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HISTÓRIA E CULTURA Arquivo Histórico dos As Misericórdias foram assumindo, ao longo dos tempos, várias iniciativas de apoio aos mais desfavorecidos. No século XVI foi-lhe atribuída, entre outras, a incumbência da criação e educação das crianças órfãs e dos enjeitados da cidade de Lisboa. Estas crianças, depositadas na Roda CÚJs Expostos, eram, usualmente, acompanhadas por marcas de identificação ou de protecção que nos revelam sinais de outros tempos Texto FRANCISCO D'OREY MANOEL * D. Leonor ( 1458-1525), mulher de D. João II e irmã de O. Manuel I, era uma rainha profundamente enraizada no espíriro human ista, característico do Renascimento. Estimulou pensadores, apoiou artistas e escritores, promoveu o teatro e a produção tipográfica. Esta figura maior da História de Portugal teve também uma actuação importante no que se refere aos mais desfavorecidos, no- meadamente, através da fundação do primeiro hospital termal (nas Caldas da Rainha) e da criação das miseri- córdias portuguesas. A Misericórdia de Lisboa foi percursora de todas as outras que com o apoio da Coroa foram sendo instituídas em numero- sas localidades. também uma integração social, cada vez. mais efectiva, dos diferences extractos. Nesse senrido, o Compromis- so da Misericórdia determinava que metade dos mem- bros da Confraria deveriam ser de condição nobre e os restanres teriam que ser obrigatoriamenre plebeus. Todos os irmãos tinham como missão pôr em prática as 14 obras de misericórdia (sete espirituais e sete cor- porais), inscritas no Compromisso. Vestir os nus, IUSisti r Um dos seus objectivos era incen- tivar rodos os membros da socieda- de a participarem numa organização que pretendia levar a cabo iniciativas concretas, no sentido de resolver os graves problemas da população mais desfavorecida, muitos dos quais se tinham vindo a acentuar com o in- cremento da expansão marítima . Através da estrutura organizativa desta nova Irmandade, pretendia-se COMPROMISSO da Misericórd ia, impresso em 1516 os mfermos , dar de comer e t:k be - ber ou conceder guarida aos neces- sitados, eram algumas das obras de misericórdia que os membros da Ir· mandade deviam cumprir. Também lhes era solicirad<fque promovessem a paz, assim como a reconciliaçáo enrre pessoas desavindas, através d acções concretas, tais como perdoar e corrigir quem errava, dar bom conselho e consolar quem estava desanimado . O programa era tão vasto e exigente que englobava a par- ticipação em cerimónias de enter- ro de defuntos, o acompanhamen- to dos tmcarcerados, a recolha tÚu ossadas dosjustiçatÚJs e o apoio aos co11denados à morte. É importante salientar que, neste período, os pre- sos viviam em situações extrema· mente dramáticas, uma vez que, era 76 JANEIRO 2006 CID ADE SOLIDÁRI A

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HISTÓRIA E CULTURA Arquivo Histórico ~~~~~-------------------------------------------------

dos As Misericórdias foram assumindo, ao longo dos tempos, várias iniciativas de apoio aos mais desfavorecidos. No século XVI foi-lhe atribuída, entre outras, a incumbência da criação e educação das crianças órfãs e dos enjeitados da cidade de Lisboa. Estas crianças, depositadas na Roda CÚJs Expostos, eram, usualmente, acompanhadas por marcas de identificação ou de protecção que nos revelam sinais de outros tempos

Texto FRANCISCO D'OREY MANOEL *

D. Leonor ( 1458-1525), mulher de D . João II e irmã de O. Manuel I , era uma rainha p rofundamente

enraizada no espíriro humanista, característico do Renascimento. Estimulou pensadores, apoiou artistas e escritores, promoveu o teatro e a produção tipográfica. Esta figura maior da História de Portugal teve também uma actuação importante no que se refere aos mais desfavorecidos, no­meadamente, através da fundação do primeiro hospital termal (nas Caldas da Rainha) e da criação das miseri­córdias portuguesas. A Misericórdia de Lisboa foi percursora de todas as outras que com o apoio da Coroa foram sendo instituídas em numero­sas localidades.

também uma integração social, cada vez. mais efectiva, dos diferences extractos. Nesse senrido, o Compromis­so da Misericórdia determinava que metade dos mem­bros da Confraria deveriam ser de condição nobre e os restanres teriam que ser obrigatoriamenre plebeus.

