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Santa Maria - RS, 30 de julho a 03 de agosto de 2017.
SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural
DESAFIOS NA GESTÃO DE COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO
GRANDE DO SUL
CHALLENGES IN THE MANAGEMENT OF AGRICULTURAL COOPERATIVES
OF RIO GRANDE DO SUL
Janaína Balk Brandão; Universidade Federal de Santa Maria;
janainabalkbrandã[email protected]
Raquel Breitenbach; Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande
do Sul; [email protected]
Jossiane Ortiz Silva; Universidade Federal de Santa Maria; [email protected]
Grupo de Pesquisa: Cooperativismo e Associativismo no Meio Rural
Resumo
Objetivou-se com esta pesquisa identificar e analisar as principais dificuldades encontradas na
gestão das cooperativas do agronegócio no Rio Grande do Sul (RS). Especificamente, buscou-
se identificar a participação dos sócios nas decisões em cooperativas agropecuárias
localizadas no estado do RS; estabelecer tipologias para os desafios verificados, servindo
como suporte para que outras organizações cooperativas identifiquem os seus problemas e
avancem na solução dos mesmos. Este estudo multicaso foi realizado em dez cooperativas
agropecuárias, através de entrevistas semi-estruturadas com os respectivos gerentes no ano de
2016. Destacam-se como gargalos da gestão destas organizações: a) as cooperativas
necessitam e não estão preparadas para competir no mercado com outras empresas do setor;
b) baixa participação dos cooperados nos processos gerenciais e tomadas de decisão das
cooperativas, os quais se eximem da responsabilidade de co-gerenciar a organização; c)
comportamento oportunista dos associados. Foram elencadas características e desafios para a
participação dos sócios nas decisões das cooperativas agropecuárias do RS, quais sejam:
baixo esforço da direção e gerência em envolvê-los e responsabilizá-los pela organização;
essa auto isenção indica o desinteresse em visualizar a organização como sua propriedade; ao
não opinar e se envolver, também não se responsabilizarem pelo que acontece. Já como
tipologias para os desafios verificados na gestão das cooperativas agropecuárias gaúchas,
foram definidas: Políticos e institucionais; Comportamentais; Técnico-Administrativos.
Palavras-chave: Políticos e institucionais; Comportamentais; Técnico-Administrativos
Abstract
The objective of this research was to identify and analyze the main difficulties encountered in
the management of agribusiness cooperatives in Rio Grande do Sul (RS). Specifically, we
sought to identify the participation of members in decisions in agricultural cooperatives
located in the state of RS; To establish typologies for the challenges faced, serving as a
support for other cooperative organizations to identify their problems and advance in their
solution. This multicaso study was carried out in ten agricultural cooperatives, through semi-
structured interviews with the respective managers in the year 2016. They stand out as
bottlenecks of the management of these organizations: a) cooperatives need and are not
prepared to compete in the market with other Companies in the sector; B) low participation
of the cooperative in the managerial and decision-making processes of the cooperatives,
which exempt themselves from the responsibility of co-managing the organization; C)
opportunistic behavior of members. Characteristics and challenges for the participation of
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members in the decisions of the agricultural cooperatives of RS were listed, namely: low
management and management effort to involve them and hold them accountable for the
organization; This self-exemption indicates the lack of interest in viewing the organization as
its property; By not opining and getting involved, also do not take responsibility for what
happens. Already as typologies for the challenges verified in the management of gaucho
agricultural cooperatives, were defined: Political and institutional; Behavioral; Technical-
Administrative.
Key words: Political and institutional; Behavioral; Technical-Administrative
1. Introdução
Seja no campo ou na cidade, o cooperativismo tem se mostrado um mecanismo
relevante para o desenvolvimento no campo econômico e social de inúmeras pessoas pelo
mundo (SANTOS, 2015). Foi esta uma forma de organização que os indivíduos encontraram
para melhorar suas condições de vida (GAIGER, 2013).
Mesmo diante dos benefícios que uma organização cooperativa pode propiciar para a
sociedade moderna, são diversos os desafios para a operacionalização da mesma, incluindo:
debilidades econômicas, sociais e até políticas que podem acarretar a falta de competitividade
e ainda a complexidade gerencial (MOREIRA et all, 2012). Cita-se como exemplo, a falta de
confiança consequente da ausência de transparência no relacionamento entre a cooperativa e
os associados, o que pode resultar em instabilidade nas relações.
A sobrevivência da cooperativa num ambiente globalizado e competitivo, está
condicionada à sua capacidade de equalizar as políticas sociais e a eficiência econômica
(SANTOS, 2015). Em muitos países da Europa e dos Estados Unidos as cooperativas
agropecuárias utilizam modelos de governança corporativa que desvinculam os proprietários
das decisões de gestão (COSTA et al, 2012).
Já no Brasil, a gestão das cooperativas agropecuárias, via de regra, se dá através da
ação e/ou decisão dos próprios associados, instituídos dos de Conselheiros de Administração.
Em um número bem menor, existem as cooperativas que conseguem contratar
administradores, gerentes ou mesmo criar comitês gestores para auxiliar na tomada de
decisões (SANTOS, 2015). São notórios os desafios quanto à gestão dessas cooperativas,
como garantir os volumes, fluxo de caixa, conhecimento, etc. (FAO, 2013).
Segundo o relatório do SESCOOP/RS (2016) o número de cooperativas gaúchas no
ano de 2015 foi de 434, e o número de associados cerca de 2,7 milhões, e o estado tem 20,5%
do quadro de associados do país. O Rio Grande do Sul (RS) é o segundo estado com maior
adesão da população ao cooperativismo, e o setor agropecuário combinado com os ramos de
crédito e saúde somam 65% das cooperativas do RS. Dentre os treze ramos do
cooperativismo, mais de três quartos dos associados estão ligados a cooperativas de pequeno e
médio porte. No ano de 2015 as cooperativas gaúchas faturaram 36,1 bilhões, sendo o
agronegócio responsável por 22,1 bilhões. Em 2016 o faturamento teve um aumento de
11,3%.
No primeiro semestre de 2015, as exportações gaúchas do agronegócio totalizaram
US$ 5,4 bilhões, apresentando queda de 6,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O Rio Grande do Sul em 2016 ficou responsável por 12,99% da exportação do agronegócio
brasileiro, um pouco abaixo do que foi exportado em 2015 (13,18%), mas permaneceu na
quarta posição (MAPA, 2016).
Tradicionalmente as cooperativas têm participação importante nesse setor,
especialmente na venda de insumos para a produção agropecuária e compra da matéria prima
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(commodities) dos agricultores. Porém, espaços antes ocupados quase exclusivamente por
elas, passam a ser concorrenciais e exigir posicionamentos estratégicos.
