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Projeto de implantação do serviço de capelania no âmbito do DPRF.
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IMPLANTAÇÃO DE CAPELANIA NO DPRFPROJETO DE CAPELANIA NO ÂMBITO DO DPRF
Alexandre Antonio GonçalvesPolicial Rodoviário Federal – 1ª Classe
Matrícula 1462301 – 8ª SRPRF
RESUMO
A proposta deste projeto é implementar o serviço de capelania no âmbito do Departamento de Polícia Rodoviária Federal pois, de forma empírica, nota-se que o número de policiais evangélicos vem crescendo acentuadamente. Neste sentido, será abordada a historicidade do serviço de capelania, tendo como base a vasta experiência deste serviço na Polícia Militar do Estado de São Paulo, reafirmando a sua importância, nos dias de hoje, em particular a protestante. Enfim, será apontada a influência da religião ou dos ritos das crenças no meio policial, o qual possibilitará ao servidor policial o encontro com sua dimensão espiritual em consonância com os princípios da fé evangélica, tendo o Capelão como função pastoral, ser o mediador deste reencontro com o sagrado.
Palavras-chave: Capelania ; capelão; religião, protestantismo; policial.
1 INTRODUÇÃO
A capelania é a organização responsável, junto às entidades civis e militares, pela transmissão
dos cuidados pastorais às pessoas que estão em crises. A capelania visa colaborar na formação integral
do ser humano, oferecendo oportunidades de conhecimento, reflexão, desenvolvimento e aplicação dos
valores e princípios ético-cristãos e da revelação de Deus para o exercício saudável da cidadania.
O serviço de capelania abrange vários tipos, como: estudantil, universitária, hospitalar,
carcerária, cemiterial, esportiva, familiar, institucional, empresarial, etc. Todavia, o presente projeto irá
tratar da capelania policial, responsável pela organização dos serviços de assistência religiosa aos
membros de uma corporação.
Na impossibilidade de obter dados estatísticos relacionados as confissões religiosas praticadas
pelos servidores do DPRF e não havendo ainda a experiência do serviço de capelania na instituição, foi
de necessária importância o detalhamento do histórico da longa experiência da Polícia Militar de São
Paulo, experiência esta que será utilizada como exemplo ao longo de todo esse projeto.
2 HISTÓRIA DA CAPELANIA NA PMSP
Em decorrência da amplitude da fé católica no Brasil, no presente histórico será enunciada a
implantação da capelania para o público católico, não obstante o projeto tratar-se de um serviço de
capelania evangélica/protestante.
Aos 05 de junho de 1942, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo, Dom José Gaspar de
Afonseca e Silva, por meio de um Decreto Curial, criou a Capelania de Nossa Senhora da Conceição
dos Militares, o qual se sustentou nas seguintes considerações:
– que os referidos Militares se acham sem uma assistência religiosa profícua, que lhes permita o cumprimento dos sagrados deveres com Deus;– que já por várias vezes recebemos [igreja católica] solicitações dos referidos Militares, no sentido de criarmos uma Capelania que lhes fosse privativa;– que existe a melhor e mais patriótica boa vontade, para a criação da mencionada Capelania, tanto da nossa parte [igreja católica], como da parte das Exmas. Autoridades Civis e Militares;– que os nobres e dignos Militares da Arquidiocese de São Paulo também assiste o direito sacrossanto de possuírem ao lado um assistente eclesiástico, que viva para os soldados, facilitando-lhes os meios de praticarem a religião, e identificando-se com a sua disciplina militar. (FORÇA POLICIAL, 1944, p. 5).
