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Ilustríssimo(a) Senhor(a) Presidente da Comissão Permanente de Licitação da Prefeitura Municipal de Congonhas/MG. ANDRE CARVALHO ENGENHARIA & CONSTRUÇÕES EPP., por seu representante abaixo assinado, vem à V. Exa., a tempo e modo, como lhe faculta a Lei, apresentar IMPUGNAÇÃO AO EDITAL referente à Concorrência Pública nº 005/2018 (Processo PMC nº 2678/2014), cujo objeto é contratação de empresa para a execução das obras e serviços de engenharia para restauração do prédio da Romaria, requerendo, portanto, em caso de um eventual julgamento desfavorável, seja remetida à Autoridade Superior, sob forma de Recurso Hierárquico, a fim de que surtam seus jurídicos e legais efeitos. Termos em que, pede deferimento. Belo Horizonte, 26 de abril de 2018. ________________________________________ AC ENGENHARIA & CONSTRUÇÕES EPP. André Luiz de Oliveira Carvalho CNPJ: 24.827.048/0001-36

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Ilustríssimo(a) Senhor(a) Presidente da Comissão Permanente de

Licitação da Prefeitura Municipal de Congonhas/MG.

ANDRE CARVALHO ENGENHARIA &

CONSTRUÇÕES EPP., por seu representante abaixo assinado, vem à V.

Exa., a tempo e modo, como lhe faculta a Lei, apresentar IMPUGNAÇÃO

AO EDITAL referente à Concorrência Pública nº 005/2018 (Processo PMC

nº 2678/2014), cujo objeto é contratação de empresa para a execução das

obras e serviços de engenharia para restauração do prédio da Romaria,

requerendo, portanto, em caso de um eventual julgamento desfavorável,

seja remetida à Autoridade Superior, sob forma de Recurso Hierárquico, a

fim de que surtam seus jurídicos e legais efeitos.

Termos em que,

pede deferimento.

Belo Horizonte, 26 de abril de 2018.

________________________________________

AC ENGENHARIA & CONSTRUÇÕES EPP.

André Luiz de Oliveira Carvalho

CNPJ: 24.827.048/0001-36

RAZÕES DA IMPUGNAÇÃO

01. Prestadas devidas honras e homenagens aos cultos

administradores componentes da Comissão de Licitação, a Impugnante

diverge do ponto de vista com o qual se lastrearam para elaborar o edital,

fazendo-o com todo respeito, mas com a veemência cabível.

Da Exigência de Quantidades Mínimas

02. Frustrando o caráter competitivo da licitação, o subitem

8.4.2 do edital exige que as empresas licitantes comprovem experiência

anterior mediante atestados de execução de obras que demonstrem a

aplicação de quantidades mínimas de insumos e características, a saber:

8.4.2. Para atendimento à qualificação técnico-operacional, apresentar para cada parcela de serviços relevantes, atestado(s), que comprove(m) que o licitante tenha executado para órgão ou entidade da administração pública direta ou indireta, federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, ou ainda, para empresas privadas, os seguintes serviços com as respectivas quantidades mínimas: 8.4.2.1. EXECUÇÃO DE REFORMA E/OU RESTAURAÇÃO DE PRÉDIOS EM ÁREA TOMBADA PELO PATRIMÔNIO por qualquer esfera de governo, com área mínima de serviços executados de 1.000 (um mil) metros quadrados; 8.4.2.1.1. O tombamento da área onde o serviço foi executado deverá ser comprovado por declaração, certidão ou outro instrumento hábil emitido por Órgão técnico ou legislação/normatização específica. 8.4.2.2. EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO ACÚSTICO COMPOSTO POR CHAPA METÁLICA com área mínima de 250 (duzentos e cinquenta) metros quadrados; 8.4.2.3. EXECUÇÃO DE PAREDE EM DRYWALL, com área mínima de 300 (trezentos) metros quadrados; 8.4.2.4. EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS, HIDROSANITÁRIAS, SPDA, em edificações com área mínima de 1.000 (um mil) metros quadrados;

