42
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM DIREITO PRIVADO E CIVIL IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS 11.232/05 E 11.382/06 ALUNA: BIANCA MARIA GOMES PINTO CUKIER RIO DE JANEIRO, Julho, 2011.

IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM

DIREITO PRIVADO E CIVIL

IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO

À LUZ ÀS LEIS 11.232/05 E 11.382/06

ALUNA: BIANCA MARIA GOMES PINTO CUKIER

RIO DE JANEIRO, Julho, 2011.

Page 2: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES- INSTITUDO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATU SENSU EM

DIREITO PRIVADO E CIVIL

IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO

À LUZ ÀS LEIS 11.232/05 E 11.382/06

Monografia apresentada por Bianca Maria Gomes Pinto

Cukier como requisito parcial para conclusão do Curso

de Pós-Graduação em Direito Privado e Civil à

Universidade Candido Mendes – Instituto A Vez do

Mestre.

Orientador: FRANCIS RAJZMAN

RIO DE JANEIRO, 20 DE JULHO DE 2011.

Page 3: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

AGRADECIMENTO

Agradeço aos excelentes professores, orientador, advogados que

ministraram aulas durante o período desta Pós- Graduação pela

sabedoria e ensinamentos prestados aos seus alunos.

Page 4: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

DEDICATÓRIA

Ao meu pai, a minha mãe, minha família, meu noivo, pelo amor, carinho e

dedicação constantes, e por sempre terem acreditado em mim.

Page 5: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

EPÍGRAFE

A maior parte da doutrina pátria sempre criticou o antigo regime do Processo

de Execução, conforme recente afirmação do ilustre processualista

Humberto Theodoro Júnior:

"Quanto mais cedo e mais adequadamente o processo chegar à execução

forçada, mais efetiva e justa será a prestação jurisdicional”.

Page 6: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

RESUMO

CUKIER, Bianca Maria Gomes Pinto. Impugnação e Embargos à execução à

luz às Leis 11.232/05 e 11.382/06. 2011. Monografia (Pós-Graduação em

Direito Privado e Civil). Universidade Candido Mendes– Centro, Rio de

Janeiro.

O presente estudo baseado em pesquisas bibliográficas, trata das

execuções de títulos executivos judiciais e extrajudiciais, com o advento das

leis reformadoras do Código de Processo Civil.

A lei 11.232/05 passou a tratar do processo de execução de título executivo

judicial como uma fase procedimental ao processo de conhecimento. Uma

das principais modificações desta lei, é a chamada impugnação, antes

chamada de embargos à execução, do qual era ação autônoma, agora é um

incidente processual na fase do processo de conhecimento.

A principal modificação da lei 11.382/2006, de que trata os títulos executivos

extrajudiciais, é a supressão da faculdade do executado de oferecer bens à

penhora, ficando a critério do exeqüente indicá-los e ainda o prazo para a

interposição dos embargos à execução, antes era de 10 dias a contar da

juntada aos autos da prova da intimação da penhora e com a nova lei, são

de 15 dias contados da juntada aos autos do mandado de citação.

Page 7: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Palavras-chave: Execução; embargos à execução; impugnação; Advento

das leis 11.232/2005 e 11.382/2006.

ABREVIATURAS

Art. = artigo

§ = parágrafo

CPC = Código de Processo Civil

p. = página

Page 8: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

SUMÁRIO

1-INTRODUÇÃO........................................................................................................3

2- O INADIMPLEMENTO DO DEVEDOR....................................................................3

2.1- TÍTULOS EXECUTIVOS ........................................................................................4

2.2- REQUISITOS DO CRÉDITO EXEQUENDO...........................................................4

3- LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA.................................................................................4

4- EXECUÇÃO DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL...................................................9

4.1- IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DA SENTENÇA..........................................10

4.1.2 - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS NA DECISÃO DE IMPUGNAÇÃO..................10

5 - EXECUÇÃO POR TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL................................10

5.1 - EMBARGOS À EXECUÇÃO..............................................................................10

6 - IMPENHORABILIDADE.....................................................................................10

6.1 – IMPENHORABILIDADE ABSOLUTA.............................................................10

6.2 – IMENHORABILIDADE RELATIVA.................................................................10

7 - DIREITO INTERTEMPORAL.............................................................................10

8 - CONCLUSÃO....................................................................................................10

9 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................11

Page 9: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

10 - ANEXOS............................................................................................................12

Page 10: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

1. Introdução

As recentes mudanças no Código de Processo Civil demonstram o espírito do legislador

em agilizar a prestação jurisdicional.

As reformas do referido Código, vem ocorrendo em etapas. A Lei 11.232/2005 alterou o

modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

processo autônomo para passar a ser uma fase processual do processo de

conhecimento, dispensando assim nova citação.

Já a Lei 11.382/2006 continuou a reforma do sistema processual executório, nesta quanto

aos títulos executivos extrajudiciais. As principais alterações forma quanto ao prazo para

pagamento e a forma de contagem do prazo.

Page 11: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

2. Inadimplemento do devedor

O adimplemento da obrigação pelo devedor faz exaurir o vínculo de débito junto ao

credor. O adimplemento é fato extintivo da obrigação, cuja prova incumbe ao devedor,

conforme disposto no art. 333, II do Código de Processo Civil. Mesmo nos embargos em

que é autor, incumbe ao devedor o ônus de provar o pagamento. In verbis:

Art. 333. O ônus da prova incumbe:

II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo

ou extintivo do direito do autor.

Todavia, se o devedor se torna inadimplente quando não satisfaz a obrigação na forma e

prazos legais, constitui-se assim, em mora o devedor.

“A execução, em suma, visa a satisfaça plena do credor”. Luiz Fux

A execução ou chamada de execução forçada se realiza independentemente da vontade

do devedor.

O credor possui o ônus de provar o inadimplemento para pedir a execução, e é do

executado-devedor o ônus de provar o adimplemento, consoante exige o art. 614, III, do

CPC.

Em caso de dívida não vencida, falta condição da ação. Segundo Leonardo Greco, se o

próprio título demonstra não estar vencida a dívida, há falta de pressuposto processual;

há falta de condição da ação, somente se o próprio autor afirma a falta de vencimento.

Assevera, também, que o inadimplemento integra a causa de pedir, constituindo questão

de direito material, mas sua afirmação preenche a condição do interesse processual.

