255
RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-20 ADELIA DE SOUZA FERNANDES-47 ADENILSON VIANA NERY-165, 201, 65, 66, 69 ADEVAIR NOGUEIRA DE CARVALHO-154 ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-172 ADRIANA MARTINELLI MARTINS-174 AFONSO CEZAR CORADINE-180 ALAN ROVETTA DA SILVA-172 Aleksandro Honrado Vieira-142, 27, 54, 7, 74, 84 ALEX DE FREITAS ROSETTI-204 ALFI SOARES SALES JUNIOR-10, 50 ALFREDO ERVATI-144, 28, 62, 75 ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-103, 109, 110, 113, 124, 128, 131, 132, 187, 200 ALMERY LILIAN MORAES-102 ALMIR MELQUIADES DA SILVA-17, 43 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-122, 211, 95, 96, 98 ANA IZABEL VIANA GONSALVES-76 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-158, 184, 207 ANA PAULA CESAR-61 ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-151 ANDRÉ CARLESSO-208 ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-156, 169, 21, 57, 59, 67, 69 ANDRÉ DIAS IRIGON-2 André Luiz da Rocha-160, 18, 60 ANDRE MIRANDA VICOSA-25, 63 ANDREA M. SANTOS SANTANA-76 ANDRÉA MARIA DOS SANTOS SANTANA-86 ANDREI COSTA CYPRIANO-176 ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI-12 ANILSON BOLSANELO-164, 38 ANNA LUIZA SARTORIO-178 ANTONIO DE OLIVEIRA NETO-39 ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO-34 ANTONIO JOSE COELHO-197 ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-35, 36 ANTÔNIO JUSTINO COSTA-140 ARIELLA DUTRA LIMA-184, 202 ARMANDO VEIGA-46, 71 ARNALDO ARRUDA DA SILVEIRA-178 Bernard Pereira Almeida-44 BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-194, 206 BRUNO MIRANDA COSTA-102, 109, 111, 118, 155, 194, 202 BRUNO SANTOS ARRIGONI-150, 5, 6 CARLO ROMAO-179, 209 CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-151 CARLOS BERKENBROCK-90 CARLOS EDUARDO AMARAL DE SOUZA-204 Carolina Augusta da Rocha Rosado-183 CATARINE MULINARI NICO-93 CHRISTINA CORDEIRO DOS SANTOS-204 CÍNTIA VERNETTI BESKOW-210 CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-192 CLAUDIA IVONE KURTH-115

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

  • Upload
    dodat

  • View
    229

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA-20ADELIA DE SOUZA FERNANDES-47ADENILSON VIANA NERY-165, 201, 65, 66, 69ADEVAIR NOGUEIRA DE CARVALHO-154ADMILSON TEIXEIRA DA SILVA-172ADRIANA MARTINELLI MARTINS-174AFONSO CEZAR CORADINE-180ALAN ROVETTA DA SILVA-172Aleksandro Honrado Vieira-142, 27, 54, 7, 74, 84ALEX DE FREITAS ROSETTI-204ALFI SOARES SALES JUNIOR-10, 50ALFREDO ERVATI-144, 28, 62, 75ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-103, 109, 110, 113, 124, 128, 131, 132, 187, 200ALMERY LILIAN MORAES-102ALMIR MELQUIADES DA SILVA-17, 43ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-122, 211, 95, 96, 98ANA IZABEL VIANA GONSALVES-76ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-158, 184, 207ANA PAULA CESAR-61ANA PAULA DOS SANTOS GAMA-151ANDRÉ CARLESSO-208ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES-156, 169, 21, 57, 59, 67, 69ANDRÉ DIAS IRIGON-2André Luiz da Rocha-160, 18, 60ANDRE MIRANDA VICOSA-25, 63ANDREA M. SANTOS SANTANA-76ANDRÉA MARIA DOS SANTOS SANTANA-86ANDREI COSTA CYPRIANO-176ANDRESSA MARIA TRAVEZANI LOVATTI-12ANILSON BOLSANELO-164, 38ANNA LUIZA SARTORIO-178ANTONIO DE OLIVEIRA NETO-39ANTONIO HERMELINDO RIBEIRO NETO-34ANTONIO JOSE COELHO-197ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA-35, 36ANTÔNIO JUSTINO COSTA-140ARIELLA DUTRA LIMA-184, 202ARMANDO VEIGA-46, 71ARNALDO ARRUDA DA SILVEIRA-178Bernard Pereira Almeida-44BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-194, 206BRUNO MIRANDA COSTA-102, 109, 111, 118, 155, 194, 202BRUNO SANTOS ARRIGONI-150, 5, 6CARLO ROMAO-179, 209CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA-151CARLOS BERKENBROCK-90CARLOS EDUARDO AMARAL DE SOUZA-204Carolina Augusta da Rocha Rosado-183CATARINE MULINARI NICO-93CHRISTINA CORDEIRO DOS SANTOS-204CÍNTIA VERNETTI BESKOW-210CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL-192CLAUDIA IVONE KURTH-115

Page 2: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

CLAUDIO JOSE CANDIDO ROPPE-175CLEBER ALVES TUMOLI-174, 177CLEBSON DA SILVEIRA-110, 115, 130CLEI FERNANDES DE ALMEIDA-42CLEMILSON RODRIGUES PEIXOTO-166CLEUSINEIA L. PINTO DA COSTA-35, 36DAVID GUERRA FELIPE-164DAVID RIOS FERREIRA-210DEIJAYME TEIXEIRA VIANA-146DIMAS PINTO VIEIRA-9DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA-188, 205, 207EDGARD VALLE DE SOUZA-169, 89EDILAMARA RANGEL GOMES-157EDIVAN FOSSE DA SILVA-162EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR-142, 149, 27, 54, 63, 68, 7, 74, 84EGEU ANTONIO BISI-180ELIAS GONÇALVES DIAS-196ELIEZER PAULO CARRASCO-59ELINARA FERNANDES SOARES-11, 49, 73ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-107, 114, 133, 186EMILENE ROVETTA DA SILVA-172ERALDO AMORIM DA SILVA-152, 32ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA-135, 136, 151, 23, 85, 9FABIANO ODILON DE BESSA LURETT-17, 43FABIO SIQUEIRA MACHADO-173FAUSTO LADEIRA RESENDE BOTTA-156FLAVIA AQUINO DOS SANTOS-111FLAVIO CHEIM JORGE-204FLAVIO TELES FILOGONIO-212GERONIMO THEML DE MACEDO-94, 97, 99GILDO RIBEIRO DA SILVA-76GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO-152, 32, 48Gleison Faria de Castro Filho-185Grazielly Santos-160, 18, 60GUSTAVO CABRAL VIEIRA-131, 181, 188, 91GUSTAVO SABAINI DOS SANTOS-85HENRIQUE ROCHA FRAGA-180HENRIQUE SOARES MACEDO-150, 5, 6ISAAC PAVEZI PUTON-129, 155Isabela Boechat B. B. de Oliveira-121, 185, 190, 193, 77IVAN LINS STEIN-121JAMILSON SERRANO PORFIRIO-105, 159, 198, 22JANAINA RODRIGUES LIMA-167JANETE MARCIA DIAS-189JANICE MUNIZ DE MELO-120JEFFERSON R. MOURA-167JOANA D'ARC BASTOS LEITE-107JOÃO ALVES FEITOSA NETO-55JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-117, 128, 129, 132, 182, 203, 90JOSANIA PRETTO COUTO-181JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES-24, 37, 41, 53, 78JOSE GERALDO NUNES FILHO-186JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-195, 199, 205JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-136, 191JOSÉ NASCIMENTO-14, 41, 78

Page 3: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-125, 130JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-119, 126JULIANA LEITE SCHWARTZ-213JULIARDI ZIVIANI-77Juscelino Adson de Souza Filho-40KARINA ACACIA DO PRADO-135Kênia Cardoso Gomes-41KLEBER LUIZ VANELI DA ROCHA-177Laerte de Campos Hosken-163, 19LARISSA FURTADO BAPTISTA-112Lauriane Real Cereza-140LEANDRO FREITAS DE SOUZA-20LEONARDO PIZZOL VINHA-100, 101, 122, 123, 211, 212, 94, 95, 96, 97, 98, 99LETICIA SEVERIANO ZOBOLI-13, 141LIDIANE DA PENHA SEGAL-117, 118, 119, 133, 183, 92LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA-188, 205, 207LILIAN MAGESKI ALMEIDA-186LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-138, 144, 152, 18, 28, 31, 32, 35, 36, 61, 63, 68, 71, 78, 81LUCIANO ANTONIO FIOROT-120, 91Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho-160, 30LUCIANO MOREIRA DOS ANJOS-16LUCIANO PEREIRA CHAGAS-88Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro-12, 13, 134, 141, 19, 29, 3, 41, 50, 52, 58, 60, 72, 73LUIZ CLAUDIO SOBREIRA-175, 176LUIZ FELIPE MANTOVANELI FERREIRA-15, 51MAIKE RIGAMONTE-23MANOEL FERNANDES ALVES-21MANOELA BARBIERI-174MARCELA BRAVIN BASSETTO-187, 89, 92MARCELA REIS SILVA-146, 149, 15, 16, 166, 22, 24, 4, 46, 49, 51, 62, 75MARCELO ABELHA RODRIGUES-204MARCELO MATEDI ALVES-100, 101, 122, 123, 211, 212, 94, 95, 96, 97, 98, 99MARCELO NUNES DA SILVEIRA-125, 130MARCIA RIBEIRO PAIVA-108, 116, 124, 79, 93MÁRCIO BARROS BOMFIM-80MARCIO SANTOLIN BORGES-145Marcos Figueredo Marçal-103, 125, 200, 204MARGARET BICALHO MACHADO-61MARIA APARECIDA DA SILVEIRA-171MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-172, 25MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI-127MARIA DE FATIMA MONTEIRO-168, 189MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-57MARIA REGINA COUTO ULIANA-137, 143, 158MARIALZIRA DE ARAUJO COUTINHO-104MARTA LUZIA BENFICA-23MARTHA HELENA GALVANI CARVALHO-170MATHEUS GUERINE RIEGERT-179, 210MAYZA CARLA KRAUSE-70NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO-87NILTON CESAR SOARES SANTOS-56OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA-184, 202OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO-11, 145, 153, 161, 163, 213, 45, 47, 54, 56, 8, 80ONOFRE DE CASTRO RODRIGUES-52PATRÍCIA LIMA SANTOS-208PATRICIA NUNES ROMANO-116

Page 4: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Paulo Henrique Vaz Fidalgo-164, 33, 43, 70PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO-67PEDRO INOCENCIO BINDA-150, 162, 17, 197, 26, 34, 38, 39, 5, 6, 64POLIANA ANDRE ADVERSI-173PRISCILA PERIM GAVA-148PRISCILA TEMPONI VILARINO GODINHO-185PRISCILLA FERREIRA DA COSTA-111RACHEL APARECIDA DE CARVALHO ASAFE-102RAIMUNDO NONATO NERES-199RENATA CUNHA PICCOLI-178RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS-10, 140, 154, 170, 83RICARDO FIGUEIREDO GIORI-106, 108, 120RICARDO JUNGER-40ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI-58ROBNEI BATISTA DE BARROS-34RODRIGO COSTA BUARQUE-104RODRIGO LOPES BRANDÃO-194, 206RODRIGO SALES DOS SANTOS-174RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-137, 143, 165, 171, 201, 65, 66ROGÉRIO NUNES ROMANO-116ROSANA DA SILVA PEREIRA-126ROSEMAR POGGIAN CATERINQUE CARDOZO-135ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA-112, 113Ruberlan Rodrigues Sabino-3SAMUEL ANHOLETE-13, 141SANDRA VILASTRE DE ARAUJO-153SAYLES RODRIGO SCHUTZ-90SÉRGIO AUGUSTO CARDOZO-210SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR-1, 138, 4, 72SERGIO RIBEIRO PASSOS-112SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS-209SHIRLEY VASCONCELOS PASSOS BARROS-200SHIZUE SOUZA KITAGAWA-100SILVANA SILVA DE SOUZA-182, 195SILVIA HELENA GARCIA MENDONCA-57SIMONE AFONSO LARANJA-200SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-105, 106, 157, 168, 173SIMONE PAGOTTO RIGO-86SIRO DA COSTA-134, 139, 161, 29, 45, 8, 82, 83THIAGO COSTA BOLZANI-192, 206THIARLEN JUNIOR REZENDE DE SOUZA-175UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-159, 167, 189, 191, 196, 198, 20, 208URBANO LEAL PEREIRA-14, 163, 19, 24, 37, 41, 53, 78Valber Cruz Cereza-140, 147, 30, 31VALMIR DE ARAUJO-173VALTEMIR DA SILVA-203VANDA B. PINHEIRO BUENO-160VANUZA CABRAL-26, 64VERA LUCIA SAADE RIBEIRO-101, 123VINICIUS COBUCCI SAMPAIO-190, 193Vinícius de Lacerda Aleodim Campos-1, 139, 14, 142, 147, 148, 27, 37, 40, 42, 44, 48, 53, 55, 7, 74, 82, 84WALDIR TONIATO-33, 81WELITON ROGER ALTOE-58WILLIAN PEREIRA PRUCOLI-114Zilerce Heringer Cordeiro Ornelas-2ZIRALDO TATAGIBA RODRIGUES-55

Page 5: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). ROGERIO MOREIRA ALVES

Nro. Boletim 2012.000095 DIRETOR(a) DE SECRETARIA AUGUSTO S. F. RANGEL

28/05/2012Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0000349-09.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000349-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x FLORICENA OLIMPIA DE SOUZA (ADVOGADO: SERGIO DE LIMAFREITAS JUNIOR.).Processo n.º 0000349-09.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : FLORICENA OLIMPIA DE SOUZARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que arecorrida recebe pensão por morte de industriário, o que afasta sua condição de segurada especial. Aduz, ainda, que orequerimento do benefício é de 23.11.2007, de modo que a recorrida deveria comprovar os 60 meses de trabalho rural em1991, ano em que foi promulgada a Lei nº 8.213 ou 156 meses, em 23.11.2007. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 72-78.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 09.03.1935 (fl. 18) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 23.11.2007 (fl.21), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão deCasamento, realizado em 19.04.1952, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 19); Certidão da Justiça Eleitoral,datada em 23.11.2007, constando a profissão da recorrida como trabalhadora rural (fl. 20); Declarações de comprovação deatividade rural, datadas em 26.10.2007 e 28.09.2007 (fls. 23-28); Entrevista Rural do INSS, datada em 30.11.2007 (fls.32-33); Comprovante de residência rural (fl. 51) e Declaração de Cadastro de Imóvel Rural, datada em 15.05.2002 (fl. 59),dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do marido da recorrida como lavrador, datada em19.04.1952, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

Page 6: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 60 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida, Sr. Anselmo, declarou que conhece a Autora há mais de quarenta anos. Relata que aAutora trabalhou para algumas pessoas da família do depoente (Srs. Dorval Viana e Antônio Viana). Afirma que o maridotrabalhava no carro de leite. A Autora cultivava milho, feijão e café, trabalhava “a dia”. A Autora não tinha criação. Não selembra se o marido também trabalhava na roça. A Autora possui duas filhas e uma outra moça que criou. Pelo que sabe, aAutora nunca contratou pessoas para ajudá-la na roça. Declara que a Autora morava na localidade de Anutiba e trabalhavana roça. O marido é falecido há quase trinta anos.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Elias, declarou que conhece a Autora há muitos anos, se recorda que na data de 1979 aAutora foi trabalhar na Propriedade da Sr. Amélia. Não tem conhecimento de que a Autora tenha trabalhado em outraatividade. Afirma que autora trabalha sozinha. O marido da autora trabalhava no caminhão de leite, sendo que o veículo nãoera próprio.

A terceira testemunha ouvida, Sra. Amélia Cunha de Souza, declarou que conhece a autora há 53 anos, afirma que a autoratrabalhava como diarista para o Sr. Manoel Palácios. Afirma que a autora sempre morou em Anutiba. Neste período, aautora cultivava feijão, arroz e milho. Pelo que sabe, a autora não trabalha mais há 1 ano e meio. O esposo da autora eratropeiro e trabalhava no caminhão de leite. A autora trabalhava sozinha na roça. Quando os filhos da autora cresceramajudaram a mãe na lavoura. Não tem conhecimento de a autora ter contratado pessoas para ajudá-la. Depois que a Autoraficou viúva, foi trabalhar na propriedade da testemunha, cultivando feijão, milho, arroz, café, e cuidando do pasto; que elatrabalhou em sua propriedade por aproximadamente 20 anos.”(grifei)

Importa salientar que o fato de a recorrida receber pensão por morte de industriário (fl. 31) não obsta o recebimento dobenefício ora pleiteado, porquanto possuem diferentes pressupostos fáticos e fatos geradores de natureza distinta(Precedentes: AGRESP 201000202206, HAROLDO RODRIGUES [DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE], STJ -SEXTA TURMA, DJE DATA: 28/06/2010; verbete nº 36 da Turma Nacional de Uniformização).

Convém recordar, ademais, o teor do verbete nº 41 recentemente editado pela TNU: “A circunstância de um dos integrantesdo núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

2 - 0001538-22.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001538-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.) x ELIAS HERINGER WERNER (ADVOGADO: Zilerce Heringer Cordeiro Ornelas.).Processo n.º 0001538-22.2008.4.02.5051/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ELIAS HERINGER WERNERRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

Page 7: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz que asprovas materiais juntadas não são aptas a demonstrar a qualidade de segurado especial e que o recorrido estabeleceuvínculos urbanos, sobretudo nos períodos anteriores a 1994. Alega, ainda, que o recorrido não tem direito à tabelaprogressiva, por ter ingressado após 1991. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, a fixação da data inicial do benefício (DIB) no trânsito dasentença ou outro momento posterior à data da entrada do requerimento (DER). As contrarrazões encontram-se nas fls.132-138.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 14.10.1947 (fl. 18) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 25.01.2008 (fl.47), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Carteira do Sindicatodos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iúna e Irupi, com filiação em 30.10.2007, constando sua profissão delavrador (fl. 15); Título Eleitoral, expedido em 16.08.1966, em que igualmente é qualificado como lavrador (fl. 18); Termo deDepoimento do Sindicato dos Agricultores Familiares Assalariados Rurais de Iúna e Irupi, em nome de seu irmão, AgenárioAugusto Werner, atestando que este trabalhou na propriedade da genitora, no período de 1980 a 1994, como meeiro, emregime de economia familiar, de forma habitual, no cultivo de café, milho e feijão; Comprovantes de aquisição de produtosagropecuários, em seu nome (fls. 25-26); Histórico escolar do Ensino Fundamental da Prefeitura Municipal de Iúna de suafilha, dos períodos de 1989 a 1996 (fls. 30-31); Certidão de Casamento, datada em 03.05.1980, onde consta a profissão demotorista (fl. 33); Declarações de moradores ao Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iúna e Irupi,atestando conhecerem o recorrido, datadas em 2008 (fls. 34-38); Certidão de Nascimento do filho, nascido em 21.06.1987,constando a profissão do recorrido como lavrador (fl. 39); Declaração do Sindicato dos Agricultores e Familiares eAssalariados Rurais de Iúna e Irupi para o INSS, constando sua profissão como lavrador (fl. 41); Certificado de Cadastro deImóvel Rural CCCIR, constando o nome da esposa como proprietária ou posseira individual de pequena propriedade (fl.42), dentre outros.

O título eleitoral, contendo a qualificação profissional como lavrador, datado em 16.08.1966, constitui início de provamaterial contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da TNU. Aprova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período necessário à concessãodo benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo recorrido pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 156 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

A primeira testemunha ouvida, Sr. Jair Aguinel de Souza, declara que conhece o autor há 16 anos, trabalhando napropriedade do mesmo. A propriedade era da mãe do Autor, sendo que cada irmão trabalhava com um pedaço de terra.Disse que o autor tinha pouco café e cana, não possui automóvel e não tem animais e que este nunca trabalhou na rua.

Page 8: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Disse que passa na propriedade diariamente, no caminho para o trabalho, vendo o Autor na lavoura. Até onde sabe, o autortrabalha somente na própria propriedade e o Autor faz cachaça da cana que planta. Não sabe dizer se o Autor já plantoumandioca.

A segunda testemunha ouvida, Dervandy Vieira da Silva, declara que conhece o autor desde pequeno, sendo a propriedadedo sogro do depoente confrontante com a propriedade do pai do autor. Disse que após o falecimento dos pais do autor, osfilhos herdaram as respectivas propriedades. Informou que o autor nunca saiu da propriedade e este era meeiro da própriamãe, plantando café, milho e feijão. Cada irmão tocava seu pedaço e todos davam meia à mãe. Juntando a propriedadedeviam colher pouco mais de 100 sacas de café. Após o falecimento, houve a divisão da propriedade entre os irmãos.Disse que no pedaço do Autor tem mandioca, milho, café e já presenciou o Autor trabalhando no café e no milho. A lavourade café do autor tem mais de 6 anos e este planta cana para despesa, produzindo rapadura e melado. Não sabe dizer se oautor produz cana.

Fora ouvido como informante o Sr. Agenario Augusto Verner, irmão do autor. Este informou que já está aposentado comorural e trabalha na mesma propriedade do irmão, trabalhando a vida toda lá. Quando a mãe ainda era viva, que o forte era ocafé, chegando a colher 200 sacas de café, que vendiam também feijão e milho. Disse todos os treze irmãos trabalhavamcada um com um espaço delimitado, na base da meia com a mãe deles. Após o falecimento da mãe, ocorreu a partilha dapropriedade entre os irmãos. O Autor possui um pedaço plantado de café e cereais (milho, feijão) e também tem mandiocae cana. Disse que esse ano o Autor colheu cerca de 15 sacos de café e vê o Autor trabalhando diariamente.

Importa salientar que o fato de o recorrido ter desenvolvido atividade urbana no ano de 1987 (pedreiro – fl. 54) e no períodocompreendido entre 01.06.1998 e 04.09.1998 (fl. 82) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outrosperíodos. A legislação previdenciária permite que a atividade rural seja exercida em períodos descontínuos (art. 39, inciso I,da Lei nº 8.213/1991).

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

3 - 0000875-39.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000875-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x LOURIVAL DAS CHAGAS (ADVOGADO: Ruberlan RodriguesSabino.).Processo n.º 0000875-39.2009.4.02.5051/01 - Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : LOURIVAL DAS CHAGASRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz, ainda, que orecorrido exerceu atividade diversa da rural nos períodos assinalados no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS),além de estar em gozo de benefício assistencial de amparo ao idoso desde 20.11.2009. Dessa forma, requer seja

Page 9: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nasfls. 60-64.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 17.08.1944 (fl. 13) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 14.04.2005 (fl.17), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Entrevista Ruralrealizada pelo Sindicato de Castelo, datada em 12.04.2005 (fl. 20); Entrevista Rural realizada pelo INSS (fls. 21-22); Fichade Inscrição no Sindicato de Trabalhadores Rurais de Castelo, datada em 07.01.2005 (fl. 23), atestando a profissão delavrador; Contrato de Parceria Agrícola, firmado em 02.09.2003, relativo ao período de 02.09.2003 a 02.09.2006 (fls. 24-25);Documentos Relativos à Propriedade (fls. 26-32); Ficha da Secretaria de Saúde de Castelo, atestando a profissão do autorcomo lavrador, datada em 21.01.2004 (fl. 33) e Declarações de Confrontantes, afirmando ser o autor meeiro desde adécada de 90 (fls. 34-36), dentre outros.

O contrato de parceria agrícola, firmado no ano de 2003, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatose tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A provatestemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão dobenefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo recorrido pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 138 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

A primeira testemunha ouvida, o Sr. Francisco Sales Stein disse que: conhece o Autor da localidade de Estrela, Castelo/ES.Declara que é proprietário rural, o Autor trabalha em sua propriedade, há uns vinte anos. Relata que o Autor trabalha comomeeiro. Afirma que o Autor nunca se casou, nem tem filhos. O Autor cultiva café. Desde que conhece o Autor, ele trabalhana roça. O Autor mora na sua propriedade. O Autor trabalha sozinho na sua propriedade. Ele tem um sobrinho que trabalhana propriedade também. Afirma que o Autor tem dificuldade em mensurar tempo. Hoje tem contrato escrito, mas acha queo Autor trabalhou mais de dez anos com contrato verbal.

A segunda testemunha ouvida, a Srª. Maria Monserrate: afirma que conhece o Autor da localidade de Estrela. Atualmente, atestemunha está aposentada. Não mora na mesma propriedade. Tem uma propriedade que fica a uns dois quilômetros dapropriedade onde o Autor trabalha. Passa pela estrada que dá acesso ao serviço do Autor. Afirma que o Autor trabalha parao Sr. Francisco Stein. O conhece há uns vinte anos, desde que ele foi morar na localidade de Estrela. Não temconhecimento de que ele já tenha exercido outra atividade. Pelo que sabe, ele nunca casou. Um sobrinho dele mora namesma propriedade. Pelo que sabe, o Autor nunca trabalhou na Prefeitura. Relata que o Autor não tem muita noção detempo e dinheiro, mas isto não o impede de exercer seu trabalho na roça.

Importa salientar que o fato de o recorrido ter desenvolvido atividade urbana (01.05.1976 a 12.02.1978, 23.02.1978 a21.02.1979, 01.11.1981 a 01.03.1982, 01.08.1982 a 01.07.1983 e 01.07.1989 a 24.04.1990 – fl. 53) não prejudica acontagem do tempo de atividade rural em outros períodos. A legislação previdenciária permite que a atividade rural sejaexercida em períodos descontínuos (art. 39, inciso I, da Lei nº 8.213/1991).

Contra a alegação de que não se pode considerar como tempo de atividade rural o período em que o recorrido percebeubenefício assistencial de amparo ao idoso (DIB em 20.11.2009 – fl. 55), cumpre ressaltar que no ano de 2005, ocasião dorequerimento administrativo, o recorrido já havia adimplido a carência exigida por lei, porquanto homologado pela AutarquiaPrevidenciária o período de 25.04.1990 a 13.04.2005.

Page 10: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

4 - 0000575-77.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000575-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x MARIA LUIZA DOS ANJOS (ADVOGADO: SERGIO DE LIMA FREITAS JUNIOR.).

Processo n.º 0000575-77.2009.4.02.5051/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MARIA LUIZA DOS ANJOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurada especial. Aduz que esta recebeu pensãopor morte desde 1974, deduzindo-se, assim, que teria deixado de trabalhar após o óbito do marido. Dessa forma, requerseja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-senas fls. 69-76.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 15.12.1932 (fl. 16) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 20.10.2008 (fl.40), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão de Óbito domarido, datada em 15.02.1980, constando a profissão dele como lavrador (fl. 19); Declaração de que o filho da recorridaestudou em escola da zona rural (fl. 23); Certidão de Casamento dos filhos, constando a profissão deles como lavradores(fls. 24-25); Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre, constando a profissão da recorrida comotrabalhadora rural, datada em 31.03.1977 (fl. 28) e Contratos de Parceria Agrícola firmados entre Sr. Paulo Cezar Blunk(outorgante) e os filhos da autora (outorgados), em que exploravam área de café, feijão, milho e arroz, nos anos de 1992 e2003 (fls. 31-36), dentre outros.

Page 11: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre, contendo a qualificação profissional da recorrida comotrabalhadora rural, datada em 31.03.1977, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem suavalidade probatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal temo condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 60 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

A primeira testemunha ouvida, Sr. Antônio Vargas da Silva, declarou que conhece a Autora há muitos anos. Relata que aAutora se casou e criou a família próximo à testemunha. Declara que a Autora trabalhou na propriedade de seu pai, Sr.Francisco, criou os filhos lá. Afirma que a Autora ficou lá com a família por uns treze ou quatorze anos. Relata que o maridoda Autora faleceu quando ela trabalhava lá. Declara que a Autora ajudava o marido na roça, a via efetivamente trabalhando.Pelo que sabe, a Autora depois foi trabalhar na propriedade do Sr. Paulo Cezar Blunck. Conhece os filhos da Autora, umdeles é falecido. A Autora mora com o outro filho, e trabalha com ele numa pequena propriedade dele. Não chegou a ver aAutora trabalhando com o filho nesta propriedade, mas já ouviu seu filho Acácio dizer que ela trabalha com ele. Pelo quesabe, a Autora trabalha com o filho há uns dezenove anos (na propriedade do Sr. Paulo Cezar e na propriedade delepróprio).

A segunda testemunha ouvida, Srª. Maria Madalena da Silva Chagas, declarou que desde que nasceu conhece a Autora.Declara que a Autora trabalhava com seu pai e morava lá numa casa de colono. Pelo que sabe, ela trabalhou lá por unstreze ou quatorze anos. Quando o marido dela faleceu, ela morava na propriedade de seu pai. Depois que a Autora saiu delá, ela foi trabalhar na propriedade do Sr. Paulo Blunck, e acredita que ela ficou nesta propriedade por mais de vinte anos,trabalhando com os filhos. O filho mais velho da Autora faleceu há alguns anos. A Autora mora e trabalha com o filho maisnovo, que já é casado. Acredita que o marido da Autora faleceu há uns trinta e cinco ou trinta e seis anos. Mesmo depois dofalecimento do marido, a Autora continuou trabalhando na roça com os filhos.

A terceira testemunha ouvida, Sr. Belmiro Alberto da Silva, declarou, em síntese, que conhece a Autora há uns trinta anos.Afirma que a Autora mora atualmente numa pequena chácara, de uns seis a oito litros de terra. Desde que conhece aAutora, ela já morava nesta pequena propriedade. Relata que esta propriedade é muito pequena, e desde que conhece aAutora, ela e seu filho tocavam lavoura como meeiros para o Sr. Paulo Cezar Blunck. Relata que a propriedade do Sr. Paulotinha uma mata, e que eles acabaram com a mata e formaram a lavoura de café. Há uns dezoito anos foi morar próximo àAutora. Declara que a Autora efetivamente trabalha com o filho. A propriedade da Autora fica a uns dois quilômetros dapropriedade do Sr. Paulo Cezar, eles vão a pé trabalhar. O filho que faleceu também trabalhava junto com eles. Pelo quesabe, a Autora recebe pensão pela morte do marido. Relata que a Autora continua trabalhando até hoje, cuida da criação.Afirma que não conheceu o marido da Autora.

Importa salientar que o fato de a recorrida receber pensão por morte de trabalhador rural em valor mínimo (fl. 20) não obstao recebimento do benefício ora pleiteado, porquanto possuem diferentes pressupostos fáticos e fatos geradores denatureza distinta. Ao revés, tal fato somente corrobora a qualidade de segurada especial da recorrida (Precedentes:AGRESP 201000202206, HAROLDO RODRIGUES [DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE], STJ - SEXTATURMA, DJE DATA: 28/06/2010; verbete nº 36 da Turma Nacional de Uniformização).

É indispensável recordar, ademais, que documentos em nome de terceiros integrantes do mesmo grupo familiar são hábeisa comprovar tempo de atividade rural, em virtude das próprias condições em que se dá o regime de economia familiar(PEDILEF 200670510004305 e PEDILEF200772950014255).

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

Page 12: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

5 - 0000464-21.2008.4.02.5054/01 (2008.50.54.000464-4/01) ANGELINA RAASCH (ADVOGADO: BRUNO SANTOSARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo n.º 0000464-21.2008.4.02.5054/01 - Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : ANGELINA RAASCHRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- MESMO DESCONTADOS OSPERÍODOS EM QUE O MARIDO DA RECORRENTE DESENVOLVEU ATIVIDADE URBANA E EM QUE FICOUDESCARACTERIZADO O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, A RECORRENTE LOGROU OBTER TEMPO DEATIVIDADE RURAL EQUIVALENTE À CARÊNCIA EXIDA POR LEI - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇAREFORMADA - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que o fato deo seu marido possuir vínculos urbanos não descaracteriza o regime de economia familiar, pois não ficou comprovado nosautos que os rendimentos da atividade urbana do esposo eram suficientes para a manutenção da família. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 203-204.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrente nasceu em 16.10.1949 (fl. 13) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 27.10.2004 (fl.36), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: declaração deexercício de atividade rural, junto ao sindicato dos trabalhadores rurais de São Gabriel da Palha e Vila Valério, a partir de18.05.1974 (fl. 39); fichas de matrícula dos filhos, em que é qualificada como lavradora, relativas aos anos de 1981 e 1984(fls. 40-41); carteira do aludido sindicato, emitida em 26.10.2004 (fl. 42); notas fiscais referentes à comercialização de cafénos anos de 1991 a 1993 em seu nome (fls. 45-46); documentos que comprovam a propriedade de pequena área rural (fls.47-50) , dentre outros.

As fichas de matrícula dos filhos, contendo a qualificação profissional da recorrente como lavradora, datadas em16.11.1981 e 26.11.1984, constituem início de prova material contemporâneo à época dos fatos e têm sua validadeprobatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condãode ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputada

Page 13: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

válida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrente pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 138 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991.

Importa salientar que o fato de o marido da recorrente ter desenvolvido atividade urbana (01.11.1979 a 17.12.1979,01.09.1989 a 30.04.1992, 14.02.1996 a 10.07.2001 e 09.05.2006 em diante – fl. 153) não prejudica a contagem do tempode atividade rural em outros períodos. Mesmo descontados os períodos em que o marido da recorrente exerceu atividadeurbana e em que ficou descaracterizado o regime de economia familiar - percepção de salário no patamar de dois saláriosmínimos, conforme demonstrado em audiência -, a recorrente logrou obter tempo de atividade rural equivalente à carênciaexigida por Lei.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Presentes os requisitos peculiares para antecipação tutelar, quais sejam, o “convencimento de verossimilhança” e “fundadoreceio de dano irreparável ou de difícil reparação” (CPC, art. 273), este imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. Somente são objeto de antecipação as parcelas vincendas, necessárias à subsistência da recorrente.

Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar INSS a implantar o benefício de aposentadoriapor idade rural em favor da recorrente no prazo de 30 (trinta) dias, devendo comprovar a implantação até o decurso final doaludido prazo. São devidos atrasados a partir de 27.10.2004, data do requerimento administrativo (fl. 36). Sobre asprestações vencidas incidem, até 30.06.2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês a partir da citação.Desta data em diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da caderneta de poupança (art.5º da Lei nº 11.960/2009).Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Leinº 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

6 - 0000521-05.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000521-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x MARIA DE LOURDES ALVES DE SOUZA (ADVOGADO: BRUNO SANTOSARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.).Processo n.º 0000521-05.2009.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA DE LOURDES ALVES DE SOUZARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Preliminarmente, pleiteia a suspensão da decisão que antecipouos efeitos da tutela, uma vez que há o perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Em suas razões recursais,sustenta o recorrente que a recorrida não comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário aopreenchimento da carência exigida. Alega que inexiste início de prova material contemporâneo aos fatos alegados. Alega,ainda, que a recorrida, no ano de 1999, requereu o benefício assistencial de amparo ao idoso, constando no requerimentoresidência em Teófilo Otoni (Minas Gerais) e que a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) também evidenciaendereço em Teófilo Otoni no mesmo ano. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se

Page 14: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

improcedente o pedido deduzido na inicial. Sucessivamente, requer a devolução aos cofres da Previdência Social dosvalores percebidos pela recorrida. As contrarrazões encontram-se nas fls. 112-116.

Inicialmente, impende ressaltar que a nota da irreversibilidade não constitui óbice intransponível à antecipação dos efeitosda tutela. Em casos que tais, têm-se invocado o princípio da probabilidade, que impõe tutelar o direito mais provável emdetrimento do menos provável, e o princípio da proporcionalidade, pelo qual se permite o sacrifício do bem menos valioso(interesse meramente financeiro da Autarquia) em prol do mais valioso (direito fundamental à Previdência Social).

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 02.01.1949 (fl. 12) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 27.04.2009 (fl.16), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: carteira do sindicatodos trabalhadores rurais de Pancas, emitida em 04.08.2008, atestando sua profissão como lavradora (fl. 15); contrato deparceria agrícola, em que figura como outorgada junto ao marido, para o cultivo de cinco mil pés de café “conillon” de01.07.1993 a 30.06.1996 (fls. 19-20); termo de distrato em 10.09.2004 (fl. 21);Escritura de cessão de direitos e ações, emque o marido figura como comprador/cessionário de propriedade agrícola, datada em 18.04.1984 (fls. 24-25); recibo deentrega da declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR (fl. 28); contrato de parceria de café, comvigência a partir de 01.05.2007 até 01.05.2010 (fls. 38-40), dentre outros.

A Escritura de cessão de direitos e ações, datada em 18.04.1984, constitui início de prova material contemporâneo à épocados fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. Aprova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o período necessário à concessãodo benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo necessário aoadimplemento da carência exigida, 138 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Poroportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“As testemunhas IZIDORO HENRIQUE THOMAZELLI e JEREMIAS LUIZ DE OLIVEIRA, afirmam quem conhecem a autorahá aproximadamente 16 ou 17 anos e que, nesse período, a demandante sempre trabalhou na lavoura, em regime demeação, juntamente com o marido. As testemunhas inclusive forneceram os nomes de alguns ex-patrões da autora, dentreeles o Sr. Otoniel, onde só em sua propriedade específica a autora teria trabalhado aproximadamente onze anos (o que écomprovado pelos documentos de fls.19-21 dos autos). Por fim, as testemunhas sequer demonstraram ter conhecimentoque a autora é proprietária de uma casa na zona urbana de Pancas, onde ela alega que vai esporadicamente, e afirmamque ela reside msmo no meio rural”. (grifo nosso)

De outra banda, convém registrar que ainda que os documentos de fls. 12-13 permitam a ilação de que no ano de 1999 arecorrida havia fixado residência em Minas Gerais, deve preponderar, no caso, o teor da prova testemunhal em sentidocontrário. Aplicação do princípio da primazia da realidade.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Page 15: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

7 - 0000262-82.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000262-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x BERTOLINA COSTA SOUZA LEITE (ADVOGADO: AleksandroHonrado Vieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo nº 2010.50.51.000262-7/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : BERTOLINA COSTA SOUZA LEITERelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a certidãode casamento indica que o esposo da recorrida era balconista, registrando-se no Cadastro Nacional de Informações Sóciasvínculos urbanos em também em nome do marido. Alega que ainda que as testemunhas houvessem corroborado o iníciode prova material, somente estaria cumprido o tempo a partir de 28.05.2009, o qual não preenche a carência exigida para aconcessão do benefício. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso, julgando-se improcedente opedido.

2. Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.

3. A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

4. Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 11/03/1953 (fl. 07), estando atualmente com 57 (cinquenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 18/05/2009 (fl. 92), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de falta decomprovação de efetivo exercício de atividade rural.

Quanto à carência, os trabalhadores rurais devem cumpri-la conforme previsto no artigo 143, da Lei 8.213/91, queconsidera preenchido tal requisito desde que o trabalhador comprove exercício da atividade rural em número de mesesidênticos ao previsto para carência do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos, entre outros:

a) Certidão de cadastro eleitoral, constando a ocupação da autora como trabalhadora rural (fl. 19);b) Ficha de matrícula do filho da autora, datada de 17/01/1995, constando a profissão da autora e de seu marido comolavradores (fl.25).

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Page 16: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que nasceu na roça, se casou com seu marido no Rio de Janeiro evoltou para trabalhar na roça. Há uns vinte e quatro anos a autora se mudou para Irupi. Foi morar na roça do SinvalPimentel e, depois, veio para a rua, perto do sítio do Sr. Perim, para sua filha estudar. Morava na rua e ficou trabalhando napropriedade do Sr. Sinval, em Irupi. Trabalhou com Dona Jerondina e depois no Sr. Sinval, trabalhando “a dia”. Tem unsdez anos que está trabalhando “a dia”. O marido da autora já se aposentou, mas não se recorda quando. Só tem um filhosolteiro, que trabalha com a autora e seu marido na roça. A autora sempre trabalhou na roça. O marido da autora trabalhouna escola, como vigia, e possui aposentadoria por idade urbana. A autora afirmou que nunca teve propriedade e sempretrabalhou como meeira e “a dia”. Aduziu que trabalha com o plantio de café. Os filhos estudaram no colégio Bernardo Horta.O marido trabalhou poucos anos em outro colégio. Em Pedreira, tocava cinco mil pés de café. Em Irupi, eram três mil. NoSr. Sinval, os filhos a ajudavam no plantio do café.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Sinval Pimentel, declarou que a autora trabalhou na propriedade dele. Tocava cinco milcovas de café. E na outra propriedade tocava três mil covas de café. Na Pedreira, os filhos trabalhavam com ela e o marido.E no Córrego dos Lordeiros, os filhos já estavam casados. Eles moravam na rua, bem perto da sua propriedade, e tocavamo café nesta propriedade. O marido da autora trabalhava uma noite e na outra folgava. Não deixou de tocar a lavoura,mesmo trabalhando na escola. Afirmou, ainda, que há outros proprietários que falaram que a autora já trabalhou para elescomo diarista, principalmente na “panha” do café.

A segunda testemunha ouvida, Sra. Leontina Ornela de Oliveira, declarou que a autora era meeira e trabalhou napropriedade da mãe da depoente, Sra. Jerondina. A depoente sabe que ela trabalhou por dois anos com a mãe dela porquemorou em uma casa próxima a da autora. Afirmou que o marido da autora também trabalhou na roça da mãe dela.

Ressalte-se que o vínculo urbano do marido da autora, junto à Prefeitura Municipal de Irupi (fl.89), não descaracteriza acondição da autora de segurada especial, uma vez que foi esclarecido em audiência que ela sempre trabalhou na roça e,mesmo neste período, o seu marido continuou exercendo atividade rural.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento deste magistrado da condiçãode trabalhadora rural ostentada pela autora.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

8 - 0001308-43.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001308-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA RAIMUNDA MARCOLAN (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).Processo nº. 0001308-43.2009.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MARIA RAIMUNDA MARCOLANRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em face de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria por idade rural. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente, que a recorridanão preencheu os requisitos para a concessão do benefício, haja vista que os documentos colacionados aos autos nãocomprovam o efetivo exercício de atividade rural pelo período de carência exigido. Alega ainda que a recorrida recebepensão por morte de empregador rural e que a propriedade em que trabalha possui 14,46 módulos fiscais. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido. As contrarrazões encontram-se nas fls.65-69.

Page 17: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício. Nesse mesmosentido, o enunciado nº 14 desta Turma Recursal.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:“A parte autora nasceu em 10/05/1931 (fl.10), estando atualmente com 79 (setenta e nove) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 10/06/2009 (fls. 12/14), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que nãofoi comprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carênciaexigida à concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR 1996/1997 – tendo como declarante Luiz da Costa Sobrinho, marido daautora, já falecido (fl. 18);b) Certidões de Casamento constando a profissão dos filhos da autora como lavradores (fls.28/37);c) Escritura Pública de Compra e Venda de imóvel adquirido por Luiz da Costa Sobrinho, marido da autora, em 1945 (fl.38);d) Notas fiscais, constando a profissão da autora como lavradora (fls. 46/48).

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte autora relata que sempre trabalhou na roça. Trabalha com o filho Levi Marcolan daCosta, mora também com ele e a nora, na Localidade de Trindade, na propriedade deste filho. É viúva há vinte e três anos.Quando o marido era vivo, também moravam na mesma localidade. Possui dez filhos. Depois do falecimento do marido, apropriedade de dez alqueires foi dividida entre os filhos. Afirma que embora o marido constasse como empregador rural, sóa família trabalhava na propriedade. Afirma que vendeu a sua parte na propriedade, depois de dois anos que o maridofaleceu. Relata que trabalha até hoje. Foi esclarecido que a Autora era segunda esposa do marido. Ele tinha outros filhos doprimeiro casamento. O filho Levi tem um pedaço de terra em Trindade, que foi adquirida com o dinheiro que ele recebeu deherança. Cultiva café, feijão e milho. Nesta propriedade do filho Levi também mora uma outra filha, em outra casa. Afirmaque nunca saiu da Localidade de Trindade. Não sabe ao certo quantos pés de café tem na propriedade. Colhem unsquarenta sacos de café (já pilado). Tem também uma vaca (retiram o leite só para consumo). Nunca exerceu atividadeurbana. Nenhum dos filhos trabalha como empregado, todos estão na roça.

Em esclarecimento, relatou que o marido não contratava pessoas para trabalhar na propriedade. O marido tinha oito filhosantes de casar com a Autora. Depois, ela teve dez filhos. A propriedade tinha uns dez alqueires. Todos os filhos (no total,dezoito) trabalhavam na propriedade. Afirma que quando casou com o marido, alguns dos filhos dele, do primeirocasamento, já eram até casados. Afirma que já tiveram lá umas vinte vacas, e o leite que retiravam não era vendido, erapara o consumo de todas as famílias. Recebe pensão por morte, no valor de um salário mínimo.

A primeira testemunha ouvida, Sra. Maria Amélia Pireti, afirma conhecer a Autora há uns quarenta anos. Mora na localidadede Santíssima Trindade, município de Iúna/ES. É vizinha da Autora há dezessete anos. Afirma que o marido da Autora tinhauma propriedade em Santíssima Trindade. Depois que o marido dela faleceu, pode afirmar que a Autora continuoutrabalhando. Desde que ficou viúva, a Autora mora com o filho Levi. Não tem outra filha da Autora que mora na propriedadedo filho Levi. Continua vendo a Autora indo trabalhar na roça, “fazendo alguma coisinha”. Antes de ficar viúva, a Autoratrabalhava com o marido, depois do falecimento deste, ela passou a trabalhar com os filhos. Não tem conhecimento de quea Autora já tenha exercido atividade urbana. Conheceu também o marido da Autora. Não conhece os filhos do primeirocasamento do marido da Autora. Quando o marido dela faleceu, a propriedade foi dividida entre os filhos. Hoje, apropriedade em que a Autora trabalha, do filho Levi, é bem menor do que era quando o marido era vivo. Não temconhecimento de que eles já tenham contratado empregados. Eles sobrevivem somente do que eles cultivam. Pelo quesabe, os outros filhos da Autora também são lavradores. Depois, afirmou que a filha da Autora, Lucilene, também mora láno local.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Augusto Dal´Rio, relatou que conhece a Autora há cinquenta e cinco anos. Afirma que aAutora trabalhou durante toda a vida na roça. Pelo que sabe, a Autora nunca exerceu atividade urbana. Acredita que aAutora está viúva há mais de vinte anos. Depois do falecimento do marido, a propriedade foi dividida. Desde que ficouviúva, a Autora foi morar na casa do filho Levi, e foi trabalhar no pedaço de terra dele. Relata que depois que a propriedadefoi dividida, a Autora teve até que trabalhar “à dia” para outras pessoas. Não sabe se a Autora recebe pensão pela morte domarido. Declara que mesmo depois da divisão da propriedade, a Autora continuou trabalhando na roça.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a parte autora laborou como lavradora antes edepois do falecimento de seu marido, confirmando assim sua qualidade de segurada especial.

Page 18: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela autora.”

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de o esposo da recorrida possuir enquadramento como empregador rural (fl. 59)não altera a conclusão jurisdicional adotada, porquanto demonstrado em audiência o exercício de atividade rural emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. Aplicação do princípio daprimazia da realidade.

Consigne-se, de par com isso, que a dimensão rural, para fins de enquadramento do segurado como empregado ouempregador rural, não afasta, por si só, a caracterização do regime de economia familiar, podendo tal condição serdemonstrada por outros meios de prova, independentemente se a propriedade em questão possui área igual ou superior aomódulo rural da respectiva região (STJ, AgEg no REsp 1042401/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, DJE16.02.2009).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

9 - 0000800-88.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000800-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x MOACIR RUFINO (ADVOGADO: DIMAS PINTO VIEIRA.).Processo nº. 0000800-88.2009.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MOACIR RUFINORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria por idade rural. Em suas razões recursais, sustenta que o recorrido nãopreencheu os requisitos para a concessão do benefício, haja vista que os documentos colacionados aos autos nãocomprovam o efetivo exercício de atividade rural pelo período de carência exigido. Alega ainda que o recorrido trabalhou pordiversos anos no meio urbano, não podendo servir tal labor para o cômputo do período de carência. Dessa forma, requerseja conhecido e provido o presente recurso, julgando-se improcedente o pedido.Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício. Nesse mesmosentido, o enunciado nº 14 desta Turma Recursal.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguintes documentos: a) Certidão doregistro de imóvel agrícola transmitido para seu tio Sebastião Lima (fls. 35/36); b) declaração da justiça eleitoralmencionando a ocupação de agricultor (fls. 65) e c) carteira de filiação ao Sindicato Rural datada de 2006 (fls. 66).

Page 19: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Tal documentação mostra-se início suficiente de prova material do exercício de atividade rural; contudo, a outorga dobenefício depende da complementação desta prova documental, a fim de atestar o efetivo desempenho dessa atividadepelo período de carência previsto legalmente.

Assim, com intuito de conferir maior robustez ao conjunto probatório dos autos, designou-se audiência, na qual o requerenteprestou seu depoimento pessoal e duas testemunhas, por ele arroladas, foram inquiridas.

O autor mencionou que trabalhou em certos períodos na área urbana, e que desde 1996 está trabalhando como meeiro,com contrato verbal, na propriedade de seu tio, que o criou desde os seis anos de idade, como filho, junto com seus primos.Afirmou que entre os intervalos de um emprego urbano e outro, sempre ia para a roça trabalhar.

Aduziu que não havia empregados trabalhando nas terras, bem como demonstrou ter grande conhecimento sobre o laborrural.

Suas testemunhas foram uníssonas, e afirmaram que conhecem o autor desde criança, e que durante um tempo ele foitrabalhar na cidade, porém desde 1996, ele retornou definitivamente para o labor rural, nas terras de seu tio. Disseram quesó há a família trabalhando, sem contratação de empregados, e que nunca houve meeiros.

Em que pese a argumentação do INSS em contestação (fls. 70/74), é de se ressaltar que o fato de o autor ter laborado emvários empregos na área urbana, consta no CNIS (fls. 75) que havia entre eles intervalos, variando de quatro meses a doisanos e 2 meses, período que ele trabalhava na roça com seu tio.

É de se notar que o demandante nasceu em 31/03/1947 e completou 60 (sessenta) anos de idade no ano de 2007,necessitando possuir 156 meses de contribuição (13 anos), de acordo com a tabela de transição mencionada no artigo 142da Lei nº 8.213/91. Destaca-se que a tabela de transição deve se aplicar ao caso, eis que desde 1977 já laborava em árearural.

No caso em tela, têm-se que 1996 a 2008 (DER) o autor laborou na roça durante 13 anos, tempo que deve, ainda, sersomado aos períodos descontínuos, de 1977 a 1991. Assim, resta cumprida a carência exigida, não descaracterizando suacondição de segurado especial, por expressa determinação legal (art. 11, § 9º, inc. III, da Lei nº 8.213/91).

Há que se lembrar que não se pode exigir do demandante apresentação de prova material de todo o período que pretendecomprovar. Portanto, cotejando as provas documentais apresentadas, mais a prova testemunhal, entendo que formamconjunto probatório suficiente a atestar o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo tempo decarência necessário à concessão da aposentadoria por idade rural, devendo esta ser concedida ao autor.

Considerando que o demandante é pessoa de situação financeira precária e tendo em vista a consistência do conjuntoprobatório apresentado nos autos, tornando verossímeis as alegações trazidas na petição inicial, DEFIRO o pedido deantecipação dos efeitos da tutela e determino o pagamento imediato do benefício da aposentadoria por idade ao autor, novalor de 01 (um) salário mínimo.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

10 - 0000429-36.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000429-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x ILDA VIEIRA VARELA DOS ANJOS (ADVOGADO: ALFISOARES SALES JUNIOR.).Processo nº 0000429-36.2009.4.02.5051/01

Page 20: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : ILDA VIEIRA VARELA DOS ANJOS

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que não há nosautos início de prova contemporâneo à época dos fatos e que o falecido marido da recorrida desenvolveu a atividade deferroviário, fato incompatível com o regime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício. Nesse mesmosentido, o Enunciado nº. 14 desta Turma Recursal.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Como início de prova material idôneo, verifico que a demandante apresentou: Certidão de casamento, realizado em 1974,constando o marido da Autora como lavrador (fl. 24); Inscrição do companheiro no CNIS como meeiro, em 1996 (fl. 27);Declaração de exercício de atividade rural, emitida em 21/07/2008 (fl. 28); Contratos de parceria agrícola, firmados em02/04/1996, 02/04/1999 e 03/04/2004 (fls. 31/33).Em audiência, a parte autora disse, em síntese: que é viúva há 28 anos e recebe pensão por morte, no valor de um saláriomínimo; que seu marido era ferroviário em Cachoeiro; que 15 dias depois da morte dele, voltou para a região de Boqueirãoda Laranjeira, em Alegre, para a casa dos pais; que então voltou a trabalhar na roça, na terra do pai; que lá capinava,roçava, trabalhava na “panha” do café etc.; que teve 3 filhos com o marido, sendo que na época do óbito o filho mais velhotinha apenas 9 anos de idade; que vive em união estável há 22 anos com Paulo Sérgio, morando em Anutiba, zona rural deAlegre; que seu companheiro é trabalhador rural; que teve um filho com seu companheiro; que trabalha como meeiro noCórrego do Óleo, nas terras de José Beraldo; que lá trabalha há 18 anos, mas o contrato só “pega” 16 anos; que cuidam delavoura de café, de 2000 covas, colhendo 10 sacas, além de plantio de milho e feijão; que criam galinhas; que a suaresidência é fora da propriedade onde trabalham, a uns 3 km da lavoura; que tanto a pensão como o trabalho rural sãoimportantes para o sustento familiar.A primeira testemunha, Gelson, disse: que conhece a autora há mais de 15 anos; que a testemunha tinha um armazém emAnotiba e a autora sempre ia fazer compra lá; que ela mora na roça; que ela sempre trabalhou na roça, nas terras de JoséBeraldo; que vão a pé para o trabalho; que cultivam lavoura de café, mas não sabe a quantidade nem o tempo que estão lá;que apenas sabe que “tem um bom tempo” lá; que o companheiro é lavrador.A segunda testemunha, Waldyr, disse: que conhece a autora há uns 16 para 18 anos, a partir de quando a testemunha semudou para Anotiba; que a autora trabalha como colona de José Beraldo desde que a conheceu; que o marido, Paulo,também trabalha na roça, no mesmo local; que a lavoura fica a uns 3 a 5 km de onde moram; que a autora sempre vai paraa lavoura; que sempre via ela e o marido juntos indo trabalhar; que todavia não viu a lavoura, nem sabe o seu tamanho.Realizada inspeção judicial na demandante, pude constatar que ela apresentava aparência e linguajar característicos detrabalhadora rural, tendo demonstrado conhecimentos específicos sobre o cultivo, não apresentando, contudo, calos nasmãos.Os depoimentos colhidos em audiência demonstraram coerência e foram espontâneos, trazendo forte convicção a estemagistrado acerca do trabalho rural exercido em regime de economia familiar pela autora, nas últimas duas décadas, pelomenos, desde quando tornou-se viúva.Com efeito, os relatos demonstraram-se sinceros e espontâneos, deixando claro que a autora casou-se e foi viver nacidade, enquanto seu marido trabalhava como ferroviário. Mas logo tornou-se viúva, com 3 filhos crianças (o mais velhotinha 9 anos, na época), o que a fez voltar para a casa dos pais, na roça, retomando suas atividades rurais para sobreviver.No caso, entendo que a pensão por morte de trabalhador urbano, no valor de um salário mínimo, não foi capaz de afastar olabor rural como um dos pilares de sustento familiar. Como visto, além do valor baixo do benefício em si, a autora se viuainda nova com três crianças para criar. A solução, então, foi retornar para a propriedade rural de seu pai e ali voltar atrabalhar na lavoura.Mais tarde, a autora iniciou novo relacionamento, sendo o seu companheiro também trabalhador rural (não há provas emsentido contrário), indo viver na região rural de Anotiba, onde há quase 18 anos é meeira de José Beraldo.Tais relatos corroboram o início de prova documental apresentado.Assim, no caso dos autos, entendo que restou razoavelmente demonstrada a qualidade de segurado especial da parte

Page 21: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

autora, fazendo jus ao benefício requerido.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

11 - 0001640-10.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001640-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DELACALETE ALOQUIO BRAVIN (ADVOGADO: ELINARAFERNANDES SOARES.).Processo nº. 0001640-10.2009.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MARIA DELACALETE ALOQUIO BRAVINRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria por idade rural. Em suas razões recursais, sustenta que a recorrida nãopreencheu os requisitos para a concessão do benefício, haja vista que os documentos colacionados aos autos nãocomprovam o efetivo exercício de atividade rural pelo período de carência exigido. Alega ainda que os contratos de parceriaagrícola em nome da recorrida são extemporâneos e, portanto, não podem ser considerados como prova de seu labor rural.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 111-115.Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/91), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/91.A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/91 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício. Nesse mesmosentido, o enunciado nº 14 desta Turma Recursal.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A Parte Autora nasceu em 20/01/1953, fls. 10. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 05/11/2008 (fls. 11),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.A prova material trazida aos autos consistiu:certidão de casamento às fls. 16,documento de cadastramento de CI fls. 17,ficha de sindicato – fls.18,21,Certidão de óbito - fls. 23,Comprovantes de ITR fls. 20/27,Declaração de proprietário fls. 25,Comprovante de pagamento de ITR fls. 26,27;Escrituras de compra e venda – fls. 28/30;Contrato de parceria agrícola – fls. 31/36,Certificado de cadastro de imóvel rural 37/42,Nota fiscal fls. 43,Ficha escolar fls. 66/73.

Page 22: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Além disso, o início de prova material foi especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.Em seu depoimento pessoal a Autora afirmou que trabalha na roça; que sempre trabalhou na roça; que nunca exerceuoutra atividade; que não tem terra que trabalha na terra de Inácio Faccini; que trabalha lá desde que ficou viúva; quetrabalha junto com o seu irmão; que mora na propriedade do Sr. Inácio; que de 1998 a 2002 trabalhou na roça; que cuidaagora de seu pai; que trabalhava para o Celin e depois foi trabalhar com o Inácio; que cuidava também de sua mãe; que osirmãos moram próximos; que trabalhou para o Jorge Barbieri, para o Sr. Celin e agora para o Sr. Inácio; que de 1998trabalhava para o Sr. Inácio; que o marido teve câncer e ela teve que cuidar dele levando-o para Vitória; que o seu maridoera aposentado rural, que recebia mais um pouco de R$ 100,00; que hoje ela recebe de pensão R$ 540,00; que seu maridomorreu há 15 anos; que tinha 3 filhos pequenos nesta época; que quando o seu marido morreu trabalhava para o Sr. Jorge;que quando o marido morreu saiu logo em seguida; que depois da morte de seu marido foi morar com o seu irmão etrabalhar com o Sr. Inácio; que hoje ela apenas toma conta de seu pai, pois é hipertensa; que trabalhou até setembro de2010; que mora nas terras do Sr. Inácio, mesmo não continuando a trabalhar; que trabalhou, como diarista, capinando,conforme outras pessoas a chamavam; que trabalhou nas casas Franklin; que comprou nas casas Franklin parcelado; quefoi morar agora com seus pais; que fez contrato; que passou uns dias e depois foi fazer o contrato com o Sr. Inácio; quetrabalhava junto com o seu irmão; que este ano deu 100 sacas de café; que é o irmão quem vende as sacas; que o irmãodá a ela uns R$ 2.000,00 por ano; que o pai é aposentado e recebe também a pensão da mãe; que não sabe porque oINSS não pagou ; que a colheita do café é agora; que planta café; que colhe com lona; que planta feijão para consumo.A testemunha Sr(a). Josias Celin afirmou que conhece a autora desde que a mesma era criança; que a autora é colona;que a autora já trabalhou para seu pai; que lembra disso; que sempre morou na fazenda onde a autora trabalhava; que nãose lembra o ano em que a autora trabalhou, mas que acha foi a uns 10 anos atrás; que depois ela foi para o Sr. InácioFaccini; que a autora trabalhou uns 10 anos para seu pai; que ele já era casado quando a autora trabalhava lá; que quandoo marido faleceu a autora foi morar com seu irmão; que lembra do falecimento do marido da autora; que conhece Sr. JorgeBarbieri; que a autora trabalhou para este antes da mesma trabalhar para seu pai.A testemunha Sr(a). Sérgio Faccini afirmou que conhece a autora de perto da casa dele em Iape, Minas; que InácioFaccini é irmão da testemunha; que a autora era colona de seu irmão e continua trabalhando até hoje; que já viutrabalhando; que faz 8 ou 15 dias a autora trabalhando; que mora na cidade, mas sempre vai ao local visitar parentes; que aautora mora em Iape Minas; que agora a autora mora com o pai, mas trabalha na roça; que a autora tem responsabilidadesobre uma parte da lavoura;As testemunhas foram unânimes em confirmar o trabalho da Autora, razão pela qual lhe assiste direito ao benefício.Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela Autora.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

12 - 0000405-08.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000405-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x AZILDA BONADIMAN MARDEGAN (ADVOGADO: ANDRESSAMARIA TRAVEZANI LOVATTI.).Processo n.º 0000405-08.2009.4.02.5051/01- Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : AZILDA BONADIMAN MARDEGANRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 23: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, ora recorrente, emrazão de sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta orecorrente, preliminarmente, a decadência do direito pleiteado. No mérito, sustenta que a recorrida não comprovou oexercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que os documentosapresentados são frágeis, podendo ser considerados somente a partir do momento do reconhecimento de firma. Aduz,ainda, que o marido da recorrida é aposentado em atividade diversa da rural, com renda superior a 01 (um) salário mínimo,o que descaracteriza a condição de segurada especial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 59-70.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 26/11/1936 (fl.24), estando atualmente com 74 (setenta e quatro) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 10/04/1997 (fl.19) tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

comprovante de residência em nome de seu esposo, constando o endereço como zona rural (fl.11);documentos relativos a propriedade “sítio Crubixa” (fls.13/17);contrato de parceria agrícola, datado de 10/03/1988, ajustado entre o período de 10/03/1988 a 10/03/1998 (fls.21/22);certidão de casamento, realizado em 05/09/1959, contanto ser o esposo da autora lavrador (fl.24),contrato de comodato, datado de 17/01/1999 (fl.25);declaração da secretaria de educação, declarando que a filha da autora estudou entre o período de 1976 a 1979 em Iconha,constando à profissão da autora como lavradora (fl.30).

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a autora disse que tem 74 anos; que mora depois de Iconha; que tem propriedade há uns 30anos; que esta propriedade tem meio alqueire de terra; que há trinta anos só trabalha nesta propriedade; que quem tocavaesta terra era ela e suas filhas; que a renda do caminhão não dava para eles sobreviverem; que seu marido aposentou-sepor tempo de contribuição; que ele recebe 1 salário e ½; que faz 5 anos que ela parou de trabalhar por causa daosteoporose; que a propriedade é da família; que eles compraram; que trabalhava para o sogro; que não sabe o que fez oseu marido deixar parte da herança dele para os irmãos; que é a mesma propriedade, Sítio Crubixá; que a propriedade éda autora; que plantava café conilon; que faz uns 29 anos que o seu marido está aposentado; que o seu marido, depois deaposentado, ajuda na colheita do café; que sempre teve horta na sua propriedade; que antes de o marido aposentar-sequem a auxiliava na terra eram suas filhas; que a propriedade está no nome do genro dela, por causa de complicações coma família de seu marido; que era uma nora quem estava pressionando para “pegar” as terras; que as filhas irão regularizar;que as filhas sempre trabalhavam na roça com ela; que o caminhão de seu marido era dele e do pai; que hoje tem umfusca.

A testemunha ouvida, Sr. Lauro Antônio disse que conhece a autora há 28 anos, mais ou menos; que conhece o marido daautora; que sabe por alto que o marido trabalhava como motorista de caminhão; que desde que ele conhece a autora e seumarido eles continuam morando lá; que há uns 5 anos via a autora trabalhando em suas terras; que a autora sempretrabalhou na roça; que nunca viu ela trabalhar em outras atividades.

Os documentos anexados pela parte autora, bem como a prova testemunhal, demonstram que a autora laborou muitosanos em atividade rural. Os contratos de parcerias agrícolas indicam que a autora desde a década de 80, trabalha na roça.

A autora em seu depoimento pessoal disse que seu esposo trabalhou como motorista e que ele recebeu um salário e meiode aposentadoria. Assim, o INSS em sua contestação disse que a autora não é segurada especial, pois possui outra fontede renda que não seja rural. Ficou demonstrado que apesar de o esposo da autora estar aposentado, recebe apenas umsalário e meio (R$ 818,25 – fl.54), sendo a renda da autora indispensável para a sobrevivência da família.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora

Page 24: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

rural ostentada pela autora”.

Em acréscimo, quadra registrar que o art. 103, caput, da Lei nº 8.213/1991 estabelece o prazo decadencial de dez anospara a revisão do ato de concessão do benefício, não se subsumindo à hipótese de indeferimento de aposentadoria.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

13 - 0001023-50.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001023-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ALDA MARIA SECHIN CIPRIANO (ADVOGADO: LETICIASEVERIANO ZOBOLI, SAMUEL ANHOLETE.).Processo n.º 0001023-50.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : ALDA MARIA SECHIN CIPRIANORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que a recorrida não preencheu os requisitos para o deferimento da antecipação dos efeitosda tutela, devendo ser atribuído ao recurso efeito suspensivo. Alega que não há nos autos e início de prova material doefetivo exercício de atividade rural. Aduz ainda, que o marido da recorrida é aposentado por atividade urbana, fato quedescaracteriza o regime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 103-111.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 23/11/1945 (fl. 17), estando atualmente com 65 (sessenta e cinco) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 18/07/2008 (fl. 43), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) declaração de atividade rural emitida pelo sindicato de Cachoeiro de Itapemirim, datada em 18/07/2008;b) certidão de escritura pública de divisão amigável em nome da autora, fl.29;c) declaração de testemunha, afirmando que a autora possui uma propriedade e é rurícola fl.38;

Page 25: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

d) entrevista rural fs.43/44.

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal a parte autora, afirma que trabalha na roça, possui uma pequena propriedade rural, cujotamanho não se recorda. Cultiva café, feijão e milho, e cria algumas galinhas e cabeças de gado. Sua última colheita foi emjunho do ano passado. Declara que toda a sua produção é praticamente para o gasto, só vende quando sobra um pouco.Relata que ela e o marido é que vendem a produção, mas não se recorda o nome do comprador. Passou a trabalhar naroça aos dez anos de idade, os pais já eram lavradores, eles já tinham uma propriedade. Nunca exerceu outra atividade,que não fosse na roça. Depois que se casou, foi trabalhar na propriedade do sogro. Tem três filhos. A propriedade ondetrabalha hoje era do sogro. Atualmente, trabalha só com o marido. Quando o sogro ainda era vivo, trabalhava com o maridoe os sogros. Nunca contrataram empregados na propriedade, nem diaristas ou meeiros. O marido já trabalhou uma épocanum sanatório, há mais de quarenta anos. Relata que o marido é aposentado por invalidez, e recebe um salário mínimomensalmente. O marido se aposentou em 1965. Quando se casou, o marido já era aposentado. Declara que se casou em1968.

A primeira testemunha ouvida, a Srª Matilde Sales Rocha, afirma que é vizinha da Autora, e que ela trabalha na roça.Declara que sua casa fica bem próximo à casa dela, de sua casa consegue ver a casa da Autora. Relata que já viu a Autoratrabalhando. Não sabe qual o tamanho da propriedade da Autora. Declara que a produção da Autora é só para o gasto.Conhece a Autora há vinte e quatro anos. Relata que atualmente não tem mais café na propriedade da Autora, no anopassado também tinha. Afirma que a produção deles é só para o gasto. Pelo que sabe, a propriedade foi herdada pelomarido da Autora. Declara que vê a Autora trabalhando na roça. Relata que o marido ajuda a Autora. Relata que o maridoda Autora tem problemas de saúde, mas a ajuda um pouco na propriedade. Afirma que a Autora mora só com o marido.Pelo que sabe, a Autora nunca teve empregados. Pelo que sabe, a Autora nunca exerceu outra atividade, que não fosse naroça. Pelo que sabe, a produção da Autora é só “para o gasto”. Tem conhecimento de que a Autora já produziu café nestapropriedade.

A segunda testemunha ouvida o Sr. João Inácio Verdan afirma que: conhece a Autora há mais de quarenta anos. Pelo quesabe, a Autora trabalha na roça, cuida das criações de gado e porcos, cuida da horta e da criação de milho. Afirma que vê aAutora trabalhando, sua casa fica a uns cem metros da casa da Autora. Declara que a Autora mora só com o marido.Relata que o marido tem problemas de saúde, e ela trabalha praticamente sozinha.

O fato do marido da autora receber aposentadoria por invalidez não descaracteriza o regime familiar, já que também ajudana lavoura para subsistência da família.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela autora.”

Da antecipação da tutela

“Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Em acréscimo, quadra registrar que a certidão de casamento de fl.18, contendo a qualificação profissional do marido darecorrida como lavrador e datada no ano de 1968, conquanto não mencionada pelo magistrado sentenciante, constitui iníciode prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 06 da Súmulada Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendotodo o período necessário à concessão do benefício.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se a

Page 26: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

14 - 0000538-50.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000538-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x OSCARINA FERREIRA GUIMARAES (ADVOGADO: JOSÉNASCIMENTO, URBANO LEAL PEREIRA.).Processo n.º 2009.50.51.000538-9/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : OSCARINA FERREIRA GUIMARÃESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurado especial. Alega que a Certidão Eleitoral defl. 08 foi emitida apenas em 17.02.2009, assim, a mera referência a domicílio na zona eleitoral em período anterior nãopoderia servir para comprovação da atividade declarada apenas em 2009. Aduz, ademais, que os documentos que indicamapenas a profissão do ex-esposo da requerente como lavrador (fls. 10 e 12) e dela como doméstica não podem beneficiá-laapós 14.07.1995, quando houve o divórcio (fl. 11). Alega, ainda, que não há qualquer início de prova material válido entre13.12.1973 e 15.06.2004 de forma que a mera prova testemunhal não poderia suprir um período de quase 31 (trinta e um)anos sem documentos. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 39-40.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 29/06/1952 (fl.06), estando atualmente com 59 (cinqüenta e nove) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 08/03/2008 (fl. 09), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) certidão da Justiça Eleitoral, constando a profissão da autora como lavradora (fl.08);b) certidão decasamento, realizado no dia 10/10/1970, constando a profissão do esposo da autora como lavrador (fl.10);c) certidão denascimento da filha, nascida em 13/12/1973, constando a profissão do esposo da autora como lavrador (fl.12);d) carteira detrabalho assinada correspondente ao período das safras do café (fs.14/15).Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.A parte autora, em seu depoimento pessoal, disse que está separada desde 1991. Trabalha na propriedade do Sr. AntônioFlorindo Sobrinho. Quando se separou, já estava na propriedade dele há uns dez anos. Continua até hoje lá. Tem uma casana propriedade dele. Cultiva dois mil pés de café, fica com metade da produção. No último ano, colheu trinta sacas de café,antes de dividir. Trabalha e mora sozinha. Fez contrato com o Sr. Antônio Florindo há uns quatro anos. Tem a carteira detrabalho assinada desde 2004 na propriedade do Sr. Antônio Florindo. Recebe um salário mínimo. Depois que pega o seucafé, ela trabalha apanhando o café dele. Cuida de lavoura de café e trabalha na lavoura de café dele. “Troca dias” com osoutros colonos para apanhar o seu café. Novamente questionada, a Autora declarou que quando se separou, comprou umacasa “na rua” e passou para o nome das filhas. Fica também na casa na roça, que é próxima à sua lavoura.A primeira testemunha ouvida, Antônio Florindo Sobrinho, declara que a Autora trabalha em sua propriedade desde 1991.Relata que a Autora mora na cidade, no bairro Quilombo. Quando ela foi trabalhar na propriedade, acha que ela estava se

Page 27: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

separando do marido. Anteriormente, o contrato era verbal, depois fizeram contrato. Passou a assinar a carteira dosempregados, porque teve problemas com fiscalização. A parte que a Autora cultiva são dois mil pés de café. Novamentequestionado, disse que possui quatro casas em sua propriedade, de apoio aos empregados, conforme determinação daJustiça do Trabalho.Embora a autora tenha alguns vínculos empregatícios, é notável que são os períodos correspondentes ao período da panhado café. O vínculo empregatício é um complemento de sua renda, sendo essencial a sua subsistência.Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pelaautora”.

Em acréscimo, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido ao período posterior aodivórcio, por força dos depoimentos testemunhais, todos coerentes e coesos.Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (156meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

15 - 0000892-75.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000892-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ZILDA DEMARTINI MAURI (ADVOGADO: LUIZ FELIPE MANTOVANELIFERREIRA.).Processo n.º 2009.50.51.000892-5/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : ZILDA DEMARTINI MAURIRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurada especial. Alega que em ProcessoAdministrativo restou demonstrado que a recorrida cuidava somente das tarefas domésticas e do café na época da colheita,o que inviabiliza a qualificação como efetiva trabalhadora rural. Aduz, ademais, que o cônjuge da recorrida possui inscriçãona previdência social na qualidade de autônomo (produtor rural), estando aposentado desde 2004, o que de per si afasta acaracterização da autora como segurada especial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a fixação da data de início do benefício (DIB) em29.11.2010, data da realização da audiência de instrução (fls. 124). As contrarrazões encontram-se nas fls. 138-146.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Lei

Page 28: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

nº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 25/07/1941 (fl. 14), estando atualmente com 69 (sessenta e nove) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 23/01/2008 (fl. 68), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) Certidão de Casamento, realizado em 15/10/1959, constando a profissão do marido da autora comolavrador (fl.20);b) Declaração de Exercício de atividade rural, emitida em 23/01/2008, pelo Sindicato dos TrabalhadoresRurais de Alegre (fl.23);c) Ficha de matrícula escolar da filha da autora, referente ao ano de 1979, constando sua profissãocomo lavradora (fl.25);d) Certidão da Justiça Eleitoral, emitida em 18/06/2007, constando a profissão da autora comotrabalhadora rural (fl.26);e) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – 1998 a 2005 (fls. 27/29)f) Certidão do Ministério doDesenvolvimento Agrário – MDA – no nome do marido da autora (fl.30);g) Escritura Pública de Doação de Imóvel Rural, de16/02/1966, figurando a parte autora e seu marido na condição de adquirentes (fl.31);Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que o marido já é aposentado, contribuiu para o INSS, foi informado deque a contribuição dele serviria para ele e a Autora. Afirma que o marido nunca exerceu atividade urbana. O marido recebeum salário mínimo mensal. Declara que o marido herdou uma propriedade do pai. Relata que o marido possuía muitosirmãos, afirma que a parte do marido (de treze alqueires) já está separada em nome dele. Afirma que já está morandonesta propriedade há cinquenta e um anos, já morava lá antes de o sogro falecer, e desde 1966 a propriedade já está emnome do marido. Declara que possui dez filhos, atualmente quatro estão na propriedade ajudando. Na propriedadetrabalham os quatro filhos (três casados, com suas esposas), uma filha casada (com o marido), a Autora e seu marido.Relata que ainda hoje continua trabalhando. Possui também uma criação “para o gasto”, umas trinta cabeças de gado(tiram leite para o gasto). O marido está com setenta e um anos, a Autora está com sessenta e nove anos. Pelo que serecorda, só requereu a aposentadoria há três anos. Declara que só requereu a aposentadoria agora por falta de informação.Relata que não possui meeiros. Afirma que há muitos anos atrás já tiveram as filhas casadas como meeiras. Relata quenunca trabalharam pessoas de fora na propriedade, só a família. Cultivam café, milho e feijão. Declara que os filhos sãomeeiros do marido. Afirma que a lavoura é toda junto com os filhos. Relata que o marido possui problemas de saúde, já fezalgumas cirurgias, acredita que há uns quarenta anos ele já está adoentado. Declara que nunca exerceu atividade urbana.Relata que não aluga o pasto. O dinheiro da renda do gado fica com os filhos. Na última colheita, produziram oitenta sacosde café (a parte que lhe coube e a seu marido). Afirma que é difícil sair de sua propriedade e ir para a cidade.A primeira testemunha ouvida, Sr. Jorge Pinto de Abreu, declarou, em síntese, que conhece a Autora há uns quarenta anos.Afirma que de sua casa à casa da Autora é uma distância de dez minutos a pé. Relata que a propriedade da Autora tem dedoze a treze alqueires, mas a metade é de mata. Não se recorda se a Autora já teve outra propriedade. Não temconhecimento se a Autora tenha casa na cidade. Pode afirmar que desde que conhece a Autora, ela mora nestapropriedade. Acredita que dois alqueires e meio da propriedade da Autora sejam destinados ao pasto, acredita que tenhaumas oito vacas e alguns bezerros. Afirma que eles não possuem cavalos. Relata que eles cultivam café, milho, arroz emandioca. Acredita que a parte (meação) que cabe à Autora seja de uns oitenta sacos de café. Declara que cinco dos filhosda Autora moram e trabalham na propriedade. Não tem conhecimento se a Autora já contratou meeiros ou diaristas paraajudá-los na propriedade. Relata que a Autora cuida da lavoura branca, capina, cuida de horta. Não se recorda se algumavez a Autora já tenha deixado de trabalhar na roça por motivos de saúde, nem para tomar conta de seu marido. Declara quea Autora nunca exerceu outra atividade que não fosse na roça. Afirma que o gado que tem na propriedade é para retirar umleite, que utilizam para consumo (acredita que elas produzam uns trinta litros de leite por dia). Eles tem também um tanque,às vezes vendem leite. Pelo que sabe, a produção de leite é dos filhos. Não sabe se produzem queijos e manteiga. Afirmaque a Autora possui dez filhos. Relata que o marido possui uma pick-up antiga e usada. Não tem conhecimento de que omarido da Autora já tenha exercido outra atividade, que não fosse na roça.A segunda testemunha ouvida, Sr. Antônio Francisco Rotta, declarou que conhece a Autora há mais de trinta anos, évizinho da propriedade em que a Autora morava. Pelo que sabe, a propriedade da Autora tem uns doze alqueires, sendoque a metade é de mata. Não sabe qual o tamanho da propriedade destinado ao pasto, acredita que eles tenham umas oitocabeças de gado. Não tem conhecimento de que eles já tenham alugado o pasto. Relata que eles cultivam café, milho,feijão e mandioca. Não sabe a quantidade de pés de café cultivados, mas pode afirmar que a parte da Autora na produçãoé de oitenta sacos. Afirma que a Autora possui dez filhos, sendo que quatro moram e trabalham na propriedade. Declaraque a Autora ainda continua trabalhando. Não tem conhecimento de que a Autora tenha tido algum problema de saúde, quea tenha impedido de trabalhar. Pelo que sabe, a Autora e seu marido nunca exerceram outra atividade, que não fosse naroça. Não sabe qual a produção diária de leite.Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora laborou efetivamente no meio rural,confirmando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, anteo pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pela autora”.

