Upload
haxuyen
View
214
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
NADJA ELISABETH PEREIRA LOPES
IMPACTO DA NECROPSIA NA DEFINIÇÃO DA INFECÇÃO
FÚNGICA E AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
RECIFE
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS
IMPACTO DA NECROPSIA NA DEFINIÇÃO DA INFECÇÃO
FÚNGICA E AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
NADJA ELISABETH PEREIRA LOPES Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Fungos do Departamento de Micologia do Centro de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Pernambuco, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Biologia de Fungos. Área de Concentração: Micologia Aplicada Orientador: Profª. Drª. Rejane Pereira Neves
RECIFE
2010
Lopes, Nadja Elisabeth Pereira Impacto da necropsia na definição da infecção fúngica e avaliação epidemiológica / Nadja Elisabeth Pereira Lopes. – Recife: O Autor, 2010. 49 folhas : il., fig., tab.
Orientador: Rejane Pereira Neves. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
Centro de Ciências Biológicas.Biologia de fungos, 2010.
Inclui bibliografia, apêndice e anexos.
1. Infecção fúngica 2. Fungos- Epidemiologia 3. Necropsia I. Título.
579.5 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2010-96
“Se derrotas acontecem que elas não nos
abalem, antes sejam encaradas como um
aprendizado na conquista de vitórias, pois
sempre é tempo de recomeçar se acreditarmos
verdadeiramente, naquilo que desejamos”.
DEDICO
A Deus por guiar todos os meus passos
nesta caminhada, a minha mãe Elisabeth e
aos meus filhos Arthur e Gabriela, pelo
simples fato de existirem e me amarem
incondicionalmente.
AGRADECIMENTOS
À Deus, em primeiro lugar, pois é o meu refúgio, minha morada e fortaleza;
À minha família pelo incentivo durante os momentos difíceis.
À Universidade Federal de Pernambuco pelas oportunidades que a mim são
oferecidas no decorrer desta longa caminhada.
Ao Departamento de Micologia pela oportunidade de ingressar no fascinante
mundo dos fungos.
À Dra. Rejane Pereira Neves, pela orientação segura e precisa, além de todo
carinho e dedicação.
Aos professores de Micologia Médica Rejane Neves, Oliane Magalhães, Armando
Lacerda e Lusinete Aciole (in memorium) pela contribuição no meu aprendizado em
Micologia Médica.
Às professoras Elaine Malosso e Leonor Maia Coordenadoras do Curso de Pós
Graduação em Biologia de Fungos pela oportunidade para a realização do curso de
Mestrado.
A todos os professores do curso de Mestrado em Biologia de fungos: Auxiliadora
Cavalcanti, Cristina Motta, Elaine Malosso, Leonor Maia, Neiva Tinti, Norma Gusmão,
Oliane Magalhães, Rejane Neves e Lusinete Aciole pelo incentivo, atenção e ensinamentos
que contribuíram para minha formação acadêmica e profissional.
Ao professor Nicodemos Telles de Pontes Filho pela amizade, apoio e incentivo
para realização deste trabalho.
Ao meu marido, Gustavo Falcão, pelo carinho, compreensão, dedicação, apoio,
incentivo e valiosa ajuda confeccionando as lâminas histológicas
Ao Chefe do Departamento de Patologia Adriana Telles por favorecer esta
conquista.
A funcionária do Departamento de Patologia Tatiana Barros Ferreira pela ajuda e
incentivo em momentos difíceis.
Aos Médicos e funcionários do Serviço de Verificação de Óbito que colaboraram
com o meu aprendizado e me ajudaram a realizar este trabalho.
À minha turma Larissa, Juliano, Suzane, Paula, David, Araeska, Ângelo, Catarina,
Stherfhania, Marília, Liane, Elton Bill, Odacy e Vanessa pelo alto astral, incentivo e
valiosa amizade construída durante tantos momentos agradáveis e inesquecíveis.
Aos meus colegas da Micologia Médica Fabíola Marques, Nadyr Pedi, Danielle
Macêdo, Aline Mary, Ana Maria, Raquel Farias, Reginaldo Neto e Alcides Lins (in
memorium), pela ajuda e incentivo para obtenção deste título.
Aos funcionários do Departamento de Micologia: Maria de Lurdes, Rubem Moraes,
Eliane Nogueira, Geovana Guterres e Joseane que além de colaborarem com o meu
aprendizado, me deram muito carinho, atenção e incentivo durante o decorrer do curso.
Aos cadáveres e seus familiares, que compreenderam a importância deste estudo e
aceitaram participar desta pesquisa, mesmo em um momento tão doloroso.
A todos, os mais sinceros, OBRIGADO.
RESUMO GERAL
O resultado de óbitos mal-definidos torna indispensável à necropsia para que seja
elucidada a causa morte. Dessa forma, este estudo visou verificar infecções fúngicas
isoladas ou em associação com outras doenças relacionadas ao óbito, bem como dados
epidemiológicos que possam ter contribuído. Durante a necropsia, foram realizados
exames micológicos e histopatológicos. Os órgãos acometidos por fungos foram pulmões,
cérebro, rim, meninges, fígado e coração, sendo diagnosticadas post mortem aspergilose,
candidíase, fusariose e trichosporonose. Os indivíduos eram de ambos os sexos, com idade
variando de 29 a 91 anos e desempenhavam variadas ocupações. Diabetes mellitus,
tuberculose, esquistossomose, cardiopatia, hipertensão intracraniana, neoplasia cerebral,
insuficiência renal foram doenças de base associadas às infecções fúngicas. Os dados
refletem a dificuldade diagnóstica e terapêutica dessas infecções e confirmam a
importância da necropsia.
Palavras-chave: Infecções fúngicas, necropsia, diagnóstico post mortem, epidemiologia de
micoses.
ABSTRACT
The result of ill-defined deaths is indispensable to autopsy to be elucidated the cause of
death. Thus, this study aimed to verify the involvement of fungal infections alone or in
combination with other diseases related to death as well as epidemiological data that may
have contributed. During the procedure the autopsy, apparently committed organs were
sectioned for histopathological and mycological examination. The organs affected by
fungal infections were lung, brain, kidney, meninges, liver and heart. Fungal infections
were diagnosed post-mortem aspergillosis, candidiasis, fusariosis and trichosporonosis this
being the most frequent. Subjects were of both sexes and aged between 29 to 91 years, who
previously played various occupations. Diabetes mellitus, tuberculosis, schistosomiasis,
heart disease, intracranial hypertension, brain tumors and renal diseases were associated
with basic infections. The data reflect the difficulty diagnosis and therapy of these
infections and confirm importance of autopsies.
Key-words: Infections fungi, autopsy, post mortem diagnosis, epidemiology of fungal
infections.
Lista de figuras
Capítulo 1
Pág.
Figura 1. Pulmão com nódulos esbranquiçados (A), hifas septadas dicotômicas,
conidióforos, cabeça aspergilar e conídios ao exame direto (B), hifas hialinas, septadas
invadindo os tecidos (C, D). Colônia branco-esverdeada e fissuras radiais no verso (E), e
marrom-esverdeado no reverso (F). Conidióforos hialinos com métula, fiálides (G) e
conídios subesféricos (H).
31
Capítulo 2
Figura 1. Espécies fúngicas diagnosticadas post mortem relacionadas aos sítios corpóreos.
38
Figura 2. Pulmões apresentando alteração de volume e cor, derrame pleural, congestão,
antracose e nódulos (A, B). Cérebro com congestão vascular, lesões diencefálicas múltiplas
em cavidades (C). Fígado com cirrose micronodular, esteatose e alteração de cor e volume
(D).
39
Figura 3. Leveduras ao exame direto (1A) e em tecido pulmonar (1B), clamidosporos de
Candida albicans (1C). Micélio artrosporado e artrosporos em exame direto (2A), em tecido
pulmonar (2B) e cultura de Trichosporon ovóides (2C). Leveduras cápsuladas ao exame
direto (3A) e em tecido cerebral (3B), e cultura de Criptococcus neoformans (3C). Micélio
hialino septado e esporos em tecido pulmonar (4A, 4B), e cultura de Aspergillus sydowii.
40
Lista de tabela
Capítulo 1 Pág.
Tabela 1. Diagnóstico post mortem das infecções fúngicas de acordo com sexo, idade, doença de
base, procedência, ocupação, sítio corpóreo e espécie fúngica envolvida, após necropsia.
37
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO 12
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14
2.1. Necropsia 14
2.2. Diagnóstico ante e post mortem por leveduras 14
2.2.1. Candidíase 14
2.2.2. Criptococose 16
2.2.3. Trichosporonose 18
2.3. Diagnóstico ante e post mortem por fungos filamentosos 18
2.3.1. Aspergilose 18
2.3.2. Fusariose 22
2.4. Diagnóstico ante e post mortem por leveduras e fungos filamentosos 23
2.5. Fungos como patógenos emergentes em relatos post mortem 26
3. ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA POR Aspergillus tamari: DIAGNÓSTICO
POST MORTEM
27
Resumo 27
Palavras chave 27
Introdução 27
Relato de caso 28
Discussão 29
4. EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA DE INFECÇÕES FÚNGICAS
DIAGNOSTICADAS POST MORTEM
32
Resumo 32
Palavras chave 32
Introdução 32
Métodos 33
Resultados 34
Discussão 35
5. CONSIDERAÇÕES GERAIS 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 42
APÊNDICE 48
ANEXOS 49
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
12
1. INTRODUÇÃO
Os fungos estão presentes no meio ambiente ou como integrante da microbiota
humana podendo em determinadas condições de sapróbios tornar-se patógenos, com o
desenvolvimento de quadros clínicos variando de leve a severo, algumas vezes fatais
(Frigeri et al., 2001, Sidrim e Rocha, 2004).
Estes organismos são capazes de produzir variados metabólitos como enzimas,
nucleoproteínas, polissacarídeos e toxinas, que contribuem para penetração destes na célula
do hospedeiro, através de diversas vias como pele, mucosas e disseminação
linfohematogênica (Farias, 2006). A produção destes metabólitos conduz a ativação do
sistema imunológico através de diversos mecanismos de defesa, como fagocitose, sistema
complemento, imunidade celular e humoral (Frigeri et al., 2001, Benesová et al., 2007). O
mecanismo imunológico, geralmente ocorre por processos inflamatórios crônicos, com a
formação de reação inflamatória granulomatosas, ricas em células gigantes que estimulam
o organismo a produzir anticorpos (Bogliolo, 2006).
Durante as últimas duas décadas as micoses sistêmicas oportunistas têm
assumido papel de destaque com impacto notável causando morbidade e mortalidade em
indivíduos imunossuprimidos, particularmente com neoplasias, hemopatias graves,
diabetes e sindrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), assim como submetidos a
transplantes de órgãos, corticoidoterapia e antibioticoterapia prolongadas, radioterapia e
quimioterapia (Frigeri et al., 2001, Jha et al., 2005, Chamilos et al., 2006, Benesová et al.,
2007, Donhuijsen et al., 2008, Souza et al., 2008). Nestes pacientes as manifestações
clínicas são atípicas, bastante severas e com resposta terapêutica deficiente ou inexistente
(Lacaz et al., 2002, kurzai et al., 2003, Macedo et al., 2009).
Espécies de Candida, Criptococcus, Aspergillus e Trichosporon têm sido
reportados em órgãos como cérebro, rins, fígado, coração e pulmão, comumente
acometidos por infecções sistêmicas em indivíduos imunossuprimidos. Muitas destas
infecções têm sido diagnosticadas post mortem através de necropsias com exame
histopatológico e mais raramente isolamento do fungo envolvido na infecção (Barron et
al., 2003, Bigliazzi et al, 2004, Challa et al., 2004, Vilela, et al., 2005, Koyanagi et al.,
2006).
A necropsia constitui um excelente método técnico-científico para determinar a
causa da morte, através do estudo sistemático de técnicas padronizadas dos órgãos ou parte
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
13
destes, que favorecem o esclarecimento de doença mal-definida, morte natural sem
assistência médica e estudos epidemiológicos de certas doenças subdiagnosticadas durante
o eventual estudo clínico. Nestes casos, é indispensável para que sejam elucidadas questões
médicas ou discordância entre o diagnóstico ante e post mortem (Koch et al., 2001,
Combes et al., 2004, Bernardi et al., 2005, Shojania et al., 2005, Pamidimukkaia et al.,
2007, Knoke et al., 2008).
