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Imigração e Desenvolvimento da Família Spisla Spisila, M. 1 1 Marcos Spisila ''Brasileiro de registro, coração polonês!'' (em polonês Brazylijczyk z urodzenia, sercem polak!) [email protected] Resumo – Este artigo apresenta uma síntese dos eventos ocorridos na região da Silésia e que culminaram na emigração, de uma parcela de sua população, para as terras brasileiras; os sobrenomes existentes na época, seus significados e pronúncias, os quais foram herdados e são utilizados, até hoje, pelos descendentes brasileiros; a língua falada pelos silesianos e que permanece viva na memória de alguns moradores. O artigo faz menção da atual localização geográfica da região de origem de muitas famílias do bairro de Santa Cândida e também cita as dificuldades e esperanças depositadas na nova terra e finaliza levantando a árvore genealógica da família Spisla, uma dentre tantas, que vieram atrás de novas oportunidades, em uma terra totalmente desconhecida. (Palavras-chave: origem, Silésia, Spisla) Introdução A motivação deste artigo vem da busca por respostas de algumas situações corriqueiras, vivenciadas pelos descendentes poloneses e silesianos como: o gosto em plantar hortaliças e flores; a pronúncia diferente de palavras, em relação a língua polonesa; a religiosidade; o orgulho de sua ascendência e o desejo de resgatar a origem. Em síntese: Quem sou eu? (em polonês, Kim jestem?) Histórico da Silésia A história rica e complexa da Silésia (em polonês Śląsk) impactou, de forma significativa, na construção de sua identidade. Em 1795, foi dividida em três partes, sendo dominada pela Rússia, Prússia e Áustria. Estes países procuraram enfraquecer a cultura polonesa, proibindo o ensino do idioma polonês e do catolicismo. As perseguições levaram ao empobrecimento e a miséria da população, fazendo com que os lavradores ficassem sem as suas terras. A Silésia se tornou parte do Império Alemão quando a Alemanha foi unificada em 1871. Com a considerável industrialização da Alta Silésia, houve migração de muitas pessoas para a região. A maioria da população da Baixa Silésia falava o idioma germano e pertencia a religião luterana, incluindo a capital Wrocław, então conhecida como Breslau. Em contrapartida, em parte da Alta Silésia e no distrito de Opole, a maioria da população falava o idioma polonês e pertencia a religião católica romana. Na totalidade da Silésia, os poloneses representavam cerca de um terço da população. A Kulturkampf foi um movimento anticlerical alemão, iniciado por Otto von Bismarck, chanceler do Império Alemão, em 1872. Durante o movimento, foram presos seis dos dez bispos católicos da Prússia e centenas de padres e religiosos tiveram de abandonar o país. Esta ação colocou os católicos em oposição ao governo e iniciou um renascimento polonês. Antes da Segunda Guerra Mundial, a Silésia era habitada por alemães, poloneses e tchecos. Em 1905, um censo mostrou que ¾ da população era alemã e ¼ polonesa. Ocorreram três revoltas silesianas entre 1919 e 1921. A Silésia foi reorganizada em duas províncias prussianas: Alta Silésia e Baixa Silésia. Com o início da Segunda Guerra Mundial, a região da Silésia foi novamente ocupada pela Alemanha em 1939. Os silesianos poloneses foram massivamente mortos ou deportados. Durante e depois da segunda guerra, a maioria dos silesianos alemães fugiu da Silésia, foram retirados, expulsos ou emigraram, sendo que, um grande grupo de silesianos, vive hoje na Alemanha. A indústria da Silésia foi reconstruída após a guerra, sendo a região repovoada pelos poloneses (a maioria expulsa das terras anexadas pela União Soviética).

