7
82 R. Periodontia - Dezembro 2009 - Volume 19 - Número 04 INTRODUÇÃO A Implantodontia moderna revolucionou as op- ções terapêuticas em Odontologia. A reabsorção que se segue a exodontia, muitas vezes compromete o volume ósseo remanescente, impedindo a instala- ção de implantes. Da mesma forma, pacientes que sofreram ressecções maxilares e pacientes vitimas de trauma de face, também apresentam grande dificul- dade reabilitadora (PALECKIS et. al, 2005). Para reabilitação de maxilas severamente reabsorvidas com próteses fixas implanto-suporta- das são necessários extensos procedimentos de enxertia óssea, para criar um volume suficiente para ancoragem dos implantes (PROLO & RODRIGO, 1985). Várias metodologias têm sido estudadas para a reconstrução do ossso perdido: enxertos ósseos autógenos, substitutos ósseos alógenos, xenógenos e aloplásticos; regeneração óssea guiada, distração osteogênica, fatores de crescimento e combinações destas referidas metodologias (PALECKIS et. al, 2005). Biologicamente, o enxerto ósseo autógeno consti- tui o padrão de comparação às outras metodologias para aumento ósseo, e continua sendo o material mais utilizado para a correção de defeitos esqueléticos adquiridos ou congênitos (GORDH & ALBERIUS, 1999). IMPLANTES ZIGOMÁTICOS X RECONSTRUÇÃO DE MAXILA COM ENXERTO DE ILÍACO – RELATO DE CASO CLÍNICO Zygomatic implants x reconstruction of jaw to iliac bone grafting - Case report Rogério de Lima Romeiro 1 , Pedro Carvalho Feitosa 2 , Rodrigo Santana Canôas 3 , Ana Carolina Cunha 4 RESUMO O tratamento da maxila atrófica é um dos maiores de- safios para a Implantodontia, pois além de restabelecer a função mastigatória, deve restaurar a forma da face. O osso da crista ilíaca é uma área doadora extrabucal amplamente utilizada para enxertos e reconstruções de maxilas severa- mente atróficas, por fornecer grande quantidade de osso medular e cortical, e possibilita a colocação de implantes em posição e comprimento ideais, com alta previsibilidade e bem-sucedida em longo prazo, além de recuperar o suporte labial. Hoje em dia o uso do implante zigomático desenvolvi- do por Brånemark na década de 1990 juntamente com a utilização da carga imediata em reabilitações maxilo-man- dibulares implantosuportadas aceleram o restabelecimento da função mastigatória do além de despontar como uma nova perspectiva aos pacientes com atrofia maxilar severa. Em um esforço para promover um procedimento livre de enxertos e oferecer uma solução que permita a carga ime- diata e simplificação do protocolo original, vário autores pesquisaram novas técnicas para sua instalação e altera- ções no design para aperfeiçoar os resultados estéticos e funcionais. O presente trabalho relata dois casos clínicos, sendo um demonstrando a realização de uma reabilitação total de maxila com implantes zigomáticos associados a convencionais e outro demonstrando a reconstrução de maxila com enxerto de ilíaco. UNITERMOS: 1 Professor Respo nsável pela disci plina de Implantodo ntia da Faculdade de Pindamo nhangaba - FAPI 2 Mestre em Implantodo ntia – UNISA – SP 3 Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial 4 Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial Recebimento: 10/09/09 - Correção: 30/10/09 - Aceite: 30/11/09 zigoma, carga imediata, implantes dentários. R Periodontia 2009; 19:82-88.

implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

  • Upload
    hahuong

  • View
    222

  • Download
    3

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

82

R. Periodontia - Dezembro 2009 - Volume 19 - Número 04

INTRODUÇÃO

A Implantodontia moderna revolucionou as op-

ções terapêuticas em Odontologia. A reabsorção que

se segue a exodontia, muitas vezes compromete o

volume ósseo remanescente, impedindo a instala-

ção de implantes. Da mesma forma, pacientes que

sofreram ressecções maxilares e pacientes vitimas de

trauma de face, também apresentam grande dificul-

dade reabilitadora (PALECKIS et. al, 2005).

Para reabilitação de maxilas severamente

reabsorvidas com próteses fixas implanto-suporta-

das são necessários extensos procedimentos de

enxertia óssea, para criar um volume suficiente para

ancoragem dos implantes (PROLO & RODRIGO,

1985). Várias metodologias têm sido estudadas para

a reconstrução do ossso perdido: enxertos ósseos

autógenos, substitutos ósseos alógenos, xenógenos

e aloplásticos; regeneração óssea guiada, distração

osteogênica, fatores de crescimento e combinações

destas referidas metodologias (PALECKIS et. al, 2005).