Leonardo Greco, O processo de execução. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. v. I, p. 325 e

325.

Page 12: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

A função jurisdicional não se esgota com a sentença, porque depende de atos que serão

concretizados na fase executória.

2.2 Títulos executivos

O título executivo é o documento que atua como prova legal da existência do direito de

crédito. A função do título executivo é fazer da execução, a via processual adequada para

a obtenção da tutela jurisdicional.

Uma das mais importantes funções do título executivo, é de fixar os limites da atuação

jurisdicional ao prestar a tutela executiva, uma vez que o título não indicaria, nesse caso,

o valor do crédito a ser satisfeito.

Como todos sabem, o juiz precisa verificar o pedido do credor na execução, com base,

precisamente, nos dados do título executivo. Para saber se é lícita a prestação da tutela

executiva nos limites do pedido do credor/exeqüente, deve o juiz verificar se tal pedido

está amparado no título executivo, ou seja, se o crédito para a satisfação do qual se pede

a tutela executiva encontra-se nos limites da representação documental típica oferecida

como título executivo.

O título executivo pode ser de 2 categorias: título executivo judicial ou título executivo

extrajudicial, vejamos abaixo.

2.3 Requisitos do crédito exeqüendo

O título executivo deve conter a obrigação a ser satisfeita através dos meios executivos.

O credor deve exibir em juízo, para ensejar a execução forçada, o título executivo judicial

ou extrajudicial consubstanciando as obrigações certa, líquida e exigível, conforme

disposto no art. 586 do CPC. O título deve estabelecer o quantum é devido, o vencimento

do título e ainda a existência da obrigação.

Certa é a obrigação do qual não há dúvida quanto a sua existência. Em suma, é o

elemento que traz a comprovação do direito resultante de um título executivo. Deve-se

Page 13: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

saber quem são os sujeitos ativos (credor) e o passivo (devedor); qual é o objeto da

prestação, an debeatur e ainda o tipo de obrigação.

A exigibilidade do título é o elemento que faz relação com o vencimento da obrigação,

uma vez que o título somente será exigível quando houver a figura da mora. Se a

obrigação sujeita ainda a termos não ultrapassou a ocasião indicada, pode-se ajuizar

demanda para ver reconhecida a sua existência, mas jamais poderá exigir a sua

satisfação.

A liquidez indica quantitativa e qualitativamente o conteúdo da obrigação. Não se pode

exigir de alguém a prestação de alguma coisa que não se sabe exatamente o que é.

Portanto, a liquidez diz respeito a exata definição daquilo que é devido e de sua

quantidade, ou seja, implica no quantum debeatur, passível de aferição mediante simples

operação aritmética.

Ausentes um dos atributos acima citados, não será admissível o acesso direto à

execução.

Page 14: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

3. Liquidação de sentença

O processo que objetiva a condenação ao pagamento de quantia certa e não estiver

alicerçado em título executivo extrajudicial termina com uma sentença com resolução do

mérito (art. 267), resolvendo o conflito de interesses que havia entre as partes.

A sentença pode ser líquida ou ilíquida; se for ilíquida, deve-se passar, primeiro, pela fase

de liquidação e ao depois, adentrar na execução propriamente dita; todavia, se a

sentença for líquida, vai-se diretamente para o seu cumprimento em execução.

Esta decisão que reconhece o an debeatur pode gerar um título executivo judicial líquido

ou ilíquido com a fixação do quantum debeatur.

Quando a sentença não determinar o valor devido (quantum debeatur) norma o art. 475-A

do CPC; "procede-se à sua liquidação".

Os títulos executivos extrajudiciais normalmente nascem líquidos, excepcionalmente

também podem ser ilíquidos, sujeitando-se, portanto, a liquidação. Em regra, apenas os

títulos judiciais apresentam problemas quanto a liquidez da obrigação. Isto acontece nos

casos em que a lei permite o pedido indeterminado, gerando uma sentença genérica, em

que não é expressa a indicação exata do valor devido. Deverá haver a liquidação por

meio de incidente em autos apartados, capaz de especificar o objeto da prestação ou o

seu valor.

Diz o § 1º do art. 475-A "que do requerimento de liquidação de sentença será a parte

intimada na pessoa do seu advogado, seguindo o processo o mesmo rito do processo de

liquidação que se processava antes da Lei 11.232/05.

Por outro lado, sempre é bom lembrar, que o § 1º do art. 475-I diz: "É definitiva a

execução de sentença transitada em julgado e provisória quando se tratar de sentença

impugnada mediante o recurso ao qual não foi atribuído efeito suspensivo."

Page 15: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

O § 2º do art. 475-A, autoriza a liquidação da decisão provisória em 1º grau, ainda que a

execução esteja suspensa pela pendência de recurso de apelação. É claro que a prévia

liquidação poderá ser inútil em caso de provimento de apelação.

Esta liquidação é uma fase que segue a sentença, deve ser pedida pelo vencedor

mediante requerimento ao juiz de origem da causa, com exposição dos motivos e

indicando a forma de liquidação. A liquidação da obrigação se dá de três formas distintas:

a) por cálculo (art. 475-B), como o nome já diz, é feita por cálculos, em regra é realizada

extrajudicialmente pelo credor, devendo ser instruída com a memória discriminada do

cálculo; b) por arbitramento (art.475-C e D), se dá mediante a atividade de perito judicial.

O arbitramento apenas se justifica quando a fixação do valor da execução depender de

conhecimentos de um especialista para arbitrar o valor do bem ou da prestação; e,

finalmente; c) por artigos (art.475-E e F) deve ser feita quando, para a determinação do

valor da condenação, houver necessidade de se alegar e provar fato novo. É entendido

por fato novo, o que ficou fora da condenação por não ter sido alegado, e a prova (laudo)

só ter sido trazido após a prolação da sentença.

Page 16: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

4. Execução de título executivo judicial

Com o advento da Lei 11.232/2005, na Execução de Títulos Executivos Judiciais, não

haverá mais a necessidade de iniciar um processo autônomo para obter a execução de

quaisquer títulos executivos judiciais, refletindo as tendências processuais modernas e

rompendo com a estrutura antiga do CPC. Todavia, o título executivo ainda é requisito

indispensável e fundamental para o início da chamada fase de execução, vez que não

haverá mais, o chamado “processo de execução”. Assim, após a reforma, houve uma

fusão, haverá um processo formado por duas fases, a primeira de conhecimento e a

segunda de execução.

