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CÂMARA DOS DEPUTADOS DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES TEXTO COM REDAÇÃO FINAL Versão para registro histórico Não passível de alteração COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA EVENTO: Seminário REUNIÃO Nº: 0664/14 DATA: 21/05/2014 LOCAL: Plenário 3 das Comissões INÍCIO: 15h09min TÉRMINO: 17h41min PÁGINAS: 51 DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO MARIA ELENA VIANA - Vereadora do Município de Três Marias. FABRICIO DE OLIVEIRA COELHO - Presidente da Associação de Bombeiros Civis de Três Marias. ALYSON DA SILVA ALEXANDRE - Presidente do Corpo de Bombeiros Civil do Estado da Paraíba. EDISON EDUARDO ROTHER - Presidente da Associação de Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul. APARECIDO DA CRUZ - Representante da Associação Brasileira de Resgate, Busca e Salvamento - Núcleo de Ações Voluntárias em Proteção e Defesa Civil. NEYFF SOUZA DA SILVA - Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste. MÁRIO LUIZ ALVES DE OLIVEIRA - Presidente da Brigada de Apoio Voluntário de Emergência de Carangola. DIONEI WALTER DA SILVA - Representante da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina. SUMÁRIO II Seminário Bombeiros Civis Voluntários. OBSERVAÇÕES Houve exibição de imagens. Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis.

II Seminário Bombeiros

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

DEPARTAMENTO DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO

NÚCLEO DE REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES

TEXTO COM REDAÇÃO FINAL

Versão para registro histórico

Não passível de alteração

COMISSÃO DE LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA

EVENTO: Seminário REUNIÃO Nº: 0664/14 DATA: 21/05/2014

LOCAL: Plenário 3 das Comissões

INÍCIO: 15h09min TÉRMINO: 17h41min PÁGINAS: 51

DEPOENTE/CONVIDADO - QUALIFICAÇÃO

MARIA ELENA VIANA - Vereadora do Município de Três Marias. FABRICIO DE OLIVEIRA COELHO - Presidente da Associação de Bombeiros Civis de Três Marias. ALYSON DA SILVA ALEXANDRE - Presidente do Corpo de Bombeiros Civil do Estado da Paraíba. EDISON EDUARDO ROTHER - Presidente da Associação de Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul. APARECIDO DA CRUZ - Representante da Associação Brasileira de Resgate, Busca e Salvamento - Núcleo de Ações Voluntárias em Proteção e Defesa Civil. NEYFF SOUZA DA SILVA - Presidente da Associação de Bombeiros Civis do Nordeste. MÁRIO LUIZ ALVES DE OLIVEIRA - Presidente da Brigada de Apoio Voluntário de Emergência de Carangola. DIONEI WALTER DA SILVA - Representante da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina.

SUMÁRIO

II Seminário Bombeiros Civis Voluntários.

OBSERVAÇÕES

Houve exibição de imagens. Houve intervenções fora do microfone. Inaudíveis.

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O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Sras. Deputadas, Srs.

Deputados, senhores expositores, senhores convidados, demais presentes, em

nome da Comissão de Legislação Participativa, que é considerada a porta de

entrada da sociedade civil organizada nesta Casa de Leis, agradeço a presença a

todas e a todos os que participarão deste II Seminário Bombeiros Civis Voluntários,

tema que considero de grande importância para o aperfeiçoamento da segurança

pública de nosso País.

A história do Corpo de Bombeiros remonta à época em que o combate aos

grandes incêndios se tornou imprescindível para a sobrevivência da humanidade,

com imperiosa necessidade da criação de mecanismos de combate ao fogo.

No Brasil, a primeira corporação de bombeiros foi criada em 1856 por D.

Pedro II, não possuindo caráter militar. Nos dias atuais, o caput do art. 144 da

Constitucional Federal de 1988 registra que a segurança pública é dever do Estado

e direito e responsabilidade de todos, possibilitando o entendimento de que o serviço

prestado pelo Corpo de Bombeiros está intrinsicamente relacionado com as

atividades de preservação ou restabelecimento da convivência social e de proteção

do cidadão e do seu patrimônio.

Assim, quando se discutem as questões que envolvem o bombeiro civil

voluntário, se encontra mais motivação para fazer com que esta Casa fique atenta

às instituições filantrópicas que atuam com resgate e salvamento terrestre e

aquático, combates a incêndios urbanos e florestais, com notória demonstração de

entrega e solidariedade à sociedade.

Deve-se alertar que não se trata de um serviço prestado por amadores, haja

vista o intenso treinamento a que são submetidos os bombeiros civis, a fim de

capacitá-los para o cumprimento de suas funções, muitas vezes em

complementação ao trabalho realizado pelos órgãos oficiais, fortalecendo, por assim

dizer, a proteção do cidadão.

Faz-se necessário salientar que são homens e mulheres que merecem o

nosso respeito, pois atuam na tutela do bem maior, que é a vida humana. Não se

pode esquecer que somente 14% dos Municípios brasileiros são contemplados com

guarnições do Corpo de Bombeiros, o que torna o trabalho realizado pelo bombeiro

civil essencial.

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Para uma análise comparativa, vale mencionar que nos Estados Unidos a

maioria dos bombeiros são voluntários, e o serviço é reconhecido e valorizado pela

sociedade daquele país.

Senhoras e senhores, é indubitável a importância dos trabalhos realizados

pelos bombeiros civis, o que faz com que seja premente responder aos seus

principais anseios.

Pelo exposto, considero este evento oportuno e relevante para o Parlamento

e para a sociedade, pois trata de um assunto que visa à melhoria na segurança

pública de todo o País, diga-se de passagem, um país debilitado e sem pauta de

governo para a segurança.

Agradeço a participação a todos os presentes, esperando que o Seminário

seja bastante proveitoso e alcance os resultados almejados.

Neste momento, tenho a honra de convidar a compor a primeira Mesa de

debates o Sr. Fabrício de Oliveira Coelho, Presidente da Associação de Bombeiros

Civis de Três Marias; o Sr. Alysson da Silva Alexandre, Presidente do Corpo de

Bombeiros Civil do Estado da Paraíba; e o Sr. Edison Eduardo Rother, Presidente

da Associação de Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul.

Passemos agora às regras de condução dos trabalhos desta Mesa.

Cada expositor deverá limitar-se ao tema em debate e terá o prazo máximo

de 15 minutos, não podendo ser aparteado. Informarei quando faltarem 5 e 2

minutos.

Ao final de todas as exposições, iniciaremos os debates, passando a palavra,

primeiramente, aos Parlamentares inscritos e, depois, aos demais participantes.

Informo que, após as exposições, a palavra será franqueada ao público e

aqueles que desejarem fazer algum questionamento ou intervenção, por favor,

façam sua inscrição com os servidores da Comissão, de maneira que eles possam

colher os nomes de vocês com letras de forma, para não causar nenhum

constrangimento à Mesa, a fim de não esquecermos ou não lermos os nomes

indevidamente.

Tendo sido esclarecidas as regras, passemos às exposições.

Quero registrar, antes, a presença das Vereadoras da Câmara Municipal de

Três Marias — Vereadora Maria Elena Viana de Almeida Figueiredo e Vereadora

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Aldinha Lopes da Silva —, além do nosso prezado companheiro, sempre presente,

Samuel, que é esposo da Vereadora Maria Elena.

Passo a palavra ao Sr. Fabricio de Oliveira Coelho, Presidente da Associação

de Bombeiros Civis de Três Marias. S.Sa. dispõe de até 15 minutos.

O SR. FABRICIO DE OLIVEIRA COELHO - Boa tarde a todos.

Nesta oportunidade, gostaria de cumprimentar, em nome da Comissão de

Legislação Participativa, cuja representação é feita pelo Deputado Lincoln Portela,

os demais Deputados presentes e membros desta Comissão.

Cumprimento também os meus companheiros que atenderam ao nosso

pedido para, na Comissão de Legislação Participativa, realizarmos este segundo

seminário: Coronel Neiff, lá de Recife, Pernambuco; nosso companheiro Edison

Rother, lá do VOLUNTERSUL — Associação dos Bombeiros Voluntários do Estado

do Rio Grande do Sul; Dionei, representando a Associação dos Bombeiros

Voluntários no Estado de Santa Catarina, que é o nosso exemplo; o nosso amigo —

nós nos conhecemos em Belo Horizonte — Alysson, do Corpo de Bombeiro Civil do

Estado da Paraíba; meu grande amigo Aparecido da Cruz, lá da NUPREC — Núcleo

de Ações Voluntárias em Proteção e Defesa Civil do Estado de São Paulo, que

sempre tem nos dado amparo também neste projeto; e os demais que vieram de

Belo Horizonte, nossa amiga e queridíssima Geralda, lá do Centro Profissionalizante

de Bombeiro Civil de Minas Gerais, uma escola que tem formado grandes

profissionais para atuar na questão da prevenção e do socorro básico no dia a dia

do trabalho do bombeiro voluntário, do bombeiro civil.

Nós nos sentimos agradecidos também aqui pela presença do nosso amigo

Comandante Mário Luiz, da Brigada Voluntária de Carangola. Quando nos

conhecemos, também nos identificamos muito bem com relação ao trabalho do

bombeiro civil, do bombeiro voluntário, do serviço de resgate voluntário.

Enfim, agradeço a todos os amigos presentes que vieram a esta Casa para

defender uma tão justa causa e um trabalho tão útil e essencial hoje para a

sociedade atual em que vivemos.

Farei uma rápida apresentação. É só para que aqueles que já viram revejam

algumas coisas novamente. Tivemos um primeiro seminário no ano passado, que

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teve um bom resultado. Graças a Deus, conseguimos abrir outros caminhos para a

melhoria do trabalho do bombeiro.

Mas a nossa história está aqui registrada para que todos a conheçam.

Estamos ali em Três Marias, uma região de Minas Gerais bem próxima da Capital,

Brasília, do Distrito Federal. Estamos a 450 quilômetros, mas em uma situação na

qual o trabalho do bombeiro civil, o trabalho do bombeiro voluntário e das equipes de

resgate têm sido muito úteis e bem necessários ali onde nós estamos.

Tem havido um apoio maciço, um apoio bom das autoridades, entre elas as

presentes aqui, a Vereadora Maria Elena, a Vereadora Irmã Alda, que têm apoiado o

nosso trabalho ali no Município, têm carregado esse trabalho conosco. Com certeza,

não têm faltado outras pessoas ali que têm também se prontificado a nos apoiar.

Rapidamente, para que todos conheçam, farei esta explanação do nosso

projeto.

(Segue-se exibição de imagens.)

A Associação de Bombeiro Civil de Três Marias foi fundada em 23 de janeiro

de 2013. Nós iniciamos os trabalhos ali para dar amparo à sociedade no

atendimento pré-hospitalar, nas chamadas de emergência e no socorro básico e de

resgate, no combate a incêndio, na busca e no salvamento.

Estamos trabalhando na mobilização de recursos humanos, trabalhos

voluntários, apoio à sociedade civil, que é o nosso principal objetivo: preservar o

maior bem, que é a vida humana. O Presidente da associação sou eu, Fabricio de

Oliveira Coelho, o Vice-Presidente é o meu querido amigo Gleison, que não pôde

estar presente por questões de saúde; ele não pôde estar aqui conosco.

Hoje, nós atendemos em torno de cinco Municípios. Entre eles estão João

Pinheiro, São Gonçalo do Abaeté, Três Marias, Morada Nova de Minas e Felixlândia.

Temos um total de 210 quilômetros de rodovia federal que não têm cobertura

alguma de socorro por parte do bombeiro presente no local, que é o bombeiro

militar, nem outras equipes de resgate para atuar juntamente conosco ou para

melhorar essa questão de atendimento às vítimas. Há um total de 200 quilômetros

de rodovia estadual não pavimentada. Ou seja, são rodovias que existem, que

cortam Municípios, onde temos tido, infelizmente, vários registros de acidentes. É

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uma área total de 410 quilômetros de rodovias para nós atendermos. Isso é uma

demanda que nós temos em Três Marias e no entorno do nosso Município.

Essa é a sede que nós temos hoje para realizar um trabalho de resgate

voluntário, do bombeiro voluntário, com o apoio da iniciativa privada. Foi cedida por

um empresário e fica em um posto de combustível localizado à margem da BR-040,

no Município de Felixlândia. A nossa sede administrativa funciona em Três Marias, e

a nossa base operacional, na rodovia. Uma delas é esta aqui, em Felixlândia.

Aqui nós temos a foto da base, da BR-040, no quilômetro 358, que fica no

Município de Felixlândia, em Minas Gerais, 80 quilômetros depois de Três Marias.

Hoje já existem placas na rodovia para evidenciar o nosso trabalho, para que

mantenham contato nas situações de emergência.

Nós não temos dificuldade, hoje, em relação ao bombeiro militar. Pelo

contrário, ele nos aciona, porque a demanda é grande. Há um Município com quase

80 mil habitantes para ser atendido por uma corporação de 32 homens, além de

mais 17 Municípios que eles têm que cobrir. A demanda é bem grande. Então, eles

fazem contato para que possamos atender algumas ocorrências no trecho onde nós

estamos.

Aqui temos só algumas ocorrências, para que fique registrado que nós já

vimos atendendo crianças em acidentes típicos do dia a dia em casa — elas sobem

em algo e se arriscam. Está aí o registro —; socorro a mendigo, andarilho que

estava, por sinal, quase a ponto de perder a vida debaixo de ponte. Enfim, nós os

atendemos. Há também acidente em rodovia rural, como eu falei para vocês. Essas

são situações que estamos atendendo.

Outra coisa interessante: atendemos esta ocorrência junto à Força Nacional

de Segurança Pública. Bombeiros militares estavam indo participar de um

treinamento no Rio de Janeiro. Dentro do ônibus não havia nada de equipamento.

Então, fomos acionados pela Polícia Rodoviária Federal para atender essa

ocorrência. Eles contaram com o nosso apoio. Está aqui um trabalho em conjunto, a

nossa equipe de resgate atuando em conjunto com eles, para, inclusive, socorrer um

dos oficiais. Se ele não tivesse sido socorrido da forma que foi, seu estado clínico

poderia ter-se complicado no atendimento.

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Este acidente ocorreu recentemente, com três vítimas, na BR-040. É para

ficar registrado. Há outras imagens. Vou exibi-las para que os senhores possam vê-

las.

Neste detalhe, eu gostaria de focar o trabalho voluntário do bombeiro hoje.

Um dos pedidos da Associação dos Bombeiros Civis a esta Casa e à esfera federal

é algum tipo de apoio para que a gente possa ter melhores condições no

atendimento. Hoje nós contamos com recursos próprios. Nosso trabalho tem sido

feito com recursos próprios, da própria equipe, da própria sociedade, das empresas

e instituições privadas do Município que têm dado algum apoio.

Nesses atendimentos, nós temos que atender vítimas com veículo particular,

quando conseguimos veículos para esse fim. Muitas vezes, em algumas situações,

não conseguimos fazer um bom atendimento por não ter um veículo adequado. O

Município não dispõe de ambulância em número suficiente, desse tipo que a gente

vê aqui, para atender os acidentes.