Biologicamente, o enxerto ósseo autógeno consti-

tui o padrão de comparação às outras metodologias

para aumento ósseo, e continua sendo o material

mais util izado para a correção de defeitos

esqueléticos adquiridos ou congênitos (GORDH &

ALBERIUS, 1999).

IMPLANTES ZIGOMÁTICOS X RECONSTRUÇÃO DEMAXILA COM ENXERTO DE ILÍACO – RELATO DE CASOCLÍNICOZygomatic implants x reconstruction of jaw to iliac bone grafting - Case report

Rogério de Lima Romeiro1, Pedro Carvalho Feitosa2, Rodrigo Santana Canôas3, Ana Carolina Cunha4

RESUMO

O tratamento da maxila atrófica é um dos maiores de-

safios para a Implantodontia, pois além de restabelecer a

função mastigatória, deve restaurar a forma da face. O osso

da crista ilíaca é uma área doadora extrabucal amplamente

utilizada para enxertos e reconstruções de maxilas severa-

mente atróficas, por fornecer grande quantidade de osso

medular e cortical, e possibilita a colocação de implantes

em posição e comprimento ideais, com alta previsibilidade

e bem-sucedida em longo prazo, além de recuperar o

suporte labial.

Hoje em dia o uso do implante zigomático desenvolvi-

do por Brånemark na década de 1990 juntamente com a

utilização da carga imediata em reabilitações maxilo-man-

dibulares implantosuportadas aceleram o restabelecimento

da função mastigatória do além de despontar como uma

nova perspectiva aos pacientes com atrofia maxilar severa.

Em um esforço para promover um procedimento livre de

enxertos e oferecer uma solução que permita a carga ime-

diata e simplificação do protocolo original, vário autores

pesquisaram novas técnicas para sua instalação e altera-

ções no design para aperfeiçoar os resultados estéticos e

funcionais. O presente trabalho relata dois casos clínicos,

sendo um demonstrando a realização de uma reabilitação

total de maxila com implantes zigomáticos associados a

convencionais e outro demonstrando a reconstrução de

maxila com enxerto de ilíaco.

UNITERMOS:

1 Professor Responsável pela disciplina de Implantodontia da Faculdade de Pindamonhangaba - FAPI

2 Mestre em Implantodontia – UNISA – SP

3 Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial

4 Residência em Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial

Recebimento: 10/09/09 - Correção: 30/10/09 - Aceite: 30/11/09

zigoma, carga imediata, implantes

dentários. R Periodontia 2009; 19:82-88.

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM82

Page 2: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

R. Periodontia - 19(4):82-88

83

Esses procedimentos de enxertia autógena incluem re-

moções de crista de ilíaco, tíbia, calota craniana entre ou-

tros, muitas vezes com necessidade de enxertos on lay

concomitantes com elevação bilateral da membrana sinusal

e, às vezes, até uma osteotomia tipo Le Fort I (GORDH &

ALBERIUS, 1999).

A importância do enxerto ósseo autógeno como uma

metodologia de aumento ósseo pode ser ilustrada pelo fato

do osso ser o segundo tecido mais transplantado, a exceção

apenas do tecido sangüíneo. A previsibilidade alcançada com

o enxerto ósseo autógeno é explicada pelo fato dessa

metodologia ser a única a fornecer ao leito receptor células

com capacidade de neoformação óssea, fatores de cresci-

mento e um arcabouço ósseo imunologicamente idêntico

ao leito receptor. Além disso, o enxerto ósseo autógeno tem

a capacidade de restaurar a estabilidade estrutural e mecâ-

nica original, fornecendo um resultado estético compatível

(PROLO & RODRIGO, 1985).

Esses enxertos, porém, necessitam de um período de

seis meses para se consolidarem, para que então possamos

fixar os implantes dentários. Além disso, a taxa de sucesso

desse procedimento é de 76-84% (BALSHI et. al, 2003). Esse

tempo de tratamento, aliado a taxa de sucesso torna a téc-

nica inaceitável para a maioria dos pacientes.

