15
19 A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA MICROBACIA DO RIO SAGRADO: RELEVÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE NAS ABORDAGENS SOCIOAMBIENTAIS Christian Henríquez 1 , Carlos Alberto Cioce Sampaio 2 , Ivan Dallabrida 3 , Oscar Dalfovo 4 “Tudo que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra...a terra não é do homem; o homem apenas pertence à terra.” Carta do chefe índio Seattle ao presidente dos EUA (Franklin Pierce), 1854. Resumo O objetivo deste artigo é propor a construção de indicadores socioambientais na microbacia hidrográfica do Rio Sagrado, localizada no Município de Morretes, Estado do Paraná, APA de Guaratuba, ReBIO de Floresta Atlântica. Estes indicadores são o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o ecological footprint (Pegada Ecológica). O propósito de utilizar estes indicadores no médio prazo é tentar refletir e mensurar as inter-relações das distintas dimensões socioecossistêmicas, convertendo-se desta maneira, em ferramentas para o estabelecimento de estratégias e tomadas de decisões que visem o planejamento para o desenvolvimento sustentável da microbacia do Rio Sagrado. Palavras Chaves: Indicadores socioambientais; Índice de Desenvolvimento Humano; Pegada Ecológica; Socioecossistema; Transdisciplinaridade Resumen El objetivo de este artículo es proponer la construcción de indicadores socioambientales en la microbacía de Río Sagrado, situado en Municipio de Morretes, Estado de Paraná, APA de Guaratuba, ReBIO de Floresta Atlántica. Estos Indicadores son el Índice de Desarrollo Humano (IDH) y ecological footprint (Huella Ecológica). El propósito de usar estos indicadores en un mediano plazo, es intentar medir las inter-relaciones de las distintas dimensiones socioecossistemicas, convirtiéndose de esta manera, en herramientas para el establecimiento de estrategias y tomas de decisiones que busquen el planeamiento para el desarrollo sustentable de la microbacía de Río Sagrado. Palabras Llaves: Indicadores socioambientales; Indice de Desarrollo Humano; Huella Ecologica; Socioecossistema; Transdisciplinariedad. 1 Msdo. em Desenvolvimento Regional (FURB), Pesquisador do Instituto LaGOE e do Instituto de Turismo da Universidade Austral de Chile E-mail: [email protected] 2 Pós-Doctor em Ecossocioeconomia, Professor da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Coordenador de Instituto LaGOE, E-mail: [email protected] ou [email protected] 3 Ms. em Desenvolvimento Regional, Universidade Regional de Blumenau (FURB), Pesquisador do Instituto LaGOE 4 Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Professor da Universidade Regional de Blumenau (FURB) E-mail: [email protected]

Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

19

A UTILIZAÇÃO DE INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA

MICROBACIA DO RIO SAGRADO: RELEVÂNCIA DA INTERDISCIPLINARIDADE E TRANSDISCIPLINARIDADE NAS ABORDAGENS

SOCIOAMBIENTAIS

Christian Henríquez1, Carlos Alberto Cioce Sampaio2, Ivan Dallabrida3, Oscar Dalfovo4

“Tudo que acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra...a terra não é do homem; o homem apenas pertence à terra.”

Carta do chefe índio Seattle ao presidente dos EUA (Franklin Pierce), 1854.

Resumo O objetivo deste artigo é propor a construção de indicadores socioambientais na

microbacia hidrográfica do Rio Sagrado, localizada no Município de Morretes, Estado do Paraná, APA de Guaratuba, ReBIO de Floresta Atlântica. Estes indicadores são o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e o ecological footprint (Pegada Ecológica). O propósito de utilizar estes indicadores no médio prazo é tentar refletir e mensurar as inter-relações das distintas dimensões socioecossistêmicas, convertendo-se desta maneira, em ferramentas para o estabelecimento de estratégias e tomadas de decisões que visem o planejamento para o desenvolvimento sustentável da microbacia do Rio Sagrado. Palavras Chaves: Indicadores socioambientais; Índice de Desenvolvimento Humano; Pegada Ecológica; Socioecossistema; Transdisciplinaridade

Resumen

El objetivo de este artículo es proponer la construcción de indicadores socioambientales en la microbacía de Río Sagrado, situado en Municipio de Morretes, Estado de Paraná, APA de Guaratuba, ReBIO de Floresta Atlántica. Estos Indicadores son el Índice de Desarrollo Humano (IDH) y ecological footprint (Huella Ecológica). El propósito de usar estos indicadores en un mediano plazo, es intentar medir las inter-relaciones de las distintas dimensiones socioecossistemicas, convirtiéndose de esta manera, en herramientas para el establecimiento de estrategias y tomas de decisiones que busquen el planeamiento para el desarrollo sustentable de la microbacía de Río Sagrado. Palabras Llaves: Indicadores socioambientales; Indice de Desarrollo Humano; Huella Ecologica; Socioecossistema; Transdisciplinariedad.

1 Msdo. em Desenvolvimento Regional (FURB), Pesquisador do Instituto LaGOE e do Instituto de Turismo da Universidade Austral de Chile E-mail: [email protected] 2 Pós-Doctor em Ecossocioeconomia, Professor da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Coordenador de Instituto LaGOE, E-mail: [email protected] ou [email protected] 3 Ms. em Desenvolvimento Regional, Universidade Regional de Blumenau (FURB), Pesquisador do Instituto LaGOE 4 Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Professor da Universidade Regional de Blumenau (FURB) E-mail: [email protected]

Page 2: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

20

1.- Introdução

O século XX foi testemunho de significativas transformações em todas as dimensões

da existência humana (HOBSBAWM apud VAN BELLEN, 2006). Tais transformações são

resultados do modelo de desenvolvimento hegemônico imposto pelos países do hemisfério

norte chamados de desenvolvidos (países do centro), sobre os paises do hemisfério sul,

denominados subdesenvolvidos ou em desenvolvimento (paises periféricos).