Diante dos desafios dos mercados competitivos atuais que impactam na eficiência das
cooperativas, objetiva-se com esta pesquisa identificar e analisar as principais dificuldades
encontradas na gestão das cooperativas do agronegócio no RS. Especificamente, objetiva-se
identificar os desafios para a participação dos sócios nas decisões em cooperativas
agropecuárias localizadas no estado do RS; estabelecer tipologias para os desafios verificados,
servindo como suporte para que outras organizações cooperativas identifiquem os seus
problemas e avancem na solução dos mesmos.
2. Cooperativas: complexa forma organizacional
Inicialmente, é necessário compreender o que é uma cooperativa. Segundo
Bialoskorski (1999, p. 09), “a cooperativa é um empreendimento diferente das empresas
encontradas na economia e que visam a resultados e lucros”. Este empreendimento não
comporta a idéia de uma propriedade privada, mas sim de uma co-propriedade privada e
comum que não tem o objetivo de geração de lucros, e sim o intuito de oferecer condições
para que cada uma das unidades autônomas associadas ao empreendimento possa estabelecer-
se eficientemente nos mercados (ILHA, 2006).
Conforme cita o Manual de Cooperativas (2001) a administração da sociedade
cooperativa, é regida pelo princípio assembleia. Daí decorre que a assembléia-geral é o órgão
máximo de administração da sociedade e decisão dos negócios sociais. As assembléias
poderão ser ordinárias ou extraordinárias, conforme matéria que lhes incumbe decidir. A
assembléia-geral extraordinária será realizada sempre que se faça necessária e poderá
deliberar sobre qualquer assunto de interesse da sociedade, desde que mencionado no edital
de convocação. Executivamente, a sociedade cooperativa é administrada por uma diretoria ou
por um conselho de administração, conforme determinar seu estatuto social. Poderão compor
a diretoria ou o conselho de administração exclusivamente associados eleitos na assembléia-
geral, cujo mandato será de no máximo 4 (quatro) anos. É obrigatória a renovação mínima de
1/3 (um terço) do conselho de administração, ao termo de cada mandato, regra esta elencada
na citada Lei nº 5.764/71, e aplicável, também, à diretoria.
O apoio ao cooperativismo, conforme mencionado pela Lei 5.764/71, ocorre
preponderantemente por meio de assistência técnica e de incentivos financeiros e creditórios
especiais, necessários à criação, ao desenvolvimento à integração das entidades cooperativas
e, no aspecto tributário, as cooperativas têm algumas especificidades que as isentam de
determinados tributos, por serem organizações que não objetivam o lucro (GUIMARÃES et.
al, 2015).
O empreendimento cooperativista é uma forma organizacional que propicia uma série
de vantagens, tanto para produtores rurais como para a sociedade em que o empreendimento
se localiza (ILHA, 2006). Para Ilha (2006) isso decorre da forma de gestão organizacional das
cooperativas, que permite maior distribuição de renda e resultados, e do fato da cooperativa
ser um agente que consegue estabelecer níveis mais favoráveis de preços para os produtores
associados. Além desses benefícios de renda, e pela melhor relação de preços, a forma
organizacional da cooperativa apresenta a vantagem de propiciar melhor coordenação de todo
um sistema agroindustrial, visto que:
[...] a competitividade ganhou o centro das atenções devido à crescente integração dos
mercados. Neste contexto, a regulamentação dos negócios privados e as políticas de
concorrência passam a ter um novo papel: promover a cooperação e, ao mesmo tempo,
estimular a concorrência. As proposições normativas para regulamentação continuam a se
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basear na presença de falhas de mercado que podem levar a um nível de competitividade
inferior quando comparado a uma solução cooperativa (FARINA, 1997, p. 158).
A organização de produtores por meio de cooperativas é uma forma encontrada por
muitos agricultores e pecuaristas para seu fortalecimento, por propiciar negociação de preços
melhores na aquisição de insumos e na venda de produtos, além de maior facilidade de acesso
ao crédito e à assistência técnica, que individualmente (GUIMARÃES et. al, 2015).
Entretanto, a abertura comercial, a partir da década de 1990, atingiu muitas cooperativas do
setor agropecuário. Nesse cenário, algumas se endividaram ou entraram em insolvência.
Outras modernizaram sua gestão e sobreviveram ao ambiente competitivo acirrado
(GUIMARÃES et. al, 2015).
2.1 Gestão em cooperativas
O termo gestão pode ser definido como o gerenciamento do conjunto de ações e
estratégias nas organizações, de maneira ampla, visando alcançar os objetivos (ALMEIDA,
2008). Da mesma, forma, também ser definida como uma série de atividades executadas
regularmente com a finalidade de gerir uma organização, de acordo com os padrões de
trabalho, ou seja, gestão é tudo que é planejado e executado em uma organização (ZARDO,
2005).
Entretanto, cabe uma ressalva no que tange a gestão de cooperativas: o fato de a
cooperativa ser gerida pelos próprios associados, que são os donos do negócio, não impede
que haja conflitos e interesses próprios. Prova disso são as notícias de jornais sobre
cooperativas que relatam casos de lideranças afastadas por fraude ou, simplesmente, que
fecharam suas portas por incapacidade administrativa de gerir o seu negócio (SIMIONI et. al.,
2009). [...] Nesses empreendimentos: o funcionamento possui como premissa a
propriedade social dos meios de produção, sendo vedada a apropriação individual
desses meios ou sua alienação particular; o controle e o poder de decisão pertencem
de forma paritária à associação dos trabalhadores; a gestão é determinada pelo
conjunto dos trabalhadores, que organizam o processo produtivo, operam as
estratégias econômicas e decidem sobre destino do excedente produzido [...]
(VASCONCELOS, 2007 p. 269).
Para Guimarães et. al (2015) em relação a mercado, as cooperativas concorrem com
empresas de um modo geral. O diferencial constitutivo, os princípios doutrinários e as normas
de funcionamento podem, em determinados momentos, constituir vantagem ou desvantagem
competitiva. O fato de uma empresa ser do tipo cooperativa não significa, por si só, vantagem,
pois esta deve estar alicerçada nas formas de interação com os clientes (cooperados e mercado
em geral) e não simplesmente nas leis ou normas (AMARAL, 2011).
Brandão, Breitenbach e Dalpra (2017) alertam que complexidade na gestão de
cooperativas se dá porque além de manter a sustentabilidade econômica as cooperativas
possuem o dever de promover o desenvolvimento de seus associados, incluindo os benefícios
sociais e manutenção das relações sociais baseadas nos valores de solidariedade e autoajuda
(SANTOS, 2015). Conforme Alves (2015) as cooperativas têm uma finalidade mutualista,
dado que seu objeto é centrado na satisfação das necessidades de seus membros, sendo que as
cooperativas estão formadas por pessoas que querem cooperar entre sí, mais especificamente,
que querem vender, trabalhar, consumir ou prestar serviços conjuntamente. Ou seja, há uma
dualidade na essência da no que diz respeito as atividades da cooperativa, que está
íntimamente relacionado com a consecução do objeto social que não têm como principal a
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obtenção de benefícios distribuíveis, como as empresas mercantis, mas que buscam resultados
através do esforço próprio e a ajuda mútua, mas ainda assim, necessita para sua manutenção
de resultados econômicos positivos (ALVES, 2015).
