

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Conforme o edital da Destra, os abrigos de ônibus foram introduzidos na cidade de

Caruaru no ano de 2011. Deste modo, nesta época já existiam algumas calçadas

projetadas na avenida, porém, algumas destas calçadas tiveram de ser quebradas

para a fixação dos novos abrigos no ambiente considerado o ponto de parada. Com o

estudo, foi possível perceber que muitos dos abrigos se encontram instalados de

forma inadequada, mais elevado de um lado do que do outro.

Figura 30: Fixação do abrigo e desnível de calçada.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

É notório perceber que em pleno século XXI, é possível encontrar calçadas em

péssimas condições de se transitar, totalmente desniveladas, dificultando assim, a

locomoção de todos, inclusive dos usuários idosos. Na Figura 30, acima, foi possível

observar o piso totalmente desnivelado de uma calçada localizada na avenida

Agamenon Magalhães e pode-se ver também que a fixação foi feita de forma

inadequada neste abrigo, caracterizando um abrigo mais elevado de um lado e do

outro menos elevado, devido a essas condições desfavoráveis de ambiente.

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5.1 Análise do Abrigo 1

Na análise dos elementos Assento e Encosto do Abrigo 1 abordado, foi possível

compreender que estas partes apresentam medidas diferentes das que são

recomendadas por Iida (2005) e por Panero e Zelnik (2013).

No que se refere à largura do assento, Panero e Zelnik (2013) indicam 49,0cm, medida

essa referente ao 95 Percentil das mulheres, porém o abrigo não conta com assentos

individuais e sim com um único assento de 2,00m, valor este que, se dividido para

quatro pessoas, totalizará em 50,0cm por pessoa. Já para Iida (2005), a medida da

largura do assento é de 40,0cm, no entanto a medida encontrada no assento deste

abrigo foi de 2,00m, valor este que, na hipótese de dividir também para quatro pessoas

totalizará em 50,0cm para cada usuário, a medida da largura deste assento ainda

pode ser dividido para cinco pessoas. Em conformidade com as medidas dos dois

autores citados consideradas ideais, é válido dizer que a largura deste assento se

encontra adequada.

Para Panero e Zelnik (2013), a medida proposta para a profundidade do assento é de

43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada neste abrigo foi de 38,0cm,

caracterizando assim um assento com profundidade pequena e inadequado para

qualquer que seja o usuário à utiliza-lo (tanto de alta como de baixa estatura).

Conforme Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no

mínimo 38,1cm (correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de

51,0cm (equivalente ao 95 Percentil dos homens). No entanto, para Panero e Zelnik

(2013) a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo 39,4cm

(correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de 43,2cm (equivalente

ao 95 Percentil dos homens). No Abrigo 1, a altura do piso à superfície do assento é

de 52,0cm, porém essa medida encontrada é considerada elevada em relação à

medida máxima recomendada tanto por Iida (2005) quanto por Panero e Zelnik (2013).

Deste modo, é valido ressaltar que a altura identificada neste abrigo, desconsidera

não só o menor usuário, mais também o maior usuário.

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71

Já com relação ao encosto, Iida (2005) indica que esta medida deve ser de 15,0cm à

20,0cm, medida essa que se inicia na superfície do assento e vai até a parte inicial do

painel frontal do abrigo (que é utilizada como encosto por todos os usuários), a medida

encontrada foi de 34,5cm. Este valor é 14,5cm maior do que a medida máxima

indicado por Iida (2005).

Quadro 05: Análise do assento e do encosto do Abrigo 1.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

No Quadro 05, acima, foi possível visualizar melhor a análise do assento e do encosto

do Abrigo 1, abordado neste estudo.

Como resultado da avaliação dos elementos deste abrigo, ficou notável, que no

elemento assento, a largura se encontra adequada, já a profundidade se encontra

inadequada e a altura do piso à superfície do assento também está inadequada. Com

relação, à altura da superfície do assento até a parte inicial do painel frontal, essa

também encontra-se inadequada.

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 1

Iida (2005) Panero e Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento Largura

2,00m (4 pessoas), 50,0cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa 2,00m

(5 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

Adequada Adequada

Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Inadequada

Altura do piso à

superfície do assento

52,0cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm - 43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

34,5cm 15cm - 20cm _ Inadequada

ADEQUADA INADEQUADA

EL

EM

EN

TO

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Com relação à análise do mobiliário realizada acima, na Figura 31, a seguir, é possível

visualizar um usuário idoso de estatura elevada fazendo uso do Abrigo 1 analisado na

cidade de Caruaru-PE.

Figura 31: Assento com pouca profundidade para o usuário idoso de estatura elevada.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Como podemos visualizar na figura acima, foi possível identificar que o usuário idoso

de estatura elevada está sentado no assento do Abrigo 1 analisado. Porém, é notório

que a profundidade do assento é considerada pequena e inadequada para este idoso,

considerando que o idoso possui estatura elevada. Ao fazer uso de um assento com

pequena profundidade, o longevo de alta estatura fica propício a sentir certos

incômodos, dores e até mesmo fraturas, em decorrência da falta de suporte do

assento para suportar toda a parte inferior das coxas do usuário, como é visto acima.

Também, fica claro que à altura do piso à superfície do assento também é incorreta e

considerada alta, o que acaba propiciando, de forma involuntária, a flexão da perna

do usuário de estatura elevada para trás.

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Conforme as informações citadas acima é importante dizer que o Abrigo 1 se encontra

inadequado não só para o usuário de estatura elevada quanto também para o usuário

de baixa estatura. Para este abrigo, só a largura do assento se encontra adequada

para os usuários de alta e baixa estatura. Já a profundidade do assento, a altura do

piso a superfície do assento e a altura da superfície do assento até a parte inicial do

encosto se encontram inadequados para os usuários idosos de alta e de baixa

estatura. Com isso, é fundamental que sejam melhores avaliadas as medidas

referentes a profundidade do assento, a altura do piso à superfície do assento e a

altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto, com o intuito de projetar

abrigos de ônibus voltados para os idosos que possuem alta ou baixa estatura.

