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Agregação de Notícias Sociais, um Novo Paradigma de Webjornalismo Eduardo Rocha Monteiro Orivaldo de Lira Tavares Roberta Lima Gomes UFES UFES UFES [email protected]r [email protected]r [email protected]r Abstract This paper describes the social news aggregators pointing these applications as implementers of a new paradigm of webjournalism, presenting a brief historic of webjournalism until the Digg [Digg, 2008] appearance, at 2005 – the most famous social news agregator. Besides that, we discuss the main social aspects related, the main functionalities, a conceptual model, and the collaborative filtering incorporated in these tools. Finally, we present the ANSUFES, a social news aggregator developed at UFES Resumo Este artigo descreve os agregadores de notícias sociais apontando essas aplicações como implementadoras de um novo paradigma de webjornalismo, apresentando um breve histórico do webjornalismo até o surgimento do Digg, em 2005 - o mais famoso agregador de notícias sociais. Além disso, discutimos os principais aspectos sociais envolvidos, as principais funcionalidades, um modelo conceitual e a filtragem colaborativa incorporada nessa ferramenta. Finalmente, apresentamos o ANSUFES, um agregador de notícias sociais desenvolvido na UFES. 1. Introdução Segundo [8], o termo "Social News" (Notícias Sociais) é uma especialização do termo "Social Media" (Mídia Social) que designa mídias produzidas por usuários comuns em aplicações cujo conteúdo é essencialmente escrito pelos próprios usuários, tais como: blogs , wikis e Flickr, entre outros. Em geral, essas aplicações compartilham quatro características: (1) os usuários criam conteúdos numa variedade de tipos de mídias; (2) os usuários indicam etiquetas para o conteúdo; (3) os usuários avaliam os conteúdos ativamente através de votos, ou passivamente por simplesmente consumir conteúdos; (4) os usuários criam redes sociais, apontando outros usuários com interesses similares como contatos ou amigos. Dessa forma, podemos definir "Social News Aggregators" como aplicações de mídias sociais, onde as mídias são notícias. Em Novembro de 2004 ocorreu o lançamento do mais famoso website que se apresenta como um autêntico Agregador Social de Notícias, o Digg [2]. Além de incorporar quatro características de aplicações de Mídias Sociais, o Digg apresenta como um de seus principais recursos a filtragem colaborativa de notícias, baseada em manifestações dos usuários em relação às notícias publicadas por eles mesmos. A figura 1 apresenta um esquema de funcionamento desse recurso. Nesse esquema, as notícias são publicadas por usuários, avaliadas por outros usuários, e sua pontuação é calculada periodicamente pelo sistema, de acordo com a idade da notícia e as avaliações dos usuários. Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos 978-0-7695-3500-5/08 $25.00 © 2008 IEEE DOI 10.1109/SBSC.2008.18 12

[IEEE 2008 Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos - Brazil (2008.10.27-2008.10.29)] 2008 Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos - Agregação de Notícias Sociais,

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Agregação de Notícias Sociais, um Novo Paradigma de Webjornalismo

Eduardo Rocha Monteiro Orivaldo de Lira Tavares Roberta Lima Gomes UFES UFES UFES

[email protected] [email protected] [email protected]

Abstract This paper describes the social news aggregators pointing these applications as

implementers of a new paradigm of webjournalism, presenting a brief historic of webjournalism until the Digg [Digg, 2008] appearance, at 2005 – the most famous social news agregator. Besides that, we discuss the main social aspects related, the main functionalities, a conceptual model, and the collaborative filtering incorporated in these tools. Finally, we present the ANSUFES, a social news aggregator developed at UFES

Resumo Este artigo descreve os agregadores de notícias sociais apontando essas aplicações como

implementadoras de um novo paradigma de webjornalismo, apresentando um breve histórico do webjornalismo até o surgimento do Digg, em 2005 - o mais famoso agregador de notícias sociais. Além disso, discutimos os principais aspectos sociais envolvidos, as principais funcionalidades, um modelo conceitual e a filtragem colaborativa incorporada nessa ferramenta. Finalmente, apresentamos o ANSUFES, um agregador de notícias sociais desenvolvido na UFES. 1. Introdução

