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importante e - SIEEESP

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O que podemos melhorar na sala de aula?

Matéria de Capa4

Férias - o avanço nas relações empregatícias

Férias Trabalhistas10

Errantes e sofridos

Reflexão14

[email protected]

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

Expediente

OUTUBRO DE 2018 - Edição 247

PRODUçãO EDiTORial

Editora-chefe:• Gisele Carmona - MTB 0085361/SP

assessoria de imprensa:• Gisele Carmona • Ygor Jegorow - MTB 0086640/SP

Editor gráfico• Balduíno Ferreira Leite

Reportagem e Redes sociais:• Ygor Jegorow

Colaboradores:• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino • Ulisses de Souza• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues www.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107 - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

impressão: Coktail - Gráfica e Editora

DiRETORia

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DiRETORES DE REgiOnaiS

aBCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

araçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

Bauru(14) 3227-8503

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

guarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

MaríliaLuiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos CamposMaria Helena Bitelli Baeza Sezaretto - (12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Desenvolvimento com uso de tecnologia

Língua Estrangeira16

Regional de São José dos Campos foi a penúltima a receber a Jornada de Palestras do Sieeesp

Jornada Regional18

gestor, uma questãode meritocracia

Gestão20

Curso do Sieeespatrai professoresem Marília

Artesanato22

Considerações sobre a implantação do jogo de xadrez nas escolas

Responsabilidade Digital24

a tecnologia de Reconhecimento Facial a serviçoda educação

Tecnologia26

ViagemEducacional 2019

Viagem Sieeesp28

Obrigações52

Cursos54

Minha escola teráque se tornar uma escola bilíngue?

Bilinguismo36

Por uma educação crítica social

Práticas Educacionais40

Colégio auxiliadora, de Ribeirão Preto, comemora 100 anos

Centenário42

infância: a arte como agente transformador

Arte44

Libras32Dia nacional do Surdo: comemorações edemandas educacionais necessárias

Evidências e necessidades de um novo modelo para a educação básica

Educação Básica48

ERRaTa: na edição anterior, na página 14, a foto da articulista Fátima alves foi trocada.ao lado, a foto correta.

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É notório que a maioria dos cidadãos brasileiros anda desanimada com a

política praticada no Brasil. No en-tanto, votar de forma consciente é uma obrigação de cada um. Se elegermos mal nossos represen-tantes, nós mesmos vamos sofrer as consequências por, no mínimo, mais quatro anos.

É preciso eleitor, que você tenha paciência para analisar o passado de cada candidato. Se ele já exerce um cargo político, busque informações sobre a atua-ção dele no respectivo Poder onde ele ocupa uma cadeira. Também veja se foi alvo de investigação da Polícia Federal e se foi condenado.

Desde 2016, a operação Lava Jato cumpriu mais de mil man-dados de busca e apreensão, de prisão temporária e preventiva e de condução coercitiva ao apurar esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina. Basta uma busca no Google para saber quem são eles.

Falta de tempo ou de informa-ção não pode ser justificativa para votar mal. As redes sociais escan-cararam o debate e, hoje, ao lado

VOTaR BEMÉ RESPOnSaBiliDaDE DE

CaDa UM

dos tradicionais meios de comu-nicação, permitem que o eleitor conheça melhor os candidatos.

Mas é preciso ter cuidado com as notícias falsas. Busque fontes seguras de informação. Até o Superior Tribunal Eleitoral (TSE) anunciou medidas especiais para combater as fake news nessas eleições.

O voto é obrigatório no Brasil, mas nós temos outras razões para não deixar de votar. São elas: se você não escolher (votar nulo ou branco), alguém vai escolher no seu lugar e é o seu dinheiro que está em jogo. Políticos são eleitos para administrar dinheiro público e tomar decisões. Em que outro momento alguém delega esse poder a terceiros sem se preocupar?

Identifique quais valores você julga mais importante e quais quer ver seu representante de-fender. É importante escolhe-mos candidatos por afinidade, ou seja, aquele que tem valores iguais aos nossos.

Deixar de votar e não justificar a ausência pode causar dor de cabeça. Quem fica em falta com

Identifique quais valores você

julga mais importante equais valores quer ver seu

representante defender

Editorial

[email protected]

Benjamin Ribeiro da SilvaPresidente do Sieeesp

a Justiça Eleitoral, não consegue tirar passaporte, participar de concurso público, tomar emprés-timo em banco público, entre outras restrições.

Não se deixe levar pelo senso comum de que ninguém presta e que política é lugar de gente desonesta. A obrigação de esco-lher e fiscalizar é nossa, portanto, votar é um processo contínuo de aprimoramento da Democracia.

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Matéria de Capa

U m aspecto importante é o estabelecimento de uma escola mais colaborativa, mais participativa, com envolvimento de diferentes atores, tais como

família, aluno e comunidade. Segundo Eugênio Cunha, dou-tor em educação, psicopedagogo, professor da Faculdade Cenecista de Itaboraí e coordenador pedagógico do Colégio Objetivo Camboinhas, este é um caminho para o êxito de uma gestão escolar.

Eugênio é autor de vários livros lançados, dentre eles estão Afeto e aprendizagem, no qual comenta que na educa-ção, o afeto é o elemento pedagógico significativo, material ou imaterial, que vai produzir no educando a necessidade de aprender. Segundo ele, a afetividade não deve estar ligada apenas às questões discentes, mas também ao papel do professor.

Também é autor de Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar, publicados pela WAK Editora.

Nesta entrevista para a Revista Escola Particular, o professor comenta quais os principais problemas que enfrenta na sala de

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aula e o que podemos melhorar, como a falta de disciplina na sala de aula e quais as atitudes possíveis para reverter a situação, como deve ser o profissional de educação nesta faixa etária, como desenvolver as competências socioemocionais, considera-das cada vez mais importantes no cenário escolar e fala, também, sobre a Educação 4.0, chamada quarta revolução industrial, em que a linguagem computacional, a In-ternet das Coisas, a Inteligência Artificial, os robôs e muitas outras tecnologias se somam nos diversos segmentos da Indústria.

Escola Particular - O que é necessário para que haja uma boa formação do ges-tor escolar?

Eugênio Cunha - Um bom gestor começa por uma boa formação acadêmica e pedagógica. Acrescenta-se, ainda, a

vivência como docente em sala de aula. Dessa forma, será possível compreender melhor os diversos papéis que são essen-ciais para uma boa organização escolar. O gestor poderá entender o professor, o alu-no, a família. Outro aspecto é a constante atualização, a “formação continuada”.

Um aspecto importante é o estabele-cimento de uma escola mais colaborativa, mais participativa, com envolvimento de diferentes atores, tais como família, aluno e comunidade. Uma escola social poderá ser um caminho para o êxito de uma gestão. No mundo contemporâneo, onde as coisas se conectam, se entrelaçam, a gestão não deve ser um ato solitário, como diz Freire, pois ninguém educa no vazio. Além disso, a escola precisa estar conectada às mudanças culturais que surgiram em razão das novas tecnologias

digitais. Há mudanças na forma de apren-der e de ensinar, e há possibilidades no uso das tecnologias.

EP - No seu livro Afeto e aprendizagem, levanta a importância desta questão emo-cional. De que forma auxilia na educação?

EC - Todos nós precisamos educar nos-sas emoções. Além disso, os estudos da neurociência têm ratificado a importância do afeto nos processos de aprendiza-gem. Na educação, o afeto é o elemento pedagógico significativo, material ou imaterial, que vai produzir no educando a necessidade de aprender. A afetividade não deve estar ligada apenas às questões discentes, mas também ao papel do pro-fessor. A carga de amorosidade que está no professor o faz ser um aprendiz para exercer com equidade o seu ofício. O faz

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Matéria de Capa

interessado e responsável em descobrir alternativas nos processos de ensino e aprendizagem. Igualmente, a carga afetiva do aluno o faz descobrir lugares ainda desconhecidos do saber.

Alunos dispersos e desinteressados tornam-se ávidos pelo conhecimento quando estão diante de tablets, celulares e computadores. O que provoca essa mudan-ça de atitude é a capacidade que as novas tecnologias digitais têm de despertar neles o interesse, o assombro e o afeto. O que há nas ferramentas digitais de tão impac-tante? Aprendizagem significativa, autoria de pensamento, autonomia, criatividade, socialização do saber, espaço pessoal de aprendizagem. Esses atributos, que nossos alunos encontram nas tecnologias digitais, podem ser encontrados também em sala de aula, no trabalho do professor.

Podemos dizer que o afeto possui três dimensões: a pessoal, que desenvolve a autoestima do professor e do aluno, reve-lando as raízes da motivação e do interes-se; a social, estabelecendo as relações com aqueles que estão no campo escolar e que podem tornar o ambiente instigante para a aprendizagem; a pedagógica, que estimula os vínculos do aluno e do profes-sor com o objeto de estudo, produzindo a afinidade com o processo de ensino e aprendizagem, na troca de saberes docen-tes e discentes, na cumplicidade de fazer o percurso tão prazeroso quanto a chegada.

EP - Sobre o recorrente problema da indisciplina na sala de aula, quais as ati-tudes possíveis para reverter a situação?

EC - A indisciplina não começa na esco-la, pois os motivos que a fazem existir estão além da sala de aula. Há uma visível ligação entre a indisciplina escolar, a falta de limites na família e a violência na sociedade. Filhos podem ser estimulados à violência por pais violentos ou por uma sociedade desprovida de atributos elementares que garantam a educação cidadã de suas crianças.

Nessa realidade, jovens e crianças são, assim, incitados a terem atitudes cada vez mais intolerantes, tornando-se, então, alu-nos indisciplinados e violentos. É cada dia mais evidente a sensação de que a relação entre sociedade e escola é interativa: uma reproduz a outra.

Acho que um caminho para mudar esse quadro foi apontado por Montessori. Para tal, torna-se essencial educar com amor,

quando educar também exige disciplina. A questão é a dosagem certa de prazer e obrigação, liberdade e austeridade. É necessário desenvolver no aluno o desejo pela disciplina como um benefício para seu crescimento humano e acadêmico. É primeiramente na família que o aluno toma contato com as regras do comportamento social. É onde se aprende a reconhecer a autoridade do professor, porque aprende a reconhecer a autoridade dos pais.

EP - A infância é onde se inicia o de-senvolvimento emocional do aluno. Como deve ser o profissional de educação nesta faixa etária?

EC - Cada etapa do desenvolvimento é única. São momentos que precisam ser percebidos pelo professor para que a criança desenvolva todo seu potencial na idade certa. Habilidades que não são estimuladas no seu tempo, como por exemplo, a linguagem e a socialização, podem trazer transtornos futuros para a criança.

A observação é a primeira ferramenta dos professores para o trabalho em sala, não somente na educação infantil, mas nos anos seguintes da escola. Atentar para as qualidades da criança e para as suas dificuldades. Mediar a transição do estado real para o potencial, como diz Vygotsky. Tão importante quanto desenvolver ativi-dades com o aluno é observar como ele se comporta diante delas. O profissional da educação infantil precisa conhecer a apren-dizagem humana, os seus estágios, como

alunos dispersos e desinteressados tornam-se ávidos

pelo conhecimento quando estão

diante de tablets, celulares e

computadores

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Matéria de Capa

propiciá-la no contexto escolar. Porém, não podemos esquecer que será preciso descobrir os afetos do seu educando. É necessário, então, estimular na criança o desejo de aprender. Podemos vincular o prazer naquilo que fazemos com amor ao despertar no educando o desejo de apren-der. Decerto, o saber se completa quando é alcançado pelo desejo.

Na educação infantil, a criança começa a gostar da escola, a socializar-se. Por-tanto, trata-se de um período da vida do aluno muito profícuo para semear aprendizagens e vivências que serão fundamentais para as etapas seguintes da sua educação. Eu costumo dizer que a escola é uma árvore. A árvore é alimen-tada e alimenta. Abriga e ensina aos pas-santes à sua sombra. Sustenta os que se aconchegam e fazem seus ninhos e, como pássaros, alçam seus voos. E todo esse processo começa na educação infantil.

EP - Quais são as principais influên-cias desse trabalho no aprendizado das crianças?

EC - Há um desenvolvimento mais har-monioso das habilidades cognitivas, soci-ais e acadêmicas. As crianças aprendem o que devem aprender no tempo certo. Vemos, por exemplo, que quando a criança executa atividades que vão desenvolver a coordenação motora fina, adquire maior domínio na escrita durante o processo de alfabetização nos anos posteriores da es-cola, evitando, assim, possíveis dificuldades na área da linguagem.

EP - Como desenvolver as competên-cias socioemocionais, consideradas cada vez mais importantes no cenário escolar?

EC - Aprendendo a lidar com limites, com regras. Aprendendo a ouvir o “não”, a conviver, a repartir. Porém, é sempre necessário que a autoestima da criança seja desenvolvida por meio de atividades que a encorajem, que desenvolvam nela a capacidade de ter iniciativa. Além disso, é extremamente positivo permitir que ela erre e aprenda a conviver com o erro, desenvolvendo a capacidade de lidar com as frustrações.

EP - Sobre a responsabilidade em edu-car, o que compete à família e à escola?

EC - À família compete a educação dos filhos. À escola, a instrução formal e o apoio à família no seu papel de educar. A ética, a tolerância, a cidadania e outros valores são também aprendidos na escola, que objetiva a formação integral do aluno. Porém, vejo comumente pais contando com habilidades e boa vontade dos profes-sores na condução de situações que não competem a docentes.

