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II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Conselho Nacional dos Direitos da Mulher

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Brasília2008

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© 2008. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

Elaboração, distribuição e informaçõesSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres – Presidência da RepúblicaEsplanada dos Ministérios, Bloco L, Edifício Sede, 2º andar – cep: 70047-900 – Brasília – DFFones: (61) 2104-9377 e 2104-9381 e Fax: (61) 2104-9362 e [email protected] – www.presidencia.gov.br/spmulheres

Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher

EdiçãoFábia Oliveira Martins de SouzaLuana Simões PinheiroMaria Márcia dos Santos LeporaceSônia Malheiros Miguel

Projeto gráficoHeloisa Frossard

RevisãoLuana Nery Moraes

Distribuição gratuita1ª Tiragem: 20.000 exemplares em nov/20082ª Tiragem: 1.000 exemplares em ago/2009

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Brasil. Presidência da República. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. 2ª Reimpressão. Brasília: Secretaria Especialde Políticas para as Mulheres, 2008. 236 p.

1. Discriminação contra a Mulher. 2. Políticas Públicas. 3. Conferência.I. Título. II. Série.

CDU 396

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Presidente da República do BrasilLuiz Inácio Lula da Silva

Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres – SPMNilcéa Freire – Secretária Especial

Teresa Cristina Nascimento Sousa – Secretária Adjunta

Subsecretaria de Articulação InstitucionalSônia Malheiros Miguel

Subsecretaria de Monitoramento de Programas e Ações TemáticasAparecida Gonçalves

Subsecretaria de Planejamento de Políticas para as MulheresRufino Correia Santos Filho (interino)

Laisy Morière – Assessora Especial

Elisabete Matar Freire de Carvalho – Chefe de Gabinete

Conselho Nacional dos Direitos da MulherSusana Cabral – Secretária

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Sumário

Apresentação – Ministra Nilcéa FreireMais cidadania para mais brasileiras .............................................................

Parte ITemos um Plano .......................................................................................

Parte IIPressupostos, princípios e diretrizes gerais da Política Nacional para as Mulheres .........

Capítulo 1 – Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho,com inclusão social .....................................................................................

Objetivos, metas e prioridades ...................................................................Plano de ação ......................................................................................

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Capítulo 2 – Educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica ...Objetivos, metas e prioridades ..................................................................Plano de ação ......................................................................................

Capítulo 3 – Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos ................Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

Capítulo 4 – Enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres .......Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

Capítulo 5 – Participação das mulheres nos espaços de poder e decisão .................Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

Capítulo 6 – Desenvolvimento sustentável no meio rural, na cidade e na floresta,com garantia de justiça ambiental, soberania e segurança alimentar ........................

Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

Capítulo 7 – Direito à terra, moradia digna e infra-estrutura social nos meios rurale urbano, considerando as comunidades tradicionais ..........................................

Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

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Capítulo 8 – Cultura, Comunicação e Mídia igualitárias, democráticas enão discriminatórias ....................................................................................

Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

Capítulo 9 – Enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia ..............................Objetivos, metas e prioridades ................................................................Plano de ação .....................................................................................

Capítulo 10 – Enfrentamento das desigualdades geracionais que atingem as mulheres,com especial atenção às jovens e idosas ..........................................................

Objetivos, metas e prioridades ...............................................................Plano de ação ....................................................................................

Parte III

Capítulo 11 – Gestão e Monitoramento do Plano ..............................................Objetivos, metas e prioridades ...............................................................Plano de ação ....................................................................................

Capítulo 12 – Previsão Orçamentária 2008-2011 ...............................................

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Anexos

Anexo 1 – Decreto 5.390 de 08 de março de 2005 ....................................Anexo 2 – Decreto 6.387 de 05 de março de 2008 ....................................Anexo 3 – Portaria no 62 de 24 de setembro de 2008 ............................Anexo 4 – Composição do Comitê de Articulação e Monitoramento do PlanoNacional de Políticas para as Mulheres, setembro de 2008.........................Anexo 5 – Conselho Nacional dos Direitos da MulherGestão 2005-2007 ..................................................................................Anexo 6 – Conselho Nacional dos Direitos da MulherGestão 2008-2010 ..................................................................................Anexo 7 – Glossário de siglas .......................................................................

Agradecimentos ..........................................................................................

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Apresentação

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E na rua, lado a ladoSomos muito mais que dois.

Mario Benedetti

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Mais cidadania para mais brasileiras

II PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES: COMEMORAR CONQUISTAS E SUPERAR NOVOS DESAFIOS

O lançamento do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheresé, para nós, um motivo de satisfação e um desafio.

Satisfação pela forma democrática como vêm sendo elaboradasimportantes políticas neste governo, a exemplo deste II PNPMcuja construção participativa envolveu diretamente cerca de 200mil mulheres brasileiras em conferências municipais e estaduaisrealizadas em todas as Unidades da Federação do país.

Satisfação por vermos emergir, de forma clara na II ConferênciaNacional de Políticas para as Mulheres, a reafirmação dospressupostos e princípios da Política Nacional para as Mulheresestabelecidos na I Conferência. Seguem sendo linhas mestrasdo nosso trabalho: a igualdade; o respeito à diversidade; aeqüidade; a autonomia das mulheres; a laicidade do Estado; auniversalidade das políticas; a justiça social; a transparência dosatos públicos; a participação; e o controle social.

Satisfação por vermos, passo a passo, políticas nacionais paraas mulheres sendo definidas e implementadas de forma contínuae consistente; e por vermos o II Plano Nacional de Políticas para

as Mulheres tecido de forma articulada por todo o governo.

Com base nos resultados da II CNPM, no Plano Plurianual 2008-

2011 e na Agenda Social do governo, e sob a coordenação daSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 18 órgãos daadministração pública federal (MEC, MJ, MS, MCid, MDA, MDS,

MPOG, MTE, MME, MinC, MMA, Seppir, SEDH, Casa Civil,Secretaria Geral, Secom, Funai e Ipea), em parceria comrepresentantes de mecanismos governamentais estaduais e

municipais de políticas para as mulheres e do Conselho Nacionaldos Direitos da Mulher, elaboraram este II PNPM, que contacom 94 metas, 56 prioridades e 388 ações distribuídas em 11

grandes áreas de atuação.

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Temos, neste momento, o grande desafio de garantir suaimplementação em todo o país. O II PNPM amplia e aprofunda ocampo de atuação do governo federal nas políticas públicas paraas mulheres, incluindo seis novas áreas estratégicas que irão sesomar àquelas já existentes no I Plano. São elas: Participaçãodas mulheres nos espaços de poder e decisão; Desenvolvimentosustentável no meio rural, na cidade e na floresta, com garantiade justiça ambiental, inclusão social, soberania e segurançaalimentar; Direito à terra, moradia digna e infra-estrutura social

nos meios rural e urbano, considerando as comunidadestradicionais; Cultura, comunicação e mídia não-discriminatórias;Enfrentamento ao racismo, sexismo e lesbofobia; e Enfrentamentoàs desigualdades geracionais que atingem as mulheres, comespecial atenção às jovens e idosas.

O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres é a expressãoinequívoca do compromisso do governo brasileiro com aigualdade e a justiça social para todos e todas.

NILCÉA FREIRE

MINISTRA DA SECRETARIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

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Parte I

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Temos um Plano

O II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), oralançado, é fruto de um intenso processo de diálogo travado entregoverno e sociedade civil. Responde não apenas à mobilizaçãoda sociedade brasileira para a ampliação da perspectiva de gêneroe raça/etnia nas ações desenvolvidas pelo Estado, mas tambémao reconhecimento por parte deste governo de que as políticasde promoção da igualdade e de valorização das diversidadesencontram-se em permanente processo de construção eaperfeiçoamento, e se constituem em responsabilidade de todosos órgãos que o integram.

O processo de construção do II PNPM e os seus resultados, aquiapresentados, traduzem, portanto, a continuação do esforçoempreendido pelo governo do Presidente Luiz Inácio Lula daSilva para incorporar o princípio da igualdade – em todas assuas dimensões – no processo de desenvolvimento e naconsolidação da democracia, iniciada já em 2003. Explicita,também, a adoção da transparência das ações governamentaiscomo um princípio e o diálogo como forma legítima de condução

das relações entre o Estado e a sociedade, decorrendo daí ainstituição de canais de participação da sociedade no processode planejamento, formulação, acompanhamento e avaliação daspolíticas públicas. As Conferências Nacionais, realizadas pelosmais diferentes setores do governo federal, constituem osexemplos mais significativos dos avanços observados nessasrelações nos últimos anos.

Em suas grandes linhas, o II Plano Nacional foi aprovado pela IIConferência Nacional de Políticas para as Mulheres, realizadaem agosto de 2007, e validou os princípios e pressupostos daPolítica Nacional para as Mulheres, bem como as diretrizes eprioridades apontadas pela I CNPM, realizada em julho de 2004.A II Conferência, porém, ampliou o escopo do Plano Nacional,introduzindo novos eixos estratégicos e propondo odetalhamento de eixos já existentes, de forma a destacarsegmentos de mulheres em situação de vulnerabilidade, ou dequalificar os procedimentos e os meios para a obtenção dosresultados esperados.

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A avaliação do Plano Nacional teve por finalidade principal oseu aperfeiçoamento, adequando-o às necessidades impostaspela própria dinâmica da sua implementação e pelas demandasda sociedade civil. Nesse processo, ficou claro que deve serpreservada a continuidade de ações fundamentais para ocumprimento dos objetivos e metas da promoção da igualdadede gênero, considerando a necessidade de um tempo dematuração e consolidação. Isto significa que o PNPM se renovapor meio do processo de avaliação, sem perder a referência dospressupostos, princípios e diretrizes que pautam a PolíticaNacional para as Mulheres e que norteiam os seus principaisobjetivos.

A avaliação do I PNPM apontou como principais avanços emdireção à institucionalização da Política Nacional para asMulheres e sua implementação: a maior inserção da temáticade gênero, raça/etnia no processo de elaboração do orçamentoe planejamento do governo; a criação de organismosgovernamentais estaduais e municipais para coordenação egerenciamento das políticas para as mulheres; e os avanços naincorporação da transversalidade de gênero nas políticas públicas.Mereceram destaque, ainda, a promulgação da Lei no 11.340/2006 (Lei Maria da Penha); a criação da Comissão Tripartite paraa Revisão da Legislação Punitiva contra o Aborto; o aumento decrédito das mulheres rurais; e a política nacional de direitossexuais e direitos reprodutivos, entre outros.

Esta mesma avaliação indicou como principais insuficiências quenecessitam ser superadas: a não existência de organismos depolíticas para as mulheres em inúmeros governos estaduais e namaioria dos governos municipais; o baixo orçamento para aspolíticas para as mulheres; a criminalização do aborto; a falta de

dados; a baixa incorporação da transversalidade de gêneronas políticas públicas; a ausência de compartilhamento, entremulheres e homens, das tarefas do trabalho doméstico e decuidados; a fragilidade dos mecanismos institucionais de políticaspara as mulheres existentes; entre outras.

Quanto aos novos eixos estratégicos aprovados na II Conferência,a grande inovação foi o destaque dado à participação dasmulheres nos espaços de poder, como objeto de políticas públicasorientadas para a igualdade de gênero. O tema, também incluídoentre os objetivos da II CNPM para debate e avaliação, ganhoua relevância de uma área de atuação específica da SecretariaEspecial de Políticas para as Mulheres e do governo federal, dadaà amplitude do próprio conceito de “poder” e da sua centralidadeno âmbito das relações de gênero – que têm na desigualdadeuma das suas marcas mais sensíveis e evidentes.

Outros eixos instituídos imprimiram, em alguns casos, maiorvisibilidade a questões importantes que já se traduziam emprioridades e ações no Plano Nacional em vigor. Nesse sentido,podem ser citados os temas: cultura, comunicação e mídia; meioambiente, desenvolvimento sustentável e segurança alimentar;acesso à terra e à moradia; enfretamento às desigualdades raciaise geracionais; entre outros, de igual importância.

Do ponto de vista da gestão do PNPM, nesta sua segunda fasede implementação, é importante salientar, em primeiro lugar, agrande preocupação em articulá-lo com o Plano Plurianual (PPA2008-2011), garantindo, assim, um compromisso mais efetivode todos os setores envolvidos com as políticas de promoção daigualdade de gênero e da autonomia das mulheres. Ao longo daprimeira fase de implementação do PNPM, esses processos –

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tanto de articulação e construção de parcerias com os setoresgovernamentais, quanto o de aproximação com os movimentossociais – ganharam em dimensão e profundidade, ampliando-sea rede de parceiros e o diálogo com a sociedade civil.

Esses avanços também podem ser exemplificados pela inclusão,nesta nova versão do Plano, de ações da Agenda Social dos setoresde governo que atuam em prol da igualdade de gênero. Em termosobjetivos, isto significa, de um lado, o fortalecimento de parceriase de ideais comuns, ou, no mínimo, convergentes, no âmbito dopoder público; e de outro lado, a permeabilidade de uma teia derelações que aproxima governo e sociedade, reconhecendo eunificando as interfaces dos movimentos sociais nos seusdiferentes segmentos.

A própria metodologia de revisão do PNPM refletiu os avançosjá mencionados, ao transferir para o seu Comitê de Articulação eMonitoramento a responsabilidade pela condução do processo.Foram convocados não apenas os órgãos que já integravam oComitê, mas também representantes dos novos setoresgovernamentais que passaram a constituí-lo frente às demandassurgidas na II CNPM. São eles: Ministério da Cultura, Ministériodo Meio Ambiente, Secretaria de Comunicação, Secretaria Geral,Casa Civil, Ipea e Funai.

Nesta nova configuração, o Comitê também ampliou arepresentação da sociedade civil passando de um para três onúmero de representantes do Conselho Nacional dos Direitos daMulher; e incorporando duas representantes de mecanismosgovernamentais de políticas para as mulheres estaduais e duasde mecanismos municipais. Como convidadas, estiverampresentes às reuniões de revisão do PNPM, representantes dosmovimentos de mulheres negras e de mulheres jovens.

Como acordo base para a elaboração do II Plano definiu-seque: os resultados da II Conferência Nacional de Políticas paraas Mulheres seriam os norteadores centrais; os temas deenfrentamento ao racismo, sexismo e lesbofobia e dasdesigualdades geracionais, se constituiriam em capítulos doPlano, mas as ações para a superação dessas discriminações edesigualdades estariam distribuídas nos diferentes planos deação; os ministérios deveriam fazer um rebatimento das açõesdo II PNPM nas suas ações do PPA 2008-2011, definindo osrecursos previstos para cada ação; e, também, a articulação doPNPM à agenda social do Governo. Os trabalhos do Comitêocorreram em 4 reuniões plenárias e em pequenos grupos detrabalho, organizados por capítulos.

O lançamento do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheresexpressa a vontade política e o comprometimento do GovernoFederal para eliminar a discriminação contra as mulheres. Esteesforço vem sendo reconhecido nacional e internacionalmente.O Comitê para a Eliminação de todas as Formas de Discriminaçãocontra a Mulher, da Organização das Nações Unidas, quando daavaliação do VI Relatório Nacional Brasileiro, em julho de 2007,elogiou a forma participativa como estão sendo construídas eelaboradas as políticas de igualdade de gênero no Brasil erecomendou que se acentuem os esforços para se eliminar alacuna entre a igualdade “de jure” e “de facto” das mulheres ehomens, assegurando-se a implementação das leis, planos epolíticas, bem como seu monitoramento.

Muito ainda se tem por fazer para que a igualdade de gênero ede raça/etnia se efetive em nosso país. Os princípios epressupostos definidos na Política Nacional para as Mulheres,assumidos pelo Brasil, indicam os caminhos a seguir.

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Parte II

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Pressupostos, princípios e diretrizes gerais daPolítica Nacional para as Mulheres

A II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres reafirmouos acordos gerais e os pressupostos, princípios e diretrizes daPolítica Nacional para as Mulheres aprovadas na I ConferênciaNacional. Reafirmando, portanto, o entendimento de que osPlanos Nacionais expressam conjunturas específicas e que apolítica nacional é a linha mestra das diferentes ações queintegram os planos nacionais.

A Política Nacional para as Mulheres é dotada de caráter maispermanente, fornecendo as linhas gerais sobre a qual os Planos,de caráter mais perenes e sujeitos a modificações mais freqüentes,se constroem. Orienta-se pelos princípios de igualdade e respeitoà diversidade, de eqüidade, de autonomia das mulheres, delaicidade do Estado, de universalidade das políticas, de justiçasocial, de transparência dos atos públicos e de participação econtrole social.

IGUALDADE E RESPEITO À DIVERSIDADE – mulheres e homens são iguaisem seus direitos. Sobre este princípio se apóiam as políticas deEstado que se propõem a superar as desigualdades de gênero. Apromoção da igualdade requer o respeito e atenção à diversidade

cultural, étnica, racial, inserção social, de situação econômicae regional, assim como aos diferentes momentos da vida.Demanda o combate às desigualdades de toda sorte, por meiode políticas de ação afirmativa e considerando as experiênciasdas mulheres na formulação, implementação, monitoramento eavaliação das políticas públicas.

EQÜIDADE – o acesso de todas as pessoas aos direitos universaisdeve ser garantido com ações de caráter universal, mas tambémpor ações específicas e afirmativas voltadas aos gruposhistoricamente discriminados. Tratar desigualmente os desiguaisbuscando-se a justiça social requer pleno reconhecimento dasnecessidades próprias dos diferentes grupos de mulheres.

AUTONOMIA DAS MULHERES – deve ser assegurado às mulheres opoder de decisão sobre suas vidas e corpos, assim como ascondições de influenciar os acontecimentos em sua comunidadee país e de romper com o legado histórico, com os ciclos e espaçosde dependência, de exploração e subordinação que constrangemsuas vidas no plano pessoal, econômico, político e social.

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LAICIDADE DO ESTADO – as políticas públicas de Estado devem serformuladas e implementadas de maneira independente deprincípios religiosos, de forma a assegurar efetivamente os direitosconsagrados na Constituição Federal e em diversos instrumentosinternacionais assinados e ratificados pelo Estado brasileiro, comomedida de proteção aos direitos humanos das mulheres emeninas.

UNIVERSALIDADE DAS POLÍTICAS – as políticas devem ser cumpridasna sua integralidade e garantir o acesso aos direitos sociais,políticos, econômicos, culturais e ambientais para todas asmulheres. O princípio da universalidade deve ser traduzido empolíticas permanentes nas três esferas governamentais, caracteri-zadas pela indivisibilidade, integralidade e intersetorialidade dosdireitos, e combinadas às políticas públicas de ações afirmativas,percebidas como transição necessária em busca da efetivaigualdade e eqüidade de gênero, raça e etnia.

JUSTIÇA SOCIAL – implica no reconhecimento da necessidade deredistribuição dos recursos e riquezas produzidos pela sociedadee na busca da superação da desigualdade social que atinge asmulheres de maneira significativa.

TRANSPARÊNCIA DOS ATOS PÚBLICOS – deve-se garantir o respeito aosprincípios da administração pública: legalidade, impessoalidade,moralidade, publicidade e eficiência, com transparência nos atospúblicos e controle social.

PARTICIPAÇÃO E CONTROLE SOCIAL – devem ser garantidos o debate ea participação das mulheres na formulação, implementação,avaliação e controle social das políticas públicas.

PARA CONCRETIZAR ESTES PRINCÍPIOS, O ESTADO E AS ESFERAS DE

GOVERNO FEDERAL, ESTADUAL E MUNICIPAL DEVERÃO SEGUIR AS SEGUINTES

DIRETRIZES:

Garantir a implementação de políticas públicas integradaspara a construção e a promoção da igualdade de gênero,raça e etnia;Garantir o desenvolvimento democrático e sustentávellevando em consideração as diversidades regionais, comjustiça social, e assegurando que as políticas dedesenvolvimento promovidas pelo Estado brasileiro sejamdirecionadas à superação das desigualdades econômicas eculturais. Isto implica a realização de ações de caráterdistributivo e descon-centrador de renda e riquezas;Garantir o cumprimento dos tratados, acordos e convençõesinternacionais firmados e ratificados pelo Estado brasileirorelativos aos direitos humanos das mulheres;Fomentar e implementar políticas de ação afirmativa comoinstrumento necessário ao pleno exercício de todos os direitose liberdades fundamentais para distintos grupos de mulheres;Promover o equilíbrio de poder entre mulheres e homens,em termos de recursos econômicos, direitos legais,participação política e relações interpessoais;Combater as distintas formas de apropriação e exploraçãomercantil do corpo e da vida das mulheres, como a exploraçãosexual, o tráfico de mulheres e o consumo de imagensestereotipadas da mulher;Reconhecer a violência de gênero, raça e etnia como violênciaestrutural e histórica que expressa a opressão das mulherese que precisa ser tratada como questão de segurança, justiçae saúde pública;

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Reconhecer a responsabilidade do Estado na implementaçãode políticas que incidam sobre a divisão social e sexual dotrabalho; na importância social do trabalho tradicionalmentedelegado às mulheres para as relações humanas e produçãodo viver; na importância dos equipamentos sociais e serviçoscorrelatos, em especial de atendimento e cuidado com criançase idosos;Contribuir com a educação pública na construção social devalores que enfatizem a importância do trabalho historica-mente realizado pelas mulheres e a necessidade da criação eviabilização de novas formas para sua efetivação;Garantir a inclusão das questões de gênero, raça e etnia noscurrículos escolares, reconhecendo e buscando formas dealterar as práticas educativas, a produção de conhecimento,a educação formal, a cultura e a comunicação discriminatórias;Garantir a alocação e execução de recursos nos PlanosPlurianuais, Leis de Diretrizes Orçamentárias e LeisOrçamentárias Anuais para a implementação das políticaspúblicas para as mulheres;

Elaborar, adotar e divulgar indicadores sociais, econômicose culturais sobre a população afro-descendente e indígena,como subsídios para a formulação e implantação articuladade políticas públicas de saúde, previdência social, trabalho,educação e cultura, levando em consideração a realidade e aespecificidade urbana e rural. Conferir especial atenção àimplantação do quesito cor nos formulários e registros nasdiferentes áreas;Formar e capacitar servidores/as públicos/as em gênero, raça,etnia e direitos humanos, de forma a garantir a implemen-tação de políticas públicas voltadas para a igualdade;Garantir a participação e o controle social na formulação,implementação, monitoramento e avaliação das políticaspúblicas, colocando à disposição dados e indicadoresrelacionados aos atos públicos e garantindo a transparênciade suas ações;Criar, fortalecer e ampliar os organismos específicos de direitose de políticas para as mulheres no primeiro escalão degoverno, nas esferas federal, estadual e municipal.

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Capítulo 1: Autonomia econômica e igualdadeno mundo do trabalho, com inclusão social

É no espaço social do trabalho onde as discriminações e asdesigualdades se tornam ainda mais evidentes. Às desigualdadessociais somam-se as desigualdades étnico-raciais e de gênerocontribuindo para a construção de uma hierarquia que se repeteem praticamente todos os indicadores sociais e econômicosanalisados: homens e brancos estão, em geral, em melhorescondições de inserção no mercado de trabalho do que mulherese negros. Destaque-se, ainda, que são as mulheres negras quesofrem a mais pesada carga de discriminação, vivendo umasituação de dupla diferenciação: de gênero e raça/etnia. Estainterseccionalidade contribui para criar um ordenamento socialque coloca no topo os homens brancos, seguidos pelas mulheresbrancas, os homens negros e, por fim, as mulheres negras. Dentretodos, são elas que vivenciam na escala inferior da pirâmide socialas piores condições de trabalho, as que recebem os menoresrendimentos, as que mais sofrem com o desemprego e as quemais estabelecem relações informais (e sua conseqüente ausênciade proteção social, tanto presente quanto futura) e as que ocupamposições de menor prestígio na hierarquia profissional.

Os resultados desta discriminação – que muitas vezes é indiretaou invisível – tornam-se bastante evidentes quando se analisamos indicadores de desemprego e rendimento, entre outros. Cabedestacar, porém, que esta é uma situação que, ainda queexistente, vem se alterando de modo significativo ao longo dosúltimos anos, resultado das políticas adotadas pelos governosnas três esferas da federação; das pressões e demandas dosmovimentos sociais; e do maior reconhecimento social sobre asdesigualdades e discriminações de gênero e raça/etnia. Nessesentido, os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(PNAD) evidenciam resultados consistentes com os avanços queocorreram no campo econômico.

No Brasil, ao longo do século XX, o acesso à escola foi ampliadopara os grupos populacionais anteriormente excluídos doprocesso educacional formal. Com isto, as mulheres passaram ater maior acesso à educação, o que se reflete em sua maior emelhor inserção neste espaço em comparação aos homens (vercapítulo 2, pag. 53). Tal vantagem, no entanto, ainda não sereflete no mercado de trabalho. Se muito já se avançou na

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inserção da população feminina nesse espaço potencialmenteprodutor de autonomia econômica e social, muito há, ainda, quecaminhar no que se refere à garantia de condições igualitáriasde entrada e permanência no mercado de trabalho, bem comona remuneração pelas atividades ali desenvolvidas.

Nos últimos quinze anos se tem presenciado um fenômeno quepoderia ser chamado de feminização do mercado de trabalho.De fato, desde o início da década de 1990, é possível verificarum aumento significativo na participação das mulheres nestaesfera. Enquanto em 1996, 52,2% das mulheres de 16 anos oumais se encontravam ativas, ou seja, empregadas ou à procurade emprego, este valor alcançou 59% da população femininaem 2006, um importante acréscimo, ainda mais quando seconstata que a taxa de atividade masculina apresentou tendênciade queda no mesmo período. Tal impulso ao ingresso femininono mercado de trabalho é fruto de uma conjunção de fatores,dentre os quais se destacam a queda nas taxas de fecundidade,o aumento da escolaridade feminina e as mudanças nos valoresrelativos aos papéis e espaços destinados às mulheres, além, éclaro, dos fatores econômicos.

Apesar do aumento do nível de atividade das mulheres, ele aindaé bastante inferior àquele verificado para os homens (82,2%,em 2006). Ademais, a própria decisão de ingressar no mercadode trabalho não é concretizada na mesma intensidade para ostrabalhadores dos dois sexos. Com efeito, enquanto a taxa dedesemprego masculina foi de 6,4%, em 2006, a feminina atingiu11%, o que representa um contingente de quase 1,2 milhão demulheres desempregadas a mais que homens. A hierarquia racialpode ser visualizada claramente neste indicador: enquantohomens brancos apresentavam uma taxa de desemprego de

5,7%, mulheres negras chegavam a 12,5% no mesmo ano. Se,de um lado, as mulheres negras são excluídas de um conjuntode empregos por serem mulheres, de outro, são também excluídasde diversos outros empregos considerados femininos, como oatendimento ao público, por serem negras. Donde se evidenciauma dupla discriminação associada – gênero e raça.

Segundo os dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais,do Ministério do Trabalho e Emprego), em 2006, foram geradosmais de 1,9 milhões de empregos formais, atingindo um patamarde 35,2 milhões de vínculos empregatícios até 31 de dezembrode 2006. Esses dados demonstram uma expansão geral do nívelde emprego em todos os setores de atividade econômica. Emrelação ao aumento da força de trabalho feminina, a RAIS apontapara uma expansão de 6,59%, um percentual superior aoverificado para os homens, que foi em torno de 5,21%. Quantoà escolaridade, o emprego para as mulheres com ensino médiocompleto cresceu 544,8 mil e para o ensino superior completo eincompleto houve uma predominância de crescimento mais doque para os homens, ou seja, ensino superior completo +164,9mil para mulheres e +73,4 mil para os homens, superiorincompleto +75,9 mil para as mulheres e +70,5 mil para oshomens.

Uma vez que consigam empregar-se no mercado de trabalho, asmulheres concentram-se em espaços bastante diferentesdaqueles ocupados pelos trabalhadores do sexo masculino. Nesteprocesso, os lugares ocupados pelas populações feminina e negratendem a ser mais precários do que aqueles ocupados pelamasculina e branca, com menor – ou nenhum – nível de proteçãosocial. As mulheres são, em maior proporção que os homens,empregadas domésticas, trabalhadoras na produção para o

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próprio consumo e não-remuneradas, enquanto os homensencontram-se, proporcionalmente, mais presentes na condiçãode empregados (com e sem carteira assinada), conta-própria eempregador. E são as mulheres negras as que mais ocupam postosno emprego doméstico (21,4% contra 12,7% das mulheresbrancas) e nas categorias que englobam a produção paraautoconsumo, a construção para o próprio uso e as trabalhadorasnão remuneradas (17% contra 12%).

Embora a proporção de mulheres ocupadas sem remuneraçãoseja significativamente mais elevada na agropecuária, houve umaqueda na ocupação feminina no trabalho não remunerado,passando de 40%, em 1993, para 33,7%, em 2006. Com relaçãoàs atividades de autoconsumo desenvolvidas por habitantes domeio rural, embora tenha ocorrido um aumento na participaçãopara ambos os sexos, foi para os homens o crescimento maissignificativo. Entre 1993 e 2006, a participação dos homens emtrabalhos para o auto-consumo saltou de 5,3% para 12%,representando um crescimento de mais de 126%, enquanto quepara as mulheres, no mesmo período, a participação passou de41% para 46,6%, um crescimento de 13%. Há um indicativo,portanto, de mudanças no papel das mulheres na economia rural,mas é importante destacar que tais mudanças estão aindadistantes de um reconhecimento econômico das trabalhadorasrurais.

Vale destacar, também, que ainda persiste a divisão sexual dotrabalho, uma vez que as mulheres têm uma sobrecarga com asobrigações relativas ao trabalho doméstico, de cuidado com acasa e com os filhos. Os dados do IBGE, para 2006, indicam queenquanto 90,2% das mulheres ocupadas dedicam-se aos afazeres

domésticos, uma parcela bastante inferior dos homens (51,4%)encontra-se na mesma situação, o que aponta para uma inegáveldupla jornada para a população feminina. A intensidade comque se dedicam a esses afazeres também é diferenciada: asmulheres gastam aproximadamente 25 horas semanais cuidandode suas casas e de seus familiares, enquanto os homens queexecutam estas tarefas gastam menos de 10 horas por semana.A necessidade de conciliar trabalho e cuidados domésticos fazcom que muitas mulheres encontrem como alternativa o empregoem jornadas de trabalho menores. Logo, enquanto apenas 19,3%dos homens trabalhavam habitualmente menos de 40 horassemanais, esse percentual atinge significativos 42,7% quandose fala de mulheres.

As jornadas de trabalho declaradas por homens e mulheres naatividade agropecuária demonstram claramente a invisibilidadedo trabalho feminino no espaço rural e o ocultamento do tempogasto com a produção de alimentos, seja para o próprio consumoou para o mercado, sem separação dos afazeres domésticos. Em2006, a discrepância da jornada feminina na agropecuária seguiugritante, ocupando praticamente a metade da jornada média detrabalho dos homens: eles declararam trabalhar em média 39horas semanais, enquanto para as mulheres este valor foi de21,7 horas.

Estas diferenças na forma de inserção no mercado de trabalho,aliadas à existência de mecanismos discriminatórios epreconceitos baseados em estereótipos, tais como o daincapacidade feminina para a liderança, fazem com que aremuneração mensal de mulheres seja inferior à verificada parahomens. Em 2006, as mulheres ocupadas ganhavam, em média,

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65% do rendimento auferido pela população masculina (R$504frente a R$774)1. De forma ainda mais intensa, os negrosrecebiam cerca de metade do salário dos brancos, perfazendoR$439 em média por mês, contra R$862 dos brancos. Os dadosevidenciam a dupla discriminação sofrida pelas mulheres negrasno mercado de trabalho. Enquanto as mulheres brancas ganham,em média, 63% do que ganham os homens brancos, as mulheresnegras ganham 66% do que ganham homens do mesmo gruporacial e apenas 32% do rendimento médio dos homens brancos.Importante destacar que essa defasagem vem se reduzindosensivelmente ao longo dos anos: apenas entre 2001 e 2006ela se reduziu em 2 pontos percentuais, o que é, sem dúvida, umresultado bastante positivo para a meta de igualdade entre ossexos e autonomia das mulheres2.

O desenvolvimento de políticas que atuem no sentido de revertero persistente quadro de desigualdades racial e de gênero nomercado de trabalho pauta-se pela observância de alguns marcosnacionais e internacionais na luta pela promoção da igualdadede oportunidades no trabalho, tais como as Convenções 100 e111 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), asrecomendações das ações diretivas das Convenções de Belémdo Pará e Cedaw; das Conferências de Cairo, Beijing, Durban edas expressas nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.Pauta-se, ainda, pelo permanente diálogo com a sociedade civilorganizada e com as representações governamentais no âmbitoestadual e municipal.

Em suas recomendações ao Brasil, o Comitê Cedaw solicitouque o país adote medidas concretas para acelerar a erradicaçãoda discriminação salarial e para assegurar oportunidadesigualitárias para mulheres e homens no mercado de trabalho.Recomenda, ainda, que outras medidas que permitam aconciliação entre as responsabilidades familiares e profissionaissejam implementadas e que seja promovido o compartilhamentoigual das tarefas domésticas entre os sexos. Exorta, também, opaís a assegurar que as trabalhadoras domésticas sejamdevidamente protegidas contra a discriminação, exploração eabuso; o monitoramento e avaliação da Lei no 11.324/2006, quepermite que o empregador faça uma dedução tributária, comoincentivo à assinatura da carteira de trabalho; e que adote semdemora o Projeto de Lei no 7.363/2006, que regula o trabalhodoméstico e inclui as trabalhadoras no FGTS. Por fim, solicitaque todas as políticas e programas de desenvolvimento ruralintegrem uma perspectiva de gênero e cuidem expressamenteda natureza estrutural da pobreza enfrentada pelas mulheresrurais e que o Brasil continue assegurando que o ProgramaNacional de Documentação das Trabalhadoras Rurais atinja todasas mulheres nas áreas rurais remotas.

A atuação da SPM no que diz respeito às ações de promoção daautonomia econômica e igualdade de gênero no mundo dotrabalho foi ampliada ao longo do período de vigência do I PNPM,configurando-se, hoje, em uma intervenção mais efetiva a partirdo apoio a projetos estruturantes e de maior impacto. Nessesentido, cabe destacar o desenvolvimento do Programa Trabalho

1 Refere-se ao rendimento da ocupação principal.2 Os dados da RAIS 2006 para o setor formal também apontam na mesma direção: em 2004, o rendimento médio recebido pelas mulheres equivalia a 81,24% do que ganhavamos homens. Em 2006,esse percentual atingiu 83,2%. A elevação em 2006 resulta em um aumento real de 6,74% nos rendimentos das trabalhadoras contra um ganho real de5,46% nos rendimentos dos homens.

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e Empreendedorismo da Mulher, cujo objetivo é estimular oempreendedorismo feminino, apoiando as mulheres na criaçãoe desenvolvimento de seus próprios negócios. O Programa foiimplantado em 2007 e é constituído por ações de mobilização,sensibilização, capacitação e assistência técnica às mulherespara possibilitar a criação e a sustentação dos negócios.Constituem o público-alvo do programa, tanto as mulheresidentificadas como dotadas de capacidade empreendedora paracriar novos negócios e/ou manter os existentes, quanto aquelaspobres e extremamente pobres, em situação de risco social evulnerabilidade e que estejam inscritas nos programas deinclusão social, bem como sua rede familiar.

O Programa Pró-Eqüidade de Gênero teve sua segunda ediçãolançada em 2007, tendo como objetivo promover a igualdadede oportunidades e de tratamento entre homens e mulheresnas empresas e instituições por meio do desenvolvimento denovas concepções na gestão de pessoas e na culturaorganizacional. Em 2006, 11 instituições do setor público foramcontempladas com o Selo Pró-Eqüidade por terem desenvolvidoações importantes na direção da promoção da igualdade. OPrograma foi ampliado para contemplar também as empresasprivadas, contando, hoje, com a adesão de 28 empresas deambos os setores.

No que se refere às trabalhadoras domésticas, em novembro de2005, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em parceriacom a SPM e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção daIgualdade Racial (Seppir), lançou o Plano Trabalho DomésticoCidadão. Implementado em 2006 como experiência piloto, seusobjetivos são oferecer qualificação profissional e escolarizaçãoàs empregadas domésticas e estimular a sua organização sindical,

de modo a garantir o empoderamento dessas mulheres ecapacitá-las para que possam melhor intervir noaperfeiçoamento das políticas públicas. Os objetivos para 2008incluem a implementação do programa em escala nacional noseixos de elevação da escolaridade, qualificação profissional esocial e intervenção nas políticas públicas, contando para issocom a sua inserção na Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Importante mencionar, ainda, que neste II Plano serãodesenvolvidas, pela SPM, algumas outras ações no campo dotrabalho e da autonomia econômica. Uma delas é o programaTrabalho, Artesanato, Turismo e Autonomia das Mulheres queserá desenvolvido em parceria com o Ministério do Turismocom objetivo de fortalecer as políticas públicas de incentivo aoturismo local. Tal iniciativa ocorrerá por meio da formulaçãode estratégias para o setor produtivo artesanal, que garantama autonomia e o papel protagonista de mulheres artesãs, naperspectiva da igualdade de gênero e da identidade culturalregional. Na mesma direção está o Programa de Apoio aComunidades Artesanais, do Ministério da Cultura, que atuano sentido de requalificar e ampliar a presença do artesanatode tradição cultural nos mercados interno e externo,promovendo sua dinamização econômica. As mulheresconstituem público prioritário desta intervenção.

Na área da agricultura familiar, o tema que foi objeto de maiordebate e atuação do Governo Federal foi o financiamento daprodução por meio do crédito do Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que no período2004-2007 atendeu 1,5 milhão de mulheres com recursos nomontante de quatro bilhões e duzentos milhões de reais.Instituído no Plano Safra 2004-2005, o Pronaf Mulher constitui-

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se em uma linha especial de crédito para as mulheres,entendendo-o como parte dos instrumentos de acesso, ampliaçãoda autonomia e reconhecimento dos direitos econômicos dasmulheres rurais e da promoção da igualdade entre homens emulheres na agricultura familiar. Na mesma direção foramcapacitados agentes operadores do Pronaf para ampliar aparticipação das mulheres no crédito e implementar mudançasna Declaração de Aptidão ao Pronaf, que passou a ser feitaobrigatoriamente em nome do casal.

Como resultado destas ações, já na safra 2005/2006 observa-seum acréscimo considerável, tanto no número de contratos (8.822)quanto no valor financiado do Pronaf Mulher, que foi equivalentea R$56 milhões, sendo que o Nordeste passou a liderar o númerode operações e o volume de recursos. Na última safra (2006/2007), o Pronaf Mulher contabilizou 10.854 contratos e umvolume de quase R$ 63 milhões emprestados, confirmando atendência de crescimento.

Na área de assistência técnica e extensão rural foi incorporada àPolítica e ao Programa Nacional de Assistência Técnica e ExtensãoRural, por meio do Pronater Setorial, a dimensão de gênero nosconteúdos e critérios de seleção de projetos, que passaram alevar em consideração as necessidades das trabalhadoras rurais.O Governo Federal vem financiando ações na área para osgovernos estaduais e as organizações da sociedade civil noâmbito do Pronaf Capacitação. Projetos protagonizados pelasmulheres rurais foram apoiados, cabendo destacar a realizaçãode chamada de projetos específica para as trabalhadoras rurais.No período 2004-2007, foram celebrados 47 convênios deassistência técnica, em um investimento total de R$5,2 milhões.

Na comercialização, os movimentos sociais demandaram arealização de feiras e a criação de centrais de comercializaçãointegradas aos programas de formação e crédito. Como resultadoda intervenção do Governo Federal vem se verificando ao longodos anos o aumento da participação das organizações federadaspor mulheres nas Feiras Nacionais da Agricultura Familiar eReforma Agrária: as mesmas representavam 1,4% na primeiraedição da Feira e atingiram 23% na última edição. Contribuiupara esta ampliação a recomendação, incorporada ao Manualde Orientações aos Expositores do MDA, de que as coordenaçõesestaduais mobilizassem e incluíssem pelo menos 30% deempreendimentos de propriedade ou coordenados por mulheres.

Vale mencionar na área da organização produtiva a constituiçãodo Projeto de Apoio aos Grupos Produtivos de Mulheres Rurais,que se refere à estratégia de elaboração de diagnóstico e planode ação com apoio de assessoria técnica especializada eacompanhamento para acessar as políticas públicas do MDA.Por meio de chamada pública, mais de 248 grupos de mulheresforam inscritos para constituir um mapeamento de grupos deprodução, sendo 31 grupos selecionados para desenvolver açãopiloto. Desde 2006, quando as atividades do projeto tiveraminício, foram aprovados 21 convênios em um investimento totalde R$2,5 milhões.

Especificamente para as mulheres quilombolas, o MDA, emparceria com o Unifem e o DFID, desenvolveu, entre 2004 e 2006,o projeto Gênero, Raça e Atividades Produtivas para oEtnodesenvolvimento. Dirigido às mulheres quilombola, oprograma buscou valorizar experiências históricas e culturais,respeitando valores, aspirações e potencializando a capacidadeautônoma das comunidades. As ações voltaram-se ao apoio à

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produção, capacitação, assistência técnica e extensão rural,comercialização, fortalecimento institucional, documentação civile trabalhista e apoio à infra-estrutura produtiva. Para facilitar oescoamento da produção, as mulheres quilombolas tiveramparticipação nas Feiras Nacionais da Agricultura Familiar eReforma Agrária, que se configuraram em espaços importantesde intercâmbio. Foram beneficiadas 21 comunidades, em 14estados.

Uma das ações centrais do governo para a ampliação dacidadania das mulheres rurais é o Programa Nacional deDocumentação da Trabalhadora Rural (PNDTR), lançado em2004. Trata-se de um programa inovador que prevê aconscientização sobre a utilidade da documentação civil etrabalhista, além da orientação acerca do acesso às políticaspúblicas para as mulheres na reforma agrária, na agriculturafamiliar e na previdência social emitindo, de forma gratuita, osdocumentos civis, trabalhistas e de registro, que permitem acessoaos direitos previdenciários e, também, promovem a inclusãobancária. Ao longo dos três anos e meio de existência doPrograma, o Governo Federal realizou 837 mutirões itinerantesem 1.050 municípios predominantemente rurais, garantindo aemissão de mais de 546 mil documentos, que beneficiaram emtorno de 265 mil mulheres trabalhadoras rurais.

Para o fortalecimento do Programa de Documentação daTrabalhadora Rural, o MDA ampliou as equipes do programa coma inclusão das Delegacias Federais do Ministério para atuar juntoàs agricultoras familiares e adquiriu unidades móveis em algunsestados da federação e equipamentos para viabilizar a infra-estrutura para os mutirões. Em 2005, 64 comunidades quilombo-

las foram atendidas pelo PNDTR. Também foram realizadas açõeseducativas nos mutirões, que contribuíram para a informaçãoe o acesso das mulheres ao conjunto das políticas públicas.

O Programa segue prioritário para os próximos anos, fazendoparte dos Territórios da Cidadania que, gradativamente, vãoenvolver 120 territórios rurais com políticas públicas integradas,dentre as quais a promoção da emissão do registro Civil deNascimento e Documentação Civil Básica, o que permitirá aampliação do acesso à documentação e extensão da redeemissora de documentos. Está prevista a isenção de cobrançade taxa do CPF para 1 milhão de pessoas/ano que sãobeneficiárias do Programa Bolsa-Família, agricultura familiar ereforma agrária. Outros benefícios serão a isenção de taxa deRG para o público de baixa renda e a ampliação de pontosemissores de Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)com implantação de mil novos pontos. Por intermédio da CTPSinformatizada, há possibilidade de acesso ao CPF e promoçãode campanhas de sensibilização. Ainda como parte dos Territórios,serão adquiridas unidades móveis que contarão comequipamentos de informática e acesso à internet para emissãoon-line de documentos, o que dará novo ritmo à execução doPNDTR, com equipes permanentes atuando em período integralpara garantir também maior agilidade na entrega dosdocumentos.

Finalmente, faz-se necessário mencionar que, diferentementedo I PNPM, o II Plano incorpora as ações relacionadas àampliação das vagas em creches e pré-escolas neste capítuloque trata da autonomia econômica e da igualdade no mundodo trabalho. Isso porque esta é uma política de relevância ímparpara ampliar a autonomia econômica das mulheres e criar

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condições que permitam sua entrada no mercado formal detrabalho. Não se desconsidera a importância da educaçãoinfantil na (des)construção de estereótipos de gênero e raça/etnia. Estas ações, porém, estão dispostas no capítulo deEducação deste II PNPM, pois dizem respeito, justamente, àpromoção de uma educação inclusiva e não sexista.

A ampliação de vagas na educação infantil é compromisso doMinistério da Educação. A Lei nº 11.494/2007 regulamentou oFundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica ede Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) queatende toda a educação básica, passando a incluir creches epré-escolas. Além disso, foram incluídas as creches comunitárias,confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos conveniadascom o Poder Público. Merece ser mencionado também o apoiofinanceiro direto do Governo Federal a estados e municípios paraa construção e melhorias em creches e pré-escolas, por meio doPrograma Nacional de Reestruturação e Aquisição deEquipamentos da Rede Escolar Pública de Educação Infantil(Proinfância). Serão investidos R$800 milhões entre 2007 e 2010.

O governo federal tem seu compromisso com a igualdade nomundo do trabalho na perspectiva de gênero explicitado nosprincípios e diretrizes da Política Nacional para as Mulheres,considerando a diversidade de raça/etnia e geração, emconformidade com as recomendações da I e II ConferênciasNacionais de Políticas para as Mulheres, realizadas em 2004 e2007, respectivamente. As medidas para tanto estãoconcretizadas neste II PNPM que trabalha com as dimensões daautonomia econômica, igualdade no mundo do trabalho einclusão social. Neste caso, cabe reforçar que o conceito detrabalho deve ser compreendido como direito e condiçãofundamental à garantia de uma atividade econômica decentepara mulheres, que possibilite a inserção e atuação cidadã no

mundo do trabalho, em especial daquelas com maior grau devulnerabilidade social.

A partir desta compreensão, a sociedade não pode ficar refémde uma cultura que ainda induz a crer que a divisão sexual eracial de papéis é naturalmente determinada. Reduzir asdesigualdades passa, fundamentalmente, pela promoção daigualdade de oportunidades entre mulheres e homens, e entreas mulheres, pela transformação da cultura organizacionalpatriarcal, discriminadora, racista e sexista da sociedade queimputa uma segregação racial e de gênero a determinadosgrupos, negando com isso a diversidade cultural, étnico-racial ede gênero presente na sociedade. Garantir um desenvolvimentode longa duração com redução das desigualdades, respeito aomeio ambiente e à diversidade cultural, inclusão social eeducação, passa necessariamente pela participação e poder dasmulheres na perspectiva da autonomia econômica, política efamiliar.

Ponderar sobre os fatores que geram a exclusão social e produzemas desigualdades de oportunidades de acesso e permanência aotrabalho, emprego e renda das mulheres é criar condições paraum processo de diálogo social de troca de saberes e experiências,de fomento à economia solidária, de inclusão com sustentaçãoambiental, de segurança alimentar e, de modo geral, de eqüidadesocial, numa teia de conexões que respeite a identidade, adiversidade e a subjetividade das pessoas e das comunidadesexistentes nos territórios. É assim que se espera que todas aspessoas excluídas adquiram um olhar crítico sobre a sociedadee que desenvolvam a capacidade de empoderar-se, lutar peloseu reconhecimento, atuar como agentes sociais, com direito aparticipar – de igual para igual – do desenvolvimento de umpaís que deve ser de todos e todas.

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OBJETIVOS GERAIS

I. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres,considerando as dimensões étnico-raciais, geracionais, regionaise de deficiência;

II. Promover a igualdade de gênero, considerando a dimensãoétnico-racial nas relações de trabalho;

III. Elaborar, com base na Agenda Nacional, o Plano Nacional doTrabalho Decente, incorporando os aspectos de gênero econsiderando a dimensão étnico-racial.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Promover políticas de ações afirmativas no mundo do trabalhoque reafirmem a condição das mulheres como sujeitos sociais epolíticos, considerando as dimensões étnico-raciais;

II. Promover a valorização e o reconhecimento da contribuiçãoeconômica das mulheres no meio rural e nas comunidadestradicionais;

III. Garantir às trabalhadoras domésticas o exercício de todos osdireitos trabalhistas previstos no Artigo 7º da Constituição Federalconcedidos às trabalhadoras em geral;

IV. Promover a valorização do trabalho doméstico não-remuneradoe contribuir para a superação da atual divisão sexual do trabalho;

V. Promover a organização produtiva de mulheres que vivem emcontexto de vulnerabilidade social, notadamente nas periferiasurbanas.

METAS

A – Aumentar em 12%, entre 2008 e 2011, o número de criançasentre zero e seis anos de idade freqüentando creche ou pré-escola na rede pública;

B – Construir 1.714 creches e pré-escolas, entre 2008 e 2011;

C – Adotar medidas que promovam a elevação em 4% na taxade atividade das mulheres com 16 anos ou mais, entre 2006 e2011;

D – Manter a média nacional em, no mínimo, 50% de participaçãodas mulheres no total de trabalhadores capacitados e qualificadosatendidos pelo PNQ e nos convênios do MTE com entidades quedesenvolvam formação profissional;

E – Capacitar 12.000 mulheres no âmbito do Plano TrabalhoDoméstico Cidadão e articular para sua incorporação na Educaçãode Jovens e Adultos;

F – Aumentar em 30% o número de trabalhadoras domésticascom carteira assinada;

G – Conceder crédito especial (Pronaf Mulher) a 58 mil mulherestrabalhadoras rurais, no período de 2008 a 2011;

H – Ampliar a participação das mulheres no Pronaf para 35%;

I – Atender 29 mil mulheres em projetos de Assistência Técnicaprotagonizada por mulheres até 2011;

J – Realizar 1.500 mutirões do Programa Nacional deDocumentação das Trabalhadoras Rurais, no período de 2008 a2011;

K – Emitir documentação civil para 80 mil mulheres nas áreasentorno dos empreendimentos dos setores eletro, energético emineral, em todo o território nacional;

L – Implementar a Convenção 156 da Organização Internacionaldo Trabalho (OIT).

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

PRIORIDADES

1.1. Ampliar o acesso das mulheres ao mercado de trabalho;

1.2. Promover a autonomia econômica e financeira das mulherespor meio da assistência técnica, do acesso ao crédito e do apoioao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo ecomércio;

1.3. Promover a oferta de equipamentos sociais que contribuampara ampliar o tempo disponível das mulheres;

1.4. Promover a proteção social das mulheres em situação devulnerabilidade, contribuindo para o rompimento do ciclointergeracional da pobreza e para a melhoria das condições devida de suas famílias;

1.5. Garantir o cumprimento da legislação e promover avalorização do trabalho doméstico remunerado e não-remunerado;

1.6. Promover relações de trabalho não discriminatórias em razãode sexo, raça/etnia, orientação sexual, geração ou deficiênciacom eqüidade salarial e no acesso a cargos de direção;

1.7. Promover políticas de previdência social inclusiva para asmulheres;

1.8. Promover o acesso das mulheres à documentação civil.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

PLANO DE AÇÃO

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.1.1. Garantir a reserva de pelo menos 30% das vagasem todas as frentes de trabalho do PAC para mulheresatendidas pela ação de Qualificação e InserçãoProfissional de Famílias Beneficiárias do ProgramaBolsa Família.

1.1.2. Realizar ações de sensibilização para incentivara inserção da jovem aprendiz no mercado de trabalhopara propiciar a sua formação e experiência profis-sional supervisionada.

1.1.3. Incentivar a inserção de mulheres no programaProjovem Trabalhador e em todos aqueles dequalificação e inserção no mundo do trabalho.

1.1.4. Realizar ações de sensibilização para incentivara inserção de mulheres com deficiência no mercadode trabalho dentro das cotas para contratação depessoas com deficiência nas empresas com mais de100 empregados, previstas pela Lei 8.213/91.

1.1.5. Atender jovens mulheres de forma prioritárianas ações de formação profissional do Projovem,considerando as dimensões étnico-raciais, de orien-tação sexual e territorial.

1.1.6. Incentivar a intermediação de mão-de-obrafeminina nas ações do Sistema Nacional de Emprego– SINE.

1.1.7. Estimular, no âmbito do Programa Nacional deQualificação – PNQ, a participação de mulheres noscursos de capacitação e qualificação técnica e gerencial.

Prioridade 1.1. Ampliar o acesso das mulheres ao mercado de trabalho.

SPM, MCid, MTE, MME eempresas vinculadas,governos estaduais.

SPM, SG, instituiçõesprivadas.

SPM, SG.

SPM, SEDH.

SPM, SG.

-

-

Casa CivilMDS

MTE

MTE

MTE

SG

MTE

MTE

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Mulher empregada.

Jovem atendida.

Mulher atendida.

Mulher contratada.

Jovem atendida.

Mulher beneficiada.

Mulher capacitada.

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

8034/2A95

0099/2550

0101/4733

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 1.1. Ampliar o acesso das mulheres ao mercado de trabalho.

Prioridade 1.2. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, do acesso aocrédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio.

1.1.8. Apoiar a realização de cursos de capacitação equalificação técnica e gerencial para mulheres.

1.1.9. Apoiar a capacitação de mulheres quilombolase indígenas para atividades de geração de trabalho erenda.

1.1.10. Criar redes de cooperação no Ministério deMinas e Energia para estimular a inserção de mulheresnegras, indígenas e idosas no mercado de trabalho.

1.1.11. Realizar campanhas para ampliar o acesso demulheres a profissões, cargos e funções historicamenteocupadas por homens.

MTE

MTESeppir

MME

SPM

2011

2011

2011

2011

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Mulhercapacitada.

Mulhercapacitada.

Rede criada.

Campanharealizada.

-

MME, Funai.

SPM, Funai, empresas dosetor eletro-energético e

mineral.

Secom.

0101/4733

0101/4733A definir

Não orçamentária

1068/4641

1.2.1. Priorizar nos editais para apoio a projetos deinclusão produtiva, propostas que considerem asdimensões de gênero, étnico-raciais e geracionais.

1.2.2. Apoiar projetos de jovens mulheres para suainclusão produtiva, garantindo a diversidade étnico-racial e territorial.

1.2.3. Apoiar projetos empreendedores de mulheresno âmbito dos programas do MTE e do MDS,garantindo a diversidade étnico-racial, geracional eterritorial.

MDS

MDS

MDSMTESPM

2011

2011

2011

Projeto apoiado.

Projeto apoiado.

Projeto apoiado.

Estados, municípios,ONGs.

PNUD, universidades.

PNUD, universidades,MEC, entidades da

sociedade civil.

1133/4963

Não orçamentária

1133/49631387/9A101433/8843

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4242

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43

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 1.2. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, doacesso ao crédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

MinC

MDA

MDA

MDA

MDA

MTE

Mulherbeneficiada.

Reuniãorealizada.

Projeto apoiado.

Mulherbeneficiada.

Mulherbeneficiada.

Mulherbeneficiada.

1.2.4. Implementar o Projeto de Apoio à Geração deTrabalho e Renda para as Comunidades Artesanais(Promoart), utilizando-se da perspectiva cultural e ga-rantindo o recorte de gênero e étnico-racial.

1.2.5. Criar Rede Temática de Gênero, considerandoas diversidades étnico-raciais, geracionais e territoriais,e promover a capacitação dos/as agentes.

1.2.6. Apoiar técnica e financeiramente projetos deATER protagonizados por mulheres, considerando asdimensões étnico-raciais, geracionais e territoriais

1.2.7. Ampliar o acesso das mulheres aos créditosconcedidos pelo Pronaf.

1.2.8. Conceder crédito especial às mulheres ruraisno âmbito do Pronaf Mulher.

1.2.9. Ampliar o acesso das mulheres empreendedo-ras no âmbito do Programa Nacional de MicrocréditoProdutivo Orientado do MTE.

2011

2008

2011

2011

2011

2011

SPM, MRE, MDIC, Sebrae,BNDES, EBCT, CEF, BB,

governos estaduais,ONGs.

Rede de ATER, entidadesparceiras do MDA.

Rede de ATER, entidadesparceiras do MDA.

Agentes financeiros,extensionistas,

movimento de mulheres,grupos produtivos.

Agentes financeiros,extensionistas, movi-mento de mulheres

rurais, grupos produtivos.

Agentes financeiros,Instituições de

Microcrédito ProdutivoOrientado (Impos),

movimento de mulheres.

1391/2C84

1427/4448

1427/8332

0351/02810351/0A81

0351/02810351/0A81

1387/2B12

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

cont. Prioridade 1.2. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, doacesso ao crédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio.

MDA

MDA

MDA

MDA

MDA

MDA

MDA

MDA

Agentecapacitado/a.

Mulhercapacitada.

Encontrorealizado.

Avaliaçãorealizada.

Projeto apoiado.

Projeto apoiado.

Projeto apoiado.

Base de serviçoapoiada.

1.2.10. Capacitar agentes de ATER sobre relações degênero e étnico-raciais e diversidades geracionais eterritoriais.

1.2.11. Capacitar trabalhadoras rurais sobre a políticade crédito.

1.2.12. Apoiar a capacitação e o intercâmbio entre asmulheres na convivência do semi-árido.

1.2.13. Avaliar a concessão de crédito especial para astrabalhadoras rurais, considerando as dimensões étni-co-racial e geracional.