O advento dos implantes zigomáticos trouxe uma nova

alternativa de reabilitação de maxilas atróficas. A técnica foi

desenvolvida por Brannemark em 1989 relatando um total

de 164 implantes em 81 pacientes com taxa de sucesso de

97%. Desde então os implantes zigomáticos vêm sendo uti-

lizados com frequência pelos profissionais, com uma eleva-

da taxa de sucesso (BALSHI & WOLFINGER, 2003; HIRSCH

et. al, 2004; LANDES, 2005).

A utilização de implantes zigomáticos permite uma an-

coragem no osso zigomático, evitando a necessidade de re-

construção óssea alveolar com enxertos ósseos em pacien-

tes com reabsorção maxilar moderada a severa. A combina-

ção de implantes zigomáticos e convencionais submetidos

à carga imediata possibilita ao paciente um maior conforto e

a redução do tempo do tratamento (BEDROSSIAN et. al,

2003; LEKHOLM, 2003; MALEVEZ et. al, 2004;

PEÑARROCHA et. al, 2005; RIGOLIZZO et. al, 2005;

AHLGREN et. al, 2006; BEDROSSIAN et. al, 2006).

O objetivo do presente trabalho é relatar um caso clíni-

co de reabilitação total de maxila com a utilização de im-

plantes zigomáticos associado à convencionais na maxila sub-

metidos à carga funcional imediata e protocolo em mandí-

bula; e um caso clínico de reconstrução de maxila com en-

xerto de ilíaco, onde será discutido as vantagens e desvan-

tagens das duas técnicas.

RELATO DO CASO CLÍNICO DE ENXERTO DE

ILÍACO

Avaliação pré-cirúrgica

Paciente R. F. C. L., 46 anos apresentou-se à clínica com

extensa perda óssea em região de maxila, com histórico de

perda dos elementos dentários há 30 anos aproximadamen-

te. A paciente já tinha sido submetida à cirurgia bariátrica e

posterior cirurgia plástica e procurou a clínica para tentativa

de recuperar a função e estética na maxila.

Tratamento

Em virtude da extensão da perda óssea observada na

análise clínica e radiográfica, propô-se à paciente a recons-

trução da área com enxerto de crista de ilíaco ou a instala-

ção de implantes zigomáticos. Como a paciente apresenta-

va uma grande preocupação com a estética, optamos pela

realização da técnica de reconstrução da maxila atrófica com

enxertia para só posteriormente receber implantes dentários

e em seguida a prótese. Foi solicitada radiografia

panorâmica, tomografia computadorizada e prototipagem

de maxila (Figuras 1 e 2), além de hemograma,

coagulograma, glicemia, cálcio, fosfatase alcalina, creatinina

e urina tipo I e a paciente foi ainda submetida à avaliação

pré-anestésica e cardiológica. A paciente foi submetida à ci-

rurgia de enxerto ósseo extra-oral de crista de ilíaco, sob

anestesia geral. Foi realizada incisão crestal em toda

extensão da maxila e descolamento muco periostal (Figura

3). Posteriormente a região anterior foi preenchida com 4

blocos cortico-medulares de ilíaco (Figura 4) e após o

levantamento dos seios maxilares, os mesmos foram

preenchidos com osso medular de ilíaco associado a osso

cortical particulado e osso bovino. Os espaços entre os

blocos foram preenchidos com medular de ilíaco e osso

bovino (Figura 5) e, em seguida, realizada a sutura

(Figura 6). No pós-operatório imediato, a paciente se quei-

xava apenas de incômodo na região da área doadora.

Recebeu alta hospitalar no dia seguinte ao da internação e

foi medicada com Cefalexina 500 mg por 7 dias e

Cetoprofeno 100 mg por 4 dias. Após uma semana foram

removidas as suturas.

Para que a prótese não fizesse pressão sobre o enxerto

foi necessária a remoção da resina vestibular.

Consequentemente, para sua estabilidade durante o perío-

do de integração do enxerto, antes da fixação dos blocos,

foram instalados dois implantes tipo MDL - Intralock® de 2

mm de diâmetro por 13 mm de comprimento (Figura 4) para

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM83

Page 3: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

R. Periodontia - 19(4):82-88

84

Figura 1 – Tomografia Computadorizada inicial

Figura 2 – Prototipagem de maxilla

Figura 3 – Descolamento da maxila

Figura 4 – Instalação dos implantes MDL e fixação dos blocos na região anterior

Figura 5 - Preenchimento dos dois seios maxilares e das interfaces entre os blocos com medularde ilíaco e osso bovino

Figura 6 – Sutura

fixação da prótese total como uma overdenture imediata,

ativada 7 dias após a cirurgia.