É bem verdade que os novos papéis exercidos pelos pais na contemporanei-dade, fruto de uma modernidade líquida, como afirma Zygmunt Bauman, distan-ciaram as famílias de uma convivência mais frugal, do espaço aconchegante do lar, dos momentos íntimos à mesa de jantar. Hoje, o que se tem é uma vida extremamente agitada, em que não há tempo para quase nada, inclusive para uma boa conversa, que resolveria muitas demandas familiares.

A Constituição Federal diz que a educação é dever do Estado e da família, e será promovida e incentivada com a co-laboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua quali-ficação para o trabalho.

A julgar pelo texto, é incumbência do Poder Público a oferta do serviço educa-cional. Da família, é a responsabilidade de educar sua prole. A instituição escolar,

além de ser um braço do Estado para a oferta da educação formal, representa, acima de tudo, a cota de colaboração da sociedade civil organizada, na significativa tarefa de formar cidadãos. É responsabi-lidade da escola promover os vínculos da amizade e os valores da solidariedade no ensino de cada estudante.

EP - Sobre a Educação 4.0, por onde começar?

EC - A educação 4.0 decorre das demandas da “Indústria 4.0”, também chamada quarta revolução industrial. A linguagem computacional, a Internet das Coisas, a Inteligência Artificial, os robôs e muitas outras tecnologias se somam nos diversos segmentos da Indústria. Realidade aumentada, a integração de informações virtuais com a visualização do mundo real. Isso traz para a escola a necessidade de novas configurações de ensino e aprendizagem, como a utiliza-

É responsabilidade da escola,promover os vínculos da amizade e

os valores da solidariedade no ensinode cada estudante

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ção de metodologias ativas. É preciso preparar o estudante para a sociedade contemporânea. Estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que 65% das crianças que frequentam hoje as escolas assumirão profissões que começam a despontar nos dias atuais. Que profissões serão essas? São aquelas que requerem subjetividade e produção de sentido, capacidade de resolução de problemas, criatividade e colaboração; que funcio-nam em rede. Deixarão de existir aquelas que exigem somente a reprodução de padrões, a mecanização de atividades condicionadas.

É preciso trazer para as salas de aula um modelo de ensino que protagonize o aluno e sua relação com o professor e o conhecimento.

EP - Há algo que gostaria de acres-centar?

EC - Sim, com base nas demandas da contemporaneidade, gosto sempre de dizer que o papel da escola sempre será essencial e que o modelo de ensino que funciona verdadeiramente é o que começa pela necessidade de quem aprende, con-duzido por aquele que qualifica o fazer pedagógico: o professor. •

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Autor de diversos livros sobre autismo e inclusão publicados pela Wak Editora. Entre eles: “Autismo na Escola - um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar” e “Práticas pedagógicas para a inclusão e diversidade”.

Eugênio Cunha

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a Lei nº 13.467, de 3 de julho de 2017, com vigência a partir de 11 de novembro de 2017, alterou

diversos dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as nº 6.019, de 3 de janeiro de 1974, nº 8.036, de 11 de maio de 1990, e nº 8.212, de 24 de julho de 1991.

Dentre as inovações contidas na Reforma Trabalhista se encontram altera-ções nas férias.

O direito ao gozo de férias é um direito indisponível previsto nos artigos 7º, inciso XVII da Constituição Federal, 129 a 153 da CLT e, pela Convenção n.º 132 da OIT, ratificada pelo Brasil através do Decreto Legislativo nº 7 47, de 23.9.1981, com vigên-cia em nosso país a partir de 23.9.1999.

Diz-se direito indisponível, pois en-tendeu o legislador como lapso temporal necessário a garantir a saúde física e mental do trabalhador, portanto, não poderá haver nenhuma norma a suprimir esse direito.

FÉRiaSO aVançO naS

RElaçÕES EMPREgaTÍCiaS

Nos termos do artigo 129 da CLT, todo empregado terá direito ao gozo de férias, sem prejuízo de sua remuneração.

O período destinado às férias, via de regra, são de 30 dias, com as exceções contidas no artigo 130 da CLT:

“Art. 130. Após cada período de 12 (doze) meses de vigência do contrato de trabalho, o empregado terá direito a férias, na se-guinte proporção:

I – 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao serviço mais de 05 (cinco) vezes;

II– 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 06 (seis) a 14 (qua-torze) faltas;

III– 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 23 (vinte e três) faltas;

IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 15 (quinze) a 32 (trinta e duas) faltas;

As férias são concedidas, por ato do empregador, o qual irá comunicar,

com antecedência mínima de 30 dias, o empregado.

A princípio, a CLT estabelece que as férias deverão ser concedidas em um único período, nos 12 (doze) meses subsequentes à data em que o empregado tiver adquirido o direito. (Art. 134, caput, da CTL)

Até 10 de novembro de 2017, o fracio-namento das férias em 02 (dois) períodos era permitido somente em casos atípicos, desde que um dos períodos não fosse in-ferior a 10 (dez) dias corridos. Entretanto, não havia definição para o que o legislador considerou “casos excepcionais”, sendo comumente praticado nas relações em-pregatícias a divisão das férias.

Havia também a proibição contida no § 2º do artigo 134 em relação a divisão das férias quando os trabalhadores eram menores de 18 anos e aos maiores de 50 anos.

A partir de 11 de novembro de 2017, ar-tigo 134 da CLT passou a ter nova redação:

Férias Trabalhistas

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Férias Trabalhistas

“Art. 134. (...)§ 1o “Desde que haja concordância do

empregado, as férias poderão ser usufruí-das em até três períodos, sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um.

§ 2o (Revogado).§ 3o É vedado o início das férias no

período de dois dias que antecede feriado ou dia de repouso semanal remunerado. ”

Temos então que, com a vigência da Reforma Trabalhista, o empregado poderá negociar com o empregador sua intenção no fracionamento das férias, desde que seja respeitado o número mínimo de dias, para cada período im-posto pela lei.

A negociação quanto a divisão das férias em até 3 períodos, passa a ser per-mitido por lei, também, aos empregados menores de 18 anos e os maiores de 50 anos, pois o § 2o, foi revogado.

Essa inovação permite ao empregado, se assim desejar, usufruir melhor do seu tempo, como por exemplo, realizar cursos de seu interesse com datas preestabeleci-das e, depois viajar ou realizar 02 viagens em diferentes épocas do ano.

A permissão abre um leque de opções ao empregado antes limitada.

Ao empregador torna-se benéfico, do mesmo modo, uma vez que o funcionário estará ausente por períodos mais curtos, reduzindo o impacto com realocação de pessoal, contratação temporária ou, até paralização transitória dos serviços.

Outro fato importante foi a revogação da restrição na idade para o fraciona-mento das férias, tornando-se oportuna e moderna, pois, é certo afirmar que com o avanço da sociedade e o aumento da expectativa de vida, não é coeso considerar frágil o trabalhador maior de 50 anos.

No mesmo sentido em relação aos menores de 18 anos, uma vez que o artigo 136 da CLT assegura aos estudantes coinci-dir a concessão de suas férias com as férias escolares e, dependendo o fracionamento da concordância, não fazia sentido a per-manência de tal proibição.

Importante observar que a aceitação no fracionamento das férias pelo em-pregado deverá ser negociado a cada ano, isto é, não fica o empregado vinculado àquela negociação feita no ano anterior, e, se assim desejar, poderá no ano seguinte usufruir dos 30 dias corridos de férias.

Para garantia dos direitos de em-pregado e empregador, sugerimos que o acordo referenciado seja feito por escrito.

Quanto ao seu início, a teor do Prece-dente Normativo n.º 100 do TST, não era permitido iniciar as férias em dia de compensação de repouso semanal remu-nerado, sábado, domingo ou feriado.

Com a n.º 13.467/2017, o início das férias não poderá ocorrer a 2 dias que antecede feriado ou repouso semanal remunerado. Portanto, quando o domingo for o dia de repouso semanal, as férias não poderão iniciar na sexta-feira. Aos trabalhadores cujo o descanso semanal remunerado recair em outro dia, por exemplo na quinta-feira, em virtude da peculiaridade da jornada de trabalho, é proibido iniciar as férias na terça-feira.

Neste mesmo sentido, quando houver feriado e este recair na sexta-feira, o início das férias deverá ocorrer na terça-feira.

Outra inovação acrescida com a Re-forma Trabalhista, foi a introdução do § 7o, ao artigo 58 da CLT, o qual passou a conceder aos trabalhadores contratados em regime de tempo parcial o direito de usufruir 30 dias de férias, já que serão regidas pelo art. 130 do mesmo diploma legal.

Essa alteração é em decorrência da modificação do artigo 58-A, o qual elevou o número máximo de horas semanais trabalhadas a caracterizar o trabalho em

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regime de tempo parcial possibilitando, outrossim, o trabalho em jornada extra-ordinária.

Assim, entendeu o legislador pela ampliação aos trabalhadores com jornada de trabalho de 26 (vinte e seis) horas sema-nais, eis que poderão acrescer até 6 (seis) horas extras por semana e, aqueles que laborarem até 30 (trinta) horas semanais.

Antes da Reforma Trabalhista, os empregados em regime de tempo parcial, nos termos do artigo 130-A, incisos I ao VI, tinham direito a férias de, no mínimo, 5 dias e, no máximo, 18 dias, de acordo com a jornada de trabalho semanal.

Definido o período, o empregador terá 2 (dois) dias antes do início do gozo para quitar as férias, acrescidas de 1/3.

O empregado também pode optar em reverter 1/3 de suas férias em abono pecu-niário, isto é, o trabalhador que desejar, poderá vender, no máximo, 10 dias de suas férias ao empregador. (Art. 140 da CLT)

COMEnTÁRiOS FinaiSAs alterações trazidas na lei nº

13.467/2017, mormente quanto ao tema em debate, trouxeram importantes avanços nas relações empregatícias,

CÁSSia Da ROCha CaRaMElOAdvogada trabalhista e previdenciária na CCFM Advocacia, onde realiza requerimentos junto à Previdência Social, plantão consultivo, defesas e interposições de ações, bem como realizações de

audiências, com mais de 16 anos de experiência.

uma vez que a sociedade atual se difere por completo daquela de 70 anos atrás, quando da criação do Decreto-Lei nº 5.452, de 01 de maio de 1943 – CLT.

Ao possibilitar o fracionamento das férias, em até 03 períodos, sem restrição de idade, o legislador tornou “legal” prática já utilizada em diversas relações empregatícias. E, ainda, avigorou a pro-teção do trabalhador quando definiu que o início das férias não poderá incidir a 2 dias que antecede feriado ou repouso semanal remunerado, tolhendo que o empregado seja prejudicado.

A sociedade está em constante trans-formação social e tecnológica e isso, cer-tamente, provoca mudanças nas relações de trabalho de tal modo que a lei deve se adaptar às transformações visando res-guardar a segurança jurídica nas relações jurídicas e sociais. •

as férias poderão ser usufruídas em até três períodos,

sendo que um deles não poderá

ser inferior a quatorze dias corridos e os demais não poderão ser

inferiores a cinco dias corridos,

cada um

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Reflexão

M ilhares de seres humanos, migrantes compulsórios, per-ambulam mundo afora, em

busca de um lugar onde possam viver.Vítimas de ditaduras cruéis, intem-

péries naturais ou guerras, são forçados a abandonar propriedades, emprego, estudos, amigos e família. Chegaram ao limite da resistência, e enfrentam agora dois novos obstáculos.

O percurso, percorrido quase sempre de maneira clandestina, envolve sério risco de acidentes, uma vez que são pouco seguros e rústicos os meios de locomoção. Muitos morrem ou perdem familiares, na tentativa.

A viagem, clandestina, remunera cruéis operadores, os tais coiotes, que submetem seus clientes a riscos dos mais diversos, sem qualquer garantia aos contratantes. Nutrem-se da miséria humana.

As fugas só têm, como certas, a hora e local da partida. Todo o resto é incerto.

São adultos, crianças e idosos, magis-tralmente referidos como “encontrados entre o mar e as estrelas”, que tentam aportar em um país qualquer, sendo rechaçados com rigor ou recebidos com solidariedade. O destino preferencial tem sido a Europa, seguido por países em desenvolvimento.

A Europa, ainda em reconstrução, em virtude de recente crise econômica, abriga pouco espaço e emprego, além de

preconceitos dos mais diversos. Enquanto a Alemanha adota uma postura de abrigar migrantes, outros cuidam de rechaça-los.

Migrantes, embora vez ou outra acolhidos humanitariamente, trazem inegáveis problemas aos que os acolhem. Demandam atendimentos médicos, de segurança, alimentação, de educacão e de habitação, gerando custos e estruturas imprevistos a economias já combalidas.

Migrantes trazem consigo culturas e tradições, nem sempre compatíveis com os hábitos da população que even-tualmente vai recebê-los. Não é fácil, a cidadãos já despidos de tudo, abandonar a própria personalidade.

São cientistas, atletas, poetas, médi-cos, engenheiros, artistas, criminosos, gênios, doidos, operários e até religiosos, constituintes da massa humana que só busca um lugar ao sol, em um canto qual-quer. Possuem férrea vontade e necessi-dade de renascer e crescer, revelando-se, muitos, excelentes trabalhadores, em todos os ramos da atividade humana.

Chegam na condição de mendigos ou abrigados, segundo o lugar onde apor-

PEDRO iSRaEl nOVaES DE alMEiDaEngenheiro agrônomo e advogado, [email protected]

tam. A dimensão da tragédia humanitária exige, e já tarda, a união de esforços e sacrifícios, por todos os países.

Não é justo simplesmente rechaçar migrantes, uma vez que a maioria das pessoas e povos já experimentou tal condição. Também não é justo imputar somente ao povo acolhedor todos os custos e sacrifícios da empreitada.

