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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO Impactos de uma Aquisição na Cultura Organizacional: Uma Observação Participante na Área Comercial de um Laboratório Farmacêutico. JANAÍNA CALDAS DIAS ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO HALPERN Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2013.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM ADMINISTRAÇÃO

Impactos de uma Aquisição na Cultura Organizacional: Uma Observação

Participante na Área Comercial de um Laboratório Farmacêutico.

JANAÍNA CALDAS DIAS

ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO HALPERN

Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2013.

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IMPACTOS DE UMA AQUISIÇÃO NA CULTURA ORGANIZACIONAL:

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE NA ÁREA COMERCIAL DE UM LABORATÓRIO

FARMACÊUTICO.

JANAÍNA CALDAS DIAS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Marketing

ORIENTADOR: EDUARDO HALPERN

Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2013.

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IMPACTOS DE UMA AQUISIÇÃO NA CULTURA ORGANIZACIONAL:

OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE NA ÁREA COMERCIAL DE UM LABORATÓRIO

FARMACÊUTICO.

JANAÍNA CALDAS DIAS

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissionalizante em

Administração como requisito parcial para

obtenção do Grau de Mestre em

Administração.

Área de Concentração: Marketing

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

_____________________________________________________

Professor EDUARDO HALPERN (Orientador)

Instituição: IBMEC RJ

_____________________________________________________

Professor MARCO AURÉLIO

Instituição: IBMEC RJ

_____________________________________________________

Professor ANTONIO ANDRADE

Instituição: UNIRIO

Rio de Janeiro, 06 de setembro de 2013.

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FICHA CATALOGRÁFICA Prezado aluno (a),

Por favor, envie os dados abaixo assim que estiver com a versão definitiva, ou seja, quando não faltar

Mais nenhuma alteração a ser feita para o e-mail [email protected], colocando no assunto:

FICHA CATALOGRÁFICA - MESTRADO.

Enviaremos a ficha catalográfica o mais breve possível para o seu e-mail (se possível em até 72 horas).

1) Janaína Caldas Dias;

2) Impactos de uma Aquisição na Cultura Organizacional: Observação Participante na Área Comercial de um Laboratório

Farmacêutico;

3) 2013;

4) Área de concentração: Marketing;

5) Assunto principal (contextualizado); Fusões e Aquisições;

6) Assuntos secundários; Retenção de Talentos e Integração Cultural

7) Palavras-chave: Cultura Organizacional, Aquisição, Laboratório Farmacêutico, Estratégia, Observação Participante

8) Curso (Mestrado profissionalizante em Administração)

Ou envie os anexos contendo a página de rosto e a do resumo, além da área de concentração.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho assim como a minha vida a minha

filha Lara e ao meu amor Carlos Eduardo.

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AGRADECIMENTOS

A minha mãe e a José Izaí, que possibilitaram mais uma vez a realização de um sonho, a quem

eu devo todo meu esforço.

Ao meu mestre Eduardo Halpern, que com grande habilidade presenteia à teoria a vivencia

daqueles que tem algo a mais a dizer.

A dois anjos que estiveram ao meu lado nesta realização, chegaram quando eu sequer esperava

e se apropriando das minhas faltas, me supriram do que eu mais necessitava para que este

trabalho se tornasse possível, Letícia Franca e Lucas Turano, anjos e amigos para sempre.

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Resumo

Esta dissertação explora os impactos de uma aquisição na cultura organizacional para a força

de vendas de um laboratório farmacêutico. Para tanto, adotou-se uma pesquisa qualitativa de

viés etnográfico, por intermédio de uma observação participante, sendo complementada, ainda,

com entrevistas em profundidade realizadas com os todos os gerente de vendas da organização.

Os resultados sugerem que as mudanças ocorridas no interior da empresa geraram grandes

incertezas e desafios, que transbordam para o mercado através da área de vendas. Ademais, em

mercados dinâmicos, a capacidade de adaptação cultural representa grandes oportunidades de

estudos teóricos à academia, gerando, ainda, implicações, sobretudo, práticas às organizações.

Palavras-Chave: Cultura Organizacional, Aquisição, Laboratório Farmacêutico, Estratégia,

Observação Participante

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ABSTRACT

This dissertation explores the organization culture impact from an acquisition focusing in the

sales force of a pharmaceutical company. Therefore, we adopted a qualitative ethnographic

bias, through participant observation, complemented also with in-depth interviews conducted

with all sales manager of the organization. The results suggest that changes within the company

generated great uncertainties and challenges that overflow into the market through the sales

area. Furthermore, in dynamic markets, the ability of cultural adaptation represents great

opportunities for theoretical studies to academia, generating further implications, especially

practices to organizations.

Key Words: Organizational Culture, Acquisition, Pharmaceutical Laboratory, Strategy,

Participant Observation

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: As bases do planejamento estratégico. ..................... Erro! Indicador não definido.3

Figura 2: Veja o esquema abaixo que representa o Macroambiente Chiavenato (2010) ........ 23

Figura 3: Organograma da área comercial ............................................................................... 35

Figura 4: Distribuição geográfica da equipe de vendas ............................................................ 41

Figura 5: representantes por laboratório ................................................................................... 48

Figura 6: esquema de vendas por distribuidores ...................................................................... 48

Figura 7: Origem da Empresa e Foco de mercado ................................................................... 50

Figura 8: Crescimento médio do mercado x Crescimentos dos TOPS 20 Laboratórios .......... 51

Figura 9: Market Share do Mercado de Genéricos ................................................................... 51

Figura 12: Lançamentos dos Últimos 3 anos dos TOP 10 Laboratórios de Genéricos ........... 54

Figura 13: Portfólio dos TOP 8 Grupos de Empresas de Genéricos ........................................ 54

Figura 14: comparação de preço entre referência, similar e genérico ...................................... 55

Figura 15: comparação de preço entre referência, similar e genérico ...................................... 55

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

IMS Ferramenta Internacional de informações, soluções e serviços para a área de

saúde, que sustentam as tomadas de decisão em diversas áreas, incluindo laboratórios, redes

de farmácias, distribuidores, governo, setor financeiro e outros segmentos.

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Sumário

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

1.1 objetivos ........................................................................................................................... 14

1.1.1 Objetivo Principal ..................................................................................................... 14

1.1.2 Objetivo Intermediário ............................................................................................. 15

1.2 Delimitação do estudo .................................................................................................... 15

1.3 relevância do estudo ....................................................................................................... 16

2.1 Fusões e aquisições ......................................................................................................... 17

2.2 Estratégia em cenários de fusões e aquisições .............................................................. 19

2.2.1 Planejamento estratégico .......................................................................................... 22

2.3 Cultura organizacional .................................................................................................. 24

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2.4 CLIMA ORGANIZACIONAL ..................................................................................... 26

3.1 TIPO de pesquisa ............................................................................................................ 29

3.1.1 Quanto aos fins ......................................................................................................... 29

3.1.2 Quanto aos meios ..................................................................................................... 29

3.2 Universo e seleção dos sujeitos ...................................................................................... 30

3.3 Coleta e tratamento dos dados ...................................................................................... 31

3.4 Limitações do método ..................................................................................................... 31

4.1 A empresa: BetaX Alfa .................................................................................................... 33

4.2 Encontro de duas culturas – notícia da aquisição ....................................................... 37

4.3 Integração cultural e de seus sistemas e processos ...................................................... 40

4.4 Clima tenso na empresa ................................................................................................. 41

4.5 Estratégia: planejamento estratégico para a mudança e o mercado farmacêutico .. 46

4.6 Retenção de talentos essenciais e executivos – Convenção de vendas e feira

Abradilan ................................................................................................................................. 55

5.1 Encontro e integração de duas culturas – notícia da aquisição .................................. 62

5.2 Retenção de talentos essenciais e executivos – Convenção de vendas e feira

Abradilan ................................................................................................................................. 65

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5.3 Clima tenso na empresa ................................................................................................. 68

5.4 Comunicação ................................................................................................................... 71

5.5 Expectativa em relação à aquisição e a nova estratégia da empresa ......................... 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 80

APÊNDICEA - ROTEIRO – ENTREVISTA DE PROFUNDIDADE COM OS

GERENTES DE VENDAS .................................................................................................... 85

ANEXO A – E-MAIL COM A NOTÍCIA DA AQUISIÇÃO ............................................. 86

ANEXO B – BETA / ALFA BRAZIL ENTITY RENAMING TRACKING FILE ......... 89

ANEXO C – FOTOS .............................................................................................................. 91

ANEXO D – ROTEIRO DO VIDEO DA CONVENÇÃO .................................................. 92

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil é o nono maior mercado de fármacos e medicamentos do mundo e conta com

importantes indústrias do setor em seu território. Segundo dados do ministério da saúde, o

mercado farmacêutico movimenta anualmente R$ 28 bilhões e a tendência é de expansão.

Atualmente, existem cerca de 540 indústrias farmacêuticas cadastradas no Brasil. A indústria

nacional lidera as vendas no mercado interno e reforça os investimentos em pesquisa,

respaldada pela força dos genéricos (PORTAL BRASIL, 2010).

Existem três categorias de medicamentos, estes são: referência, similar e genérico. O

medicamento referência é o inovador, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas

por meio de testes científicos junto ao órgão federal competente, por ocasião do registro da

ANVISA (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária). Este serve de parâmetro para registros

posteriores de medicamentos similares e genéricos, quando sua patente expirar.A maior

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diferença entre o medicamento similar e o genérico é que o medicamento similar tem um nome

comercial e o medicamento genérico expõe apenas o nome da substância ativa.

A oportunidade para o segmento de medicamentos genéricos surgiu à época que a Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) foi criada visando centralizar a regulamentação e

fiscalização de vários segmentos da sociedade, entre eles o da indústria farmacêutica. Verificou-

se neste setor uma necessidade de proporcionar aos usuários um melhor acesso aos

medicamentos através do aumento da competitividade de mercado.

Em 1999, os medicamentos genéricos foram efetivamente introduzidos no Brasil, durante

o governo de Fernando Henrique Cardoso, pelo então ministro da saúde José Serra através da

Lei 9.787, de 10 de fevereiro do mesmo ano, autorizando a comercialização de medicamentos

com patentes caducadas por qualquer laboratório (JUSBRASIL, 2012).

A ANVISA define o medicamento genérico desta forma:

“O medicamento genérico é aquele que contém o mesmo fármaco (princípio

ativo), na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a

mesma indicação terapêutica do medicamento de referência no país, apresentando a

mesma segurança que o medicamento de referência no país podendo, com este, ser

intercambiável.” (Anvisa(2),2013)

A comercialização dos medicamentos genéricos gerou desconfiança nos primeiros anos,

mas as vendas cresceram à medida que a classe média passou a usar esses medicamentos à

preços mais acessíveis, crescendo assim o mercado da substância em geral. As vendas de

medicamentos genéricos no acumulado até agosto (Julho de 2012 a Agosto de 2013) somaram

R$ 3,781 bilhões, crescimento de 12% sobre igual período do ano passado. A expectativa era

que a receita em 2012 superasse em quase R$ 1 bilhão a do ano anterior, que ficou em R$ 4,74

bilhões, de acordo a Pró Genéricos (Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos

Genéricos), com base nos dados da IMS Health (Valor econômico apud ProGenérico (2), 2012).

Essa regulamentação também serviu para o fortalecimento da indústria brasileira.

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Hoje, entre as 10 maiores empresas farmacêuticas cinco são brasileiras. São empresas que

apresentam crescimento acelerado e as cinco produzem genéricos por origem de capital, cerca

de 90% são nacionais, 6,3 % indianas, 0,8% alemã, 0,5% espanhola e 0,6% canadense. Em

países como Espanha, França, Alemanha e Reino Unido, onde o mercado de genéricos já se

encontra mais maduro a participação desses medicamentos é de 31%, 42%, 66% e 60%,

respectivamente. Nos EUA, mercado onde os genéricos têm mais de 20 anos de existência, o

índice é de aproximadamente 60% de participação em volume (PROGENERICOS (1), 2012).

As empresas que têm interesse em fabricar e/ou importar medicamentos genéricos no Brasil

devem atender os requisitos básicosestipulados pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA, 2003).

As empresas que têm interesse em fabricar e/ou importar medicamentos

genéricos no Brasil devem atender os requisitos básicosdefinidos pela Agencia Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA).

No Brasil, os genéricos respondem por 25,6% das vendas em unidades no conjunto do

mercado farmacêutico. A fabricação de medicamentos de referência produzidos por indústrias

estrangeiras ou multinacionais instaladas no Brasil, ainda, sobrepõe a produção de genéricos e

similares apesar de seus avanços na comercialização. Isso se deve ao grande investimento em

centros de pesquisa de alta tecnologia localizados nas sedes dessas empresas. As vantagens na

compra do medicamento genérico vão desde o preço, que por norma da CEMED deve ser 35%

inferior aos medicamentos de referência no ano de seu lançamento, contudo, na prática chegam

a ser em média 50% mais baratos (PORTAL BRASIL, 2012; PROGENÉRICOS, 2012).

De acordo com o Gerente Técnico Administrativo da Associação Brasileira das Indústrias

de Medicamentos Genéricos (PROGENERICOS (1), 2012), Luciano Lobo, o Brasil ainda tem

muito o quecrescer no mercado de medicamentos genéricos. A venda em unidades no mercado

brasileiro já ocupa 26% enquanto que em outros países como EUA, Inglaterra e Alemanha o

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mercado é de 60%, principalmente porque nestes países é o governo quem paga pelo

medicamento (PROGENERICOS (2), 2013).

Não existe diferença, do ponto de vista técnico, entre medicamentos genéricos de um

produto fabricado na empresa “A” ou na empresa “B”. Neste caso prevalece a lógica de

mercado, fazendo com que as empresas utilizem toda a sua criatividade no PDV (Ponto de

Venda) para aumentar suas vendas (PROGENERICOS, 2013).

A concorrência entre os grandes laboratórios multinacionais se intensificou na década de

1990 em razão dos custos crescentes de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de novos

medicamentos e pelo avanço dos medicamentos genéricos nos principais mercados mundiais.

Isso ocorreu paralelamente à ampliação dos mecanismos públicos e privados de regulação da

indústria farmacêutica destinados a reduzir os custos dos medicamentos (RÊGO, 2000).

Esse acirramento da concorrência mundial determinou novas estratégias de crescimento

por parte dos grandes laboratórios multinacionais, o que afetou o volume e a localização dos

investimentos em expansão, assim como as decisões sobre operações de fusões e aquisições.

Essas operações, em especial, foram utilizadas para a manutenção ou para a ampliação da

posição competitiva dos grandes laboratórios multinacionais na indústria farmacêutica global

(IPEA, 2003).

Essa transformação pode ser observada nas duas últimas décadas do século XX que foram

marcadas por crescente aumento das fusões e aquisições, que envolveram empresas de

diferentes países e de portes variados. Deste modo, a formulação e a implementação das

estratégias competitivas das empresas, com ênfase na administração estratégica, são

absolutamente relevantes para produzir um desempenho que atenda às suas necessidades e

garantam sua sobrevivência a longo prazo (TANURE, 2006; DIAS E SILVA, 2005).

O cenário abordado neste estudo revela as questões que uma empresa, multinacional de

pequeno porte no Brasil passa após uma aquisição. A empresa atua mundialmente de forma

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especializada e integrada no desenvolvimento e distribuição de produtos genéricos, de marca e

biossimiliares. A empresa possui uma sede global localizada em Parsippany, New Jersey, EUA,

e uma sede internacional em Zug, Suíça. Após a aquisição tronou-se a terceira maior fabricante

mundial de medicamentos genéricos, com presença comercial em mais de 60 países. No Brasil

a empresa só disponibiliza medicamentos genéricos.

Barros (2003) afirma que os 100 primeiros dias após a confirmação e divulgação de uma

aquisição são os mais importantes. Neste período, as empresas têm a possibilidade de elaborar

planos de ação para evitar consequências negativas para seus negócios, porém, de acordo com

Evans, Pucik e Barsoux (2002), citados por Barros (2003), poucas pensam em tal prática,

pensando apenas na indicação rápida de uma equipe de integração, bem como na divulgação da

nova estrutura organizacional.

Diante do exposto surgem as seguintes perguntas de pesquisa: Como uma aquisição pode

impactar na cultura organizacional, observando os gerentes de vendas e área comercial de um

laboratório farmacêutico? Quais estratégias podem ser adotadas para mitigar os impactos que

esse cenário pode gerar na equipe de vendas?

É, portanto, escopo deste trabalho, estudar os impactos da aquisição na cultura

organizacional por meio da observação participante na qual os sujeitos de pesquisa são: a equipe

de vendas, presidência, diretoria e assistentes da área comercial.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo Principal

O objetivo principal deste estudo é analisar como a notícia e o processo que ocorre em

um cenário de aquisição podem modificar a cultura organizacional. Cumpre ainda, identificar

quais impactos que essa aquisição pode gerar na cultura organizacional. Entender qual a visão

que as pessoas do departamento comercial, marketing, pessoal de vendas e o presidente da

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organização têm sobre a realização dessa aquisição. Para satisfazer tal objetivo será realizado

um estudo de viés etnográfico pela utilização da observação participante e de entrevistas de

profundidade (somente com os gerentes de vendas).

Os objetivos principais são divididos em dois tópicos devido ao estudo de Tanure et al

(2003):

a) Encontro de duas culturas

b) Clima tenso na empresa

Tanure et al (2003) afirmam que as principais razões para o insucesso das operações

estariam relacionadas: à gestão de pessoas, à complexidade presente no encontro de duas

culturas, à transferência de habilidades e competências, à retenção de talentos e ao clima tenso

na empresa adquirida.

1.1.2 Objetivo Intermediário

O objetivo intermediário deste estudo é identificar como as relações interpessoais, o

comportamento corporativo, a integração de grupo e as “rádios corredores”; comunicação

informal passa a ser estabelecida nesse cenário de aquisição. Quais estratégias podem ser

utilizadas para mitigar os impactos dessa aquisição. Para identificar essas questões os objetivos

intermediários são:

a) Retenção de talentos essenciais e executivos (TANURE, 2003).

b) Comunicação eficiente (TANURE, 2003).

c) Integração cultural e de seus sistemas (TANURE, 2003).

1.2 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Este estudo é delimitado de forma temporal e espacial. Com relação à delimitação

temporal, o estudo inicia sua análise no momento em que a matriz da empresa informa que a

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irá realizar uma aquisição e conclui após a realização da primeira apresentação do plano

estratégico na matriz da empresa. Com essa aquisição a empresa se torna a terceira maior

empresa de genéricos do mundo. A data em que o comunicado foi realizado é 24 de janeiro de

2013, quinta-feira às 12h26min via e-mail e a data de apresentação do plano estratégico da

empresa pela gerente de marketing foi dia 17 de junho de 2013. No concernente à delimitação

espacial, somente a empresa Alfa foi selecionada e investigada como objeto da pesquisa.