Para Santos (2015) o ponto central é o seguinte: como essas cooperativas conseguirão
sobreviver num espaço em que a velocidade de informação e a competição são os pilares
fundamentais frente ao mercado, sendo que, ao mesmo tempo, elas precisam beneficiar
socialmente seus cooperados? Neste sentido, o cooperativismo apresenta-se como um desafio
na contemporaneidade, pois as pessoas estão cada vez mais individualistas, procurando na
maioria das vezes, soluções tecnológicas para os problemas, buscando aumentar a produção,
deixando o ser humano em segundo plano (ROSSÈS, et. al, 2015).
Para Opuszka (2007) a gestão democrática por parte dos sócios tem em vista a
participação dos cooperados de todas as discussões e deliberações realizadas na Cooperativa
sob pena de não funcionar o empreendimento por ausência de democracia. Assim, a
democracia estaria na essência do Cooperativismo. Além disso, uma característica bastante
peculiar das cooperativas é o fato de que cada homem represente um voto, independente das
cotas que possua. Este é um princípio de matiz socialista, visto que não interessa o poder
econômico, mas, a pessoa do cooperado, que tem o voto de igual valor do que qualquer outro.
A participação econômica dos sócios diz respeito a divisão dos dividendos e dos lucros da
cooperativa. Este princípio faz com que o trabalhador divida tanto os benefícios e os prejuízos
da autonomia no mercado (OPUSZKA, 2007)
A questão se complexifica porque autonomia e independência são características
liberais, típicas de empresas, mas, para conscientização do trabalhador depois da formação de
um contraponto ao modelo econômico vigente, a sua autonomia, bem como a liberdade em
relação ao Estado, se faz necessária para própria sobrevivência da cooperativa sem a
necessidade submissão institucionalizada (OPUSZKA, 2007).
A raiz contraditória das cooperativas dá origem ao aprisionamento dos princípios à
lógica capitalista, aos moldes do que acontece com os direitos protegidos pelo Código Civil.
A positividade suprimida dos princípios é aquela que favorece o interesse do capital, neste
caso, do sujeito de direito do cooperativismo, que se afirma a partir das legislações atuais, no
agronegócio (OPUSZKA, 2007).
Segundo os manuais da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), a gestão, a
administração empresarial e a competitividade devem estar inseridas nas metas das
cooperativas. O discurso empresarial está impregnado no cooperativismo, de forma que não
se vislumbra mais a possibilidade de gestão democrática (OPUSZKA, 2007). Para o autor, o
próprio modelo de gerenciamento, bem como, a divisão das funções, baseadas em realização
de tarefas hierarquicamente designadas, deixam para as assembléias um papel de mera
ratificação de decisões de diretoria. Todavia, os vínculos com os princípios internacionais da
ACI continuam relevantes porque dão legitimidade ao movimento, ainda que na prática, não
se pratique o cooperativismo genuíno (OPUSZKA, 2007).
Conforme a Confederação das Cooperativas do Brasil muitos debates têm-se
verificado no sentido de buscar modelos organizacionais às cooperativas no mundo inteiro e
no Brasil. No Brasil as características apresentadas, frutos desses desdobramentos resultaram
nas seguintes propostas que imprimem uma tendência de modificação nos padrões de
governança do cooperativismo que inclui importantes aspectos a serem considerados como
(OCB, 2004): intensificação da necessária separação entre propriedade e controle, por meio
de profissionalização da gestão; • conselho de administração com o novo papel de garantir o
cumprimento do planejamento estratégico e das funções sociais da cooperativa; • incremento
das funções do conselho fiscal, assumindo este monitoramento e orientando auditorias
periódicas na cooperativa com o auxílio de profissionais experientes; • ajuste nas relações de
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contrato entre associados e a cooperativa de forma a possibilitar novos padrões de fidelidade e
de cooperação; • modificação dos direitos de propriedade no “inside” da empresa, permitindo
as transações e transferências de direitos de propriedade (quotas-partes) e fazendo com que o
direito aos resultados da empresa, por parte dos cooperados, seja nítido e transparente; •
mudança do ambiente institucional de forma a propiciar uma distinta organização de auditoria
e monitoramento do próprio sistema para garantir a eficiência econômica e a eficácia social
das cooperativas; • ajuste de legislação, a fim de permitir uma nova relação entre os fatores de
produção capital e trabalho nos empreendimentos cooperativados, levando a sua abertura de
capital; • manutenção dos princípios doutrinários de democracia, de igualdade (como “cada
homem, um único voto”), fraternidade e solidariedade, mantendo a cooperativa como um
empreendimento de objetivos, contemplando não só os índices financeiros, mas também os
desempenhos nos mercados e social da empresa cooperativa. Essas transformações
conduzidas a bom termo, propiciariam às cooperativas condições suficientes para que
pudessem caminhar no sentido de programar as alianças tão necessárias à busca de novas
estratégias a jusante e a montante da cadeia de produção.
Em contrapartida, o movimento cooperativista mundial, e, por conseqüência nas
comunidades onde se instala, pode contribuir na solução de conflitos gerados pela
necessidade de estabilidade econômica através de trabalho e empregos seguros, de moradia,
de acesso ao crédito em melhores e mais fáceis condições, de acesso a produtos de consumo
por melhores preços e outras condições, etc. Enfim, garante que por este caminho os governos
podem encontrar alternativas seguras para preencher as lacunas do mercado como um todo,
além de propiciar a inclusão social e eliminar uma série de conflitos decorrentes das
necessidades humanas (CEMZI, 2007).
Atualmente entre os cooperativistas, uma nítida tendência a deixar de lado a cultura e
as idéias em nome dos negócios, mas é bom lembrar que qualquer organização ou instituição
baseia-se, antes de qualquer coisa, nas idéias e convicções de seus próprios membros. É
preciso, portanto, que estejam bem claras as noções fundamentais que sustentam o
cooperativismo, pois será em função delas, que se orientará qualquer atividade. Por isso, cada
vez mais a competitividade passa pelo necessário esforço doméstico da organização da
cooperativa como agente sociocultural para incrementar, de forma crescente, a produtividade
das atividades de seus cooperados (ILHA, 2006). As cooperativas necessitam desempenhar
este papel de canalizadoras dos esforços contínuos na busca de sustentar os relacionamentos
de integração entre cooperados-cooperativa, cooperativas-cooperativas, cooperativas-centrais
visto que, os modelos de integração do passado devem ser retomados como algo novo para a
sustentabilidade do desenvolvimento regional-local (ILHA, 2006).
