76
Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:00 3

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO · em muitas regiões em todo o mundo, no Brasil e em diversas propriedades no Espírito Santo, carac- terizando uma atividade basicamente

  • Upload
    vandung

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:003

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:004

Humberto Ker de Andrade

Vitória2007

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:005

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio, desde quedivulgadas as fontes.

Andrade, Humberto Ker de

A553 Impactos da aqüicultura no turismo / Humberto Ker de Andrade. – Vitória : Sebrae/ES, 2007.74 p. : il., retrs. ; 24cm.

ISBN 85-7333-401-0

1. Aqüicultura – Turismo – Espírito Santo (Estado). 2. Maricultura – Aspectos ambientais.3. Desenvolvimento sustentável – Espírito Santo (Estado). I. Titulo.

CDU: 639.3:338.48(815.2)

© Copyright by Sebrae/ES, Vitória, 2007.

Presidente do Conselho Deliberativo EstadualLucas Izoton Vieira

Diretoria Executiva Sebrae/ESDiretor Superintendente: João Felício ScárduaDiretor de Atendimento: Carlos BressanDiretor Técnico e de Produto: Evandro Barreira Milet

Gerente da Unidade Carteira de Projetos II: Vera Inez Perin

Equipe Técnica: Célia Regina Bigossi Vicente, Eduardo Rodrigo Donatelli Simões,Maria Angélica Fonseca

Apoio: Danielli Nogueira Alves da Silva

Revisão de texto, normalização, catalogação e acompanhamento gráficoAna Maria de Matos Mariani – CRB 12/ES nº 425

Fotografias: Usinas de Imagens (banco de imagens da Sedetur)Banco de imagens do Sebrae/ES

Design e Produção Gráfica: Artcom Comunicação Total

Sebrae/ESAv. Jerônimo Monteiro, 935 – Ed. Sebrae – Cep 29010-003 – Centro – Vitória, ES.Tel.: (27) 3041-5500 – Fax: (27) 3041-5666 – Homepage: www.es.sebrae.com.br

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:006

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ...................................................................................................... 9

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 13

2 SITUAÇÃO ATUAL DA AQÜICULTURA NO BRASIL E NO MUNDO ..................... 19

3 POLÍTICAS E PROGRAMAS PARA A AQÜICULTURA BRASILEIRA NOSÚLTIMOS ANOS ..................................................................................................... 25

4 A CRIAÇÃO DA SEAP – UM IMPORTANTE PASSO PARA AAQÜICULTURA NACIONAL .................................................................................... 33

5 PROGRAMA SEBRAE AQÜICULTURA .................................................................. 37

6 CONSUMO MUNDIAL DE PESCADOS ................................................................. 41

7 CARACTERIZAÇÃO DOS SISTEMAS DE PRODUÇÃO AQÜÍCOLA ....................... 45

8 OS IMPACTOS DA AQÜICULTURA SOBRE O TURISMO ..................................... 51

9 UM TOUR PELAS AQÜICULTURAS DA EUROPA E DAAMÉRICA DO NORTE E DO SUL ............................................................................ 57

10 CONCLUSÃO E SUGESTÕES ............................................................................ 71

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 75

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:007

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:008

APRESENTAÇÃO

N o Brasil, a importância do turismo tem sido cada vez mais evidenciada nas políticas públicasem âmbito federal, estadual e municipal e compreendida como fonte de geração de postos detrabalho e de renda. Essa é uma das atividades que mais se desenvolve no mundo, evidenciada

pelo aumento de sua participação relativa dentro do setor de Serviços que, por sua vez, vem apresen-tando crescente influência no Produto Interno Bruto em países desenvolvidos.

Dada a diversidade de seu patrimônio natural e cultural, o Brasil é um dos maiores potenciais turís-ticos do mundo, o que tem despertado o interesse de visitantes e de empreendedores de diversossegmentos econômicos. Isso pode ser comprovado por inúmeros investimentos realizados no País.Felizmente, o Espírito Santo faz parte deste cenário não apenas pelo nosso potencial de atrativosnaturais e culturais mas, sobretudo, nos últimos tempos, pelos vários negócios que emergem, prin-cipalmente com as diversas atividades de setores prioritários da economia estadual.

Os mais distintos estudos dos mais diferentes órgãos e instituições que trabalham na identifica-ção de setores com as melhores condições de geração de renda e emprego sempre apontam oturismo como um dos mais importantes, seja pela capacidade de agregar valor ao produto turís-tico local, seja pela possibilidade de absorver quase que imediatamente de grande parte da mão-de-obra da região. Eis o porquê de o turismo ser um dos principais segmentos da economia nesteprincípio de século.

Inúmeras publicações apontam que o fenômeno do turismo, transportando pessoas do seu local deorigem para um determinado destino, por motivo de negócios ou lazer, impacta uma ampla varieda-de de atividades econômicas e é também impactado por elas. Entre tais atividades são mais diretase evidentes: compra de equipamentos de hospedagem, de alimentos e bebidas, de entretenimento elazer, fabricação de móveis, utensílios e enxoval para equipamentos de hospedagem e de alimenta-ção e bebidas, confecção de brinquedos para a indústria de entretenimento e lazer, distribuição decombustíveis, principalmente para aeronaves, ônibus de carreira e lazer, serviços de recepção aturistas e, até mesmo, serviços de câmbio.

Em particular, no caso do Espírito Santo, todo um cenário vem sendo transformado nos últimos anos.Essa transformação se associa à indústria de petróleo e gás, à expansão das usinas siderúrgicas, àfábrica de celulose, à extração e ao processamento de mármore e granito, ao desenvolvimento da

9

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:009

1 0 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

agricultura (em especial da fruticultura), ao uso do espaço rural também para atividades de lazer eentretenimento, à expansão imobiliária etc. Isso sinaliza claramente que todo o movimento social,cultural, econômico e ambiental merece ser estudado, o que exige, por sua vez, uma reunião deinformações que nos permitirão uma leitura mais clara de tudo o que vem ocorrendo.

Sob este aspecto, é preciso que lancemos um olhar sobre o social e busquemos entender de queforma a atividade econômica do turismo impacta ou é impactada por toda essa onda virtuosaque abraça o nosso Estado.

Foi, pois, com este intuito que o Sebrae Espírito Santo convidou o especialista Humberto Ker de Andrade,para discorrer sobre o tema “Aqüicultura no turismo” de forma que possamos disponibilizar a professores,pesquisadores e estudiosos do assunto, ao poder público e à iniciativa privada, uma fonte de consultae informação que venha nortear a intervenção em vários setores, à luz de uma perspectiva que apontao turismo como o indutor de um processo de desenvolvimento econômico e social.

Neste estudo, o especialista relatou a evolução da aqüicultura no Brasil e mais precisamente noEstado do Espírito Santo.

Em relação aos impactos que esta atividade exerce no turismo, o setor foi identificado a partir dacriação de estruturas para atividades de pesque e pague, fazendo restrições no que se refere à manu-tenção de peixes em cativeiro e chamando a atenção para o fato de que esta atividade precisa serplanejada, trabalhada e inserida na política de desenvolvimento da aqüicultura tanto no Estado comoem nível de Brasil.

No turismo capixaba, destacou amplamente o trabalho que vem sendo realizado em parceria com oSebrae, enfatizando que a aqüicultura e o turismo envolvem os mais diversos atores da cadeia pro-dutiva e contribuindo para o incremento de modalidades de turismo, tais como o técnico e científico,de negócios e o de lazer, sem contar que contribui sobremodo para a gastronomia capixaba.

Uma breve exposição sobre as oportunidades e a transversalidade entre a aqüicultura e o artesanatoé, também, abordadas neste trabalho, quando se trata da produção de embalagens a partir de fibrasvegetais, visando ao acondicionamento de ostras resfriadas, bem como ao aproveitamento das con-chas de mexilhões e do couro do peixe como substratos para a produção de peças artesanais.

Este estudo destaca, ainda, que o incentivo à aqüicultura no Espírito Santo enseja possibilidades nacriação de roteiros onde os cultivos e a comercialização estão instalados, criando produtos queassociam gastronomia, turismo de pesca e atividades ligadas a eventos.

A Diretoria.

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0010

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0011

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0012

INTRODUÇÃO1

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0013

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0014

A ntes da análise que possamos realizar dos impactos que a atividade de aqüiculturaprovoca ou é capaz de produzir sobre o turismo, é importante que conheçamos alguns con-ceitos emitidos por autores brasileiros que se têm dedicado a estudar e acompanhar de perto

sua evolução dentro e fora do Brasil.

De acordo com o biólogo Valenti (2000), a aqüicultura é um processo de produção em cativeiro deorganismos com habitat predominantemente aquático, em qualquer estágio de desenvolvimento, ouseja, ovos, larvas e pós-larvas (juvenis ou adultas). Segundo a Food and Agriculture Organization(FAO), três fatores caracterizam essa atividade: o organismo produzido deve ser aqüícola; o manejodeve visar à produção; e a criação deve ter um proprietário, isto é, não pode ser um bem coletivo(FAO, apud VALENTI, 2000).

Segundo definição do Ibama (apud SEBRAE/ES, 2001), a aqüicultura é a criação ou cultivo de orga-nismos que têm na água o seu natural ou mais freqüente meio de vida. São muitos os exemplos deorganismos criados ou cultivados com sucesso na prática de aqüicultura em todo o mundo. Entretais, podemos citar os peixes: carpas, tilápias, bagres, salmões, pintados, linguados, tambaquis,pacus etc., cuja atividade aqüícola é denominada piscicultura; os crustáceos: camarões marinhos(também os de água doce) e lagostas (o cultivo é chamado de carcinicultura); os moluscos: ostras,mexilhões, vieiras ou coquilhas, polvos, entre outros, sendo a prática aqüícola intitulada malacoculturaou, para muitos autores, maricultura; os anfíbios: rãs (seu cultivo denomina-se ranicultura); as algasmarinhas: micro e macroalgas (a prática de cultivá-las chama-se algocultura).

Atualmente, a aqüicultura vem sendo praticada e estimulada por governos de muitos países, sob aótica do desenvolvimento social e da diversificação da economia rural, visando à melhoria das con-dições de vida do homem no campo e das comunidades costeiras onde vivem milhares de pesca-dores artesanais.

A atividade tem-se mostrado compatível com ações e programas que objetivam a preservação domeio ambiente. É apontada, muitas vezes, como uma das soluções possíveis e viáveis para oredimensionamento das condições de uso e ocupação de solos, reservatórios, lagoas, áreas marinhase estuarinas. É importante que se diga que grandes empreendimentos aqüícolas vêm sendo instaladosem todo o mundo (e isso não é diferente no Brasil) por grupos empreendedores que buscam, com aprodução em cativeiro, compensar perdas gradativas proporcionadas pelo processo extrativista depescado, cuja produção se mantém estagnada há mais de uma década.

De acordo com Assad e Bursztyn (2000), o momento atual reflete a globalização da economiamundial, o que configura a ampliação do oligopólio agroindustrial, o aumento do consumo e aestagnação da produção resultante das pescarias extrativistas. Tais autores concluem que odesenvolvimento da aqüicultura tem caminhado no sentido de uma grande “revolução azul”.

