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Igrejas Missionais Comunidades Cristãs Essencialmente Missionárias Sou igreja , sou promessa! Eu Pr Sou

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IgrejasMissionais

Comunidades Cris tãsEssencialmente Miss ionárias

Sou igreja, sou promessa!

Eu

PrSou

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SUMÁRIO

7 de Setembro • Sermão 1UMA IGREJA QUE VIVE A MISSÃO...........................................................3

14 de Setembro • Sermão 2UMA IGREJA QUE PLANTA IGREJAS.....................................................8

21 de Setembro • Sermão 3UMA IGREJA QUE PERSISTE NA FÉ.....................................................13

28 de Setembro • Sermão 4UMA IGREJA QUE ABALA A CIDADE...................................................19

Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.É proibida a reprodução parcial ou total sem autorização

da Igreja Adventista da Promessa.

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SERMÃO 1UMA IGREJA QUE VIVE A

MISSÃOTexto base: Atos 2:42-47

Introdução

Já é tradicional na Igreja Adventista da Promessa separar o mês de setembro para refletir sobre sua responsabilidade missionária. Para este ano, decidimos focar nossas reflexões no exemplo de quatro igrejas cristãs primitivas, que possuem suas histórias registradas nas páginas do Novo Testamento: as igrejas de Jerusalém, Antioquia, Tessalônica e Éfeso. Não estamos entre aqueles que romantizam a igreja primitiva e olham para ela com “lentes cor-de-rosa”.1 Vale ressaltar que, ao longo do tempo, elas tiveram falhas e problemas como todas as igrejas. Contudo, apesar dessas falhas, certamente, as histórias dessas quatro comunidades cristãs trazem muitos ensinamentos para as igrejas cristãs da atualidade. Eram igrejas missionais, isto é, igrejas que serviam a missão de Deus no mundo. Neste primeiro sermão, falaremos da igreja em Jerusalém, a igreja mãe, a primeira a surgir, de acordo com o livro de Atos. Alguns estudiosos dizem que a cidade tinha cerca de 30 mil habitantes na época de Jesus.2 É significativo saber disso, pois, Lucas relata que o número dos cristãos, em pouco tempo, chegou a quase cinco mil (At 4:4).3 Cheios do Espírito, aqueles cristãos eram comprometidos com o evangelho, e espalharam rapidamente a fé. Atos 2:42-47 mostra o comprometimento daqueles cristãos. A igreja em Jerusalém participou ativamente da missão de Deus. Devemos ser, também, uma comunidade que vive a missão.

1. Expressão utilizada por John Stott em A igreja autêntica (2013:20).2. Jeremias (1983:119-120).3. É possível que este número apresentado por Lucas inclua os cristãos dos distritos rurais e não somente os da capital (MARSHALL, 1980:98).

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Os cristãos de Jerusalém demonstraram comprometimento com a missão em, ao menos, quatro áreas essenciais para toda igreja de Cristo. Vejamos a seguir cada uma delas.

1. A Igreja vive a missão por meio da adoração!

Por “missão” entendemos a ação de Deus de restaurar toda a sua criação e redimir o ser humano. Nesta sua ação, ele se utiliza da igreja. Ela participa da missão de Deus de várias formas, dentre as quais, adorando e desafiando pessoas a adorá-lo. Uma comunidade missionária é uma comunidade adoradora. A adoração é o combustível da missão. Uma igreja que sabe quem é Deus, se curva diante dele reconhecendo sua grandeza e sai em direção aos que ainda não o conhecem para que também passem a adorá-lo. Enquanto houver pessoas que não adoram a Deus, haverá pregação. A igreja de Jerusalém vivia a missão por meio da adoração. Isto pode ser visto em Atos 2:42-47. Há, neste texto, quatro características sobre a adoração na igreja em Jerusalém. Em primeiro lugar, havia oração constante. O texto diz que os cristãos davam constante cuidado às orações (v.42). “Orações” aqui não são uma referência às orações particulares, mas aos cultos ou reuniões de oração. Constantemente, os cristãos se reuniam para buscar a Deus. Em segundo lugar, havia temor reverente. Lucas registra que em cada alma havia temor (v.43). Os cristãos adoravam a Deus de maneira reverente. Não era um culto leviano. O Deus Santo “havia visitado Jerusalém. Deus estava no meio deles e eles se curvavam diante dele numa mistura de admiração e humildade”.4 Em terceiro lugar, havia louvor a Deus. O texto diz que, diariamente, no templo e de casa em casa, os cristãos louvavam a Deus (v.47). O louvor estava sempre nos lábios dos cristãos. Eles andavam por todos os lugares cantando sobre seus grandiosos feitos e seus maravilhosos atributos. Em quarto lugar, havia adoração multiforme. Eles se reuniam no templo e de casa em casa (v.46). Os cristãos continuaram participando de momentos de adoração mais formal, no templo em Jerusalém, por um tempo. Além disso,

4. Stott (2013:28).

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5. Stott (2013:22).

reuniam-se nos lares uns dos outros, com reuniões marcadas por um ambiente mais informal. Em todos os lugares e de várias formas, os cristãos engrandeciam a Deus! Sejamos uma igreja que vive a missão por meio da adoração: sempre orando a Deus, sendo reverentes e cantando louvores nos mais distintos ambientes!