1.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Com a expansão da economia mundial e o crescimento da competitividade, a capacidade

de rápida flexibilização às atividades intraorganizacionais e às constantes transformações

provenientes do ambiente, podem representar a trivial diferença entre fracasso e sucesso nos

mercados dinâmicos. Tendo em vista o grande aumento das fusões e aquisições nas empresas

brasileiras nos últimos anos, a intenção do trabalho é estudar o impacto da aquisição da empresa

ALFA pela empresa The BETA Group. Portanto, a depreensão dos impactos de uma aquisição

na cultura de uma organização, essencialmente na força de vendas, não tem implicações teóricas

somente, mas, sobretudo, práticas. Dada à atualidade e a importância dessa temática, o estudo

apresenta significativas contribuições à academia.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 FUSÕES E AQUISIÇÕES

Os negócios estão se tornando cada vez mais globais e o custo de desenvolvimento de

produtos como micro chips, remédios, automóveis e aviões é tão elevado que as empresas

devem servir a mercados mundiais, e diluí-lo mediante economias de escala (PEREIRA et al,

2006). No Brasil, as operações de fusão e aquisição foram impulsionadas a partir de mudanças

na orientação estratégica da economia nacional e acompanhou o processo de liberalização

econômica. Esse fator favoreceu os processos de fusão e aquisição em três diferentes modos:

primeiro, a desregulamentação dos mercados locais, associada às tendências internacionais em

direção à globalização, permitiu que as empresas estrangeiras adquirissem empresas brasileiras;

segundo, programas de privatização criaram oportunidades para que muitas empresas

estrangeiras e brasileiras adquirissem grandes operações em diferentes setores (NUNES e

VIEIRA 2009, WOOD et al., 2004).

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Tanure (2003) afirma que as últimas décadas do século XX foram marcadas por uma

crescente das operações de Fusões e Aquisições, envolvendo empresas de diversos segmentos.

Segundo Rossetti (2001), entre as décadas de 1950 e 1980, com o objetivo de construir uma

potência mundial auto-suficiente, a economia brasileira baseou-se em princípios nacionalistas,

propósitos protecionistas, reservas de mercado, estatização e concessão de incentivos para a

expansão do setor produtivo privado, fato este que postergou os ciclos de Fusões e Aquisições.

As razões mais citadas para justificar a onda de fusões e aquisições incluem imperativos de

crescimento, mudanças econômicas ou tecnológicas, necessidade de reunir recursos para

pesquisa e desenvolvimento, potencial para ganhos de sinergias, corte de custos e economias

de escala e escopo. Por outro lado, muitas pesquisas indicam que menos da metade desses

movimentos realmente agregam algum valor às empresas e a seus acionistas (WOOD et al,

2004).

Conforme a lei 6404/76, o termo aquisição pode ser compreendido como“a operação pela

qual uma ou mais sociedades compra uma outra, sucedendo-a em todos os direitos e

obrigações” (JUSBRASIL, 2013). A aquisição determina o desaparecimento legal da empresa

comprada, ou seja, não há extinção de ambas, sendo que uma pessoa jurídica permanece, e a

outra, incorporada, passa a ser subordinada nos seus bens, direitos e obrigações à empresa

adquirente, que poderá utilizar ou não, o nome da adquirida, que terá sua pessoa jurídica extinta

(PEREIRA et al, 2006).

A organização quando toma a decisão de efetuar uma aquisição deve estar preparada tanto

para o seu sucesso quanto para seu fracasso. Em um estudo de Tanureetal (2003) os fatores

apontados como determinantes para o sucesso revelam que os empresários brasileiros, de

maneira semelhante aos europeus e norte-americanos, assinalam como fatores chaves de

sucesso, em 62,8% dos casos, questões relacionadas à gestão de pessoas e da cultura.

Ratificando esses dados, Tanureetal (2007) apresentam um estudo sobre fusão e

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aquisiçãointernacionais que revela os quatro principais fatores de sucesso, segundo as empresas

consultadas. São eles: a) retenção de talentos essenciais (para 66% das empresas consultadas);

b) comunicação eficiente (71%); c) retenção de executivos (77%); d) integração cultural (51%).

Tanure (2003) afirma que a taxa de insucesso das fusões e aquisições no mundo é muito elevada.

Bender e Ward (2005) citam, como principais razões para tais operações, a busca por

crescimento de capacidade de criação de valor, dificilmente atingida por meio de crescimento

orgânico no mesmo prazo, além de complementações estratégicas para cobrir gaps (em

segmentos de mercado, linhas de produtos, territoriais ou tecnológicos). Sabe-se, também, que

nas fusões e aquisições, grandes empresas sofrem para integrar os seus sistemas, disseminar o

conhecimento, simplificar os processos e segundo Drucker (1992) é o gerenciamento que se

tornou o fator decisivo de produção. O gerenciamento na sua essência, mesmo quando apenas

olhamos para um único processo. Tanure (2001) constatou que os principais problemas do

processo pós fusão/aquisição são, para 38,2% dos entrevistados, relacionados à avaliação

incorreta do negócio; para 32,4%, à expectativa de mercado não atendida e para 17,6%, a

questões culturais. Outros problemas corresponderam a 11,8% do total. Tanureetal (2003)

afirmam que as principais razões para o insucesso das operações estariam relacionadas: à gestão

de pessoas, à complexidade presente no encontro de duas culturas, à transferência de

habilidades e competências, à retenção de talentos e ao clima tenso na empresa adquirida.

2.2 ESTRATÉGIA EM CENÁRIOS DE FUSÕES E AQUISIÇÕES

Mintzberg e Quinn (2001) afirmam que estratégia é a forma de pensar no futuro,

integrada no processo decisório, com base em procedimento formalizado e articulador de

resultados. Porter (2004) define que estratégia em um sentido mais amplo é a busca por uma

posição defensável ao longo prazo e a superação dos concorrentes em uma indústria.

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A certeza que temos ao longo desta última década, marcada pelo amadurecimento da

economia e consolidação do Brasil no cenário mundial foram os momentos de alta liquidez com

o aumento de crédito nacional e internacional. Logo, vimos o reflexo no crescente volume de

negócios entre grandes corporações internacionalizando e transformando diversas empresas

nacionais em internacionais. Hendrickson (2003) observou que as empresas estão utilizando a

estratégia de fusões e aquisições como forma de se reposicionar num mercado em constantes

mudanças. Ayala (2005) lembra que no campo da estratégia sugere-se que a combinação de

empresas estrategicamente relacionadas irá resultar em aumento de valor da companhia

resultante.

As fusões e aquisições são combinações de caráter estratégico com um histórico novo

aqui no Brasil, porém com perspectivas de um futuro promissor. A postura estratégica do Brasil

frente aos mercados mundiais nos últimos anos e a relativa estabilidade econômica dos dias de

hoje são fatores que ajudam a fomentar o processo (SILVA, 2011). As “fusões e aquisições”

são estratégias de expansão de negócios que podem alterar substancialmente o cenário no qual

as empresas competem, aliados aos objetivos deste tipo de reestruturação corporativa.

Entretanto, por medida de sobrevivência, as empresas envolvidas nos processos de “fusões e

aquisições” costumam pensar demais na negociação financeira e se esquecem das pessoas.

Aliado a essa percepção comprova-se que as questões relativas à gestão dos recursos humanos

são fatores-chave para o sucesso dos processos de reestruturação, ressaltando como atividades

críticas no plano de integração: retenção de talentos, integração de culturas e comunicação

(PEREIRA et al, 2006).

Rossetti (2001) aponta, ainda, que, apoiado pela nova postura estratégica do país, o

modelo empresarial brasileiro passou por uma profunda transformação. Segundo o autor,

iniciou-se no Brasil o ciclo da reengenharia dos negócios, no qual predominariam as operações

de fusão & aquisição. Os principais fatores, que possibilitaram o surgimento e a consolidação

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desse novo ciclo, foram: a globalização de mercados reais (1); a intensificação dos fluxos

mundiais de investimentos estrangeiros diretos (2); a redução de mecanismos tradicionais de

proteção (3); a remoção de barreiras ao ingresso de capitais estrangeiros, para investimentos

diretos no país (4); as privatizações (5) e os processos sucessórios em empresas familiares (6).

Para Tanure (2003), existem diferentes tipos de combinações estratégicas entre as

empresas que variam de network relativamente informal até a aquisição, com desaparecimento

completo de uma delas. Cada tipo de relacionamento exige investimentos de vários níveis, tem

formato legal específico e, sobretudo, causa fortes impactos nas pessoas. Esses novos formatos

de operação podem evoluir em um contínuo que vai do simples licenciamento, passando por

aliança e parceria, joint venture, fusão, até aquisição.

Muitas organizações não se antecipam na análise da pós-aquisição com o intuito de

buscar um método seguro para integração. Algumas optam por consultorias, outras possuem

dificuldade de deixar este processo mais sistemático. Rourke (1992) enfatiza que a integração

não é considerada no início das negociações, bem como a importância de planejar o processo

da integração, principalmente quando se integram empresas de estruturas organizacionais ou

nacionalidades diferentes. Segundo Tanure (2003), a integração cultural, entre adquirida e

adquirente, e os consequentes impactos por elas sofridos variam segundo o tipo de combinação

estratégica (parceria, aliança, joint venture, fusão, aquisição ou cisão) e o modelo de integração

pretendido.

De acordo com Rossetti (2001), há três dominantes que correspondem a mais de 50%

do total. São eles: a) ganhos de market share (participação no mercado); b) maior amplitude

geográfica de atuação; c) crescimento, com ampliação de escalas operacionais. Além dessas

razões, relacionadas ao crescimento de um modo geral, o citado autor aborda objetivos

referentes à ampliação da competitividade, à diversificação (tanto da linha de produtos quanto

de negócios), ao aporte de tecnologia e à verticalização (integração da cadeia de negócios a

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montante e/ou a jusante). Já Tanure et al. (2003) afirmam que a literatura sobre fusão e

aquisição aponta dois motivos para a compra de empresas: maximização do valor da empresa,

por meio de sinergias, economias de escala e/ou transferências de conhecimento; e motivações

do corpo diretivo, baseadas no aumento do marketshare, no prestígio da direção e na redução

do nível de incerteza. Nesse estudo, as autoras encontraram aspectos similares aos divulgados

por Rossetti (2001). Segundo elas, 59% das compras foram motivadas por questões de mercado,

como o aumento de participação, a aquisição de marcas e a penetração em novos mercados; e

11,7% por motivos relacionados a ganhos de escala.

A indústria farmacêutica tem sido foco de diversas pesquisas (POWELL et al.,1996,

2005; POWELL, 1987; PISANO, 1989, 1991) sobre alianças estratégicas, principalmente por

estar estabelecida sobre o pilar do conhecimento e ter sofrido ampla transição paradigmática.

Nesse cenário, várias formas de alianças estratégicas foram estabelecidas, a partir da

década de 80, entre os participantes da indústria farmacêutica, como joint ventures, acordos de

pesquisa, investimentos minoritários, licenciamento e diversos tipos de parcerias, para suprir a

falta de capacidades internas e de recursos para pesquisas (PISANO, 1989, 1991). Além das

ondas de fusões e aquisições desta indústria, iniciadas nos anos 90 (CAPANEMA, 2006), nos

últimos anos, alguns laboratórios farmacêuticos nacionais, prevendo retornos decrescentes com

seus portfólios de medicamentos similares e, diante da impossibilidade de copiar medicamentos

sob patente, iniciaram um movimento de associação de esforços para viabilizar suas iniciativas

ligadas a PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação).

2.2.1 Planejamento estratégico

Planejamento estratégico refere-se à maneira pela qual a empresa pretende aplicar

determinada estratégia para alcançar os objetivos propostos. A elaboração do planejamento

estratégico exige quatro fases como mostra o esquema abaixo Chiavenato (2010):

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Figura 1:As bases do planejamento estratégico.

Entende-se por macroambiente uma visão do todo em que a empresa está inserida, ou

seja, permite a análise do microambiente associada com outras variáveis como, por exemplo:

Variáveis econômicas, socioculturais, demográficas, físicas/ecológicas, tecnológicas e político-

legais. Tais variáveis externas operam nesse macro ambiente, com forças e megatendências que

criam oportunidades e ameaças à empresa, sendo consideradas variáveis incontroláveis, que a

organização deve monitorar e com as quais vai interagir.

Figura 2: Veja o esquema abaixo que representa o Macroambiente Chiavenato (2010):

Variáveis econômicas, socioculturais, demográficas (...).

As estratégias contingenciais é a estratégia que permite que a empresa seja competitiva

no mercado. Essa estratégia e feita pela organização de forma única, ou seja, cada empresa do

O que temos na

empresa?

O que há no

ambiente?

O que fazer?

Pontos fortes e

fracos, recursos

disponíveis,capaci

dade e

habilidades.

Condições

externas,

oportunidades,

ameaças, desafios

e restrições.

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setor tem sua própria estratégia. A estratégia contingencial é o que diferencia uma empresa da

outra, mesmo estas pertencendo ao mesmo setor.

2.3 CULTURA ORGANIZACIONAL

Como pilar sustentador do presente estudo, cultura organizacional é entendida, como uma

aprendizagem compartilhada em um determinado grupo, abrangendo os aspectos

comportamentais, emocionais, cognitivos e psicológicos responsáveis pelo relacionamento dos

indivíduos. Schein (2009) a define como o compartilhamento de pressupostos básicos

padronizados válidos entre os componentes de um grupo (SCHEIN, 2009). A cultura é

representada pela forma com que um grupo de indivíduos pensa, age e percebe, considerando

o conhecimento e aprendizado adquirido e armazenado. Logo, não se afirma a existência de

uma cultura organizacional superior à outra (SCHEIN, 2007). Para Silva e Fadul (2010, p.4),

“cultura organizacional deve abranger um conjunto de valores que refletem e se refletem em

artefatos visíveis, que se alteram em função de fatores internos e/ou externos à própria cultura

organizacional”.

O modelo clássico de cultura organizacional separa crenças, valores, ritos, rituais e

artefatos, nessa ordem, numa escala crescente de visibilidade. Nela, as crenças (natureza

humana, justiça, igualdade e etc.) são os aspectos menos visíveis de uma cultura organizacional,

e os artefatos (decoração, uso do tempo e do espaço), os aspectos mais visíveis (ROBBINS,

2005). Sua função principal é servir como instrumento de reforço para um sistema de valores,

diferenciando uma organização de qualquer outra (PIRES E MACEDO, 2006).

Segundo Schein (2009) a cultura está dinamicamente presente na vida das pessoas, sendo

desempenhada e recriada continuamente a partir de interações com outros. O autor explica que

ela pode ser entendida como “um padrão de suposições básicas compartilhadas, que foi

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aprendido por um grupo à medida que solucionava seus problemas de adaptação externa e de

integração interna”.

A capacidade de entender a cultura organizacional pode ser muito valiosa. Seu

conhecimento representa uma otimização da adequabilidade de um sistema de valores

compartilhados pelos membros de uma organização, diferenciando uma empresa de outras. A

cultura organizacional representa as normas informais e não escritas que orientam o

comportamento dos membros de uma organização no dia-a-dia e que direcionam suas ações

para o alcance dos objetivos organizacionais. No fundo, é a cultura organizacional que define a

missão e provoca o nascimento e o estabelecimento dos objetivos da organização. A cultura

precisa ser alinhada juntamente com os outros aspectos das decisões e ações da organização,

como planejamento, organização, direção e controle para que se possa conhecer melhor a

organização (ROBBINS, 2005).

Fusões e aquisições estão entre as mais relevantes e dramáticas formas de mudança

organizacional. Entretanto, os mecanismos estratégicos e organizacionais que contribuem para

o sucesso de um processo de integração pós-fusão ou aquisição não são bem entendidos. Por

isso, muitas fusões e aquisições transformam-se em processos traumáticos e destroem valor

(WOOD et al., 2004). Tanure (2003) revela que a maior parte das empresas não planeja a

estratégia de integração nem debate a questão cultural de modo sistematizado. Na grande

maioria das vezes a empresa compradora impõe sua cultura e, em alguns casos, busca capturar

alguns traços da empresa comprada, na tentativa de inseri-los no seu modo de ser ou jeito de

agir. Importam-se artefatos, traduzem-se discursos e adaptam-se comportamentos.

Segundo Tanureet al. (2003), a integração cultural, entre adquirida e adquirente, e os

consequentes impactos por elas sofridos variam segundo o tipo de combinação estratégica

(parceria, aliança, joint venture, fusão, aquisição ou cisão) e o modelo de integração pretendido.

O modelo de integração, por sua vez, é determinado pelas razões que motivaram a compra, pelo

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tamanho das empresas envolvidas, pela capacidade gerencial instalada na empresa adquirente,

pela necessidade de manutenção do corpo social e pela situação financeira da empresa

adquirida.

De forma recorrente, fusões e aquisições acabam implicando no envolvimento de duas

culturas organizacionais distintas (SEO, 2001; CARTWRIGHT e COOPER, 1990),sem

considerar ainda a extrema relevância da cultura nacional em que todo esse cenário ocorre

(WEBER et al., 1996). Com isso, colaboradores, usualmente da organização adquirida, acabam

passando por experiências de tensão e estresse alto na busca de um ajustamento cultural (SEO,

2001).

Para Walter (1985), as operações de fusões e aquisições representam uma das maiores

perturbações da paz cultural, levando a fortes colisões de culturas empresariais. Em um estudo

do impacto cultural da fusão de dois bancos de médio porte foi concluído que as diferenças

culturais de dois grupos de empregados, um de cada organização antiga, acabaram conduzindo

a uma elevada rivalidade de caráter hostil (BUONO, BOWDITCH e LEWIS, 1985). Nesse

caso, assim como em outros similares, o choque entre culturas foi amplamente influenciado

pelas respostas dos funcionários, além dos problemas de comunicação e manipulações

inconscientes que contribuíram para o agravamento (CARTWRIGHT e COOPER, 1990).

2.4 CLIMA ORGANIZACIONAL

Conforme diversos autores, ainda não há um consenso no que diz respeito à conceituação

de clima organizacional (PUENTE-PALACIOS, 2002; SOBRINHO e PORTO, 2012; SOUSA

e GARCIA, 2011), apesar de ser considerado como extremamente relevante (MARTINS,

2006). Para Koys e DeCotiis (1991, p.266) clima é um fenômeno de diversas dimensões, que é

percebido, compartilhado e disseminado pelos membros de uma organização de forma a

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influenciar positiva ou negativamente o comportamento individual. Já na visão de Souza (1978)

clima organizacional é um fenômeno que é produto da interação de certos elementos, como:

preceitos, caráter, tecnologia e outros significados culturais. Ademais, o clima é dinâmico e

sofre eventuais mudanças e alterações conforme o contexto a que se insere (PUENTE-

PALACIOS, 2002).

