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Maceió - AL, 14 a 17 de agosto de 2016
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
Índice de Competitividade Industrial: Uma análise do desenvolvimento regional em
Alagoas no período de 2012 a 2014
Luciana Peixoto Santa Rita
UFAL FEAC
Reynaldo Rubem Ferreira Junior
UFAL FEAC
Eliana Maria de Oliveira Sá
FACIMA/FRM/FAMA
Grupo de Pesquisa: Desenvolvimento Rural, Territorial e Regional.
Resumo
Na segunda metade do século passado surgiram as correntes neo-schumpeterianas e da
economia institucional que inserem na agenda questões relacionadas a recursos específicos,
capacidade, competitividade e desenvolvimento. Diante disso, uma questão de pesquisa é
levantada: como é possível estimar a competitividade da indústria alagoana a partir da
construção de indicadores de competitividade industrial? Sob essa vertente teórica, a
estimativa de um índice de competitividade industrial foi realizada por meio dos indicadores:
eficiência, desempenho e capacitação (KÜPFER, 1991). Para delimitar e aprofundar essa
reflexão, este artigo pretende estimar o grau de competitividade das empresas em relação aos
seus pares na indústria alagoana no período de 2012 a 2014 por meio dos indicadores acima
apontados. Especificamente, a pesquisa almeja criar um índice que permita a comparação
entre empresas do mesmo setor. O estudo é de natureza descritiva e exploratória e considerou
o censo de médias e grandes empresas e uma amostra de pequenas empresas da indústria do
Estado de Alagoas com margem de erro de 10% e intervalo de confiança de 95%, compondo
100 indústrias investigadas no período de 2012 a 2014. Como resultados gerais, o Indicador
de Eficiência (IE) identificou que a estrutura da indústria alagoana é, na maioria dos setores,
atomizada e pouco integrada, o Indicador de Desempenho (ID), mostrou que as vantagens
competitivas da indústria alagoana concentram-se nos setores de commodities (Químico e
Sucroenergético), em razão de vantagens absolutas de custos e escala de produção, e o
Indicador de Capacitação (IC) apontou que existem problemas de qualificação da mão de
obra, fragilidade do sistema local de inovação e ausência de parcerias institucionais,
envolvendo os setores públicos e privados.
Palavras-chave: Competitividade Industrial, Desenvolvimento Regional, Alagoas.
Abstract
In the second half of the last century came the current neo-Schumpeterian and institutional
economics that insert on the agenda issues related to specific resources, capacity,
competitiveness and development. Thus, a research question israised: how is it possible to
estimate the competitiveness the industry of Alagoas from the construction of industrial
competitiveness indicators? Under this theoretical approach, the estimate of an industrial
competitiveness index wasperformed using the indicators: efficiency, performance and
capacity (KÜPFER, 1991). To define and deepen this reflection, this article aims to estimate
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the degree of competitiveness of companies in relation to their peers in Alagoas industry in
2012 to 2014 by means of the above indicators pointed. Specifically, the research aims to
create an index that allows comparison between companies in the same industry. The study is
descriptive and exploratory nature and considered the average census and large companies
and a sample of small businesses in the industry of Alagoas with an error margin of 10% and
95% confidence interval, comprising 100 companies investigated in the period from 2012 to
2014. As overall results, the Efficiency Indicator (IE) found that the Alagoas industry
structure is, in most sectors, fragmented and poorly integrated, the Performance Indicator
(ID) showed that the competitive advantages of industry Alagoas concentrated in the sectors
of commodities (Chemical and Sugar and Alcohol), due to absolute cost advantages and scale
of production, and the Capacity Indicator (CI) pointed out that there are qualifying problems
of manpower, the local system fragility innovation and lack of institutional partnerships
involving the public and private sectors.
Key words: Industrial Competitiveness , Regional Development, State of Alagoas.
1. Introdução A partir de meados da década passada o governo federal começou a operar uma
mudança no padrão de crescimento do Brasil com base nas políticas econômicas e sociais de
estímulo a demanda, que se intensificaram após a crise de 2008 e estavam ancoradas no
seguinte tripé: valorização do salário mínimo; ampliação da abrangência dos programas de
transferência de renda (do tipo bolsa família); e aumento da oferta e facilidade de acesso ao
crédito. O somatório destas políticas contribuíram para o crescimento do nível de emprego
formal e para a maior mobilidade social, com cerca de 40 milhões de brasileiros ascendendo
das classes E e D para a C. O Nordeste foi a região que mais se beneficiou por concentrar o
maior número de pobres e de famílias com rendimentos até um salário mínimo. Ademais, da
estratégia do governo federal também faziam parte as políticas estruturantes de estímulo à
produção que viriam no bojo do fortalecimento do mercado interno e do desenvolvimento
regional.
Este novo contexto tem provocado mudanças importantes em nível regional. Qualquer
análise da economia de Alagoas não pode desconsiderar a dinâmica da economia do Nordeste
nos últimos dez anos e seus efeitos inter e intrarregionais. A professora Tânia Bacelar, em
suas palestras, tem colocado que nos últimos doze anos há uma mudança importante no
discurso dos políticos em relação ao Nordeste e na imagem da região. No primeiro caso, deixa
de ser o do “nordeste coitadinho” e passa a ser o da região com potenciais em busca de novos
investimentos; e no segundo, a visão de “região problema” é substituída, em grande medida,
pela de região em desenvolvimento. A questão é: o que tem levado a esta mudança de
percepção?
Na realidade, por problemas estruturais de competitividade da indústria brasileira
(provocados em grande parte por um longo período de apreciação da taxa real de câmbio), o
maior estimulo ao consumo, potencializado pós crise financeira dos EUA, vazou em grande
medida para o exterior, levando a um déficit em transações correntes da ordem de 3,5% em
2013. Todavia, como será mostrado a seguir, este modelo focado no consumo afetou a
estrutura da economia nordestina, em especial, no estado de Alagoas nos seus diferentes
setores econômicos.
Nos meses de janeiro de 2003 a igual período em 2014, o salário mínimo em termos
reais praticamente dobrou (aumento de 97,38%), o que permitiu considerável ganho de renda
para 45,37% da população nordestina com quinze anos ou mais, a qual, segundo a PNAD do
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IBGE, ganhava o piso salarial em 2012. Tal condição deixa claro que houve melhora no perfil
da renda familiar alagoana, principalmente devido à expressiva redução da participação da
faixa até um salário mínimo, bem acima da observada para os demais estados do Nordeste.
Deve-se destacar ainda que na faixa que vai de 2 a 7 salários mínimos - que a Fundação
Getúlio Vargas (FGV) considera a faixa de renda das famílias da classe C - houve importante
evolução de 2008 a 2012 em Alagoas. Ou seja, a participação das famílias de classe média
passou de 28% para 35%. Por fim, Alagoas foi o estado do Nordeste que obteve o maior
acréscimo percentual de participação de famílias que ganham de um salário mínimo até cinco
salários, no período de 2008 a 2012.
Todavia, as causas que explicam esta mudança de perfil da renda das famílias
precisam ser melhor explicitadas. Em outras palavras, qual o peso das transferências de renda,
da geração de emprego formal e do aumento da oferta de crédito na geração desta mudança de
perfil da renda familiar alagoana?
