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UNIVERSIDADE GAMA FILHO Marco Antonio Lima Peixinho IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO DO PROJETO DE HORTICULTURA IRRIGADA NA FAZENDA CAMPINHOS NO MUNICÍPIO DE TUCANO-BAHIA: ASPECTOS SOCIAIS, GESTÃO AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS. Monografia apresentada à Central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu como requisito parcial para conclusão do Curso de Especialização em Gestão Ambiental em Empresa na Universidade Gama Filho. Professor Orientador: Msc. Débora Rodrigues Coorientadora: Msc. Renata Oliveira Salvador 2012

IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO DO PROJETO DE … · ... formando um polo hortícola na região Nordeste da Bahia, envolvendo os municípios de ... distribuição da população residente

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Page 1: IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO DO PROJETO DE … · ... formando um polo hortícola na região Nordeste da Bahia, envolvendo os municípios de ... distribuição da população residente

UNIVERSIDADE GAMA FILHO

Marco Antonio Lima Peixinho

IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO DO PROJETO DE

HORTICULTURA IRRIGADA NA FAZENDA CAMPINHOS

NO MUNICÍPIO DE TUCANO-BAHIA: ASPECTOS SOCIAIS,

GESTÃO AMBIENTAL E DE RECURSOS HÍDRICOS.

Monografia apresentada à Central de Cursos de

Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu como

requisito parcial para conclusão do Curso de

Especialização em Gestão Ambiental em Empresa

na Universidade Gama Filho.

Professor Orientador: Msc. Débora Rodrigues

Coorientadora: Msc. Renata Oliveira

Salvador

2012

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Marco Antonio Lima Peixinho

IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO DO PROJETO DE

HORTICULTURA IRRIGADA NA FAZENDA CAMPINHOS NO

MUNICIPIO DE TUCANO - BAHIA: aspectos sociais, gestão ambiental e

de recursos hídricos.

Monografia apresentada à Central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Lato Sensu da

Universidade Gama Filho como requisito parcial para a conclusão do Curso de Pós-

Graduação em Gestão Ambiental em Empresas.

BANCA EXAMINADORA

(Titulação) Débora Barbosa Rodrigues ________________________________.

(Titulação e Nome completo, por extenso) ______________________________.

Salvador, 05 de Agosto de 2012.

Coordenadora do Curso - Msc. Débora Rodrigues (UGF).

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Peixinho, Marco Antonio

Implantação do módulo piloto do projeto de horticultura irrigada na Fazenda

Campinhos no município de Tucano-Bahia: aspectos sociais, gestão ambiental e de

recursos hídricos./ Marco Antonio Peixinho – Rio de Janeiro: UGF, 2012.

84p. il.

Monografia (Pós-Graduação em Gestão Ambiental em Empresas) apresentada à

Central de Cursos de Extensão e Pós-Graduação Latu Sensu da Universidade

Gama Filho.

1. Projeto de Irrigação – Aspectos sociais. 2. Água subterrânea – Aquíferos. 3.

Poços Tubulares – Salinização. 4. Gestão Ambiental – Recursos Hídricos. I.

Peixinho, Marco Antonio. II. Título.

CDD

CDU

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DEDICATÓRIA

“Ergo a cabeça ela não treme, se a busco não a encontro vazia”.

Aristóteles Damasceno Peixinho (in memoria), meu pai.

À minha mãe Maria Rosa, a esposa Gildete, as filhas Fernanda, Ana Luiza, Geane e ao meu

filho Bruno Peixinho que sempre estiveram presentes, me estimulando e compartilhando os

momentos de dificuldades e renúncias.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por me permitir transitar na vida terrena com o compromisso do

aprimoramento intelectual e moral, tendo a ciência e o saber, como fio condutor para o meu

progresso espiritual.

A Allan Kardec “Nascer, renascer, ainda, e progredir sempre, tal é a lei”.

À Universidade Gama Filho do Rio e Janeiro (UFG), uma referência no ensino

superior.

Aos professores do Curso de pós Graduação em Gestão Ambiental em Empresa, que

tanto contribuíram com seus ensinamentos, incentivos e apoio a este trabalho.

Em especial, professora Msc. Renata Oliveira (UGF) que me orientou e incentivou,

na condução deste trabalho, transferindo com maestria os seus conhecimentos e saberes, além

do apoio no desenvolvimento desta monografia.

Igualmente especial à professora e orientadora, Msc. Débora Rodrigues (UGF).

Aos colegas de turma do curso de pós- graduação em Gestão Ambiental, realizada na

UGF – Rio de Janeiro, José Carlos Cruz do Carmo, Aramis Eduardo Abreu, pelo estímulo e

contribuição.

As colegas de trabalho, Ângela Maria Freitas Fonseca, Bruna Maia, Nilson

Gonçalves(CERB) e Fernando Luiz Campos Pereira(SEAGRI) que contribuíram com

incentivo, sugestões, material e informações.

A minha sobrinha Priscila Fioriono por seu trabalho de revisão gramatical, e

transmissão do seu conhecimento sobre elaboração de monografias.

,

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RESUMO

O Governo do Estado da Bahia está executando, como medida estruturante a implantação do

Projeto de Irrigação para Pequenos Produtores na Bacia Sedimentar de Tucano, que prevê a

irrigação de três mil hectares, com a implantação de vinte módulos irrigados, no semiárido do

Estado, utilizando água subterrânea dos aquíferos da Bacia de Tucano.

Este projeto será executado com a implantação de vinte módulos irrigados através de poços

artesianos, formando um polo hortícola na região Nordeste da Bahia, envolvendo os

municípios de Tucano, Ribeira do Amparo, Cipó, Ribeira Pombal, Banzaê e Cícero Dantas.

Esta monografia objetiva identificar os aspectos relevantes da metodologia aplicada na

implantação do primeiro módulo piloto do Projeto de Horticultura Irrigada da Bacia

Sedimentar de Tucano – Bahia, na Fazenda Campinhos, município de Tucano, com ênfase na

gestão ambiental e dos recursos hídricos subterrâneos, nas medidas para preservação dos

aquíferos e do meio ambiente, nos impactos sociais da implantação do módulo com análise

da metodologia utilizada na construção de poços tubulares, comparando com as normas da

ABNT.

Foram aprofundados os estudos das águas subterrâneas, da bacia de Tucano nos seus aspectos

geológico, hidrogeológicos e ambientais, as políticas de recursos hídricos existentes, feitos

levantamentos na área do módulo piloto, e constatada a metodologia da implantação, e as

gestões planejadas.

Espera-se que os conhecimentos obtidos nesta pesquisa sejam direcionados para melhoria da

implantação dos próximos módulos do Projeto de horticultura irrigada da Bacia de Tucano

Palavras-chave: Projeto irrigação. Aspectos sociais. Água subterrânea. Aquíferos. Poços

tubulares. Salinização. Gestão ambiental. Recursos hídricos.

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ABSTRACT

The government of the state of Bahia is running the implantation irrigation Project for small

producers in the Tucano sedimentary basin which Will provide irrigation to three thousand

acres divided into twenty modules irrigated by underground water from the aquifers of

Tucano basin.

This Project Will be executed with the implementation of twenty modules irrigated by

artesian water Wells forming a large center of horticulture located around the cities of

Tucano,Ribeira do Pombal,Ribeira do Amparo,Cipó,Banzaê and Cícero Dantas in the

northeastern region of Bahia.

This monograph is intended to identify the most important aspect of the methodology applied

in the implementation of the first irrigated horticulture Project module of the sedimentary

basin of Tucano,Bahia with a emphasis on the environmental managment of groundwater

resources with preservation of the aquifers and the environment. This monograph is also

addressing the social impact of the implementation of this module with a big analysis of the

methodology used in the construction of the underground water wells compared to the ABNT.

Studies were made of the groundwater in the Tucano basin using geological,hydrogeological

and environmental aspects.

It’s hoped that the knowledge obtained in this research have been directed to improve the

implantation of the next modules of this irrigated horticulture Tucano basin Project.

Keywords: Irrigation Project. Social aspects. Underground water. Aquifers. Tube Wells.

Environmental managment. Water resources.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Mapa de localização do município de Tucano

Figura 2: Mapa da área do módulo na Fazenda Campinhos, Tucano

Figura 3: O ciclo hidrológico

Figura 4: distribuição de água no planeta

Figura 5: Tipos de aquíferos baseados nas características hidráulicas

Figura 6: Localização da Bacia Hidrográfica do rio Itapicuru no Estado da

Bahia

Figura 7 Geologia do município de Tucano

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LISTA DE TABELAS E QUADROS

Quadro 1: Polo de Horticultura de Tucano – área de abrangência dos municípios

diretamente beneficiável

Quadro 2: Polo de Horticultura de Tucano – distribuição da população residente por

Zona

Quadro 3: Polo de Horticultura de Tucano – hospitais e leitos nos municípios da região

Quadro 4: Polo de Horticultura de Tucano – índice de analfabetismo nos municípios da

região

Quadro 5: Polo de Horticultura de Tucano – índice de desenvolvimento econômico por

município da região de Tucano

Tabela 1: Poços vizinhos e Fazenda Campinhos, Tucano

Tabela 2: Resumo dos testes escalonados – PP01

Tabela 3: Dados químicos

Tabela 4: Fatores controladores da vulnerabilidade dos aquíferos à contaminação

antrópica

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

CAR Companhia de Ação Regional

CB-02 Comitê Brasileiro de Construção Civil

CEASA Companhia Estadual de Abastecimento S/A

CERB Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia

CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos

COELBA Companhia de Eletricidade da Bahia

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONERH Conselho Estadual de Recursos Hídricos

CPRM Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais

CRA Centro de Recursos Ambientais

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

DESENBAHIA Banco de Desenvolvimento da Bahia

DMT Desmontagem, Montagem e Transporte de Equipamentos

EBDA Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola

EIA Estudo de Impacto Ambiental

ETA Estação de Tratamento Ambiental

FUNASA Fundação Nacional de Saúde

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

INEMA Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

LLA Laboratório de Análise de Água

MMA Ministério do Meio Ambiente

MS Ministério da Saúde

NBR Normas Brasileiras

OMS Organização Mundial da Saúde

PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos

PNRH Política Nacional de Recursos Hídricos

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PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PIB Produto Interno Bruto

PP Poço Produtor

Pz Piezômetro

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

SEAGRI Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

SECOMP Secretaria de Combate à Pobreza

SEMARH Sistema Estadual Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SEIA Sistema Estadual de Informações Ambientais da Bahia

SEIRH Sistema Estadual de Informações de Recursos Hídricos

SEMA Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SEMARH Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

SEPLAN Secretaria de Planejamento

SINGRH Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos

UB Unidade de Balanço

UFBA Universidade Federal da Bahia

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a

Cultura

USGS U.S. Geological Servey

UTC Tempo Universal Coordenado

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 15

1.1 Objetivos ..................................................................................................... 17

1.2 Justificativa ................................................................................................. 18

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................... 19

3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUCANO E DA ÁREA DO

MÓDULO PILOTO ........................................................................................... 21

3.1 Área do módulo piloto ................................................................................ 21

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................... 23

4.1 O Ciclo hidrológico e as águas subterrâneas .............................................. 23

4.2 O papel estratégico das águas subterrâneas ................................................ 26

4.3 Os aquíferos ................................................................................................ 27

4.4 Bacia Hidrográfica do Itapicuru ................................................................. 28

4.5 Captação de águas subterrâneas através de poços tubulares ...................... 30

4.6 Estudos da geologia e hidrogeologia para definição do manancial

subterrâneo .................................................................................................. 31

4.7 Construção de poços tubulares profundos .................................................. 32

4.8 Aspectos sociais de irrigação no Nordeste ................................................. 32

5. GESTÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA PARA RESERVAÇÃO

DOS RECURSOS HÍDRICOS .......................................................................... 35

5.1 Importância da preservação dos recursos hídricos ..................................... 36

5.2 Os impactos e os caminhos da poluição das águas subterrâneas ................ 37

5.3 Águas subterrâneas como valor econômico ............................................... 38

6. GESTÃO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA ........................................................... 41

7 A POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS .............................. 43

8 ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO E DO MÓDULO

PILOTO .............................................................................................................. 46

8.1 Estratégia de planejamento ......................................................................... 46

8.2 Indicadores dos municípios selecionados ………………………………... 46

8.3 Aspectos demográficos …………………………………………………... 47

8.4 Aspectos sociais .....................……………………………………………. 47

8.5 Plano de negócio, de promoção e marketing ..............................………… 50

8.6 Seleção da área piloto …......................................………………………... 51

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9 PESQUISAS REALIZADAS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

PARA IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO ....................................... 53

9.1 Pesquisa geológica, hidrogeológica e geofísica ......................................... 53

9.2 Geologia da área do módulo ....................................................................... 54

9.3 Hidrogeologia da área do módulo piloto .................................................... 55

9.4 Geologia estrutural 57

9.5 Geofísica 57

9.6 Locações, projetos e construções dos poços produtores e seus

piezométricos .............................................................................................. 57

9.7 Análises químicas ………………………………………………………... 59

10 FAVORABILIDADE DE EXPLORAÇÃO DAS ÁGUAS

SUBTERRÂNEAS ...............…………………………………………………..