8.4.2.5. EXECUÇÃO DE ESQUADRIA DE ACÚSTICA, com área mínima de 10 (dez) metros quadrados.

03. O subitem 8.4.3 do edital está a exigir, no âmbito da

capacitação técnico-profissional (ou seja, relativa ao responsável técnico

– PESSOA FÍSICA – da licitante), que se comprove a execução dos

seguintes serviços, também nas mesmas quantidades mínimas do subitem

anterior:

8.4.3. Para atendimento à qualificação técnico-profissional, comprovação de vínculo contratual, na data da abertura das propostas, com profissional(is) de nível superior ou outro(s) reconhecido(s) pelo CREA e/ou CAU, detentor (es) de atestado(s) de responsabilidade técnica, devidamente registrado(s) no CREA e/ou CAU da região onde os serviços foram executados, acompanhados(s) da(s) respectiva(s) certidão(ões) de Acervo Técnico – CAT, expedida(s) por este(s) Conselho(s), que comprove(m) ter o(s) profissional(is), executado para órgão ou entidade da Administração Pública direta ou indireta, federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal, ou ainda, para empresa privada, que não a própria licitante, serviços relativos a: 8.4.3.1. EXECUÇÃO DE REFORMA E/OU RESTAURAÇÃO DE PRÉDIOS EM ÁREA TOMBADA PELO PATRIMÔNIO por qualquer esfera de governo, com área mínima de serviços executados de 1.000 (um mil) metros quadrados; 8.4.3.1.1. O tombamento da área onde o serviço foi executado deverá ser comprovado por declaração, certidão ou outro instrumento hábil emitido por Órgão técnico ou legislação/normatização específica. 8.4.3.2. EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO ACÚSTICO COMPOSTO POR CHAPA METÁLICA com área mínima de 250 (duzentos e cinquenta) metros quadrados; 8.4.3.3. EXECUÇÃO DE PAREDE EM DRYWALL, com área mínima de 300 (trezentos) metros quadrados; 8.4.3.4. EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS, HIDROSANITÁRIAS, SPDA, em edificações com área mínima de 1.000 (um mil) metros quadrados; 8.4.3.5. EXECUÇÃO DE ESQUADRIA DE ACÚSTICA, com área mínima de 10

(dez) metros quadrados.

04. Agravando a exigência ilegal de quantidades mínimas, o

item 8.4.4 da convocação ainda traz nova restrição, impedindo o somatório

de quantitativos nos atestados para a comprovação de um mesmo item das

quantidades mínimas estipuladas:

8.4.4. Os quantitativos dos atestados para comprovação de capacidade técnica operacional e profissional em obras distintas não poderão ser somados, considerando: a) A quantidade exigida está abaixo de 50% (cinqüenta por cento) do quantitativo de área construída proposta em planilha como é permitido pelo TCU – Tribunal de Contas da União. b) O atestado exigido tem como base a relevância técnica de cada item referindo-se a serviços considerados como relevantes para execução do objeto licitado. c) Será sempre admitida a comprovação de aptidão através de certidões ou atestados de obras ou serviços similares de complexidade tecnológica e operacional equivalente ou superior, conforme § 3º do art. 30 da Lei de Licitação 8.666/93.

05. Tais condições revelam que o edital exige

QUANTIDADES MÍNIMAS, o que é expressamente proibido pela Lei de

Licitações, em seu art. 30, § 1º, inciso I (abaixo transcrito), sendo certo que

o condicionamento da habilitação a tais circunstâncias restritivas ainda

coincide com o padrão adotado para que a licitação seja direcionada a

empresas apadrinhadas, cujos atestados são previamente estudados para

que seja o edital formulado com exigências tão específicas e tão

determinadas que poucas, senão apenas uma empresa, irá ser habilitada,

ferindo o PRINCÍPIO DA COMPETITIVIDADE:

Art. 30, § 1º, I, da Lei 8.666/93 – capacitação técnico-

profissional: comprovação do licitante de possuir em seu

quadro permanente, na data prevista para entrega da

proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente

reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado

de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço

de características semelhantes, limitadas estas

exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor

significativo do objeto da licitação, VEDADAS AS EXIGÊNCIAS

DE QUANTIDADES MÍNIMAS ou prazos máximos. (grifamos e

destacamos)

06. Com efeito, é expressamente vedado ao Administrador

exigir a reunião de características habilitadoras da licitante indicando

QUANTIDADES MÍNIMAS, e o que se infere do caso sob exame é que,

na redação do edital, há tais restrições, de quantidades mínimas, sendo que

estas condições inibem a participação de licitantes, efetivamente.

07. Imperioso ressaltar, neste sentido, o conteúdo do

despacho do Sr. Presidente da República ocupante do cargo em

16/06/1993, Dr. Itamar Franco, ao enviar ao Senado Federal a

MENSAGEM 335:

DESPACHOS DO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Mensagem nº 335

Senhor Presidente do Senado Federal.

Comunico à Vossa Excelência que, nos termos do parágrafo 1º do artigo

66 da Constituição Federal resolvi vetar parcialmente o Projeto de Lei nº

1.491, de 1991 (nº 59/92 no Senado Federal), que “Regulamenta o art.

37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e

contratos da Administração Pública e dá outras providências”.

As disposições vetadas são as seguintes:

omissis

Alínea “b” do § 1º e § 7º do art. 30.

Art. 30, §1º.

b) quanto à capacitação técnico-operacional: comprovação do licitante de

ter executado, no somatório de até 3 (três) contratos,

QUANTITATIVOS MÍNIMOS não superiores a 50% (cinquenta por

cento) daqueles previstos na mensuração e exclusivamente nas parcelas

de maior relevância técnica ou de valor significativo, do objeto da

licitação, e a 50% (cinquenta por cento) das relações quantitativos/prazo

global destas, admitida a soma de atestados quando referidos a um

mesmo período, sem limite de contratos. [...]

Razões do veto

A Advocacia Geral da União assim argumenta:

Reconhecidamente, a competição entre possíveis interessados é princípio

ínsito às licitações, pois somente ao viabilizá-la o Poder Público pode

obter a proposta economicamente mais vantajosa, barateando, assim, os

preços de suas obras e serviços.

[...]

Ora, a exigência de “capacidade técnico-operacional”, nos termos

definidos no primeiro dos dispositivos supra, praticamente inviabiliza a

consecução desse objetivo, pois segmenta, de forma a incontornável, o

universo dos prováveis competidores, na medida em que, embora

possuindo corpo técnico de comprovada experiência, uma empresa

somente se habilita a concorrer se comprovar já haver realizado obra ou

serviço de complexidade técnica idêntica à que estiver sendo licitada.

[...]

Impõe-se, assim, expungir do texto os dispositivos em foco, ter, por

possibilitar em possíveis direcionamentos em proveito de empresas de

maior porte, se mostram flagrantemente contrários ao interesse público.

08. Está aí, portanto, estampada a verdadeira e real vontade

do legislador que, não tendo derrubado o veto presidencial, acedeu aos

motivos e razões de tal óbice, e assim reconheceu a ilegalidade da regra e a

expurgou do texto da lei sancionada (justamente para coibir o

direcionamento ilegal nas licitações), tornando incontestável a sua exegese,

e ilegal a realização de concorrência pública com base em tais condições.

09. Não há qualquer juridicidade, desse modo, na exigência

de QUANTIDADES MÍNIMAS, o que já foi decidido acertadamente

pelos Tribunais. Colha-se da casuística:

ADMINSTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.