Em acréscimo, quadra registrar que o mero fato de o marido da recorrida possuir inscrição como empregador rural não tem

Page 29: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

o condão de alterar a conclusão jurisdicional adotada, porquanto demonstrado em audiência o exercício de atividade ruralem condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. Aplicação do princípioda primazia da realidade.

Consigne-se, de par com isso, que a dimensão rural, para fins de enquadramento do segurado como empregado ouempregador rural, não afasta, por si só, a caracterização do regime de economia familiar, podendo tal condição serdemonstrada por outros meios de prova, independentemente se a propriedade em questão possui área igual ou superior aomódulo rural da respectiva região (STJ, AgEg no REsp 1042401/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, DJE16.02.2009).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

16 - 0002010-23.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002010-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x MARIA DAS GRAÇAS SOARES FERREIRA (ADVOGADO: LUCIANO MOREIRADOS ANJOS.).Processo n.º 0002010-23.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA DAS GRAÇAS SOARES FERREIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que os documentos acostados são frágeis para comprovar o início do exercício de atividaderural da recorrida. Alega que a recorrida não comprovou o labor rural durante o período de carência exigido para aconcessão do benefício. Aduz ainda, que houve contradições nos depoimentos das testemunhas, pelo que não devem serconsiderados para fins de prova do efetivo exercício de atividade rural. Dessa forma, requer seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer seja modificada a data de início dobenefício para o dia 17.09.2010 (data da audiência). As contrarrazões encontram-se nas fls. 78-84.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

Page 30: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

“A parte autora nasceu em 18/05/1953 (fl. 16), estando atualmente com 57 (cinquenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 26/05/2008 (fl. 45), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato em 27/05/2008 (fl. 19);b) Ficha da Secretaria Municipal de Saúde, constando que a Autora é trabalhadora agropecuária (fl. 20);c) Inscrição da Autora no CNIS como segurada especial em 13/05/2008 (fl. 21);d) Certidão de casamento, realizado em 1971, constando a profissão do marido da Autora como lavrador (fl. 22);e) Ficha do Sindicato de Trabalhadores Rurais, em nome da Autora, com admissão em 09/10/2006 (fl. 23);f) Carteira de beneficiária do INAMPS, em nome da Autora, como esposa de trabalhador rural (fl. 24);g) Fichas da Secretaria de Saúde, constando a profissão da Autora como lavradora (fls. 40/42).Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que já trabalhou para José Sposito, e para o Sr. Renato, testemunhaque está presente. Afirma que mora na propriedade do Sr. José Sposito há uns trinta anos, quando se casou já foi morar lá,fez contrato com ele, na localidade de Sempre Viva. Relata que na propriedade existem outros meeiros trabalhando, massão poucos. Afirma que trabalha com a ajuda do marido. Possui cinco filhos, sendo dois homens e três mulheres. Relataque na propriedade do Sr. José Sposito cultivava lavoura branca e café, atualmente cultiva banana, mas não tem muitolocal para plantar, porque ele está trocando a lavoura pelo pasto. Afirma que trabalha, também, na propriedade do Sr.Renato, que é vizinha à propriedade do Sr. José, cultivando milho e feijão, como meeira. Relata que trabalha napropriedade do Sr. Renato, filho da Srª Alzira, desde aproximadamente 1989. Com o Sr. Renato não fez contrato, sóconseguiu uma Declaração. Relata que nunca exerceu atividade urbana. Afirma que os dois filhos também trabalham napropriedade do Sr. Renato. As três filhas já são casadas. Relata que nunca morou na cidade. O marido ainda não éaposentado, está com sessenta e três anos atualmente. O marido da Autora recebe um salário mínimo por mês,trabalhando para o Sr. José Sposito, de uns dez anos para cá, mas não possui carteira de trabalho assinada. Atualmente,ainda limpa e planta lavoura branca (feijão e milho) na propriedade da Srª Alzira/Renato. Quando a produção é maior,dividem à meia. Quando a produção é muito pequena, eles dão para a Autora.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Carlos Renato Alvarenga Theodoro, declarou que a Autora trabalhou muitos anos (dezanos ou mais) na propriedade de sua mãe, Srª Alzira Alvarenga, cultivando lavoura branca, como meeira, e que ficoutrabalhando lá até 2004. Relata que a Autora mora na propriedade do Sr. José Sposito há muitos anos (mais de trinta anos),que é vizinha à propriedade da testemunha. Relata que dois filhos da Autora atualmente são empregados na propriedadeda testemunha (um trabalha na lavoura, o outro tira leite). Relata que a sua propriedade possui setenta e cinco hectares.Declara que no período em que a Autora trabalhou lá, existiam outros meeiros também trabalhando na propriedade. Afirmaque o Sr. José Sposito possui duas propriedades, uma que é vizinha à propriedade da testemunha (onde a Autora mora), eoutra um pouco mais distante. Pelo que sabe, a Autora também cultiva lavoura branca na propriedade do Sr. José Sposito.Relata que na propriedade dele já cultivaram muito café, atualmente a propriedade está sendo mais usada para pasto. Omarido da Autora trabalha como encarregado na propriedade do Sr. José Sposito.

A segunda testemunha ouvida, Srª. Marta Cristina, declarou que conhece a Autora há uns vinte e sete anos, são vizinhas.Afirma que a Autora mora na propriedade do Sr. José Sposito. Desde que conhece a Autora, ela já morava neste local.Relata que a Autora morava na propriedade do Sr. José Sposito, mas trabalhava cultivando lavoura branca, na propriedadeda Srª Alzira. Pelo que sabe, a Autora nunca trabalhou na propriedade do Sr. José Sposito, porque lá o terreno é todoutilizado para o pasto. Desde que conhece a Autora, ela sempre trabalhou na propriedade da Srª Alzira. Afirma queatualmente a Autora continua trabalhando, cultivando lavoura branca, plantando milho, feijão e arroz. Não temconhecimento se a Autora vende o que produz ou se o produto cultivado é só para sua despesa, mas acredita que seja sópara despesa. Relata que o marido da Autora trabalha com lavoura branca para a Dª Alzira.

A terceira testemunha ouvida, Srª Alaidi de Oliveira, relatou que conhece a Autora há uns vinte e cinco anos. Declara que aAutora trabalha na propriedade do Sr. José Sposito, há uns trinta anos. Afirma que a propriedade do Sr. José Sposito tempasto, lavoura de café e mata. Relata que a Autora trabalha na lavoura de café, na propriedade do Sr. José Sposito. Afirmaque a Autora já morou e trabalhou na propriedade da Dª Alzira/Sr. Renato, por uns três ou quatro anos. Relata que napropriedade também cultivam café, lavoura branca e tem pasto. Pelo que sabe, na propriedade da Dª Alzira a Autoracultivava lavoura branca. Não tem conhecimento de que a Autora tenha exercido outra atividade que não fosse na roça.Desde que conhece a Autora, ela e seu esposo sempre trabalharam na roça.

Após a análise das testemunhas ouvidas em audiência e os documentos acostados nos autos, ficou comprovado que aparte autora sempre laborou em atividade rural. A terceira testemunha ouvida Srª Alaidi de Oliveira, mencionou que a autoramorou na propriedade da Srª Alzira por alguns anos, embora esta informação tenha sido oposta às outras testemunhasouvidas, é sabido que devido os fatos serem antigos a depoente pode não se recordar de todos os detalhes a respeito davida da autora. Logo, tal contradição é irrelevante, pois todas as testemunhas afirmaram ser a autora rurícola e o que elaproduzia na propriedade era para sua subsistência.

Page 31: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhada ruralostentada pela autora.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (162meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

17 - 0000665-76.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000665-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x SENAIR PAULINO FLORIANO (ADVOGADO: FABIANO ODILON DE BESSALURETT, ALMIR MELQUIADES DA SILVA.).Processo n.º 0000665-76.2009.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : SENAIR PAULINO FLORIANORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridanão comprovou o efetivo exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo.Alega que a recorrida é beneficiária de pensão por morte de trabalhador urbano deixada pelo seu marido, fato quedescaracteriza a condição de segurada especial. Aduz ainda, que não há nos autos início de prova material contemporâneoe válido que comprove o labor rurícola anterior ao ano de 1997. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 73-85.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguintes documentos: a) certidão decasamento, na qual o seu marido é qualificado como lavrador (fl. 27); b) ficha de atendimento médico hospitalar do períodode 1985 a 1996 (fl. 33 e 33v).

Tal documentação mostra-se início suficiente de prova material do exercício de atividade rural; contudo, a outorga do

Page 32: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

benefício depende da complementação desta prova documental, a fim de atestar o efetivo desempenho dessa atividadepelo período de carência previsto legalmente.

Em contestação (fls. 35/41), o INSS alega que, em pesquisa feita ao CNIS e ao PLENUS, pode-se observar que o maridoda autora manteve vínculo empregatício urbano durante o período de 02/01/1970 a 15/03/1979 e que a demandantepercebe, atualmente, pensão por morte, sendo instituidor o seu esposo, na condição de empregado ferroviário, fatos essesque descaracterizariam a condição de segurada especial de trabalhadora rural em regime familiar.

Argúi, ainda, a autarquia previdenciária que própria autora manteve vínculo empregatício urbano no período de 01/04/1996a 31/12/1996.

Contudo, tais alegações não são suficientes para afastar a pretensão autoral. Isso porque, em primeiro lugar, o trabalhourbano do marido ocorreu em período muito anterior ao discutido na presente ação (1990/1996), sendo que o mesmo éfalecido desde 1979. Desse modo, ainda que o marido da autora tenha exercido atividade urbana antes de sua morte, essefato não determina, por si só, a ausência da qualidade de segurada especial da demandante.

Em segundo, lugar, nos termos do art. 11, §9º, inciso I, da Lei nº 8.213/91, não descaracteriza a qualidade de seguradaespecial o recebimento de benefício de pensão por morte, cujo valor não supere o do menor benefício da prestaçãocontinuada da Previdência Social (salário mínimo), o que ocorre no caso vertente.

Por fim, também não exclui a qualidade de segurada especial o fato de a demandante ter trabalhado por um curto períodode tempo na cidade. Consoante dispõe o art. 143 da Lei 8.213/91, é devida a aposentadoria por idade àqueles quecomprovem atividade rural pelo período de carência, ainda que em períodos descontínuos.

Esse é o entendimento jurisprudencial, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APOSENTADORIA POR IDADE.TRABALHADORA RURAL. VÍNCULOS URBANOS POR CURTOS PERÍODOS. POSSIBILIDADE. AMPARO SOCIAL AOIDOSO. RECEBIMENTO. OMISSÃO. EXISTENTE. EMBARGOS ACOLHIDOS. 1. Vínculos urbanos por curtos períodos nãodescaracterizam a condição de segurado especial, pois a expressão literal do dispositivo legal, nos termos da Lei 8.213/91,aduz que não se faz necessária a comprovação do exercício de atividade rural de forma contínua. (...) (TRF1, 2ª Turma,EDREO 200801990169028, Rel. Des. Fed. NEUZA MARIA ALVES DA SILVA, j. em 03/12/2008)

Assim, as alegações do INSS em contestação não possuem força probante suficiente para descaracterizar a condição desegurada especial da demandante.

A fim de averiguar se o trabalho desempenhado pela autora na lavoura enquadrava-se no conceito legal de regime deeconomia familiar, designou-se audiência (fl. 57) para oitiva das testemunhas, sendo inquiridas 03 (três) pessoas, todasarroladas pela parte demandante.

As testemunhas LEVI VITALINO DE SOUZA, ANGELITA DE OLIVEIRA e ERCÍLIA DA SILVA PERES foram uníssonas emafirmar que conhecem a demandante antes de 1990 e que, desde, então, ela sempre trabalhou na roça, como meeira daSra. Ernestina Martins da Silva, exceto em um curto período de tempo, no qual ela trabalhou junto à Prefeitura deMantenópolis. Todos, ademais, ressaltaram que a requerente laborava juntamente com seu filho, o que caracteriza oregime de economia familiar.

Nesses termos, entendo que os elementos constantes dos autos, mormente os depoimentos testemunhais, em cotejo coma ficha de atendimento médico hospitalar, comprovam o exercício de atividade rural no período de 1990 a 1996.

Assim, considerando que o requerimento administrativo ocorreu em 2006 e que o respectivo tempo de carência necessáriopara a aposentadoria por idade, neste caso, é de 150 (cento e cinquenta) meses, observa-se que o cômputo do período deatividade rural em regime de economia familiar ora reconhecido (1990/1996) com o lapso temporal já admitidoadministrativamente pelo INSS (1997/2006), mostra-se suficiente para a procedência da presente ação.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 33: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

18 - 0002450-19.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002450-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x ALZILETI MACHADO RIBEIRO GARCIA (ADVOGADO: GraziellySantos, André Luiz da Rocha.).Processo n.º 0002450-19.2008.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ALZILETI MACHADO RIBEIRO GARCIARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega queinexiste início de prova material contemporâneo aos fatos alegados e que os documentos juntados são meras declaraçõesdos interessados. Aduz, ainda, que as provas testemunhais são vagas e imprecisas, o que afasta o benefício pretendido.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.Eventualmente, requer a alteração da data de início do benefício. As contrarrazões encontram-se nas fls. 121-127.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 14/03/1953 (fl. 09), estando atualmente com 58 (cinquenta e oito) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 09/06/2008 (fl. 68), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Marataízes em02/06/2008 (fls. 16/17);b) Ficha de matrícula escolar da filha, emitida pela Prefeitura em 1999 e 2000, constando a profissão da autora comolavradora (fls. 23/24);c) Ficha da Secretaria de Saúde, com datas entre os anos de 2002 e 2007, constando a profissão da autora como lavradora(fls.25/27);d) Nota fiscal de produtor rural, do ano de 2008 (fls.28/31);e) Declaração do ITR de 1990 a 2007 (fls.32/49);

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora relatou, em síntese, que trabalha na roça desde os dez anos de idade,ajudando os pais, numa propriedade do pai, que fica na localidade de Lagoa do Siri, município de Marataízes. Depois quese casou, passou a trabalhar com o marido e os filhos, na mesma propriedade. O marido possui sessenta anos e também étrabalhador rural. Relata que o marido se aposentou por idade. Afirma que o marido nunca trabalhou em outra atividade.Declara que plantava mandioca, atualmente planta também abacaxi. Vendiam a produção para pessoas que moram naregião mesmo. Afirma que vende a moita de mandioca, uma vez ao ano. Relata que ganha de R$1.000,00 a R$1.500,00com a venda da mandioca. O abacaxi é vendido a cada dois anos e meio, atualmente o preço está a R$1,50 (um real ecinquenta centavos) a fruta. Afirma que também nunca exerceu atividade urbana. Possui nove filhos. Três filhos aindamoram com a Autora na propriedade, sendo que um trabalha o dia todo, e os outros dois trabalham meio período, porque

Page 34: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

estudam. Os demais filhos também trabalham na roça. Nunca arrendou uma parte da propriedade. Relata que o abacaxique planta é através de muda, não de semente. O adubo que utiliza é R$60,00 (sessenta reais) o saco. Também tem quecomprar veneno. A propriedade tem menos de meio alqueire.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Daniel Duarte de Oliveira, declarou que conhece a Autora há mais de cinquenta anos.Afirma que a Autora trabalha na roça, planta abacaxi e mandioca. Relata que a propriedade é de menos de meio alqueirede terra. Declara que a Autora trabalha mais com os filhos, o marido é muito doente, se aposentou agora, tem muitosgastos com remédios. Afirma que já viu a Autora trabalhando na roça. Declara que a Autora tem nove filhos. Pelo que sabe,a Autora e seu marido nunca se ausentaram da roça, e nunca contrataram empregados. Não tem conhecimento de que aAutora tenha outra fonte de renda, que não seja na roça.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Osneves Linhares, declarou que conhece a Autora há quase cinquenta anos. Afirma quea conhece da localidade de Lagoa do Siri, município de Marataízes/ES. Relata que a Autora sempre trabalhou no terrenodela, quando se casou continuou trabalhando lá. Declara que ela planta mandioca e abacaxi, com a ajuda do marido e dosfilhos. Afirma que o marido ficou doente há algum tempo. Relata que eles criaram os filhos no terreno, todos os nove filhosdo casal também são lavradores. Não sabe o tamanho da propriedade, mas acredita que tenha menos de meio alqueire.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento deste magistrado da condiçãode trabalhador(a) rural ostentada pelo(a) autor(a).”

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

19 - 0002069-74.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002069-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x JORGE BONJOUR QUEIROZ (ADVOGADO: URBANO LEALPEREIRA, Laerte de Campos Hosken.).Processo n.º 0002069-74.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : JORGE BONJOUR QUEIROZRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz que odocumento de fl. 14 indica que o pai do recorrido era empregador rural, de modo que o trabalho rural do grupo familiar nãoera indispensável à subsistência. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 49-53.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Page 35: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 10/05/1943 (fl. 07), estando atualmente com 68 (sessenta e oito) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 07/06/2008 (fl. 25), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Titulo Eleitoral do autor, constando a sua profissão como lavrador (fl. 13);b) Documentos relativos à propriedade rural do autor (fls. 15/21);c) Cadastro da família na Secretaria Municipal de Saúde de Divino de São Lourenço, constando a profissão do autor comolavrador (fl. 22).

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que é casado há 36 anos. Casou-se em Carangola. Trabalhou a vidatoda com o pai. Possuía uma propriedade, que ficava em Carangola. Havia uma propriedade rural em Divino de SãoLourenço, da qual o autor cuidava, esta com 4 mil covas de café. Planta milho, feijão e tem 2 vacas para despesa. Toca apropriedade com sua família. Atualmente tem dois filhos que já casaram, mas ainda trabalham na propriedade. Possui duasfilhas que já casaram. Nunca trabalhou na rua, só conhece trabalho de roça. Atualmente não está aguentando trabalharcomo antes. Disse que sua esposa ainda não está aposentada. A safra do ano passado deu em torno de 50 sacas, que eledivide com os 2 filhos. A propriedade tem 7 alqueires. Sua esposa é contratada pela Prefeitura para limpar o Posto deSaúde há a uns 12 ou 15 anos, sendo que ela trabalha de 7 às 12 horas. Disse que nunca teve colono, empregado, esempre trabalhou apenas com a família.

A testemunha ouvida, Sr. Hamilton Gomes da Silva, disse que mora em Divino de São Lourenço. Conhece o autor háaproximadamente 30 anos. Se mudou para a região depois do autor. Relata que o autor tem uma propriedade de 7alqueires. O autor toca a propriedade com a família. A esposa do autor é funcionária pública na área de saúde há bastantetempo. O autor nunca contratou empregado ou meeiro.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que o autor efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurado especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhador rural ostentada peloautor.”

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de o pai do recorrido possuir enquadramento como empregador rural em épocaremota (1971 – fl. 14) não milita em seu desfavor, porquanto demonstrado em audiência o exercício de atividade rural emcondições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes. Aplicação do princípio daprimazia da realidade.

Consigne-se, de par com isso, que a dimensão rural, para fins de enquadramento do segurado como empregado ouempregador rural, não afasta, por si só, a caracterização do regime de economia familiar, podendo tal condição serdemonstrada por outros meios de prova, independentemente se a propriedade em questão possui área igual ou superior aomódulo rural da respectiva região (STJ, AgEg no REsp 1042401/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, DJE16.02.2009).

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 36: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

20 - 0000708-16.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000708-2/01) ANAILZA JOVENCIO DE ALMEIDA (ADVOGADO:LEANDRO FREITAS DE SOUZA, ACLIMAR NASCIMENTO TIMBOÍBA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).Processo n.º 0000708-16.2009.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente : ANAILZA JOVENCIO DE ALMEIDARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS – SENTENÇAMANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que apesarde ter se filiado à colônia de pescadores somente no ano de 2002 (dois mil e dois), exerce atividade pesqueira desde 1992(mil novecentos e noventa e dois). Alega que há nos autos documentos contemporâneos aptos a comprovar o início doexercício de atividade pesqueira. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 95-97.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A autora nasceu em 04/03/1944; assim, quando requereu administrativamente sua aposentadoria, contava com 65 anos deidade (fl. 20).

Quanto à carência, os trabalhadores rurais devem cumpri-la conforme previsto no artigo 143, da Lei 8.213/91, queconsidera preenchido tal requisito desde que o trabalhador comprove o exercício da atividade rural em número de mesesidênticos ao previsto para carência do benefício.

Almeja a autora comprovar sua condição de pescadora.

A apresentação de prova documental mínima, necessária ao seguimento do feito, foi cumprida com a apresentação dosseguintes documentos:

a) Carteira de pescador, com data de filiação em 21/05/2002 (fls. 18);

b) requerimento de seguro-desemprego de pescador (fls. 28);

c) recibos de pagamento de mensalidades para a Colônia de Pescadores (fls. 29/).

A Autora recebe pensão de natureza urbana desde 1992, decorrente de uma aposentadoria que seu esposo recebia desde1986 (fls. 69).

Em seu depoimento pessoal, a autora afirmou que trabalhava na cata de caranguejo e de “ameixa”. A testemunha Serafinaafirmou que a autora passou a pescar depois que deixou de trabalhar no Restaurante Irajá (1992) e que a autora catavacaranguejo e, às vezes, guaiamum; disse que a última vez que viu a autora pescando foi há 04 anos.A Testemunha Renata também afirmou que a última vez que viu a autora pescando foi há 04 (quatro) anos. Disse queconheceu a autora há dez anos e que, pelo menos desde então, pode dizer que ela trabalha como pescadora, na verdade,catadora de caranguejo, sururu. Foi categórica em dizer que a autora não pesca robalo.

Page 37: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Considerando os documentos e a prova testemunhal produzida em audiência, não restou demonstrado que a autora, defato, exerceu atividades como pescadora/marisqueira durante todo o período de carência do benefício. Com efeito, acarteira de pescadora da autora, bem como a declaração da colônia de pescadores, abrangem apenas o período iniciadoem 2002. Já as testemunhas afirmaram que a autora deixou de exercer atividades de pesca ou cata de crustáceos há pelomenos 04 (quatro) anos. Por fim, é de se registrar também que a autora percebe benefício de pensão por morte, denatureza URBANA, há 18 anos, sendo esta a principal fonte de sustento da entidade familiar.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

21 - 0000391-84.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000391-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ANTONIA DE SOUZA NASCIMENTO(ADVOGADO: MANOEL FERNANDES ALVES.).Processo nº 2010.50.52.000391-4/01 - Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ANTONIA DE SOUZA NASCIMENTORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou improcedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que não há prova do exercício de atividade rural no período imediatamente anterior aorequerimento administrativo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 110-121.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2004, assim, a carência a serconsiderada é de 138 meses ou 11 anos e 06 meses, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.

No presente caso, é de se notar que há nos autos início de prova material que comprova efetivamente a qualidade desegurado especial da parte autora: certidão de casamento de 1988 (fl. 26); escritura de compra e venda do imóvel ruralfigurando os pais da autora, como vendedores, e ela própria e seu marido, bem como sua irmã e marido, comocompradores, em 1994, todos caracterizados como agricultores (fls. 40/41); escritura de venda do imóvel em 2003 (fls.47/48).

Page 38: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Verifico que o marido da autora, aposentado por invalidez como servidor público, recebe R$ 760,00 e trabalhou de 1985 a1995, fato que não inviabiliza o reconhecimento da qualidade de segurada especial da demandante.

Realizada audiência, extrai-se do depoimento pessoal que a autora, de 61 anos de idade, mora no bairro Altoé, em NovaVenécia, desde que vendeu sua propriedade anterior, em 2003, localizada na entrada de Pedra Grande, no mesmomunicípio. Comentou que vivera décadas na propriedade vendida, a qual havia sido recebida por força de herança.Desfez-se do imóvel para ajudar no tratamento de saúde de seu filho Gilberto, que tinha sofrido um acidenteautomobilístico. Disse que está sem trabalhar há 4 anos, por problemas nas mãos (calosidades e calombos, constatadosvisualmente em audiência). Depois que vendeu sua propriedade, ficou alguns anos trabalhando como diarista em colheitade café, na propriedade de Paulo, de Beleléu e na localidade de Aroeira. Seu marido trabalhava com limpeza urbana e,agora, encontra-se aposentado por invalidez como servidor público, recebendo pouco mais de um salário mínimo.

As testemunhas Rogoberto Teixeira Lage e Lourival Viana conhecem a autora desde a infância e confirmaram seudepoimento.

Concluo restar comprovado, mediante início de prova material e prova testemunhal, o exercício de atividade rural pelaautora por, pelo menos, 15 anos (de 1988 a 2003). A autora completou a idade mínima (55 anos) em 28.05.2004, quandoainda ostentava a qualidade de segurada.De se observar que o art. 48, § 2º, da Lei nº 8.313/91 dispõe que o trabalhador rural deve comprovar o efetivo exercício deatividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, portempo igual ao período de carência. A lei deve ser interpretada de modo a se considerar necessária a demonstração deatividade rural ao tempo em que a requerente completou a idade necessária para a aposentadoria, raciocínio que se firmacom base na interpretação do dispositivo citado em conjunto com a norma do art. 102, §1º da lei em análise.

Aplica-se, dessa forma, a regra encartada no art. 102, §1º da Lei nº 8.213/91, na forma do entendimento consolidado peloSTJ: “2. Esta Corte Superior de Justiça, por meio desta Terceira Seção, asseverou, também, ser desnecessário oimplemento simultâneo das condições para a aposentadoria por idade, na medida em que tal pressuposto não se encontraestabelecido pelo art. 102, § 1.º, da Lei n.º 8.213/91. 3. Desse modo, não há óbice à concessão do benefício previdenciário,ainda que, quando do implemento da idade, já se tenha perdido a qualidade de segurado. Precedentes.” (STJ, ERESP200600467303, Terceira Seção, DJE DATA:22/03/2010). Procedente.Assim, embora a autora já não se revestisse mais da condição de segurado quando do requerimento administrativo, feitoapenas em 2010, deve-se aplicar o entendimento acima firmado, para se reconhecer que, quando da perda da qualidade desegurado, ela já satisfazia todos os requisitos para fruição da aposentadoria por idade, como segurado especial.

Esse é o entendimento da jurisprudência:EMENTA:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. PROVA MATERIAL DOCUMENTAL. AUSÊNCIA deDEPOIMENTO PESSOAL E OITIVA de TESTEMUNHAS. PERÍODO DE CARÊNCIA NÃO COMPROVADO POR PROVASDOCUMENTAIS. ALEGAÇÃO de CERCEAMENTO DE DEFESA. SENTENÇA ANULADA. 1. No caso dos autos, embora aprova documental não seja abundante, imprescindível ressaltar que o depoimento pessoal da Autora, bem como, ainspeção judicial e a oitiva de testemunhas seriam de muita relevância para comprovar a execução de trabalho rural pelaAutora pelo período de carência devido, sendo que a falta desses meios de prova caracterizam o cerceamento de defesaalegada pela Autora em seu recurso. 2. Quanto à carência, exigir, mediante interpretação literal e isolada, que o seguradodeva comprová-la em período imediatamente anterior ao requerimento, significa restringir o direito de muitos trabalhadoresque perderam essa qualidade, a despeito de terem implementado as condições legais (idade e carência) para postular obenefício. Considero, por isso, que a implementação dos requisitos idade e de tempo de trabalho rural equivalente àcarência predita em Lei gera para o segurado um direito adquirido, que subsiste latente até que seu titular entenda porexercê-lo, sendo restritivo e desigual condicionar tal direito ao exercício de atividade rural no período imediatamente anteriorao requerimento. 3. Diante do exposto, acolho a preliminar da Autora e entendo que a sentença de 1º grau deve seranulada, devendo ser reaberta a instrução processual para proporcionar à Autora o direito à oitiva de testemunhas e ao seudepoimento pessoal, possibilitando a melhor averiguação do período de carência necessária para a concessão dobenefício. 4. Recurso provido.(Processo 209848920094013 RECURSO CONTRA SENTENÇA DO JUIZADO CÍVEL Relator(a) JOSÉ PIRES da CUNHASigla do órgão TRMT Órgão julgador 1ª Turma Recursal – MT Fonte DJMT 18/11/2009)

Nesse passo, ressalto que a prova oral foi bem convincente e segura. Tenho que a prova produzida em audiência foisatisfatória. O contexto probatório é favorável, havendo razoável início de prova material.

Portanto, verifico a existência de início de prova material contemporânea e idônea acerca do trabalho rural da partedemandante. E, como dispõe o art.55, §3º, da Lei 8.213/91, a comprovação de tal labor pode ser corroborada pela provatestemunhal.

Assim, cotejando as provas documentais apresentadas com a testemunhal, resta comprovado o exercício de atividaderurícola, realizado pela parte autora, quanto ao tempo de atividade, cumprindo assim a carência necessária para obtençãodo benefício.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Page 39: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

22 - 0000995-19.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000995-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ALAYR DELPUPO GOMES (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).Processo n.º 2008.50.51.000995-0/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ALAYR DELPUPO GOMESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA - RECURSOCONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridanão comprovou o exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo, por terdeixado de exercer atividade rural com habitualidade há cerca de 17 (dezessete) anos. Alega que inexiste início de provamaterial contemporâneo aos fatos alegados. Aduz, ainda, que a recorrida completou 55 anos no ano de 1986, ocasião emque vigorava a Lei Complementar nº 11/1975, a qual somente concedia amparo previdenciário ao arrimo de família. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente,requer a fixação da data de início do benefício (DIB) em 24.08.2010, data da realização da audiência de instrução (fls.163-164). Não foram apresentadas contrarrazões.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Como início de prova material idôneo, verifico que a demandante apresentou: Contrato de Comodato, datado de10/06/1998, constando o genro da Autora como comodatário (fls. 25 e 27); Aditivo de Contrato de Comodato, datado de22/07/1998, mencionando que a Autora também trabalha na propriedade, e que o contrato já era verbal desde 07/1993 (fl.26); Contrato de Comodato, firmado em 16/07/2003, constando a Autora como uma das comodatárias (fls. 33/34); Certidãode Casamento, realizado em 02/09/1950, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 43); Inscrição da Autora comosegurada especial no CNIS em 07/01/1999 (fl. 47); Ficha da Secretaria Municipal de Saúde, datada de 2002, constando aprofissão da Autora como lavradora (fls. 51/55).Em audiência, a parte autora disse, em síntese: que é viúva há 30 anos e recebe pensão por morte do marido; que ele eratrabalhador rural; que recebe cerca de 500 reais, mas antes recebia meio salário mínimo; que mora na região de “BomSerá”, em Afonso Cláudio; que, quando casou, trabalhava na roça, nas terras do marido; que chegaram a trabalhar lá por 4anos, quando então ele vendeu o terreno e começaram a trabalhar como colonos; que trabalharam para Augusto Galdino,por 3 anos; que depois trabalharam para diversos proprietários; que trabalharam para Gabriel de Vargas por 11 anos; quefoi morar na zona rural de Marechal Deodoro, mas com 6 meses o marido morreu; que ele estava fazendo tratamento emVitória, pois tinha problemas na garganta; que ficou morando por 6 a 7 anos na casa de um filho, que era colono de ArturRupa; que, depois, voltou para Afonso Cláudio, indo morar na propriedade de um genro; que está há 17 anos lá; que não émeeira; que não sabe a produção de café no local, não sabe o tamanho da terra; que sabe que há lavoura de café, milho efeijão; que ajuda na época da “panha”.A primeira testemunha, Joel, disse: que conhece a autora desde criança, pois foram vizinhos no Córrego Monte Alegre, Vila

Page 40: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

dos Pontões, Afonso Cláudio; que ela só trabalhou na roça; que ela e marido foram meeiros do pai da testemunha, Sr.Gabriel Vargas, de 1966 a 1979; que não lembra para onde foram depois disso; que atualmente sabe que ela mora napropriedade do falecido Alberto Wil, pois a filha dela é casada com o filho do Alberto; que ela mora lá há uns 15 anos oumais; que a testemunha não a viu lá, pois passa pela região poucas vezes; que deve haver uns 10 anos que a testemunhanão passa por aquela região; que ela trabalha, mas pouco; que não sabe se ela recebe benefício; que a propriedade épequena; que acha que ela e marido chegaram a ir morar em Marechal Floriano quando saíra da terra do pai datestemunha, mas não sabe em que trabalharam lá.A segunda testemunha, Floriano, disse: que conhece a autora desde moça, pois ela morava em Pontões com o pai, que eraconhecido da família; que o marido dela tinha um terreno ali perto, mas foi vendido há muitos anos; que não sabe paraquem ela trabalhou quando saíram de lá; que trabalhou muitos anos para Gabriel Vargas; que atualmente, desde 1993,mora com uma filha, no Córrego Bom Será; que a propriedade é do genro, Walterci Will, com quem a filha da autora secasou em 1993; que lá há lavoura de café; que ela está doente e não tem condições de trabalhar; que ela já trabalhou muitona roça; que ela recebe pensão por morte do marido; que o genro faz transporte de alunos; que o marido faleceu comcâncer quando moravam em Marechal Floriano; que depois que o marido morreu, ela ficou morando com o marido por lá;que sabe que ela chegou a trabalhar num lugar chamado Batatal e morou com um filho; que não sabe quanto tempo elamorou em Marechal.Os depoimentos colhidos em audiência demonstraram coerência e foram espontâneos, trazendo forte convicção a estemagistrado acerca do trabalho rural exercido em regime de economia familiar pela autora, ao longo de toda sua vida.Restou demonstrado pelos depoimentos que a demandante foi criada no meio rural, casou-se no meio rural e ali viveupraticamente toda sua vida. Não se pode ignorar o fato de que a autora recebe uma pensão por morte, ainda da época doFUNRURAL, com o registro da profissão do marido com lavrador.A autora é extremamente idosa, com quase 80 anos de idade, tendo completado 55 anos em 1986. Assim, eventuaiscessações ou reduções no labor rural são naturais à idade e problemas de saúde e não a podem prejudicar.Também não se pode considerar que a pensão por morte recebida pela autora tenha o condão de desqualificá-la aorecebimento de aposentadoria própria. Isso porque a pensão recebida no âmbito do Funrural, até 1988, era de meio saláriomínimo apenas, razão pela qual tal auxílio não afastou a necessidade da autora de continuar trabalhando para sobreviver,ainda que amparada na casa de filhos.Por fim, é perfeitamente possível, no ordenamento jurídico atual, a cumulação da pensão por morte oriunda do Funruralcom aposentadoria própria. As limitações anteriormente existentes, no âmbito do antigo sistema de previdência no meiorural, e que previa a concessão de benefícios somente ao chamado “arrimo de família” não foram recepcionadas pelaConstituição Federal de 1988. Assim, não se deve dar sobrevida àquelas antigas limitações, sob pena de violação aosatuais valores e princípios constitucionais, que estabeleceram a igualdade entre homem e mulher e entre trabalhadoresurbanos e rurais.Por todo o exposto, CONCEDO a antecipação dos efeitos da tutela requerida e julgo PROCEDENTE o pedido inicial (...)”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

23 - 0000770-53.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000770-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x BARBARINA ZOPPI FROHELICH (ADVOGADO: MARTA LUZIA BENFICA,MAIKE RIGAMONTE.).Processo nº. 0000770-53.2009.4.02.5054/01 - Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : BARBARINA ZOPPI FROHELICHRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, em

Page 41: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

razão de sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria por idade rural. Em suas razõesrecursais, sustenta a recorrente que as provas carreadas aos autos não servem como início de prova materialcontemporâneo, tendo em vista que o contrato de parceria foi firmado em 03.2005, passando a recorrida a trabalhar para omunicípio de Colatina no mês de agosto do mesmo ano. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 104-106.

Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguintes documentos: Contrato deparceria mencionado ser parceira outorgada (fls. 20/21) e certidão de casamento constando a profissão de seu esposocomo lavrador (fls. 41).

Tal documentação mostra-se início suficiente de prova material do exercício de atividade rural; contudo, a outorga dobenefício depende da complementação desta prova documental, a fim de atestar o efetivo desempenho dessa atividadepelo período de carência previsto legalmente.

Cabe destacar que a autora completou 55 anos de idade em 2007, devendo, assim, cumprir a carência exigida na lei, de156 meses, ou seja, de 13 anos de exercício de atividade agrícola, o que compreende os anos de 1993 a 2007.

Em sua contestação (fls. 82/85) o INSS aduziu que não consta nos autos nenhum documento que comprove que ademandante exerceu atividade rural em regime de economia familiar. Ademais, mencionou que de acordo com o CNIS, aautora vários vínculos urbanos com a Prefeitura de Colatina. Por tais razões, afirmou que a autora não faz jus ao benefíciopleiteado, por falta de carência e de provas.

Em audiência realizada neste juízo, a autora disse que sempre trabalhou na área rural, por cerca de vinte anos, comomeeira, plantando café, e que labora até os dias atuais, junto com o seu marido, nas terras de seu cunhado. Aduziu quetrabalhou por alguns períodos em uma escola rural, bem próxima às terras de seu cunhado, como servente, somente naparte da manhã, não alcançando quatro horas diárias. Afirmou que o trabalho na escola não prejudicava o labor rural, queera realizado diariamente no restante do período. Por fim, mencionou que a renda da roça era a principal para o sustento dafamília, sendo a renda do trabalho urbano apenas um complemento para ajudar nas despesas familiares.

A testemunha BRÁZ ANTÔNIO MORATI DALMONECH disse que conhece a autora há cerca de trinta e seis anos, e queela é trabalhadora rural, junto com o marido, vindo deste labor o seu sustento. Mencionou que por pouco tempo elatrabalhou em uma escola, em meio expediente, próxima à propriedade que trabalha.

Já a testemunha EUGÊNIO TAMANINI CASTIGLIONI mencionou que conhece a autora há uns trinta anos, e que elasempre trabalhou na roça, plantando milho, feijão e café, nas terras do cunhado. Afirmou que apesar de ela estar morandoatualmente em Itapina, ela todos os dias vai para a roça trabalhar.

O fato de a autora ter trabalhado por pequenos períodos como servente em uma escola não tem o condão, no caso, deafastar sua caracterização como segurada especial, posto que ficou esclarecido que a demandante não se afastou da roçadurante tais períodos, tendo cumprido, assim, a carência necessária.

Cabe esclarecer que o desempenho de atividades urbanas por curtos períodos, quando comparado com os longos períodosde trabalho rural, não devem servir de motivo para descaracterizar a qualidade de segurado especial. Com efeito, tendo emvista a dura realidade campesina, é natural que vez ou outra o trabalhador rural, premido pela necessidade de umasobrevivência digna, procure outras tarefas, além da roça, para complementar sua renda. Essas outras atividades, securtas, não suplantam o vínculo mais forte e prolongado do rurícola com a roça. É exatamente o caso dos autos.

Desta feita, da análise das provas constantes dos autos, caracterizada está a condição de segurada especial dademandante, o que possibilita a concessão da aposentadoria rural por idade.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Page 42: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

24 - 0001012-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001012-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x JOAQUINA MARIA DE SOUSA (ADVOGADO: JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES,URBANO LEAL PEREIRA.).Processo nº. 0001012-21.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : JOAQUINA MARIA DE SOUSARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que o contrato de comodato de fl. 18 refere-se ao exercício de atividade rural desde23.11.94, conquanto firmado em 06.06.2006, tratando-se de documento extemporâneo. Alega que o ex-marido da recorrida,seu atual companheiro e filho possuem diversos vínculos urbanos, quadro incompatível com a condição de seguradaespecial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.Eventualmente, requer a modificação da data de início do benefício. As contrarrazões encontram-se nas fls. 44-52.

Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 27/02/1948 (fl. 06), estando atualmente com 63 (sessenta e três) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 23/10/2007 (fl. 08), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre, com data de admissão em 29/03/1982 (fl.06);b) Declarações que comprovam que os filhos da autora estudaram na localidade de Santa Marta – Ibitirama – ES. Constanessas declarações a qualificação da parte autora como lavradora (fls. 09/12);c) Recibo de mensalidade do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibitirama, referente ao mês de julho de 2003 (fl.13)d) Nota fiscal referente ao beneficiamento de café, referente aos anos de 2000 e 2001 (fl.13);e) Guia de Arrecadação da Contribuição Confederativa – Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do EspíritoSanto – FETAES – com pagamento efetuado em 26/06/2003 (fl.14);f) Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibitirama, com data de admissão em 10/01/1998 (fl.15);g) Contrato de Comodato de imóvel rural, firmado em 03/06/2003, constando a parte autora como comodatária. O prazo docontrato é de 05 anos.(fl.18);

Além disso, o inicio de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Page 43: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Em seu depoimento pessoal, a parte autora relata que mora em Santa Marta, município de Ibitirama/ES. Está viúva desde2001. Antes de o marido falecer, ficou treze anos casada. Antes de casar, trabalhava com o pai, que tinha propriedade.Quando casou, o marido veio trabalhar na propriedade. Nestas épocas, todos trabalhavam juntos. Quando ficou viúva, jámorarava na propriedade de seu tio, Sr. Antônio Mendes, onde ficou de uns seis a dez anos. Em seguida, foi trabalhar napropriedade do Sr. Francisco “Candinho”, há uns trinta anos. A filha caçula está com vinte e um anos, nasceu nestapropriedade. O filho mais velho está com trinta e seis anos. Inicialmente, não tinha contrato, depois é que foi feito.Atualmente, possui um companheiro. Declara que trabalha sozinha na roça, o companheiro tem um “botequim”. Declaraque cultiva uns dois mil e quinhentos pés de café, em regime de meação. Nas épocas de colheita, conta com a ajuda dosfilhos. Relata que o Sr. Francisco já faleceu, atualmente a Autora trabalha para suas filhas. Afirma que nunca exerceuatividade urbana. Não recebe pensão pela morte do marido, Sr. Sebastião. Quando ele morreu, não estava maisconvivendo com ele. Está com sessenta e três anos. Requereu o benefício quando tinha cinquenta e cinco anos. Nuncaparou de trabalhar na roça. Nunca contratou pessoas para ajudá-la. Acha que “toca” uma parte de uns dois alqueires napropriedade. Adnaldo é seu filho, ele é professor, de vez em quando ele a ajuda na propriedade. Antônio Vargas é seu atualcompanheiro.

A testemunha ouvida, Sr. José de Sousa Monteiro, relata conhecer a Autora há mais de vinte anos. Quando a conheceu, elamorava no Caldeirão, na propriedade do Sr. Antônio Mendes. Nesta época ela ainda era casada com o Sr. Sebastião. Ficouuns dez anos lá. Depois, ela foi trabalhar na propriedade do Sr. Francisco, “Chico Candinho”, e trabalha até hoje nestamesma propriedade. Pelo que sabe, ela sempre trabalhou na roça. Trabalha sozinha, os filhos a ajudam quando podem.Relata que nesta época não era comum fazer contrato escrito.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pelaautora.”

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de o ex-marido e atual companheiro da recorrida desenvolverem atividadeurbana (fls. 30-35) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois, o regime deeconomia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente para amanutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inc. VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991).Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes donúcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

25 - 0002117-38.2006.4.02.5051/01 (2006.50.51.002117-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x ALZIRA DIONIZIO TIMOTEO (ADVOGADO: ANDRE MIRANDAVICOSA.).Processo n.º 0002117-38.2006.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ALZIRA DIONIZIO TIMOTEORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

Page 44: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou improcedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta a recorrente que a autora não comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário aopreenchimento da carência exigida, uma vez que é inscrita como segurada especial somente a partir de 28.08.1997. Aduz,ainda, que o marido da recorrida estabeleceu vínculos urbanos, o que afasta sua condição de segurada especial. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 97-101.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A comprovação da atividade rural em regime de economia familiar através de prova documental mínima foi cumprida coma apresentação dos seguintes documentos:

Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato dos Agricultores Familiares e Assalariados Rurais de Iúnae Irupi, em 1/07/2006 (fl. 08);Certidão de Casamento, realizado em 1969, constando o marido da Autora como lavrador (fl. 10);Carteira do Sindicato, com filiação em 13/03/2002 (fls. 11/12);Contrato de parceria agrícola, constando a Autora como outorgada, firmado em 28/02/2005 (fls. 13/14);Aditivo de Parceria Agrícola, firmado em 30/03/2006, retificando a área total da propriedade (fl. 15);Contrato de parceria agrícola, constando a Autora e seu marido como outorgados, firmado em 19/10/1999 (fls. 17/18);Contrato de parceria agrícola, constando a Autora e seu esposo como outorgados, firmado em 15/03/1997, mencionandoque o contrato teve início em 01/08/1996 (fls. 19/20);Termo de Acordo e Rescisão Contratual de parceria agrícola, datado de 19/10/1999, mencionando a rescisão contratual apartir desta data (fl. 21);Ficha de matrícula de filho, datada de 1989, constando a profissão da Autora como lavradora (fls. 41/42).

A prova documental apresentada, considerada pela jurisprudência início de prova material, é corroborada pela provatestemunhal colhida na audiência, tudo de acordo com o entendimento assentado na Súmula 149, do STJ.

Os depoimentos das testemunhas são coerentes e coesos com as alegações da parte autora.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento desta magistrada da condiçãode trabalhadora rural em regime de economia familiar ostentada pela autora.

Enfrento, por fim, última questão controversa. Nos autos da demanda 200750510004959 foi deferida liminar para que aAutora recebesse o benefício de aposentadoria por invalidez, ou seja, há dois processos em face da Previdência Social. Afim de otimizar o andamento do feito, sem causar qualquer prejuízo aos cofres públicos, determino a dedução nestebenefício dos valores eventualmente pagos a título de aposentadoria por invalidez”.

Em acréscimo, quadra registrar que ainda que o marido da recorrida tivesse exercido atividade urbana, o que não estádemonstrado nos autos, tal fato não prejudicaria a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois, oregime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente paraa manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inciso VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991).Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes donúcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

Page 45: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

26 - 0000412-88.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000412-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x ILTON TEIXEIRA (ADVOGADO: VANUZA CABRAL.).Processo n.º 0000412-88.2009.4.02.5054/01 - Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ILTON TEIXEIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- QUADRO FÁTICOSUBJACENTE DENOTA INCOMPATIBILIDADE COM O REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR - REQUISITOS LEGAIS NÃOPREENCHIDOS – SENTENÇA REFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Preliminarmente, pleiteia a suspensão da decisão que antecipouos efeitos da tutela, uma vez que há o perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Em suas razões recursais,sustenta o recorrente que o próprio recorrido declarou em entrevista administrativa que não desempenha atividades rurais,mas que herdou a propriedade rural de sua esposa e que aluga o pasto. Alega que o recorrido informou que exerce o ofíciode pedreiro desde o ano de 2002, o que se comprova pelo Cadastro Nacional de Informações Sociais. Por fim, alega quenão foram apresentados documentos contemporâneos que possam comprovar a condição de trabalhador rurícola. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Sucessivamente,requer a devolução aos cofres da Previdência Social dos valores percebidos pelo recorrido. As contrarrazões encontram-senas fls. 131.

Inicialmente, impende ressaltar que a nota da irreversibilidade não constitui óbice intransponível à antecipação dos efeitosda tutela. Em casos que tais, têm-se invocado o princípio da probabilidade, que impõe tutelar o direito mais provável emdetrimento do menos provável, e o princípio da proporcionalidade, pelo qual se permite o sacrifício do bem menos valioso(interesse meramente financeiro da Autarquia) em prol do mais valioso (direito fundamental à Previdência Social).

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 27.07.1945 (fl. 08) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 15.09.2008 (fl.12), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: certidão decasamento (2ª via), realizado em 02.09.1966, constando sua profissão como lavrador (fl. 31); carteira do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de pancas, emitida em 06.12.1977, atestando sua profissão de lavrador (fl. 34); título eleitoral, em quetambém é qualificado como lavrador (fl. 35); declaração de exercício rural, junto ao aludido Sindicato, datada em 15.09.2008(fls. 69-70); dentre outros.

Sem embargo da caracterização de início de prova material, é de se notar que o quadro fático subjacente denotaincompatibilidade com o regime de economia familiar.

Com efeito, exsurge do relatório da 24ª Junta de Recursos da Autarquia Previdenciária (fls. 12-13) que o recorrido recebepensão em razão do falecimento da esposa, além de auferir renda proveniente do aluguel de pastos, já que não há

Page 46: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

nenhuma lavoura na propriedade. Some-se a isso o exercício laborativo da profissão de pedreiro, fato que cotejado com asdemais circunstâncias que enleiam o caso evidencia que o labora rurícola - acaso existente – não contribuía de formapreponderante para a subsistência familiar, escapando ao figurino do art. 11, VII, § 1º da Lei nº 8.213/1991.

Sopesando os fatos e regras jurídicas em causa, tenho que merece reparo a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciária nopagamento de aposentadoria por idade rural em favor do recorrido. Eventuais valores percebidos em virtude da antecipaçãodos efeitos da tutela encontram-se salvaguardados, nos termos do Enunciado nº 52 desta Turma Recursal.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em Honorários Advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 daLei nº 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

27 - 0001843-69.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001843-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x TEREZA DE ASSIS (ADVOGADO: Aleksandro Honrado Vieira,EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo n.º 0001843-69.2009.4.02.5051/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : TEREZA DE ASSISRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA PORSEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou improcedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta a recorrente que a autora não comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário aopreenchimento da carência exigida. Aduz que documentos apresentados são extemporâneos e inválidos. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 74-80.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora alega que trabalhou na propriedade do Sr. João Santana referente ao período de 01/01/1989 a 12/12/200,conforme declaração de fl.20. Depois essa propriedade foi vendida para o Sr. Francelino Batista Ferreira, sendo que aautora trabalhou no ano de 2000 a 2005 por contrato verbal e, após esta data trabalha com contrato de parceria agrícola(fls.16/17). Apresentou documentos relativos a propriedade onde trabalha (fl.23/24) e declarações de confrontantes(fls.25,28,30,31) que afirma ser a autora trabalhadora rural há muitos anos.

Analisando-se os autos, verifico que foi juntada cópia da carteira do sindicato de trabalhadores rurais de Ibitirama/ES, comadmissão em 21/05/2008 (fl.10). Juntou também certidão da Justiça Eleitoral, contando a profissão da autora como

Page 47: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

trabalhadora rural, domiciliada em Ibitirama desde 1988 (fl.15).

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

A parte autora em seu depoimento pessoal, disse que é solteira, mora com duas irmãs e que elas também são solteiras.Alega que trabalha na roça desde pequena. A propriedade em que mora é de Francelino e lá toca 8.000 covas de café.Informa que o dono dá o adubo, mas é ressarcido pela autora. Afirma que trabalha no córrego de aparecida em Ibitirama.Informou que planta milho, feijão e o café é do patrão. Disse que já plantou café por duas vezes. A autora explicou plantamilho, feijão e que o milho é plantado em setembro ou outubro e que demora três meses para colher. Informa que Maria daPenha de Assis, Maria Luzia de Assis são suas irmãs.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Jurandi Martins disse que conhece a autora há 20 anos. Sabe que a autora trabalhavacom seu pai e com duas irmãs tocando 7.000 pés de café. Informa que a autora sempre trabalhou na roça. A depoentedisse que trabalha há 28 anos na propriedade como meeira e que é solteira.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Altair Moura disse que conhece a autora e que é seu vizinho desde quando a autoranasceu. Sabe que ela toca 7.000 covas de café e que nunca trabalhou em outro emprego, sempre na roça. Informa que aautora trabalha com as irmãs e que as duas irmãs são aposentadas. Sempre ver a autora trabalhando na roça.

As testemunhas foram firmes e convincentes em afirmar que a autora de fato trabalha como meeira na propriedade do Sr.Francelino Batista Ferreira, juntamente com suas irmãs, no cultivo do café, milho e feijão, sempre em regime de economiafamiliar. Foi informado em audiência que as irmãs da autora já estão aposentadas como segurada especial. Como a autoraexerce atividade em regime de economia familiar, juntamente com suas irmãs, conforme os contratos de parceriasagrícolas, subentende-se que a autora também é trabalhadora rural. As provas nos autos corroboram para tal afirmação.

Assim, conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou ematividade rurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurado especial. Assim, nãoencontro óbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora ruralostentada pela autora”.

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

28 - 0000510-82.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000510-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x TEREZINHA ROLI ALBRIGO (ADVOGADO: ALFREDO ERVATI.).

Processo n.º 0000510-82.2009.4.02.5051/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : TEREZINHA ROLI ALBRIGORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 48: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz que omarido da recorrida exerceu atividade urbana de 1999 a 2011, com renda aproximada a dois (02) salários mínimos, e queos documentos juntados em seu nome não podem servir de prova, pois mesmo após o casamento se dedicou ao trabalhourbano. Alega, ainda, que a recorrida não apresentou prova documental de que é trabalhadora rural e que seu trabalho nãoera indispensável à subsistência da família, já que seu marido era o provedor. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a fixação da DIB na datada audiência de instrução (16.03.2011). As contrarrazões encontram-se nas fls. 127-138.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 03.05.1948 (fl. 08) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 22.03.2004 (fl.09), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão deCasamento, realizado em 04.04.1970, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 11); Documentos relativos àpropriedade, (fls. 12-18); Carteiras do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Cachoeiro de Itapemirim, datadas em23.12.1985 e 17.01.2002, constando a profissão da recorrida como lavradora (fl. 19); Ficha de Matrícula Escolar do filhopela Secretaria de Estado da Educação e Cultura, datada em 04.02.1982, constando a profissão dos pais como lavradores(fl. 20); Declaração de exercício de atividade rural, emitido pelo Sindicato dos Agricultores e Familiares e AssalariadosRurais de Cachoeiro de Itapemirim, Vargem Alta e Rio Novo do Sul (fl. 22) e Entrevista rural, datada em 22.03.2004(fls.55-56), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do marido da recorrida, como lavrador, realizado em04.04.1970, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 132 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo do depoimento lançado pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida, Irma Luzia dos Santos disse: que é de Itaóca Pedra, que conhece a autora há mais de 20anos, sempre trabalhando na terra, que a autora planta cana, café, banana, que o marido ajuda nas folgas, que a filha daautora não vai pra roça: que os filhos da Terezinha sempre estudaram, que o filho trabalhava na Provale, que a filha nãosabe dizer onde trabalha; que sabe que a D. Terezinha tira leite.”

Importa salientar que o fato de o marido da recorrida ter desenvolvido atividade urbana de 06.1999 a 11.2006 (fls. 85-88)não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois, o regime de economia familiarsomente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente para a manutenção da família, deforma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991). Nesse diapasão, oportuno recordar oteor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividadeurbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve seranalisada no caso concreto”.

Consigne-se, a bem desse particular, que a remuneração auferida pelo recorrido entre os anos de 1999 e 2006 não atingiuvalores expressivos (fls. 86-87), senão vejamos:

Page 49: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Entre janeiro de 1999 a setembro de 2003: de R$ 200 a R$ 262Entre outubro de 2003 a novembro de 2006: de R$ 389 a R$ 462

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

29 - 0000504-75.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000504-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x JURACI BATISTA RANGEL (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).Processo n.º 0000504-75.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : JURACI BATISTA RANGELRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz, ainda,que a recorrida estabeleceu vínculos urbanos após o casamento, o que descaracteriza a condição de segurada especial.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 78-85.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurada não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 11.04.1952 (fl. 08) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 12.05.2008 (fl.11), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Carteira do Sindicatodos Trabalhadores Rurais de Jerônimo Monteiro, com admissão em 12.01.2004 (fl. 08); Certidão de Casamento, realizadoem 20.12.1999, constando a profissão da recorrida como lavradora e do marido como agropecuarista (fl. 12); Declaração deExercício de Atividade Rural, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jerônimo Monteiro, constando a data de04.06.1990 como a de início do período de trabalho na propriedade da Sra. Virgínia Borges Damasceno, datada em12.05.2008 (fl. 21); Recibos de mensalidades do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jerônimo Monteiro (fls. 22-24);Entrevista Rural, atestando trabalhar na propriedade da Sra. Virgínia Borges Damasceno, no período de 04.04.1990 a

Page 50: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

11.05.2008, juntamente com um filho e a nora, como meeira, em regime de economia familiar, tendo produzido 20 sacas emeia de milho (fl. 26) e Declaração da Sra. Virgínia Borges Damasceno atestando que a recorrida trabalha em suapropriedade, exercendo atividades rurais como plantio, cultivo e colheitas de lavouras cafeeiras e brancas, horta e frutas nacondição de parceira, em regime de economia familiar, juntamente com filho e nora, no período de 04.06.1990 até a data detal documento, sem se afastar das suas atividades, em 17.12.2007 (fl. 31), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional da recorrida como lavradora, realizada em 20.12.1999,constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material,abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 156 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida, Sra. Nesita Rosa, relata conhecer a autora desde quando a mesma era criança. Trabalhouna propriedade do Dr. João Damascena durante toda a vida. A depoente afirma que possui contrato durante parte doperíodo de trabalho para os Damasceno. Recorda-se da época em que a autora foi para São Paulo e depois do retorno foitrabalhar nos Damasceno. A autora comprou uma casa na rua, mas continua laborando da roça. O percurso, a autora faz apé. Afirma que até hoje a autora trabalha na roça. Que durante o período em que o marido ficou doente a autora continuoutrabalhando na roça.

A segunda testemunha ouvida, Sra. Maria Sildete Correia, relata que a depoente trabalhou para os Damasceno. Sabe que aautora foi para São Paulo, mas não sabe precisar quanto tempo permaneceu lá. Que quando retornou foi trabalhar com ospais e mesmo depois de o pai ter falecido, continuou na lavoura. Que a autora ainda trabalha na lavoura nos dias de hoje ecuida da mãe doente que mora com ela. A depoente afirma que fez contrato escrito com os Damasceno.”

Importa salientar que o fato de a recorrida ter desenvolvido atividade urbana nos períodos de 01.04.1979 a 17.07.1979,13.07.1981 a 12.12.1984, 04.05.1992 a 17.06.1995, 01.12.1995 a 30.04.1996, 05.1996 a 12.1997, 02.05.1996 a 19.01.1998(fls. 41-42) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. A legislação previdenciária permiteque a atividade rural seja exercida em períodos descontínuos (art. 39, I, da Lei nº 8.213/1991).

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

30 - 0000138-07.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000138-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.) x ALBERTO GIOVANELLI (ADVOGADO: Valber Cruz Cereza.).

Page 51: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Processo n.º 0000138-07.2007.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ALBERTO GIOVANELLIRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz que omagistrado considerou como início de prova material contratos extemporâneos e que não foram observadas as variaçõesda caligrafia nos diversos documentos acostados aos autos. Alega, ainda, que as provas colhidas no processoadministrativo são suficientes para a descaracterização da condição de segurado especial e que as provas testemunhaiscontrariam as já existentes nos autos. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 99-108.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 11.04.1937 (fl. 13) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 15.09.1999 (fl.14), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Contratos deParcerias Agrícolas, firmados em 1989, 2002 e 2005, em que atestam sua profissão como lavrador (fls. 15-22); Certidão deCasamento, realizado em 17.10.1956, constando a sua profissão como lavrador (fl. 23); Carteira de filiação junto aoSindicato dos Trabalhadores Rurais de Cachoeiro de Itapemirim, datada em 23.10.1995 (fl. 24); Fichas de cadastro decliente, constando sua profissão como lavrador (fls. 25-27); Prontuário Médico emitido pela Prefeitura Municipal de Rio Novodo Sul, atestando sua profissão como lavrador (fl. 28); Certificado de Alistamento Militar, datado em 06.08.1973, atestandosua profissão como agricultor (fl. 30); Declaração de Exercício Rural ao INSS, informando a profissão como meeiro de 1989a 1999 (fl. 32) e Entrevista Rural de Segurado, atestando ser agrícola, como trabalhador à meia, responsável por plantarfeijão e milha nas terras do Sr. Estevão A. Fiori (fl. 36), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional como lavrador, realizado em 17.10.1956, constitui início deprova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula daTurma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendotodo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo recorrido pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 96 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo do depoimento lançado pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida disse, em síntese, que conhece o autor há mais de 20 anos trabalhando como meeiro,cultivando café e banana. Sabe que atualmente o autor trabalha para o Sr. Alberto Belmock e tem conhecimento de queantes o autor trabalhou para o Sr. Valter Coutinho de Souza.

Page 52: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A segunda testemunha ouvida disse, em síntese, que conhece o autor há mais de 30 anos trabalhando em atividade rural.Informa que o autor já alugou um imóvel de seu pai para montar um bar, porém suas atividades logo foram encerradas.Após, o autor voltou a trabalhar na roça, na localidade de Quarteirão, em Rio Novo do Sul, onde trabalha até hoje.

A terceira testemunha ouvida, disse, em síntese, que conhece o autor há mais de 20 anos e sempre o viu trabalhando naroça, cultivando café, milho, feijão e mandioca, na propriedade do Sr. Antônio Manoel Schuina (grifei)”.

Contra a alegação de que há variações de caligrafia nos documentos acostados aos autos, compulsando-os não verificoindícios de fraude. Ademais, em havendo dúvidas na apreciação dos fatos entendo que deve operar, na hipótese, oprincípio “in dubio pro misero”, de modo que o ônus da prova sobre eventual fato extintivo do direito do autor compete àAutarquia Previdenciária, ônus de que não se desincumbiu.

No que tange à alegação de que o recorrido é proprietário de bar, cumpre ressaltar que tal fato, por si só, não conduz aoafastamento da qualidade de segurado especial, porquanto não verificado o afastamento da lida rural, conforme sedepreende dos depoimentos testemunhais.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

31 - 0001727-63.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001727-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA DOS REIS SOUZA (ADVOGADO: Valber Cruz Cereza.).Processo n.º 0001727-63.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MARIA DOS REIS SOUZARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que arecorrida trabalha somente em casa, uma vez que as fichas médicas comprovam a autora ser obesa e portadora dehipertensão arterial, enfermidades incompatíveis com o rigor do trabalho rural. Aduz, ainda, que a prova testemunhal écontraditória, percebendo-se conflitos relevantes no depoimento pessoal da recorrida. Dessa forma, requer seja conhecidoe provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a fixação da DIB nadata da prolação da audiência (26.01.2011). As contrarrazões encontram-se nas fls. 76-82.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

Page 53: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 10.06.1953 (fl. 12) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 10.11.2008 (fl.15), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Declarações deexercício de atividade rural, emitidas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muniz Freire, datada em 22.09.2008 epelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo, em 11.11.2008, em que atesta atividade rural nos períodoscompreendidos entre 14.07.1995 a 14.03.1998, 09.05.2005 a 08.09.2006 e 01.09.2006 a 11.07.2007 (fls. 18-19);Declarações de Testemunhas, datadas em 10.2008, em que se atesta o exercício de atividade rural pela recorrida naqualidade de parceira, em Regime de Economia Familiar (fls. 20-21); Certidão emitida pela Justiça Eleitoral, datada em25.05.2009, constando a ocupação declarada pela autora como agricultora (fl. 22); Fichas de matrícula de filhos, datadasem 03.08.06 e 02.04.1996, constando a profissão do marido como lavrador (fls. 23-24); Certidão de Casamento, realizadoem 02.09.1973, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 30) e Contratos de parceria agrícola, firmados em01.11.2002, 08.09.2003, 14.07.1995 e 20.11.2002, destinados ao cultivo de café, milho e feijão, constando a profissão domarido como outorgado (fls.41-44, 51-53 e 56), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do marido da recorrida como lavrador, realizado em02.09.1973, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

Não há falar em contradição entre os depoimentos, uma vez que as provas testemunhais colhidas em audiênciaconfirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo tempo necessário ao adimplemento da carência exigida, 162meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dosdepoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida, Sr. João Guilherme Côgo, declarou que conhece a Autora porque quando era mais novo,ela foi colona na propriedade de seu pai, Sr. Luiz Côgo, em Muniz Freire/ES. Atualmente, a testemunha está com quarentae nove anos. Afirma que a Autora trabalhou lá uns treze ou quatorze anos. Acredita que quando a Autora chegou lá, odepoente tinha uns dezesseis ou dezenove anos. Quando ela foi embora da propriedade, acredita que já era casado (atestemunha se casou aos 21 anos). Afirma que na propriedade de seu pai ela cultivava café, milho e feijão. Relata que o paiestá com oitenta e dois anos. Declara que a Autora morava na propriedade de seu pai com o marido e filhos (acredita quedois ou três). Pelo que sabe, após sair da propriedade de seu pai, a Autora foi morar em Castelo/ES. Pelo que sabe, aAutora e seu marido nunca trabalharam com carteira assinada. Afirma que nesta época em que a Autora trabalhou lá, o paitinha muitos meeiros (uns seis).

A segunda testemunha ouvida, Sr. João Carlos Vinco, declarou que é filho do Sr. Lino Vinco. Afirma que a Autora trabalhana propriedade de seu pai, cultivando café, milho e feijão. Não se recorda há quantos anos a Autora mora na propriedadede seu pai. O depoente afirma que também mora e trabalha na propriedade. Acredita que a Autora trabalhe na propriedadede seu pai há uns dezesseis anos. Declara que a Autora trabalha com o esposo e um filho. A propriedade do pai tem cincoalqueires. Acredita que antes de trabalhar na propriedade de seu pai, a Autora trabalhava para o Sr. João Guilherme Côgo.Não conhece o Sr. José Mussi Neto, nem Olírio. Pelo que se recorda, a Autora não se ausentou da propriedade. Conhece oSr. Lourival, sabe que a Autora já trabalhou lá, mas acha que foi antes de trabalhar na propriedade do Sr. João Guilherme.

A terceira testemunha ouvida, Srª. Carmen de Oliveira Martins, relatou, em síntese, que conhece a Autora há mais dequinze anos, desde que ela morava em Muniz Freire/ES, e trabalhava na propriedade do Sr. “Côgo”. A depoente já morouem Muniz Freire/ES. Atualmente, relata que a Autora mora em Abundância. Acredita que a Autora mora em Castelo há unsquinze anos. Afirma que a Autora mora e trabalha na propriedade do Sr. Lino Vinco (com o marido e um filho), e a depoentetambém mora e trabalha lá. Quando a testemunha foi trabalhar na propriedade do Sr. Lino, a Autora já trabalhava lá. Adepoente se mudou para a propriedade do Sr. Lino há uns três ou quatro anos. Afirma que a Autora também já trabalhoupara o Sr. Lourival, mas não se recorda por quanto tempo. Não se recorda se a Autora saiu da propriedade do Sr. Lino paratrabalhar em outro lugar. Não conhece o proprietário José Mussi. Não sabe qual a produção de café da Autora. Não sabe sea Autora e seu marido trabalham à dia.”

Page 54: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Cumpre registrar que o fato de a recorrida ser obesa e portadora de hipertensão arterial não infirma a qualidade desegurada especial, convindo recordar o entendimento jurisprudencial cuja dicção quadra a preceito: mantém a qualidade desegurado aquele que deixou de exercer a atividade laboral em razão da incapacidade que deu causa ao afastamento.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

32 - 0001757-98.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001757-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x IDELFONCIO HUBNER DE PAULA (ADVOGADO: GLEISAPARECIDA AMORIM DE CASTRO, ERALDO AMORIM DA SILVA.).Processo n.º 00017579820094025051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : IDELFONCIO HUBNER DE PAULARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que orecorrido exerceu atividade urbana e, por isso, não se enquadra na condição de segurado especial. Aduz, ainda, que asprovas testemunhais foram vagas e imprecisas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a fixação da DIB a partir da data da audiência. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 134-139.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 23.03.1948 (fl. 12) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 01.04.2008 (fl.72), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carência

Page 55: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

exigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Contratos de ParceriaAgrícola firmados entre os anos de 2004 a 2007 e 2007 a 2010 (fls. 41-44); Termos de Depoimento, datados em 2008 e2009, atestando trabalho na qualidade de meeiro desde 1990 (fls. 52-55 e 102-103); Contrato Fixo de Café, datado em1999, em que consta o trabalho como lavrador para o Sr. Antônio Bento da Silva (fl. 68); Declaração do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Ibatiba, informando a profissão de meeiro, no período de 1981 a 2009 (fl. 97) e Declaração deproprietários de terra, afirmando ter o recorrido trabalhado como meeiro em suas propriedades rurais (fls. 98 e 100), dentreoutros.

Os contratos de parceria agrícola constituem início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validadeprobatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da TNU. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de provamaterial, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo recorrido pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 162 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/91.Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha ouvida, Sra. Vanda Fonseca Oliveira, afirma que o autor morou em sua propriedade há 30 anosatrás, durante cerca de 6 a 7 anos. Quando saiu de sua propriedade, foi trabalhar em outra propriedade, também rural.Quando laborava para a depoente, o autor cultivava cerca de 7 mil pés de café e trocava dia com outros trabalhadores daregião para o auxiliarem na colheita. Afirma que o autor não possui filhos nem esposa. (grifei)

A segunda testemunha ouvida, Sr. Nilsomar Gomes, afirma que a autora trabalhou para o depoente de 1990 a 2003/2004.Informa que o autor trabalhou durante cerca de 8 meses na construção de um estradas. Quando o autor trabalhava para odepoente era no regime de meia, cultivando cerca de 3.500 pés de café. Quando da época da colheita, o autor trocava diacom outros trabalhadores da região. Relata que quando o autor deixou de trabalhar em sua propriedade, foi laborar com oSr. Gleiber, sobrinho do autor. Informa que ainda vê o autor trabalhando. Atualmente, o depoente acredita que o autor cuidede cerca de 2.000 a 2.500 pés de café porque a propriedade em que o autor trabalha não é muito grande.”

Doutro vértice, importa salientar que o fato de o recorrido ter desenvolvido atividade urbana de 02.05.1980 a 16.05.1980,28.05.1980 a 04.08.1980 e 08.07.1996 a 10.04.1997 (fl. 59) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural emoutros períodos. A legislação previdenciária permite que a atividade rural seja exercida em períodos descontínuos (art. 39,inciso I, da Lei nº 8.213/1991).

Consigne-se, por fim, as características físicas do autor, tais como envelhecimento precoce e linguajar típico, as quaissomente corroboram a qualidade de segurado especial do recorrido.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

33 - 0000210-77.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000210-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x BENEDITA DAS GRAÇAS ALVES (ADVOGADO: WALDIR TONIATO.).

Page 56: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Processo n.º 0000210-77.2010.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : BENEDITA DAS GRAÇAS ALVESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados anteriores a 2007 são frágeis e insuficientes para comprovar a condição de segurada especial.Alega que o filho da recorrida exerceu atividade urbana de 01.03.1996 até os dias atuais, descaracterizando, assim, oregime de economia familiar; que o Juízo proferiu sentença de mérito sem ter dado vista à Autarquia da juntada dedocumentos complementares solicitados em audiência, como a Certidão de Nascimento dos filhos da recorrida, maculando,assim, o princípio do Contraditório e da Ampla Defesa. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o presente recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a anulação da sentença. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 136-140.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 25.12.1953 (fl. 22) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 13.04.2009 (fl.15), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida e de forma descontínua.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Declaração deExercício de Atividade Rural, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ecoporanga, datada em 06.04.2009,atestando sua profissão como meeira nos períodos de 1974 a 2009 (fl. 18); Carteira de filiação ao Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Ecoporanga, atestando sua profissão como meeira (fl. 23); Comprovantes de pagamento aoSindicato dos Trabalhadores Rurais de Ecoporanga, pelos períodos de 06.12.2007 a 30.06.2009 (fl. 24); Contratos deParceria Agrícola constando ser parceira outorgada, nos períodos entre 01.01.2003 a 01.01.2008 e 10.10.2007 a10.10.2010 (fls. 40-41 e 46-48); Ficha de Matrícula Escolar do Filho, datada em 07.02.2001, mencionando ser lavradora (fl.59); Fichas da Secretaria Municipal de Saúde de Ecoporanga, atestando a profissão de lavradora, datadas em 2005 e 2008(fls. 65-66) e Certidão da Justiça Eleitoral de Ecoporanga, em que igualmente é qualificada como trabalhadora rural, datadaem 14.01.2009 (fl. 67), dentre outros.

A Ficha de Matrícula Escolar do filho, contendo a qualificação da recorrida como lavradora, datada em 07.02.2001, eContratos de Parceria Agrícola, alusivos aos períodos de 01.01.2003 a 01.01.2008 e 10.10.2007 a 10.10.2010, constitueminício de prova material contemporâneo à época dos fatos e têm sua validade probatória amparada pelo verbete nº 6 daSúmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material,abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 162 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

Page 57: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

“A testemunha Arlete Cardoso da Silva disse que conhece a demandante há cerca de trinta anos e que ela exerce aatividade rural desde que a conheceu, tendo trabalhado como meeira em várias propriedades, dentre elas a do Sr.Natanael, inclusive de empreitada. Mencionou que a autora há uns quinze anos já não convive com o companheiro, e queela possui quatro filhos, sendo que o filho Marcelo é quem mora com ela, sendo diarista, há uns cinco anos. Por fim,informou que a autora tem muitos problemas de saúde, trabalhando na roça, atualmente, em pequenos serviços (grifei)”.

“Já a testemunha Alda Braum afirmou que conhece a autora há uns trinta e dois anos e que ela sempre trabalhou na roça,tendo se separado do companheiro há cerca de quinze anos, com quem teve quatro filhos, e que ela mora com o Marcelo,que também é lavrador, como diarista. Disse que ela trabalhou para o Sr. Valtinho e o Sr. Natanael, dentre outras terras.Por último, afirmou que atualmente ela trabalha para o Sr. Eleci, há uns quatro anos, cuidando da horta e das criações,coisas menos pesadas, devido à dores na coluna (grifei)”.

Sebastião Galdino Pereira, testemunha, mencionou que há vinte e cinco anos conhece a autora e que ela sempre trabalhoucomo meeira junto com o companheiro e os quatro filhos. Mencionou que ela mora com o filho Marcelo, e que atualmentemora com o Sr. Eleci, trabalhando na roça, plantando o necessário para sobreviver (grifei)”.

Importa salientar que, o fato de o filho da recorrida ter exercido atividade urbana em alguns períodos compreendidos entreos anos de 1996 a 2010 (fls. 114-115) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Aodepois, o regime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fossesuficiente para a manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, VII, §1º, da Lei nº8.213/1991). Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dosintegrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhadorrural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Descabida a anulação da sentença pela ausência de intimação da juntada da Certidão de Nascimento. Com a intimação dasentença a Autarquia previdenciária efetivamente tomou ciência do teor do documento, sendo-lhe facultado transferir aoJuízo de primeiro grau o reexame dos fatos ali veiculados, mercê do efeito devolutivo em profundidade do recursoinominado.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

34 - 0000669-16.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000669-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x IRACI PAIVA FERREIRA (ADVOGADO: ANTONIO HERMELINDO RIBEIRONETO, ROBNEI BATISTA DE BARROS.).Processo n.º 0000669-16.2009.4.02.5054/01 - Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : IRACI PAIVA FERREIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente a

Page 58: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Preliminarmente, pleiteia a suspensão da decisão que antecipouos efeitos da tutela, uma vez que há o perigo de irreversibilidade do provimento antecipado. Em suas razões recursais,sustenta o recorrente que o marido da autora manteve vínculo de natureza urbana entre os anos de 1982 a 2008, fato quedescaracteriza o regime de economia familiar. Alega que após tal data não há nos autos documentos contemporâneos alastrear o depoimento das testemunhas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedenteo pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 115-121.

Inicialmente, impende ressaltar que a nota da irreversibilidade não constitui óbice intransponível à antecipação dos efeitosda tutela. Em casos que tais, têm-se invocado o princípio da probabilidade, que impõe tutelar o direito mais provável emdetrimento do menos provável, e o princípio da proporcionalidade, pelo qual se permite o sacrifício do bem menos valioso(interesse meramente financeiro da Autarquia) em prol do mais valioso (direito fundamental à Previdência Social).

