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    Ie ne fay rien

    sans

    Gayeté

    (Montaigne, Des livres)

    Ex Libris

    J o s é M i n d l i n

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    I M P É R I O  DO  B R A Z I L

    T J I A

    DO

    E M I G R A N T E

    PARA  O

    I M P É R I O   D O   B R A Z I L

    P E L O I N S P E C T O R G E R A L

      DAS

     T E R R A S

      E

      COLONISAÇAO

    F

    fle

      B .

     e

      A c c i o l i C L B V a s c o n c e l l o s

    T e n e n t e - c o r o n e l h o n o r á r i o

      d o

      e x e r c i t o

    (PU BLI CAÇ ÃO OinflCIA. ,)

    RIO

      DE

     JANEIRO

    T Y P O G R A P H I A N A C I O N A L

    1884

    606-84

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    S. Ex. o Sr. Conselheiro Antônio Carneiro da Rocha, Ministro

    e Secretario' d'Estado dos Negócios da Agricultura, Commercio e

    Obras Publicas, ordenou que a « Guia do Emigrante » fosse vertida

    para os idiomas francez, allemão e italiano, afim de ser mais facil

    mente conhecida nos paizes européos.

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    R E S U M O

      DOS

      F A V O R E S C O N C E D I D O S

      A

    I M M I G R A Ç Ã O E S P O N T Â N E A P E L O   G O

    V E R N O   D O   B R A Z I L

    i .

      °

      Recepção no porto do Rio de Janeiro.

    2 . °

      Alojamento, agasalho

      e

     alimentação na hospedaria

    da Ilha das Flores pelo tempo necessário até seguirem

    os immigrantes a seu destino.

    3 . °

      Tr an spo rte gratuito nas estradas de ferro ou nas

    linhas d e navegação a vap or até o logar mais próx imo

    do destino escolhido pelos immigrantes.

    4 .

    0

      Concessão de um lote de terras apr op riad as á

    cultura, devidamente medido e dem arcado, com a área

    de 3oo.ooo metros quadrados ou 3o hectares pelo preço

    máxim o de 4gb$ooo réis (equivalen te a 1.414 fran co s.)

    Este preço poderá entretanto variar até o minimo de

    i23$ooo réis (equivalente a 351 francos) conforme, a

    qualidade das terras, sendo o preço estabelecido na razão

    de 0.41 do real a 1.65 réis, por metro quadrado.

    O valor equivalente em francos qu asi sem pre

      é

      inferior

    ao máximo acima estipulado, á vista da variação do cam

    b i o ,

      que ordin ariam ente favorece a moe da estrangeira.

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    — A -

    No calculo feito considerou-se o cambio ao par, isto

    é, o franco valendo 35o réis, quando entretanto esse

    valor pôde crescer, tornando assim menos oneroso o

    pagamento nessa moeda.

    5.° Faculdade ao imm igrante de pagar a v is ta esse

    lote,  ou em prestações, duran te cinco ann os, no m áxim o,

    addicion ando-se -lhe no segundo caso mais 20 % sobre

    a importância do lote.

    6 .° Liberdad e ao imm igrante para somente começar

    o pagam ento por prestações a con tar do com eço do

    terceiro anno depois do seu estabelecimento ; abatendo-

    se-lhe 6 °/

    0

      sobre o valor das prestações que pagar

    antecipadamente.

    7 .

    0

      Collocação e estabelecim ento no lote que lhe fôr

    distribuído.

    Esses auxilios vão ser ampliados, sendo intenção

    do Governo auxiliar não só o transporte dos immi

    grante s dos seus paizes para o Brazil, como instituir

    prêmios pecuniários pa ra rem une rar os melhores pr o-

    du cto s, que se apresen tarem nas exposições coloniaes,

    que se estabelecerão annualmente nas povoações de

    origem colonial.

    O Governo trata de organizar comm issões com o fim

    de alargar na m aior escala possivel a dem arcaçã o das

    ter ras devolutas e a respectiva subdivisão em lotes de

    3o hectares para o estabelecimento de immigrantes, uti-

    lisando de preferencia as terras já servidas pelas estradas

    de ferro ou de rodagem e rios navegáveis.

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    INSPECTORIA GERAL

    DAS

    T E R R A S

      E

      C O L O N I S A Ç Ã O

    Au xil io aos imm igrantes

    O serviço da imm igraçao acha -se organizado no Brazil

    com a precisa regularidade.

    Uma re partiç ão, denominada « Inspectoria G eral das

    Ter ras e Colonisação », com o pessoal sufficiente pa ra os

    seus variados encargos, prove a tudo quanto diz respeito á

    recepção, aga salh o, destino e estabelecimento dos immi

    grantes

     .

    Ahi se acha a m atric ula de todos os imm igrantes e o

    destino que estes tomam no primeiro estabelecimento, de

    modo que se lh e torna muito fácil da r qua lquer noticia

    que seja solicitada a respeito deste ou daque lle im m i

    gra nte .

    A cargo da mesma repartição está o serviço da dem ar

    cação das te rr as publicas o respectiva divisão em lotes

    para a collocação dos imm igrantes , serviço este que é

    executado por agentes de toda confiança dô Governo.

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    — 6 -

    Os lotes para o estabelecimento dos immigrantes são de

    preferencia medidos nas vizinhanças dos núcleos e povoa-

    ções de origem colonial existentes, procurando-se as mar

    gens dos rios navegáveis e das estrad as geraes e tendo-se

    muito em vista a qualidade das ter ra s e demais condições

    exigiveis na cultura.

    Os lotes preparados para os immigran tes tem a superfície

    de 300.000

    1

    "

    2

     correspondentes a 30 hec tares, variand o o

    respectivo valo r de 123$000 réis a 495$000 réis ( 35 1

    francos a 1.414 francos) á razão de 11.7 frs. a 46.8 frs.

    por hectare ou 0. 4 1 de real a 1.65 réis por metro qua

    drado .

    O imm igrante é possuidor do seu lote desde que nelle è

    installado, para o que recebe um titulo provisório, que é

    substituid o pelo titu lo definitivo, logo que elle effectua o

    pagamento da ultima prestação relativa ao mesmo lote.

    O pagamento é feito á vontade do im m igran te, á vista ou

    por prestações.

    No primeiro caso lhe é expedido desde logo o respectivo

    titulo definitivo. No segundo, isto é, no caso de preferir o

    immigrante fazer o pagamento do seu lote por prestações,

    estas serão effectuadas nos cinco annos seguintes ao se

    gundo anno do estabelecimento, com o accrescimo de 20  °/

    sobre o preço do lo te, de modo que tem o imm igrante 7 annos

    para fazer o pagam ento da sua divida, accrescend©ainda em

    seu favor, que nos dous primeiros annos pôde occupar-se

    livremente da sua lavoura, pois que somente do 3

    o

     anno

    em diante é que começa para elle o encargo do pagamento

    da módica prestação annual de 29$520 réis a 118$080 réis

    ou 84 frs. a 337 frs.

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    A boa qualidade das te rra s que lhe são distribuidas, os

    recursos que encon tra para a venda dos seus productos já

    nos caminhos que rodeiam o seu lo te, já na v isinhança das

    povoagões por onde passam as es trad as ge rae s, que os com-

    municam com os grandes mercados consumidores ou com

    os portos maritimos ou fluviaes, a facilidade que elle

    encontra nas transacções pelos auxilios que lhe são natu

    ralmente proporcionados pelos seus compatriotas já esta

    belecidos nas florescentes povoações, em que se acham

    presentementemente transformadas quasi todas as antigas

    colônias ; tudo concorre para que o imm igrante possa

    effectuar muito suavemente

     o

     resgate

     de

     sua divida , obtendo

    o desejado titu lo que o eleva a dono absoluto do seu lo te,

    podendo fazer da sua propriedade o que bem lh e aprouver.

    Está subentendido que o immigrante que obtiver maior

    somma de recurso s pôde á sua vontade remir-se em qu al

    quer tempo da sua divida, sem ter necessidade de esperar

    que se vença o tempo m arcado pa ra o pagamento das pres

    tações, obtendo aliás uma reducção de 6 % correspo n

    dente à prestação ou prestações que pagar antecipada

    mente.

    Chegados ao porto do Rio de Ja neiro, encontram os

    immigrantes todos os auxilios e favores que lhes são neces

    sários até alcançarem o seu destino.

    Todos os vapores en trados dos portos da Eu rop a sao

    visitados por um Agente da Inspectoria de Terras e Colo-

    nisação, que na lingu a Italiana , Franceza ou Allema,

    conforme a nacionalidade dos imm igrantes, que vem a

    bordo, lhes offerece em nome do Governo a hospedagem

    no estabelecimento dos imm igrantes situado na pittoresca

    Ilha das Flores, na formosa bahia do Rio de Janeiro, a 5U

    minutos da cidade, na qu al se gosa de um ameno clima

    constantemente refrescado pelas brisas do m ar, o que

    a torn a essencialmente salubre e agradá vel aos seus

    habitantes.

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    As excellentes condições desta Ilh a são justificadas pelo

    inalterável estado sanitário de mais de 12 .00 0 im mi

    grantes, que no periodo de 15 mezes ahi têm sido alojados,

    sendo que nesse periodo rein aram na cidade as enfermi

    dades próp rias da estação calmosa, sem que en tre tan to

    alli apparecesse o mais ligeiro caso de moléstia.

    Comtudo para attender a qualquer caso imprevisto tem

    o estabelecimento á sua disposição um faculta tivo , bem

    como uma botica supprida dos medicamentos mais ne

    cessários, sendo os enfermos recolhidos a uma enfermaria

    montada comtodos os recursos no mesmo estabelecimento,

    e nos casos graves levados para o Hospital Geral.

    Embarcações apropriadas conduzem com toda a se

    gurança e possível commodidado aquelles immigrantes

    que aceitam o offerecimento que lhes é feito pelos Agentes

    da administração.

    Chegados á Ilha das F lore s, para onde são acompanhados

    por um em pregado da hospedaria, são os im migran tes

    ímmediatamente ahi alojados; encarregando-se outro

    empregado de despachar as bagagens que são recolhidas a

    um deposito com toda a segurança.

    Depois de convenientemente installados, vêm os im m i

    grantes um a um com as respectivas familias ao E sc ri-

    pton o da Directoria, afim de fazerem as suas declarações

    sobre o destino que trazem, bem como sobre a su a naciona-

    1 dade, idade, profissão e procedência ; sendo estes esclare

    cimentos de muita utilidade para qu alq ue r informação

    nelos JS?

      r e S p e

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    P° solicitada

    sVccede

      P n a E u r 0 p a

    '

      c o r a o

      freqüentemente

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    — 9 —

    Os imm igrantes vão para onde desejam i r ; nenhum a

    imposição lhes é feita; são inteiramente livres na escolha

    do seu destino .