O diagnóstico clínico e achado à necropsia variam de forma discrepante de 19 a
41% (Combes et al., 2004). Desta forma um número substancial de infecções fúngicas
permanece sem identificação até o diagnóstico post mortem, o qual em sangue, pulmão,
rim, fígado, colón sigmóide e bexiga têm sido isolados fungos com indicação da causa
morte (Godoy et al., 2006, Van den Berk et al., 2006, Pamidimukkaia et al., 2007, Knoke
et al., 2008).
Diante deste contexto, o presente trabalho objetivou definir o envolvimento de
fungos detectados como causa do óbito utilizando como parâmetros a alteração tecidual e
dados epidemiológicos.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
14
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Infecções por fungos têm se tornado cada vez mais freqüentes em pacientes
apresentando condição de base como doença pré-existente, tratamentos invasivos e
tratamento imunossupressor. Estas infecções apresentam alto percentual de falha
terapêutica e representam elevada taxa de morbidade e letalidade que muitas vezes são
elucidadas post mortem através de necropsia (Carter e Boudreaux, 2004, Taxy, 2007,
Cortez et al., 2008, Resende et al., 2009).
2.1. Necropsia
A necropsia é o padrão ouro para estudos de divergência clínicopatológica e
levantamentos epidemiológicos (Bernardi et al., 2005). O valor deste procedimento foi
constatado desde o início do século passado e até então tem sido ferramenta importante
para estabelecer causa morte em doenças não diagnosticadas e apresentações de novas
manifestações clínicas (Twigg, 2001, Cardoso, 2006, Kotovicz et al., 2008).
A importância da necropsia para garantia da prática medica é indiscutível, porém o
número destes procedimentos tem decrescido mundialmente, sobretudo, porque antes do
óbito, a conduta diagnóstica é baseada na avaliação clínica, e nos estudos de patologia
morfológica, patologia molecular e métodos de imagem (Kotovicz et al., 2008, Gutierrez et
al., 2009). No entanto, mesmo nestas circunstâncias observam-se grandes discrepâncias de
diagnóstico entre os achados clínicos e de necropsia, nos últimos anos e em uma série de
países os dados destacam de forma notável, a ocorrência de falhas de diagnóstico com
importante conseqüência para o doente (Sonderegger-Iseli et al., 2000, Klock et al., 2008).
2.2. Diagnóstico ante e post mortem por leveduras
2.2.1. Candidíase
Em 1984, Lipton e colaboradores em estudo retrospectivo, avaliaram resultados de
autopsias que indicavam como causa da morte em adultos candidíase invasiva e,
observaram que em aproximadamente 15 % ocorreu doença meníngea.
Nielsen e Stenderup (1996) relataram três casos de infecção invasiva causada por
Candida norvegensis diagnosticada à necropsia no Hospital National da Universidade de
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
15
Rigshospitalet, Copenhague, Dinamarca. Em um dos casos a condição primária era
leucemia mielóide aguda e septicemia, nos outros dois além de AIDS havia sintomas de
caquexia inexplicável e febre prolongada. Ambos tiveram duas culturas positivas de C.
norvegensis encontrada no pericárdio, sangue, fígado, rins, linfonôdos e medula óssea a
partir da necropsia. Anteriormente apenas um caso fôra relatado com envolvimento desta
espécie.
Koch et al. (2004) descreveram sinais clínicos de meningite e encefalite em uma
mulher de 61anos, admitida em hospital, com quadro de doença pulmonar obstrutiva
crônica (DPOC) tratado com prednisolona por longo período, apresentando febre, sinais de
inflamação aguda, hidrocefalia e após a realização de trepanação, apresentou baixa de
pressão intracraniana. A partir de exame do liquido céfalo raquitidiano (LCR) foi isolado
C. albicans. Embora tenham sido instituídos cuidados imediatos com administração de
antibióticos, após 11 dias a paciente morreu por septicemia. A necropsia revelou uma
secreção supurativa na orelha direita média e com extensa meningite e leptomeningite
difusa, com revestimento verde-amarelo na região dos lóbulos temporal bilateralmente, na
ponte, bulbo e cerebelo, sendo a causa imediata da morte, além de aumento da massa
encefálica, edema cerebral com aplanação dos giros e estreitamento dos sulcos. O exame
histológico das meninges mostrou uma colonização massiva de células de leveduras.
Mathai et al. (2009) relatam um caso de candidíase renal em um homem idoso
internado e em tratamento para traumatismo craniano de múltiplas fraturas sofridas em
conseqüência de um acidente. Na necropsia foram observadas lesões características de
massa fúngica obstruindo o sistema pelvicalicial, sendo isolado uma cultura de Candida.
Thorn et al. (2009) investigaram na Universidade do Arizona, Tucson, EUA a
importância de isolar espécies de Candida em culturas de sangue a partir do coração em
exame post mortem, comparando os resultados da autópsia de pacientes com candidemia
ante e post mortem. Ao longo de dez anos foram identificadas em 23 autópsias espécies de
Candida isoladas de sangue do coração. Esses pacientes foram comparados com 10
pacientes com culturas de sangue isolados ante mortem. Dos 23 casos foi constatada uma
ou mais causas de risco ante mortem para candidíase disseminada com o isolamento de
Candida. Os fatores predisponentes indicados constaram da administração de antibióticos
de largo espectro, utilização de cateter venoso central ou outros dispositivos invasivos e
outras condições como neutropenia e intervenção cirúrgica abdominal recente. Em todos os
pacientes com candidemia ante mortem havia evidências histológicas de candidíase
disseminada na autópsia.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
16
2.2.2. Criptococose
Lacativa et al. (2004) relataram o caso de um paciente do sexo masculino, jovem,
com síndrome de Cushing hormônio adrenocorticoide dependente (ACTH) e grave
hipercortisolismo. O paciente obteve cura após cirurgia transfenoidal, contudo apresentou
quadro febril. Tomografia computadorizada de tórax mostrou um nódulo pulmonar que não
se alterava em radiografias seriadas, sendo investigado tuberculose, infecção fúngica e
bacteriana a qual não foi conclusiva, tornando a hipótese de neoplasia pulmonar mais
provável. O paciente faleceu por sepse urinária. A necropsia, no entanto, demonstrou
tratar-se de criptococose pseudotumoral. No estudo os autores concluíram que síndrome de
Cushing e infiltrado pulmonar devem ser avaliados quanto à infecção fúngica, como
criptococose.
Klock et al. (2005) descreveram casos de criptocococemia em pacientes com AIDS
submetidos à necropsia no período de janeiro de 1988 a dezembro de 2002. De 395
necropsias, 44 (11,13%) confirmaram criptococose em 40 indivíduos do sexo masculino e
quatro femininos, com faixa etária de nove a 68 anos, sendo em um mesmo paciente
afetado vários órgãos. Os principais órgãos foram meninges e cérebro (28), meninges (14),
cérebro (8), pulmão (17), baço (22), fígado (17), rim (17), glândula pituitária (14),
pâncreas (8), medula óssea (4), próstata (3), intestinos (2), coração (1), pele (1) e testículo
(1). Este estudo demonstrou alta incidência desta micose em sítios corpóreos ainda não
descritos neste grupo de pacientes.
Benesova et al. (2007) revisaram arquivos de necropsias no Hospital da
Universidade de Hradec Kralove, Republica Checa, no período de 1952 a 2005 sendo 13
casos de criptococose confirmados post mortem através de exame histopatológico, de 10
indivíduos do sexo masculino e três femininos, com idades variando de 28 a 85 anos.
Cryptococcus foi isolado em múltiplos órgãos (cérebro, medula espinhal, pulmão,
linfonôdos, baço, fígado, rins e glândula adrenal), sendo o sistema nervoso central (SNC) e
pulmão os órgãos mais acometidos. Dois casos foram diagnosticados em vida e ambos
apresentavam meningite com cultivo para Cryptococcus e em oito casos através de
necropsia.
Meningite criptococócica associada à linfoma não Hodgkin’s foi reportado em
homem de 46 anos previamente tratado com quimioterápicos e antibióticos, o qual
apresentava lesões neurológicas e cefaléia. Após punção lombar, ao exame contrastado
com nanquim foram evidenciadas células de leveduras capsuladas, com isolamento de C.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
17
neoformans var. neoformans. O tratamento com anfotericina B, apresentou toxidade
medicamentosa e falência múltipla dos órgãos. O diagnóstico tardio favoreceu o progresso
da micose e dificultou o tratamento, levando o individuo ao óbito (Kilani et al., 2007).
Oliveira et al. (2007) descreveram um caso de homem com 64 anos, aparentemente
imunocompetente, o qual desenvolveu lesões pulmonares e cerebrais por criptococose
disseminada. Os achados radiológicos foram similares àqueles encontrados em pacientes
com câncer de pulmão e metástase no sistema nervoso central. C. gattii foi isolado de
cultivos de lavado broncoalveolar, biópsia cerebral e sangue. O mesmo fungo foi
encontrado em fragmentos pulmonares e cerebrais obtidos da autópsia, que apresentou
penumonia difusa e múltiplas lesões intracerebral com numerosas células fúngicas. .
Klock et al. (2008) relatam achados de necropsias de 45 portadores do vírus da
imunodeficiência humana (HIV) acometidos por neurocriptococose. Criptococose
sistêmica com envolvimento de múltiplos órgãos como pulmões, baço e fígado estavam
presentes em todos os pacientes. Meningoencefalite difusa predominou nos gânglios
basais, tálamo e mesencéfalo, com o mínimo de infiltrado inflamatório observado em 30
(70%) destes. Também foram observados múltiplos pseudocistos gelatinosos com formas
abundantes de C. neoformans nos espaços de Virchow - Robin e adjacentes, causado pela
disseminação da infecção meningeal nos espaços perivasculares. Em 15 (30%) dos casos,
havia infiltrado inflamatório com numerosas estruturas fúngicas e ocasionalmente, reação
granulomatosa e necrose.
Eriguchi et al. (2009) citam um caso de criptococose em um paciente de 76 anos,
submetido à hemodiálise no Hospital Matsuyama Red Cross, cidade de Matsuyama -
Japão. O mesmo não apresentou sinais de nenhuma infecção, no sexto dia de internação
apresentou dispnéia e morreu por falência aguda respiratória. Em necropsia foi detectada
microembolismo em artérias capilares no pulmão causada por Criptococcus, e múltiplos
abscessos no baço, sendo este o primeiro caso de microembolismo capilar causando por
criptocococemia.
Kovarik e Barnard (2009) descreveram um caso de um paciente com 39 anos, Afro-
americano com HIV não diagnosticado, que morreu pouco depois da chegada à sala de
emergência. Á autópsia foi realizada no Dallas County Medical Examiners, Pensilvânia-
EUA que indicou criptococose como causa da morte. Para os pesquisadores este caso
demonstra a importância de considerar as complicações do HIV contribuindo para causa da
morte, apesar de ser confirmado HIV positivo post mortem.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
18
2.2.3. Trichosporonose
Koyanagi et al. (2006) descreveram caso de um indivíduo do sexo masculino, 30
anos, sem histórico de doença, admitido no Hospital St. Mary, Kurume, Japão, com febre
alta, sendo posteriormente diagnosticada leucemia mielóide aguda e instituída
quimioterapia com completa resposta terapêutica. O paciente apresentou quadro de
aspergilose pulmonar e terapia antifúngica com micafugina e anfotericina foi realizada
durante nove meses e meio, ficando estável por algumas semanas e logo em seguida
ocorreu morte por falência múltipla dos órgãos. Em cultura de sangue realizada seis horas
antes da morte e fragmento de tecido post mortem (pulmão, fígado, rins e baço) foi
identificado Trichosporon inkin.
Pereira et al. (2009) relatam um caso extremamente raro de trichosporonose em
recém nascido, após parto cesariano, no Hospital da Universidade Luterana do Brasil
(ULBRA), em Canoas, Brasil. A autopsia foi realizada e em cultura de sangue post mortem
foi isolada uma espécie de Trichosporon, identificado pela presença de hifas septadas,
artroconídios e caraterísticas fisiológicas.