O construto de clima impacta de forma direta e indireta no comportamento, satisfação e

motivação de todos envolvidos em uma organização. Portanto, a mensuração desses fatores

pode funcionar como relevante avaliador do desempenho individual e organizacional (TORO,

2001). Para Souza (1980, p.27):

“É importante que o administrador compreenda o conceito de

clima organizacional, porque é através de sua criação que ele pode

manejar a motivação de seus empregados. A eficiência da organização

pode ser aumentada através da criação de um clima organizacional que

satisfaça as necessidades de seus membros e, ao mesmo tempo, canalize

esse comportamento motivado na direção dos objetivos

organizacionais” (SOUZA, 1980, p.27).

Em cenários de fusões e aquisições, o clima é ainda mais fortemente afetado gerando

impactos de difícil, porém necessário, gerenciamento.

3 MÉTODO

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Este capítulo tem por objetivo apresentar a metodologia adotada na condução do presente

estudo e a opção pelo paradigma interpretativo.Indica ainda as fontes de evidência utilizadas,

em particular a entrevista em profundidade, bem como o perfil dos informantes selecionados e

os métodos de análise utilizados.A opção pela etnografia apresenta-se como o método

apropriado para a intenção que este estudo pretende abordar.

Para Goldman e McDonald (1987), a incorporação dos métodos qualitativos à pesquisa

respondeu à necessidade de utilização de metodologias que permitissem interações e

construções em um tema tão diverso.

Estes métodos produziriam dados de maior validade do que questionários, graças à

interação flexível entre pesquisador e pesquisado, favorecendo o surgimento de elementos

novos e não esperados a priori, e o entendimento de aspectos ambíguos que não seriam

capturados por instrumentos que padronizam as informações.

Conhecer os paradigmas de mudança em uma fusão corporativa foi, portanto, a

perspectiva adotada neste estudo. Por se tratar de estudo exploratório, e da própria natureza

multifacetada do problema de pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa e

interpretativa, com o propósito de entender a natureza dos problemas vividos pelos funcionários

e as formas de solucioná-los.

Buscou-se compreender os significados associados a fatores individuais e de que forma

os paradigmas da mudança podem ser encarados sob a perspectiva dos indivíduos. Qual a

possibilidade que o indivíduo tem de através de recursos próprios, influenciar na solução dos

problemas na criação de uma nova imagem corporativa que acaba de nascer sendo esta fruto de

uma aquisição.

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3.1 TIPO DE PESQUISA

Com o objetivo de conhecer os paradigmas de mudança em uma aquisição corporativa

este estudo se trata de uma pesquisa de natureza qualitativa, descritiva (Vergara, 2010), de

inspiração etnográfica por meio de uma observação participante em um laboratório

farmacêutico. Os procedimentos de investigação em pesquisa qualitativa são muitos. As

principais estratégias de investigação descritas por Denzin e Lincon (2000) são a Grounded

Theory, Estudo de Casos, História de Vida, Pesquisa-Ação, Fenomenologia e Etnografia.

3.1.1 Quanto aos fins

O método mais adequado para atender aos objetivos do presente estudo foi à pesquisa

de inspiração etnográfica que é considerada uma estratégia multi-métodos, utilizando-se de

entrevistas de profundidade, observações participantes, fotografias e vídeos.

3.1.2 Quanto aos meios

Segundo Vergara, 2010 trata-se de a) pesquisa documental utilizando filmes e

comunicações informais internas da organização; b) pesquisa bibliográfica, telematizada (site

da empresa, de concorrentes, ANVISA e PróGenéricos) e documental (estudo IMS Health e

PWC), visando a revisão aprofundada da literatura sobre o tema. A pesquisa empírica tratou de

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um estudo de viés etnográfico, onde foram realizadas entrevistas em profundidade com roteiro

semi-estruturado com os gerentes de vendas e um diário elaborado pela gerente de marketing.

3.2 UNIVERSO E SELEÇÃO DOS SUJEITOS

O universo são todos os laboratórios farmacêuticos que passaram por processo de fusão

ou aquisição nos últimos anos e a amostra é a própria empresa escolhida para esse estudo. A

escolha da empresa deu-se por critério de intencionalidade, uma vez que a gerente de marketing

trabalha na organização e isso facilita a coleta de dados e reduz o risco de viés dos observadores

por não se tratar de um elemento estranho no ambiente. O método predominante de coleta de

dados é a observação participante, conduzida detalhadamente para que seja formado um retrato

do cotidiano das pessoas. É um método que enfatiza a dimensão simbólica e os significados do

comportamento das pessoas. Uma característica da pesquisa etnográfica é a profundidade, o

detalhe e a reflexão dos entrevistados sobre suas experiências e opiniões, a que Geertz (1989)

chamou de “descrição densa”. Segundo Geertz (1989), a descrição etnográfica se baseia na

“compreensão de que as ações sociais são comentários a respeito de mais do que elas mesmas”

e de que sua interpretação pode gerar um arcabouço teórico “capaz de continuar a render

interpretações defensáveis à medida que surgem novos fenômenos sociais” (GEERTZ,1989, p.

37). Na pesquisa etnográfica os pesquisadores devem imergir nos mundos de seus sujeitos. O

produto deste tipo de pesquisa é o relato etnográfico, que é uma descrição detalhada

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(“descriçãodensa”) do que acontece no dia-a-dia, derivado das notas de campo (CRESWELL,

2003).

3.3 COLETA E TRATAMENTO DOS DADOS

A coleta de dados ocorreu em três etapas sendo duas simultâneas: uma pesquisa

preparatória, na qual foi realizada a fim de criar um embasamento teórico e a pesquisa de

campo, na qual os dados foram obtidos através do diário da gerente de marketing e a terceira

etapa realizada foi a de entrevistas de profundidade com questões iniciais bem genéricas, de

maneira a estimular o respondente a falar sobre suas percepções, crenças e atitudes em relação

ao tema (MALHOTRA, 2001). A entrevista foi realizada na própria empresa com os gerentes

de vendas por ter um maior acesso e, também, pelo fato da empresa ter elaborado uma estratégia

para motivar essa equipe em um momento de mudança organizacional devido à aquisição

realizada. Após as entrevistas realizadas foram feita suas respectivas classificações em

categorias e, estas serão gravadas e transcritas.

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

A generalização dos resultados que serão obtidos são limitados. Outra limitação é inerente

ao próprio método empregado, uma vez que a abordagem qualitativa está sujeita às

interpretações do pesquisador. Estes métodos qualitativos produziriam dados de maior validade

do que questionários, graças à interação flexível entre pesquisador e pesquisado, favorecendo

o surgimento de elementos novos e não esperados a priori, e o entendimento de aspectos

ambíguos que não seriam capturados por instrumentos que padronizam as informações.

Entretanto, a consciência do rigor metodológico, que busca o enquadramento do objeto de

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estudo e isenção de pré-conceitos, procuraram contrabalançar esta limitação (CHERMAN,

2004 e MATOSO, 2005). Mesmo sendo a etnografia uma metodologia qualitativa, ela difere

dos outros métodos qualitativos. O tipo de informação que a etnografia produz são sistemas de

valores e significados que são atribuídos a objetos, pessoas e relacionamentos pelas próprias

pessoas. A mente humana produz uma estrutura simbólica e classificatória que dá significado

às coisas (BARBOSA, GIGLIO, 2004). O antropólogo usa a observação direta e o trabalho de

campo porque esta metodologia auxilia a capturar os diferentes significados e lógicas através

das quais as pessoas organizam a “realidade”.

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4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 A EMPRESA: BETAX ALFA

O Grupo BETA é uma multinacional fundada em Londres no ano de 1983. O Grupo é

reconhecido mundialmente pela excelência em desenvolvimento de novos produtos, parcerias

e aquisições sinérgicas que garantem uma expansão inovadora e agressiva em seu portfólio

Mundial. Em 2012, o Grupo BETA adquiriu a empresa ALFA, que é líder na produção e venda

de genéricos no mercado europeu. Juntando esta força a já adquirida do Grupo BETA, tornamo-

nos o 3º maior grupo de fabricação e venda de medicamentos genéricos do Mundo, com o

anúncio da mudança do nome do grupo para ALFA (em todo o mundo), prevista para 25 de

Janeiro de 2013.

A ALFA é uma empresa farmacêutica global, especializada e integrada, focada no

desenvolvimento, manufatura e distribuição de produtos genéricos, de marca e biossimiliares.

A empresa possui uma sede global e norte-americana localizada em Parsippany, New Jersey,

EUA, e uma sede internacional em Zug, Suíça.

“O nome da ALFA evoca três palavras poderosas: Ação, Visão e Força.

Nossa nova logo incorpora energia da nossa Empresa. Nosso ícone em espiral

distintivo representa nossa evolução da BETA e ALFA, a energia dinâmica da

nossa cultura de colaborador e nosso compromisso como uma líder no cenário

mundial da indústria farmacêutica. Nossas cores falam da promessa de

crescimento, saúde global e responsabilidade global. - Esta é a nova ALFA. - E

estamos apenas começando...” (material institucional da Empresa).

Todo processo de aquisição tem suas etapas e suas adaptações que refletem diretamente

no clima e na cultura organizacional. BETA e ALFA são formadas por centenas de outras fusões

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que em suas origens possuem identidades diferentes, marcas diferentes e, principalmente, um

posicionamento de mercado bem diferente da nova proposta. Converter a ALFA em uma nova

identidade Global, não é uma tarefa fácil.

A estrutura da empresa no Brasil é de aparência simples, com funcionários em sua

grande maioria com mais de 10 anos de empresa, acomodados a uma empresa mais passiva,

sem grandes mudanças. A estrutura é bastante limitada frente a extensão territorial e aos

concorrentes de mesmo porte internacional. A estrutura completa no Brasil, englobando fábrica,

produção, força de venda são de 160 funcionários, em uma fábrica pequena que produz e embala

cerca de doze produtos, sendo que o restante é importado. “Temos doze substâncias e o meu

menor concorrente tem mais de 100, além disso eles tem gente para trabalhar, marca

reconhecida e preço, nosso desafio é gigante.” (Fala do Diretos de Vendas e Marketing Brasil)

Segue figura 3 abaixo da estrutura atual da área comercial:

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Figura 3: Organograma da área comercial

Com a estrutura atual é possível atender cerca de 1,4% do mercado no Brasil, hoje

estimado em 120.000 farmácias. A estrutura comporta apenas 20 profissionais de venda para

atuar em todo o país. Vale ressaltar que a Indústria Farmacêutica no Brasil trabalha com dois

conceitos distintos segundo o Diretor de Vendas em Marketing: “Demanda e Venda. O conceito

de Demanda é determinado pela geração de receitas dos médicos para os pacientes”, sendo

assim, para gerar Demanda na Indústria, faz-se necessário ter uma equipe especializada de

propaganda médica, esta equipe não faz venda, ela gera demanda. São profissionais na sua

maioria técnicos ou muito treinados para apresentar os avanços tecnológicos de novos produtos

para os médicos.

No caso de Alfa, a empresa não possui profissionais que atuam no campo para gerar

demanda, o que segundo o Diretor de Marketing e Vendas, essa estrutura é essencial. Os

profissionais que geram demanda, trabalham com amostras, brindes, e muito material médico

científico de comprovação da eficácia dos produtos. Trabalham fazendo de 6 a 10 visitas por

dia, e costumam ter um painel de médicos entre 100 a 150 médicos que visitam mensalmente.

O Objetivo principal desta equipe de propaganda médica é estabelecer um relacionamento com

Commercial Director

1

Marketing Manager

Brazil

Marketing Assistent

01

Hospital Manager

Brazil

Key Account

South

Sales Promoter

06

Key Account

East, North andNortheast

Sales Promoter

09

Key Account

São Paulo andMiddle Weast

Sales Promoter

05

Sales Assistents

02

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36

o médico do painel da sua região e fomentar a geração de demanda dele para seus pacientes.

Normalmente, em uma empresa de porte médio a grande, a equipe de propaganda médica,

responsável por gerar demanda, é composta de 200 a 1.500 profissionais divididos por todas as

regiões do país. A eficácia destes profissionais é medida por uma ferramenta disponível no

mercado que rastreia as receitas geradas 98,9% dos médicos no Brasil. Esta ferramenta é

instalada nas farmácias e é capaz de gerar os relatórios por região, por médico, por

medicamento. Desta forma é possível saber se o médico visitado está ou não aumentando o

volume de prescrição do medicamento propagado e assim medir a eficácia do propagandista.

O conceito de Venda, para a Indústria Farmacêutica é logicamente gerado pela demanda,

e é realizado nas redes de farmácias e distribuidores em todo o país. O distribuidor da rede

farma é responsável por estocar o produto e entregar ao varejo de forma mais rápida e eficiente

do que a própria empresa faria diretamente. No caso de grandes redes, a venda é feita

diretamente, tendo em vista que o volume comprado é centralizado e que há um controle de

estoque grande. Como dado já visto anteriormente, no Brasil existem em torno de 120.000

farmácias, para gerar a venda, as Indústrias investem em equipe de promotores de venda, que

são responsáveis por tirar pedidos em redes e distribuidores, gerar descontos e benefícios para

aumentar o giro e garantir que não falte o produto na prateleira. Cada promotor de venda possui

um determinado (BRICK) Denominação do IMS para uma região, e a efetividade deste

profissional é medida pela venda. Para Indústrias do porte de Alfa, para cobrir o território

Brasileiro, o número de promotores de venda varia entra 800 a 3.000 funcionários, e no caso de

Alfa, como visto anteriormente, são apenas 20 profissionais de venda e nenhuma estrutura para

gerar demanda.

No caso do Mercado Público, a administração do segmento é feita por apenas 1 Gerente

Nacional de Vendas, que coordena com 57 distribuidores todas as licitações no País. Para este

Gerente de Venda (G2) é fundamental ter moléculas inovadoras no segmento. “Temos

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moléculas antigas, a concorrência faz dumping de preço e não tenho margem para competir,

precisamos de mais moléculas novas” fala do Gerente de Vendas G1, na reunião com os

diretores da empresa pouco antes da aquisição.

4.2 ENCONTRO DE DUAS CULTURAS – NOTÍCIA DA AQUISIÇÃO

Em 24 de Janeiro, Presidente e Diretor Global, anunciou formalmente a conversão da

BETA Farmacêutica em ALFA Inc., lançando uma campanha global de reposicionamento de

marca. Em todos os países chegou via e-mail um comunicado do presidente sobre a

oficialização da aquisição efetuada pela empresa(anexo A):

“Hoje é um dia histórico para todos nós e um marco na nossa evolução em um

líder mundial da indústria farmacêutica. Hoje vamos começar o processo de unir todos

os nossos 17.000 funcionários sob um único nome, marca registrada e protegida em

todo o mundo”.

(...) “Com operações em mais de 60 países e uma posição top 10 em mais de 33

mercados, somos um player global dinâmico, que é reconhecido mundialmente como

líder no fornecimento de produtos farmacêuticos de alta qualidade. À medida que

avançamos para este futuro promissor para a nossa empresa, estamos empenhados em

continuar a execução rápida e contínua de nossos esforços de planejamento de

integração para proporcionar o máximo valor a todos os nossos clientes e acionistas ao

redor do mundo”.

Desde esta data, equipes ao redor do mundo vêm trabalhando juntas em um plano de

fases para dar suporte a esta conversão da BETA para ALFA com a nova identidade corporativa.

Com a aquisição a empresa se torna o terceiro maior fabricante mundial de

medicamentos genéricos, com operações em cerca de 60 países. O negócio farmacêutico com

a marca ALFA desenvolve e comercializa produtos principalmente relacionados à Urologia,

Saúde da Mulher, Oncologia e Cardio, e está comprometido com o desenvolvimento e

comercialização de produtos biossimilares para outras categorias terapêuticas. Além disso, a

Empresa é detentora de uma outra empresa de distribuição que atua em toda Europa e Estados

Unidos, mas esta, por possuir marca própria, não sofrerá qualquer alteração de posicionamento

no mercado.

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Os efeitos causados no Brasil, com essa aquisição, tendo em vista que a empresa

(Subsidiária) no momento da aquisição no Brasil lidava com as seguintes questões foram:

1. Portfólio bem reduzido de apenas 12 moléculas;

2. Posicionamento da marca bastante tímido frente ao budget de marketing ser deveras

reduzido, cerca de R$ 800.000,00 ao ano (oitocentos mil reais/ano).

3. Capacidade de produção baixa, inferior a 10% de uma empresa considerada grande no

mercado;

4. Força de venda muito pequena, com apenas 20 pessoas para cobrir todo o território nacional;

5. Propaganda médica (programa de visitação a médicos) para divulgar a marca e os produtos

(Inexistente).

A comunicação corporativa e jurídica trabalhacom os vários países e equipes de

liderança local para desenvolver planos personalizadosde reposicionamento de

marcas para cada mercado e equipe local. Geralmente, a estratégia de reposicionamento de

marcas é feita em duas etapas. Na primeira etapa, as equipes estão consolidando e convertendo

o legado BETA/ALFA (só ALFA onde é apropriado) nomeando as entidades de operação Legal

para entidades de nome ALFA. Atividades de Reposicionamento de Marcas para estas

entidades virão a seguir. Numa segunda etapa, onde os negócios ALFA estavam operando como

entidades nomeadas ALFA, as equipes estão apoiando a fase de conversão da marca nos vários

mercados.

O projeto Global de relançamento proporciona à empresa a oportunidade de

reposicionamento de ALFA. O Diretor de Recursos Humanos Global em uma reportagem no

jornal interno da Companhia, menciona que trata-se de uma oportunidade singular para unir os

funcionários e criar uma marca global coesa e forte, aumentando o comprometimento com os

clientes e para reafirmar o compromisso proposto.

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Fora dos USA, onde, primeiro, a mudança da Razão Social é necessária, as equipes

do Canadá, Brasil, Austrália e Europa, estão desenvolvendo estratégias similares, com prazo

determinado pelos mercados locais. Finalmente, o negócio ALFA continua a avançar com as

conversões em fases, conforme a necessidade dos negócios, das fontes e de qualquer

necessidade jurídica.