1.2.14. Apoiar ações de fortalecimento de empreen-dimentos produtivos de grupos de mulheres rurais

1.2.15. Apoiar ações de agregação de valor paraorganizações produtivas de mulheres rurais.

1.2.16. Apoiar a organização produtiva de mulheresrurais.

1.2.17. Apoiar bases de serviço territoriais de comer-cialização e cooperativismo para grupos de mulheresrurais.

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Estados, ONGs,movimentos de mulheres

rurais.

Agentes financeiros,movimentos de mulheres

rurais, Sempre VivaOrganização Feminista.

Movimentos sociais demulheres rurais, ONGs,

ASA.

Agentes financeiros,movimentos de mulheres

rurais e Sempre VivaOrganização Feminista.

SPM, MDS, MTE.

MMA, MTE.

MTE.

ONGs, movimentosde mulheres rurais, rede

de produtoras demulheres rurais.

1427/4448

1433/8400

1427/89961433/8400

1433/8400

1334/8394

1433/84000351/4280

1433/84001334/83940351/4280

1334/8394

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

cont. Prioridade 1.2. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, doacesso ao crédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio

1.2.18. Formar agricultoras em comercialização ecooperativismo.

1.2.19. Incentivar o acesso de mulheres àsincubadoras e empreendimentos econômicossolidários e fortalecer a rede de mulheres na economiasolidária.

1.2.20. Incluir as temáticas de gênero, raça/etnia egeração na formação dos agentes de desenvolvimentosolidário.

1.2.21. Promover a inclusão das organizações demulheres nos órgãos colegiados territoriais.

1.2.22. Apoiar a cooperação bilateral sobre políticaspara as mulheres rurais entre países do Mercosul.

1.2.23. Implementar o Programa Regional deFortalecimento Institucional de políticas de Igualdadede Gênero na Agricultura Familiar no Brasil.

1.2.24. Formar agentes de desenvolvimento territorialsobre gênero, raça/etnia, geração, participação sociale desenvolvimento rural suntentável.

MDA

MTE

MTE

MDA

MDA

MDA

MDA

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

ONGs, movimentos demulheres rurais, rede

e produtoras demulheres rurais.

MS, MEC, FBB, BB, COEP,Finep, MCT, universidades.

PNUD, universidades,MEC, entidades da

sociedade civil, UnB.

Órgãos colegiadosterritoriais, movimentos

de mulheres rurais.

Movimentos de mulheresrurais, MAPA, institutosde terras que integram aReunião Especializada do

Mercosul.

Movimentos de mulheresrurais, MAPA, institutosde terras que integram aReunião Especializada do

Mercosul.

Órgãos colegiadosterritoriais, movimentos

de mulheres rurais.

1334/8394

1133/4850

1133/8078

1334/6466

0139/22720139/2103

0139/2103

1334/6466

Mulher formada.

Incubadoraapoiada.

Curso com as te-máticas incorpo-

radas no conteúdoprogramático.

Mulher integrantede órgãoscolegiados.

Intercâmbiorealizado.

Capacitaçãorealizada.

Agentecapacitado/a.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 1.2. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres por meio da assistência técnica, doacesso ao crédito e do apoio ao empreendedorismo, associativismo, cooperativismo e comércio.

1.2.25. Apoiar a formação de Comitês Territoriais deMulheres.

1.2.26. Estimular a capacitação e a inclusão demulheres nos projetos sócio-ambientais implemen-tados no entorno dos empreendimentos do Ministériode Minas e Energia.

1.2.27. Implementar o Programa Trabalho e Empreen-dedorismo das Mulheres.

1.2.28. Implementar o Programa Trabalho, Artesanato,Turismo e Autonomia das Mulheres.

1.2.29. Implementar os programas Coopergênero(Programa de Gênero e Cooperativismo Integrando aFamília) e Jovemcoop.

1.2.30. Estimular o ensino do cooperativismo e aprodução acadêmica sobre o tema.

MDA

MME

SPM

SPM

MAPA

MAPA

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Órgãos colegiadosterritoriais, movimentos de

mulheres rurais.

SPM, MMA, MEC,MDS, MS.

Sebrae, Ibam, BPWBrasil,Banco da Mulher.

MTur, MTE, governosestaduais, OIT.

SPM, MEC, Sebrae.

SPM, MEC.

1334/6466

Não orçamentária- recursos de

fundo específico

1433/8843

1433/8843

1442/8622

1442/8622

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Comitêimplantado.

Mulherbeneficiada.

Mulherbeneficiada.

Mulherbeneficiada.

Mulher/Jovembeneficiada/o.

Liderançaformada.

Trabalhopublicado.Ensino de

cooperativismointegrado à

educação formal.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 1.4. Promover a proteção social das mulheres em situação de vulnerabilidade, contribuindo para o rompimentodo ciclo intergeracional da pobreza e para a melhoria das condições de vida de suas famílias.

Prioridade 1.3. Promover a oferta de equipamentos sociais que contribuam para ampliar o tempo disponível das mulheres.

1.3.1. Garantir o acesso à alimentação de baixo custopor meio da manutenção e ampliação da rede deRestaurantes e Cozinhas Populares.

1.3.2. Garantir o acesso à água por meio da construçãode cisternas e outras tecnologias social e ambien-talmente sustentáveis.

1.3.3. Construir, reformar e aparelhar creches e pré-escolas emelhorar a qualidade dos equipamentosexistentes.

MDS

MDS

MEC

2011

2011

2011

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Equipamentosocial

implantado.

Cisterna/tecnologiaconstruída.

Creche e pré-escola construí-da, reformada e

aparelhada.

Estados, municípios,entidades da

iniciativa privada.

MMA, Funasa,municípios, ONGs.

Secretarias Municipais deEducação.

1049/8929

1049/11V11049/8948

1448/87461448/05091448/09CW

1.4.1. Garantir às mulheres o acesso e o atendimentoqualificado nos serviços sócio-assistenciais e socio-educativos de Proteção Social Básica nos Centros deReferencia da Assistência Social (CRAS).

1.4.2. Inserir conteúdos de gênero, raça/etnia nomaterial pedagógico destinado à formação dos jovensde 15 a 17 anos participantes do Pró-JovemAdolescente.

MDS

MEC

2011

2011

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Mulher atendida.

Material pedagó-gico com temática

incorporada.

Estados, municípios,Entidades

Socioassistenciais.

Estados, municípios,SEDH, ME, MTE, MinC,

MS, MEC, SG.

1384/2A60

8034/86AB1049/8929

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 1.5. Garantir o cumprimento da legislação e promover a valorização do trabalho doméstico remunerado e não-remunerado.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.5.1. Revisar legislação de modo a ampliar os direitostrabalhistas das trabalhadoras domésticas.

1.5.2. Ampliar o Programa Trabalho Doméstico Cidadãode qualificação social e profissional das trabalhadorasdomésticas, para a rede pública do EJA.

1.5.3. Capacitar servidores/as das SuperintendênciasRegionais do Trabalho e Emprego (SRTE) sobre osdireitos das trabalhadoras domésticas.

1.5.4 Realizar campanha de estímulo à qualificação evalorização do trabalho doméstico.

1.5.5. Realizar campanha de sensibilização sobretrabalhadoras/es com responsabilidades familiares comvistas a promover a ratificação da Convenção 156.

1.5.6. Realizar ações de sensibilização para aformalização do trabalho das mulheres e garantia documprimento da legislação do salário mínimo.

1.5.7. Garantir ampla divulgação da Cartilha Brasileirase Brasileiros no Exterior.

MTE

MTE

MTE

MTE

SPMMTE

MTE

MTE

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Legislaçãorevisada.

Mulherqualificada.

Servidor/acapacitado/a.

Campanharealizada.

Campanharealizada.

Materialdistribuído.

Cartilhadistribuída.

SPM, OIT.

SPM, MEC, Seppir, OIT.

-

SPM, OIT, MPS.

SPM, MTE, OIT, ONGs,movimentos feministas e

de mulheres.

-

MRE, MJ, MDS, MPS, MS,MEC, SEDH, OIT, OIM,

MPOG, IMDH, Comissãode Direitos Humanos e

Minorias da Câmara dosDeputados, Comissão de

Relações Exteriores eDefesa Nacional da

Câmara dos Deputados.

1132/8852

0101/4733

0106/4572

0101/4733

1068/46410101/4733

Não orçamentária

0106/2599

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 1.6. Promover relações de trabalho não discriminatórias em razão de sexo, raça/etnia, orientação sexual, geraçãoou deficiência com eqüidade salarial e no acesso a cargos de direção.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.6.1. Implementar o programa Pró-Eqüidade deGênero, considerando as dimensões étnico-raciais,geracionais e de orientação sexual.

1.6.2. Realizar capacitação de sindicalistas para apromoção de direitos iguais no emprego.

1.6.3. Capacitar os/as agentes fiscalizadores do MTEsobre as diretrizes e princípios dos Tratados e Con-venções Internacionais e, em especial as Convenções100 e 111 da OIT, que tratam da desigualdade ediscriminação no trabalho.

1.6.4.Realizar campanhas publicitárias para divulgar asdiretrizes e os princípios das Convenções 100 e 111 daOIT junto a instituições públicas e privadas, sindicatos,organizações da sociedade civil, entre outras.

1.6.5. Realizar campanhas de informação sobre osdireitos das trabalhadoras, de prevenção do assédiosexual e moral e de divulgação da legislação sobreessas violências nas empresas privadas e instituiçõespúblicas.

1.6.6. Capacitar servidores/as das SuperintendênciasRegionais do Trabalho e Emprego (SRTE) sobre assédiomoral e sexual e sobre a discriminação de gênero, raça/etnia e orientação sexual no trabalho.

1.6.7. Realizar campanhas de valorização dasocupações consideradas femininas.

SPM

MTE

MTE

MTE

MTE

MTE

MTE

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Empresacertificada.

Pessoacapacitada.

Agentecapacitado/a.

Materialdivulgado.Campanharealizada.

Campanharealizada.

Servidor/acapacitado/a.

Campanharealizada.

MTE, SEDH, Seppir,Unifem, OIT.

Sindicatos, OIT.

SPM, OIT.

OIT.

SPM, OIT, SEDH, MME eempresas vinculadas,

entidades da iniciativaprivada, organizações

sindicais, MJ, Polícias Ro-doviárias Estaduais, PRF.

SEDH, OIT.

SPM.

1433/8842

1132/4782

0106/4572

0106/2619

0106/2619

0106/4572

0106/2619

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 1.7. Promover políticas de previdência social inclusivas para as mulheres.

cont. Prioridade 1.6. Promover relações de trabalho não discriminatórias em razão de sexo, raça/etnia, orientação sexual,geração ou deficiência com eqüidade salarial e no acesso a cargos de direção.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.6.8. Realizar campanhas nacionais de combate àdiscriminação baseada no gênero, raça/etnia,orientação sexual, defi ciência e soropositividade paraHIV na contratação e nos ambientes de trabalho.

1.6.9. Fortalecer a Comissão Tripartite de Igualdadede Oportunidades e Tratamento de Gênero e Raça noTrabalho e garantir a implementação de seu plano deação.

1.6.10. Promover campanhas e programas e fomentarfóruns permanentes locais, regionais e nacionais parafiscalizar as condições de trabalho de mulheres ejovens, com especial atenção para as mulheres queexercem a prostituição, visando combater aprecarização do trabalho e eliminar o trabalho escravo,a exploração sexual e o tráfi co de mulheres.

MTE

MTE

MTE

2011

2011

2011

Campanharealizada.

Açãoimplementada.

Campanha/pro-grama/fórum

implementado.

SPM, SEDH, OIT.

SPM, Seppir, OIT,representantes dos

trabalhadores eempregadores.

Sociedade civilorganizada, entidadesda iniciativa privada.

0106/2619

0106/2619

0106/2619

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.7.1. Articular com o Congresso Nacional a aprovaçãode legislação que prevê aposentadoria para as donasde casa.

1.7.2. Encaminhar projeto de lei ao Legislativo paraampliação da licença maternidade para 6 meses emtodos os regimes de trabalho.

MPSSPM

MPSSPMMS

2011

2011

Legislativo, ONGs,movimentos

feministas e demulheres.

MTE, Legislativo,ONGs, movimentos

feministas e demulheres.

Projeto de leiaprovado.

Projeto de leiencaminhado.

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentáriaNão orçamentária

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 1.7. Promover políticas de previdência social inclusivas para as mulheres.

Prioridade 1.8. Promover o acesso das mulheres à documentação civil.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.7.3. Reconhecer o direito à pensão por morte de com-panheiro/a homoafetivo/a no Regime Geral de PrevidênciaSocial, observando as mesmas regras adotadas para os/as companheiros/as de diferentes sexos.

1.7.4. Recomendar aos Conselhos Nacionais dePrevidência Social, da Seguridade Social e de Direitosda Mulher a realização de avaliações periódicas sobreo estado da participação das mulheres na Previdência,especialmente nos aspectos relativos a sua cobertura eparticipação no mercado de trabalho.

1.7.5. Promover encontros para discutir alternativas depolíticas que assegurem proteção social aos idosos quenecessitam de cuidados de longo prazo e aos seuscuidadores.

1.7.6. Avaliar e divulgar os resultados daimplementação da licença maternidade de 6 meses eminstituições públicas e privadas.

MPSSPM

SPM

SPM

SPM

2011

2011

2011

2011

SPM, SEDH.

MPS, OIT, Legislativo,ONGs, movimentos

feministas e de mulheres,universidades.

MPS, MS, OIT.

MTE, MME, MPS.

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentária

1433/8834

1068/8850

Projeto de leiaprovado.

Recomendaçãorealizada.

Política definida.

Publicaçãodivulgada.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.8.1. Implantar unidades móveis do PNDTR.

1.8.2. Emitir documentação civil para as trabalhadorasrurais.

SPM, MTE, SEDH, MJ, MPS/INSS, Seppir, MDS, MF,

Banco do Nordeste do Brasil,CEF, Receita Federal.

SPM, MTE, SEDH, MJ, MPS/INSS, Seppir, MDS, MF,

Banco do Nordeste do Brasil,CEF, Receita Federal.

MDA

MDA

Unidade móvelimplantada.

Mutirãorealizado.

1433/8402

1433/8402

2011

2011

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 1.8. Promover o acesso das mulheres à documentação civil.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

1.8.3. Promover a emissão de documentação civil paraas mulheres nas áreas dos entornos dos empreendi-mentos dos setores eletro-energético e mineral, em todoo território nacional.

MME 2011 Sociedade civilorganizada.

Mulherbeneficiada.

Não orçamentária- recursos de

fundo específico

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Capítulo 2: Educação inclusiva, não-sexista,não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica

As desvantagens historicamente acumuladas pelas mulheres emrelação aos homens, ainda hoje evidenciadas na análise dediversos indicadores sociais brasileiros, trazem várias implicaçõespara a política educacional.

Primeiramente, é preciso garantir que meninos e meninas, homense mulheres, tenham o mesmo acesso à educação de qualidade erecebam tratamento igualitário das instituições e profissionaisenvolvidos nos processos educacionais formais. Em segundo lugar,para garantir que todas as mulheres sejam respeitadas em seudireito à educação, há que ser combatida não apenas adiscriminação de gênero, mas todas as outras formas dediscriminação – geracional, étnico-racial, por orientação sexual,pessoas com deficiência, entre outras – que as afetam e interferemnão apenas no acesso, mas também no seu desempenho escolar.Por fim, mas não menos importante, por seu próprio objeto, apolítica educacional tem papel fundamental a desempenhar namudança cultural necessária para que a sociedade brasileira sejade fato igualitária.

Assim, ao se promover a transformação da educação nacional,rumo a uma educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-lesbofóbica e não-homofóbica, está-se formando etransformando pessoas, criando uma sociedade mais justa, emque os direitos humanos de todas e todos sejam de fatorespeitados. Transformar as percepções e sensibilidades dos/asprofissionais da educação básica é atuar para a mudança depadrões de comportamento e de valores de crianças, jovens eadultos(as).

É importante observar que a efetivação do Plano Nacional dePolíticas para as Mulheres depende, em grande parte, daimplementação, de forma associada, de outros planos de açãoque definem medidas nos campos da inclusão educacional emelhoria da qualidade da educação, da formação para os direitoshumanos e o enfrentamento de toda forma de discriminação.Nesse sentido, os seguintes planos e programas tambémconstituem uma baliza para a política educacional voltada àsmulheres:

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a. Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, lançadoem 2007;b. Programa Brasil Sem Homofobia – Programa de Combateà Violência e à Discriminação contra GLTB e de Promoção daCidadania Homossexual, lançado em 2004;c. Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, lançadaem 2003; ed. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, lançadoem 2003, com uma segunda versão disponibilizada àsociedade em 2006.

De 2004, ano de lançamento do primeiro Plano Nacional dePolíticas para as Mulheres, até agora, as grandes estatísticas sobrea área educacional permanecem essencialmente inalteradas. Osíndices de escolarização dos brasileiros têm aumentadogradativamente, mas de maneira contínua na última década,sendo maior o ritmo de melhora das mulheres, em comparaçãoaos homens. Em 2006, a média de anos de estudo das mulheresera de 7 anos, enquanto entre os homens esse valor foi de 6,6anos. Em relação ao analfabetismo, a taxa entre os homens commais de 10 anos de idade foi de 9,9%, no mesmo ano, enquantoentre as mulheres foi de 9,3%. De 2005 para 2006, a taxa geralde analfabetismo diminuiu 0,6%, sendo que uma das quedasmais significativas ocorreu entre as mulheres nordestinas de 25anos ou mais, com redução de 1,6 ponto percentual1.

Nas últimas três décadas, a desigualdade de gênero na educaçãobrasileira foi reduzida no que tange ao acesso e permanência noprocesso educacional, como comprovam dados como a paridadena matrícula em quase todos os níveis de ensino explicitados natabela abaixo, entre outros.

1 Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2006.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

Ao mesmo tempo, quando esta realidade é analisada emdetalhe, verifica-se, por exemplo, que os meninos deixam defreqüentar a escola no ensino médio em maior proporção doque as meninas, fenômeno associado, entre outros aspectos, àsdiferentes expectativas depositadas sobre cada um desses grupos.As condições de vida e os estereótipos de gênero vigentes levammuitos estudantes do sexo masculino a tentarem, sem sucesso,conciliar as atividades de trabalho e estudo. Nota-se ainda queas meninas e mulheres estão em minoria na educação especial,que atende pessoas com deficiência. Questões como essas,relacionadas a gênero, também estão ligadas à maneira culturaldistinta com que meninos e meninas vivem a experiência escolare, portanto, precisam ser discutidas pela escola e profissionaisda educação.

Já no ensino superior, as mulheres são maioria tanto nos cursosde graduação como de pós-graduação. Contudo, a ampliação

Tabela 1 – Matrículas na Educação Básica segundo o sexo –Brasil, 2006.

Sexo Masculino Feminino

Nível / Modalidade de Ensino

Educação InfantilEnsino FundamentalEnsino MédioEducação ProfissionalEducação EspecialEJA* PresencialEJA* SemipresencialTotal

Total

7.016.09533.282.6638.906.820

744.690375.488

4.861.390754.901

55.942.047

%51,4151,3445,9449,1357,6149,7050,6250,35

Nº Abs.3.607.194

17.086.4274.091.657

365.883216.300

2.416.208382.128

28.165.797

Nº Abs.3.408.901

16.196.2364.815.163

378.807159.188

2.445.182372.773

27.776.250

%48,5948,6654,0650,8742,3950,3049,3849,65

Fonte: Inep/MEC.Nota: *EJA - Educação de Jovens e Adultos.

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A presença majoritária de mulheres em certas áreas profissionaisreflete o padrão sexista da divisão do trabalho na sociedade,cabendo às mulheres as ocupações relacionadas ao mundoprivado e aos cuidados. Os indicadores educacionais tambémcomprovam a persistência de graves desigualdades associadas

à discriminação étnico-racial, à concentração de renda, àdistribuição desigual de riqueza entre campo e cidade e entrediferentes regiões do território nacional, exigindo medidasvoltadas a grupos específicos. Assim, mesmo que as médiasnacionais apontem uma situação mais favorável para mulheresdo que para homens no sistema educacional, quando seconsideram outros marcadores sociais, importantes quadros dedesigualdade entre as próprias mulheres vêm à tona. Produz-se,então, uma interseccionalidade entre gênero e raça/etnia, ouentre gênero e região, por exemplo, que exigem odesenvolvimento de iniciativas voltadas a grupos específicos.Apenas para citar dois aspectos relevantes desta realidade, veja-se como a taxa de analfabetismo das mulheres negras é o dobroda taxa das mulheres brancas e como o acesso à educação émenor entre meninas e mulheres do campo, em relação às quevivem nas zonas urbanas (ver tabela 3). Já entre os povosindígenas, é maior a desigualdade de gênero nas matrículas,principalmente no ensino médio. Segundo dados do CensoEscolar, em 2006, os meninos correspondiam a 62,7% do totalde estudantes neste nível de ensino.

da presença feminina neste nível é acompanhada por umamarcante diferença na distribuição dos estudantes de sexosdistintos pelas áreas de conhecimento. Pela tabela 2, pode-seobservar que entre os dez maiores cursos por número de matrículano ano de 2005, as áreas com os maiores percentuais de matrículado sexo feminino foram: Pedagogia (91,3%), Letras (80%) eEnfermagem (82,9%). Já os cursos com os maiores percentuaisde matrícula do sexo masculino foram: Engenharia (79,7%) eCiência da Computação (81,2%). Quadro semelhante é verificadona educação profissional e tecnológica.

Tabela 2 – Distribuição dos estudantes matriculados nos 10maiores cursos de graduação*, por sexo – Brasil, 2005.

Fonte: RISTOFF, Dilvo et al. (orgs.). A mulher na educação superior brasileira 1991-2005. Brasília:Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), 2007. p.12.Nota: *São apresentados os 10 maiores cursos de nível superior segundo o número de matrículas,em ordem crescente de presença feminina.

Tabela 3 – Taxa de Analfabetismo, por Sexo e Cor/Raça – Brasil,2006.

Fonte: Pnad 2006/ IBGE.Nota: *Em função da pouca representatividade estatística dos dados, as populações autodeclaradasamarelas e indígenas, bem como as de cor/raça não declarada, foram agrupadas nesta categoria.

Cor/Raça

BrancaNegra (Preta + Parda) Preta PardaOutros*Total

Total06,5014,5814,1514,6507,1210,38

Feminino06,6514,1014,5814,0107,0210,14

Masculino06,3215,0713,7015,3207,2410,65

Taxa de Analfabetismo (em %)

Cursos

Ciência da ComputaçãoEngenhariaEducação FísicaDireitoAdministraçãoCiências ContábeisComunicação SocialLetrasEnfermagemPedagogiaTotal

Matrículas

110.927266.163159.484565.705671.600171.022197.068196.818153.359372.159

2.864.365

Sexo Feminino (em %) Masculino (em %)

18,820,341,348,949,250,756,680,082,991,355,9

81,279,756,951,150,849,343,420,017,108,745,1

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A preocupação com a igualdade de gênero e de raça/etnia ecom o fortalecimento dos direitos humanos perpassatransversalmente todo o planejamento da política federal. Nosúltimos anos, esse planejamento tem evidenciado não apenas oreconhecimento de que a melhoria da qualidade da educaçãonacional deve ser, e é, uma das prioridades da política social,mas também que a busca por uma educação de qualidade estáintrinsecamente associada à busca por eqüidade e à valorizaçãoda diversidade. O 3º objetivo estratégico de governo, dispostono Plano Plurianual 2008-2011 – “Propiciar o acesso dapopulação brasileira à educação e ao conhecimento comeqüidade, qualidade e valorização da diversidade” – pressupõeque a inclusão educacional se dá em grande medida peloenfrentamento de todas as formas de discriminação epreconceito, pela redução das desigualdades no processoeducacional e por meio dele.

Tal compromisso está expresso, na esfera educacional, noprograma 1377 – Educação para a Diversidade e Cidadania –,criado em 2004, cujo objetivo é “reduzir as desigualdades étnico-racial, de gênero, de orientação sexual, geracional, regional ecultural no espaço escolar”. As políticas de educação para aigualdade de gênero do Governo Federal vêm sendodesenvolvidas em duplo movimento: ações que transformem aspercepções e modos de vida, e ações diretas de combate àdesigualdade de oportunidades. Nesse sentido, duas grandeslinhas de ação podem ser reconhecidas no capítulo de educaçãodo II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres:

1. Transformação das sensibilidades e representações sobrerelações de gênero e orientação sexual, para a construçãode uma sociedade não-sexista, não-racista, não-lesbofóbicae não-homofóbica, cujos resultados são percebidos em longoprazo;2. ações para grupos específicos de mulheres, subalternizadospela exploração econômica, condição social, racismo,deficiência, geração, territorialidade, orientação sexual, entreoutras.

Para tanto, estão sendo propostas políticas que visam atuar nas

práticas escolares, nas suas rotinas, nos currículos, nos materiaisdidáticos e para-didáticos para combater as desigualdades queatingem as diferentes mulheres e que atuam na perpetuação de

práticas sexistas, racistas, lesbofóbicas e homofóbicas. Háinúmeras evidências de que os agentes da educação – gestores/as, professores/as, orientadores/as pedagógicos/as, entre outros

– reiteram em suas práticas, nas percepções e nas expectativasque têm sobre estudantes, preconceitos relacionados àsdimensões de gênero, identidade de gênero, raça/etnia,

orientação sexual, origem regional e sócio-econômica, entreoutros aspectos2. Para que se alcance uma educação de qualidadepara todas as pessoas, faz-se necessário incorporar a diversidade

em toda a sua complexidade na gestão das políticas de educação,na dinâmica da aprendizagem e das relações estabelecidas nointerior dos espaços escolares, e não apenas nas condições de

acesso à educação.

2 BARCELOS, L.C. Educação e desigualdades raciais no Brasil. Cadernos de Pesquisa, n. 86, ago 1993, p. 15-24; CANDAU, V.M.F. Educação escolar e cultura(s). TecnologiaEducacional, v. 22, n. 125, jul./ago. 1995, p. 23-28; CANEN, A. Universos culturais e representações docentes: subsídios para a formação de professores para a diversidadecultural. Educação & Sociedade, ano XXII, n. 77, dez 2001; LÜDKE, M. , MEDIANO, Z. Avaliação na escola de 1º grau: uma análise sociológica. Campinas: Papirus, 1992.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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O aprimoramento do tratamento das questões de gênero, raça/etnia nas diretrizes curriculares para a educação básica emanadasdo Conselho Nacional de Educação, nas orientações curricularesaos sistemas de ensino elaboradas pelo Ministério da Educaçãoe nos processos de avaliação dos livros didáticos é uma das açõesimplementadas a partir do I PNPM que terão continuidade nesteII Plano3.

Mas para que a institucionalização da perspectiva de gênero noscurrículos, nas diretrizes e nos livros didáticos e paradidáticosapresente efeitos no dia-a-dia escolar é preciso que,paralelamente, os/as agentes sociais envolvidos/as naimplementação dos currículos e na utilização dos materiaistambém tenham transformado suas formas de perceber e pensaras relações de gênero.

Nesse sentido, a formação inicial e continuada de gestoras/es eprofissionais da educação sobre gênero, enfrentamento daviolência contra as mulheres, direitos sexuais e reprodutivos dejovens e adolescentes, questões étnico-raciais e orientação sexualtem sido o foco das ações do Ministério da Educação, em parceriacom a SPM, organizações não governamentais e outros sistemasde ensino.

Desde 2005, foram formados em torno de 4 mil profissionais daeducação em cursos apoiados pelo MEC4 em vários estados ouem cursos desenvolvidos diretamente pelo Governo Federal. Esteé o caso do Curso Gênero e Diversidade na Escola, que formou

900 profissionais em 6 municípios brasileiros (Nova Iguaçu eNiterói/RJ; Salvador/BA; Porto Velho/RO; Dourados/MS; eMaringá/PR), em curso a distância sobre relações étnico-raciais,gênero e orientação sexual. A avaliação desta experiência pilotopermitirá, agora, ampliar a escala de processos de formação pormeio de diferentes estratégias, entre elas a educação a distância,replicar experiências e utilizar os materiais didáticosdesenvolvidos até o momento como subsídio para materiaisfuturos, produzidos em maior escala. A meta prevista pelo PactoNacional pelo Enfrentamento da Violência contra as Mulheres éformar, entre 2008 e 2011, 120 mil profissionais da educaçãonesta área.

A sobreposição de diferentes formas de discriminação criaquadros de múltiplas vulnerabilidades e as políticas focalizadasvisam atuar na transformação das relações sociais e dossignificados cristalizados que recaem sobre grupos específicos.A redução das taxas de analfabetismo entre grupos específicosde mulheres (negras, quilombolas, indígenas, rurais, comdeficiência, mulheres em situação de prisão) é objeto depreocupação de um projeto de educação que está atento para asituação de subalternização decorrente do acúmulo dediscriminações que recaem sobre as diferentes mulheres.

O Programa 1377 – Educação para a Diversidade e Cidadania –reúne, entre outras políticas, aquelas voltadas à educação docampo, em terras indígenas e em comunidades remanescentesde quilombos. Nesses três casos, as demandas são muito

3 O Edital de seleção dos livros didáticos para as 1a a 4a séries para 2010, recém lançado pela Secretaria de Educação Básica, contém importantes avanços nos critérios referentesà gênero e orientação sexual, mencionando inclusive o combate à homofobia.4 Foram 15 projetos apoiados em 2005, 31 projetos apoiados para o período 2006/2007 e 11 projetos apoiados em 2007, totalizando um montante de mais de R$3,3 milhõesem recursos gastos.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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semelhantes: faltam professores/as qualificados/as para atuaremnessas áreas; faltam vagas, principalmente no ensino médio; ainfra-estrutura das escolas é muito precária; há necessidade dematerial didático específico, condizente com os projetos político-pedagógicos para a educação quilombola, educação do campoe educação indígena (intercultural e bilíngüe)5.

De 2004 até hoje, importantes medidas foram tomadas parareduzir a exclusão educacional de mulheres e meninas negras,quilombolas, indígenas e do campo, principalmente voltadas àconstrução de escolas e melhoria de infra-estrutura, formaçãode profissionais e elaboração de material didático.

Entre 2004 e 2006, houve aumento de 252% nos registros deescolas em áreas de quilombos, segundo o Censo Escolar (Inep/MEC). Situadas ou não em áreas quilombolas, também cresceuem 61%, entre 2005 e 2006, o número de escolas que oferecematerial específico para este grupo. Apenas em 2007, foramfirmados convênios com 15 estados para a construção de escolase melhorias em terras indígenas, perfazendo quase R$80 milhõesem recursos empenhados. Foram criados programas para apoiara formação de professores indígenas de nível superior (Prolind –Programa de Formação Superior e Licenciaturas Indígenas), emcursos de licenciatura indígena e intercultural. A meta até 2010é ampliar de 1.000 professores/as matriculados, hoje, para 4.000.

Quanto à Educação no Campo, entre 2005 e 2007, forambeneficiadas 8.329 escolas, com ações de apoio à melhoria de

5 Para as mulheres indígenas, por exemplo, é necessário prover condições de acesso, permanência e sucesso com base na realidade da Educação Escolar Indígena, e isto incluiformação de docentes para atuarem em todos os níveis e modalidade de ensino, bem como a qualidade em sua formação e ampliação da oferta de vagas. A predominância deprofessores leigos é um limitador à qualidade da educação escolar indígena, a exemplo do que ocorre para o conjunto dos estabelecimentos rurais. Para citar alguns dados, em2005 apenas 9% das funções docentes no ensino de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental em escolas indígenas eram preenchidas por pessoas com nível superior. No ensinomédio, a participação de professores leigos era de 39,5%. Quanto à infraestrutura, metade (50,6%) das escolas não tinha qualquer fonte de energia. No caso das comunidadesquilombolas, em 2006, apenas 1% das escolas destas localidades oferecia ensino de nível médio, que reunia apenas 1,8% dos matriculados (Fonte: Censo Escolar, Inep/MEC).

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

infra-estrutura ou capacitação de profissionais, tendo sidoformados 727 técnicos/as e 30.676 professores/as. Pelo ProjetoSaberes da Terra, vinculado agora ao Projovem (e constante desteII PNPM), foram formados em 2 anos (2005 e 2006), 5.060 jovensagricultores/as familiares, em 12 estados – BA, PB, PE, MA, PI,RO, TO, PA, MG, MS, PR e SC. É fundamental, também, mencionaros esforços feitos para se constituir uma política nacional deformação de professores/as específica para a educação do campo– que rompe com a visão urbanocêntrica – em que se destaca aelaboração de curso de Licenciatura em Educação do Campo, apartir da articulação com universidades públicas e demais atoressociais participantes do Grupo Permanente de Trabalho emEducação do Campo.

O Programa Brasil Alfabetizado também tem sido eficaz em atingiras populações e regiões prioritárias. As mulheres são expressivamaioria entre os/as alfabetizandos/as desde 2005: são 57%,contra 43% de homens. A população atendida pelo Programa émajoritariamente negra (76,6%, sendo 12,4% preta e 64,2%parda) e do Nordeste. Dos mais de 1,2 milhões de alfabetizandos/as cadastrados/as em novembro de 2007, 70% eram dessaregião, seguidos do Sudeste (13%), sendo que, entre 2003 e2007, tem se mantido constante essa distribuição regional.Também as mulheres mais velhas – de 45 anos ou mais – são amaioria entre as alfabetizandas (em 2006 eram 46,5% entre asnegras e 50,7% entre as brancas).

Outro importante avanço recente nas políticas para as mulheres,no campo do enfrentamento da violência de gênero e com

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repercussões para a política educacional, foi a promulgação daLei nº11.340, de 7 de agosto de 2006 – Lei Maria da Penha6. Alei prevê, entre outras ações: “a promoção e a realização decampanhas educativas de prevenção à violência doméstica efamiliar contra a mulher, voltadas para o público escolar e paraa sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentosde proteção aos direitos humanos das mulheres”; e “a promoçãode programas educacionais que disseminem valores éticos deirrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com aperspectiva de gênero e de raça ou etnia”.

No âmbito das políticas educacionais, o enfrentamento daviolência de gênero se associa às ações para a defesa dos direitosda criança e do adolescente. O “Projeto Escola que Protege”,criado em 2004, visando à formação continuada de profissionaisda educação da rede pública e da Rede de Proteção à Criança eao Adolescente, para a abordagem no contexto escolar datemática de enfrentamento da violência, em especial o abuso ea violência sexual.

A SPM, em 2007, passou a ser parceira do Ministério da Educaçãoe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, além deuniversidades e diversas instituições nos estados e municípios.

O Projeto faz parte da Agenda Social da Criança e do Adolescente7

lançada, no mesmo ano, pela SEDH.

Entre as recomendações referentes à educação recebidas pelogoverno brasileiro do Comitê da Organização das Nações Unidasque zela pela implementação da Convenção sobre a Eliminaçãode Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (Cedaw)8,quando da apresentação do I Relatório Brasileiro (em julho de2007), está a intensificação dos esforços para acelerar eaprofundar as mudanças culturais. Reconhecendo os esforçosempreendidos pelo setor educacional brasileiro paratransformação das relações de gênero, o Comitê aponta, entreos campos que merecem prioridade, a atenção à tendência dedirecionamento de homens e mulheres a carreiras específicas eo problema da reafirmação de estereótipos de gênero associadosàs áreas de atuação profissional. Neste sentido, foi lançado em2005 o Programa Mulher e Ciência que tem como objetivovalorizar o campo de estudos das relações de gênero, mulherese feminismos e promover a reflexão sobre as relações de gêneroentre estudantes de ensino médio, de graduação e graduadosatravés do Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero. O Prêmioé constituído por um concurso de redações para estudantes doensino médio e de artigos científicos para estudantes de

6 A Lei Maria da Penha, assim como o posterior Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra as Mulheres, lançado em 2007, são medidas concretas do Estado brasileiropara cumprir as disposições da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará) – OEA, 1994. Nela, osEstados-parte se responsabilizam, no que diz respeito à educação, a adotar medidas específicas como a formulação de programas formais e não formais adequados a todos osníveis do processo educacional, a fim de combater preconceitos que legitimem a violência contra as mulheres; e a promover e apoiar a programas de educação governamentaise privados, destinados a sensibilizar a sociedade para os problemas da violência contra as mulheres.7 Desde 2004 foram beneficiadas em torno de 5 mil famílias, por meio do atendimento na Escola de Pais, formados 7.940 profissionais da educação e 900 da rede de proteção.Participam do projeto as Secretarias Estaduais de Educação; União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação; Ministério Público Estadual; Conselho Estadual dos Direitosda Criança e do Adolescente; Conselho Tutelar; Ministério Público; da Saúde e do Desenvolvimento Social.8 Ao ratificarem a Cedaw, os Estados-parte se comprometem a assegurar condições de igualdade de gênero na educação por meio da eliminação dos estereótipos de gênero nosmateriais didáticos e nos programas escolares; da promoção das mesmas oportunidades para obtenção de subvenções para estudos e acesso aos programas de educaçãosupletiva, incluídos os programas de alfabetização funcional e de adultos; da redução da taxa de abandono feminino dos estudos e do fomento a escolarização de jovens quetenham deixado os estudos prematuramente; e da igual condição de escolha das carreiras, de capacitação profissional, de acesso aos estudos e de participação nos esportes.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

graduação e graduados. Coordenado pela SPM, em parceria como Ministério da Ciência e Tecnologia, com o Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com o Ministérioda Educação e com o Fundo de Desenvolvimento das NaçõesUnidas para a Mulher (Unifem), será ampliado a partir de agora,com o envolvimento mais forte da Coordenação deAperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e daSecretaria de Educação Básica – esta última na realização doPrêmio Construindo a Igualdade de Gênero entre estudantes doensino médio. O espaço criado nas instituições educacionais éfundamental para a construção de um ambiente de abertura paraa reflexão sobre as práticas de gênero.

Além disso, este II Plano incorpora a estratégia de incidir sobre aformação de trabalhadoras/es da educação profissional etecnológica. Também nesse campo se inserem iniciativas defortalecer estudos e pesquisas sobre gênero. O levantamento deindicadores e a realização de análises sobre a trajetória dasmulheres na educação têm sido objeto de uma profícua parceriaentre o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas EducacionaisAnísio Teixeira (Inep) e a SPM que gerou até agora três publicaçõese que será consolidada neste II PNPM.

É importante mencionar a característica de autonomia de estadose municípios, de escolas e universidades em relação à execuçãodas políticas educacionais. O MEC tem papel fundamental nanormalização da política, no estabelecimento de concepções ediretrizes amplas que orientem os sistemas de ensino, assim comona assistência financeira suplementar e no apoio técnico às ações,observadas as diretrizes gerais estabelecidas pelo Conselho

Nacional de Educação, conforme a Lei de Diretrizes e Bases daEducação Nacional (Lei nº 9.394/1996).

É justamente aí que reside a profunda transformação provocadapelo Plano de Desenvolvimento da Educação, o PDE, lançado em2007. O Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação é aconjugação dos esforços da União, Estados, Distrito Federal eMunicípios, atuando em regime de colaboração das famílias e dacomunidade, em proveito da melhoria da qualidade da educaçãobásica. Dos 5.563 municípios brasileiros, 5.202 (93,5%) já aderiramao Compromisso. Dos 1.242 municípios prioritários (aqueles commais baixo IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica)9,já aderiram 1.232 (99,2%).

O PDE assume, de maneira sistêmica, diversos desafios postos paraa educação nacional. Tendo como princípio último a defesa dodireito a aprender, ele ampliará a oferta de vagas em todos osníveis e modalidades da educação, reduzirá desigualdadesregionais e melhorará a qualidade da educação. Por sua concepçãocentrada na aprendizagem, no acompanhamento individual decada aluno/a – visando avaliar o desempenho, combater arepetência e a evasão – e na avaliação objetiva da qualidade daeducação nas escolas e municípios, com base no IDEB, o Plano deMetas Compromisso todos pela Educação permitirá também acorreção de desigualdades relacionadas a gênero, raça/etnia,regionalidade, entre outros aspectos. Portanto, este II PlanoNacional de Políticas para Mulheres e o Plano de Desenvolvimentoda Educação estão fortemente relacionados. Apenas com aparticipação de todas e todos, da sociedade civil e do Estado, ecom uma forte colaboração entre a União, estados, Distrito Federale municípios, serão alcançados os objetivos e metas aqui propostos.

9 O IDEB é calculado e divulgado periodicamente pelo Inep, a partir dos dados sobre rendimento escolar, e desempenho dos alunos, constantes do Censo Escolar e do Sistemade Avaliação da Educação Básica – SAEB, composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica – ANEB e pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil).

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

OBJETIVOS GERAIS OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Reduzir o analfabetismo feminino, em especial entre asmulheres negras, indígenas e acima de 50 anos;

II. Promover a ampliação do acesso ao ensino profissional etecnológico e ao ensino superior, com equidade de gênero, raça/etnia;

III. Eliminar conteúdos sexistas e discriminatórios e promover ainserção de conteúdos de educação para a eqüidade de gêneroe valorização das diversidades nos currículos, materiais didáticose paradidáticos da educação básica;

IV. Promover a formação de gestores/as e servidores/as federaisde gestão direta, sociedades de economia mista e autarquias,profissionais da educação e estudantes dos sistemas de ensinopúblico de todos os níveis nos temas da eqüidade de gênero evalorização das diversidades;

V. Contribuir para a redução da violência de gênero, com ênfaseno enfrentamento do abuso e exploração sexual de meninas,jovens e adolescentes;

VI. Estimular a participação das mulheres nas áreas científicas etecnológicas e a produção de conhecimento na área de gênero,identidade de gênero e orientação sexual, levando emconsideração os aspectos étnico-raciais, geracional, das pessoascom deficiência, entre outros.

I. Contribuir para a redução da desigualdade de gênero e para oenfrentamento do preconceito e da discriminação de gênero,étnico-racial, religiosa, geracional, por orientação sexual eidentidade de gênero, por meio da formação de gestores/as,profissionais da educação e estudantes em todos os níveis emodalidades de ensino;

II. Consolidar na política educacional as perspectivas de gênero,raça/etnia, orientação sexual, geracional, das pessoas comdeficiência e o respeito à diversidade em todas as suas formas,de modo a garantir uma educação igualitária;

III. Garantir o acesso, a permanência e o sucesso de meninas,jovens e mulheres à educação de qualidade prestando particularatenção a grupos com baixa escolaridade (mulheres adultas eidosas, com deficiência, negras, indígenas, de comunidadestradicionais, do campo e em situação de prisão).

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

PRIORIDADES

A – Formar 120 mil profissionais da educação básica nastemáticas de gênero, relações étnico-raciais e orientação sexual,em processos executados ou apoiados pelo governo federal;

B – Alfabetizar 3 milhões de mulheres;

C – Reduzir de 9,64% para 8% a taxa de analfabetismo feminino,entre 2006 e 2011;

D – Reduzir de 13,38% para 11% a taxa de analfabetismo dasmulheres negras, entre 2006 e 2011;

E – Construir 950 salas de aula em comunidades remanescentesde quilombos;

F – Formar 5.400 professores/as da rede pública de ensinofundamental para atuar em comunidades remanescentes dequilombos;

G – Matricular 2.000 mulheres indígenas em cursos deLicenciatura Intercultural;

H – Construir 2.000 escolas da rede pública em áreas do campo;

I – Formar 15.000 jovens agricultoras familiares no programaSaberes da Terra do Projovem;

J – Ampliar em 5%, entre 2008 e 2011, a freqüência de meninas,jovens e mulheres negras à educação básica;

K – Ampliar em 10%, entre 2008 e 2011, a freqüência demulheres negras ao ensino superior.

2.1. Promover a formação inicial e continuada de gestores/as eprofissionais da educação para a eqüidade de gênero, raça/etniae o reconhecimento das diversidades;

2.2. Promover a formação de estudantes da educação básicapara a eqüidade de gênero, raça/etnia e o reconhecimento dasdiversidades;

2.3.Promover a formação das mulheres jovens e adultas para otrabalho, inclusive nas áreas científicas e tecnológicas, visandoreduzir a desigualdade de gênero nas carreiras e profissões;

2.4. Estimular a produção e difusão de conhecimentos sobregênero, identidade de gênero, orientação sexual e raça/etnia emtodos os níveis de ensino;

2.5. Promover medidas educacionais para o enfrentamento daviolência contra as mulheres, considerando as dimensões étnico-raciais, geracionais e de orientação sexual;

2.6. Ampliar o acesso e a permanência na educação de gruposespecíficos de mulheres com baixa escolaridade.

METAS

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

PLANO DE AÇÃO

Prioridade 2.1. Promover a formação inicial e continuada de gestores/as e profissionais da educação para a eqüidade degênero, raça/etnia e o reconhecimento das diversidades.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.1.1. Promover a formação continuada de gestores/as e profissionais de educação sobre relações degênero, enfrentamento da violência de gênero eorientação sexual, considerando as questões étnico-raciais, geracionais e a situação das pessoas comdeficiência.

2.1.2. Formar gestores/as e profissionais de educaçãoprofissional e tecnológica sobre gênero e orientaçãosexual, considerando as questões étnico-raciais,geracionais e a situação das pessoas com deficiência.

2.1.3. Formar gestores/as e servidores/as do MEC sobregênero e orientação sexual, considerando as questõesétnico-raciais, geracionais e a situação das pessoas comdeficiência.

MEC

SPMSeppirSEDH

MEC

MEC

Secretarias MunicipaisEstaduais de Educação,Secretarias Municipais eEstaduais de Juventude,Instituições Federais de

Ensino Superior,Organismos executivos

Estaduais e Municipais daMulher e de Raça, ONGs,

movimentos sociais.

SPM, Rede Federalde Educação Profissional

e Tecnológica.

SPM.

2011

2011

2011

Profissionalformado/a.Curso deformaçãoapoiado.

Gestor/a eprofissionalformado/a.

Servidor/aformado/a.

1377/87511073/63281433/8836

A definirA definir

1062/6358

1067/4572

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 2.2. Promover a formação de estudantes da educação básica para a eqüidade de gênero, raça/etnia e oreconhecimento das diversidades.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.2.1. Instituir Diretriz Curricular para a EducaçãoBásica relativa a gênero, orientação sexual e direitoshumanos.

2.2.2. Aprimorar o tratamento de gênero, raça/etnia,orientação sexual e direitos humanos nas orientaçõescurriculares nacionais dos ensinos infantil, fundamentale médio.

2.2.3. Elaborar e distribuir materiais didáticos referentesa gênero, raça, etnia, orientação sexual e direitoshumanos.

2.2.4. Elaborar e distribuir material didático paraeducadores/as e alunos/as sobre a promoção da saúdee dos direitos sexuais e direitos reprodutivos de jovense adolescentes e prevenção das DST/Aids, alcoolismoe drogas, em sua interface com as questões de gênero,raça/etnia, geração.

2.2.5. Formar educadores/as e alunos/as em temasrelacionados à promoção da saúde e dos direitossexuais e direitos reprodutivos de jovens e adolescentese prevenção das DST/Aids, alcoolismo e drogas, em suainterface com as questões de gênero, raça/etnia egeração.

MEC

MEC

MECSPM

MECMS

MECMS

SPM, movimentos demulheres, GLBT e de

direitos humanos, Núcleosde Estudos de Gênero de

Instituições de EnsinoSuperior, Associações depesquisa: Anpocs, Anped,

Andhep.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Educação;

Instituições de EnsinoSuperior, ONGs.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Educação;

Instituições de EnsinoSuperior, ONGs.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Educação e

de Saúde; liderançasjuvenis; Unfpa; UNODC,

Unesco, Unaids.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Educação e

de Saúde; liderançasjuvenis; Unfpa; UNODC,

Unesco, Unaids.

Diretrizelaborada.

Orientaçãocurricular

aprimorada.

Materialelaborado edistribuído.

Materialdistribuído.

Educador/aformado/a.

Aluno/aformado/a.

Não orçamentária

Não orçamentária

1377/87511433/8835

1061/40421444/8670

1061/40421444/8670

2009

2011

2011

2011

2011

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 2.2. Promover a formação de estudantes da educação básica para a eqüidade de gênero, raça/etnia e oreconhecimento das diversidades.

Prioridade 2.3. Promover a formação das mulheres jovens e adultas para o trabalho, inclusive nas áreas científicas etecnológicas, visando reduzir a desigualdade de gênero nas carreiras e profissões.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.2.6. Aprimorar a avaliação do livro didático emrelação a gênero, raça/etnia, orientação sexual edireitos humanos.

2.2.7. Realizar concurso de redações para estudantesda educação básica (ensino médio) sobre gênero.

MEC

MEC

CNPq

SPM

2011

2011

Medida deaprimoramento

realizada.

Estudanteenvolvido/a.

Não orçamentária

1377/87511448/22720460/09020460/09011068/6245

MTE, Rede Federal deEducação Profissional eTecnológica; Secretarias

Estaduais e Municipais deEducação; Sistemas de

Ensino.

MEC, Secom, MME eempresas vinculadas.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.3.1. Estimular a maior participação feminina emáreas de formação profissional e tecnológicatradicionalmente não ocupadas por mulheres.

2.3.2. Realizar campanhas para ampliar o número demulheres nos cursos do ensino tecnológico eprofissional.

MEC

SPM

2011

2011

Ação desensibilização e

formaçãorealizada.

Profissionalbeneficiado/a

Estudantebeneficiado/a.

Campanharealizada.

A definir

1068/4641

SPM, Núcleos de Estudosde Gênero das Instituições

de Ensino Superior.

Inep, Capes, Unifem, MCT,Secretarias Estaduais e

Municipais de Educação,Organismos Executivos

Estaduais e Municipais daMulher e de Raça.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 2.4. Estimular a produção e difusão de conhecimentos sobre gênero, identidade de gênero, orientação sexual eraça/etnia em todos os níveis de ensino.

MEC, CNPq, Unifem, Nú-cleos e Grupos de Pesqui-sa de Gênero das Institui-ções de Ensino Superior.

MCT, CNPq, Unifem, Nú-cleos e Grupos de Pesqui-sa de Gênero das Institui-ções de Ensino Superior.

Rede de educação profis-sional e tecnológica,Instituições de Ensino

Superior.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.4.1. Apoiar estudos e pesquisas em nível de graduaçãoe pós-graduação sobre educação, gênero, raça/etnia,orientação sexual e violência de gênero.

2.4.2. Realizar o Encontro Nacional de Núcleos e Gruposde Pesquisa – Pensando Gênero e Ciências.

2.4.3. Apoiar a produção de conhecimento sobre gêneroe orientação sexual, considerando as questões étnico-raciais, geracionais e a situação das pessoas comdeficiência, na educação profissional e tecnológica.

CapesSPM

SPMMEC

MEC

2011

2011

2011

Estudo/pesquisaapoiada.

Encontrorealizado.

Projeto depesquisa/estudo

apoiado.

1375/04871068/6245

1433/88341377/8751

A definir

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 2.5. Promover medidas educacionais para o enfrentamento da violência contra as mulheres, considerando asdimensões étnico-raciais, geracionais e de orientação sexual.

MJ.

MTur, SEDH, MS,Instituições de EnsinoSuperior, Secretarias

Estaduais e Municipaisde Educação, MinistérioPúblico, Conselhos deDireitos da Saúde e da

Assistência Social.

MJ, MDS, SecretariasEstaduais e Municipaisde Educação, ONGs,movimentos sociais e

comunidades.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.5.1. Promover campanhas educativas de prevençãoda violência contra as mulheres voltadas ao públicoescolar, considerando as dimensões étnico-raciais e deorientação sexual.

2.5.2. Promover a formação continuada deprofissionais da educação da rede pública e da Redede Proteção à Criança e ao Adolescente para aabordagem no contexto escolar da temática deenfrentamento da violência de gênero, a partir dasperspectivas dos direitos humanos.

2.5.3. Fomentar a implementação de atividades deeducação integral que discutam as interfaces entre aviolência doméstica contra mulheres e a violênciacontra crianças, jovens e adolescentes.

MEC

MECSPM

MEC

2011

2011

2011

Campanharealizada.

Profissionalformado/a.

Municípioapoiado.Escola

beneficiada.

1377/8751

0073/89541433/8836

1377/8742

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 2.6. Ampliar o acesso e a permanência na educação de grupos específicos de mulheres com baixa escolaridade.

SPM, Secretarias Estaduaisde Educação e de Justiça,Instituições Federais de

Ensino Superior.

Secretarias Estaduais deEducação e de Justiça,Instituições Federais de

Ensino Superior.

SPM, Secretarias Estaduaisde Educação e de Justiça,Instituições Federais de

Ensino Superior.

Secretarias Estaduais deEducação e de Justiça,Instituições Federais de

Ensino Superior.

Instituições de EnsinoSuperior, Funai.

Funai, universidadesestaduais e federais,

Secretarias Estaduais deEducação.

Estados, municípios,Funai.

Seppir, estados,municípios.

Seppir, estados,municípios.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.6.1. Promover a alfabetização de mulheres jovens eadultas.

2.6.2. Promover e ampliar alfabetização de mulheresjovens e adultas em situação de prisão.

2.6.3. Promover a continuidade da escolarização deMulheres Jovens e Adultas.

2.6.4. Promover e ampliar a continuidade da escola-rização de mulheres jovens e adultas em situação deprisão.

2.6.5. Ampliar e democratizar o acesso à educaçãosuperior, especialmente de mulheres negras e indígenas.

2.6.6. Habilitar professores/as indígenas para a docênciana Educação Básica, visando à garantia da oferta deeducação escolar intercultural de qualidade nas escolasindígenas.

2.6.7. Construir escolas em terras indígenas.

2.6.8. Construir escolas em comunidades remanescen-tes de quilombos.

2.6.9. Apoiar o desenvolvimento da educação nascomunidades quilombolas.

MEC

SPMMEC

MJ

MEC

SPMMEC

MJ

MEC

MEC

MEC

MEC

MEC

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Aluna atendida.

Aluna atendida.

Aluna atendida.

Aluna atendida.

Aluna atendidacom bolsa.

Professor/aindígena

formado/a.

Escola indígenaconstruída.

Escola construída.

Projeto apoiado.

1060/87901060/0920

0156/88331060/87901060/09201453/8853

1060/8526

0156/88331060/87901060/09201453/8853

1377/8742

1377/87501377/8741

1448/09CW

1448/09CW

1336/8957

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 2.6. Ampliar o acesso e a permanência na educação de grupos específicos de mulheres com baixa escolaridade.

Seppir, estados,municípios.

MDA, MTE, SG, estados,municípios.

UnB, UFBA,UFS e UFMG.

MDA.

MDS, MS, SEDH,municípios.

MDS, MS, SEDH,municípios.

Inep, estados, municípios.

Inep, estados, municípios,Instituições Federais de

Ensino Superior.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.6.10. Capacitar professores/as para atuar emcomunidades remanescentes de quilombos.

2.6.11. Promover a elevação da escolaridade de jovensagricultores/as familiares (conclusão do Ensino Funda-mental associado à qualificação social e profissional).

2.6.12. Formar professores/as, em caráter inicial, na mo-dalidade licenciatura, para oferta das séries/anos finaisdo Ensino Fundamental e Ensino Médio no campo.

2.6.13. Construir escolas em áreas do campo.

2.6.14. Ampliar o acesso e a permanência na educaçãobásica de meninas, jovens e mulheres com deficiência,por meio do pareamento dos dados do Censo Escolar edo Cadastro de Beneficiários do BPC de 0 a 18 anospara identificação da falta de acesso à escola.

2.6.15. Ampliar o acesso e a permanência na educaçãobásica de meninas, jovens e mulheres com deficiência,por meio da identificação das barreiras para o acesso aescola, com recorte de gênero.

2.6.16. Acompanhar o acesso e permanência de crianças,adolescentes, jovens e mulheres com deficiência naeducação básica.

2.6.17. Acompanhar o acesso e permanência demulheres com deficiência na educação superior.

2011

2011

2008

2008

2011

2011

2011

2011

Professora/acapacitado/a.

Aluna atendida.

Professor/aformado/a.

Escola construída.

Pareamento dosdados realizado.

Questionárioaplicado.

Análise dosdados do Censo

da EducaçãoBásica realizada.

Análise dosdados do Censo

da EducaçãoSuperior

realizada.

MEC

MEC

MEC

MEC

MEC

MEC

MEC

MEC

1377/8750

8034/2A95

A definir

1448/09CW

1374/8371

1374/8371

1374/8371

1374/8371

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cont. Prioridade 2.6. Ampliar o acesso e a permanência na educação de grupos específicos de mulheres com baixa escolaridade.

Instituições Federais deEnsino Superior.

Secretarias Estaduais deEducação, organizaçõesindígenas e indigenistas.

Ação Órgão Programa/ Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2.6.18. Apoiar propostas das IFES para superar situaçõesde discriminação contra estudantes com deficiência, pro-movendo a eliminação de barreiras comportamentais,pedagógicas, arquitetônicas e de comunicações.