A fase de execução não possui conteúdo cognitivo, tal atributo é reservado à fase de

conhecimento, assim, todo o acertamento do direito do credor em face do devedor, deve

preceder à fase executória.

O artigo 475-N do Código de Processo Civil traz o rol taxativo dos títulos executivos

classificados como judiciais, in verbis:

Art. 475-N. - São títulos executivos judiciais:

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de

fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria

não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

Page 17: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos

herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

O procedimento da resolução de mérito que reconhece o dever de pagar quantia certa

engloba as fases da cognição, da liquidação quantum debeatur e a etapa de satisfação,

cuja ultimação é a entrega da soma ao credor.

Art. 475-J - Caso o devedor, condenado ao pagamento

de quantia certa ou já fixada em liquidação, não o efetue

no prazo de quinze dias, o montante da condenação será

acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a

requerimento do credor e observado o disposto no art.

614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de

penhora e avaliação.

O dispositivo indica que no cumprimento da sentença, o devedor que condenado ao

pagamento de quantia certa ou fixada em liquidação de sentença, deverá efetuar o

pagamento no prazo de 15 (quinze) dias, e após o que incidirá, além de juros e correção,

a multa de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, a requerimento do credor.

A multa tem natureza de coerção e deve ser revertida em favor do credor. Se o

pagamento da multa for parcial ou inferior ao valor da condenação, a multa incidirá sobre

a diferença que deixou de ser paga, conforme o § 4º do art. 475, J do CPC.

Transcorrido o prazo para o devedor pagar voluntariamente da quantia fixada na

condenação, inicia-se o cumprimento da sentença por execução.

O legislador não foi feliz na redação do art. 475-J, ao estabelecer a incidência da multa

de 10% ao devedor que não cumprir o julgado no prazo de quinze (15) dias, pois deixou

margem para muitas discussões, principalmente a que se refere ao dies a quo para o

início do prazo de quinze dias, bem como não se tem por certo o instante em que a multa

se incidirá, quando, na realidade procurava celeridade para o processo. Esta matéria tem

permitido posições conflitantes na doutrina. i) que o prazo tem início com o trânsito em

julgado da sentença; ii) que o prazo deve ser contado a partir do momento em que a

decisão (ainda que provisória) se tornou eficaz; iii) que é necessário, após o trânsito em

Page 18: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

julgado ou o momento a partir do qual a decisão se tornou eficaz, novo requerimento do

credor; que o prazo para fluir, depende de intimação pessoal do devedor; v) que basta a

intimação do seu advogado; vi) o prazo ocorre automaticamente, independente de

intimação; vii) deve haver intimação por diário oficial; viii) ocorre do trânsito em julgado da

última decisão, ou seja, da decisão do último recurso.

O art. 475, J do referido diploma legal, não diz que precisa haver intimação e como deve

se dar essa intimação. Já o art. 240 do mesmo diploma legal, diz que, salvo disposição

em contrário, os prazos contar-se-ão da intimação. Portanto, se o art. 475, J não

menciona como deve ser feita a intimação, e se o juiz não ficar de quando deve ocorrer o

prazo, deve ser aplicada, portanto o art. 240, que diz que deve intimar. O ilustre

Alexandre Câmara entende que a intimação do devedor deve ser pessoal.

Após ultrapassado os 15 dias para o devedor pagar e incidida a multa de 10%, inicia-se a

execução com o chamado Requerimento executivo pelo credor, onde o exeqüente tem a

faculdade de em seu requerimento, indicar desde logo os bens passíveis de penhora,

caso tenha conhecimento do patrimônio do devedor, cuja ordem de nomeação deverá ser

voltada a rápida satisfação do credor, acrescido de memória discriminada e atualizada do

cálculo revelando o quantum debeatur, restando extinta a nomeação de bens à penhora

como direito do devedor.

O art. 475, P do CPC, permite que o credor proponha a execução no juízo do local onde

se encontram bens sujeitos à expropriação ou pelo atual domicílio do executado, fugindo-

se da regra geral de que o juiz que profere a sentença, deverá sempre executá-la.

Após o requerimento da execução, o juiz mandará expedir mandado de penhora e

avaliação. Observe-se que, a prévia ciência do próprio devedor destinatário da sentença

quanto ao reconhecimento de sua obrigação, dispensa nova citação ou intimação para

pagamento.

A regra é que a avaliação seja feita pelo próprio oficial de justiça após a penhora. Porém

o oficial, poderá, portanto, noticiar o juízo da necessidade da indicação de avaliador para

proceder à avaliação.

Page 19: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Lavrado o auto de penhora e avaliação, será de imediato o executado, na pessoa do seu

advogado, ou na falta deste, o seu representante legal, ou pessoalmente, por mandado

ou pelo correio, querendo o devedor, oferecer impugnação no prazo de 15 dias. O prazo

para a impugnação do cumprimento, é igual para a resposta do impugnado.

O § 5º do art. 475, J, trouxe uma novidade, que não obstante prestigie a regra sumular de

que a execução prescreve no mesmo prazo da prescrição da ação, conforme a Súmula nº

150 do STF, determina o arquivamento dos autos, se o cumprimento não for requerido no

prazo de seis meses do trânsito em julgado da sentença, sem prejuízo de seu

desarquivamento a pedido da parte, ressalvando a execução provisória cujo início não é

dever do exeqüente senão faculdade.

4.1 Impugnação ao Cumprimento da Sentença

A impugnação ao cumprimento da sentença é cabível nos títulos executivos judiciais com

exceção a Fazenda Pública.

No regime anterior a Lei nº 11.232/2005, a defesa do executado era antecedida por uma

ação de conhecimento, autônoma e incidente sobre o processo de execução, chamada

de embargos do executado. Com o advento da referida lei, o executado que estiver

interesse em se opor à execução, deverá fazê-lo através de “impugnação”, por um

incidente processual na fase do processo de conhecimento, denominando-se

cumprimento de sentença.

