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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018 Imigração haitiana em Joinville (SC): os desafios da educação no processo de inclusão 1 Sirlei de SOUZA 2 RESUMO O objetivo desta comunicação é problematizar a imigração haitiana ao Brasil, processo parte dos fluxos imigratórios internacionais contemporâneos. Pela experiência de extensão universitária dos últimos dois anos desenvolvida pela Universidade da Região de Joinville (Univille) e de posse dos dados das matrículas da educação básica e ensino superior de imigrantes haitianos na cidade, buscamos entender o processo de inclusão e inserção desse sujeito na sociedade joinvilense por espaços formais e não formais de educação. Desafios surgem para a inclusão desses imigrantes no processo educacional, dificuldades como o idioma, a cultura e o preconceito racial, interferindo na permanência de haitianos no espaço escolar. Pela narrativa de um universitário haitiano, vemos as estratégias de inserção instituídas pelos imigrantes e ações de acolhimento da sociedade local visando à inclusão educacional. PALAVRAS-CHAVE: imigração haitiana; inclusão; educação formal e informal; cidadania. INTRODUÇÃO Para pensar os processos imigratórios contemporâneos e os recentes deslocamentos para o Brasil, faz-se necessário problematizar seu impacto na vida dos imigrantes. É preciso compreender os motivos da saída de seu país de origem, a escolha do local de destino, analisar os dramas cotidianos vividos por esses imigrantes na incessante luta contra o preconceito e a discriminação, suas estratégias para a inclusão na sociedade receptora inserindo-se na comunidade local, seja por meio da criação de associações de imigrantes, da construção de espaços para professar sua fé, seja quando formalmente chegam aos espaços educacionais. 1 Trabalho apresentado no GP Comunicação e Educação, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisa em Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. A pesquisa faz parte dos estudos que estão sendo desenvolvidos para a tese de doutorado iniciada em abril de 2016 com o título Mídia e mediações socioculturais: imigração e vivências de haitianos em Joinville (SC) (2010- 2016), no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sob orientação da professora doutora Marialva Carlos Barbosa. 2 Professora da Universidade da Região de Joinville (Univille), e-mail: [email protected].

Imigração haitiana em Joinville (SC): os desafios da

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Joinville - SC – 2 a 8/09/2018

Imigração haitiana em Joinville (SC): os desafios da educação no processo de

inclusão1

Sirlei de SOUZA2

RESUMO

O objetivo desta comunicação é problematizar a imigração haitiana ao Brasil, processo

parte dos fluxos imigratórios internacionais contemporâneos. Pela experiência de

extensão universitária dos últimos dois anos desenvolvida pela Universidade da Região

de Joinville (Univille) e de posse dos dados das matrículas da educação básica e ensino

superior de imigrantes haitianos na cidade, buscamos entender o processo de inclusão e

inserção desse sujeito na sociedade joinvilense por espaços formais e não formais de

educação. Desafios surgem para a inclusão desses imigrantes no processo educacional,

dificuldades como o idioma, a cultura e o preconceito racial, interferindo na permanência

de haitianos no espaço escolar. Pela narrativa de um universitário haitiano, vemos as

estratégias de inserção instituídas pelos imigrantes e ações de acolhimento da sociedade

local visando à inclusão educacional.

PALAVRAS-CHAVE: imigração haitiana; inclusão; educação formal e informal;

cidadania.

INTRODUÇÃO

Para pensar os processos imigratórios contemporâneos e os recentes

deslocamentos para o Brasil, faz-se necessário problematizar seu impacto na vida dos

imigrantes. É preciso compreender os motivos da saída de seu país de origem, a escolha

do local de destino, analisar os dramas cotidianos vividos por esses imigrantes na

incessante luta contra o preconceito e a discriminação, suas estratégias para a inclusão na

sociedade receptora inserindo-se na comunidade local, seja por meio da criação de

associações de imigrantes, da construção de espaços para professar sua fé, seja quando

formalmente chegam aos espaços educacionais.