Aprofundando o debate Ilha (2006) garante que apesar de existirem instrumentos que
contribuiriam em muito com as práticas organizacionais mais adequadas à realidade
institucional e às regras do jogo econômico(gestão estratégica conjunta, nova arquitetura
organizacional das cooperativas, etc), essas propostas, ainda estão longe de serem praticadas
pelas cooperativas, por duas razões básicas: a primeira razão é de ordem do “status quo”, de
fortes lideranças que poderiam ver ameaçadas as suas posições diretivas e, a segunda é de
ordem institucional, cultural, ideológica e do ordenamento jurídico das cooperativas.
Observa-se que as cooperativas são uma forma de sociedade que conjuga tradição e
modernidade, em que coexistem organizações muito diferentes, que variam de importância
conforme a região que estão inseridas. Salienta ainda que a importância das cooperativas não
pode limitar-se só ao seu peso econômico depende também de sua dimensão social e cultural,
está historicamente ligada ao desenvolvimento local e a luta contra o desemprego. As técnicas
de funcionamento, deste tipo de „empresa‟ destaca Garcia (1981) se baseiam nos princípios da
solidariedade e de participação dos membros, usuários e consumidores.
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2.2 Relações e transações no ambiente organizacional e institucional
A Economia dos Custos de Transação (ECT) tem o oportunismo como um pressuposto
comportamental que está presente nas transações. Além disto, define esse comportamento
como a busca do interesse próprio com malícia, que é resultante da presença de assimetrias de
informação e racionalidade limitada, que originam problemas de risco moral e seleção adversa
(WILLIAMSON, 1985).
Além disso, destaca-se a existência do oportunismo ex-ante e ex-post, que são ações
de manipulação ou ocultamento de intenções e/ou informações, as quais objetivam receber
lucros que alterem a configuração inicial do contrato. Tais ações podem gerar conflitos nas
relações contratuais que regem as transações entre os agentes econômicos nos mercados
(WILLIAMSON, 1985).
Cabe ainda destacar a diferença do oportunismo para a busca de oportunidades de
mercado. Enquanto a busca por oportunidades de mercado é uma habilidade por parte de um
agente de identificar e explorar as possibilidades de ganho oferecidas pelo ambiente, o
oportunismo está fundamentalmente anexo à manipulação de assimetrias de informação,
visando apropriação de fluxos de lucros (FIANI, 2002).
Problemas gerados na execução de transações contratadas são reconhecidamente uma
forma de oportunismo. São visualizados, exemplificando, quando uma empresa fornecedora
de insumos a um preço fixo, restringe o nível de qualidade para diminuir custos. Tal
oportunismo é manifesto como problema moral (moral hazard) (FIANI, 2002). Esse tipo de
oportunismo ocorre especialmente nas circunstâncias que um participante do mercado não
pode observar as ações do outro, de modo que esse último pode tentar maximizar sua
utilidade valendo-se de falhas ou omissões contratuais. A presença do risco moral deixa
lacunas para que uma das partes da transação possa adotar atitudes que afetam a avaliação do
valor do negócio por parte dos outros agentes envolvidos (POSSAS, FAGUNDES e PONDÉ,
1998).
3. Procedimentos Metodológicos
Este trabalho consiste em um Estudo Multicaso (Yin, 2001) realizado em dez
cooperativas agropecuárias no estado do Rio Grande do Sul, através de entrevistas semi-
estruturadas com os respectivos gerentes das cooperativas ao longo do ano de 2016.
As cooperativas agropecuárias foram eleitas porque têm um papel importante na
melhoria da distribuição de renda na área rural, já que agregam valor aos produtos agrícolas e
normalmente ampliam o poder de barganha do produtor em mercados imperfeitos
(GIMENES, GOZER e GOZER, 2008).
O recorte dado foi relativo ao estado do Rio Grande do Sul (RS), conforme Figura 1.
Desta forma, as dez cooperativas apresentadas neste estudo foram eleitas por sua importância
no ramo agropecuário, por industrializarem e comercializarem diversos produtos, mas
também, devido a facilidade de acesso por parte dos pesquisadores, já que foram as que se
propuseram a participar da pesquisa.
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Figura 1: Localização geográfica das cooperativas agropecuárias gaúchas estudadas
pesquisadas.
Fonte: Elaborado pelas autoras através do QGIS
1
Como instrumento de pesquisa foi adotado um questionário com perguntas abertas,
dividido em quatro partes, cada qual contemplando questões relacionadas, quais sejam:
a) Características gerais: 1.Estrutura Organizacional; 2.Como se uniram os primeiros
cooperados; 3.Os cooperados do início do empreendimento permanecem até hoje; 4.Quais as
características dos atuais cooperados; 5.Como são admitidos os novos cooperados; 6.Quais os
direitos do cooperado que sai do empreendimento; 7.A cooperativa conta com parcerias com
empresas privadas; 8.Quais os benefícios (assistência médica, INSS, farmácia, alimentação).
b) Informações sobre mercado: 1. Quais ramos de negócio a cooperativa possui; 2.Que
produtos recebe; 3.Quais produtos industrializa; 4.No mercado interno, que canais de
comercialização utiliza (venda direta, varejo, mercado institucional, etc.); 5.Exporta; 6.Há
pagamento diferenciado por produto?
c) Tomada de decisão 1. Qual a periodicidade das reuniões entre a diretoria; 2. Quem participa
(só cooperados); 3. Quando a totalidade dos sócios é chamada para a tomada de decisões; 4.
Quais os assuntos discutidos; 5. Como são resolvidos os problemas; 6. A quem cabe a decisão
final e 7. Como é o processo para a eleição da diretoria e qual a periodicidade.
d) Forma de gestão 1. Quais as dificuldades enfrentadas em relação: gestão de modo geral
(funcionários, processos, tecnologias, etc); 2. Participação dos cooperados nas assembléias; 3.
Parceria com órgãos públicos (estado, prefeitura); 4. Venda dos produtos (mercado); 5.
Concorrência; 6. Espaço físico; 7. Manutenção e funcionamento de máquinas e equipamentos;
8. Relações interpessoais; 9. Recebimento de matéria prima; 10. Comportamento oportunista
dos associados; 11. Qualificação dos funcionários; 12. Questões culturais dos associados e 13.
Dificuldades com a comunidade em geral.
1 QGIS- software livre, multiplataforma de sistema de georreferenciamento. Disponível em<
http://qgis.org/en/site/about/index.html>
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O questionário foi aplicado nos meses de maio a novembro de 2016, tendo respondido
um responsável pela gestão (gerente e/ou diretor) ou representante que estivesse apto a
fornecer as informações necessárias.
As cooperativas pesquisadas estão caracterizadas no Quadro 1 e serão doravante
denominadas pelos nomes dos respectivos municípios os quais pertencem.