1 5

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0015

A análise desses pesquisadores desperta a atenção para os esforços empreendidos, a qualquercusto, visando ao aumento da produção: intensificar os ganhos a partir de estudos genéticos eempregar hormônios, alimentos artificiais, mecanização, tecnologias, lembrando os prós e oscontras da revolução verde das monoculturas etc.

A prática da criação de organismos aquáticos é milenar. Utilizavam-na as antigas civilizações doscontinentes asiático e africano. Os cultivos eram restritos aos cercos aquáticos e aos reservatóriospara os quais se destinavam restos alimentares e subprodutos: carcaças de animais e alguns vege-tais, como tubérculos, frutos etc. É interessante observar que essa prática ainda existe e persisteem muitas regiões em todo o mundo, no Brasil e em diversas propriedades no Espírito Santo, carac-terizando uma atividade basicamente de subsistência ou de lazer, o que alguns autores que traba-lham com uma visão econômica desconsiderariam dentro do rol de atividades aqüícolas.

1 6 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0016

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0017

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0018

SITUAÇÃO ATUALDA AQÜICULTURANO BRASIL E NOMUNDO

2

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0019

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0020

A s estatísticas mundiais sobre a atividade de aqüicultura no mundo, divulgadas pela FAO, podemser interpretadas como indicadoras de relativa superficialidade, pois apontam as tendên-cias do setor de acordo com suas diversas atividades. Os dados são muitas vezes contro-

versos e oscilam segundo os interesses políticos, mercadológicos e conforme as estratégias comer-ciais adotadas pelos países produtores, principalmente por aqueles pertencentes ao grupo dos paísesem vias de desenvolvimento. Nessas nações, não existem estatísticas confiáveis elaboradas a partirde dados primários, ou seja, obtidas por método de pesquisa realizada in loco. De qualquer forma,são parâmetros importantes e referências que tendem a se aperfeiçoar no decorrer do crescimentoda importância da atividade para a economia.

Assim, vamos encontrar uma situação de crescimento maior da atividade a partir da segunda metade dadécada de oitenta, quando, em 1988, a produção mundial era da ordem de 15,5 milhões de toneladas,alcançando a marca próxima de 50 milhões de toneladas no início do ano 2000 e nos anos seguintes, ouseja, um crescimento anual médio variando de 8% a 10% e uma receita aproximada de US$ 65 bilhões.Importa considerar que a atividade pesqueira proveniente do extrativismo vem se mantendo estagnada,variando de 80 a 90 milhões de toneladas por ano. De acordo com Ostrensky, Borghetti e Pedini (2000),mesmo que a aqüicultura não tenha vivenciado uma completa “Revolução Azul”, como o previam muitosespecialistas no início dos anos 90, essa foi uma década de grandes avanços para a atividade. Nesseperíodo, a produção aqüícola mundial saltou de 16,8 milhões de toneladas para 36,05 milhões de tone-ladas – um crescimento de 114%. No mesmo período, as capturas pesqueiras passaram de 86,7 para94,5 milhões de toneladas, significando um aumento de apenas 9%, sendo quase 25 milhões de tonela-das destinadas à fabricação de farinhas e óleos, isto é, não utilizadas diretamente na alimentação humana.

Entre os diferentes grupos de produtos aqüícolas (por exemplo, peixes, crustáceos, moluscos, algas),os peixes representam – segundo dados aproximados da FAO (apud VALENTI, 2000) para o ano de2001 – o grupo mais produzido em todo o mundo, com 51%. Em seguida, vêm os seguintes grupos:crustáceos, com 23%; plantas aquáticas (algas), com 22%; moluscos, principalmente ostras emexilhões, com 4%. Anfíbios, répteis e alguns invertebrados aquáticos não alcançam valoresrepresentativos, podendo ficar abaixo de 1%.

Segundo a FAO (2003), a produção mundial de pescados oriundos de cativeiro está concentradaprincipalmente na China, com 34,2 milhões de toneladas; na Índia, com 2,2 milhões de toneladas;no Japão, com 1,3 milhões de toneladas; e nas Filipinas, com 1,2 milhões de toneladas. Esses paísessão seguidos pela Indonésia e a Tailândia, com 1,0 e 0,7 milhões de toneladas, respectivamente.Ocupando a nona posição, encontramos um representante da América do Sul, o Chile, com umaprodução estimada em 630 mil toneladas. Os Estados Unidos representam o maior volume da produ-ção na América do Norte, com 460 mil toneladas. A Europa contribui com a produção proveniente,sobretudo da Espanha, da França e da Itália, com 312, 252 e 221 mil toneladas, respectivamente.A produção aqüícola brasileira, com 210 mil toneladas, encontra-se na 19ª posição.

2 1

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0021

Com políticas de desenvolvimento especialmente dirigidas ao setor, recentes investimentos naorganização da cadeia produtiva e abertura de linhas de crédito especiais por parte do governo federalpara investimentos em infra-estrutura e custeio, a aqüicultura nacional deu um salto significativonos últimos 10 anos, passando de 20,5 mil toneladas para 210 mil toneladas em 2001, segundodados da FAO (2003). Esse crescimento vem sendo da ordem de 22% ao ano. Isso será muitosignificativo, se fizermos um paralelo com as estatísticas pesqueiras extrativistas que apresentaramuma redução de 11% no período de 1990 a 2001, quando a produção pesqueira sofreu uma quedade 781 mil toneladas (1990) para 770 mil toneladas (2001).

De acordo com dados do Ibama (apud BORGHETTI, 2003), os maiores produtores são os Estados doRio Grande do Sul, com aproximadamente 34 mil toneladas; Santa Catarina, com aproximadamente32 mil toneladas; Paraná e São Paulo, que produziram 24 e 20 mil toneladas por ano, respectiva-mente. Ainda entre os dez maiores Estados aqüicultores encontram-se: Bahia, Mato Grosso, MinasGerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e Ceará. Segundo dados do governo do Espírito Santo(2003), o Estado apresentava uma produção da ordem de quatro mil toneladas. De acordo com odiagnóstico das cadeias aqüícolas, realizado pelo SEBRAE/ES em 2004, a produção aqüícola semostrou menor, apresentando números da ordem de duas mil toneladas. O SEBRAE/ES realizou diag-nóstico nas propriedades de todos os municípios capixabas e contabilizou apenas aquelas que pra-ticavam a aqüicultura de maneira comercial.

2 2 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0022

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0023

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0024

POLÍTICAS EPROGRAMAS PARAA AQÜICULTURABRASILEIRA NOSÚLTIMOS ANOS

3

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0025

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0026

A partir do levantamento e do reconhecimento do poder público sobre a importância da ativi-dade econômica aqüícola, diversas têm sido as políticas e as tentativas de implementaçãode programas, objetivando o seu desenvolvimento e compreendendo todos os seus “ramos”.

Aqui, vamos apresentar aquelas que, sob a nossa ótica, tiveram maior impacto sobre o setor e asque melhores resultados proporcionaram, de uma maneira geral, à cadeia produtiva da aqüicultura.Em nossa concepção, não é possível falar em políticas e programas se não realizarmos uma análisebem ampla do processo de introdução da aqüicultura enquanto atividade artesanal de subsistênciae, mais recentemente, como atividade econômica. Também não é possível falar em aqüicultura semvoltarmos à história dos fatos que foram imperativos e diretamente associados ao desenvolvimentoe ao “tempo” dessa cultura no Brasil.

Não se pode falar em políticas, tampouco em programas, se não resgatarmos a história da assistênciatécnica e do fomento à atividade de aqüicultura no Brasil e se não realizarmos uma análise profundadessa assistência sobre o desenvolvimento da atividade em nosso País. A história da assistência téc-nica pública, oficial e de abrangência nacional começou no Estado de Minas Gerais, com a criação daAssociação de Crédito e Assistência Rural (ACAR), em 1948. Por intermédio da Lei nº 6.704, de 28de novembro de 1975, e do Decreto nº 17.836, de 08 de abril 1976, a ACAR foi transformada emEmpresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), vinculan-do-se à Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento, dando, portanto, prosseguimento aoserviço de extensão rural desenvolvido pela ACAR. Em função dessa transformação a partir do modelomineiro, o Sistema Emater, por meio de seus milhares de escritórios distribuídos pelo interior do País,tornou-se por muitos anos a principal e, muito provavelmente, a única forma de se ter acesso às infor-mações e às orientações técnicas na área agrícola, incluindo, nesta, as atividades de aqüicultura.

Os objetivos institucionais do Sistema eram os de colaborar com outros órgãos de governo na for-mulação e execução das políticas de assistência técnica e extensão rural, planejamento, coordena-ção e execução de programas de extensão rural, visando à definição de conhecimentos de naturezatécnica e socioeconômica para o aumento da produção e produtividade agrícolas e à melhoria dascondições de vida no meio rural.

A piscicultura de água doce inserida no processo de apoio às atividades do campo foi difundidaprincipalmente pelos escritórios da Emater vinculados aos governos estaduais e pela Superintendên-cia de Desenvolvimento da Pesca (Sudepe) vinculada ao Governo Federal. Os programas de apoiose faziam tanto na atividade de assistência técnica aos produtores rurais – piscicultores – quantono fornecimento de alevinos, por meio dos muitos laboratórios de alevinagem construídos em quasetodos os Estados brasileiros. A piscicultura, apesar de estar difundida e presente nas propriedades,sobretudo nas pequenas, não era considerada uma atividade comercial e todo o enfoque era confe-rido, quase sempre, a uma atividade de subsistência, ou seja, voltada à alimentação e àcomplementação de renda dos pequenos produtores, contribuindo para sua permanência no campo.

2 7

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0027

Com uma história recente, pouco mais de vinte anos, a piscicultura comercial, juntamente com outrasatividades, como a carcinicultura e a ranicultura, cresceu motivada pelos programas governamen-tais, pelas pesquisas científicas e tecnológicas e pela necessidade de se diversificar a economiaregional, sendo, ainda, fortemente influenciada pelas estatísticas da produção pesqueira extrativistaque não sinalizavam para um cenário promissor. Médios e grandes empreendimentos aqüícolasnacionais, acompanhando uma tendência mundial de crescimento e modernização, despontaram comonegócios altamente lucrativos e, juntamente com as universidades e outros órgãos, empresas eautarquias federais – por exemplo, o Centro de Pesquisa de Recursos Pesqueiros Continentais (Cepta)–, deram um salto tecnológico e melhoraram a produtividade e a qualidade do pescado produzidoem cativeiro. Novos produtos tecnológicos e técnicas modernas de produção foram implementadose aos poucos absorvidos pelos pequenos produtores. A legislação ambiental tornou-se mais rigo-rosa e o movimento pela sustentabilidade ambiental chegou às propriedades aqüícolas, cobrandotécnicas que causassem menos impactos e eliminando antigas práticas, tais como, os cultivos depeixes consorciados com suínos e marrecos.

A piscicultura cresceu e se estabeleceu comercialmente nas pequenas, médias e grandes pro-priedades rurais, justificando negócios, tais como, compra de terras com potencial hídrico,importação de equipamentos, instalação de novas fábricas de ração, importação de animaisgeneticamente melhorados, intercâmbios técnicos e científicos, enfim, dando sinais do estabe-lecimento de uma indústria promissora no País. No entanto, parecendo não estar sintonizadacom esses avanços e, por vezes, na contramão de todo esse processo e no momento maisestratégico da atividade, a assistência técnica pública perdeu orçamento e prioridade, gerandoinsatisfação e desmotivação entre os produtores e técnicos. Em conseqüência disso, ocorreramdemissões e perdas de técnicos que buscaram, na iniciativa privada e em outros órgãos, opor-tunidades de trabalho dentro de suas especialidades.