    Assim, tendo feito declaração da localidade onde d e

    sejam estabe lecer-se , depois da demora necessária na

    hospedaria para repouzarem das fadigas da viagem e para

    fazerem a lavagem de suas roup as, são os imm igrantes

    gradualmente enviados aos seus destinos, seguindo pela

    estrada de ferro D . Pedro II os que demandam a pr o-

    vincia de S. Pa ulo e de Minas ou as estações intermedias

    da província do Rio de Janeiro e embarcando nos pa

    quetes respectivos aquelles que querem ir pa ra as

    provincias do littoral.

    Em todos os embarques são acompanhados por umAgente da adm inistração, que falia diversas língu as , ao

    qual cabe providenciar não só acerca da conveniente

    accominodação dos imm igrantes, como sobre o acondiciona-

    mento da respectiva bag agem .

    Na província de S. Pa ulo encontram os im migrantes

    um serviço análogo ao que está estabelecido na corte , oqual é feito por conta do Governo Provincial.

    Os immigrantes, pois, alli chegados, têm igualm ente

    recepção, agasalho, e tudo mais que lhes é preciso para

    alcançarem o termo da sua viagem.

    Sahindo da corte no trem das 5 horas da manhã , os

    immigrantes chagam a S . Paulo às 6 horas da tar de . Na

    estação encontram logo um Agente que os leva para a

    Hospedaria Provincial.

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    - 10 —

    Nas províncias do Espirito Santo, Pa ra ná , Santa Ca-

    tharina

    P

    e Rio Grande do Sul, para onde affluem os imnu-

    tra nt es em grande num ero, em conseqüência da crescida

    fopu ação colonial que alli existe, agentes do governo re-

    S e m a bordo e dirigem o desembarque dos imm igrantes

    e lhes facilita, proporcionando áquelles que os reclamam,

    os meios de tran spo rte para os núcleos coloniaes, aos

    quaes quasi todos vêm destinados ; correndo por conta

    do Estado toda a despeza de tra nspo rte que se haja de

    fazer por água ou pelas vias terrestres, bem como o

    agasalho e alimentação até seguirem para as loca lida

    des a que se dirigem.

    E' intuito do Governo estabelecer em todas as referidas

    provincias um serviço regular para a immigração igual ao

    que é feito na capital do Império e em S. P a u lo . P a ra

    esseeffeito tem providenciado afim de que os governos

    provinciaes fundem estabelecimentos análogos, concor

    rendo o Governo Geral com os aux ilios que estiverem ao

    seu alcance.

    E s t a b e l e c i m e n t o d a I l h a d a s F l o r e s

    A hospedaria dos imm igrantes na Ilha das Flores é

    um vasto estabelecimento com accommodações para 1.00 0

    imm igrantes no minimo, podendo em casos de afluênc ia

    accommodar sem atropello até 1.500 indivíduos.

    O edifício principal é dividido em quatro grandes sa

    lões,

      bein arejados, onde está o dorm itório com accom mo

    dações especiaes para as fam ílias. Além destes sa lões

    existem mais no mesmo edifício trê s salas pa ra enferm a

    ria e consultório medico, dous escriptorios, a arre cad açã o,

    e os aposentos que servem de habitação aos empregados

    subaltern os. Uma larga e extensa va ran da rodeia o

    edifício.

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    — 11 —

    Em um corpo separado acham-se a cozinha, a copa e

    a dispensa providas de todos os utensílios necessários para

    o serviço do maior num ero de alojados. O salão do re

    feitório está guarnec ido por aceiadas mesas de madeira

    com o estrado de mármore, podendo accommodar de uma

    só vez 400 pessoas, commodamente assentadas em bancos

    apropriados.

    O refeitório está provido do mater ial competente em

    quantidade necessária para que sejam servidos na mesma

    occasião todos os que se acharem ás m esas.

    A comida dos imm igrantes é sadia, abundante e bem

    preparada— , tendo-se muito em vista servil-os de p re

    ferencia com os alimentos a que se acham mais ha bi tu a

    dos,

      segundo os usos de cada nacionalidade .

    Os imm igrantes tomam trê s refeições por dia. A's 8

    horas da manhã lhes é servido o almoço que consta de

    café,  pão e manteiga, tudo á von tade.

    A' uma hora da tarde serve-se-lhes o  jantar, que consta

    de sopa de ba tatas, arroz ou m aca rrão, feijão guizado

    com herv as, arro z, carne fresca ensopada com batatas ou

    verduras, farinha de mandioca e pã o; tendo por sobremesa

    laranjas ou bananas, tudo em quantidade suffíciente.

    A's 6 horas da tarde dá- se- lhe s a ceia, que se compõe

    de café, pão e mante iga.

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    - 12 -

    Quando os immigran tes têm de segu ir a seu destino, o

    que sempre tem logar pela manhã, não sahem sem tomar a

    prim eira refeição, ainda mesmo que seja pela m ad ruga da

    para aquelles que têm de seguir pela estrada de ferro

    D.

      Pedro II .  A esses ainda é distribuída um a ração p re

    parada para merendarem durante a viagem.

    A hospedaria dos immigrantes dispõe do m ate ria l flu-

    ctuante necessário para o serviço ordinário do emb arque e

    desembarque dos mesmos. Em casos extra ord inário s e o

    serviço m arítimo aux iliado pelos arsenaes de marinha e de

    gu er ra , que segundo as ordens do governo açodem prom -

    ptamente para que não se dê falta no transporte dos im

    migrantes .

    O accesso á Ilha é facilitado por uma ponte, onde se

    acham assentados os apparelhos necessários para o desem

    barque das bagagens que são recolhidas a um vasto e

    seguro armazém situado próximo á mesma ponte, com a

    qual se communica por trilhos de  ferro, sendo as bagagens

    collocadas em wagonetes que promptamente as levam aos

    respectivos logares.

    Todavia o governo tem em vist a al ar ga r as accommo-

    dações afim de receber maior num ero de im m igrantes,

    aproveitando as excellentes condições da Ilha das Flores

    que pelo seu ameno clima, aspecto pittoresco, variada

    arboiisação e agradáve l situação na bahia, a poucos

    minutos do povoado do Barreto , aprazível arr ab ald e

    da cidade de Nictheroy , capital da província do Rio de

    Janeiro, e a 50 minutos, pouco mais ou menos, da

    capital do Império, offerece por todos os m otivos o mais

    desejável e commodo conforto a todas aquelles que chegam

    de longa viagem.

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    — 13 -

    O serviço da hospedaria dos imm igrantes é flirigido por

    um funccionario do nomeação do governo

     —

     que tem o

    titulo de director da Ilha das F lo re s.

    Sob as suas ordens acha-se todo o pessoal do serviço da

    mesma Ilh a, pessoal su ficien te e dividido por classes, con

    forme a natureza do trabalho que tem a seu cargo.

    Do director e dos seus aux iliare s tem os imm igrantes

    todas as informações de que carecerem para a sua instal-

    lação ou para qualquer outro fim.

    Ao imm igrante que deseja ir á cidade para tr at ar de

    qua lq ue r negocio é concedida pelo director a devida per

    missão, podendo ser acompanhado por um empregado do

    estabelecim ento , se pretender fazer transacções de cambio

    ou algu m a compra de instrumentos para os trabalho s a

    que se destinão.

    I m m i g r a n t e s q u e n ã o a c c e i t a m a

    h o s p e d a g e m d o g o v e r n o n a

    I l h a d a s F l o r e s

    Aquelles immigrantes que não querem recolher-se á

    Ilha das Flore s pa ra d'ahi seguirem a seu destino têm a

    faculdade de solicitar até 3 mezes depois da sua chegada,

    á inspectoria ge ral das te rras e colonisação, na Travessa

    do Paço n . 3 , passagem para qualquer ponto do Império

    para onde quizerem seguir, a qual lhesè concedida g ra tu i

    tamente mediante a simples apresentação do respectivo

    passaporte.

    Um agente da inspectoria de colonisação dirige diaria

    mente o serviço de embarque dos imm igrantes quer na

    estrada de ferro D. Pedro II, quer nos paquetes a vapor.

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    — 14 -

    N o t i c i a s o b r e a l g u m a s p o v o a ç ô e s

    c o l o n i a e s d o E s t a d o

    0 Governo Imperial empregou até o anno de 1878 sorn-

    mas consideráveis para desenvolver a  ^ ^ f ^ ^ S '

    Si por circumstanciasquenão vem ao caso ora apreciar,

    as vantagens obtidas não correspondem aos^g^de

    8

      sacri

    fícios feitos pelo Estado pa ra alcan çar «

    t e

    j ^ £ ^ ™ ;

    comtudo os estabelecimentos coloniaes ahi se^ acham

    attestan do , pelas condições de prosperidade da maior

    parte, os auxilios prestados pelo Governoa immigraçao, e

    os benefícios e resul tad os que o prodigioso solo do B razil

    offerece ao homem trabalhador -

    A colonisação estrangeira tem sido de preferencia enca

    minhada pa ra aquellas prov íncias a cujo solo e clima ella

    se tem ad apta do . E ' pois nas províncias do Esp irito Santo,

    P ar an á, Santa Ca tharina e Rio G rande do Sul onde se tem

    formado de preferencia os núcleos coloniaes que estão

    hoje em grand e pa rte transformados em prosperas e flores

    centes povoaçôes do Império.

    A província do Rio de Janeiro e de S. Pa ulo têm tam -

    b'em recebido considerável .numero de immigrantes;

    mas nessas províncias os im migrantes têm sido de p re

    ferencia ou contractado s pelos fazendeiros ou estabeleci

    dos nas terras devolutas como pequenos proprietários.

    Nas províncias do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e

    Santa Catharina foi ensaiada com vantagem a colonisação

    allemã.—A bella cidade de Petropolis, residência de verão

    da corte Imperial, e a de Nova Friburgô na Província do

    Rio de Janeiro, e a de S. Leopoldo na do Rio Grande do

    Sul, Joinville, Blum enau, e t c , em Santa Cath arina,

    attestam o bom resultado desta tentativa.

    A colônia de P orto Rea l, hoje em ancipada , onde se

    acha funccionando com o maior proveito para os seus

    habitan tes um engenho cen tral costeado pela Companhia

    União Agrícola, igualmente offerece bom attestado em

    favor da colonisação estra ng eira na província do Rio de

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    — 15 -

    Janeiro, vivendo em perfeita concórdia francezes, italianos

    e indivíduos de out ras nacionalidades, entreg ues todos

    aos trabalhos ru ra es de que tiram vantajoso proveito.

