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8/3/2019 Iluminismo pedaggico: educao e adolescncia no Livro III Do Emlio de Rousseau
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Iluminismo pedaggico: educao e adolescncia no Livro III
do Emlio de Rousseau
Simone Romani*
& Raimundo Rajobac**
Resumo: O objetivo deste artigo constitui-se em investigar o conceito deeducao na adolescncia, tomando como referncia o livro III da obra Emlioou daEducao de J.J Rousseau (1762). O estudo parte de um olhar sobre osdois primeiros livros, (A idade da natureza) infans de 0 a 2 anos e A idadeda natureza puer de 2 12 anos), nos quais Rousseau defende a ideia deque devem ser oportunizadas para a criana condies apropriadas para que elapossa preencher suas necessidades a fim de tornar-se forte e bem desenvolvida.Ao chegar adolescncia, torna-se indispensvel que o educador prepare oeducando de modo que suas aes o centralizem no que seja verdadeiramenteproveitoso, adequando-lhe, assim, a um desenvolvimento saudvel, praticandoaes oportunas que se ajustem s suas condies e probabilidades. Nesta fase,o seu corpo se encontra forte e robusto, deparando-se com habilidades edisposies que ultrapassam suas prprias necessidades. Por isso, indispensvel acompanhar seu desenvolvimento natural, biolgico e cognitivo,que convida o educador a estimul-la para o estudo, trabalho e acontecimentosnaturais.
Palavras-chave: Iluminismo, Educao, Adolescncia, Rousseau.
Abstract: The purpose of this paper is to investigate the concept of educationin adolescence, taking as reference the book III of the work Emile: or, OnEducation of Rousseau (1762). The study starts with a look over the first twobooks, (The age of nature) - infans - 0 to 2 years and age of nature - puer - 2 -12 years), in which Rousseau defends the idea that should be nurtured for thechild appropriate conditions, so that it can fill its needs in order to becomestrong and well developed. Upon reaching adolescence, it is essential that theeducator prepares the student in a way that his actions centralize it in what istruly useful, allowing it a healthy development, practicing appropriate actionsthat suit to its conditions and probabilities. At this stage, its body is strong androbust, encountering skills and provisions that go beyond their own needs. So itis essential to follow its natural, biological and cognitive development, whichinvites the educator to stimulate it to study, work and natural events.
Key words: Enlightenment, Education, Adolescence, Rousseau.
* SIMONE ROMANI Mestre em Educao pelo Programa de Ps-Graduao da Faculdade deEducao UPF; professora efetiva de Educao Fsica vinculada a Secretaria Municipal de Educaode Guaba/RS e Tutora bolsista no curso de Licenciatura em Msica a distncia da UFRGS.
** RAIMUNDO RAJOBAC Professor efetivo no Departamento de Msica da UFRGS.
Doutorando em Educao pela PUCRS e Mestre em Educao pela Universidade de Passo Fundo (UPF).Possui Licenciatura em Msica (UPF), Filosofia (URI/UPF) e Teologia (ITEPA).
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1. Consideraes iniciais
O filsofo Jean-Jacques Rousseaunasceu em Genebra, na Sua, no dia 28de junho de 1712. Em razo dedificuldades no parto, sua me morreualguns dias depois de seu nascimento eele passou a ser cuidado por sua tiaSuzane Rousseau. Na juventude, estevesob os cuidados de Madame de Warens,uma senhora da alta nobreza. Nasdcadas de 1750 e incio de 1760,Rousseau teve seu perodo mais
produtivo intelectualmente, quando seisolou no campo para produzir. Ali fazia
longas caminhadas, vivendo em contatocom a natureza. Foi nessa poca deinspirao que o autor escreveu a obra
Emlio ou daEducao (1762). Em2 de julho de 1778, ofilsofo veio a falecere foi enterrado em
Ermenoville, porm,durante a RevoluoFrancesa, seus restosmortais foramtransferidos para oPanteo de Paris.
