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Londrina 2015 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ODONTOLOGIA ADRIANA FUJIMURA PROENÇA IMPACTO DA HERANÇA GENÉTICA NA SUSCETIBILIDADE À DOENÇA CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DE 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE IBIPORÃPR: AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

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Page 1: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

Londrina 2015

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM ODONTOLOGIA

ADRIANA FUJIMURA PROENÇA

IMPACTO DA HERANÇA GENÉTICA NA SUSCETIBILIDADE À DOENÇA CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DE 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE IBIPORÖPR: AVALIAÇÃO

EPIDEMIOLÓGICA

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ADRIANA FUJIMURA PROENÇA

Cidade ano

AUTOR

Londrina

2015

IMPACTO DA HERANÇA GENÉTICA NA SUSCETIBILIDADE À DOENÇA CÁRIE DENTÁRIA EM ESCOLARES DE 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE IBIPORÖPR: AVALIAÇÃO

EPIDEMIOLÓGICA

Dissertação apresentada à UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia. Orientadora: Profª. Drª. Regina Célia Poli-Frederico

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ADRIANA FUJIMURA PROENÇA

IMPACTO DA HERANÇA GENÉTICA NA SUSCETIBILIDADE À DOENÇA CÁRIE

DENTÁRIA EM ESCOLARES DE 12 ANOS NO MUNICÍPIO DE IBIPORÃ-PR: AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA

Dissertação apresentada à UNOPAR, no Mestrado em Odontologia, área e

concentração em Dentística como requisito parcial para a obtenção do título de

Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelas professoras:

_________________________________________ Profª. Drª. Regina Célia Poli-Frederico - orientadora

UNOPAR

_________________________________________ Profª. Drª. Sandra Kiss Moura

UNOPAR

_________________________________________ Profª. Drª. Sandra Mara Maciel

Universidade Estadual de Maringá

Londrina, 26 de fevereiro de 2015.

Page 5: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

ʺPesquiso para constatar,

constatando, intervenho,

intervindo, educo e me educo.

Pesquiso para saber o que ainda não conheço,

e comunicar ou anunciar a novidade.

Afinal, minha presença no mundo

não é a de quem a ele se adapta mas,

a de quem a ele se insere.

É a posição de quem luta para não ser apenas objeto,

mas também sujeito da História.ʺ

Paulo Freire

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AGRADECIMENTOS

Nada na vida conquistamos sozinhos. Muitas vezes um simples

gesto pode mudar a nossa vida e contribuir para o nosso sucesso. Este trabalho

não é resultado apenas de um esforço individual. Ele nasceu de significativas

contribuições que recolhi durante minha trajetória profissional, acadêmica e como

cidadã, ao lidar com pessoas e instituições que foram fundamentais a essa

construção. Foi realizado com a participação direta e indireta de várias pessoas e

instituições, às quais agradeço imensamente pela colaboração.

Agradeço profundamente à Direção da UNOPAR, professores do

Mestrado e aos funcionários, pelo acolhimento, atenção e principalmente pelo

ambiente acadêmico aberto ao pensamento crítico e ao debate de ideias.

À minha orientadora, Profa. Dra. Regina Célia Poli-Frederico, pela

amizade, dedicação, paciência e orientação precisa ao longo desses anos.

Agradeço por sua cumplicidade e responsabilidade direta na construção desta

Dissertação.

Aos membros da banca examinadora, professoras Dra. Sandra Mara

Maciel e Dra. Sandra Kiss Moura, por terem aceitado participar da avaliação deste

trabalho, e pela significante contribuição para seu aprimoramento; contribuíram com

importantes e enriquecedoras sugestões.

À Secretária de Saúde de Ibiporã, Dra. Leilaine Furlaneto Rodrigues,

e Coordenadora de Odontologia, Dra. Patrícia Piazzalunga, pela visão, oportunidade

e confiança sempre depositada em minha pessoa.

À Secretaria de Educação de Ibiporã, que colaborou na busca ativa

dos escolares que participaram da pesquisa, fornecendo o endereço e telefone para

contato dos mesmos.

Às famílias visitadas, que concordaram em participar desta pesquisa

e prontamente me acolheram em seus lares, pela inestimável ajuda ao se disporem

a ser submetidos ao exame clínico e entrevista, o que contribuiu para que este

trabalho pudesse ser realizado.

Aos meus pais, Armando e Sizuco Fujimura, pessoas maravilhosas

que por uma vida de dedicação, amor e muito trabalho, sempre possibilitaram a seus

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filhos a oportunidade de realizar sonhos e conquistas, nos ensinando a trilhar nossos

caminhos.

Aos meus irmãos, Alessandra, Érika, Amanda e Armando, exemplos

de dignidade, bondade, caráter e principalmente do amor ao próximo. Aos sobrinhos

queridos, Davi e Armandinho, preciosos tesouros da família, e que trouxeram muita

alegria para nossos corações.

Ao meu querido esposo Wander de Lara Proença, pelo carinho,

força, paciência e auxílio técnico, mas, principalmente, por fazer parte, sem dúvida

alguma, dos melhores momentos da minha vida.

Aos meus amigos que de uma forma ou de outra contribuíram com

sua força e estímulo para que eu conseguisse completar este percurso.

A Deus, que por sua presença, luz e força, sempre me abençoa e

capacita para tudo aquilo a que Ele me destina.

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FUJIMURA PROENÇA, Adriana. Impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie dentária em escolares de 12 anos no município de Ibiporã-Pr: avaliação epidemiológica. 102 folhas. [Dissertação de Mestrado]. Programa de Pós-Graduação em Odontologia – Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2015.

RESUMO

Os fatores genéticos podem desempenhar um importante papel na suscetibilidade à cárie dentária da população humana. O objetivo deste estudo foi investigar, por meio de Análise de Segregação Complexa (CSA), o padrão intergeracional na ocorrência de cárie em famílias brasileiras. Métodos: Este foi um estudo transversal, genética epidemiológica observacional. A amostra foi composta de 21 famílias cujos probandos exibiram altos níveis de cárie (CPOD> 4,5). Todos os participantes foram submetidos a um exame oral. A cárie dentária foi registrada de acordo com o índice CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados), de acordo com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde e a presença de gengivite foi avaliada usando o índice de sangramento gengival. Foi aplicado um questionário para identificar o perfil sociodemográfico e as práticas em saúde bucal. A análise de regressão linear simples e múltipla foram realizados para testar a associação entre cárie dentária e as variáveis independentes. A significância estatística foi considerada no nível de 5%. O programa S.A.G.E dirigiu a ASC. Resultados: A prevalência de cárie foi de 89,2%. As seguintes variáveis foram associadas: gengivite, uso de flúor, visitas e número de visitas ao dentista por ano e recebimento de informação prévia sobre saúde bucal. Na análise múltipla apenas a gengivite permaneceu associada (p = 0,005). A relação masculino / feminino foi de 1: 1.07. A análise visual dos genograms identificou um padrão familiar que sugere a predominância do modelo autossômico dominante. A freqüência do alelo de resistência "A" foi estimada em 0,22. O valor médio foi de 1,35 para AA e AB e 3,95 para BB. Conclusão: Os resultados do presente estudo evidenciam à presença de um gene principal com um efeito dominante controlando o aparecimento da cárie dentária, dentro da mesma família. Palavras-chave: Cárie dentária; Genética epidemiológica; Reabilitação Suscetibilidade.

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FUJIMURA PROENÇA, Adriana. Impact of genetics in susceptibility to dental caries in schoolchildren from 12 years in the municipality of Ibiporã-Pr: epidemiological assessment. 102 sheets. [Master's Dissertation]. Graduate Program in Dentistry - University of Northern Paraná, Londrina, 2015.

ABSTRACT

Genetic factors may play an important role in the susceptibility to dental caries of the human population. The objective of this study was to investigate, by means of Complex Segregation Analysis (CSA), the intergeneration pattern in the occurrence of caries in Brazilian families. Methods: This was a cross-sectional, observational genetic epidemiological study. The sample consisted of 21 families whose probands exhibited high levels of caries (DMFT>4.5). All participants underwent an oral examination. Dental caries was recorded according to the DMFT index (decayed, missing, and filled teeth), according to World Health Organization guidelines and the presence of gingivitis was assessed by using the gingival bleeding index. A questionnaire was applied to identify the sociodemographic profile and practices on oral health. Simple and multiple linear regression analysis were performed to test the association between dental caries and the independent variables. Statistical significance was considered at the 5% level. The S.A.G.E program drove the CSA. Results: The prevalence of caries was 89.2%. The following variables were associated with a higher score of the decay component: gingivitis, use of fluoride, visiting and number of visits to the dentist per year and prior information received about oral health. In the multiple analysis only gingivitis remained associated (p = 0.005). The male/female ratio was 1:1.07.The visual analysis of genograms identified a family pattern that suggests the predominance of the autosomal dominant model. The frequency of resistance allele "A" was estimated at 0.22. The mean decay value was 1.35 for AA and AB genotypes and 3.95 for BB. Conclusion: The results of the present study provide evidence as to the presence of a major gene with a dominant effect controlling the appearance of dental caries, within the same family. Key words: Dental caries; Genetic epidemiology; Oral rehabilitation; Susceptibility.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ASC Análise de Segregação Complexa

CEO Centro de Especialidades Odontológicas

CNS Cadastro Nacional de Saúde

CPO-D Índice de Dentes Permanentes Cariados, Perdidos e Obturados

DC Dentes Cariados

ICDAS International Caries Detection and Assessment System

OMS Organização Mundial da Saúde

SAGE Statistical Analysis for Genetic Epidemiology

SBBrasil Pesquisa Nacional de Saúde Bucal

SPSS Programa Statistical Package for Social Science

UBS Unidade Básica de Saúde

d Grau de dominância do gene principal.

"Q" Frequência alélica do gene principal "A".

"µ" Genotípica significa para genótipo (AA, AB, ou BB), ajustado para efeitos de

covariáveis.

"σ2" Variância residual do fenótipo.

"ρ" Correlação Familial

"β" Coeficientes de regressão covariável

s ou Taus Parâmetros de probabilidade de transmissão

"" AA, AB, BB Probabilidades de transmissão do alelo A para os genótipos AA,

AB e BB, respectivamente

-2lnL Índice de verossimilhança máxima

² Qui-quadrado

p Significância

P.E Número de parâmetros estimados

A.I.C Usado para comparar modelos não relacionados

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................... ...............................10

2 REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................13

2.1 FATORES GENÉTICOS ASSOCIADOS À CÁRIE DENTÁRIA.........................13

2.2 EPIDEMIOLOGIA GENÉTICA.................................. ..............................15

2.3 A CONSTRUÇÃO DO HEREDOGRAMA................................................ .....18

3 PROPOSIÇÃO.................................................................. ..............................20

OBJETIVO GERAL .................................................................................................20

OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................20

4 ARTIGO..........................................................................................................21

4.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................23

4.2 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................26

4.2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO .......................................................................26

4.2.2 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA............................................ ..............................26

4.2.3 COLETA DE DADOS......................................................................................26

4.2.4 MÉTODOS ESTATÍSTICOS .............................................................................28

4.2.5 RESULTADOS............................................................ ..............................29

AVALIAÇÃO DOS HEREDOGRAMAS E ANÁLISE DE SEGREGAÇÃO COMPLEXA.............32

4.2.6 DISCUSSÃO............................................................. ..............................37

4.2.7 CONCLUSÕES.......................................................... ..............................39

4.2.8 REFERÊNCIAS DO ARTIGO...................................................................40

4.2.9 AGRADECIMENTOS........ ....... .. .......... ....... ........ ... .... ...... ....... .44

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................45

6 REFERÊNCIAS........................................................................ .....................46

ANEXOS............................................................................................................52

ANEXO A - Códigos e símbolos padrão e odontológicos utilizados para gerar o

heredograma ....................................................................... ..............................53

ANEXO B - Parecer do Comitê de Ética ..........................................................54

ANEXO C - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................... ............57

ANEXO D - Formulário de Entrevista.............................................................59

ANEXO E - Heredogramas das 21 famílias....................................................63

ANEXO F - Artigo ........................................................................................74

ANEXO G - Normas de formatação da Revista................................................90

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1 INTRODUÇÃO

A cárie dentária representa o principal agravo à saúde bucal no

mundo todo, exercendo enorme impacto no sistema de saúde público de países

desenvolvidos e industrializados (Petersen, 2003; Fejerskov, 2004). Apesar de, nos

últimos anos, ter havido expressivo declínio em sua prevalência em países em

desenvolvimento e desenvolvidos, esta doença continua a afetar a maioria dos

adultos e de 60 a 90% das crianças em idade escolar (Petersen, 2003).