A primeira coisa feita foi a mudança da razão social, essa alteração no Brasil leva em

torno de 3 meses, mas os registros dos medicamentos na ANVISA ainda deveriam seguir o

cronograma do Ministério da Saúde, ou seja, a Razão social muda mas o nome registrado na

ANVISA não, o que significa que durante algum tempo as duas marcas precisam estar juntas,

até que toda a documentação seja aprovada e a substituição total possa ser feita.

É fato que para a empresa como um todo, essa mudança trará grandes desafios, como

foi observado pelo presidente global de operações no seu discurso, mas como esta mudança se

dará e o quanto isso vai acarretar, são variáveis que cada região terá de gerenciar em paralelo

com a Matriz, segundo o mesmo presidente.

A empresa está comprometida em maximizar a oportunidade de reposicionamento de

marcas, assegurando uma execução inteligente com mínimo impacto e risco às atividades

diárias dos negócios.

A Cultura Corporativa antes da aquisição, segundo o Gerente Nacional de Recursos

Humanos, era tipicamente uma empresa familiar, apesar de nunca ter sido. “Os funcionários se

sentem em casa, o que por um lado é ótimo, conseguimos extrair um bom desempenho, mas por

outro é péssimo, pouco profissionalismo, é comum vermos pessoas sendo favorecidas deforma

escusa, dois pesos e duas medidas para aqueles que praticamente fundaram a empresa no

Brasil” Fala do Diretor de Recursos Humanos antes do anúncio da aquisição.

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4.3 INTEGRAÇÃO CULTURAL E DE SEUS SISTEMAS E PROCESSOS

Para a integração cultural ser estabelecida foi elaborado pela matriz, com cada região

um cronograma denominado tracking file(anexo B), para que a matriz pudesse controlar as

ações de cada país para as mudanças oriundas da fusão.

São centenas de índices de mudança que foram mapeados por uma consultoria externa

em um projeto denominado: “Renaming Project” este projeto tem a definição de rastrear todos

os passos das mudanças por região, divididos em áreas geográficas.

Da razão social da empresa, ao modelo de negócio anterior, tudo deve ser ajustado a

nova proposta, mas o fato é que são diversas mudanças que devem obedecer não só ao

planejamento estratégico da matriz, mas também aos órgãos regulatórios de cada país, bem

como ao orçamento disponível para investir na mudança, haja visto que a matriz não injetou

recursos financeiros para as mudanças, deixando a critério de cada região gerenciar seus

recursos para atingir as mudanças propostas.

A empresa antes da aquisição, não tinha uma cultura formal, as relações eram muito

informais assim como, seus processos. Na área comercial o único sistema utilizado é um

software para efetuar o faturamento e todas as demais operações são feitas de forma simples

utilizando recursos básicos do Windows (exemplo: excel e word)

Alfa, para atingir 1,4% do mercado possui 20 promotores de venda e não tem estrutura

de propaganda médica.

A estrutura que atende o campo apesar de enxuta, é bastante eficiente, é possível mensurar

isso cruzando o faturamento da empresa, versus o número de representantes, Alfa apresenta um

excelente resultado dado os recursos disponíveis.

Esse resultado é em muito alcançado pelo relacionamento dos 4 Gerentes de Conta (Key

Account) que gerenciam a equipe de campo. Tratam-se de profissionais antigos no mercado

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oriundos de empresas grandes, que já trazem na bagagem um relacionamento estreito com

grandes distribuidores e desta forma facilitam a entrada de Alfa no Mercado.

Preocupado em salientar para nova direção internacional a função e a importância de

reter esses gerentes de contas para o negócio da empresa, o Diretor de Marketing e Vendas, na

primeira reunião com a nova diretoria apresentou a distribuição da força de vendas pelo quadro

a seguir, para o Presidente da Companhia.

Figura 4: Distribuição geográfica da equipe de vendas.

Fonte: Elaborado pela autora

No primeiro mapa mostra que apenas um gerente é responsável por todo segmento

hospitalar no Brasil. No segundo mapa mostra as áreas de atuação dos três gerentes e dos 20

Promotores de Venda que atuam no mercado farma, cobrindo 2,4% do total do mercado farma.

4.4 CLIMA TENSO NA EMPRESA

Praticamente um mês antes do anúncio, muito foi dito e o caos coletivo estava instalado.

4 pessoas pediram demissão voluntariamente, de áreas diferentes, todas deixando e-mails de

despedida com dizeres de oportunidades novas. Esse fato corrobora com o estudo de Tanure

(2003) afirma que os 100 primeiros dias após a confirmação e divulgação de uma aquisição são

os mais importantes. Neste período, as empresas têm a possibilidade de elaborar planos de ação

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para evitar consequências negativas para seus negócios, porém, de acordo com Evans, Pucik e

Barsoux (2002), citados por Tanure (2003), poucas pensam em tal prática, pensando apenas na

indicação rápida de uma equipe de integração, bem como na divulgação da nova estrutura

organizacional.

O clima de insegurança entre os funcionários antes do anúncio da aquisição era notório.

Todos já sabiam o que iria acontecer, porém nada poderia ser dito oficialmente antes do

pronunciamento da matriz. Entre conversas de corredor, toda a insegurança era revelada “A

fábrica vai fechar”; “Eles devem comprar outra fábrica em outro lugar, quero ver quem vai

apagar a luz...”; “Eu já estou enviando currículo, o pior é ser pega de surpresa...”, “Dos

antigos, não fica ninguém...”; “Acho que os últimos a saírem é o pessoal da fábrica, na

Mantecorp, foi assim, indo um a um, e os últimos foram os que operavam as máquinas, mas

saíram também...”.

Em 24 de Janeiro de 2013, todos estavam reunidos no auditório da empresa, aguardando

a comunicação oficial da matriz.

Auditório simples que comporta em cadeiras soltas no salão cerca de 120 pessoas

sentadas, e os demais, em pé no final do salão. Todos a espera do vídeo oficial da matriz, já

traduzido para o português, onde o anúncio da aquisição seria feito.A tensão já estava

instaurada, os profissionais não sabiam como agir, para onde iam e o que fariam daquele

momento em diante. Inertes diante a breve comunicação, os funcionários permanecerão sem

qualquer expressão. Todos os funcionários do Brasil ali estavam e naquela posição

permaneceram, o vídeo acabou e nada por parte dos funcionários era dito, ninguém se movia,

uma cena bastante angustiante.

O Diretor de Recursos Humanos, ao notar a reação após o comunicado, solicitou aos

funcionários que voltassem normalmente a seus postos de trabalho. “Peço por favor que voltem

a seus trabalhos, temos certeza de que mudanças virão, mas que serão boas mudanças para

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todos nós, por favor retornem a seus trabalhos e não deem ouvidos a fofocas que neste momento

em nada irão agregar.” Era notório que apesar de respeitar o comando do diretor, os

funcionários se encaminhavam de volta para o trabalho de forma lenta e passiva, e

aparentemente todos, inclusive a direção, completamente desnorteados.

Duas semanas após este comunicado, representantes de uma empresa internacional de

consultoria, especializado em fusões e aquisições, chegaram a sede no Brasil para conduzir

entrevistas de profundidade para relatos que posteriormente serem levados a nova matriz.

A função desta consultoria era o de relatar o perfil dos profissionais no Brasil para um

diagnóstico futuro de alinhamento estratégico com os objetivos da empresa. Aparentemente

assustados, os funcionários solicitavam orientação sobre como se portar nas entrevistas.

O primeiro e grande impasse observado foi o impacto recebido pelos consultores que não

haviam sido informados de que no Brasil, grande parte da estrutura, não é fluente no idioma

inglês, ainda que as entrevistas tivessem sido programadas apenas para o nível de coordenação,

gerência e diretoria, muitos não puderam fazer.

Várias entrevistas tiveram que ser suspensas porque deviam ser conduzidas

individualmente e como muitos não tinham fluência em inglês, não puderam ser entrevistados.

Neste momento, o grupo de funcionários que não foi entrevistado, parecia estar

definitivamente fora da empresa, o comportamento destes funcionários observado foi o de

completo abandono de seus afazeres. Parte destegrupopediu férias, alguns entraram de licença

médica e outros simplesmente passaram a usar seu tempo para procurarem de forma bem

transparente outro emprego.

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O comportamento do presidente no Brasil, também espelhava um sentimento deveras

parecido com este grupo em questão. Todos pareciam estar aguardando o momento de uma

reestruturação, e neste caso, a demissão era esperada.

A nova matriz, através de pronunciamentos para a direção do Brasil, se posicionou a

favor de não apoiar investimentos no Brasil nesta primeira fase.

Havia um modelo de gestão “importado” quefoi automaticamente imposto, bem como

a imposição sobre os conceitos de gerenciamento. A cultura organizacional logo nas primeiras

semanas após a aquisição pareceu colidir. A matriz se fez transparente em suas expectativas,

“temos certeza de que agora com a marca Alfa, vocês terão a oportunidade singular de

crescimento, o peso desta marca será fundamental para vocês.” Fala do Presidente na matriz

para os novos mercados que passaram a assumir a marca Alfa.

Porém, no Brasil, esta marca não tem qualquer reconhecimento, nunca se ouviu falar

desta marca no mercado brasileiro. Esta realidade parece não ser coerente, haja visto que na

Europa a marca é muito conhecida.

“Parece brincadeira, eles querem que a gente mude tudo da noite para

o dia, fomos dormir como uma empresa pequena e acordamos uma gigante...”;

comentário feito pelo Gerente de contas, em reunião de vendas.

“Eles querem que a gente projete um crescimento de 62%, isso é uma

piada! Quanto eles vão investir? Isso ninguém pergunta, eles acham que só

porque mudamos a marca vamos vender mais? Essa marca não existe no país!

ainda teremos que lançar, que loucura é essa?” comentário do Diretor de

Marketing e Vendas na reunião de Direção.

Três meses depois da aquisição, ainda não havia por parte da nova matriz qualquer

direcionamento em relação a investimentos no Brasil, o que significava que o país precisava

lançar a nova marca com os mesmos produtos, a mesma força de vendas e sem investimentos

adicionais.

O Gerente de Marketing precisava definir o que poderia ser feito para lançar a marca,

tanto internamente quanto externamente, haja visto que ele já havia sido avisado de que não

haveriam novos investimentos para este primeiro ano. Com os recursos de muito limitados e já

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comprometidos em ações para o ano em andamento. O Gerente de Marketing não enxergava

muitas opções.

Não houve qualquer tipo de direcionamento para instrumentalizar o departamento de

marketing e garantir que o lançamento tanto interno quanto externo pudesse ser feito de uma

maneira direcionada. Toda a responsabilidade do lançamento da empresa estava nas mãos de

um departamento de marketing composto por duas pessoas, nenhum “guideline” a ser seguido.

Aliada a esta situação, os Gerentes de Venda não poupavam comentários sobre a postura

da Matriz em relação a ausência de investimentos para lançar a marca.

“Manda eles virem para cá vender!”

“Quem vai no cliente dizer que nós nos tornamos a 3ª maior empresa de

genéricos no mundo? A primeira coisa que eles vão dizer é: Certo, me mostra

então seu portfólio, me diga quantas pessoas vocês terão em campo para gerar

demanda nas farmácias... Neste caso a gente diz o que? Que valemos muito

porque temos um novo nome?”

“Meu principal concorrente tem 1.200 homens de campo, a gente só tem

20, eles tem 250 produtos no portfólio e a gente tem 12, a marca deles é

conhecida e a minha se confunde com o nome de um iogurte, fala sério isso deve

ser uma brincadeira...”

“Eu sozinho faço três estados, nem eu mesmo falando acredito no que

já faço, o que eles querem mais? Que eu corra em cinco estados? Leite de pedra

a gente tira, mas milagre eu deixo por conta deles...”

“Eu aumentei minhas vendas e ouvi da produção que esse aumento não

foi estimado e por isso fiquei sem produto para entrega e perdi meu cliente, vai

chover produto nosso? Eles querem que a gente venda mais como se a nossa

capacidade produtiva é mínima?”

“Eles estão considerando que estamos no Brasil, que é o país dos

“esquemas” e que se não “molharmos” a mão dos distribuidores não vai ter

conversa? Quem vai pagar a conta... você precisa explicar para eles o nosso

conceito: Para rir tem que fazer rir, não adianta vir com conversa, a gente sabe

o que o mercado quer...”

O desafio parecia intransponível, e quanto mais o tempo passava mais ecoavam pelos

corredores da empresa a insegurança e a insatisfação por parte dos funcionários.Segundo o

responsável pela área de TI da empresa, os sites mais acessados eram os sites de busca de

empregos e após 90 dias da fusão, mais 5 pedidos de demissão foram feitos.

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4.5 ESTRATÉGIA: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA A MUDANÇA E O

MERCADO FARMACÊUTICO

A missão do departamento de marketing era reverter essa condição, conectando a empresa

matriz ao Brasil de forma mais positiva e liderar um plano estratégico promissor que garantisse

uma esfera de possibilidades.

Estabelecer um plano estratégico, não parecia ser mais difícil do que conduzir

internamente uma nova proposta de cultura corporativa. Segundo a direção da empresa no

Brasil, o desafiador do plano estratégico é considerar um crescimento sem qualquer noção de

quanto seria investido de fato, uma proposta vazia.

“Das duas uma: Ou eles dizem quanto vão investir e nós dizemos quanto isso

pode gerar em crescimento, ou eles dizem quanto querem crescer e nós dizemos o

quanto isso vai gerar em investimento, não dizer nada e ficar esperando que a gente

adivinhe torna tudo bem mais difícil...” (um dos membros da direção da empresa).

Entretanto, por medida de sobrevivência, as empresas envolvidas nos processos de

“fusões e aquisições” costumam pensar demais na negociação financeira e se esquecem das

pessoas. Aliado a essa percepção comprova-se que as questões relativas à gestão dos recursos

humanos são fatores-chave para o sucesso dos processos de reestruturação, ressaltando como

atividades críticas no plano de integração: retenção de talentos, integração de culturas e

comunicação (PEREIRA et al, 2006).

As razões pelas quais uma Indústria vende mais ou menos no mercado estão

fundamentadas em algumas variáveis descritas no quadro abaixo também apresentado à

presidência da empresa pelo Gerente Geral do Brasil:

Quadro 1: Razões pelas quais uma Indústria vende mais ou menos no mercado

Produto Portfolio consistente e atraente para o

mercado

De preferência com produtos inovadores

que agregam valor a marca

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Preço Estratégia de preço com possibilidade de

dar ganho de margem ao Distribuidor e ao

Varejista, que são responsáveis pela

retenção da maior parte.

Na estrutura de preço, é considerado a

margem remetida ao balconista da

farmácia que interfere na atitude de

compra do comprador. No Brasil esta

pratica apesar de ser ilegal é

institucionalizada e chama-se BO

(Bonificação).

Marca É fundamental que haja investimento em

marca, a confiabilidade do produto está

atrelada a marca que assina o produto,

desta forma uma marca que não é

reconhecida tem mais dificuldades para se

posicionar no mercado Farmacêutico.

A Tradição para a Indústria

Farmacêutica é significado de confiança

no medicamento.

Trade Estar em todas as farmácias no país é

fundamental.

Capilaridade na Industria chama-se

horizontalização da marca.

O Mercado Farma possui no Brasil 120.000 pontos de venda, existem duas formas de

atingir este mercado, através de uma força de vendas própria ou através de distribuidores

parceiros. De acordo com a lei de genéricos, (Lei nº 9.787, de 1999), todo medicamento pode

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ser substituído pelo seu genérico na própria farmácia, ou seja, ainda que na receita esteja escrito

o medicamento referência (detentor da patente), o balconista pode oferecer o genérico.

No quadro abaixo é possível notar o número de representantes (Força de venda) e o

faturamento dos principais “players” do país no segmento de Genérico, juntos estes laboratórios

Representam mais de 90% do faturamento total do mercado.Nesta análise dos principais

“players” o mínimo de representantes (Força de Venda) por laboratório é 250 pessoas.

Figura 5: representantes por laboratório

Fonte: Elaborado pela autora

Como a estrutura da empresa atualmente só contempla 20 homens de campo, a venda é

feita por meio de distribuidores, como ilustrado a seguir:

Figura 6: esquema de vendas por distribuidores:

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Fonte: Elaborado pela autora

Os Homens de campo (Field Force) visitam apenas as grandes redes e geram demanda

para fomentar a venda através dos distribuidores. Ou seja, a chamada “força de vendas” não

vende diretamente, atuando apenas como intermediários, e focados nas grandes redes de

farmácia promovem ações de trade para movimentar o estoque e sinalizar ao distribuidor a nova

venda.

No caso de redes menores, ou farmácias independentes, não há estrutura interna que

atenda este mercado, desta forma a empresa estabelece acordo com alguns distribuidores que

além de efetuarem a venda, geram demanda nas farmácias, o que diminui consideravelmente a

margem da empresa e não é eficaz.

A ALFA está inserida em um processo de mudança e reformulação, visando adotar

padrões de comportamento mais competitivos no mercado. Para tanto, fez-se necessário

compilar dados de mercado para analisar padrões de referência (benchmarking) e alcançar

patamares superiores de desempenho. Muitas das informações foram extraídas do IMS Health

e os resultados dessa densa análise de mercado são paulatinamente expostos nos parágrafos a

seguir.

Partindo de dados de mercado de 60 grupos de laboratórios farmacêuticos que tiveram

um desempenho no Brasil acima da média do mercado nos últimos cinco anos, foi realizado um

cruzamento de dados referentes à origem dessas empresas com o(s) seu(s) segmento(s) de

mercado atendidos (figura 1). Cabe ressaltar que uma companhia pode ter mais de um segmento

de mercado atendido. Entre os achados, primeiramente, observou-se que 40 empresas são de

origem brasileira e 20 de origem estrangeira. Em segundo, depreende-se que as empresas

brasileiras, de forma geral, possuem um maior foco no mercado de similares e

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genéricos,enquanto que, nas empresas internacionais, o foco é mais voltado para os produtos

de referência e de marca, sendo os genéricos pouco considerados.

Figura 7: Origem da Empresa e Foco de mercado

Fonte: Elaborado pela autora

Após essa fase, os TOP 20 laboratórios, em termos de faturamento, foram separados.

Em seguida, realizou-se uma comparação entre o crescimento da receita desses Top 20

laboratórios, entre os anos de 2011 e 2012, com todos os laboratórios presentes no mercado

brasileiro, divididos por cada segmento de mercado (figura 8). Evidenciou-se, por meio da

análise do gráfico, que o crescimento do faturamento dos TOP 20 laboratórios foi maior do que

a média do mercado no segmento de marca e de referência e foi menor no de genéricos. Esse

resultado ilustra um fenômeno que vem ocorrendo nos últimos anos de que os maiores grupos

farmacêuticos vêm investindo mais nos segmentos de marca e referência, já que para eles, o

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mercado de genéricos já se encontra em processo de saturação e está concentrado na mão de

poucos players.

