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1 FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO ORIENTAÇÃO AO MERCADO DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADAS ALEXANDRE CHIACCHIO ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO ESPÍNDOLA HALPERN Rio de Janeiro, 30 de junho de 2014.

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

DDIISSSSEERRTTAAÇÇÃÃOO DDEE MMEESSTTRRAADDOO

PPRROOFFIISSSSIIOONNAALL EEMM AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO

ORIENTAÇÃO AO MERCADO DE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

PRIVADAS

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ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO ESPÍNDOLA HALPERN

Rio de Janeiro, 30 de junho de 2014.

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ORIENTAÇÃO AO MERCADO DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA NAS

INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADAS

ALEXANDRE CHIACCHIO

Dissertação apresentada ao curso de

Mestrado Profissional em Administração

como requisito parcial para obtenção do

Grau de Mestre em Administração.

Área de Concentração: Administração

Geral

ORIENTADOR: PROF. DR. EDUARDO ESPÍNDOLA HALPERN

Rio de Janeiro, 30 de junho de 2014.

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C532

Chiacchio, Alexandre.

Orientação ao mercado de educação corporativa nas

instituições de ensino superior privadas / Alexandre Chiacchio.

- Rio de Janeiro: [s.n.], 2014.

67 f.: il.

Dissertação de Mestrado profissional em Administração do

IBMEC.

Orientador(a): Prof. Dr. Eduardo Espíndola Halpern.

1. Educação Corporativa. 2. Instituições de ensino

superior. 3. Mercado. 4. Oportunidade I. Título.

CDD 658.3124

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RESUMO

O mercado de educação corporativa no Brasil possui um tamanho estimado de R$ 10 bilhões

por ano, conforme apontam os estudos da consultoria Hoper Educacional de 2010. Apesar da

relevância deste mercado, as instituições de ensino superior não o exploram adequadamente o

que permite a organizações não acadêmicas ocupar relevante espaço.

Através de uma pesquisa com instituições de ensino superior privadas no Brasil, foi analisado

o entendimento e participação destas instituições no mercado de educação corporativa e foi

observado que não há uma orientação a este mercado nas entidades pesquisadas.

Utilizamos o método survey onde enviamos questionários aos principais gestores das

instituições de ensino superior privadas. Completando a pesquisa, foram realizadas entrevistas

em profundidade com três especialistas do setor, que juntos somam mais de 30 anos de

atuação neste segmento de mercado.

O objetivo desse trabalho é levar profissionais das instituições de ensino superior a refletir a

respeito do tamanho potencial desse mercado, das oportunidades e impactos no negócio com a

conquista de novas receitas e da forma como administram suas instituições em relação a este

novo negócio.

Palavras Chave: Educação Corporativa; Instituições de Ensino Superior, Mercado,

Oportunidade

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ABSTRACT

The market for corporate education in Brazil has an estimated size of US $ 10 billion per year,

according to the studies of Hoper Educational Consulting, from 2010. Despite of the

importance of this market, those higher education institutions do not adequately exploit,

allowing non-academic organizations occupy considerable space.

Through a survey of private higher education institutions in Brazil, was analyzed the

understanding and participation of these institutions in the corporate education market and

noted that there is no guidance in this market in the surveyed entities.

We use the survey method sending questionnaires to the main managers of private higher

education institutions. Completing the survey, in-depth interviews were conducted with three

industry experts, who together have over 30 years of experience in this market.

The aim of this work is to take professional higher education institutions to reflect on the

potential size of this market, opportunities and business impacts with the conquest of new

revenues and how they manage their institutions in relation to this new business.

Key Words: Corporate Education; Higher Education Institutions, Market, Opportunity

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – FATOR ESTRUTURA 44

FIGURA 2 – ÍNDICES DEORIENTAÇÃO AO MERCADO 45

FIGURA 3 – FATOR DE INFLUÊNCIA DO COMPORTAMENTO DAS IES 46

FIGURA 4 – ESTADO 52

FIGURA 5 – TIPO 52

FIGURA 6 – CURSOS 53

FIGURA 7 – ALUNOS 53

FIGURA 8 – VALOR MÉDIO 54

FIGURA 9 – FATURAMENTO 55

FIGURA 10 – PERCENTUAL IN COMPANY 56

FIGURA 11 – CARGO 56

FIGURA 12 – VALOR DE ALTA 58

FIGURA 13 – ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO META 59

FIGURA 14 – ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO ESTRUTURA 59

FIGURA 15 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE EDUCAÇÃO CORPORATIVA 61

FIGURA 17 - ESTATÍSTICA DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO COORDENADOR

RESPONSAVEL PELA VENDA 62

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FIGURA 18 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO COORDENAÇÃO

INTERFUNCIONAL 63

FIGURA 19 – PONTUAÇÃO DAS IES 64

FIGURA 20 - VALORES DE MÁXIMO E MÍNIMO DAS VARIÁVEIS PADRONIZADAS 65

FIGURA 21 - CLASSIFICAÇÃO 65

FIGURA 22 - CLASSIFICAÇÃO – PARTE 2 66

FIGURA 23 – CORRELAÇÕES 72

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANPAD Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

LDB Leis de Diretrizes e Bases

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

FMU Faculdades Metropolitanas Unidas

UNISEB União do Sistema Educacional Brasileiro

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

INSPER Instituto de Ensino e Pesquisa

GE General Eletric

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

IBMEC Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais

FGV Fundação Getúlio Vargas

IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

COPPEAD Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................11

2. O PROBLEMA.............................................................................................................16

2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA........................................................16

2.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA......................................................................17

2.2.1 OBJETIVO FINAL....................................................................................19

2.2.2 OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS............................................................19

2.3 RELEVÂNCIA DO ESTUDO...............................................................................20

2.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO............................................................................21

3. REVISÃO PRELIMINAR DA LITERATURA...........................................................22

3.1 ENSINO SUPERIOR ............................................................................................22

3.2 EDUCAÇÃO CORPORATIVA............................................................................23

3.2.1 COMPETITIVIDADE............................................................................25

3.2.2 PERPETUIDADE...................................................................................25

3.2.3 CONECTIVIDADE................................................................................25

3.2.4 DISPONIBILIDADE...............................................................................26

3.2.5 CIDADANIA...........................................................................................26

3.2.6 PARCERIA..............................................................................................26

3.2.7 SUSTENTABILIDADE..........................................................................26

3.3 CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA ..............................27

3.3.1 ESPAÇO FÍSICO ..................................................................................27

3.3.2 NOVAS TECNOLOGIAS .....................................................................27

3.3.3 PÚBLICO-ALVO....................................................................................27

3.3.4 CORPO DOCENTE ................................................................................28

3.3.5 CERTIFICAÇÃO.....................................................................................28

3.4 EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO........................................................29

3.5 MARKETING........................................................................................................30

3.5.1 ORIENTAÇÃO A MERCADO...............................................................31

3.5.1.1 ESCALAS DE MEDIDA DE ORIENTAÇÃO À

MERCADO.........................................................................................34

3.6 GESTÃO DE CANAIS.....................................................................................38

4 METODOLOGIA.........................................................................................................40

4.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA................................................................40

4.2 HIPÓTESES E TESTES...................................................................................42

4.3 TESTES DE HIPÓTESES................................................................................43

4.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO.........................................................................46

4.5 POPULAÇÃO/AMOSTRA.............................................................................48

4.6 COLETA DE DADOS.....................................................................................48

4.7 ANALISE DE DADOS....................................................................................49

4.7.1 FREQUENCIAS......................................................................................51

4.7.1.1 ORIGEM DAS RESPOSTAS...................................................51

4.7.1.2 TIPOLOGIA DAS INSTITUIÇÕES RESPONDENTES.........52

4.7.1.3 CURSOS OFERTADOS...........................................................53

4.7.1.4 MÉDIA DE ALUNOS MATRCULADOS...............................53

4.7.1.5 VALOR MÉDIO DA MENSALIDADE DE GRADUAÇÃO..54

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4.7.1.6 FATURAMENTO MÉDIO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR (PORTE)................................................................54

4.7.1.7 PERCENTUAL DE FATURAMENTO IN-COMPANY EM

RELAÇÃO AO FATURAMENTO TOTAL..............55

4.7.1.8 CARGO DO RESPONDENTE................................................56

4.7.2 CONFIABILIDADE DO QUESTIONÁRIO........................................57

4.7.2.1 ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DO QUESTIONÁRIO

DOS CONSTRUTOS UTILIZANDO O COEFICIENTE ALFA

CRONBACH............................................................................58

4.7.2.1.1 CONSTRUTO META.........................................................59

4.7.2.1.2 CONSTRUTO ESTRUTURA.............................................60

4.7.2.1.3 MARKETING DIRECIONADO AO MERCADO DE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA.........................................60

4.7.2.1.4 INTENÇÃO DE INVESTIR NO MERCADO DE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA..........................................61

4.7.2.1.5 CONSTRUTO COORDENADOR RESPONSÁVEL PELA

VENDA................................................................................62

4.7.2.1.6 CONSTRUTO COORDENAÇÃO INTERFUNCIONAL...62

4.7.3 ENQUADRAMENTO NA ESCALA DE ORIENTAÇÃO AO

MERCADO......................................................................................63

4.7.4 CORRELAÇÕES...............................................................................74

5 CONCLUSÃO...........................................................................................................77

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................79

ANEXO A........................................................................................................................81

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1. INTRODUÇÃO

Em 1996 foi publicada a LDB 9394 (Lei de Diretrizes e Bases) que permitiu a criação de

Instituições de Ensino Superior Privadas com fins lucrativos o que alterou sobre maneira a

dinâmica do mercado de Educação Superior no País. De acordo com o INEP (Instituto

Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) – Censo da Educação

Superior 2012, no período de 1996 a 2012 o número de matrículas em Instituições de Ensino

Superior Privadas saltou de 1.133.000 para mais de 5.000.000, apenas em Graduação, ao

mesmo tempo o número de Instituições de Ensino Superior Privadas subiu de 711 para mais

2.000.

O mercado de educação superior no Brasil passou a ser a joia da coroa para alguns, atraindo

investidores e empreendedores de todos os tipos e portes. Essa grande atratividade

desencadeou dois grandes movimentos, uma batalha autofágica pela captação de alunos que

gerou redução nos preços das mensalidades e uma necessidade cada vez maior de conseguir

escala. Essa busca por escala vem provocando uma onda de fusões e aquisições, sendo os

exemplos mais recentes a união da Kroton com Anhanguera que gerou um gigante da

educação com mais de um milhão de alunos, a aquisição da FMU pela Laurette Internacional

e mais recentemente a aquisição da UNISEB pelo grupo Estácio por mais de 600 milhões de

reais.

Esta busca por ganhos de escala tende a concentrar o mercado de Educação Superior. Um

estudo realizado pela consultoria Hoper Educacional, estima que apenas 12 grupos deverão

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abocanhar metade do mercado hoje estimado em 28 bilhões de reais ao ano – atualmente, 16

empresas respondem por 30%1.

As escolas de negócio ou escolas de elite, assim denominadas pela Análise do setor de ensino

superior privado no Brasil realizado pelo BNDES2, estão fora dessa batalha e tem seu foco em

nichos de mercado, principalmente naqueles ligados a gestão de negócios e em um perfil de

alunos oriundos das melhores e mais caras escolas particulares, contando com um ticket

médio de mensalidade maior do que a média de mercado. Entre as principais escolas que se

enquadram nesta condição estão, Ibmec, Fundação Getúlio Vargas e INSPER.

Além dessa condição, já bastante diferenciada, essas escolas tem aproveitado um mercado

ainda pouco explorado pelas demais Instituições de Ensino Superior Privadas, os cursos in-

company ou também conhecidos como educação corporativa.

É possível inferir que para grande maioria das Instituições de Ensino Superior Privadas há

uma grande barreira entre o mundo acadêmico e o pragmatismo do mundo empresarial, esta

condição faz com que as empresas busquem alternativas para atender suas necessidades de

educação para o negócio. Entre essas alternativas estão às áreas internas de treinamento,

academias e/ou escolas temáticas que atendem as mais diversas áreas onde a organização

atua. Algumas dessas empresas foram mais longe e criaram as suas universidades corporativas

que tem a missão de garantir que os empregados possuam as competências necessárias para o

melhor desempenho do negócio. Alguns exemplos deste modelo são a Universidade

1 http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/concentracao-e-a-tendencia-entre-Instituições de Ensino Superior Privadas-privadas-

e-isso-pode-ser-bom - 06/10/2013-11:42 2 Análise do setor de ensino superior privado no Brasil - BNDES Setorial 30, p. 103 – 156 – de Rodrigo Ximenes Sécca e

Rodrigo Mendes Leal - 2009

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Petrobras, Valer da Vale, Universidade Corporativa do Banco do Nordeste, universidade

corporativa da GE, considerada a maior do mundo e uma das precursoras deste modelo.3

Algumas dessas universidades corporativas surgiram porque além de existir esse

distanciamento entre a academia e o mundo empresarial, algumas áreas de conhecimento

podem ser de absoluto domínio das empresas, como o caso do petróleo, quem conheceria

mais sobre exploração de petróleo do que a Petrobras?

No entanto, existem diversas áreas do conhecimento que são transversais e as universidades

corporativas não dão conta e não querem fazer tudo, o que as leva a buscar alternativas no

mercado.

As alternativas disponíveis no mercado têm surgido dessas escolas de negócios para

demandas mais complexas e na maioria das vezes voltadas para o alto escalão das

organizações com atuação mais estratégica. Já as demandas para o público intermediário,

responsáveis para execução da estratégia, têm sido atendidas pelas diversas consultorias que

se constituíram e cresceram ao longo dos anos, a partir da ausência de atuação das Instituições

de Ensino Superior Privadas tradicionais. As escolas de negócios podem ser consideradas

caras para atender ao público intermediário. O sistema S é outro importante player, atendendo

fundamentalmente o público operacional.