2.3. Diagnóstico ante e post mortem por fungos filamentosos
2.3. 1. Aspergilose
Paciente de 69 anos com artrite reumatóide, fumante apresentou severa dispnéia e
tosse, portador de artrite e sinovite ativa desde os 60 anos, tratado com corticóide. RX de
tórax mostrou efusão pleural, não sendo obtida cultura microbiológica do líquido pleural.
Na tomografia observaram-se múltiplos nódulos com adesão pleural, opacidade regular e
pneumotórax, sendo realizado vídeotoracoscopia para excisão de nódulo e lise de adesão
pleural. Após sete dias apresentou aumento de pneumotórax e 30 dias depois foi a óbito
por septicemia. No exame histopatólogico post mortem foi observado hifas septadas,
dicotômicas, com ramificações em ângulos agudos consistente com espécies de Aspergillus
(Cavazza et al., 2003).
Sugita et al. (2003) relataram caso de um paciente com 59 anos, o qual há dois anos
com apresentou histórico de tuberculose e diabetes, foi admitido em hospital com febre,
tosse e dispnéia. Tomografia revelou bola fúngica em lobo pulmonar esquerdo através de
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
19
repetidos exames de lavado brônquico. O individuo foi a óbito e à necropsia foi
identificado A. fumigatus nos tecidos de vários órgãos.
Fernández e Moreno (2005) relataram um caso de paciente com 64 anos com
história de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) em tratamento com
broncodilatadores e corticóides oral, que apresentava tosse, hemoptise e dor torácica. Na
radiografia do tórax foi constatado infiltrado alveolar em lobo superior, sendo tratado
empiricamente com antibiótico. Contudo, persistindo febre, anorexia, tosse e expectoração,
sendo submetido à broncoscopia e citologia do lavado brônquico que mostrou normalidade
na árvore brônquica, e negatividade para aeróbios, anaeróbios, fungos e micobactérias.
Após dez dias apresentou novamente estado febril, bem como instabilidade de postura. Na
radiografia do tórax infiltrados alveolares persistiram e foram repetidas as culturas de
sangue, nas quais não houve isolamento de microrganismo. Contudo no escarro foi isolado
A. fumigatus, sendo iniciado o tratamento com anfotericina B. Após dois dias tomografia
computadorizada de tórax revelou aneurisma micótico. Hemoptise maciça ocorreu após 15
dias, com curso fatal e a necropsia confirmou ruptura de aneurisma micótico.
Roychowdhury et al. (2005) realizaram estudo para identificar complicações
pulmonares após transplante de medula óssea (TMO) e seu papel como causa morte.
Lavado broncoalveolar (LBA) e relatório de necropsias por um período de sete anos foram
revistos. Complicações pulmonares foram identificadas em 40 (80%) dos 50 casos, destas
cinco dos seis casos de aspergilose pulmonar invasiva foram elucidadas post mortem.
Aspergilose cardíaca é incomum em pacientes com AIDS na ausência da cirurgia
de coração aberto. Neste trabalho Xie et al. (2005) descreveram um caso de aspergilose
fatal em um homem de 62 anos com AIDS, diabetes que desenvolveu pancardite com
presença de vegetações na válvula mitral com cultura de sangue negativa para bactéria e
fungo. O quadro clínico culminou com curso fatal após 15 dias. Na necropsia foi observada
ampla embolização para o cérebro e múltiplos focos nos rins e glândulas supra-renais. O
exame histopatológico foi baseada na observação de hifas septadas dicotômicas invadindo
os tecidos.
Donoso et al. (2006) descreveram um caso de aspergilose invasiva em criança de
oito anos, imunocompetente que desenvolveu a micose através de abertura da cavidade
abdominal (laparotomia) e em três semanas evoluiu para uma síndrome de disfunção
múltipla orgânica com curso fatal. O estudo anátomo-patológico revelou a presença de
hifas características de Aspergillus localizadas no interior de diversos parênquimas, com
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
20
invasão vascular para encéfalo, pulmão, coração, tubo digestivo, pâncreas, fígado e rins,
compatível com diagnóstico de aspergilose angioinvasiva.
Remiszewski et al. (2006) relatam através de um estudo de 18 fichas clínicas no
Instituto de Tuberculose da Polônia, realizado no período de 1993-2005, para diagnosticar
aspergilose invasiva. As análises destas fichas indicaram, que foi realizada a necropsia em
15 indivíduos, sendo em 13, a causa morte determinante, aspergilose invasiva, e em dois
foi considerada fator predisponente ao óbito. Quanto ao sítio corpóreo, 13 casos estavam
limitados aos pulmões e cinco casos além do pulmão haviam lesões fúngicas disseminadas
para o cérebro, rins, fígado, baço, pleura, pericárdio e coração.
Shimaoka et al. (2006) apresentam um caso de paciente alcoólatra, trabalhador em
fábrica de cogumelos o qual desenvolveu progressiva dispnéia e alterações nos pulmões
sendo então, admitido no Hospital Nigata Prefectural Central no Japão. Exame sorológico
mostrou níveis extremamente elevados de β-D glucano e antígeno positivo para
Aspergillus. Cultura de poeira coletadas no chão da fábrica provou ser positivo para A.
fumigatus. Pneumonia fúngica foi diagnosticada e o tratamento iniciado, no entanto, sem
sucesso com curso fatal. A autópsia constatou formação de abscessos múltiplos contendo
hifas aspergilar e reação granulomatosa com células gigantes multinucleadas, sem
envolvimento de outros órgãos. O caso de aspergilose pulmonar invasiva foi considerado
raro por ocorrer após a inalação de poeira orgânica em um paciente imunocompetente.
Pemán et al. (2007) citam um caso de endocardite infecciosa por A. fumigatus, em
válvula mitral de homem com 58 anos, ex-fumante com DPOC em tratamento domiciliar
com oxigênio e bronco dilatadores inalados. O isolamento fúngico ocorreu através de
amostras da válvula e em hemocultivo. Apesar de reparação valvular e terapia combinada
com voriconazol e caspofungina, o paciente foi a óbito com aspergilose disseminada
confirmada a necropsia.
Hartemink e Polderman (2008) revelam caso de uma mulher de 54 anos que
desenvolveu peritonite e sepse após colecistectomia no hospital de terapia intensiva
Volwassenen, Amsterdam, que morreu de choque séptico com falência múltipla
progressiva dos órgãos e à autópsia concluiu aspergilose pulmonar invasiva, como causa
da morte.
Kukuljan et al. (2008) diagnosticaram no Hospital da Universidade de Rijeka,
Croacia, um caso de aspergiloma em um abscesso pulmonar. A manifestação primária de
obstrução brônquica foi considerada maligna. A autópsia revelou que o carcinoma
planocelular foi a real causa do aspergiloma, pois resultou no abscesso pulmonar com
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
21
colonização fúngica secundária. A co-existência destas patologias foi considerada uma
situação extremamente incomum.
Bhagavath et al. (2009) apresentam um caso de um homem, ferroviário com
histórico de tuberculose pulmonar, que apresentou hemoptise e morreu ao chegar ao
hospital. A necropsia apresentou coágulos na traquéia e brônquios, aderências pleurais,
cérebro congestionado e edemaciado, pulmão direito aumentado, superfície amarelo
acinzentado e ao corte revelou múltiplas áreas brancas acinzentadas nos lóbulos superior e
inferior e múltiplas áreas escuras com várias cavidades necróticas. Havia aderência
omental e mesentérica, estreitamento do íleo e estômago com sangue. O histopatológico
mostrou bronquíolos dilatados com cistos, edema, hemorragia e fibrocavidade de
tuberculose anterior com colonização de Aspergillus. A causa da morte foi considerada
hemorragia secundária à aspergilose pulmonar.
Lokuhetty et al. (2009) descrevem resultado de autópsia, em mulher parturiente
infectada acidentalmente através da inoculação durante procedimento anestésico, na qual
foi confirmada meningite extensa por A. fumigatus. O tálamo encontrava-se invadido por
hifas causando angeíte necrosante com trombose, infartos talâmicos e abscessos fúngicos.
As meninges espinhais apresentavam invasão fúngica, no local de inoculação inicial. A
rápida propagação no interior do espaço subaracnóideo envolveu o parênquima cerebral
levando a morte.
Saito et al. (2009) relatam um caso fatal de aspergilose disseminada diagnosticado
post mortem em uma paciente de 63 anos. No sangue não foi detectado galactomanano
(GM) mais havia elevação de β-D glucano. Na admissão no Hospital Kansai Medical da
University Hirakata, Japão foi encaminhada para Unidade de Terapia Intensiva (UTI)
apresentando insuficiência respiratória aguda, tratada com prednisolona. Contudo, foi
intubada e avaliado o lavado broncoalveolar que revelou Pneumocystis jiroveci. A terapia
foi iniciada, mas a paciente morreu de falência múltipla dos órgãos. Exame post mortem
revelou uma infecção disseminada com invasão vascular agressiva dos pulmões, coração e
cérebro por A. fumigatus. Este é um caso de aspergilose disseminada comprovado por
autópsia com soro-negativo para galactomanano.
Ueno et al. (2009) avaliaram dois pacientes no Hospital da Faculdade de Ciência
Medica, Universidade de Fukui, Japão. Aspergilose invasiva do SNC foi detectada em uma
mulher de 81 anos, submetida à cirurgia dos seios paranasais que desenvolveu infarto
cerebral, com perda de consciência pós-operatória. Exame de líquor demonstrou pleocitose
com aumento de proteína e do antígeno aspergilar, sendo diagnosticada invasão de
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
22
aspergilose no SNC, tratada com voriconazol, apresentou melhora clínica. Contudo, após
dois meses foi a óbito por septicemia. A autopsia revelou alterações ateroscleróticas com
calcificação em artérias carótidas e basilar bilateral com Aspergillus aderido nas paredes do
vaso e lesões inflamatórias granulomatosas circundando o quiasma e infartos no cérebro. O
outro paciente de 64 anos, com diagnóstico de neurite óptica, tratado com corticosteróides,
apresentou perda visual bilateral e infarto cerebral. O exame do líquor, diagnóstico e
tratamento foram os mesmos em ambos os casos, entretanto, o óbito ocorreu em seis
meses, por aspergilose invasiva no SNC.
Wipfler et al. (2010) reportaram um caso de aspergilose invasiva como causa morte
em paciente austríaco de 68 anos, que apresentou como primeiros sintomas perda
progressiva da visão, ptose e oftalmoplegia do olho direito com histórico de transplante
renal e diabetes mellitus tipo II e doença coronariana. Em tomografia computadorizada dos
seios nasais havia erosão da parede superior direita e seios esfenoidais. O paciente mostrou
sepse generalizada, ocorrendo morte por insuficiência cardiorespiratória. A necropsia foi
realizada e confirmou aspergilose invasiva dos seios paranasais com infiltração da órbita e
intracranial no interior do seio cavernoso e pneumonia.
2.3.2. Fusariose
Peltroche-Llacsahuanga et al. (2000) relatam um caso de fusariose disseminada por
Fusarium oxysporum em uma paciente de 75 anos, com leucemia mielóide, em terapia
antibacteriana e antifúngica (anfotericina B), porém sem melhora clínica, a mesma veio a
óbito. F. oxysporum foi isolado de sangue, pouco antes do óbito. A autópsia revelou
presença de fungos na mucosa da faringe, epiglote, traquéia, esôfago, baço, pulmão e rins.
Nishio et al. (2002) também descrevem um caso de fusariose causado por F. solani
no Japão em uma mulher de 56 anos com leucemia linfoblástica aguda, admitida para uma
sessão de quimioterapia. A paciente apresentou lesão severa no olho esquerdo durante o
curso do tratamento e foi diagnosticado como endoftalmite. Posteriormente, desenvolveu
pneumonia grave sendo administrado anfotericina B devido ao título elevado de β-D
glucano. Todavia, o tratamento teve que ser interrompido em decorrência dos efeitos
colaterais. Na hemocultura cresceu fungo identificado como F. solani. A pneumonia
progrediu com insuficiência respiratória culminando com óbito. A realização da autópsia
confirmou a infecção disseminada de F. solani em pulmão, olho, coração, rins e pele.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
23
Tiribelli et al. (2002) relatam o caso de um jovem com leucemia aguda mielóide
(LMA) que desenvolveu fusariose disseminada causada por F. solani envolvendo a pele e
os pulmões, durante a fase de neutropenia após quimioterapia. Apesar da terapia contínua
com anfotericina B lipossomal, este desenvolveu endoftalmite bilateral evoluindo
rapidamente para cegueira completa. O paciente foi submetido a dois procedimentos de
vitrectomia, com detecção de F. solani no fluido vítreo, manteve-se a terapia antifúngica,
contudo, sem melhora, o individuo foi a óbito devido à recorrência de leucemia e choque
hemorrágico. A autópsia revelou hifas septadas com envolvimento difuso do SNC e em
cultura foi confirmado F. solani.