Ainda, como conseqüência do enxugamento ocorrido na maioria dos escritórios extensionistas,aos que permaneceram, restou-lhes a difícil tarefa de prestar assistência às demais atividades dapropriedade, tais como, o cultivo do café, do coco, do milho, da banana, da pimenta, do maracujádo camarão etc.

Essa situação, que vem se agravando até os tempos atuais, tornou-se ainda mais crítica com a falta derecursos para treinamentos, capacitação técnica, publicações, dias de campo, incentivo à pós-graduaçãoe outras atividades. Com as demissões, na maioria dos Estados brasileiros se estabeleceu uma grandelacuna que passou a ser gradativamente ocupada pela iniciativa privada. Esta vislumbrava um mercadode serviços técnicos especializados em expansão. A assistência privada caracteriza-se então, por umlado, como uma alternativa importante de mercado de trabalho para milhares de jovens recém-formados,muitos com pós-graduação e, por outro lado, como o início de um processo de mudança de comportamentona relação de trabalho entre o assistente (consultor) e o assistido (produtor-empresário). Milhares debiólogos, zootecnistas, agrônomos, entre outros profissionais, com o conhecimento e a vontade deexercê-los se organizaram (e ainda o fazem) por meio de pequenas empresas prestadoras de serviços,cooperativas de trabalho ou mesmo como consultores autônomos. Esses técnicos praticam umaassistência diferenciada, calcada em resultados, pois a continuidade da prestação de seus serviçose o seu futuro profissional dependem disso. Tais fatos contribuíram e ainda contribuem sobremaneira

2 8 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0028

para a profissionalização do setor e para uma mudança real de comportamento no tocante à ativi-dade, agora, não mais de subsistência, mas de sustentação econômica e de geração de renda parao produtor, tornando a propriedade mais forte e mais competitiva.

Em alguns Estados brasileiros, a parceria de empresas de consultoria técnica e de consultores autô-nomos com entidades de fomento e de apoio tecnológico possibilita a assistência especializada aosprodutores, fortalecendo os elos da cadeia produtiva e os seus arranjos. Como entidades que sedestacam nesse papel, podem ser citadas o Sebrae e a Finep. Essas formas de apoio, que pedem acontrapartida do produtor, atribuindo a ele a co-responsabilidade na produção de resultados, contri-buem com o processo de transformação de uma cultura de natureza mais assistencialista para umnovo momento em que tem prevalecido a relação comercial e mercadológica.

A partir da constatação da aqüicultura como negócio, da visão de sua cadeia produtiva e da neces-sidade de fortalecer cada elo dessa cadeia (e não apenas do apoio sobre o processo da produção ouengorda em si), foram apresentadas pelo Governo Federal diversas propostas no sentido de estalecero setor. Uma dessas propostas e, na época de grande impacto, foi a criação do Programa de PólosAqüícolas em todo o País. Com a desvalorização cambial no início de 1999, a aqüicultura nacionalganhou forças com o seu elenco de produtos, objetivando a exportação. O Programa pautou-se pelaexportação e pela busca do equilíbrio da balança comercial brasileira de pescados, na época tãodesfavorável, que viabilizou a importação de milhares de toneladas de merluza do Uruguai e daArgentina. Sustentado na proposta das commodities brasileiras de pescados (tilápia, mexilhões ecamarões marinhos, por exemplo), esse Programa buscava a organização da produção a partir dacriação das câmaras setoriais de aqüicultura, que deveriam funcionar com a representatividade dosetor produtivo e com expresso apoio do Governo Federal. Sem dúvida, essa iniciativa foi bem con-cebida pelo extinto Departamento de Pesca e Aqüicultura (DPA) vinculado ao Ministério da Agricul-tura e Abastecimento do Governo Fernando Henrique Cardoso e bem aceita metodologicamente, emtodas as regiões e Estados onde foi implantada, mas não conseguiu se sustentar. Faltavam-lhe infra-estrutura e orçamento que assegurassem os primeiros anos da aqüicultura.

Pela primeira vez, no segundo governo do presidente Fernando Henrique, o setor foi agraciado comuma linha de crédito inédita, que possibilitava aos aqüicultores a obtenção de financiamentos a umataxa de juros de 8,75% ao ano. Essa taxa jamais foi praticada por governo algum no Brasil. Essefato inseriu definitivamente o setor aqüícola entre as atividades merecedoras de políticas de incen-tivos e de atenção ao lado de outras atividades do agronegócio, como fruticultura, madeira, gadode corte e de leite e avicultura, por exemplo.

Outro incentivo implementado pelo Governo Federal, também de extrema importância dentro deuma política voltada especialmente para a pequena propriedade rural, foi o Programa Nacional deFortalecimento da Agricultura Familiar, conhecido como Pronaf. Por intermédio desse Programa, ospequenos agricultores brasileiros passaram a receber apoio que vinha na forma de financiamento,subsídios à produção e comercialização, horas-máquinas direcionadas para melhoria das vias deescoamento da safra, infra-estrutura de armazenagem e outras atividades. Tal como as demaisatividades, a aqüícola foi favorecida por esse Programa, ainda que muitos pontos necessitassem decorreção, o que vem acontecendo até os dias atuais.

Políticas e programas para a aqüicultura brasileira nos últimos anos 2 9

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0029

Para a atividade de aqüicultura, enquanto um negócio, essa iniciativa do governo não produziu bonsresultados em muitos municípios que adotaram a política do “fazer muito com pouco”. Com essapolítica, as horas-máquinas foram divididas entre muitos pequenos produtores, no intuito de multi-plicar, à revelia da técnica, o número de “pesqueiros”, como são chamados os viveiros de engordade peixes e camarões em muitas regiões. Essa realidade capixaba, mas que seguramente representaa brasileira, produziu milhares de “buracos” improdutivos com áreas que não superavam 20m2.

A divulgação da aqüicultura como atividade econômica, a execução de outros programas públicose privados aspirando ao desenvolvimento do setor, e o fim gradativo do conceito de pisciculturacomo atividade de subsistência, ou seja, voltada para a alimentação do pequeno agricultor, deflagrouuma mudança seqüencial e sólida desse agronegócio e, por conseguinte, um processo de recuperaçãodas áreas já iniciadas pelo Pronaf, que passaram a ser trabalhadas e estruturadas tecnicamente demaneira a visar ao lucro. Começaram a surgir os parques de cultivo dotados de infra-estrutura deabastecimento e drenagem, designers apropriados, filtros contra predadores, petrechos de pesca,além de pequenos laboratórios de alevinagem, de pesque-pague e comércio de peixes no mesmolocal de produção: a propriedade.

3 0 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0030

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0031

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0032

A CRIAÇÃO DA SEAP– UM IMPORTANTEPASSO PARA AAQÜICULTURANACIONAL

4

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0033

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0034

O governo federal, por meio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reconhecendo a impor-tância dos setores aqüícola e pesqueiro para a economia nacional e para a melhoria da qua-lidade de vida de pequenos agricultores e pescadores brasileiros, criou a Secretaria Especial

de Aqüicultura e Pesca (Seap), resgatando a dívida do País com o setor pesqueiro brasileiro, queviveu os últimos anos relegado aos escalões inferiores da política e da economia. Essa atividade éresponsável por mais de 800 mil postos de trabalho diretos e 2,5 milhões de empregos indiretos,proporcionando uma renda anual de 4 bilhões de reais, conforme dados da Secretaria em 2003.

Com a criação da Seap, foi lançado o Projeto Político, estabelecendo os conteúdos centrais quedeverão constituir um Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável, cabendo à SecretariaEspecial, ligada diretamente à Presidência da República, o papel de indutora, investindo na moder-nização da cadeia produtiva da aqüicultura e pesca e estimulando parcerias com os Estados emunicípios, tais como o associativismo e o cooperativismo.

De acordo com o Projeto Político da Seap, o setor passa a ser incentivado por políticas de desenvol-vimento sustentável que, segundo projeções modestas, podem elevar a produção brasileira depescados, nos próximos anos, de 985 mil toneladas (aqüicultura e extrativismo) para 1,45 milhãode toneladas por ano e criar mais de 150 mil empregos diretos e 400 mil indiretos, o que dobraráa renda gerada.

3 5

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0035

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0036

5 PROGRAMA SEBRAEAQÜICULTURA

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0037

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0038

A preocupação de tratar a aqüicultura como um negócio rentável, principalmente voltado aospequenos empreendedores nas zonas costeiras e rurais em todo o País, levou o Sebrae apropor o desenvolvimento de uma metodologia que pudesse ser implantada em Estados que

tivessem vocação para a aqüicultura, a partir de experiências bem-sucedidas, utilizando-se, comoparâmetro, do trabalho em cadeia produtiva. O Sebrae entende que a cadeia produtiva ordenada ecientificamente desenvolvida proporcionará um seguro e compensador retorno econômico, podendoainda criar empregos, renda complementar, explorando sustentavelmente o meio ambiente econtribuindo sobremaneira com a redução dos impactos causados pelo processo de extração preda-tória, comum em muitas regiões brasileiras.

O Sistema Sebrae buscou no Estado do Espírito Santo, que é de média tradição aqüícola, as expe-riências bem-sucedidas nas atividades de carcinicultura de água doce e mitilicultura (criação demexilhões ou sururus), a fim de que essas fossem empregadas como piloto para a elaboração daMetodologia do Programa Sebrae Aqüicultura (SEBRAE/ES, 2001). A organização da metodologiacontou com os consultores do Centro de Tecnologia em Aqüicultura e Meio Ambiente (CTA) –empresa privada pioneira no desenvolvimento de transferência de tecnologia para aqüicultura noEspírito Santo – e com a participação de consultores do Sebrae de cada uma destas unidadesfederativas do Brasil: ES, BA, PE, RN, RJ e SC.

O Programa Sebrae Aqüicultura visa, entre outros propósitos, ao desenvolvimento de ações técni-cas, econômicas e sociais, objetivando também a elevação de renda dos diversos segmentos envol-vidos na cadeia aqüícola (SEBRAE, 2001). A metodologia preconizada pelo programa baseia-se naanálise dos segmentos das cadeias produtivas, entendidas como uma seqüência de operaçõesinterdependentes que têm por objetivo produzir e distribuir um produto. Esses empreendimentosconsistem, nesse caso, em operações que envolvem os segmentos de produção, beneficiamento ecomercialização dos produtos originários dos cultivos aqüícolas.

3 9

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0039

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0040

6 CONSUMO MUNDIALDE PESCADOS

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0041

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0042

O s principais mercados consumidores de pescados encontram-se distribuídos indistintamenteentre aqueles que pescam – Japão, Coréia, Taiwan (Ásia); Noruega, Islândia, Espanha ePortugal (Europa); Chile, Peru e Brasil (América do Sul); Estados Unidos e Canadá (América

do Norte); Nova Zelândia e Austrália (Oceania) – e aqueles que mais produzem em cativeiro taiscomo China, Índia, Japão, Indonésia, Tailândia e Chile. No entanto, se analisarmos o consumo percapta de pescado (Quadro 1), vamos encontrar muitos países pequenos, pobres ou em vias de desen-volvimento que dependem essencialmente dessa fonte alimentar proveniente do extrativismo e mantêmuma tradição culinária que muitas vezes sustenta o próprio turismo gastronômico, o que justifica oenorme consumo per capta, a exemplo de Maldivas, Grécia, Guiana, Aruba, Bermudas, Seichelas,Santa Helena e Gabão; estes três últimos, pertencentes ao continente africano.