É importante realçar que o Abrigo 1 pode ser utilizado por até 5 pessoas, em virtude

da largura encontrada neste abrigo que foi de 2,00m, porém, durante o decorrer das

análises dos próximos três abrigos, só será levado em consideração a largura

direcionada para quatro pessoas, devido os outros abrigos não terem medidas para

abrigar mais um usuário.

5.2 Análise do Abrigo 2

Na análise do assento e do encosto dos abrigos de ônibus, foi possível observar que

os elementos do Abrigo 2 analisado também possuem medidas diferentes das

sugeridas por Iida (2005) e por Panero e Zelnik (2013).

No que se refere à largura do assento, Panero e Zelnik (2013) indicam 49,0cm, medida

essa referente ao 95 Percentil das mulheres, porém o Abrigo 2, como nos outros

abrigos, não conta com assentos individuais e sim com um único assento de 1,89m,

valor este que pode ser dividido para quatro pessoas e totalizará em 47,2cm por

pessoa. No que tange à largura do assento, Iida (2005) indica a medida de 40,0cm,

no entanto, a medida total do assento deste abrigo foi de 1,89m, valor este que, na

hipótese de dividir também para quatro pessoas, totalizará em 47,2cm para cada

pessoa. De acordo com as medida encontradas, é válido dizer que a largura está

abaixo do que é recomendado por Panero e Zelnik (2013) e é considerada ideal por

Iida (2005).

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Para Panero e Zelnik (2013), a medida ideal de profundidade de um assento é de

43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada neste Abrigo 2 foi de 45,0cm,

caracterizando assim, em um assento dentro da medida recomendada, podendo ser

utilizado por qualquer que seja o usuário, tanto de baixa quanto de alta estatura.

Segundo Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de, no

mínimo, 38,1cm (correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de

51,0cm (correspondente ao 95 Percentil dos homens). Neste Abrigo 2, a altura do piso

à superfície do assento foi de 58,0cm, porém essa medida encontrada é 7cm maior

que a medida máxima recomendada por Iida (2005). Na opinião de Panero e Zelnik

(2013) a altura do piso à superfície do assento deveria ser de 39,4cm (correspondente

ao 5 Percentil das mulheres), até 43,2cm (equivalente ao 95 Percentil dos homens).

No Abrigo 2, a altura do piso à superfície do assento foi de 58,0cm, porém essa medida

encontrada é considerada 14,8cm maior do que o máximo indicado por Panero e

Zelnik (2013). Deste modo, é valido ressaltar que a altura do piso à superfície do

assento identificada no Abrigo 2, desconsidera não só o menor usuário, mas também

o maior usuário, conforme Iida (2005) e Panero e Zelnik (2013).

No que diz respeito ao encosto, Iida (2005) indica que a altura do assento até a parte

inicial do encosto seja de 15,0cm à 20,0cm. Porém a medida encontrada foi de

28,0cm, esta medida é 8,0cm maior do que é indicado por Iida (2005) para um encosto

adequado.

No Quadro 06, a seguir, é possível visualizar melhor a análise do assento e do encosto

do Abrigo 2, abordado nesta pesquisa.

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75

Quadro 06: Análise do assento e do encosto do Abrigo 2.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

Como resultado da avaliação dos elementos deste abrigo, ficou evidenciado, que no

elemento assento, a largura se encontra adequada conforme o que Iida (2005)

recomenda e se encontra inadequada segundo o que Panero e Zelnik (2013) indicam

como sendo a largura ideal para um indivíduo, nota-se também que a profundidade

do assento e a altura do piso à superfície do assento são inadequadas. Já no elemento

encosto, a altura da superfície do assento até a parte inicial do painel frontal é

inadequada.

Como observado acima na análise do mobiliário, a seguir na Figura 32 - A e B, é

possível visualizar um usuário idoso de baixa estatura fazendo uso do Abrigo 2 na

cidade de Caruaru-PE.

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 1

1 Iida (2005)

2 Panero e

Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento Largura

1,89m (4 pessoas), 47,2cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

1-Adequada

2-Inadequada

Profundidade 45,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Adequada

Altura do piso à

superfície do assento

58,0cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm - 43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

28,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada

ADEQUADA INADEQUADA

EL

EM

EN

TO

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Figura 32 - A e B: Assento considerado alto para o usuário idoso de baixa estatura.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Como podemos visualizar na imagem acima, é de fácil percepção que o idoso ao se

acomodar no assento, fica com os pés suspensos, devido o assento ser muito alto em

relação ao piso, e ao sentar, os vasos sanguíneos da parte posterior da coxa e da

região poplítea do idoso pode vir a sofrer uma certa compressão, podendo assim, esse

ato gerar possíveis sensações de formigamentos, dores nas regiões dos membros

inferiores, inchaços, além também de problemas de circulação e de varizes. É possível

visualizar também que o idoso não encosta no painel caracterizado como sendo o

encosto do abrigo, podendo esta postura chegar a prejudicar a coluna lombar devido

o usuário não apoiar-se no encosto. Como o assento é alto demais para este usuário

ao levantar-se o mesmo pode chegar a se desequilibrar e até mesmo cair, por não

existir nenhum tipo de apoio que o auxilie ao levantar, chegando a causar possíveis

traumas, tanto físico, quanto psicológicos aos longevos ao fazer uso deste mobiliário

urbano implantado em uma altura incorreta.