As tradicionais Instituições de Ensino Superior Privadas jamais consideraram o mercado in-

company como uma importante fonte de receita, seus esforços estão focados na captação de

alunos. Segundo Ryon Braga da consultoria Hoper Educação em seu artigo “O "oceano azul"

na indústria do conhecimento” de 28/11/2012, algumas razões podem ter levado as

3 Revita Exame edição 1050 - Ano 47 n 18 – 02/10/2013

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Instituições de Ensino Superior Privadas a não darem a devida atenção a este mercado, ele

cita o seguinte:

As Instituições de Ensino Superior Privadas não conheciam o tamanho deste

mercado, estimado em mais de R$ 10 bilhões ao ano;

Acreditavam que iriam competir com o sistema S e estariam em desvantagem

em função dos subsídios que estes recebem;

Sabiam que teriam problemas em traduzir as necessidades das empresas em

soluções;

E, principalmente, não contavam com uma estrutura e processos

organizacionais capazes de realizar customizações de programas educacionais

e entregar com níveis de serviços e exigências muito diferentes de sua prática.

Ainda no mesmo artigo, Ryon Braga da Consultoria Hoper Educacional afirma que algumas

instituições de ensino começam a contrariar a regra e mostrar que é possível sim, aproximar a

academia das empresas e criar programas customizados. Esta afirmação será colocada à prova

ao questionarmos as Instituições de Ensino Superior Privadas sobre sua preparação para

entender e responder as demandas das empresas. Há que se levar em consideração, que para

parte dos professores universitários, trabalhar em parceria com empresas é trair os valores do

ensino superior. 4

Diante deste quadro surge uma oportunidade real de conquistar novas receitas que podem ser

recorrentes, sem os problemas de evasão e inadimplência vivenciados pela atuação tradicional

das Instituições de Ensino Superior Privadas.

4 Reista Exame – Edição 1051 – ano 47 . n 19 – 16/10/2013 – pag. 148

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O objetivo deste trabalho é realizar uma pesquisa para identificar se as Instituições de Ensino

Superior Privadas estão dispostas a ingressar neste mercado.

2. O PROBLEMA

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROBLEMA

O Setor de Educação vem sofrendo grande pressão pela crescente profissionalização da gestão

em decorrência do ingresso de grupos financeiros neste mercado, tornando uma questão de

vida ou morte a necessidade de mudanças na forma como as demais Instituições de Ensino

Superior Privadas encaram o ambiente a sua volta em todas as suas dimensões.

As Instituições de Ensino Superior Privadas precisam ir além da relação instituição/aluno e

começar a seguir na direção de uma relação cliente/fornecedor para, caso seja sua intenção,

ter uma clara orientação a mercado. Isso inclui a ideia de pensar e agir como empresas, definir

a estratégia, os investimentos, produtos, os segmentos atendidos, a comunicação com o

mercado, os processos, a operação, o modelo de gestão, entre outros aspectos relacionados à

gestão empresarial, sem, contudo, deixar de lado a qualidade e o rigor acadêmico que

determinam a forma como o mercado a reconhece e passar a ter o cliente como foco central de

toda esta organização.

Essa nova orientação é um grande desafio para Instituições de Ensino Superior Privadas, que,

habitualmente executam suas operações de forma regular a cada semestre, ou seja, planejam a

oferta no semestre anterior, realizam a captação de alunos e executam em seguida. Na relação

com as empresas essa regularidade deixa de ser verdade, por exemplo, os calendários passam

a ser aleatórios, ocorrendo de acordo com as necessidades do cliente. Outro agravante é a

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relação entre contratado e contratante que deixa de ser instituição x aluno pessoa física e passa

a ser instituição x cliente empresa. Essa mudança exigirá, obrigatoriamente, um grande

esforço para reorientar a forma como encaram seu negócio.

2.2. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA

Qualquer organização que tenha interesse em ingressar em um novo mercado precisa

pesquisar e entender quem são os atores envolvidos e como se comportam, desenvolver a

estratégia e definir que fatia desse mercado deseja conquistar, pensar na estrutura

organizacional mais adequada para suportar este novo negócio e desenvolver um modelo de

gestão capaz de gerenciar o novo negócio em todas as suas dimensões. Isso não seria diferente

para as instituições de ensino superior privadas que desejam ingressar no mercado de

educação corporativa.

Realizar negócios Business to Customer é bem diferente do que realizar negócios Business to

Business, assim como a entrega do serviço possui características distintas. Em alguns casos o

acordo de nível de serviço é definido pela contratante e cabe à contratada aceitar ou não

realizará o serviço.

Esta última afirmação talvez seja o maior desafio a ser superado pelas Instituições de Ensino

Superior Privadas, se submeter ao mercado, sem, contudo, deixar de levar em consideração

sua metodologia, crenças e as limitações impostas pela regulação do Ministério da Educação.

Após mais de 10 anos atuando no mercado de educação corporativa, tendo atuado em

instituições como SENAC Rio, IBMEC, HSM Educação e Universidade Estácio, realizei uma

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série de negócios em educação corporativa com empresas públicas e privadas e concorri pelos

recursos das empresas com diversas outras instituições.

Entre as empresas com as quais concorri estavam presentes, invariavelmente, faculdades

(escolas de negócio), empresas de consultoria e em algumas poucas oportunidades, uma ou

outra universidade privada.

A experiência acumulada nestes últimos 10 anos de atuação me leva a questionar se, todas as

instituições de ensino superior conhecem o mercado de educação corporativa e se o

reconhecem como uma oportunidade de obter novas receitas.

Ao perguntar para qualquer pessoa de qualquer instituição de ensino superior, se conhecem o

mercado de educação corporativa e se o reconhecem como uma oportunidade parece evidente

que a resposta será sim. No entanto, a falta de atuação destas instituições não corrobora esta

afirmação, sendo esta à primeira hipótese a ser testada. A segunda questão é um pouco mais

complexa, pois, dada a confirmação que as instituições de ensino superior reconhecem o

mercado de educação corporativa como uma oportunidade, será preciso identificar de que

forma estão de preparando para conquistar uma fatia deste mercado. A resposta a estas

questões se tornará evidente ao verificar a existência ou não de estrutura própria para atuar

neste mercado.

Pude verificar também que as poucas instituições de ensino superior que atuam no mercado

de educação corporativa o fazem de formas muito distintas. Essa atuação está ligada

diretamente as estruturas que desenvolveram, ou a falta delas, para responder as demandas de

mercado e realizar estes negócios, partindo de estruturas formalmente constituídas para este

fim, como FGV, Ibmec, HSM Educação e Fundação Dom Cabral, até instituições de ensino

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superior que deixam a cargo de coordenadores de curso a opção por atuar ou não em negócios

corporativos.

Essas variações na forma como as instituições de ensino superior se estruturaram resultam

em duas linhas de atuação, uma prospectiva e outra mais passiva, aguardando que as empresas

as busquem e apresentem suas demandas. É provável que estas diferenças e os resultados

alcançados apontem para percepções diferentes, por parte das instituições de ensino superior,

a respeito da relevância do mercado de educação corporativa.

Em função dessas diferenças a proposta será testar se as instituições de ensino superior estão

constituindo formalmente uma área dedicada ao atendimento a este mercado e se esse esforço

tem relação com o porte da instituição, o tipo (faculdade, centro universitário ou

universidade), seu posicionamento estratégico (custo ou diferenciação) e sua localização

geográfica.

2.2.1. OBJETIVO FINAL

Identificar o nível de orientação ao mercado de educação corporativa das instituições de

ensino superior privadas.

2.2.2. OBJETIVOS INTERMEDIÁRIOS

Identificar se há correlação entre o porte das Instituições de Ensino Superior Privadas

e a existência de meta e estrutura formal para o mercado de educação corporativa;

Identificar se há correlação entre os cursos ofertados (graduação, pós-

graduação lato sensu, mestrado e doutorado) pelas Instituições de Ensino

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Superior Privadas e a existência de meta e estrutura formal para o mercado de

educação corporativa;

Identificar se há correlação entre o faturamento das Instituições de Ensino

Superior Privadas e a existência de meta e estrutura formal para o mercado de

educação corporativa;

Identificar se há correlação entre a tipologia das Instituições de Ensino

Superior Privadas (faculdade, centro universitário e universidade) e a

existência de meta e estrutura formal para o mercado de educação corporativa;

2.3. RELEVÂNCIA DO ESTUDO

O mercado de educação corporativa no Brasil tem um tamanho estimado de R$ 10 bilhões

por ano, conforme apontam os estudos da consultoria Hoper Educacional de 2010, sendo a

metade deste valor investida em um esforço interno das organizações para desenvolver as

competências necessárias à sustentação do negócio. A outra metade as empresas investem na

contratação de fornecedores externos, buscando trazer para dentro das organizações algumas

competências transversais e relevantes para o bom desempenho de seus funcionários.

Trata-se de um mercado muito expressivo se consideramos que o tamanho total está estimado

em R$ 32 bilhões para 2013 e que apenas 13 grandes grupos educacionais possuem juntos

36,2% de participação neste mercado.5

5 http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/08/faturamento-de-faculdades-privadas-cresce-30-em-2-anos-estima-estudo.html

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É possível que este trabalho leve alguns gestores de instituições de ensino superior a repensar

suas posições a respeito da forma como administram suas instituições em relação a este

mercado, principalmente diante da profissionalização da gestão decorrente do alto volume de

fusões e aquisições que vem ocorrendo no setor e da oportunidade de obter novas e

significantes receitas.

2.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

O Estudo se limitará a pesquisar as instituições de ensino superior privadas

brasileiras.

3. REVISÃO PRELIMINAR DA LITERATURA

3.1. ENSINO SUPERIOR

Sécca / Leal (2009), em Análise do setor de ensino superior privado no Brasil, concluíram

que: ...”cabe ressaltar que, na análise de um projeto de investimento específico, é essencial o

aprofundamento das particularidades das instituições de ensino superior privadas, levando-se

em conta, por exemplo, as diferenças entre os quatro segmentos do mercado de ensino

superior privado discutidos neste estudo e a dimensão geográfica do projeto, reconhecendo-se

a importância da localização das instituições de ensino superior privadas em relação à

demanda, bem como a heterogeneidade das regiões brasileiras e de municípios de diferente

porte.”

SCHWARTZMAN, J. SCHWARTZMAN, S. (2002), concluiu que: “Diante deste quadro, o

setor privado busca se adaptar pelo crescimento e concentração, criando grandes

estabelecimentos universitários que, no entanto, não conseguem se adaptar ao modelo

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universitário tradicional; pela redução drástica de custos e preços, em concorrência muitas

vezes predatória, que acaba colocando em risco sua própria razão de ser; ou pela busca de

nichos de qualidade, em escala necessariamente reduzida. Ao mesmo tempo em que

desenvolve estas estratégias, muitas vezes em combinação, o setor privado procura recursos

institucionais e sistêmicos que possam lhe socorrer, como o crédito educativo e alterações na

legislação, buscando reduzir suas exigências de conformidade aos modelos acadêmicos mais

tradicionais. E busca, também, abrir espaço para outras formas de atendimento a sua clientela,

pelo uso de novas tecnologias de ensino, pelo estabelecimento de convênios e franquias, e

novas formas de cooperação e intercâmbio nacional e internacional.”

Os autores acima definem de forma categórica o pensamento do ensino superior. Uma visão

estreita a respeito de seus públicos, o que os leva a discutir os mesmos problemas de forma

recorrente. Essa situação os força invariavelmente a um comportamento autofágico em função

da briga de preços para conquistar novos alunos.

Outro aspecto que ajuda a intensificar essa situação é a dificuldade de manter os alunos. A

evasão e a inadimplência são grandes vilões e as turmas que começam lucrativas terminam

muitas vezes gerando uma receita incapaz de cobrir os custos de sua execução, levando as

instituições de ensino superior a intensificar a captação de alunos e brigar cada vez mais com

preços menores e maior risco. Essa é a espiral do mal das instituições de ensino superior.

A grande maioria das instituições de ensino superior tem dificuldade de enxergar outros

públicos, essa miopia do ambiente de negócios é mortal para o negócio, não só para eles como

para qualquer empresa de diversos outros segmentos. Outras até conseguem enxergar, mas

insistem em atender públicos distintos e com expectativas distintas da mesma forma que

sempre fizeram com seus públicos tradicionais, o aluno.

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3.2. EDUCAÇÃO CORPORATIVA

Definição de Educação Corporativa no site

http://www.educor.desenvolvimento.gov.br/educacao (08/12/2013- 10:48): “Educação

corporativa pode ser definida como uma prática coordenada de gestão de pessoas e de gestão

do conhecimento tendo como orientação a estratégia de longo prazo de uma organização.

Educação corporativa é mais do que treinamento empresarial ou qualificação de mão-de-obra.

Trata-se de articular coerentemente as competências individuais e organizacionais no contexto

mais amplo da empresa. Nesse sentido, práticas de educação corporativa estão

intrinsecamente relacionadas ao processo de inovação nas empresas e ao aumento da

competitividade de seus produtos (bens ou serviços).”

A Educação Corporativa consiste em um projeto de formação desenvolvido pelas empresas,

que tem como objetivo “institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua,

proporcionando a aquisição de novas competências vinculadas às estratégias empresariais”

(Quartiero & Cerny, 2005, p.24).

A Educação Corporativa é justificável, conforme apontado na literatura, pela incapacidade do

Estado em fornecer para o mercado mão-de-obra adequada. Vou ainda mais longe e diria que

educação corporativa se justifica pelo distanciamento entre a academia e o mercado. As

grades ofertadas nos cursos superiores ou são insuficientes ou desatualizadas e forçam as

empresas a suprir essas lacunas de competência para ter funcionários minimamente

preparados para exercer suas funções.