Quadro 1: Caracterização das cooperativas do RS pesquisadas. Cooperativa/
Localização
Ano de
Fundação
Nº
Sócios
Nº
Funcionários Ramos de Negócio
1 Ibirubá 2000 850 20 Recebimento de leite, grãos, hortigranjeiros, crédito
rural.
2 Jaguari 1957 120 48
Estoque de grãos, venda de ração fabricada na
cooperativa e de produtos rurais na agropecuária
junto à cooperativa.
3 Nova Palma 1963 5212 449
Recebimento, armazenagem e comercialização de
cereais, insumos (fertilizantes, defensivos, sementes),
beneficiamento de feijão, engenho de arroz, moinho
de trigo, fábrica de rações, posto de recebimento de
leite, supermercados, agropecuárias, magazine e
autocenter e loja de eletroeletrônicos.
4 Piratini 1995 53 53
Produção agropecuária (setor primário),
industrialização (setor secundário) de leite e
comércio (setor terciário).
5 Rosário do
Sul 1952 549 72
Secagem, armazenagem (geram renda) e
beneficiamento de grãos.
6 Santa Maria 2006 151 04
Hortaliças, comercialização institucional de leite e
bebida láctea, farinha de milho e suco de uva
processados pelos associados.
7 São Pedro do
Sul 1967 5800 46
Comércio de grãos, comércio de implementos e
insumos agrícolas.
8 Toropi 1 1964 3500 92
Comercialização de grãos, leite in natura, insumos
agrícolas, supermercado, beneficiamento de arroz e
fábrica de rações.
9 Toropi 2 2014 20 20 Compra e venda de milho com o beneficiamento do
mesmo, compra e venda de arroz e azevém.
10 Uruguaiana 1949 132 42 Secagem e armazenagem de arroz.
Na sequência destaca-se que os dados foram analisados qualitativamente de forma
descritiva, tendo como base a sua compilação que foi disposta de acordo com a sequência do
questionário. A análise evoluiu no sentido de responder os objetivos da pesquisa e separar os
dados observados em grupos por semelhanças, especialmente no que se refere às dificuldades
enfrentadas na gestão de cooperativas. Tal distinção permitiu criar tipologias que agrupassem
os diferentes tipos de dificuldades.
4. Resultados e Discussão
4.1 Desafios gerenciais das cooperativas agropecuárias gaúchas: processo decisório e
participação dos sócios
A presente seção visa apresentar e discutir os resultados da pesquisa realizada com as
cooperativas agropecuárias do RS. Busca-se apresentar o cenário de gestão da cooperativa e
como se dá a participação dos cooperados, visando identificar os principais desafios
gerenciais das cooperativas na atualidade.
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O Quadro 2 apresenta as primeiras características observadas em nível de gestão
cooperativa, ao passo que traz dados acerca da principal forma de decisão em cooperativas, as
reuniões e/ou assembleias, bem como, contrasta a realidade das cooperativas no que se refere
a quem participa das reuniões, periodicidades destas e comprometimento dos
sócios/cooperados em participar e se envolver das assembléias e decisões da organização.
Quadro 2: Periodicidade com que acontecem as reuniões de diretoria nas cooperativas
pesquisadas no RS
Cooperativa
Periodicidade
das reuniões
da diretoria
Participantes das reuniões
de diretoria
Periodicidade
das eleições
de Direção
Situação em que os
sócios são chamados
1 Ibirubá Reuniões
mensais.
Os cooperados são chamados
para participar.
Eleições a
cada três anos. Somente nas assembleias.
2 Jaguari Reuniões
mensais.
Participação da equipe diretiva
(direção, conselhos, gerente
administrativo, secretária).
Eleições a
cada quatro
anos.
Quando a cooperativa
deve tomar uma decisão.
3 Nova Palma Reuniões
mensais.
Participação da equipe diretiva
(direção, conselhos, gerente
administrativo, secretária).
Eleições a
cada dois
anos.
Anualmente nas
assembleias ou sempre
que houver uma decisão
sobre investimentos.
4 Piratini
Sem
periodicidade
definida.
Os cooperados são chamados
para participar.
Eleições a
cada dois
anos.
Todos são chamados em
todas as reuniões e
assembleias, assim como
para tomada de decisões.
5 Rosário do
Sul
Reuniões
mensais.
Participação da equipe diretiva
(direção, conselhos, gerente
administrativo, secretária).
Eleições a
cada três anos.
Somente nas assembleias
(porém nem sempre
comparecem).
6 Santa Maria
Em média a
cada três
meses.
São convidados cooperados e
envolvidos com o programa
de extensão da cooperativa,
(ajuda na gestão).
Eleições a
cada três anos. Somente nas assembleias.
7 São Pedro do
Sul
Reuniões
mensais.
Participação da equipe diretiva
(direção, conselhos, gerente
administrativo, secretária).
Eleições a
cada três anos.
Uma vez ao ano na
assembleia geral ordinária.
8 Toropi 1 Reuniões
mensais.
Os cooperados são chamados
para participar.
Eleições a
cada três anos.
Anualmente para
aprovação das contas ou
extraordinariamente
quando necessário.
9 Toropi 2
Por período
das principais
atividades
produtivas da
região.
Os cooperados são chamados
para participar.
Eleições a
cada quatro
anos.
Todos são chamados em
todas as reuniões.
10 Uruguaiana Reuniões
mensais.
Participação da equipe diretiva
(direção, conselhos, gerente
administrativo, secretária) e
quando convocados o
contador, jurídico e o auditor.
Eleições a
cada três anos. Somente nas assembleias.
Observa-se que a maior parte das cooperativas organiza-se de forma que a direção faça
reuniões mensais; exatamente metade delas convida também os cooperados associados para
participarem das reuniões de direção, embora a participação destes seja quase nula nestas
ocasiões. Seis das dez cooperativas estudadas fazem novas eleições de direção a cada três
anos e as demais a cada quatro anos (duas delas) e a cada dois anos (duas delas).
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Fica evidente, portanto, que a participação ativa dos associados na organização é
esporádica e se dá, em média, uma vez ao ano. Tal participação ocorre ainda, muito mais
como ouvintes do que como tomadores de decisão.
A Figura 2 apresenta, nas palavras dos entrevistados, os principais gargalos apontados
pelas cooperativas estudadas no que se refere à participação dos cooperados na gestão das
mesmas.
Figura 2: Gargalos apontados pelas cooperativas agropecuárias do RS acerca da participação
dos cooperados na gestão das mesmas.
Jaguari Há dificuldades na participação da maioria dos cooperados
Nova Palma Participação nas assembleias é baixa; nas mini assembleias a participação é mais representativa, porém abaixo da expectativa.
Em Rosário do sul Ressalta-se o não comparecimento dos cooperados
Santa Maria Sempre houve bastante participação, mas na última só teve participação de 20% dos cooperados.