Este acidente foi atendido por uma FIAT Strada, transportando na carroceria,

porque não tinha ambulância. E a vítima hoje está viva porque foi socorrida

imediatamente. Senão, o óbito teria sido registrado.

Trabalho em conjunto com bombeiro militar. Nós estamos presentes em

algumas ocorrências. Nós tivemos, por parte da Polícia Rodoviária Federal,

oportunidade de usar um equipamento, o desencarcerador, que estava na Polícia

Rodoviária Federal sem nenhuma condição de uso porque estava com a parte

elétrica danificada. As empresas do nosso Município conseguiram fazer com que

esse equipamento tornasse a funcionar, e nós o utilizamos. Em uma das

ocorrências, o equipamento da corporação militar não funcionou, e o nosso

equipamento é que foi útil para aquela ocorrência. O sargento que trabalhava

naquele dia até nos agradeceu muito. Ele nos disse que, se não estivéssemos com

o nosso equipamento, não saberia o que fazer para retirar a vítima lá de dentro,

porque não tinha outra ferramenta. Então é um trabalho muito em conjunto.

Outra ocorrência, da mesma forma, foi em conjunto com o bombeiro militar e

a Polícia Rodoviária Federal. Eles fizeram um reconhecimento, por escrito, do nosso

trabalho. Então, nós temos isso registrado. Tanto que o chefe do posto regional, o

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chefe do posto local, fez um ofício agradecendo o apoio e o trabalho que nós

fizemos a esse tipo de atendimento na rodovia.

Aqui é só uma vista. Esta aí é uma característica típica da Represa de Três

Marias. Para que todos vejam, nós temos também uma bacia hidrográfica muito

grande. Nós temos demandas. O Lago da Represa de Três Marias é um dos

maiores do mundo. Tem um volume de água que hoje equivale a oito vezes a Bacia

de Guanabara. Tem capacidade de 21 bilhões de metros cúbicos de água e 1.040

quilômetros quadrados de superfície. Foi iniciada em 1957 e concluída em 1961.

Nós temos ali uma área total de 182 quilômetros de extensão de água. Uma represa,

que é frequentemente visitada por turistas, está hoje numa situação extremamente

crítica, pois chega de 80 a 100 metros de profundidade.

Aí nós temos uma situação trágica que tivemos que atender; e, quando temos

isso, é contínuo. Sempre temos situações como essa.

Trabalho de prevenção na praia. Os bombeiros civis fazem um trabalho

voluntário de prevenção nas praias, em eventos, no dia a dia. Em todos os finais de

semana as praias estão sempre lotadas.

E aqui nós temos um afogamento. Infelizmente foi óbito. Depois que

socorremos, levamos para o pronto-socorro e a vítima foi atendida lá. Mas o socorro

foi feito da forma que estão vendo. Se fôssemos esperar 2 horas para chegar outro

socorro com todo o equipamento adequado, não daria tempo de fazer o que

fizemos. Infelizmente, não tivemos sucesso na questão da vítima sobreviver por

causa do tempo que o corpo estava submerso na água.

Como eu falei para toda esta Casa, a 130 quilômetros de distância está a

corporação do bombeiro militar. Hoje a Associação possui toda a documentação

legal. Isso é só para conhecimento.

Já foi falado aqui que hoje, no Brasil, nós temos essa característica crítica. O

Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui 853 Municípios, mas, em 799 deles,

nós não temos corporação de bombeiro militar, nem tampouco, muitas vezes, uma

equipe de bombeiro voluntário ou de bombeiro civil para fazer um trabalho de

resgate nessa região. Não tem SAMU, não tem nada nesses Municípios. Temos aí,

aproximadamente, um total de apenas 54 Municípios que podem contar com o

bombeiro militar.

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Temos o exemplo de outros países e de outros Estados do Brasil. Com

certeza, nós vamos ouvir ainda hoje muitas informações importantes. Nós temos aí

um exemplo para ser seguido no Brasil, e que eu acho que pode ser copiado,

porque vai ser de grande valia para a sociedade atualmente.

Trabalho de ação social. Nossa Associação tem também um trabalho de ação

social, trabalho com crianças, o Projeto Bombeiro Mirim, que começa nas escolas.

Nós trabalhamos com as escolas. Esse é um trabalho que nós fazemos lá.

Nas datas comemorativas dos Municípios, nós estamos presentes,

acompanhando.

Também trabalhamos com o serviço Moto Resgate, que é de utilização

própria dos amigos, nossos colegas bombeiros que trabalham conosco. E fazemos a

utilização dos veículos.

Abertura de eventos, tipo jogos escolares. Nós, bombeiros, estamos lá

presentes, trabalhando.

Inauguração da nossa base em Felixlândia. Ações promovidas no Município,

trabalhos de combate à dengue, parcerias e apresentações em conjunto com

empresas e Prefeituras de outros Municípios.

Ali nós temos a foto do Prefeito do Município de João Pinheiro e a do

gerente-geral de uma das unidades do Grupo Votorantim, bem conhecido.

Temos um trabalho em conjunto com a CEMIG. Temos uma equipe nossa

atuando em eventos da CEMIG, a exemplo da Semana Interna de Prevenção de

Acidentes do Trabalho — SIPAT.

Aqui foi um trabalho que nós abraçamos: dar apoio a uma clínica de

dependentes químicos do Município. Encontravam-se ali 55 pessoas dependentes

de algum tipo de droga internadas. E nós nos propusemos a fazer ali um trabalho de

formação de primeiros socorros, de formação do profissional de brigada de incêndio

florestal, a fim de que essas pessoas pudessem, quando saíssem de lá

recuperadas, ter uma forma de empregabilidade, para que não voltassem ao

caminho anterior.

Então, como o bombeiro tem essa facilidade, nós levamos esse projeto para a

clínica e conseguimos absorver 15 pessoas daquela clínica que, inclusive, um dia,

numa ocorrência na BR-040, foram elas que atenderam ao acidente, porque eles

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estavam passando por lá no veículo do presidente da clínica para um trabalho.

Foram elas que fizeram todo o socorro, e muito bem.

Vemos aí o trabalho nosso de visita à clínica, onde tudo começou. Só vamos

mostrar algumas fotos que fizemos. Aí a instrução para os internos do curso de

Combate a Incêndio. Então, nós temos a relação dos cursos ministrados nessa

clínica. Formação de nossos alunos, dos bombeiros que temos lá hoje. Aulas

práticas e teóricas.

Esta transparência mostra o primeiro seminário que nós fizemos em Brasília.

Nesse primeiro seminário, participamos em conjunto.

E aqui nós temos propostas que eu traço para esta Casa e para os

companheiros que estão conosco.

Bom, nós precisamos de incentivo federal, através de regulamentação

exigindo a criação de Corpo de Bombeiros Civis Voluntários nos Municípios onde

não possuem corporações de bombeiros militares.

Então, trago este pedido para que nós possamos, em conjunto com esta Casa

e com este Plenário, conseguir apoio para que isso possa acontecer nos demais

Estados do Brasil, e em Minas Gerais principalmente, porque 799 Municípios

daquele Estado estão sem amparo, sem socorro. E só quem está lá necessitando é

que poderia estar aqui para expressar o quanto é necessário.

Agilidade no reconhecimento através de serviço de utilidade pública, a

exemplo da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público — OSCIP. Nós

temos dificuldades, muitas vezes, para que aconteça o reconhecimento dos

trabalhos prestados.

Precisamos criar um órgão de âmbito federal que fiscalize e crie um sistema

de padronização das corporações, principalmente as de bombeiros civis existentes

no Brasil, atribuindo a cada uma suas responsabilidades, porque hoje nós temos

dificuldades, principalmente em Minas Gerais. Existe tanto bombeiro e cada um indo

por um caminho que fica difícil até de entender quem é bombeiro.

Estruturas. Estruturar as corporações. Corporações em Estados, por exemplo.

Nós temos o exemplo de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, que é de bombeiro

voluntário. É outro trabalho totalmente diferente da questão de nomenclatura de

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formação profissional, na verdade, em termos de legislação, que é o bombeiro civil,

mas que atua com o serviço de resgate, um trabalho exemplar e brilhante.

Concluindo, nós falamos aqui que é preciso criar junto ao Sistema Nacional

de Defesa Civil — SINDEC o apoio às corporações de bombeiros civis voluntários,

junto com o COMDEC nos Municípios, principalmente nos Municípios que não

possuem defesa civil. Os Municípios devem criar as leis municipais que visam

amparar as corporações de bombeiro civil voluntário, garantindo o seu perfeito

funcionamento.

Eu sei que o nosso amigo Coronel Neyff, depois, vai falar muito bem sobre

isso, vai falar muita coisa em cima disso aí para todos nós.

Diante disso, eu agradeço a todos e a esta Casa. Pedimos incentivo a esse

trabalho do bombeiro, que tem, sim, o seu papel social e a sua grande importância

na sociedade.

Meu muito obrigado, Deputado, por esta oportunidade. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Deputado Lincoln Portela) - Agradeço ao Sr. Fabrício

de Oliveira Coelho a exposição.

Passo, agora, à Parlamentar Maria Elena a sequência deste seminário. Eu

tenho uma reunião com o Presidente do Congresso, Renan Calheiros, e também na

Presidência da Comissão que analisa a PEC 1.111. Deixá-los-ei por um instante.

Maria Elena, por favor.

A SRA. COORDENADORA (Maria Elena Viana) - Cumprimento todos com

um boa-tarde.

Dando seguimento aos nossos trabalhos, passo a palavra ao Sr. Alyson da

Silva Alexandre, Presidente do Corpo de Bombeiros Civil do Estado da Paraíba, por

15 minutos.

O SR. ALYSON DA SILVA ALEXANDRE - Boa tarde a todos! Boa tarde aos

companheiros bombeiros que aqui se fazem presentes!

Eu acho que todos aqui gostaríamos de ter encontrado uma Casa mais cheia,

em se tratando de um assunto desta magnitude, desta importância, para nós que,

hoje, atuamos na área de bombeiro civil voluntário.

Hoje, o bombeiro civil migra, depois de formado, até pelo amor que nós temos

à nossa profissão. Então, gera-se o amor ao próximo, e migramos para o bombeiro

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voluntário. Está aqui o nosso Presidente da VOLUNTERSUL, Edison Rother, que

não nos deixa mentir. A nossa corporação, digamos assim, é exemplo e nós nos

espelhamos muito na corporação de Santa Catarina.

Sobre o que o companheiro Fabrício mostrou, eu acho que ele disse tudo o

que nós queríamos dizer aqui. Acho que falariam mais um pouco o coronel ou o

professor.

Não é diferente a situação dos bombeiros voluntários civis em todo o Brasil.

Nós temos os mesmos sonhos, almejamos e temos os mesmos anseios. Na Paraíba

— o Fabrício mostrou aqui os números — somente em 54 Municípios existe a

pessoa do bombeiro militar.

Não estou fazendo, nem quero fazer qualquer tipo de crítica, porque aqui nós

entendemos, sabemos, conhecemos, admiramos e respeitamos o trabalho do

bombeiro. Tanto nós como a sociedade em geral. Hoje o serviço de bombeiro é o

número 1 em confiança da sociedade.

Então, eu quero dizer que meu pai é do bombeiro militar, eu sou bombeiro

civil. Ele é oficial de bombeiro militar, mas está na reserva agora. Eu cresci sendo

filho de bombeiro. Depois da maioridade, eu não quis seguir a carreira do meu pai;

fui para outro caminho. Mas, de repente, no meio do caminho, eu encontrei com o

bombeiro civil. Aí, os olhos se abriram e, de repente, mudei de lado, voltei às

origens. Como não tinha mais tempo e não quis também correr atrás para fazer um

concurso, entrei na carreira de bombeiro civil e até hoje estou aqui, graças a Deus.

Mas voltando ao nosso raciocínio, temos respeito à nossa corporação militar,

mas sabemos das dificuldades dos companheiros. Temos dificuldades de

equipamentos, de efetivos e, dependendo do Estado, também há questão financeira,

a questão do concurso público. O bombeiro militar é um bombeiro caro em questão

de equipamentos, de homens e estrutura. Para montar uma unidade do corpo de

bombeiro militar, hoje, da estrutura do soldado à do oficial, é preciso uma demanda

muito alta de gastos para o Estado. Então, não é conveniente para o Estado fazer

todos esses gastos. E de acordo com tudo o que já se viu no Brasil, não teria como

abrir unidades de bombeiros em todos os Municípios.

Hoje, na Paraíba, vamos deixar registrado, temos 223 Municípios. Desses

223 Municípios, só oito têm corpo de bombeiro militar. Então, ficou muito a desejar.

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Não sei se algum outro Estado tem número menor, mas dos 223 Municípios da

Paraíba só há oito quartéis de bombeiros.

No Estado da Paraíba, hoje, temos 1.500 bombeiros civis formados. O efetivo

do Estado em bombeiros militares é de 1.300 homens. Na Paraíba, o número de

bombeiros civis, em 5 anos, ultrapassou o do militar. Estamos avançando. Estamos

nos organizando. De repente, digamos assim, fomos apunhalados. Temos uma lei

estadual de autoria nossa e temos também uma lei municipal. Temos quatro

Municípios com leis municipais. Todas essas leis são de autoria nossa, graças a

Deus, com o apoio, claro, do Legislativo. Conseguimos.

Até citei, há pouco, quando conversava com a senhora e com os

companheiros, que as mulheres, as Parlamentares têm sido grande apoio para os

bombeiros civis. Elas realmente têm abraçado a nossa causa. A mulher realmente

tem um carinho, tem um olhar especial. Então, temos recorrido às Parlamentares.

São elas que têm nos abraçado e têm nos dado apoio total. A nossa lei estadual é

de autoria de uma Deputada. A nossa lei municipal também é de uma Deputada. A

seguinte também é da mesma forma. Por aí vai. Não há para onde correr. O

caminho é esse.

Então, bombeiros presentes procurem as mulheres: Vereadoras e Deputadas.

Assim teremos entendimento melhor.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. ALYSON DA SILVA ALEXANDRE - Eu já estava preparado. Eu ia

dizer isso aqui também. (Riso.)

Vejam: hoje temos tido grande dificuldade. Tivemos regulamentação recente,

após a nossa lei estadual. Ela dizia que o bombeiro militar criaria uma norma

técnica. Aí seria uma instrução técnica que estaria dando um reconhecimento ao

bombeiro civil no Estado. Seria o mais certo. O almejado por nós é esse

reconhecimento do Estado. Não sei se o professor vai usar da palavra ainda e,

depois, ele poderá me corrigir. A meu ver, seria o mais correto, até para podermos

ter uma estruturação melhor, uma formação melhor, fiscalizada pelo bombeiro

militar. Seria até então um reconhecimento do Estado.

E os bombeiros militares, ao criar essa norma técnica que poderia ter sido

feita em conjunto — o bombeiro militar e a representação dos bombeiros civis no

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meu Estado —, criaram norma técnica que fugiu totalmente dos padrões de qualquer

outro Estado. Quando pegamos essa norma técnica, verificamos que era uma

verdadeira aberração. Eu a trouxe, mas não vai dar para mostrá-la. Ela foi publicada

no Diário Oficial. Vou deixá-la aqui para os que quiserem dar uma olhada.