1 Trabalho apresentado no GP Comunicação e Educação, XVIII Encontro dos Grupos de Pesquisa em

Comunicação, evento componente do 41º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. A pesquisa

faz parte dos estudos que estão sendo desenvolvidos para a tese de doutorado iniciada em abril de 2016

com o título Mídia e mediações socioculturais: imigração e vivências de haitianos em Joinville (SC) (2010-

2016), no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ), sob orientação da professora doutora Marialva Carlos Barbosa.

2 Professora da Universidade da Região de Joinville (Univille), e-mail: [email protected].

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Nosso objetivo nesta comunicação é apreender uma nuança específica do processo

imigratório que envolve os haitianos em Joinville (SC): a questão de sua inserção nos

espaços formais e não formais de educação. Nessa perspectiva, tentamos ultrapassar a

clássica ideia do que é o imigrante, tão bem explicitada por Sayad (1998, p. 54) – “um

imigrante é essencialmente uma força de trabalho, e uma força de trabalho provisória,

temporária, em trânsito” –, e avançar na perspectiva de entender o imigrante como

protagonista de sua história. A inserção educacional pode proporcionar espaços de

convivência cultural e fortalecer a interculturalidade, como reflete ElHajji (2012, p. 37):

o “viés intercultural promove uma sociabilidade baseada no contágio social e subjetivo,

na tradução, na hibridização e na contínua reformulação dos princípios identitários do

indivíduo, do grupo e da sociedade na sua totalidade”.

A educação pode ser compreendida como promotora de hibridação cultural, que,

para Canclini (2015, 2015, p. XIX), são “processos socioculturais nos quais estruturas ou

práticas discretas, que existiam de forma separada, se combinam para gerar novas

estruturas, objetos e práticas”. O espaço escolar pode ser o lugar privilegiado para

“reconhecer o diferente e elaborar as tensões das diferenças” (CANCLINI, 2015, p.

XXVI-XXVII), bem como um espaço de vivências que, pela interação com os diferentes,

“torna possível que a multiculturalidade evite o que tem de segregação e se converta em

interculturalidade” (CANCLINI, 2015, p. XXVI-XXVII, grifos do autor).

A educação, seja ela realizada em espaços formais, seja em espaços não formais,

deve ser vista como força propulsora de interculturalidade, uma vez que “diferentes

comunidades culturais convivem e tentam construir uma vida em comum, ao mesmo

tempo em que retêm algo de sua identidade ‘original’” (HALL, 2003, p. 52). É com essa

compreensão que foram desenvolvidos os projetos de extensão comunitária com

imigrantes haitianos na Universidade da Região de Joinville (Univille) nos últimos anos.

As reflexões aqui apresentadas são, em parte, fruto dessa experiência.

A experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca.

Não o que se passa, não o que acontece, ou o que toca. A cada dia se

passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que

nada nos aconteça. Walter Benjamin, em um texto célebre, já observava

a pobreza de experiências que caracteriza o nosso mundo. Nunca se passaram tantas coisas, mas a experiência é cada vez mais rara

(LARROSA, 2002, p. 21, grifo nosso).

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Os dois primeiros projetos foram desenvolvidos em 2016 e 2017, e ambos são

intitulados O Haiti é Aqui: Integração de Imigrantes Haitianos na Sociedade Joinvilense3.

Foram construídos em parceria com a Associação dos Imigrantes Haitianos de Joinville

e tinham como objetivo oferecer formação educacional para imigrantes haitianos por

meio da realização de oficinas temáticas. O terceiro projeto em desenvolvimento neste

ano de 2018 (ainda em sua fase inicial), denominado de “O Haiti é Aqui”: Aprendendo

Juntos4, é uma parceria da universidade com a Escola de Educação Básica Dr. Jorge

Lacerda, da rede estadual de ensino de Santa Catarina, e seus propósitos são a inserção e

interação de crianças e jovens haitianos no espaço escolar.

DESENVOLVIMENTO

Entre os maiores contingentes de imigrantes no século XXI, estão os haitianos. O

terremoto ocorrido em 2010, que atingiu diretamente três milhões de pessoas, com mais

de 200 mil mortes (BASTANTE, 2010), é tido como a principal causa do deslocamento

desses indivíduos. Os dados sugerem que aproximadamente 80 mil haitianos tenham

obtido registro na Polícia Federal entre 2012 e 2016 (INSTITUTO MIGRAÇÕES E

DIREITOS HUMANOS, 2016) no Brasil. Entre os principais destinos escolhidos pelos

imigrantes para viver no Brasil, está Santa Catarina, e Joinville figura entre as cidades de

destino desses imigrantes.