2. A Igreja vive a missão por meio do ensino!

Além de participar da missão de Deus por meio da adoração, os cristãos da igreja em Jerusalém também eram uma comunidade comprometida com o ensino sistemático da Escritura. As pessoas para quem pregamos o evangelho precisam aprender tudo aquilo que Jesus nos ensinou (Mt 28:20). Em Jerusalém, os cristãos perseveravam na doutrina dos apóstolos (At 2:42). O que é a doutrina dos apóstolos? Trata-se do ensino ministrado pelos apóstolos. O termo traduzido por “doutrina” é o substantivo grego didache, uma referência àquilo que é ensinado. Aqui é importante destacar algo. Quem são aqueles que perseveravam na doutrina dos apóstolos? São os mesmos que receberam o Espírito e tiveram experiências extraordinárias, narradas alguns versículos antes em Atos. Eles não supunham que, porque terem recebido o Espírito, “este era o único mestre que precisavam, podendo dispensar os mestres humanos. De modo algum”.5 Havia sede de aprendizado nos primeiros cristãos e, constantemente, estavam sentados ouvindo aquilo que os apóstolos tinham para ensinar! O ensino dos apóstolos está disponível no Novo Testamento para todos nós. A base do que os apóstolos ensinaram estava no Antigo Testamento e no que o Senhor Jesus ensinou. Por isso, devemos ser submissos à Escritura, como um todo! Uma igreja que vive a missão é uma igreja que valoriza o ensino da Palavra e é fiel ao que está contido na Escritura. Seus líderes possuem o compromisso de exporem o texto sagrado; em casa, as famílias meditam sobre ele; os membros leem a Bíblia com frequência; o

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processo de discipulado reflete as verdades da Palavra de Deus! Sejamos esta igreja!

3. A Igreja vive a missão por meio do cuidado!

Além da adoração e do ensino, a igreja de Jerusalém vivia a missão por meio do cuidado mútuo. Os cristãos perseveravam na comunhão (v.42). Temos, no original, o substantivo koinonia. Este substantivo diz respeito tanto àquilo que compartilhamos quanto aquilo que dividimos uns com os outros. Os cristãos possuem várias coisas em comum (fazem parte do mesmo corpo, possuem o mesmo Senhor, a mesma esperança etc.) e preocupam-se verdadeiramente uns com os outros, a ponto de dividir o que possuem. Este último aspecto da koinonia pode ser visto, claramente, em Atos 2:42-47. Lucas escreveu que: Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade (At 2:45). Havia muitos cristãos carentes na igreja em Jerusalém. Na época, a cidade era um centro de mendicância com muitos mendigos e pessoas miseráveis, que se concentravam em torno do templo.6 Como os cristãos estavam “todos os dias no templo”, talvez muitas destas pessoas pobres se converteram a Cristo e alguns cristãos decidiram compartilhar seus bens. A bandeira dos cristãos não era a nivelação econômica e nem o fim da propriedade privada. Não estavam querendo pôr um fim a pobreza. Compartilhar os bens foi algo voluntário e não compulsório, que surgiu no coração dos cristãos para socorrer os necessitados. Esse sentimento de cuidado e generosidade deve estar presente na igreja, em todas as épocas! O cuidado com o próximo também é uma maneira de envolvimento com a missão de Deus e os cristãos de Jerusalém ensinaram muito a esse respeito por meio de suas atitudes. Se temos condições de ajudar, mas fechamos os olhos e as mãos para aqueles que estão passando por necessidades, estamos pecando contra Deus (1 Tm 6:17-18). A “generosidade sempre foi uma característica do povo de Deus. Nosso Deus é um Deus generoso; sua igreja também deve ser generosa”.7

6. Gianastacio (2006:42-43). 7. Stott (2013:26).

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4. A Igreja vive a missão por meio da proclamação! Por fim, além de viver a missão por meio da adoração, do ensino e do cuidado, a igreja de Jerusalém o fazia por meio da proclamação. Havia um desejo intenso naqueles cristãos de que novas pessoas se rendessem ao Senhor Jesus e fossem salvas. A descrição do livro de Atos diz: E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos (2:47). Este versículo é claro em nos mostrar o envolvimento da igreja de Jerusalém com a proclamação do evangelho. Temos ao menos dois ensinos importantes neste sentido. Em primeiro lugar, quem acrescenta pessoas à igreja é o Senhor. Só o Senhor pode fazer com que pessoas entendam o evangelho e sejam salvas. Ninguém pode dizer que Cristo é o Senhor a não ser pelo Espírito Santo! Não temos o poder de fazer com que alguém se converta por nossa própria sabedoria ou habilidade. Só o Senhor pode fazer isso! E como o ele faz? Por meio da pregação dos agentes humanos. Deus faz isso por meio do testemunho diário dos membros da igreja. Pregamos o evangelho com a voz e com a vida e o Espírito convence as pessoas do pecado, da justiça e do juízo! Em segundo lugar, a proclamação não pode ser uma atividade ocasional. O texto diz que “diariamente” o Senhor acrescentava à igreja. Todos os dias, os cristãos estavam envolvidos com a pregação do evangelho. Eles não se contentavam em fazer cruzadas evangelísticas a cada três meses. Na medida em que os cristãos eram vistos e ouvidos pelo restante do povo em Jerusalém, suas atividades cotidianas formavam uma oportunidade para o testemunho.8 Que a proclamação seja uma constante em nossa vida e em nossas igrejas locais. Usemos cada oportunidade que tivermos para falar do evangelho!

Conclusão Estamos chegando ao final deste nosso primeiro sermão da série “Igrejas Missionais: comunidades cristãs essencialmente missionárias”. Hoje, refletimos sobre a igreja de Jerusalém, uma comunidade reconhecida por viver a

8. Marshall (1980:85).

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Referências Bibliográficas

GIANASTACIO, Vanderlei. Uma igreja que faz e acontece. São Paulo: Vida Nova, 2006.

JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no tempo de Jesus: pesquisa de história econômica social no período neotestamentário. V. 16. São Paulo: Paulinas, 1983.

MARSHALL, I. Howard. Atos: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1980.