O prazo para o oferecimento da impugnação são se quinze dias contados a partir da

intimação do executado do auto de penhora e avaliação, conforme estatuído no § 1º do

art. 475-J. Esta intimação deverá ser realizada preferencialmente, na pessoa do

advogado do executado, por meio de publicação no Diário Oficial. Não havendo

advogado constituído nos autos, a intimação será realizada diretamente ao executado ou

a quem o represente, por mandado ou por correio. Deve ser aplicado aqui também a

causa de modificação de prazos estabelecido no art. 191 do CPC, em caso de

liticonsortes de executados com procuradores distintos, ocasionando a contagem em

dobro do prazo para impugnar.

Page 20: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Antes havia a necessidade de uma nova relação processual, através da instauração de

um processo de execução, ao passo que, a relação processual agora é única,

eliminando-se a necessidade de instauração de um novo processo. Havendo agora uma

nova fase dentro do processo de conhecimento, que se destina ao cumprimento da

sentença. O cumprimento de sentença tem como base uma sentença que reconhece a

existência de uma obrigação. Se não houvesse o cumprimento de sentença, o judiciário

correria o risco de proferir decisões meramente divagatórias.

Deve ser lembrado que, na sistemática anterior, os embargos à execução judicial diferiam

daqueles opostos em execução extrajudicial, pois nesta, o título executivo ainda não

haviam se sujeitado ao crivo do judiciário, ao passo que, na execução judicial, o crédito

exeqüendo era legitimado pela prévia cognição. Esta diferença justificava a diversidade

de tratamento entre ambos. Na execução de título extrajudicial, a cognição era plenária,

sendo possível o devedor alegar tudo quanto suscitaria no processo de conhecimento;

em contrapartida, nos embargos à execução judicial, o devedor ficava limitado a argüir

matérias supervenientes à última oportunidade em que poderia fazê-lo no processo de

conhecimento, por força da preclusão. Isto vale, também para a impugnação.

Assim, sendo, se o devedor em execução extrajudicial pretende alegar novação, poderá

fazê-lo livremente por meios de embargos. Porém, tratando-se de execução judicial, as

objeções processuais somente serão admitidas se a novação tiver ocorrido após o

trânsito em julgado. A finalidade da preclusão é, impedir que se reabra o que já foi

discutido anteriormente, pois senão reabriria o que já fora discutido, agora na fase de

cumprimento da sentença.

A impugnação, em regra, não tem efeito suspensivo, conforme previsto no art. 475, M do

CPC. O juiz poderá atribuir tal efeito, desde que relevantes os seus fundamentos e o

prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao executado

grave dano de difícil ou incerta reparação, ou seja, desde haja o fummus boni iuris e o

periculum in mora.

Pode ocorrer de, mesmo que seja atribuído o efeito suspensivo a impugnação, o

exeqüente requerer o prosseguimento da execução, prestando caução nos próprios

Page 21: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

autos. Assim, o exeqüente retira o efeito suspensivo, ficando mantido o fummus boni iuris

e sendo desaparecido o periculum in mora, devido a caução prestada.

A impugnação deve ser processada nos próprios autos da ação de conhecimento, se tiver

sido recebida com efeito suspensivo e em autos apartados em caso contrário.

A decisão que resolver a impugnação, é uma decisão interlocutória, sendo cabível,

portanto, agravo de instrumento, salvo quando importar na extinção da execução, sendo

portanto, sentença a natureza da decisão, caso em que caberá recurso de apelação,

consoante estatuído no § 3o do art. 475-M do CPC.

A impugnação ao cumprimento da sentença pode versar sobre as seguintes matérias, in

verbis:

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV – ilegitimidade das partes;

V – excesso de execução;

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,

novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

Insta realizar algumas breves considerações acerca dos incisos acima transcritos, e as

modificações trazidas pela lei em comento.

O primeiro inciso trata da falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia do

réu no processo de conhecimento. A previsão assemelha-se ao artigo 741, inciso I do

CPC, onde há menção "falta ou nulidade da citação no processo de conhecimento, se a

ação lhe correu à revelia". A menção ao processo de conhecimento foi suprimida

Page 22: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

exatamente porque não mais se estabelece uma dicotomia entre e cognição e execução

em processos distintos. A citação mencionada é a do processo de conhecimento, ou, dir-

se-á melhor, da fase cognitiva.

O inciso II, trata da inexigibilidade do título como fundamento dos embargos, na realidade

é a inexigibilidade do débito, não vencido ou sujeito a contraprestação ainda não

adimplida. Assim, se a sentença condenou o vencido à entrega da coisa mediante o

pagamento do preço, inexigível é a obrigação, passível de ser obstada através da

impugnação, se aquele ainda não restou adimplido.

O terceiro inciso se divide em duas partes. A primeira trata da incorreção da penhora,

podendo ser formal (requisitos de realização da penhora) ou material (constrição de bens

impenhoráveis), matéria suscitável em impugnação ou por simples petição, esta última

devendo ser suscitada antes da expropriação, segundo Fux.

A última parte do inciso terceiro, se refere a avaliação errônea. A avaliação incorreta pode

implicar na ampliação ou redução da penhora, mas não nulifica a execução.

O inciso IV cuida da ilegitimidade das partes, da qual esta é matéria preliminar e formal

da impugnação, podendo ser conhecida de ofício pelo juiz. A ilegitimidade das partes, se

refere à fase de conhecimento, mas a própria execução, se, porventura, esta tiver sido

promovida por quem não tenha legitimidade para fazê-lo ou contra quem não possa

responder pela dívida.

O inciso V trata do excesso da execução. Uma vez alegado o excesso à execução, impõe

ao executado apontá-lo especificamente, indicando o valor correto, sob pena de rejeição

da impugnação, conforme disposto no § 2o do art. 475-L do CPC, in verbis:

§ 2o - Quando o executado alegar que o exeqüente, em

excesso de execução, pleiteia quantia superior à

resultante da sentença, cumprir-lhe-á declarar de

imediato o valor que entende correto, sob pena de

rejeição liminar dessa impugnação.

Haverá o excesso de execução quando: o credor pleiteia quantia superior à do título;

recai sobre coisa diversa daquela declarada no título; processa-se de modo diferente do

Page 23: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

que foi determinado na sentença. Se acolhida a impugnação, no excesso à execução,

opera-se o mesmo efeito que se observa quando o apelo é provido por ter sido o

julgamento ultra petita.