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“As empresas [...] ao invés de esperarem que as escolas tornem seus currículos mais

relevantes para a realidade empresarial, resolveram percorrer o caminho inverso e trouxeram a

escola para dentro da empresa” (Meister, 1999, p. 23).

O conceito de Educação Corporativa surgiu no Brasil na década de 1990. Esse modelo

educacional adotado pelas empresas surgiu “no auge do Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade – PBQP” (Martins, 2004, p.10).

De acordo com Marisa Eboli em Educação Corporativa no Brasil – Mitos e Verdades,

2004, Editora Gente, o sistema de educação corporativa obedece a sete princípios de sucesso

– Competitividade, Perpetuidade, Conectividade, Disponibilidade, Cidadania, Parceria e

Sustentabilidade.

3.2.1. COMPETITIVIDADE

“Valorizar a educação como forma de desenvolver o capital intelectual dos colaboradores,

transformando-os efetivamente em fator de diferenciação da empresa diante dos concorrentes,

ampliando assim sua capacidade de competir. Significa buscar continuamente a elevação do

patamar de competitividade empresarial por meio da implantação, do desenvolvimento e da

consolidação das competências críticas empresariais e humanas”.

3.2.2. PERPETUIDADE

“Entender a educação não apenas como um processo de desenvolvimento e realização do

potencial existente em cada colaborador, mas também como um processo de transmissão de

herança cultural, a fim de perpetuar a existência da empresa”.

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3.2.3. CONECTIVIDADE

“Privilegiar a construção social do conhecimento, estabelecendo conexões e intensificando a

comunicação e a interação. Objetiva ampliar a quantidade e a qualidade da rede de

relacionamentos com o público interno e externo”.

3.2.4. DISPONIBILIDADE

“Oferecer e disponibilizar atividades e recursos educacionais de fácil uso e acesso,

propiciando condições favoráveis para que os colaboradores realizem a aprendizagem a

qualquer hora e em qualquer lugar”.

3.2.5. CIDADANIA

“Estimular o exercício da cidadania individual e corporativa, formando atores sociais, ou seja,

sujeitos capazes de refletir criticamente sobre a realidade organizacional, de construí-la e

modificá-la, e de atuar pautados por uma postura ética e socialmente responsável”.

3.2.6. PARCERIA

“Entender que desenvolver continuamente as competências dos colaboradores é uma tarefa

complexa, exigindo que se estabeleçam parcerias internas (com líderes e gestores) e externas

(instituições de nível superior)”.

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3.2.7. SUSTENTABILIDADE

“Ser um centro gerador de resultados para a empresa, procurando sempre agregar valor ao

negócio. Pode significar também buscar formas alternativas de recursos que permitam um

orçamento próprio e autossustentável”.6

3.3. CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO CORPORATIVA

3.3.1. ESPAÇO FÍSICO

Segundo Martins (2004), as unidades de Educação Corporativa têm o espaço físico mais

como um conceito do que uma realidade. Os programas podem ocorrer por meio da educação

presencial, à distância ou semipresencial. Existem organizações que contam com espaços

físicos próprios, direcionados aos treinamentos dos seus funcionários, e eventualmente,

utilizam espaços acadêmicos ou hotéis.

3.3.2. NOVAS TECNOLOGIAS

As novas tecnologias tornaram possível ampliar o número de pessoas atendidas e ao mesmo

tempo reduzir os custos logísticos envolvidos em ações educacionais, como passagens,

traslados, hospedagens, etc. Através da Educação à Distância a “qualificação dos funcionários

é realizada em um tempo menor e com custos reduzidos, salientando que a economia de

tempo pode chegar a 50%, e de custo a 60%, em relação aos cursos presenciais” (Quartiero e

Cerny, 2005, p.37).

6 Educação Corporativa no Brasil – Mitos e Verdades, 2004, Editora Gente

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3.3.3. PÚBLICO-ALVO

Atende prioritariamente os funcionários da empresa e em alguns casos também os

terceirizados. Algumas empresas estendem as ações educacionais aos familiares dos

funcionários, clientes e a comunidade em geral, normalmente atendida por intermédio de

ações de responsabilidade social.

3.3.4. CORPO DOCENTE

Segundo Martins, 2004, p.44, 70% dos docentes são os próprios gerentes e executivos das

instituições corporativas, enfatiza-se a atuação destes como forma de agregar valor à cadeia

produtiva. A utilização dos gerentes traz um duplo benefício ao conhecimento organizacional:

A adequação dos conceitos à realidade dos colaboradores e conhecimentos dos conteúdos

técnico/funcionais que exigiriam uma imersão no caso de utilização de terceiros (Meister,

1999, p.22).

Em relação ao desenvolvimento de competências transversais, a utilização de Docentes

acadêmicos de fora das organizações é mais usual.

3.3.5. CERTIFICAÇÃO

Apenas as instituições de ensino credenciadas pelo MEC tem a prerrogativa de reconhecer

academicamente os cursos. Desta forma, sendo de interesse das organizações o

reconhecimento dos seus cursos, deve recorrer às instituições de ensino para obter tal

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reconhecimento. É importante salientar que o reconhecimento de um curso não se resume a

validar o que foi executado. É absolutamente imprescindível que o curso tenha cumprido os

requisitos mínimos exigidos pela legislação e que a Instituição que se disponha a reconhecer

tenha tido efetiva participação na coordenação, aplicando o rigor exigido por sua

metodologia, incluindo a definição do corpo docente. 7

Contextualizar o que é educação corporativa e elencar suas características fornecerá uma

razoável direção de como as instituições de ensino superior precisam se preparar para atender

as demandas provenientes das empresas dos mais variados segmentos de mercado.

3.4. EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO

O empreendedorismo corporativo entra neste contexto como característica fundamental a

prática de inovação nas empresas. Empreender é uma ação que depende apenas do interesse e

vontade do agente, não basta identificar a existência de oportunidade se não há movimento

que leve o indivíduo ou a organização a querer aproveitá-la.

Existem vários autores que trataram do tema, como Dornelas (2003) que diz que

empreendedorismo significa fazer algo novo, diferente, mudar a situação atual e buscar, de

forma incessante, novas oportunidades de negócio, tendo como foco a inovação e criação de

valor. Para Stevenson (1993), empreendedorismo é o processo de criação de valor pela

utilização de forma diferente dos recursos, buscando explorar uma oportunidade.

As definições são variadas e podem ser encontradas com facilidade ao digitar o termo em

qualquer ferramenta de busca na internet. Não é o objetivo ficar citando uma profusão de

autores para conceber uma ideia ou se fazer entender.

7 http://www.epsjv.fiocruz.br/dicionario/verbetes/educor.html - (08/12/2013 - 11:00)

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De fato, empreender dentro das organizações é um grande desafio e não era para ser assim.

Um bom exemplo é o caso tratado aqui nesta dissertação de mestrado, as instituições de

ensino superior muitas vezes são demandadas pelas empresas para ajudá-las a desenvolver

seus funcionários, existem informações a respeito do mercado de educação corporativa,

inúmeros congressos de RH ocorrem por todo o Brasil onde um dos temas recorrentes é

educação corporativa e mesmo assim, é o que vamos tentar confirmar nesta dissertação,

apenas um pequeno número de instituições de ensino superior estão preparadas para

responder estas demandas.

3.5. MARKETING

A base teórica sobre Marketing, iniciando com os conceitos mais abrangentes até o Marketing

Educacional e Orientação ao Mercado, proporcionará uma ampla visão a respeito de diversos

fatores que podem influenciar o sucesso de uma Instituição de Ensino Superior no mercado de

Educação Corporativa.

O conceito de Marketing deveria significar um valor mais amplo e de caráter permanente ou

mesmo estar profundamente inserido na cultura de qualquer organização, devendo ser

disseminada, compartilhada e praticada por todos os funcionários em todos os escalões,

orientando o relacionamento com todos os seus públicos Digo deveria porque a prática pode

não ter relação com a teoria, não por vontade das organizações, mas pelo esforço necessário

para disseminar esse comportamento em toda sua estrutura. Para obter resultados nesta

empreitada os executivos devem ter verdadeira obsessão e obstinação ao disseminar o

conceito de que o cliente é a razão de ser das empresas.

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Segundo Kotler/Fox (1998, p.24), “marketing é análise, planejamento, implementação e

controle de programas cuidadosamente formulados para causar trocas voluntárias de valores

com mercados alvo e alcançar os objetivos institucionais”.

Um dos pioneiros a abordar a figura do cliente como ponto de partida do processo empresarial

foi Peter Drucker (1954: 37), afirmando que o marketing é a visão de todo o negócio visto do

ponto de vista do cliente. Por isso, o propósito empresarial deve ser criar clientes satisfeitos.

Nenhuma instituição de ensino superior atua intencionalmente de forma contrária ao descrito

acima, no entanto, a falta de estrutura, pessoal capacitado e processos que visem garantir a

conformidade entre o que foi contrato e o que está sendo entregue certamente levará a

percepção de baixa qualidade pelo lado que contrata o serviço.

Não há como fugir dos conceitos de marketing como forma de reforçar o direcionamento que

a instituição de ensino superior deve ter para que, caso seja de seu interesse ingressar no

mercado de educação corporativa, haja alguma chance de sucesso. Esses conceitos devem

levar as instituições de ensino superior a questionar a adequação de sua estrutura, pessoas e

processos.

3.5.1. ORIENTAÇÃO A MERCADO

Ao colocar o cliente como foco central das empresas, a orientação a mercado passou a ser

preocupação de executivos e acadêmicos de marketing e administração devido à mudança na

dinâmica de relacionamento das empresas com seus públicos.

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Como apontado acima, Lear (1963) abordou o paradoxo entre o discurso e as práticas

empresariais, afirmando que muitas empresas dizem ser orientadas para os clientes, mas suas

práticas sugerem que o discurso não era efetivamente implementado.

Reforçando este pensamento, de acordo com Narver e Slater (1990: 21), orientação a mercado

é a cultura organizacional que estimula os comportamentos necessários à criação de valor

superior para o cliente de forma mais eficaz e eficiente, proporcionando desempenho superior

e sustentado.

Shapiro (1988: 120-121) afirma que orientação para o mercado representa uma gama de

processos que passam por todos os aspectos de uma companhia, e seria composta por três

características: a compreensão por todos os membros da organização de seus mercados-alvo e

as influências de compra envolvidas; a tomada de decisões táticas e estratégicas de forma

interfuncional e interdivisional; as divisões e funções organizacionais devem tomar decisões

coordenadas e executá-las com comprometimento.

O conceito de orientação para o mercado pode ser definido como uma maneira de fazer

negócios, incluindo orientação para o cliente, inteligência de mercado, competências distintas,

entrega de valor, atingimento de mercado-alvo e da proposta de valor, administração de

qualidade total definida pelos clientes, lucratividade ao invés de volume de vendas,

administração de relacionamentos, melhoria contínua e cultura organizacional focada no

consumidor (WEBSTER, 1994). Essa definição traduz com grande clareza o conceito e revela

o comprometimento com a compreensão das necessidades aparentes e não aparentes dos

clientes e das habilidades e planos dos competidores, através de aquisição e análise

sistemática das informações de mercado.

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A relação entre orientação para o mercado e desempenho também merece destaque,

demonstrando os reais benefícios da adoção de orientar a organização neste sentido. Pelham

(2000) encontra uma relação positiva e significativa entre a orientação para o mercado e

algumas medidas de desempenho, tais como eficácia de marketing, crescimento de vendas,

market share e lucratividade.

Urdan (1999: 4-5) Aponta algumas explicações para o paradoxo entre o conceito de marketing

e sua evolução:

As empresas não compreendem o conceito de marketing;

As organizações não conseguem implementar o conceito de marketing;

Apenas um número restrito de empresas valoriza, compreende e é capaz de

implementar o conceito de marketing;

O conceito não se aplica a muitas organizações em virtude de fatores de mercado;

O conceito de marketing é uma preocupação de relações públicas, mas não dos

administradores;

As empresas valorizam outras orientações, como a de produção e a de vendas;

As organizações aplicaram e abandonaram o conceito em virtude de resultados ruins;

Os estudiosos tratam de temas pouco relevantes para a maior parte das organizações.

Os conceitos de orientação a mercado são fundamentais para dar direção às iniciativas das

instituições de ensino superior que desejam se lançar no mercado de educação corporativa.

Esses conceitos serão utilizados para identificar se as instituições de ensino superior estão

familiarizadas com o tema e se estão buscando implantá-los em suas próprias organizações.

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3.5.1.1. ESCALAS DE MEDIDA DE ORIENTAÇÃO A MERCADO

Como saber se uma organização é orientada a mercado? Alguns estudiosos desenvolveram

escalas que medem o grau a de orientação a mercado, sendo as mais conhecidas às

desenvolvidas por Narver e Slater e Jaworski e Kohli. Os trabalhos foram realizados no início

da década de 90.

ESCALA DE NARVER E SLATER

Narver e Slater (1990: 20-21) propõem o desenvolvimento de uma medida válida para

verificar a verdadeira contribuição da orientação para o mercado no desempenho do negócio.

Eles procuram gerar uma direção para as empresas que atuar orientadas a mercado, além de

mostrar os efeitos no desempenho. Para os autores, uma empresa orientada para o mercado

deve avaliar continuamente fontes alternativas de vantagem competitiva sustentável, de forma

que a organização possa ser mais eficaz na criação de valor superior para seus clientes-alvo

atuais e futuros.