Kleinschmidt-Demasters (2009) relata um caso de fusariose disseminada em uma
mulher com sarcoidose pulmonar, a espera de transplante de pulmão bilateral, admitida
quatro meses antes com pneumonia viral. Posteriormente desenvolveu lesões de pele no
rosto e coxa com curso fatal. A autópsia mostrou infecção sistêmica envolvendo os
pulmões, cérebro, mucosa gastrointestinal, rins e na pele. Microscopicamente no cérebro
foram observados vasos ocluídos por hifas septadas e em cultura cresceu Fusarium sp.
2.4. Diagnóstico ante e post mortem por leveduras e fungos filamentosos
Neto et al. (1995) em estudo retrospectivo avaliaram os primeiros 500 pacientes
transplantados renais do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto, em relação ao acometimento por infecções fúngicas profundas. De 76 pacientes, o
acometimento fúngico ocorreu em 82 episódios. O trato respiratório, o sistema nervoso
central e urinário foi mais acometido com 54 episódios (65,6%). Os agentes envolvidos
foram Candida sp (32) e Cryptococcus sp. (24) perfazendo um total de 56 casos (68,3%),
cinco casos de Aspergillus sp. (6,09%) e outros fungos (25,61%). Em 21 (25,6%) casos, o
diagnóstico foi feito somente após a necropsia.
Hernández et al. (1998) apresentaram um estudo de 211 necropsias de pacientes
com AIDS, realizadas por um período de 10 anos, observando uma freqüência de 44,1% de
micoses invasivas. Candidíase com freqüência de 31,1%, predominou com manifestações
bucofaríngeas. A criptococose cerebromeníngea ou sistêmica resultou em um transtorno
grave e comum em 29%, aspergilose pulmonar com achados de lesões cavitárias post
mortem em 3,2% e demais infecções fúngicas ocorreram em 36,7%.
Koch et al. (2001) baseados em registros de 4.813 necropsias realizadas no período
de 1973 a 2001, observaram a incidência das micoses à autópsia, no Instituto de Patologia
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
24
do Hospital Bad Saarow, Alemanha. Destas, foram diagnosticados 47 (0,98%) casos de
micoses sistêmicas em pacientes de 20 a 88 anos de idade, 32 do sexo masculino e 15
feminino. As micoses ocorreram em 27 casos por espécies de Candida, 18 por Aspergillus
sp., um caso por Cryptococcus sp. e um por Aureobasidium pullulans. Houve
predominância das doenças malignas dos sistemas hematopoiético e linfático. Com
exceção de dois casos diagnosticados ante mortem, todas as demais micoses sistêmicas
foram detectadas exclusivamente à necrópsia.
Challa et al. (2004) investigaram no período de 1990 a 2002 o envolvimento
fúngico em 317 necropsias, destas foram examinados 237 corações. Os resultados
apontaram 16 (6,75%) casos de endocardite infecciosa, destes em seis casos houve
envolvimento fúngico, sendo quatro do sexo masculino e dois do sexo feminino, com
idades variando entre dez e 30 anos. As doenças de base relacionadas foram, patologia
reumática crônica, endocardite como conseqüência do uso de prótese e endocardite em
paciente com leucemia linfoblástica. Das culturas isoladas foram identificadas A.
fumigatus (1), A. niger (2), Candida tropicalis (1), Candida sp. (1) e representantes do filo
Zygomycota (1).
Faco et al. (2005) correlacionaram os dados clínicos do óbito com achados de
necropsia em pacientes internados em uma unidade de reumatologia pediátrica no Instituto
da Criança. No período entre 1994 a 2003, ocorreram 57.159 internações com 1.907 (3%)
óbitos. Destas internações, 548 (1%) representam doenças reumáticas e foram
acompanhadas pela unidade de reumatologia pediátrica, 34 (10%) pacientes evoluíram
para óbito e necropsias foram realizadas em 21 pacientes (64%). A principal doença
associada ao óbito foi lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) em 18 pacientes (53%),
ocorrendo em 15 casos septicemia. A discordância entre o diagnóstico clínico e necropsia
foi evidenciada em seis casos com LESJ, que em três havia infecções fúngicas. As
infecções fúngicas identificadas, exclusivamente, na necropsia foram aspergilose difusa,
aspergilose pulmonar e miocardite fúngica por C. albicans.
Eza et al. (2006) descrevem através de achados de necropsias infecções
oportunistas e causa de morte em paciente com AIDS em Hospital Público de Lima, Peru.
Em 12 casos foram estabelecidos à causa morte, um para neoplasia e 11 com infecções
oportunistas, dos quais seis eram infecções fúngicas, dois casos de criptococose
disseminada, dois casos de aspergilose pulmonar invasiva e dois casos de histoplasmose
disseminada.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
25
Kume et al. (2006) estudaram micose visceral em casos de necropsia em indivíduo
com leucemia e síndrome mielodisplásica (MDS) na Universidade de Kitasato, Kanagawa,
Japão no período de 1989 a 2001. A freqüência de micose visceral de leucemia com MDS
foi superior à taxa de casos de leucemia sem MDS. Os agentes causadores predominantes
foram Candida e Aspergillus que no decorrer dos anos houve um aumento no número de
casos de aspegilose e decréscimo de candidíase. O pulmão e brônquios foram os órgãos
mais comumente infectados pela aspergilose. Entre um total de 1.260 casos de infecções
fúngicas nos quatro anos estudados, leucemia linfática aguda (35,5%) e leucemia mielóide
aguda (33,5%) foram as principais doenças, seguido pela síndrome mielodisplásica
(29,0%).
Larbcharoensub et al. (2007) no período de Janeiro de 1997 a dezembro de 2006
determinaram através de necropsia e de registros médicos com infecção fúngica invasiva
ocorridas no Hospital Ramathibodi de Bangkok, Tailandia. Através de estruturas fúngicas
no exame histopatológico. Ocorreram 155 autópsias com diagnóstico de infecção fúngica
invasiva, 73 eram do sexo masculino e 82 feminino, com idade variando de três meses a 87
anos, destas 31% associado com malignidade hematológica. As micoses mais comuns
foram aspergilose e candidíase, observadas em 88 e 80 casos, respectivamente, e 32 casos
(20,6%) de infecção fúngica mista. Culturas de materiais de necropsia foram positivas para
fungo em 80 casos. O local mais freqüente de infecção fúngica foi o pulmão (74,8%),
seguido pelo trato gastrointestinal (28,4%) e cérebro (26,5%). Infecção fúngica invasiva
antem mortem foi diagnosticado em 63,9% do total de casos.
Donhuijsen et al. (2008) avaliaram relatórios de necropsias no período de 1976 a
2005 no Hospital do Instituto de Patologia da Universidade de Essen, Alemanha. De 11.
859 autopsiados foram determinadas doenças de base, freqüência e tipo de micose, órgãos
envolvidos, transplante de medula e causa morte. Do total 1.591 apresentavam neoplasia
hematológica fatal, onde micose invasiva foi detectada em 340 (21,4%)
indivíduos. Leucemia aguda foi a doença de base em que os pacientes foram fortemente
afetados por complicação de micoses invasivas, com 29,6% dos casos. As micoses
ocorreram por fungos filamentosos em 193 casos (179 aspergiloses e 14 zigomicoses), por
leveduras em 109 (107 candidoses, dois casos de criptococoses) e lesões associadas por
fungos filamentosos e leveduras em 25 casos.
Souza et al. (2008) estudaram necropsia de 129 indivíduos com AIDS na Fundação
de Medicina Tropical de Manaus no período de 1996 a 2003. Foram detectados sete (5%)
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
26
casos de criptococose, destes, três (42,85%) casos foram diagnosticados post mortem,
ressaltando assim a importância da necropsia.
2.5. Fungos como patógenos emergentes em relatos post mortem
Baseados em estudos de necropsias tem sido constatada morte decorrente de
micoses causadas por fungos filamentosos ou leveduras raramente descritas. Desta forma,
pela primeira vez através de necropsia Chaetomium perlucidum foi apontado como agente
causador de infecção fúngica fatal (Barron et al., 2003) e Rhodothorula glutinis como
causa de meningite diagnosticada tardiamente (Pamidimukkaia et al., 2007).
Os sítios anatômicos com acometimento verificado post mortem por fungos
considerados emergentes nem sempre são usuais e em alguns casos há apenas um único
relato (Kurzai et al., 2003; Noritomi et al., 2005, Van den Berk. et al., 2006) como,
Pseudotaeniolina globosa em paciente com aneurisma aórtico, Penicillium sp. causando
micose invasiva no sistema nervoso central e Basidiobolus ranarum que foi obtido a partir
de cultura fígado.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
27
3. ASPERGILOSE PULMONAR INVASIVA POR Aspergillus tamarii:
DIAGNÓSTICO POST MORTEM 1
Resumo
Aspergilose é uma infecção oportunista causada por fungos do gênero Aspergillus que
ocorre quase exclusivamente em hospedeiros debilitados e imunodeprimidos, Nas últimas
décadas esta micose tem merecido destaque, pois tem levado muitos indivíduos ao óbito. O
caso ocorreu em um homem com 56 anos, etilista, tabagista, apresentando desnutrição e
severa perda de peso, icterícia e dermatite descamativa, indo a óbito sem definição da
causa morte. Depois de realizada à necropsia foi diagnosticado aspergilose pulmonar
invasiva causada por Aspergillus tamarii.
Palavras chave: Aspergillus tamarii, Aspergilose pulmonar invasiva, necropsia,
diagnóstico post mortem.
Introdução
Aspergilose pulmonar invasiva aumentou durante a última década e às vezes com
resultado fatal. Esta micose pode ocorrer por várias espécies de Aspergillus, fungos
onipresentes que pode causar uma variedade de síndromes clínicas, especialmente em
hospedeiros debilitados ou imunodeprimidos (Lumbreras e Galvada, 2003, Donoso et al.,
2006, Macedo et al., 2009).
As espécies mais freqüentemente isoladas são A. fumigatus e A. flavus (Peixinho et
al., 2003, Werner et al., 2007), seguido por A. niger e A. terreus (Pemán et al., 2007,
Xavier et al., 2008). Ocasionalmente, outros fungos podem ser responsáveis por infecções
pulmonares, incluindo A. tamarii um membro do grupo A. flavus (Gams et al., 1985).
Embora A. tamarii seja capaz de produzir diversos metabólicos tóxicos secundários
(Samson et al., 2004), raramente tem sido encontrado como um patógeno humano (Kredics
et al., 2007).
1 Trabalho enviado para publicação como Lopes, N.E.P., Macêdo, D.P.C., Pontes Filho, N.T., Fernandes, M.J., Motta,
C.M.S., Neves, R.P. Aspergilose pulmonar invasiva por Aspergillus tamari: diagnóstico post mortem. Clinical Infectious
Diseases. Número 61086.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
28
Dados recentes indicam que a aspergilose pulmonar invasiva deve ser considerada
como uma micose grave (Pemán et al., 2007, Lokuhetty et al., 2009, Macêdo et al., 2009).
O quadro clínico é freqüentemente inespecífico, dificultando o diagnostico que geralmente
é baseada na detecção de hifas típicas em amostras de tecido coletado, na cultura de fungos
ou quando tardio no diagnóstico post mortem (Hovi et al., 2000, Tarrand et al., 2003).
Este estudo tem por objetivo relatar o primeiro caso de aspergilose pulmonar
invasiva causada por A. tamarii diagnosticado post mortem.
Relato de caso
O caso ocorreu com um homem de 56 anos, etilista, tabagista, apresentando
desnutrição e severa perda de peso, icterícia e dermatite descamativa. Faleceu sem causa
definida e foi submetido à necropsia para elucidação da causa morte.