Ressalta-se que o excesso de execução é matéria vinculada à extensão do crédito

exeqüendo e não ao processo. Assim, se o bem penhorado é de valor superior ao crédito,

a hipótese é de redução da penhora, matéria alegável na impugnação, assim como a

avaliação errônea, não obstante questões diversas o excesso de execução e o excesso

de penhora.

O último inciso trata das causas impeditivas, modificativas ou extintivas da obrigação,

como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que

superveniente à sentença. O pagamento, novação e compensação obedecem à regra

temporal de que esses fatos devem ter surgido após a sentença, posto que, do contrário,

se subsumem ao princípio da preclusão. Assim, se à época da fase de conhecimento, a

obrigação padecia de algum vício, a inércia na alegação naquela oportunidade ressalva o

crédito e a execução, tal como se tivesse ocorrido à revelia.

4.1.2 Honorários advocatícios na decisão de impugnação

A matéria tem sido controvertida entre os doutrinadores, que não chegaram ainda a um

consenso.

Humberto Theodoro Júnior, v.g., entende que:

"Daí a conclusão de que, no atual sistema da liquidação embutida no processo

condenatório, não se pode aplicar a verba de honorários advocatícios prevista no art. 20,"

isto porque, reafirma, "não há ação de execução de título judicial e tampouco ação de

embargos do devedor".

Por outro lado, Sérgio Shimura tem posição contrária:

"Vale dizer, a verba honorária já fixada na sentença condenatória nada tem a ver com

aquela que vier a ser fixada na segunda fase, do cumprimento." No mesmo sentido,

outros doutrinadores!

Page 24: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

A questão dos honorários advocatícios é controvertida; o posicionamento é no sentido de

ficar com a doutrina de Humberto Theodoro Júnior por considerá-la mais compatível com

o espírito do sistema adotado na Lei 11.232/2005.

Page 25: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

5. Execução por título executivo extrajudicial

A lei 11.382/06 alterou o art. 585 do Código de Processo Civil que trata dos títulos

executivos extrajudiciais, que são atos formados sem processo.

As normas que regem o processo de execução de título extrajudicial, aplicam-se

subsidiariamente ao cumprimento da sentença.

O processo de execução de título extrajudicial é autônomo, submetendo-se por iniciativa

da parte, diferentemente o cumprimento de sentença é fase do processo de

conhecimento, iniciando-se, portanto de ofício.

A referida lei enuncia em numerus clausus os títulos extrajudiciais constantes da relação

do art. 585 do CPC. Conforme pode ser observado abaixo, a reforma manteve íntegros

os dois primeiros incisos. In verbis:

“Art. 585. São títulos executivos extrajudiciais:

I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque;

II – a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor; o documento

particular assinado pelo devedor e por duas testemunhas; o instrumento de transação

referendado pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública ou pelos advogados dos

transatores;

III - os contratos garantidos por hipoteca, penhor, anticrese e caução, bem como os de

seguro de vida;

IV - o crédito decorrente de foro e laudêmio;

V - o crédito, documentalmente comprovado, decorrente de aluguel de imóvel, bem como

de encargos acessórios, tais como taxas e despesas de condomínio;

VI - o crédito de serventuário de justiça, de perito, de intérprete, ou de tradutor, quando as

custas, emolumentos ou honorários forem aprovados por decisão judicial;

Page 26: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

VII - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Territórios e dos Municípios, correspondente aos créditos inscritos na forma

da lei;

VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva.

Na redação anterior à reforma, o prazo para pagamento era de vinte e quatro horas e o

Oficial de Justiça, após proceder à citação, anotando a hora em que citou o executado,

deveria permanecer com o mandado. Em ato contínuo, decorridas as vinte e quatro

horas, o Oficial deveria verificar junto ao cartório judicial, se o executado havia efetuado o

pagamento ou oferecido bens à penhora, e em não havendo, munido do mesmo

mandado, procederia à penhora em tantos bens quantos fossem necessários à garantia

da execução.

Com o advento da lei 11.382/06, as execuções por título executivo extrajudicial, alterou o

prazo para o pagamento e a forma de contagem do prazo na execução extrajudicial,

dividindo o ato em dois momentos distintos. Primeiro, o executado deverá ser citado para,

no prazo de três dias, efetuar o pagamento da dívida. A 1ª via do mandado contendo a

certidão do ato citatório deverá ser entregue à Secretaria da Vara de onde se originou a

ordem, para que seja juntada aos autos e comece a fluir o prazo de três dias para o

executado efetuar o pagamento da dívida. O segundo ato, que é o da penhora. O oficial

de justiça deverá retornar ao endereço do executado ou no endereço diverso do da

diligência onde ocorreu a citação, munido da 2ª via do mandado, para proceder de

imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo auto e de tais

atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.

O § 1º do art. 652 do CPC, faculta ao credor que já na inicial da execução, este possa

indicar os bens a serem penhorados, conforme a ordem de preferência prevista no art.

655 do CPC.

Page 27: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Com tal sistema, desaparecerá qualquer motivo para a interpretação da assim chamada

“exceção de pré-executividade”, de criação pretoriana e que tantos embaraços e demoras

atualmente causam ao andamento das execuções.

5.1 Embargos à execução

Os embargos do executado são cabíveis para os títulos executivos extrajudiciais e contra

a Fazenda Pública.

A impugnação à sentença difere dos embargos interpostos em execução extrajudicial,

pois nesta o título executivo, a própria obrigação dele resultante, ainda não passou pelo

crivo do Judiciário, ao passo que, na primeira, o crédito exeqüendo restou legitimado pela

prévia cognição. Esta expressa diferença justifica o tratamento diferenciado que se

confere aos embargos do título executivo extrajudicial, uma vez que a cognição é

plenária, sendo lícito ao devedor alegar tudo quanto suscitaria no processo de

conhecimento.

A defesa do executado nas execuções de títulos executivos extrajudiciais, não depende

mais, com o advento da lei 11.382/06 em seu art. 736, de garantia do juízo. O executado,

agora, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à execução

por meio de embargos à execução.