Este modelo de desenvolvimento excludente, caracterizado, no início, pelo alto grau

de industrialização dos diferentes processos produtivos e pelo crescimento exponencial dos

recursos tecnológicos utilizados naqueles processos, produziu como resultado uma sociedade

alicerçada em uma racionalidade altamente economicista-utilitarista-consumista (SAMPAIO,

2005). Paradoxalmente, o uso abusivo da ciência e tecnologia (que são consideradas por

muitos como únicas tábuas de salvação para as crises contemporâneas), de um lado, se presta

a facilitar a vida das pessoas e aumentar a expectativa de vida das populações, e,

inversamente, de outro lado, remete à sua autodestruição, produto também da utilização

exagerada dos recursos naturais não-renováveis. Tem-se então o que Sampaio (2005)

denomina “beco sem saída”, em que reina uma grande disparidade dos padrões de vida e de

consumo da população, paralelamente ao aumento dos níveis de desigualdade entre o centro e

a periferia.

Existem, porém, esforços na tentativa de reverter, ou pelo menos, minimizar os efeitos

perversos deste padrão: uma delas é a teoria conhecida como Ecodesenvolvimento (SACHS,

1986), considerada precursora do conceito do desenvolvimento sustentável, hoje amplamente

difundido e aceito mundialmente pela comunidade internacional, inclusive dentro de

entidades de grande influência como o Banco Mundial e a ONU.

Um desdobramiento do ecodesenvolvimento, no qual dá respostas aos problemas

cotidianos, é a ecossocioeconomia que se caracteriza por privilegiar os estudos que

possibilitam a viabilidade macro (interorganizacional) e microeconômica (organizacional) de

grupos organizados ou quase organizados articulados, chamados de empreendimentos

compartilhados, de modo que possam ampliar as oportunidades de trabalho e renda de

agrupações urbanas e rurais excluídas da economia de mercado (SAMPAIO 2008, In:

KELLER ALVES, 2008).

O objetivo do presente artigo é propor a utilização de indicadores socioambientais na

microbacia do Rio Sagrado, com vistas à mensuração e análise das inter-relações das suas

distintas dimensões socioecossistêmicas. Pretende-se utilizar o Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) e ecological footprint (Pegada Ecológica segundo a tradução brasileira)

Page 3: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

21

consolidando-se, desta maneira, aqueles indicadores como ferramentas para o estabelecimento

de estratégias e tomadas de decisões que visem o planejamento para o desenvolvimento

sustentável da microbacia do Rio Sagrado, localizada no Município de Morretes no Estado do

Paraná. Enfatiza-se, para a construção dos indicadores socioambientais, a necessidade e

relevância de abordagens interdisciplinares e até transdisciplinares face à complexidade da

problemática ambiental.

2.- Metodologia

Este artigo é uma combinação entre estudo exploratório e pesquisa bibliográfica, cujo

objetivo geral é propor a construção e a utilização de indicadores socioambientais para uma

bacia hidrográfica.

A intenção de utilizar estes indicadores no médio prazo é mensurar e analisar as inter-

relações das distintas dimensões socioecossistêmicas, de modo que os indicadores se

convertam em ferramentas para o estabelecimento de estratégias e tomadas de decisões que

visem o planejamento para o desenvolvimento sustentável da microbacia do Rio Sagrado.

O artigo inicia com uma pesquisa bibliográfica que aborda temas relacionados à

Gestão do Conhecimento, Indicadores Socioambientais, Processo de Tomada de Decisão,

Desenvolvimento Sustentável, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade e Bacias

hidrográficas.

A área de estudo está centrada no contexto de um projeto em andamento na Zona

Laboratório de Educação para o Ecodesenvolvimento na bacia hidrográfica do Rio Sagrado,

composta pelas comunidades de Rio Sagrado do Alto, Canhembora, Brejamirim e Candonga

(Município de Morretes, PR), pertencente à Área de Preservação Ambiental (APA) de

Guaratuba, Reserva da Biosfera de Floresta Atlântida (ReBIO).

Segundo Keller Alves (2008) no local concentra-se uma povoação de 520 famílias, das

quais aproximadamente 270 são consideradas residentes - predominantemente pequenos

proprietários rurais -, e 250 famílias não-residentes, isto é, proprietários de chácaras ou sítios

para o lazer. Trata-se de uma comunidade que busca mecanismos de adaptação na tentativa de

superação de crises econômicas, baseando-se principalmente em atividades econômicas

apoiadas na agricultura familiar e no artesanato com fibras naturais (bananeira e cipó imbé).

Page 4: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

22

3.- A problemática ambiental e a questão da ecossocioeconomia

Após quase dez mil anos da aparição do homem na face da Terra, chegou-se a um

mundo-sociedade que tem por paradigma de desenvolvimento, um modelo que parece ter

esquecido que o planeta tem uma capacidade de carga finita, que é possível ser medida e

mensurada. Fato é que, há tempos, a finitude dos recursos não tem muita importância para o

atual modelo de desenvolvimento, que se caracteriza por não levar em conta os custos

socioambientais decorrentes das diferentes atividades produtivas (SAMPAIO, 2008).

Como ressalta Andri Stahel (2001, p. 117), numa crítica ao atual modelo: “o

capitalismo marcou a inversão dos meios econômicos em fins, apoiado na produção pela

produção, na criação incessante de necessidades visando à acumulação. Caracteriza-se por

estar centrado na racionalidade econômica, em detrimento de outras racionalidades”.