61

11 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS PARA IRRIGAÇÃO ................................ 62

12 CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO E VULNERABILIDADE DOS

AQUÍFEROS DA ÁREA DO MÓDULO PILOTO ........................................ 64

12.1 Condições de exposição da área do módulo ............................................... 64

12.2 Vulnerabilidade dos aquíferos na área do módulo ..................................... 64

13 ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DAS CONDICIONANTES

AMBIENTAIS .................................................................................................... 67

14 GESTÃO OPERACIONAL, AMBIENTAL E DE RECURSOS

HÍDRICOS – DISTRITO DE IRRIGAÇÃO, TUCANO ............................... 68

15 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................................ 70

15.1 Melhoria socioeconômica dos irrigantes .................................................... 70

15.2 Gestão ambiental e de recursos hídricos ..................................................... 71

15.3 Metodologia de construções dos poços em consonância com as normas da

ABNT ......................................................................................................... 71

15.4 Recomendações para implantação dos próximos módulos ........................ 72

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 74

ANEXO 1 – FICHA DE POÇO PRODUTOR PP01 – FAZENDA CAMPINHOS,

TUCANO .....................................................................................................................

77

ANEXO 2 – FICHA DE POÇO PRODUTOR PP-02 – FAZENDA CAMPINHOS,

TUCANO .....................................................................................................................

81

ANEXO 3 – ANÁLISE FÍSICO QUIMÍCA DO PP-01 80

ANEXO 4 – FOTOS 84

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15

1. INTRODUÇÃO

O semiárido do Nordeste é caracterizado pela escassez dos recursos hídricos de

superfície, resultante das baixas precipitações pluviométricas que, além de concentradas em

única e geralmente curta estação úmida, apresenta irregularidades interanuais responsáveis

por secas periódicas, de efeitos muitas vezes catastróficos. Por outro lado, a região também é

sujeita a taxas de evapotranspiração de potencial muito elevado, oscilando com maior

frequência em torno de 90%.

Dessa forma, a água no Nordeste é um mineral estratégico e um fator vital para o seu

desenvolvimento, que ainda está à espera de uma política e de decisões mais consistentes e

contínuas, que, além de aumentar sua oferta, permitam a formação de uma infraestrutura que

ajude o nordestino a conviver com os efeitos danosos da seca. Com o crescimento da

população, aumenta a demanda por alimentos e recursos hídricos, que estão se tornando cada

vez mais escassos.

A seca gera problemas sociais, que se inserem nas grandes questões de ordem

nacional, devido ao crescente número de pessoas atingidas. Visando minimizar os efeitos

maléficos da estiagem, alguns governos estaduais, principalmente, do Nordeste do Brasil têm

procurado adotar medidas de natureza emergencial, como carros-pipas, distribuição de cestas

básicas, assegurando o mínimo de subsistência da população carente nos períodos mais

críticos, ou realizando obras estruturantes de caráter permanente, para fortalecer a

infraestrutura local, como: perfuração de poços tubulares projetos de irrigação, sistemas de

abastecimento de água, construção de cisternas, barragens subterrânea, açudes etc..

(PEIXINHO, 2011).

Entretanto, os efeitos negativos dos problemas sobre a população, principalmente a

escassez de água durante as estiagens e secas no semiárido, são manifestados pela fome, sede

e miséria atrelados à extrema fragilidade da estrutura econômico-social e a baixa eficiência de

mecanismos utilizados para o aproveitamento, preservação, controle e gestão dos recursos

hídricos e ambientais.

A meta do Governo do Estado é consolidar dos três mil hectares de área irrigada no

prazo de oito anos, com trabalho articulado entre a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos

Hídricos (SEMA), da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (SEAGRI), de Combate a

Pobreza (SECOMP), Secretaria de Planejamento (SEPLAN), órgãos e empresas com a

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16

Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (CERB), Instituto de

Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), Empresa Baiana de Desenvolvimento

Agrícola (EBDA), Companhia de Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR),

Agência de Fomento do Estado da Bahia (DESENBAHIA) com investimento total de R$ 30

milhões (SEAGRI, 2005).

O Projeto Básico da execução foi desenvolvido em meados do ano de 2003. O

referido projeto situa-se na Bacia Hidrográfica do Rio Itapicuru, no ambiente da Bacia

Sedimentar de Tucano. Na região onde serão implantados os 20 módulos do projeto,

envolvendo os seis municípios citados, com uma área de 5.345,98 km2, que representa 0,95%

da área total do Estado da Bahia (564.692,67 km2). (Op. Cit.).

Cada módulo, com cento e cinquenta hectares, distribuídos entre as famílias carentes,

serão irrigados com a água subterrânea captada através de poços tubulares profundos, dos

aquíferos das formações geológica existentes na Bacia Sedimentar de Tucano. Prevê-se com

isto a geração de quatro mil empregos diretos e oito mil indiretos para a população que

convive com a diversidade da seca. (SEAGRI, 2006).

São premissas de cada módulo do Projeto de Irrigação:

Formação de um polo de hortaliças.

Número de lotes – 100 (cem) unidades produtivas.

Exploração dos aquíferos subterrâneos da Bacia Sedimentar de Tucano, através

da construção de poços tubulares profundos produtores de água dentro dos

padrões químicos para irrigação de hortaliças.

Cumprimento dos requisitos da Lei Estadual 7.799, de 07/02.2001 (Política

Estadual de Administração de Recursos Ambientais) e do Decreto Estadual

7.967, de 05/06/2001.

Obter licenciamento ambiental junto ao INEMA.

Obtenção de licença de supressão de vegetação junto ao IBAMA.

Elaboração do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto

Ambiental (RIMA).

Participação da DESENBAHIA na identificação e seleção dos produtores e no

financiamento da infraestrutura de uso individual.

Construção de casas (moradias) para os irrigantes.

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17

Disponibilização de áreas institucionais para o posto de saúde, centro

comunitário e escolas.

Construção de galpão de insumos e packing-house.

Intermediação junto a CEASA, na comercialização dos hortifrutigranjeiros.

Assistência técnica exclusiva para cada perímetro.

Estimativa de custo para o projeto piloto (100 ha.): R$ 228.185,00 (SEAGRI

2005).

O projeto iniciou com um módulo piloto no município de Tucano, de caráter

experimental visando à criação uma metodologia de implantação e exploração racional dos

recursos hídricos com ênfase na gestão ambiental e sustentabilidade econômica.

1.1. Justificativa

No mundo de hoje é fundamental aprofundar o conhecimento hidrodinâmico dos

aquíferos da Bacia Sedimentar do Tucano para que a implementação de projetos de irrigação,

com exploração concentrada de grandes volumes de água, não seja efetuada de forma

predatória, mas com um modelo de gestão integrada dos recursos hídricos e do meio

ambiente, de modo a que tenha viabilidade socioeconômica .

A salinização de níveis aquíferos cujas evidências de menor escala, já existe na área

da Bacia Sedimentar, poderá se transformar em um fenômeno ambientalmente danoso e

praticamente irreversível, caso se continue a perfuração de poços mal construídos ou sem

projetos adequados fora das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e

ambientais.

As áreas a serem escolhidas para implantação dos módulos de irrigação devem ter

baixos riscos de contaminação endógenas e exógenas dos aquíferos sendo necessário um

conhecimento do potencial hidrogeológico, bem como, um monitoramento da qualidade

química das águas durante as explorações das águas subterrâneas.

Assim sendo, a motivação desta pesquisa está orientada pelos seguintes aspectos:

Aprofundar o conhecimento da gestão ambiental e de recursos hídricos das

águas subterrâneas.

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18

Analisar a compatibilidade dos procedimentos construtivos dos poços tubulares

e as normas da ABNT, visando à melhoria continua da perfuração de poços

profundos na Bacia sedimentar de Tucano.

Intensificar o conhecimento hidrogeológico da Bacia Sedimentar de Tucano.

Motivar os órgãos gestores e intervenientes da utilização da água de

subterrânea da Bacia Tucano a melhorarem a gestão ambiental e de recursos

hídricos, tornando o projeto de irrigação mais sustentável.

1.2. Objetivos

Identificar, a gestão ambiental, a gestão dos recursos hídricos, o impacto social, na

implantação do primeiro módulo piloto do Projeto de Horticultura Irrigada da Bacia

Sedimentar de Tucanas, bem como a metodologia aplicada na exploração de águas

subterrâneas através da captação por poços tubulares, associada à gestão ambiental e aos

recursos hídricos.

Dentro desse contexto, os objetivos específicos deste trabalho são:

a) Identificar infraestrutura construída no módulo piloto na Fazenda Campinhos, no

município de Tucano e aplicação das normas ambientais.

b) Analisar a metodologia construtiva dos poços tubulares em conformidade com as

normas da ABNT, os dados hidrodinâmicos obtidos, a vulnerabilidade dos

aquíferos e a classificação das águas obtidas.

c) Sugerir melhorias a serem aplicadas na implantação dos módulos subsequentes.

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19

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia aplicada na pesquisa envolveu as seguintes etapas:

Levantamento bibliográfico e estudo sobre temas relacionados a águas subterrâneas

utilizadas em projetos de irrigação; a gestão ambiental e gestão de recursos hídricos; as

condicionantes ambientais utilizadas na exploração de recursos hídricos subterrâneos; a

geologia e hidrogeologia da Bacia de Tucano e da área do módulo piloto do projeto; as

normas da ABNT para a construção de poços tubulares.

Análise do relatório técnico da implantação do módulo pioneiro, contendo: pesquisa

geológica, hidrogeológica, geofísica e estrutural; locação e construção dos poços; testes de

bombeamento; parâmetros heterodinâmicos; resultados das análises físico-químicas;

classificação das águas para irrigação; vulnerabilidade dos aquíferos explorados; e

planejamento do monitoramento dos aquíferos.

Viagem de campo visando obtenção de dados do projeto como: aspectos

socioeconômicos da região; área do projeto; seleção dos irrigantes; planejamento executivo da

implantação; operacionalização do projeto; dificuldades enfrentadas pelos irrigantes; e os

resultados obtidos. Nesta pesquisa de campo foram obtidos dados com a EBDA sobre a

criação do distrito de irrigação, do módulo Tucano, tendo como objetivo o gerenciamento

operacional, administrativo com ênfase na preservação ambiental e a gestão dos recursos

hídricos.

Análises do cumprimento das normas da ABNT nas locações e construção dos poços

tubulares e das condicionantes ambientais exigidas; da vulnerabilidade dos aquíferos

explorados na área, dos riscos de salinização e poluição destes aquíferos.

Conclusões e recomendações.

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20

3. CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUCANO E DA ÁREA DO MÓDULO

PILOTO

O Município de Tucano está localizado na região planejamento Nordeste do Estado

da Bahia, limitando-se ao leste com os municípios de Ribeira do Pombal, Ribeira do Amparo,

Cipó e Nova Soure; ao sul com Araci; e ao oeste e norte com Quinjingue. (CPRM, 2005).

O acesso, a partir de Salvador, é realizado pelas rodovias pavimentadas BR-324, BR-

116, num percurso total de 256 km (Figura 1).

Figura 1 – Mapa de localização do município de Tucano

Fonte: (CPRM, 2005)

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21

A população total do município de Tucano é de 50.948 habitantes, sendo 18.597

residentes na zona urbana e 32.351 na zona rural, com densidade demográfica de 15,85

hab./km2.

Economicamente o município de Tucano sobrevive da agricultura (feijão, milho,

mandioca e sisal); da pecuária (bovinos, ovinos, caprinos e suínos); da manufatura artesanal.

O turismo está sustentado pela Estância Hidromineral de Caldas do Jorro, forte

atrativo para o desenvolvimento da região; o Buraco do Vento, formações rochosas, esculpida

pela natureza; Cachoeira do Inferno, formações rochosas, tipo quênio, com queda d’água.

(CPRM, 2005)

3.1 Área do módulo piloto

Inicialmente selecionou-se uma área para a implantação do primeiro módulo-piloto

situada na margem direita da BR-410, no trecho que liga Tucano a Ribeira do Pombal, a 04

km do perímetro urbano da sede municipal de Tucano 260 km da capital do Estado.

A aprovação dessa área ficou condicionada a realização de estudos hidrogeológicos

dos aquíferos subterrâneos existentes e a constatação da viabilidade técnica e econômica de se

extrair através da construção de poços tubulares profundos a demanda necessária de vazão em

torno de 400 m3/hora de água com qualidade química abaixo de 480ppm, condições

consideradas ideais para viabilizar a irrigação de 150 ha. do módulo de irrigação.(SEAGRI,

2005).

Esses estudos hidrogeológicos ficaram sobre a responsabilidade da CERB, que

concluiu dando o parecer favorável para exploração dos aquíferos subterrâneos. Em seguida,

efetuou-se as locações e projeção de dois poços produtores profundos de 400,00 m, com seus

respectivos poços piezométricos de monitoramento.

A área total do módulo é de 3.000 hectares e foi desapropriada pela SEAGRI, da

propriedade do Sr. Antonio da Cota, denominada Fazenda Campinhos (Figura 2).

O ponto referencial da área do projeto é o poço produtor PP-01, que possui as

seguintes coordenadas geográficas:

X = 38o45’42’’ W UTM X = 521.162 E

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Y = 10o58’28’’ S 24 L Y = 8.786.760 N

Z = 224,00 m

Figura 2 – Mapa da área do módulo da Fazenda Campinhos, Tucano.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo configura o estado da arte do TCC e busca discutir requisitos

relacionados à implantação do módulo de irrigação com exploração de águas subterrâneas

através de poços tubulares profundos. São apresentados os principais conceitos, normas e

metodologia relacionada à exploração de recursos hídricos focando a preservação ambiental,

bem como os impactos socioeconômicos.