À necropsia, os pulmões apresentavam um aumento de peso, fibrose pulmonar
intersticial difusa bilateral, edema pulmonar, derrame pleural bilateral, brônquios
preenchidos com secreção mucopurulenta, nódulos esbranquiçados de diversos tamanhos,
disseminados e coalescentes dispersos no parênquima (Figura 1). O fígado apresentou
coloração amarelada, esteatose e cirrose micronodular. Durante a necropsia completa,
alterações macroscópicas visíveis levaram a retirada de fragmentos de tecido do pulmão e
fígado para análise micológica e histopatológica, sendo as amostras de tecidos submersas
em água destilada esterilizada, adicionada de cloranfenicol (50mg/L) e em formol a 10%,
para exames micológicos e histopatológicos respectivamente.
Para realização do exame direto, fragmentos de tecido foram clarificados com uma
solução aquosa de hidróxido de potássio a 20%. Para obtenção de culturas, outros
fragmentos foram inoculados em quadruplicata na superfície do meio Brain Heart Infusion
(Difco) e ágar Sabouraud (Difco) adicionados de 50mg/L de cloranfenicol contidos em
placas de Petri, mantida a 30º C e 37° C (Lacaz et al., 2002).
O fungo isolado foi transferido para o meio ágar Czapec (Difco) e identificado de
acordo com Rapper e Fennell (1965) e De Hoog et al. (2000). Para o exame
histopatológico foram utilizadas as colorações de hematoxilina-eosina (HE), ácido reativo
de Shirft (PAS) e prata metenamina de Gomori (Junqueira e Carneiro, 2008).
Estruturas fúngicas foram observadas ao exame direto, apenas em tecido pulmonar
revelando hifas septadas, ramificadas, dicotômicas, após 48h o crescimento em cultura foi
sugestivo de Aspergillus sp. Os achados histopatológicos confirmaram a presença de hifas
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
29
regularmente septadas, com ramificações dicotômicas em ângulo agudo invadindo o tecido
pulmonar.
Macroscopicamente as colônias cresceram rapidamente, de coloração castanha
escuro. Microscopicamente as cabeças conidiais eram compactas e esféricas, variando de
500 e 600µm de tamanho. Conidióforos hialinos e eretos, medindo de 1-2mm de
comprimento. Presença de células conidiogênicas bi-seriadas, conídios subesféricos com 5-
8µm de diâmetro, equinulados a tuberculados, com base nestas características, o isolado foi
identificado como A. tamarii (Figura 1).
Discussão
O curso clínico e os achados micológicos e histopatológicos da aspergilose
pulmonar invasiva em indivíduos immunocomprometidos diferem daqueles observados em
pacientes que desenvolvem aspergiloma clássico (Bilezikei et al., 2002). Os sinais clínicos
de aspergilose são freqüentemente não específicos, dificultando o diagnóstico ante mortem,
o qual tem sido realizado na autópsia com base no crescimento da cultura de fungos e com
a detecção de hifas típicas invadindo os tecidos (Pemán et al., 2007, Lokuhetty et al.,
2009).
Devido às dificuldades em estabelecer um diagnóstico específico, os testes
imunológicos e técnicas moleculares têm sido desenvolvidos para a detecção precoce de
aspergilose, no entanto, estes testes não estão disponíveis em todas as instalações médicas
(Sugita et al., 2003, Shimaoka et al., 2006). A mortalidade por aspergilose pulmonar,
especialmente em tabagista é alta, apesar da terapia antifúngica, ocorrendo, em parte,
porque o diagnóstico é frequentemente tardio ou post mortem, como no caso descrito em
que o paciente tabagista apresentou aspergilose pulmonar invasiva grave, embora causado
por A. tamarii, uma espécie emergente (Cavazza et al., 2003, Kredics et al., 2007).
Esta espécie é amplamente conhecida, sendo bastante utilizada na indústria de
alimentos para a produção de molho de soja (Jong e Birminghan, 1992) e produção de
várias enzimas (Ferreira et al., 1999, Moreira et al., 2004, Anandan et al., 2007).
Os únicos casos clínicos descritos com A. tamarii como agente etiológico, foram:
infecção ocular (Degos et al., 1970), aspergilose invasiva nasossinusal em um paciente
imunocompetente (Paludetti et al, 1992), onicomicose em um garoto de três anos
(Kristensen et al, 2005) e uma ceratite (Kredics et al., 2007).
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
30
No Brasil não há trabalho que enfatize especificamente a incidência de aspergilose
invasiva post mortem. Entretanto, embora não sejam dados recentes, há relatos de
autópsias no período de 1960 a 1970 realizadas nos Estados Unidos (Fraser et al., 1979),
na Alemanha, nos períodos de 1978 a 1992 e 1997 (Vogeser et al., 1997, Lin et al., 2001) e
nos períodos de 1973 a 2001 (Koch et al. 2004), porém nestes trabalhos, nenhuma espécie
emergente de Aspergillus foi detectada como agente etiológico, uma vez que o diagnóstico
foi realizado com base apenas em estudos histopatológicos.
Assim, o diagnóstico laboratorial micológico ante mortem, é importante para
instituir um tratamento específico visando a cura. Além disso, nos casos não
diagnosticados com curso fatal, a necropsia com a obtenção da cultura fúngica é
importante procedimento para elucidar a causa da morte e gerar dados epidemiológicos
para estratégias futuras (Saito et al., 2009). Desta forma, esta é a primeira vez que A.
tamarii, foi isolado de tecido pulmonar post mortem como causa de aspergilose pulmonar
invasiva.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
31
Figura 1. Pulmão com nódulos esbranquiçados (A), hifas septadas dicotômicas, conidióforos,
cabeça aspergilar e conídios ao exame direto (B), hifas hialinas, septadas invadindo os tecidos
(C, D). Colônia branco-esverdeada e fissuras radiais no verso (E), e marrom-esverdeado no
reverso (F). Conidióforos hialinos com métula, fiálides (G) e conídios subesféricos (H).
A B
C D
E F
H G
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
32
4. EPIDEMIOLOGIA E ETIOLOGIA DE INFECÇÕES FÚNGICAS
DIAGNOSTICADAS POST MORTEM 2
Resumo
Infecções por fungos têm se tornado cada vez mais freqüentes, sobretudo, em portadores
de doença pré-existente, submetidos a tratamentos invasivos e imunossupressores. A falha
terapêutica tem representado elevada taxa de morbidade e letalidade, muitas vezes
elucidadas post mortem através de necropsia. Este trabalho teve como objetivos
diagnosticar infecções fúngicas à necropsia e correlacionar com dados epidemiológicos
referentes à idade, sexo, ocupação e moradia. Exames micológicos e histopatológicos
foram realizados a partir dos órgãos. No diagnóstico post mortem foi constatado infecções
fúngicas em ambos os sexos não havendo diferença significativa e a faixa de idade variou
de 29 a 91 anos, as ocupações que exerciam foram variadas. A doença de base mais
observada foi diabetes mellitus (50% dos casos) e o pulmão (60%) foi o órgão mais
acometido. Houve o predomínio das leveduras (66,67%) sobre os fungos filamentosos
(25%) e infecções mistas ocorreram em 8,33% dos casos. A trichosporonose foi à micose
mais freqüente (34,62%), seguida de candidíase (30,77%), aspergilose (26,93%),
criptococose (3,84%) e fusariose (3,84%). Entre as espécies isoladas foram constatadas
como emergentes Aspergillus tamarii e A. sydowii. Os resultados indicam a importância da
necropsia na definição de óbitos mal-definidos e a necessidade de mudanças para
minimizar falha clínica e terapêutica.
Palavras chave: infecções fúngicas, necropsia, diagnóstico post mortem, epidemiologia de
micoses.
Introdução
As infecções fúngicas, sobretudo, em órgãos internos constituem problema
diagnóstico e terapêutico reconhecido há vários anos, as quais vêm afetando
principalmente imunossuprimidos (Donhuijsen et al., 2008).
2 trabalho a ser enviado para publicação como Lopes, N.E.P., Pontes Filho, N. T., Lima, D..M..M., Fernandes, M.J.,
Motta, C.M.S., Neves, R.P. Epidemiologia e etiologia de infecções fúngicas diagnosticadas post mortem. Revista da
Sociedade Brasileira de Medicina tropical.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
33
Os imunossuprimidos comumente desenvolvem infecções sistêmicas causadas por
diversos grupos de fungos destacando-se espécies de Candida, Criptococcus, Aspergillus e
Trichosporon que acometem vários órgãos em especial, pulmão, rins, cérebro, fígado e
coração. Muitas destas infecções têm sido diagnosticadas post mortem através de
necropsias, uma vez que um número substancial de infecções fúngicas permanece sem
esclarecimento (Koch et al., 2004, Koyanagi et al., 2006, Remiszewski et al., 2006).
O diagnóstico clínico e achado à necropsia variam de forma discrepante. Este
constitui um procedimento técnico-científico diagnosticando a causa da morte de óbitos
mal-definidos (Combes et al., 2004, Faco et al., 2005, Faco et al., 2007, Pamidimukkaia et
al., 2007).
Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi determinar a epidemiologia e etiologia
de micose post mortem.
Métodos
No setor de necropsia do Serviço de Verificação de Óbito-SVO da Universidade
Federal de Pernambuco no período de junho de 2008 a julho de 2009, foram realizadas
4.356 necropsias e durante estes procedimentos, alterações macroscópicas visíveis
exigiram a retirada de fragmentos de tecido dos órgãos (Tabela 1) para análise micológica
e histopatológica. As amostras dos tecidos foram submersas em água destilada esterilizada,
adicionada de cloranfenicol (50mg/L) e em solução de formalina a 10%, para exames
micológicos e histopatológicos, respectivamente.
Para realização do exame direto, lâminas foram preparadas, sendo os fragmentos de
tecido clarificados com solução aquosa a 20% de hidróxido de potássio bem como
contrastados com tinta Nanquim (Lacaz et al., 2002). No exame histopatológico, as
secções dos tecidos foram coradas com hematoxilina e eosina, ácido reativo de Shirft
(PAS), azul de Alcian e Prata metenamine de Grocott (Junqueira e Carneiro, 2008).
Em quadriplicata foram inoculados outros fragmentos de tecidos na superfície dos
meios ágar Sabouraud (Difco) e Brain Heart Infusion (Difco) adicionados de 50mg/L de
cloranfenicol contidos em placas de Petri mantidas a temperatura de 30ºC e 37ºC (Lacaz et
al., 2002). As culturas foram purificadas com preparações em água destilada esterilizada
adicionada de 50mg/L de cloranfenicol e destas suspensões 0,2 mL semeadas em estrias na
superfície do meio ágar Sabouraud adicionado de 50mg/L cloranfenicol para posterior
identificação em meios específicos através dos aspectos taxonômicos baseados nos
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
34
critérios macroscópicos, microscópicos e quando necessário fisiológicos de acordo com
Barnett et al. (2000), De Hoog et al. (2000), Leslie e Sumerell (2006).
Os dados epidemiológicos foram classificados de acordo com sexo, idade,
ocupação, procedência, doença de base, tipo de micose e órgãos envolvidos.
Resultados
Das 4.356 necropsias, foram obtidas 172 amostras de tecidos dos órgãos de 104
indivíduos, destes 24 (23,08%) apresentaram infecções fúngicas, sendo que as leveduras
(66,67%) prevaleceram sobre os fungos filamentosos (25%) e infecções mistas ocorreram
em (8,33%). Em relação ao sexo 12 (50%) eram feminino e 12 (50%) masculino, com
idade variando de 29 a 91 anos. Os indivíduos apresentavam diferentes ocupações, com
predominância de aposentados (58,33%), em relação à procedência eram procedentes de
Pernambuco e Alagoas. Quanto às doenças de base foram mais freqüentes diabetes
mellitus com 12 casos (50%) e tuberculose com cinco (20,83%). As micoses mais
incidentes foram trichosporonoses nove (34,62%) casos, seguida de candidíases oito
(30,77%), aspergiloses sete (26,93%), criptococose um (3,84%) e fusariose um (3,84%). O
pulmão foi o órgão mais acometido, ocorrendo em 18 (60%) casos, seguido do rim com
cinco (16,67%), cérebro quatro (13,34%), meninges um (3,33%), fígado um (3,33%) e
coração um (3,33%) casos, como descrito na Tabela 1.