Como resultado desta análise, percebeu-se que a largura deste assento se encontra

adequada para os usuários de baixa e de alta estatura, a profundidade do assento se

encontra também dentro da medida recomendada. Já, a altura do piso à superfície do

assento e a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto se encontram

inadequados para os usuários idosos de alta e de baixa estatura. Com isso, é

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significativo dizer que as medidas referentes à altura do piso à superfície do assento

e a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto devem ser melhor

avaliada para que possam ser utilizada corretamente por idosos de alta estatura e de

baixa estatura.

5.3 Análise do Abrigo 3

Na análise dos elementos do Abrigo 3, foi possível notar que as medidas encontradas

no assento e no encosto também diferem das medidas apresentadas por Iida (2005)

e por Panero e Zelnik (2013).

Com relação à largura do assento, Panero e Zelnik (2013) indicam 49,0cm de largura

para cada indivíduo, esta medida é alusiva aos 95 Percentil das mulheres. Porém, no

Abrigo 3, assim como nos outros abrigos, o mesmo não conta com assentos

individuais e sim com um único assento de 1,88m, valor este que pode ser dividido

para quatro pessoas, resultando em 47,0cm por pessoa. Porém, no que diz respeito

à largura do assento indicado por Iida (2005) a medida é de 40,0cm, no entanto, a

medida total do assento deste abrigo foi de 1,88m, valor este que, na hipótese de

dividir para quatro pessoas, totalizará em 47,0cm para cada pessoa. Conforme as

medidas encontradas referente a largura do assento, é válido dizer que a largura de

um único assento está 2,0cm abaixo do que é estabelecido por Panero e Zelnik (2013),

caracterizando em uma largura inadequada. Já, para Iida (2005), a medida encontrada

é de 7,0cm a mais em cada largura e se encontra dentro do que é recomendado pelo

autor, sobrando um espaço considerável de 28,0cm em toda a largura do assento do

Abrigo 3.

Para Panero e Zelnik (2013), a medida indicada para a profundidade de um assento

é de 43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada neste abrigo foi de 38,0cm,

caracterizando, assim, um assento com profundidade pequena e inadequado para

qualquer que seja o usuário (tanto de alta como de baixa estatura), configurando-se

com uma medida de 5,2cm abaixo do tamanho ideal recomendado pelos autores.

Segundo Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo

38,1cm (correspondente ao 5 Percentil das mulheres), até o máximo de 51,0cm

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(correspondente ao 95 Percentil dos homens). Já Panero e Zelnik (2013), relatam que

a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo 39,4cm

(correspondente ao 5 Percentil das mulheres), chegando até os 43,2cm (equivalente

ao 95 Percentil dos homens). Neste Abrigo 3 analisado, a altura do piso à superfície

do assento foi de 53,0cm, porém essa medida encontrada é 2,0cm maior do que a

medida máxima sugerida por Iida (2005) e é vista 9,8cm maior do que o máximo

proposto por Panero e Zelnik (2013). Deste modo, é valido ressaltar que a altura

identificada neste assento, se encontra inadequada, não só ao menor usuário, mas

também ao maior usuário, conforme o que Iida (2005) e Panero e Zelnik (2013).

Iida (2005) indica que a altura do assento até a parte inicial do encosto seja de 15 à

20 cm, porém a medida encontrada foi de 35,0cm, esta medida é 15,0cm maior do

que o máximo apontado pelo autor, configurando assim, em uma medida inadequada

para a altura de um encosto. No Quadro 07, a seguir, é possível observar melhor a

análise do assento e do encosto do Abrigo 3, investigado neste estudo.

Quadro 07: Análise do assento e do encosto do Abrigo 3.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

Como resultado da avaliação dos elementos presente neste abrigo, ficou esclarecido,

que no elemento assento, a largura encontrada se encontra adequada segundo Iida

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 1

1 Iida (2005)

2 Panero e

Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento Largura

1,88m (4 pessoas), 47,0cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

1-Adequada

2-Inadequada

Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Inadequada

Altura do piso à superfície do

assento

53,0cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm -43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel frontal

(encosto)

35,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada

ADEQUADA INADEQUADA

EL

EM

EN

TO

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(2005) recomenda e se encontra inadequada conforme o que Panero e Zelnik (2013)

indicam como sendo a largura ideal para um ser humano. Constata-se também que a

profundidade do assento, a altura do piso à superfície do assento e a altura da

superfície do assento até a parte inicial do painel frontal, encontram-se com as

medidas encontradas inadequadas ao uso humano.

Na Figura 33, é possível constatar que a usuária idosa de baixa estatura está sentada,

porém é visível notar que o limite da profundidade do assento e a altura do piso à

superfície do assento são consideradas inadequadas para esta usuária de baixa

estatura.

Figura 33: Assento alto e de pouca profundidade para a usuária idosa de baixa estatura.

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Já no que diz respeito à acomodação desta usuária idosa neste abrigo é pertinente

dizer, que a altura do piso à superfície do assento se encontra inadequada para ela,

pois a mesma, não consegue apoiar os pés no chão e ainda cruza os membros

inferiores e fica com as pernas balançando em virtude da altura do assento ser

elevada. É possível verificar que a profundidade do assento se encontra inadequada

para esta idosa, pois a parte posterior da coxa e da região poplítea sofrem uma certa

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compressão, podendo assim, chegar a gerar sensações de dores, formigamentos,

inchaço, além também de problemas relacionados à circulação sanguínea e varizes.

Como o assento é elevado demais para esta usuária idosa, é notório que ao se

levantar, a mesma pode se desequilibrar e até cair, chegando esta ação à causar

possíveis traumas físicos e psicológicos ao fazer uso de um assento em uma altura

considerada inadequada.