A distribuição dos valores do Programa Bolsa Família deixa muito claro que a região
mais beneficiada foi a Nordeste e os estados mais ricos da região respondem por aproximada-
mente 55%, enquanto os três mais pobres, Maranhão, Piauí e Alagoas, respondem por 28%.
Em termos de valores, em 2013 foram injetados cerca de R$ 12,9 bilhões no Nordeste e R$
801 milhões em Alagoas. É importante salientar que não houve mudança na participação de
Alagoas no Programa Bolsa Família e nem nas transferências totais do Tesouro Nacional o
que demonstra não serem as variações nos percentuais das transferências para os estados da
região as responsáveis pela mudança na renda familiar nem pode ser a principal explicação
para as mudanças em termos relativos da participação do VAB de alguns estados no Valor
Adicionado Bruto (VAB) da região de 2002 a 2011, como será mostrado mais à frente.
Do ponto de vista da oferta de emprego formal, no período de 2012 a 2014, Alagoas
teve um perfil semelhante aos demais estados do Nordeste: os setores que foram responsáveis
pelas maiores taxas de geração de emprego formal em toda a região foram os da construção
civil e comércio, com Alagoas e Pernambuco apresentando os maiores percentuais de
variação em relação ao primeiro. Estes dois setores criaram mais oportunidades de emprego
em Alagoas do que o de serviços, o qual respondeu por 53% da oferta em 2012. Outro aspecto
importante a ser salientado é que a indústria alagoana, quando somada a construção civil, tem
maior participação do que quando comparada aos demais estados da região (inclusive em
relação aos mais desenvolvidos) na geração de empregos formais no estado. Isto demonstra a
importância que tem a indústria de uma maneira geral na oferta de empregos em Alagoas e
coloca em perspectiva o futuro da indústria alagoana. Ademais, a maior formalização
associada a uma política de valorização do salário mínimo contribuiu para a melhoria do
perfil de renda da família alagoana.
A questão da competitividade tem sido uma das principais preocupações dos
empresários no mundo inteiro nas últimas décadas. O grande desafio para as empresas é a
garantia da sua sobrevivência, em mercados cada vez mais competitivos. Muitos fatores têm
colaborado para o acirramento da competitividade, tais como, globalização de mercados,
novas tecnologias, exigência de produtos com eleva- do grau de qualidade, entre outros.
Nesse ambiente turbulento, as empresas precisaram traçar estratégias competitivas, utilizando
suas competências e habilidades. Para isso, precisam entender a dinâmica da concorrência.
Diante desse contexto, na definição na literatura dos termos competitividade e
desempenho devem ser analisados em conjunto. Entende-se por desempenho a maneira como
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as organizações verificam a eficácia de suas decisões estratégicas, permitindo indicadores de
competitividade superiores e considerando e a estratégia adotada pela empresa para a tomada
de decisões.
Para a construção do Índice de Competitividade Industrial, os catorze gêneros que
compõem a estrutura produtiva industrial alagoana foram agrupados nos seguintes
indicadores: desempenho; eficiência e capacitação. Os setores cujas vantagens comparativas
estão mais concentradas em commodities se diferenciam em razão de sua maior participação
no mercado internacional, o que lhes conferem índices superiores de desempenho. Por sua
vez, setores cujas capacidades dinâmicas foram originadas a partir de melhorias na
produtividade e custos apresentam maiores ganhos de eficiência. Por fim, setores cujas
competências são decorrentes de investimentos em inovação e em formação de recursos
humanos possuem como diferencial maior capacitação tecnológica.
A desagregação dos setores da indústria alagoana permite identificar na estrutura
produtiva do estado os segmentos que estão na pauta da nova indústria nordestina. Em
diferentes proporções, se observa elevação do emprego industrial em todos esses setores,
com exceção do setor químico devido a boa parte da produção alagoana ser commodity e se
destinar ao mercado externo.
Para delimitar e aprofundar estas reflexões iniciais, este artigo pretende aprofundar o
entendimento acerca da seguinte questão: como é possível estimar a competitividade da
indústria alagoana a partir da construção de indicadores de competitividade industrial?
Sob essa vertente teórica, a estimativa de um índice de competitividade industrial foi
realizada através dos indicadores: eficiência, desempenho e capacitação (KÜPFER, 1991).
Para delimitar e aprofundar essa reflexão, este artigo pretende estimar o grau de
competitividade das empresas em relação aos seus pares na indústria alagoana no período de
2012 a 2014 por meio dos indicadores acima apontados. Assim, objetiva-se estimar o grau de
competitividade das empresas em relação aos seus pares na indústria alagoana nos anos de
2012 a 2014. Inicialmente, cabe enfatizar que a discussão da problemática da competitividade
em Alagoas encontra-se, ao nível das empresas, em fases diferentes. Percebe-se a convivência
de extremos: de um lado, é a concentração econômica que alcança os melhores índices,
enquanto que em outras, a elevada capital-intensidade dos setores de commodities questão das
alianças corporativas passa a ter maior peso nos modelos organizacionais de competitividade
via capacitação.
O artigo está dividido em cinco seções. Na seção 2 apontam-se as bases conceituais
sobre o tema abordando conceitos sobre a contextualização da economia alagoana em nível
regional e a competitividade. Posteriormente, na seção 3, descrevem-se os procedimentos
metodológicos. Os resultados obtidos são ilustrados na seção 4. Por fim, na seção 5 são
registradas as considerações finais do estudo.
2. Base Conceitual
2.1.Contextualização da economia alagoana em nível regional
Considerando o Valor da Transformação Industrial - VTI em 2012, a indústria de
Produtos Alimentícios e Bebidas (que contempla as indústrias de açúcar) representava cerca
de 60,23% do VTI. Se adicionarmos a Indústria Química (que representa 21,78% do VTI)
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essas atividades concentram 82,01% do VTI. A Indústria de Plásticos, que nos últimos anos
atraiu um grande número de investimentos, alcançou apenas 3,14% do VTI em 2012.
A despeito da atração de novos investimentos nos últimos 5 anos a indústria de
transformação alagoana, em 2012, respondeu por cerca de 98% do VTI, recuperando em parte
as perdas de 2009, acima do patamar de 2006. Por outro lado, a indústria da construção civil
avançou significativamente nesse período, com 4,11% no VTI de Alagoas, em 2012, em
função de programas como “Minha casa, minha vida” e da expansão do crédito habitacional.
Considerando o grau de industrialização das economias do Nordeste, Alagoas ocupou
a quinta posição do VTI do Nordeste em 2012. Neste ano, assim como nos anteriores, o VTI
continua sendo influenciado pelo comércio internacional em função do setor Sucroenergético,
expansão da construção civil e ingresso de novas indústrias no Estado. Por possuir o menor
nível de diversificação industrial da região, tal peculiaridade passa a ser um balizador
importante na proposta de uma política de fomento produtivo para os setores em expansão.
Por outro lado, novos investimentos no Estado com cerca de 40 novas indústrias e
aumento na capacidade instalada de plantas já existentes e novas indústrias ampliaram a
formação bruta de capital fixo nos anos de 2013 e 2014, mesmo considerando a possibilidade
de recessão e incertezas frente à atual conjuntura internacional sob o ânimo dos investidores
locais. Tais investimentos no estado de Alagoas ampliaram o acesso às máquinas e
equipamentos importados, favorecidos pela apreciação cambial.