Todos os irmãos tinham como missão pôr em prática as 14 obras de misericórdia (sete espirituais e sete cor­porais), inscritas no Compromisso. Vestir os nus, IUSistir

Um dos seus objectivos era incen­tivar rodos os membros da socieda­

de a participarem numa organização que pretendia levar a cabo iniciativas concretas, no sentido de resolver os

graves problemas da população mais desfavorecida, muitos dos quais se tinham vindo a acentuar com o in­

cremento da expansão marítima. Através da estrutura organizativa desta nova Irmandade, pretendia-se

COMPROMISSO da Misericórdia, impresso em 1516

os mfermos, dar de comer e t:k be­ber ou conceder guarida aos neces­sitados, eram algumas das obras de misericórdia que os membros da Ir· mandade deviam cumprir. Também lhes era solicirad<fque promovessem a paz, assim como a reconciliaçáo enrre pessoas desavindas, através d acções concretas, tais como perdoar e corrigir quem errava, dar bom conselho e consolar quem estava desanimado. O programa era tão vasto e exigente que englobava a par­ticipação em cerimónias de enter­ro de defuntos, o acompanhamen­to dos tmcarcerados, a recolha tÚu

ossadas dos justiçatÚJs e o apoio aos co11denados à morte. É importante salientar que, neste período, os pre­sos viviam em situações extrema· mente dramáticas, uma vez que, era

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HISTÓRIA E CULTURA

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Sinal n° 1191 (1794) onde "os Pais que por hora sao incognitos" pedem que se chame Brizida e "a ponháo em Ama que a trate bem" A direita, sinal n° 1678 (1825) com texto redigido sobre uma apólice de seguro

frequente serem as próprias famílias a terem de suportar os encargos com a sua alimentação, vesruário e medica­mentos. Também neste campo as Misericórdias passa­ram a desempenhar uma acção primordial que, ao longo dos rempos, foi apoiada por legislação específica, com o objectivo de melhorar as suas condições.

Ao longo dos rempos, as misericórdias receberam sem­pre importantes apoios dos monarcas, através da conces­são de privilégios, doações avulradas, incluindo as de importantes imtalações, não só no Reino d'Aquém, mas também no d' Além-Mar. A população em geral também contribuiu com o seu apoio a esras irmandades, confian-

Os membros desta nova Confraria passaram a promover, de forma mais intensa, o respeito e a dignificação do ser humano

Através duma vivência religiosa (que se pretendia cada vez mais activa), os membros desta nova Confraria pas­saram a promover, de forma mais imensa, o respeiro e a dignificação do ser humano.

Roda dos Expostos Estrutura de madeira, de forma cilíndrica. que servia para depositar anonima· mente as crianças que ficavam a cargo de Hospícios, ou de Misericórdias que possuíam Hospitais de Expostos. Este cilindro de madeira girava sobre um eixo vertical central, e encontrava·se embutido numa parede ou numa janela; possuía uma, duas ou quatro aberturas e, quando se rodava, permitia o aces­so, por um lado, a quem se encontrava no interior da Casa da Roda e. pelo lado oposto, a quem estava localizado no exterior. Internamente a Roda era composta, além do eixo central, por paredes verticais (em forma de cruz, nas Rodas com quatro aberturas), de modo que, quem estivesse dum lado, nunca conseguia ver quem se encontrava do lado oposto. Com este dispositivo, o anonimato era garantido e a criança era recolhida logo que a rodeira ouvia o som da sineta, tocada no exterior. Saliente-se que, geralmente, as dimensões das Rodas dos Expostos eram superiores às que existem nos conventos de clausura, uma vez que, aqui, se destinavam apenas a recolher as doações dos benfeitores.

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do-lhes diversos bens em testamento, como foi o caso de D. Simoa Godinho, aristocrata negra, sepultada na Igreja da Misericórdia de Lisboa 1, no final do século XVI.