Nesse sentido, o modelo hegemônico e sua tríade – mercado, tecnologia e produção -,

são apontados como os grandes causadores do que hoje se entende por problemática

ambiental, cujas externalidades são amplamente conhecidas pela sociedade: poluição e

degradação do meio ambiente, esgotamento dos recursos naturais, energéticos e de alimentos

(SACHS, 1993). Leff (1994) afirma que, a problemática ambiental se converteu, no século

XX, numa crise de civilização, questionando a racionalidade econômica e tecnológica

dominante.

Villaverde (1997) comenta que o estágio em que se encontra a humanidade é o de um

mundo complexo, em que atores diversos e relativamente autônomos interagem de forma

permanente gerando conflitos: conflitos de interesse entre os próprios atores e conflitos destes

com o meio ambiente.

Quando se aborda e tenta explicar a problemática ambiental há que se entender que ela

surge do resultado da ação antrópica sobre o território - produto do modelo de

desenvolvimento já mencionado que não leva em conta a capacidade de carga do planeta.

As preocupações com os “resultados negativos” do processo de desenvolvimento são

recentes. A ascensão do ambientalismo como movimento histórico a partir da década de 60,

assumindo a sociedade atual como insustentável a médio ou longo prazo reforça as

preocupações com as dimensões socioambientais do desenvolvimento. Note-se que esta

insustentabilidade não é atribuída somente ao modelo de desenvolvimento, mas se estende às

instituições e valores predominantes na sociedade.

Diante deste quadro de crises patológicas em nível mundial é inevitável e premente

colocar em discussão novas teorias que vão além do papel de criticar o atual modelo de

Page 5: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

23

desenvolvimento, mas que mostrem novos caminhos a seguir. Surge, assim, um construto

teórico-empírico chamado de Ecossocioeconomia.

A ecossocioeconomia1 está imbricada na discussão sobre a problemática ambiental.

Quando se prospecta os próximos 50 ou 100 anos da economia mundial, emerge uma

demanda por tecnologias sociais, sobretudo baseadas na participação e no compartilhamento

de responsabilidades no processo de tomada de decisão. Incorporar a complexidade

socioambiental no mundo dos negócios é fundamental. Porém, não apenas sob a perspectiva

da chamada ecoeficiência que tenta incorporar o discurso ambiental no management,

exemplificado pelo princípio poluidor-pagador2; mas fundamentalmente no repensar da

racionalidade por trás do processo decisório quando se implementa um estilo de planejamento

e de gestão organizacional conectado à perspectiva do desenvolvimento sustentável (ALIER,

2007).

Baseando-se no último relatório do Intergovernmental Panel of Climate Change

(IPCC), divulgado em 2007, formulado pela World Meteorological Organization (WMO), no

âmbito do United Nations Environmental Programme (UNEP) mesmo os mais céticos

racionalistas economicistas não conseguem mais ficar indiferentes a tais prognósticos. Este

relatório revela que a mudança climática em curso tem como principal causa a ação antrópica

(representada pela emissão de gases de efeito estufa, dentre os quais se destaca o dióxido de

carbono, que responde por 80% do total das emissões lançadas na atmosfera e produzido pela

queima de combustíveis fósseis, petróleo, gás natural e carvão), sobretudo após a Revolução

Industrial (WMO-UNEP, 2007).

Se ainda não bastasse a crise ambiental, os Indicadores de Desenvolvimento Humano

(IDH) apontam que vinte e seis por cento da população mundial concentra oitenta por cento

de toda riqueza (PNUD, 2007). Este quadro mundial de tamanha desigualdade social não

difere proporcionalmente da realidade brasileira. Pergunta-se então se não seria o momento

para iniciar uma reflexão? Que lógica ou racionalidade é esta que está por trás da ação social

que conduz a tomadas de decisão que gera tamanhos impactos socioambientais? Algum dia

esta riqueza concentrada será finalmente redistribuída? O que deverá acontecer para que ela

finalmente se inicie? A exemplo dos Estados Unidos da América - Meca da sociedade urbana

industrial -, as inundações costeiras provocadas pelo furacão Katrina em New Orleans (2005),

grandes incêndios provocados por falta de umidade na atmosfera e temperaturas elevadas no

Verão Californiano (2007) ou as mortes e o terrorismo com sua lógica própria compensatória

a um sistema que lhe parecem injusto no atentado no World Trade Center (2001). O sistema

Page 6: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

24

ainda parece ser capaz de contabilizar tragédias tornando tudo um resíduo aceitável do

processo racional produtivo de mercadorias, dentre as quais um homem de conteúdo vazio.

Leff (2002) sugere que para pensar uma racionalidade ambiental, deve valer também

da lógica instrumental de maneira que haja interlocução com o paradigma economicista que

sob tais argumentos apresentados, não seria difícil de redenominá-lo como mau

desenvolvimento (SACHS, 2003; 2004). Mau por fundar suas políticas em uma moral

utilitarista individualista. Por extensão, ao bom desenvolvimento estaria associada, de certa

maneira, uma re-interpretação do conceito de razão hobbesiano, ou, anterior a isto, uma

espécie de resgate de valores relacionados ao que os gregos chamavam de oeconomia. Vale a

pena recordar que se trataram de comunidades que tinham como característica de produção e

de distribuição o princípio da domesticidade, isto é, para uso próprio (POLANY, 1983).