INABILITAÇÃO EM PROCESSO LICITATÓRIO

FUNDADA EM EXIGÊNCIA VEDADA PELA

LEGISLAÇÃO. REMESSA OFICIAL NEGADA. 1 -

Quando o instrumento convocatório faz inserir exigência

que limita a participação de licitantes, impondo

quantidades mínimas, em confronto com o que dispõe o

art. 30, § 1º, I, da Lei 8.666/93, não pode prevalecer a

decisão que inabilita licitante do certame. 2 - Os princípios

que regem a licitação visam garantir à administração a

possibilidade de selecionar a proposta que lhe for mais

vantajosa. Qualquer limitação imposta no edital que possa

restringir a isonomia entre os participantes deve ser

afastada. (TRF 4ª Região, Processo nº 9704068778, Juiz

Ramos de Oliveira, Julg. em 20/06/2001) – g.n.

10. Destarte, em face da manifesta impropriedade da

exigência de atestados com quantidades mínimas, há de ser retificado o

edital, com nova publicação, nos termos do art. 21, §4º, da Lei de

Licitações.

11. Não obstante, pelo Princípio da Eventualidade, ainda

que se admita a existência de uma corrente que autoriza a fixação de

quantidades mínimas em editais de licitação, é certo, todavia, que a

exigência de atestados de capacidade técnica com registro de

quantitativos superiores aos dos serviços que se pretende contratar é

totalmente inadmissível, já que configura incontestável restrição ao

caráter competitivo do certame.

12. Neste sentido, importa esclarecer que o Tribunal de

Contas da União tem apontado, em determinados casos, no sentido de

admitir a exigência de apresentação de atestado(s) que comprove(m) a

execução de, NO MÁXIMO, 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos

dos itens de maior relevância da obra ou do serviço licitado. À guisa de

exemplo, confira-se os julgados abaixo transcritos, in verbis:

ACÓRDÃO 2656/2007 - PLENÁRIO

9.2.3.8. limite as exigências de capacidade

técnico‐operacional aos mínimos necessários que garantam

a qualificação técnica das empresas para a execução do

empreendimento, devendo abster‐se de estabelecer

exigências excessivas, que possam restringir indevidamente

a competitividade dos certames, a exemplo da

comprovação de experiência em percentual superior a 50%

(cinquenta por cento) dos quantitativos a executar

(conforme jurisprudência do TCU ‐ Acórdãos 1.284/2003 ‐ TCU ‐ Plenário e 2.088/2004 ‐ TCU ‐ Plenário), cumprindo

o que prescreve o art. 37 da Constituição Federal e o art. 3º

da Lei 8.666/93. (g.n.)

ACÓRDÃO 2215/2008 - PLENÁRIO

9.5.3. limitem as exigências de capacidade

técnico‐operacional aos mínimos necessários que garantam

a qualificação técnica das empresas para a execução de

cada contrato do empreendimento, devendo abster‐se de

estabelecer exigências excessivas, que possam restringir

indevidamente a competitividade dos certames, a exemplo

da comprovação de experiência em percentual superior a

50% (cinquenta por cento) dos quantitativos a executar

(conforme jurisprudência do TCU, a exemplo dos

Acórdãos 1.284/2003‐Plenário; 2.088/2004‐Plenário;

2656/2007‐Plenário; 608/2008‐Plenário), cumprindo o que

prescreve o art. 37 da Constituição Federal e o art. 3º da

Lei 8.666/93. (g.n.)

13. Ocorre, todavia, que no caso do certame em tela os

quantitativos exigidos no respectivo instrumento editalício encontram-se

acima de 50% da planilha, o que não pode, de modo algum, ser admitido,

consoante iterativo entendimento do TCU, haja vista que, repita-se, tal

critério leva à inibição indevida na participação de licitantes, e ainda, à

inabilitação de empresas participantes, de modo a justificar a presente

impugnação.