O bombeiro militar saiu controlando, digamos assim, até a cor da meia que

usamos. Nós, graças a Deus, nos articulamos rapidamente e conseguimos chegar

até o Governo do Estado. Como o nosso efetivo é maior do que o do Estado, temos

uma carta na manga: 1.500 bombeiros civis para 1.300 bombeiros militares. Fui

diretamente ao Governador e disse-lhe: “Eu tenho 1.500, e o comandante, 1.300. Eu

estou na rua, e o comandante, no gabinete”. A palavra com o Governador foi essa,

bem sincera. Acho que a nossa conversa tem que ser essa: olho no olho, e

acabou-se. A conversa de nordestino é mais ou menos essa. O coronel está aqui e

não me deixa mentir. A nossa conversa tem que ser assim: sim ou não. Não tem

enrolação nem arrodeio.

Estamos negociando com o Governo do Estado e foi-nos dada a oportunidade

de criar uma nova norma técnica, de acordo com o que nos beneficia, claro, e de

acordo com o Estado, de forma que os dois entrem num consenso.

Para os senhores terem ideia, a aberração foi tanta que o comando criou um

quadro reserva para o bombeiro militar dentro do quadro do bombeiro civil. Então, o

oficial ou o praça do bombeiro, quando for para a reserva, vai poder assumir como

bombeiro líder ou bombeiro mestre, quando a nossa lei federal, de nº 11.901, diz

que o bombeiro mestre seria um engenheiro e o bombeiro líder seria um técnico. Até

então, só o fato de ele ser um militar não lhe dá o direito de ser um engenheiro.

Recentemente, foi criado o departamento técnico no bombeiro. Chegou um

coronel lá que é engenheiro realmente de formação. Aí, tudo bem. Para esse, sim, a

gente tem que baixar a cabeça, e acabou. Mas da forma como foi feito, criando

ainda um quadro de reserva dentro do bombeiro civil para o bombeiro militar, creio

que ninguém seria de acordo. Nada impediria que até o funcionário público

assumisse esse papel de bombeiro civil, mas não como discriminado na norma

técnica. Após a reserva, ele pode fazer o que quiser, ir para onde quiser, até fazer,

quem sabe, um concurso público, passar e ir para outra área, mas chegar da forma

como chegou, como está descrito lá, deixa muito a desejar. Sem falar que eles

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tiveram muita preocupação com o nosso crescimento dentro do Estado, com o

desenvolver, com o reconhecimento da população. Hoje nós somos bastante

reconhecidos dentro do Estado, tanto pelo poder público como pela população em

geral.

Eu fiquei até em estado de choque. Eu disse ao professor que tive um choque

quando cheguei a Brasília e vi nas costas de um menino escrito “brigadista”. Eu

pensei que era um segurança. Eu vi aquela farda e pedi até uma informação.

Quando um deles passou por mim, nas costas eu vi escrito “brigadista”. Aí eu fui

atrás dele e disse: “Opa, companheiro. Tudo bem? Você é brigadista ou é bombeiro

civil? Brigadista é uma coisa e bombeiro civil é outra”. Eu acho que existe certo

analfabetismo na interpretação. Quem leu a nossa lei federal ou a NBR não soube

distinguir um brigadista de um bombeiro civil. Acho que não há ninguém mais culto

do que ninguém que não consiga entender isso.

Eu até conversei com alguns colegas sobre isso. O que acontece? Lá, a

preocupação era tanta que eles chegaram a sair dessa norma técnica. Será criado

pelo comandante um decreto. Eles chegaram ao controle até mesmo das OSCIPs,

das ONGs. Qualquer coisa, qualquer instituição sem fins lucrativos que se utilize do

trabalho de bombeiro civil, de bombeiro voluntário tem que passar pelo bombeiro

militar. Ali eles estabeleceram — como aqui em Brasília, conforme fiquei sabendo —

que deve passar pelo bombeiro militar a aprovação do fardamento, de viaturas e

tudo mais. Então, da mesma forma, os bombeiros civis, os bombeiros voluntários, na

Paraíba, de acordo com a norma técnica que saiu...

A SRA. COORDENADORA (Maria Elena Viana) - O senhor tem ainda 3

minutos.

O SR. ALYSON DA SILVA ALEXANDRE - Então, de acordo com essa norma

técnica, os bombeiros voluntários também estarão diretamente submissos aos

bombeiros militares. Eu acho que nós temos que levar essa discussão mais à frente,

ao âmbito federal, como já estamos fazendo aqui, o que é um grande passo.

Temos hoje exemplos no País de que é o trabalho que tem dado certo

realmente, é o que tem funcionado. Pode ser feito um trabalho em conjunto. Eu

parabenizo o companheiro Fabrício pelos trabalhos em conjunto realizados. Lá, se a

gente chegar primeiro a uma ocorrência, o bombeiro militar não gosta. A vítima está

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sendo atendida, mas ele não gosta. Ele queria ter chegado primeiro ou então não

gostou porque a gente está atendendo lá. Não sei o que há. Com o SAMU houve

essa briga em todo o Brasil. Se na Paraíba ainda tem essa briga do bombeiro militar

com o SAMU, imaginem com o bombeiro civil. Então, existem uma faixa Alyson e

fotos. Eu queria rapidamente mostrar.

(Segue-se exibição de imagens.)

Só para os senhores verem como é a nossa estrutura hoje lá. No desfile de 7

de setembro do ano passado, nós colocamos 100 homens na avenida. Nós

tínhamos lá uma equipe de cães de busca e resgate, com três cães labradores, dois

rottweillers e duas ambulâncias, sendo uma Renault Master 2007 com motor 2011,

que foi doação de uma Vereadora que nos apoiou. Ela nos deu uma ambulância

sem o motor, que nós compramos. Foi uma parceria. Temos também uma

ambulância Fiorino pequena e temos hoje uma equipe de ciclismo. Isso tem

incomodado muito. A população tem sido atendida, mesmo aos trancos e barrancos.

Vejam a padronização e um dos cursos que fizemos.

Temos alguns trabalhos também realizados juntamente com a Defesa Civil

estadual e municipal. Vejam as viaturas caracterizadas ali atrás. São veículos

particulares que caracterizamos, e atuamos com eles, da mesma forma que o

Fabrício também mostrou. Está aí o grupo de ciclistas. Foram bicicletas doadas por

nós mesmo. Nós as compramos e as colocamos para funcionar.

Aí o padrão do pessoal no desfile. Uma questão com a qual nos preocupamos

quando da formação do bombeiro: ele tem o nome Aluno nas costas. Então, acho

que algumas escolas até já nos copiaram. Nós formamos bombeiros também. Acho

que dá maior segurança, hoje, na nossa formação.

Esse foi um trabalho social, uma visita a uma comunidade carente. O menino

está marcando onde passa uma tubulação de gás. É uma comunidade muito

carente, onde nós fomos fazer uma visita e fizemos um bom trabalho. Aqui está

mostrando a amarração do aluno. Mais uma vez o desfile.

Encerrando, quero agradecer a todos a oportunidade. Viemos aqui para

aprender. Podemos estar juntos em todo o País, tentando uniformizar isso em todo o

País. A população será, claro, a grande beneficiada com a ação dos bombeiros civis,

dos voluntários, dos militares, os municipais. Então, essa união é de extrema

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importância para toda a sociedade. Não podemos estar levando nomes, patentes ou

alguém com intenções próprias, em benefício próprio, mas devemos pensar sempre

no próximo, o que é até um mandamento divino: “Amai ao próximo como a ti

mesmo”. Esse tem sido o nosso lema e é o que nos tem motivado. (Palmas.)

A SRA. COORDENADORA (Maria Elena Viana) - Agradeço ao Sr. Alyson da

Silva pela sua apresentação, pela sua exposição. Parabenizamos toda sua equipe

pelo trabalho feito.

Passo a palavra ao Sr. Edison Eduardo Rother, Presidente da Associação de

Bombeiros Voluntários do Estado do Rio Grande do Sul por 15 minutos. (Pausa.)

O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - Senhoras e senhores, muito boa

tarde.

Vou me apresentar rapidamente, porque 15 minutos passam voando. De toda

essa apresentação, o importante está no final. Eu gosto muito de apresentar o

trabalho que a gente faz lá no Rio Grande do Sul. Meu nome é Edison Eduardo

Rother, sou o Presidente da Associação de Bombeiros Voluntários do Estado do Rio

Grande do Sul. Também componho a Organização dos Bombeiros Americanos e o

Conselho Nacional de Bombeiros Voluntários. Junto comigo, está aqui

representando o Estado de Santa Catarina o Dionei, que depois vai falar sobre o seu

Estado.

(Segue-se exibição de imagens.)

A associação existe desde 1982, quando do Primeiro Encontro Nacional de

Bombeiros Voluntários na cidade de Canela.

Vemos datas que marcam as modificações de nomenclatura, Código Civil, a

evolução, que eu acho, neste momento, devido até ao tempo, não é preciso entrar

em detalhes. Essas informações, se os senhores quiserem saber mais, estão no

nosso site. Podem ser acompanhadas lá.

Começam as minhas preocupações, coisa que já vínhamos tratando no outro

seminário. Temos hoje, o bombeiro público, e aí pode ser militar ou civil, pessoa

pertencente a uma corporação de atendimento a emergências públicas; temos o

bombeiro profissional civil, o bombeiro voluntário. Agora, vou falar no final, temos

uma PEC, um assunto urgentíssimo. Não se trata nem de se discutir, mas de se

levantar o que vai tornar todo mundo brigadista voluntário sob a égide do bombeiro

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militar — depois vou falar dela. Eu só queria deixar claro que é aqui que eu vou

mostrar o trabalho do bombeiro voluntário e que é desenvolvido no Rio Grande do

Sul.

Historicamente, bombeiro voluntário, a instituição mais antiga do Brasil está

em Joinville, desde 1892. Joinville é a capital catarinense e nacional do bombeiro

voluntário. Eu sempre falo, e não sei se o Dionei quer falar depois, que a maior

plataforma elevatória do Sul, contando Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,

está nessa cidade. Tenho uma foto dela ali em operação. Se não me engano, ela

alcança 57 metros.

Já no meu Estado, a corporação mais antiga é de 1977, na cidade de Nova

Prata. O nosso primeiro Bombeiro Voluntário está lá.

Encontramos Bombeiro Voluntário em vários países: Alemanha, Chile, Japão,

como já foi falado aqui. Mas os mais próximos de nós, para quem quiser conhecer

melhor uma estrutura muito mais antiga do que a nossa, são Chile, Argentina e

Paraguai. São referências muito grandes para nós, no Rio Grande do Sul, os

chilenos e alemães, além dos portugueses também.

A VOLUNTERSUL nada mais é do que uma associação — não é nenhum

conselho ou um sindicato que seja. As corporações e as pessoas que participam do

nosso grupo o fazem voluntariamente; fazem a associação funcionar

voluntariamente. O nosso principal objetivo é orientar, apoiar, viabilizar, promover,

organizar, enfim, tentar fortalecer e desenvolver esse movimento, existente há mais

de 30 anos.

Aqui estão as corporações do Estado do Rio Grande do Sul — acho que

faltou um número ali. Nós estamos hoje com 38 corporações voluntárias.

Agora, algumas imagens: neste quadro que vocês estão vendo — e eu não o

atualizei — aparecem uniformes nas cores preto, azul, vermelho, verde e amarelo.

Este quadro já não é mais atual. Nós padronizamos o nosso uniforme. Então,

gradativamente, as corporações e os voluntários estão mudando. A gente está

criando uma identidade visual para as pessoas reconhecerem quem é o bombeiro

voluntário no Estado, quem é o bombeiro militar e quem é o bombeiro civil. Então, a

gente padronizou na cor vermelha.

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Aqui, estatisticamente falando, estão os atendimentos. Rapidamente, em

2010, 19.117 atendimentos. Isso, falando praticamente do aumento das

corporações. Depois, em 2012, 19.242; em 2013, 19.438. Embaixo, vemos os

incêndios atendidos por essas corporações.

Nem todos os bombeiros voluntários fazem só o atendimento de incêndio.

Muitas corporações fazem o resgate veicular, o salvamento em geral, transporte de

ambulância. Aqui vemos algumas imagens do nosso atendimento.

Atualmente, nós temos 941 bombeiros voluntários ativos. Digo ativos, com

escala de plantão em dia, ocorrendo socorro... A gente não tem contabilizado a

quantidade de bombeiro voluntário formado. Eu acho até que é uma coisa

importante de eu garimpar para ter essa informação e colocá-la aqui. Acho que o

volume vai ser bem grande. Afinal, são 30 anos de história. Enfim, ativamente, neste

momento, no Estado do Rio Grande do Sul, nós temos 941 bombeiros voluntários.

São 129 veículos à disposição das comunidades; veículos de todos os

gêneros, desde Auto Bomba Tanque até carro de resgate, ambulância, e também de

todos os níveis, do mais moderno, caminhão de ponta, vamos dizer assim, caminhão

zero quilômetro — e este ano o pessoal já conseguiu adquirir caminhão e

ambulância zero quilômetro — até os mais velhinhos, 1960 e bico, em bom estado,

cumprindo a missão de salvar vidas e patrimônios.

Sobre a questão de capacitação acho que a gente não precisa falar. É o

carro-chefe de todos, tanto do bombeiro civil, militar, como do voluntário. A gente

tem uma preocupação bem grande com a formação do nosso pessoal. Além daquele

treinamento básico de bombeiro voluntário, a gente tem as especialidades e alguns

parceiros, como no caso o SEST SENAT — Serviço Social do Transporte e Serviço

Nacional de Aprendizagem do Transporte, o ISO 10015, a certificação de instrutores,

os bombeiros do Chile, os bombeiros de Portugal, a Tantad, com o curso de

formação de flashover, o Centro de Treinamento Internacional e a Organização de

Bombeiros Americanos. São alguns parceiros que a gente tem na formação.

Oitenta e duas cidades são atendidas atualmente; a população atendida gira

em torno de 803 mil habitantes.

Falei antes dos atendimentos, e o nosso orçamento, no ano passado, girou

em torno 3 milhões, uma renda per capita de 3 reais e 77 centavos. Se cada um

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desses habitantes tirar do bolso um dia 3 reais e 77, fica mantida toda essa

estrutura, o ano inteiro, no Rio Grande do Sul. Como a gente chega a esse

montante? Parcerias com Prefeituras, termos de cooperação técnica, técnica

financeira e muita campanha, como pedágio e bingo. De tudo um pouco é feito lá.

Temas que estão em constante discussão: o nosso centro de capacitação, e

quando falo de centro de capacitação, eu me refiro a um local, a uma estrutura

adequada, a um ponto com toda estrutura necessária para dar capacitação; o nosso

sistema web de atendimento de ocorrências já está em testes; legislação e os

planos nacional e estadual — estamos aqui hoje discutindo essas questões; as

compras comunitárias; e o nosso comitê técnico de padronização. Quando se fala

em padronização, parece simples, mas não é nem um pouco simples, são várias

cabeças, várias ideias, mas a gente tem conseguido evoluir.