No que concerne ao mercado internacional, em 2013, o açúcar de cana bruto (VHP)
foi o principal item comercializado, representando 89,56% das exportações alagoanas neste
período, acima dos 80,87% obtidos em 2012, visto que nesse ano as exportações da indústria
química estavam presentes no volume total das exportações do Estado. Observa-se, ainda, que
a produção industrial continuou perdendo dinamismo em 2013 e 2014, devido à readequação
dos investimentos por parte das usinas, variabilidade e má distribuição da precipitação
pluvial, reduzindo a produtividade. Nessa direção, mesmo com preços acima do esperado e
valorização do dólar, as safras 2012/2013/2014 foram marcadas pela adversidade climática e
por dificuldades creditícias, levando a maioria das usinas a não atingirem a meta prevista.
Nessa direção, o acumulado do ano em 2014 em exportações no estado alcançou o
valor de 629,4 milhões de dólares, ou seja, (-15,20%) abaixo do acumulado de 2013.
Argumenta-se que mesmo com uma recuperação da indústria do açúcar, outros fatores
contribuíram para a deterioração do grau de confiança dos empresários e consumidores,
levando o desestímulo ao investimento em ativo de capital, elemento fundamental para a
retomada do crescimento da produtividade. No acumulado, destacaram-se, ainda, dois fatores
que contribuíram para o déficit da balança comercial no estado de Alagoas em 2014: queda no
preço das commodities maior que a esperada, principalmente química e os gastos com
importação de combustíveis, que apresentaram melhora no ano passado, mas ainda
considerados muito elevados.
Na apreciação dos resultados é feita uma análise dos fatos mais relevantes sob a ótica
de indutores de competitividade que indicam o desempenho das firmas pertencentes aos
complexos industriais. Na pesquisa, as variáveis estão relacionadas às condições gerais ou
específicas em que se realiza a produção da firma/indústria em relação à concorrência.
Pretende-se, dessa forma, esclarecer como cada setor está respondendo às novas condições
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econômicas impostas pela crise financeira, verificando a questão em termos de entorno
microeconômico.
Um dos pontos centrais dos últimos anos da política industrial de Alagoas perpassou
pelo estímulo a setores nos quais o Estado tinha vantagens competitivas, aliados aos estímulos
do Plano Brasil Maior do governo em que o eixo central era a proteção da produção
doméstica e o aumento do “conteúdo nacional” dos bens fabricados no país, reforçando o
papel da política industrial em uma estratégia de crescimento baseada no consumo doméstico.
Nesse contexto de política industrial, alguns dos setores em Alagoas, como Química-
Plásticos e Construção Civil foram beneficiados pelas obras do PAC, pelo ambiente
regulatório com Parcerias Público-Privadas (PPPs) e pela maior oferta de crédito imobiliário,
além das desonerações do governo, que se iniciaram em 2011, como encargos na folha de
paga- mentos (reduzindo custos trabalhistas, excluindo os salários), IPI para material de
construção e bens de capital, a custos da energia e a impostos incidentes sobre as exportações,
reintegrados e transformados em crédito tributário.
Embora o setor sucroenergético tenha passado uma crise cíclica, além das
adversidades climáticas que influenciaram a produção de cana-de-açúcar nos últimos quatro
anos, o segmento sofreu também os efeitos da política de compressão do preço da gasolina,
com reflexos negativos sobre a competitividade do álcool, em um contexto de aumentos dos
demais custos de produção, não se beneficiando pelas medidas de estímulo às exportações.
Com o incremento de novas plantas industrias em alguns segmentos, como indústria
de Química e Plásticos, ocorreu um aumento em sua participação no VTI, passando de 20,6%
em 2009 para 21,2% no ano de 2010 e 24,92%, em 2012.
Para destacar as implicações das combinações citadas para os setores da indústria
alagoana, com maior ou menor grau de sensibilidade a volatidade dos preços das
commodities, como Sucroenergético, químico-plásticos, mineração, naval e construção civil,
que foram impactados pela queda nos preços das mesmas – da ordem de 58,8% do petróleo
(de junho/14 a 20 de janeiro/15) e de 53% do minério de ferro (de dezembro/13 a janeiro/14)
e uma apreciação do dólar.
Do ponto de vista da indústria alagoana, que é liderada pelo setor Sucroenergético, as
perspectivas futuras para a economia chinesa são cruciais, uma vez que, ao dinamizar o seu
mercado interno e retomar níveis de crescimento mais próximos a 8% a.a, podem representar
um enorme potencial de demanda para os países produtores de alimentos como o Brasil, o que
beneficiaria diretamente a agroindústria alagoana. Todavia, dada a complexidade da economia
chinesa, a transição para um modelo de crescimento mais dependente do consumo das
famílias é considerada por muitos como arriscada, o que aumenta a incerteza quanto ao seu
sucesso.
Seguindo a tendência dos demais estados do Brasil, Alagoas atraiu por meio de uma
política local uma série de empreendimentos por meio de incentivos fiscais, creditícios e
locacionais, que podem se articular às demais cadeias produtivas do Nordeste já instaladas ou
em processo de desenvolvimento. Dentre os setores industriais que receberam maiores
incentivos para o Estado, estão: alimentos e bebidas; sucroenergético; químico e plástico
(considerando uma referência nacional, com perspectivas de adensamento no segmento de
plástico verde); mineração, construção civil, naval e metalomecânico.
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Ressalta-se que um setor foi estimulado a partir das descobertas de reservas, como o
setor de Mineração que foi estrategicamente conduzido na possibilidade de ser beneficiado
pela expansão dos créditos do Tesouro ao BNDES, acompanhado do aumento do componente
de subvenção nos programas oficiais e fomento de políticas de exportação e investimento.
Outras possiblidades, como a estruturação do setor naval se baseou pela adoção de
preferências a produtos nacionais nas compras governamentais de bens e serviços, bem como
Programa Brasil Maior (PBM) ao uso de mecanismos direcionados ao aumento do conteúdo
nacional dos produtos industriais, como o condicionamento de concessão de incentivos fiscais
e creditícios ao atendimento de determinado grau de conteúdo doméstico.
A atual estrutura industrial alagoana é formada por 14 (catorze) setores que durante o
período de análise (2012,2013 e 2014) apresentou faturamento médio de R$ 25 bilhões com
maior participação dos setores Sucroenergético, Químico, Produtos Alimentares e Bebidas e
Extração e Tratamento de Minerais. Estes responderam por praticamente 93% (noventa e três)
por cento das vendas.
Considerando os dados das Pesquisas de Desempenho da Federação da Indústria do
Estado de Alagoas -FIEA em 2014 é possível caracterizar o perfil e configurar a dinâmica da
indústria alagoana. Como tal, é destaque a importância que tem os setores produtores de
commodities, mais especificamente Sucroenergético e Químico, para o dinamismo da
indústria local. A trajetória da indústria do Estado é visivelmente afetada pelo desempenho
desses dois setores que representaram 68,85% do faturamento da indústria em 2014. Outros
segmentos como Produtos Alimentares e Bebidas com 16,77%, Produtos de Matérias
Plásticas e Borracha com 5,16% e Construção Civil com 4,16% são os outros três segmentos
com magnitude na composição da venda industrial no Estado. Os dados relativos ao mercado
de trabalho também demonstram a importância do setor Sucroenergético, que responde por
mais 72% do emprego industrial na safra e cerca de 60% na entressafra. Enquanto Produtos
Alimentares e Bebidas mantém uma média de 12% do emprego industrial e Produtos de
Matérias Plásticas e Borracha uma média de 6% do total de empregos.