    A província de S. Pa ulo possue alg un s núcleos co

    loniaes nos arredores da ca pital; a excellencia do seu clima

    e a fertilidade do solo a torna de preferencia escolhida

    pelos habitan tes do norte da Itá lia que alli facilmente

    encontram boa collocação, auxiliados pela bem organisada

    repartição do serviço provincial deimmigração.

    Em todas as ou tras províncias do Império tem o imm i

    gra nte europèo as condições necessárias para o seu

    estabelecimento.

    Em bora expostas á acção do calor dos climas quentes,

    as províncias do norte gozam de agradáv el tem peratura ,

    pois são constantemente refrescadas pelas brisas suaves do

    m ar , offerecendo o inte rior em uma extensissima zona o

    ameno goso de uma primav era quasi p erpetu a.— O algodão,

    a canna de assucar, o fumo e o cacâo, que são osprincipaes

    prod uctos da zona que se estende desde a Bahia até o Ma

    ranh ão , o café cuja producção já se desenvolve na ser ra de

    Batu ritè, na província do Ceará e em ou tras , os cercaes e

    raizes alimentares de differentes espécies, tudo' isso, além

    dos excellentes campos para creação, possuem as províncias

    do norte para offerecer a uma corrente de immigrantes la

    boriosos que se proponhão a exp lora r esses productos si

    não preferirem levar a sua actividade ás regiões banhadas

    pelo Amazonas e seus numerosos aflu en tes, em cujas m ar

    gens a natu reza desenrola immensa prodigalidade de r e

    cursos para todas as condições e idades, sendo sufficiente a

    extracção da gomma elástica, que ali se encontra n'uma

    abundância inexgotavel, para fazer a riqueza do trabalha

    dor perseverante.

    O Governo mantém jun to ás ex-colonias commissões

    de Engenheiros encarregados da medição e demarcação de

    lotes para o estabelecimento de immigrantes espontâneos.

    Essas mesmas commissões estão incumbidas do esta be le

    cimento dos immigrantes conforme a escolha de cada um.

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    — 16

    Alem de grande num ero de núcleos coloniaes de me

    nor importância prosperam como florescentes povoaçôes

    algumas já elevadas á categoria de villas e freguezias,

    as seguintes ex-colon ias emancipadas em differentes

    épocas.

    PROVÍNCIA DO ESPIRITO SANTO

    Colônia do Rio Novo,

      hoje freguezia de Santo Antônio

    do Rio Novo.— Compõe-se de cinco territórios compre-

    hendidos nos im portantes m unicípios de Itapem irim eBene-

    vente, banhados pelos dous rios dos mesmos nomes, que

    offerecem boas condições de navigabilidade.

    Servida por boas estradas, essa povoação colonial pros

    pera com o commercio do café, cuja expo rtação no anno

    próximo findo subio a 1:674,800  kilog., tendo sahida esta

    importante producção, á qual se deve jun ta r a farinha

    de mandioca, milho, feijão e ou tros cereaos, não só pelos

    portos de Benevente e Itapimerim, freqüentados por gran

    de numero de navios de vela e pelos vapores de uma com

    panh ia costeira que fazem du as viagens por mez pa ra a

    corte e vice-versa, como também pelo porto da capita l,

    com que se communica o 5

    o

      território por excellente

    estrada.

    A povoação conta cerca de 5.000 habitantes, dos quaes

    mais de 2.500 italianos, 300 allemães e suissos, 200 aus

    tríacos, 300 portuguezes e 200 francezes, Hollandezes ebelg as. Os restantes são brazileiros, entre os quaes são

    considerados em gran de num ero os filhos dos colonos.

    A povoação tem uma elegante capella do culto catho-

    lico e escolas para ambos os sexos.

    Colônia Castello.—   Situada no município de B ene

    vente, nas margens do rio deste nome e de seus t r i butários.

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    - 17 —

    Emancipada em 1881 com o titulo — povoação Alfredo

    Chaves. Fundada em 1880, tem tido

      t

    'rápido incremento.

    A sua população excede de 1.350 individuos, sendo

    1.158 italianos e os demais brazileiros, allemães, france-

    zes e portugu ezes. . , .

    Dedicam-se os seus hab itantes de preferencia a in dus

    tria pastoril, abastecendo os arredores de excellentes

    queijos, manteiga, salames e outro s p roductos conge-

    nGI*6S.

    Plantam os cereaes suficientes pa ra o consumo, e en

    saiam presentemente com m uito enthusiasmo e notável

    proveito a plantação do café para a exportação.

    Esta colônia é servida por boa viação e tem nas p n n -

    cipaes secções edifícios apropriados para escolas.

    Colônia Santa Izabel.—   Fu nd ada em 1847, foi eman

    cipada em 1866, sendo elevada a freguezia no anno

    seg uin te . , . , , . . .

    Sua população excede de 3.000 hab itan tes, de diversas

    nacionalidades, predominando a nacionalidade allema.

    Além de todas as espécies de cereaes que produzem para o

    consumo, cultivam os seus hab itantes com vantagem o

    café, que  è  exportado pelo porto da cidade Victona com a

    qual se communicão por excellente viação.

    A exportação desse precioso producto attingio no anno

    findo a mais de 900.000 kilogra m m as.

    Os seus hab itantes manifestam evidente bem-estar, con-

    tando-se entre elles muitos que tem accumulado avultados

    A ex-colonia Santa Izabel tem um templo catholico e

    outro protestante, além de edifícios nas differentes secçoes

    para escolas de ambos os sexos.

    Acha-se em estudos a construcção de uma estrad a de

    ferro concedida pelo governo provincial, atravessando

    esta povoação e as do Castello e Rio Novo, e ligando-as

    ao porto da c apit al.

    G.

      2

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    - 18 -

    Colônia Santa Leopoldina.

    — Situad a nos municípios

    da Victoria (capital da província) e de Santa C ruz, foi

    fundada em 1857 e emancipada em 18 82. Compõe-se de

    três núcleos, destacando-se destes como mais importante o

    núcleo do Cachoeiro, situado jun to ao porto desse nom e,

    no rio Santa M aria, por onde tem faci] comm unicação com

    a oapital por meio de navegação a vapor.

    Tem uma população de mais de 8.000 habitantes de diffe-

    rentes nacionalidades, predominando a allemã e italiana.

    Cultivam cereaes que produzem em quantidade mais

    que sufficiente pa ra o consum o, e bem assim o café qu e

    exportam por intermédio do porto da capital.

    A exportação desse im portante producto foi no anno

    findo de mais de 1.500,000  kilogrammas.

    A ex-co lonia , hoje freguezia de Santa Leopoldina do

    Cachoeiro, tem diversas igrejas e escolas pa ra ambos os

    sexos.

    Acham -se já promptos os estudos da fe rro -v ia da

    Victoria a Natividade, na província de Minas-Geraes, cuja

    construcção foi contratada pelo Governo Imperial com

    um a companhia ingleza, com a ga ran tia do ju ro de 6 %

    sobre o respectivo ca pita l.

    O traçado dessa ferro-via atravessa a ex-colonia e bem

    assim a grande extensão de te rra s devolutas que existem

    nos seus arr ed or es . '

    No núcleo do Cachoeiro funcciona com immensa

    vantagem um engenho cen tral provido das mais aperfei

    çoadas machinas, destinado a preparar o café.

    As povoaçôes coloniaes do Espirito Santo concorrem

    para o thesouro provincial com qua ntia superior a

    70:000$ proveniente imposto de 17 réis sobre o kilo-

    gramma de café exportado.

    PROVÍNCIA DO PARANÁ

    A província do Paraná pela sua posição geographica

    que lhe proporciona a tem peratu ra média das regiões do

    norte da Eu ropa, atravessada por uma cadeia

     de

     montanhas

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    19

    onde se goza o mais delicioso clim a, offerece aos immigran

    tes procedentes daq uel las regiões a mais desejável collo-cação, pois que alli encontram em considerável extensão

    te rra s magníficas que se prestam com prodigiosa va n ta

    gem a todos os gêneros de c ul tu ra dos paizes frios, ao

    passo que os seus immensos campos se prestam á cu ltu ra

    de todos os productos das zonas temperadas.

    Uma vez abertas a s vias de communicação que se acham

    projectadas com o fim de communicar com os grandes

    centros de consumo, as grandes extensões de te rra s devolu-

    tas existentes no inte rio r, onde se encontram os afamados

    campos de Palm as e Guarap uava tão notáveis pela sua

    prodigiosa fertilidade qu anto pelas suas excellentes con

    dições pa ra a creação de gado, a província do Pa ra ná

    será sem duvida um dos pontos mais procurados pela

    immigração do no rte da Eu ropa que alli encontra aliás

    grande numero de compatriotas seus já estabelecidos pros

    peramente nas povoaçôes coloniaes que seguem :

    Assunguy.

    — Colônia fundada em 1860, a 100 kilome-

    tros a leste da cidade de Cu rytiba , capital da província,

    e a 60 kilom etros da cidade de Castro e situada a 400 metros

    acima do nivel do mar.— Emancipada em  1882, tendo um a

    população de cerca de  3.000 hab itan tes, dos quaes dous

    terços são nacionaes, sendo os demais hab itantes allemães

    em numero de 290, inglezes, 250, francezes, 200, suissos,

    italianos e hespanhóes em menor numero.

    Cultivam as differentes espécies de cereaes e a canna de

    assucar, possuindo alguns colonos engenhos apropriados

    para o fabrico deste producto e de ag ua rde nte .

    A sua exportação excede de 125:000$ annualmente, e

    a importação, de 70:000$ pouco mais ou menos.

    Encontram-se nesta povoação colonial edifícios regula-

    res,

     bem como escolas para ambos sexos.

    Colônia Argelina.  —

     Fund ada em 1859, situada a 3

    kilometros da capital, á margem da importante estrada de

    rodagem da Graciosa.

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    — 20 —

    Os seus hab itantes, francezes, allemães, suissos, inglezes

    e suecos cujo numero não excede de 140, cultivam a ba tata

    e centeio, entregando-se também á horticultura.

    Colônia Thom az Coelho. —  Fun dada em 18 /6 a 17 ki

    lometros da capital, com uma população de 1.150 habi

    tantes , que se entregam à plantação de tr igo , centeio,

    fumo e diversos cereaes, que exportam para a cidade de

    Curytiba.