No Brasil, migrantes venezuelanos costumam chegar a Roraima, que pouco ou nenhum auxílio federal tem recebido, para abriga-los. À tragédia dos refugiados começa a somar-se à tragédia dos nacio-nais, já residentes.

Os malfeitos de ditaduras, guerras e desastres naturais batem à nossa porta, e não podemos simplesmente ignorá-los, pois são seres humanos que chegaram ao extremo sofrimento. •

ERRanTES E SOFRiDOS

as fugas só têm, como certas, a hora e local da partida. Todo o resto é incerto

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Língua Estrangeira

C hega a ser redundante falar sobre a importância de adquirir a língua inglesa no panorama atual da rea-

lidade globalizada em que vivemos. Ela é o que une os negócios, a cultura, a ciência e o que permite promover a inovação para além das barreiras geográficas. Mas, quando o assunto é o ensino do inglês, uma realidade ainda assombra o Brasil: o baixo nível de proficiência da sociedade.

Na contramão de pesquisa realizada pela Catho, site de busca de empregos, que aponta para o fato de que ser bilíngue pode fazer com que o salário das pessoas tenha um aumento de até 52%, apenas 5% da população fala uma segunda língua e menos de 3% tem fluência em inglês, de acordo com pesquisa realizada pelo British Council. Até mesmo políticas públicas que tentaram incentivar a internacionalização da educação como estratégia de impor-tação de know how tiveram problemas, como quando alunos tiveram que retornar ao País depois de não terem conseguido acompanhar os currículos aplicados no idioma e as dificuldades com a comuni-cação com professores universitários provindos de outros países que tinha, como intenção inicial, a possibilidade de compartilharem sua expertise.

Isso tudo é tão prejudicial que, no ranking desenvolvido pela EF Education First, o Brasil ocupa a 41ª posição de um total de 70 países pesquisados, atrás de nações como Singapura, Peru, Equador, México e Chile. E, mesmo assim, ainda é bastante baixo o esforço educacional brasileiro para mudar esse cenário.

A nova Base Nacional Comum Cur-ricular (BNCC), que entrará em vigor em 2019, chega para trazer novas esperan-ças e para resolver de forma legal uma brecha que ficava em aberto com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e com os Parâmetros Curriculares Nacionais. Pela primeira vez vemos de forma com-pulsória o ensino específico do inglês em vez da determinação de haver a obriga-toriedade de uma língua estrangeira não

especificada. Entretanto, não serão as letras impressas no papel que farão magi-camente com que gestores e professores formem alunos com um bom nível de proficiência no idioma e aprofundamento técnico didático para ensiná-los.

As causas são muitas: o número ele-vado de alunos por sala de aula, a carga horária insuficiente, a falta de estrutura para um ensino mais dinâmico e que inclua tecnologia, a ausência de práticas de avaliação do aprendizado com base nos parâmetros internacionais de pro-ficiência. Mas, o principal, é a dificuldade de encontrar professores que tenham uma formação adequada, atualizada e alinhada às metodologias ativas, além da desvalorização da carreira – o que, por vezes, repele a educação continuada e a reciclagem de conhecimento.

O que temos observado é que a for-mação acadêmica atual de bacharelado em Letras seguido pela licenciatura tem deixado a desejar. Os currículos não se modernizaram para acompanhar a trans-formação dos alunos e do novo contexto que a sala de aula precisa adquirir para atrair sua atenção e para formar cidadãos que dominem as habilidades necessárias para se sair bem frente aos desafios do século 21. Com isso, formam-se profission-ais com uma prática insuficiente para se comunicar no idioma e também do ponto de vista de conhecimento metodológico, criando uma distância entre o que ele é capaz de colocar em prática (como as noções iniciais das regras gramaticais e a compreensão de textos curtos) e a realidade que o mercado carece (como abordagens que promovam discussões, solução de problemas e novas desco-bertas).

As escolas internacionais que operam no país já despertaram para essa questão e, sem entrar no mérito e na discussão de valores ou de posicionamento aqui, o recorte que precisa nos chamar atenção é que fica claro que o corpo pedagógico é tido como fator de sucesso pelos países

referência em educação. Nós também necessitamos enfocar e entender isto. São eles os responsáveis pelos resultados de aprendizagem, que operacionalizam a metodologia, que planejam as aulas, que estão no contato direto com os alunos e que vivenciam, na prática, o que é ne-cessário para a obtenção de resultados mensuráveis. Também é deles o desafio de engajar os estudantes em um apren-dizado mais autônomo, curioso e que pro-voque um desempenho mais satisfatório e medido por instrumentos capazes de fornecer feedbacks evolutivos.

Diante de tudo isso, a pergunta que suscita em quem deseja mudar esse

Desenvolvimento com uso de tecnologia: preparando

os professores de inglês para adquirir eficácia didática

Já sabemos que contar com

professores pouco preparados em seus currículos

influencia diretamente o

baixo rendimento do aprendizado do idioma nos

cursos regulares

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modelo falido é como sair do automático e buscar soluções que nos levem a eficiên-cia em lecionar o inglês. E a boa notícia é que nem tudo está perdido! Basta a disposição para investir em capacitação e desenvolvimento de professores.

Já sabemos que contar com professo-res pouco preparados em seus currículos influencia diretamente o baixo rendimen-to do aprendizado do idioma nos cursos regulares. Mas, isso não significa que eles não podem ir além. Só que precisam de ajuda e de incentivo. E fazer isso de forma estruturada, cíclica e por meio de materiais e de consultoria especializada é um caminho que pode ser bastante

assertivo em termos de resultados de aprendizagem.

De forma alinhada, a metodologia ativa, os recursos tecnológicos, os mate-riais didáticos e os professores seguros e aptos a engajar os alunos sabendo en-tregar o melhor em sala de aula, usando ferramentas de avaliação de proficiência objetivas e reconhecidas internacional-mente, farão com que a instituição como um todo esteja melhor preparada para lidar com a nova visão de educação que cresce no mundo. Consequentemente, seus resultados e qualidade se destacam na visão dos pais e dos alunos, que sentem a diferença na prática. E, quanto maior o

volume de indivíduos atingidos por essa realidade, maiores são as perspectivas de sucesso de todos os envolvidos: o Brasil agradece. •

aDRiana l. alBERTalDiretora da Seven Educacional, área da Seven Idiomas que implanta programas bilíngues certificados por Cambridge English em colégios e universidades e enfoca a

capacitação e desenvolvimento de professores em metodologias ativas e estratégias didáticas diversificadas como caminho para desenvolver as habilidades e competências que os alunos precisam para tornarem-se cidadãos globais e alcançar resultados de aprendizagem comprovados por exames internacionais.

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Jornada Regional

a Regional de São José dos Cam-pos foi a penúltima cidade a receber a Jornada de Palestras

do Sieeesp, que aconteceu no dia 21 de agosto no Hotel Nacional Inn.

Mantenedores e educadores de esco-las particulares e parceiros do Sindicato acompanharam a partir das 9 horas da manhã os ciclos de palestras. As duas pri-meiras no período da manhã e mais duas palestras à tarde.

Os assuntos abordados no período da manhã foram: Base Nacional Comum Curricular – estrutura e fundamentos pedagógicos, com Divani Albuquerque Nunes (Pedagoga pós-graduada pela USP), e Gestão Escolar para uma escola de alto desempenho, com Célia Regina Godoy (Mestre em Psicologia Social, Pedagoga, pós-graduada em Didática e Metodologia do Ensino Superior).

No período da tarde os presentes acompanharam as palestras de Cristina Sleiman (Advogada e Pedagoga, mestre em Sistemas Eletrônicos pela Escola Politéc-nica da USP), que falou sobre a Nova Escola Digital: Melhores Práticas, e de Robson Luis do Espírito Santo, consultor da Meira Fer-

nandes (especialista em Gestão Financeira e Gestão Estratégica de Custos).

Para o coordenador regional do Sieeesp, Waldemar de Barros, “o propósi-to dessas palestras, que aconteceram em praticamente todo o estado de São Paulo, é capacitar os profissionais da área educacional, como também levar aos mantenedores novas informações, novos conceitos e novas tecnologias que estão ocorrendo dentro da área educacional”.

PaRCEiROSSegundo Maitê Faustino, da Big Brain

(empresa de tecnologia com foco em edu-cação), “a jornada foi muito importante, pois propiciou o contato com os mantene-dores e apresentou o projeto que a Big Brain oferece para o ramo da educação”.

Já para Daniele Honorato Kozuka, da Meira Fernandes (que oferece serviços advocatícios e de contabilidade a man-tenedores em todo o país), “a prestação de um bom atendimento contábil é muito importante, já que as leis mudam prati-camente todos os dias. É preciso estar atento a essas mudanças e informar aos mantenedores, para que se adequem”.

Também esteve presente no ciclo de palestras em São José dos Campos a empresa francesa SODEXO, especializada em atender o setor educacional em alimen-tação, portaria, segurança, limpeza, jardi-nagem, entre outros. Segundo o repre-sentante da empresa, Flávio Clemente Silva, “a jornada de palestras é muito interessante, já que propicia visibilidade, e quem é visto é sempre lembrado. Hoje as pessoas associam muito a SODEXO a cartão alimentação, mas a empresa é muito mais que isso e atende toda uma infraestrutura educacional”, afirmou.

A empresária, mantenedora e profes-sora Neuza Rezende, do Colégio Theofilo Rezende, de São José dos Campos, as-sistiu às palestras e falou sobre o evento: “essa Jornada promovida pelo Sieeesp tem sido muito produtiva. Mesmo es-tando a escola em dia com as propostas da educação, sempre se tira uma nova aprendizagem para apresentar aos nos-sos professores”. Segundo ela, “mesmo com muitos anos de experiência como professora e mantenedora, não devemos ter medo de inovar. Isso é crescimento”, afirmou. •

Clemente lemes

Regional de São José dos Campos foi a penúltimaa receber a Jornada de Palestra do SiEEESP

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Gestão

S ão muitos os profissionais que almejam um cargo de gestor, seja por status ou por ostentação. E

quando isso ocorre, percebe-se que existe um elo político muito forte e que não se seguiu: a meritocracia. Como em todas as regras existem exceções, a gestão por meritocracia se dá pela paixão em se tra-balhar com pessoas e saber liderar, o que torna a função difícil de exercer, porque você consegue gerir coisas e recursos, mas não seres humanos.

Para a doutora em educação Terezinha Azerêdo Rios, o ser humano é definido pelo trabalho. Será por meio dele que cons-truiremos nossa história e se configurará a sociedade. O trabalho passa a ser uma variável para a criação e transformação da cultura e, nessa relação, a vida e a realidade se revestem de valor.

Observa-se então que a meritocracia faz realmente a diferença entre os ges-tores, pois, o bom gestor é a pedra funda-mental para que a instituição se sobressaia neste volúvel mercado, caso contrário, te-remos uma pessoa ocupando um posto de comando tomando atitudes impulsivas, sobrepondo o bem estar comum de seus seguidores e até mesmo a competitividade de sua instituição, devido ao véu à sua

gESTOR, UMa qUESTãO DE MERiTOCRaCia

frente colocado por sua própria estultice, tornando-se assim um simples catador de feijão, ou seja, tomando ações improduti-vas e burocratizando-as.

Ser gestor é ser líder, encantar as pes-soas, e de acordo com Adair em seu livro Liderança para Inovação: como estimular e organizar a criatividade para sua equipe de trabalho produzir ideias inovadoras, publi-cado pela Editora Clio em 2010, os líderes conquistam o respeito e nunca o exigem.

O gestor tem a função de criar um ambiente propício para as coisas acon-tecerem de forma natural, fazendo seus liderados abraçarem a causa e a levarem até o final, mas como percebido, lidar com gente é muito difícil, pois somos seres ímpares, temos nossas manias, defeitos, egoísmos, vaidades dentre outras imper-feições oriundas do ser humano, e cabe ao gestor, observar e extrair o que há de melhor em cada um criando assim uma sinergia dentro da instituição, fazendo com que pessoas com culturas, credos e ideologias diferentes aprendam como um único grupo e se vejam como engrenagens não mais importante que o outro, pois em um sistema, uma pequena engrenagem poderá emperrar e comprometer o bom funcionamento das demais.

O bom gestor sabe a hora de trabalhar com autonomia de seu grupo e também a hora de buscar a responsabilidade para si, mas fazendo com que todos tenham participação nos processos decisórios, elevando o moral do grupo por meio de uma equipe isonômica.

Lidar com os anseios do grupo é algo natural para o gestor e isso não é motivo para abalar sua gestão, visto que o mesmo encontra-se amparado por um controle emocional, que diverge de uma certa frieza em relação aos acontecimentos.

Cabe ao gestor manter sua equipe motivada, pois a motivação é de suma relevância para o sucesso da instituição e também para que a qualidade seja uma constante.

Essa motivação pode ser trabalhada por meio do storytelling que é uma técnica que tem o intuito de desenvolver valores e conhecimentos dentro da instituição ao longo dos anos, isso se dá porque o gestor tem expertise para saber que o conhecimento é multiplicado quando ele é dividido e, desta forma, todos tenderão a se sentir corresponsáveis. E de acordo

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WOlMER RiCaRDO TaVaRESMestre em Educação. Entre os livros lançados está “Gestão Pedagógica: Gerindo escolas para a cidadania crítica” (WakEditora).

com Adair (2010), a confiança na equipe é um diferencial que poucos gestores têm.

A instituição tende a refletir a imagem de seu gestor, ou seja, o perfil deste pro-fissional será percebido por todos que lá estiverem e isso poderá ser um separador de águas, pois um profissional cheio de ideias inovadoras e suscetível a mudanças poderá se sentir desencorajado se o seu gestor for totalmente centralizador e com um perfil narcisista.