As Misericórdias foram assumindo, progressivamen­te, um maior número de funções, o que originou uma estrutura orgânica mais complexa e uma inerente espe­ciali7.ação dos diversos cargos. No caso da Misericórdia de Lisboa, foi-lhe incumbida, ainda durante o século XVI, a administração do Hospital de Todos os Santos, assim como a criação e a educação das órfãs e dos enjei­tados da cidade.

A criaç-ão dos r.;.postos ou enjeitados foi, desde cedo, uma das principais actividades da Misericórdia de Lis­boa. Estabcl<.:ceu-se uma estrutura bem organizada, com livros de registo e documenração de controlo, que nos permite constatar o cuidado com que a Santa Casa de­senvolvia essa actividade.

De fucro, o sistema de recolha de crianças através da Roda era uma resposta possível, da sociedade, para fazer face às profundas dificuldades com que se deparavam numero­sas famílias. Na grande maioria desses agregados os ren­dimentos eram muito reduzidos, o que não permitia o sustento de um elevado número de filhos. Também é

referido, como causa de exposição, a partida do pai num navio, a morte de um dos progenitores, assim como a doença ou a incapacidade fisica de um familiar. Esre siste­ma tinha como finalidade apoiar as pessoas mais carenciadas e, através dele, pretendia-se reduzir a mor­talidade infantil, contribuir para a eliminação do infanricídio e evitar, ao máximo, a morre de bebés sem que estes tivessem recebido o sacramento do baptismo.

A sociedade encarava esta situação, não como um abandono, mas, anres, como uma entrega remporária1

de um menor, a uma entidade credível e respeitada . Como tal. os pais costumavam deixar sinais ou marcas identificadoras e de protecção. Estes sinais eram consti­tuídos, muitas vezes, apenas por um texto (que designa­mos de "escrito"), onde eram fornecidas algumas infor­mações sobre a criança exposta:

- Data e hora de nascimento; - Nome pretendido; - Referência ao facto do menor já ter sido baprizado,

ou demonstrando expresso desejo para que lhe fosse mi­nistrado esse sacramento;

- Pedido específico para a criança ser bem tratada; - Explicação sobre as razões que levavam à exposição

do descendente; - Descrição das características físicas ou do seu esta­

do de saúde; Relação do enxoval que acompanhava o bebé; Solicitação para não entregar a criança a uma ama

residente tora de Lisboa; -Nota referindo a intenção de recuperar o filho logo

que tal viesse a ser possível, ou ainda a indicação de ou­tros elementos considerados pertinentes.

Parte destes "escritos" eram acompanhados por uma fira ou um pedaço de tecido; mais raramente surgiam outro ripo de acessórios, tais como, um rerraco do pro­genitor, um cartão de visita, uma trança de cabelo da Mãe, brincos, fios de prata, colares de missangas, pautas musi­cais, dados ou cartas de jogar, bilhetes de lotaria, c ainda muitos ourros sinais acessórios. Em diversos casos, os pais conservavam metade ou o par deste sinal, para que, no acto de recuperação, pudessem ser associados à

Arquivo Histórico

~-~.., ..-..;. ... ;:;#~ "' C. fllfAIIII AAIIi,lllfl~ ~ *i-t

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berada falta de veracidade por parte dos pais, tinha como objectivo proteger as crianças, através de uma identidade forjada que, supostamente, lhes concederia atenção e cui­dados especiais.

Para a criação desces exposros a Misericórdia recorria a amas de leite (nos primeiros tempos de vida) e a amas de seco (p«ra a sua educação e formação). Por volra dos 7 anos de idade\ os expostos eram entregues a famílias

Sinal n• 963 (1832) composto por "escrito" e fita com "verónica" (imagem de Cristo)

A sociedade encarava esta situação, não como um abandono, mas, antes, como uma entrega temporária de um menor, a uma entidade credível e respeitada

criança (sinais identificadores). Também se verificava a entrega de sinais complementares, constituídos por ima­gens do santo da devoção dos pais, representações de Crisro ou de Nossa ~enhora c orações, cuja intenção seria proporcionar-lhe uma protecção espiritual. Por ourro lado, pareciam sinais formados por peças relacionadas com preconceitos c superstições, tais como figas, trevos de quatro folhas ou sino-saimão1.