2.6.19. Produzir material didático e paradidático espe-cífico às realidades sócioculturais e sócio-lingüísticas dascomunidades indígenas para uso nas escolas indígenas epara implementação da Lei 11.645.

2011

2011

Projeto apoiado.

Material didáticoindígena

produzido.

MEC

MEC

1377/2C68

1377/8750

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Capítulo 3: Saúde das mulheres,direitos sexuais e direitos reprodutivos

As mulheres constituem a maioria da população brasileira e asprincipais usuárias do Sistema Único de Saúde – SUS. Conformam,portanto, um segmento social fundamental para as políticas desaúde, não apenas pela sua importância numérica, mas,especialmente, porque neste campo as históricas desigualdadesde poder entre homens e mulheres implicam em forte impactonas condições de saúde das mulheres, sendo as questões degênero um dos determinantes de saúde a ser considerado naformulação das políticas públicas. Outras variáveis como raça/etnia e situação de pobreza aprofundam ainda mais taisdesigualdades e também necessitam ser consideradas naformulação, implementação e avaliação de estratégias deintervenção governamental na área.

As principais causas de morte na população feminina são1:i) as doenças cardiovasculares, destacando-se o infarto agudodo miocárdio;ii) o acidente vascular cerebral;

iii) as neoplasias, principalmente o câncer de mama, depulmão e de colo do útero;iv) as doenças do aparelho respiratório, marcadamente aspneumonias;v) as doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas, comdestaque para diabetes;vi) as causas externas. O padrão de morbi-mortalidadeencontrado entre as mulheres brasileiras revela uma realidadena qual convivem doenças típicas dos países desenvolvidos(cardiovasculares e crônico-degenerativas) com aquelas domundo subdesenvolvido (mortalidade materna e desnutrição).

É importante considerar o fato de que determinados problemasafetam de maneira distinta os homens e as mulheres e que algunssão mais prevalecentes em determinados grupos étnico-raciais.Enquanto a mortalidade por violência afeta os homens emgrandes proporções, a morbidade, especialmente provocada pelaviolência doméstica e sexual, atinge prioritariamente a populaçãofeminina. Também no caso dos problemas de saúde associados

1 Segundo o Sistema de Informações de Mortalidade/Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde, 2005.

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ao exercício da sexualidade, as mulheres estão particularmenteafetadas e, pela particularidade biológica, têm como complicaçãoa transmissão vertical de doenças como a sífilis e o vírus HIV, amortalidade materna e os problemas de morbidade ainda poucoestudados. No caso das mulheres negras, por exemplo, a literaturacientífica constata, ainda, a maior freqüência de diabetes tipo II,miomas, hipertensão arterial e anemia falciforme.

As mortes maternas não aparecem entre as dez primeiras causasde óbito. No entanto, a gravidade do problema é evidenciadaquando se chama atenção para o fato de que a gravidez não serefere a um estado de doença, mas é um evento relacionado àvivência da sexualidade e que em 92% dos casos a morte maternaé evitável. No Brasil, a razão de mortalidade materna vem sereduzindo ao longo dos anos, tendo alcançado, em 2005, o valorcorrigido de 74,6 óbitos maternos por 100 mil nascidos vivos2.Em países desenvolvidos essas razões oscilam entre 6 e 20 óbitosmaternos por 100 mil nascidos vivos.

As questões de saúde sexual e reprodutiva – que incluem a saúdematerna, mas não somente ela – foram durante muito tempomantidas fora do escopo das políticas públicas governamentais.Este quadro, felizmente, tem sido alterado e novas dimensõesrelacionadas à vivência da sexualidade feminina têm sidomerecedoras de atenção pelo poder público, tal como oplanejamento familiar, o câncer de colo de útero e de mama, asDSTs e os cuidados com a mulher no pré-natal, parto e puerpério.Nas últimas décadas, com exceção da consulta de puerpério eda detecção precoce do câncer de colo de útero as demais açõesque compõem a atenção à saúde integral da mulher alcançaram

uma boa cobertura. Mesmo que ainda em patamares bastanteelevados, a mortalidade materna tem diminuído ao longo dosanos, o que pode ser resultado, entre outros fatores, de umamelhoria na qualidade obstétrica e do planejamento familiar. Defato, registra-se uma tendência de aumento do número deconsultas de pré-natal. Em 1995, a média verificada era de 1,2consultas de pré-natal para cada parto realizado no SUS,enquanto, em 2007, este número já era de 5,7 consultas de pré-natal para cada parto3.

Se a dimensão relacionada à saúde materna foi a primeira a serincorporada nas discussões a respeito da saúde da mulher, issonão significa que as condições de acesso aos serviços de saúdesejam hoje plenamente satisfatórias. Estudos nacionais indicamque o acesso à assistência pré-natal ainda é um problemasignificativo para a população rural, principalmente nas regiõesNorte e Nordeste. Ademais, são vários os avanços que ainda sefazem necessários para o enfrentamento desta questão, tal comoapontados a seguir.

É importante considerar que a gestação é um fenômenofisiológico e se dá na maioria das vezes sem interocorrências.Entretanto, aproximadamente 15% das gestantes, por teremcaracterísticas específicas ou por sofrerem algum agravo,apresentam maior probabilidade de evolução desfavorável, tantopara o feto como para a mãe. Esta parcela constitui o grupochamado de “gestantes de alto risco”, e necessita de atendimentoem ambulatório especializado e acesso a exames de maiorcomplexidade.

2 Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde/Ministério da Saúde.3 Segundo o Sistema de Informação Ambulatorial do Sistema Único de Saúde.

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As dificuldades em prestar assistência à gravidez de alto riscoiniciam-se na identificação falha desta parcela de gestantes nosserviços de atenção primária, seguidos pela dificuldade deencaminhamento para ambulatórios especializados, estes, muitasvezes, estão desarticulados das unidades de atenção primária ecom freqüência padecem de falta de recursos técnicos e equipecom capacitação adequada para o desempenho de suas funções.

Com relação à atenção ao parto, 96% são realizados em ambientehospitalar, sendo que 44,4% deles acabam sendo partos do tipocesariano. Esta é uma tendência que vem crescendo no país, vistoque, em 2005, essa proporção era de 43,2%, o que é um indicadorda falta de qualidade da atenção ao parto no Brasil.

É importante destacar que a assistência ao parto não éhomogênea para todo o Brasil. Para as mulheres da área rural, oparto domiciliar assistido por parteiras tradicionais é umarealidade bastante freqüente. Embora o parto domiciliar seja,em alguns casos, uma opção da mulher, é preciso assegurar queessa seja uma escolha e não a única alternativa colocada pelascondições de isolamento, da distância e da precariedade dosserviços de saúde, ou da insuficiente capacitação dos profissionaispara lidarem com as especificidades dos agravos decorrentes dotrabalho no campo. Ademais, deve-se considerar que a parteiratradicional, em geral, atua sem o apoio dos serviços de saúde.Em conseqüência desse isolamento, a maioria dos partos ocorreem condições precárias e não são notificados aos sistemas deinformação em saúde. Tampouco se tem um registro preciso donúmero de parteiras atuantes no país. Em 2005, foram registrados38.674 partos domiciliares no SUS.

No Brasil, o abortamento representa um grave problema desaúde pública. Quando realizado em condições de risco,freqüentemente é acompanhado de complicações severas. Ascomplicações imediatas mais freqüentes são: a perfuração doútero, a hemorragia e a infecção, que podem levar a grausdistintos de morbidade e mortalidade4. Pesquisa desenvolvidaestima que 20% dos abortos clandestinos realizados porprofissional médico em clínicas e 50% dos abortos domiciliares,realizados pela própria mulher ou por curiosas, apresentamcomplicações5.

Em 2006, foram realizados 2067 abortos legais, previstos noartigo 128 do Código Penal Brasileiro que permite a realizaçãodo procedimento nos casos de risco de vida para a mulher e degravidez resultante de estupro. No mesmo ano, no Sistema Únicode Saúde, foram realizadas 222.840 curetagens pós-aborto, dasquais 37 resultaram em óbitos maternos.

Na última década, observou-se uma tendência de estabilizaçãodessas curetagens pós-aborto, conseqüência possível do aumentodo número de mulheres usando métodos anticoncepcionais eda elevada prevalência de laqueadura tubária, especialmentenos estados do Nordeste e Centro-Oeste.

No campo da atenção obstétrica teve destaque, em 2004, olançamento do Pacto Nacional pela Redução da MortalidadeMaterna, que está sendo considerado, pela Organização dasNações Unidas (ONU), modelo de mobilização e diálogo socialpara a promoção dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio,pois trabalha a partir da integração das três instâncias de governo

4 LANGER, A.; ESPENOZA, H. Embarazo no deseado: impacto sobre la salud y la sociedad en América Latina y el Caribe. Revista Panamericana de Salud Publica, v. 11. n. 3, p.192-205, mar. 2002.5 HARDY, E.; COSTA, G. Abortion experience among female employees of a brazilian university. Campinas: CEMICAMP, 1993.

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– federal, estadual e municipal – e organizações representativasda sociedade civil.Também com a finalidade de mudar os paradigmas da atençãoao parto, o Ministério da Saúde regulamentou a Lei doAcompanhante; apoiou a formação de 370 Doulas Comunitáriase de enfermagem obstétrica; qualificou 904 parteiras tradicionais;e lançou a Campanha Nacional de Incentivo ao Parto Normal eRedução da Cesárea Desnecessária. Além disso, forampromovidos Seminários em Atenção Obstétrica e NeonatalHumanizadas, baseados em evidências científicas, contemplandoa atenção ao abortamento inseguro, que qualificaram 1.857profissionais, diretores/as, chefias de obstetrícia e neonatologiae chefias de enfermagem obstétrica das 439 maioresmaternidades de cada um dos estados brasileiros.

Para organizar a vigilância epidemiológica da morte materna, oMinistério da Saúde adotou algumas importantes medidas aolongo dos últimos anos:

i) apoiou técnica e financeiramente a organização de Comitêsde Morte Materna nos estados da região Norte;ii) promoveu o V e o VI Fóruns Nacionais de MortalidadeMaterna, que contaram com a participação de presidentes decomitês e coordenadores de saúde da mulher de todos osestados e capitais;iii) divulgou amplamente o Estudo da Mortalidade de Mulheresde 10 a 49 anos, com Ênfase na Mortalidade Materna –coordenado pelo Prof. Ruy Laurenti e colaboradores – que foida maior relevância para a definição das estratégias e açõesda Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher;iv) apoiou financeiramente a realização de 38 estudos sobreMortalidade Materna ou Neonatal.

No Brasil, o acesso à anticoncepção, direito garantidoconstitucionalmente, não é amplamente atendido. Estudosnacionais demonstram uma maior prevalência de uso dalaqueadura tubária e da pílula. A baixa freqüência de uso deoutros métodos indica o limitado acesso das mulheres àsinformações sobre as opções disponíveis e aos métodospropriamente ditos. Existem problemas na produção, controlede qualidade, aquisição, logística de distribuição dos insumos emanutenção da continuidade da oferta de métodosanticoncepcionais. O resultado é uma atenção ainda precária eexcludente, com maior prejuízo para as mulheres oriundas dascamadas mais pobres e das áreas rurais. Possivelmente, estasituação contribui para a ocorrência de abortamentos emcondições inseguras e para o aumento do risco de morte poresta causa.

No período de 2000 a 2006 houve um acréscimo de 6% nopercentual de partos realizados no SUS na faixa etária de 10 a19 anos, passando-se de 127.018 partos, em 2000, para134.625, em 20066. As curetagens são o segundo procedimentoobstétrico mais praticado nas unidades de internação do SUS,superadas apenas, pelos partos normais.

Outro fato que vem merecendo atenção especial da saúde públicano Brasil é o crescimento da ocorrência da infecção pelo HIV emmulheres. Durante muitos anos, os casos de contaminação porHIV foram entendidos como restritos às mulheres parceiras deusuários de drogas injetáveis, aos hemofílicos, aos homensbissexuais ou às mulheres envolvidas na prática da prostituição.No Brasil, do total de casos notificados até junho de 2006, 67,2%

6 Segundo dados do DATASUS/MS.

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foram do sexo masculino (290.917 casos) e 32,8% do feminino(142.138 casos). Em 2003, a taxa de incidência foi de 25,4 e16,1 por 100.000 habitantes para homens e mulheres,respectivamente. A razão de sexos vem diminuindosistematicamente, passando de 15,1 homens por mulher, em1986, para 1,5 homem por mulher, em 2005.Desde 1980, verifica-se um aumento progressivo do número demunicípios brasileiros com pelo menos um caso de Aids emmulheres, o que indica que a interiorização vem sendoacompanhada por um processo de feminização da epidemia. Talprocesso se apresenta mais acentuado em algumas regiões doque em outras e tende a acompanhar o deslocamento que severifica com a mobilidade populacional sazonal e permanentenas zonas de expansão das fronteiras agro-pecuária e demineração.

Ademais, a epidemia de Aids vem atingindo cada vez mais aspessoas em situação de pobreza. Tanto no Brasil quanto em outrospaíses em desenvolvimento, a pobreza é apontada como um doscontextos estruturais da vulnerabilidade para as DST/HIV/Aids.Embora o grau de escolaridade isoladamente não seja suficientepara indicar a condição sócio-econômica da população afetadapela epidemia, essa medida é a que mais se aproxima comoindicador de pobreza. Nesse sentido, os dados mostram que 52%dos casos em mulheres são entre aquelas que não têm nenhumaescolaridade e entre aquelas que não concluíram o primeiro graudo ensino fundamental (29% entre as que contam com 1 a 3anos de estudos e 19% para as que possuem de 4 a 7 anos).

Outro indicador importante é a escolaridade das mulheresgestantes diagnosticadas com HIV, que confirma a tendênciaverificada de associação entre pauperização e epidemia. Dos

31.921 casos de gestantes HIV+, 3% são analfabetas, 13%têm apenas três anos de estudos e 39% têm entre 4 e 7 anosde estudos. O enquadramento da resposta brasileira àstendências apresentadas deve estar orientado para ascaracterísticas que a epidemia assume em cada contexto socialparticular, dando atenção às dimensões sócio-culturais,programáticas e de direitos humanos.

No Brasil, a saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionaisde saúde nas primeiras décadas do século XX, limitada, porém,às demandas relativas à gravidez e ao parto. Em 1984, oMinistério da Saúde publicou o Programa de Assistência Integralà Saúde da Mulher (PAISM), marcando uma ruptura conceitualcom os princípios até então norteadores da política de saúdedas mulheres e critérios para eleição de prioridades neste campo.

Em 2004, o Ministério da Saúde lançou a “Política Nacional deAtenção Integral à Saúde da Mulher”, construída a partir daproposição do SUS, respeitando as características da nova políticade saúde, em estreita parceria com outros órgãos de governo,marcadamente, a SPM e a Seppir, e com a participação domovimento de mulheres, de mulheres negras e de trabalhadorasrurais, sociedades científicas, entidades de classe, pesquisadorese estudiosos da área, gestores do SUS.

Esta política incorpora, em um enfoque de gênero, aintegralidade e a promoção da saúde como princípiosnorteadores e busca consolidar os avanços no campo dos direitossexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atençãoobstétrica, no planejamento familiar, na atenção aoabortamento inseguro e no combate à violência doméstica esexual. Agrega, também, a prevenção e o tratamento de mulheres

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vivendo com HIV/Aids e as portadoras de doenças crônico-degenerativas e de câncer ginecológico. Além disso, amplia asações para grupos historicamente alijados das políticas públicas,nas suas especificidades e necessidades.

No período 2004-2007, o desenvolvimento das ações previstasno capítulo da Saúde do I Plano Nacional de Políticas paraMulheres aponta avanços no sentido de alcançar a integralidade,na promoção de mudanças de paradigmas e deinstitucionalização da Política Nacional de Atenção Integral àSaúde da Mulher.

Em relação à epidemia por HIV/Aids, a linha central de intervençãodo Ministério da Saúde diz respeito, especialmente, à garantiado acesso universal ao tratamento, realidade desde 1996 emtodo o país. O resultado desta estratégia pode ser visualizadona queda do número de óbitos e na diminuição das internaçõesrelacionadas a Aids, com significativa melhora na qualidade devida. Entretanto, muitos são os desafios para que as múltiplasvulnerabilidades sejam superadas e que ações em prevençãopositiva atendam, de maneira integral, às necessidades dasmulheres portadoras do vírus.

Importante ação nesse sentido foi o lançamento, em 2007, doPlano Integrado de Enfrentamento da Feminização da HIV/Aidse outras DSTs, em uma parceria entre a Secretaria Especial dePolíticas para as Mulheres e o Ministério da Saúde, por meio doPrograma Nacional de DST e Aids e da Área Técnica de Saúde daMulher. O Plano visou nortear a implantação e a implementaçãode ações nos níveis federal, estadual e municipal, tendo por

objetivo central a promoção da saúde sexual e reprodutiva, apartir do desenvolvimento de ações intersetoriais com capacidadepara acelerar o acesso aos insumos de prevenção, ao diagnósticoe ao tratamento das doenças sexualmente transmissíveis e daAids, para as mulheres das diferentes regiões do país.

O Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério da Educação,também vem desenvolvendo o Programa Saúde e Prevenção nasEscolas, que visa reduzir a vulnerabilidade das/os adolescentesàs doenças sexualmente transmissíveis, à infecção pelo HIV e àgravidez não planejada, com ênfase na promoção da saúde, pormeio de ações educativas de prevenção e ampliação do acessodessa população ao preservativo masculino. O Programa previa,em sua proposta inicial, a disponibilização de preservativosmasculinos a adolescentes de 15 a 19 anos, sexualmente ativos,matriculados no ensino regular da rede pública. No ano de 2004,foram feitas adequações e ajustes neste Programa, que passoua se dirigir a adolescentes e jovens de 13 a 24 anos, englobandoo ensino fundamental e médio.

No que tange à saúde mental, os registros do SUS sobreinternações psiquiátricas demonstram que as internações demulheres vêm aumentando proporcionalmente. Os transtornosmentais e de comportamento associados ao puerpério merecemser mais investigados. Pesquisa realizada em 24 capitais e noDistrito Federal, em 2001, num universo de 3.265 mulheres,identificou 97 mortes por suicídio, associadas à depressão,inclusive relacionada ao pós-parto7.

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7 LAURENTI, R., JORGE, M.H., GOTLIEB, S.L.D. Mortalidade de mulheres de 10 a 49 anos: ênfase na mortalidade materna. São Paulo: Ministério da Saúde/Organização Panamericanade Saúde/Universidade de São Paulo, 2002.

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No período de vigência do I PNPM, foram inseridas ações deatenção à saúde para segmentos da população feminina aindainvisíveis, merecendo destaque ações voltadas para a saúdedas mulheres negras, em situação de prisão, indígenas,trabalhadoras rurais e residentes em municípios que estão aolongo ou em área de influência da Rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém) e regiões de construção de usinas hidrelétricas naBacia do rio Tocantins.

No campo da saúde das mulheres negras, inúmeras atividadesforam realizadas, desde a publicação de material técnico,passando pela promoção de eventos para discussão do tema,levantamento de dados e inclusão do recorte étnico-racial nasações do Ministério da Saúde e lançamento de programaespecífico. O Ministério da Saúde criou o Comitê Técnico Saúdeda população Negra, que tem a função de formular uma propostade política nacional para essa parcela da população,contemplando ações específicas para as mulheres.

Entendendo que a ausência da variável raça/cor na maioria dossistemas de informação da área de saúde inviabiliza uma análisemais consistente sobre a saúde das mulheres negras no Brasil,dificultando a elaboração de estratégias voltadas para essaparcela da população, o Ministério incluiu o quesito raça/cor noSISPRENATAL (sistema de informação que consolida os dadosprovenientes da atenção pré-natal prestada pelos serviços doSUS) e no SISCOLO (sistema de informação que consolida dadosda detecção precoce do câncer de colo de útero).

Também na Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, financiadapelo MS, que tem como objetivo coletar informações quepermitam elaborar indicadores demográficos, de saúde e nutrição

para mulheres e crianças, visando fornecer subsídios para aspolíticas e estratégias de ação, foi articulado o levantamento,tabulação e análise dos dados, levando em conta o quesitoraça/cor. Da mesma forma, seus protocolos técnicos, estratégiasde ação e políticas têm contemplado a inclusão deste recorte,a exemplo dos manuais de Atenção ao Pré-natal e Puerpério ede Atenção Qualificada e Humanizada; da Agenda da Mulher;e do livreto especial sobre Saúde das Lésbicas e MulheresBissexuais. O Ministério da Saúde elaborou, ainda, o panfletoPerspectiva da Eqüidade na Atenção às Diferenças como partedo Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna eNeonatal.

Destaca-se, nesse campo, o Programa Nacional de AnemiaFalciforme e outras Hemoglobinopatias (PAF), dando ênfase àsespecificidades das mulheres em idade fértil e no ciclo gravídico-puerperal. No primeiro momento, foi desenvolvida experiênciapiloto de implantação do PAF/MS em cinco municípios. Emseguida foram sensibilizados/as coordenadores/as estaduais paraimplantação do Programa.

Com relação à atenção ao parto domiciliar, o Ministério da Saúde,em parceria com o Departamento de Atenção Básica, a FUNASAe a Seppir, rearticulou o projeto de capacitação de parteirasKalunga e quilombolas, envolvendo a Secretaria Estadual deSaúde de Goiás e as prefeituras locais, cujas ações serãomonitoradas de forma a promover a multiplicação da experiênciapara as demais comunidades quilombolas em nível nacional.

Para atender às especificidades da saúde das mulheres indígenas,o Ministério da Saúde criou um grupo de trabalho intra-setorial,

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com a participação de lideranças de mulheres indígenas, paraimplantação/implementação da atenção integral à saúde destegrupo e está apoiando gestores municipais e estaduais para aorganização da atenção à saúde indígena, priorizando asmulheres. Está em andamento a capacitação dos/as profissionaisde saúde e parteiras dos 34 distritos sanitários indígenas.

Na mesma linha, foram favorecidas as mulheres em situação deprisão. O Ministério da Saúde promoveu a qualificação deprofissionais de saúde de 10 estados que estão organizando aatenção integral à saúde das mulheres em situação prisional.

A saúde das mulheres lésbicas, bissexuais e outras mulheres quefazem sexo com mulheres tem recebido um olhar especial peloMinistério da Saúde. Foi criado, em 2004, por meio da Portarianº 2.227, o Comitê Técnico Gays, Lésbicas, Transgêneros eBissexuais – GLTB, em função do entendimento de que há anecessidade de se implementar políticas de atenção integralvoltadas a essa população e de garantir a participação doMinistério na criação e implementação de estratégiasintersetoriais com as várias áreas do governo, já apontadas no“Programa Brasil Sem Homofobia”.

Outros avanços se deram por meio da publicação da Portaria nº2.418/GM que regulamenta, em conformidade com a Leinº11.108/2005, a presença de acompanhante para mulheres emtrabalho de parto, parto e pós-parto imediato nos hospitaispúblicos e conveniados com o Sistema Único de Saúde. A partirda portaria, todas as mulheres podem escolher comoacompanhante qualquer pessoa que desejem, inclusive, a suacompanheira.

Além disso, houve a inserção do campo “Práticas Sexuais”na ficha de notificação de violência doméstica, sexual e/ououtras violências interpessoais e do campo “OrientaçãoSexual” na Agenda da Mulher e na atenção ginecológica,especialmente nas ações relacionadas ao controle do câncerde mama e de colo uterino e as DST/Aids. A inserção de taiscampos nos documentos mencionados e em outros irácontribuir para a melhoria da saúde das mulheres que fazemsexo com mulheres, bem como para a obtenção deinformações e dados sobre essa população e conseqüentere-direcionamento das políticas públicas.

Em 2005, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a PolíticaNacional de Planejamento Familiar, uma parceria do Ministérioda Saúde com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres,que fortaleceu a Política Nacional de Direitos Sexuais e DireitosReprodutivos. Esta política incluiu a prática da vasectomia naPolítica Nacional de Cirurgias Eletivas e os anticoncepcionaisem farmácias e drogarias credenciadas no Programa FarmáciaPopular, que propicia a venda de medicamentos com preços até90% mais baixos, por serem subsidiados pelo MS. Ocredenciamento de 1.196 novos serviços nos hospitais públicospara a realização de laqueaduras (cirurgia para ligar as trompas)possibilitou um maior acesso das mulheres a este procedimento.

O Ministério da Saúde, desde 1997, desenvolve ações para ocontrole do câncer de colo de útero, particularmente, por meiode campanhas, mas não foi possível obter resultados nacionaisque tivessem impacto na ocorrência da doença. Esta constataçãoimpôs a necessidade da construção de novos meios quepermitissem alcançar os objetivos preconizados. Para este fim,foi lançado o Plano de Ação para o Controle do Câncer de Mamae de Colo de Útero no Brasil 2005-2007, pactuado entre todosos estados brasileiros. A articulação de ações dirigidas ao câncer

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de mama e de colo de útero está fundamentada na PolíticaNacional de Atenção Oncológica (Portaria GM nº 2439 de 08de dezembro de 2005).

Ao avaliar o VI Relatório Nacional Brasileiro, o Comitê Cedawrecomendou ao Brasil prosseguir com seus esforços paraaumentar o acesso das mulheres à assistência à saúde, emparticular aos serviços de saúde sexual e reprodutiva. Solicitouque fossem fortalecidas medidas que visem à prevenção dagravidez indesejada, inclusive aumentando o conhecimento e aconscientização sobre contracepção, bem como ao acesso adiferentes métodos contraceptivos e de planejamento familiar. OComitê recomendou ainda que o Brasil monitore de perto aimplementação do Pacto Nacional pela Redução da MortalidadeMaterna nos níveis estadual e municipal e que dê atençãoprioritária à situação das adolescentes, propiciando educaçãoapropriada sobre aptidões para a vida, com especial atenção paraprevenção de gravidez, HIV/Aids e outras DST. Por fim, o Comitêrecomenda que o país acelere a revisão da legislação sobre acriminalização do aborto, com vistas à remoção das disposiçõespunitivas impostas às mulheres e que proporcione acesso aserviços de qualidade para a gestão de complicações decorrentesde abortos não seguros.

As ações dispostas neste II PNPM vão ao encontro dasrecomendações propostas pelo Comitê Cedaw, tendo porobjetivos centrais aprofundar os processos de mudanças deparadigmas na atenção obstétrica e no controle do câncer decolo de útero e de mama; efetivar as políticas lançadas nagestão anterior (Pacto Nacional pela Redução da MortalidadeMaterna, Política Nacional de Planejamento Familiar, Plano deEnfrentamento da Feminização da Aids e Pacto Nacional deEnfrentamento da Violência contra Mulheres); iniciar e/ouconsolidar a organização da atenção às ações de saúdeintroduzidas nos quatro anos anteriores, buscando aintegralidade (climatério, queixas ginecológicas, saúde mentale gênero, reprodução humana assistida, mulheres em situaçãode prisão, mulheres negras, indígenas, mulher na terceira idade,lésbicas e bissexuais); e incorporar novos segmentospopulacionais às políticas como forma de assegurar osprincípios da integralidade, eqüidade e universalidadepreconizados no Sistema Único de Saúde.

A atuação articulada, intra e intersetorialmente, permite aoGoverno Federal consolidar a Política Nacional de AtençãoIntegral à Saúde da Mulher, colocando para si os desafios demanter o diálogo com os diferentes atores sociais e consolidaresses avanços nos próximos anos, ampliando o leque de açõesde forma a atender a ampla agenda de saúde da mulher.

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OBJETIVO GERAL

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

I. Garantir os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres emtodas as fases do seu ciclo de vida e nos diversos grupospopulacionais, sem discriminação de qualquer espécie;

II. Contribuir para a redução da morbidade e mortalidade femininano Brasil, especialmente por causas evitáveis, em todas as fasesdo seu ciclo de vida e nos diversos grupos populacionais, semdiscriminação de qualquer espécie;

III. Ampliar, qualificar e humanizar a atenção integral à saúde damulher no Sistema Único de Saúde.

I. Promover a melhoria das condições de vida e saúde dasmulheres, em todas as fases do seu ciclo vital, mediante a garantiade direitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aosmeios e serviços de promoção, prevenção, assistência erecuperação da saúde integral em todo o território brasileiro,sem discriminação de qualquer espécie, sendo resguardadas asidentidades e especificidades de gênero, raça/etnia, geração eorientação sexual.

METAS

A – Reduzir em 15% a Razão de Mortalidade Materna, entre2008 e 2011;

B – Garantir a oferta de métodos anticoncepcionais reversíveispara 100% da população feminina usuária do SUS;

C – Disponibilizar métodos anticoncepcionais em 100% dosserviços de saúde;

D – Qualificar 100% dos pólos básicos para atenção integral àsaúde da mulher indígena;

E – Aumentar em 60% o número de exames citopatológicos napopulação feminina de 25 a 59 anos, entre 2008 e 2011;

F – Aumentar em 15% o número de mamografias na populaçãofeminina, entre 2008 e 2011;

G – Promover a adesão dos 27 estados brasileiros ao Plano deEnfrentamento da Feminização das DST/Aids;

H – Formar quatro referências técnicas, por estado, em atençãoàs mulheres no climatério;

I – Sensibilizar cinco referências técnicas, por estado, em atençãoàs queixas ginecológicas de mulheres e adolescentes;

J– Implementar quatorze centros de referência para assistênciaà infertilidade;

K – Apoiar a organização de um centro colaborador por regiãopara humanização da atenção ao parto, ao abortamento e àsurgências e emergências obstétricas;

L – Implantar cinco experiências-piloto, uma por região, de ummodelo de atenção à saúde mental das mulheres na perspectivade gênero.

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81

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

3.1. Promover a atenção à saúde das mulheres no climatério;

3.2. Estimular a organização da atenção às mulheres, jovens eadolescentes com queixas ginecológicas;

3.3. Estimular a implantação e implementação da assistênciaem planejamento familiar, para homens e mulheres, adultos,jovens e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde,respeitando os princípios dos direitos sexuais e reprodutivos;

3.4. Promover a assistência obstétrica qualificada e humanizada,especialmente entre as mulheres negras e indígenas, incluindoa atenção ao abortamento inseguro, de forma a reduzir amorbimortalidade materna;

3.5. Promover a prevenção e o controle das doenças sexualmentetransmissíveis e da infecção pelo HIV/Aids na populaçãofeminina;

3.6. Reduzir a morbimortalidade por câncer cérvico-uterino e amortalidade por câncer de mama na população feminina;

3.7. Promover a implantação de um modelo de atenção à saúde

mental das mulheres na perspectiva de gênero, considerando as

especificidades étnico-raciais;

3.8. Estimular a implantação da Atenção Integral à Saúde das

Mulheres, por meio do enfrentamento das discriminações e do

atendimento às especificidades étnico-raciais, geracionais,

regionais, de orientação sexual, e das mulheres com deficiência,

do campo e da floresta e em situação de rua;

3.9. Fortalecer a participação e mobilização social em defesa da

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher;

3.10. Propor alterações de legislação com a finalidade de ampliar

a garantia do direito à saúde, contemplando os direitos sexuais

e reprodutivos das mulheres e o fortalecimento do Sistema Único

de Saúde.

PRIORIDADES

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 3.1. Promover a atenção à saúde das mulheres no climatério.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

3.1.1. Confeccionar e distribuir manual técnico sobreAtenção Integral à Saúde das Mulheres no Climatério.

3.1.2 Promover a sensibilização de gestores/asestaduais (coordenações de saúde da mulher, atençãobásica e sociedades científicas) e construircoletivamente as propostas estaduais de implantaçãoda Atenção Integral à Saúde das Mulheres noClimatério.

3.1.3. Elaborar material instrucional de referência paraatualização de profissionais de saúde com base nomanual da Atenção Integral à Saúde das Mulheres noClimatério e disponibilizar para os estados.

3.1.4. Elaborar banco de consultores/as paraqualificação de profissionais em Atenção Integral àSaúde das Mulheres no Climatério e disponibilizar paraos estados.

3.1.5. Apoiar estados na atualização de profissionaisde saúde para atuarem como instrutores/as, com baseno manual de Atenção Integral à Saúde das Mulheresno Climatério.

Sociedades científicas euniversidades.

Secretarias Estaduais deSaúde, sociedades

científicas e universidades.

-

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

Coordenadorias/secretarias estaduais emunicipais de políticas

para as mulheres,sociedades

científicas e universidades.

Secretarias Estaduaise Municipais de Saúde.

Norma técnicadistribuída.

Gestor/asensibilizado/a.

Materialdistribuído.

Banco deconsultoreselaborado.

Estado apoiado.

2009

2009

2009

2009

2009

MS

MS

MS

MS

MS

1312/6175

1312/6175

Não orçamentária

Não orçamentária

1312/6175

PLANO DE AÇÃO

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83

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 3.2. Estimular a organização da atenção às mulheres, jovens e adolescentes com queixas ginecológicas.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

3.2.1 Elaborar, imprimir e distribuir manual técnicosobre atenção às queixas ginecológicas, contemplandopráticas complementares na abordagem e tratamento(fitoterapia, homeopatia, acupuntura, saberes tradi-cionais e outras) e capítulo sobre especificidades daadolescência e étnico-culturais.

3.2.2 Promover a sensibilização de gestores/as esta-duais (coordenações de saúde mulher, de adolescente,da atenção básica e sociedades científicas) e construircoletivamente as proposta estaduais de implantaçãoda atenção às queixas ginecológicas.

3.2.3 Elaborar material instrucional de referência paraatualização de profissionais de saúde com base no ma-nual da Atenção às Queixas Ginecológicas.

3.2.4 Elaborar banco de consultores/as para quali-ficação de profissionais na Atenção às Queixas Gineco-lógicas e disponibilizar para os estados.

3.2.5 Apoiar estados para a qualificação de profis-sionais de saúde, para atuarem como instrutores/as,com base no manual de Atenção às Queixas Gineco-lógicas.

CONASS, CONASEMS,sociedades

científicas, universidades.

CONASS, CONASEMS,sociedades

científicas e universidades.

-

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

Coordenadorias/secreta-rias estaduais e municipais

de políticas para asmulheres, sociedades

científicas e universidades.

Secretarias Estaduaise Municipais de Saúde.

Norma técnicadistribuída.

Gestor/asensibilizado/a.

Materialdistribuído.

Banco deconsultores/as

elaborado.

Estado apoiado.

2010

2010

2010

2010

2010

MS

MS

MS

MS

MS

1312/6175

1312/6175

Não orçamentária

Não orçamentária

1312/6175

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84

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 3.3. Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens e mulheres;adultos, jovens e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde, respeitando os princípios dos direitos sexuais ereprodutivos.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

3.3.1. Adquirir e distribuir métodos anticoncepcionaisreversíveis, incluindo anticoncepcionais de emergência.

3.3.2. Ampliar a distribuição de contraceptivos por meioda rede do Programa Farmácia Popular do Brasil e doPrograma Aqui Tem Farmácia Popular.

3.3.3. Ampliar a quantidade de laqueaduras e vasec-tomias realizadas.

3.3.4. Revisar e distribuir materiais técnico, instrucionale educativo sobre Atenção ao Planejamento Repro-dutivo que respeitem os princípios dos direitos sexuaise reprodutivos, contemplando a elaboração de mate-riais específicos para a população jovem e adolescente.

3.3.5. Promover a sensibilização de gestores/asestaduais (coordenações de saúde da mulher, do ado-lescente, da atenção básica e sociedades científicas) econstruir coletivamente as proposta estaduais de atua-lização de profissionais na Atenção ao PlanejamentoReprodutivo, respeitando-se os princípios dos direitossexuais e reprodutivos e contemplando-se as especi-ficidades de jovens e adolescentes.

3.3.6. Elaborar banco de consultores/as para qualifica-ção de profissionais na Atenção ao PlanejamentoReprodutivo, respeitando-se os princípios dos direitossexuais e reprodutivos.

Secretarias Estaduais eMunicipaisde Saúde.

-

Secretarias Estaduais eMunicipaisde Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipaisde Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

sociedades científicas euniversidades.

-

Métodoanticoncepcional

distribuído.

Farmácia popularcom método

anticoncepcionaldisponível.

Laqueadura/vasectomiarealizada.

Manual/cartilhadistribuído.

Gestores/asestaduais

sensibilizados/as.

Banco deconsultoreselaborado.

2011

2011

2011

2009

2009

2009

MS

MS

MS

MS

MS

MS

1293/4368

1293/7660

1220/8585

1312/6175

1312/6175

Não orçamentária

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4284

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85

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 3.3. Estimular a implantação e implementação da assistência em planejamento familiar, para homens emulheres; adultos, jovens e adolescentes, no âmbito da atenção integral à saúde, respeitando os princípios dos direitossexuais e reprodutivos.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

3.3.7. Apoiar estados na atualização de profissionaisde saúde para atuarem como instrutores/as, com baseno manual de Atenção ao Planejamento Reprodutivo,respeitando-se os princípios dos direitos sexuais ereprodutivos.

3.3.8. Apoiar técnica e financeiramente a organizaçãode Centros de Reprodução Humana Assistida.

3.3.9. Promover educação para a saúde sexual, saúdereprodutiva, prevenção da gravidez na adolescência eDST.

Secretarias Estaduaise Municipais de Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

sociedades científicas euniversidades.

MEC, SecretariasEstaduais e Municipais de

Saúde e Educação,Instituições de Ensino e

Pesquisa.

Estado apoiado.

Centro de Repro-dução Humana

Assistidaorganizado.

Oficina realizada.Kit distribuído.Município com

projeto Saúde Se-xual e Prevençãode Gravidez Pre-

coce e de DST im-plantado. Camisi-nhas distribuídas

nas escolas.

2010

2011

2011

MS

MS

MS

1312/6175

1220/8535

1312/6175

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4285

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 3.4. Promover a assistência obstétrica qualificada e humanizada, especialmente entre as mulheres negras e indígenas,incluindo a atenção ao abortamento inseguro de forma a reduzir a morbimortalidade materna.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

3.4.1. Efetivar o Pacto Nacional pela Redução da Mor-talidade Materna e Neonatal, garantindo a articulaçãoentre setores governamentais e não-governamentaisnas definições e execução das estratégias para reduçãodesses eventos.

3.4.2. Estimular a organização de redes de serviços deatenção obstétrica .

3.4.3. Elaborar e/ou revisar manuais técnicos sobre asações que compõem a atenção obstétrica, incluindo oabortamento.

3.4.4. Apoiar técnica e financeiramente a organizaçãodos serviços de atenção ao aborto previsto em lei.

SPM, Seppir, SEDH, MJ,MDS, MEC, Governos

Estaduais e Municipais,Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,CONASS, CONASEMS,

universidades, movimentosfeminista e de mulheres,sociedades científicas,entidades de classe,

Instituições de Ensino ePesquisa, Núcleos de

Prevenção de Violências ePromoção da Saúde.

Secretarias Estaduaise Municipais de Saúde.

CONASS, CONASEMS,sociedades científicas e

universidades.

SPM, Seppir, SEDH, MDS,MEC, governos estaduais emunicipais, universidades,

movimentos feministas e demulheres, sociedades

científicas, entidades declasse.

Reunião daComissão

Nacional deMonitoramento

do Pactorealizada.

Rede estadual deatenção obsté-

trica organizada.

Manualdistribuído.

Serviço de abortolegal implantado.

2011

2011

2011

2011

MS

MS

MS

MS

1214/8573

1214/8581

1312/6175

1312/6175

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 3.4. Promover a assistência obstétrica qualificada e humanizada, especialmente entre as mulheres negras e indígenas,incluindo a atenção ao abortamento inseguro de forma a reduzir a morbimortalidade materna.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

-

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

Coordenadorias/secretarias estaduais emunicipais de políticas

para as mulheres,sociedades científicas e

universidades.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

-

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

SPM, Seppir, Funai,Grupo Curumin.

Materialdistribuído.

Estado apoiado.

Portariapublicada.

Centrocolaboradororganizado.

Maternidadeapoiada.

Diretrizelaborada.

Diretriz pactuadana ComissãoIntergestores

Tripartite.

2011

2011

2010

2008

2011

2008

2009

MS

MS

MS

MS

MS

MS

MS

3.4.5. Elaborar material instrucional de referência paraatualização de profissionais de saúde com base nosmanuais técnicos atualizados.

3.4.6. Elaborar banco de consultores para qualificaçãode profissionais nas ações que compõem a atençãoobstétrica, incluindo a atenção ao abortamento inseguroe o previsto em lei.

3.4.7. Apoiar estados na atualização de profissionaisde saúde com base nos manuais técnicos sobre as açõesque compõem a atenção obstétrica, incluindo oabortamento.

3.4.8. Regulamentar a definição de parâmetros deambiência para a atenção humanizada ao parto.

3.4.9. Apoiar a organização de Centros Colaboradorespara atenção humanizada ao aborto, parto, nascimen-to e as urgências e emergências maternas.

3.4.10. Apoiar maternidades na humanização daatenção ao parto e nascimento.

3.4.11. Elaborar diretrizes estratégicas de atenção aoparto domiciliar, que contemplem a diversidade étnico-racial e considerem as parteiras tradicionais, em espe-cial quilombolas e indígenas.

Não orçamentária

Não orçamentária

1312/6175

Não orçamentária

1312/6175

1312/6175

1312/6175

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 3.4. Promover a assistência obstétrica qualificada e humanizada, especialmente entre as mulheres negras e indígenas,incluindo a atenção ao abortamento inseguro de forma a reduzir a morbimortalidade materna.

3.4.12. Apoiar a organização de Centros Colaborado-res estaduais e/ou regionais para organização daatenção ao parto domiciliar.

3.4.13. Elaborar diretrizes estratégicas para reduçãoda taxa de cesárea e apoiar sua execução pelos estadose municípios.

3.4.14. Realizar campanha pelo parto normal e reduçãode cesáreas desnecessárias.

3.4.15. Desenvolver estratégias para redução da cesáreana rede hospitalar do Governo Federal.

3.4.16. Apoiar a organização de serviços deatendimento móvel de urgências.

3.4.17. Regulamentar a vigilância epidemiológica doóbito materno.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

2011

2011

2008

MS

MS

MS

MS

MS

MS

1312/6175

Não orçamentária

1312/6175

Não orçamentária

1220/8761

Não orçamentária

Grupo Curumin, Secre-tarias Estaduais e

Municipais de Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

SPM, Seppir, SEDH, MDS,MEC, Governos Estaduaise Municipais, SecretariasEstaduais e Municipais de

Saúde, CONASS,CONASEMS, universida-

des, movimentosfeminista e de mulheres,sociedades científicas,entidades de classe,

Instituições de Ensino ePesquisa, Núcleos de

Prevenção de Violências ePromoção da Saúde.

Hospitais federais.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

CONASS, CONASEMSSecretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

Centrocolaboradororganizado.

Diretrizestratégica.

Campanharealizada.

Estratégiaexecutada.

Município com po-pulação superior a100 mil habitantescom pronto aten-dimento das ur-

gências maternas.

Portariapublicada.

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4288

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 3.4. Promover a assistência obstétrica qualificada e humanizada, especialmente entre as mulheres negras e indígenas,incluindo a atenção ao abortamento inseguro de forma a reduzir a morbimortalidade materna.

Prioridade 3.5. Promover a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV/Aids napopulação feminina.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011MS3.4.18. Apoiar técnica e financeiramente a realizaçãode pesquisa-intervenção sobre mortalidade maternapara validar e definir fatores regionais de correção darazão da mortalidade materna e promover: a regu-lamentação da vigilância epidemiológica da mortematerna; a implantação de comitês de morte materna,e a organização e investigação de óbitos maternos,contemplando um recorte étnico-racial.

Estudo realizado.1312/6175 Centro Brasileiro deClassificação de Doenças/

Faculdade de SaúdePública da USP.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2009

2011

2011

SPMMS

SPMMS

MS

3.5.1. Promover a divulgação e a adesão dos estadosao Plano de Enfrentamento da Feminização das DST/Aids.

3.5.2. Definir e implementar mecanismos de moni-toramento do Plano Integrado de Enfrentamento daFeminização da Epidemia da Aids e outras DST.

3.5.3 Adquirir e distribuir preservativos femininos emasculinos para estados, municípios e ONGs.

Reuniãomacrorregional

realizada.Estado pactuado.

Mecanismo demonitoramentoimplementado.

Preservativodistribuído.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde, ONGs,

Instituições de Ensino,Núcleos de Prevenção deViolências e Promoção da

Saúde.

Secretarias Estaduaise Municipais de

Saúde.

Secretarias Estaduaise Municipais de Saúde.

1433/88371312/61751444/8670

Não orçamentáriaNão orçamentária

1444/8670

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4289

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 3.6. Reduzir a morbimortalidade por câncer cérvico-uterino e a mortalidade por câncer de mama na populaçãofeminina.

Prioridade 3.7. Promover a implantação de um modelo de atenção à saúde mental das mulheres na perspectiva de gênero,considerando as especificidades étnico-raciais.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

MS

MS

MS

3.6.1. Definir e executar ações estratégicas de promo-ção e prevenção dos cânceres de colo do útero e demama, incluindo a qualificação dos procedimentosdiagnósticos e terapêuticos para seu controle.

3.6.2. Ampliar a organização de Unidades de Atençãode Alta Complexidade em Oncologia (UACON).

3.6.3. Sensibilizar gestores/as estaduais para autilização do módulo-seguimento do SISCOLO comoinstrumento gerencial.

Examecitopatológico

realizado.Mamografiarealizada.

UACON criada.

Gestor/asensibilizado/a.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde.

1220/8758

1220/7833

1220/8758

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

MS

MS

MS

3.7.1. Melhorar a qualidade da informação sobre asmulheres com transtornos mentais no Sistema Únicode Saúde.

3.7.2. Elaborar e distribuir Diretrizes Estratégicas sobreSaúde Mental e Gênero.

3.7.3. Pactuar com gestores/as estaduais aimplementação das Diretrizes Estratégicas sobre SaúdeMental e Gênero.

Artigo elaborado.

DiretrizEstratégicaelaborada.

Estado pactuado.

-

SPM, Seppir, MDA.

SPM, Seppir, CONASS,CONASEMS,

universidades,movimentos feminista e

de mulheres esociedades científicas.

Não orçamentária

1312/6175

Não orçamentária

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4290

Page 92: II Plano Nacional de Políticas dos Direitos da Mulher Políticas … Plano Nacional.pdf · as mulheres sendo definidas e implementadas de forma contínua e consistente; e por vermos

91

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 3.8. Estimular a implantação da Atenção Integral à Saúde das Mulheres, por meio do enfrentamento dasdiscriminações e do atendimento às especificidades étnico-raciais, geracionais, regionais, de orientação sexual, e das mulherescom deficiência, do campo e da floresta e em situação de rua.

3.8.1. Pactuar, aprovar e apoiar a implementação dasPolíticas da População Negra e da População do Campoe da Floresta, no que concerne às especificidades dasaúde das mulheres desses segmentos populacionais.

3.8.2. Elaborar a Política Nacional de Atenção Integralà Saúde da População Cigana, contemplando asespecificidades das mulheres ciganas.

3.8.3. Elaborar a Política Nacional de Atenção Integralà Saúde da População de Rua, contemplando asespecificidades das mulheres nessa situação.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

MS

MS

MS

SPM, Seppir, MDA,Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

Coordenadorias/secre-tarias estaduais e munici-pais de políticas para asmulheres, movimentosfeminista, de mulheresnegras e de mulheres

rurais, representante dacomunidade de mulheres

ciganas, CONASS,CONASEMS, CNS, CISMU.

SPM, Seppir, MDA,Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,

Coordenadorias/secre-tarias estaduais e munici-pais de políticas para asmulheres, movimentosfeminista, de mulheresnegras e de mulheres

rurais, representante dacomunidade de mulheres

ciganas, CONASS,CONASEMS, CNS, CISMU.

SPM, Seppir, represen-tante de mulheres que

vivem na rua.

Açãoimplementada em

benefício demulheres.

Políticaelaborada.

Políticaelaborada.

0016/8707

0016/8707

0016/8707

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4291

Page 93: II Plano Nacional de Políticas dos Direitos da Mulher Políticas … Plano Nacional.pdf · as mulheres sendo definidas e implementadas de forma contínua e consistente; e por vermos

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 3.8. Estimular a implantação da Atenção Integral à Saúde das Mulheres, por meio do enfrentamento dasdiscriminações e do atendimento às especificidades étnico-raciais, geracionais, regionais, de orientação sexual, e das mulherescom deficiência, do campo e da floresta e em situação de rua.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

3.8.4. Melhorar o registro e produção de dados sobresaúde da mulher negra.

3.8.5. Apoiar a organização de cursos de especializaçãoem saúde das mulheres negras.

3.8.6. Promover oficinas com lideranças portadoras deAnemia Falciforme para definir estratégias de ação paraadesão ao Programa de Anemia Falciforme.

3.8.7. Apoiar, técnica e financeiramente, a capacitaçãode profissionais de saúde, especialmente dos distritossanitários especiais, para reconhecimento e valorizaçãodas parteiras indígenas e para atuarem como multipli-cadores em atenção integral à saúde da mulher indíge-na, contemplando a discussão de temas de saúde repro-dutiva, planejamento familiar e acesso aos métodosanticoncepcionais.

3.8.8. Ampliar e adequar os conteúdos de protocolospara atenção integral a trabalhadores para atender àsespecificidades de saúde das mulheres e jovens traba-lhadoras urbanas e rurais.

3.8.9. Sensibilizar gestores/as e assessorar tecnica-mente as Secretarias Estaduais e municipais de Saúdepara capacitação de profissionais de saúde para abor-dagem das especificidades da saúde das lésbicas ebissexuais.

Diagnóstico depolíticas e demaisdocumentos doMS com recorte

étnico-racial.

Curso realizado.

Oficina realizada.

Capacitaçãoapoiada.

Protocoloelaborado/ampliado.

Profissional desaúde da rede

públicacapacitado/a.

2011

2011

2011

2011

2011

2011

SPM, Seppir.

Universidades Federais dosestados da Bahia e do

Maranhão.

SPM, Seppir, movimentosfeminista e de mulheres

negras.

SPM, SEDH, Seppir, Funai.

-

SEDH, Secretarias Esta-duais e Municipais deSaúde, universidades.

Não orçamentária

1312/6175

1312/6175

1312/6175

Não orçamentária

1312/6175

MS

MS

MS

MS

MS

MS

Livro II Plano Nacional final.pmd 9/9/2009, 13:4292

Page 94: II Plano Nacional de Políticas dos Direitos da Mulher Políticas … Plano Nacional.pdf · as mulheres sendo definidas e implementadas de forma contínua e consistente; e por vermos

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 3.8. Estimular a implantação da Atenção Integral à Saúde das Mulheres, por meio do enfrentamento dasdiscriminações e do atendimento às especificidades étnico-raciais, geracionais, regionais, de orientação sexual, e das mulherescom deficiência, do campo e da floresta e em situação de rua.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

MS

MS

MS

MS

FunaiMMA

3.8.10. Elaborar e distribuir Diretrizes Estratégicas sobreSaúde de mulheres com deficiência.

3.8.11. Elaborar e distribuir Diretrizes Estratégicas sobreAtenção à Saúde das lésbicas e bissexuais.

3.8.12. Elaborar e distribuir Diretrizes Estratégicas sobreAtenção à Saúde das transexuais.

3.8.13. Produzir materiais sobre direito a saúde das mu-lheres negras, quilombolas, indígenas, ciganas, popula-ção feminina do campo e floresta, lésbicas e bissexuais.

3.8.14. Realizar campanha de valorização erevitalização dos saberes das mulheres indígenas equilombolas nas áreas de alimentação tradicional,preservação da saúde e de cura de doenças físicas,mentais e psicológicas.

Diretrizestratégicaelaborada.

Diretrizestratégicaelaborada.

Diretrizestratégicaelaborada.

Materialproduzido.

Campanharealizada.

2011

2011

2011

2011

2011

SPM, Seppir, SEDH,universidades, sociedadescientíficas, movimentos

feminista, de mulheres, delésbicas e bissexuais, e de

transexuais.

SPM, Seppir, SEDH,universidades, sociedadescientíficas, movimentos

feminista, de mulheres, delésbicas e bissexuais, e de

transexuais.

SPM, Seppir, SEDH,universidades, sociedadescientíficas, movimentos

feminista, de mulheres, delésbicas e bissexuais, e de

transexuais.

SPM, Seppir, SEDH, MJ,Funai e organizações da

sociedade civil.

SPM, Seppir, SEDH, MinC,Funai, movimento de

mulheres índias.

1312/6175

1312/6175

1312/6175

0016/8705

0150/2711A definir

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3.9. Fortalecer a participação e mobilização social em defesa da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

3.10. Propor alterações de legislação com a finalidade de ampliar a garantia do direito à saúde, contemplando os direitossexuais e direitos reprodutivos das mulheres e o fortalecimento do Sistema Único de Saúde.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

SPMMS

3.10.1. Articular com o poder legislativo e o movimentosocial a elaboração/revisão de leis e/ou projetos de leicom a finalidade de ampliar a garantia do direito àsaúde, contemplando os direitos sexuais e os direitosreprodutivos das mulheres, e fortalecer o Sistema Únicode Saúde.

Lei e/ou projetode lei elaborado/

revisado.Lei e/ou

projeto de leiaprovado.

2011 Seppir, Ministérios, AGU,Poder Legislativo,

sociedades científicas eentidades de classe,

movimentosfeministas e de mulheres.

Não orçamentáriaNão orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

MS

MS

3.9.1. Promover eventos macrorregionais e nacionaisde mobilização das entidades do movimento de mulhe-res e feministas para ampliar a consciência sanitária edo direito à saúde.

3.9.2. Apoiar técnica e financeiramente a capacitaçãode lideranças do movimento de mulheres e feministana promoção da educação popular em saúde e noexercício do controle social.

Eventorealizado.

Liderançacapacitada.

2010

2011

SPM, Seppir, SEDH, MJ,MDS, MEC, Governos Es-taduais e Municipais, Se-

cretarias Estaduais eMunicipais de Saúde,CONASS, CONASEMS,

universidades, movimen-tos feminista e de mulhe-res, sociedades científicas,entidades de classe, Ins-

tituições de Ensino ePesquisa, Núcleos de

Prevenção de Violênciase Promoção da Saúde.

Secretarias Estaduais eMunicipais de Saúde, Co-ordenadorias/ secretariasestaduais e municipais de

políticas para asmulheres, movimentos

feministas e de mulheres.

0016/8707

0016/8705

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Capítulo 4: Enfrentamento de todas as formasde violência contra as mulheres

A violência contra mulheres1 constitui-se em uma das principaisformas de violação dos seus direitos humanos, atingindo-as emseus direitos à vida, à saúde e à integridade física.

Homens e mulheres são atingidos pela violência de maneiradiferenciada. Enquanto os homens tendem a ser vítimas de umaviolência predominantemente praticada no espaço público, asmulheres sofrem cotidianamente com um fenômeno que semanifesta dentro de seus próprios lares, na grande parte dasvezes praticado por seus maridos e companheiros. Vale destacarque são múltiplas as formas pelas quais a violência se manifesta.De fato, o próprio conceito definido na Convenção de Belém doPará (1994) aponta para esta amplitude, definindo violênciacontra as mulheres como “qualquer ação ou conduta, baseadano gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexualou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como noprivado” (Art. 1°).

Tal definição é, portanto, bastante abrangente e abarca diferentesformas de violência, tais como:

i) a violência doméstica ou em qualquer outra relaçãointerpessoal, em que o agressor conviva ou tenha convividono mesmo domicílio que a mulher;ii) a violência ocorrida na comunidade e que seja perpetradapor qualquer pessoa, compreendendo, entre outros, violação,abuso sexual, tortura, tráfico de mulheres, prostituição forçada,seqüestro e assédio sexual;iii) a violência perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seusagentes, onde quer que ocorra (violência institucional).

Embora no Brasil a violência seja um fenômeno reconhecida-mente presente na vida de milhões de mulheres, não existemestatísticas sistemáticas e oficiais que apontem para a magnitudedeste fenômeno. No entanto, alguns estudos já realizadosconferem visibilidade e permitem ter alguma noção sobre oquanto a violência está presente no cotidiano das famílias. A

1 O termo é utilizado no plural para dar visibilidade à diversidade étnico-racial, geracional, de orientação sexual, de deficiência e de inserção social, econômica e regionalexistente entre as mulheres.

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Fundação Perseu Abramo2, em pesquisa realizada no ano de

2001, aponta que aproximadamente 20% das mulheres já foram

vítimas de algum tipo de violência doméstica. Quando

estimuladas por meio da citação de diferentes formas de

agressão, esse percentual sobe para 43%. Um terço afirma, ainda,

já ter sofrido algum tipo de violência física, seja ameaça com

armas de fogo, agressões ou estupro conjugal. Outras pesquisas

indicam, também, a maior vulnerabilidade de mulheres e meninas

ao tráfico e à exploração sexual. Segundo a Unesco, de 25 a

30% das meninas são abusadas sexualmente antes de

completarem 18 anos3.