Como iluminista,Rousseau era a favorde um conceito ampliado de razo, quedefende o potencial da racionalidadehumana. Foi adepto do ideal iluministade que somente pela educao que ohomem deixa de ser um ser selvagem
para tornar-se independente e poderexercer um domnio moral de si mesmo.Para o filsofo, a educao era o
principal recurso de polimento darusticidade humana.1 Ao partir dessa
1 Esta ideia ser retomada e aprofundada porvrios outros pensadores que vieram depois deRousseau, entre eles Kant (2002), o pensadoralemo, que se inspirou fortemente nas ideiaseducacionais de Rousseau para preparar suas
aulas de pedagogia oferecidas na Universidadede Knigsberg durante vrios semestres. Sobre
ideia geral, ele pensa num projetoeducacional capaz de preparar a criana,educando-a durante a infncia pelas leisda natureza. S assim, ela pode viver
em sociedade e contribuirsignificativamente para o crescimentoda mesma. O autor prima por umarelao entre a pedagogia e os ideaisiluministas, os quais nos conduzemnecessariamente relao da pedagogiacom os temas da razo e da autonomia.
Nesse sentido, o processo educativo-iluminista rousseauniano determinou-se
pelo uso da razo para formar umeducando independente e apto para
decidir por si mesmo a respeito de suavida.
Na obraEmlio,Rousseau (2004)desenvolve umateoria filosfico-educacional original.Seu principal objetivo destacar a ideia deque o entendimento
adequado, do homeme da sociedadedepende
necessariamente dodesenvolvimento
educacional pelo qual passou a criana. Por isso a insistenteideia rousseauniana sobre a necessidadede tratar a criana como criana, demant-la em seu prprio mundo, com ascaractersticas tpicas desta fase, no
como um pequeno adulto. Um bomadulto, segundo Rousseau (2004)
precisa antes ser criana e viver suainfncia por meio da educao dossentidos e do fortalecimento do corpo.S visando ao processo educacionalnessa perspectiva, o que rompenecessariamente com a ideia tradicionalde formao pela razo, o educando
isso, ver tambm Dalbosco e Eidam (2009, p.159-190).
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desenvolver as capacidades racionais ecognitivas necessrias a seu ingresso nasociedade. Educar na adolescncia exigede antemo a observao dos critrios
apresentados pelo terico nas fasesanteriores. Contudo, faz-se importanteressaltar que neste trabalho nosocuparemos da etapa que vai dos 12 aos15 anos, apresentada pelo autor noterceiro livro deEmlio. O autor entendeo adolescente como uma pessoacompleta, abrangendo na infncia vriasetapas para o seu desenvolvimento,incluindo tambm a fase de conflitos(adolescncia) que, embora sendo
breve, de fundamental importncia para o aprimoramento e formao doeducando.
Rousseau (2004) dividiu a obra Emlioou da Educao em cinco livros, nosquais pensa a educao de seu alunofictcio Emlio. O processo educativoinicia com o nascimento de Emlio e vaiat o seu ingresso como adulto nasociedade, o que se d por volta dos
vinte e cinco anos de idade. A obra foiescrita no mesmo perodo de Contratosocial (1762). Contrariousignificativamente a viso conservadorae tradicional da poca. No sendo bemaceita, motivou a queima dos volumeslogo aps a publicao.Emlio insere-sena tica geral do Contrato social(1762)e aprofunda a argumentao queRousseau havia desenvolvido antes noSegundo discurso2(1754), o qual define
a socializao como perda da liberdadenatural e aumento da artificialidade do
2 A nfase do Segundo Discurso recai,sobretudo, no qual haveria uma perspectivanitidamente pessimista em relao ao progressoda socializao humana: quanto mais o homemse socializa e quanto mais ganha emcomodidade e conforto materiais, mais sedeprava moralmente. Se primitivismo residiria,portanto, no fato de que o progresso econmico-
social seria a principal causa da corrupo doscostumes. (DALBOSCO, 2008, p. 127).
homem. O Contrato social (1762) e oEmlio (1762) veem nesse mtodo a possibilidade para o homemdesenvolver suas faculdades,
administrando sua prpria sociabilidade.O genebrino pensa um processoeducativo que leve em conta odesenvolvimento sensitivo, cognitivo emoral para Emlio. Para tanto, divide-oem diferentes fases. A primeira fasedenominada infncia divide-se em
primeira e segunda infncia. Aprimeira infncia ou idade dasnecessidades, iniciada com o
nascimento e indo at os dois anos deidade, abordada no primeiro livro daobra. A segunda infncia ou idade danatureza compreende a fase dos doisaos doze anos, e abordada no segundolivro do mile (1762). O livro terceiro,que compreende a etapa dos doze aosquinze anos, Rousseau chama de idadeda fora, por ser uma faseintermediria entre a infncia e a
juventude. O quarto livro compreende a
fase da juventude que ocorre dos quinzeaos vinte anos, tambm denominada deidade da razo e das paixes. Enfim,no quinto livro Emlio est na faseadulta, a qual compreende o perodo dosvinte aos vinte e cinco anos: considerada como a idade dasabedoria. Por este caminho Rousseauilustra em sua obra o projeto de umaeducao natural e social.