Partindo do pressuposto que a água é um bem natural e estratégico e o Brasil é o

mais rico país em água doce, com 12% das reservas mundiais. (PEIXINHO, 2011).

A deficiência no processo de gestão e controle das águas subterrâneas, em especial,

do processo de perfuração de poços tem resultado em ineficiência no sistema de recursos

hídricos com elevados desperdícios de água e baixa produtividade para atendimento a

população. (Op. Cit.).

Não obstante, devido ao grande volume de água doce disponível no Brasil, observa-

se enormes desafios a serem enfrentados relativos à sua gestão e aproveitamento. Embora o

potencial hídrico subterrâneo seja bastante expressivo, o seu aproveitamento ainda é

relativamente pequeno, devido à tradição histórica brasileira de realizar em maior escala o

aproveitamento das águas superficiais. (Op. Cit.).

4.1 O ciclo hidrológico e as águas subterrâneas

O ciclo da água, ou ciclo hidrológico refere-se à troca contínua de água na

hidrosfera, envolvendo constante mudança de estado fisico, ora se tornando líquida, ora

gasosa, com ajuda da energia do sol que provoca a evaporacão dos oceanos, mares, rios,

lencóis subterraneos, águas superficiais e plantas.

A água se move continuamente segundo o ciclo, constituindo em processos de

transferência:

1. Evaporação: é a passagem da água do estado liquido para o gasoso (forma de

vapor), ocorrendo através dos oceanos e outros corpos d'água (rios, lagos e

lagunas), transpiracao dos animais e plantas. Com a evaporação a água sobe

para a camada mais alta da atmosfera e forma nuvens.

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2. Precipitação da-se pela condensação do vapor d’água no ar, que se transforma

novamente em liquido (chuva), caindo sobre a terra ou no mar.

3. Escoamento sobre a superficie da terra escoa para formar os oceanos, lagos e

lencóis subterraneos. (MENESES, 2007; LINHARES, 2009).

O abastecimento de água doce no mundo é resultante da precipitação e da

evaporação da água marítima. Toda a água que cai na superfície da terra está inteiramente

ligada ao ciclo água, podendo estar no estado sólido, líquido ou gasoso, distribuída em

diferentes reservatórios.

Ao atingir o solo, parte da água das chuvas infiltra-se, abastecendo os aquíferos,

enquanto outra parte escoa para os rios, lagos e mares, onde recomeça o ciclo. Segundo o

Programa Hidrológico Internacional (UNESCO, 1998) o ciclo hidrológico envolve um

volume de água de 577.200 km3/ano. (DRM-RJ).

O ciclo hidrológico apresenta um sistema pelo qual a natureza faz a água circular do

oceano para a atmosfera e daí para os continentes, de onde retorna à superfície e

subterraneamente ao oceano. Os agentes que participam nesse processo são a irradiação solar,

a gravidade, a atração molecular e a capilaridade. Porém nem toda a água que cai na

superfície pode se tornar água subterrânea (Figura 3).

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Figura 3 – O ciclo hidrológico

Fonte: (TEIXEIRA et al, 2000)

Nos últimos anos a recarga natural dos aquíferos vem sofrendo grande interferência das

atividades humanas. Estas interferências vêm sendo caracterizadas pelo desmatamento e pavimentação

do solo, entre outros elementos, dificultando a infiltração e a absorção das águas pelos vegetais,

havendo assim um desequilíbrio entre evaporação, infiltração e escoamento, afetando o ciclo

hidrológico natural, já que cerca de dois terços da água que atinge a superfície são devolvidos à

atmosfera por meio de evaporação e transpiração dos vegetais; o restante volta ao mar por meios sub-

superficiais, superficiais ou subterraneamente. (MENESES, 2007).

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Figura 4 – Distribuição da água no planeta

Fonte: (FETTER, C.W. 1994)

4.2 O papel estratégico das águas subterrâneas

As águas subterrâneas são parte integrante do ciclo hidrológico, perfazendo 97,5% da

água doce acessível pelos meios tecnológicos atuais, com um volume de 10,53 milhões de

km3, armazenado até 4.000 metros de profundidade. Elas tornaram-se estratégicas para a

humanidade, sendo responsáveis pela alimentação e pela regularização (perenização) dos rios,

dos córregos, dos lagos, permitindo que estes continuem fluindo na época de estiagem/seca.

(REBOUÇAS 1999).

Além de mais protegidas contra a poluição e os efeitos da sazonalidade, apresentam

em geral boa qualidade, decorrente do “tratamento” obtido da sua percolação no solo e

subsolo. Seu aproveitamento tem se revelado uma alternativa mais econômica, evitando

custos crescentes com represas e adutoras e dispensando tratamento, na maioria dos casos.

A importância estratégica da água subterrânea é o elevado padrão de qualidade

físico-químico e o bacteriológico. O período de estiagem prolongado não a afeta, tornando

possível a sua captação através da perfuração de poços, contribuindo para saciar a sede da

demanda.

Historicamente, no Brasil, devido à grande e rica rede de drenagem fluvial, utiliza-se

predominante, as águas superficiais em detrimento das águas subterrâneas.

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Segundo Linhares (2009) “Por serem mais visíveis, acreditamos que as águas

superficiais (lagos, rios e barragens) sejam a maior fonte de atendimento das necessidades do

homem”.

Rebouças (Op. Cit.) afirma que, “menos de 3% de toda a água doce no mundo estão

na superfície; o restante, mais de 97%, está no subsolo”.

O crescente consumo e aproveitamento das águas têm proporcionado o uso mais intenso das

águas subterrâneas. Desta forma, as águas subterrâneas devem ser consideradas como um meio

de acelerar o desenvolvimento socioeconômico das regiões extremamente carentes no Brasil.

A seca no semiárido do Nordeste é um fenômeno frequente que vem causando graves

problemas socioeconômicos, o que leva à exploração de águas subterrâneas,

significativamente. (PEIXINHO, 2011).

A exploração da água subterrânea está condicionada a três fatores: 1) quantidade

(condutividade hidráulica, coeficiente de armazenamento de terrenos); 2) qualidade

(composição de rochas, condições climáticas e renovação das águas); e 3) econômico

(depende da profundidade do aquífero e das condições de bombeamento).

As águas subterrâneas no Brasil oferecem um potencial ainda a ser explorado na

região Nordeste, especificamente no semiárido da Bahia, caracteriza-se por reduzidas

precipitações, elevada evaporação e escassez de águas superficiais. A exploração de reservas

hídricas subterrâneas poderá ser a alternativa para a produção irrigada e o abastecimento. A

grande disponibilidade hídrica na Bacia Sedimentar de Tucano indica a possibilidade de

exploração das águas subterrâneas, dentro de uma boa margem de segurança adotada para sua

exploração, (PEIXINHO, 2011).

4.3 Os aquíferos

Os aquíferos podem ser classificados de acordo com suas características hidráulicas,

ou seja, (Figura 5).

a) Aquífero livre: é aquele localizado próximo à superfície demarcada pelo nível

freático em contato com a zona não saturada, mantido sob pressão

atmosférica.

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b) Aquífero confinado: é aquele limitado no topo, cujas camadas limítrofes

superiores e inferiores são de uma baixa permeabilidade.

c) Aquífero suspenso: ocorre quando a água que infiltra encontra barreiras na

zona não saturada que pode ser armazenadas temporariamente.

Figura 5 – Tipos de aquíferos baseados nas características hidráulicas

Fonte: (IGM, 2001)

As bacias sedimentares são constituídas por rochas sedimentares bastante

diversificadas, e representam os mais importantes reservatórios de água subterrânea,

formando o denominado aquífero do tipo granular.

Os aquíferos da formação São Sebastião são os principais situados na Bacia

Sedimentar do Tucano, sendo a mais importante fonte de captação de recursos hídricos no

Estado da Bahia. Considerado o maior reservatório de água doce subterrânea, possui não só

quantidade de água, como excelente qualidade, em termos de potabilidade para consumo

humano, na maior parte de sua extensão. (CPRM, 2005).

4.4 Bacia hidrográfica do Itapicuru

Entende-se por Bacia Hidrográfica segundo Barella (2007) como:

Conjunto de terra drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais

altas do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas, ou escoam

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superficialmente formando riachos e rios ou infiltram no solo para formação de

nascentes e do lençol freático. As águas superficiais escoam para parte mais baixas

do terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas por

riachos que brotam em terrenos íngremes das serras montanhas e à medida que as

águas dos riachos descem, juntas a outros riachos, aumentando o volume e formando

os primeiros rios, esses pequenos rios continuam seus trajetos recebendo água de

outros tributários, formando rios maiores até desembocar no oceano. (BARELLA,

2007)

O Projeto de Horticultura Irrigada da Bacia Sedimentar de Tucano e o seis

municípios onde serão implantados os módulos de irrigação se encontram inseridos na Bacia

Hidrográfica do Rio Itapicuru. (Figura 6).

Figura 6 – Localização da bacia hidrográfica do rio Itapicuru no Estado da Bahia

Fonte: (BAHIA. SEI, 2002)

A Bacia Hidrográfica do Rio Itapicuru está localizada na região Nordeste do Estado

da Bahia, entre as coordenadas 10o00’ e 12

o00’de latitude sul e 37

o30’ e 40

o45’ de longitude.

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4.5 Captação de águas subterrâneas através de poços tubulares

Com o uso extensivo da água subterrânea em países industrializados, houve um

contínuo desenvolvimento do setor de perfuração de poços tubulares, como também foi dada

a importância aos estudos dos impactos ambientais causados pela contaminação dos aquíferos

agregado aos estudos de qualidade, quantidade e fluxo hidrodinâmicos das águas

subterrâneas.

A captação de águas subterrâneas para o consumo oferece inúmeras vantagens,

destacando-se:

Meio ambiente – Os impactos ambientais relacionados com as instalações para

o aproveitamento das águas subterrâneas são consideravelmente pequenos,

quando instalados e operados adequadamente, ficando restritos à área de

captação (poço tubular). Para efeito de comparação citam-se os impactos

causados pelas barragens, que envolvem grandes áreas e alteram o equilíbrio

dos ecossistemas. O impacto ambiental gerado pelo poço é menor do que uma

estação de tratamento ambiental (ETA).

Distribuição – As águas subterrâneas ocupam áreas muito maiores do que a

calha de um rio ou lagoa, o que permite a perfuração de poços nos locais onde

as demandas ocorrem. Nesse sentido, as águas subterrâneas facilitam a

distribuição setorizada, visto que a distância dos poços até o reservatório ou

caixa de água é, em geral, de pequena extensão.

Os investimentos de captação da água subterrânea são mais baixos comparados

com os de águas superficiais. Além disso, não há custo de desapropriação de

grandes áreas como em barragens e açudes.

Menor prazo para execução das obras.

Menor custo de manutenção e operação. A água retirada dos poços tubulares

não carece de tratamento especifico apenas de uma simples cloração.

Os sistemas de abastecimento de água através de poços são fácil operação,

utilizando mão-de-obra de pouca especialização o que viabiliza o

abastecimento de água em comunidades.

Os investimentos podem ser parcelados conforme o aumento da demanda.

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Por outro lado, devido as suas peculiaridades as águas subterrâneas exigem certos

cuidados:

A renovação (recarga) das águas retiradas dos aquíferos nem sempre ocorre na

mesma velocidade da extração, o que pode provocar a superexplotação ou sua

exaustão. Nesse sentido, a exploração das águas subterrâneas exige um

monitoramento constante dos volumes extraídos.

Por estarem “escondidas” no subsolo, as águas subterrâneas são mais difíceis

de serem avaliadas, exigindo metodologias complexas.

No caso de poluição ou contaminação os custos e a complexidade técnica de

remediação (processo de despoluição e minimização dos impactos negativos) e

recuperação podem ser extremamente elevados, demandado longos períodos.

Além disso, a falta de monitoramento, conhecimento e pessoal técnico

especializado em águas subterrâneas são desafios a serem superados na gestão

integrada e sistêmica de recursos hídricos. (Adaptado de Feitosa – CPRM,

1997).

4.6 Estudos da geologia e hidrogeologia para definição do manancial subterrâneo

A viabilização do empreendimento é de grande importância para um projeto de

captação de águas subterrâneas. O projeto se inicia com o diagnostico da capacidade,

profundidade e métodos construtivos adequados para a exploração de aquíferos compatíveis

com a estimativa de fornecimento de água para o abastecimento. O especialista deve-se valer

dos dados, informações e recursos investigativos de campo e escritório, interpretando-os,

identificando as abrangências e limitações, em função do objeto de estudo.

A cada projeto construtivo de poço é considerado uma pesquisa investigatória de

acordo com as peculiaridades obtidas através de visitas in loco; de métodos diretos e indiretos

de investigação de subsolo, levando em consideração as limitações da geologia local e a

demanda requerida. .(FUNASA, 2007).

Ao selecionar um manancial subterrâneo deve-se conhecê-lo para verificar sua

natureza, vantagens e limitações, ou seja:

Identificar a natureza geológica de superfície.

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Detectar os tipos de aquíferos existentes considerando sua potencialidade,

distribuição lateral e vertical e estruturas geológicas.

Identificar se o manancial subterrâneo atende aos parâmetros da demanda do

projeto, em função da capacidade dos aquíferos.

