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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA DOUTORADO EM CLÍNICA INTEGRADA LUIZ ALEXANDRE MOURA PENTEADO IMPACTO DA ANSIEDADE, DO MEDO AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO E DA CONDIÇÃO BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS RECIFE-PE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA DOUTORADO EM CLÍNICA INTEGRADA

LUIZ ALEXANDRE MOURA PENTEADO

IMPACTO DA ANSIEDADE, DO MEDO AO TRATAMENTO

ODONTOLÓGICO E DA CONDIÇÃO BUCAL NA QUALIDADE

DE VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

RECIFE-PE

2017

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LUIZ ALEXANDRE MOURA PENTEADO

IMPACTO DA ANSIEDADE, DO MEDO AO TRATAMENTO

ODONTOLÓGICO E DA CONDIÇÃO BUCAL NA QUALIDADE

DE VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-

Graduação em Odontologia do Centro de Ciências da

Saúde da Universidade Federal de Pernambuco como

requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em

Odontologia área de concentração em Clínica Integrada

Orientadora: Profa. Dra. Renata Cimões Jovino Silveira.

RECIFE-PE

2017

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LUIZ ALEXANDRE MOURA PENTEADO

Banca Examinadora

Aprovada em 07 de fevereiro de 2017

Orientadora: Profa. Dra. RENATA CIMOES JOVINO SILVEIRA “IMPACTO DA ANSIEDADE, DO MEDO AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO E

DA CONDIÇÃO BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS

ODONTOLÓGICOS”.

5°________________________________________________

Profª Drª RENATA CIMOES JOVINO SILVEIRA (Examinador Interno) Universidade Federal de Pernambuco

4°________________________________________________

Prof.ª Dr.ª ANDREA DOS ANJOS PONTUAL (Examinador Interno) Universidade Federal de Pernambuco

3°________________________________________________

Prof.ª Dr.ª BRUNA DE CARVALHO VAJGEL (Examinador Interno) Universidade Federal de Pernambuco

2°________________________________________________

Prof. Dr. THADEU RORIZ SILVA CRUZ (Examinador Interno) UNIT

1°________________________________________________

Prof. Dr. NATANAEL BARBOSA DOS SANTOS (Examinador Externo) Universidade Federal de Pernambuco

9

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Reitor

Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

Vice-Reitor

Profa. Dra. Florisbela de Arruda Camara e Siqueira Campos

Pró-Reitor para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação

Prof. Dr. Ernani Rodrigues de Carvalho Neto

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Diretor

Prof. Dr. Nicodemos Teles de Pontes Filho

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Odontologia

Profª. Drª. Alessandra Albuquerque Tavares de Carvalho

Colegiado

Profª. Drª. Alessandra Albuquerque Tavares de Carvalho

Prof. Dr. Anderson Stevens Leônidas Gomes

Profª. Drª. Andrea Cruz Camara

Profª. Drª. Andrea dos Anjos Pontual

Prof. Dr. Arnaldo de França Caldas Júnior

Profª. Drª. Bruna de Carvalho Farias Vajgel

Prof. Dr. Carlos Menezes Aguiar

Prof. Dr. Danyel Elias da Cruz Perez

Profª. Drª. Flavia Maria de Moraes Ramos Perez

Prof. Dr. Gustavo Pina Godoy

Prof. Dr. Jair Carneiro Leão

Profª. Drª. Jurema Freire Lisboa de Castro

Prof. Dr. Luiz Alcino Monteiro Gueiros

Profª. Drª. Maria Luiza dos Anjos Pontual

Profª. Drª. Renata Cimões Jovino Silveira

Secretaria

Oziclere Sena de Araújo

10

RESUMO

O medo (MD) e a ansiedade ao tratamento odontológico (ATO) são complicações para

o paciente e prestador de cuidados odontológicos. Esses sentimentos elevam a

evasão dos pacientes às consultas e ou causam retardo pela procura ao atendimento

odontológico, o que tende a promover uma piora da condição bucal com

potencialidade de influenciar na qualidade de vida dos indivíduos. Frente ao exposto

o presente estudo teve o propósito de avaliar o nível de MD e ATO e investigar se a

ocorrência destes sentimentos tem impacto sobre a condição periodontal com reflexo

na autopercepção de qualidade de vida de usuários de serviços odontológicos. Um

estudo observacional foi realizado, no período de julho a outubro de 2016, com

amostra censitária. Determinou-se os níveis de MD e ATO, por meio do uso dos

questionários MDAS e Gatchel; além disso foram obtidos dados da condição

periodontal (PMG, PS, NIC, SS) e investigou-se o impacto dessa condição sobre a

percepção de qualidade de vida, usando o questionário OHIP-14. Coletou-se ainda

dados socioeconômicos e histórico de experiências odontológicas traumáticas prévias

(EOTP). Participaram 287 sujeitos, com média de idade de 44,4 ± 15,4 anos, sendo

71,4% do gênero feminino. Foram considerados muito ansiosos ou ansiosos 23,3%

dos participantes e 42,9% apresentaram medo moderado ou extremo. EOTP foram

significativas em relação ao MD e ATO (p<0,05). O gênero feminino e a escolaridade

baixa mostraram associação estatisticamente significante em relação a ansiedade

(p<0,05). A percepção da condição bucal impactar negativamente na qualidade de

vida foi prevalente em 38,3% dos sujeitos, sendo significativamente associada a

menor renda (p<0,05), mas sem diferença significativa com a condição periodontal

(p>0,05). Conclui-se que o nível moderado e alto de ansiedade e medo ao

atendimento odontológico foi observado em parcela expressiva dos entrevistados,

sendo o gênero feminino e com menor escolaridade mais suscetíveis à ansiedade.

Indivíduos com experiência traumática prévia também estão mais relacionados a altos

níveis de medo e ansiedade. O medo e a ansiedade não influenciaram na condição

periodontal, e essa por sua vez não influenciou na qualidade de vida dos participantes.

Palavras-chave: Ansiedade ao Tratamento Odontológico. Medo ao Tratamento

Odontológico. Qualidade de Vida. Saúde Bucal.

11

ABSTRACT

Dental Fear (DF) and dental anxiety (DA) are complications for the patient and dental

care provider. These feelings increase the patients' avoidance of consultations and

cause delay in the search for dental care, which tends to promote an improvement of

the oral condition with the potential to influence the quality of life of individuals. In view

of the above, the purpose of this study was to evaluate the level of DF and DA and

investigate an occurrence of these feelings about the periodontal condition with a

reflection on the self-perception of quality of life of users of dental services. An

observational study was carried out, in the period of July 2016, with a census sample.

The levels of DF and DA were determined for the means of using the MDAS and

Gatchel questionnaires; (PMG, PS, NIC, SS) and to investigate the question about the

perception of quality of life using the OHIP-14 questionnaire.

Socioeconomic data and history of previous traumatic dental experiences (PTDE) were

also collected. A total of 287 subjects participated, with a mean age of 44.4 ± 15.4

years, with 71.4% being female. 23.3% of the participants were considered very

anxious or anxious and 42.9% presented moderate or extreme fear. PTDE were

significant in relation to DF and DA (p<0.05). The female gender and low schooling

showed a statistically significant association with anxiety (p<0.05). The perception of

the oral condition negatively impacting quality of life was prevalent in 38.3% of the

subjects, being significantly associated with lower income (p<0.05), but without

significant difference with the periodontal condition (p>0.05).

It was concluded that the moderate and high level of anxiety and fear of dental care

was observed in an expressive portion of the interviewees, with the female gender and

lower educational level being more susceptible to anxiety. Individuals with previous

traumatic experience are also more related to high levels of fear and anxiety. Fear and

anxiety did not influence the periodontal condition, and this did not influence the

participants' quality of life

Keywords: Dental anxiety. Dental Fear. Quality of life. Oral Health.

7

SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO ................................................................................................ 8

2 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 9

3 METODOLOGIA ................................................................................................. 11

3.1.Considerações éticas ....................................................................................... 11

3.2 Delineamento e população do estudo ............................................................. 11

3.3 Critérios de inclusão e exclusão ...................................................................... 12

3.4 Coleta de dados ................................................................................................. 13

3.5 Instrumentos de pesquisas .............................................................................. 13

3.5.1 Questionários ou Entrevistas ............................................................................ 13

3.5.1.1 Condição Socioeconômica ............................................................................ 13

3.5.1.2 Ansiedade e medo ao tratamento odontológico ............................................ 14

3.5.1.3 Qualidade de vida.......................................................................................... 15

3.5.2 Condição Periodontal ....................................................................................... 16

3.6 Elenco de variáveis ........................................................................................... 17

3.7 Análise Estatística ............................................................................................. 19

3.7.1 Fase descritiva ................................................................................................. 19

3.7.2 Fase analítica ................................................................................................... 20

4 RESULTADOS (ARTIGO CIENTÍFICO) ............................................................. 20

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 44

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 45

APÊNDICE ................................................................................................................ 49

Apêndice 1 (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido) ............................... 49

ANEXOS ................................................................................................................... 52

Anexo A (Questionário Socioeconômico) ............................................................. 52

Anexo B (Escala de Ansiedade Odontológica Modificada (MDAS) e Escala de

Medo de Gatchel) .................................................................................................... 53

Anexo C (Questionário OHIP-14) ........................................................................... 54

Anexo D (Parecer Consubstanciado – Comitê de Ética)...................................... 55

Anexo E (Normas da Revista ARchives of Oral Biology - (Guide for

Authors))................................................................................................................ ... 63

Anexo F (Manual Para Normatização de Dissertações e Teses da Pós-

graduação em Odontologia – UFPE). .................................................................... 75

8

1 APRESENTAÇÃO

A presente tese de doutorado aborda o estudo da ansiedade e medo ao tratamento

odontológico e investiga se a ocorrência destes sentimentos tem impacto sobre a

condição periodontal com reflexo na autopercepção de qualidade de vida de usuários

de serviços odontológicos. O estudo foi observacional com amostra censitária

composta pelo total de sujeitos que foram atendidos em dois cursos de graduação em

odontologia da cidade de Maceió-AL, no período de um semestre letivo de 2016, com

a coleta realizada entre os meses de julho a outubro. A investigação destes

sentimentos, em usuários de serviços odontológicos, tem sido realizada em diversos

países, uma vez que a ansiedade e medo são causas de retardo, ou até mesmo fuga,

na procura por atendimento odontológico e, portanto, podem prejudicar a saúde bucal

e qualidade de vida de seus portadores. A frequência destes sentimentos apresenta

flutuações de acordo com os meios/métodos usados para sua determinação e

também em razão da população estudada. Compreendendo-se a relevância do medo

e ansiedade como fatores importantes sobre a saúde, de um percentual de

determinada população, e ciente de que na cidade de Maceió-AL não haviam estudos

sobre esse tema, justificou-se a realização desta investigação, afim de se iniciar um

diagnóstico desta situação. Utilizou-se como abordagem para coleta de dados,

questionários validados na língua portuguesa, sendo para a ansiedade usado o

questionário Escala de Ansiedade Odontológica Modificada de Corah (MDAS), para o

medo a Escala de Gatchel e por fim para autopercepção de qualidade de vida o Oral

Healt Impact Profile – 14 (OHIP-14). Avaliou-se também a condição periodontal por

meio da coleta dos parâmetros periodontais posição da margem gengival (PMG),

profundidade de sondagem (PS), Nível de inserção clínico (NIC) e sangramento a

sondagem (SS); além de dados socioeconômicos (ex.: gênero, idade, renda, estado

civil e escolaridade). Os dados desta investigação propiciaram a confecção de um

artigo original e uma sinalização da frequência com que a ansiedade e medo podem

existir nos usuários que buscam atendimento em serviços odontológicos fornecidos

por cursos de graduação em Maceió-AL, permitindo-se o planejamento de estratégias

de acolhimento destes indivíduos.

