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Residência Universitária Estudante Frederico Perez- R5 IMPUGNAÇÃO DA PORTARIA Nº 08/2015 DE 13 DE ABRIL DE 2015 Ao excelentíssimo Reitor da Universidade Federal da Bahia, Sr. João Carlos Salles; A representação estudantil da Residência Universitário Estudante Frederico Perez, legalmente amparada pelo regimento vigente das casas estudantis, vem, tempestivamente, neste ato, legitimado pelos residentes da mesma em assembleia realizada no dia 14 de abril de 2015, impugnar a Portaria N° 08/2015 de 13 de Abril de 2015 , que trata sobre período de RENOVAÇÃO DOS AUXÍLIOS MORADIA, ALIMENTAÇÃO, TRANSPORTE E DOS SERVIÇOS DE RESIDÊNCIA UNIVERSITÁRIA e BOLSA DE APOIO AO ESTUDANTE COM NECESSIDADE EDUCATIVA ESPECIAIS, tendo como base legal o estabelecido no DECRETO Nº 7.234, DE 19 DE JULHO DE 2010, que dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil – PNAES, o ART. 53 DA LEI N° 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal e as Súmulas n° 346 e 473 do STF. I – HISTÓRICO :

ImpugnaÃÃo de Portaria PROAE Pronta Sem Remetente

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Residncia Universitria Estudante Frederico Perez- R5

IMPUGNAO DA PORTARIA N 08/2015 DE 13 DE ABRIL DE 2015

Ao excelentssimo Reitor da Universidade Federal da Bahia, Sr. Joo Carlos Salles;

A representao estudantil da Residncia Universitrio Estudante Frederico Perez, legalmente amparada pelo regimento vigente das casas estudantis, vem, tempestivamente, neste ato, legitimado pelos residentes da mesma em assembleia realizada no dia 14 de abril de 2015, impugnar a Portaria N 08/2015 de 13 de Abril de 2015, que trata sobre perodo de RENOVAO DOS AUXLIOS MORADIA, ALIMENTAO, TRANSPORTE E DOS SERVIOS DE RESIDNCIA UNIVERSITRIA e BOLSA DE APOIO AO ESTUDANTE COM NECESSIDADE EDUCATIVA ESPECIAIS, tendo como base legal o estabelecido no DECRETO N 7.234, DE 19 DE JULHO DE 2010, que dispe sobre o Programa Nacional de Assistncia EstudantilPNAES, o ART. 53 DA LEI N 9.784, DE 29 DE JANEIRO DE 1999, que regula o processo administrativo no mbito da Administrao Pblica Federal e as Smulas n 346 e 473 do STF.I HISTRICO:Inicialmente, cumpre informar que no dia 13 de abril de 2015, a Pr-Reitora de Aes Afirmativas e Assistncia Estudantil da Universidade Federal da Bahia, publicou a Portaria n08/2015, que trata de Renovao dos Auxlios Moradia, Alimentao, Transporte e dos Servios de Residncia Universitria e Bolsa de Apoio ao Estudante com Necessidade Educativa Especiais. Ocorre, porm, que tal Portaria causou total desconforto e insegurana jurdica entre os assistidos da PROAE, uma vez que a mesma trazia inovaes no seu bojo, como o estabelecimento de coeficiente de rendimento igual ou superior a cinco (5,0) como um dos critrios para a renovao. Alm disso, o instrumento no respeitava certas garantias processuais oriundas tanto do Regimento Geral do Servio de Residncia quanto da base normativa utilizada pela Pr-Reitora na referida Portaria, Decreto n 7.416/2010, tais como o prazo de oito dias entre a publicao e o incio da renovao das bolsas e a observncia de disciplina prpria da instituio e do edital de seleo.No obstante, a Pr-Reitora no cuidou de observar a base normativa adequada na Portaria n08/2015, utilizando-se equivocadamente do Decreto n 7.416/2010, que trata do desenvolvimento de atividades de ensino e extenso universitria, quando na verdade deveria utilizar o Decreto 7.234/2010, que dispe sobre o Programa Nacional de Assistncia Estudantil (PNAES).Frente a tais fatos, a gesto das representaes das residncias Gesto Unifica-, procurou a senhora Pr-reitora Cssia Marciel para tirar esclarecimentos e sinalizar as ilegalidades e inadequaes presentes na portaria, tanto do ponto de vista formal quanto conteudstico. No entanto, a Pr-reitoria negou-se a sequer avaliar a possibilidade de reaver a portaria e, caso preciso fosse, revog-la ou retificar os possveis vcios que tal instrumento poderia apresentar. Aos nossos questionamentos respondeu apenas dizendo que poderamos tomar as medidas que achssemos cabveis, pois o mximo que conseguiramos era uma ordem de renovao automtica de todos os assistidos exigida pelo Ministrio Pblico, tendo em vista que a revogao, conforme a pr-reitora, lhe traria mais transtornos do que a sua manuteno, mesmo com a possibilidade do instrumento no ser o adequado e/ou estar eivado de vcios de legalidade. Diante de tudo isso, aps assembleia realizada no dia 14 de abril de 2015, os residentes da Residncia Universitria Frederico Perez decidiram de forma unnime pela impugnao da supracitada Portaria, uma vez que esta encontra-se plenamente ilegal, restringindo direitos e garantias estudantis.Em apartada sntese, o relato dos fatos.II FATOS E DIREITOS:a) DA TEMPESTIVIDADEA tempestividade para provocar a declarao de nulidade ou revogao dos Atos Administrativos de qualquer tempo. No presente caso concreto, ao tratar de renovao de auxlios, o prazo para impugnao se exaure no dia em que findar-se a renovao, momento em que o Ato deixa de produzir efeitos jurdicos. Desta feita, com base nas Smulas n 346 e 473 do STF, no Art. 53 da lei 9.784/99, no Art. 114 da 8.112/90, alm de entendimento cristalizado na doutrina,a Administrao dever rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade. Segue, in verbis, os instrumentos legais supramencionados: A ADMINISTRAO PBLICA PODE DECLARAR A NULIDADE DOS SEUS PRPRIOS ATOS.

