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ÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICEÍNDICE
EDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIALEDITORIAL
Não é fácil escrever um artigo, ainda mais
quando pensamos em quem irá ler. Começa
na escolha de um tema que desperte inter-
esse, depois vem o desenvolvimento dessa
idéia e, finalmente, tentar colocar no papel
alguma coisa que mais se aproxime com
aquele projeto inicial. Se já é difícil escrever,
o desafio se torna ainda maior quando o
conteúdo se relaciona com as diversas áreas
de atuação da Antroposofia, colocando o
foco nas questões que geram a saúde no
ser humano. Então, seja por ousadia, seja
por acreditar que esse também é um modo
de contribuir na divulgação da Antroposofia
e de seus vários segmentos para um público
menos acostumado a ela, reunimos essas
idéias nesse segundo número da revista. E
fomos atrás de uma entrevista com a Dra.
Gudrun, que através de suas lembranças e
de sua atividade atual, nos conta um pouco
da própria história da Antroposofia no Brasil;
tem ainda a idéia da interdisciplinaridade
discutida entre cinco profissionais que estão
acostumados a essa troca de experiências
dentro da Pedagogia Waldorf; o Dr. Wesley
nos traz suas impressões de seu contato
com o Xingu, um passeio em Botucatu e
ainda Terapia Artística. Enfim, vários e
diversificados assuntos tentando abranger
o maior número de interesses. Esse con-
tinua sendo o principal objetivo dessa revista
da ABMA, dirigida não apenas para os
profissionais de saúde e seus pacientes,
como também à comunidade não
antroposófica: tentar acolher o maior
número de segmentos que existem sob a
orientação antroposófica e mostrar que
podem existir assuntos e temas pertinentes
e interessantes dentro desse campo tão
vasto e multifacetado e, portanto, muito rico
e curioso. Estamos ainda inaugurando um
espaço para o leitor expressar sua opinião,
seus elogios, suas críticas e sugestões,
escrevam para nós.
Boa leitura e nos encontraremos no
próximo número.
Uma escola que
deixa a criança
ser criança
Pedagogia
Waldorf
Botucatu
Turismo 6
Dra. Gudrun Burkhard
Biografia 3
Xingu
Crônica 16
Indicações de livros
Literatura 18
Entenda como são feitos
Medicamentos 9
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EXPEDIENTEEXPEDIENTEEXPEDIENTEEXPEDIENTEEXPEDIENTEATP é uma publicação da ABMA (Associação
Brasileira de Medicina Antroposófica). Distribuição
gratuita. Tiragem 5 mil exemplares.
• Presidente: Dr. Ronaldo José de Lima Perlatto
• Vice-Presidente: Dr. José Carlos Neves Machado
• Tesoureiro: Dr. Luiz Carlos Nascimento
• Secretário: Dr. Francisco Antônio Braz
• Conselho Fiscal:
Dr. José Luiz Amuratti Gonçalves
Dr. José Roberto Kater
Dr. Paulo Roberto Volkmann
DESTDESTDESTDESTDESTAQUEAQUEAQUEAQUEAQUE
A cura pela arte
Terapia Artística14
RECICLE ESSAS IDÉIAS: OFEREÇA ESSA REVISTA, DEPOISDE TER LIDO, PARA ALGUÉM QUE AINDA NÃO LEU.
�
COMPARTILHE ESSA IDÉIA, BAIXE AREVISTA ATP no. 2 através do sitehttp://www.medicinaantroposofica.com.br
• Criação
RMC Design
• Editora
Priscila Lanaro Treguer
MTB 30.110
• Marketing e publicidade
Alessandro Treguer
• Direção de Arte
Rosemeire M. Cavalheiro
• Impressão
Ananda Digital
• Regionais
ABMA - Rio Grande do Sul -
Pres.: Dra. Jaqueline de Aguiar Volkmann Amaral
ABMA - Rio de Janeiro
Pres.: Dra. Sheila P. C. Grande
ABMA - Santa Catarina
Pres.: Dr. Cláudio Fernando Werlang
ABMA - São Paulo
Pres.: Dr. Vitor Manuel Costa Ferreira da Silva
ABMA - Minas Gerais
Pres.: Maria Regina Reis Cançado
ABMA - Sergipe
Pres.: Elizabeth de Albuquerque Cotrim
ABMA - Brasília - Distrito Federal
Pres.: Dr. Paulo Sérgio M. Tavares
Mande suas c r í t i cas ,sugestões e/ou elogiospara a nossa redação.
Teremos enorme prazer emconhecer sua opinião sobrenosso trabalho.
E -ma i l :[email protected]
Car ta :A/C Revista ATPRua Regina Badra 576 -São Paulo - CEP 04641-000
• Capa: Lisa Vilela Gomes
Fotógrafo: Marcos MuziImagem gentilmente cedida pelo
Colégio Waldorf Micael de São Paulo
11
3
Personalidade
Dra. Gudrun Burkhard
la já fundou duas clíni-
cas e escreveu vários
livros sobre Biografia
Humana,um dos campos em que
atua há trinta anos.
Saiba mais sobre o trabalho
e formação da Dra. Gudrun
Burkhard, a principal responsável
pela introdução da Medicina
Antroposófica no Brasil.
A mãe da Medicina Antroposófica
e do Trabalho Biográfico no Brasil.
^ ^
ATP: Como foi o seu primeiro
contato com a Antroposofia?
Dra. Gudrun: Através dos meus
pais, que aos vinte e um anos
me levaram para uma palestra
do Dr. Mayen sobre Goethe, numa
casa onde os antropósofos da-
quela época (1951) se reuniam para
estudos. Após esta palestra, fui
freqüentando outras palestras, e
por ocasião da fundação da Escola
Waldorf no Brasil, eu me candidatei
à médica escolar. Conseqüen-
temente, fui fazer um curso de
medicina antroposófica, seguido
de estágio, na Clínica Ita Wegman
na Suíça, no ano de 1956.
ATP: Como foi o processo de
introdução da Medicina Antro-
posófica no Brasil?
Dra. Gudrun: De volta da Suíça,
comecei a clinicar no Instituto
Weka de fisioterapia, no centro de
São Paulo (na época, na Rua
Marconi) e ia para a Escola Higie-
nópolis, a atual Escola Waldorf
Rudolf Steiner. Após algum tempo,
foi necessário iniciar a fabricação
dos medicamentos da Weleda,
fundando-se, para tanto, em 1957,
a empresa Weleda.