9

2 INTRODUÇÃO

O termo Odontofobia (medo dental, medo odontológico ou medo ao

atendimento / tratamento odontológico) é conceituado como uma "fobia única com

componentes psicossomáticos especiais que por fim impactam na saúde bucal das

pessoas odontofóbicas" (MOORE e BIRN, 1990). Estudos demonstram que na

Austrália (ARMFIELD, SPENCER e STEWART, 2006), Islândia

(RANGNARSSON,1998), Singapura (CHELLAPPAH et al., 1990), China e Dinamarca

(SCHWARZ e BIRN, 1995); Holanda (OOSTERINK, DE JONGH e HOOGSTRATEN,

2009), Japão (WEINSTEIN et al., 1992) e Brasil (NASCIMENTO et al., 2011) os

indivíduos experimentaram níveis elevados de medo ao atendimento odontológico,

com incidência variando de 10 a 44%.

O medo ao tratamento odontológico é uma impactante complicação tanto

para o paciente quanto para o prestador de cuidados odontológicos (SAATCHI et al.,

2015). Muitas vezes esse sentimento eleva a evasão dos pacientes às consultas e

aos tratamentos à níveis significativos (ERTEN, AKARSLAN e BODRUMLU, 2006;

MOORE e BRØDSGAARD, 1995; QUTEISHTAANI, 2002). Tal comportamento de

evitar, adiar ou se evadir das consultas é bem conhecido por qualquer dentista que já

vivenciou o tratamento de pacientes com altos níveis de medo ao tratamento

odontológico (CARTER et al., 2014; NASCIMENTO et al., 2011).

O medo leva a uma ansiedade quando ocorre a expectativa de atendimento

odontológico. A ansiedade ao tratamento odontológico tem sido associada com

experiências prévias traumáticas durante o atendimento (LUNDGREN et al., 2004;

NASCIMENTO et al., 2011), assim indivíduos com níveis elevados de ansiedade

tendem a procurar tratamento somente quando estão doentes e tentam resolver

apenas o sintoma específico que os levaram a consulta (ARMFIELD, 2013;

ARMFIELD, SPENCER e STEWARD, 2006; ARMFIELD, STEWART e SPENCER,

2007).

A ansiedade ao tratamento odontológico é prevalente no mundo todo não

sendo limitada a um grupo de indivíduos, população específica ou lugar (ARMFIELD,

SPENCER e STEWART, 2006; CHELLAPPAH et al., 1990). A depender da população

alvo de estudo, dos instrumentos de pesquisa e de coleta de dados; pode-se encontrar

variações de 2,5 a 20% de indivíduos com alto nível de ansiedade ao tratamento

10

odontológico (ARMFIELD, SPENCER e STEWART, 2006; CHELLAPPAH et al., 1990;

FERREIRA et al., 2004; KANEGANE et al., 2003; NASCIMENTO et al., 2011;

QUTEISHTAANI, 2001; RAGNARSSON, 1998; VASSEND, 1993; WOOSONG et al.,

2005).

A ansiedade ao tratamento odontológico nos estudos tem sido comumente

associada ao gênero feminino (ARSLAN, ERTA e ÜLKER, 2011; ERTEN, AKARSLAN

e BODRUMLU, 2006; HUMPHRIS, DYER e ROBINSON, 2009). Além disso, foi

relatado que ela diminui com a idade (NASCIMENTO et al., 2011) e que indivíduos

com maior escolaridade apresentam níveis mais baixos de ansiedade durante o

atendimento odontológico (ARMFIELD, SPENCER e STEWART, 2006; HUMPHRIS,

DYER e ROBINSON, 2009; NASCIMENTO et al., 2011).

Outro aspecto relevante associado àqueles que apresentam medo e

ansiedade ao tratamento odontológico é o fato desses indivíduos portarem uma

condição bucal mais precária, devido ao retardo na busca por atendimento e

consequente tratamento (ESA et al., 2010). A literatura (LEÃO e SHEIHAM, 1997)

afirma que a condição de saúde bucal tem influência direta na qualidade de vida,

afetando a percepção do indivíduo, os seus sentidos e comportamentos no exercício

de sua atividade diária (ALVARENGA et al., 2011).

Mehrstedt et al. (2004) observaram que os temores ou medos ao

atendimento odontológico estavam negativamente associados à qualidade de vida, no

que diz respeito ao bem-estar psicológico, funcionamento social e vitalidade. Essa

descoberta indica a ligação multifacetada entre medo odontológico e impacto negativo

na qualidade de vida (CARTER et al., 2014).

Compreendendo-se a relevância do medo e da ansiedade como fatores

importantes sobre a condição de saúde bucal de um percentual de determinada

população, conhecendo-se o potencial de impacto dessa condição bucal sobre a

percepção da qualidade de vida e, ainda, ciente de que na cidade de Maceió-AL não

haviam estudos sobre esse tema, justificou-se a realização desta investigação, afim

de se realizar um diagnóstico desta situação.

Isto posto, este estudo teve a finalidade de investigar o nível de ansiedade

e medo ao atendimento odontológico de indivíduos atendidos nas clínicas

odontológicas de dois cursos de graduação em Odontologia de Maceió-AL, sendo um

público e outro privado, e determinar o impacto desses níveis sobre a condição

periodontal e a influência dessa condição na qualidade de vida.

11

3 METODOLOGIA

3.1.Considerações éticas

Este estudo foi submetido para avaliação junto ao Comitê de Ética em

Pesquisa com Seres Humanos do Centro Universitário Cesmac e foi aprovado sob

número CAAE 54605416.9.0000.0039 e parecer 1.539.879 (Anexo 1); o que garantiu

a pesquisa estar em consonância aos preceitos regidos pela Resolução n°466/12, do

Conselho Nacional de Saúde - CNS.

3.2 Delineamento e população do estudo

O estudo foi do tipo observacional com amostra censitária composta pelo

total de indivíduos atendidos nas clínicas de graduação em Odontologia do Centro

Universitário Cesmac (CESMAC) e Universidade Federal de Alagoas (UFAL), situadas

em Maceió, Capital do Estado de Alagoas. Ambos os cursos ofertam à comunidade

tratamento gratuito. O tempo de coleta de dados foi limitado a um semestre letivo de

2016, tendo sido coletado dados entre os meses de julho a outubro de 2016.

A amostra foi estimada em 270 indivíduos (n=270), sendo assim

distribuídos: 150 atendidos no CESMAC e 120 na UFAL. Esta estimativa foi baseada

no total esperado de pacientes atendidos por alunos em cada clínica, partiu-se do

princípio que cada clínica possui 30 boxes odontológicos e que se atendem 30

pacientes por clínica (atendimento em dupla de acadêmicos), conforme explicitado

nos quadros 1 e 2 abaixo

Quadro 1 – Estimativa e distribuição do número de pacientes do CESMAC em cada disciplina

Centro Universitário Cesmac – CESMAC

Disciplina Especialidades Integradas Número de

pacientes/indivíduos

Clínica 2 Cirurgia, Dentística e

Periodontia sim 30

Clínica 3 Endodontia, Cirurgia,

Dentística e Periodontia

sim 30

Estágio Integrado Adulto 1

Prótese, Endodontia, Cirurgia,

Dentística e Periodontia

sim 30

12

Disciplina Especialidades Integradas Número de

pacientes/indivíduos

Estágio Integrado Adulto 1

Urgência, Prótese,

Endodontia, Cirurgia, Dentística e Periodontia

sim 30

Estágio em Atenção Integral

Urgência, Prótese,

Endodontia, Cirurgia, Dentística e Periodontia

sim 30

TOTAL 150

Quadro 2 – Estimativa e distribuição do número de pacientes da UFAL em cada disciplina

Universidade Federal de Alagoas – UFAL

Disciplina Especialidades Integradas Número de

pacientes/indivíduos

Clínica 2 Cirurgia, Dentística e

Periodontia sim 30

Clínica 3

Endodontia, Cirurgia, Dentística e Periodontia

sim 30

Clínica 4

Prótese, Endodontia, Cirurgia,

Dentística e Periodontia

sim 30

Clínica 5

Urgência, Prótese,

Endodontia, Cirurgia, Dentística e Periodontia

sim 30

TOTAL 120

3.3 Critérios de inclusão e exclusão

Considerou-se como elegíveis para o estudo todos os indivíduos adultos,

de ambos os gêneros, na faixa etária a partir e acima de 18 anos completos

submetidos a tratamento odontológico em uma das clínicas do CESMAC ou UFAL.

Como critério de inclusão foi usada a seguinte condição:

✓ Aceite, livremente, participar do estudo;

✓ Assine o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice 1).

Como critério de exclusão:

13

✓ Àqueles que não apresentem condição de responder por si as

informações dos questionários/entrevistas. (ex.: síndrome do pânico,

seja auto-informado, informado por cuidador ou com laudo médico;

sabidamente portadores distúrbios que provoquem dificuldade de

assimilar os questionamentos seja auto-informado, informado por

cuidador ou com laudo médico).

3.4 Coleta de dados

Para se investigar os dados socioeconômicos dos participantes, se

determinar se há associação destes com os níveis de medo e ansiedade ao

tratamento odontológico; verificar se estes níveis impactam na condição periodontal

observada e se esta condição influencia na percepção de qualidade de vida, os

indivíduos incluídos, foram convidados a responder questionários e tiveram

registrados dados odontológicos periodontais.

3.5 Instrumentos de pesquisas

Os instrumentos de pesquisa empregados foram divididos em

questionários e avaliação/exame clínico da condição periodontal. Os questionários

foram compostos por perguntas escritas estruturadas, portanto para os indivíduos sem

capacidade de leitura ou interpretação textual, tenha sido por motivos de

analfabetismo, analfabetismo funcional ou por dificuldades visuais; foram aplicados

na forma de entrevista.

Todos questionários foram aplicados por um pesquisador treinado a fim de

garantir uma melhor consistência dos dados obtidos, não induzindo os sujeitos da

pesquisa a resposta. O treinamento do pesquisador deu-se através da orientação de

apresentar uma atitude permissiva e amigável, respeitando a sequência pretendida

de perguntas, e padronização da fala (tom de voz) (BOWLING, 2005). O

preenchimento dos dados dos prontuários foram realizados após a aplicação dos

questionários.

3.5.1 Questionários ou Entrevistas

3.5.1.1 Condição Socioeconômica

A condição socioeconômica foi coletada usando-se as mesmas perguntas

empregadas no questionário de Nascimento (2007), registrando-se: idade (em anos),

14

gênero, renda mensal aproximada em moeda corrente nacional brasileira (R$ - reais),

estado civil e escolaridade. (Anexo A)

Além disso foram acrescidas perguntas para averiguação de experiências

odontológicas anteriores, assim aos participantes também foi aplicado

questionamentos feitos por Nascimento (2007), a saber: qual a queixa do paciente,

sentiu dor, quanto tempo passou para procurar o dentista após início dos sintomas,

quanto tempo faz que procurou o dentista, teve alguma experiência prévia traumática

(qual procedimento foi realizado). Foram acrescidas, ainda, duas perguntas de

Saatchi et al. (2015): com qual frequência procura o dentista, qual a razão para a

procura irregular. (Anexo A)

3.5.1.2 Ansiedade e medo ao tratamento odontológico

A Escala de Ansiedade Dental (DAS) descrita por Corah tem sido

empregada e validada em diversos estudos (CORAH, 1969; HAUGEJORDEN e

KLOCK, 2000; KAAKKO et al. 1999; ROSA e FERREIRA, 1997). DAS é uma escala

de Likert de cinco pontos, com quatro itens. Cada item representa uma circunstância

relacionada a uma situação odontológica específica e pede ao paciente para

selecionar a resposta que é mais próxima ao seu comportamento diante de cada

condição (KLEINKNECHT et al., 2004).