Apresentar relatório cujos itens devem ser especificados:

Aspectos geográficos, fisiográficos e geomorfológicos.

Aspectos geológicos regionais com descrição das unidades geológicas,

litológicas e arcabouço estrutural.

Aspectos geológicos locais, com descrição das formações geológicas,

litológicas de superfície e subsuperficie, quando se tratar de bacia

sedimenta.

Aspectos hidrogeológicos com referencia especial aos poços existentes na

localidade e/ou no entorno, indicando profundidade, vazões, níveis

estáticos e dinâmicos, sequência litológica a ser perfurada.

Previsão da quantidade de poços necessários para atender a demanda do

projeto, indicando profundidades, vazões esperadas e dimensionamento

(adaptado FUNASA, 2007).

4.7 Construção de poços tubulares profundos

O projeto e a construção de poços tubulares profundos são regidos pelas normas da

ABNT: NBR 12212 – Projeto de poço tubular profundo para captação de água subterrânea;

NBR – 12244 – Construção de poço tubular profundo para captação de água subterrânea;

NBR – 13895 – Poços de Monitoramento. Todas essas NBR estão de acordo com o Comitê

Brasileiro de Construção Civil (CB-02).

4.8 Aspectos sociais da irrigação no Nordeste

Para implantar um projeto de irrigação devem-se considerar os aspectos dos impactos

ambientais que podem ocorrer, considerando seus efeitos sobre a modificação do meio

ambiente, tais com:

Salinização do solo.

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Contaminação dos recursos hídricos.

Disponibilidade de água para outras atividades (uso múltiplo da água).

Consumo de energia.

Saúde da população.

Segundo Salassier (1989)

[...] a finalidade básica da irrigação é proporcionar água às culturas de maneira a

atender às exigências hídricas durante seu ciclo, possibilitando altas produtividades

e produtos de boa qualidade. Sendo que a quantidade de água necessária às culturas

é função da espécie cultivada, da produtividade desejada, do local de cultivo, do

estádio de desenvolvimento da cultura tipo de solo e da época de plantio.

(SALASSIER, 1989)

Através da agricultura irrigada a população poderá benéficos, tais como:

Permitir uma agricultura econômica sustentável e estratégica na região.

Aumentar a produtividade das culturas (a média da produtividade nas áreas

irrigadas é de 2,5 a 3,0 vezes maior do que as das áreas não irrigadas).

Aumentar o valor da propriedade e o lucro da agricultura (a média do valor

bruto da produção nas áreas irrigadas é 5,0 vezes maior do que as das áreas não

irrigadas).

Possibilitar maior eficiência no uso de fertilizantes.

Permitir programas de cultivo (escalonamento de plantio, tratos culturais e

colheitas).

Permitir dois ou mais cultivos por ano numa mesma área.

Incentivar a introdução de culturas com maior valor comercial, minimizando o

risco do investimento.

Melhorar as condições econômicas das comunidades rurais.

Aumentar a demanda de mão-de-obra, fixando o homem no meio rural, minimizando

o crescimento de favelas nas periferias das cidades. (SALASSIER, 1989).

A agricultura irrigada não pode ser uma pratica isolada. Deve estar acompanhada de

práticas socioculturais para que possa gerar lucros, através do cultivo, da comercialização das

variedades produtivas, no manejo apropriado etc. (Op. Cit.).

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Os projetos públicos de irrigação tornaram-se a base para implantação de projetos

privados e a geração de empregos diretos e indiretos. Através de ações governamentais, de

menor custo e efetiva inclusão social, na região Nordeste da Bahia tem-se reduzido o índice

elevado de pobreza e a migração de pessoas para a periferia das grandes cidades.

Admite-se que, os resultados, socioeconômicos não são imediatos após a

implantação dos projetos de irrigação. O tempo para o aperfeiçoamento leva em torno de dez

a quinze anos, em função de variados fatores, tais como: falta de capacidade do pessoal do

entorno em perceber de imediato as oportunidades; a necessidade de capital de mão-de-obra

qualificada; e a introdução de novas culturas e de sistemas de produção na região. Talvez

possa refletir de imediato como desvantagens iniciais na implantação de um projeto de

irrigação. (Op. Cit.).

Entretanto, torna-se evidente que a principal vantagem da agricultura irrigada está

em apresentar alternativa para abrandar a crítica desigualdade socioeconômica do país. Os

investimentos necessários para a geração de empregos são bem menores do que aqueles do

comercio e da indústria. Além disso, os impactos socioeconômicos diretos como o aumento

da produtividade e da produção dará lucro ao produtor, reduzindo o desemprego da região. A

externalidade será positiva se os projetos de irrigação tiverem sustentabilidade econômica,

social e ambiental. (Op. Cit.)

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5. GESTÃO AMBIENTAL COMO ESTRATÉGIA PARA PRESERVAÇÃO DOS

RECURSOS HÍDRICOS

A gestão de recursos hídricos subterrâneos é ainda bastante difusa no Brasil,

precisando de um processo contínuo não só educativo, mas de gestão ambiental nos três

setores da sociedade – público, privado e civil organizado –, objetivando, paralelamente, a

participação ativa e comprometida da população em diversas esferas de decisão (HUGEN,

2009).

Na atualidade, sabe-se que a forma de uso dos bens públicos, em geral, e dos

recursos hídricos, em particular, em muitas regiões não é adequada. Não é raro observar o

aumento de ecossistemas desertificados, das secas e da erosão dos solos, causados pela

exploração indiscriminada dos recursos naturais, com procedimentos predatórios. A busca por

uma gestão ambiental eficiente demonstra um processo de mudança de paradigmas como

proposta para a criação de soluções sustentáveis que deveria ser um dos maiores desafios a ser

enfrentados.

A compreensão de que o atual modelo de gestão ambiental não está atendendo os

objetivos sociais, econômicos e ecológicos por não proporcionar um envolvimento harmônico

do ser humano com o meio ambiente, consequentemente prolifera para a inexistência de

qualidade de vida.

Como conceitua Bitencourt, (2000)

A gestão ambiental como instrumento, surge da preocupação com a minimização e o

controle de impactos sobre essas áreas, preservando as condições básicas que

assegurem a quantidade e a alidade da água subterrânea em locais passíveis de

exploração. Para isso, deve-se fazer uso das políticas públicas de meio ambiente e

especificidades na legislação ambiental, refletindo à administração econômica,

cultural e técnica, apontando alternativas de condutas e atitudes em relação à

exploração da água subterrâneas.

Observando a demanda de água para abastecimento urbano, o uso industrial com

descarte de efluentes, a insustentabilidade dos métodos agrícolas aplicados em um

saneamento ambiental precário, o manejo desse manancial requer muito cuidado,

principalmente nas áreas de recarga. Todas essas atividades antrópicas têm contribuído

relativamente para a degradação das águas superficiais e das reservas hídricas subterrâneas.

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Pelo fato das águas subterrâneas constituírem uma futura reserva em potencial, torna-

se necessário disponibilizar à população novos conhecimentos e recursos para que consigam

obter auto-suficiência, acoplando o controle de poços e gestão desses recursos hídricos e,

numa esfera secundária, outras relações, como manejo do solo e disposição de resíduos

urbanos e agrícolas sobre o mesmo.

Numa abordagem política e sócioambiental, a gestão dos recursos hídricos

subterrâneos possui diversas interfaces com o setor público. Devem-se incluir todos os atores

presentes ou interessados no uso destes recursos atribuindo educação ambiental, onde se pode

citar a construção da cidadania em seu pleno exercício, o acesso ao conhecimento técnico e às

atitudes responsáveis dos governos, dos usuários e da sociedade civil organizada, interligando

decisões no planejamento de uso dos mananciais (HUGEN, 2009)

5.1 A importância da preservação dos recursos hídricos

A água é um recurso fundamental para a sobrevivência do homem e demais seres que

habitam o planeta. Segundo Rebouças (1999),

A água doce é elemento essencial ao abastecimento do consumo humano, ao

desenvolvimento de suas atividades industriais e agrícolas, e de importância vital

aos ecossistemas – tanto vegetal como animal – das terras emersas. (REBOUÇAS,

1999).

No entanto, com a utilização das reservas hídricas de forma desordenada; a poluição

com práticas agrícolas perniciosas com o uso de insumos químicos que alteram a composição

da água, como os neurotóxicos, carcinogênicos, mutagênicos e teratogênicos; os projetos de

irrigação; as atividades extrativistas agressivas; os desmatamentos e queimadas; lançamentos

de esgoto e outros resíduos industriais e domésticos, a qualidade deste recurso poderá ficar

cada vez mais escassa, podendo afetar a saúde do ser humano e de todo ecossistema.

Entre as ações que podem melhorar a qualidade e a quantidade dos recursos hídricos e

também observá-lo como um fator limitante, segundo SALATI et al. (1999), destacam-se:

Estudos científicos e tecnológicos.

Amplo programa em educação ambiental.

Aprimoramento constante da legislação (gestão e da demanda e da oferta).

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Aprimoramento da estrutura institucional do manejo, utilização e fiscalização

dos recursos hídricos.

Projetos que envolvam o manejo de recursos hídricos, como: perfuração de

poços; construção de represas, saneamento básico, fornecimento de água e

navegação fluvial, que levem em conta as influências e interações com o meio

ambiente e sociedade.

Formação de recursos humanos para evitar a contaminação das águas.

(adaptado REBOUÇAS,1999).

Segundo Tundisi et al. (2003)

Para haja exploração dos recursos hídricos deve haver articulação entre a base de

pesquisa e conhecimento científico acumulado, bem como, as ações de

gerenciamento, levando em conta, além dos recursos hídricos a unidade-bacia-

hidrográfica-rio-lago ou reservatório. Assim, poderá haver um gerenciamento

efetivo sobre a questão dos recursos hídricos.

5.2 Os impactos e os caminhos da poluição das águas subterrâneas

Implantar um sistema de proteção das águas subterrâneas contra qualquer evento

poluidor envolve conceitos complexos. Em vista dessa complexidade, que afeta o transporte

de contaminantes nas águas; da importância relativa com que cada mecanismo participa da

atenuação de cargas poluidoras; e da singularidade de situações de campo ou área de

avaliação, seria mais lógico tratar cada atividade contaminante, num ambiente hidrogeológico

específico, de forma individual, investigando caso a caso, bem como, avaliando os riscos de

poluição.

A poluição é a alteração das características ecológicas, fisicas, quimicas e biológicas

tornado-as nocivas para o ser humano. Uma das fontes de poluição das águas subterrâneas são

as atividades agrícolas com o uso de fertilizantes e agrotóxicos que contéem compostos

orgânicos, nitratos, sais e metais pesados. A contaminação pode ser facilitada pelo processo

de irrigação sem planejamento, aplicação de água em excesso, que facilitam a contaminação

dos aquíferos. (LINHARES, 2009).

Segundo Menezes (2007) apud Linhares (2009)

[...] o aumento do desenvolvimento do capital, agregado ao consumismo, vem

aumentando a degradação e a escassez dos recursos hídricos, o que atualmente é

motivo de forte preocupação, principalmente por conta da qualidade da água, que é

ameaçada pelo lançamento de produtos químicos sem nenhum tratamento adequado.

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O aumento da poluição pelas indústrias e pela moderna agricultura também

contribui, por estas irem cada vez mais longe captar água para o abastecimento,

aumentando assim o custo da captação.

Uma política de proteção de recursos hídricos subterrâneos deverá contemplar

aspectos de gestão de qualidade como a superexploração dos aquíferos e contaminação por

poços existentes. Antes de qualquer proposta, será necessário o cadastramento de poços em

operação e abandonados. Para tanto, é preciso atentar para o mínimo requerido:

1. Localização dos poços.

2. Desenho do perfil construtivo e do perfil litológico.

3. As taxas de bombeamento e explorações diária, mensal e anual.

4. Tipo de uso da água.

5. As análises físico-químicas e bacteriológicas da água.

Conforme Hirata (2000) apud Linhares (2009)

A superexplotação se dá quando a extração de água do aquífero supera a recarga.

Isso ocorre em áreas com elevada concentração de poços o que excede a capacidade

de recarga natural dos aquíferos, reduzindo os níveis das águas subterraneas e as

reservas hídricas.

As águas subterraneas são ameaçadas pela explotação intensiva ou descontroladas,

bem como pela poluição proveniente das atividades antrópicas e a falta de cuidado sobre os

poços, que muitas vezes sao utilizados como deposito de lixo.

A superexploração de forma irracional das águas subterraneas pode causar problemas

como: a reducão da capacidade produtiva individual do poço ou de poços próximos com o

aumento de custo de bombeamento; indução de fluxos de água salina da costa marítma, ou de

domos salinos subterraneos; infiltração de águas subterrâneas de baixa qualidade advinda de

outras unidades aquíferas mais superficiais; drenagem de rios e outros corpos d’água

superficiais, pelo rebaixamento de níveis hidraulícos do aquifero; subsidência do terreno,

resultando em problemas de estabilidade e danos a edificações e redes de esgoto. (Op. Cit.).

5.3 Águas subterrâneas como valor econômico

A partir da Conferência de Mar Del Plata (1977), a água subterrânea foi

internacionalmente reconhecida como reserva de valor estratégico para abastecimento,

especialmente nas regiões em desenvolvimento ou emergentes.