Ali embaixo, vemos a imagem do uniforme vermelho operacional e deste que

eu estou portando, o de passeio institucional.

Aqui, só para vocês terem uma ideia, vemos as nossas normas: a normativa

do uniforme parece uma norma da ABNT. A gente procurou também manter um

padrão visual parecido. Vemos o manual do participante do curso de resgate

veicular.

Vemos o nosso sistema de gestão web. Temos o cadastro de todas as

corporações, dos voluntários. Ele é alimentado pelas corporações, e aí a gente tem

acesso em âmbito de Estado e de Município. Este aí seria o meu acesso, um acesso

geral. Então, eu tenho o controle de tudo ali. Junto, agora, a gente está em fase de

testes do sistema on-line de atendimento de ocorrências; ou seja, se Deus quiser,

ano que vem, e nem vai ser preciso trazer um power point pronto, nós vamos clicar

aqui on-line e vai aparecer ali o número de atendimentos. Se acontecer um

atendimento no momento da palestra, ele vai aparecer ali. A gente pretende deixar

isso para o público.

Este aqui é um grande parceiro nosso, a contribuição através da energia

elétrica. A gente tem através da RGE — Rio Grande Energia... As pessoas que

moram na cobertura da Rio Grande Energia podem doar o valor mínimo de 2 reais

até 50 reais para o Corpo de Bombeiros local. Não são todos os Municípios que têm

isso, mas já ajuda bastante.

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Vou falar disso aqui, porque é urgente. Passou já na Câmara dos Deputados

a Lei 2.020, de 2007, a nova legislação de incêndio a ser padronizada no Brasil

inteiro... Agora, ela virou a PLC 33, de 2014, que está tramitando no Senado.

Vai acontecer a mesma coisa que aconteceu no Rio Grande do Sul, e pior:

isso aprovado, se nós tínhamos a esperança de evoluir, essa legislação vai tirar,

porque ela vai dar totais poderes aos Corpos de Bombeiros Militares nas vistorias,

na fiscalização, na prevenção de incêndios, e as Prefeituras vão ficar na

dependência deles. Ou seja, vai acontecer isso que aconteceu lá. Notícia do dia 18/5

— recente, não é? “Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul aceita recurso de

prefeituras e suspende parte da Lei Kiss.” Quem não conhece a Lei Kiss? Ocorreu

em Santa Maria, todo mundo conhece, e aí, a toque de caixa, discute-se e fazem

uma lei para acabar, enfim, com os problemas lá. E acabou que o único que pode

fazer acontecer lá é o bombeiro militar; só que 495 Municípios têm 70 bombeiros

militares. Como é então que vai liberar o alvará de todos os outros? Já deu esse

problema aqui. É dessa lei que eu estou falando, e é urgente. A gente precisa se

levantar e cutucar os Senadores. Já passou aqui na Câmara. Não sei se volta — eu

não entendo muito disso —, se vai e se volta. Mas, para essa PLC, a gente vai ter

que dar uma cutucada nos Senadores, porque vai acontecer o mesmo problema.

Tem outra ali: essa PEC. Eu tive o feliz momento de ouvir um companheiro

bombeiro falar que jamais seria alterado o art. 144 da Constituição Federal. Desde

que eu me envolvi com essa questão de bombeiro voluntário e bombeiro civil... Um

dizia que se estavam agregando coisas cada vez mais... Eu sempre falei que o

nosso problema estava ali no art. 144. Quando você vai para uma briga, ou uma

discussão, com o Ministério Público, os nossos companheiros sempre se apegam ao

144. Mas entrou lá a PEC 19, no Senado, que visa alterar o art. 144. Ou seja, não é

uma coisa que "ninguém vai"... Diz ela: "... para autorizar os Municípios a instituir, na

forma da lei estadual, brigada de defesa civil e combate a incêndio." Pegaram o

trabalho do bombeiro voluntário de Joinville, com cento e lá vai bico, quase mais

antigo que o próprio bombeiro do Rio de Janeiro, o mais antigo, pegaram aquele

trabalho e vão jogá-lo lá, no lixo! Porque vão chamar todo mundo de brigada de

defesa civil e combate a incêndio. Até aí tudo bem. De repente, dá para conversar,

vamos mudar, porque nesse negócio tem o bombeiro civil, tem o brigadista... Está

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uma confusão. O problema é rebaixar todo mundo. Aí vão colocar lá: "Lei estadual

atribuirá ao Corpo de Bombeiros Militar a regulamentação, fiscalização, supervisão

técnica do serviço municipal instituído na forma do parágrafo anterior."

O companheiro Alyson da Silva disse o que aconteceu lá no seu Estado, a

Paraíba. Eles fizeram gato e sapato. No nosso Estado também; tem uma resolução,

uma portaria da Secretaria de Justiça que estabelece parâmetros que estamos

contestando há mais de 20 anos. E isso vai acontecer em outros Estados. A gente

vai, por um lado, avançar, mas vai também retroagir. Porque aí vai aparecer essa

questão da reserva de mercado, vão, de repente, ser interpostas outras questões.

Nem o próprio Estado vai querer colocar um caminhão de ponta, mas vão exigir que

o bombeiro voluntário ou a brigada de defesa civil e de combate a incêndio tenha um

caminhão de ponta. Então, é importante que alguém pudesse se mobilizar

politicamente e dar um alerta no Senado dizendo que essa PEC em vez de ajudar

vai piorar a situação.

Esta minha apresentação é praticamente a mesma do ano passado, mudou

alguma coisa, mas eu trouxe, com bastante preocupação, essas duas questões: a

PEC 19, que está no Senado, e o PL 2.020, que a gente tentou articular para que

fossem mudadas algumas questões. Não foi; foi aprovada; foi para o Senado, mas

aí deu o estouro lá no Rio Grande do Sul, que a gente viu. Já tem liminar, e, assim,

se nós tínhamos uma chance de crescer tanto como bombeiro voluntário, quanto

como bombeiro civil, como os brigadistas, essa chance está sendo tirada com essas

duas legislações. E a gente tem que se unir, urgentemente, para discuti-las, e a

gente colocar a nossa vírgula, colocar o nosso momento ali, senão vai passar, e a

gente vai ter que esperar, sei lá, mais 50 anos, 100 anos acontecer uma grande

tragédia, para ter oportunidade, de novo, de fazer alguma coisa. Eu não gostaria de

esperar isso.

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Sr. Edison, o senhor

tem 1 minuto para concluir.

O SR. EDISON EDUARDO ROTHER - Um minuto. Enfim, eu acho que passei

rapidamente e dei o recado. São essas duas questões, a PEC 19 e a 2.020, que

agora até mudou o nome ali.

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Agradeço a vocês a atenção. Agradeço, mais uma vez, ao Fabrício, que

sempre articulou, já é o segundo ano que articula para a gente poder estar aqui

defendendo a nossa causa e discutindo um pouco. É nesses momentos que eu

encontro o companheiro Dionei, que também está aqui, em Brasília, e nos

representa muito bem. Mas ficam os nossos contatos, o nosso site, o Facebook;

procurem o VOLUNTERSUL no Facebook e no Twitter, está tudo lá, podem ter um

contato conosco.

O pessoal, como o Alyson, diz que tem vontade de ir ao Rio Grande do Sul;

quem quiser ir conhecer o friozinho, conhecer as unidades lá, entre em contato,

vamos lá, que a gente tem muito a aprender com vocês também.

Mais uma vez, muito obrigado pela atenção. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Muito obrigada, Sr.

Edison Eduardo. É um prazer recebê-los na Comissão de Legislação Participativa,

para o debate sobre essa realidade que os senhores trazem aqui. Agradeço ao

senhor a sua exposição.

Peço aos convidados desta Mesa que tomem assento no plenário para que

possamos chamar os convidados da segunda Mesa. Muito obrigada.

Tenho a honra, neste momento, de convidar a compor a segunda Mesa de

debates o Sr. Aparecido da Cruz, que representa a Associação Brasileira de

Resgate, Busca e Salvamento — Núcleo de Ações Voluntárias em Proteção e

Defesa Civil (palmas); o Sr. Neyff Souza da Silva, Presidente da Associação de

Bombeiros Civis do Nordeste (palmas); o Sr. Mário Luiz Alves de Oliveira, Presidente

da Brigada de Apoio Voluntário de Emergência (palmas); e o Sr. Dionei Walter da

Silva, representante da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina

(palmas).

Neste momento, teremos a honra de ouvir os membros da segunda Mesa.

Passo a palavra ao Sr. Aparecido da Cruz, da Associação Brasileira de

Resgate, Busca e Salvamento — Núcleo de Ações Voluntárias em Proteção e

Defesa Civil. O senhor tem 15 minutos para fazer a sua exposição

O SR. APARECIDO DA CRUZ - Deputada Janete Capiberibe, na pessoa de

quem cumprimento toda a Mesa; e toda a edilidade aqui presente nesta

oportunidade, principalmente as edilidades legislativas, as nossas queridas

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Vereadoras; Coronel Neyff, na pessoa de quem cumprimento os militares aqui

presentes; nosso querido companheiro Mário, em nome de quem cumprimento todos

os bombeiros voluntários e civis presentes neste auditório.

Eu vou ficar um pouco de pé, porque eu acho que dá para falar um pouquinho

melhor, aproveitando também a performance do meu amigo, grande mestre Edison,

a quem também aproveito a oportunidade para parabenizar pelo belíssimo artigo

que foi escrito na revista Incêndio, tratando do belíssimo trabalho da

VOLUNTERSUL. Parabéns pelo artigo, que merece aqui a nossa consideração e o

nosso respeito!

(Segue-se exibição de imagens.)

Eu gostaria de falar um pouco da nossa instituição. Na realidade, o que a

gente fez aqui foi apresentar aos senhores e às senhoras presentes um pouco do

que é o NUPREC, a sua ação, as suas atividades, e, dentro do escopo da própria

Comissão, o trabalho, necessidades, objetivos e importância. O NUPREC, como o

próprio nome diz, é um parceiro de proteção em defesa civil.

Aqui está um pouquinho da nossa trajetória, das nossas atividades, uma

breve biografia. Eu trabalho na Universidade Federal da São Paulo, sou servidor

federal da UNIFESP e voluntário, coordenador voluntário do NUPREC; Mestre em

Educação Profissionalizante; pós-graduado em Direito Militar; pós-graduado em

Segurança do Trabalho e Defesa Civil. E aqui há um pouquinho das nossas

formações e das nossas atividades.

Eu trouxe uma apresentação breve, é um resumo de nossa apresentação

institucional. Na realidade, o que a gente traz aqui é simplesmente um vislumbre

sobre o que a gente tem lá: o que a gente tem feito, até hoje, pela sociedade

guarulhense, os trabalhos que a gente tem desenvolvido em âmbito nacional, e,

acima de tudo, a cooperação e a colaboração que os bombeiros voluntários têm

dado ao Brasil brilhantemente.

Nós trabalhamos com um sistema que denominamos de 4 B, ou seja, é um

sistema que foi criado com base num termo bíblico. Quando Moisés estava

direcionando o povo hebreu no meio de uma determinada guerra, conta a ilustração

bíblica que houve um momento em que Moisés tinha que levantar os braços para

que o povo continuasse ganhando a guerra. Só que houve um outro momento em

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que tanto Arão quanto Ur, que eram seus auxiliares, tinham que levantar as mãos de

Moisés para que ele tivesse condição de poder continuar com os braços erguidos, e,

consequentemente, o povo hebreu vencesse a guerra. Então, nós chamamos, da

mesma forma, com base nesse texto bíblico, de 4 B, ou seja, as 4 forças, ou os 4

braços que conseguem vencer através de alguns desafios.

Então, nós temos a ONG mãe, que é a Associação Brasileira de Resgate,

Busca e Salvamento, e, aliados a ela, nós temos o GESEST, que é uma face voltada

para estudos e pesquisas na área de segurança contra incêndio, segurança no

geral, eu chamo segurança global; nós temos o NUPREC; a Associação de

Bombeiros Voluntários de Guarulhos; e a Força-Tarefa Brasileira. E, aliado a tudo

isso, aqui está a nossa linha de trabalho com uma das ações, que é Plano de Ação

Emergencial Escolar — PAEE.

Como é que nasce o NUPREC? O NUPREC nasceu, como todas as

entidades que estão aqui, de uma necessidade. Guarulhos hoje tem 1 milhão e 600

mil habitantes, segundo o censo recente do MEC. Como é que uma cidade que tem

1 milhão e 600 mil habitantes consegue produzir a sua segurança contra incêndio

com eficácia, quando você consegue instalar, ou quando, pelo menos, o Corpo de

Bombeiros consegue atingir toda a sua população?

Nós temos um grande bairro, chamado Bonsucesso, bem na periferia, na

divisa com as cidades de Arujá, Itaquaquecetuba e Mairiporã, onde nós temos 700

mil habitantes e não há posto de bombeiros.

Foi justamente aí, por uma cidade como São Paulo, cortada pelas vias Dutra,

Ayrton Senna e Fernão Dias, que passam com o Trevo de Bonsucesso, que tem

quase 1 milhão de pessoas que todos os dias se utilizam daquela via de acesso.

Então, havia lá uma grande necessidade e, a convite dos empresários da

região, nasceu, então, o NUPREC, o Núcleo de Ações Voluntárias em Proteção e

Defesa Civil, através da Associação de Bombeiros Voluntários da cidade de

Guarulhos.

Isso nasceu em 1996, como Grupamento Organizado de Bombeiros Civis e,

mais tarde, teve a sua denominação atualizada em virtude da nova lei de proteção e

Defesa Civil que, à época, já vinha sendo discutido, através da UNISDR, em várias

partes do mundo.

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Nesse eslaide há uma rápida menção ao direito à vida, à saúde, à segurança

e a incolumidade, que é manter livre de perigo. A gente não vai entrar nisso aqui

porque o tempo não dá para falar sobre isso.

Eis a nossa visão: “colaboração nas frentes de prevenção e emergência,

através de apoio e serviço voluntário, agindo junto aos órgãos públicos, dentro de

um único padrão de atendimento com excelência e profissionalismo. Afinal, a

prevenção deve ser entendida como a mãe de todas as ações”. Ou seja, quem faz a

prevenção, evita a ação.

Muita gente esquece, querida Deputada e demais presentes, que a prevenção

é mais barata, é mais importante, traz mais resultados e salva mais vidas. Isso é

inquestionável, sob o ponto de vista técnico, financeiro e até logístico.

Missão. “Promover a sinergia necessária à integração, suporte e a

padronização de voluntários em missões nos mais variados cenários, em âmbito

local e nacional, tendo em vista interagir na prevenção, resposta, bem como em

ações de conscientização e educação, respeitando, contudo, as limitações do

NUPREC e a urgência desta missão, em meio ao cenário de incertezas e eventos

adversos a cada dia crescentes e desafiadores”.

Hoje é realidade. Quem ouviu falar “São Paulo terra da garoa”, custa a

acreditar que a mesma São Paulo, hoje, está vítima da escassez de água, e isso se

reflete também em vários aspectos, não só nos aspectos hidrológicos, geográficos,

sob o aspecto político. São vários aspectos.

A gente tem que prever que alguma coisa está acontecendo no mundo.