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Imigração e Desenvolvimento da Família Spisla Spisila, M.1

1 Marcos Spisila ''Brasileiro de registro, coração polonês!''

(em polonês Brazylijczyk z urodzenia, sercem polak!) [email protected]

Resumo – Este artigo apresenta uma síntese dos eventos ocorridos na região da Silésia e que culminaram na emigração, de uma parcela de sua população, para as terras brasileiras; os sobrenomes existentes na época, seus significados e pronúncias, os quais foram herdados e são utilizados, até hoje, pelos descendentes brasileiros; a língua falada pelos silesianos e que permanece viva na memória de alguns moradores. O artigo faz menção da atual localização geográfica da região de origem de muitas famílias do bairro de Santa Cândida e também cita as dificuldades e esperanças depositadas na nova terra e finaliza levantando a árvore genealógica da família Spisla, uma dentre tantas, que vieram atrás de novas oportunidades, em uma terra totalmente desconhecida. (Palavras-chave: origem, Silésia, Spisla) Introdução

A motivação deste artigo vem da busca por respostas de algumas situações corriqueiras, vivenciadas pelos descendentes poloneses e silesianos como: o gosto em plantar hortaliças e flores; a pronúncia diferente de palavras, em relação a língua polonesa; a religiosidade; o orgulho de sua ascendência e o desejo de resgatar a origem. Em síntese: Quem sou eu? (em polonês, Kim jestem?)

Histórico da Silésia

A história rica e complexa da Silésia (em polonês Śląsk) impactou, de forma significativa, na construção de sua identidade.

Em 1795, foi dividida em três partes, sendo dominada pela Rússia, Prússia e Áustria. Estes países procuraram enfraquecer a cultura polonesa, proibindo o ensino do idioma polonês e do catolicismo. As perseguições levaram ao empobrecimento e a miséria da população, fazendo com que os lavradores ficassem sem as suas terras.

A Silésia se tornou parte do Império Alemão quando a Alemanha foi unificada em 1871. Com a considerável industrialização da Alta Silésia, houve migração de muitas pessoas para a região. A maioria da população da Baixa Silésia falava o idioma germano e pertencia a religião luterana, incluindo a capital Wrocław, então conhecida como Breslau. Em contrapartida, em parte da

Alta Silésia e no distrito de Opole, a maioria da população falava o idioma polonês e pertencia a religião católica romana. Na totalidade da Silésia, os poloneses representavam cerca de um terço da população. A Kulturkampf foi um movimento anticlerical alemão, iniciado por Otto von Bismarck, chanceler do Império Alemão, em 1872. Durante o movimento, foram presos seis dos dez bispos católicos da Prússia e centenas de padres e religiosos tiveram de abandonar o país. Esta ação colocou os católicos em oposição ao governo e iniciou um renascimento polonês.

Antes da Segunda Guerra Mundial, a Silésia era habitada por alemães, poloneses e tchecos. Em 1905, um censo mostrou que ¾ da população era alemã e ¼ polonesa.

Ocorreram três revoltas silesianas entre 1919 e 1921. A Silésia foi reorganizada em duas províncias prussianas: Alta Silésia e Baixa Silésia.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, a região da Silésia foi novamente ocupada pela Alemanha em 1939. Os silesianos poloneses foram massivamente mortos ou deportados. Durante e depois da segunda guerra, a maioria dos silesianos alemães fugiu da Silésia, foram retirados, expulsos ou emigraram, sendo que, um grande grupo de silesianos, vive hoje na Alemanha.

A indústria da Silésia foi reconstruída após a guerra, sendo a região repovoada pelos poloneses (a maioria expulsa das terras anexadas pela União Soviética).

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A figura 1 apresenta a região de Wrocław (Polônia), nos dias atuais.

Figura 1. Wrocław na atualidade.

Disponível em: http://wikimapia.org/25367/Centrum-Bielany, 2014

Atualmente, a Silésia é uma região

histórica dividida entre a Polônia, a República Checa e a Alemanha, sendo uma importante zona industrial da Polônia e da República Checa. No entanto, nos últimos anos, depois das mudanças políticas ocorridas em 1989, a região tem sofrido enormes restruturações econômicas, que implicam no fechamento de dezenas de minas. As cidades mais importantes são: Cieszyn (Polônia/República Checa), Bytom (Polônia), Chorzów (Polônia), Glogów (Polônia), Görlitz (Alemanha), Hoyerswerda (Alemanha), Katowice (Polônia), Legnica (Polônia), Opava (República Checa), Opole (Polônia), Ostrava (República Checa) e Wrocław (Polônia). Nos dias atuais, mais de 20 % da população da Polônia vive na Silésia.