2. Educao do adolescente noTerceiro Livro do Emlio
Para Rousseau, dos doze aos quinzeanos, acontece um desequilbrio entre asnecessidades da criana e odesenvolvimento de suas foras. Trata-se do perodo em que a criana temmais fora do que necessita e que oslimites passam a ser atribudos pela leida utilidade. Nessa fase, ascaractersticas do educando vo semodificando e, com isso, as aes do
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preceptor tambm devero mudar, isto, exercitando sempre uma educaoque conduza a criana aodesenvolvimento de sua autonomia por
meio de uma liberdade bem regrada(CERIZARA, 1990).
Conforme Streck (2008, p. 37), [...] chegada a hora de preparar Emlio parao mundo do trabalho. Dadas aslimitaes da inteligncia para conhecertudo que existe, o critrio para aeducao nessa fase da vida autilidade. Nessa fase, notaremos que o
processo educativo deve primar por
auxiliar o educando a se localizar nomundo: o perodo que precede aadolescncia, ou tambm chamada -terceira fase dainfncia.
Atualmente adefinio feita porRousseau para essaidade corresponde ao
perodo o qualchamamos de
adolescncia. Ogenebrino salientaque acontecem
primeiramente asalteraes fsicas, isto, a fora desenvolvida mais depressado que as necessidades. o momentoem que as foras devem ser guiadas
para a incluso do jovem na sociedade por meio do estudo ou aprendizagemdas cincias e do trabalho ou eleioda profisso (ROUSSEAU, 2004, p.222), portanto, por meio da utilidade.
2.1. O ensino das cincias ou o estudo
Rousseau (2004) enfatiza que de nadaadianta atribuir conceitos e informaes criana, pois o entendimento dascincias ou estudo acontecer somentequando a criana permanecer atenta aoque ocorre na natureza e tambm sua
curiosidade for despertada para isso.
Para que acontea uma boaaprendizagem, no necessrio quesejam utilizados objetos refinados ou a
psicologia. O educador deve ser um
companheiro que desperte o interesseno educando para que possa semprefazer novas descobertas, como, porexemplo, para aprender geografia, o
preceptor e Emlio poderiam passear pelos bosques onde descobririam aflora, a fauna e at mesmo a localizaodos astros e dos pontos cardeais. ParaRousseau a motivao vem de dentro;do sentimento pelas coisas queacontecem na natureza. Dessa forma,
[...] o erro faz parte da aprendizagem, eno cabe ao preceptor a vigilncia paracorrees. [...] Emlio se dar conta dos
seus enganos e, porsi, far as devidas [...]revises. (STRECK,2008, p. 39). Ogenebrino insisteainda, conforme oque nos conta Streck(2008), que nodevemos passarmuitas informaes
para a criana, porque, segundo ele,sero como aquelas
crianas que catam um monte deconchas na praia e no conseguemsegur-las nas mos, jogando-as fora evoltando para pegar tudo de novo.
Para Rousseau, a educao dos livros desua poca cometia dois erros: tolhia acapacidade de fazer perguntas e buscarrespostas, e no formava homens que
pudessem ser teis para a novasociedade que estava surgindo. Taleducao ensina a falar de coisas queno se sabe, ou seja, a formar crianas-
pessoas que s repetem palavras ou paraserem melhores que as outras ou porvaidade. Assim, [...] no se trata deensinar-lhe as cincias, mas de dar-lhe ogosto para am-las e mtodos para
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aprend-las quando esse gosto estivermais desenvolvido. Este com toda acerteza um princpio fundamental detoda boa educao. (ROUSSEAU,
2004, p. 222). Nesse contexto, o que Rousseau nosrevela que podemos tornar-nos maishabilidosos ao descobrirmossemelhanas quando arquitetamosaparelhos e instrumentos do que quandoaceitamos as coisas prontas, fazendocom que nossa imaginao e nossocorpo no desempenhem umaimportante funo: no deixar que nos
tornemos preguiosos.2.2. A eleio da profisso ou do
trabalho
Conforme Rousseau (2004), o benefciomais aparente, em meio aos estudosespeculativos sobre a eleio da
profisso ou do trabalho propriamentedito, manter o corpo em atividade, osmembros em exerccio contnuo como,
por exemplo, educar constantemente as
mos em sua agilidade para que seja tilno trabalho e para as pessoas. Dessaforma, [...] quando utilizamos nafabricao de mquinas a habilidade [...]que temos para faz-las, [...] juntamos aarte natureza, tornando-nos maisengenhosos, sem nos tornarmos menoshbeis. (ROUSSEAU, 2004, p. 251).