Joinville está entre as maiores cidades do Sul do país, ocupando o terceiro lugar

como polo industrial na região (PREFEITURA DE JOINVILLE, 2016). Conta hoje com

cerca de 570 mil habitantes (IBGE, 2017). A cidade constituiu-se historicamente como

3 Esses projetos de extensão comunitária estão ligados ao Grupo de Pesquisa Cidade, Cultura e Diferença,

que conta com 16 pesquisadores professores e 22 estudantes dos cursos de Design, Direito e História, bem

como do Programa de Pós-Graduação em Patrimônio Cultural e Sociedade e do programa de extensão da

universidade denominado de Laboratório de História Oral. Os projetos foram coordenados pela professora

Ilanil Coelho e contou com a participação do professor Fernando César Sossai e da professora Sirlei de

Souza. Para mais informações, acessar: https://www.facebook.com/projetohaitiuniville

4 O projeto é caracterizado como voluntário de extensão. Ele começou com a iniciativa das professoras

Angela Maria Vieira, Raquel A. dos S. de Queiroz e Sandra Felício Roldão promovendo palestras sobre a

situação dos imigrantes haitianos em Joinville (palestras proferidas por essa pesquisadora). Com isso, a

diretora da escola, a professora Patrícia Bazzanella, propôs, em parceria com a Univille, a realização do

projeto “O Haiti é Aqui”: Aprendendo Juntos. Participam do desenvolvimento do projeto as alunas do

magistério Evanira Maçaneiro e Franciele C. C. da Silva, a voluntária acadêmica do curso de Letras

(Uninter) Viviane dos S. F. Fraga, a professora Sandra Felício Roldão e a professora Sirlei de Souza

(Univille).

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migrante5. Seu adensamento populacional deu-se em meados do século XIX, momento

em que recebeu um grande contingente de imigrantes germânicos6. A partir de 1970,

sobretudo por seu desenvolvimento industrial, que necessitava de grande número de mão

de obra, a cidade tornou-se novamente local de recepção de migrantes, tanto vindos de

cidades próximas como de várias regiões do país7. Mais recentemente, por força dos

fluxos imigratórios internacionais, Joinville passou a receber um significativo contingente

de imigrantes haitianos.

Com base nos dados fornecidos pela Polícia Federal e pelo Instituto Migrações e

Direitos Humanos (2016), dos imigrantes que adentraram no Brasil entre 2012 e 2016,

16.186 imigrantes (21,07%) deslocaram-se para Santa Catarina, dos quais o total de 2.029

(2,65%) escolheram a cidade de Joinville como destino.

Nesse cenário, o estudo sobre o panorama educacional faz-se necessário para

melhor compreender como a inclusão no processo educacional pode ser uma quebra de

paradigma para o histórico destino relegado ao imigrante, sobretudo àqueles advindos de

países periféricos e que sofrem grande discriminação pela sua condição étnico-racial. Dos

imigrantes haitianos que estão em Joinville que procuraram os serviços de assistência

social, cerca de 90% sabem ler e escrever e já vêm de seu país com algum estudo, do nível

fundamental ao superior8, indicadores que demonstram que já há entre os imigrantes

haitianos a cultura da escolaridade e atribuição de valor à educação como um bem

importantíssimo para o processo de geração de igualdade social.

Quanto às matrículas dos imigrantes haitianos residentes em Joinville ou de seus

filhos nascidos na cidade, os dados levantados pela Secretaria de Estado da Educação

(SED-SC) mostram que o maior número de matrículas na rede estadual de ensino está

localizado nas séries iniciais do ensino fundamental. Nessas séries podemos encontrar

crianças de 6 até 10 anos de idade. Nas escolas estaduais de educação básica de Joinville9,

5 A esse respeito, ver: COELHO, 2010.

6 Ver: SEYFERTH, 1990; FICKER, 2008.

7 Sobre processos recentes de migração em Joinville, ver: COELHO, 2010; NIEHUES, 2000.

8 Lista de estrangeiros incluídos no cadastro único para programas sociais do governo federal, base

setembro de 2017, fornecida por correio eletrônico para a pesquisadora em janeiro de 2018.