Na proposta original da Corah (1969) não existe referência alguma à

anestesia local, assim Humphris et al. (1995) acrescentaram um quesito sobre

anestesia, sendo esta escala denominada de Escala de Ansiedade Odontológica

Modificada de Corah (MDAS).

Sendo o tratamento odontológico diversas vezes precedido de injeção de

solução anestésica local e ciente que este é um relevante fator relacionado a medo e

ansiedade ao tratamento odontológico, o nível de ansiedade no presente estudo foi

determinado por meio do uso da MDAS e o medo pela Escala de medo de Gatchel

(GATCHEL, 1989). A Escala de Gatchel avalia o medo de forma quantitativa numa

escala de Likert de 1 a 10, onde o valor 1 indica a ausência de medo e 10 indica medo

extremo.

Assim, os níveis de medo e ansiedade foram estabelecidos por meio do

uso de questionário (Anexo B) contendo ambas as escalas e validado para o

Português por Hu, Gorenstein e Fuentes (2007). Neste questionário as informações

15

de 1 a 5 foram registradas para formar a escala MDAS, e a 6 para determinar a escala

de medo de Gatchel.

Para todos os questionamentos da MDAS as possíveis respostas são:

relaxado, meio desconfortável, tenso, ansioso, tão ansioso que começo a suar ou

começo a me sentir mal. Enquanto para Gatchel se estabelece o valor de 1 a 10.

Os indivíduos são classificados como não ansiosos quando atinge

pontuação entre 5 e 15 na MDAS, enquanto que entre 16 e 18 são classificados como

ansiosos e aqueles entre 19 a 25 são classificados como muito ansiosos

(NASCIMENTO et al., 2011).

Para a Escala de Gatchel a obtenção de escores entre 1 e 4 foram

interpretados com ausência de medo; valores entre 5 e 7, medo moderado e escores

entre 8 e 10, medo extremo (NASCIMENTO et al., 2011).

3.5.1.3 Qualidade de vida

Para avaliação da percepção de qualidade de vida utilizou-se o Oral Health

Impact Profile (OHIP) versão simplificada (SLADE e SPENCER, 1994). O formato

original do OHIP é composto por 49 questões, utilizado em várias pesquisas (ARAÚJO

et al., 2010; BERNABE´ e MARCENES, 2010; CICCIÙ et al., 2013; CUNHA-CRUZ,

HUJOEL e KRESSIN, 2007; HABASHNEH, KHADER e SALAMEH, 2012; JANSSON

et al., 2014; LOPES et al., 2009; NEEDLEMAN et al., 2004; NG e LEUNG, 2006;

O’DOWD et al., 2010; TSAKOS et al., 2010), que confirmaram suas boas propriedades

psicométricas e sua eficiência (ARAÚJO et al., 2010).

O questionário OHIP-14 (SLADE, 1997), denominação conferida para a

forma simplificada do OHIP, demonstra propriedades similares às do formato original

e, sendo mais conciso, requer tempo menor para aplicação, o que favorece sua

utilização, inclusive em processos de avaliação de saúde bucal e qualidade de vida

(ARAÚJO et al., 2010; SLADE,1997; WONG, LO e MCMILLAN, 2002), além de ter

sido validado para o Português por Silva (2000) e, Oliveira e Nadanovsky (2005).

O OHIP-14, com base no modelo proposto por Locker (1997) avalia sete

dimensões psicossociais: (1) limitação funcional, (2) dor, (3) desconforto psicológico,

(4) inabilidade física, (5) inabilidade psicológica, (6) inabilidade social e (7)

incapacidade.

A dimensão limitação funcional inclui perguntas sobre dificuldade para falar

(por exemplo, limitações no movimento mandibular) e piora no sabor dos alimentos;

16

na dimensão dor, pergunta-se sobre a sensação de dor e incômodo para comer; na

dimensão desconforto psicológico, as perguntas se referem à preocupação e estresse

pela condição bucal. O prejuízo na alimentação e a necessidade de ter de parar de se

alimentar são os quesitos da dimensão inaptidão física, enquanto que na inaptidão

psicológica as perguntas referem-se à dificuldade para relaxar e ao sentimento de

vergonha em função da condição bucal. A dimensão inaptidão social inclui perguntas

sobre irritação com terceiros e dificuldade de realizar atividades da rotina diária por

causa da condição bucal; e as perguntas que compõem a dimensão incapacidade

buscam saber se há a percepção de que a vida tenha piorado e se a pessoa se sentiu

totalmente incapaz de desenvolver suas atividades rotineiras.

Para a avaliação das sete dimensões a OHIP-14 é composta por 14

questões (Anexo C) cujo os entrevistados são solicitados a indicar, em uma escala de

cinco pontos de Likert, a freqüência na qual experimentaram contatos com cada

problema dentro de um período de doze meses. As categorias de resposta para a

escala de cinco pontos são: nunca (0), poucas vezes (1), ocasionalmente (2),

frequentemente (3) e muito frequentemente (4).

Para evitar que os indivíduos lembrassem apenas dos extremos de

resposta, ou seja, da primeira e última opção, que poderia provocar um viés de

aferição; essas foram mostradas em cartões respostas, mesmo procedimento descrito

e utilizado por Lima et al. (2011); e em caso dos analfabetos as opções de resposta

deveriam sempre ser lidas.

Os resultados obtidos com aplicação da escala OHIP-14 foram analisados

aplicando-se o método aditivo, por apresentar alto poder discriminatório (BIAZEVIC et

al., 2008). Calculou-se a soma de pontos para cada item por indivíduo, podendo a

escala sofrer uma variação de 0 a 56 pontos, sendo maior valor indicativo de um

impacto de maior intensidade da saúde bucal na autopercepção de qualidade de vida

do indivíduo (ALLEN e LOCKER,1997; ARAÚJO et al., 2010).

3.5.2 Condição Periodontal

A condição periodontal foi determinada por meio de exame clínico usando

espelho clínico odontológico, sonda periodontal UNC-15 (Hu-Friedy) e sempre

realizado com todos os recursos disponíveis nas cadeiras odontológicas (ex.: foco luz,

seringa tríplice, sugador, mesa auxiliar, cuspideira.) das Instituições de Ensino. O

exame foi executado pelo próprio pesquisador periodontista e registrado em

17

periograma. Todos os dentes presentes foram avaliados, excluindo-se os terceiros

molares (FIGUEIREDO et al., 2013). Avaliou-se seis sítios por dente (disto-vestibular,

mediano-vestibular, mésio-vestibular, disto-lingual, mediano-lingual e mésio-lingual)

quanto parâmetros periodontais:

✓ Posição da Margem Gengival (PMG): medida, em milímetros, da

distância compreendida entre a junção amelocementária (JAC) e a

gengiva marginal (AAP, 2000).

✓ Profundidade à sondagem (PS): distância, em milímetros, entre a

margem da gengiva e a porção mais coronal do epitélio juncional (AAP,

2000).

✓ Nível de inserção clínica (NIC): medida, em milímetros, da

distância compreendida entre a junção amelocementária (JAC) e a

porção mais coronal do epitélio juncional. Sendo obtido pela soma do

PMG + PS (AAP, 2000).

✓ Sangramento à sondagem (SS): registrado de maneira dicotômica

como presença (escore 1) ou ausência (escore 0) de sangramento.

Sendo considerado como presente a ocorrência do evento investigado

até 30 segundos após transcorridos a investigação/exame da

profundidade de sondagem (AINAMO e BAY,1975).

A doença periodontal foi classificada como gengivite, quando caracterizada

pela presença de 25% ou mais de sítios com sangramento à sondagem e nenhum

sítio com perda de inserção clínica > 2mm (LÓPEZ et al.,2005); ou periodontite

seguindo os preceitos da Classificação da Academia Americana de Periodontia

(AAP,2000).

3.6 Elenco de variáveis

A seguir estão descritas, nos quadros 3 e 4, as variáveis dependentes e

independentes da pesquisa.

18

Quadro 3 – Variáveis dependentes: ansiedade dental, medo odontológico e qualidade

de vida.

VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIZAÇÃO

Ansiedade dental

Sentimento vago e desagradável caracterizado por tensão ou

desconforto derivado de antecipação de perigo, de algo

desconhecido ou estranho

1 – não ansiosos (5 a 10 pontos MDAS) 2 – ansiosos (16 a 18 pontos MDAS) 3 – muito ansiosos (19 a 25 pontos MDAS)

Medo odontológico

Fobia única com componentes psicossomáticos especiais que

por fim impactam na saúde bucal das pessoas odontofóbicas

1 – ausência de medo (1 a 4 pontos Gatchel)

2 –medo moderado (5 a 7 pontos Gatchel)

3 –medo extremo (8 a 10 pontos Gatchel)

Qualidade de Vida

Percepção do indivíduo, de como os seus sentidos e

comportamentos podem ser afetados por problemas bucais no exercício de sua atividade diária

1 – Sem impacto na qualidade de vida

2- Impacto na qualidade de vida

Quadro 4 – Variáveis independentes: gênero, idade, renda, escolaridade, estado civil.

VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIZAÇÃO

Gênero Distinção dos seres vivos em relação à função reprodutora

Masculino (M) = 1 Feminino (F) = 2

Idade Anos completos em 2016

1 – 18-19 2 – 20-29 3 – 30-39 4 – 40-49 5 – 50-59 6 – 60 ou mais

19

VARIÁVEL DEFINIÇÃO CATEGORIZAÇÃO

Renda* Número de salários recebidos

mensalmente 1 – 0 a 4 salários 2 – Mais de 4 salários

Escolaridade Série que estudou

0 – Não sabe ler ou escrever 1 – 1º grau incompleto 2 – 1º grau completo 3 – 2º grau incompleto 4 – 2º grau completo 5 – Universidade incompleta 6 – Universidade completa 7 – Pós-graduação

Estado Civil __________________

1 - solteiro 2 - casado 3 - separado 4 - viúvo 5 - união civil 6 –outros

Condição periodontal

Estado de saúde dos tecidos que circundam o dente

1 – Gengivite Localizada 2 – Gengivite Generalizada 3 – Periodontite Crônica 4 – Periodontite Agressiva 5 – outros

Experiência prévia traumática ao tratamento odontológico

Uma vivência marcante negativa, ou seja, traumatizante; em atendimentos anteriores

odontológicos

1- Sim 2- Não

* Salário mínimo Brasileiro Oficial relativo à época da coleta dos dados.

3.7 Análise Estatística

3.7.1 Fase descritiva

Na fase descritiva, os dados foram inicialmente tabulados durante toda

a pesquisa, pelo próprio pesquisador, em planilha do Excel por meio de dupla entrada,

feitas em arquivos separados. Posteriormente estes dados foram cruzados para

identificação de possíveis equívocos de digitação, que quando identificados foram

dirimidos por meio de consulta direta aos questionários. Por fim, estes dados foram

consolidados e apresentados em valores brutos/absolutos e proporções, expressas

20

em percentuais. A distribuição das frequências foi realizada em programa estatístico

SPSS versão 20.0.

3.7.2 Fase analítica

Para a análise dos dados, estes foram expressos em média, desvio-padrão

e distribuições de frequências absolutas e relativas. As variáveis contínuas foram

comparadas pelo teste não paramétrico de Mann Whitney, pois os dados contínuos

não seguiam uma distribuição normal. Para comparação de proporções foi realizado

o teste da Razão de verossimilhança, já que a aplicação do teste qui-quadrado não

foi possível por violar seu pressuposto de valores esperados abaixo de 20% na maioria

dos casos.

O nível de significância adotado foi de 5%. O software utilizado foi o SPSS

20.0 e os dados foram digitados no Microsoft Excel.