Segundo [8], o termo "Social News" (Notícias Sociais) é uma especialização do termo "Social Media" (Mídia Social) que designa mídias produzidas por usuários comuns em aplicações cujo conteúdo é essencialmente escrito pelos próprios usuários, tais como: blogs, wikis e Flickr, entre outros. Em geral, essas aplicações compartilham quatro características: (1) os usuários criam conteúdos numa variedade de tipos de mídias; (2) os usuários indicam etiquetas para o conteúdo; (3) os usuários avaliam os conteúdos ativamente através de votos, ou passivamente por simplesmente consumir conteúdos; (4) os usuários criam redes sociais, apontando outros usuários com interesses similares como contatos ou amigos. Dessa forma, podemos definir "Social News Aggregators" como aplicações de mídias sociais, onde as mídias são notícias.

Em Novembro de 2004 ocorreu o lançamento do mais famoso website que se apresenta como um autêntico Agregador Social de Notícias, o Digg [2]. Além de incorporar quatro características de aplicações de Mídias Sociais, o Digg apresenta como um de seus principais recursos a filtragem colaborativa de notícias, baseada em manifestações dos usuários em relação às notícias publicadas por eles mesmos.

A figura 1 apresenta um esquema de funcionamento desse recurso. Nesse esquema, as notícias são publicadas por usuários, avaliadas por outros usuários, e sua pontuação é calculada periodicamente pelo sistema, de acordo com a idade da notícia e as avaliações dos usuários.

Simpósio Brasileiro de Sistemas Colaborativos

978-0-7695-3500-5/08 $25.00 © 2008 IEEE

DOI 10.1109/SBSC.2008.18

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Figura 1. Esquema da Filtragem Colaborativa no Digg

Essa filtragem colaborativa permite, entre outras coisas, que na página inicial do website apareçam as notícias com as maiores probabilidades de um usuário achar interessante. A figura 2 mostra a página inicial do Digg em 29 de maio de 2008, às 21:05 (horário de Brasília). Se preferir, o usuário também pode configurar sua página inicial de modo que apareçam as notícias em ordem de data de publicação, sem considerar suas pontuações.

Figura 2. Página inicial do Digg

Além disso, o Digg permite que os usuários indiquem outros usuários como contatos e reserva uma página personalizada no website para cada usuário, onde são exibidas

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somente as notícias que foram publicadas, avaliadas e/ou lidas pelos contatos indicados, conforme esquema apresentado na Figura 3. Esse recurso tem importância cientificamente comprovada, conforme Lerman publica em [7], evidenciando que os usuários tendem a se interessar mais pelas notícias que também interessam aos seus amigos ou conhecidos.

Figura 3. Esquema de filtragem social dos Agregadores de Notícias Sociais

As funções do Digg apresentadas até aqui caracterizam um Agregador de Notícias Sociais. Uma vez que o Digg foi pioneiro nesse modelo de webjornalismo, alguns autores chamam os sistemas Agregadores de Notícias Sociais de Digg Clones.

Outro agregador que merece ser destacado é o Reddit [17]. O Reddit possui uma diferença em relação ao Digg. O usuário do Reddit pode avaliar uma notícia de duas formas – positivas ou negativas. As notícias que obtenham maior saldo de avaliações (o total de positivas menos o total de negativas) têm maior destaque na página inicial, enquanto aquelas que obtenham muitas avalições falsas e muitas avaliações negativas entram em uma página destinada às notícias mais polêmicas.

A contribuição do presente artigo consiste em contextualizar o nascimento dos Agredadores de Notícias Sociais (Social News Aggregators) no âmbito jornalístico; apontar os motivos pelos quais essas ferramentas foram tão bem aceitas pelos leitores e formalizar os principais aspectos de sua construção, apontando suas funções, desenhando o seu modelo conceitual e discutindo sua filtragem colaborativa.