Figura 8:Crescimento médio do mercado x Crescimentos dos TOPS 20 Laboratórios

Fonte: Elaborado pela autora

Entrando, somente no mercado de genéricos, onde a ALFA está inserida atualmente, foi

feita uma análise do marketshare (figura 9). Compreende-se, a partir do gráfico que poucos

grupos detêm uma parcela bastante significativa de todo o faturamento do mercado de genéricos

no Brasil. Os dois maiores grupos (EMS e SANOFI) possuem 61% e os oito maiores (EMS,

SANOFI, EUROFARMA, NEO QUIMICA, ACHE, TEUTO BRASILEIRO, SANDOZ E

PRATI) detêm 93% de todo o mercado de genéricos no Brasil, ilustrando assim uma forte

concentração do mercado na mão de poucos competidores. Apenas 7% estão sob o poder de

todas as outras organizações (65).

Figura 9: Market Share do Mercado de Genéricos

Fonte:Elaborado pela Autora

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Uma vez que era necessário observar modelos de referência, os oito maiores

competidores do mercado de genéricos foram mais profundamente analisados, de forma a

objetivar comportamentos futuros desejados. Demonstra-se válido, também, esclarecer que

embora estejamos tratando oito grupos farmacêuticos, eles na verdade representam 10

laboratórios, uma vez que EMS Pharma (2º), Germed Pharma (5º) e Legrand (9º) pertencem a

mesma organização (EMS).

Primeiramente, estudou-se o faturamento por cada representante da empresa (figura 10).

Como surpreendente descoberta, percebeu-se que o faturamento por representante da ALFA,

que é a 21º empresa de genéricos, se apresentou competitivo em relação aos Tops laboratórios.

Por mais que a ALFA dobrasse nesse momento o número de representantes no país de 20 para

40, ela ainda estaria na frente de grandes laboratórios como Legrand e Nova Química. Por outro

lado, quanto mais representantes espalhados pelo Brasil, maiores seriam também as áreas de

interseção entre eles, o que afetaria negativamente e dificultaria a manutenção desse resultado

de quase R$ 400.000,00 por representante. O desafio se apresenta, portanto, em aumentar a

força de vendas sem prejuízo da margem e da eficiência por representante, tentando sempre

estabilizar ou superar o que já foi atualmente alcançado.

Figura 10: Faturamento por Representante

Fonte: Elaborado pela autora

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No concernente ao faturamento por cada produto genérico do laboratório, a ALFA não

apresentou um resultado tão positivo (figura 11). Evidenciou-se que a empresa ficou atrás de

todos os outros grandes laboratórios, exceto Nova Química. Um primeiro achado demonstra

que a ALFA apresenta muito menos produtos genéricos (14) do que os outros analisados. Além

disso, como essencial observação, depreende-se que a pouca eficiência em faturamento por

produto da ALFA pode ter como primordial motivação o baixo número de representantes da

empresa, o que resulta em poucos pontos de vendas atingidos pela empresa. Consequentemente,

por não estarem presentes em muitos pontos, os produtos não são explorados em todo o seu

potencial e, portanto, há um baixo faturamento por produto genérico.

A estrutura hierárquica atual de vendas e marketing para o mercado brasileiro é bem

reduzida se comparada a estrutura de empresas de maior penetração no mercado. A empresa

pesquisada atua no mercado Farma (Varejo/Farmácias) e no mercado público atraves de

licitações.

Figura 11: Faturamento por Produto

Fonte:Elaborado pela Autora

Em seguida, foram analisados os lançamentos de produtos nos Top 10 laboratórios

dentro dos três últimos anos, separados por tipo de produto (figura 12). Percebe-se que poucos

laboratórios produziram referências nos últimos anos, porém todos eles produziram similares e

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genéricos, o que acaba por remeter à importância do atendimento de ambos os segmentos por

essas empresas.

Figura 12: Lançamentos dos Últimos 3 anos dos TOP 10 Laboratórios de Genéricos

Fonte:Elaborado pela Autora

Por último, pesquisou-se quais segmentos são atendidos por esses TOP 8 grupos e qual a

porcentagem da receita é representada por cada um desses segmentos (figura 13). Como

primeiro significativo resultado, descobriu-se que todos os TOP 8 laboratórios não possuem

somente genéricos em seu portfólio de produtos. Todos eles apresentam, pelos menos, produtos

de marca e alguns deles apresentaram produtos referência. Isso demonstra que um dos

comportamentos padrão dos TOP 8 grupos é não produzir somente genéricos, mesmo sendo

grandes players desse mercado. Como segundo significativo achado, percebe-se que, muitas

vezes, a maior parte da receita dos líderes de genéricos provém dos outros segmentos,

demonstrando que, para estar entre os desse mercado, a receita não deve estar total ou

fortemente suportada em somente um único segmento.

Figura 13: Portfólio dos TOP 8 Grupos de Empresas de Genéricos

Fonte:Elaborado pela Autora

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Na pesquisa, foram encontrados alguns laboratórios que para não perderem o mercado,

lançam após a quebra da patente, o mesmo medicamento, porém como similar e genérico, para

combater a entrada de concorrentes no mercado, um exemplo que pode ser visto abaixo é o

medicamento Citrato de Sildenafila, o Viagra da Pfizer, quando a patente foi quebrada, o

próprio laboratório disponibilizou para o mercado opções do mesmo medicamento (Genérico e

Similar).

Figura 14: comparação de preço entre referência, similar e genérico:

Fonte: PMB (IMS Health)

No quadro abaixo, é possível visualizar um exemplo de um medicamento que foi

lançado pelo Laboratório LIBBS em 1991, e que após o lançamento do Genérico e do Similar,

o Laboratório do referência, no caso a LIBBS, abaixou o preço, chegando a ser mais barato que

o similar e o genérico na mesma apresentação.

Figura 15: comparação de preço entre referência, similar e genérico:

4.6 RETENÇÃO DE TALENTOS ESSENCIAIS E EXECUTIVOS – CONVENÇÃO DE

VENDAS E FEIRA ABRADILAN

Como já é de costume na empresa, mesmo antes da aquisição, uma vez ao ano, é

realizado uma convenção de vendas. Neste evento se reúnem todos os integrantes da força de

venda, as demais áreas da empresa não participam da convenção.

Produto Substância Apresentação Tipo PreçoAno de

LançamentoLaboratório

VIAGRA Referência 15,30 1998

TANTRIX Similar 12,57 2011

CITRATO SILDENAFILA Genérico 9,94 2011

50MG X 1 CPRCitrato de Sildenafila Pfizer

Produto Substância Apresentação Tipo PreçoAno de

LançamentoLaboratório

PEPRAZOL Referência 12,67 1991 LIBBS

OMEPROTEC Similar 16,33 2000 SANDOZ

OMEPRAZOL Genérico 14,77 2000 MEDLEY

20MG X 7 CPROMEPRAZOL

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Normalmente realizado em um hotel, onde todos ficam hospedados pelo período de 3

dias, o Diretor de Marketing e Vendas divide com o grupo as diretrizes da companhia para o

ano vigente, o Gerente de Marketing fala sobre o mercado, os concorrentes, as ferramentas, as

promoções e a estratégia de venda e posicionamento e, além disso, é separado um tempo para

um treinamento técnico, feito por um médico sobre as substancias. As convenções de venda

eram normalmente feitas em Março.

O Gerente de Marketing viu a possibilidade de incrementar a Convenção de Vendas,

para lançar para toda a área de vendas a nova marca, os desafios e talvez motivá-los para esta

nova empreitada que a empresa passaria a assumir.

O formato da reunião se manteve, 3 dias em um hotel no Rio de Janeiro. O Gerente de

Marketing solicitou ao Diretor de Marketing e Vendas, que toda esta reunião fosse conduzida

pela área de Marketing, para que o departamento pudesse utilizar esse espaço e esse tempo para

envolver e criar uma nova atmosfera para os homens de campo.

Autorizado pelo Diretor de Marketing e Vendas o Gerente de Marketing estruturou o

evento. A sala de reunião foi decorada com flores e canhão de luz, era preciso reverberar a

transição de uma empresa para a outra, do antigo Azul do Beta para o Verde do Alfa, apesar de

pequena a sala de reunião no mesmo hotel de sempre, a decoração do ambiente causou um

enorme impacto na entrada dos participantes.

A sala estava toda iluminada em um ton de azul forte, que remetia a empresa antiga,

havia uma mesa de som com DJ e músicas pré-selecionadas para estimular cada momento da

reunião. Foi contratada uma empresa de Marketing olfativo para que a sala fosse aromatizada.

Assim, de forma simples porém bem elaborada, os convidados ao entrarem na sala de reunião,

se espantavam, alguma coisa havia mudado.

Todos os estímulos eram despertados, recebidos com palmas, música, som, cheiro e

muita iluminação, os convidados um a um iam entrando na sala e admirados sem conseguir

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esconder seus sinais, sorriam de forma muito natural e voluntária. As músicas com as luzes

sincronizadas, despertavam a atenção dos convidados para algo inusitado na empresa, e a

atmosfera criada em torno de todos era singular.

O Gerente de Marketing deu boas vindas a todos presentes e impregnado de muita

emoção, comunicava a todos que daquele momento em diante eles “entrariam” em uma “Nova

Dimensão”.

As luzes se intensificaram iluminando a sala ainda mais, o som cessou e o primeiro slide

apareceu com a seguinte mensagem: “Não importa o tamanho que temos, mas a estratégia e a

capacidade que juntos temos de construir um plano.” Era notório o espanto de todos, e o Gerente

de Marketing iniciou sua estratégia em meio a toda comoção.

“Quem é esse grupo de pouco mais de uma dúzia no campo que se

propõe a crescer mais de 48% só no mercado varejo em uma ano, tendo

cumprido a meta em menos de 12 meses? Quem é esse grupo que tem coragem

de apresentar 12 substâncias enquanto o concorrente apresenta no mínimo

100? Quem é esse grupo que desafia o mercado de forma inusitada, ganhando

espaço mesmo sem ter: Gente, Marca e Produto? Quem somos nós? Por favor

não respondam, vocês terão muito tempo para isso nessa convenção e eu vou

admitir que muito provavelmente vocês ainda não sabem a resposta.”

As luzes baixam novamente e um vídeo é projetado no telão com a música do filme 007.

O filme é a projeção dos principais concorrentes, uma promoção de terror e pânico, o Gerente

de Marketing apresenta todos os concorrentes com requinte de detalhes: Número de

profissionais no campo, número de produtos, verba investida em ações de marketing, enfim,

evidenciando a distância das realidades de Beta/Alfa para qualquer outro concorrente.

Acabado o filme, as luzes voltam a ascender e a música para de tocar.

“São estes os nossos concorrentes? Bom, pelo ao menos é um bom

começo, já que não sabemos quem somos nós, pelo menos temos vaga ideia de

quem são eles...”

Os risos são inevitáveis, bem como a situação de desconforto de todos, como se o

Gerente tivesse colocado em alto-falante todos os medos, as angústias do mercado. Era palpável

a sensação de ansiedade do que estava por vir.

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O Gerente de Marketing de forma incessável continua seu discurso.

“Sabe qual a diferença entre nós e eles?”

Todos parados a espera de alguma resposta, até que alguém no fundo da sala emite uma

opinião:

“A diferença é que eles tem mais estrutura...” e o Gerente de Marketing

continua... “E se eu disser que agora teremos a mesma estrutura, o mesmo

dinheiro, o mesmo número de produtos e uma marca valiosa, alguém sabe me

dizer qual é a diferença entre nós e eles?” ninguém se atreveu a dizer mais nada,

e o Gerente de Marketing continua... “A maior diferença que existe entre uma

empresa e a outra são as pessoas..., a diferença entre nós e eles, são vocês!”

Um sentimento de orgulho aliado a um temor era o principal registro daquele instante.

E olhando as pessoas uma a uma, o Gerente de Marketing conduzia a palestra de forma a

responsabilizar cada um pela diferença e pelo sucesso da empresa.

“Sim, a Matriz acredita que por sermos agora Alfa, teremos mais chance

no mercado, isso é verdade, não isso não é verdade, o que temos é o mesmo do

que tínhamos, nada além de vocês, e esse é o único motivo pelo qual acreditamos

que podemos continuar a crescer, temos vocês, e sabemos que isso faz toda a

diferença”.

Pouco a pouco o dia foi sendo conduzido e a emoção aumentava a cada nova

interrogativa.

Foram sendo chamadas as equipes de cada região para apresentar os resultados e como

tinham chegado lá. Estas apresentações não foram solicitadas previamente, então as equipes

não estavam preparadas, o que tornava o momento ainda mais emocionante. O Gerente de

Marketing perguntava diretamente ao gerente da região se ele poderia explicar como ele tinha

conseguido padronizar um produto em uma rede nova, ou como ele tinha conseguido reverter

uma determinada situação, ele ia até o palco e sem qualquer preparo, era obrigado a dizer porque

ele e sua equipe faziam tanto com tão pouco, e como isso acontecia.

Os casos de sucesso foram todos explorados ao máximo, as palmas vinham da plateia e

a emoção era cada vez maior. Todos pareciam estar convictos de que eram sim, os maiores

responsáveis pelo sucesso da empresa, as apresentações de cada região iam transcorrendo e a

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emoção aumentando, pessoas já quase gritando a cada nova história revelada, o sentimento de

time foi restabelecido.

No final do dia, no final do último coffee break, as luzes ficaram verde, ao entrarem na

sala novamente, todos estavam assustados, a sala parecia ter mudado, tudo verde, uma música

nova tocando, o que mudou?

“Sejam bem vindos a nova dimensão, a Dimensão de Alfa”. Todos receberam ao entrar

na sala, os novos cartões de visita, com o nome da nova empresa, um estojo para colocar os

cartões com a logo da empresa e um relógio com a logo da empresa. “Desperte para a

Dimensão Alfa”.

O relógio era a marca do novo tempo, e as pessoas estavam estarrecidas com o que mais

poderia vir. E o Gerente de Marketing continua...

“E agora que vocês tem toda essa responsabilidade? e agora que

iremos lançar a 3º Maior empresa de Genéricos do Mundo, sem

investimentos, sem estrutura, o que vamos fazer, como vamos fazer?”

E antes que alguém pudesse responder as luzes se apagam, entra um novo vídeo no

telão, a música “We are the Champions” tocando baixo, imagens de jogos famosos de basquete,

viradas de jogos no último momento, lances emocionantes embalam o vídeo, a música vai

suavemente crescendo até que chega ao seu ápice e um enorme barulho de alguém socando a

porta soa, todos olham para trás.

Com uma bola de basquete na mão entra Oscar Bezerra Schmidt, o maior nome da

história do Basquete, hoje, o maior ícone de superação que temos no Brasil. Com a voz grave

e explosiva ele grita: “Chupa!” uma forma pessoal de transbordar a emoção de alguém que

acaba de ganhar o que tanto lutou para conseguir.

Ninguém podia acreditar estar na frente de Oscar naquela convenção, mas era a maior

ferramenta que o Gerente de Marketing poderia entregar. A empresa precisava ser lançada,

alguém precisava dizer ao time: Dependemos de vocês! Não temos nada além de vocês! E

Oscar, da sua maneira mais particular possível, disse isso.

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Sem poupar palavrões e gritos ele conduzia a palestra com muita emoção e dizia:

“Mão Santa é o #$%$#, treinei muito para chegar até aqui. Eu não tinha

nada, nem tênis eu tinha, comi muita banana no estádio para não passar fome,

e sabia que eu tinha um ideal e conseguir ele só dependia de mim...”

No final do dia, ao invés de homens de campo, tinham gigantes que estavam loucos para

saírem a campo e provar que eles fariam a diferença.

O segundo dia de reunião foi dedicado a alinhar a estratégia, os gigantes tinham

despertado e era só uma questão tática de o que fazer.

No terceiro dia, a empresa estava lançando oficialmente a marca Alfa no Brasil, no

maior congresso da área farmacêutica do país. Um evento de grande porte o Congresso da

Abradilan congrega cerca de 5.000 pessoas e todas as empresas do ramo participam. É um

evento de negócios e o pessoal de campo não sabia até aquele momento que a Dimensão Alfa

seria lançada no Congresso.

Como já previsto, todos saíram do hotel e chegaram no evento, todos uniformizados

com a nova marca da empresa, os novos cartões de visita e quando lá chegaram, um grande

impacto.

Era um dos estandes mais lindos de todo o Congresso, todo iluminado de verde, a nova

cor de Alfa, com a mesma essência utilizada na reunião de vendas, o estande estava gigante,

pelo ao menos para os padrões esperados por aquele time.

Ao entrarem no estande, os 20 homens de campo pareciam estar em uma quadra de

basquete, desafiando quem ali estivesse. Era impossível não perceber a emoção, todos gritavam,

celebravam e os estandes ao lado não conseguiam entender o que estava acontecendo.

Foram mais 3 dias de evento no Congresso e muitos negócios foram fechados neste

evento, os gigantes faziam tanto barulho que ainda que o nome Alfa não fosse reconhecido,

todos queriam entrar para ver o que estava acontecendo.

Um sucesso grandioso, uma emoção que perdura até o dia de hoje.

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A cultura organizacional é entendida, como uma aprendizagem compartilhada em um

determinado grupo, abrangendo os aspectos comportamentais, emocionais, cognitivos e

elementos psicológicos responsáveis pelo relacionamento dos indivíduos, e o autor a define

como o compartilhamento de pressupostos básicos padronizados válidos entre os componentes

de um grupo (SCHEIN, 2009).

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5 VISÃO DOS GERENTES DO CAMPO

5.1 ENCONTRO E INTEGRAÇÃO DE DUAS CULTURAS – NOTÍCIA DA AQUISIÇÃO

Os quatro gerentes de vendas receberam a notícia sobre a aquisição da mesma forma e

no mesmo momento para não criar ruídos na informação. A notícia foi transmitida

internacionalmente via e-mail pelo presidente da matriz da Beta atual Alfa. Nacionalmente por

questões geográficas foi realizada uma conferencecall, com os gerentes de vendas, diretor

comercial e gerente de marketing.

O discurso dos quatro gerentes são bem semelhantes, todos afirmam que a aquisição foi

algo positivo, entretanto relatam que existe uma preocupação em relação ao acompanhamento

do discurso e a prática no dia-a-dia.

O G1 tem um discurso aberto sobre a temática e se posiciona deixando claro o seu ponto

de vista.