4 RESULTADOS (ARTIGO CIENTÍFICO)

Título do Artigo

IMPACTO DA ANSIEDADE E DO MEDO AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO NA

CONDIÇÃO PERIODONTAL, E O REFLEXO DESTA CONDIÇÃO SOBRE A

QUALIDADE DE VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

IMPACT OF DENTAL ANXIETY AND DENTAL FEAR IN THE PERIODONTAL

CONDITION, AND THE REFLECTION OF THIS CONDITION ON THE QUALITY OF

LIFE OF DENTAL SERVICE USERS

Luiz Alexandre Moura Penteado

Renata Cimões

Pós-Graduação Odontologia – Universidade Federal de Pernambuco

Resumo

Introdução: O medo (MD) e a ansiedade ao tratamento odontológico (ATO) são

complicações para o paciente e prestador de cuidados odontológicos. Esses

sentimentos elevam a evasão dos pacientes. A demora na procura por atendimento

21

pode promover uma pior condição bucal com potencial influência na qualidade de vida.

Objetivo: investigar o nível de MD e ATO de indivíduos atendidos em dois cursos de

graduação em Odontologia e determinar o impacto sobre a condição periodontal e

dessa sobre a qualidade de vida. Metodologia: estudo do tipo observacional com

amostra censitária. Registrou-se dados socioeconômicos, determinou-se os níveis de

MD e ATO, por meio dos questionários MDAS, Gatchel. Examinou-se clinicamente a

condição periodontal e foi investigado o impacto dessa condição na percepção de

qualidade de vida, por meio do OHP-14. Resultados: Dos 287 participantes, 71,4%

foram do gênero feminino. 7,3% foram muito ansiosos e 16% ansiosos. O gênero

feminino (p=0,001), 20% dos ansiosos, mostrou diferença estatisticamente

significante. O medo moderado e extremo teve frequência de 42,9% e sem associação

estatisticamente significante com o gênero (p=0,071). A condição periodontal com

impacto negativo na qualidade de vida, pela escala OHIP-14, foi prevalente em 38,3%

dos investigados e a variável renda apresentou diferenças estatisticamente

significantes (p=0,000). Conclusão: o nível de ansiedade e medo ao atendimento

odontológico esteve presente de forma destacada entre os investigados, sendo

mulheres com menor escolaridade mais suscetíveis a ansiedade. Esses sentimentos

não foram associados a diferenças na condição periodontal e essa não impactou

significativamente na qualidade de vida.

Palavras-chave: Ansiedade ao Tratamento Odontológico; Medo ao Tratamento

Odontológico; Qualidade de Vida, Saúde Bucal.

Abstract

Introduction: Dental Fear (DF) and Dental anxiety (DA) are complications for the

patient and dental care provider. These feelings raise patients' avoidance. The delay

in the search for care can promote a worse oral condition with potential influence on

the quality of life. Objective: To investigate the level of DF and DA of individuals

attended in two undergraduate courses in Dentistry and determine the impact on the

periodontal condition and that on the quality of life. Methodology: Observational study

with census sample. Socioeconomic data were recorded, DF and DA levels were

determined using MDAS questionnaires, Gatchel. The periodontal condition was

clinically examined and the impact of this condition on the perception of quality of life

was investigated through OHP-14. Results: Of the 287 participants, 71.4% were

22

female. 7.3% were very anxious and 16% anxious. The female gender (p = 0.001),

20% of the anxious, showed a statistically significant difference. Moderate and extreme

fear had a frequency of 42.9% and no statistically significant association with gender

(p = 0.071). The periodontal condition with a negative impact on quality of life, on the

OHIP-14 scale, was prevalent in 38.3% of those investigated and the income variable

presented statistically significant differences (p = 0.000). Conclusion: the level of

anxiety and fear of dental care was prominent among the investigated ones, being

women with less schooling more susceptible to anxiety. These feelings were not

associated with differences in the periodontal condition and this did not significantly

affect the quality of life.

Key-words: Dental Anxiety; Dental Fear; Quality of Life, Oral Health

Introdução

O termo Odontofobia (medo dental, medo odontológico ou medo ao

atendimento / tratamento odontológico) é conceituado como uma "fobia única com

componentes psicossomáticos especiais que por fim impactam na saúde bucal das

pessoas odontofóbicas" (Moore e Birn, 1990). Estudos demonstram que na Austrália

(Armfield, Spencer e Stewart, 2006), Islândia (Rangnarsson,1998), Singapura

(Chellappah et al., 1990), China e Dinamarca (Schwarz e Birn, 1995); Holanda

(Oosterink, De Jongh e Hoogstraten, 2009), Japão (Weinstein et al., 1992) e Brasil

(Nascimento et al., 2011) os indivíduos experimentaram níveis elevados de medo ao

atendimento odontológico, com incidência variando de 10 a 44%.

O medo ao tratamento odontológico é uma impactante complicação tanto para

o paciente quanto para o prestador de cuidados odontológicos (Saatchi et al., 2015).

Muitas vezes esse sentimento eleva a evasão dos pacientes às consultas e aos

tratamentos à níveis significativos (Moore e BrØdsgaard, 1995; QuteishTaani, 2002;

Erten, Akarslan e Bodrumlu, 2006). Tal comportamento de evitar, adiar ou se evadir

das consultas é bem conhecido por qualquer dentista que já vivenciou o tratamento

de pacientes com altos níveis de medo ao tratamento odontológico (Nascimento et al.,

2011; Carter et al., 2014).

O medo leva a uma ansiedade quando ocorre a expectativa de atendimento

odontológico. A ansiedade ao tratamento odontológico tem sido associada com

experiências prévias traumáticas durante o atendimento (Lundgren et al., 2004;

23

Nascimento et al., 2011), assim indivíduos com níveis elevados de ansiedade tendem

a procurar tratamento somente quando estão doentes e tentam resolver apenas o

sintoma específico que os levaram a consulta (Armfield, Spencer e Steward, 2006;

Armfield, Stewart e Spencer, 2007; Armfield, 2013).

A ansiedade ao tratamento odontológico é prevalente no mundo todo não

sendo limitada a um grupo de indivíduos, população específica ou lugar (Chellappah

et al., 1990; Armfield, Spencer e Stewart, 2006). A depender da população alvo de

estudo, dos instrumentos de pesquisa e de coleta de dados; pode-se encontrar

variações de 2,5 a 20% de indivíduos com alto nível de ansiedade ao tratamento

odontológico (Chellappah et al., 1990; Vassend, 1993; Ragnarsson, 1998;

QuteishTaani, 2001; Kanegane et al., 2003; Ferreira et al., 2004; Woosong et al., 2005;

Armfield, Spencer e Stewart, 2006; Nascimento et al., 2011).

A ansiedade ao tratamento odontológico nos estudos tem sido comumente

associada ao gênero feminino (Erten, Akarslan e Bodrumlu, 2006; Humphris, Dyer e

Robinson, 2009; Arslan, Erta e Ülker, 2011). Além disso, foi relatado que ela diminui

com a idade (Nascimento et al., 2011) e que indivíduos com maior escolaridade

apresentam níveis mais baixos de ansiedade durante o atendimento odontológico

(Armfield, Spencer e Stewart, 2006; Humphris, Dyer e Robinson, 2009; Nascimento et

al., 2011).

Outro aspecto relevante associado àqueles que apresentam medo e ansiedade

ao tratamento odontológico é o fato desses indivíduos portarem uma condição bucal

mais precária, devido ao retardo na busca por atendimento e consequente tratamento

(Esa et al., 2010). A literatura (Leão e Sheiham, 1997) afirma que a condição de saúde

bucal tem influência direta na qualidade de vida, afetando a percepção do indivíduo,

os seus sentidos e comportamentos no exercício de sua atividade diária (Alvarenga et

al., 2011).

Mehrstedt et al. (2004) observaram que os temores ou medos ao atendimento

odontológico estavam negativamente associados à qualidade de vida, no que diz

respeito ao bem-estar psicológico, funcionamento social e vitalidade. Essa descoberta

indica a ligação multifacetada entre medo odontológico e impacto negativo na

qualidade de vida (Carter et al., 2014).

Este estudo teve a finalidade de investigar o nível de ansiedade e medo ao

atendimento odontológico de indivíduos atendidos nas clínicas odontológicas de dois

24

cursos de graduação em Odontologia de Maceió-AL, e determinar o impacto sobre a

condição periodontal e desta condição sobre percepção de qualidade de vida.

Metodologia

Um estudo do tipo observacional foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa do Centro Universitário Cesmac sob número CAAE 54605416.9.0000.0039

e parecer 1.539.879. A amostra foi censitária composta por indivíduos adultos, de

ambos os gêneros, com 18 anos completos ou mais; atendidos durante um semestre

letivo entre os meses de julho a outubro de 2016 nas clínicas de graduação em

Odontologia do Centro Universitário Cesmac (CESMAC) e Universidade Federal de

Alagoas (UFAL), situadas em Maceió-AL.

Foram incluídos todos que aceitaram livremente participar do estudo, excluiu-

se àqueles que não apresentavam condição de responder por si as informações dos

questionários (ex.: síndrome do pânico, portadores de distúrbios cognitivos que

provoquem dificuldade de assimilar questionamentos).

Coleta de dados

Para se investigar os dados socioeconômicos dos participantes, determinar se

há associação destes com os níveis de medo e ansiedade ao tratamento odontológico;

verificar se estes níveis impactam na condição periodontal observada e se esta

condição influencia na percepção de qualidade de vida, os indivíduos incluídos, foram

convidados a responder questionários e tiveram registrados parâmetros periodontais.

Os questionários foram aplicados sempre previamente a consulta odontológica

e por pesquisador treinado. O treinamento incluiu orientação de sempre apresentar

uma atitude permissiva e amigável, respeitar a sequência pretendida de perguntas, e

padronização da fala (tom de voz) (Bowling, 2005).

Condição Socioeconômica

O questionário de condição socioeconômica foi o mesmo empregado por

Nascimento (2007), registrando-se: idade (em anos), gênero, renda mensal

aproximada em moeda corrente nacional brasileira (R$ - reais), estado civil e

escolaridade. A variável escolaridade foi classificada em ordem crescente de grau de

escolaridade (variando de 0 a 7) onde: não sabe ler/escrever (0), 1º grau incompleto

25

(1), 1º grau completo (2), 2º grau incompleto (3), 2º grau completo (4), universidade

incompleta (5), universidade completa (6) e pós-graduado (7).

Além disso, ao questionário socioeconômico foi acrescida uma pergunta

também de Nascimento (2007), com a finalidade de averiguação de experiências

odontológicas negativas anteriores, a saber: teve alguma experiência prévia

traumática? (Se sim, qual procedimento foi realizado?).

Ansiedade e medo ao tratamento odontológico

A Escala de Ansiedade Dental (DAS) descrita por Corah (1969) tem sido

empregada e validada em diversos estudos (Corah, 1969; Rosa & Ferreira, 1997;

Kaakko, Getz & Martin, 1999; Haugejorden & Klock, 2000), é uma escala de Likert de

cinco pontos, com quatro quesitos. Cada quesito representa uma circunstância

relacionada a uma situação odontológica específica e o paciente seleciona a resposta

que é mais próxima ao seu comportamento diante de cada condição (Kleinknecht et

al., 2004).

Na proposta original da Corah (1969) não existe referência alguma à anestesia

local, assim Humphris et al. (1995) acrescentaram um quesito sobre anestesia, sendo

esta escala denominada de Escala de Ansiedade Odontológica Modificada de Corah

(MDAS). A modificação foi justificada, por seus autores, pelo fato do tratamento

odontológico diversas vezes ser precedido de injeção de solução anestésica local,

considerada um relevante fator relacionado a ansiedade e medo ao tratamento

odontológico.