RELATO DO CASO CLÍNICO DE IMPLANTE

ZIGOMÁTICO

Avaliação pré-cirúrgica

Paciente V.G.M. 46 anos, gênero feminino, apresentou-

se na clínica com uma prótese total convencional superior e

um protocolo inferior sobre implantes, queixando-se de ins-

tabilidade e desconforto com a utilização da prótese total

superior. Após a análise clínica e radiográfica (Figuras 7 e 8)

pode-se observar a atrofia maxilar em espessura e altura com

comprometimento do seio maxilar bilateral.

Tratamento

A proposta apresentada foi a reconstrução da maxila com

enxerto autógeno ou a reabilitação com implantes

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM84

Page 4: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

R. Periodontia - 19(4):82-88

85

Figura 8- Atrofia maxilar. Análise radiográfica.

Figura 7- Atrofia maxilar. Análise Clínica Figura 10- Implantes zigomáticos instalados.

Figura 9- Incisão e descolamento do retalho mucoperiostal.

Figura 11- Dois implantes convencionais instalados juntamente com os implantes zigomáticos.

Figura 12- Sutura e Instalação dos transferentes.

zigomáticos associados a implantes convencionais submeti-

dos à carga imediata. Após avaliar os prós e os contras das

duas técnicas, a paciente por ansiar uma melhora na função

mastigatória de maneira rápida optou pela realização do

implante zigomático submetido à carga imediata. Após aná-

lise dos exames pré-cirúrgicos e avaliação do médico

cardiologista, a paciente foi submetida à cirurgia sob anestesia

geral. Após incisão e descolamento do retalho mucoperiostal

(Figura 9) foram instalados dois implantes zigomáticos (SIN®)

de comprimento de 52 mm de cada lado e dois implantes

convencionais (Try On®-SIN) de 3,75 mm de diâmetro por

11,5 mm de comprimento de hexágono externo (Figuras 10

e 11) seguida da imediata colocação dos mini abutments.

Posteriormente foi realizada a sutura e a instalação dos

transferentes (figuras 12).

Após um dia de internação foi realizada a confecção da

prótese fixa implanto suportada superior e inferior (Figuras

13 e 14).

A paciente apresentou-se extremamente satisfeita com

a estética e com o conforto proporcionado pela prótese.

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM85

Page 5: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

R. Periodontia - 19(4):82-88

86

DISCUSSÃO

A implantodontia vem passando por avanços nos últi-

mos anos. Alguns conceitos têm mudado com o advento

da carga imediata e dos implantes zigomáticos. O referido

trabalho demonstrou dois casos clínicos com opções dife-

rentes de reabilitação em pacientes com maxila atrófica. Os

tratamentos propostos apresentam uma ampla indicação e

elevado índice de sucesso (GORDH & ALBERIUS, 1999;

PEÑARROCHA et. al, 2005; RIGOLIZZO et. al, 2005;

AHLGREN et. al, 2006; BEDROSSIAN et. al, 2006).

Um caso como do paciente 1 onde optamos pela colo-

cação de enxertos ósseos, com o uso de uma área doadora

extrabucal, poderia também ser reabilitado com a utilização

dos implantes zigomáticos com carga imediata que apre-

sentam um índice de sucesso e satisfação do paciente se-

melhante, em um tempo menor (RIGOLIZZO et. al, 2005;

AHLGREN et. al, 2006; BEDROSSIAN et. al, 2006) e com

um menor índice de complicações e maior índice de satisfa-

ção quando comparado a tratamentos reabilitadores com

enxerto em maxila (HANIHARA et. al, 1998; BOYES-VARLEY

et. al, 2003; FARZAD et. al, 2006).

Vários autores (HIRSCH et. al, 2004; AHLGREN et. al,

2006; BEDROSSIAN et. al, 2006) avaliaram a viabilidade da

instalação de implantes zigomáticos e convencionais colo-

cados em pacientes com atrofia maxilar, observando uma

taxa de sucesso de 100% nos implantes zigomáticos. Além

disso, observaram que uma alta taxa de sobrevida, a dimi-

nuição da morbidade e a função imediata tornam os im-

plantes zigomáticos uma alternativa excelente para reabili-

tação de maxilas atróficas.

Implantes Zigomáticos são capazes de reabilitar maxilas

severamente comprometidas com próteses submetidas à

Figura 14- Prótese superior e inferior acrilizadas e instaladas.