STOTT, John. A igreja autêntica. Viçosa, MG: Ultimato; São Paulo: ABU, 2013.

missão. Atos 2:42-47 sumariam de algum modo o estilo de vida dos cristãos daquela igreja e mostram como eles se envolveram com a missão por meio da adoração, do ensino, do cuidado e da proclamação. Temos aí um ótimo exemplo para as igrejas do nosso tempo. Envolvamo-nos com a missão desse modo! Por que se envolver com a missão do mesmo modo que a igreja de Jerusalém? Não sei se você percebeu, mas as marcas aqui mencionadas dizem respeito àquilo que consideramos as atividades básicas de toda igreja local. Toda igreja local organiza suas ações em torno da adoração, do ensino, da comunhão e da proclamação. Oremos para que o Senhor continue nos ajudando a perseverar nesses caminhos! Oremos para que ele dê sabedoria e estratégias eficazes para que nossas igrejas locais vivam a missão por meio de todas as nossas ações. Que assim seja!

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SERMÃO 2UMA IGREJA QUE PLANTA

IGREJASTexto base: Atos 13:1-4

Introdução

Hoje daremos continuidade à série de sermões do mês de setembro, cujo título é “Igrejas missionais: comunidades cristãs essencialmente missionárias”. Neste sermão, abordaremos a ação do Espírito Santo através da igreja em Antioquia, comunidade cristã que se tornou instrumento de Deus para a realização da obra missionária entre os gentios. A igreja de Antioquia era uma comunidade missionária determinada a plantar novas igrejas e, para isso, se dedicava ao envio de missionários. A propósito, foi essa igreja que enviou Paulo para as suas três viagens missionárias. Aquele que antes era conhecido como um ferrenho perseguidor dos cristãos, passou a usufruir da confiança daqueles a quem maltratava nos tempos da ignorância. Em Atos 13, vemos que, juntamente com Barnabé, Paulo aceitou o desafio de propagar, no mundo gentílico de seu tempo, as boas novas de salvação na pessoa de Jesus Cristo. A igreja de Antioquia, ao enviar esses homens de Deus para obra missionária, promoveu o primeiro ato planejado de “missão estrangeira” por representantes de uma igreja específica, não por indivíduos isolados.1 Havia, na liderança dessa igreja, sólida visão missionária transcultural. Na realização da obra missionária, o Espírito Santo sempre fará a parte dele, abençoando e capacitando a igreja. Esta, por sua vez, deve se dedicar à algumas atitudes fundamentais. Vejamos a primeira delas.

1. Lopes (2012:254).

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1. A Igreja precisa buscar a orientação

Os líderes da igreja de Antioquia eram pessoas capacitadas espiritual e intelectualmente. O texto afirma que ali havia profetas e mestres (At 13:1). Estes eram pessoas usadas por Deus com dons na área do ensino. Os pastores da igreja eram, também, excelentes professores de Bíblia. Mas não pense que esses líderes se achavam seguros e confiantes nas próprias habilidades e percepções. O homem e a mulher de Deus, por mais capacitados que sejam, ao dependerem das próprias habilidades, se tornam vulneráveis. Os líderes da igreja de Antioquia tinham consciência disso. Eles sabiam que é melhor confiar no Senhor de todo o coração para não se apoiar no próprio entendimento (Pv 3:5). Por isso, antes de indicar ou enviar qualquer pessoa ao campo missionário, eles buscavam a orientação do Espírito Santo. E como eles faziam isso? O texto de Atos 13:2, mostra que eles adoravam ao Senhor e jejuavam. Esses líderes se consagravam e dedicavam o seu tempo a uma atividade devocional constante. Aqueles homens jamais tomavam qualquer decisão que envolvesse a obra de Deus sem, antes, consultar o seu dono. É oportuno dizer que é muito importante termos dons relevantes no corpo de Cristo, bem como nos capacitarmos por meio de cursos acadêmicos na área de Bíblia ou de revitalização e de plantação de novas igrejas. Contudo, não podemos esquecer que o Espírito Santo é quem conduz os destinos da obra missionária. Os projetos e as estratégias missionárias podem ser bem elaborados e postos na mesa, mas para dar certo, a igreja precisa, antes, ouvir o que o Espírito tem a dizer. A igreja de Antioquia fez exatamente isso, buscou a orientação divina. Então, disse o Espírito Santo: “Separem-me Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (v.2). É nítida a harmonia entre a igreja e o Espírito. Sabendo o que fazer, a igreja não hesitou em obedecer: Assim, depois de jejuar e orar, impuseram-lhes as mãos e os enviaram (v.3). Diante de tudo isso, cabe-nos tomar uma importante decisão: Dediquemo-nos em buscar, por meio de atitudes devocionais constantes, a orientação de Deus para os projetos missionários da igreja local que fazemos parte.

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Para fazer a obra de Deus, a igreja precisa buscar a orientação. Essa é a primeira atitude fundamental que ela deve tomar. Vejamos a segunda.

2. A Igreja precisa enfrentar os desafios

Após ouvirem a voz do Espírito Santo, os líderes da igreja de Antioquia, jejuaram, oraram, impuseram as mãos sobre Barnabé e Saulo (o qual chamaremos de Paulo), e os enviaram (At 13:3). Barnabé e Paulo, ao serem convocados pelo Espírito Santo por meio da igreja de Antioquia, não garantiram uma passagem para uma colônia de férias. Ao dizerem “sim” ao Espírito Santo, eles se comprometeram a enfrentar todo e qualquer desafio para que o evangelho fosse pregado. Plantar igrejas é um trabalho prazeroso e, também, desgastante. Ao nos envolvermos com a obra de Deus, não podemos criar expectativas sem antes nos lembrarmos dos desafios que esse trabalho requer. Quais foram os desafios que esses homens de Deus, Barnabé e Paulo, enfrentaram ao serem enviados como embaixadores de Cristo no mundo? Primeiramente, eles tiveram de lidar com o desafio da manipulação. Na ilha de Chipre, terra natal de Barnabé, um mágico chamado Elimas, procurava afastar da fé o governador Sérgio Paulo, tentando manipular o ensino bíblico (v.10). Paulo, com autoridade de Deus, repreendeu o mágico e este ficou cego (v.11). Os homens de Deus lidaram com o desafio da desistência. Em Perge, João Marcos abandonou a viagem e retornou a Jerusalém (v.13). Por mais que estejamos firmemente engajados na missão, alguém poderá jogar tudo para o alto e nos deixar na mão. Em Icônio, eles tiveram de encarar o desafio da ameaça, quando precisaram fugir para não serem apedrejados (14:5). Houve ainda o desafio da sedução, quando, em Listra, Barnabé e Saulo foram confundidos com deuses gregos e assediados pela multidão que queria idolatrá-los, ao que eles, categoricamente, rejeitaram (14:8-15). Por fim, eles enfrentaram o desafio da agressão. Ainda na cidade de Listra, a multidão foi instigada por alguns judeus a apedrejar Paulo, que quase foi a óbito (v.19). Viu só quantos desafios podem nos abordar no trabalho