Do ponto de vista do recorte setorial, a maior parte dos setores sofreu em 2014 uma
diminuição de sua dinâmica em decorrência dos efeitos da redução do crédito, do emprego,
dos investimentos públicos e da queda de renda real, indicando um ano de desaceleração nas
vendas. Em alguns setores, químico, produtos alimentares e bebidas e produtos de matérias
plásticas e borracha, o aumento da participação ocorreu em razão da ampliação da capacidade
produtiva ou de novas indústrias que iniciaram a sua operação no Estado.
Faz-se necessário, ainda, expor que a indústria de transformação alagoana,
principalmente representada pela indústria Sucroenergética, sofreu perdas decorrentes da
defasagem dos preços do etanol, desvalorização dos preços das commodities, queda de
produtividade, baixos índices pluviométricos das últimas safras e ajustes salariais que
aumentaram o endividamento das usinas do setor. A desvalorização do real em 2014 não
trouxe efeitos com magnitude para a indústria Sucroenergética no ciclo 2014/2015, pois o
aumento da produção nesse período sofreu os rebatimentos da queda do preço e das perdas
financeiras.
2.2 Competitividade
Na literatura, se observa o emprego de diversos referenciais para definir
competitividade. O matiz de referência vai desde as abordagens da competitividade sob a
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linha do desempenho e eficiência; as que exploram o conceito de padrão de concorrência; as
relacionadas ao conceito de estratégias competitivas; e os que discutem os setores da
indústria, recursos, competências e serviços. Além das correntes clássicas de competitividade,
na segunda metade do século passado surgem as correntes neoschumpeterianas e da economia
institucional que inserem na agenda questões relacionadas a recursos específicos, capacidade,
competências, inovações.
Antes de avançar no enfoque da competitividade industrial que será desenvolvido
neste artigo, é importante realizar demarcações que permitam a melhor compreensão dos
resultados discutidos a seguir. No primeiro enfoque, trata-se de apresentar os dados de
desempenho setorial focado na noção de competitividade que se restringe a concepção do
produto ou ao modelo de gestão que o produz. O segundo, por sua vez, associa a
competitividade ao posicionamento da empresa em relação aos demais concorrentes do seu
respectivo setor industrial.
A visão focada no produto, que serviu de referência para o estudo de competitividade
da indústria alagoana realizada, definia a posição competitiva das empresas a partir das
estratégias produtivas, tecnológicas, comerciais e de marketing que as empresas tinham
realizado.
Nessa direção, a visão da competitividade passou a ser expressa por meio de
indicadores de desempenho - ou da participação no mercado (market-share) alcançada pelas
empresas em um momento do tempo - e indicadores de eficiência associados à capacidade da
firma/indústria de produzir bens com maior eficácia e se diferenciar na concorrência em
termos de preços, qualidade (ou da relação preço-qualidade), tecnologia, salários, e
produtividade ou capacitação relacionada à inovação e competências técnicas. Esses
indicadores implicam medidas tradicionais de competitividade ex-post (desempenho, Market-
share e lucratividade, a chamada competitividade revelada), bem como os indicadores ex-ante
(eficiência e capacitação).
Os trabalhos dos autores (Haguenauer, 1989; Kupfer, 1991; Bonelli e Fleury, 1994)
discutem a competitividade como uma forma de posicionamento de um país, setor ou
organização por meio de elevados níveis de eficiência técnica. Os autores possuem o
entendimento que a competitividade não é um simples indicador, mas um conjunto que
incorpora medidas, estratégias e formas concorrenciais. O estabelecimento desses elementos
permite organizar os vários conceitos de competitividade em dois grupos distintos: (1)
competitividade como desempenho, no qual a competitividade é de alguma forma expressa
pela participação no mercado (market-share), alcançada pela empresa em um certo espaço de
tempo, ou, particularmente, o montante de suas exportações no total do comércio
internacional, e (2) competitividade como eficiência, sendo esta traduzida como a capacidade
de a empresa gerar determinados produtos igualando ou superando os níveis de eficiência
observáveis em outras empresas, principalmente no que se refere a preços, qualidade,
serviços, relação preço-qualidade, tecnologia, salários e produtividade.
Os modelos clássicos de análise econômica das firmas têm posicionamento na
alocação racional dos recursos. Na tradição da economia clássica, o conceito de
competitividade representa o modelo da competição perfeita. Ao nível da firma, os autores
(Bain, 1956; Steindl, 1976) abordam o conceito de competitividade associado à estrutura de
mercado.
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De acordo com Coutinho e Ferraz (1993) e Ferraz et al. (1995), a competitividade de
uma empresa pode ser vista como a capacidade de definir e implementar normas tecnológicas
de funcionamento de um mercado, ou seja, de perceber oportunidades, introduzir, difundir e
se apropriar dos ganhos auferidos pelo progresso técnico. Os autores discutem que os
conceitos tradicionais de competitividade (desempenho e eficiência), fundamentados à luz da
teoria da firma, não justificam a competitividade plena.
Além dessas concepções, de acordo com Coutinho e Ferraz (1993), o desempenho
competitivo de uma firma ou de uma indústria depende de variáveis, que podem ser internas
(gestão, inovação, produção e recursos humanos) às empresas, as variáveis estruturais
(indústria ou setor industrial, concorrência ou formas de competição) e as variáveis sistêmicas
(político-institucionais, sociais, infra estruturais, etc).
Nos estudos contemporâneos que mensuram a competitividade industrial, utilizam-se
variáveis relacionadas ao valor agregado e à produção física mensal (preços relativos,
organização industrial e qualidade), as variáveis relacionadas às horas trabalhadas, horas
pagas e pessoal ocupado. Dentre as vertentes teóricas sobre produtividade, destacam-se o
mainstream neoclássico (produtividade total dos fatores), os evolucionistas, eficiência-X, as
teorias gerenciais e comportamentais, teorias neomarxistas, organização industrial, leis de
Kaldor-Verdoorn e crescimento endógeno.
Nessa direção, os primeiros estudos sobre produtividade apresentavam a Produtividade
Total dos Fatores (PTF), defendido pelo mainstream, em que a Produtividade Total dos
Fatores era superior à Produtividade do Trabalho. Carvalho (2001) aponta que Abramovitz,
em trabalho publicado em 1971, procurou explicar o crescimento do Produto Nacional
Líquido per capita norte-americano por meio da PTF, chegando à conclusão de que apenas o
aumento de 10% era explicado pelo maior consumo individual, enquanto 90% eram
explicados pela produtividade do conjunto de fatores, denominada resíduo. Nessa perspectiva
teórica, o crescimento da produção nacional era considerado em duas partes, sendo uma o
incremento do consumo dos fatores produtivos e a outra o aumento da produção por unidade
de insumo.
Esse pressuposto defendia que a parcela não explicada, resíduo, era chamada de
“avanço do conhecimento e fatores não especificados” e alocada na produção por unidade de
produto. A grande limitação desse modelo era que, do ponto de vista empírico, um alto valor
residual significava que os cálculos estatísticos tinham sido desenvolvidos inadequadamente,
ou variáveis teriam sido excluídas ou incluídas, mas não de forma correta.
