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Impactos Ambientais das Obras de Engenharia nos Diferentes…

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Universidade Cruzeiro do Sul

Engenharia Mecânica

Ciências do Ambiente

Impactos Ambientais das Obras de Engenharia nos

Diferentes Ecossistemas

Marcos Roberto da Silva RGM 79269-1

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Impactos Ambientais das Obras de Engenharia nos

Diferentes Ecossistemas

1- Ecossistemas, Definição e Estrutura: O ecossistema é a unidade básica de estudo da ecologia. Em um ecossistema, o

conjunto de seres vivos interage entre si com o meio natural de maneira equilibrada, por

meio de reciclagem de matéria e do uso eficiente da energia solar. A natureza fornece

todos os elementos necessários para as atividades dos seres vivos, seu conjunto

recebe o nome de biótipo, enquanto que o conjunto de seres vivos recebe o nome de

biocenose.

A união entre esses conjuntos, biótipo e biocenose, forma o que se convencionou

chamar de ecossistema.

Ecossistema é um sistema estável equilibrado e auto-suficiente, apresentando em toda

a sua extensão características topográficas, climáticas, pedológicas, botânicas,

zoológicas, hidrológicas e geoquímicas praticamente invariáveis. As dimensões de um

ecossistema são extremamente invariáveis. Podemos considerar ecossistema a copa

de um abacaxi ou uma floresta tropical do tamanho do estado o Amazonas. O

importante é que as condições mencionadas anteriormente sejam verificadas.

Um ecossistema compõe-se de elementos abióticos , ou seja, uma matéria

inorgânica e sem vida (como a água o ar e o solo) e elementos bióticos, os seres vivos.

Esses elementos se inter-relacionam de maneira estreita, uma vez que compostos

como O2, CO2 e H2O, estão em constante fluxo com os seres vivos e o ambiente

externo.

Em um ecossistema, cada espécie possui seu habitat e seu nicho ecológico. Habitat

pode ser definido como o local ocupado pela espécie com todas as suas características

abióticas. Simplificando podemos dizer que o habitat é o endereço de uma espécie ou

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indivíduo. Nicho ecológico é a função da espécie dentro do conjunto de ecossistema e

suas relações com as demais espécies e com o ambiente. Assim o nicho seria a

profissão da espécie ou indivíduo. Para definir o nicho ecológico de uma dada espécie

é necessário conhecer suas fontes de energia e alimento , suas taxas de crescimento e

metabolismo, seus efeitos sobre outros organismos e sua capacidade de modificar o

meio ambiente em que vive. Num ecossistema equilibrado, cada espécie possui um

nicho diferente de outras espécies, caso contrário haverá competição entre espécies

que possuam o mesmo nicho. Espécies que possuam nicho semelhantes, em regiões

distintas, são denominadas equivalentes ecológicos.

Uma das características fundamentais dos ecossistemas é a homeostase. Todo

ecossistema procura um estrado de equilíbrio dinâmico ou homeostase por meio de

mecanismos de autocontrole e auto-regulação que entram em ação assim que ocorre

qualquer mudança. Entre a mudança e o acionamento do mecanismo e o tempo de

auto-regulação existe um tempo de resposta. Esse sistema de auto-regulação ou

realimentação – tem por função manter o equilíbrio de um ecossistema. A assim se

ocorrer uma alteração do comportamento de um ecossistema, o sistema de

realimentação aciona os seus mecanismos homeostáticos para garantir a normalidade.

Geralmente, esse mecanismo homeostático só é efetivo para modificações naturais

que por ventura ocorram, caso não sejam muito profundas nem demoradas. No caso de

modificações artificiais impostas pelo homem,por serem relativamente, violentas e

demoradas, o mecanismo não consegue absorver essa mudança e ocorre o impacto

ecológico no meio.

Um exemplo de funcionamento desses sistemas é a recuperação de uma floresta

após a ação de uma descarga elétrica da atmosfera, que provoca um pequeno

incêndio. Em pouco tempo a mata regenera-se e aquela pequena parte afetada se

torna outra vez parte do ecossistema . Já no caso de desmatamentos extensivos

(como aqueles ocorridos no século passado na Alemanha, nos Estados Unidos e no

Japão), o ecossistema não dispõe de mecanismos de auto-regulação para regenerar o

ecossistema original.

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A quantidade total de matéria viva em um ecossistema é denominada biomassa, e

pode ser quantificada em termos de energia armazenada ou de peso seco, geralmente

referidos a uma unidade de área.