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39

Somente a partir da abordagem feita pela Comissão das Nações Unidas para a

Europa (1989) é que a percepção do seu valor econômico foi alcançada no plano

internacional, para abastecimento público, industrial e agrícola em todas as faixas climáticas,

independente do nível de desenvolvimento da região ou país.

A possibilidade concreta da escassez de água doce começa a tornar-se, cada vez

mais, a grande ameaça ao desenvolvimento econômico e à estabilidade política do mundo nas

próximas décadas. As disputas pelo uso da água poderão, inclusive, desencadear conflitos e

guerras em escala imprevisível.

Esta perspectiva de escassez da água fez com que ela passasse a ter valor econômico,

incitando a cobrança pelo uso dos recursos hídricos como instrumento regulatório. No Brasil,

a cobrança pelo uso foi instituída pela Constituição Federal de 1988. Também, pode-se

encontrar ali o reconhecimento da água como bem econômico de usos múltiplos, o

reconhecimento da necessidade de incentivo à racionalização do uso da água e de geração de

recursos financeiros para o financiamento dos programas dos Planos de Recursos Hídricos em

cada bacia hidrográfica.

No caso brasileiro, o estabelecimento dos preços pelo uso da água está a cargo dos

chamados "Comitês de Bacia", fóruns em que se debatem as questões de gerenciamento dos

recursos hídricos. No entanto, dada a sua ênfase na gestão participativa, nem sempre os preços

ali acordados podem ser consistentes com o uso sustentável da água.

A determinação de um preço adequado para a água é um empreendimento complexo.

Em especial, este preço da água deve refletir a valoração pela sociedade deste bem – o

chamado valor da água – e o custo de extração da mesma.

O valor da água depende tanto do usuário quanto do uso para o qual ela se destina.

Em especial, este valor da água pode ser separado em dois componentes: o valor econômico

da água e o valor intrínseco da água.

Da mesma forma que, o valor da água, o cálculo do custo de extração da água

também tem suas peculiaridades. Em especial, o custo de extração da água deve incluir:

Custo de operação e manutenção da operação diária do sistema de oferta de

água;

Remuneração aos fornecedores de recursos (credores e acionistas) da empresa;

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Custo de Oportunidade - valor decorrente dos usos alternativos desta água;

Efeitos Externos – custos impostos a outros agentes pela extração da água,

podendo ser de natureza econômica ou ambiental.

Em especial, para o caso brasileiro, o envolvimento da sociedade e dos usuários na

gestão da água dentro dos comitês de bacia deve ser complementado por uma análise

consistente do valor da água e do custo de extração da mesma. (LUCINDA, 2010).

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6. GESTÃO SUSTENTÁVEL DA ÁGUA

A água é um dos recursos naturais mais importantes, cuja utilização deve ser feita de

maneira a não comprometer a disponibilidade para as gerações futuras. Sua disponibilidade é

hoje limitada não apenas quanto à quantidade, mas também pela qualidade. Um dos maiores

desafios atuais para o desenvolvimento sustentável será minimizar os efeitos da escassez

permanente ou sazonal e da poluição da água.

A água para a conservação dos ecossistemas também deverá receber mais atenção

como tema sócio-político. Será imprescindível que os novos projetos para atender a demanda

sejam concebidos dentro de uma perspectiva de sustentabilidade econômica, social e

ambiental. A solução vai exigir tanto a exploração cuidadosa de novas fontes, quanto medidas

para estimular o uso mais eficiente da água. (DRM-RJ apud SALATI; LEMOS e SALATI,

1999).

Para enfrentar os desafios da escassez e da poluição, a grande ferramenta será a

gestão do suprimento e da demanda de água. A gestão do suprimento significa a adoção de

políticas e ações relativas à quantidade e qualidade da água desde sua captação até o sistema

de distribuição.

A gestão da demanda trata do uso eficiente e de ações para evitar o desperdício.

Dessa forma além de medidas para reduzir o índice elevado de perdas nas redes públicas, mas

também a adoção de práticas e técnicas mais racionais de uso, a exemplo da irrigação por

gotejamento na agricultura (DRM-RJ apud SALATI; LEMOS e SALATI, 1999).

No Brasil, os termos legais para a gestão democrática, participativa e descentralizada

dos recursos hídricos, determinando o compartilhamento de poder e de responsabilidades

entre o Estado e os setores da sociedade, são princípios considerados fundamentais que se

encontram amparados pela Lei nº 9.433, de 08 de janeiro de 1997, que institui a Política

Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1o da Lei

no 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei 7.990, de 28 de dezembro de 1989.

A estratégia adotada pelo MMA para implementar a Política Nacional de Recursos

Hídricos (PNRH) e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGRH)

foi a regulamentação do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH). Suas

competências são atribuídas através da Lei 9.433, também denominada de Lei das Águas,

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principalmente a que se refere ao caráter normativo e deliberativo, que lhe dá às mesmas

condições para desempenhar importante papel no estabelecimento de diretrizes

complementares para a implementação da Política e dos instrumentos de gestão nela

previstos.

O monitoramento e o acompanhamento da implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos são fundamentais, para todos os órgãos gestores, federais e estaduais,

comitês, usuários da água, cada um em sua esfera de atuação.

Deverão ser também considerados os indicadores qualitativos, estabelecidos na

Resolução n. 15, de 11 de janeiro de 2001, do CNRH, aqueles que competem do Sistema

Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), coordenar a gestao integrada

das águas, considerando que:

Os diversos órgãos da Administração Pública Federal e dos Estados possuem

competências no gerenciamento das águas.

Os municípios têm competência específica para o disciplinamento do uso e

ocupação do solo.

As águas superficiais, subterrâneas e meteóricas sao partes integrantes e

indissociáveis do ciclo hidrológico.

Os aquíferos podem apresentar zonas de descarga e de recarga pertencentes a

uma ou mais bacias hidrográficas sobrejacentes.

A exploração inadequada das águas subterrâneas pode resultar na lateração

indesejável de sua quantidade e qualidade.

A exploração das águas subterrâneas pode implicar redução da capacidade de

armazenamento dos aquíferos, redução dos volumes disponíveis nos corpos de

água superficiais e modificação dos fluxos naturais nos aquíferos.

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7. A POLÍTICA ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS

O Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA), foi criado através da

Lei no 12.212, de 4 de maio de (art. 103) como autarquia vinculada à SEMA.

O INEMA tem por finalidade executar a Politica Estadual de Meio Ambiente e de

Proteção à Biodiversidade; a Política Estadual de Recursos Hídricos; Política Estadual sobre

Mudanças do Clima; e a Política Estadual de Educação Ambiental.

As competências do INEMA estão descritas na Lei 12.212 em seu art. 106. Entre

elas, o inciso I a XVIII, referem-se a execução de ações e programas relacionados à questões

de meio ambiente e recursos hídricos.

A mesma Lei determina que:

O Sistema Estadual de Informações Ambientais da Bahia (SEIA) passa a ser a

ferramenta única de informações que proporciona aos usuários comodidade,

agilidade no atendimento e gestão eficiente dos processos ambientais pelo Governo

no Estado da Bahia. Nessa perspectiva, o Sistema Estadual de Informações de

Recursos Hídricos (SEIRH), integrado ao SEIA.

Como órgão executor o INEMA tem sob sua gestão o Plano Estadual de Recursos

Hídricos (PERH):

É um Plano Diretor de natureza estratégica e abrangência estadual, que visa a

fundamentar a implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos e o

gerenciamento dos recursos hídricos. O PERH é um instrumento previsto na

Constituição Federal de 1988 (art.299) e nas Políticas Nacional e Estadual de

Recursos Hídricos (Lei no 9.433/97 e Lei Estadual 11.612/09). [...], o PERH define

os mecanismos institucionais necessários à gestão integrada e sustentável das águas,

visando estabelecer pressupostos para garantir, entre outros objetivos: a utilização

racional das águas superficiais e subterrâneas e a proteção das águas contra ações

que possam comprometer seu uso, atual e futuro. (SEIA).

O PERH foi aprovado pela Resolução no. 01/2005, do Conselho Estadual de

Recursos Hídricos (CONERH), que levou em conta o diagnóstico dos recursos hídricos,

estudos e metas de racionalização de uso, aumento da quantidade e melhoria recursos hídricos

disponíveis, envolvendo medidas de ação programática; propôs estratégias para intensificar,

de forma prioritária, os serviços de outorga de direitos de uso da água, estabelecendo

diretrizes e critérios para a cobrança.

A Resolução, ainda apresenta uma síntese das principais questões relacionadas aos

recursos hídricos do Estado da Bahia, as ações propostas e os mais significativos produtos

elaborados pelo PERH/BA.

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No que dispõe sobre planos de bacias hidrográficas previstos nas Politicas Nacional

(Lei 9.433/97), o Estado da Bahia cria através da Lei no 11.612 de 08 de outubro de 2009 que

dispõe sobre Politica Estadual de Recursos Hídricos, o Sistema Estadual de Gerenciamento de

Recursos Hídricos, art. 5, inciso II, os Planos de Bacias Hidrográficas. No § 1o e 2

o da Lei,

propõem a implementação dos instrumentos de gestão da Política Estadual de Recursos

Hídricos e a atuação do Sistema Estadual de Gerenciamento de Recursos Hídricos que deverá

estar orientado pela Divisão Hidrografia Estadual constituída de Regiões de Planejamento e

Gestão das Águas, elaborada pelo órgão gestor da Política Estadual de Recursos Hídricos e

submetida à aprovação do CONERH.

A Lei 11.612/2009, art. 11, define os Planos de Bacias Hidrográficas como:

Planos diretores, de natureza estratégica e operacional, que tem por finalidade

fundamentar a implementação da Política Estadual de Recursos Hídricos,

compatibilizando os aspectos quantitativos e qualitativos do uso da água, de modo a

assegurar as metas e os usos neles previstos, na área da bacia ou região hidrográfica

considerada.

O capítulo IV, art. 17 ao art. 21 da Lei, referem-se ao da outorga de direito de uso de

recursos hídricos “que tem por objetivo efetuar o controle quantitativo e qualitativo do uso

das águas e assegurar o direito de acesso à água, condicionada às prioridades de uso

estabelecidas no Plano Estadual de Recursos Hídricos e nos Planos de Bacias Hidrográficas”.

O capítulo X – Conferência Estadual do Meio Ambiente, Título III, (Lei

11.612/2009), art. 36 ao 42, trata-se especificamente sobre águas subterrâneas que “são

consideradas as águas que ocorrem natural ou artificialmente no subsolo”. Além disso,

submetem-se aos fundamentos, “às diretrizes gerais e aos instrumentos da Política Estadual de

Recursos Hídricos os depósitos de águas subterrâneas” em razão da sua importância

estratégica, estariam sujeitas a programas permanentes de conservação e proteção, visando ao

seu uso sustentado.

Para assegurar a quantidade e a qualidade naturais das águas subterrâneas, o órgão

gestor e executor da Política Estadual de Recursos Hídricos deverá:

I. Instituir a área de proteção dos aquíferos.

II. Estabelecer distâncias mínimas entre poços tubulares e entre os poços e os

cursos d’água.

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III. Restringir as vazões captadas por poços em áreas de aquíferos

superexplorados.

IV. Apoiar ou executar projetos de recarga dos aquíferos.

V. Instituir, implementar e manter atualizado o cadastro de poços tubulares e

outras.

VI. Instituir, implementar e manter atualizado o cadastro estadual de usuários das

águas subterrâneas, como parte do Cadastro Estadual de usuários dos Recursos

Hídricos.

VII. Promover a sua avaliação quantitativa e qualitativa e o planejamento de seu

aproveitamento racional.

VIII. Definir o volume explorável dos domínios aquíferos.

As explorações de águas subterrâneas quando representarem risco para o aquífero

demandará ao órgão gestor e executor da Política Estadual de Recursos Hídricos as medidas

que estão previstas no art. 39, inciso I e II e parágrafo único da Lei.

Os Comitês de Bacias são criados por Decreto do Governador. Embora possua

Regimento Interno que dispõe sobre sua composição, estrutura e forma de funcionamento,

todas as atividades dos Comitês de Bacia são norteadas por resoluções Federais e Estaduais

editadas pelos Conselhos Nacional e Estadual de Recursos Hídricos.

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8. ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO E DO MÓDULO PILOTO

8.1 Estratégia de planejamento

O projeto foi concebido visando à melhoria da qualidade de vida dos pequenos

produtores rurais da Bacia de Tucano, baseado na premissa da existência de recursos hídricos,

suficientes para implantação de um polo agrícola, da existência de um mercador consumidor

favorável, e da filosofia governamental de executar projetos estruturantes, como viabilidade

econômica e sustentabilidade ambiental.

Realizaram-se pesquisas de indicadores socioeconômicos nos municípios

selecionados, constatando a necessidade de melhorias em quase todas as áreas

socioeconômicas dos municípios selecionados.

Alguns desses indicadores levam a constatação da existência de população carente,

principalmente na zona rural, sem acessos aos principais direitos de cidadania, e com renda

per capta baixa, características essas de municípios com infraestrutura básica precária, onde a

população fica exposta aos efeitos da seca, submetidas à fome e miséria.

8.2 Indicadores dos municípios selecionados

Os seis municípios a serem diretamente beneficiados com o empreendimento

programado envolvem uma área total de 5.345,98km2, distribuída conforme mostrado no

Quadro1.