“Bom, dá pra dizer que são dois sentimentos juntos, primeiro, de

euforia, certo? Você pode levar pro mercado, hoje somos a Alfa, a terceira

maior laboratório de genéricos do mundo certo? E numsegundo momento é de

preocupação, preocupação em que sentido. Em que momento aqui no Brasil isto

vai refletir. Quando é que a gente vai ter força, como é na mesma proporção,

entendeu tipo com um portfólio grande e tudo o mais, então é um misto de

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sentimentos, euforia por você estar fazendo parte de um processo de uma

empresa gigante como é e ao mesmo tempo preocupação porque a gente não

vê a coisa numa velocidade que a gente esperava, sem contar o lado pessoal

que sempre uma aquisição, uma fusão e tudo o mais acaba gerando mudanças,

sempre tem aquela preocupação.Será que faremos parte deste processo ou

não, mas, isto a gente deixa de lado. Pensando como hoje, como a gente está

trabalhando nesta empresa precisamos ter urgente força aqui no Brasil na

mesma proporção que é no mundo e, principalmente, com um portfólio grande.”

(G1)

O G1 deixa claro que se preocupa com as incerteza que essa aquisição gera como visto

no referencial teórico essa é uma preocupação recorrente em momentos de transição. Tanure

(2003) afirma que a taxa de insucesso das fusões e aquisições no mundo é muito elevada e

Bender e Ward (2005) citam, como principais razões para tais operações, a busca por

crescimento de capacidade de criação de valor, dificilmente atingida por meio de crescimento

orgânico no mesmo prazo. Está é exatamente a preocupação de G1 e dos demais gerentes.

O G2 justifica a aquisição como sendo uma estratégia de sobrevivência no mercado.

“Olha, eu recebi muito positivamente porque hoje, felizmente ou

infelizmente a gente vive num mercado muito globalizado e os grandes que

sobrevivem, é a lei de livre mercado, os pequenos ou eles vão ser comprados ou

vãofechar. Então assim eu vi com uma visão do futuro muito positiva porque

assim a gente se torna como eu já disse anteriormente a terceira maior do

mundo com essa compra né e isso dá gancho de um portfólio muito maior, ou

seja, a gente fica muito mais competitivo, reduz nossos custos porque assim tem

uma cadeia muito maior quando comparado só com a Beta então assim a gente

ganha em escala e em quase tudo né, então assim eu vejo isso com muito bons

olhos ou seja, a gente se tornar cada vez maior e consequentemente cada vez

mais competitivo.” (G2)

A visão de G2 é positiva e espera que o portfólio de produtos aumente assim como os

demais gerentes. O G3 ressalta ainda que isso é uma promessa, ou seja, uma argumentação que

utiliza em seu dia-a-dia junto ao cliente. Entretanto o G3 destaca que essa promessa deve se

tornar realidade para que assim o cliente seja realmente fidelizado, o G3 argumenta que o

próprio mercado exige essa postura.

“Internamente foi muito bom recebemos e ficamos plenamente

satisfeitos, terceira empresa de genéricos do mundo, a gente fala isso pro

cliente é a empresa vai investir, mas a gente está sempre na promessa né. E o

mercado está muito ágil, ele está muito imediatista, no mercado as coisas estão

acontecendo pra ontem (...). Então é muito interessante você ter uma fusão

internacional, falar que é a terceira maior empresa do mundo, mas tem que

investir no Brasil. Os caras querem saber o que você vai fazer hoje ‘pra mim

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vai ter o que?’ A situação, o mercado tá mudando muito rápido então a gente

não pode perder muito tempo, com estratégia, com o pé no chão contratando de

maneira adequada, mas tem que ter investimento, precisa ter um plano de

crescimento bem focado porque senão o sujeito fala é isso aí eu já ouvi até

numa reunião que nós participamos que com o distribuidor que até você estava

presente que ele falou aquela frase interessante. Bom todos vem aqui dizem que

é o primeiro, o segundo , o terceiro mas se eu for trabalhar com todos da mesma

forma que ... como eles dizem que lá fora né ? Então ..que pena ... esse cliente

hoje é um dos maiores clientes da Alfa no Brasil, é o cliente que tem

representatividade.” (G3)

O G3 afirma que utiliza a mesma argumentação dos demais gerentes, entretanto ressalta

com mais ênfase a questão do discurso e prática assim como o G4.

“Eu vi como muito positivo porque isso, a gente acaba divulgando

também no campo, a gente acaba também falando pros clientes. Tem cliente

que bem sincero, bem sincero, nem se importa né (...). Não Jana, sendo bem

sincero em falar, assim eu não deixei de fazer o diferencial que eu estava fazendo

anteriormente, sabe. Eu porque a gente trabalha por vários aspectos, essa é a

verdade. A empresa com certeza ajuda, o nome com certeza também vai ajudar,

a posição que ela atua ajuda. Então o que que a gente está fazendo na minha

concepção. A gente está montando uma nova estrutura aqui no Brasil e eu to

trabalhando pra isso, entendeu. Não é que eu ia desmotivar ou motivar. Se eu

continuar a mesma então(...). O que eu faço e o que eu faço sim eu procuro

sempre mostrar isso até pros clientes e pras pessoas que tão novas na

empresa.”(G4)

O discurso de G4 mostra claramente isso no momento que diz “Tem cliente que bem

sincero, bem sincero, nem se importa”. Essa afirmação está em acordo com o exemplo dito

pelo G3 “todos vem aqui dizem que é o primeiro, o segundo, o terceiro”. Diante disso foi

questionado aos gerentes o que de fato puderam perceber de mudança na sua rotina de trabalho

e a resposta foi à mesma uma promessa que gera no cliente uma expectativa para o futuro.

“Bom mudou que a gente hoje está usando o seguinte argumento. Bom

hoje nós somos a Alfa. A Alfa é o terceiro maior produtor de genéricos do

mundo. Hoje aqui nós temos ainda apenas alguns produtos, mas teremos em

breve, uma linha compatível com nosso tamanho. Seremos no Brasil também

muito grande, então a gente usa muito essa argumentação. O pessoal tem nos

respeitado mais porque ele enxerga, sabe que na indústria farmacêutica não é

só o momento. Eles conseguem nos enxergar daqui a três, quatro, cinco anos

como uma empresa muito grande como é no mundo. A gente usa muito isso como

uma argumentação hoje. Ainda temos uma linha pequena, ainda entre aspas no

Brasil somos pequenos, mas seremos gigantes, pode apostar nisto. Então a gente

usa esta força, esta argumentação de um laboratório gigante no nosso dia a

dia.” (G1)

Com isso é possível perceber que os gerentes sabem das dificuldades da empresa passa

por não ter os investimento e estrutura compatível Brasil em relação aos outros locais do mundo.

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O interessante de se destacar é comprometimento da equipe e ver que os gerentes seguem a

mesma linha de raciocínio nesse aspecto e mostram que divulgam a empresa em seu discurso

de forma positiva.

5.2 RETENÇÃO DE TALENTOS ESSENCIAIS E EXECUTIVOS – CONVENÇÃO DE

VENDAS E FEIRA ABRADILAN

A diretoria comercial e gerência de marketing da empresa optaram por fazer seu

investimento nas pessoas da organização, com objetivo de reter seus talentos e divulgar o que

está de fato ocorrendo na empresa. Para o pessoal de campo foi elaborado uma convenção para

apresentar a nova estratégia da empresa, a “dimensão Alfa”. Após a convenção foi realizado a

Feira Abradilan e assim foi lançada a marca Alfa mundialmente com a equipe de vendas toda

unida.

Os gerentes se posicionaram afirmando que gostaram muito do modo como foi

conduzido todo o evento. O G3 comenta que foi oportuna a criação de uma convenção nas

vésperas do lançamento da marca Alfa mundialmente com o objetivo de alinhar a força de

vendas a estratégia da organização.

“Eu acho que foi um momento muito oportuno eles conhecerem um

pouco da estratégia da nova empresa, da fusão Watson e Alfa.” (G3)

“A convenção foi fantástica eu acho que ela conseguiu mostrar

principalmente pros jovens, pra equipe de campo, em suma realmente eu acho

que foi show de bola, deu o recado que precisava dar.” (G1)

“Bom Janaína eu achei que foi muito positivo porque é o único momento

do ano que a gente tem pra reunir todo o nosso pessoal né, infelizmente. Eu

gostaria que a gente tivesse pelo menos três reuniões dessas no ano porque eu

penso que isso agrega muito não só do que foi apresentado lá, mas a relação

entre as pessoas se torna muito mais sólida, se torna muito melhor, ou seja,o

nosso grupo que é unido ele fica muito mais compromissado depois dessas

convenções. Então na minha opinião eu acho que ela foi muito positiva e teria

que sim existir mais vezes no ano.”(G2)

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“Primeira coisa que convenção é fundamental é por vários fatores,

primeiro que assim, o pessoal tem uma integração né , esse é um ponto. Segundo

ponto foi o principal em minha opinião o lançamento do mundial da

empresa,principalmente praspessoas que estão pra saber que estrutura, como

é que é a empresa tal, e outros pontos assim, saber como que a empresa é , como

ela atua, onde quer chegar, como que ela quer fazer e além de tudo a integração

com as pessoas e ter o treinamento necessário que a gente nem sempre consegue

estruturar todo mundo de uma vez só. Então, na minha opinião a convenção ela

é fundamental pra mim, pelo menos acho que na minha opinião tem que ter pelo

menos uma vez ao ano com certeza tem que ter.”(G4)

“Foi excelente, eu acredito muito neste tipo de evento porque você reúne

o grupo, você motiva, dá um estímulo pro grupo, mostra pro grupo quais são os

objetivos da empresa (...) gostaram muito... ficaram muito satisfeitos com a

união, com o relacionamento, com o ambiente principalmente, principalmente o

ambiente. Percebique é um ambiente salutar, um ambiente focado em

resultados, um ambiente de trabalho bem transparente. Conheci um evento, um

investimento acho que foi um investimento muito adequado.” (G3)

O G1 já se posiciona afirmando que a convenção poderia ser por mais dias para haver

mais treinamento.

“Bom o que eu acho que poderia ser melhor é a gente pelo fato de ser

uma convenção eu acho que o tempo foi curto. A gente poderia estar utilizando

a nossa convenção, por exemplo, pra mais treinamento pro campo. Tipo usar de

repente talvez um dia a mais pra treinar, treinarmos a abordagem, como o

pessoal devia estar fazendo estas abordagens no campo como é que poderia

estar levando estas informações pro campo, enfim um treinamento mais

aprofundado, ta certo.”(G1)

Com o objetivo de reter os talentos da organização e motiva-los a gerente de marketing

contratou a palestra do Oscar Becerra Schmidt (jogador de basquete), e isso foi muito bem visto

pela equipe de vendas.

“É mas a minha visão o que foi feito foi muito bem feito. Eu destaco por

exemplo o fato da gente ter trazido uma pessoa por exemplo como o Oscar que

é um símbolo de uma pessoa vitoriosa no Brasil, termos trazido ele, acho que o

link, a simbologia desta visita foi muito forte, foi muito legal tipo, nós seremos

vitoriosos ... é esse cara é um símbolo, é um cara vitorioso, é um cara que correu

atrás, que se sacrificou, que treinou , treinou, treinou e conseguiu chegar onde

chegou. É uma coisa que eu faço essa analogia hoje. O que nós aqui no Brasil

como você mesmo citou, somos tão pequenos ainda é que a gente precisa mesmo

fazer este trabalho no dia a dia. É como se estivéssemos treinando, treinando,

treinando pra daqui a pouquinho se tornar alguém grande como de fato somos

né.”(G1)

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“Bom, eu achei fantástico porque assim, apesar do investimento que se

tem pra contratar um Oscar, eu acho que é um dos melhores investimentos que

uma indústria poderia fazer porque a gente trabalha com pessoas, a gente não

trabalha com mesas, com, com paredes, com janelas, a gente trabalha com

pessoas. Ou seja, o melhor investimento que se poderia ter é justamente o que,

motivar pessoas e isso foi feito muito bem nessa nossa convenção, ou seja, a

gente trouxe um cara que é um campeão em todos os sentidos do basquete e ele

passou isso muito bem, ele conseguiu no final de sua palestra motivar a todos

que estavam lá e isto foi muito legal por esse motivo né. Eu acharia que nas

próximas convenções seria legal a gente continuar com essas palestras de caras

famosos, de caras que foram campeões em suas atividades porque isto realmente

motiva todo nosso pessoal, eu acho muito válido.”(G2)

“Os recursos até dentro da nossa expectativa até pra minha opinião

superou, não esperava realmente ter uma palestra dum cara tão importante

quanto o Oscar, um lugar super agradável, brinde receptivo, relógio, porta

cartões, a caneta que eu uso todo dia. Isso na minha opinião superou minha

expectativa sim (...). Na minha opinião, valeu, valeu muito, primeiro que a

palestra dele é muito legal, foi muito prestativa, segundo que ele é um cara bem

conceituado né no que ele fez, no que ele faz e tem que colocar o que ele falou

em prática. Na minha opinião, eu consigo colocar, eu consigo o cliente legal

que ele falou e consigo colocar em prática pra dar principalmente motivação e

gás no nosso negócio. Eu vi dessa maneira.” (G4)

“Eu acho que agregou muito. Não só pelo fato de ser um grande líder,

um cara que transmite uma confiança muito grande, transmitiu pro grupo ali

bem o espírito da nossa empresa que é desafio, acreditar, uma empresa nova

com poucos produtos, com pouco investimento mas com muita vontade, o grupo

tem muita vontade então eu acho que a escolha dele veio ao encontro nesse

sentido. Vocêsforammuitofelizes quando elegeram o Oscar porque ele é bem

isso, ele ele é muita transpiração, muita energia, acho que veio no momento

ideal. E a surpresa porque vocês conseguiram guardar esta informação,

ninguém ficou sabendo. N o final você chegou a uma excelente escolha. Porque

é assim você, tem humoristas, você tem uma série de personalidades mas, que

não agregam numa situação como ele agregou pra nós naquele momento. Acho

quefoibempontual.” (G3)

Os quatro gerentes captaram da forma correta o recado que a gerente de marketing se

propôs a realizar com a contratação do Oscar Schmidt.

O G1 acredita que a feira Abradilan é um bom investimento e esse deve ser sim efetuado

novamente.

“Acho que pelo menos mais duas vezes mais ... o ano seguinte e o outro

ano a gente deveria entrar... Acho importante sim porque ali obviamente que

você consegue ter no mesmo local distribuidores de todas as áreas do Brasil

todo então e às vezes tem distribuidores grandes que vão da Abradilan os seus

gerentes, seus diretores pra conhecer, para saber a movimentação que tem,

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então eu acho que mesmo sacrificando investimento no trabalho no dia a dia, é

importante que a gente esteja pelo menos nos próximos dois anos, Jana”(G1)

O G2 concorda e conta sua surpresa em relação a feira Abradilan para o segmento

hospitalar.

“Então no meu caso que é o segmento hospitalar foi uma surpresa muito

grande pra mim porque nos dias de feira eu não pensei que eu fosse atender

tantas pessoas como eu atendi visto que é uma feira focada para o segmento

farma. No entanto eu não parei um segundo, ou seja, eu recebia clientes a toda

hora, cliente esses do ... e do meu segmento. Então, assim eu vejo que foi muito

positiva por esse motivo e ao mesmo tempo positiva foi uma surpresa muito

grande, eu não contava que eu ia receber tanto cliente assim.”(G2)

G3 afirma que a participação na feira foi fundamental para o cliente sabe e conhecer

que e a Alfa e utiliza essa repercussão em sua rotina.

“Participamos de maneira simples, participamos de uma maneira bem

agressiva, bem agressiva porque o stand ficou de muito bom gostocomo

feedback dos próprios clientes, fomos muito bem visitados por eles, chamou

muita atenção porque o nome Alfa foi uma excelente escolha e eles ficavam

curiosos é é, que empresa é esta, quem é essa empresa. Vários distribuidores

querendo a nossa linha, várias redes que ainda não tinham nossos produtos

também foram em busca destas informações, enfim foi fantástico. Foi um

momento não só de divulgar a marca Brasil pros distribuidores nacionais,

divulgar pras redes e sobre tudo fazer uma integração do nosso grupo que

estavam aqui, custo até menor trazer este grupo só para participar da reunião

gerentes e os vendedores ficaram satisfeitos recepcionaram os clientes deles

nessa feira uma feira nacional. Enfim foi no somatório aí foi nota dez, eu achei

muito importante.” (G3)

5.3 CLIMA TENSO NA EMPRESA

Em relação ao clima os gerentes de vendas demonstram uma preocupação forte com

os investimentos que a empresa deve fazer e que estes já prometem para os seus respectivos

clientes.

O G1 utiliza uma argumentação forte e declara:

“Eu acho que faltou muitas coisas, faltou é tratarem o Brasil com a

importância que tem. É a impressão que passa é Brasil oh vocês não são nada,

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ta vendo, não me preocupo em levar produtos para vocês, se virem com o que

vocês tem aí, porque não estou mais preocupado com outras partes do Brasil

onde possivelmente tenham melhores resultados do que a gente né, porque se a

gente for considerar como uma ... Alfa o faturamento do Brasil pra eles é

irrisório (...) Então acho que faltou muita coisa, faltou eles trabalharem sim o

Brasil como um país de oportunidades e investirem aqui. Eles precisam investir

urgentemente no sentido de trazer uma linha pra gente.”(G1)

O discurso de G1 demonstra uma insatisfação com a empresa no âmbito global, afirma

que não estão olhando para o Brasil como deveriam olhar em acordo com o seu ponto de vista.

G3 mostra que agora leva para o cliente um posicionamento mais definido:

“Então vamos falar aí com relação a receptividade dos clientes né. É

claro que dá um direcionamento, um posicionamento mais definido. Porque o

cliente fala, vem cá, é Beta, é Alfa, o cliente ficava meio confuso e o cliente não

recebe só nossa marca. A gente não pode ser romântico e achar que... ele recebe

aí quinze, vinte visitas de vários laboratórios, de vários segmentos. O cara

guardar um nome é muito difícil. A gente quer que ele guarde o nome, a marca,

principalmente as moléculas, cadastre enfim. Então é o que mudou é que a gente

deu um direcionamento pra eles, olha agora a empresa é essa, é Alfa, a terceira

do Brasil, do mundo, nós vamos investir, mudou neste sentido, mas o cliente tá

na expectativa, o cliente cobra né , o cliente fala tudo bem, legal , muito bonito,

gostei do nome, é a terceira(...), bacana mas gera uma expectativa , a gente vai

com muito entusiasmo, com muita garra,informa, vamos investir muito, pode

acreditar , cadastro de produtos, produto seguro, enfim mas agora ta começa

segunda parte que é de cobrança. Pô G3 e os produtos vem quando, como é que

ta os preços precisam melhorar mas é é de modo geral já foi uma uma

informação objetiva pro cara né.”(G3)

O G2 concorda com G1 e G3 e destaca em sua fala que até hoje não apresentou nada

concreto para o cliente só leva a promessa.