Os embargos à execução serão distribuídos por dependência, autuados em apartado e

instruídos com cópias das peças processuais relevantes, conforme preconiza o parágrafo

único do art. 736 do CPC. Os embargos antes eram opostos dentro do prazo de 10 dias a

contar da juntada aos autos da prova da intimação da penhora, com a nova redação dada

pela Lei 11.382/06, os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, a contar

da data da juntada aos autos do mandado de citação, com exceção a Fazenda Pública,

que há divergência. Para a Medida Provisória de número 2.180-35/2001, o prazo para

opor embargos contra a Fazenda Pública são de 30 dias; há quem entenda que o prazo

são de 10 dias, conforme previsto no art. 730 do CPC, entendendo que a Medida

Provisória é inconstitucional.

Page 28: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Quando o executado oferece embargos, há um novo processo, o qual é passível de

sentença. Como na execução de título executivo extrajudicial, não houve cognição prévia

a formação do título executivo, poderá, ser alegada qualquer matéria de defesa, pois não

houve cognição anteriormente. Já no caso da Fazenda Pública, houve a cognição prévia,

não podendo ser alegada qualquer matéria de defesa.

Os embargos do executado, não têm como regra efeito suspensivo, conforme disposto no

art. 739-A do Código de Processo Civil, redação dada pela lei 11.382/06. Porém, o juiz

poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando,

sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente

possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a

execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

Os requisitos para a concessão de efeito suspensivo aos embargos são os exigíveis para

a concessão de tutela antecipada; vale dizer, direito evidente e direito em estado de

periclitação (periculum in mora). Quanto a regra para a obtenção da suspensividade, é

preciso que o juízo esteja garantido, esta regra pode sofrer exceção, na hipótese em que

presentes os requisitos, o juiz verifique que a parte não tem condições de prestar

garantia, devendo dispensá-la sob pena de incidir em denegação de justiça, atacável por

agravo de instrumento.

A regra é a não-suspensividade e o prosseguimento da execução para a satisfação dos

interesses do credor, por isso que “quando os embargos, ou as circunstâncias indicadas

disserem respeito apenas a parte do objeto da execução, esta prosseguirá quanto a parte

restante”. Assim, se há prescrição em relação a determinadas parcelas ou qualquer forma

de extinção de parte da obrigação exigida, é lícito o prosseguimento do processo

satisfativo quanto à parte controversa.

Se for concedido o efeito suspensivo aos embargos, o máximo que se permite ao

exeqüente é a efetivação da penhora e avaliação. Uma vez julgados improcedentes os

embargos do executado e submetida a sentença à apelação, a execução transmudar-se-

á em provisória, muito embora a execução originária seja definitiva, posto que calcada em

título extrajudicial, conforme a redação do art. 587 do CPC trazida pela Lei 11.382/06.

Page 29: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

Com a nova redação dada ao art. 745 trazida pela lei 11.382/06, diz que o executado

poderá alegar nos embargos, in verbis:

Art. 745 - Nos embargos, poderá o executado alegar:

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de

coisa certa (art. 621);

V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de

conhecimento.

O inciso I do art. 745 do CPC refere-se à possibilidade de alegação de nulidade da

execução, em função do título apresentado não ser executivo ou ainda qualquer outra

causa nulificadora, como por exemplo: a ausência de citação, por conter o título

prestação juridicamente impossível, como a contraída em moeda estrangeira.

Quanto a possibilidade de alegação de penhora incorreta ou avaliação errônea prevista

no inciso II do art. 745 do CPC, podemos exemplificar como hipóteses de penhora

incorreta as seguintes situações: a) houver o descumprimento pelo credor dos requisitos

previstos no artigo 665 do CPC; b) incidir sobre bem impenhorável (residência familiar); c)

recair em bens de terceiros.

Quanto a avaliação errônea, o executado pode se insurgir em sede de embargos tanto no

tocante à própria capacitação técnica daquele que realizou a avaliação, quanto

relativamente ao próprio mérito da mesma podendo servir-se, inclusive, de pareceres

realizados por profissionais habilitados.

Page 30: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

A terceira possibilidade de alegação prevista no art. 745 do CPC como matéria dos

embargos à execução, corresponde ao excesso de execução ou cumulação indevida de

execuções. Importante destacar que o excesso de execução conduz à iliquidez do débito

e, conseqüentemente, à nulidade da execução, conforme preconiza o art. 618, I do CPC.

Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá

declarar na petição inicial o valor que entende ser o correto, apresentando memória do

cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse

fundamento, nos termos do § 5° do art. 739-A CPC. Dessa forma, é imperioso que o

inciso III do artigo 745 seja interpretado juntamente com o § 5° do artigo 739-A do CPC.

Vale ainda ressaltar que a execução poderá prosseguir somente pela parte incontroversa,

conforme disposto no parágrafo terceiro do art. 739-A do CPC.

Os embargos à execução pelo motivo de retenção por benfeitorias, previsto no inciso IV

do art. 745, são inerentes apenas à execução para a entrega de coisa e cabíveis nas

hipóteses em que o credor da coisa pretende reavê-la sem implementar o valor das

benfeitorias, cujo o pagamento é uma condição para a recuperação o objeto litigioso.

O inciso V do art. 745 do CPC estabelece que, na execução fundada em título

extrajudicial, o executado alegará quaisquer outras matérias que lhe seria lícito deduzir

como defesa em processo de conhecimento. A criação do título não tendo sido passada

pelo crivo judicial, agora, poderá ser oferecida oportunidade para o executado apresentar

as suas razões.

É previsto, no art. 745-A do CPC, a possibilidade de o executado requerer, no prazo para

embargos, com o reconhecimento do crédito exeqüendo e comprovando o depósito de

30% (trinta por cento) do valor da execução, inclusive custas e honorários advocatícios,

que seja admitido a pagar o restante em até 6 parcelas mensais, acrescidas de correção

monetária e juros de 1% ao mês. Se deferido pelo juiz o parcelamento, o exeqüente

poderá levantar a quantia ora depositada e serão suspensos os atos executivos; em caso

de indeferimento, seguirão os atos executivos normalmente, mantido o depósito. O não

Page 31: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

pagamento de qualquer das parcelas, implicará, de pleno direito, o valor das prestações

não pagas e vedada a oposição de embargos.

Os embargos, ostentando a natureza de ação de conhecimento, tem o destino liminar

idêntico ao das ações em geral, podendo o juiz deferir, indeferir ou determinar a emenda

da petição inicial.