Ásia Europa América do Sul

Locais Kg/hab/ano Locais Kg/hab/ano Locais Kg/hab/ano

1º Maldivas 203,3 1º Islândia 90,2 1º Guiana 59,62º Japão 65,2 2º Ilhas Faroé 86,5 2º Guiana

Francesa 50,23º Malásia 57,7 3º Portugal 60,1 3º Suriname 22,84º Hong Kong 54,6 4º Noruega 51,9 4º Chile 20,65º Coréia 47,7 5º Espanha 44,0 5º Peru 20,313º China 24,4 13º Itália 22,9 10º Brasil 6,5

América doNorte e Central Áfr ica Oceania

Locais Kg/hab/ano Locais Kg/hab/ano Locais Kg/hab/ano

1º Groelândia 84,3 1º Seichelas 62,7 1º Kiribati 75,12º São Pedro 2º Santa 2º Ilhasde Macoris 64,2 Helena 55,4 Salomão 52,53º Aruba 44,1 3º Gabão 47,7 3º Ilhas Cook 52,24º Antígua e 4º Senegal 32,0 4º Samoa 50,8Barbuda 40,55º Bermudas 36,6 5º Gana 28,2 5º Polinésia

Francesa 46,913º Estados 13º Costa do 11º Austrália 40,7Unidos 21,2 Marfim 14,2

Quadro 1 – Consumo per capta anual médio, no período de 1997 a 1999, segundo seuscontinentes.Fonte: FAO (apud BORGHETTI, 2003).

4 3

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0043

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0044

7 CARACTERIZAÇÃODOS SISTEMAS DEPRODUÇÃOAQÜÍCOLA

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0045

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0046

T anto quanto definir aqüicultura, caracterizá-la em seus aspectos técnicos e siste-ma de trabalho se faz necessário. Assim, consideramos que existem diversos sistemas de cul-tivos adotados que podem ser caracterizados segundo a área, produtividade e manejo de pro-

dução empregado. Para melhor compreendê-los, distinguiremos os quatro principais, levando-se emconsideração a piscicultura e a carcinicultura, por exemplo, uma vez que, para atividades demalacoculura e ranicultura, as condições de cultivo impõem outras tecnologias que não as empre-gadas nas criações de peixes e camarões. Então, temos: sistema de cultivo extensivo; semi-inten-sivo, intensivo e o superintensivo.

O primeiro caracteriza-se por ser realizado em grandes áreas, com aproveitamento de açudes oulagoas, pela baixa densidade de estocagem (em geral até 2 ou 3 filhotes por metro quadrado),pela inexistência ou redução de oferta alimentar, pela falta da prática de biometria (acompanha-mento de crescimento dos animais) e pelo baixo resultado de produtividade média (menor que1000kg por hectare ao ano para camarões e 3000kg por hectare ao ano para peixes); o segundosistema de cultivo (semi-intensivo) é caracterizado pela construção de viveiros escavados, peladensidade de estocagem média, variando de acordo com a espécie de 3 a 10 animais por metroquadrado, pela oferta de rações e pela prática da biometria com acompanhamento mensal ou pelomenos algumas medições ao longo do cultivo.

A produtividade é considerada razoável o suficiente para que seja economicamente viável (entre1.500kg e 2.500kg por hectare ao ano para camarões e, para peixes, entre 5000kg e 15000kgpor hectare ao ano). Esse sistema é praticado na maioria das propriedades brasileiras, incluindoas capixabas, por sua facilidade operacional. A terceira modalidade de sistema de cultivo, ointensivo, é caracterizada por ocupar pequenas áreas de cultivo (viveiros menores, de até2000m2). Há necessidade de rações de reconhecida qualidade nutricional aplicada à espécieem cultivo que são ministradas em diversas refeições ao dia; de biometria quinzenal ou, nomínimo, mensal; de análises freqüentes da qualidade de água; e de aeração suplementar. Comesses cuidados, obtém-se como resultado uma produtividade elevada, podendo alcançar 4 ou 5toneladas por hectare ao ano, para camarões, e até 30 toneladas de peixe por hectare ao ano.Por fim, temos os cultivos altamente adensados, praticados basicamente na piscicultura emgaiolas ou “tanques-redes”, tanques de concreto e fibra que proporcionam produtividadeelevadíssima e podem chegar a 250kg/m3 de água. Esse sistema exige elevado controle dascondições de cultivo e alta freqüência alimentar. Os riscos do negócio são proporcionais à produ-tividade pretendida, ou seja, são maiores nos sistemas mais intensivos, no entanto, eles propor-cionam maior lucratividade ao aqüicultor.

Embora as definições se voltem para as questões relacionadas ao processo produtivo (larviculturae engorda), é muito importante observar todo o processo que se inicia no fornecimento de insumos

4 7

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0047

4 8 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

(alevinos, pós-larvas, rações) e se conclui no processo de distribuição e comercialização dopescado, com uma visão sistêmica que considere elementos da produção e serviços, fortale-cendo a proposta de cadeia produtiva. De acordo com a Metodologia do Programa SebraeAqüicultura (SEBRAE/ES, 2001), a orientação será sistêmica, à medida que as atividades deprodução, processamento e distribuição de alimentos forem compreendidas como segmentosinter-relacionados.

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0048

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0049

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0050

8 OS IMPACTOS DAAQÜICULTURASOBRE O TURISMO

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0151

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0152

A s atividades aqüícolas, considerando-se suas formas de criação e tecnologias nelas emprega-das, geralmente despertam o interesse e a atenção de um grande contingente de pessoas que,em geral, só as conhecem por meio dos veículos de comunicação de massa (televisão e

jornais) e revistas especializadas. O contato mais próximo que essas pessoas têm com esses nobresseres aquáticos só ocorre em restaurantes, supermercados ou peixarias, diga-se de passagem,de uma forma um tanto discreta, se analisarmos que os números do consumo de pescados noBrasil hoje são inferiores a 7kg por habitante ao ano. Expressão muito pequena, se comparadacom a de países como Japão, Portugal e Chile, que consomem 65,2kg, 60,1kg e 20,6kg depescado por habitante ao ano, respectivamente.

É muito natural que a criação de seres aquáticos, seja no mar, seja em terra (zona rural), des-perte o interesse das pessoas (crianças, jovens e adultos) tanto quanto o fazem outras criaçõesde animais domésticos, tais como: o gado, as aves, uma criação de coelhos e, porque não, umminhocário ou uma criação de scargots. O fato é que, desde criança, somos estimulados edespertados a interagir com os animais, muitas vezes, mantendo nossa própria criação em casa(cães, gatos, um aquário, um viveiro de pássaros etc.). Não diferente é a nossa curiosidade devisitar um zoológico, uma “fazendinha”. Quase sempre, temos como principal atração para umpasseio no campo a oportunidade de conhecer, tocar a “criação” e interagir com ela.

A exploração comercial da aqüicultura pelo turismo não pode ser considerada uma novidade, selevarmos em conta que há décadas, em muitos países da Europa e da América do Norte, prin-cipalmente, projetos aqüícolas de piscicultura marinha, a exemplo das criações de salmões,linguados, pargos e das fazendas marinhas para criação de ostras do Pacífico, mexilhões ecoquilhas de Saint Jacques, têm estimulado a curiosidade de visitantes e turistas de todo omundo. As visitas a esses locais incluem passeios nas áreas de larviculturas, de engordas, defrigoríficos e quase sempre terminam com degustações e refeições nos tradicionais restaurantessituados nas circunvizinhanças onde se encontram implantados os projetos.

A tomada dessas oportunidades com objetivo de estimular e transformar a criação de aquáticosnum atrativo para visitantes, agregando mais produtos e serviços, desencadeou uma nova moda-lidade de turismo aqui introduzida como “aqüiturismo”: uma novidade vocabular que poderia seoriginar da expressão “turismo aqüícola”, ou seja, turismo que ocorre nas aqüiculturas ou gran-jas aqüícolas em todo o mundo.

Existem diversas modalidades de turismo que atendem diferentes perfis de turistas. Estes, porsua vez, demandam serviços cada vez mais profissionalizados, específicos e no tamanho desuas expectativas. Assim, podemos enumerar os seguintes turismos: de negócio, ecológico ouecoturismo; cultural; rural, também chamado de agroturismo; científico; gastronômico etc.

5 3

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0153

A aqüicultura, por suas características técnicas (já abordadas anteriormente) e locacionais (campoe litoral), pela curiosidade que desperta e por suas inter-relações com o meio ambiente, porexemplo, torna-se, sem dúvida, uma atividade de enorme potencial exploratório para a maioriadas modalidades de turismo.

No próximo tópico, abordaremos algumas dessas modalidades turísticas, apresentando exemplosbem-sucedidos de empreendimentos, projetos comunitários e políticas públicas voltadas para apotencialização do turismo local e regional a partir de atividades aqüícolas.

5 4 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0154

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0155

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0156

9 UM TOUR PELASAQÜICULTURAS DAEUROPA E AMÉRICADO NORTE E DO SUL

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0157

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0158

O que há em comum entre realizar um tour pela América do Norte e pela Europa, quando oassunto é turismo aqüícola? Primeiramente, é importante entender um pouco da evolução daaqüicultura nesses continentes. Assim, vamos encontrar histórias e políticas governamentais

semelhantes, quando nos referirmos ao processo de implantação e desenvolvimento dos empreen-dimentos aqüícolas nos países pertencentes a esses dois continentes; vamos compreender que odesenvolvimento da aqüicultura deveu-se, em parte, à tradição gastronômica do pescado e queos investimentos na produção de peixes e mariscos em cativeiro ocorreram de maneira intensiva,na medida em que se constatou a impossibilidade de manter o crescimento da produção pesqueirapor meio do extrativismo, fato decorrente da quebra da sustentabilidade ecológica das popula-ções de pescados ao redor do mundo. Os sinais de alerta dessa quebra foram mostrados em con-venções mundiais sobre o meio ambiente, tais como, a de Estocolmo 72 (1ª Conferência sobreMeio Ambiente Humano), cujo Relatório propunha crescimento zero, o que culminou com o fra-casso da Conferência; a publicação do documento Nosso futuro comum (Relatório de Bruntland)em 1987, com a introdução do conceito de desenvolvimento sustentável e, mais recentemente,a ECO 92, conhecida mundialmente como Rio 92. Essas conferências associadas aos excelentesresultados de pesquisas e produção que vinham de países da Ásia, principalmente do Japão, estimu-laram sobretudo os países desenvolvidos a investir em aqüicultura como único meio de continuarema suprir a demanda de pescado.