Como resultado desta análise, notou-se que a largura deste assento se encontra

adequada de acordo com o que Iida (2005) recomenda e se encontra inadequada

segundo o que Panero e Zelnik (2013), já a profundidade, a altura do piso a superfície

do assento se encontram inadequadas para os idosos de alta e de baixa estatura. A

altura da superfície do assento até a parte inicial do painel, caracterizado como

encosto se encontra inadequado para os usuários idosos de alta e de baixa estatura.

Com isso, é significativo dizer que as medidas referentes a largura, segundo Panero

e Zelnik (2013), a profundidade do assento, à altura do piso à superfície do assento e

a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto devem ser melhores

avaliados para que possam ser pensados e produzidos levando em consideração os

longevos de baixa e de alta estatura.

5.4 Análise do Abrigo 4

Na análise do elemento assento e do encosto do Abrigo 4, foi possível notar que as

medidas descobertas também diferem das medidas indicadas por Iida (2005) e por

Panero e Zelnik (2013).

Devemos lembrar que, no que se refere à largura do assento, Panero e Zelnik (2013)

indicam 49,0cm, medida essa referente ao 95 Percentil das mulheres, porém o Abrigo

4, assim como os outros abrigos, não conta com assentos individuais e sim com um

único assento de 1,99m, valor este que pode ser dividido para quatro pessoas e

totalizará em 49,7cm por pessoa. No que diz respeito à largura do assento, Iida (2005)

indica a medida de 40,0cm. Conforme as medidas encontradas, é válido ressaltar que

a largura está adequada e em conformidade com o que é recomendado tanto por Iida

(2005) como por Panero e Zelnik (2013).

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De acordo com Panero e Zelnik (2013), a medida ideal de profundidade de um assento

é de 43,2cm a 54,9cm, porém, a medida encontrada no Abrigo 4, foi de 38,0cm,

configurando assim, em uma medida de 5,2cm menor do que é recomendado como

sendo ideal para a profundidade de um assento.

Para Iida (2005), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de no mínimo

38,1cm (5 Percentil das mulheres), até o máximo de 51,0cm (95 Percentil dos

homens). No Abrigo 4, a altura do piso à superfície do assento foi de 51,5cm, porém

essa medida encontrada é 0,5cm a mais da medida tida como sendo a máxima

indicada por Iida (2005). Deste modo, essa altura identificada neste abrigo

desconsidera um pouco o menor usuário e também ignora um pouco o maior usuário.

Para Panero e Zelnik (2013), a altura do piso à superfície do assento deveria ser de

no mínimo 39,4cm (5 Percentil das mulheres), chegando até os 43,2cm (95 Percentil

dos homens). Neste abrigo analisado, a altura do piso à superfície do assento foi de

51,5cm, porém essa medida encontrada é considerada 8,3cm maior do que a medida

máxima sugerido por Panero e Zelnik (2013), com o acréscimo do calçado. Desta

maneira, é válido ressaltar que a altura do piso à superfície identificada neste Abrigo

4, encontra-se inadequada e desconsidera não só o menor usuário, mas também o

maior usuário, conforme Iida (2005) e Panero e Zelnik (2013).

Iida (2005) indica que a altura do assento até a parte inicial do encosto seja de 15,0cm

à 20,0cm. Porém a medida encontrada foi de 34,0cm, medida considerada 14,0cm

maior do que o máximo proposto pelo autor.

No Quadro 08, a seguir, é possível observar o que foi narrado acima sobre a análise

do assento e do encosto do Abrigo 4, tratado nesta pesquisa.

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Quadro 08: Análise do assento e do encosto do abrigo 4.

Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

Como resultado da avaliação dos elementos deste abrigo, ficou evidenciado que no

elemento assento, a largura se encontra adequada conforme o que Iida (2005) e

Panero e Zelnik (2013) recomendam. Já, a profundidade e a altura do piso à superfície

do assento foram encontradas inadequadas. A altura da superfície do assento até a

parte inicial do painel frontal também foi encontrada inadequada.

Neste abrigo, foi possível perceber que a usuária idosa de baixa estatura (Figura 34 -

A e B) não se acomoda direito no assento do abrigo, deixando os membros inferiores

suspensos e sem conseguir fixar os pés no chão devido à altura do assento ser

elevada demais para o seu tamanho.

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 1

Iida (2005) Panero e Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento Largura

1,99m (4 pessoas), 49,7cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

Adequada Adequada

Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Inadequada

Altura do piso à

superfície do assento

51,5cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm -43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

34,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada

ADEQUADA INADEQUADA

EL

EM

EN

TO

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83

Figura 34 - A e B: Assento alto para usuárias idosas de baixa estatura.

/

Fonte: Capturado pela autora para a pesquisa.

Conforme a Figura 34 - A e B acima, é possível visualizar que a primeira usuária idosa

vista nesta imagem, ao chegar no abrigo se posiciona de modo a se sentar na beira

da superfície do assento, e só depois executa uma elevação dos pés para a mesma

conseguir se sentar no assento do abrigo e conseguir também encostar-se no painel

frontal, utilizado como encosto. Na Figura 34 - B é possível visualizar que os pés de

outros longevos, que também estão sentados, ficam suspensos.

Devido o assento ser muito alto em relação ao piso, ao sentar, os vasos sanguíneos

da parte posterior da coxa e da região poplítea do idoso pode vir a sofrer uma certa

compressão, podendo assim, essa ação gerar possíveis sensações de

formigamentos, dores nas regiões dos membros inferiores, inchaços, além também

de problemas de circulação e de varizes. É possível visualizar também que a idosa de

imediato não encosta no painel caracterizado como sendo o encosto do abrigo, só

posteriormente a mesma se encosta, podendo esta postura chegar a prejudicar a

coluna lombar devido o usuário não apoiar-se no encosto. Como o assento é alto

demais para estes usuários ao levantar-se os mesmos podem chegar a se

desequilibrar e até mesmo cair, por não existir nenhum tipo de apoio que os auxiliem

ao levantar, essas ações podem gerar possíveis traumas, tanto físico, quanto

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psicológicos aos longevos ao fazer uso deste mobiliário urbano implantado em uma

altura incorreta e com o assento de pouca profundidade.