14. Não há juridicidade, portanto, na exigência de

QUANTIDADES MÍNIMAS para efeito de comprovação técnico-

profissional, ainda que se admita a sua legalidade quanto à capacitação

técnico-operacional (da licitante), o que já foi decidido acertadamente pelos

Tribunais. Colha-se da casuística, da lavra do egrégio TJMG:

15. Em corroboração, frise-se que o Tribunal de Contas da

União já se manifestou pela impossibilidade da Administração fixar

quantitativos mínimos para a qualificação técnico-profissional, conforme

consta dos Acórdãos nos

2.081/2007, 608/2008, 1.312/2008, 2.585/2010,

3.105/2010 e 276/2011, todos do Plenário. Neste sentido também foi o

Acórdão nº 165/2012 do Plenário, no qual restou consignado que “a

exigência de quantitativo mínimo, para fins de comprovação da

capacidade técnico-profissional, contraria o estabelecido no art. 30, § 1º,

inciso I, da Lei 8.666/93”.

16. Destarte, em face da manifesta impropriedade da

exigência de atestado(s) com quantidades mínimas, a título de capacitação

técnico-profissional, há de ser retificado o instrumento convocatório, com

nova publicação, ex vi do art. 21, § 4º, da Lei 8.666/93.

Das Exigências de Itens de Maior Relevância

17. Outrossim, exige o edital, dentre os itens do mesmo

subitem 8.1.9, não só quantidades mínimas proibidas, mas também

extrapola a legislação de regência quando elege itens de maior relevância e

valor significativo do objeto da licitação, nos moldes permitidos pelo já

citado art. 30, § 1º, da Lei de Licitações, assim concebido, in verbis:

Art. 30, § 1º, I, da Lei 8.666/93 – capacitação técnico-

profissional: comprovação do licitante de possuir em seu

quadro permanente, na data prevista para entrega da

proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente

reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado

de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço

de características semelhantes, limitadas estas

exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor

significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de

quantidades mínimas ou prazos máximos. (destacamos)

18. Evidencia-se, pois, que o Órgão Licitante deve exigir

apenas o que realmente é necessário para a execução da obra licitada, de

forma que possa ser verificada a concorrente de melhor qualificação

técnica e menor preço, não podendo realizar exigências demasiadas e

rigorismos inconsentâneos, que nada influirão no cumprimento da obra

licitada, restringindo, assim, a participação de demais empresas totalmente

capazes de executar o objeto do edital.

19. Nunca é demais lembrar que a Administração apenas

deve exigir a comprovação de qualificação técnica indispensáveis ao

cumprimento das obrigações a serem assumidas, claramente estabelecidas

na Constituição Federal, em seu artigo 37, inciso XXI, conforme abaixo

transcrito:

Art. 37 da CF – A administração pública direta, indireta ou

fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,

do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá os princípios

da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e,

também ao seguinte:

XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as

obras, serviços, compras e alienações serão contratados

mediante igualdade de condições a todos os concorrentes,

com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,

mantidas as condições efetivas das propostas, nos termos da

lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação

técnica e econômica indispensáveis ao cumprimento das

obrigações; (grifamos)

20. A título de exemplo, no tocante ao instrumento

convocatório ora sob enfoque, destacam-se os itens relativos a

especificação de materiais, tais como a exigência estapafúrdia de

comprovação de execução de serviços para o poder público, e ainda

EXECUÇÃO DE REVESTIMENTO ACÚSTICO COMPOSTO POR CHAPA METÁLICA com área mínima de 250 (duzentos e cinquenta) metros quadrados, corresponde a 1,94%do valor total EXECUÇÃO DE ESQUADRIA DE ACÚSTICA, com área mínima de 10 (dez) metros quadrados, corresponde a 0,012% do valor total

itens evidentemente irrelevantes e sem valor significativo diante do valor

global da obra, e de sua natureza comum, já que consistem em atividades

sem grandes e diferentes soluções técnicas, que não demandam

especialização específica para sua execução, ensejando revisão da lista de

itens posta como relevantes, pois estes itens podem ser executados por

empresas subcontratadas.