Page 32: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

6. Responsabilidade Patrimonial

Estão sujeitos até o seu limite à responsabilidade da dívida, todos os bens do devedor,

conforme preconiza o art. 591 do CPC. Porém, não deve ser entendido cm tanta

precisão, uma vez que existem bens do devedor que não se encontram sujeitos à

penhora e ainda pode haver bens de terceiros que se sujeitam à execução.

Estão ressalvados alguns bens da responsabilidade patrimonial, os previstos no art. 648

do CPC. Aliás, a execução contra a Fazenda Pública, considerando-se que os bens

públicos são impenhoráveis possui procedimento totalmente diferenciado.

Existem bens que são considerados relativamente ou até absolutamente impenhoráveis,

o que os exclui do alcance de ser executados. O Código de Processo Civil, prevê duas

formas de impenhorabilidade: a absoluta e relativa. A impenhorabilidade absoluta

encontra-se prevista no art. 649 do CPC, enquanto que a impenhorabilidade relativa está

disciplinada logo a seguir, em seu art. 650 do CPC.

6.1 Impenhorabilidade absoluta

A lei reserva alguns bens do executado, considerando-os como intangíveis pelos meios

executivos, como ocorre com os chamados “bens absolutamente impenhoráveis”.

A lei 11.382/06, em seu art. 649, trouxe notável acréscimo dos bens impenhoráveis.

Vejamos o rol dos bens que não se sujeitam em nenhuma hipótese à execução:

I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução; II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3º deste artigo; V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; VI - o seguro de vida;

Page 33: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. Vários bens impenhoráveis são agrupados ao conceito de “bem de família”. A lei especial 8.009/90, indica que o imóvel urbano ou rural que serve de residência da família, assim como plantações, as benfeitorias e os equipamentos ou móveis que guarnecem a casa, é impenhorável, salvo para a cobrança de determinadas dívidas, instituídas no art. 3 da referida lei.

6.2 Impenhorabilidade relativa

Os bens relativamente impenhoráveis são aqueles que não poderão ser abarcados pela

execução se existirem outros bens penhoráveis. Porém, não havendo outros bens a

serem penhorados, tais bens passarão a ser passíveis pelos efeitos da execução.

O art. 650 do CPC, diz que podem ser penhorados, na falta de outros bens, os frutos e

rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a satisfação de prestação

alimentícia. Os frutos e rendimentos de bens inalienáveis não podem ser penhorados se

existem outros bens penhoráveis. Outrossim, ainda que não existam outros bens

penhoráveis, tais frutos e rendimentos não podem ser penhorados quando destinados à

satisfação de prestação alimentar.

Page 34: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

7. Direito intertemporal

No que tange às ações de execução de sentença iniciadas antes da vigência da Lei

11.232/05, a posição de Humberto Theodoro Júnior é que:

"As ações de execução de sentença iniciadas antes da vigência da Lei nº 11.232/2005

prosseguirão até o final dentro dos padrões da actio iudicati prevista no texto primitivo do

Código. As sentenças anteriores que não chegaram a provocar a instauração da ação

autônoma de execução submeter-se-ão ao novo regime de cumprimento instituído pela

Lei nº 11.232/2005, mesmo que tenham transitado em julgado antes de sua vigência."

Em síntese, para Humberto Theodoro Júnior, quanto aos processos em curso, se a

execução de sentença foi iniciada antes da entrada em vigor da lei, ou seja, em 24/06/06

(Lei 11.232) prosseguirá segundo as normas revogadas do CPC; todavia, ainda que haja

sentença com trânsito em julgado antes mesmo de 24/06/06, mas o credor ainda não deu

início à execução do julgado, aplicam-se as normas da lei nova.

Page 35: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

8. CONCLUSÃO

O objetivo deste breve estudo é o de suscitar a discussão jurídica do “novo processo de

execução”, através das reformas legislativas.

O Processo de Execução sempre foi considerado o grande responsável pela demora na

prestação jurisdicional. A maior crítica sofrida pelo regime anterior, era a ineficiência e

falta de efetividade para a satisfação dos interesses do credor.

A lei 11.232/05, trouxe novidades capazes de tornar a execução da sentença como mera

fase, subseqüente à fase de conhecimento, amalgamando num único processo as duas

atividades: cognitiva e satisfativa.

Já a Lei 11.382/06, visa acelerar a execução do título executivo extrajudicial, fazendo

com que o exeqüente obtenha os resultados que pretende, em tempo razoável.

Page 36: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUX, Luiz. O Novo Processo de execução. (Cumprimento da Sentença e a Execução

Extrajudicial)/Luiz Fux - Rio de Janeiro: Forense, 2008.

Marinoni, Luiz Guilherme. Curso de processo civil, volume 3: execução / Luiz Guilherme

Merinoni, Sergio Cruz Arenhart – 2. ed. Rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos

Tribunais, 2008.

Greco, Leonardo. O processo de execução. Rio de Janeiro: Renovar, 1999. v. I, p. 325 e

325.

Júnior, Humberto Theodoro. As Novas Reformas do Código de Processo Civil, Rio de

Janeiro, ed. Forense, 2006, p; 90 e 186. INTERNET

Shimura, Sérgio. A execução da sentença na reforma de 2005, cap;. XXII, da obra

"Aspectos polêmicos da nova Execução", Coord. Teresa Arruda Alvim Wambier, São

Paulo, Ed. RT 2006, p. 568, apud Luis Otávio Sequeira de Cerqueira. O Cumprimento da

sentença, a inadimplência e a improbidade processual. In Paulo Hoffman; Leonardo

Ferres da Silva Ribeiro (Coord.) Processo de execução civil. São Paulo, Quartier Latin,

2006, p. 165-181. INTERNET

Page 37: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

10. ANEXOS

ANEXO A

LEI 11.232, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005

Art. 475-J. Caso o devedor, condenado ao pagamento de quantia certa ou já fixada em

liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias, o montante da condenação será

acrescido de multa no percentual de dez por cento e, a requerimento do credor e

observado o disposto no art. 614, inciso II, desta Lei, expedir-se-á mandado de penhora e

avaliação.

§ 1o Do auto de penhora e de avaliação será de imediato intimado o executado, na

pessoa de seu advogado (arts. 236 e 237), ou, na falta deste, o seu representante legal,

ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio, podendo oferecer impugnação,

querendo, no prazo de quinze dias.