Alguns Sobrenomes da Silésia

Conforme relatos de Piotr Wiśny no arquivo Pochodzenie nazwisk siołkowickich, é possível relacionar os sobrenomes mais comuns, existentes ao longo de vários séculos, em parte extintos, embora ainda na memória dos habitantes como apelidos ou pseudônimos, abrangendo os povoados de Stare Siołkowice, Nowe Siołkowice, Popielów da Colônia Popielowską, Chróścice e Kaniów.

Os sobrenomes vêm do período do início da manutenção de registros vitais até a Segunda Guerra Mundial. Os dados foram obtidos a partir da coleção particular de genealogia e com o antigo Cartório de Registro de Siołkowice.

Os sobrenomes pode ser classificados de acordo com diferentes tipologias. Em uma visão geral, os sobrenomes da Silésia são divididos da seguinte forma:

derivado dos nomes (exemplo: Urban);

criado a partir dos nomes dos pais (ponta – ek,-ik) (exemplo: Urbanek);

derivados de apelidos ou para expressar uma variedade de recursos e características pessoais (exemplo: ferramentas de trabalho como: Kosok, Koszyk, Blacha);

de alimentos (exemplo: Krupa); a partir de fenômenos naturais

(exemplo: Wieczorek); tempo e estações do ano (exemplo:

Piątek, Połednie); nomes de plantas (exemplo: Cebula); nomes de animais (exemplo: Kokot); partes do corpo (exemplo: Żyła); apelidos (exemplo: Kupilas); derivados de profissões (exemplo:

Bednarz); formados a partir de nomes de

dignidade, função (exemplo: Król); associados com a etnia ou local de

residência ( exemplo: nome do lugar-relacionados como: Polok).

Conforme o sobrenome, para explicar

a origem, é dada duas ou mais opções. Existe uma outra ortografia, principalmente na forma germânica ou polonesa. A ortografia antiga é uma outra forma de escrita que pode ser encontrada, por exemplo, no registo público. A pronúncia local é a transcrição fonética dos nomes usados no dialeto da Silésia. A data, entre parênteses, indica a partir de quando o nome começou a aparecer em território polonês.

A seguir, são apresentados alguns sobrenomes existentes em Curitiba, principalmente no bairro de Santa Cândida, provenientes da Silésia:

''BALDY – od germańskiego imienia Baldwin (odważny, śmiały); wcześniejsza pisownia – Baudy, Bałdy (XVIII wiek);

BARCIK – od imienia Bartłomiej, Bartholomeus lub od staropolskiego

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barczyć – ryczeć; inna pisownia: Barczyk, Bartzik (1388);

CEBULA – od cebula – roślina warzywna; inna pisownia: Cebulla;

DOŚKA – od imion na Do-; np.: Dominik; inna pisownia: Doschka;

GBUR – od gbur – z gwarowego chłop, kmieć; (1387);

HALAMA – od gwarowego halama – człowiek niezgrabny; (1690);

JELEN – od jeleń – nazwa zwierzęcia; wymowa lokalna: Jejlyń;

KANIA – od kania– drapieżny ptak z rodzaju sokołów; (1399);

KLENK – od staropolskiego klenk – część pługa; od klękać, klęczeć; inna pisownia: Klink;

KUBIS – od imienia Jakub; inna pisownia: Kubisz;

KULIG – od kulik, dawniej kulig – ptak brodzący; (1370);

MAINKA – od maić, maj – nazwa miesiąca, inna pisownia : Mańka;

MAŁEK – od mały, inna pisownia: Malek (1204);

MILEK – od miły, dawna wymowa lokalna: Miyłek;

PAMPUCH – od pampuch – rodzaj pączka, racuch;

PRODLO – od przedać – sprzedac, odstąpić za pieniądze, wymowa lokalna: Prodło;

SLUGA – od staropolskiego śluga, śliga – rózga, nieproszony gość na weselu;

SOPA – od sopać, soupać – sapać, od sopić się – obruszać się , rzucać się, od wschodniosłowiańskie sop – mogiła, inna pisownia: Szopa, Soppa;

SPISLA – od spisać się – dawniej: zaciągnąć się do wojska, inna pisownia: Spiśla, wymowa lokalna: Spiśla, Śpiśla;

WALECKO – od imienia Walentyn lub od walec – wał, kłoda''.