São Pedro do Sul
Em geral nas assembleias em torno de 35 associados, poucos comparecem.
Toropi1 A participação dos associados é muito fraca, com 3500 associados, participam das assembleias em torno de 80.
Toropi2 Não tem problemas porque quase sempre conta com a participação de todos.
UruguaianaNo enfrenta problemas ou dificuldade na participação de
associados.
Pro
blem
as n
a pa
rtic
ipaç
ão
Com relação ao quórum e participação dos cooperados nas assembleias, apenas três
cooperativas se mostraram satisfeitas (Ibirubá: participação considerada regular; Piratini
relatou que todos participam sempre; Toropi 2 não tem problemas porque quase sempre conta
com a participação de todos). Em 70% dos casos, portanto, as cooperativas têm problemas
diretamente relacionados à participação dos cooperados nas reuniões e tomadas de decisão,
indicando baixo comprometimento destes com a organização.
Entre as cooperativas que justificaram a baixa participação dos cooperados, citam-se
como principais justificativas: a confiança do associado na solidez da cooperativa; aspectos
culturais das regiões; falta de motivação em participar por não visualizarem nenhum benefício
direto nessa participação.
Constatou-se que nas assembleias realizadas pelas cooperativas, majoritariamente as
reuniões/assembléias são dedicadas para prestação de contas. Também são trabalhados alguns
temas como: apresentação dos relatórios atividades realizadas durante o ano pela gestão;
avaliação das atividades; programas futuros; assuntos gerais; destinação das sobras de
recursos financeiros; decisões sobre procedimentos operacionais e de investimentos; análise
das contas do ano pelo conselho fiscal; comercialização; políticas de recebimentos de
produtos; Programa de Aquisição de Alimentos-PAA; e eleição de diretores e conselheiros.
Sabe-se que a participação na Assembleia Geral é importante aos associados, pois é
nela que são tomadas as decisões mais imediatas e onde a decisão é exercida com a força da
lei. Ou seja, as decisões tomadas em assembléia devem ser respeitadas e cumpridas, desde
que não infrinjam a legislação. A Assembleia Geral possui cinco funções primordiais: a)
fundação da cooperativa; b) estabelecimento do estatuto e a eleição dos membros dos
conselhos de administração e fiscal; c) aprovação ou reforma do estatuto, regimento interno
e/ou semelhantes, para eleger ou preencher cargos nos conselhos de administração e fiscal da
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cooperativa; d) julgar violações do estatuto através de penalidades ou quando na tomada de
decisões sobre recursos dos sócios; e) decisões sobre os negócios da cooperativa. Toda a
assembleia deve ser regida dentro do estabelecido no estatuto da cooperativa e de acordo com
as leis que regem a cooperativa, fora disso todas as decisões que foram tomadas podem ser
canceladas e deve ser realizada uma nova assembleia para a tomada de decisões
(SESCOOP/MS, 2015).
Além destes aspectos discutidos, no cotidiano das cooperativas é comum surgirem
problemas, imprevistos, que demandam ações, muitas vezes, emergenciais no sentido de
solucioná-los. Tais aspectos foram analisados nessa pesquisa, já que estão diretamente
relacionados com a gestão das organizações e seus desafios. No Quadro 3 está resumido como
se dá decisão sobre a resolução dos problemas que surgem no decorrer do ano nas
cooperativas estudadas.
Quadro 3: Resolução dos problemas nas cooperativas agropecuárias do RS e participação dos
sócios e direção. Cooperativas Como são resolvidos os problemas Quem toma a decisão final
1 Ibirubá São resolvidos em nível de direção. Direção.
2 Jaguari Através de reunião e diretoria. Presidência em conjunto com o conselho.
3 Nova Palma
Em discussão com os responsáveis das áreas,
são analisados os problemas e levantadas
possíveis soluções, que depois de analisadas
são definidas as melhores estratégias.
Decisões do dia a dia são os gerentes das
áreas e os diretores e conselho de
administração; decisões mais relevantes na
assembleia geral.
4 Piratini
Todos de cada setor se reúnem e discutem
sobre as divergências, após decidem a melhor
forma para solucionar os problemas. A
divergência que tem na cooperativa é em
função da rotina diária de execução do
planejamento nos setores produtivos, e mesmo
assim surgiram idéias e sugestões, que
possibilitam resolver esse impasse.
As decisões acontecem a partir de
discussões nas instâncias (são os setores
que compõem a cooperativa) onde as
deliberações são tomadas e os
coordenadores de cada setor garantem sua
efetivação, após as decisões são
apresentadas aos diretores pelo coordenador
de cada setor.
5 Rosário do
Sul
Os gerentes resolvem os problemas através de
um colegiado.
As decisões são tomadas por consenso da
direção, uma das premissas da cooperativa.
6 Santa Maria
Os problemas imediatos e de menor dimensão
são resolvidos pelos diretores, quando há
problemas maiores, os sócios são contatados
por telefone, pois a cooperativa alega que é
difícil reunir todos para resolver problemas,
então coletas opiniões e a „maioria vence‟.
O presidente da cooperativa toma as
decisões finais depois de consultar os
sócios. Os diretores têm a liberdade de
tomar algumas decisões sem consultar o
presidente em casos de urgência (o
presidente não está sempre presente).
Sempre que isso acontece convoca-se uma
reunião e as decisões são apresentadas.
7 São Pedro do
Sul
Nas reuniões mensais são relatados todos os
problemas e há tentativa de consenso nas
decisões ou ocorre votação.
O presidente toma a decisão final.
8 Toropi 1 Através do voto na assembleia
A decisão final cabe à assembleia geral dos
associados, do conselho de administração
ou do presidente, dependendo do assunto.
9 Toropi 2 Por votação da ampla maioria. A maioria dos associados decide através de
votação em reuniões ou assembleias.
10 Uruguaiana
Tomadas pelo diretor presidente ou pelo
diretor secretário, que podem convocar os
conselheiros e decidirem com a maioria dos
votos; sempre observando a lei e o estatuto.
O presidente toma a decisão final.
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Constata-se que a decisão é, na maioria dos casos, tomada pela direção e/ou pelo
presidente. Apenas dois casos analisados apontam que reúnem a assembleia para discutir
problemas eventuais que surgem.
De modo geral, portanto, conclui-se que embora as organizações cooperativas tenham
como princípio a ampla participação dos sócios na tomada de decisões e na definição dos
rumos, quem gerencia e decide na prática é a equipe diretiva. Parte disso ocorre pela forma
que a direção conduz o processo, uma vez que mobilizar e reunir os sócios frequentemente ou
sempre que necessário pode ser uma ação complexa e difícil quando envolve um número alto
de cooperados. Mas isso ocorre, ainda e especialmente, pela isenção de participação dos
próprios agricultores associados, os quais não buscam conhecer e participar das ações
gerenciais da organização.