Alguns aurores chamam à arençáo para o facro de de­terminados sinais não constituírem indícios fidedignos Ja auremicidade das informações que contêm. Esta deli-

Os 'expostos' Chamavam·se expostos ou enjeitados a todas as crianças colocadas na Roda dos Expostos e entregues aos cuidados de outrem, geralmente por determina­do período de tempo. O local onde permaneciam era designado por Hospital dos Expostos. No passado, o termo 'hospital' não era aplicado apenas na acepção moderna (que corresponde a um estabelecimento onde se acolhem e tratam doentes). Este termo abrangia o abrigo, a recolha, a hospedagem e o apoio de doentes, e também de crianças desamparadas, de peregrinos ou via· jantes, de mendigos, etc.

CIOAOE SOLIDÁRIA JANEIRO 2006 79

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Documento n° 832 de 1833, com cercadura em relevo, onde se sollcHa que a criança tome o nome de •o. Eleuterla Blatrfz"

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HISTÓRIA E CULTURA Arquivo Hlst6rlco -~

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que rinham como principal objectivo ensinar-lhes um oficio, de modo a dar-lhes acesso a um futuro mais autónomo.

Uma pequena parte dos expostos era reclamada pelos pais; neste caso, se as famílias possuíssem bens, tinham de pagar uma verba para compensar

Em cima, sinal n• 395, de 1847, composto por colar com missangas encarnadas a •escrito•. À direita, sinal n• 1890 de 1847, composto por •escrito• a imagem de Nossa Senhora dos Enfermos

a criação, a educação e a formação, até então con­cedida ao menor. Os restantes vinham a ser eman­cipados, geralmente com I 8 anos, sendo que al­guns, apesar de já serem maiores, continuavam, du­rante bastante tempo. a receber apoio da Misericórdia.

Para o exercício desta actividade eram necessárias avul­tadas somas, o que originava crises financeiras cíclicas. O problema agravou-se ainda mais porque o Município de Lisboa (que estava obrigado a participar com verbas para o sustemo dos expostos), eximiu-se, diversas vezes, a esta obrigação. A siruação só foi ultrapassada graças à intervenção de diversos monarcas empenhados em re­solver os conflitos entre a Câmara e o Hospital de To­dos os Santos (instituição administrada pela Santa Casa e que tinha a incumbência de criar os enjeitados da ci­dade de Lhboa).

Para fazer face às crescentes despesas da Misericórdia de Lisboa, marcadas. em grande parte, pelo aumento dos custos relacionados com a criação dos exposros, foram­lhe concedidas mais benesses e isenções. Destacamos a enrrega de bens das pessoas que morriam sem parentes (Alvará de 3 1 de Janeiro de 1775), ou a atribuição de uma per<.:emagem dos tributos ou ofertas voluntárias ("conhecenças") feitas aos párocos (Carta Régia de 3 I de Janeiro de 1775).

Por outro lado, pretendendo angariar mais amas, foi sendo aprovada legislação que concedia privilégios aos seus maridos. Estes passavam a estar isentos do pagamen­to de alguns imposros, bem como de serem recrutados para a milícia, regalia que, mais tarde, foi alargada aos seus filhos. A título de exemplo e no que respeita à con­cessão de privilégios, podem ser referidos alguns diplo-

mas, desde o século XVI ao século XIX, tais como as cartas

de Lei de 31 de Maio de 1502 e de 23 de Maio de 1576, os Alvarás de 29 de Agosro de 1654, de 22 de Dezembro de 1695 e de 26 de Outubro de 170 I, o Decreto de 31 de Mar'ro de 1787, ou o Alvará de 9 de Novembro de 1802.