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As próximas seções deste artigo são as seguintes: a seção 2 contextualiza o surgimento dos ANS no âmbito jornalístico; a seção 3 apresenta os aspectos sociais envolvidos nos "Social News Aggregators"; a seção 4 descreve uma lista de requisitos funcionais para os ANS; a seção 5 propõe um modelo conceitual para os ANS; a seção 6 discute a filtragem colaborativa; a seção 7 apresenta o ANSUFES [13], uma ferramenta desenvolvida de acordo com as idéias propostas nas seções anteriores e a seção 8 apresenta algumas considerações finais. 2. História dos Agregadores de Notícias Sociais

O surgimento dos computadores causou três revoluções no âmbito das comunicações em um período de pouco mais de dez anos: 1) a editoração eletrônica substituiu todo o processo de design gráfico que outrora era realizado, com poucas modificações, desde a invenção da tipografia móvel por Gutenberg; 2) o vídeo digital substituiu as câmeras de tubo e o processo de edição usando fitas magnéticas e gerações [Radfahrer, 2008]; 3) a internet invadiu o jornalismo de forma avassaladora.

Com a difusão da internet, a partir da década de 90, tivemos o surgimento do chamado webjornalismo, que é o jornalismo usando a web como suporte tecnológico. "Durante anos de existência, os veículos noticiosos para a web, ou webjornais, passaram por pelo menos três gerações ou etapas de desenvolvimento" [15].

Segundo [15], a primeira geração é a da simples transposição do modelo impresso para as redes digitais. As notícias seguem o padrão de texto e diagramação do jornal tradicional, agregando poucos recursos para interação com o leitor, em geral apenas e-mail, menu de navegação, fóruns e enquetes. Na segunda geração, alguns elementos específicos da web passam a ser agregados à notícia on-line, embora ainda continuasse seguindo o padrão de texto da edição impressa. Porém, já passava a oferecer recursos de hipermídia, listas das últimas notícias e matérias relacionadas, bem como, material exclusivo para a versão on-line. Na terceira geração, as publicações on-line incorporaram a hipermídia à produção do texto, aprofundando a hipertextualidade e a multimodalidade permitidas pela convergência das mídias digitais.

Entendemos que o surgimento da web2.0 implica no nascimento de uma nova geração de webjornalismo. Segundo [14], a web2.0 incorpora uma transformação do usuário comum de um simples buscador e consumidor de informação em um participante efetivo na construção da informação.

Essa transformação da web implicou em modificações no jornalismo veiculado na web por conceber o chamado "Jornalismo participativo na internet". Segundo [4], tal transformação remete à idéia de produção e publicação de notícias na rede mundial de computadores a partir de qualquer usuário. Seria, em resumo, a prática jornalística aberta a todos. É o que alguns autores chamam de jornalismo colaborativo, comunitário, cidadão, open source (código aberto), peer-to-peer etc.

A disseminação desse modelo de webjornalismo contribuiu para o crescimento acentuado da quantidade de notícias veiculadas na Internet, de modo que os leitores passaram a se deparar com um problema: Onde ler as melhores notícias? Onde ler as notícias que mais lhes interessam? Seguiu-se, então, uma demanda de sistemas de recomendação, ou filtragem de notícias.

Ferramentas de busca de informação usando técnicas de recuperação de informação para recuperar conteúdo são usadas há muito tempo em websites de webjornalismo.

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Mas o problema dessas ferramentas é que exigem que o leitor informe palavras-chave sobre os temas de seu interesse, uma vez que é comum um sujeito abrir o jornal sem antes ter a mínima idéia do que encontrará escrito.

Em 2005, nasceu o Digg e com ele um novo paradigma de webjornalismo: o "Social News Aggregation". Diferentemente das ferramentas de busca de informação por conteúdo, o Digg se vale de técnicas de filtragem colaborativa para recomendar as notícias mais interessantes para o usuário. 3. Aspectos Sociais

Os agregadores de notícias sociais agregam uma estrutura social formada por indivíduos conectados por similaridade de valores ou amizade – ou seja, essas ferramentas agregam uma rede social.

As conexões entre os indivíduos podem ser diretas ou indiretas. Dizer que um indivíduo A está conectado indiretamente com um indivíduo C, significa que o indivíduo A não está conectado diretamente com indivíduo C, mas com algum indivíduo B que possui conexão direta com o C. O conjunto de referências que formam a conexões indiretas é chamado de corrente de referências.

Segundo [6], as correntes de referências exercem duas funções chave: (1) dá uma razão para o fornecedor concordar em prover a informação e (2) fornece um critério para o consumidor avaliar o nível de credibilidade da informação fornecida.