Entretanto, não se deve presumir que a domesticidade baseia-se num ethos isento de

utilitarismo, contudo era visto como somente um meio para alcançar outros fins e não um fim

em si mesmo. Nesta época, os bens e serviços circulavam através de mecanismos de

reciprocidade e redistribuição mais do que de mercados impessoais (como na economia

moderna); e as relações sociais eram as que fixavam os preços; não as abstratas leis da oferta

e da procura (FINLEY, 2003). Este modo de produção perdurou a partir da sociabilidade de

seus membros e não para salvaguardar interesses individuais na posse de bens materiais.

Contudo, que não se confundam a racionalidade instrumental individualista com a

coletiva, tal como proposta pelo liberalismo de Stuart Mill3 e, por sua vez, a racionalidade

coletiva com a substantiva, esta útltima associada a valores perenes, sem necessariamente

estar vinculado a cálculos utilitaristas entre meios e fins que presidem à criação e aplicação de

técnicas baseadas nos vetores de eficiência e eficácia econômica (WEBER, 2000).

4.- Da Interdiciplinaridade até a Transdisciplinaridade na Abordagem

socioecossistêmica de uma Microbacia

Atualmente, em todas as áreas do conhecimento, incluindo as ciências sociais,

econômicas e ambientais, está se consolidando um novo ponto de vista que propõe que toda

ação científica tende a se organizar como uma prática que transcende o conhecimento de uma

disciplina isolada. Para Max-Neef (2007) a grande dificuldade na gestão do conhecimento é

que os problemas contemporâneos são enfrentados e resolvidos sob uma visão disciplinar.

Quando se tenta abordar os problemas socioambientais atuais, deve-se destacar o fato

de que o conhecimento deve considerar tanto o conjunto de certezas que se têm sobre a

Page 7: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

25

natureza, quanto fatores de incerteza, que já não dependem somente de causas naturais, mas

também da intervenção ativa do homem sobre o mundo e das interações deste para com a

natureza (HENRÍQUEZ, 2007).

Neste artigo, o objeto de estudo é uma microbacia hidrográfica, entendendo-a como

um ecossistema complexo que, cada vez mais é visto como uma unidade de planejamento e

gestão para o desenvolvimento sustentável do território que abrange. Reforçando essa

afirmação, pode-se ressaltar o fato de que a bacia hidrográfica é a unidade territorial adotada

para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídiricos pelo Ministério do Meio

Ambiente e Agência Nacional da Águas. Mas para se entender porque uma microbacia é

considerada um ecossistema complexo, faz-se necessário, definir sinteticamente o conceito de

bacia hidrográfica.

Segundo Pires et al. (2002) uma bacia hidrográfica pode ser definida como o conjunto

de terras drenadas por um corpo principal de água e seus afluentes. A idéia de bacia

hidrográfica está associada à noção da existência de nascentes, divisores de águas e

características dos cursos de água, principais e secundários, denominados afluentes e

subafluentes (REDE DAS ÁGUAS, 2000).

As bacias podem ser classificadas de acordo com sua importância como principais (as

que abrigam os rios de maior porte), secundárias e terciárias; segundo sua localização, como

litorâneas ou interiores (idem).

Do ponto de vista do planejamento e da gestão do desenvolvimento regional, as bacias

hidrográficas se apresentam como objetos de estudo com uma visão integradora e unificada

do planejamento, possibilitando abordagens e estudos sob as mais diversas perspectivas

(SCHULTZ et al., 2002)

Na perspectiva dos pesquisadores e planejadores, preocupados com a conservação dos

recursos naturais, o conceito de bacia hidrográfica tem sido ampliado para além dos aspectos

meramente hidrológicos, considerando também conhecimentos do tipo biofísicos, das

mudanças nos padrões do uso da terra e as implicações ambientais (PIRES et al., 2002).

Existe, porém, um certo consenso entre os pesquisadores e gestores do conhecimento

que desenvolvem estudos sobre as microbacias, em considerá-las verdadeiros ecossistemas.

Um ecossistema pode ser definido como uma unidade espacialmente explícita que

inclui todos os componentes bióticos e abióticos dentro das suas fronteiras de influências.

Alguns autores consideram o ecossistema como sendo “Uma interação, em determinada

escala espaço-temporal entre componentes físicos e inanimados e os componentes vivos.”

(SCHULTZ et al., 2002).

Page 8: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

26

Assim, pesquisar um ecossistema que interage com a realidade, significa estudar,

segundo Garcia (1994) um elemento da realidade que envolve aspectos físicos, biológicos,

sociais, econômicos e políticos. O mesmo autor enfatiza que existem múltiplos aspectos e

maneiras de abordar os ecossistemas, dependendo sempre dos objetivos perseguidos em cada

processo de pesquisa.

Um dos fatores que se deve levar em consideração na análise de um ecossistema é a

ampliação de sua complexidade, especialmente no caso de um ecossistema natural já alterado

pelos impactos da ação antrópica, produto da exploração dos recursos renováveis ou não-

renováveis, ou de assentamentos humanos de diversos tipos, como as urbanizações

(GARCIA, 1994).

Outra característica que deve ser levada em conta na pesquisa e planejamento com

ênfase regional de uma bacia hidrográfica, é a dificuldade na delimitação do espaço de

abrangência desta, uma vez que, uma mesma bacia hidrográfica pode se expandir entre

diversos territórios produtivos, políticos e administrativos.

Neste contexto, uma abordagem satisfatória e de credibilidade, que intente abranger

toda a diversidade dos problemas encontrados em um ecossistema complexo, e cujo pano de

fundo seja o planejamento e gestão regionais, requer, sem dúvida alguma, repensar as atuais

metodologias utilizadas no estudo das bacias hidrográficas (entendidas como unidades de

planejamento ecossistêmico para o desenvolvimento), superando-se as abordagens

tradicionalmente pautadas na visão de uma única perspectiva do conhecimento.