Como primeira disposio para aescolha da profisso ou trabalho de
Emlio, deve-se levar em conta que ela possa torn-lo independente,significando para isso que ele no
precise de servos nem de chefes paraajud-lo, assim, ele nada dever saber
por que algum lhe disse, mas por contade seu prprio aprendizado eexperincia. Para garantir o seu sucesso,o preceptor dever sempre comear aeducao do seu aluno pelos elementosmais simples e perceptveis, conforme
os apresentados pela natureza.
Da mesma maneira que Emlioinventava os instrumentos parainvestigar (pesquisar) nas aulas decincias, ele igualmente precisar
construir os aparelhos (utenslios) paraque possa trabalhar. Conforme a crianavai desenvolvendo sua inteligncia, elavai tomando outras decises e, aomesmo tempo, fazendo escolhas quedecidiro melhor a sua profisso. Assimela conseguir conhecer melhor a simesma para poder julgar no que incidea sua comodidade, avaliando o que lheconvm e o que no lhe convm.Portanto, [...] est em condies de
perceber a diferena entre o trabalho e adiverso e s considerar esta ltimacomo o descanso do outro.(ROUSSEAU, 2004, p. 232).
Streck (2008) aponta a sugesto dogenebrino: um modelo inspirador paraEmlio seria Robinson Cruso, que,abandonado em uma ilha, precisar criaras condies para poder sobreviver. Do
mesmo modo, Emlio ter o vigor fsicoe a ingenuidade de alma do selvagem oudo campons e o juzo crtico dofilsofo. Nesse contexto, existe umavalorizao pelo trabalho manual,
juntando-o utilidade, ao mesmo tempoem que a inteligncia adota um papel
prtico (produtivo).
O genebrino ressalta que todo homemquer ser feliz, porm essa felicidadedepende primeiramente em saber o queela . Conforme Rousseau a felicidadedo homem que foi criado segundo asleis da natureza, ser to simples quantosua vida, sendo esta constituda pelasade, liberdade e o necessrio. O autorenfatiza ainda que nunca ser demaisrepetir que apenas os objetos puramentefsicos podem interessar as crianas,[...] principalmente aquelas cujavaidade no foi despertada e que noforam corrompidas antecipadamente
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pelo veneno da opinio. (ROUSSEAU,2004, p. 232).
O aprendizado para a profisso outrabalho se dar de forma prtica,
porm, no se encerra a, com as coisasque Emlio tem que aprender, ele
principalmente tem que aprender algomuito maior e mais difcil, a que precisaser destinado muito mais tempo - a
profisso de ser homem.
3. O amadurecimento racional doeducando
Para Tomazelli (2009), a criana que foi
conduzida e formada conforme a lei danatureza desenvolveu, para essa fasedos doze aos quinze anos, mais forafsica do que capacidade de imaginao.
Nesse perodo a disposio imaginativaest em desenvolvimento, por isso acriana deve ser mantida em contatocom a natureza [...] para aprofundar arelao existente entre necessidades,sentidos e sentimentos, que sero oscaminhos trilhados para a educao
intelectual, sendo conduzidanaturalmente da necessidade para autilidade. (TOMAZELLI, 2009, p. 9).
O procedimento pedaggico maisindicado para contribuir, na formaoda criana, consiste em possibilitar queela seja exposta a instituir relaesvoltadas ao conhecimento dosfenmenos da natureza, pois, nestaidade, a criana comea a ampliar sua
aptido intelectual de um jeito maissistemtico em concordncia com asforas de seu corpo.
Como podemos perceber, o carterformativo, que compreende esta fase davida do educando, deve se fundamentarem exercitar os sentidos e as foras docorpo para que sejam convertidos emideias reais, integrando mente, corpo eesprito, formando, assim, um serhumano fortalecido, [...] comcapacidades suficientes para decidir
racionalmente, amparado por seus prprios sentimentos, que socaractersticos da prpria naturezahumana. (TOMAZELLI,2009, p. 10).