Segundo Crozier (1997) é um equívoco achar que o desejo de participação do
indivíduo vai estar sempre presente, independentemente da situação. Isso faz com que nem
sempre as pessoas que são parte de uma organização estejam dispostas a participar de seu
funcionamento, quando convidadas. O comportamento das pessoas tende a ocorrer da
seguinte forma: a) comportamento ambíguo, pois ao mesmo tempo que gostariam de
participar temem perder a autonomia; b) quando se fica afastado das decisões é mais fácil
resguardar a independência e integridade. Ao passo que coopera, está mais vulnerável às
pressões de superiores e colegas; c) o desejo de participar está relacionado com o nível de
confiança e sinceridade em relação aos demais , ou seja, tem a ver com as relações
interpessoais; d) a participação forçada, em que as pessoas não estão dispostas a se
responsabilizar, acaba sendo uma participação sem compromisso.
Como solução para a falta de participação, Crozier (1997) aponta a mudança na
estrutura ou a adoção de formas mais permissivas de administração.
4.2 O principal desafio gerencial: competitividade de mercado versus comportamento dos
associados
De modo geral, o comportamento oportunista é um pressuposto de todas as transações.
Tal comportamento pode ser esperado de todos os agentes envolvidos (no caso, cooperativas e
cooperados). Porém, a presente pesquisa analisou apenas o oportunismo desde a perspectiva
das cooperativas. Esta análise apontou que a maioria das cooperativas (Santa Maria, Toropi 1,
Jaguari, Rosário do Sul, Ibirubá, São Pedro do Sul e Nova Palma) constatou comportamento
oportunista por parte dos associados.
São classificados como tendo comportamento oportunista pelas cooperativas, os
associados que só usufruem dos benefícios oferecidos pelas mesmas, mas não dão a
contrapartida necessária, ou seja, não são fiéis às cooperativas, tratando-as como mais um
agente comercial. Sinteticamente, as cooperativas consideram os associados oportunistas, ao
passo que só compram produtos se for conveniente financeiramente. Porém tal ação,
especificamente, pode ser uma estratégia de mercado por parte dos agricultores, já que parte-
se da premissa que não agem de forma maliciosa.
A falta de “fidelidade” dos associados é apontada por oito das dez cooperativas
estudadas (somente as cooperativas de Piratini e Uruguaiana não apresentam esse problema).
Estas definem um associado não fiel como sendo aquele que procura a cooperativa apenas
quando precisa, buscam somente as vantagens oferecidas e na hora de realizar a
entrega/comercialização da produção colhida, não dão preferência para a cooperativa.
O grau maior de oportunismo ocorre quando os associados não cumprem contratos de
comercialização com a cooperativa. Ou seja, se comprometem com a entrega de um produto
antecipadamente e, quando da colheita, comercializam para outra organização que remunera
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melhor. Acontece ainda, de entregar para a cooperativa só a parte da produção que tem menor
qualidade, ou, ainda, aqueles sócios que se afastam por um longo tempo e depois voltam a
comercializar seus produtos com a cooperativa.
Para evitar isso, algumas cooperativas têm realizado o pagamento por qualidade, o que
garante a cooperativa maior segurança, e ao produtor, uma renda maior, valorizando seu
trabalho. A escassez de fidelidade entre cooperado e cooperativa põe em risco o
„empreendimento‟ cooperativo, o qual deixa de receber produtos e cada vez mais tem seu
quadro de cooperados escasso.
A fidelidade de cooperados em cooperativas agropecuárias, no cenário atual do
agronegócio brasileiro passa, em primeira instância, pela superação de um dilema: resgate dos
valores cooperativistas de igualdade e ajuda mútua. Assim, se faz necessário que os interesses
individuais sejam subordinados aos interesses da organização cooperativa (ROSSÈS, et al.,
2015, p.21).
Este fato vai ao encontro da falta de fidelização e comparecimento nas assembleias.
Supõem-se que os associados que participam das reuniões e na tomada de decisões, ao
perceberem que os cooperados que não participam têm os mesmos direitos, acabam se
desmotivando participar.
Para mudar este cenário, uma das estratégias é a adoção de políticas de fidelização do
cooperado, as quais visam aumentar a utilização de seus serviços e a participação na
governança da organização. Porém, destaca-se que a pesquisa não conseguiu traçar de forma
objetiva quais as estratégias adotadas, já que isso foi abordado de forma superficial pelos
entrevistados, apontando que as cooperativas ainda estão definindo estratégias de ação.
Porém, cabe destacar que as estratégias de fidelização têm como objetivo reduzir o
problema do “carona” dentro da cooperativa, ou seja, reduzir a ação oportunista dos
cooperados (PIVOTO et al., 2013). Nesta perspectiva, algumas organizações têm adotado a
gestão participativa, que resgata a confiança do associado com a gestão da cooperativa. Isso
possibilita o aumento das chances de sucesso para a cooperativa devido a maior transparência.
Esse viés incorpora a participação do associado também no planejamento, aumentando seu
envolvimento e comprometimento com a cooperativa (AGUIAR, TEODÓSIO e
CARVALHO, 2013).
4.3 Tipologias de problemas na gestão de cooperativas
Basicamente foram verificados problemas no nível inter e intraorganizacional que
aparecem de forma associada nas respostas dos entrevistados: um relacionado ao ambiente
organizacional interno das cooperativas, com relação ao uso de rotinas e tecnologias e
também na qualificação dos funcionários e outro no que concerne a relação da cooperativa
com os associados. Tais problemas são apresentados e explicados no Quadro 4.
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Quadro 4: Descrição e categorização de problemas e desafios relatados pelas cooperativas
agropecuárias do RS. Cooperativa Problema/Desafio relatado Tipo de problema
Ibirubá Associados buscam apenas vantagens econômicas. Comportamento dos
associados.
Jaguari
Dificuldade na determinação de despesas da cooperativa;
Dificuldade na determinação de preços de compra de grãos;
Dificuldade na comercialização de produtos; Associados exigem
preço melhor do que a cooperativa pode pagar.
Administrativos; Relações
com o mercado;
Comportamento dos
associados.
Nova Palma
Diversidade de negócios, o que exige dos gestores conhecimento
amplo de atividades diferentes, cada uma com suas
características próprias; Implementar mudanças com o quadro
social nem sempre é fácil, haja visto a questão cultural, que faz
com que surjam resistências sempre que se propõem mudanças
nos procedimentos, na forma de atuação, etc.;
Pela comunidade, às vezes, a cooperativa é vista como
dominadora, que quer “tomar conta” de tudo. Por outro lado, a
comunidade espera que a cooperativa supra todas as
necessidades existentes em termos de produtos e serviços.
Capacitação técnica;
Relacionamento com a
comunidade.