QUADRO 1 – Polo de Horticultura de Tucano – área de abrangência dos municípios diretamente

beneficiável

No DE

ORDEM

(1)

MUNICÍPIO ÁREA (km2)

% DA ÁREA

NO PROJETO NA BAHIA (2)

038 Tucano 2.801,29 52,40 0,50

042 Ribeira do Pombal 807,14 15,10 0,14

078 Cícero Dantas 658,94 12,33 0,12

255 Cipó 166,95 3,12 0,03

262 Ribeira do Amparo 699,34 13,08 0,12

324 Banzaê 212,32 3,97 0,04

REGIÃO DIRETAMENTE

BENEFICIÁVEL 5.345,98 100,00 0,95

Fonte: (IBGE, 2000)

Nota: O município de maior área é o município de Tucano.

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8.3 Aspectos demográficos

Os seis municípios participantes da região de influência direta do empreendimento

Polo de Horticultura de Tucano, foram enquadrados no âmbito estadual segundo a população

total residente no município, contada no censo de 2000, com relação aos 417 municípios

baianos. O Quadro 2, apresenta também, a distribuição desta população nas zonas urbanas e

rural de cada município.

Quadro 2 – Polo de Horticultura de Tucano – distribuição da população residente por zona.

Nº DE

ORDEM MUNICÍPIO

POPULAÇÃO

RESIDENTE

ZONA URBANA ZONA RURAL

(hab) (%) (hab) (%)

038 Tucano 50.948 18.597 36,50 32.351 63,50

042 Ribeira do

Pombal 46.270 25.383 54,86 20.887 45,14

078 Cícero Dantas 30.934 15.797 51,07 15.137 48,93

255 Cipó 14.285 9.527 66,69 4.758 33,31

262 Ribeira do

Amparo 13.903 1.459 10,49 12.444 89,51

324 Banzaê 11.156 3.414 30,60 7.742 69,40

TOTAIS 167.496 74.177 44,29 93.319 55,71 Fonte: (IBGE, 2000).

A densidade populacional na região diretamente beneficiável no ano 2000 era de

31,33hab/km2, bem superior à densidade média do Estado da Bahia que foi de 23,15hab/km

2

no ano 2000. Destacam-se Cipó com a maior densidade da região e os municípios de Tucano

e Ribeira do Amparo com densidades abaixo da média estadual.

Nota-se que as populações rurais dos municípios de Tucano e de Ribeira do Amparo

são maiores que as urbanas, sendo um dos motivos para que estes municípios fossem

escolhidos para implantação dos dois primeiros módulos. Entretanto, sabe-se também, que a

população rural é mais carente, e necessita do apoio do governo, mais do que a urbana. Além

do que, a agricultura familiar é mais desenvolvida na zona rural.

8.4 Aspectos sociais

Serviços de Saúde

O sistema de saúde dos municípios selecionados é precário, sendo que em Banzaê e

Ribeira do Amparo é bastante desfavorável, diante da inexistência de ações efetivas dos

poderes públicos, de pessoal especializado e de infraestrutura adequada. Já nos outros

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municípios da região os serviços de saúde são mais estruturados, porém não atendem de

forma razoável a população, conforme se visualiza no Quadro 3.

Quadro 3 – Polo de Horticultura de Tucano – hospitais e leitos nos municípios da região

MUNICÍPIOS TOTAL HOSPITAIS LEITOS

Estadual Municipal Particular Filantrópica Existentes Contratados

Banzaê - - - - - - -

Cícero Dantas 3 - 1 1 1 77 77

Cipó 1 - 1 - - 46 46

Ribeira do

Amparo - - - - - - -

Ribeira do Pombal 1 - 1 - - 14 14

Tucano 3 1 - 2 - 60 60

Fonte: (SESAB, 1998)

Recentemente foi transformado o hospital municipal de Ribeira do Pombal em

Estadual.

Devido a baixa renda per capita a população fica a mercê de atendimento pelo SUS,

e a maioria das necessidades médicas mais especializadas, são realizadas na capital do Estado

da Bahia (Salvador) ou na capital do Estado de Sergipe (Aracaju).

Ocorre que, por não terem recursos financeiros para o deslocamento até estas capitais

a população, principalmente a rural, fica na dependência de assistência das prefeituras

municipais.

Educação

De acordo com os dados estatísticos existentes, os municípios estudados apresentam

elevada taxa de analfabetismo. Este percentual se eleva ainda mais de acordo com a idade. O

município de Ribeira do Amparo é o que apresenta maior índice de analfabetismo, chegando

este percentual a quase 50% da população maior de 15 anos.

O Quadro 4, mostra a taxa de analfabetismo nos municípios de acordo com a faixa

etária.

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Quadro 4 – Polo de Horticultura de Tucano – índice de analfabetismo nos municípios da região

TAXA TAXA DE ANALFABETISMO POR IDADE – %

15 a 19 20 a 24 25 ou Mais

Cipó 12,8 14,9 32,1

Ribeira do Pombal 16,3 18,2 35,0

Ribeira do Amparo 27,7 31,6 48,3

Cícero Dantas 17,3 24,7 43,7

Banzaê 17,7 20,1 43,1

Tucano 23,9 28,4 44,0 Fonte: (MEC/INEP/IBGE, 1998)

Quando se compara com a polução existente nota-se que o nível de escolaridade

evidenciando os poucos investimentos feitos pelos governos estaduais e municipais,

caracterizando a pouca prioridade que se dar a educação. Os moradores rurais sofrem mais

ainda por falta de transporte escolar.

O desempenho dos seis municípios componentes da região diretamente beneficiável

pelo empreendimento quanto ao desenvolvimento econômico e social, em relação aos 417

municípios do Estado da Bahia, encontra-se traduzido no Quadro 5.

O município de Ribeira do Pombal é, na região diretamente beneficiável pelo

empreendimento, quem está em melhor posição, tanto econômica quanto social.

Os municípios de Banzaê e Ribeira do Amparo disputam o último lugar na região (e

os últimos no Estado da Bahia) nos índices de desenvolvimento.

Salienta-se o destaque de Cipó no Índice de Desenvolvimento Social em todos os

seus componentes. Justifica-se pela tradicional posição conquistada como estância

hidromineral e pelo turismo, bem como pelo pequeno tamanho do município associado à

elevada taxa de urbanização (67% em 2000). Todos os índices sociais de Cipó estão acima de

5.000 (pontuação média estadual). (SEAGRI 2006).

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Quadro 5 – Polo de Horticultura de Tucano – índice de desenvolvimento econômico por município, região

de Tucano.

Fonte: (SEI/SEPLANTEC)

Nota: (a média estadual foi fixada em 5.000)

Como se pode notar pelos dados das tabelas apresentadas os indicadores

socioeconômicos dos municípios selecionados para implantar o projeto Tucano são típicos de

municípios do semiárido do Nordeste do Brasil onde o IDH é baixo e existe muita carência de

infraestrutura socioeconômica necessitando de maior intervenção do Estado para que a

população melhora a sua qualidade de vida.

8.5 Plano de negócio, de promoção e marketing

Constatou-se que na implantação do projeto de irrigação a SEAGRI um Plano de

Negócio, de Promoção e Marketing para o Projeto de Horticultura Irrigada na Bacia

Sedimentar de Tucano, referente aos aspectos agronômicos, socioeconômicos e institucionais.

Este Plano de Negócio, juntamente com os estudos e os diligenciamentos realizados,

para a obtenção dos licenciamentos ambientais e aquisição de outorga da água, foram os

documentos que justificaram a viabilidade técnica, econômica, social e ambiental do

empreendimento.

No Plano de Negócios foram estudados, dentre outros enfoques:

As culturas indicadas para as condições edafo climáticas regionais.

Os mercados atuais e potenciais para as culturas indicadas.

A seleção das culturas mais indicadas para o empreendimento.

Os sistemas de produção das culturas selecionadas.

Os serviços de apoio: oferta de insumos. máquinas e equipamentos.

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Disponibilidade e custo da mão de obra regional.

As contas culturais das hortaliças selecionadas.

Preço médio pago ao produtor por cultura selecionada.

A formulação de modelos de exploração agrícola.

Análise econômico-financeira dos modelos de exploração.

8.6 Seleção da área piloto

A área selecionada pela Superintendência de Irrigação (SIR), órgão da SEAGRI, para

a implantação do Projeto Piloto do Polo de Horticultura de Tucano, localiza-se bem próximo à

cidade de Tucano (2,5km centro a centro), distante cerca de 3,5km (três quilômetros e meio)

do entroncamento da BR-410 (trecho Tucano Ribeira do Pombal) com a BR-116 (trecho

Araci Tucano).

O selecionamento da Fazenda Campinhos, para implantação do módulo piloto, sem

antes realizar a pesquisa hidrogeológica necessária, colocou em risco a sustentabilidade do

Projeto. Segundo a SEAGRI a seleção foi baseada nos estudos realizados através do

“Programa de Água Subterrânea para Região Nordeste”, que realizou o levantamento

hidrogeológico do município de Tucano, feito pela CPRM na disponibilidade imediata de

venda do imóvel.

Estes argumentos não se justificam. Sendo a água a matéria prima do projeto,

deveriam ter sido feita uma pesquisa hidrogeológica localizada na Fazenda Campinhos antes

da desapropriação da área para implantação do modulo, devido às variações das qualidades

químicas das águas subterrâneas que variam de local para local, no município de Tucano.

8.7 Plano operativo

Foi elaborado pela SEAGRI e pelo escritório regional da EBDA do município de

Tucano um plano operativo que se constituiu numa primeira aproximação do modelo a ser

adotado para implantação do “Projeto Piloto de Tucano” no que se refere especificamente as

etapas de cadastramento, seleção, treinamentos e capacitação das famílias beneficiárias e a

consequente prestação de Assistência Técnica e Extensão Rural no primeiro ano do Projeto.

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Selecionamento e treinamento dos irrigantes

O marco inicial do processo foi o cadastramento e a inscrição de 2.000 pessoas

carentes do município de Tucano, ação desenvolvida pela equipe do escritório local da EBDA

com a ajuda de colaboradores da Prefeitura Municipal.

É importante esclarecer que esta metodologia proposta, busca de forma mais ampla,

geral e democrática possível, selecionar 100 famílias a partir de um universo de 2.000 pessoas

no município de Tucano e que o conteúdo metodológico do treinamento dividido visa facilitar

a frequência de todos os agricultores que dificilmente poderiam deixar os seus afazeres para

participar do curso.

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9. PESQUISAS REALIZADAS NO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA

IMPLANTAÇÃO DO MÓDULO PILOTO

Dentro do planejamento estratégico de implantação do Projeto foram feitos várias

pesquisas e levantamento os quais podemos destacar: levantamento topográfico, pedológico;

caracterização climática; evapotranspiração potencial; nebulosidade e insolação; evaporação

balanço agroclimático; hidrogeologia, geologia e geofísica.

9.1 Pesquisa geológica, hidrogeológica e geofísica

Foram realizados estudos hidrogeológicos na Fazenda Campinhos, no município de

Tucano, com o objetivo de definir a potencialidade hidrogeológica da área, projetar poço

tubulares com vazões produtoras que atendesse a demanda de 400,00m³/h necessária para

atender as áreas a serem irrigadas, definir a favorabilidade da área, quanto a possibilidade de

contaminação dos aquíferos subterrâneas e verificar a possibilidade da água adequadas para

irrigação.

Estas pesquisas ficaram a cargo da CERB, através do Departamento de

Hidrogeologia (DHID), as quais foram realizadas pelo geólogo Marco Antonio Peixinho.

Estas constaram de:

Análise dos poços tubulares do município de Tucano, priorizando os

circunvizinhos à área do projeto, estudando a sua litologia, dados

hidrodinâmicos, geofísicos e análises químicas.

Estudos da Sedimentologia, Estratigrafia, Geologia estrutural e Hidrogeologia

da área.

Realização de perfilagens geofísicas nos poços.

Ensaios de vazões preliminares com compressor.

Ensaios de aquíferos com bombas submersas

Obtenção de dados heterodinâmicos dos poços e dos aquíferos

Análise físico-quimas das águas produzidas pelos poços produtores

Classificação das águas para irrigação

Análise da vulnerabilidade dos aquíferos

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54

9.2 Geologia da área do módulo piloto

Constatou-se que a área do Projeto está situada sobre as rochas sedimentares na

Bacia de Tucano Central, representada pela Formação Marizal e pelo Grupo Massacará

(Formação São Sebastião).

Formação Marizal

De Idade Cretáceo Inferior, litologia iniciando com conglomerado basal e espessura

média na área do projeto foi estimada em 150,00 m. A base da formação é sub-horizontal e

repousa discordantemente sobre o Grupo Massacará. Ocorre aflorante nos altos topográficos

em forma de tabuleiros e nos vales com pequenas a médias espessuras.

Grupo Massacará – Formação São Sebastião

Do Cretáceo Inferior, neste grupo está englobado a Formação São Sebastião,

constituindo uma só unidade, composta de arenitos granulação fina a média, grãos

arredondados, caulínicos,. Ocorrem também, arenitos cinza muito finos, argilosos, laminados.

Os folhelhos são vermelhos, amarelos, siltícos pouco fossilíferos.

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55

Figura 7 – Geologia do município de Tucano

Fonte: (CPRM, 2005)

9.3 Hidrogeologia da área do módulo piloto

Na área do projeto, as formações Marizal e São Sebastião constituídas por pacotes de

rochas sedimentares de naturezas diversas, que recobrem as rochas mais antigas. Em termos

hidrogeológicos tem um comportamento de aquífero granular, caracterizado por possuir uma

porosidade primária, e nos terrenos arenosos uma elevada permeabilidade, o que lhe confere

excelentes condições de armazenamento e fornecimento d’água.