A análise evolutiva do processo de introdução e expansão da atividade aqüícola em países comoEstados Unidos, Espanha, Noruega, Holanda e Itália, por exemplo, mostrava nitidamente umapreocupação dos governos quanto ao não-desabastecimento de pescado do mercado interno, prin-cipalmente daqueles países com tradição de consumo. Somava-se a isso a iniciativa privada quevislumbrava na produção e industrialização de pescado um nicho de mercado altamente lucrativo,haja vista as dificuldades no tocante ao processo de importação de pescados de outros países,principalmente da Ásia e América do Sul. As maiores dificuldades com que os países importadoresesbarraram, e ainda os enfrentam com muita freqüência, eram a falta de qualidade e a inconstânciado fornecimento de pescado.

Considerando os investimentos em tecnologias de produção, pesquisa científica voltada à domesticaçãoe melhoramento genético de espécies aquáticas, reprodução artificial, manejo de engorda, treinamentoe qualificação de pessoal técnico e operacional, diversas regiões com atividades aqüícolas passarama despertar interesses de técnicos, pesquisadores, comerciantes, investidores e curiosos. Esses inte-ressados no assunto criaram uma cultura de visitações, exigindo das empresas, universidades e cen-tros de pesquisa, condições especiais para receber turistas que, muitas vezes, representavam oportu-nidade de negócios, de divulgação e até mesmo de fortalecimento dessa atividade junto aos governosque em contrapartida estimulavam a atividade com políticas públicas voltadas para o desenvolvimento,a pesquisa, os incentivos fiscais, e para outras oportunidades do setor.

5 9

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0159

A Europa e a América do Norte não são, definitivamente, berços da aqüicultura mundial, mas foinesses continentes que, seguramente, a aqüicultura se desenvolveu tecnologicamente, constituin-do-se em grandes parques experimentais de produção e mercado.

Os processos de tornar-se tradicional e de divulgar a aqüicultura na América do Norte e Europamultiplicaram os interesses comerciais e científicos, possibilitando a expansão de suas atividadespara outras regiões. Esses processos ultrapassaram fronteiras, disseminando os cultivos de organismosaquáticos tecnologicamente sustentados para outros continentes; alcançou alguns países asiáticoscomo Japão, Taiwan e China e, mais recentemente, o Chile (América do Sul), mas mantendo umaimportante referência acadêmica e industrial nessas novas terras.

As granjas aqüícolas na Europa recebem milhares de turistas provenientes principalmente dos paí-ses onde a atividade de aqüicultura ainda está incipiente ou em fase de expansão, como no caso doBrasil.

As principais regiões aqüícolas na Europa:a) Espanha – Região da Galícia, mais especificamente nas rias de Vigo e Arousa encontram-se

instaladas aproximadamente duas mil balsas de cultivos de mexilhões que tornam a Espanhauma das maiores produtoras mundiais de moluscos, com uma contribuição anual da ordemde 240 mil toneladas por ano. A ria de Arousa, de acordo com o site Viaje (2005), é amaior do País. Em suas tranqüilas águas, encontra-se o maior viveiro de mariscos que sepode imaginar: um paraíso oculto, um mundo submarino fascinante. Nesse site, ainda é pos-sível encontrar informações sobre visitas aos cultivos de outras espécies. Ali se conclui que:“[...] en largas piscinas se exponen especies que engordan en cautividad y casi se puedenacariciar: doradas, rodaballos o esturiones, que nadan al aire libre a la altura de la mano”;

b) Holanda – Geograficamente pequena, mas com uma característica muito interessante, aHolanda é uma das principais responsáveis pelo abastecimento, na Europa, de mariscos,principalmente mexilhões e ostras. O processo de cultivo é muito interessante e, se nãofor o único, é seguramente peculiar: caracteriza-se pela extração das formas jovens (se-mentes) do litoral Norte e transporte até a região de Oosterschelde, no Sul, onde sãolançadas toneladas dessas sementes para o que, tecnicamente, denominamos de cultivode fundo. Os mexilhões crescem no fundo por um período de dois anos até serem dragadose transportados para as unidades depuradoras. A produção de mexilhões e ostras ocorreprincipalmente no Sul, na Província de Zeeland. Nesse local, tivemos a oportunidade deconhecer a pequena cidade de Yerseke, com apenas 6.000 habitantes. Yerseke é umacidade portuária localizada na região costeira de Oosterschelde, um dos maiores braçosde estuário de river Schelde. O que nos chamou a atenção ali foi a denominação de Yersekecomo cidade do mexilhão e das ostras, o que por si já a torna um atrativo turístico noPaís. A cidade tem um de seus portos dedicados ao mosselkotters ou barcos especialmenteutilizados para a colheita do mexilhão. Yerseke tem a única sala de leilões para o comérciode mexilhões na Europa e um museu dedicado à história do mexilhão, das ostras e deoutros pescados de concha em Zeeland. Quem visita Yerseke, tem a oportunidade dedegustar mariscos de cultivos num tour gastronômico pelas dezenas de restaurantesespecialmente instalados e dedicados aos visitantes;

6 0 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0160

c) França – “[...] praias douradas rodeadas por florestas de pinhos enfeitam a costa atlântica daFrança. Essa gloriosa linha costeira estende-se até o estuário de Gironde e Médoc Vineyards.Você encontrará mesas de ostras e fazendas de mexilhões [...]” (FRANCEGUIDE, 2005). Essesite divulga o turismo pelo Sul da França, em locais famosos como Cognac, La Rochelle e Bordeaux.Atividades de maricultura podem ser encontradas em quase todo o litoral Sul da França. Deacordo com Globefish (2004), um importante setor da indústria de pescado na França é aaqüicultura. Mais de 15.000 pessoas (uma das maiores proporções da Europa) ganham a vidanesse setor. As ostras constituem o maior volume de mariscos produzidos e 61% da receita,oriunda da aqüicultura, representam aproximadamente 90% de toda a ostra produzida na Europa,algo em torno de 134 mil toneladas. Devido ao enorme avanço da ostreicultura francesa, o Paísrecebe milhares de visitantes não apenas para um tour gastronômico pelas milhares de fazendasmarinhas instaladas no País, mas também para o turismo de negócio e de convenções. Umaindicação da importância dada à aqüicultura francesa é a presença de um enorme número deinstituições de pesquisa e projetos envolvidos com o desenvolvimento de novas tecnologias deprodução, melhorias dos processos de manejo etc. Várias são as estratégias praticadas pelosfranceses no intuito de instaurar tradição na região e tornar a produção de pescados um atrativopara turistas de outros países e visitantes de outras regiões da França. Um artigo publicado naEurofish Magazine (2002) ressalta que, como em muitos outros países, o final de ano é o pico daestação para o comércio de pescados e as ostras são particularmente populares neste período –“Natal sem ostras corresponderia ao Natal sem a árvore de Natal”. Esse é um dos slogans adotadospor produtores e comerciantes por ocasião dessa estação, quando é possível encontrar ostrasoferecidas em diversos tamanhos e tipos;

d) Noruega e Irlanda – A Noruega é conhecida como o explendoroso País dos Fiordes, do petró-leo, mas também é mundialmente conhecida pelas criações high tech de salmões. Navegandopelo site Norwayonline, teremos a oportunidade de conhecer o que há de mais interessante naárea de aqüicultura e pesca. No estudo A Blue Revolution ([20--]), temos a seguinte expres-são: “[...] se o desenvolvimento convencional da pesca (não contabilizando o número de pes-cadores) tem estado calmo, a onda da aqüicultura tem sido espetacular”. Com essa expressão,a Noruega reafirma sua tradição e vocação para as grandes produções de peixes em cativeiro,sendo que os produtos provenientes da aqüicultura são responsáveis, em termos de valor, por40% de todo o pescado exportado por esse País. A aqüicultura, importante como atividadegeradora de empregos na costa, está representada principalmente pelas criações de salmõese trutas, mas também produzem halibut, catfish, mexilhões e ostras, por exemplo. Por ser umareferência mundial em produção de salmões e trutas, a Noruega exporta o pescado (segundoproduto de exportação após o petróleo), tecnologia de produção e conhecimento científico.Em Ambiente costeiro e marinho (2005), encontra-se a seguinte expressão:

[...] a zona e os recursos da costa continuam a desempenhar um papel de relevo nospadrões de povoamento e emprego, bem como na economia nacional e regional [ecita:] entre as importantes atividades na zona costeira, incluem-se as pescas, aaqüicultura, os transportes marítimos, o turismo e a recreação.

É importante notar que entre as modalidades de turismo que interagem diretamente com aatividade de aqüicultura, destacam-se os seguintes: o de negócio, o científico e o de lazer.O turismo de negócio refere-se ao comércio de pescado, insumos, máquinas e equipamentos

Um tour pelas aqüiculturas da Europa e América do Norte e do Sul 6 1

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0161

para salmonicultura, por exemplo. Por intermédio do turismo científico, pesquisadores, téc-nicos e estudantes visitam o País em busca de conhecimento e troca de experiências. Já oturismo de lazer possibilita aos visitantes obter informações sobre os cultivos, enquantopasseiam de barco. Na Irlanda, a aqüicultura é considerada um fenômeno recente e vem setornando uma importante atividade econômica em muitas partes do País. As principais ati-vidades são as criações de salmão do Atlântico, ostras e mexilhões. Estudos realizadosapontaram uma aprovação, por parte das populações locais, dos cultivos que foram respon-sáveis pela geração de empregos. No site irlandês Geography in Action, encontra-se o pará-grafo intitulado Tourism and Aquaculture em que Richie Flynn, da Associação Irlandesa deProdutores de Salmões, diz que a “Aqüicultura incrementa o turismo”. Segundo esse texto,a piscicultura atualmente atrai visitantes para uma área em que visitas à fazendas de en-gorda são extremamente populares e os visitantes preferem ver a atividade e pessoas utili-zando os recursos naturais a ver apenas as baías “mortas”.

As principais regiões aqüícolas nas Américas são:a) América do Norte (Estados Unidos e Canadá) – A aqüicultura norte-americana destaca-se

pelo elevado grau de mecanização e tecnologias associadas à produção de larvas, engorda,industrialização do pescado e a uma forte propaganda. Os Estados Unidos e o Canadá cons-tituem-se em grandes mercados consumidores de pescados e são abastecidos, tanto pelapesca extrativista quanto por suas aqüiculturas high tech. No entanto, é fato que a produ-ção interna oriunda da pesca e da produção em cativeiro está longe de atender as suasdemandas internas, o que abre um fabuloso mercado internacional para produtos aqüícolasde todo o mundo. Entre os pescados produzidos em cativeiro e importados pelos EUA, porexemplo, merecem destaque o catfish (bagre americano), o salmão do Atlântico e as ostrasdo pacífico. Os investimentos nesses países em educação profissionalizante, pesquisas cien-tíficas e tecnológicas são muito altos, o que os torna referências mundiais em conjunto comalguns países da Europa, com o Japão e com Israel. Em busca de conhecimento técnico,intercâmbio científico e um mercado atraente, é natural que prevaleçam, nesses países, oturismo científico e o de negócio. Os congressos científicos se multiplicam a cada ano e têmno Estado de Alburn (EUA) um dos maiores centros de referência e formação em níveis degraduação e pós-graduação em aqüicultura do mundo; é também um dos primeiros em qua-lidade de água para aqüicultura. No Canadá, em visita à província de Vancouver, costa oeste,surpreendemo-nos com as atividades de ostreicultura, salmonicultura e o elevado grau detecnicidade dos aqüicultores desse País em centros formadores de profissionais, como asuniversidades de Nanaimo e Victoria. A University of Victoria, situada no extremo Sul daIlha de Vancouver, dista a algumas dezenas de quilômetros da cidade de Seatle (EUA), coma qual estabelece uma grande interação de ordem técnica e comercial. Seguramente, umdos atrativos da bela cidade de Victoria, além de suas diversas opções de entretenimento,museus, passeios de barcos e de hidroaviões é o seu turismo gastronômico, comandado peloscardápios variados de pratos à base de ostras e salmões do Atlântico. É muito importante salientarque duras regras de proteção ao Salmão do Pacífico fazem com que 90 % do salmão consumidonos Estados Unidos e Canadá pertençam à espécie Salmão do Atlântico e sejam provenientesdas salmoniculturas. O catfish ou bagre americano, espécie de água doce, já representa osegundo peixe mais consumido nos Estados Unidos, proveniente de sistemas de criação;