9 Relação de matrículas > alunos de nacionalidade haitiana > rede estadual de ensino > município de

Joinville. Fonte: SED-SC/Sistema de Gestão Educacional de Santa Catarina (Sisgesc), em 31 mar. 2017.

Informações fornecidas por e-mail para a pesquisadora, em 28 de novembro de 2017.

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o total é de 41 alunos haitianos matriculados no ensino fundamental regular e 18 alunos

matriculados no ensino fundamental oferecido pelo Centro de Educação de Jovens e

Adultos (CEJA). Isso evidencia o retorno aos estudos por parte de jovens e adultos que

não haviam concluído as primeiras etapas da educação básica no Haiti. São cinco os

alunos matriculados no ensino médio, dos quais um é do CEJA, e há também um

imigrante haitiano cursando técnico profissionalizante na área da qualidade.

A Figura 1 exibe os números de matrículas de imigrantes haitianos (ou de seus

filhos nascidos na cidade) na rede estadual de ensino joinvilense.

Ens. Fund.: ensino fundamental; Ens. Médio: ensino médio; EJA: Educação de Jovens e Adultos; Téc.

Qualidade: curso técnico em Qualidade.

Figura 1 – Números de matrículas dos haitianos na rede estadual de ensino de Joinville Fonte: SED-SC/Sistema de Gestão Educacional de Santa Catarina (Sisgesc), em 31 mar. 2017.

Informações fornecidas por e-mail para a pesquisadora, em 28 de novembro de 2017

Na rede municipal, dados da Secretaria Municipal de Educação de Joinville10

apontam 53 matrículas de alunos haitianos na educação infantil e no ensino fundamental

no decorrer do primeiro semestre de 2017. Verifica-se que 62% das matrículas são de

alunos que estão na faixa etária dos 4 aos 8 anos de idade, constatando-se que o maior

número de matrículas de imigrantes haitianos na rede municipal se concentra nos

primeiros anos do ensino fundamental. Os dados fornecidos mostram que o aluno haitiano

mais novo tem 2 anos de idade e está matriculado no maternal, enquanto o mais velho

tem 32 anos e está matriculado na modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos

(EJA), o que indica uma variação bastante grande de faixa etária entre os matriculados.

A Figura 2 traz um gráfico com o panorama das matrículas de imigrantes haitianos

(ou de seus filhos nascidos na cidade) na rede municipal de ensino de Joinville.

10 Ofício n.º 616-GAB/Secretaria de Educação, enviado por e-mail à professora Fernanda Lapa,

coordenadora do Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH) de Joinville e da Clínica de

Direitos Humanos da Univille, em 6 de junho de 2017.

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Figura 2 – Números de matrículas dos haitianos na rede municipal de ensino de Joinville

Fonte: Ofício n.º 616-GAB/Secretaria de Educação, enviado por e-mail à professora Fernanda Lapa,

coordenadora do Instituto de Desenvolvimento e Direitos Humanos (IDDH) de Joinville e da Clínica de

Direitos Humanos da Univille, em 6 de junho de 2017

Ao relacionar alguns exemplos da presença imigrante no cenário educacional com

as reportagens que circulam na imprensa local, observamos que há notícias esparsas das

questões que tangem a educação formal dos imigrantes em Joinville.

O jornal Notícias do Dia, em sua publicação on line, na matéria “Vinda de

haitianos triplicou em dois anos e integração passou a ser desafio em Joinville” e assinada

por Suellen dos Santos Venturini (2014), a problemática da educação é destaque. O texto

refere-se ao imigrante como: “O pequeno Frantzdy Cilus, 10, é um personagem recente

dessa realidade [...], há menos de um mês, está tentando se integrar. Cilus não fala

português e é bem tímido” (VENTURINI, 2014). A narrativa dá ênfase ao fato de Cilus

ter aprendido “algumas palavras, mas ainda não conversa e brinca pouco com as crianças

da escola” (VENTURINI, 2014). Para explicar o processo de aprendizagem do menino,

a reportagem ouviu a professora Juriti Aparecida Ventura, que disse: “Ele tem anotado

tudo com muito capricho” (VENTURINI, 2014), demonstrando em sua constatação o

esforço do pequeno Cilus. Por outro lado, há o posicionamento da gerência da Secretaria