Com relação ao significado do sobrenome Spisla ou Spisła:

od ''spisać'', dawniej zaciągnąć do wojska, też sporządzić spis, ulożyć tekst, też od ''spis'' (rejestr, wykaz), ''spisa'' (dawna broń

kłująca, dzida); inna pisownia: Spiśla; wymowa lokalna: Spiśla, Śpiśla.

Traduzindo para o português, tem origem a partir de ''spisać'', antigamente alistar-se no exército, também fazer lista, compor texto, também a partir de ''spis'' (registro, lista), ''spisa'' (perfuração com arma, lança). A grafia alternativa é: Spiśla e a pronúncia local: Spiśla, Śpiśla. Dialeto Silesiano

Existe uma diferença entre a língua polonesa e o dialeto silesiano. Muitos citavam que os imigrantes poloneses, que vieram para o Brasil a partir de 1870, falavam a língua polonesa ''caipira''. Na realidade, eles falavam o dialeto silesiano.

Como evidências, são apresentadas algumas palavras do dialeto silesiano, traduzidas para as línguas polonesa e portuguesa, comumente faladas no bairro de Santa Cândida, pelos imigrantes poloneses ou silesianos:

staro (em polonês żona, em português

esposa); stary (em polonês mąż, em português

marido); starzik (em polonês dziadek, em

português avô); starka (em polonês babcia, em

português avó); stołek (em polonês krzesło, em

português cadeira); srogi (em polonês duży, em português

grande).

Esta pequena amostra evidencia que as palavras faladas não eram ''caipiras'', mas provenientes do dialeto falado da região de origem, embora algumas palavras, utilizadas na época, foram adaptadas para a nova realidade dos imigrantes. Localização Geográfica da Silésia

Na época da imigração, a Silésia tinha a configuração geográfica da figura 2:

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Figura 2. Mapa da Silésia em 1871. Disponível em:

http://www.rootsweb.ancestry.com/~wggerman/map/germanempire.htm, 2014

A moderna Silésia é habitada em sua

maioria por poloneses e silesianos, mas também por minorias alemãs, tchecas e morávias. O último censo polonês de 2002 mostrou que os silesianos são a maior minoria étnica na Polônia, seguido dos alemães, sendo que ambos os grupos estão localizados, principalmente, na Silésia.

Na atualidade, a Silésia apresenta a configuração da figura 3:

Figura 3. Mapa da Silésia na Atualidade.

Disponível em: http://w849.wrzuta.pl/obraz/5Lt70PlQ7WB/slask,

2014

As maiorias dos imigrantes, que se instalaram no bairro de Santa Cândida, são provenientes da Alta Silésia (em polonês Górny Śląsk).

Na atual divisão política, o local de origem dos imigrantes esta dentro do território polonês, o qual é organizado da seguinte forma:

País (em polonês kraj): Polônia (em polonês Polska);

Figura 4. Mapa Atual da Polônia no Mundo.

Disponível em: http://podroze.gazeta.pl/podroze/56,114158,115096

78,10_najtanszych_miast_Europy.html, 2014

Província (em polonês voivodia): Opole (em polonês Opolskie);

Figura 5. Províncias da Polônia.

Disponível em: http://www.polhotels.com/districts/map2.htm, 2014

Condado ou Distrito (em polonês

powiat): Opole (em polonês Opolski);

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Figura 6. Condado de Opole. Disponível em:

http://www.kupsprzedaj.pl/mapa/opolskie, 2014

Município ou Cidade (em polonês gmina): Popielów;

Figura 7. Cidade de Popielów.