Para todos os questionamentos da MDAS as possíveis respostas são: relaxado

(1), meio desconfortável (2), tenso (3), ansioso (4), tão ansioso que começo a suar ou

começo a me sentir mal (5). Os indivíduos são classificados como não ansiosos

quando atingem pontuação entre 5 e 15 na MDAS, como ansiosos entre 16 e 18, e

como muito ansiosos quanto entre 19 a 25 pontos (Nascimento et al., 2011).

Os níveis de medo foram estabelecidos por meio do uso da Escala de Gatchel

(Gatchel, 1989) que avalia esse sentimento de forma quantitativa numa escala de

Likert de 1 a 10, onde o valor 1 indica a ausência de medo e 10 indica medo extremo.

Para a Escala de Gatchel a obtenção de escores entre 1 e 4 são interpretados com

ausência de medo; valores entre 5 e 7, medo moderado e escores entre 8 e 10, medo

extremo (Nascimento et al., 2011).

26

Aplicou-se ambas as escalas; fundamentado no modelo validado para o

português por Hu, Gorenstein e Fuentes (2007).

Qualidade de vida

Para avaliação da autopercepção de qualidade de vida utilizou-se o Oral Health

Impact Profile (OHIP) versão simplificada (Slade & Spencer, 1994). O formato original

do OHIP é composto por 49 questões, já foi utilizado em várias pesquisas (Needleman

et al., 2004; Ng & Leung, 2006; Cunha-Cruz, Hujoel & Kressin, 2007; Lopes et al.,

2009; Araújo et al., 2010; Bernabe´ & Marcenes, 2010; O’Dowd et al., 2010; Tsakos

et al., 2010; Habashneh, Khader & Salameh, 2012; Cicciù et al., 2013; Jansson et al.,

2014), que confirmaram suas boas propriedades psicométricas e sua eficiência

(Araújo et al. 2010).

O questionário OHIP-14 (Slade, 1997), denominação conferida para a forma

simplificada do OHIP, demonstra propriedades similares às do formato original e,

sendo mais conciso, requer tempo menor para aplicação, o que favorece sua

utilização, inclusive em processos de avaliação de saúde bucal e qualidade de vida

(Slade,1997; Wong, Lo & McMillan, 2002; Araújo et al., 2010), além de ter sido

validado para o português por Silva (2000) e, Oliveira e Nadanovsky (2005).

O OHIP-14 é composto por 14 questões; cujo os entrevistados são solicitados

a indicar, em uma escala de cinco pontos de Likert, a freqüência na qual

experimentaram contatos com cada problema dentro de um período de doze meses.

As categorias de resposta para a escala de cinco pontos são: nunca (0), poucas vezes

(1), ocasionalmente (2), frequentemente (3) e muito frequentemente (4).

Para evitar que os indivíduos lembrassem apenas dos extremos de resposta,

ou seja, da primeira e última opção, que poderia provocar um viés de aferição; essas

foram mostradas em cartões respostas, mesmo procedimento descrito e utilizado por

Lima et al. (2011); e em caso dos analfabetos as opções de resposta foram sempre

lidas.

Os resultados obtidos com aplicação do OHIP-14 foram analisados aplicando-

se o método aditivo, por apresentar alto poder discriminatório (Biazevic et al., 2008).

No método aditivo primeiramente se calcula a soma de pontos para cada item por

indivíduo, podendo a escala individual apresentar variação de 0 a 56 pontos. Após, os

valores individuais são somados e se calcula a média OHIP-14 da amostra, então os

sujeitos acima da média (valores maiores) são interpretados como com

27

autopercepção de impacto na qualidade de vida, já os com valores abaixo da média

(valores menores) são classificados como sem autopercepção de impacto. (Allen &

Locker,1997; Araújo et al., 2010).

Condição Periodontal

A condição periodontal foi determinada por meio de exame clínico periodontal

de sondagem, realizado unicamente pelo pesquisador periodontista (LAMP), usando

sonda periodontal UNC-15 (Hu-Friedy), espelho clínico odontológico, e sempre em

cadeira odontológica empregando os recursos de rotina que elas disponibilizam, por

exemplo: foco de luz artificial, seringa ar e água (seringa tríplice).

O exame periodontal envolveu a análise de todos os dentes presentes,

excluindo-se os terceiros molares (Figueiredo et al., 2013).

A sondagem incluiu seis sítios por dente (disto-vestibular, mediano-vestibular,

mésio-vestibular, disto-lingual, mediano-lingual e mésio-lingual) quanto aos dados:

posição da margem gengival (PMG); profundidade à sondagem (PS); nível de

inserção clínica (NIC).

Registrou-se ainda a ocorrência de sangramento à sondagem (SS). Registrado

de maneira dicotômica como presença (escore 1) ou ausência (escore 0) de

sangramento. Sendo considerado como presente a ocorrência do evento investigado

até 30 segundos após transcorridos a investigação/exame da profundidade de

sondagem (Ainamo & Bay,1975).

A doença periodontal foi classificada/diagnosticada como gengivite,

quando caracterizada pela presença de 25% ou mais de sítios com sangramento à

sondagem e nenhum sítio com perda de inserção clínica > 2mm (López et al.,2005)

ou periodontite seguindo os preceitos da Classificação da Academia Americana de

Periodontia (AAP,2000).

Análise Estatística

Os dados foram expressos em média, desvio-padrão e distribuições de

frequências absolutas e relativas. As variáveis contínuas foram comparadas pelo teste

não paramétrico de Mann Whitney, pois os dados contínuos não seguiam uma

distribuição normal. Para comparação de proporções foi realizado o teste da Razão

de verossimilhança, já que o teste qui-quadrado não foi possível por violar seu

pressuposto de valores esperados abaixo de 20% na maioria dos casos. O nível de

28

significância adotado foi de 5%. O software utilizado foi o SPSS 20.0 e os dados foram

digitados no Microsoft Excel.

Resultados

Participaram deste estudo 287 indivíduos, com idade média de 44,4 15,4

anos, variando de 18 a 86 anos; com renda média R$ 1.127,28 808,82 variando de

0 a R$ 6.000,00.

O maior percentual dos participantes foi do gênero feminino (71,4%), com 46%

de solteiros (as), seguido de 39,7% de casados (as). Em relação à escolaridade,

46,0% possuiam uma escolaridade baixa; composta de 35,2% com ensino

fundamental incompleto, 8,4% com fundamental completo e 2,4% não sabiam

ler/escrever ou não souberam informar. Sobre a condição periodontal foram mais

frequentes a Gengivite (44,6%) e a Periodontite (42,5%). (Tabela 01).

Tabela 01 - Distribuição das variáveis gênero, estado civil, escolaridade e condição periodontal

Variáveis N %

Gênero

Masculino 82 28,6

Feminino 205 71,4

Estado Civil

Casado (a) / Com companheiro (a) 114 39,7

Solteiro (a) 132 46,0

Separado (a) / Divorciado (a) 22 7,7

Viúvo (a) 19 6,6

Escolaridade

Não sabe ler/escrever/ não sei 7 2,4

Ensino Fundamental incompleto 101 35,2

Ensino Fundamental Completo 24 8,4

Ensino Médio Incompleto 30 10,5

Ensino Médio Completo 89 31,0

Ensino superior incompleto 15 5,2

Ensino Superior completo 18 6,3

Pós-graduado 2 0,7

Não informado 1 0,3

Condição Periodontal

Não informou/ Não autorizou uso 4 1,4

Saúde 26 9,1

Gengivite 128 44,6

Periodontite 122 42,5

Outros (ex.: doenças periodontais agudas) 7 2,4

29

O nível de ansiedade de acordo com a classificação MDAS está apresentado

na tabela 02, na qual observou-se que 7,3% dos pacientes eram muito ansiosos e

16% ansiosos. Apenas o gênero apresentou diferenças estatisticamente significativas

(p=0,001) com relação a ansiedade, onde os ansiosos do gênero feminino

representaram 20%, enquanto que o masculino apenas 6,1%. Os muitos ansiosos, no

gênero feminino, representaram 8,8% e no masculino 3,7%.

Quanto a ser ter vivenciado uma experiência traumática anterior com

atendimento odontológico observou-se uma diferença estatisticamente significativa

quanto a ansiedade (p=0,008), tendo os pacientes com experiência traumática

apresentado um maior nível de ansiedade (ansiosos 24,7%, ou muito ansiosos

11,7%), quando comparados aos sem experiência traumática prévia; (13% de

ansiosos e 5,8% de muito ansiosos). As demais variáveis: estado civil e condição

periodontal não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, com p=0,357

e p=0,813, respectivamente.

Tabela 02 - Distribuição do MDAS (ansiedade) segundo as variáveis gênero, estado civil, condição periodontal e experiência traumática (anterior) com atendimento odontológico.

Variáveis

MDAS

Total p-valor1

Não Ansiosos

Ansiosos Muito

Ansiosos)

N % N % N % N %

Gênero

Masculino 74 90,2 5 6,1 3 3,7 82 100,0 0,001

Feminino 146 71,2 41 20,0 18 8,8 205 100,0 Total 220 76,7 46 16,0 21 7,3 287 100,0

Estado Civil

Casado (a) / Com companheiro (a) 92 80,7 16 14,0 6 5,3 114 100,0 0,357

Solteiro (a) 102 77,3 21 15,9 9 6,8 132 100,0

Separado (a) / Divorciado (a) 15 68,2 5 22,7 2 9,1 22 100,0

Viúvo (a) 11 57,9 4 21,1 4 21,1 19 100,0

Total 220 76,7 46 16,0 21 7,3 287 100,0

Condição Periodontal

Saúde 22 84,6 2 7,7 2 7,7 26 100,0 0,813

Gengivite 95 74,2 22 17,2 11 8,6 128 100,0

Periodontite 95 77,9 20 16,4 7 5,7 122 100,0

Outros (ex.: doenças periodontais agudas) 5 71,4 1 14,3 1 14,3 7 100,0

Total 217 76,7 45 15,9 21 7,4 283(a) 100,0

Experiência traumática (anterior) com atendimento odontológico?

Sim 49 63,6 19 24,7 9 11,7 77 100,0 0,008

Não 169 81,3 27 13,0 12 5,8 208 100,0

Total 218 76,5 46 16,1 21 7,4 285(b) 100,0 1- Teste da Razão de Verossimilhança. (a) Perda de quatro registros periodontais (não autorizou uso). (b)

perda de duas respostas (não quiseram responder)

30

Em relação à escala de medo de Gatchel (Tabela 03) cinco pacientes não

responderam ao questionário e foram excluídos da análise. Dos respondentes

(n=282), 42,9% apresentaram medo; sendo medo moderado em 25,2% e extremo em

17,7% dos participantes. A experiência traumática anterior com dentista foi associada

de maneira estatisticamente significativa (p=0,000) com o medo, 32,4% dos que

possuíam medo extremo afirmaram ter tido experiência traumática anterior, contra

12,5% sem experiência traumática dos que tinham medo extremo. Não houve

associação estatisticamente significativa entre o medo e o gênero (p=0,071), estado

civil (p=0,139) e condição periodontal (p=0,070).

Tabela 03 - Distribuição do Medo (Escala Gatchel) segundo as variáveis gênero, estado civil, condição periodontal e experiência traumática (anterior) com atendimento odontológico.

Variáveis

Medo (Escala Gatchel)

Total p-valor1 Ausência

de medo Medo

moderado Medo

extremo

N % N % N % N %

Gênero

Masculino 51 63,0 22 27,2 8 9,9 81 100,0 0,071

Feminino 110 54,7 49 24,4 42 20,9 201 100,0

Total 161 57,1 71 25,2 50 17,7 282 100,0

Estado Civil

Casado (a) / companheiro (a) 68 61,8 26 23,6 16 14,5 110 100,0 0,139

Solteiro (a) 74 56,1 34 25,8 24 18,2 132 100,0

Separado (a) / Divorciado (a) 11 52,4 8 38,1 2 9,5 21 100,0

Viúvo (a) 8 42,1 3 15,8 8 42,1 19 100,0

Total 161 57,1 71 25,2 50 17,7 282 100,0

Condição Periodontal

Saúde 18 69,2 5 19,2 3 11,5 26 100,0 0,070

Gengivite 60 47,6 39 31,0 27 21,4 126 100,0

Periodontite 77 64,2 25 20,8 18 15,0 120 100,0

Outros (ex.: doenças periodontais agudas) 5 83,3 1 16,7 - - 6 100,0

Total 160 57,6 70 25,2 48 17,3 278(a) 100,0

Experiência traumática (anterior) com atendimento odontológico?