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 28.03.1954 (fl. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 30.04.2009 (fl.59), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Carteira do Sindicatodos Trabalhadores Rurais de Ecoporanga, emitida em 28.01.2004, atestando sua profissão de lavradora (fl. 10); Certidão deCasamento, realizado em 28.08.1987, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 11); Declaração de Exercício deAtividade Rural junto ao aludido Sindicato entre os anos de 1991 e 2006, datada em 28.04.2009 (fls. 12-13), recibo doImposto sobre a Propriedade Rural referente ao ano de 1990 (fl. 15); Contrato de Parceria Agrícola em que figura comoparceira outorgada, abrangendo o período de 05.07.2000 a 05.07.2003 e datado em 05.07.2000 (fls. 22-23); Termo deHomologação de Atividade Rural referente ao período de 05.07.2000 a 05.07.2006 (fl. 55), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do marido da recorrida como lavrador, datada em28.08.1987, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 168 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991.

Importa salientar que, o fato de o marido da recorrida ter desenvolvido atividade urbana entre os anos de 1982 a 1984, 1988a 1992 e 2007 a 2008 (fls. 66-67) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois, oregime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente paraa manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inc. VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991).Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes donúcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, inc. VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no casoconcreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Page 59: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

35 - 0000994-97.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000994-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x COLETA MARCIONILA SALES (ADVOGADO: CLEUSINEIA L.PINTO DA COSTA, ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.).Processo n.º 0000994-97.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : COLETA MARCIONILA SALESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridanão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega queinexiste início de prova material contemporâneo aos fatos alegados. Aduz ainda, que o marido da recorrida mantinhavínculo de natureza urbana, fato que descaracteriza o regime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente requer seja modificada a data deinício do benefício. As contrarrazões encontram-se nas fls. 100-109.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 17.09.1948 (fl. 20) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 10.07.2008 (fl.49), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: certidão decasamento, realizado em 24.10.1970, constando a profissão do seu marido como lavrador (fl. 23); fichas de matrículaescolar do filho, datadas em 17.02.1986 e 04.02.1987, constando a sua profissão como lavradora (fls. 27-28); contrato deparceria agrícola em que figura como parceira outorgada, abrangendo o período de 26.01.1991 a 30.08.2007 e firmado em29.08.2008 (fls. 30-31); e declarações particulares atestando o exercício de atividade rural (fls. 29, 35 e 36), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do marido da recorrida como lavrador, datada em21.08.1985, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

Page 60: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo tempo necessário aoadimplemento da carência exigida, 132 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Poroportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A testemunha Sr. LOURENÇO, declarou que a recorrida trabalhou de 1991-2007 na propriedade dele, mas hoje trabalhana propriedade da mãe. Ia para a propriedade de bicicleta ou a pé, cidava de cerca de 5 mil pés de café. Plantava milhe efeijão para despesas. O regime de trabalho era a meia de 50%. Quanto ao adubo, a autora pagava a metade do valor.Acredita que a autora tenho colhido cerca de 60 sacas de café e que depois seriam, divididas. A autora trabalhava com osfilhos, levava o almoço cerca de 8/9 da manhã e depois permanecia na lavoura. Da casa da autora até a propriedade emque trabalha certo tempo a pé,ainda mais que a autora já possui idade avançada”. (grifo nosso)

Importa salientar que o fato de o marido da recorrida ter desenvolvido atividade urbana entre 14.01.1981 a 13.04.1981 e05.12.1988 a 01.05.1989 (fl. 99) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois, oregime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficiente paraa manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991. Nessediapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes do núcleofamiliar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como seguradoespecial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

36 - 0001592-51.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001592-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x NEWTON TEIXEIRA DIAS FILHO (ADVOGADO: CLEUSINEIA L.PINTO DA COSTA, ANTONIO JOSE PEREIRA DE SOUZA.).Processo n.º 0001592-51.2009.4.02.5051/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : NEWTON TEIXEIRA DIAS FILHORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que orecorrido possui inscrição como empregador rural e como empresário individual no período de 1981 a 1986, não seenquadrando como segurado especial. Aduz, ainda, que nenhum dos filhos do recorrido é lavrador e que este tem casa nacidade, carro, além de ter “dado” outra propriedade para a esposa. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,

Page 61: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Eventualmente, requer a fixação da data de início do benefício(DIB) a partir da data da audiência. As contrarrazões encontram-se nas fls. 121-127.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 08.05.1940 (fl. 16) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 13.09.2006 (fl.20), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Escritura Pública deCompra e Venda de imóvel rural, em que figura como outorgado (fls. 23-28 e 38-39); Certidão de Casamento realizado em30.01.1965 (fl. 29); Comprovantes de ITR (fls. 30-33); Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ibatiba, datadaem 08.09.2006, atestando o exercício de atividade rural entre os períodos de 1969 a 1978 e 1993 a 2006 (fl. 34); Certidãodo Ministério do Desenvolvimento Agrário, na qual se atesta a inexistência de informações sobre assalariados no imóvel(fls. 35-43); Declaração de particulares (fls. 37 e 45); Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (fls. 40-42); Contrato deComodato entre os anos de 05.10.2001 e 04.10.2011, destinado ao cultivo de área com vinte hectares e quinze mil pés decafé, datado em 05.10.2001 (fls. 47-48); Ficha de matrícula da filha no 1ª Grau, datada em 16.02.1978, atestando aprofissão do recorrido como agricultor (fl. 49); Ficha de Atualização Cadastral de Agropecuária (fls. 51-53) e Certidão daAgência da Receita Estadual de Iúna da Secretaria de Estado da Fazenda, atestando que inscrição estadual nº080.829.88-0 funcionou no período de 09.03.81 a 04.09.1986 e foi baixada no processo regular (fl. 54), dentre outros.

A Ficha de matrícula da filha, contendo a qualificação profissional do recorrido como lavrador, datada em 16.02.1978,constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº6 da Súmula da TNU. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendo todo o períodonecessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pelo recorrido pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 114 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991.

Importa salientar que o fato de o recorrido possuir inscrição como empregador rural no período compreendido entre 1975 a1979, bem como informações no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) entre os anos de 1981 a 1986 (fl. 55), nãomilita em seu desfavor, porquanto demonstrado em audiência que o comércio pertencia aos filhos, nada obstante registradoem seu nome. Aplicação do princípio da primazia da realidade.

Nesse passo, cumpre trazer à colação o teor do depoimento do Sr. José Simões, in verbis:

A testemunha Sr.Jose Simões afirmou que conhece o autor desde 1982 quando se mudou para a região que o autor mora.O autor era proprietário, mas vendeu a propriedade para o irmão. Não se recorda do autor ter um comércio, o conheceutrabalhando na roça. Hoje o autor ainda trabalha, mas não com quanto vigor. Conhece o Sr. Laércio, irmão do autor e donoda propriedade. Conhece a esposa do autor e que a mesma trabalha na roça. Quando o autor trabalhava na roça tinha café,milho e feijão. Não sabe informar a quantidade produzida de café na lavoura do autor. Não se recorda se o autor tinhacolono da região. Sabe que haviam pessoas que trocavam o dia com o autor. Em 2008, o autor morava com a mulher efilha na propriedade do Sr. Laérsio. Afirma que o irmão Laércio era professor. Não sabe o nível de escolaridade do autor.Afirma que o autor mora na rua, mas está constantemente na roça. Conhece um outro irmão do autor que tb é proprietáriorural. Questionado não sabe informar se o autor possui carro, não sabe se a casa do autor é própria ou alugada.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Page 62: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau. DIB mantida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

37 - 0000500-38.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000500-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA DAS GRAÇAS MIRANDA MONTEIRO (ADVOGADO: JOSÉDE OLIVEIRA GOMES, URBANO LEAL PEREIRA.).Processo n.º 0000500-38.2009.4.02.5051/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MARIA DAS GRAÇAS MIRANDA MONTEIRORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Aduz que omarido da recorrida exerceu atividade urbana de 1983 a 1988; de 1989 a 1993; de 1993 a 1994 e de 1996 a 2008. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 63-69.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 11.05.1952 (fl. 06) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 10.10.2007 (fl.17), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Carteira de filiação aoSindicato dos Agricultores, Familiares e Assalariados Rurais de Guaçuí, constando sua profissão com lavradora (fl. 06);Certidão de Casamento, realizado em 24.02.1973, constando a profissão do marido como lavrador (fl. 08); Certidão daJustiça Eleitoral, datada em 19.02.2009, constando sua profissão como agricultora (fl. 09); Contratos de parceria agrícola,com vigência de 13.05.2003 a 13.05.2006 e de 02.02.2007 a 30.10.2010, em que é qualificada como parceira outorgada(fls. 11-13); Ficha de Matrícula de filho, datada em 13.03.1996, constando a profissão do seu marido como lavrador (fl. 14);Certidão de Nascimento de filho, em 08.10.1975, igualmente constando a profissão do seu marido como lavrador (fl. 15) eRecibo das mensalidades do Sindicato dos Agricultores e Familiares e Assalariados Rurais de Guaçuí, Dores do Rio Preto eDivino de São Lourenço, relativos às datas de 12.04.2004 e 15.01.2007 (fl. 16), dentre outros.

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional do marido da recorrida como lavrador, realizado em24.02.1973, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Page 63: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

A prova testemunhal colhida em audiência confirma o exercício de atividade rural pela recorrida pelo tempo necessário aoadimplemento da carência exigida, 156 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Poroportuno, trago à colação resumo do depoimento lançado pelo magistrado sentenciante:

“A testemunha ouvida, Sr. Carlos Roberto Bernardo, relata conhecer a autora há uns vinte e cinco anos. Disse que tambémmora em Santa Marta. Quando a conheceu, ela trabalhava na propriedade do Sr. Jonas Monteiro, sogro da mesma. Serecorda que o marido da Autora trabalhou em Volta Redonda/RJ, mas neste período a autora continuou trabalhando naroça, com os filhos, sogros e cunhados. Não se lembra quanto tempo o marido da autora trabalhou lá. Depois que elevoltou, continuou trabalhando na propriedade do Sr. Jonas. Em seguida, o marido foi trabalhar na Tecnotruta, à noite.Depois, a autora foi trabalhar na propriedade da Dª. Elizabeth e ficou lá uns três anos. Após, a autora retornou para apropriedade do sogro, está trabalhando até hoje. Depois que o marido saiu da Tecnotruta, ele voltou a trabalhar napropriedade do Sr. Jonas. Pelo que sabe, a autora nunca trabalhou em outra atividade (grifei)”.

Importa salientar que o fato de o marido da recorrida ter desenvolvido atividade urbana de 16.03.1979 a 31.07.1981;03.11.1981 a 08.10.1982; 01.05.1983 a 17.12.1987; 02.05.1988 a 21.05.1988; 27.07.1988 a 07.10.1988; 06.01.1989 a08.1991; 06.01.1989 a 30.08.1991; a 01.07.1992 a 31.10.1992; 01.07.1992 a 30.04.1993; 01.06.1993 a 31.05.1994;01.08.1996 a 20.02.2008 (fls. 24-25) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Ao depois,o regime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fosse suficientepara a manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, VII, §1º, da Lei nº 8.213/1991).Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula da TNU: “A circunstância de um dos integrantes donúcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

38 - 0000691-74.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000691-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x LEVI GARCIA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ANILSON BOLSANELO.).Processo nº 2009.50.54.000691-8/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS.Recorrido : LEVI GARCIA DE OLIVEIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- SENTENÇA MANTIDA POR

Page 64: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

SEUS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO,IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou improcedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta a recorrente que o autor não comprovou 120 (cento e vinte) meses de exercício de atividade rural, jáque preencheu o requisito etário em 2001. Alega que a jurisprudência pátria é uníssona em não admitir exclusivamente aprova testemunhal para a comprovação de tempo de serviço para fins previdenciários. Dessa forma, requer seja conhecidoe provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls.135-138.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Primeiramente, analiso a existência de início de prova material.

O demandante juntou aos autos os seguintes documentos: a) certidão de casamento datada de 1972 qualificando a suaprofissão como lavrador (fls. 28); b) Carteira de filiação ao Sindicato de trabalhadores Rurais em 05/12/1988 (fls. 29); c)recibos de compra de áreas de terrenos rurais em 1995, 1999, 2002 (fls. 42, 46, 49).

Pelos documentos apresentados pela parte autora, é possível notar o efetivo exercício de atividade rural desempenhado porele. Reputo tais documentos, portanto, como suficientes para demonstrar o início de prova material do direito alegado nainicial.

Como dito acima, porém, não basta ao autor comprovar o exercício de trabalho rural, deve ficar também evidenciado queeste era desempenhado em regime de economia familiar.

Em audiência, o autor prestou seu depoimento pessoal, momento em que afirmou trabalhar no meio rural há muito tempo,como proprietário, não tendo jamais contratado pessoas para lhe auxiliarem. Afirmou que planta café e que deu uma partede suas terras para seus filhos. Aduziu, ainda, que já fez trabalhos rurais para alguns vizinhos. Por fim, mencionou quetrabalhou apenas durante um pequeno período no meio urbano.

A testemunha inquirida durante a audiência, Sr. DEOLINDO GOMES PEREIRA disse que conhece a parte autora há vinte etrês anos, sendo seu vizinho de terra e que ele sempre trabalhou na roça, com café, sem o auxílio de funcionários, havendocom ele somente os seus filhos.

Por seu turno, o Sr. JOSÉ DE PAULA, afirmou que conhece o autor há uns vinte anos, e que ele sempre trabalhou comolavrador com os filhos, e sem empregados, plantando café.

Já a testemunha Sra. JANDIRA FACHINOTI PEREIRA mencionou que é vizinha do autor há vinte e três anos, e que elesempre trabalhou na roça, com a família apenas.

Conforme consta do documento juntado às fls. 68, a Sra. ENI GOMES DE OLIVEIRA, esposa do autor, é beneficiária deaposentadoria por idade, na condição de segurada especial - rural, desde 25/11/2003.

No meu sentir, o benefício previdenciário concedido à esposa do autor, qualificando a sua atividade como rural, demonstraque a autarquia ré reconheceu a sua qualidade de segurada especial, gerando, assim, a presunção de que o demandantedesempenhava o seu labor nas mesmas condições.

Cumpre salientar que o regime de economia familiar depende, essencialmente, do auxílio dos familiares para cultivar aterra, não havendo a colaboração permanente de terceiros.

Assim, entendendo o INSS que a esposa do demandante desempenhou o trabalho rural em regime de economia familiar,pode-se presumir que este também laborava no campo, nas mesmas condições.

Tal entendimento encontra guarida na jurisprudência nacional, conforme se verifica do seguinte julgado do E. SuperiorTribunal de Justiça:

AÇÃO RESCISÓRIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. RURÍCOLA. ERRO DE FATO. DECLARAÇÃO

Page 65: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ASSINADA POR PARTICULAR. DOCUMENTOS NOVOS JUNTADOS APÓS A CONTESTAÇÃO. PRINCÍPIO PROMISERO. NÃO-CONFIGURAÇÃO DA VIOLAÇÃO AO ART. 396 DO CPC. DEMONSTRATIVO DE QUE O CÔNJUGE ERAAPOSENTADO POR INVALIDEZ NA CONDIÇÃO DE RURÍCOLA. EXTENSÃO DA QUALIDADE DE SEGURADOESPECIAL DO MARIDO À AUTORA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL.AÇÃO RESCISÓRIA JULGADA PROCEDENTE. 1. O erro de fato a autorizar a procedência da ação rescisória deve seraquele referente à desconsideração da prova constante dos autos. Entretanto, o documento não datado, assinado por umsuposto empregador, é por demais fraco a servir como início razoável de prova documental, na medida em que asdeclarações de particulares equiparam-se a simples depoimento de informante reduzido a termo. 2. Desconsiderar ajuntada de documentos feita após a contestação, dos quais foi dada vista ao INSS, seria fazer tábula rasa ao princípio dopro misero e das inúmeras dificuldades vividas por esses trabalhadores, as quais refletem na produção das provasapresentadas em juízo. Afastada a alegada violação ao art. 396 do Código de Processo Civil. 3. O demonstrativo de que omarido da autora era aposentado por invalidez na condição de rural, por ela posteriormente juntado, é o único documentosuficientemente relevante para servir de início de prova material da atividade especial por ela desempenhada. A condiçãode rurícola da mulher funciona como extensão da qualidade de segurado especial do marido. Se o marido recebe obenefício de aposentadoria por invalidez na condição de rurícola, é porque desempenhava trabalho no meio rural, emregime de economia domiciliar. Exsurge, daí, a presunção de que a mulher também o fez, em razão das características daatividade - trabalho em família, em prol de sua subsistência. 4. Existindo o início razoável de prova material a corroborar aprova testemunhal produzida, a autora se encontra protegida pela lei de benefícios da previdência social - art. 11, inciso VII,da Lei 8.213/91, sendo de rigor o deferimento do benefício de aposentadoria por idade como rurícola. 5. Ação rescisóriajulgada procedente. (AR 200000821292, MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, STJ - TERCEIRA SEÇÃO, 29/04/2008)-grifei

Também houve manifestação sobre o tema no 1º FOREPREV, nos termos do enunciado nº 1: “A prova do trabalho rural deum cônjuge gera presunção relativa do exercício de atividade rurícola pelo outro”.

No que tange aos vínculos urbanos do autor relacionados no CNIS (fl. 65), verifico que foram de 1984 a 1985 e em 1988,tempo não abrangido pela carência necessária para o autor (138 meses), eis que completou o requisito etário em 2004.Assim, tal vínculo não descaracteriza sua condição de segurado especial.

Ademais, é do conhecimento geral que o trabalho rural concede ao agricultor uma diminuta renda, a qual nem sempre ésuficiente para a própria manutenção ou de sua família. Assim, é costumeiro que os lavradores, principalmente na época deentressafra, procurem emprego no meio urbano para complementar a renda familiar e conseguir sobreviver.

Sensível a essa realidade, o legislador previu a manutenção da condição de segurado especial, mesmo quando o indivíduotrabalhe no meio urbano.

Nesse passo, torna-se necessário ressaltar que o depoimento pessoal da parte autora e o das testemunhas, colhidos emaudiência, mostraram-se coerentes e harmônicos entre si, no sentido da atividade rural e do regime de economia familiar.

Assim, as provas documentais apresentadas e os precisos depoimentos testemunhais formam conjunto probatóriosuficiente a atestar o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo tempo de carência necessário àconcessão da aposentadoria por idade, devendo essa ser concedida ao autor.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

39 - 0000541-93.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000541-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x LEONICE MARIA RONCONI DARÉ (ADVOGADO: ANTONIO DE OLIVEIRANETO.).Processo n.º 0000541-93.2009.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : LEONICE MARIA RONCONI DARÉRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

Page 66: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado com pedido de efeito suspensivo interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão desentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, emsuas razões recursais, que a recorrida não comprovou o exercício de atividade rural no período imediatamente anterior aorequerimento administrativo. Alega que o marido da recorrida verteu contribuições na qualidade de contribuinte individualentre os anos de 1985 a 2008, fato que, aliado ao depoimento das testemunhas ouvidas em âmbito administrativo, denotaincompatibilidade com o regime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. Requer, de par com isso, a atribuição de efeito suspensivo à antecipação dosefeitos da tutela. As contrarrazões encontram-se nas fls. 87-91.

Inicialmente, impende ressaltar que a “irreversibilidade” do provimento não constitui óbice intransponível à antecipação dosefeitos da tutela. Em casos que tais, afigura-se necessário sopesar os interesses em conflito, quais sejam, o interessemeramente financeiro da Autarquia e o interesse da parte autora na obtenção do benefício previdenciário. Destarte, daconjugação dos requisitos múltiplos e concorrentes postos no art. 273 do Código de Processo Civil com o princípio dadignidade da pessoa humana, substância semântica sobre que se funda a República Federativa do Brasil (Constituição daRepública, inciso III, do art. 1º), outra não poderia ser a decisão senão no sentido de se privilegiar, in casu, o interesse daparte autora na obtenção liminar do benefício previdenciário, sem a qual se coloca em risco sua subsistência e saúde.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguintes documentos: a) certidão decasamento, na qual o marido da autora é qualificado como agricultor (fl. 09); b) escrituras públicas de duas propriedadesrurais pertencentes à demandante (fls. 14-18 e 22).Tal documentação mostra-se início suficiente de prova material do exercício de atividade rural; contudo, a outorga dobenefício depende da complementação desta prova documental, a fim de atestar o efetivo desempenho dessa atividadepelo período de carência previsto legalmente.Ressalto que, mesmo sendo a certidão de casamento uma segunda via, não se pode supor a modificação da profissão domarido da autora, com o específico objetivo de produzir prova material, pois tal certidão foi expedida em 11/09/1989. Devidoà longínqua data, é de se presumir que a profissão do cônjuge da demandante, naquela época, realmente era a deagricultor.A autarquia previdenciária afirma que houve a descaracterização da condição de segurada especial da demandante, poisseu marido contribuiu para a Previdência, como comerciante. Ademais, teria ele exercido a profissão de motorista entre1982 e 1997.Com relação à primeira argüição, a jurisprudência nacional entende que a simples contribuição do marido, comocontribuinte individual, é insuficiente para descaracterizar a condição de segurada especial da esposa, desde quecomprovado o exercício da atividade rural e que a renda familiar advenha do labor da roça. Senão vejamos:PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INDISPENSABILIDADE DO LABOR RURAL DA PARTEAUTORA PARA O SUSTENTO DO GRUPO FAMILIAR. CÔNJUGE CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. NÃODESCARACTERIZAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. 1 - O mero fato do marido da autora ter contribuído paraa Previdência na qualidade de contribuinte individual não serve como supedâneo para concluir pelo auferimento de rendasuficiente a descaracterizar a condição de segurada especial da autora 2 - Incidente conhecido e provido, para o fim dereconhecer à parte autora o direito à concessão do benefício de aposentadoria por idade rural, determinando orestabelecimento dos efeitos do julgado de 1ª instância e a devolução dos autos ao Juízo de origem para adequação.Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios de 10% sobre o valor da condenação, com observância daSúmula 111 do STJ. (PEDIDO 200870950020905, JUIZ FEDERAL OTAVIO HENRIQUE MARTINS PORT, 01/03/2010)A prova oral produzida em audiência atestou que o trabalho da roça era a principal fonte de renda familiar. Nenhuma daspessoas inquiridas soube informar se o marido da demandante exerceu outra atividade que não o labor rural.Assim, a simples contribuição previdenciária vertida por ele não tem o condão de obstar a concessão da aposentadoria poridade à autora.Da mesma forma, nenhuma das testemunhas mostrou conhecer o suposto trabalho de motorista do marido da

Page 67: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

demandante. O próprio INSS não juntou aos autos documentação a comprovar o exercício da profissão de motorista.Inexistindo informações consistentes a confirmar o exercício da profissão de motorista, não se pode supor o desempenhodesta atividade.Muito embora dois dos três depoentes inquiridos em audiência, o foram na condição de informantes, entendo que seusesclarecimentos foram suficientes para atestar o efetivo labor rural, em regime de economia familiar, pelo período decarência necessário para a concessão da aposentadoria por idade.Considerando que a demandante é pessoa de situação financeira precária e tendo em vista a consistência do conjuntoprobatório apresentado nos autos, tornando verossímeis as alegações trazidas na petição inicial, DEFIRO o pedido deantecipação dos efeitos da tutela e determino o pagamento imediato do benefício da aposentadoria por idade à parteautora, no valor de 01 (um) salário mínimo.”

Em acréscimo, cumpre ressaltar que o afastamento da lida rural não enseja, in casu, a descaracterização do regime deeconomia familiar, porquanto demonstrado em audiência que a recorrida reduziu a intensidade com que exercia asatividades rurais em decorrência de problemas de saúde, convindo recordar o entendimento jurisprudencial, cuja dicçãoquadra a preceito: mantém a qualidade de segurado aquele que deixou de exercer a atividade laboral em razão daincapacidade que deu causa ao afastamento.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. Pedido de atribuição de efeito suspensivo à antecipação dosefeitos da tutela indeferido.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

40 - 0001279-90.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001279-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA GLORIA DE FARIA (ADVOGADO: Juscelino Adson de SouzaFilho, RICARDO JUNGER.).Processo n.º 0001279-90.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA GLÓRIA DE FARIARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurada especial. Aduz que a recorrida eraempregadora rural, além de fazer jus à pensão por morte no valor de um salário mínimo desde 1973, deduzindo-se, assim,que teria deixado de trabalhar após o óbito do marido. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 91-96.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais

Page 68: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 02/06/1936 (a maioria dos documentos apresentados constata ter ela nascido em 1936 fl. 13/14,e o CPF consta o ano de 1937), estando atualmente com 74 (setenta e quatro) anos de idade. Requereu o benefício deaposentadoria por idade em 08/04/1996 (fl. 16), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foi comprovadoo exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida à concessãodo benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) certidão de casamento realizado em 16 de maio de 1959, fl.14;b) certidão do cartório de 1º Ofício de Guaçuí, em que a parte autora foi declarada adquirente de um imóvel situado no lugarAnjo da Guarda, em inventário julgado por sentença em 21/03/1974, fl.19;c) entrevista rural realizada pelo INSS fs.20/21, datada em 08/04/1996, concluindo que a autora é segurada especial;d) documentos relativo a propriedade Anjo da Guarda, fs.24/27 e 30/42;e) declaração de exercício de atividade rural emitida pelo sindicato rural de Guaçuí entre o período de 21/03/1974 a13/10/1998, fl.51.

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a autora afirma que: sempre foi trabalhadora rural. Começou a trabalhar antes de casar. Játrabalhou para Antônio Binarte, “Manezinho” Binarte, entre outros. Afirma que ainda trabalha na roça, mas só próximo desua casa, junto com os filhos. Possui uma pequena propriedade, onde cultiva café arábica, milho e feijão. Acha que temesta propriedade há uns trinta e seis anos, o marido é quem adquiriu. É viúva, quando o marido faleceu, ele ainda nãoestava aposentado. Os filhos também trabalham na roça. O filho José Maria é quem vende a produção. Afirma que moracom dois filhos e uma nora. Apanha o café no pano, antes apanhava na peneira. Depois, coloca o café para secar. Declaraque nunca contratou pessoas para trabalharem na propriedade, nunca teve meeiros.

A primeira testemunha ouvida o Sr. Sebastião Alberto da Silva disse que: conhece a Autora desde que ela era solteira, éseu vizinho. Declara que a Autora parou de trabalhar há uns cinco anos, por causa de problemas de saúde. Antes de casar,ela morava com os parentes, que também eram lavradores. Relata que nunca teve conhecimento de que a Autora trabalhouem outra atividade. Afirma que a Autora trabalhava com o marido, e após o falecimento deste, passou a trabalhar só com osfilhos. Declara que a Autora cultiva café, milho e feijão. Pelo que sabe, a Autora nunca teve meeiros, nem diaristas. AAutora mora no mesmo terreiro que seu filho.

A segunda testemunha ouvida o Sr. João Batista Rubio Garcia disse que: conhece a Autora há uns vinte anos, mora há unsdez minutos de distância da casa dela. Precisa passar pela casa dela para ir “à rua”. Afirma que atualmente a Autora nãoestá trabalhando, porque não aguenta mais, acha inclusive que ela está operada. Quando a conheceu, ela já era casada.Afirma que a Autora trabalhava com o marido e os filhos. Nunca viu nenhum empregado na propriedade, nem meeiros oudiaristas. A propriedade não é grande. Pelo que sabe, ela cultiva café, milho e feijão.

As provas materiais indicam que a autora exerce atividade rural desde o final da década de 70 na localidade de Córrego doAnjo da Guarda, além disso as testemunhas afirmaram conhecer a autora há uns 20 anos e que ela exerce atividade ruralem regime de economia familiar.

Desta forma, para fazer jus a aposentadoria no ano de 1991 a autora teria que ter 60 meses de contribuição, conforme atabela do artigo 142 da Lei 8.2163/1991, logo a autora nesse referido ano já possuía mais de 10 anos de atividade rural,assim preencheu a carência exigida por lei.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela autora.”

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de a recorrida receber pensão por morte de trabalhador rural em valor mínimo (fl.75) não obsta o recebimento do benefício ora pleiteado, porquanto possuem diferentes pressupostos fáticos e fatosgeradores de natureza distinta. Ao revés, tal fato somente corrobora a qualidade de segurada especial da recorrida(Precedentes: AGRESP 201000202206, HAROLDO RODRIGUES [DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE], STJ -SEXTA TURMA, DJE DATA: 28/06/2010; verbete nº 36 da Turma Nacional de Uniformização).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

Page 69: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

41 - 0001043-41.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001043-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x TERESA VIANA DA SILVA (ADVOGADO: URBANO LEALPEREIRA, Kênia Cardoso Gomes, JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES, JOSÉ NASCIMENTO.).Processo n.º 2009.50.51.001043-9/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CACHOEIRORecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : TEREZA VIANA DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurado especial. Alega que os contratos deparceria agrícola somente podem ser considerados se houver registro ou reconhecimento de firma e apenas a partir domomento em que se deu um desses atos, conforme o art. 370, I, do Código de Processo Civil. Dessa forma, requer sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nasfls. 52-54.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrida nasceu em 26.03.1950 (fls. 06) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 09.05.2005 (fl.15), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrida juntou aos autos: Certidão decasamento, realizado em 1987, constando a profissão do seu marido como lavrador (fls. 10); Contrato de parceria agrícola,datado em 1985, em que seu marido é qualificado com parceiro outorgado para a exploração da propriedade durante trêsanos (fls. 14-15); e Contrato de parceria agrícola, firmado em 2002, em que, juntamente com o marido, são qualificadoscomo parceiros outorgados para a exploração de propriedade entre os anos de 2002 e 2005 (fls. 17-20).

A Certidão de Casamento, contendo a qualificação profissional da recorrida e do marido como lavradores, datada em07.11.1987, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparadapelo verbete nº 6 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o iníciode prova material, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

Page 70: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrida pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 144 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/91.Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos lançados pelo magistrado sentenciante:

“A testemunha ouvida, Sr. Jaci Monteiro, disse que conhece a autora desde a mocidade. Foi vizinho da autora por mais de10 anos. Disse que a autora trabalhou em torno de 7 a 8 anos com o Sr. Gerson Miranda e 10 anos com o Sr. FranciscoCogo. O marido da autora sempre trabalhou na roça”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/91), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, com fulcro no art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

42 - 0000092-13.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000092-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x GERSON FERREIRA LEITE (ADVOGADO: CLEI FERNANDES DEALMEIDA.).Processo n.º 2010.50.51.000092-8/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : GERSON FERREIRA LEITERelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o autor nãocomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que inexisteinício de prova material contemporâneo aos fatos alegados. Aduz, ainda, que a prova testemunhal contraria os fatosalegados pelo recorrido, o que afasta a concessão do beneficio pleiteado. Dessa forma, requer seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 135-140.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

O recorrido nasceu em 03.05.1947 (fl. 09) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 11.04.2008 (fl.42), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário à carênciaexigida.

Page 71: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrido juntou aos autos: Declaração deAtividade Rural do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Anchieta e Piúma, emitida em 16.03.2008, atestando o exercíciode atividades rurais, como cultivar lavouras de café, mandioca, cana, milho e feijão, na condição de proprietário, nosperíodos de 1966 a 2008, na qualidade segurado especial (fls. 10-11); Declaração de Carolino Moreira Leite, afirmando tervendido ¼ de terra e atestando a qualificação do autor como lavrador, datada em 08.03.1996 (fls. 14-15); Certificado deCadastro de Imóvel Rural-CCIR, de minifúndio, pelos períodos de 2003 a 2005 (fl. 16); Consulta no Cadastro Nacional deeleitores, em que é identificado como agricultor (fl. 17); Ficha Médica do Sistema de Informação de Atenção Básica daPrefeitura de Piúma, datada em 17.08.2005, atestando sua qualificação como lavrador (fl. 18); Declarações da SecretariaMunicipal de Educação e Cultura de Piúma, datadas em 16.04.2008, atestando os seus filhos terem concluído a 4ª série doEnsino Fundamental em escola da região, localizada na zona rural do município, nos anos letivos de 1987 e 1985 (fls.24-27) e Carteira de Filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iconha, datada em 01.04.1977, atestando suaqualificação como trabalhador rural (fls. 31-32), dentre outros.

A Carteira de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iconha, datada em 01.04.1977, em que o recorrido équalificado como trabalhador rural, constitui início de prova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validadeprobatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula da TNU. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de provamaterial, abrangendo todo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

A prova testemunhal colhida em audiência confirmou o exercício de atividade rural pelo recorrido pelo tempo necessário aoadimplemento da carência exigida, 156 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991. Poroportuno, trago à colação resumo do depoimento lançado pelo magistrado sentenciante:

“A primeira testemunha, Sr(a). Gilson Mota Cordeiro relata que não é parente de ninguém na sala; que não há motivo paramentir; que conhece o Sr. Gerson há mais de 20 anos; que o autor mora há uns 800 metros de sua casa; que quandopassa perto da casa do autor vê-lo trabalhando; que o autor possui diversos animais e diversas plantações; que o autor nãopossui trabalhador; que nunca viu o autor trabalhar em nenhuma outra atividade senão a rural; que não sabe se o autor temcarro; que conhece o autor desde 1968/1970; que a terra dele deve ter por volta de 1 há; que mora há muito tempo no local;que o autor nunca saiu da terra; que o autor nunca foi casado com outra mulher; que o autor nunca teve outrosempregados; que os filhos os ajudavam; que o autor vende seus produtos para diversas pessoas; que não tem pessoasfixas para a venda; que o autor é conhecido como Gelson (grifei)”.

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991), circunstâncias que verifico presentes no caso concreto.

Não merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,com fulcro no art. 20, §3º, do CPC.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

43 - 0000663-09.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000663-3/01) DENI RODRIGUES DA SILVA (ADVOGADO: FABIANOODILON DE BESSA LURETT, ALMIR MELQUIADES DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).Processo n.º 0000663-09.2009.4.02.5054/01 - Juízo de Origem: 1ª VF Colatina

Page 72: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Recorrente : DENI RODRIGUES DA SILVARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇAREFORMADA - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que há nosautos documentos que comprovam o preenchimento dos requisitos exigidos para a concessão do benefício. Aduz que osperíodos em que manteve vínculo urbano não descaracterizam a qualidade de segurada especial, porquanto exerceuatividade predominantemente rurícola ao longo do tempo, prestando-se a atividade urbana para complementar a renda.Alega, ainda, que o seu marido foi aposentado por invalidez na qualidade de trabalhador rural, fato que somente corroborasua condição de segurada especial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente opedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 98-100.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrente nasceu em 12.11.1950 (fl. 17) e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 27.09.2007(fls. 13-16), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário àcarência exigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a recorrente juntou aos autos: 2ª via da certidão decasamento, realizado em 16.06.1967, constando sua profissão como lavradora (fl. 17); declaração de exercício de atividaderural, junto ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Mantenopólis (fls. 24-25), datada em 30.04.2009; escritura pública decompra e venda de terreno no Município de Mantenópolis, datada em 11.10.1972, em que terceiro figura como outorgadocomprador (fls. 27-28); comprovante de IRT, referente ao ano de 1993, em nome de terceiro (fl. 30); Escritura Pública deCompra e Venda em que sua mãe figura como outorgante vendedora em 15.07.1983 (fl. 32); certidão de óbito do pai, emque este é qualificado como lavrador (fl. 35); e declarações que atestam o exercício de atividades rurais (fls. 26, 41, 44, 47,50 e 53), dentre outros.

A certidão de óbito do pai da recorrente, datada em 17.08.1992, em que este é qualificado como lavrador, constitui início deprova material contemporâneo à época dos fatos e tem sua validade probatória amparada pelo verbete nº 6 da Súmula daTurma Nacional de Uniformização. A prova testemunhal tem o condão de ampliar o início de prova material, abrangendotodo o período necessário à concessão do benefício.

Ademais, entendo que deve ser abrandado o rigor processual na interpretação do conceito de documento novo quando setrata de comprovação de atividade rurícola, em função do caráter social e alimentar que reveste o beneplácito judicial, nostermos do art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil, segundo o qual “na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais aque ela se dirige e às exigências do bem comum”.

É necessário ter cautela e bom senso para se analisar provas de trabalho rural, em face da prática de contratos verbais nocampo e da falta de fiscalização efetiva do cumprimento das obrigações trabalhistas. Se a prova acostada aos autos écontemporânea à data do requerimento administrativo – DER – e se refere ao período exigido pela lei, deve ser reputadaválida como início de prova material, sendo mister, entretanto, que seja corroborada por prova testemunhal.

As provas testemunhais colhidas em audiência confirmaram o exercício de atividade rural pela recorrente pelo temponecessário ao adimplemento da carência exigida, 144 meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº8.213/1991. Por oportuno, trago à colação resumo dos depoimentos:

As testemunhas afirmaram que a recorrida exerceu atividade rural desde nova na propriedade dos seus pais e depois quese casou continuou trabalhando na roça junto do seu marido (meeiro) na propriedade do Sr. Gerson Rodrigues de Oliveira.Questionados sobre o desenvolvimento de atividade urbana por parte da recorrida, informam que a recorrida passou umperíodo fora. Questionados sobre qual atividade exerce a autora atualmente, afirmaram que ele trabalha desde 2006, comomeeira, na propriedade do Sr. Gerson Rodrigues de Oliveira.

Importa salientar que o fato de a recorrente ter desenvolvido atividade urbana de 01.07.1991 a 30.08.1992, de 04.02.1997 a

Page 73: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

31.12.1997 e 03.02.2000 a 13.07.2006 (fl. 66) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. Alegislação previdenciária permite que a atividade rural seja exercida em períodos descontínuos (art. 39, I, da Lei nº8.213/1991).

Assim, para a configuração do regime de economia familiar é exigência inexorável que o labor rurícola seja indispensável àsubsistência do trabalhador e que seja exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização deempregados permanentes (art. 11, VII, § 1º da Lei n° 8.213/1991), circunstâncias que verifico presente s no caso concreto.

Presentes os requisitos peculiares para antecipação tutelar, quais sejam, o “convencimento de verossimilhança” e “fundadoreceio de dano irreparável ou de difícil reparação” (CPC, art. 273), este imanente ao caráter alimentar das prestaçõesprevidenciárias. Somente são objeto de antecipação as parcelas vincendas, necessárias à subsistência da recorrente.

Merece reparo, portanto, a sentença proferida pelo juízo de primeiro grau.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar a Autarquia Previdenciária a implantar o benefíciode aposentadoria rural por idade em favor da recorrente no prazo de 30 (trinta) dias, devendo comprovar a implantação atéo decurso final do aludido prazo. São devidos atrasados desde a data do requerimento administrativo (27.09.2007 – fl.13-16). Sobre as prestações vencidas incidem, até 30/06/2009, correção monetária e juros de mora à taxa de 1% ao mês apartir da citação. Desta data em diante, aplicam-se os índices oficiais de remuneração básica e juros próprios da cadernetade poupança (art. 5º da Lei 11.960/2009).

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Leinº 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

44 - 0002364-48.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002364-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA JOSE SANTOS FRANÇA CORREA (ADVOGADO: BernardPereira Almeida.).Processo n.º 0002364-48.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA JOSE SANTOS FRANÇA CORREARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado com pedido de efeito suspensivo interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão desentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais,sustenta o recorrente que os documentos apresentados não são aptos a comprovar o exercício de atividade rural. Alegaque o marido da recorrida desempenhou diversas atividades urbanas, quadro fático que denota incompatibilidade com oregime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 127-131.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais

Page 74: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 12/08/1949 (fl.06), estando atualmente com 62 (sessenta e dois) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 15/02/2009 (fl. 08), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) carteira do sindicato de trabalhadores rurais de Ibatiba/ES, com admissão em 18/11/2004 (fl.07);b) declaração do Sr. José Maria da Rocha, afirmando que a autora trabalhou em sua propriedade, referente ao período de20/05/1990 a 19/06/1996 na condição de meeira (fl.11);c) documentos relativos à propriedade (fls.12/14)d) contrato de parceria agrícola, firmado em 16/02/2004, com claúsula retroativa, referente ao período de 01/11/2001 a15/02/2004, em que o contrato era verbal (fls.29/30);e) depoimentos de pessoas que conhecem a autora e afirmam ser ela trabalhadora rural (fls.40/42).

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que nasceu no interior de Cachoeiro de Itapemirim/ES. O pai erameeiro de terceiros. Afirma que estudou até a 3ª série. Depois os pais se mudaram para o norte do Estado, trabalharampara o Sr. Luiz Ribeiro França. Casou-se com o Sr. Agostinho Sebastião Correa. O marido morava na roça em São João deTiradentes, onde possuía uma pequena propriedade. Trabalhavam com lavoura de café, e mandioca, arroz, milho e feijão(para a despesa e para cuidar da criação de galinhas e uns poucos porcos). A Autora relata que sempre trabalhou ajudandoo marido. Ia junto com o marido, depois retornava em casa para fazer o almoço. Logo que se casou, a propriedade já era domarido. Vendiam a produção, afirma que o marido dava uma parte do dinheiro para a mãe, que era viúva. Não lembra qualo café plantavam antes de casar. Afirma que depois que saiu da propriedade da Srª Carmozina, em 2006, parou detrabalhar, porque quebrou um braço e passou a ter pressão alta. Sempre teve ajuda dos amigos para a colheita. Conta coma ajuda de pessoas da Igreja para ajudá-la com roupas. Direto na roça ficou a partir de 1990. Já trabalhou na Braspérola,por cinco anos. Depois voltou a trabalhar na roça. Trabalhou para o Sr. Ademir Zampirolli, no município de Sooretama,como trabalhadora rural, e para Valmir Bosi, também como lavradora. O marido foi embora de casa em 2003/2004, quandoa Autora ainda trabalhava na propriedade da Srª Carmozina. Relata que o marido já trabalhou como pedreiro, marceneiro,teve vários vínculos urbanos. Não recebia nenhuma ajuda financeira do marido..

A primeira testemunha ouvida, Srª. Carmozina, declarou que conhece a Autora há mais de trinta anos. A Autora foi trabalharcom a testemunha, em sua propriedade rural. Na propriedade, a Autora cultivava café, plantava feijão, milho e arroz. Relataque a Autora ia efetivamente trabalhar na roça. Afirma que conheceu o marido dela, que trabalhava em Vitória. Sabe que omarido casou-se outra vez. Pelo que sabe, a Autora não recebe nenhuma ajuda financeira do marido.

A segunda testemunha ouvida, Sr. José Maria da Rocha, declarou que conhece a Autora desde 1990. Afirma que a Autoraé trabalhadora rural. Relata que a Autora trabalhou no período de 1993 a 2001, na propriedade da testemunha. Não fizeramcontrato porque o documento da terra não estava regularizado. A Autora trabalhava plantando café, milho e feijão. Afirmaque a Autora não contratava outras pessoas para ajudá-la na roça.

O INSS, em sua contestação, alegou que não se pode considerar o exercício de atividade rural em regime de economiafamiliar no período em que a autora exerceu atividade urbana. De fato a autora exerceu atividade urbana, conforme extratodo CNIS, às folhas 76. Contudo, esses períodos foram curtos e somente até o ano de 1987, já que no ano de 2001 ovínculo sequer durou um mês.

Assim, entre 1990 e 2001, ficou demonstrado que a autora trabalhou na propriedade do Sr. Jose Maria da Rocha e de 2001a 2009, para a Srª Carmozina Amância Vieira, como meeira. Ainda, confirmando as declarações acostadas nos autos, aautora trouxe os proprietários que foram ouvidos em audiência.

De acordo com a tabela de transição do artigo 142 da Lei 8.213/91, a autora deve comprovar a carência de 138 meses deefetivo trabalho rural. A autora demonstrou que trabalhou 15 anos em atividade rural.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pelaautora, por período superior á carência necessária.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízo

Page 75: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

de certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.” (grifei)

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de o marido da recorrida ter exercido atividade urbana (fl. 77), por si só, nãoobsta o recebimento do benefício ora pleiteado. Nesse diapasão, oportuno recordar o teor do verbete nº 41 da Súmula daTNU: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, adescaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. Aodepois, o regime de economia familiar somente estaria descaracterizado se a renda obtida na atividade urbana fossesuficiente para a manutenção da família, de forma a tornar dispensável a atividade agrícola (art. 11, inciso VII, §1º, da Lei nº8.213/1991.

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. Pedido de atribuição de efeito suspensivo indeferido.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

45 - 0001877-44.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001877-3/01) MARIA DIAS FIURIN (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).Processo n.º 0001877-44.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : MARIA DIAS FURINRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS AUSENTES – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que há nosautos documentos, além da prova oral colhida na audiência, que comprovam o exercício de atividade rural por mais de 30anos. Alega, ainda, que o fato de o seu marido possuir uma loja de bicicleta não obsta a concessão do benefício, tendo emvista que o labor urbano é um meio de complementação de renda. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 70-75.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus próprios

Page 76: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

fundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A Parte Autora nasceu em 06/03/1943 (fl. 11), estando atualmente com 68 anos de idade. Requereu o benefício deaposentadoria por idade em 04/12/2002 (fls. 14), tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade ruralpelo período necessário ao preenchimento da carência exigida a concessão do benefício.

A prova material trazida aos autos foi frágil e consistiu:

certidão de casamento às fls. 14,certidão de partilha .fls. 15/19,cadastro de imóvel rural – fls.20/36,declaração de exercício de atividade rural fls. 37,carteira de sindicato fls. 38,

O depoimento pessoal da Autora não se mostrou seguro suficiente à concessão do benefício. Além disso, o maridoaposentou-se como comerciário e possui uma pequena loja de bicicleta.(fls. 53)

A própria Autora já pagou o INSS como contribuinte individual. Atualmente, mora no bairro do Aeroporto, em Cachoeiro deItapemirim, em casa própria. Possui um carro marca Gol.

Relatou a Autora que desde que o pai morreu, ela arrendou o pasto da propriedade – um pequeno sítio. Recebe por isso ovalor de R$2.000,00 (dois mil reais)por ano.

Por outro lado, os depoimentos das testemunhas não se mostraram coesos com o depoimento pessoal.

A Autora afirmou que já trabalhou para o Sr. Jacinto e para o Sr. Francisco Cipriani. O próprio Sr. Jacinto esclareceu que aAutora nunca trabalhou para ele. Esclareceu ainda que conhece o Sr. Francisco Cipriani e este possui uma empresa deônibus na região e desconhece se possui terras. Assim, não foram confirmados os termos do depoimento da Autora.

Além do mais, ela afirmou que a pequena loja de bicicleta do marido não abre todos os dias, já que ele a acompanha naroça. Tal fato também não foi confirmado pelas testemunhas. Todas afirmaram que acham que a loja abre todos os dias eque o marido da Autora não vai para roça, trabalha nesta lojinha.

Embora a Autora sustente que ainda há lavoura na propriedade que possui hoje, que recebeu de herança do pai, atestemunha Sr. Marcelino afirmou que lá não há mais lavoura, só pasto. Afirmou que esteve na propriedade há um anoatrás e não viu qualquer lavoura.

Vale dizer que para a percepção do benefício de aposentadoria há que se ter um regime de economia familiar, que sejaindispensável para subsistência da família. Pelo que pude perceber, a Autora e seu marido vivem da aposentadoria domarido , dos serviços que ele faz na pequena loja de bicicleta e do arrendamento do pasto.

Compulsando os autos, não vislumbrei a economia de subsistência familiar na atividade rural, essencial para a percepçãodo benefício, razão pela qual indefiro o benefício pleiteado.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

46 - 0000635-84.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000635-3/01) MARIA REZI DOS SANTOS CAMARA (ADVOGADO:

Page 77: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ARMANDO VEIGA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).Processo n.º 0000635-84.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : MARIA REZI DOS SANTOS CAMARARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS AUSENTES – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que osdocumentos acostados aos autos, dentre os quais o contrato de parceria, comprovam o exercício de atividade rural. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 100-109.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 06/01/1953 (fl.10), estando atualmente com 58 (cinquenta e oito) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 29/01/2008 (fl. 12), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) certidão de casamento realizado no dia 17/12/1993, constando à profissão do esposo da autora como lavrador (fl.13);b) contrato de parceria agrícola, firmado em 01/05/2005 (fls.15/17);c) documentos relativos à propriedade (fls.18/32);d) ficha de matrícula do filho, datada de 1999, constando a profissão da autora como lavrador (fl.33).

Entretanto, o início de prova material acima especificada não foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas não foram coerentes e coesos com as alegações da parteAutora.

A parte autora em seu depoimento pessoal, disse que: tem 56 anos, cultiva com café e feijão, trabalha em Venda Nova e apropriedade é do Duilho Zandonade, trabalha lá há 19 anos. Em relação a declaração do sindicato, a autora afirma que nãoé verdade, disse que sempre trabalhou no Zandonade. A autora disse que seu esposo trabalha como empregado e mora nacidade de Venda Nova e ela também. Possui 3 filhos, mas só a menina mora com ela, esta trabalha em um supermercadocomo aprendiz. Disse que os outros dois filhos trabalham num posto. A autora falou que sua casa fica a uns 100 metros dapropriedade. Afirma que é a única colona do Zandonade e lá possui mil pés de café. Disse que não recebe dinheiro e sim ametade da produção, a parte que cabe a autora vende para o Perim. Colheu 20 sacas de café na última safra. Antes decasar também trabalhava na roça. Quando se casou morava no sítio do Pierre e continuou trabalhando lá. Disse que não éfiliada ao sindicato. A parte autora afirma o esposo trabalhou em várias empresas e continua trabalhando. Afirma quetrabalha praticamente na roça, não é o período integral. Disse que foi no sindicato pedir declaração e a pessoa do sindicatodisse que não poderia emitir, pois a autora não contribuía para o sindicato e que ela não poderia aposentar. Afirma que oZandonade possui outro colono, o Sr. Antonio “Feu” e este colono não mora na propriedade. . A autora disse que antes devir para a audiência, já tinha conhecimento da declaração do sindicato. Não trouxe o Sr. Duilho Zandonade comtestemunha, porque achou que não precisava. Afirma que quando morava no Pierre quem trabalhava lá era de carteiraassinada, e que não havia trabalho para ela. Afirma que já trabalhou para Deusdet Zandonade e também para o Duilho, eratudo junto. A autora era de Minas Gerais, quando veio para o Espírito Santo, sempre morou em Venda Nova. Já morou emPedra Azul quando estava trabalhando no Pierre. Quando o esposo da autora trabalhou na prefeitura de Domingos Martins,eles já moravam em Venda Nova.

Page 78: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A primeira testemunha ouvida, a Srª Rita Casagrande Vitorossi disse que: conhece a autora há 18 ou 20 anos, que a autoratrabalha em uma propriedade que fica a uns 20 minutos da sua casa. Sabe que a autora trabalha para Zandonade, mas nãoconhece a propriedade. Conhece o Zandonade. Não sabe se a propriedade tem outros empregados. Sabe que a autoratrabalha há 18 anos para o Zandonade, cultivando milho, café, e trabalha todos os dias. Informa que a autora só trabalha naroça e o esposo da autora é lavador de carro. Conhece o Antonio “Feu”, mas não sabe onde ele trabalha. A depoente ao serquestionada pelo procurador, disse não saber o que é cultivado na propriedade do Sr. Zandonade. Sabe que a autora ficacom 40% da produção. Conhece o esposo da autora e não sabe quando eles se casaram. Quando a autora mudou para lá,ela já era casada e tinha os filhos. A depoente mora lá há mais de 20 anos. Desconhece a informação emitida pelosindicato. Gervasio Vitorassi é esposo da depoente

A segunda testemunha ouvida, o Sr.Gervasio Vitorossi disse que: conhece a autora há 14 ou 15 anos. Sabe que a autoratrabalha no Zandonade. Conhece o Zandonade e a propriedade. Afirma que na propriedade só a autora trabalha, e que oAntonio Feudo trabalha em outra propriedade para um Zandonade que é primo do Duilho. Em relação ao contrato constantenos autos, o depoente disse que desconhece tal afirmação e que a autora sempre trabalhou para o Sr. Duilho. O depoentedisse que contrato que constou como testemunha, foi para ajudar a autora. Que a autora trabalhava nas horas vagas napropriedade do Zandonade. Informa que o esposo da autora trabalha como lavador de carro em um posto. Conhece osfilhos da autora e sabe que os rapazes são casados e tem uma filha solteira. Sabe que a autora cultiva café e na últimacolheita a autora ficou com 8 sacas, planta também milho e feijão. Antes de a autora chegar naquela localidade o depoentejá morava ali, e a autora já era casada.

A terceira testemunha ouvida, o Sr.Duilho Zandonadi disse que: a autora nunca trabalhou para o depoente. Disse que fez ocontrato de parceria para ajudar a autora, que quem preparou o documento foi a autora. Reconhece a assinatura nocontrato e disse que é sua. Afirma que conhece o Sr. Jose Polletto. Conhece a autora desde 2000. Afirma que a autora iana casa do depoente, pois moram perto. A esposa do depoente fazia salgados e a autora ia lá comprar o produto. Afirmaque a autora nunca trabalhou em sua casa. O depoente informa que não leu o contrato, somente assinou. Informa que nãosabia o conteúdo do contrato. Antes de o depoente conhecer a autora, acha que ela nunca trabalhou, somente em casa.Conhece o Antonio “Feu” e este é colono de um terreno que fica próximo do depoente. O depoente afirma que não possuinenhum colono. O depoente informa que na propriedade produz café e feijão e só vem de o café para o Sr. Perim. Este anovendeu 24 sacas de café no mês de julho. Em relação a autora, sabe que ela trabalha em serviços domésticos, nunca viu aautora trabalhando em propriedade de ninguém. Informa que o Lucio (sindicato) foi em sua propriedade conversar com ele,achava que iria chegar intimação e disse que o depoente não precisava de ir na justiça. Se o depoente fosse a justiça, queera para ele falar a verdade. Sabe que a distância da casa do Duilho até a sua propriedade deve dar uns 2 km. Informa quehoje na propriedade do Zandonade quase não tem plantação, está praticamente abandonada. Às vezes o filho doZandonade vai limpar a propriedade. Disse que na propriedade tem uma casinha, mas não sabe se mora alguém lá.Informa que as pessoas que trabalham no sindicato orientam os filiados a pagar o INSS, ou seja, aqueles que sãoempregados, produtores. Informa que os produtores preferem contratar colonos, aqueles ficam com 60% da produção eesses ficam com 40%. (grifo nosso)

A quarta testemunha ouvida, o Sr. José Polletto disse que: conhece a autora quando a mesma foi ao sindicato. Disse que écomum o INSS pedir para declarar a atividade rural. Informa que o INSS solicitou a declaração. O depoente informou que aautora precisaria apresentar o contrato, carteira assinada para verificar se a atividade é honesta ou não. Então, a autoraapresentou o contrato e o depoente pediu o prazo de 3 dias para fazer a pesquisa. O depoente chamou o proprietário eperguntou se ele tinha assinado o contrato, o Zandonade disse que sim, mas afirmou que a autora nunca trabalhou napropriedade dele. O depoente disse que não há diferença para o sindicato entre filiado ou não. Informa que é presidente dosindicato há 12 anos e este foi fundado em 1997 e desde essa época é presidente. Hoje são 5.000 (cinco mil)sindicalizados. Os sindicalizados trabalham em atividade rural no plantio de café, lavoura, verduras. Só se filia ao sindicatoas pessoas que trabalham no campo: produtor rural, meeiro, colono, parceiro, se não trabalhar em uma dessas atividadeseles não podem se filiar ao sindicato. A contribuição mensal do sindicato é de R$9,30 (nove reais e trinta centavos). Sabeque a terra do Zandonade é pequena e tem conhecimento de que ele bebe muito. Informa que o Zandonade na época queassinou o contrato bebia muito, que ele é uma pessoa simples, honesta e “caiu nessa”. O depoente informa que quando lheé apresentado um contrato e ele desconfia, o depoente vai ao local para saber quem é o patrão e o colono, se realmente ocolono trabalha. O depoente afirma que conhece todas as propriedades daquela região. Sabe que a terra do Zandonadeproduz muito pouco e disse que não conhece muito bem a área dele, passou a conhecer a terra quando foi fazer a pesquisase a autora trabalhava naquela propriedade. Informa que a autora trabalhava na comunidade do depoente a uns 7 anosatrás para o Sr. Pierre, mas não sabe se era empregada ou meeira. Por isso desconfiou do contrato, pois se recordava deque a autora já tinha trabalhado por um período para o Pierre. Então foi fazer uma pesquisa e ao perguntar para os vizinhosse a autora trabalhava naquela localidade (no Zandonade), os mesmo disseram que nunca viu a autora trabalhar lá. Assim,o depoente enviou uma carta para o Sr. Zandonade para ir ao sindicato e ele também falou que a autora nunca trabalhouem sua propriedade.

Em síntese a parte autora alega que sempre trabalhou em atividade rural na condição de meeira, plantando, colhendo,capinando, sempre em regime de economia familiar (fl.02/07).

A autora apresentou contrato de parceria agrícola (fl. 15) firmado com o Sr. Duilho Zandonade referente ao período de01/01/1990 a 01/05/2009. É importante frisar que o proprietário da terra onde a autora alegou trabalhar esses períodos,disse em audiência que a autora nunca trabalhou em sua propriedade.

Por fim, o representante do sindicato de trabalhadores rurais de Venda Nova do Imigrante/ES ao realizar pesquisa in loco

Page 79: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

sobre a atividade da autora, foi informado pelos vizinhos da propriedade do Sr. Zandonade de que a mesma nuncatrabalhou lá (fl.64).

Consta na certidão de casamento (realizado em 1993) que o esposo da autora é lavrador, porém conforme CNIS (fl.58) omesmo desde 1970 trabalha em atividade urbana, bem como seus filhos, segundo a autora em seu depoimento pessoal.

O que podemos inferir, é que a autora nunca trabalhou em atividade rural, muito menos em regime de economia familiar. Arenda auferida pela família sempre foram de atividades urbanas.

É nítido que a autora agiu de má fé ao confeccionar o contrato a fim de atestar uma situação que sequer aconteceu. Oproprietário da terra onde a autora afirma ter trabalhado e o representante do sindicato foram categóricos em afirma que aautora nunca trabalhou em atividade rural.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora não laborou em atividade rurícola emregime de economia familiar, não comprovando sua condição de segurada especial. Assim, a autora não faz jus aobenefício de aposentadoria rural, pois não é trabalhadora rural.

Ademais, os autos devem ser encaminhados ao Ministério Público Federal, tendo em vista o conteúdo falso atestado nocontrato de parceria agrícola (fls.15).”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita no presente julgado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

47 - 0000685-42.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000685-2/01) ANNA MARIN SAPLISCKI (ADVOGADO: ADELIA DESOUZA FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DEMELO.).Processo n.º 0000685-42.2010.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : ANNA MARIN SAPLISCKIRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS AUSENTES – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que tanto osdocumentos acostados aos autos, quanto a prova testemunhal comprovam o efetivo exercício de atividade rural peloperíodo de carência exigido. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 65-70.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais

Page 80: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A Parte Autora nasceu em 19/07/1937, fls. 13.

A prova material trazida aos autos foi frágil e consistiu:

Carteira de sindicato às fls. 14,Certidão de RGI fls. 15,Certidão de nascimento – fls.16,Certidão de casamento fls. 17,Título eleitoral fls. 18,Notas fiscais fls. 19/21,

A carteira sindical juntada às fls. 14 é documento particular, sendo o único documento contemporâneo a seu favor que aAutora juntou.

A certidão de fls. 15 prova a posse de uma terra pela Autora, entretanto, não prova seu efetivo trabalho.

A certidão de nascimento de fls. 16 data de 2007 e em nada esclarece os fatos.

A certidão de casamento de fls. 17 consta a Autora como tendo a profissão de doméstica e seu marido de carpinteiro.

O título eleitoral juntado às fls. 18 contém no campo profissão a profissão da Autora como doméstica.

As notas de fls. 19 a 21, por si só, não se prestam ao convencimento deste Juízo.

Além da prova material ter sido extremamente frágil, o depoimento pessoal da Autora não se mostrou seguro suficiente àconcessão do benefício.

Este se deu nestes termos:

Que trabalhou há oito anos atrás; que há 8 anos não trabalha na roça; que capinava e roçava café; que seu pai passou umterreno para os irmãos; que trabalhou até os 55 anos, em 1992, na roça; que aos 55 anos não estava bem de saúde e porisso parou de trabalhar; que o marido trabalhava na roça; que aos 55 anos morava em concórdia; que não foi ao INSS pedira aposentadoria, pois não contribuía e foi informada que não daria certo o pedido por este motivo; que veio para a cidadeem 1993.

A Autora afirma que o marido trabalhava na roça, entretanto verifico às fls. 37/38 que ele sempre laborou em atividadetipicamente urbana. Vale dizer inclusive, que o marido da Autora é aposentado como comerciário desde o ano de 2000,haja vista o documento de fls. 36.

A própria Autora é inscrita na Previdência como costureira desde 2007.

Registro ainda que no ano de 2009 ingressou com requerimento de auxílio doença e constava em seu registro a profissãode costureira.

Compulsando os autos, não vislumbrei a economia de subsistência familiar, essencial para a percepção do benefício, razãopela qual indefiro o benefício pleiteado.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João Andrade

Page 81: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Juiz Federal Relator

48 - 0000119-93.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000119-2/01) EPONINA FRANCISCA DE CARVALHO (ADVOGADO:GLEIS APARECIDA AMORIM DE CASTRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.).Processo n.º 0000119-93.2010.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : EPONINA FRANCISCA DE CARVALHORecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR NÃO COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS AUSENTES – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta a recorrente, em suas razões recursais, que osdocumentos acostados aos autos e os depoimentos das testemunhas comprovam que efetivamente exerceu atividade rural.Alega que o esposo jamais exerceu atividade urbana, tendo o mesmo contribuído para a Previdência apenas porignorância, devido ao seu pouco grau de instrução. Aduz, ainda, que só contribuiu com a Previdência porque foi orientadano sentido de que somente assim seria possível a cirurgia do seu filho pelo INSS. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 249-254.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Analisados os autos, verifico que, embora tenha sido anexada certidão de casamento (fl. 19), na qual que consta comoatividade do marido da autora a profissão de “lavrador”, as demais provas trazidas aos autos, assim como os depoimentosda autora e de suas testemunhas, não foram capazes de provar de que fato a autora exercia atividades agrícolas emregime de economia familiar.

A autora traz aos autos documentos de que é proprietária rural (fl. 16). Os documentos acostados aos autos (fl. 60 a 62)dão conta, também, de que a autora contava com o auxílio de quatro empregados para realizar os cuidados necessárioscom as lavouras de sua propriedade. Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guaçuí (fl. 16) informa que aproprietária, ora requerente, conta com o auxílio de mão de obra de terceiros para realizar o cultivo de lavouras em suapropriedade.

A autora junta aos autos Contratos de Parceria Agrícola (fl. 43 e 44) em que o esposo da parte autora figura comooutorgante em contrato com meeiros.

A autora também possui registro de contribuições para a Previdência Social como empresária entre março de 1993 a junhode 1996. O marido da autora, inclusive, é aposentado pelo sistema previdenciário (fl. 79), em atividades tipicamenteurbanas. Tais provas descaracterizam a autora como segurada especial, por não restar configurado que a atividade agrícolaseja indispensável à subsistência a família da autora.

Além disso, a prova testemunhal produzida em audiência não foi apta a corroborar a tese autora de que a mesmatrabalhava como agricultura em regime de economia familiar, conforme CD-R de áudio.

Em seu depoimento pessoal, a parte autora afirmou que trabalhou na roça até aos 61 anos, na chácara de sua propriedadejunto com o marido. Afirma que cultivava uma plantação de cerca de mil pés de mexerica. Relata que com tal plantaçãocolhe cerca de 200 caixas de mexericas e as vende por R$ 10 reais cada caixa. Afirma que o marido sempre trabalhou naroça. Esclarece que o marido declarou junto ao INSS que trabalhava como pedreiro somente para efeito de cadastro naPrevidência Social. Afirma que os filhos possuem um comércio de mantimentos, e que eles estudaram até o 2° grau, nãotendo nenhum dos filhos estudados em outro Estado. Afirma que hoje não trabalha mais devido a pouca saúde e reside nacidade, mas de onde mora consegue ver a chácara em que trabalhava. Diz que possui dois meeiros que auxiliam no cultivoda mexerica. Possui carro pequeno para auxiliar no carregamento da produção da lavoura. Questionada, afirma que um dos

Page 82: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

meeiros trabalha para ela há três anos e o outro há dois anos. Há algum tempo atrás já teve outros colonos, mas por poucotempo. A maior parte da propriedade era cultivada pela autora e pela sua família.

A primeira testemunha ouvida, Sr. José Sebastião Faria de Carvalho, afirma que a autora trabalha na roça, plantandomexericas. Afirma que na época da colheita, a autora já contou com auxílio de terceiros. A autora conciliava as atividadesda casa com as atividades da lavoura. O depoente afirma que até três anos atrás via a autora trabalhando na roça. Afirmaque os filhos da autora possuem comércio na roça. Relata que a propriedade da autora é pequena, e não tem comosustentar toda a família. Não sabe informar a quantidade colhida da autora. O depoente afirma que trabalha com café epossui também criação de abelhas. Afirma que os filhos da autora, quando novos, ajudavam a autora na roça. Afirma que,até a década de 80, o marido da autora trabalhava com café, mas que hoje não cultiva mais essa cultura. O marido daautora nunca trabalhou em atividades urbanas. A autora mora na cidade, mas é próxima o sitio. Por fim, relata que vê aautora e o marido indo ao sitio todos os dias.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Sebastião Azevedo de Souza, afirma que conhece a autora desde quando a autoramorava em Ibitirana junto com o sogro plantando café. Afirma que já viu a autora colhendo mexerica. Relata que na épocada colheita a autora coloca empregados para auxilia - lá. Questionado, não sabe informar a quantidade colhida de mexericana propriedade da autora. Por fim, não sabe informar se a autora já teve alguma empresa.

Assim, embora tenha constatado a existência de início de prova material, consubstanciada na Certidão de Casamento de fl.19, em que o marido da autora aparece qualificado como agricultor, e nos documentos da terra que comprovem que aautora possui propriedade rural, observo que a autora possui registro de contribuições como empresária junto a PrevidênciaSocial, bem como seu marido está aposentado desde 2003 em decorrência do exercício de atividade urbana.

Assim, restou descaracterizado o regime de economia familiar na qual sua atividade seja indispensável à própriasubsistência e ao desenvolvimento socioeconômico do núcleo familiar. O suposto trabalho na roça não transforma todos osagricultores em segurados especiais.”

Por fim, cabe consignar que, nada obstante a recorrente sustente que a prova documental não espelha a realidade dosfatos, não encontro elementos dos quais possa inferir a caracterização do regime de economia familiar ou mesmo quesuscitem dúvida em seu enquadramento, pelo que a conclusão jurisdicional deve permanecer íntegra.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

49 - 0001423-98.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001423-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x DALVA MARIA NUNES VIEIRA (ADVOGADO: ELINARA FERNANDES SOARES.).

Processo n.º 0001423-98.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : DALVA MARIA NUNES VIEIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que inexisteinício de prova material contemporâneo aos fatos alegados. Alega que a recorrida, em virtude do exercício da atividade dedoméstica, não se enquadra na condição de segurada especial. Aduz, ainda, que inexistem nos autos documentos que

Page 83: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

atestam o labor rural da recorrida antes de 1991, pelo que há necessidade de comprovação do exercício de atividade ruralpor 180 meses (carência). Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial. Eventualmente, requer a modificação da data de início do benefício para a data da audiência judicial(04.05.2011). As contrarrazões encontram-se nas fls. 133-137.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A Parte Autora nasceu em 25/08/1952, fls. 17. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 30/04/2008 (fls. 13),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.

A prova material trazida aos autos consistiu:

Declaração de atividade rural às fls. 15,47Certidão de casamento .fls. 18/19,49,Contrato de parceria agrícola – fls.21/22, 26/27,34/36,42/43, 53/54Documentos pessoais - fls.48,Declaração de testemunhas, fls. 59, 61,63,Entrevista rural,Prontuário de ambulatório, fls. 76,Ficha de atendimento médico, fls. 77/84.

Além disso, o início de prova material foi especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.

Em seu depoimento pessoal afirmou que trabalha na roça como colona, na propriedade do Sr. Felix, que mora napropriedade do Sr. Felix. Antes trabalhava para o Sr. Marlindo por 2 anos. Antes para a Dona Ermelinda por cerca de 4anos. Afirma que trabalhou para outros proprietários da região. Informa que há mais de 10 anos atrás trabalhou com aCTPS assinada como doméstica, mas informa que foi por um curto período. Informa que há mais de 30 anos, o maridotrabalhou com a CTPS assinada. Informa que hoje trabalha na lavoura de café no regime de meia com o proprietário.Informa que ano passado colheram cerca de 50 sacas pilados. Informa que o café é vendido de acordo com asnecessidades da família de custear as despesas. Questionada, informa que o marido trabalhou como pedreiro há mais de30 anos.

TESTEMUNHA ERENILDA ANTONIA BARBOZA ZUCOLOTO.

Informou que a autora trabalhou na propriedade do genro da depoente por cerca de 5 anos, no ano de 1998, que a autoratrabalhava na roça, plantando café, que a autora trabalha com a ajuda do marido. Questionado, não sabe informar se omarido da autora trabalhava como pedreiro. Afirma nunca ter visto a autora trabalhando como doméstica. (grifo nosso)

TESTEMUNHA CLEUSON TARGA

Afirmou que a autora já trabalhou para o pai do depoente, que a autora trabalhou no inicio da década de 90 na propriedadedo pai, que a autora ajudava o marido nas atividades da lavoura de café e realizando o plantio também de milho e feijão nomeio da lavoura, que ia com freqüência na propriedade do pai e via a autora laborando na propriedade. Informa que aautora trabalhou por cerca de 2 a 3 anos na propriedade do pai. Não sabe informar se a autora já trabalhou comodoméstica, nem se o marido da autora já trabalhou como pedreiro. Só tem conhecimento dos fatos da vida da autora dequando a mesma trabalhou na propriedade do seu pai e nesse período tanto a autora como o marido trabalhavam somentena lavoura. (grifo nosso)

TESTEMUNHA FELIZ FONSECA DE MESQUITA

Informou que conhece a autora desde 2001 e que em 2005 foi trabalhar na propriedade. Informa que a autora e seu maridotrabalham numa propriedade de 5 mil pés de café. Que não sabe informar se a autora trabalhou em outro trabalho que nãoo da roça. (grifo nosso)

As testemunhas foram unânimes em confirmar o trabalho da Autora, razão pela qual lhe assiste direito ao benefício.

Page 84: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela Autora.”

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de a recorrida ter desenvolvido a atividade de doméstica no período de 08.1997 a05.1998 (fl. 68) não prejudica a contagem do tempo de atividade rural em outros períodos. A legislação previdenciáriapermite que a atividade rural seja exercida em períodos descontínuos (art. 39, inciso I, da Lei nº 8.213/1991). Ao depois, aAutarquia Previdenciária não logrou comprovar que o exercício dessa atividade se desenvolveu em perímetro urbano,convindo recordar que o art. 143 da Lei nº 8.213/1991 contempla tanto o segurado especial (inciso VII do art. 11) quanto oempregado rural (inciso I do art. 11).

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (162meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

50 - 0000430-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000430-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ALETE VIAL DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ALFI SOARES SALESJUNIOR.).Processo n.º 0000430-21.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : ALETE VIAL DE OLIVEIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, ora recorrente, emrazão da sentença que julgou procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que a recorrida não preencheu os requisitos para o deferimento da antecipação dos efeitosda tutela, devendo ser atribuído ao recurso efeito suspensivo. Alega que não há nos autos início de prova material doefetivo exercício de atividade rural. Aduz ainda, que os documentos contidos nos autos não são aptos a demonstrar oexercício de atividade rural pelo período de carência exigido. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 109-113.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

Page 85: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

“A parte autora nasceu em 16/06/1950 (fl. 18), estando atualmente com 61 (sessenta e um) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 21/07/2008 (fl. 20), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Escrituras públicas de compra e venda e respectivos registros de imóveis, em nome do pai da autora, onde consta aaquisição de duas propriedades agrícola, nos anos de 1971 e 1972 (fls. 23/30);b) Declaração de Exercício de atividade rural emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre em 17/07/08(fl.21);c) ITR – Imposto Territorial Rural, referente aos anos de 1991 a 1993, tendo como contribuinte o pai da autora (fl.37);d) Ficha do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre, com admissão em 06/10/2003 (fl.43);

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte autora afirma que sempre trabalhou na roça, que é solteira e mora com uma irmã queé separada, na localidade de Anutiba. Que morava com a mãe até esta falecer, em 2002, morando um período sozinha, atémorar com a irmã. Planta café, milho e feijão. Que sempre trabalhou sozinha na roça. Que a propriedade é própria, herdadado pai. Que a propriedade tem menos de 1 alqueire, mas ficou com a casa. Que o máximo que já produziu foram 20 sacasde café, e no ano passado foram 16 sacas. Cultiva milho e feijão para despesa. Que não sabe precisar o valor pelo qualvendeu o feijão. Esse ano já colheu, mas não vendeu, nem mesmo pilou o café. Que possui 9 irmãos e atualmente 4continuam morando na localidade. Que o pai faleceu em 1990, que a qualificação de doméstica no documento de partilhafoi causado por um erro do advogado, na época. Que na propriedade do pai não havia empregados e que a Autora nuncatrabalhou na cidade. Que sua irmã a auxilia na lavoura. Que não se lembra do tipo de café que planta. Que seu irmão aajuda na roça, mas nunca teve empregados ou trocou dia. Que possui 4 ou 5 galinhas. Que não tem outra renda. Que airmã não tem nenhuma outra fonte de renda, não recebendo pensão do ex-marido.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Ely Augusto Fernandes, declarou que possui propriedade em Anutiba, vizinho àpropriedade da Autora. Que quando chegou lá a autora já morava lá. Que lembra da autora trabalhando na roça com ospais. O pai faleceu e a autora continuou trabalhando com a mãe, que também faleceu e a irmã foi morar com a Autora. Quea Autora nunca trabalhou fora da roça. Que a autora possui lavoura branca para despesa e café. Disse que ela tira osustento da lavoura. Que a Autora possui alguns irmãos que residem em propriedades vizinhas, decorrentes da divisão dapropriedade do pai.

A segunda testemunha ouvida, Sr. João Batista Delesposte, relata que conhece a autora há 30 anos. Que comprou umapropriedade próxima à da Autora. Que conheceu os pais da Autora e ela sempre morou lá e trabalhou na roça, não tendoconhecimento de qualquer trabalho fora da roça. Que a Autora é solteira, nunca teve marido e, até onde sabe, ela trabalhasozinha. Que ela planta café, milho e feijão.

A terceira testemunha ouvida, Sr. Anselmo Francisco de Mattos, relata que conhece a Autora desde pequena. Que é vizinhoda Autora. Que a autora morou a vida toda na mesma propriedade. Que morava com os pais. Que passava e via a mesmatocando lavoura, plantando milho e feijão. Que a propriedade do pai da Autora devia ter 11 alqueires. Que nunca viu o paida autora contratar outras pessoas. Que os filhos ajudavam o pai. Que presenciou e presencia até a atualidade a autoratrabalhando na lavoura. Que a autora deve produzir 7 ou 8 sacas de café. Que a autora mora com a irmã e elas tocamjuntas a lavoura.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pelaautora.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada no

Page 86: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

verbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (144meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

51 - 0001094-52.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001094-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x MARIA JOSE OLMO (ADVOGADO: LUIZ FELIPE MANTOVANELI FERREIRA.).Processo n.º 0001094-52.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA JOSE OLMORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que osdocumentos apresentados pela recorrida são frágeis para comprovar a condição de segurada especial, pois estão em nomede terceiros, seus supostos irmãos. Aduz, ainda, que inexiste nos autos início de prova material contemporâneo aos fatosalegados. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.Eventualmente, requer a modificação da data de início do benefício para a data da audiência judicial (29.11.2010). Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 116-121.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 30/05/1951 (fl. 17), estando atualmente com 59 (cinquenta e nove) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 11/10/2006 (fl. 15), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alegre, constando aatividade da autora como trabalhadora rural (fl. 19);b) Documentos relativos ao imóvel rural em nome de seu irmão (fls. 24/30);c) Ficha de matricula escolar do filho da autora, datada de 18/02/1997, constando a profissão desta como lavradora (fl. 46);

Page 87: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que está com cinquenta e nove anos atualmente. A propriedade emque trabalha foi herdada do pai, a mãe ainda é viva. O pai já faleceu há muitos anos. Quando ele morreu, a propriedade foidividida entre os filhos. Mora no pedaço que é da sua mãe, não sabe qual o tamanho da propriedade. Cultiva mil covas decafé. Relata que nunca se casou, nunca teve um companheiro, sempre morou com os pais, atualmente mora só com amãe. Possui quatro irmãos ainda vivos, eles também possuem um pedaço na propriedade. A propriedade ainda não foidividida oficialmente, os documentos ficam todos em nome de um irmão. Relata que sempre trabalhou na roça, nuncaexerceu atividade urbana. Mora e trabalha na mesma propriedade desde sempre. Quando o pai era vivo, também o ajudavana roça. Afirma que a propriedade não é muito grande, e possui uma parte de mata e pedra. Cultiva café, milho, feijão,mandioca e horta. Possui um pasto na propriedade, o irmão possui umas vinte cabeças de gado (mas não é na parte daAutora), ele tira um pouco de leite para despesa. Não alugam pasto. A mãe recebe pensão pela morte do pai, mas ela não éaposentada. Estudou muito pouco. Nas épocas de colheita, os irmãos a ajudam. O pai se chamava Guilherme, é falecido hávinte e oito anos. Possui um filho de vinte e nove anos, que é solteiro, que mora com ela, ele a ajuda na propriedade.Acredita que os documentos da propriedade estão em nome de seu irmão Cláudio (que é mais novo que a Autora). Seusoutros irmãos se chamam Bernardo, Adilza e Adalto. Tem um irmão falecido, que se chamava Ailton.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Adriano Florindo de Jesus, declarou que conhece a Autora desde que é criança. A Autoramora em Santa Angélica, com a mãe e um filho. Relata que alguns dos irmãos da Autora trabalham também napropriedade. Declara que a Autora trabalha na roça, não tem conhecimento de que a Autora tenha exercido outra atividade.Acredita que a propriedade tenha uns cinco alqueires (no total). Pelo que se lembra, dois irmãos da Autora (Srs. Cláudio eAdalto) moram na propriedade também. Relata que eles cultivam café, e tem um pasto. Relata que eles não alugam opasto. Pelo que sabe, o gado não é da Autora. A parte do cultivo de café que a Autora cuida é de umas mil covas de café.Afirma que o filho da Autora trabalha mais “à dia” para os outros. Relata que conheceu o Sr. Adinor, afirma que ele erairmão da Autora por parte de pai, mas ele já faleceu há pouco mais de um ano. Pelo que sabe, a renda auferida pela Autoraseja proveniente do café.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Ilton Machado, declarou que conhece a Autora há muitos anos, herdou uma propriedadevizinha à sua. Acredita que toda a propriedade (sem a divisão entre os irmãos) tem um tamanho de uns três alqueires.Afirma que a Autora mora com a mãe e o filho, que tem uns vinte e poucos anos. Relata que já viu a Autora efetivamentetrabalhando, podendo afirmar que ela sempre trabalhou nesta atividade, não tem conhecimento de que ela já tenhatrabalhado em outra atividade. Declara que na propriedade não possuem meeiros, só a família trabalha na propriedade.Conheceu o Sr. Adinor, irmão da Autora por parte de pai. Atualmente, o irmão Cláudio é quem toma mais a frente dapropriedade. Declara que a Autora cultiva café, tem também uma horta.