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missionário? E o que fazer diante deles? Perseverar! É Deus que envia e sustenta! No poder e na autoridade do Senhor, não podemos desistir. Barnabé e Saulo continuaram a obra, mesmo após a desistência de João Marcos e da tentativa de manipulação e de apedrejamento. Agora pense nos desafios que a congregação à qual você pertence lida para levar a obra de Deus adiante. Enfrente-os na autoridade do Senhor! Para fazer a obra de Deus, a igreja precisa buscar a orientação e enfrentar os desafios. Ambas as atitudes precisam ser levadas a sério pela igreja. Vamos, portanto, à terceira e última.

3. A Igreja precisa acreditar nos resultados

A igreja de Antioquia se propôs a fazer a obra de Deus com seriedade, buscando a orientação do Espírito Santo; e com coragem, encarando os muitos desafios apresentados. Será que tanto trabalho e desgaste valeram a pena? Com certeza! Após serem enviados para fazer a obra missionária, Paulo e Barnabé voltaram trazendo um relatório muito positivo do trabalho que eles, pela graça de Deus, realizaram. Assim narra o texto de Atos 14:27: Chegando ali, reuniram a igreja e relataram tudo o que Deus tinha feito por meio deles e como abrira a porta da fé aos gentios. Se a liderança da igreja de Antioquia e os missionários por ela enviados tivessem se deixado levar pelo medo do fracasso e desistido de realizar a obra, jamais teriam contemplado os grandes feitos de Deus. E por que não desistiram? Pelo fato de crerem que, apesar das dificuldades que enfrentariam, Deus estaria com eles, conduzindo-os em cada passo da jornada. Por isso, ao retornarem para Antioquia, Paulo e Barnabé puderam relatar à igreja daquela cidade que, na ilha de Chipre, o procônsul creu em Jesus (At 13:12). Eles também relataram que, em Antioquia da Pisídia, os judeus os rejeitaram, mas os discípulos continuavam cheios de alegria e do Espírito Santo (13:50-52); que em Icônio, creram tanto judeus quanto gregos (14:1) e a pregação foi acompanhada por muitos sinais e prodígios (14:3); lembraram ainda que em Derbe muitos se tornaram discípulos (14:20-21). Por fim, Barnabé e Paulo também

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deram conta da consolidação das novas igrejas, fortalecendo e estimulando os discípulos (14:22). À semelhança da igreja de Antioquia da Síria, podemos trabalhar para a plantação e consolidação de novas igrejas. As dificuldades serão enormes, mas o saldo será positivo para a glória de Deus! Acreditemos nisso! Por meio de nós, Deus abrirá as portas da salvação para muitos. Que sejamos porta-vozes do evangelho nesse mundo tenebroso! Que nos coloquemos como verdadeiros instrumentos nas mãos do Senhor! Certamente, se cumprirá em nós a mensagem de que, aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará, sem dúvida, com alegria, trazendo consigo os seus molhos (Sl 126:6).

Conclusão

Como igreja de Cristo, responsável pela proclamação do evangelho ao mundo, precisamos zelar pelo envio de homens e mulheres de Deus ao campo missionário. Dessa forma, novas igrejas serão plantadas em solos distantes. Paulo e Barnabé se dispuseram a fazer esse trabalho, levando a sério o mandamento de Jesus de fazer discípulos. A igreja de Antioquia, por sua vez, teve visão missionária ao enviá-los, tornando possível a expansão do cristianismo no mundo gentílico. Engajemo-nos nesse importante trabalho de plantar igrejas em lugares ainda não alcançados pelo evangelho. Como podemos fazer isso? Orando pelo direcionamento do Espirito Santo, a fim de que ele conduza a liderança da igreja nesse projeto; colocando-nos à disposição do trabalho missionário, para sermos usados por Deus com a pregação do evangelho; contribuindo financeiramente para que a igreja do Senhor disponha de recursos para enviar e sustentar pessoas no campo missionário. Mais que isso, motive outras pessoas a fazer o mesmo.

Referências Bibliográficas

LOPES, Hernandes Dias. Atos: a ação do Espírito na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

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1. Hale (2001:307-308).2. Marshall (1984:81).

SERMÃO 3UMA IGREJA QUE PERSISTE NA

FÉTexto base: Atos 17:1-9 e 1 Tessalonicenses 1:1-10

Introdução

Uma igreja missional é aquela em que os seus membros vivem tão intensamente o evangelho que chama a atenção da sociedade. É aquela que faz da missão o propósito de sua existência e se mantém fiel a este propósito custe o que custar. A igreja de Tessalônica é um bom exemplo disso, ela foi uma comunidade cristã essencialmente missionária. Foi uma igreja vibrante dentro da capital da região da Macedônia, com uma população de cerca de 200.000 no primeiro século.1 A igreja de lá surgiu após o trabalho de Paulo e Silas, que lhes anunciaram o evangelho, como vemos em Atos 17:1-9. Nessa ocasião, houve perseguição feroz da comunidade dos judeus, por inveja, gerando enorme tumulto (v. 5). O marcante nessa história vem agora: Por causa desta perseguição, Paulo e Silas, durante a noite, tiveram que sair às pressas da cidade para não morrerem (Atos 17:10). Aqueles cristãos, novos convertidos, permaneceram lá, aparentemente desamparados. Paulo imaginou que eles ficariam desanimados e desistiriam da fé, mas ele ficou muito feliz ao saber que estavam ainda mais maduros e comprometidos. Em 1 Ts 1:1-10, Paulo parabenizou seus leitores, os cristãos de Tessalônica, quanto ao seu cristianismo inabalável.2 Nas palavras do apóstolo, aqueles cristãos tornaram-se modelo para todos os crentes... (v.7). Com essa igreja, que é um verdadeiro referencial para nós, aprendemos que uma igreja missional deve persistir na fé. Veremos três situações nas quais a persistência pode ser posta em prática. Vejamos a primeira delas.