2- Avaliação de Impactos Ambientais: Entre fins de década de 50 e início da de 60, a crescente sensibilidade de

estudiosos, acadêmicos e gestores públicos, apontava a necessidade urgente da

criação de novos instrumentos capazes de complementar e ampliar a eficiência dos

tradicionalmente utilizados no licenciamento ambiental de atividades e

empreendimentos. Vários grupos de estudo foram se formando nos Estados Unidos e

Europa, primeiramente nacionais e a seguir multinacionais, para dar resposta a este

desafio.

Já de década de 60 passou a consolidar-se o conceito, hoje corrente, de impactos

sobre ambiente. O detalhamento deste conceito demonstrou que sua avaliação podia

ser feita com razoável margem de objetividade, de modo que ela pudesse ter aceitação

e representatividade social e transformar-se em instrumento do processo de tomada de

decisões no licenciamento ambiental. Para tanto essa avaliação deveria ter

características técnicas mínimas regulamentadas pelo poder público e deveria ser

traduzida em um documento público acessível aos vários segmentos da sociedade

interessados no processo de licenciamento ambiental.

Munn (1975) dá uma versão das características básicas de uma avaliação de

impacto ambiental:

a) descrever a ação proposta e as características também;

b) prever a natureza e a magnitude dos efeitos ambientais;

c) identificar as ações humanas relevantes;

d) listas os indicadores de impacto a serem utilizados e para cada um definir sua

magnitude.

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Para o conjunto de impactos, os pesos de cada indicador obtidos do decisor ou

das metas nacionais; e

c) a partir dos valores previstos em (b) acima, determinar os valores de cada

indicador de impacto e o impacto ambiental total.

Em 1981, decorridas já quase duas décadas de uma crescente preocupação e uma

década desde a primeira conferência mundial sobre o meio ambiente, realizada em

1972, em Estocolmo, pela ONU, o Brasil definiu a política nacional de meio ambiente

(lei federal nº 6..938, de 31.08.81). Nessa lei, a avaliação de impactos ambientais e o

licenciamento das atividades efetiva e potencialmente poluidoras foram dois

instrumentos que criados para que fossem atingidos os objetivos desta política, ou seja,

”...preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando

assegurar no país condições propícias ao desenvolvimento socioeconômico, aos

interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana...”.

Após cinco anos durante os quais se viveu um processo rico de novas experiências,

mas dificultado pela falta de prática do diálogo construtivo entre representantes dos

vários segmentos que o compunham, o Conselho Nacional de Meio Ambiente

(Conama), por meio da resolução nº 001/86, definiu como deve ser feita avaliação de

impactos ambientais , criando duas figuras novas, respectivamente: o Estudo de

Impactos Ambientais, (EIA) e o Relatório de Impactos ambientais (RIMA). Definiu o que

consiste em cada um deles e estabeleceu a relação das atividades para as quais a sua

exigência é obrigatória. O licenciamento para fins de exercício dessas atividades e de

outras que podem ser estabelecidas pela autoridade ambiental local, passou, a

aprovação do EIA/Rima, mediante procedimentos regulamentados.

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3- Impactos nas Águas:

3.1- Abastecimento Industrial:

A água é usada na indústria em seu processo produtivo, por exemplo como solventes

em lavagens e em processos de resfriamento. Não existe requisito de qualidade da

água para todas as indústrias, para cada uso específico apresenta requisitos

particulares. Indústrias que processam produtos farmacêuticos, alimentos e bebidas são

aqueles que precisam de qualidade elevada. Indústrias que utilizam água para

resfriamento devem usar água isenta de substâncias que causem o aparecimento de

substâncias e encrustações nos condutos. Indústrias envolvidas com processos de

tingimento de tecidos e louças devem ter disposição de água isenta de produtos que

propiciem o aparecimento de manchas no final do produto.

3.2 - Geração de Energia Elétrica

A água é utilizada para fins energéticos por meio de geração de vapor de água nas

usinas termoelétricas ou pelo aproveitamento da energia potencial ou cinética das

águas nas usinas hidrelétricas. Em ambos os casos os requisitos da qualidade da água

são pouco restritivos, a não ser pelo controle de substâncias que possam afetar a

durabilidade e manutenção de equipamentos utilizados.