A segunda função chave das correntes de referências é especialmente importante nos agregadores de notícias sociais, uma vez que o nível de credibilidade de mídias distribuídas em webjornais é muito baixo. Em 2006 esse nível era de apenas 40% [Globescan, 2006] - ou seja, apenas 40% das pessoas entrevistadas disseram que confiam na autenticidade do conteúdo distribuído em webjornais.

Os agregadores de notícias sociais agregam, além de uma rede social, um sistema de recomendação. Os sistemas de recomendação, incluindo os agregadores de notícias sociais, precisam enfrentar dois problemas relacionados a aspectos sociais [18]: 1) falta de motivação do usuário em avaliar as notícias; 2) privacidade pessoal.

A motivação do usuário em contribuir pode ser aumentada com a facilidade da função de manifestação do usuário em relação à notícia – tal como o Digg, onde é possível manifestar-se positivamente em relação a uma notícia com um simples clique e sem necessidade de recarregamento de página.

Uma alternativa de recomendação é construir perfis de usuário baseados em suas avaliações, e recomendar notícias com base nos perfis construídos. Outras estratégias de recomendação são apresentadas em [6].

Segundo [18], quanto mais informações os indivíduos tem sobre as recomendações, melhor será para eles avaliarem os textos recomendados. No entanto, algumas pessoas podem não querer compartilhar suas atividades no sistema. É outra decisão importante, portanto, a definição do nível de privacidade permitido no agregador de notícias sociais.

Outro fenômeno social que deve ser considerado é a organização de grupos com o objetivo de destacar suas próprias notícias, com cada membro se comprometendo a avaliar positivamente as notícias enviadas pelos demais membros. A seção 8 discute uma forma de se abordar esse problema.

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4. Requisitos Funcionais Os requisitos funcionais especificam ações que um sistema deve ser capaz de

executar, sem levar em consideração as restrições físicas. Os requisitos foram levantados de forma empírica, observando e utilizando os sistemas do Digg e Reddit – uma vez que não foi encontrada nenhuma publicação a respeito. A figura 4 exibe um modelo de casos de uso que descreve os requisitos funcionais de um agregador de notícias sociais na notação UML.

Figura 4. Modelos de Casos de Uso

Os atores compreendidos no diagrama da figura 4 são: (1) Internauta: é o indivíduo que acessa o sistema e o utiliza sem se autenticar. (2) Usuário autenticado: o internauta quando se autentica no sistema passa a ser um usuário autenticado (3) Administrador é o indivíduo responsável por manter e configurar o sistema. Esse administrador precisa ser devidamente autenticado.

A seguir, descrevem-se os casos de uso identificados no modelo:

• Submeter Notícia: o sistema oferece uma interface amigável para qualquer usuário ser capaz de submeter notícias com facilidade, preenchendo título,

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chamada – um pequeno texto utilizado no jornalismo para chamar a atenção do leitor – e o corpo da notícia, que pode ser em forma de texto, link ou documento. Após isso, ele seleciona o tema, ou os temas relacionados com a notícia.

• Cadastrar-se: esta função permite ao usuário informar seus dados pessoais para o sistema, para posterior autenticação.

• Selecionar Tema: o usuário pode selecionar o tema relacionado com uma notícia.

• Buscar Notícias: um mecanismo de busca de notícias por autor, por tema e por data. A busca é realizada através de técnicas de recuperação de informação.

• Adicionar Contatos: um recurso para adicionar contatos.

• Pesquisar Usuários: um recurso para a busca de usuários, com a finalidade de adicioná-los como contatos ou para a visualização de seus perfis.

• Avaliar Notícia: recurso que permite ao usuário avaliar uma notícia. Aqui, existem várias alternativas para abordar essa função. No Digg, por exemplo, as avaliações são feitas sob a forma de votos, ou seja, o usuário gosta e vota na notícia, ou simplesmente não vota. Já no Reddit, o usuário pode votar a favor ou contra cada notícia. Alternativamente, outros Agregadores de Notícias Sociais permitem que o usuário defina uma nota (de 0 a 10, por exemplo), para cada notícia.

• Denunciar Notícia: função para os próprios leitores denunciarem notícias duplicadas ou inadequadas. São excluídas as notícias que recebam um determinado número de denúncias.

• Cadastrar Tema: função usada apenas pelo administrador do sistema para cadastrar temas novos.