A Orientação para o mercado seria composta por três elementos comportamentais e dois

elementos decisórios:

Orientação para o cliente, o que inclui todas as atividades envolvidas na aquisição de

informações sobre os consumidores e os segmentos de mercado;

A orientação para o concorrente, que implica em atividades de inteligência de

marketing;

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A coordenação interfuncional, ou seja, a utilização coordenada de recursos

organizacionais para a criação de valor superior aos clientes;

Foco no longo prazo;

A lucratividade, que no caso de organizações sem fins lucrativos deve ser entendido

como sobrevivência e capacidade de pagar suas obrigações.

A pesquisa de Narver e Slater (1990, p. 23), foi realizada nas unidades de negócio de uma

empresa norte-americana. A variável referente ao desempenho foi o ROA (retorno sobre

ativos) do ano anterior de cada unidade em seu principal segmento de mercado, que foi

comparado ao ROA de todos os seus competidores (NARVER e SLATER, 1990: 24).

A ESCALA DE KOHLI, JAWORSKI E KUMAR

De acordo com Kohli e Jaworski (1990: 3) uma organização orientada para o mercado seria

aquela em que os três pilares do conceito de marketing – foco no cliente, marketing

coordenado e lucratividade – se manifestam operacionalmente. São inversamente

proporcionais à orientação para o mercado: lacuna entre discurso e prática da alta gerência,

ambiguidade da média gerência em relação à orientação para o mercado, aversão ao risco,

mobilidade e educação formal da alta gerência, atitudes negativas da alta gerência frente à

mudança, conflito interdepartamental e incapacidade dos gerentes de marketing em ganhar a

confiança de outros gerentes.

O poder desempenhado pela alta administração na definição da orientação estratégica da

organização foi enfatizado (KOHLI e JAWORSKI, 1990). Esse resultado está em acordo com

a observação de Felton (1959: 55) de que a orientação deve partir dos altos escalões. Webster

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(1988: 37) afirma que a orientação para o mercado nasce na alta administração e que os

valores e crenças associados á orientação para o mercado são de responsabilidade da alta

gerência. Contribuem também para a orientação para o mercado à conectividade entre

departamentos, um baixo nível de conflito entre departamentos e um alto nível de

preocupação com as ideias de pessoas de outros departamentos (KOHLI e JAWORSKI, 1990:

9).

Em relação às consequências da orientação para o mercado, existem evidências de três tipos

de benefícios: (1) provê clareza de foco e visão estratégica da organização, o que melhora o

desempenho; (2) provê benefícios psicológicos e sociais aos empregados e (3) gera atitudes

positivas dos consumidores, pois quanto maior a orientação para o mercado, maior a

satisfação e a taxa de compra repetida (KOHLI e JAWORSKI, 1990: 13).

Foram definidas também quatro variáveis contingenciais que têm relação positiva com a

orientação: (1) turbulência do mercado; (2) turbulência tecnológica do mercado em que a

empresa atua; (3) alto grau de concorrência da indústria em questão e (4) baixo grau de

aquecimento econômico (KOHLI e JAWORSKI, 1990: 14-15).

Uma organização só deve empreender uma orientação para o mercado se os custos associados

forem inferiores aos resultados que possam ser atingidos, já que em muitas indústrias a

orientação para o mercado não lhes pareceu ser crítica (KOHLI e JAWORSKI, 1990, p. 16).

Jaworski e Kohli (1993: 53) também procuraram entender porque algumas organizações são

mais orientadas para o mercado do que outras, e qual o efeito da orientação para o mercado

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sobre os empregados e sobre o desempenho organizacional (JAWORSKI e KOHLI, 1993:

54).

Os autores identificaram então três componentes básicos da orientação para o mercado:

geração de inteligência, disseminação da inteligência e capacidade de resposta a essa

informação. Essa abordagem resulta em uma expansão do foco para a inteligência de

mercado; coordenação funcional com ênfase na geração de inteligência de mercado e foco em

atividades relacionadas ao processamento dessa inteligência. Essa visão permite determinar o

grau de orientação para o mercado (KOHLI, JAWORSKI e KUMAR, 1993: 468).

A escala final foi denominada MARKOR, e revela o grau em que uma unidade de negócios

realiza atividades de geração de inteligência multidepartamentais; dissemina essa inteligência

horizontal e verticalmente por canais formais ou não e desenvolve e implementa programas de

marketing com base na inteligência gerada. (KOHLI, JAWORSKI e KUMAR, 1993).

A ESCALA DE HARRIS

Para desenvolver a escala, o autor realizou entrevistas exploratórias em profundidade com

gerentes e executivos com diferentes experiências e procedências, buscando conhecer também

a visão dos entrevistados como clientes e concorrentes. Com isso, Harris (2002) identificou

três dimensões da orientação para o mercado: (1) orientação para o cliente – foco no cliente,

conduzido pelo cliente ou orientado para o cliente; (2) orientação para o concorrente e (3)

coordenação interfuncional – o nível com que cada divisão, departamento ou setor da

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organização aceita igual e conjunta responsabilidade em servir o mercado (HARRIS, 2002:

245).8

Ao comparar as escalas, dois aspectos despontam como alicerces para o sucesso das empresas

que desejam atuar orientadas a mercado. O primeiro e mais importante é a coordenação

interfuncional, onde as áreas aceitam a responsabilidade de servir o mercado de forma

conjunta. Essa crença tem fundamento na realidade vivida em ambientes corporativos, onde

cada área procura cuidar de suas entregas, sem, contudo, compartilhar de uma mesma

responsabilidade. Esse distanciamento entre as áreas ocorre em função da própria estrutura

das organizações e das métricas de avaliação de desempenho que medem as partes e não o

todo.

O segundo ponto é a remuneração, as organizações que desejam ser orientadas a mercado

estão em busca de maiores recompensas e estas devem ser compartilhadas com os membros

da equipe. Sem o devido reconhecimento as pessoas talvez não se sintam imbuídas do espírito

de conjunto e responsáveis pelo todo.

3.6. GESTÃO DE CANAIS

Kotler/Keller (2006, p. 478 fig. 15.4), mostra que canais de vendas parceiros de valor

agregado e força de vendas direta possuem os maiores custos, no entanto, também apresentam

o maior valor agregado para as vendas.

Rackham/Vincentis (1999) classificam os canais em duas dimensões, propriedade e/ou

controle e clientes-alvo. Existem quatro modelos de propriedade: Canais próprios (Força de

8 http://www.ead.fea.usp.br/Semead/8semead/resultado/trabalhosPDF/401.pdf - 09/12/2013 - 23:00

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Vendas), Canais abertos (varejistas), Canais interligados (Franquias) e Canais compartilhados

(sistema de vendas).

A base teórica acima fornecerá os insumos necessários para o entendimento da influência e do

poder dos canais no desempenho das instituições de ensino superior privadas.

Para este estudo será abordado o canal direto – Força de Vendas própria, onde sua existência

terá grande influência na definição da orientação das instituições de ensino superior em

relação à educação corporativa.

4. METODOLOGIA

4.1. CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

A educação corporativa reconhecida como negócio explorado pelas instituições de ensino

superior é fato recente, e que, portanto, ainda não foi objeto de estudo por parte de

pesquisadores e estudiosos de marketing. Existem muitos estudos e muitos vieses sobre o

ensino superior no Brasil, no entanto, não possuem conexão com a proposta deste estudo. Para

citar alguns, Vânia Maria Jorge Nassif e Darcy Mitiko Mori Hanashiro, (2003) realizaram

uma pesquisa descritiva cujo objetivo era identificar as competências requeridas de docentes

universitários de universidades privadas do Estado de São Paulo, como elemento primordial

para elevar a competitividade destas. O livro A Universidade no Século XXI: Para uma

Universidade Nova de Boaventura de Sousa Santos e Naomar de Almeida Filho (2008) trata a

questão do público x privado, criticando a crescente participação do setor privado na

educação.

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Outra pesquisa de natureza descritiva foi à desenvolvida por Marcos Antônio Gaspar, Denis

donaire e Laércio Baptista da Silva (2007) com o objetivo de identificar ações Desenvolvidas

a Partir do Posicionamento Estratégico de IES Particulares na Cidade de São Paulo: Dilemas

do Binômio Lucratividade X Responsabilidade Social.

Talvez o trabalho que mais se aproxime da proposta deste estudo seja o realizado por Jacques

Schwartzman e Simon Schwartzman (2002) por encomenda do BNDES, que retrata o ensino

superior como setor econômico, porém o foco ainda é o mercado de oferta de educação no

varejo.

Não se verificou a existência de trabalhos que abordem o posicionamento dessas instituições

do ponto de vista pelo qual a presente pesquisa pretende abordá-lo, que é testar o nível de

orientação ao mercado de educação corporativa em instituições de ensino superior privadas.

Quanto aos fins a pesquisa será descritiva. O seu objetivo é fornecer uma perspectiva sobre a

atuação das instituições de ensino superior no mercado de educação corporativa no Brasil.

Além disso, ela procura verificar a validade das hipóteses e proposições levantadas pelo autor

que, em razão de seu ineditismo, não há como não classificar esta pesquisa como sendo

também exploratória.

“Pinsonneault e Kraemer (apud Freitas, Oliveira, Saccol e Moscarola, 1999)

descrevem a pesquisa de natureza descritiva como aquela que possui o propósito

de identificar situações, eventos, atitudes ou opiniões manifestas em uma

população. Gil (1995) acrescenta a esses objetivos o estabelecimento de relações

entre variáveis. Ele afirma que estas pesquisas, embora definidas como

descritivas a partir de seus objetivos podem proporcionar uma nova visão

do problema, o que as aproxima das pesquisas exploratórias”.

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O método de pesquisa para este trabalho será o survey. A pesquisa survey pode se apresentar

como ferramenta adequada para pesquisas de natureza descritiva. Tanur (apud Pinsonneault e

Kraemer,1993) a descreve como a obtenção de dados ou informações sobre características,

ações ou opiniões de determinado grupo de pessoas, indicado como representante de uma

população-alvo, por meio de um instrumento de pesquisa, normalmente um questionário. O

foco do seu interesse, segundo Freitas, Oliveira, Saccol e Moscarola (1999), é sobre “o que

está acontecendo” ou “como e por que isso está acontecendo”.

Para conferir maior relevância aos resultados obtidos com a pesquisa survey, também serão

realizadas pesquisas em profundidade com especialistas da área que discorrerão sobre o tema,

fundamentados em sua vivência e observações ao longo dos anos.

Por força do ineditismo da presente pesquisa, as hipóteses foram formuladas com base na

experiência do autor e nas afirmações presentes no artigo publicado por Ryon Braga citado

acima, onde afirma que as Instituições de ensino superior conhecem e estão atuando de forma

estruturada no mercado de educação de corporativa.

4.2. HIPÓTESES E TESTES

A hipótese principal a ser testada pelo estudo é:

H1. As Instituições de Ensino Superior privadas são orientadas para o mercado de Educação

Corporativa.

Demais hipóteses a serem testadas:

H2. Há correlação positiva entre o porte das Instituições de Ensino Superior Privadas e a

existência de meta e estrutura formal para o mercado de educação corporativa;

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34

H3. Há correlação positiva entre os cursos ofertados (graduação, pós-graduação lato sensu,

mestrado e doutorado) pelas Instituições de Ensino Superior Privadas e a existência de meta e

estrutura formal para o mercado de educação corporativa;

H4. Há correlação positiva entre a tipologia das Instituições de Ensino Superior Privadas

(faculdade, centro universitário e universidade) e a existência de meta e estrutura formal para

o mercado de educação corporativa;

4.3. TESTES DE HIPÓTESES

Para testar se as Instituições de Ensino Superior são orientadas ao mercado de educação

corporativa será utilizada uma escala similar à proposta por Narver e Slater (1990: 20-21),

adaptada pelo autor. O resultado do nível de orientação será obtido através da soma simples

dos valores resultantes da escala de Likert e questões dicotômicas convertidos em números.

As instituições que obtiverem notas iguais ou superiores a 90% do valor máximo obtido com

soma das escalas convertidas, serão enquadradas no maior índice de orientação a mercado. As

instituições que obtiverem notas entre 70% e 89,9% serão enquadradas no nível 2 e as que

obtiverem notas abaixo de 70% do somatório máximo, serão enquadradas no nível 1 de

orientação a mercado.

Optou-se pela utilização de correlações ao invés de regressão em virtude do baixo número de

respostas obtidas. Estimativas oriundas de amostras pequenas tendem a ser instáveis e podem

apresentar problemas com os graus de liberdade do modelo e apenas relações mais visíveis

serão detectadas.

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35

Para as correlações, o método estatístico a ser utilizado será a correlação de Pearson. O

coeficiente de correlação de Pearson, também chamado de "coeficiente de correlação produto-

momento" ou simplesmente de "Pearson" mede o grau da correlação (e a direção dessa

correlação - se positiva ou negativa) entre duas variáveis de escala métrica.

Este coeficiente, normalmente representado por assume apenas valores entre -1 e 1.

=1 Significa uma correlação perfeita positiva entre as duas variáveis.

=-1 Significa uma correlação negativa perfeita entre as duas variáveis - Isto é, se

uma aumenta a outra sempre diminui.

=0 Significa que as duas variáveis não dependem linearmente uma da outra.

INTERPRETANDO A CORRELAÇÃO DE PEARSON

0.70 positivo ou negativo indica uma forte correlação.

0.30 a 0.70 positivo ou negativo indica correlação moderada.

0 a 0.30 Indica fraca correlação.