Como resultado desta análise, percebeu-se que a largura deste assento se encontra

adequada para os usuários de baixa e de alta estatura. Já a profundidade do assento

e a altura do piso à superfície do assento se encontram inadequadas, no elemento

encosto, a altura da superfície do assento até a parte inicial do mesmo, se encontra

inadequada para os usuários idosos de alta e de baixa estatura. Com isso, é

significativo dizer que as medidas referentes à altura do piso à superfície do assento

e a altura da superfície do assento até a parte inicial do encosto devem ser melhores

avaliados para que possam ser fabricados de modo a serem utilizados por longevos

de alta e de baixa estatura.

5.5 Análise dos Abrigos 1, 2, 3 e 4

As análises pertinentes aos Abrigos 1, 2, 3 e 4, poderão ser observadas no Quadro

10, a seguir, onde constam as medidas dos elementos assentos e encostos que foram

encontradas durante as análises realizadas em todos os abrigos analisados, visando

assim, chegar à possíveis conclusões das adequações e inadequações que se

encontram estes elementos.

Quadro 09: Análise do assento e do encosto do abrigo 1, 2, 3 e 4 analisados neste estudo.

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 1

Iida (2005)

Panero e Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento

Largura

2,00m (4 pessoas), 50,0cm por

pessoa 2,00m

(5 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

Adequada Adequada

Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Inadequada

Altura do piso à

superfície do assento

52,0cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm -43,2cm

Inadequada Inadequada

AB

RIG

O 1

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Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

34,5cm 15cm - 20cm _ Inadequada

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 2

1 Iida (2005)

2 Panero e

Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento Largura

1,89m (4 pessoas), 47,2cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

1-Adequada

2-Inadequada

Profundidade 45,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Adequada

Altura do piso à

superfície do assento

58,0cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm -43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

28,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica encontrada no

abrigo 3

1 Iida (2005)

2 Panero e

Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

Assento Largura

1,88m (4 pessoas), 47,0cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

1-Adequada

2-Inadequada

Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Inadequada

Altura do piso à

superfície do assento

53,0cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm -43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

35,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada

Largura Profundidade

Altura

Medida antropométrica

Iida (2005) Panero e Zelnik (2013)

Resultado da Avaliação

AB

RIG

O 2

A

BR

IGO

3

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Fonte: Elaborado pela autora para a pesquisa.

Com relação à largura dos assentos analisados nos Abrigos 1, 2, 3 e 4, é valido dizer

que a largura do Abrigo 1, se encontra adequada conforme as recomendações de Iida

(2005) e de Panero e Zelnik (2013), além de ser utilizado por (4) quatro pessoas, este

abrigo tem medida suficiente para também ser usado por (5) cinco pessoas. Já, a

largura encontrada no assento dos Abrigos 2 e 3, foram consideradas adequadas de

acordo com Iida (2005) e foram classificadas inadequadas segundo Panero e Zelnik

(2013). No Abrigo 4, a largura do assento se encontra adequada conforme as

recomendações de Panero e Zelnik (2013) e de Iida (2005). Desta forma, é relevante

projetar assentos de abrigos considerando a largura dos usuários idosos para que

cada um ocupe um determinado lugar no assento.

Para Panero e Zelnik (2013), é indicado que a profundidade do assento seja de

43,2cm a 54,9cm. Porém, a medida encontrada no assento dos abrigos 1, 3 e 4 foram

de 38,0cm, essas medidas são 5,2cm menores do que a medida mínima

recomendada. Já a medida da profundidade do assento encontrada no Abrigo 2 foi de

45,0cm, valor este considerado 9,9cm menor do máximo valor recomendado. Neste

contexto, deve-se analisar melhor a profundidade ideal para considerar uma medida

adequada, visando assim garantir conforto não só ao usuário idoso, mas também

encontrada no abrigo 4

Assento Largura

1,99m (4 pessoas), 49,7cm por

pessoa

1,60m (4 pessoas), 40,0cm por

pessoa

1,96m (4 pessoas), 49,0cm por

pessoa

Adequada Adequada

Profundidade 38,0cm _ 43,2cm - 54,9cm

Inadequada

Altura do piso à

superfície do assento

51,5cm 38,1cm - 51,0cm

39,4cm -43,2cm

Inadequada Inadequada

Encosto Altura da superfície do assento até a parte inicial do painel

frontal (encosto)

34,0cm 15cm - 20cm _ Inadequada

ADEQUADA INADEQUADA

AB

RIG

O 4

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projetar levando em consideração outros usuários que fazem uso de abrigos de

ônibus.

Para Iida (2005) a altura do piso à superfície do assento deveria estar entre 38,1cm e

51,0cm, já para Panero e Zelnik (2013) é indicado que seja de 39,4cm e 43,2 cm,

todas essas medidas já se encontram com os acréscimos pertinentes do que cada

autor recomenda. Porém, neste estudo, a altura do piso à superfície do assento dos

abrigos analisados variam conforme a instalação e a qualidade das calçadas onde os

abrigos se encontram instalados. No Abrigo 1, a medida foi de 52,0cm, no Abrigo 2 foi

de 58,0cm, já no Abrigo 3, foi de 53,0cm e no Abrigo 4, o último dos abrigos

analisados, a medida foi de 51,5cm. Todas essas medidas encontradas estão

inadequadas para promover uma boa usabilidade do assento de todos os abrigos

estudados. Desta forma, conforme os dados dissemelhantes e inadequados de todos

os abrigos, podemos afirmar que os assentos dos abrigos analisados não atendem as

dimensões de altura do piso à superfície do assento recomendado tanto por Iida

(2005) quanto por Panero e Zelnik (2013).