Dados de investigação conduzida pela Universidade de São Paulo

em conjunto com a Organização Mundial de Saúde4, entre 2000

e 2001, demonstram que 27% das mulheres entrevistadas na

Grande São Paulo e 34% na Zona da Mata pernambucana

relataram algum episódio de violência física cometido pelos

parceiros ou ex-parceiros; e que 29% das entrevistadas com mais

de 15 anos referiram ter sido vítimas de violência sexual por

parte de estranhos. Em pesquisa realizada pelo DataSenado, em

2005, 17% das mulheres entrevistadas declararam já ter sofrido

algum tipo de violência doméstica em suas vidas e 40% relataram

já ter presenciado algum ato de violência doméstica contra outras

mulheres, sendo que 80% desses constituíram atos de violência

física.

No que tange à questão do tráfico de pessoas, os dados sãoigualmente escassos, mas permitem identificar as mulheres comosendo as maiores vítimas. A Organização Internacional doTrabalho (OIT) estima, segundo seu relatório global contra otrabalho forçado, publicado em 2005, em cerca de 2,4 milhõeso número de pessoas traficadas no mundo. A agência calculaque 43% dessas vítimas sejam subjugadas para exploraçãosexual, 32% para exploração econômica e 25% para umacombinação dessas formas ou por razões indeterminadas. Dototal de 57% de vítimas do tráfico humano para fins deexploração sexual (exclusivamente ou conjugado com algumaforma de exploração econômica), 85% seriam mulheres.Similarmente, um diagnóstico realizado pelo Ministério da Justiça,em 2004, nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás eCeará aponta que o crime de tráfico de pessoas atingemajoritariamente mulheres, em especial o tráfico humano parafins de exploração sexual.

Ainda no que diz respeito à violência sofrida pelas mulheres noespaço público, é importante citar a violência institucional a queestão submetidas nos diferentes espaços da vida pública e, comopreocupação central do Governo Federal, nos estabelecimentospenais femininos. Existem, hoje, no Brasil quase 26 mil mulheresencarceradas, o que representa 6% da população carcerária dopaís. Deste total, 8.890 cumprem pena em regime fechado, porvezes em unidades penais femininas5, nas quais importantesdireitos são violados. Segundo relatório apresentado pelo Grupo

2 VENTURI, Gustavo, RECAMÁN, Marisol e OLIVEIRA, Suely. A mulher brasileira nos espaços público e privado. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.3 ABRAMOVAY, Miriam, CASTRO, Mary Garcia e SILVA, Lorena Bernadete da. Juventude e Sexualidade. Brasília: Unesco, 2004.4 SCHAIBER, L. B. et al. Violência contra a mulher e saúde no Brasil: estudo multipaíses da Organização Mundial da Saúde sobre saúde da mulher e violência doméstica. São Paulo:Departamento de Medicina Preventiva da USP/Organização Mundial da Saúde, 2002.5 Atualmente, o Brasil conta com 55 unidades prisionais femininas de um universo total de 1.097 unidades prisionais.

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de Trabalho Interministerial6, instituído em 2007, para proporpolíticas na área, as mulheres cumprem pena em espaçosinadequados e em situações insalubres. Foi detectado, também,uso excessivo de drogas lícitas, como medicamentos psicoativos,e o atendimento de saúde insatisfatório no que se refere àginecologia, ao pré-natal, à vigilância sanitária e existem critériosdefinidos para separar mãe e filho. As mulheres não têm garantiaplena de visitas íntimas e há repressão às relações homoafetivas.

Uma importante ação do Governo Federal, por intermédio daSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres, contribui paraa produção de dados e informações sistemáticas sobre ofenômeno da violência contra as mulheres: a criação, emnovembro de 2005, da Central de Atendimento à Mulher – Ligue180. A Central, com funcionamento integrado à Ouvidoria,funciona ininterruptamente e destina-se a receber denúncias ourelatos de violência, reclamações sobre os serviços da rede e aorientar as mulheres sobre seus direitos, encaminhando-as paraos serviços quando necessário. Além de servir como umaimportante porta de entrada na rede de atendimento para asmulheres em situação de violência, o serviço tem se reveladobastante útil para o levantamento de informações que subsidiamo desenho da política de enfrentamento da violência e para omonitoramento dos serviços que integram a rede em todo o país.Mesmo não oferecendo dados que permitam construir umdiagnóstico sobre a violência contra as mulheres no país, a Centraloferece uma visão geral das características deste fenômeno e desua magnitude. Atualmente, a Secretaria conta com informaçõesatualizadas mensalmente sobre a oferta de serviços especializadosem todas as unidades da federação e sobre o número de

denúncias recebidas no Ligue 180 e na Ouvidoria, também porUFs e por tipo de violência reportada.

Desde a sua criação a Central de Atendimento à Mulher já realizoumais de 270.000 atendimentos entre orientações sobre direitosda mulher, encaminhamentos aos serviços da rede deatendimento em todo o Brasil, registros de relatos/denúncias deviolência, reclamações, sugestões e elogios. Só em 2007 foramrealizados mais de 200 mil atendimentos, sendo que 10% delesreferiam-se a relatos ou denúncias de violência. Das 20 mildenúncias recebidas, 93% diziam respeito a casos relacionadosà violência doméstica e familiar. Destes, 70% eram relativos àviolência praticada pelo cônjuge, 61% relataram que a freqüênciada situação de violência é diária e 57% indicavam que o agressorera usuário de drogas/álcool. Pouco mais de um terço dasmulheres que relataram sofrer com violência domésticainformaram estar correndo risco de espancamento e 36%relataram risco de morte. Os crimes mais recorrentes nos relatosforam os de lesão corporal e ameaça.

Dada a complexidade e a gravidade do fenômeno da violência,a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, tendo porbase as deliberações da I Conferência Nacional de Políticas paraas Mulheres, elaborou a Política Nacional de Enfrentamento àViolência contra as Mulheres que embasa as ações dispostasneste capítulo. O conceito de violência adotado pela PolíticaNacional e, conseqüentemente, pelo II PNPM, fundamenta-sena definição da Convenção de Belém do Pará anteriormenteexplicitado e considera, portanto, as mais diferentes formas deviolência contra as mulheres, tais como: a violência doméstica

6 Ver BONETTI, Alinne e PINHEIRO, Luana. Primeiro ano da Lei Maria da Penha: algumas análises possíveis. Brasília: SPM, 2007. mimeo.

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(que pode ser psicológica, sexual, física, moral e patrimonial);a violência sexual; o abuso e a exploração sexual de mulheres,adolescentes e jovens; o assédio sexual; o assédio moral; o tráficode mulheres; a violência institucional e a sofrida pelas mulheresque exercem a atividade de prostituição.

Há o reconhecimento, também, de que este é um fenômeno queatinge mulheres de diferentes classes sociais, origens, regiões,estados civis, escolaridade ou raças/etnias. No entanto, o acessoaos serviços e às políticas do Estado se dá de maneira diferenciadapara cada grupo social, em função de situações de maior oumenor vulnerabilidade ou de contextos culturais diversos. Faz-senecessário, portanto, que o Estado brasileiro adote políticas decaráter universal, mas que também esteja atento para odesenvolvimento de políticas para grupos específicos, de modoa garantir a real universalidade das políticas públicas.

O II PNPM propõe uma intervenção pública de caráter multi-setorial que deve buscar, simultaneamente, desenvolver açõesque:

i) desconstruam as desigualdades e combatam asdiscriminações de gênero;ii) interfiram nos padrões sexistas/machistas ainda presentesna sociedade brasileira;iii) promovam o empoderamento das mulheres;iv) garantam um atendimento qualificado e humanizadoàquelas em situação de violência. Logo, a noção deenfrentamento não se restringe apenas à questão do combate,mas compreende também as dimensões da prevenção, daassistência e da garantia de direitos das mulheres.

No que se refere ao combate à violência contra as mulheres, asações desenvolvidas incluem o estabelecimento e o cumprimentode normas penais que garantam a punição e a responsabilização

dos agressores/autores de violência, bem como a implementaçãoda Lei Maria da Penha, em especial nos seus aspectos processuaispenais e no que tange à criação dos Juizados de ViolênciaDoméstica e Familiar contra a Mulher. No âmbito preventivo,encontram-se ações que desconstruam os mitos e estereótiposde gênero e que modifiquem os padrões sexistas, perpetuadoresdas desigualdades de poder entre homens e mulheres e daviolência contra as mulheres. A prevenção inclui não somenteações educativas, mas também culturais que disseminem atitudesigualitárias e valores éticos que colaborem para a valorizaçãoda paz e para o irrestrito respeito às diversidades de gênero,raça/etnia, geração, orientação sexual, entre outras.

Já no que tange à defesa e promoção dos direitos humanos dasmulheres, a Política deve cumprir as recomendações previstasnos tratados internacionais voltados para a área de violênciacontra as mulheres, em especial as contidas na Convenção deBelém do Pará – Convenção Interamericana para Prevenir, Punire Erradicar a Violência contra a Mulher (1994) – e na Convençãosobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contraa Mulher – Cedaw (1981). Neste campo, devem ser implemen-tadas iniciativas que promovam o empoderamento das mulheres,o seu resgate como sujeitos de direitos e o acesso à justiça.

Finalmente, no que diz respeito à assistência às mulheres emsituação de violência, o II PNPM, como instrumento quematerializa a Política Nacional, deve garantir o atendimentohumanizado e qualificado àquelas em situação de violência, pormeio:

i) da formação continuada de agentes públicos e comunitários;ii) da criação, re-aparelhamento ou reforma de serviçosespecializados (Casas abrigo, Centros de Referência, Centrosde Reabilitação e Educação do Agressor, Juizados de ViolênciaDoméstica e Familiar contra a Mulher, Defensorias da Mulher);

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iii) da constituição/fortalecimento da Rede de Atendimento apartir da articulação dos governos – federal, estadual, municipal– e da sociedade civil para o estabelecimento de uma rede deparcerias para o enfrentamento da violência contra as mulheres,no sentido de garantir a integralidade do atendimento.

A respeito da constituição da Rede de Atendimento às Mulheresem Situação de Violência é importante destacar que os diversossetores do governo e a sociedade civil possuem um papel adesempenhar na prevenção, no combate e na assistência àsmulheres em situação de violência, dada a natureza multifacetadado fenômeno. Nesse sentido, o conceito de Rede de atendimentorefere-se à atuação articulada entre as instituições/serviçosgovernamentais, não-governamentais e a comunidade, visandoà ampliação e melhoria da qualidade do atendimento; àidentificação e encaminhamento adequado das mulheres emsituação de violência; e ao desenvolvimento de estratégias efetivasde prevenção. Hoje existem no país 637 serviços especializadosde atendimento às mulheres, dentre centros de referência, casasabrigo, defensorias, juizados e delegacias especializadas, tal comoaponta a tabela 1.

Tabela 1 – Número de Serviços da Rede de Atendimento à Mulher,por tipo – Brasil, 2008.

Importante destacar que a criação de grande parte destes serviçosé resultado das ações e prioridades definidas no I Plano Nacionalde Políticas para as Mulheres. Em comparação a 2003, houveum aumento de 50% no número de casas-abrigo existentes, ede, aproximadamente, 170% no caso dos centros de referência,além das defensorias e juizados especializados que começarama ser criados a partir de 2004 e 2006, respectivamente. Outroganho obtido ao longo destes anos refere-se ao entendimentode que a Rede não é integrada apenas pelos serviçosespecializados, mas também pelos serviços de saúde (postos ehospitais), de segurança pública (IML e Delegacias comuns), deassistência social (Centros de Referência de Assistência Social –CRAS e Centros de Referência Especializados de Assistência Social– CREAS), entre outros. Esta ampliação da Rede é prioridadedeste governo e estratégia fundamental para a efetivaimplementação de uma política integral e humanizada deatendimento às mulheres – como pode ser verificado no planode ações deste capítulo e no Pacto Nacional pelo Enfrentamentoda Violência contra as Mulheres, constituindo-se, ao mesmotempo, em avanço importante e grande desafio.

Outros resultados significativos foram alcançados entre olançamento do I e do II Planos Nacionais. Cumprindo os acordosinternacionais da Convenção de Belém do Pará e do Comitê deEliminação de todas as Formas de Violência contra as Mulheres(Cedaw), foi sancionada, em 07 de agosto de 2006, a Lei Mariada Penha (nº 11.340/06) que trata do enfrentamento da violênciadoméstica e familiar contra a mulher. A partir desta lei, todocaso de violência doméstica e intrafamiliar contra a mulher torna-se crime e deve passar por um inquérito policial que será remetidoao Ministério Público. Os crimes deverão ser julgados nos JuizadosEspecializados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher,Fonte: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

Tipo de Serviço EspecializadoCentros de ReferênciaCasas abrigoDEAMs/PAMsJuizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher(JVDFM)Varas AdaptadasDefensorias da MulherTotal

Existentes11266404

213215

650

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instrumentos criados a partir dessa legislação, ou, enquantoestes não existirem, nas Varas Criminais. Dentre outras conquistas,a lei tipifica os tipos de violência doméstica; proíbe a aplicaçãode penas pecuniárias aos agressores; amplia a pena a elesimputada de até 1 ano para até 3 anos; e determina oencaminhamento das mulheres em situação de violência, assimcomo de seus dependentes, a programas e serviços de proteçãoe de assistência social.

Para garantir a sua efetividade, foi criado, em maio de 2007, oObservatório de Monitoramento da Implementação e Aplicaçãoda Lei Maria da Penha, cujo objetivo é monitorar a aplicação daLei junto ao Judiciário, Executivo e à Rede de Atendimento àMulher, além de buscar suprir a lacuna existente no país quantoà ausência de dados e estatísticas sistemáticas sobre a violênciacontra as mulheres. Constituído por iniciativa da SPM e o apoiodo Unifem, UNFPA e OXFAM-Novib, o Observatório é formadopor um consórcio de 12 instituições com diferentesresponsabilidades e papéis, entre organizações não-governamentais e instituições acadêmicas das cinco regiões dopaís. Além de cumprir o que determina a Lei Maria da Penha, asua criação atende às recomendações da I Conferência Nacionalde Políticas para as Mulheres e ao estabelecido no I PNPM.

Além da ampliação do número de serviços e da criação doObservatório, a Lei Maria da Penha tem produzido impactosdiretos no cotidiano dos serviços que atendem às mulheres emsituação de violência. Pesquisa realizada pela SPM7 permitiuconhecer essa realidade, em especial para o caso das DEAMs edos Juizados. Os resultados do estudo mostram que, entre

outubro de 2006 e maio de 2007, foram instaurados, nas 184Delegacias que responderam à pesquisa, 32.630 inquéritos –possibilidade introduzida pela Lei Maria da Penha que determinaque qualquer situação de violência doméstica contra as mulheresque chegue às Delegacias deve, obrigatoriamente, gerar uminquérito policial. Já em relação aos Juizados e VarasEspecializadas, é importante destacar que nos oitos meses quese seguiram ao lançamento da Lei, foram deferidas 5.247medidas protetivas de urgência nos serviços que responderamao levantamento da SPM (43% do universo existente). A pesquisamostra que, no mínimo, um terço das medidas demandadas pelasDelegacias têm sido deferidas pelos Juizados, o que aponta parauma boa resposta dos serviços instalados e para a aplicação danova legislação. Entre as medidas protetivas mais freqüentesdestaca-se, em primeiro lugar, o afastamento do agressor do larseguido da proibição de aproximação. As novas possibilidadesintroduzidas pela LMP, como suspensão do porte de armas eproibição de celebração de contratos, são raramente solicitadase, por conseqüência, concedidas.

Em relação às ações educativas e culturais, a SPM tem trabalhado,em parceria com órgãos governamentais e não-governamentais,na produção de diversos materiais educativos, de divulgação danova legislação e de campanhas diversas. A mais expressiva delasé a Campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violênciacontra a Mulher, realizada há 17 anos no país. A partir de 2007,a SPM passou a integrar a Campanha como promotora doseventos em parceria com a organização feminista não-governamental Agende (Ações em Gênero e Cidadania),responsável pela sua coordenação. Na mesma linha, vem sendo

7 Ver BONETTI, Alinne e PINHEIRO, Luana. Primeiro ano da Lei Maria da Penha: algumas análises possíveis. Brasília: SPM, 2007. mimeo.

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desenvolvido o projeto Siga Bem Mulher, ação que integra aCaravana Siga Bem Caminhoneiro, patrocinada pela Petrobrás.O objetivo é levar informações sobre gênero e enfrentamento daviolência contra as mulheres a caminhoneiros de todo o país apartir de campanhas itinerantes.

No que tange ao enfrentamento do tráfico de mulheres, cabedestacar o lançamento, em 2007, do Plano Nacional deEnfrentamento ao Tráfico de Pessoas, que materializa a PolíticaNacional, lançada em outubro de 2006. O Plano traz um conjuntode ações para prevenção ao crime, repressão aos autores etratamento adequado às vitimas. Em conjunto com instituiçõesfederais, estaduais e municipais, o Ministério da Justiça promoveráo mapeamento do tráfico de pessoas no país, a capacitação deprofissionais de saúde na prevenção à prática, a realização deseminários sobre o tema e a criação de núcleos de prevenção eatendimento às vitimas, em aeroportos, portos e rodovias.

O tema da violência contra as mulheres ganhou destaque emtodo o Governo Federal com o lançamento do Pacto Nacionalpelo Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, no dia 17 deagosto de 2007, pelo presidente da República na abertura da IIConferência Nacional de Políticas para as Mulheres. Parte daAgenda Social de governo, o Pacto reúne ações a seremexecutadas nos próximos quatro anos, por diferentes órgãos daadministração pública, com o objetivo de prevenir e enfrentartodas as formas de violência contra as mulheres, atuando paragarantir a redução dos índices de violência não somente por meioda repressão, mas também da prevenção, atenção, proteção egarantia dos direitos daquelas em situação de violência e dapromoção de uma mudança cultural que dissemine atitudesigualitárias e valores éticos de irrestrito respeito à diversidade e

à paz. Ao todo, 11 ministérios e secretarias especiais, além deempresas públicas, Poder Judiciário, Ministério Público,organismos internacionais, organizações não-governamentais,estados e municípios são parceiros no desenvolvimento do Pacto.Os ministérios e secretarias envolvidos na execução destasatividades contarão com recursos da ordem de R$ 1 bilhão paraserem investidos nos próximos quatro anos.

Para atingir seus objetivos, as ações do Pacto foram estruturadasem quatro grandes áreas:

i) Consolidação da Política Nacional de Enfrentamento daViolência contra as Mulheres e Implementação da Lei Mariada Penha;ii) Promoção dos Direitos Sexuais e Reprodutivos eImplementação do Plano Integrado de Enfrentamento daFeminização da Aids;iii) Combate à exploração sexual e ao tráfico de mulheres;iv) Promoção dos Direitos Humanos das Mulheres em Situaçãode Prisão.

O Pacto tem amplitude nacional, mas, em 2008, a prioridade é aatuação em 12 unidades da federação, a saber: São Paulo, Riode Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Pernambuco, Pará,Amazonas, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Maranhão e MinasGerais. Como forma de garantir que o compromisso políticoassumido junto aos estados seja transformado em atividadesconcretas, a SPM tem investido na realização de pactuações econstrução de planejamentos plurianuais junto aos estadosprioritários.

Importante destacar que o Pacto trabalha segundo o princípioda eqüidade e, dessa forma, confere atenção especial às mulheres

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rurais, negras e indígenas, em função das especificidades decada grupo, da discriminação a que estão submetidas e emvirtude de sua maior vulnerabilidade social. Nesse sentido, éimportante destacar a instituição do Fórum Nacional deElaboração de Políticas de Enfrentamento à Violência contraas Mulheres do Campo e da Floresta. Com o objetivo de formulare debater propostas de políticas públicas relacionadas àproblemática e à realidade dessas mulheres, o Fórum respondea uma das demandas emanadas da 3ª edição da Marcha dasMargaridas que ocorreu em agosto de 2007 reunindo mais de30 mil mulheres na capital federal. O Fórum conta com arepresentação de nove Ministérios e Secretarias Especiais, alémde oito organizações da sociedade civil, sob coordenação daSPM.

A intervenção federal na área de violência ao longo dos últimosanos encontra-se em consonância não apenas com os princípiosemanados da I CNPM e consubstanciados no I PNPM, mastambém com convenções e tratados internacionais ratificadospelo país, tais como a Declaração Universal dos Direitos Humanos(1948), a Convenção de Belém do Pará (1994), a Cedaw (1981)e a Convenção Internacional contra o Crime OrganizadoTransnacional Relativo à Prevenção, Repressão e Punição doTráfico de Pessoas (Convenção de Palermo, 2000).

O reconhecimento deste compromisso veio em 2007, quandoda avaliação do VI Relatório Nacional Brasileiro sobre a Cedaw,ocasião em que o Comitê elogiou o país pela promulgação daLei Maria da Penha e recomendou ao Estado brasileiro “continuardando prioridade à eliminação de todas as formas de violênciacontra as mulheres, inclusive violência doméstica, e a adotarrapidamente medidas eficazes para a plena implementação danova legislação, como a criação acelerada de tribunais especiaissobre violência doméstica contra as mulheres e o totalenvolvimento de todos os atores relevantes, incluindo

organizações não-governamentais, autoridades judiciais e outrosprofissionais que trabalham para cuidar da violência contra asmulheres”.

O Comitê recomendou, ainda, o monitoramento sistemático e aavaliação do impacto da Lei no 11.340 (Lei Maria da Penha),inclusive por meio da coleta de dados, desagregados por tipo deviolência e pela relação do perpetrador com a vítima; e decampanhas de conscientização pública para o reconhecimentoda violência contra as mulheres como uma violação dos direitoshumanos. Tal como apresentado, diversas foram as ações jádesenvolvidas que atendem a esta demanda, a exemplo doObservatório, da Central de Atendimento e das ações preventivasde educação e cultura.

O II Plano representa, sem dúvida, um novo patamar deintervenção pública na área da violência contra as mulheres. Apartir do lançamento do Pacto, as ações na área passam a contarcom recursos ampliados e ganham em peso, em robustez e emimpacto. Vale notar que tendo em vista as diferentes formas deviolência contra as mulheres as ações aqui dispostas fazeminterlocução direta com outros planos e políticas do governofederal, tais como: Política Nacional de Enfrentamento ao Tráficode Mulheres, Política Nacional de Assistência Social, PlanoNacional de Enfrentamento à Feminização da Aids, PolíticaNacional de Direitos Sexuais e Reprodutivos, Política Nacionalde Atenção Integral à Saúde da Mulher e Programa Nacional deSegurança Pública com Cidadania. Reafirma-se, assim, mais umavez, o princípio da transversalidade e da integralidade que devemmarcar o desenvolvimento de uma política que de fato consigaenfrentar a violência contra as mulheres. O Estado brasileiro temum papel a cumprir no enfrentamento deste fenômeno e nadefesa e garantia da qualidade de vida de milhões de meninas,jovens e mulheres deste país e é a esta responsabilidade queeste II Plano procura responder.

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103

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Reduzir os índices de violência contra as mulheres por meio da:

I. Consolidação da Política Nacional de Enfrentamento à Violênciacontra as Mulheres com plena efetivação da Lei Maria da Penha;

II. Implementação do Pacto Nacional de Enfrentamento daViolência contra as Mulheres;

III. Implementação do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráficode Pessoas no que diz respeito às ações referentes ao tráfico demulheres, jovens e meninas.

OBJETIVOS GERAIS

I. Proporcionar às mulheres em situação de violência umatendimento humanizado, integral e qualificado nos serviçosespecializados e na rede de atendimento;

II. Desconstruir estereótipos e representações de gênero, alémde mitos e preconceitos em relação à violência contra a mulher;

III. Promover uma mudança cultural a partir da disseminação deatitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito respeito àsdiversidades e de valorização da paz;

IV. Garantir e proteger os direitos das mulheres em situação deviolência considerando as questões étnico-raciais, geracionais,de orientação sexual, de deficiência e de inserção social,econômica e regional;

V. Ampliar e garantir o acesso à justiça e à assistência jurídicagratuita às mulheres em situação de violência;

VI. Assegurar atendimento especializado às mulheres do campoe da floresta em situação de violência;

VII. Promover a integração e a articulação dos serviços einstituições de atendimento às mulheres em situação de violência,por meio da implantação e do fortalecimento da Rede deAtendimento às Mulheres em situação de violência.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

PRIORIDADES

4.1. Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Atendimento às mulheresem situação de violência;

4.2. Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e demaisnormas jurídicas nacionais e internacionais;

4.3. Promover ações de prevenção a todas as formas de violênciacontra as mulheres nos espaços público e privado;

4.4. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação deviolência com atendimento qualificado ou específico;

4.5. Garantir o enfrentamento da violência contra as mulheres,jovens e meninas vítimas do tráfico e da exploração sexual eque exercem a atividade da prostituição;

4.6. Promover os direitos humanos das mulheres encarceradas.

METAS

A – Construir/reformar/re-aparelhar 7648 serviços especializadosde atendimento às mulheres em situação de violência;

B – Capacitar 170 mil profissionais das áreas de segurança pública,saúde, educação, assistência social, justiça e demais áreas da redede atendimento;

C – Realizar 1 milhão de atendimentos válidos no Ligue 1809;

D – Consolidar o Observatório da Lei Maria da Penha;

E – Qualificar 100% dos CRAS e CREAS para atendimento àsmulheres vítimas de violência;

F – Implementar a notificação compulsória em 100% dosmunicípios dos estados prioritários do Pacto Nacional peloEnfrentamento da Violência contra as Mulheres;

G – Qualificar 100% dos Centros de Referência para atendimentoàs mulheres vítimas de tráfico;

H – Ampliar em 100% a rede de atenção integral à saúde demulheres e adolescentes em situação de violência;

I – Implantar a Vigilância de Violências e Acidentes – VIVA emtodas as capitais e municípios dos estados prioritários do PactoNacional pelo Enfrentamento da Violência contra as Mulheres;

J – Assegurar a existência de estabelecimentos penais femininosdentro de padrões físicos e funcionais que assegurem a dignidadedas detentas, nas 27 unidades da federação;

K – Assegurar a existência de pelo menos um Centro de Referênciade Assistência Social (CRAS) em todos os municípios brasileiros;

L – Habilitar 100% das UFs para a Atenção Integral à Saúde daspresidiárias e das adolescentes em conflito com a lei.

8 O número previsto nesta Meta refere-se aos serviços especializados de atendimento à mulher em situação de violência (delegacias da mulher, centros de referência, casas-abrigo, defensorias da mulher, juizados de violência doméstica e familiar contra a mulher) e ao centro de reabilitação e educação do agressor.9 Por atendimento válido entende-se aquele que resultou em uma ligação produtiva, ou seja, que não se refere a trotes, enganos etc. Importante destacar que uma ligaçãoprodutiva pode gerar um ou mais tipos de atendimentos (denúncias, encaminhamentos para serviços, informação, reclamação, sugestão e elogio).

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Prioridade 4.1. Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Atendimento às mulheres em situação de violência.

4.1.1. Criar/re-aparelhar/reformar serviços especializa-dos de atendimento às mulheres em situação de vio-lência (Delegacias Especializadas de Atendimento à Mu-lher e/ou núcleos especializados nas demais delegaciasexistentes, Centros de Referência, Casas-abrigo,Serviços de abrigamento).

4.1.2. Criar Defensorias Públicas da Mulher e/ou Nú-cleos de Defesa da Mulher nas Defensorias Públicasexistentes.

4.1.3. Estimular a criação de núcleos de gênero e dedefesa da mulher nos Ministérios Públicos Estaduais.

4.1.4. Incentivar a criação de espaços específicos nosIML com equipes técnicas qualificadas para atendimen-to às mulheres em situação de violência.

4.1.5. Re-aparelhar os IMLs para possibilitar o atendi-mento das mulheres em situação de violência.

4.1.6. Articular atores federais, estaduais e municipaispara garantir a integração dos serviços da Rede deAtendimento às mulheres em situação de violência.

4.1.7. Promover a formação continuada das/os profis-sionais da Rede de Atendimento às mulheres em situa-ção de violência (operadoras/es de direito, segurançapública, saúde, assistência social e demais profissionais)e da educação nas temáticas de gênero e de violênciacontra as mulheres, raça/etnia, orientação sexual egeração.

Serviço criado/reformado/re-aparelhado.

Defensoria/Núcleo criado.

Núcleo criado.

Espaço criado.

Serviço re-aparelhado.

Estado/Municípiomobilizado.

Profissionalformado/a.

Estados, municípios,ONGs, movimentos

feministas e de mulheres.

Estados, municípios,defensorias públicas

estaduais.

Ministérios PúblicosEstaduais.

MS, SPM.

MS, SPM.

MJ, MDS, MS.

MEC, estados, municípios,Tribunais de Justiça, MP,

Defensorias Públicas, OAB,Conselhos Estaduais eMunicipais da Mulher,

ONGs.

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

MJ

MDSSPM

MJSPM

SPM

MJ

MJ

SPM

SPMMJ

MDSMS

0156/2C521127/89881385/2A690156/2C52

1453/88570156/2C52

Não orçamentária

Não orçamentária

1127/2320

0156/6812

0156/68121127/2320

Não orçamentária1127/23201453/8857

PLANO DE AÇÃO

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106

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 4.1. Ampliar e aperfeiçoar a Rede de Atendimento às mulheres em situação de violência.

4.1.8. Redefinir política de abrigamento para mulheresvítimas de violência em situação de risco de morte.

4.1.9. Criar e revisar normas técnicas e protocolosnacionais para o funcionamento dos serviços de preven-ção e assistência às mulheres em situação de violência.

4.1.10. Ampliar e consolidar a Central de Atendimentoà Mulher – Ligue 180.

4.1.11. Estimular o atendimento 24 horas das mulheresem situação de violência nas DEAMs e núcleos especia-lizados nas delegacias da polícia civil.

4.1.12. Elaborar e implementar a Política de Enfrenta-mento à Violência contra as Mulheres do Campo e daFloresta.

4.1.13. Incorporar a dimensão cultural na formaçãodas/os profissionais da Rede de Atendimento às mu-lheres em situação de violência.

4.1.14. Promover atividades culturais (teatro, música,cineclube, dança, leitura e literatura, artes visuais) paraas mulheres em situação de violência, por meio daatuação dos agentes culturais diretamente na Redejunto às comunidades e nos Pontos de Cultura.

4.1.15. Integrar os pontos e pontões de cultura à Redede Atendimento às mulheres em situação de violênciapara oferecer ações culturais.

Política definida.

Norma criada/revisada.

Atendimentorealizado.

DEAM/Núcleocom atendimento

24 horas.

Políticaimplementada

Curso comdimensão cultural.

Mulherbeneficiada.

Mulherbeneficiada.

MJ, MDS.

MJ, MDS, MS.

MJ, MDS, MS.

MS, SPM.

MDA, SG, MS, MDS, PF,Secom.

MinC, CoordenadoriasEstaduais e movimentosfeministas e de mulheres.

MJ, MDS, MS, SPM.

MJ, MDS, MS, SPM.

2008

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

SPM

SPM

SPM

MJ

MJFunaiSPM

MJMS

MDSSPM

MinC

MinC

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Não orçamentária

Não orçamentária

0156/8831

Não orçamentária

0150/27110150/27111068/46411433/8834

Não orçamentáriaNão orçamentáriaNão orçamentáriaNão orçamentária

1141/8886

Não orçamentária

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 4.2. Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e demais normas jurídicas nacionais e internacionais.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

4.2.1. Criar Juizados de Violência Doméstica e Familiarcontra a Mulher.

4.2.2. Criar Serviços de Responsabilização e Educaçãodo Agressor.

4.2.3. Implementar e consolidar o Observatório da LeiMaria da Penha.

4.2.4. Incluir as mulheres em situação de violênciaatendidas pelos serviços especializados da Rede deAtendimento nos programas sociais de transferênciade renda, como Bolsa Família, Pró-Jovem, entre outros.

4.2.5. Incentivar o atendimento prioritário as mulheresem situação de violência na concessão de unidadeshabitacionais nos estados e municípios.

4.2.6. Propor a inclusão da prioridade de atendimento àsmulheres em situação de violência doméstica e familiarao Conselho Curador do Fundo de Garantia e Tempo deServiço (CCFGTS) e aos Conselhos Gestores do FundoNacional de Habitação de Interesse Social (CGFNHIS) edo Fundo de Desenvolvimento Social (CGFDS).

4.2.7. Incentivar o atendimento prioritário das mulheresem situação de violência nos programas de qualificaçãosocial e profissional.

4.2.8. Divulgar a Lei Maria da Penha e demais normasjurídicas nacionais e internacionais de enfrentamentoà violência contra as mulheres.

Tribunais de Justiça,estados e municípios.

SPM, estados, municípios,Poder Judiciário.

Universidades, ONGs,movimentos feministas e

de mulheres.

SPM.

MJ, SPM estados,municípios.

CCFGTS, CGFNHIS,CGFDS.

Seppir, SPM, MEC, MPS,Fenatrad, OIT.

MJ, estados, municípios,ONGs, movimentos

feministas e de mulheres.

1453/88570156/2C52

1453/8860

1068/8850

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

0101/4733

1068/4641

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Juizado criado.

Serviço criado.

Observatórioimplementado.

Estado/Municípiomobilizado.

Estado/Municípiomobilizado.

Recomendaçãoaprovada.

Mulher atendida.

Materialproduzido.

MJSPM

MJ

SPM

MDSSG

MCid

MCid

MTE

SPM

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 4.2. Garantir a implementação da Lei Maria da Penha e demais normas jurídicas nacionais e internacionais.

Prioridade 4.3. Promover ações de prevenção a todas as formas de violência contra as mulheres nos espaços público eprivado.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

4.2.9. Apoiar a realização de campanhas de divulgaçãoda Lei Maria da Penha e de combate da prostituiçãoinfantil, junto às comunidades que habitam asUnidades de Conservação de Uso Sustentável.

4.2.10. Incentivar a inclusão da Lei Maria da Penha edos tratados internacionais como conteúdos dosconcursos públicos para operadores de direito.

Campanharealizada.

Concurso comconteúdoincluído.

Estado, municípios, ONGse Ministério da Justiça.

MP, SPM, Judiciário.

MMA

MJ

1145/6060

Não orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2008

2011

4.3.1. Promover a formação de profissionais da educa-ção e de programas educacionais que disseminem valo-res éticos de irrestrito respeito à dignidade da pessoahumana com a perspectiva de gênero, raça/etnia egeração.

4.3.2. Promover e realizar ações e campanhas educa-tivas e culturais de prevenção à violência contra as me-ninas, jovens e mulheres, voltadas ao público escolar eà sociedade em geral.

4.3.3. Realizar campanha voltada ao enfrentamento daviolência contra as mulheres rurais, quilombolas, indíge-nas, do campo e da floresta e das regiões ribeirinhas.

4.3.4. Realizar anualmente a Campanha dos 16 Diasde Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.

MEC

SPM

MDSMDASPMMJ

MinCMEC

SPM

MJSPM

Profissionalformado/a.Programa

implementado.

Ação/campanharealizada.

Campanharealizada.

Campanharealizada.

Estados, municípios,universidades e ONGs.

Estados, municípios eONGs.

MDA, Seppir, MJ, Funai.

MJ, MME, entidadesprivadas, estados,

municípios e ONGs.

1377/87511073/63281433/8836

A definir1433/84021068/46411127/81241141/88861377/8751

1068/4641

1127/81241068/4641

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 4.3. Promover ações de prevenção a todas as formas de violência contra as mulheres nos espaços públicoe privado.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

4.3.5. Consolidar o projeto “Siga Bem Mulher” doPrograma Siga Bem Caminhoneiro.

4.3.6. Promover projetos de mobilização social para oenfrentamento da violência contra as mulheres.

4.3.7. Incluir a questão de gênero e do enfrentamentoda violência na formação das/os mediadoras/esculturais.

4.3.8. Estimular o desenvolvimento de campanhas deenfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia.

4.3.9. Estimular a realização de eventos, políticas eprogramas com o objetivo de elaborar, pactuar edisponibilizar ferramentas para a superação do racismo,sexismo e lesbofobia.

SPM

SPMMJ

MinC

SPM

SPM

2008

2011

2011

2011

2011

Caravanarealizada.

Projetoimplementado.

Profissionalformado/a.

Campanharealizada.

Evento realizado.Política/programa

elaborado.

MJ, PRF, Petrobras,entidades privadas.

Estados, municípios eONGs.

SPM.

Seppir, SEDH, Funai,movimentos feministas ede mulheres, movimentode mulheres negras e de

mulheres indígenas.

MPOG, Seppir, SEDH.

1068/4641

0156/89321127/81241453/8857

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

Prioridade 4.4. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de violência com atendimento qualificado ouespecífico.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

4.4.1. Ampliar a oferta da contracepção de emergêncianos serviços de referência e nos municípios querecebem o kit básico dos métodos anticoncepcionais.

Métododisponibilizado.

Estados, municípios.2011MS 1220/8585

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110

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 4.4. Promover a atenção à saúde das mulheres em situação de violência com atendimento qualificado ouespecífico.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

4.4.2. Apoiar técnica e financeiramente a organizaçãode Redes de Atenção Integral para Mulheres eAdolescentes em situação de violência, contemplandoserviços de atenção ao abortamento previsto em lei.

4.4.3. Definir e implementar mecanismos de monito-ramento dos serviços de atendimento ao aborto legal,garantindo o seu cumprimento.

4.4.4. Apoiar a implantação da Ficha de Notificação/Investigação de Violência Doméstica, Sexual e/ouOutras Violências, garantindo a implementação da Lei10.778/2003 (Notificação Compulsória) integralmentenos serviços de saúde.

4.4.5. Implementar as diretrizes, normas técnicas,protocolos e fluxos de atendimento a mulheres emsituação de violência sexual e doméstica e vítimas dotráfico de pessoas nos serviços de saúde.

4.4.6. Elaborar relatórios periódicos sobre violênciascontra Mulheres e Adolescentes.

4.4.7. Estimular a articulação entre os IMLs e osserviços de saúde para o atendimento às mulheresvítimas de violência sexual.

Serviçoimplantado.

Mecanismoimplementado.

Serviço comNotificaçãoCompulsória

implementada.

Serviço de saúdecom mecanismoimplementado.

Relatórioelaborado.

Encaminhamentorealizado.

SPM, Seppir, SEDH, MJ,MDS, MEC, governos esta-duais e municipais, univer-sidades, movimentos femi-nistas e de mulheres, so-

ciedades científicas,entidades de classe.

SPM, Seppir, SEDH, MJ,MDS, MEC, governos es-taduais e municipais, de-fensorias públicas, univer-

sidades, movimentosfeministas e de mulheres,

sociedades científicas,entidades de classe.

SPM, Núcleos de Pre-venção de Violências ePromoção da Saúde.

SPM, MJ, estados,municípios.

SPM, Núcleos dePrevenção de Violências e

Promoção da Saúde.

SPM, MJ, estados,municípios.

2011

2009

2011

2011

2011

2011

MS

MS

MS

MS

MS

MSMJ

1312/6175

1312/6175

1444/6170

1312/6175

Não orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

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111

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 4.5. Garantir o enfrentamento da violência contra as mulheres, jovens e meninas vítimas do tráfico e da exploraçãosexual e que exercem a atividade da prostituição.

2011

2011

2011

2009

2011

2011

2011

4.5.1. Capacitar os serviços da rede de atendimentoàs mulheres em situação de violência para promoverum atendimento voltado às especificidades da violênciaperpetrada contra as mulheres vítimas do tráfico depessoas e que exercem a prostituição.

4.5.2. Apoiar e incentivar projetos de qualificaçãoprofissional, geração de emprego e renda que tenhamcomo beneficiárias diretas as mulheres vítimas detráfico de pessoas.

4.5.3. Fomentar debates sobre questões estruturantesfavorecedoras do tráfico de pessoas e relativas àdiscriminação de gênero.

4.5.4. Construir metodologias de atendimento àsmulheres vítimas de tráfico de pessoas.

4.5.5. Implementar a Política Nacional de Enfrenta-mento ao Tráfico de Pessoas.

4.5.6. Apoiar o desenvolvimento de núcleos de enfren-tamento ao tráfico de pessoas.

4.5.7. Capacitar as operadoras da Central de Atendi-mento à Mulher (Ligue 180) para promoverem umatendimento voltado às especificidades da violênciaperpetrada contra as mulheres vítimas do tráfico depessoas e que exercem a prostituição.

Profissionalcapacitado/a.

Projeto apoiado.

Evento/ pesquisarealizada.

Metodologiaelaborada.

Açãoimplementada.

Núcleoimplantado.

Pessoacapacitada.

MJ, PF, PRF, MS, MDS.

SPM, SEDH, MJ, estados emunicípios.

Estados, municípios,ONGs, universidades,

movimentos feministas ede mulheres.

Estados, Municípios,universidades, ONGs.

Estados, municípios,Organismos Interna-

cionais, ONGs.

Estados, municípios,Organismos Interna-

cionais, ONGs.

MJ, SEDH.

SPM

MTE

MJSPM

MJSPM

MJSPMSEDH

MJ

SPM

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

0156/6812

0101/4733

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

1453/88570156/8932

A definir

1453/8857

Não orçamentária

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 4.5. Garantir o enfrentamento da violência contra as mulheres, jovens e meninas vítimas do tráfico e daexploração sexual e que exercem a atividade da prostituição.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

2011

2011

SPM

SPM

SPMSEDH

SEDH

SEDH

MDS

Reuniãorealizada.

Encaminhamentorealizado.

Projeto apoiado.

Conselheiro/acapacitado/a.

Estado/municípiomobilizado.

Serviçoimplantado.

MJ, SEDH, MRE.

MJ, SEDH, MRE.

MJ, estados, municípios,ONGs.

Conselhos Tutelares e deDireitos.

Estados, municípios,ONGs.

SEDH, estados, municípios.

0156/6812

0156/8932

0073/87910073/8791

0073/8787

0073/8791

0153/6247

4.5.8. Promover a capacitação para a atuação dasautoridades consulares estrangeiras e brasileiras noatendimento às mulheres vítimas de tráfico de pessoas.

4.5.9. Articular os serviços de atendimento àsmulheres existentes em países conhecidos comodestino de brasileiras vítimas do tráfico de pessoas eos existentes em território nacional.

4.5.10. Apoiar projetos inovadores de enfrentamentoda violência sexual contra crianças e adolescentes.

4.5.11. Capacitar conselheiros/as tutelares e de direi-tos para identificação e encaminhamento adequadode situações de violência doméstica e sexual contrameninas e adolescentes.

4.5.12. Implantar e/ou fortalecer o Programa deAções Integradas e Referenciais de combate àviolência sexual contra crianças e adolescentes noterritório brasileiro.

4.5.13. Implantar serviços de proteção social acrianças e adolescentes vítimas de violência, abusoe exploração sexual e suas famílias (CREAS).

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113

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 4.6. Promover o fortalecimento dos direitos humanos das mulheres encarceradas.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

4.6.1. Apoiar a capacitação de mulheres encarceradaspara geração de renda e garantir o acesso das mulheresencarceradas ao trabalho nos presídios femininos.

4.6.2. Estimular ações voltadas para os gruposvulneráveis, inclusive mulheres egressas do sistemapenal, visando sua re-inserção no mercado de trabalho.

4.6.3. Construir/reformar estabelecimentos penaisfemininos.

4.6.4. Garantir o direito a visita íntima para as mulheresencarceradas independente da orientação sexual.

4.6.5. Implantar serviço de saúde integral às mulheresencarceradas.

4.6.6. Promover o acompanhamento sócio-familiar dasfamílias de mulheres encarceradas e egressas dosistema prisional nos Centros de Referencia deAssistência Social (CRAS) e dos Centros Especializadosde Assistência Social (CREAS).

4.6.7. Promover o acesso à justiça e à assistênciajurídica gratuita para as mulheres encarceradas.

4.6.8. Incentivar o atendimento prioritário das mulheresem situação de violência nos programas de qualificaçãosocial e profissional.

Mulhercapacitada.

Evento realizado.

Presídio femininoconstruído/reformado.

Presídio femininocom espaço para

visita íntima.

Presídio femininocom serviço de

saúde.

Família/ Mulheratendida.

Mulherbeneficiada.

Mulherbeneficiada.

Estados, municípios,ONGs, Empresas privadas.

Estados, municípios, STF,FIESP, SESI, ONGs,

movimentos feministas ede mulheres.

SPM, estados.

SPM.

SPM.

SPM.

Defensorias públicas.

-

MJMTESPM

MJMTESPM

MJ

MJ

MS

MDS

MJSPM

MTESPM

1453/88530101/47330156/8833

1453/88530099/25500156/8833

1453/8860

Não orçamentária

1214/20B1

Não orçamentária

1453/88530156/8833

Não orçamentáriaNão orçamentária

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 4.6. Promover o fortalecimento dos direitos humanos das mulheres encarceradas.

4.6.9. Garantir proteção à maternidade e deatendimento adequado aos filhos das mulheresencarceradas dentro e fora do presídio feminino.

4.6.10. Implantar atividades sistemáticas de educação,cultura, lazer e esporte no sistema prisional feminino.

4.6.11. Implantar Notificação Compulsória nospresídios e cadeias públicas femininas para registro deviolências e maus tratos.

4.6.12. Garantir o cumprimento da legislação queproíbe agentes penitenciários do sexo masculino empresídios femininos.

4.6.13. Garantir o cumprimento da legislação quedefine o recolhimento das contribuições para aPrevidência Social das mulheres encarceradas que estãona produção.

4.6.14. Capacitar os CRAS para suporte eacompanhamento das mulheres egressas do sistemaprisional.

4.6.15. Capacitar servidores penitenciários eprofissionais da segurança para lidarem com asdemandas específicas das mulheres encarceradas deforma humanizada e com respeito à dignidade humana.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Berçário e crechedisponibilizada.

Criança menor de2 anos em presí-dios femininos.

Presídio femininocom atividades deeducação, cultura,

lazer e esporte.

Presídio femininocom notificação

compulsóriaimplantada.

Presídio femininoenquadrado na

legislação.

Mulherencarceradacoberta pela

Previdência Social.

Profissionalcapacitado/a.

Profissionalcapacitado.

SPM, MJ, MDS.

SPM, ME, MJ.

SPM.

SPM.

SPM, MPS.

SPM.

SPM.

MS

MinCMEC

MS

MJ

MJ

MDS

MJ

1214/20B1

0168/47941060/87901060/09201060/8526

1444/6170

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

1453/8853

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Capítulo 5: Participação das mulheres nosespaços de poder e decisão

A II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres tevecomo um de seus temas centrais a participação das mulheresnos espaços de poder. Esta centralidade se justifica pelanecessidade e importância desta participação como açãotransformadora das estruturas de poder e das instituições, etambém da cultura e das mentalidades, gerando novas relaçõessociais. No que se refere às mulheres, esta participação torna-seainda mais fundamental pela situação desigual e discriminatóriaque vivenciam, sendo essencial para a elaboração das leis epara a implementação de políticas públicas que promovam aigualdade e a eqüidade de gênero.

Neste campo, está um dos focos das recomendações do Comitêpara a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra aMulher quando da análise do relatório Brasileiro: “O Comitêincentiva o Estado-parte a tomar medidas legais e outrassustentadas para aumentar a representatividade das mulheresem cargos eleitos e nomeados, nos mais altos níveis do judiciárioe na diplomacia. Recomenda que o Estado-parte introduzamedidas legais e outras apropriadas, incluindo a alteração e ou

substituição de leis ineficazes e a adoção de medidas especiaistemporárias (...). O Comitê recomenda que o Estado-parte realizecampanhas de conscientização, tanto entre homens comomulheres, sobre a importância da participação plena e igualitáriada mulher na vida política e pública e na tomada de decisão,como um componente necessário de uma sociedade democrática,e crie condições favoráveis que propiciem e estimulem essaparticipação”.

A participação política comporta várias frentes: desde aparticipação em organizações na sociedade, passando pelospartidos políticos, até a ocupação de cargos e de mandatoseletivos no Estado, especialmente nos poderes legislativo eexecutivo, nas instâncias federal, estadual, distrital e municipal.E é assim que o governo federal, no âmbito deste II PNPM, procuratratar a questão, considerando as mais diferentes dimensões eespaços de exercício de poder e decisão. A II Conferência Nacionalde Políticas para as Mulheres reconheceu e validou estaconcepção abrangente de “espaços de poder” ao apontardiretrizes prioritárias para a ação governamental, tanto no âmbito

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do Poder Legislativo em particular e dos partidos políticos emgeral, como também nas esferas do Executivo e Judiciário. NoBrasil, atualmente, a presença das mulheres ocorre de forma maisexpressiva no âmbito das organizações e associações nasociedade, é menor nos partidos políticos e, menor ainda, nosparlamentos e governos. Estas frentes configuram-se comoespaços públicos privilegiados de discussão, decisão e intervençãopolítica. São caminhos que, embora não assegurem,obrigatoriamente, a realização das mudanças desejadas, tornam-se indispensáveis para que elas ocorram. Algumas variáveispodem ser levantadas para explicar esta sub-representação: apersistência da cultura patriarcal que associa os homens aoespaço público e as mulheres ao espaço privado; o peso do podereconômico no processo eleitoral e o custo crescente dascampanhas favorecendo as candidaturas masculinas; o poucotempo dedicado à ação política pelas mulheres, em grande partepela sobrecarga de responsabilidades, pelo acúmulo das tarefasdomésticas e com o cuidados com as/os filhas/os e com osfamiliares doentes, bem como com os cuidados dispensados àspessoas com deficiência e às idosas/os, além dos dedicados àvida laboral; e as trajetórias políticas das mulheres, menosconsolidadas relativamente às dos homens.

Na frente mais adversa à participação das mulheres, a darepresentação polít ica no Estado (governantes eparlamentares), é importante destacar que a sub-representaçãodas mulheres se agrava com o racismo e preconceitos de todaordem. Assim, mulheres negras, indígenas, jovens, lésbicas, comdeficiência, trabalhadoras rurais, trabalhadoras domésticas emulheres dos setores populares são ainda menos presentesnos espaços de poder.

É importante destacar que se passaram décadas entre aconquista do direito de voto das mulheres, em 1932, e aconquista de mandatos eletivos na esfera federal. Somente em1986 foram eleitas deputadas federais em número maisexpressivo (26 deputadas); somente em 1990 foi eleita a primeirasenadora com mandato efetivo; e apenas em 1994 foi eleita aprimeira governadora no país. Além dos cargos eletivos, existeuma gama de indicações realizada pelo presidente da repúblicapara cargos no governo e no poder judiciário, e nas esferasestadual e municipal pelo chefe do executivo correspondente,no que for de sua prerrogativa. A participação das mulheresnas instâncias de poder no país vem crescendo paulatinamente,ainda que de forma muito tímida. A tabela 1, a seguir, traz umretrato dessa participação, em 2008.

Tabela 1 – Distribuição de homens e mulheres, por cargosocupados em instâncias de poder selecionadas – Brasil, 2008.

Fontes: Tribunal Superior Eleitoral; Supremo Tribunal Federal e www.brasil.gov.brNotas: * Refere-se à distribuição dos eleitos, por sexo.** 3 cargos vagos.

Poderes do Estado Cargo/mandato Mulheres Homens Total

Poder Legislativo

Poder Executivo

Poder Judiciário

Deputado/a FederalDeputado/a Estadual/Distrital*Vereador/a*Senador/aPresidenteda RepúblicaGovernador/aPrefeito/a*Ministro/a do STFMinistro/a do STJMinistro/a do TSTMinistro/a do TSEMinistro/a do STM

Nº46

123

6.55610

-3

418254-1

%8,90

11,60

12,6012,30

-11,107,50

18,2012,1215,40

-6,70

Nº467936

45.25271

127

5.1419

25227

14

%91,188,4

87,487,7

100,088,992,581,8

87,8884,6

100,093,3

Nº513

1.059

51.80881

127

5.55911

33**267

15

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

A presença das mulheres no parlamento, embora reduzida,vem crescendo em todo o mundo e, nesse sentido, é importanteconfrontar tal situação com a realidade verificada no Brasil. Nocenário internacional, o Brasil, se foi um dos primeiros países agarantir os direitos políticos às mulheres, atualmente integra ogrupo dos países com desempenho intermediário/ruim quantoà presença de mulheres no Parlamento: 8,6% na Câmara dosDeputados e 12,3% no Senado Federal. Segundo o Inter-Parliamentary Union, organização internacional que realiza oacompanhamento da presença feminina na política institucional,o país encontrava-se, em novembro de 2007, na 99ª posiçãoentre 189 países, estando abaixo da média das Américas, quefoi de 19,5% para Câmara e 17,3% para Senado. À frente doBrasil, está grande parte dos países da América Latina, comdestaque para a Argentina e o Peru, que se encontram entre os20 primeiros da lista.

Para além da presença feminina na política institucional, ou seja,nos cargos e postos da administração direta e indireta, valelembrar que são diversas as formas de participação política,podendo-se destacar alguns mecanismos e instrumentos noâmbito do Estado, da sociedade organizada e dos partidospolíticos.

No caso da participação político-partidária feminina, esta écrescente ao longo dos anos e uma de suas expressões é o elevadopercentual de mulheres no total de filiadas/filiados. Apesar disso,elas ainda se mantêm como minoria nas direções partidárias.Atualmente são 29 partidos com registro no Tribunal SuperiorEleitoral. Pela Constituição Brasileira, os partidos são autônomosao definir sua estrutura interna, organização e funcionamento,

por meio de seus estatutos, e estão regulamentados pela Lei no

9.096/95 – Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Diante disto, éimportante reconhecer os limites de atuação do poder executivosobre estas estruturas. De fato, não se pode impor aos partidosqualquer medida de promoção da igualdade – a exemplo doestabelecimento de cotas para mulheres nas direções ou dereserva de tempo na propaganda partidária – cabendo aogoverno federal o incentivo à adoção de tais práticas, seja viasensibilização e capacitação dos dirigentes partidários e demaisfiliados, seja por meio de campanhas que abordem a temática. Apartir da maior presença das mulheres nos partidos políticos,algumas destas instâncias começam a se sensibilizar e a assumira bandeira da igualdade de gênero, adotando plataformas emdefesa dos direitos das mulheres e implementando políticaspartidárias de promoção e ampliação da participação feminina.Diversos partidos criaram instâncias de mulheres para aformulação e o acompanhamento de uma política de gênero emâmbito partidário. Tais instâncias, em maior ou menor medida,desenvolvem uma articulação com os movimentos de mulherese estabelecem conversações entre si, a exemplo da constituiçãodos Comitês Multipartidários de Mulheres. Entretanto, poucospartidos adotaram o sistema de cotas por sexo para a composiçãode suas direções em seus estatutos, disciplinando que cada sexotenha pelo menos 30% das vagas de direção.

Cabe ressaltar, ainda, que os partidos têm um papel fundamentalno sistema político brasileiro na medida em que possibilitam,com exclusividade, o acesso a cargos e mandatos eletivos. Porconseguinte, assumem responsabilidades com o equacionamentodos problemas da realidade brasileira e com a educação políticadas cidadãs e cidadãos.

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No âmbito da sociedade organizada, destacam-se osmovimentos feministas e os de mulheres em sua ampladiversidade: de mulheres negras, indígenas, lésbicas,trabalhadoras rurais e domésticas, donas de casa, associaçõesde mães, entre outros. Estes agrupamentos se sustentam emidentidades para além da referência de gênero, em suasconvergências com a condição social, de raça/etnia, deorientação sexual, entre outras.

Outros espaços de participação das mulheres são os movimentos:ambientalista, negro, de direitos humanos, de lésbicas, gays,bissexuais e transgêneros (travestis e transexuais), de pessoascom deficiência, de idosas, de crianças e adolescentes e de jovens.Os movimentos feministas e de mulheres têm aprofundado suasparcerias e alianças com estes movimentos sociais, gerandovínculos de solidariedade e fortalecendo a compreensão de quea construção de uma sociedade justa e humana passa pelasuperação de todos os tipos de discriminação e desigualdade.

Para além destas, as mulheres também apresentam grandeenvolvimento em instituições e movimentos mais amplos eabrangentes, como os de bairro, associações profissionais,sindicatos, centrais sindicais, universidades e partidos políticos.Nessas instituições, as mulheres comumente se agrupamconstruindo espaços que assumem a forma de coordenações,departamentos e núcleos com vistas a desenvolver estudos eapresentar propostas sobre a temática das mulheres e dasrelações de gênero junto às respectivas instituições, ao Estadoe à sociedade. Os núcleos de estudos e pesquisas sobremulheres e gênero nas universidades públicas e particularesdo país vêm colocando o tema no âmbito da produção daciência e das novas tecnologias.

A participação ativa das mulheres é indispensável à construçãoda democracia e da cidadania e assume um caráter crítico epropositivo na construção das plataformas feministas dirigidasao poder público, como contribuição para a elaboração de leis epara a administração pública, e para as candidaturas político-partidárias, no sentido de sensibilização e estabelecimento decompromissos das/os candidatas/os. Muitas de suas ações têmproduzido desdobramentos concretos em termos de inovações econquistas legislativas e de políticas públicas.

Ao longo de nossa história, as mulheres participaram dosmovimentos pela abolição da escravatura, pela criação daRepública, pela paz, por melhores condições de vida, de trabalhoe moradia, pelo fim dos regimes autoritários e de exceção, pelasreformas agrária e urbana. Lutaram pelo direito à educação, aovoto e ao trabalho remunerado das mulheres, contando com oapoio de diversos setores da sociedade e diferentes forçaspolíticas. Nos anos setenta, as mulheres brasileiras aprofundaramsua organização na luta por relações igualitárias e por uma novainserção na sociedade, para além do espaço privado, rumo auma maior presença no espaço público – esfera de decisão sobredireitos e oportunidades e de enfrentamento dos problemassociais e construção do bem-estar de cidadãs e cidadãos.