Figura 13- Prova dos dentes e oclusão. carga imediata e sendo capaz de melhorar a qualidade de

vida de pacientes sem a necessidade de enxertias ósseas

extensas (HANIHARA et. al, 1998; BOYES-VARLEY et. al, 2003;

HIRSCH et. al, 2004; FARZAD et. al, 2006).

Entretanto, a reconstrução de maxilas atróficas com

enxerto, apesar de ser um tratamento mais extenso, possui

excelentes índices de sucesso e a possibilidade de uma cor-

reção estética e funcional mais adequada (PROLO &

RODRIGO, 1985; GORDH & ALBERIUS, 1999). Freilich e

Sandor (2006) avaliaram histologicamente e por densitometria

óptica a reparação de defeitos em mandíbulas de rato que

receberam enxertos de ilíaco. Um defeito ósseo bicortical foi

criado em mandíbulas de 25 ratos wistar no ramo da mandí-

bula e preenchidos com um bloco de enxerto de ilíaco. Os

animais foram divididos em cinco grupos, com cinco ani-

mais cada, que foram sacrificados em 1, 7 e 14 dias e um e

três meses. O estudo mostrou que enxerto autógeno de

ilíaco promoveu a reparação de defeitos em mandíbula com

completa remodelação.

O uso de enxertos de crista ilíaca associando enxer-

tos onlay e seio concomitantemente permite uma boa re-

construção da maxila atrófica apresentando 92,7% de su-

cesso após seis meses de instalação da prótese (Neyt et. al,

1997). A grande vantagem desta técnica é que na maioria

dos casos, o resultado obtido através da reconstrução tam-

bém permiti a execução das próteses sem a necessidade de

compensação através de acrílico (Nystron et. al, 2004).

O sucesso de todo tratamento está no planejamento

adequado e na sua execução criteriosa. Tanto a utilização

de área doadora extrabucal para reabilitação de defeitos

maxilares como a utilização dos implantes zigomáticos sa-

tisfazem os anseios funcionais do paciente. Cabe a nós ava-

liarmos parâmetros como idade do paciente e expectativas

funcionais e estéticas para sabermos indicar a melhor opção

para cada caso.

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM86

Page 6: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

R. Periodontia - 19(4):82-88

87

CONCLUSÃO

O uso dos implantes zigomáticos associados aos implan-

tes convencionais proporciona a possibilidade de reabilita-

ções totais imediatas, aumentando o nível de satisfação do

paciente com um elevado índice de sucesso. Em

contrapartida, a reconstrução de maxilas atróficas com en-

xertos ósseos apesar de ser um tratamento mais demorado

permite uma reabilitação protética mais estética, muitas ve-

zes devolvendo o suporte labial ao paciente, além de uma

condição funcional mais agradável.

ABSTRACT

The treatment of atrophic maxilla is one of the biggest

challenges for dental implants, as well as restore the

masticatory function should restore the shape of the face.

The bone from the iliac crest donor site is a headgear widely

used for grafts and reconstruction of severely atrophic jaws

by providing large amounts of cortical and cancellous bone,

and allows the placement of implants in ideal position and

length, with high predictability and successful long term, and

recover the support lip.

Nowadays the use of the zygomatic implant developed

by Branemark in the 1990s with the use of immediate loading

in Rehabilitation maxillo-mandibular implant supported

accelerate the restoration of masticatory function of the

patient also emerge as a new approach to patients with

severe maxillary atrophy. In an effort to promote a free graft

procedure and offer a solution to the immediate load and

simplification of the original protocol, various authors have

investigated new techniques for their installation and design

changes to improve the aesthetic and functional results. This

paper describes two cases, one showing the performance

of a complete rehabilitation of the maxillary with zygomatic

implants associated with conventional and other

demonstrating the reconstruction of maxilla with iliac graft.

UNITERMS: zigomatic implant, dental implant,

immediate loading

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM87

Page 7: implantes zigomáticos x reconstrução de maxila com enxerto de

R. Periodontia - 19(4):82-88

88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- Paleckis, LGP et al. Enxerto ósseo autógeno - Por que e como utiliza-lo.

Revista ImplantNews 2005;2(4 ):369-74.

2- Prolo, DJ & Rodrigo, JJ. Contemporary bone graft physiology and surgery.

Clin. Orthop. Rel. Res. 1985:200:322-4.

3- Gordh, M & Alberius, P. Some basic factors essential to autogenic

nonvascularized onlay bone grafting to the craniofacial skeleton. Scand.

J. Plast. Reconstr. Hand. Surg. 1999;33:129-46.

4- Balshi TJ, Wolfinger GJ, Petropoulos VC. Quadruple zygomatic implant

support for retreatment of resorbed iliac crest bone graft transplant.