Disponível em: http://mapa.targeo.pl/Gmina-Popielow,737444/gmina, 2014

Aldeia ou Vila (em polonês solectwo):

Nowe Siołkowice.

Figura 8. Vila de Nowe Siołkowice. Disponível em:

http://www.popielow.pl/cms/php/strona.php3?cms=cms_popie&id_dzi=3&id_men=8, 2014

Imigração Polonesa

O governo brasileiro, nos anos de 1870, necessitando substituir a mão-de-obra escrava, promove grandes campanhas para atrair imigrantes para colonizar suas terras. Os poloneses encontram nesta opção, a oportunidade de sobreviver e criar seus filhos com liberdade. A partir de 1870, começaram a chegar às primeiras famílias polonesas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, originárias da Silésia, dos arredores de Opole. A viagem chegava a durar de 20 a 30 dias, em navios superlotados, sem as mínimas condições de higiene. A Figura 9 mostra como eram as condições dos navios.

Figura 9. Navio superlotado de emigrantes.

Disponível em: http://www.lingualab.pl/blog/2011/03/04/tlumacze-

na-ellis-island-%E2%80%93-zycie-cudzym-zyciem/, 2014

Um grande número dos imigrantes

veio apenas com a roupa do corpo e trazendo algumas lembranças do seu país. Alguns eram acometidos de doenças durante a viagem, sendo atirados ao mar, caso suspeita-se de moléstias contagiosas. Em Curitiba, segundo o professor Ruy C. Wachowiscz, de 1870 a 1890 chegaram quase 10.000 colonos, sendo fundadas as primeiras colônias polonesas de Santa Cândida, Tomas Coelho, Lamenha, Orleans (Colônia Dom Pedro II), Santo Inácio e D. Augusto. Nos anos de 1870 a 1914, chegaram ao Brasil, mais de 100.000 imigrantes poloneses. Dos imigrantes poloneses, a maioria era agricultores e

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dedicaram-se ao cultivo de batata, cebola, milho, repolho e outras hortaliças. A minoria era de intelectuais, engenheiros, médicos, naturalistas e ex-combatentes de insurreições nacionais, que não podiam ou não queriam ficar no seu país.

Origem da Família Spisla

Na figura 10 é apresentada a árvore

genealógica da família Spisla:

Figura 10. Árvore Genealógica da Família Spisla.

Disponível em: fonte própria, 2014

Na árvore genealógica, os nomes em vermelho são antepassados nascidos na Silésia, hoje parte do território polonês. Os nomes em verde são descendentes nascidos no Brasil.

Em 29 de julho de 1845, na Colônia Schalkowitz, hoje denominada Nowe Siołkowice, casaram Martin Spisla e Beata Prudlo. Nowe Siołkowice é uma aldeia (vila) na Polônia, localizada na província de Opole, no distrito de Opole, no município de Popielów, conforme o item Local de Origem. O

casal teve 15 (quinze) filhos, sendo: Jacob, Caspar e Balthasar (gêmeos), Gregor, Leopold, Sophia, Johann, Franziska, Peter, Maria, Maria, Rosalia, Stephan, Hedwig e Franz. Martin Spisla foi figura significativa na Colônia, sendo de sua iniciativa a construção da escola, quando foi prefeito. Martin nasceu em 05/11/1826 em Kaniów (na época Hirschfelde) e morreu em 26/01/1880 em Nowe Siołkowice (na época Colônia Schalkowitz).

Caspar Spisla nasceu em 27/12/1847. Em 1869, na Colônia Schalkowitz, hoje denominada Nowe Siołkowice, casaram Caspar Spisla e Margaretha Małek. A vinda para o Brasil aconteceu em 01/04/1876, através do navio à vapor Salier da Figura 11, com destino ao Porto de Santa Catarina. Caspar (29 anos na época) veio para o Brasil com sua esposa Margaretha (31 anos) e seus 4 filhos: Franz (6 anos), Pauline (4 anos), Hedwig (2 anos) e Michael (6 meses). Caspar Spisla se estabeleceu na cidade de Curitiba, no Paraná, onde hoje é o bairro de Santa Cândida. Em 1882, nascia, no Brasil, Pedro Spisla. O casal teve 8 (oito) filhos: Franz, Pauline, Hedwig, Michael, Beatha, Maria, Pedro e Francisca.