Na mesma data, o Arcebispo Metropolitano, por meio de uma Provisão, nomeava Monsenhor
Paulo Aurisol Cavalheiro Freire como Capelão Militar da Capelania de Nossa Senhora da Conceição
dos Militares, outorgando poderes para batizar, assistir aos matrimônios, encomendar e acompanhar os
corpos dos policiais falecidos, enfim, oficiar em todos os outros atos previstos pelo Código de Direito
Canônico e Sagrada Liturgia. Ficou decidido verbalmente entre o Governo do Estado e a Cúria
Metropolitana, que o Capelão Militar teria as honras e as vantagens do posto de 1º Tenente PM, e assim
foi observado durante os dois primeiros anos de existência da capelania militar. Como os trabalhos da
capelania militar vinham crescendo durante este lapso de tempo e a capelania não tinha um amparo
legal na sua criação, perante as leis do país, resolveram as autoridades dar-lhe uma forma legal, e assim
foi feito por meio de um contrato entre a Força Policial do Estado e a Cúria Metropolitana. Assinado
aos 02 de junho de 1944 e aprovado pelo Interventor Federal Dr. Fernando Costa, aos 21 de julho de
1944, pelo prazo de quatro anos. Ato publicado em Diário Oficial do Estado em 06 de agosto de 1944
(FORÇA POLICIAL, 1944, p. 6-7).
Em 1943, iniciou-se a construção da Capela Militar de Santo Expedito. A Capela foi erguida
graças às doações de dinheiro das Praças e Oficiais da então Força Pública. A capela da PMESP acha-
se, no momento, situada à Rua Jorge Miranda, 264, bairro da Luz, São Paulo/SP. Construída no local,
tem como padroeiro Santo Expedito desde 1958. Quando terminaram as obras, o templo passou a ser
frequentado pelo público interno e externo. Santo Expedito é o santo da grande devoção popular.
Atualmente é uma das igrejas mais conhecidas de São Paulo, embora seja ainda uma capela. Criada
especificamente para atender às necessidades espirituais dos policiais militares católicos da PMESP,
tem toda a estrutura de uma paróquia da Arquidiocese Militar do Brasil.
A Capela Militar de Santo Expedito está subordinada ao Ordinariado Militar Católico do Brasil.
O Vicariato Militar no Brasil foi criado em 06 de novembro de 1950 pelo Papa Pio XII, sendo que em
02 de junho de 1990 passou à condição de Ordinariado Militar do Brasil. O primeiro Vigário Militar foi
o Cardeal Dom Jaime de Barros Câmera (1950 – 1963), atualmente o Arcebispo Ordinário Militar é
Dom Osvino José Both (desde 2006).
Na capela militar, como responsabilidade missionária da Igreja, são desenvolvidas algumas
pastorais, tais como: da Saúde, do Batismo, da Família, Carcerária e Catequese.
3 O SER HUMANO COMO SER RELIGIOSO
Em suas mais variadas formas nas diferentes culturas e períodos históricos a religião se mostra
como experiência universal do ser humano. O termo religião é anterior ao surgimento do cristianismo e
geralmente designa a busca de sentido do ser humano em uma relação com o sagrado que se expressam
na simbologia, na linguagem, na literatura, na arte, em rituais variadíssimos, nos corpos doutrinários,
em modelos de vida. “Todas as culturas e todos os povos tiveram e têm uma expressão religiosa”
(CROATTO, 2001, p. 9).
O significado etimológico do termo religião é incerto. Uma das compreensões atesta que o
termo latino religio deriva de religere, que denota a atitude de estar atento, refletir e observar. Nesse
sentido, religião diz respeito àquilo que exige cuidado, zelo e dedicação por parte do ser humano. A
outra possibilidade é a de que o termo provenha de religare, descrevendo a busca do ser humano por
ligar-se novamente a Deus. Pode-se perceber que ambas as explicações etimológicas do termo religião
iluminam características intrínsecas às religiões. Ainda hoje o ser humano busca sentido para a sua
existência e repete as perguntas fundamentais: Qual a minha origem? Para onde caminho? Deus existe?