“Então, é muito importante quando você fala pro cliente que hoje nós

somos a terceira maior empresa do mundo, ou seja, o cliente obviamente vê isso

com bons olhos, mas a diferença palpável nisso é quando você fala isso e por

trás você faz coisas sólidas que mostrem poxa, não, realmente, apesar do G2

falar que ele é a terceira maior do mundo, ele ta fazendo coisas, ele ta me

mostrando coisas que realmente tornam isso verdade, que realmente é a terceira

maior do mundo. Então como a gente não tem nenhum recurso hoje pra

mostrar pra ele que nós somos a terceira maior do mundo, só as minhas

palavras, logicamente que na minha concepção não mudou muita coisa não.”

(G2)

O G3 já tem uma visão maior de mercado e em seu discurso deixa claro que se não

houver uma estratégia com produtos e preço competitivos, isso pode gerar impactos negativos.

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“Aí Jana é o que você tinha falado lá atrás, produtos, óbvio! você tem

que ter e produtos e mercados expressivos com preço competitivo.Não adianta

você ter um produto com maior mercado e não ter o preço. Tem queter o preço

adequado ao que os concorrentes estão fazendo sempre mais baixo. É produtos

que não sejam também só produtos controlados porque a gente tem mais de

60.000 farmácias no Brasil e muitas delas não tem a documentação para

trabalhar com produtos controlado senão a gente fica limitado. Já estamos

agora com o Anlodipino que já está abrindo aí uma grande oportunidade para

colocar o produto em lojas que não teriam estes documentos podem já estar

ganhando espaço, mas lançar mais produtos, produtos de valor agregado

interessantes, produtos que fazem parte da farmácia popular, tem um volume de

vendas muito grande no Brasil, é investimentos né.

Seminvestimentosvocêhojenãoconsegueentraremdeterminadasredesporque a

concorrência está fazendo também um investimento muito forte, haja visto o que

Medley, EMS, Sandoz vem fazendo. (...). Só concluindo então acho que são

produtos, investimentos e gente né pra gente conseguir entrar em mercados, em

áreas que nós não trabalhando ainda.”(G3)

O G4 complementa dizendo que o Brasil precisa de uma estrutura.

“Ah a gente ta, é o que eu sempre falo a gente ta montando uma base

no Brasil. Então assim, quanto mais estrutura a gente tiver melhor a gente vai

representar pros nossos clientes. Então a gente está precisando de tudo,

estrutura interna, logística, entrega, produtos, isto também é fundamental. A

gente ter um corpo de produtos que incorpore isto com certeza facilita. Alguns

vêem nossa linha eles falam,pô legal vocês são o terceiro, mas sua linha é

pequena aqui né. Eles falam já tenho alguns acordos com Medley e EMS vocês

não podem entrar aqui com metade da linha, então a gente fica restrito neste

aspecto sabe, a gente fica limitado, esta é a grande palavra.” (G4)

O G2 concorda com o G4 e corrobora afirmando que não adianta a empresa dizer que é

a terceira maior do mundo se não tiver essa postura internamente.

“Então, o ponto negativo que eu vejo eu acho que tudo que eu falei, eu

to falando coisas pro mercado a gente se torna mais competitivo pro mercado,

a gente se torna maior o que dá possibilidade pro meu segmento de reduzir os

custos, mas eu acho que a parte interna da empresa, as pessoas da empresa hoje

aqui no Brasil, elas tem que acompanhar esta estrutura, ou seja, tem que ter

mais contratação de gente em todos os departamentos da empresa para que aí

sim a gente possa suportar esse crescimento com maior sustentabilidade, ou

seja, não adianta a gente só falar que somos a terceira maior do mundo se nós

não tivermos a postura interna em nosso país de sermos a terceira maior do

mundo.” (G2)

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5.4 COMUNICAÇÃO

Como visto no referencial teórico a comunicação no estudo de Tanure (2003) é um fator

que quando bem feito gerar resultados positivos de sucesso.

Os gerentes de vendas aprovaram a convenção e feira Abradilan como um bom meio de

comunicação, entretanto levantam sugestões bem pertinentes para que essa divulgação chegue

no final da cadeia, ou seja, no cliente.

O G2 destaca em seu discurso a oportunidade de divulgação da marca e mais que isso

apresentar para o cliente o que a empresa representa mundialmente.

“E um outro ponto legal é que a gente teve oportunidade de divulgar a

nossa marca até a Alfa e o stand logicamente ficou lindo, então, assim muitas

pessoas que foram até nós não conheciam a marca e depois do nosso

esclarecimento que era do grupo Beta, grupo Beta eles tomaram noção que a

Alfahoje é uma empresa que é a terceira maior do mundo. Por isso eu acho

que é importante não só mostrar que a gente está presente, mas também

mostrar que a gente faz parte de uma grande empresa. Então, eu acho que a

feira cumpre com este objetivo.” (G2)

O G3 concorda com o G2 e comenta que até hoje divulga isso no momento de

negociação com o cliente.

“Olha pro lançamento da Alfa no Brasil foi excelente. Eu até ontem em

visita a um cliente, a rede Tamoio em Niterói, eu levo comigo aquela última

revista que tem a foto, o jornal internacional da Alfa né? e mostro pra eles,

para aqueles clientes que não tiveram a chance de participar. Ontem eu mostrei

para uma compradora e ela ficou poxa que lindo. Eu falei olha só nosso time

na Abradilan. Ela ficou quem não participou viu a magnitude da nossa

participação com relação ao stand. Então foi marcante.” (G3)

Os G1 e G4 defendem a ideia de que deveria ter sido elaborada uma divulgação mais

ampla para que os clientes já chegassem na feira sabendo quem era a Alfa.

“Eu gostei, porém eu acho que a gente usou muito é a gente divulgou

pouco, na verdade nem divulgamos né. Talvez precisássemos ter explorado

mais isso. Eu tenho, por exemplo, clientes que foram até a Abradilan e que não

nos visitaram. Por é cadê vocês, onde está o vocês, não teve um link com relação

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a nossa nova marca mesmo sabendo que éramos a Alfa (...). Mas poderia ter

divulgado a Abradilan, existe nosso stand na Abradilan, somos agora Alfa, foi

uma coisa meio que vamos trabalhar em segredo né. Nossa marca vai ficar, nós

vamos lançar, não divulgamos que estaríamos lançando nossa nova marca lá.

Isso acho que poderíamos ter explorado melhor. Mas o fato de estarmos na

Abradilan, até hoje temos cliente que nos procuram ainda, entendeu. Então eu

acho que foi muito, muito válido mesmo, com certeza. Inclusive euachovocê

parece até já fechou.”(G1)

O G4 concorda e faz uma sugestão para os próximas convenções e feiras.

“O que a gente poderia estar fazendo pras próximas é fazer um convite

um pouco diferenciado pra gente tentar passar pro nosso cliente, pro nosso

cliente passar lá, enfim um chamariz pro nosso cliente. Porque alguns que

passaram lá assustaram, não sabia que era Alfa , não sabia que vocês estavam

aqui. Porque não deu tempo pra fazer a divulgação né, mas com certeza é válido,

super válido. Eu acho que tem que continuar assim.”(G4)

O G1 complementa destacando a importância desse tipo de evento.

“É importante estar na Abradilan pra divulgar a nossa marca, porque

ainda não somos conhecidos, acabamos de fazer uma migração de marca, então

é importante estarmos na Abradilan para divulgarmos a nossa marca.”(G1)

Durante a convenção que antecedeu antes da feira Abradilan foram elaborados e

divulgado para a equipe de vendas uma série de vídeos, desde um mais amplo que mostrava

desafios, passando por institucional e até mesmo fazendo um comparativo com os maiores

concorrentes. Estes vídeos tinham como objetivo motivar a equipe de venda e fazer a equipe

despertar para a nova “dimensão Alfa”. Assim, foi feito e gerou uma excelente repercussão para

os gerentes de vendas.

“Show de bola. Eu achei que foi fantástico, a gente percebia

conversando com os representantes de campo a euforia deles. Isto é sinal de que

o recado foi dado muito bem, show de bola, show de bola. Sem palavras, é isso

mesmo, foi fantástico.” (G1)

“Show de bola, sensacional, motivacional total.”(G4)

O G3 afirma ainda divulgar alguns desses vídeos para os clientes e sugere que a empresa

deveria elaborar outros para mídias de massa, mas reconhece que isso é um investimento muito

alto.

“Não eu acho que foi um excelente e assim a gente multiplica esses

vídeos pros clientes nas apresentações né. É obviamente dentro das nossas

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possibilidades (...). É ideal é que tivesse esse, essa propaganda da Alfa num, em

mídia seja televisiva, escrita ou de reportagem, mas o custo é alto a gente sabe

(...). Mas nós multiplicamos esse vídeo em várias reuniões. Primeiro a gente

informou pro nosso grupo, eles ficaram extremamente satisfeitos.”(G3)

A empresa acredita que investir em recursos de comunicação voltados para motivar

pessoas e estas percebam isso é um grande diferencial. Os gerentes de vendas percebem bem

esses recursos e mostram o desejo de ir além e querem replicar também para os seus clientes.

Segundo Tanure (2003) esse é um fator determinante para o sucesso da aquisição. De forma

clara é possível ver que os gerentes percebem isso com o exemplo da fala de G3.

“O grupo tem que sair de uma convenção motivado, que pelo menos

ninguém motiva ninguém, mas pelo menos estimula e a gente percebe que é ,

trata-se de uma empresa séria e com objetivos bem bem definidos. E aí

multiplicamos esses vídeos, informamos esse vídeo pros clientes em

determinados eventos, eu acho que foi bem bem adequado.”(G3)

5.5 EXPECTATIVA EM RELAÇÃO À AQUISIÇÃO E A NOVA ESTRATÉGIA DA

EMPRESA

A expectativa em relação a aquisição gira em torno de investimentos o G4 destaca de

forma bem suscita.

“Investimentos são básicos que eu te falei tem de pessoas até produtos.

Na minha opinião são estes dois, tripé , pessoas, produtos e minha estrutura que

nós temos ainda que realmente é enxuto.” (G4)

O G1 corrobora com a afirmação de G4, e destaca a importância de um portfólio maior

e argumenta que é isso que falta e afirma que o grupo é unido.

“Eu acho que o que eu espero na verdade é que todos esperam que a

gente tenha urgentemente no Brasil, um portfólio maior. É temos hoje uma

equipe que eu acho que é fantástica, está muito ligada, está muito ligada, dá pra

dizer que é um time unido, isso é muito legal. O que eu acho que está faltando

pra gente é termos uma linha maior, o quanto antes, com urgência. E no mais

a gente vai trabalhar como sempre fez e obviamente procurando fazer sempre o

melhor. Mas o que eu falo é isso mesmo, termos uma linha maior e continuarmos

com este mesmo espírito que temos hoje de equipe, de união que a gente está

conseguindo estes resultados ai.” (G1).

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O G2 trabalha com o seguimento hospitalar e destaca em seu discurso que mais que ter

um portfólio maior é preciso ter atenção em quais produtos que serão lançados, pois interessante

é investir em substâncias não tenha muitos concorrentes.

“Bom, o meu segmento eu acho que são duas coisas mais importantes

que tem e uma coisa ta muito ligada à outra. A gente lançar princípios ativos

que só nós temos, num menor tempo possível. É isso que vai tornar a nossa

empresa no segmento hospitalar uma empresa diferente. Não adianta a gente

lançar no nosso mercado, principalmente no meu mercado, princípios ativos que

grandes indústrias já tenham. Então assim o que que vai acontecer, a nossa

lucratividade se torna mais baixa porque todo mundo já tem e a gente tem risco

de não ganhar. Então assim, é lançar princípios ativos que ninguém tenha,

num curto de tempo possível, então assim eu vejo isso como uma grande

vantagem e torço pra que a gente consiga fazer isso.”(G2)

O G3 tem uma visão de mercado e ressalta que este tem memória então o importante é

ter um plano estratégico e seguir para que não gere conflitos de discurso e prática. Isto é, para

que não se torne apenas palavras e a relação se torne desgastada entre a empresa e o cliente.

“É eu trabalhei em uma grande multinacional durante dezoito anos e

que por mais que você tenha um nome você tem que ter ação, você tem que ter,

tem que provar pro cliente, eu prometi estou trazendo eu eu lhe informei isso e

to cumprindo, entendeu? Não pode ficar no achismo, né? A minha expectativa

é essa é quem enfrenta realmente, é é aplica plano estratégico, não toma

atitudes de é é de recuar a todo momento , né. Defina um plano e siga esse

plano. Então o que que o mercado me identifica hoje, várias empresas que

entraram no Brasil chega faz uma onda tremenda e depois recoa, né. Ah

exemplos é empresas indianas várias entraram no país e recuaram. Aí fica lá

aquele estoque, fica aquele resíduo, fica aquela informação ruim. Queima o

nome da empresa desnecessariamente, porque por falta de estratégia, por falta

de cumprir esta estratégia, por não manter o grupo ao longo do período.

Contrata-se muita gente daqui a pouco demite-se muita gente , sacrifica

aquele... grupo.. desnecessário. O mercado tem memória, o mercado não

esquece. É distribuidor e rede eles tem uma cultura de cobrar isto (...). Então é

eu espero isso que a empresa cumpra este plano estratégico porque quando você

está na frente do cliente ele te cobra e o relacionamento hoje a gente conseguiu

colocar os produtos, conseguiu produzir determinadas moléculas, a grande

maioria pelo relacionamento, pelo conhecimento que o cliente sabe que você

tem e cumpriu ao logo do período que foi prometido, né , Então se queimar, hoje

nós estamos no caminho certo, lançamos a marca, estamos com as poucas

moléculas que temos em grandes, nos maiores clientes, nos melhores. (...).Deve

fazer diferente, cobrir e fazer essa sequência e sequência que o mercado

determina e obviamente com produtos com preços competitivos e mercados

expressivos pra dar rentabilidade pro cliente e a nossa obviamente, né? Para

não diminuir a nossa margem.”(G3)

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6 CONCLUSÃO

A motivação que deu ensejo a este estudo se transcreve pela seguinte questão problema,

conforme dito na introdução: “como uma aquisição pode impactar na cultura organizacional,

observando os gerentes de vendas e área comercial de um laboratório farmacêutico? Quais

estratégias podem ser adotadas para mitigar os impactos que esse cenário pode gerar na equipe

de vendas?”. Foi possível observar e concluir que a aquisição foi vista em um primeiro

momento como ameaçadora sob o ponto de vista da instabilidade da empresa no Brasil.

Os gerentes de vendas quando questionados insinuam a possibilidade de crescimento.

Entretanto a realidade é diferente, pois a matriz declarou oficialmente que não irá realizar

investimentos a curto prazo no Brasil. Isto significa que a empresa irá continuar no seguinte da

aquisição com: o portfólio com 12 produto, 20 pessoas no campo para atender a todo Brasil,

sem marca reconhecida em território nacional e sem investimentos em marketing. Isso

demonstra que o clima organizacional pode ser afetado.

Como visto nos estudos de Tanure as principais razões para o insucesso das operações

estariam relacionadas: à gestão de pessoas, à complexidade presente no encontro de duas

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culturas, à transferência de habilidades e competências, à retenção de talentos e ao clima tenso

na empresa adquirida. Como os gerentes estão entendendo a informação de forma dispare da

realidade é provável que ocorram impactos na Cultura Organizacional. Essa probabilidade foi

confirmada nesse estudo de forma bem real no item que descreve clima tenso na empresa (um

dos objetivos principais do estudo). Neste item foi descrito como o clima pode ficar tenso se a

informação não for transmitida com o máximo de transparência. Muitas pessoas nesse momento

optaram por pedir demissão e/ ou fazem diariamente comentários negativos.

Quando Beta ao adquirir Alfa tinha a intenção de aumentar sua capilaridade mundial

visto que Alfa apesar de ser menor do que Beta estava estrategicamente no globo melhor

localizada. A justificativa da aquisição está em acordo as principais razões levantadas por

Rossetti (2001) e Tanure et al(2003) em seus estudos. Rossetti (2001), há três dominantes que

correspondem a mais de 50% do total. São eles: a) ganhos de market share (participação no

mercado); b) maior amplitude geográfica de atuação; c) crescimento, com ampliação de escalas

operacionais. Além dessas razões, relacionadas ao crescimento de um modo geral, o citado

autor aborda objetivos referentes à ampliação da competitividade, à diversificação (tanto da

linha de produtos quanto de negócios), ao aporte de tecnologia e à verticalização (integração da

cadeia de negócios a montante e/ou a jusante).

Tanure et al. (2003) afirmam que a literatura sobre fusão e aquisição aponta dois

motivos para a compra de empresas: maximização do valor da empresa, por meio de sinergias,

economias de escala e/ou transferências de conhecimento; e motivações do corpo diretivo,

baseadas no aumento do market share, no prestígio da direção e na redução do nível de

incerteza. Nesse estudo, as autoras encontraram aspectos similares aos divulgados por Rossetti

(2001). Segundo elas, 59% das compras foram motivadas por questões de mercado, como o

aumento de participação, a aquisição de marcas e a penetração em novos mercados; e 11,7%

por motivos relacionados a ganhos de escala.

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A observação mais relevante desse estudo foi verificar na prática como é feito um

planejamento para manter o capital intelectual na empresa mesmo esta passando por um cenário

de relevante impacto. Essa observação contempla os objetivos intermediários deste estudo que

foi identificar como as relações interpessoais, o comportamento corporativo, a integração de

grupo e as “rádios corredores”; comunicação informal passa a ser estabelecida nesse cenário de

aquisição. O interessante foi à adoção de uma estratégia para mitigar esses impactos,

trabalhando exatamente com a gestão de pessoas. Esse estudo focou na área comercial e nela

foi possível observar resultados positivos dessa estratégia.

Assim, é possível concluir que empresa Alfa optou por investir no capital humano, ou

seja, nas pessoas da organização. Com o objetivo de alinhar a equipe de vendas com a estratégia

da organização tornando a equipe comprometida. Para gerar uma integração com a nova cultura

organizacional a equipe de vendas foi desafiada a conhecer e fazer parte de uma nova dimensão.