    Colônia D. Augusto. —  Fundada em 1876 a 14 kilome-

    tro da capital, habitad a exclusivamen te por polacos em

    numero de mais de 300 . -D ed ica m -se aos mesmos tr ab a

    lhos dos habitantes da colônia Thomaz Coelho.

    Colônia Rivierre.—

    Fundada em 1877, à margem da

    estra da do M atto Grosso, a 16 kilom etros da cidade de

    Curytiba, com uma população de 370 indivíduos na maior

    pa rte polacos, prussianos e silesianos, que se dedicam à

    cultura de centeio, batatas e diversos cereaes.

    Colônia Orlèans. — Fund ada em 1877, a 10 kilom etros

    da capital. A sua população actual é de 400 indivíduospouco mais ou menos, quasi todos polacos, francezes e ita

    lianos. Plantam trigo, centeio, milho, feijão, batatas, etc.

    Colônia Santo Ignaciq.— Fundada em 1876, a 4 k il .

    da capital, á margem do rio Ba riguy em terren o plano,

    coberto de excellentes mattas. Tem uma população de 700

    almas, predominando os silesianos. Estes colonos pouco

    plantam, empregando-se

     de

     preferencia em derrubadas nas

    mattas que reduzem a lenha para venderem na cap ita l.

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    — 21 —

    ColôniaLamenha.—   Fundada em 1876 a 9 kilom e

    tros da capital. Os seus habitantes entregam-se com em

    penho aos trabalho s agrícolas, produzindo com m uito

    proveito excellente vinho de u va , centeio, trig o, b atatas

    e diversos cereaes.

    A sua população excede de 900 indivíduos qu asi todos

    polacos.

    Colônia Santa Cândida. —  Fun dada em 1875, a 8

    kilometros da capital, á margem da estrada da Graciosa.

    Tem uma população de 370 indivíduos, polacos e suis-

    sos,

     que se entregam á lav ou ra, cultivando os mesmos

    productos das outras colônias.

    Colônias Abranches e Pilarzinho. —   Fundadas em

    1870 em  terras da municipalidade da capital d'onde distam

    6.600

     kilometros.

    Tem uma população de 600 hab itantes, em sua maior

    parte polacos e irlandezes, que se entregam á cu ltur a decereaes.

    Colônia Muricy.—   Fundada em 1878, a 6kilom etros

    da cidade de S. José dos Pinhaes.

    A sua área, de 875.008.496

    m 2

    , está dividida em

    79 lotes habitados por 350 indivíduos, que

     se

     entregam á

    plantação de centeio, da vinha, milho, feijão e batatas.

    Colônia Antônio Rebouças.—

      Fundada em 1878 no

    município de Campo Larg o, a 19 kilom etros da capital.

    Habitada por 162 italianos, que cultivam a vinha, cen

    teio,  trigo, batatas e diversos cereaes.

    Colônia Novo Tyrol.—   Fundad a em 1878,a 26 kilo

    metros da cidade de S. José dos Pin hae s, formando hoje

    uma bella povoação de 300 e tantos habitantes quasi todos

    tyrolezes, que se entregam a differentes culturas, espe-

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    — 22 —

    cia lm en tea da vinha, trigo, centeio batatas e diversos

    cereaes que exportam para a capital por uma reg ula r

    estrada de rodagem.

    Colônia Alfredo Chaves.-  Fund ada em 1878 a 20

    kilometros de Cu rytiba (capital da p rov íncia ). Tem 160

    h S n t e s de nacionalidade i tal iana que se entregam á

    lavoura.

    Colônia Inspector Carvalho.—   Fun dada em 1878, a

    30 kilometros da capital, no município de S . José dos

    Pinhaes, em terrenos annexos á colônia Muricy.  h  habi

    tada por 130 indivíduos, de nacionalidade polaca e ita

    liana, que se entregam a lavoura.

    Colônia Senador Dantas. —

     Fundada em terrenos da

    municipalidade da capital , onde se acham estabelecidos

    mais de 170 indivíduos de nacionalidade italia na , que se

    entregam com vantagem aos trabalhos da lavoura.

    Colônia D. Pedro eS, Venancio.—   Igualmente fun

    dada nos arredo res da capital e Zacarias no município de

    S. José dos Pinhae s, com uma população de mais de 400

    habitantes que se entregam á lavoura.

    Além das colônias indicadas existem no interior diversos

    núcleos coloniaes habitados por uma população de cerca

    de 1.000habitantes  quasi todos russos.

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    - 23 —

    A saber:

    No município da Pa lm eira , os núcleos Marcondes,

    N .

      S. do Lag o, Santa Qu iteria, Alegrete, Ha rtman e

    Papagayos Novos.

    No município da Lapa os núcleos Joannisdorf, M ar i-

    cultal .

    No município da Po nta Grossa a colônia Oc tavio.

    No município de M orretes a importante ex-colonia

    Nova Itá lia , composta do 12 núcleos, com uma popu

    lação de cerca de 1.500 hab itante s de diversas nacion a

    lidades, predominando, porém, a italiana.

    Todos os núcleos communicam-se entre si por boas

    estradas que se ligam á estrada geral da G raciosa pela

    qual vão ter á cidade de Morretes, Antonina, etc, centros

    consumidores de seus pro ductos, que consistem em cereaes,

    batatas e algum café.

    PROVÍNCIA DE SANTA CATHARINA

    Colônia Blumenau— hoje villa do mesmo nome, com*

    prehendendo duas freguezias, situadas no valle do rio

    Itajahy cujo porto dá sahida aos num erosos productos

    deste importante centro de população.

    Es ta colônia foi fundada em 1852 pelo Dr. Herm ann

    Blumenau.

    Adquirida logo depois pelo Estado foi por este desen

    volvida, sendo emancipada em 1880.

    Tem uma população superior a 17.0 00 almas, sobre-

    sahindo a nacionalidade allemã.

    Existem também muitos italianos, po rtugu ezes etc.

    A la vo ura é o principal ramo de in dus tria a que se

    entregam os habitantes dessa ex-colonia, na qual empre

    gam 150 ara do s, cultivando de preferencia a canna cuja

    producção

     se

     transforma em mais de 400.000 kilogramm as

    de assucar e a 3.500 hectolitros de aguardente.

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    — 24 -

    Além deste valiosissimo contingente exportam os ha

    bitantes de Blumenau milho, feijão arroz , fu in h a de

    mandioca, bat atas, manteiga, banha de porco to uc

    in

    ho,

    rarnes preparadas, fumo, charutos e madeiras, etc .

    Possue a vi lla diversas fabricas, como sejam, de rou pa de

    Donto de meia, de tecidos de ou tra s espécies, nove de

    S rv ei a uma de licores, uma de sabão, nove de cha ruto s,

    duas officinas typographicas e diversas officmas de fundi

    ção de caldereiío, sapateiro, alfaiate, marceneiro etc.

    Ç

      Para a preparkção

    F

      da madeira funccionam 40 en

    genhos movidos por ág ua , e um. por vapor; bem como

    27 mac hina sigu aes para a preparação do fubá de milho

    e de arroz.

    O valor da exportação excede de 40 0:0 00 $0 00 .

    A villa de S. Pa ulo de Blumenau liga-se como porto de

    Itaiahv pelo rio do mesmo nome, francamente navegável.

    A villa possue im portan tes edifícios, tae s como : as

    igreias catholicas das duas freguezias,a igreja pro testan te,

    a casa da Câm ara M unicipal e differentes escolas em di

    versos districtos, além de um estabelecimento de mstruc-

    ção secundaria.

    O clima é temperado e saudável.

    A área da ex-colonia é de cerca de  1.390.000  hec

    tares ; a área cultivada excede de 18.000 he cta res .

    " Existem ainda nas circumvisinhanças m uitos kilom etros

    de ter ra s devolutas, as quaes pela excellente qualidade

    prestam-se a todo o gênero de cu lt u ra .

    Colônia Itajahy.—

      Fun dad a em 1860 e emancipada

    em 1882.

    A sua população excede de 7.900 habitantes dos quaes

    cerca de 2.50 0 são italianos, 1.350 allemães, sendo os

    restantes de ou tras nacionalidades (contando-se entre estes

    os filhos dos estran geiros).

    Os habitantes não somente entregam-se à lavoura, cul

    tivando com vantagem a canna de assu car e ce reaes, como

    também a differentes industrias, cujos productos simila

    res aos de Blumenau concorrem para o augm ento da sua

    exportação, que é feita pelo porto da cidade.

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    A ex-colonia tem serrarias, moinhos, fabricas diversas,

    inclusive uma para a fiação de seda.

    Uma extensa rede de estradas de rodagem na extensão

    de 420 kilometros, bem como caminhos para cargueiros na

    extensão de 150 kilom etros , põem em fácil e commoda

    communicação todos os differentes núcleos da ex-colonia.

    A a ntiga sede da colônia é hoje a freguezia de S. Luiz

    Gonzaga que dista 38 kilom etros do porto de Itajahy com

    o qu al se communica por boa estrada de rod age m.

    Tem diversos edifícios importantes, quaes a Igreja Ca-

    tholica , a casa da Câmara M unicipal, escolas para ambos

    os sexos, casa de mercado, etc.

    A antiga circumscripção colonial comprehendia  dif

    ferentes districtos, entre os quaes sobcesahe hoje o denomi

    nado N ov aT ren to, onde se encontram diversos melhora

    mentos notáveis.

    O clima é como o de Blum enau ameno e sau dáv el.

    Existem ainda muitos terrenos devolutos de reconhecida

    uberdade.

    Colônia D. Francisca. —   E' importantíssimo o des

    envolvimento desta colônia, cujo centro é a florescente

    e bella cidade de Joinv ille, situada á margem do rio Ca

    choeira, a pequena distancia do magestoso porto de

    S Francisco do Su l, ponto de partid a provável da pro-

    iéctada Es trad a de ferro de D . Pedro I, contratada pelo

    Governo Imperial com a ga ran tia de ju ro s na razão de b /

  • 8/17/2019 Imigracao_Brasil_USP_BRASILIANA_018256.pdf

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    — 26 —

    tes tonelagens edous vapo res, um dos quaes foi construído

    na cidade de Joinville.

    Os hab itantes dedicam-se a differentes indu strias , espe

    cialmente á agrícola, sendo a canna de assucar o gênero

    principal.

    Duzentos engenhos movidos por água uns , outros por

    vapor, e outros finalmente por an imaes, preparam o assucar

    e a guard ente, além de um engenho central com capacidade

    para moer 100 toneladas de canna por d ia .