Os movimentos feministas agregaram novos valores, discursos,práticas e afetos, apontando a necessidade de que a democraciafosse afirmada em todas as relações sociais e não apenas noespaço público, mas também no espaço privado. Paralelamente,tornam públicos (expuseram/tornaram públicos) fenômenos, atéentão, considerados pessoais e privados – como a violênciadoméstica, violência sexual, dupla jornada, aborto –,

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transformando-os em objeto de demandas por nova legislaçãoe políticas públicas.

Em 1975, declarado Ano Internacional da Mulher pelaOrganização das Nações Unidas – ONU, o movimento feministaganha visibilidade e começa a multiplicar-se. Nas décadasseguintes, no Brasil, o movimento se expandiu para sindicatose movimentos de trabalhadores rurais, associações demoradores, movimento negro, organizações juvenis e partidospolíticos, adquirindo diversos formatos em sintonia com essesdiferentes espaços.

Como resultado de toda essa mobilização, em 1985, foi criado oConselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDM, vinculadoao Ministério da Justiça. Os Conselhos são instâncias da maiorrelevância na medida em que constituem espaços de controlesocial e de interlocução da sociedade civil organizada e delideranças expressivas com os governos, via suas respectivasrepresentações. Dedicam-se à formulação, monitoramento eavaliação de políticas públicas, uma vez que a implementaçãodas políticas tende a recair sobre a estrutura própria de governo.Podem ser setoriais, referidos a políticas específicas, ou de direitos,voltados para determinados segmentos, a partir doreconhecimento de que enfrentam desigualdades e discriminaçõespor razões históricas e culturais. Quanto à sua natureza, podemser deliberativos, com poder de determinação, acompanhamentoe fiscalização de políticas públicas, ou consultivos, em que dãosua contribuição nesse sentido, sem haver, entretanto, aobrigatoriedade de que seja observada.

De fato, a criação dos Conselhos de direitos – de caráterfacultativo em cada administração estadual e municipal – tem

sido uma bandeira dos movimentos de mulheres. Atualmente,contabilizam-se 23 Conselhos estaduais e 183 Conselhosmunicipais. A partir do entendimento de que estes mecanismosinstitucionais são insuficientes para enfrentar o desafio detransformar as relações de gênero e a situação das mulheres noBrasil, os movimentos passaram a lutar também por mecanismosde governo, com poder de execução, de maior articulação depolíticas para mulheres e melhores condições de intervençãopública, por contarem com estrutura e orçamento próprios, comoas Secretarias e Coordenadorias de Mulheres ou Núcleos dePolíticas para as Mulheres. Hoje existem no país 17 órgãosexecutivos estaduais e 162 municipais.

Além dos Conselhos, e de forma norteadora para a formulaçãoe implementação de políticas públicas, colocam-se asConferências Nacionais, que produzem subsídios para aelaboração dos Planos Nacionais correspondentes. AsConferências Nacionais são chamadas pelo poder público comregularidade, sendo precedidas por conferências municipais eestaduais. A sua instauração é um processo privilegiado demobilização para o debate, de realização de sínteses e deestabelecimento de acordos, consensos e compromissos.

O I PNPM consolidou a atuação de 17 ministérios e secretariasdo Governo Federal no que diz respeito às políticas de gêneropor eles desenvolvidas. Sua implementação e resultados foramavaliados, em agosto de 2007, na II Conferência Nacional dePolíticas para as Mulheres (II CNPM). Além da avaliação e darevisão do I PNPM, as delegadas discutiram também a questãoda participação das mulheres nos espaços de poder. Comoresultado, foi aprovada, na plenária final da Conferência, ainclusão de um novo eixo no II Plano que apresentasse ações

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

especificamente voltadas para o tema da participação e darepresentação política feminina. Para auxiliar nesta construção,foi instituído, em 2007, o Fórum Nacional de Instâncias deMulheres de Partidos Políticos, espaço suprapartidário que reúneinstâncias de mulheres, inclusive as que atualmente exercemmandatos eletivos ou cargos na administração pública, e que,por conta da experiência política acumulada, em muito podemcontribuir para o delineamento da intervenção pública.

Em junho de 2007, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher(CNDM) e a Bancada Feminina do Congresso Nacional, com oapoio da SPM, promoveram um ato público, no gramado doCongresso Nacional com o objetivo de chamar a atenção para apersistente ausência de mulheres dos espaços de poder e paraque a reforma política fosse pensada também a partir de umenfoque de gênero. Com o lema “Nem menos nem mais: apenasiguais”, as mulheres demonstraram preocupação com os rumosda reforma política no país e exigiram maior participação noParlamento brasileiro.

Durante o manifesto, uma carta assinada pelo CNDM, pelaBancada Feminina no Congresso Nacional e pelo Fórum Nacionalde Instâncias de Mulheres de Partidos Políticos foi distribuídaaos parlamentares com reivindicações como a lista pré-ordenadacom alternância de sexo – um homem, uma mulher –, 30% dotempo na propaganda eleitoral do rádio e TV para candidaturasde mulheres e 30% da destinação de recursos do Fundo Partidáriopara os organismos de mulheres dos partidos políticos.

Muitas das ações e recomendações aprovadas nas plenárias

das conferências municipais, estaduais e nacional reforçam a

necessidade de mudanças nos valores e princípios que embasam

as relações de gênero e a avaliação da condição feminina pela

sociedade em geral. Em outras palavras, essas iniciativas

pretendem atingir a própria formação cultural da sociedade, no

que tange às representações consagradas de homens e mulheres

e aos lugares ocupados por ambos. Nesse sentido, trabalha-se

na criação de procedimentos e mecanismos que estimulem novas

percepções e atitudes, desconstruindo mitos e preconceitos que

alimentam as desigualdades, também no âmbito das famílias e

dos espaços privados, nos quais as relações de poder entre os

sexos começam a ser engendradas.

O ideal do equilíbrio de poder entre homens e mulheres encontra-

se plasmado em diferentes instrumentos internacionais de

afirmação de direitos, como no Consenso que emergiu da X

Conferência da Mulher Latinoamericana e Caribenha realizada

em Quito, em 2007. Neste documento a paridade política é

colocada como elemento central à realização do princípio da

igualdade nestes países.

Por fim, trabalhar para ampliar a participação das mulheres nos

espaços de poder e decisão é trabalhar para consolidar e

aperfeiçoar a democracia brasileira.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

I. Promover e fortalecer a participação igualitária, plural emultirracial das mulheres nos espaços de poder e decisão.

OBJETIVO GERAL

I. Promover a mudança cultural na sociedade, com vistas àformação de novos valores e atitudes em relação à autonomia eempoderamento das mulheres;

II. Estimular a ampliação da participação das mulheres nospartidos políticos e nos Parlamentos federal, estadual e municipale nas suas instâncias de poder e decisão;

III. Estimular a ampliação da participação das mulheres noscargos de decisão dos poderes constituídos (Executivo,Legislativo e Judiciário) em todos os níveis, respeitando-se osrecortes de raça/etnia;

IV. Estimular a ampliação da participação de mulheres nos cargosde liderança política e de decisão no âmbito das entidadesrepresentativas de movimentos sociais, sindicatos, conselhos denaturezas diversas, e em todos os tipos de associação em quemudanças nesse sentido se façam necessárias;

V. Estimular a ampliação da participação das mulheres indígenase negras nas instâncias de poder e decisão;

VI. Estimular a participação e o controle social nas políticas públicas;

VII. Inserir no debate da reforma política o tema da paridade narepresentação parlamentar.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

A – Garantir a plena aplicação da Lei no 9.504/97, considerandoa proporção das mulheres negras e indígenas na população;

B – Aumentar em 20% o número de mulheres nos cargos dedireção (DAS 3, 4, 5 e 6) do Poder Executivo, considerando aproporção das mulheres negras e indígenas na população;

C – Ampliar em 20% nas eleições de 2010 o número de mulheresno Parlamento Nacional (Câmara e Senado Federal), considerandoa proporção das mulheres negras e indígenas na população;

D – Ampliar em 20% nas eleições de 2010 a participação demulheres nas Assembléias Legislativas Estaduais, considerandoa proporção das mulheres negras e indígenas na população;

E – Ampliar em 20% nas eleições de 2008 a participação demulheres nas Câmaras de Vereadores, considerando a proporçãodas mulheres negras e indígenas na população;

F – Realizar, no mínimo, 10 reuniões do Fórum de Instâncias deMulheres dos Partidos Políticos;

G – Contribuir para a criação e o fortalecimento de conselhosestaduais de promoção e defesa dos direitos das mulheres nas27 Unidades da Federação;

H – Contribuir para a criação e o fortalecimento de conselhosmunicipais dos direitos da mulher na totalidade dos municípioscom mais de 100 mil habitantes;

I – Realizar amplo debate na sociedade sobre a participaçãoparitária das mulheres nos espaços de poder e decisão;

J – Revisar a lei de cotas eleitorais.

METAS

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

5.1. Sensibilização da sociedade e implementação de estratégiaspara a ampliação da participação das mulheres nos espaços depoder e decisão;

5.2. Criação de mecanismos de apoio à participação político-partidária das mulheres;

5.3. Fortalecimento da participação social na formulação eimplementação das políticas públicas de promoção da igualdadede gênero e de combate a todas as formas de discriminaçãobaseadas na raça/etnia, geração, orientação sexual, entre outrasrelacionadas à diversidade humana e cultural;

5.4. Criação, revisão e implementação de instrumentosnormativos com vistas à igualdade de oportunidades entrehomens e mulheres, e entre as mulheres, na ocupação de postosde decisão nas distintas esferas do poder público.

PRIORIDADES

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 5.1. Sensibilização da sociedade e implementação de estratégias para a ampliação da participação das mulheresnos espaços de poder e decisão.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

5.1.1 Sensibilizar profissionais da mídia sobre aimportância da participação das mulheres nos espaçosde poder.

5.1.2. Criar portal sobre a participação das mulheresnos espaços de poder.

5.1.3. Apoiar ações de formação política das mulheresadultas e jovens, em sua diversidade étnico-racial, parao exercício da liderança e do controle social.

5.1.4. Desenvolver ações e campanhas sobre aimportância e necessidade da ampliação daparticipação política das mulheres, estimulando afiliação partidária e candidaturas e o voto em mulheresem todos os níveis, considerando as diversidades deraça e etnia.

5.1.5. Realizar eventos de sensibilização para estimulara participação das mulheres nos cargos de direção dosPoderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

5.1.6. Promover/estimular estudos, debates e outrasmedidas para ampliar a participação das mulheres noscargos de direção das organizações sindicais detrabalhadores e empregadores, assim como dasempresas privadas.

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

2011

2008

2011

2011

2011

2011

Profissionalatendido/a.

Portal emfuncionamento.

Ação apoiada.

Campanharealizada.

Evento realizado.

Estudo/eventorealizado.

Secom, Agências dasNações Unidas, Órgãos deimprensa e sindicatos da

categoria.

Agências das NaçõesUnidas, ONGs, Poder

Legislativo.

SEDH, ONGs, movimentofeministas e de mulheres,estados, municípios, Ban-cada Feminina do Con-gresso Nacional, instân-

cias de mulheres dospartidos políticos, Poder

Legislativo.

Secom, Agências dasNações Unidas, ONGs,Poder Legislativo, movi-mentos feminista e de

mulheres.

Agências das NaçõesUnidas.

Organizações sindicais.

1433/8844

Não orçamentária

1433/88441433/8834

1068/4641

1433/88441433/8834

Não orçamentária

PLANO DE AÇÃO

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 5.2. Criação de mecanismos de apoio à participação político-partidária das mulheres.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

5.2.1. Consolidar o Fórum de Instâncias de Mulheresdos partidos políticos.

5.2.2. Desenvolver ações de sensibilização nos partidospolíticos sobre a participação das mulheres nos espaçosde poder.

5.2.3. Produzir material para incorporação da temáticada igualdade de gênero nas plataformas eleitorais dehomens e mulheres.

5.2.4. Capacitar as mulheres candidatas paraparticipação nas eleições, considerando suasespecificidades étnico-raciais.

5.2.5. Realizar ações de sensibilização para estimulara candidatura de mulheres nas eleições municipais,estaduais e federal.

5.2.6. Buscar o compromisso do TSE para a inclusãodo quesito raça/cor nas fichas de inscrição decandidatas/os nas eleições.

5.2.7. Apoiar ações de advocacy para a incorporaçãoda agenda das mulheres, considerando a perspectivaétnico-racial, pelos partidos políticos e pelas instituiçõesdos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário nas trêsesferas da Federação.

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

SPMSeppir

SPMSeppir

2011

2011

2010

2010

2011

2008

2011

Reuniãorealizada.

Evento realizado.

Materialdistribuído.

Candidatacapacitada.

Evento realizado.

Quesito raça/etniaincorporado nas

fichas.

Ação apoiada.

Agências das NaçõesUnidas.

Agências das NaçõesUnidas, ONGs, Poder

Legislativo.

Agências das NaçõesUnidas, ONGs, Poder

Legislativo.

Seppir.

ONGs, movimento femi-nistas e de mulheres, esta-dos, municípios, BancadaFeminina no CongressoNacional, Instâncias de

mulheres dos partidos po-líticos, Poder Legislativo.

TSE.

MJ.

Não orçamentária

1433/88441433/8834

1433/88441433/8834

1433/88441433/8834

1433/88441433/8834

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 5.2. Criação de mecanismos de apoio à participação político-partidária das mulheres.

Prioridade 5.3. Fortalecimento da participação social na formulação e implementação das políticas públicas de promoçãoda igualdade de gênero e de combate a todas as formas de discriminação baseadas na raça/etnia, geração, orientaçãosexual, entre outras relacionadas à diversidade humana e cultural.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

SPM

SPM

2011

2011

Mulhercapacitada.

Partido políticocom secretaria de

mulher.

Agências das NaçõesUnidas, ONGs, Poder

Legislativo.

Movimentos feministase de mulheres.

5.2.8. Sensibilizar prefeitas, governadoras, vereadoras,senadoras, deputadas estaduais/distritais e federaiseleitas para incorporação das diretrizes do PNPM nosseus mandatos.

5.2.9. Incentivar a criação de Secretarias de Mulheresem todos os partidos políticos, com a garantia derecursos para o seu funcionamento, respeitando-se osrecortes étnico-raciais, de classe e de orientação sexual.

1433/88441433/8834

Não orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

5.3.1. Apoiar a criação e o fortalecimento de conselhosestaduais e municipais dos direitos da mulher.

5.3.2. Assegurar o funcionamento efetivo do ConselhoNacional dos Direitos da Mulher.

5.3.3. Realizar a III Conferência Nacional de Políticaspara as Mulheres, precedida das etapas municipal eestadual, em 2011.

5.3.4. Implantar o Fórum de Discussão on-line daSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres.

SPM

SPM

SPM

SPM

2011

2011

2011

2008

Conselho estadual/municipal apoiado.

Reunião/ eventorealizado.

III CNPM realizada.

Fórum dediscussão

implantado.

Estados e municípios.

ONGs, Movimentosfeministas e de mulheres.

Órgãos integrantes doComitê de Monitoramen-to do PNPM, estados e

municípios.

DIRTI

1433/8838

1433/8840

1068/22721433/8838

Não orçamentária

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 5.3. Fortalecimento da participação social na formulação e implementação das políticas públicas de promoçãoda igualdade de gênero e de combate a todas as formas de discriminação baseadas na raça/etnia, geração, orientaçãosexual, entre outras relacionadas à diversidade humana e cultural.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

5.3.5. Promover a capacitação de conselheiras dosConselhos dos Direitos das Mulheres em todas asesferas.

5.3.6. Estimular a ampliação da participação dasmulheres indígenas, negras e jovens na formulação,implementação e avaliação de políticas públicas.

5.3.7. Apoiar técnica e financeiramente a capacitaçãode lideranças do movimento de mulheres e feministana promoção de políticas e ações de enfrentamentodo racismo, sexismo e lesbofobia e ações afirmativas.

5.3.8. Estimular a organização nacional e internacionalde mulheres jovens e idosas.

5.3.9. Apoiar a implementação do Estatuto do Idosoe do Estatuto da Criança e do Adolescente.

5.3.10. Garantir o direito à participação de mulheresjovens com deficiência intelectual e transtornosmentais em projetos, programas e políticas de governo.

SPM

SPMSeppir

SG

SPM

SPM

SEDH

SEDHSPM

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Conselheiracapacitada.

Mulher indígena/negra/ jovem nasinstâncias de pla-nejamento, avalia-ção e monitora-

mento de políticas.

Mulhercapacitada.

Evento realizado.

Políticaimplementada.

Mulher jovempartícipe deinstâncias

governamentais.

Órgãos integrantesdo Comitê de

Monitoramento do PNPM.

Funai, Órgãos integrantesdo Comitê de

Monitoramento do PNPM.

Seppir, SEDH, Funai,organizações de mulheresnegras, indígenas, movi-mentos feministas e de

mulheres.

SG.

SPM.

ONGs, movimentosfeministas e de mulheres

jovens.

1433/8840

Não orçamentáriaNão orçamentáriaNão orçamentária

1433/8834

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

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Prioridade 5.4. Criação, revisão e implementação de instrumentos normativos com vistas à igualdade de oportunidadesentre homens e mulheres, e entre as mulheres, na ocupação de postos de decisão nas distintas esferas do poder público.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

5.4.1. Elaborar proposta de revisão da lei de cotas noâmbito de uma comissão tripartite (Executivo, Legis-lativo e Sociedade Civil).

5.4.2. Elaborar projeto de lei de igualdade de direitos,tratamento e oportunidades entre mulheres e homensque garanta a efetivação de direitos.

5.4.3. Revisar e implementar o Decreto Presidencial nº4.228, de 13 de Maio de 2002, que institui no âmbitoda Administração Pública, direta e indireta, o ProgramaNacional de Ações Afirmativas.

5.4.4. Instituir no âmbito da Administração Pública,direta e indireta, medidas de ação afirmativa e dediscriminação positiva que garantam a realização demetas percentuais de participação das mulheres nasfunções de presidência, direção, coordenação, geren-ciamento e assessoria, incluindo medidas administra-tivas e de gestão estratégica ao cumprimento destasmedidas.

SPM

SPM

Casa CivilSPM

Seppir

SPMCasa Civil

2009

2009

2010

2011

Projeto de Leiencaminhado ao

CongressoNacional.

Projeto de Leiencaminhado ao

CongressoNacional.

DecretoPresidencialrevisado epublicado.

Açãoimplementada.

Movimentos feministae de mulheres, Poder

Legislativo.

MJ.

MPOG, SEDH, MRE, MDA,MCT, MTE, MinC, Ipea.

Seppir, MPOG.

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

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Capítulo 6: Desenvolvimento sustentável no meiorural, cidade e floresta, com garantia de justiça

ambiental, soberania e segurança alimentar

A II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheresreconheceu, como um dos eixos prioritários de intervenção públicana área de promoção da igualdade de gênero, a questão dodesenvolvimento sustentável na perspectiva de gênero e aconseqüente ampliação da justiça ambiental. Foram aprovadasalgumas prioridades relacionadas à necessidade da universa-lização do direito a terra e à água, da garantia da segurançaalimentar e de uma educação ambiental que inclua ações decapacitação para o controle social, sempre na perspectiva de segarantir visibilidade e reconhecimento à contribuição dasmulheres em todos estes espaços, bem como o respeito àsdiversidades étnico-raciais, de orientação sexual, geracionais,entre outras.

Como resultado destas demandas, originadas especialmente dosmovimentos sociais feministas, de mulheres e ambientalistas ede instâncias do Governo Federal envolvidas com o tema,

aprovou-se na II Conferência a formatação de um novo capítuloque tratasse exclusivamente desta temática. A questão dodesenvolvimento sustentável, porém, revela-se transversal e,nesse sentido, as ações dispostas neste capítulo não esgotamtoda a atuação pública que, ao contrário, encontra-se dispersaem diversos outros espaços deste Plano, a exemplo do capítulo7 que trata do acesso a terra, do capítulo 1 que discute o acessoà água, em especial por meio do Programa de Cisternas, e devários outros capítulos que tratam de direitos sociais, econômicose culturais.

Alguns marcos internacionais significativos balizam odesenvolvimento de ações nesta área. Os acordos e convençõesnacionais e internacionais assinados e ratificados pelo Brasil játraziam em seus dispositivos a preocupação em se garantir aparticipação das mulheres em condições de eqüidade naconstrução de novos modelos de desenvolvimento sustentável.

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De fato, o II PNPM incorpora um conjunto de perspectivas eações que vêm sendo propostas desde a Conferência das NaçõesUnidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92, daqual o governo brasileiro e os movimentos feministas e demulheres participaram ativamente. As reivindicações lá aprovadasvêm ganhando cada vez maior visibilidade e mobilizandoamplos setores, não só dos movimentos sociais, mas tambémde esferas governamentais no Brasil e no mundo.

A Carta da Terra e a Agenda 21 Global – resultados da Rio 92 ereferências éticas para a busca da sustentabilidade – elegeramcomo princípios orientadores de consenso a necessidade de seefetivarem mudanças nos padrões de produção e consumo, dese garantir o pleno exercício dos direitos humanos e a inclusãodas mulheres e das crianças em todas as dimensões da cultura eda política e, em especial, de se promover o combate à pobreza.

Em seu terceiro princípio: Justiça Social e Econômica, a Carta daTerra aponta a necessidade de se “afirmar a igualdade e aeqüidade de gênero como pré-requisitos para o desenvolvimentosustentável e assegurar o acesso universal à educação, àassistência de saúde e às oportunidades econômicas”. Para tanto,faz-se necessário não apenas assegurar os direitos sociais dasmulheres e das meninas – trabalhando pelo fim de todo equalquer tipo de violência –, mas também promover aparticipação ativa das mulheres em todos os aspectos da vidaeconômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenase paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.

A Carta da Terra destaca também a importância da defesa dosdireitos de todas as pessoas, sem qualquer forma de

discriminação, a um ambiente natural e social capaz de assegurara dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual,concedendo-se especial atenção aos direitos dos povos indígenase outros grupos em situação de maior vulnerabilidade. Istoimplica, portanto, na eliminação da discriminação em todas suasformas – de raça/etnia, de gênero, de orientação sexual, de religião,de idioma e de origem nacional ou social, entre outras –; naafirmação do direito dos povos indígenas à sua espiritualidade,conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticasrelacionadas a formas sustentáveis de vida; e no apoio e respeitoaos jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprirseu papel essencial na criação de sociedades sustentáveis e naproteção e restauração dos lugares notáveis por seus significadosespirituais e culturais.

Os movimentos sociais, em especial os ambientalistas, feministase de mulheres, influíram decisivamente na conformação daAgenda 21 com o propósito de promover a integração plena damulher em todas as atividades relativas ao desenvolvimentosustentável, particularmente em relação à sua participação nomanejo dos ecossistemas e no controle da degradação ambiental;bem como de aumentar a proporção de mulheres nos postos dedecisão, planejamento, assessoria técnica, manejo e divulgaçãonas áreas de meio ambiente e desenvolvimento.

Assim, em seu capítulo 24 – Ação mundial pela mulher comvistas a um desenvolvimento sustentável e eqüitativo –, a Agenda21 propôs um conjunto de ações da maior relevância quepermanecem persistentemente atuais. Estas, que ganham agoramaior sustentação, abrangem desde ações que objetivamassegurar o pleno acesso da mulher ao crédito rural, aos insumos

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e implementos agrícolas, até aquelas desenvolvidas para aeliminação de imagens, estereótipos, atitudes e preconceitosnegativos contra a mulher.

Em atendimento ao acordado na Rio 92 (expresso nestes docu-mentos) e frente à proximidade da Rio+5, o governo brasileiroiniciou, em 1997, sob o protagonismo do Ministério do MeioAmbiente, os movimentos necessários à construção da Agenda21 Brasileira. Para coordenar o processo foi criada uma comissãoparitária entre governo e sociedade civil, denominada Comissãode Políticas para o Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 21Nacional – CPDS. Em junho de 2002, momento em que seaproximava a Conferência de Joanesburgo – Rio+10, o Brasilconcluiu sua Agenda 21 que, tomando por base a Agenda 21Global, definiu metodologias que deixaram clara a necessidadede se adotarem caminhos próprios e adequados à realidadenacional e que considerassem, simultaneamente, aspotencialidades e vulnerabilidades do país, incorporando anecessidade de se avançar nas propostas por justiça ambiental.

A partir de 2003, a Agenda 21 Brasileira não somente entrou nafase de implementação assistida pela CPDS, como também foielevada à condição de Programa do Plano Plurianual, 2004-2007.É constituída pela “Agenda 21 Brasileira – Resultado da ConsultaNacional” – que traz as propostas e demandas resultantes dosdiferentes debates estaduais e regionais – e pela “Agenda 21Brasileira – Ações Prioritárias” – que estabelece os caminhospreferenciais da construção da sustentabilidade brasileira eenumera em suas ações prioritárias os desafios emergenciais aserem enfrentados rumo a um novo desenvolvimento –, que seencontram em constante monitoramento e ajuste. Seus mais de

21 objetivos estratégicos incorporam a necessidade da inclusãosocial para uma sociedade solidária, de uma estratégia para asustentabilidade urbana e rural para o manejo dos recursosnaturais estratégicos – água, biodiversidade e floresta – e degovernança e ética para a promoção desta sustentabilidade.

A transversalidade de gênero em suas múltiplas intersec-cionalidades, incorporada na Agenda 21 Brasileira, reconheceas mulheres como parceiras e cúmplices do desenvolvimentosustentável. Neste longo percurso, que é a construção dodesenvolvimento sustentável, cabe um papel especial àsmulheres, ciosas de igualdade de gênero e de justiça social. AAgenda reafirma seu compromisso com a necessidade deproteger os segmentos mais vulneráveis da população –mulheres, negros e jovens –, considerando que as desigualdadessociais incidem especialmente sobre a população negra, cujosindicadores sociais são, em média, 50% inferiores aos dapopulação branca. Identifica na forma de inserção das mulheresna sociedade outra fonte de desequilíbrio social, em especialpelo menor valor agregado às suas atividades, particularmentepara aquelas que desempenham hoje a função de chefes defamília e contam com baixas remunerações.

Reconhece, ainda, como outro vetor de desigualdades, asituação de vulnerabilidade da população jovem que contacom oportunidades reduzidas, além de constituírem as principaisvítimas da violência urbana, das drogas e de outras situações derisco. Considera, por fim, que todos os programas dedesenvolvimento sustentável do Brasil rural deverão ter um fortecomponente de ações afirmativas voltadas às mulheres, àscrianças, aos negros, aos índios e aos deficientes, bem como a

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necessidade de fortalecer o papel protagonista da mulher nasociedade, inclusive na política, incorporando valores de respeitoà natureza, à paz, à coesão social e à igualdade de gênero.

Neste contexto, e atuando para a superação dos desafioscolocados em prol de maior justiça ambiental, o Ministério doMeio Ambiente aprovou uma nova diretriz para a implementaçãode seus programas, projetos e ações, qual seja “apoiar açõesque visem enfrentar as desigualdades de gênero relacionadasàs questões ambientais, considerando os princípios e diretrizesdo Plano Nacional de Políticas para as Mulheres”. Resultado daarticulação com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheresiniciou-se um processo de discussão interna que contribuiu paraa incorporação da perspectiva de gênero também nas diretrizesdo Ministério do Meio Ambiente na construção do seu PlanoPlurianual 2008-2011.

Buscar o desenvolvimento sustentável no meio rural, na cidadee na floresta, com garantia de justiça ambiental, soberania esegurança alimentar – tal como aprovado na II CNPM e definidoneste capítulo do Plano –, requer a proposição de novos modelosde desenvolvimento civilizatórios. Estes podem ser entendidoscomo aqueles que advogam a conservação e a realimentaçãodas fontes de recursos naturais frente a sua exploraçãoindiscriminada e seu esgotamento. São modelos que avançamna superação de todas as formas de iniqüidades, promovem umarepartição mais justa dos benefícios alcançados e não sãomovidos por interesses imediatos, mas, ao contrário, de baseiamem planejamento e, por isso mesmo, são capazes de sesustentarem espacial e temporalmente.

Em uma era de limites, o desenvolvimento que não é capaz deincorporar critérios de sustentabilidade e de conciliar respostasàs necessidades do presente e ao direito das gerações futurasnão pode ser entendido como tal. As propostas de preservaçãoambiental que não consideram as reais necessidades ambientaispara alcançar o desenvolvimento social, também não podem serconsideradas viáveis. Do mesmo modo, sem a eliminação dapobreza não é possível garantir desenvolvimento sustentável.São inúmeros os exemplos e denúncias de como a pobreza éresponsável pela gravidade dos problemas ambientais e de comoas populações mais pobres são as que mais sofrem com asconseqüências de tais problemas. A Organização Mundial deSaúde estima que de 2 a 5 milhões de pessoas morrem por anoem função da poluição no interior de suas casas, o que significa10% da mortalidade mundial. São principalmente mulheres ecrianças, intoxicadas pelo uso de combustíveis como esterco,papelão ou outros materiais que queimam para cozinhar.

Avançando na perspectiva de superação de tais desafios, a IIConferência Nacional de Políticas para as Mulheres, assim comoa Marcha das Margaridas de 2007, estabeleceu entre suas pro-posições a urgência de se assegurar não só o entendimento,como o compromisso público/político das instâncias de governoe movimentos sociais, de que a terra a e água são essenciais àvida humana e ao desenvolvimento sustentável e solidário. Semreforma agrária, sem a plena democratização da terra e da águae da garantia de seu acesso – particularmente pelas mulheresnegras, pobres, trabalhadoras rurais e da floresta, pelos povosindígenas, comunidades quilombolas e tradicionais – não podehaver soberania ou segurança alimentar e nutricional.

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Mesmo que se venha reconhecendo cada vez mais o papel dasmulheres no interior das diversas comunidades em suas lutaspelo manejo dos recursos e conservação da biodiversidade, talreconhecimento não se expressa ainda na ampliação de espaçosde sua participação nos processos e instâncias de tomadas dedecisão. Interessa às mulheres do campo, da floresta e da cidadea participação nas discussões e práticas que, em toda suacomplexidade, incorporam inovações tecnológicas e associam aagroecologia ao acesso à terra e ao manejo ecológico dos recursosnaturais e hídricos, bem como assumem novos modos de produzire trabalhar a terra, considerando a garantia de sustentabilidadee desenvolvimento dos sistemas de manejo comunitário dosrecursos florestais. Constroem-se, assim, nos processos produtivos,relações sociais de respeito ambiental e práticas de garantia àdiversidade dos ecossistemas e preservação dos mananciais.

Logo, faz-se importante desenvolver políticas de empoderamentoe autonomia que propiciem às mulheres assumirem seuprotagonismo nos processos de gestão dos recursos naturais ehídricos e nas decisões técnicas nas diversas áreas que envolvemas mudanças climáticas, a proteção dos ecossistemas frágeis, aconservação da diversidade biológica e o manejo ambientalmentesaudável da biotecnologia. Tais políticas pressupõem a existênciade diagnósticos que, levando em conta as dimensões das relaçõesde gênero, dêem visibilidade à centralidade das açõesdesenvolvidas pelas mulheres tanto nas Unidades de Conservaçãode Uso Sustentável, como nas comissões, conselhos gestores edemais instâncias do Sistema Nacional de Meio Ambiente eRecursos Hídricos.

A soberania hídrica, contemplando os múltiplos usos da águacomo um bem comum, não privatizável e de acesso universal, é

outro dos preceitos básicos para a garantia de justiça ambiental.Na luta pela democratização e qualidade da água, pelapreservação de mananciais, pela recomposição de matas ciliares,entre outras ações para garantir o amplo acesso à água comqualidade, se faz necessária a adoção de estratégias e políticasespecíficas que atendam à diversidade sócio-ambiental de cadauma das regiões do país. Nesta perspectiva, se coloca comofundamental a necessidade de ampliação e aprofundamento dosdebates em torno de estratégias de convivência, por exemplo,com a seca no semiárido brasileiro.

Em função das iniqüidades de gênero que continuam aindaatribuindo a sobrecarga dos trabalhos domésticos às mulheres emeninas, particularmente às pobres e negras, é sobre estas queainda recai o peso do acesso e gestão da disponibilidade ouindisponibilidade dos recursos hídricos, bem como da produção,manejo e sustentabilidade de diversos recursos naturais. Tantoem regiões de escassez de água, tal como no semi-árido, quantonaquelas de abundância, como na Amazônia, para as mulherese meninas a falta de acesso aos serviços é a mesma. Taissobrecargas, com relação ao acesso à água potável, levam a queas políticas de privatização dos serviços de distribuição de água– que não podem ser entendidas como neutras em termos deequidade de gênero – causem impacto diretamente no cotidianodas mulheres, particularmente daquelas que vivem em situaçãode pobreza.

Os direitos à terra, ao acesso e ao controle eqüitativo sobre aságuas constituem-se em direitos fundamentais de todas e todos,integrando o direito indissociável ao desenvolvimento e àsoberania alimentar para todos os povos e habitantes do planeta.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

A partir deste arcabouço entende-se que a gestão das políticasde recursos hídricos que leve em conta a dimensão de gêneropode e deve constituir-se em mecanismo facilitador do trabalhocotidiano das mulheres, contribuindo para que estas possamdeixar de sacrificar seu corpo, seu tempo de trabalho remunerado,seu estudo ou simplesmente seu tempo de descanso.

As políticas públicas brasileiras em toda sua dimensão ecomplexidade devem, portanto, passar a incluir amplas discussõessobre as propostas de mudanças da matriz de alto insumoenergético e o princípio de precaução que veta o cultivo e acomercialização de produtos transgênicos e agrotóxicos e garantea produção de alimentos saudáveis, assegurando o uso, ointercâmbio, a distribuição e comercialização de sementes nativase crioulas pelas mulheres do campo, indígenas e quilombolas.Prioridade, também, são as políticas específicas voltadas paraampliar o acesso aos recursos naturais e produtivos, efetivandonovos índices de produtividade, limitação do tamanho dapropriedade, homologação e desintrusão das áreas indígenas,titulação das comunidades quilombolas e a regularização dascomunidades tradicionais.

Estas concepções de ações políticas aqui apresentadas sãopropiciadoras de mudanças de cultura profundas no país e exigem

que se assuma em caráter definitivo que não se tratam de

políticas neutras em relação a gênero, raça/etnia, geração, entre

outros. A implementação de tais mudanças culturais, assim como

nas ações, políticas e programas voltados para a eqüidade de

gênero e inclusão social, não acontecerão se não houver o

incentivo à elaboração de políticas de educação ambiental que,

incorporando perspectivas de gênero e raça/etnia, incluam ações

de capacitação para o controle social junto aos municípios e

estados, em consonância com a política nacional de educação

ambiental, a partir de uma visão crítica sobre os padrões atuais

de consumo.

Mudar a natureza e a direção do modelo de desenvolvimento

dominante, pela inclusão das mulheres em todas suas

especificidades e diversidades e de todos os grupos até hoje

marginalizados nesses processos é desafio que se coloca neste

início do século XXI. Foi a esta preocupação que a II Conferência

Nacional de Políticas para as Mulheres buscou responder ao

propor a inclusão de um novo capítulo para o Plano, fazendo

notar a importância da participação das mulheres também na

elaboração de um novo modelo de desenvolvimento para o país

que leve, enfim, à construção de um Brasil que deve ser de todas

e todos.

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I. Promover a incorporação da perspectiva de gênero nas políticasambientais e de segurança alimentar, favorecendo odesenvolvimento sustentável.

OBJETIVO GERAL

I. Estimular a participação das mulheres em todas as instânciasde formulação e implementação de políticas ambientais e dodesenvolvimento sustentável;

II. Promover a sensibilização e capacitação de gestores/as eprofissionais da área ambiental nas temáticas de gênero, raça/etnia;

III. Promover o protagonismo das mulheres da cidade, do campoe da floresta, na promoção do desenvolvimento sustentável nopaís;

IV. Estimular o crescimento da participação das mulheres naprodução para auto-consumo e comercialização de alimentossaudáveis e de qualidade, segundo os princípios da segurançaalimentar;

V. Promover políticas públicas de defesa da água como um bempúblico e da democratização do seu uso.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

6.1. Promover e valorizar a participação das mulheres eminstâncias colegiadas de implementação de políticas ambientaiscom base territorial, bem como do Sistema Nacional de MeioAmbiente – SISNAMA e do Sistema Nacional de Gerenciamentode Recursos Hídricos – SINGREH;

6.2. Promover a inclusão produtiva de mulheres representantesde populações e comunidades tradicionais;

6.3. Promover a valorização e preservação dos conhecimentostradicionais das mulheres associados à biodiversidade;

6.4. Promover a participação de mulheres nos programas e açõesque tratem dos temas de mudanças climáticas, assentamentosrurais e licenciamento;

6.5. Promover e fortalecer atividades econômicas desenvolvidaspor mulheres e vinculadas à segurança alimentar.

PRIORIDADES

METAS

A – Capacitar 4.500 mulheres para o fortalecimento dos saberese práticas tradicionais;B – Apoiar 30 unidades produtivas protagonizadas por mulherese relacionadas aos saberes tradicionais;C – Capacitar 10 organizações de mulheres para conservação euso sustentável da biodiversidade aquática na Amazônia.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 6.1. Promover e valorizar a participação das mulheres em instâncias colegiadas de implementação de políticasambientais com base territorial, bem como do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e do Sistema Nacional deGerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

ICMBio, estados,municípios, ONGs.

ANA, ICMBio, estados,municípios, ONGs.

ICMBio, estados,municípios, ONGs.

Estados, municípios,ONGs.

ICMBio, estados,municípios, ONGs.

Estados, municípios,ONGs.

Estados, municípios,ONGs.

6.1.1. Estimular a participação das mulheres nos con-selhos, fóruns e comissões gestoras das políticas,programas e ações sócio-ambientais com base territorialpor meio de processos educativos e da difusão deinformações a respeito da política ambiental.

6.1.2. Apoiar a elaboração de material pedagógico parafortalecer o processo educativo voltado à difusão dapolítica ambiental e à capacitação de mulheres.

6.1.3. Apoiar a capacitação de lideranças femininas paraatuar de forma qualificada nos conselhos, fóruns ecomissões gestoras das políticas, programas e açõessócio-ambientais com base territorial.

6.1.4. Realizar diagnóstico sobre a realidade das mulhe-res nas Unidades de Conservação de Uso Sustentável.

6.1.5. Apoiar a formação continuada de mulheres parasua constante re-qualificação técnica e política, nosconselhos, fóruns e comissões gestores das políticas,programas e ações sócio-ambientais com base territorial.

6.1.6. Identificar nos cadastros de moradoras e usuáriasnas Unidades de Conservação de Uso Sustentável, ouniverso sócio-econômico e cultural das mulheres.

6.1.7. Apoiar a implantação de Pontos de Cultura nasUnidades de Conservação de Uso Sustentado voltadospara o saber feminino.

Mulher partícipe.

Materialpedagógicoproduzido.

Liderançacapacitada.

Diagnósticorealizado.

Mulher formada.

Cadastrorealizado.

Ponto de Culturaimplantado.

0052/A definir1145/A definir1102/A definir1305/A definir

0052/A definir1145/A definir1102/A definir1305/A definir

0062/A definir1145/A definir1102/A definir1305/A definir

1145/A definir1145/A definir

0052/A definir1145/A definir1102/A definir1305/A definir

1145/A definir

1141/88861145/A definir

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

MMA

MMA

MMA

MMA ICMBio

MMA

ICMBio

MinCMMA

PLANO DE AÇÃO

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 6.1. Promover e valorizar a participação das mulheres em instâncias colegiadas de implementação depolíticas ambientais com base territorial, bem como do Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e do SistemaNacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH.

Prioridade 6.2. Promover a inclusão produtiva de mulheres representantes de populações e comunidades tradicionais.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

6.1.8. Estimular a participação das mulheres nosconselhos gestores do SISNAMA e SINGREH por meiode processos educativos e da difusão de informaçõesa respeito da política ambiental.

6.1.9. Apoiar a capacitação de lideranças mulherespara atuar de forma qualificada nos conselhos gestoresdo SISNAMA e SINGREH e das Unidades de Conser-vação de Uso Sustentado.

6.1.10. Apoiar a formação continuada de mulherespara sua constante re-qualificação técnica e políticanos conselhos gestores do SISNAMA e SINGREH.

MMA

MMA

ICMBio

MMA

2011

2011

2011

Mulher partícipe.

Liderançacapacitada.

Mulher formada.

ANA, estados, municípios,ONGs.

ANA, estados, municípios,ONGs.

ANA, estados, municípios,ONGs.

0511/A definir0497/A definir1107/A definir

0511/A definir0497/A definir1107/A definir1107/A definir

0511/A definir0497/A definir1107/A definir

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

6.2.1. Apoiar o fortalecimento institucional de organi-zações de mulheres ou feministas de povos e comuni-dades tradicionais.

6.2.2 Apoiar a produção e a comercialização deprodutos de organizações de mulheres ou feministasde povos e comunidades tradicionais.

MMA

MMA

2011

2011

Organizaçãobeneficiada.

Organizaçãobeneficiada.

MDS, estados, municípios,Funai, ONGs.

MDS, estados, municípios,Funai, ONGs.

A definir

A definir

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 6.3. Promover a valorização e preservação dos conhecimentos tradicionais das mulheres associados à biodiversidade.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

6.3.1 Apoiar a formação continuada de mulherespara o fortalecimento dos saberes e práticasrelacionadas a variedades cr ioulas, plantasmedicinais e fitoterápicos.

6.3.2. Apoiar a implementação de unidades produtivasprotagonizadas por mulheres e relacionadas avariedades crioulas, plantas medicinais e fitoterápicos.

6.3.3.Capacitar organizações de mulheres em temase áreas voltados à conservação e uso sustentável dabiodiversidade aquática na Amazônia.

MMA

MMA

MMA

2011

2011

2011

Mulherbeneficiada.

Unidadeprodutiva

implementada.

Organizaçãocapacitada.

Sociedade civilorganizada, entidades

representantes daagricultura familiar,

reforma agrária e povos ecomunidades tradicionais,instituições de pesquisa

e extensão, estadose municípios.

Sociedade civilorganizada, entidades

representantes daagricultura familiar,

reforma agrária e povos ecomunidades tradicionais,instituições de pesquisa

e extensão, estadose municípios.

Estados e municípios,Ibama, ICMBio, ONGs,

sociedade civil,instituições de ensino.

1426/8266

1426/8266

0104/6016

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 6.4. Promover a participação de mulheres nos programas e ações que tratem dos temas de mudanças climáticas,assentamentos rurais e licenciamento.

Prioridade 6.5. Promover e fortalecer atividades econômicas desenvolvidas por mulheres e vinculadas à segurança alimentar.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

MMAIbama

MMA

MMA

2011

2011

2011

Materialpedagógicoproduzido.

Estudo elaborado.

Plano elaborado.

Estados, municípios.

MCid, MS, MDS, MPOG,MME, Casa Civil,

universidades.

SPM, MDA.

6.4.1. Apoiar a elaboração de material pedagógico parasubsídio à capacitação de representantes mulheressobre seus direitos, procedimentos do licenciamento esua participação em audiências públicas.

6.4.2. Elaborar estudo focando o componente gênerona identificação dos impactos sócio-ambientais decor-rentes da implantação de grandes projetos de desen-volvimento, especialmente os projetos prioritários deinfra-estrutura social do governo federal (PAC).

6.4.3. Incorporar o componente gênero no PlanoNacional de Mudanças Climáticas.

1346/A definir1346/A definir

1346/A definir

1346/A definir

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

MDS

MDS

MDA

2011

2011

2011

Agricultorabeneficiada.

Mulherparticipante.

Evento realizado.

SPM, MAPA/Conab, MDA,estados, municípios,

organizações de mulheres.

Estados, municípios,CONSADs.

MDS, MAPA,organizações de mulheres.

1049/2798

Não orçamentária

0351/2B81

6.5.1. Adquirir a produção das agricultoras familiarese promover o acesso de alimentos à população emsituação de insegurança alimentar.

6.5.2. Promover nos fóruns dos Consórcios de SegurançaAlimentar e Desenvolvimento Local (CONSADs) aparticipação das mulheres e a inclusão das temáticasde gênero, raça/etnia, geração e território.

6.5.3. Realizar capacitação, monitoramento e avaliaçãosobre o Programa de Aquisição de Alimentos paraorganizações produtivas de mulheres rurais e decomunidades tradicionais.

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cont. Prioridade 6.5. Promover e fortalecer atividades econômicas desenvolvidas por mulheres e vinculadas à segurançaalimentar.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

MDS

MDS

MDS

MDS

2011

2011

2011

2011

Mulherbeneficiada.

Projeto apoiado.

Pessoacapacitada.

Materialdistribuído.

MMA, Funai, Seppir,Fundação CulturalPalmares, ONGs.

Municípios.

MEC, Funai, estados,municípios, SESI.

Universidades, centrosde pesquisa e

especialistas da área.

6.5.4. Promover a segurança alimentar e a sustentabili-dade dos povos e comunidades quilombolas, indígenase tradicionais.

6.5.5. Apoiar a produção de alimentos para o auto-consumo e geração de renda por meio de projetos queconsiderem os princípios da equidade de gênero, raça/etnia e geração e a dimensão territorial.

6.5.6. Implementar ações de educação alimentar e nu-tricional que incorporem a questão de gênero e quevalorizem as especificidades regionais, territoriais eculturais dos diferentes grupos sociais e étnico-raciais.

6.5.7. Distribuir material didático sobre a questãoalimentar, capacitação de merendeiras, reaproveitamen-to dos alimentos e aproveitamento de espaços para aprodução caseira de mudas utilizáveis na alimentação.

1049/27921049/8457

1049/8458

1049/2784

Não orçamentária

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Capítulo 7: Direito à terra, moradia digna einfra-estrutura social nos meios rural e urbano,

considerando as comunidades tradicionais

A questão do acesso à terra está diretamente relacionada aoprocesso de formação social e econômica do país e às formas deocupação do território nacional. No Brasil, a terra constituiu-secomo representação de uma certa condição econômica e políticaque, historicamente, produziu um quadro de ilegalidade, deviolência, de instabilidade jurídica e de fragilidade institucionaldo próprio Estado. As diversas tentativas de regularizar e ordenara ocupação do território sucumbiram na ausência de um marcolegal sólido que levasse e garantisse uma distribuição eqüitativada terra. O resultado acumulado foi a concentração da terra e amarginalização das pequenas propriedades rurais aliado àsdiferentes formas de violência social praticadas contra ospequenos posseiros, colonos e sitiantes, bem como a apropriaçãoindevida das terra devolutas. No meio rural esta realidade épercebida pela co-existência, nem sempre pacífica, entre a grande

e a pequena propriedades associada aos ganhos produtivosou não da propriedade da terra.

Diante do quadro de precarização sócio-produtiva da pequenapropriedade fundiária, apresenta-se o desafio do exercício plenoda cidadania. Esta realidade é ainda mais alarmante no que tange

à real situação das mulheres rurais, uma vez que há escassez dedados e informações sobre a condição de trabalho e vida dessaparcela da população. As mulheres representam 47,8% da

população residente no meio rural1, o que corresponde a umcontingente de 15 milhões de pessoas, muitas delas sem acessoà cidadania, saúde, educação e sem reconhecimento da sua

condição de agricultora familiar, trabalhadora rural, quilombolaou camponesa.

1 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2006.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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O processo de formação social brasileiro marginalizou asmulheres dos meios de vida do campesinato e da agriculturafamiliar no país. As políticas agrícolas e agrárias não visualizarama força feminina de trabalho, secundarizando o ofício dasmulheres e o descaracterizando como mera ajuda aos homens.Este fato levou muitas mulheres a naturalizar sua situação dedependência do universo masculino, quer em relação à figurapaterna, quer em relação à figura do marido, ou mesmoresignando-se frente às situações de violência cometidas contraelas.

Também se deve considerar que a presença feminina na economiarural sempre esteve marcada por uma forte divisão sexual dotrabalho, que se expressa numa concentração em atividadesvoltadas para o auto-consumo familiar e que são realizadas comouma mera extensão dos cuidados dos filhos, dos demais membrosdas famílias e de outras funções, tais como: a criação de aves epequenos animais, a horticultura, a floricultura e a silviculturapara, em seguida, ter expressão significativa na chamada lavoura.Atividades que se caracterizam pela falta de remuneração e que,portanto, não se vinculam à comercialização e geração de rendamonetária.

Diante desse quadro, tanto a reforma agrária quanto as diferentesformas de regulação do mercado de terras têm-se constituídocomo ações do Estado para interferir na questão fundiária e noacesso à cidadania. Trata-se de políticas públicas direcionadaspara a democratização do acesso à terra e à regularizaçãofundiária do país que, recentemente, incorporaram parâmetrosna promoção da igualdade de gênero no meio rural, buscandocorrigir as distorções históricas.

Em suas recomendações ao Brasil, o Comitê Cedaw/ONU solicitaque todas as políticas e programas de desenvolvimento rural

integrem uma perspectiva de gênero e cuidem expressamenteda natureza estrutural da pobreza enfrentada pelas mulheresrurais. Recomenda ainda que o Brasil continue ampliando oacesso das mulheres ao Programa Nacional de Reforma Agrária,estratégia esta adotada já desde 2003.

De fato, no que diz respeito à reforma agrária, já no I PNPM sedemandava a titulação conjunta da posse da terra e aimplementação efetiva do artigo 189 da Constituição Federal –que prevê a titulação ao homem ou à mulher ou a ambos,independente do estado civil. O governo federal, desde 2003,com o lançamento do II Programa Nacional de Reforma Agrária(PNRA) demonstrava sua preocupação com o tema ao destacarparte específica do Programa para a promoção do acessoigualitário entre homens e mulheres à terra. Mas foi antes dolançamento do II PNRA, e em resposta à Marcha das Margaridas,que, com a Portaria nº 981/2003, o Incra determinou comoobrigatória a titulação conjunta da terra para lotes deassentamentos constituídos por um casal, em situação decasamento ou de união estável. Estando a terra em processo detitulação e havendo uma separação a área fi cará com a mulher,desde que ela tenha a guarda dos filhos, em respeito ao códigocivil. Para além da portaria, o cadastro dos/as candidatos/as aoPNRA, o contrato de concessão de uso e o título definitivo depropriedade foram alterados para efetivar o direito de titulaçãoconjunta obrigatória dos lotes da reforma agrária.

O Incra alterou também os procedimentos e instrumentos deinscrição de Candidatos/as no Certificado de Cadastro de ImóvelRural, no Cadastro das Famílias nas áreas de RegularizaçãoFundiária e de Titulação e para a Implantação de Projetos deReforma Agrária como forma de garantir a inclusão da mulher edo homem, independentemente de estado civil, em caráterobrigatório. Para fazer valer este direito, as famílias passam a

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declarar ou comprovar obrigatoriamente a sua condição civil.Na Sistemática de Classificação das Famílias Beneficiárias daReforma Agrária foi incluído novo critério complementar quedeu preferência às famílias chefiadas por mulheres. O Incratambém criou a Certidão da Mulher Beneficiária da ReformaAgrária para facilitar a requisição de seus direitos junto aosórgãos governamentais.

A reforma agrária é compreendida como um conjunto de medidasestruturais que considera não só o acesso à terra, mas tambémas condições de permanência nela. Para isto, uma série de medidase ações são disponibilizadas, tais como as de provisão de infra-estrutura e de liberação de créditos produtivos ou de instalação.

Para viabilizar os aspectos econômicos de forma sustentável, oIncra possui um programa na área da Assessoria Técnica e Sócio-ambiental (ATES) aos assentamentos da reforma agrária.Considerando os enfoques de gênero e raça/etnia, o esforço dogoverno federal nos últimos anos se concentrou na elaboraçãode orientações sintonizadas com a política de promoção daigualdade de gênero e de raça/etnia, bem como na capacitaçãode extensionistas envolvidos/as na prestação desses serviços. Apartir de um diálogo entre governo e organizações autônomasde mulheres e organizações mistas2, a norma e o manual doPrograma Nacional de Assessoria Técnica Sócio-ambiental aosassentamentos da reforma agrária foram ajustados para promoverum aprofundamento das estratégias de promoção da igualdadeentre homens e mulheres. Nesse sentido, passou-se a trabalhar

com os seguintes objetivos: o reconhecimento e valorizaçãodos conhecimentos das trabalhadoras rurais; a inclusão dastrabalhadoras rurais nos processos de construção do saber commetodologias que busquem dar visibilidade e transformar adivisão sexual do trabalho; o incentivo à incorporação dasdemandas individuais e coletivas das mulheres na produção; e aorientação sobre a composição da equipe de articulação dosnúcleos de serviços de ATES adequada para atender àsespecificidades das mulheres.

Propôs-se, ainda, incentivar a participação das mulheresassentadas nos projetos produtivos por meio da capacitação dostécnicos da ATES em gênero e reforma agrária e da difusão demetodologias que reconheçam e favoreçam o protagonismo dastrabalhadoras rurais. Para isso, atuou-se na qualificação dosNúcleos Operacionais dos Serviços de ATES para realizaratendimentos voltados a projetos que visam à autonomiaeconômica das mulheres, assim como na promoção de estudose de capacitações com a finalidade de qualificar a presença ativadas mulheres assentadas nos planos de assentamentos. Talpresença possibilita às mulheres participarem da definição dasinstalações comunitárias, incluindo creches – que serão apoiadascom o crédito instalação – e das atividades de exploração daparcela por meio do crédito produtivo. Para além da introduçãodessas estratégias no programa, extensionistas de todas asregiões do país passaram por capacitações sobre gênero ereforma agrária, por meio de oficinas e de Encontros Regionaisde Mulheres Assentadas.

2 Setor de Gênero do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão de Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag),Movimento de Libertação dos Sem Terra (MSLT), MLT e Secretaria de Mulheres da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf).

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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As novas estratégias, diretrizes e políticas públicas exigem oreconhecimento das desigualdades existentes no meio rural eatuam, desta forma, na promoção da eqüidade de gêneroconsiderando a dimensão étnico-racial e geracional, buscandoefetivar os direitos reais das mulheres. No âmbito deste II PNPMbusca-se agir na efetivação e na qualificação das políticas emcurso, ampliando o acesso à terra para as mulheres rurais,melhorando a qualidade dos serviços ofertados na área de apoiotécnico, ambiental e jurídico, bem como fortalecendo osmecanismos e canais de participação e controle social dasmulheres rurais para a efetivação dos seus direitos.

Assim, como desafios atuais, destacam-se: garantia da titulaçãoconjunta nos novos projetos de assentamento e nos casos emque as famílias já estão na terra, incluindo assistência jurídica;capacitação dos servidores/ as do Incra e das prestadoras dosserviços de Assessoria Técnica Sócio-ambiental à reforma agráriasobre gênero e reforma agrária, considerando a dimensão étnico-racial e geracional; monitoramento e avaliação da Portaria nº981 e da Instrução Normativa nº 38, que efetivam os direitosdas mulheres à terra; apoio ao atendimento jurídico para garantiros direitos das mulheres à terra; divulgação de normativos quegarantam os direitos das mulheres à terra no Programa deReforma Agrária; concessão de crédito especial para as mulheresassentadas; apoio aos projetos de assessoria sócio-ambientalde grupos de mulheres assentadas da reforma agrária;fortalecimento e ampliação da participação das mulheres nasinstâncias de controle social do programa de Crédito Fundiárioe na gestão dos projetos do Programa Nacional de CréditoFundiário; capacitação dos parceiros do crédito fundiário sobredireitos das mulheres à terra e ao desenvolvimento rural

sustentável; e inclusão da temática de gênero, considerando adimensão étnico-racial e geracional nas ações de difusão doPrograma Nacional de Crédito Fundiário.

Nesta área, muitos já foram os avanços alcançados ao longodos últimos 4 anos. No entanto, cabe reconhecer que as açõesimplementadas no I PNPM referiram-se mais à posse da terrarural, dentro do âmbito de movimentos de regularização fundiáriae reforma agrária, não tendo se efetivado ações no âmbitourbano. Mas a luta dos movimentos sociais de moradia e reformaurbana pela titulação do lote urbano e pela moradia própria éantiga e tem encontrado espaço na agenda de vários governos,nos diferentes níveis (municipal, distrital, estadual e federal), aolongo dos últimos vinte anos. Com a implantação de programashabitacionais, de titulação e de regularização fundiária observou-se que o homem, até então considerado cabeça do casal, vendiaa casa – com valor agregado pela sua titulação, separando-seda esposa ou companheira e dos filhos, que iam para a rua.Assim, é consenso internacional a titulação preferencial damulher, mesmo que não seja ela a maior responsável pelosustento da família.