Agora motivados com o novo desafio os gerentes de vendas percebem que podem utilizar a

argumentação “Alfa a terceira maior empresa de genéricos do mundo” no momento de

negociação com os clientes. Entretanto demonstram uma forte preocupação que esse discurso

se torne realidade e, possam de fato entregar ao cliente o que hoje é uma expectativa. Essa ação

foi feita com todos a área comercial da empresa em uma convenção anual.

A falta de recursos para investir em uma divulgação em massa para o público maior, foi

o maior motivo que levou a empresa a investir na capacitação das pessoas, na motivação e no

comprometimento, e o resultado desse investimento foi surpreendente, haja visto que os

profissionais de campo, que receberam o treinamento e a capacitação, demonstram

engajamento, alinhamento estratégico e preparo para alcançar os objetivos maiores da empresa.

Schein (2007) considera o capital intelectual de sua empresa como a chave propulsora do

sucesso empresarial. O treinamento e capacitação de colaboradores é base fundamental na

implementação de estratégias empresariais bem sucedidas.

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Esse estudo confirma os achados de autores como, por exemplo, Tanure e Rossetti que

descrevem bem os impactos que podem ser gerados na cultura organizacional. O estudo por ter

viés etnográfico, permite que os achados sejam mais práticos. Desse modo o presente estudo

compre seus objetivos primários e secundários, e dessa forma deixa sua contribuição para a

Academia.

Como sugestões para futuras pesquisas seria fazer uma analise das demais áreas da

empresa e entender como essa sinergia pode gerar resultados positivos e/ ou negativos.

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85

APÊNDICEA - ROTEIRO – ENTREVISTA DE PROFUNDIDADE COM OS

GERENTES DE VENDAS

1. Aspectos emocionais e perceptivos do pessoal de vendas em relação à

convenção/evento. (Você gostou de participar do evento? O que você achou do

evento?).

2. Destaque os aspetos positivos e negativos da convenção/evento. (Quais são os principais

pontos positivos do evento? E os negativos?).

3. No evento foi divulgada a notícia da aquisição que a empresa fez, qual sua percepção

sobre isso?

4. Você acredita que isso terá que tipo de consequência?

5. No momento em que foi transmitido o vídeo do tempo ALFA o que você sentiu?

6. Você acha que a notícia da aquisição foi transmitida de que forma? Defina em uma frase

o que pensa sobre esse assunto.

7. No momento o que você sentiu?

8. Durante o evento (feira da Abradilan) foi feito o lançamento da marca no mundo, como

percebe sua participação neste momento? Descreve como você se sentiu naquele dia.

9. Você percebe alguma mudança no seu trabalho após a notícia dessa aquisição?

10. Você acha que essa é uma boa estratégia a ser utilizada?

11. Quais são as próximas mudanças que você acredita que estão por vir?

12. Qual o seu maior desafio pessoal hoje? Qual o desafio que você percebe como sendo o

principal para a empresa hoje? Como isso afeta o seu trabalho?

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ANEXO A – E-MAIL COM A NOTÍCIA DA AQUISIÇÃO

DATE: JANUARY 25, 2013

TO: ALL EMPLOYEES OF OUR GLOBAL COMPANY

FROM: XXX XXX, President & CEO

RE: Celebrating Our Strategy for Continued Long-Term Growth

Today marks another exciting day for the new Alfa. As you already know, yesterday we began

trading on the New York Stock Exchange under our new name and symbol. This morning, we

are holding our fourth annual Investor Meeting, providing the international financial

community with an in-depth look into our combined global commercial operations, diversified

business structure and our Company’s outlook for continued long-term growth.

As part of the event, I am pleased to report that we shared with analysts that our 2012 non-

GAAP earnings per diluted share are expected to be at the high end of our previously forecasted

range of $5.85 to $5.95, an increase of 25 percent over 2011 full year non-GAAP earnings. Full

year 2012 revenues are expected to be approximately $5.9 billion, an increase of 29 percent

over 2011.

And we also had some exciting information to share about our individual businesses and our

Global Operations.

AlfaPharma

Our Global Generics business, which includes generics, branded generics and Over-the-

Counter (OTC) products, will now be known as AlfaPharma. On a combined basis, U.S. growth

was driven by strong performance of the base business, which was complemented by more than

30 new product launches in the U.S. alone. In Europe, revenue grew more than 20 percent from

2011 to 2012. We also continued to build for the future, with more than 1,500 generic product

filings between our two companies. Our combined R&D organization has delivered a world-

class portfolio that spans all dosage forms. We are also leaders in Paragraph IV filings in the

United States, with 49 applications that we believe to be first-to-file.

Our strategy in 2013 is to drive worldwide growth across our global business. We intend to

focus on improving our position in key markets and further expanding our portfolio with a

special emphasis on broadening our injectable and OTC businesses outside of the U.S. We are

committed to optimizing the potential of our global commercial network.

Alfa Specialty Brands

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Our brands business, previously known as Watson Global Brands, will now be known as Alfa

Specialty Brands. In 2012, the business saw sustained growth from our Rapaflo®, Generess®

FE and Crinone® franchises, the successful conversion of Androderm® 2.5 and 5 mg to 2.0

and 4 mg strengths and continued progress on biosimilars, including the development of rFSH

and Amgen collaboration products.

As announced earlier this week, we also furthered our commitment to women’s health through

the acquisition of UteronPharma SA, which offers a compelling strategic fit and provides a

vehicle for Alfa Specialty Brands to expand our Women’s Health business worldwide. Uteron

expands our pipeline of Women’s Health products, including two potential near-term global

commercial opportunities in contraception and infertility, and provides the potential for

multiple global product introductions through the latter half of the decade.

We have made great strides within our product development pipeline, including such products

as our Progestin contraceptive patch, which has successfully completed Phase III trials and is

expected to have a New Drug Application (NDA) submitted to the FDA in early 2013, with a

potential launch in late 2014. We filed Esmya® for presurgical anemia in Canada in the second

quarter of 2012, with an approval possible in 2013. We plan to re-initiate Phase III trials for

long-term uterine sparing in the U.S. during the second quarter of 2013. An NDA submission

for the product is expected in 2015, with the potential for approval in 2016. Additionally, our

partner, Population Council, continued to make progress on the development of our Vaginal

Contraceptive Ring.

We are also actively pursuing biosimilar versions of four products through our ongoing

collaboration with Amgen, including Herceptin®, Avastin®, Rituxan/MabThera® and

Erbitux®, which are among the fastest-growing medicines worldwide.

Alfa Global Operations

In our global operations business – now officially known as Alfa Global Operations – we now

operate 30 facilities representing a combined manufacturing capacity of approximately 44

billion units.

Our manufacturing network has enhanced capabilities in modified release solid dosage, semi-

solids, transdermals, liquids and injectables.

Additionally, our Anda distribution business had another remarkable year, both in revenue and

bottom line contribution. Anda's highlights in 2012 included opening a new distribution facility

in Olive Branch, Mississippi to improve distribution efficiency. Additionally, Anda launched

new programs to increase product offerings to include more branded and specialty

products. With the addition of branded products and specialty distribution capability, Anda is

poised to continue to deliver value for Alfa.

2013 Financial Outlook

In the year ahead, Alfa is exceptionally well-positioned to deliver growth and generate strong

cash flow to support the rapid pay-down of debt. We estimate that our total net revenue for the

year will be approximately $8.1 billion.

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We enter 2013 as the world’s third largest global generic company, with a strong, sustainable

financial foundation that is well-positioned for continued long-term growth. With a

strengthened global commercial position spanning 62 countries and a commitment to funding

R&D at levels sufficient to generate a robust and diversified development pipeline

encompassing generics, brands and biosimilars, the new Alfa is positioned to deliver on our

promise of double-digit growth in 2013 and beyond.

I would like to thank all of our employees around the world for their hard work in helping us

achieve these results, and look forward to working with all of you to continue our success in

the year ahead.

The investor meeting will be webcast live today starting at 8:00 AM Eastern Time, and can be

accessed by logging onto www.Alfa.com or the following link:

http://www.videonewswire.com/event.asp?id=91366. A replay of the webcast will also be

available on our Web site.

Alfa estimates total net revenue for 2013 will be approximately $8.1 billion, including:

Total AlfaPharma (formerly Global Generics) segment revenue of between $6.3 billion

and $6.5 billion.

Total Alfa Specialty Brands (formerly Global Brands) segment revenue of between

$550 million and $600 million.

Total Anda Distribution segment revenue of between $1.0 billion and $1.2 billion.

GAAP R&D is expected to be between $550 million and $600 million

GAAP SG&A is expected to be between $1.55 billion and $1.65 billion

Adjusted non-GAAP earnings for 2013 is expected to be between $7.70 and $8.10 per

diluted share.

Adjusted EBITDA for 2013 is expected to be between $1.87 billion and $1.94 billion.

Non-GAAP tax rate is expected to be between 27 percent to 29 percent.

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ANEXO B – BETA / ALFA BRAZIL ENTITY RENAMING TRACKING FILE

Imagem meramente ilustrativa ver a folha A3 a seguir que mostra as informações

corretamente.

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ANEXO C – FOTOS

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92

ANEXO D – ROTEIRO DO VIDEO DA CONVENÇÃO

VIDEO AUDIO

FADE IN

1. Panorâmicas de cidades, pessoas e

veículos em movimento. Jogo rápido

entre uma e outra.

2. Videos de obstáculos e superação,

cume de montanhas, neve… esforço.

3. Saltos no ar, um take emocionante que

mostre um obstáculo vencido.

4. Takes do vídeo People are awesome

5. Vídeo de um momento olímpico

histórico. (Derek Redmond sendo

carregado pelo pai nas olimpíadas de

Barcelona).

6. Takes do vídeo People are awesome

(de crianças ou bebês)

TRILHA INSPIRADORA (musica

clássica ou instrumental)

Acabamos de nos tornar a 3º maior

empresa de genéricos do mundo.

Breve pausa

o que mudou em nós?

Como nós, no Brasil, poderíamos refletir

A Dimensão ALFA?

Sim, parece lógico, Precisamos de mais

produtos, maiores investimentos uma

infraestrutura compatível com esta nova

dimensão.

Mas... e quanto as mudanças que cabem a

nós fazermos? Qual o nosso papel nesta

mudança?

O ser humano tem um poder incrível.

É fato que os obstáculos que temos são

grandes e que teoricamente teríamos

razões para não reagir.

(breve pausa)

Podemos nos apoiar no fato de que

gigantes estão competindo neste mercado

com estruturas já consolidadas enquanto

nós...

(breve pausa)

FADE OUT TRILHA CLASSICA

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7. Foto de arquivo mostrando rostos,

olhares, sorrisos de nosso pessoal, (de

rostos e olhares, para pessoas, abraços e

grupos... crescente.

FADE OUT

FADE IN

8. Foto de arquivo da equipe e/ou foto

funcionários/trabalhadores.

FADE OUT

FADE IN

9. LETTERING:Somosnós !

FADE OUT

FADE IN

10. Vídeos que mostrem times se

preparando pra entrar em campo

TRILHA FADE IN (We are

theChampions) bem do início

É, talvez nós ainda sejamos muito

pequenos em estrutura no Brasil,

Mas tem alguma coisa que nos diferencia.

(breve pausa para a crescente da música)

A Insistência?

O Brilho nos olhos?

Ou a certeza de que não são apenas os

investimentos e nem uma melhor

estrutura que nos tornará um gigante...

(Breve Pausa)

A única coisa que pode transformar uma

empresa em um grande player no

mercado, são as pessoas que nela

trabalham.

(Breve Pausa)

somos nós! FADE OUT TRILHA (We are

theChampions

O desafio de lançar a ALFA no Brasil

está relacionado com a capacidade que

temos de nos diferenciar,

Nossos concorrentes tem, 200, 300, 600

homens de campo,... mas nenhumde nós

está lá. Isso precisa e pode fazer toda a

diferença.

Não importa o quanto temos, mais o que

fazemos com o que temos.

A possibilidade de Lançar a ALFA no

maior Congresso do Brasil não era uma

opção simples, a verba que tínhamos era

mínima, mas era fundamental dar aos

nossos profissionais de campo a

oportunidade de apresentar a Dimensão

ALFA para os nossos clientes.

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11. Video de algum grande capitão

inflamando seu time no vestiário.

12. Um general dando um discurso de

guerra no campo de batalha (Tróia,

Coração Valente)

FADE OUT

FADE IN

13. LETTERING:Motivação.

FADE OUT

FADE IN

14. LETTERING:Preparação.

FADE OUT

FADE IN

15. LETTERING: União.

FADE OUT

FADE IN

16. Imagens de pessoas trabalhando no

dia a dia (escritório, fábrica, campo).

17. Fotos de arquivo convenção (apenas

as do inicio).

18. Imagem de um monte de mãos uma

em cima da outra (teamwork).

19. Mix rápido de fotos de times dando

gritos de guerra juntos.

20. Imagens da convenção organizadas de

acordo com a narração (é importante que

FADE IN TRILHA ANIMADA

Mas do que isso... Era preciso embutir na

equipe o espirito de superação.

Como convencer um grupo de pessoas

diferentes que é preciso superar limites,

sair do convencional, fazer mais e

melhor?

Simples.

FADE OUT TRILHA

FADE IN AUDIO DO CAPITAO

O que um capitão de um time faz antes de

jogar uma final ?

FADE OUT

FADE IN AUDIO DO GUERREIRO

O que um general faz quando esta prestes

a lutar uma importante batalha ?

O que um líder faz antes do momento

mais crítico ?

FADE OUT

(ler pausadamente)

Ele motiva.

Ele prepara.

Ele une.

FADE IN TRILHA ANIMADA

Dois dias antes do evento de lançamento

da empresa, uma convenção especial foi

criada somente para a equipe de campo.

Uma espécie de treinamento antes do

desafio de Lançar a ALFA no Brasil

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a foto mostrada esteja cronologicamente

coerente com o que esta sendo narrado).

FADE OUT

FADE IN

21. LETTERING: Um desafio e tanto.

FADE OUT

FADE IN

22. Logo ALFA.

FADE OUT

FADE IN

23. Fotos da convenção pré-aparição do

Oscar.

24. Mix de imagens de grandes ícones do

esporte mundial famosos pela raça.

FADE OUT

FADE IN LENTO

25. Imagem emblemática de Oscar

vibrando no Pan de 87.

FADE OUT

FADE IN

26. Vídeo do Oscar entrando na

convenção

Era preciso juntar o time e entregar a eles

o desafio de construção de uma nova

marca

A convenção começou com a premissa de

mostrar a oportunidade diante de todos.

O tempo foi utilizado como analogia.

Feito isso, a Feira Abradilan foi descrita

para os presentes.

FADE OUT TRILHA

Um desafio e tanto.

FADE IN TRILHA CRESCENTE

E o melhor ainda estava por vir.

O panorama havia sido dado.

O desafio havia sido proposto.

Faltava apenas mostrar um exemplo

físico de tudo que estava sendo dito.

Um ícone de superação.

Uma referência em perseverança,

excelência e garra.

Alguém que simbolizasse tudo que estava

sendo passado para a equipe.

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FADE OUT

FADE IN

27. Imagens do Oscar em inicio de

carreira.

28. Imagens da final do mundial no

Ibirapuera.

FADE OUT

FADE IN

29. LETTERING: Oscar é o maior

pontuador do mundo.

FADE OUT / FADE IN

30. LETTERING: 49.703 pontos.

FADE OUT

FADE IN

31. Imagens do Kareem acertando um

gancho (seu movimento característico).

32. Imagens do Oscar guardando bolas de

3 pontos.

33. Imagens do Oscar praticando.

34. Imagens do Oscar emocionado após

uma conquista (Pan, Mundial).

35. Imagens do Oscar na despedida da

seleção brasileira).

FADE OUT

FADE IN

36. Imagens do Oscar na convenção.

FADE OUT TRILHA

(pausa antes de falar)

Faltava Oscar Schmidt.

FADE IN TRILHA (We are the

Champions

Oscar Daniel Bezerra Schmidt é um ex-

jogador de basquete brasileiro.

Considerado um dos melhores jogadores

de todos os tempos,

Um ícone do esporte mundial que virou

Lenda no Brasil:

Oscar é o maior pontuador do mundo.

São 49.703 pontos.

Quem vem depois dele ?Kareem Abdul-

Jabbar.

Oscar é considerado um dos mais

precisos e letais arremessadores de 3

pontos.

Habilidade conquistada a base de muito

treinamento, como ele mesmo gosta de

falar.

Oscar é um multi-campeão. Um símbolo

brasileiro da raça e superação.

FADE OUT (We are the champions)

FADE IN TRILHA ANIMADA

A figura perfeita para transmitir um ideal

de superação, trabalho e confiança na

equipe presente na convenção.

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37. Imagens da equipe satisfeita e do

Oscar distribuindo autógrafos.

FADE OUT

FADE IN

38. LETTERING: Somosnós !

FADE OUT

FADE IN

39. Imagens da feira Abradilan, do stand

e da movimentação em volta do local.

40. Foto de um clássico aperto de mão de

negócio fechado.

41. Fotos da equipe atuando

42. Fotos da equipe de vendas.

43. Fotos do stand.

Durante a sua palestra, a emoção dos

presentes era palpável.

Por mais de uma hora Oscar falou sobre

suas conquistas, convicções e

experiências.

Foi com esse estímulo que a equipe

entrou no Congresso para Lançar a

ALFA.

Com um espirito de perseverança,

vontade e determinação.

A mensagem era clara:

A grande Diferença entre os

Concorrentes e a gente, deve ser NÓS!

A consequência desse treinamento prévio

foi um sucesso absoluto.

Inúmeros negócios foram fechados.

Todos queriam saber que empresa era

aquela... e quanta gente!

De onde vinha toda essa vontade e

energia ?

A resposta é simples. Esse é o significado

da ALFA

Esse é nosso espírito, esse é nosso grupo,

somos sim gigantes em nossos talentos e

por isso fazemos a diferença.

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44. Alguma foto do evento que mostre

claramente esse atributo.

45. Foto do foto totem instalado.

46. Foto do painel touch no stand.

47. Foto do game interativo no stand.

48. Gráfico apontando para cima, de

resultado positivo.

49. Fotos da equipe no evento.

FADE OUT

50. Vídeos de times comemorando títulos

Era de longe o stand mais lindo, mesmo

sendo menor em espaço físico comparado

a seus vizinhos e concorrentes.

E apesar do espaço reduzido, utilizamos

nossos recursos para investir em

inovação, modernidade e tecnologia:

Havia som ambiente e cheiro

personalizado.

Foto totem instalado e operacional.

Painel touch com conteúdo institucional.

Game interativo estilizado.

O resultado desse esforço tem nome:

COMPROMETIMENTO

E agora podemos dizer que:

FADE OUT TRILHA ANIMADA

A ALFA no Brasil começa aqui.