O impacto da cárie sobre indivíduos e comunidades vai além da dor

e sofrimento, podendo haver comprometimento da função e redução da qualidade

de vida (OMS, 2003). É dispendiosa e representa a quarta doença mais cara para o

tratamento no mundo industrializado. O acesso ao tratamento adequado é difícil em

muitos países de baixa renda, e, se o tratamento estivesse disponível em tais

países, seu custo somente em crianças, excederia o orçamento no cuidado de

saúde geral de todas as crianças (Yee; Sheiham, 2002).

Trata-se de uma doença crônica, multifatorial, de natureza

complexa, necessitando da interação entre microrganismos patogênicos e dieta

cariogênica, em hospedeiro que ofereça ambiente adequado, durante certo período

de tempo (Thylstrup, Fejerskov, 2001; Featherstone, 2004). Além de processos

biológicos, condições socioeconômicas podem interferir na ocorrência da cárie

dentária, a qual acomete, com maior extensão e gravidade, grupos menos

favorecidos, evidenciando um quadro de iniqüidade na distribuição do agravo

(Narvai et al., 2006).

O padrão intrafamiliar nas condições de saúde bucal tem sido o alvo

da atenção de alguns autores. Entre as primeiras publicações sobre o assunto,

encontram-se duas clássicas séries de estudos epidemiológicos sobre a ocorrência

de cárie em membros da mesma família. A partir das mesmas, tendências

importantes foram apontadas, como a existência de uma similaridade na experiência

de cárie entre irmãos (Garn et al., 1976); semelhanças no padrão de doença bucal

entre maridos e suas esposas (Klein, 1946; Garn et al., 1976) e o reflexo do status

de saúde bucal dos pais nas condições bucais dos filhos (Klein, 1946, 1947; Garn et

al., 1976).

Resultados de pesquisas posteriores confirmaram este padrão

Page 13: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

11

familiar similar na experiência de cárie. Diferentes hipóteses foram levantadas,

buscando-se as prováveis explicações para o mesmo. Razões ambientais,

envolvendo fatores microbiológicos (Aaltonen, 1994) e alimentares (King, Shaw,

Murray, 1980), assim como razões genéticas (Garcia-Godoy, Mañón Rossi, 1986).

Estudos atuais continuam a identificar as influências de fatores

genéticos na suscetibilidade à cárie dentária na população humana (Deeley et al.,

2008; Patir et al., 2008; Ozturk et al., 2010). Recentemente, Werneck et al. (2011)

utilizando o modelo da Análise de Segregação Complexa (ASC), conduziram um

estudo em uma comunidade isolada do norte do Brasil, no qual estas influências

foram confirmadas. Vale destacar que a ASC é um método de observação, utilizado

na genética epidemiológica, que auxilia na determinação da presença de um ou

mais genes principais dentro das famílias, o que explicaria toda ou parte da

agregação familiar da característica de interesse observada (Mossey, 1999). Por

meio deste modelo, torna-se possível estabelecer se o padrão de herança do

fenótipo entre os familiares é compatível com um ou mais genes principais ou

simplesmente deve-se ao compartilhamento dos mesmos fatores ambientais (Cruz,

Oliveira, 2007).

O levantamento epidemiológico da população estima a condição de

saúde bucal de diferentes grupos populacionais. O seu conhecimento é

indispensável para a proposição de ações adequadas às necessidades e riscos

(Sales-Peres, Bastos, 2002). Portanto, o conhecimento da situação epidemiológica

da população torna-se essencial tanto para o nível de planejamento, quanto para o

de execução de serviços odontológicos, constituindo-se no caminho correto de

equacionamento dos problemas de saúde e doença de cada comunidade (Pinto,

2000).

Apesar destes esforços tanto de investigações genéticas, quanto

daquelas realizadas em outras áreas da odontologia, o Brasil, de um modo geral,

ainda não atingiu as metas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde

(OMS). Para o ano 2010 foi estabelecido um CPO-D (índice de dentes permanentes

Cariados, Perdidos e Obturados) máximo de 1 para crianças de 12 anos de idade,

sendo que os resultados do SBBrasil 20101 (Brasil, 2011) apontaram para um CPO-

1 Quarto levantamento epidemiológico de âmbito nacional na área de Saúde Bucal, intitulado SBBrasil 2010 –

Pesquisa Nacional de Saúde Bucal. Esse estudo analisou a situação da saúde bucal da população brasileira com

Page 14: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

12

D de 2,1 para esta idade. Entre as metas de saúde bucal estabelecidas para 2020

estão: baixar o CPOD aos 12 anos, em especial entre os grupos de alto risco

(Hobdell et al., 2003).

Em outubro de 2012, a Secretaria de Saúde de Ibiporã-PR, realizou

um levantamento epidemiológico que avaliou os principais agravos em saúde bucal

da população escolar, tendo sido observado o CPO-D igual a 1,8 aos 12 anos de

idade (Ibiporã, 2013).

Este trabalho surgiu da necessidade de uma melhor compreensão

do porque da existência de crianças livres de cárie mesmo apresentando fatores de

risco aumentando a suscetibilidade ao desenvolvimento da cárie dentária. Além

disso, no último levantamento epidemiológico realizado no município de Ibiporã,

percebeu-se uma estabilidade nos índices ceo e CPO-D. Portanto, torna-se

fundamental a investigação de fatores de risco sociodemográficos, comportamentais

e genéticos que estariam contribuindo para manutenção da ocorrência da doença

em determinados grupos de indivíduos. O diagnóstico de saúde proporcionado pela

epidemiologia está inserido dentro das estratégias globais de planejamento e

avaliação nos serviços de saúde (Hobdell et al., 2003).

Os dados coletados nessa pesquisa, e as análises elaboradas no

texto a seguir, buscam contribuir para um diagnóstico mais preciso desse quadro,

com possíveis encaminhamentos para intervenção nessa realidade.

o objetivo de proporcionar ao SUS informações úteis ao planejamento de programas de prevenção e tratamento, tanto em nível nacional, quanto no âmbito estadual e municipal.

Page 15: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

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2 REVISÃO DE LITERATURA - CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1 FATORES GENÉTICOS ASSOCIADOS À CÁRIE DENTÁRIA

Segundo Keyes (1960) e Evans et al. (1993) os fatores genéticos

que contribuem para o desenvolvimento da doença cárie estão relacionados com a

estrutura e a composição do dente, a resposta imune do hospedeiro, o metabolismo

do açúcar e a função das glândulas salivares. A doença cárie não se enquadra no

modelo monogênico, porém, existem várias características mendelianas

influenciando direta e indiretamente a resistência ou suscetibilidade à essa doença

(Robinson, Borges-Osório, 2006).

Estudos em gêmeos monozigóticos sugerem que aproximadamente

50% das lesões de cárie podem ser atribuídas a fatores hereditários. Estudos

comparativos em gemelares mostram que os gêmeos monozigóticos apresentam

menor diferença quanto à distribuição de cárie dentária do que os gêmeos

dizigóticos, e esses, por conseguinte, menos do que as crianças não aparentadas

(Goldberg, 1930; Horowitz, Degeorge, 1958; Mansbridge, 1959; Finn, 1963).

Em relação ao sequenciamento do genoma humano, a Odontologia

também já se beneficia dos conhecimentos teóricos e tecnológicos, com aplicações

no diagnóstico, prognóstico e tratamento de doenças humanas em busca de melhor

qualidade de vida (Robinson, Borges-Osório, 2006).

Um forte componente genético afetando a dentição decídua

resultando maior incidência de cárie foi encontrado (Bordoni, et al., 1973). Tal

associação não foi mais avaliada, e a morfologia e o tempo de erupção foram

considerados fatores principais.

Em um único estudo de ligação desenvolvido em humanos (Vieira et

al., 2008), por meio de um “scan genômico”, com 392 marcadores evidenciaram a

ligação entre a cárie e 3 loci genômicos para baixa suscetibilidade à esta doença

(5q13.3, 14q11.2 e Xq27.1) e 2 para alta suscetibilidade (13q31.1 e 14q24.3).

Atualmente, fatores genéticos, como antígeno leucocitário humano

(HLA) têm sido sugerido como um fator predisponente para a cárie precoce na

dentição decídua. O Streptococcus mutans são um dos fatores etiológicos mais

importantes da cárie e o sistema imunológico do indivíduo, que protege o corpo

contra micro-organismos, pode ter um papel importante (Bagherian, 2008).

Page 16: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

14

Em 2005, foram publicados estudos da associação entre variantes

genéticas e cárie em humanos, tais como: genes relacionados ao desenvolvimento e

mineralização do esmalte: Amelogenina e Tuftelina (Slayton et al., 2005; Deeley et

al., 2008; Kang et al., 2011), genes relacionados a resposta imune (HLA-DQ2 –

Valarini, et al., 2012), genes relacionados com a composição da saliva: Anidrase

carbônica salivar (Peres, et al., 2010) e genes relacionads ao paladar: TAS2R38,

TAS1R2, GNAT3 (Ramos et al., 2009 e Wendell et al., 2010).

Um estudo pangenômico de associação (“genome wide association”

– GWA) investigou a ocorrência da cárie em crianças (Shaffer et al., 2011). Esta

pesquisa investigou 1.305 crianças americanas de 3 a 12 anos de idade, mas sem

resultados significativos, entretanto, alguns loci (ACTN2, MTR, EDARADD, MPPEN2

e LPO) com papel biológico importante na cárie exibiram evidencia sugestiva de

associação. Este estudo reforçou a complexidade da doença cárie, sugerindo o

envolvimento de vários loci com efeitos pequenos na cariogênese.

Wang et al. (2012) conduziram o primeiro GWAS para identificar

genes que afetam a suscetibilidade à cárie em adultos. Embora não tenha sido

observado signicância estatística, os autores encontraram loci sugestivos dentro ou

perto de genes com efeitos biológicos para cárie dentária, incluindo RPS6KA2 e

PTK2B, envolvidos na sinalização MAPK dependente p38, e RHOU e FZD1,

envolvidos na cascata de sinalização Wnt. Ambas vias de sinalização têm sido

implicadas na cárie dentária. ADMTS3 e ISL1 estão relacionados com o

desenvolvimento dentário e TLR2 está envolvido na resposta imune para patógenos

orais.

Esses resultados revelam a existência de fatores genéticos na

suscetibilidade à cárie, porém, nenhum marcador molecular foi identificado até o

momento. A identificação desses marcadores relacionados a esta doença pode

contribuir para a melhor caracterização dos diferentes tipos e graus desta, e o uso

de técnicas de biologia molecular pode tornar o tratamento mais efetivo (Robinson,

Borges-Osório, 2006).

Sabe-se que os recursos no Serviço Público são escassos e por

isso, é possível realizar uma análise genética utilizando uma metodologia de

observação, sem a necessidades do uso de DNA, através de uma análise visual dos

heredogramas e do fenótipo DC presente entre os familiares.