• Autenticar-se: verifica se um usuário está cadastrado no sistema.

• Comentar: permite que usuário faça comentários sobre as notícias, ou mesmo sobre outro comentário. Esse recurso permite a realização de discussões sobre as notícias.

• Visualizar Notícia Completa: Na página inicial, e em quaisquer outras páginas que exibem listas de notícias, as notícias são exibidas de forma resumida, de modo a permitir uma visão geral sobre uma quantidade maior de notícias. A função Visualizar Notícia Completa exibe uma notícia completa.

• Visualizar Perfil de Usuário: permite a visualização do perfil de outros usuários. Essa função é importante para a avaliação de outro usuário, antes de adicioná-lo como contato.

• Visualizar Notícias dos Contatos: permite a visualização das notícias lidas, publicadas ou votadas pelos contatos de um usuário.

• Alternar modo de exibição: o usuário pode escolher se deseja visualizar as notícias mais interessantes (com maior pontuação) ou as notícias mais novas.

• Configurações especiais: conforme discutido na seção 6, existem variáveis a serem configuradas para adaptar a dinâmica do sistema de acordo com o

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comportamento da comunidade de usuários e da capacidade de processamento do servidor.

• Selecionar Tema: o usuário escolhe um tema, e o sistema passa a exibir somente as notícias de tal tema.

5. Modelo Conceitual

O modelo conceitual captura as idéias mais relevantes do domínio do problema. Segundo [5], esse modelo é independente dos detalhes da implementação e é o resultado da análise orientada a objetos. A figura 5 apresenta a proposta de um modelo conceitual para Agregadores de Notícias Sociais. Os autores deste artigo entendem que um agregador de notícias sociais deva manter esse modelo conceitual como base. No entanto, é possível que alguns conceitos ou relações sejam acrescentados para a inclusão de funcionalidades não previstas neste artigo.

Algo que chama a atenção nesse modelo conceitual é a centralização da dinâmica dos agregadores de notícias sociais no conteúdo e nas atividades dos usuários. Essa característica favorece a inclusão de estratégias de recomendação, já que o sistema registra as preferências dos usuários, implícitas em suas atividades, e o nível de importância de cada notícia.

6. Filtragem Colaborativa Um dos recursos mais importantes dos Agregadores de Notícias Sociais é a seleção

de notícias a serem exibidas na página inicial. O objetivo do sistema é exibir, na página inicial, as notícias mais prováveis de interessarem a um indivíduo da comunidade de usuários do sistema. Esse processo pode ser realizado considerando o feedback de um conjunto de indivíduos sobre um conjunto de itens (textos, músicas etc) para fazer recomendações, ignorando o conteúdo dos itens [18].

Para classificar as notícias de acordo com a probabilidade de serem interessantes para os leitores, os Agregadores de Notícias Sociais levam em conta as avaliações recebidas pelas notícias e a idade das notícias. Assim, as notícias que recebam mais avaliações positivas ganham maior destaque em relação as que recebam menos avaliações positivas. Além disso, as notícias mais recentes são priorizadas em relação às notícias antigas.

Em um Agregador de Notícias Sociais onde a função de avaliação é booleana – o usuário escolhe entre sim ou não quanto ao interesse dele por uma notícia. A equação para determinação da pontuação de uma notícia é a seguinte:

pi= qi− wt × t i , onde pi é a pontuação da notícia i, qi é a quantidade de votos recebidos pela notícia i, wt é o peso da idade das notícias, e ti é a idade da notícia i.

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Figura 5. Modelo Conceitual de Agregadores de Notícias Sociais

O valor pi deverá ser calculado para um conjunto de notícias consideradas com potencial de se tornarem mais interessantes, de forma periódica. Quando maior for a freqüência de atualização de pi maior será a dinâmica da página inicial do sistema, ao custo de uma maior demanda de processamento computacional.

O conjunto de notícias consideradas com potencial de se tornarem mais interessantes deve ser determinado de acordo com um critério: por exemplo, o tempo decorrido desde que a notícia recebeu o último voto até o momento corrente. A determinação desse conjunto é importante para otimizar o processamento computacional, por meio da realização do cálculo de pi somente para as notícias desse conjunto.