Da Exigência de Visita pelo Responsável Técnico

21. Estabelece o edital, nos itens 1.2 e 1.3, que a visita

técnica deverá ser realizada por um responsável técnico credenciado pela

empresa e com vínculo funcional. Eis o texto:

1.2. A visita técnica deverá ser agendada junto à Secretaria Municipal de Obras, pelos telefones (31) 3731-2626/3731-4116, no horário de 10 às 16 horas, de segunda a sextafeira. 1.3. A visita técnica será realizada, preferencialmente, por um responsável técnico, credenciado pela empresa. 1.3.1. O responsável técnico deverá pertencer ao quadro permanente da empresa ou manter vínculo de prestação de serviço, cuja comprovação deverá ser feita por meio de apresentação de: a) Carteira de Trabalho e Previdência Social – CTPS, ou b) Cópia da Folha do Livro de Registro de Empregados, ouc) Cópia do Ato Constitutivo em vigor, em caso de sócio ou diretor, ou d) Cópia do Contrato de Prestações de Serviços, ou e) Apresentação de Carta de Compromisso Profissional para execução dos serviços. 1.3.2. A visita técnica é de extrema importância, pois durante a visita poderão ser discutidas e esclarecidas questões fundamentais ao perfeito entendimento da obra e projeto, bem como disponibilidades de serviços que Congonhas oferece para ser utilizados na obra. 1.3.3. O conhecimento das condições e peculiaridades da obra, adquirido na visita técnica por seu responsável técnico, será fundamental para a apresentação da proposta

adequada visando o desenvolvimento da obra no prazo determinado e nas condições contratuais estabelecidas. 1.3.4. Se à visita técnica não comparecer um responsável técnico em atribuições e competências afins à área do objeto da licitação, a licitante não poderá alegar desconhecimento de informações pertinentes ao objeto de contratação, devendo firmar declaração de pleno conhecimento das condições e peculiaridades da obra, assinada por seu responsável técnico e/ou representante legal.

22. Trata-se, a rigor, de exigência sem autorização legal e

restritiva, pois que qualquer engenheiro componente da equipe de

profissionais disponíveis da licitante seria o suficiente, e a visita limitada

ao responsável técnico serve apenas para criar mais dificuldades e

embaraços, que deveriam, ao contrário, ser demovidos do processo

licitatório.

23. A regra do art. 30, inciso III, da Lei Federal nº 8.666/93,

não autoriza a vinculação de visita ao local da obra estritamente ao

responsável técnico, e o que se infere de sua dicção é que a licitante

comprove, única e exclusivamente, que tomou conhecimento de todas as

informações das condições locais:

Art. 30, da Lei de Licitações - A documentação relativa à

qualificação técnica limitar-se-á a:

III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que

recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou

conhecimento de todas as informações e das condições locais

para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;

(grifamos)

24. Tornar impossível ao RT da licitante que utilize sua

equipe de trabalho para tal diligência, como o faz o texto da convocação, é

produzir restrição e dificuldade ilegal, indesejável e que fere o Princípio

da Competitividade. Ora, a obrigatoriedade da visita técnica ser realizada

por engenheiro civil, responsável técnico da empresa licitante, exige,

implicitamente, que ela possua o profissional em seus quadros

permanentes, na medida em que impõe a contratação do engenheiro

ANTES MESMO DA REALIZAÇÃO DA LICITAÇÃO.

25. Tal exigência – que, reitere-se, inibe a participação de

possíveis interessados – não se coaduna com a jurisprudência do Tribunal

de Contas da União, como se infere a seguir:

Em tese, não há óbices para que tal visita seja feita por

profissional terceirizado pela empresa, sendo razoável,

somente, exigir que o mesmo possua conhecimento técnico

suficiente para tal incumbência. (Acórdão 785/2012,

Plenário)