No meio urbano, a regulação do solo é expressa na valorizaçãolegal do espaço na cidade, assim como a não regulação é acontraparte da especulação com terras ilegais da cidade. A lutapelo reconhecimento do direito à moradia, como um dos direitoshumanos, levou a que a Constituição Federal, em seu CapítuloII, artigo 6º, dispusesse que:

“são direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, amoradia, o lazer, a segurança, a previdência social, aproteção à maternidade e à infância, a assistência aosdesamparados, na forma desta constituição”.

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Mais que isto, reconheceu a função social da propriedade,colocando o direito à moradia como um direito social que sesobrepõe ao direito individual, o que possibilitou o advento deleis, como o “Estatuto da Cidade” (Lei no 10.257/01), queregulamenta os artigos 182 e 183 da Constituição Federal e listaentre suas diretrizes gerais (Capítulo I, artigo 2º, alínea I):

“garantia do direito a cidades sustentáveis, entendidocomo o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamentoambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aosserviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentese futuras gerações. O direito à moradia é, então,incorporado aos chamados Direitos Difusos, como um bemde uso comum do povo, já que direitos difusos são ostransindividuais, de natureza indivisível, sendo titularespessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias defato”3.

O Estatuto das Cidades em seu artigo 10º ensejou, ainda, aampliação do conceito de usucapião para o chamado usucapiãocoletivo:

“as áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüentametros quadrados, ocupadas por população de baixa rendapara sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente esem oposição, onde não for possível identificar os terrenosocupados por cada possuidor, são susceptíveis de seremusucapidas coletivamente, desde que os possuidores nãosejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural”.

A legislação forneceu, portanto, instrumentos para aimplementação das políticas urbanas voltadas para os segmentosde mais baixa renda – que compõem mais de 90,3% do déficit

habitacional do país, segundo pesquisa da Fundação JoãoPinheiro4 –, e nos quais se inclui a maior parte das mulhereschefe de família, entrelaçando definitivamente a questão degênero à questão da moradia.

A moradia sempre funcionou como ponto focal da família,exercendo além das funções primordiais de prover abrigo egarantir segurança e proteção, outras, como facilitar o descanso,implementar o armazenamento, o processamento e o consumode alimentos, e permitir o exercício de atividades culturais, odesenvolvimento da vida e educação das crianças, a atençãoaos idosos e portadores de deficiência, propiciando odesenvolvimento equilibrado da vida familiar. Também está maisque provada a influência das condições de moradia nas condiçõesde saúde física e mental, ao proporcionar privacidade para ocumprimento das funções biológicas, oferecer infra-estrutura erecursos para a higiene pessoal, doméstica e saneamento efavorecer a convalescença de enfermos.

Além disso, cada vez mais, a moradia tem funcionado tambémcomo ponto focal de desenvolvimento econômico, agregandonovos processos ou resgatando práticas antigas de gestão da ena moradia, com iniciativas peculiares ao trabalho formal einformal. Atualmente se observa com freqüência crescente a“moradia/oficina”, “moradia/comércio”, “moradia/serviço desaúde”, “moradia/creche” e “moradia/confecção”, entre outrosmodelos de produção no âmbito doméstico, transformando amoradia em ambiente de trabalho com finalidade de atendertanto aos programas sociais de geração de renda e de atenção

3 Art. 81, Lei nº 8.079/90, Código do Consumidor.4 Fundação João Pinheiro. Déficit Habitacional no Brasil 2005. Belo Horizonte: FJP, 2006. p. 46.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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básica à saúde, quanto às iniciativas de pequenas empresas eaos processos de terceirização industrial. Às funções gerenciaisda moradia tradicionalmente exercidas pela mulher, se somamas do mundo do trabalho.

Neste contexto, as relações de gênero têm um elo cada vez maisforte com questões de cidadania, trabalho e com as políticasurbanas, no sentido de promover a inclusão social, a reduçãodas desigualdades entre mulheres e homens no território econtribuir para o processo de organização e emancipação dasmulheres.

No primeiro PNPM a questão da moradia foi abordada no capítuloAutonomia igualdade no mundo do trabalho e cidadania,referente à cidadania e ao trabalho, assuntos com os quais guardaestreita relação, sob o enfoque de uma ação coadjuvante paramelhorar o acesso da mulher à cidadania e ao trabalho. Mas a IIConferência considerou por bem destacar esta questão num eixoindependente, devido à sua importância para a segurança, bemestar, autonomia e geração de renda da mulher e sua família.

O objetivo perseguido no primeiro plano era “Promover o direitoà vida na cidade, com qualidade, acesso a bens e serviçospúblicos”, sendo a moradia classificada como um bem cujoacesso, na cidade, contribuiria para a melhoria da qualidade devida. A prioridade associada a tal objetivo era “ampliar o exercícioda cidadania das mulheres e do acesso à terra e à moradia”, apartir da qual foram construídas ações relacionadas não apenasao acesso à habitação e à terra, mas também à eletrificação dascomunidades rurais, com prioridade aos equipamentos e serviçosque incidissem diretamente na vida das mulheres.

Neste último caso, embora a prioridade do eixo contemplasse oexercício da cidadania das mulheres e do acesso à terra emoradia, (o que incluiria o meio urbano) a ação se restringiu àárea rural, ou seja, dentro do Programa Luz para Todos doMinistério das Minas e Energia. A partir do II PNPM, o enfoquepassa a ser mais amplo, contemplando não apenas comunidadesrurais, mas também a população residente em áreas urbanas.Importante mencionar que o programa Luz para Todos aotrabalhar com a idéia de acesso universal à energia nãoconsiderou, inicialmente, o levantamento do número de mulheresatendidas nas comunidades rurais, nem os impactos geradosem suas vidas com a chegada da eletricidade. Nesse caso, açãoimportante do novo Plano consiste em trabalhar para que osdados sejam produzidos de forma desagregada por sexo e porraça/etnia e permitam o acompanhamento da execução e doimpacto do programa na vida dos/as cidadãos/ãs.

No que se refere ao acesso à habitação de qualidade, foramdesenvolvidas as seguintes ações:

“apoiar programas de urbanização de favelas, comespecial atenção às mulheres chefe de família” e“incentivar ações integradas entre governo federal,governos estaduais e municipais para promover osaneamento básico e o acesso à água, objetivandoassegurar moradias em ambientes saudáveis.”

A primeira ação, urbanização de favelas, integrou o primeiro

plano e continuou no segundo. Ela faz parte de um programaestruturante da Secretaria Nacional de Habitação do Ministériodas Cidades, cujo alcance universal – conforme o preceito

constitucional de direito à igualdade – lista entre suas

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prioridades5 o atendimento à mulher chefe de família6. Esteprograma desenvolve ação de apoio às condições de habitaçãode assentamentos precários.

O monitoramento do atendimento à mulher dentro desteprograma revelou- se problemático ao longo do I PNPM, poisnão havia indicadores discriminados em relação a sexo, apenasem relação ao número de famílias atendidas. Entendimentos têmsido desenvolvidos junto à Caixa Econômica Federal, gestora doprograma, para que estes dados passem a serem discriminados(por sexo, raça/etnia, renda, faixa etária etc.), o que virá a facilitaro acompanhamento da ação ao longo do II PNPM.

De modo a incluir o atendimento à mulher quanto à necessidadede moradia, o segundo plano incluiu em seu escopo a ação deapoio à provisão habitacional, outro programa já existente doMinistério das Cidades com o mesmo viés de prioridades. Esteprograma tem como indicador o número de famílias atendidas eos mesmos esforços estão sendo feitos no sentido dadiscriminação dos dados por sexo.

O programa de regularização fundiária, outro programaestruturante do Ministério das Cidades, também foi incluído noII PNPM. Este é um dos poucos programas onde será possíveluma discriminação do atendimento por sexo, visto ser preferenciala titulação da mulher. O Ministério de Minas e Energia, buscandoampliar o alcance social de seus programas de eficiênciaenergética e de conservação de energia, sugeriu sua conjugação

5 Constituição Federal, artigo 5º.6 Resolução nº 004/06, artigo 3: atendimento prioritário às famílias com menor renda per capita, com maior número de dependentes, à mulher responsável pelo domicílio, aosidosos, aos portadores de deficiência, às comunidades quilombolas ou de etnias negra ou indígena, bem como a demandas apresentadas por movimentos sociais, associações egrupos representativos de segmentos da população.

com os programas de urbanização, provisão habitacional eregularização fundiária do MCid. Assim, a capacitação datecnologia e a distribuição de equipamentos domésticos, taiscomo fogões e geladeiras mais eficientes e de baixo consumoenergético, deverão coadunar-se com os atendimentos feitos noâmbito destes programas.

Com relação à segunda ação, cabe mencionar que a moradia, osaneamento básico e o acesso a bens e serviços como a energiaelétrica também foram reconhecidos como determinantes sociaisde saúde, conforme o disposto na Lei nº 8.080/90:

“a saúde tem como determinantes e condicionantes entreoutros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico,o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, otransporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços”.

A partir do II PNPM, esta questão passa a ser trabalhada emtorno de duas ações. Uma referente ao saneamento básico,especificamente a implantação de esgoto sanitário, fundamentalna questão da saúde da mulher e sua família, e outra açãoreferente ao abastecimento de água, cujos produtos sãoconstrução de cisternas no meio rural – a cargo de MDS/MME/MMA – e implantação de rede de abastecimento, no meio urbano– a cargo da Secretaria Nacional de Saneamento do MCid. Oacesso à água é essencial para o desenvolvimento das atividadescotidianas, especialmente para as domésticas e o ônus de suaobtenção geralmente recai sobre a mulher. É importante destacar,ainda, a necessidade de acesso à água de boa qualidade nocampo, uma vez que isto em geral é uma realidade na cidade.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Assim, os programas de ampliação do acesso à água sãofundamentais para a melhoria da qualidade de vida dasmulheres e diminuição de sua carga de trabalho. Nesse sentido,passam a ser tratados no primeiro eixo deste novo Plano, porse constituírem em ações ligadas diretamente à questão daautonomia econômica das mulheres e da divisão sexual dotrabalho.

Finalmente, convém lembrar que o Programa de Aceleração doCrescimento – PAC, em implantação pelo governo federal, comforte vertente na habitação, no saneamento e na infra-estrutura,deve, através do II PNPM, ser influenciado de forma a produzirimpactos positivos na vida das mulheres brasileiras.

I. Promover o direito das mulheres à vida com qualidade nacidade, no meio rural e nas comunidades tradicionais, respeitandosuas especificidades e garantindo o acesso a bens, equipamentose serviços públicos;

II. Promover os direitos das mulheres no acesso à terra, à reformaagrária e ao desenvolvimento rural sustentável, com atençãoespecial aos territórios contemplados no programa “Territóriosda Cidadania”.

I. Promover o acesso das mulheres à moradia digna, construídaem local apropriado, saudável e seguro, titulada, com qualidade,condições materiais e técnicas construtivas, dotada de energiaelétrica convencional ou alternativa, infra-estrutura e acesso abens, serviços públicos e equipamentos sociais;

II. Garantir o acesso igualitário das mulheres à terra, por meioda inscrição, cadastro e titulação de assentamentos da reformaagrária, bem como orientação jurídica e capacitação sobre osdireitos das mulheres assentadas;

III. Promover o reconhecimento econômico das mulheres nosassentamentos, estimulando sua participação na gestão e noacesso à assistência técnica, crédito e comercialização;

IV. Articular os programas habitacionais nas periferias dos grandescentros urbanos ou grupamentos municipais nos territórios ruraiscom os programas de eficiência energética e de conservação deenergia.

OBJETIVOS GERAIS

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

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A – Capacitar servidores/as sobre gênero, reforma agrária edesenvolvimento rural em 100% das Superintendências Regionaisdo Incra;

B – Avaliar o impacto sobre a vida das mulheres em 100% dosprojetos de habitação, saneamento e infra-estrutura do PAC.

7.1. Ampliar o acesso à terra nas áreas urbanas e à moradia cominfraestrutura social adequada;

7.2. Ampliar o conhecimento sobre as normas referentes aodireito de acesso à terra para as mulheres nos assentamentos dereforma agrária;

7.3. Ampliar e qualificar o acesso à assessoria técnica sócio-ambiental, ao crédito especial e à agro-industrialização paraassentadas da reforma agrária;

7.4. Promover o acesso igualitário das mulheres ao ProgramaCrédito Fundiário.

PRIORIDADES METAS

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Prioridade 7.1. Ampliar o acesso à terra nas áreas urbanas e à moradia com infra-estrutura social adequada.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Família atendidanos programas do

MCid/MME.Protocolo e/ou

acordo elaborado.

Família atendida.

Família atendidanos programas doMCid e do MME.

Família atendida

Famíliaescriturada.

Rede implantada.Família atendida.

MDS, Funasa, MMA, CEF,estados e municípios.

CEF, estados e municípios.

MJ, MMA, Eletrobrás,concessionárias de

energia locais, estados emunicípios.

CEF, estados e municípios.

CEF, estados e municípios.

MME, Funasa, BNDES,CEF, estados, municípios,

concessionárias deenergia, prestadores deserviços de saneamentoestaduais e municipais.

7.1.1. Apoiar programas habitacionais conjugadoscom a implantação de programas de eficiênciaenergética e de conservação de energia, com especialatenção às mulheres chefes de família.

7.1.2. Apoiar programas habitacionais de interessesocial, com especial atenção às mulheres chefes defamília.

7.1.3. Apoiar Programas de Urbanização de Favelas,conjugados como os de eficiência energética, comespecial atenção às mulheres chefe de família.

7.1.4. Apoiar Programas de Urbanização de Favelas,com especial atenção às mulheres chefe de família.

7.1.5. Apoiar programas de Regularização Fundiáriano âmbito dos estados, Distrito Federal e municípios,com estímulo à concessão da titulação das moradiasem nome das mulheres.

7.1.6. Incentivar ações integradas entre governosfederal, estaduais, distrital e municipais para promovera coleta e tratamento de esgotos, objetivandoassegurar moradias em ambientes saudáveis, emespecial nos empreendimentos do Programa deAceleração do Crescimento (PAC).

MCidMME/

Eletrobrás esubsidiárias

MCid

MCidMME

MCid

MCid

MCid

2011

2011

2011

2011

2011

2011

A definirNão orçamentário -recursos de fundo

específico

A definir

A definirNão orçamentário -recursos de fundo

específico

A definir

A definir

A definir

PLANO DE AÇÃO

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cont. Prioridade 7.1. Ampliar o acesso à terra nas áreas urbanas e à moradia com infra-estrutura social adequada.

7.1.7. Incentivar ações integradas entre governosfederal, estaduais, distrital e municipais para promovero acesso à água, objetivando assegurar moradias emambientes saudáveis, em especial nos empreendi-mentos do Programa de Aceleração do Crescimento(PAC).

7.1.8. Promover ações integradas de acesso à energiaelétrica convencional ou alternativas em territóriosrurais para o desenvolvimento das vocações socioeco-nômicas locais e a geração de renda, considerando orecorte de gênero, em especial nos empreendimentosdo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) enos territórios da Agenda Social.

7.1.9. Estimular a participação das indígenas naformulação e implementação de programas governa-mentais voltados para empreendimentos de infra-estrutura social.

7.1.10. Veicular publicações, vídeos e demais meca-nismos de mídia nas comunidades atendidas e campa-nhas apoiadas pelos programas do MME e suas empre-sas vinculadas e do Comitê Permanente de Gênero.

7.1.11. Apoiar programas de assistência técnica parahabitação de interesse social destinados à elaboraçãode projetos, acompanhamento e execução de obras etrabalho social, tecnológico e jurídico necessários àmelhoria do padrão de salubridade, segurança,habitabilidade das edificações produzidas no âmbitoda auto-gestão habitacional, ou sua ampliação,reforma, conclusão ou regularização fundiária, comespecial atenção às mulheres chefe de família.

MCid

MME

Funai

MME

MCid

2011

2011

2011

2011

2011

Rede implantada.Família atendida.

Rede implantada.Família atendida.

Mulher indígenapartícipe.

Materialveiculado.

Mulherbeneficiada.

MME e empresas vin-culadas, Funasa, BNDES,

CEF, estados e municípios,concessionárias de ener-gia, prestadores de servi-ços de saneamento esta-

duais e municipais.

SPM, Ministérios eSecretarias Especiais

integrantes do ComitêGestor do Programa

Territórios da Cidadania.

MCid, MMA, Conselhodas Cidades.

SPM, MEC, Unifem, OIT,ONGs.

SEDH,CEF, estados emunicípios.

A definir

Não orçamentária -recursos de fundo

específico

Não orçamentária

Não orçamentária -recursos de fundo

específico

A definir

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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Prioridade 7.3. Ampliar e qualificar o acesso à assessoria técnica sócio-ambiental, ao crédito especial e à agro-industrializaçãopara assentadas da reforma agrária

Prioridade 7.2. Ampliar o conhecimento sobre as normas referentes ao direito de acesso à terra para as mulheres nosassentamentos de reforma agrária.

7.2.1. Monitorar e avaliar a Portaria no 981 e aInstrução Normativa no 38 que efetivam os direitos dasmulheres à terra.

7.2.2. Divulgar normativos que garantem os direitosdas mulheres à terra no Programa de Reforma Agrária.

MDA

MDA

2011

2011

Visita técnicarealizada.

Material de apoiodistribuído.

SuperintendênciasRegionais do Incra e

Unidades Avançadas nosestados da Federação.

Superintendências Regio-nais do Incra e Unidades

Avançadas nos estados daFederação, movimentos demulheres rurais e rede de

produtoras rurais.

0135/4460

0137/4358

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

7.3.1. Apoiar financeiramente projetos de assessoriasócio-ambiental de grupos de mulheres assentadas dareforma agrária.

7.3.2. Apoiar projetos de agroindustrializaçãoprotagonizados por mulheres assentadas da reformaagrária.

7.3.3 Realizar processos de capacitação sobre gênerona reforma agrária para prestadores de assessoria sócio-ambiental aos assentamentos do Incra, considerandoas dimensões étnico-racial, geracional e de deficiência.

MDA

MDA

MDA

2011

2011

2011

Projeto apoiado.

Projeto apoiado.

Assessor/acapacitado/a.

Superintendências Regio-nais do Incra e Unidades

Avançadas nos estados dafederação, entidades con-veniadas com o Incra noprograma de ATES e rede

de produtoras rurais.

SuperintendênciasRegionais do Incra, ONGs.

SEDH, SuperintendênciasRegionais do Incra e Uni-

dades Avançadas nos esta-dos da federação e entida-

des conveniadas com oIncra no programa de ATES.

1427/4470

0137/4320

1427/4470

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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Prioridade 7.4. Promover o acesso igualitário das mulheres ao Programa Crédito Fundiário.

7.4.1. Fortalecer e ampliar a participação das mulheresnas instâncias de controle social do Programa CréditoFundiário.

7.4.2. Fortalecer e ampliar a participação das mulheresna gestão dos projetos do Programa Crédito Fundiário.

7.4.3. Capacitar os/as parceiros/as do crédito fundiáriosobre direitos das mulheres à terra e ao desenvol-vimento sustentável.

7.4.4. Incluir a temática de gênero, considerando asdimensões étnico/racial e geracional, nas ações dedifusão do Programa Crédito Fundiário.

MDA

MDA

MDA

MDA

2011

2011

2011

2011

Mulher nasinstâncias de

controle social doprograma.

Mulhercapacitada.

Agentecapacitado.

Ação com atemática incluída.

Comitê de Fundos deTerras do Condraf,

Conselho Estadual doCrédito Fundiário.

Comitê de Fundos deTerras do Condraf,

Conselho Estadual doCrédito Fundiário e

estados.

Comitê de Fundos deTerras do Condraf,

Conselho Estadual doCrédito Fundiário e

estados.

Comitê de Fundos deTerras do Condraf,

Conselho Estadual doCrédito Fundiário e

estados.

1116/2373

1116/2373

1116/2373

1116/A definir

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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Capítulo 8: Cultura, comunicação e mídiaigualitárias, democráticas e não discriminatórias

As desigualdades de gênero e raça/etnia são entendidas comodesigualdades estruturantes da sociedade brasileira. Por trás destacompreensão, está a idéia de que os valores e crenças sobrecapacidades e habilidades de homens e mulheres, negros ebrancos definem espaços e possibilidades disponíveis a cada umdestes grupos. A divisão sexual de tarefas e responsabilidades,assim como a definida pela raça/etnia dos indivíduos, explicitaclaramente tal concepção, pois estão calcadas em estereótipos epré-conceitos que definem, de antemão, qual a contribuição dosdiferentes grupos para a sociedade.

De modo geral, as justificativas para tais desigualdades são dadaspor meio de referências ao contexto cultural que marcamdeterminada sociedade. Entende-se que comportamentospreconceituosos e fenômenos como o da violência domésticacontra as mulheres decorrem de uma cultura discriminatória,patriarcalista, machista e racista.

A relação da questão cultural com a dimensão de gênero eraça/etnia fundamenta-se, portanto, em uma abordagemantropológica que ultrapassa o entendimento de cultura comorestrita à formação erudita, às belas artes e à produção debens materiais, mas a amplia para uma dimensão imaterial,que inclui valores, crenças, motivações, rituais, hábitos,identidades e processos de organização social que os indivíduoscriam para pautar suas relações interpessoais e com o meio noqual vivem.

A transmissão cultural se dá nos diversos processos desocialização aos quais os indivíduos estão submetidos,especialmente por meio de instituições como a família, a escola,a igreja e o Estado. Na sociedade contemporânea, caracterizadapela complexidade, pela globalização e pela informatização, amídia assume papel central como veículo de comunicação edifusão cultural. Os diversos suportes de mídia, especialmenteo rádio e a televisão1, por sua importante presença no cotidiano

1 Segundo dados da Pnad/IBGE, em 2005, mais de 88% das pessoas residentes em domicílios permanentes tinham acesso ao rádio e 92% à televisão, o que aponta paraa importância desses instrumentos como difusores de cultura.

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dos brasileiros/as e a alta interatividade que proporcionam,exercem um papel determinante para a manutenção oudesconstrução de crenças e mandatos de submissão ediscriminação.

Outros veículos de comunicação da cultura surgem a partir denovas ações do Estado, a exemplo das rádios comunitárias e dospontos de cultura2 implantados em diferentes regiões do país.Com cada vez mais força as novas tecnologias de informaçãopassam a fazer parte da vida de homens e mulheres, abrindooutras possibilidades de acesso fácil e imediato a conteúdos maisdiversos possíveis. A inclusão digital se torna, assim, questãocentral a ser considerada neste debate.

Pesquisas divulgadas pelo IBGE, em outubro de 2007,assinalaram diferenças regionais relevantes no que diz respeitoao acesso domiciliar à Internet no país. Cerca de 17% dosdomicílios brasileiros possuíam microcomputador com acesso àInternet, em 2006, sendo que o menor percentual estava naregião Nordeste (9,7%). A pesquisa mostrou também umaevolução significativa no acesso a microcomputadores entre 2001e 2006: a proporção de domicílios que contavam com talequipamento passou de 12,6% para 22,1% no período em tela.Este quadro de exclusão digital se expressa ainda na análise dosdados de outro estudo3, realizado em 2006, cujos resultadosrevelaram que 54,4% da população jamais usou um computadore que 67% nunca navegou pela internet.

A exclusão digital, porém, é vivenciada de maneira distinta,segundo sexo e raça/etnia da população. Em 20064, nosdomicílios chefiados por brancos, 69% não tinham acesso amicrocomputador, 76% a internet e 30% a telefone celular. Nocaso dos domicílios chefiados por negros, esses valores eram,respectivamente, de 88%, 92% e 44%. Não existem diferençassignificativas entre famílias chefiadas por homens e mulheresna posse desses itens. No entanto, quando se cruza a chefia porraça/ etnia e sexo, percebe-se que são sempre as mulheres negrasas que se encontram em pior situação e, nesse caso, estão,portanto, mais sujeitas à exclusão digital.

Os sistemas de informação e os dispositivos de veiculação deconteúdos culturais estão cada vez mais integrados. Astransformações pelas quais passa a TV, a partir das novastecnologias digitais e as novas mídias – internet, telefonia móvel,jogos eletrônicos – são essenciais para ampliar o alcance daspolíticas e a reversão do quadro de desigualdade e diferença,ampliando a vivência da cultura e oportunizando a visibilidade ea inclusão de grupos excluídos.

A preocupação com o valor simbólico dos conteúdos veiculadosnos diversos meios de comunicação é cada vez mais entendidana ação do Estado como uma questão relevante. Há tempos acomunicação tornou-se um tema essencialmente cultural, e aforça destes veículos da mídia na construção simbólica demarcadores de gênero, etnia, geração e classe tem sido atestadacontinuamente.

2 Os Pontos de Cultura constituem-se em ação prioritária do programa “Mais Cultura” do MinC e tem por objetivo promover a articulação e impulsionar as ações de cultura jáexistentes nas comunidades. Os pontos ficam sob responsabilidade de instituições da sociedade civil, que firmam convênio com o Ministério da Cultura a partir da seleção poreditais públicos.3 Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa sobre o Uso da Tecnologia da Informação e da Comunicação no Brasil. Brasil: Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR/Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2006.4 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, 2006.

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O reconhecimento da centralidade da mídia nos processos deconstrução destas representações sociais e sentidos identitáriose, portanto, de sua potencialidade como instrumento daconstrução e difusão de valores e crenças mais igualitários, nãosignifica, porém, que seja esta a única instância responsável pelaprodução ou desconstrução dos estereótipos e discriminaçõesque perpassam os processos de comunicação e cultura. Umconjunto muito mais amplo de mediações e convenções sociais– relacionadas aos outros espaços de construção das relações –também pode, e deve, ser alterado para que se caminhe na direçãode uma nova cultura, fundamentada na valorização da igualdadee da diversidade.

Foi a partir deste reconhecimento que, em 2005, foi lançada aPolítica Nacional de Cultura que destacou, entre suas diretrizes,a importância da presença do poder público nos diferentesambientes e dimensões em que a cultura brasileira se manifestacomo forma de se desfazer relações assimétricas e tecer umacomplexa rede que estimule a diversidade. Para que a gestãopública ultrapasse o alcance tradicional e restritivo das belas-artes e dos produtos da indústria cultural, são exigidas diretrizesque garantam o pluralismo, uma maior igualdade deoportunidades e a valorização da diversidade. As políticas culturaisdevem, assim, reconhecer e valorizar esse capital simbólico, pormeio do fomento à sua expressão múltipla, gerando qualidadede vida, auto-estima e laços de identidade entre a populaçãobrasileira.

Em âmbito internacional, os debates sobre as diferentesdimensões da cultura se intensificaram no ano de 2001 com aadoção da Declaração Universal sobre Diversidade Cultural. OBrasil sempre teve um papel relevante neste cenário e tornou-se

um dos protagonistas da negociação institucional e políticaque levou à aprovação, em 2005, da “Convenção para aProteção e a Promoção da Diversidade das ExpressõesCulturais”. Em 2006, o Congresso Nacional ratificou aConvenção, tornando o Brasil um dos seus primeiros signatários.Hoje, os países em que o tratado vigora estão comprometidoscom a implementação de políticas públicas de acesso à cultura,em favor da proteção aos grupos culturais mais vulneráveis àsdinâmicas econômicas excludentes.

Nesse contexto, e considerando que as mulheres são hoje cercade 50% não só do público consumidor desses meios e mensagens,mas também do universo de produtores de conteúdo para taissuportes, é que se fez necessária e fundamental a inclusão dotema neste II PNPM, propiciando um espaço de debate plural,tendo a mulher e a mídia como um tema central de umaperspectiva cultural e política.

As políticas de promoção da igualdade passam, portanto, a terque considerar, necessariamente, as dimensões da cultura, dacomunicação e da mídia em suas estratégias de valorização dasdiversidades e erradicação das discriminações de gênero, raça/etnia, orientação sexual, geração, região, entre outras. Reverteresses processos de construção de relações assimétricas de podera partir dos campos de cultura e comunicação – em todas assuas dimensões – é um dos objetivos que passa a compor o IIPlano Nacional de Políticas para as Mulheres.

Destaque-se, ainda, que a inserção deste capítulo no II Planovem ao encontro de mais uma das recomendações do ComitêCEDAW ao Brasil, que exortou o Estado brasileiro “a implementarmedidas abrangentes para acelerar a mudança nas atitudes e

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práticas amplamente aceitas que aprisionam as mulheres empapéis subordinados e estereotipados aplicados a ambos ossexos”. Para o Comitê, essas medidas devem incluir campanhaseducacionais e de conscientização direcionadas a homens emulheres, meninos e meninas, pais, professores e agentes/autoridades públicas. O Comitê também recomenda que o Brasilaumente seus esforços para incentivar os diversos setores damídia a discutirem e promoverem imagens não-estereotipadas epositivas de mulheres, e a valorizarem a igualdade de gênero.

Neste caso, é importante destacar que o sistema de mídiabrasileiro é predominantemente constituído por concessionáriasprivadas de serviço público, o que torna o desafio deste II Planoainda maior. Trata-se de setor econômico lucrativo, dinâmico esustentado por uma indústria publicitária de porte. No entanto,conta com uma legislação deficitária e desatualizada, que passapor profundos questionamentos trazidos pelas atuais discussõessobre as novas tecnologias da informação e comunicação (TICs)e novas mídias, sobre a sociedade da informação e sobre aampliação da interatividade por ela proporcionada.

Não há duvida de que as mulheres brasileiras são majoritáriasna composição das audiências dos principais meios de difusão –com exceção dos jornais – e possuem um papel estratégico namanutenção das audiências de alguns dos mais importantesveículos do sistema privado de comunicação do país. Por outrolado, conscientes de que estes novos caminhos se constituemtambém em novas formas de disputas de poder, as mulheresbrasileiras têm ampliado gradativamente a sua visibilidade eparticipação em postos de decisão e direção no setor de mídia.A ascensão de mulheres aos altos postos de comando dasempresas do setor configurou-se mais claramente a partir do

final dos anos de 1990 e levou à situação que se tem hoje: odéficit de poder feminino é menor na gestão das empresas decomunicação e jornalismo do que em outros espaços.

Do ponto de vista da promoção da igualdade de gênero, nãoestão ainda claras as conseqüências desse processo de maiorparticipação de mulheres em postos de decisão na produção deconteúdos não-sexistas e não-discriminatórios. É importanteconsiderar que há um número cada vez mais expressivo demulheres nas carreiras de comunicação, ciências da computaçãoe informação, o mesmo não ocorrendo nos postos de decisão nosistema de mídia brasileira. É fundamental que homens emulheres em postos de direção incorporem perspectivas derespeito à diversidade no cotidiano de seus trabalhos,assegurando a produção de conteúdos não-sexistas, não-racistase não-discriminatórios.

A promoção de debates sobre essas perspectivas, envolvendonão só as mulheres como protagonistas, mas também outrosatores – como tem acontecido nos seminários “A Mulher e aMídia”, promovidos, desde 2004, pela SPM, Instituto PatríciaGalvão e Unifem –, tem trazido uma contribuição fundamentalà discussão das inúmeras dimensões sobre o comportamento damídia em relação às mulheres, às abordagens de gênero e atodo tipo de discriminação.

Estudos e pesquisas nesta área merecem especial atenção emvirtude da possibilidade de produção de informações ediagnósticos que embasem a formulação de novas iniciativaspara a promoção de uma comunicação e de uma mídia não-discriminatórias. Nos últimos anos, diversas pesquisas sobreatitudes da população vêm evidenciando as críticas explicitadas

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

por segmentos consideráveis de brasileiras/os quanto ao excessode violência e às formas de representação estereotipadas dasmulheres nos meios de comunicação. Valores e gostos dochamado “senso comum” são atribuídos a audiências e, por isso,reproduzidos continuamente, têm sido cada vez maisquestionados enquanto estereótipos formadores de públicosimaginados.

Nesse sentido, são estratégicos o incentivo e o apoio para aprodução de pesquisas com a percepção de mulheres e homenssobre a representação da imagem da mulher nos meios decomunicação. Esse tipo de pesquisa que possibilita conhecer emprofundidade o impacto das mensagens sobre diferentessegmentos da sociedade deve permitir um acúmulo deinformações e dados, os quais podem orientar o desenvolvimentode políticas para desconstrução de mitos e estereótipos de gênero,raça/etnia, entre outros, bem como proporcionam aos organismosde políticas para as mulheres e às organizações de mulheres aampliação de mecanismos de acompanhamento, de controlesocial e denúncia.

Considerando também que as mulheres são protagonistas,participantes e proponentes, e não apenas meras espectadoras,o estímulo à produção, difusão e distribuição de artefatos decultura, inclusive tecno-científicos, não-discriminatórios, e odomínio da linguagem televisiva, da internet, do discursojornalístico, das diferentes técnicas de comunicação são requisitosestratégicos para que possam assumir seus papéis de produtorasde cultura.

A discussão aqui proposta – e o plano de ações apresentado aseguir – coloca luz sobre a representações das imagens das

mulheres na mídia e os significados dessas representações paraa construção de uma sociedade mais solidária e igualitária,estabelecendo duas abordagens: a comunicação como cultura ea comunicação como sistema e dispositivo de veiculação dessesconteúdos. De ambas faz parte o fomento ao debate e à pesquisanão apenas sobre a percepção das representações da imagemdas mulheres nos meios de comunicação, como também sobresua participação como sujeito da produção de conteúdosculturais.

Na primeira abordagem, são estabelecidos como objetivos aprodução, a difusão e a distribuição de conteúdos audiovisuaispara os diversos suportes de mídia, a formulação de políticaspúblicas para esse campo, a inclusão e o estímulo ao acesso e àprodução de conteúdo nos meios digitais. Visa atuar junto aosmeios de comunicação públicos e de concessionárias para aampliação dos espaços de expressão das mulheres e de todos ossegmentos da sociedade que defendem o direito à informação,à comunicação e à justiça e priorizam a produção de conteúdosnão-discriminatórios. Para tanto, foi estabelecida parceria entrea Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres e o Ministérioda Cultura no âmbito do programa “Mais Cultura”, não só noque diz respeito às ações relativas à cultura, comunicação e mídia,como também em ações de geração de renda e de enfrentamentoa todas as formas de violência contra as mulheres.

Por outro lado, o Plano busca estabelecer mecanismos não sóde efetiva fiscalização das concessionárias de meios decomunicação em razão de eventuais abordagens sexistas, racistase discriminatórias, como também conferir e relacionar àsconcessões de veículos de comunicação, especialmente a TV,maior compromisso com a responsabilidade social e com o

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

combate a todas as formas de disseminação de conteúdosestereotipados e discriminatórios. Para tanto, devem serconstruídos mecanismos de monitoramento, de fiscalização e depunição, quando for o caso, dos veículos de comunicação.

De modo resumido, as prioridades para as políticas nesta áreaapontam para diferentes frentes:

i) ampliar o debate nas esferas do Estado e da sociedadesobre a representação da imagem das mulheres na mídia eos significados dessa representação para a construção deuma sociedade mais solidária e igualitária;ii) contribuir para a formulação de um marco regulatóriodo Sistema de Comunicação do país, com propostas parao enfrentamento de abordagens preconceituosas ediscriminatórias com relação a gênero, raça/etnia eorientação sexual, bem como de mecanismos institucionaisque estimulem a produção e veiculação de mensagens ediscursos visuais e sonoros não-discriminatórios;iii) assegurar a introdução das perspectivas de gênero, raça/etnia e orientação sexual no debate sobre políticas públicasde comunicação;iv) atuar junto aos meios de comunicação públicos eprivados para a ampliação dos espaços de expressão dasmulheres e de todos os segmentos discriminados;v) garantir às mulheres o acesso à produção de conteúdo,com especial atenção para a produção em áudio eaudiovisual para veiculação em larga escala.

De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo215, a cultura deve ser compreendida como um direito humanofundamental, sendo dever do Estado garantir a todos “o plenoexercício dos direitos culturais e apoiar e incentivar a valorização

e a difusão das manifestações culturais”. Cabe ao Estado, ainda,“proteger as manifestações das culturas populares, indígenas eafro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo

civilizatório nacional”. Adicionalmente, o princípio da igualdadeé repetido diversas vezes ao longo de seu texto. Não apenas oartigo 5º estabelece que todos são iguais perante a lei – e em

seu inciso I explicita a igualdade de direitos e obrigações entrehomens e mulheres –, mas o artigo 3º menciona explicitamentecomo sendo um dos objetivos do Estado brasileiro a promoção

do “bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor,idade e quaisquer outras formas de discriminação”. Desse modo,já na Constituição Federal fica claro o direito universal à cultura,tanto na produção, difusão e distribuição de bens resultantes

das manifestações culturais, quanto na valorização destesdiferentes processos, sempre na perspectiva da igualdade.

Atuando nesta perspectiva, o II Plano Nacional de Políticas paraas Mulheres, bem como o Plano Nacional de Cultura, contribuempara a consolidação da democracia brasileira, a partir do respeito

à pluralidade e à diversidade cultural em todos os suportes demídia e da ausência de racismo, sexismo ou qualquer outro tipode discriminação. A colaboração, a co-responsabilidade e a

formulação participativa são hoje, e serão no futuro, indispensá-veis para sua implementação e vigência.

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

I. Contribuir para a construção de uma cultura igualitária,democrática e não reprodutora de estereótipos de gênero, raça/etnia, orientação sexual e geração;

II. Promover a visibilidade da contribuição cultural das mulheresna sociedade brasileira, por meio da divulgação de suas diferentesformas de expressão;

III. Promover o acesso das mulheres aos meios de produçãocultural e de conteúdo para todos os veículos de comunicação emídia;

IV. Contribuir para a elaboração de marco regulatório para osistema de comunicação brasileiro que iniba a difusão deconteúdos discriminatórios relacionados a gênero, raça/etnia,orientação sexual, e para a implantação de órgão executor destafinalidade;

V. Garantir o cumprimento dos instrumentos internacionais naárea e contribuir para a revisão da legislação brasileira sobre amatéria.

I. Incentivar comportamentos e atitudes que não reproduzamconteúdos discriminatórios e que valorizem as mulheres em todaa sua diversidade, nos veículos de comunicação;

II. Valorizar as iniciativas e a produção cultural das mulheres esobre as mulheres;

III. Contribuir para ampliar a presença das mulheres nos diferentesespaços de poder e decisão na mídia nacional;

IV. Contribuir para ampliar o controle social sobre a veiculaçãode conteúdos discriminatórios na mídia em geral.

A – Elaborar um diagnóstico sobre a representação da mulherna mídia, em todas as regiões do país;

B – Promover a articulação de cinco redes de monitoramento,uma para cada região do país, para denúncias de abordagensdiscriminatórias de gênero, raça/etnia e orientação sexual namídia em geral;

C – Ampliar em 50% os Pontos de Cultura Mulher;

D – Realizar três seleções públicas de projetos formulados pormulheres para produção de conteúdos audiovisuais quedesconstruam mitos e estereótipos de gênero e raça/etnia;

E – Instituir cinco Pontões de Cultura Mulher, um em cada regiãodo país.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS OBJETIVOS GERAIS

METAS

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

8.1. Estimular e garantir que os programas de fomento àprodução e difusão cultural valorizem a expressão das mulherese a sua contribuição social, política, econômica e cultural;

8.2. Estimular a produção e a difusão de conteúdos não-discriminatórios e não-estereotipados das mulheres, valorizandoas dimensões de raça/etnia, orientação sexual e geração;

8.3. Construir mecanismos de monitoramento e controle socialdos conteúdos veiculados nos espaços de mídia e comunicação,assegurando participação ativa, constante e capilarizada dasociedade.

PRIORIDADES

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 8.1. Estimular e garantir que os programas de fomento à produção e difusão cultural valorizem a expressão dasmulheres e sua contribuição social, política, econômica e cultural.

8.1.1. Elaborar material educativo/informativo a partirda biografia de mulheres que contribuíram para aconquista de direitos e cidadania.

8.1.2. Estimular a produção, difusão e distribuição dematerial audiovisual, livros e outras produções culturaisque abordem a presença das mulheres na história e nacultura, considerando suas especificidades étnico-raciais.

8.1.3. Estimular a produção, difusão e distribuição dematerial audiovisual, livros e outras produções culturaissobre as mulheres indígenas, que valorizem o seu papelnas decisões coletivas.

8.1.4. Implantar Pontões de Cultura especificamentevoltados para a questão de gênero, considerando asespecificidades étnico-raciais, de geração e deorientação sexual.

8.1.5. Ampliar a perspectiva e a temática de gêneronos Pontos de Cultura existentes.

8.1.6. Capacitar os pontos de cultura mulher comoprodutores de conteúdo para a TV Pública.

8.1.7. Ampliar o número de Pontos de Cultura Mulher.

MECSPM

MinCSPM

MinCFunai

MinC

MinC

MinC

MinC

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Materialdistribuído.

Materialdistribuído.

Materialdistribuído.

Pontão de Culturainstalado.

Ponto de Culturacom atividades re-lativas à temática

de gênero.

Ponto de Culturacapacitado.

Ponto de CulturaMulher instalado.

MinC, Seppir, ONGs,movimentos feministas e

de mulheres.

Seppir.

SPM.

SPM, Seppir, SEDH,estados e municípios.

SPM, estados emunicípios.

SPM, estados emunicípios.

SPM, estados emunicípios.

1377/87511433/8834

1141/88861433/8834

1141/88860150/2711

1141/8886

1141/8886

1141/8886

1141/8886

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

PLANO DE AÇÃO

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 8.1. Estimular e garantir que os programas de fomento à produção e difusão cultural valorizem a expressãodas mulheres e sua contribuição social, política, econômica e cultural.

MinC

SPMMinC

MinCFunai

MDA

MDA

MDA

2008

2011

2011

2011

2011

2011

8.1.8. Incorporar o quesito sexo e raça/cor nosformulários do Edital de Intercâmbio e Passagens, doFundo Nacional de Cultura.

8.1.9. Produzir diagnóstico quantitativo e qualitativosobre os proponentes no âmbito do Edital de Inter-câmbio e Passagens, do Fundo Nacional de Cultura.

8.1.10. Articular parcerias para apoio, fortalecimento,preservação e revitalização da cultura tradicional evalorização das línguas tradicionais e da sabedoria,não discriminando os povos que falam a línguaportuguesa.

8.1.11. Capacitar mulheres como agentes de leiturado Programa Arca das Letras.

8.1.12. Promover a difusão de informações epublicações sobre gênero nas bibliotecas do ProgramaArca das Letras.

8.1.13. Implantar bibliotecas em comunidades comforte incidência de violência doméstica, exploraçãosexual e psicológica.

Formulário comquesitos

incorporados.

Diagnósticoproduzido.

Projeto apoiado.

Mulhercapacitada.

Acervodistribuído.

Bibliotecaimplantada.

-

-

SPM, Seppir, Fundaçõesculturais e outras

entidades envolvidas naárea de cultura.

MEC/FNDE, governosestaduais.

MEC/FNDE, governosestaduais.

MEC/FNDE, movimentossociais.

Não orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

1350/2C72

Não orçamentária

1350/2C72

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 8.2. Estimular a produção e difusão de conteúdos não-discriminatórios e não-estereotipados das mulheres,valorizando as dimensões de raça/etnia, orientação sexual e geração

8.2.1. Fomentar a produção de conteúdos audiovisuaisque desconstruam mitos e estereótipos de gênero.

8.2.2. Realizar campanhas de denúncia e combate àdiscriminação e aos estereótipos das imagensveiculadas sobre as mulheres na mídia.

8.2.3. Avaliar e orientar as ações publicitárias e aspublicações do Governo Federal visando garantir orespeito à igualdade de gênero, raça/etnia.

8.2.4. Apoiar ações de capacitação de profissionaisda mídia e de comunicadores locais para que abordemtemas relativos à situação das mulheres, bem como asdimensões da violência e das iniqüidades nas políticaspúblicas, visando garantir a valorização e o respeito àdiversidade e a não discriminação de gênero, raça/etnia, geração e orientação sexual.

8.2.5. Avaliar a dimensão de gênero nos projetosapoiados no âmbito do Programa Nacional de Apoioà Cultura (Pronac).

8.2.6. Estimular as produções locais e a veiculação deprogramas com temática de gênero em toda a mídia.

8.2.7. Estimular a criação de rádios comunitárias comoinstrumentos de divulgação da temática de gênero.

8.2.8. Fomentar e apoiar fóruns de debate e reflexãolocais e nacionais sobre mulher e mídia.

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

MinC

SPM

SPM

2011

2011

2011

2011

2009

2011

2011

2011

Materialdivulgado.

Campanharealizada.

Avaliaçãorealizada.

Profissionalcapacitado/a.

Avaliaçãorealizada.

Programaveiculado.

Rádiocomunitária

criada.

Evento realizado.

MinC, MEC, Seppir.

MCid, MinC, Seppir.

Secom, Seppir.

MinC, Secom, Seppir,órgãos da imprensa ousindicatos da categoria.

MinC.

EBC

MinC, MC.

ONGs, movimentosfeministas e de mulheres.

1433/8834

1068/4641

1068/8850

1433/8834

1068/8850

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 8.2. Estimular a produção e difusão de conteúdos não-discriminatórios e não-estereotipados das mulheres,valorizando as dimensões de raça/etnia, orientação sexual e geração.

Prioridade 8.3. Construir mecanismos de monitoramento dos conteúdos veiculados nos espaços de mídia e comunicação,assegurando participação ativa, constante e capilarizada da sociedade.

SPM 2011 Materialdistribuído.

Seppir.8.2.9. Apoiar a produção, difusão e distribuição demateriais produzidos por organizações de mulheres ououtras organizações da sociedade civil comprometidascom a valorização das dimensões étnico-raciais, degênero, orientação sexual e geracional.

1433/8834

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

8.3.1 Criar mecanismo institucional que monitore aveiculação de imagens de mulheres, de negros ehomossexuais na mídia em geral, de forma a combatera discriminação e a mercantilização do corpo e da vidadas mulheres.

8.3.2 Incorporar a temática de gênero no FórumNacional de TVs Públicas e no Espaço de Interatividadeda TV Pública com a sociedade.

8.3.3 Estimular a participação do movimento demulheres no processo de revisão dos critérios paraoutorga e/ou renovação das concessões de TVs e rádiose na elaboração de um marco regulatório para o sistemade comunicações do país.

SPMMJ

SPM

SPM

2010

2009

2011

Mecanismocriado.

Fórum/Espaçocom temáticaincorporada.

Organização demulheres

participante.

Seppir, Conar, ONGs,movimentos feminista

e de mulheres.

EBC.

MC, Movimentosfeministas e de mulheres.

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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cont. Prioridade 8.3. Construir mecanismos de monitoramento dos conteúdos veiculados nos espaços de mídia e comunicação,assegurando participação ativa, constante e capilarizada da sociedade.

8.3.4 Articular com Ministério Público Federal e PoderJudiciário para assegurar o controle, fiscalização epunição das empresas, organismos e entidades decomunicação que exploram a imagem da mulher demaneira sexista, machista e racista.

8.3.5 Criar Fórum de Cultura, Comunicação e MídiaNão-Discriminatória, com representantes dos poderesexecutivo, legislativo, judiciário e da sociedade civil, parapromover o diálogo e a formulação de propostas paraa promoção de uma imagem equilibrada e não-estereotipada da mulher nos meios de comunicação eem mensagens de utilidade pública.

8.3.6 Estimular a elaboração de código de ética oucódigo de conduta sobre a imagem equilibrada e não-estereotipada da mulher na publicidade.

8.3.7 Apoiar a participação de mulheres na I Confe-rência Nacional de Comunicação.

Fiscalizaçãorealizada.

Fórum criado.Proposta

apresentada.

Código aprovado.

Representante dasociedade civil

como delegada.

Seppir, Ministério PúblicoFederal, Poder Judiciário,Conar, ONGs, sociedade

civil.

Secom, Poderes Legislativoe Judiciário, sociedade

civil.

Conar.

MC.

SPMMJ

MinCSPM

SPM

SPM

2011

2009

2010

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentária

1068/2272

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Capítulo 9: Enfrentamento do racismo,sexismo e lesbofobia

No ano de 2006, a população brasileira já era de mais de 187milhões de habitantes, dos quais cerca de 49,5% eram da raça/cor negra, segundo a Pnad/IBGE. Neste contingente, as mulheresnegras representavam mais de 46 milhões de pessoas, distribuídaspor todas as regiões do país, com maior predominância nosestados do Norte e Nordeste. Adicionalmente, os dados indicamque o número total de brasileiros que se auto-declaravamindígenas era de cerca de 519 mil, dos quais quase 280 mil erammulheres. São estes grupos de mulheres que sofrem com ofenômeno da dupla discriminação, ou seja, estão sujeitas a“múltiplas formas de discriminação social (...), em conseqüênciada conjugação perversa do racismo e do sexismo, as quaisresultam em uma espécie de asfixia social com desdobramentosnegativos sobre todas as dimensões da vida”1 Percebe-se, então,a composição de um tecido social diverso e plural que se tornamais complexo quando se consideram outros fatores, comoorientação sexual, regionalidade e situação de moradia (urbanaou rural; central ou periférica), idade, condição física, entre outros.

Nesse sentido, os segmentos populacionais das mulheres negrase indígenas e das lésbicas encontram-se expostos a diferentesformas de violência e mecanismos de exclusão dentro e fora daspolíticas públicas, em decorrência da força com que o racismo, osexismo e a lesbofobia incidem – e estruturam – a sociedadebrasileira. A força da discriminação no Brasil, seja ela de gênero,de raça/etnia ou de orientação sexual, é um dos principais fatoresde produção de desigualdades, tanto entre as mulheres e oshomens, quanto entre as próprias mulheres. Assim, para amelhoria das condições de vida destes grupos há que se ter umcompromisso político que assegure o enfrentamento do racismo,do sexismo e da lesbofobia, posto que estes fenômenos reforçamas desigualdades.

Tal compromisso vem sendo assumido pelo governo federal desde2003 quando foram criadas as Secretarias Especiais de Políticaspara as Mulheres, de Promoção da Igualdade Racial e de DireitosHumanos com o objetivo de promover a incorporação das

1 CARNEIRO, Sueli. A batalha de Durban. Revista Estudos Feministas, vol. 10, nº 1, 2002. p. 210.

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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perspectivas de gênero, raça/etnia e direitos humanos (incluindo-se aqui a dimensão da orientação sexual) nas políticas públicas.A inclusão deste novo capítulo do Plano, como resposta àsdemandas oriundas da II Conferência Nacional de Políticas paraas Mulheres, representa uma conquista de diferentes segmentosdo movimento de mulheres e a reafirmação deste compromisso,agora com um grau maior de complexidade, qual seja otratamento das dimensões de gênero, raça/etnia e orientaçãosexual de maneira complementar e valendo-se do conceito deinterseccionalidade.

Este conceito trabalha a partir da afirmação da coexistência dediferentes fatores, como vulnerabilidades, violências,discriminações, também chamados de eixos de subordinação,que acontecem de modo simultâneo na vida das pessoas. Dessemodo, ajuda a compreender a complexidade da situação deindivíduos e grupos, como também a desenhar soluções maisadequadas. Evidencia que os fenômenos do racismo, sexismo elesbofobia não são excludentes, mas, ao contrário, se somam,contribuindo para produzir situações de desigualdades ediscriminações mais intensas para determinados grupos sociais.

A partir da perspectiva da interseccionalidade, é possível tornarvisível a existência ou não de desvantagens produzidas sobre aspessoas em uma sociedade desigual. No caso das mulheres, estasdesvantagens podem ser resultantes de discriminações de raça/etnia (ser negra ou ser indígena), de sexo (ser mulher) eorientação sexual (ser lésbica). E podem ainda se somar a outrasvariáveis como classe social (ser pobre), condição de moradia(residir em favelas ou em áreas rurais afastadas), idade (ser jovemou idosa), presença de deficiência, entre outras.

Um dos aspectos que esse conceito permite destacar é aimpossibilidade de se isolar ou privilegiar na elaboração e gestãode políticas para a eqüidade, qualquer uma das característicasque formam indivíduos e grupos. O isolamento prejudica apercepção da complexidade, das correlações e potencializaçõesentre esses aspectos, o que, apesar de permitir a simplificaçãode diagnósticos e ações, termina não apenas excluindo pessoase grupos, mas principalmente favorecendo aqueles subgruposem posição de privilégio.

A utilização dessa perspectiva permite compreender e enfrentarde forma mais precisa a articulação entre as questões de gênero,de raça/etnia e de orientação sexual, uma vez que estas não sedesenvolvem de modo isolado, nem afastam outros fatorespassíveis de produzir desigualdade e injustiça da vida cotidianadas pessoas. E mais, a presença concomitante de outros fatorespotencializa os efeitos de cada um, bem como oferece ascondições para que outras violações de direitos ou de criação deprivilégios e desigualdades se instalem.

Outro aspecto importante a ser considerado é o racismoinstitucional. Também chamado de racismo sistêmico, é umconceito criado para assinalar a forma como o racismo penetranas instituições, resultando na adoção dos interesses, ações emecanismos de exclusão perpetrados pelos grupos dominantespor meio de seus modos de funcionamento e da definição deprioridades e metas de realização. No caso da maioria dos paísesda Diáspora Africana – no Brasil, inclusive – este conceito fala,para além do privilégio branco, de suas ações para controle,manutenção e expansão destes privilégios por meio daapropriação do Estado.

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Desta forma, à diferença de outras formas de manifestações deracismo, o racismo institucional não se expressa por atosmanifestos, explícitos ou declarados de discriminação orientadospor motivos raciais. Ao contrário, atua de forma difusa nofuncionamento cotidiano de instituições e organizações, quepassam a operar de forma diferenciada na distribuição de serviços,benefícios e oportunidades a diferentes grupos raciais. Este tipode discriminação tem efeitos extremamente relevantes. Eleextrapola as relações interpessoais e se instaura no cotidianoorganizacional, inclusive na implementação efetiva de políticaspúblicas, gerando de forma ampla, mesmo que difusa,desigualdades e iniqüidades. Neste sentido, a utilização doconceito de racismo institucional permite não apenas umacompreensão mais ampla sobre a produção e reprodução dasdesigualdades raciais brasileiras, como também aumenta aspossibilidades de resgatar, dentro das políticas públicas e daspolíticas organizacionais, novas frentes de combate aopreconceito e à discriminação e de promoção da igualdade racial,desalojando-se o debate do plano exclusivo das relaçõesinterpessoais e recolocando-o nos termos de sua dimensãopolítica e social.

Estas perversas construções sociais acabam por criar um ciclo dedesigualdades e discriminações que se inicia nos bancos escolarese segue até o momento da aposentadoria. Por exemplo, no casode uma mulher negra adulta, sabe-se que em conseqüência doracismo e do sexismo esta mulher terá muito mais chances de ternenhuma, ou baixa, escolaridade se comparada à mulher brancae aos homens, em especial aos brancos. E porque ela tem baixaescolaridade, tem menor chance de conseguir um bom emprego,

estando mais exposta ao desemprego e com maiores chancesde ser pobre. A inserção precária no mercado de trabalho cria,também, uma situação de desproteção futura, em função da nãofiliação ao sistema previdenciário e a conseqüente inexistênciade rendimentos vinculados à aposentadorias ou pensões. Alémdisso, esse quadro torna as mulheres negras mais vulneráveis adoenças e à violência.

No que diz respeito à escolaridade, em 2006, a taxa deanalfabetismo entre mulheres com 45 anos ou mais de idadeera superior à dos homens, e a média de anos de estudo, inferior.No caso das negras com 15 anos ou mais, a taxa de analfabetismoé duas vezes maior que entre as brancas. No que tange aodesemprego, ele atingiu 12,5% das mulheres negras, contra 5,7%dos homens brancos. Representam ainda um contingentesignificativo entre as trabalhadoras informais sem acesso àPrevidência, entre as residentes em ambientes insalubres e entreas responsáveis pelo cuidado e sustento do grupo familiar,respondendo por cerca de 60% das/os chefes de famílias semrendimentos. Além disso, aproximadamente 75% dastrabalhadoras domésticas infantis são meninas negras2.

Além de apresentarem menor expectativa de vidacomparativamente às mulheres brancas, dados da PNAD/IBGErevelam que, em 2004, 44,5% das mulheres negras não tiveramacesso ao exame clínico de mamas, contra 27% das mulheresbrancas. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2000 e 2004, ainfecção por HIV/Aids subiu de 36% para 42,4% entre asmulheres negras, e entre os homens negros passou de 33,4%para 37,2%, enquanto na população branca, a incidência de

2 Ipea/Unifem. Retrato das desigualdades 2006. Brasília: Ipea/Unifem, 2006.

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casos diminuiu, no mesmo período. Cabe destacar, ainda, que58% dos óbitos de jovens negras por causas externas referem-se a assassinatos.

Como se pode observar, cada característica acaba fazendo comque outros fatores se instalem na vida dessa mulher negra,tornando-a mais vulnerável do que um homem branco a umasérie de problemas – sociais, políticos ou pessoais.

A população negra contribuiu de forma inquestionável para aconstrução socioeconômica e cultural do país, e nesta, asmulheres negras têm e tiveram participação decisiva nasconquistas de direitos das brasileiras. Sua luta contra o racismoe o desmascarar do mito da democracia racial tem conquistadoo envolvimento e o comprometimento de outros setores dasociedade civil organizada.