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1. Persistentes, apesar da perseguição

Acredite, uma igreja que vive verdadeiramente o evangelho, não está imune à perseguição: E na verdade todos os que querem viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições (2 Tm 3:12). Os irmãos tessalonicenses souberam disso desde o início, segundo consta na narrativa de Atos 17. Entretanto, eles logo aprenderam que vale a pena padecer pelo evangelho. No capítulo 1 de Tessalonicenses, Paulo diz que eles se tornaram exemplo para a região da Macedônia e Acaia (v. 7) e que a notícia da fé deles chegava a lugares distantes (v. 8). Onde houve perseguição, houve glorificação ao nome de Deus. Paulo diz que, através da vida deles, a Palavra do Senhor repercutiu (1 Ts1:8a). O verbo “repercutir” (gr. execheomai) significa “soar como uma trombeta”.3 A fé deles também se “divulgou” (gr. exerchomai) por toda a parte (v. 8b). O tempo verbal dessas palavras, no grego, mostra que foi uma ação passada que ainda produzia efeitos no presente. A perseguição não parou. No contexto da Segunda Carta aos Tessalonicenses, as informações eram que a perseguição contra aquela igreja havia aumentado. Mesmo assim, a perseguição produziu uma constante glorificação ao nome de Deus. Na realidade da igreja atual, não é diferente. Precisamos ser missionais, ainda que, dia após dia, a sociedade nos trate com hostilidade. A vida cristã passa longe de ser apenas um mar de rosas. Por isso, é inadmissível que alguns vivam, como se costuma dizer, “firmes como prego na areia”. Devemos permanecer fincados na verdade. Não há pregação do evangelho sem oposição. A luz incomoda as trevas.4 Como se não bastasse, é notável que a perseguição em Tessalônica não tivesse origem política, sua origem era religiosa. A oposição não partiu da religião pagã, mas do judaísmo.5 Igualmente, devemos estar atentos, pois a perseguição à igreja de nosso tempo pode vir de todos os lados, até daqueles que se dizem religiosos. Com isso em mente, dá para entender que sermos igreja missional implica em estarmos dispostos a encarar os mais diversos desafios. Na Índia, por exemplo, o missionário

3. Wiersbe (2010:209).4. Lopes (2012:330).5. Lopes (2012:330).

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Willian Carey se opôs às práticas pecaminosas que envolviam a cultura da época. Nos Estados Unidos, homens de Deus como o pastor Jeff Durbin e o Dr. James White sofrem hostilidades por se posicionarem contra o aborto, contra a prática homossexual e contra seitas religiosas. Na China, igrejas subterrâneas continuam a proclamar Cristo como seu Senhor e Salvador. Que nós, persistentemente, cumpramos a missão, apesar das perseguições. Sejamos persistentes, apesar da perseguição. Esta é a primeira situação na qual a persistência da igreja missional pode ser posta em prática. Vamos, portanto, à segunda.

2. Persistentes, apesar da inexperiência

Algo chama a atenção nessa história: esses cristãos eram novos na fé, mas muito comprometidos com o Reino de Deus e com a missão. Como se vê em Atos 17:4, faziam parte desse grupo alguns judeus, um grande número de gregos piedosos e mulheres distintas.6 Os cristãos estavam basicamente tendo que se virar por conta própria, não havendo passado por um período mais longo de instrução madura no caminho de Cristo.7 Com certeza, não era fácil para uma igreja recém-fundada, de pouca idade, manter-se constante, assim como não é fácil para um bebê recém-nascido manter-se em pé. Mas apesar da pouca experiência de vivência cristã, os irmãos estavam dando conta do recado. Não só isso, eles realmente mostravam maturidade cristã. Nem sempre ser inexperiente é ser imaturo. Não é raro lidarmos com pessoas que, mesmo sendo cristãs há muitos anos, se comportam de modo inadequado, sem maturidade, em determinadas situações. O contrário também é verdadeiro: muitos cristãos novos na fé, se mostram equilibrados diante de circunstâncias difíceis. Assim, inexperientes, mas maduros, os cristãos da igreja de Tessalônica persistiram na fé, no amor e na esperança! Isso é evidente no texto de 1 Ts 1:3, que afirma acerca desses irmãos: Lembramos continuamente, diante de nosso Deus e Pai, o que vocês têm demonstrado: o trabalho que

6. Lopes (2012:328).7. Fee; Stuart (2013:431).

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resulta da fé, o esforço motivado pelo amor e a perseverança proveniente da esperança em nosso Senhor Jesus Cristo. Essa igreja, mesmo nova, era exemplo de fé ativa, de amor cristão e de esperança na volta de Jesus. Mais que isso, ela era engajada na proclamação do evangelho. Tão logo receberam o evangelho, os cristãos tessalonicenses passaram a transmiti-lo. É possível ser uma igreja nova e, ao mesmo tempo, vibrante em missões. Na verdade, estatisticamente, estima-se que igrejas recém-fundadas tem maior tendência a alcançar novos adeptos do que igrejas com mais de dez anos de existência. Deveria ser o oposto. Comparando essa realidade a fazer chá, quanto mais tempo o saquinho está na água fervente, mais gosto deveria produzir. Não sejamos uma igreja fraca como uma única mergulhada do saquinho de chá. Que nossa pregação seja forte e certeira como o soco de um profissional de boxe.8 Sejamos persistentes, apesar da perseguição e da inexperiência. Estas são situações nas quais a persistência da igreja missional pode ser posta em prática. Analisemos a última delas.