Para desenvolver os fatores que influenciariam a orientação a mercado das instituições de

ensino superior, será utilizada uma escala desenvolvida a partir da escala proposta por Narver

e Slater (1990: 20-21). Como a escala parte do pressuposto que a organização já atua no

mercado, será incluído o fator estrutura para verificar a existência de intenção deliberada de se

estabelecer no mercado de educação corporativa. Desta forma os fatores seriam definidos

como na figura 1 abaixo:

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36

As respostas ao questionário, de acordo com a escala da figura 1 acima, permitirá criar um

índice de orientação ao mercado de educação corporativa, onde as instituições de ensino

superior serão classificadas. O índice foi elaborado levando em conta a existência de apenas

três níveis de orientação ao mercado de educação corporativa. A figura 2 abaixo demonstra a

forma como as instituições de ensino superior serão classificadas em cada um dos índices de

orientação a mercado:

Itens Escala proposta por Narver e Slater

Vendas

Acadêmica

operações

Desenvolve e analisa banco de dados

Identifica oportunidades

Analisa a concorrência

Desenvolve Produtos

Vendas

Acadêmico

Operações

Realiza vendas ocasionais para empresas

Realiza vendas recorrentes para empresas

Sobre Estrutura, não abordada na escala. Inserida

pelo autor

Orientação para o cliente, o que inclui todas as

atividades envolvidas na aquisição de informações

sobre os consumidores e os segmentos de mercado.

Orientação para o concorrente, que implica em

atividades de inteligência de marketing.

Coordenação interfuncional, ou seja, a utilização

coordenada de recursos organizacionais para a

criação de valor superior aos clientes.

Existem planos para ampliar a atividade em função dos resultados obtidos5Resultado e investimento Lucratividade

Foco no longo prazo

3

4

Processos desenhados para atender clientes de educação corporativa

1

2

Vendas

Fatores de Orientação para Mercado de Educação Corporativa

Marketing dedicado a educação corporativa

Estrutura dedicada a educação corporativa

FIGURA 1 – FATOR ESTRUTURA

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A figura 2 demostra o índice de orientação ao mercado de educação corporativa, onde o nível

1 é o mais baixo e o nível 3 o mais alto.

Nível

Sem estrutura

sem coordenação interfuncional

sem marketing direcionado

pode haver planos de investimento

estrutura precária

Existe meta

Há pouca coordenação interfuncional

Marketing direcionado eventualpode haver planos de investimento

Estrutura formalmente constituida

Existe Meta

Coordenador não é responsável pelas vendas

existe coordenação interfuncional

intenção de investir na área é parte da estratégia

indice de Orientação a mercado Escala proposta por Narver e Slater

1

a instituição não possui estrutura dedicada e

realiza vendas ocasionais, sendo demandada

pelos clientes

Não existe meta

Coordenador responsável pela venda

2

A instituição não possui estrutura dedicada e realiza

vendas recorrentes através do esforço individual de

alguns coordenadores de curso, deseja investir na área

em função dos resultados obtidos.

Coordenador responsável pela venda

3

A instituição possui estrutura formalmente constituída

para atuar em educação corporativa, possui processos

que garantem a utilização coordenada dos recursos

organizacionais, realiza vendas recorrentes e investe na

ampliação da área em função dos resultados obtidos.

Marketing atuando de forma direcionada

FIGURA 2 – ÍNDICES DE OERIENTAÇÃO AO MERCADO

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A figura 3 abaixo demonstra as variáveis que compõe cada fator de influência do

comportamento das instituições de ensino superior.

4.4. LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Como todo método de pesquisa, existem limitações e não seria diferente com a presente

escolha. Portanto, seguem abaixo as limitações associadas ao método escolhido.

O método de pesquisa survey apresenta uma limitação em relação à percepção dos fatos

ocorridos pelos entrevistados, como observa Gil (1995). Os levantamentos identificam

Estado

Região

Pequena até 5.000 alunos

médio de 5001 a 10.000 alunos

Grande mais de 10.000 alunos

até R$ 500,00

de R$ 501 a R$ 700,00

de R$ 701,00 a R$ 1.000,00

mais de R$ 1.000,00

Graduação

Graduação/Pós-Graduação Lato sensu

Graduação/Pós-Graduação/Mestrado

Graduação/Pós-Graduação/Mestrado/Doutorado

até 20 milhões

de 20 e 50 milhões

de 50 e 80 milhões

mais de 80 milhões

Faculdade

Centro Universitário/Universidade

Porte

Valor médio da Mensalidade de Graduação

Cursos ofertados

Faturamento

Tipologia

VariáveisFatores Influenciadores

Localização geográfica

FIGURA 3 – FATOR DE INFLUENCIA DO COMPORTAMENTO DAS IES

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39

percepções e opiniões dos respondentes com relação a fatos, o que pode trazer distorções

em relação à realidade.

Mattar (1999) observou que as principais limitações dos questionários remetidos por

correio dizem respeito à sua baixa versatilidade, ao baixo controle amostral, ao baixo

índice de respostas e ao alto nível educacional exigido dos respondentes. Era necessário

adotar estratégias para garantir um percentual aceitável de respostas e o contato telefônico

prévio com os respondentes era a principal forma para aumentar as chances de obter um

número aceitável de respostas.

As observações de Mattar (1999) com relação ao questionário auto-preeenchido fazem

referência à utilização de questionários enviados pelos correios, situação que não é mais

necessária após a popularização da internet e do desenvolvimento de softwares que

possibilitam enviar e compilar rapidamente grandes volumes de dados diretamente na

internet, como o survey monkey, ferramenta escolhida para realizar esta pesquisa.

Mesmo com toda a tecnologia e facilidade de acesso disponível hoje em dia, um novo fator

torna a realização de pesquisas um grande desafio, a profusão de pesquisas de toda ordem

que invadem nossas caixas de correio eletrônico. Com isso, fazer com que um respondente

tenha interesse em responder a sua e não outra pesquisa qualquer é tarefa das mais

complexas.

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40

4.5. POPULAÇÃO/AMOSTRA

Perrien, Chéron e Zins (1984) consideram que o processo de amostragem é composto pelas

etapas de definição da população-alvo, do contexto da amostragem, da unidade de

amostragem, do método de amostragem, do tamanho da amostra, da seleção da amostra e da

execução do processo de amostragem.

No caso proposto por este trabalho, a população-alvo da pesquisa será formada pelo universo

de instituições de ensino superior privada no Brasil. Os questionários serão enviados aos

grupos de respondentes a seguir: Reitor/Diretor, Gerente, Coordenador e Professo, que fazem

parte do universo de relacionamento do autor.

Para a seleção das instituições de ensino superior a serem pesquisadas serão utilizadas as

seguintes bases de dados:

Base de dados do autor, contendo aproximadamente 100 contatos de variadas instituições de

ensino superior. Os questionários serão enviados através de e-mail direto ao respondente.

4.6. COLETA DE DADOS

Será utilizada a ferramenta Survey Monkey para realizar a coleta de dados. A ferramenta

permite a compilação em tempo real das respostas obtidas com o questionário, conferindo

velocidade e assertividade na obtenção de dados para análise estatística. Permite enviar um

número ilimitado de e-mails ou apenas disponibilizar um link para que os diversos

respondentes acessem o ambiente e preencham o questionário.

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41

Para confecção dos questionários, três tipos de respostas serão utilizadas, a escala likert,

múltipla escolha e dicotômicas. A escala Likert ou escala de Likert é um tipo de escala de

resposta psicométrica usada habitualmente em questionários, e é a escala mais usada em

pesquisas de opinião. Ao responderem a um questionário baseado nesta escala, os

perguntados especificam seu nível de concordância com uma afirmação. Esta escala tem seu

nome devido à publicação de um relatório explicando seu uso por Rensis Likert. Escalas

Likert podem estar sujeitas a distorções por diversas causas. Os pesquisados podem evitar o

uso de respostas extremas e concordar com afirmações apresentadas ou tentar mostrar a si ou

a suas organizações de um modo mais favorável. Para minizar essas possíveis distorções nas

respostas, será construído uma escala com respostas mais balanceadas e assim reduzir os

desvios por aceitação às afirmações. Desta forma, as questões desenvolvidas para a survey

deste trabalho contarão com uma escala de respostas não inferior a 7. Um item Likert é apenas

uma afirmação à qual o sujeito pesquisado responde através de um critério que pode ser

objetivo ou subjetivo. Normalmente, o que se deseja medir é o nível de concordância ou não

concordância com a afirmação 9.

4.7. ANÁLISE DE DADOS

Foram enviados os e-mails para os potenciais 100 respondentes da base de dados do autor,

obtendo o retorno de 43 questionários respondidos. No entanto, houve duplicidade de

Instituições de Ensino Superior respondendo, ou seja, duas pessoas da mesma instituição e

duas Instituições de Ensino Superior Públicas. Ao realizar os expurgos das duplicidades e das

públicas, obteve-se 22 respostas possíveis de serem utilizadas para análise de dados.

9 http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa

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42

O Questionário (anexo 1) enviado aos respondentes apresentava as seguintes questões:

Quanto à qualificação do respondente

o Nome da Instituição de Ensino Superior;

o Tipologia da Instituição de Ensino Superior, se Universidade, Centro

Universitário ou Faculdade;

o Quantidade média de alunos;

o Valor Médio da mensalidade de graduação;

o Faturamento médio;

o Percentual do Faturamento com Vendas para empresas em relação ao

faturamento total;

o Cargo/Função do Respondente

Variáveis

o Se existia estrutura dedicada para atender o mercado de educação

corporativa;

o Se havia atividade de prospecção;

o Se participava de licitações;

o Se a atuação ocorria apenas quando demandada;

o Se as vendas eram eventuais;

o Se as vendas eram recorrentes;

o Se as vendas eram recorrentes para alguns clientes fixos;

o Se não realizam vendas para empresas;

o Se os coordenadores é que vendiam;

o Se Existia meta de vendas para este mercado;

o Se o Marketing era ativo para fomentar negócios neste mercado;

o Se os concorrentes eram conhecidos;

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43

o Se a organização atuava de forma integrada;

o Se existia processo para acompanhar as negociações;

o Se havia processo para acompanhar a entrega dos produtos/serviços

comercializados;

o Se havia previsão de investimentos para implantar ou ampliar a atuação

neste mercado;

o Se a instituição realizou mais de 10 contratos no exercício anterior;

o Se este mercado era tema de reunião de diretoria;

o Se a instituição já havia encomendado pesquisa sobre este mercado.

Como primeira etapa da análise foram verificadas as frequências de cada questão de

qualificação dos respondentes como demonstrado abaixo:

4.7.1. FREQUÊNCIAS

4.7.1.1. ORIGEM DAS RESPOSTAS

Foram recebidas resposta de nove estados diferentes (Figura 4), que cobrem todas as regiões

do País, no entanto, 63,7% das respostas vem da região sudeste, o que pode enviesar as

análises de correlação apresentadas mais a frente.

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44

Estado

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

AP 1 4,5 4,5 4,5

BA 1 4,5 4,5 9,1

GO 1 4,5 4,5 13,6

PR 2 9,1 9,1 22,7

RJ 8 36,4 36,4 59,1

RO 1 4,5 4,5 63,6

RS 1 4,5 4,5 68,2

SC 1 4,5 4,5 72,7

SP 6 27,3 27,3 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 4 - ESTADO

4.7.1.2. TIPOLOGIA DAS INSTITUIÇÕES RESPONDENTES

Também houve respostas de todos os tipos de Instituição de Ensino Superior (Figura 5), sendo

dominado pelas Faculdades, algo esperado pelo autor, e supreendentemente seguido de perto

pelas Universidades. Havia uma expectativa, por parte do autor, de haver uma grande

diferença no número de respostas entre as Faculdades e os demais tipos de Instituição.

Tipo

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

Centro

Universitário 1 4,5 4,5 4,5

Faculdade 12 54,5 54,5 59,1

Universidade 9 40,9 40,9 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 5 - TIPO

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45

4.7.1.3. CURSOS OFERTADOS

Também houve surpresa em constatar que o maior número de respondentes oferece

Doutorado, o que está diretamente relacionado ao volume de Universidades respondentes. A

maior surpresa foi o baixo número de Instituições de Ensino Superior que oferecem Mestrado

(Figura 6).

Cursos

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

Doutorado 9 40,9 40,9 40,9

Graduação 2 9,1 9,1 50,0

Mestrado 4 18,2 18,2 68,2

Pós-Graduação Lato

Sensu 7 31,8 31,8 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 6 - CURSOS

4.7.1.4. MÉDIA DE ALUNOS MATRICULADOS

(Figura 7) Mais de ¾ das respostas estavam localizadas nas extremidades, ou tinham até 5.000

alunos ou mais de 10.000. Novamente o volume de Universidades respondentes influenciou o

número.

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46

Alunos

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

2500 8 36,4 36,4 36,4

7500 5 22,7 22,7 59,1

10000 9 40,9 40,9 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 7 - ALUNOS

4.7.1.5. VALOR MÉDIO DA MENSALIDADE DE GRADUAÇÃO

(Figura 8) 66,7% situam-se abaixo dos R$ 700,00, característica das Universidades que

necessitam captar grande volume de alunos todos os semestres.

Valor médio

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

$250 6 27,3 27,3 27,3

$600 8 36,4 36,4 63,6

$850 3 13,6 13,6 77,3

$1,000 5 22,7 22,7 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 8 – VALOR MÉDIO

4.7.1.6. FATURAMENTO MÉDIO DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO

SUPERIOR (PORTE)

(Figura 9) Neste item, as respostas indicam que apenas 36,4% das Instituições de Ensino

Superior faturam acima de R$ 80.000.000,00. Ao verificar o arquivo com os nomes das

instituições com este faturamento, todas são Universidades, porém, verifiquei que Faculdades

que possuem faturamento bem maior do que este e que responderam, não aparecem entre os

maiores. Essa distorção pode ter origem em dois aspectos, como o nível de conhecimento do

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respondente ou intenção deliberada de não fornecer uma informação correta por entender se

tratar de uma informação sigilosa.