O aproveitamento dos recursos hídricos para fins energéticos pode produzir uma série

de impactos ambientais no meio aquático. As usinas termoelétricas podem despejar

calor nos corpos de água, afetando o ecossistema de várias maneiras. As usinas

hidrelétricas dependem em geral da existência de uma barragem que crie um desnível

entre as superfícies livres de água localizadas nos lados a montante e jusante. Como

conseqüência, o rio a montante da barragem transforma-se num lago, o que altera o

ecossistema aquático, pois ele passa de um ambiente de altas velocidades e alta

turbulência para um ambiente de baixas velocidades e baixa turbulência.

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3.3 – Navegação

O transporte de carga utilizado pelas indústrias por via fluvial, lacustre e marítima, é

freqüentemente uma alternativa bastante interessante sob o ponto de vista econômico.

Para isso, a água existente no meio de ser isenta de substâncias que sejam agressivas

ao casco e condutos de refrigeração das embarcações e que propiciem a proliferação

excessiva da vegetação, causando inconvenientes à navegação.

A navegação pode perturbar o meio ambiente ao despejar substâncias poluidoras

das embarcações no meio aquático, seja de modo deliberado ou acidental. Os portos

também são um potencial poluidor pela mesma razão. Temos, por exemplo, o caso de

terminais petrolíferos, nos quais podem ocorrer os vazamentos do petróleo.

A navegação fluvial requer um leito adequado em termos de profundidade e

curvas para o deslocamento das embarcações. A velocidade do curso da água é outro

fator importante para a viabilização desse tipo de navegação. Assim, para a

implantação da navegação fluvial podem ser necessárias alterações no canal como, por

exemplo, a implantação de barragens com obras de transposição de nível.

3.4 – Diluição de Despejos

Os corpos de água podem ser utilizados para transportar e diluir os despejos

neles lançados. A jusante do lançamento as concentrações do poluente dependerão em

parte da razão de diluição, isto é, da relação entre a vazão do rio e a vazão do despejo.

Se a razão de diluição for alta, as concentrações podem ser baixas o suficiente para

não causar impactos sobre outros usos de água. A diluição, no entanto, não deve ser

recomendada em substituição ao tratamento dos despejos, devendo somente ser

utilizada para a carga residual das estações de tratamento. O comportamento dos

corpos de água como receptores de despejos varia em função de suas características

físicas, químicas e biológicas e da natureza das substâncias lançadas.

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3.5 – Preservação da Fauna e da Flora

O equilíbrio ecológico do meio aquático deve ser mantido, independentemente

dos usos que se façam dos corpos de água. Para isso deve-se garantir a existência de

concentrações mínimas de oxigênio dissolvido e de sais nutrientes na água. Ela não

deve conter substâncias tóxicas acima de concentrações críticas para os organismos

aquáticos.

3.6 – Usos diversos da água e conflitos

Observamos que os recursos hídricos podem ser utilizados de diversas

maneiras, atendendo a várias necessidades simultaneamente. Essa é uma exigência

importante não só do ponto de vista econômico, mas também do ponto de vista do

abastecimento, em função da crescente escassez da oferta de recursos hídricos diante

da demanda sempre crescente. Assim, podem surgir conflitos quanto à utilização dos

recursos hídricos, como por exemplo:

• A diluição de despejos de origem humana, industrial e agrícola pode

degradar a qualidade das águas, afetando outros usos tais como o

abastecimento humano, industrial, a irrigação, a preservação do meio

ambiente e a recreação.

• A necessidade de ajustar a variação temporal da oferta natural de água à

sua demanda pode levar à necessidade de criação de um reservatório.

Todavia, reservatórios podem provocar impactos ambientais significativos.

Além disso, uma das funções do reservatório pode ser o controle de

cheias pela criação de um espaço vazio adequado disponível para receber

e armazenar água durante o período de vazões altas. Essa água ficará

retida no reservatório para impedir a ocorrência de inundações nas áreas

situadas a jusante da barragem. A manutenção de um espaço vazio no

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reservatório conflita com a necessidade de armazenamento de água

adequado para satisfazer os usos acima discriminados.

• Determinados usos dos recursos hídricos fazem com que parte da água

que é utilizada não retorne ao corpo de água ao qual foi retirado. Tais

usos são denominados consuntivos. Exemplos de usos consuntivos são a

irrigação ( na qual parte da água fornecida é retirada para a constituição

da vegetação ou sofre evapotranspiração ), o abastecimento urbano (no

qual existe uma perda de água significativa durante o sistema de

distribuição ou então incorporação da água ao produto manufaturado).