Sim 26 35,1 24 32,4 24 32,4 74 100,0 0,000

Não 135 64,9 47 22,6 26 12,5 208 100,0

Total 161 57,1 71 25,2 50 17,7 282 100,0 1- Teste da Razão de Verossimilhança (a) Perda de quatro registros periodontais. Conforme consta na tabela 1 (Condição Periodontal – Não autorizou

uso)

Sobre a autopercepção da condição periodontal com impacto na qualidade de

vida pelo OHIP-14, observa-se na tabela 04, que o impacto negativo foi prevalente em

31

38,3%. Apenas o gênero apresentou diferença estatística significativa (p=0,022),

tendo 42,4% do gênero feminino percebido impacto na qualidade de vida. As variáveis

estado civil e condição periodontal não apresentaram diferenças estatisticamente

significantivas (p>0,05).

Tabela 04 - Distribuição do impacto na qualidade de vida (OHIP) segundo as variáveis gênero, estado civil, condição periodontal.

Variáveis

Sem impacto na qualidade de

vida (OHIP<15)

Com impacto na qualidade

de vida (OHIP>15)

Total p-valor1

N % N % N %

Gênero

Masculino 59 72,0 23 28,0 82 100,0 0,022

Feminino 118 57,6 87 42,4 205 100,0

Total 177 61,7 110 38,3 287 100,0

Estado Civil

Casado (a) / Com companheiro (a) 78 68,4 36 31,6 114 100,0 0,141

Solteiro (a) 72 54,5 60 45,5 132 100,0

Separado (a) / Divorciado (a) 15 68,2 7 31,8 22 100,0

Viúvo (a) 12 63,2 7 36,8 19 100,0

Total 177 61,7 110 38,3 287 100,0

Condição Periodontal

Saúde 18 69,2 8 30,8 26 100,0 0,113

Gengivite 85 66,4 43 33,6 128 100,0

Periodontite 70 57,4 52 42,6 122 100,0

Outros (ex.: doenças periodontais agudas) 2 28,6 5 71,4 7 100,0

Total 175 61,8 108 38,2 283(a) 100,0 1- Teste da Razão de Verossimilhança (a) Perda de quatro registros periodontais. Conforme consta na tabela 1 (Condição Periodontal – Não autorizou

uso)

A tabela 05 mostra as estatísticas inferenciais das variáveis contínuas (idade,

renda e escolaridade) segundo as classificações de OHIP, Medo e Ansiedade. A

variável renda no quesito de impacto na qualidade de vida apresentou diferenças

estatisticamente significantes (p=0,000). Os indivíduos com impacto na qualidade de

vida (OHIP) apresentaram renda média de 933,4 ± 589,1 reais e os sem impacto renda

média de 1.270,2 ± 914,5. Já em relação ao Medo (Escala Gatchel) não se observou

diferenças significantes e na escala de ansiedade MDAS apenas a escolaridade

(p=0,021) apresentou diferenças estatisticamente significantes, os muitos ansiosos

(FOBIA) apresentaram média de escolaridade 1,8 ± 1,3 grau de escolaridade (próximo

no máximo ao ensino fundamental completo) bem menor que os ansiosos e não

32

ansiosos com média 2,8 ± 1,6 e 2,9 ± 1,7; podendo-se respectivamente interpretar

estes últimos como ensino médio.

Tabela 05 - Medidas das variáveis idade, renda e escolaridade; segundo o Impacto na Qualidade de Vida, Medo e Ansiedade.

Variáveis N Média Desvio-padrão

p-valor1

OH

IP

IDADE:

Sem impacto na qualidade de vida (OHIP<15) 175 43,9 16,1 0,410

Com impacto na qualidade de vida (OHIP>15) 110 45,0 14,1

RENDA: Valor (R$):

Sem impacto na qualidade de vida (OHIP<15) 133 1.270,2 914,5 0,000

Com impacto na qualidade de vida (OHIP>15) 98 933,4 589,1

ESCOLARIDADE

Sem impacto na qualidade de vida (OHIP<15) 176 2,9 1,7 0,131

Com impacto na qualidade de vida (OHIP>15) 110 2,6 1,7

Med

o (

Es

cala

Gatc

hel)

IDADE:

Ausência de medo 159 43,9 14,8 0,283

Medo moderado 71 42,4 15,0

Medo extremo 50 47,4 17,5

RENDA: Valor (R$):

Ausência de medo 126 1.163,8 801,4 0,623

Medo moderado 59 1.090,3 655,1

Medo extremo 42 948,5 694,8

ESCOLARIDADE

Ausência de medo 161 2,9 1,7 0,375

Medo moderado 71 2,6 1,7

Medo extremo 49 2,5 1,4

MD

AS

IDADE:

Não Ansiosos 219 44,6 15,1 0,097

Ansiosos 45 40,4 15,5

Muito Ansiosos (FOBIA) 21 49,7 16,3

RENDA: Valor (R$):

Não Ansiosos 178 1.165,6 829,6 0,114

Ansiosos 34 1.084,4 782,2

Muito Ansiosos (FOBIA) 19 844,7 606,7

ESCOLARIDADE

Não Ansiosos 219 2,9 1,7 0,021

Ansiosos 46 2,8 1,6

Muito Ansiosos (FOBIA) 21 1,8 1,3

1- Teste não paramétrico de Mann Whitney

33

Discussão

Mesmo com a evolução tecnológica e científica que modificam e melhoram ao

longo dos anos a prevenção e o tratamento/atendimento odontológico, a ansiedade

ao tratamento odontológico ainda é algo que atinge a população e parece se perpetuar

ao longo do tempo. No presente estudo foi observado uma prevalência de 23,3% de

indivíduos com algum grau de ansiedade.

Investigações científicas brasileiras anteriores, com pacientes adultos de

ambos os gêneros, observaram valores similares aos encontrados na presente

pesquisa. Kanegane et al. (2003) avaliaram 252 pacientes na cidade de São Paulo

(SP) e encontraram uma prevalência de 28,2% de algum grau de ansiedade; Ferreira

et al. (2004) em Fortaleza-Ceará, de um total de 300 sujeitos determinaram 18% de

ansiosos; Nascimento et al. (2011) em Recife-Pernambuco, com 400 pacientes,

observaram 23% de prevalência de ansiedade ao tratamento odontológico, sendo

9,5% de muito ansiosos e 13,5% ansiosos.

A flutuação, bastante próxima, dos valores gerais de ansiedade observados

entre os estudos brasileiros (Kanegane et al. 2003; Ferreira et al., 2004; Nascimento

et al., 2011) e os da presente pesquisa podem, em parte, ser motivados pelo emprego

de instrumentos de coleta de dados similares. A escala MDAS foi empregada tanto

neste estudo quanto por Nascimento et al. (2011) e Kanegane et al. (2003) e DAS por

Ferreira et al. (2004).

Ainda quanto a ansiedade, percebe-se na literatura que o gênero feminino tem

sido comumente associado à ansiedade ao tratamento odontológico (Erten, Akarslan

& Bodrumlu, 2006; Humphris, Dyer & Robinson, 2009; Arslan, Erta & Ülker, 2011;). No

presente estudo, a presença da ansiedade foi maior no gênero feminino, estando

assim de acordo com este comportamento observado. Nascimento et al. (2011) e

Kanegane et al. (2003), em estudos brasileiros, como o presente estudo; também

observaram um maior número de mulheres ansiosas.

Isto posto, pode-se construir uma reflexão, provável, de que as mulheres

possam estar mais associadas a ansiedade pela razão de se preocuparem mais com

sua saúde e, portanto, buscarem em maior número os serviços de saúde aos primeiros

sinais de problemas; gerando, assim, um crescimento do número de mulheres em

atendimento ou a procura dele e com plausível reflexo nas frequências de ansiedade

ao atendimento odontológico. Outro ponto admissível é o fato de que

34

socioculturalmente no Brasil as mulheres relatam mais franca e abertamente seus

sentimentos, entre eles o de ansiedade e medo, que os homens.

Por outro lado, mesmo sendo factível estas hipóteses, existem estudos que

mostram frequências similares destes sentimentos em homens e mulheres. Ferreira

et al. (2004) observaram 11,8% de mulheres ansiosas ao tratamento odontológico e

11,5% de homens, sendo esse mesmo comportamento descrito em outros trabalhos

(Peretz & Moshonov, 1998; Tunc et al., 2005; Woosung et al.,2005).

Além do gênero, fatores socioeconômicos como escolaridade e renda também

tem sido investigados como variáveis possivelmente associadas a ansiedade ao

atendimento odontológico. Nos estudos de Kanegane et al. (2003) e Ferreira et al.

(2004) estas variáveis não apresentaram conexão com a ansiedade. Por outro lado,

para Nascimento et al. (2011) a escolaridade foi a única variável socioeconômica com

associação significativa com o grau de ansiedade, uma maior percentagem de

indivíduos ansiosos foi associada com grau menor que ensino médio. No presente

estudo, os dados corroboraram com os achados de Nascimento et al. (2011) uma vez

que apenas a escolaridade apresentou diferenças significativas. Os muitos ansiosos

apresentaram média de escolaridade próxima no máximo ao ensino fundamental

completo.

A escolaridade, enquanto educação formal, é conhecidamente um importante

instrumento facilitador de acesso sobre as informações de como se desenvolve o

processo etiológico e patogênico dos agravos a saúde, e, portanto, sobre a prevenção

destes e para a promoção de saúde. Em resumo, os indivíduos deste estudo estão,

em teoria, mais expostos aos processos patológicos e apresentam maior demanda

por atenção à saúde.

Ainda sobre a escolaridade, soma-se o fato de que na região desta pesquisa,

o nível de escolaridade na faixa etária produtiva adulta, é uma importante medida de

remuneração salarial, com reflexo direto na divisão de classes sociais e no acesso a

bens e serviços privados. Compreende-se, portanto, uma dificuldade “natural” destes

cidadãos em questão de disporem do acesso aos serviços privados de saúde.

Assim, devido à baixa escolaridade e a hipótese socioeconômica acima

discutida, pode-se sugerir que os participantes deste estudo possuem o acesso à

informação/educação em saúde e até mesmo a efetiva assistência, quando

necessário, provavelmente centrados em serviços de saúde públicos. A cidade de

Maceió-AL vem passando historicamente por intensos desafios de saúde pública,

35

entre elas os de atendimento odontológico, assim acredita-se que as pessoas de baixa

escolaridade tenham ficado por longo tempo sem cuidados odontológicos e, portanto,

acumulando agravos bucais que intensificam o processo de ansiedade ao

atendimento odontológico.

A evolução destes agravos e a dificuldade de usufruir dos serviços

odontológicos pode gerar procura ao atendimento, seja ele público ou privado, somete

em última instância, ou seja, na presença de dor. Assim há uma chance desse

atendimento ser seguido de experiência negativa, devido à dor já estabelecida. A

literatura (Lundgren et al., 2004; Nascimento et al., 2011) afirma que a ansiedade ao

tratamento odontológico é associada a experiências prévias traumáticas durante o

atendimento, sendo esse achado também observado na presente pesquisa. Todo

esse contexto socioeconômico e cultural ligados a população estudada em Maceió-

AL e aqui discutidos podem de forma interligada explicar a associação vista no

presente estudo, entre gênero feminino, baixa escolaridade, experiências traumáticas

prévias e a ansiedade ao tratamento odontológico.