ATP: A senhora encontrou al-
gum tipo de resistência neste
processo? Como as pessoas,em
geral, receberam a novidade?
Dra. Gudrun: Não tive nenhum
problema por parte de parentes ou
colegas com a introdução dessa
medicina aqui no Brasil. A Medicina
Antroposófica, porém, só se
tornou mais visível para o público
E
Biografia
Personalidade
4
a partir de 1969 com a fundação
da Clínica Tobias, em São Paulo.
ATP: Como funciona a Clínica
Tobias? Quais são as especia-
lidades médicas de tratamento
que ela oferece?
Dra. Gudrun: A Clínica Tobias e
outras clínicas, como a Clínica
Vialis, em Florianópolis, a Vivenda
Sant’Ana, em Juiz de Fora e
outras, hoje funcionam na base de
associações terapêuticas, multi-
disciplinares, tendo pediatras,
clínicos gerais, obstetras e gineco-
logistas, ou mesmo especialistas
como ortopedistas, oftalmologis-
tas, médicos de famí-lia, etc. A
parte médico-terapêutica é comple-
mentada com atividades terapêu-
tico-artísticas, euritmia, arte da
fala, massagens e especialmente,
banhos e aplicações externas,
ampliando todo o arsenal da
medicina antroposófica.
ATP: A senhora acredita que
o Brasil tem condições de
aplicar e difundir os conceitos
da Medicina Antroposófica de
uma maneira mais ampla?
Como ampliar essa difusão?
Dra. Gudrun: Acredito que a
difusão da Medicina Antroposó-
fica depende dos médicos antro-
posóficos e dos cursos oferecidos
para médicos, de ser um bom
médico, no sentido clássico, e
assim poder ser um bom médico
antroposófico em seus conheci-
mentos e no seu caminho de auto-
desenvolvimento. O paciente quer
tratar a sua doença, para muitos,
não importa a metodologia, o que
o paciente quer é sarar. Sempre
constatei que os nossos medica-
mentos são ótimos, para casos
agudos e crônicos, o impor-
tante é saber usá-los de maneira
adequada e com coragem.
ATP: Em que consiste o seu
curso de Biografia Humana?
Quais são os tipos de profis-
sionais que podem fazer uso
dos conceitos aprendidos
neste curso?
Dra. Gudrun: O trabalho biográ-
fico é feito com pacientes em cri-
ses de vida, doentes crônicos
ou simplesmente pessoas que
queiram mudar o rumo de suas
vidas. A formação biográfica é de
caráter modular (cerca de quinze
módulos) ao longo de três anos.
Ela se direciona a médicos,
terapeutas diversos, psicólogos,
consultores (coaching), sociólo-
gos e outros interessados, que
irão utilizar os conceitos e práticas
posteriormente.
ATP: Qual a importância da
al imentação para a boa
manutenção da saúde?
Dra. Gudrun: A importância da
alimentação é fundamental para a
saúde. Existem dietas especiais
para doenças específicas, e um
cardápio geral saudável, para
pessoas de trabalho mais intelec-
tual, diferente da dieta de um
trabalhador braçal.
ATP: De que maneira a Antro-
posofia vê a instalação da
doença no corpo humano?
Dra. Gudrun: A Antroposofia vê
o ser humano como uma entida-
de de corpo, alma e espírito. O
corpo consta da parte anatômica
palpável, o corpo físico, e da parte
vital que desencadeia processos
vitais (ou fisiológicos). A alma, ou
a psique, se manifesta no ser
humano a partir do pensar, sentir
e querer humano, responsável pelo
desencadeamento de processos
psicológicos sadios ou alterados,
conforme a atuação conjunta e
equilibrada desses três elementos.
A parte espiritual é a instância
regente do corpo e alma, respon-
sável pela nossa biografia desde
o nascimento até a morte e que
elabora através de várias encar-
nações a sublimação do ser
humano. A doença se manifesta
através de insultos físicos, desvita-
lização de origens diversas (inclu-
sive constitucional hereditária),
desequilíbrios psicológicos que
afetam o vital e o físico (por
exemplo, situações difíceis ou
perdas não elaboradas) ou causas
biográficas (a pessoa sendo, por
exemplo, impedida de realizar o
que se propôs na vida terrena).
Esta última podemos denominar
também de causas cármicas.
ATP: Distúrbios psicológicos
podem mesmo afetar a saúde
física? Como tratar estes dois
problemas de maneira efetiva?
(e definitiva!)
Dra. Gudrun: Já dissemos que
5
distúrbios psicológicos podem
afetar a saúde física. Estes distúr-
bios podem ser abordados pela
terapêutica biográfica, psicoterapêu-
tica ou terapia artística. O efetivo e
definitivo da cura dependem de
mudanças externas e internas que
o paciente se dispõe a fazer.
ATP: Na sua opinião, como os
médicos antroposóficos devem
se dirigir aos pacientes que
os procuram, mas não sabem
que praticam este tipo de
medicina? Como explicar as
diferenças entre os dois tipos
de tratamento?
Dra. Gudrun: Cada médico
deverá achar a sua forma de
explicar ao paciente, ao longo do
tratamento, as diferentes aborda-
gens. Mas, para muitos casos,
nem é necessário dar explica-
ções ao paciente.
Gudrun K. Burkhard nasceu em São Paulo, formou-se em medicina
pela USP em 1953, especializando-se em Medicina Antroposófica na
Ita Wegman Kl inik, na Suíça. Trouxe essa medicina para o Brasi l ,
fundando em 1969, com seu primeiro marido, Pedro Schmidt, a Clínica
Tobias, em São Paulo. Desde 1975, ministra cursos sobre a biografia
humana, acumuando trinta anos de experiência nesta área. Fundou
com seu segundo marido, Daniel Burkhard, a Artemísia, Centro de
Desenvolvimento Humano, em Parelheiros, São Paulo. A partir de 1988,
começou a dar cursos de formação biográfica em vários países da
Europa e no Brasi l , publicando nesse campo vários l ivros traduzi-
dos para mais de dez línguas. Atualmente, reside em Florianópolis,
Santa Catarina, onde fundou a Clínica Vialis e presidiu a Associação
Sagres desde o seu início, em 2001, até março de 2007.