    As demais industrias alli exercidas são varias e aperfei

    çoadas .

    A herva mate encontra alli sete engenhos pa ra o res

    pectivo beneficiamento, dos quaes t rê s são movidos a v ap or;

    existem quatro engenhos para preparar o arroz, 22 mar-

    cineiros, 14 carpinteiros, 3 fabricas de ar ar u ta e gomma

    18 officinas

    (

      de ferreiro e serra lheiro , 8 de latoeiro e 12

    olarias. O movimento de importação e exportação atting iu

    no ultimo anno financeiro a 2.0 00 :00 0$ 00 0, [cerca de

    5.715.000 francos].

    Tudo na colônia D . Francisca revela o gosto e bem -

    esta r dê seus habi tan tes . Possue diversos edifícios, tem

    plos catholicos e protestantes, cemitério e jardin s públicos,

    escolas, estação telegraphica, etc.

    Para este tão notável melhoramento tem particular

    mente concorrido a sociedade colonisadora de Ham burgo

    subvencionada pelo Es tado , a qu al tomou a seu cargo o

    povoamento das uberrim as ter ras dadas em dote a S S .

    AA . o s S rs . Príncipes de Joinville, que por sua parte

    não têm igualmente poupado os meios a seu alcance

    para aprov eitar as vantagens do ameno e saudável clima

    que se desfructa naquella abençoada região. '

    Colônia Azambuja.— Fundada em 1877 e emancipada

    em 18 81 . Está situada no município d eN . S.da Piedade do

    Tubarão, nas proximidades da estrada de ferro D. Thereza

    Christina, da qual dista 9.9 00 metros pouco mais ou

    menos, á margem do rio Pedras Grandes confluente do

    Tubarão e do Urussanga, que deságua no oceano.

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    — 27 -

    Tem uma população superior a 2.000 alm as, predomi

    nando a nacionalidade italia na .

    Cortada por excellentes estrada s, a ex-colonia Azambuja

    tem para mercado dos seus productos a villa do Tubarão,

    da qual dista 40 kilo m etro s. A sua producção consta

    especialmente de farinha de mandioca e cereaes, que

    exporta em abundân cia, bem como de trig o, vinha e da

    canna de assuca r, cuja plantação tem tido o maior desen

    volvimento, existindo quatro alambiques para o fabrico

    da aguardente.

    Nos seus arre do res existem te rr as devo lutas onde pôde

    com vantagem ser estabelecido crescido numero de im

    migrantes.

    Colônia Angelina. —   Fundada em 1860 e emancipada

    em Dezembro de 1881 , com um a população excedente de

    1.700 indivíduos, predominando o elemento nacional.Tem

    comtudo m uitas famílias de ou tras nacionalidades que se

    entregam á plantação de cereaes, canna e algodão, de que

    tiram ampla colheita, exportando para o próximo muni

    cípio da capital da província.

    Colônia Grão Pará.—   Pertenc e a uma empreza par

    ticular .

    Foi fundada em 2 de Dezembro de 1882 nas te rr as

    pertencentes ao patrimônio de SS. AA. os Srs. Conde

    e Condessa d'Eu, á margem da estrada de ferro  D. Thereza

    Christina, nos municípios do Tubarão e S. José de Lages.

    A área da colônia é de 87.12 0 hectares e está dividida

    em 3 zonas igua es, que se subdividem em lotes coloniaes

    de 48,4 hectares e 24,2 hectares.

    Dotada de boas vias de communicação e banhada por

    numerosos cursos d'agua, alguns dos quaes offerecem

    franca navegação a pequenos barcos, esta nascente colônia

    ence rra todas as condições de florescente prosperidade.

    Acham-se já estabelecidas 170 famílias, representan do

    mais de 1.000 indivíduos, que se entregam à cultura de

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    - 28 -

    cereaes, batatas, cebolas, vinha, etc, tendo-se já iniciado

    com promettedoras vantagens o plantio do algodão, canna

    e trigo.

    Predominam entre os habitantes os allemães e italianos

    do norte.

    Cada lote colonial tem uma casa provisória e uma der

    rubada na superfície de 36.300 metros quadrados, achan-

    do-se o terreno prompto para as primeiras plantações.

    Esses benefícios importam em 75$ ( 215 francos pouco

    mais ou menos); custando o lote de 48,4 hectares 500$ ou

    1.428 francos approximadamente; e metade desta quantia,

    os lotes de 24,2 hectares.

    O pagamento será effectuado dentro do prazo de cinco

    annos, contado do primeiro anno.

    Si o pagam ento fôr á vista , aquelles preços soffrerão

    uma reducção de 20 °/

    0

    .

    Além dos colônias que ficam indicadas existem diffe

    rentes núcleos dispersos por diversas localidades, que não

    deixam de prosp erar, desde que os seus hab itantes en

    treg am -se com interesse e dedicação á cul tu ra dos férteis

    terrenos que têm à sua disposição e que são cuidadosa

    mente escolhidos para o estabelecimento delles. Em geral

    o solo do Brazil dá ampla rem uneração a quem o explora .

    PROVÍNCIA DO RIO GRANDE DO SUL

    Colônia Silveira Martins.

    — Fund ada em 1877, e

    emancipada em 1882.

    Tem uma população superior a 4.500 indivíduos, na

    maior parte italianos, contando-se também gran de num ero

    de allemães.

    Es tá situada a 25 kilometros da cidade de San ta Maria

    da Bocca do Monte para onde são exportados os gêneros de

    prod ucção. A igual distancia se acha a estação do Arroio

    de Sá, da estrada de ferro de Porto Alegre a Uruguayana,

    tendo uma excellente estrad a de rodagem que a liga á

    mesma' estação.

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    — 29 -

    Fica esta colônia a 370 kilom etros da capital da p ro

    víncia, e a igu al distancia da cidade de U rug uay ana ,ponto terminal da estrada de ferro.

    O seu excellente clima torna o seu solo apto para

    todas as cu ltur as das zonas temp erada s. Assim, a cevada,

    o tr ig o, o centeio e a vinha produzem com abundância e

    bem assim o fumo, o milho, a rroz , feijão, etc.

    Além destes artigos que exportam em abund ância, os

    hab itantes da ex-colonia Silveira M artins entregam -se á

    creação de gado suíno de que exportam a banha e a carne

    devidamente preparada.

    No inverno o thermom etro marca m uitas vezes 5

    o

     (cen

    tígrados) abaixo de zero .

    São m uito prosperas as condições desta colônia hoje

    erecta em freguezia da província.

    Nos seus arredo res existem m uitas te rra s devo lutas.

    A colônia tem escolas para ambos os sexos e ach a-se

    em con strucção uma igreja por meio de donativos dos

    colonos.

    Colônia Caxias. —   E' notável o progresso desta po

    voação colonial, que apenas conta oito annos de existência.

    A excellencia de seu clima e a fertilidade do seu solo,

    vantajosamente aproveitado pelos seus laboriosos habitan tes

    assegurão-lhe certamente um futuro dos mais lisongeiros.

    Fundada em 1875, foi emancipada em Abril deste anno.

    Está situada esta colônia no município de S.Sebastião do

    Cahy, distante cerca de 66 kilometros da villa desse nome.

    A sua posição à margem do rio Cahy a põe em com-

    municação diária com a cidade de Po rto Alegre, por meio

    da navegação por vapor que è feita no mesmo ri o .

    O. seu territó rio abran ge uma área superior a

    696.900.000

      m

    -

    A população da colônia Caxias, que excede de 12,000

    hab itantes , na sua quasi totalidade compõe-se de italianos ,

    que se entregam não só aos trabalhos da lavo ura como ao

    commercio e ind ustr ia que alli já vão tendo considerável

    incremento, o que attesta a existência

      Se

     mais de 50 casas

    de negocio, algumas girando com capitães avultados,

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    — 30 —

    mais de 30 moinhos, 7 serra rias, 7 ferrarias, 8 fabricas de

    charutos e cigarros, 5 fabricas de chapéos, 5 alambiques

    para destillar aguardente, 4 serrarias movidas por vapor,

    3 cortum es, fabricas de cerveja, óleo de linhaça e de sabão,

    alfaiatarias, marcenarias, relojoarias, açougues, hotel,

    botequim, etc .

    Os artigo s de lav ou ra são milho , feijão, centeio,

    cevada, trigo, e a vinha de que fabricam excellente vinho,

    extrahindo também a cachaça do bagaço da uva.

    Os  colonos em geral cultivam o canhamo que as mulhe

    res preparam e fiam em suas próprias casas, para ser

    depois empregado em tecidos por aquelles que se dedicam

    à tecelagem.

    Os habitantes da colônia Caxias mantêm continuamente

    commercio com a capital da provínc ia, para onde não só

    exportam os productos de sua cu ltu ra , como da sua já

    adiantada industria.

    Tem sido também ensaiada, com vantagem a criação do

    bicho de seda, pa ra cujo desenvolvimento muito concorre

    a propriedade do clima e o conhecimento pratico que

    desta rica industria possuem os habitantes da colônia.

    São trê s os núcleos principaes da ex-colon ia Caxias,

    os quaes se denominam Campo dos Bugres, Nova Trento e

    Nova Milão.

    No primeiro estão os edificios principaes da colônia.

    Nos seus arredores existe grande quan tidade de

    te rras devolutas que o governo faz m edir e dividir em

    lotes para o estabelecimento de novos immigrantes.

    Colônia Conde d Eu e D. Isabel.—

      Como  a colônia

    Caxias é summam ente prospero o estado destas im po r

    tan tes povoaçôes coloniaes, que contam um a população

    superior a 16.000 habitantes, em sua quasi totalidad e de

    origem italiana e toda ella pacifica e laborio sa.

    Estão estas colônias situada s á margem esquerda do

    rio das Antas, sendo na sua maior extensão atravessadas

    pela antiga estrada que vai ter aos campos da Vaccaria.

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    Estabelecidas a principio distinctamente, as colônias

    Conde d'Eu e D. Izabel passaram posteriormente a formar

    um só núcleo e subordinado a uma só administração.

    Em ancipadas em Março deste anno, fazem hoje pa rte

    da divisão civil da província com a categoria de f re -

    guezia.

    Os dous núcleos occupam uma área de 160.117 he

    ctares,

      dos quaes 2/3 acham-se povoados.

    O aspecto montanhoso do solo, que em muitos logares

    está cerca de 75 0

    ra

      acima do nivel do mar, torn a estas

    colônias aptas pa ra a producção de todos os cereaes, da

    vinha, da amoreira e do canhamo, encontrando-se muitas

    madeiras apropriadas á construcção, entre as quaes des

    taca-se o pinheiro pela sua abundância.