O gestor tem um diferencial em rela-ção aos demais funcionários, visto que ele além de ser um conhecedor da área em que atua, tem um pensamento mais

analítico/crítico buscando sempre a me-lhor maneira de se resolver um conflito, procurando diferentes caminhos para se chegar a solução sabendo trabalhar medi-ante pressão, além de ter uma habilidade de comunicação e senso de persuasão.

Essa persuasão é observável quando o gestor tem autoridade e não poder, pois de acordo com Hunter em seu livro O Monge e o Executivo, publicado pela Sextante em 2004, poder e autoridade são conceitos diferenciados. Para o autor, o poder tende a ser tomado, está relacionado com a colo-cação do profissional nesta posição de de-cisão, seja por meio de indicações políticas ou troca de favores, e caso haja mudanças internas, este poder poderá ser destituído, e em relação à autoridade, ela representa quem você é como pessoa, e relaciona-se ao caráter do gestor e à influência que ele estabelece com as demais pessoas, o que é denominado liderança. Já o líder constrói bons relacionamentos e eles são a cola para o sucesso da instituição.

Para o autor, o líder busca condições para que as pessoas se tornem cada vez melhores, já que ele é conhecedor do efei-

to hawthorne que diz que a produtividade e a qualidade estão relacionadas com a atenção que é direcionada às pessoas, por isso ele está sempre aberto a sugestões, porque o humanismo está enraizado em seu caráter.

Como visto aqui, ser gestor diverge de estar gestor, visto que o estar se fun-damenta no poder, nos favores políticos, na vaidade, na ostentação e no status e o ser gestor está sob o prisma da autoridade e humanismo demonstrado em sua forma de liderança o que explicará a sombra projetada desta instituição.

À medida que sua autoridade como gestor aumentar, aumentará consequen-temente a sua confiabilidade humana, uma vez que esta confiabilidade está ligada diretamente com o conhecimento, segurança e liderança deste gestor. •

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O gestor tem a função de criar um ambiente propício

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Artesanato

a regional de Marília do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp)

atraiu dezenas de professores de Marília e região para a oficina de arte em EVA para datas comemorativas, realizado em agosto no Alves Hotel.

Curso do Sieeesp atrai professores em Marília

O curso teve como público-alvo edu-cadores do ensino infantil e fundamental. Segundo Maria Cristina de Souza, secre-tária regional do Sieeesp, o curso atraiu professores, coordenadores e secretários de escolas públicas e particulares de Marí-lia e região.

A oficina foi ministrada por Renata Cristina Chica, pedagoga com licenciatura em Educação Infantil que atua na Educa-ção Infantil há 10 anos e Elaine Schmidt Arruda, pedagoga pós-graduada em Educação Infantil que atua na área há 30 anos. Os participantes aprenderam a confeccionar lembrancinhas para datas comemorativas nas escolas.

“É muito importante oferecermos esta oficina aos professores, porque antes no curso de magistérios, os professores tinham esses cursos de trabalhos manuais, mas hoje na faculdade de pedagogia não tem”, diz Renata Chica.

As professoras afirmam que os trabal-hos manuais na educação infantil estimu-lam o aspecto lúdico nas crianças, além de envolvê-las na confecção das peças. “É muito importante que o trabalho manual seja mantido nesses tempos de muita tec-nologia. Também é importante que os professores aprendam e também incluam a criança no processo de confecção das lembrancinhas”, diz Elaine Arruda. •

Jocelin Machado de Oliveira

Professoras participaram de oficina do Sieeesp, no Alves Hotel.

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Responsabilidade Digital

E xistem no Brasil inúmeras propos-tas de cursos para capacitação de instrutores de xadrez para escolas,

objetivando introduzir a prática desse jogo como estratégia acessória na formação educacional dos alunos. É importante esclarecer que há dois tipos de propostas, uma delas é para “Xadrez nas Escolas”; a outra, para “Escola de Xadrez”. A primeira destina-se à implantação de projetos que recorrem ao xadrez como ferramenta auxiliar no desenvolvimento do raciocínio lógico, portanto como coadjuvante no processo educativo. A segunda visa a preparação de jogadores para o esporte de rendimento. Neste caso, a ideia nortea-dora é a de se criar enxadristas que se evi-denciem como destacados competidores, ao mesmo tempo que essa preparação voltada para o esporte de rendimento possa também auxiliar na formação de crianças e adolescentes, porém, nesta ótica, os valores educativos subjacentes colocam-se num segundo plano.

CONSIDERAÇÕES SOBREA IMPLANTAÇÃO DO JOGODE XADREZ NAS ESCOLAS

Tanto uma proposta, quanto a outra, inegavelmente cooperam na educação, sobretudo de crianças e adolescentes, o que já foi comprovado cientificamente por incontáveis estudos em todo o mundo. Mesmo assim, é importante saber qual é o interesse específico de cada escola, pois nem sempre se obtém sucesso quando a opção é pela segunda proposta, a de “es-colinha” de xadrez, isso porque o estudo sistemático de teoria enxadrística geral-mente gera desmotivação em boa parte dos alunos, porque estes consideram o xadrez, apresentado dessa forma, como apenas mais uma matéria escolar acres-centada à grade curricular.

Na primeira proposta, a de xadrez nas escolas e não de escola de xadrez, ou mes-mo jogo de damas ou go, por exemplo, o jogo funciona como prática prazerosa, inclusiva e socioeducacional, agregando valores importantes na formação plena do educando. Entre esses valores, no trabalho com jogos de inteligência (mind

games), destacam-se o desenvolvimento da capacidade de tomada de decisões, melhora no autocontrole emocional e disciplinar, além da ampliação da per-cepção lógica e de outras características inerentes à formação educacional. A con-sequência natural é uma melhora também na autoestima do praticante.

Assim, quando se implanta o xadrez na escola, geralmente, crianças mais motivadas começam a se interessar pelo estudo mais aprofundado da modalidade. Quanto a isso, um fato curioso pode ser notado: muitas dessas crianças e adoles-centes querem adquirir espontaneamente livros de xadrez para estudar, ou então, passam a pesquisar, pela internet, consul-tando sites especializados para melhorar o desempenho. Esse comportamento se dá também quando o interesse é por lite-ratura, mas essa busca espontânea não é muito comum em outras áreas, mesmo entre os melhores alunos de matemática ou de física, apenas para exemplificar.

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Ao ser desenvolvido por pessoal es-pecializado nos chamados “mind games”, esse projeto abrange uma ampla ação interdisciplinar fundamentada em um planejamento criterioso, podendo ser trabalhado simultaneamente em várias frentes, tais como prática esportiva, educação artística, leitura, matemática, no estudo de línguas, história, geografia, redação, teatro, entre outras estratégias criativas.

Obviamente o “xadrez na escola” redunda, com certa frequência, na ne-cessidade de se criar as “escolinhas” de xadrez no ambiente escolar. Isso ocorre porque, aqueles que já dominam as regras e os fundamentos básicos do jogo, até mesmo pelas características da natureza psicológica individual de boa parte deles, desejam competir, ainda que muitas vezes inconscientemente, buscando colocar em prática a possibilidade de comparar a força e do domínio adquiridos com os demais. Tal fenômeno é recorrente e

vários professores e instrutores observam essa condição da passagem do xadrez nas escolas para a escola de xadrez, essa po-dendo ocorrer fora do ambiente escolar, como clube de xadrez ou dentro de uma associação não necessariamente escolar.

Outro aspecto a se destacar é o fato, muito comum, de uma escola implan-tar o xadrez na grade curricular e não conseguir um processo de motivação empático com os alunos. Depois de um ano de árduo trabalho, o instrutor sente-se frustrado porque não conseguiu que nenhum de seus alunos se destacasse como bom enxadrista, ou pior, não con-seguiu que salas de aula inteiras demons-trassem qualquer interesse pelo jogo. Alguns alunos chegam a literalmente jogar as peças de xadrez nos “amigui-nhos”, arremessando cavalos, torres e peões, em substituição à tradicional “guerra de giz”.

As causas dessa situação podem ser identificadas por vários fatores, tais como obrigatoriedade de frequência; apresen-tação do xadrez como disciplina escolar e não como atividade prazerosa; controles rígidos de avaliação; antecipação do “ensino” de teoria enxadrística; ausência de trabalho preliminar que evidencie as “vantagens” de desenvolver o raciocínio lógico na escola e, principalmente, na vida; pouco tempo de prática como diversão recíproca entre os alunos, entre outros fatores determinantes. Por isso, ao se implantar o xadrez na escola, é necessário esclarecer essas implicações, discutindo, avaliando, propondo e criando, em parce-ria com os envolvidos, estratégias adequa-das, em cada caso, e conscientizando os

responsáveis pedagógicos da unidade de ensino sobre os propósitos inerentes ao processo em sua plenitude, tudo para que não haja decepções, tanto por parte dos instrutores e professores, quanto para os gestores da escola.

Muitas vezes a metodologia aplicada é mais importante que o conteúdo a ser de-senvolvido, porque cada etapa da implan-tação tem seu momento mais adequado, pois outros fatores complementares es-tão envolvidos no processo como a faixa etária e a série dos alunos, o número de anos para se implantar o processo, entre outros. No ensino Fundamental I, pode-se aplicar inicialmente um material único em todas as séries. Depois de um tempo, num mesmo ano, o desenvolvimento intelecto-cognitivo é diferenciado em cada série escolar, assim a complexidade de desafios lógicos pode ser intensificada em função do domínio da linguagem e da compreen-são dos fundamentos das operações matemáticas. Importante observar que na implantação do xadrez escolar, podem ser trabalhadas atividades artísticas, como desenho, pintura, escultura, música, produção de textos, vivências teatrais, até mesmo estudos geográficos e históricos, dependendo sempre da amplitude que se deseja alcançar.

No ano seguinte, o material pedagó-gico utilizado no ano anterior pode ser aplicado apenas na série inicial do Funda-mental I, havendo uma progressividade nas demais séries, até um tempo em que cada série tenha sempre seu material es-pecífico, não significando que as apostilas e recursos pedagógicos sejam sempre os mesmos, uma vez que a proposta da implantação é flexível, portanto sujeita a alterações de metas e revisão conceitual do projeto original.

Nesse sentido, a troca e relato de experiências entre professores e instru-tores de xadrez na escola, e também com educadores de outras escolas do país e do exterior, é essencial para o aprimora-mento na realização dessas atividades propedêuticas. Essa constante interação contribuirá significativamente para se agregar eficientes estratégias de práticas didáticas e pedagógicas a serem compar-tilhadas por todos os que se dedicam ao aprimoramento da educação brasileira. •

ROBERTO TEllES DE SOUZaDiretor-executivo da Exclama Mind Games (exclama.com.br), enxadrista e educador, formado em Matemática, Sociologia e Filosofia, vice-presidente da Confederação Brasileira de Xadrez

Escolar e árbitro internacional de xadrez. Implantou o xadrez escolar em dezenas de escolas do estado de São Paulo. Professor de ensino médio e cursos pré-vestibular.

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Tecnologia

a inda pouco usada no país, a tec-nologia de reconhecimento fa-cial é uma das que mais crescem

no mundo. Levantamento do instituto de pesquisa norte-americano ABI Reasearch aponta que o segmento movimentará US$ 30 bilhões em 2021. Dotada de recursos analíticos, é capaz de identificar idade, gênero, emoções, contar quantas pessoas estão em um ambiente ou compõem uma multidão, entre outros. Como suporta inúmeros tipos de customização, é uti-lizada para diversas finalidades por vários setores. Um dos que se destacam nesse sentido é o de educação. Conforme a con-sultoria global de tecnologia Technavio, o uso de biometria no ensino deve registrar um crescimento anual de 26% ao ano entre 2017 e 2022.

O principal uso que a Facial Recogna-tion Technology (FRT) possui hoje no ensino é, a partir da filmagem de alunos em sala de aula, identificar emoções como frustração, interesse ou satisfação no momento em que um conteúdo é transmitido, ou comportamentos, como

desatenção, sonolência ou bagunça. “O sistema identifica essas variáveis em tempo real, o que possibilita a professores corrigir o que não está de acordo com o ambiente de ensino ou adequar sua metodologia ao ritmo de aprendizado de cada aluno”, diz Ubiratan Resende, diretor geral da VIA Technologies no Brasil, empresa que é uma das líderes mundiais em sistemas de reconhecimento facial.

China e Estados Unidos são os merca-dos onde a tecnologia se faz mais presente na educação, o que se deve à preocupação em personalizar a experiência de apren-dizado. “O uso FRT em salas de aula já é uma ferramenta para que educadores encontrem novas formas de envolver os alunos e acompanhar seu desempenho de forma mais intensa”.

O sistema da companhia voltado ao segmento consiste da customização da tecnologia às demandas de educadores.

“A FRT possui inúmeras possibilida-des. É capaz de contar o número de pessoas em um ambiente e identificar emoções ao interpretar expressões faciais. Quando

usada na segurança, pode, por exemplo, localizar uma determinada pessoa em meio a uma multidão e identificar se nesse grupo há alguém tenso, apreensivo ou com ódio. Para o uso em educação, o mesmo recurso de análise de imagens foi adaptado para monitorar e identificar fatores que influenciam o envolvimento e aproveitamento dos alunos em sala de aula”.

Nos últimos anos, o termo “apren-dizagem personalizada” é cada vez mais utilizado e implementado. Muitos especia-listas afirmam que a metodologia é a chave para a reforma da educação, podendo, entre outros, elevar as possibilidades quanto ensinar aos alunos a “pensar” e adaptar a metodologia a cada integrante da sala de aula.