Page 17: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

15

2.2 EPIDEMIOLOGIA GENÉTICA

A epidemiologia genética evoluiu de uma abordagem apenas em

doenças mendelianas raras para a análise de características complexas, ou seja,

aquelas que estão relacionadas a um grande número de fatores, muitas vezes de

difícil identificação. Com a obtenção de informações precisas sobre a sequência de

genes ao longo do genoma humano, o interesse da epidemiologia genética em

desvendar a natureza dos fatores que influenciam essas características se tornou

essencial (Krieger, Feitosa, 2002).

Os métodos analíticos vêm recebendo contínua atenção na análise

de doenças complexas e sua importância para esse tipo de estudo é medida pela

metodologia inovadora observada nos últimos anos (Krieger, Feitosa, 2002).

Os métodos analíticos estão divididos em:

a) Genética Epidemiológica Molecular:

A análise de ligação é o método principal utilizado para mapear

doenças mendelianas e também tem desempenhado um papel na tentativa de

mapear doenças complexas. Examina a co-segregação dentro de cada família, de

um gene marcador e um fenótipo e determina se o marcador e a característica estão

fisicamente ligados, ou seja, se existe proximidade mensurável entre genes ao

longo do cromossomo (Krieger, Feitosa, 2002). Nessa análise, amostras biológicas

são coletadas de famílias em que há agregação com no mínimo três gerações de

indivíduos acessíveis, na busca de base genética de um dado fenótipo complexo. A

família é acessada a partir de um probando e não aleatoriamente na população

(Thomas , 2004).

No estudo de associação é realizada uma análise estatística entre

uma amostra de indivíduos com o fenótipo de interesse (amostra caso), e uma

amostra de indivíduos sem o fenótipo (controle), ou seja, com marcadores genéticos

com localização cromossômica conhecida. É o estudo mais frequente na literatura,

mas não o mais informativo. Ela é útil para a confirmação de suspeita da

participação de um determinado alelo na manifestação de uma certa característica

ou de um alelo existente em um locus próximo ao locus responsável pela

característica (Krieger, Feitosa, 2002). Os resultados positivos na análise de ligação

direcionam para o desenvolvimento de diagnósticos moleculares, e resultados

positivos na associação significam diagnósticos de predisposição da condição em

questão (Cruz, Oliveira, 2007).

Page 18: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

16

b) Genética Epidemiológica de Observação:

A agregação familial é o primeiro passo para análise genética de

qualquer característica. Significa o compartilhamento entre membros da família, de

genes e dos mesmos fatores ambientais. Esta agregação é comprovada pela maior

semelhança fenotípica entre pares de parentes do que entre indivíduos não-

aparentados (Elston, 2000; Rice, Borecki, 2001). Essa agregação familial pode ser

medida pela correlação fenotípica entre pares de indivíduos (pares de irmãos, pai-

filho, cônjuges etc.) (Krieger, Feitosa, 2002).

Para uma melhor compreensão a análise de segregação pode ser

dividida em duas fases: a clássica e a complexa (Morton et al., 1983).

Os métodos clássicos estão fundamentados na estimação e teste de

razões de segregação (Rao et al., 1974) determinados pelos efeitos de um único

gene. Ela não requer informações a respeito dos genótipos. Por se tratar de uma

análise de agregação familiar, foca o padrão de segregação dentro de cada família,

individualmente, ao invés da média da população. Apesar de ser possível fazer esse

tipo de investigação em núcleos familiares ou em heredogramas pequenos, os

heredogramas mais extensos são mais informativos (Thomas, 2004).

Modelos mais abrangentes de análise de segregação foram

desenvolvidos para abordar os problemas gerados por fenótipos complexos (Lalouel

et al., 1983; Bonney, 1984; Hasstedt, 1982; Blangero, Konigsberg, 1991).

A Análise de Segregação Complexa (ASC) é uma ferramenta

importante da epidemiologia genética de observação, pois, é o primeiro passo em

direção ao entendimento da natureza do componente genético controlando a

suscetibilidade à doença, e seus resultados possibilitam a realização de futuras

pesquisa com o objetivo de mapear regiões cromossômicas envolvidas no

desenvolvimento da cárie em populações humanas (Werneck et al., 2011).

A análise de segregação auxilia na determinação da presença de um

ou mais genes principais dentro das famílias que podem explicar toda ou parte da

agregação familiar da característica de interesse observada (Burton, Tobin e Hopper,

2005). Assim, é possível estabelecer se o padrão de herança do fenótipo entre os

familiares é compatível com um ou mais genes principais ou simplesmente pelo

compartilhamento dos mesmos fatores ambientais2 (Cruz, Oliveira, 2007).

2 Figura 01 Análise de Segregação Complexa

Page 19: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

17

Figura 1 . Análise de Segregação Complexa

Populações isoladas e geneticamente homogêneas são

consideradas ideais em estudos dessa natureza. Como essas populações são muito

raras, uma estratégia é a estratificação de populações não ideais, buscando assim

minimizar um viés nos resultados (Gass, et al., 2003).

Em relação à cárie dentária, apenas uma ASC foi conduzida até o

momento. Neste estudo de Werneck et al. (2011), foram observados dois fenótipos

quantitativos (CPO-D e DC) em uma amostra populacional de famílias multiplex3

residentes em uma colônia isolada na Amazônia no estado do Pará. Os autores

descreveram que o melhor modelo para o CPO-D foi o codominante e para o

fenótipo DC foi o dominante. Identificaram um efeito de um gene principal (modelo

dominante) controlando a resistência ao fenótipo. A frequência observada neste

estudo para o alelo resistente A foi de 0,63 e a média de número de DC para os

genótipos AA/AB foi 1,53 e para e BB 9,53.

Segundo Werneck et al. (2011) a ASC é ideal para a identificação do

modelo genético por trás de um fenótipo específico, porém, com uma série de

limitações. Diferentes estratégias de ajuste para variáveis não-familiares podem

resultar em achados discordantes em estudos independentes. Essa população

multiplex foi homogeneamente exposta a fatores de risco a cárie, minimizando o

3 Mais de um indivíduo afetado na família (Blanco, 1998).

Page 20: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

18

impacto da variabilidade não familiar e aumentando o poder de análise (estudo em

uma população isolada da Amazônia). Ressalta-se que, para uma investigação mais

aprofundada, estudos moleculares baseados em DNA são necessários.

A população de estudo de Ibiporã apesar de ser homogênea do

ponto de vista socioeconômica, pode ser considerada heterogênea do ponto de vista

comportamental.

2.4 A CONSTRUÇÃO DO HEREDOGRAMA

O heredograma4 é uma ferramenta indicada para a avaliação dos

riscos familiares, para a explicação de todos os fatores que possam contribuir para o

desequilíbrio do processo saúde-doença na família. Ele é um retrato momentâneo

da família, portanto, significa que os padrões podem ser alterados a qualquer

momento (Curitiba, 2012).

É um método de coleta, armazenamento e processamento de

informações sobre a família a partir de representação gráfica espacial de todos os

seus membros. É preciso que tanto as ligações civis formais e informais quanto as

biológicas sejam representadas, buscando sempre coletar informações dos

diferentes campos, como da biologia (genética, por exemplo) e da cultura familiar

(Curitiba, 2012).

Construir um heredograma consiste em representar, usando

símbolos, as relações de parentesco entre os indivíduos. Cada indivíduo é

identificado por um símbolo que indica as suas características particulares e sua

relação de parentesco com os demais membros da família. Indivíduos do sexo

masculino são representados pelo quadrado, o sexo feminino, por um círculo. O

casamento é indicado por um traço horizontal que une esses indivíduos. Os filhos de

um casamento são apresentados por traços verticais unidos ao traço horizontal do

casal. A montagem de um heredograma segue as seguintes regras:

1ª) Em cada casal, o homem deve ser colocado à esquerda, e a

mulher à direita, sempre que for possível;

2ª) Os filhos devem ser colocados em ordem de nascimento, da

esquerda para a direita;

4 Heredograma: do latim heredium, que significa herança; também é conhecida como genealogia, árvore

genealógica ou genograma.

Page 21: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

19

3ª) Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos

(I, II, III, etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos são indicados por algarismos

arábicos, da esquerda para a direita5.

Os heredogramas podem ser desenhados manualmente utilizando-

se símbolos convencionais, sendo que os probandos são indicados por uma seta. O

desenho do heredograma pode ser realizado utilizando-se ferramentas do Microsoft

Office Word.

A avaliação clínica e entrevista das famílias deve ser realizada de

forma sistemática, buscando o maior volume de informações possíveis.

Independente da situação fenotípica dos avaliados, deve ser feita pelos dois lados

da família, mesmo que os dados sugiram que a segregação do fenótipo ocorra em

apenas um deles (Cruz, Oliveira, 2007).

Cada componente do heredograma afetado ou não, deve ser

avaliado seguindo-se os mesmos critérios utilizados para a avaliação dos

probandos. Quando não for possível a confirmação precisa, nos heredogramas

devem ser assinalados como “status desconhecido” (Cruz, Oliveira, 2007).

Deve ser verificada a existência de um componente genético na

etiologia do problema nas famílias estudadas e, determinar se o padrão de herança6

do mesmo, assim como outras variáveis genéticas como penetrânci7, herdabilidade8,

correlação e frequência9 do(s) gene(s) principal(is) (Cruz, Oliveira, 2007).

Informações consideradas relevantes (doenças crônicas, anomalias

congênitas, abortos; tabagismo, alcoolismo, uso de drogas ilícitas, etc.) devem ser

anotadas (Curitiba, 2012). O Anexo A representa os componentes do heredograma

com os códigos explicando os símbolos padrão e os da odontologia (Curitiba, 2012).

5 Disponível em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Genetica/leismendel5.php> Acesso em 31 ago

2014. 6 Padrão de herança: Modo pelo qual os indivíduos com um caráter qualitativo raro se distribuem nos

heredogramas e se relacionam com seus consanguíneos facilitando muito o reconhecimento do tipo de transmissão hereditária do caráter em estudo. 7Penetrância: Refere-e à capacidade que determinado genótipo tem de se manifestar em seus portadores.

8Herdabilidade: É um coeficiente genético que expressa a relação entre a variância genotípica e a

variância fenotípica, ou seja, mede o grau de correspondência entre fenótipo e valor genético que é, em última instância, aquilo que influencia a próxima geração. 9 Frequência: A constituição genética de uma população com respeito aos genes que ela possui é descrita pela

frequência gênica, que nada mais é que a descrição de quais são os alelos presentes em cada um dos locos e suas proporções (Salman, 2007).

Page 22: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

20

3 PROPOSIÇÃO

Objetivo Geral

Procurar descrever o modelo de herança genética que melhor

explica o padrão de segregação observado para a cárie dentária em uma amostra

de escolares de 12 anos residentes no município de Ibiporã –PR.

Objetivos Específicos

Apresentar o perfil sociodemográfico dos familiares de escolares

com índices de cárie altos ou muito altos;

Descrever as variáveis clínicas (experiência de cárie, indice CPO-D,

número de dentes cariados, presença de gengivite) relacionadas com a cárie

dentária dos escolares de 12 anos residentes no município de Ibiporã –PR;

Identificar uma possível associação entre as variáveis

(sociodemográficas, clínicas e genéticas) do estudo e a variável dentes cariados

(DC) destes escolares;

Evidenciar um possível padrão de herança familiar por meio da

análise de heredograma construidos a partir dos escolares de 12 anos de Ibiporã –

PR;

Investigar a existência de um efeito genético controlando o fenótipo:

componente dente cariado (DC) do índice CPO-D dos escolares de 12 anos

residentes no município de Ibiporã –PR.