Por outro lado, Solow (1971) defende que esse resíduo corresponde ao progresso
técnico, enquanto Denison (1971) destaca que esse resíduo refere-se ao avanço do
conhecimento, logo, o problema diagnosticado transformou-se em uma virtude.
Considerando as vulnerabilidades do mainstream, é importante evidenciar que o
resíduo não explica na sua totalidade o crescimento do produto nacional. Uma das críticas
evidenciadas por Carvalho (2001) é o mainstream ao se preocupar com a mensuração, visto
que a produtividade não consegue ser explicada apenas pela teoria. Logo, o enfoque
mainstream da PTF é frágil, mas ao mesmo tempo não existe uma corrente teórica alternativa.
Outra crítica do modelo refere-se ao fato da produtividade ser explicada pela função
de produção, porque não se pode considerar a função Cobb-Douglas uma vez que capital e
trabalho não podem ser multiplicados. Assim, nem sempre a produtividade consegue explicar
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o avanço, pois não leva em consideração fatores associados a maior escolaridade dos
trabalhadores, conhecimento cumulativo e meios de apropriação da tecnologia. Por isso, é
possível afirmar que a Produtividade Total dos Fatores (PTF) não consegue medir o que ela se
propõe e condicionar a competitividade de um país.
Por um lado, entre as correntes alternativas ao mainstream, a evolucionista privilegia o
progresso técnico e competitividade como aumento da produtividade. A lógica do pensamento
dessa corrente é que os processos de inovação e sua difusão proporcionam forte impacto na
atividade econômica e na competitividade (Dosi, 1982; Dosi, 1988; Nelson e Winter, 2005).
Por outro lado, a produtividade pode ser analisada considerando o fato da firma não
visar à maximização do lucro, outrora evidenciado na função objetivo. Logo, a firma na
abordagem neo-schumpeteriana busca componentes aleatórios que se encontram na
vizinhança da tecnologia utilizada por esta (Dosi, 1988; Tigre, 1998).
Outros estudos de Day (1990), Wernerfelt (1984) e Teece (1997) sobre
competitividade abordam a visão baseada em recursos, destacando a análise estratégica das
forças da indústria e do posicionamento produto-mercado para o conjunto de recursos
específicos dos quais a lucratividade da firma depende a longo prazo. O chamado recurso
básico caracteriza as firmas como um conjunto de sistemas e estruturas capazes de
desenvolver, produzir e comercializar produtos melhores e mais baratos. As rendas originam-
se da melhor gestão de recursos e não do melhor posicionamento no mercado. As vantagens
competitivas se constroem antes dos produtos chegarem ao mercado, fundamentando-se nas
idiossincrasias de cada empresa e nas competências únicas que desenvolve. A
competitividade da empresa baseia-se na continuidade da empresa em gerar competências
diferenciadas e da eficácia com que os executivos movimentam esses recursos. Nesse
contexto, a teoria dos custos de transação se enquadra como teoria limite das firmas.
Essa teoria da firma baseada no enfoque dos recursos descreve a vantagem
competitiva da firma como o resultado de capacidades e ativos intrínsecos à organização. O
fundamento está na existência de mecanismos de isolamento que proporcionam ganhos
extraordinários. A teoria entende a firma como um agrupamento único de ativos, que podem
ser tangíveis, intangíveis e capacidades. Esses ativos caracterizam quanto a firma pode ser
eficiente em suas operações.
Recorrendo, ainda, à ampla diversidade dos trabalhos sobre competitividade, autores
como Pavit e Patel (1992), Pettigrew e Whipp (1993), Machado-da-Silva, Fonseca e
Fernandes (1988) revelam que a análise da competitividade não deve ser pontuada com base
em medidas parciais ou a partir de desempenho individual dos processos gerenciais e das
políticas organizacionais. Não basta que os indicadores de competitividade no nível
organizacional sejam os mesmos daqueles no nível de determinado setor industrial, pois é
necessário que um conjunto de habilidades e modelos de ação combinados à influência dos
padrões setoriais e as características socioculturais das organizações e do ambiente em que
atuam possam ser revelados no padrão competitivo.
O acompanhamento do grau de competitividade industrial, todavia, pode ser realizado
por meio de três tipos de indicadores: eficiência, desempenho e capacitação (KÜPFER, 1991).
A mensuração do indicador de desempenho obtém-se pela participação da empresa no
mercado (market-share) em certo espaço de tempo. O volume de exportações é um aferidor de
desempenho por excelência. O indicador de eficiência traduz a capacidade de da empresa de
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gerar produtos em níveis de eficiência igual ou superior aos observáveis em outras empresas,
principalmente no que se referem a preços, qualidade, serviços, relação preço-qualidade,
tecnologia, salários e produtividade. Por sua vez, os indicadores de capacitação consideram a
incorporação de progresso técnico nos produtos como também a organização empresarial e
cooperação entre as firmas e os investimentos públicos e privados.
De uma forma geral, a competitividade passa a depender da adequação das estratégias
das empresas ao padrão de concorrência vigente. É importante o destaque que o sucesso das
empresas depende, em última análise, da reprodução desses fatores no plano interno e na
atuação de mercado da organização.
3. Metodologia e dados
Assim, quanto aos objetivos, a pesquisa caracteriza-se como estudo exploratório
descritivo pois visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo
explícito ou a construir hipóteses (GIL, 1991).
Por sua vez, quanto à natureza, segundo Beurem (2002) a pesquisa é quantitativa pois
considera que há uma relação métrica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a objetividade do sujeito que pode ser traduzido em
números. Como tal, o estudo realizado teve natureza aplicada, de cunho exploratório, sendo
desenhada a partir dos procedimentos técnicos como pesquisa bibliográfica e documental.
Conforme Gil (1991), a pesquisa bibliográfica é definida quando elaborada a partir de
material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente
com material disponibilizado na Internet. Enquanto a pesquisa documental é elaborada a partir
de materiais que não receberam tratamento analítico.
Antes de caracterizar os procedimentos para o Índice da Competitividade da Indústria
Alagoana, algumas considerações acerca da metodologia devem ser realizadas. Em primeiro
lugar a justificativa para a escolha do referencial teórico de competição (desempenho,
eficiência e capacitação), baseado em Kupper (1991), com suas dimensões e variáveis pode
ser explicada tendo em vista que o trinômio competitivo é considerado um fator-síntese de
todas as condições que regem a competitividade empresarial ao longo de um período de
tempo determinado. Em segundo lugar, o objetivo do estudo era criar um índice que
permitisse a comparação entre empresas do mesmo setor.
A construção da amostra teve como base o Cadastro Industrial do Estado de Alagoas
(2011), realizado pela FIEA e considerou o censo de médias e grandes empresas e uma
amostra de pequenas, baseando-se em um universo de informações de 3.260 empresas. Com
margem de erro de 10% e intervalo de confiança de 95%, esse cálculo compõe um total de 97
observações, entretanto, utilizamos um total de 100 empresas investigadas, pertencentes a 14
gêneros industriais.