Usos consuntivos em geral conflitam com quaisquer outros usos em

função da retirada da água que provocam no sistema aquático.

3.7 – Metais

Todos os metais podem ser solubilizados pela água, podendo gerar danos à

saúde em função da quantidade ingerida, devido à sua toxicidade, ou de seus

potenciais carcinogênicos, mutagênicos ou teratogênicos. Exemplos de metais tóxicos

são o arsênico, bário, cádmio, cromo, chumbo e mercúrio.

Um organismo aquático pode apresentar dois tipos básicos de comportamento

em relação aos metais: ou é sensível à ação tóxica de um determinado metal ou não é

sensível, mas o bioacumula, potencializando seu efeito nocivo ao longo da cadeia

alimentar, colocando em risco organismos situados no topo da cadeia.

Como exemplo de problema relacionado com metais citamos o mal de Minamata,

detectado em 1953 na baía de Minamata, Japão. Houve acúmulo de compostos

organomercuriais no sistema nervoso humano, principalmente no cérebro e medula. A

presença de metilmercúrio nas águas, com o lançamento de efluentes industriais,

atingiu a população local que consumiu peixes, causando grande número de mortes e

deformações genéticas.

Em geral, metais tóxicos estão presentes em quantidades diminutas no meio

aquático por ação de fenômenos naturais, podem ser despejados em quantidades

significativas por atividades industriais, agrícolas e de mineração.

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Exemplos de metais de menor toxidade, dependendo da concentração, são o

cálcio, magnésio, sódio, ferro, manganês, alumínio, cobre e zinco. Alguns desses

metais podem produzir certos inconvenientes para o consumo doméstico de água pela

alteração de cor, odor e sabor que provocam.

4 – Impactos no Solo:

4.1 – Poluição do solo urbano – Ocorrência e controle

A poluição do solo urbano é proveniente dos resíduos gerados pelas atividades

econômicas que são típicas das cidades, como a indústria, o comércio e os serviços,

além dos provenientes do grande número de residências presentes em áreas

relativamente restritas. Difere da poluição rural por um outro aspectos importante do

ponto de vista ecológico e de equilíbrio dos ecossistemas. A maior parte dos resíduos

urbanos é proveniente de áreas externas ao seu território. Ao serem lançados ou

dispostos adequadamente nos limites do território urbano, não só acentuam os

problemas de poluição (especialmente quando ela é entendida pelo seu conceito de

“ingestão” em um segmento da biosfera), como causam o empobrecimento nas áreas

de onde provém a matéria e energia que, após a utilização no meio urbano, transforma-

se em resíduos.

Embora a poluição do solo possa ser provocada por resíduos nas fases sólida,

líquida e gasosa, é sem duvida sob a primeira forma que ela manifesta-se mais

intensamente por duas razões principais: as quantidades geradas são grandes e as

características de imobilidade ou pelo menos de muito menor mobilidade dos sólidos

impõem grandes dificuldades ao seu transporte no meio ambiente.

É exatamente a grande mobilidade dos gases propiciada pela circulação

atmosférica com freqüente trocas der massa e a redução das concentrações de

poluentes relativamente rápida (em relação ao líquidos e em especial aos sólidos) que

torna de menor significado o efeito poluidor direto dos resíduos gasosos sobre o solo.

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Indiretamente, porém, a parte que precipita nas áreas urbanas pode chegar ao solo na

forma de poluentes em solução, trazidos pelas chuvas conhecidas como “chuvas

ácidas”.

Além desses, há os resíduos líquidos que atingem o solo urbano e que são

provenientes dos efluentes líquidos de processos industriais e, principalmente, dos

esgotos sanitários que não são lançados nas redes públicas de esgoto. Tanto uns como

outros podem chegar como parte de um procedimento técnico de tratamento de

resíduos líquidos por aplicação ao solo ou, como conseqüência de descuido e descaso,

serem aí simplesmente lançados.

Alguns efluentes industriais e os esgotos sanitários (oriundos do afastamento por

via líquida dos dejetos humanos e dos resíduos provenientes do preparo de alimentos,

higiene pessoal, da residência e do local de trabalho) podem, em pequenas

comunidades ou em sistemas isolados, ser adequadamente tratados por meio de

técnicas que prevêem sua aplicação aos solos sem criar problemas de poluição. Essas

técnicas podem resumir-se à simples infiltração dos efluentes de uma fossa séptica no

solo ou constituírem-se de processos mais elaborados e mais modernos.