“Embora a falta de atenção dos alunos seja frequentemente atribuída à preguiça ou desinteresse pelo assunto ensinado, os estudantes não são os únicos respon-sáveis. Educadores reconhecem que essa dispersão também resulta do modelo de ensino e da forma como cada indivíduo responde a ele. Com o monitoramento via FRT, é possível identificar o quão eficaz é a metodologia e quando as adaptações surtem efeito”.

Outra aplicação da tecnologia no setor refere-se à educação especial. “Neste caso, há muitos alunos que têm dificuldade de comunicação. Com o reconhecimento facial, o professor pode, a partir da inter-pretação das imagens feitas pelo sistema, realizar a análise emocional para identificar os alunos que precisam de ajuda e quando estão distraídos”.

Essa tecnologia também pode iden-tificar crianças que são afetadas por distúrbios emocionais, comportamen-tais e outras condições que constituem obstáculos à educação. Ela pode alertar os professores sobre esses problemas para que a metodologia de ensino seja adequada às necessidades individuais de cada aluno.

Da mesma forma, a tecnologia de re-conhecimento facial pode coletar dados para ajudar a personalizar as experiências de aprendizado virtual. À medida que a educação se move em direção a diferen-tes modelos de sala de aula baseados no aprendizado on-line, é essencial garantir que este tipo de educação seja tão justa e eficaz quanto o ensino tradicional. •

UBiRaTan RESEnDEDiretor-geral da VIA Technologies no Brasil.

a tecnologia de ReconhecimentoFacial a serviço da educação

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Viagem Sieeesp

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Prezado Educador

a viagem internacional do Sieeesp, com apoio da FENEP, será para Alemanha e Suíça, de 3 a 16 ou 21

de maio de 2019.As missões anteriores, sendo a última

para o Japão, têm obtido excelente ava-liação dos participantes, o que nos incen-tiva a dar continuidade a este projeto, um dos mais importantes do Sindicato, cuja organização tem sido realizada pelo IES-Educação Internacional, com apoio de nossas Embaixadas no Exterior e das instituições responsáveis pela educação nos países visitados.

Ambos os países já fizeram parte de nossos estudos. A Suíça em 2005 e Alemanha em 2006. Desde então, os governos suíço e alemão têm realizado ampla transformação em seus sistemas educacionais, projetando uma visão da formação ideal para os desafios futuros, oferecendo um conteúdo pedagógico de alto nível, adequando o ambiente socio-emocional das crianças para um melhor aproveitamento nos níveis subsequentes e propiciando uma sólida base no ensino fundamental, médio e técnico, que atenda as expectativas de um mundo de grande competitividade. Nesse sentido, reconhe-cidamente, o ensino na Alemanha e Suíça tem alcançado uma liderança na Euro-pa, em termos de inovação, tecnologia, gestão escolar, flexibilidade e variedade curricular, atendendo os anseios da socie-dade e os principais requisitos do mercado de trabalho.

OBJETiVOSConhecer o sistema de ensino de

ambos os países, seus principais projetos, tendências e desafios, bem como visitar escolas selecionadas, do kindergarten ao

ensino médio e técnico. O grupo partici-pará de seminários e terá a oportunidade de adquirir e de trocar conhecimentos com educadores locais sobre processos e métodos, gestão e conteúdos de ensino, observando a atuação de professores em sala de aula e avaliando materiais, equipamentos e instalações das escolas visitadas. Evidentemente, estas missões abrem as portas para uma valiosa troca de experiências, durante e após a viagem.

Além dos Governos, teremos a efe-tiva contribuição da Swiss Learning, da Suiça, e da Bundesverband Deutscher Privatschulen – VDP, organismos oficiais correspondentes à FENEP e ao Sieeesp, e que cuidam do setor das escolas par-ticulares.

EDUCaçãO na alEManhaA delegação vai ter contato com

um sistema bem diferente da educação brasileira. A maior responsabilidade recai sobre os Estados (a Alemanha é constituída

de 16 estados federados, conhecidos em alemão como Länder) que decidem sobre a política educacional.

• a pré-escola ou Kindergarten – en-sino de 1 a 6 anos de idade é opcional, mas 95% das crianças frequentam o jardim de infância.

• a educação primária ou Grundschule, para crianças de 7 a 11 anos, é obrigatória

• a seguir, o ensino tem muitas va-riáveis, dependendo da vocação, com-petência, habilidades do estudante e dos requisitos das famílias:

• Gymnasium (até o 12° ou 13° anos) – ensino acadêmico mais puxado, pre-parando o estudante para obtenção do ABITUR e ensino superior

• Hauptschule ( 5° ao 9° ano ) – possui ênfase inicial no ensino acadêmico, mas a grade curricular contempla gradativa-mente treinamento vocacional

• Realschule ( 5° ao 10° ano) – a grade curricular inclui part-time de estudo e experiência vocacional.

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Os governos suíço e alemão têm realizado ampla transformação em seus sistemas educacionais

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• Berufschule (3 anos): escola pro-fissionalizante modelo dual para quem conclui o Hauptschule e o Realschule, com estágio prático remunerado, na profissão escolhida

• ainda existem as Forderschule ou Sonderschule, escolas específicas para crianças com necessidades especiais, com professores cuja formação é especializada

Os resultados desse variado sistema indicam que a Alemanha está formando jovens de alta performance, com resul-tados bem acima da maioria dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento ou Econômico - OCDE.

Durante a visita, conheceremos essas escolas e, cabe ressaltar, que a Bavária e Baden-Wurttenberg são regiões que se destacam comparativamente pela quali-dade do ensino.

EDUCaçãO na SUÍçaTrata-se de um dos países mais reno-

mados pela qualidade do ensino, atraindo jovens do mundo todo, principalmente aqueles que têm maior vocação pelas carreiras globalizantes, uma vez que a Suíça é sede de inúmeros órgãos interna-cionais, em especial das Nações Unidas. O reconhecimento maior recai sobre o ensino de línguas, matemática e ciências, com resultados superiores a outros países europeus.

Viagem Sieeesp

Dia 1 - Saída do Brasil com destino a Munique. Dia 2 - Chegada a Munique, recepção e traslado ao Hotel.Dia 3 - De Manhã visita ao famoso Castelo de Neuschwanstein,

do “Rei Louco” Ludwig II e, à tarde, tour para explorar a cidade, com destaque para os jardins do Pálácio das Ninfas, a Catedral da Virgem, Marienplatz, a Prefeitura e seu típico carrilhão, o imponente Maximilianeum e o cenário neoclássico monumental de Koningsplatz.

Dia 4 - Manhã: Seminário coordenado pelo Ministério da Cul-tura, Juventude e Esportes. À tarde, a delegação se divide em 2 grupos, para visita a uma escola cada.

Dia 5 - Visita a duas escolas por grupo e, no fim de tarde, partida de ônibus para Stuttgart.

Dia 6 - Manhã visita a duas escolas em Stuttgart e à tarde visita à belíssima cidade universitária de Tubingen.

Dia 7 - Visita à famosa Heidelberg. Possui a mais antiga uni-versidade do País. Destaque para o Heidelberg Castle, o centro histórico medieval com a Praça do Mercado, a beira do Rio Neckar pelo Philosopher Way e Ponte Karl Theodore SUIÇA.

Dia 8 - Ida de ônibus para Zurich, passando para conhecer o Lago de Constança ou Bodensee, incluindo a magnífica Ilha de Mainau e seu parque.

Dia 9 - Tour de Zurich, com seu belo lago, rodeado pelas montanhas, a Cidade Antiga medieval- Altstad, a Catedral com suas duas torres góticas, Peterskirche, a Cateral de Nossa Senhora.

COMO PaRTiCiPaRO programa se destina aos educadores de todos os estados e não somente

aos associados do Sieeesp.O custo da viagem está sendo definido e incluirá passagem aérea; hospedagem

em apartamento individual ou duplo, com café da manhã; traslados, seminários e visitas às escolas, com intérpretes e tours com guias. Haverá a opção de realizar o programa com ou sem tour mencionado e o pacote pode ser parcelado.

Divulgaremos as informações finais em breve.Quem tiver interesse ou quiser mais esclarecimentos, contatar o IES pelo e-

mail [email protected] ou por telefone (11) 4702-9414, a partir de 15 de outubro.

A educação básica na Suíça é total-mente descentralizada. Pode-se dizer que existem 26 sistemas educacionais, correspondentes a cada um dos Cantões do País. Cada Cantão é responsável por definir a estrutura do sistema aplicado e conteúdo pedagógico, os idiomas que devem ser ensinados (evidentemente, dependendo da origem, será dada ênfase ao alemão, francês, italiano ou roman-che, idiomas oficiais), o calendário escolar etc. A Conferência de Diretores Cantonais é a instância aglutinadora, que faz re-

Dia 10 - Ônibus para conhecer Lucerna, e subida ao majestoso Monte Titlis, denominado a joia da coroa da Suíça Central, com seu bondinho giratório que nos leva ao topo, a 3020 metros.

Dia 11 - Ida cedo para a Capital Berna, para Seminário organiza-do pela Swisslearning e pelas autoridades de educação local. Em seguida, o grupo se divide em dois para visita a uma escola cada.

Dias 12 e 13 - Zurich : o grupo se divide em dois para visita a duas escolas cada.

Dia 14 - A delegação divide-se: grupo A traslado ao aeroporto para retorno ao Brasil PÓS-TOUR Grupo B participação no tour na Noruega, para visita dos Fjords. Hospedagem em Bergen. É o circuito mais famoso, denominado Norway in a Nutshell.

Dia 15 - City tour de Bergen, “portão dos fjords”, é uma cidade encantadora, rodeada por ilha. Foi a primeira capital do País. Seu conjunto arquitetônico é Patrimônio Cultural da UNESCO.

Dia 16 - Início do percurso dos fjords, para conhecer a espetacu-lar natureza do país, seus lagos, formações rochosas e belíssimos passeios. Trem de Bergen para ver os fjords mais espetaculares, como o Naeroyfjord – protegido pela Unesco; o Sognefjord- de-nominado o “Rei dos Fjords@; Aurlandsfjord, todos eles serão objeto de um cruzeiro; dentre outros.

Dia 17 - Com o renomado trem de Flam, passeio por belíssimas paisagens, passando por Myrdal, até Oslo.

Dia 18 - Tour de Oslo para conhecer, dentre outros, o Museu do Folclore, o Fram Museum, e o Parque Vigeland.

Dia 19 - Livre e traslado ao aeroporto para regresso ao Brasil.

PROgRaMa PREliMinaR

comendações, com base em estudos e resultados, visando o aprimoramento da qualidade da estrutura escolar, a fim de que as competências fundamentais sejam alcançadas.

Como principais resultados, a Suíça ocupa hoje o primeiro lugar no mundo em competitividade e inovação, à frente de Cingapura e Finlândia, de acordo com o World Competitiveness 2016. Em com-paração com o PIB, é o primeiro lugar em patentes e o quarto no mundo em pesquisas. •

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Libras

n o dia 26 de setembro foi come-morado o Dia Nacional da Pes-soa Surda, um período propício

para a visibilidade da comunidade for-mada por pessoas surdas e usuárias da Língua Brasileira de Sinais – Libras. A data se deve à inauguração da primeira escola para surdos no território brasileiro, em 1857, com o nome de Instituto Nacional de Surdos Mudos do Rio de Janeiro, hoje denominado como Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES, um órgão público vinculado ao Ministério de Edu-cação que se tornou referência na área com o objetivo de trabalhar as questões educacionais de pessoas surdas no Brasil.

O último censo do IBGE, realizado em 2000, apresentou o retrato da população brasileira. 26.145.911 pessoas apresenta-vam algum tipo de deficiência: Destas, 5.735.099 apresentaram-se “incapaz, com alguma ou grande dificuldade perma-nente de ouvir”, sendo 389.430 da Região Norte, 1.861.687 da Região Nordeste, 2.219.320 da Região Sudeste, 898.482 da Região Sul e 366.180 da Região Centro-Oeste.

Os números expressivos apontam para a possibilidade de se comemorar algumas conquistas, como o reconhe-cimento da Libras como meio legal de comunicação e expressão das pessoas surdas e, ao mesmo tempo, de pontuar demandas que emergem, em contextos educacionais, comunicacionais e sociais para as comunidades de pessoas surdas do Brasil.

A Lei Federal 10.436, de 24 de abril de 2002, ao reconhecer a Libras como língua, afirma que o ordenamento jurídico ratifica a existência de uma forma de comuni-cação e expressão de natureza visual-motora. Noutras palavras, é o reconheci-mento legal de um sistema linguístico para transmissão de ideias e fatos, próprio de comunidades de pessoas surdas, a partir do uso de sinais, de forma sistematizada. Esta legislação ainda atrelou o uso da Li-bras com o ensino da modalidade escrita da Língua Portuguesa durante os proces-sos educacionais para os alunos surdos, em caráter obrigatório.

Já o Decreto Federal n° 5626, de 22 de dezembro de 2005, que regulamentou a legislação acima, determina que a Libras deve ser inserida como disciplina curricu-

Dia naCiOnal DO SURDO:Comemorações e demandas

educacionais necessáriaslar obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério no Ensino Médio e Superior, além dos cursos de Fonoaudiologia, tanto de insti-tuições públicas como privadas de todo o país. Para as demais formações, a Libras é tida como uma disciplina curricular optativa. Além disto, apresenta questões sobre a formação de professores e instru-tores de Libras, bem como as questões de certificação de proficiência em Libras para a formação de tradutores-intérpretes de Libras e para a função docente.