A terceira testemunha, Sr. Amilton, relatou que conhece a Autora há trinta e oito anos, podendo afirmar que ela sempremorou e trabalhou na roça, nunca exerceu outra atividade. Na propriedade ela cultiva café, milho e feijão. Pelo que sabe,cada filho tem uma parte na propriedade, um colabora com o outro “trocando dias”. A Autora mora com sua mãe e seu filho,que também trabalha na roça. Não sabe se existe pasto na propriedade, se tiver, é um pedaço bem pequeno. Conhece oSr. Adinor, irmão da Autora, acredita que ele tenha falecido há aproximadamente um ano. Atualmente, o irmão da Autora,Sr. Cláudio, é quem toma a frente da propriedade.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela autora.”

Em acréscimo, quadra registrar que documentos em nome de terceiros integrantes do grupo familiar são servíveis comoinício de prova material, em virtude das próprias condições em que se dá o desempenho do regime de economia familiar(Precedentes: PEDIDO 200971950005091, JUÍZA FEDERAL SIMONE LEMOS FERNANDES, DOU 28/10/2011 e PEDIDO200772950014255, JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, DJ 15/03/2010).

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (150meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 88: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

52 - 0000041-36.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000041-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x MARIA FORTUNATA VALADARES (ADVOGADO: ONOFRE DECASTRO RODRIGUES.).Processo n.º 0000041-36.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA FORTUNATA VALADARESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrenteque a recorrida não preencheu os requisitos para o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela, devendo ser atribuídoao recurso efeito suspensivo. Alega que os documentos juntados pela parte recorrida não são aptos a comprovar oexercício de atividade rural, pois no período em que foram confeccionados esta residia na cidade. Aduz, ainda, que o fatode a recorrida ter abandonado o trabalho rural obsta a concessão do benefício. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 135-141.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 16/05/1932 (fl. 15), estando atualmente com 79 (setenta e nove) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 18/11/1994 (fl. 78), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Certidão de casamento, realizado em 1953, constando a profissão do marido da Autora como lavrador (fl. 16);b) Certidões emitidas pelo Registro de Imóveis, referente à propriedades já registradas em nome do marido da Autora (fls.18/22);c) Declaração do presidente do sindicato de Muniz Freire/ES, declarando que a autora é trabalhadora rural (fl. 23);d) Carteira do Sindicato, com admissão em 14/10/1994 (fl. 24);e) Declaração emitida por Cooperativa de Laticínios de que a Autora foi admitida como associada em 01/12/1984, e queentregou regularmente sua produção até 02/1993 (fl. 26);f) Ficha de inscrição cadastral junto à Secretaria da Fazenda, em nome da Autora, como produtora agropecuária (fl. 27) erespectiva Ficha de Atualização (fl. 28);g) Documentos relativos à propriedade rural (fls. 29/34);h) Comprovante de que a Autora recebe o benefício de pensão pela morte do marido desde 1989, na condição deempregador rural (fl. 82).

Foi designada audiência para o dia 26/01/2011, para colher a prova testemunhal e da parte autora. Foi informado que aparte autora encontrava-se com problemas de saúde, motivo pelo qual, foi determinado o envio de carta precatória ao juízodo domicílio da autora (fl.85).

O Juízo deprecado realizou a audiência no dia 06/06/2011, e os depoimentos reduzidos a termo encontram-se as folhas116/120, destes autos. Em síntese, as testemunhas foram unânimes em afirmar que conhece a autora há mais de 40 anos,

Page 89: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

sempre trabalhando em propriedade da família. Disseram que a autora trabalhava no cultivo de lavoura branca e que napropriedade possuía gado. O leite retirado era feito queijos e requeijão. Disseram também que os filhos da autora laboramna propriedade da família até hoje.

Ficou demonstrado que a autora sempre trabalhou na propriedade da família, junto com seu esposo e filhos. O trabalho daautora era indispensável a manutenção de toda a família.

A autora laborou em atividade rurícola em períodos anteriores e posteriores a 1991, devendo portanto serem consideradosambos os períodos para efeito de contagem de tempo de contribuição.

Antes do advento da lei 8.213/91 o regime de “previdência social rural” era regulada pela Lei Complementar 11/1971. Pormeio da referida lei foi estipulado que só faria jus a aposentadoria rural o componente da unidade familiar consideradochefe ou arrimo de família. Trata-se de lei discriminatória que não se coaduna com a vigente ordem jurídica constitucional,que preconiza a igualdade entre homens e mulheres. A previdência social tem um caráter social, não merecendo prosperardiante de um conflito de normas a menos favorável ao cidadão. Cabe no caso em tela a aplicação da lei nova, posto ser amais favorável. Aos rurícolas que implementaram as condições para se aposentarem antes da lei 8213/91 devem serconcedidas a aposentadoria com base na lei nova, visto que exigir contribuições posteriores a 1991 violaria inúmerosprincípios da Constituição Federal, tais como o da dignidade da pessoa humana, solidariedade social e igualdade entrehomens e mulheres. Esse é o posicionamento do Dr. José Eduardo do Nascimento, Juiz Federal da Turma Recursal, emvoto no Processo 2007.50.50.009548-8/01, com o qual concordo. Nesse sentido: (TRF – 3ª. Região, AC – APELAÇAOCÍVEL – 927601, Relator (a) JUÍZA MARISA SANTOS, Órgão julgador: NONA TURMA, Fonte DJU DATA: 09/12/2004PÁGINA: 457).

A parte autora ajuizou a presente ação em 08/01/2009, requerendo aposentadoria rural com DIB em 18/11/1994 (fl. 78). Noentanto, as parcelas referentes ao período de 18/11/1994 a 07/01/2004 encontram-se prescritas. Assim, a parte autora farájus a aposentadoria rural com DIB em 08/01/2004, ou seja, relativo aos 5 (cinco) anos que antecedem ao protocolo dapresente ação.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pelaautora.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Em acréscimo, cumpre ressaltar que não se vislumbra, in casu, incompatibilidade entre a documentação coligida pela parterecorrida e o fato desta residir em perímetro urbano, porquanto demonstrado em audiência que mesmo residindo em áreaurbana não houve solução de continuidade no exercício da lida rural.

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

Page 90: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

53 - 0000362-71.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000362-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA ANTONIA DO NASCIMENTO GUILHERME (ADVOGADO:JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES, URBANO LEAL PEREIRA.).Processo n.º 2009.50.51.000362-9/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA ANTÔNIA DO NASCIMENTORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. AUSÊNCIA DE RAZOÁVEL INÍCIODE PROVA MATERIAL. SENTENÇA REFORMADA . RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que não háprova início de prova suficiente da atividade rural, especialmente porque o ex- cônjuge e o filho da autora possuemvínculos urbanos. Alega, ainda, que a sentença padece de erro material, porquanto na certidão de casamento darecorrente consta a profissão de seu cônjuge como operário e não como lavrador. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 39-40.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

A recorrente nasceu em 13.06.1949 (fl. 08), e veio a requerer o benefício de aposentadoria rural por idade em 26.09.2007(fl. 14), indeferido ao argumento de que não foi comprovado o exercício de atividade rural pelo período necessário àcarência exigida.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, o recorrente juntou aos autos: Certidão deCasamento, datada em 01.09.2005, em que o ex-marido da recorrida é qualificado como operário; e termo de declaraçãoatestando o exercício de atividade rural no período compreendido entre 01.01.1990 a 04.10.2005.

Dessa forma, é de se reconhecer a fragilidade do início de prova material apresentado a uma, porque a certidão decasamento qualifica o ex-marido da recorrida como operário e a duas, porque as declarações constantes dos documentosassinados presumem-se verdadeiras somente em relação aos signatários e não contra terceiros (Código Civil, art. 219).

Nesse diapasão, a Jurisprudência consolidou-se no sentido de que a prova exclusivamente testemunhal, sem o razoávelinício de prova material, não basta à comprovação do exercício de atividade rural para efeito de obtenção do benefícioprevidenciário ora pleiteado (verbete nº 149 da Súmula do E. Superior Tribunal de Justiça).

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciária nopagamento de aposentadoria por idade rural em favor da recorrida. Eventuais valores percebidos em virtude da antecipaçãodos efeitos da tutela encontram-se salvaguardados, nos termos do Enunciado nº 52 desta Turma Recursal.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em Honorários advocatícios, tendo em vista o disposto no art. 55 da Leinº 9.099/1995.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele dar provimento, reformando-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 91: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

54 - 0000189-47.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000189-0/01) EVA VAROTO STOPA (ADVOGADO: Aleksandro HonradoVieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).Processo n.º 2009.50.51.000189-0/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSS EVA VAROTO STOPARecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR DESCARACTERIZADO. REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA- RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente quecomprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alega que o fatode ter residido em Belo Horizonte – MG não afasta, por si só, a condição de segurado especial em regime de economiafamiliar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.As contrarrazões encontram-se nas fls. 103-107.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 09/09/1953 (fl. 07), estando atualmente com 57 (cinqüenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 29/09/2008 (fl. 71), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) termo de depoimento declarado por pessoas com quem tinha parceria agrícola as fs.14/16;b) pesquisa inloco realizado pelo sindicato de Iúna e Irupi, a fim de averiguar a atividade da autora fs.18/20, concluindo ser a autorarurícola; c) carteira do sindicato rural de Iúna, com data de admissão em 24/09/1994; d) fichas de matrículas escolares dosseus filhos fs.23/25, constando ser a autora lavradora; e) certidão da Justiça eleitoral, contando na qualificação a autoracomo lavradora; f) ficha dados do imóvel rural em nome da autora, fl.34.Além de um indício de prova material extremamente frágil, as Testemunhas mostraram-se inseguras e, não obstantedeclararem conhecer a Parte há muito tempo, mostraram-se cambaleantes quando indagadas sobre fatos que poderiamdesfavorecer a ela.A autora em seu depoimento pessoal disse que: trabalha na roça com o marido e o filho em uma propriedade deaproximadamente um alqueire e meio, recebeu a propriedade como doação de seu pai, em 2003. Antes de 2003,trabalhava como meeira de seu pai. Quando era solteira, trabalhava com o pai, depois que casou, há trinta anos, continuoutrabalhando na mesma propriedade. Já trabalhou como merendeira por dois anos numa escola próxima à sua casa,trabalhava de manhã, à tarde (a partir de 12 horas) ia trabalhar na roça. Acha que tinha umas vinte ou trinta criançasestudando na escola, a Autora trabalhava sozinha. Tem cinco filhos. O marido, Sr. Sebastião Alves, já trabalhou em curral,retirando leite, teve a carteira de trabalho assinada. Nestes períodos, ele retirava o leite, entregava, e depois ia ajudar aAutora na roça. Afirma que antes de se casarem o marido também trabalhou com carteira assinada. Antes, cultivava quinzemil pés de café, porque tinha mais gente para trabalhar. Atualmente, cultivam uns dez mil pés de café. O marido vende ocafé para o Sr. Gilmar Tomaz. Declara que nunca contrataram pessoas nem tiveram meeiros, só “trocam dias” com osvizinhos. Relata que já recebeu benefício da Previdência. Não possui veículo. Relata que nunca se aposentou, não recebenenhum benefício da Prefeitura.A primeira testemunha ouvida o Sr. Elias José de Carvalho: afirma que conhece a Autora e sua família, eles são lavradores.Declara que há um tempo, o pai da Autora dividiu a propriedade, e ela herdou uma parte. Relata que há um tempo atrás, omarido dela foi para Belo Horizonte/MG fazer um tratamento de saúde, mas não se recorda se ela foi com ele. Afirma que aAutora trabalha com o marido e um filho. Não tem conhecimento se o marido da Autora, Sr. Sebastião, já exerceu algumaatividade, que não fosse na roça. Declara que “troca dias” com a família da Autora. Não conhece as empresas União e

Page 92: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Magnesita. Relata que a Autora trabalhou durante um período como merendeira na escola na zona rural. Afirma queatualmente esta escola não funciona mais. Afirma que esta escola só funcionava no turno da manhã. Declara que a Autoratrabalhava de manhã, e à tarde ia trabalhar na roça. Relata que na região cultivam café arábica tipo 7 e café bebida dura.Conhece o Sr. Gilmar Tomaz, declara que ele é comprador de café. Conheceu o marido da Autora só quando eles secasaram. Não se lembra se o marido da Autora trabalhou como vaqueiro. Questionado sobre o fato de a Autora ter secasado em Minas Gerais, relatou que não tem conhecimento se ela já morou no referido estado. Pode afirmar que a Autora,após ter se casado, trabalhou muitos anos com o pai.A segunda testemunha ouvida o Sr. Nelson Saloto: afirma que é vizinho da Autora há dezoito anos. Declara que sabe que aAutora trabalha na roça desde que a mesma era solteira. Relata que tem conhecimento de que a Autora já trabalhou comomerendeira, na parte da manhã, e ia para a roça à tarde. Não tem conhecimento se o marido da Autora já teve que tratar deum problema de saúde em Belo Horizonte/MG, nem sabe se a Autora já morou lá. Relata que o marido da Autora tambémmora na roça. Afirma que atualmente parte da propriedade ficou com a Autora. Afirma que o pai da Autora se chamavaFrancisco. Não sabe se o marido da Autora já trabalhou como empregado em alguma empresa. Acha que o marido daAutora veio de Minas Gerais. Conheceu o marido dela quando ele se casou com a Autora.A parte autora teve vínculos urbanos como merendeira. Entretanto, tal fato, por si só, não descaracteriza a atividade rural.Contudo, o marido da Autora também possui vários vínculos urbanos, que as testemunhas não souberam esclarecer seeram concomitantes à atividade rural.Além disto, a testemunha Elias deixou claro que durante algum tempo o marido da Autora deixou de morar no local, indomorar em Belo Horizonte/MG, sem saber o que fazia lá, ventilando a hipótese de problema de saúde. Ora, certamente nestetempo, não trabalhava na atividade de roça e subsistia de alguma outra atividade.Tais conjuntos de fatores descaracterizam a economia de subsistências, indispensável para a aposentadoria rural. Nestaaposentadoria especial é necessário que fique claro a indispensabilidade da atividade de lavrador, fato que não restoucomprovado, impondo-se a improcedência do pedido”.

5. Por fim, quadra registrar que o espelho do Cadastro Nacional de Informações Sócias (CNIS), coligido à fl. 76, evidenciaque a recorrente encontra-se aposentada em razão de vínculos de natureza urbana, fato que somente corrobora aconclusão jurisdicional adotada.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.7. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do pedidode assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

55 - 0001119-65.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001119-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x IRENE VALADÃO BERNARDO (ADVOGADO: JOÃO ALVESFEITOSA NETO, ZIRALDO TATAGIBA RODRIGUES.).Processo n.º 2009.50.51.001119-5/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : IRENE VALADÃO BERNARDORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurado especial, principalmente por não seremcontemporâneos. Alega, ademais, que a prova testemunhal é demasiadamente frágil e contraditória, pois o próprio genroda autora ouvido na qualidade de informante declarou que ela tem trabalhado pouco em virtude de problemas de saúde.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 66-72.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador rural

Page 93: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

preencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A Parte Autora nasceu em 05/03/1954, fls. 10, estando atualmente com 57 anos de idade. Requereu o benefício deaposentadoria por idade em 25/03/2009 (fls. 12), tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade ruralpelo período necessário ao preenchimento da carência exigida a concessão do benefício.A prova material trazida aos autos consistiu:Entrevista rural às fls. 15;declaração de sindicato .fls. 13, 18,19;certidão decasamento– fls.20;carteira de sindicato - fls. 22;pagamento de mensalidades de sindicato fls. 22; contrato de parceriaagrícola fls. 23, 28, 32, 33, 40, 41, 42, 43; declaração de particular fls. 34;

Além disso, o início de prova material foi especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida em audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da Parte Autora.Em seu depoimento pessoal, declarou que mora e trabalha na propriedade do Sr. Geraldo Vizula, cultivando café. Moracom o marido e as duas filhas. Trabalha na propriedade dele há seis ou sete anos. Fica com sessenta por cento daprodução. O patrão paga o adubo. O marido já está aposentado, como trabalhador rural. Antes de trabalhar nestapropriedade, trabalhou para o Sr. Godofredo “Doca” Posse, trabalhou lá desde solteira, continuou depois de casada, ficoumuitos anos, depois trabalhou também com a filha dele, Srª. Virgínia Lúcia. Nesta época, também morava na propriedade, ecultivava café. Nunca trabalhou em outra atividade, que não fosse na roça. Já recebeu auxílio-doença do INSS. Teve cincofilhos.A testemunha , Srª. Virgínia Lucia Posse , declarou que conhece a Autora há muitos anos. Afirmou que a Autora játrabalhou em sua propriedade, em lavoura de café. Não sabe quanto tempo ela trabalhou, mas diz que foi por muito tempo.Relata que Godofredo é seu pai, e que a Autora trabalhou um tempo para ele, e depois um tempo para a testemunha.Naquela época, não fizeram contrato. Afirma que a Autora morava na propriedade, inicialmente com os pais, depois com omarido. Declara que Eliezer é seu esposo. Afirma que depois que o pai faleceu, a testemunha passou a cuidar dapropriedade. Pelo que sabe, a Autora atualmente trabalha na propriedade do Sr. Geraldo Vizula. Pelo que sabe, a Autora eseu marido nunca trabalharam em outra atividade. Relata que o marido da Autora sempre trabalhou com ela.Como informante foi ouvido o Sr. Geraldo Vizula, que declarou que a Autora é sua sogra. Afirmou que a Autora trabalha emsua propriedade, cultivando café. Acha que ela cuida de umas três ou cinco mil covas de café, em uns dois hectares.Afirmou que a Autora trabalha com o filho. Relatou que a Autora fica com quarenta por cento da produção, porque odepoente paga o adubo. Depois que a Autora recebeu benefício, ela voltou a trabalhar, mas com dificuldades, porque elatem problemas cardíacos. Afirma que há uns dois anos ela não consegue trabalhar muito. Acha que a Autora estátrabalhando em sua propriedade há uns cinco ou sete anos. Declarou que a Autora ainda cuida dos porcos, galinhas, ecuida do café no terreiro.A testemunha e o Informante foram unânimes em confirmar o trabalho da Autora, razão pela qual lhe assiste direito aobenefício.Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado , ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela Autora.”

5. Em acréscimo, registre-se que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”. De par com isso, o fato de a recorrida vir trabalhando pouco em razão de problemas de saúde nãoinfirma a qualidade de segurada especial, convindo recordar o entendimento jurisprudencial, cuja dicção quadra a preceito:mantém a qualidade de segurado aquele que deixou de exercer a atividade laboral em razão da incapacidade que deucausa ao afastamento.6. Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (168meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).7. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.8. Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Page 94: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

56 - 0000851-45.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000851-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA DA SILV A (ADVOGADO: NILTON CESAR SOARES SANTOS.).Processo n.º 2008.50.51.000851-9/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : MARIA DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurado especial. Alega que os contratos deparceria agrícola são extemporâneos, não servindo como meio de prova. Ademais, aduz que simples declarações nãodevem ser consideradas como meio de prova. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 66-72.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 24/08/1948, fl.14, estando atualmente com 62 anos de idade. Requereu o benefício deaposentadoria por idade em 09/09/2004(fl. 42), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foi comprovado oexercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida à concessãodo benefício.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) certidão da justiça eleitoral, fl.15, datada em 01/10/2007, constando a autora como rurícola;b) declaração decompra do Sr. Moises Benevides da produção de mandioca (período de 2003 a 2005), cultivada pela autora;c) declaraçãoda Escola Estadual de Ensino Fundamental Itaóca, emitida em 2007, informando que o filho da autora estudou no ano de1986 e 1981, constando serem os pais lavradores (fs.18/19);d) prontuário médico do hospital e maternidade Danilo Monteirode Castro, constando a profissão da autora com lavradora, fl.20, datada em 26/04/1990;e) ficha cadastral de cliente(fl.21/22), uma datada de 05/07/1995 e a outra, de 04/06/2001, com endereço em Fazenda Velha;f) contratos de parceriasagrícolas fs.23/26, uma datada em 28/07/2004 e o outro datada em 13/09/2007;Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que mora com o marido há vinte e cinco anos, mas não são casadosno civil. Relata que desde que mora com o marido, mora na Fazenda Velha, de propriedade dos pais do seu marido. Afirmaque antes de pedir aposentadoria, a mãe do companheiro, Srª Adélia, ainda era viva,mas logo depois ela faleceu. Relataque cultiva mandioca e cana, possui também alguns pés de café e banana. Quando colhe muita quantidade, vende orestante da produção. Possui também uma criação de umas galinhas, um burro e umas cabeças de gado. A propriedadepossui dois alqueires. O marido ficou com uma parte da propriedade, de uns quinze litros. A propriedade dos sogros foidividida entre os seis filhos (Autora e seus irmãos). A cunhada Nelceli comprou a parte de alguns irmãos, ficou com umaparte maior. Relata que, antes de morar na propriedade da Dª Adélia (antes de se casar), morava e trabalhava em SãoJoão, numa propriedade do Sr. Délio (avô da Autora). O pai da Autora já é falecido, ela herdou uma pequena parte dapropriedade, mas vendeu esse pedaço. Relata que ela e o marido nunca trabalharam em atividade urbana. Afirma que nãopossui filhos. Só os dois é que trabalhavam. Não contratam pessoas para trabalharem na propriedade, às vezes trocamdias com os vizinhos e os cunhados.

Page 95: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A primeira testemunha ouvida, Sr. Valtemir do Nascimento Lima, declarou que conhece a Autora há mais de vinte anos, seconheceram na localidade de Piabanha, município de Itapemirim/ES. Relata que a Autora é esposa de Milton, não sabe seeles são casados oficialmente. Afirma que anteriormente tinha um terreno vizinho à propriedade dela (a partir de 1982), háuns cinco anos que não tem mais este terreno. Pelo que sabe, a Autora continua trabalhando lá, porque a testemunhapassa lá e a vê. Relata que ela possui lavoura de mandioca, café e cana. Acredita que o terreno onde ela trabalha tenhauns dois alqueires. Afirma que a propriedade era da sogra da Autora, Srª Adélia, que já é falecida. Depois do falecimentodela, a propriedade foi dividida entre os filhos. Desde que a Autora vive com o companheiro, ela trabalha lá. Relata que aAutora já trabalhou como diarista alguns dias na propriedade do depoente. Afirma que a Autora não tinha condição de pagardiarista, às vezes “troca dias” com alguns vizinhos, na época de colheita. Afirma que a Autora não possui filhos.A informante ouvida, Srª. Nelceli Pereira de Morais, declarou que é companheira de um irmão do marido da Autora. Relataque quando foi morar com o cunhado da Autora, há uns vinte anos atrás, a Autora já morava e trabalhava na propriedadeda Srª Adélia. Quando a sr Adélia faleceu, a propriedade foi dividida igualmente entre os filhos. Relata que a Autora trabalhana parte do terreno que coube ao seu companheiro e na parte que coube ao companheiro da testemunha. A testemunharelata que lá cultivam mandioca, que utilizam também para fazer farinha. Afirma que colhem a mandioca, vendem umaparte, e a outra parte utilizam para fazer farinha. Relata que desde que conhece a Autora, ela nunca deixou de trabalhar naroça. Declara que quando a situação aperta, a Autora vende umas galinhas para ajudar na renda.A segunda testemunha, Sr. Faride, relata que conhece a Autora há mais de vinte anos, se conheceram na localidade dePiabanha. A testemunha relata que possui uma pequena propriedade próxima à do companheiro da Autora. Conheceutambém os sogros da Autora, que atualmente são falecidos. Relata que na propriedade da Autora é cultivada mandioca.Relata que o marido da Autora já trabalhou em sua propriedade a dia. Acredita que a Autora conviva com o companheiro háuns vinte e cinco anos. Acredita que a Dª Adélia tenha falecido há quinze a vinte anos.Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela autora. Após, os depoimentos das testemunhas, não há dúvidas que a parte autora sempre exerceuatividade rural, em regime de economia familiar, fazendo jus ao benefício de aposentadoria por idade (rural)”.

Em acréscimo, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização “para aconcessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o períodoequivalente à carência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido por força dosdepoimentos testemunhais, todos coerentes e coesos.Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (132meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

57 - 0000721-18.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000721-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x ELIZABETE ROCHA FURTADO (ADVOGADO:SILVIA HELENA GARCIA MENDONCA, MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO.).Processo n.º 2009.50.52.000721-8/01- Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : ELIZABETE ROCHA FURTADORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 96: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a autoranão comprovou o exercício de atividade rural pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida e que osdocumentos apresentados são frágeis para comprovar a condição de segurado especial, principalmente por não seremcontemporâneos ao período que se pretende provar. Alega, ademais, que os vínculos da recorrida e seu marido sãoincompatíveis com a qualidade de segurados especiais e que a terra em que aquela teria exercido atividade rural possuivasta área, no importe de 175,9 ha, o que configura mais de oito módulos fiscais. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 94-95.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2004, assim, a carência a serconsiderada é de 138 meses ou 11 anos e 06 meses, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.No presente caso, é de se notar que há nos autos, ainda que tênue, início de prova material que comprova a qualidade desegurado especial da autora, como a certidão de casamento realizado em 1974, onde aparece o marido da autora comolavrador (fl. 51); fotos antigas em que a autora aparece exercendo atividade rural (fls. 43/44); fichas de atendimento médicoambulatorial, datadas de 1992/1993, até 2009, em que a autora é qualificada como lavradora (fls. 53/54); registro decrediário desde 1988, onde consta a autora como lavradora (fl. 55).Realizada audiência, de seu depoimento pessoal, infere-se que a autora exerce atividade rural na fazenda de DonaElizabete, como meeira, onde também morou por 18 anos. Agora mora na cidade de Pinheiros, tendo se mudado para acidade há dois anos (em 2008), mas continua exercendo atividade rural na mesma fazenda, que fica distante da cidade uns13 quilômetros (Córrego Água Limpa). Morava e trabalhava na fazenda com o marido e três filhos. Como meeira cultivavalavoura branca – abóbora, feijão, mandioca, milho. A mandioca era vendida para a farinheira de Sr. Vavá e as outras coisaseram divididas com a proprietária. Há uns dois anos, a autora se separou do marido. Dois filhos da autora se casaram eforam para o estado do Pará, em 2005, sendo que eles sempre exerceram atividade rural junto com a autora. Seuex-marido teve outra atividade em outra fazenda, como vaqueiro. A autora se mudou para a terra de dona Elizabete com ascrianças e o marido ficou como vaqueiro em outra propriedade. Antes de se separar, o seu ex-marido já estava trabalhandojunto com a autora, na terra de Dona Elizabete.A testemunha JOSÉ DE JESUS PEREIRA disse que conhece a autora há aproximadamente 25 anos, sendo que odepoente tem uma propriedade vizinha à que a autora trabalhava. Tem uns trinta anos que o depoente comprou essa terra.Na roça, a autora cultiva lavoura branca – quiabo, abóbora, maxixe, couve, feijão, mandioca, milho. Quando conheceu aautora ela já era casada e o depoente conheceu o esposo dela, que trabalhava na terra também, em conjunto. O trabalhoera em regime de economia familiar. A autora trabalhava com o marido e os filhos. Desde que a conhece, a autora sempremorou e trabalhou nessa mesma propriedade. Ela sempre trabalhou nessa roça, mas não se lembra o nome doproprietário, sabendo que ele é conhecido como “Dé Véi”, que já faleceu há uns dois anos. O depoente continua tendo aterra, mas tem uma casinha em Pinheiros e há três anos passou a morar na cidade, por causa de problema de saúde. Temuns dois anos e meio que a autora passou a morar na cidade, porque o esposo dela ficou doente e saiu de casa e nãovoltou. A autora teve três filhos que a ajudavam na lavoura e hoje os filhos não moram mais com ela. A autora passou atrabalhar em pedaço menor de terra porque passou a explorar a terra sozinha, já que os filhos se casaram e o marido saiude casa.Nesse passo, ressalto que a prova oral foi bem convincente e segura, confirmando o labor rural desenvolvido pela autora.A objeção que se poderia fazer ao pleito autoral repousa no único vínculo urbano que a autora teve durante o período de1985 a 1988 (CNIS – fl. 36) a qual, contudo, deve ser rechaçada, pois não prejudica o reconhecimento da condição desegurado especial da autora, que na maior parte de sua vida, trabalhou no meio rural, atividade que pode ser desenvolvidade forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao período decarência.Quanto à natureza do trabalho realizado pelo ex-marido da autora, constante no CNIS, às fls. 39/40, não restou comprovadose era urbano ou rural. Todavia, cumpre-me registrar que, ainda que tivesse natureza urbana, a interpretação do dispostono art. 9 º, § 8º, do Decreto 3.048/99 e no art. 7, § 4º, da Instrução Normativa INSS nº 11/2006, evidencia que a qualidadede segurado especial é excluída somente em relação ao cônjuge que exerce a atividade urbana, contanto que seusrendimentos não sejam suficientes para tornar desnecessária a atividade rural do outro cônjuge, o que não restoudemonstrado no caso concreto.Assim, o regime de economia familiar, em casos que tais, somente é descaracterizado quando se comprova que a rendaobtida em razão da atividade urbana é suficiente para a manutenção da família, tornando dispensável a atividade rural ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. Nesse sentido foipacificada a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme segue:PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVA

Page 97: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

MATERIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL. 1. Para fins decomprovação de tempo de serviço exercido em regime de economia familiar afigura-se necessária a apresentação de iníciode prova material, conforme exigido pelo § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91. 2. O indício também pode ser considerado iníciode prova material, por configurar, juntamente com a presunção, modalidade de prova indireta, consistindo na prova que,resultante de um fato, convence a existência de outro fato, desde que mantenha nexo lógico e próximo com o fato a serprovado. 3. Neste sentido, no caso, ainda que esteja em nome do marido da autora, a escritura pública de compra e vendade propriedade rural datada em 04.10.89 serve como início de prova material. 4. O fato de um dos membros do grupofamiliar ser trabalhador urbano ou titular de benefício previdenciário urbano não descaracteriza, por si só, o regime deeconomia familiar em relação aos demais membros do grupo familiar. 5. Nesse contexto, o regime de economia familiarsomente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano for suficiente para amanutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, noutros termos, se a renda auferida com aatividade rural não for indispensável à manutenção da família. 6. Caso em que, em conformidade com a jurisprudênciadesta Turma Nacional, examinando o conjunto probatório, o Juizado de origem considerou presente início de prova materialdo desempenho de atividade rural em regime de economia familiar desde 04.10.89, bem como que o trabalho rural eraindispensável à manutenção da família, cujos entendimentos devem prevalecer sobre os entendimentos do acórdãorecorrido. 7. Pedido de uniformização provido (TNU – PEDILEF 200770630002109 – Juíza Federal Jacqueline MichelsBilhalva - DJ 08/01/2010).PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. ALEGADA DESCARACTERIZAÇÃO DOTRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, DIANTE DA EXISTÊNCIA DE RENDA URBANA RECEBIDAPELO CÔNJUGE DA AUTORA. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE FIRMADA NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃORECORRIDO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 13. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA. PEDIDO DEUNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. I - No acórdão recorrido firmou-se entendimento no sentido de que os vínculosurbanos do cônjuge não são hábeis a descaracterizar a qualidade de segurada especial da autora. II - Esta Corte temdecidido que o regime de economia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana oucom o benefício urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. (...) (TNU -PEDILEF 200840007028291 – Juiz Federal Ivori Luis da Silva Scheffer - DJ 08/01/2010).Dessa forma, tenho que a prova produzida em audiência foi satisfatória e o contexto probatório é favorável, havendo, aindaque tênue, o início de prova material, podendo a autora ser enquadrada como segurada especial.Portanto, verifico a existência de início de prova material contemporânea e idônea acerca do trabalho rural da partedemandante. E, como dispõe o art.55, §3º, da Lei 8.213/91, a comprovação de tal labor pode ser corroborada pela provatestemunhal.Nesse passo, torna-se necessário ressaltar que o depoimento pessoal da parte autora e da testemunha, colhidos emaudiência, mostraram-se coerentes e harmônicos entre si, no sentido da atividade rural.Assim, cotejando as provas documentais apresentadas com a testemunhal, resta comprovado o exercício de atividaderurícola, realizado pela parte autora, quanto ao tempo de atividade, cumprindo assim a carência necessária para obtençãodo benefício”.

Em acréscimo, quadra registrar que a dimensão rural, para fins de enquadramento do segurado como empregado ouempregador rural, não afasta, por si só, a caracterização do regime de economia familiar, podendo tal condição serdemonstrada por outros meios de prova, independentemente se a propriedade em questão possui área igual ou superior aomódulo rural da respectiva região (STJ, AgEg no REsp 1042401/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, DJE16.02.2009).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

58 - 0000091-28.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000091-6/01) ERMELINDA EVANGELISTA DELFINO (ADVOGADO:ROBERTA BRAGANÇA ZÓBOLI, WELITON ROGER ALTOE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.).

Page 98: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Processo n.º 2010.50.51.000091-6/01- Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : ESMELINDA EVANGELISTA DELFINORecorrida : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL-TRABALHO RURAL EM REGIMEDE ECONOMIA FAMILIAR DESCARACTERIZADO - REQUISITOS LEGAIS NÃO PREENCHIDOS – SENTENÇAMANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente quecomprovou o exercício de atividade de marisqueira pelo período necessário ao preenchimento da carência exigida. Alegaque a renda proveniente da colheita de mariscos representa um complemento indispensável ao seu sustento, porquanto arenda do seu cônjuge, no valor de um salário mínimo, é incapaz de suprir as necessidades básicas do grupo familiar. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 183-187.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

A Parte Autora nasceu em 10/07/1948, fls. 12. Requereu o benefício de aposentadoria por idade em 08/06/2009 (fls. 13),tendo sido o mesmo indeferido por falta de comprovação da atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência exigida a concessão do benefício.A prova material trazida aos autos foi frágil e consistiu:Comprovante de pagamento da colônia de pescadores às fls. 16 E17;Declaração de particular .fls. 20/23;Carteira de pescador profissional fls. 15;Declaração de colônia de pescadores fls.18.O depoimento pessoal da Autora não se mostrou seguro suficiente à concessão do benefício. Eis os termos: Declara quetrabalha como marisqueira desde os vinte anos de idade. Relata que nunca exerceu outra atividade, nunca teve a carteirade trabalho assinada. Afirma que para retirar os mariscos na ilha vai de barco; quando retira nas pedras na praia, vai a pé.Declara que trabalha mais na praia. Relata que trabalhou até na semana passada. No último dia de trabalho, tirou uns doisou três quilos de mariscos. Afirma que vende o que retira por uns R$3 (três reais) a R$5 (cinco reais) o quilo. Relata queaufere de R$20 (vinte reais) a R$40 (quarenta reais) por mês com tal atividade. Afirma que vai retirar mariscos, por mês,três dias na lua nova e três dias na lua cheia. Declara que é casada, o marido recebe um salário mínimo por mês. Mora sócom o marido.Não há como conceder o benefício em questão.A prova documental juntada pela Requerente foi extremamente frágil e as fls. 15 consta carteira de pescadora profissional,emitida pela Secretaria de Aqüicultura onde consta o primeiro registro da Autora em 12/11/2003.Vislumbro claramente, que a atividade exercida pela Sra. ERMELINDA não é essencial para a subsistência da família.Veja-se que o marido da Autora ganha por volta de R$545,00. Segundo relatou, a Autora recebe com a atividade demarisqueira um valor médio entre R$20,00 e R$40,00 ao mês. Não é razoável entender que diante do salário do marido,tais R$40,00 sejam indispensáveis para subsistência.Embora, este Juízo possa admitir que a Autora dirija-se à praia para colher mariscos eventualmente, duas vezes por mês ,como ela mesma afirmou e como as testemunhas confirmaram, no sentido de já tê-la visto na praia, vejo nessa atividadequase uma economia informal e meramente complementar dentre deste contexto familiar já relatado, o que não lhe garanteo direito ao benefício.Compulsando os autos, não vislumbrei a economia de subsistência familiar, essencial para a percepção do benefício, razãopela qual indefiro o benefício pleiteado.Como se não bastasse, ainda que tal valor fosse essencial a seu sustento, não demonstrou a Autora em momento algumqualquer início de prova documental anterior a 2003, o que não lhe garante a carência mínima para se aposentar.

5. Por fim, quadra registrar que a Legislação Previdenciária somente qualifica como segurado especial o pescador artesanalou a este assemelhado que faça da pesca profissão habitual ou principal meio de vida. Como a recorrente colhe mariscosde forma eventual, a hipótese escapa ao figurino do art. 11, inciso VII, alínea b, da Lei nº 8.213/1991.

6. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Page 99: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

7. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em Honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do pedidode assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

59 - 0000194-32.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000194-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x FRANCISCO DE ASSIS LEAL SOUZA(ADVOGADO: ELIEZER PAULO CARRASCO.).Processo nº 2010.50.52.000194-2/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : FRANCISCO DE ASSIS LEAL SOUZARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE – REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS- RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que o recorridonão pode ser considerado segurado especial, ante a existência de vínculos de atividades laborativas incompatíveis com aqualidade de rurícola e inscrição como contribuinte individual/empresário. Alega, ademais, que o tamanho da terra, acontratação de mão de obra assalariada, bem como os semoventes e o maquinário evidenciam atividade de proporçõesincompatíveis com a qualidade de segurado especial. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 197-199.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“No presente caso, é de se notar que há nos autos início de prova material que comprova efetivamente a qualidade desegurado especial da parte autora.Realizada audiência, infere-se do depoimento colhido em audiência que o autor, de 62 anos de idade, mora há 50 anos naFazenda Duas Barras, Córrego do Tapuio, comunidade de Concórdia, em São Mateus. Contudo, vive na atual propriedadedesde 1985, a qual foi comprada. Na época, o imóvel tinha mais de 25 alqueires, mas teve que se desfazer de parte delepor necessidade, estando, atualmente e há 15 anos, com a propriedade de 8 alqueires. É casado e sua esposa trabalha aseu lado, como rurícola. O autor, segundo externou, sempre trabalhou com atividade rural, mas trabalhou por 3 ou 4 mesescomo secretário de agricultura da prefeitura de Nova Venécia, sendo este seu único vínculo em órgão público. Tambémtrabalhou na FRINORTE (frigorífico) por um ano, período em que manteve um vaqueiro contratado. Não tem meeiros emsua propriedade. Sua esposa, além do serviço na roça, eventualmente, cozinha para fora (cerimonialista), de maneirainformal. Seu trabalho rural consiste em criação de gado leiteiro (38 vacas, 22 bezerros e 1 garrote), produzindo 160 litrosde leite por dia. A renda bruta obtida gira em torno de R$ 2000,00 por mês, o que gera renda líquida de R$ 700,00 a R$800,00 para o casal. Tem duas máquinas de ração, o que diminui seus custos, já que a ração comprada no mercado seriamuito mais cara. Como forma de incrementar sua atividade, está começando criação de peixes.A testemunha Miguel Cezana, que conhece o autor desde 1970, confirmou todo o depoimento.Ressalto que a prova oral foi bem convincente e segura. Dessa forma, tenho que a prova produzida em audiência foisatisfatória. O contexto probatório é favorável, havendo razoável início de prova material. O curto vínculo urbano nãoprejudica, tampouco o cargo político exercido, os quais não são suficientes para descaracterizar o autor como rurícola,atividade que pode ser desempenhada de maneira descontínua, conforme previsão do art. 48, §2º da Lei nº 8.231/91.Portanto, verifico a existência de início de prova material contemporânea e idônea acerca do trabalho rural da parte

Page 100: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

demandante, em regime de economia familiar. E, como dispõe o art.55, §3º, da Lei 8.213/91, a comprovação de tal laborpode ser corroborada pela prova testemunhal.Assim, cotejando as provas documentais apresentadas com a testemunhal, resta comprovado o exercício de atividaderurícola, em regime de economia familiar, realizado pela parte autora, quanto ao tempo de atividade, cumprindo assim acarência necessária para obtenção do benefício.Dessa forma, julgo PROCEDENTE o pedido inicial, ao tempo em que determino que o INSS implante imediatamente emfavor da parte autora o benefício APOSENTADORIA RURAL POR IDADE (segurado especial), no valor de 1 (um) saláriomínimo, com DIB em 06.01.2009 e DIP em 01.02.2011”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

60 - 0000044-88.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000044-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ERMITA DOS SANTOS NASCIMENTO (ADVOGADO: GraziellySantos, André Luiz da Rocha.).Processo n.º 0000044-88.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem:1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : ERMITA DOS SANTOS NASCIMENTORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T ARECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em face de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria por idade rural. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que não háinício de prova material contemporâneo aos fatos a provar. Alega, ademais, que não se pode considerar que houveatividade rural em regime de economia familiar durante os períodos em que a recorrida exerceu atividade urbana. Dessaforma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. Requer, de parcom isso, a atribuição de efeito suspensivo à antecipação dos efeitos da tutela. As contrarrazões encontram-se nas fls.84-90.Em se tratando de aposentadoria por idade rural, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 11/04/1953 (fl.10), estando atualmente com 58 (cinquenta e oito) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 11/08/2008 (fl. 17), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) declaração de exercício de atividade rural (fl.13);b) fichas da Secretaria Municipal de Saúde de Marataízes,constando a profissão da autora como lavradora (fs.26/27);c) contrato de parceria agrícola (fl.28);d) documentos relativos àpropriedade (fs.29/46);e) declaração dos confrontantes declarando que a autora trabalha em atividade rural há mais de 25anos (fs.47/54).Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.A parte autora, em seu depoimento pessoal, disse que estava com 57 anos, sempre morou na Localidade de Jaboti,município de Marataízes/ES. Está casada há quarenta anos. Durante um período de dois anos e cinco meses, trabalhou

Page 101: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

como merendeira, durante meio período, numa escola na zona rural. Relata que trabalhava com o pai, Sr. Paulo Moreirados Santos. Trabalha na roça com o filho (com trinta e oito anos), porque o marido está aposentado por invalidez, comosegurado especial. Tem uma roça separada da do pai e do irmão, que também trabalha lá. Cultiva abacaxi. O marido temproblemas renais e de hipertensão. O pai faleceu há um ano. Sua irmã Hilda é que assinou o contrato, porque ela é quemresolvia estes detalhes. Trabalha em lavoura separada do pai há uns vinte anos. Nunca trabalhou em outra propriedade. Atéo falecimento do pai, ela ainda repassava uma parte da produção para ele. Agora, fica com tudo, não divide com a mãe. Omarido trabalhava na propriedade do pai dele, nunca trabalharam juntos. Declara que planta cinquenta mil pés, masnormalmente colhe só umas vinte e cinco mil frutas. No ano passado, vendeu umas dezesseis mil frutas. Quando o frutoestá bom, vende a R$1,00 (um real) cada. O que não estão tão bons vende bem mais barato. A parte da propriedade do paique cuida é de meio alqueire, a propriedade toda tem um alqueire. O pai era aposentado rural, a mãe também éaposentada como lavradora. A renda da família sempre foi proveniente da roça. Quando trabalhou na escola, ia para a roçano outro turno.A testemunha ouvida, Sebastião Lopes Fernandes, disse que conhece a Autora desde criança, foram criados juntos. AAutora sempre trabalhou na propriedade do Pai dela, Sr. Paulo. Afirma que a Autora trabalha lá com o filho, cultivandoabacaxi. Declara que a Autora já trabalhou junto com o marido, na propriedade dele. Viu a Autora trabalhando na sexta-feirapróxima passada. Tem conhecimento de que a Autora já trabalhou numa escola, durante meio período do dia, o restante dodia ela trabalhava na roça.O INSS em sua contestação disse que a autora não completou a carência de 13 anos e 5 meses, pois trabalhou por doisanos e meio em atividade urbana, comprovando então 10 anos de atividade rural.A afirmação do INSS não deve prosperar. Através das provas trazidas aos autos, ficou demonstrado que a autora exerce há18 anos atividade rural. Logo, descontando os dois anos e meio que exerceu atividade urbana, a autora possui 15 anos e 5meses, consequentemente preencheu a carência mínima de 13 anos e 5 meses.Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontroóbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pelaautoraDa antecipação da tutelaExaminando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Em acréscimo, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido por força dos depoimentostestemunhais, todos coerentes e coesos.

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (162meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

61 - 0000673-62.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000673-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x CONSTANCIA RAIMUNDA DA SILVA (ADVOGADO: MARGARETBICALHO MACHADO, ANA PAULA CESAR.).Processo nº 0000673-62.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem:1ª VF Cachoeiro

Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : CONSTANCIA RAIMUNDA DA SILVA

Page 102: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Relator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS -SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que adocumentação juntada pela recorrida é posterior ao óbito do marido e que esta afirmou em seu depoimento que mora nacidade há muitos anos. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido.Eventualmente, requer a alteração da data de início do benefício (DIB). As contrarrazões encontram-se nas fls. 85-90.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

A parte autora nasceu em 04/04/1953 (fl. 12), estando atualmente com 57 (cinquenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 08/08/2008 (fl. 60), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) Certidão de casamento, realizado em 1974, constando a profissão do marido da Autora como lavrador (fl.16);b) Comprovantes de pagamento de mensalidades ao Sindicato (fls. 18/20);c) Inscrição da Autora no CNIS comosegurada especial em 29/06/2006 (fl. 21);d) Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato em17/04/2008 (fls. 22/23);e) Contrato de parceria agrícola, firmado em 11/09/2001, constando a Autora como outorgada (fls.24/27).Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que começou a trabalhar na roça aos sete anos na roça. Afirma que étrabalhadora rural, trabalha para o Sr. Jones Guimarães. Vai a pé de sua casa (num patrimônio) para a propriedade do Sr.Jones, leva aproximadamente meia hora. Trabalha sozinha em lavoura de café. Um filho mora com ela em casa. Afirmaque é viúva, mas não recebe pensão. Acha que trabalha com o Sr. Jones há uns dois anos. Tem dois meses que o contratodele está vencido. Antes de trabalhar para o Sr. Jones, trabalhou para o Sr. Josias. Tem contrato de seis anos, mastrabalhou mais tempo do que isso. Trabalhou também antes doze anos para o Sr. Pedro Guimarães, e depois tambémtrabalhou para o Sr. Bráulio Machado, por cinco anos. Já trabalhou sete meses num colégio, fazendo limpeza. Ia para ocolégio às 6 horas, ficava até meio dia, depois ia para a roça. O marido já é falecido há onze anos. O marido já trabalhouem outra atividade, com carteira assinada. Quando o marido estava desempregado, ele ia trabalhar na roça. Quandotrabalhou para os senhores Pedro e Bráulio, morava na propriedade. Sempre morou com o marido e os filhos. Não sabeonde é a Mineração Curimbaba, neste período ele morou em Minas Gerais, ia em casa de quinze em quinze dias. É meeirado Sr. Jones. Vende o café para o Sr. Zaedis. O filho não trabalha, porque tem problema de saúde.A primeira testemunha ouvida, Sr. Jones Bastos Guimarães, declarou que conhece a Autora trabalhando com um tio dele,Sr. Pedro Guimarães, não sabe se ela tinha contrato lá. Acha que ela trabalhou na propriedade dele por uns vinte anos. Serecorda que a Autora trabalhava com o marido. Atualmente, a Autora trabalha em sua propriedade. Sabe que a Autoratrabalhou também para o Sr. Josias, mas não sabe por quanto tempo. Não tem conhecimento de que ela já tenha exercidooutra atividade. Pelo que sabe, o marido da Autora já trabalhou em outra atividade, comprou um caminhão. Não sabe se omarido dela já trabalhou em Minas Gerais. Não sabe se ela já trabalhou em um colégio. Afirma que a Autora mora com anora e um filho. Relata que a Autora é sua meeira em lavoura de café, onde ela cultiva dois mil pés. Afirma que ela vende ocafé para os compradores da região, entre eles o Sr. Zaedis. Afirma que possui contrato com a Autora. Acha que o maridodela comprou o caminhão com o dinheiro que economizou da roça. Afirma que a Autora também já trabalhou para o seuirmão, Sr. Daniel.A segunda testemunha ouvida, Srª. Madalena Maria Dias Machado, declarou que afirma que quando a Autora era recémcasada, foi morar próximo à casa da testemunha, na propriedade de seu cunhado, Sr. Bráulio Machado. A Autora teve setefilhos. Nesta época, a Autora tinha dois filhos, ela os levava para a roça no balaio. Relata que lá ela cultivava café, milho efeijão. Depois, ela foi trabalhar para o Sr. Pedro Guimarães, que também é seu cunhado. Conheceu o marido também,afirma que ele também era trabalhador rural. Afirma que ela já fez faxina também, aos sábados, domingos ou feriados. Nãose recorda se o marido já trabalhou em outra atividade. Sabe que o marido da Autora morreu num acidente.Em audiência, restou esclarecido que a Autora exerce atividade rural há muitos anos, trabalhou em várias propriedadespara os senhores Bráulio Machado, Pedro Guimarães, Josias Ananias e Jones Guimarães, embora não tenha contrato

Page 103: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

firmado com todos eles. O fato de a Autora ter trabalhado na Prefeitura não é óbice à concessão do benefício pleiteado, porse tratar de período curto, estando demonstrado que a Autora trabalhou em regime de economia familiar, preenchendo acarência exigida à concessão da aposentadoria.

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (162meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

62 - 0002382-69.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002382-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x LUSMAR RIBEIRO DA SILVA (ADVOGADO: ALFREDO ERVATI.).Processo nº 2008.50.51.002382-0/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : LUSMAR RIBEIRO DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDOE, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em face de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridacompletou 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade no ano em que entrou em vigor a Lei nº 8.213/1991, pelo que, segundo aLei Complementar nº 11/1971, somente ao seu marido (arrimo de família) assiste o direito à aposentadoria rural. Aduz,ademais, que a recorrida não exercia atividade rural ao tempo do requerimento administrativo, retirando seu sustento dapensão por morte advinda do falecimento do esposo. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido. Eventualmente, requer a fixação da data de início do benefício (DIB) na data da audiência deinstrução (26.11.2010). As contrarrazões encontram-se nas fls. 76-79.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Inicialmente, cumpre ressaltar que apesar de a legislação em vigor à época do exercício da atividade rural (LeiComplementar nº 11/1971) disciplinar o benefício de aposentadoria por velhice, devido somente ao arrimo de família, alegislação aplicável ao presente caso deve ser a Lei nº 8.213/1991, por ser mais benéfica à postulante. O que se veda é autilização de critérios híbridos de regras previstas na legislação então vigente com as novas.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 31/10/1936 (fl. 08), estando atualmente com 74 (setenta e quatro) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 19/01/2007 (fl. 09), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Page 104: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a)Certidão de casamento, realizado em 1984 constando a profissão do marido da autora como lavrador (fl.12);b)Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muqui, constando aAlém disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que morava em Alegre, onde cuidou da lavoura por mais de 10 anos,depois de ficar viúva continuou a cuidar da lavoura por mais três anos para o Sr. Babi com a ajuda dos filhos. Relata quemudou para Muqui, trabalhando para o Sr. Tiers Monteiro. Mudou-se para uma propriedade do Sr. Zé Florentino cultivandoa lavoura, por mais de 10 anos, com ajuda dos filhos (dois homens e uma mulher). Disse que teve problema de coluna eparou de trabalhar, além dos filhos se casarem. Informou que o filho mais velho tem quase 50 anos e que ela está com 74anos. Afirma que recebe pensão do marido e não possui contrato de nenhum dos trabalhos. Há 16 anos vive em AtílioVivácqua e desde que se mudou parou de trabalhar. Informa que nunca teve casa ou propriedade, e que atualmente moracom um dos filhos.A primeira testemunha ouvida, Sr. Sebastião disse que conhece a autora há cerca de 40 anos. Quando se conheceram elaera colona do Sr. José Florentino (Dona Albertina), na divisa de Atílio Vivácqua e Cachoeiro, em propriedade vizinha da dopai da testemunha. Relata que ela se mudou de lá há mais de 15 anos e sabe que ela trabalhou na propriedade do Sr. LuisScarpe, na localidade de Desengano (Muqui), sem saber precisar as datas. Disse que depois a autora trabalhou para o Sr.José Carlos Lustosa – Atílio Vivacqua (mais de 3 anos em cada lugar). Informa que a autora morava nas propriedades,sendo colona e os filhos ainda eram solteiros e a ajudavam. Não se recorda do período de falecimento do marido da autora.Acredita que a autora mora há cerca de seis anos em Atílio Vivácqua, que mora em uma casa humilde, sozinha, queacredita que a casa é dela. Disse que acredita que a Autora parou de trabalhar há quatro ou seis anos.A segunda testemunha ouvida, Srª. Maria, declara que conhece a autora há 30 anos, na roça, e que atualmente é vizinha daautora, há 5 anos, em Atílio Vivácqua. Disse que a autora possui um companheiro que mora com ela há cerca de três anos,que o mesmo é aposentado. Afirma que a autora mora na casa da filha e não conheceu o marido da Autora. Disse que osfilhos da Autora são casados e não moram com a Autora. Já morou com o filho dela (João) em Atílio Vivácqua por uns 15anos. Logo que o marido faleceu, a autora foi morar em Desengano. Sabe que ela trabalhou para Luis Scarpe (Desengano),por cinco anos, e, depois p/ José Carlos Lustosa (divisa de São Pedro), por uns 10 anos ou mais, saindo de lá há mais de12 anos. Declara que depois ficou trabalhando a dia para outros proprietários (Sr. Gustavo Batista) colhendo café e que temcerca de 5 anos que a autora passou a trabalhar.Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorarural ostentada pela autora”.

Em acréscimo, quadra registrar que o fato de a recorrida receber pensão por morte de trabalhador rural em valor mínimo (fl.41) não obsta o recebimento do benefício ora pleiteado, porquanto possuem diferentes pressupostos fáticos e fatosgeradores de natureza distinta. Ao revés, tal fato somente corrobora a qualidade de segurada especial da recorrida(Precedentes: AGRESP 201000202206, HAROLDO RODRIGUES [DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE], STJ -SEXTA TURMA, DJE DATA: 28/06/2010; verbete nº 36 da Turma Nacional de Uniformização).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

63 - 0001080-05.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001080-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x OTÍLIA AMÉRICA DA SILVA SOUZA (ADVOGADO: EDSONROBERTO SIQUEIRA JUNIOR, ANDRE MIRANDA VICOSA.).Processo n.º 0001080-05.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : OTÍLIA AMÉRICA DA SILVA SOUZARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EM

Page 105: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que osdocumentos apresentados pela recorrida são frágeis para comprovar a condição de segurada especial. Aduz que na épocaem que trabalhava na zona rural a recorrida não se enquadrava como segurada especial, já que era proprietária de grandeextensão de terra. Alega, ainda, que não ficou comprovado que a recorrida tenha trabalhado depois de 1991, quando entrouem vigor a Lei nº. 8.213. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial. Não foram apresentadas contrarrazões.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 05/11/1931 (fl.13), estando atualmente com 79 (setenta e nove) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 01/02/1999 (fl. 45), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Certidão de Casamento, realizado em 1984, constando a profissão do marido da autora como lavrador (fl.17);b) Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iúna (fls. 20/21);c) Comprovantes de pagamento de mensalidades do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iuna (fl.22);d) Contratos de Parceria Agrícola, firmados em 31/12/1988 e 01/01/1996, constando a parte autora como parceirooutorgado (fls.24/31);e) Declaração de exercício de atividade rural, emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iuna e Irupi (fl.33);f) Declaração do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Muniz Freire, afirmando que a autora trabalhou como meeira parao Sr. Demir Silva no período de 01/03/1982 a junho de 1993 (fls.41/42).

Além disso, o início de prova material acima especificada, foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que estava com setenta e oito anos. Atualmente, relata que mora emMuniz Freire/ES. Está viúva há doze anos. Relata que ficou morando muitos anos na roça, na Serrinha. Quando o maridoficou doente, com câncer na cabeça, aí mudaram para a cidade, para ajudar no tratamento. Com pouco tempo o maridofaleceu. Declara que antes de o marido adoecer, ela e ele trabalhavam na roça. O último proprietário para quem trabalhouera o Sr. Antônio Guedes de Moraes, onde trabalhou de quatro a seis anos. Antes de trabalhar com o Sr. Antônio,trabalhavam na localidade de Tombos, município de Muniz Freire/ES, tinham um pedacinho de terra, de uns dois alqueires,onde trabalhou uns quatro anos. Depois venderam esta propriedade. Também já tiveram outra propriedade em Tombos, dedezesseis alqueires, onde trabalhou por trinta anos, teve os filhos neste local. A testemunha presente foi quem adquiriu estapropriedade. Atualmente, mora com um dos filhos na cidade de Muniz Freire/ES. Recebe a pensão pela morte do marido. Omarido fez um pagamento de quinze anos de carnê. Declara que ele sempre trabalhou na roça. Relata que o marido nãochegou a se aposentar antes de falecer. Segundo informação da Procuradora do INSS, retirada do Sistema Plenus, aaposentadoria é de R$573,00 (quinhentos e setenta e três reais), e que é na condição de comerciário (contribuinteindividual). Declara que efetivamente trabalhava, cultivando café, milho e feijão. Tinha uma criação de galinhas. Napropriedade de dezesseis alqueires tinham a ajuda de oito colonos. Questionada se o marido era motorista, afirma quetinham um veículo fusca, às vezes ele levava alguém que estava doente, sem cobrar. Declara que fez uma cirurgia quandotinha uns cinquenta e sete anos. Foi ao INSS fazer um requerimento. Afirma que ficou uns dez anos depois da cirurgia semconseguir trabalhar. Depois, se recuperou e voltou a trabalhar com o marido, antes de ele falecer (ele tomava remédios,mas não sabia que tinha câncer). Relata que teve câncer na mama direita, e ficou com dificuldades no movimento no braçodireito. O marido faleceu em 1997, eles foram para Muniz Freire um pouco antes para fazer o tratamento dele. Desde ofalecimento do marido, reside com o filho, em Muniz Freire/ES. Afirma que dirriçava café, catava café, capinava, plantavamilho e feijão, ajudava a adubar (três vezes por ano).

A primeira testemunha ouvida, Sr. Antônio Guedes de Morais, declarou que conhece a Autora desde que é criança. Seconheceram na propriedade na localidade de Tombos. A Autora possuía uma propriedade de dez a quinze alqueires. Omarido também era trabalhador rural. Nesta época, eles tinham uns três colonos. Os filhos trabalhavam ajudando a Autora.

Page 106: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Acredita que a Autora tenha morado nesta propriedade de vinte a trinta anos. Depois, eles adquiriram um terreninho de umpouco mais de um alqueire em Muniz Freire, onde ficaram uns quatro anos. Em seguida, eles foram trabalhar como colonosna propriedade da testemunha, ficaram lá uns quatro anos, ficaram até aproximadamente de 98 a 99. O marido ainda eravivo. Logo depois dele ter saído da propriedade, ele faleceu. Após o falecimento do marido, a Autora foi morar em MunizFreire/ES, na casa do filho. Na época em que eles moravam na terra da testemunha, pode afirmar que ela trabalhava naroça. Acredita que ela tenha de dez a treze alqueires. Não sabe ao certo se quando eles foram trabalhar lá, ela já tinha feitocirurgia.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Emílio Lopes da Silva, declarou que adquiriu a propriedade que já foi da Autora. Estapropriedade tinha de oito e meio a dez alqueires. A propriedade é grande. Atualmente, está com quinze colonos. Acreditaque adquiriu esta propriedade de vinte e cinco a trinta anos atrás. Quando o marido da Autora vendeu esta propriedade, eleadquiriu outra propriedade menor, próximo à Muniz Freire/ES. Afirma que quando adquiriu esta propriedade, dois colonosmoravam lá (mas eram da família da Autora – irmão e genro). O marido efetivamente trabalhava na roça.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora sempre laborou na zona rural, tendotrabalhado por vários anos na condição de meeira. Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante opleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pela autora.

Apesar de o valor da pensão ser superior ao salário mínimo, não esta descaracterizada a condição de segurada especial daautora, em razão da essencialidade do trabalho rural por ela desenvolvido.”

Em acréscimo, quadra registrar que apesar de a legislação em vigor à época do exercício da atividade rural (LeiComplementar nº 11/71) disciplinar o benefício de aposentadoria por velhice, devido somente ao arrimo de família, alegislação aplicável ao presente caso deve ser a Lei 8.213/91, por ser mais benéfica à postulante. O que se veda é autilização de critérios híbridos de regras previstas na legislação então vigente com as novas.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor da condenação,nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

64 - 0000414-58.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000414-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.) x SEBASTIÃO GERMANO DA SILVA (ADVOGADO: VANUZA CABRAL.).Processo nº. 2009.50.54.000414-4/01 – Juízo de Origem: 1ª VF COLATINARecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : SEBASTIÃO GERMANO DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que o recorridonão trouxe aos autos documentos aptos a formar início razoável de prova material do efetivo exercício das atividadescampesinas no período total afirmado. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido deduzido na Inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 84-85.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos, se homem, e 55, se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Page 107: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“O demandante juntou aos autos os seguintes documentos: a) cópia da CTPS constando vários vínculos com a EmpresaUnicafé Agrícola S/A (Fazenda Galiléia) no cargo de trabalhador rural agrícola (fls. 14, 15-verso e 16); b) certificado dedispensa de incorporação datado de 1968, mencionando sua profissão de lavrador.Pelos documentos apresentados pela parte autora, é possível notar o efetivo exercício de atividade rural desempenhado porele. Reputo tais documentos, portanto, como suficientes para demonstrar o início de prova material do direito alegado nainicial, mesmo porque esses documentos foram produzidos temporariamente.Como dito acima, porém, este início de prova material é insuficiente para conceder, de plano, o benefício da aposentadoriapor idade. Para tanto, faz-se necessário comprovar que este labor prolongou-se pelo período de carência estabelecido pelalegislação.Assim, com intuito de conferir maior robustez ao conjunto probatório dos autos, designou-se audiência, na qual o requerenteprestou seu depoimento pessoal e duas testemunhas, por ele arroladas, foram inquiridas.

O autor afirmou ser trabalhador rural, sempre trabalhando em terras de terceiros, e que atualmente trabalhaesporadicamente, sem contrato. Mencionou que mora em Alto Rio Novo, mas que ia de ônibus para trabalhar na FazendaGaliléia, onde teve vários vínculos de pequenos intervalos, na plantação de café, de 1996 até 2008. Ademais, informou quetrabalhou na Prefeitura de Pancas, mas por pouco tempo, capinando a beira do asfalto.Sua testemunha GERALDO BRAGANÇA disse que conhece o autor há muitos anos, e que de 1965 a 1985 o demandantetrabalhou na roça de Joadir Teixeira Machado, propriedade da qual era vizinho.JANDIR DE SOUZA LIMA mencionou que conhece o autor desde 1960 e que ele sempre trabalhou na roça, como meeiro,mesmo morando na cidade. Disse que ele trabalhava na Galiléia, de carteira assinada, mas como lavrador, e que é vizinhodas terras de Joadir Machado, onde o requerente trabalhou.Vê-se que as testemunhas, de forma unívoca, confirmaram a condição de trabalhador rural do autor. Afirmaram que otrabalho por ele exercido era como meeiro.O INSS afirmou, em sua contestação (fls. 46/53), que as provas documentais apresentadas pelo autor não se mostramcapazes de comprovar o direito por ele alegado.Tendo em vista os documentos apresentados nos autos, bem como o depoimento das testemunhas ouvidas em audiência,entendo que o autor preenche todos os requisitos necessários para a concessão do benefício da aposentadoria por idade,devendo seu pedido inicial ser julgado procedente”.

Em acréscimo, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido por força dos depoimentostestemunhais, todos coerentes e coesos.Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (156meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

65 - 0000766-22.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000766-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x NEUZA SANTOS PAIM (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.).Processo nº 2009.50.52.000766-8/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : NEUZA SANTOS PAIMRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

Page 108: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL - TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridanão apresentou início de prova material do período mais remoto de sua atividade, circunstância que, aliada aos vínculosurbanos do marido, enseja o desacolhimento da pretensão autoral. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso,julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 76-77.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2008, assim, a carência a serconsiderada é de 162 meses ou 13 anos e 06 meses, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.No presente caso, constato que a ação foi instruída por prova material hábil a demonstrar o alegado exercício de atividaderural no período de carência necessária, dentre as quais se destacam a certidão de casamento, datada de 1996,mencionando o matrimônio realizado em 1974, onde consta a profissão do seu marido como lavrador (fl. 19); cópias daCTPS com contratos rurais (fls. 13/16 e 18).Realizada audiência, de seu depoimento pessoal, infere-se que a autora trabalha para os outros, mas não é meeira.Trabalhava em propriedades avulsas, mas morava na cidade de São Mateus. A autora sempre ia trabalhar sozinha porqueseu marido é tratorista, estando atualmente na empresa Araribóia. Na Aracruz ele também era tratorista. A autora tambémteve vínculo com a empresa Barros Durão, onde descascava eucalipto. Depois trabalhou nas Fazendas Ecológicas. NaALMASA, a autora cortava cana para plantar e também para moer. Na fazenda de Arnóbio, era colheita de pimenta emacadâmia. A autora também trabalhou em lavoura de café, sem carteira assinada, na propriedade de Sr. Antonio, emÁgua Limpa. Tem um ônibus que leva as pessoas para trabalhar lá, pois chama os bóias-frias, que recebem por produção,de acordo com a quantidade de sacas de café que conseguem colher.A testemunha MARIA FELIX RICARDO GOMES disse que conhece a autora há 20 anos, pois a depoente se mudou paraperto da autora, sendo vizinhas. Nesse período que conhece a autora, sabe que ela sempre trabalhou em firmas, comoCOIMEX, na ALMASA e em outra firma que não se recorda o nome. Depois ela passou a trabalhar em lavouras colhendomacadâmia e pimenta. A autora é casada com José Paim, com quem teve 6 filhos. Na firma COIMEX a autora trabalhavaem lavoura de cana. Nunca soube de outra atividade desenvolvida pela autora além da rural.Já a testemunha EUZINA LAUREANO SILVESTRE afirmou que conhece a autora há mais de 25 anos, sendo que trabalhoujunto com ela na empresa COIMEX, por mais de cinco anos. Depois a depoente saiu dessa empresa e a autora continuoulá por um tempo e depois saiu também e passou a trabalhar em lavoura colhendo café, macadâmia e pimenta. A depoentenão voltou a trabalhar em outro lugar com a autora, mas sabe que ela continuou trabalhando em roça. Moram próximas esempre se encontram.Assim, tenho que os documentos apresentados servem de início de prova material e se harmoniza com o conjuntoprobatório, pois a prova colhida em audiência confirmou o labor rural.Nesse passo, verifico que o vínculo urbano do marido não prejudica o reconhecimento da qualidade de segurado especialda autora, eis que as testemunhas disseram que ela sobrevivia do trabalho rurícola.Com efeito, a interpretação do disposto no art. 9 º, § 8º, do Decreto 3.048/99 e no art. 7, § 4º, da Instrução Normativa INSSnº 11/2006, evidencia que a qualidade de segurado especial é excluída somente em relação ao cônjuge que exerce aatividade urbana, contanto que seus rendimentos não sejam suficientes para tornar desnecessária a atividade rural do outrocônjuge. No caso concreto, é fácil perceber que o valor recebido pelo marido da autora não era suficiente para garantir asubsistência da família.Assim, o regime de economia familiar, em casos que tais, somente é descaracterizado quando se comprova que a rendaobtida em razão da atividade urbana é suficiente para a manutenção da família, tornando dispensável a atividade rural ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. Nesse sentido foipacificada a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme segue:PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL. 1. Para fins decomprovação de tempo de serviço exercido em regime de economia familiar afigura-se necessária a apresentação de iníciode prova material, conforme exigido pelo § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91. 2. O indício também pode ser considerado iníciode prova material, por configurar, juntamente com a presunção, modalidade de prova indireta, consistindo na prova que,resultante de um fato, convence a existência de outro fato, desde que mantenha nexo lógico e próximo com o fato a serprovado. 3. Neste sentido, no caso, ainda que esteja em nome do marido da autora, a escritura pública de compra e vendade propriedade rural datada em 04.10.89 serve como início de prova material. 4. O fato de um dos membros do grupo

Page 109: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

familiar ser trabalhador urbano ou titular de benefício previdenciário urbano não descaracteriza, por si só, o regime deeconomia familiar em relação aos demais membros do grupo familiar. 5. Nesse contexto, o regime de economia familiarsomente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano for suficiente para amanutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, noutros termos, se a renda auferida com aatividade rural não for indispensável à manutenção da família. 6. Caso em que, em conformidade com a jurisprudênciadesta Turma Nacional, examinando o conjunto probatório, o Juizado de origem considerou presente início de prova materialdo desempenho de atividade rural em regime de economia familiar desde 04.10.89, bem como que o trabalho rural eraindispensável à manutenção da família, cujos entendimentos devem prevalecer sobre os entendimentos do acórdãorecorrido. 7. Pedido de uniformização provido (TNU – PEDILEF 200770630002109 – Juíza Federal Jacqueline MichelsBilhalva - DJ 08/01/2010).PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. ALEGADA DESCARACTERIZAÇÃO DOTRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, DIANTE DA EXISTÊNCIA DE RENDA URBANA RECEBIDAPELO CÔNJUGE DA AUTORA. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE FIRMADA NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃORECORRIDO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 13. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA. PEDIDO DEUNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. I - No acórdão recorrido firmou-se entendimento no sentido de que os vínculosurbanos do cônjuge não são hábeis a descaracterizar a qualidade de segurada especial da autora. II - Esta Corte temdecidido que o regime de economia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana oucom o benefício urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. (...) (TNU -PEDILEF 200840007028291 – Juiz Federal Ivori Luis da Silva Scheffer - DJ 08/01/2010).Dessa forma, tenho que a prova produzida em audiência foi satisfatória e o contexto probatório é favorável, havendorazoável início de prova material, podendo a autora ser enquadrada como segurado especial. Ressalto que o tempo decarência cumprido é suficiente.

Em acréscimo, quadra registrar que à luz do verbete nº 14 da Tuma Nacional de Uniformização “para a concessão deaposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente àcarência do benefício”, pelo que o início de prova material apresentado merece ser estendido por força dos depoimentostestemunhais, todos coerentes e coesos.Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente (162meses, consoante a tabela consignada no art. 142 da Lei nº 8.213/1991).Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

66 - 0001006-11.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001006-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ANA GOMES DA ROCHA (ADVOGADO: ADENILSON VIANANERY.).Processo nº 2009.50.52.001006-0/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : ANA GOMES DA ROCHARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS -SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que não há nosautos início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar e que o marido da recorrida desenvolveu atividade urbana

Page 110: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

nos períodos de 11.04.1982 a 02.01.1997 e 01.03.1997 em diante, circunstância que denota incompatibilidade com oregime de economia familiar. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedidodeduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 59-61.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício. Nessemesmo sentido, o Enunciado nº. 14 desta Turma Recursal.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2008, assim, a carência a serconsiderada é de 162 meses ou 13 anos e 06 meses, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.Verifico que a ação foi instruída por farta prova material, hábil a demonstrar o alegado exercício de atividade rural, conformese verifica às fls. 9/11 e 22/24, dentre as quais se destacam as fichas de matrícula dos filhos e documentos referentes aoAssentamento Zumbi dos Palmares, onde passaram a trabalhar e residir.Em seu depoimento pessoal, informou a demandante que trabalhou a vida inteira na mesma atividade de roça. Mencionouque nasceu e sempre morou e trabalhou na roça. Informou que primeiro trabalhava na roça com o pai e depois que secasou foi trabalhar junto com o marido também na roça. Depois comprou uma casinha e passou a morar em Itamira e foitrabalhar na propriedade perto de Itamira em lavoura branca. Sempre trabalhou na roça e nunca teve outro tipo deatividade. Quando chegou em Itamira seu marido também trabalhava na propriedade de Maria de Liô, com quem fazia roça.Depois de um tempo ele foi trabalhar para a Prefeitura e a autora ficou tomando conta do serviço da roça. Seu maridotrabalhava na prefeitura e ajudava nos finais de semana e feriado. A filha mais velha tomava conta dos filhos mais novos ea autora trabalhava na roça. Hoje está no assentamento trabalhando em roça própria e vende o que produz. O café e apimenta que colhe são vendidos no final de ano. Não tem outra fonte de renda a não ser a lavoura.A testemunha Noel José da Silva disse que conhece a autora há mais de 20 anos. Agora quase não vê a autora porque elapassou a morar no assentamento. Antes, quando tinha mais contato com ela, pode atestar que a autora trabalhava nalavoura com o marido. O casal sempre trabalhava na roça. Não tem conhecimento de outra atividade da autora. A autoravive do que retira da roça. A autora não tinha empregados, trabalhava sozinha. O marido da autora trabalhava somente naroça e depois de um tempo ele passou a trabalhar em serviço público (prefeitura) e ajudava na roça, mas a autora nunca seafastou do trabalho rural. Depois eles se mudaram para o assentamento.Já a testemunha Tereza Marques afirmou que conhece a autora desde que esta se mudou com o marido para oassentamento. Disse que a autora trabalha com lavoura de café e pimenta junto com o marido e não tem empregados. Apimenta e o café são vendidos e o assentamento fica perto de Nova Venécia. Assegurou que a autora trabalha junto com omarido no assentamento há 11 anos.Verifico que o fato de o marido da autora ter exercido atividade de natureza urbana por determinado período não infirma acondição de agricultora da autora. Com efeito, a interpretação do disposto no art. 9 º, § 8º, do Decreto 3.048/99 e no art. 7, §4º, da Instrução Normativa INSS nº 11/2006, evidencia que a qualidade de segurado especial é excluída somenteem relação ao cônjuge que exerce a atividade urbana, contanto que seus rendimentos não sejam suficientes para tornardesnecessária a atividade rural do outro cônjuge. No caso concreto, é fácil perceber que o valor recebido pelo marido não ésuficiente para garantir a subsistência da família, porquanto ele próprio continuou prestando auxílio à esposa nodesenvolvimento das atividades rurais, durante os finais de semana e feriados.Vale ressaltar, ainda, o entendimento consolidado pela Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais, conformeestabelecido na súmula nº 41: “A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana nãoimplica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada nocaso concreto”.Assim, o regime de economia familiar, em casos que tais, somente é descaracterizado quando se comprova que a rendaobtida em razão da atividade urbana é suficiente para a manutenção da família, tornando dispensável a atividade rural ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. Nesse sentido foipacificada a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização, conforme segue:PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVAMATERIAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. INDISPENSABILIDADE DO TRABALHO RURAL. 1. Para fins decomprovação de tempo de serviço exercido em regime de economia familiar afigura-se necessária a apresentação de iníciode prova material, conforme exigido pelo § 3º do art. 55 da Lei nº 8.213/91. 2. O indício também pode ser considerado iníciode prova material, por configurar, juntamente com a presunção, modalidade de prova indireta, consistindo na prova que,resultante de um fato, convence a existência de outro fato, desde que mantenha nexo lógico e próximo com o fato a serprovado. 3. Neste sentido, no caso, ainda que esteja em nome do marido da autora, a escritura pública de compra e vendade propriedade rural datada em 04.10.89 serve como início de prova material. 4. O fato de um dos membros do grupofamiliar ser trabalhador urbano ou titular de benefício previdenciário urbano não descaracteriza, por si só, o regime deeconomia familiar em relação aos demais membros do grupo familiar. 5. Nesse contexto, o regime de economia familiarsomente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano for suficiente para a

Page 111: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou, noutros termos, se a renda auferida com aatividade rural não for indispensável à manutenção da família. 6. Caso em que, em conformidade com a jurisprudênciadesta Turma Nacional, examinando o conjunto probatório, o Juizado de origem considerou presente início de prova materialdo desempenho de atividade rural em regime de economia familiar desde 04.10.89, bem como que o trabalho rural eraindispensável à manutenção da família, cujos entendimentos devem prevalecer sobre os entendimentos do acórdãorecorrido. 7. Pedido de uniformização provido (TNU – PEDILEF 200770630002109 – Juíza Federal Jacqueline MichelsBilhalva - DJ 08/01/2010).PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. ALEGADA DESCARACTERIZAÇÃO DOTRABALHO RURAL EM REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR, DIANTE DA EXISTÊNCIA DE RENDA URBANA RECEBIDAPELO CÔNJUGE DA AUTORA. JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE FIRMADA NO MESMO SENTIDO DO ACÓRDÃORECORRIDO. QUESTÃO DE ORDEM N.º 13. IMPOSSIBILIDADE DE REEXAME DE PROVA. PEDIDO DEUNIFORMIZAÇÃO NÃO CONHECIDO. I - No acórdão recorrido firmou-se entendimento no sentido de que os vínculosurbanos do cônjuge não são hábeis a descaracterizar a qualidade de segurada especial da autora. II - Esta Corte temdecidido que o regime de economia familiar somente restará descaracterizado se a renda obtida com a atividade urbana oucom o benefício urbano for suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, ou,noutros termos, se a renda auferida com a atividade rural não for indispensável à manutenção da família. (...) (TNU -PEDILEF 200840007028291 – Juiz Federal Ivori Luis da Silva Scheffer - DJ 08/01/2010).Em síntese, no caso dos autos, o INSS não demonstrou as hipóteses mencionadas. Ao contrário, é possível concluir dianteda prova material, que foi corroborada por prova testemunhal, que a atividade urbana em questão era apenascomplementar, de modo que o casal sempre se manteve através do trabalho rural, em regime de economia familiar.Portanto, verifico a existência de início de prova material contemporânea e idônea acerca do trabalho rural da partedemandante, em regime de economia familiar. E, como dispõe o art.55, §3º, da Lei 8.213/91, a comprovação de tal laborpode ser corroborada pela prova testemunhal. Assim, cotejando as provas documentais apresentadas com a testemunhal,resta comprovado o exercício de atividade rurícola, em regime de economia familiar, realizado pela parte autora, quanto aotempo de atividade, cumprindo assim a carência necessária para obtenção do benefício”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

67 - 0000207-18.2009.4.02.5003/01 (2009.50.03.000207-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x VALDIRA VIEIRA DO ROSARIO (ADVOGADO:PAULO WAGNER GABRIEL AZEVEDO.).Processo nº 2009.50.03.000207-1/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : VALDIRA VIEIRA DO ROSARIORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS -SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que não háinício de prova material em nome da demandante. Alega, ademais, que o marido da recorrida trabalhou em atividadesurbanas por longo período, circunstância que denota incompatibilidade com o regime de economia familiar. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 94-96.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

Page 112: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2001, assim, a carência a serconsiderada é de 120 meses ou 10 anos, a teor do artigo 142 da Lei 8.213/91.No presente caso, é de se notar que há nos autos início de prova material que comprova efetivamente a qualidade desegurado especial da parte autora, na condição de pescadora.Realizada audiência, infere-se de seu depoimento, que a autora está com 64 anos e mora em Conceição da Barra há 35anos. É casada com Domingos Antônio do Rosário, o qual é aposentado pela prefeitura, já que ele trabalhou no hospitallocal, ajudando os enfermeiros. Seus proventos são de um salário mínimo. A autora trabalha catando caranguejo epescando siri e peixe de linha, sendo que nunca teve outra atividade. Seu marido também pescava de manhã, já que seutrabalho no hospital era apenas durante a tarde.