Municipal da Educação, que aponta fragilidade no processo de acompanhamento da

escola quanto aos imigrantes, nas palavras de Elisabeth Staranscheck, representante da

secretaria: “Caberia ao Ministério das Relações Exteriores intervir em escala maior,

porque em casos como esse não há o que possamos fazer, eles têm que aprender sozinhos”

(VENTURINI, 2014). Diante dessa declaração, parece-nos existir uma tentativa de se

eximir da responsabilidade pela inclusão e aprendizagem desse imigrante. Quanto à

aprendizagem dos imigrantes adultos, a resposta da gerente parece-nos simplista e mais

uma vez isenta de responsabilidade: “Vários adultos já vieram pedir ajuda, mas a maioria

tem ensino fundamental no Haiti. Eles querem aprender o básico e nos programas de

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ensino para adultos não tem professores que saibam a língua deles” (VENTURINI, 2014).

A matéria destaca ainda várias iniciativas desenvolvidas pelo voluntariado na cidade com

o objetivo de ensinar a língua portuguesa aos imigrantes haitianos.

É nesse cenário de desafios de inclusão que os projetos de extensão desenvolvidos

pela Univille se revestem de importância, seja por meio das ações que têm por objetivo a

vivência dos imigrantes nas situações envolvendo a aprendizagem da língua portuguesa,

seja mediante atividades de formação e qualificação para inserção no mercado de trabalho

ou o acompanhamento de crianças e jovens na educação formal. Conforme relatório das

atividades de “O Haiti é Aqui”: Aprendendo Juntos11, o projeto tem proporcionado “aulas

de aprimoramento da Língua Portuguesa, enfatizando a linguagem oral e escrita”. A

avaliação é de que há “um grande avanço das alunas, que atualmente realizam conversas

na Língua Portuguesa, produzem pequenos textos e leituras de livros da literatura

infantil”. O relato comemora o fato de que “a barreira linguística, paulatinamente, está

sendo vencida pelas alunas imigrantes com o apoio do Projeto”. Os resultados efetivos

para o sucesso escolar dessas alunas poderão ser analisados de forma mais global quando

do fechamento das próximas avaliações bimestrais.

A metodologia para a execução das atividades desenvolvidas até o presente

momento (o projeto completou três meses) foi definida em reuniões entre professores da

Escola de Educação Básica Dr. Jorge Lacerda e da Univille, alunas do magistério da

escola e uma aluna voluntária de licenciatura (Uninter) que já trabalha com grupo de

imigrantes haitianos adultos no ensino da língua portuguesa em um projeto comunitário

na cidade. Definidos o planejamento e a metodologia a ser trabalhada com os alunos

haitianos, decidiu-se por realizar uma roda de conversa com a mediação de um imigrante

estudante universitário12 com o objetivo de socializar, em crioulo (língua falada no Haiti),

a proposta do projeto com todos que participariam da atividade. Na roda também houve

espaço para que o imigrante universitário relatasse sua experiência para superar os

desafios da aprendizagem no Brasil13. As atividades de aprendizagem são desenvolvidas

11 Relatório de atividades do projeto “O Haiti é aqui”: Aprendendo Juntos – balanço do primeiro semestre

de atividades (junho de 2018), enviado à pesquisadora em 5 de julho de 2018.

12 Patrick Hans é estudante do curso de Psicologia na Univille, chegou ao Brasil há aproximadamente um

ano e participou de outro projeto com haitianos no ano de 2017.

13 Relatório de atividades do projeto “O Haiti é Aqui”: Aprendendo Juntos – balanço do primeiro semestre

de atividades (junho de 2018), enviado à pesquisadora em 5 de julho de 2018.

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duas vezes por semana, com duração de 2 horas cada uma, partindo das necessidades do

cotidiano escolar e social das alunas haitianas. As atividades iniciaram-se com três

meninas haitianas, e a escola tem matriculado o total de sete alunos haitianos.