Smula 346 do STF

A ADMINISTRAO PODE ANULAR SEUS PRPRIOS ATOS, QUANDO EIVADOS DE VCIOS QUE OS TORNAM ILEGAIS, PORQUE DELES NO SE ORIGINAM DIREITOS; OU REVOG-LOS, POR MOTIVO DE CONVENINCIA OU OPORTUNIDADE, RESPEITADOS OS DIREITOS ADQUIRIDOS, E RESSALVADA, EM TODOS OS CASOS, A APRECIAO JUDICIAL.Smula 473 do STF

A Administrao deve anular seus prprios atos, quando eivados de vcio de legalidade, e pode revog-los por motivo de convenincia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.Art. 53 da lei 9.784/99

A administrao dever rever seus atos, a qualquer tempo, quando eivados de ilegalidade.Art. 114 da lei 8.112/90b) QUANTO A FORMATrata-se do instrumento utilizado pela Pr-Reitora para convocao da renovao dos Auxlios Moradia, Alimentao, Transporte e dos Servios de Residncia Universitria e Bolsa de Apoio ao Estudante com Necessidade Educativa Especiais. A forma Portaria (ato normativo) mostrou-se totalmente inadequada para o caso em tela, uma vez que o Art. 59 do Regimento Geral do Servio de Residncia Universitria em vigor cita claramente a necessidade do Edital divulgado amplamente como forma adequada para a veiculao do processo de renovao: Art. 59 Atravs de Edital divulgado amplamente pela CPA, dever ser definido o perodo para o encaminhamento de pedido de renovao. Assim, vale dizer: o vcio de legalidade quanto a forma torna o ato juridicamente nulo. No h previso legal estabelecendo a portaria como meio de convocao vlido para a renovao de auxlios garantidos pela PROAE. Sendo assim, cabe ressaltar que Administrao Pblica somente facultada agir por imposio ou autorizao legal. Ou seja, inexistindo lei, no haver atuao administrativa legtima.Conforme lembra o conceituado doutrinador de Direito Administrativo brasileiro Hely Lopes Meirelles: A legalidade, como princpio de administrao (CF, art. 37,caput), significa que o administrador pblico est, em toda a sua atividade funcional, sujeitos aos mandamentos da lei e s exigncias do bem comum, e deles no se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato invlido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.(Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. So Paulo: Malheiros, 2005.)Logo, conclui-se que toda a ao do Estado, em todos os nveis de atuao, que implique na obrigao de algum fazer ou deixar de fazer alguma coisa, deve necessariamente ser precedido de uma lei que delineie os poderes-deveres do Estado, bem como os deveres relativos a um fazer ou a uma absteno a que cada indivduo est sujeito.Nesse sentido, no se mostra excessivo evocar Celso Antnio Bandeira de Mello quando este jurista refora quea Administrao no poder proibir ou impor comportamento algum a terceiro, salvo se estiver previamente embasada em determinada lei que lhe faculte proibir ou impor algo a quem quer que seja. Vale dizer, no lhe possvel expedir um regulamento, instruo, resoluo, portaria, ou seja, l que ato for para coartar a liberdade dos administrados, salvo se em lei j existir delineada a conteno ou imposio que o ato administrativo venha a minudenciar. (Curso de Direito Administrativo. So Paulo: Malheiros, 2009)A razoabilidade da forma utilizada Ora, ainda que a forma Portaria utilizada fosse a mais adequada, utilizar-se de tal instrumento Portaria para tratar da renovao dos auxlios dos assistidos pela PROAE no se mostra razovel, diante da importncia de tal obrigao de fazer para a permanncia do vulnervel socioeconomicamente na Universidade. De modo que tal instrumento mostra-se atpico no universo que trate de tal matria, isto , conforme exemplos arrolados em anexo, no h exemplo de outras Pr-reitorias no Brasil