26. Ainda sobre o responsável pela realização da visita

técnica, o TCU tem considerado impertinente exigir que “o engenheiro

que deva participar desse ato seja o mesmo que ficará responsável pela

execução dos serviços licitados. Essa exigência mostra-se excessiva,

porquanto o fundamento para a visita técnica é assegurar que o licitante

tome conhecimento de todas as informações e condições locais para o

cumprimento das obrigações do objeto da licitação. (...) Seria

perfeitamente possível que a visita técnica fosse realizada por um técnico

ou outro profissional contratado pela futura licitante para esse fim

específico, o qual posteriormente lhe passaria as informações necessárias

para que tomasse conhecimento das condições locais para o

cumprimento das obrigações objeto da licitação, não havendo razão

plausível para se exigir que o engenheiro que participasse da visita

técnica fosse o futuro responsável pela execução do contrato” (Acordão

748/2012, Plenário, Rel. Min. Ubiratan Aguiar, DOU de 04.04.2012).

27. Consoante magistério de Marcelo Palavéri, em sua

festejada obra “Licitações Públicas. Comentários e notas às súmulas e à

jurisprudência do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo”,

Com a visita técnica pode se cometer ilegalidade, antecipando

exigência da fase de habilitação, caso se estabeleça a

necessidade de que seja realizada por determinado

profissional, responsável técnico do licitante. Isso antecipará

a apresentação pelo licitante de seu representante, o que só é

exigido quando da apresentação do envelope de habilitação,

em momento posterior à visita, O Tribunal rechaça esse tipo

de exigência, de modo que os editais devem deixar a cargo do

licitante a indicação dos profissionais que promoverão a

visita, sendo certo que os licitantes enviarão técnicos

habilitados, por vezes, os próprios responsáveis técnicos para

que possam obter as indispensáveis informações para bem

formular as propostas. (Ed. Fórum, Belo Horizonte, 1ª ed., p.

762) - grifamos

28. Reitere-se que, partindo da premissa que as empresas

funcionam com trabalho em equipe, com vários profissionais em seu

quadro permanente e flutuante, o legislador erigiu critério legal que

autoriza que o RT tome conhecimento das informações e das condições

locais, o que é bem diferente de comparecer pessoalmente, como o faz o

texto da convocação.

29. Confira-se, a rigor, o que restou definido no Acórdão nº

110/2012 do Plenário:

Com relação à exigência de que os competidores devem

realizar visita técnica ao local da obra, em dia e hora único,

definido no edital, foi demonstrado que a jurisprudência

desta Corte é pacífica no sentido de repudiar tal medida, por

configurar restrição indevida à competitivi-dade do certame

e por favorecer o prévio acerto entre os pretendentes. Neste

caso, a falta é suficiente para macular a licitação e ensejar

proposta para a anulação do processo licitatório (omissis) a

inserção no edital de licitação de exigência para a realização

de vistoria técnica em um único dia e horário, constitui-se em

restrição à competitividade e ofensa ao disposto no art. 3º,

caput, e § 1º, inciso II, da Lei 8.666/1993, além de favorecer

ajustes entre os potenciais competidores. (grifamos)

DA EXIGÊNCIA DE QUANTITATIVOS SUPERIORES AOS

CONSTANTES DA PLANILHA ORÇAMENTÁRIA E DE

QUANTITATIVOS INSIGNICANTES

30. Noutro giro, os quantitativos exigidos como quantidades

mínimas não correspondem aos quantitativos constante das planilhas

orçamentárias para os mesmos itens, havendo contradição inadmissível no

edital, pois a discrepância entre quantidades irá gerar discrepâncias de

preços e discrepâncias de medições e pagamentos futuros, quando da

execução da obra.

31. Com efeito, à guisa de exemplo, o item Revestimento

Acústico e a Esquadria Acústica:

Item considerado de maior relevância: Revestimento Acústico Composto Por Chapa Metálica Incoerência: Na planilha anexa ao edital exige 166,59 m2 e no item 8.4.2 e 8.4.3 do edital consta a exigência de comprovação de 250 m2 Item considerado de maior relevância: Esquadria Acústica Incoerência: Na planilha anexa ao edital exige 199 m2 e nos itens 8.4.2 e 8.4.3 do edital 10 m2

