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CENTRO UNIVERSITRIO DE BRASLIA UNICEUB FACULDADE DE CINCIAS DA SADE FACS CURSO DE PSICOLOGIA
IMPLICAES DAS CARACTERSTICAS COMPORTAMENTAIS DO TERAPEUTA SOBRE O
TRATAMENTO DO AUTISTA
PMELA LUANA JCOME MACDO
BRASLIA
NOVEMBRO/ 2005
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PMELA LUANA JCOME MACDO
IMPLICAES DAS CARACTERSTICAS
COMPORTAMENTAIS DO TERAPEUTA SOBRE O
TRATAMENTO DO AUTISTA
Monografia apresentada como
requisito para concluso do curso
de Psicologia do UniCEUB Centro
Universitrio de Braslia
Prof. orientador: Geison Isidro
Marinho
Braslia/DF, Novembro de 2005
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Dedico aos profissionais que
trabalham com crianas autistas, a essas
crianas e suas famlias.
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Agradeo a todos que, de alguma forma, contriburam para o
desenvolvimento e concluso desta. Em especial a Deus, minha
famlia, ao Danilo, aos amigos e ao professor orientador.
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SUMRIO
Resumo .................................................................................................................... 06
Introduo ................................................................................................................. 07
Captulo I Histrico e Definies do Autismo ........................................................ 10
Captulo II O Tratamento para o Autismo e seu Histrico ..................................... 15
Captulo III Avanos do Tratamento com a Anlise do Comportamento ............... 21
Captulo IV A Relao Teraputica e as Posturas do Terapeuta .......................... 28
Concluso ................................................................................................................. 35
Referncias Bibliogrficas ........................................................................................ 37
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RESUMO
O objetivo do presente trabalho consiste em averiguar, por meio de reviso bibliogrfica, as implicaes das caractersticas comportamentais que do terapeuta sobre o tratamento do autista. As manifestaes do Transtorno Autista, tambm chamado de autismo infantil precoce, autismo da infncia e autismo de Kanner, variam de acordo com nvel de desenvolvimento e da idade do sujeito. Sendo que, suas principais caractersticas so o desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interao social e da comunicao e um repertrio muito restrito de atividades e interesses. O tratamento vem evoluindo a cada ano que passa, tanto na rea escolar como na mdica. De uma forma geral, a abordagem destas crianas semelhante do deficiente mental grave, usando-se tcnicas comportamentais visando a induo de uma normalizao de seu desenvolvimento e lhes ensinado noes bsicas de funcionamento. Dentre os objetivos da terapia comportamental devem conter o desenvolvimento de repertrios de contra-controle e da autonomia, alm do descondicionamento das respostas indesejveis. Quando realizada com crianas, deve incluir a orientao e o treinamento dos pais. O termo Terapia Comportamental utilizado para qualquer uma das vrias tcnicas especficas que utilizam princpios psicolgicos (especialmente de aprendizado) para adquirir, mudar ou transformar construtivamente o comportamento humano. O atendimento ao cliente, dentro dessa viso, inclui a avaliao inicial, estudo do problema que ele traz, delimitao de metas, escolha de tcnicas e procedimentos, implementao, avaliao passo a passo, avaliao final e seguimento. a influncia das caractersticas do terapeuta sobre o estabelecimento e a manuteno da relao teraputica, de suma importncia na terapia. Esse profissional deve estar habilitado no s para a aplicao de tcnicas, mas tambm para a responsabilidade de construir um relacionamento que seja em si teraputico. Como caractersticas necessrias ao terapeuta, a literatura aponta, de uma forma geral, a postura emptica e compreensiva, a aceitao desprovida de julgamentos, a autenticidade, a autoconfiana e a flexibilidade na aplicao de tcnicas e alguns comportamentos gestuais para uma boa relao teraputica. Quanto aos programas de tratamento, a maior preocupao se refere generalizao da modificao do comportamento para outros ambientes, situaes e pessoas, uma vez que essas intervenes so administradas em ambientes isolados, como clnicas, instituies e escolas especializadas. Outra dificuldade existente que essas intervenes requerem treinamento especializado de todas as pessoas que lidam com a criana. Sendo igualmente importante considerar o responder especfico de cada cliente.
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O objetivo do presente trabalho consiste em averiguar, por meio de reviso
bibliogrfica, as implicaes das caractersticas comportamentais do terapeuta sobre
o tratamento do autista.