Neste ponto da discussão e das reflexões sobre o estudo da ansiedade ao

tratamento odontológico sugere-se que os estudos direcionados para sua detecção

devem sempre buscar particularizar cada local, região ou serviço, pois os dados

encontrados na presente pesquisa e confrontados com os disponíveis nos limites da

literatura consultada, corroboram que a presença da ansiedade e sua prevalência é

flutuante a depender da população alvo e dos instrumentos de coleta de dados.

Observa-se na literatura (Chellappah et al., 1990; Vassend, 1993; Ragnarsson, 1998;

QuteishTaani, 2001; Woosong et al., 2005; Kanegane et al., 2003; Ferreira et al., 2004;

Armfield, Spencer & Stewart, 2006) variações de 2,5% a 20% de indivíduos com alto

nível de ansiedade ao tratamento odontológico.

Além da ansiedade, o medo foi outro aspecto analisado, sendo este uma

emoção primária ligada a percepção dos seres humanos (Semenoff-Segundo et al.,

2016). Uma consulta de rotina ao dentista pode parecer mais assustadora para

algumas pessoas do que para outras (Narendra, Vishal & Jenkins, 2014). Indivíduos

suscetíveis ao medo apresentam, com relativa frequência, episódios de fobia que

acarretam a ocorrência de sintomas como sudorese, taquicardia, calafrios, dores

abdominais, dores de cabeça, respiração alterada, entre outras, até mesmo antes da

consulta odontológica (Semenoff-Segundo et al., 2012). O medo do tratamento

36

odontológico é um fenômeno conhecido há muitos anos e a ciência vem avançando

juntamente com a tecnologia para a redução da dor e do desconforto percebidos pelos

pacientes (Kanegane et al., 2003). Mesmo assim, esse sentimento se perpetua nas

diversas populações e, portanto, é imperativo continuar a estudá-lo e buscar

compreender cada vez mais suas nuances.

No presente estudo, usando-se a escala de medo de Gatchel, 42,9% dos

indivíduos pesquisados apresentaram algum nível de medo, um valor impactante. Em

todo o mundo existe uma grande variação na frequência desse sentimento, oscilando

desde de 10% na Islândia (Rangnarsson,1998) a valores similares ao encontrado

nesta pesquisa, no Japão - 42,1% (Weinstein et al., 1992).

Estudo realizado no Brasil (Nascimento et al.,2011), na mesma região

geográfica da presente pesquisa – Nordeste, apresentou resultado semelhante (44%)

ao do presente estudo. Kanegane et al. (2003), no Sudeste brasileiro encontraram

34,1%.

É interessante observar que tanto na presente pesquisa, quanto no estudo de

Nascimento et al. (2011) e Kanegane et al. (2003), houveram frequências maiores da

existência do sentimento de medo do que da ansiedade. Mesmo ciente da diferença

teórica entre essas sensações ou sentimentos, no início da presente pesquisa havia

a expectativa destes valores serem próximos. Por outro lado, esse comportamento

contrário ao esperado pode ser justificado pelo tipo de instrumento de coleta, onde a

ansiedade foi medida por meio de perguntas seguidas de respostas estruturadas em

escala (MDAS) enquanto o medo foi mensurado de forma mais direta e objetiva, por

meio de uma única escala de 10 pontos. Levando-se em consideração esses

diferentes instrumentos e as características socioeconômicas similares das

populações do presente estudo e do de Nascimento et al. (2011), há uma possibilidade

de aumento de sensibilidade de detecção entre os diferentes instrumentos MDAS e

Gatchel.

Observando-se o grupo com medo extremo isoladamente, frequência similar

ao do presente estudo (17,7%) foi determinada por Kanegane et al. (2003) que em

relação à Escala de Medo de Gatchel, observou 14,3% (36/252) dos pacientes com

alto grau de medo, assim como Nascimento et al. (2011) 13,5%.

No presente estudo, a escala de medo de Gatchel, não apresentou associação

significativa entre o medo e o gênero, estado civil; bem como com a idade, renda ou

escolaridade. Kanegane et al. (2003) não observaram diferença estatisticamente

37

significativa entre idade e medo, escolaridade e medo. Por outro lado, Nascimento et

al. (2011) encontraram associação significativa entre grau de medo e gênero, bem

como entre grau de medo e escolaridade; medo extremo foi observado com maior

frequência em sujeitos com menor escolaridade e em mulheres.

Estes achados divergentes reforçam o comportamento variável que as

associações possíveis ocorrem em populações diversas, assim faz-se destaque a

importância e necessidade - de maneira idêntica ao ocorrido com a ansiedade - dos

estudos serem particularizados a cada ambiente individualizado.

Assim como a ansiedade ao tratamento odontológico o medo na presente

pesquisa foi associado à experiências prévias traumáticas, não sendo complicado

refletir sobre essa associação. Vivenciar, enquanto ser humano, uma experiência

traumática, no caso específico odontológica, gera uma sensação de medo. Voltar a

ficar exposto a uma situação similar a esta experiência traumática ou, simplesmente,

estar na expectativa de vivenciá-la novamente, provoca, potencialmente, uma nova

sensação de medo e de ansiedade.

Sabendo-se deste fato, sugere-se que frente a sujeitos detectados com medo

ou ansiedade e que tenham vivenciado procedimentos traumáticos prévios, que o

profissional busque investigar qual foi o procedimento em questão, e que assim

busque acolher o paciente de maneira adequada a minimizar esse sentimento.

De acordo com Esa et al. (2010) indivíduos que apresentam medo e ansiedade

ao tratamento odontológico tendem a retardar a busca por atendimento, e comumente

apresentam condição de saúde bucal pior do que os que não têm esse sentimento. É

reconhecido que a saúde bucal pode influenciar diretamente na qualidade de vida,

afetando a percepção do indivíduo, os seus sentidos e comportamentos no exercício

de sua atividade diária (Alvarenga et al., 2011). Essa descoberta indica a ligação

multifacetada entre medo odontológico e qualidade negativa de vida (Carter et al.

2014).

No presente estudo, a autopercepção da condição bucal com impacto negativo

na qualidade de vida, pela escala OHIP-14, foi prevalente em pouco mais de 1/3 dos

sujeitos. Houve diferença estatisticamente significante entre os gêneros em relação

ao impacto na qualidade de vida (OHIP) sendo maior o número de mulheres com

autopercepção deste impacto.

Entende-se, novamente, que as mulheres por questões comportamentais (ex.:

maior cuidado com a saúde que homens) e do ambiente sociocultural que se inserem,

38

passam a perceber mais os impactos na vida diária dos problemas bucais sobre a

qualidade de vida.

Buset et al. (2016) em revisão sistemática da literatura sobre o impacto das

doenças periodontais (DP) sobre a qualidade de vida concluem que houve evidência

de comprometimento aumentado negativo na qualidade de vida com maior gravidade

e extensão das DP e o reconhecimento da associação foi aumentado quando foram

aplicados protocolos de registro completo da boca.

O presente estudo aplicou protocolo de registro periodontal completo da boca,

porém não foi observado associação entre o impacto negativo na qualidade de vida e

os problemas periodontais. Mesmo uma evolução do quadro saindo de gengivite para

periodontite não evidenciou impacto. Uma avaliação dos diferentes níveis de

severidade da periodontite, classificadas de acordo com os critérios da AAP (2000)

também não foi associada a maior percepção.

Quanto a variável renda, os indivíduos com impacto negativo na qualidade de

vida apresentaram renda média, em reais, mais baixa do que os que não perceberam

este impacto.

Considerando-se o perfil socioeconômico e cultural da população estudada,

acrescido da carência de acesso à educação em saúde que dê subsídios a esses

indivíduos sobre doença periodontal, entende-se que a população deste estudo não

consiga ter a real percepção do impacto desta doença ou de sua evolução sobre sua

qualidade de vida, ainda mais tratando-se de uma doença de caráter crônico, com

evolução lenta e considerada silenciosa.

Acredita-se, portanto, que a percepção dos problemas bucais sentida pelos

indivíduos da presente pesquisa possa estar relacionada a condições bucais

diferentes às periodontais específicas. Infere-se, assim, que possam potencialmente

impactar na qualidade devida condições à exemplo das: dentárias (dentes cariados,

perdidos e obturados), distúrbios ou disfunções temporo mandibulares, necessidades

protéticas, entre outros.

Sugere-se, portanto, que estudos futuros nessa e em outras populações

busquem investigar os agravos e as necessidades bucais de forma abrangente, a fim

de se obter um diagnóstico preciso das percepções de cada população.

Em relação a ansiedade, ao medo, a condição periodontal e a percepção desta

condição sobre a qualidade de vida, sugere-se ser viável a todo cirurgião dentista (CD)

o uso, dentro de sua rotina de atendimento, de instrumentos de detecção da

39

ansiedade e medo como os aqui usados; por serem curtos, diretos, simples e com um

retorno imediato do nível desses sentimentos. Esse ato pode minimizar intercorrências

não previstas pelo CD, por aparentemente seu paciente não portar ansiedade e/ou

medo ao atendimento. A detecção desta ansiedade e medo ao atendimento

odontológico pode levar estes indivíduos a serem bem acolhidos e com consequência

aderirem a todo tratamento proposto, melhorando assim sua condição bucal e com

reflexo na qualidade de vida.

Conclusão

O nível de ansiedade e medo ao atendimento odontológico esteve presente de

forma destacada entre os investigados, sendo mulheres com menor escolaridade mais

suscetíveis a ansiedade. Esses sentimentos não foram associados a diferenças na

condição periodontal e essa, por sua vez, não teve impacto na qualidade de vida.

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5 CONCLUSÃO

O nível de ansiedade e medo ao atendimento odontológico esteve presente

de forma destacada entre os investigados, sendo mulheres com menor escolaridade

mais suscetíveis a ansiedade. Esses sentimentos não foram associados a diferenças

na condição periodontal e essa, por sua vez, não teve impacto na qualidade de vida.

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49

APÊNDICE

Apêndice 1 (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (T.C.L.E.) (Em 2 vias, firmado por cada participante voluntário (a) da pesquisa e pelo responsável)

“O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa”

Eu,____________________________________________________________, tendo sido convidado(a) a participar como voluntário(a) do estudo “IMPACTO DA ANSIEDADE, MEDO AO TRATAMENTO ODONTOLÓGICO E CONDIÇÃO BUCAL NA QUALIDADE DE VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS DE DUAS FACULDADES DO NORDESTE BRASILEIRO”, que será realizado nas recepção do ambulatório (sala de espera) do curso de Odontologia do Centro Universitário Cesmac, situado em Maceió; e na recepção (sala de espera) do Curso de Odontologia da Universidade Federal de Alagoas, situado em Maceió, recebi do Sr. Luiz Alexandre Moura Penteado, professor do curso de Odontologia do Centro Universitário Cesmac e dos colaboradores do estudo Vitor Gustavo Moreira Lucas, Lísia Fernanda de Sá Ferreira e Thiago Barros Português Silva, responsáveis por sua execução, as seguintes informações que me fizeram entender sem dificuldades e sem dúvidas os seguintes aspectos: 1) Que o estudo se destina a investigar o nível de ansiedade e medo do dentista de pessoas atendidas nas clínicas odontológicas de duas Universidades de Maceió-Al, sendo uma pública e outra privada e, tendo como objetivo determinar o impacto destes eventos (ansiedade e medo) sobre a saúde da minha boca e minha qualidade de vida. 2) Que a importância deste estudo é identificar se o nível de ansiedade e de medo é capaz de provocar abandonos de tratamento dentário que prejudiquem a saúde da minha boca e conseqüentemente afetem a minha qualidade de vida. 3) Que os resultados poderão gerar informações importantes para a formação dos futuros dentistas, levando a uma reflexão sobre mudanças no processo de recepção dos pacientes, buscando descobrir os que tenham medo e ansiedade extrema. Assim fazendo um acolhimento mais direcionado. 4) Que este estudo começará em _________ de 2016 e terminará em ___________ de 2016. 5) Que a minha participação no estudo se dará uma única vez, no instante/momento em que responderei o questionário. Serão ainda, sem a necessidade da minha presença, retiradas informações do meu prontuário (ficha do dentista), sendo-me garantido que estas são exclusivamente sobre a saúde da minha boca (condição de 6) Que não há riscos físicos previstos para esta pesquisa. Os riscos previsíveis são de privacidade, constrangimento e de relação de autoridade: 6.1) Exposição da minha identidade (risco de privacidade). Este risco será minimizado tendo me sido garantido que o questionário, só será acessado pelos pesquisadores e sempre serão mantidos sobre a guarda deles em ambiente (armário) privado e particular, com acesso único dos pesquisadores. Outro ponto é que tenho a garantia de que depois que os dados forem transferidos, ao final da coleta de dados, para uma ficha de computador, o meu questionário será queimado.