Um dos desafios ainda existentes e que atualmente mobiliza os surdos a partir de movimentos sociais em todo o país é a necessidade da existência de escolas bilíngues, entendidas como aquelas em que a Libras (primeira língua) e a modali-dade escrita da Língua Portuguesa (segun-da língua) sejam as línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. A pauta da educação bilíngue se dá em razão da diferenciação sociolinguística entre pessoas surdas e deficientes auditivas.

As pessoas surdas, nesta perspectiva, são aquelas para quais a sua formação identitária se pauta pela surdez. Trata-se de perceber as vivências e experiên-cias pessoais dadas numa modalidade espaço-visual, o que significa optar pela utilização da Língua de Sinais do país como forma principal de comunicação, em detrimento de qualquer possibilidade de práticas de oralização. Neste sentido, esta pessoa se estabelece no mundo a partir das questões linguísticas específicas de sua realidade enquanto sujeito surdo: é por meio da Libras que compreende a si mesmo, o(s) outro(s) e o mundo à sua volta – muitas vezes constituído a partir das contribuições vivenciadas com as comunidades de surdos, que são as as-sociações municipais organizadas por surdos, familiares, interpretes e amigos.

Já o deficiente auditivo, também nesta perspectiva sociolinguística, é aquele sujeito para o qual a utilização da Libras não se faz necessária. Prefere-se um acompanhamento eminentemente clínico, com práticas de recuperação da surdez (por meios de aparelhos auditivos e, muitas vezes, de implantes cocleares), e de oralização, cujo o estímulo é a uti-lização de uma língua de modalidade

oral-auditiva. Socialmente, esta pessoa convive na sociedade em geral, sem se identificar com os espaços próprios dos usuários da Língua de Sinais.

A educação bilíngue é uma proposta de adequação/atualização da Política Nacional de Educação Especial na pers-pectiva da Educação Inclusiva, uma vez que as pessoas surdas entendem que tal política, na forma como estabelecida, não

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possibilita, de fato, um processo inclu-sivo reconhecedor das vivências surdas e de suas especificidades originárias do contexto sociolinguístico no qual estão inseridos.

O foco é justamente a necessidade de se reconhecer a diferença da forma de acessibilidade necessitada. Os alunos surdos necessitam de uma acessibilidade comunicativa em sua Língua de Sinais,

uma vez que muitos destes educandos, nos primeiros anos do processo formal de ensino, ainda não constituíram a sua própria língua, razão pela qual não estão aptos a compreender o que o profissional tradutor-intérprete de Libras se propõe a executar, isto é, meramente, traduzir e interpretar.

Justifica-se que muitos alunos surdos somente passam a ter uma língua própria

no contexto escolar e no convívio com seus semelhantes, isto é, com outras crianças e adultos surdos, usuários da Li-bras. Desta forma, até que tal experiência ocorra, normalmente, ficam excluídos dos processos educativos se comparados com os alunos ouvintes – que já chega-ram a este espaço com um vocabulário linguístico estabelecidos no contexto familiar, a partir dos espaços sociais nos quais convivem.

A educação bilíngue propõe a existên-cia de classes específicas para os surdos nos primeiros anos da Educação Básica. Trata-se também de uma acessibilidade ao currículo, quando ele se adapta para ser executado a partir do uso da Língua de Sinais. Visa apreender o conteúdo previsto na matriz curricular ao mesmo tempo em que adquire o vocabulário em sinais. Neste sentido, o aluno surdo aprende juntamente com outras crianças surdas e com um professor surdo (ou um docente ouvinte fluente em Libras). O papel socia-lizador da escola permanece, uma vez que esta classe se encontra em escolas regu-lares e as atividades coletivas (recreios, esportivas, datas comemorativas, etc.) também fazem parte do planejamento para os alunos surdos.

Após os anos iniciais com atividades realizadas num contexto de fluência em Libras, este aluno surdo é incluído em classes regulares com alunos ouvintes, tendo o apoio do tradutor-interprete de Libras, uma vez que já estará apto para compreender e participar dos proces-sos educativos, com a interpretação e tradução realizada pelo profissional.

Por outro lado, outra demanda a ser pautada é o ensino obrigatório de Libras para todos os alunos na Educação Básica. A proposta de Educação Especial na per-spectiva da Educação Inclusiva é fazer com que alunos com deficiência sejam incluídos no contexto escolar em iguais condições, se comparados com os demais alunos – respeitando as especificidades de cada tipo de deficiência. No entanto, é certo que alunos surdos incluídos nas classes regulares não possuem força significativa nas relações sociais estabe-lecidas, que são eminentemente de poder. No discurso e na prática, suas opiniões e leituras de contexto acabam, em muitas vezes, pretéritas em razão de seu lugar de fala – o outro que necessita de estar com os não deficientes e assim se sentir valorizado e incluído nos processos educativos. O aprendizado obrigatório da Língua de Sinais pelos demais alunos ouvintes permitiria um envolvimento maior dos alunos surdos no contexto de sala de aula. A partir de uma formação

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O aprendizado obrigatório da

língua de Sinais pelos demais alunos ouvintes permitiria

um envolvimento maior dos alunos

surdos no contexto de sala de aula

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bilíngue, crianças surdas e ouvintes estariam aptas para estabelecerem suas relações de aprendizagem e socialização de forma equânime.

Para além destas questões, ainda é uma demanda a existência de mate-riais didáticos-pedagógicos adaptados em Língua de Sinais. O processo de ensino-aprendizado da criança surda na fase de formação escolar seria melhor trabalhado caso os docentes tivessem acesso a tais materiais. Destaca-se a ne-cessidade de acessibilidade virtual para os materiais audiovisuais, que ainda não estão completamente adaptados com a tradução-interpretação em Libras, a partir de metodologias ativas.

A necessidade de regulamentação da profissional do tradutor-interprete de Libras, para atuação no contexto educa-cional, considerando as etapas escolares, é outra demanda. A Lei Federal n° 12.319, de 1° de setembro de 2010, reconhece a categoria profissional como ocupação laboral, estabelece as possibilidades de sua formação e os princípios éticos de sua atuação. No entanto, ainda é uma carência no campo legal a existência de um decreto regulamentador, em que se

poderá estabelecer os critérios específi-cos de formação pedagógica para atuação deste profissional no contexto escolar, bem como as questões relativas a direitos garantidos em decorrência da natureza da profissão, notadamente, relacionadas às questões de saúde ergonômica.

Neste quesito, é necessário refletir a qualidade da formação continuada de profissionais tradutores-interpretes de Libras, que atuam no sistema educacional, sobretudo na Educação Básica. Ainda, é uma realidade que muitos desses pro-fissionais não possuem uma formação superior em cursos de licenciaturas. Neste sentido, há carências pedagógicas e didáti-cas que dificultam para uma atuação no contexto educacional – até mesmo para se pautar as atividades específicas enquanto profissional, a partir da compreensão das normativas educacionais sobre os espaços e papéis educativos dos atores sociais envolvidos.

Por outro lado, a participação da Comunidade Surda nos espaços de for-mulação e acompanhamento de políticas públicas educacionais ainda é tímida. É necessário que os surdos se percebam essenciais nas discussões sobre a educa-

ção em espaços de controle social, como os Conselhos municipais, estaduais e nacional de Educação. A participação nestes espaços permitiriam relações de poder aos surdos para que se pautem as demandas educativas a partir da surdez, sobretudo, a necessidade de uma política pública nacional de educação bilíngue, na proposta já mencionada, além das possibilidades de adequações da Política de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, para que a formação em Libras também seja garantida para os alunos que não são surdos/ou deficientes auditivos.

Por outro lado, é necessário também o maior envolvimento das comunidades surdas, como as associações locais de surdos, com os cursos de formação su-perior, para o planejamento e execução de práticas extensionistas que pautem as demandas educacionais para surdos: tanto na discussão da educação bilíngue, como na produção de sistemas digitais educativos com acessibilidade comuni-cativa em Libras, e também na formação continuada em Libras para professores, e também dos próprios surdos para que eles possam se empoderar politicamente nos espaços coletivos de deliberações.

Os espaços das Comunidades Surdas necessitam do apoio acadêmico, uma vez que ao possibilitar a realização de pesqui-sas e práticas extensionistas de cursos superiores, tem como consequência o reconhecimento cientifico das especi-ficidades das identidades das pessoas surdas, a partir de sua diferenciação socio-linguística com o uso da Língua Brasileira de Sinais. Essa relação educativa permite outro caráter para estes espaços, que se tornam inclusivos para pessoas que não são surdas e/ou deficientes auditivos, abrindo-se para a comunidade acadêmica e local, apresentando suas demandas e possibilitando o (re) conhecimento da modalidade linguística espaço-visual que predomina neste contexto.

Assim, o Dia Nacional dos Surdos per-mitiu a comemoração de avanços legais, sociais, políticos e históricos nos proces-sos de inclusão dos alunos surdos; porém, possibilita pautar inúmeras demandas que se destacam, acadêmica e socialmente entre surdos, profissionais tradutores-interpretes de Libras, familiares e socie-dade civil organizada. •

EDMaRCiUS CaRValhO nOVaESAutor do livro Surdos - educação, direito e cidadania (WAK Editora). Bacharel em Direito e Pós Graduado em Direito Público, Educação e Inclusão: Língua Brasileira de Sinais.

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Bilinguismo

O s últimos anos foram marcados pelo crescimento das escolas bilíngues no Brasil. Em espe-

cial, nos grandes centros urbanos e nas capitais brasileiras. Esse crescimento tem gerado algumas confusões e questiona-mentos sobre o caráter e os propósitos de escolas que se intitulam “escolas bilíngues”. A fim de entendermos melhor essa temática, precisamos nos aprofundar um pouco mais em outros contextos que criam esse cenário complexo das escolas bilíngues em nosso país.

Primeiramente, precisamos falar das Escolas internacionais. Tratam-se de instituições de educação voltadas para comunidades de estrangeiros ou expa-triados que se instalaram provisoriamente ou imigraram para o Brasil. Esses nichos sociais têm como interesse primordial manter vínculos fortes com o seu país de origem. Assim, nessas escolas a língua estrangeira é o veículo de transmissão do conteúdo. As aulas, além de serem mi-nistradas no idioma estrangeiro, seguem o currículo disciplinar do país de origem. Assim, disciplinas que não são oferecidas pelo programa educacional brasileiro como parte obrigatória surgem como

Minha ESCOla TERÁ qUE SE TORnaRUMa ESCOla BilÍngUE?

Pensando sobre uma aprendizagem efetiva de língua estrangeira nas escolas

parte importante e integrante desses con-textos educacionais. O mesmo vale para as questões de carga horária de aulas: elas devem seguir os padrões externos. Logo, é muito comum escolas internacionais funcionarem de forma integral: alunos ficam na escola em dois turnos, como ocorre em muitos países estrangeiros. O objetivo educacional é fortalecer a relação com a cultura, com os padrões sociais da nação de referência e, possivelmente, criar condições para que os seus jovens possam finalizar seus estudos fora, nas universidades de seu país de origem.

Ainda precisamos nos referir a escolas de padrão internacional – outra forma de “internacionalização” das instituições de ensino. São escolas que, além de um programa muito forte em uma dada língua estrangeira, buscam também o padrão de excelência educacional e a comprovam por meio de uma certificação internacio-nal conhecida como IB. IB refere-se à certi-ficação dada pelo Instituto Baccalaureate (www.ib.org) para instituições de ensino que conseguem comprovar esse padrão por meio de um processo detalhado, longo e muito exigente. Essas escolas buscam atingir as famílias que passaram

a buscar as Escolas Internacionais não mais pela ligação com um determinado país estrangeiro, mas pela necessidade de oferecer a seus filhos um padrão de ensino sonhado, superior – mesmo quando com-parado ao de escolas de elite brasileiras.

As escolas bilíngues surgem como uma parte desse cenário por caminhos diferentes. Algumas delas nasceram na Educação Infantil e tinham por objetivo preparar crianças de famílias brasileiras – falantes da língua portuguesa – para pas-sarem pelos difíceis processos seletivos de escolas internacionais, em que o domínio da língua estrangeira é imprescindível. Dessa forma, alguma escolas de educação infantil aparecem como bilíngues, dando uma carga horária expressiva na língua estrangeira. Essa movimentação fez surgir as escolas bilíngues que passaram a oferecer o bilinguismo para os demais ciclos (Ensino Fundamental, em especial) usando ainda um tempo bastante im-portante ensinando conteúdos diversos – como matemática, ciências, história e geografia – na língua estrangeira.

Vale a pena tentar problematizar por que tantas famílias têm buscado escolas deste tipo para suas crianças: Será apenas

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para ter certeza de que elas irão aprender a língua estrangeira com maestria, sem precisar de cursos fora do colégio, em escolas de idiomas? Talvez seja esse um dos pontos de motivação das famílias, mas isso parece ser bastante reducionis-ta. Possivelmente, podemos pensar que ainda estamos falando de uma busca por modelos educacionais mais competentes e mais completos. Será que a educação bilíngue pode ou deveria apontar para uma formação mais completa do indi-víduo, do que nas escolas não bilíngues?

Na verdade, a Educação Bilíngue pre-cisa ser melhor explicada. Ela não deveria ser vista apenas como uma “solução” para um modelo que deveria funcionar de forma apropriada no desenvolvimento integral de nossas crianças e jovens. A Educação Bilíngue, na verdade, é efetiva-mente o resultado de contextos bilíngues como no caso da (1) educação indígena, nas (2) comunidades bilíngues – onde temos co-oficialização de dois idiomas em determinados municípios brasileiros; nas (3) regiões de fronteira onde há a convivência da língua portuguesa com a língua espanhola, por exemplo. A Educa-ção Bilíngue é fundamental para escolas de (4) surdos, que têm Libras como seu primeiro idioma e a língua portuguesa como L2 (apesar de muitos pensarem o contrário).