Page 23: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

21

4 ARTIGO

Padrão genético da cárie dentária em famílias de um município do sul do Brasil

Será submetido ao periódico Indian Journal of Medical Research Adriana Fujimura Proença¹, Sandra Mara Maciel2, Sandra Kiss Moura3, Regina Célia Poli-Frederico4 1. Mestre em Dentística pela Universidade Norte do Paraná, Londrina, PR, Brasil. E-mail: [email protected] 2. Professora Adjunta do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá, PR/Brasil. E-mail: [email protected] 3. Professora Adjunta do Departamento de Odontologia da Universidade Norte do Paraná, Londrina, PR/Brasil. E-mail: [email protected] 4. Professora Adjunta do Departamento de Odontologia da Universidade Norte do Paraná, Londrina, PR/Brasil. E-mail: [email protected]

Endereço para correspondência Profa. Dra. Regina Célia Poli-Frederico Universidade Norte do Paraná, Faculdade de Odontologia Rua Marselha, 183 - Jardim Piza Londrina – PR/Brasil CEP: 86041-120 Telefone: (43) 3371-7820 Fax: (43) 3371-7741 e-mail: [email protected]

Page 24: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

22

Abstract Genetic factors may play an important role in the susceptibility to dental caries of the human population. The objective of this study was to investigate, by means of Complex Segregation Analysis (CSA), the intergeneration pattern in the occurrence of caries in Brazilian families. Methods: This was a cross-sectional, observational genetic epidemiological study. The sample consisted of 21 families whose probands exhibited high levels of caries (DMFT>4.5). All participants underwent an oral examination. Dental caries was recorded according to the DMFT index (decayed, missing, and filled teeth), according to World Health Organization guidelines and the presence of gingivitis was assessed by using the gingival bleeding index. A questionnaire was applied to identify the sociodemographic profile and practices on oral health. Simple and multiple linear regression analysis were performed to test the association between dental caries and the independent variables. Statistical significance was considered at the 5% level. The S.A.G.E program drove the CSA. Results: The prevalence of caries was 89.2%. In the multiple analysis only gingivitis remained associated (p = 0.005).The visual analysis of genograms identified a family pattern that suggests the predominance of the autosomal dominant model. The frequency of resistance allele "A" was estimated at 0.22. The mean decay value was 1.35 for AA and AB genotypes and 3.95 for BB. Conclusion: The results of the present study provide evidence as to the presence of a major gene with a dominant effect controlling the appearance of dental caries, within the same family. Key words: Dental caries; Genetic epidemiology; Oral rehabilitation; Susceptibility.

Page 25: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

23

4.1 INTRODUÇÃO

A cárie dentária é uma doença crônica, multifatorial, infecciosa, e

sacarose dependente1,2. Doença que mais acomete a cavidade bucal, atingindo a

todas as faixas etárias, é a infecção mais comum e a mais prevalente em todo

mundo, chegando a atingir 90% da população brasileira3. Por ser de natureza

complexa, necessita da interação entre microrganismos patogênicos e dieta

cariogênica, em hospedeiro que ofereça ambiente adequado, durante certo período

de tempo4. É considerada um problema de saúde pública, na medida em que sua

evolução pode levar à perda dos dentes, com sequelas orgânicas, psicológicas e

sociais, além dos inevitáveis reflexos nas demandas por atendimento odontológico

de alto custo5.

O diagnóstico das condições de saúde bucal de diferentes grupos

populacionais é indispensável para a proposição de ações adequadas às

necessidades e riscos6. A condução de levantamentos epidemiológicos para estimar

a prevalência dos principais agravos à saúde bucal torna-se essencial tanto para o

nível de planejamento quanto para o de execução de serviços odontológicos,

constituindo-se no caminho correto de equacionamento dos problemas de saúde e

doença de cada comunidade7.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a idade índice

de 12 anos como principal idade a ser avaliada, levando em consideração o fato de

que nesta idade a dentição permanente está completa e de que mais de 90% das

crianças encontram-se matriculadas nas escolas, o que facilitaria a realização do

levantamento epidemiológico8. Resultados do SBBrasil 20109 revelaram que

algumas condições encontradas estavam bem acima das metas globais propostas

para o ano de 2010. O CPOD-D aos 12 anos, que foi de 2,1 (sendo de 1,12, o valor

componente cariado), superou em duas vezes o recomendado (CPO-D = 1).

Diversos estudos10-12 já indicaram a existência de fatores genéticos controlando a

suscetibilidade à cárie, porém, nenhuma descrição do modelo genético envolvido foi

feita, considerando-se uma população contendo fenótipo extremo (alto índice CPO-D

- dentes permanentes cariados, perdidos e obturados)

Para a determinação da presença de um ou mais genes principais

dentro das famílias, que possam explicar toda ou parte da agregação familiar da

característica observada, pode se utilizar a Análise de Segregação Complexa

Page 26: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

24

(ASC)13. Este modelo da epidemiologia genética possibilita estabelecer se o padrão

de herança do fenótipo entre os familiares é compatível com um ou mais genes

principais ou simplesmente pelo compartilhamento dos mesmos fatores

ambientais14.

Werneck et al.15 realizando um estudo em uma comunidade isolada

do norte do Brasil, confirmaram a influência de fatores genéticos no desenvolvimento

da cárie tendo identificado um efeito de gene principal (efeito dominante)

controlando a resistência ao fenótipo. A frequência observada neste estudo para o

alelo resistente A foi de 0,63 e a média do componente cariado (DC) do índice CPO-

D foi 1,53 para genótipos AA/AB e 9,53, para o genótipo BB. Para os autores, este é

o primeiro passo em direção ao entendimento da natureza do componente genético

controlando a suscetibilidade à doença e seus resultados possibilitam a realização

de futuras análises com o objetivo de mapear regiões cromossômicas envolvidas no

desenvolvimento da cárie em populações humanas.

Ressalta-se que apesar dos avanços da genética molecular e

estudos de associação amplos do genoma, ainda não está clara a exata natureza do

componente genético controlador da suscetibilidade à cárie dentária16. A

compreensão de aspectos genéticos envolvidos na patogênese da cárie poderá

originar estratégias de prevenção para esta doença, que se encontra entre as mais

prevalentes do mundo17. Entre as metas de saúde bucal estabelecidas para 2020

estão: baixar o CPOD aos 12 anos, em especial entre os grupos de alto risco18.

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi investigar o

modelo de herança genética que melhor explica o padrão de segregação familiar

para cárie dentária em uma amostra de escolares de 12 anos de idade, com índice

CPO-D alto e muito alto, residentes no município de Ibiporã -PR.

A construção e a utilização dos heredogramas a partir da

estratificação de risco individual e familiar e a ASC, que é um modelo epidemiológico

genético de observação sem a utilização de DNA, torna sua aplicabilidade viável no

Serviço Público. Na estratificação de risco, o profissional deve levar em

consideração os fatores determinantes de risco, não só biológicos e odontológicos,

mas também os comportamentais, culturais e socioeconômicos. A determinação do

risco individual deve ser anotada no prontuário do usuário, servindo de base para o

plano de tratamento e o posterior monitoramento da saúde bucal dele19.

A Rede de Saúde Bucal publicada pela Secretaria Estadual de

Page 27: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

25

Saúde em novembro de 2014, e distribuído em março de 2015 para as Secretarias

Municipais, já traz em sua linha guia o genograma (heredograma) como uma

ferramenta indicada para avaliar os riscos familiares, para explicar os fatores que

contribuem para o desequilíbrio do processo saúde-doença na família, com intuito de

propiciar elementos que possam subsidiar planos terapêuticos integrais, ou seja,

com ações de prevenção, promoção, recuperação e manutenção da saúde19.

Além disso, recomendam a utilização do CPO-D e o Índice

Periodontal Comunitário no planejamento das ações. O uso de um índice mais

sensível que possa medir a severidade da lesão, como o ICDAS (International

Caries Detection and Assessment System), deve ser considerado em futuro

próximo19.

Portanto, conhecer esses fatores de risco, em relação à doença

cárie, como a experiência passada e presente de lesões cariosas, a frequência do

consumo de açúcar, a presença de biofilme, a atividade da doença, a exposição ao

flúor e a qualidade da saliva (fluxo salivar e capacidade tampão) tem papel

importante neste processo20.

Page 28: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

26

4.2 MATERIAIS E MÉTODOS

4.2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo epidemiológico – genético, transversal e

observacional, cuja população foi constituída por estudantes de 12 anos de idade,

que participaram em 2012, do levantamento epidemilógico em saúde bucal,

realizado pela Secretaria Municipal de Saúde do município de Ibiporã, PR.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Norte do Paraná sob o número (#811.740/2014).

4.2.2 DEFINIÇÃO DA AMOSTRA

Critérios de elegibilidade: dos 288 estudantes de 12 anos que

participaram do levantamento epidemiológico em 2012, 25 apresentaram indice

CPO-D classificado como alto e muito alto e, por isso, estes alunos e seus familiares

foram incluídos na amostra do presente estudo, apresentando no mínimo três

gerações acessíveis. Para a seleção destes alunos foram adotados os critérios de

classificação do ataque de cárie com base no indice CPO-D alto (≥ 4,5) seguindo os

critérios preconizados pela OMS21. Os demais alunos e suas respectivas famílias

foram excluídos do estudo.

Classificação do ataque de cárie dentária com base nos valores do CPO aos 12 anos de idade

4.2.3 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi dividida em exame clínico e entrevista, ambos

realizados por uma única examinadora. Antes da coleta, todos os indivíduos

receberam informações a respeito da pesquisa e foram convidados a assinar o

termo de consentimento livre e esclarecido, concordando em participar do estudo

Page 29: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

27

(Anexo B). Os responsáveis assinaram o termo dos menores de 18 anos de idade.

Os exames clínicos foram conduzidos no domicílio, em condições

ambientes, sob luz natural indireta, com o examinador e a pessoa examinada

sentados, utilizando-se um palito de madeira, espelho bucal plano e uma sonda

OMS (sonda CPI), após a remoção de detritos alimentares com gaze, quando

necessário. As avaliações bucais foram feitas após processo de calibração intra-

examinador. Para testar a concordância intra-examinador foram reavaliadas 2

famílias, seguindo as mesmas condições originais. Os conjuntos de dados foram

comparados pelo Teste Kappa. O valor de Kappa para o teste estatístico de

repetibilidade intra-observador foi de 0,80 indicando “muito bom acordo” entre os

conjuntos de dados22.

Para a coleta de informações sobre o perfil demográfico e

socieconômico, história médica pregressa e atual, comportamentos em saúde bucal

(hábitos de higiene, hábitos alimentares e frequência de ingestão de doces, visitas

ao dentista durante o ano e frequência de consultas, uso de flúor, entre outros) e

saúde bucal, utilizou-se um questionário semi-estruturado (Anexo D). Para

avaliação da experiência e severidade de cárie dentária foi utilizado o índice CPO-D

(Anexo D), seguindo-se os códigos e critérios de diagnóstico preestabelecidos pela

OMS21. Para a gengivite foi realizada a avaliação da presença ou ausência da

gengivite (ISG) por meio do sangramento, após sondagem suave do sulco gengival,

realizada em todos os dentes. A severidade da gengivite foi analisada segundo a

classificação de Coutinho e Tostes (1997)24 que consideram a quantidade de

superfícies gengivais sangrantes para determinar a severidade da doença gengival.

Quando houve ausência de superfícies sangrantes, considerou-se a gengivite como

ausente. As demais situações em que ocorreram superfícies sangrantes (suave,

moderada e severa) foi considerada apenas como presença de gengivite.

Para minimizar os possíveis erros devido à falta de informação a

respeito das terceiras e quartas gerações, alguns autores usam somente duas

gerações para calcular os valores de penetrância25. Neste trabalho foram

consideradas três gerações, de forma a deixar os heredogramas mais informativos.

Das 25 famílias selecionadas para amostra, 21 autorizaram a

avaliação. 04 não concordaram em participar da pesquisa, mesmo após o

esclarecimento da importância deste projeto. Os responsáveis alegaram que já

haviam concluído o tratamento odontológico e que quando precisassem retornariam

Page 30: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

28

a ligação, ou procurariam o serviço público odontológico. Essas 21 famílias foram

formadas por 197 indivíduos que compuseram os heredogramas (Anexos E). O

índice CPO-D estava disponível para 154 pessoas que foram avaliadas pela

examinadora. Dados de 43 sujeitos foram obtidos através de informações de

parentes, totalizando 197 indivíduos.