6
Turismo
Viagem
Botucatu
e origem tupi, o nome
Ybytu-Katu (Botucatu)
significa “bons ares”. As
terras desta cidade do interior
paulista já foram fazendas de
jesuítas, condes e morada de
povos de diversas nações. Hoje,
Botucatu é um importante pólo
de grande potencial turístico e
científico, mas suas ruas ainda
preservam um clima de tranqüili-
dade graças às riquezas naturais
da região.
Botucatu integra o Pólo Cuesta,
reunião de dez cidades que têm
em comum uma formação geoló-
gica com grande potencial de
exploração para o ecoturismo.
Estas cidades são: Areiópolis,
Anhembi, Bofete, Conchas, Itatin-
ga, Pardinho, Pratânia, Paranapa-
nema e São Manuel.
A cuesta é uma espécie de
serra, só difere dela por não se
manter constantemente elevada
(após a ascensão, vai declinando).
ATRATIVOS
TURÍSTICOS
Entre as diversas atrações
turísticas que a cidade oferece, está
uma formação rochosa chamada
de “Gigante Adormecido”. Três
Pedras formam os pés da “criatura”,
que parece estar deitada com a
barriga para cima.
A cidade ainda se destaca por
seus roteiros turísticos diferen-
ciados, cada um voltado a um tipo
específico de grupo. Um dos
passeios que se destacam é o
Roteiro da Biodinâmica, em que o
visitante tem a oportunidade de
DBotucatu
Uma cidade que consegue unir
progresso científico e a tran-
qüilidade de sua exuberante
paisagem natural como caracte-
rísticas marcantes. Será por isso
que os adeptos da Antroposofia
gostam tanto de Botucatu?
7
• Localização: Região Centro-sul doEstado de São Paulo.
• Área do Município: 1.522 km ² .
• População Estimada: 110.000habitantes.
• Temperatura Média: 19°. À noiteconstantemente sopra sobre a cidadeuma brisa vinda da Serra.
• Vegetação: Na Cuesta, Mata Pluvialdo Paraná. No topo da Cuesta, Cerradocom manchas de mata.
• Relevo: compreende três regiõesdistintas: Baixada, Topo da Serra e Frentede Cuesta.
• Tipos de Solo: Terra arisca (Arenitode Botucatu), terra roxa de campo, terra
conferir a qualidade superior dos
produtos originados do cultivo
biodinâmico. A diferença vem do
método de cultivo da terra , e o turis-
ta pode conhecer este processo
neste passeio. Esse caminho dife-
renciado, chamado “agricultura
biodinâmica”, estrutura e trata da
propriedade como um organismo
vivo, auto-sustentável e integrado
que, pelo manejo, ativa e equilibra
as forças da natureza gerando
fertilidade e alimentos vitalizados.
BAIRRO DEMÉTRIA
Esse bairro surgiu com o
objetivo de englobar a Fazenda
Demétria, que foi criada para pro-
duzir alimentos biodinâmicos,
alicerçada nos ideais antropo-
sóficos. Dois grupos de pessoas
uniram-se para dar nascimento à
Estância Demétria em 1973/74.
De um lado os fundadores da
Giroflex e da Associação Tobias
em São Paulo e, de outro, um
grupo de jovens que assumiria o
dia-a-dia da Estância Demétria.
O primeiro grupo criou as
condições, retirando as terras da
esfera patrimonial privada e
viabilizando os investimentos
necessários no decorrer de vários
anos. O segundo grupo encontrou
nestas condições especiais a
oportunidade para realizar os
ideais que motivavam esses dois
DADOS GERAIS
grupos. A Antroposofia como
caminho de conhecimento, com
ênfase na agricultura biodinâmica
e na busca por inovação social,
foi o ingrediente principal a deixar
a sua marca nessa semente que
queria brotar.
Neste local, surgem diversas
iniciativas concretizando os ideais
antroposóficos: a escola Aitiara,
Associação de produtos biodinâ-
micos, o Instituto Biodinâmico,
Casa Somé, Associação Adão e
Ema, Congregação de Cristãos,
e tantas outras iniciativas que
merecem ser conhecidas e
prestigiadas. E é no Bairro Demé-
tria que o turista pode vivenciar
todas as etapas da produção de
alimentos orgânicos e curtir tudo
o que a natureza pode oferecer,
com total tranqüilidade.
O Instituto Elo dispõe de uma
sugestão de roteiro para quem
deseja conhecer um pouco mais
sobre a Agricultura Biodinâmica
e ouvir histórias e “causos” sobre
o Bairro Demétria.
roxa legítima, vermelha arenosa, arenosa.
• Bacias Hidrográficas: Rio Pardo e RioTietê.
Vias de AcessoRodovias Castelo Branco (SP-280) e MarechalRondon (SP-300). Há também acesso paraPiracicaba pela rodovia Geraldo Pereira deBarros e para Jaú pela rodovia João Melão,através da Marechal Rondon.
• Distâncias da Capital e PrincipaisCidadesS. Paulo: 240 kmBrasília: 898 kmJaú: 81 kmBauru: 92 kmRio Claro151 kmCuritiba: 557 km
• Atividades Econômicas:Indústria, comércio, agropecuária
8
INSTITUTO ELO
O Instituto Elo tem por
objetivo promover atividades
para o desenvolvimento de
uma Economia Associativa
e de uma Trimembração do
Organismo Social com
base na geração de conhe-
cimentos, técnicas, habili-
dades e práticas de Gestão
Empreendedor Associa-
tiva. Para a realização do seu
objetivo, o Instituto Elo desen-
volve atividades de pesquisa
e desenvolvimento, publi-
cações, cursos, consul-
toria e projetos e para a
formação de uma Rede
Associativa, visando fo-
mentar parcerias econô-
mico-associativas; o comércio
justo; a função social do uso
do solo; do capital financeiro
e de instalações industriais;
a geração de recursos para o
desenvolvimento educacio-
nal e profissionalizante; a
concessão de créditos; reali-
zação de feiras, de eventos
culturais e de educação
sócio-ambiental que, entre
outros, promovam a deman-
da e a conseqüente oferta de
produtos e serviços cada vez
mais ecológicos e humanos.
Maiores informações:
http://www.elo.org.br
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
P a i s a g e m , P e s s o a s e A r t e
SÁBADO
• 7h40/7h45 – Café da Manhã
• 08h00/09h00 – “DINÂMICAS1”: Ritmos, percepção musical e
canto com Gloria Bertalot
com Glória.