6 2 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0162

b) América do Sul:• Chile – Apresentando uma produção aqüícola organizada e bem instalada tecnicamente,

o Chile é o País-escola na América do Sul com uma intensa atividade aqüícolacaracterizada, principalmente, pela produção de salmões e ostras do Pacífico. Dispondode uma condição térmica favorável à criação dessas espécies e de uma política voltadapara a atração de investimentos internacionais, o Chile representou a nova fronteira nohemisfério Sul para a expansão dos negócios aqüícolas europeus, principalmenteprovenientes da Noruega, da Dinamarca, da Espanha e dos negócios agrícolas asiáticos,provenientes do Japão, de Taiwan e da Koreia. É importante ressaltar o acordo decooperação firmado entre os governos do Chile e do Japão por meio da Japan InternationalCooperation Agency (JAICA), que possibilitou intercâmbio técnico e científico, culmi-nando com o rápido desenvolvimento da ostreicultura e dos cultivos de algas no Chile,boa parte destas, destinada à exportação. Sendo o primeiro País na América do Sul ainvestir maciçamente na atividade de aqüicultura, e é importante destacar que essesinvestimentos ocorreram em infra-estrutura (laboratórios e plantas processadoras), pes-quisa científica e tecnológica, cooperativismo (vale ressaltar o importante trabalho doSercotec, semelhante ao Sistema Sebrae no Brasil), formação acadêmica, eventos (taiscomo: feiras e congressos), o Chile configurou-se como país-vitrine para a aqüicultura docontinente e, seguramente, o ancoradouro técnico-comercial para os investidores e impor-tadores da Europa e da América do Norte. Esse País sul-americano recebe em suas con-venções anuais milhares de turistas provenientes de todo o mundo. Um de seus eventosde grande repercussão ocorre na cidade de Puert Montt, ao Sul, região onde centenas deprojetos se encontram instalados. Mas as salmoniculturas e as malacoculturas (criaçãode moluscos) chilenas não atraem somente turistas de negócio ou científicos. Um pas-seio pela Ilha de Chiloé – distante aproximadamente 1000km da capital Santiago – decarro ou de barco pelas inúmeras baías, reentrâncias ou recortes da Ilha, permite conhe-cer inúmeras fazendas marinhas e degustar as mais diversas opções da culinária do pes-cado chileno nessa região que, sem dúvida alguma, é um cartão postal à parte. As visi-tas às aqüiculturas marinhas chilenas rendem sempre alguns dias a mais de permanênciado turista na região, mantendo aquecidas as temporadas nos hotéis e pousadas, locaçõesde veículos, passeios de barco, restaurantes e as vendas no comércio local;

• Brasil – Com um clima basicamente tropical, o que implica a existência de espéciesestranhas aos costumes culinários de europeus e asiáticos (japoneses), as coopera-ções internacionais voltadas para o desenvolvimento da aqüicultura brasileira somenteganharam força nas duas últimas décadas, principalmente no apoio às atividades depesquisas nas regiões Sul e Sudeste. O turismo aqüícola brasileiro sempre esteve muitoassociado às atividades de pesque-pague. Ainda que muitos autores discordem doenquadramento dessa atividade como aqüicultura, pois não se tem o propósito da engordacomercial, mas sim, da adoção do estado de mantença dos peixes em cativeiro ou lagosornamentais, é muito importante ressaltar que o pesque-pague encontra-se inserido nacadeia produtiva da aqüicultura por demandar peixes (adultos), rações, equipamentose tarefas destinadas à implantação e à operação desses serviços, o que já o caracte-riza como uma atividade que necessita ser planejada, trabalhada e inserida na políticade desenvolvimento da aqüicultura brasileira. O Brasil passou, na última década, por

Um tour pelas aqüiculturas da Europa e América do Norte e do Sul 6 3

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0163

uma explosão de empreendimentos voltados para a prática de pesque-pague, principal-mente nos Estados de São Paulo e Paraná. A força dessa ocupação estimulou o rápidocrescimento da cadeia do peixe. Com a implantação de novos laboratórios, novas raçõese de propriedades rurais em que se construíram áreas de cultivo e se adaptaram veícu-los para transporte de peixes vivos, os aqüicultores especializaram-se em fornecê-lospara as atividades de pesque-pague a preços (de compra para o peixe adulto) quasesempre muito superiores aos oferecidos pelas indústrias de filetamento. Essa modali-dade de turismo que se espalhou rapidamente por todo Brasil, inclusive pelo Estado doEspírito Santo, será abordada posteriormente. A aqüicultura brasileira vem crescendoa uma taxa anual superior a 20%, uma das maiores do mundo, e tem como manter poralgum tempo esse excepcional nível de crescimento, pois o Brasil é detentor de 12%de toda a água doce do mundo, tem uma zona costeira com mais de 8000km de exten-são, mão-de-obra disponível e a custos relativamente baixos, conhecimento técnico einfra-estrutura de frigorificação, laboratórios e fábricas de ração em pleno processode implantação em praticamente todas as regiões. Esse momento por que passa o Paístem reflexos diretos sobre o turismo de negócio e o científico, haja vista o enormevolume de eventos nacionais e até internacionais realizados aqui nesses últimos anos.O Brasil sediou, em 2003, na cidade de Salvador, o evento da Sociedade Mundial deAqüicultura (WAS – World Aquaculture Society), pela primeira vez realizado num paíslatino-americano, cujo público foi superior a 4.000 pessoas oriundas de todos os conti-nentes. Em 2004, a cidade de Vitória foi sede do I Simpósio Mercosul de Aqüicultura(Aqüimerco). Esse evento foi organizado pelo Centro de Tecnologia em Aqüicultura (CTA)e pela Sociedade Brasileira de Aqüicultura e Biologia Aquática (Aquabio), que se nota-bilizou por sua grandiosidade científica e por ser o primeiro especialmente voltado pararegião do Mercosul, ainda que muitos participantes fossem da América Latina. O Simpósioreuniu quase duas mil pessoas e contou ainda com a organização de uma rodada de negóciospromovida pelo Sebrae, cursos de culinária de produtos aqüícolas e outras atividades.Toda essa movimentação em torno do agronegócio da aqüicultura é compreensível, poisela vem acompanhada de uma nova consciência econômica e ambiental e que, sem dú-vida, passa pela necessidade de melhor gerirmos os nossos recursos pesqueiros, pelarecuperação de nossos mananciais hídricos e por sua exploração racional. Uma das pro-postas que tem avançado muito é a que preconiza o uso múltiplo dos reservatórios dascompanhias de hidroeletricidade no Brasil. Assim, tem-se proposto e estimulado a produ-ção de peixes em gaiolas ou tanques-redes nesses locais que, para muitos, são áreasaproveitáveis para fins turísticos. Além de passeios às cataratas do Iguaçu, turistas poderãoconhecer a produção de peixes em Iguaçu, no Paraná; ou em Paulo Afonso, na Bahia;Tucuruí, no Pará; na Cemig, em Minas Gerais e em muitos outros reservatórios das gran-des companhias energéticas existentes em todo o Brasil. Aqui, existem dezenas de exem-plos bem-sucedidos de que a aqüicultura tem estimulado o turismo de negócio, de lazer,científico, gastronômico, tais como:

• Mexilhões e ostras em Santa Catarina – Estado brasileiro que mais produz mariscos,Santa Catarina é a principal referência brasileira em maricultura. Por intermédio daUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Vale do Itajaí, e da Empresa dePesquisa Agropecuária (Epagri), o Estado mantém diversos convênios de cooperação

6 4 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0164

internacional com agências do governo do Canadá e da Espanha, o que possibilita arápida expansão da atividade. A capital de Santa Catarina, Florianópolis, destaca-sepor sediar o mais importante evento gastronômico no Brasil, agregado a uma ativida-de de cultivo de mariscos: a Fenaostra. O evento, associado a um seminário técnico,recebe, ao longo de uma semana, milhares de pessoas do Estado e de outras regiões.Essas pessoas têm a oportunidade de degustar dezenas de pratos à base de ostras econhecer a atividade a partir de visitas organizadas pelos promotores do evento epelos próprios maricultores. A Fenaostra acontece sempre no mês de novembro. Quemvisita Florianópolis, não retorna sem a experiência de degustar ostras ou mexilhõesem suas inúmeras praias: lagoa da Conceição, Costão do Santinho, Ingleses, Jurerê.Mais ao Norte, o balneário de Bombinhas se confunde com o paraíso das ostras e dosmexilhões, cuja referência, por causa dos passeios e do tour gastronômico, tem-setornado cada vez mais evidente;

• Trutas em Petrópolis, no Rio de Janeiro:

Caminhos do Brejal, a 45 minutos do centro, você encontrará um pequenoparaíso rural de clima ameno e belezas incomparáveis. Nesse cenário, seguindopadrões europeus para caminhadas ecológicas, o circuito eco-rural. Caminhosdo Brejal reúne variadas propriedades com atividades artesanais, por ondepassava o Presidente Getúlio Vargas em suas vindas à Fazenda do Cafundó.Aproveite para visitar os sítios e as fazendas locais, com uma produção variadade verduras orgânicas, ervas finas, cogumelo, leite, queijo, café, licores,cachaça, floricultura, criação de gado, de cavalos e de ovelhas, trutas,escargots e artesanato. No final da tarde, aprecie o pôr-do-sol mais bonito desua vida (PETRÓPOLIS, [200-]).

Petrópolis oferece muitas outras opções que sempre associam a atividade de truticultura(criação de trutas) a outros prazeres da montanha. Veja-se o que diz essa propagandade uma pousada:

Um recanto a 1100m de altitude, em meio a riachos e montanhas e ao verdeda Mata Atlântica totalmente preservada. Sentados à mesa, os felizesfreqüentadores de seu restaurante podem saborear especialidades regionais,inclusive as trutas retiradas do trutário na hora das refeições, que tambémpodem ser vistas nadando sob seus pés, através do piso de vidro do restau-rante. Encantador (TANKAMANA, grifo nosso).

• Tilápias em Paulo Afonso: a criação de tilápias, aproveitando a existência dos grandesreservatórios das companhias de hidroeletricidade, vem se expandindo rapidamente.No município de Paulo Afonso, Bahia, encontra-se instalado um dos maiores projetosimplantados pelo setor privado, que conta com mão-de-obra local, parcerias com ascomunidades de pescadores ribeirinhos e com o governo estadual. Paulo Afonso écidade com sol, vento, ecoturismo, eco-esportes, axé e muita energia que dura 365dias por ano. Essa cidade fica no sertão da Bahia, dista 470km de Salvador. Lá, Lampiãoe Maria Bonita fizeram história com os cangaceiros, mas isso foi há muito tempo...Hoje, Paulo Afonso gera energia para oito Estados do Nordeste, tem criação de aves-truz “[...] e possui um criadouro de tilápia que em poucos anos será o maior do mun-do [devido aos investimentos nessa área]” (ANDRADE, 2004).