Figura 11. Navio a vapor Salier.

Disponível em: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:StateLibQld_

1_169827_Salier_%28ship%29.jpg, 2014

Em 19 de setembro de 1904, na Paróquia de Sant’Ana, no Bairro Abranches, na cidade de Curitiba, no Paraná, casaram Pedro Spisla e Anastazya Jeleń. O casamento civil aconteceu em 01 de fevereiro de 1908, no Cartório do Taboão. O casal teve 10 (dez) filhos, sendo: Francisco, Lúcia, Pedro, Roque, Vicente, Rosália, Edvirges, Ignácio, Cândida e João. Na figura 12 é

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possível observar erros, muito comuns na época, nos registros de sobrenomes. No exemplo o nome de Martha Bałdy Spisla (assinatura) passou para Martha Baudy Spisila (registro). Foi por causa destes erros que hoje, além de Spisla, existe Spisila, Spsila e outras derivações.

Figura 12. Erro no registro de sobrenomes.

Disponível em: fonte própria, 2014 Em 22 de janeiro de 1934, na

Paróquia de Santa Cândida, no Bairro Santa Cândida, na cidade de Curitiba, no Paraná, casaram Pedro Spisla Filho e Martha Bałdy. O casamento civil aconteceu em 20 de janeiro de 1934, no Cartório do Taboão. O casal teve 10 (dez) filhos, sendo: Maria, Paulo, Floriano, Constância, Euzébio, Alexandre, Mônica, Felipe, Fabiano e Bernadete. A figura 13 apresenta o bairro de Santa Cândida na década de 1960.

Figura 13. Bairro de Santa Cândida em 1963.

Disponível em: fonte própria, 2014 Em 24 de julho de 1971, na Paróquia

de Santa Cândida, no Bairro Santa Cândida, na cidade de Curitiba, no Paraná, casaram

Floriano Spisla e Tereza Kierdel. O casal teve 6 (seis) filhos, sendo: Marcos, Luiz Augusto, Marcelo, Edson Lúcio, Roberto José e Juliana Maria. Conclusões O artigo é um resgate a memória dos antepassados que ajudaram a construir uma parte da cidade de Curitiba, com a sua força de trabalho e sua rica cultura. E quem sou eu? (em polonês Kim jestem?) Sou um descendente orgulhoso e feliz pelos ensinamentos e costumes herdados.

Referências 1. KOKOT, Helena; MOCZKO, Józef (2010).

Emigracja do Brazylii z Siołkowic, Popielowa i okolicy cz.1. www.staresiolkowice.pl. Disponível: http://staresiolkowice.pl/emigracja-do-brazylii-z-siolkowic-popielowa/. [04 abr. 2014].

2. KAMPA, Alfonsa (2011). Zarys historii. www.nowesiolkowice.pl. Disponível: http://www.nowesiolkowice.pl. [04 abr. 2014].

3. ANTOSZEWICZ, Família (2011). História Polonesa. www.novapolska.com.br Disponível: http://www.novapolska.com.br/historia.asp. [04 abr. 2014].

4. WIŚNY, Piotr (2012). Pochodzenie nazwisk siołkowickich. www.staresiolkowice.pl. Disponível: http://staresiolkowice.pl/pochodzenie-nazwisk-siolkowickich/. [04 abr. 2014].

5. SZYMA, Rafal (2011). Historia Górny Śląsk. slonzoki.org. Disponível: http://slonzoki.org/narodowoscslaska/historia/. [07 abr. 2014].

Agradecimentos

Agradeço a Deus pelo dom da vida, ao meu querido pai, Floriano Spisila (falecido em 27/10/2013), que sempre teve orgulho e cultivou as suas origens e a Piotr Wiśny pela colaboração no fornecimento de dados para o artigo.