• 09h15/12h00 – PLANTAR AMINHA ÁRVORE - Um viveiro de
mudas. Outra trilha encantada.
Cada um planta sua árvore.
• 12h15h – Almoço
• 13h30 – Encerramento ePartida.
ROTEIRO DEMÉTRIA
SEXTA
• 17h30 - ChegadaChegada na Casa Somé, acomo-
dação e recepção.
• 18h30/19h30 - HISTÓRICOHistórico do Bairro Demétria com
Marco Bertalot-Bay (economista do
Instituto Elo) e “O Cerrado e a
Paisagem Local” imagens com
Maria Bertalot (bióloga e pesqui-
sadora da Associação Biodinâ-
mica).
• 19h30/20h15 – Jantar
• 20h30/21h30 – “ASTRONO-MIA: observações e dinâmicas”
com Pedro Jovchelevic (agrônomo
e diretor da Associação Biodi-
nâmica). Eventualmente: “NOITEMUSICAL.” Música popular instru-
mental e vocal dançante com
toques eruditos” com o grupo
“Casa Forte” (sanfona, violino,
flauta e pandeiro).
(professora de música da Escola
Aitiara)
• 09h15/12h00 – “PASSEIODA TERRA” – Cerrado, Agrossil-
vicultura, uma nascente na
mata e a paisagem local com
Maria e Marco. Um laticínio dife-
rente. Uma trilha encantada. Uma
horta biodinâmica. Qual é o ouro
do agricultor? Como fazer um
composto?
• 12h15h – Almoço
•14h00/15h15 – OUVIRATIVO:
Vivências musicais com Marcelo
Petraglia
• 15h30/18h30 – PASSEIODOS HABITANTES - A Escola
Aitiara. Um museu de pedras. Onde
vai parar o lixo dos moradores?
A Bioloja da Estância Demétria
com padaria, sorvetes e algumas
coisinhas mais. Um condomínio
de moradores.
• 19:00h – Jantar
• 20h00 – DINÂMICAS 2:Fogueira, violão e canto com Glória.
DOMINGO
• 07h45 – Café da Manhã
• 08h00/09h00 – DINÂMICAS3:Ritmos, percepção musical e canto
É possível adaptar a pro-
gramação para grupos com
interesses específicos.
9
O que são medicamentos
Antroposóficos?
A farmácia antroposófica
começou a ser desen-
volvida há cerca de 100
anos, por Rudolf Steiner, fundador
da antroposofia, e Oskar Schmie-
del, químico austríaco, em cola-
boração com médicos – especi-
almente Ita Wegman, fundadora
da medicina antroposófica.
Os primeiros produtos medi-
cinais antroposóficos datam de
1921, quando o primeiro labora-
tório farmacêutico antroposófico
foi criado na Suíça, a Weleda.
Todos os medicamentos antro-
posóficos são obtidos da natureza,
a partir de sustâncias minerais,
vegetais ou animais. Não há
medicamento antroposófico sin-
tético, embora o médico antropo-
sófico recorra aos chamados
medicamentos alopáticos quando
necessário. Tampouco se concebe
um medicamento antroposófico
obtido de uma planta genetica-
mente modificada, ou que em seu
processo de cultivo foram usados
agrotóxicos, fertilizantes químicos
ou herbicidas sintéticos.
A razão é simples: os
processos normais ou doentios
que ocorrem no organismo hu-
mano encontram na natureza
algum processo correlato ou
oposto. De acordo com cada
caso, a medicina antroposófica
indicará um medicamento para
estimular no ser humano uma
reação que levará à cura ou alívio
da enfermidade. O fundamental
no medicamento antroposófico é
que ele estimula as forças auto-
curativas do organismo.
Um medicamento antropo-
sófico pode agir, de acordo com
sua composição, de três modos:
(1) estimulando um processo
contrário à doença – esta é a ma-
neira alopática de ação, por
exemplo, para uma inflamação
pode-se usar uma planta que
estimule no organismo suas
atividades antiinflamatórias; (2)
agindo de modo igual à doença e
provocando uma reação contrária
maior do organismo no sentido
da cura – este é um princípio
homeopático de ação: aquilo que
provoca também pode curar; (3)
proporcionando um modelo
orientador para o órgão ou sistema
doente, levando à sua atividade
sadia – este princípio é exclusivo
dos medicamentos antropo-
sóficos.
Muitos medicamentos antropo-
sóficos são dinamizados, isto é,
diluídos e agitados de modo
rítmico várias vezes. Esse pro-
cesso farmacêutico serve para
despertar na substância seu
potencial curativo, que estava
como que adormecido. Mas
também existem remédios feitos
Quando alguém começa um
tratamento com a medicina
antroposófica, uma das
primeiras perguntas que
surge é: o que é um medi-
camento antroposófico?
Quais as diferenças em
relação aos outros medica-
mentos?
Tira-d
úvid
as
Medicamentos
10
a partir de tinturas de plantas,
extratos secos e chás, ou seja, me-
dicamentos não dinamizados.
Há uma grande preocupação
com a qualidade da substância
que será usada para se fazer o
medicamento antroposófico, pois
se entende que a substância é a
fase final de um processo. Então, o
processo precisa ser tão valoriza-
do quanto a substância em si.
Alguns exemplos práticos: a
calêndula é uma planta conhecida
como cicatrizante e vitalizante
desde a Idade Média. Além do
cultivo orgânico (sem agrotóxicos
ou fertilizantes químicos), para
que as flores da calêndula sejam
usadas em um medicamento ou
cosmético antroposófico, elas são
colhidas nas primeiras horas da
manhã, quando na natureza as
forças de vitalização são mais
intensas. As tenras folhas da
bétula, usadas como rejuve-
nescedoras desde o século I, são
colhidas na Primavera, justamen-
te a época em que a natureza se
rejuvenesce.
Entre um mineral natural e um
derivado de uma reação química
sintética – ainda que ambos te-
nham a mesma composição – o
mineral natural será o escolhido
para compor um medicamento
antroposófico justamente porque
ele trará consigo todo o seu
processo natural que culminou
na substância.
Isso significa que existe um
cuidado especial com tudo o que
cerca o futuro medicamento,
inclusive influências “de longe”.
A prata, mineral de grande
aplicação terapêutica na medicina
antroposófica, é dinamizada de
acordo com a fase da lua, pois
existe uma clara influência deste
astro com o metal – já demons-
trada em diversos experimentos
científicos.