As espécies fúngicas isoladas como agentes etiológicos de micoses diagnosticadas
post mortem relacionadas aos sítios corpóreos estão representadas na figura 1. Os aspectos
pulmonares evidenciados foram, aumento de volume, mudança na coloração, derrame
pleural bilateral, antracose e nódulos. Havia no fígado cirrose micronodular, alteração da
cor e volume assim como esteatose. O sistema nervoso central apresentou opacificação das
meninges por congestão vascular, lesões diencefálicas múltiplas em cavidades isoladas e
confluentes com conteúdo gelatinoso e brilhante (Figura 2). Os rins apresentavam áreas de
infarto, secreção mucopurulenta no sistema pericalicial e cistos renais, no coração havia
áreas de infarto no miocárdio.
Na microscopia, foram visualizadas ao exame micológico direto e no
histopatológico, estruturas fúngicas como micélio hialino septado, alguns com dicotomia,
micélio artrosporado e células de leveduras com e sem cápsula. Os aspectos macroscópicos
e microscópicos das culturas variaram de acordo com o fungo envolvido (Figura 3).
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
35
Discussão
O atraso no diagnóstico e as dificuldades em controlar as infecções são importantes
causas de morbidade e mortalidade (Frigeri et al., 2001). A incidência de micoses em
necropsia constatada neste trabalho foi de 23,08%. Estudo anteriormente realizado através
de necropsia revelaram 21,4% de infecções por fungos em portadores de neoplasias
hematológicas ao longo de 29 anos (Donhuijsen et al., 2008), porém Hernández et al.
(1998) em um período de 10 anos, observaram uma freqüência de 44,1%.
A proporção de mortalidade com envolvimento fúngico de 50% para mulheres e
50% homens aqui evidenciada indica que não houve diferença em relação ao sexo. Koch et
al. (2001) baseados em registros de necropsias na Alemanha verificaram diferença
significativa de 68% para mulheres, diferindo dos nossos resultados.
A faixa etária observada em nosso estudo variou de 29 a 91 anos, corrobora com
Koch et al. (2001), que citam micoses em indivíduos de 20 a 88 anos e Benesova et al.
(2007) que encontraram idades variando de 28 a 85 anos. Entretanto, Challa et al. (2004)
examinando corações encontraram idades entre dez a 30 anos.
Quanto á ocupação, os trabalhos pesquisados não descrevem especificamente as
profissões que os indivíduos desenvolviam em vida, apenas quando esta função pode ter
contribuído diretamente na infecção como descrito por Shimaoka et al. (2006) que relatam
aspergilose por A. fumigatus diagnosticada post mortem em um trabalhador que
desenvolvia suas atividades em fábrica de cogumelos no Japão, na qual também foi isolada
esta espécie da poeira coletada do chão da fábrica.
Dados referentes à procedência de indivíduos necropsiados com micoses, não
foram investigados através de pesquisas científicas na região nordeste, para comparar com
os resultados obtidos neste trabalho, que demonstra a ocorrência de micoses em indivíduos
procedentes dos Estados de Pernambuco e Alagoas.
No diagnóstico post mortem realizado neste trabalho, foi verificado que os
indivíduos apresentavam como doenças de base diabetes mellitus, tuberculose,
cardiopatias, doenças hipertensivas, desnutrição grave, insuficiência renal, neoplasia
cerebral, doença pulmonar obstrutiva e condições de imunossupressão como hemodiálise,
uso de quimioterápicos e pós-parto, estas alterações são consideradas como fatores
predisponentes às infecções fúngicas culminando com o agravamento do estado geral do
paciente com possível aparecimento de manifestações clínicas atípicas que muitas vezes o
diagnóstico ocorre tardiamente (Remiszewski et al., 2006, Peman et al., 2007, Donhuijsen
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
36
et al., 2008, Bhagavath et al., 2009), ainda o uso de medicamentos e quimioterápicos,
tabagismo, etilismo, período de gravidez e pós-parto podem contribuir para o agravamento
clínico (Shimaoka et al., 2006, Peman et al., 2007, Lokuhetty et al., 2009, Ueno et al.,
2009, Saito et al., 2009). Vale ressaltar que diferentemente dos resultados aqui obtidos não
há relatos de diagnóstico post mortem citando esquistossomose e sífilis como doenças de
base.
A trichosporonose neste estudo foi a mais incidente com 34,62% dos casos
diagnosticados, dessa forma diferindo de outros trabalhos que indicam candidíase e
aspergilose como as mais freqüentes (Neto et al., 1995, Hernandez et al., 1998, Koch et
al., 2001, Faco et al., 2005, Kume et al., 2006, Donhuijsen et al., 2008). Através do
diagnóstico post mortem, foi possível detectarmos duas infecções fúngicas causadas por A.
tamarii e A. sydowii, fungos que consideramos emergentes, uma vez que este raramente
acomete humano (Magalhães et al, 1996, Kredics et al., 2007).
O pulmão foi o órgão mais acometido, resultados semelhantes são descritos por
inúmeros autores os quais afirmam ser este órgão responsável por infecções fúngicas
diagnosticadas post mortem (Remiszewski et al., 2006, Benesova et al., 2007,
Larbcharoensub et al., 2007).
O exame microscópico direto é indispensável em diversos casos de diagnóstico post
mortem, uma vez que a observação de determinadas estrutura fúngicas podem indicar a
micose não diagnosticada ante mortem, outro importante fator é a não obtenção do fungo
em cultura dificultando a causa morte quando se trata de micose. Entretanto, este exame
não é descrito em relatos em necropsia (Lokuhetty et al., 2009, Pemán et al., 2009, Saito et
al., 2009).
Os resultados desse estudo demonstram que a necropsia é um importante parâmetro
para elucidar as causas de morte por infecções fúngicas como afirmam vários autores
(Larbcharoensub et al., 2007, Donhuijsen et al., 2008, Souza et al., 2008) e ainda conduzir
estratégias que possam minimizar o número de diagnóstico post mortem.
.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
37
Tabela 1. Diagnóstico post mortem das infecções fúngicas de acordo com sexo, idade, doença de
base, procedência, ocupação, sítio corpóreo e espécie fúngica envolvida, após necropsia.
INDIVIDUO SEXO (M,F)
IDADE (anos)
DOENÇA DE BASE
MORADIA OCUPAÇÃO SÍTIO CORPÓREO
FUNGO
1 M 65 Diabetes Recife Aposentado
Cérebro Candida pelliculosa
2 M 54 Tuberculose Esquitossomose
Cardiopatia
Nazaré da Mata
Servente Pulmão Trichosporon ovoides
3 F 75 Diabetes
Cardiopatia Hipertrofica
Olinda Do lar Pulmão T. cutaneum
4 M 29 Hipertensão intracraniana
Neoplasia cerebral Uso de
Quimiterápicos
Timbaúba Estudante Cérebro T. asahii
5 F 50 Diabetes Recife Do lar Pulmão Rim
Candida guillermondii
6
F
34
Pós parto
Recife Vendedora Pulmão Rim
Candida pelliculosa.
7 M 56 Tuberculose pintor Pulmão Aspergillus
tamarii 8 M 48 Insuficiência
Renal Diabetes
Hemodiálise
Recife Auxiliar de manutenção de
máquinas
Pulmão T . cutaneum
9 M 75 Diabetes Recife Aposentado Pulmão A. niger 10 M 58 Desconhecida Recife Segurança Pulmão Candida
guillermondii 11 M 62 Diabetes
Insuf. Renal Caruaru Aposentado Pulmão C. albicans
12 F 62 HAS C. hipertrófica
Recife Aposentado Rim T. asteroides
13 F 47 Cardiopatia HAS
Jaboatão Do lar Pulmão Rim
Candida pelliculosa.
14 M 83 Tuberculose
Diabetes Palmeira dos
Índios -Al Aposentado Pulmão C. albicans
15 F 67
Diabetes AVC
Recife Aposentada Pulmão Fígado
A. sydowii
16 M 83 Sífilis Diabetes
Olinda Aposentado Pulmão A. flavus
17 F 66 Diabetes HAS
Igarassú Aposentado Pulmão A. flavus
18
F
55
Neoplasia cerebral
Igarassú Lavadeira Cérebro
Candida pelliculosa A. flavus
19 M 69 Diabetes HAS
Paulista Aposentado Pulmão Fusarium Oxysporum
20 F 91 Diabetes Moreno Aposentado Rim T. ovoides 21 M 81 Diabetes
Vitória de
Santo Antão Aposentado Pulmão T. ovoides
22
F
90 Desnutrição grave
AVC Tuberculose
Igarassú Aposentado Pulmão Coração
A. tamarrii T. ovoides
23 F 63 Tuberculose ativa Recife Aposentado Pulmão T. ovoides 24 F 65 HAS Vitória de
Santo Antão Aposentado Cérebro e
meninges Cryptococcus neoformans
N- 24 F-12 M-12
29 a 91 anos
AVC - acidente vascular cerebral; HAS - hipertensão arterial sistêmica. F- feminino; M- masculino.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
38
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
Pulmão
Rim
Cérebro
Meninges
Fígado
Coração
Candida pelliculosa Candida albicans Trichosporon cutaneum
T. ovoides T. asahii T. asteroides
Aspergillus tamarii A. flavus A. niger
A. sydowii Criptococcus neoformans Fusarium oxysporum
Candida guillermondi
Figura 1. Espécies fúngicas diagnosticadas post mortem relacionadas aos sítios corpóreos.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
39
Figura 2. Pulmões apresentando alteração de volume e cor, derrame pleural, congestão, antracose
e nódulos (A, B). Cérebro com congestão vascular, lesões diencefálicas múltiplas em cavidades
(C). Fígado com cirrose micronodular, esteatose e alteração de cor e volume (D).
C
A
D
B
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
40
Figura 3. Leveduras ao exame direto (1A) e em tecido pulmonar (1B), clamidosporos de
Candida albicans (1C). Micélio artrosporado e artrosporos em exame direto (2A), em
tecido pulmonar (2B) e cultura de Trichosporon ovóides (2C). Leveduras cápsuladas ao
exame direto (3A) e em tecido cerebral (3B), e cultura de Criptococcus neoformans (3C).
Micélio hialino septado e esporos em tecido pulmonar (4A, 4B), e cultura de Aspergillus
sydowii.
1B
3C
4B
2B
1A
2A
3A
4A
1C
4C
2C
3C
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
41
5. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os resultados obtidos neste trabalho permitem concluir:
• O diagnóstico post mortem de micoses ocorre em indivíduos de ambos os sexos, na
faixa etária de 29 a 91 anos.
• No desenvolvimento de micoses em indivíduos necropsiados, a ocupação não é
fator relevante.
• As leveduras predominam em infecções fúngicas isoladas na necropsia.
• Aspergilose, candidíase, criptococose, fusariose e trichosporonose são micoses
diagnosticadas através de necropsias.
• Trichosporonose é a micose mais frequentemente diagnosticada a necropsia.
• Aspergillus flavus, A. niger, A. sydowii, A. tamarii, Candida albicans, C.
guillermondii, C. pelliculosa, Cryptococcus neoformans, Fusarium oxysporum,
Trichosporon cutaneum, T. ovoides, T. asahii, T. asteroides são espécies isoladas
de tecidos post mortem.
• Os órgãos mais acometidos por infecções fúngicas diagnosticadas post mortem são
pulmões seguido de rins, cérebro, meninges, fígado e coração.
• Diabetes mellitus, tuberculose, esquistossomose, sífilis, cardiopatias, doenças
hipertensivas, desnutrição grave, insuficiência renal, neoplasia cerebral, doença
pulmonar obstrutiva e condições de imunossupressão como hemodiálise, uso de
quimioterápicos e pós-parto, são doenças de base de indivíduos acometidos por
infecções fúngicas que ocorre com mais freqüência diagnosticadas a necropsia.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Anandan, D., Marmer, W. N.,. Dudley, R.L. 2007. Isolation, characterization and optimization
of culture parameters for production of an alkaline protease isolated from Aspergillus tamarii. Journal of Industrial Microbiology & Biotechnology. 34:339-347.
Barnett, J.A., Paine, R.W., Yarrow, D. 2000. Yeast: characteristic and identification. Cambridge, Cambridge University press.