Durante séculos de história a religião foi referência para as pessoas. Se existe um elemento que é
universal em meio à diversidade cultural humana é a tendência a transcender o mundo aparente. O
sobrenatural e o divino estão relacionados ao homo religiosus. Neles o homem busca respostas e
soluções para seus problemas existenciais. O ser humano é um ser religioso complexo, que dependendo
da sua cultura, lugar ou necessidade busca encontrar-se com o sobrenatural, porém com um único
objetivo: responder aos anseios e pobrezas humanas, dando a ele a capacidade de sair de seu
antropocentrismo, ceticismo ou racionalismo mórbido, para uma vida de experiências de fé, de amor,
de afetividade, generosidade e dignidade. O homem é um ser relacional, que mantém ligações com o
outro, com o mundo, mas sem deixar de levar em conta a dimensão individual das realizações e
frustrações de qualquer pessoa.
Nesse campo relacional é que entra também a experiência religiosa, que é a relação com o
transcendente, onde, segundo Croatto, é algo santo, separado, reservado. Assim, conceitua o sagrado
como sendo uma relação entre Deus e o homem que se mostra nos gestos, palavras, objetos etc. (2001,
p. 61). O transcendente é inexprimível, mas precisa ser expresso e essa tentativa de comunicação nos
conduz ao símbolo. O símbolo é a chave da linguagem inteira da experiência religiosa. Ele sustenta as
outras linguagens. Símbolo significa união de duas coisas com uma parte remetendo a outra. Destarte, o
símbolo transignifica, enquanto significa algo além de seu próprio sentido primário. Sem os objetos
convertidos em símbolos, apaga-se a percepção do sagrado na forma como se experimenta, e tampouco
se pode expressá-la (CROATTO, 2001, p. 81, 87 e 90).
A manifestação gestual da religião, diz respeito ao rito, ou seja, para Croatto, rito é uma
imitação do que os deuses fizeram, é a participação no divino, possibilitando a comunhão com o
transcendente. O rito é coletivo, já que os atos religiosos (adoração, sacrifício…) são sociais, e é,
sobretudo, através dos ritos que o grupo expressa sua identidade. No aspecto do espaço sagrado existe
ainda a sacralidade da pessoa ligada ao rito e este fato acontece em todas as religiões. Como exemplo,
temos o pajé, bruxos, sacerdotes e porque não incluir os capelães. O rito produz um efeito, pois é uma
ação dos deuses para o homo religiosus. O que foi criado pelos deuses é recriado na repetição das
manifestações gestuais dos ritos (CROATTO, 2001, p. 343 e 350).
Outro aspecto importante que Croatto menciona em seu livro, é com relação as religiões
literárias, as quais colocam em seus textos aquilo que acreditam ser revelação e esta geralmente está
ligada a um personagem que a recebeu e registrou. A formação do cânon se torna importante para o
grupo que o define, porque significa que os textos e sua interpretação estão “fechados” para esse grupo
e também porque após a definição do cânon ocorre a sacralização, a elevação desses textos como
Palavra de Deus. Os textos, constituídos como doutrina, instauram o reflexo de tudo isso na vida social
através de comportamentos éticos definidos por essas crenças do grupo. A doutrina precisa ser relida a
todo instante, originando a tradição que permite aos participantes do grupo “situar-se no mundo e
interpretar a realidade” (2001, p. 409 – 413).
Após analisarmos o homem como ser religioso, é mister destacarmos o símbolo religioso, que
possui duas realidades, a primeira no seu sentido próprio e, a segunda realidade, aquela que não está
ligada diretamente nas coisas, mas é particular para cada pessoa, evidenciando aí manifestações das
suas experiências com o transcendente. Nesse sentido, as coisas não são simbólicas por elas mesmas,
mas se tornam simbólicas em virtude da experiência humana que se tornam cristalizadas em seus
significados e que têm como conseqüência uma tradição religiosa. Por esse motivo torna-se uma
necessidade a criação de uma capelania policial protestante no DPRF, a qual possa atender a tradição
religiosa protestante, segundo a sua forma (ritos) – o tom de falar, o jeito de orar, de louvar e de adorar
– de se difundir o Evangelho de Jesus Cristo.