As principais vias de adminis-
tração dos medicamentos antro-
posóficos são a oral, a injetável
subcutânea e a tópica (compres-
sas externas de pomadas, cremes
ou óleos). De acordo com o que
se pretende estimular, o médico
optará por uma ou outra via.
Oficialmente, a Agência Nacio-
nal de Vigilância Sanitária (Anvisa),
reconhece os medicamentos an-
troposóficos como uma categoria
de medicamentos dinamizados.
Portanto, existe uma identidade
própria de tais remédios no Brasil.
A farmácia antroposófica é
reconhecida pelo Conselho Fe-
deral de Farmácia, que também
atribui ao farmacêutico antroposó-
fico suas principais tarefas.
Agora você já conhece os
princípios que regem os medica-
mentos antroposóficos. Quando
receber a prescrição de seu médico
antroposófico, você saberá que
dentro daquele frasco, nas gotas,
glóbulos, ampolas ou pomadas,
existe uma parte da natureza
pronta para lhe ajudar a recuperar
ou manter sua saúde, de forma
harmônica, suave e profunda.
Parabéns pela opção!
Nilo Gardin – Médicoresponsável pelo departamento
médico-científico da Weleda do
Brasil.
11
WaldorfPedagogia
eixar a criança ser mais
criança. Pode parecer
redundância, mas esta
frase, tão simples, representa um
dos principais objetivos da Peda-
gogia Waldorf, um método de
ensino que tem como base os
fundamentos da Antroposofia. De
acordo com Maria Chantal, profes-
sora do Jardim da Escola Jardim
Waldorf Colibri, em São Paulo, o
que difere a pedagogia Waldorf dos
demais métodos tradicionais é a
D
maneira como as atividades são
trabalhadas, de forma criativa,
útil e com um sentido maior,
respeitando o desenvolvimento
da criança e suas necessida-
des mentais, anímicas, físicas e
espirituais.
Outro fator que diferencia as
Escolas Waldorf entre as institui-
ções de ensino tradicionais é a
sua grade curricular. Além de todas
as disciplinas exigidas pela lei
no Brasil, fazem parte do currículo
dos Jardins diferentes atividades
artísticas, histórias adequadas
para cada idade (currículo do cor-
dão de ouro da pedagogia Waldorf),
trabalho de respiração durante
as aulas e atividades manuais.
Já no Ensino Fundamental,
além das matérias básicas que
compõem o currículo de toda es-
cola, existem matérias específicas
de ciências, como: zoologia, botâ-
nica, mineralogia, antropologia e
astronomia. Matérias específicas
de Artes, como: tricô, pintura,
desenho com carvão, modelagem,
marcenaria, costura, arte da fala,
teatro, etc.
No Ensino Médio lecionam-se
matérias como: Filosofia, Astrono-
mia, Ecologia, Agrimensura, No-
ções de Agricultura Biodinâmica,
Culinária, Projeto Social, entre outras.
As Escolas Waldorf recebem
crianças de diferentes perfis, de
todo o tipo de família. Aliás, segun-
do Cecília Bonna, coordenadora e
professora do Jardim Espaço Bem
Viver, em Cotia, São Paulo, quem
define o perfil do aluno que vai
estudar em uma Escola Waldorf é
a própria família, pois as crianças
Nas Escolas Waldorf, não basta
ensinar a ler e a contar. O desen-
volvimento da criança é acompa-
nhado por diversos profissionais,
das mais diferentes áreas, tudo
isso com a finalidade de educar
uma criança, levando em conside-
ração seus sentimentos, seus
desejos e aptidões naturais.
Maté
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e C
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ad
e
Educação~
12
estão em desenvolvimento e se
submetem ao que as famílias lhes
ofertam. “Em geral, estas famílias
têm uma preocupação um pouco
maior em proteger seus filhos
quanto ao que vêem e ouvem na
mídia, buscam uma alimentação
saudável, um ritmo de vida mais
tranqüilo, assim como um brincar
sem violência ou muita agitação”,
define Cecília.
Neste tipo de pedagogia, existe
ainda uma maior abertura para a
interdisciplinaridade, ou seja, a
relação entre as diversas disci-
plinas com a finalidade de pro-
mover um melhor e mais completo
desenvolvimento para o aluno
Waldorf. Na opinião de Maria
Chantal, um médico escolar e uma
euritmista são profissionais que
devem estar sempre presentes no
acompanhamento do processo de
aprendizagem e desenvolvimento
global.
Mas o que representa a figura
do médico escolar e qual sua
função? Este é mais um diferencial
da pedagogia Waldorf. O doutor
José Carlos Neves Machado,
médico escolar do Colégio Waldorf
Micael, de São Paulo, define sua
função como “ter sob o ponto de
vista médico-terapêutico um olhar
abrangente sobre a criança e o seu
mundo e auxiliar, através de
orientações e indicações, a crian-
ça, sua família e o professor, a fim
de conduzi-la da melhor forma
possível dentro de suas capaci-
dades e acreditar que isso é
absolutamente viável.”
Desta maneira, o médico esco-
lar é um aliado do professor na
tarefa de observar a criança em
seus múltiplos aspectos.
Já a Euritmia, através de seus
exercícios, com belos poemas e
músicas, é usada nas Escolas
Waldorf para tornar a criança mais
atenta, mais presente nas aulas,
melhorar sua concentração, sua
cognição, desenvolver sua motri-
cidade e sua flexibilidade.
Maria Elisabeth Canelada é
euritmista curativa e trabalha
numa clínica que atende crianças
indicadas pela escola e pelos
médicos. Ela acredita que sempre
que o professor perceber que o
processo de aprendizagem, assim
como o relacionamento social do
aluno com os colegas de classe e
da escola e com os professores
não transcorre de forma satisfa-
tória, ele deve apontar o problema
para os pais, para o médico esco-
lar e qualquer outro profissional,
se for o caso. “O mais importante
é que o aluno seja olhado pelos
di-ferentes lados, do professor, do
médico, do euritmista, e até de um
ortodontista, e que a impressão de
cada um seja trocada com os
outros. Dessa forma, a imagem do
aluno ficará mais rica e o problema
poderá ser mais facilmente corri-
gido”, afirma Elisabeth.