A Classificao Internacional de Doenas Mentais (CID) e o Manual de
Diagnstico e Estatstica de Doenas Mentais (DSM) criaram a categoria
Diagnstico dos Distrbios Globais do Desenvolvimento e Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento (TID), onde est incluso o Autismo. Os TID afetam a interao
social, a comunicao e o comportamento, com uma alta prevalncia, que pode
chegar a cinco casos por 1.000 crianas, cuja razo sexual de 4:1 entre homens e
mulheres (Carvalheira e cols, 2004).
Os Transtornos Invasivos do Desenvolvimento caracterizam-se por prejuzo
severo e invasivo em diversas reas do desenvolvimento. So elas: habilidades da
interao social recproca, habilidades de comunicao, ou presena de
comportamentos, interesses e atividades estereotipadas. Os prejuzos qualitativos
que definem essas condies representam um desvio acentuado em relao ao
nvel de desenvolvimento ou idade mental do indivduo. No DSM IV so citados em
TID: Transtorno Autista, Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infncia,
Transtorno de Asperger e Transtorno Invasivo do Desenvolvimento sem outra
especificao. Geralmente, esses transtornos se manifestam nos primeiros anos de
vida, e freqentemente, podem estar associados com algum grau de Retardo Mental
(www.autismo.med.br).
O transtorno autista, sendo uma condio crnica caracterizada pelo prejuzo
grave e invasivo em diversas reas do desenvolvimento (Bastos e Mendes, 2001),
surge em populaes e em raas diferentes, bem como em todas as regies do
mundo (Leboyer, 1995).
Vrios artigos de reviso crtica sobre o transtorno relatam que, uma
sndrome das mais difceis de compreender, devido seu espectro varivel de
gravidade, mudana peridica de sintomas, confuso, inconsistncia na nosologia
(cincia que classifica as doenas) e falta de sinais fsicos especficos. O
comportamento da criana dificulta a coleta de dados adequados e concretos sobre
o seu desenvolvimento, o que torna o diagnstico difcil (Ornitz e cols, 1997). Esse,
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por sinal, dever resultar de um minucioso histrico do paciente e inqurito familiar a
respeito das habilidades cognitivas e comportamentais do mesmo (Carvalheira e
cols, 2004).
Gauderer (1997) afirma que poucos distrbios ou doenas causam mais
perplexidade, confuso, ansiedade e incomodam o ser humano como os
psiquitricos. H preconceitos e estigmas formados, desinformao e fantasias a
cerca desses distrbios, e o Autismo um deles. As doenas psiquitricas ou
comportamentais so reconhecidas e diagnosticadas com dificuldade. No ,
necessariamente, de difcil identificao, porm elas levam os profissionais a
questionarem sobre si mesmos, sobre o prprio comportamento.
Os transtornos psiquitricos infantis crnicos podem ser muito graves, e
possuem ndices e graus de melhora relativos. Pode ser que, devido a esse fato, os
modelos de tratamento persistem em programas de assistncia, combinados com
intervenes medicamentosas ou no e psicoteraputicas, desenvolvidos em
ambientes isolados da comunidade (Bastos e Mendes, 2001).
Como ocorre em psicoterapia, a modificao do comportamento adequada
para determinadas crianas autistas, com sintomas especficos, num nvel de
desenvolvimento. Essas crianas apresentam enormes variaes de capacidade
intelectual, uso e compreenso da fala, nvel global do desenvolvimento, idade da
criana ao receber tratamento, gravidade dos distrbios e contexto familiar. A
eficcia do tratamento, ento, pode ser determinada a priori pelo nvel de
intensidade do distrbio (Ornitz,1997).
Segundo Camargos Jr (2001), as sndromes e quadros do espectro autstico
so os mais complexos da psiquiatria infantil e, portanto, os de tratamento mais
difceis. Isolando a questo de que o incio dos sinais ocorre j ao nascimento, ou
em prazo muito pequeno da idade do autista, verifica-se que isso gera vrias
particularidades restritivas. Por gerarem uma criana doente, os pais so afetados,
no sentido de no gerarem a funo de pais num ambiente normal. Se essa
criana for o primeiro filho, essa frustrao pode ser maior, por no terem tido a
experincia do filho sem o transtorno, nem uma referncia de comparao entre o
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desenvolvimento do autista e do no-autista, o que gera insegurana quanto a ter
outros filhos (www.autismo.med.br).
A socializao da famlia tambm pode ser afetada, pois ela se v impedida
de ir aos eventos tradicionais, como festas e visitas sociais. Isso pode acontecer
pelo comportamento da criana, pela proteo de si mesmo diante dos outros e
pelas perguntas sobre a condio do filho, que possam surgir. A maneira com que
os pais lidam com esses pontos pode influenciar de forma significativa o percurso de
suas vidas (www.a