Assim, o que se pretende com este artigo é enfatizar que essa nova abordagem na

geração e gestão do conhecimento - que cada vez mais afeta os modelos éticos, científicos,

tecnológicos e educativos (VILLAVERDE, 1997) -, requer um olhar transdisciplinar, capaz

de explicar a natureza sistêmica e complexa do problema a ser abordado/pesquisado.

Não são mais tão raros os estudos que utilizam equipes interdisciplinares teóricas. A

interdisciplinaridade teórica pode ser entendida como a construção de um novo objeto

científico, a partir da colaboração de diversas disciplinas e não somente como o tratamento

comum de uma temática4 (LEFF, 1994). A verdadeira interdisciplinaridade pressupõe uma

cooperação intensa e coordenada sobre uma finalidade, porém, de uma problemática comum

(JOLLIVET; PAVÉ In: VIEIRA E WEBER, 1998).

Segundo Villaverde (1997) o enfoque ecossistêmico parte de um modelo mental, de

uma correlação metodológica, isto é, de um planejamento que permite trabalhar de maneira

articulada e orientar os processos para um conhecimento integrado entre diferentes

disciplinas. Nas palavras do mesmo autor

Page 9: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

27

Traduzir esta idéia ao plano da ação supõe buscar

aproximações metodológicas coerentes. Ao fazê-lo, a

metodologia interdisciplinar apresenta-se como a formula

mais apropriada para se associar diversos enfoques na

interpretação de realidades complexas, como são os

sistemas ambientais (VILLAVERDE, 1997, p. 41).

Outra metodologia, ainda muito discutida, mas que pode prestar auxílio aos atores que

interagem no processo de planejamento e gestão para desenvolvimento das bacias

hidrográficas, é o conceito que evoluiu a partir da interdisciplinaridade e que convencionou-se

chamar de transdisciplinaridade. A transdisciplinaridade segundo Villaverde (1997) se traduz

no processo de intercâmbio entre diversos campos e ramos do conhecimento científico, nos

quais uns transferem métodos, conceitos, termos e inclusive corpos teóricos inteiros para

outros, os quais são incorporados e assimilados pela disciplina importadora, induzindo a um

processo dialético de avanço e retrocesso do conhecimento - característico do

desenvolvimento das ciências.

Esta metodologia é útil a partir do momento que se concebe que o espaço territorial

ocupado por uma bacia hidrográfica, além de reunir em seu bojo elementos biológicos e

sociais, encerra uma série de processos produtivos, resultando num conjunto de relações ainda

mais complexas. Pode-se concluir, então, que o contexto transdisciplinar adapta-se e pode ser

capaz de melhor responder às dúvidas suscitadas pelo conceito de socioecossistema.

5.- A importância dos Indicadores Socioambientais: IDH e Pegada Ecológica na bacia hidrográfica de Rio Sagrado

Uma das características marcantes do modelo de desenvolvimento econômico

hegemônico é não levar em conta os custos socioambientais decorrentes das atividades

produtivas industriais. Por esse motivo, se faz necessário a incorporação daqueles custos

permitindo-se balizar os processos de tomada de decisão na elaboração de políticas públicas,

por exemplo. Uma das maneiras de calcular estes custos é por meio dos indicadores

socioambientais, que fazem parte de um movimento que ganha força e, que, embora ainda

pouco utilizados5, têm relevada importância.

Os indicadores são necessários para monitorar o progresso nas distintas dimensões,

funcionando como ferramentas de apoio aos tomadores de decisões e àqueles responsáveis

pela elaboração de políticas em todos os níveis, além de serem norteadores para que se

mantenha o foco em direção ao desenvolvimento sustentável (GARCIA; GUERRERO, 2006).

Além disso, os indicadores podem servir de alerta no sentido de prevenir e/ou amenizar os

Page 10: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

28

impactos econômicos, sociais e ambientais decorrentes de uma determinada atividade.

Também podem ser úteis como ferramentas para disseminar idéias, pensamentos e valores.

O objetivo dos indicadores socioambientais para um desenvolvimento mais

sustentável é o de promover uma maior consciência acerca das implicações da problemática

ambiental e do desenvolvimento.

O objetivo deste artigo é propor a utilização de indicadores socioambientais na

microbacia do Rio Sagrado, com vistas à mensuração e análise das inter-relações das suas

distintas dimensões socioecossistêmicas. Pretende-se utilizar o Índice de Desenvolvimento

Humano (IDH) e ecological footprint (Pegada Ecológica segundo a tradução brasileira)

consolidando-se, desta maneira, aqueles indicadores como ferramentas para o estabelecimento

de estratégias e tomadas de decisões que visem o planejamento para o desenvolvimento

sustentável da microbacia do Rio Sagrado, localizada no Município de Morretes no Estado do

Paraná.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi criado pelo economista paquistanês

Mahbub ul Haq com a colaboração do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o indiano

Amartya Sen, para medir o nível de desenvolvimento humano dos países a partir de

indicadores de educação (alfabetização e taxa de matrícula), longevidade (esperança de vida

ao nascer) e renda (PIB per capita). Variações do IDH como o IDH-M (Índice de

Desenvolvimento Humano Municipal) medem os mesmos fenômenos, mas são adaptados

para avaliar as condições de núcleos sociais menores. Como não é de se estranhar, geralmente

entre os países com IDH mais elevado estão os países desenvolvidos, notando-se uma grande

disparidade entre os países do hemisfério sul e do norte, isto é, centro-periferia.