Os esgotos sanitários e eventualmente os de processos industriais são, às

vezes, lastimavelmente lançados sobre o terreno superficial, vias públicas, sarjetas,

etc., gerando problemas graves não só provenientes da poluição que agride o olfato e

visão, mas também podendo gerar episódios de saúde pública endêmicos e epidêmicos

quando esses lançamentos estão contaminados por substâncias patogênicas e tóxicas.

Dentre todos, porém, a poluição do solo urbano por resíduos sólidos é o

problema maior e mais comum para o qual convém dar atenção especial.

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4.2 – Os resíduos perigosos

Resíduos perigosos são aqueles que podem ser nocivos, no presente e no

futuro, à saúde dos seres humanos, de outros organismos e ao meio ambiente. A

definição de resíduo perigoso utilizada pela Agência de Proteção Ambiental americana

é:

“O termo resíduo perigoso caracteriza um resíduo sólido ou combinação de

resíduos sólidos, os quais, devido a quantidade, concentração, ou

características físicas, químicas ou infeccionas pode:

• causar ou contribuir significativamente para o aumento da mortalidade

ou para o aumento de doenças sérias irreversíveis ou reversíveis

incapacitantes e

• significar um perigo presente ou potencial para a saúde humana ou

meio ambiente quando tratado, armazenado, transportado, disposto ou

usado de maneira imprópria.”

Diferentes países adotam práticas distintas para a identificação de resíduos

perigosos, dependendo do resíduo em si, do modo como é utilizado e de como foi ou é

disposto no ambiente. Geralmente, tais resíduos perigosos são apresentados na forma

de listas de substâncias ou de processos de indústrias que os geram.

No Brasil, a preocupação com tema fica evidenciada não só pela NBR 10.004,

como também pela atuação de órgãos de controle ambiental desde há

aproximadamente dez anos. Em vários estados e particularmente no Estado de São

Paulo essa preocupação concretizou-se por meio da atuação da CETESB em Cubatão

(desde 1983), na Região Metropolitana de São Paulo (desde 1989) e em outras áreas

industrializadas do estado.

A quantidade de resíduos perigosos presentes no meio ambiente atualmente é

bastante grande, o que torna complexa a apresentação de uma classificação

universalmente aceita. Além disso, novas substâncias têm sido dispostas no meio

ambiente pelo homem a uma taxa elevada, o que torna mais difícil tal classificação. Os

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problemas quanto à classificação e quanto ao estabelecimento de valores de

concentrações admissíveis prejudicam o estabelecimento de mecanismos legais sobre

o assunto.

4.3– Resíduos químicos

Situam-se nessa categoria uma grande quantidade de substâncias produzidas

pela atividade industrial e utilizadas, de modo direto ou indireto, por grande parcela da

sociedade atual. A preocupação com relação a esses resíduos é relativamente recente,

de maneira que a diminuição de impactos resultantes do emprego dessas substâncias

ainda não é feita, em geral, de modo satisfatório. Teme-se que muitos dos problemas

que têm sido detectados com relação a esse tipo de poluição representem, apenas,

uma pequena parte de todos os problemas gerados no passado pelo mau uso e

disposição de resíduos químicos e tóxicos no meio ambiente. Do ponto de vista

tecnológico, o tratamento necessário para diminuir o impacto do uso dessas

substâncias varia de caso para caso, de acordo com sua natureza. Existe,

aparentemente, uma tendência de se tentar amenizar o problema, mas os custos

envolvidos nesses tratamentos podem ser excessivos para alguns agentes poluidores.

Não existe, presentemente, um modo seguro de avaliar o impacto produzido por

muitas dessas substâncias na saúde das pessoas e no meio ambiente. Em primeiro

lugar, tais substâncias podem penetrar no ambiente de várias maneiras e propagar-se

numa velocidade que é função das características próprias e do meio. Posteriormente,

podem sofrer transformações que as tornem mais ou menos perigosas. Além disso,

ainda não se conhece muitos casos um relação quantitativa entre sua presença e os

efeitos por elas produzidos.

Os resíduos químicos perigosos podem ser orgânicos ou inorgânicos. Muitos

resíduos químicos inorgânicos, como alguns compostos de mercúrio, chumbo, cádmio e

arsênico são tóxicos, mesmo em baixas concentrações. Tais compostos também

podem ser bioacumulados nas cadeias alimentares e atingir concentrações nocivas

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para os seres humanos e outros organismos. Esses metais tóxicos são lançados na

atmosfera pela queima de determinadas substâncias, e também e também podem ser

lançados no meio aquático, direta ou indiretamente, ou no solo. A existência de chuva

ácida e o aumento da concentração de gás carbônico na atmosfera diminuem o pH do

meio aquático. Assim, tais compostos tornam-se mais solúveis e, portanto, são

transportados mais facilmente no meio ambiente.