Outro fato muito interessante
dentro da interdisciplinaridade
deste tipo de pedagogia é perceber
que o aluno Waldorf é um ser
privilegiado, pois é cuidado como
um ser em desenvolvimento e
que precisa ser conduzido com
bondade, beleza e verdade, de-
pendendo da fase em que se
encontra. Assim sendo, até mes-
mo a Odontologia pode contribuir
neste processo. De acordo com a
doutora Viviana Faria, dentista e
ortodontista, os dentes são con-
siderados sinalizadores de desen-
volvimento integral da criança.
Através deles, pode-se fazer a
leitura se a criança está ou não
pronta para ser alfabetizada. “O
profissional da odontologia pode
auxiliar detectando, prevenindo e
removendo qualquer alteração
no desenvolvimento orofacial da
criança. Os dentes, além de
13
instrumentos da mastigação,
têm estreita relação com a pos-
tura corporal, com a respiração.
Desta forma, desvios posturais
podem ter relação com a dispo-
sição dos dentes nos arcos den-
tários, alterações respiratórias
como a respiração bucal, presença
de adenóides hipertrofiadas e que
influenciam no desenvolvimento e
posição dos dentes, tudo isto terá
conseqüências para a saúde
como um todo, pois a boca está
inserida dentro de um corpo,
portanto, há uma relação de inter-
dependência entre o todo e as
partes e vice-versa”, explica a
doutora Viviana.
Portanto, a interdisciplinari-
dade dentro da Pedagogia Waldorf
tem como objetivo primordial o
desenvolvimento da criança de
maneira plena, levando em consi-
deração todos os aspectos de
sua vida. Segundo o doutor José
Carlos, a interdisciplinaridade
precisa ser estimulada e devi-
damente cobrada entre os
profissionais que irão lidar com a
criança. “É comum que três ou
mais terapeutas (euritmista,
médico, ortodontista, fonoaudió-
logo, etc.), trabalhem com a
criança e nunca tenham trocado
suas experiências, cada um dentro
de sua especialidade e de seu
narcisismo não tenha compar-
tilhado com o outro a sua visão.
Isso além de não trazer nenhum
benefício, torna o processo mais
doente ainda. Dentro de uma
proposta antroposófica, obser-
va-se a criança de um modo mais
amplo. Podemos, assim, dispor
de uma série de terapias e de
enfoques que em determinadas
situações podem ser extrema-
mente valiosos, cabe ao médico,
como observador indicar esta ou
aquela terapia como comple-
mento no processo de trabalhar
um determinado aspecto”, conclui
o doutor José Carlos.
Maria Chantal Amarante:
Formada em Artes Plásticas; pós-graduação em Psico-Pedagogia;
Seminário de Pedagogia Waldorf; Formação em Terapia
Biográfica e Artística; professora de classe do Colégio Waldorf
Micael de São Paulo; professora de jardim na Escola Waldorf
João Guimarães Rosa, de Ribeirão Preto, coordenadora
pedagógica e professora na Associação C. Monte Azul de SP;
atualmente, professora de jardim no Jardim Waldorf Colibri, de
São Paulo, secretária dos jardins na Federação das Escolas
Waldorf no Brasil e colaboradora e palestrante da Aliança pela Infância.
Fisioterapeuta com especialização em RPG. Estudou Euritmia
Artística e Curativa em Dornach, na Suíça, de 1983 a 1991. Fez a
Formação em Biografia, em São Paulo. Atualmente, trabalha
como fisioterapeuta, euritmista curativa e dá assistência biográfica
individual e em grupos na Clínica Tobias.
Maria Elisabeth Mansano Canelada:
Maria Cecília Bonna:
Professora Waldorf desde 1987. Iniciou como Professora de Jardim
por três anos e depois tornou-se professora de classe por dezesseis
anos, acompanhando duas turmas no colégio Micael, em São Paulo.
Lecionou ainda no Ensino Médio do colégio Waldorf Micael. Em 2005,
fundou um Jardim, Espaço Bem viver, em Cotia, São Paulo. Formada
como Assistente Social, Pedagoga e Psicodramatista e Sociodramatista
(SP). Formação em Pedagogia Waldorf (SP), (1982 e 1983) Quirofonética
(1988 a 1990), Estudos Goetheanísticos ( Sacramento, CA) (1996).
Trabalha atualmente como coordenadora e professora no Jardim
que fundou, como tutora na Escola Pólen, em Belo Horizonte, Minas
Gerais, e dando Parsifal para os jovens do Ensino Médio em algumas
escolas do Brasil: São Paulo, Botucatu, Bauru e Ribeirão Preto.
Bióloga com bacharelado em Fisiologia e especialização em
Bioquímica Clínica. Fez Odontologia, começou a trabalhar com
Ortodontia e, na busca de aperfeiçoamento e de melhores
recursos para atender o paciente, especializou-se em Ortopedia
Funcional dos Maxilares. Mestrado na Escola Paulista de
Medicina na área de Ciências Pneumológicas. Trabalha com
os conteúdos da Antroposofia desde 1995, quando começou a
formação em Odontologia Antroposófica pela ABMA.
Dr. José Carlos Neves Machado:
Médico Pediatra com especialização em Homeopatia, Medicina
Chinesa e Acupuntura e Medicina Antroposófica. Médico Escolar
do Colégio Waldorf Micael de São Paulo. Vice-Presidente da ABMA
(2005 -2007). Conferencista e orientador junto a FEWB a atividades
ligadas ao trabalho com professoras do Jardim-de-Infância. Em
formação como especialista em Psiquiatria Infantil e da
Adolescência (IPPIA). Trabalha como médico pediatra em
consultório particular e na Associação Três Fontes em Campinas,
São Paulo. Palestrante de temas ligados à Medicina Escolar e
Orientação de Pais em várias escolas e faculdades no Brasil.
Dra. Viviana Cristina Martins Faria:
13
14
Terapia
Arte e
Saúde
Artística
Terapia Artística é fun-
damentada na visão
artística, médica e tera-
pêutica ampliada pela Antro-
posofia, ciência espiritual fundada
por Rudolf Steiner.
Cor, forma, volumes, disposição
espacial, luz e sombra: são estes
os instrumentos da Terapia Artís-
tica. Enfim, todos os elementos
das artes plásticas que são vi-
venciados através da pintura, da
modelagem e do desenho. O enfo-
que terapêutico está no próprio
processo artístico, onde as forças
arquetípicas desses elementos
entram em consonância com as
forças internas que constituem o
ser humano e que podem estar
bloqueadas ou em desarmonia.