A essência do desenvolvimento humano centra-se em três pilares fundamentais que

buscam explicar e entender o processo de desenvolvimento como conceito mais amplo e

complexo, isto é, desenvolvimento para as pessoas, desenvolvimento das pessoas e

desenvolvimento pelas pessoas.

O primeiro pilar relaciona-se ao fato de que o modelo de desenvolvimento de caráter

meramente economicista relegou o ser humano ao segundo plano, sendo crucial o

estabelecimento de uma nova forma de compartilhamento dos frutos do crescimento

econômico pela população, isto é, o aumento do volume dos recursos destinados à expansão e

melhoria dos serviços públicos, sobretudo saúde e educação. O segundo pilar relaciona-se

com os recursos que cada País deveria investir para proporcionar um desenvolvimento

humano, isto é, com a criação de um ambiente propício para que os seres humanos possam

explorar as suas potencialidades e se tornarem melhores durante o processo. Faz-se necessário

Page 11: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

29

investir em nutrição, saúde e educação, lembrando-se que as gerações futuras devem ter as

mesmas possibilidades de satisfazer suas necessidades. E o terceiro pilar refere-se ao

empoderamento da sociedade civil, ou seja, ao fato de que as próprias pessoas, de maneira

democrática, devam estabelecer o nível de desenvolvimento que desejam6 (PNUD, 2007).

O ecological footprint ou Pegada Ecológica (segundo a tradução brasileira), é um

indicador que surgiu com o lançamento da obra “Our ecological footprint” de autoria de

Wackernagel e Ress (2001). Segundo Hans Michael Van Bellen (2006) foi um trabalho

pioneiro acerca do tema, que marca o início da pegada ecológica como ferramenta para medir

e difundir o desenvolvimento sustentável. A pegada ecológica pode ser definida como “a área

de território ecologicamente produtivo necessária para produzir os recursos utilizados e para

assimilar os resíduos produzidos por uma população da com um modo de vida especifico de

forma indefinida” (WACKERNAGEL et al., 1997). O objetivo fundamental consiste em

avaliar os impactos sobre o planeta de um determinado modo de vida e, conseqüentemente,

seu grau de sustentabilidade.

A análise da pegada ecológica tem sido aplicada em diferentes níveis escalares, desde

a escala global (WACKERNAGEL et al., 1997) até o nível da moradia. O fundamento teórico

da pegada ecológica relaciona-se com a capacidade de carga que é definida como a

capacidade máxima de população que um sistema pode suportar de maneira indefinida no

mesmo sistema (VAN BELLEN, 2006).

Deve-se ressaltar, porém, que o cálculo da pegada ecológica é complexo, tal como o

próprio ecossistema que tenta medir: em alguns casos específicos é impossível se chegar a um

índice satisfatório, o que se revela como uma de suas dificuldades. Contudo, existem muitos

métodos para estimá-lo a partir da análise dos recursos que uma pessoa consome e dos

resíduos que ela produz7.

O estudo da pegada ecológica observa cinco aspectos que auxiliam na composição do

índice: 1) quantidade de hectares utilizados para urbanizar, gerar infra-estrutura e centros de

trabalho; 2) hectares necessários para proporcionar o alimento vegetal; 3) hectares necessários

para pastagens que alimentam o gado; 4) hectares marinhos necessários para a produção de

peixes; e 5) hectares de floresta necessária para absorver o CO2 provocado pelo consumo

energético da humanidade. Do ponto de vista global, se tem estimado em 1,7 hectares a

capacidade biofísica do planeta por habitante, embora os níveis atuais de consumo médio por

pessoa chega a 2,8 hectares8 (MAX-NEEF, 2007). Esta é mais uma comprovação do resultado

modelo de desenvolvimento pautado numa racionalidade economicista-utilitarista-consumista

(SAMPAIO, 2005).

Page 12: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

30

6.- Considerações Finais

Como medir o desenvolvimento? Há muito tempo organismos internacionais,

governos, instituições acadêmicas e pesquisadores tentam responder a essa questão.

Para tanto, a construção de indicadores tem sido a ferramenta mais utilizada por

aqueles que objetivam mensurar o estágio de desenvolvimento de países, regiões, locais e

comunidades, embora muitas vezes se obtenha apenas índices de crescimento, por meio de

variáveis econômicas.

Neste sentido, o Produto Interno Bruto (PIB) permaneceu por um longo período

sendo utilizado para medir a riqueza das nações, acabando por ser alvo de críticas devido à

sua abrangência restrita em não responder às necessidades contemporâneas e sendo

substituído pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), aceito amplamente em nível

internacional por ser considerado o indicador mais completo – apesar de suas limitações – ao

incorporar dimensões socioeconômicas.

Num processo evolutivo, acompanhando as discussões emergentes em torno da

sustentabilidade, questiona-se hoje, a possibilidade da criação de indicadores mais

abrangentes, capazes de contemplar as variáveis econômicas, sociais e ambientais e, ao

mesmo tempo, serem aceitos cientificamente no que se refere à credibilidade dos resultados.

Tal preocupação ganha força num contexto em que se cristaliza a problemática ambiental,

tanto em nível global, quanto nacional, regional e até mesmo local.

Fato é, que, diante deste cenário e, na tentativa de obter respostas convincentes aos

novos desafios, a construção de indicadores requer abordagens que abandonem a perspectiva

unidisciplinar e o raciocínio cartesiano e rumem para perspectivas inter e até mesmo

transdisciplinares. Resumindo-se: o ambiente complexo, incerto e instável de hoje (e a

problemática socioambiental, por exemplo) exige abordagens sistêmicas e integradas, capazes

de indicar caminhos alternativos para os novos e antigos desafios que se apresentam.