Piratini
Falta de um planejamento a médio e longo prazo;
A contabilidade é realizada por um contador contratado e os
associados enfrentam dificuldades para compreender os
resultados; Preocupação com relação a permanência e
continuidade da juventude no assentamento.
Administrativos;
Capacitação técnica;
Sucessão.
Rosário do
Sul
Escassa oferta, escolaridade e qualificação da mão de obra
(muitas vezes os funcionários são treinados e saem da empresa
logo em seguida); Questão ambiental, pois hoje a cooperativa se
encontra dentro da cidade e tem problemas com ruídos, fumaça,
poeira e resíduos sólidos.
Rotatividade dos
funcionários; Escassez de
mão de obra;
Relacionamento com a
comunidade.
Santa Maria Baixo número de associados; Falta de capital pela cooperativa;
Problemas políticos partidários.
Comportamento dos
associados; Aspectos
financeiros e políticos;
São Pedro do
Sul
Ações de cobrança (maus pagadores) não resolvidas, tributário
taxas difíceis, legislação dificulta; Falta „espírito de
cooperativismo‟ por parte dos associados.
Aspectos financeiros;
Capacitação técnica;
Comportamento dos
associados;
Toropi 1,
Não adoção de rotina nos processos e novas tecnologias; Não
disponibilidade de tempo para treinamentos dos funcionários;
„Resistência dos cooperados em utilizar todos os benefícios que
a cooperativa oferece‟; Falta conhecimento em relação ao
cooperativismo;
Administrativos;
Comportamento dos
associados;
Toropi 2, Não foi relatado problemas. --
Uruguaiana
Manter-se atualizada em novas tecnologias (equipamentos de
secagem), pois envolvem grandes valores financeiros;
Contratação de funcionários para período de safra.
Adoção de novas
tecnologias; Aspectos
financeiros; Escassez de
mão de obra.
Num esforço de enquadramento dos problemas verificados em Tipologias, sugere-se a
divisão que engloba todas as ocorrências dos problemas conforme Figura 3.
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Figura 3: Sistematização em tipologias das ocorrências/problemas nas cooperativas
agropecuárias do RS.
Políticas/Institucionais
•Sucessão (1 ocorrência);
•Aspectos políticos (1 ocorrência);
•Relações com o mercado (1 ocorrência);
Comportamentais
•Comportamento dos associados e funcionários (6 ocorrências);
•Relacionamento com a comunidade (2 ocorrências);
Técnico-administrativos
• Administrativos (3 ocorrências);
• Capacitação técnica (3 ocorrências);
• Mão de obra (3 ocorrências);
• Aspectos financeiros (3 ocorrências);
• Adoção de novas tecnologias (1 ocorrência).
Com relação à proporcionalidade dos três grandes grupos, ou seja, dos três principais
tipos de problemas verificados, têm-se que os problemas políticos e institucionais
correspondem a 13%, os problemas comportamentais a 33% e, na base os problemas técnico-
administrativos representando 54%.
As cooperativas estudadas têm consciência desses problemas e apontam soluções que já
estão sendo adotadas para resolução dos mesmos, conforme segue: a) Contratação de
consultoria para gestão; b) Adoção de medidas para democratizar e horizontalizar as decisões;
c) Uso de metodologias participativas; d) Busca de novos associados em outros municípios; e)
Parceria com a cooperativa central dos assentados do Rio Grande do Sul (COCEARGS) que
auxilia a gestão; f) Parceria com a companhia nacional de abastecimento (CONAB) através de
apoio comercial referente às políticas agrícolas; g) Parceria com outras cooperativas; h)
Parceria com a prefeitura através de cessão de uso de prédios; i) Parceria com a Associação
Rio-Grandense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-
ASCAR), (citada em dois casos); j) Projetos de pesquisa e extensão junto a Universidades
(citada em dois casos); k) Parceria do SESCOOP/RS para cursos, treinamentos e qualificação
para seus colaboradores, com recursos do Fundo de Assistência Técnica e Social (FATES); l)
Para superação de problemas culturais sugerem um trabalho junto às lideranças e através da
assistência técnica, é possível alcançar os objetivos propostos.
Por fim, para além das alternativas já adotadas pelas cooperativas, destaca-se que a
implementação de uma administração estratégica na gestão de cooperativas pode ser
considerada importante para a identificação de ameaças e oportunidades, com o
encaminhamento de soluções através de redirecionamento estratégicos, redesenhando as
estruturas organizacionais e a tomada de decisões. Porém, este processo necessita de grande
envolvimento para que dê certo (FILHO, MARINO e CONEJERO, 2004).
5. Considerações Finais
A presente pesquisa objetivou identificar e analisar as principais dificuldades
encontradas na gestão das cooperativas do Agronegócio no RS. Destaca-se que foram
elencados como principais gargalos da gestão destas organizações: a) o fato das cooperativas
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necessitarem – e não estarem totalmente preparadas e conscientes - competir no mercado com
outras empresas do setor, as quais visam o lucro e têm estratégias de captação do cliente
voltadas especialmente para o comércio. Ou seja, complementar a isso, existe uma equipe
diretiva nem sempre preparada para trabalhar nos mercados oligopolizados; b) a baixa
participação dos cooperados nos processos gerenciais e tomadas de decisão das cooperativas,
os quais se eximem da responsabilidade de co-gerenciar a organização e visualizam a mesma,
muitas vezes, como mais um estabelecimento comercial e não como sua propriedade; c) o
comportamento oportunista dos associados/cooperados, que agem propositalmente de forma a
se beneficiar das transações com as cooperativas, causando dolo a elas.
Foi possível ainda, elencar as características e os desafios para a participação dos
sócios nas decisões das cooperativas agropecuárias no estado do Rio Grande do Sul, quais
sejam: a baixa participação dos associados nas decisões das cooperativas aponta para o baixo
esforço da direção e gerência em envolvê-los e responsabilizá-los pela cooperativa, bem como
sua auto isenção indica o desinteresse em visualizar a organização como sua propriedade,
adotando a lógica de que ao não opinar e se envolver, também não se responsabilizarem pelo
que acontece. Já como tipologias para os desafios verificados na gestão das cooperativas
agropecuárias gaúchas, foram definidas três, conforme segue: 1- Políticas e institucionais; 2-
Comportamentais; 3- Técnico-Administrativas.
Por fim, destaca-se que, se por um lado os estudos apontam para a profissionalização
da gestão como saída para as cooperativas modernas tornarem-se competitivas, por outro, o
cooperativismo preconiza a participação dos sócios, o que resulta numa conta difícil de chegar
num denominador comum. Equacionar a tomada de decisões rápidas e eficientes com a
democracia das decisões e a ampla discussão é uma tarefa difícil. O nível de dificuldade
aumenta ao passo que essa democratização de informações e decisões vai contra o próprio
interesse e disposição dos associados, os quais se isentam de participar.
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