Inicia-se, nesta fase adolescente, uma perturbao das relaes com o outro,[...] pois h dificuldade de se colocarno lugar do adulto quando ainda no o, e h dificuldade de ser criana,quando tambm no mais a .(POKOJESKI, 2009, p. 3). Por meio daeducao, a elevao da personalidade estabelecida j na infncia, quecontribuir de certo modo para formar o
carter na adolescncia, que por sua vezservir de apoio para a convivncia emsociedade.
A virtude comea quando se inicia oprocesso de maturao do carter sociale moral. Assim, [...] a educao em
processo ganha fora no sentido dacondio humana, do que faz o homemser diferente dos outros animais pelaconscincia moral e racional.(POKOJESKI, 2009, p. 5). Para tanto,faz-se de suma importncia oaprendizado do aluno, o modo como foiconduzido e a interao entre oeducando e mestre; s assim, o alunoestar comeando seu desenvolvimentocognitivo para, ento, tomar suas
prprias decises.
Podemos dizer, aqui, que essa a fasedas mudanas, que nasce o impulso conscincia. Na fase da infncia, oaluno apenas sentia; agora, na fase daadolescncia, ele julga. Aqui o esforodo preceptor dar nfase sobre aimportncia das escolhas, tanto para o
bem quanto para o mal. Assessorandoseu aluno, oferecendo espao para queele comece a pensar, o educador estarauxiliando-o a viver na sociedade,instruindo-o a conviver com as pessoas.Assim, o [...] ajudar [...] a conhecer osinstrumentos que permitiro orquestrara ao e a reao particular de cada um
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perante a sociedade civil.(POKOJESKI, 2009, p. 9).
4. Consideraes finais
Rousseau nos apresenta um processoformativo para seu aluno fictcioEmlio, desde o seu nascimento at oingresso adulto na sociedade. O quedevemos ressalvar que a construodo carter se inicia na infncia e naadolescncia ele ser aprimorado. Aquio educando dever aprender a discernirentre o bem e o mal, o certo e o errado,sempre auxiliado pelo seu preceptor,que, alis, imprescindvel para que
haja um crescimento pessoal, intelectuale moral do aluno.
O genebrino pensou um projeto deeducao que fizesse com que as
pessoas pudessem reconstruir suaidentidade, preparando um ser humanoque pudesse pensar e agir por conta
prpria, sem ser levado pelo pensamento de outrem ou corrompido por uma sociedade artificializada que
rege as relaes humanas.O papel da educao, segundo Rousseau(2004), contribuir para o crescimentoe melhoria das pessoas, e esta educaocomea na famlia e na escola, para que,a partir da convivncia e interao como outro, o sujeito possa conviver emsociedade aprendendo a distinguir entreo certo e o errado. Apesar de muitas desuas ideias ainda no serem bem aceitasna pedagogia atual, Emlio ainda servecomo referncia para a formao do[...] respeito pelo outro, como princpioda sociabilidade moral entre os sereshumanos. (POKOJESKI, 2009, p. 14).
O que o genebrino almeja um alunoque possua um corao bom, coberto
por uma personalidade formada eamadurecida junto com seu educador;algum que apresente em sua essncia
uma liberdade intelectual, moral esocial. Para Rousseau (2004), a criananessa idade tem um corpo sadio, osmembros geis, o esprito justo e sem
preconceitos, o corao livre e sempaixes que no perturba ningum, vivefeliz e livre por meio do que a naturezalhe ofereceu. Portanto, questiona ofilsofo: [...] achais que uma crianaque chegou assim aos quinze anos tenha
perdido os anos precedentes?(ROUSSEAU, 2004, p. 283).
Referncias
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KANT, I. Sobre a pedagogia. Trad. FranciscoC. Fontanella. Piracicaba: Editora Unimep,2002.
POKOJESKI, S. A. Educao do adolescente eo papel do educador no livro III. In:DALBOSCO, C. A. (Org.). Filosofia eEducao no Emlio de Jean-JacquesRousseau: o papel do educador comogovernante. Passo Fundo: Editora Alnea, 2009.
ROUSSEAU J. J. Emlio, ou, Da Educao.Trad. Roberto Leal Ferreira. 3. ed. So Paulo:
Martins Fontes, 2004.STRECK, D. Rousseau & a educao. BeloHorizonte: Autntica, 2008.
TOMAZELLI, G. Emlio ou Da Educao:Umaviso panormica da obra. In: DALBOSCO, C.A. (Org.). Filosofia e Educao no Emlio deJean-Jacques Rousseau: o papel do educadorcomo governante. Passo Fundo: Editora Alnea,2009.