Adicionalmente, de acordo com a metodologia da CNI, considerou-se como pequena e
média empresa aquelas com mais de 25 empregados e com menos de 500 empregados, e
como grandes as com 500 ou mais empregados. A metodologia de geração das amostras foi a
Amostragem Probabilística, visto que de acordo com tal técnica, o número mínimo de
empresas foi definido com base em dois parâmetros determinados: precisão (d) e confiança
(1-a) dos resultados que se buscam inferir a partir da amostra.
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Em seguida, foram coletados dados primários das empresas presentes na economia
alagoana de modo a obter a resposta da questão posta na introdução. Logo, a pesquisa foi de
natureza exploratória e descritiva, tendo como base o método survey, a qual consiste na coleta
de informações utilizando um instrumento de pesquisa (MALHOTRA, 2004).
O processo de seleção das empresas, ainda que aleatório, teve como premissa a
construção de uma amostra que preservasse a mesma estrutura industrial (gêneros da
indústria) da população para a unidade da federação. No caso da amostra em Alagoas, houve
ainda a preocupação com a estrutura regional.
Durante a elaboração do modelo de competitividade, alguns referenciais teóricos
foram utilizados, entre eles o Índice Brasileiro de Inovação – IBI (Furtado et ali (2008). Em
seguida, foram criados indicadores que resultaram na construção de uma métrica de
competitividade, sendo complementados por alguns dados agregados da Pesquisa de
Indicadores de Desempenho da FIEA.
Apesar de existir uma quantidade crescente de indicadores que servem para descrever
o processo de competitividade a partir do modelo descrito, as principais dimensões do
processo formaram três macro indicadores que agruparam 21 micro indicadores, considerados
variáveis medidas em escala métrica, o que permitiu o maior poder de operações matemáticas
e de extração de informações.
Considerando que as variáveis foram medidas em uma escala métrica de 1 a 6, foram
realizados alguns ajustes para dar conta da heterogeneidade setorial, principalmente para os
setores mais dinâmicos não mascararem os demais. Inicialmente foi utilizado um ponderador
para normalizar os indicadores, dividindo os indicadores da empresa pela média agregada do
seu setor e os indicadores do setor pela média agregada da indústria.
Assim, cada uma das 21 variáveis de cada empresa, já transformadas em medidas de
intensidade, foi dividida pela média agregada do setor ao qual essa empresa pertencia. Logo,
os indicadores do ICIA devem ser lidos como comparações do desempenho particular do
setor (ou empresa) em relação à média agregada da indústria (ou setor). A segunda medida foi
à adoção dos indicadores de intensidade, que mensuram esforços ou resultados em relação à
receita média do ano de 2007 ou ao montante de empregados. Ela buscou eliminar o problema
da diferença do tamanho dos setores (ou empresas), de forma que os setores (ou empresas)
maiores não fossem beneficiados por apresentarem maiores vendas ou resultados
competitivos em termos absolutos.
Em seguida, foi utilizado um terceiro ponderador a partir do uso de ferramentas
estatísticas como a análise fatorial, onde as cargas fatoriais assumiram os valores dos pesos
das variáveis, que permitiu verificar se os fatores ou componentes inicialmente pesquisados
nas referências bibliográficas eram coerentes com os componentes principais obtidos na
pesquisa de campo. Assim, procurou-se agrupar um conjunto que fosse o menor possível de
fatores, isto é, reuniram-se proposições segundo a mesma tendência de correlação estatística,
para se fazer julgamentos de aspectos que tinham a mesma relevância frente ao conjunto de
assertivas. Com essa análise, conseguiu-se separar e agregar elementos muitas vezes
indistintos, obtendo uma visão integral das concepções prévias dos respondentes.
Por fim, foi considerada a opinião de pesquisadores para atribuir pesos aos macro
indicadores (desempenho, eficiência e capacitação) para que a soma dos três fosse igual a 1,
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considerando que depois de agregados, normalizados e ponderados (para dar maior peso às
variáveis mais representativas no processo de competitividade), fossem representativos do
processo de competição como um todo.
Entre as variáveis consideradas destacam-se:
Indicadores de Eficiência
1. Custos relativos dos insumos
2. Custo relativo da mão-de-obra
3. Participação dos salários no valor da produção
4. Produtividade da mão-de-obra
5. Padrão de Qualidade dos produtos
Indicadores de Capacitação
6. Investimentos em máquinas e equipamentos importados
7. Receita de vendas com produtos novos para empresa
8. Receita de vendas com produtos novos para o mercado local
9. Receita de vendas com produtos novos para o mercado regional
10. Receita de vendas com produtos novos para o mercado nacional/internacional
11. Capacitação de Recursos Humanos
12. Taxa de escolaridade dos recursos humanos
13. Idade tecnológica dos equipamentos
14. Participação dos gastos em design
15. Participação dos gastos em normas Iso e certificação
16. Participação dos gastos em P&D
Indicadores de Desempenho
17. Receitas de Exportação
18. Participação no mercado alagoano
19. Participação no mercado regional
20. Participação no mercado nacional
21. Grau de especialização da produção
4. Resultados
De forma geral, a partir da análise dos dados, constata-se queda nos três indicadores
em 2013 e 2014. Tal queda pode ser justificada pelas perdas auferidas pelos setores de
commodities da indústria alagoana, embora os setores com menor peso na indústria alagoana
foram impactados pelo reflexo do modelo de crescimento puxado pelo consumo que permitiu
o aumento do poder de compra das famílias, oriundos de expansões reais do salário mínimo,
das transferências de renda e da elevação do crédito e emprego formal.
Ressalva-se, que a queda no acumulado do ano da indústria alagoana está diretamente
associada a tendência de preços desfavoráveis das commodities alagoanas no mercado
internacional. Ademais, segundo informações do Sindaçúcar-AL, com preços internacionais
abaixo do esperado, a safra 2014/2013 ainda foi marcada pela adversidade climática, levando
a maioria das usinas a não atingir a meta prevista. Desde o início da safra a precipitação
pluviométrica na região canavieira manteve-se abaixo da média histórica. Os dados
apresentados apontam para um índice pluviométrico acumulado de 141,5 mm, sendo o pior
dos últimos anos. Não se pode deixar de considerar que a safra contou apenas com 20 das 24
usinas existentes no estado.
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De acordo com os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC), as exportações em Alagoas no acumulado de 2014 alcançaram o valor de
629,4 milhões de dólares, ou seja, (-15,20%) abaixo do acumulado de 2013. Argumenta-se
que mesmo com uma recuperação da indústria do açúcar, outros fatores contribuíram para a
deterioração do grau de confiança dos empresários e consumidores, levando o desestímulo ao
investimento em ativo de capital, elemento fundamental para a retomada do crescimento da
produtividade. No ano destacou-se, ainda, dois fatores que contribuíram para o déficit da
balança comercial no estado de Alagoas em 2014: queda no preço das commodities maior que
a esperada, principalmente química e os gastos com importação de combustíveis, que
apresentaram melhora no ano passado, mas ainda são considerados muito elevados.
Quando se analisa as exportações, tanto do ponto de vista das receitas como do quanto
exportado (Kg Liquido) no período de 2011-2014, observa-se uma queda contínua. Os fatores
que justificam o desempenho foram: a) em 2011, os valores chegaram US$ F.O.B.