Um tour pelas aqüiculturas da Europa e América do Norte e do Sul 6 5

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0165

• Baía de Ilha Grande, RJ, paraíso das coquilhas, dos mexilhões e das ostras: aquelesque visitam Angra dos Reis e Ilha Grande fascinam-se com suas belezas cênicas, overde das florestas de encosta e das matas que recobrem as ilhas, o mar azul propícioao mergulho, as belas mansões, pousadas e restaurantes que as tornam ambientesparadisíacos. Mas a Ilha chama a atenção dos turistas que a freqüentam por causa desuas fazendas marinhas, criando uma opção a mais de passeio e entretenimento, comuma culinária totalmente voltada para os frutos do mar. “A culinária da Ilha Grande ébasicamente composta de frutos do mar, com destaque para o peixe com bananas emexilhões, cultivados na Ilha” (RESTAURANTES ..., 2005). Sob o título Fazendas nofundo do mar, a revista Época traz uma matéria sobre os projetos ecológicos na baíade Ilha Grande:

Projetos ecológicos em Angra dos Reis exploram recursos marinhos sem cau-sar prejuízos ao meio ambiente. [E continua:] No Ano Internacional dos Ocea-nos, Angra dos Reis, município do litoral do Rio de Janeiro conhecido pelabeleza de suas ilhas, está mostrando como é possível extrair riquezas do fun-do do mar sem causar danos ao ambiente. A região está se tornando o prin-cipal pólo estadual de maricultura, atividade ligada à exploração ordenadados recursos oceânicos, graças às fazendas marinhas de criação de mexilhõese vieiras – aqueles moluscos de sabor inigualável conhecidos também comomariscos (VASCONCELOS, 1998).

• Espírito Santo, nossa terra, nosso turismo, nossa aqüicultura: atualmente, os segmentosda aqüicultura capixaba encontram-se em diversos estágios de desenvolvimento,dependendo, assim, das técnicas empregadas, da presença de assistência técnica qua-lificada, da disponibilidade de insumos (pós-larvas e ração), dos aspectos legais, dainfra-estrutura de produção, do beneficiamento, dos canais de distribuição etc. O Es-tado destaca-se no cenário aqüícola nacional pela aptidão multidisciplinar e pelo modelode organização e profissionalização das diversas cadeias produtivas da aqüicultura,devido à implementação de políticas e programas governamentais regionais ou esta-duais de desenvolvimento do setor. A atividade de aqüicultura comercial vem cres-cendo rapidamente, sobretudo nos últimos dez anos. Podem ser citados como bem-sucedidos, de abrangência estadual, os programas de aqüicultura desenvolvidos peloSEBRAE/ES, cuja metodologia de atuação nas cadeias aqüícolas tem servido comomodelo para outros Estados brasileiros. Esse quadro é favorecido pela privilegiadasituação geográfica do Estado, que permite a produção em nível comercial dos maisdiversos organismos aquáticos: de trutas a pintados, passando por tilápias, mexilhões,ostras, coquilhas, camarões e rãs. O Espírito Santo tem para mostrar ao Brasil diver-sas experiências plenas de êxito, no campo do turismo associado à aqüicultura, aindaque elas careçam de potencialização como nos casos das experiências apresentadasanteriormente no Brasil e no exterior, o que nos sugere a realização de um planeja-mento o mais breve possível sobre essa enorme oportunidade a ser explorada. Nossotour começa por Vitória, a bela capital do Estado, que tem na gastronomia sua prin-cipal referência nacional e internacional – a moqueca capixaba. “Vitória é mar, lazer,porto, natureza, ilha; é o centro e o símbolo da história, da cultura e da economia doEstado do Espírito Santo”. Com uma culinária ímpar, alimentada basicamente pelo

6 6 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0166

pescado oriundo da pesca extrativista, a adequação e a incorporação dos produtosda aqüicultura (sururus de cultivo, ostras, peixes e camarões de água doce) não fo-ram tarefas fáceis para o reconhecimento de alguns produtos, principalmente os deágua doce. O turismo gastronômico é um dos pontos de atração para quem visita ailha de Vitória, seus inúmeros restaurantes, pousadas e hotéis. Associado a essamodalidade de turismo encontra-se o turismo de negócios que tem importante influ-ência na economia da cidade por causa dos inúmeros eventos que aqui acontecemanualmente. Introduzir-se no mercado e ganhá-lo cada vez mais nesse tourgastronômico, procurando a satisfação dos inúmeros visitantes que para aqui vêmfazer negócios, têm sido metas das associações e cooperativas de aqüicultores exis-tentes no Estado. Para isso, essas entidades têm-se associado ao Sebrae, Senac,Sindibares, hotéis e à própria imprensa. Esta tem sido adotada como parceira eficien-te na divulgação dos produtos, o que tem surtido efeitos diretos no crescimento daatividade produtiva em todo o Estado. O Ostra da Barra, implantado pelo Sebrae/ES,com a assistência técnica do CTA, em 1999, o projeto de criação de ostras nativasé uma realidade no Norte do Estado e uma importante referência para quem visita omunicípio de Conceição da Barra. O projeto de maricultura, que também assegura apreservação dos manguezais, é uma opção de trabalho e renda para as famílias quese dedicam a criar ostras nativas. Os maricultores – estruturados em uma associa-ção, a Associação dos Maricultores de Conceição da Barra (Amabarra) – organizamanualmente o Festival da Ostra da Barra, como já é conhecida a “Ostra de Conceiçãoda Barra”, que conta com uma data no calendário de eventos do município. O eventoé realizado sempre no mês de novembro, época em que o balneário atrai turistas, noferiado do dia 15. Na oportunidade, muitos turistas aproveitam para visitar os culti-vos no Pontal do Sul. Fazendo um passeio de chalana, eles conhecem o local e de-gustam as ostras in natura, diretamente colhidas no cultivo. Os ostreicultores da Barracomercializam as ostras em suas barracas e o fazem utilizando o carrinho de ostras,uma opção para quem quer disponibilizar o produto fresco ou gratinado. O comérciode ostras ocorre tanto nas praias da Barra quanto nas de Itaúnas, onde se encontrauma das praias paradisíacas mais famosas do Estado. A Fazenda Saúde, o Sítio Capiaue o Sítio Huver são ícones das diversas propriedades rurais no Espírito Santo que sededicam a receber visitantes para atividades de lazer na modalidade pesque-pague.No entanto, é fato que muitas dessas propriedades carecem de infra-estruturas bási-cas, como incentivos e apoio à pescaria, instrumentação adequada de pesca, estru-tura de restaurantes, com sanitários condizentes, boas estradas de acesso, marketinge até mesmo boa conservação dos lagos, principal atrativo para o cliente. Além des-ses aspectos visíveis, outros, nem sempre perceptíveis aos leigos, nós os identifica-mos, tais como: manejo inadequado dos peixes, quase sempre acarretando estressese doenças; alta densidade de estocagem; construção inadequada de taludes dos sis-temas de abastecimento e drenagem dos lagos, o que provoca problemas com fluxode água; concentração de nutrientes; e, geralmente, problemas relacionados àeutrofização – fenômeno acarretado pelo acúmulo de nutrientes oriundos dos excretasdos animais, sobras de rações na água, folhas e gravetos que caem e se depositamsobre os sedimentos e, até mesmo, restos de alimentos jogados pelos visitantes.

Um tour pelas aqüiculturas da Europa e América do Norte e do Sul 6 7

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0167

As circunstâncias acima expostas são resultantes da falta de preparo de muitosprodutores que se lançam nessa atividade com vistas a melhorar o faturamento dapropriedade. A falta de percepção e de conhecimento no trato com o cliente, o não-cumprimento das regras mais básicas para o funcionamento de um negócio quedemanda tempo e relacionamento com diferentes perfis da clientela são responsáveispela falência de um número expressivo de projetos de pesque-pague no Estado. Valeregistrar que esse tipo de atividade não faz parte da cultura, do dia-a-dia do produtorrural. Aqui, elegemos três empreendimentos de sucesso que vêm se mantendo comoimportantes referências no Espírito Santo: o pesque-pague da Fazenda Saúde, o doSítio Capiau e o do Sítio Huver, instalados em Venda Nova do Imigrante, Afonso Cláudioe Domingos Martins, respectivamente. O Fazenda Saúde aproveita a arquitetura antigadas grandes fazendas de café do município de Venda Nova, com adaptações queasseguram conforto e comodidade aos turistas, e conta com a presença de um grandelago ornamental, bem construído, rodeado por quiosques e sombras. Sua divulgaçãoé bastante ampla; integra a rota do agroturismo, uma das principais característicasdo município. Segundo o texto Venda Nova: berço do agrotuirsmo (2005),

Venda Nova do Imigrante foi a primeira cidade capixaba a praticar o agroturismoe tem-se destacado em todo o Brasil como modelo de desenvolvimento idealdessa atividade. A prefeitura de Venda Nova investiu no agroturismo, umaatividade essencialmente familiar, praticada nas pequenas propriedades ruraisem que o turista pode ter a oportunidade de acompanhar o processo de produ-ção do alimento. O Fazenda Saúde oferece, além do pesque-pague, restau-rante com comidas típicas feitas em fogão a lenha aos sábados e domingos,área de lazer, churrasqueira, fonte de água mineral, produção agrícola, fran-go e ovo caipira, vinho de jabuticaba, fubá, polenta palito e tomate seco.

“Férias em sítios e fazendas”. Com essa frase, o Jornal A Tribuna divulgou opções de turismo nocampo. A matéria “Diversão em clima de roça” apresenta o Sítio Huver, com suas atividades:

Não é apenas sossego, tranqüilidade e afins que se encontram nesses recantos do inte-rior. Muita diversão aguarda os turistas. Geralmente, esses lugares têm cachoeiras, pis-cinas naturais ou artificiais, pesque-pagues e trilhas no meio da mata. As pessoas quevão até esses lugares, seja para se hospedar nos fins de semana, seja para passar o dia,estão também em busca de horas felizes em meio ao um clima de roça;” [e continua:]Assim é o Sítio Huver, em Domingos Martins [...] Cláudio Huver, proprietário do lugar,tem apenas duas suítes para hospedar turistas, mas está animado e pretende expandir onúmero de acomodações. No pesque-pague de lá, os turistas podem pescar tilápias ecamarão de água doce, que são lá mesmo preparados (PAULA; KONSCH, 2005, p. 11).

É importante salientar que o senhor Cláudio Huver faz parte de um programa em desenvolvimentoimplantado pelo Sebrae/ES – Programa Peixe na Mesa – que objetiva introduzir e fortalecer a ativi-dade de piscicultura no Estado. Uma versão adaptada do Programa está possibilitando o desenvol-vimento do policultivo de tilápia e camarão, o que já foi prontamente aproveitado pelo sr. Huver nainovação do seu pesque-pague, talvez o único a trabalhar com camarão de água doce. Surpresapara o turista e sucesso para os negócios do Sítio Huver.