4.2.4 MÉTODOS ESTATÍSTICOS

Os dados coletados durante o levantamento epidemiológico dos

escolares, bem como os dados de seus familiares foram digitados no Programa

Statistical Package for Social Science – versão 17.0 (SPSS Inc, Illinois, EUA). Os

heredogramas foram desenhados utilizando ferramentas do Microsoft Office Word

2007.

Inicialmente, realizou-se a análise linear univariada para verificar as

medidas do efeito de cada variável estudada em relação aos resultados. Em

seguida, prosseguiu-se a análise linear múltipla (multivariada), com intervalo de

confiança 95%.

A análise de segregação complexa foi realizada com a utilização do

programa S.A.G.E (Análise estatística para genética epidemiológica) versão 6.3 e

com o programa SEGREG26. Os dados extraídos dos heredogramas e do SPSS

foram compilados em planilhas EXCEL (Microsoft), necessárias para alimentar o

programa S.A.G.E, que conduziu a ASC.

Nesta análise foram incluídas somente 10 famílias que estavam

completas, com três gerações acessíveis. As demais famílias foram excluídas devido

à falta de informações (óbito precoce dos avós do probando, impossibilitando

qualquer informação referente às condições bucais, perda de contato do pai

biológico, casos de adoção, portanto, sem envolvimento genético entre os familiares,

familiares internados em clínica de recuperação, entre outros).

Page 31: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

29

4.2.5 RESULTADOS

O perfil sociodemográfico dos escolares e de seus familiares está

apresentado na Tabela 1. Do total de 157 indivíduos, a maioria (57,3%) era do sexo

feminino e da etnia branca (77,9%). Entre os familiares a média de idade foi de

37,45 + 23,85 anos. Apenas 39,7% dos entrevistados possuíam mais que 8 anos de

estudo. A média da escolaridade era de 7,2 ± 3,5 anos de estudo e a renda familiar

média de R$ 1.040,97 + 526,44.

Em relação aos comportamentos em saúde bucal (Tabela 1), 42,9%

possuíam o hábito de consumir doces entre as refeições (beliscadas) mais do que 3

vezes ao dia; 82,7% escovavam os dentes mais do que 1 vez por dia; apenas

34,6% usavam o fio dental; e, 64,2% reportaram ter visitado o dentista durante o

ano. Vale destacar que 89% afirmaram ter recebido informações sobre os cuidados

com a saúde bucal.

Na avaliação da prevalência de cárie, o índice CPOD variou entre 0

e 28, com média de 15,17+0,97. A análise por componentes do índice demonstrou

que a média do componente cariado (DC) foi de 0.95+2.04. Entre os escolares o

índice CPOD variou entre 4 e 16, com média de 8,05+3.11. A análise por

componentes do índice demonstrou que a média DC foi de 2,42+3.58.

Os resultados da regressão linear simples (Tabela 2) mostrou que as

seguintes variáveis foram associadas com escores mais altos do componente

cariado: ter gengivite (p <0,0001), não utilização do flúor (p = 0,050); não ter visitado

o dentista ainda (p <0,0001); não ter visitado o dentista no último ano (p = 0,001), e

não ter recebido informações sobre cuidados de saúde bucal (p <0,0001). Quando

todas as variáveis foram incluídas no modelo, apenas a presença de gengivite

manteve-se estatisticamente significativa (p = 0,005), apresentando valor maior entre

os indivíduos com gengivite (2.64 ± 3.05), quando comparados aos indivíduos sem

gengivite (0.65 ± 1.16).

Page 32: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

30

Tabela 1 - Número de dentes cariados de acordo com as características das famílias brasileiras estudadas

Características N %

Componente

Cariado

Média DP

Sociodemográficas

Gênero

Feminino 90 57.3 0.90 1.77

Masculino 67 42.7 1.01 2.37

Raça/Etnia

Não branca 27 22.1 2.04 2.73

Branca 95 77.9 0.97 2.04

Escolaridade em anos

≤ 8 47 60.3 2.04 2.62

≥ 9 31 39.7 1.06 2.14

Média de idade em anos 37,4 + 23,8

Média da renda familiar* 1040,97+526,44

Comportamentos de Saúde

Bucal/Informação

Frequência diária entre as refeições

Nenhum 26 31.0 1.73 1.86

≤ 3 vezes 22 26.2 1.18 2.42

4 vezes ou + 36 42.9 1.72 2.75

Frequência de escovação diária

Uma 14 17.3 2.43 3.91

Duas ou + 67 82.7 1.43 2.01

Uso do fio dental

Não 53 65.4 1.96 2.75

Sim 28 34.6 0.93 1.51

Uso de flúor

Não 52 64.2 2.00 2.56

Sim 29 35.8 0,90 2.05

Já visitou o dentista

Não 29 35.8 2.90 3.14

Sim 52 64.2 0.92 1.57

Número de visitas ao dentista/ultimo ano

Nenhuma 34 42.0 2.62 3.07

Uma 17 21.0 1.29 1.64

Duas ou + 30 37.0 0.63 1.40

Acesso á informação de Saúde Bucal

Não 9 11.0 4.22 3.49

Sim 73 89.0 1.29 2.07

Condição clínica de Saúde Bucal

Presença de gengivite

Não 52 54.2 0.62 1.14

Sim 44 45.8 2.64 3.05

Page 33: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

31

Tabela 2 - Análise de regressão linear de variáveis no componente cariado das famílias

brasileiras 1Ajustada para todas as variáveis na equação

Variáveis Coeficiente de

Regressão Não

Ajustada (SE)

Valor de

p

Coeficiente 1

de Regressão

Ajustada (SE)

Valor de

p

Gênero 0.11 (0.33) 0.729 0.06 (0.65) 0.930

Cor da pele/raça 0.55 (0.24) 0.025 0.16 (0.38) 0.678

Escolaridade em anos -0.98 (0.56) 0.088 -1.07 (0.55) 0.055

Média da idade em anos -0.01 (0.01) 0.110 0.03 (0.02) 0.255

Média da Renda Familiar * 0.00 (0.00) 0.299 0.00 (0.00) 0.125

Frequência Diária entre as refeições 0.02 (0.31 0.951 0.44 (0.40) 0.284

Frequência diária de escovação 0.99 (0.71) 0.167 -0.49 (0.78) 0.531

Uso do fio dental 1.03 (0.56) 0.070 -0.20 (0.76) 0.780

Uso do flúor 1.10 (0.55) 0.051 -0.32 (0.76) 0.673

Visita ao dentista 1.97 (0.52) 0.000 0.33 (1.38) 0.809

Número de visitas ao dentista/último ano 0.99 (0.28) 0.001 0.23 (0.73) 0.754

Acesso à informação de saúde bucal 2.93 (0.79) 0.000 0.97 (0.90) 0.286

Presença de gengivite 2.02 (0.45) 0.000 1.58 (0.53) 0.005

Page 34: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

32

AVALIAÇÃO DOS HEREDOGRAMAS E ANÁLISE DE SEGREGAÇÃO COMPLEXA

Na tabela 3 está apresentada a distribuição dos indivíduos afetados

e não afetados e a sugestão do modelo genético pela análise visual dos

heredogramas para cada família avaliada, o número de indivíduos de acordo com o

fenótipo e o gênero. O total de indivíduos presentes nos heredogramas foi de 197 e

a prevalência de cárie dentária foi de 89,2%, referentes à experiência de cárie obtida

por meio dos componentes DC e Obturados do índice CPO-D. O padrão familiar

sugere a predominância de um modelo autossômico dominante (AD). Das 21

famílias averiguadas 18 (85,72%) apresentaram um padrão AD (Figura 2). No

modelo AD, os indivíduos afetados possuem ao menos um dos pais afetados. Essa

característica ocorre em ambos os gêneros de igual modo e há transmissão direta

entre pais e filhos de qualquer gênero14.

Em duas famílias (9,52%) a doença cárie foi um caso esporádico, o

que sugere um modelo autossômico recessivo (Figura 3).

Somente em um dos heredogramas (4,76%) foram observados

ambos os padrões de herança: dominante e recessivo (Figura 4).

Dentre os 197 indivíduos que compõem os heredogramas, 102

(51,78%) eram do sexo feminino e 95 (48,22%) do masculino. A relação de gênero

masculino/feminino foi de 1:1,07. 11 (52,38%) probandos eram do sexo masculino e

10 (47,61%) do feminino (Tabela 3).

Os resultados da ASC estão expressos na Tabela 4. As correlações

entre cônjuges pais-mães, pais- filhos e mães-filhos não foram observadas, e por

isso, esses parâmetros não foram incluídos nesta tabela.

A ASC foi realizada seguindo o mesmo modelo regressivo aplicado

por Werneck et al.15. No modelo I (modelo esporádico) foram incluídos somente

covariáveis não-genéticas com impacto significante sobre a suscetibilidade à

doença. A variável gengivite associou-se significativamente com a variável DC na

análise multivariada, portanto foi incluída na ASC. Nesse modelo esporádico,

considera-se que o fenótipo ocorre ao acaso na população estudada, ou seja, sem a

presença de um gene principal ou de componentes multifatoriais, os valores de d

foram fixados em [1] e o Q foi fixado em [0]. O modelo esporádico sem a correlação

familiar foi rejeitado em comparação ao modelo que incluiu a correlação filhos-filhos

(modelo I x II, ²א (1gl) = 6,11, p = 0,013).

Page 35: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

33

Em seguida, em adição à covariável significativa, verificou-se a

dependência do fenótipo DC por meio do modelo II (correlações familiares filhos-

filhos). A inclusão do gene principal com efeito dominante manteve a associação

estatisticamente significativa (²א (3gl) = 7,89, p= 0,048).

Para descartar a possibilidade de dependência familiar significativa

devido a fatores ambientais compartilhados, foi incluído um gene de efeito principal

nos modelos (modelos III e IV). Com a remoção da correlação residual filhos-filhos

(modelo III x IV) não houve impacto significativo (²א (2gl) = 5,92, p =0,052). Desta

forma, estes resultados sugerem a presença de um gene principal controlando o

fenótipo DC com uma frequência do alelo A estimada em 0,22. A média de DC foi

estimada em 1,35 para os indivíduos com genótipos AA e AB e 3,91 para os

indivíduos do BB.

Figura 2 – Heredograma ilustrando um padrão de herança AD com penetrância completa (Família 10)

Page 36: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

34

Tabela 3 – Distribuição de indivíduos afetados e não afetados segundo o gênero em 21 famílias avaliadas com probandos afetados por cárie dentária Família Modelo Probando Parentes

Afetados H M

Parentes não Afetados H M

Fenótipo desconhecido

H M

Total

1 AD M 3 3 1 2 0 0 10

2 AD F 3 4 0 1 0 0 9

3 AR M 4 3 0 0 0 1 9

4 AD F 2 2 0 0 1 0 6

5 AD F 3 4 0 1 0 0 9

6 AD M 5 3 0 0 0 0 9

7 AD M 5 3 0 0 1 0 10

8 AR M 3 6 0 0 0 0 10

9 AD M 2 4 1 0 1 0 9

10 AD M 3 4 0 1 0 0 9

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

AD

AD

AD/AR

AD

AD

AD

AD

AD

AD

AD

AD

F

F

F

M

F

F

F

M

M

F

M

1 3

6 6

6 3

3 3

4 4

3 3

3 3

3 4

4 3

3 5

4 10

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

1 1

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

2 1

0 0

0 0

1 0

0 0

0 0

1 0

0 0

1 1

0 0

0 0

8

13

10

8

9

9

8

8

10

9

15

Total 11 (M) 10(F) 73 83 3 6 8 3 197

H: homem M: mulher AD: Autossômica Dominante com penetrância completa; AR: Autossômica Recessiva ou nova mutação. Autossômica com somente o probando afetado

Page 37: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

35

Figura 3 – Heredograma ilustrando um padrão de Herança Autossômico Recessivo (AR), uma nova mutação dominante ou uma fenocópia (Família 3).