    E ' muito prospero o estado da lavo ura, á qual geral

    mente se dedicam os hab itantes, cultivando com m uita

    vantagem o milho, feijão, centeio, trigo, uva, batatas,

    linho, amoreira e a oliveira.

    Existem em começo de desenvolvimento mu itos ramos

    de indu stria e algum comm ercio.

    O fabrico da farinha de trig o e de centeio, bem como

    o vinho extrahid o da uva são as principaes ind ustr ias

    que exploram os hab itantes destas colônias. Outras de

    notáveis resultados futu ros , logo que tiverem o neces

    sário impulso são ensaiadas com muitas probabilidades

    de êxito, taes são a ser icu ltur a, a fiação e a tecelagem.

    Estas colônias contam cerca dè 40 casas de negocio,

    5 ferraria s, 6 sapaterias, 14 moinhos, sendo um a vapor,

    4 fabricas de cerveja, ser rari as, marcenarias, cortum es,

    açougues, 2 hotéis, alfaiata rias, lojas de funileiros e

    outr as, além de grande numero de moinhos e serr arias

    movidas por água.

    Para as suas relações externas tem esta importante

    povoação colonial a excellente estrada denominada B ua r-

    que de Macedo, que a liga á villa de S. João de Monte-

    neg ro, situada á margem do rio Cahy , por onde se acha

    em communicação diária por meio de barcos a vapor

    com a cidade de Porto Alegre, capital da provincia.

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    — 3 2

      • -

    Outrõs núcleos coloniaes possue a Prov íncia do Rio

    Grande do Sul,* nos quaes são igualm ente estabelecidos

    imm igrantes europêos. _ _

    Taes são, entre ou tras , as colônias provinciaes Nova

    Petropolis, Nova Pa lm yra e P icada Feliz. — que são

    costeadas por conta dos cofres da província.

    Além dos núcleos coloniaes que ficam mencionados exis

    tem ou tros espalhados por differentes províncias do Im

    pério, gosando de maior ou menor prosperidade, conforme

    a posição em que se acham collòcados, contando-se entre

    estes alguns costeados por emprezas particulares.

    A antiga colônia de Po rto Real situada na província do

    Rio de Janeiro, á margem do magestoso Par ah yb a, apenas

    fundada foi logo depois emancipada, insta lland o-se em

    seu território um engenho central, mantido por uma em-

    preza pa rticu lar com o fim de aprove itar e desenvolver a

    cultura da canna, a que se prestam com  os melhores res ul

    tado as ter ras da ex-colon ia, assim como as que se esten

    dem ao longo de todo valle do Parahyba.

    Para facilitar o transporte da canna, das fazendas adja

    centes até a colônia, acaba de ser lançado um pequeno

    vapor armado na mesma colônia.

    A população da colônia anda por 950 almas pouco m ais

    ou menos assim classificadas:

    Brazileiros. 280

    Italianos 470

    Francezes 120

    Suissos 31

    Portuguezes 40

    sendo o restante de nacionalidades diversas.

    A área de cu ltu ra é de 1880 hectares dividida por 188

    lotes de 10 hectares, achando-se cultivados 57 3 he cta res .

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    A empreza do engenho cen tral d istrib ue por módico

    preço os lotes devolutos que e xistem .

    Tem essa colônia 3 engenhos para moer canna, 5

    ola rias , 67 casas de tijolo cobertas de telha e 80 cobertas

    de sapé.

    Qs habitantes entreg am -se em geral á cultura da canna,

    mostrando-se extremam ente satisfeitos com  os resultados

    que a mesma cultura lhes offerece.

    A exportação dos productos da colônia para a corte faz-

    se por intermédio da estrada de ferro D . Ped ro II,

    distando pouco mais de 10 kilom etros da estação da Divisa,

    da mesma estrada, a qual está a 173 kilometros da estação

    central na capital do Império. ,

    S e r v i ç o d e i m m i g r a ç â o n a s p r o v í n c i a s

    O

     Governo Imp erial tem nas províncias de Santa Ca

    tha rina , Pa ran á e Rio Grande do Sul agentes de sua con

    fiança aos quaes incumbe, á chegada dos vapores que

    conduzem immigran tes, do que têm elles prévia noticia

    por telegramma que lhes é dirigido pela inspectoria geral

    na co rte, ir a bordo receber os mesmos imm igrantes e di -

    rig il-os a seu destino, alojando-os no porto do desembarque

    em casas apropriadas.

    Os imm igrantes ou não trazem destino, ou traz em -n'o .

    No primeiro caso o agente indica-lhes os lotes demarcados

    que existem, e que, como se terá visto, encontram-se nas

    immediações dos núcleos coloniaes. Escolhida a localidade

    são facilitados aos imm igrantes os meios de tran spo rte,

    e chegando aos lotes que lhes tiverem sido designados,

    são alli estabelecidos pela commissão de engenheiros in

    cumbida privativam ente desse serviço e da demarcação e

    medição dos lote s.

    Algu mas províncias, entre tanto , para as quaes afflue

    maior num ero de imm igrantes, têm um serviço especial

    para a imm igração, destacando-se dentre estas a   Provín

    cia de S. Paulo,  que por sua conta mantém uma hospe

    daria com accommodações sufficientes pa ra 500 im mi-

    G. 3

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    — 34 —

    grantes em um prédio bem arejado e com as condições

    de hygiene recomm endadas em taes casos, situado a três

    kilometros do centro da cidade de S. Paulo, capital da

    província.

    O serviço ah i estabelecido é análogo ao da corte ; os

    imm igrantes são recebidos na estação da estrada de

    ferro por um agente da província.

    Aos immigrantes espontâneos offerece o   Governo pro

    vincial de S. Paulo  os favores constantes da seguinte

    lei, adoptada em 28 de M arço do corren te an no .

    Lei n.

      S9

      de 28 de Março de 1884

    A rt. l . ° O Governo auxiliará desde já os imm igran

    tes da Europa e ilhas dos Açores e Can árias que se esta

    belecerem na província de S. Paulo, com as seguintes

    quantias, como indemnização de passagem : 70$000 para

    os maiores de 12 annos, 35$000 para os de 7 a 12 e

    17$500 para os de 3 a 7 annos de idade.

    Este auxilio será concedido directamente ao immi

    gran te e só terão direito a elle os casados ou com filhos

    que se applicarem á lav ou ra, nas colônias pa rtic ula res ,

    ou nos núcleos coloniaes que forem creados na província

    pelo governo geral ou provincial, por associações ou por

    particulares.

    A rt . 2.° O Governo dará hospedagem, por oito d ias,

    nas hospedaria dos imm igrantes da cap ital, a todo immi

    gran te que vier para a província, embora sem destino á

    lavoura, quer tenha desembarcado no porto de Santos,

    quer no do Rio de Janeiro, devendo neste caso trazer uma

    guia da inspectoria geral de terras e colonisação.

    Ar t .  3 . °  O Governo fica autorizado a crear até cinco

    núcleos coloniaes ao lado das estradas de ferro e margem

    de rios navegados, nas proximidades dos principaes ce n

    tros agrícolas da província.

    §

      1.

     °  Pa ra este fim fará acquisição de te rr as de boa

    qualidade, próprias para a cu ltu ra, preferindo as já cu l-

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    — 35 —

    tivadas ; mandará medil-as, demarcal-as, dividil-as em

    lotes e construir nestas, casas provisórias.

    § 2 .° O lotes que deverão ser de 10 hectare s, serão

    classificados segundo a qualidade da te rr a , pa ra serem

    vendidos aos immigrantes, á vista ou a prazo.

    § 3 .° O preço de cada lote será determinado pela qu a

    lidade da te rr a e ou tras cojidições de cu ltu ra , sendo

    reduzido á metade quando fôr pago á v ista .

    § 4 . °  O preço da casa provisória não poderá exceder

    de 200$000.

    § 5 .

     °

      O governo m and ará ab rir caminhos nos núcleoscoloniaes e en tre estes e a estação mais próxim a da es

    trada de ferro.

    § 6 . ° Será creada um a cadeira mixta de instrucção

    primaria em cada núcleo colonial.

    A r t .

    0

      4. ° O governo poderá contractar com pa rticu

    lares ou associaçõos a introducção de imm igrantes que se

    estabeleçam como proprietá rios em núcleos creados por

    esses particu lares ou associações mediante a subvenção de

    40$000 por imm igrante maior de 12 annos e 20$000 por

    menor de 7 a 12 annos.

    § 1 . ° Estes imm igrantes gozarão do favor do a rt . I

    o

    desta lei e nas mesmas condições.

    § 2.° P ar a estes contractos o  Governo dará preferencia

    aos particulares ou associações que se propuzerem a ven

    der aos imm igrantes terr as de cultu ra de café.

    A rt . 5 .° Pa ra execução do ar t. 3

    o

     desta lei o Governo

    preferh'á con tracta r com associações que se proponham a

    esse fim, mediante a subvenção do a rtigo antecedente, obser

    vando nos con tractos que fize r, as condições do Decreto

    n . 8819 de 30 de Dezembro de 1882, que approvou a in -

    novação do contracto celebrado com a Sociedade Coloni-

    sadora de Hamburgo.

    A rt . 6 .° P a ra b serviço da imm igração na província

    de S. Pa ulo ficam creados os seguintes empregos: de

    inspector da imm igração com 3:60 0$0 00 de gratificação

    an nu al ; de ajudante do inspector com 2:000$ 000 ; de es -

    crip tura rio com 960 $00 0; de externo com 960 $000 ; de

    guarda com attribu ição de enfermeiro e fiscal de limpeza

    com 85 0$0 00; de medico com 2:4 00 $0 00 .

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    § . Ao inspector compete a direcção e inspecção ge ral

    do serviço da immigração na província.

    A rt . 7 .° O presidente da província fica autorizado a

    abrir credito especial pa ra a execução desta lei , e a fazer

    as operações de credito n ecessárias, não podendo a qu an tia

    despendida com os serviços creados exceder

      de*

     4 0 0 : 0 W

    annuaes com o auxilio aos immigrantes e de ^Oü:OUU í>uuu

    com a creação de núcleos coloniaes.

    A rt . 8.° O Governo expedirá os regulam entos necessá

    rios para a boa execução desta le i.

    D ura nte o primeiro semestre do corrente anno de 1884

    entraram na Província de S. Pa ulo e tiveram destino imme-

    díato 3.174 immigrantes das seguintes nacionalidades :

    Italianos 1.558

    Portuguezes 1.396

    Hespanhoes 94

    Allemães 98

    Francezes . . . . . 12

    Turcos 15

    Suissos 1

    Dos italianos dous terços são tirolezes.