4 JUSTIFICATIVA
O Capelão deve ser o guia espiritual a quem Jung, na obra Psicologia da Religião Oriental e
Ocidental, atribui o papel de sujeito facilitador do encontro do homem com sua dimensão espiritual
(JUNG, 1988, p. 64). Cabe reafirmar que o homem é passível de necessidades espirituais que só podem
ser supridas por sua experiência de reencontro com o sagrado. O facilitador deste encontro é o guia
espiritual, que nesta projeto entende-se ser o Capelão. Nesse sentido, aponta-se um caminho para
compreender o sentido do fenômeno religioso, dentro e fora da PRF, o caminho do aconselhamento
pastoral. E é justamente nesse sentido, que há uma reflexão da religiosidade nas pessoas e grupos em
sua forma de viver a fé, ou seja, até que ponto aquilo que nós fazemos, que nós escolhemos e como
vivemos a vida, levando em conta a atividade singular do policial rodoviário federal, está sendo
saudável (dimensão salugênica), ou ainda, aquilo que se está fazendo está num caráter doentio
(dimensão patogênica).
A fim de ilustrar com mais ênfase a necessidade da capelania, é imperioso destacar um pouco
mais de sua história. Em 1944, relatos orais dão conta que após o desfile dos Expedicionários que
partiram para a Itália, o então Presidente Getúlio Vargas perguntou ao Cardeal do Rio de Janeiro, Dom
Jaime de Barros Câmara, qual era sua opinião sobre o desfile, ao que respondeu: “que apreciara, (…)
mas faltava os Capelães para dar a assistência ao soldado no campo de batalha”. Getúlio Vargas se
comprometeu, ali mesmo, a suprir tal deficiência, criando um “Serviço de Assistência Religiosa”
através do Decreto-Lei n.º 5.573 de 26 de maio de 1944. Seguiram com a Força Expedicionária
Brasileira (FEB) para a Itália, 30 padres católicos e dois pastores evangélicos (ALMEIDA, 2006, p.
24). Os dois primeiros Capelães protestantes do Brasil foram o pastor metodista Juvenal Ernesto da
Silva, e o pastor batista João Filson Soren (1908-2002), ambos atuando na Segunda Guerra Mundial,
servindo a FEB entre 1944 e 1945.
Atualmente, o trabalho de capelania no Brasil é assegurado nos termos da Lei, substanciado na
prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva, conforme
preconiza o inciso VII do artigo 5º da Constituição Federal de 1988. Por sua vez, o Governo do Estado
de São Paulo, através da Lei n.º 10.066, de 21 de julho de 1998, buscou regulamentar a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva situadas no território do
Estado de São Paulo.
Embora não se tenha os dados referentes ao número de policiais rodoviários federais que
professam a fé protestante, pode-se dizer com bastante possibilidade de acerto que é um número
representativo, visto a religião protestante, no Brasil, ter em 2010, segundo dados do IBGE, cerca de
42,2 milhões de seguidores, representando, ainda em 2010, 22,2 % da população brasileira. Apenas por
esse número já se justificaria a criação de um serviço de assistência religiosa evangélica visando
atender esse crescente grupo em nossa PRF. Entretanto, podem-se enumerar motivos de ordem social e
comportamental que podem valorar essa necessidade. O Capelão como aconselhador cristão dedica-se
a ajudar indivíduos, famílias ou grupos a lidarem com as pressões e crises da vida. Para Gary Collins,
os objetivos do aconselhamento são: a evangelização, o discipulado, a autocompreensão, a
comunicação, o aprendizado, a modificação do comportamento, a autorrealização e o apoio. Segundo
Gary Collins:
O processo de aconselhamento pode estimular o desenvolvimento sadio da personalidade; ajudar as pessoas a enfrentar melhor as dificuldades da vida, os conflitos interiores e os bloqueios emocionais; auxiliar os indivíduos, famílias e casais a resolver conflitos gerados por tensões interpessoais, melhorando a qualidade de seus relacionamentos; e finalmente, ajudar as pessoas que apresentam padrões de comportamentos autodestrutivos ou depressivos a mudar de vida. O conselheiro cristão procura levar as pessoas a ter um relacionamento pessoal com Jesus Cristo, ajudando-as, assim, a encontrar perdão e a se livrar dos efeitos incapacitantes do pecado e da culpa. O objetivo final do aconselhamento cristão é ajudar os outros a se tornar discípulos de Cristo e a discipular outras pessoas (COLLINS, 2004, p. 17).