Além da freqüência de atualização de pi, outro aspecto que influi na dinâmica da página inicial é o valor de wt. Este valor será responsável por indicar o quão importante é a data de postagem da notícia. Em alguns casos, o fato da notícia ter sido mais recentemente publicada é fundamental para que ela seja interessante, em outros casos isso pode não ser relevante. Por exemplo, um agregador de notícias sociais

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especializado em esportes precisa dar um peso maior à variável idade da notícia do que um agregador de notícias sociais especializado em artigos científicos.

A complexidade da equação de atualização da pontuação das notícias cresce na medida em que são usadas algumas estratégias para previnir o fenômeno da formação de grupos de usuários que sempre avaliem positivamente todas as notícias enviadas por qualquer outro usuário do mesmo grupo, com o objetivo de destacar as suas próprias notícias. Nesse caso, outras variáveis devem ser usadas, tal como: diminuir o peso do voto de um usuário A em uma notícia de um usuário B, no caso desse usuário A ter votado em várias outras notícias do usuário B.

Ainda sobre filtragem colaborativa, é possível desenvolver uma página inicial personalizada para cada usuário, de modo semelhante ao processo realizado no Google News [1]. Nesse processo, o sistema constrói o perfil do usuário conforme ele visita as páginas das notícias e calcula similaridades entre os perfis dos usuários. A página inicial personalizada compreende notícias que usuários semelhantes já visitaram. Se for trocada a atividade “visitar página” por “avaliar notícia”, cria-se um processo de construção de página inicial personalizada para agregadores de notícias sociais.

7. ANSUFES Uma ferramenta semelhante à apresentada neste artigo, denominada de ANSUFES

[13], cujo primeiro protótipo já foi implementado, faz parte de uma dissertação de mestrado em fase de conclusão [11]. Essa dissertação é parte de um projeto maior sobre Ambientes Virtuais de Apoio à Interação [12].

O ANSUFES foi implementado de acordo com as diretrizes de desenvolvimento de software orientado a objetos. Todas as funções descritas na seção 4 foram desenvolvidas e o diagrama de classes é semelhante ao modelo conceitual descrito na seção 5.

A atualização das pontuações das notícias foi implementada por meio de um script executado com uma freqüência determinada pelo administrador. Esse script atualiza as pontuações das notícias, de acordo com a equação exibida na seção 6. Portanto, ainda não há uma estratégia contra o êxito de grupos que possam ser formados para votarem nas suas próprias notícias, com o objetivo de manterem as suas notícias destacadas. O conjunto de notícias atualizado pelo script inclui apenas as notícias que receberam o último voto em um intervalo de tempo, em relação ao momento corrente, definido pelo administrador.

A construção da página inicial personalizada foi implementada com base nas diretrizes do processo realizado no Google News [1]. O projeto e a implementação dessa página serão apresentados, juntamente com os testes realizados, em outro artigo.

8. Conclusão A evolução da web pode ser considerada sob os aspectos tecnologia e comportamento

do usuário. Cada vez mais, o usuário web participa ativamente da construção e avaliação do conteúdo de websites. Os agregadores de notícias sociais são websites que estão fortemente inseridos nesse contexto e estão se multiplicando em quantidade, devido à sua eficiência de exibição de notícias interessantes ao leitor. No entanto, não foi encontrada nenhuma formalização dessas novas ferramentas em produções acadêmicas.

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Este artigo explica as principais funções dessas ferramentas, contextualiza o seu surgimento, descreve os aspectos sociais envolvidos, explica seus elementos e relacionamentos, e desmistifica os principais aspectos do algoritmo de classificação das notícias. Além disso, apresenta uma arquitetura geral para os agregadores de notícias sociais. O principal mérito deste artigo é trazer para o meio acadêmico a discussão sobre esse atual e importante serviço disponível na web – os Agregadores de Notícias Sociais.

Este artigo apresentou o ANSUFES, uma ferramenta de webjornalismo, com as características descritas neste artigo, a ser usado em um sistema digital para incentivar a formação de leitores e de escritores em uma escola pública municipal. Essa ferramenta apresenta aos estudantes os textos novos e os mais votados, entre aqueles postados no sistema pelos próprios estudantes, de modo a incentivar a leitura, a análise crítica dos textos e a escrita de novos textos. Essa aplicação é apoiada por um estudo realizado em [10].

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