    Ou tras províncias como a do Amazonas pre para m -se

    também para receber imm igrantes, organizando um se r

    viço provincial pa ra esse fim.

    A província do Amazonas acaba de pro m ulg ar a se

    guin te lei regulando o seu serviço de imm igração e colo

    nisação .

    Art. l.° O governo prestará desde já á immigração

    européa para a província do Amazonas, seja qual fôr a

    nacionalidade e crença ou confissão religiosa do immi

    gra nte , uma vez que de facto elle venha estabelecer-se

    nas colônias fundadas na vasta bacia hydrographica ama

    zonense, os seguintes auxilios:

    § 1.° Tran sporte gr atu ito até a cidade de Manáos, por

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    — 37 —

    conta das passagens de proa que tiver a província, a bordo

    dos vapores das linhas subvencionadas,

    § 2.° Indemnisação das passagens que os immigrantes

    tiverem pago, segundo os preços das tabellas dos diversos

    portos onde embarcarem para esta capital.

    § 3 , 0 Hospedagem gratu ita por 8 dias na hospedaria

    dos immigrantes, que fôr estabelecida nesta capital ou em

    outra localidade.

    § 4 .° Tradição effectiva dos lotes de te rra s, que tiv e

    rem sido medidos e demarcados pa ra serem vendidos a

    immigrantes.

    § 5. ° Transporte gratu ito por ág ua, até o ponto colo

    nial escolhido pelo immigrante.

    Ar t 2 . °  O governo poderá pre sta r ás associações ou

    particulares que introduzirem colonos na província os se

    guintes au xilio s: ,

    § 1.° As passagens gr atu ita s, indemnisações de pas

    sagens, hospedagem, tran spo rte interno e tradição de lotes

    coloniaes especificados nos §§ do a r t . 1.°

    6 2 ° Garantia a nnua l de jur os de 6 % sobre o capital

    máximo realizado de 400:000$000, pelo prazo de 10 annos,

    á empreza singular ou collectiva, que intro duzir immi

    grante s europêos na província, e os collocar definitiva

    mente nos estabelecimentos coloniaes da província ou das

    mesmas emprezas.

    § 3 .° O cap ital da empreza será realizado na tórma do

    regulamento para execução da presente lei.

    § 4 o Os lotes coloniaes pertencentes á empreza que

     go

    zar de g aran tia de jur os , serão sempre entregues aos colo

    nos a titulo

     de

     transmissão plena

     de

     propriedade, e

     pelo

     preço

    fixado no reg ulam ento, em vista da qualidade dos terre nos .

    A rt 3 ° As bagag ens, instrumen tos agrícolas e ferra

    mentas pertencentes aos imm igrantes serão transportados

    sempre por conta das tonelagens que tem a província nos

    vapores das linh as subvencionadas, ou indemnisadas pela

    mesma quando excederem do respectivo n um ero .

    A rt 4 . ° O governo fará acquisição de ter ras de boa

    qualidade 'situadas à beira dos rios navegáveis, e as man

    dará medir e d em arca r, dividindo-as em lotes de dimensões

    e superfície nunca menores do que as da tabeliã do decreto

    n . 5655 de 3 de Junh o de 1874.

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    42/73

    — 38 —

    § 1.° O preço de cada lote será o mesmo po rq u e a

    prov íncia tiver feito a respectiva acquisição ao Es tado ,

    si não fôr preferível cedel-os gratuitamente aos colonos,

    o que só terá lo gar si estes se destinarem á agri cu ltu ra e

    à creação de gados.

    § 2.° No caso de transm issão de lote colonial ao im

    migrante, a titulo oneroso, o preço será reduzido á me

    tade, sendo pago á vista.

    A rt . 5.° Fica o presidente da província autorizado a

    fundar quatro núcleos coloniaes, nas margens dos rios

    navegáveis e em logares mais apropriados á ag ric ul tu ra .

    A rt. 6.° O governo poderá con trata r com emprezarios

    singu lares ou collectivos a introducção de imm igrantes

    europêos, que venham estabelece r-se como proprietá rios

    nos núcleos coloniaes por elles formados mediante as se

    guintes subvenções :

    a)  Por cada immigrante maior de 12 annos, 50$000.

    b) Por cada immigrante de 7 a 12 annos, 25$000.

    c) Po r cada família de 4 pessoas para cima, 100$000 a

    150$000, conforme o numero de membros da família.

    A rt. 7.° A subvenção colonial poderá ser adiantada até

    metade do valo r, calculado sobre o num ero de im m i

    gran tes que se propozer introd uzir a empreza, mediante

    garantia real equivalente à hypotheca de immoveis á

    fazenda provincial.

    A rt . 8.° O governo poderá cons truir p ara dar aos

    colonos pequenas habitações provisórias nos núcleos co

    loniaes que estabelecer, nas condições que forem determi

    nadas pela repartição competente, não excedendo o valor

    de cada uma a 100$000.

    A rt . 9.° Haverá em cada núcleo colonial um a cadeira

    mixta de instrucção primaria e logo que seja possível uma

    para cada sexo.

    A rt . 10 . Os colonos nacionaes que se estabelecerem

    nas mesmas condições que os immigrantes est ran ge iros

    terão direito a auxilios idênticos.

    A rt . 11 . A introducção de operários ou officiaes c a r

    pinas, pedreiros, canteiros, oleiros, calceteiros, ferreiros,

    tanoeiros e outros de reconhecida necessidade ou ut ilid ad e,

    gozará dos mesmos favores e será pro tegida do mesmo

    modo.

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    -  39  —

    Ar t .  12. O presidente  da  província poderá contractar

    colonos

     na

     Europa

     por

      meio

     de um ou

      mais agentes

     de

    confiança.

    §  1.°  O agente perceberá  um ordenado nunca superior

    a 3:500S000 annuaes e terá passagens gra tuita s.

    §  2.° Nenhuma quantia lhe será entregu e sem garantia

    hypothecaria na fôrma do ar t. 7.°

    A r t .  13. O presidente da  província expedirá,  com a

    maior brevidade possível, regulamento para execução

     da

    presente lei, organizando todos os ramos de serviço cre a

    dos

      e

      necessários.

    A r t .

      14.

     Uma vez que se estabeleça uma corrente

     im-

    migratoria espontânea

      e

      abundante

      por

      todo

      o

      grande

    valle do Amazonas, desde Parintins até as fronteiras com

    os Estados vizinhos, a província subvencionará uma  ou

    mais emprezas de navegação destinadas especialmente  ao

    transporte de colonos.

    Ar t .  15. Na lei do  orçamento para  o  exercício  de

    1884-1885 será concedido  o  credito necessário para  a

    execução da presente lei.

    Ar t .

      16.

     Revogam-se

      as

     disposições em contrario.

    M a p p a  d os  i m m i g r a n t e s e n t r a d o s n o  *™g

    0

      ****•£

    d e

      J a n e i r o , d e 1 d o J a n e x r o d e 1 8 8 3

      a 3 0 a o

    J u n b o d e

      1884 .

    NACIONALIDADES

    1 8 8 3

    1 8 8 4

    TOTAL

    Allomã

    Austríaca

      ...

    Amerieana

      .,

    Argentina  . .

    Belga

    Hespanhola.

    Franceza

    I t a l i a n a . . . . .

    Ingloza

    Marroquina.

    Oriental  . . .

    Portugueza. ,

    Peruana

    Russa

    Suissa

    Sueca

    Turca

    D i v e r sa s . . . .

    Total .

    249

    10

    23

    24

    2.343

    152

    10.698

    158

    2

    11

    11.286

    1

    10

    94

    2

    6

    30

    664

    51019

    9

    7

    213

    427

    3.198

    54

    8

    8

    5.947

    7

    48

    26.789

    11.142

    2.354

    75929

    32

    31

    2.576

    578

    13.896

    212

    10

    19

    17.233

    8

    10

    142

    2

    6

    33

    37.931

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    - 40 -

    I m p é r i o d o B r a z i l

    Posição.—0   Império do Braz il está collocado na par te

    orien tal da Am erica do Su l, estendendo-se desde 5

    o

      10

    la t. N. até 33° 46' 10" la t. S. e de 8° 2 1 ' 2 4 " E . a 32°

    lon g. O. do meridiano do Rio de Jane iro.

    Superfície.— A sua superfície que corresponde a -jg-da

    superfície te rres tre do globo, a -f do Novo Mundo e a mais

    de

      .

    da America M eridional, é calculad a em 8.337.218

    kilometros quadrados tendo a sua costa a extensão de

    7.920 kilometros.

    Limites. —  O  Brazil confina com todos os paizes da

    America M eridional, excepto o Chile . Limita-se ao N .

    com as Gu yanas France za, Hollandeza e Ingleza, com a

    Republica de Venezuela e com a de Nova Granada; a O.

    com a Republica do P e ru , com a da Bolivia, com a do

    Pa ra gu ay e com a Confederação A rge ntin a; ao S. com o

    Estado Oriental do U rug ua y, e a Leste é banhado pelo

    Oceano Atlântico.

    Aspecto geral.— O solo do Brazil ê em gera l acciden-

    tado,

      porém menos mantanhoso para o extremo Sul.

    Contém vastas planícies, extensos valles e rios caudalosos.

    Levantam-se no centro grandes e altas chapadas e m uitas

    serras em differentes direcções.

    Climas.— O Império do Brazil goza de dous climas

    bem distinctos: na zona intertrop ical quente e humido

    durante a estação das águas, temperado e secco fora deste

    limite. Do Rio de Janeiro ao Amazonas a temperatura

    média é de 26°, na zona intertrop ical. Da capital do Im

    pério (Rio de Janeiro) ao extremo sul decresce muito o

    calor, tornando-se o clima agradavelm ente fresco.

    Assim acontece nas províncias de S. Paulo, Paraná,

    Santa Catharina, Rio Grande do Sul e em parte da pro

    víncia de Minas Geraes, nas quaes muitas vezes o ther-

    mometro desce a menos de 0

    o

      (centigr.).

    O clima do Brazil é em geral muito saudável e offerece,

    conforme as latitudes e circumstancias peculiares das

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    — 41 —

    localidades, as vantag ens que podem ser aspiradas pela

    immigração européa, a qual, sobre tão favoráveis condi

    ções,  encontra reun idos elementos para a acquisição da

    riqueza e independência que lhe proporciona a prodigiosa

    fertilidade do solo.