3. Persistentes, apesar da ausência

O fato de Paulo e Silas terem que fugir para Bereia por causa do alvoroço na cidade (At 17:10) fez com que os novos convertidos ficassem sem apoio pastoral. Pior que isso, era difícil pedir apoio a outras igrejas mais distantes. Naqueles dias, não havia serviço postal, muito menos serviços de telefone e e-mail!9 Apesar de tudo, aproveitaram a localização geográfica estratégica para testemunhar às pessoas que estavam a sua volta. Aqueles homens e mulheres, como igreja, na ausência dos pastores e no meio da perseguição, continuaram fiéis, firmes, comprometidos com a missão e fazendo a diferença. Que exemplo de persistência em viver a missão! Não à toa, há uma ênfase na esperança da vinda de Cristo. Além de ser uma questão doutrinária, foi motivador Paulo reforçar a verdade de que, muito mais do que a

8. Robinson (2002:19).9. Fee; Stuart (2013:431).

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10. Hale (2001:310).11. Keener (2017:693).

presença de líderes para conduzi-los, um dia eles veriam a vinda permanente do próprio dono da igreja, Jesus. Por isso, cada um dos cinco capítulos de 1 Tessalonicenses conclui com uma referência à vinda do Senhor (1:10; 2:19; 3:13; 4:17; 5:23).10 A igreja, muito jovem, continuou a sofrer perseguição depois da partida de Paulo, mas este a encoraja com a promessa de uma esperança, esperança que se aplica até mesmo àqueles que já morreram (1 Ts 4:13-18).11 Como isso se aplica a nós? Muitas igrejas dependem do pastor para tudo. Quando o pastor não está por perto, conduzindo o rebanho, este cruza os braços e não leva a obra adiante. A lógica dessas igrejas é simples: “Sem a presença do pastor, nada feito”. Para quem segue este conceito equivocado, é preciso lembrar que a igreja não possui vida própria, mas vive em Deus. Igrejas genuínas são estabelecidas em Deus e no Senhor Jesus, não em personalidades humanas (1 Ts 1:1; 2 Ts 1:1). Um grupo de pessoas sem esse fundamento pode até ter nome de “igreja”, mas não é. Se Paulo, por um lado, tinha coração de pastor, os tessalonicenses, por outro, tinham coração de ovelha. Quando o pastor se ausentou, eles não “jogaram tudo para o alto”, nem “cruzaram os braços”. Eles fizeram a obra. Da mesma forma, precisamos persistir na fé, pois nossa esperança não é um nevoeiro que passa, antes, é uma sólida certeza da volta de Cristo. Isso nos motiva a sermos arautos do Reino. A exemplo dos tessalonicenses, será que temos usado nossa posição estratégica entre os não cristãos para evidenciarmos o evangelho? Será que dependemos de outros para ter iniciativa? Pense nisso.

Conclusão

Olhemos para a igreja de Tessalônica atentando para o seu exemplo, que reflete uma genuína comunidade missional. Esses cristãos impactaram muita gente de seu tempo. Desta forma, sejamos persistentes no Reino de Deus, não importando quais sejam as perseguições, o nosso “tempo de vida cristã” e as carências da igreja local. Saiamos da nossa zona de conforto e sejamos mais apaixonados pela

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Referências Bibliográficas

FEE, Gordon; STUART, Douglas. Como ler a Bíblia livro por livro: um guia de estudo panorâmico da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 2013.

HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.

JOHN Paton. Disponível em: http://moravios.org/infografico-frases-de-missionarios-notaveis/. Acesso em: 13 jul. 2019.

KEENER, Craig S. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2017.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

MARSHALL, I. Howard. 1 e 2 Tessalonissenses: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova, 1984.

ROBINSON, Haddon. Pregação bíblica: o desenvolvimento e a entrega de sermões expositivos. São Paulo: Shedd Publicações, 2002.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. V. II. Santo André: Geográfica, 2010.

12. John Paton. Disponível em: http://moravios.org/infografico-frases-de-missionarios-notaveis/. Acesso em: 13 jul. 2019.

igreja local, no sentido de nos preocuparmos em viver a missão que Deus tem para nós, coletiva e individualmente. Será que não existem, aí na sua congregação, pessoas recém-convertidas precisando ser discipuladas? Analise se você tem falado do evangelho para alguém, nos últimos tempos; se sua vida tem sido um testemunho desse evangelho. Em seguida, coloque “a mão na massa”: visite alguém afastado, ore por alguém necessitado, ofereça um estudo bíblico, ajude alguém que precise de auxílio. Persista na fé. Como já disse o famoso John Paton: “Nada esclarece tanto a visão e eleva tanto a vida, quanto a decisão de avançar no que você sabe ser inteiramente a vontade do Senhor”.12

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SERMÃO 4UMA IGREJA QUE ABALA A