O painel frontal que se encontra instalado acima do assento é utilizado como encosto

pela população em geral durante a espera dos ônibus, diante da não-existência de

encostos confortáveis e adaptáveis, e, também, direcionados aos usuários dos

abrigos. Na descrição das atividades realizadas pelos voluntários, foi possível verificar

a análise do encosto que foi realizado nos Abrigos 1, 2, 3 e 4, abordados neste estudo.

Ao realizar as medições no Abrigo 1, a medida foi de 34,5cm, 14,5 a mais da medida

máxima indicada, no Abrigo 2, a medida encontrada foi de 28,0cm, medida de 8,0cm

a mais do que a máxima recomendada, no Abrigo 3, a medida foi de 35,0cm,

considerada 15,0cm a mais do que a máxima proposta e no Abrigo 4, a medida

encontrada foi de 34,0, valor este considerado 14,0cm a mais do que a máxima

sugerida. Após a verificação da altura da superfície do assento até o início do painel

(encosto), nos Abrigos 1, 2, 3 e 4, foi possível notar que são todas divergentes da

medida que é recomendada por Iida (2005) em sua literatura, que é de 15 à 20cm

considerada como sendo a distância ideal da superfície do assento até a parte inicial

do painel (encosto).

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Com esses dados pertinentes aos quatros (4) abrigos de ônibus abordados neste

estudo, é valido dizer que os Abrigos 1, 2, 3 e 4 analisados se encontram com

inadequações conforme as medidas observadas no elemento assento e encosto

desses abrigos de ônibus encontrados na cidade de Caruaru-PE e sob a ótica dos

usuários longevos.

Dentre as medidas adequadas se encontra a largura do assento do Abrigo 1, com

medida de 2,00m podendo o assento ser utilizado por 4 ou 5 pessoas ao mesmo

tempo, conforme a medida indicada por Iida (2005) que é de 40,0cm. A largura do

assento do Abrigo 4, também se encontra adequado e de acordo com o que Iida

(2005) e Panero e Zelnik (2013) recomenda. Já, a largura do assento 2 e 3 está em

conformidade com o que Iida (2005) propõe como sendo a medida ideal para a largura

do assento para cada ser humano. A profundidade do assento do Abrigo 2, também

se encontra em conformidade com o que Panero e Zelnik (2013) aconselha.

Conforme a observação realizada nos abrigos de ônibus, é valido considerar os

problemas relatados anteriormente, através do ato de observar a forma como era

utilizado os abrigos pelos usuários idosos. Com essa verificação ficou evidente que

há a necessidade de adaptar esses abrigos também ao usuário longevo.

5.6 Lista de Recomendações Ergonômicas

Através da análise nos quatros (4) abrigos selecionados para este estudo, ficou

evidente a importância que se têm de criar uma lista de recomendações ergonômicas,

que podem ser utilizadas para o desenvolvimento e para as adequações nos abrigos,

direcionando essas mudanças significativas aos usuários longevos.

Distribuir os abrigos de ônibus em todas as paradas dos transportes coletivos

da avenida analisada;

Produzir abrigos de ônibus em conformidade com a dimensão do ambiente que

é disponibilizado para a fixação do abrigo;

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Adequar os abrigos de ônibus em conformidade com a dimensão do ambiente

que foi disponibilizado para a fixação do abrigo;

Fixar os abrigos de ônibus em calçadas niveladas, com o propósito de ser

acessível à todos os usuários;

Distribuir os abrigos de ônibus sem que eles atrapalhem o fluxo das pessoas

que transitam próximo ao abrigo;

Utilizar cores que realcem a paisagem urbana da cidade e que evidenciem o

abrigo de ônibus;

Dispor de iluminação ideal para todos os abrigos de ônibus de forma, a garantir

uma maior segurança em permanecer neles durante o período noturno;

Vistoria diária e, se necessário, realizar manutenção imediata no ambiente em

que se encontra instalado os abrigos, e também nas lixeiras que ficam

presentes nas laterais dos abrigos;

Dispor do painel de informações, com informações relacionadas às rotas, às

linhas e aos horários dos transportes públicos;

Disponibilizar assentos acolchoados e com braços individuais para cada

usuário;

Propor assentos com alturas diversas para atender aos idosos de diferentes

dimensões, e consequentemente outros públicos que fazem uso deste

mobiliário urbano;

Dispor de assentos com as laterais e quinas arredondadas, evitando assim,

possíveis cortes, lesões e acidentes aos usuários;

Introduzir encostos com alturas entre 15 à 20cm, como determina Iida (2005)

ou adaptar os encostos de acordo com os usuários;

Utilizar um material liso e impermeável no assento de forma a permitir uma

limpeza adequada dos assentos individuais;

Dispor de encostos individuais produzidos com materiais que proporcionem

conforto, resistência ao uso e que seja de fácil limpeza;

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Colocar sinalização tátil no piso do ambiente onde o abrigo se encontra

instalado, facilitando o uso dos abrigos por outros públicos (deficientes

auditivos e visuais, cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida ou com

algum tipo de limitação física e psíquica);

Dispor de novos abrigos com dimensões que levem em consideração as

medidas do ambiente em que será fixado o abrigo, além também de dispor de

um mesmo modelo (formato e cor);

Fixar coberturas nos abrigos em tamanhos diferentes e de acordo com as

dimensões do ambiente e do fluxo de pessoas que o utiliza;

Dispor de assentos e de encostos produzidos com materiais que não esquente

e não seja encontrado frio, devido as intempéries climáticas da cidade.