32. Novamente, reitere-se que o Tribunal de Contas da

União tem apontado, em determinados casos, no sentido de admitir a

exigência de apresentação de atestado(s) que comprove(m) a execução de,

NO MÁXIMO, 50% (cinquenta por cento) dos quantitativos dos itens de

maior relevância da obra ou do serviço licitado. À guisa de exemplo,

confira-se os julgados abaixo transcritos, in verbis:

ACÓRDÃO 2656/2007 - PLENÁRIO

9.2.3.8. limite as exigências de capacidade

técnico‐operacional aos mínimos necessários que garantam

a qualificação técnica das empresas para a execução do

empreendimento, devendo abster‐se de estabelecer

exigências excessivas, que possam restringir indevidamente

a competitividade dos certames, a exemplo da

comprovação de experiência em percentual superior a 50%

(cinquenta por cento) dos quantitativos a executar

(conforme jurisprudência do TCU ‐ Acórdãos 1.284/2003 ‐ TCU ‐ Plenário e 2.088/2004 ‐ TCU ‐ Plenário), cumprindo

o que prescreve o art. 37 da Constituição Federal e o art. 3º

da Lei 8.666/93. (g.n.)

ACÓRDÃO 2215/2008 - PLENÁRIO

9.5.3. limitem as exigências de capacidade

técnico‐operacional aos mínimos necessários que garantam

a qualificação técnica das empresas para a execução de

cada contrato do empreendimento, devendo abster‐se de

estabelecer exigências excessivas, que possam restringir

indevidamente a competitividade dos certames, a exemplo

da comprovação de experiência em percentual superior a

50% (cinquenta por cento) dos quantitativos a executar

(conforme jurisprudência do TCU, a exemplo dos

Acórdãos 1.284/2003‐Plenário; 2.088/2004‐Plenário;

2656/2007‐Plenário; 608/2008‐Plenário), cumprindo o que

prescreve o art. 37 da Constituição Federal e o art. 3º da

Lei 8.666/93. (g.n.)

33. Vê-se, pois, que no certame em tela os quantitativos

exigidos no respectivo instrumento editalício encontram-se acima de 50%

da planilha, o que não pode, de modo algum, ser admitido, consoante

iterativo entendimento do TCU, haja vista que, repita-se, tal critério leva à

inibição indevida na participação de licitantes, e ainda, à inabilitação de

empresas participantes, de modo a justificar a presente impugnação. O

próprio Edital, em seu item 8.4.4, prevê a vedação:

8.4.4. Os quantitativos dos atestados para comprovação de capacidade técnica operacional e profissional em obras distintas não poderão ser somados, considerando: a) A quantidade exigida está abaixo de 50% (cinqüenta por cento) do quantitativo de área construída proposta em planilha como é permitido pelo TCU – Tribunal de Contas da União.

Dos Requerimentos

34. Inadmissível, portanto, a licitação nos moldes em que o

edital está a definir, permeado de condições restritivas e desafetas ao

propósito da licitação, violando-se os princípios da PROBIDADE

ADMINISTRATIVA, EFICIÊNCIA, ISONOMIA, PUBLICIDADE e

da MORALIDADE, no que há que ser alterado o texto convocatório,

quanto aos temas ora abordados.

37. Não se pode perder de vista, outrossim, que as

ilegalidades aqui denunciadas afrontam os arts. 3º, caput, da Lei nº

8.666/93, e 37 da Carta Magna.

38. Isto posto, requer-se a revogação total ou parcial do

edital, ou sua anulação, por quem de direito, devendo a douta Comissão

cancelar a data da entrega das propostas, retificar a convocação, publicá-la

novamente, e reabrir o prazo para entrega das propostas, nos termos do

disposto no art. 21, § 4º, da Lei 8.666/93.

Termos em que,

pede deferimento.

Belo Horizonte, 26 de abril de 2018.

__________________________________________

AC ENGENHARIA & CONSTRUÇÕES EPP.

André Luiz de Oliveira Carvalho

CNPJ: 24.827.048/0001-36