CIDADETexto base: Atos 19:1-20

Introdução

Você já sonhou com uma igreja tão avivada a ponto de causar mudanças em todo o bairro ou em toda a cidade em que ela está? Pense em prostitutas e viciados rendendo-se a Cristo; imagine almas aprisionadas pelas garras de Satanás, reféns de falsas religiões, que, de repente, se encontram de joelhos, com as mãos estendidas ao céu, ao único Deus soberano. E se, ao pegar o controle remoto e ligar sua TV, você visse, nos noticiários, que a igreja em que você congrega está abalando as estruturas do comércio e da religião local? Pois bem, algo semelhante a isso ocorreu com os cristãos de Éfeso, no primeiro século. Sem redes sociais, nem banners ou anúncios de jornal, a Palavra se difundiu poderosamente. Que hoje possamos aprender as verdades espirituais através da história desta igreja, que foi claramente missional. Para começar, é preciso lembrar que Éfeso era uma cidade portuária que, no primeiro século da era cristã, pode ter chegado a 250 mil pessoas. Tinha um templo gigantesco dedicado à deusa grega Ártemis, ou Diana para os romanos, que atraía turistas, festivais e movimentava o comércio da região. No templo, havia mil prostitutas cultuais à disposição de homens promíscuos, que faziam do pecado uma forma de adoração. Essa era a realidade daquela gente. Porém, onde um olhar limitado veria apenas sujeira, promiscuidade, idolatria, desesperança e podridão espiritual, Deus viu o poder incomparável do evangelho, capaz de soerguer uma igreja e fazê-la abalar toda a cidade. Com a igreja de Éfeso aprendemos que toda igreja cristã tem o potencial de impactar a cidade ou o bairro

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em que está inserida. O texto de Atos apresenta algumas características deste impacto urbano causado pelos cristãos.

1. O impacto da igreja pode ser estratégico

A igreja pode se preparar e se planejar para causar, intencionalmente, um impacto na cidade. A igreja de Éfeso é um exemplo disto e as ações estratégicas do apóstolo Paulo, como plantador daquela comunidade de fé, chamam a atenção. Primeiramente, é preciso notar que o apóstolo designou pessoas estratégicas para evangelizar a cidade. Era o final de sua segunda viagem missionária. Ele pregou por pouco tempo em Éfeso, e prosseguiu em sua viagem; porém, deixou ali Priscila e Áquila para continuarem o trabalho missionário. Foi assim que Apolo, homem sábio em palavras, foi conquistado para defesa do evangelho (At 18:20-28). Na terceira viagem missionária, retornando a Éfeso, Paulo dedica um tempo estratégico para ensinar naquele lugar a Palavra de Deus (At 19:8,10). Ele fez o mesmo em Trôade, quando pregou até a meia noite e, após a ressurreição impressionante de Êutico, voltou a pregar até ao amanhecer (At 20:7-12). Em Éfeso, precisou dedicar mais tempo ao ensino. A Palavra sempre tinha a primazia em sua tática missionária. Além disso, Paulo usou lugares estratégicos. Não perdeu tempo na sinagoga, onde havia resistência à mensagem. Após três meses, saiu e fez da escola de Tirano seu quartel-general.1 Ensinou naquela escola por dois anos, de modo que toda a região da Ásia ouviu as boas novas. Ao dedicar tempo para ensinar o evangelho, o apóstolo estava semeando. Os frutos desse trabalho foram extraordinários. O exemplo dos cristãos efésios e as ações de Paulo nos mostram que as igrejas atuais também podem se planejar para impactar sua localidade, buscando estratégias e organizando ações para que a pregação do evangelho seja ainda mais efetiva.

1. Lopes (2012:387).

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2. O impacto da igreja pode ser sobrenatural

A cidade de Éfeso experimentou algo sobrenatural. Isso mesmo: sobrenatural! Lucas faz questão de utilizar a expressão “milagres extraordinários”. Ali, o Senhor derramou do seu poder. Naquele lugar cheio de idolatria e ocultismo, Deus permitiu que os lenços e os aventais de Paulo fossem usados para curar enfermos e expulsar demônios, algo incomum. Veja o está escrito em Atos 19:11 e 12: Deus fazia milagres extraordinários por meio de Paulo, de modo que até lenços e aventais que Paulo usava eram levados e colocados sobre os enfermos. Estes eram curados de suas doenças, e os espíritos malignos saíam deles. Obviamente, isso não é regra para nós. Não vemos Paulo fazendo isso em outros lugares, nem mesmo abençoando lenços para serem utilizados pelas pessoas. O que houve ali foi algo fora do comum, um agir poderoso e misterioso de Deus. Naquele contexto, a forma como os milagres aconteceram foi necessária. Foi algo excepcional, para que aquele povo supersticioso pudesse acreditar no evangelho, o que, de fato, ocorreu. A lição que podemos aprender com este episódio é que cristãos sinceros podem ser instrumentos poderosos nas mãos de Deus para libertar vidas das garras de Satanás, podem levar cura, salvação, restauração e impactar uma cidade ou bairro. Uma igreja local pode ser palco dos grandes feitos do Espírito Santo. Se Deus quiser realizar coisas magníficas, milagres extraordinários com as pessoas deste bairro em que estamos, ou nesta cidade onde moramos, ele pode! Se Deus quiser usar sua vida para isso, que você diga: “Eis-me aqui!”.

3. O impacto da igreja pode ser quantitativo

A ação de Deus naquela cidade promoveu salvação. Foram inúmeras conversões. Os lenços não viraram amuletos da sorte, bem como o nome de Jesus não se tornou apenas uma fórmula mágica (At 19:13-17). Ao contrário, as pessoas verdadeiramente se converteram em grande número. Quando Deus opera, o evangelho é evidenciado. Isso nos ensina que os milagres não são um fim em si mesmos: são uma maneira de levar as pessoas a olharem para Cristo e

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se converterem. É assim que começa uma revolução. Esse é verdadeiro impacto! Podemos ver isso em Atos 19:20, em que lemos: Assim, a Palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia. À parte de todos os outros aspectos pelos quais poderíamos ver o impacto que Éfeso teve com a chegada da igreja, Deus desejou impactar aquela cidade e salvar vidas. Cristo estava no centro de tudo o que Paulo fazia naquele lugar, e o desejo maior de Deus era salvar os pecadores que lá estavam. A igreja de Éfeso é uma prova que mostra como uma igreja séria pode viver um crescimento sobrenatural de seus membros. Isso é possível! Claro que aquela igreja estava vivendo um grandioso avivamento. Este era o seu segredo. Nós também podemos viver isso. Observe que o capítulo 19 de Atos começa com Paulo e os cristãos efésios buscando o poder do Espírito Santo (v. 1-7). Isso fez toda a diferença. Nós devemos fazer o mesmo! Busque sempre o poder de Deus! Contudo, também promova ações com propósito de levar o evangelho e a salvação às pessoas. Deus pode fazer a igreja crescer e quanto mais a igreja cresce, mais ela tem poder de impactar!