Barron, M.A., Sutton, D.A, Veve, R., Guarro, J., Rinaldi, M., Thompson, E., Cagnoni, P.J., Moultney, K., Madinger, N.E. 2003. Invasive mycotic infections caused by Chaetomium perlucidum, a new agent of cerebral phaeohyphomycosis. Journal of Clinical Microbiology 41(11): 5302–5307.
Benesová, P., Buchta, V., Cerman, J., Zá, P. 2007. Cryptococosis- a review of 13 autopsy cases from a 54- year period in a large hospital. Acta Pathologica Microbiologica et Immunologica Scandinavica 115:177-183.
Bernardi, F.D.C., Saldiva, P.H.N., Mauad, T. 2005. Histologycal examination hás a major impacto in macroscopic necropsy diagnoses. Journal Clinical Pathology 58:1261-1264.
Bigliazzi, C., Poletti, V., Dell'amore, D., Saragoni, L., Colby, T.V. 2004. Disseminated basidiobolomycosis in an immunocompetent woman. Journal of Clinical Microbiology 42 (3): 1367–1369.
Bhagavath, P., Rastogi, P., Menezes, R.G., Valiathan, M., Kumar, M., Babu, R., Kanchan, T., Monteiro, F.N.P., Nayak, V.C. 2009. Sudden death due to pulmonary aspergillosis. Journal of Forensic and Legal Medicine 16: 27–30.
Bilezikei, B., Demirhan, B., Haberal, A.N., Arikan, U. 2002. invasive pulmonary aspergillosis in solid-organ transplant recipients: postmortem histopathologic finding. Turkish Journal of Medical Sciences 32: 31-34.
Bogliolo, L. 2006. Patologia Geral. 7 rd edição. Rio de Janeiro, Guanabara Kogan. Cardoso, M.P. 2006. Comparison between clinical diagnoses and autopsy findings in a pediatric intensive care unit in São Paulo, Brazil. Pediatric Critical Care Medicine. 7:423-7.
Carter, E., Boudreaux, C., 2004. Fatal cerebral phaeohyphomycosis due to Curvularia lunata in an immunocompetent patient. Journal of Clinical Microbiology 42(11):5419–5423.
Cavazza, A., Paci, M., Turrini, E., Dallari, R., Rossi, G. 2003. Fungus colonisation of pulmonary rheumatoid nodule. Journal of Clinical Pathology 56:636–637.
Challa, S., Prayaga, A. K., Vemu, L., Sadasivan, J., Jagarlapudi, M. K. M., Digumarti, R., Prabhala, R. 2004. Fungal endocarditis: An autopsy study. Asian Cardiovascular Thoracic Annals 12:95-98.
Chamilos, G., Luna, M., Lewis, R.E., Bodey, G..P., Chemaly, R., Tarrand, J.J., Safdar, A., Raad, I.I., Kontoyiannis, D.P. 2006. Invasive fungal infections in patients with hematologic malignancies in a tertiary care cancer center: an autopsy study over a 15-year period (1989-2003). Haematologica 91(7): 986-989.
Combes, A., Mokhtari, M., Couvelard, A., Trouillet, J., Baudot, J., Henin, D., Gibert, C., Chastre, J. 2004. Clinical and Autopsy Diagnoses in the Intensive Care Unit. Archives of Internal Medicine 164:389-392.
Cortez, K.J., Roilides, E., Telles, F.Q., Meletiadis, J., Antachopoulos, C., Knudsen, T., Buchanan, W., Milanovich, J., Sutton, D. A., Fothergill, A., Rinaldi, M.G., Shea, Y.R., Zaoutis, T., Kottilil, S., Walsh, T. J. 2008. Infections caused by Scedosporium spp. Clinical Microbiology Reviews 21(1): 1 57–197.
De Hoog, G.S.; Guarro, J.; Gené, J.; Figueiras, M.J. 2000. Atlas of clinical fungi, 2 rd edition, Utrech, Central Bureau Voor Schimmelcultures.
Degos, R., Segretain, G., Badillet, G., Maisler, A. 1970. Aspergillose de la paupiére. Bulletin de la Societé Française de Dermatologie et de Syphiligraphie. 77:732-734.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
43
Donhuijsen, K., Petersen, P., Schmid, K.W. 2008. Trend reversal in the frequency of mycoses in hematological neoplasias. Deutsches Arzteblatt International.105(28–29): 501–6 .
Donoso, A. F., Camacho, A. J., Alarcón, P.L., Cruces, P.R. 2006. Aspergilosis invasora multisistémica en un niño inmunocompetente. comunicación de un caso. Revista Chilena de Infectologia 23 (1): 69-72.
Eriguchi, M., Nagao, T., Kamimura, T., Sugawara, K., Mitsuiki, K., Harada, A. 2009. Pulmonary capillary embolism caused by cryptococcemia in a hemodialysis patient. Clinical Nephrology 71(1):88-91.
Eza, D., Cerrillo, G., Moore, D.A.J., Castro, C., Ticona, E., Morales, D., Cabanillas, J., Barrantes, F., Alfaro, A., Benavides, A., Rafael, A., Valladares, G., Arevalo, F., Evans, C.A., Gilman, R.H. 2006. Postmortem findings and opportunistic infections in HIV-positive patients from a public hospital. Pathology Research and Practice 202: 767–775.
Faco, M.M.M., Nukumizi, L.A., Moraes, A.J.P., Barros, P.C.B., Troster, E.J., Silva, C.A.A. 2005. Avaliação dos óbitos e necropsias em pacientes internados em um serviço de reumatologia pediátrica por um período de dez anos. Revista Brasileira de Reumatología 45(2):55-63.
Faco, M.M.M., Leone, C., Febronio, M.V., Marques, H.H.S., Silva, C.A. 2007. Risc factores associated with the death of pacients hospitalized for juvenile systemic lúpus erythematosus. Brazilian Journal of Medical and Biologycal Research 40: 993-1002.
Farias, J.L., 2006. Patologia Geral: Fundamentos das Doenças com Aplicações Clínicas, 4 rd
edição. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan. Fernández, M.R.B., Moreno, M.J.O. 2005. Aneurisma micótico en cayado aórtico por
Aspergillus fumigatus: aportación de un caso y revisión en la literatura. Anales de Medicina Interna 22(9): 437-440.
Ferreira, G., Boer, C.G., Peralta, R.M. 1999. Production of xylanolytic enzymes by Aspergillus tamarii in solid state fermentation. FEMS Microbioly Letters 173:335-339.
Fraser, D.W., Ward, J.I., Ajello, L., Plikaytis, B.D. 1979.Aspergillosis and other systemic mycoses. The growing problem. Journal of the American Medical Association 242:1631-5.
Frigeri, M.F., Tybusch, F., Seidl, M., Brun, C.P. 2001. Criptococose cerebral - Relato do caso e revisão bibliográfica. Revista Cientifica da Associação de Medicina de Caxias do Sul (Amecs) 10(1): 67-70.
Gams, W., Christensen, M., Onions, A.H.S., Pitt, J.I., Samson, R.A.. 1985. Infrageneric taxa of Aspergillus. In: R. A. Samson and J. I. Pitt (ed.), Advances in Penicillium and Aspergillus systematics. 1 st edition. New York, Plenum Press. pp. 55-62.
Godoy, P., Lelis, R. S.S., Resende, U.M. 2006. Paracoccidioidomicose e síndrome da imunodeficiência adquirida: relato de necropsia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 39(1); 79-81.
Gutierrez, P S., Brito; T., Lopes, M. B. S., Alves, V. A. F. 2009. The value of necropsy in quality control of medical diagnosis – the goldstandard for years to come. Clinics 64(3):161-2.
Hartemink, K.J., Polderman, K.H. 2008. Diagnostic image a woman with pneumonia. Nederlands Tijdschrift voor Geneeskunde 23:152(34):1875.
Hernández, E. A., Paz, V. C., Pérez, Fernández-Terán, M. L., 1998. Micosis oportunistas invasivas en el sida. Un estudio de 211 autopsias. Revista Iberoamericana de Micologia. 15: 33-35.
Hovi, L., Saarinen-Pihkala, U.M., Vettenranta, K., Saxen, H. 2000. Invasive fungal infections in pediatric bone marrow transplant recipients: single center experience of 10 years. Bone marrow Transplant 26:999–1004.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
44
Jha, A., Sayami, G., Shrestha R. 2005. Histopathological diagnosis of cryptococcal encephalitis in an immunocompetent female presenting with a posterior fossa mass and obstructive hydrocephalus. Nepal Journal of Neuroscience 2(2): 46-148.
Jong, S. C., Birmingham, J.M. 1992. Current status of fungal culture collections and their role in biotechnology. In: D. K. Arora, R. P. Elander, and K. G. Murekji (ed.), Handbook of applied mycology, vol. 4. Fungal biotechnology. New York, Marcel Dekker Inc. pp. 993-1024.
Junqueira, L. C.; Carneiro, J. 2008. Histologia Básica: texto e atlas, 11 rd edição.Rio de Janeiro, Guanabara Kogan.
Kilani, B., Benaýssa, H. T., Ammari, L., Chaker E., Chaabane, T.B. 2007. Cryptococcal meningitis in a patient with non-Hodgkin’s lymhoma. Journal de Mycologie Medicale 17: 191-193.
Kleinschmidt-Demasters B.K. 2009. Disseminated Fusarium infection with brain abscesses in a lung transplant recipient. Clinical Neuropathology 28(6):417-21.
Klock, C., Goldani, L.Z., Cerski, M., Rebouças, I. T. 2005. Cryptococcemia. A 44- necropsies cases study of AIDS- patients in a tertiary care hospital in: VII Congresso virtual Hispanoamericano de anatomia patologica y I Congresso de preparaciones virtuales por internet. Rio Grande do Sul. Disponível em: http://www.conganat.org/7congreso/final/vistaImpresion.asp?id_t.
Klock, C., Cerski, M., Goldani, L.Z. 2008. Histopathological aspects of neurocryptococcosis in HIV-infected patients: autopsy report of 45 patients. International Journal of Surgical Pathology 17(6):444-448.
Knoke, M., Bernhard, T., Schwesinger, H. 2008. Is there a need for autopsies in the management of fungal disease? Mycoses 51: 291-300.
Koch, S, Hohne, F.M, Tietz, H.J., 2001. Incidence of endomycoses in autopsy material. Mycoses 44(11): 450-454.
Koch, S., Rudel, B., Tietz, H.J. 2004. Lethal otogenic Candida meningitis. Mycoses 47: 450–453.
Kotovicz F., Mauad T., Saldiva P.H.N. 2008. Clinico-pathological discrepancies in a general university hospital in São Paulo, Brazil. Clinics 63(5):581-8.
Koyanagi, T., Nishida, N., Osabe, S., Imamura, Y., Yamamoto, S., Shichiji, A., Nakamura, Y. 2006. Autopsy case of disseminated Trichosporon inkin infection identified with molecular biological and biochemical methods. Pathology International 56: 738–743.
Kovarik, C.L, Barnard J.J. 2009. Fatal disseminated cryptococcus as the initial presentation of HIV infection in the era of highly active antiretroviral therapy. Journal of Forensic Sciences 54(4): 927-9.
Kredics, L., Varga, J., Kocsubé, S., Dóczi, I., Samson, R.A., Rajaraman, R., Narendran, V., Bhaskar, M., Vágvölgyi, C., Manikandan, P. 2007. Case of keratitis caused by Aspergillus tamarii. Journal of Clinical Microbiology 45:3464–3467.
Kristensen, L., Stenderup, J., Otkjaer, A. 2005. Onychomycosis due to Aspergillus tamarii in a 3-year-old boy. Acta Derm. Venereol. 85:261-262.
Kukuljan, M., Grgurević, E., Stemberga, V., Cuculić, D., Coklo, M., Jerković, R., Bosnar, A. 2008. Aspergilloma in a pulmonary abscess--the first manifestation of malignant bronchial obstruction. Collegium Antropologicum 32(2):225-7.
Kume, H., Yamazaki, T., Abe, M., Tanuma, H., Okudaira, M., Okayasu, I. 2006. Epidemiology of visceral mycoses in patients with leukemia and MDS - Analysis of the data in annual of pathological autopsy cases in Japan in 1989, 1993, 1997 and 2001. Nippon Ishinkin Gakkai Zasshi 47(1):15-24.