A testemunha Uylton dos Santos conhece a autora há uns 30 anos, já que ambos moram em Conceição da Barra. Pontuouque o marido da autora, mesmo trabalhando no hospital, trabalhava paralelamente na pesca. Disse que a autora nuncatrabalhou com outra atividade e que já comprou caranguejo na mão dela.Já a testemunha Ivanete Serra conhece a autora há uns 32 anos. Confirmou que ela trabalhava na atividade de pesca emágua doce, e que seu marido juntou tempo de serviço urbano e de pesca para se aposentar. Também disse que ela nuncatrabalhou com outra atividade e que já comprou caranguejo na mão dela.Constato que há forte conjunto probatório em nome do marido quanto à atividade de pesca. Embora este não pudesse serqualificado como segurado especial, à guisa de pescador artesanal, em razão da preponderância do vínculo formal urbano,pelo qual, inclusive, aposentou-se, o fato é que nada o impedia de, concomitantemente ao trabalho no hospital, trabalhartambém com a atividade pesqueira, como todas as testemunhas disseram. Na verdade, a documentação constante nosautos, aliada à robusta e harmoniosa prova testemunhal, deixa claro não haver dúvidas de que seu marido trabalhou muitosanos na atividade de pesca. Tal documentação, ao contrário do que argumenta o INSS, pode ser aproveitada em benefícioda autora, com esteio nas informações colhidas em audiência.Dessa forma, tenho que a prova produzida em audiência foi satisfatória. O contexto probatório é favorável, havendosuficiente início de prova material.Portanto, verifico a existência de início de prova material contemporânea e idônea acerca da atividade pesqueira da partedemandante. E, como dispõe o art.55, §3º, da Lei 8.213/91, a comprovação de tal labor pode ser corroborada pela provatestemunhal.Nesse passo, torna-se necessário ressaltar que o depoimento pessoal da parte autora e da testemunha, colhidos emaudiência, mostraram-se coerentes e harmônicos entre si.Assim, cotejando as provas documentais apresentadas com a testemunhal, resta comprovado o exercício de atividadepesqueira, realizado pela parte autora, quanto ao tempo de atividade, cumprindo assim a carência necessária paraobtenção do benefício.Dessa forma, julgo PROCEDENTE o pedido inicial, ao tempo em que determino que o INSS implante imediatamente emfavor da parte autora o benefício APOSENTADORIA RURAL POR IDADE (segurado especial), no valor de 1 (um) saláriomínimo, com DIB em 16.07.2009 e DIP em 01.02.2011”.

Em acréscimo, quadra registrar que documentos em nome de terceiros integrantes do grupo familiar são aptos a formarinício de prova material, em virtude das próprias condições em que se dá o desempenho do regime de economia familiar(Precedentes: PEDIDO 200971950005091, JUÍZA FEDERAL SIMONE LEMOS FERNANDES, DOU 28/10/2011 e PEDIDO200772950014255, JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, DJ 15/03/2010).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

68 - 0000745-49.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000745-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS

Page 113: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x ONIVERSINA DE SOUZA (ADVOGADO: EDSON ROBERTOSIQUEIRA JUNIOR.).Processo nº. 2009.50.51.000745-3/01 – Juízo de origem: 1ª VF CACHOEIRORecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : ONIVERSINA DE SOUZARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedentede concessão de aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a recorrida nãoapresentou início de prova material em nome próprio, incorrendo em equívoco a sentença que considerou, para esse fim,documentos em nome de seu pai. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente opedido deduzido na Inicial. Eventualmente, requer a fixação da data de início do benefício (DIB) na data da audiência. Nãoforam apresentadas contrarrazões.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Como início de prova material idôneo, verifico que o(a) demandante apresentou: formal de partilha, de 1995, onde a autorafigura como herdeira de parte do imóvel rural registrado em nome do seu falecido pai; documentos anteriores a 1995, doINCRA e ITR, em nome do falecido pai, com a qualificação como “trabalhador rural”.Em audiência, a parte autora disse, em síntese: que é solteira, nunca teve filhos nem união estável; que mora na localidadede Santa Clara, em Irupi; que sempre morou nas terras onde nasceu; que nunca saiu de lá; que a propriedade tem poucomais de 5 alqueires; que a terra foi dividida e a autora ficou com “26 litros”; que seu pai faleceu em 1995; que a autoratrabalhava na roça com o seu pai; que na lavoura havia aproximadamente 6000 covas de café; que trabalhava nessalavoura com a mãe e os irmãos; que a terra era de seu pai, mas ele se separou e deixou a terra com a ex-mulher e filhos;que em sua parte atualmente cultiva apenas uns 500 pés de café, colhendo 5 sacos; que mora na casa que aparece nasfotos do processo, juntamente com um irmão; que trabalha com a ajuda de irmãos e cunhados; que antes sua mãe moravatambém na mencionada casa, mas ele morreu 2 meses antes da audiência; que nunca tiveram empregados nem meeiros.Sua testemunha, Carlindo, em síntese, disse: que conhece a autora desde criança, sendo seu vizinho de terra; que elanunca saiu dali, da terra dos pais; que a propriedade deve ter entre 3,5 e 4 alqueires; que a terra foi dividida, ficando apenasuns “20 litros” para a autora; que ela mora em uma casa com um irmão solteiro; que ela morava com a mãe até uns mesesatrás; que tem 5 irmãos, sendo que 3 deles ainda moram e trabalham lá na propriedade; que o trabalho somente eraexercido pela família e que nunca tiveram meeiros, nem empregados; que a lavoura atual tem cerca de 500 pés de café,mas antigamente a lavoura era bem maior.Realizada inspeção judicial na demandante, pude constatar que ela possuía aparência e linguajar característicos detrabalhadora rural, possuindo calos nas mãos, tendo, ainda, demonstrando conhecimentos específicos sobre o cultivo.Os depoimentos colhidos em audiência demonstraram coerência e foram espontâneos, trazendo forte convicção a estemagistrado acerca do trabalho rural exercido em regime de economia familiar pela autora, ao longo de toda sua vida,juntamente com seus pais e irmãos.Vale destacar que a autora nunca se casou, nem teve filhos, vivendo sempre ao lado dos pais e, posteriormente, ao lado desua mãe idosa, cuidando desta. Por essa razão, portanto, é compreensível a escassez de documentos em nome próprio aqualificando como trabalhadora rural. Trata-se de uma mulher da roça, de pouca ou nenhuma educação formal e que, nodizer popular, ficou “solteirona”. E essa situação, muito comum em grandes famílias rurais, não pode ser ignorada. Por essarazão, em tal hipótese, os documentos em nome dos genitores devem aproveitar à demandante.Ora, os depoimentos em audiência foram firmes nesse sentido e, juntamente com as provas documentais e fotográficasproduzidas, além da inspeção judicial favorável, demonstram cabalmente o trabalho rural desempenhando pelademandante ao longo dos anos, em regime de economia familiar”.

Em acréscimo, quadra registrar que documentos em nome de terceiros integrantes do grupo familiar são aptos a formarinício de prova material, em virtude das próprias condições em que se dá o desempenho do regime de economia familiar(Precedentes: PEDIDO 200971950005091, JUÍZA FEDERAL SIMONE LEMOS FERNANDES, DOU 28/10/2011 e PEDIDO200772950014255, JUIZ FEDERAL OTÁVIO HENRIQUE MARTINS PORT, DJ 15/03/2010).

Page 114: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. DIB mantida.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

69 - 0000082-63.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000082-2/01) CREMILDA ALENCAR DA SILVA (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRE COUTINHO DAFONSECA FERNANDES GOMES.).Processo nº 2010.50.52.000082-2/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente : CREMILDA ALENCAR SILVARecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE - REQUISITOS LEGAIS AUSENTES -SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que no anoem que completou 55 (cinqüenta e cinco) anos de idade ultrapassava 114 (cento e quatorze) meses de trabalho rural. Alegaque, ainda que assim não fosse, ao completar 60 (sessenta) anos de idade, detinha mais de 144 meses de carência, naforma do §3º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seprocedente o pedido deduzido na inicial. Não foram apresentadas contrarrazões.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na hipótese dos autos, temos que a parte autora completou o requisito de idade em 2000, assim, a carência a serconsiderada é de 114 meses ou 09 anos e 06 meses, a teor do artigo 142 da Lei8.213/91.No presente caso, não se visualiza a comprovação da qualidade de segurado especial em regime de economia familiar.Primeiramente, verifico que consta no CNIS da autora (fl. 22), diversos vínculos urbanos intercalados com os trabalhosrurais: Terra Brasil 1991 a 1992; Semprel – 1993 a 1995; Prefeitura São Mateus – 1996; Hotelaria – 2001; Agrícola ValeVerde 2003 a 2008.Realizada audiência, conforme se depreende de seu depoimento, a autora, de 65 anos de idade, mora em Vila Nova,distrito de São Mateus, zona urbana, há mais de 40 anos. Está separada de seu marido há mais de vinte anos, tendoentabulado união estável há quase esse mesmo tempo com Joel José dos Reis, de 57 anos de idade. Confirmou todos osvínculos urbanos e rurais constantes em sua CTPS. Disse que trabalhou na prefeitura, fazendo limpeza no colégio, mas nãochegava a receber um salário mínimo, sendo que nos finais de semana fazia serviço rural na Vaversa e na Fazenda ÁguaLimpa, no sistema de diária. Também trabalhou em Shopping Limpe, em serviço de limpeza. Ficou quatro meses comoajudante de cozinha em outra empresa, apesar de constar apenas um mês anotado na CTPS. Por fim, trabalhou oito mesescomo auxiliar de serviços gerais. Informou que seu companheiro trabalha exclusivamente como vigia desde 2005, masantes dividia seu tempo também como trabalhador rural.A testemunha Maria da Conceição Souza, que conhece a autora desde 1992, quando passou a ser vizinha, disse que aconheceu trabalhando na Vaversa (catando macadâmia). Depois, a autora foi trabalhar na empresa Shopping Limpe,fazendo serviço de limpeza durante a semana. Nos finais de semana, ela se dedicava aos serviços domésticos. Emseguida, ela foi trabalhar na Semprel, envolvida em atividade de eucalipto, e também na Atta Capiguara, na mesma

Page 115: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

atividade. Não soube dizer o que ela faz atualmente. Explicou que o companheiro trabalha como vigilante noturno, atividadeà qual sempre se dedicou (desde 1992), não sabendo dizer se ele trabalha com outra atividade durante o dia.A testemunha Izabel dos Santos de Jesus, por sua vez, disse que conhece a autora há uns 20 anos. A testemunha, emgeral, não foi muito proveitosa, porque pouco se recordava dos assuntos que lhe foram perguntados. De toda forma,asseverou que a autora há muito tempo está apenas no trabalho doméstico em sua casa.Assim, infere-se da documentação dos autos e das informações colhidas em audiência, que a autora teve vários períodosde atividade urbana, sem concomitância com trabalho rural, mas com intercalação. Seu companheiro, por sua vez, semprese dedicou, preponderantemente à atividade urbana, como vigilante. Extrai-se do CNIS que a autora estava vinculada àPrevidência antes de 24 de julho de 1991, de forma a se lhe aplicar a tabela de carência prevista no art. 142 da Lei n.º8.213/91.Como já dito anteriormente, a carência a ser observada no caso concreto, e sob o ponto de vista da atividade rural, é de 9,5anos, já que a autora é nascida é 1945, tendo completado 55 anos de idade em 2000. Ocorre que o tempo de serviço deatividade rural retratado na CTPS e no CNIS é insuficiente para preencher a carência exigida para o benefício. Sob outroprisma, o art. 48, § 3º, permite aos trabalhadores rurais o cômputo de períodos sob outra categoria de segurado,aumentando o requisito etário em 5 anos. A carência, assim, seria de 12 anos (60 anos em 2005). Contudo, os períodos deatividades urbanas somados aos de atividades rurais também não resultam no tempo mínimo de carência exigido para obenefício.Desta forma, concluo pela improcedência do pleito autoral.Por todo o exposto, julgo IMPROCEDENTE com resolução de mérito o pedido inicial, de acordo com o art. 269, I do CPC”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

70 - 0000173-50.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000173-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Paulo Henrique Vaz Fidalgo.) x DALVA DOS SANTOS DIAS (ADVOGADO: MAYZA CARLA KRAUSE.).Processo nº 2010.50.54.000173-0/01 – Juízo de Origem:1ª VF ColatinaRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : DALVA DOS SANTOS DIASRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE – REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS- RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente, que a recorridanão comprovou atividade rural pelo período imediatamente anterior ao requerimento administrativo, porquanto, ementrevista rural, esta afirmou ter ajudado o marido na lavoura até 1998, passando, a partir desta data, a realizar afazeresdomésticos. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido nainicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 129-133.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus próprios

Page 116: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

fundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A título de início de prova material, a parte demandante colacionou aos autos os seguintes documentos: a) contrato deparceria agrícola, no qual figura como parceira outorgada (fl. 15); b) certidão de casamento, no qual consta que seu maridoexercia a profissão de lavrador (fl. 26). Reputo essa documentação como suficiente início de prova material do direitoalegado. A existência da prova documental, entretanto, é insuficiente para gerar a concessão da aposentadoria, sendoimprescindível a complementação pela prova testemunhal. De acordo com os testemunhos colhidos em audiência, a autoraé trabalhadora rural, exercendo a atividade em regime de economia familiar com o seu marido. As testemunhas ouvidas,afirmaram que conhecem a autora há, aproximadamente, 25 (vinte e cinco) anos e que ela cuida de uma horta, além deajudar seu marido diretamente na lavoura, todos os dias. Em depoimento pessoal, a autora afirmou que cuida de seusafazeres domésticos, da horta e, depois de findos tais trabalhos, segue para a lavoura para ajudar seu marido. Afirmoutambém que costuma fazer queijos para a venda, o que foi confirmado pelas testemunhas. A prova colhida em audiência ésuficiente para convencer o juízo de que a autora, de fato, exerce o trabalho rural em regime de economia familiar, tirandode lá o seu sustento. Impõe-se, portanto, o reconhecimento de que os requisitos para a concessão do benefício pleiteadoforam preenchidos.Considerando que a parte demandante é pessoa de situação financeira precária e tendo em vista aconsistência do conjunto probatório apresentado nos autos, tornando verossímeis as alegações trazidas na petição inicial,REVOGO a decisão de fl. 97 e CONCEDO ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, determinando o pagamentoimediato do benefício da aposentadoria por idade, no valor de 01 (um) salário mínimo. ISTO POSTO, com fulcro no art. 11,inc. VII, c/c art. 48, § 1º, ambos da Lei nº 8.213/91, JULGO PROCEDENTE o pedido de concessão da aposentadoria poridade, no valor de 01 (um) salário mínimo. Fixo a data do início do benefício dia 13/10/2008, data do requerimentoadministrativo (fl. 11), e a do início do pagamento o dia 01/04/2011”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTUTA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

71 - 0000209-38.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000209-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x JULIETA HELENA SOSSAI NICOLI (ADVOGADO: ARMANDOVEIGA.).Processo nº. 0000209-38.2009.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRecorrido : JULIETA HELENA SOSSAI NICOLIRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- REQUISITOS LEGAISPREENCHIDOS - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridanão comprovou o exercício de atividade rural no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo, por terdeixado de exercer atividade rural há cerca de 25 (vinte e cinco) anos. Alega que inexiste início de prova materialcontemporâneo aos fatos alegados. Aduz, ainda, que a recorrida completou 55 anos antes da Lei Complementar nº11/1975, a qual somente concedia amparo previdenciário ao arrimo de família. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazões encontram-se nas fls. 129-131.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos, se homem, e 55, se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Page 117: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 10/07/1933 (fl. 11), estando atualmente com 77 (setenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 08/10/2008 (fl. 101), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:a) Certidão de casamento, realizado em 1952, constando a profissão do marido da autora como lavrador(fl.13);b) Ficha de matrícula escolar da filha, constando a profissão do marido da autora como lavrador (fl.39); c) Certidão doINCRA de que se encontra cadastrado, junto ao Sistema Nacional de Cadastro Rural (SNRC), do Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária – INCRA, imóvel rural com área de 52,3 há, no Município de Castelo/ES, em nome deTranqüilo Nicoli (marido da autora), no período de 1979 a 2008 (fl.42);Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.Em seu depoimento pessoal, a parte autora relata ser viúva há 29 anos e depois de ficar viúva trabalhou somente por mais4 anos, vindo morar na rua, com as filhas. Diz que sempre trabalhou na roça enquanto o marido era vivo, recebe pensãopor morte do marido de 1 salário mínimo e mora com a filha há mais de 20 anos. Que nunca fez registro no INSS.A testemunha ouvida, Sra. Deusa Furlam, disse conhecer D. Julieta há mais de 20 anos, quando ainda não era viúva emorava na propriedade localizada em São Manoel, que a propriedade tinha cerca de 2 alqueires. Relatou que a autora veiomorar com a filha tem uns 20 anos, que até então a autora sempre trabalhou na roça. O sobrinho da autora toca apropriedade.Antes do advento da lei 8.213/91 o regime de´´previdência social rural `` era regulada pela Lei Complementar 11/1971. Pormeio da referida lei foi estipulado que só faria jus a aposentadoria rural o componente da unidade familiar consideradochefe ou arrimo de família. Trata-se de lei discriminatória que não se coaduna com a vigente ordem jurídica constitucional,que preconiza a igualdade entre homens e mulheres. A previdência social tem um caráter social, não merendo prosperardiante de um conflito de normas a menos favorável ao cidadão. Cabe no caso em tela a aplicação da lei nova, posto ser amais favorável. Aos rurícolas que implementaram as condições para se aposentarem antes da lei 8213/91 devem serconcedidas a aposentadoria com base na lei nova, visto que exigir contribuições posteriores a 1991 violaria inúmerosprincípios da Constituição Federal, tais como o da dignidade da pessoa humana, solidariedade social e igualdade entrehomens e mulheres. Esse é o posicionamento do Dr. José Eduardo do Nascimento, Juiz Federal da Turma Recursal, emvoto no Processo 2007.50.50.009548-8/01, com o qual concordo. Nesse sentido: (TRF – 3ª. Região, AC – APELAÇAOCÍVEL – 927601, Relator (a) JUÍZA MARISA SANTOS, Órgão julgador: NONA TURMA, Fonte DJU DATA: 09/12/2004PÁGINA: 457).No caso em tela, a parte autora laborou em atividade rurícola, em regime de economia familiar até completar 52 anos deidade, somente alcançando o requisito etário para concessão da aposentadoria rural após deixar a atividade rural.O STJ ao analisar a Petição 7.476 – PR (2009/0171150-5) firmou entendimento acerca de situação semelhante a da parteautora. Afora o fato do voto do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho restar vencido, entendo ser este o posicionamento maisadequado ao caso concreto.Cabe aqui citar trechos do voto do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho:``Além disso, se a aposentadoria rural por idade seria concedida independente do pagamento de contribuições, com maiorrazão deve-se garantir também a concessão do benefício ao segurado que recolheu contribuições previdenciárias para aSeguridade Social como trabalhador urbano após o afastamento da lide rural, sem, no entanto, cumprir a carência para aconcessão da aposentadoria urbana, uma vez que essa situação não acarreta qualquer prejuízo ao equilíbrio atuarial dosistema previdenciário e, pelo contrário, até o favorece.```` Acerca dessa questão, creio não ser razoável que se negue ao trabalhador o direito ao recebimento da aposentadoriarural quando comprovado o trabalho na agricultura pelo período de carência, ainda que o implemento da idade limite tenhaocorrido após o afastamento da atividade rural, no caso em que ainda mantenha o vínculo com o sistema previdenciário,seja por se encontrar no período de graça, seja porque tenha passado a contribuir para o Regime Geral da PrevidênciaSocial em razão do exercício da atividade urbana``No mesmo voto o ministro cita o ilustre Professor JOSÉ ANTÔNIO SAVARIS, que assim se manifesta acerca do tema:``Assim, se o tempo de exercício de atividade rural que faltava para o ex-trabalhador rural se aposentar por idade épreenchido por contribuições efetivamente recolhidas para a seguridade especial, é devida a prestação previdenciária, nãoadvindo daí qualquer prejuízo ao sistema, sob uma perspectiva financeira ou atuarial, já que o benefício seria concedido, arigor, independente de contribuições ( Benefícios Programáveis do Regime Geral da Previdência Social – Aposentadoria portempo de contribuição e aposentadoria por idade. Curso de Especialização em Direito Previdenciário, Curitiba, JuruáEditora, 2007, p.189).``Esse é o entendimento que adoto para a solução do caso em análise.Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que autora laborou efetivamente na zona rural,comprovando assim sua condição de segurada especial. Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado,ante o pleno convencimento da condição de trabalhadora rural ostentada pela autora”.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

Page 118: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

72 - 0001788-21.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001788-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x MANOEL BONFIM RODRIGUES (ADVOGADO: SERGIO DELIMA FREITAS JUNIOR.).Processo n.º 0001788-21.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : MANOEL BONFIM RODRIGUESRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado com pedido de efeito suspensivo interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão desentença que julgou parcialmente procedente a pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razõesrecursais, sustenta o recorrente que os documentos apresentados pelo recorrido não são aptos a comprovar o exercício deatividade rural. Alega que o contrato de parceria de fls. 120-121, não é contemporâneo, pelo que não deve ser consideradocomo prova do exercício de atividade rural. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-seimprocedente o pedido deduzido na inicial. Requer, de par com isso, a atribuição de efeito suspensivo à antecipação dosefeitos da tutela. As contrarrazões encontram-se nas fls. 140-147.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 13/03/1944 (fl. 21), estando atualmente com 67 (sessenta e sete) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 19/12/2003 (fl. 45), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício, além de não haver implementado a idade mínima na data de entrada do requerimento.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Certidão de casamento, realizado em 1966 constando a profissão do autor como lavrador (fl. 22);b) Registros de Empregados da Usina Santa Maria constando a ocupação do autor como “Trabalhador serviços gerais” ou“Trabalhador Braçal” durante o período da safra, nos anos de 1964 a 1972 (fls. 25/32) e como “Trab. Rural Tarefeiro” noperíodo de 72 a 79 (fl. 33);c) Carteiras de filiação do autor ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jesus, com data de 26/11/1973 (fl. 34) e aoutra em 23/10/2002 (fl. 35).

Além disso, o início de prova material acima especificada foi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirmou que sempre foi lavrador e que seu pai era colono na fazenda São

Page 119: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Pedro, próxima a Apiacá. Afirmou ter trabalhado na Usina Santa Maria cortando cana e no armazém, sendo que sua CTPSdessa época perdeu muitas folhas por ter tomado chuva. O último vínculo do autor na referida Usina foi em 1978. Apósessa data o autor foi para Cabo Frio, para capinar laranja da terra, trabalhando como bóia-fria, por cerca de um ano.Retornou, então, para o ES, onde trabalhava como diarista. Trabalhou na fazenda São Pedro por muito tempo, sem saberprecisar datas, sem contrato, anotado na CTPS nos anos de 1967 e 1987. Afirmou que chegou a trabalhar em umaAgropecuária e que há uns 5 ou 6 meses se tornou colono de uma senhora em São José do Calçado.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Joaquim Geraldo Teixeira Meezy, declarou que conhece o autor há 16 anos, dalocalidade de Goiabal, onde o depoente possui uma chácara. Afirmou que o autor sempre trabalhou na roça, mas não serecorda do mesmo trabalhando como colono, com contrato, mas que sempre trabalhou como diarista para proprietáriosvariados. Quando o conheceu, o autor já estava com a atual companheira. Afirmou que o autor possui 3 (três) filhos quemoram com o mesmo e outros filhos que moram fora. Informou que o autor trabalhou para o Sr. Antonio Valim, para o Sr.Sebastião Moraes, e para outros proprietários, sempre como diarista, sempre fazendo serviços rurais. Afirmou que o autorsempre trabalhou para vários proprietários, sem patrão fixo, nas redondezas de Goiabal. Mais recentemente o autortrabalhou para o Sr. José Luís Monteiro, e em outros lugares, na forma de diarista. Afirmou que não se recorda de o autorter se afastado do serviço da roça e que a esposa do autor não trabalha.

A segunda testemunha ouvida, Sr. Antonio Valim de Rezende, declarou que conhece o autor há cerca de 20 anos. Odepoente possui propriedade na localidade de Goiabal e o autor trabalhou inúmeras vezes para o depoente, sempre comodiarista. Afirmou que o autor capinava, roçava pasto e colhia café. Informou que o autor ainda trabalha e que o autorsempre trabalhou a dia, e sempre trabalhou somente na roça. Afirmou que o autor mora de aluguel e sempre morou naregião de Goiabal.

Assim, não encontro óbice à concessão do benefício pleiteado, ante o pleno convencimento da condição de trabalhadorrural ostentada pelo autor. Entretanto, necessário reconhecer que a denegação do benefício na esfera administrativa foilegítima, uma vez que, na data do requerimento administrativo (19/12/2003 – fl. 45) o autor não possuía a idade mínimapara percepção do benefício requerido. Portanto, fixo a DIB na data da citação do INSS em 25/09/2009 (fl.74-v).

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade rural, nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Por fim, impõe-se um remate: a exigência de início de prova contemporâneo à época dos fatos a provar, estampada noverbete nº 34 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, deve ser interpretada cum grano salis, pena de negar-se aotrabalhador rural os meios de exercer sua cidadania, sobretudo quando o conjunto probatório, à toda evidência, chancela oexercício de atividade rural pelo tempo necessário ao adimplemento da carência legal, como na hipótese vertente.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. Pedido de atribuição de efeito suspensivo indeferido.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

73 - 0000108-35.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000108-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x RITA VENTURIM GOLTARA (ADVOGADO: ELINARAFERNANDES SOARES.).Processo n.º 0000108-35.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : RITA VENTURIM GOLTARARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

Page 120: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que a recorridanão preencheu os requisitos para o deferimento da antecipação dos efeitos da tutela, devendo ser atribuído ao recursoefeito suspensivo. Alega que os documentos apresentados pela não são aptos a comprovar o exercício de atividade rural.Aduz, ainda, que a recorrida já teve estabelecimento comercial, que o seu marido é motorista e que ambos residem emcasa alugada na cidade, fatos que denotam incompatibilidade com o regime de economia familiar. Por fim, argumenta que apropriedade é de grande extensão, indicando que a exploração não é feita somente pela família da recorrida. Dessa forma,requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 91-94.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 11/12/1949 (fl. 09), estando atualmente com 61 (sessenta e um) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 08/10/2007 (fl. 11), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício (fl. 59).

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) Escritura Pública de compra e venda de propriedade rural, lavrada em 1977, constando a profissão do marido da autoracomo lavrador (fls.14/16);b) Documentos relativos à propriedade rural, em nome do marido da autora (fls.17/18, 21/23 e 32/40);c) Fichas de matrícula dos filhos, em escola localizada na zona rural, onde consta a profissão da autora como lavradora(fls.19/20);d) Certidão de nascimento de filho, nascido em 16/04/1993, constando a profissão do marido da autora como agricultor(fl.24);e) Notas fiscais de produtor para venda de produtos agrícolas, em nome do esposo da autora (fls.27/31);

Além disso, o início de prova material acima especificada, oi corroborado pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas foram coerentes e coesos com as alegações da parte Autora.

Em seu depoimento pessoal, a parte Autora afirma que desde jovem trabalha na roça, na propriedade de seu pai, plantandoarroz. Casou-se com 27 anos. O marido foi para Muniz Freire trabalhar na propriedade de seu pai, até a presente data. Opai da autora faleceu e ela permanece na propriedade, onde planta café e eucalipto, numa área de aproximadamente 15alqueires. Relata que possui criação de aproximadamente 15 galinhas e que possui um meeiro na sua propriedade. Declaraque ia para a roça trabalhar, mas que, em virtude de problemas de saúde, não trabalha há cerca de 05 anos na lavoura.Além disso, apresentou notas de produtos cultivados na área. Afirma nunca ter trabalhado na cidade, mas contribuiu, naqualidade de contribuinte individual. Possuiu uma “vendinha” durante 02 anos.

A primeira testemunha ouvida, Sr. Aredino Dias de Assis, declarou que conhece a autora, que esta sempre trabalhou naroça e que está parada há 05 anos. Relata que na propriedade da autora não tem cana de açúcar, mas cultivam milho,feijão, tomate e eucalipto. Afirma que ela possui um meeiro. Declara que a autora possui cinco filhos e que trabalhavamesmo quando as crianças eram pequenas. Afirma que eles já possuíram um caminhão, e que não possuem casa nacidade. Relata que ela e a família não moram na propriedade, mas em casa alugada na cidade, cerca de 20 km de distânciada propriedade. O marido trabalha na propriedade. Estão morando na cidade há cinco anos (desde quando se iniciaram osproblemas de saúde da autora). Declarou, ainda, que ela já possuiu uma “vendinha”, onde vendia “um socorro” pravizinhança (pequenas coisas).

Page 121: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A segunda testemunha ouvida, Sr. João Martins de Araújo, declarou que conhece a autora há 32 anos, pois é seu vizinho.Relata que já viu a autora levar as crianças para a roça para trabalhar. Afirma que tiveram um pequeno comércio, que nãodurou nem 01 ano. Relata que possuem um colono.

Foi ouvido também o marido da autora, Sr. Vicente Goltara, como Informante, que declarou que trabalha na lavoura e que aautora sempre trabalhou com ele. Afirmou, ainda, que já possuiu um caminhão, que comprou para escoar a sua produçãode verdura sem precisar dos atravessadores, pagou umas 10 prestações do caminhão, mas teve que devolvê-lo porque nãoconseguiu pagar.

Em audiência, restou demonstrado que a autora exerceu atividade rural pelo período necessário ao preenchimento dacarência. Ademais, ainda que a partir de 2005 a autora tenha reduzido seu trabalho na roça, devido as suas condições desaúde, foi esclarecido que a mesma continuou fazendo trabalhos mais leves relacionados ao meio rural, não tendo sidodescaracterizada, portanto, à sua condição de segurada especial.

Ademais, o fato de eles já terem possuído um caminhão para escoar a produção não descaracteriza a condição desegurada especial da autora, já que o veículo era utilizado para auxiliar nas atividades rurais. Do mesmo modo, o pequenocomércio funcionou por menos de dois anos.

Conforme prova documental e testemunhal trazida aos autos, conclui-se que a autora efetivamente laborou em atividaderurícola em regime de economia familiar, pela carência necessária, comprovando assim sua condição de seguradaespecial. Assim, não encontro óbice à concessão do beneficio pleiteado, ante o pleno convencimento da condição detrabalhadora rural ostentada pela autora.

Da antecipação da tutela

Examinando os elementos reunidos nos autos, especialmente a prova testemunhal produzida, verifico que a parte autorareúne os requisitos para ser beneficiária da aposentadoria por idade (rural), nos termos da Lei 8.213/91. Em razão do juízode certeza ora manifestado, está presente o primeiro requisito para a concessão da antecipação dos efeitos da tutela, nostermos da 1ª parte do art. 273, do CPC.

O risco de dano de difícil reparação é imanente ao caráter alimentar das prestações previdenciárias. Para assegurar osustento da parte autora, é necessária a implementação imediata do pagamento das prestações vincendas. Quanto àsprestações vencidas, não há urgência no seu pagamento, porque as prestações vincendas serão suficientes para asatisfação das necessidades básicas e prementes do segurado.”

Em acréscimo, quadra registrar que a dimensão rural, para fins de enquadramento do segurado como empregado ouempregador rural, não afasta, por si só, a caracterização do regime de economia familiar, podendo tal condição serdemonstrada por outros meios de prova, independentemente se a propriedade em questão possui área igual ou superior aomódulo rural da respectiva região (STJ, AgEg no REsp 1042401/DF, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, 5ª Turma, DJE16.02.2009).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento. Pedido de atribuição de efeito suspensivo à antecipação dosefeitos da tutela indeferido.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

74 - 0002288-24.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002288-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x CLEONICE MARGARIDA DE MOURA (ADVOGADO: AleksandroHonrado Vieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo n.º 0002288-24.2008.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida : CLEONICE MARGARIDA DE MOURARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

Page 122: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- DATA DE INÍCIO DOBENEFÍCIO – PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE – SENTENÇA MANTIDA - RECURSO CONHECIDO E, NOMÉRITO, IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta o recorrente que somentecom a juntada, pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, dos documentos de fls. 155-214 foi possível verificar odireito da parte autora, razão pela qual a data de início do benefício (DIB) merece ser modificada. Dessa forma, requer sejaconhecido e provido o recurso, reformando-se a sentença somente no que diz respeito à DIB. As contrarrazõesencontram-se nas fls. 227-230.

Questiona a Autarquia Previdenciária a correção da sentença que fixou a DIB em 04.08.2008, data do requerimentoadministrativo (fl. 26).

�A questão parece ociosa à luz do “princípio da primazia da realidade” . Com efeito, o que importa na apreciação do pedidoautoral e, particularmente, na fixação da data de início do benefício, é a realidade fática do autor, sendo irrelevante, nessecontexto, aspectos formais que eventualmente a atestem.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa, que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

75 - 0000509-97.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000509-2/01) NATALICE PAULA RAMOS (ADVOGADO: ALFREDOERVATI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).Processo n.º 0000509-97.2009.4.02.5051/01 - Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente : NATALICE PAULA RAMOSRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- TRABALHO RURAL EMREGIME DE ECONOMIA FAMILIAR COMPROVADO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS – SENTENÇA MANTIDA -RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão da sentença que julgou improcedentea pretensão de concessão de aposentadoria rural por idade. Em suas razões recursais, sustenta a recorrente que há nosautos inúmeros documentos que comprovam o preenchimento do período de carência exigido. Aduz que o contrato deparceria agrícola firmado no ano de 1990 comprova o exercício de atividade rural até a data do falecimento do marido.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Ascontrarrazões encontram-se nas fls. 100-107.

Em se tratando de aposentadoria rural por idade, o ordenamento jurídico exige tão somente que o trabalhador ruralpreencha o requisito referente à idade (60 anos se homem e 55 se mulher), bem como comprove o exercício de atividaderural, ainda que descontínua, por tempo igual ao número de meses de contribuição correspondente à carência do benefíciopretendido (§ 2º do art. 48 da Lei nº 8.213/1991), carência esta que deverá obedecer à tabela consignada no art. 142 da Leinº 8.213/1991.

A perda da qualidade de segurado não impede a concessão da aposentadoria por idade, visto que o art. 102 da Lei nº8.213/1991 não exige a simultaneidade no implemento dos requisitos necessários ao deferimento do benefício.

Page 123: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“A parte autora nasceu em 26/12/1949 (fl. 09), estando atualmente com 61 (sessenta e um) anos de idade. Requereu obenefício de aposentadoria por idade em 18/02/2005 (fl. 12), tendo sido o mesmo indeferido sob a alegação de que não foicomprovado o exercício de atividade rural pela parte autora, pelo período necessário ao preenchimento da carência exigidaà concessão do benefício.

Para a comprovação da atividade rural em regime de economia familiar, a parte autora juntou aos autos os seguintesdocumentos:

a) contrato de parceria fl.14, firmado em 28/09/1990;b) carteira do sindicato rural de Atílio Vivacqua fl.17, com data de admissão em 17/04/2002;c) declaração de exercício de atividade rural fl.18, datado em 17/02/2005.

Além disso, o início de prova material acima especificada, não foi corroborada pela prova testemunhal colhida na audiência,conforme CD-R de áudio. Os depoimentos das testemunhas não foram coerentes e coesos com as alegações da parteAutora.

Em seu depoimento pessoal, a parte autora afirmou, em síntese, que é lavradora, trabalha na roça até hoje. Afirma que aroça onde trabalha fica a uns quinze minutos de sua casa. Relata que mora na propriedade do Sr. Sérgio Aquino, ondetrabalha há mais de dez anos. Conhece também o Sr. José Cristo, já trabalhou para ele também. Começou a trabalharquando tinha uns quinze anos. Foi trabalhar lá logo depois que se casou. Depois, saiu de lá. Depois que ficou viúva, não serecorda em que data, voltou a trabalhar para ele, ficou lá uns dois ou três anos. Fez um contrato. Trabalhou também paraRuimar, acha que foi por um ano, lá não mexia com lavoura. Na propriedade do Sr. Sérgio tem pasto também, mas osrapazes é que trabalham lá. Na propriedade do Sr. Sérgio tem umas quatro casas. Tem seis filhos, todos já são casados.Mora sozinha, próximo à casa de um filho, que também trabalha na propriedade do Sr. Sérgio. O marido ficou doente antesde falecer, estava recebendo renda mensal vitalícia. O marido trabalhava como padeiro, em Cachoeiro. Neste período, aAutora continuou morando e trabalhando na roça. Quando o marido ainda era vivo, também trabalhava com o Sr. JoséCristo. Ficou viúva quando tinha trinta anos. Nunca casou de novo. Seu marido era o Sr. Joércio.

A primeira testemunha ouvida a Srª. Luciene de Fátima Trentim, declarou que conhece a Autora há uns quinze/dezesseisanos, morando no Córrego do Braz. Não lembra quem era o dono da propriedade, inicialmente, não sabe também quem é oatual dono. Afirma que a Autora trabalha lá. Afirma que vê a Autora trabalhando como meeira, em lavoura de café. Declaraque a Autora vende o café que produz, mas não sabe para quem. Quando a Autora mudou para este lugar, ela já era viúva.Não conhece o Sr. José Cristo.

A segunda testemunha ouvida a Srª. Zilma Paulo Peccini, disse que: conhece a Autora há uns quinze/dezesseis anos,porque ela morava perto de onde a testemunha mora. Nesta época, ela trabalhava para um patrão, cujo nome não serecorda. Depois, a Autora se mudou para Moitão, há uns dez ou quinze anos, e foi trabalhar para o Sr. Sérgio Laquini. Ondea Autora mora hoje não é muito próximo à sua casa. Passa onde a Autora trabalha de vez em quando, para visitar osvizinhos, e nestas oportunidades presencia a Autora trabalhando. Quando conheceu a Autora, ela já era viúva, não chegoua conhecer o marido dela. Quando a Autora mudou para Córrego do Braz, a testemunha já morava neste local. Declara quenasceu e sempre viveu nesta propriedade. Não tem conhecimento de que a Autora já tenha trabalhado em outra atividade.

As testemunhas ouvidas em audiência afirmaram em seus depoimentos que desde quando conheceram a Autora ela já eraviúva, podendo relatar o trabalho rural desempenhado pela mesma, a partir de então. As testemunhas sequer conhecem oSr. José Cristo, patrão para quem a Autora alega ter trabalhado desde 1988.

Conforme demonstra a certidão de óbito de fl.52, o esposo da autora faleceu em 31/05/1997. Logo, a autora só conseguiucomprovar a sua atividade rural a partir desta data.

Portanto, na data do requerimento administrativo, em 18/02/2005, a autora só comprovou efetivamente o exercício demenos de oito anos de atividade rural. Assim, foi correta a decisão administrativa de indeferimento do benefício, uma vezque não restou comprovado o preenchimento da carência exigida para a aposentadoria rural.”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, considerando o deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita no presente julgado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado

Page 124: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Especial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa, que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

76 - 0002742-75.2006.4.02.5050/02 (2006.50.50.002742-9/02) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDREA M. SANTOSSANTANA.) x MANOEL LUIZ DA VITORIA x WANDERLEY FIRME GUEDES x WILMA MOREIRA VIAN x WILMAMARINHO DE ABREU x ZELY FREITAS TATAGIBA (ADVOGADO: GILDO RIBEIRO DA SILVA, ANA IZABEL VIANAGONSALVES.) x MARIA LUCIA MARINHO DE ABREU x WILKER MARINHO DE ABREU.Processo nº 2006.50.50.002742-9/02Recorrente : UNIÃORecorrido : MANOEL LUIZ DA VITÓRIA E OUTROS

VOTO

Trata-se de recurso decorrente de medida de urgência interposto pela UNIÃO em razão da decisão que acolheu ahabilitação dos sucessores da parte autora à fl. 290.

Nessa linha, sustentou o recorrente que, à luz do disposto no art. 51, inciso V, da Lei nº 9.099/1995, a extinção do processoé medida que se impõe, independentemente de prévia intimação das partes, ante o intempestivo requerimento dehabilitação dos sucessores da parte autora. Alegou, de par com isso, que, ainda que se admitisse a habilitação, não hácomo se afirmar serem os requerentes os únicos legitimados à sucessão, devendo ser observado o procedimento previstonos arts. 1055 a 1062 do Código de Processo Civil.

Assim, requereu a atribuição liminar de efeito suspensivo à decisão combatida; e mediatamente, a inadmissão dahabilitação dos requerentes Sra. Maria Lúcia Marinho de Abreu e Sr. Wilker Marinho de Abreu. Pugnou, ademais, peloafastamento da imposição de multa diária, ao argumento de que o cumprimento da obrigação de fazer não lhe compete.

Foi desacolhido o requerimento de atribuição de efeito suspensivo ao recurso, conforme decisão a fls. 108-109.

Não foram apresentadas contrarrazões.

É o relatório. Passo a votar.

Inicialmente, convém ressaltar a impropriedade do recurso eleito pela União para veicular a pretensão de inadmissão doprocedimento habilitatório.

Vejamos, nesse diapasão, o que dispõe o art. 59, caput, da Resolução nº 01/2007 do E. Tribunal Regional Federal da 2ªRegião:

Art. 59. Da decisão concessiva ou denegatória de medida de urgência, cautelar ou antecipação de tutela, caberá recursointerposto diretamente na Unidade de Distribuição das Turmas Recursais, podendo o juiz relator atribuir efeito suspensivo àdecisão, inclusive ativo, até o pronunciamento definitivo do Colegiado. (grifei)

Por outro lado, nos estritos moldes dos arts. 4º e 5º da Lei nº 10.259/2001, salvo nas hipóteses de deferimento de medidascautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação à parte, somente é cabível recurso de sentençadefinitiva.

Emerge claro da conjugação destes preceitos com o contexto fático delineado que a interposição do recurso vertente nãose afigura o meio adequado, no seu sentido técnico-jurídico, à satisfação do interesse processual da recorrente, porquantoo desacolhimento do pedido de fls. 283-285 não se subsume à tipologia legal, ou seja, não se trata de medida concessivaou denegatória de medida de urgência, cautelar ou antecipação de tutela.

Não obstante, considerando que não foi negado seguimento ao recurso na ocasião oportuna, a conatural aspiração dodireito à estabilidade, bem como a necessidade e utilidade do meio utilizado dentro da perspectiva sustentada pela União,não vislumbro, aqui, ensejo para inadmiti-lo sob esse argumento.

No mérito, entretanto, igual sorte não lhe assiste, porquanto o art. 51, inciso V, da Lei nº 9.099/1995 deve serexegeticamente compreendido e dimensionado tomando-se por gabarito máximo o princípio da dignidade da pessoahumana (Constituição da República, inciso III, do art. 1º). Em outras palavras, significa dizer que a forma, neste caso, nãodeve preponderar sobre o conteúdo da prestação jurisdicional vindicada, necessária à efetividade do reconhecido direito –seja em 1º grau seja nas demais instâncias recursais – à extensão aos inativos das regras relativas à Gratificação de

Page 125: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

desempenho de Atividade Técnico-Administrativa (GDATA).

Consigne-se, como bem lançado pelo magistrado (fl. 298), o adiantado estágio em que se encontra a lide – na iminência daexpedição de requisitório de pequeno valor (RPV) -, circunstância que recomenda cautela e prudência na aplicação dodispositivo acima epigrafado.

Ademais, a objetividade do elemento gramatical, neste específico contexto, deve ser suplantada por uma interpretação decunho histórico-teleológico, em que a finalidade da norma seja conectada à sua gênese, na perspectiva da novahermenêutica.

Não é ocioso renovar que ao determinar a forma dos atos realizados pelas partes, o legislador lhes impõe limitações, poisestabelece os requisitos a serem seguidos privando o ato de efeito se esse modelo não for seguido. Percebe-se que afinalidade da forma é promover a igualdade entre as partes, além de viabilizar a celeridade processual e assegurar odesenvolvimento do contraditório.

Assim, não se afigura lícito desacolher a pretensão ora veiculada por pressuposto formal, quando constatado que a parteatuou diligentemente no processo, sobrelevando registrar, a bem desse particular, que a intimação para providenciar ahabilitação dos sucessores somente ocorreu em 05.09.2008 (fl. 270/ verso), tolerando-se o elastério do prazo inicialmenteprevisto pela legislação (trinta dias), notadamente em razão do lapso temporal necessário à consecução das diligênciasinstrutórias do pedido de habilitação, nem sempre condizentes com a realidade da mecânica processual.

Quanto à segunda alegativa, qual seja, a de que deve ser observado o procedimento previsto nos arts. 1055 a 1062 doCódigo de Processo Civil, entendo que tal questão encontra-se superada pela decisão de fls. 299-300, cujo excerto cabetranscrever ipsis litteris:

“Deveras, a Lei nº 10.259/2001 e a Lei nº 9.099/95, aplicada subsidiariamente aos Juizados Especiais Federais, não trazema previsão da atuação do espólio em Juizados Especiais, mas não afastam a possibilidade de habilitação dos sucessoresno caso de falecimento da parte autora.No caso, o beneficiário do crédito exequendo é o autor da ação previdenciária, que veio a falecer, ocorrendo a habilitaçãodos seus sucessores. Estes devem ser considerados não individualmente, mas sim de forma una, sendo único obeneficiário do crédito, em que pese sucedido nos autos. Registre-se que o crédito não se desvincula de sua origem, a qualtem natureza previdenciária, com regramento próprio de pagamento, em face da devedora ser a Fazenda Pública, porcondenação judicial.Ou seja, com a morte do autor, não se opera a transformação do crédito em obrigação civil, onde os herdeiros fazem jus adeterminadas cotas partes, independentemente da origem do bem herdado. O crédito é uno e comporta o fracionamentosem que haja, todavia, violação ao disposto no regramento constitucional e legal, não podendo, assim, exceder valor limitepara expedição de RPV.Dessa forma, não se vislumbra violação ao dispositivo legal apontado pela recorrente.”

Por fim, nada a prover quanto ao pedido de afastamento da multa diária fixada pelo magistrado por eventualdescumprimento da obrigação de fazer (realização de cálculos), tratando-se de medida saneadora e em sintonia com oscritérios da simplicidade e da celeridade, conaturais aos Juizados Especiais Federais.

Ante o exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Descabe, na espécie, condenação em custas e honorários de advogado.

Dê-se ciência ao MM Juiz Federal de primeiro grau, encaminhando-lhe cópia do julgado.

É o voto.

E M E N T A

MEDIDA DE URGÊNCIA. DECISÃO DESACOLHEDORA DO PEDIDO DE INDEFERIMENTO DA HABILITAÇÃO ADREDECONCEDIDA. EXTEMPORANEIDADE DA HABILITAÇÃO. ADMISSIBILIDADE. FLEXIBILIDADE ADMITIDA ANTE AATUAÇÃO DILIGENTE DA PARTE INTERESSADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. DECISÃOMANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Page 126: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma do voto eementa que ficam fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

77 - 0002360-82.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.002360-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ABELIRDES MARIA DEGASPERI FOEGER (ADVOGADO: JULIARDIZIVIANI.).Processo nº 2006.50.50.002360-6/01– Juízo de origem: 1º JEFRecorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL-INSSRecorrido : ABELIRDES MARIA DEGASPERI FOEGER

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – ART. 29, § 5º DA LEI Nº 8.213/1991 –APLICABILIDADE RESTRITA AOS CASOS EM QUE O BENEFÍCIO DE AUXÍLIO-DOENÇA, DENTRO DO PERÍODOBÁSICO DE CÁLCULO DE FUTURO BENEFÍCIO, TENHA SIDO AUFERIDO DE FORMA INTERCALADA COMPERÍODOS DE ATIVIDADE NORMAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, em razão dasentença que julgou procedente o pedido de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de aposentadoriapor invalidez, nos moldes do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991. A recorrente discute a interpretação do citado artigo paraefeito de revisão da renda mensal inicial do benefício de aposentadoria por invalidez mediante contagem do tempo de gozode auxílio-doença (não-intercalado com períodos de atividade) como salário-de-contribuição. Não foram apresentadascontrarrazões.

2. Como sabemos, em sessão plenária realizada em 21.09.2011, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em recursosubmetido à sistemática da repercussão geral, que o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 é aplicável somente nos casos emque o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sido auferido de forma intercalada comperíodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que esteja em gozo de auxílio-doença nointerregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

3. Nesse diapasão, registre-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença comotempo de serviço apenas quando intercalado. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença que antecede aconversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também não gerasalários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

“CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012).

4. Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da Autarquia Previdenciáriano recálculo da RMI na forma do § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991, considerando o período de auxílio-doença recebido

Page 127: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, e seus consectários.

6. Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista disposto no art. 55 da Leinº. 9.099/1995.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele dar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

78 - 0000388-06.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000388-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x IDALINA FRANCISCA DA SILVA (ADVOGADO: URBANO LEALPEREIRA, JOSÉ DE OLIVEIRA GOMES, JOSÉ NASCIMENTO.).Processo nº 2010.50.51.000260-3/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : IDALINA FRANCISCA DA SILVARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO -APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- OMISSÃO – VÍCIOSANADO – RECURSO ACOLHIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em razão deacórdão que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão é omissa ao não pronunciar anecessidade de regramento dos juros de mora no período posterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº2.180-35/2001. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura dasargumentações do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão no julgado.Assiste razão ao embargante. A Turma Recursal desta Seção Judiciária editou o Enunciado nº 54 que assim dispõe “A Leinº 11.960/2009 tem aplicação imediata na parte em que modificou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, de forma que, a partir de30/06/2009, aplicam-se os índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de correção monetária e de juros de moranas condenações impostas à Fazenda Pública”. (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73)Essa orientação não se afasta dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, porquanto no julgamento do AI 842.063, em17.06.2011, foi reconhecida a existência de repercussão geral sobre a matéria e, no mérito, reafirmada a jurisprudênciadominante quanto à aplicabilidade imediata do art. 1º F da Lei 9.494/97- com alteração dada pela Medida Provisória2.180-35/2001 – em relação às ações ajuizadas antes de sua entrada em vigor. Tal disposição se aplica de idênticamaneira no caso de posterior alteração introduzida na mesma Lei 9.494/97 pela Lei 11.960/2009.De outro giro, nos termos do verbete nº 204 da Súmula do STJ, “os juros de mora nas ações relativas a benefíciosprevidenciários incidem a partir da citação válida”.Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e acolher os embargos de declaração, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

79 - 0001491-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001491-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x EDUILES GOMES SOARES.RECURSO DE SENTENÇA N.º 2009.50.50.001491-6/01RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: EDUILES GOMES SOARESRELATOR: JUIZ FEDERAL AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIOR

EMENTA

Page 128: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO/CONTRIBUIÇÃO – ANOTAÇÃONA CPTS – PRESUNÇÃO IURIS TANTUM NÃO ILIDIDA PELA PARTE CONTRÁRIA – JUROS DE MORA – TERMOINICIAL: CITAÇÃO VÁLIDA (SÚMULA 204 DO STJ) – ART. 1º-F DA LEI 9.494/97, COM REDAÇÃO CONFERIDA PELALEI 11.960/09 – APLICABILIDADE RECONHECIDA – RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO –SENTENÇA REFORMADA EM PARTE

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face da sentença de fls. 55/58, que julgouprocedente o pedido autoral de averbação de tempo de serviço desconsiderado pela autarquia previdenciária e, porconseqüência, autorizou a concessão do benefício de aposentadoria integral por tempo de contribuição. O recorrentesustenta, em suas razões, que inexiste prova material idônea para a comprovação do tempo averbado, ante a rasuraencontrada na CTPS e a ausência de confirmação de cadastro de conta vinculada do FGTS. Postula, ainda, a alteração dotermo inicial de incidência de juros de mora e a aplicação da nova taxa prevista no art. 1º-F da Lei 9.494/97 (com redaçãoconferida pela Lei 11.960/09) à condenação pecuniária porventura mantida. Sem contrarrazões.

É sedimentada a orientação no sentido de que a anotação de vínculo empregatício na Carteira de Trabalho e PrevidênciaSocial - CTPS goza de presunção juris tantum de veracidade, somente infirmável por prova robusta em sentido contrário.Desta feita, os registros lançados na documentação funcional do trabalhador fazem prova plena do tempo de serviço regulare contemporaneamente nela anotado, consoante art. 62, § 2º, I do Dec. 3.048/99.

Nesse sentido, confira-se a jurisprudência a seguir colacionada:

PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DO BENEFÍCIO. DESCONSIDERAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO COMPROVADOATRAVÉS DE ANOTAÇÕES DA CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL. PROCEDÊNCIA DO PEDIDO.PRESUNÇÃO DE VERACIDADE DOS REGISTROS CONSTANTES DA CTPS. ÔNUS DE O EMPREGADORCOMPROVAR O RECOLHIMENTO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. PRECEDENTES. DESPROVIMENTODA APELAÇÃO 1. Remessa necessária e apelação de sentença que julgou procedente o pedido de revisão do benefício, aoentendimento de que não é do trabalhador o ônus de provar a veracidade das anotações de sua CTPS e tampouco defiscalizar o recolhimento das contribuições previdenciárias quando estas competem ao empregador. 2. Incidência daorientação jurisprudencial desta Corte no sentido de que dentre os documentos expressamente admitidos pela legislaçãocomo aptos a comprovar a prestação da atividade laboral, incluem-se a Carteira profissional e Carteira de Trabalho (alínea'a', § 2º, art. 60, Dec. 2.172/94), cujas anotações gozam de presunção de veracidade juris tantum, e somente podem serdesconsiderados se houver inequívoca prova de que as informações ali registradas não são verdadeiras. 3. Apelação eremessa necessária conhecidas, mas desprovidas. (200750010131233 RJ 2007.50.01.013123-3, Relator: Juiz FederalConvocado MARCELLO FERREIRA DE SOUZA GRANADO, Data de Julgamento: 03/11/2010, PRIMEIRA TURMAESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::11/11/2010 - Página:158 – grifos nossos)

PROCESSO Nr: 0002327-24.2008.4.03.6302 AUTUADO EM 13/02/2008“(...) Ora, no que tange ao período trabalhado com registro na CTPS, tem-se que a anotação em carteira de trabalhoconstitui prova plena de exercício de atividade e, portanto, de tempo de serviço, para fins previdenciários, gozando depresunção juris tantum de veracidade, a qual, em nenhum momento, foi ilidida pelo INSS. Cabendo ressaltar que nostermos do Regulamento da Previdência Social, tais anotações são admitidas como prova de tempo de serviço (art. 62, §§ 1ºe 2º, do Decreto n. 3.048/99). Com efeito, a validade de tais anotações só poderia ser contestada diante de prova regular efundamentada, em sentido contrário, o que não ocorreu. Ao contrário, não se patenteou nenhuma irregularidade nasanotações, não se verificando qualquer rasura ou divergência nas datas constantes dos registros. Daí porque se tem comoválida a anotação constante na CTPS, de modo que reconheço os períodos de trabalho nela consignados. Aliás, CARLOSALBERTO PEREIRA DE CASTRO e JOÃO BATISTA LAZZARI, anotam que: As anotações na CTPS valem para todos osefeitos como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo trabalhado e salário de contribuição. Não édo trabalhador o ônus de provar a veracidade das anotações de sua CTPS, nem de fiscalizar o recolhimento dascontribuições previdenciárias, pois as anotações gozam de presunção juris tantum de veracidade, consoante Enunciado n.12 do TST (Manual de Direito Previdenciário, 4ª edição, LTR, 2003, pág. 579). Por outro lado, cumpre salientar quecompete ao empregador o recolhimento das contribuições previdenciárias, conforme dispõe o artigo 30, inciso I, alíneas "a"e "b", da Lei nº 8.212/91, enquanto ao segurado empregado somente cabe o ônus de comprovar o exercício da atividadelaborativa. (...) Isso posto, nego provimento ao recurso da parte ré e dou provimento ao recurso da parte autora, apenaspara fixar como termo inicial do pagamento do benefício a data do requerimento administrativo, mantendo, no mais, asentença recorrida por seus próprios fundamentos. Condeno o réu recorrente ao pagamento de honorários advocatíciosque fixo em 10 % (dez por cento) do valor da condenação, apurados até a data da sentença, limitados a 06 (seis) salários

�mínimos vigentes na data da execução. Sem condenação em custas, nos termos da lei. É o voto. III - ACÓRDÃO Vistos,relatados e discutidos estes autos eletrônicos, em que são partes as acima indicadas, decide a Terceira Turma Recursal doJuizado Especial Federal Cível da Terceira Região - Seção Judiciária de São Paulo, por unanimidade, negar provimento aorecurso da parte ré e dar provimento ao recurso da parte autora, nos termos do voto da Juíza Federal Relatora.Participaram do julgamento os(as) Excelentíssimos(as) Juízes(as) Federais: Rosa Maria Pedrassi de Souza, Vanessa Vieirade Mello e Anita Villani. São Paulo, 07 de julho de 2011 (data do julgamento)”. (Processo 00023272420084036302, JUIZ(A)FEDERAL ROSA MARIA PEDRASSI DE SOUZA, TRSP - 3ª Turma Recursal - SP, DJF3 DATA: 12/07/2011- grifos nossos)

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO RETIDO. NÃO CONHECIMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA.AVERBAÇÃO DE TEMPO DE SERVIÇO URBANO PRIVADO. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO. PROVA MATERIAL PLENA.

Page 129: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

POSSIBILIDADE. 1. Agravo retido não conhecido, ante a ausência de pedido de apreciação desse recurso na apelação(Art. 523, § 1º, do CPC). 2. Anotação de vínculo empregatício na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS goza depresunção juris tantum de veracidade e faz prova plena do tempo de serviço nela devida e contemporaneamente registrado,nos termos do art. 62, § 2º, I do Dec. 3.048/99. 3. Para a comprovação do tempo de serviço, o autor juntou aos autos, entreoutros, cópia da CTPS às fls. 87/98 em que registrado contemporaneamente o vínculo com a CREDIREAL a partir de28/07/1988, restando ainda anotadas as alterações de salário, contribuições fundiárias, cadastro do PIS etc. Apesar de nãoconstar na p. 11 da CTPS data da saída, tal página remete às anotações da p. 52, na qual consta "Contrato de TrabalhoExtinto em 1º de agosto de 1990, quando passou para o Regime Estatutário do Estado de Minas Gerais, por força da Lei nº.10.254, de 20-07-1990". Devida, portanto, a averbação de tal período e expedição da respectiva certidão. 4. Corrobora,ainda, informações do CNIS constando o vínculo com a empresa MGS Minas Gerais Administração e Serviços S.A. noperíodo de 28/07/1988 a 31/07/1990, antiga CREDIREAL - Serviços Gerais e Construções S.A., conforme se depreende dacoincidência de CNPJ e se vê da informação de fl. 10. 5. Tratando-se de tempo de serviço em que o autor era empregado,a obrigação pelo recolhimento das contribuições recai sobre o empregador, sob fiscalização do INSS (art. 79, I, da Lei nº3.807/60 e atual art. 30, I, "a", da Lei nº 8.212/91), sendo que a observância do que dispõe o art. 96, IV, da Lei 8.213/91, nocaso, diz respeito à situação a ser resolvida pela Administração, com compensação de sistemas previdenciários, sobre oqual não possui qualquer ingerência o autor. Se não há obrigação a ser imputada ao empregado, não pode ser elepenalizado por eventual desídia dos responsáveis legais 6. Apelação e remessa oficial, tida por interposta, não providas.(AC 200901990256545, JUÍZA FEDERAL HIND GHASSAN KAYATH (CONV.), TRF1 - SEGUNDA TURMA, e-DJF1 DATA:04/08/2011 PAGINA:1770 – grifos nossos)

Fixadas essas premissas, verifica-se que, no caso sob apreço, os períodos questionados – 16.06.1971 a 30.04.1973 e02.05.1973 a 10.06.1974 – foram regularmente anotados na CTPS do autor, consoante se extrai da cópia anexada à fl. 12.

Nesse ponto, quadra ressaltar que a rasura mínima detectada no “dia” do registro de admissão do primeiro vínculo (dadosdo mês e do ano encontram-se inalterados) não constitui óbice à averbação pretendida, eis que o período de trabalho foisuficientemente corroborado pelo Perfil Profissiográfico Previdenciário anexado às fls. 17/19.

De igual modo, a ausência de depósitos em conta vinculada do FGTS não desnatura a potencialidade probatória dosregistros da CTPS, já que tais recolhimentos representam atribuição do empregador, a exemplo das contribuiçõesprevidenciárias, sendo descabido repassar o ônus desta inércia ao trabalhador.

Por todo o exposto, mantém-se a condenação da autarquia previdenciária à averbação do tempo de serviço/contribuiçãoanotado em CPTS, consoante bem lançado na sentença ora impugnada.

No tocante ao termo inicial de incidência dos juros de mora, com razão o INSS, porquanto, nos termos da Súmula 204 doSuperior Tribunal de Justiça, “os juros de mora nas ações relativas a benefícios previdenciários incidem a partir da citaçãoválida”. Recurso provido neste tópico.

Por derradeiro, merece provimento a pretensão recursal de aplicação da nova sistemática de atualização monetária e jurosde mora inserida no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97 com a edição da Lei n.º 11.960/2009, a partir de 30.06.2009. Com efeito, a

�despeito do entendimento pessoal deste magistrado, acompanho a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal e a�orientação majoritária delineada por este colegiado e consolidada no Enunciado n.º 54 da Turma Recursal dos Juizados

Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo no sentido de que, a partir de 30.06.2009, impõe-se a aplicaçãoimediata dos índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de cálculo de correção monetária e de juros de moraincidentes sobre as condenações pecuniárias impostas à Fazenda Pública, incluídas as verbas consideradas alimentares.Recurso provido neste tópico.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em parte, apenas para alterar o termo inicial de incidênciade juros de mora para a data da citação válida e para determinar a aplicação da nova sistemática de atualização monetáriae juros de mora inserida no art. 1º-F da Lei n.º 9.494/97 com a edição da Lei n.º 11.960/2009, a partir de 30.06.2009.

Sem custas (art. 4º, I, da Lei 9.289/96). Sem condenação em honorários advocatícios, ante o parcial provimento do recursoinominado.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,no mérito, DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o presentejulgado.

AMÉRICO BEDÊ FREIRE JÚNIORJuiz Federal Relator

80 - 0000306-09.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.000306-2/01) ADAMIR STELZER (ADVOGADO: MÁRCIO BARROSBOMFIM.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).

Page 130: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Processo nº 2007.50.51.000306-2/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : ADAMIR STELZER

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DE RMI. CONVERSÃO DE TEMPO ESPECIAL EM COMUM. OMISSÃO.INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO. RECURSO CONHECIDO, MAS DEPROVIDO.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em razão deacórdão que deu provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão é omissa ao não apreciar a questãocentral lançada na sentença para justificar o reconhecimento do período controverso, tese também levantada emcontrarrazões, qual seja, a da alteração dolosa dos dados opostos na Carteira de Trabalho e Previdência Social - CTPS doautor. Aduz, ademais, que a atividade de auxiliar mecânico não está incluída no rol das atividades que permitem oenquadramento por categoria profissional, razão pela qual é necessário analisar os níveis de intensidade do agente nocivo.Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura dasrazões do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão no julgado.Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada, senão vejamos:“3. Com efeito, o referido formulário informa que o autor exerceu suas atividades simultaneamente, já que a empresafuncionava em um único galpão, não havendo separação entre os serviços realizados, ou seja, o autor exerceu atividade desoldador (código 2.5.3 do anexo do decreto 53.831/64) e auxiliar de mecânico, atividade presumidamente exposta aosagentes nocivos relacionadas nos anexos regulamentares, como graxas, óleos, calor e poeira, merecendo oenquadramento da atividade como especial” (fl. 170).Assim, não obstante a CTPS do autor evidencie rasuras no campo pertinente à natureza do cargo (fl. 105), não se afiguralícito concluir pela inveracidade da informação ali veiculada – soldador - ante o teor do laudo de fls. 90-91, no sentido deque o segurado exercia as atividades de soldador e mecânico concomitantemente, notadamente porque as atividades dasociedade empresária funcionavam em um único galpão, não havendo separação entre os diversos serviços realizados.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desprover os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator

81 - 0001130-31.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001130-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x ANTONIO GONÇALVES FERREIRA (ADVOGADO: WALDIRTONIATO.).Processo nº 2008.50.51.001130-0/01 – Juízo de origem: 1ª VF CACHOEIRO

Embargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : ANTÔNIO GONÇALVES FERREIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL - OMISSÃO -INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO ACÓRDÃO EMBARGADO - RECURSO DESACOLHIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em razão deacórdão que deu provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão é omissa ao não pronunciar adescaracterização do regime de economia familiar, em virtude da propriedade de um trator e um gol no ano de 2002, alémda contratação de diaristas. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, bem como para sanar eventual erromaterial existente na decisão. In casu, pela leitura das razões do embargante, verifica-se que este aponta a existência deomissão no julgado.

Page 131: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Ressalte-se que os embargos de declaração não se prestam a materializar nítido questionário dirigido ao julgador, pois oprocesso, enquanto instrumento de distribuição da justiça, não tem a pretensão de viabilizar verdadeiros diálogos entre oslitigantes e as magistraturas.Não obstante, a mera utilização de um trator, assim como a propriedade de um veículo, não milita em desfavor doembargado, porquanto demonstrado em audiência que o labor rurícola era indispensável à subsistência do trabalhador,sendo exercido em condições de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados permanentes (art. 11,inciso VII, § 1º, da Lei nº 8.213/1991).Embargos de declaração conhecidos, mas desacolhidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desacolher os embargos de declaração, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

82 - 0000352-27.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000352-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x DEOMAR BARBOZA DE PAULO (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).Processo nº 0000352-27.2009.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : DEOMAR BARBOZA DE PAULORelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO - APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- OMISSÃO – VÍCIOSANADO – RECURSO ACOLHIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em razão deacórdão que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão é omissa ao não pronunciar anecessidade de regramento dos juros de mora no período posterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº2.180-35/2001. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura dasargumentações do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão no julgado.Assiste razão ao embargante. A Turma Recursal desta Seção Judiciária editou o Enunciado nº 54 que assim dispõe “A Leinº 11.960/2009 tem aplicação imediata na parte em que modificou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, de forma que, a partir de30/06/2009, aplicam-se os índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de correção monetária e de juros de moranas condenações impostas à Fazenda Pública”. (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73)Essa orientação não se afasta dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, porquanto no julgamento do AI 842.063, em17.06.2011, foi reconhecida a existência de repercussão geral sobre a matéria e, no mérito, reafirmada a jurisprudênciadominante quanto à aplicabilidade imediata do art. 1º F da Lei 9.494/97- com alteração dada pela Medida Provisória2.180-35/2001 – em relação às ações ajuizadas antes de sua entrada em vigor. Tal disposição se aplica de idênticamaneira no caso de posterior alteração introduzida na mesma Lei 9.494/97 pela Lei 11.960/2009.De outro giro, nos termos do verbete nº 204 da Súmula do STJ, “os juros de mora nas ações relativas a benefíciosprevidenciários incidem a partir da citação válida”.Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e acolher os embargos de declaração, na forma daementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

83 - 0000454-83.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000454-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x JOAO ALVES PEREIRA (ADVOGADO: SIRO DACOSTA.).

Page 132: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Processo nº 2008.50.51.000454-0/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : JOÃO ALVES PEREIRARelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO -APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- OMISSÃO – VÍCIOSANADO – RECURSO ACOLHIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em razão deacórdão que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão é omissa ao não pronunciar anecessidade de regramento dos juros de mora no período posterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº2.180-35/2001. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura dasargumentações do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão no julgado.Assiste razão ao embargante. A Turma Recursal desta Seção Judiciária editou o Enunciado nº 54 que assim dispõe “A Leinº 11.960/2009 tem aplicação imediata na parte em que modificou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, de forma que, a partir de30/06/2009, aplicam-se os índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de correção monetária e de juros de moranas condenações impostas à Fazenda Pública”. (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73)Essa orientação não se afasta dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, porquanto no julgamento do AI 842.063, em17.06.2011, foi reconhecida a existência de repercussão geral sobre a matéria e, no mérito, reafirmada a jurisprudênciadominante quanto à aplicabilidade imediata do art. 1º F da Lei 9.494/97- com alteração dada pela Medida Provisória2.180-35/2001 – em relação às ações ajuizadas antes de sua entrada em vigor. Tal disposição se aplica de idênticamaneira no caso de posterior alteração introduzida na mesma Lei 9.494/97 pela Lei 11.960/2009.De outro giro, nos termos do verbete nº 204 da Súmula do STJ, “os juros de mora nas ações relativas a benefíciosprevidenciários incidem a partir da citação válida”.Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e acolher os embargos de declaração, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

84 - 0000260-15.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000260-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x MARIA DA SILVA HENRIQUE (ADVOGADO: Aleksandro HonradoVieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).Processo nº 2010.50.51.000260-3/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : MARIA DA SILVA HENRIQUERelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – PREVIDENCIÁRIO -APOSENTADORIA POR IDADE RURAL- OMISSÃO – VÍCIOSANADO – RECURSO ACOLHIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS em razão deacórdão que negou provimento ao recurso inominado. Alega o embargante que a decisão é omissa ao não pronunciar anecessidade de regramento dos juros de mora no período posterior à entrada em vigor da Medida Provisória nº2.180-35/2001. Dessa forma, requer seja sanado o apontado vício.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, pela leitura dasargumentações do embargante, verifica-se que este aponta a existência de omissão no julgado.Assiste razão ao embargante. A Turma Recursal desta Seção Judiciária editou o Enunciado nº 54 que assim dispõe “A Leinº 11.960/2009 tem aplicação imediata na parte em que modificou o art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, de forma que, a partir de30/06/2009, aplicam-se os índices oficiais da caderneta de poupança para efeito de correção monetária e de juros de moranas condenações impostas à Fazenda Pública”. (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73)Essa orientação não se afasta dos precedentes do Supremo Tribunal Federal, porquanto no julgamento do AI 842.063, em17.06.2011, foi reconhecida a existência de repercussão geral sobre a matéria e, no mérito, reafirmada a jurisprudênciadominante quanto à aplicabilidade imediata do art. 1º F da Lei 9.494/97- com alteração dada pela Medida Provisória

Page 133: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

2.180-35/2001 – em relação às ações ajuizadas antes de sua entrada em vigor. Tal disposição se aplica de idênticamaneira no caso de posterior alteração introduzida na mesma Lei 9.494/97 pela Lei 11.960/2009.De outro giro, nos termos do verbete nº 204 da Súmula do STJ, “os juros de mora nas ações relativas a benefíciosprevidenciários incidem a partir da citação válida”.Embargos de declaração conhecidos e acolhidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e acolher os embargos de declaração, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

85 - 0000532-37.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000532-2/01) MARIDEIA LOPES GAMBARINI (ADVOGADO: GUSTAVOSABAINI DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITEVIEIRA.).Processo nº 2009.50.53.000532-2/01 – Juízo de origem: 1ª VF LINHARES

Embargante : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado : MARIDEIA LOPES GAMBARINI

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO – CONVERSÃO DO BENEFÍCIO DE AUXÍLIO- DOENÇA EM APOSENTADORIA PORINVALIDEZ - OMISSÃO/CONTRADIÇÃO NÃO VERIFICADAS - RECURSO CONHECIDO, MAS DESACOLHIDO.Cuida-se de embargos de declaração opostos pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL em razão do acórdãoque deu provimento ao recurso inominado interposto pelo (a) autor (a). Sustenta o embargante, em síntese, que a decisãoembargada seria contraditória e omissa, pois o laudo pericial é claro ao afirmar que há possibilidade de reabilitaçãoprofissional, desassistindo a autora o direito à conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Alega, ainda,que a utilização da analogia, como instrumento de integração de normas, somente é cabível quando inexistente norma legala respeito do tema. Dessa forma, requer sejam sanadas as contradições e omissões acima mencionadas.

Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, nada mais. In casu, sustenta oembargante a existência de omissão e contradição no julgado proferido por esta Turma Recursal.

Inexiste omissão/contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Ressalte-se que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada e que a contradição passível de correção deve pressupor antagonismo lógico entre duaspremissas necessariamente intrínsecas ao próprio julgado, pois os embargos de declaração limitam-se à verificação doencadeamento racional entre as proposições internas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 535 do CPC, pois o julgador, desde que fundamentesuficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações das partes, a ater-se aos fundamentos porelas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de tal sorte que a insatisfação quanto aodeslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que presente alguma das hipóteses do art.535 do CPC.Embargos de declaração conhecidos, mas desacolhidos.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer, mas desacolher os embargos de declaração, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 134: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

86 - 0006274-86.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006274-8/01) UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANDRÉA MARIA DOSSANTOS SANTANA.) x MARIA DA PENHA GRIGORIO ROSA (ADVOGADO: SIMONE PAGOTTO RIGO.).Processo nº 2008.50.50.006274-8/01 – Juízo de origem: 2º JEF

Embargante : UNIÃOEmbargado : MARIA DA PENHA GRIGORIO ROSA

E M E N T A

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO E OMISSÃO NÃO VERIFICADAS. TRATAMENTO ISONÔMICO AOSSERVIDORES DO DNER JÁ APOSENTADOS, À ÉPOCA DA EXTINÇÃO, EM RELAÇÃO AOS SERVIDORES EMATIVIDADE REDISTRIBUÍDOS PARA O DNIT. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. INDEVIDA CONDENAÇÃO EMHONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. RECURSO ACOLHIDO.