Alguma coisa está acontecendo no nosso clima. As mudanças climáticas estão aí, e

a prevenção continua sendo a melhor forma de agirmos nessas situações.

E, nesse caso, sob quais valores? União, autonomia e voluntariado

consciente. O que eu chamo de voluntariado consciente? Ser voluntário, pessoal,

todo mundo quer ser, mas na hora de ser voluntário com consciência, a gente ainda

encontra alguns desafios.

Hoje, a estratégia segmentar de defesa civil está balizada em três pilares

bases.

Primeiro, comunidade científica. É impossível falar em prevenção de

acidentes, prevenção de incêndios, mudança climática, sem pensar na comunidade

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científica. Ainda mais que, esta semana, em Guayaquil, no Equador, a UNISDR e

várias organizações do mundo estarão discutindo a redução de risco de desastres

em todo o Planeta.

A questão operacional também deve ser vista, porque hoje muita gente

esquece que há essa questão operacional, embora muitos tenham aquele desejo,

aquela coisa vibrante de querer atuar na operação. Nós não podemos esquecer que

há ainda a questão da comunidade científica e a questão da gestão consciente.

Mostramos algumas fotos de alguns eventos que participamos com a defesa civil

local.

Aqui, na USP. Outro evento de defesa civil, juntamente com a ABEPPOLAR,

a Associação Brasileira de Ecologia e de Prevenção a Poluição das Águas e do Ar, e

a Associação Brasileira de Engenharia. Eis algumas atuações operacionais e

institucionais do NUPREC.

Nesse quadro está registrado o número de acidentes que temos atendido nos

últimos anos. Em 2012, nós tivemos 382 acidentes de trânsito. Em 2013, 297, e, no

1º semestre de 2014, 90 acidentes de trânsito. Para concluir com mais rapidez, para

não falar muito de acidentes, foram 2.834 pessoas atendidas em ocorrências. Eu

pergunto: qual o custo de não ter atendido essas pessoas e qual a responsabilidade

do poder público em não ter atendido essas 2.834 pessoas? São questões que a

gente pode ampliar — e dá para fazer um debate muito grande a respeito dessa

situação.

No nosso Mapa de Força nós temos, hoje, 45 voluntários cadastrados no

RNV, que nós criamos, o Registro Nacional de Voluntários; 75% de bombeiros civis

— por isso que nós estamos aqui; 14% de profissionais liberais de outras áreas e

11% de educadores e comunidades.

Recursos materiais. Nós temos três viaturas operacionais hoje em uma das

nossas instituições: uma UR, uma VI, Viatura de Incêndio, e uma TP para transporte

de pessoal.

Nesse quadro, temos o PAEE, que é o nosso Plano de Ação Emergencial

Escolar — é uma atuação preventiva nas escolas. Por quê? A Lei nº 12.608, de

2012, que criou a Política Nacional de Proteção e Defesa Civil, alterou, no seu art.

26, a LDB, dizendo que faria parte do currículo da formação mínima, da educação

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básica à educação de nível médio, a indicação para proteção e defesa civil, inclusa

no currículo.

Fizemos essa pesquisa em mais de 150 escolas em São Paulo. Isso não

existe. Infelizmente! O pessoal altera e não dá cabo da situação.

Lei nº 12.645, lei federal, que, no dia 10 de outubro, instituiu o Dia da

Segurança do Trabalho nas escolas. Também é prevenção e faz parte da gama de

conhecimentos da questão de proteção e defesa civil e dos bombeiros. No entanto,

ficou só no papel. Não colou, não pegou, ninguém cobrou, continua a mesma coisa.

Lei 7.602, de 2012, que trata da Política Nacional de Segurança e Saúde no

Trabalho. Também tem muito a agregar nessa questão, mas, infelizmente, está em

vias de fato e não cola. Embora muitos Ministérios estejam articulando várias ações,

ficou apenas na articulação de alguns Ministérios.

Foram convidados o Ministério da Ciência e Tecnologia, o Ministério do

Trabalho, o Ministério da Saúde, e o principal, que é o mais envolvido, o Ministério

da Educação, não foi convidado. É complicada essa situação.

Vamos prosseguir, pois o tempo urge.

Atividades institucionais. Nós fizemos agora a nossa 1ª Conferência Livre de

Proteção e Defesa Civil; estivemos na passagem de comando do Corpo de

Bombeiros do Estado de São Paulo; atuamos na formação de bombeiros

voluntários, de forma gratuita, na comunidade, através do nosso Núcleo de Proteção

e Defesa Civil dentro da Universidade Federal de São Paulo e temos participado de

uma série de outras atividades junto às estruturas de defesa civil.

A cada 2 anos, nós promovemos, em São Paulo, o Encontro Internacional de

Bombeiros Civis e Voluntários. No ano passado, nós reunimos 766 bombeiros,

oriundos de todos os Estados brasileiros, participando dessa atividade.

Vemos algumas atividades no cenário de incidente; apoio às equipes de

busca e salvamento; integração NUPREC e outras instituições, como bombeiros

voluntários; educação continuada para membros das defesas civis e comunidades;

planejamento de equipes de busca e salvamento. Aqui se trata de uma cidade da

grande São Paulo: Francisco Morato. Aqui, no Rio de Janeiro; e aqui na gestão de

abrigos.

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Atendimentos. Um total de 145 cursos e palestras foram realizados; 351 mil e

500 literaturas informativas e preventivas distribuídas sobre drogas, proteção civil e

outras; 1.280 encaminhamentos para emprego, porque atuamos no ser humano

integral, então, prevemos também outros atendimentos e outros encaminhamentos;

56 eventos sobre redução de risco de desastres; dois treinamentos em capelanias

— porque nós acreditamos que os líderes religiosos devem participar desse

processo também, e infelizmente têm sido excluídos de vários dos nossos trabalhos

e atividades, mas devem ser incluídos nessa atividade porque estão muito próximos

da comunidade e têm que ser inseridos nesse contexto. E outros números aqui,

como os senhores podem ver.

Por que eu coloquei essa figura? Daqui a pouco, eu explico o porquê.

Eis aqui alguns cursos pelos quais os nossos voluntários passam e sua carga

horária e objetivos.

Aqui estão os desafios que a gente traz para esta discussão. Hoje nós temos

bombeiros com um grande desafio de identidade própria. Não sabem o que serão

quando crescer. Sabemos de muitos bombeiros voluntários que não sabem se são

bombeiro civil, bombeiro voluntário ou bombeiro municipal ou o que querem ser

quando crescer.

Mobilidade institucional. Este plenário poderia estar cheio, mas é quarta-feira,

é dia de trabalho. Os que não estão em prontidão, estão no seu trabalho diário, com

certeza, não poderiam estar aqui. Então, essa questão da mobilidade institucional

precisa ser revista.

Fontes confiáveis de recursos. Hoje não dá para se confiar no poder público,

porque a gente nunca recebe recursos, mesmo sendo OSCIP, ONG, não há como

receber esses recursos. Você apresenta um projeto e aparece sempre um projeto de

algo mais bonito e acabam levando os recursos.

Legislação com prescrição do bombeiro. É essa justamente. Eu acho que é

preciso pensar nisso e inclusão do voluntário no Código Nacional de SCI, que está

em discussão.

Equilíbrio de ingerência militar. Hoje é muito grande a ingerência militar. Nós

precisamos rever isso.

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Convênios de capacitação permanente. Os Corpos de Bombeiros têm suas

academias de bombeiros, mas ainda são fechadérrimas para o bombeiro voluntário

e para o bombeiro civil. Isso nos preocupa bastante.

A cultura de valorização pelos entes públicos precisa ser revista também,

porque hoje quando a gente fala de voluntariado no Brasil, falou em voluntariado

para a Copa do Mundo, todo mundo: “oba, estou aqui!”, mas falou em voluntariado

para a prevenção de incidentes, a gente tem um grande problema.

Para terminar, aqui são algumas honras que a gente concede no NUPREC

para algumas autoridades. São a Comenda Bravo Herói, a Medalha Bravo Herói e

algumas outras certificações nossas.

Esse eslaide mostra o livro Bombeiro Civil no Brasil, que nós editamos em

âmbito nacional, e a cartilha de defesa civil.

Aqui temos a capelania em situação de desastre para os grupos religiosos.

Unidade Operacional Móvel. Dizem que a pessoa começa a morrer quando

para de sonhar. Então, nós sonhamos com isso também.

Eis aí a nossa outra viatura operacional.

Vejam alguns parceiros de atividades.

E aí a nossa mensagem final: “Se você salva a vida de uma pessoa, é como

se estivesse salvo o mundo inteiro.” Na realidade, é aquela filosofia: “mais vale uma

alma salva do que o mundo inteiro perdido”. Então, se o bombeiro civil voluntário

consegue fazer isso, palmas para ele porque ele merece.

Obrigado pela atenção. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Agradeço ao Sr.

Aparecido da Cruz pela sua bela exposição, a ênfase dada ao que o senhor ama e

desenvolve como trabalho.

Passo a palavra ao Sr. Neyff Souza da Silva, Presidente da Associação de

Bombeiros Civis do Nordeste — nós passamos de São Paulo para o Nordeste.

V.Sa. dispõe de 15 minutos para fazer a sua exposição.

Eu quero registrar, mais uma vez, e acredito que já foi feito o registro, a

presença das Sras. Vereadoras e autoridades aqui presentes nesta audiência

pública.

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O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Boa tarde a todos. Em nome da Deputada

Janete Capiberibe, cumprimento todos os componentes da Mesa e os demais

presentes.

(Segue-se exibição de imagens.)

Eu vou iniciar lembrando, em respeito à memória das vítimas, do incêndio na

boate Kiss. Quero lembrar porque esse fato é recente e levou toda a Nação,

inclusive esta Casa, a pensar sobre segurança contra incêndio e pânico.

Estivemos aqui no ano passado, no dia 12 de julho de 2013. Nessa data, eu

já apresentei aqui algumas coisas que deveriam ser feitas. Volto a tentar falar aqui

mais uma vez.

Ouvi os companheiros, e estou feliz de ver os trabalhos que vocês estão

executando, mas, como eu estou na Casa do Poder Legislativo, eu gostaria de

lembrar que bombeiro civil, independente do nome que queiram dar, se é brigadista,

se é profissional civil, se é voluntário, se é consorciado, se é municipal, é uma

profissão em nosso País, criada no ano de 2009. Quem pode legislar sobre

profissão é a Nação. É prerrogativa da Nação, da União. Então, só a União pode

legislar. Se não tem, nós estamos no lugar certo de exigir as leis.

Há muita confusão em torno do que se fala de bombeiro militar e bombeiro

civil. No nosso País, a cultura de bombeiro, quer gostem ou não gostem, é bombeiro

militar. Um oficial não passa 80 horas, 50 horas para ser formado. São 3 anos, de

manhã, de tarde e de noite. Depois, tem mais 1 ano de aperfeiçoamento; em

seguida, mais 1 ano para ser oficial superior, fazer o curso superior de bombeiro.

No curso de formação, pelo menos em Pernambuco ou São Paulo, o oficial já

sai com grau de Engenharia — quem não sabia fique sabendo — e também na área

de Direito.

Pois bem. Eu estou aqui. Sou coronel bombeiro militar. Servi 33 anos e

defendo os bombeiros civis e digo: algumas pessoas estão bombeiros, outras são

bombeiros. Eu sou bombeiro de nascença.

Vou repetir o que falei da outra vez quanto à criança. A criança que nasce

para ser bombeiro tem um irmão. O pai dá um carro para ele. Se o outro for pegar o

carro, se esse for bombeiro, ele diz: “deixe ele brincar”. Se ele não tiver a tendência

de ser bombeiro ele vai dizer: “não pegue, não, porque o carro é meu”. Isso desde

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criança. O bombeiro tem uma condição nata de ser altruísta, de gostar e querer

ajudar.

Eu tive a honra e a dádiva de Deus de ter sido selecionado para uma vaga

deste País, do Brasil, para fazer um curso em Israel. Em Israel, a gente vai ao Muro

das Lamentações e faz um pedido. Eu pedi para ajudar o maior número de gente

possível com os conhecimentos que Deus estava me favorecendo. Aqui estou e

tenho lutado.

Em 2009, Lula, nosso ex-Presidente, criou essa lei. Como bombeiro, dentro

das minhas profissões de planejamento, eu já havia feito um projeto de lei para

alterar a Lei do Serviço Militar para que a gente pudesse, neste País, colocar mais

jovens nos bombeiros e, no final, dar um cidadão para a sociedade. Essa lei deve ter

ido para a sexta sessão, o lixo. Não saiu, ninguém nunca falou.

Vocês estão vendo ali: “Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência

Humanitária”. Ocorreu em 2010. Era para acontecer na próxima semana a II

Conferência Nacional de Defesa Civil. O que foi feito em 2010, o nosso País não

teve condições de aplicar e vem agora fazer. Já foram feitas as conferências

municipais e estaduais, e foi transferida, esta semana, para novembro, a conferência

nacional.

Em 2010, com os meus recursos próprios, vim aqui para Brasília. Gastei

2.500 reais do meu dinheiro para conseguir a aprovação da criação de corpos de

bombeiros civis municipais em todos os Municípios do País como parte integrante do

Sistema Nacional de Defesa Civil, e não na área de segurança. Foi aprovado —

havia 5 mil delegados de todo o País — e não foi à frente. Não foi à frente porque a

profissão de bombeiro civil é uma profissão nova; os bombeiros civis, normalmente,

são desarticulados, com muito boas intenções, e não conseguimos. Estamos aí mais

uma vez para fazer essa conferência. Os passos já foram dados e não foram

cumpridos.

O Governo de São Paulo, em 2011, autorizou a criação de corpos de

bombeiros civis municipais em parceria com os bombeiros militares. No Senado,

está caminhando o Projeto de Lei nº 25, que cria no nosso País, a exemplo da Força

Nacional de Segurança, a Força Nacional de Defesa Civil. O projeto está baseado

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em se colocar bombeiros militares e policiais militares ao mesmo exemplo da Força

Nacional de Segurança.

Gente, o nosso País tem mais de 5 mil Municípios! Hoje disseram que 14%

não têm bombeiro militar — nós temos um dado que diz 9%; nem 10%. Como eu

sou bombeiro militar, servi 33 anos na corporação e conheço todos os Corpos de

Bombeiros Militares do nosso País, sei que nenhum tem o efetivo necessário.

O outro companheiro citou e é verdade: a estrutura militar é pesada, não vai à

frente. Bombeiro militar não cresce porque é pesado. O futuro do País em termos de

segurança contra incêndio, pânico, acidente e desastre está nas mãos dos

bombeiros civis.

Foi dito pelo então Secretário Nacional de Defesa Civil, que era um

companheiro nosso de Pernambuco, o Coronel Humberto, que estava previsto criar

cinco núcleos de treinamento de defesa civil. Ora, essa Força Nacional deve ser

feita tendo como base principal os bombeiros civis, e os senhores terão

oportunidade de realmente treinar e se capacitar.