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56

A Formação Marizal possui aquíferos salobros ou salgados.

Na Formação São Sebastião os aquíferos são de boa potabilidade, onde os poços

perfurados possuem vazões específicas médias a altas. Esta Formação está sotoposta a

Formação Marizal, recebendo realimentação direta desta, com boa recarga também do rio

Itapicuru.

No levantamento dos poços do município de Tucano os dados hidrodinâmicos são

insuficientes para determinação dos valores de permeabilidade, transmissividade e coeficiente

de armazenamento, sem os quais as avaliações das reservas são apenas estimativas. Não existe

nenhum poço com piezômetro na área.

Os principais dados dos poços circunvizinhos da área são:

Tabela 1 – Poços vizinhos a Fazenda Campinho- Tucano

Nota-se que alguns poços apesar da pouca profundidade são surgentes, devido terem

sido perfurados em baixos topográficos e estarem submetidos a grandes pressões de

confinamento.

Para projetos de irrigação, não é recomendável perfurar poços com grandes vazões

de surgências, por não ser possível manter o controle permanente da vazão e da qualidade

química das águas, além de durabilidade indefinida.

Em termos hidrogeológicos, as formações geológicas têm alto potencial, em

decorrência da grande espessura de sedimentos e da alta permeabilidade de suas litologias,

que permite a explotação de vazões significativas. Em regiões semiáridas, a perfuração de

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poços profundos nestas áreas, com expectativas de grandes vazões, pode ser a alternativa para

viabilizar projetos de irrigação de grande porte. (CPRM 2001).

9.4 Geologia estrutural

Dentro da área do módulo foi detectada a presença de uma falha normal de direção

NE-SW, mapeada pela PETROBRÁS (Mapa geológico de Tucano – Quadrângulo 720 – 1, na

ficha de poço). Esta falha geológica fica situada entre as locações do PP-01 e PP-02, sendo

provavelmente a principal causa das diferentes litologia dos apresentados nos poços após as

perfurações.

9.5 Geofísica

Foram executados os seguintes perfis geofísicos nos poços: Gama-Ray, Potencial

Espontâneo, Eletro-Resistividade, Sônico Compensado, Caliper, para determinar os

parâmetros litológicos convencionais, o grau de argilosidade, a permo-porosidade nas

possíveis zonas produtoras e o grau de salinidades das águas. Constatou-se através da

perfilagem que a Formação Marizal apresentava aquíferos com salinidade acima de 480ppm,

inadequada para se utilizar de irrigação. Com isto os poços tiveram que ser projetados com

cimentações anelares na base da formação Marizal.

9.6 Locações, projetos e construções dos poços produtores e seus piezométricos

Após a realização dos estudos hidrogeológicos, foram realizadas as locações e

projetos dos poços nos locais indicados e as construções dos poços baseadas nas normas da

ABNT, NBR 12212 – Projeto de poço tubular profundo para captação de água subterrânea;

NBR – 12244 – Construção de poço tubular profundo para captação de água subterrânea.

Locação e construção do PP-01

O PP-01 foi locado nas seguintes coordenadas geográficas;

X= 38º 45’42’’W UTM X= 526.039 E

Y= 10º 58’ 28’’ S 24 L Y= 8.786.836 N

Z= 233,00 m

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O PP-01 foi projetado para retirar uma vazão de 200,00 m³/h dos aquíferos mais

profundos da Formação São Sebastião. Foi perfurado pela CERB/DHID, tendo como

responsável técnico o geólogo Marco Antonio Peixinho, que seguiu o projeto inicial e

realizou as modificações técnicas necessárias após a interpretação da perfilagem geofísica. O

poço piezométrico foi locado e perfurado à 17,50m do PP-01. Dados construtivos na ficha de

poço no anexo 1.

Locação e construção do PP-02

Após a perfuração do poço produtor PP-01 e do seu piezômetro Pz-01, foram

realizados ensaios de bombeamento escalonado e contínuo, para obter os dados

hidrodinâmicos dos aquíferos.

Com a interpretação dos dados obtidos, foram locados os poços PP-02 e seu

piezômetro Pz-01 com maior conhecimento hidrogeológico da área. Coordenadas do PP-02.

X= 38º 45’05’’W UTM X= 527.162 E

Y= 10º 58’ 30’’ S 24 L Y= 8.786.774N

Foi realizada a cimentação anelar no intervalo de 64,00 aos 84,00m visando o

isolamento dos aquíferos salinizados da Formação Marizal. Os principais dados construtivos

do poço PP-02, encontram-se no anexo 2.

Ensaios de vazão e testes de aquíferos

No poço PP-01 realizou-se um teste escalonado em 3 etapas, com as vazões de 70,

140 e 210 m³/h, com durações de 19h, 19h e 27h, respectivamente. Os rebaixamentos foram

observados no poço de bombeamento e no piezômetro Pz-01 situado a uma distância de 17,50

m, servindo de base para ao cálculo da vazão ótima de exploração.

Durante o ensaio foi observado também o poço PP-02 que apresentou ao final das 65

horas de teste um rebaixamento de 0,28 m.

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Tabela 2 – Resumo dos testes escalonados – PP-01

NE m ETAPAS Q m³ /h ND m S m DURAÇÃO

h S/qm/m³/h

39,08

1ª 70 58,09 19,01 19 0,27

2ª 140 68,08 29,0 19 0,20

3ª 210 97,70 58,62 27 0,28

Com a pouca interferência entre os poços constatou o acerto das locações quantos a

distancia entre os mesmos.

O rebaixamento final foi de 21,16 m para um ND de 74,46 m no poço bombeado e de

8,40 m com um ND de 63,36 m no piezômetro Pz-02.

Durante o teste de bombeamento do poço PP-02, ocorreu uma falha no planejamento

do teste, e não se conseguiu de evitar um impacto ambiental, provocado pelo grande volume

de águas, o que ocasionou uma grande erosão no solo, criando voçoroca, fazendo com que

tivesse que ser providenciado tratores e caçamba para efetuar soterramento de cascalho a fim

de reaparar de imediato o dano ambiental. (fotos, anexo 4)

9.7 Análises químicas

As características químicas das águas subterrâneas foram obtidas através das análises

de amostras coletadas e analisadas. As amostras foram enviadas e analisadas pelo laboratório

do departamento de hidráulica da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Análise do PP-01

no anexo 3.

Os resultados das análises, em miligrama/litros, foram colocados no diagrama de

SAR no modelo do U.S. Salinity Laboratório, tendo em vista a sua classificação para

Irrigação.

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Tabela 3 – Dados químicos

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10. FAVORABILIDADE DE EXPLORAÇÃO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

O nível de favorabilidade da exploração dos aquíferos é definido por um conjunto de

fatores, tais como: profundidade do nível estático; condições de acesso; quantidade da água;

qualidade (valor de STD), que indicam as áreas de melhores condições de exploração das

águas subterrâneas. Não há uma escala de valores, mas uma avaliação relativa, a partir de

informações básicas importantes, na elaboração da política de aproveitamento e proteção dos

aquíferos. A favorabilidade de exploração e a importância hidrogeológica relativa local

guardam algumas relações entre si, entretanto é a ordem de grandeza de cada fator que irá

definir, por exemplo, se uma determinada área é mais favorável ou menos importante do que

outra, ou vice-versa.

A área do projeto está classificada como “área favorável”, com restrições, por

apresentar as seguintes características:

Ocorrência do sistema de aquíferos da Formação Marizal e São Sebastião.

Permeabilidade média a alta, boa transmissividade e alto coeficiente de

armazenamento da Formação São Sebastião.

Captações das águas subterrâneas da Formação São Sebastião ocorrem através

de poços acima de 100.00 m.

Formação Marizal apresenta águas de média a baixa potabilidade.

Os poços de exploração da Formação São Sebastião necessitam de cimentações

anelares, para isolamento da Formação Marizal.

Existência de falhamento geológico de médio porte.

Nível ponteciométrico próximo à superfície.

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11. CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS PARA IRRIGAÇÃO

A classificação das águas para fins de irrigação foi baseada em dados analíticos e em

coeficientes obtidos em função dos íons que, de algum modo, podem exercer um efeito

benéfico ou prejudicial sobre o solo.

A classificação americana, cujos critérios são adotados neste trabalho, estabelece

características importantes das águas para irrigação, devendo-se encarar os tipos de água nela

definidos em função do tipo de solo e das culturas que se pretende implantar. O “U.S. Salinity

Laboratory (LOGAN, 1965), define os seguintes parâmetros”:

1. Concentração total dos sais solúveis

2. Proporções relativas de sódio para com outros cátions.

3. Concentrações de bicarbonato em relação à concentração de cálcio mais

magnésio.

Este sistema leva em conta a condutividade elétrica a 25° C em micromhos, e a razão

de adsorção de sódio, recomendada devida a sua relação direta com a adsorção de sódio pelo

solo.

A razão de adsorção de sódio é definida pela equação rNa SAR =

1/2 (rCa+rMg)

A qualidade das águas para irrigação na área do módulo piloto foi determinada a

partir da classificação adotada pelo citado laboratório, cujos tipos são determinados através de

um gráfico semi-logarítimico, onde são plotados em abscissas os valores da condutividade

elétrica, em micromhos/cm, a 25° C e, em ordenadas, a razão de adsorção de sódio

(RAS),calculada a partir dos teores, em meq/l, de Na, Ca e Mg.

Plotados os valores foi identificado o seguinte tipo: C2-S1: Água de salinidade média

– Condutividade elétrica entre 250 e 750 µmhos/cm a 25° C (resíduo seco no intervalo de 160

a 480 mg/l). Baixo teor de sódio. Pode ser usada em culturas moderadamente tolerantes a sais

e em solos com condições de drenagem regular, com pequenos riscos de acumulação de

quantidades nocivas de sódio permutável, contudo, as lavouras sensíveis ao sódio podem

acumular concentrações prejudiciais.

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Figura 8 – Diagrama de SAR

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12. CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO E VULNERABILIDADE DOS AQUÍFEROS DA

ÁREA DO MÓDULO PILOTO

12.1 Condições de exposição da área do módulo piloto

Esses conceitos referem-se às relações das águas subterrâneas com o meio exterior,

que possam exercer modificações na conservação dos aquíferos, assim como a maior ou

menor facilidade dos mesmos serem afetados por carga contaminante.

Os principais fatores que são levados em consideração são: Relevo, nível de

urbanização, cobertura vegetal, graus de consolidação da rocha, tipo de ocorrência dos

aquíferos (surgente, confinado, semiconfinado, livre), litologia e a profundidade dos

aquíferos, fatores que determinam o grau de inacessibilidade hidráulica e a capacidade de

atenuação.

Na área do projeto piloto ocorre um sistema de aquíferos da Formação Marizal e São

Sebastião, com coberturas formadas de areia, silte, argila, resultantes da decomposição e

lixiviação da rocha original, onde predomina uma infiltração rápida, favorecida pelo relevo

plano e levemente ondulada.

Baseada nas condições de exposição a área do módulo está classificada como área de

recarga em coberturas inconsolidadas sobre aquíferos intergranulares de permeabilidade

média a alta, que favorece infiltrações rápidas, prejudicadas pelo relevo plano e levemente

ondulado.

12.2 Vulnerabilidade dos aquíferos da área do módulo piloto

O termo vulnerabilidade à contaminação dos aquíferos, é usado para representar as

características intrínsecas, que determinam a susceptibilidade de serem adversamente afetados

por uma carga contaminante (FOSTER, 1987).

A Vulnerabilidade do aquífero é função da:

a) Inacessibilidade hidráulica da penetração dos contaminantes.

b) Capacidade de atenuação dos estratos acima da zona saturada do aquífero,

como resultado de sua retenção física e reações químicas com o contaminante.

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Esses dois componentes da vulnerabilidade do aquífero interagem com os seguintes

componentes da carga contaminante no subsolo:

a) modo de disposição do contaminante no subsolo e em particular a magnitude

de qualquer carga hidráulica associada;

b) A classe do contaminante, em termos de sua mobilidade e persistência.

Esta interação determinará o tempo de resistência na zona não saturada e a demora

na chegada do contaminante ao aquífero. Estabelecerá também o grau de atenuação, retenção

ou eliminação, antes da chegada à zona saturada.

Os principais fatores que controlam a vulnerabilidade dos aquíferos à contaminação

antrópica são:

Tabela 4 – Fatores controladores da vulnerabilidade dos aquíferos à contaminação antrópica

Componentes da

vulnerabilidade dos

aquíferos à contaminação

DADOS HIDROGEÓLOGICOS

Idealmente requeridos Normalmente disponíveis

Inacessibilidade

hidráulica

Grau de confinamento do aquífero.

Profundidade do nível freático ou do

aquífero.

Conteúdo de unidade da zona não

saturada.

Condutividade hidráulica vertical do

aquiperm* ou aquitarde.

Tipo de contaminante

Profundidade da água

subterrânea

Capacidade de atenuação

Distribuição dos tamanhos dos grãos e

fissuras do aquiperm* ou aquitarde.

Mineralogia do aquiperm* ou matriz do

aquitarde.

Grau de consolidação/

fissuração do aquiperm*

ou aquitarde.