No que se refere à procura pela escolaridade formal dos imigrantes haitianos em

Joinville, analisando os números da EJA, que apontam quantidade significativa de

haitianos buscando finalizar seus estudos nos níveis da educação básica, podemos

compreender a imigração como uma aposta de futuro, fissurando um dos históricos

estigmas do imigrante: mão de obra barata e sem escolaridade. Conforme dados

apresentados na Figura 1, dos 65 haitianos matriculados, 20 estão na EJA e no ensino

técnico. Isso indica preocupação por parte dos imigrantes de concluir seus estudos na

educação básica.

A determinação dos imigrantes haitianos em continuar seus estudos formais, bem

como acessar novos espaços de qualificação profissional, ficou clara quando do

desenvolvimento dos projetos de extensão realizados pela Univille com imigrantes

haitianos adultos em 2016 e 2017. Tais projetos visavam “acolhimento e integração local

de imigrantes [...] como também para estabelecer diálogos interculturais que tenham

como efeito a identificação de problemas e o compartilhamento de saberes”14. No

decorrer desses projetos, foi possível desenvolver oficinas de capacitação com diversos

temas, entre eles direitos humanos; direitos trabalhistas e previdenciários;

empreendedorismo; saúde e medicamentos; diálogos interculturais: música e literatura;

imigração; e meios de comunicação. Para além disso, foram oferecidas atividades

formativas de vivência na língua portuguesa e também capacitação em Excel básico para

os imigrantes que já tinham adquirido certa fluência na língua local. Em toda a vivência

nesses projetos, que contaram com a participação de aproximadamente 35 haitianos,

pôde-se perceber que “os haitianos não desejam ser vistos apenas como força de trabalho

bruta, mas como moradores de Joinville em busca de melhores condições de vida, de

formação profissional e de crescimento educacional”15.

14 Para mais informações, ver:

<http://www.furb.br/_upl/files/especiais/fiepe/Extensao.pdf?20180708105610>. Acesso em: 8 jul. 2018.

15 Para mais informações, ver:

<http://digital.univille.edu.br/digital/seminarios/anais.phtml?idSeminario=24&acao=resumos&idArea=3

&cd=#3253>. Acesso em: 8 jul. 2018.

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No que concerne às matrículas para o ensino superior16, é possível observar que a

sua efetivação se intensificou a partir do ano de 2015. Em 2015 e 2016 houve 58

matrículas de alunos haitianos nas instituições de ensino superior da cidade, revelando

uma procura considerável de jovens pelo aperfeiçoamento e pela continuação dos estudos.

Dessas 58 matrículas, 78% são de jovens do sexo masculino.

A expectativa de futuro como conquista aparece nas falas dos imigrantes

relacionadas à possibilidade de frequentar a universidade. O confronto dos discursos que

produzem sobre si mesmos retira a frieza dos dados estatísticos, que revelam muitas

nuanças importantes, negando até mesmo premissas cristalizadas em torno dos

imigrantes, mas não é capaz de deixar emergir emoções arrebatadoras como aquelas que

as narrativas imigrantes produzem.

Para Roland Lafront17, jovem universitário haitiano, “estudar aqui é um privilégio

muito grande”, referindo-se à universidade como “uma coisa que eu sempre quis, sempre

sonhei [...], é conquistar meu sonho, não só meu sonho. É conquistar os sonhos de meus

irmãos” (LAFRONT, 2016). Elabora seu feito de entrar e permanecer na universidade

como parte de seu projeto de migrar e associa-o com sua história familiar: “É dar um

passo mais para frente para mim, para meus irmãos e para os jovens da minha família”

(LAFRONT, 2016). O entrevistado coloca-se como precursor e exemplo para os que

permaneceram no Haiti, dizendo: “[Eu estou] tentando de fazer alguma coisa, dando um

exemplo [...]. Isso me deixa com muito orgulho. Eu acho que isso não vai ficar só para

mim, vai ficar para minha família inteira” (LAFRONT, 2016).