que lance mo da forma portaria para convocar seus assistidos a fazerem a renovao, de um dia para o outro, estabelecendo novos requisitos restritivos de direito. Ao revs, tem se entendido que a maneira mais adequada para tal procedimento o lanamento de um edital, que precisa respeitar o devido processo legal, com prazo processual de 08(oito) dias entre a publicao e o incio da renovao das bolsas e a observncia de disciplina prpria da instituio e do edital de seleo, com a devida transparncia e divulgao pblicas exigidas. O resultado prtico de tal situao, inclusive, a possibilidade dos assistidos sequer tomarem conhecimento do processo de renovao via portaria, uma vez que no h a devida publicidade nos meios adequados, por no existir tal exigncia como prerrogativa de uma portaria legtima, como seria o caso do lanamento de edital. O que, vale evidenciar, viola diretamente o artigo Art. 59 do Regimento Geral do Servio de Residncia, conforme o qual o Edital deve ser amplamente divulgado pela CPA.Ademais, como se no bastasse a extravagncia do ato realizado pela PROAE UFBa atravs da portaria em dissonncia com seus pares pelo pais, destoa completamente da prtica habitual no universo do ordenamento jurdico do pas o estabelecimento da forma recurso como regra para a manuteno de acesso a direito, e no como via a qual se deve recorrer caso o pleito no seja alcanado (ou seja, renovao do auxlio restasse indeferida por razes quaisquer alegadas pela autoridade competente). O que se verifica, desse modo, que o assistido ter que entrar com um recurso a priori, j na renovao do seu auxlio, a fim de justificar o seu escore abaixo de 5 (cinco), que ser apreciado de forma discricionria pela Pr-reitoria; logo, a forma recursal no figura como instrumento a ser utilizado a posteriori, caso o pleiteante no tenho acordo com o indeferimento do seu pedido. Tal atecnia processual beira ao absurdo, tendo em vista que forma no Direito Processual ptrio garantia fundamental, emanada diretamente da Constituio Federal Brasileira. Por fim, ainda no que diz respeito aos vcios quanto forma, resta lembrar a insegurana jurdica que toda essa situao causa para os assistidos, que se vem diante de um instrumento jurdico ilegal e intempestivo quanto s mudanas em relao portaria de renovao anterior, arbitrrio quanto s exigncias impostas para a renovao e prenhe de incertezas no que tange possibilidade de suspenso ou mesmo cancelamento do auxlio ao qual se tem direito. A unilateralidade do ato normativo.

O Regimento Geral do Servio de Residncia claro ao afirmar que solicitao de renovao do direito ao SRU ser feita atravs de formulrio elaborado pela CPA, com a participao da CRR.

B) Quanto aos vcios de contedo da Portaria

Ilegalidade na fundamentao da portaria

Ainda que a portaria fosse considerada legal, adequada e razovel, a portaria N 08/2015 se fundamenta de forma equivocada no Decreto n 7.416/2010, que trata especificamente respeito de concesso de bolsas para desenvolvimento de atividades de ensino e extenso universitria, e no de auxlios para a permanncia dos jovens com vulnerabilidade socioeconmica na educao superior pblica federal, consoante prev o Decreto N 7.234, DE 19 DE JULHO DE 2010, que dispe sobre o Programa Nacional de Assistncia EstudantilPNAES.

Ora, o PNAES, em nada dispe do estabelecimento de exigncias para a manunteno do acesso a direito dos auxlios a que d direito atravs da aferio de desempenho acadmico, e sim evidencia o objetivo do Programa em contribuir para que tal desempenho ocorra, em favor do assistido, no em prejuzo, como resta estabelecido pela Portaria lanada pela PROAE UFBa.