Parece fácil a atuação do bombeiro civil, mas não é. A atuação do bombeiro

civil privado, de um brigadista de um shopping, de um lugar em que vai pegar um

extintor e apagar é uma coisa; a de um bombeiro público é outra. Existem muitas

coisas envolvidas, muitas legislações, muitas situações, risco de vida, pessoas que

vão falecer, uma gama de coisas muito grande, inclusive a síndrome do estresse

pós-traumático, que pode adquirir por ter conseguido socorrer ou por não ter

conseguido.

Em Pernambuco foi aprovada, em fevereiro, uma lei que ajuda muito os

bombeiros. Pegando a deixa do que ocorreu no Rio Grande do Sul, foi feita uma lei

determinando que várias entidades, bares, boates etc. teriam que ter equipamentos

contra incêndio, teriam que ter materiais à prova de fogo e não poderiam usar

determinadas coisas. E elenca uma série delas, entre essas, ensino. Outro artigo ela

diz que locais com capacidade para até 300 pessoas têm que ter no mínimo dois

bombeiros. A cada 200 pessoas a mais, mais um bombeiro para executar um plano

de evacuação.

Eu procurei verificar. Sou especialista em planos de evacuação,

principalmente hospitalar, que é uma das coisas mais difíceis do mundo de se fazer,

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e vi que nenhum lugar tem. Eu procurei até os hospitais militares e vi que nenhum

lugar tem plano de evacuação, plano de emergência. Pior ainda: os bombeiros civis

seriam obrigados a executar.

Nós tivemos um exemplo, em Santa Catarina ou no Paraná, agora, pelo

problema da Copa. Quando disseram que iam botar bombeiro militar, a FIFA disse

logo: “Não! Militar?” Eles não entendem porque, lá fora, praticamente todos são

civis. Polícia militar? “Não, tem que ser segurança privada!” Foi o que aconteceu.

Botaram segurança privada desse pessoal que fica em frente a um banco. Quando

houve um tumulto, eles não tinham a mínima capacitação nem organização para

atuar numa turba, e deu o que deu. As coisas parecem fáceis, mas não são.

Nós temos essa lei que foi feita lá. Vou repassar para vocês. Tudo isso já está

dito aqui. Essa lei está tratando inclusive dos equipamentos de proteção individual

que os senhores devem ter, com os quais não se preocupam.

Eu estou preocupado há muito tempo com o problema do uniforme. Os

bombeiros civis do nosso País têm que ter uma identidade própria em qualquer

parte. Os senhores não são bombeiros de Pernambuco, da Paraíba, de São Paulo,

de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul, não; são bombeiros do Brasil! São

profissionais do Brasil que podem estar em qualquer lugar.

Eu sou consultor do sindicato, já fui eleito presidente do sindicato. Eu fiz uma

resolução criando um uniforme vermelho. Gostei de ver o pessoal de vermelho. Ele

é todo vermelho. Não queria que fosse a calça vermelha, mas eles quiseram.

Eu vejo que nós precisamos fazer uma reunião para adotar um uniforme em

lei, Deputado, porque se for feito lá em Pernambuco e for feito aqui, não surte efeito.

Está sendo feito na ausência do que aqui não se faz porque, como é a União que

tem que fazer, nós temos que fazer. A lei que criou o Corpo de Bombeiros, a 11.901,

é muito frágil, é muito vazia de detalhes. Nós precisamos fazer isso. A primeira coisa

seria unificar os uniformes — primeira coisa!

Outra coisa que nós temos que fazer, Deputada, é lembrar, de alguma forma,

em outra legislação, a obrigação dos Corpos de Bombeiros Militares de interagir e

ajudar os bombeiros civis, porque na própria lei está determinado que, atuando no

mesmo evento, conjuntamente, o comando é do bombeiro militar em qualquer

situação.

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Não há como o bombeiro militar comandar um civil que não sabe o que vai

ser dito. A instrução desse pessoal deveria, como minha sugestão, seguir o currículo

da SENASP, tirando as matérias militares. Então, se um bombeiro militar, soldado ou

tenente, seja lá o que for, tem que ter esse conhecimento daqui até aqui sobre

determinadas coisas, o bombeiro civil também tem que ter.

Devemos também, gente, aprender a ler e saber a hierarquia das nossas

normas. O que é portaria, o que é norma técnica não contraria a lei. Lei é lei. Todos

os nossos Estados têm o código de segurança contra incêndio e pânico, e é isso o

que vale, em qualquer situação. O que vale é a lei. A norma técnica...

E também é uma redundância, um pleonasmo “bombeiro profissional civil”.

Bombeiro civil é uma profissão. Não tem que dizer para o médico “profissional

médico”. Isso não existe. Vocês têm que aprender a se respeitar e exigir respeito de

todas as pessoas, em qualquer situação.

Esta imagem, gente, eu a estou mostrando porque o Fantástico já mostrou

várias coisas. Eu tinha um tempo curto, eu sabia e tentei reduzir. Mas isso é porque,

nos nossos Municípios, em quatro mil e poucos Municípios, não há bombeiro militar

e, nos poucos que há, o bombeiro é escasso.

Chuvas em Pernambuco. Recentemente, estivemos em Rondônia. Se essa

Força Nacional de Defesa Civil fosse composta por bombeiros civis, que fossem

treinados e capacitados como está sendo na Força Nacional de Segurança, nós

poderíamos pegar do Centro-Oeste, do Nordeste e levarmos um efetivo para

socorrer os companheiros que estavam lá no Norte, em inundação. Quem sofreu

inundação sabe o que é.

Agora vem uma situação diferente de inundação: seca. É um grande

desastre. A seca é um grande desastre, principalmente numa cidade como São

Paulo. Imaginem as consequências da falta d'água. Você não tem como se lavar,

como fazer alimento, como fazer as assepsias, etc.

Recife chegou à beira do colapso. Tivemos racionamento. Outras tecnologias

tiveram que ser adotadas.

Agora essa imagem aí não é do nosso Nordeste, nem como algumas que eu

já vi do Rio Grande do Sul onde, de vez em quando, também há uma seca. É de

São Paulo, Cantareira, certo? Aí tiveram a ideia maravilhosa de tirar o restinho que

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tinha lá embaixo, em vez de educar as pessoas, fazer um racionamento, colocar em

tudo que for ambiente público, fotocélula, e uma série de coisas.

Lá em Israel, todas as águas são recicladas. Você tem uma água de sanitário

e uma água de uso de banho, de cozinha que são reutilizadas. Aqui a gente perde, a

gente perde e, se falta água, há isso e há os incêndios.

Uma das soluções que foi apresentada pelos restaurantes, de alguma coisa,

foi utilizar a reserva de incêndio. Gente, isso é um crime! A reserva de incêndio,

numa caixa d'água... Digamos que isso aqui seja uma caixa d'água, esse teto aqui,

isso seja uma caixa d'água. A tomada do prédio sai daqui, a tomada de incêndio sai

daqui do chão, porque quando acabar a água que você consome, se pegar fogo,

você tem essa parte, porque a tomada é embaixo. E lá em São Paulo acharam por

bem usar o volume da caixa de incêndio! Eu não consigo ver isso.

Estamos na Copa e eu estava fazendo, a convite da Proteção Civil de

Espanha, o curso de Gerenciamento de Catástrofes, lá na Espanha. Lá no estádio

Santiago Bernabéu aconteceu isso aí: ameaça de bomba. Foi evacuado o estádio.

Nós vamos ter Copa aqui. Não estamos acostumados a ter terrorismo aqui,

mas eles estão.

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Sr. Neyff, o senhor

tem um minuto para concluir.

O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Aí o que acontece na prática? Vários

órgãos brigando pela mesma vítima. É isso aqui: bombeiro militar está discutindo

para apagar um incêndio, e o bombeiro civil quer apagar também; o SAMU quer

socorrer esse aqui, o bombeiro quer também, o civil também quer, e vão matar a

vítima.

Então, gente, minha mensagem para vocês: todos os homens nascem iguais,

mas poucos se tornam bombeiros.

Muito obrigado, está aí o meu endereço. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Agradeço ao Sr. Neyff

Souza da Silva pela sua bela exposição. Confesso que estou aprendendo bastante

nesses poucos minutos.

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Retificando, eu falei em audiência pública, mas este é o II Seminário

Bombeiros Civis Voluntários. Também quero fazer uma correção, o Sr. Neyff é

Coronel Bombeiro Militar, e aqui consta como bombeiro civil.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Muito obrigada.

Passo a palavra ao Sr. Mário Luiz Alves de Oliveira, Presidente da Brigada de

Apoio Voluntário de Emergência, que terá 15 minutos para sua exposição.

O SR. MÁRIO LUIZ ALVES DE OLIVEIRA - Boa tarde a todos.

Para nós, é motivo de alegria estar aqui nesta tarde, vindo da nossa cidade

de Carangola, na Zona da Mata Mineira, a convite de nosso irmão Fabrício. Nós

agradecemos com toda a certeza a oportunidade de estar aqui.

Quinze minutos é muito pouco para falar de algo tão importante, necessário,

especial, que não se pode viver sem. Mas, é o tempo que temos. Então, temos que

respeitar. Fica a sugestão desde já: que, na próxima, o tempo seja, no mínimo, de

30 minutos, porque 15 são muito pouco. Essa é uma realidade.

(Segue-se exibição de imagens.)

Eu sou Presidente da Brigada de Apoio Voluntário de Emergência de

Carangola. A nossa instituição não tem fins lucrativos e foi criada no dia 28 de

fevereiro de 2013, tendo em vista que o bombeiro militar mais próximo está a 90

quilômetros e atende 26 cidades, com o efetivo de cinco homens por dia. Eu não sou

de Carangola, estou lá há 8 anos. Como o Coronel bem disse, a gente nasce

bombeiro. E eu nasci bombeiro: Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de

Janeiro. Eu tenho um respeito muito grande pela corporação. Fiz parte da primeira

turma do Projeto Bombeiro-Mirim do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio

de Janeiro, fui o “08”, em 1988. Então, está no sangue.

Esta foi nossa reunião de criação.

A primeira ocorrência foi no dia 12 de março. Na verdade, a instituição já

existia, mas, nesse dia, nós tínhamos ido ao Corpo de Bombeiros Militar levar ofício

para que fosse dado treinamento para todos os voluntários. Quando nós voltamos,

encontramos isto na estrada: motorista piscando o farol — a gente não tinha

uniforme, não tinha viatura, só tinha vontade de fazer —; duas motos bateram de

frente, com três vítimas. Chega a ambulância — a única que o Município tinha —,

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um FIAT Fiorino, ao acidente, com três vítimas graves, com uma prancha e um colar

cervical, mesmo sabendo que tinha três vítimas. Corremos, pegamos o primeiro, que

estava mais grave, colocamos na ambulância e levamos ao hospital.

A segunda vítima estava bem, mas, do nada, começou a entrar em estado de

choque e o negócio começou a se agravar. Como não tinha outra ambulância,

tivemos que criar recurso. Tinha um caminhão numa loja de material de construção

parado. Eu perguntei: “Tem lona?” “Tem.” “Me dá lona.” Dobrei a lona bem dobrada,

que não é o certo a fazer, mas era o recurso que eu tinha na hora. Com todo o

cuidado, improvisei um colar cervical com um pedaço de tala — nem colar havia —,

colocamos a senhora em cima de uma lona rígida na traseira de uma caminhonete

para chegar ao hospital, e o carro da polícia na frente. É esta a senhora. Quando

chegamos a 20 metros do hospital, ela morreu. Ela estava sozinha na caminhonete

com o motorista, os outros que estavam comigo ficaram no local com a terceira

vítima. A senhora morreu. Foi culpa minha? Não, não foi. Eu fiz o que podia. Eu não

tinha recurso, mas não fui omisso.

Esta é a terceira vítima, para vocês terem uma ideia: o rapaz completamente

cheio de fratura, e não tinha nada para fazer. O pessoal da ambulância quando

voltou para pegá-lo, eu tinha ido ao hospital levar a mulher, pegou como se pega um

saco de arroz, botou dentro da ambulância e levou.

Curso de capacitação com bombeiro militar na cidade de Muriaé. Passamos 1

dia inteiro fazendo várias atividades.

Apoio a alguns eventos na nossa cidade, como são necessários. Este Gol que

vocês estão vendo é o meu carro particular. Eu pago 352 reais por ele, por mês, e é

a viatura que a gente tem hoje. O FIAT é de um voluntário emprestado. Botou para

trabalhar e não pode mais usar.

Nós recebemos algumas doações do Conselho Comunitário de Segurança

Pública — CONSEP, quando começamos, e eu também era Presidente na época.

Em conversa com as pessoas, pedia ajuda. Elas doavam prancha, colar, Giroflex da

viatura, que ganhei de presente no Espírito Santo. Eu saio pedindo mesmo, e nós

vamos pedir também. Quem tem viatura no Rio Grande do Sul, cuidado! O extintor

de incêndio, o posto de gasolina foi quem fez a doação.

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Câmara Municipal: aprovação de utilidade pública. Com apenas 3 meses de

criação, nós fomos agraciados como utilidade pública.

Lá nós temos algumas áreas onde o pessoal gosta de voar de parapente.

Neste dia, eu estava sozinho. A Polícia me ligou, porque caiu um cara de parapente

no Distrito de Ponte Alta de Minas, e, para o bombeiro chegar lá, demoraria 1h20

min. O cara estava pendurado. No dia, eu estava afastado da cidade, não estava lá.

Então, liguei para o pessoal e disse: “Olha, avança, porque eu estou indo”. Nesse

“avança, porque eu estou indo”, eu fiz contato com o Bombeiro, passei a situação e

disse: “Vem. Vem porque eu não sei como ele está”. Cheguei — vocês viram a

altura? —, olhei e pensei: “Se eu deixar esse camarada lá, ele vai morrer”. Subi com

a cara e a coragem. Tinha um pessoal que estava assistindo, e eu disse: “Vamos

trabalhar todo mundo”. Desci com equipamento, corda, prancha, colar, KED,

imobilizei a vítima com a corda, colocamos em cima, botamos na traseira de um

Toyota, descemos até onde a ambulância estava e, graças a Deus, não quebrou um

dedo, apesar da queda alta. Não quebrou um dedo.

Ações preventivas. A gente trabalha muito com a Polícia Militar — árvore,

rodovia, palestras em escolas, guarda-mirim.

Retirada de animal na pista não é trabalho de bombeiro, mas nós fazemos.

Se você ligar para a Polícia e falar “Tem um cavalo na rodovia tal.”, pode contar 3

minutos que o nosso telefone toca: “Tem um cavalo na rodovia tal, a gente está

ocupado aqui.” A gente sabe que, às vezes nem estão ocupados, mas a gente vai.

Sabe por quê? Porque um cavalo que eu tiro da rodovia é um acidente que evito, é

uma vítima a menos.

Carreta quebrada na curva. Quebrou meia-noite — a carreta na curva. O

efetivo da Polícia Rodoviária de lá é de somente um policial à noite. O efetivo da

Brigada é de 15. Aí o que a Polícia faz? Fui para lá à 1 hora da manhã e fiquei até

9h30min, quando tiraram a carreta. Mas fiz. Uma curva, local perigoso, local de

cerração.