Faturamento

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

$10,000,00

0 9 40,9 40,9 40,9

$35,000,00

0 3 13,6 13,6 54,5

$65,000,00

0 2 9,1 9,1 63,6

$80,000,00

0 8 36,4 36,4 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 9 - FATURAMENTO

4.7.1.7. PERCENTUAL DE FATURAMENTO IN-COMPANY EM

RELAÇÃO AO FATURAMENTO TOTAL

(Figura 10) Essas respostas já dariam uma boa pista das Instituições de Ensino Superior que

seriam orientadas ao mercado de educação corporativa, restando apenas 10 respondentes com

chance de alcançar o nível 3 de orientação ao mercado na escala proposta. O que mais

chamou a atenção foi à existência de duas instituições que possuem mais de 5% do

faturamento em negócios com empresas. Trata-se de uma faculdade que realmente tem seu

negócio focado em vendas corporativas e uma Universidade pertencente a um grande grupo

educacional americano. A presença desta Universidade é surpreendente por dois fatores

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48

principais: Primeiro pelo porte, que representaria um alto faturamento com negócios in-

company, tornando-a conhecida no mercado de educação corporativa e pela contradição de

jamais ter ouvido qualquer relato de participação desta Instituição em processos de compra de

empresas públicas e privadas.

A inclusão desta Universidade entre as Instituições de Ensino Superior que faturam mais do

que 5% do seu faturamento total com negócios de educação corporativa pode ter sido fruto de

um erro de preenchimento no questionário ou problema de interpretação da questão por parte

do respondente.

Percentual in company

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

,000 12 54,5 54,5 54,5

1,500 3 13,6 13,6 68,2

2,000 1 4,5 4,5 72,7

4,000 4 18,2 18,2 90,9

5,000 2 9,1 9,1 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 10 – PERCENTUAL IN COMPANY

4.7.1.8. CARGO DO RESPONDENTE

(Figura 11) O baixo volume de respondentes nos cargos de Diretor e Reitor pode ter

enviesado as respostas em função do maior volume e da visão mais estreita dos demais

respondentes. Por mais que tenham algum nível de participação nas questões das

organizações, ficam distantes da estratégia e com acesso a informações insuficientes.

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49

Cargo

Frequência Porcentual Porcentagem

válida

Porcentagem

acumulativa

Válido

Coordenador 10 45,5 45,5 45,5

Diretor 5 22,7 22,7 68,2

Outro 3 13,6 13,6 81,8

Professor 3 13,6 13,6 95,5

Reitor 1 4,5 4,5 100,0

Total 22 100,0 100,0

FIGURA 11 – CARGO

4.7.2. CONFIABILIDADE DO QUESTIONÁRIO

Para que o haja validade dos construtos que demonstrarão o nível de orientação ao mercado

de educação corporativa em Instituições de Ensino Superior, foi aplicado o coeficiente alfa de

Cronbach.

10O coeficiente alfa de Cronbach foi apresentado por Lee J. Cronbach, em 1951, como uma

forma de estimar a confiabilidade de um questionário aplicado em uma pesquisa. Ele mede a

correlação entre respostas em um questionário através da análise das respostas dadas pelos

respondentes, apresentando uma correlação média entre as perguntas. O coeficiente α é

calculado a partir da variância dos itens individuais e da variância da soma dos itens de cada

avaliador de todos os itens de um questionário que utilizem a mesma escala de medição.

Para o cálculo do coeficiente alfa de Cronbach utiliza-se a fórmula abaixo:

10

http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfa_de_Cronbach - 01/06/2014 - 16:44

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50

Considerando um questionário com k itens, isto é, i = 1, 2,...,k, respondido por n pessoas, isto

é, j = 1, 2,...,n. As opções de resposta para cada item podem ser dicotômicas como “Sim” e

“Não” ou escalonadas como “Concordo plenamente”, “Concordo”, “Não concordo nem

discordo”, “Discordo”, “Discordo completamente”. Para o cálculo do coeficiente, toda

resposta deve ser transformada em números.

Onde:

k é o número de itens (perguntas) do questionário,

s2i é a variância do i- ésimo item (i = 1, ..., k),

s2soma é a variância do total Tj de cada indivíduo j nos k itens.11

Confiabilidade do questionário segundo o valor de alfa, figura 12 abaixo:

FIGURA 12 – VALOR DE ALFA

4.7.2.1. ANÁLISE DE CONFIABILIDADE DO QUESTIONÁRIO DOS

CONSTRUTOS UTILIZANDO O COEFICIENTE ALFA DE

CRONBACH

O valor de alfa de Cronbach aumenta quando aumentam as intercorrelações entre itens. Por

exemplo, se a pessoa respondeu “Sim” à pergunta “Toma café com frequência?” é razoável

que tenha respondido “Sim” à pergunta “Gosta de café?” porque existe relação entre as

11

http://soniavieira.blogspot.com.br/2013/02/alfa-de-cronbach.html - 01/06/2014 - 16:52

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51

opções. Mas se você perguntar “Gosta de futebol?”, “É católico praticante?”, “Fez o curso

fundamental completo?”, as respostas não terão inter correlação porque os itens (perguntas)

do questionário não estão medindo o mesmo construto. As intercorrelações entre testes são

maiores quando os itens medem o mesmo construto ou a mesma dimensão.12

4.7.2.1.1. CONSTRUTO META

O construto meta tem como elementos as atividades ligadas diretamente à realização de

vendas como, a declaração de que existe de meta, a realização de atividade prospecção,

participação em licitações, se vende sob demanda (atribuição invertida dos valores da escala –

resposta positiva vale menos), se realiza apenas vendas eventuais (atribuição invertida dos

valores da escala – resposta positiva vale menos), se realiza vendas recorrentes, se realiza

vendas recorrentes para alguns clientes (atribuição invertida dos valores da escala – resposta

positiva vale menos), se não realiza vendas (atribuição invertida dos valores da escala –

resposta positiva vale menos), e se possui processo de vendas para acompanhar a evolução

das negociações.

Estatísticas de

confiabilidade

Alfa de

Cronbach

N de itens

,691 9

FIGURA 13 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO META

De acordo com a figura 13 acima, um construto com alfa de Cronbach entre 0,6 e 0,7 seria

questionável, no entanto, levando em consideração o baixo volume de respostas e a

12

http://soniavieira.blogspot.com.br/2013/02/alfa-de-cronbach.html - 01/06/2014 - 16:52

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52

proximidade 0,7, considero o construto aceitável. Haveria como aumentar o valor de alfa se

incluísse outras variáveis na composição do construto, porém incorreria no risco de

descaracterizá-lo.

4.7.2.1.2. CONSTRUTO ESTRUTURA

O construto estrutura tem como elementos a declaração de que existe estrutura formal para

atendimento ao mercado de educação corporativa, a atuação de forma integrada de toda a

organização, a existência de processo de vendas para acompanhar os negócios e a existência

de processo de entrega para acompanhar a qualidade da entrega dos serviços e produtos

comercializados.

Estatísticas de

confiabilidade

Alfa de

Cronbach

N de itens

,653 4

FIGURA 14 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO ESTRUTURA

De acordo com a figura 14 acima, um construto com alfa de Cronbach entre 0,6 e 0,7 seria

questionável, no entanto, levando em consideração o baixo volume de respostas e a

proximidade 0,7, considero o construto aceitável da mesma forma como comentado no

construto meta. Haveria como aumentar o valor de alfa se incluísse outras variáveis na

composição do construto, porém incorreria no risco de descaracterizá-lo.

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53

4.7.2.1.3. MARKETING DIRECIONADO AO MERCADO DE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA

O construto marketing direcionado ao mercado de educação corporativa tem como elementos

uma escala likert onde o respondente apresenta seu nível de concordância sobre a atuação do

marketing no mercado educação corporativa, sobre a existência de um mínimo de inteligência

de negócios com conhecimento da concorrência e sobre a utilização pesquisa para aprimorar o

conhecimento a respeito do mercado de educação corporativa.

Estatísticas de

confiabilidade

Alfa de

Cronbach

N de itens

,620 3

FIGURA 15 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE MERCADO DE EDUCAÇÃO

CORPORATIVA

De acordo com a figura 15 acima, um construto com alfa de Cronbach entre 0,6 e 0,7 seria

questionável e no caso do construto de marketing a confiabilidade é crítica. Desta forma o

construto de marketing será descartado, não sendo utilizado como um dos elementos

definidores do nível de orientação ao mercado de educação corporativa proposto por este

trabalho.

4.7.2.1.4. INTENÇÃO DE INVESTIR NO MERCADO DE

EDUCAÇÃO CORPORATIVA

O construto investimento tem como elementos uma escala likert, onde o respondente

apresenta seu nível de concordância sobre a intenção de investir para atuar de forma mais

consistente no mercado, sobre o volume de contratos, se comercializou mais de 10 contratos

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54

no exercício anterior, sobre recorrência do tema nas reuniões de diretoria e sobre a utilização

de pesquisa sobre o mercado.

Estatísticas de

confiabilidade

Alfa de

Cronbach

N de itens

,739 4

FIGURA 16 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE INTENÇÃO DE INVESTIR

De acordo com a figura 16 acima, um construto com alfa de Cronbach entre 0,7 e 0,8 é

aceitável. Portanto, o construto está validado.

4.7.2.1.5. CONSTRUTO COORDENADOR RESPONSÁVEL PELA

VENDA

O construto Coordenador responsável pela venda tem como elementos uma escala likert, onde

o respondente apresenta seu nível de concordância sobre a participação dos coordenadores na

venda de produtos e serviços para o mercado de educação corporativa, sobre a existência de

vendas recorrentes para alguns clientes, sobre a existência de vendas apenas eventuais e sobre

a atuação apenas sob demanda.

Estatísticas de

confiabilidade

Alfa de

Cronbach

N de itens

,751 4

FIGURA 17 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO COORDENADOR

RESPONSAVEL PELA VENDA

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55

De acordo com a figura 17 acima, um construto com alfa de Cronbach entre 0,7 e 0,8 é

aceitável. Portanto, o construto está validado.

4.7.2.1.6. CONSTRUTO COORDENAÇÃO INTERFUNCIONAL

O construto coordenação interfuncional tem como elementos uma escala likert, onde o

respondente apresenta seu nível de concordância sobre a existência de atuação integrada na

organização para atendimento ao mercado de educação corporativa, sobre a existência de

processo de entrega para acompanhar a qualidade da entrega dos produtos e serviços

comercializados, sobre a participação em processos licitatórios que dependem da atuação de

várias áreas da organização como jurídico, fiscal, financeiro, comercial, acadêmico e TI, se

existe meta e se há estrutura formalmente constituída para atuar neste mercado.

Estatísticas de

confiabilidade

Alfa de

Cronbach

N de itens

,702 5

FIGURA 18 - ESTATÍSTICAS DE CONFIABILIDADE CONSTRUTO COORDENAÇÃO

INTERFUNCIONAL

De acordo com a figura 18 acima, um construto com alfa de Cronbach entre 0,7 e 0,8 é

aceitável. Portanto, o construto está validado.

4.7.3. ENQUADRAMENTO NA ESCALA DE ORIENTAÇÃO AO MERCADO

DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA

O questionário com as respectivas respostas foi transforma em uma figura do excell onde os

dados foram tratados da seguinte forma:

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56

As respostas obtidas com escala likert foram convertidas em números de 1 a 5, sendo 5

concordo totalmente e 1 descordo totalmente. As questões sobre atuação sob demanda,

realização de vendas eventuais, realização de vendas recorrentes para alguns clientes, não

vende para empresas e coordenadores é que são os responsáveis pelas vendas, os valores

atribuídos foram invertidos. Ou seja, a escala invertida foi atribuída como 1 para concordo

totalmente e 5 para discordo totalmente. Pontuar as respostas sem essa inversão tornaria o

questionário sem sentido, fazendo com que afirmações contrárias a uma atuação orientada

ao mercado de educação corporativa contribuíssem para validar práticas contrárias ao

objetivo do trabalho.

As questões dicotômicas (sim/não) também tiveram valores atribuídos, sendo 5 para sim e

1 para não, tendo como base as extremidades da escala likert para que os valores

pudessem seguir o mesmo padrão de escala (concordo totalmente = sim/ discordo

totalmente = não). As questões dicotômicas são sobre a existência de meta e estrutura

formal.

As variáveis foram padronizadas e o valor máximo foi obtido através da soma do valor

máximo de cada variável.

(Figura 19) As instituições que obtiverem notas iguais ou superiores a 90% do valor máximo

obtido com soma das escalas convertidas serão enquadradas no maior índice de orientação a

mercado. As instituições que obtiverem notas entre 70% e 89,9% serão enquadradas no nível

2 e as que obtiverem notas abaixo de 70% do somatório máximo, serão enquadradas no nível

1 de orientação a mercado.