No século XVIII, o número sempre crescente de ex­posições reve como consequência um novo agravamen­to da situação financeira, o que provocou um aumento ainda mais acenruado da mortalidade infantil. Com vista a minorar esre problema. foram atribuídos à Misericór­dia diver~o~ bem e privilégio~, ~obretudo a partir da se­gunda metade deste século. Ao tempo, foram publica­dos alguns diplomas legais que reformularam e aperfei­çoaram o sistema da criação dos enjeitados. Deve-sedes­tacar que, neste período. surgiram os livros de registo de "prews e pardos"; esrcs tinham como objectivo proteger

'Pretos' e 'pardos' No livro n01 doa Avisos e Ordena da Mesa (fólios 90v a 92) transcreve-se uma Proposta dos Morclomos da RNI Casa dos Exportas, de 17 de Novembro de 1779, onde se sugere a lmplementaçlo dos livros de Pretos e Pardos (série documental que foi descrita no Inventário da Criaçio dos Expostos, com regis­tos datados entre 1780 a 1834). Estabelecem-se, ainda, multas às amas de leite e de seco, 1811m como 101 mestres onde os expostos aprendiam um oficio, caso estes nlo apresentassem os expostos no final do tempo contratado.

CIDADE SOliDARIA JANEIRO 2006 81

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HISTÓRIA E CULTURA

82 DEZEMBRO 2005 CIDADE SOLIDÁRIA

Alicate e colares (com selo de chumbo), para identificação dos expostos À esquerda, pulseiras de prata, sistema de identificação dos expostos que passou a ser utilizado no século XX

e aumentar o controlo sobre essas crianças5, uma vez que se

refere "nada hd mais precioso qu~ a liberdade, parece que nt­nhuma Cousa d~ve primeiro ~mportanzos que os m~ios dr conserva/a ... ·: Mesmo sendo filhas de escravos, estas crian­

ças alcançavam a liberdade quando eram expostas. Com o registo nestes novos livros, conseguia-se garantir que as amas

não as vendessem como escravas. A preocupação de entregar as expostas a pessoas de

''boa vida e costumes" é manifestada no Alvará de 12 de

Fevereiro de 1783, onde se estabeleceram penas para to­dos os que aliciassem ou seduzissem as expostas.

Na primeira metade do século XIX foram tomadas diversas resoluções, destacando-se o aperfeiçoamento do sistema de escrituração dos livros e o controlo das amas, actividade esta que era exercida pelos visitadores ou ins­pectores, e pelos párocos de cada freguesia. Também sur­giu a preocupação de identificar melhor os expostos com menos de 7 anos de idade, os quais, até aí, eram apenas descritos nos registos de entradas e nos livros de entre­gas a amas, para, depois, poderem ser identificados. Este sistema não era muito eficaz. Foi por isso que em Veneza, na Sicília e noutras regiões da península italiana (ao lon-

Arquivo Histórico ----------------------------------------------------~--~

godos séculos XVII a XlX), a identificação destas crian­

ças se f.wia através de marcas que eram aplicadas utili­zando ferros cm brasa ou tatuando os bebés. Conforme refere Casimira Grandi6

, este procedimento era implementado para garantir aos expostos uma identida­de institucional. o que lhes pcrmitia poder receber apoi­os, educação, e posteriormente, no caso de serem rapa­rigas, rcqucrcrem um dote. Na Misericórdia de Lisboa não existe nenhum indício de que estas ''cicatrizes fokmtes" tivessem sido infligidas alguma vez em Portugal. Das simples descrições registadas cm livros (em que se <\.~sina­lavam os traços físicos das crianças), passou-se para a colocação de um colar de fio no pcscoço, fechado com um selo de chumbo", onde era gravado o número que

tinha sido atribuído à criança8• Dcsra forma, pretendia-se

evitar que surgissem trocas de crianças, permitindo também um maior controlo sobre as amas; tentava-se impedir que esras apresenta~st•m uma criança bem cons­tituída, cm vez do exposto que podia até já rer morrido.

Apesar de todas as medidas tomadas, incluindo a

concessão, por O. Maria I, da exploração das Lotarias9, a

situação económica da Misericórdia permanecia muito precária, pelo que os pagamentos às amas sofrian1 gran­des atrasos. Isto teve como consequência uma progres­siva escassez de mulheres para amamentarem e educa­rem um número crescente de expostos. Devido à enor me acumulação de crianças na Casa, propagavam ·se doenças, o que originou um aumento da mortalidade infancil. Na segunda metade do século XIX, para mino­rar este problema e, simultaneamente, reduzir o aban-

ras mais de 2.600 crianças por ano, o que corresponde a uma média de sere por dia, tornando muito mais comple­xo, não só o sistema organizativo, mas também o de colo­cação destes recém-nascidos. Por outro lado, a mortalidade infantil era cada vcr maior.