§ 2o Caso o oficial de justiça não possa proceder à avaliação, por depender de

conhecimentos especializados, o juiz, de imediato, nomeará avaliador, assinando-lhe

breve prazo para a entrega do laudo.

§ 3o O exeqüente poderá, em seu requerimento, indicar desde logo os bens a serem

penhorados.

§ 4o Efetuado o pagamento parcial no prazo previsto no caput deste artigo, a multa de

dez por cento incidirá sobre o restante.

§ 5o Não sendo requerida a execução no prazo de seis meses, o juiz mandará arquivar os

autos, sem prejuízo de seu desarquivamento a pedido da parte.

Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:

Page 38: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

I – falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;

II – inexigibilidade do título;

III – penhora incorreta ou avaliação errônea;

IV – ilegitimidade das partes;

V – excesso de execução;

VI – qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como pagamento,

novação, compensação, transação ou prescrição, desde que superveniente à sentença.

Art. 475-M. A impugnação não terá efeito suspensivo, podendo o juiz atribuir-lhe tal efeito

desde que relevantes seus fundamentos e o prosseguimento da execução seja

manifestamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta

reparação.

§ 1o Ainda que atribuído efeito suspensivo à impugnação, é lícito ao exeqüente requerer o

prosseguimento da execução, oferecendo e prestando caução suficiente e idônea,

arbitrada pelo juiz e prestada nos próprios autos.

§ 2o Deferido efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios

autos e, caso contrário, em autos apartados.

§ 3o A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento,

salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.

Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:

Page 39: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de

fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;

II – a sentença penal condenatória transitada em julgado;

III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria

não posta em juízo;

IV – a sentença arbitral;

V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente;

VI – a sentença estrangeira, homologada pelo Superior Tribunal de Justiça;

VII – o formal e a certidão de partilha, exclusivamente em relação ao inventariante, aos

herdeiros e aos sucessores a título singular ou universal.

Parágrafo único. Nos casos dos incisos II, IV e VI, o mandado inicial (art. 475-J) incluirá a

ordem de citação do devedor, no juízo cível, para liquidação ou execução, conforme o

caso.

ANEXO B

LEI 11.382, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2006

“Art. 652. O executado será citado para, no prazo de 3 (três) dias, efetuar o pagamento

da dívida.

§ 1o Não efetuado o pagamento, munido da segunda via do mandado, o oficial de justiça

procederá de imediato à penhora de bens e a sua avaliação, lavrando-se o respectivo

auto e de tais atos intimando, na mesma oportunidade, o executado.

§ 2o O credor poderá, na inicial da execução, indicar bens a serem penhorados (art. 655).

Page 40: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

§ 3o O juiz poderá, de ofício ou a requerimento do exeqüente, determinar, a qualquer

tempo, a intimação do executado para indicar bens passíveis de penhora.

§ 4o A intimação do executado far-se-á na pessoa de seu advogado; não o tendo, será

intimado pessoalmente.

§ 5o Se não localizar o executado para intimá-lo da penhora, o oficial certificará

detalhadamente as diligências realizadas, caso em que o juiz poderá dispensar a

intimação ou determinará novas diligências.” (NR)

“Art. 655. A penhora observará, preferencialmente, a seguinte ordem:

I - dinheiro, em espécie ou em depósito ou aplicação em instituição financeira;

II - veículos de via terrestre;

III - bens móveis em geral;

IV - bens imóveis;

V - navios e aeronaves;

VI - ações e quotas de sociedades empresárias;

VII - percentual do faturamento de empresa devedora;

VIII - pedras e metais preciosos;

IX - títulos da dívida pública da União, Estados e Distrito Federal com cotação em

mercado;

X - títulos e valores mobiliários com cotação em mercado;

XI - outros direitos.

Page 41: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

“Art. 736. O executado, independentemente de penhora, depósito ou caução, poderá

opor-se à execução por meio de embargos.

“Art. 738. Os embargos serão oferecidos no prazo de 15 (quinze) dias, contados da data

da juntada aos autos do mandado de citação.

“Art. 739-A. Os embargos do executado não terão efeito suspensivo.

§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante, atribuir efeito suspensivo aos embargos quando, sendo relevantes seus fundamentos, o prosseguimento da execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por penhora, depósito ou caução suficientes.

§ 2o A decisão relativa aos efeitos dos embargos poderá, a requerimento da parte, ser modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, cessando as circunstâncias que a motivaram.

§ 3o Quando o efeito suspensivo atribuído aos embargos disser respeito apenas a parte do objeto da execução, essa prosseguirá quanto à parte restante.

§ 4o A concessão de efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos executados não suspenderá a execução contra os que não embargaram, quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao embargante.

§ 5o Quando o excesso de execução for fundamento dos embargos, o embargante deverá declarar na petição inicial o valor que entende correto, apresentando memória do cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos ou de não conhecimento desse fundamento.

§ 6o A concessão de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de avaliação dos bens.”

“Art. 740. Recebidos os embargos, será o exeqüente ouvido no prazo de 15 (quinze) dias; a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido (art. 330) ou designará audiência de conciliação, instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 (dez) dias.

“Art. 745. Nos embargos, poderá o executado alegar:

I - nulidade da execução, por não ser executivo o título apresentado;

II - penhora incorreta ou avaliação errônea;

III - excesso de execução ou cumulação indevida de execuções;

Page 42: IMPUGNAÇÃO E EMBARGOS À EXECUÇÃO À LUZ ÀS LEIS … · A Lei 11.232/2005 alterou o modelo do processo de execução de título executivo judicial, deixando de tratá-lo como

IV - retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de título para entrega de coisa certa (art. 621);

V - qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento.

§ 1o Nos embargos de retenção por benfeitorias, poderá o exeqüente requerer a compensação de seu valor com o dos frutos ou danos considerados devidos pelo executado, cumprindo ao juiz, para a apuração dos respectivos valores, nomear perito, fixando-lhe breve prazo para entrega do laudo.

§ 2o O exeqüente poderá, a qualquer tempo, ser imitido na posse da coisa, prestando caução ou depositando o valor devido pelas benfeitorias ou resultante da compensação.”