Kurzai O, Keith, P., De Hoog, S., Abele-Horn, M., Frosch, M. 2003. Postmortem isolation of Pseudotaeniolina globosa from a patient with aortic aneurysm. Mycoses 46(3-4):141-4.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
45
Lacativa, P.G.S., Donangelo, I., Wagman, M. B., Neto, L. S., Caldas, C. R., Violante, A.H.D., Lima, R. J., Vaisman, M. 2004. Pulmonar Pseudotumoral Associada à Síndrome de Cushing. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia 48(2):318-323.
Lacaz, C.S. Porto, E., Martins, J.E.C.; Heins-Vaccari, E.M.; Melo, N.T. 2002. Tratado de Micologia Médica. 9 rd edição. São Paulo, Sarvier.
Larbcharoensub, N., Srisuma, S., Ngernprasertsri, T., Aroonroch, R., Chongtrakool, P., Santanirand, P., Chirachariyavej, T., Sirikulchayanonta, V. 2007. Invasive fungal infection in Ramathibodi Hospital: a ten-year autopsy review. Journal of the Medical Association of Thailand 90(12):2630-7.
Leslie, J.F., Sumerell, B.A. 2006. The Fusarium laboratory manual. Sydney, Blackwell Publishing.
Lin, S.J., Schranz, J., Teutsch, S. M. 2001. Aspergillosis case-fatality rate: systematic review of the literature. Clinical Infectious Diseases 32:358-66.
Lipton, S.A., Hickey, W.F., Morris, J.H., Loscalzo, J. 1984. Candidal infection in the central nervous system. The American Journal of medicine 76: 101-108.
Lokuhetty, M.D.S., Wijesinghe, H.D., Weerasundera, B., Dayapala, A. 2009. Iatrogenic aspergillus infection of the central nervous system in a pregnant woman Indian. Indian Journal of Pathology and Microbiology 52:427-9.
Lumbreras, C., Gavaldà, J. 2003. Aspergilosis invasora: manifestations clínicas y tratamiento. Revista Iberoamericana de Micologia. 20:79-89.
Macedo, D.P.C., Silva, V.K. A., Farias, A.M. A., Melo, L. R. B., Wilheim, A. B., Neves, R.P. 2009. Invasive aspergillosis associated with systemic lupus erythematosus and cardiac postoperative complication. Brazilian Journal of Microbiology 40:180-183.
Magalhães, O.M.C., Queiroz, L.A., Fernandes, M.J., Souza, C.M., Torres, L. 1996. Aspergillus sydowii isolated from two bronchial lavage samples. Boletin Micológico 11(1-2): 95-97.
Mathai, A.M., Menezes, R.G., Naik, R., Kanchan, T., Kumar, S., Bhat, G., Chauhan, A., Raí, M. 2009. An autopsy case of renal candidiasis. Journal of Forensic and Legal Medicine 16(1):31-4.
Moreira, F.G., Lenartovicz, V., Peralta, R.M. 2004. A thermostable maltose-tolerant alpha-amylase from Aspergillus tamarii. Journal of Basic Microbiology. 44:29-35.
Neto, M.M., Muglia, V., Batista, M.E.P.N., Pisi, T.M., Saber, L.T.S., Ferraz, A.S., Suaid, H.J., Cologna, A.J., Figueiredo, J.F.C. 1995. Infecção por fungos e Transplante Renal: Análise nos primeiros 500 pacientes transplantados no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP. Journal Brasiliam Nefrology 17(3): 162-170.
Nielsen H, Stenderup J. 1996. Invasive Candida norvegensis infection in immunocompromised patients. Scandinavia Journal of Infectious Diseases 28(3):311-2.
Nishio, H., Sakakibara-Kawamura, K., Suzuki, T., Utsumi T., Kinoshita, S. 2002. An autopsy case of Ph1--positive acute lymphoblastic leukemia with disseminated infection of Fusarium solani. Kansenshogaku Zasshi 76(1):67-71.
Noritomi, D.T., Bub, G.L., BEER, I., Silva, A.S.F., De Cleva, R., Gama-Rodrigues, J.J. 2005. Case report multiple brain abscess due to Penicillium spp. Infection. Revista Insituto de Medicina Tropical de São Paulo 47(3):167-170.
Oliveira, F. M., Severo, C.B., Guazzelli, L.S., Severo, L.C. 2007. Cryptococcus gattii fungemia: report of a case with lung and brain lesions mimicking radiological features of malignancy. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo 49(4):263-265.
Paludetti, G., Rosignoli, M., Ferri, E., Cesari, M.R., Morace G., Fantoni, M., Galli, J.1992. Invasive nasosinusal aspergillosis in an immunocompetent patient. Acta Otorhinolaryngol 12:581-591.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
46
Pamidimukkaia, U., Challa, S., Lakshmi, V., Tandon, A., Kulkarni, S., Raju, S. Y. 2007. Sepsis and menhingoencephalitis due to Rhodottorula glutinis in patient with systemic erytematosus, diagnosed at autopsy. Neurology India 55: 304-307.
Peixinho, P., Sabino, T., Duarte, C., Cruz, T., Bragança, N. 2003. Aspergilose pulmonar invasiva. Acta Médica Portuguesa 16: 97-99.
Peltroche-Llacsahuanga, H., Manegold, E., Kroll, G., Haase, G. 2000. Case report. Pathohistological findings in a clinical case of disseminated infection with Fusarium oxysporum. Mycoses 43(9-10):367-72.
Pemán, J., Ortiz, R., Osseyran, F., Pérez-Bellés, C., Crespo, M., Chirivella, M., Frasquet, J., Quesada, A., Cantón, E., Gobernado, M., 2007. Endocarditis por Aspergillus fumigatus en válvula nativa com hemocultivo positivo y galactomanano negativo. Descripción de un caso y revisión de la literature. Revista Iberoamericana Micologica 24: 157-160.
Pereira, D.N., Nader, S.S., Nader, P., Martins, P. G., Furlan, S. P., Hentges, C. R. 2009. Disseminated Trichosporon spp infection in preterm newborns: a case report. Jornal de Pediatria 85(5):459-461.
Raper, K.B., Fenell, D.I. 1965. The Genus Aspergillus. Baltimore, Williams and Wilkins. Remiszewski, P., Gawryluk, D., Podsiadło, B., Wiatr, E., Szopiński, J., Rowińska-
Zakrzewska, E., Bestry, I., Langfort, R., Roszkowski-Sliz, K. 2006. Invasive aspergillosis (IA) in patients treated in the Institute of Tuberculosis and Chest Diseases in the years 1993-2005-diagnostic problems. Pneumonologia i alergologia polska. 74(2):197-202.
Resende, L.S.R., Mendes, R.P., Bacchi, M.M., Marques, S.A., Barraviera, B., Souza, L.R., Niéro-Melo, L. 2009. Bone marrow necrosis related to paracoccidioidomycosis: the first eight cases identified at autopsy. Histopathology 54: 486–489.
Roychowdhury, Pambuccian, M.,S.E., Aslan, D.L, Jessurun, J., Rose, A.G., Manivel, J. C., Gulbahce, H.E. 2005. Bone Marrow Transplantation Pulmonary Complications. Archives of Pathology and Laboratory Medicine 129:366-71.
Saito, T., Shime, N., Itoh, K., Fujita, N., Saito, Y., Shinozaki, M., Shibuya, K., Makimura, K., Hashimoto, S., 2009. Disseminated aspergillosis following resolution of pneumocystis pneumonia with sustained elevation of beta-glucan in an intensive care unit: a case report. Infection 37(6):547-550.
Samson, R. A., Hoekstra, E. S., Frisvad, J.C. 2004. Introduction to food- and airborne fungi, 7th edition. Utrecht, Centraalbureau voor Schimmelcultures.
Shimaoka, Y., Ishida, T., Kawasaki, S., Kobayashi, O. 2006. An autopsy case of Aspergillus pneumonia after inhalation of a great deal of dust in a mushroom factory Nihon Kokyuki Gakkai Zasshi. 44(9):659-64.
Shojania, K.G., Burton, E.C., Mcdonald, K.M., Goldman, L. 2005. Overestimation of clinical diagnostic performance caused by low necropsy rates. Quality and Safety in Health Care 14: 408-413.
Sidrim, J.J.C.; Rocha, M.F.G. 2004. Micologia Médica à Luz de Autores Contemporâneos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan.
Sonderegger-Iseli, K., Burger, S., Muntwyler, J., Salomon, F. 2000. Diagnostic errors in three medical eras: a necropsy study. Lancet 355:2027–31.
Souza, S.L.S., Feitoza, P.V.S., Araújo, J.R., Andrade, R.V., Ferreira, L.C.L. 2008. Causas de óbito em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida, necropsiados na Fundação de Medicina Tropical do Amazonas. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 41(3):247-251.
Sugita, C., Makimura, K., Murakami, A., Murai, Y., Yamaguchi, H., Nagai, A. 2003. A case of pulmonary aspergilloma molecular biological identification and typing of the isolates from antemortem sputa and autopsy fungus ball. Mycoses 46:149–152.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
47
Tarrand, J.J., Lichterfeld, M., Warraich, I., Luna, M., Han, X.Y., May, G.S., Kontoyiannis, D. 2003. A correlation of microbiological culture and histologic or citologic examination. American Journal of Clinical Pathology. 119:854-858.
Taxy, J.B., 2007. Blastomycosis: contributions of morphology to diagnosis: a surgical pathology, cytopathology, and autopsy pathology study. American Journal of Surgical Pathology 31(4): 615-23.
Thorn, J. L., Gilchrist, K. B., Sobonya, R. E., Gaur, N. K., Lipke, P. N., Klotz, S. A. 2009. Postmortem candidemia: marker of disseminated disease. Journal Clinical of Pathologic 62(11): 706-707.
Tiribelli, M., Zaja, F., Filì, C., Michelutti, T., Prosdocimo, S., Candoni, A., Fanin, R. 2002. Endogenous endophthalmitis following disseminated fungemia due to Fusarium solani in a patient with acute myeloid leukemia. European Journal of Haematology 68(5):314-7.
Twigg S.J., 2001. Comparison of postmortem findings with post hoc estimated clinical diagnoses of patients who die in a United Kingdom intensive care unit. Intensive Care Medicine 27:706-10.
Ueno, A., Hamano, T., Fujii, A., Matsunaga, A., Naganuma, S., Yoneda, M., Itoh, H., Kuriyama, M. 2009. The effects of voriconazole and vascular lesions in invasion of aspergillosis into the central nerve system. Rinsho Shinkeigaku 49(8):468-73.
Van den Berk, G., Noorduyn, L A., Ketel, R.J V., Leeuwen, J. V., Bemelman W. A., Prins, J. M. 2006. A fatal pseudo-tumour: disseminated basidiobolomycosis. BMC Infectious Diseases 6:140-4.
Vilela, R., Souza, G. F., Cota, G. F., Mendoza, L. 2005. Multifocal sporotrichosis with meningeal involvement in a patient with AIDS. Medical Mycology 43(2):187-190.
Vogeser, M., Haas, A., Aust, D.; Ruckdeschel, G. 1997. Postmortem analysis of invasive aspergillosis in a tertiary care hospital. European journal of clinical microbiology & infectious disease 16(1):31-107
Xavier, M. O., Sales, M. P. U., Camargo, J. J. P., Pasqualotto, A. C., Severo, L. C., 2008. Aspergillus niger causing tracheobronchitis and invasive pulmonary aspergillosis in a lung transplant recipient: case report. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 41(2):200-201.
Xie, L.J., Gebre, W., Szabo, K., Lin, J.H. 2005. Cardiac aspergillosis in patients with acquired immunodeficiency syndrome a case report and review of the literature. Archives of Pathology and Laboratory Medicine 129:511-515.
Wipfler, P., Pilz, G., Golaszewski, S., Luthringshausen, G., Berr, F., Kemmerling, R., Neureiter, D., Ladurner, G., Kraus, J. 2010. Invasive aspergillosis presenting with a painless complete ophthalmoplegia. Clinical neurology and neurosurgery 112(1): 85-87.
Werner, B., Wróblewska-Kałuzewska, M., Kucińska, B., Wójcicka-Urbańska, B. 2007. Clinical and therapeutic considerations in children with infective endocarditis. Medicyna Wieku Rozwojowgo 11(2):159-65.
Lopes, Nadja - Impacto da necropsia na definição
48
APÊNDICE
Termo de consentimento livre e esclarecido