4. O impacto da igreja pode ser tranformador

O impacto na cidade de Éfeso implicou em transformação no comportamento e na atitude das pessoas. A mudança na vida dos conversos oriundos da religião pagã foi notável e imediata. O texto nos informa que: Muitos dos que creram vinham, e confessavam e declaravam abertamente suas más obras (At 19:18). Sua atitude em relação à idolatria mudou drasticamente. Sua consciência sobre o pecado foi transformada e suas atitudes mudaram. Quem era feiticeiro, abandonou os seus ídolos. Quem era adúltero, deixou de ser. Quem roubava, parou. Quem mentia, passou a ter vergonha de suas mentiras. A Bíblia nos dá apenas um breve vislumbre de tudo que aconteceu ali. Mas é possível imaginar a cena: pessoas impactadas pelo Evangelho e pela presença do Espírito Santo estavam confessando seus pecados e renegando suas antigas práticas. Se, de um lado, as trevas perderam sua

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influência sobre essas pessoas, de outro, o evangelho tomou a direção de suas vidas. Só o evangelho pode transformar de forma tão impactante a vida do ser humano. Apenas o evangelho proporciona tamanha mudança nos corações. Muitos limitam suas “ações evangelísticas” a chamar alguém para ir à igreja e apresentar Jesus através de suas experiências pessoais, às vezes, com uma verdadeira mentalidade de consumo: “Jesus vai resolver seu problema”. Isso pode ter o seu valor, mas entendamos: isso não é evangelização. Necessitamos urgentemente de homens e mulheres cheios do Espírito Santo que preguem fielmente a mensagem da cruz como Paulo pregou. O evangelho pode fazer transformações inimagináveis, quando pregado de modo fiel. Portanto, pregue o evangelho puro e simples (Rm 1:16-17).

5. O impacto da igreja pode ser econômico

A transformação na vida dos cidadãos de Éfeso foi tão grande que isso afetou a economia na cidade, causando prejuízos financeiros a muitos. Observe o que a Bíblia diz: Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros e os queimaram na presença de todos, e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata (At 19:19). Esse era um valor expressivo, correspondente ao salário anual de cento e cinquenta homens.2 Dá para imaginar? O turismo religioso da cidade diminuiu. A venda das imagens de escultura de Diana e dos demais ídolos caiu drasticamente. Isso motivou os artíficies e fundidores a promover um grande alvoroço na cidade, descrito em Atos 19:23-41: Demétrio começou a espalhar sua propaganda contra os cristãos e, em pouco tempo, causou grande tumulto na cidade toda.3 Contudo, a ira dos homens nada pode contra a graça de Deus. O abalo da igreja prevaleceu sobre o abalo dos seus opositores. Uma igreja local hoje também pode causar um abalo econômico no lugar em que está inserida. A igreja pode influenciar a cultura da cidade através do evangelho. Ela pode fazer isso levando um traficante a Cristo. Imagine muitos viciados em drogas e em bebida, prostitutas e 2. Wiersbe (2006:625).3. Wiersbe (2006:625).

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feiticeiros se convertendo ao Evangelho. Imagine corruptos se tornando honestos. Além disso, a igreja pode mudar para melhor a vida econômica de muitas famílias que venham a frequentá-la. Pode ainda fazer a diferença através de seus membros agindo como cristãos no ambiente corporativo, influenciado a realidade. O Senhor pode fazer tudo isso através desta igreja que você congrega.

Conclusão

Em Atos 20:16, vemos que chegou o momento de Paulo partir para outras prioridades. Seu trabalho como plantador da igreja em Éfeso estava concluído. A igreja estava estabelecida. O abalo espiritual na cidade de Éfeso resultou em várias vidas salvas e em alguns líderes locais espiritualmente maduros (At 20:17). Era hora de o apóstolo seguir adiante. Contudo, antes de sua partida rumo a Jerusalém, Paulo orientou os presbíteros sobre a fidelidade na pregação, sobre a convicção do ministério e sobre a preocupação com o futuro dos cristãos naquele lugar. Por quê? Porque Paulo queria que a ação missionária daquela igreja continuasse relevante naquela cidade. Ele desejava que o impacto que foi estratégico, sobrenatural, quantitativo, transformador e econômico, também fosse permanente. E de fato, a igreja de Éfeso se tornou a mais importante do primeiro século.4 Essa história nos ensina que, quando pregado por uma igreja avivada, o evangelho, por si só, é poderoso o bastante para mudar a realidade de todo e qualquer lugar. Acredite, o Senhor da igreja ainda atua entre nós e tem o necessário para usar os cristãos de hoje, a ponto de abalarem as estruturas do contexto em que vivem. Temos clamado para que Deus envie poder alto, para começarmos a fazer a diferença. Contudo, creio que Deus já tem nos capacitado. Já temos os dons espirituais e a unção do Espírito. O que precisamos é nos mover na direção dos pecadores. Jesus disse que devemos pregar e os sinais nos seguirão (Mc 15:15-17). Sendo assim, sejamos também uma igreja que abala a cidade!

4. Lopes (2012:379).

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Referências Bibliográficas

LOPES, Hernandes Dias. Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja. São Paulo: Hagnos, 2012.

WIERSBE, Warren W. Comentário bíblico expositivo: Novo Testamento. V. 1. Santo André: Geográfica, 2006.

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