Cuida-se de embargos de declaração opostos pela UNIÃO em razão do acórdão que deu parcial provimento ao recursoinominado. Sustenta a embargante, em síntese, que o julgado é contraditório, vez que a embargada se aposentou após aEmenda Constitucional nº 41 de 2003 e criação da Lei nº 11.171/2005, fato, a seu ver, incongruente com a premissa deque os servidores já aposentados no momento da extinção do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER)não foram beneficiados pelo novo plano de cargos da nova autarquia (item nº 3). A par disso, sustenta que o acórdãopadece de incorreção no que tange à condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o provimento parcial dorecurso. Alega, ademais, que há omissão em virtude da ausência de manifestação sobre o documento de fl. 47. Postula,por fim, manifestação acerca de potencial violação ao art. 40 e seus parágrafos da Constituição da República, com o intuitode suprir a exigência de prequestionamento para eventual manejo de recurso para instância superior.Os embargos de declaração, nos termos do art. 535 do Código de Processo Civil, limitam-se a suprir omissões, aportarclareza ou retificar eventuais contradições existentes no bojo da decisão recorrida, bem como para sanar eventual erromaterial existente. In casu, pela leitura das argumentações da embargante, verifica-se que esta aponta a existência decontradição e omissão no julgado.Inexiste omissão/contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foramdevidamente analisados na decisão colegiada.Ressalte-se que a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veicular mero inconformismo diante daconclusão jurisdicional adotada; e que a contradição passível de correção deve pressupor antagonismo lógico entre duaspremissas necessariamente intrínsecas ao próprio julgado, pois os embargos de declaração limitam-se à verificação doencadeamento racional entre as proposições internas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Não obstante, entendo oportuno apenas referir que, embora o item nº 3 do acórdão tenha fixado a premissa de que “osservidores já aposentados no momento da extinção do DNER não foram beneficiados pelo novo plano de cargos da novaautarquia”, ressalva-se, em item subseqüente, que mesmo aos servidores já aposentados à época da extinção deve serconferido tratamento isonômico em relação aos servidores em atividades redistribuídos, por força do art. 40, §8º, daConstituição da República e 7º da Emenda Constitucional nº 41/2003, sendo irrelevante, para a extensão pleiteada, que aembargada tenha se aposentado após o ano de 2005.Dessa forma, não vislumbro ofensa aos dispositivos constitucionais ventilados no recurso.Quanto aos honorários advocatícios, assiste razão à União. O caso em apreço escapa ao figurino do art. 55 da Lei nº9.099/1995, pois somente o recorrente vencido deve arcar com a condenação em honorários advocatícios. Como o recursoinominado interposto pela embargante foi parcialmente provido, não há condenação. Neste sentido, o Enunciado nº 99 doFórum Nacional dos Juizados Especiais Federais.Embargos de declaração conhecidos e acolhidos em parte.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e acolher em parte os embargos de declaração, na formada ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

87 - 0006424-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006424-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: NANCI APARECIDA DOMINGUES CARVALHO.) x MARIA JOSE DA SILVA.

Page 135: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Processo nº. 0006424-96.2010.4.02.5050/01Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MARIA JOSÉ DA SILVA

VOTO

Cuida-se de recurso decorrente de medida de urgência, interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –INSS em virtude de decisão proferida pela VARA FEDERAL DE SERRA, que deferiu a antecipação dos efeitos da tutelapara inibir a efetivação dos descontos na pensão por morte recebida pela parte autora, a título de reposição de valoresrecebidos indevidamente.

A irresignação recursal advém de eventos que assim se podem resumir: a autora é pensionista do INSS, benefício nº21/153.570.961-5, cujo instituidor é o falecido marido Manoel Julio da Silva, no valor mensal de R$ 756,74 (setecentos ecinqüenta e seis reais e setenta e quatro centavos). O marido da recorrida era segurado do RGPS por ocasião do óbito erecolhia regularmente as contribuições previdenciárias, conforme apurado em procedimento administrativo, razão pela qual,segundo a Autarquia Previdenciária, não fazia jus ao benefício de amparo social ao idoso, motivo dos descontos da pensãopor morte da recorrida combatidos.

Nessa linha, sustentou o recorrente, em resumo, que a Administração Pública está adstrita, dentre outros, aos princípios dalegalidade e da moralidade (Constituição da República, caput do art. 37). Alegou, ainda, que a arguição da boa-fé não podeservir de escudo ao afastamento da norma inserta no art. 115 da Lei nº 8.213/1991 e dos princípios que regem aAdministração Pública, pena de se gerar insegurança jurídica.

Assim, requereu a atribuição liminar de efeito suspensivo à decisão combatida; bem como a cassação da decisãoconcessiva da antecipação dos efeitos da tutela.

Foi desacolhido o requerimento de atribuição de efeito suspensivo ao recurso, conforme decisão às fls. 86-88.

A recorrida não apresentou contrarrazões.

Passo a votar.

Como sabemos, a antecipação dos efeitos da tutela constitui medida provisória, condicionada ao preenchimento dosrequisitos múltiplos e concorrentes postos no art. 273 do Código de Processo Civil. Assim, o magistrado em juízo deprobabilidade, diante de prova inequívoca, donde se extraia verossimilhança das alegações do postulante; além dapresença de fundado risco de dano irreparável ou de difícil reversão, e ainda, da demonstração da ocorrência de abuso dodireito de defesa ou do manifesto propósito protelatório da parte demandada, segundo seu livre convencimento motivado,poderá concedê-la.

A verossimilhança das alegações da autora, ora recorrida, é facilmente extraída, seja do contexto fático e jurídico acimadelineado, seja da jurisprudência dos Tribunais sobre a matéria, notadamente do egrégio Superior Tribunal de Justiça, cujoaresto acha-se assim redigido:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. PAGAMENTO DE PARCELAS. ERRO DAADMINISTRAÇÃO. VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. BOA-FÉ. DEVOLUÇÃO. DESCABIMENTO. Consoanteentendimento consolidado por este e. STJ, é incabível a devolução de valores percebidos por servidor público de boa-fé porforça de interpretação errônea, má aplicação da lei ou erro da administração, bem como em virtude do caráter alimentar daverba. Agravo regimental desprovido. (AGRESP 200901421705, FELIX FISCHER - QUINTA TURMA, DJEDATA:12/04/2010.)

Nesse mesmo rumo, é a jurisprudência da Turma Nacional de Uniformização:EMENTA DEVOLUÇÃO DOS BENEFÍCIOS RECEBIDOS INDEVIDAMENTE PELO SEGURADO DE BOA-FÉ. OSVALORES AUFERIDOS A MAIOR FORAM RECEBIDOS PELA AUTORA DE BOA-FÉ E POR ERRO EXCLUSIVO DOINSS. IMPOSSIBILIDADE DE DEVOLUÇÃO. NATUREZA ALIMENTAR DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS.

�PRINCÍPIO DA IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS. INCIDENTE CONHECIDO E PROVIDO (PEDIDO200772590034304, JUIZ FEDERAL JOSÉ EDUARDO DO NASCIMENTO, DJ 18/11/2011.)O entendimento acima exposto não constitui novidade no âmbito da Administração Pública Federal, porquanto há muito oTribunal de Contas da União (TCU) tem assentado que o servidor não fica obrigado a restituir vantagens indevidas, senão apartir da ciência da declaração de ilegalidade do ato de concessão pelo corte de contas, porque antes disso o servidor estáde boa-fé. (TCU, Verbetes nºs 106 e 249).Resta claro, portanto, que a boa-fé constitui, sim, limite à pretensão do Estado no tocante à restituição de valoresindevidamente pagos, particularmente, a beneficiários da Previdência Social.Por sua vez, a regra consagrada no art. 273, § 2º, do Código de Processo Civil deve ser observada para a concessão daantecipação dos efeitos da tutela, sendo inviável o deferimento da medida quando houver perigo de irreversibilidade doprovimento antecipado.

Não obstante, a “irreversibilidade” do provimento não pode, em situações como a presente, constituir óbice intransponível àantecipação dos efeitos da tutela. Afinal, o risco de dano (envolvendo verba de caráter alimentar) do autor também é

Page 136: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

relevante e irreversível.

Em casos que tais, têm-se invocado por esta Turma Recursal o critério da proporcionalidade, de forma que diante de doisinteresses em iminente colidência e em vias de sofrerem dano irreparável, e sendo possível que a decisão contempleapenas um deles, cabe ao magistrado tutelar, caso a caso, aquele mais relevante ou emergencial.

Consigne-se, a observância da proporcionalidade não se confunde com a ponderação de bens, interesses ou valoresjurídicos, mas representa a busca do “limite dos limites” da intervenção Estatal, assim entendido o meio adequado aopropósito de intervenção que seja, em função da liberdade atingida, o menos gravoso; ou seja, aquele pressupõe aexistência de duas condutas de caráter comissivo, dentre as quais, interpretado e analisado o propósito perseguido peloEstado, deve ser selecionada a mais adequada e necessária, nos seus sentidos técnico-jurídicos.

Assim, em abono da melhor técnica, convém analisar o caso em apreço sopesando-se os interesses em conflito, quaissejam, o interesse meramente financeiro da Autarquia e o interesse da parte autora na retenção das verbas de caráteralimentício já recebidas.

Destarte, a conjugação do que foi até aqui assentado com o princípio da dignidade da pessoa humana, substânciasemântica sobre a qual se funda a República Federativa do Brasil (Constituição da República, inciso III, do art. 1º), outranão poderia ser a decisão senão no sentido de se privilegiar, in casu, o interesse da parte autora na retenção das verbas jápercebidas, sem as quais se coloca em risco sua subsistência e saúde.

Por todo o exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Descabe, na espécie, condenação em custas e honorários de advogado.

Dê-se ciência ao MM Juiz Federal de primeiro grau, encaminhando-lhe cópia do julgado.

É o voto.

E M E N T AMEDIDA DE URGÊNCIA. DECISÃO LIMINAR QUE DEFERIU A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. PRESENÇADOS REQUISITOS AUTORIZADORES. JUÍZO DE PONDERAÇÃO. DIREITO À RETENÇÃO DOS VALORES DENATUREZA ALIMENTAR INTERESSE MERAMENTE FINANCEIRO DA ADMINISTRAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E,NO MÉRITO, IMPROVIDO . DECISÃO MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma do voto eementa que ficam fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

88 - 0004441-67.2007.4.02.5050/01 (2007.50.50.004441-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: LUCIANO PEREIRA CHAGAS.) x Juizo Federal do 1º Juizado Especial Federal Do E.S. x JACYGAMA VIEIRA E OUTROS.Processo nº 2007.50.50.004441-9/01Impetrante : CAIXA ECONÔMICA FEDERALImpetrado : 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

VOTO

Trata-se de mandado de segurança impetrado pela CAIXA ECONÔMICA FEDERAL em face de ato tido como coator,praticado pelo 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, que deixou de receber o recurso inominado em razão de supostaintempestividade, porquanto “o despacho de folhas 96, publicado em 17.09.2010, fez menção expressa à intimação daspartes da sentença proferida”. Sustentou o impetrante, em breve síntese, que somente em 16.02.2011, quando da aberturade vista do processo, teve ciência da sentença, razão pela qual o recurso inominado interposto em 28.02.2011 deve serconsiderado tempestivo. Requereu, liminarmente, a sustação da eficácia do aludido ato; e, mediatamente, a concessão da

Page 137: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

segurança para que seja cassada a r. decisão que determinou o depósito dos valores determinados na sentença de fls.87-95, deixando de receber o recurso inominado porque intempestivo.

Liminar concedida nas fls. 160-161, determinando que a autoridade impetrada possibilite a interposição de recursoinominado, encaminhando-o, posteriormente, para regular distribuição junto às Turmas Recursais.

Informações prestadas na fl. 165, reiterando que o despacho que serviu de intimação da sentença prolatada nos autos fezexpressa menção nesse sentido, tendo a impetrante protocolado seu recurso apenas alguns meses depois, quando dacarga do processo.

Manifestação do litisconsorte passivo às fls. 169-171, por meio da qual sustentou a inexistência, no teor do despacho de fl.96, de elementos que permitam a ilação de que a impetrante seria novamente intimada. Alegou, ademais, que não háprevisão legal que condicione a intimação da sentença à publicação de seu inteiro teor.

Parecer do Ministério Público Federal às fls. 176-178, opinando pela denegação da segurança.

É o relatório. Passo a votar.

Nos termos do art. 234 do Código de Processo Civil “intimação é o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termosdo processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa“.

Percebe-se, da dicção do aludido preceptivo, que o dies a quo para a prática do ato processual tem início da ciência daexistência do ato processual e não do seu conteúdo.

Nessa linha, sabemos que quando a parte pratica dado ato processual, in casu, a interposição de recurso dirigido à TurmaRecursal, depois do termo para ele fixado, tal ato é considerado ineficaz, produzindo situação similar àquela em que háomissão da parte. Trata-se da chamada preclusão temporal, conseqüência jurídica que a lei estabelece em razão deacontecimento natural, consistente no decurso do tempo.

A amplitude da fórmula satisfaz na larga maioria dos casos; contudo, a regra não atende a hipóteses extremas, masocorrentes, como a que ora se apresenta. É que no caso vertente a Caixa Econômica Federal interpôs recurso inominadotardiamente não por desídia, mas em virtude da observação lançada no despacho de fl. 108 de que após cumpridas asdiligências pela Secretaria, esta deveria providenciar a intimação das partes da sentença de fls. 87-95.Em obséquio à clareza, vale transcrever o inteiro teor do referido despacho, verbis:“O valor da causa deve corresponder, sempre que possível, ao proveito econômico pretendido pelo autor (art. 258, caput,do CPC, a contrario sensu).

No caso em tela, conquanto não tenha sido atribuído, expressamente, valor à causa na inicial, o autor almejava obter comesta ação um proveito econômico não superior a 60 (sessenta) salários mínimos.

Assim, esta importância é que há de ser considerada como valor da causa, inclusive para cálculo das custas recursais.

Diligencie-se.

Após, intimem-se as partes da sentença de fls. 87/95.” (grifei)

Logo, subentende-se, da objetividade do elemento gramatical, que haverá nova intimação a partir da qual terá início o prazopara eventual recurso.

Ora, não se pode conferir o mesmo tratamento à parte que deixa de praticar um ato necessário à consecução do seu direitopor motivo alheio a sua vontade, diferentemente daquela que se omite deliberadamente, caso em que a preclusão deveoperar seus regulares efeitos. De fato, a eficácia do princípio da igualdade não importa isonomia irrestrita ou desprezo àspeculiaridades de cada caso.De par com isso, não é ocioso renovar que ao determinar a forma dos atos realizados pelas partes, o legislador lhes impõelimitações, pois estabelece os requisitos a serem seguidos privando o ato de efeito se esse modelo não for seguido.Percebe-se que a finalidade da forma é promover a igualdade entre as partes, além de viabilizar a celeridade processual eassegurar o desenvolvimento do contraditório de forma segura.

Assim, não se afigura lícito desacolher a pretensão ora veiculada por pressuposto formal, quando constatado que a parteatuou diligentemente no processo, sobrelevando registrar, a bem desse particular, que o contraditório, neste específicocontexto, não se desenvolveu de forma segura.

Por fim, considerando que somente em 16.02.2011 (fl. 115) a CEF obteve vista dos autos e que o recurso inominado foiinterposto em 28.02.2011 (fl. 116), não há falar em intempestividade.

Do exposto, CONCEDO A SEGURANÇA, atribuindo efeito suspensivo à decisão que determinou o cumprimento, no prazo

Page 138: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

de 60 (sessenta) dias do disposto no ofício OFJ.0501.000273-8/2010, a fim de que a autoridade impetrada possibilite ainterposição de recurso inominado, encaminhando-o, posteriormente, para regular distribuição junto às Turmas Recursais.

Descabe, na espécie, condenação em custas e honorários de advogado.

Dê-se ciência ao MM Juiz Federal de primeiro grau, encaminhando-lhe cópia do julgado.

É o voto.

Processo nº 2007.50.50.004441-9/01Impetrante : CAIXA ECONÔMICA FEDERALImpetrado : 1º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL

E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO INOMINADO. OBSCURIDADE DA DECISÃO INTIMATÓRIA DA SENTENÇA.DIES A QUO DO PRAZO RECURSAL EXCEPCIONALMENTE FIXADO NA DATA DA ABERTURA DE VISTAS À PARTE.TEMPESTIVIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA . LIMINAR CONFIRMADA.

A C O R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conceder a segurança no presente mandamus, na forma do voto e ementa que passama integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91002 - RECURSO/MEDIDA URGÊNCIA CÍVEL

89 - 0000117-91.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000117-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.) x IZABEL FERREIRA (ADVOGADO: EDGARDVALLE DE SOUZA.).Processo nº. 0000117-91.2008.4.02.5052/01Recorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: IZABEL FERREIRA

VOTO

Cuida-se de recurso decorrente de medida de urgência interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL –INSS em razão de decisão proferida pela 1ª VARA FEDERAL DE SÃO MATEUS, que deferiu a antecipação dos efeitos datutela, no sentido do restabelecimento de benefício assistencial previsto na Lei nº 8.742/1993 (LOAS).

Nessa linha, sustentou o recorrente que o magistrado deixou de analisar, na aferição do fumus boni iuris, um dos requisitosexigidos para a concessão do benefício, ou seja, o da renda inferior a ¼ do salário mínimo per capita. Alegou, em resumo,que a família é composta pela parte autora e por duas filhas; e que a filha Gerusa trabalhava como doméstica, auferindo ovalor de um salário mínimo, constatação que o levou a concluir pelo não atendimento ao requisito miserabilidade. Alegou,ademais, que a outra filha, Vanessa, mantém vínculo empregatício com o Município de Nova Venécia-ES, com rendimentono valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco reais).

Assim, requereu a atribuição liminar de efeito suspensivo à decisão combatida; e mediatamente, sua cassação.

Page 139: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Foi desacolhido o requerimento de atribuição de efeito suspensivo ao recurso, conforme decisão a fls. 108-109.

A recorrida apresentou contrarrazões às fls. 117-120, defendendo a manutenção da decisão antecipatória. Sustentou que orecorrente indeferiu o benefício apenas por incapacidade para a vida independente, mas reconheceu a incapacidade para otrabalho. Assim, argumentou que se o motivo do indeferimento do amparo social foi diverso, incabível, desta feita, o recursoe o pedido de efeito suspensivo.

Passo a votar.

Como sabemos, a antecipação dos efeitos da tutela constitui medida provisória, condicionada ao preenchimento dosrequisitos múltiplos e concorrentes postos no art. 273 do Código de Processo Civil. Assim, o magistrado em juízo deprobabilidade, diante de prova inequívoca, donde se extraia verossimilhança das alegações do postulante; além dapresença de fundado risco de dano irreparável ou de difícil reversão, e ainda, da demonstração da ocorrência de abuso dodireito de defesa ou do manifesto propósito protelatório da parte demandada, segundo seu livre convencimento motivado,poderá concedê-la.

Dentro dessa linha, a verossimilhança das alegações da autora, ora recorrida, é facilmente extraída, seja da situação fáticacontextual, seja do âmbito jurídico aplicável à espécie.

Com efeito, o laudo médico de fl. 06, assim como a fotografia juntada pela parte autora (fl. 07) são aptos, notadamente emjuízo de cognição sumária, típico da apreciação liminar, a corroborar o quadro clínico de incapacidade para o trabalho epara a vida independente, eis que aquela se encontra em idade avançada (60 anos) e com diagnóstico de insuficiênciavascular aliado a diabetes e à obesidade, como bem lançado pelo magistrado.

Nesse passo, convém recordar o teor do verbete nº 29 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização, in verbis:

Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei n. 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela queimpede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento.

Por sua vez, o fato de a decisão atacada não se pronunciar sobre as condições sócio-econômicas da recorrida em nadaaltera a conclusão jurisdicional adotada, porquanto os documentos de fls. 20-21 evidenciam renda per capita inferior a ¼ dosalário mínimo.

Não é ocioso repisar que a Terceira Seção do egrégio Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 1.112.557/MGpelo rito dos recursos repetitivos, assentou o entendimento de que o critério de aferição da renda mensal previsto no § 3º doart. 20 da Lei nº 8.742/1993 deve ser considerado apenas como um limite mínimo de renda, sem descartar, porém, apossibilidade de o juiz levar em consideração outros fatores referentes à situação econômico-financeira do beneficiário,diante da demonstração da condição de miserabilidade da parte e de sua família. Assim, ainda que a renda familiar mensalseja, caso a caso, superior a ¼ do salário mínimo, é possível a aferição da condição de hipossuficiência econômica poroutros meios contextuais.

Nesse rumo, é o verbete nº 11 da Súmula da Turma Nacional de Uniformização:

A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefícioassistencial previsto no art. 20, § 3º da Lei nº. 8.742 de 1993, desde que comprovada, por outros meios, a miserabilidade dopostulante.

Por fim, cumpre consignar que o periculum in mora é inerente ao caráter alimentar da prestação pleiteada, pelo que asubsistência da recorrida restaria prejudicada sem a antecipação que ora se impugna.

Ante o exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Descabe, na espécie, condenação em custas e honorários de advogado.

Dê-se ciência ao MM Juiz Federal de primeiro grau, encaminhando-lhe cópia do julgado.

É o voto.

E M E N T AMEDIDA DE URGÊNCIA. DECISÃO LIMINAR QUE DEFERIU A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. CONDIÇÃOSÓCIO-ECONÔMICA CONTEXTUALMENTE COMPROVADA. CONSIDERAÇÃO DOS DOCUMENTOS JUNTADOS PELAPARTE AUTORA. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.

Page 140: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

DECISÃO MANTIDA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma do voto eementa que ficam fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

90 - 0002648-54.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002648-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x JOSE LUIZ DEOLIVEIRA (ADVOGADO: SAYLES RODRIGO SCHUTZ, CARLOS BERKENBROCK.).Processo nº 0002648-54.2011.4.02.5050/01Recorrente : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido : JOSE LUIZ DE OLIVEIRA

E M E N T APREVIDENCIÁRIO – REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO – NOVOS TETOS INSTITUÍDOS PELAS EMENDASCONSTITUCIONAIS Nº 20/1998 e 41/2003 – DECISÃO DO STF SUBMETIDA À SISTEMÁTICA DA REPERCUSSÃOGERAL - RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela Autarquia-Ré, ora recorrente, em razão da sentença que julgou procedentea pretensão externada na inicial, em que se pleiteava a revisão do benefício previdenciário, consoante o art. 14 da EmendaConstitucional nº 20/1998 e art. 5º da Emenda Constitucional nº 41/2003. Requer o recorrente a reforma da sentençaproferida pelo Juízo de primeiro grau, julgando-se improcedente o pedido.

2. A sentença deve ser mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei nº 9.099/1995).

3. Como sabemos, o C. Supremo Tribunal Federal decidiu, em processo submetido à sistemática da repercussão geral(sessão plenária realizada em 08.09.2010), que o novo limite máximo para o valor dos benefícios do RGPS instituído peloart. 14 da Emenda Constitucional nº 20/1998 e sucessivamente pela Emenda Constitucional nº 41/2003 deve ser aplicadoaos benefícios previdenciários concedidos anteriormente à sua vigência. Vale transcrever o aresto jurisprudencial:

“DIREITOS CONSTITUCIONAL E PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. ALTERAÇÃO NO TETO DOSBENEFÍCIOS DO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA. REFLEXOS NOS BENEFÍCIOS CONCEDIDOS ANTES DAALTERAÇÃO. EMENDAS CONSTITUCIONAIS N. 20/1998 E 41/2003. DIREITO INTERTEMPORAL: ATO JURÍDICOPERFEITO. NECESSIDADE DE INTERPRETAÇÃO DA LEI INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE OFENSA AOPRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE DAS LEIS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. Hápelo menos duas situações jurídicas em que a atuação do Supremo Tribunal Federal como guardião da Constituição daRepública demanda interpretação da legislação infraconstitucional: a primeira respeita ao exercício do controle deconstitucionalidade das normas, pois não se declara a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de uma lei sem antesentendê-la; a segunda, que se dá na espécie, decorre da garantia constitucional da proteção ao ato jurídico perfeito contralei superveniente, pois a solução de controvérsia sob essa perspectiva pressupõe sejam interpretadas as leis postas emconflito e determinados os seus alcances para se dizer da existência ou ausência da retroatividade constitucionalmentevedada. 2. Não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art.5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdênciaestabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional. 3. Negadoprovimento ao recurso extraordinário.” (RE 564.354/SE, rel. Min. Cármen Lúcia, 8.9.2010, DJE 15/02/2011)

4. A decisão do STF afastou a alegação de ofensa a ato jurídico perfeito e superou qualquer questionamento sobre aconstitucionalidade da aplicação imediata do novo teto aos benefícios concedidos anteriormente à emenda constitucional,razão por que considero inexistente qualquer violação aos dispositivos constitucionais ventilados no recurso. Não se tratade revisar a renda mensal inicial retroativamente ao ato de concessão do benefício, mas de adequar a renda mensal a partirdo início da vigência da emenda constitucional que alterou o teto dos benefícios. Não há previsão de prazo de decadênciapara esse caso, incidindo apenas o prazo de prescrição em relação às diferenças anteriores a cinco anos do ajuizamentoda ação.

5. Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Page 141: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

6. Sem custas, nos termos da Lei. Honorários advocatícios devidos pela parte recorrente, fixados em 10% sobre o valor dacondenação, nos moldes do art. 20, §3º, do Código de Processo Civil.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementaque fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

91 - 0005222-84.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005222-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NELSON RODRIGUES DOSSANTOS (DEF.PUB: LUCIANO ANTONIO FIOROT.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº 0005222-84.2010.4.02.5050/01

Recorrente: NELSON RODRIGUES DOS SANTOS

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

D E C I S Ã O

Este acórdão, embora tenha figurado na pauta e encontre-se assinado eletronicamente (fls. 83-84) e publicado, e expresseentendimento no sentido da reforma parcial da sentença recorrida; contém duas irregularidades substanciaisincontornáveis, a saber: a) expressa entendimento diametralmente oposto à posição do relator sobre a matéria; e b) foisubmetido por equívoco à sessão, vez que previamente a relatoria determinou sua exclusão da pauta, conforme certidãolançada pela Secretaria da Turma na fl. 86.

Assim é, porquanto mesmo que a cessação do benefício e causa de pedir da demanda tenha ocorrido de forma anômala(alta programada), considerando que as perícias judiciais não reconheceram a incapacidade da recorrente ao trabalho(itens “9”, “10” e “11”), isso não autoriza presumir incapacidade – ao contrário do que se encontra no item “8” – todos daementa, na medida em que não se identifica evidência clínica nesse sentido, mas mera presunção, a qual não encontraamparo seja na situação fática contextual, seja no âmbito jurídico aplicável à espécie.

Nestas condições, o quadro é de manifesto erro material o qual enseja a incidência da regra do parágrafo único do art. 48,da Lei nº 9-099/1995, conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Assim colocado, do item “12” passa a ter a seguinte redação: Não merece reparo a sentença recorrida. E do item “13”: Anteo exposto, conheço do recurso, para lhe negar provimento.

Vitória, 25 de abril de 2012

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE3º Relator

92 - 0003092-24.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003092-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA MÁXIMODE SOUZA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo nº 0003092-24.2010.4.02.5050/01

Recorrente: MARIA DA PENHA MÁXIMO DE SOUZA

Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS

Relator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

D E C I S Ã O

Este acórdão, embora tenha figurado na pauta e encontre-se assinado eletronicamente (fls. 119-121) e publicado, e

Page 142: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

expresse entendimento no sentido da reforma parcial da sentença recorrida; contém duas irregularidades substanciaisincontornáveis, a saber: a) expressa entendimento diametralmente oposto à posição do relator sobre a matéria; e b) foisubmetido por equívoco à sessão, vez que previamente a relatoria determinou sua exclusão da pauta, conforme certidãolançada pela Secretaria da Turma na fl. 122.

Assim é, porquanto mesmo que a cessação do benefício e causa de pedir da demanda tenha ocorrido de forma anômala(alta programada), considerando que as perícias judiciais não reconheceram a incapacidade da recorrente ao trabalho(itens “9”, “10” e “11”), isso não autoriza presumir incapacidade – ao contrário do que se encontra no item “8” – todos daementa, na medida em que não se identifica evidência clínica nesse sentido, mas mera presunção, a qual não encontraamparo seja na situação fática contextual, seja no âmbito jurídico aplicável à espécie.

Nestas condições, o quadro é de manifesto erro material o qual enseja a incidência da regra do parágrafo único do art. 48,da Lei nº 9-099/1995, conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Assim colocado, do item “12” passa a ter a seguinte redação: Não merece reparo a sentença recorrida. E do item “13”: Anteo exposto, conheço do recurso, para lhe negar provimento.

Vitória, 25 de abril de 2012

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE3º Relator

93 - 0003465-89.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003465-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDWIRGES BONICENHA(ADVOGADO: CATARINE MULINARI NICO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCIA RIBEIRO PAIVA.).Processo nº 2009.50.50.003465-4/01 – Juízo de origem: 3º JEFRecorrente : EDWIRGES BONICENHA VAZZOLERRecorrido : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

E M E N T A

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INCOMPETÊNCIA TERRITORIALVERIFICADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Cuida-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em razão de sentença que julgou extinto oprocesso sem resolução de mérito, conforme o art. 51, inciso III, da Lei nº 9.099/1995. Em suas razões recursais, sustentaa recorrente que em meados de janeiro de 2009 passou a residir em Cariacica, no Estado do Espírito Santo (ES), nadaobstante tenha exercido atividades rurais no Estado de Minas Gerais (MG). Dessa forma, requer seja conhecido e provido orecurso, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial. Não foram apresentadas contrarrazões.

Após a análise detida dos autos e com supedâneo no art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados EspeciaisFederais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001, tenho que a sentença merece ser mantida por seus própriosfundamentos, dentre os quais releva registrar ipsis litteris:

“Na petição inicial, a autora não identificou seu endereço residencial. Para suprir a lacuna na qualificação da parte (art. 282,II, CPC), indaguei à autora, logo no início da audiência, sobre seu endereço residencial, tendo ela respondido que moravaem um sítio situado na cidade de Santa Rita do Itueto, no Estado de Minas Gerais. O INSS, antes de iniciada a colheita dodepoimento das testemunhas, argüiu a incompetência do juizado, em razão do fato de a autora residir fora do Estado doEspírito Santo.

No depoimento pessoal, gravado em CD-Rom, a autora esclareceu que seu marido e seus filhos continuam morando nosítio em Santa Rita do Itueto, mas ela, desde janeiro de 2009, veio para a Grande Vitória em busca de tratamento médicopara dores na coluna vertebral. A segunda e a terceira testemunhas confirmaram essa afirmação. Entretanto, a autora nemsequer identificou o endereço onde está fixando residência transitória.

Em se tratando de lide de natureza previdenciária, a competência para julgamento do processo é concorrente. Quando acidade na qual o segurado fixa domicílio não é sede de vara federal, a ação pode ser ajuizada em qualquer das seguinteslocalidades: na justiça estadual, em vara situada na comarca onde o segurado fixa domicílio; na Subseção Judiciária queabrange o município de domicílio do autor; na Vara Federal da capital do Estado em que o segurado fixa domicílio (CF, art.109, §3º). Considerando que a autora afirmou ter domicílio definitivo em cidade situada fora dos limites territoriais destaseção judiciária, este juizado não tem competência territorial para julgar o processo.

Embora reconhecida a incompetência deste juizado especial federal, descarto a remessa dos autos para o órgãojurisdicional competente, afastando a aplicação do art. 113, § 2º, do CPC. Afinal, no âmbito dos juizados especiais, aincompetência territorial é causa de extinção do processo, conforme art. 51, III, da Lei nº 9.099/95.”

Em acréscimo, cabe consignar a prévia conversão do feito em diligência, no âmbito desta Relatoria, com o fim de viabilizar

Page 143: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

à recorrente a comprovação do efetivo domicílio no município de Cariacica- ES (fl. 100). Transcorrido in albis o prazo paramanifestação, alternativa não há senão reconhecer a incompetência territorial, nos moldes da r. sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, em virtude do deferimento do benefício daassistência judiciária gratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, mantendo-se asentença, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

94 - 0003062-52.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003062-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x AGOSTINHO CALIMAN (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA,MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0003062-52.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : UNIÃO e AGOSTINHO CALIMANRecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESTIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela União e parte autora em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, daSaúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas eos 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP 441/2008) e 22.11.2010 (data dapublicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquantointempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 69), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 50-56), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a União sustenta, preliminarmente, a incompetência dos Juizados Especiais Federais, por entender que aparte demandante não se desincumbiu do ônus probatório sobre o valor da causa, o qual deveria vir, ainda que mediantedemonstrativo de cálculo simplificado, anunciado na inicial. E, no mérito, aduz que se trata de gratificação de natureza “prolabore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo quenão é extensível a inativos e pensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, pronunciando-se aincompetência absoluta do Juizado Especial Federal para apreciar a demanda. Eventualmente, pugna pela improcedênciada pretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 58-65.

Pois bem. O valor da causa guarda pertinência direta e objetiva com o pedido formulado pelo autor, devendo expressar,tanto quanto possível, o objeto da ação ou o proveito econômico perseguido. Na seara dos Juizados Especiais Federais etratando-se de matéria de natureza funcional, cujos elementos nem sempre são acessíveis de plano pelo demandante, essaregra deve sofrer o necessário abrandamento, bastando à fixação da competência, caso a caso, a estimativa aproximadado valor da causa, ainda que desacompanhada de memória de cálculo, não superior ao limite estabelecido no caput do art.3º da Lei nº 10.259/2001, convindo ressaltar que o montante efetivamente devido (e se devido) deverá ser apurado porocasião da liquidação da sentença. Argüição de incompetência rejeitada.

Passo à analise do mérito. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foiinstituída pela Medida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criadapara substituir a antiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e

Page 144: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

o limite mínimo de 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação dedesempenho individual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação dedesempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)

Page 145: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parteautora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pelaUnião e a ele negar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma daementa, que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

95 - 0002906-64.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002906-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x LIDIA SILVA MACHADO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA,MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0002906-64.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : UNIÃO e JOÃO CHAVIERRecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESTIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela União e parte autora em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, daSaúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas eos 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP 441/2008) e 22.11.2010 (data dapublicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquanto

Page 146: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

intempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 66), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 54-59), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a União sustenta, preliminarmente, a incompetência dos Juizados Especiais Federais, por entender que aparte demandante não se desincumbiu do ônus probatório sobre o valor da causa, o qual deveria vir, ainda que mediantedemonstrativo de cálculo simplificado, anunciado na inicial. E, no mérito, aduz que se trata de gratificação de natureza “prolabore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo quenão é extensível a inativos e pensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, pronunciando-se aincompetência absoluta do Juizado Especial Federal para apreciar a demanda. Eventualmente, pugna pela improcedênciada pretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 129-136.

Pois bem. O valor da causa guarda pertinência direta e objetiva com o pedido formulado pelo autor, devendo expressar,tanto quanto possível, o objeto da ação ou o proveito econômico perseguido. Na seara dos Juizados Especiais Federais etratando-se de matéria de natureza funcional, cujos elementos nem sempre são acessíveis de plano pelo demandante, essaregra deve sofrer o necessário abrandamento, bastando à fixação da competência, caso a caso, a estimativa aproximadado valor da causa, ainda que desacompanhada de memória de cálculo, não superior ao limite estabelecido no caput do art.3º da Lei nº 10.259/2001, convindo ressaltar que o montante efetivamente devido (e se devido) deverá ser apurado porocasião da liquidação da sentença. Argüição de incompetência rejeitada.

Passo à analise do mérito. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foiinstituída pela Medida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criadapara substituir a antiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos eo limite mínimo de 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação dedesempenho individual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação dedesempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do

Page 147: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parteautora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pelaUnião e a ele negar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma daementa, que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

96 - 0002948-16.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002948-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x WALMIR DE LIMA MENDANHA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOLVINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0002948-16.2011.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : UNIÃO e WALMIR DE LIMA MENDANHARecorrido : OS MESMOS

Page 148: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Relator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESITIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela União e parte autora em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido, para condenar a ré ao pagamento da GDASST entre os pontos efetivamente pagos e os: a) 40 pontosdevidos entre 01.04.2002 e 30.04.2004 (art. 11 da Lei nº 10.483/2002) e b) 60 pontos devidos entre 01.05.2004 (art. 6º daLei nº 10.971/2004) e 28.02.2008 (MP 431/2008, convertida na Lei nº 11.784/2008); e GDPST entre os pontos pagos aosaposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP441/2008) e 22.11.2010 (data da publicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquantointempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 66), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 48-53), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a União sustenta, preliminarmente, a incompetência dos Juizados Especiais Federais, por entender que aparte demandante não se desincumbiu do ônus probatório sobre o valor da causa, o qual deveria vir, ainda que mediantedemonstrativo de cálculo simplificado, anunciado na inicial. E, no mérito, aduz que se trata de gratificação de natureza “prolabore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo quenão é extensível a inativos e pensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, pronunciando-se aincompetência absoluta do Juizado Especial Federal para apreciar a demanda. Eventualmente, pugna pela improcedênciada pretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 55-62.

Pois bem. O valor da causa guarda pertinência direta e objetiva com o pedido formulado pelo autor, devendo expressar,tanto quanto possível, o objeto da ação ou o proveito econômico perseguido. Na seara dos Juizados Especiais Federais etratando-se de matéria de natureza funcional, cujos elementos nem sempre são acessíveis de plano pelo demandante, essaregra deve sofrer o necessário abrandamento, bastando à fixação da competência a estimativa aproximada do valor dacausa, ainda que desacompanhada de memória de cálculo, não superior ao limite estabelecido no caput do art. 3º da Lei nº10.259/2001, convindo ressaltar que o montante efetivamente devido (e se devido) deverá ser apurado por ocasião daliquidação da sentença. Argüição de incompetência rejeitada.

Passo à análise do mérito. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foiinstituída pela Medida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criadapara substituir a antiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos eo limite mínimo de 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação dedesempenho individual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação dedesempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO

Page 149: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

DA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parte

Page 150: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

autora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pela União e a elenegar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma da ementa, quepassa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

97 - 0003094-57.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003094-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x AMERICO LIMA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA,MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0003094-57.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : UNIÃO e AMERICO LIMARecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESTIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela União e parte autora em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, daSaúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas eos 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP 441/2008) e 22.11.2010 (data dapublicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquantointempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 69), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 50-56), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a União sustenta, preliminarmente, a incompetência dos Juizados Especiais Federais, por entender que aparte demandante não se desincumbiu do ônus probatório sobre o valor da causa, o qual deveria vir, ainda que mediantedemonstrativo de cálculo simplificado, anunciado na inicial. E, no mérito, aduz que se trata de gratificação de natureza “prolabore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo quenão é extensível a inativos e pensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, pronunciando-se aincompetência absoluta do Juizado Especial Federal para apreciar a demanda. Eventualmente, pugna pela improcedênciada pretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 58-65.

Pois bem. O valor da causa guarda pertinência direta e objetiva com o pedido formulado pelo autor, devendo expressar,tanto quanto possível, o objeto da ação ou o proveito econômico perseguido. Na seara dos Juizados Especiais Federais etratando-se de matéria de natureza funcional, cujos elementos nem sempre são acessíveis de plano pelo demandante, essaregra deve sofrer o necessário abrandamento, bastando à fixação da competência, caso a caso, a estimativa aproximadado valor da causa, ainda que desacompanhada de memória de cálculo, não superior ao limite estabelecido no caput do art.3º da Lei nº 10.259/2001, convindo ressaltar que o montante efetivamente devido (e se devido) deverá ser apurado porocasião da liquidação da sentença. Argüição de incompetência rejeitada.

Page 151: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Passo à analise do mérito. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foiinstituída pela Medida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criadapara substituir a antiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos eo limite mínimo de 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação dedesempenho individual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação dedesempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificações

Page 152: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

por desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parteautora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pelaUnião e a ele negar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma daementa, que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

98 - 0003058-15.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003058-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x HELENA DE OLIVEIRA (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA,MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0003058-15.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : UNIÃO e HELENA DE OLIVEIRARecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESTIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela União e parte autora em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, daSaúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas eos 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP 441/2008) e 22.11.2010 (data dapublicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquanto

Page 153: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

intempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 68), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 50-55), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a União sustenta, preliminarmente, a incompetência dos Juizados Especiais Federais, por entender que aparte demandante não se desincumbiu do ônus probatório sobre o valor da causa, o qual deveria vir, ainda que mediantedemonstrativo de cálculo simplificado, anunciado na inicial. E, no mérito, aduz que se trata de gratificação de natureza “prolabore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo quenão é extensível a inativos e pensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, pronunciando-se aincompetência absoluta do Juizado Especial Federal para apreciar a demanda. Eventualmente, pugna pela improcedênciada pretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 57-64.

Pois bem. O valor da causa guarda pertinência direta e objetiva com o pedido formulado pelo autor, devendo expressar,tanto quanto possível, o objeto da ação ou o proveito econômico perseguido. Na seara dos Juizados Especiais Federais etratando-se de matéria de natureza funcional, cujos elementos nem sempre são acessíveis de plano pelo demandante, essaregra deve sofrer o necessário abrandamento, bastando à fixação da competência, caso a caso, a estimativa aproximadado valor da causa, ainda que desacompanhada de memória de cálculo, não superior ao limite estabelecido no caput do art.3º da Lei nº 10.259/2001, convindo ressaltar que o montante efetivamente devido (e se devido) deverá ser apurado porocasião da liquidação da sentença. Argüição de incompetência rejeitada.

Passo à analise do mérito. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foiinstituída pela Medida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criadapara substituir a antiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos eo limite mínimo de 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação dedesempenho individual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação dedesempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, do

Page 154: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parteautora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pelaUnião e a ele negar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma daementa, que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

99 - 0002144-48.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002144-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: GERONIMO THEML DE MACEDO.) x JOACIR VIANA VASCO (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOL VINHA,MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0002144-48.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEF

Page 155: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Recorrente : UNIÃO e JOACIR VIANA VASCORecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA EREGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESTIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela União e parte autora em razão de sentença que julgou parcialmenteprocedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, daSaúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagos aos aposentados/pensionistas eos 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP 441/2008) e 22.11.2010 (data dapublicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquantointempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 77), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: “quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 58-64), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a União sustenta, preliminarmente, a incompetência dos Juizados Especiais Federais, por entender que aparte demandante não se desincumbiu do ônus probatório sobre o valor da causa, o qual deveria vir, ainda que mediantedemonstrativo de cálculo simplificado, anunciado na inicial. E, no mérito, aduz que se trata de gratificação de natureza “prolabore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo quenão é extensível a inativos e pensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, pronunciando-se aincompetência absoluta do Juizado Especial Federal para apreciar a demanda. Eventualmente, pugna pela improcedênciada pretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 66-73.

Pois bem. O valor da causa guarda pertinência direta e objetiva com o pedido formulado pelo autor, devendo expressar,tanto quanto possível, o objeto da ação ou o proveito econômico perseguido. Na seara dos Juizados Especiais Federais etratando-se de matéria de natureza funcional, cujos elementos nem sempre são acessíveis de plano pelo demandante, essaregra deve sofrer o necessário abrandamento, bastando à fixação da competência, caso a caso, a estimativa aproximadado valor da causa, ainda que desacompanhada de memória de cálculo, não superior ao limite estabelecido no caput do art.3º da Lei nº 10.259/2001, convindo ressaltar que o montante efetivamente devido (e se devido) deverá ser apurado porocasião da liquidação da sentença. Argüição de incompetência rejeitada.

Passo à analise do mérito. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foiinstituída pela Medida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criadapara substituir a antiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos eo limite mínimo de 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação dedesempenho individual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação dedesempenho institucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO

Page 156: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

DA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parte

Page 157: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

autora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pelaUnião e a ele negar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma daementa, que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

100 - 0002916-11.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002916-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: SHIZUE SOUZA KITAGAWA.) x JOAO CHAVIER (ADVOGADO: LEONARDO PIZZOLVINHA, MARCELO MATEDI ALVES.) x OS MESMOS.Processo nº 0002916-11.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE (FUNASA) e JOÃO CHAVIERRecorrido : OS MESMOSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO DA PARTE AUTORA NÃO CONHECIDO.INTEMPESTIVIDADE. RECURSO DA UNIÃO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recursos inominados interpostos pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA - e parte autora em razão desentença que julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenhoda Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagosaos aposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP441/2008) e 22.11.2010 (data da publicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

Desde logo verifico a ausência de um dos requisitos de admissibilidade do recurso em relação à autora, porquantointempestivo, eis que protocolizado somente em 28.09.2011 (fl. 140), em desatenção ao disposto no art. 83, §2º, da Lei nº9.099/1995, que estabelece, in verbis: quando opostos contra sentença, os embargos de declaração suspenderão o prazopara o recurso”. Assim, em razão da inobservância da suspensão (e não interrupção) do prazo pelos embargos dedeclaração opostos (fls. 121-127), inviável o conhecimento.

Por sua vez, a FUNASA sustenta, em síntese, que se trata de gratificação de natureza “pro labore”, ou seja, vantagemcondicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo que não é extensível a inativos epensionistas. Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido nainicial. Eventualmente, pugna pela fixação do termo final da condenação na data da publicação do Decreto nº 7.133/2010(22.03.2010). As contrarrazões encontram-se nas fls. 129-136.

Pois bem. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pelaMedida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir aantiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimode 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenhoindividual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenhoinstitucional.

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercício

Page 158: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

profissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a Wpartir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida de

Page 159: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

elevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso interposto pela União e a ele nego provimento. Não conheço do recurso interposto parteautora, nos termos da fundamentação supra.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da União ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dez porcento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso interposto pela União e a elenegar provimento, e não conhecer do recurso interposto pela parte autora, por intempestivo, na forma da ementa que passaa integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

101 - 0003080-73.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.003080-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x ZULEMAR FELICIO DE JESUS (ADVOGADO:LEONARDO PIZZOL VINHA, MARCELO MATEDI ALVES.).Processo nº 0003080-73.2011.4.02.5050/01– Juízo de origem: 2º JEFRecorrente : FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARecorrido : ZULEMAR FELICIO DE JESUSRelator : Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO DA CARREIRA PREVIDENCIÁRIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO–GDPST. GRATIFICAÇÃO DECARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS. POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO ATÉ EDIÇÃO DE ATOREGULAMENTADOR DOS PROCEDIMENTOS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO INDIVIDUAL E INSTITUCIONAL.RESSALVA REGISTRADA NA DECISÃO IMPUGNADA. RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO.SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA - em razão de sentença que julgouparcialmente procedente o pedido, para condenar a Ré ao pagamento da Gratificação de Desempenho da CarreiraPrevidenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), respeitada a prescrição qüinqüenal, entre os pontos pagos aosaposentados/pensionistas e os 80 pontos pagos aos servidores ativos entre 29.08.2008 (data da publicação da MP441/2008) e 22.11.2010 (data da publicação da Portaria nº 3.627/GM/MS).

A recorrente sustenta, em síntese, que se trata de gratificação de natureza “pro labore”, ou seja, vantagem condicionada àefetividade do desempenho das funções dos servidores na unidade, pelo que não é extensível a inativos e pensionistas.Dessa forma, requer seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzido na inicial.Eventualmente, pugna pela fixação do termo final da condenação na data da publicação do Decreto nº 7.133/2010(22.03.2010). As contrarrazões encontram-se nas fls. 77-80.

Pois bem. A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pelaMedida Provisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir aantiga GDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimode 30 (trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenhoindividual e 80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenhoinstitucional.

Page 160: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

O art. 5º-B, §6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004.

O §5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação de desempenho do exercícioprofissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme disposição do art. 20 da Lei nº8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que esta só assumiria seus contornos depessoalidade a Wpartir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST só seria concedida de formadesigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniência de regulamentação doprocedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seria percebida por todos osservidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmos percentuais, pelos inativos epensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

Nesse sentido, confiram-se os precedentes a seguir reproduzidos:

DECISÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHODA CARREIRA DA PREVIDÊNCIA, DA SAÚDE E DO TRABALHO – GDPST. EXTENSÃO AOS INATIVOS:POSSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INCABÍVEL. AGRAVO AO QUAL SE NEGASEGUIMENTO.Relatório (...)5. Razão jurídica não assiste à Agravante.6. A Turma Recursal assentou que a gratificação de desempenho foi concedida em caráter genérico, aplicando-se,portanto, à espécie, o mesmo entendimento firmado quanto à Gratificação de Desempenho de AtividadeTécnico-Administrativa - GDATA e à Gratificação de Desempenho da Atividade da Seguridade Social e do Trabalho -GDASST, segundo o qual a gratificação deve ser estendida aos servidores inativos. Essa decisão está em harmonia com aorientação jurisprudencial do Supremo Tribunal Federal. Confiram-se os seguintes julgados: “Embora de natureza prolabore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmuda a GDASST em uma gratificação denatureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, de violação ao princípio da isonomia. IV- Recurso extraordinário desprovido” (RE 572.052, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Plenário, DJe 17.4.2009). “1. Questãode ordem. Repercussão Geral. Recurso Extraordinário. 2. GDATA e GDASST. 3. Servidores inativos. Critérios de cálculo.Aplicação aos servidores inativos dos critérios estabelecidos aos ativos, de acordo com a sucessão de leis de regência. 4.Jurisprudência pacificada na Corte. 5. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar ajurisprudência do tribunal, desprover o recurso, autorizar a devolução aos tribunais de origem dos recursos extraordinários eagravos de instrumento que versem sobre o mesmo tema e autorizar as instâncias de origem à adoção dos procedimentosdo art. 543-B, § 3º, do Código de Processo Civil” (RE 597.154-RG-QO, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 29.5.2009 – grifosnossos). Não há, pois, o que prover quanto às alegações da Agravante.7. Pelo exposto, nego seguimento ao agravo de instrumento (art. 557, caput, do Código de Processo Civil e art. 21, § 1º, doRegimento Interno do Supremo Tribunal Federal).(AI 805342, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 02/08/2010, publicado em DJe-152 DIVULG 17/08/2010 PUBLIC18/08/2010)

AGRAVO INTERNO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. GDASST E GDPST EXTENSÃO A INATIVOS:PONTUAÇÃO VARIÁVEL CONFORME A SUCESSÃO DE LEIS REGENTES DA VANTAGEM. HONORÁRIOSADVOCATICIOS.I. A controvérsia restringe-se a possibilidade de extensão da GDASST e da GDPST aos servidores inativos e pensionistas,nos mesmos moldes dos servidores da ativa, em observância ao parágrafo oitavo do artigo 40 da Constituição daRepública, que assegura o reajuste dos proventos e das pensões sempre que for revista a remuneração dos servidoresativos.40Constituição.II. Especificamente no tocante à GDATA, o Pleno do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário476279, em 19/04/2007, veio a destacar que pode ser conferida à referida gratificação, vantagem pecuniária propterlaborem, um duplo caráter: pro labore faciendo, de modo eminente, em razão de a pontuação variar conforme determinadodesempenho individual no exercício de cargo público efetivo e, também, ex facto officii, de modo excepcional, em razão dea pontuação ser firmada pela simples ocupação daquele.III. Esse mesmo entendimento deverá ser adotado para a Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social edo Trabalho - GDASST, instituída pela Lei nº 10.483/2002.10.483.IV. Deve ser ressalvado, entretanto, que as gratificações em tela somente deverão ser pagas aos servidores inativos epensionistas em seu valor mínimo até que sejam instituídos os critérios para a aferição da avaliação de desempenhoindividual e institucional, uma vez que implementada tal disciplina, o direito a paridade não poderá abranger as gratificaçõespor desempenho, incompatíveis com a inatividade, não havendo, portanto, que se falar em violação ao princípio daisonomia entre a remuneração dos ativos e inativos.(...)(TRF 2º Região - 2008.51.02.004748-1, Relator: Desembargador Federal REIS FRIEDE, Data de Julgamento: 28/04/2010,SÉTIMA TURMA ESPECIALIZADA, Data de Publicação: E-DJF2R - Data::12/05/2010 - Página::273/274)

Page 161: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A Suprema Corte assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a implementação em todos os seus termos da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Condenação da recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% (dezpor cento) do valor da condenação (art. 55 da Lei nº 9.099/1995).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, acordam os Juízes da Turma Recursaldos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo conhecer do recurso e a ele negar provimento, naforma da ementa que passa a integrar o julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

102 - 0002945-95.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002945-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x SEBASTIÃO ANTONIO FILHO (ADVOGADO:RACHEL APARECIDA DE CARVALHO ASAFE, ALMERY LILIAN MORAES.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002945-95.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002945-4/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO – INCAPACIDADE COMPROVADA –EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE NO MOMENTO DA CESSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 122/123, que julgou procedente opedido, condenando o recorrente a restabelecer o benefício de auxílio-doença, com efeitos retroativos à data docancelamento administrativo. Alega o INSS, em suas razões recursais, que não foi possível precisar a data da incapacidadecom base nos elementos existentes nos autos, requerendo, assim, a reforma da sentença, para que a data inicial dobenefício seja a da juntada aos autos do laudo pericial. Não foram apresentadas contrarrazões.2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15

Page 162: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

(quinze) dias consecutivos.3. Não há nos autos controvérsia quanto à condição de incapaz da parte autora para o exercício de suas atividadeshabituais. A questão está na data inicial da concessão do benefício.4. O laudo médico judicial, de fls. 97/105, constatou que o recorrido, técnico em refrigeração, atualmente com 63 anos deidade, é portador de epilepsia e está incapacitado, temporariamente, para o exercício de suas atividades habituais. O expertnão conseguiu definir a data do surgimento da doença, bem como a incapacidade laborativa. Tal lacuna, porém, pode sersuprida pelas provas carreadas aos autos pelo autor. Atestado médico, subscrito por neurologista, datado de 26/02/2010,certifica a mesma doença diagnosticada pelo perito, e a incapacidade para o trabalho (fl. 38); outro atestado, datado de31/03/2010, certifica a mesma patologia e a incapacidade (fl. 39). Resta, assim, caracterizada a incapacidade laborativa dorecorrido.5. Comprovados a qualidade de segurado, o cumprimento do período de carência, bem como a incapacidade, no momentoda cessação indevida, para o desempenho de atividade que lhe garanta o sustento, faz jus o autor ao restabelecimento dobenefício de auxílio-doença.6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.7. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

103 - 0002283-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002283-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SIDNEI WANDERLEYLOUREIRO SCHMIDT (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002283-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002283-6/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – RECEBIMENTO DE VALORES RETROATIVOS – FALTA DE PROVAS DAINCAPACIDADE NO PERÍODO CONTROVERTIDO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 47, que julgou improcedente opedido inicial de condenação do réu ao pagamento do benefício de auxílio-doença entre os períodos de 17/04/2008 a05/11/2009. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que a cessação do primeiro benefício foi indevida, pois ainda seencontrava incapacitado, requerendo, assim, o pagamento desde a cessação do primeiro benefício. O INSS apresentoucontrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.2. Sabe-se que o auxílio-doença será devido ao segurado que, uma vez cumprido a carência pela lei exigida, ficarincapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (artigo 59 daLei nº 8.213/91).3. Na hipótese dos autos, a controvérsia se limita à existência ou não de direito ao recebimento do benefício deauxílio-doença desde o momento em que foi cessado. O benefício de auxílio-doença foi concedido em 15/10/2005 e seestendeu até o dia 17/04/2008 (fl. 45). Com a cessação, o benefício previdenciário foi somente restabelecido em 05/11/2009(fl. 46).4. Os atestados carreados aos autos pelo recorrente, em sua maioria, não são contemporâneos ao período controvertido eos que são contemporâneos não atestam qualquer tipo de incapacidade do autor naquele momento.5. Ademais, o primeiro auxílio-doença foi concedido em decorrência de lumbago com ciática (fl. 45), enquanto o segundoauxílio-doença foi concedido por motivo diverso, qual seja, erisipelóide (fl. 46). Tais doenças, sendo diversas, não permiteminferir que, do momento da cessação do primeiro benefício até seu restabelecimento, o autor estivesse incapacitado parasuas atividades habituais.6. Não é devida, portanto, a condenação do INSS ao pagamento das parcelas do benefício de auxílio-doença vencidasentre o período de 17/04/2008 a 05/11/2009.7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da

Page 163: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

104 - 0002990-02.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002990-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GISELY OLIVEIRAVILLARROEL (ADVOGADO: MARIALZIRA DE ARAUJO COUTINHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: RODRIGO COSTA BUARQUE.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002990-02.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002990-9/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – DEPENDENTE MAIOR DE 21 ANOS – ESTUDANTE UNIVERSITÁRIA –RECEBIMENTO DO BENEFÍCIO ATÉ 24 ANOS DE IDADE OU ATÉ À CONCLUSÃO DE CURSO SUPERIOR –AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, GISELY OLIVEIRA VILLARROEL (24 anos de idade), emface da sentença de fls. 39/40, que julgou improcedente o pedido de concessão do benefício de pensão por morte. Alega arecorrente, em suas razões recursais, que, mesmo possuindo mais de 21 anos de idade, está cursando universidade eainda depende do benefício para conseguir completar seus estudos, visto que não consegue prover seu próprio sustento.Requer, diante disso, que o benefício seja percebido até o término de seus estudos ou do alcance da idade limite de 24(vinte e quatro) anos. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Conforme disposto no inciso I do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, o benefício de pensão por morte é devido para o filho dosegurado, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido, não ampliando tal benefício para estudantes universitários. Assimsendo, o direito ao benefício de pensão por morte cessa quando o beneficiário completa 21 (vinte e um) anos de idade,salvo se for inválido, não havendo relevância o fato de ser estudante universitário, motivo pelo qual não existe previsão legalde percepção da pensão vindicada.

3. Nesse sentido, o enunciado nº 30 dessa Turma Recursal dispõe:

O fato do dependente do segurado falecido ser estudante universitário, não autoriza a prorrogação da pensão por morte atéos 24 anos de idade, levando-se em conta que, após esta data, há a possibilidade de prosseguimento dos estudosconcomitantemente ao desenvolvimento de atividades laborativas. Ademais, não se aplica na hipótese a regra prevista noart. 35, § 1º da Lei 9.250/95, tendo em vista que a norma se refere especificamente ao Imposto de Renda. (DIO - Boletimda Justiça Federal, 04/04/06, pág. 48).

4. Do mesmo modo, a Turma Nacional de Uniformização editou súmula de nº 37, na qual declara que “a pensão por morte,devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário”.

5. Nesse sentido:

AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. FILHO ESTUDANTE UNIVERSITÁRIO.PRORROGAÇÃO DO BENEFÍCIO ATÉ A IDADE DE 24 ANOS OU ATÉ A CONCLUSÃO DO ENSINO SUPERIOR.IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. PRECEDENTES. DECISÃO MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOSFUNDAMENTOS. 1. Não há como abrigar agravo regimental que não logra desconstituir os fundamentos da decisãoatacada. 2. É do próprio texto legal a determinação de que o pagamento da pensão por morte extingue-se quando odependente completa 21 anos de idade - em se tratando de filho (a) ou pessoa equiparada, e irmão (ã) - salvo quando setratar de pessoa inválida. 3. A violação de dispositivos constitucionais, ainda que para fins de prequestionamento, não podeser apreciada em sede de recurso especial. 4. Agravo regimental a que se nega provimento.(AGRESP 200600276108, HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), STJ - SEXTATURMA, DJE DATA: 16/08/2010.)

6. Diante do exposto, de acordo com a legislação vigente, ao completar 21 (vinte e um) anos, a beneficiária perde aqualidade de dependente, não havendo que se cogitar a hipótese de extensão do benefício até que complete 24 (vinte equatro) anos de idade ou até à conclusão de curso superior, por não possuir condições de prover seu sustento. Do mesmomodo, não há lacuna hábil a permitir interpretação diversa ou extensão para situações peculiares.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciáriagratuita.

Page 164: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

105 - 0003622-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003622-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x NEUCIR JOSE CHIABAI(ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0003622-62.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003622-5/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO – AVERBAÇÃO DE ATIVIDADE RURAL – INÍCIO DEPROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – PERÍODO DE TRABALHO RURALCOMPROVADO – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 87/90, que julgou procedente o pedidode restabelecimento da aposentadoria por tempo de serviço. Alega o recorrente, em seu recurso, que o tempo de serviçorural não pode ser reconhecido por ter sido objeto de ação de mandado de segurança, mas, mesmo que pudesse, não teriasido comprovado o período de trabalho rural alegado pelo autor e, assim, não haveria tempo suficiente para a concessão dobenefício da aposentadoria. O recorrido apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção da sentença.

2. Em 1992, o autor requereu sua aposentadoria por tempo de serviço, pedindo averbação do período de serviço rural, oque não foi deferido em sua totalidade pelo INSS. Em razão disso, o recorrido impetrou mandado de segurança, julgado em08/04/1994 pelo juiz a quo, que determinou a averbação do tempo de atividade rural entre os períodos de 24/06/1966 a22/09/1969. Tal período não havia sido reconhecido administrativamente (fls. 16/18) e, com sua averbação, foi possível aconcessão da aposentadoria por tempo de serviço.

3. Entretanto, a sentença proferida no mandado de segurança foi reformada por decisão de acórdão proveniente doTribunal Regional Federal da 2ª Região (fls. 36/40), por entender que não caberia averbação de tempo rural paraaposentadoria em sede de mandado de segurança. Assim, o INSS revisou o ato de concessão do benefício, cancelando aaposentadoria.

4. Não merece prosperar a alegação do INSS de que o tempo de serviço rural não pode ser reconhecido em outroprocesso, pois o acórdão que reformou a sentença da ação mandamental não chegou a analisar o mérito da questão, nãofazendo, portanto, coisa julgada material.

5. Verifica-se que o autor juntou aos autos, como início de prova material, fichas de matrícula, além de declaração daescola onde estudou, entre os anos de 1964 a 1967, confirmando a profissão de lavrador de seu pai (fls. 31/35). Não hánecessidade de documentação de cada ano que se deseja averbar, bastando início de prova material, complementada pelaprova testemunhal, exigências atendidas neste caso, visto que todas as testemunhas confirmaram que o autor trabalhou naroça, desde criança, com o pai, só se mudando para a cidade quando começou a trabalhar na zona urbana, em 01/10/1969.Segundo a Súmula nº 14 da Turma Nacional de Uniformização: “para a concessão de aposentadoria rural por idade, não seexige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”.

6. Como restou comprovado o exercício de trabalho rural pelo autor, de 24/06/1966 a 22/09/1969, tal período deve seraverbado, a fim de ser usado na contagem do tempo necessário para concessão da aposentadoria por tempo de serviço.

7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

8. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da

Page 165: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Seção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante dos autos, quepassa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

106 - 0002426-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002426-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x SAULO VANZELLER (DEF.PUB:RICARDO FIGUEIREDO GIORI.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002426-23.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002426-2/01)

EMENTA

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS À CONCESSÃO DOBENEFÍCIO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 49/50, que julgou parcialmenteprocedente o pedido da autora, condenando o réu a pagar os proventos de auxílio-doença retroativos ao período de16/06/2008 a 01/04/2010, bem como a restabelecer o auxílio-doença NB 540.425.201-0, com efeitos retroativos à data docancelamento administrativo, em 26/01/2011. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que o laudo pericial constatouincapacidade apenas a partir de 02/04/2010, não havendo que se falar em pagamentos anteriores a esta data, visto que obenefício concedido anteriormente foi por motivo diverso. O autor apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção dasentença.

2. O auxílio-doença será devido, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. O autor, vidraceiro, atualmente com 46 anos de idade, sofreu um acidente automobilístico em 02/04/2010 (fl. 18), ficandoincapaz para o exercício de suas atividades habituais. O INSS concedeu o auxílio-doença desde o acidente, cessando-o em26/01/2011 (fl. 47). Conforme perícia médica judicial, realizada em 29/10/2010 (fls. 37/38), o recorrido não apresentacondições de trabalho, em razão do acidente sofrido, estando incapaz temporariamente. Quanto à incapacidade emmomento anterior ao acidente, o perito médico não soube informar se esta existia ou não.

4. O autor recebeu auxílio-doença entre os períodos de 02/06/2005 a 01/05/2008 e 01/06/2008 a 15/06/2008 (fls. 13/14).Pelos laudos particulares juntados aos autos é possível verificar que, no momento da cessação do benefício, o recorridoainda encontrava-se incapaz, conforme atestado de 09/12/2009 (fl. 16) e de 26/08/2008 (fl. 17). Os atestados de médicosassistentes são contemporâneos aos requerimentos administrativos e atestam a mesma doença pela qual o INSSconcedeu o primeiro auxílio-doença (fl. 48). Se o diagnóstico apresentado na época da concessão do auxílio-doença estavamantido em momento posterior à cessação do benefício, presume-se que a incapacidade laborativa persistia.

5. Como não ficou demonstrada a realização de uma nova perícia médica pelo INSS, comprovando a capacidade do autor,este tem direito ao recebimento das parcelas retroativas do auxílio-doença (16/06/2008 a 01/04/2010), bem como aorestabelecimento do benefício cessado em 26/01/2011.

6. Ressalte-se que o Código de Processo Civil, em seus artigos 131 e 436, permite ao juiz formar seu convencimento comoutros elementos ou fatos provados, não estando adstrito apenas à conclusão obtida pelo perito, desde que motive suasdecisões.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custa ex lege. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10% sobre o valor dacondenação.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, de forma amanter a sentença, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Page 166: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

107 - 0002731-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002731-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUIZA MASCIEL LEMOSDAS NEVES (ADVOGADO: JOANA D'ARC BASTOS LEITE.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002731-07.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002731-7/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE LABORAL – LAUDOMÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO –SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 56, que julgou improcedente oseu pedido de conversão do beneficio de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, Luiza MacielLemos das Neves (49 anos) em suas razões recursais, que é portadora de doença degenerativa de coluna lombar eobesidade, encontrando-se totalmente incapaz para o labor habitual. Com isso, requer a reforma da sentença, julgandoprocedente o pedido exposto na inicial. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 38/45), queapesar de ter sido constatado que a recorrente é portadora de doença degenerativa da coluna lombar, e que possuiincapacidade temporária para a atividade habitual, constatou-se também que a recuperação da capacidade laborativa podeser conquistada com tratamento endocrinológico para redução de peso, com medicamentos para controle de dor, comfisioterapia e acupuntura, e que a autora poderá ser reabilitada para o desempenho de outra atividade remunerada,compatível com sua idade, com seu grau de instrução e que não ocorra sobrecarga da coluna.4. Vale ressaltar quanto aos laudos particulares, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.5. Assim, havendo a possibilidade de reabilitação da parte autora, não merecem guarida os argumentos expostos nasrazões recursais.6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

108 - 0003559-03.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003559-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PERCILIANA DE ALMEIDA(DEF.PUB: RICARDO FIGUEIREDO GIORI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCIA RIBEIRO PAIVA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0003559-03.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003559-4/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –

Page 167: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 34/35, que julgou improcedenteo seu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, Perciliana deAlmeida (47 anos de idade), em suas razões recursais, que é portadora de osteoartrose lombar e que se encontraimpossibilitada de exercer suas atividades laborais. Alega, ainda, que a perícia médica judicial é evasiva e superficial. Comisso, requer a reforma da sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial para conceder o benefício deauxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez. Requer, subsidiariamente, que seja o feito convertido em diligência paraque se determine a realização de novo exame pericial. O INSS não apresentou contrarrazões.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. A parte autora requereu o benefício de auxílio-doença em 15/12/2009 (fl. 11), o qual foi indeferido sob o argumento deque não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidade para o trabalho ou para aatividade habitual.4. Preliminarmente, o pedido da recorrente de realização de nova perícia médica especializada em Neurocirurgia (fls.32/33), em virtude da arguição de que a perícia judicial foi evasiva e superficial, não merece prosperar. A matéria foisuficientemente esclarecida pelo perito médico (que possui especialidade médica nas doenças das quais a recorrente sequeixa) e não há nenhuma nulidade que contamine a produção da prova.5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fl. 29), que apesarde o perito constatar que a recorrente é portadora de espondiloartrose lombar com protusões discais de L3 e S1, esta nãoapresenta incapacidade para a atividade laboral. O perito afirma, ainda, que a doença não pode ser agravada com otrabalho habitual da autora. Com isso, conclui que a recorrente encontra-se apta a exercer atividade laboral, nãoapresentando incapacidade.6. Apesar de a recorrente apresentar laudos que atestam sua enfermidade (fls. 12/16), vale ressaltar o teor do Enunciado08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular”.7. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

109 - 0001705-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001705-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) HILDA DOS SANTOSCESAR (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001705-71.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001705-1/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 48/49, que julgou improcedenteo seu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez.Alega a recorrente, Hilda dos Santos Cesar (50 anos de idade), em suas razões recursais, que se encontra impossibilitadade exercer suas atividades laborais, pois necessita de fisioterapia, de repouso absoluto e luva ortopédica. Aduz, ainda, quea perícia médica judicial é evasiva e superficial. Com isso, requer a reforma da sentença, julgando procedente o pedido

Page 168: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

exposto na inicial, ou que seja o feito convertido em diligência para que se determine a realização de novo exame pericial. OINSS não apresentou contrarrazões.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. A parte autora requereu o benefício de auxílio-doença em 28/12/2009 (fl. 07) e em 03/02/2010 (fl. 08). O primeirorequerimento foi indeferido sob o argumento de que não foi comprovada a qualidade de segurada. O segundo requerimentofoi indeferido sob o argumento de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, a incapacidadepara o trabalho ou para a atividade habitual.4. Foram realizadas duas perícias médicas judiciais, uma com perito especialista em ortopedia e outra com perito psiquiatra(fls. 21 e 33/34), que esclareceram suficientemente as doenças das quais a recorrente é portadora, motivo pelo qual nãovislumbro a necessidade de nova produção de laudo.5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícias médicas judiciais (fls. 21 e 33/34),que apesar de ter sido constatado que a recorrente é portadora de lesão condral patelar II de joelho esquerdo e transtornodepressivo, não apresenta incapacidade para a atividade laboral, não havendo limitações funcionais para o desempenho desua atividade de auxiliar de serviços gerais. Verifica-se, ainda, que a doença não pode ser agravada no trabalho habitual.Com isso, os peritos afirmam que a recorrente encontra-se apta a exercer atividade laboral, não apresentandoincapacidade.6. Apesar de a recorrente apresentar laudos e exames que atestam sua enfermidade (fls. 09/13 e 24), vale ressaltar o teordo Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.7. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

110 - 0003334-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003334-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE CARLOS OLIVEIRA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS.PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0003334-17.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003334-0/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – LAUDO PARTICULAR – PROVA UNILATERAL – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 107/109, que julgouimprocedente o seu pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença ou concessão de aposentadoria porinvalidez. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que se encontra incapacitado para o trabalho, por apresentarmoléstia que o impede de desempenhar sua atividade habitual. Afirma, ainda, que acostou laudos médicos particulares queatestam sua condição de incapaz. Ademais, alega que a incapacidade laboral não pode ser fixada apenas sob o ponto devista médico, devendo considerar também suas condições pessoais. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pelamanutenção da sentença.2. Sabe-se que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido a carência pela lei exigida, ficar incapacitadopara o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (artigo 59 da Lei nº8.213/91). Já o art. 42 da mesma lei, diz: “A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carênciaexigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptívelde reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nestacondição”.3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, consoante perícia médica judicial (fls. 77/82), que,mesmo sendo diagnosticado artrose generalizada, o autor (53 anos de idade) não se encontra incapacitado para o trabalho,

Page 169: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

e pode exercer suas atividades habituais (cozinheiro). O expert afirma que a parte autora tem boa mobilidade dos membros,não apresenta hipotrofias musculares, nem mesmo alterações neurológicas (quesito 04). No quesito 05, o médico peritoinforma que a doença degenerativa que acomete o recorrente não tem relação com a sua atividade profissional.4. Vale ressaltar quanto aos laudos particulares, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.5. Não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais para recebimento debenefício previdenciário.6. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, CONHECER DO RECURSO E, NO MÉRITO, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma daementa constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

111 - 0001345-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001345-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE NATALINOCALAVORTY (ADVOGADO: PRISCILLA FERREIRA DA COSTA, FLAVIA AQUINO DOS SANTOS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001345-39.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001345-8/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 81, que julgou improcedente oseu pedido de concessão do beneficio de aposentadoria por invalidez. Alega o recorrente, José Natalino Calavorty (58 anosde idade), em suas razões recursais, que sofreu acidente de trânsito que lhe resultou lesões gravíssimas estando, assim,impossibilitado para exercer atividade laboral. Requer seja julgado procedente o pedido exposto na inicial. O INSS nãoapresentou contrarrazões.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. A parte autora sofreu um acidente de trânsito em 28/04/1998 (fls. 18/19), que lhe resultou várias lesões. Recebeu obenefício de auxílio-doença de 28/04/1998 a 30/11/1998 (fl. 61), de 28/02/1999 a 30/04/1999 (fl. 62) e de 19/08/2004 a20/10/2004 (fl. 58).4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 68/71), queapesar de o perito constatar que a parte autora possui lesões decorrentes do acidente de trânsito, com cicatriz cirúrgicamediana, o mesmo não apresenta incapacidade para a atividade laboral, pois, através da avaliação dos autos e do exameclínico pericial, afirmou que o recorrente obteve sucesso com o tratamento realizado na época dos fatos.5. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.6. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

Page 170: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

112 - 0001417-26.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001417-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JONAS SARAIVA(ADVOGADO: SERGIO RIBEIRO PASSOS, LARISSA FURTADO BAPTISTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001417-26.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001417-7/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 49/51, que julgou improcedente opleito autoral de concessão de aposentadoria rural. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que a prova materialapresentada nos autos demonstra que sempre trabalhou como pescador artesanal e preencheu o período de carênciaexigido para a concessão do beneficio. Pugna, portanto, pela reforma da sentença.

Foram apresentadas contrarrazões pelo INSS, pugnando pela manutenção da sentença.

O feito foi baixado em diligência para que fosse determinada a realização de audiência para oitiva de testemunhas edepoimento pessoal, a fim de verificar a prestação de atividade pesqueira pelo autor, e caso fosse comprovado, o períodoem que foi realizado. Os autos retornaram com o arquivo de áudio contendo a gravação da audiência.

Eis o relatório do necessário. Passo a votar.

A aposentadoria rural por idade será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60anos para homens e 55 anos para mulheres) e exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo períodoexigido em lei, conforme disposições da Lei nº. 8.213/91.

O autor nasceu em 17/02/1950. Completou o requisito etário em 17/02/2010. Protocolizou o requerimento administrativo em22/02/2010 (fl. 37). Teve seu requerimento indeferido por não ter sido comprovado o efetivo exercício de atividade rural.

Existem nos autos indícios da atividade rural exercida pela parte autora: carteira de pescador profissional (fl. 12);declaração da colônia de pescadores que comprova o exercício da atividade de pescador artesanal até os dias atuais (fls.16/18); caderneta de inscrição e registro no Ministério da Marinha (fls. 20/24).

Em audiência, constatou-se que o autor sempre trabalhou como pescador. A parte autora alegou que, por um curto períodode tempo, trabalhou como porteiro, porém, nunca deixou de trabalhar com a pesca, visto que, durante o dia, pescava, e,durante a noite, trabalhava como porteiro. O autor alegou, também, que continua pescando até os dias atuais.

A primeira testemunha, o Sr. Antonio Brandão de Almeida, confirmou o depoimento autoral, alegando que o autor épescador e que o conhece há mais de vinte e cinco anos. Alegou, ainda, que atualmente trabalha com o autor em umaembarcação, e que desconhece o fato de o autor ter trabalhado como porteiro, garantindo que o autor nunca se ausentouda pesca, visto que sempre o encontrava no cais logo que retornavam da pescaria.

A segunda testemunha, o Sr. Hugo Alves de Assis, também confirmou o depoimento autoral, alegando que conhece a parteautora há mais de vinte anos e que o autor é pescador profissional há mais de trinta anos. Alegou, ainda, que o autorexerce a atividade pesqueira até os dias atuais, sendo que trabalha com mais dois pescadores e que não sabe se orecorrente trabalhou como porteiro.

A terceira testemunha, o Sr. Maurício Simões Gonçalves, também confirmou o depoimento autoral, alegando que conhecea parte autora há aproximadamente trinta anos, sendo que o autor sempre trabalhou como pescador, inclusive juntamentecom ele, até os dias atuais. Alegou ter ouvido falar que o autor teria exercido outra atividade durante uns dois meses, masnão teve certeza se a informação era verdadeira.

A documentação apresentada indica que a parte autora realmente exerceu atividades urbanas entre 01/01/1995 a14/02/1995, 01/06/1995 a 20/12/1995, 08/02/1997 a 09/05/1997 e 01/08/2002 a 28/02/2003, como porteiro e zelador.Embora existam diversos vínculos urbanos anotados na CTPS do autor, esses períodos somados totalizam apenas 01 ano,06 meses e 04 dias.