Roland faz parte de um pequeno grupo de imigrantes haitianos que frequentam

universidades comunitárias ou públicas em Joinville. É importante registrar que 83% das

matrículas na cidade estão concentradas numa única instituição de ensino superior,

pertencente a um grande grupo educacional do Brasil que oferece mensalidade de baixo

custo18, evidenciando novamente a baixa condição econômica da maioria dos imigrantes,

16 Dados referentes aos anos de 2014, 2015 e 2016, coletados em 17 de janeiro de 2018 e fornecidos por e-

mail pela consultoria Mercadoedu, empresa que realiza levantamentos acerca das matrículas em instituições de ensino superior no país.

17 Imigrante haitiano, 36 anos, estudante do segundo ano do curso de Design da Univille. Roland saiu do

Haiti e morou um ano e meio na Venezuela antes de vir para o Brasil.

18 Segue o número de matrículas em instituições de ensino superior: Centro Universitário Unicesumar, 2%;

Faculdade Cenecista de Joinville, 2%; Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), 2%;

Universidade Anhanguera, 83%; Univille, 2%; Universidade Paulista (Unip), 2%; e Universidade Unopar,

9%.

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o que faz com que precisem optar por um ensino de baixo custo. Exibe-se a situação das

matrículas de imigrantes haitianos no ensino superior em Joinville na Figura 3.

Figura 3 – Matrículas no ensino superior dos imigrantes haitianos por ano e sexo em Joinville

Fonte: Consultoria Mercadoedu, 2017

Os números do censo do ensino superior no Brasil em 2016 revelam que, entre os

estrangeiros residentes no Brasil e que estavam frequentando o ensino superior naquele

ano, 352 eram haitianos19. Vale ressalvar que em 2011, logo após o terremoto no Haiti,

foi desenvolvido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(Capes) o Programa Emergencial em Educação Superior Pró-Haiti, que tinha como

objetivo “auxiliar na reconstrução do Haiti, atuando no fortalecimento e na recomposição

do Sistema de Educação Superior do país” (BRASIL, 2017)20. Passados sete anos dessa

iniciativa, permanecem os imigrantes haitianos nas instituições de ensino superior mesmo

que de forma espontânea, sem incentivos institucionais.

19 “O Censo da Educação Superior constatou também que 45% dos estudantes estrangeiros matriculados

nas [instituições de ensino superior] IES têm origem no continente americano. Outros 28% vêm da África;

14% da Europa; 11% da Ásia; e 2% da Oceania. A nacionalidade angolana é a que mais frequenta as

instituições de ensino superior brasileiras, com 1.928 estudantes. O número é quase o dobro da segunda

nacionalidade que mais frequenta essas instituições (paraguaia, com 1.091 estudantes). Guiné-Bissau está

em terceiro lugar, com 1.017 estudantes, seguida de Japão (927), Argentina (905), Bolívia (855), Peru (795),

Portugal (634), [Estados Unidos] EUA (574), Cabo Verde (561), Uruguai (499), Colômbia (452), Chile

(402) e Haiti (352)” (PEDUZZI, 2017). 20 “O Programa Emergencial em Educação Superior Pró-Haiti – Graduação é coordenado pela Capes, em

conjunto com a Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC) e o Ministério

das Relações Exteriores (MRE), e foi criado para auxiliar na reconstrução do Haiti, atuando no

fortalecimento e na recomposição do Sistema de Educação Superior do país. O programa baseia-se na

concessão de bolsas de estudos a estudantes das instituições de ensino superior de Porto Príncipe em

instituições de ensino superior brasileira (IES). Com objetivo de contribuir para a reconstrução do Haiti por

meio de apoio à formação de recursos humanos em nível de graduação-sanduíche” (BRASIL, 2017).

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Os dados da Figura 4 mostram as matrículas por curso nas instituições

frequentadas por imigrantes haitianos em Joinville. Podemos constatar que, entre as

carreiras escolhidas, a maioria está ligada ao mercado de trabalho e com possibilidades

de empregabilidade imediata. Destacam-se as matrículas do curso de Logística, 29% do

total, seguidas por Gestão Financeira e Engenharia Civil (ambos com 14% das

matrículas). O ponto fora da curva é observado nas matrículas do curso de Letras/Inglês,

também com 14%. Nossa hipótese é que esse número significativo de matrículas possa

estar relacionado ao interesse pelo domínio tanto da língua portuguesa quanto do inglês.