Ainda é terr itór io da Educação Bilíngue alguns contextos voltados para (5) comunidades de expatriados que

querem manter suas relações e contex-tos culturais do país de origem, mas que desejam também valorizar e prestigiar o contexto do país local, neste caso, do Brasil. Assim, parte do conteúdo e das aulas é ministrada na língua estrangeira, mas a Língua Portuguesa compõe um papel relevante no ensino e uma carga horária importante é feita em português. Há ainda contextos de Educação Bilíngue, nos dias de hoje, que deveria ser voltado aos (6) refugiados que buscam proteção e asilo em nosso território. Contudo, a Educação Bilíngue que configura com maior expressão nos grandes centros brasileiros é o de (7) línguas de prestígio, o inglês sendo a principal delas.

Assim, vemos nos tempos atuais, uma grande movimentação nas escolas não bilíngues no sentido de buscar soluções para essa nova oferta do mercado edu-cacional. Muito provavelmente seja esse o aspecto mais positivo nessas novas de-mandas. As escolas têm buscado cada vez mais soluções para que o ensino de língua

estrangeira passe a ser implementado em suas instituições. No passado, esse papel era delegado às escolas de idiomas. Agora, há de fato um grande esforço para que a aprendizagem da língua inglesa seja plena-mente resolvida no contexto da educação básica. Afinal de contas, as escolas de idiomas gastam cerca de 600 a mil horas de instrução para suceder bem na emprei-tada do ensino de língua estrangeira, de-pendendo da sua metodologia ou eficácia. Em escolas de educação básica com duas aulas de 50 minutos, chega-se a 800 horas de instrução. Deveria ser possível apren-der pelo menos uma língua estrangeira nas escolas e colégios do Brasil.

Consequentemente, podemos perce-ber as escolas investindo em desenvolvi-mento e treinamento de seus profes-sores de inglês, investindo na escolha de assessorias e parceiros que possam dar consultorias e acompanhamentos no dia a dia da implementação de um projeto bilíngue, buscando materiais didáticos mais adequados e voltados para o ensino

Vemos nos tempos atuais, uma grande movimentação nas escolas não bilíngues no sentido de buscar soluções para essa

nova oferta do mercado educacional

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das quatro habilidades comunicativas, entre elas a ORALIDADE. Isso navega na direção de também contemplar as novas exigências da Base Nacional Comum Cur-ricular (BNCC) que serão mandatórias a partir do início de 2020. A respeito da oralidade, está colocado como demanda da Base:

“O eixo Oralidade envolve as práticas de linguagem em situações de uso oral da língua inglesa, com foco na compreensão (ou escuta) e na produção oral (ou fala), articuladas pela negociação na construção de significados partilhados pelos inter-locutores e/ou participantes envolvidos, com ou sem contato face a face. Assim, as práticas de linguagem oral presenci-ais, com contato face a face – tais como debates, entrevistas, conversas/diálogos, entre outras –, constituem gêneros orais nas quais as características dos textos, dos falantes envolvidos e seus “modos particulares de falar a língua”, que, por vezes, marcam suas identidades, devem ser considerados. Itens lexicais e estru-turas linguísticas utilizados, pronúncia, entonação e ritmo empregados, por exemplo, acrescidos de estratégias de compreensão (compreensão global, específica e detalhada), de acomodação (resolução de conflitos) e de negociação (solicitação de esclarecimentos e confir-mações, uso de paráfrases e exemplifi-cação) constituem aspectos relevantes na configuração e na exploração dessas

práticas. Em outros contextos, nos quais as práticas de uso oral acontecem sem o contato face a face – como assistir a filmes e programações via web ou TV ou ouvir músicas e mensagens publicitárias, entre outras –, a compreensão envolve escuta e observação atentas de outros elementos, relacionados principalmente ao contexto e aos usos da linguagem, às temáticas e a suas estruturas.”

Concluo essas reflexões voltando à pergunta inicial deste texto: Minha escola terá que se tornar uma escola bilíngue? Acredito que seja bastante difícil responder a essa pergunta pela própria complexidade de definir adequadamente uma escola bilíngue: quanto de língua estrangeira precisaria existir na instrução de uma dada escola para defini-la como bilíngue? Ainda não existe uma legislação para traçar uma clareza nesta pauta. To-davia, o que é bastante claro é que todas as escolas serão desafiadas a implementar SOlUçÕES BilÍngUES para seus alunos, em prazo de tempo razoavelmente curto.

No mesmo diapasão, vale um último pensamento: Considerando que as famí-lias que hoje buscam escolas bilíngues também estão buscando uma melhor qualidade de ensino geral, devem as esco-las não bilíngues se preocuparem apenas com o ensino do inglês? Ou precisamos reavaliar nossas práticas pedagógicas gerais? Como fazer para construir cenários educacionais mais efetivos que possam

REFERÊnCiaS BiBliOgRÁFiCaS:gaRCia, Ofélia. (2010) Bilingual Education in the 21st Century: A Global Perspective. Wiley-Blackwell. MEgalE, Antonieta Heyden. Bilingüismo e educação bilíngüe – discutindo conceitos. Revista Virtual de Estudos da Linguagem – ReVEL. V. 3, n. 5, agosto de 2005.Estudos da linguagem – ReVEL. V. 3, n. 5, agosto de 2005. ISSN 1678-8931 [www.revel.inf.br]. MOURA, Selma de Assis. Educação Bilíngue no Brasil: possibilidades e desafios rumo a uma sociedade linguística e culturalmente plural. Anais da VI Semana de Educação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo.

lUCia RODRigUES alVESFormada em Letras pela Universidade de São Paulo, Mestre em Linguística Aplicada à Educação pela PUC-SP e especializada na área de Ensino de Língua Inglesa desde a década de

90. Hoje é Diretora de escolas do grupo Seven Idiomas, é uma Google Educator Certificada e atua há 18 anos na área de Programa Bilíngue para Colégios.

ir além de aulas expositivas e provas que cobram a memorização de conhecimen-tos? O desafio é muito maior que o ensino de uma língua estrangeira. O desafio se coloca diante de gestores educacionais, coordenadores pedagógicos, docentes de todas as disciplinas: Como construir uma escola de qualidade para nossas crianças e jovens de hoje e dos anos que estão por vir? •

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Práticas Educacionais

n as considerações de Paulo Freire, “você, eu, um sem-núme-ro de educadores sabemos,

que a educação não é a chave das trans-formações do mundo, mas sabemos também que as mudanças do mundo são um quefazer educativo em si mesmas. Sabemos que a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa. Sua força reside exatamente na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço de nossos sonhos.” (1991, p. 126)

Faz-se necessário compreender a edu-cação como transformação social, oportu-nizar aos nossos alunos desde a educação infantil serem sujeitos construtores da própria história, a escola deve educar para a vida desde bem cedo, daí a importância de se trabalhar na escola questões como: a discriminação racial e a diversidade cul-tural; oportunizando aos alunos a quebra de paradigmas desde cedo, reconstruindo valores e verdades a respeito do outro, respeitando as diferenças sociais, culturais e raciais no seu cotidiano.

É imprescindível, a escola atual, traba-lhar de maneira eficaz a matriz africana no seu currículo. Pois a História africana, sua formação e delineamento da iden-

Por uma Educação Crítica Social:um olhar interdisciplinar sobreas práticas educacionais

tidade cultural afro-brasileira, é de suma importância no cenário educacional, pois será interpretando e recriando as práticas de outras culturas que os alunos irão ter possibilidades de conhecer e assim res-peitar o outro.

Herdeiros de uma escola que sempre privilegiou, em grande parte de sua tra-jetória, conteúdos eurocêntricos, vivemos hoje a urgência de rever conteúdos e temas formativos em nossos bancos esco-lares. Dessa maneira, conhecer e refletir sobre os costumes e tradições, as práticas e as representações culturais, a mitologia e a religião, a linguagem e as escritas, a re-sistência e as lutas, a memória e a história do povo africano; assim ensinar, aprender, refletir e debater sobre as identidades é um exercício fundamental para o combate à intolerância, à discriminação, à xenofo-bia, ao racismo.

A importância de se discutir tais questões no âmbito da educação é atesta-da pela amplitude e incidência de crimes e violência no Brasil. Estes ocorrem no contexto de uma história e uma cultura que favorece as violências de todo tipo. Tratar a discussão sobre a cultura afro-brasileira, como matéria/disciplina, significa dar um

passo importante para reduzir as desigual-dades e a violência que marcam o país.

A luta contra o preconceito é tanto política quanto acadêmica. Os atores sociais que trazem constantemente para o debate público a questão do racismo, em parte, ajudam a mostrar que estas questões têm dimensão histórica e política.

Para a Unesco, debater essas questões em sala de aula é fundamental, é primor-dial que ensinem aos estudantes que todas as pessoas são iguais, indepen-dentemente da cultura ou até mesmo de sua cor. Um dos compromissos dos países-membros da Organização das Nações Unidas é garantir o cumprimento da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, adotada pelo Brasil e todos os outros Estados-membros da ONU em 2015. Entre os 17 objetivos globais da agenda, está a garantia de ambientes de aprendizagem seguros e não violentos, inclusivos e eficazes, e a promoção da educação para a igualdade e os direitos humanos.

A Carta Magna Brasileira prevê, no Art. 3.º, inciso IV, que constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, dentre outros, promover o bem

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SiMOnE Da SilVa VianaProfessora da Universidade Estácio de Sá, Externato Campista e Colégio estadual Dr. Barros Barreto.

de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Prevê, ainda, em seu Art. 206, no que tange ao direito à educação: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de institui-ções públicas e privadas de ensino.

Neste sentido, a política educacional é imprescindível, é na educação básica que as crianças podem tornar-se seres mais esclarecidos e livres para entender o mundo, sem imposições. Para o alcance dessas propostas, é necessário imple-mentar a educação sobre os temas dos direitos humanos e da diversidade na formação inicial e continuada, oferecida por faculdades e universidades; disponibi-lizar material didático-pedagógico para auxiliar os profissionais de educação na abordagem destes temas e realizar pes-quisas para o monitoramento e avaliação desse trabalho.

Quando a escola aborda a questão racial, cultura afro-brasileira, numa pers-pectiva plural, ela mostra ao aluno que tudo o que existe na nossa sociedade são construções culturais, e que elas mudam ao longo do tempo. Dar essa perspectiva histórica ao aluno, de que nem sempre foi assim e nem sempre vai ser assim, faz com que ele reflita e aí, sim, se tem um ganho progressivo de liberdade, de autonomia, que são características importantes.

Nesta perspectiva, os Parâmetros curriculares nacionais (PCN) incitam a escola a refletir sobre o seu currículo, sobre as necessidades de sua comunidade escolar quanto à realidade de diversificar as práticas pedagógicas, pois rompem a limitação da atuação dos educadores em relação às atividades formais e ampliam um leque de possibilidades para a forma-ção do educando.

A escola pode e deve contribuir na construção de princípios de igualdade e justiça, culminando assim no desenvolvi-mento de uma cultura democrática e participativa. Se queremos uma sociedade mais justa e igualitária, é sem dúvida na escola que iremos reverter o quadro desolador de desigualdade. E atitudes preconceituosas e discriminatórias so-mente podem ser mudadas por meio da educação – em todos os níveis e modali-dades – em direitos humanos e de respeito à diversidade humana, em todas as suas manifestações.

Levar esta discussão para o universo escolar é abrir-se para uma educação que vai além da reprodução de valores, é entender que se deve educar para a crítica às reproduções culturais, tornar prioridade nas políticas curriculares. Os professores podem oportunizar, por meio de atividades pedagógicas, a busca pelas raízes culturais junto aos alunos, por meio de projetos pedagógicos que trabalhem educação e cultura. No que se refere à contribuição africana é evidente, princi-palmente, na culinária, dança, religião, música e língua. Deste intercâmbio cul-tural formou-se a cultura afro-brasileira, sendo visível a influência africana em todos os aspectos da sociedade brasileira, em diálogo com valores humanos de várias etnias e grupos sociais, imprimimos

valores civilizatórios de matriz africana à nossa brasilidade que é plural. É impres-cindível trabalhar esses temas no cenário educacional, iniciando desde a Educação Infantil até o Ensino Médio; além do Ensino superior. Para assim edificarmos valores essenciais para a vida e na vida! E assim, estarmos contribuindo por uma educação crítico social no cumprimento das leis: 10.639/03 e 11.645/08.

É cumprir nosso papel social, en-quanto professores, fortalecendo nossa identidade social, para que nossos alunos conheçam e reconheçam o espaço em que vivem, proporcionando mudanças no seu modo de entender a si mesmos, entender os outros, as relações sociais e a própria História; entendendo que saber sua história é saber narrar a si mesmo e ao outro; é ser sujeito de sua própria história, um agente ativo na sociedade, um sujeito capaz de pensar e transformar, exercendo sua plena cidadania. A ideia de educação deve estar intimamente ligada às de cul-tura, liberdade, democracia e cidadania.

Nessa perspectiva, o ensino-apren-dizagem oportuniza um espaço-tempo de reflexão crítica acerca da realidade social e, sobretudo, referência para o processo de construção das identidades destes su-jeitos e de seus grupos a qual pertencem, o que é determinante na construção da leitura de mundo destes alunos. Por isso, se faz necessário e urgente refletirmos nossas práticas educacionais, por uma educação crítico social. É possibilitar pensar o novo, reinventar o pensar; eter-nizar vivências. A oportunidade de novas reflexões e o desenvolvimento da criti-cidade sobre diversos temas do mundo atual, como o conhecimento e o respeito ao outro, questões sociais como guerras, fome, repúdio, discriminação racial, pre-conceito, poder e intervenção do homem no meio em que vive. •

REFERÊnCiaS BiBliOgRÁFiCaS:BRaSil. Lei n. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10 jan. 2001._______. Lei n. 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jun. 2014.FREiRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez; 1991.