1.371.546.559 e em kg liquido 2.096.623.903 resultados do aumento do preço das
commodities, maior participação do setor no mercado mundial em função da saída da índia e
melhoria da produtividade; b) em 2012, os valores chegaram US$ F.O.B. 1.014.421.485 e em
kg liquido 1.748.422.556 resultados do início da queda do preço das commodities, menor
participação do setor no mercado mundial e baixos índices pluviométricos; c) em 2013, os
respectivos valores US$ F.O.B. 742.270.221 e em kg liquido 1.579.915.381 resultados dos
mesmo fatores que se intensificaram a partir de 2012. A partir desses números, uma conclusão
que se segue é que no período 2014-2011, o setor teve uma queda acumulada de 54% nas
receitas e de 23% na quantidade produzida com reflexos negativos, em função do seu peso, na competitividade da indústria alagoana.
No recorte setorial, os anos de 2013 e 2014 também foram pontuado positivamente
pela duplicação da capacidade produtiva da maior indústria química do estado de Alagoas. A
título de exemplo, em 2013, as vendas da maior empresa somaram 3,7 milhões de toneladas.
A taxa média de utilização dos crackers foi de 90%. As vendas de plásticos da Braskem
América subiram 7% no 4T13 e 3% em 2013, influenciadas pelo crescimento do volume de
produção, o maior desde 2011. Como fatores determinantes do bom desempenho, destacam-
se: a recuperação dos spreads no mercado internacional, o melhor mix de vendas, a
desoneração na compra de matérias-primas e o controle na gestão de gastos.
A partir dos dados do estudo, é possível observar que o indicador de competividade
apresenta amplo espectro de variação. Esse gradiente demonstra uma razoável assimetria
entre os setores à medida que os gêneros não-commodities apresentam graus de
competitividade mais específicos aos esforços em eficiência técnica e capacitação, conforme
tabela abaixo.
A observação dos indicadores de competitividade, conforme Tabela 1, em uma
perspectiva temporal, apresenta uma tendência a diminuição dos indicadores de
competitividade de desempenho e de eficiência, quando se observa a indústria em sua
totalidade. O índice de eficiência ao longo do período em análise de menor dinamismo pode
ser explicado pelo aumento dos custos industriais. Por outro lado, em 2013 e 2014 o
comportamento menos dinâmico dos indicadores de desempenho frente a 2012 também pode
ser explicado pela maior dificuldade de reposicionamento estratégico dos empresários, em
função do menor ritmo de crescimento da economia internacional.
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TABELA 01 – INDICADORES DE COMPETITIVIDADE
Fonte: Núcleo de Pesquisa do IEL/AL
Deste modo, a redução dos indicadores de desempenho e de eficiência foi
potencializada pela desaceleração da economia brasileira que começa se delinear a partir de
2013, em razão dos seguintes fatores: no caso do indicador de eficiência, o aumento dos
rendimentos salariais associado à queda da produtividade da indústria, além da redução de
vantagens absolutas de custos foi determinante; enquanto no indicador de desempenho o
recrudescimento do mercado externo e a elevação do custo de captação de financiamento
foram principais fatores. Esse gradiente demonstra uma razoável assimetria entre os setores à
medida que os gêneros não-commodities apresentam graus de competitividade mais
específicos aos esforços em eficiência técnica e desempenho.
No que concerne ao aumento do indicador de capacitação, novos investimentos
ampliaram a capacidade da indústria alagoana nos anos em análise, entre eles, a maior
empresa do setor químico com investimentos da ordem de 470 milhões de dólares a partir da
construção de uma nova planta que duplicou a capacidade atual de 240 mil toneladas ao ano.
Além disso, outros investimentos de menor porte foram previstos com a vinda de outras
indústrias para o Estado. Em 2013 e 2014, o indicador de capacitação não foi afetado
negativamente pela queda das receitas dos setores de commoditieis que perderam em volume
de exportação com reflexos nos investimentos, visto que com redução das receitas as
empresas ampliaram os investimentos em capacitação de recursos humanos, investimentos em
design e pesquisa e desenvolvimento.
É importante destacar, todavia, que o segundo momento da crise internacional em
2011 provocada pela crise do Euro, em função do crescimento da dívida bruta em relação ao
PIB, desencadeou a reversão do ciclo de alta das commodities a partir de 2012. Como a
indústria de Alagoas, além de ser pouco diversificada é constituída de setores de baixa
tecnologia, em 2012 entra em um ciclo de desaceleração devido à perda de receitas no setor
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de commodities com a reversão dos preços em nível internacional, assim como a partir de
2013 e 2014, como fator de aprofundamento da crise, a política de congelamento de preços
dos combustíveis associada aos problemas de natureza climática, ressaltando-se, ainda, os
problemas de gestão ineficiente dos grupos locais. Com relação aos demais setores, as
condições de competitividade continuam sendo sustentadas pelos programas de transferência
de renda e aumento do consumo.
A Tabela 02 apresenta as variações ocorridas, como já destacadas acima, nos
indicadores de competitividade no período de 2012 a 2014. Um fato que chama atenção é a
expansão no indicador de capacitação na comparação 2014-2012 de 30,54%, em decorrência
da maturação dos investimentos principalmente em importação de máquinas, em capacitação
de recursos humanos e programas de certificação de qualidade. Mesmo considerando que o
ambiente institucional onde essas empresas estão inseridas continue apresentando, em boa
medida, precário arranjo indutor de inovações tecnológicas devido às limitações de interações
entre centros tecnológicos e empresas e baixo nível de escolaridade, alguns ações indutoras de
competitividade são relevantes no panorama atual. Ademais, o apoio à inovação das pequenas
e médias empresas foi fortalecido com a manutenção de políticas integradas nos Arranjos
Produtivos Locais, em parceria com o Governo de Alagoas, SEBRAE e a FIEA. Nos anos de
2012 e 2013, o PRODESIN incentivou 26 indústria, segundo Rosário e Ferreira Júnior (2015).
Com base nos indicadores apresentados na Tabela 02 que registram variação negativa
de (-11,49%) no indicador de eficiência, em 2014 frente a 2012, verifica-se que as crises
internas e externas acima mencionadas impactaram negativamente os volumes de produção e
as estruturas de custos das empresas, mesmo com a condição de eficiência produtiva a partir
do segundo semestre de 2012.
No tocante ao indicador de desempenho, algumas questões devem ser analisadas com
maior detalhe. Diferentemente de capacitação e eficiência, o padrão observado para
desempenho é de retração de (-11,73%), respectivamente para a indústria em geral. Outro
aspecto a ser salientado diz respeito aos fatores que justificam tal diferenciação de
comportamento, dos quais se destacam: elevado grau de especialização da produção do estado
nos segmentos de commodities que, por sua própria natureza, estavam à mercê da volatilidade
cambial, da flutuação de demanda e da cotação de preços em nível internacional como
também de problemas de financiamento em função de liquidez que contribuíram para retardar
a normalização das exportações.
Além disso, no tocante ao mercado interno, o período foi marcado por políticas
anticíclicas que favoreceram o consumo, mas que passaram a perder eficiência em função dos
seguintes fatores: redução do poder de compra pelo aumento da inflação, elevado
endividamento dos consumidores e redução dos níveis de confiança devido ao agravamento da
crise em 2014. Como tal, a tendência de menor participação relativa no desempenho nos
setores de commodities não seria preocupante se tal perda estivesse associada de forma
absoluta a um maior dinamismo industrial de outros segmentos vis-à-vis o desempenho desses
segmentos no cenário nacional.