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6.2) Situação de constrangimento: eu posso me sentir constrangido(a) em responder algumas perguntas do questionário. Porém esta situação será minimizada me dando o direito de participar somente se eu desejar (voluntário), de não responder a uma ou mais perguntas que eu deseje, e o de retirar meu consentimento e todos os dados em qualquer momento que eu desejar.

6.3) Risco de relação de autoridade: posso me sentir pressionado a participar da pesquisa, gerada por uma influência de autoridade, pelo fato do estudo ser de um dos professores da faculdade. Porém para minimizar este risco, me é garantido que o professor da faculdade envolvido no projeto não estará presente no momento da aplicação do questionário, bem como me será assegurada a inteira liberdade de participar ou não da pesquisa, sem quaisquer represálias/retaliações/revanches; além de deixar questões em branco se assim desejar e o de retirar meu consentimento e todos os dados em qualquer momento 7) Que poderei contar com a assistência do Prof. Luiz Alexandre Moura Penteado para solucionar qualquer problema ou dúvida relacionada a esta pesquisa. 8) Que os benefícios que deverei esperar com a minha participação são: 8.1) benefício direto, ficar sabendo se tenho algum nível de medo ou ansiedade do tratamento de dente que tenha possibilidade de influenciar meu atendimento. Se este for o caso e se assim eu desejar meu dentista poderá ser informado disto, junto com os professores do ambulatório, para me atender minimizando este sentimento; e inclusive oferecendo gratuitamente medicamentos capazes de me proteger dessa sensação durante a consulta de tratamento. 8.2) benefício indireto, será o fato dos membros que compõem a comunidade acadêmica (professores, alunos, técnicos e demais funcionários) poderem conhecer o perfil de ansiedade e medo dos pacientes que procuram atendimento nas faculdades, podendo refletir e compreender as necessidades deste público, sugerindo medidas que possam auxiliar aos mesmos. Por fim, outro benefício coletivo, é que os dados advindos desta pesquisa serão apresentados ao corpo (pessoas – dirigentes/diretores) pensante do curso (colegiado de curso e núcleo docente estruturante) que é formado por representação discente (aluno) e docente (professor), para assim se discutir a necessidade de fazer ajustes que possam se reverter em benefícios ao atendimento deste perfil de pessoas. 9) Que sempre que desejar os pesquisadores me fornecerão esclarecimentos sobre o estudo. 10) Que a qualquer momento, eu poderei recusar a continuar participando do estudo e, também, que eu poderei retirar este meu consentimento, sem que isso me traga qualquer penalidade ou prejuízo. 11) Que as informações conseguidas através de minha participação não permitirão a identificação da minha pessoa, exceto aos responsáveis pelo estudo, e que a divulgação das mencionadas informações só será feita entre os profissionais estudiosos do assunto. 12) Que eu serei ressarcido por qualquer despesa que venha a ter com a minha participação nesse estudo e, também, indenizado por todos os danos que venha a sofrer pela mesma razão, sendo que, para estas despesas foi-me garantida a existência de recursos. Finalmente, tendo eu compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha participação no mencionado estudo e, estando consciente dos meus direitos, das minhas responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação implica, concordo em dela participar e, para tanto eu DOU O MEU

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CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO. Endereço do (a) participante voluntário (a): Domicílio:(rua, conjunto)___________________________________________________________________Bloco:____

Nº:______, complemento: ___________________________________________________Bairro:__________________

Cidade_________________________________ CEP.___________________________________

Telefone: ______________________________

Ponto de referência:_________________________________________________________________________________

Responsável legal: _________________________________________________________________________________

Contato de urgência (participante): Sr (a): Domicílio:(rua, conjunto)_______________________________________________________________Bloco:_________

Nº: ______, complemento: ____________________________________________________Bairro:__________________

Cidade__________________________ CEP._______________________

Telefone: ________________________

Ponto de referência:____________________________________________________________

Responsável legal: ____________________________________________________________

Nome e Endereço do Pesquisador Responsável: Luiz Alexandre Moura Penteado. Av. José Airton Gondim Lamenha, s/n – Residencial Oceanis, São Jorge CEP: 57044-098 – Maceió/Al. Fone: (82) 3325 8273 Instituição: Centro Universitário Cesmac Rua Cônego Machado, Nº 974, Farol Maceió/Al - CEP: 57021-000. Telefone p/ contato: (82) 3215-5031 ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas, dirija-se ao Comitê de Ética em Ensino e Pesquisa pertencente ao Centro Universitário Cesmac – FEJAL: Rua Cônego Machado, 918. Farol, CEP.: 57021-060. Telefone: 3215-5062. Correio eletrônico: [email protected]

Maceió, _____________ de ____________________________ de ______________ _________________________________ _____________________________________

Assinatura do voluntário Luiz Alexandre Moura Penteado Responsável pelo estudo

_________________________________ _____________________________________ Vitor Gustavo Moreira Lucas Lísia Fernanda de Sá Ferreira

Participante do estudo (colaborador) Participante do estudo (colaborador)

_________________________________ _____________________________________ Thiago Barros Português Silva Renata Cimoes Jovino Silveira

Participante do estudo (colaborador) (Orientadora)

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ANEXOS

Anexo A (Questionário Socioeconômico)

IMPACTO DA ANSIEDADE, MEDO ODONTOLÓGICO E CONDIÇÃO BUCAL NA QUALIDADE DE

VIDA DE USUÁRIOS DE SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS DE DUAS FACULDADES DO

NORDESTE BRASILEIRO

CLÍNICA QUE SERÁ ATENDIDO: __________________________________________

NOME: _______________________________________________________________

GÊNERO: ( ) M ( ) F IDADE:________________________________________

RENDA: Valor (R$):____________________________

ESTADO CIVIL: _______________________________

ESCOLARIDADE

( ) Não sabe ler ou escrever

( ) 1° grau incompleto. Até qual série? __________________

( ) 1° grau completo

( ) 2° grau incompleto. Até qual série? __________________

( ) 2° grau completo

( ) Universidade incompleta

( ) Universidade completa

( ) Pós-graduação

( ) Não sei

1- Qual a queixa do paciente (por que está procurando atendimento odontológico)?

Resp.__________________________________________________________

2- Sentiu dor? ( ) SIM ( ) NÃO

3- Quanto tempo passou para procurar o dentista após iniciar os sintomas?

Resp.__________________________________________________________

4- Quanto tempo faz que procurou o dentista?

Resp.__________________________________________________________

5- Com qual frequência você procura o dentista?

( ) de 6 em 6 meses ( ) uma vez por ano ( ) às vezes

( ) em caso de dor

6- Qual a razão para a procura irregular?

( ) custos ( ) falta de tempo ( ) não necessitar de tratamento ( ) medo

7- Teve alguma experiência (anterior) traumática com dentista?

( ) SIM ( ) NÃO

8- Em caso afirmativo. Qual foi o procedimento realizado?

Resp.__________________________________________________________

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Anexo B (Escala de Ansiedade Odontológica Modificada (MDAS) e Escala de

Medo de Gatchel)

Escala de Ansiedade Odontológica Modificada (MDAS)

1) Se você tiver que ir ao dentista amanhã, como você se sentiria?

a) Relaxado.

b) Meio desconfortável.

c) Tenso.

d) Ansioso.

e) Tão ansioso que começo a suar ou começo a me sentir mal.

2) Quando você está esperando na sala de espera do dentista, como você se

sente?

a) Relaxado.

b) Meio desconfortável.

c) Tenso.

d) Ansioso.

e) Tão ansioso que começo a suar ou começo a me sentir mal.

3) Quando você está na cadeira odontológica esperando que o dentista comece a

trabalhar nos seus dentes com a turbina, como você se sente?

a) Relaxado.

b) Meio desconfortável.

c) Tenso.

d) Ansioso.

e) Tão ansioso que começo a suar ou começo a me sentir mal.

4) Você está na cadeira odontológica para ter seus dentes limpos. Enquanto você

aguarda o dentista pegar os instrumentos que ele usará para raspar seus dentes

perto da gengiva, como você se sente?

a) Relaxado.

b) Meio desconfortável.

c) Tenso.

d) Ansioso.

e) Tão ansioso que começo a suar ou começo a me sentir mal.

5) Se você estiver para ser anestesiado em sua gengiva, acima de um dente

superior posterior, como você se sentiria?

a) Relaxado.

b) Meio desconfortável.

c) Tenso.

d) Ansioso.

e) Tão ansioso que começo a suar ou começo a me sentir mal.

Escala de Medo de Gatchel (1989):

6) Quantifique o seu medo do atendimento odontológico:

(SEM MEDO) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 (MEDO EXTREMO)

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Anexo C (Questionário OHIP-14)

Dimensão Questão/Pergunta Resposta/Escala*

Limitação Funcional

Você já teve dificuldade em pronunciar algumas palavras por causa de problemas com seus dentes, boca, ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

Você sentiu que o seu paladar piorou por causa de problemas com seus dentes, boca, ou dentadura?

(0) (1) (2) (3) (4)

Dor (Física)

Você já teve dor na boca? (0) (1) (2) (3) (4)

Você já achou desconfortável mastigar algum alimento por causa de problemas com seus dentes, boca, ou dentadura?

(0) (1) (2) (3) (4)

Desconforto Psicológico

Você já se ficou preocupado por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentadura?

(0) (1) (2) (3) (4)

Você já se sentiu tenso(a)/estressado(a) devido a problemas com seus dentes, boca ou dentadura?

(0) (1) (2) (3) (4)

Inaptidão Física

Sua alimentação ficou prejudicada por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

Você teve que parar suas refeições por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

Inaptidão Psicológica

Você já teve dificuldade para relaxar devido a problemas com seus dentes, boca ou dentadura?

(0) (1) (2) (3) (4)

Você já ficou um pouco envergonhado(a) por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentadura?

(0) (1) (2) (3) (4)

Inaptidão Social

Você já se sentiu um pouco irritado(a) com outras pessoas por causa de problemas com seus dentes, boca, ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

Você teve dificuldades em fazer suas atividades diárias por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

Incapacidade

Você sentiu que a vida em geral ficou pior por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

Você já ficou totalmente incapaz de fazer suas atividades diárias por causa de problemas com seus dentes, boca ou dentaduras?

(0) (1) (2) (3) (4)

* (0) = nunca; (1) = poucas vezes; (2) = ocasionalmente; (3) = frequentemente; (4) = muito frequentemente.

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Anexo D (Parecer Consubstanciado – Comitê de Ética)

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Anexo E (Normas da Revista ARchives of Oral Biology - (Guide for Authors)).

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Anexo F (Manual Para Normatização de Dissertações e Teses da Pós-

graduação em Odontologia – UFPE).

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