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57

Percentual Quantidade

90 a 100% 27 - 30 0% -

70 a 89% 21 - 26 5% 1

0 a 69% aba ixo de 21 95% 21

Níve l 3

Níve l 2

Níve l 1

Pontuação Máxima - ≈30

FIGURA 19 – PONTUAÇÃO DAS IES

N Mínimo Máximo

Zscore(Alunos) 22 -1,23773 ,97011

Zscore(Valormédio) 22 -1,33269 1,30077

Zscore(Faturamento) 22 -1,04871 1,11909

Zscore(percentualincompany) 22 -,77279 1,84281

Zscore(Estrutura) 22 -,73855 1,29246

Zscore(Prospecta) 22 -2,04939 1,02470

Zscore(Licitações) 22 -1,48597 1,23831

Zscore(Atuasobdemanda) 22 -1,26588 1,82849

Zscore(Vendaseventuais) 22 -1,48678 1,48678

Zscore(Vendasrecorrentes) 22 -1,57842 1,09275

Zscore(Recorrentealgunsclientes) 22 -1,60015 1,21611

Zscore(Nãovende) 22 -1,63283 1,02808

Zscore(Coordenadoresvendem) 22 -1,28014 1,33969

Zscore(Meta) 22 -,66742 1,43019

Zscore(Atuaçãointegrada) 22 -1,52957 1,16247

Zscore(Processodevendas) 22 -1,94256 1,34485

Zscore(Processodeentrega) 22 -2,36328 1,41797

Zscore(Investimento) 22 -1,93359 1,53898

Zscore(Maisde10contratos) 22 -2,17450 ,91189

Zscore(Temadereunião) 22 -1,38563 1,26514

Zscore(Tipo) 22 -,87217 1,14760

Zscore(Cursos) 22 -1,79259 1,02434

Zscore(Cargo) 22 -1,79259 1,96332

N válido (de lista) 22 -33,96394 29,98690

Estatísticas descritivas

Variável

FIGURA 20 - VALORES DE MÁXIMO E MÍNIMO DAS VARIÁVEIS

PADRONIZADAS

Ao realizar a soma das escalas transformadas em número e com valores padronizados, as

notas obtidas são as apresentadas na figura de classificação abaixo (Figura 21 - classificação

parte 1 e Figura 22 parte 2).

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58

Nome Região

Tipo Cursos

ofertados

Quantidade de

alunos

Valor médio

mensalidade de

Graduação

Faturam

ento

médio

Percentual in-

company

Função Possui

estrutura

formal

Realiza

Prospecção

Participa de

licitações

Só atua sob

demanda

Realiza vendas

eventuais

vendas

recorrentes

recorrente para alguns

clientes

não vende para

empresas

IES 1 SE 1,148 1,0243 0,97011 -0,10374 1,12 0,01189 -1,793 1,29246 1,0247 1,23831 1,82849 1,48678 1,09275 1,21611 1,02808

IES 2 SE 1,1476 1,02434 0,97011 -0,10374 1,11909 1,84281 1,02434 1,29246 1,0247 0,55724 0,28131 0,74339 0,42496 -1,60015 1,02808

IES 18 SE 1,1476 1,02434 0,97011 0,77408 1,11909 1,31969 -1,79259 1,29246 0 1,23831 -0,49229 0,74339 0,42496 0,51205 1,02808

IES 11 SE 1,1476 1,02434 0,23416 1,30077 1,11909 1,31969 0,08536 1,29246 0 1,23831 -0,49229 1,48678 1,09275 1,21611 1,02808

IES 12 SE -0,87217 -0,85362 -1,23773 1,30077 -1,0487 1,84281 0,08536 1,29246 1,0247 0,55724 1,0549 0 0,42496 -0,19202 1,02808

IES 22 SE -0,87217 0,08536 0,97011 1,30077 -0,2745 1,31969 0,08536 1,29246 0 0,55724 1,0549 -0,74339 0,42496 -0,89608 1,02808

IES 6 CO -0,87217 1,02434 0,23416 -0,10374 -1,0487 -0,77279 0,08536 -0,73855 1,0247 -0,12383 0,28131 0 -0,24283 -0,19202 -0,30238

IES 16 SE -0,87217 0,08536 0,23416 -0,10374 0,65456 0,01189 -0,85362 1,29246 1,0247 0,55724 -1,26588 0,74339 1,09275 -0,89608 1,02808

IES 15 S -0,87217 -1,79259 -1,23773 -1,33269 -1,0487 -0,77279 1,02434 -0,73855 1,0247 -1,48597 1,82849 0,74339 1,09275 1,21611 -1,63283

IES 10 SE 1,1476 1,02434 0,97011 1,30077 1,11909 -0,77279 1,02434 -0,73855 -1,0247 -1,48597 -0,49229 -0,74339 0,42496 -1,60015 1,02808

IES 8 N -0,87217 -0,85362 -1,23773 -1,33269 -1,0487 -0,77279 -1,79259 -0,73855 1,0247 1,23831 -0,49229 -0,74339 0,42496 -0,19202 0,36285

IES 17 S 1,1476 0,08536 0,97011 -0,10374 0,65456 0,27345 0,08536 -0,73855 0 1,23831 -0,49229 -0,74339 1,09275 -1,60015 -0,30238

IES 3 SE 0,13771 -0,85362 -1,23773 -0,10374 -0,2745 0,01189 -0,85362 -0,73855 0 -0,12383 0,28131 0 -0,24283 -0,19202 -0,9676

IES 5 SE -0,87217 -0,85362 -1,23773 1,30077 -1,0487 1,31969 1,02434 1,29246 0 -0,12383 -0,49229 -0,74339 -0,24283 -0,89608 -0,30238

IES 13 S -0,87217 0,08536 0,23416 0,77408 -0,2745 -0,77279 0,08536 -0,73855 -1,0247 -0,12383 0,28131 0 -0,24283 -0,19202 -0,30238

IES 19 SE 1,1476 1,02434 0,97011 -1,33269 1,11909 -0,77279 1,02434 -0,73855 -2,04939 -1,48597 -0,49229 -0,74339 -1,57842 1,21611 -0,9676

IES 7 SE 1,1476 1,02434 0,97011 0,77408 1,11909 -0,77279 0,08536 -0,73855 -1,0247 -1,48597 1,82849 1,48678 -1,57842 1,21611 -0,9676

IES 9 S -0,87217 -0,85362 -1,23773 -1,33269 -1,0487 -0,77279 0,08536 -0,73855 1,0247 -0,12383 -1,26588 -1,48678 1,09275 -0,19202 -0,30238

IES 20 SE 1,1476 1,02434 0,97011 -0,10374 1,11909 -0,77279 1,96332 -0,73855 0 0,55724 -1,26588 -1,48678 -1,57842 1,21611 -1,63283

IES 14 NE -0,87217 -0,85362 -1,23773 -0,10374 -1,0487 -0,77279 0,08536 -0,73855 0 -1,48597 -0,49229 1,48678 -1,57842 1,21611 -1,63283

IES 4 SE -0,87217 -1,79259 0,23416 -1,33269 -1,0487 -0,77279 -0,85362 -0,73855 -1,0247 -0,12383 0,28131 0 -0,24283 -0,19202 -0,30238

IES 21 N -0,87217 -0,85362 -1,23773 -1,33269 -1,0487 -0,77279 0,08536 -0,73855 -2,04939 -0,8049 -1,26588 -1,48678 -1,57842 -0,19202 1,02808

FIGURA 21 – CLASSIFICAÇÃO – PARTE 1

os coordenadores é que

vendem

existe meta de

vendas

Atua de forma

integrada

Existe processo para vendas Existe processo para

entrega

Previsão de

investimento

Teve mais de 10

contratos

O mercado de educação

corporativa é tema recorrente

das reuniões de diretoria.

Pontuação das Instituições

de Ensino Superior

1,33969 1,43019 1,16247 1,34485 1,41797 1,53898 -0,63131 1,26514 21,45236

0,02977 1,43019 1,16247 0,523 0,47266 0,67084 0,91189 0,60245 16,57981

1,33969 -0,66742 1,16247 1,34485 1,41797 1,53898 0,91189 -0,72294 15,63477

-0,62519 -0,66742 -1,52957 -1,12071 0,47266 -1,06545 0,91189 0,60245 10,07187

-0,62519 1,43019 0,48946 -0,29885 0,47266 1,53898 0,91189 -0,06024 8,26593

0,68473 1,43019 -0,85656 0,523 -1,41797 -0,1973 0,91189 1,26514 7,67592

0,68473 -0,66742 1,16247 1,34485 1,41797 1,53898 0,91189 1,26514 5,91146

-1,28014 1,43019 -0,18355 -0,29885 -0,47266 0,67084 0,91189 0,60245 4,11327

1,33969 -0,66742 1,16247 1,34485 1,41797 -0,1973 0,91189 -0,72294 0,60496

1,33969 -0,66742 1,16247 -1,94256 0,47266 -0,1973 -0,63131 -1,38563 -0,66795

-1,28014 1,43019 1,16247 1,34485 0,47266 0,67084 -0,63131 1,26514 -2,59103

-0,62519 -0,66742 -0,85656 -0,29885 -0,47266 -1,06545 0,14029 -0,72294 -3,00178

-0,62519 1,43019 0,48946 0,523 0,47266 -0,1973 -0,63131 0,60245 -3,09316

-0,62519 -0,66742 -0,18355 -0,29885 -0,47266 -0,1973 0,14029 0,60245 -3,578

0,02977 -0,66742 -0,18355 -0,29885 -0,47266 -0,1973 -0,63131 -0,06024 -5,56505

-0,62519 -0,66742 -0,18355 -0,29885 -0,47266 -0,1973 -0,63131 -0,06024 -6,79602

1,33969 -0,66742 -1,52957 -1,94256 -2,36328 -1,93359 -2,1745 -1,38563 -7,57293

-1,28014 -0,66742 -1,52957 0,523 0,47266 -0,1973 0,91189 1,26514 -8,52608

-0,62519 -0,66742 -1,52957 -1,12071 -1,41797 -1,93359 -0,63131 -1,38563 -8,89257

1,33969 -0,66742 -0,18355 -0,29885 -0,47266 -0,1973 0,91189 -1,38563 -8,9824

0,02977 -0,66742 -0,18355 -0,29885 -0,47266 -0,1973 -0,63131 -0,06024 -11,26297

-1,28014 -0,66742 -0,18355 -0,29885 -0,47266 -0,1973 -2,1745 -1,38563 -19,78026

FIGURA 22 - CLASSIFICAÇÃO – PARTE 2

A realização da soma desconsiderou o construto marketing, que obteve um alfa de Cronbach

de 0,620, abaixo do índice aceitável para considerar o construto confiável.

De acordo com a figura de classificação, nenhuma instituição de ensino superior poderia ser

considerada como orientada ao mercado de educação corporativa e apenas uma estaria no

estágio intermediário. Todas as demais estariam no nível mais inicial de orientação ao

mercado de educação corporativa.

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59

É importante ressaltar que o resultado pode estar enviesado para resguardar informações

consideradas estratégicas por algumas dessas instituições, pela provável assimetria de

informações entre os cargos dos respondentes em função da variação de acesso as

informações estratégicas e da visão, em alguns casos, limitada das áreas funcionais.

De qualquer forma, o resultado aponta para rejeição da hipótese principal, “As IES são

orientadas para o mercado de Educação Corporativa”, a ser testada neste trabalho.

De acordo com o mapeamento do mercado realizado pelo autor, por obrigação profissional, o

número de instituições superiores orientadas ao mercado de educação de corporativa seria

diferente de zero como apresentado nesta pesquisa. No entanto, as instituições de ensino

superior, supostamente orientadas ao mercado de educação corporativa, não se interessaram

em responder a pesquisa ou responderam com informações incorretas ou os respondentes não

tinham conhecimento da atuação de sua própria instituição.

O mercado, pelo lado das instituições de ensino superior, ainda é restrito e conta com poucos

profissionais executivos com histórico de atuação. No entanto, alguns desses poucos

profissionais executivos acumulam relevante vivência neste segmento de mercado, o que os

confere uma clara visão dos desafios experimentados pelas instituições de ensino superior e

pelas organizações.

Três destes profissionais foram convidados a discorrer sobre o tema desta dissertação,

apresentando suas visões a respeito dos desafios da educação corporativa experimentados

pelas organizações e instituições de ensino superior.

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60

Os dados da pesquisa foram submetidos aos profissionais e suas considerações são

apresentadas a seguir.

A Professora Alba Duarte (Mestre em Administração de Empresas pelo Ibmec - Diretora de

Pesquisa da ABRH-RJ, Consultora, Coach e Professora de Pós e graduação), relata sua visão

a respeito do tema na perspectiva do Gestor de RH, área que atuou por mais 20 anos.

Ela diz o seguinte: “Como profissional de Recursos Humanos gostaria de explorar as

expectativas ao contratar uma instituição de educação. As empresas passam por profundas

transformações no Brasil e os seus mapas de competência sofreram enorme impacto nos

últimos anos. Os direcionadores estratégicos apontaram para forte orientação para

resultados, competitividade, inovação e qualidade, mas não possuíamos a mão de obra

necessária e especializada disponível. A mudança exigiu a revisão dos valores

organizacionais e a participação intensa dos líderes como agentes de transformação da

mudança - Walk and Talk.

As empresas olham para o mercado com a expectativa de encontrar fornecedores que

compreendam profundamente os setores da economia e as competências desejadas para a

sustentabilidade dos negócios e crescimento, além de aptos para o processo de

transformação cultural. A busca não é mais por treinamentos, mas pelo diálogo com alguém

que possa fazer um diagnóstico profundo da organização e dos seus atores e que apresente

ações a serem implementadas por fornecedores especializados e homologados pelo mesmo.

Para que possa efetivamente contribuir a instituição deverá ser profunda conhecedora do

modelo de gestão por competências, cultura para sucessão, educação continuada e work

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based learning, pois além de fornecer conteúdos, deverá certificar ações realizadas pelas

áreas de desenvolvimento da empresa, sejam as universidades corporativas ou setores

responsáveis.

Para construção do diagnóstico, caberá desenvolver um processo educacional junto aos

fornecedores, além da utilização de instrumentos robustos de assessment, que possam

colaborar com a definição das prioridades de desenvolvimento, considerando exatamente as

competências a serem alavancadas e/ou lacunas (gaps) existentes.

Não se comercializam propostas com o setor, pois o que o Recursos Humanos espera é a co-

construção de um mapa estratégico de desenvolvimento, totalmente alinhado às necessidades

de evolução das competências técnicas e comportamentais.

Caberá as instituições de educação o aperfeiçoamento contínuo de suas equipes, um

profundo alinhamento com prioridades detectadas pelos decisores de RH e a compreensão de

sua efetiva missão. As IES não são vendedoras de programas in company, mas parceiras

estratégicas de empresas que optaram por resultados com pessoas felizes.