    População. —   E' de 12 milhões de hab itantes, inclusive

    cerca de  1.000.000 de indígenas habitantes das florestas.

    Governo. —  A  fôrma do Governo é a M onarchia Con

    stitucional Hereditária e Representativa.

    A dynastia imperante é a do S r. D . Pedro I, da Casa

    de Bragança, fundador do Império, seu primeiro Impe

    rador e Defensor Perpetuo, pai do actual Imperador

    Sr. D. Pedro II, Soberano venerado e estimado por todos

    os habitantes do paiz, tanto pelo seu espirito eminente

    mente patriota , justiceiro, libe ral e illustrado, como pelos

    dotes de çeu bondoso coraçã o.

    Divisão administrativa.—O

      Império do Brazil d i

    vide-se em 20 províncias, além do Município Neutro

    onde está a capital do Im pério . Cada província é adm i

    nistrada por um presidente nomeado pelo Governo Im

    perial, e tem uma assembléa legislativa, eleita pelos

    mesmos eleitores dos repre sentantes da província na as

    sembléa g e ra l. Cabe ás assembléas provinciaes legislar

    sobre os negócios puramente provinciaes ou immedia ta-

    mente relativos aos interesses peculiares da província,

    inclusive a instrucção publica, a divisão civil e jud iciaria ,

    a policia e economia munic ipal, dependendo da sancção do

    presidente as suas Leis e Resoluções.

    As províncias dividem-se em municípios, tendo cada um

    a sua câmara municipal eleita pelos respectivos habi

    tantes para a administração econômica do município.

    Religião.—   A religião do Estado e da maior pa rte da

    população é a Catholica, Apostólica Romana

     ;

     mas todos os

    cultos são tolerados.

    O Brazil divid e-se em 11 Bispados e um Arcebispado,

    cujo chefe tem as honras de Prim az da Igreja Brazile ira.

    Ninguém no Brazil pôde ser perseguido por motivo de

    re lig iã o ; somente se exige que não se offenda a moral

    publica e se respeite a religião do Es tado , assim como este

    respeita as ou tra s religiões, a ponto de pu nir com penas

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    - 42 -

    de prisão e multas aquelles que perseguirem a outrem por

    motivo religioso e abusarem ou zombarem de qu alq ue rculto estabelecido no Império.

    Nas povoaçôes coloniaes tem o Governo aux iliado e

    autorizado a construcção de casas de oração , subsidiando

    ministros de religiões differentes.

    Os filhos dos acatholicos não são obrigados a receber o

    ensino religioso que se dá aos filhos dos catholicos.

    Os casamentos dos acatholicos são respeitados em todos

    os seus effeitos legaes ; asseguran do as leis em vigor a

    legitimidade de estado civil da prole.

    Direitos dos Brazileiros.—

      A Constituição política do

    Império ga ran te em toda a sua plenitude a inviolabili

    dade dos direitos civis e políticos que tem por base a

    liberdad e, a segurança individual e a propriedade de todos

    os habitantes do Bra zil.

    Producção.—   O Braz il é um dos paizes mais favore

    cidos pela natu reza , que parece te r- se esmerado em

    pro diga lisar-lhe todos os seus preciosos dons.

    E ' adm irável a riqueza que elle ostenta nos reinos

    animal, vegetal e mineral.

    Ao passo que arvo res seculares povoam as suas extensas

    florestasofferecendoremuneradoras vantagens a quelles que

    se quizerem entregar ao corte de madeiras e á exploração

    das demais riquezas que ellas contêm, o seu fertilis-

    simo solo presta-se a todo o gênero de cu ltu ra , ence r

    rando em suas entranhas preciosas riquezas mineraes.

    A população do Brazil emprega-se na sua maior pa rte

    nos trabalh os agrícolas, cuja producção constitue a

    principal fonte da riqueza publica.

    A disposição topographica, a variedade de clim as, as

    correntes d'agua que regam o solo emtoda as direcções, e

    a sua luxu riosa vegetação, tornam as terra s

     do

     Brazil aptas

    em maior ou menor escala á cu ltu ra de todas as plantas

    do globo, e á verdadeiramente assombrosa producção .

    Em geral o milho dá 150 por 1, o feijão 80 , o arroz

    1.000;

     o trig o e o centeio produzem na porporção de 30

    a 60 por 1. Na plantio do algodão na mesma áre a que

    nos Estados-Unidos dá 900 kilogram mas, obtem-se no

    Brazil uma producção que varia de 1.500 a 15.0 00 kil o

    grammas conforme a qualidade das terras

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    - 43 —

    Nas provincias do sul como nas do norte produzem com

    vantajoso e mesmo notável resu ltado , em uns logare s, ocafé,  o algodão e o fumo ; em outros, a canna, os cereaes

    e legum es da E ur op a. Nos terrenos baixos produz a

    seringueira, donde se extrahe a goma elástica, o cacau,

    bau nilha e todas os plantas as iá ti ca s; nas regiões do sul

    prosperam as pereira s, macieiras, pecegueiros e a vinha

    que hoje já constitue um ramo de exportação de muitas

    povoaçôes importantes da província do Pa ran á e Rio

    Grande do Sul.

    A cu ltu ra do cafeeiro e da canna de assu car, bem como

    do algodoeiro nas provincias do norte,convergem na actu-

    alidade todos os esforços da maioria da população agríco

    la; taes são as vantagens que lhes proporcionam aquelles

    productos.

    Com efíeito, um hectare pode conter 918 cafeeiros,

    que em terras inferiores produzem 675 kilog., nos de 2

    a

    sorte 1.334 k il g . e nos superiores m ais de 2:0 00

    kilog

    Um homem activo, trabalh and o, pôde regu larm ente tra

    ta r de 2 hectares plantados de café, sendo portanto o seu

    rendimento annual de 405$000 no primeiro caso, de

    830$400 no segundo e de mais de  1.200 000 no 3

    o

    , cal

    culando-se o preço do café á razão de 300 rs. por kilog.

    A cu ltura da canna é igualmente rem une rado ra.

    Posto que apto para a sua producção todo o solo do

    Braz il desde o Amazonas até o Rio Grande do Su l, com-

    tudo é nas provincias do norte e principalmente nas

    provincias do Rio Grande do Norte, Pa rah yb a, Pernam

    buco,

      Alagoas, Sergipe, Bahia e Rio de Janeiro onde

    ella mais tem-se desenvolvido.

    Nos terrenos novos com ligeiros preparos póde-se co

    lhe r 100.00 0 k il g . de canna ao cabo de 15 mezes, a p ro

    veitando -se além disso o amanho da te rr a para a planta

    ção do feijão, m ilho, et c .

    Um trabalhador activo e intelligente pôde tratar de

    2 hectares plantados de canna.que lhe produzirá a. qu an -

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    — 44 -

    tia de 1:400 vendendo 1.000 kilog. de canna por 7$000.

    Regulando por 130$ a despeza que será necessária p ara

    o tratamen to e plantação de um hectare, ficara um l u

    cro liquido de 570$ para o proprietário do terreno, alem

    do que produ zir o m ilho, feijão, e t c , plantado nos ca n

    na

     viaes.

      J

      ,

    Existem hoje já montados e por montar gran de nu

    mero de fabricas centraes movidas por vapor e de sti

    nadas ao fabrico do as su ca r.

    Vantajosissimos resultados conseguem-se também da

    cu ltura do algodoeiro, que pôde asse gura r n'um a áre a

    de 3 hectares o lucro annual de 840$000, èm prega n-

    do-se folgadamente o tra ba lha do r, e ainda aprove itan

    do os

      claros

      para a plantação de cereaes.

    Os bons resultados que tem offerecido a cu ltu ra da

    vinha nas provincias do sul asseguram um largo desen

    volvimento á lucra tiva indu stria do fabrico do vinh o.

    Outro ramo de producção em que se avantajam prin

    cipalmente as provincias do norte, è a mandioca, donde,

    além da farinha de que toda a população faz uso , ex tr a -

    he-se excellente amydo de que se faz a tapioca já conhecida

    e apreciada na Eu rop a.

    Esse producto dá avultados lucros.

    Basta considerar que em 220 metros em quadro podem-

    se pla nta r 40.000 pés de mandioca que ainda mesmo em

    solo inferior podem produzir mais de 30.0 00 k ilo g. de

    tapioca, que ao preço minimo de 160 rs. por kilog. produza renda de4:800$000.

    A tão extrao rdinária vantagem accresce que a plantação

    da mandioca não exige os cuidados dos ou tro s produc tos,

    e que, depois de offerecer as suas preciosas raizes pa ra o

    alimento dos homens, e para variados usos, ainda as suas

    ramas são aproveitadas, independentemente de qualquer

    preparo, para alimentação dosa nim aes.

    A plantação do tabaco offerece igualmente risonhas

    perspectivas para os plantadores.

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    — 45 —

    O considerável consumo que encontra dentro e fora

    do paiz a odorifera folha que faz o ornam ento doemblema da -nossa fôrma de Governo, e cuja producção

    se desenvolve com prodigiosa pujança por todo o vasto

    território do Brazil, fazendo a riqueza de extensas regiões,

    como o norte da província de Minas Geraes e o interior

    das provincias da Bahia, Pernambuco, Alagoas, etc,

    offerece por certo segura vantagem a todos quantos pro

    moverem na maior escala a cu ltu ra de tão precioso pro-

    du cto , que n'um hec tare pôde desenvolver 30.000 pés,

    obtendo rem unera dora compensação a um trab alho rela

    tivamente insignificante.

    A cu ltur a do cacaueiro é a mais úti l e lucrativa que

    se pôde obter na nossa zona intertropical.

    As despezas da producção são muito inferiores ás que

    exigem o café, a canna, e mesmo o algodão e o tab aco.

    Não demanda o emprego de muitos braços, nem o de

    machinas custosas, sendo fácil o seu transporte.

    O cacau occupa o primeiro logar en tre os productos

    na turaes destinados á alimentação, pois fornece todos os

    elementos que desenvolvem e entretêm o organismo, po

    dendo assim sub stituir o pão e a carne , ao passo que ,

    pfeparado com água e assucar, transforma-se no chocolate,

    bebida tão saborosa como nutritiva.

    As condições da nossa atmosphera possuindo o calor

    e a humidade que são os elementos de que carece o ca

    caueiro para o seu completo desenvolvimento, asseguram

    o maior progresso de cu ltu ra deste utilissimo fructo que

    por todos os estudos está muito superior ao café.

    O cacaueiro produz depois de 5 annos de idade. Nesta

    época começa a máxima producção que pôde conservar-se

    sempre vigoro