Outra carreta quebrada, carreta de combustível quebrada numa curva, à

noite. O que você faz? Sinaliza e tenta arrumar um jeito de tirar. Uma hora e meia

perdidas nessa ocorrência. Mas, graças a Deus...

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Ação preventiva. Jogo do Tombense, campeonato mineiro. O Tombense foi

para a primeira divisão. A Polícia Militar fez essa ação preventiva quando foi jogar

com o Cruzeiro. Nós estávamos presentes também, participando. Nós trabalhamos

muito em conjunto com a Polícia Militar.

Abrigo de menores que pegou fogo. Liguei para a Prefeitura — o único carro

que a gente tem de combate a incêndio é um caminhão da Prefeitura, que vaza mais

água do que chuveiro —: “O caminhão está quebrado. Não tem como ir para o

incêndio, não”. Aí, o que você faz? Você se vira. Vai para a casa do vizinho, pega

mangueira, balde. Um abrigo de menores! Um dos menores colocou fogo no abrigo.

Mas o trabalho tinha que ser feito. Quando eu cheguei ao local, — fui o primeiro —

gritaram: “Tem criança dentro!” Eu estava na rádio, sou radialista. A primeira coisa

que eu fiz: do jeito que eu desci do carro, pulei, e, graças a Deus, não tinha criança.

Então, a gente ficou mais calmo. Mas, o caminhão da Prefeitura, que era o mínimo

com que se poderia contar, não tinha no dia.

Esta é a área interna. Hoje esta casa é a sede do SAMU, há 2 meses e meio

tem SAMU lá.

Isto é um ferro-velho, que pegou fogo também.

Alagamento. Comunidade chamada Lacerdina. O Município tem uma

caminhonete Mitsubishi, doada pelo Governo Federal à Defesa Civil, que é usada

para transportar tudo, menos para fazer o trabalho da Defesa Civil. Tudo, tudo, tudo

que você pensar o carro da Defesa Civil carrega.

No dia do alagamento, eu liguei para uma pessoa que trabalha com esta

máquina, é operador de máquina. Ele disse: “Mário, vou buscar a máquina, sem

autorização o meu patrão, mas estou indo para ajudar vocês, porque eu sei que o

trabalho de vocês é sério”.

O coordenador de Defesa Civil nesse dia estava em casa dormindo, com o

telefone desligado. Aparecido falou sobre Defesa Civil aqui. O que adianta ter

coordenador de Defesa Civil se, quando é preciso, não trabalha? Esta enchente

durou 2 dias, segunda e quinta, na mesma semana. Para vocês terem ideia, vejam

até onde está molhada nossa calça, para tirar uma senhora, cadeirante, de dentro

de casa. A Prefeitura está cheia de máquina nova, e a gente entrou na água para

fazer o trabalho.

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Alguns acidentes na nossa rodovia. A gente tem uma malha rodoviária muito

grande e, além de fazer o socorro das vítimas, faz a guarda do local até a Polícia e a

Perícia chegarem.

O nosso trabalho vem sendo feito, em primeiro lugar, com amor, mesmo sem

muitos equipamentos, sem muitas viaturas. Hoje nós temos o Gol que vocês veem,

um FIAT Elba, uma ambulância, que era de um laboratório particular — que foi

doação, está em nome da Brigada. É o nosso primeiro carro, apelidada de Mulinha,

porque é a álcool: quando pega, começa a engasgar. Mas é o que nós temos para

fazer o trabalho. Hoje nós atendemos seis Municípios. Desses seis, temos ajuda do

nosso Município? Não. Temos ajuda da nossa Câmara Municipal, na pessoa do seu

Presidente, Vereador Tatá do Roberto, que nos disponibilizou mil reais por mês. É

pouco? É, mas dá para pagar alguma coisa, combustível.

Durante 1 ano eu banquei, ganhando 1.100 reais por mês, a instituição

sozinho. Nunca peguei 1 centavo de nenhum dos voluntários. Quando falo nosso

trabalho, não falo só da Brigada, falo dos bombeiros voluntários de Três Marias, dos

bombeiros civis da Paraíba, dos bombeiros civis do Rio Grande do Sul, dos

bombeiros voluntários de forma geral, bombeiros civis, que trabalham com eventos.

É preciso um pouco mais de cuidado, um pouco mais de carinho pela nossa

causa. A gente não tem hora, não tem dia, não tem sábado, domingo, feriado.

Ontem, o ônibus para Belo Horizonte saía às 11 horas da noite. Dez e quarenta,

indo para a rodoviária, passando pela rua, de viatura, encontrei uma gestante com o

marido do lado. A mulher estava andando assim... Parei o carro e disse: “A senhora

está indo para o hospital?” “Estou, minha bolsa estourou.” Coloquei dentro do carro

e levei para o hospital.

Então, esta é a visão que nós temos e é a visão que nós desejamos que o

poder público, de modo geral, tenha por todos nós. Nós fazemos o trabalho

voluntário não porque queremos ser melhores ou aparecer, fazemos o trabalho

voluntário porque amamos o que fazemos.

Já estourou o tempo, mas, para finalizar, deixo uma reflexão. Havia um

homem que, todos os dias, entrava num ônibus, olhava para o banco da frente. Lá

tinha uma senhorinha, que abria a bolsa, pegava uma sacolinha, tirava uma

sementinha e jogava na rodovia. Aquele homem começou a olhar aquilo, e se

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passaram meses e meses e meses. Certo dia, ele entrou no ônibus, olhou para o

cobrador e perguntou: “Cadê a velhinha das sementes?” O cobrador disse para ele:

“Ela morreu ontem”. “Mas, morreu?” “Sim”. É uma coisa simples? É. Mas a velhinha

da semente, todos os dias, por onde passava o ônibus, jogava uma sementinha.

Naquele mesmo percurso, que era um lugar feio, horrível, por onde ninguém gostava

de passar e para onde ninguém gostava de olhar, porque não havia flores, não havia

nada, começaram a nascer flores, rosas. Esse é o nosso trabalho de bombeiro

voluntário, bombeiro civil.

Por mais que tenha sempre gente querendo agarrar nosso pescoço nos

lugares por onde passamos, querendo nos colocar para baixo, de lado, continue

jogando semente. Plante. Como disse o Coronel, nós nascemos bombeiros. Então,

plante, jogue a sua semente, independentemente do que digam, se vai ter ajuda ou

não. Se tiver ajuda, é bom? Sim, maravilhoso. Mas se não tiver, faça o trabalho, faça

a diferença. Todos os dias, pegue a sementinha e jogue. Talvez hoje eu tenha só

uma ambulanciazinha velha, uma Elba, mas, como disse Aparecido, eu sonho com

um ônibus, com um monte de ambulâncias.

Esta semana, um policial rodoviário sonhou que eu tinha cinco viaturas na

minha cidade. E eu acredito no sonho dele, porque isso é realidade na minha vida.

Busco, todos os dias, não fazer o melhor para mim. Tenho uma filha de 4 anos.

Muitas vezes, quando eu estou com ela e tenho que sair para atender uma

ocorrência, ela vira para mim e diz: “Papai, vai, vai papai, vai socorrer as pessoas.

Quando eu crescer eu quero ser igual a você”. Essa é a semente que eu quero

plantar, essa é a semente que eu estou plantando. Hoje, na nossa cidade... Vocês,

na cidade de vocês, podem ter certeza, são referências. É assim que nós devemos

ser. Bombeiro, independentemente de militar, civil ou voluntário, é bombeiro.

Obrigado a todos. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Agradeço ao Sr. Mário

Luiz Alves de Oliveira sua emocionante exposição.

Passo a palavra imediatamente ao Sr. Dionei Walter da Silva, representante

da Associação dos Bombeiros Voluntários de Santa Catarina, que terá 15 minutos

para sua exposição.

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O SR. DIONEI WALTER DA SILVA - Quero agradecer a oportunidade ao

pessoal da Assessoria, que nos incluiu na pauta dos trabalhos, e cumprimentar a

Deputada Janete Capiberibe e, na sua pessoa, os demais integrantes da Mesa,

todos os presentes.

Nós, em Santa Catarina, temos a mais bela história, digamos assim, do

bombeiro voluntário do Brasil. Este ano a corporação de Joinville, a maior cidade do

Estado, faz 122 anos de existência. Os bombeiros militares, no Estado, nasceram 30

anos depois.

É uma satisfação estar nesta Comissão também porque tive o privilégio de ter

sido Deputado Estadual e autor da lei que criou a Comissão de Legislação

Participativa na Assembleia Legislativa. Esta foi criada pela Deputada Luiza

Erundina; em Santa Catarina, eu fui o autor de sua criação. Eu acho que este é o

espaço da comunidade, por aqui entram muitas coisas que, às vezes, os

Parlamentares têm dificuldade de defender.

O Deputado Vicentinho assumiu a Liderança do partido do Governo, vocês

sabem, não pôde estar presente e pediu que a gente justificasse sua ausência. Mas

ele, sempre que pode, está presente.

Quero falar bem rapidamente sobre alguns números do nosso Estado. Eu

acho que nosso principal objetivo tem que ser continuar existindo. Vocês sabem do

que estou falando. Existe uma parte muito grande dos bombeiros militares que

trabalha no sentido de que eles são exclusivos, só eles podem fazer o serviço de

bombeiro, o que é um absurdo.

Mas as legislações, de forma ininterrupta, estão trabalhando nesse sentido, e

o Congresso Nacional não foge à regra. E nós temos que entender também isso,

porque não temos uma organização nacional. Nós temos, como disse o colega

Edson, do Rio Grande do Sul, a CNBV — Confederação Nacional dos Bombeiros

Voluntários, que hoje é integrada por Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nós

precisamos organizar isso melhor.

Os bombeiros militares, se vocês forem ao Congresso, naquelas torres altas,

têm uma sala, estrutura, pessoal. No dia em que eu fui, tinha quatro bombeiros

militares, mulheres, de Brasília, assessoras parlamentares. Elas estão

diuturnamente fazendo trabalho nas Comissões, visitando gabinetes, Relatores, ou

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seja, defendendo o legítimo interesse deles. Não estão errados. Nós é que estamos

errados, porque não estamos fazendo isso. Esta é uma provocação que, no final,

nós precisamos trabalhar.

Em Santa Catarina, nós temos 28 corporações e atendemos mais de 50

cidades. Da população de Santa Catarina, praticamente 1,5 milhão de habitantes

são atendidos exclusivamente por bombeiros voluntários, civis. Em Joinville, por

exemplo, a maior cidade do Estado, tem 600 mil habitantes, nós temos 11 quartéis

— 100% de atendimento de bombeiro civil. Nós fazemos todo o trabalho, desde

prevenção, a vistorias, à certificação, até o que aqui relataram de resgate, busca e

salvamento. Edson já disse que nós temos a maior escada do Sul do Brasil.

Inclusive os militares, quando tem incêndio em prédio, pegam a escada dos

voluntários emprestada.

Nós não temos a pretensão de acabar com os bombeiros militares, muito pelo

contrário. Acho que se o Brasil tem 10% dos Municípios atendidos, com certeza, se

o Congresso Nacional permitir que nós existamos, vai, rapidamente, ter muito mais

Municípios, porque o civil tem agilidade. Acho que o Congresso tem o papel de

regrar a exigência mínima de formação, uma série de questões, mas não pode dar

essa exclusividade. Nós estamos na contramão do mundo, vocês sabem disso.

Grandes países têm praticamente 100% do trabalho feito por bombeiro voluntário,

civil. O termo voluntário nós usamos porque, no início, era voluntário mesmo. Hoje,

dentro da corporação voluntária, temos profissionais, contratados e uma gama de

cidadãos preparados, treinados, que prestam serviço em parte do seu tempo.

A França tem duas cidades onde há corporação militar, uma da Marinha, se

não me falha a memória, e outra do Exército. Mas o restante é civil. No Brasil, não

sei se conhecem, mas em Brasília já se instalaram os bombeiros sapadores, um

modelo francês — Portugal também. Tem essa associação aqui em Brasília também

tentando fazer esse serviço através da sociedade civil. Nas 28 corporações que nós

temos em Santa Catarina, temos 1.740 bombeiros treinados, capacitados,

voluntários e 392 contratados e mais de 1.200 aspirantes mirins estão em

treinamento, sendo preparados também para fazer o trabalho. Só que o grande

problema que a gente enfrenta, os outros Estados também o enfrentam.

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Em 2003, foi feito o desmembramento do Polícia Militar e do Corpo de

Bombeiros Militar. Então, foi criado o comando dos bombeiros militares. A partir dali,

em Santa Catarina, começou o inferno para as corporações voluntárias. Nós já

tivemos quase 70. E eles, ao invés de irem para aquelas mais de 100 cidades onde

não existe nenhum tipo de bombeiro, fazem questão de ir àquelas que têm o

bombeiro voluntário. Nós chegamos ao cúmulo de ter, por exemplo, em Barra Velha,

cidade pequena, litorânea, o quartel do bombeiro voluntário e o quartel do bombeiro

militar, e uma centena de Municípios sem bombeiro de tipo nenhum.

Então, eu acho que esta seja talvez a grande provocação que a gente precisa

fazer: a necessidade de convencer o Congresso Nacional de deixar a gente existir. A

gente quer fazer o trabalho que o companheiro disse, que o professor disse, que o

Coronel disse, de atender. A pessoa que está se afogando, que está num acidente,

não vai, quando chega um bombeiro, perguntar: “Que bombeiro o senhor é?” Ele vai

fazer isso? O cara lá, morrendo? Não vai! Eles querem que o atendimento chegue,

com presteza e qualidade.

Fizemos uma comparação com o incêndio da Boate Kiss. Na minha cidade,

Jaraguá do Sul, que tem 150 mil habitantes, nós temos quatro quartéis — 100% de

bombeiros voluntários, civis. Santa Maria, que tem 200 mil habitantes, tem um

quartel de bombeiro militar. O custo que tem o bombeiro militar inviabiliza as

finanças do Estado. Essa é a grande verdade. Por exemplo, eles querem a

legislação, mas a preocupação maior é com a vistoria, com a parte de prevenção,

que eu acho outro absurdo. Quem dá alvará para o prédio é o Prefeito, a Prefeitura.

Deixem os Municípios cuidarem disso! Se São Paulo tem exemplos de bombeiro

municipal, deixem, faz bombeiro municipal! Desde que se sigam os padrões mínimos

nacionais, que o Congresso regule isso, que tenha um conselho nacional, algum

órgão nacional que fiscalize, que exija. Nós temos lá, por exemplo, duas parcerias

importantes para capacitação: SENAC e o instituto federal. Eles fazem o curso

preparatório para certificar aqueles cursos que precisam de certificação oficial. Então

o Congresso deve estabelecer o mínimo, um conselho nacional ou outro órgão, nas

que se exija esse mínimo.

Uma separação importante que nós não podemos deixar de fazer é que existe

o bombeiro de atendimento público, que a gente chama, como é nosso caso, no Rio

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Grande do Sul, como alguns que foram citados, e o bombeiro — também é bombeiro

—, contratado para o shopping, para uma empresa, para um órgão. Ou seja, a gente

chama o intramuros, que tem contrato e função importante e específica, e o

bombeiro de atendimento público, que, no meu entendimento, quem tem que

autorizar é o próprio Município. Esta é uma dica até para o Congresso.

