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Impactos da Resolução 4327/14 do Banco Central -
Responsabilidade Ambiental
Normativo SARB - FEBRABAN nº 14/2014
Roberta Danelon Leonhardt
28 de outubro de 2014
Importância do tema
O tema da responsabilidade ambiental dos financiadores traz incertezas que repercutem no plano econômico e na viabilidade do desenvolvimento econômico.
De um lado, pode-se vislumbrar uma maior gama de alternativas para se buscar a reparação do meio ambiente. De outro, a insegurança jurídica aumenta o risco de não fomentar os investimentos no país.
Importância do tema
A advocacia empresarial não busca a legitimação do desenvolvimento econômico em detrimento do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Contudo, espera-se alcançar soluções que sanem as inseguranças que atormentam o empreendedorismo no país e contribuam com a sustentabilidade dos investimentos.
Como superar as lacunas existentes com base nas atuais iniciativas nacionais e internacionais?
Política de Responsabilidade Socioambiental Federação Brasileira de Bancos - FEBRABAN
Resolução nº 4.327/2014 do Banco Central, instituindo a Política de Responsabilidade Socioambiental (“PRSA”).
Publicação do Normativo SARB nº 14, de 28 de agosto de 2014 pela FEBRABAN, em compasso com a Resolução nº 4.327/2014.
Especificação dos critérios e mecanismos a serem observados pelas instituições financeiras quando da avaliação e gestão dos riscos socioambientais dos projetos a serem financiados.
Regras Gerais do Normativo SARB nº 14/14
Definição de conceitos e regras a serem utilizados nas Políticas de Responsabilidade Socioambiental (“PRSA”)
Operações Financeiras Financiamento de Projetos Participação em Empresas Atividades
Definição de estrutura de governança apta a dar tratamento
adequado às questões socioambientais e observância de aspectos legais, de risco de crédito e de risco de reputação.
Regras Gerais do Normativo SARB nº 14/14
Fonte: Sitio Eletrônico do Banco do Brasil <http://www45.bb.com.br/docs/ri/ra2011/port/ra/07.htm>
Necessidade de inserção da variável socioambiental.
Gerenciamento do Risco Socioambiental nas Operações Financeiras
Avaliação consistente: solicitação de documentos que atestem a regularidade das atividades exercidas pelas tomadoras de crédito (i.e. licença ambiental, certificado de qualidade em biossegurança pelo CTNBio).
Formalização de cláusulas mínimas nos contratos das
operações: obrigações de observar a legislação ambiental e trabalhista, e faculdade de se antecipar o vencimento das operações.
Gerenciamento do Risco Socioambiental no Financiamento a Projetos
Avaliação do financiamento e da capacidade produtiva com
base nos seguintes critérios:
Setor econômico do financiado; Localização do Projeto; e Qualidade da gestão socioambiental do tomador no
escopo do Projeto.
Monitorar o desenvolvimento do Projeto sob o aspecto do risco socioambiental.
Gerenciamento do Risco Socioambiental na Participação em Empresas
Verificação do grau de aderência às políticas socioambientais
nas empresas:
Avaliação de passivos socioambientais da companhia; Cumprimento da legislação socioambiental; e Análise dos fornecedores diretos e relevantes.
NBR ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), OHSAS 18001 (Sistema de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional) e NBR ISO 26000 (Sistema de Gestão da Responsabilidade Socioambiental).
Gerenciamento do Risco Socioambiental nas Atividades da Instituição Financeira
Gerenciamento dos impactos socioambientais:
Eficiência no consumo de energia e de recursos naturais; Gestão adequada de resíduos; Aspectos relacionados ao trabalho análogo ao escravo,
infantil e à exploração sexual; e Processos de contratação de fornecedores e prestadores
de serviço.
Gerenciamento do Risco Socioambiental nas Garantias Imobiliárias
Imóveis dados em garantia:
Imóvel Rural: averbação da reserva legal na matrícula do imóvel e cadastro no sistema de Cadastro Ambiental Rural (“CAR”).
Exigir declarações de que o imóvel não possui restrições de uso (i.e. zoneamento, patrimônio arqueológico e histórico, APA e APP).
Faculdade de antecipar a operação ou exigir a
substituição da garantia.
Registro e Controle no Gerenciamento do Risco Socioambiental
Registrar os dados referentes às perdas que decorram de questões socioambientais pelo período mínimo de 5 (cinco) anos.
Elaborar e divulgar, anualmente, relatório relativo ao
cumprimento da sua PRSA. Colaborar com os poderes públicos, inclusive com o Ministério
Público, o Judiciário e os órgãos ambientais federais, estaduais e municipais, atentando-se aos deveres de sigilo.
Impactos na vida prática dos agentes financiadores e seus potenciais clientes
Obstáculos na concessão de créditos
Estruturação da relação entre os bancos e clientes
Governança adequada
Fomento da responsabilidade civil socioambiental
Interpretação à luz da doutrina – Base Legal
Instituições financeiras governamentais
Responsabilidade específica definida na Política Nacional do Meio Ambiente (art. 12 da Lei Federal nº 6.938/81)
Instituições financeiras privadas
Enquadramento como poluidor indireto?
Impactos legais - Insegurança jurídica
Responsabilidade pelo simples ato de financiar empreendimento que cause dano ambiental, ou responsabilidade pela adoção de diligências não satisfatórias na análise prévia de regularidade ambiental dos projetos financiados?
O que seriam diligências satisfatórias?
Cumprir as determinações do Normativo 14? Como lidar com as operações não estruturadas?
Não incluídas no Normativo 14 – exclusão de responsabilidade ambiental?
Interpretação à luz da jurisprudência pátria
Ausência de posicionamento dos tribunais quanto às novas medidas do Normativo.
Segunda Câmara do Tribunal de Justiça do Mato Grosso
do Sul: Recurso de Apelação 25.408 , julgado em 17/04/2001.
Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região:
Agravo Regimental 2002.01.00.036329-1/MG, julgado em 19/12/2003.
Superior Tribunal de Justiça: Recurso Especial
650.728/SC, julgado em 23/10/2007 - Relator Ministro Herman Benjamin (o objeto da ação não é a responsabilidade dos financiadores).
Considerações finais
Segurança Jurídica X Sustentabilidade Ambiental.
A insegurança jurídica no que tange à responsabilidade ambiental dos financiadores não agrega benefícios a eventuais reparações de dano ambiental.
O Normativo SARB nº 14/2014, da FEBRABAN, apesar de não
eliminar a insegurança jurídica, é bem-vindo, ao definir parâmetros concretos a serem observados pelas instituições financeiras nas operações e na criação de suas políticas de responsabilidade socioambientais.
Considerações finais
Contudo, as normas detêm natureza estritamente autorregulatória, sendo ainda insuficientes para assegurar aos bancos que a adoção de suas diretrizes prevenirá eventuais condenações na condição de poluidores indiretos, dada corrente que interpreta de maneira excessivamente abrangente a responsabilidade objetiva e solidária por danos ambientais.
Necessidade de alinhamento entre stakeholders para fortalecer limites à responsabilidade ambiental dos financiadores, evitando-se o risco de não fomentar os investimentos no país.