Deste modo, a contestação em rdaçáo ao sistema da 'roda' {que privilegiava o anonimato), foi aumentando significativamente. Através da acção reformadora do Provedor Marquês de Rio Maior, foram aprovadas as

Instruções Regulamentares sobre o Stn'i(O de Vigiláncia e Polícia da Rodtz11 , que imroduziram uma profunda alte­

ração no seu funcionamento. Os menores passaram a ser expostos no imerior da Casa da Roda ',sendo que a en­trega era feira a um encarregado, apenas durante o dia. Este registava o nome dos pais e/ou da pessoa que trazia a criança, recolhendo também outras informações, no­meadamente, relativas às causas da exposição. Se uma cri­ança era abandonada em locais públicos, procedia-se a uma investigação, numa tentativa de identificar os seus progenitores. Todas estas mudanças tiveram como consequência uma drástica redução do nLunero de expos­tos, permitindo, assim, uma intervenção mais adequada.

Para a criac,:ão c educação dos expostos, a Misericór­dia recorria a amas externas, sendo que as amas inter­nas 1 garantiam o apoio às crianças que transitavam pelo Hospital dos Expostos '. Esta permanência temporária efectuava-se no pcríodo compreendido cntre a exposi­ção na Roda e a entrega da criança a uma ama externa, assim como, no caso das amas os remeterem de novo à Instituição.

Através da acção reformadora do Provedor Marquês de Rio Maior, foram aprovadas as Instruções Regulamentares sobre o Serviço de Vigilância e Polícia da Roda

dono das crianças, determinou·sc conceder, às famílias pobres da cidade, uma verba durame os primeiros anos de vida dos bebés, iniciando-se também a atribuição de sub­sídios destinados ao pagamento de rendas de casas.

Todo o complexo sistema relacionado com a situação dos expostos pode ser dividido cm dois grandes perío dos. Como refere Isabel dos Guimarães Sá, '.:4 primeira fase contempla um período que se estende desde a Antigui­dade até mMdos do século XV !I, em que o abandono exis­tia, em l~gal, mas não era um jt'llómmo de m11Ssi1S (. .. ) re­latil'llmmu à segunda J11Se, fir!tmi do período iluminista, que representrt uma explosão do fenómeno por toda a f.'u rapa, onde adquire proporções gigantescllS que se prolongam por boa parte do século XIX ·~u

Conforme referem diversos aurores, são múltiplos os aspectos sociais, políticos, religiosos e filosóficos que se foram alrcrando ao longo da~ ~.:emúrias de 1700 c de 1800. Neste período, a exposição passou a evidenciar um número crescente de filhos oriundos de relações ilícitas.

Isto originou que o volume de exposições não parasse de aumentar; na segunda metade do século XIX, só na Roda da Santa Casa da Misericórdia dc Lisboa, foram expos-

Situação bem distinta era a das 6rfãs que concorriam para serem admitidas no Recolhimento, dando-se especial atenção às que se encontravam "cm maior perigo" 1 ~.

Aí residiam e recebiam educação com o objectivo de se prepararem para uma vida futura. Este procedimento era levado a cabo no edifício da Santa Casa, com interven­ção exercida directamente por funcionários da Miseri­córdia de Lisboa. Até ao terramoto de 1755 as órfãs en­contravam-se insraladas na amiga sede da Santa Casa. Depois de um período conturbado foram transferidas para São Roque e em 1833, o Recolhimento foi coloca­do no edifício do antigo Convento de São Pedro de Alcântara. Esta acção era, portanto, muiro diferente da

que era concedida aos expostos, e só era possível porque o número de órfãs admitidas era reduzido. O controlo do número de admissões no Recolhimento estava rela­cionado com as verbas específicas doadas por benfeito­res. Estes montantes, entregues pelos beneméritos, tam­bém condicionavam o número de dotes concedidos pela Misericórdia, privilégio a que, por meio de concursos, as órfãs recorriam para terem acesso a um casamento mais digno.