AArtes
Beleza, ritmo, harmonia e o
entusiasmo na observação da
natureza, são qualidades também
presentes no processo artístico
terapêutico.
O paciente de terapia artística
é, de fato, um agente da sua
própria transformação, buscando
em um processo contínuo, a
expressão de seu equilíbrio. Seja
trazendo a forma onde é pouco
estruturado, dissolvendo onde há
rigidez, trazendo precisão onde
tudo está vago ou permitindo
que a fantasia encante a mente
endurecida.
Diante da prática artística
enfrentam-se limites e superam-se
obstáculos na procura criativa de
soluções. As dificuldades são
Uma grande aliada para a
Medicina Antroposófica.
15
acolhidas e superadas, desen-
volvendo-se assim a auto-estima e a
confiança. Os pensamentos, as
ações e os sentimentos tornam-se
mais conscientes. O que a dife-
rencia de um processo apenas
artístico é o caminho terapêutico
que tem a intenção de transformar
cada dificuldade em exercícios
que possibilitem os processos
de mudança, havendo sempre
um propósito, um método e
uma atitude interior.
A Terapia Artística pode ser
aplicada a todos os casos de
doenças ou como um processo
de auto-conhecimento e desen-
volvimento.
Coletânea de textos organizadospor Márcia Abumansur, artista
plástica, terapeuta artística,
terapeuta transpessoal e docentede pintura e desenho
Origem da TerapiaArtística
A origem da Terapia Artística
vem do trabalho que a doutora
Ita Wegmann desenvolveu com
Rudolf Steiner, no qual a pintura
era eventualmente prescrita como
parte do tratamento médico. Em
1925, a doutora Margarethe
Hauschka (fundadora da Terapia
Artística Antroposófica; escreveu
seus primeiros artigos em 1930) foi
à clínica de Arlesheim (Suíça),
encontrou-se com duas pintoras,
Sofia Baurer e Maria Kleiner, que
pintavam com os pacientes. Em
1940, foi para a Áustria e durante
vinte e dois anos trabalhou e deu
cursos no país e no exterior.
No Brasil, a Terapia Artística
surgiu graças ao impulso dado por
Ada Jens, enfermeira e fisio-
terapeuta que teve como mestra
Margarethe Hauschka. De volta
ao Brasil, Ada foi responsável
pela Terapia Artística na clínica
Tobias por vinte anos e criadora
do primeiro curso de formação
em São Paulo, no Centro Paulus
de Estudos Goethenísticos, em
1986, junto à Sociedade Brasileira
de Médicos Antroposóficos e com
apoio da Associação Tobias.
Dr. Bernardo Kaliks
Médico Antroposófico.
Clínico Geral com formação em Neurologia
e Medicina Interna
Dr. Luiz Fernando de Carvalho
MédicoAntroposófico.
Clínico Geral e Pediatra
“Vejo a terapia Artística fundamentada na Antroposofia como
uma outra via de promoção da cura do paciente, além da via
medicamentosa. Médico e terapeuta artístico trabalhando em
conjunto visam despertar no paciente as forças curativas que estão
desequilibradas no organismo doente (...)”
RECOMENDAÇÕES MÉDICAS
“Indico a Terapia Artística, principalmente nos casos de
doenças crônicas, câncer, quadros de esclerose e doenças
auto-imunes. Minha impressão pessoal é que ela pode agir em
três níveis: um mais perceptivo, onde o paciente relaciona-se
com um novo conteúdo para sua alma, e aprende a colocar-se
de um modo diferente no mundo. Isto, no entanto só é possível
se o terapeuta for experiente e conseguir captar a necessi
dade do paciente. Um segundo nível é aquele em que a Terapia
Artística pode ser integrada com o trabalho biográfico e
ambos se enriquecem e se complementam (...) O terceiro nível,
o mais específico, é onde ela é utilizada como instrumento de
influência clara no estado orgânico do paciente (...)
A Terapia Artística não depende só de domínio de uma
técnica por parte do terapeuta, mas da maturidade e do
envolvimento que ele tem no processo com o paciente”
16
Brasil indígena
Indíg
ena
Cultura
Afro-Europeu
omo parte de minha
pesquisa de campo em
antropologia, estive por
duas vezes no Alto Xingu, após
uma longa viagem de avião até
Brasília, carro e caminhão até a
cidadezinha matogrossense de
Canarana e, finalmente, treze horas
de barco nas águas infestadas de
jacarés, piranhas e sucuris do rio
Kuluene (afluente do rio Xingu,
por sua vez, afluente do grandioso
rio Amazonas), perfazendo dois
dias de ida e, depois, dois dias de
volta até Minas Gerais. Além disto,
convivi, em minha própria casa,
com alguns amigos indígenas,
visitantes, por meses, e os
acompanhei em suas andanças
pela cidade dos brancos.
O que vi foi uma cultura em
mudança (para não dizer em
agonia – modo de dizer que me
traria críticas da parte de colegas
antropólogos). Rapidamente, a
cultura urbana do Brasil ocidentali-
zado vai suplantando os hábitos
tradicionais indígenas. A canoa de
madeira de jatobá vai sendo
substituída pelo barco a motor. A
panela de barro vai sendo subs-
tituída pela de alumínio. O silêncio
magnífico de uma aldeia indígena,
que permite se ouvir uma infini-
dade de pássaros e os gritos dos
macacos nas árvores, vai sendo
substituído pelo ruído de motores,
de rádios de pilha, que veiculam
programas musicais de mau gosto,
e até por aparelhos de TV ligados
na bateria, que veiculam teleno-
velas e partidas de futebol. O
machado de pedra é substi-
tuído pelo som ensurdecedor da
moto-serra. Jovens índios se
envergonham de sê-lo e adotam
CConfira as impressões de
Wesley Aragão de Moraes
sobre as diferenças culturais
entre o mundo ocidental e
etnias indígenas. Será que
existem mesmo dois mundos
tão distintos?
Crônicai
17
modismos dos jovens urbanos e
dos ídolos do cinema americano
e da televisão nacional, para
desespero dos anciãos que
desejam preservar sua língua e
sua cultura tradicionais. Mas é
assim mesmo. Nenhuma cultura
é estática. A cultura é dinâmica e
vai mudando, às vezes para pior,
às vezes para melhor...