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6 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da realização deste estudo, faz-se necessário que sejam feitas considerações

à respeito da usabilidade dos abrigos frente aos longevos brasileiros. Nesta seção,

serão explanados o fechamento de toda a pesquisa, mostrando assim, como se

concluiu o estudo, e será discutido ainda, as principais dificuldades encontradas pelos

usuários longevos na utilização deste mobiliário, a aplicação da metodologia utilizada

neste estudo, possíveis recomendações projetuais e ergonômicas e, no final, serão

discutidas as prováveis sugestões para estudos posteriores.

Em relação a toda a pesquisa bibliográfica realizada sobre os assuntos pertinentes ao

envelhecimento no Brasil, foi possível reunir todas as informações concludentes para

este estudo, informações estas referentes a figura idosa no Brasil, ao comportamento

dos longevos em ambientes públicos, as limitações físicas e psíquicas típicas e

resultantes do avanço na idade, mobiliário urbano e abrigos de ônibus.

As pesquisas estudadas sobre o envelhecimento humano no Brasil, foi de grande

utilidade e bastante importante para este estudo, onde a partir dele, foi possível relatar

as principais características dos idosos brasileiros, bem como, as suas possíveis

limitações físicas, psíquicas e sociais, além também, de como os longevos se portam

nos espaços públicos. Já as pesquisas voltadas para o mobiliário urbano, tornou-se

bastante importante para o desenrolar deste estudo, onde a partir delas foi possível

analisar um mobiliário urbano que é muito utilizado pelo povo brasileiro, nas grandes

cidades e, bem como utilizado pelos nossos longevos, que é o abrigo de ônibus. Para

isto, foram realizados estudos referentes à mobiliários urbanos, aos abrigos de ônibus

no Brasil, além disso, a estrutura, as funções e os materiais que são utilizados para a

produção destes mobiliários.

Durante o decorrer do estudo foi possível observar que o abrigo de ônibus é um

mobiliário utilizado por muitos idosos na cidade analisada. Para confirmar essa

utilização, foi necessário tirar fotografias exatamente no momento em que os mesmos

se encontravam fazendo uso destes abrigos analisados. No decorrer desta

observação, foi possível, perceber que dos dez (10) abrigos existentes na avenida

analisada, quatro (4) deles foram abordados neste estudo, e foram encontrados

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inadequados, no que tange, a largura do assento, à altura do piso até a superfície do

assento, a profundidade do assento e também a altura do assento até a parte inicial

do encosto. A partir das inadequações ergonômicas e projetuais que foram

encontradas nos abrigos analisados, ficou claro, a importância que se têm em propor

recomendações projetuais assistivas que auxiliem o uso destes abrigos de ônibus por

parte do público longevo.

Com todas as informações colhidas, foi possível alinhar os conhecimentos descritos

neste estudo com a metodologia empregada para mostrar as reais falhas projetuais e

ergonômicas que o mobiliário urbano (abrigo de ônibus) analisado proporciona aos

usuários longevos frente à sua utilização. Com base nas análises realizadas ficou

evidenciado que os abrigos de ônibus estudados possuem inadequações frente à

utilização do público idoso. Com isso, é de grande valia propor possíveis

recomendações e adequações ergonômicas e projetuais, visando assim, a adequação

e o desenvolvimento de mobiliários urbanos adequados aos usuários longevos.

6.1 Conclusões Acerca da Consideração do Idoso em Projetos

Como o processo de envelhecimento é algo inevitável, é valido considerar que ao

chegar à terceira idade, os idosos apresentam algumas limitações e incapacidades

que são delimitadas pelo avanço natural da idade. Com isso, é fundamental e de suma

importância que os projetos de equipamentos urbanos sejam produzidos levando em

consideração os usuários idosos, tendo em vista que na grande maioria dos projetos

de mobiliários urbanos, as limitações físicas e psíquicas decorrentes do

envelhecimento nos longevos não são levadas em consideração pelos projetistas e

por demais profissionais, em outras áreas afins.

Durante a análise realizada neste estudo, ficaram evidentes as dificuldades que os

longevos enfrentam ao fazer uso destes abrigos de ônibus na cidade de Caruaru - PE.

Para solucionarmos de imediato essas inadequações que se encontram presentes

nos abrigos analisados e, consequentemente, nos outros abrigos, é importante que

todos eles sejam adequados ergonomicamente para serem utilizados de forma

segura pelos idosos, ou que novos abrigos de ônibus sejam produzidos de modo a

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serem acessíveis e ergonômicos, visando assim, proporcionar conforto e bem-estar

aos idosos durante a utilização deste mobiliário urbano na cidade analisada, em

virtude dos idosos serem um público bastante negligenciado durante à produção de

mobiliários urbanos.

Neste contexto, é válido analisar melhor a profundidade e a largura do assento, a

altura do piso à superfície do assento, além também do encosto, visando assim

encontrar medidas ideais que considerem o usuário idoso, com o intuito de garantir

conforto não só ao usuário idoso, mas também projetar levando em consideração

outros usuários que fazem uso de abrigos de ônibus.

Durante este estudo, ficou perceptível os problemas referentes à utilização do abrigo

de ônibus na cidade de Caruaru-PE, porém, essas dificuldades devem ser cessadas

o mais rápido possível, pois se não forem solucionadas poderão vir a causar

transtornos ainda maiores à saúde física e psicológica dos usuários longevos.

Para considerarmos o idoso no momento de projetar mobiliários, é importante que os

mesmos possam ser ouvidos pelos projetistas e pelos designers. Tendo em vista que

é muito importante realizar entrevistas relacionadas à vida dos idosos, com a

finalidade de relatar às principais necessidades e demandas que são pertinentes dos

longevos em seu dia a dia.