CIDADE SOLIDARIA JANEIRO 2006 83

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Em 1833, as órfãs foram transferidas para o antigo Convento de São Pedro de Alcântara

Por outro lado, conrinuaram a ser tomadas resoluções tendo cm vista apoiar os doentes. Foi instituído um ser­viço de arcndimcnro médico ao domicílio, a fim de evitar uma maior acumulação de doemes nos hospitais. Para al­cançar este objectivo, também foi decidido proporcionar a ajuda alimentar aos necessitados, através da criação da

Sopa da Caridade (desde 1888) que mui to contribuiu para a sobrevivência de um grande número de famílias.

No início do século XX, de acordo com o aperfeiçoa­mento das democracias europeias, a Santa Casa dedicou uma especial atenção à formação dos menores, de for-

os mais desprotegidos. É o caso do Sanatório de Sanr'Ana, instituído por vontade de uma benemérita, no início do século. Em 1927 a administração desta Insti­tu ição foi entregue exclusivamente à M isericórdia deLis­boa e, no início dos anos 60, após uma reformulação, passou a ser designado por Hospital Ortopédico de Sanr'Ana.

No apoio às fumílias foi incremenrado o acolhimento de crianças cm risco, a consuuçáo de mais lactários e cre­ches, a concessão de refciçóe.ç e de subsídios específicos, para além da criação de um vasto programa de vacinação.

No início do século XX, de acordo com o aperfeiçoamento das democracias europeias, a Santa Casa dedicou uma especial atenção à formação dos menores, de forma a fazer deles cidadãos mais esclarecidos e participativos

ma a fazer deles cidadãos mais esclarecidos e participa­tivos. Muitos jovens foram colocados em estabelecimen­tos que lhes proporcionavam um ensino específico, no­

meadamenrc nas Oficinas de São José, no Asilo das Cos­tureiras, na Escola Agrícola da Paiá ou no Asilo-Escola

António Feliciano de Castilho. Ao longo deste mesmo século, d iversas instituições de

assistência fora m integradas na Santa Casa, tendo cm vbta garantir a continuidade de acções concretas consi­deradas essenciais para m inorar as carências c dignificar

84 JANEIRO 2006 CIO AOE SOLIDARI A

Mais reccmcmentc, muitas actividades foram desenvol­vidas, de forma a dar resposta aos novos desafios da cida­de. Podem ser destacadas medidas inovadoras em relação:

- Ao tratamento c recuperação de deficientes, através da criação do Centro de Medicina de Reabilitação do

Alcoitáo, onde foi promovida a formação de técnicos especializados. A parti r de 1994 esta Escola fo i integra­da no sistema nacional de ensino superior, passando a ser designada por Escola Superior de Saúde do Alcoitáo;

- Aos idosos, cm número cada vez mais significativo;

Arquivo Histórico ----------------~

- A~ minori.h ..=tnicas c culturais, corno os ciganos e

os imigrante~. que têm vindo a beneficiar de políticas de

indus,\0: \m refugiados de diversos paísc~ que são acolhidos

pd 1 <;ant 1 Casa; \os port.tdorcs do HIV/SIDA, para quem foram cri­

adas residências c outrm apoios específicos; - Am sem abrigo, p.tra os quais têm vindo a ser cria­

dos progr.un.ts de imcgraç:io; -A forma~ão profissional c escolar de grupos com

vulnerabi lidades: jovem que abandonaram precocemen­

te a escola l' adultos desempregados não qualificados; À edul".tção da infj ncia. efectuada cm creches, para

além do ensino pré-escolar c de ATL's; A mulheres c crianças m;\ltraradas;

- A novos procedimentos, tendentes a promover o nú­mero de .tdopçoes.

í: import.mtc referir que. par;\ além da Lotaria, foram

implcment.tdm outros Jogos l.óociais. Saliente-se que a percentagem at ribuid.t à t\.1iscricórdia de I isboa, prove­niente do mont.mtc global gerado pelos Jogos Sociais.

financi.t, l'lll gr.mdc p.trtc, o vasto programa de acção aré

aqui enunciado.