Figura 4 – Heredograma ilustrando dois padrões de herança autossômico dominante e autossômico recessivo (AD e AR) (Família 13)

Page 38: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

36

TABELA 4 - Análise de segregação da ocorrência do fenótipo quantitativo número de dentes cariados segundo a idade e gengivite.

MODELO D Q(A) µAA µAB µBB σ2 ρ(0)

gengivite idade

AA AB BB -2lnL 2 P.E

. Valor de p

Modelo testado

AIC

I- Esporádico 1 0 1,35 [µAA] [µAA] 12,38 (0) 0,28 0,61 - - - 15,32 - - - - 12,10 II - Correlação Familial filhos- filhos

1 0 1,34 [µAA] [µAA] 12,38 0,1 0,28 0,60 - - - 9,21 6,11 1 0,013 I x II 35,35

III - Gene principal e correlação filhos- filhos

1 0,22 1,35 [µAA] 3,91 12,38 0,1 0,50 0,63 1 0,5 0 1,32 7,89 3 0,048 II x III 27,20

IV - Gene principal 1 0,22 1,35 [µAA] 3,95 12,36 (0) 0,72 0,28 1 0,5 0 7,24 5,92 2 0,052 III x IV 31,11

d : grau de dominância do gene principal. "-" : Parâmetro não relevante no modelo. "()": Parâmetro fixo para hipótese. "[]" : Parâmetro fixo para o mesmo valor que a estimativa dos parâmetros anteriores. "Q" : Frequência alélica do gene principal "A". "µ" : genotípica significa para genótipo (AA, AB, ou BB), ajustado para efeitos de covariáveis. " σ

2" : variância residual do fenótipo.

"ρ" : Correlação Familial "β" : Coeficientes de regressão covariável

"" AA, AB, BB: probabilidades de transmissão do alelo A para os genótipos AA, AB e BB, respectivamente. -2lnL: índice de verossimilhança máxima.

²: qui quadrado. p: significância P.E: número de parâmetros estimados . A.I.C: usado para comparar modelos não relacionados.

s ou Taus: parâmetros de probabilidade de transmissão.

Page 39: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

37

4.2. 6 DISCUSSÃO

A ASC realizada no presente estudo demonstrou a existência de um

gene de efeito principal transmitido seguindo um modelo dominante, com a

frequência do alelo de resistência "A" estimado em 0,22. A média de DC foi estimada

em 1,35 para os indivíduos com genótipos AA e AB e 3,91 para os indivíduos do BB.

Após ajuste por idade e gengivite, apenas a gengivite manteve-se associada a DC

nesta população do estudo, sendo que pacientes com gengivite apresentaram maior

média de DC.

Estes resultados estão de acordo com os descritos por Werneck et

al.15 que reportaram a média de DC de 1,53 para os genótipos AA e AB e 9,53 para

os indivíduos portadores do genótipo BB. Os autores ainda observaram que as

variáveis idade e gengivite permaneceram associadas com DC, onde DC

aumentaram somente com idade acima de 20-29 anos e diminuiu após esta.

Pacientes com gengivite também apresentaram maior média de DC.

A gengivite e a cárie dentária têm no biofilme dentário um importante

componente etiológico comum23. A higiene bucal adequada com a desorganização

constante e eficaz deste biofilme é necessária para prevenção destas patologias

bucais que são frequentes na população de modo geral (45,8%). Ressalta-se que a

gengivite é um importante preditor de alto número de lesões de cárie27.

Um estudo japonês encontrou associação entre a condição gengival

da mãe e a prevalência e gravidade da cárie em seu filho de 3 anos de idade28.

Quanto pior a condição gengival da mãe, menor a probabilidade de seu filho estar

livre de cárie; a média do índice CPOD foi três vezes maior em crianças cujas mães

tinham a pior saúde gengival do que em crianças de mães com excelente saúde

gengival.

Apesar da ASC ser ideal para a identificação do modelo genético

por trás de um fenótipo específico, ela apresenta limitações. Sabe-se da natureza

multifatorial da doença cárie, e esta análise de segregação não impede explicações

não-genéticas para a natureza familiar do risco à cárie. Para uma investigação mais

aprofundada, estudos moleculares baseados em DNA são necessários. Os

parâmetros gerados na ASC podem ser usados com base num modelo de análise

de ligação, seguido por mapeamento de alta densidade29. Até o momento, apenas

uma análise combinada de ligação paramétrica e não paramétrica foi realizada para

Page 40: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

38

detectar regiões genômicas que contenham genes candidatos à cárie30.

Infelizmente, nenhum dado a partir desta ASC, realizada pelos autores, foi

disponibilizado.

Outro fator limitante a ser considerado é a utilização do CPO-D. A

utilização de um índice mais sensível que possa medir a severidade da lesão, como

o ICDAS, deve ser considerado em futuro próximo, além da avaliação dos indivíduos

em consultório odontológico, devido à dificuldade e restrições quando este é

realizado em ambiente domiciliar.

Os estudos moleculares baseados em DNA poderão então confirmar

o efeito genético na suscetibilidade a cárie e explicar casos em que fatores

ambientais e comportamentais não explicariam a presença/ausência da cárie

dentária. Torna-se, portanto, imprescindível à parceria entre o Serviço Público de

Saúde e a Universidade (Academia) de modo a viabilizar estudos moleculares

futuros baseados em DNA.

A história familiar de saúde bucal é uma representação válida da

existência de fatores genéticos e ambientais comuns que contribuem para as

condições de saúde bucal do indivíduo. Está também relacionada em como estas

influências podem contribuir para a saúde em todas as gerações31. Kuh (1997)31

sugere que o estado de saúde de uma geração pode ter um profundo efeito sobre a

da próxima geração, assim como outros estudos têm encontrado associações

intergeracionais e familiares para doenças cardiovasculares32,33, diabetes mellitus

insulino não-dependente34,35, câncer familial36,37, obesidade38 e comportamentos

relacionados à saúde, incluindo o tabagismo, uso de drogas e álcool39,40 , dieta e

atividade física41,42. No entanto, poucas pesquisas foram realizadas em associações

intergeracionais relacionadas à saúde bucal43.

A obtenção de informações básicas sobre a história familiar de

doença bucal pode ser considerada o primeiro passo no sentido de identificar os

indivíduos de alto risco e as famílias que podem se beneficiar de esforços

preventivos e terapêuticos, como no Serviço Público, além de complementar

informações do índice CPO-D. O alvo das pesquisas intergeracionais é explicar

fatores de risco relacionados à família de crianças expostas a maiores riscos de

doença que acomete a cavidade bucal do que seus pares. De um ponto de vista

prático, condições de saúde bucal dos pais não podem ser alteradas sem esforço

substancial, tempo e recursos44.

Page 41: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

39

Os resultados do presente estudo fornecem evidências da presença

de um gene principal com efeito dominante controlando o aparecimento da cárie

dentária dentro de uma mesma família. A história familiar de saúde bucal parece ser

uma representação válida da complexa interação entre fatores genéticos e fatores

ambientais compartilhados, exposições e comportamentos que contribuem para

condições de saúde bucal de um indivíduo e seus familiares.

4.2.7 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos no presente estudo pode-se concluir

que:

Do total de 157 indivíduos avaliados, a maioria (57,3%) era do sexo

feminino e da etnia branca (77,9%). Entre os familiares a média de idade foi de

37,45 + 23,8 anos. Apenas 39,7% dos entrevistados possuíam mais do que 8 anos

de estudo. A média da escolaridade foi de 7,2 ± 3,5 anos de estudo e a renda

familiar média foi de R$ 1.040,97 ± 526,44.

O índice CPO-D variou entre 0 e 28, com média de 15,47+10,87,

entre os escolares variou entre 4 e 16, com média de 8,05+. 3.11

A média de DC foi de 1,51+ 2,41 na população estudada. Entre os

escolares a análise por componentes do índice demonstrou que a média DC foi de

2,42+3.58.

A variável independente que permaneceu estatisticamente

associada à cárie foi apenas a gengivite [ß = 0,34 (95% IC: 0,699 – 2,651), p =

0,001]. A variável DC foi significativamente mais frequente entre indivíduos com

gengivite (2.64±3.05) quando comparado aos indivíduos sem gengivite (0.65±1.16).

Das 21 famílias avaliadas 18 (85,72%) apresentaram um padrão de

herança autossômico dominante (AD).

Os resultados sugerem a presença de um gene principal

controlando o fenótipo DC com uma frequência do alelo A estimada em 0,22. A

média de DC foi estimada em 1,35 para os indivíduos com genótipos AA e AB e 3,91

para os indivíduos do BB.

Page 42: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

40

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Page 46: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

44

4.2.9 AGRADECIMENTOS

Agradecimento aos participantes do trabalho de campo pela

importante contribuição nessa pesquisa; às Secretarias de Saúde e Educação do

município de Ibiporã - PR, pela disponibilidade de dados utilizados na análise desse

trabalho.

Page 47: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando o atual contexto epidemiológico da prevalência da

cárie dentária no Brasil, em que se observa uma importante redução na média de

dentes atacados pela cárie em populações jovens e um aumento na proporção de

crianças sem experiência de cárie, torna-se fundamental a investigação de fatores

socioeconômicos, comportamentais associados à genética, pois a partir deste

conhecimento será possível uma maior adequação de programas e políticas de

saúde para minimizar as iniquidades em saúde bucal.

Existe uma necessidade de continuidade de pesquisas em uma

perspectiva mais ampla entre as gerações em relação à saúde bucal, juntamente

com uma avaliação cuidadosa de fatores que contribuam para o efeito. É necessária

uma investigação abrangente da natureza e extensão da transmissão intergeracional

da saúde oral (Collins , 2004).

O desenvolvimento de mais investigações sobre a transmissão

intergeracional sobre a saúde bucal irá melhorar nossa capacidade de identificar

indivíduos e famílias em maior risco de desenvolver a doença bucal, e assim, intervir

o mais precocemente possível, tornando mais eficiente o uso dos escassos recursos

da saúde pública (Shearer, Thomson, 2010).

A investigação de regiões cromossômicas podem revelar genes que

contribuem para a suscetibilidade à cárie e fornecer uma nova estratégia para

prevenção a esta doença. São necessários mais estudos na tentativa de se

identificar fatores genéticos predisponentes e/ou de proteção, o que contribuirá para

elaboração de estratégias e políticas públicas de saúde mais eficazes que visem a

promoção de saúde e a prevenção da cárie dentária em todo o mundo, diminuindo

consequentemente a prevalência dessa doença.

A compreensão de aspectos genéticos envolvidos na cariogênese

poderá originar estratégias de prevenção (intervenção precoce) para esta doença,

que se encontra entre as mais prevalentes do mundo, e assim podendo atingir as

metas preconizadas pela OMS, de 90% das crianças de 5 anos livres de cárie, CPO-

D máximo de 1 aos 12 anos, jovens de 18 anos com ausência de perdas dentárias

por cárie e doença periodontal, não mais do que 2% de adultos desdentados na

faixa etária de 35 a 44 anos e 96% de indivíduos com no mínimo 20 dentes

funcionais (Basting, Pereira, Maneghim, 1997; Ferreira, 1998) .