Implant Dent. 2003;12(1):47-53.

5- Balshi TJ, Wolfinger GJ. Management of the posterior maxilla in the

compromised patient: historical, current, and future perspectives.

Periodontol 2000. 2003;33:67-81.

6- Hirsch JM, Ohrnell LO, Henry PJ, Andreasson L, Brånemark PI, Chiapasco

M, Gynther G, Finne K, Higuchi KW, Isaksson S, Kahnberg KE, Malevez

C, Neukam FW, Sevetz E, Urgell JP, Widmark G, Bolind P. A clinical

evaluation of the Zygoma fixture: one year of follow-up at 16 clinics. J

Oral Maxillofac Surg. 2004 Sep;62(9 Suppl 2):22-9.

7- Landes CA. Zygoma implant-supported midfacial prosthetic

rehabilitation: a 4-year follow-up study including assessment of quality

of life. Clin Oral Implants Res. 2005 Jun;16(3):313-25.

8- Bedrossian E, Stumpel L 3rd, Beckely ML, Indresano T. The zygomatic

implant: preliminary data on treatment of severely resorbed maxillae.

A clinical report. Int J Oral Maxillofac Implants. 2002 Nov-Dec;17(6):861-

5. Erratum in: Int J Oral Maxillofac Implants. 2003 Mar-Apr;18(2):292.

9- Lekholm U. Immediate/early loading of oral implants in compromised

patients. Periodontol 2000. 2003;33:194-203.

10. Malevez C, Abarca M, Durdu F, Daelemans P. Clinical outcome of 103

consecutive zygomatic implants: a 6-48 months follow-up study. Clin

Oral Implants Res. 2004 Feb;15(1):18-22.

11- Peñarrocha M, Uribe R, García B, Martí E. Zygomatic implants using

the sinus slot technique: clinical report of a patient series. Int J Oral

Maxillofac Implants. 2005 Sep-Oct;20(5):788-92.

12- Rigolizzo MB, Camilli JA, Francischone CE, Padovani CR, Brånemark

PI. Zygomatic bone: anatomic bases for osseointegrated implant

anchorage. Int J Oral Maxillofac Implants. 2005 May-Jun;20(3):441-7.

13- Ahlgren F, Størksen K, Tornes K. A study of 25 zygomatic dental implants

with 11 to 49 months' follow-up after loading. Int J Oral Maxillofac

Implants. 2006 May-Jun;21(3):421-5.

14- Bedrossian E, Rangert B, Stumpel L, Indresano T. Immediate function

with the zygomatic implant: a graftless solution for the patient with

mild to advanced atrophy of the maxilla. Int J Oral Maxillofac Implants.

2006 Nov-Dec;21(6):937-42.

15- Farzad P, Andersson L, Gunnarsson S, Johansson B. Rehabilitation of

severely resorbed maxillae with zygomatic implants: an evaluation of

Endereço para correspondência:

Rogério de Lima Romeiro

Av. Presidente Roosevelt, 98 - apto 602E - Vila Zélia

CEP: 12606-290 – Lorena - SP

E-mail: [email protected]

implant stability, tissue conditions, and patients' opinion before and

after treatment. Int J Oral Maxillofac Implants. 2006 May-Jun;21(3):399-

404.

16- Hanihara T, Ishida H, Dodo Y. Os zygomaticum bipartitum: frequency

distribution in major human populations. J Anat. 1998 May;192 ( Pt

4):539-55.

17- Boyes-Varley JG, Howes DG, Lownie JF. The zygomaticus implant

protocol in the treatment of the severely resorbed maxilla.SADJ. 2003

Apr;58(3):106-9, 113-4.

18- Freilich MM, Sandor GK. In-Offi ce iliac crest bone harvesting for

periimplant jaw reconstruction.J Can Dent Assoc 2006;72(6):543-7.

19- Neyt LF, Clercq CAS, Abeloos JV, Mommaerts MY. Reconstruction of

the severely resorbed maxilla with a combination of sinus augmentation,

onlay bone graftin, and implants. J Oral Maxillof Surg 1997;55:1397-

401.

20- Nystrom E, Ahlqvist J, Gunne J, Kahnberg KE. 10 - year follow-up of

onlay bone grafts and implants in severely reabsorbed maxillae. Int J

Orla Maxillofac Surg 2004;33:258-62.

periodez2009 01-02-10.pmd 6/8/2010, 10:19 AM88