Sob a perspectiva acima delineada, tem-se que a parte autora conseguiu demonstrar, efetivamente, pela prova material etestemunhal, o exercício de atividade rural em regime de economia familiar, conclusão que não pode ser afastada pela

Page 171: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

atividade paralela de empregado urbano, por curtos períodos, até mesmo porque, mesmo se forem desconsiderados estesanos, o período de carência ainda resta preenchido, já que o autor laborou como pescador por toda a vida. A legislação previdenciária permite que a atividade rural possa ser realizada em períodos descontínuos (art. 39, inciso I daLei nº 8.213/91), e, como o autor comprovou o exercício de atividade rural pelo período de carência necessário paraconcessão da aposentadoria por idade rural, faz jus ao benefício pleiteado desde 22/02/2010 (data do requerimentoadministrativo – fl. 37).

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença recorridae JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO DA PARTE AUTORA, conforme fundamentação supra.

CONDENO o recorrido a pagar ao recorrente o valor das prestações vencidas, respeitada a prescrição quinquenal,devidamente corrigidas e acrescidas de correção monetária desde o momento em que deveriam ter sido pagas, com basena tabela de precatórios, e juros de mora nos termos da Lei nº 11.960/2009 (citação em 16/04/2010, fl. 44).

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados, no prazo de 30 (trinta)dias, contados a partir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato deque o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, e que tal posicionamento se coadunacom as disposições dos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e nº 22 das Turmas Recursais do Rio deJaneiro. Desta feita, após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer,na forma do art. 16 da Lei nº 10.259/01, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL – PROVAMATERIAL E TESTEMUNHAL – COMPROVAÇÃO DO REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR – RECURSO CONHECIDO EPROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

113 - 0002873-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002873-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ROSEMBERG ANTONIO DA SILVA.) x MARIA DAS GRAÇAS ALVES PAIXÃO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002873-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002873-5/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO DO INSS – LAUDO MÉDICOPERICIAL – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 68/69, que julgou procedente o pedidode concessão do benefício de auxílio-doença da parte autora, MARIA DAS GRAÇAS ALVES PAIXÃO (39 anos de idade).Alega o INSS, em suas razões recursais, que a autora não faz jus à isenção de carência, visto que se filiou ao RGPS em11/01/2010 e sua doença teve início em 01/01/1995. Alega, assim, que sem a isenção da carência, não possui direito aobenefício. A autora apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

Page 172: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

3. A parte autora requereu o benefício de auxílio-doença em 30/04/2010 (fl. 08). O INSS indeferiu o pedido sob a alegaçãode que a incapacidade para o trabalho era anterior ao início/reinício de suas contribuições para a Previdência Social.

4. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 32/35), que aautora é portadora de insuficiência renal crônica, estando incapacitada temporariamente para o exercício de atividadelaboral e para qualquer tipo de atividade física.

5. De acordo com a perícia médica do INSS (fl. 41), a data de início da doença foi fixada em 01/01/1995, enquanto a datade início da incapacidade foi fixada em 09/04/2010. Conforme o CNIS da autora (fl. 18), verifica-se que a recorrida estevefiliada ao RGPS de janeiro de 2010 a abril de 2010.

6. Desse modo, como a perícia médica do INSS fixou a data de início da incapacidade em 09/04/2010, a recorridaostentava a qualidade de segurada no momento do requerimento. Além disso, a doença que acomete a parte autora é umaespécie de nefropatia grave, doença que exclui a exigência de carência para a concessão do benefício de auxílio-doença.

7. Assim, havendo incapacidade da parte autora, não merecem guarida os argumentos expostos no pedido recursal daautarquia previdenciária.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Condeno o recorrente ao pagamento de honorários advocatícios, ora fixados em 10% sobre o valor dacondenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

114 - 0002641-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002641-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO RODRIGUES DESOUZA (ADVOGADO: WILLIAN PEREIRA PRUCOLI.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002641-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002641-6/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE – FALTA DE PROVAS – SENTENÇAMANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por PAULO RODRIGUES DE SOUZA, em face da sentença de fls. 32/33, quejulgou improcedente o seu pedido inicial de recebimento do auxílio-doença no período de 29/12/2009 a 17/05/2010. Alega orecorrente, em suas razões recursais, que estava inapto para o trabalho no período em questão e que o INSS demorou arealizar perícia médica após a cessação do benefício, requerendo, assim, a reforma da sentença a quo. O INSS apresentoucontrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença será devido, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. A parte autora recebeu auxílio-doença de 28/09/2009 a 29/12/2009 e de 28/06/2010 a 14/12/2010 (fl. 31). Afirmou queapós a cessação do primeiro benefício, até 17/05/2010, continuou incapaz. Como prova do alegado, carreou aos autos umadeclaração, datada de 08/04/2010, de que estaria afastado do trabalho desde 29/09/2009 (fl. 14). Tal declaração, porém,não comprova que o motivo do afastamento seria a persistência da incapacidade. O receituário de fl. 15 apenas faz umencaminhamento do autor ao INSS e o receituário de fl. 16 está ilegível.

4. O recorrente alegou, ainda, que ocorreu um atraso na apreciação do pedido de prorrogação do auxílio-doença pelo INSS,fato que acarretaria graves prejuízos ao segurado. Não merece prosperar tal argumento, pois, quando da apreciação dopedido, ficou comprovada a falta de incapacidade, não havendo que se falar em prejuízos.

Page 173: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

5. De acordo com a perícia médica judicial, realizada em 20/10/2010, o autor, pedreiro, atualmente com 59 anos de idade, éportador de leve quadro de artrose de coluna dorsal e lombar e fratura de troquiter em úmero esquerdo, estandoincapacitado, neste momento, para o desempenho de seu trabalho. Conforme resposta ao quesito nº 11, o perito estimouque a data do início da incapacidade se deu em 13/06/2010, data em que o autor estava sob o gozo do benefício deauxílio-doença. Não houve comprovação de incapacidade para o trabalho em período anterior a 17/05/2010.

6. Não havendo comprovação de incapacidade para o trabalho em momento pretérito, não merecem guarida osargumentos expostos no pedido recursal.

7. Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

115 - 0002544-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002544-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SERGIO ROGGE(ADVOGADO: CLAUDIA IVONE KURTH.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSONDA SILVEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002544-96.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002544-8/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – NÃO COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por SÉRGIO ROGGE, em face da sentença de fl. 46, que julgou improcedenteo pedido de concessão do benefício de auxílio-doença. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que, no momento doacidente, possuía qualidade de segurado especial e, assim, requer a reforma da sentença. O INSS apresentoucontrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Sabe-se que o auxílio-doença será devido ao segurado que, tendo cumprido a carência pela lei exigida, ficar incapacitadopara o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (artigo 59 da Lei nº8.213/91). No caso do segurado especial, conforme art. 39, inc. I da Lei nº 8.213/91, este tem direito ao auxílio-doençamesmo sem verter contribuições, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, noperíodo imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idênticos à carência do referidobenefício.

3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se que o autor carreou aos autos os seguintesdocumentos: certidão de casamento contraído em 09/02/2001, constando como profissão a de lavrador (fl. 18) e contrato deparceria agrícola datado de 20/09/2005 (fl. 20).

4. Em audiência, as testemunhas afirmaram que o recorrente morou e trabalhou na roça com os pais, meeiros de umapropriedade em Serra Pelada, distrito de Santa Teresa, até julho/2009, quando se mudou, junto com a esposa, para SantaMaria de Jetibá. Em Santa Maria de Jetibá, o autor passou a trabalhar, sem carteira assinada, como ajudante de pedreiropara uma empreiteira, por alguns dias da semana, e trabalhou na roça junto com o pai, nos outros dias.

5. A incapacidade do recorrente para o trabalho decorreu de acidente automobilístico ocorrido em outubro/2009, época emque estava exercendo outra atividade, qual seja, ajudante de pedreiro, concomitantemente com a atividade rural e,conforme § 9º do art. 11, da Lei nº 8.213/91, não é considerado segurado especial o membro do grupo familiar que possuiroutra fonte de rendimento.

6. Não sendo considerado segurado especial, o recorrente não faz jus ao recebimento do auxílio-doença, por não tercontribuído para o Regime Geral da Previdência Social.

Page 174: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, visto que o recorrente é beneficiário da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

116 - 0004989-24.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004989-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JULIA SOUZA DE MORAES(ADVOGADO: ROGÉRIO NUNES ROMANO, PATRICIA NUNES ROMANO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x CREUZO CESAR DE MORAES.PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0004989-24.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004989-0/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – RENDA SUPERIOR A ¼ DO SALÁRIOMÍNIMO – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, Julia Souza de Moraes (menor incapaz representada pelamãe), em face da sentença de fl. 63/64, que julgou improcedente o pedido inicial de transferência da titularidade dobenefício assistencial de prestação continuada recebido pelo pai da beneficiária para a sua mãe, que atualmente detém suaguarda. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que possui deficiência física e mental, e que sua família possuidificuldades financeiras. Requer, assim, a reforma integral da sentença proferida pelo Juízo a quo. O INSS não apresentoucontrarrazões.

2. Nos termos do art. 20 da lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso, a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. A parte autora, representada pela mãe, alega que ambas não moram mais com o pai desde o ano de 2006. A autora édeficiente física, sendo titular do benefício de prestação continuada de amparo social à pessoa portadora de deficiênciafísica. O responsável pelo recebimento do beneficio da autora era o pai. A recorrente pleiteia a condenação do INSS atransferir tal titularidade do benefício para sua mãe, além da condenação da autarquia a reembolsar os proventosindevidamente pagos ao pai.

4. O Ministério Público Federal manifestou-se, opinando pela improcedência do pedido, (fls. 50/51) pelo fato de a rendafamiliar per capita ser superior à exigida por lei.

5. Não há controvérsia nos autos quanto ao requisito da deficiência da parte autora. Já no que tange ao requisito damiserabilidade, tal requisito não se encontra satisfeito, visto que a renda familiar é composta por dois salários mínimos (R$1.244,00 - hum mil, duzentos e quarenta e quatro reais) que provêm da pensão por morte recebida pela mãe da autora e dosalário que esta aufere (fls. 39/41), acrescidos de R$ 850,00 (oitocentos e cinquenta reais) percebidos pelo irmão da parteautora (fl. 48), totalizando, assim, R$ 2.094,00 (dois mil e noventa e quatro reais).

6. Segundo o art. 20, § 1º da Lei nº 8.742/1993, alterado pela Lei nº 12.435/2011, o irmão solteiro deve ser levado em contapara efeito de apuração da renda familiar. Dessa forma, o grupo familiar é composto por três pessoas (mãe – 58 anos,autora – 17 anos e irmão – 33 anos). In casu, não é devido o benefício de prestação continuada, pois a renda per capitadisponível para a família é superior a ¼ do salário mínimo.

8. Apesar de o critério referente ao quantum da renda familiar não ser considerado absoluto, podendo ser relativizado emcasos excepcionais, cabe ressaltar que, no caso em tela, não foi constatada condição de miserabilidade. Sendo assim, nãorestam preenchidos os requisitos legais para a concessão do benefício assistencial.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Page 175: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

117 - 0002138-75.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002138-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMILIA FERREIRA VIEIRA(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAOCARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0002138-75.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002138-8/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL –LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 48/49, que julgou improcedenteo seu pedido de restabelecimento do benefício de auxilio-doença. Alega a recorrente, Emília Ferreira Vieira (52 anos deidade), em suas razões recursais, que é portadora de tenossinovite bilateral, síndrome do túnel do carpo à esquerda eespondilodiscoartrose degenerativa cervical, além de apresentar intervenção cirúrgica na mão esquerda, de modo queencontra-se impossibilitada de exercer atividade laboral. Aduz, ainda, que a perícia médica judicial é dissociada darealidade por ela vivenciada. Com isso, requer a reforma da sentença, julgando procedente o pedido exposto na inicial, ouque seja o feito convertido em diligência para que se determine a realização de nova perícia médica judicial. O INSSapresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.3. A parte autora recebeu o benefício de auxílio-doença entre os períodos de 24/10/2007 e 31/07/2008 (fl. 10) e de27/02/2009 a 18/07/2009 (fl. 07). Com a cessação, requereu a prorrogação do benefício de auxílio doença em 15/07/2009(fl. 06), novo pedido de concessão em 19/10/2009 (fl. 08) e pedido de reconsideração em 26/11/2009 (fl. 09), sendo quetodos foram indeferidos sob o argumento de que não foi constatada, em exame realizado pela perícia médica do INSS, aincapacidade para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual.4. Preliminarmente, entendo desnecessária a realização de nova perícia médica, como requer a autora. A matéria foisuficientemente esclarecida pelo perito médico, que é especialista habilitado para realização de perícias de forma imparcial,não havendo qualquer nulidade na produção da prova.5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fl. 30), que apesarde o perito constatar que a recorrente é portadora de artrose de coluna cervical e cirurgia de síndrome do carpo em punhoesquerdo, não apresenta incapacidade para a atividade laboral, pois a doença que a acomete não interfere em sua vida civilindependente, não havendo limitações funcionais para o desempenho de sua atividade habitual (auxiliar de serviços gerais).Verifica-se, ainda, que a doença não pode ser agravada no trabalho habitual. Com isso, o perito afirma que a recorrenteencontra-se apta a exercer atividade laboral, não apresentando incapacidade ortopédica para o trabalho.6. Apesar de a recorrente apresentar laudos e exames que comprovem sua enfermidade (fls. 11/18), vale ressaltar o teordo Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudomédico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plenacapacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.7. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.9. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa

Page 176: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

constante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

118 - 0003935-23.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003935-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JACY VIEIRA (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDACOSTA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0003935-23.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003935-4/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DEINCAPACIDADE EM PERÍODO PRETÉRITO – PAGAMENTO DE PARCELAS RETROATIVAS – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, Jacy Vieira (60 anos de idade), em face da sentença de fls.83/84, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à concessão do benefício de prestação continuada desdea data do requerimento administrativo (27/03/2003). Aduz o recorrente, em suas razões recursais, que juntou laudosmédicos que atestam sua doença desde o primeiro requerimento administrativo, apresentado em 27/03/2003. Com isso,requer a reforma da sentença para que sejam pagas as parcelas retroativas. Ademais, requer o retorno dos autos para ojuízo a quo para a produção de prova pericial. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. A parte autora recebe o benefício de amparo social desde 10/10/2006, concedido através de sentença proferida nosautos do processo de nº 2008.50.50.000074-3. Porém, o autor alega que se encontrava incapacitado para o trabalho desdea data do primeiro requerimento administrativo, protocolado em 27/03/2003, período que não foi discutido nestes autos.

4. Com relação ao pedido de nova perícia médica, não assiste razão ao recorrente, visto que a perícia se limita àscondições clínicas contemporâneas, não podendo esclarecer se o autor estava incapaz em período pretérito. Talesclarecimento só poderá ser realizado mediante provas documentais.

5. Os documentos apresentados pela parte autora são apenas meros receituários de medicamentos que não demonstramincapacidade laboral. O laudo realizado pelo perito médico não atesta que a doença, naquela época, 27/03/2003, geravaincapacidade para o trabalho.

6. Dessa forma, não é devido o pagamento dos retroativos por não estarem preenchidos os requisitos necessários à suaconcessão.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

119 - 0000483-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000483-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA MARGARIDA DE

Page 177: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

SOUZA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0000483-34.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000483-8/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, MARIA MARGARIDA DE SOUZA, em face da sentença de fl.59, que julgou improcedente o seu pedido de restabelecimento do beneficio de auxílio-doença desde a data da cessação,em 30/06/2010, com sua conversão em aposentadoria por invalidez. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que éportadora de poliartralgia com maior intensidade em coluna lombar, cervical e joelhos, e espondilolistese entre L3-L4, quelhe causam excessivas dores nas regiões lombares e cervicais. Com isso, requer a reforma da sentença, julgandoprocedente o pedido exposto na inicial. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 40/42), queapesar de a recorrente ser portadora de poliartralgia com maior intensidade em coluna lombar, cervical e joelhos, eespondilolistese entre L3-L4, não se encontra incapacitada para o exercício da atividade laboral, de modo que possuiaptidão física e mental para exercer sua atividade habitual (costureira autônoma). O perito afirmou, ainda, que a recorrentenão corre o risco de ter sua doença agravada com o exercício de sua atividade habitual.

4. A parte autora não impugnou o laudo médico pericial (fl. 44), porém, apresentou um laudo médico particular, alegandohaver uma alteração em seu quadro clínico, de modo que se encontra incapacitada para a vida laborativa (fls. 84/85).

5. Vale ressaltar quanto aos laudos particulares, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudomédico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. Olaudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

6. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos nas razões recursais.

7. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

8. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

120 - 0000690-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000690-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JANICE MUNIZ DE MELO.) x JOSE ELADIO GASPARI (DEF.PUB: RICARDOFIGUEIREDO GIORI, LUCIANO ANTONIO FIOROT.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0000690-67.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000690-9/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – RESTABELECIMENTO DO BENEFÍCIO – INCAPACIDADE

Page 178: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

COMPROVADA – EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE NO MOMENTO DA CESSAÇÃO – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, em face da sentença de fls. 64/65, que julgou procedente o pedido,condenando o recorrente a restabelecer o benefício da aposentadoria por invalidez. Alega o INSS, em suas razõesrecursais, que a cessação do benefício foi devida, eis que os exames médico-periciais, efetuados pela autarquia,constataram que o recorrido estava apto para o retorno ao trabalho. Subsidiariamente, requer, caso não seja reconhecida acapacidade para o trabalho, que seja concedido ao autor apenas auxílio-doença até a reabilitação completa. A parte autoraapresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

3. A controvérsia nos autos cinge-se à existência ou não de incapacidade para o trabalho. O autor recebeu aposentadoriapor invalidez em 23/02/2002 (fl. 62) e, em 09/07/2009, após nova perícia médica, foi considerado apto para o retorno aotrabalho (fl. 25). Laudo médico particular, datado de 20/01/2010, atestou que o recorrido apresentava lesão grave de plexobranquial direito, além de complicações secundárias de fratura de clavícula e bursite do ombro direito, caracterizando taislesões como definitivas (fl. 27).

4. Laudo médico judicial, de fls. 39/48, constatou que o recorrido, comerciário, atualmente com 36 anos de idade, é portadorde lesão de plexo branquial em decorrência de traumatismo, tratando-se de sequela motora decorrente de lesão de nervosdo braço direito. Conforme afirmou o expert, o autor apresenta incapacidade definitiva para o trabalho, uma vez que, à luzdos conhecimentos médicos atuais, a doença é crônica e incurável, não havendo possibilidade de reabilitação para oexercício de outra atividade profissional.

5. Comprovados a qualidade de segurado, o cumprimento do período de carência, bem como a incapacidade, no momentoda cessação indevida, para o desempenho de atividade que lhe garanta o sustento, faz jus o autor ao restabelecimento dobenefício da aposentadoria por invalidez.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Custas ex lege. Condenação do recorrente ao pagamento de honorários advocatícios ora fixados em 10% sobre o valorda condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

121 - 0003002-16.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003002-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA KIEFER LEFFLER(ADVOGADO: IVAN LINS STEIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela BoechatB. B. de Oliveira.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0003002-16.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003002-0/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – EXERCÍCIO DE TRABALHO RURAL – AFASTAMENTODURANTE LONGO PERÍODO DE TEMPO – DESCONTINUIDADE NÃO CONFIGURADA – CONTAGEM DE TEMPOREMOTO – IMPOSSIBLIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado, interposto por MARIA KIEFER LEFFLER, em face da sentença de fls. 129/131, que julgouimprocedente o pedido de concessão do benefício de aposentadoria rural por idade. Alega a recorrente, em síntese, que, de24/01/1967 a 29/12/1975, exerceu labor rural, sendo que a lei não faz nenhuma restrição quanto ao tempo dedescontinuidade do exercício da atividade rural. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção dasentença.A aposentadoria do trabalhador rural tem como requisitos a idade mínima de 60 (sessenta) anos para homens e 55

Page 179: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

(cinquenta e cinco) anos para mulheres; e o desempenho de atividade rural em regime de economia familiar pelo númerode meses estabelecido pelo art. 142 da Lei nº 8.213/91.A autora completou 55 anos de idade em 25/09/2008. Deu entrada no requerimento administrativo em 28/08/2009 (fl. 18).Pela tabela do art. 142 da Lei nº 8.213/91, precisaria comprovar 162 meses de atividade rural.Compulsando os autos, verifica-se que os documentos carreados pela parte autora demonstram que a mesma morou nomeio rural desde seu nascimento, trabalhando na propriedade do pai no período de 24/01/1967 a 29/12/1975. Na certidãode nascimento do filho da autora, datada de 12/01/1977, consta como profissão de seu marido a de ‘operador de máquina’(fl. 62). O marido da autora se aposentou por tempo de contribuição pela empresa CST, em 1999 (fl. 123). Percebe-se,assim, que após o casamento, a recorrente abandonou o trabalho na roça, somente retornando, muitos anos depois, após aaposentadoria de seu marido, ocorrida em 1999.Para completar o tempo de carência, a parte autora precisaria do período de trabalho rural compreendido entre 24/01/1967a 29/12/1975, somado ao novo período inaugurado em 01/03/1999. A lei admite que o tempo de serviço rural seja exercidode maneira descontínua, mas não define qual seria esse tempo de atividade descontínua, cabendo ao Judiciário talinterpretação. A TNU entende da seguinte forma:

“PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO NACIONAL. PREVIDENCIÁRIO. CONCESSÃO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL.INTERCALAÇÃO COM ATIVIDADE URBANA. ART. 143 DA LEI Nº 8.213/91. 1. Para fins de concessão de aposentadoriapor idade rural, a descontinuidade admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 é aquela que não importa em perda da condiçãode segurado rural, ou seja, é aquela em que o exercício de atividade urbana de forma intercalada não supera o período de 3(três) anos. 2. Caso em que o período de atividade urbana foi exercido por mais de 8 (oito) anos (de 1989 a 1997), nãotendo sido comprovado que, no período imediatamente anterior ao requerimento (1999), a autora tenha desempenhadoatividade rurícola pelo período de carência previsto no art. 142 da Lei nº 8.213/91 para o ano em que completou a idade(1999): 108 meses ou 9 anos, ou seja, desde 1990. 3. Aposentadoria por idade rural indevida. 4. Pedido de uniformização

�improvido. (PEDILEF 200783045009515, JUÍZA FEDERAL JACQUELINE MICHELS BILHALVA, TNU - Turma Nacional deUniformização, DJ 13/10/2009.)”

Como a autora ficou mais de 20 anos afastada do labor rural, resta afastada a possibilidade de aproveitamento do temporemoto, compreendido entre 24/01/1967 a 29/12/1975, para fins de contagem da carência de 162 meses. Computando-se apartir de 01/03/1999, a autora teria completado apenas 125 meses de atividade rural.Diante do que fora exposto, não merece qualquer reforma a sentença prolatada pelo juízo a quo.Sentença mantida. Recurso conhecido e improvido.Custas ex lege. Sem condenação a honorários advocatícios, visto que a parte autora é beneficiária da assistência judiciáriagratuita

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e quepassa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

122 - 0004296-40.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004296-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IRAKE ALVES TRISTAO(ADVOGADO: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.) x UNIÃO FEDERAL (PROCDOR: ANA BEATRIZLINS BARBOSA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0004296-40.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.004296-1/01)

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – ADMINISTRATIVO – GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO – GDASST – CARÁTER GENÉRICODA VANTAGEM – EXTENSÃO AOS SERVIDORES INATIVOS E AOS PENSIONISTAS COM BENEFÍCIO EM FRUIÇÃONA DATA DA PUBLICAÇÃO DA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 41/2003 – DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIOPOSTERIOR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 64/66, que julgou improcedente opedido autoral, extinguindo o feito com resolução do mérito, com fulcro no art. 269, I do Código de Processo Civil, sob ofundamento de que a pensão do autor foi concedida em 06/07/2007, posteriormente ao advento da Emenda Constitucional41/2003, não fazendo jus à paridade de remuneração com os servidores ativos.Alega o recorrente que a pensão foi instituída a partir de uma aposentadoria que se deu anteriormente à EmendaConstitucional 41/2003 e revela-se mera transferência de valores que deixaram de ser pagos ao ex-servidor e passaram aser pagos ao sucessor, ingressando, assim, no patrimônio jurídico deste. Sustenta, ainda, o caráter geral da gratificação(GDASST) e a violação ao art. 40, § 8º da Constituição Federal. Requer, assim, a reforma da sentença. Foram

Page 180: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

apresentadas contrarrazões pela União Federal.O benefício de pensão por morte iniciou-se em 06/07/2007 (fl. 16), após o advento da Emenda Constitucional 41/2003. Oexato teor do art. 7º abrange, apenas, os aposentados e pensionistas que estavam em fruição do respectivo benefício nadata da publicação da referida Emenda.

Art. 7º Observado o disposto no art. 37, XI, da Constituição Federal, os proventos de aposentadoria dos servidores públicostitulares de cargo efetivo e as pensões dos seus dependentes pagos pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios,incluídas suas autarquias e fundações, em fruição na data de publicação desta Emenda, bem como os proventos deaposentadoria dos servidores e as pensões dos dependentes abrangidos pelo art. 3º desta Emenda, serão revistos namesma proporção e na mesma data, sempre que se modificar a remuneração dos servidores em atividade, sendo tambémestendidos aos aposentados e pensionistas quaisquer benefícios ou vantagens posteriormente concedidos aos servidoresem atividade, inclusive quando decorrentes da transformação ou reclassificação do cargo ou função em que se deu aaposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão, na forma da lei.

Efetivamente, o autor não usufruía benefício naquele momento. O fato de sua pensão ter sido instituída após a EmendaConstitucional 41/2003, tira-lhe, realmente, o direito à percepção das vantagens na mesma pontuação em que foramdeferidas aos servidores ativos. Nesse sentido:

Administrativo. Inativo e pensionista. Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa. GDATA.Gratificação de Desempenho de Atividade da Seguridade Social e do Trabalho. GDASST. 1. A GDATA não deve serpercebida pela parte autora, em virtude da prescrição qüinqüenal, visto que a ação foi ajuizada em 03 de agosto de 2007 eos servidores abrangidos pela Lei 10.483/02 terem deixado de fazer jus à citada vantagem em razão do art. 15 da citadanorma. Sentença modificada, visto que, apesar de ter reconhecido a prescrição qüinqüenal, não a aplicou expressamenteao caso. 2. Implantação da GDASST em 60 pontos: pagamento das diferenças da citada gratificação no valor equivalente a60 pontos a partir de 03 de agosto de 2002 (em virtude da prescrição qüinqüenal). Precedente desta Corte. 3. No que toca àrequerente Maria José Vitorino da Rocha Moreira, o fato de sua pensão ter sido instituída após a Emenda Constitucional41/03, tira-lhe, realmente, o direito à percepção das vantagens na mesma pontuação em que foram deferidas aosservidores ativos. 4. Majoração do percentual de honorários advocatícios de cinco para dez por cento sobre o valor dacondenação. 5. Apelações e remessa oficial, tida por interposta, providas em parte.(AC 200782000075922, Desembargador Federal Vladimir Carvalho, TRF5 - Terceira Turma, DJE - Data::27/11/2009 -Página::340.)

Posto isso, conheço do recurso interposto pela parte autora e a ele nego provimento, a fim de manter in totum a sentençade fls. 64/66.Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, visto que o recorrente é beneficiário da assistência judiciáriagratuita.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

123 - 0004384-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004384-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNDAÇÃO NACIONAL DESAÚDE - FUNASA (PROCDOR: VERA LUCIA SAADE RIBEIRO.) x CLOVIS PASSOS (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0004384-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004384-0/01)

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – ADMINISTRATIVO – GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO – CARÁTER GENÉRICO DAVANTAGEM – EXTENSÃO AOS SERVIDORES INATIVOS E AOS PENSIONISTAS – EQUIPARAÇÃO COM OSSERVIDORES DA ATIVA – POSSIBILIDADE – EFEITOS FINANCEIROS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE – FUNASA, em face da sentença defls. 78/80, que julgou parcialmente procedente o pedido inicial a fim de condenar a ré a pagar à parte autora, respeitada aprescrição quinquenal, a diferença apurada a título de GDASST entre os pontos efetivamente pagos e os: a) 40 pontosdevidos entre 01/04/2002 e 30/04/2004 (art. 11 da Lei nº 10.483/2002) e b) 60 pontos devidos entre 01/05/2004 (artigo 6º daLei nº 10.971/2004) e 28/02/2008 (MP 431/2008, convertida em Lei nº 11.784/2008).

Page 181: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

2. Alega a recorrente que as regras das Leis nº 10.483/2002 e nº 10.971/2004, que cuidam do pagamento da gratificaçãopara os servidores inativos, de forma alguma ofendem o princípio da isonomia contido na Constituição Federal. Afirma quepor não possuir o atributo da generalidade, a GDASST não deve ser deferida aos servidores inativos em paridade com osativos. Por fim, aduz a impossibilidade de reajuste de remuneração de servidor público pelo Poder Judiciário. Requer,assim, a reforma da sentença, no sentido de julgar improcedente a pretensão autoral. Subsidiariamente, requer oprovimento parcial, de modo que seja expressamente declarado que, no período de abril de 2002 a abril de 2004, nada édevido à parte autora.4. A partir de 01/05/2004, a GDASST passou a ser devida no valor equivalente a 60 pontos (art. 6º da Lei nº 10.971/2004)para todos os servidores ativos da Carreira da Seguridade Social e do Trabalho, independentemente do desempenhoindividual, pelo menos enquanto não fossem estabelecidos os critérios individualizados de avaliação. A gratificação assumiucaráter genérico, devendo ser paga aos servidores inativos e pensionistas no mesmo valor. Mas a lei previu para eles opagamento em valor equivalente a apenas 30 pontos. Com base no art. 7º da Emenda Constitucional nº 41/2003, osaposentados e pensionistas têm direito a receber entre o que lhes foi pago (30 pontos) e o valor de referência adotado paraos servidores ativos (60 pontos). A questão está absolutamente pacificada na jurisprudência conforme julgamento do RE572.052/RN pelo Supremo Tribunal Federal:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. GRATIFICAÇÃO DE DESEMPENHO DE ATIVIDADE DE SEGURIDADE SOCIAL E DOTRABALHO - GDASST, INSTITUÍDA PELA LEI 10.483/2002. EXTENSÃO. SERVIDORES INATIVOS. POSSIBILIDADE.RECURSO DESPROVIDO. I - Gratificação de desempenho que deve ser estendida aos inativos no valor de 60 (sessenta)pontos, a partir do advento da Medida Provisória 198/2004, convertida na Lei 10.971/2004, que alterou a sua base decálculo. II - Embora de natureza pro labore faciendo, a falta de regulamentação das avaliações de desempenho, transmudaa GDASST em uma gratificação de natureza genérica, extensível aos servidores inativos. III - Inocorrência, na espécie, deviolação ao princípio da isonomia. IV - Recurso extraordinário desprovido. (DJU 17/04/2009)

5. O resumo do julgamento foi relatado no Informativo STF nº 535:

“O Tribunal, por maioria, manteve acórdão de Turma Recursal de Juizado Especial Federal, que entendera que aGratificação de Desempenho de Atividade de Seguridade Social e do Trabalho - GDASST, instituída pela Lei 10.483/2002,deveria ser estendida aos inativos no valor de 60 pontos, a partir do advento da Medida Provisória 198/04, convertida na Lei10.971/2004, que alterou sua base de cálculo. O acórdão recorrido, fundado no princípio da isonomia, ainda declarara ainconstitucionalidade do art. 7º da Lei 10.971/2004, que determinou que essa gratificação seria devida aos aposentados epensionistas no valor correspondente a 30 pontos. Salientou-se, de início, que a Lei 10.483/2002 estabeleceu, em seu art.5º, que a GDASST teria como limites mínimo e máximo os valores de 10 e 100 pontos, respectivamente, e assegurou, aosaposentados e pensionistas, a percepção da gratificação no valor de 10 pontos. Com o advento da Lei 10.971/2004, aGDASST passou a ser paga, indistintamente, a todos os servidores da ativa, no valor equivalente a 60 pontos, até a ediçãodo ato regulamentador do processo de avaliação, previsto no art. 6º da Lei 10.483/2002, tendo os inativos obtido umamajoração na base de cálculo da gratificação de 10 para 30 pontos. Asseverou-se que, para caracterizar a natureza prolabore faciendo da gratificação, é necessário que haja edição da norma regulamentadora que viabilize as avaliações dedesempenho, sem as quais a gratificação adquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aosservidores inativos. Salientando a inexistência, até a presente data, de norma regulamentadora da Lei 10.483/2002 — quepermitisse a realização das avaliações de desempenho institucional e coletivo para atribuição de uma pontuação variável dagratificação, aos servidores em atividade —, entendeu-se que a GDASST teria se transformado numa gratificação denatureza genérica, extensível, portanto, aos servidores inativos, desde o momento em que os servidores ativos passaram arecebê-la sem a necessidade da avaliação de desempenho. Aduziu-se, entretanto, a partir de ressalva no voto do Min.Cezar Peluso, a possibilidade de sobrevir o regulamento, estabelecendo, sem ferir direito adquirido e sem reduzirvencimentos, os critérios de avaliação, portanto, de 60 a 100 pontos. Reputou-se revogado, por conseguinte, o dispositivoque garantiu o valor mínimo da gratificação em 10 pontos. Vencido o Min. Marco Aurélio, que dava provimento ao recursoextraordinário. Precedentes citados: RE 476279/DF (DJU de 15.6.2007); RE 476390/DF (DJU de 29.6.2007). RE572.052/RN, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 11.2.2009 (RE-572.052)”.6. Com a decisão proferida em última instância em repercussão geral, torna-se desnecessário aprofundar o exame de todasas questões ventiladas no recurso. Eventual insistência da recorrente poderá caracterizar recurso protelatório.7. A sentença condenou a recorrente a pagar GDASST sobre 40 pontos desde 01/04/2002 até 30/04/2004. Para osservidores ativos, a GDASST tinha como limites máximo e mínimo, respectivamente, 100 e 10 pontos (art. 5º da Lei nº10.483/2002). Não obstante, enquanto não fosse regulamentada a avaliação de desempenho, a GDASST deveria ser pagaaos servidores ocupantes de cargos efetivos ou cargos e funções comissionadas e de confiança nos valorescorrespondentes a 40 pontos (norma transitória constante do art. 11 da Lei nº 10.483/2002). Em contrapartida, para asaposentadorias e pensões, a lei previu o pagamento da gratificação em valor equivalente a 10 pontos (art. 8º, parágrafoúnico, da Lei nº 10.483/2002). Como a avaliação de desempenho individual não foi implementada, continuou em vigor anorma transitória que previa pagamento da gratificação com natureza de vantagem genérica aos servidores em atividade,devendo ser estendida em igualdade de condições aos aposentados e pensionistas. Diferentemente da GDATA, a decisãodo STF não adotou como valor de referência para a gratificação estendida aos aposentados e pensionistas a pontuaçãoequivalente a 10 pontos no período de 01/06/2002 a 30/04/2004. A decisão da Excelsa Corte abrangeu apenas o períododecorrido a partir de 01/05/2004. Não se aplica, portanto, o Enunciado nº 44 da Turma Recursal do Espírito Santo (que nãoreconhece diferenças em favor dos aposentados e pensionistas no período de 01/06/2002 a 30/042004), no que se refereapenas à GDATA.8. Diante do exposto, não merece qualquer reparo a sentença proferida pelo Juízo a quo.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

Page 182: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

10. Custas ex lege. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de honorários advocatícios, que ora arbitro em 10 %sobre o valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementa constante nos autos, e quepassa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

124 - 0001189-51.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001189-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BRAZ JOSE LEMOSCASTILHO (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001189-51.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001189-9/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL –PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 63/65, que julgou parcialmenteprocedente o seu pedido de concessão do beneficio de auxílio-doença. Alega o recorrente, BRAZ JOSÉ LEMOSCASTILHO (48 anos de idade), em suas razões recursais, que é portador da doença de Parkinson com polineuropatiaaxonal simétrica sensitivo-motora. Com isso, requer a reforma da sentença, para que seja concedido o benefício deauxílio-doença, não apenas entre 21/05/2009 e 12/10/2010, mas também a partir desta última data. O INSS não apresentoucontrarrazões.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. A parte autora requereu o benefício de auxílio-doença em 21/05/2009 (fl. 11). Teve seu pedido indeferido sob oargumento da perda da qualidade de segurado, tendo em vista que a última contribuição deu-se em maio de 2007.

4. O perito do INSS reconheceu a incapacidade do autor, fixando a data de seu início em 18/02/2009 (fl. 61). Porém, orequerimento administrativo foi indeferido pelo argumento da perda da qualidade de segurado. De acordo com o extrato doCNIS, o último vínculo empregatício do autor foi de 01/09/1999 a 31/05/2007 (fl. 21). Além do período de graça de 12 (doze)meses, nos termos do art. 15, II da Lei nº 8.213/91, o autor faz jus à prorrogação por mais 12 (doze) meses, diante dacomprovação do recebimento do seguro desemprego (fl. 09). Assim, o recorrente manteve a qualidade de segurado até16/07/2009, nos termos do art. 15 da Lei nº 8.213/91 c/c o Decreto nº 3.048/99, sendo segurado do RGPS no momento doinício de sua incapacidade. Porém, não é esta a questão pertinente ao recurso.

5. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fls. 29/37), queapesar de o perito médico constatar que o recorrente é portador de doença de Parkinson, não existe incapacidade para otrabalho, de modo que o autor possui aptidão física e mental para exercer sua atividade habitual (balconista de farmácia).De acordo com a perícia médica, verifica-se, também, que o autor não corre risco de morte ou de agravamento da doençase continuar exercendo sua atividade habitual.

6. Desse modo, reconheço a incapacidade da parte autora apenas no período de 21/05/2009, data do requerimentoadministrativo, até 12/10/2010, dia anterior à perícia médica judicial.

7. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial, produzido pelo juízo, é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

8. Assim, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleito recursal.

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que o recorrente é beneficiário da assistência

Page 183: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

125 - 0000673-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000673-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ELINEUZA SIQUEIRABRITO (ADVOGADO: MARCELO NUNES DA SILVEIRA, JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0000673-31.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.000673-9/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE –LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, Elineuza Siqueira Brito (33 anos de idade), em face dasentença de fl. 38, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à concessão do benefício de prestaçãocontinuada. Aduz a recorrente, em suas razões recursais, que o juízo a quo não apreciou seus laudos particulares, tornandoomissa e contraditória a decisão proferida. Com isso, requer a reforma da decisão para que sejam julgados procedentes ospedidos iniciais. O INSS apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção da sentença.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. A partir da análise dos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar as moléstias queacometem a parte autora. O laudo médico judicial (fls. 26/28) concluiu que, apesar de a recorrente ser portadora de sequelade paralisia infantil em membro inferior esquerdo, não apresenta incapacidade. O perito alegou, também, que a sequela nãoimpede o desempenho de sua atividade habitual (do lar), pois a parte possui aptidão física e mental para exercer talatividade. Logo, não ficou preenchido o requisito da incapacidade para fins de percepção do benefício assistencial.

4. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

5. Desta forma, não é devido o benefício pleiteado por não estarem preenchidos os requisitos necessários à suaconcessão.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que a recorrente é beneficiária da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Osair Victor de Oliveira Junior

Page 184: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Juiz Federal Relator

126 - 0004807-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004807-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCIMAR ROSA DA SILVASOUZA (ADVOGADO: ROSANA DA SILVA PEREIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0004807-67.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004807-6/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – CONVERSÃO – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – DOENÇA PREVISTANA PORTARIA INTERMINISTERIAL MPAS/MS Nº 2998, PORÉM, PREEXISTENTE À FILIAÇÃO AO RGPS –IMPOSSIBLIDADE DE ISENÇÃO DA CARÊNCIA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por LUCIMAR ROSA DA SILVA SOUZA, em face da sentença de fls. 109/110,que julgou improcedente o pedido autoral de concessão do auxílio-doença. Alega a recorrente, em suas razões recursais,preliminarmente, que houve cerceamento de defesa por não ter sido intimada do laudo pericial, pugnando pela nulidade dasentença. No mérito, aduz que está incapacitada total e definitivamente para o exercício de suas atividades habituais,pedindo a reforma da sentença a quo. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. Já a aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida aosegurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para oexercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.3. Não merece ser acolhida a preliminar de cerceamento de defesa. Vislumbra-se que o laudo pericial, de fls. 91/94, nãotrouxe qualquer prejuízo à autora, muito pelo contrário, ele foi favorável, pois confirmou a incapacidade da recorrente. Acontrovérsia da presente ação cinge-se quanto à existência de doença anterior ou posterior ao ingresso no Regime Geralde Previdência Social e o laudo pericial não fez referência a este assunto. Como não houve prejuízo, não deverá serpronunciada qualquer nulidade, conforme disposição da Lei nº 9.099/95, aplicada subsidiariamente à Lei nº 10.259/01,assim redigida:“Art. 13. Os atos processuais serão válidos sempre que preencherem as finalidades para as quais forem realizados,atendidos os critérios indicados no art. 2º desta Lei.§ 1º Não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo.”4. O laudo médico pericial produzido em juízo (fls. 91/94) atestou que a autora, atualmente com 37 anos de idade, éportadora de síndrome de imunodeficiência adquirida, apresentando infecções oportunistas que a impossibilitam de exercersuas atividades laborais. A questão da lide, porém, não versa sobre a existência ou não de incapacidade para o trabalho,mas, sim, se a doença é pré-existente ou não ao ingresso no RGPS.5. Em 20/10/2009, a parte autora formulou requerimento administrativo do benefício de auxílio-doença, sendo indeferidopelo INSS (fl. 14), sob a justificativa de que a doença seria preexistente à filiação ao RGPS. A filiação da recorrente aoRGPS se deu em 30/10/2008 (fl. 24) e, de acordo com a perícia do INSS, o início da doença foi em 01/01/2004 e aincapacidade em 14/09/2009 (fl. 108). Laudos particulares da autora demonstram existência da doença em datas anterioresà filiação, como: 25/01/2005 (fl. 58); 27/01/2005 (fl. 59/61); 04/02/2005 (fl. 62).6. A Lei nº 8.213/91 estabelece que independe de carência a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalideznos casos em que o segurado for acometido das doenças previstas no art. 1º da Portaria Interministerial MPAS/MS nº2.998, de 23/08/2001, desde que posteriores ao ingresso no RGPS, conforme disposição in verbis:

“Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:

(...)

II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doençaprofissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social,for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e doTrabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação,deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;”

7. Como a doença da autora é anterior ao ingresso no RGPS, ela não poderá se beneficiar da isenção da carência e, porisso, deveria ter comprovado o recolhimento de 12 contribuições. Ocorre que, a recorrente efetuou apenas 10recolhimentos referentes às competências de novembro/2008 a dezembro/2008 (fl. 25) e às competências defevereiro/2009 a setembro/2009 (fl. 26), não fazendo jus ao benefício pleiteado, por falta de carência.8. Ante o exposto, não é devida a concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez, por não estarempresentes os requisitos necessários. Assim, tomo como razões de decidir os fundamentos da sentença recorrida.9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.10. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

Page 185: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

127 - 0006069-57.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006069-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ROMILDO ALVES DEOLIVEIRA (ADVOGADO: MARIA DE FÁTIMA DOMENEGHETTI.) x Juiz Federal do 2º Juizado Especial Federal x UNIÃOFEDERAL.PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0006069-57.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006069-7/01)

V O T O

Trata-se de mandado de segurança, impetrado pela parte autora do processo originário, contra ato jurisdicional praticadopelo JUÍZO FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL, que, em ação declaratória de inexigibilidade tributária comrepetição de indébito, julgou extinto o feito sem apreciação de mérito por entender que a causa é complexa, envolve períciacontábil e os Juizados Especiais Federais não são competentes para apreciar o feito, baseando-se, para tanto, noEnunciado 77 das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Ademais, o Juízo monocrático alertou que da decisão emanadanão caberia recurso, por se tratar de sentença terminativa. O impetrante requer a suspensão dos efeitos da decisão queimpossibilitou a interposição de recurso inominado. Ao final, requer a concessão da segurança, para declarar a nulidade dosatos praticados pela autoridade coatora, bem como para prosseguir recebendo as ações dessa natureza.

Liminar concedida às fls. 23/24, determinando que a autoridade impetrada possibilitasse a interposição de recursoinominado, encaminhando-o, posteriormente, para regular distribuição junto às Turmas Recursais.

Informações prestadas pela autoridade coatora às fls. 27/30.

É o breve relatório. Passo a votar.

O Mandado de Segurança tem como pressuposto proteger direito líquido e certo, violado ou em vias de o ser. Entende-secomo direito líquido e certo o que resulta de fato certo, ou seja, aquele apto a ser comprovado de plano, por documentoinequívoco, independente de posterior produção de provas. O direito que depende de dilação probatória está excluído daapreciação por esta via judicial.

Conforme o art. 5º, III da Lei nº 12.016/09, não se concederá mandado de segurança quando se tratar de decisão judicialtransitada em julgado. Porém, in casu, a situação é sui generis. O impetrante foi impedido de interpor recurso inominado,como restou claro no dispositivo da sentença prolatada pelo Juízo a quo: “Outrossim, atente a parte autora para o fato deque sobre a presente sentença é incabível recurso, de acordo com o Enunciado 18 das Turmas Recursais”.

Verifica-se que o Enunciado utilizado no dispositivo da sentença é da Turma Recursal do Rio de Janeiro. Enunciado similar,da Turma Recursal do Espírito Santo (Enunciado 12), foi cancelado na sessão do dia 14/04/2009 (publicação no DiárioOficial do Estado em 22/04/2009).

Aparentemente, o impetrante faria jus à concessão parcial da segurança. Isso se houvesse interposto o recurso inominadoa tempo hábil, o que não fez.

Divirjo, nesse ponto, do anterior relator deste mandado de segurança. Com efeito, o Juízo impetrado não obstou/ impediu ainterposição do recurso inominado. A advertência lançada pelo Juízo a quo, no sentido de que “... sobre a presentesentença é incabível recurso, de acordo com oEnunciado 18 das Turmas Recursais...”, em momento algum obstaria oimpetrante de protocolizar o recurso inominado.

Como o impetrante não protocolou tal recurso no prazo hábil, a sentença atacada por meio deste writ transitou em julgado.

Este writ seria cabível apenas se o recurso inominado houvesse sido apresentado tempestivamente e, em seguida,inadmitido pelo Juízo a quo. Contra esta decisão caberia mandado de segurança (uma vez que inexiste agravo no rito dosJuizados).

Page 186: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Deste modo, assiste razão à União quando, por meio de embargos de declaração interpostos contra a decisão que deferiuliminarmente a segurança, aduziu que este mandado de segurança foi manejado contra decisão transitada em julgado,posicionamento que vai de encontro ao entendimento consolidado na Súmula 268 do STF, segundo a qual “Não cabemandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado.” (fl. 37/38).

Em conclusão, o mandado de segurança não é cabível, visto que atacou decisão transitada em julgado.

Por tal motivo, ausente o interesse de agir (manejo de via inadequada), extingo o feito sem julgamento do mérito (artigo267, VI, do CPC).

REVOGO a decisão que concedeu liminarmente a segurança.

Certifique-se, nos autos da ação nº 0006069-57.2008.4.02.5050, acerca da prolação deste julgado, reencaminhando tal feitopara o arquivo, uma vez que a decisão que concedeu liminarmente a segurança teve o seu efeito aqui revogado.

Sem condenação em honorários.

É como voto.

E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA – SENTENÇA TERMINATIVA QUE AFIRMA NÃO CABER RECURSO INOMINADO –RECURSO INOMINADO NÃO INTERPOSTO – TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA – INCABÍVEL O MAJENO DOWRIT CONTRA DECISÃO TRANSITADA EM JULGADO – LIMINAR REVOGADA – EXTINÇÃO DA AÇÃOMANDAMENTAL SEM JULGAMENTO DO MÉRITO.

A C O R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo extinguir o feito sem julgamento do mérito (artigo 267, VI, do CPC), revogando a liminarantes concedida, na forma do voto e ementa do relator, que passam a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

128 - 0003898-93.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003898-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GERCINO LEMOS DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0003898-93.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.003898-2/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE –LAUDO MÉDICO PERICIAL DESFAVORÁVEL AO AUTOR – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por GERCINO LEMOS DA SILVA, em face da sentença de fl. 67, que julgouimprocedente o seu pedido de concessão do benefício de auxílio-doença, ou do benefício de prestação continuada. Alega orecorrente, em suas razões recursais, que se encontra incapacitado para o trabalho, enquadrando-se no requisito “portadorde deficiência” e que a sua manutenção não é provida pela sua família, fazendo jus ao recebimento da prestaçãocontinuada.2. Nos termos do art. 20 da lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou do idoso, a família cuja renda mensalper capita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

Page 187: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

3. O laudo médico judicial (fls. 46/48) concluiu que o recorrente, ajudante de pedreiro, atualmente com 58 anos de idade, éportador de disacusia sensório neural profunda em ouvido direito e severa a profunda em ouvido esquerdo, além deapresentar otorréia (purgação) crônica em ouvido direito. Afirma que, no momento, o autor possui aptidão física e mentalpara exercer sua atividade habitual, devendo, apenas, evitar exposição a ruído excessivo, o que poderá ser feito através douso de protetor auricular.4. Dessa forma, não lhe é devido o benefício pleiteado, por não estar preenchido um dos requisitos necessários à suaconcessão.5. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.6. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

129 - 0006028-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006028-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) AILTON MILAGRES DESOUZA (ADVOGADO: ISAAC PAVEZI PUTON.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0006028-56.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006028-8/01)

V O T O

Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fls. 74/76, que julgou improcedente opleito autoral de concessão de aposentadoria rural. Alega o recorrente, em suas razões recursais, que exerce atividade depescador desde 1984, preenchendo, assim, a carência necessária para a concessão do benefício pleiteado. Pugna,portanto, pela reforma da sentença.

Foram apresentadas contrarrazões pelo INSS, pugnando pela manutenção da sentença.

Eis o relatório do necessário. Passo a votar.

A aposentadoria rural por idade será devida quando houver a implementação de certos requisitos, quais sejam: idade (60anos para homens e 55 anos para mulheres) e exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo períodoexigido em lei, conforme disposições da Lei nº. 8.213/91.

O autor nasceu em 21/10/1947. Completou o requisito etário em 21/10/2007. Existem nos autos indícios da atividadepesqueira exercida pela parte autora: carteira de pescador profissional (fl. 15); declaração de exercício de atividade rural,emitida pela colônia de pescadores, datada de 03/02/2009 (fls. 20/21); caderneta do Ministério da Marinha (fls. 22/27);requerimento do seguro desemprego, datada de 28/02/2008 (fls. 35/38); relatório de embarcação nacional da Capitania dosPortos (fls. 47/58) e homologação de atividade rural realizada pelo INSS (fl. 61).

Em audiência, o autor alegou ter trabalhado como pescador até o final de 2009, quando abandonou a atividade pesqueirapor motivos de saúde. Alegou, ainda, não saber justificar o teor da declaração emitida pela colônia de pescadores, em queconsta o exercício de atividade pesqueira apenas até 2005. Alegou que trabalhou como porteiro por sete meses, e que, como fim do contrato, voltou a trabalhar como pescador em barco próprio. Alegou, também, que pescou em outros barcos,porém, não houve registros de embarque.

A primeira testemunha, o Sr. Claudio Moreschi, afirmou que conhece o autor há muitos anos, sendo que, atualmente, oautor exerce atividade pesqueira de forma eventual. Afirmou, ainda, que o autor já teve barco próprio, que trabalhou por umtempo como porteiro e depois voltou a trabalhar com a pesca.

A segunda testemunha, o Sr. João Vicente Coutinho, afirmou que o autor pesca na região de Guarapari desde 1984 e quedesconhece o seu vínculo urbano. Afirmou, ainda, que o autor já possuiu barco próprio, sendo que saía de madrugada parapescar e só retornava às três horas da tarde para entregar os peixes no mercado. Afirmou, também, que há cinco anos nãopossui contato com o autor.

Ao se analisar o conjunto probatório, verifica-se que a parte autora trabalhou como pescador desde 1984. O INSS

Page 188: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

reconheceu o período de pesca artesanal durante 100 meses (fls. 60/61). O Ministério do Trabalho reconheceu ao autor odireito ao seguro desemprego (fls. 35/38) por 26 meses, durante os períodos que antecederam a época de defeso.

O autor possui dois anos, onze meses e um dia de atividade urbana, conforme tabela abaixo. Como os vínculos urbanosforam curtos, não prejudicam o tempo de atividade especial exercida pelo autor e não lhe retiram a qualidade de seguradoespecial.

NºCOMUM

Data InicialData FinalTotal DiasAnosMesesDias

11/1/198112/1/19823721-12

16/5/19835/7/198350-120

9/8/198322/9/19844041114

25/3/19969/4/199615--15

1/10/200430/4/2005210-7-

Total1.0512111

É importante destacar que o início de prova material produzido foi corroborado por prova testemunhal colhida em audiência.Todas as testemunhas foram uníssonas em afirmar que o autor exerceu, em regime de economia familiar, atividadepesqueira.

Page 189: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Diante do exposto, vislumbra-se que existe início de prova material, devidamente comprovado pela prova testemunhal, doexercício de atividade pesqueira em regime de economia familiar, pela parte autora.

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO E, NO MÉRITO, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença recorridae JULGAR PROCEDENTE O PEDIDO DA PARTE AUTORA, conforme fundamentação supra.

CONDENO o recorrido a pagar ao recorrente o valor das prestações vencidas, respeitada a prescrição quinquenal,devidamente corrigidas e acrescidas de correção monetária desde o momento em que deveriam ter sido pagas, com basena tabela de precatórios, e juros de mora nos termos da Lei nº 11.960/2009 (citação em 28/10/2009, fl. 65).

Deverá o INSS, após a obrigação de fazer, informar ao Juízo a quo os valores a serem requisitados, no prazo de 30 (trinta)dias, contados a partir do trânsito em julgado da presente decisão. Quanto a não liquidez desta decisão, ressalto o fato deque o INSS possui maiores condições de elaborar os cálculos dos valores em atraso, e que tal posicionamento se coadunacom as disposições dos Enunciados nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo e nº 22 das Turmas Recursais do Rio deJaneiro. Desta feita, após a apuração administrativa dos valores em comento, a ser considerada como obrigação de fazer,na forma do art. 16 da Lei nº 10.259/01, será então expedido o requisitório adequado.

Custas ex lege. Sem honorários advocatícios, já que somente devidos nos casos em que o recorrente é vencido, na formado art. 55 da Lei nº 9.099/95 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/01.

É como voto.

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA POR IDADE RURAL – PESCADOR –QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL –PRESENÇA DE PROVA MATERIAL E TESTEMUNHAL – RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇAREFORMADA.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, DAR PROVIMENTO AO RECURSO, naforma do voto e ementa constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

130 - 0001544-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001544-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA RODRIGUES MEDINA(ADVOGADO: MARCELO NUNES DA SILVEIRA, JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: CLEBSON DA SILVEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001544-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001544-3/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADELABORAL – LAUDO MÉDICO PERICIAL – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, em face da sentença de fl. 53, que julgou improcedente oseu pedido de restabelecimento do beneficio de auxílio-doença, bem como sua conversão em aposentadoria por invalidez.Alega a recorrente, Ana Rodrigues Medina (65 anos de idade), em suas razões recursais, que é portadora de artrose etranstorno não especificado no disco intervertebral (CID10 M19.9/M51.9), de modo que se encontra impossibilitada deexercer sua função laborativa, qual seja, auxiliar de serviços gerais. Com isso, requer a reforma da sentença, a fim de queseja julgado procedente o pedido exposto na inicial. O INSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção dasentença.

2. O auxílio-doença, conforme o artigo 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos. A aposentadoria por invalidez, conforme o artigo 42 da Lei nº 8.213/91, será devida ao seguradoque, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício deatividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição.

Page 190: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

3. Ao se analisar o conjunto probatório presente nos autos, verifica-se, mediante perícia médica judicial (fl. 40), que apesarde o perito médico constatar que a recorrente é portadora de artrose discreta de coluna cervical e coluna lombar, afirmouque a mesma não apresenta incapacidade para a atividade laboral, que a doença não interfere na vida civil independente ouna vida profissional e que não pode ser agravada. Com isso, o perito afirma que a recorrente encontra-se apta a exerceratividade laboral.

4. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

5. De acordo com o laudo pericial, não havendo incapacidade, não merecem guarida os argumentos expostos no pleitorecursal.6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, uma vez que a recorrente é beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

131 - 0001217-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001217-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) BRIGIDA LISBOA DA SILVA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001217-82.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001217-3/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO-DOENÇA – REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS – INCAPACIDADE PREEXISTENTE AOREINGRESSO AO RGPS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto por BRIGIDA LISBOA DA SILVA, em face da sentença de fl. 37, que julgouimprocedente o pedido inicial de auxílio-doença. Alega a recorrente, em suas razões recursais, que tem direito aorecebimento do benefício, pois sua doença só teria se tornado incapacitante após o reingresso no Regime Geral dePrevidência Social. Pugna, subsidiariamente, pela anulação da sentença, a fim de que seja realizada perícia médica. OINSS apresentou contrarrazões, pugnando pela manutenção da sentença.

2. O auxílio-doença, conforme o art. 59 da Lei nº 8.213/91, será devido ao segurado que, tendo cumprido, quando for ocaso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15(quinze) dias consecutivos.

3. Compulsando os autos, verifica-se que a recorrente contribuiu para a Previdência Social no período de 16/03/1970 a07/12/1977 e, assim, perdeu a qualidade de segurada em 16/02/1979. Em 14/06/2010, voltou a contribuir, sem atraso, nacondição de contribuinte individual (fl. 35).

4. A autora relatou, em sua peça inicial, que foi submetida a cirurgia do punho esquerdo em 22/03/2010 (fl. 01). Períciamédica do INSS fixou a incapacidade da parte autora em 11/03/2010 (fl. 08). Presume-se que a data fixada pelo INSS sejaverdadeira, pois alguns dias depois houve a necessidade de realização da cirurgia. Desse modo, conclui-se que não énecessária a realização de perícia médica judicial, por estarem contidas nos autos todas as informações pertinentes para ojulgamento do feito.

5. No momento da incapacidade, a recorrente não havia retomado a qualidade de segurada. Quando reingressou no RGPS,já se encontrava incapaz e, portanto, não faz jus ao recebimento do auxílio-doença, conforme parágrafo único do art. 59, daLei nº 8.213/91, in verbis:

“Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência

Page 191: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) diasconsecutivos.

Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social jáportador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivode progressão ou agravamento dessa doença ou lesão.”

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, já que a recorrente é beneficiária da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo em conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

132 - 0006798-49.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006798-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x GETULIO AUGUSTOFERREIRA (DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0006798-49.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006798-2/01)

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – PENSÃO POR MORTE – AÇÃO DE INTERDIÇÃO – LAUDO PERICIAL – INCAPACIDADE DOAUTOR – VÍNCULOS URBANOS CURTOS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pelo INSS, contra a sentença de fls. 57/58, complementada pela decisão de fl.106, que julgou procedente o pedido inicial para condenar a autarquia previdenciária a conceder ao autor o beneficio depensão por morte. Alega o INSS, em suas razões recursais, que o autor não se encontrava incapacitado à época do óbitode seu pai, razão pela qual não era seu dependente, não fazendo jus ao benefício. O autor apresentou contrarrazões,pugnando pela manutenção da sentença.

2. In casu, observa-se que o instituidor da pensão faleceu em 18/04/1983 (fl. 27). O autor apresentou requerimentoadministrativo perante o INSS em 11/07/2008 (fl. 23), sendo que tal requerimento foi indeferido por não ter sido reconhecidaa qualidade de dependente, tendo em vista que a perícia médica do INSS concluiu que a incapacidade do requerenteocorreu após a data do óbito do segurado instituidor.

3. O autor, então, ajuizou ação, a fim de que fosse concedido o benefício de pensão por morte instituída por seu genitor. OINSS não apresentou contestação. O juízo a quo determinou que a autarquia incluísse o autor como beneficiário da pensãopor morte Apesar de o INSS não ter contestado a presente ação e nem ter se manifestado sobre o laudo pericial produzidona ação de interdição, passo a analisar os fatos por se tratar de questão de ordem pública.

4. Segundo o laudo pericial de fl. 34, contido no processo de interdição de fls. 29/52, o autor foi diagnosticado comoportador de esquizofrenia. O perito médico alegou que o autor possui distúrbio psiquiátrico desde os 18 (dezoito) anos deidade, ou seja, antes do óbito do pai, que veio a falecer quando o recorrido contava com 21 (vinte e um) anos de idade. OINSS não impugnou o laudo pericial.

5. Apesar de ser acometido por doença mental, o autor foi inserido no mercado de trabalho, porém, como demonstrado pelatabela abaixo, que transcreve a planilha do INSS de fls. 65/66, verifica-se que os vínculos empregatícios do autor foramcurtos, alguns com duração de apenas alguns dias.

NºCOMUM

Data InicialData Final

Page 192: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Total DiasAnosMesesDias

11/2/197731/3/197761-21

2/5/197922/11/1979201-621

26/2/198216/3/198221--21

17/6/198231/7/198245-115

25/10/19833/4/1984159-59

29/7/198517/2/1986199-619

18/9/198623/9/19866--6

24/11/198621/1/198758-128

Page 193: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

1/6/19879/6/19879--9

5/2/198823/2/198819--19

14/3/19886/4/198823--23

1/7/198830/7/198830-1-

12/1/199813/1/19982--2

19/1/19986/2/199818--18

24/3/199827/3/19984--4

Total8552415

6. Dessa forma, percebe-se que os vínculos empregatícios do autor somam apenas 02 (dois) anos, 04 (quatro) meses e 15(quinze) dias, o que presume que o autor não conseguia se manter em um emprego por muito tempo, fato que corrobora asalegações de que o mesmo é possuidor de doença incapacitante.

Page 194: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

7. Assim, tendo o autor sido diagnosticado como portador de doença mental desde os 18 (dezoito) anos de idade, conformeperícia médica juntada aos autos, não merecem guaridas as pretensões da autarquia previdenciária.

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

9. Custas ex lege. Condenação do Recorrente ao pagamento de honorários advocatícios fixados em 10% do valor dacondenação, nos termos do art. 55 da Lei nº. 9.099/95.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER E NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma daementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

133 - 0001231-03.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001231-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DJAIR BENEDITONOGUEIRA (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0001231-03.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001231-4/01)

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL – BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃO CONTINUADA – LOAS – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE –LAUDO MÉDICO PERICIAL CONCLUSIVO – PREVALÊNCIA SOBRE LAUDO PARTICULAR – SENTENÇA MANTIDA –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso inominado, interposto pela parte autora, Djair Benedito Nogueira (53 anos de idade), em face dasentença de fl. 40/41, que julgou improcedente o pedido de condenação do INSS à concessão do benefício de prestaçãocontinuada. Aduz o recorrente, em suas razões recursais, que está incapaz para o trabalho e que a documentação médicaparticular juntada aos autos indica o oposto do que foi apresentado no laudo médico pericial. Com isso, requer a reforma dadecisão para que sejam julgados procedentes os pedidos da inicial. O INSS apresentou contrarrazões pugnando pelamanutenção da sentença.

2. Nos termos do art. 20 da Lei nº 8.742/93, Lei Orgânica da Assistência Social, o benefício de prestação continuada égarantido no valor de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprove não possuirmeios de prover a própria manutenção e nem tê-la provida por sua família. Para efeitos de aplicação do dispositivo,considera-se portadora de deficiência a pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho e, da mesmaforma, considera-se incapaz de prover a manutenção do portador de deficiência ou idoso a família cuja renda mensal percapita seja inferior a ¼ do salário mínimo.

3. A partir da análise dos autos, verifica-se que foi realizada perícia médica a fim de diagnosticar as moléstias queacometem a parte autora. O laudo médico judicial (fls. 27/28) concluiu que, apesar de o recorrente ser portador deTranstorno de Ansiedade Generalizada, o mesmo não apresenta incapacidade para exercer atividade laboral e não corre orisco de morte ou agravamento da doença se continuar exercendo sua atividade habitual (Pintor Autônomo). O peritoalegou, ainda, que a parte autora possui aptidão física e mental para exercer tal atividade. Logo, não ficou preenchido orequisito da incapacidade para fins de percepção do benefício assistencial.

4. Vale ressaltar, quanto aos laudos particulares apresentados, o teor do Enunciado 08 da Turma Recursal do EspíritoSanto: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.

5. Dessa forma, não é devido o benefício pleiteado por não estarem preenchidos os requisitos necessários à suaconcessão.

6. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

7. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios, eis que o recorrente é beneficiário da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Page 195: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

134 - 0002494-04.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002494-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x ZELIA PINTO GOMES (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO DOENÇA – LAUDO PERICIAL – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE – CONDIÇÕESPESSOAIS FAVORÁVEIS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de auxílio-doença. Argui que há nos autos documentos que atestam sua incapacidade.A parte autora foi submetida a perícia médica tendo sido diagnosticas dorsalgia (Cid 10: M 54) e Hemiplegia nãoespecificada (Cid 10 – 81.9). O respectivo laudo, contudo, foi conclusivo pela ausência de incapacidade.A recorrida possui 74 anos de idade e desempenha a função de costureira. Tal labor necessita de movimentação constantede membros superiores. Sendo portadora de seqüelas decorrente de derrame com a paralisia total do lado esquerdo docorpo, torna-se o desempenho da profissão por demais sacrificante. Impossível não se considerar no caso concreto ascondições pessoais da parte autora. Conforme entendimento desta TR, “Se, para exercer uma profissão, alguém, em razãodas suas condições pessoais, precisa sacrificar-se de forma extraordinária em relação à média dos trabalhadores damesma categoria profissional, configura-se incapacidade para o trabalho. Entendimento em sentido contrário implicadesrespeito ao princípio constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição Federal)”. Pelo exposto,conheço do recurso e a ele nego provimento.Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelator

135 - 0000141-79.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000141-6/01) ALZIRA HAASE PADILHA (ADVOGADO: KARINA ACACIADO PRADO, ROSEMAR POGGIAN CATERINQUE CARDOZO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.).E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – CONCESSÃO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIOR CONVERSÃO EMAPOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE INCAPACIDADE LABORAL – LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL– MÉDICO NÃO ESPECIALISTA – MERA PREFERÊNCIA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO –SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Sustenta que há nosautos documentos que atestam sua incapacidade. Dessa forma, requer seja reformada a sentença proferida pelo Juízo “aquo”, julgando-se procedente o pedido deduzido na inicial.A recorrente foi submetida a perícia na qual foi constata ausência de incapacidade. Aduz nulidade do exame pericial tendoem vista que o médico perito exerce o encargo por imposição de pena restritiva de direitos. O expert foi condenado a 900horas de trabalho comunitário em virtude de sentença transitada em julgado. Não há qualquer óbice no caso. Tal argumentoapenas revela tratamento discriminatório da parte autora relativamente ao profissional.Argui, ainda, que o perito não possui especialidade na área médica correspondente à da enfermidade alegada. Como já

Page 196: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

firmado nesta Turma Recursal, não há obrigatoriedade que haja a correlação entre a patologia apresentada pelo periciado ea especialidade do médico. Tratando-se de mera preferência, ausente qualquer nulidade na prova pericial produzida.Argui, por derradeiro, estar presente a incapacidade parcial. O laudo confeccionado informa que a capacidade laboral estácomprometida de forma parcial apenas para atividades que exijam muito o uso da mão direita. A perda de um dedo da mãodireita certamente gera limitação da função, entretanto, não considero ser suficiente a gerar direito ao benefício pleiteado.Ademais, os atestados de fls. 27, 28 e 31 não fazem qualquer referência à incapacidade da autora.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelator

136 - 0000904-83.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000904-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ARY DE OLIVEIRA (ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. CÔNJUGE. ATIVIDADE URBANA. REGIME DE ECONOMIAFAMILIAR MANTIDO. PROVA TESTEMUNHAL HARMÔNICA. SÚMULA 41 TNU. RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Aduz não restar caracterizado o regime de economia familiar.

2. Argui, o INSS, que o fato de a esposa ter desempenhado atividade urbana seria óbice ao reconhecimento da qualidadede rurícola do autor. Sem razão o recorrente. Aplica-se, in casu, a Súmula 41, TNU: “A circunstância de um dos integrantesdo núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural comosegurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”. O fato de a renda da esposa ser superior ao saláriomínimo não tem o condão de desnaturar o labor rural como a principal fonte de renda familiar. Ademais, percebe-se que ovalor percebido pelo cônjuge não distancia muito do mínimo nacional.

3. Por derradeiro, argui o recorrente ser o autor proprietário de quatro imóveis rurais, sendo empregador de quatrotrabalhadores. Conforme depoimento do autor e das testemunhas, a propriedade rural tem como origem a herança recebidapelo recorrido. Não houve contratação de empregados, mas o desempenho da atividade rural de cada herdeiro na suarespectiva quota.

4. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

137 - 0000116-38.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000116-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARIA DAS DORES BATISTA DA FONSECA (ADVOGADO: MARIAREGINA COUTO ULIANA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06 E 41 TNU. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 197: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. Argui o INSS não haver início de prova material. A recorrida apresentou os seguintes documentos: Fichas de matrículados filhos dos anos de 1982, 1987 e 1988, onde consta sua profissão como lavradora (fls. 19/20/48/49); Ficha deCadastramento Familiar onde consta a profissão da autora como trabalhadora rural (fl. 21); Ficha de Atendimento MédicoAmbulatorial/Hospitalar datada de 10/08/2006, onde há a qualificação da recorrida como lavradora (fl. 22); Contrato deParceria Agrícola firmado em 1997, com firma reconhecida em 2005 (fls. 23/25); Título eleitoral onde consta a profissão daautora como lavradora, podendo-se inferir, pelos registros de comparecimento à votação, que tal documento foi emitido em1972, data da primeira votação (fl. 51).

4. Em que pese o contrato de parceria agrícola de fls. 23/25 somente poder ser considerado como apto a provar o períodoposterior a 2005, verifico que os demais documentos complementam-no quanto ao período pretérito.

5. Argui, o INSS, que o fato de o marido ter desempenhado atividade urbana seria óbice ao reconhecimento da qualidadede rurícola da autora. Sem razão o recorrente. Aplica-se, in casu, a Súmula 41, TNU: “A circunstância de um dosintegrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhadorrural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

6. Os depoimentos testemunhais corroboraram a prova documental no sentido de que efetivamente houve o exercício deatividade rural, na condição de rurícola, por período igual ao número de meses correspondentes à respectiva carência.Assim sendo, impõe-se a manutenção da sentença.

5. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

138 - 0001955-38.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001955-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x MARIA HILARIO FERREIRA (ADVOGADO: SERGIO DE LIMAFREITAS JUNIOR.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06 E 14 TNU. TEORIA DA EFICÁCIA RETROSPECTIVA E PROSPECTIVA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.Requer, destarte, a reforma da sentença.

2. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão do cônjuge comolavrador datada de 10/07/1971 (fl. 24); Boleto bancário de recolhimento da contribuição confederativa do sindicato datadosde 05/06/2006 (fl. 51); Contratos de parceria agrícola firmados nos períodos de 15/02/1985 e 15/02/1988 (fl. 26), 30/12/1990e 30/12/1993 (fls. 27), 01/01/1994 a 01/01/2097 (fls. 28), 16/02/2001 a 15/02/2004 (fl. 34), 12/02/1999 a 12/02/2002 (fl. 36) e09/07/2004 a 09/07/2007 (fl. 41); Prontuário ambulatorial onde consta a profissão como lavradora com o registro daevolução e tratamento nos anos de 2001 e 2002 (fls. 52/53).

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

Page 198: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

4. Argui o INSS que a autora, em seu depoimento pessoal, não se recordava acerca de detalhes dos contratos. Apesar detal situação causar estranheza, verifico não ser relevante a ponto de desqualificar a recorrida como rurícola. Ademais,percebo que a mesma associou os períodos dos contratos ao nascimento e quantidade de filhos que tinha em determinadaépoca.

5. Argui, ainda, ter a parte autora entrado em contradição ao afirmar que sempre trabalhou junto com o marido, uma vezprovado haver época na qual seu cônjuge havia trabalhado para pessoa diversa. Ainda que haja engano por parte darecorrida, entendo que a atividade individual desempenhada pela mesma restou comprovada. Laborar ao lado do seuex-esposo é irrelevante.

6. A primeira testemunha, Sr. José Machado, afirma conhecer a autora há aproximadamente 18 anos e que a mesmamorava e trabalhava sozinha. A segunda testemunha, Sr. Edimar Moreira, a seu turno, diz conhecer a recorrida há 40 anose que a mesma, quando do contrato de parceria firmado com o tio do depoente, no período de 1999-2002, continuavacasada. Há divergência nos depoimentos das testemunhas. O contrato de parceria agrícola consta o nome do marido daautora. Para ser considerado como início de prova material da autora, importa esclarecer se estava separada ou não.Considero que deve prevalecer o depoimento da segunda testemunha. Com efeito. O fato de a autora ter de passar atravésda propriedade do Sr. Edimar diariamente para chegar à propriedade do Sr. Manoel Ribeiro revela maior conhecimentoacerca da convivência do casal. Em que pese o labor prestado à segunda testemunha, tal fato deu-se apenas em 2004.

7. Argui o INSS que alguns documentos apresentados mostram-se inidôneos. A rebater tal tese, há a Súmula 14, TNU:“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo operíodo equivalente à carência do benefício”. Destarte, havendo documentação apta a configurar início de prova material,como, p. ex., o contrato de parceria de fl. 41, cujas formalidades legais foram obedecidas como o reconhecimento de firma,é possível aplicar a teoria da eficácia retrospectiva dos documentos, quando estes, apesar de não se referir a todo operíodo que se pretende provar, tem o seu alcance alargado quando corroborado por prova testemunhal, como no caso subexamen. A TNU, ao aplicar a referida teoria entende que “é prescindível que o início de prova material se refira a todoperíodo de carência legalmente exigido, se prova testemunhal for capaz de ampliar sua eficácia probatória” (Rel. Min.Laurita Vaz, DJ 17.12.2007). PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL 200471950208162– Relator: JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN – Fonte: DOU 08/04/2011 SEÇÃO 1.Considerando-se a prova documental satisfatoriamente complementada pela prova testemunhal, forçoso é reconhecer-se odireito da parte autora à aposentadoria por idade rural.

8. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

139 - 0000528-06.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000528-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x ROSALINA NEVES DA SILVA (ADVOGADO: SIRO DA COSTA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06 E 14 TNU. TEORIA DA EFICÁCIA RETROSPECTIVA E PROSPECTIVA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.Requer, destarte, a reforma da sentença.

2. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão do cônjuge comolavrador datada de 05/02/1972 (fl. 16); Contrato de Comodato firmado no período de 26/09/2005 e 26/09/2015 (fl. 13/14);Ficha de Matrícula onde consta a profissão da recorrida como lavradora datada de 02/12/1994 (fl. 17); Ficha da SecretariaMunicipal de Saúde constando a ocupação da autora como lavradora datada de 18/03/2008 (fl. 20); Documentos referentesao imóvel de propriedade da Sra. Concenil Batista Rosa abarcando o período de 1998 - 2003(fls. 21/33).

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,

Page 199: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

4. A Ficha de Matrícula bem como a Ficha da Secretaria Municipal de Saúde devem ser aceitas. Apesar de não possuíremfé pública, como arguido pelo INSS, demonstram a boa-fé da declarante por ocasião da produção do documento. Ajurisprudência é unânime em considerá-las como início de prova material.

5. Os documentos de fls. 21/33 estão em nome da sogra da recorrida. Considerando-se que a prova testemunhal foiunânime em atestar ser a autora meeira da Sra. Concenil Batista Rosa, forçoso é estender a eficácia probatória destesdocumentos à recorrida. Ademais, ainda que se desconsiderasse tal prova documental, segundo a teoria da eficáciaretrospectiva dos documentos, “é prescindível que o início de prova material se refira a todo período de carência legalmenteexigido, se prova testemunhal for capaz de ampliar sua eficácia probatória.” Por oportuno, quadra destacar a Súmula 14,TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todoo período equivalente à carência do benefício”.6. Considerando-se a prova documental satisfatoriamente complementada pela prova testemunhal, impõe-se oreconhecimento do direito da parte autora à aposentadoria por idade rural.

8. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

140 - 0001172-46.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001172-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x ABILIO PARIZ (ADVOGADO: ANTÔNIO JUSTINOCOSTA, Lauriane Real Cereza, Valber Cruz Cereza.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06, 14 e 34, TNU. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.

2. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão da 3ª Zona Eleitoral de Castelo constando a profissão doautor como agricultor (fl. 18); Certificado de reservista onde consta a profissão do recorrido como lavrador datado de 1965(fl. 20); Certidão da Prefeitura Municipal de Castelo constando a profissão como lavrador datada de 2006(fl. 22); FichaMédica datada de 1998 – profissão: lavrador (fl. 27); Contratos de parceria agrícola firmados nos períodos de 01/01/1990 a18/08/1998, 19/08/1998 a 19/08/2001, 22/04/2002 a 22/04/2005 e 23/04/2005 a 23/04/2008 (fl. 29/35);

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

4. Argui o recorrente que inexistem documentos contemporâneos aos períodos laborados. Não assiste razão ao INSS. Pelaanálise do conjunto probatório, percebe-se que a parte autora trouxe documentação apta a atender à exigência legal.Aplicam-se, portanto, as Súmulas 14 e 34 da TNU.