A articulação entre o sexismo e o racismo incide de formaimplacável sobre o significado do que é ser uma mulher negrano Brasil. A partir do racismo e da conseqüente hierarquia racialconstruída, ser negra passa a significar assumir uma posiçãoinferior, desqualificada e menor. Já o sexismo atua nadesqualificação do feminino. Somando-se a isto aheterossexualidade compulsória, o quadro apresentado se agrava.Essa normalização das relações sexuais, que torna todas as outrasformas de exercício da sexualidade como desviantes e negativas,produz outra forma de discriminação, agora contra as mulhereshomossexuais: a lesbofobia.

Sociedades racistas, sexistas e lesbofóbicas constroem privilégiospara um grupo minoritário de pessoas, os quais carregamcaracterísticas tidas como ideais: os brancos; os homens; os

heterossexuais e, entre eles, os adultos; os que residem nascidades, especialmente nas regiões de maior poder político eeconômico; os que não têm qualquer deficiência ou qualqueroutra característica tida como desvantajosa ou inferior.

Há muito tempo a mobilização política das negras, das indígenase das lésbicas tem apontado para o reconhecimento do papeldo Estado na produção de ações capazes de reduzir o impactoque o racismo, o sexismo e a lesbofobia têm em suas vidas. Vemdesta perspectiva a crescente demanda pela elaboração depolíticas públicas inclusivas, democráticas, não-racistas, não-sexistas e não-lesbofóbicas. Demandas que têm resultado eminiciativas do poder executivo, principalmente a partir do governofederal, mas que se estendem também aos demais níveis degoverno e aos poderes legislativo e judiciário.

No entanto, os avanços atuais ainda não têm sido suficientespara produzir alterações imediatas na vida das mulheres negras,das indígenas e das lésbicas. Isto se deve principalmente àslimitações e às inconsistências técnicas ainda existentes naspolíticas em curso. Assim, ações, políticas e programas voltadospara estes grupos devem necessariamente considerar anecessidade de enfrentar não apenas o racismo, o sexismo e alesbofobia, como também as iniqüidades decorrentes da pobreza,da baixa escolaridade, das condições precárias de saúde e devida nos grandes centros e das diferenças culturais.

Dessa forma, para que as mulheres negras, indígenas e lésbicastenham suas demandas e necessidades atendidas, não sãosuficientes as políticas chamadas universais. Ao contrário, arealidade brasileira aponta que as políticas universais, por nãoconsiderarem as especificidades e as desigualdades entre as

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mulheres, têm privilegiado as mulheres brancas e heterossexuais.Assim, a presença do racismo e da lesbofobia tem resultado noprivilégio de grupos minoritários de mulheres no acesso àsconquistas das lutas feministas.

Para que se possa garantir que as mulheres destes gruposespecíficos sejam colocadas no centro das políticas públicas paraa produção da eqüidade, é preciso por em ação diferentesmecanismos e buscar desmontar de forma simultânea os diversoseixos de subordinação. No caso da formulação, monitoramentoe avaliação das políticas públicas, a centralidade das mulheresnegras, indígenas e lésbicas precisa ser desenhada em umaabordagem múltipla e simultânea de diferentes aspectos. Entreeles estão: definição de prioridades; metas diferenciadas;magnitude das ações; orçamento específico e participação naformulação, monitoramento e avaliação das propostas.

Neste sentido, este capítulo destaca as duas perspectivasfundamentais que as políticas para as mulheres devem ter paraexecução de seus objetivos de eqüidade, quais sejam: a dimensãoideológica e a operacional. Ambas reivindicam a individualizaçãodas mulheres – particularização de cenários, demandas enecessidades – como modo de produção de diagnósticos e derespostas, ações, programas e políticas.

A dimensão ideológica significa produzir iniciativas capazes deconfrontar o status quo racista, sexista e lesbofóbico, por meiode diferentes campanhas e ações de confronto ideológico, doquestionamento sistemático do potencial de reforço conservadorembutido em diferentes iniciativas e do empoderamento dasmulheres dos diferentes segmentos. Esta dimensão, portanto, nãose realiza automaticamente a partir do recurso às palavras raça

ou etnia e orientação sexual. Na verdade, mulheres negras,indígenas e lésbicas não são a somatória de gênero+raça,gênero+etnia e gênero+orientação sexual.

A dimensão operacional requer a centralidade de cada grupo oupopulação de mulheres na proposição de políticas públicas, apartir de diferentes níveis de ações afirmativas que incluem suaparticipação na formulação e na gestão em posição de igualdadeem relação às outras mulheres e a proposição de ações quepriorizem a alteração de suas condições de vida. Isto implica naconsideração da perspectiva e das demandas específicas dasmulheres, o que não é o mesmo que prever um percentual demulheres “diversas” nas propostas gerais.

Assim, para que os interesses das mulheres negras, indígenas elésbicas possam ser atendidos por meio de políticas públicas, épreciso modificar as formas de funcionamento das instituiçõesresponsáveis pela formulação, execução e monitoramento destaspolíticas. Ou seja, o Estado brasileiro como um todo e cada umade suas partes e diferentes poderes (legislativo, judiciário eexecutivo) precisam de alterações profundas para superar osmecanismos discriminatórios já em curso que têm resultado noprivilégio de determinados grupos, tanto nas posições de gestãoquanto nas ações e políticas desenvolvidas.

Estas modificações devem, sem abandonar as medidas deenfrentamento do sexismo, do racismo e da heterossexualidadecompulsória institucionalizados, incluir ações que permitam umreal avanço na formulação, implementação e monitoramento depolíticas públicas específicas com dotação orçamentária e oestabelecimento de indicadores, a saber:

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o desenvolvimento de ações afirmativas que possibilitem aparticipação de mulheres negras, indígenas e lésbicas nasdiferentes etapas e posições de gestão e execução daspolíticas públicas, o que inclui estímulos à capacitação destesgrupos quando necessário;a capacitação de gestores para superação dos preconceitos;o desenvolvimento e adoção de medidas de estímulo às açõese condutas não-racistas, não-sexistas e não-lesbofóbicas;o desenvolvimento e adoção de medidas punitivas para oscasos de discriminação e preconceito, bem como dedescumprimento de metas específicas;a divulgação de dados e adoção de indicadores deacompanhamento e avaliação segundo critérios quecontemplem as especificidades desses grupos;a demonstração cotidiana do compromisso de gestores como desenvolvimento de políticas de eqüidade, de superaçãodo racismo, do sexismo, da lesbofobia e dos preconceitos.

No desenvolvimento de ações e políticas para as mulheres negras,indígenas e lésbicas, é importante também o fortalecimento desua liderança e de suas diversas formas de organização, de modoa permitir a mobilização social e o diálogo permanente –necessários ao fortalecimento das articulações no interior dasociedade civil e entre estas e os gestores públicos para o alcanceda eqüidade.

A superação do estado de desigualdade e condição adversaexperimentada por essas mulheres significa o exercício pleno deseus direitos humanos aviltados, essencialmente, peladiscriminação étnico-racial, sexual e lesbofóbica. A afirmaçãode políticas públicas voltadas a esses grupos reforça ocompromisso de fazer do Brasil um país livre do racismo, dosexismo, da lesbofobia e das demais iniqüidades.

I. Instituir políticas, programas e ações de enfrentamento doracismo, sexismo e lesbofobia e assegurar a incorporação daperspectiva de raça/etnia e orientação sexual nas políticaspúblicas direcionadas às mulheres.

I. Ampliar o conhecimento sobre a dimensão ideológica doracismo, sexismo e lesbofobia;

II. Superar as dimensões de desigualdade baseadas no racismo,sexismo e lesbofobia;

III. Reduzir os índices de racismo institucional contra mulheres,garantindo o acesso eqüitativo às diferentes políticas públicas.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

OBJETIVO GERAL

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A – Formar 120 mil profissionais da educação básica nas temáticasde gênero, relações étnico-raciais e orientação sexual, emprocessos executados ou apoiados pelo governo federal;

B – Reduzir de 13,38% para 11% a taxa de analfabetismo dasmulheres negras, entre 2006 e 2011;

C – Ampliar em 5%, entre 2008 e 2011, a freqüência de meninas,jovens e mulheres negras à educação básica;

D – Ampliar em 10%, entre 2008 e 2011, a freqüência demulheres negras no ensino superior;

E – Construir 950 salas de aula em comunidades remanescentesde quilombos;

F – Formar 5.400 professores/as da rede pública de ensinofundamental para atuar em comunidades remanescentes dequilombos;

G – Matricular 2 mil mulheres indígenas em cursos de LicenciaturaIntercultural;

H – Qualificar 100% dos pólos básicos para atenção integral àsaúde da mulher indígena;

I – Implantar o Programa de Anemia Falciforme nas 27 Unidadesda Federação;

J – Desenvolver experiências piloto para a implantação dediretrizes estratégicas de atendimento à saúde das mulhereslésbicas e bissexuais em cinco municípios do país;

K – Promover a articulação de cinco redes de monitoramento damídia para denúncia de abordagens discriminatórias de gênero,raça/etnia e orientação sexual em todas as regiões do país;

L – Realizar três seleções públicas de projetos formulados pormulheres para produção de conteúdos de audiovisual quedesconstruam os mitos e os estereótipos de gênero e raça/etnia;

M – Capacitar 1 mil mulheres no âmbito do Plano TrabalhoDoméstico Cidadão e articular para sua incorporação na Educaçãode Jovens e Adultos.

9.1. Formular e implementar programas, projetos e açõesafirmativas e de enfrentamento ao racismo, sexismo e lesbofobianas instituições públicas governamentais;

9.2. Fortalecer as políticas de enfrentamento da discriminaçãocontra as mulheres atingidas pelo racismo, sexismo, lesbofobia,deficiência, fatores geracionais e outras formas de intolerância ediscriminação;

9.3. Apoiar a capacitação de lideranças do movimento demulheres e feministas na promoção de políticas e ações deenfrentamento ao racismo, sexismo e lesbofobia e açõesafirmativas.

METAS PRIORIDADES

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As ações referentes a este capítulo encontram-se distribuídas pelos outros capítulos do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

PLANO DE AÇÃO

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Capítulo 10: Enfrentamento das desigualdadesgeracionais que atingem as mulheres,

com especial atenção às jovens e idosas

As últimas décadas foram marcadas, no que se refere à dinâmicademográfica brasileira, por um período de transição. A reduçãodas taxas de fecundidade e o avanço nas tecnologias de saúde enas condições de saneamento e acesso à água vêm produzindouma profunda alteração na estrutura etária do país. É cada vezmenor a proporção de crianças e jovens no conjunto da populaçãoe maior a de idosos, ou seja, o Brasil experimenta hoje umprocesso de envelhecimento, que pode ser visualizado por umalargamento do topo da pirâmide etária e um estreitamento dabase da mesma.

Este processo tem impacto significativo na forma como o Estadodesenvolve suas políticas e, mais ainda, na forma como enxergae viabiliza a contribuição de diferentes grupos etários para aconstrução de um projeto nacional de democracia com igualdadee inclusão social. Para além destas preocupações, a sociedadedeve estar atenta ainda à forma como jovens, adultos e idosos

têm suas diversidades respeitadas e consideradas. De fato, asoportunidades de inserção no mercado de trabalho para jovense idosos, por exemplo, que já são menores do que para apopulação em idade adulta, são ainda bastante diferenciadas adepender do sexo ou da raça/etnia dos indivíduos.

De modo geral, mulheres jovens e idosas experimentam situaçõesbastante particulares que devem ser consideradas no processode construção de políticas públicas a exemplo das questões desaúde – relacionadas ao início da vivência da sexualidade, àgravidez na adolescência, ao climatério – e de trabalho – queimplicam em uma sobrecarga de tarefas especialmente paramulheres jovens no campo dos cuidados. Ademais, a maiorexpectativa de vida feminina e as maiores taxas de divórcio,aliadas a uma crescente autonomia econômica, fazem com quemuitas mulheres com mais de 60 anos tornem-se as responsáveispelo sustento de suas casas, em geral em função da

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aposentadoria de que desfrutam1. Por outro lado, muitas destasmulheres ao se dedicarem exclusivamente às tarefas domésticasnão têm sua contribuição à economia reconhecida, o que as fazexperimentar situações de extrema vulnerabilidade na velhice.Para as novas gerações esta é uma realidade que vem sealterando, com um ingresso cada vez maior de mulheres nomercado de trabalho e a modificação, mesmo que ainda lenta,dos valores e papéis tradicionais de gênero.

A partir destes exemplos fica clara, portanto, a relevância de secontar com este novo capítulo no II Plano Nacional de Políticaspara as Mulheres. Incorporando as reivindicações dos movimentossociais e das delegadas participantes da II Conferência Nacional,o II PNPM avança ao acolher a transversalidade da perspectivageracional na implementação de políticas públicas e deprogramas direcionados às mulheres. Importante mencionar queesta transversalidade está expressa no fato de que as açõesvoltadas para mulheres jovens e/ou idosas estão dispersas nosmais diferentes eixos deste Plano. Reconhece-se, assim, que atemática não pode ser tratada de maneira isolada, devendo serincorporada por cada setor responsável pela execução daspolíticas em seu trabalho cotidiano. Neste sentido, é importanteconsiderar, ainda, as formas como as desigualdades geracionaisse manifestam relacionadas à condição de gênero e também àscondições sócio-econômicas e étnico-raciais, criando limites eresistências em relação às condições de cidadania das mulheres,assim como ao acesso a certos bens no mundo do trabalho, doconsumo, da saúde, da justiça, e ao acesso a direitos identitários,sociais e sexuais.

Como resultado do processo de transição demográfica, o Brasilencontra-se, hoje, entre os países que possuem os menorespercentuais de população infanto-juvenil quando comparado aoutros da América Latina. Em 2006, segundo a Pnad, a populaçãode até 14 anos representava 26% da população total. Com ofenômeno da queda da fecundidade e do gradual envelhecimentopopulacional, a proporção de indivíduos nesta faixa etária vemdiminuindo ano a ano: em 1996, era de 31,2%. Ainda assim, ogrupo de jovens segue sendo majoritário no país. Quandoconsiderada a população de até 29 anos, a importância destesegmento se torna bastante clara, uma vez que constituem poucomais de 50% da população total brasileira.

Por outro lado, a transição demográfica vem produzindo umprogressivo envelhecimento da população, ampliando-se ocontingente de pessoas com 60 anos ou mais de idade. No Brasil,os dados da PNAD de 2006 revelaram que este contingente járepresenta 10,2% da população total do país, correspondendoa 19 milhões de pessoas, dentre as quais, 56% são mulheres.Esta tendência à maior longevidade das mulheres se acentua nogrupo etário de 70 anos ou mais, e para ilustrar, o estado do Riode Janeiro é a Unidade da Federação “onde a feminização dapopulação idosa é mais marcante”, a razão de sexo chega a serde 57 homens para cada grupo de 100 mulheres2.

Cabe salientar que no segmento dos idosos observa-se apredominância de brancos (57,2%) sobre os pretos e pardos(41,6%), muito embora no total da população, sua participaçãoesteja equilibrada, com um contingente de brancos de 49,7% e

1 Em função destes fatores, as mulheres idosas, de um modo geral, não se encontram mais inseridas nos padrões convencionais familiares de conjugalidade, o que as torna vítimastambém de preconceitos e estereótipos que as agridem em seus direitos fundamentais.2 Brasil. IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira – 2007. Capítulo 7 – Idosos. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística, 2007, p. 149-177.

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de 49,5% de pretos e pardos. Estes dados confirmam asdiferenças nas condições de vida dos dois segmentos, excluindoa grande maioria da população negra do acesso a bens e serviçosbásicos, o que se traduz em redução da expectativa de vida, entreoutras conseqüências perniciosas. Certamente, este quadro estarárefletido nas trajetórias de vida e nas formas de enfrentamentoda velhice pelas mulheres brancas e negras, considerando-se,ainda, que além de mais numerosas, nesse segmento de idosos,a participação das mulheres como pessoas de referência, ou“chefes” de família, está crescendo, principalmente nas faixasetárias de 25 a 39 anos e de 60 anos ou mais, correspondendo a26,7% das pessoas de referência em cada um dos dois grupos3.

Ao analisar a situação das mulheres jovens brasileiras, percebe-se que uma parcela significativa dessa população, que hojecorresponde a aproximadamente 25 milhões de pessoas, temsido submetida a diferentes situações de violações de direitosfundamentais. Segundo estudos da Secretaria de Saúde do Recife,as mulheres negras do município têm 1,7 vezes mais chance demorrer do que as brancas. Essa proporção é ainda maior quandoanalisados os dados das mulheres de 20 a 29 anos: entre asnegras e pardas, o risco é 2,4 vezes maior. Nesta faixa etária, adiferença mais intensa aparece nas taxas de homicídio: as negrassão assassinadas cerca de 40 vezes mais do que as brancas4.

De acordo com a Pesquisa Nacional sobre Tráfico de Mulheres,de 2002, as mulheres negras, de 15 a 25 anos, constituem amaioria das mulheres traficadas. Na área da saúde, no caso daepidemia da Aids, para cada jovem do sexo masculino, entre 14e 19 anos com Aids, já existem duas meninas infectadas pelo

HIV. Na população em geral, essa relação é inversa: 1,8 homempara cada mulher.

Outro dado que aponta para a desigualdade em relação àsmulheres negras jovens encontra-se no mercado de trabalho,uma vez que são as mulheres negras com menos de 30 anos asque se encontram em situação de maior precariedade: cerca de71% destas mulheres encontram-se em ocupações informais,cuja proteção social é praticamente inexistente, o que projetapara uma situação de velhice também de desproteção, semcobertura previdenciária pública ou privada. Os rendimentos dasmulheres negras em comparação com os dos homens brancos,nas mesmas faixas de escolaridade, em nenhum caso ultrapassamos 53%, mesmo entre aqueles que têm 15 anos ou mais deescolaridade.

São determinantes para a construção deste quadro dedesigualdades as representações estereotipadas construídas edifundidas a respeito das capacidades e dos significados de sermulher jovem ou de ser mulher idosa. Nas representações davelhice e em seus estereótipos negativos, a maioria das mulheresconsideradas idosas tem parcas possibilidades de mobilidadesocial. Tal situação se agrava quando se consideram condiçõesétnico/raciais.

Por outro lado, concepções de gerontologia disseminadas nasociedade reiteram as visões de que, mesmo em um país quecultua a beleza, a juventude e a sensualidade como marcadoresde sua cultura, a velhice não pode ser encarada como ummomento de perda, de decadência física e ausência de papéis

3 IBGE. Op. cit., Capítulo 9 - Mulheres, p.201-231.4 Com base nos dados de 2001 a 2003 do Sistema de Informação sobre Mortalidade disponíveis em: http://www.pnud.org.br/noticias/impressao.php?id01=2371

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sociais, devendo-se realçar os ganhos acumulados com o avançoda idade, mesmo que sejam para poucos, tais como posições depoder, riqueza e prestígio5.

No que tange à mulher jovem, vale destacar que as noções dejuventude são também construídas pelas culturas, pautadas emcaracterísticas como mudanças corporais, condições políticas,econômicas e inclusive geográficas. As juventudes têm sidoassociadas a inúmeros aspectos, pressupostos, expectativas,temores e idealizações que, historicamente, implicam emcondições desvantajosas para os jovens, como a falta de controlesobre as próprias vidas e a marginalização.

Para as mulheres jovens, esse período é muito denso, pois devemresponder a várias demandas apresentadas em poucos anos.Nesta etapa, se dá o que se convencionou chamar de vida duplafeminina, ocorrendo um acúmulo de responsabilidades com osaspectos tradicionais e modernos das responsabilidades consigomesmo, com a casa, filhos, trabalho e estudos6. A estética dabeleza é outro dos valores correntes que interfere na forma comomulheres jovens lidam com seus corpos, com suas vidas e comose inserem no espaço social. A estética comercializada pelos meiosde comunicação idealiza um modelo único de mulher, sugerindoque esta seja a única possibilidade de inserção social “positiva”,fixando-se um padrão de beleza a ser atingido que poucorepresenta a diversidade das mulheres brasileiras, além deevidenciar a necessidade constante da aprovação do outro, quemuitas vezes é do sexo masculino.

Na contramão desta tendência homogeneizadora, o governotem atuado no sentido de reconhecer as diferenças, sejam elasquais forem. A concepção que orienta o desenvolvimento depolíticas para a juventude é a de reconhecer que esta não éúnica, mas sim heterogênea, com características distintas quevariam de acordo com aspectos sociais, culturais, econômicose territoriais. Este outro olhar inaugurou uma nova concepçãode política pública, que considera a juventude como umsegmento social portador de direitos e protagonista dodesenvolvimento nacional. Esta concepção é norteada por duasnoções fundamentais: oportunidades e direitos. As ações eprogramas do governo federal buscam oferecer oportunidadese garantir direitos aos jovens, para que eles possam resgatar aesperança e participar da construção da vida cidadã no Brasil.Neste caso, as diferentes áreas de atuação da política podemser distribuídas em torno das seguintes diretrizes:

oportunidades para adquirir capacidades – acesso àeducação, à qualificação profissional e à cidadania;oportunidades para utilizar capacidades – acesso ao mercadode trabalho, ao crédito, à renda, aos esportes, ao lazer, àcultura e à terra;garantia de direitos – oferta de serviços que garantam asatisfação das necessidades básicas do jovem e as condiçõesnecessárias para aproveitar as oportunidades disponíveis7.

Frente a esta situação de desigualdade, cabe questionar como oEstado tem enfrentando este quadro e como os sentidos têmsido re-articulados no espaço público, por meio da estratégia datransversalidade de gênero em relação às desigualdades

5 DEBERT, Guita G. A reinvenção da velhice. São Paulo: EdUSP, 1999.6 Rede Latino Americana e Caribenha de Jovens por Direitos Sexuais e Reprodutivos/Programa Mulher, Justiça e Gênero – ILANUD. Mulheres jovens e direitos humanos: manualde capacitação em direitos humanos para mulheres jovens e aplicação da Cedaw. São Paulo: REDLAC/ILANUD, 2004. Tradução ao português coordenada pelas Jovens Feministasde São Paulo e União de Mulheres de São Paulo.7 Brasil. Guia de políticas públicas de juventude. Brasília: Secretaria-Geral da Presidência da República, 2006.

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geracionais associadas às demais. É importante considerar oslimites das políticas públicas que, incorporando gênero, nemsempre foram transversais na articulação e em sua obliqüidadecom as desigualdades geracionais. A igualdade de oportunidadespressupõe o acesso de todas as mulheres às mesmasoportunidades, cujo critério deve ser sua qualificação, capacidadee talento, independentemente de sua raça/etnia, sexo ou origem.Deve ser construída na articulação institucional de todas aspolíticas de modo a que sejam alcançados os objetivos desejadose a igualdade de resultados seja socialmente valorizada.Importante observar, ainda, que o envelhecimento da populaçãoimpõe ao governo e à sociedade um esforço conjunto para oenfrentamento da ampliação e do surgimento de novasdemandas, que deverão traduzir-se em políticas e procedimentospara o atendimento às necessidades específicas desse segmentoda população.

Assim, a implementação das ações propostas ao longo do II PNPMexige que todo o governo esteja atento para as desigualdadesque afetam com maior incidência as mulheres jovens e idosas,entendendo-se que as mulheres não constituem um segmentohomogêneo, mas são marcadas por múltiplas identidades. Paraque as mulheres possam de fato desfrutar de todos os seus direitos

8 Rede Latino Americana e Caribenha de Jovens por Direitos Sexuais e Reprodutivos/Programa Mulher, Justiça e Gênero – ILANUD. Mulheres jovens e direitos humanos: manualde capacitação em direitos humanos para mulheres Jovens e Aplicação da Cedaw. São Paulo: REDLAC/ILANUD, 2004. Tradução ao português coordenada pelas Jovens Feministasde São Paulo e União de Mulheres de São Paulo.

faz-se primordial considerar suas especificidades geracionais,identificando e reconhecendo plenamente a diversidade presenteem cada uma de suas etapas de vida8. Tal iniciativa pressupõe,então, que o estudo das desigualdades e a conseqüenteelaboração de políticas públicas partam do reconhecimento dapluralidade e da múltipla dimensão das complexas relaçõesestabelecidas entre as diversas dimensões culturais ecomponentes das relações de gênero e geração.

Encarar o debate sobre as desigualdades geracionaishistoricamente acumuladas e socialmente reproduzidas no Brasilapresenta-se como um desafio de grandes proporções, a seracatado pelas políticas públicas, sob a égide da estratégia datransversalidade. A inserção deste capítulo representa um passoimportante nesta direção e significa o reconhecimento de quetais desigualdades devem ser consideradas como princípios daPolítica Nacional para as Mulheres e que a invisibilidade destesgrupos deve ser superada. Ao garantir o protagonismo das jovense idosas na elaboração, na implementação, no monitoramento ena avaliação das políticas públicas e nos programas desenvolvidosno âmbito do PNPM, reforça-se a importância de falar partindoda perspectiva da própria condição, já que experiência e vivêncianão podem ser substituídas por olhares externos.

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I. Assegurar a incorporação da perspectiva geracional nas políticaspúblicas direcionadas às mulheres;

II. Garantir o protagonismo das mulheres jovens e idosas naelaboração, no monitoramento e na avaliação das políticaspúblicas e nos programas desenvolvidos no âmbito do PNPM;

III. Promover a autonomia das mulheres jovens e idosas,considerando as suas especificidades e diversidades.

I. Reduzir os índices de violência contra as mulheres, considerandoas diversidades geracionais;

II. Garantir a igualdade de direitos e oportunidades no acesso,permanência e promoção das jovens, em especial as negras, nomercado de trabalho;

III. Ampliar a permanência das mulheres jovens na educaçãoformal, evitando a evasão escolar, em especial para as negras,trabalhadoras rurais, quilombolas, indígenas, lésbicas, deficientese jovens em conflito com a lei;

IV. Reduzir o analfabetismo feminino, em especial entre asmulheres negras, indígenas e acima de 50 anos;

V. Fortalecer ações de prevenção e assistência integral à saúdede mulheres adolescentes e jovens;

VI. Incentivar e fortalecer a inclusão feminina no sistemaprevidenciário, com base na universalização da cobertura.

A. Adotar medidas que promovam a elevação em 4% na taxa deatividade das mulheres com 16 anos ou mais, entre 2006 e 2011;

B. Reduzir de 9,64% para 8% a taxa de analfabetismo feminino,entre 2006 e 2011;

C. Formar 15 mil jovens agricultoras familiares no programa“Saberes da Terra” do Projovem;

D. Formar quatro referências técnicas, por estado, em atenção àsmulheres no climatério;

E. Sensibilizar cinco referências técnicas, por estado, em atençãoàs queixas ginecológicas de mulheres e adolescentes;

F. Ampliar em 100% a rede de atenção integral à saúde demulheres e adolescentes em situação de violência;

G. Habilitar 100% dos estados para a Atenção Integral à Saúdedas presidiárias e adolescentes em conflito com a lei.

10.1. Assegurar a implementação de ações de enfrentamento àsdesigualdades contra as mulheres jovens e idosas nas instituiçõespúblicas governamentais;

10.2. Apoiar a implementação do Estatuto do Idoso e do Estatutoda Criança e do Adolescente;

10.3. Apoiar a capacitação de lideranças dos movimentos dejovens feministas na promoção de políticas e ações deenfrentamento das desigualdades geracionais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

OBJETIVOS GERAIS METAS

PRIORIDADES

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As ações referentes a este capítulo encontram-se distribuídas pelos outros capítulos do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

PLANO DE AÇÃO

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Parte III

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Capítulo 11: Gestão e monitoramento do Plano

A formulação e implementação do Plano Nacional de Políticaspara as Mulheres representaram um grande desafio para ogoverno federal e para aqueles governos estaduais e municipaisque assumiram o compromisso de implantá-lo em seu nível.

O conceito de “transversalidade de gênero” nas políticas públicasse revestiu de materialidade com o Plano, e a gestão emonitoramento do mesmo assumiram relevância equivalente aoconteúdo de suas ações.

A despeito de algumas menções à gestão transversal terem sidofeitas em períodos anteriores, é a partir de 2003, com a criaçãoda SPM e também da Seppir, que a questão se coloca clara eefetivamente como uma prioridade. Diversos foram os fatoresque contribuíram para tanto, cabendo mencionar:

i) o compromisso político do governo federal com a questão;ii) a produção científica de qualidade sobre as dinâmicas dasrelações de gênero, que possibilitaram ampliar oconhecimento acumulado;

iii) a visibilidade e a legitimidade do movimento feministaque exerceu pressão política importante para odesenvolvimento de políticas de gênero;iv) as pressões internacionais oriundas de instâncias comoComitê Cedaw/ONU, Comissão sobre a Situação da Mulher/ONU e Comissão Interamericana de Mulheres/OEA;v) o questionamento de paradigmas e valores existentes quefundamentam as desigualdades entre homens e mulheres eos diferentes papéis que cada um assume na sociedade.

Como já assinalava o I PNPM, o modelo de gestão transversal éconsiderado um dos grandes desafios da administração públicae tem como característica principal a “articulação horizontal enão hierárquica, buscando influenciar o desenho, a formulação,a execução e a avaliação do conjunto das políticas públicas”1.

Nesse sentido, a gestão transversal está orientada para a buscade resultados e para a integração de programas que seidentifiquem por suas complementaridades, potencializando os

1 Brasil. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Plano Nacional de Políticas para as Mulheres. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2004.p. 85.

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resultados das ações governamentais, constituindo umaprioridade política do governo. Seus objetivos principais são:

i) incorporar conceitos e práticas relativas à transversalidadenas políticas governamentais;ii) melhorar a integração entre os órgãos setoriais na definiçãoe tratamento da transversalidade;iii) aumentar o grau de articulação entre instituições e demaisatores envolvidos na gestão da transversalidade;iv) identificar oportunidades setoriais de investimentos ematividades específicas relativas à transversalidade;v) divulgar e disseminar o conhecimento relativo ao temanas diversas instâncias e fóruns governamentais e nãogovernamentais.

Neste contexto, é atribuída a SPM a responsabilidade decoordenar, junto aos demais setores do Estado, o esforço de incluire considerar em todo o processo de elaboração, implementaçãoe execução das políticas públicas, as demandas, necessidades epotencialidades das mulheres. É importante reafirmar que acriação da Secretaria não desobrigou os demais ministérios apersistirem na busca da incorporação das perspectivas de gêneroe raça/etnia na definição e execução de suas políticas. A criaçãode órgãos específicos para tratar de questões transversais nãorepresenta uma alternativa à atuação dos órgãos setoriais, umavez que sua função principal é garantir a inclusão de taistemáticas no conjunto das políticas públicas, cabendo aos órgãossetoriais executar diretamente as ações sob sua responsabilidade.

Para viabilizar a gestão do PNPM, em sua primeira versão, foramcriados alguns instrumentos de articulação com os diferentesministérios e secretarias responsáveis pela execução do Plano,assim como de mecanismos de monitoramento e avaliação dasações por eles desenvolvidas e de incentivo à transversalidadevertical da perspectiva de gênero.

Desta forma, foi instituído, já no Decreto nº 5390/2005 quelança o I PNPM, o Comitê de Articulação e Monitoramento doPlano. Coordenado pela SPM, o Comitê tem como atribuições:

i) estabelecer a metodologia de acompanhamento do PNPM;ii) apoiar, incentivar e subsidiar tecnicamente aimplementação do Plano nos estados e municípios;iii) acompanhar e avaliar as atividades de implementação doPNPM;iv) promover a difusão do Plano;v) efetuar ajustes de metas, prioridades e ações do Plano;vi) elaborar relatório anual de acompanhamento;vii) encaminhar o relatório ao CNDM e à Câmara de PolíticasSociais.

Em função da ampliação do escopo do Plano nesta sua segundaedição e em virtude de avaliações realizadas sobre ofuncionamento do Comitê no período de 2004 a 2007,importantes alterações foram processadas na sua estrutura.Inicialmente, o Comitê era composto por representantes de todosos órgãos diretamente envolvidos no Plano e da sociedade civil,por intermédio do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher,agora, passa a contar também com representações de organismosestaduais e municipais de políticas para as mulheres. Estaincorporação se deu, em grande medida, pela necessidade de secontar com interlocutores nas esferas sub-nacionais, quepudessem dialogar com os órgãos federais e articular, de maneiramais efetiva, a implementação do Plano no nível local. Cabedestacar que a SPM promove, semestralmente, reuniões nacionaisdo Fórum de Mecanismos Governamentais de Políticas para asMulheres que conta com a participação de todas ascoordenadorias/secretarias de políticas para as mulheres deestados e municípios. O Fórum – que, desde 2007, conta também

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com reuniões regionais – representa outro espaço importantepara esta articulação vertical e para a difusão de informaçõese deliberações definidas no âmbito do Comitê.

Como resultado das próprias deliberações da Conferência, oComitê foi ampliado, ainda, para incorporar novos parceiros naesfera federal. Passam a integrá-lo, neste II Plano, os Ministériosda Cultura e do Meio Ambiente, a Secretaria Geral da PresidênciaRepública (na qual se insere a Secretaria Nacional da Juventude),a Secretaria de Comunicação Social, a Casa Civil, a FundaçãoNacional do Índio (Funai) e o Instituto de Pesquisa EconômicaAplicada (Ipea), que se desvinculou do Ministério doPlanejamento, em 2007. Por fim, a representação da sociedadecivil foi ampliada, passando de uma para três cadeiras reservadasàs conselheiras do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher2.

Ressalte-se, ainda, que o regimento do Comitê prevê aconstituição de grupos de trabalho e câmaras técnicas com afunção de colaborar para o cumprimento de suas atribuições,sistematizar informações e elaborar relatórios sobre temáticasespecíficas. O integra, também, um comitê técnico instituído coma finalidade de dar suporte aos seus trabalhos, especialmente noque diz respeito ao levantamento de informações junto aos órgãossetoriais e à elaboração de relatórios, sendo composto porrepresentantes da SPM, Ministério do Planejamento, Casa Civil eIpea.

O Comitê conta com o suporte do Sistema de Monitoramento eAvaliação do PNPM. Criado pela SPM em 2005, o objetivo do

Sistema é estabelecer um fluxo mais confiável e menosburocrático das informações, de modo a assegurar a integridadee veracidade dos dados e a produção sistemática de materialpara subsidiar o acompanhamento da execução do Plano. Estaferramenta é fundamental para oferecer o apoio necessário aoprocesso decisório, bem como para garantir a transparência daimplementação das ações e dos resultados alcançados. O Sistemaestá disponível na homepage da Secretaria Especial de Políticaspara as Mulheres e pode ser acessado por toda a sociedade.

Para além destes instrumentos, várias são as estratégiasnecessárias para assegurar a viabilidade da incorporação daperspectiva de gênero nas políticas públicas. Estas estão expressasnas prioridades deste capítulo de Gestão e compreendem osseguintes aspectos:

i) colocação à disposição de conhecimentos acerca dasquestões de igualdade ou desigualdade de gênero: a gestãodo PNPM necessita do apoio permanente de informações edados confiáveis sobre as diferentes áreas de atuação quese articulam no enfrentamento das desigualdades de gêneroe na promoção da autonomia e dos direitos das mulheres.Ademais, a produção de estudos, pesquisas e estatísticasdesagregadas por sexo é fundamental na formulação deestratégias e políticas de igualdade;ii) mobilização dos indispensáveis recursos humanos efinanceiros, não apenas no nível federal, mas também emestados e municípios. No espaço federal, se mostrouimportante ao longo dos últimos anos, a criação de comitêsde gênero – ou outras instâncias no âmbito dos órgãos –que articulem internamente para a elaboração emonitoramento de políticas na área. Nos níveis estadual e

2 Cada órgão governamental conta com duas cadeiras: uma de titular, outra de suplente. Já os organismos estaduais e municipais dispõem, cada um, de duas vagas de titulares.

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municipal, a estratégia para tanto tem sido o fortalecimentodas instâncias de implementação de políticas públicas nosdemais entes da federação e o estímulo à construção dePlanos Estaduais e Municipais de Políticas para as Mulheresque garantam o atendimento das demandas encaminhadasà Conferência Nacional, as quais orientaram os resultadosaprovados em suas plenárias. Neste particular, destaque-seque, na apresentação do relatório brasileiro ao Comitê Cedaw,o Brasil foi elogiado por sua estratégia de incentivar a criaçãode mecanismos institucionais para monitorar e implementaras políticas de igualdade de gênero nos níveis estaduais emunicipais, bem como foi orientado a continuar adotandoesta estratégia, fortalecendo estes mecanismos nas trêsesferas, com recursos financeiros e humanos suficientes paraque possam desempenhar eficientemente suas atribuições;iii) participação efetiva e significativa das mulheres na vidapolítica e pública e nas tomadas de decisão. Nesse caso, tem-se trabalhado, em articulação com o CNDM, na criação efortalecimento de conselhos estaduais e municipais de defesados direitos das mulheres, tal como disposto no capítulo 5deste II PNPM, como possibilidade de interlocução com asociedade civil e de garantia de transparência das ações;iv) ampliação da formação de agentes públicos nas questõesde gênero, raça/etnia e direitos humanos: corresponde a umaestratégia de fortalecimento institucional para o governofederal que possibilite uma adequada gestão datransversalidade de tais temáticas, a partir da formação degestores e equipes técnicas na temática, por meio deprogramas de capacitação que atendam às novas exigênciasdas ações transversais. Ao mesmo tempo, é preciso sensibilizargestores para o significado das novas práticas e os novosconceitos que as embasam.

Em síntese, as três prioridades já existentes na primeira versãodo PNPM foram mantidas, porém, com adequações na suaformulação, de maneira a incorporar as demandas da sociedade

civil e as exigências ou necessidades do momento atual. Algumasações já foram executadas e concluídas, enquanto outras, emexecução, exigem encaminhamentos específicos. São exemplosdessas alterações, entre outros: a especificação de diferentesobjetos de estudos e pesquisas, cobrindo as mais diversas áreasde interesse para o conhecimento da temática de gênero e direitosdas mulheres; o foco na produção e divulgação de indicadoresespecíficos, bem como na criação dos sistemas de indicadoresde setores estratégicos do governo para as políticas de eqüidadede gênero; a inclusão de segmentos de mulheres historicamenteausentes do processo decisório, incorporando as dimensões daintersecção que destaca a impossibilidade de se isolar ouprivilegiar, na elaboração e gestão de políticas para a eqüidade,qualquer uma das dimensões presentes na vida das pessoas egrupos, seja raça/etnia, gênero, classe social ou qualquer outra.

O princípio da transversalidade de gênero e raça/etnia naformulação das políticas públicas foi explicitado e definido comoum desafio da gestão pública, já no PPA 2004-2007, a partir doentendimento de que estas constituem dimensões estruturantesdas desigualdades sociais e superá-las passa a ser uma condiçãobásica para a promoção do desenvolvimento e a consolidaçãoda democracia. Entre os desafios selecionados para a gestãofederal, encontravam-se os seguintes: promover a redução dasdesigualdades raciais e promover a redução das desigualdadesde gênero.

O PPA 2008-2011 avança em relação a esses compromissosassumidos na medida em que incorpora as dimensões de gêneroe raça/etnia entre os Objetivos Estratégicos de Governo. Apromoção da igualdade de gênero e raça/etnia é enunciada no4º objetivo estratégico com a seguinte formulação: “Fortalecera democracia, com igualdade de gênero, raça e etnia, e a

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cidadania com transparência, diálogo social e garantia dosdireitos humanos”3. Isto significa que ao elaborarem o seuplanejamento plurianual, os diferentes órgãos e secretariasdeviam considerar estas dimensões como estratégicas para oalcance do objetivo maior deste governo que é a inclusão sociale a redução das desigualdades.

A partir desta macro-orientação, os órgãos setoriais construíramos seus próprios objetivos, que nortearam a elaboração deprogramas e ações para os próximos quatro anos. Na condiçãode órgão articulador e fomentador das políticas de gênero nogoverno federal, a SPM trabalhou com seis objetivos estratégicosque, de maneira geral, dão concretude ao estabelecido neste IIPNPM. São eles:

1) Promover a incorporação do enfoque de gênero naformulação de políticas e o aperfeiçoamento dos mecanismosde gestão em todas as esferas da administração pública,contemplando as diversidades existentes entre as mulheres;2) Contribuir para o pleno exercício da cidadania e para agarantia do acesso das mulheres aos direitos sociais eeconômicos, visando à redução das desigualdades ediscriminações na perspectiva de gênero;3) Implementar, no âmbito do Estado, políticas que promovama conciliação entre as atividades domésticas profissionais epossibilitem a alteração da atual divisão sexual do trabalho;4) Prevenir e enfrentar todas as formas de violência contra asmulheres;5) Promover uma mudança cultural a partir da disseminaçãode atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito respeitoàs diversidades de gênero e de valorização da paz;6) Contribuir para a ampliação do exercício do poder pelasmulheres, possibilitando sua participação em todas as esferasde decisão.

Uma vez que a atuação governamental tem um tratamentosetorial, ainda é bastante comum que os órgãos não tenhamcomprometimento com a definição e/ou explicitação deorçamento para as políticas com enfoque de gênero. Este II PNPMprocurou avançar neste sentido, trabalhando para que as açõesapresentassem rebatimento orçamentário, tanto em termos demontante de recursos destinados quanto em relação à fontedesses recursos. Tais informações serão publicadas no documentoimpresso do Plano, tão logo o projeto de lei orçamentária sejaaprovado no Congresso Nacional.

Deste modo, a articulação entre o Plano e o PPA se faz aindamais importante ao se considerar que para cada programa epara cada ação disposta no planejamento plurianual de governosão definidos recursos específicos para sua efetivação. Istosignifica dizer que se as ações previstas no Plano encontramrebatimento direto naquelas dispostas no PPA, assegura-se, dessaforma, o direcionamento de orçamento específico e reduz-se asua vulnerabilidade a situações de restrições orçamentárias oumudanças na linha de ação do órgão.

Trabalhar para que os orçamentos setoriais explicitem asdimensões de gênero e raça/etnia, de modo a garantir recursosque viabilizem a estratégia de transversalidade, impedindo quese torne mera retórica das instâncias político-governamentais, éo desafio que se coloca para a efetiva implementação do II PNPM.Desafio que envolve não apenas gestores comprometidos com atemática, mas toda a sociedade, num pacto para a construçãode uma sociedade mais justa e igualitária.

3 Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Manual de elaboração Plano Plurianual 2008-2011. Brasília: MPOG, 2007.

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I. Implementar o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, deforma eficiente, eficaz e efetiva, com transparência das ações e articulaçãoentre os diferentes órgãos dos governos federal, estaduais e municipais.

I. Viabilizar a gestão compartilhada e transversal do PNPM naadministração pública federal, estadual e municipal;

II. Ampliar o conhecimento sobre a situação das mulheres nasociedade brasileira e das políticas públicas de gênero;

III. Estimular o controle social da implementação do PlanoNacional de Políticas para as Mulheres;

IV. Revisar e implementar o Sistema de Acompanhamento doPlano Nacional de Políticas para as Mulheres.

A – Contribuir para a criação e o fortalecimento de organismos estaduaisde promoção de políticas para as mulheres nas 27 Unidades da Federação;

B – Contribuir para a criação e o fortalecimento e organismos municipaisde políticas para as mulheres na totalidade dos municípios com mais de100 mil habitantes;

C – Incentivar a formulação de Planos estaduais de políticas para asmulheres nas 27 Unidades da Federação;

D – Incentivar a formulação de Planos municipais de políticas para asmulheres em todas as capitais do país;

E – Implantar o Sistema Nacional de Dados e Estatísticas sobre violênciacontra as mulheres;

F – Capacitar todos/as os/as servidores/as públicos admitidos por concursonas administração pública federal nos temas de gênero, raça/etnia,orientação sexual, geração e direitos humanos;

G – Desenvolver um Sistema de Acompanhamento da Implementação doII PNPM para estados e municípios.

11.1. Capacitação e qualificação de agentes públicos, nos temasde gênero, raça/etnia, orientação sexual, geração e direitoshumanos;

11.2. Produção, organização e disseminação de dados, estudos epesquisas que tratem das temáticas de gênero, raça/etnia, violênciacontra as mulheres, orientação sexual, geração e direitos humanos;

11.3. Ampliação da institucionalização das políticas de gêneronos poderes executivos federal, estaduais e municipais;

11.4. Monitoramento e avaliação do II Plano Nacional de Políticaspara as Mulheres.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

OBJETIVO GERAL METAS

PRIORIDADES

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Prioridade 11.1. Capacitação e qualificação de agentes públicos, nos temas de gênero, raça/etnia, orientação sexual,geração e direitos humanos.

11.1.1. Inserir módulo de gênero, raça/etnia e direitoshumanos nos cursos de formação e aperfeiçoamentodas carreiras da administração pública federal.

11.1.2. Inserir módulo de gênero, raça/etnia e direitoshumanos nos cursos de capacitação do PPA 2008-2011 para os gerentes de programas e coordenadoresde ações.

11.1.3. Incluir no conteúdo das provas dos concursospúblicos as temáticas de gênero e raça/etnia.

11.1.4. Realizar eventos de sensibilização ecapacitação em relação às temáticas de gênero, raça/etnia e direitos humanos junto aos Poderes Judiciárioe Legislativo.

11.1.5. Desenvolver cursos de capacitação quecontemplem as temáticas de gênero, raça/etnia egeração, junto a servidores/as dos poderes executivofederal, estadual e municipal, dos poderes judiciário elegislativo e membros dos conselhos nacionais.

11.1.6. Capacitar agentes representativos das comu-nidades remanescentes de quilombos.

11.1.7. Elaborar material didático para capacitaçãodos/as servidores/as a respeito das questões de gênero,direitos das mulheres e meio ambiente.

MPOG

MPOG

MPOG

SPMSeppirSEDH

MDSMMASeppirSEDHSPM

Seppir

MMA

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Curso com módu-lo incorporado no

conteúdoprogramático.

Curso com módu-lo incorporado no

conteúdoprogramático.

Concurso com astemáticas de gê-nero e raça/etnia

incluídas naprova.

Evento realizado

Curso realizado.

Pessoacapacitada.

Materialelaborado.

SPM, Seppir, SEDH, Enap,ESAF, MJ, PF, PRF.

SPM, Seppir, SEDH, Enap.

SPM, Seppir, SEDH.

MJ, Agências das NaçõesUnidas, ONGs.

MJ, Agências das NaçõesUnidas, estados,municípios, Enap.

SPM, ONGs.

SPM, ONGs.

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

1068/8849A definirA definir

1006/68770511/A definir

A definirA definir

1068/8849

A definir

0511/A definir

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

PLANO DE AÇÃO

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Prioridade 11.2. Produção, organização e disseminação de dados, estudos e pesquisas que tratem das temáticas de gênero,raça/etnia, violência contra as mulheres, orientação sexual, geração e direitos humanos.

cont. Prioridade 11.1. Capacitação e qualificação de agentes públicos nos temas de gênero, raça/etnia, orientação sexual,geração e direitos humanos.

11.1.8. Criar um Banco de Consultoras nas dimensõestemáticas de racismo, sexismo e lesbofobia para a qua-lificação de profissionais e gestores de todas as áreasdo II PNPM e níveis governamentais.

SPM 2009 Bancodisponibilizado.

Seppir, SEDH, Funai, de-mais ministérios integran-tes do Comitê de Monito-ramento do PNPM, movi-

mentos feminista e demulheres.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

Não orçamentária

11.2.1. Realizar estudos e pesquisas sobre o impacto dosprogramas sociais em relação a gênero e raça/etnia.

11.2.2. Realizar pesquisa sobre a percepção de homense mulheres em relação à representação da imagem damulher nos meios de comunicação.

11.2.3. Realizar levantamento de boas práticas degestão em governos/órgãos chefiados por mulheres.

11.2.4. Realizar pesquisa para avaliar as mudanças nospadrões de participação das mulheres brancas, negrase indígenas em cargos eletivos.

11.2.5. Realizar pesquisa nacional sobre uso do tempo.

11.2.6. Realizar pesquisa nacional de vitimização commódulo específico sobre violência contra as mulheres.

MDSSPM

SecomSPM

SPM

SPM

IBGESPM

MJIBGE

2011

2011

2011

2011

2011

2009

Estudo/ Pesquisarealizada.

Pesquisarealizada.

Pesquisarealizada.

Pesquisarealizada.

Pesquisarealizada.

Pesquisarealizada.

Seppir, CNDM, Ipea, IBGE.

MinC, MC, ONGs,movimento feministas e

de mulheres.

ONGs, movimentosfeministas e de mulheres.

Seppir, TSE.

MS, Ipea.

SPM.

1006/49231068/8850

A definir1068/6245

1068/6245

1068/6245

A definir1068/6245

1127/8994A definir

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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cont. Prioridade 11.2. Produção, organização e disseminação de dados, estudos e pesquisas que tratem das temáticas degênero, raça/etnia, violência contra as mulheres, orientação sexual, geração e direitos humanos.

11.2.7. Dar continuidade à pesquisa do perfilorganizacional das DEAMs.

11.2.8. Realizar pesquisa para diagnóstico nacionalsobre rede de ATER e os principais desafios paraincorporação das demandas das mulheres na ATER.

11.2.9. Realizar pesquisa sobre caracterização dasmulheres que acessam o Pronaf Mulher e das mulheresno Cadastro da Agricultura Familiar.

11.2.10 Apoiar, publicar e divulgar pesquisas sobretemas afetos à atenção integral à saúde da mulher,incluindo diagnóstico da situação de saúde dapopulação em situação de rua e dos povos ciganos,contemplando as especificidades das mulheres nessassituações.

11.2.11. Realizar pesquisa sobre a caracterização dasmulheres no Programa Nacional de Educação para aReforma Agrária (PRONERA).

11.2.12. Apoiar a realização de estudos e pesquisassobre as políticas públicas voltadas às mulheres nomeio rural.

11.2.13. Apoiar a realização de estudos e pesquisasde diagnóstico e atualização de dados e indicadoressobre a realidade das mulheres no meio rural.

11.2.14. Promover o Prêmio Margarida Alves de apoioa estudos de gênero e questões rurais.

MJ

MDA

MDA

MS

MDA

MDA

MDA

MDA

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Pesquisarealizada.

Relatório de pes-quisa elaborado.

Relatório de pes-quisa elaborado.

Pesquisadivulgada.

Relatório de pes-quisa elaborado.

Estudo/pesquisaapoiada.

Estudo/pesquisaapoiada.

Estudo apoiado.

SPM.

SPM, Emater, Rede Nacio-nal de ATER e Comitê de

ATER do Condraf.

SPM, Agentes Financeiros,movimentos de mulheres

rurais, Rede de ATER.

SPM.

SPM, NEAD euniversidades.

Rede de Estudos Rurais,universidades.

Incra, Dieese, IBGE, Redede Estudos Rurais,

universidades.

SPM, Anpocs, ABA,REDOR, Movimentos de

mulheres rurais.

1127/8994

1427/8332

1433/8400

0016/8707

1350/2272

1433/8400

1433/84001334/102 C0351/4280

0139/2103

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

cont. Prioridade 11.2. Produção, organização e disseminação de dados, estudos e pesquisas que tratem das temáticas degênero, raça/etnia, violência contra as mulheres, orientação sexual, geração e direitos humanos.

SPM, CNDM, Seppir.

Ministérios e Secretariasintegrantes do Comitê do

PNPM, CEF.

SPM, Rede de ATER, Enti-dades parceiras do MDA.

SPM, MRE, IBGE, Ipea.

SPM.

Secretarias de segurançapública e de saúde dosestados e municípios.

Universidades, ONGs,movimentos feministas e

de mulheres.

CEF, MS.

Universidades.

MDS

SPM

MDA

SEDH

MS

MJMSSPM

SEDHSeppir

MJSPM

SPMIBGEIpea

MECSPM

Indicadorapurado.

Registro administra-tivo com os quesi-tos de raça/cor e

sexo incorporados.

Indicadorapurado.

Sistemaimplantado.

Serviço de saúdecom sistemaimplantado.

Sistemaconstruído.

Publicaçãodivulgada.

Comitê instalado.

Núcleo criado/apoiado.

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2008

2011

Não orçamentária

Não orçamentária

1427/8332

0155/4904

1444/6170

1127/89941444/61700156/10U J

0155/2D95A definir

1127/89941068/6245

Não orçamentáriaNão orçamentáriaNão orçamentária

Não orçamentáriaNão orçamentária

11.2.15. Elaborar e apurar indicadores dos programasde desenvolvimento (geração de renda) e combate àfome, que incorporem as dimensões de gênero eétnico-raciais.

11.2.16. Aperfeiçoar a coleta e a utilização de informa-ções oriundas dos registros administrativos, comincorporação dos quesitos de raça/cor e sexo.

11.2.17. Criar e apurar indicadores de gênero, raça/etnia para monitoramento de ações de ATER.

11.2.18. Construir Sistema Nacional de Indicadoresem Direitos Humanos com recorte de gênero.

11.2.19. Consolidar o sistema de informação da Notifi-cação Compulsória nos serviços de saúde.

11.2.20. Construir o Sistema Nacional de Dados eEstatísticas sobre a Violência contra as Mulheres.

11.2.21. Gerar dados e estratégias para o diagnósticoda violência contra a mulher jovem respeitando asdiversidades de orientação sexual, de classe social ede raça/etnia.

11.2.22. Instalar Comitê de Gênero e Uso do Tempono âmbito do IBGE.

11.2.23. Estimular a criação e o fortalecimento denúcleos de estudos de gênero nas universidades.

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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197

SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 11.3. Ampliação da institucionalização das políticas de gênero nos poderes executivos federal, estaduais emunicipais.

11.3.1. Criar comitês de gênero em todos osministérios e demais órgãos setoriais.

11.3.2. Articular com governos estaduais e municipaisa criação de organismos de promoção de políticas paraas mulheres e sua articulação com os diversos setoresdos governos estaduais e municipais.

11.3.3. Apoiar a criação e o fortalecimento deorganismos de políticas para as mulheres no âmbitodo Poder executivo estadual e municipal.

11.3.4. Realizar encontros nacionais e regionais doFórum de Organismos de Políticas para as Mulheres.

11.3.5. Articular e apoiar estados e municípios aconstrução de seus planos locais de políticas para asmulheres, conforme diretrizes do II PNPM.

11.3.6. Elaborar estratégia de divulgação do Plano Na-cional de Políticas para as Mulheres para a sociedadeem geral e para governos estaduais e municipais.

11.3.7. Elaborar e distribuir material de orientaçãopara estados e municípios elaborarem seus própriosplanos estaduais e municipais de políticas para asmulheres.

11.3.8. Estimular organismos de promoção de políticaspara as mulheres estaduais e municipais a elaboraremprogramas, projetos e ações para mulheres jovens eidosas.

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

SPM

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

2011

Comitê de gêneroimplantado.

Organismoimplantado.

Organismoapoiado.

Encontronacional/regional

realizado.

Plano estadual/municipalelaborado.

Estado/municípiocom PNPMdivulgado.

Materialdistribuído.

Plano estadual/municipal comações voltadaspara mulheres

jovens e idosas.

-

Estados e municípios,CNDM, movimentos

feministas e de mulheres.

Estados, municípios,CNDM, movimentos

feministas e de mulheres.

Estados, municípios.

Estados, municípios,movimentos feministas e

de mulheres.

Estados, municípios,CNDM, movimentos

feministas e de mulheres.

-

SG.

Não orçamentária

Não orçamentária

1433/8838

1433/8838

1433/8838

Não orçamentária

0750/2000

Não orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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SPMSPMSPMSPMSPMCNDMCNDMCNDMCNDMCNDM

Prioridade 11.4. Monitoramento e avaliação do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

11.4.1. Revisar e manter o Sistema Nacional de Acom-panhamento do Plano Nacional de Políticas para asMulheres.

11.4.2. Realizar reuniões periódicas do Comitê de Arti-culação e Monitoramento do Plano Nacional dePolíticas para as Mulheres.

11.4.3. Realizar o monitoramento dos indicadores dasações do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres.

11.4.4. Apresentar por meio do Portal de Gênero doMME informações sobre as ações e metas do PNPM,com resultados embasados nos indicadores de respon-sabilidade social, cronogramas, parcerias, participaçãoda sociedade e impacto das ações implementadas.

11.4.5. Instituir, no âmbito da SPM, Grupo de Asses-soramento para monitorar a implementação das açõesde combate ao racismo, sexismo e lesbofobia noâmbito do PNPM.

SPM

SPM

SPM

MME

SPM

2011

2011

2011

2011

2011

Sistema revisado.Relatório

elaborado.

Reuniãorealizada.

Relatório comindicadoresdivulgado.

Informaçãodivulgada no

Portal de Gênero.

Grupo instituído.Relatório de

acompanhamentoelaborado.

Ministérios e Secretariasintegrantes do Comitê deMonitoramento do PNPM,CNDM, coordenadorias/secretarias estaduais emunicipais de políticas

para as mulheres.

Ministérios e Secretariasintegrantes do Comitê deMonitoramento do PNPM,CNDM, coordenadorias/secretarias estaduais emunicipais de políticas

para as mulheres.

Ministérios e Secretariasintegrantes do Comitê deMonitoramento do PNPM,CNDM, coordenadorias/secretarias estaduais emunicipais de políticas

para as mulheres.

SPM, empresas vinculadasao MME.