Com todos esses fatores abordados, é necessário que os profissionais projetistas e

designers reflitam sobre como o usuário idoso se sente ao utilizar um equipamento

urbano que não o considera, que não é adequado para ele e que não leva em

consideração as suas reais necessidades, vontades e demandas. Com esse tipo de

exclusão deste usuário, o idoso pode se sentir excluído da sociedade e pode chegar

até a parar de utilizar o abrigo de ônibus, e, consequentemente o transporte público

da cidade, além também de se sentir impotente e incapaz de fazer algo para mudar

essas inadequações típicas dos abrigos de ônibus destinados aos espaços públicos

e de uso à todos, inclusive por longevos.

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6.2 Conclusões Acerca Do Procedimento Investigativo

A aplicação da metodologia na elaboração deste estudo foi eficiente, e foi aplicada

com bastante facilidade pela pesquisadora. Em alguns momentos da aplicação dos

procedimentos metodológicos, foi necessário que a pesquisadora tivesse um olhar

mais apurado quanto à metodologia a ser seguida.

Os autores abordados não dispõem de uma metodologia detalhada dos

procedimentos que devem ser seguidos, e, isso foi realizado através da demanda de

informações que iam surgindo pertinentes as análises realizadas.

Adaptações de etapas da metodologia de Moraes (2010) foram abordadas neste

estudo, em decorrência da importância deste método para a avaliação da Análise da

Tarefa desempenhada pelo usuário e da Problematização Ergonomizadora aplicada

ao mobiliário urbano (abrigo de ônibus) analisado neste estudo.

Conclui-se então, que as metodologias de procedimentos que foram abordadas neste

estudo foram de suma importância e colaboraram de modo concordante para a

efetivação deste estudo.

6.3 Conclusões Acerca das Recomendações Projetuais Estabelecidas

Com a finalidade de propor possíveis recomendações ergonômicas e projetuais,

visando tornar a relação dos idosos com os abrigos de ônibus adequada e em

conformidade com as atuais demandas e necessidades que são decorrentes dos

longevos, foram criadas algumas recomendações de suma importância para este

estudo e também para a sociedade idosa brasileira.

Com base nas recomendações criadas neste estudo, será possível considerar o que

foi recomendado para a elaboração de novos projetos, que visem projetar e adequar

os abrigos de ônibus conforme as necessidades dos usuários longevos. Podendo-se

assim desenvolver abrigos usuais, confortáveis, acolhedores e que dê autonomia à

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vida dos idosos, deste modo, evitando assim, possíveis acidentes ocasionados por

este mobiliário.

Desta forma, é de total importância que esses abrigos de ônibus sejam projetados

levando em consideração às necessidades e às limitações dos idosos que são

decorrentes do avançar da idade, por este motivo é significativo que os abrigos de

ônibus sejam dispostos em todas as paradas de ônibus e que atendam à alguns

parâmetros projetuais para se tornarem eficientes e usáveis à este público.

6.4 Sugestões para Estudos Posteriores

Para estudos posteriores, propõe-se que sejam realizadas análises em abrigos de

ônibus, observando outros tipos de usuários fazendo uso (crianças, cadeirantes,

deficientes visuais e auditivos ou que possuem algum tipo de limitação). É necessário

que sejam abordados outros públicos, em virtude dos usuários irem de criança à idoso,

e não serem levados em consideração durante a verificação dos abrigos de ônibus na

cidade de Caruaru-PE. É recomendável também que sejam feitas a análise da

totalidade dos abrigos de ônibus da avenida Agamenon Magalhaes em Caruaru-PE.

É valido também o desenvolvimento de projetos gráficos referentes aos horários, as

rotas e às linhas dos transportes coletivos que transitam em lugares onde são

distribuídos os abrigos. Pois, durante o estudo não foram encontrados nenhum tipo

de informação pertinentes aos horários, as rotas e as linhas dos transportes coletivos

que transitam nos determinados abrigos analisados.

Sugere-se ainda que seja elaborada uma análise ambiental do espaço público, onde

se encontram instalados os abrigos de ônibus, visando assim avaliar a iluminação, a

temperatura, o ruído, a ventilação e a aeração neste tipo de ambiente. Durante o

estudo foi verificado que em uma certa hora do dia em virtude da posição do sol, os

assentos dos abrigos da avenida analisada são encontrados quentes e não são

utilizados pelas pessoas devido o tipo de material que foi utilizado no projeto deste

abrigo. A iluminação também não é muito clara para iluminar o ambiente do abrigo no

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período noturno, no que possibilita aos usuários um sentimento de insegurança e de

possíveis assaltos que podem vim a acontecer.

Por se tratar de um mobiliário urbano que é bastante utilizado pelo povo brasileiro

longevo atualmente, e que é voltado para ser também utilizado por diversos outros

tipos de usuários, é importante considerar que sejam projetados mobiliários urbanos

cada vez mais levando em consideração todos os usuários que os utilizam diariamente

(crianças, jovens, adultos e idosos).

É recomendado que seja realizada uma análise das calçadas da avenida Agamenon

Magalhães sob a ótica do usuário idoso, em virtude das calçadas serem encontradas

em péssimas condições de se transitar com segurança e autonomia durante os

trajetos à pé por algumas das calçadas que estão presentes em algumas partes da

extensão da avenida abordada neste estudo.

Por fim, propõe-se ainda que sejam desenvolvidos projetos de mobiliários urbanos

direcionados aos usuários idosos, público este bastante negligenciado por

profissionais das mais variadas áreas. Pois há uma demanda muito alta no número

de idosos que residem e que atuam no Brasil e que estão cada vez mais necessitando

de políticas públicas direcionadas as demandas e as necessidades deste público

promissor.

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REFERÊNCIAS

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