5 RESULTADOS ESPERADOS
O aconselhamento pastoral se utiliza de técnicas de cura para auxiliar no enfrentamento dos
problemas em coerência com os ensinamentos bíblicos, objetivando a cura do indivíduo,
possibilitando-o lidar com situações semelhantes e experimente crescimento espiritual. Assim, pode-se
afirmar que o aconselhamento pastoral é um caminho para relacionamentos interpessoais que
promovem a vida à luz do Evangelho. Busca a saúde integral das pessoas e traduz em forma de
relacionamento a vida em abundância proclamada pela fé cristã. No Antigo Testamento, o cuidado
pastoral vincula-se à aliança com Deus. Quando essa aliança é quebrada, as pessoas são convidadas a
reatá-las com o propósito de voltar à vida. É justamente neste ponto que entra o Capelão como
facilitador deste reencontro com o sagrado. Já no Novo Testamento, o cuidado com as pessoas
projetava-se no exemplo de Cristo, que apresentou um modelo de vida saudável, demonstrando a
misericórdia divina em todos os momentos. O específico do aconselhamento pastoral está nas suas
raízes bíblicas, ou seja, na forma de ver o ser humano na relação com o sagrado. Assim, o Capelão se
utilizará do aconselhamento pastoral tendo como referência o agir poimênico de Jesus Cristo. Isso, por
si só, traduzir-se-á em benefícios diretos ao servidor policial rodoviário federal, dando-lhe suporte para
enfrentar os momentos difíceis em sua vida pessoal e profissional, tendo reflexos diretos na melhoria
do atendimento ao público e ao serviço prestado a sociedade, finalidade máxima de nossa instituição.
Na cultura policial em geral, observa-se a atitude de reclamação contra a instituição. Reclama-
se da situação física das instalações, da manutenção do espaço (higiene e apoio logístico), de recursos
materiais inadequados, da falta do efetivo profissional, do atendimento médico/hospitalar, da
indisponibilidade de instrumentos de trabalho (armas, munições, coletes, viaturas, computadores,
softwares, impressoras internet, etc.), dos baixos salários, etc. Enfim, todo apoio humano e material a
ser utilizado no, e para o serviço. Trata-se de uma cultura de insatisfação, do que propriamente uma
insatisfação real. A pessoa que passa por crises internas ou externas de âmbito particular, tende a
extravasar estas crises projetando-as nestes momentos de “insatisfação generalizada”, que acontecem
nos momentos informais nas unidades. O Policial Rodoviário Federal trabalha com as limitações
humanas, sofre a influência perniciosa de substâncias químicas liberadas na corrente sanguínea, que
reduzem a imunidade orgânica, trabalha no “pico do estresse”, deve cuidar e proteger, mas não tem
quem o cuide e o proteja. Os problemas vivenciados dentro da instituição podem prejudicar
essencialmente a vida familiar e social do policial. Pressões psicológicas a que estão sujeitos esses
profissionais influenciam comportamentos, deixando-os frágeis no campo espiritual. Neste ambiente, a
forma de assistência religiosa, através do aconselhamento pastoral, pode-se revelar como oportunidade
de influência do Capelão tanto na contribuição para a saúde espiritual do policial, quanto para o auxílio
ao departamento.