Seppir, SEDH, Funai,movimentos feministas e

de mulheres.

1068/10UF

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

Não orçamentária

Ação Órgão Programa/Ação Prazo Produto Parceiros responsável do PPA

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Capítulo 12: Previsão orçamentária 2008-2011

alcance do objetivo maior deste governo que é a inclusãosocial e a redução das desigualdades.

A partir desta macro-orientação, os órgãos setoriais construíramseus próprios objetivos que nortearam a elaboração deprogramas e ações para os próximos quatro anos. Na condiçãode órgão articulador e fomentador das políticas de gênero nogoverno federal, a SPM trabalhou com seis objetivos estratégicosque, de maneira geral, dão concretude ao estabelecido neste IIPNPM. São eles:

1) Promover a incorporação do enfoque de gênero naformulação de políticas e o aperfeiçoamento dosmecanismos de gestão em todas as esferas da administraçãopública, contemplando as diversidades existentes entre asmulheres;2) Contribuir para o pleno exercício da cidadania e para agarantia do acesso das mulheres aos direitos sociais eeconômicos, visando à redução das desigualdades ediscriminações na perspectiva de gênero;3) Implementar, no âmbito do Estado, políticas quepromovam a conciliação entre as atividades domésticas e

O princípio da transversalidade de gênero e raça/etnia naformulação das políticas públicas foi explicitado e definido comoum desafio da gestão pública já no PPA 2004-2007, a partir doentendimento de que estas constituem dimensões estruturantesdas desigualdades sociais e superá-las passa a ser uma condiçãobásica para a promoção do desenvolvimento e a consolidaçãoda democracia. Entre os desafios destacados para a gestão federalnaquele momento, encontravam-se os seguintes: Promover aredução das desigualdades raciais e Promover a redução dasdesigualdades de gênero.

O PPA 2008-2011 avança em relação a esses compromissosassumidos na medida em que incorpora as dimensões de gêneroe raça/etnia entre os Objetivos Estratégicos de Governo. Apromoção da igualdade de gênero e raça/etnia é enunciada no4º objetivo estratégico com a seguinte formulação: “Fortalecera democracia, com igualdade de gênero, raça e etnia, e acidadania com transparência, diálogo social e garantia dosdireitos humanos”. Isto significa que ao elaborarem o seuplanejamento plurianual, os diferentes ministérios e secretariasdeveriam considerar estas dimensões como estratégicas para o

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as atividades profissionais e que possibilitem a alteraçãoda atual divisão sexual do trabalho;4) Prevenir e enfrentar todas as formas de violência contraas mulheres;5) Promover uma mudança cultural a partir da disseminaçãode atitudes igualitárias e valores éticos de irrestrito respeitoàs diversidades de gênero e de valorização da paz; e6) Contribuir para a ampliação do exercício do poder pelasmulheres, possibilitando sua participação em todas as esferasde decisão.

A concretização destes objetivos e, por conseguinte, das açõesdo II PNPM, exige o investimento de um montante expressivo derecursos, não só por parte da SPM, mas também de outrosministérios e secretarias que desenvolvem ações específicas paraa promoção da igualdade entre homens e mulheres ou queconseguem, nos programas existentes, tornar realidade aperspectiva da transversalização de gênero.

Sabe-se, porém, das dificuldades – não só de ordem técnica,mas inclusive política – de definição e associação de recursos aprogramas voltados às temáticas de gênero e/ou raça e etnia.Tais resistências impediram a construção, até o presentemomento, de um orçamento que agregasse todo o investimentodo governo federal em políticas de gênero e/ou para mulheres.O II PNPM procura, então, avançar nesta questão trabalhandopara que as ações apresentem um rebatimento orçamentário,tanto em termos de montante de recursos destinados quantoem relação à fonte desses recursos.

Tal definição é ao mesmo tempo uma inovação e um desafio.Inovação porque cria a possibilidade de, pela primeira vez, se

vislumbrar a estimativa global dos recursos destinados pelogoverno federal às atividades voltadas para as mulheres. E desafioporque a atuação governamental tem tradicionalmente sidomarcada por um tratamento setorial, em que há baixo nível dearticulação e integração entre as ações, bem como por umarelativa invisibilidade e uma suposta neutralidade das políticasàs questões de gênero, raça/etnia, orientação sexual, entre outras.Mesmo havendo ações com o viés de gênero em curso nosministérios/secretarias, nem sempre há um comprometimento coma definição e/ou explicitação de orçamento específico para suaconcretização.

Como conseqüência deste processo, durante a construção do IIPNPM, alguns ministérios encontraram dificuldades para definiros recursos desagregados para cada ação do Plano sob suaresponsabilidade. A persistência de programas e açõesgovernamentais abrangentes e universais, com orçamentosestabelecidos em termos de agregados financeiros e formuladossem levar em conta o impacto diferenciado das intervençõespúblicas em cada grupo social específico, reforçam uma visãoparcial das políticas e dificultam a identificação dos recursosdestinados às mulheres ou às políticas de gênero.

Ainda que em algumas áreas os avanços sejam significativos, ainclusão dessas temáticas no PPA e no Orçamento da União aindase mostra incipiente e insuficiente para atender às especificidadesde gênero e/ou de raça e etnia. Se o planejamento da ação públicanão é feito considerando-se tais dimensões, torna-se muito difícilmensurar e avaliar os resultados da ação governamental orientadapara a promoção da igualdade, bem como estimar osinvestimentos realizados em cada órgão setorial.

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Dadas as dificuldades apresentadas, optou-se, então, pelaestimativa do orçamento global previsto por cada ministério paraa implementação de todas as iniciativas do II Plano sob suaresponsabilidade. A única informação de natureza orçamentáriaa ser fornecida ao nível de ação no PNPM seria o rebatimentocom o PPA nos planos de ação de cada capítulo. Ou seja, aindaque não se saiba o montante previsto para a execução de cadaação prevista no Plano, é possível saber de qual programa/açãodo PPA este recurso sairá. Se ganha, assim, em transparência eorganicidade, tanto para o exercício do controle social, por um lado,quanto para a gestão e o monitoramento do Plano, por outro.

Conforme pode ser visualizado na tabela abaixo, a estimativa derecursos a serem investidos pelo conjunto de órgãos envolvidos noII Plano é de quase R$17 bilhões, para os anos de 2008 a 2011.

É importante, porém, fazer algumas ressalvas metodológicasquanto a este montante. Por tratar-se de uma primeira experiênciade construção de um orçamento global, muitas foram asdificuldades enfrentadas. Assim, em alguns casos ainda não foipossível desagregar do total de recursos previstos no PPA dosministérios/secretarias aquilo que seria alocado especificamentepara as mulheres nas ações dispostas neste PNPM. Asdificuldades impostas aqui se referem basicamente aosprogramas de natureza universal, em que, dada a falta deplanejamento com perspectiva de gênero, torna-se bastante

complicada a desagregação dos beneficiários por sexo. Por contadas questões apresentadas anteriormente, em alguns casos oorçamento apresentado refere-se a um orçamento global daação que pode englobar diversas atividades voltadas para outrasdimensões para além da de gênero1, bem como atingir homense mulheres indistintamente2. Este foi o caso, especialmente, dosMinistérios do Trabalho e Emprego, de Minas e Energia, dasCidades e da Secretaria Geral, da Presidência da República.São estes os órgãos que, neste primeiro esforço de contabilizaçãode recursos, ainda não puderam desagregar seus orçamentos apartir de uma perspectiva de gênero. Em alguns casos, estadificuldade está relacionada ao fato de que um conjunto deações do governo federal é de apoio e repasse de recursos aestados e municípios, captadores e organizadores dosbeneficiários finais, não sendo possível controlar a priori oconteúdo da demanda. Reforça-se, assim, a necessidade desensibilização para a questão de gênero junto a estados emunicípios no momento de definição de parâmetros e prioridadesde atendimento, bem como junto aos movimentos sociais, nahora de reivindicar atendimento às demandas.

Com o objetivo de evitar distorções nas estimativas realizadas,o orçamento do II PNPM passa a ser apresentado, então, emdois subtotais, tal como disposto na tabela 1. O primeiro delesrefere-se àqueles recursos estritamente direcionados às ações

1 Em função do discurso da diversidade, alguns ministérios construíram sua programação alocando, em um mesmo programa ou em uma mesma ação, as diversas iniciativasvoltadas para públicos específicos, sejam eles mulheres, negros, índios, idosos, portadores de deficiência, etc. Tal metodologia torna difícil a separação dos recursos especificamentedirecionados para a igualdade de gênero.2 Importante dizer, porém, que a consideração dos valores totais de programas universais no orçamento geral do PNPM se justifica pelo fato de que se por um lado a açãobeneficia a homens e mulheres, por outro pode trabalhar a partir de uma perspectiva da construção da igualdade de gênero, o que não requer, obviamente, investimentos apenaspara a população feminina, se não que para o conjunto da sociedade

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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Tabela 1 – Orçamento (em R$) previsto para a execução do II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, por órgão responsável.Brasil, 2008-2011.

Órgão Responsável Orçamento 2008-2011Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 2.500.000,00Ministério da Cultura 8.000.000,00Ministério da Educação1 1.742.151.420,00Ministério da Justiça 184.044.000,00Ministério da Saúde 383.131.201,00Ministério do Desenvolvimento Agrário 2.443.605.000,00Ministério do Desenvolvimento Social 2.146.975.738,332

Ministério do Meio Ambiente 4.020.000,00Secretaria de Comunicação Social/PR A definirSecretaria Especial de Direitos Humanos A definirSecretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial A definirSecretaria Especial de Políticas para as Mulheres 192.213.500,00Fundação Nacional do Índio 3.600.000,00Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) A definir

SUBTOTAL: RECURSOS ESPECÍFICOS PARA O II PNPM3 7.110.240.859,33Ministério da Educação 1.705.628.869,50Ministério do Trabalho e Emprego 6.121.228.223,00Secretaria Geral/PR 2.322.015.489,00Ministério das Cidades A definirMinistério de Minas e Energia A definir4

SUBTOTAL: RECURSOS UNIVERSAIS5 10.148.872.581,50TOTAL 17.259.113.440,83

Fonte: Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres/SPM.Notas: 1 Os recursos do Ministério da Educação foram divididos nas duas seções da tabela, uma vez que incluem valores de ações que apresentam orientação específica para a questãode gênero e de outras que não possuíram, em sua origem, diretrizes específicas para empoderamento das mulheres, ainda que sejam desenvolvidas ações neste sentido. No caso dosrecursos específicos, cabe destacar que está contabilizado orçamento voltado à construção de creches no valor de quase R$1,6 bilhão. A aplicação deste montante está condicionadaà decisão do município de apresentar projetos.2 Não estão incluídos recursos dos programas de transferência de renda, Programa Bolsa-Família e Benefício de Prestação Continuada para Idosos e Pessoas com Deficiência.3 Refere-se aos órgãos que conseguiram desagregar seus orçamentos de forma a contemplar apenas as ações dispostas no II PNPM.4 Os recursos vêm de fundos específicos, não estando sujeitos ao orçamento da União.5 Refere-se a órgãos que ainda não conseguiram desagregar seus orçamentos, de modo que os recursos explicitados incluem aqueles destinados ao II PNPM, mas não apenas estes.

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previstas no Plano, ou seja, traz os ministérios e secretarias quecontam com capacidade de estimação dos valores específicosa serem alocados em políticas de gênero e/ou para mulheres.Já na segunda seção da tabela, estão aqueles ministérios que,

dadas as dificuldades anteriormente mencionadas, nãoconseguiram, neste primeiro momento, definir recursosespecíficos. A previsão apresentada refere-se ao orçamento global

dos programas e ações a partir dos quais se desenvolverão asações dispostas no II PNPM.

Da análise da Tabela 1 vale destacar, ainda, que apenas 05

órgãos não puderam apresentar uma previsão orçamentáriapara o período, o que reflete, por um lado, o sucesso do trabalhoempreendido no âmbito do Comitê de Articulação e

Monitoramento do PNPM e, por outro, a persistência de algumasbarreiras ainda não vencidas. À exceção do IBGE, cuja previsãoorçamentária depende de um desenho mais preciso do formato

das pesquisas desejadas, os demais órgãos seguem trabalhandojunto a suas áreas de planejamento e orçamento para adefinição destes recursos, o que será posteriormente divulgado

por meio do Sistema de Acompanhamento do PNPM na Internete pela versão eletrônica atualizada do Plano.

Por fim, cabe reiterar que os valores aqui apresentados

correspondem a uma estimativa dos recursos a serem aplicados.Estão sujeitos, portanto, às conseqüências das disputas políticasque cercam a divisão orçamentária e às necessidades de ajustes

impostas pelas políticas econômicas e pelas prioridadesassumidas no âmbito federal. Tais valores podem, assim, sofrerreduções, em virtude de contingenciamentos, ou até mesmo

ampliações, a depender da prioridade conferida ao tema nomomento de sua execução.

A despeito destas ressalvas, não há como negar que apossibilidade de contabilização destes recursos representa umenorme avanço no campo das políticas para as mulheres. Issoporque corresponde à primeira tentativa oficial de construçãode um “orçamento mulher” ou de um “orçamento de gênero”.Dada a inexistência desta agregação até então, a tendêncianatural tem sido a de associação direta do orçamento da SPMaos recursos de todo o governo federal destinados para aspolíticas de gênero e/ou para as mulheres. Assim, para o período2008-2011, por exemplo, os recursos somariam apenas R$192milhões quando, na verdade, este montante é significativamentemaior, pois grande parte das ações a serem executadas no âmbitodo II PNPM se dará sob execução e coordenação de outrosórgãos.

Além disso, e de maneira inédita, torna-se possível apresentar,não só à sociedade civil, mas aos próprios órgãos do governofederal, o quanto se investe em ações nesta área. A definição epublicização de orçamentos correspondem também a um maiorcomprometimento de cada ministério/secretaria com o II PlanoNacional. Este movimento significa, portanto, uma nova fase nahistória das políticas para mulheres: o comprometimento agoraé político, mas, também, financeiro, o que é essencial para aconcretização dos princípios e diretrizes aqui apresentadas.

Trabalhar para que os orçamentos setoriais explicitem asdimensões de gênero e raça/etnia, de modo a garantir recursosque viabilizem a estratégia de transversalidade, impedindo quese torne mera retórica das instâncias político-governamentais, éo desafio que se coloca para a efetiva implementação do IIPNPM. Desafio que envolve não apenas gestores comprometidoscom a temática, mas toda a sociedade, num pacto para aconstrução de uma sociedade mais justa e igualitária.

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Anexos

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Anexo 1Decreto nº 5.390, de 8 de março de 2005

Aprova o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - PNPM, institui o Comitêde Articulação e Monitoramento e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, DECRETA: Art. 1o Fica aprovado o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - PNPM, em consonância com os objetivos estabelecidosno Anexo deste Decreto. Art. 2o A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, editará as metas, as prioridades e asações do PNPM. Art. 3o Fica instituído o Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM, no âmbito da Secretaria Especial de Políticaspara as Mulheres, com a função de acompanhar e avaliar periodicamente o cumprimento dos objetivos, metas, prioridades e açõesdefinidos no PNPM.

Art. 4o O Comitê de Articulação e Monitoramento será integrado por: (Redação dada pelo Decreto nº 6.269, de 2007).I - três representantes do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher; (Redação dada pelo Decreto nº 6.269, de 2007).II - dois representantes de organismos governamentais de políticas para as mulheres do Poder Executivo estadual; (Redação dadapelo Decreto nº 6.269, de 2007).III - dois representantes de organismos governamentais de políticas para as mulheres do Poder Executivo municipal; (Redação dadapelo Decreto nº 6.269, de 2007).IV - um representante de cada órgão a seguir indicado: (Redação dada pelo Decreto nº 6.269, de 2007).a) Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que o coordenará; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).

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b) Casa Civil da Presidência da República; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).c) Ministério da Educação; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).d) Ministério da Justiça; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).e) Ministério da Saúde; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).f) Ministério das Cidades; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).g) Ministério do Desenvolvimento Agrário; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).h) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).i) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).j) Ministério do Trabalho e Emprego; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).l) Ministério de Minas e Energia; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).m) Ministério da Cultura; (Incluída pelo Decreto nº 6.269, de 2007).n) Ministério do Meio Ambiente; (Redação dada pelo Decreto nº 6.572, de 2008).o) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; (Redação dada pelo Decreto nº 6.572, de 2008).p) Secretaria-Geral da Presidência da República; (Redação dada pelo Decreto nº 6.572, de 2008).q) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; (Redação dada pelo Decreto nº 6.572, de 2008).r) Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; (Redação dada peloDecreto nº 6.572, de 2008).s) Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; (Redação dada pelo Decreto nº 6.572, de 2008).t) Fundação Nacional do Índio; (Redação dada pelo Decreto nº 6.572, de 2008).u) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; (Incluída pelo Decreto nº 6.572, de 2008).v) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; e (Incluída pelo Decreto nº 6.572, de 2008).x) Caixa Econômica Federal. (Incluída pelo Decreto nº 6.572, de 2008).Parágrafo único. Os integrantes do Comitê e respectivos suplentes serão indicados pelos titulares dos órgãos e entidades representadose designados pela Secretária Especial de Políticas para as Mulheres. (Redação dada pelo Decreto nº 6.269, de 2007). Art. 5o Compete ao Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM: I - estabelecer a metodologia de monitoramento do PNPM; II - apoiar, incentivar e subsidiar tecnicamente a implementação do PNPM nos Estados, Municípios e Distrito Federal; III - acompanhar e avaliar as atividades de implementação do PNPM; IV - promover a difusão do PNPM junto a órgãos e entidades governamentais e não-governamentais; V - efetuar ajustes de metas, prioridades e ações do PNPM; VI - elaborar relatório anual de acompanhamento das ações do PNPM;

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VII - encaminhar o relatório anual ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e à Câmara de Política Social, do Conselhode Governo, para análise dos resultados do PNPM. VIII - revisar o PNPM, segundo as diretrizes emanadas das Conferências Nacionais de Políticas para as Mulheres. (Incluídopelo Decreto nº 6.269, de 2007). Art. 6o O Comitê de Articulação e Monitoramento deliberará mediante resoluções, por maioria simples dos presentes, tendo seucoordenador o voto de qualidade no caso de empate. Art. 7o O Comitê de Articulação e Monitoramento poderá instituir câmaras técnicas com a função de colaborar, no que couber, parao cumprimento das suas atribuições, sistematizar as informações recebidas e subsidiar a elaboração dos relatórios anuais. Art. 8o O regimento interno do Comitê de Articulação e Monitoramento será aprovado por maioria absoluta dos seus integrantes edisporá sobre a organização, forma de apreciação e deliberação das matérias, bem como sobre a composição e o funcionamentodas câmaras técnicas. Art. 9o Caberá à Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres prover o apoio administrativo e os meios necessários à execuçãodos trabalhos do Comitê de Articulação e das câmaras técnicas. Art. 10. As atividades dos membros do Comitê de Articulação e Monitoramento e das câmaras técnicas são consideradas serviçopúblico relevante não remunerado. Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 8 de março de 2005; 184o da Independência e 117o da República.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVAJosé Dirceu de Oliveira e SilvaEste texto não substitui o publicado no D.O.U. de 9.3.2005

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Anexo 2Decreto no 6.387, de 5 de março de 2008

Aprova o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - II PNPM, e dáoutras providências

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, DECRETA: Art. 1o Fica aprovado o II Plano Nacional de Políticas para as Mulheres - II PNPM, em consonância com os objetivos

estabelecidos no Anexo deste Decreto. Art. 2o A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, da Presidência da República, editará as metas, as prioridades e as

ações do II PNPM. Art. 3o O Comitê de Articulação e Monitoramento instituído pelo art. 3o do Decreto no 5.390, de 8 de março de 2005, com as

competências, organização e forma de funcionamento nele previstos, acompanhará e avaliará periodicamente o cumprimento dosobjetivos, metas, prioridades e ações definidos no II PNPM.

Art. 4o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 5 de março de 2008; 187o da Independência e 120o da República. LUIZ INÁCIO LULA DA SILVADilma RousseffEste texto não substitui o publicado no DOU de 06.03.2008

ANEXOOBJETIVOS DO II PLANO NACIONAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES

Capítulo 1: Autonomia econômica e igualdade no mundo do trabalho, com inclusão social.

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I. Promover a autonomia econômica e financeira das mulheres, considerando as dimensões étnico-raciais, geracionais, regionaise de deficiência; II. Promover a igualdade de gênero, considerando a dimensão étnico-racial nas relações de trabalho; III. Elaborar, com base na Agenda Nacional, o Plano Nacional do Trabalho Decente, incorporando os aspectos de gênero e considerandoa dimensão étnico-racial. Capítulo 2: Educação inclusiva, não-sexista, não-racista, não-homofóbica e não-lesbofóbica. I. Contribuir para a redução da desigualdade de gênero e para o enfrentamento do preconceito e da discriminação de gênero,étnico-racial, religiosa, geracional, por orientação sexual e identidade de gênero, por meio da formação de gestores, profissionais daeducação e estudantes em todos os níveis e modalidades de ensino; II. Consolidar na política educacional as perspectivas de gênero, raça, etnia, orientação sexual, geracional, das pessoas com deficiênciae o respeito à diversidade em todas as suas formas, de modo a garantir educação igualitária; III. Promover o acesso, a permanência e o sucesso de meninas, jovens e mulheres à educação de qualidade, prestando particularatenção a grupos com baixa escolaridade (mulheres adultas e idosas, com deficiência, negras, indígenas, de comunidades tradicionais,do campo e em situação de prisão). Capítulo 3: Saúde das mulheres, direitos sexuais e direitos reprodutivos. Promover a melhoria das condições de vida e saúde das mulheres, em todas as fases do seu ciclo vital, mediante a garantia dedireitos legalmente constituídos e a ampliação do acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperaçãoda saúde integral em todo o território brasileiro, sem discriminação de qualquer espécie e resguardando as identidades e especificidadesde gênero, raça, etnia, geração e orientação sexual. Capítulo 4: Enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres. I. Consolidar a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres com plena efetivação da Lei Maria da Penha; II. Implementar o Pacto Nacional pelo Enfrentamento da Violência contra as Mulheres; III. Implementar o Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no que diz respeito às ações referentes ao tráfico demulheres, jovens e meninas. Capítulo 5: Participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. Promover e fortalecer a participação igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços de poder e decisão. Capítulo 6: Desenvolvimento sustentável no meio rural, na cidade e na floresta, com garantia de justiça ambiental, soberania esegurança alimentar. Promover a incorporação da perspectiva de gênero nas políticas ambientais e de segurança alimentar, favorecendo o desenvolvimentosustentável. Capítulo 7: Direito à terra, moradia digna e infra-estrutura social nos meios rural e urbano, considerando as comunidades tradicionais. I. Promover o direito das mulheres à vida com qualidade na cidade, no meio rural e nas comunidades tradicionais, respeitando suasespecificidades e garantindo o acesso a bens, equipamentos e serviços públicos;

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II. Promover os direitos das mulheres no acesso à terra, à reforma agrária e ao desenvolvimento rural sustentável, com atençãoespecial aos territórios contemplados no programa “Territórios da Cidadania”. Capítulo 8: Cultura, comunicação e mídia igualitárias, democráticas e não discriminatórias. I. Contribuir para a construção de cultura igualitária, democrática e não reprodutora de estereótipos de gênero, raça, etnia, orientaçãosexual e geração; II. Promover a visibilidade da contribuição cultural das mulheres na sociedade brasileira, por meio da divulgação de suas diferentesformas de expressão; III. Promover o acesso das mulheres aos meios de produção cultural e de conteúdo para todos os veículos de comunicação e mídia; IV. Contribuir para a elaboração de marco regulatório que iniba a difusão pelos meios de comunicação de conteúdos discriminatóriosrelacionados a gênero, raça, etnia, orientação sexual, e para a implantação de órgão executor desta finalidade; eV. Garantir o cumprimento dos instrumentos internacionais na área de cultura, comunicação e mídia e contribuir para a revisão dalegislação brasileira sobre a matéria. Capítulo 9: Enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia. Instituir políticas, programas e ações de enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia e assegurar a incorporação da perspectivade raça, etnia e orientação sexual nas políticas públicas direcionadas às mulheres. Capítulo 10: Enfrentamento das desigualdades geracionais que atingem as mulheres, com especial atenção às jovens e idosas. I. Assegurar a incorporação da perspectiva geracional nas políticas públicas direcionadas às mulheres; II. Garantir o protagonismo das jovens e idosas na elaboração, monitoramento e avaliação das políticas públicas e nos programasdesenvolvidos no âmbito do II PNPM; III. Promover a autonomia das mulheres jovens e idosas, considerando as suas especificidades e diversidades. Capítulo 11: Gestão e monitoramento do Plano. Implementar o II PNPM de forma eficiente, eficaz e efetiva, com transparência das ações e articulação entre os diferentes órgãos dosgovernos federal, estaduais e municipais.

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Anexo 3Portaria no 62 de 24 de setembro de 2008

Secretaria Especial de Políticas para as MulheresAltera o Regimento Interno do Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as MulheresA SECRETÁRIA ESPECIAL DE POLÍTICAS PARA AS MULHERES DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA no uso de suas atribuições, resolve:

Art. 1º Aprovar, na forma do Anexo, o Regimento Interno do Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticaspara as Mulheres.

Art 2º Revogar a Portaria nº 5, de 24 de janeiro de 2006.

Art. 3º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

NILCÉA FREIRESecretária Especial de Políticas para as Mulheres

ANEXO

Regimento interno do Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres

CAPÍTULO I

Da finalidade

Art. 1º O Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, instituído pelo Decreto Presidencialnº 5.390, de 08 de março de 2005, tem por finalidades:

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I – acompanhar e avaliar periodicamente o cumprimento dos objetivos, metas, prioridades e ações definidos no Plano Nacionalde Políticas para as Mulheres (PNPM); e

II – promover a articulação entre os diferentes órgãos de governo responsáveis pela implementação do PNPM.

CAPÍTULO II

Da composição

Art. 2º O Comitê de Articulação e Monitoramento será integrado por:I – Três representantes titulares e respectivos/as suplentes do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher;II – Dois/duas representantes titulares e respectivos/as suplentes de organismos governamentais de políticas para as mulheres doPoder Executivo Estadual;III – Dois/duas representantes titulares e respectivos/as suplentes de organismos governamentais de políticas para as mulheres doPoder Executivo Municipal;IV – Um/a representante titular e um/a suplente de cada órgão a seguir indicado:

a) Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, que o coordenará;b) Casa Civil da Presidência da República;c) Ministério da Educação;d) Ministério da Justiça;e) Ministério da Saúde;f) Ministério das Cidades;g) Ministério do Desenvolvimento Agrário;h) Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;i) Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;j) Ministério do Trabalho e Emprego;k) Ministério de Minas e Energia;l) Ministério da Cultura;m) Ministério do Meio Ambiente;n) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;o) Secretaria-Geral da Presidência da República;p) Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República;q) Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;r) Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República;s) Fundação Nacional do Índio;t) Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea;u) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; ev) Caixa Econômica Federal.

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Parágrafo Único. Integrarão, ainda, o Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM, na condição de convidados/as permanentes,um/a representante de cada Subsecretaria da SPM, do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e daOrganização Internacional do Trabalho (OIT).

CAPÍTULO III

Das competências

Art. 3º Compete ao Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM:I – estabelecer a metodologia de monitoramento do PNPM;II – subsidiar tecnicamente a implementação do PNPM nos estados, municípios e Distrito Federal;III – acompanhar e avaliar as atividades de implementação do PNPM;IV – promover a difusão do PNPM junto a órgãos e entidades governamentais e não-governamentais;V – efetuar ajustes de metas, prioridades e ações do PNPM;VI – manter atualizado o Sistema de Acompanhamento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (SAPNPM) eindicar os ajustes necessários ao seu funcionamento;VII – apoiar a sensibilização e capacitação de servidores/as públicos federais na temática de gênero, bem como no uso doSAPNPM;VIII – elaborar relatório anual de acompanhamento das ações do PNPM;IX – encaminhar o relatório anual ao Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e à Câmara de Política Social para análisedos resultados do PNPM; eX – apoiar a criação e o funcionamento de comitês de gênero e similares em órgãos e entidades do governo federal.

CAPÍTULO IV

Das atribuições

Art. 4º São atribuições da coordenação do Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM:I – convocar e presidir as reuniões do Comitê;II – manter registro das atividades do Comitê, disponibilizando-o no sítio da Secretaria Especial de Políticas para asMulheres;III – promover, juntamente com os/as demais integrantes do Comitê, atividades com vistas a incentivar a execução dasações do PNPM pelos órgãos responsáveis e a construção de planos estaduais e municipais de políticas para as mulheres;IV – garantir o suporte logístico e operacional para o bom funcionamento das atividades do Comitê;V – divulgar, entre os/as integrantes do Comitê, informações e documentos pertinentes ao PNPM; eVI – manter sistema informatizado de acompanhamento das ações do Plano (SAPNPM) e realizar as modificações necessáriasao seu aperfeiçoamento.

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Art. 5º São atribuições dos/as integrantes do Comitê:I – participar das reuniões do Comitê;II – informar sistematicamente sobre a execução das ações sob sua responsabilidade no PNPM;III – articular a criação e o funcionamento de comitês de gênero ou similares nos órgãos da administração pública federal;IV – realizar a interlocução entre o Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano e o Fórum de MecanismosGovernamentais de Políticas para as Mulheres; eV – realizar a interlocução entre o Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano e o Conselho Nacional dos Direitos daMulher.

Parágrafo 1º: Cabe aos/às representantes de instituições do governo federal alimentar, preferencialmente a cada trimestre, o sistemainformatizado de acompanhamento das ações do PNPM no que diz respeito às responsabilidades de seu respectivo órgão.

Parágrafo 2º: Cabe aos/às representantes de instituições do governo federal e dos organismos governamentais de políticas para asmulheres dos estados e municípios o fomento à construção e alimentação de sistemas de acompanhamento dos planos estaduais emunicipais, em articulação com o sistema nacional.

CAPÍTULO V

Do funcionamento

Art. 6º O Comitê será de caráter permanente e os/as integrantes serão indicadas por seus respectivos órgãos.

Art. 7º O Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM deve se reunir ordinariamente uma vez a cada mês, ou extraordinariamente,por convocação de sua Coordenação ou da maioria simples do pleno.

Art. 8º O Comitê decidirá, na primeira reunião do ano, o calendário de reuniões ordinárias daquele período.

Art. 9º O Comitê de Articulação e Monitoramento deliberará mediante resoluções, por maioria simples, tendo seu/sua coordenador/a o voto de qualidade no caso de empate.

Parágrafo Único: Cada instituição terá direito a apenas um voto, excetuando-se o a representação do Conselho Nacional dosDireitos da Mulher, que terá direito a três votos, e os/as representantes dos organismos governamentais de políticas para asmulheres dos poderes executivos estadual e municipal que terão direito a dois votos cada. Não terão direito a voto os/as convidados/as do Comitê, sejam eles/as convidados/as permanentes ou eventuais.

Art. 10. A convocação para as reuniões ordinárias e extraordinárias será encaminhada pela Coordenação, por meio de correioeletrônico, com antecedência mínima de 7 dias, acompanhada de proposta de pauta.

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Art. 11. Os/as integrantes do Comitê deverão encaminhar à Coordenação com antecedência mínima de 5 dias a confirmação dapresença às reuniões.

Art. 12. Em caso de falta não justificada da representação dos órgãos a 3 reuniões ordinárias consecutivas ou mais da metade dasreuniões do ano de forma alternada, a instituição será comunicada, pela Coordenação do Comitê, da necessidade de troca de suarepresentação.

Art. 13. A coordenação encaminhará documento de ajuda-memória das reuniões para todos/as os/as integrantes do Comitê pormeio de correio eletrônico para ser validado na reunião seguinte

Art. 14. Os/as integrantes do Comitê poderão propor à Coordenação pauta para as reuniões ordinárias e extraordinárias até 24horas antes da reunião.

Art. 15. A coordenação poderá convidar representantes de entidades públicas e privadas, de organismos internacionais e especialistaspara participarem de suas reuniões e demais atividades.

Art. 16. O Comitê de Articulação e Monitoramento do PNPM poderá instituir, sempre que necessário, grupos de trabalho ecâmaras técnicas e/ou temáticas para tratar de temas e/ou programas específicos e colaborar, no que couber, para ocumprimento das suas atribuições, sistematizar as informações recebidas e subsidiar a elaboração dos relatórios anuais. Nestescasos, os mesmos serão detalhados em instrumentos específicos para esta finalidade.

Art. 17. As consultas da Coordenação aos/às integrantes do Comitê poderão ser feitas nas reuniões ordinárias e extraordinárias oupor meio de correio eletrônico.

Art. 18. Qualquer necessidade de alteração de metas, ações ou orçamentos dispostos no PNPM deverá ser informada pelo/arepresentante do órgão, acompanhada da justificativa devida, à coordenação do Comitê, que se responsabilizará pela alteração noSAPNPM.

CAPÍTULO VI

Das disposições finais

Art. 19. Os casos omissos e as dúvidas porventura surgidas na aplicação do presente Regimento Interno serão dirimidas pelaCoordenação.

Art. 20. A alteração do teor das cláusulas deste regimento interno, a eliminação ou a inclusão de novas cláusulas deve ser tema dereunião específica com presença da maioria simples das instituições integrantes do Comitê e aprovação de dois terços do total dos/as presentes.

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Anexo 4 COMPOSIÇÃO DO COMITÊ DE ARTICULAÇÃO E

MONITORAMENTO DO PNPM, SETEMBRO DE 2008

1. Secretaria Especial de Política para as Mulheres (coordenação)Lourdes Maria Bandeira – TitularLuana Simões Pinheiro – Suplente

2. Casa Civil/PRMagaly Correia Marques – TitularMariana Bandeira de Mello Parente Sade – Suplente

3. Ministério da Educação – MECMaria Elisa Brandt – TitularAdriana de Oliveira Barbosa – Suplente

4. Ministério da Justiça – MJJuliana Barroso –TitularInajara Ferreira –Suplente

5. Ministério da Saúde – MSRegina Coeli Viola –TitularThereza de Lamare França Neto – Suplente

6. Ministério das Cidades – MCidKátia Maria Borges Fidalgo –TitularAna Koatz –Suplente

7. Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDAAndrea Lorena Butto Zarzar – TitularElisabete Busanello – Suplente

8. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome –MDS

Célia Maria Farias Vieira –TitularJúnia Valéria Quiroga da Cunha – Suplente

9. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – MPOGValéria Rezende de Carvalho Ferreira – TitularDanielle Cancela Cronemberger – Suplente

10. Ministério do Trabalho e Emprego – MTELeonor Costa – TitularMaria de Fátima Kobielski –Suplente

11. Ministério das Minas e Energia – MMEMaria Beatriz de Faria – TitularGleyse Peiter – Suplente

12. Ministério da Cultura – MinCMaria Cláudia Canto Cabral –TitularThaís S. P. Werneck – Suplente

13. Ministério do Meio Ambiente – MMASérgio Bueno da Fonseca – TitularCláudia Moreira Diniz – Suplente

14. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPAVera Lúcia de Oliveira Daller – Titular

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Gláucia de Fátima Barban Morelli – SuplenteRaquel Felau Guisoni – SuplenteLígia Maria Borges de Jesus – Suplente

24. Organismos governamentais de políticas para as mulheresdo Poder Executivo Estadual

Lourdes Leitão (Secretaria de Estado da Mulher do Maranhão)– TitularCecília Teixeira (Superintendência de Políticas para asMulheres do Rio de Janeiro) – TitularVanda de Souza (Secretaria de Estado do Trabalho, Assistênciae Desenvolvimento Social do Espírito Santo) – SuplenteMaria Araújo de Aquino (Secretaria Estadual da Mulher doAcre) – Suplente

25. Organismos governamentais de políticas para as mulheresdo Poder Executivo Municipal

Teresinha Beraldo (Secretaria de Mulher de Maringá/PR) –TitularBerenice Rosa (Coordenadoria da Mulher de Campinas /SP) –TitularRosaly Scalabrini (Coordenadoria Municipal de Rio Branco/AC) – SuplenteSolange Ferrarezi (Coordenadoria de Políticas de Gênero deSanto André/SP) – Suplente

26. Organização Internacional do Trabalho – OIT (convidadapermanente)

Solange SanchesMárcia Vasconcelos

27. Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher –Unifem (convidada permanente)

Maria Inês BarbosaAna Carolina Querino

Rosa Maria Peres Kornijezuk – Suplente15. Secretaria Geral – SG/PR

Quenes Silva Gonzaga –TitularMarina Pimenta Spinola Castro – Suplente

16. Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência daRepública – SEDH

Pedro Pontual –TitularMaria do Socorro Tabosa – Suplente

17. Secretaria Especial de Políticas para a Promoção de IgualdadeRacial da Presidência da República – Seppir

Vera Lúcia Proba – TitularIvete Maria Barbosa Madeira Campos – Suplente

18. Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República– Secom

Joyce Del Frari Coutinho – TitularLucia Maria Rodrigues Mendes – Suplente

19. Fundação Nacional do Índio – FunaiLeia Bezerra do Vale – TitularIrania Maria da Silva Ferreira Marques - Suplente

20. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEANatália de Oliveira Fontoura – TitularElizabeth Marins – Suplente

21. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGEAna Lúcia Sabóia – TitularJoão Belchior – Suplente

22. Caixa Econômica Federal – CEFRoseli de Moraes – TitularGlória Francisca Gonçalves – Suplente

23. Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDMLúcia Helena Rincon Afonso – TitularRosimere Maria Vieira Teles – TitularRosa de Lourdes Azevedo dos Santos – Titular

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Anexo 5 CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA MULHER

GESTÃO 2005-2007REPRESENTANTES DO GOVERNO FEDERALI – Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

Presidenta: Nilcéa FreireAdjunta: Teresa Cristina Nascimento Sousa

II – Ministro de Estado do Planejamento Orçamento e Gestão Paulo Bernardo SilvaAssessora Técnica: Débora Nogueira Beserra

III – Ministro de Estado da SaúdeJosé Gomes TemporãoAssessora Técnica: Regina Viola

IV – Ministro de Estado da EducaçãoFernando HaddadAssessora Técnica: Rosiléa Maria Roldi Wille

V – Ministro de Estado do Trabalho e EmpregoCarlos Lupi

VI – Ministro de Estado da JustiçaTarso GenroAssessora Técnica: Inajara Inês Ferreira

VII – Ministro de Estado do Desenvolvimento AgrárioGuilherme Cassel

Assessora Técnica: Andréa Lorena Butto ZarzarVIII – Ministro de Estado da Cultura

Gilberto Passos Gil MoreiraAssessora Técnica: Thais Wernek

IX – Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à FomePatrus AnaniasAssessora Técnica: Hildezia Alves Medeiros

X – Ministro de Estado das Relações ExterioresCelso Luiz Nunes AmorinAssessora Técnica: Mariângela Rebuá de Andrade Simões

XI – Ministro de Estado de Ciência e TecnologiaSergio RezendeAssessora Técnica: Andréa Michelle Nascimento

XII – Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade RacialMatilde RibeiroAssessora Técnica: Denise Antonia de Paulo Pacheco

XIII – Secretário Especial de Direitos HumanosPaulo Vannuchi

Assessora Técnica: Mariana Bertol Carpanezzi

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REPRESENTANTES DE ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVIL1 – Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB

Titular: Schuma Schumaher (Maria Aparecida Schumaher)Suplente: Analba Brazão Teixeira

2 – Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais – ANMTRTitular: Justina Inês CimaSuplente: Maria Margareth Costa Cunha

3 – Articulação de Ongs de Mulheres Negras Brasileiras – AMNBTitular: Nilza Iraci SilvaSuplente: Givânia Maria da Silva (até julho de 2007)

4 – Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica – ABMCJTitular: Mercedes Maria de Moraes RodriguesSuplente: Leda Marlene Bandeira

5 – Central Única dos Trabalhadores – CUTTitular – Maria Ednalva Bezerra de Lima (até setembro de 2007)Suplente: Deise Aparecida Recoaro

6 – Confederação Geral dos Trabalhadores – CGTTitular: Rumiko TanakaSuplente: Maria Lúcia Alves Dias

7 – Confederação das Mulheres do Brasil – CMBTitular: Márcia Campos PereiraSuplente: Edna Maria Costa

8 – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTETitular: Odisséia Pinto de CarvalhoSuplente: Rita de Cassia Fraga de Almeida

9 – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura –CONTAG

Titular: Carmen Helena Ferreira ForoSuplente: Maria Elenice Anastácio

10 – Conselho Nacional das Mulheres Indígenas – CONAMITitular: Jacimar de Almeida Gouvêa (Mara Kambeba)Suplente: Marina Cândido Marcos

11 – Federação das Associações de Mulheres de Negócios eProfissionais do Brasil - BPW

Titular: Beatriz Zanella FettSuplente: Arlete Carminatti Zago

12 – Federação Nacional das Trabalhadoras Domésticas – FENATRADTitular: Creuza Maria OliveiraSuplente: Maria Noeli Dos Santos

13 – Força SindicalTitular: Neuza Barbosa LimaSuplente: Helena Ribeiro da Silva

14 – Fórum de Mulheres do MercosulTitular: Maria Elvira Salles FerreiraSuplente: Jeanete Assad Mazzieiro

15 – Liga Brasileira de Lésbicas – LBLTitular: Rita Cerqueira QuadrosSuplente: Carmen Lúcia Luiz

16 – Marcha Mundial das Mulheres – MMMTitular: Nalu Faria SilvaSuplente: Eleutéria Amora da Silva

17– Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia – MAMATitular: Maria da Conceição Concita Maia de OliveiraSuplente: Elis Regina Prates

18 – Ordem dos Advogados do Brasil – OABTitular: Marilma Torres Gouveia de OliveiraSuplente: Maria Avelina Imbiriba Hesketh

19 – Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e DireitosReprodutivos

Titular: Lia Zanotta MachadoSuplente: Rosa de Lourdes

20 – União Brasileira de Mulheres – UBMTitular: Eline JonasSuplente: Mary Garcia Castro

MULHERES COM NOTÓRIO CONHECIMENTO SOBRE ASQUESTÕES DE GÊNERO

Albertina de Oliveira CostaClara CharfRose Marie Muraro

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Anexo 6Conselho Nacional dos Direitos da Mulher

Gestão 2008-2010REPRESENTANTES DO GOVERNO FEDERALI.Secretaria Especial de Políticas para Mulheres

Titular: Ministra Nilcéa Freire – Presidenta do CNDMSuplente: Teresa Cristina Nascimento Sousa

II.Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Social - SeppirTitular: Vera Lúcia ProbaSuplente: Ivonete Carvalho

III.Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República – SEDHTitular: Mariana Bertol CarpanezziSuplente: Marcia Ustra Soares

IV.Secretaria-Geral da Presidência da RepúblicaTitular: Quenes Silva GonzagaSuplente: Julia Alves Marinho Rodrigues

V.Casa Civil – PRTitular: Luciana Carneiro MuçouçcahSuplente: Raquel Licursi Benedeti Rosa

VI.Ministério da Cultura – MinCTitular: Maria Claudia Canto CabralSuplente: Thaís Borges da Silva Pinho Werneck

VII.Ministério da Ciência e Tecnologia – MCTTitular: Andréa de Castro BicalhoSuplente: Helena de Carvalho Fortes

VIII.Ministério do Desenvolvimento Agrário: MDATitular: Andréa Lorena Butto ZarzarSuplente: Renata Leite Manuel de Jesus

IX.Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome – MDSTitular: Arlete Avelar SampaioSuplente: Mônica Rodrigues

X.Ministério da Educação – MECTitular: Rosiléa Maria Roldi WilleSuplente: Maria Elisa Almeida Brandt

XI.Ministério da Justiça – MJTitular: Inajara Inês FerreiraSuplente: Teresinha Gasparin Maglia

XII.Ministério do Meio Ambiente – MMATitular: Muriel SaragoussiSuplente: Isabella Fagundes Braga Ferreira

XIII.Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão – MPOGTitular: Débora Nogueira BeserraSuplente: Danielle Cancela Cronemberger

XIV.Ministério da Saúde – MSTitular: Regina Coeli ViolaSuplente: Lena Vânia Carneiro Peres

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XV.Ministério das Relações Exteriores – MRETitular: Ana Lucy Gentil Cabral PetersenSuplente: Viviane Rios Balbino

XVI.Ministério do Trabalho e Emprego – MTETitular: Leonor da CostaSuplente: Maria de Fátima Kobielski

REPRESENTANTES DE ENTIDADES DA SOCIEDADE CIVILRedes e articulações feministas e de defesa dos direitosdas mulheres:1. Articulação de Mulheres Brasileiras – AMB

Conselheira: Nelita Frank2. Articulação de ONGs de Mulheres Negras – AMNB

Conselheira: Ângela Maria de Lima Nascimento3. Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica – ABMCJ

Conselheira: Glória Márcia Percinoto4. Confederação de Mulheres do Brasil – CMB

Conselheira: Gláucia de Fatima Barban Morelli5. Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos – FENATRAD

Conselheira: Maria da Conceição da Silva Azevedo6. Fórum de Mulheres do Mercosul

Conselheira: Jeanete Assad Mazzieiro7. Fórum Nacional de Mulheres Negras – FNMN

Conselheira: Ligia Maria Borges de Jesus8. Liga Brasileira de Lésbicas – LBL

Conselheira: Marinalva de Santana Ribeiro9. Marcha Mundial de Mulheres – MMM SOFConselheira: Cláudia Rejane de Barros Prates10. Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia – MAMA

Conselheira: Maria das Graças de Figueiredo Costa11.Movimento de Mulheres Camponesas – MMC

Conselheira: Adriana Maria Mezadri12. Rede Economia e Feminismo – REF

Conselheira: Vera Lúcia Ubaldino Machado13. Rede Nacional Feminista de Saúde

Conselheira: Rosa de Lourdes Azevedo dos Santos

14. União Brasileira de Mulheres – UBMConselheira: Lúcia Helena Rincon Afonso

Entidade suplente:Federação das Associações de Mulheres de Negócios e Profissionais doBrasil – BPWBrasil

Conselheira: Arlete Carminatti ZagoOrganizações de caráter sindical, associativa, profissional ou declasse que atuem na promoção dos direitos das mulheres,representadas por suas instâncias de mulheres:1. Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva – ABRASCO

Conselheira: Estela Maria Motta Lima Leão de Aquino2. Central Única dos Trabalhadores – CUT

Conselheira: Rosane da Silva3. Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG

Conselheira: Carmen Helena Ferreira Foro4. Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE

Conselheira: Raquel Felau Guisoni5. Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – COIAB

Conselheira: Rosimere Maria Vieira Teles6. Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar – FETRAF

Conselheira: Rosane Bertotti7. Ordem dos Advogados do Brasil – OAB

Conselheira: Dinara de Arruda OliveiraEntidades Suplentes:Central Geral dos Trabalhadores do Brasil – CGTB

Conselheira: Lúcia Maria Rodrigues PimentelConfederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino– CONTEE

Conselheira: Rita de Cássia Fraga de Almeida Zambon

MULHERES COM NOTÓRIO CONHECIMENTO SOBRE AS QUESTÕESDE GÊNERO

Clara CharfAlbertina CostaJacqueline Pitanguy

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Anexo 7Glossário de siglas

ABA – Associação Brasileira de Antropologia

AGU – Advocacia Geral da União

ANA – Agência Nacional de ÁguasANEB – Avaliação Nacional da Educação Básica

ANPOCS – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisaem Ciências Sociais

ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural

ATES – Assistência Técnica SustentávelASA – Articulação no Semi-Árido Brasileiro

BB – Banco do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BPC – Benefício de Prestação ContinuadaBPW – Federação das Associações das Mulheres de Negócios eProfissionais

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de NívelSuperior

CCFGTS – Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo deServiço

CEDAW – Convenção para a Eliminação de todas as Formasde Discriminação contra a Mulher

CEF – Caixa Econômica Federal

CGEN – Conselho de Gestão do Patrimônio GenéticoCGFDS – Conselho Gestor do Fundo de Desenvolvimento Social

CGFNHIS – Conselho Gestor do Fundo Nacional de Habitaçãode Interesse Social

CISMU – Comissão Intersetorial de Saúde da Mulher

CLT – Consolidação das Leis do TrabalhoCNDM – Conselho Nacional dos Direitos da Mulher

CNE – Conselho Nacional de Educação

CNPM – Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico eTecnológicoCNS – Conselho Nacional de Saúde

COEP – Comitê de Entidades no Combate à Fome e pela Vida

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

CONAR – Conselho de Auto-Regulamentação Publicitária

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CONDRAF – Conselho Nacional de Desenvolvimento RuralSustentável

CONSADs – Consórcios de Segurança Alimentar eDesenvolvimento Local

CONANDA – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e doAdolescente

CONASS – Conselho Nacional de Secretários de SaúdeCONASEMS – Conselho Nacional de Secretarias Municipais deSaúde

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores daAgricultura

CPDS – Comissão de Políticas para o DesenvolvimentoSustentável e a Agenda 21 Nacional

CPF – Cadastro de Pessoa FísicaCRAS – Centro de Referência da Assistência Social

CREAS – Centro de Referência Especializada de Assistência Social

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

DAP – Declaração de Aptidão ao PRONAFDAS – Direção e Assessoramento Superiores

DATASUS – Departamento de Informação e Informática doSistema Único de Saúde

DDAI/SECAD – Diretoria de Desenvolvimento e ArticulaçãoInstitucional

DEAM – Delegacia Especializada de Atendimento à MulherDEPEN – Departamento Penitenciário Nacional

DIRTI – Diretoria de Tecnologia da Informação da Presidência daRepública

DFID – Departamento para o Desenvolvimento Internacional doReino Unido

DRT – Delegacia Regional do TrabalhoDST – Doenças Sexualmente Transmissíveis

EBC – Empresa Brasil de Comunicação

EBCT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos

EJA – Educação de Jovens e Adultos

ENAP – Escola Nacional de Administração PúblicaENEM – Exame Nacional do Ensino Médio

ESAF – Escola de Administração Fazendária

FBB – Fundação Banco do Brasil

FENATRAD – Federação Nacional das Trabalhadoras DomésticasFETRAF – Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar

FGTS – Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

FINEP – Financiadora de Estudos e ProjetosFNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FUNAI – Fundação Nacional do Índio

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento daEducação Básica e de Valorização dos Profissionais da EducaçãoGLBT – Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros

GTI – Grupo de Trabalho Interministerial

IBAM – Instituto Brasileiro de Administração Municipal

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosNaturais RenováveisIBGE – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação daBiodiversidade

IDEB – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IFES – Instituições Federais de Ensino SuperiorIMDH – Instituto Migrações e Direitos Humanos

IML – Instituto Médico Legal

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

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INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas EducacionaisAnísio Teixeira

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

JVDFM – Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra aMulherLDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias

LOA – Lei Orçamentária Anual

MAPA – Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento

MC – Ministério das ComunicaçõesMCid – Ministério das Cidades

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

MD – Ministério da Defesa

MDA – Ministério do Desenvolvimento AgrárioMDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

MDS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

ME – Ministério dos Esportes

MEC – Ministério da EducaçãoMF – Ministério da Fazenda

MinC – Ministério da Cultura

MJ – Ministério da Justiça

MLST – Movimento de Liberação dos Sem TerraMLT – Movimento de Luta pela Terra

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MME – Ministério de Minas e Energias

MPOG – Ministério do Planejamento, Orçamento e GestãoMPS – Ministério da Previdência Social

MRE – Ministério de Relações Exteriores

MS – Ministério da Saúde

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

MTur – Ministério do Turismo

NEAD – Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural

OAB – Ordem dos Advogados do BrasilOEA – Organização dos Estados Americanos

OIM – Organização Internacional para as Migrações

OIT – Organização Internacional do Trabalho

ONG – Organização Não-GovernamentalONU – Organização das Nações Unidas

PAC – Programa de Aceleração do Crescimento

PAF – Programa Nacional de Anemia Falciforme e outrasHemoglobinopatias

PAISM – Programa de Assistência Integral à Saúde da MulherPAM – Posto de Atendimento à Mulher

PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação

PF – Polícia Federal

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de DomicíliosPNDTR – Programa Nacional de Documentação da TrabalhadoraRural

PNPM – Plano Nacional de Políticas para as Mulheres

PNQ – Plano Nacional de Qualificação

PNRA – Programa Nacional da Reforma AgráriaPNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PPA – Plano Plurianual

PR – Presidência da República

PRF – Polícia Rodoviária FederalPROINFANCIA – Programa Nacional de Reestruturação eAquisição de Equipamentos da Rede Escolar Pública de EducaçãoInfantil

PROLIND – Programa de Formação Superior e LicenciaturasIndígenas

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PRONAF – Programa Nacional de Fortalecimento da AgriculturaFamiliar

PRONATER – Programa Nacional de Assistência Técnica eExtensão Rural

PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária

RAIS – Relação Anual de Informações SociaisREDOR – Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos e Pesquisassobre a Mulher e Relações de Gênero

RG – Registro Geral

SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e PequenasEmpresasSECOM – Secretaria de Comunicação Social

SEDH – Secretaria Especial de Direitos Humanos

SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção daIgualdade Racial

SESI – Serviço Social da IndústriaSFB – Serviço Florestal Brasileiro

SG – Secretaria Geral da Presidência da República

SINGREH – Sistema Nacional de Gerenciamento de RecursosHídricos

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio AmbienteSOF – Sempre Viva Organização Feminista

SPM – Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres

STF – Supremo Tribunal Federal

STM – Superior Tribunal Militar

STJ – Superior Tribunal de Justiça

SUS – Sistema Único de SaúdeTIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

TSE – Tribunal Superior Eleitoral

TST – Tribunal Superior do Trabalho

UACON – Unidades de Atenção de Alta Complexidade emOncologiaUFBA – Universidade Federal da Bahia

UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais

UFS – Universidade Federal de Sergipe

UnB – Universidade de BrasíliaUNFPA – Fundo de População das Nações Unidas

UNAIDS – Programa Conjunto das Nações Unidas sobe HIV/Aids

UNODC – Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crimes

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, aCiência e a CulturaUNIFEM – Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas paraa Mulher

USP – Universidade de São Paulo

VIVA – Vigilância de Violências e Acidentes

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Agradecimentos

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A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres agradece o empenho e a dedicação das/os integrantes do Comitê de Articulaçãoe Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, na elaboração deste II PNPM.

Na Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres gostaríamos de agradecer a valiosa contribuição de:

Ângela Rades – MJ;

Angelita Garcia – Unifem;

Chindalena Ferreira Barbosa –

Articulação Brasileira de Jovens

Feministas;

Denise Pacheco – Seppir;

Flávio Souza – SEDH;

Givânia Maria da Silva – Seppir;

Helder R. Sant´Ana Ferreira – Ipea;

Hildezia Medeiros – MDS;

Além destas, pessoas de diferentes ministérios e áreas do Governo Federal, bem como de organizações internacionais e domovimento social, contribuíram para o resultado alcançado. Queremos aqui registrar o agradecimento a todas elas, em especial

Fábia Oliveira Martins de Souza;

Heloisa Frossard;

Maria Clara Guaraldo;

Maria das Graças Serafim Cabral;

Maria das Graças Batista Carvalho;

Maria Márcia dos Santos Leporace;

Maria Margaret Lopes;

Masra de Abreu Andrade;

Naiara Betânia de Paiva Correa;

Pedro Costa Ferreira;

Regina Adami;

Sônia Malheiros Miguel;

Stella Taquette;

Taís Cerqueira Silva.

Ildemar Barbosa – MTE;

Isabella Fagundes B. Ferreira – MMA;

Ivanildo Tajra Franzosi – Casa Civil;

Izaura Miranda – MJ;

Jurema Werneck – Criola

Lidiane Gonçalves – MS;

Marcelo Reges – MEC;

Maria Fernanda Wanick – MJ;

Martinho Andrade – Funai;

Miriam de A. Sá Rego – Furnas;

Mônica Rodrigues – MDS;

Patrícia Mourão – MDA;

Renata Leite – MDA;

Rosana Medeiros de Oliveira – MEC;

Rosiléa Wille – MEC;

Vera Lúcia – MS;

Vera Lúcia de Oliveira – Mapa;

Wania Santanna – Comissão de

Diversidade da Petrobras.

Alinne de Lima Bonetti;

Ana Paula Gonçalves;

Aparecida Gonçalves;

Cíntia Dias Rodrigues Gouveia;

Cláudia Sérvulo Dias;

Dirce Margarete Grosz;

Elizabeth Saar;

Eunice Léa de Moraes;

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Fica ainda o nosso agradecimento à equipe da SPM responsável pela infra-estrutura que possibilitou a realização das reuniõesnecessárias para a realização deste trabalho.

Gostaríamos de agradecer as contribuições recebidas do Pleno do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher – CNDM, quando daapresentação do Plano em sua reunião, bem como às antigas representantes do CNDM (gestão 2005-2007) no Comitê de Articulação

e Monitoramento do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres:

Eline Jonas – titular;Lia Zanotta – titular;

Nilza Iraci – titular;Arlete Zago – suplente;

Helena Ribeiro – suplente;

Odisséia Carvalho – suplente.

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Secretaria Especial dePolíticas para as Mulheres

Conselho Nacional dosDireitos da Mulher

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