Promover o bem de todos, sem

preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação

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Centenário

“ 100 anos transmitindo valores humanos, cívicos, morais e cris-tãos e formando pessoas para a

construção de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária”. São essas as palavras do arcebispo de Ribeirão Preto, Dom Mo-acir Silva, que definem o trabalho realizado pelo Colégio Auxiliadora, que completa o centenário de fundação neste ano.

Dom Moacir presidiu uma celebração eucarística que contou com cerca de 1,4 mil pessoas entre estudantes, ex-alunos, pais, professores e irmãs Filhas de Maria Auxiliadora.

Além da espiritualidade da Palavra de Deus, a missa festiva foi enriquecida com apresentações musicais e de dança, além de diversas homenagens.

Colégio auxiliadora, de Ribeirão Preto, comemora 100 anosÁlbuns de fotos antigas, livros e cadernetas ressaltam festa de comemoração para 1,4 mil pessoas

Carlos alberto nonino

Num amplo espaço de eventos, foram expostos trabalhos dos alunos, álbuns de fotos, livros e cadernetas. Esculturas e desenhos retrataram aspectos da história, permitindo conhecer a evolução da institu-ição de ensino nestes 100 anos.

“Só celebra com alegria quem olha o caminho percorrido com carinho e paixão. Com certeza, esses são os sentimentos que nos guiam sempre”, afirmo a diretora pe-dagógica do colégio, Luciana Orsini.

TRaDiçãO E REnOVaçãOO Colégio Auxiliadora de Ribeirão

Preto começou sua história numa pequena casa, em 1918, na mesma região central da cidade onde a escola foi sendo ampliada, “desenvolvendo sempre os caminhos da tradição e da renovação”, como diz o mate-

rial publicitário.Hoje, em um quarteirão inteiro, em

ampla construção, as atividades incluem laboratórios, salas de tecnologia, bibliote-ca, teatro, espaço para aulas de expressão corporal e áreas esportivas.

Com material didático próprio, o colé-gio faz parte da Rede Salesiana Brasil (RSB), presente em mais de 130 países. Segue a proposta de forma fiel aos ensinamentos de Dom Bosco, inspirador da Congregação Salesiana, e às intuições educativas de Maria Mazzarello, patrona da instituição, que assumiu e viveu o Sistema Preventivo de Dom Bosco, para ser levado a crianças e adolescentes. •

Dom Moacir Silva celebrou missa para comemorar o centenário da instituição, que valoriza o binômio tradição e renovação.

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Arte

a o pensarmos a infância, torna-se imprescindível refletirmos sobre as aulas que deveríamos

ministrar com ritmo e alegria. Possibilitar às crianças momentos de diálogo entre si e com o professor e momentos de silêncio, isto significa ensinar a respeitar o outro.

Usar elementos criativos é fundamen-tal; importante proporcionar momentos de execução de exercícios corporais com o outro, valorizando a audição dos instru-mentos musicais e a contagem rítmica, ao menos 50% da aula (utilizar uma vitrola, por exemplo), pois, além de história, estaría-mos trabalhando com a pureza do som, uma novidade para muitas crianças, pois novidade é sempre divertida.

Os preceitos disciplinares fundamen-tais das artes como balé e teatro, conforme propõe os Parâmetros Curriculares Nacio-nais (PNCs); como a expressão corporal,

inFÂnCia:a aRTE COMO agEnTE TRanSFORMaDOR

deveriam ser sempre incentivados, inde-pendentemente do tema planejado e da idade dos alunos.

Aulas que seguem uma organização específica; com aquecimento no chão, barra de balé, diagonal, hora de ba-gunçar, atividades no centro da sala ao término da aula, por meio do esquema corporal; bem como; o relaxamento e a concentração que é de extrema urgência para a atual civilização, deve ter uma sequencia lógica, pois, criança precisa de organização para aprender e isto se adquire também com uma aula cadenciada.

Toda a aula deve conter algum elemen-to surpresa criado pelo professor, podendo ser: Materiais alternativos, motivação à alimentação saudável (provar alimentos, sementes, frutas, etc.), dentre outros. O estímulo à infância é imprescindível em todas as aulas, podendo ser feito por meio de brinquedos ou brincadeiras, porém, é no espaço da aula reservado à “hora do brincar” (obviamente sem perdas signifi-cativas dos conteúdos obrigatórios) que o professor precisa observar os elementos fundamentais para o desenvolvimento humano em sociedade. Uma pitadinha de ARTE em tudo, não faz mal a ninguém.

Uma pitadinha de aRTE em tudo,não faz mal a ninguém

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liSTa DE MaTERiaiS nECESSÁRiOS• Usar roupas confortáveis;• O professor poderá solicitar que tragam fotografias que gostariam de compartilhar;• Chão apropriado para atividade física;• O professor poderá trazer uma caixa com fotografias e solicitar que montem uma história com as cenas representadas nas fotografias.

FaiXa ETÁRia6 a 9 anos

OBJETiVOAtua na demonstração de emoções por meio do brincar. Desenvolve a capacidade de expressar sentimentos, pensamentos, necessidades, desenvolve a capacidade de ordem ética (respeito a si e ao próximo), possibilita a construção de valores que norteiam a ação dos alunos.

FOTOgRaFia E FOTÓgRaFO

DiSCiPlinaS COM aS qUaiS inTERagE• Artes/ arte visual ;• Português/ Linguagem oral;• Educação física/ ritmo/ percepção e espaço temporal;• História/ identidade cultural;• Ciências / corpo humano.

TEMPO DOS COnTEÚDOS DE SUPORTE15 minutos/conversa sobre como gostam de serem chamadas/apelidos e respeito/amizades e carinho com o próximo/sen-timentos e força da expressão verbal.

TEMPO/ DESCRiçãO Da aTiViDaDE 10 minutos/formação da roda de diálogo/explicação sobre o que é respeito e res-peitar/cada integrante falará sobre o seu nome; importante deixar evidente para os alunos o sentimento que temos sobre nossa identidade e o respeito que devemos ter sobre a autoimagem do

outro (não faça ao outro o que não quer que façam com você). O professor solicita que falem sobre seu nome; em vários tons: suave; agudo; triste; alegre; etc. Que digam o nome uma das outras, conversando amigavelmente e com elogios, discutir a importância do elogio, a forma como gostam de ser chamadas, etc. Desenhar, escrever e pintar o seu nome e seus símbolos, apresentar seu nome e suas representações com o corpo por meio de uma pose que represente o seu nome.

TEMPO ViVEnCial Da aTiViDaDE20 minutos. •

CaRMEM MaChaDOAutora do livro Atividades Criativas e Corporais para a Educação Infantil (WAK Editora). Mestre e doutoranda em Educação. Formada em Educação Física.

Arte

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Educação Básica

O s resultados de 2017 do Sistema de Avaliação da Educação Bási-ca (SAEB), principal indicador

de avaliação do ensino fundamental do país, trazem dados alarmantes, que apon-tam não só o despreparo dos estudantes avaliados como um erro crônico na estru-tura da educação básica oferecida pelas escolas públicas do país.

As provas do SAEB, realizadas de dois em dois anos, refletem os níveis de apren-dizagem de estudantes a cada etapa de conclusão dos ciclos do Fundamental 1 e do Fundamental 2. Esses níveis de apren-dizagem estão descritos e organizados de modo crescente em Escalas de Proficiên-cia de Língua Portuguesa e de Matemática para cada uma das etapas avaliadas. Como os alunos das escolas privadas não têm obrigatoriedade de participação, funciona como uma fotografia real da educação pública, sem o mascaramento que poderia ser causado pela mistura de alunos dos dois sistemas.

Esse diagnóstico é realizado em três momentos: final da educação básica, término do 5º ano e na conclusão do 9º. As provas do SAEB refletem os níveis de aprendizagem demonstrados pelo conjunto de estudantes avaliados. Além das provas, também integram o SAEB as respostas de professores e diretores aos questionários enviados às escolas sele-cionadas, a fim de mapear todo o cenário educacional. Outro fator de relevância é que seus resultados são combinados aos do Censo – que expressam as taxas de aprovação, reprovação e abandono, apuradas em cada uma das etapas – para compor o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), indicador oficial de desempenho da educação pública oferecida pelos mais de 5 mil municípios brasileiros em todas as 27 unidades da federação.

Para as provas de proficiência de Língua Portuguesa e Matemática, reali-zadas em 2017, eram esperados 2.072.925 alunos do terceiro ano do ensino médio. Apenas 1.459.747 se apresentaram para os exames. Ou seja, 613 mil jovens, ou 29,5% dos alunos, não compareceram. Estes, com certeza, estão em pior condição de aprendizagem.

Evidências da necessidade de um novo modelo para a Educação Básica

– Ensinos Fundamental e Médio –

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Dentre os 70,5% do universo dos alunos do terceiro ano do ensino médio participantes da avaliação de matemática, somente 4,25% obtiveram ao menos 275 pontos, o que corresponde ao Nível 7, dado como proficiente. Assim, apenas 65.664 jovens que concluíam o ensino médio em 2017 tinham domínio razoável da disciplina. Mais representativos nu-mericamente, 29% dos participantes zeraram a prova de Matemática. Somados aos que faltaram ao exame, 425 mil alunos obtiveram “Zero” como nota.

Pior ainda é o desempenho observado nas avaliações de Língua Portuguesa: apenas 1,64% dos alunos avaliados obteve conceito superior ou igual a 275 pontos, que equivale ao Nível 7, ou Proficiente. São apenas 24 mil estudantes.

Já os resultados relativos ao Ensino Fundamental 1 possibilitam algum otimis-mo. Entre 2005 e 2017, o resultado médio da proficiência em Língua Portuguesa cresceu 25% entre os alunos do 5º ano. Já em matemática, 17%. Nota-se uma melhora contínua, mesmo que tímida, principalmente quanto à matemática, onde os saltos mais significativos ocorrem de quatro em quatro anos.

De modo geral, os resultados apon-tam para a falência do modelo vigente. Esperava-se haver alguma pressa na sua revisão. A reforma do ensino básico, Fun-damental 1 e 2 já está estabelecida. Sua proposta de organização curricular por habilidades e atitudes visa contextualizar mais o desenvolvimento do processo en-sino/aprendizagem. O que observamos é

que as escolas privadas já se movimentam com recursos e atividades para contextua-lizar o saber, com atividades pedagógicas diferenciadas, com ambientes denomina-dos Makers, onde o aluno aplica o saber e contextualiza o conteúdo trabalhado.

Dentro das ações positivas da ini-ciativa privada relacionadas às reformas educacionais propostas e ainda não divul-gadas, destaca-se a do Hospital Israelita Albert Einstein, que inaugurará sua escola de Cursos Técnicos na área de saúde, com programas integrados ao Ensino Médio. Trata-se de um passo à frente da reforma do Ensino Médio que já foi divulgada, re-colhida e aguarda a coragem do atual mi-nistro da Educação para a sua Divulgação, Promulgação definitiva e implantação.

Já no lado das escolas públicas, exis-tem apenas alguns exemplos pontuais. Dentre esses raros exemplos há iniciativas financiadas pela Fundação Lemann em al-gumas unidades do CEU, na capital paulista, e no Ceará. Nelas, houve a criação de am-bientes com estruturas diferenciadas para contextualização do saber, onde o acertar e errar são parte do projeto pedagógico. A Fundação Lemann não pretende expan-dir esse tipo de investimento para todo o

país, mas espera que estes modelos sejam estudados e replicados da maneira mais eficiente pela Gestão Pública.

A reforma do Ensino Médio já foi dis-cutida, apresentada e agora aguarda sua última adequação pelo ministro Rossieli Soares. Está claro que a busca de foco em uma quantidade menor de temas a serem estudados e a possibilidade de os alunos escolherem um eixo de aprendizado pode ser muito interessante, desde que as es-colas sejam preparadas com recursos pe-dagógicos diferenciados e os professores e gestores capacitados para serem mais eficientes no desenvolvimento do pro-jeto pedagógico. Educação Profissional integrada ao Ensino Médio Propedêutico é a real contextualização e aplicação dos conteúdos desenvolvidos. •

CESaR SilVaPresidente da Fundação FAT, entidade sem fins lucrativos que desenvolve cursos e treinamentos nas áreas de educação e tecnologia. É bacharel em Administração pela ESAN (Escola Superior de

Administração de Negócios de São Bernardo do Campo), pós-graduado pela FEA- USP, também em Administração. Possui especialização em Sistemas de Informação pelo IMT – Instituto Mauá de Tecnologia.

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Classieeesp

• NOVEMBRO DE 2018 •• 20/11/2018 INSS (Empresa) - ref. 10/2018 PiS – Folha de Pagamentos - ref. 10/2018 SiMPlES naCiOnal - ref. 10/2018 COFinS – Faturamento - ref. 10/2018 PiS – Faturamento - ref. 10/2018• 30/11/2018 IRPJ – (Mensal) - ref. 10/2018 CSLL – (Mensal) - ref. 10/2018 1ª Parcela do 13º salário

• 07/11/2018 SALÁRIOS - ref. 10/2018 E-Social (Doméstica) - ref. 10/2018 FgTS - ref. 10/2018 CagED - ref. 10/2018 • 09/11/2018 ISS (Capital) - ref. 10/2018 EFD – Contribuições - ref. 09/2018

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

agEnDa DE OBRigaçÕES

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Cursos

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