Page 48: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

46

REFERÊNCIAS

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Anexos

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Anexo A - Códigos e símbolos padrão e odontológicos utilizados para gerar o

heredograma (Scheffer et al. In: Curitiba, 2012)

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Anexo B – Parecer do Comitê de Ética

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Anexo C – Termo de Consentimento

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Fonte: Werneck et al. (2011)

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Anexo D –Formulário de Entrevista

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Anexo E – Heredogramas das 21 famílias

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Anexo F - Artigo

ORIGINAL RESEARCH ARTICLES

Genetic pattern of dental caries in families from a city in southern Brazil

Running title: Genetic and dental caries

Adriana Fujimura Proença¹, Sandra Mara Maciel2, Sandra Kiss Moura

3, Regina Célia Poli-

Frederico4

1. Master’s Degree in Restorative Dentistry, NorthUniversity of Paraná - UNOPAR, Londrina, Paraná, Brazil.

Email: [email protected]

2. Associate Professor, School of Dentistry, State University of Maringá - UEM, Maringá, Paraná, Brazil.

Email:[email protected]

3. Adjunct Professor, School of Dentistry, North University of Paraná - UNOPAR, Londrina, Paraná, Brazil.

Email:[email protected]

4. Adjunct Professor, School of Dentistry, North University of Paraná - UNOPAR, Londrina, Paraná, Brazil.

Email: [email protected]

Correspondence address:

Dr. Regina Célia Poli-Frederico

School of Dentistry, North University of Paraná

Rua Marselha, 183 - Jardim Piza

86041-120 – Londrina, PR, Brazil

Phone: (43) 3371-7820 Fax: (43) 3371-7741

E-mail: [email protected]

Page 77: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

75

Abstract

Genetic factors may play an important role in the susceptibility to dental caries of the human

population. The objective of this study was to investigate, by means of Complex Segregation

Analysis (CSA), the intergeneration pattern in the occurrence of caries in Brazilian families.

Methods: This was a cross-sectional, observational genetic epidemiological study. The

sample consisted of 21 families whose probands exhibited high levels of caries (DMFT>4.5).

All participants underwent an oral examination. Dental caries was recorded according to the

DMFT index (decayed, missing, and filled teeth), according to World Health Organization

guidelines and the presence of gingivitis was assessed by using the gingival bleeding index. A

questionnaire was applied to identify the sociodemographic profile and practices on oral

health. Simple and multiple linear regression analysis were performed to test the association

between dental caries and the independent variables. Statistical significance was considered at

the 5% level. The S.A.G.E program drove the CSA. Results: The prevalence of caries was

89.2%. In the multiple analysis only gingivitis remained associated (p = 0.005). The visual

analysis of genograms identified a family pattern that suggests the predominance of the

autosomal dominant model. The frequency of resistance allele "A" was estimated at 0.22. The

mean decay value was 1.35 for AA and AB genotypes and 3.95 for BB. Conclusion: The

results of the present study provide evidence as to the presence of a major gene with a

dominant effect controlling the appearance of dental caries, within the same family.

Key words: Dental caries; Genetic epidemiology; Oral rehabilitation; Susceptibility.

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76

INTRODUCTION

Dental caries is a chronic, multifactorial, infectious and sucrose-dependent

disease1,2

. Complex in nature, it requires the interaction between pathogenic microorganisms

and a cariogenic diet, in a host that provides a suitable environment and for a certain length of

time3. Despite caries expressive decline, it is still the main harm to oral health in both

developing and developed countries, affecting people of all ages4. In Brazil it affects up to

90% of the population3. It is regarded as a public health issue in the extent that its evolution

may lead to the loss of teeth, with organic, psychological and social consequences, as well as

the inevitable collateral effects of the demand for high-cost dental care5.

The diagnosis of the oral health conditions of different groups in the

population is essential to propose actions that meet the needs and risks6. The performance of

epidemiological surveys to forecast the prevalence of the main threats to oral health has

become essential, both for the level of planning and for the performance of the dental services

themselves, and is the correct way to establish the problems with health and disease in each

community7.

The World Health Organization (WHO) recommends the reference age of

12 as the main age for assessment, taking into consideration the fact that, at this age, the

permanent dentition is complete and that over 90% of children are enrolled in school, thereby

facilitating the performance of the epidemiological survey8. The last national epidemiological

survey results based on the oral health status of the Brazilian population9 showed that some of

the conditions found were well above the global targets proposed by WHO 10

for 2010. The

DMFT index at 12 years of age, which was 2.1 (of which the value for the decay component

was 1.12), was more than twice the recommended value (DMFT = 1).

Various studies11-13

have already pointed to the existence of genetic factors

controlling susceptibility to caries, however no descriptions of the genetic model involved

have been performed in respect of populations containing extreme phenotype (high DMFT

index – decayed, missing or filled permanent teeth).

In order to determine the presence of one or more major genes within

families that might explain all or part of the family aggregation of the trait observed, the

Complex Segregation Analysis (CSA) may be used

14. This genetic epidemiology model

makes it possible to determine if the inheritance pattern of the phenotype among family

members is compatible with one or more major genes or simply through the sharing of the

same environmental factors15

.

Page 79: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

77

According to Werneck et al.16

, the development of CSA studies would be

the first step towards understanding the nature of the genetic component controlling

susceptibility to caries disease. The authors, conducting a study in an isolated community in

northern Brazil, confirmed the influence of genetic factors in the development of caries,

having identified a major gene effect (dominant effect) controlling resistance to the

phenotype. In their study, the frequency observed for the resistant A allele was 0.63 and the

mean decay value in the DMFT index was 1.53 for the genotypes AA/AB and 9.53 for

genotype BB.

It should be emphasized that, despite advances in molecular genetics and

genome-wide association studies, the exact nature of the genetic component that controls

susceptibility to dental caries is still unclear17

. Understanding the genetic aspects involved in

the pathogenesis of caries could give rise to preventive strategies for this disease, which is one

of the most prevalent in the world18

. One of the oral health targets established for 2020 is to

lower the DMFT at 12 years of age, particularly amongst the high-risk groups19

.

Thus, the aim of the present study was to investigate the genetic inheritance

model which best explains the family segregation pattern for dental caries, in a sample of 12

year-old schoolchildren with high and very high DMFT indices, living in a small municipality

of southern Brazil.

MATERIALS AND METHODS

1 OUTLINE OF STUDY

This is an epidemiological study that is genetic, cross-sectional and

observational in nature, the population of which is made up of students aged 12 years old

who, in 2012, took part in the oral health epidemiological study undertaken by the Municipal

Health Department in Ibiporã, a small city in the state of Paraná, Brazil.

The study was approved by the Research Ethics Committee at the Northern

Paraná University (#811.740/2014).

2 DEFINITION OF SAMPLE

Eligibility criteria: of the 288 twelve year old students, who, in 2012, took

part in the epidemiological survey, 25 had a DMFT index classified as high or very high and,

therefore, these children and their families were included in the sample of the present study,

Page 80: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

78

with at least three accessible generations. For the selection of these individuals, the

classification criteria for caries attacks were employed based on the high DMFT (≥ 4.5)

following the WHO criteria20

. All other students, along with their respective families, were

excluded from the study.

3 DATA COLLECTION

Data collection was divided into clinical examination and interview, both

performed by a single examiner. Prior to the collection, all subjects received information

regarding the research study and were invited to sign the free and informed consent form,

agreeing to take part in the study. The parents/legal guardians signed the document for minors

under the age of 18.

The clinical examinations were conducted at home, in ambient conditions,

under indirect natural light, with both examiner and examinee seated, using a wooden tooth

pick, flat oral mirror and a WHO probe (CPI probe), after the removal of food debris with

gauze, where required. Oral evaluations were made after the process of intra-examiner

calibration. To test intra-examiner agreement, 2 families were reassessed observing the same

conditions as in the original examination. The data sets were compared using the Kappa test.

The Kappa value for the intra-observer repeatability statistical test was 0.8, indicating “very

good agreement” between data sets21

.

For information on demographic and socioeconomic profile, previous and

present medical history, oral health behaviour (hygiene habits, dietary habits and frequency of

consumption of confections, number and frequency of visits to the dentist during the year, use

of fluoride, amongst others), and oral health, a semi-structured questionnaire was employed.

In order to evaluate experience and severity of dental caries, the DMFT index was used,

following the diagnostic criteria established by the WHO22

. The presence or absence of

gingivitis was evaluated through the gingival bleeding index, after a gentle probing of the

gingival sulcus applied to all teeth. The severity of the gingivitis was analysed according to

the Coutinho and Tostes classification (1997)23

which takes into account the number of gum

surfaces that are bleeding in order to determine the severity of gum disease. When there are

no bleeding surfaces, gingivitis was considered absent. For all other situations where bleeding

surfaces were evident (mild, moderate or severe), it was assumed that gingivitis was present.

To minimize potential errors due to the lack of information with regard to

third and fourth generations, some authors use only two generations to calculate penetrance

Page 81: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

79

values24

. For the present study, three generations were considered so as to make the

genograms more informative.

Of the 25 families selected for the sample, 21 authorized the evaluation.

Four did not agree to take part in the research study, even after clarification about the

importance of the project. The parents/guardians alleged that they had completed the dental

treatment and that when they needed to, they would call back or find a public dental service.

These 21 families comprised 197 individuals making up the genograms. The DMFT index

was available for 154 individuals who were evaluated by the examiner. Data for 43 subjects

were obtained via information from relatives.

4 STATISTICAL ANALYSIS

The data collected during the epidemiological survey of the schoolchildren,

as well as the data on their family members, were input to the application Statistical Package

for Social Science – version 17.0 (SPSS Inc., Illinois, USA). The genograms were drawn

using tools available in Microsoft Word 2007.

Initially to test the association between the independent variables and the

number of decayed teeth (DT), simple linear analysis was conducted. Next, the multiple linear

analysis was performed with the significance level set at 5%.

The Complex Segregation Analysis was performed using the Statistical

Analysis for Genetic Epidemiology program (S.A.G.E.) version 6.3, through the segregation

analysis program known as SEGREG25

. The data extracted from the genograms and the SPSS

were compiled in Microsoft Excel spreadsheets, which were required for handing off the data

to the S.A.G.E. program.

Ten families were regarded as complete and with three accessible

generations, so only these were included in the analysis. The other families were excluded due

to the lack of information (premature death of the proband’s grandparents, making it

impossible to obtain any information related to oral condition, loss of contact of the biological

father, adoptions cases, there for without genetic involvement among family members and

family members hospitalized in a rehabilitation clinic, amongst others).

Page 82: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

80

RESULTS

The sociodemographic profile of the schoolchildren and their families is

shown in Table 1. Of a total of 157 individuals, the majority (57.3%) were female and of

white ethnic (77.9%). Amongst the family members, the mean age was 37.45 ± 23.85 years.

Only 39.7% of those interviewed had more than 8 years of schooling. The mean years of

schooling was 7.2 ± 3.5 and the average family income was R$ 1,040.97 ± 526.44.

Regarding the oral health behaviors (Table 1), 42.9% indulged in the habit

of eating confections between meals (nibbling) more than 3 times a day; 82.7% brushed their

teeth more than once a day; only 34.6% used dental floss, and; 64.2% reported having visited

the dentist during the year. It should be emphasized that 89% confirmed having received

information about oral health care.

Considering the whole sample, the prevalence of caries was 89.2% and the

DMFT index ranged from 0 to 28, with a mean score of 15.17±0.97. The analysis of the index

by component showed a mean decayed component value of 0.95±2.04. Amongst the

schoolchildren, the DMFT index varied between 4 and 16, with a mean value of 8.05±3.11.

The analysis of the index by component showed a mean decayed value of 2.42±3.58.

The results of the simple linear regression (Table 2) showed that the

following variables were associated with higher scores of the decayed component: having

gingivitis (p < 0.0001), not using fluoride (p = 0.050); not having visited the dentist yet (p<

0.0001); not having visited the dentist last year (p = 0.001), and not having received

information on oral health care (p < 0.0001). When all the variables were included in the

model, only the presence of gingivitis remained statistically significant when associated with

the untreated decayed scores (p = 0.005). There was a higher mean decayed component value

among individuals with gingivitis (2.64±3.05) when compared to individuals without

gingivitis (0.65±1.16).