Apesar disto, pude presenciar
coisas incríveis. Meu objeto de
pesquisa foi o pajé e suas práticas
de cura. Vi como a vida espiritual
é presente em seu cotidiano. Vi
como se pode passar da realidade
física empírica para um universo
mágico, para um outro mundo
onde vivem os espíritos e os
deuses criadores, apenas atra-
vés do canto, da dança e de
algumas baforadas de fumo
selvagem. Vi como a doença
pode ter uma explicação espiritual
e como o pajé a retira como se a
dor tivesse substância e como se
a angústia fosse palpável, mani-
puláveis a um toque de mão.
Enfim, vi o contraste entre o mun-
do do branco, visto como material
e sem magia, e o do índio, ainda
um mundo encantado onde os
seres naturais são dotados de
alma e de fala.
Talvez a teoria darwinista do
século XIX de que “há povos mais
evoluídos e outros mais primiti-
vos” (que justificou o massacre e
a colonização de povos diversos
por parte de impérios europeus)
tenha que ser revista, como
propõem os antropólogos. Talvez
não seja esta a questão. Não há
“mais evoluídos ou menos evoluí-
dos” (evoluídos em relação a que
aspecto?) - há apenas homens di-
ferentes, culturas diferentes. Em
termos de solidariedade, de
consciência social e de ética, vi
índios superiores à maioria dos
brancos que conheço. Por outro
lado, o branco desenvolveu be-
nefícios diversos que os índios não
desenvolveram. A maioria
dos índios tem enorme
desconfiança em relação
aos brancos (“caraíbas”),
pois o comportamento
destes últimos se mostrou, ao
longo do tempo, selvagem, agres-
sivo, ganancioso, predatório,
interesseiro, mentiroso, lascivo e
incivilizado. Por outro lado, os ín-
dios são fascinados pelos bens
tecnológicos dos brancos. Somos
condicionados a pensar, desde a
escola, que somos uma filial da
cultura européia, que é grandiosa
e fascinante. Mas, quando saímos
destes gigantescos guetos oci-
dentalizados que denominamos
“grandes cidades” e então viaja-
mos pelo interior das terras
americanas, não parece ser esta
a verdade humana, geográfica, cul-
tural e histórica e espiritual. Teorizo
que o estudo das culturas in-
dígenas, assim como dos africa-
nismos locais, além do que já
vivenciamos do europeu, nos
possibilitaria uma identificação
mais clara da verdadeira essência
da Terra. Não se trata de nenhuma
proposta nacionalista. Ao contrá-
rio, trata-se de evidenciar, como
indivíduos cidadãos do mundo,
qual é a nossa tarefa local, cultural
a um nível regional. Outra boa razão
para isto é que a nossa Terra,
física ou etericamente, ainda
guarda segredos e mistérios que,
conhe-cidos, podem ser de tremen-
da utilidade para o médico do fu-
turo, para o terapeuta do futuro,
para a humanidade do futuro.
A antropologia, uma ciência
respeitada no meio acadêmico,
tem esta possibilidade de elaborar
conexões e de decifrar caminhos
de vida, entre diferentes culturas
humanas. Acredito, porém, que
não seja possível conhecimento,
sabedoria, sem a aventura do abrir-
se para um Todo Infinito cognoscí-
vel. Ao se fechar o saber dentro
de um corpus encerra-se o Espírito
em esquemas e ele se torna desen-
cantado, cristalizado, petrificado.
Será preciso um xamã dançante vir
reencantá-lo....
Wesley Aragão de Moraes é
médico, mestre em ciência
da religião, doutor emantropologia, artista plástico e
docente universitário.
18
An
tro
po
só
fica
Literatura
Indicações Literárias
Calendário da
Alma
Este “calendário” con-
tém 52 versos medita-
t ivos, um para cada
semana do ano. Ele é
descrito por Rudolf
Steiner como um cami-
nho de desenvolvi-
mento feito através do
sentir, aberto a todas
as pessoas que dese-
jam vincular-se à auto-
educação.
121 páginas,sem ilustrações.Preço: R$18,00
PedraFundamentalRudolf Steiner
Este livreto apresenta a
versão falada e a escrita
da Meditação da Pedra
Fundamental, acompa-
nhadas dos originais em
alemão, além de outras
traduções recolhidas em
português.
Todos estes livros podem ser
encontrados na Editora João
de Barro. A Editora João de
Barro é voltada, em especial,
à publicação de livros sobre
Antroposofia, principalmente
aqueles destinados a am-
pliar o conhecimento das
diferentes áreas de atuação
profissional, seja da Medicina,
das Terapias, como da Antro-
pologia Antroposófica.
Eu Sou a Favorde ProgredirPeter Selg
Neste livro notável, Pe-
ter Selg nos mostra de
forma viva, embora só-
bria, as experiências e o
exemplo de trabalho da
Dra. Ita Wegman, torna-
do-a, até hoje, a repre-
sentante mais importan-
te do impulso médico-te-
rapêutico antroposófico.
185 páginas,
sem ilustrações.
Preço: R$ 50,00
Lendas da
Infância de Jesus
– Nascimento
e InfânciaJakob Streit
Jakob Streit inspirou-se
em lendas antigas, re-
colhidas da tradição po-
pular e nos Evangelhos,
para escrever estas len-
das. Apoiado em sua
longa experiência como
professor, desenvolveu
as histórias que podem
ser contadas às crianças
ou lidas por elas a partir
dos nove anos de idade.
102 páginas,7 ilustrações.Preço: R$ 35,00Cultura
Centro de
Mistérios na
Idade MédiaRudolf Steiner
A Antroposofia começou a
ser divulgada publicamen-
te ao final do século XIX e
início do século XX, no
entanto, pode-se dizer que
ela faz parte de uma cor-
rente de conhecimento,
cujos antecedentes na
História são abordados
neste ciclo de palestras,
principalmente em relação
ao período da Idade Média.
95 páginas,14 ilustrações.Preço: R$ 36,00
A Alma HumanaKarl König
O autor deste livro é
conhecido por suas des-crições de fenômenos,simples e mesmo assim,verdadeiros. Aborda apsique em suas váriasmanifestações e atribu-
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Associação Brasileira de Terapeutas Artísticos AntroposóficosRua da Fraternidade, 156 - São Paulo/SP - 04738-020
(11) 7667-5789 - [email protected]