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TABELA 02 – VARIAÇÕES DE 2014 - 2012 (%)
Entende-se que a decomposição desses indicadores seria um fenômeno até mesmo
desejado porque refletiria o desenvolvimento mais acelerado dos outros segmentos não-
commoditieis, mas a reduzida participação no agregado de produção desses segmentos reflete
apenas em ganhos de participação relativa e não expansão da diversificação industrial.
Os indicadores apresentados no Gráfico 01 evidenciam o ranking de competitividade
dos diferentes setores da indústria alagoana. Em que pese a importância dos segmentos com
maior participação na produção e geração de emprego da indústria, notadamente Química e
Sucroenergético, o primeiro lugar pertence, no período em análise, a Indústria de
Metalúrgicas.
O potencial desta cadeia produtiva no Estado com a chegada de novas empresas foi
ampliado ao longo dos últimos anos. A perspectiva de manutenção de preços elevados bem
como as pressões por melhores técnicas para produção de derivados mais limpos tem marcado
o ambiente de investimentos na indústria petroleira, com desafios significativos no campo
tecnológico. A Indústria Metal Mecânica apresentou no período grande potencial de
articulação com micro e pequenas empresas, particularmente em serviços de tornearia, solda
especializada, logística, serviços de alimentação e alojamento, dentre outros. Ressalta-se,
ainda, que estiveram em operação duas grandes empresas fornecedoras da cadeia de Óleo e
Gás (O&G) que, em conjunto com empresas de médio e pequeno porte, atenderam ao setor
Sucroenergético e as demandas de SUAPE, assim como as empresas alagoanas de químicos,
fertilizantes e da indústria de mineração (pedreiras). Tais empresas atuam na fabricação de
máquinas e equipamentos, veículos automotores e equipamentos de transporte.
Mesmo após sofrer intensamente os efeitos da crise mundial, o segundo colocado no
ranking do indicador de competitividade geral é a Indústria Sucroenergética, em razão da
estratégia de recuperação da produtividade de suas usinas e dos investimentos em capacitação
com projeções para o cenário futuro que até 2014 esteve preservado dos efeitos negativos das
crises interna e externa. Por fim, não menos importante para explicação do indíce desse setor
são o reduzido grau de integração produtiva, débeis redes cooperativas horizontais, formação
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insuficiente de mão-de-obra qualificada e técnicas de gestão inadequadas utilizadas pelas
empresas.
Ainda que a mais importante empresa da Indústria Química tenha aproveitado as
oportunidades de crescimento por meio de políticas econômicas durante a crise econômica,
além do foco na manutenção da sua eficiência operacional, não se verificou uma recuperação
da atividade no acumulado do ano à medida que recuou (-32,36%) em 2011. Destaca-se que a
forte retração do consumo doméstico e internacional levou a empresa em 2013 e 2014 a
operar suas fábricas com 70% de sua capacidade instalada e realizar paradas preventivas para
manutenção que tinham objetivo a equalização dos níveis de estoques.
GRÁFICO 01 – GRAU DE COMPETITIVIDADE 2012 - 2014
Fonte: Núcleo de Pesquisa do IEL/AL
O setor Produtos Plásticos e Borracha, que ocupa o terceiro lugar no ranking geral do
índice, é o quarto maior peso na indústria de transformação de Alagoas. Nos últimos cinco
anos e meio, 62 novas indústrias chegaram a Alagoas e há previsão para a vinda de mais
outros empreendimentos de grande porte. O destaque tem sido a Cadeia Produtiva da Química
e do Plástico de Alagoas, que entre 2007 e 2012 recebeu investimentos da ordem de R$ 2,3
bilhões, como mais de 30 novas empresas, gerando 5.346 empregos diretos.
Nesse interim, ocorreram movimentos estratégicos, os quais dinamizaram segmentos
como a planta de PVC da Braskem, da Krona Tubos e Conexões, e da Renove, que trabalha
com a reciclagem de resíduos agroindustriais, como bagaço da cana e cascas de coco e Tubos
e Conexões Tigre. Nessa direção, além da perspectiva da construção das plantas da Amanco,
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existe o potencial de crescimento de alguns empreendimentos como a TimacAgro, da Alagoas
Pré-Moldados e da Clodax.
5. Considerações Finais
O estudo de Indicadores de Competitividade Industrial foi realizada no triênio 2012,
2013 e 2014 junto a 100 empresas pertencentes a 14 setores. Os dados revelaram que os
indicadores de Eficiência e Desempenho apresentaram índices acima aos de Capacitação. Por
sua vez, os resultados do estudo registraram ainda redução, em larga medida justificada pela
redução das exportações.
Do ponto de vista dos objetivos específicos, o estudou revelou que outro aspecto a ser
destacado diz respeito ao insuficiente esforço inovativo da indústria. Os produtos novos,
lançados nos últimos anos, respondem ainda por um percentual pequeno do faturamento das
empresas. Cabe ressaltar, todavia, que o grau de competitividade dos setores que ficaram
abaixo da média do índice está associado às mudanças nos padrões de concorrência, derivadas
do surgimento de novas fontes de competitividade e da perda de importância das vantagens
competitivas tradicionais, como as baseadas nas disponibilidades de recursos naturais ou mão
de obra barata, que levou a mudanças estruturais, principalmente, no setor de mecânica,
De forma semelhante a um estudo anterior (2008-2010), a partir dos dados
apresentados pode-se compreender que o padrão competitivo da indústria alagoana continua
pouco diversificado, mesmo considerando a expansão na margem verificada no indicador de
competitividade da edição anterior. No entanto, a maior parte dos segmentos continua
apresentando baixas condições relacionadas a inovação, diversificação de produtos,
verticalização, especialização em bens de maior sofisticação tecnológica, além do reduzido
nível de produtividade do trabalho comparado aos padrões de mercado desses setores.
Outro aspecto a ser destacado, diz respeito ao insuficiente esforço inovativo da
indústria. Os produtos novos, lançados nos últimos anos, respondem ainda um percentual
pequeno do faturamento das empresas. Cabe ressaltar, todavia, que o grau de competitividade
dos setores que ficaram abaixo da média do índice de competitividade está associado às
mudanças nos padrões de concorrência, derivadas do surgimento de novas fontes de
competitividade e da perda de importância das vantagens competitivas tradicionais, como as
baseadas nas disponibilidades de recursos naturais ou mão-de-obra barata, que levou a
mudanças estruturais, principal- mente, no setor de mecânica.
Em síntese, existem iniciativas nos segmentos Químico e Sucroalcooleiro que
denotam maior esforço no tocante à inovação tecnológica. Em perspectiva, pontua-se que a
estratégia mais adequada para ampliar a competitividade dos demais segmentos industriais
passa, portanto, pela estruturação de vínculos entre agentes produtivos, sociedade e
instituições. É imprescindível para que a indústria local possa alcançar maiores níveis de
competitividade à inserção em outros mercados em níveis regional, nacional e internacional.
Por fim, os indicadores de competividade da indústria alagoana apresentados nesse estudo
configuram um quadro de redução para desempenho e eficiência e relativa estabilidade para
capacitação no período de 2012-2014.
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