Table 3 shows that of the 21 families checked, 18 (85.72%) exhibited an

autosomal dominant pattern. In two families (9.52%), caries disease was sporadic, suggesting

an autosomal recessive model. Only one of the genograms (4.76%) exhibited both the

dominant and recessive inheritance patterns.

Amongst the 197 individuals comprising the genograms, 102 (51.78%) were

female and 95 (48.22%) were male. The male/female ratio was 1:1.07. Eleven probands

(52.38%) were male and 10 (47.61%) were female (Table 3).

No correlation was identified between father-mother, father-child or mother-

child pairs, so these parameters were not included in this table.

Page 83: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

81

The CSA results are shown in Table 4. Model I (sporadic model) only

included non-genetic covariables with a significant impact on susceptibility to the disease.

The variable gingivitis was significantly associated with the decayed component in the

multiple regression analysis, therefore it was included in the CSA. In this sporadic model, it is

assumed that the phenotype occurs randomly in the studied population, that is to say, in the

absence of a major gene or multifactorial components, the values for d were set at [1] and Q at

[0]. The sporadic model without family correlation was rejected, as opposed to the model that

included the children-children correlation (model I vs. II, ²א (1 df) = 6.11, p = 0.013).

Then, in addition to the significant covariable, the dependency of the

decayed phenotype was checked via model II (children-children family correlations). The

inclusion of the major gene with a dominant effect maintained a statistically significantly

association (²א (3 df) = 7.89, p = 0.048).

In order to discard the possibility of significant family dependency due to

shared environmental factors, a major gene effect was included in the models (models III and

IV). With the removal of the residual children-children correlation (model III vs. IV) there

was no significant impact (²א (2 df) = 5.92, p = 0.052). So these results suggest the presence

of a major gene controlling the decayed phenotype with an estimated frequency of allele A of

0.22. The mean number of decayed teeth was estimated at 1.35 for individuals with genotypes

AA and AB, and 3.91 for BB.

Page 84: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

82

DISCUSSION

The CSA conducted in the present study evidenced the existence of a major

gene effect transmitted following a dominant model, with frequency of resistant allele "A"

estimated at 0.22. The mean number of decayed teeth value was estimated at 1.35 for

individuals with genotypes AA and AB, and 3.91 for BB. After adjusting for age and

gingivitis, only the presence of gingivitis maintained an association with a higher number of

teeth with active caries in this study population.

These results are in agreement with those described by Werneck et al.16

who

reported a greater number of teeth with active caries in individuals carrying the BB genotype

than in those who carried the AA or AB genotypes. Besides the gingivitis, the authors

observed that the age remained associated with the number of active caries, which only

increased in the 20-29 age bracket and subsequently diminished. In their research, patients

with gingivitis also exhibited a higher mean decayed component value.

Gingivitis and dental caries both have an important, common etiological

component in the dental biofilm22

. Adequate oral hygiene, with the constant and effective

disarrangement of this biofilm is necessary for the prevention of these oral pathologies that

are common in the general population (45.8%). It should be stressed that gingivitis is an

important predictor of a high number of caries lesions26

.

A limitation of this study to be considered is the use of the DMFT. The use

of a more sensitive index that can measure the severity of the lesion, such as the International

Caries Detection and Assessment System (ICDAS), should be considered in forthcoming

studies, as well as an evaluation of individuals attending dental clinics, due to the difficulty

and restrictions present when conducted in the home environment.

DNA-based molecular studies may, therefore, be able to confirm the genetic

effect on susceptibility to caries and explain cases where environmental or behavioural factors

would not explain the presence/absence of dental caries. Therefore it has become essential

that a partnership be established between the Public Health Service and Universities

(Academia) so as to enable future DNA-based molecular studies.

Family oral health history is a valid representation of the existence of

common genetic and environmental factors that may contribute to an individual’s oral health

condition. It is also related to how these influences could contribute to health across all

generations27

. Kuh (1997)27

suggests that one generation’s state of health may have a

profound effect on the next generation, in the same way that other studies have found

intergenerational, family associations with cardiovascular disease28

. Very few studies,

Page 85: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

83

however, have been conducted into intergenerational associations of an oral health nature29

.

The acquisition of basic information about oral disease in the family history

may be regarded as a first step to identifying high-risk individuals and the families that could

benefit from preventive and treatment efforts, such as in the Public Health Services, in

addition to serving as a supplement to information obtained from the DMFT index. The goal

of intergenerational studies is to explain the risk factors related to the families of children

exposed to a greater risk than their peers, of diseases affecting the oral cavity. Practically, the

oral health condition of parents cannot be changed without substantial effort, time and

resources30

.

The results of the present study provide evidence as to the presence of a

major gene with a dominant effect controlling the appearance of dental caries, within the same

family. Family history of oral health would appear to be a valid representation of the complex

interaction between genetic factors and shared environmental factors, exposures and

behaviour that contribute to the oral health conditions of an individual and his family

members.

Further studies are needed in an attempt to identify predisposing genetic

factors and/or protective factors, which will contribute to the development of more effective

public health policies and strategies aimed at promoting health and consequently reducing the

prevalence of this disease.

Conclusions

From the results obtained in the present study, the following conclusions

may be reached: among the sociodemographic, behavioral and clinical factors investigated,

only gingivitis remained associated with a higher number of decayed teeth; the presence of an

autosomal dominant inheritance pattern was detected in most families evaluated.

Page 86: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

84

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Page 88: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

86

ACKNOWLEDGMENTS

Acknowledgments to the participants of the field study for the important

contribution to this research study; to the Departments of Health and Education in the

municipality of Ibiporã (Paraná), for making available the data used for analysis in this study.

Table 1 - Number of decayed teeth according to characteristics of the studied Brazilian

families

Characteristics N % Decayed component

Mean SD

Sociodemographics

Gender

Female 90 57.3 0.90 1.77

Male 67 42.7 1.01 2.37

Skin colour/race

Not-white 27 22.1 2.04 2.73

White 95 77.9 0.97 2.04

Schooling in years

≤ 8 47 60.3 2.04 2.62

≥ 9 31 39.7 1.06 2.14

Mean age in years 37,4 + 23,8

Mean Family income* 1040,97+526,44

Oral health behaviors/information

Daily between meal frequency

None 26 31.0 1.73 1.86

≤ 3 times 22 26.2 1.18 2.42

4 times or + 36 42.9 1.72 2.75

Daily tooth brushing frequency

Once 14 17.3 2.43 3.91

Twice or + 67 82.7 1.43 2.01

Dental floss use

No 53 65.4 1.96 2.75

Yes 28 34.6 0.93 1.51

Fluoride use

No 52 64.2 2.00 2.56

Yes 29 35.8 0,90 2.05

Already visited the dentist

No 29 35.8 2.90 3.14

Yes 52 64.2 0.92 1.57

Number of visits to dentist/last year

None 34 42.0 2.62 3.07

Once 17 21.0 1.29 1.64

Twice or + 30 37.0 0.63 1.40

Access tooral health information

No 9 11.0 4.22 3.49

Yes 73 89.0 1.29 2.07

Oral health clinical conditions

Presence of gingivitis

No 52 54.2 0.62 1.14

Yes 44 45.8 2.64 3.05

* Brazilian currency – Reais

Page 89: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

87

Table 2 - Linear regression analysis of explanatory variables on decayed component among

Brazilian families 1 Adjusted for all variables into the equation

Explanatory variables Unadjusted

Regression

Coefficient (SE)

P

value

Adjusted1

Regression

Coefficient (SE)

P

value

Gender 0.11 (0.33) 0.729 0.06 (0.65) 0.930

Skin colour/race 0.55 (0.24) 0.025 0.16 (0.38) 0.678

Schooling in years -0.98 (0.56) 0.088 -1.07 (0.55) 0.055

Mean age in years -0.01 (0.01) 0.110 0.03 (0.02) 0.255

Mean Family income* 0.00 (0.00) 0.299 0.00 (0.00) 0.125

Daily between meal frequency 0.02 (0.31 0.951 0.44 (0.40) 0.284

Daily tooth brushing frequency 0.99 (0.71) 0.167 -0.49 (0.78) 0.531

Dental floss use 1.03 (0.56) 0.070 -0.20 (0.76) 0.780

Fluoride use 1.10 (0.55) 0.051 -0.32 (0.76) 0.673

Already visited the dentist 1.97 (0.52) 0.000 0.33 (1.38) 0.809

Number of visits to dentist/last year 0.99 (0.28) 0.001 0.23 (0.73) 0.754

Access to oral health information 2.93 (0.79) 0.000 0.97 (0.90) 0.286

Presence of gingivitis 2.02 (0.45) 0.000 1.58 (0.53) 0.005

Page 90: impacto da herança genética na suscetibilidade à doença cárie

88

Table 3 – Distribution of affected individuals and unaffected by gender in 21 families evaluated probands affected by tooth decay

Family Model Proband Affected

relatives

M F

Relatives not

Affected

M F

Phenotype

unknown

M F

Total

1 AD M 3 3 1 2 0 0 10

2 AD F 3 4 0 1 0 0 9

3 AR M 4 3 0 0 0 1 9

4 AD F 2 2 0 0 1 0 6

5 AD F 3 4 0 1 0 0 9

6 AD M 5 3 0 0 0 0 9

7 AD M 5 3 0 0 1 0 10

8 AR M 3 6 0 0 0 0 10

9 AD M 2 4 1 0 1 0 9

10 AD M 3 4 0 1 0 0 9

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

AD

AD

AD/AR

AD

AD

AD

AD

AD

AD

AD

AD

F

F

F

M

F

F

F

M

M

F

M

1 3

6 6

6 3

3 3

4 4

3 3

3 3

3 4

4 3

3 5

4 10

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

1 1

0 0

0 0

0 0

0 0

0 0

2 1

0 0

0 0

1 0

0 0

0 0

1 0

0 0

1 1

0 0

0 0

8

13

10

8

9

9

8

8

10

9

15

Total 11 (M) 10(F) 73 83 3 6 8 3 197

AD: Autosomal dominant with complete penetrance;

AR: Autosomal Recessive or new mutation . Autosomal only with the affected proband

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89

Table 4 – Complex Segregation Analysis of Phenotype Number of Decayed Teeth, Accouting for Age and Gingivits Satatus. MODEL D Q(A) µA

A

µAB µBB σ2 ρ(0) gingivits age AA AB BB -2lnL

2 P.E

.

P Value Tested

Model

AIC

I- Sporadic 1 0 1,35 [µAA] [µAA] 12,38 (0) 0,28 0,61 - - - 15,32 - - - - 12,10

II – Familial

Correlation Sib-sib

1 0 1,34 [µAA] [µAA] 12,38 0,1 0,28 0,60 - - - 9,21 6,11 1 0,013 I x II 35,35

III – Major Gene and

Familial Correlation

Sib-sib

1 0,22 1,35 [µAA] 3,91 12,38 0,1 0,50 0,63 1 0,5 0 1,32 7,89 3 0,048 II x III 27,2

IV – Major Gene 1 0,22 1,35 [µAA] 3,95 12,36 (0) 0,72 0,28 1 0,5 0 7,24 5,92 2 0,052 III x IV 31,11

d : degree of dominance major gene.

"-" : Non-relevant Parameter in the model. "()": Fixed parameter for hypothesis

"[]" : Parameter fixed to the same value as the preceding estimated of parameters. "Q" : Allele frequencies of major gene "A".

"µ" : means for genotypic genotype ( AA , AB , BB ), adjusted for covariates " σ

2" : residual variance of the phenotype.

"ρ" : Familial Correlation "β" : Covariable regression coefficients

"" AA, AB, BB: probabilities of transmitting allele A for individuals AA, AB and BB , respectively. -2lnL : Maximum likelihood ratio

²: chi square.

p: significance P.E: number of estimated parameters.

A.I.C: used to compare unrelated models.

s ou Taus: transmission probability parameter.

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Anexo G – Norma de formatação da Revista

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