Figura 4 – Matrículas dos imigrantes haitianos em Joinville no ensino superior por curso

Fonte: Consultoria Mercadoedu, 2017

Um dado mostra-se preocupante. Dos 58 alunos matriculados no ensino superior

na cidade, apenas 22 deles (38%) ainda permaneciam frequentando as aulas no fim do

ano de 2016. Pela narrativa de Roland, podemos compreender, em parte, as dificuldades

encontradas pelos imigrantes para continuar estudando:

Todo dia acordo e sai da minha casa quase 4 horas da manhã. Eu cheguei na Tupy

quase 5 horas da manhã [...], 14h15 cheguei em casa. Todo dia quando chego eu

sempre, às vezes, eu fui dormir, porque tô muito cansado, [...] mas quando tenho muito trabalho lá na Univille pra fazer tem que ficar acordado [...]. Todo dia é

assim. Às vezes tem [um] amigo na faculdade que me pede: “Roland, vamos lá em

casa, vou fazer um churrasco”. Como tô precisando trabalhar no sábado pra pagar a faculdade [, eu não vou] (LAFRONT, 2016).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em

estudo recente que resultou no relatório intitulado “A resiliência de estudantes de origem

migrante: fatores que moldam o bem-estar”, identificou como fator de insucesso escolar

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as desvantagens socioeconômicas e as barreiras linguísticas. O relatório foi divulgado por

Agência Brasil e analisado pela repórter Marieta Cazarré (2018). Segundo a jornalista, de

acordo com a pesquisa, “cerca de 50% dos alunos de origem imigrante não conseguiram

atingir as habilidades básicas em leitura, matemática e ciências” (CAZARRÉ, 2018).

Outro destaque é para o fato de “que os estudantes imigrantes sentiam um menor senso

de pertencimento na escola do que os estudantes nativos” (CAZARRÉ, 2018).

Também as experiências de extensão nos mostram grandes desafios relacionados

à inclusão e inserção dos imigrantes, seja nos espaços formais de educação, como a escola

ou a universidade, seja ainda nos espaços de capacitação para a cidadania ou mais

especificamente de qualificação para o mercado de trabalho. É preciso levar em conta os

contextos de formação com significativas diferenças de tradição educacional (Haiti e

Brasil), bem como as barreiras que as dificuldades linguísticas impõem nesse processo e,

sobretudo, a dificuldade de abrir espaços nesses lugares de aprendizagem para as

narrativas da experiência de cada um, experiências essas muitas vezes carregadas por

memórias traumáticas.

CONCLUSÃO

A inclusão de crianças e jovens imigrantes haitianos nos espaços formais e não

formais de educação no Brasil não é um desafio isolado; faz parte do conjunto de desafios

que o poder público e educadores encontram para promover uma educação inclusiva no

país. Não são apenas os imigrantes que esbarram em dificuldades em se inserirem e se

manterem no ambiente escolar. Pobres, negros, indígenas, entre outras tantas crianças e

jovens também sofrem cotidianamente com os preconceitos e o abandono escolar.

A existência da escola não garante a inclusão nem a aprendizagem; é preciso o

desenvolvimento de estratégias de acolhimento, acompanhamento e implantação de

metodologias diferenciadas para romper as barreiras do preconceito, os obstáculos

linguísticos e as dificuldades de aprendizagem geradas pelas condições precárias da

educação básica nos países periféricos. Iniciativas como os projetos de extensão

desenvolvidos por grupos da sociedade civil, organizações religiosas, universidades em

parceria com associações de imigrantes e redes públicas de ensino podem modelar

metodologias de aprendizagem que possibilitem às crianças e aos jovens imigrantes a

permanência e o sucesso escolar, sucesso entendido como inclusão e vivências para a

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cidadania. O ganho não é apenas escolar, e sim de uma sociedade que promove, pela

diversidade, a inclusão.

Como expressa o relatório do Projeto “O Haiti é Aqui”: Aprendendo Juntos21,

escola e universidade “acreditam que o principal valor que permeia a educação de

qualidade [...] é configurado no princípio da igualdade, pilar fundamental de uma

sociedade democrática e justa”, que no entendimento do grupo participante do projeto só

acontecerá “com a inclusão de TODOS”.

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