Bibliografia

Ao longo dos seus quinhcnros anos de llistóri.t. est.t instiruiç-jo rem ,·indo .1 pôr cm prática as 14 obras de miscricórdi.l, como t.ompromis­

so Inicial c obje~:rivo permanente. promovendo a dignitktç-:io do l ~ o­mcm. A sua principal preowpacyJo, foi cumpnr sempre o desígnio cris­tão que lhe foi pedido no momento

cm que t(Ji instmuda, cm 1498, na Capela da I err.t Solta, situada no claustro na ~é Parnarcal de I .isbO<l.

Desde entáo, esta Ctsa de Bem Fa· zer c de Fater o Bem, tem rido como

objectivo primordial a defesa dm Di­reitos Humanos. 1:, porque a popu­lação encontrou na Misericórdia de I isboa o csp•tço vit;tl para o acolhi-mento ;tos m.tis dcsprmcgidm. passou a designá-la por

Santa Cas.1. n

"l>n«tor do Arqu110 Htsttirt<o/Bzblioucd dA SCHI lraballro 11prnmt.tdo no IV 'i<mmarzo lnumaczonal d~ Arquit·os J,.

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A altcra~o d• ,b.tc tem • Hr com determina\<,.... e-.t:>helcod•, <tn <ro<•• d1fcr<"nt<> Pmpo u de 1 de :'\membro de I <), Jo, ~lordomm dJ Real C..a...-. dm Expmrns uucrna no I:\To n•l dos \'tsos e O~~ns d• :\:e,~. t?ltos 90 • 92 \rr (' wmr Jll<tl 1 .csm corporc1 ddl"1dcntul L>utuúmulc suglo rspo•U da \Jnu \I• na della I 1rtl olt \cncw (!oC"<ol• X\ 11 XIX) ,ln Catálogo do Congr<>...., Bcn«<ctto ~h• t1

I" ru, nulr.lcuo du 11 m•nd.: l'mfanzt> Jhh•ndonau nd Tri\cncto ('<-coli X\ XIX 1-.stC' s1 tcm.J. ftu r.uhsc uudo JlC'r pulseua' de prau. com a idc.:ntih~o.a~ráo da <r&311Ç 1. rm rnr-.hlns dn r.kulo XX I \la prath.1i lol lmponotda <LI. I urop.l, 5-Jiicntando que, em alb'11ffi3\ rc..-g•oe~ ll.tiJ.Ul.U, )J. se unha imu.u.lo o li\U c.Ju, ,otm. comsc.:lo' de t:hurnbo c·piombino ). dc,Jc,: () ~ulo

X\ III Atr . .,fs .lu()"""' de 1M d< r\oH·mbrn de l~l!~. )sJhd c.lm. ( ,uun.llJl' S-1, prd.h.IO do ln\t·nc.irio cJa Criação do~o 1 xpo,tn' (1 i'hnJ~ S( ~11. PNS) P-~~liiJ XI

I '"" "·" .\, '·" .(, \ k•.l dJ S( M 1.. '"":"' de ·l <k Dc1cmhro de 1870, lólio I 19 101 H'lt.mu;n lt' unte pcrul1.1n qur n m('c...\ni\lllC') da Roda da ~1Í\.Crkc)rc.li.l de: I i\hfl.l foi dntnndo .. \~..tu.almcnll• tnnm. t..-Onhniml·nto da ~ua cxana l ocaliz..t~ao, JHJ.\Ó do\

demente" Ul\l,:rulch nunu pi.U1 U .uquitcltÓnic.t. elaborada no\ primeiro' J llU\ do 't~ulo XIX. .,, .ull.t\ lmc.·wa< u.,m cm nlnncw muito m.\i) rc,hu ido.

'() llmpit.ll do' l xpo\tu\ l'U n lcllal onde.· O\ cnjeit;~do~ pc:rnuncd.un .tt~ 't'tl'IH cntrq~Ul'\ :,, JUt.l\. . , . . ( umidl'fd\,l ,~que \l' ciH.nntrJ\oH'Il .. cm m.1ior pl'rigo"' a> órf • .., tltll' .lprc,cnt.l\,tm l'iJll'dJi' Jmu lhllO'i, t.tl«.nfllt) ptx.lc.· 'c: r lnnflrmado atr.t\cs dO'llt)mentano' dc~l.ntn\ <·rn

diH''f\Uli prHl(\'\th

CIDADE SOLIDARIA JANEIRO 2006 85