6 MÉTODOS E ATUAÇÃO
O Policial que exercerá a função de Capelão no DPRF terá como atribuições, as mesmas de um
ministro religioso, ou seja, poderá:
6.1 OFICIAR AS CERIMÔNIAS RELIGIOSAS
Batismo, matrimônio, apresentação de recém nascidos, funerais e realizar cultos exclusivamente
evangélicos ou ecumênicos nos centros de ensino da PRF, nas regionais e com o eftivo das delegacias,
sem prejuízo do serviço do policial rodoviário federal.
6.2 ACONSELHAMENTO PASTORAL
Desenvolver o trabalho de aconselhamento pastoral, dando auxílio mediante solicitação dos policiais
ou seus chefes diretos.
6.3 FAZER VISITAS AOS POLICIAIS
Fazer visitas aos policiais em suas casas ou internados nos hospitais e aos reclusos internados em
estabelecimentos prisionais.
É importante destacar que há uma prática da religiosidade por parte dos que ingressam na PRF,
fato este, constatado através das mais variadas expressões, como por exemplo, a fé evangélica que tem
crescido bastante. É lamentável a falta de registros que possam fornecer informações mais completas
acerca do censo religioso na PRF.
7 REQUISITOS PARA O POLICIAL CAPELÃO EVANGÉLICO
7.1 SER POLICIAL RODOVIÁRIO FEDERAL ESTÁVEL.
O policial rodoviário federal que exercerá a função de capelão em sua regional, não deixará de exercer
suas funções sejam nas escalas de serviço ou no serviço policial administrativo, podendo ser
dispensado destas funções apenas para atender as demandas da capelania, com autorização expressa de
sua chefia imediata ou por convocação. Para tanto, necessita ter passado pelo perído de estágio
probatório.
7.2 SER VOLUNTÁRIO
7.3 SER MEMBRO DE UMA IGREJA EVANGÉLICA ESTABELECIDA.
Deverá apresentar carta de recomendação do pastor titular de sua Igreja, contendo declaração do
pastor de que é membro ativo em sua igreja e tem bom testemunho e boa conduta em sua comunidade
cristã.
7.3 TER CONCLUÍDO CURSO DE CAPELANIA EVANGÉLICA NA MODALIDADE
PRESENCIAL OU CURSO TEOLÓGICO RECONHECIDO PELO CONSELHO DE PASTORES E
TEÓLOGOS (CNPT) OU CONSELHO NACIONAL DE PASTORES DO BRASIL (CNPB) E
CONSEQUENTE CREDENCIAL PASTORAL EXPEDIDA POR IGREJA EVANGÉLICA
NACIONAL
7.4 DEMAIS QUALIDADES E ATITUDES
É necessário que o Capelão possua um diálogo interconfessional permanente, para que faça a
harmonia entre os diferentes credos, demonstrando um espírito ecumênico, para o exercício da
capelania. Nesse sentido, o Capelão tem o dever de se comportar como padrão a ser imitado dentro e
fora do trabalho. O Capelão deve olhar o indivíduo como alguém que tem capacidade e desenvolver
nele potencialidades. Segundo Martin Buber (1878 – 1965), conhecer a Deus é ter um relacionamento
entre pessoas: a pessoa humana e a pessoa de Deus, pois Deus é um ser pessoal. Todo relacionamento
entre pessoas deve haver diálogo, aliás, afirma Buber, a Bíblia é o Diálogo de Deus com a humanidade
(ALVES, s.d., p. 1). O capelão não só utilizará o diálogo como a própria vida. A comunidade
protestante tem a característica de tomar a iniciativa para a realização dos cultos e reuniões. Este fator
é, ainda hoje, o responsável por haver muitos trabalhos religiosos regulares na rotina de muitas
unidades da PRF, uma vez que esta não dispõe oficialmente de uma capelania protestante.
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Bibliografia Recomendada
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