5 – Poluição no ar

Os problemas de poluição do ar não são recentes. A história antiga registra que

em Roma, há 2 mil anos, surgiram as primeiras reclamações a respeito do assunto., No

século XIII (1273), o Rei Eduardo da Inglaterra assinou as primeiras leis de qualidade

do ar, proibindo o uso de carvão com alto teor de enxofre. Além disso, ele proibiu a

queima do carvão em Londres durante as sessões do Parlamento, devido a fumaça e

ao odor produzidos. Nos Estados Unidos, um dos eventos mais críticos ocorreu em

1948, na cidade de Donora, Pensilvânia, matando 30 pessoas e deixando cerca de 6

mil internadas com problemas respiratórios. Em 1963, na cidade de Nova York, 300

pessoas morreram e milhares ficaram adoentadas pela poluição do ar. Em certas

cidades, como Los Angeles, São Paulo e Cidade do México, são conhecidos os eventos

críticos de poluição do ar provocados pelos gases emitidos por veículos e indústrias.

Alguns dos principais poluentes do ar emitidos pelas indústrias são os metais,

amônia e gás sulfúrico.

• Os metais são um tipo de material particulado, associados aos processos

de mineração, combustão de carvão e processos siderúrgicos.

• As principais fontes de geração da amônia são as indústrias químicas e de

fertilizantes, principalmente aquelas à base de nitrogênio, além dos

processos biogênicos naturais que ocorrem na água ou no solo.

• O gás sulfúrico é um subproduto gerado nos processos desenvolvidos em

refinarias de petróleo, indústria química e indústria de celulose e papel,

devido a presença de enxofre na matéria-prima processada ou então nos

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compostos utilizados durante este processamento. O gás sulfúrico

também é produzido pro processos biogênicos naturais.

5.1 – Poluição no ar em fonte estacionária

Fonte estacionária é uma chaminé de indústria que emite poluente. As fontes

estacionárias produzem cargas pontuais de poluentes, isto é um problema global que

envolve toda a ecosfera, exigindo, portanto, o esforço mundial para enfrentá-los e

controlá-los. Como exemplo de poluição global, temos: o efeito estufa, a destruição da

camada de ozônio e a chuva ácida.

• A camada de ozônio fica situada na estratosfera, entre quinze e

cinqüentas quilômetros de altitude, ela tem a capacidade de filtrar as

radiações solares, impedindo que grande parte das radiações ultravioleta

chegue até a superfície do solo, os efeitos dos raios ultravioleta é o

aumento de incidência de câncer de pele.

• O chamado efeito estufa é responsável por manter a temperatura média

do planeta próxima dos 15°C, a emissão dos gases CO2, metano, óxido

nitroso, clorofluorcarbono CFCs, ozônio, etc., aumenta a quantidade de

energia que é mantida na atmosfera devido à absorção do calor refletido

ou emitido pela superfície do planeta, o que provoca a elevação da

temperatura da superfície.

• Na chuva ácida os gases nitrogenados e sulfonados produzidos reagem

com o vapor de água na atmosfera produzindo ácidos (nítrico e sulfúrico).

Esses, por sua vez, precipitam-se nos solos pela ação da chuva.

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5.2 – Poluentes do ‘smog industrial’

O ‘smog industrial’ é formado basicamente pela emissão de dois elementos: o

dióxido de enxofre (SO2) e o material particulado (MP). É a chamada “nuvem cinza” que

cobre as cidades industrializadas. Seus picos de poluição ocorrem no inverno,

principalmente em dias de inversão térmica. Outros problemas associados a esse tipo

de smog, como a chuva ácida, já foram mencionados anteriormente.

BIBLIOGRAFIA: Introdução à Engenharia Ambiental (Benedito Braga, Ivanildo

Hespanhol, João G. Lotufo Conejo, Mário Thadeu L. de Barros, Milton

Spencer Veras Jr. , Mônica F. do Amaral Porto, Nelson L.R. Nucci, Neusa

Monteiro de A. Juliano, Sérgio Eiger)

Ed. Prentice Hall, 2002 www.makron.com.br