Nesse sentido, o prprio Decreto que regulamenta o PNAES estabelece no seu Art. 5:

Art.5oSero atendidos no mbito do PNAES prioritariamente estudantes oriundos da rede pblica de educao bsica ou com renda familiarper capitade at um salrio mnimo e meio, sem prejuzo de demais requisitos fixados pelas instituies federais de ensino superior.

Dessa forma, entende-se que mesmo o estabelecimento de requesitos fixados pela instituio, como coeficiente de rendimento igual ou superior a cinco para renovao, vai de encontro a finalidade primeira (previsto no Art. 1 de tal Decreto) do Programa Nacional de Assistncia Estudantil, portanto, no deve prosperar.

Ilegalidade do estabelecimento do requisito de desempenho acadmico

Outrossim, o decreto mostra-se totalmente arbitrrio, pois no observa os termos do edital de seleo pelo qual passaram todos os assistidos, que em nenhuma clausula prev o estabelecimento do desempenho acadmico refletido no escore cinco como critrio para a renovao dos auxlios. Com efeito, sabe-se que a instituio da mdia cinco para a aprovao em disciplina na UFBa resultou de deciso do Conselho Universitrio (rgo mximo de funo normativa, deliberativa e de planejamento da Universidade nos planos acadmico, administrativo, financeiro, patrimonial e disciplinar, tendo sua composio, competncias e funcionamento definidos no Estatuto e no Regimento Geral); j a imposio da necessidade de coeficiente de rendimento cinco para a renovao do auxlio para aferir o desempenho considerado satisfatrio do assistido pela PROAE no emanou to-s de deciso unilateral e arbitrria da Pr-reitoria.

No mais, cabe ressaltar que o argumento utilizado pela Pr-reitora, tanto informalmente em reunies com os assistidos quanto na Comunicado n 9/2015 expedido pela Proae no dia 16 de Abril de 2015, segundo o qual o estabelecimento do escore cinco para a renovao automtica, com conseqente necessidade de recurso justificativo para aqueles que no possuem o coeficiente de rendimento mencionado, como forma de subsdio para elaborao de estratgias de acompanhamento e direcionamento individual e coletivo para suporte s dificuldades encontradas pelos alunos assistidos no se sustenta de modo algum.

Em primeiro lugar, porque j o Regimento Geral do Servio de Residncia prev a necessidade do acompanhamento feito pela Proae para com todo e qualquer residente o que deve ser estendido aos demais assistidos -, para que este possa ter a sua integridade bio-psico-social resguardada, obrigao esta que, no entanto, no vem sendo cumprida pela Pr-reitoria, diante da demanda reiteradamente realizada pelos assistidos a esse rgo nesse sentido. Em segundo lugar, porque os documentos apresentados pelos estudantes no processo de renovao que ocorre todo semestre j garantem as informaes necessrias para que se possa direcionar os estudantes para o devido suporte frente s dificuldades por eles apresentadas, sem a necessidade de que haja um requisito de renovao arrolado em um instrumento ilegal, de carter coativo e constrangedor ao assistido. Percebe-se, assim, que se mostra completamente desnecessrio a existncia de um instrumento que contenha tal exigncia para a finalidade alegada pela Pr-reitoria (a saber, como j salientado: o subsdio de estratgias de acompanhamento e direcionamento dos mesmos para suporte frente as suas dificuldades, e no o de suspender ou cancelar auxlio daqueles que no possuem um desempenho acadmico satisfatrio, ou qualquer outra inteno que se possa cogitar).

III Dos Pedidos

Diante do exposto, exige-se a suspenso do prazo de renovao at que a Reitoria possa consultar parecer tcnico para esclarecer os argumentos jurdicos alegados e confirmar as teses apresentadas.

A imediata revogao da Portaria N 08/2015 de 13 de Abril de 2015, frente a sua nulidade decorrente da existncia de vcios de forma e de contedo.

Que, doravante, ao se tratar de convocao em que se estabelecem novos requisitos, tal convocao seja realizada via edital por respeito legal ao Regimento Geral do Servio de Residncia Universitria, alm de pressupor o respeito a maiores garantias processuais.

Todos os atos normativos expedidos pela PROAE passem pelo filtro de uma assessoria tcnica especializada, a fim de que os estudantes assistidos no sejam submetidos ao arbtrio da Pr-reitoria atravs de instrumentos eivados de vcios, seja de forma ou de contedo, no sentido de restringir direitos e garantias.

Que todos os pedidos acima colocados sejam atendidos em prazo razovel, para que no nenhum assistido reste prejudicado com a suspenso do auxlio, de modo que no seja necessrio acionar o Ministrio Pblico para que os direitos de que tratam este documento sejam assegurados por via judicial.