Sucesso de público é o que também se pode dizer dos negócios do Sítio Capiau. Bem estruturado e tec-nicamente assistido, o Sítio Capiau é outro que também integra o Programa Peixe na Mesa. Implantado

6 8 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0168

no município de Afonso Cláudio, constitui um dos principais atrativos, movimentando turistas de diversosmunicípios da região e também da Grande Vitória. Afonso Cláudio abriga o Parque Municipal Três Pon-tões, um atrativo para o ecoturismo e que se complementa com as atividades de agroturismo, a exemplodo pesque-pague do Sítio Capiau. É importante salientar que, embora alguns autores discordem da inclu-são das atividades de pesque-pague enquanto atividade aqüícola pelo estado de mantença e não de engordaa que se submetem os peixes, muitos a consideram – principalmente pelo fato de estarem inseridas nacadeia produtiva do peixe, alimentando laboratórios de alevinagem, fábricas de ração e estruturas deequipamentos necessários ao seu funcionamento – como uma atividade efetivamente aqüicola.

Espírito Santo dos camarões de água doce: com essa chamada, a Revista Escala Rural (2005) abriumatéria sobre a criação do camarão de água doce no Estado do Espírito Santo. “O Espírito Santo abreas portas para um novo mercado: a criação do camarão de água doce. Atualmente o Estado é responsávelpor 50% do total da produção nacional e o mercado tende a crescer por conta do cooperativismooferecido aos pequenos produtores”. Os maiores incentivos à atividade de carcinicultura de água doce– nome que se dá à criação do camarão de água doce – no Espírito Santo iniciaram-se a partir de1993, com um esforço grande no sentido de reerguer a atividade em franco processo de declínio emtodo o Brasil. Os maiores obstáculos diziam respeito principalmente à culinária do camarão, desconhecidapelos consumidores. A criação do camarão foi reintroduzida tecnicamente por meio do Programa deCarcinicultura do Sebrae/ES, realizado de forma inédita no Brasil. Os produtores, até então, desmotivadospor causa da dificuldade do trato culinário, organizaram-se em torno de uma cooperativa, enquanto,paralelamente, se realizavam diversos eventos gastronômicos, objetivando resgatar o interesse dosrestaurantes e consumidores finais pelo produto. Assim, promoveram dezenas de degustações, a for-ma de comercialização do camarão foi melhorada substancialmente e receitas culinárias foram inseridasnos rótulos do produto congelado. Aos poucos, o produto voltou a aparecer na mídia e hoje tem comér-cio garantido dentro e fora do Estado.

Na “Rota do Camarão”: uma das ações de grande impacto para a atividade de carcinicultura de águadoce no Espírito Santo (em desenvolvimento) foi a implantação e a institucionalização da Rota doCamarão. O Projeto proposto pelo CTA ao Sebrae e à Cooperativa dos Aqüicultores do Espírito Santo(CEAq), que atualmente vem se dedicando apenas aos criadores de camarão de água doce, consistiuem prover lanchonetes, restaurantes e propriedades aqüícolas de instrumentos de divulgação ecomercialização desses camarões, criando uma rota rodoviária que se inicia em Vitória, continua porFundão, Ibiraçu, (BR 101 Norte) e, seguindo pela rodovia do café, passa por Baunilha, Colatina, Laborató-rio de larvicultura (Colatina) e conclui-se no município de São Domingos do Norte, na CEAq. Essetrajeto tem aproximadamente 80km. O que definitivamente marca essa rota é a tradição de algunsestabelecimentos comerciais, principalmente os de estradas, na comercialização do camarão de águadoce. Destacam-se aí as lanchonetes Califórnia e Sfalsin, em Ibiraçu; o bar do “Seu Pedro” e a lanchonetedo Gobetti, em Baunilha; o bar do Rubens, também conhecido como “Rei do Camarão” e o Drink, nacidade de Colatina. Esses estabelecimentos tornaram-se tradição na comercialização e no preparo depratos com camarão, incluindo as moquecas do camarão de água doce, e o camarão na manteiga, namoranga, ao alho e óleo, emprestando ao produto um ar de especiaria capixaba. Passar por esse roteiroinclui, ainda, fazer um tour pelas diversas propriedades que produzem camarões de água doce e conhecero laboratório que produz as larvas que abastecem as carciniculturas e a CEAq, onde os camarões sãobeneficiados e preparados para o comércio.

Um tour pelas aqüiculturas da Europa e América do Norte e do Sul 6 9

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0169

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0170

10 CONCLUSÃO ESUGESTÕES

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0171

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0172

E ste estudo foi elaborado com o intuito de servir de contribuição para uma análise das potencialidadese das oportunidades de novos negócios que poderão advir ou mesmo maximizar-se a partir deuma associação entre as atividades de aqüicultura e turismo. Foi concebido e embasado, tomando-

se como referência as mais diversas experiências e resultados obtidos em diferentes regiões do mundo,do Brasil e também do Espírito Santo. Essas experiências poderão subsidiar a elaboração de políti-cas, envolvendo uma rede de parceria com os governos federal (Embratur), estadual (Sedetur) emunicipal, com a iniciativa privada e com o terceiro setor, principalmente do setor turístico. Taispolíticas para esses programas e projetos deverão ter como premissa a compreensão das peculiari-dades e das características regionais, da legislação pertinente, do público alvo ou do perfil doempreendedor, dos costumes, tradições e das necessidades, tais como, cursos e treinamentos emcapacitação gerencial, gestão ambiental, investimentos financeiros, apoio técnico etc.

Essa combinação comprovadamente coroada de êxito, que envolve aqüicultura e turismo, deverávoltar-se a todos os atores que compõem a cadeia produtiva, atentando-se para as diversasmodalidades de turismo (técnico e científico, de negócios e de lazer), conforme foi demonstradoanteriormente. É igualmente importante dar atenção às novas oportunidades e à transversalidadepossível entre os programas que essa interação poderá proporcionar, agregando serviços e produtos,fortalecendo, assim, a rede de parceria envolvida. Por exemplo, poderiam as ostras da Barra seracondicionadas frescas ou resfriadas em cestos artesanalmente elaborados a partir de fibra debananeira? Poderiam as conchas de mexilhões servir de substratos para peças de artesanato? Seriaviável mergulhar numa enseada onde se encontra instalada uma fazenda marinha ou, quem sabe,poderíamos aproveitar peles de peixes e rãs para confecção de roupas, bolsas e sapatos? Certamenteque sim. Iniciativas como essas já se realizam aqui no Estado, ainda que muito modestamente e deforma incipiente.

Nesse contexto, o Sebrae tem muito a oferecer e contribuir por meio de seus produtos, sua expertise,suas metodologias e gigantesca habilidade de formar redes de parcerias. O Sebrae, como um indutornatural, não se tem negado a exercitar sua liderança e muito tem corroborado para o desenvolvi-mento da carcinicultura no Estado e no País.

Finalmente, resta-nos acrescentar que a relação de interdependência entre a aqüicultura e o turis-mo no Espírito Santo é extremamente forte, viável e tende a tornar-se cada vez mais irreversível.Cabe tão-somente aos canais competentes dos setores de produção, públicos ou privados, canalizaresforços e direcionar os recursos necessários para que essas atividades caminhem cada vez maispróximas e sejam rentáveis.

7 3

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0173

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0174

REFERÊNCIAS

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0175

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0176

A TRIBUNA, domingo, 23/01/2005.

ANDRADE, Stélio. A energia de Paulo Afonso (BA). 2004. Disponível em: <www.webventure.estadao.com.br>. Acesso em: 20 jan. 2005.

ASSAD, L. T.; BURSZTYN, M. Aqüicultura sustentável. In: VALENTI, W. C. (Ed.). Aqüicultura noBrasil: bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília: CNPq, 2000. cap. 1, p. 33-27.

AMBIENTE costeiro e marinho. 2005. Disponível em: <www.noruega.org.br>. Acesso em: 20 jan. 2005.

A BLUE revolution.[20--]. Disponível em: <www.norwayoline.no/?chapter>. Acesso em: 20 jan. 2005.

BORGHETTI, N. R. B.; OSTRENSKY, A.; BORGHETTI, J. R. Aqüicultura: uma visão geral sobre aprodução de organismos aquáticos no Brasil e no mundo. Curitiba: Grupo Integrado de Aqüiculturae Estudos Ambientais, 2003.

BRASIL. Decreto nº 17.836, de 08 de abril de 1976. Diário Oficial [da] República Federativa doBrasil, Brasília, 09 abr. 1976.

_____. Lei nº 6.704, de 28 de novembro de 1975. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,Brasília, 29 nov. 1975.

COSTA, F. Espírito Santo dos camarões de água doce. Revista Escala Rural, São Paulo, ano 5, n.35, p. 26-31, dez. 2004.

FRANCEGUIDE. Disponível em: <www.br.franceguide.com>. Acesso em: 20 jan. 2005.

GLOBEFISH, 2004. Disponível em: <www.globefish.org>. Acesso em: 20 jan.2005.

OSTRENSKY, A.; BORGHETTI, J. R.; PEDINI, M. Situação atual da aqüicultura brasileira e mundial.In: VALENTI, W. C. (Ed.). Aqüicultura no Brasil: bases para um desenvolvimento sustentável. Brasília:CNPq, 2000. cap. 12, 353-381.

PAULA, A.; KONSCH, M. Diversão em clima de roça. A Tribuna, Vitória, p. 11, 23 jan. 2005.Noticiário: Férias em sítios e fazendas. Disponível em: <www.tribunaonline.com.br>. Acesso em:24 jan. 2005.

PETRÓPOLIS. Prefeitura de Petrópolis. Caminhos do Brejal. [200-]. Disponível em: <www.petropolis.rj.gov.br>. Acesso em: 20 jan. 2005.

RESTAURANTES. Disponível em: <www.ilhagrande.org/hospedagem>. Acesso em: 20 jan. 2005.

TANKAMANA: Petrópolis – Itaipava. In: Grécia: turismo e viagem. Disponível em: <www.grécia.com.br>. Acesso em: 20 jan. 2005.

VALENTI, W. C. Introdução. In: VALENTI, W. C. (Ed.). Aqüicultura no Brasil: bases para um desen-volvimento sustentável. Brasília: CNPq, 2000. p. 25-32.

7 7

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0177

VASCONCELOS, Yuri. Fazendas no fundo do mar. Época, Rio de Janeiro, n. 28, 30 nov. 1998.Ciência e Tecnologia, Ambiente. Disponível em: <http://epoca.globo.com/edic/19981130/index.htm>. Acesso em: 20 jan. 2005.

VENDA Nova: berço do agrotuirsmo. Venda Nova do Imigrante, 2005. Disponível em: <www.vendanova.com.br/turismo.php?e=10>. Acesso em: 21 jan. 2005.

VIAJE. c2005. Disponível em: <www.viaje.com>. Acesso em: 20 jan. 2005.

VITÓRIA (ES). Prefeitura Municipal de Vitória. Vitória, delícia de ilha. Disponível em: <www.vitoria.es.br/turismo>. Acesso em: 20 jan. 2005.

7 8 Impacto da aqüicultura sobre o turismo no Espírito Santo

Impactos da Aqüicultura no turismo REVISADO.pmd 26/11/2007, 10:0178