Seguindo essa afirmação, propôs-se neste artigo a construção de indicadores de

indicadores socioambientais na microbacia do Rio Sagrado, localizada no Município de

Morretes, Estado do Paraná, APA de Guaratuba, ReBIO de Floresta Atlântica. O objetivo é

poder mensurar e analisar as inter-relações das distintas dimensões socioecossistêmicas,

utilizando-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e ecological footprint (Pegada

Ecológica segundo a tradução brasileira) na tentativa de se consolidar, desta maneira, aqueles

Page 13: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

31

indicadores como ferramentas para o estabelecimento de estratégias e tomadas de decisões

que visem o planejamento para o desenvolvimento sustentável daquela microbacia.

Partindo-se da idéia da necessidade e relevância de abordagens interdisciplinares e até

transdisciplinares para explicar a complexidade da problemática ambiental, releva-se,

inclusive a revitalização de conceitos e a utilização de novos construtos que dêem sustentação

teórica àqueles estudos. É neste contexto que emerge o conceito da ecossocioeconomia, que

se coaduna com a perspectiva de trabalhos interdisciplinares centrados em bases filosóficas e

epistemológicas que considerem, no caso da microbacia do Rio Sagrado, a população local

(sociedade) que ocupa o espaço territorial biofísico (ecossistema) daquela região.

Referências Bibliográficas

ALIER, J. M. O ecologismo dos pobres. São Paulo: Contexto, 2007.

ARRUDA, M. Globalização e Sociedade Civil: Repensando o cooperativismo no contexto da cidadania ativa. In: ARRUDA, M.; BOFF, L. Globalização: desafios socioeconômicos, éticos e educativos. Petrópolis: Vozes, 2000, p. 49-102.

BESSERMAN, S. Indicadores: a lacuna das informações ambientais. In: TRIGUEIRO, A. (coord). Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003, p. 90-105.

ECOLOGICAL FOOTPRINT. Redefining Progress. Disponível em: http://www.myfootprint.org. Acesso em: 19 maio 2008.

Enciclopédia® Microsoft® Encarta 2001. Disponível em: http://www.rededasaguas.org.br/bacia/bacia_01.asp. Acesso em: 27 abr. 2008.

FINLEY, M.I. La economia de la antiguedad. México: Fonde Cultura Econômica, 2003.

GARCIA, R. Interdiciplinariedad y Sistemas complejos. In: LEFF, E. (org). Ciencias Sociales y Formulación ambiental. Barcelona: Gedisa, 1994, p. 85-125.

GARCIA, Susana e GUERRERO, Marcela. Indicadores de sustentabilidad ambiental en La gestión de espacios verdes: Parque urbano Monte Calvário, Tandil, Argentina. Rev. geogr. Norte Gd., jul. 2006, no.35, p.45-57.

HENRIQUEZ, C. Turismo de base comunitaria y avistamiento de flora y fauna marina, una propuesta de ecodesarrollo ambientalmente correcta, socialmente más justa y económicamente viable. TCC do curso Administración de Empresas Turisticas. Universidad Austral de Chile. 2007.

JOLLIVET, M. E PAVÉ, A. O Meio ambiente: Questões e perspectivas para a pesquisa. In: VIEIRA, P. F.; WEBER, J. (Orgs). Gestão de Recursos Naturais Renováveis e desenvolvimento. Novos desafios para a pesquisa ambiental. São Paulo: Cortez, 1998, p. 51-112.

KELLER ALVES, F. Arranjo Socioprodutivo de Base Comunitária: Um projeto piloto na comunidade do entorno da micro-bacia do Rio Sagrado Morretes Paraná. Dissertação Programa de Pós-graduação em Administração. Universidade Regional de Blumenau, 2008.

LEFF, E. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2002.

Page 14: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

32

LEFF, E. Interdiciplinariedad y Ambiente: Bases conceptuales para el manejo sustentable de

los recursos. In: Ecologia y Capital. Racionalidad ambiental, democracia participativa y

desarrollo sustentable. Mexico: Siglo XXl, 1994, p. 68-123.

MAX-NEEF. M. In: Seminario "El proceso descentralizador y las reformas regionales a la

luz de la creación de la Nueva Región de Los Ríos". Uach, 2007.

MAX-NEEF. M. In: Sala de aula no contexto da disciplina “Introducción a la Conservación

Biológica, desde una perspectiva crítica y multidisciplinaria” do curso do Programa de Honor da Universidade Austral de Chile. A disciplina foi coordenada pelo Prof Dr. Iñaki Ceverio, durante o primeiro semestre de 2007.

PIRES, J. S.; SANTOS, J. E. dos; DEL PRETTE, M. E. A utilização do conceito de bacia hidrográfica para a conservação dos recursos naturais. In: SHIAVETTI, A.; CAMARGO, A. F. M. Conceitos de bacias hidrográficas: teorias e aplicações. Ilhéus: Editus, 2002.

PNUD, Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo. Informe sobre desarrollo humano - 2005. Madri: Ediciones Mundi-Prensa, 2007.

POLANY, M. The tacit dimension. Gloucester (Mass.): Peter Smith, 1983.

REDE DAS ÁGUAS. Disponível em: http://www.rededasaguas.org.br/. Acesso em 28

abril de 2008.

SACHS, I. Desenvolvimento includente, sustentável sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2004.

___________. Inclusão social pelo trabalho: desenvolvimento humano, trabalho decente e o futuro dos empreendedores de pequeno porte. Rio de Janeiro: Garamond, 2003.