Característica litológica

do aquiperm* ou

aquitarde.

O termo aquiperm é usado aqui para definir estratos não-saturados sobre o nível

freático, que permite um livre movimento vertical de infiltração.

Utilizando-se dos parâmetros disponíveis, a área do módulo foi classificada como:

de vulnerabilidade baixa, que oferece algum perigo de contaminação, inclusive pelas

condições topográficas favoráveis, cujo relevo é semiplano ou pouco ondulado.

Entretanto, como a profundidade da zona saturada é geralmente maior que 30,00 m, a

ação de possíveis agentes contaminantes antrópicos é minimizada.

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A captação das águas nos poços são em aquíferos confinados, que estão bem

protegidos perigo de contaminação por fonte antrópica existe, embora em pequena escala.

Apesar da vulnerabilidade baixa da área, devemos observar que o cultivo e o manejo

agrícola do solo exerce uma grande influência na qualidade das águas subterrâneas e controla

fortemente as taxas de recarga dos aquíferos. Algumas práticas do uso do solo são capazes de

causar uma série contaminação por nutrientes e/ou pesticidas (agrotóxicos) (FOSTER, 1986);

e um aumento na salinidade das águas subterrâneas especialmente em regiões semiáridas.

Assim sendo, caso sejam utilizados agrotóxicos, será necessário um controle

rigoroso com monitoramento contínuo dos poços e aquíferos.

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13- ANÁLISE DO CUMPRIMENTO DAS CONDICIONANTES AMBIENTAIS

Na implantação do módulo foi necessário foram cumpridas algumas condicionantes

ambientais tais como:

Licenciamento ambiental junto ao CRA.

Obtenção de outorga da água junto ao INGÁ.

Obtenção de licença de supressão de vegetação junto ao CRA.

Utilização predominante de irrigação por gotejamento que consome menor

quantidade de água junto com o de aspersão de pequeno porte.

Proibição de utilização de agrotóxicos dentro dos projetos de irrigação.

Realização de curso de educação ambiental e manejo agrícola sustentável.

A Lei Estadual n. 7.799, de 07/02/2001 que institui a Política Estadual de

Administração dos Recursos Ambientais que visa assegurar o desenvolvimento sustentável e

a manutenção do ambiente propício à vida, em todas as suas formas observando os seguintes

princípios:

Preservação do meio ambiente mediante planejamento e administração,

medidas de precaução.

Prevenção controle e uso racional dos recursos ambientais.

Para que na implantação do módulo tais objetivos fossem cumpridos foram adotados

os seguintes procedimentos:

Mantida uma área de proteção permanente – APP de 19,43ha que são áreas

descritas nos arts. 2º e 3º da lei nº. 4.771/65, denominada de Código Florestal,

coberta ou não por vegetação nativa, com função ambiental de preservar os

recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o

fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das

populações humanas.

Instituída uma área de reserva legal de 62,16 ha que são áreas localizadas no

interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação

permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, a conservação

e reabilitação dos processos ecológicos, a conservação da biodiversidade e ao

abrigo e proteção da fauna e flora nativas.

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14. GESTÃO OPERACIONAL, AMBIENTAL E DE RECURSOS HIDRICOS –

DISTRITO DE IRRIGAÇÃO, TUCANO

Visando efetuar uma gestão operacional, ambiental e de recursos hídricos com

eficácia para garantir a sustentabilidade do projeto de irrigação de Horticultura Irrigada da

Bacia de Tucano foi criado o distrito de Irrigação de Tucano, foi fundado em 15 de julho de

2004 com prazo de duração indeterminado, situado na Fazenda Campinhos, no município de

Tucano, tendo como objetivo gerenciar o módulo piloto de irrigação do projeto nos aspectos

administrativos agrícola, ambiental e de recursos hídricos.

É regido pelo Estatuto Social e são objetivos gerais do distrito de irrigação de

Tucano, tendo como principais itens:

Administrar, operar e manter, conforme delegação de competência que lhe for

conferida, as obras de infraestrutura de uso comum do módulo da Fazenda

Campinhos, no município de Tucano, bem como os prédios de uso da

administração e de apoio às atividades do distrito.

Definir os critérios, a forma, o volume e os horários de distribuição da água

entre os irrigantes de lote irrigado, observando os planos de cultivo e de

irrigação previamente aprovados.

Estimular e apoiar o associativismo, incentivando a criação de entidades,

cooperativas ou representativas, que congreguem os irrigantes instalados nos

lotes do distrito.

Preservar a função social, a racionalidade econômica e a utilidade pública do

uso da água, dos solos irrigáveis e da infraestrutura coletiva.

Orientar os associados no que se refere à exploração agropecuária, com vistas a

compatibilizá-la ao uso comum da água e a preservação e manutenção da

infraestrutura coletiva e da reserva legal.

Proceder ao zoneamento de áreas nas quais foram implantadas as unidades

habitacionais e a infraestrutura social do distrito.

Determinar as medidas necessárias à proteção do meio ambiente e preservação

do solo e das reservas florestais e ecológicas e estabelecer normas relativas ao

controle de poluição ambiental e de manutenção da qualidade da água, em

comum acordo com a assistência técnica.

Fiscalizar as atividades desenvolvidas pelos irrigantes em seus lotes e aplicar

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as penalidades e/ou as multas pela inobservância das normas regulamentares do

distrito.

Propiciar serviços de assistência técnica, extensão rural e treinamento dos

irrigantes e dos trabalhadores. (SEAGRI 2006).

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15. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

15.1 Melhoria socioeconômica dos irrigantes

Foi constatado in loco que o primeiro módulo está atingindo os objetivos sociais tais

como:

Aumento da renda per capita dos irrigantes. A renda média atual de cada

provedor familiar está em torno de três salários mínimos vigentes, por mês

indicando um aumento substancial. Anteriormente, a maioria percebia uma

renda abaixo de um salário mínimo.

Como resultado da implantação do módulo, as famílias dos pequenos

agricultores rurais passaram a ter um núcleo habitacional com moradias bem

estruturadas, de três cômodos, em regime de comodato, com infraestrutura de

água e luz, gratuitas, passando a dispor de centro de saúde e social.

Maior acesso ao comercio local e aos estabelecimentos escolares através de

transporte gratuito cedido pela Prefeitura.

Diminuição das despesas familiares através do consumo dos seus próprios lotes

irrigados.

Acesso às técnicas agrícolas de irrigação e aprendizagem da comercialização

dos produtos irrigados.

Obtenção de financiamentos bancários.

Um dos procedimentos mais importantes para viabilização do projeto foi o Governo

do Estado, ter dado apoio integral através das suas secretarias estaduais e de suas empresas

para que o Projeto tivesse planejamento, verbas para a execução na implantação, sem custos

para os irrigantes. O governo assumiu todos os custos da implantação do projeto, inclusive os

que não estavam previstos, como as dívidas dos irrigantes, vindas das compras dos kits de

irrigação, financiadas pelo sistema bancário, quando os estes não tinham ainda produtividade

e rendimento para quitá-las. Outro fator importante é a energia elétrica até o presente

momento está sendo subsidiada pelo governo do Estado.

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15.2 Gestão ambiental e de recursos hídricos

Constou-se que o Projeto de Irrigação de Horticultura Irrigada para pequenos

produtores rurais da Bacia de Tucano estão embasados em premissas técnicas ambientais

consistentes, que podem torná-lo um projeto de grande cunho social, com sustentabilidade

ambiental e preservação dos recursos hídricos, podendo viabilizar a melhoria socioeconômica

dos irrigantes e da população direta e indiretamente envolvida, caso seja posto em prática a

gestão ambiental e de recursos hídricos planejados. Em um processo de melhoria continua

deverá ser realizado o monitoramento permanente dos aquíferos explorados.

Os impactos ambientais ocorridos durante a implantação do módulo piloto foram

irrelevantes diante do alcance social e do cumprimento das normas ambientais existentes.

Na implantação do módulo piloto, na Fazenda Campinhos foram adquiridos maiores

conhecimentos da Bacia Sedimentar de Tucano nas áreas: geologia, hidrogeologia, agricultura

irrigada, pedologia; política de recursos hídricos; vulnerabilidade dos aquíferos; preservação

ambiental; custos do projeto e equipamentos; selecionamento das culturas; comercialização

dos produtos; gestão ambiental e hídrica, que vão ser extremamente importante, para

implantação dos novos módulos aumentando a probabilidade do projeto ser bem sucedido e

alto sustentável.

Os novos conhecimentos da potencialidade hídrica da Bacia de Tucano confirmando

as suas grandes reservas; a qualidade das suas águas em algumas regiões; a qualidade dos

solos; do clima; e da existência de mercado consumidor, poderão ser viabilizadas as

implantações de novos módulos de irrigação nos municípios selecionados.

15.3 Metodologia de construções dos poços em consonância com as normas da ABNT

Avaliando o histórico das locações e construções dos poços verificou-se que os

mesmos foram locados e construídos seguindo as normas da ABNT: NBR 12212 – Projeto de

poço tubular profundo para captação de água subterrânea; NBR – 12244 – Construção de

poço tubular profundo para captação de água subterrânea; NBR – 13895 – Poços de

monitoramento.

Foram realizados serviços e definições técnicas que resultaram na proteção do

aquífero, tais como:

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72

Locações dos poços há uma distância mínima de 1.000,00m visando não

ocorrer interferência excessiva entre eles, e consequentemente um

rebaixamento acentuado do lençol freático.

Colocação de tubulão de proteção sanitária de 18,00m de profundidade nos

poços produtores visando à proteção sanitária dos aquíferos.

Isolamento dos aquíferos da formação Marizal com cimentação anelar, que

produzem águas salobras e salinizadas.

Construção de poços de monitoramento visando detectar as alterações dos

aquíferos e da qualidade da água ao longo da vida útil do projeto de irrigação.

Definição de vazões máximas de exploração (210,00m³/h) dos poços evitando

o superbombeamento e minimizando o risco de salinização dos aquíferos.

Implantação de uma metodoria de operação e manutenção dos poços com

controle diário, mensal e anual.

15.4 Recomendações para implantação dos próximos módulos

Recomendamos na implantação dos próximos módulos, um aperfeiçoamento na

gestão ambiental e hídrica; na construção e operacionalização dos poços observando os

seguintes itens:

Priorizar a pesquisa hidrogeológica e pedológica antes de selecionar as áreas

onde serão implantados os próximos módulos.

Evitar áreas onde ocorra grande espessura da Formação Marizal, que produz

águas salobras e salinizadas, visando obter as mesmas qualidades das águas do

módulo piloto explorando somente os aquíferos da Formação São Sebastião.

Executar o modelo de gerenciamento previsto no estatuto e no manual interno

do distrito de irrigação, que deve ser cumprido na integra, e aperfeiçoá-lo, para

implantação dos próximos módulos.

Planejar e executar as construções dos poços tubulares com maiores

prevenções, evitando impactos ambientais, principalmente nos testes de

bombeamento com grandes vazões.

Cumprir uma sistemática de monitoramento dos poços e dos aquíferos de

forma permanente e não esporádica como atualmente ocorre.

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Manter a proibição de uso de agrotóxicos nos cultivos irrigados do projeto

incentivando mais a agricultura orgânica.

Promover mais a educação ambiental, com cursos que priorizem o manejo de

resíduos sólidos e lixos dentro do centro habitacional.

Intensificar o controle do impacto ambiental advindo da irrigação incluindo

uma política intensiva de melhoria no manejo da irrigação. Esta política de

executar mais estudos, pesquisas e mais ações extensionistas sobre manejo da

irrigação.

Multiplicar os esforços visando conter a ação indiscriminada e predatória na

Bacia de Tucano, representada pela perfuração de poços mal construídos ou

sem projetos adequados, promovidos por entidades federais, estaduais

municipais e particulares.

Buscar a participação da sociedade no desenvolvimento dos programas

específicos na área, incentivando a criação de associações de usuários da água.

Trabalhar para conscientizar a população de que água e energia são bens

nobres, com disponibilidade cada vez mais limitada e de uso múltiplo.

Assim sendo, cada vez mais, nós técnicos que tratamos com gestão ambiental e

hídrica; construção de poços tubulares, devemos cuidar para que a irrigação utilizando água

subterrânea no país seja implementada com sustentabilidade ambiental, e que seus benefícios

não sejam ilusórios ou momentâneos de modo a gerar benefícios a curto, médio e longo

prazos, sem degradar o solo e o meio ambiente.

Portanto, pode-se afirmar que o uso racional e o crescimento bem planejado da

irrigação com água subterrânea pode ser realizada sem grande prejuízo para o meio ambiente,

são viáveis, ou seja, tem-se que pensar, ensinar e executar a irrigação com ênfase na

sustentabilidade ambiental.

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ANEXOS

FICHA DE POÇO PRODUTOR PP01 – FAZENDA CAMPINHOS - TUCANO

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ANÁLISE FISICO-QUÍMICA DO POÇO PRODUTOR PP 01

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FICHA DE POÇO PRODUTOR PP02 – FAZENDA CAMPINHOS - TUCANO

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PROJETO HORTICULTURA IRRIGADA NA BACIA DE TUCANO

MUNICÍPIO TUCANO FAZENDA CAMPINHOS

Equipe de Teste de Bombeamento e Geólogo Marco Peixinho

Dano Ambiental causado pelo teste de bombeamento no PP 02 na fazenda Campinhos

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