Nós temos também uma necessidade que citei no início e que volto a insistir:

nós precisamos nos organizar. Aqui no Congresso Nacional, tinha um professor de

Direito que dizia que só tem uma categoria que não é defendida aqui dentro. E isso

é legítimo. Ele disse assim: “Só os bobos não são defendidos no Congresso”. E é

legítimo isso. Todos têm que ser defendidos.

A palavra lobby no Brasil é proibida, é vista como coisa ruim, mas todo mundo

faz. Eles usam o nome de relação institucional, assessoria parlamentar, o que seja.

Eu dei o exemplo do bombeiro militar, mas tem uma série de organismos aqui

dentro, usando a estrutura do Congresso — telefone, e-mail, fax, sala — fazendo o

institucional que é o lobby, em defesa dos seus interesses. Não estão errados,

entendeu? O errado é nós acharmos que eles vão cair do céu. “Nossos direitos. Ah,

o que eles vão pensar?” Não vão! A maioria dos Deputados é de bases onde só tem

militar. Muitos sequer sabem que existe este pensamento diferente.

Nosso modelo, por exemplo, tem 122 anos. O militar, repito, começou 30

anos depois no nosso Estado. São cidades grandes, inclusive a maior do Estado,

com esse entendimento. Muitos Deputados nem sabem disso. Eles confundem:

“Não, eles querem agora que o bombeiro do shopping tenha o mesmo conceito do

militar”. Não é isso que a gente quer. Agora, a gente não quer que tenha a

exclusividade militar, que o militar seja responsável para nos certificar. Não! Não

queremos isso. Nós queremos um órgão nacional que dê regramento mínimo e que

cobre, mas que os Prefeitos autorizem. Por que o Estado tem que ter a vistoria? De

onde foi tirado isso? Nós já somos um dos poucos países que têm Polícia Militar. A

maioria não tem. Aqui já é uma excrescência. Agora, vamos militarizar também o

bombeiro 100%.

Esse é o recado que nós queríamos trazer, para termos essa organização,

convidados, eu, os companheiros desse movimento de Minas, do Nordeste, de

qualquer canto do Brasil. Acho que teríamos de nos reunir e tentar integrar vocês

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nesse movimento, nessa organização nacional de montar uma mínima estrutura

para estar aqui no dia a dia do Congresso fazendo nosso lobby. Eles não querem

que se use essa palavra, mas nós precisamos fazer para sermos lembrados, vistos.

Essa lei que foi aprovada na Câmara é ruim. Não adianta culparmos os

Deputados. Nós não fizemos a nossa parte, talvez por incapacidade ou por

desorganização. Os militares fizeram, convenceram, entendeu? Nós tivemos a

oportunidade em julho — Edson participou conosco — de participar de reunião, a

chamado do Ministério da Justiça, para discutir o papel do bombeiro, qualificação e

um monte de coisas dos bombeiros. A gente descobriu por acaso, até quem nos

passou foi o Coronel Paulo Chaves, de São Paulo, que haveria essa reunião.

Vicentinho ligou para o Secretário Nacional de Justiça e a gente foi: voluntários,

ABNT, ANAC, IBAMA, Ministério do Trabalho, todos os órgãos que trabalham de

alguma forma essa questão. Aí, convencemos a Secretária Nacional de que nós

deveríamos participar, e ela usou uma saída, porque a convocação tinha feito para

os militares só. Tanto que eles estavam cientes de que só viriam, que botaram um

representante por região. Então, do Sul veio um, do Rio Grande do Norte, de

Rondônia. Quando chegaram, ela disse que não poderia nos convocar, mas que

estávamos convidados. Nós enchemos o local com todas essas representações e

passamos 3 dias discutindo. No final, tinha que sair um relatório com sugestão.

Metade do tempo era brigando e discutindo e, no final, não teve relatório, não teve

ata, não teve nada. Por quê? Porque não teve acordo: eles querem ser os donos de

tudo e nós queremos participar e continuar existindo.

Então, acho que esse era o recado que nós queríamos dar e agradecer mais

uma vez esta oportunidade. Nós estamos também trabalhando na lógica de criar

uma frente parlamentar do bombeiro civil voluntário. Já temos alguns Deputados que

sinalizaram com o interesse em nos ajudar. Eu posso citar Vicentinho, com quem já

conversamos, Marco Tebaldi, de Santa Catarina, Renato Molling e Paulo Pimenta,

do Rio Grande do Sul. Quero convidar a Deputada Janete Capiberibe também e

todos os demais.

(Intervenção fora do microfone. Inaudível.)

O SR. DIONEI WALTER DA SILVA - Então, qual é o nosso trabalho? Vamos

nos organizar, pegar esses três ou quatro que já estão conosco e convencer os

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nossos representantes dos Estados a participar dessa frente. Se nós não formos

vistos e não estivermos no processo, esqueçam, nós vamos deixar de existir, porque

a alteração do art. 144, que eles diziam que era impossível, vai haver, mas vai haver

para acabar de vez conosco se nós não nos mexermos.

Era este o recado.

Agradeço mais uma vez e nos colocamos à disposição. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Agradecemos ao Sr.

Dionei Walter da Silva a exposição.

Pelo adiantado da hora, nós gostaríamos de abrir espaço para três pessoas

da plenária fazerem perguntas e se pronunciarem. Gostaria de lembrar que o prazo

para formulação das questões é de 2 minutos e que os expositores terão 3 minutos

para responder. O Seminário está sendo gravado e todas as contribuições trazidas

pelos membros das duas mesas estão devidamente registradas.

Eu quero emitir uma opinião, como membro da Comissão. Agradeço ao

palestrante, o Sr. Dionei Walter da Silva, o convite. Eu integrarei sim, de bom grado,

a frente parlamentar. (Palmas.) Repito: é imensa a contribuição que os senhores

estão deixando nesta Casa para que este debate continue acontecendo e para que,

ao final, o sonho de todos vocês, bombeiros militares e civis, voluntários, se realize,

através do regramento que o Sr. Dionei repetiu incessantemente nas suas palavras

e que esta Casa deve fazer pelo benefício da população do nosso País, que tem

mais de 5.600 Municípios.

A maioria das cenas expostas aqui — claro, poucas fizeram reverência aos

senhores, mas algumas vieram nesse sentido — mostrou de momentos de aflição,

de perda de vida. A vida deve ser preservada, e é uma função desta Casa fazer a

promoção do direito que o ser humano tem à vida.

Então, abro espaço para três questionamentos, e, após o pronunciamento da

Mesa, nós encerraremos esta reunião. Eu quero pedir desculpas. Eu tenho, às 18

horas, reunião na 6ª Câmara do Ministério Público Federal, que trata da questão

indígena, uma situação crítica.

O Presidente da Associação dos Bombeiros do Nordeste me dizia que

bastava um tanto de recursos de cada um dos Deputados que nós já teríamos

bastante para realizar nosso trabalho com mais condições. O senhor tem toda razão,

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com certeza. No Congresso, existe um controle maior do Orçamento; nas

Assembleias Estaduais, em cada uma das unidades federadas, tem um escoadouro

de recurso público imenso. Também teremos que reverter essa alocação, esse

desvio de orçamento, para o benefício de instituições como aquela que vocês

sonham e vêm neste seminário propor a esta Casa.

Por favor, fale seu nome.

A SRA. MARIA ELENA VIANA - Sou a Vereadora Maria Elena, da cidade de

Três Marias. Estou aqui representando a Câmara, e estamos lá com todo o apoio

para a nossa corporação. Eu quero me colocar à disposição para fazer frente com

esta Comissão Parlamentar. Nós temos todo o apoio do Deputado Lincoln Portela.

Creio que ele vai caminhar conosco, como já tem caminhado desde o ano passado.

Quero parabenizar todo o grupo por este momento. É o segundo seminário. E

é assim que nós vamos alcançar os nossos objetivos, as nossas lutas: vindo até

Brasília, expondo as nossas colocações, as nossas ideias, dando o nosso grito de

socorro.

Então, parabéns a toda a direção, ao Fabrício e a todos que estão aqui nesta

tarde!

E nós nos colocamos à disposição, tanto eu quanto a minha colega

Vereadora Altina Lopes, que está aqui comigo.

Estamos à disposição para caminharmos juntos. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - O grito das Sras.

Vereadoras terá eco, com certeza. O Deputado Lincoln Portela é um militante da

causa da participação popular aqui na Comissão de Legislação Participativa;

portanto, S.Exa. tomará conhecimento, com certeza, do seu registro.

Eu vou passar, então, a palavra ao Sr. Neyff Souza da Silva.

O SR. NEYFF SOUZA DA SILVA - Gente, como bombeiro militar, como

Coronel, eu conheço vários companheiros de vários Estados e entendo o que está

sendo feito. Mas, por outro lado, eu entendo que os bombeiros militares não terão

condições de assumir as prerrogativas que a Constituição lhes deu. O Estado não

lhes favorece, a Nação não lhes favorece. Passei 33 anos na corporação, e nós não

crescemos. Nenhum quartel tem efetivo completo. Nenhum quartel.

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Agora, o que tem que ser feito é seguir a sugestão do Dionei: criarmos uma

frente parlamentar, um grupo de trabalho, alguma fonte de subsídio para que

possamos estar aqui, trazer nossas ideias e melhorar. Está na Constituição Federal

e está nas Constituições Estaduais: a competência de vistoria, de combate a

incêndio, etc., na área pública, é dos bombeiros militares. Então, ao defenderem o

que a Constituição lhes determina e lhes obriga a fazer, eles não fazem pirraça.

Agora, em benefício de nossa população e de nós mesmos quando nos deslocamos,

entendo que devemos realmente aumentar o efetivo de bombeiros civis. Porém,

preocupa-me muito a formação. Muito me preocupa a formação, porque não é

simples.

E outra coisa — porque eu também conheço o Rio Grande do Sul, Santa

Catarina, Joinville — é a diferença radical, do sol para a lua, do dia para a noite,

entre a realidade do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, em termos de bombeiro

civil voluntário, e a de qualquer outro Estado do Sudeste para cima. É zero. A

população não tem cultura, não quer colaborar.

Então, nós temos que nos atrelar, na minha forma de ver, à Defesa Civil,

porque, em ene ocorrências, quando eu chegava, certo ou errado, o socorro era

iniciado pelos civis. Então, devemos ter bombeiros civis em todos os Municípios do

País. Lá no Nordeste, como somos pobres, estou tentando criar uma figura chamada

“bombeiro consorciado”. Nos pequenos Municípios, Municípios próximos, faríamos

uma reunião, aqueles Municípios colaborariam para ter uma viatura — ou a Defesa

Civil daria — e, paulatinamente, iríamos colocando viaturas em cada um deles. E

faríamos como em alguns outros países: na hora em que ocorre um incêndio, se for

um pouco maior, chama-se a outra cidade e ela vai ajudar no socorro.

Então, essa é a nossa visão. O Brasil está crescendo e precisa de vocês.

Vocês vieram para ficar e não vão desaparecer. A PEC que modifica o art. 144

realmente tem algumas nuances que podem dar essa conotação de extinção, mas

nós devemos estar presentes e acompanhar.

Eu agradeço a oportunidade de estar aqui mais uma vez. Agradeço

especialmente ao nosso companheiro Fabrício, porque foi através dele, da equipe

de Três Marias, que nós tivemos essa oportunidade. E agradeço também ao

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Deputado Lincoln Portela, porque foi ele que nos proporcionou isso, com a ajuda

local das nossas Vereadoras Maria Elena e Altina, que têm dado esse apoio lá.

Lamento, mais uma vez, o fato de estarmos em Brasília e os bombeiros civis

de Brasília não se fazerem presentes. Muito obrigado. (Palmas.)

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Para uma última

intervenção, passo a palavra, por 1 minuto, devido ao adiantado da hora, ao Sr.

Mário Luiz de Oliveira, Presidente da Brigada Apoio Voluntário de Emergência.

O SR. MÁRIO LUIZ ALVES DE OLIVEIRA - Só para aproveitar a

oportunidade, em novembro nos vamos realizar, na nossa cidade de Carangola, um

encontro igual ao que tivemos com o Comando-Geral de Belo Horizonte. Nós

queremos convidar a Deputada e as pessoas que estão envolvidas diretamente

nessa área para poderem participar conosco. E convidamos também as escolas de

formação de bombeiros civis, os bombeiros voluntários, os grupos de resgate,

porque é uma forma de a gente criar forças, seja no nosso Estado de Minas Gerais,

seja lá na Paraíba, seja no Rio Grande do Sul, seja em Santa Catarina. Onde quer

que estejamos, se conseguirmos fortalecer essa luta, para nós será importante.

Então, vamos realizar esse encontro, nos dias 15 e 16 de novembro, na cidade de

Carangola, e vocês e as corporações estão convidados.

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Obrigada, Sr. Mário

Luiz. Concedo 1 minuto para o Sr. Dionei Walter da Silva, para um encaminhamento

concreto.

O SR. DIONEI WALTER DA SILVA - É assim: a gente fala, fala, fala, e fica

tudo registrado, realmente, mas se a gente não tirar uma ação daqui nada vai

acontecer, a gente vai vir para o próximo seminário e não vai ter nada de novo.

Então, o que eu queria propor de concreto? Não sei quem pode, quando

pode, mas nós poderíamos pegar, por exemplo — e a Vereadora já se colocou à

disposição —, pelo menos um por Estado e nos sentar, reunir e traçar um passo a

passo, pelo menos, para nos organizarmos. Já existe essa confederação, e nós

podemos incluir esses outros Estados, outras corporações e ver o que fazer daqui

para frente, porque não adianta só virmos ao seminário expor, deixar registrado. As

leis estão tramitando, o Senado está com aquela, daqui a pouco é outra. Nós

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podemos, daqui a pouco, através da nossa frente, nos organizar e propor outras leis.

Isso é urgente!

Eu queria propor isso. Não sei se na saída nós marcamos algo para a frente,

mas não podemos sair daqui sem marcar alguma coisa. Essa é a ideia.

A SRA. PRESIDENTA (Deputada Janete Capiberibe) - Obrigada, Sr. Dionei.

Eu quero comunicar que os senhores podem utilizar esta sala para, terminado o

seminário, reunirem-se e definirem encaminhamentos. O Sr. Neyff Souza da Silva

colocou questões objetivas de curto prazo e de longo prazo. Vocês vão debater,

entre todos e todas, para o futuro — pode não ser um futuro muito distante —, uma

lei que seja o ideal para os bombeiros que atuam neste País, sem condições, de

norte a sul.

Eu informo que o conteúdo do seminário foi gravado e será disponibilizado em

áudio e vídeo na página da Comissão promotora deste evento. O endereço é

www.camara.leg.br/clp.

Nada mais havendo a tratar, encerro o presente seminário, antes convidando

todos os presentes para reunião de audiência pública sobre o tema Missão

Institucional da Controladoria-Geral da União e a sua Lei Orgânica, na quarta-feira,

dia 28 de maio, às 14h30min, no Plenário 3 do Anexo II desta Casa.

Muito obrigada. Os senhores e as senhoras são muito bem vindos a esta

Comissão. Muito obrigada. (Palmas.)