___________. Ecodesenvolvimento: crescer sem destruir. São Paulo: Vértice, 1986.

___________. Em busca de novas estratégias de desenvolvimento. Estudos Avançados, 9(25), p. 29-63, 1995.

___________. Estratégias de transição para o século XXI: desenvolvimento e meio ambiente. São Paulo: Studio Nobel: Fundação do desenvolvimento administrativo, 1993.

SAMPAIO, C.A. Ecossocioeconomia das organizações. São Paulo: Annablume; Blumenau: EDIFURB, 2008. prelo

____________. Turismo como fenômeno humano: princípios para se pensar a socioeconomia. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005.

SCHULTZ, S.M.; MORAES, C.B.; BACH, C.C. Estratégias para a inserção da Temática Ambiental na Formação do Planejador Urbano. In: COBEMGE - Congresso Brasileiro para o Ensino da Engenharia, 30, 2002, Campinas. Anais... Campinas: 2002.

STAHEL, A. W. Capitalismo e entropia: os aspectos ideológicos de uma contradição e a busca de alternativas sustentáveis. In: CAVALCANTI, C. (org.) Desenvolvimento e natureza: um estudo para uma sociedade sustentável. 3ª ed. São Paulo: Cortez; Recife: Fundação Joaquim Nabuco, 2001, p. 104-127.

UNITED NATION INDICATORS OF SUSTAINABLE DEVELOPMENT GUIDELINES AND METHODOLOGIES

VAN BELLEN, H. M. Indicadores de Sustentabilidade: uma análise comparativa. São Paulo: FGV, 2006.

Page 15: Indicadores Socioambientais no Processo de decisão

33

VILLAVERDE, M. N. El analisis de los problemas ambientales: modelos metodológicos. In: NOVO, M.; LARA, L. (orgs). El Analisis Interdisciplinar de la problemática ambiental. Madrid: UNESCO, 1997, p. 21-59.

WACKERNAGEL, Mathis et al. Ecological footprints of nation: how much nature do they use? How much nature do they have? Toronto: Earth Council for the Rio+5 Forum, 1997.

WACKERNAGEL, Mathis; REES, William. Nuestra huella ecológica. Buenos Aires: LOM Ediciones, Colección Ecologia & Médio Ambiente, 2001.

WEBER, M. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: UNB, 2000.

WMO, World Meteorological Organization - UNEP, United Nations Environmental

Programme. Intergovernmental panel on climate change. Paris, February, 2007.

1 O termo surge a partir da obra do economista ecológico Karl William Kapp (The social costs of business enterprise. Nottingham: Spokesman Books, 1963). O primeiro prefixo “Eco” (Oikos = Casa) refere-se à ecologia e reforça o que o segundo prefixo “eco” já deveria fazê-lo, contudo, este foi vulgarizado ao longo da história remetendo o seu significado ao que Aristóteles já denunciava como crematística. 2 Entretanto, reconhece-se que recursos naturais e serviços ambientais como tendo funções e valores econômicos positivos (na perspectiva da Economia Ecológica), e que tratá-los como preço zero, como se faz, muitas vezes, na perspectiva racionalista utilitarista economicista, seria um risco sério de exauri-los ou manejá-los insustentavelmente (ALIER, 2007). 3 Segundo Mill (2000) o poder só pode ser exercido sobre um indivíduo, contra a sua vontade, quando este exercício tem como finalidade prevenir que sejam infligidos abusos sobre os outros membros da comunidade. 4 Ao enfocar a problemática ambiental, Leff (2002, p. 140) salienta que aquela ultrapassou o campo dos paradigmas científicos e do conhecimento disciplinar. Segundo ele, “o saber ambiental emerge, problematiza e reorienta o desenvolvimento do conhecimento em três níveis: a) A orientação da pesquisa e aplicação dos conhecimentos científicos e técnicos por meio das políticas científico-tecnológicas; b) A integração interdisciplinar de especialidades diversas e de um conjunto de saberes existentes em torno de um objeto de estudo e de uma problemática comuns (...); c) A problematização dos paradigmas téoricos de diferentes ciências, propondo a reelaboração de seus conceitos, a emergência de novas áreas temáticas e da constituição de novas disciplinas ambientais (...)”. 5 Segundo Sérgio Besserman (2003) há uma grande lacuna de informações ambientais locais, regionais e globais: a produção de estatísticas e indicadores sobre a sustentabilidade do desenvolvimento é insuficiente e precária; as deficiências superam em muito a oferta de informações. Isso se deve à própria emergência da problemática ambiental, tanto no que diz respeito ao despertar da consciência ecológica em escala global, quanto à evolução acelerada das agressões ao meio ambiente nas últimas décadas e sua maior divulgação. 6 Arruda (2000), nesse sentido, enfatiza o que denomina de “autodesenvolvimento”: um desenvolvimento gerado e impulsionado de baixo para cima e de dentro para fora e cuja característica essencial é a de estar muito mais centrado no humano e no social, sugerindo a participação do indivíduo (dimensão pessoal), da sociedade civil, das empresas e unidades políticas (dimensão da comunidade) como fator primordial para a definição dos rumos do desenvolvimento local. 7 Para cálculo da pegada ecológica individual pode-se realizar um teste individual disponível no endereço http://www.myfootprint.org. 8 Estudos demonstram que a capacidade de carga do planeta já foi superada em mais que 50%, devendo ser ampliada em virtude do crescimento econômico de países emergentes e populosos como Índia e China, caso nada seja feito para sua contenção. Tal fato é preocupante, pois numa comparação com o estilo de vida e consumo norte-americano (considerado o extremo da insustentabilidade), se todos os habitantes do planeta seguissem aquele padrão, seriam necessários oito planetas Terra!