Como sempre coloco, a educação deverá ser sempre uma prioridade, seja em instituições

públicas ou privadas.

Os educadores precisam transpor qualquer obstáculo, inclusive estereótipos existentes, para

que possam reconhecer a importância da mão de obra especializada e o extraordinário

trabalho de formação desenvolvido internamente pelas organizações que operam no País.

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O trabalho conjunto das IES e empresas poderá alavancar a produtividade e,

consequentemente, o resultado global das empresas, além de gerar oportunidade de

desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida para milhões de brasileiros.”

O Professor Everton Bonifácio (Mestre em Administração pelo COPPEAD/UFRJ e

Doutorando em Ciência da Informação pelo IBICT/UFRJ. - Gerente Acadêmico de Educação

Corporativa da Universidade Estácio, consultor na área de marketing e gestão e professor de

programas executivos em diversas instituições), comenta o tema da pesquisa na visão de

Gestor Acadêmico de programas corporativos em Instituições de Ensino Superior, área que

atua há mais de 10 anos.

Ele comenta o seguinte: “A grande maioria das IES não identifica o mercado corporativo

como uma oportunidade de expansão de seus serviços. Quando o fazem, é por ação de

coordenadores, professores ou outros funcionários que fortuitamente encontram um projeto

interessante alinhado a seus interesses pessoais. Mesmo nestes pouco casos, o cliente

corporativo é relativamente mal servido, dado que a instituição só compreende como

serviço prestado as ações educacionais diretas (aulas, orientações, etc), ignorando a

questão de relatórios, avaliações gerais do projeto e acompanhamento em geral. Em

particular, as instituições públicas e as privadas mais tradicionais não demonstram nem o

interesse e nem a estrutura necessária para captação e atendimento destes clientes

corporativos.

Acredito que este fenômeno tenha diversas causas, entre elas:

Falta de desejo ou de necessidade de expandir a instituição ou sua lucratividade;

Falta de percepção das organizações em geral como cliente de serviços

educacionais;

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Aversão à participação em um mercado, considerando a educação como uma “vaca

sagrada” e não como um serviço;

Dificuldade de reestruturação de processos internos e dos objetivos das lideranças

dessas instituições para atender às necessidades específicas de outras

organizações;

Falta de quantificação e de estatísticas confiáveis do mercado organizacional como

cliente de serviços educacionais;

Regulação educacional restritiva e com foco no controle de qualidade e não na

oferta de novos serviços;

Entre outros...

As exceções a esta realidade são poucas e geralmente são instituições que tem Escolas de

Negócios fortes e com grande influência interna, tais como a FGV, Fundação Dom Cabral,

FIA, Ibmec, entre outras. Nestes casos, a visão de mercado e a percepção de oportunidades

do corpo docente destas instituições leva a uma predisposição natural à expansão de seus

serviços. O próprio modelo mental de professores e funcionários os leva a empreender, a

olhar o mundo como um mercado, e a localizar oportunidades. A maioria das instituições de

ensino tem acadêmicos e não pessoas de negócio como líderes. Seu objetivo é a expansão do

conhecimento e não do resultado financeiro, como se estes fossem objetivos antagônicos ao

invés de complementares.

É uma visão míope que deixa de perceber a mudança do papel que as instituições de ensino

devem ter no mundo pós-moderno, competitivo, instável e veloz que vivemos. Estas

instituições deveriam se preocupar não apenas em ensinar e pesquisar, mas em auxiliar a

inovar, desaprender e reestruturar o conhecimento, e a desenvolver novas competências

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individuais e organizacionais. O preço que pagarão por esta falta de sensibilidade não será

apenas a baixa na lucratividade, mas sobretudo sua crescente irrelevância.”

O Professor Eduardo Pitombo (Mestre em Administração pelo IBMEC-RJ e Pós-Graduado

em Gestão Estratégica em Serviços pela Fundação Getúlio Vargas - Diretor de Educação

Corporativa da Universidade Estácio e Diretor da ANITEC (Associação Nacional de

Inovação, Trabalho e Educação Corporativa), ministra programas de treinamento coorporativo

e atua como professor de pós-graduação nas áreas de Marketing e Vendas, Gestão de Serviços

e Tomada de Decisão Gerencial, em várias Escolas de Negócio), relata sua visão a respeito do

tema na perspectiva do Gestor de RH, área que atuou por mais 20 anos.

Ele comenta o seguinte: “O movimento de desenvolver soluções de educação para as

empresas ficou fortemente relacionado às Escolas de Negócio no Brasil. O termo “Escola

de Negócio” nos remete a pensar que existe um forte alinhamento das necessidades da

empresa com a capacidade das IES em prover soluções, de fato. Entendo que isso não é uma

realidade, sob o ponto de vista das corporações no Brasil, clientes nesse processo. Porém,

não é apenas o grau de customização de programas ou distanciamento do nível de serviço

adequado que velam ao distanciamento entre a academia e as empresas, mas sim a falta de

“comprometimento” com os resultados das organizações clientes nesse processo. Pequenas

e pouco significativas são as iniciativas das IES em desenvolver metodologias e práticas

efetivamente pragmáticas, que possam ajudar a avaliar a contribuição dos programas de

educação corporativa nos resultados de negócio das empresas. Não falo aqui de ROI, mas

de projetos que comprometam os líderes dos alunos corporativos na aplicação prática dos

fundamentos e conceitos discutidos ao longo dos cursos ditos in-company.

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Ao parar para pensar nos motivos que levam a isso, não vejo uma incapacidade do

desenvolvimento desses métodos, até porque muitos dos profissionais de IES têm

experiência relevante em atividades dentro das empresas. A questão me parece cultural,

existindo uma cultura de distanciamento do conceito de serviços ao cliente, quando a

questão envolve educação. Pior ainda quando há o risco em assumir parte da culpa pelo

não cumprimento de objetivos que, convencionalmente, são de responsabilidade da empresa

cliente, ou seja, quando esses objetivos traduzem-se em resultados de seus próprios

negócios.

Um movimento interessante que começa a ser demandado pelo mercado está na cogestão da

educação corporativa. Um esforço onde empresa e instituição de ensino compartilham a

tarefa de gerenciar as inciativas de formação dos colaboradores da empresa e, com isso,

dividem a responsabilidade por resultados mais concretos, sob o ponto de vista de

resultados de negócio.”

A visão dos três profissionais acima corrobora o resultado da pesquisa, confirmando o grande

distanciamento entre o mercado e o mundo acadêmico. Mesmo as instituições, ditas escolas

de negócio, que estariam mais próximas da realidade das organizações ainda estão distantes

das necessidades desse mercado. A cultura de serviços não é prática, mesmo nestas escolas. A

visão deles também confirma a ideia de que a maioria das instituições de ensino superior nem

mesmo reconhece o mercado de educação corporativa como alvo de interesse.

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4.7.4. CORRELAÇÕES

As correlações foram rodadas no SPSS utilizando a base de dados produzida a partir das

respostas obtidas, da conversão das respostas em escala likert em números. Esses valores

foram padronizados para produzir a figura 23, com as correlações abaixo:

Zscore(Alunos) Zscore(Valormédio) Zscore(Faturamento) Zscore(Estrutura) Zscore(Meta) Zscore(Tipo) Zscore(Cargo) Zscore(Cursos)

Zscore(Alunos) Correlação de Pearson 1 ,290 ,822** ,181 -,057 ,709** ,078 ,802**

Zscore(Valormédio) Correlação de Pearson ,290 1 ,315 ,548** ,085 ,226 ,111 ,417

Zscore(Faturamento) Correlação de Pearson ,822** ,315 1 ,267 ,025 ,911** ,080 ,835**

Zscore(Estrutura) Correlação de Pearson ,181 ,548** ,267 1 ,498* ,107 -,206 ,248

Zscore(Meta) Correlação de Pearson -,057 ,085 ,025 ,498* 1 -,105 -,409 -,034

Zscore(Tipo) Correlação de Pearson ,709** ,226 ,911** ,107 -,105 1 ,123 ,755**

Zscore(Cargo) Correlação de Pearson ,078 ,111 ,080 -,206 -,409 ,123 1 ,118

Zscore(Cursos) Correlação de Pearson ,802** ,417 ,835** ,248 -,034 ,755** ,118 1

Correlações

Variáveis

FIGURA 23 - CORRELAÇÕES

A primeira correlação a ser verificada é entre o porte das Instituições de Ensino Superior

Privadas e a existência de meta e estrutura formal para o mercado de educação corporativa.

A correlação entre o porte da instituição, definido pela variável “faturamento”, apresenta

baixa correlação em ambas os casos, sendo 0,267 em relação à estrutura e 0,025 em relação à

meta. Essa baixa correlação indica que a existência de estrutura e meta independe do porte da

instituição. Essa correlação confirma a existência de instituições menores do tipo faculdade

competindo pelo mesmo mercado com organizações de grande porte do tipo universidade.

A segunda correlação busca identificar é entre os cursos ofertados (graduação, pós-graduação

lato sensu, mestrado e doutorado) pelas Instituições de Ensino Superior Privadas e a

existência de meta e estrutura formal para o mercado de educação corporativa.

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A correlação entre os cursos ofertados, definido pela variável “cursos”, apresenta baixa

correlação em ambas os casos, sendo 0,248 em relação à estrutura e 0,034 em relação à meta.

Essa baixa correlação indica que a existência de estrutura e meta independe da oferta de

cursos. Essa correlação confirma a existência de instituições que ofertam apenas cursos de

graduação competindo pelo mesmo mercado com organizações que ofertam todas as demais

modalidades de cursos, pós-graduação, mestrado e doutorado.

A terceira correlação a ser identificada é entre a tipologia das Instituições de Ensino Superior

Privadas (faculdade, centro universitário e universidade) e a existência de meta e estrutura

formal para o mercado de educação corporativa.

A correlação entre os cursos ofertados, definido pela variável “Tipo”, apresenta baixa

correlação em ambas os casos, sendo 0,107 em relação à estrutura e 0,105 em relação à meta.

Essa baixa correlação indica que a existência de estrutura e meta independe do tipo de

instituição. Essa correlação confirma a existência de competição entres instituições do tipo

faculdade, centro universitário e universidades disputando o mesmo mercado.

Por outro lado, há moderada correlação (0,548) entre a existência de estrutura e o valor médio

das mensalidades, o que pode indicar que a existência de estrutura para atender o mercado de

educação corporativa pode estar gerando negócios que aumentam o ticket médio do valor das

mensalidades.

As demais correlações são intuitivas, como as correlações entre tipo e número de alunos

(0,709), tipo e faturamento (0,911), cursos e faturamento (0,835), cursos e alunos (0,802), tipo

e cursos (0,755).

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A única que inverte o sinal é a correlação entre a declaração de existência de meta e o cargo

do respondente (-0,409), indicando que cargos maiores negaram a existência de meta. Ou eles

foram mais realistas diante da sua condição atual, ou os cargos menores não sabiam responder

e preferiram optar por uma resposta menos comprometedora.

5. CONCLUSÃO

O resultado da pesquisa aponta para rejeição da hipótese de que as instituições de ensino

superior são orientadas ao mercado de educação corporativa. É fato que o número de amostras

é pequeno em relação ao universo de instituições de ensino superior (aproximadamente 2.300)

e isto já poderia ser considerado um dos indicativos do que apontou a pesquisa. Foram muitas

as respostas por e-mail demostrando falta de conhecimento sobre tema, perguntando inclusive

sobre do que se tratava a pesquisa sobre o nível de orientação ao mercado de educação

corporativa nas instituições de ensino superior.

Outro fator é a falta de acesso do mercado ao mundo acadêmico, o universo de

relacionamento das instituições parece estar limitado a apenas três públicos, MEC, alunos e

professores, nesta ordem. Os demais públicos parecem ter mais dificuldade de obter alguma

resposta as suas demandas.

O que pode caracterizar bem a forma como as instituições de ensino superior privadas lidam

com demandas externas, distintas daqueles citados acima, é o tempo de resposta a estas

demandas. Até hoje recebo respostas dos e-mails que enviei no inicio do ano, ou seja, assim

como a minha demanda cessou de existir depois de todo este tempo, o mesmo ocorre com as

empresas quando acionam uma das instituições e não recebem resposta em tempo hábil. Ou a

demanda cessa ou optam por buscar uma alternativa que os responda no tempo.

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Devo considerar também que a diversidade de respondentes pode ter enviesado os resultados

da pesquisa, podendo haver grande assimetria de informações entre um professor, um

coordenador, um diretor e um reitor.

Há também a questão sobre os executivos das instituições de ensino superior privadas, em

relação à forma como utilizam o poder para influenciar e dar a direção ao negócio. Para

alguns gestores destas instituições, como apresentado mais acima em trecho extraído da

reportagem da revista exame sobre o setor de educação superior, a palavra negócio jamais

combinaria com uma boa parte das instituições de ensino superior, fato também observado

pelos especialistas convidados a comentar o mercado de educação corporativa. Alguns

gestores de instituições de ensino superior consideram antagônicas as palavras negócio e

academia. Seria de grande valor realizar uma pesquisa focada na descoberta das motivações

desses gestores, que os colocam na direção oposta dos interesses do mundo dos negócios.

Na visão do autor os dois mundos, acadêmico e negócios, deveriam caminhar juntos e

compartilhar do mesmo interesse, o de desenvolver uma sociedade mais justa através da união

do capital e do conhecimento científico. A soma desses dois mundos vem produzindo os

maiores avanços que vivenciamos nos últimos anos, o google por exemplo.

De fato é necessário aprofundar o tema e descobrir o que leva tantas instituições de ensino

superior a desconsiderar as oportunidades de novas receitas em um mercado tão promissor e

que tem quase a metade do mercado de varejo onde atuam hoje.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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