5. Considerando-se a prova documental satisfatoriamente complementada pela prova testemunhal, impõe-se oreconhecimento do direito da parte autora à aposentadoria por idade rural.

6. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária

Page 200: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

141 - 0001784-18.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001784-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luis Guilherme Nogueira Freire Carneiro.) x GILCEA COTTA FARDIM (ADVOGADO: LETICIA SEVERIANOZOBOLI, SAMUEL ANHOLETE.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06 E 41 TNU. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material. Aduz,ainda, que a atividade urbana desempenhada pelo marido seria óbice ao reconhecimento do regime de economia familiar.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Declaração de matrícula dos filhos da autora onde consta aprofissão como lavradora datada de 26/07/2007 (fl. 25); Ficha de Registro da Santa Casa de Misericórdia onde consta aprofissão da recorrida como lavradora (fls. 27/28); Declaração da Cooperativa de Laticínios Selita atestando a associaçãoda autora e de seu marido àquela associação (fl. 30); Cédula rural pignoratícia, em nome do marido, relativa a custeioagrícola datada de 1983 (fls. 31/32); Declaração da empresa Agro Sul Comércio de rações Ltda. atestando a condição decliente da autora em pequenas compras para uso na agricultura (fl. 33); Documentos diversos em nome do marido daautora relativos à propriedade rural (fl. 40/56); CNIS informando a inscrição da autora como segurada especial (fl. 58).Destarte, diante da farta documentação trazida pela recorrida, considera-se preenchido início de prova material.

4. Argui, o INSS, que o fato de o marido ter desempenhado atividade urbana seria óbice ao reconhecimento da qualidadede rurícola da autora. Sem razão o recorrente. Aplica-se, in casu, a Súmula 41, TNU: “A circunstância de um dosintegrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhadorrural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

5. Os depoimentos testemunhais corroboraram a prova documental no sentido de que efetivamente houve o exercício deatividade rural, na condição de rurícola, por período igual ao número de meses correspondentes à respectiva carência.Assim sendo, impõe-se a manutenção da sentença.

5. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

142 - 0000336-39.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000336-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x IDALINO AFONSO FREIRE (ADVOGADO: Aleksandro HonradoVieira, EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALHARMÔNICA. SÚMULAS 06 E 14 TNU. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.

Page 201: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Requer, destarte, a reforma da sentença.

2. A parte recorrida apresentou como início de prova material os seguintes documentos: Ficha de Atendimento Médicodatada de 2000 onde consta a profissão do autor como lavrador (fls. 45); Ficha de Matrícula da Secretaria Municipal deEducação onde resta consignada a profissão do autor e de sua esposa como lavradores (fl. 44); Certidão do InstitutoNacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – atestando a propriedade de imóvel rural do autor entre os anos de1993 e 2004 (fl. 48); Contrato de parceria agrícola firmado pelo prazo de 03 (três) anos a contar de 19/03/2009 (fl. 16/18);Certidão da Justiça Eleitoral onde consta a profissão do recorrido como agricultor (fl. 22).

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

4. Da análise dos documentos acostados aos autos, constata-se presente o início de prova material. Por oportuno, cabedestacar a Súmula 14, TNU, que assim dispõe: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que oinício de prova material, corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício”. Estando a prova documentalsuficientemente corroborada pela prova testemunhal, impõe-se a concessão do benefício pleiteado.

5. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

143 - 0000680-51.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000680-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARIA DO CARMO SANTOS DE OLIVEIRA (ADVOGADO: MARIAREGINA COUTO ULIANA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06 E 41 TNU. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material. Aduz,ainda, que a atividade urbana desempenhada pelo marido seria óbice ao reconhecimento do regime de economia familiar.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão cartorária informando a aquisição de imóvel rural pelaautora em virtude de herança (fl. 13); Certidão cartorária informando a transmissão da propriedade (fl. 34); Certidão denascimento do filho da autora cujo local é Córrego do Balão (fl. 28); Ficha Cadastral da Prefeitura Municipal de Montanhaonde consta a profissão da autora como trabalhadora rural datada de 10/05/2002 (fl. 29).

4. A recorrida juntou aos autos documentos outros, como sua certidão de casamento, porém não há registro da profissãocomo trabalhador rural, seja sua ou de seu cônjuge (fl. 19). O contrato de comodato de fl. 22 também não se qualifica comoinício de prova material por não obedecer aos requisitos formais. As declarações de fls. 23, 30, 32 e 34 não se prestam aofim aqui objetivado. Contudo, verifico que os demais documentos podem ser considerados como prova material válida.Ainda que não se refiram a todo o período de carência, aplica-se a teoria da eficácia retrospectiva e prospectiva dosdocumentos. Com efeito. Conforme decidido reiteradas vezes pela TNU, “é prescindível que o início de prova material serefira a todo período de carência legalmente exigido, se prova testemunhal for capaz de ampliar sua eficácia probatória”(Rel. Min. Laurita Vaz, DJ 17.12.2007). PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL200471950208162 – Relator: JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN – Fonte: DOU 08/04/2011SEÇÃO 1. Conforme se extrai da jurisprudência da TNU, aplica-se a teoria da eficácia retrospectiva dos documentos,quando estes, apesar de não se referir a todo o período que se pretende provar, tem o seu alcance alargado quandocorroborado por prova testemunhal, como no caso sub examen.

Page 202: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

5. Precedentes da TNU admitindo a eficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício deatividade rural: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU2005.81.10.001065-3, Rel. Juíza Federal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. JuizFederal José Antonio Savaris, DOU 31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva,DJ 04.09.2009; PU 2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU2007.72.95.00.3211-7, Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

6. Argui, o INSS, que o fato de o marido ter desempenhado atividade urbana seria óbice ao reconhecimento da qualidadede rurícola da autora. Sem razão o recorrente. Aplica-se, in casu, a Súmula 41, TNU: “A circunstância de um dosintegrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhadorrural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

7. Por derradeiro, argui o recorrente que o legítimo trabalhador rural não aliena a sua propriedade. A autora informa na peçaexordial que a venda do imóvel deu-se pelo fato de o seu filho, que nasceu com paralisia cerebral, necessitar de cuidadosmédicos, servindo o valor apurado para custeio do tratamento. Reputo tal argumento suficiente a justificar a alienação porparte da autora. Qualidade de rurícola mantida.

5. Os depoimentos testemunhais corroboraram a prova documental no sentido de que efetivamente houve o exercício deatividade rural, na condição de rurícola, por período igual ao número de meses correspondentes à respectiva carência.Assim sendo, impõe-se a manutenção da sentença.

5. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

144 - 0000736-24.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000736-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x GENI VIEIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: ALFREDO ERVATI.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06 E 14 TNU. TEORIA DA EFICÁCIA RETROSPECTIVA E PROSPECTIVA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.Requer, subsidiariamente, a fixação da DIB na data da Audiência de Instrução e Julgamento.

2. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão do cônjuge comolavrador datada de 28/10/1972 (fl. 09); Contrato de parceria agrícola firmado no período de 01/02/1999 e 01/02/2002 (fl. 24);Ficha de Secretaria Municipal de Saúde datada de 2005 constando a profissão da recorrida e de seu cônjuge comolavradores (fl. 26).

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

4. Argui o INSS que houve contradição entre as datas dos contratos e o alegado pela parte autora. Apesar de tal situaçãocausar estranheza, verifico não ser relevante a ponto de desqualificar a recorrida como rurícola. Tendo em conta o lapsotemporal transcorrido entre a época dos contratos e a data da AIJ, é normal haver leve engano quanto aos detalhes doscontratos.

5. Argui o INSS que alguns documentos apresentados mostram-se inidôneos. A rebater tal tese, há a Súmula 14, TNU:“Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todo operíodo equivalente à carência do benefício”. Destarte, havendo documentação apta a configurar início de prova material,como, p. ex., o contrato de parceria de fl. 24, cujas formalidades legais foram obedecidas como o reconhecimento de firma,é possível aplicar a teoria da eficácia retrospectiva dos documentos, quando estes, apesar de não se referir a todo o

Page 203: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

período que se pretende provar, tem o seu alcance alargado quando corroborado por prova testemunhal, como no caso subexamen. A TNU, ao aplicar a referida teoria entende que “é prescindível que o início de prova material se refira a todoperíodo de carência legalmente exigido, se prova testemunhal for capaz de ampliar sua eficácia probatória” (Rel. Min.Laurita Vaz, DJ 17.12.2007). PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL 200471950208162– Relator: JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN – Fonte: DOU 08/04/2011 SEÇÃO 1.Considerando-se a prova documental satisfatoriamente complementada pela prova testemunhal, forçoso é reconhecer-se odireito da parte autora à aposentadoria por idade rural.

6. Por derradeiro, requer a Autarquia a fixação da DIB na data da AIJ. Aduz que no processo administrativo não haviadocumentação suficiente a conceder o benefício pleiteado. O INSS não trouxe aos autos o processo administrativo,destarte, inexistem dados suficientes a amparar tal alegação. Sentença mantida.

6. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

145 - 0002411-85.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002411-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x CARLIN DOS SANTOS (ADVOGADO: MARCIO SANTOLIN BORGES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALHARMÔNICA. SÚMULAS 06 E 14 TNU. PERÍODO URBANO ÍNFIMO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.Requer, destarte, a reforma da sentença.

2. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão como lavradordatada de 29/09/1971 (fl. 17); Carteira de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Castelo datada de 1976 (fl. 19);Boletos bancários de recolhimento da contribuição confederativa do sindicato datados de 01/08/1997, 03/07/1996,31/07/1993, 16/08/1995 (fl. 21/22); Três Contratos de parceria agrícola firmados nos períodos de 21/12/1994 e 21/12/1997(fls. 24/26), 22/12/1997 e 01/06/2004 (fls. 27/28) e 02/06/2004 a 02/06/2007 (fls. 29/30); Ficha de Atualização Cadastraldatado de 16/03/1995 (fl. 31); Documento de Cadastramento do Trabalhador - Contribuinte Individual - classificando orecorrido como meeiro, datado de 01/03/1995 (fl. 32); Histórico escolar do filho do autor onde se constata aprofissão como lavrador, referentes aos anos de 1985 a 1988, além de demais documentos. Em suma, há farto materialcomprobatório do exercício da atividade laborativa no meio rural.

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágr.único da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. Argui o INSS que alguns documentos apresentados mostram-se extemporâneos. A rebater tal tese, há a Súmula 14,TNU: “Para a concessão de aposentadoria rural por idade, não se exige que o início de prova material, corresponda a todoo período equivalente à carência do benefício”.

4. O labor urbano do recorrido foi desempenhado no período de 02/10/2000 a 01/08/2001, ou seja, inferior a um ano.Desconsiderar todo o trabalho rural desenvolvido ao longo de várias décadas em virtude de período tão ínfimo de atividadeurbana seria desumano. Fato relevante que auxilia a comprovar o labor rural em regime de economia familiar é oreconhecimento, pelo INSS, da esposa do autor como trabalhadora rural, concedendo-lhe aposentadoria por idade rural.

5. A perda da qualidade de segurado argüida pelo INSS é irrelevante a teor do art. 3º, §1º da Lei n.º 10.666/03.

6. A parte autora logrou provar ter laborado por lapso temporal maior do que o exigido pela legislação, além de possuir aidade mínima imposta, donde deflui ter direito ao benefício pleiteado. Ainda que as testemunhas tenham apresentadoalguma incongruência em seus depoimentos, tal fato somente demonstra a espontaneidade das mesmas.

Page 204: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

7. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

146 - 0001985-10.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001985-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ELPIDIO SA VIANA NETO (ADVOGADO: DEIJAYME TEIXEIRA VIANA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. AVERBAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVATESTEMUNHAL. AUSÊNCIA. COISA JULGADA. PROCESSO CONVERTIDO EM DILIGÊNCIA.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, ser necessária a oitiva das testemunhas a fim de complementar a prova documental. Arguinulidade da sentença e ofensa à coisa julgada.

2. A parte autora requereu aposentadoria por tempo de contribuição, com a averbação do tempo de labor rural, tendo sidoindeferido sob o argumento de que no período de 07/09/1958 a 01/02/1968 não haveria prova documental. Assim, impetrouMandado de Segurança cuja sentença determinou que o INSS considerasse a averbação do tempo de serviço rural. OTRF-2ª Região, em 2007, extinguiu o processo sem julgamento do mérito por entender que a via eleita não comportariadilação probatória. Em 2008, o recorrido ingressou com o presente feito a fim de que se reconhecesse o período acimamencionado. A sentença prolatada entendeu ser desnecessária a produção de prova testemunhal por considerar que aDeclaração do Sindicato devidamente homologada pelo Ministério Público seria prova plena segundo a legislação vigente àépoca. Considerou, ainda, o fato de que, antes de proceder à homologação, o membro do Parquet já havia realizadoprocedimento com a oitiva de duas testemunhas. Julgou desnecessária nova oitiva tendo em vista que o promotor agiracomo um Juiz Federal agiria em caso semelhante.

3. O Mandado de Segurança é a ação constitucional que visa resguardar o direito líquido e certo do impetrante. Para queseja deferida a segurança é necessária a apresentação de prova pré-constituída, por não comportar dilação probatória. Adecisão do Tribunal Regional Federal extinguiu o mandamus sem julgamento de mérito justamente por considerar que oinício de prova material deveria ser complementado pela prova testemunhal. A sentença, ao considerá-la desnecessária,acabou por desconsiderar, por via reflexa, o entendimento fixado pelo TRF. Entretanto, reputo desnecessária a anulação dasentença a teor do Enunciado n.º 103 do FONAJEF: “Sempre que julgar indispensável, a Turma Recursal, sem anular asentença, baixará o processe em diligências para fins de produção de prova testemunhal, pericial ou elaboração decálculos”.

4. Diante do exposto, converto o julgamento em diligência a fim de que seja colhida a prova testemunhal.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo converter o julgamento em diligência.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

147 - 0001952-20.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001952-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x IRACI DA PENHA COELHO DOS SANTOS (ADVOGADO: ValberCruz Cereza.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULA 06. TNU. EMPREGADOS. INEXISTÊNCIA. PROPRIEDADE. EXTENSÃO. HERANÇA.QUALIDADE DE RURÍCOLA MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 205: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que a presença de empregados bem como a extensão da propriedade rural desqualificariama autora como trabalhadora rural.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão do cônjuge comolavrador datada de 09/09/1967 (fl. 15); Documento de cadastramento do trabalhar do INSS constando a profissão da autoracomo lavradora (fl. 19); Ficha de atendimento médico ambulatorial datado de 1990 constando a profissão da autora comotrabalhadora rural (fls. 20/21); Declaração da Secretaria Estadual de Educação datada de 2001 constando a profissão darecorrida como lavradora (fl. 23); Farta documentação relativa à propriedade rural do cônjuge (fls. 28/60).

4. Argui o INSS que o tamanho da propriedade bem como o fato de haver empregados no imóvel desqualificariam a autoracomo rurícola. Os argumentos do INSS têm por base o Certificado de Cadastro do INCRA de fl. 34 datado de 1989.Conforme depoimentos da autora e de testemunhas, a propriedade foi adquirida por herança sendo desempenhada aatividade rural em conjunto pela família da autora e pelas famílias dos outros herdeiros, restando descartada, assim, aexistência de empregados no imóvel. Frise-se que as Certidões do INCRA de fls. 55/56 datadas dos anos de 1993 a 2004revelam não haver qualquer tipo de contratação, mas, apenas, a mão de obra familiar. Quanto ao tamanho da propriedade,verifica-se que a área total do imóvel efetivamente é extensa, contudo, ao se partilhar a propriedade pelo número deherdeiros, percebe-se ser compatível com a exigência legal.

5. Pela análise dos autos, constata-se presente o início de prova material devidamente corroborado pelas testemunhas.Desse modo, tem-se por devido o benefício ora pleiteado.

6. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

148 - 0002410-37.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002410-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x CONCEIÇAO VICENTE LIMA (ADVOGADO: PRISCILA PERIMGAVA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULA 06 TNU. PROPRIEDADE. EXTENSÃO. ATENDE A EXIGÊNCIA LEGAL. EMPREGADO.IRRELEVÂNCIA. PERÍODO CURTO. ATIVIDADE URBANA. DESCONSIDERADA NA SENTENÇA. CARÊNCIA MÍNIMAATENDIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que a extensão da propriedade rural, a contratação de empregados e o desempenho detrabalho urbano desqualificariam a autora como rurícola.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Carteira de filiação ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais datadade 12/2007 (fl. 16); Documentos relativos à propriedade do imóvel rural nos períodos de 1992 a 2007 (fls. 17/20, 34/37,43/50); Notas Fiscais de pequeno produtor em nome do cônjuge da autora (fls. 21/28).

4. Argui o recorrente que o tamanho da propriedade, a contratação de empregados e a atividade urbana desempenhadaseriam óbice a qualificação da autora como trabalhadora rural. O imóvel possui 33 ha o que equivale a 1,11 módulos fiscais.Assim, considerando-se o limite legal de quatro módulos, conclui-se infundado o argumento da Autarquia. Quanto a

Page 206: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

contratação de empregados, também não assiste razão ao INSS. Uma das testemunhas afirmou que durante um certoperíodo o primo do esposo da autora laborou no imóvel da família. A contratação de apenas um único empregado por lapsotemporal breve não ilide a condição de rurícola da recorrida. O período em que houve desempenho de atividade urbana porparte da autora foi expressamente desconsiderado pela sentença. Assim, computando-se apenas o desempenho deatividade rural, constata-se comprovado o período mínimo de carência exigido na lei.

5. Considerando-se a prova documental satisfatoriamente complementada pela prova testemunhal, impõe-se oreconhecimento do direito da parte autora à aposentadoria por idade rural.

6. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

149 - 0001842-84.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.001842-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.) x ILMA MARIA DA SILVA (ADVOGADO: EDSON ROBERTO SIQUEIRA JUNIOR.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALCORROBORA. SÚMULAS 06, 14 e 34, TNU. DIB. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. SENTENÇAMANTIDA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que os documentos apresentados não são aptos a configurar início de prova material.Requer, subsidiariamente, a alteração da DIB.

2. A parte autora apresentou os seguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão do cônjuge comolavrador datada de 17/10/1970 (fl. 06); Carteira do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iuna e Irupi datada de 30/10/2000(fl. 08); Contratos de parceria agrícola firmados nos períodos de 28/01/2004 a 28/01/2009 (fl. 17/18); Aditivo contratualdatado de 21/09/2006 (fl. 19); Contrato de Comodato datado de 19/10/1996 (fls. 20/21); Contrato de parceria datado de26/02/1994 (fls. 22/23); Ficha da Secretaria Municipal de Saúde do ano de 2000, constando a profissão da autora comolavradora (fl. 35);

3. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

4. Argui o recorrente que inexistem documentos contemporâneos aos períodos laborados. Não assiste razão ao INSS. Pelaanálise do conjunto probatório, percebe-se que a parte autora trouxe documentação apta a atender à exigência legal.Aplicam-se, portanto, as Súmulas 34 e 14 da TNU.

5. Aduz, ainda, que o contrato de parceria firmado entre a parte autora e seu genitor não tem validade. Em que pese asrazões expostas no recurso, não há óbice legal na contratação entre parentes. Verifico que os contratantes eram maiores ecapazes; o objeto, a seu turno, era lícito, possível e determinado; a forma legal restou obedecida. Destarte, não havendovício algum no negócio jurídico, forçoso é reconhecer-se a validade dos contratos sob apreço. Eventual simulação ou fraudedeveria ter sido plenamente comprovada pela Autarquia-Previdenciária. Mera alegação que não se coaduna com o princípioda boa-fé processual.

6. Por derradeiro, requer o INSS a alteração da DIB. Constato que não há cópia do processo administrativo. Ante aimpossibilidade de se verificar quais documentos dispunha o recorrente por ocasião da negativa na esfera administrativa,deve a DIB ser mantida na data do requerimento administrativo. Sentença mantida na íntegra.

7. Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Page 207: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

150 - 0000522-87.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000522-7/01) JOSÉ BUZETTI (ADVOGADO: BRUNO SANTOSARRIGONI, HENRIQUE SOARES MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:PEDRO INOCENCIO BINDA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. PERÍODODE CARÊNCIA NÃO ATINGIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença de fls. 115/118 que julgou improcedente o pedidode concessão da aposentadoria por idade rural. Argui que os documentos acostados aos autos configuram início de provamaterial e que o exercício de atividade urbana do autor não o descaracteriza como rurícola.

Os documentos trazidos pelo autor não podem ser considerados como início de prova material. Na certidão de casamento(fls. 18) consta a profissão do autor como servidor braçal, não especificando se rural ou urbano; as declarações dosproprietários de imóveis rurais, quando desacompanhadas dos respectivos contratos de parceria não são consideradasválidas; o contrato de parceria agrícola de fl. 50, foi firmado em 2008, ano do requerimento administrativo.

As declarações de vizinhos do recorrente (fls. 75/76), ambas moradoras do local há mais de 20 (vinte) anos, em queatestam desconhecerem outra atividade laborativa do autor que não seja a de borracheiro, reforçadas pelos registros deatividade urbana trazidos pelo INSS, levam à conclusão de que o mesmo não mais exerce labor rural há vários anos. Emque pese o Termo de Homologação da atividade rural de fls. 79, não há nos autos outras provas que permitam concluirhaver o recorrente preenchido o período de carência exigido na Lei. Diante do exposto, nego provimento ao recurso.

Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

151 - 0000453-58.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000453-6/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ERIN LUÍSA LEITE VIEIRA.) x ZÉLIA MANTHAYA RIGATTO (ADVOGADO: ANA PAULA DOS SANTOSGAMA, CARLOS AUGUSTO MENDES PEREIRA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. PROVATESTEMUNHAL. MEEIROS. IRRELEVÂNCIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessão daaposentadoria por idade rural. Argui, em síntese que o regime de economia familiar resta desconfigurado. Requer, destarte,a reforma da sentença com a total improcedência do pedido.

Alega o recorrente que a autora contou com meeiros em sua propriedade. A presença destes não desqualifica a recorridacomo trabalhadora rural. A vedação legal incide sobre empregados permanentes, assalariados. Considerando-se que asrestrições aos direitos devem ser interpretadas de forma restrita, não vislumbro óbice algum ao fato de haver meeiros napropriedade da autora.

Argui, ainda, que o fato de a autora residir no meio urbano seria óbice ao reconhecimento como trabalhadora rural.Conforme se extrai dos diversos documentos acostados aos autos, o endereço da autora é no Sítio Manthaya, CórregoChumbado, na zona rural. Ainda que assim não fosse, a residência na cidade não impediria a qualificação da autora comorurícola.

Page 208: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Argui, por derradeiro, que a renda obtida com a produção agrícola e a propriedade de veículo automotor desqualificam aautora como trabalhadora rural.

A finalidade legal é amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado de trabalho e, maisespecificamente, do mercado urbano, acrescentando nesta linha que as normas relativas à aposentadoria rural destinam-seaqueles que labutam sem perspectivas de lograr uma aposentadoria pelo regime contributivo. Tal entendimento tem comonorte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar como sendo aquele emque o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútuadependência e colaboração.

O argumento do INSS tem como base as Notas Fiscais de produtor de fls. 65/68. Tais documentos revelam valores que, aprincípio, seriam incompatíveis com o pequeno produtor agrícola. Em que pese a renda obtida ser elevada, entendo quedeu-se por um período por demais diminuto. Os documentos são datados dos anos de 1998 e 1999, ou seja, há mais dedez anos. Não há prova nos autos de que a produção tenha se mantido no mesmo patamar ao longo dos anos. Apropriedade de veículo automotor, a seu turno, não tem o condão de desqualificar a recorrido como trabalhadora rural.

Diante do exposto, nego provimento ao recurso. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação dorecorrente em honorários advocatícios arbitrados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

152 - 0000710-26.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000710-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.) x ILZA DIAS GONÇALVES (ADVOGADO: GLEIS APARECIDAAMORIM DE CASTRO, ERALDO AMORIM DA SILVA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. PROVATESTEMUNHAL. LIGEIRA CONTRADIÇÃO. IRRELEVÂNCIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 164/168 que julgou procedente o pedido deconcessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em síntese, que os depoimentos da autora e de uma das testemunhasforam confusos, não restando corroborado o início de prova material.

A autora, em seu depoimento, afirma num primeiro momento que nunca trabalhou na zona rural, retratando-se apósesclarecimento pelo juiz. Não visualizo qualquer prejuízo à parte autora. A recorrida, na petição inicial, reconheceexpressamente a atividade prestada à Prefeitura Municipal de Ibitirama, na condição de merendeira. Quanto ao fato de terafirmado que sua família nunca residiu na cidade, verifico que, ainda que tenha morado na área urbana por mais de umano, tal fato não ensejaria a perda da condição de rurícola.

Argui o INSS, ainda, a suposta contradição da testemunhal Geneval da Motta. Em que pese a ligeira contradição datestemunha quanto à data de início da relação contratual com a autora e seu marido, o Sr. Geneval confirmou outros dadosde maior importância para o deslinde da causa, como, p. ex., detalhes do contrato, o acidente sofrido pelo esposo da autorae os locais onde a autora laborou após o fim do negócio jurídico.

Negado provimento ao recurso.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários advocatícios arbitradosem dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma Recursal

Page 209: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Relator

153 - 0002290-57.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002290-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x MARIA GONÇALVES EMENES (ADVOGADO: SANDRA VILASTRE DEARAUJO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. PROVATESTEMUNHAL COESA. DIB. DATA DO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 115/117 que julgou procedente o pedido deconcessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em preliminar, a decadência; quanto ao mérito, alega não haver iníciode prova material e que a prova testemunhal não seria apta a demonstrar o labor rural da autora. Subsidiariamente, requera fixação da DIB na data da citação.

Argui o INSS a ocorrência, in casu, da decadência. O art. 103, caput, Lei n.º 8.213/91 estabelece ser de “dez anos o prazode decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão debenefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do diaem que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo”. Da interpretação desse dispositivo,vê-se que a norma legal apenas incide quando se tratar de benefício já concedido. Requerida e negada a prestaçãoprevidenciária, pode o segurado, a qualquer tempo e em qualquer via - seja judicial ou administrativa - requerer novamenteo benefício almejado. Ademais, em virtude da natureza alimentar dos benefícios previdenciários, impõe-se oreconhecimento de sua imprescritibilidade. Preliminar rejeitada.

Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

Quanto ao mérito, argui que não há prova documental apta a configurar início de prova material. A parte recorrida juntou osseguintes documentos: Certidão de casamento onde consta a profissão do marido como lavrador, datada de 28/12/1946 (fl.23); Formal de partilha datado de 09/03/1994 (fl. 28); Certificado de Cadastro datado de 15/09/1988 (fl. 29); Comprovantesde pagamento de ITR dos anos de 1990 e 1991 (fl. 30); Ficha de informação de declaração homologada pelo MinistérioPúblico datada do ano de 1994(fl. 32). Destarte, forçoso é reconhecer-se preenchido o início de prova material.

O recorrente alega, ainda, ter a autora demonstrado parco conhecimento acerca das lides rurais, e que a mesma teriadeclarado que quem cuidava da lavoura era o marido falecido. Ao contrário do alegado, a recorrida afirmou quedesconhecia a quantidade da produção, pois quem tratava da comercialização era o esposo. Ainda que não se recorde dotempo necessário para o café para frutificar, tal fato isolado não é suficiente a retirar a qualidade de rurícola da recorrida.

A Testemunha Celeste Rodrigues Pereira Bezerra afirmou durante seu depoimento em audiência que o labor rural daautora foi interrompido há pouco tempo. Tal fato é contestado pelo INSS ao argumento de a testemunha não haverpresenciado o exercício da atividade rurícola da autora. Ainda que seja desconsiderado algum período posterior aorequerimento administrativo, a autora logrou provar tempo suficiente de atividade rural a preencher todo o período decarência legalmente exigido.

Quanto à DIB, entendo não assistir razão ao INSS. Aplicando-se analogicamente a Súmula 33, TNU que determina “quandoo segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data dorequerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício”, a DIB deve ser mantida na data dorequerimento administrativo, respeitando-se a prescrição qüinqüenal.

Negado provimento ao recurso.

Recurso conhecido e improvido. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

154 - 0001007-33.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001007-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x APARECIDA HENRIQUE MACHADO (ADVOGADO:

Page 210: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ADEVAIR NOGUEIRA DE CARVALHO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PRESENÇA. PROVATESTEMUNHAL COESA. QUALIDADE DE RURÍCOLA COMPROVADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega que os documentos acostados aos autos não são aptos a configurar início de prova material.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

3. A parte autora apresentou como início de prova material: a Certidão de casamento onde consta a profissão do cônjugecomo lavrador datada de 30/07/1970 (fl. 11); Recibos de pagamento de mensalidades ao Sindicato dos TrabalhadoresRurais de Muniz Freire dos anos de 2005 e 2006 (fl. 12); Ficha de Matrícula do filho onde consta a profissão da autora e deseu marido como lavradores (fl. 15); Escritura de compra e venda de imóvel rural datada de 11/01/1982, onde se constata aqualificação da autora e de seu esposo como vendedores (fl. 22/23); Contrato de parceria agrícola firmado em 2006 (fls.32/33).

4. Depreende-se da documentação supracitada que o início de prova material restou comprovado. Assim, sendo a provatestemunhal firme e harmônica, evidencia-se presente a qualidade de rurícola da recorrida.

5. Tendo em vista o caráter manifestamente protelatório do recurso apresentado, impõe-se a aplicação da multa prevista noart. 538, parágrafo único, do Código de Processo Civil, arbitrada em 1% (um por cento) sobre o valor corrigido da causa.

5. Recurso Improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honoráriosadvocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

155 - 0001325-82.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001325-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x DERLY GOMES DE OLIVEIRA (ADVOGADO: ISAAC PAVEZI PUTON.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PROVA TESTEMUNHALFIRME. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessão daaposentadoria por idade rural. Argui, em síntese, restar ausente a qualidade de trabalhador rural.

Empregado rural é toda a pessoa física que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza nãoeventual a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário (art. 2º, Lei n.º 5.889/73).

O trabalhador rural, a seu turno, é a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo aele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, na condição deprodutor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiro outorgados, comodatário ou arrendatáriorurais, que explore atividade agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais (art. 11, VII, Lei n.º 8.213/91)

Aduz o INSS que no período entre 1996 e 2003 o recorrido desempenhava labor rural na qualidade de empregado, o que odesqualificaria como segurado especial. Com razão o recorrente. A declaração pessoal do autor (fl. 24), a pesquisarealizada pelo Sindicato (fl. 23) e a declaração do Sr. Elias Manoel da Penha (fl. 28), dão conta de que, no período acimacitado, o recorrido laborou como empregado rural. Sabendo-se que o empregado rural não goza do mesmo tratamento dotrabalhador rural, forçoso é reconhecer-se ausente o direito ao benefício pleiteado.

Recurso do INSS provido. Só há condenação em custas e honorários quando o vencido é o recorrente (art. 55, caput,segunda parte, Lei nº 9.099/95).

Page 211: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

156 - 0000395-24.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000395-1/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x CLAUDIONOR ANTONIO GALVÃO(ADVOGADO: FAUSTO LADEIRA RESENDE BOTTA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. PROVATESTEMUNHAL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 44/49 que julgou procedente o pedido deconcessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em síntese, que não há nos autos documentos aptos a seremconsiderados como início de prova material.

A parte recorrida apresentou como início de prova material os seguintes documentos: Certidão de Casamento onde constaa profissão do autor como agricultor (fl. 16); Contrato de parceria agrícola datado de 07/01/1991 (fls. 18/19); Contrato decomodato datado de 18/08/2003 (fls. 21/22).

Argui o INSS que não há nos autos documento apto a configurar início de prova material. De fato. A certidão de casamentode fl. 16 deve ser desconsiderada tendo em vista ser inaceitável a utilização desse documento quando se constata, comono caso em apreço, que o autor, apontado como rurícola, vem a exercer posteriormente atividade urbana. O contrato deparceria agrícola, a seu turno, não traz a firma reconhecida e utiliza técnicas de informática incomum para a época,notadamente o seu uso por parte de agricultores, pessoas simples e sem acesso a tal tipo de tecnologia. O documento defls. 21/22 – Contrato de Comodato – é o único a cumprir a exigência legal do início de prova material. Conclui-se, assim,que o período anterior a 2003 carece de material probatório.

Entretanto, conforme decidido reiteradas vezes pela TNU, “é prescindível que o início de prova material se refira a todoperíodo de carência legalmente exigido, se prova testemunhal for capaz de ampliar sua eficácia probatória” (Rel. Min.Laurita Vaz, DJ 17.12.2007). PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL 200471950208162– Relator: JUÍZA FEDERAL ROSANA NOYA ALVES WEIBEL KAUFMANN – Fonte: DOU 08/04/2011 SEÇÃO 1. Conformese extrai da jurisprudência da TNU, aplica-se a teoria da eficácia retrospectiva dos documentos, quando estes, apesar denão se referir a todo o período que se pretende provar, tem o seu alcance alargado quando corroborado por provatestemunhal, como no caso sub examen. Diante do exposto, nego provimento ao recurso.

Precedentes da TNU admitindo a eficácia retrospectiva e prospectiva dos documentos indiciários do exercício de atividaderural: PU 2008.39.00.702022-6, Rel. Juiz Federal Rogerio Moreira Alves, DOU 09.12.2011; PU 2005.81.10.001065-3, Rel.Juíza Federal Simone Lemos Fernandes, DOU 4.10.2011; PU 2007.72.95.0032452, Rel. Juiz Federal José Antonio Savaris,DOU 31.01.2011; PU 2005.70.95.00.5818-0, Rel. Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 04.09.2009; PU2006.72.59.000860-0, Rel. Juiz Federal Derivaldo de Figueiredo Bezerra Filho, DJ 29/09/2009; PU 2007.72.95.00.3211-7,Rel. Juiz Federal Élio Wanderley de Siqueira Filho, DJ 16.03.2009.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

157 - 0005906-77.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005906-3/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x LEZIR CHAVES DA COSTA (ADVOGADO: EDILAMARARANGEL GOMES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 212: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 152/154 que julgou procedente o pedido deconcessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em preliminar, a prescrição; quanto ao mérito, que a prova testemunhalnão seria apta a demonstrar o labor rural da autora.

Argui o INSS a prescrição do “fundo do direito”. Nas relações de trato sucessivo, a prescrição que incide é aquela previstana Súmula 85/STJ. Preliminar rejeitada.

Quanto ao mérito, argui o recorrente que as testemunhas não souberam precisar o período em que a autora laborou nomeio rural. As testemunhas são unânimes em afirmar que a recorrida sempre exerceu atividade rural ao lado de seu maridoe filhos. Verifica-se, pela certidão de casamento, datada de 1961, que a profissão do marido da autora é lavrador (fl. 15). Daanálise conjunta das provas, conclui-se que a Sra. Lezir sempre laborou no meio rural, cujo início pode ser fixado a partir dadata do casamento. Portanto, a recorrida atendeu ao requisito do tempo de labor rural.

A parte autora requer a desconsideração da renúncia ao valor excedente do teto dos Juizados Especiais Federais. Nada aprover. O valor da causa, no rito sumaríssimo, é utilizado como critério de fixação de competência que, frise-se, é absoluta.Impossível a remessa do presente feito a uma das varas cíveis em fase recursal.

Negado provimento ao recurso.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa emvirtude da modificação se dar em mínima parte.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

158 - 0000836-73.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000836-0/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x GERACINA RODRIGUES DE SOUZA (ADVOGADO:MARIA REGINA COUTO ULIANA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CONFIGURADO. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 57/62 que julgou procedente o pedido deconcessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em síntese, que os documentos acostados aos autos não configuraminício de prova material.

Ataca o recorrente a declaração firmada pelo sindicato rural (fls. 14) alegando que o referido sindicato não poderia atestar oexercício de atividade rural antes da data de filiação da recorrida. Alega, também, o documento de fls. 18 é inválido porestar rasurado. Por fim, expõe a certidão de matrícula de fls. 23, onde consta a profissão da autora como diarista.

De fato. Pela análise das alegações acima destacadas verifica-se a veracidade de tudo quanto argüido. Contudo, importadestacar que todos os outros documentos têm força probatória mais robusta. Foram apresentados o total de trezedocumentos, entretanto três destes continham algum vício já apontado pela Autarquia-Recorrente. A ficha de matrícula defls. 23, apesar de constar a profissão da recorrida como diarista, logo é rebatida pelas certidões de fls. 24/26, onde seatesta a profissão como trabalhadora rural ou lavradora. A prova testemunhal, conforme consignado na sentença, torna oconjunto probatório harmônico. Diante do exposto, nego seguimento ao recurso.

Negado provimento ao recurso.

Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente em honorários advocatícios arbitradosem dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma Recursal

Page 213: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Relator

159 - 0000757-57.2009.4.02.5053/01 (2009.50.53.000757-4/01) HILDA SOPHIA BREMENKAMP CASAGRANDE(ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIARDESCONFIGURADO. PROPRIETÁRIA DE DOIS IMÓVEIS DA NA ÁREA URBANA. AUTOMÓVEL. FINALIDADE DA LEINÃO RESPEITADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso interposto em face da sentença de fls. 107/109 que julgou improcedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega a recorrente que o fato do marido ter desempenhado atividade urbana não é fato impeditivo à percepçãodo benefício em questão. Requer, destarte, a reforma da sentença.

A sentença julgou improcedente o pedido sob os fundamentos de o esposo da autora ter desempenhado atividade urbana.Considerou também o fato de a recorrente ser proprietária de dois imóveis na área urbana - de onde retira o complementode sua renda - e de um automóvel.

A finalidade legal é amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado de trabalho e, maisespecificamente, do mercado urbano, acrescentando nesta linha que as normas relativas à aposentadoria rural destinam-seaqueles que labutam sem perspectivas de lograr uma aposentadoria pelo regime contributivo. Tal entendimento tem comonorte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar como sendo aquele emque o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútuadependência e colaboração. Assim, o fato de o cônjuge ter desempenhado atividade urbana não necessariamente impediriaa qualificação da recorrente como segurada especial, enquanto exercia individualmente a atividade agrícola, desde queficasse comprovada a indispensabilidade do labor rural para a subsistência familiar.

No presente caso, constata-se que a condição financeira da autora não é a do trabalhador rural comum. Constata-se que aprincipal fonte de renda familiar advinha do trabalho urbano do marido, funcionando o meio rural somente como um plus àsfinanças da família. A jurisprudência dominante do STJ é no sentido de que o exercício da atividade rural deve serindispensável para a subsistência do trabalhador. Não restando configurada tal situação, impõe-se a improcedência dopedido.

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

160 - 0002302-71.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002302-1/01) SELMA ALVES MARVILA (ADVOGADO: André Luiz daRocha, VANDA B. PINHEIRO BUENO, Grazielly Santos.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Luciano José Ribeiro de Vasconcelos Filho.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. INEXISTÊNCIA DE INÍCIO DE PROVAMATERIAL VÁLIDA. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR DESCONFIGURADO. FINALIDADE DA LEI NÃO RESPEITADA.RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso interposto em face da sentença de fls. 101/103 que julgou improcedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega a recorrente que restou comprovado o exercício da atividade rural em regime de economia familiar.Requer, destarte, a reforma da sentença.

A sentença julgou improcedente o pedido sob o fundamento de que a autora não tem como única fonte de renda a atividaderurícola, tendo o seu esposo, inclusive, exercido por um longo período outras atividades, das quais a família se mantinha.

A finalidade legal é amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado de trabalho e, maisespecificamente, do mercado urbano, acrescentando nesta linha que as normas relativas à aposentadoria rural destinam-seaqueles que labutam sem perspectivas de lograr uma aposentadoria pelo regime contributivo. Tal entendimento tem como

Page 214: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

norte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar como sendo aquele emque o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútuadependência e colaboração. Assim, o fato de o cônjuge ter desempenhado atividade urbana ou mesmo rural, mas nacondição de empregado, não necessariamente impediria a qualificação da recorrente como segurada especial, desde queesta exercesse individualmente a atividade agrícola, e que ficasse comprovada a indispensabilidade do labor rural para asubsistência familiar.

No presente caso, constata-se que a condição financeira da autora não é a do trabalhador rural comum. Verificou-se que,durante algum tempo, a principal fonte de renda familiar originou-se da atividade desempenhada pelo marido – proprietáriode um “botequinho” e empregado no SAAE, em Cachoeiro de Itapemirim – funcionando o meio rural somente como um plusàs finanças da família. A jurisprudência dominante do STJ é no sentido de que o exercício da atividade rural deve serindispensável para a subsistência do trabalhador. Não restando configurada tal situação, impõe-se a improcedência dopedido.

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

161 - 0000505-60.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000505-5/01) HILDECI FERREIRA LEITE (ADVOGADO: SIRO DACOSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIARDESCONFIGURADO. RENDA FAMILIAR ELEVADA PARA OS PADRÕES RURAIS. FINALIDADE DA LEI NÃORESPEITADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso interposto em face da sentença de fls. 85/88 que julgou improcedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega a recorrente que o fato do marido ter desempenhado atividade urbana não é fato impeditivo à percepçãodo benefício em questão. Requer, destarte, a reforma da sentença.

A sentença julgou improcedente o pedido sob os fundamentos de o esposo da autora ser aposentado como comerciário,percebendo benefício em valor elevado relativamente aos padrões do trabalhador rural (R$ 1.736,95). Considerou, ainda, aescassez de material comprobatório do desempenho da atividade rural por parte da autora.

A finalidade legal é amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado de trabalho e, maisespecificamente, do mercado urbano, acrescentando nesta linha que as normas relativas à aposentadoria rural destinam-seaqueles que labutam sem perspectivas de lograr uma aposentadoria pelo regime contributivo. Tal entendimento tem comonorte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar como sendo aquele emque o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútuadependência e colaboração. Assim, o fato de o cônjuge ter desempenhado atividade urbana não necessariamente impediriaa qualificação da recorrente como segurada especial, enquanto exercia individualmente a atividade agrícola, desde queficasse comprovada a indispensabilidade do labor rural para a subsistência familiar.

No presente caso, constata-se que a condição financeira da autora não é a do trabalhador rural comum. Constata-se que aprincipal fonte de renda familiar originou-se da atividade urbana desempenhada pelo marido – comerciário – funcionando omeio rural somente como um plus às finanças da família. A jurisprudência dominante do STJ é no sentido de que oexercício da atividade rural deve ser indispensável para a subsistência do trabalhador. Não restando configurada talsituação, impõe-se a improcedência do pedido.

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

Page 215: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

162 - 0000476-98.2009.4.02.5054/01 (2009.50.54.000476-4/01) MARIA RAIMUNDA DA COSTA (ADVOGADO: EDIVANFOSSE DA SILVA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. TRABALHADOR RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIARDESCONFIGURADO. CÔNJUGE VEREADOR RENDA ELEVADA. . FINALIDADE DA LEI NÃO RESPEITADA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso interposto em face da sentença de fls. 77/78 que julgou improcedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega a recorrente que a legislação permite o reconhecimento do regime de economia familiar ainda que ocônjuge exerça o mandato de vereador. Requer, destarte, a reforma da sentença.

A sentença julgou improcedente o pedido sob o fundamento de o esposo da autora desempenhar por 16 anos a função devereador, obtendo renda de R$2.600,00 (dois mil e seiscentos reais).

A finalidade legal é amparar aqueles trabalhadores que estejam de fato à margem do mercado de trabalho e, maisespecificamente, do mercado urbano, acrescentando nesta linha que as normas relativas à aposentadoria rural destinam-seaqueles que labutam sem perspectivas de lograr uma aposentadoria pelo regime contributivo. Tal entendimento tem comonorte o disposto no artigo 11, VII, § 1º da Lei 8.213/91, ao conceituar o regime de economia familiar como sendo aquele emque o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mútuadependência e colaboração. Assim, o fato de o cônjuge ter desempenhado atividade urbana não necessariamente impediriaa qualificação da recorrente como segurada especial, enquanto exercia individualmente a atividade agrícola, desde queficasse comprovada a indispensabilidade do labor rural para a subsistência familiar.

No presente caso, constata-se que a condição financeira da autora não é a do trabalhador rural comum. Em que pese o art.11, §9º, V, da Lei n.º 8.213/91 ressalvar a função de vereador municipal, verifica-se que a principal fonte de renda familiarorigina-se do mandato do cônjuge, funcionando o meio rural somente como um plus às finanças da família. A jurisprudênciadominante do STJ é no sentido de que o exercício da atividade rural deve ser indispensável para a subsistência dotrabalhador. Não restando configurada tal situação, impõe-se a improcedência do pedido.

Recurso improvido. A recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

163 - 0002479-35.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.002479-7/01) ANDRELINO GOMES DA SILVA (ADVOGADO: URBANOLEAL PEREIRA, Laerte de Campos Hosken.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIABRAZ VIEIRA DE MELO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL. PRESENÇA. PROVATESTEMUNHAL FRÁGIL. QUALIDADE DE RURÍCOLA NÃO COMPROVADA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega que os documentos acostados aos autos são aptos a configurar início de prova material, estandodevidamente corroborado por prova testemunhal.

2. Ab initio, quadra destacar que o rol de documentos hábeis a comprovar o labor rural, elencados pelo art. 106, parágrafoúnico da Lei 8.213/91, é meramente exemplificativo, admitindo-se, assim, qualquer outro documento idôneo. A Súmula 06,TNU é no mesmo sentido: “A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhadorrural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícola.”

Page 216: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

3. A parte autora apresentou como início de prova material: a Certidão de casamento onde consta sua profissão comolavrador datada de 30/11/1959 (fl. 10); Ficha de internação da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeiro de Itapemirimconstando a profissão do autor como lavrador datada de 01/11/1994 (fl. 20). Há, ainda, o contrato de parceria agrícola defls. 12/14 firmado em 01/06/1987, entretanto, tal contrato somente teve a firma reconhecida em 1998.

4. Em que pese a existência de início de prova material, este, por si só, não garante o direito ao benefício pleiteado.Necessária a confirmação por prova testemunhal. Da análise dos depoimentos prestados, verifica-se a ausência de coesãoentre eles. Com efeito. A única testemunha, Sr. Antônio da Silva Justo, atesta que o autor desempenhou a atividade napropriedade de sua família entre os anos de 2000 a 2007. Ocorre que o próprio recorrente, em depoimento pessoal, afirmouque parou de trabalhar há mais de dez anos. Por derradeiro, o informante do juízo declara que o mesmo labor foidesempenhado entre 1980 e 1987. Evidente a divergência da prova apresentada. Assim, face à fragilidade da provatestemunhal no presente caso, nego provimento ao recurso.

5. Recurso Improvido. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios em virtude da assistência judiciáriagratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

164 - 0000378-21.2006.4.02.5054/02 (2006.50.54.000378-3/02) ELZA SCHIMITH BERGUE CARPANEDO (ADVOGADO:DAVID GUERRA FELIPE, ANILSON BOLSANELO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Paulo Henrique Vaz Fidalgo.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. INÍCIO DE PROVA MATERIAL NÃO CONFIGURADO.PROVA TESTEMUNHAL FRÁGIL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 177/179 que julgou improcedente opedido de concessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em síntese, que, embora seu cônjuge seja aposentado comocontribuinte individual, tal fato não é óbice a que se reconheça a sua qualidade de rurícola.

A recorrente juntou os seguintes documentos: Escritura Pública de divisão e demarcação datada de 12/09/1996 (fl. 19);Escritura Pública de renúncia de usufruto datada de 25/10/2002 (fl. 22); Cadastro no INSS datado de 21/11/1998 (fl. 29);Recibos de pagamento ao Sindicato dos trabalhadores rurais de Colatina-ES entre os anos de 2000 e 2001 (fl. 32); Contratode comodato datado de 11/1998 (fl. 33). Considera-se, portanto, a prova documental como início de prova material a partirdo ano de 1996.

Analisando de forma mais acurada o conjunto probatório, porém, constata-se que há indícios de a autora não fazer juz aobenefício em tela. Explico. Consta no termo de declaração de fl. 56/57, a afirmação de que durante a maior parte do ano háa contratação de empregados para a lavoura, não apenas em época de colheita. A testemunha Maria Eni afirmou emaudiência que a empresa de móveis de propriedade do cônjuge da recorrente teve suas atividades encerradas há apenasoito anos. Os depoimentos das demais testemunhas não devem ser aceitos haja vista conflitarem com as provas dos autos.Com efeito. Ambas atestaram que a autora sempre laborou no meio rural em companhia de seu esposo, informação quecolide com o fato de ser este aposentado como marceneiro na qualidade de contribuinte individual. Em face do exposto,nego provimento ao recurso.

Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

Page 217: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

165 - 0000310-38.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000310-0/01) GENI RODRIGUES DOS SANTOS (ADVOGADO:ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHANDE ALMEIDA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. ATIVIDADE URBANA. INÍCIO DE PROVA MATERIAL NÃOCARACTERIZADO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 53/58 que julgou improcedente o pedidode concessão da aposentadoria por idade rural. Argui, em síntese, que há nos autos documentos aptos a seremconsiderados como início de prova material.

Para se obter o benefício da aposentadoria por idade rural é necessária a comprovação do “exercício de atividade rural,ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico àcarência do referido benefício”. É a própria lei, destarte, que admite a descontinuidade no tempo de serviço rural, ou seja,que admite que o tempo de serviço como rurícola não tenha sido ininterrupto. A Súmula 46, TNU, a seu turno, fixa oentendimento no qual “o exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário detrabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto”.

A Jurisprudência da TNU é pacífica no sentido de ser impossível a concessão da aposentadoria rural quando o seguradodeixa de exercer a atividade agrícola antes de completar a idade mínima para a aposentadoria. É o que ocorre no presentecaso. A autora desempenhou atividade rural entre os anos de 1961 a 1982. Após lapso temporal de quase 20 anos, voltou adesempenhar o labor rural em 2000. O requisito etário foi preenchido neste mesmo ano. Em tese, seria possível oreconhecimento do direito ao benefício em questão, entretanto, verifico que não restou comprovado o efetivo retorno. Aúnica prova apresentada após o ano de 2000 foi a testemunhal, fato que afronta a Súmula 149, STJ, a qual veda que acomprovação do labor rural seja realizada somente por testemunhas.

Por oportuno, insta destacar que o STJ, no julgamento da Pet. 7476, seguindo a mesma linha jurisprudencial, firmouposicionamento no sentido de ser inaplicável o parágrafo primeiro do artigo 3º da Lei n.º 10.666 às aposentadorias rurais,exigindo a efetiva continuidade do labor rural até a data do requerimento administrativo ou implemento da idade mínimacomo condição para a concessão desse tipo de benefício.

Diante do exposto, nego provimento ao recurso.

Custas ex lege. Descartada a condenação em honorários advocatícios por ser a recorrente beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

166 - 0000559-26.2009.4.02.5051/01 (2009.50.51.000559-6/01) MARIA ISABEL TONI DAMICA (ADVOGADO: CLEMILSONRODRIGUES PEIXOTO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA REIS SILVA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. RECORRENTE. DESCONHECIMENTO ACERCA DEINFORMAÇÕES BÁSICAS DA AGRICULTURA. QUALIDADE DE RURÍCOLA NÃO CONFIGURADA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pela autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de aposentadoria poridade rural. Alega, em síntese, que restou comprovada a qualidade de rurícola. Requer, destarte, a reforma da sentença.

2. A parte autora, em seu depoimento em juízo, não soube prestar informações básicas acerca da agricultura, tais como:quantidade da produção, o tipo de café cultivado, qual tipo de feijão é plantado em determinadas épocas. Ora. Otrabalhador rural ordinário é aquele que lida na lavoura no dia-a-dia. Conhece todos os detalhes de sua propriedade,especialmente o tipo de lavoura cultivada. Apesar de restar configurado o início de prova material, não vislumbro narecorrente as características necessárias ao reconhecimento como trabalhadora rural. Em que pese o fato de o cônjuge daautora ser aposentado como segurado especial rural, concluo que esta não participava da atividade agrícola desenvolvidapelos demais componentes do grupo familiar.

3. Em face do exposto, nego provimento ao recurso. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios por sera recorrente beneficiária da assistência judiciária gratuita.

Page 218: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

167 - 0000066-09.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000066-1/01) VALDELÍCIA ALVES DOS SANTOS (ADVOGADO:JEFFERSON R. MOURA, JANAINA RODRIGUES LIMA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA NÃO CONFIGURADA. MERO AUXÍLIOFINANCEIRO. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA CONCEDIDA. SENTENÇA REFORMADA EM MÍNIMA PARTE.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 58/60 que julgou improcedente o pedidode pensão por morte. Argui, em síntese, que os documentos acostados aos autos, bem como a prova testemunhal,comprovam a dependência econômica da recorrente relativamente ao seu filho. Requer, destarte, a reforma da sentença.A renda familiar era composta, à época do óbito, pelo salário percebido pelo esposo, pelo rendimento auferido pelo filhofalecido, pela renda esporádica decorrente de trabalho eventual desempenhado pela autora, e pelo benefício assistencialrecebido pela filha da autora, irmã de cujus. Acrescente-se que, conforme informações trazidas pelo INSS, essa mesmairmã trabalhava normalmente, encorpando a renda familiar.Em que pese os testemunhos prestados, todos atestando o fato de o filho morar com a mãe e ajudá-la financeiramente,depreende-se do conjunto probatório não haver dependência econômica. De fato. O mero auxílio financeiro não caracterizaa dependência para fins previdenciários, mormente quando a postulante possui renda própria, assim como seu cônjuge efilha. A participação do falecido no orçamento da família se limitava a mero auxílio financeiro - situação notória em famíliasde baixa renda -, sem expressiva repercussão que pudesse ensejar considerável desestabilização do padrão de vida deseus pais com ausência desse tipo de ajuda. Ademais, não restou comprovada a superveniência de dificuldadeseconômico-financeiras após o óbito.Concedo o pedido de assistência judiciária gratuita haja vista poder ser pleiteado a qualquer tempo.Recurso conhecido e parcialmente provido. Sentença reformada em mínima parte. Sem condenação em custas ehonorários advocatícios.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

168 - 0006336-29.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006336-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x SANDRA REGINA DOS SANTOS MOREIRA (ADVOGADO:MARIA DE FATIMA MONTEIRO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PROVA TESTEMUNHAL COESA. ENDEREÇOS DIVERSOS.IRRELEVÂNCIA. DECLARANTE DECONHECE ENDEREÇO CORRETO DO DE CUJUS. RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de pensão pormorte. Argui o recorrente que a dependência econômica não restou comprovada. Requer, destarte, a reforma da sentença.

Argui o INSS que não houve comprovação da união estável entre o de cujus e a autora. Conforme se extrai dosdepoimentos prestados em juízo, as testemunhas foram unânimes em atestar a relação contínua, duradoura e notória. Ajurisprudência pátria é pacífica no sentido de que a legislação previdenciária não exige início razoável de prova material,admitindo-se, em conseqüência, a demonstração da condição de companheira mediante prova exclusivamentetestemunhal, desde que coerente e precisa, tal como no caso dos autos.

Page 219: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Consta na certidão de óbito de fl. 15 endereço diverso da residência da autora. Reputo tal fato ser devido aodesconhecimento, pela declarante, do correto endereço do de cujus.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

169 - 0001105-78.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.001105-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: ANDRE COUTINHO DA FONSECA FERNANDES GOMES.) x SELMA JACOBSEN DUBKE (ADVOGADO:EDGARD VALLE DE SOUZA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PROVA DOCUMENTAL REFORÇADA POR PROVA TESTEMUNHAL.RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de pensão pormorte. Argui o recorrente que a dependência econômica não restou comprovada. Requer, destarte, a reforma da sentença.

Argui o INSS que a filha falecida havia perdido a qualidade de segurado. Conforme certidão de julgamento do TRT-17ªRegião, restou comprovado o vínculo laboral no período de 03/1996 a 10/2004, data do óbito da filha. Assim, forçosoreconhecer-se a permanência da qualidade de segurada.

Alega o recorrente ser anormal a demora da autora em requerer a pensão por morte somente 05 anos após o óbito. Parareconhecer-se o benefício em questão, imprescindível se torna comprovar-se a relação jurídica entre o de cujus e o INSS.Restando tal comprovação dependente do desfecho na justiça trabalhista, o qual só efetivou-se em 2006, tem-se porjustificada a mora alegada.

Argui, ainda, que a dependência econômica da autora se dá relativamente ao seu marido, e não à filha falecida. Alega que arenda do cônjuge, no valor aproximado de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), revela a dependência em relação a este. Deacordo com os depoimentos testemunhais, a de cujus contribuía com as despesas da casa de modo habitual e permanente.Havia contas que ficavam a cargo somente dela. Despesas como água, luz e supermercado eram pagas pela filha morta. Aalegação da dependência econômica relativamente ao cônjuge deve vir acompanhada de material probatório, sob pena denão ser considerada válida. Em que pese o marido da autora auferir renda mensal elevada, tal fato por si só não permiteinferir a dependência econômica. Ademais, a jurisprudência é farta ao afirmar que a dependência econômica não precisaser exclusiva.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

170 - 0002467-55.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.002467-7/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RENATA PEDRO DE MORAES SENTO-SÉ REIS.) x MARIA DAS DORES VIEIRA (ADVOGADO: MARTHAHELENA GALVANI CARVALHO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA CONFIGURADA. PROVA DOCUMENTAL ETESTEMUNHAL. SÚMULA 229 – TFR. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Page 220: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 80/83 que julgou procedente o pedido depensão por morte. Argui, em síntese, que não há documentos suficientes a amparar a pretensão autoral. Aduz, ainda, que adependência econômica não restou comprovada tendo em vista o labor desenvolvido pela recorrida e a percepção deaposentadoria por parte de seu marido. Requer, destarte, a reforma da sentença.

Aduz o INSS que os documentos acostados aos autos não são suficientes a comprovar a relação de dependênciaeconômica da parte autora relativamente ao filho falecido. Ao contrário do alegado pela Autarquia, há farta documentaçãoapta a comprovar tal dependência. Dentre as provas apresentadas merece destaque a declaração prestada peloresponsável pelo Departamento de Pessoal da Empresa Mineração Capixaba Ltda. de que a recorrida morou com o filhofalecido em casa de propriedade do sócio da empresa por período superior a quatro anos. Ademais, a prova testemunhal foiharmônica a corroborar a prova documental. Insta destacar que “para a comprovação de dependência econômica da mãeem relação ao filho, a legislação previdenciária não estabelece qualquer tipo de limitação ou restrição aos mecanismos deprova, sendo, pois, admissível prova testemunhal, ainda que inexista início de prova material" (AC2006.01.99.007798-5/MG, Rel. Desembargadora Federal Ângela Catão, Primeira Turma,e-DJF1 p.84 de 25/01/2011).

Argui, ainda, que o reconhecimento da dependência econômica restaria prejudicado tendo em vista o labor desempenhadopela autora e a percepção de aposentadoria por invalidez pelo marido. Conforme documento de fl. 67, o labor realizado pelarecorrida é ínfimo, sendo a soma dos períodos inferior a 04 (quatro) meses. Quanto à aposentadoria do marido, constata-seque a renda do filho falecido, oriunda de salário e fretes realizados, suplanta o benefício previdenciário percebido. Destarte,a dita aposentadoria não constitui obstáculo à concessão da pensão por morte tendo em vista a legislação não exigir que adependência econômica seja exclusiva, conforme entendimento sumulado pelo extinto TFR, in verbis: "A mãe do seguradotem direito à pensão previdenciária, em caso de morte de filho, se provada a dependência econômica, mesmo nãoexclusiva" (Súmula 229/TFR)

Argui, ainda, que a autora desconhecia a remuneração do de cujus, e que este, por ocasião do óbito, não residia com arecorrida. Conforme consignado na sentença, o filho falecido havia se mudado temporariamente da casa dos pais a fim definalizar a compra de uma residência, lugar no qual tinha a pretensão de acomodar os genitores em sua companhia. Odesconhecimento da remuneração por parte da recorrida é irrelevante.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

171 - 0000228-07.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000228-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x ESTER LOUBACK (ADVOGADO: MARIA APARECIDA DASILVEIRA.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. AVÓ. MENOR SOB GUARDA. CONFLITO APARENTE DE NORMAS. ECA.PREVALÊNCIA. PAIS VIVOS. IRRELEVÂNCIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de pensão pormorte. Argui o recorrente que a legislação deixou de amparar o menor sob guarda. Aduz, ainda, que o fato de os paisestarem vivos e no pleno exercício do poder familiar afastaria a concessão do benefício. Requer, destarte, a reforma dasentença.

O art. 16, §2º da Lei n.º 8.213/91 em sua redação original, equiparava a filho o menor que, por determinação judicial,estivesse sob a guarda do segurado. Contudo, a MP n.º 1.523, de 14/10/1996, posteriormente convertida na Lei nº 9.528,de 10/12/1997, foi o menor sob guarda excluído da relação de dependentes. O Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº8.060/1990), a seu turno, estabelece, no art. 33, § 3º, que "a guarda confere à criança ou adolescente a condição dedependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previdenciários". Há, in casu, o que se chama conflito aparentede normas. O critério que melhor soluciona a controvérsia em exame é o da proteção integral da criança e do adolescenteinsculpidos no art. 227, caput e §3º, todos da CF/88. Com efeito. A alteração legislativa teve por finalidade expurgar doordenamento jurídico as hipóteses de abuso em que o menor somente formalmente era colocado sob guarda, mas nãomaterialmente. Comprovando-se, como no caso dos autos, a efetiva dependência econômica da neta relativamente a avófalecida, privilegia-se a situação do menor sob guarda a fim de que seja concedido o benefício requerido.

Aduz o INSS, ainda, que o fato de os pais da autora serem vivos e no pleno exercício do poder familiar afastaria a

Page 221: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

concessão da pensão por morte. Argumenta haver transferência, para o Estado, de encargos que seriam, a princípio, deresponsabilidade dos genitores.

A pensão por morte é benefício que tem como fato gerador a dependência econômica do de cujus em relação ao supostobeneficiário. Afere-se esta relação jurídica quando em vida o segurado. A menor, autora da presente ação, estava sob aguarda da avó, seja de maneira formal ou não, desde o nascimento. O fato de os pais estarem vivos e saudáveis, nãoexclui o que efetivamente ocorreu em vida, isto é, a convivência e guarda da menor pela avó falecida. Não há que se falar,assim em transferência de encargos, mas somente no reconhecimento do vínculo entre beneficiário e segurado.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação da Autarquia emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso do INSS.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

172 - 0002123-11.2007.4.02.5051/01 (2007.50.51.002123-4/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.) x ANTÔNIO PEREIRA DA CONCEIÇÃO (ADVOGADO: ADMILSONTEIXEIRA DA SILVA, EMILENE ROVETTA DA SILVA, ALAN ROVETTA DA SILVA.) x OS MESMOS.E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. VAPORES ORGÂNICOS. DOCUMENTAÇÃO SUFICIENTE. PPP. EPIEFICAZ. IRRELEVÂNCIA. SÚMULA Nº 9 DA TNU. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.

Trata-se de recursos inominados interpostos pelo autor e pelo INSS em face da sentença de fls. 109/111 que julgouparcialmente procedente o pedido de aposentadoria especial. O INSS, em suas razões recursais, alega não haverdocumentação apta a amparar a pretensão do autor. Este, a seu turno, aduz que o PPP constante dos autos atesta aexposição a agentes químicos.

Ab initio quadra esclarecer que o STJ, por meio de sua 5ª Turma, em decisão proferida no REsp 956.110/SP, passou aacompanhar o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência pátria no sentido de ser cabível, mesmo após28.05.1998, a conversão em comum do tempo de serviço prestado em condições especiais, para fins de concessão deaposentadoria.

Quanto à contagem de tempo especial por exposição a ruído, o entendimento da jurisprudência, com apoio na cronologiada legislação pertinente, é de que há direito à aposentadoria especial desde que comprovada a exposição a nível de ruídode 80 dB(A) (para trabalhos prestados até 05.03.1997, quando editado o Decreto 2.172/97); 90 dB(A) (para trabalhosprestados entre 6.03.1997 e 17.11.2003) e; finalmente, 85 dB(A) (para trabalhos prestados a partir de 18.11.2003, quandoeditado o Decreto 4.882/2003).

A parte autora laborou na Viação Itapemirim submetido a ruído de 83,4 db(A) e hidrocarboneto no período de 02/10/1978 a31/01/1990. Após, na empresa Gráfica e Editora Itabira Ltda., foi submetido aos mesmos agentes agressivos nos períodosde 01/02/1990 a 21/08/1992 e 04/01/1993 a 01/08/2000. Ainda que o nível de ruído seja desconsiderado após a data de06/03/1997, a exposição a vapores orgânicos como acetona, benzeno, etanol e éter indica a atividade desempenhada comoespecial. O PPP de fls. 95/96 informa a exposição a estes agentes químicos no período de 04/01/1993 a 08/03/2006. Oruído em tal período é irrelevante por apresentar-se aquém do nível exigido na legislação. Comprovada a exposição aosagentes agressivos, constata-se, assim, o exercício de atividades em condições especiais em todos os períodos acimadescritos.

O autor desempenhou em algumas ocasiões a profissão de auxiliar de tipógrafo. A legislação prevê como seguradosubmetido a condições especiais apenas a função de tipógrafo. Considerando insalubre tal labor, é inegável a naturezaespecial da ocupação de auxiliar. É cabível a extensão da lei a fim de alcançar este profissional, uma vez submetido àsmesmas condições insalubres, conforme formulários DSS – 8030 juntados aos autos. Insta destacar que constam dosdocumentos de fls. 21/30 a exposição habitual e permanente, não ocasional nem intermitente aos agentes agressivosdescritos.

O INSS alega que os laudos técnicos são extemporâneos. A questão é irrelevante, porque a lei não estipula prazo paraelaboração do laudo técnico específico para o agente nocivo do caso dos autos. Ademais, como as condições do ambientede trabalho tendem a aprimorar-se com a evolução tecnológica, é razoável supor que em tempos pretéritos a situação fosseigual ou pior à constatada na data da avaliação pericial.

Page 222: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Sustenta a Autarquia Previdenciária, por fim, que a existência e/ou uso de tecnologia de proteção individual ou coletiva quediminua a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância, e, havendo prova sobre a efetiva eliminação ouneutralização do agente nocivo, não cabe o enquadramento da atividade como especial. Quanto a esta questão, a Súmula 9da TNU é clara: “o uso de equipamento de proteção individual (EPS), ainda que elimine a insalubridade, no caso deexposição à ruído, não descaracteriza o tempo de serviço prestado”.

A tabela a seguir demonstra ter o segurado laborado 27 anos e 24 dias até a data de 08/03/2006. Conclui-se, destarte,preenchidos os requisitos necessários à obtenção da aposentadoria especial.

Data InicialData FinalAnosMesesDias

02/10/197831/01/1990110400

01/02/199021/08/1992020621

04/01/199306/03/1997040202

07/03/199708/03/2006090001

270024

Deve-se observar na fase de execução relativamente ao pagamento dos atrasados, o valor do teto dos Juizados EspeciaisFederais, de 60 (sessenta) salários mínimos (art. 3º da Lei 10.259/2001), como o montante máximo a ser percebido peloautor no pagamento destas prestações passadas.

Recurso do autor provido para reformar a sentença, condenando o INSS a também considerar como especial o seguinteperíodo: de 02/08/2000 a 08/03/2006.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação da Autarquia emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar provimento ao recurso do autor e negar provimento ao recurso do INSS.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

173 - 0007618-05.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.007618-8/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.) x IVOMAR GERALDO SCHAQUETTI (ADVOGADO: FABIO

Page 223: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

SIQUEIRA MACHADO, POLIANA ANDRE ADVERSI, VALMIR DE ARAUJO.).E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ALUNO APRENDIZ. REMUNERAÇÃO INDIRETA. COMPROVAÇÃO.SÚMULA 18. TNU. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de averbação doperíodo laborado pelo autor na condição de aluno-aprendiz da Escola Agrotécnica Federal de Santa Tereza/ES. Aduz oINSS não fazer jus, a parte recorrida, ao direito pleiteado.

A presente questão já se encontra pacificada na jurisprudência. A TNU, por meio da Súmula 18, assim resume o tratamentoa ser dado à matéria: “Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta,à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoriaprevidenciária”. Consta expressamente da Certidão de fl. 16 a percepção de remuneração indireta. Destarte, oreconhecimento à averbação do tempo laborado na condição de aluno-aprendiz se impõe.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

174 - 0005727-46.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005727-3/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBERALVES TUMOLI, RODRIGO SALES DOS SANTOS, ADRIANA MARTINELLI MARTINS.) x RENE PIRAJA DE OLIVEIRACARVALHO (ADVOGADO: MANOELA BARBIERI.).E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela CEF em face da sentença que julgou parcialmente procedente o pedido dedanos morais. Alega, em síntese, ausência de ato lesivo. Requer, subsidiariamente, a redução do quantum indenizatório.

A parte autora firmou contrato de arrendamento residencial com a CEF. A prestação de n.º 08, que deveria ter sido paga em26/06/2008, só foi adimplida em 01/08/2008. Após mais de um mês da quitação da parcela, a recorrente inscreveuindevidamente a autora no Serviço de Proteção ao Crédito.

Aduz a Caixa não ter responsabilidade no presente caso haja vista ter procedido da maneira adequada. Não assiste razão àrecorrente. É dever da instituição bancária criar procedimentos que garantam a celeridade na confirmação do pagamentoefetuado. Constatada irregularidade no procedimento de negativação, impõe-se o reconhecimento de ato lesivo por parte daEmpresa Pública.

Quanto ao valor fixado na sentença, entendo não ser proporcional ao dano causado. Ainda que a inscrição tenha se dadode modo indevido, o curto período em que houve a negativação revela dano moral levíssimo.

Diante do exposto, dou parcial provimento ao recurso, fixando o valor dos danos morais em R$ 5.000,00 (cinco mil reais).Ante a sucumbência recíproca, compensam-se os honorários advocatícios (art. 21 do CPC).

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

175 - 0005812-32.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005812-5/01) MARIA CONCEIÇAO CAMPOS DOS SANTOS(ADVOGADO: THIARLEN JUNIOR REZENDE DE SOUZA, CLAUDIO JOSE CANDIDO ROPPE.) x CAIXA ECONÔMICAFEDERAL (ADVOGADO: LUIZ CLAUDIO SOBREIRA.).

Page 224: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. MERO ABORRECIMENTO CONFIGURADO. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela autora em face da sentença de fls. 70/71, que julgou procedente o pedidode danos materiais e improcedente o pedido de danos morais. Alega, em síntese, que não se trata de mero aborrecimento,mas sim de dano moral. Requer destarte, a reforma da sentença.

A CEF, ao ser informada pela parte autora dos saques indevidos na sua conta corrente, tomou as providências necessáriasà apuração interna do fato, tendo restituído à recorrente os valores retirados da conta da cliente. O período deaproximadamente 36 (trinta e seis) dias é razoável para a devida apuração. Não há nos autos qualquer prova indicativa deque a parte autora tenha sofrido dificuldades financeiras em virtude do fato ocorrido, ou que tenha deixado de honrar comseus compromissos. Em que pese o contratempo sofrido, não se pode concluir pela configuração de dano moral nopresente caso.

Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

176 - 0005728-31.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.005728-5/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: LUIZCLAUDIO SOBREIRA.) x NILZA MACHADO LINO MOREIRA (ADVOGADO: ANDREI COSTA CYPRIANO.).E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. DANO MORALCONFIGURADO. DESNECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.Trata-se de Recurso Inominado interposto pela CEF em face da sentença de fls. 112/116, que julgou procedente o pedidode danos morais. Alega, em síntese, que não contribuiu para o evento lesivo restando ausente, assim, a responsabilidadecivil. Subsidiariamente, requer a redução do valor dos danos morais.

A CEF alega não ter contribuído para o evento lesivo tendo em vista não ter sido comunicada pela autora-recorrida doextravio do cartão de crédito. Alega que a Rede Mastercard é que foi comunicada, não restando, portanto, qualquerresponsabilidade de sua parte. Conforme consignado na sentença, a parte autora entrou em contato tanto com oatendimento via telefone disponibilizado pela recorrente, quanto por meio da gerente do Banco, conforme se verifica no CD,minuto 1:34 a 1:44. A CEF confirma este contato da autora com a gerente. Observa-se que a autora-cliente cumpriu suaobrigação contratual em comunicar a Empresa Pública do extravio do cartão e posterior utilização irregular. A recorrente, aseu turno, não cumpriu com a obrigação que lhe cumpria.

Argui, ainda, a recorrente que, quanto ao dano moral, deve ser cabalmente comprovado, não bastando as suas alegações.O Superior Tribunal de Justiça entende, de forma pacífica, que a caracterização do dano moral nesses casos prescinde daprova da ocorrência de abalo psicológico relevante. Dano moral configurado. Mero aborrecimento afastado.

Quanto ao valor estipulado a título de danos morais, reputo-o adequado e suficiente a atender ao binômiocompensação/punição.

Recurso improvido. Condenação da recorrente em honorários advocatícios, arbitrados em dez por cento do valor dacondenação.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

177 - 0003141-36.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003141-7/01) CAIXA ECONÔMICA FEDERAL (ADVOGADO: CLEBER

Page 225: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ALVES TUMOLI.) x MARLENE FONSECA GONZAGA (ADVOGADO: KLEBER LUIZ VANELI DA ROCHA.).E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. SAQUES INDEVIDOS. DECADÊNCIA. NÃOCONFIGURAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DA PARTE AUTORA EM PRODUZIR PROVA. FALHA NA PRESTAÇÃO DOSERVIÇO. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela CEF em face da sentença de fls. 51/52, que julgou procedente o pedido dedanos materiais. Alega, em preliminar, a ocorrência da decadência. Quanto ao mérito, alega que o saque feito com cartão esenha do cliente, dados esses de responsabilidade única do cliente, não gera responsabilidade das instituições financeiras.Requer, assim, a reforma da sentença.

A CEF argui, como preliminar, a ocorrência da decadência no presente caso. O art. 26, II, CDC estabelece como prazo parareclamação por defeito do serviço prestado o prazo de 90 (noventa) dias. A autora informou na petição inicial que procurouimediatamente a Empresa Pública, todavia, não apresentou prova. Entendo que, em tais casos, o cliente nem sempreformaliza a reclamação perante a instituição financeira. Quadra destacar, ainda, que, ao realizá-la, teve seu cartão e senhatrocados, o que demonstra a efetiva diligência da autora. Em face disso, julgo que a parte autora age do boa-fé quandodeclara que procedeu à reclamação junto à Caixa. Destarte, rejeito a preliminar.

Quanto ao mérito, a recorrente alega que não há conduta sua apta a gerar responsabilidade civil pelo ilícito ocorrido.Quando a pessoa opta por utilizar o sistema de autoatendimento, deve estar ciente dos riscos existentes, cabendo a elazelar pelo sigilo de sua senha e pela guarda do cartão magnético fornecido. Assim, advindo qualquer infortúnio, o ônus decomprovar a utilização indevida do cartão caberá ao cliente e não à instituição financeira. Contudo, verifico que, ante aausência de fitas de vídeo do local onde foram efetuados os saques, produzir tal prova é impossível à parte autora.Considero que, não fosse a conduta negligente da parte recorrente, haveria a prova de que se faz necessária. Aplico,portanto, a exemplo do juízo “a quo”, a inversão do ônus da prova previsto no art. 6º, VIII, CDC em face da impossibilidadeda autora em comprovar suas alegações haja vista a falha cometida pela Caixa Econômica Federal.

Quanto aos juros de mora, entendo que devem ser contados a partir da citação, nos termos do art. 219, CPC.

Recurso conhecido e parcialmente provido. Condenação em honorários advocatícios fixados em 10% do valor da causa emvirtude da modificação ser ínfima.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

ALCEU MAURÍCIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

178 - 0000907-75.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000907-7/01) UNIBANCO - UNIAO DE BANCOS BRASILEIROS S/A(ADVOGADO: RENATA CUNHA PICCOLI, ARNALDO ARRUDA DA SILVEIRA.) x JANDYR MISSAGIA (ADVOGADO:ANNA LUIZA SARTORIO.).E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL – CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO – UNIBANCO – ANULAÇÃO –DESCONTOS INDEVIDOS – DANOS MORAIS E MATERIAIS – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo UNIBANCO – União dos Bancos Brasileiros S/A em face da sentença defls. 157/163, que julgou procedente o pedido autoral de condenação do recorrente ao pagamento de: danos materiaiscorrespondentes ao valor indevidamente descontado; danos morais, arbitrados em cinco vezes o valor dos danosmateriais. Alega em seu recurso que não há nos autos comprovação dos danos morais; a sentença é nula em virtude de serilíquida; exclusão de sua responsabilidade civil e, por fim, requer a diminuição no valor da condenação em danos morais.

2. Argumenta que não há nos autos comprovação de danos morais. Entendo que não assiste razão ao recorrente. Diantedos documentos acostados aos autos, verifico que a parte recorrida procurou solucionar o conflito antes de acionar ojudiciário e, somente após a inércia do Banco responsável, é que propôs a presente ação judicial. Registre-se que configuradano moral o constrangimento, angústia e aflição sofridos pelo autor diante da impotência experimentada pela desídia doUnibanco. A idade avançada (79 anos) do recorrido, além do constrangimento sofrido pela parte autora face à privação deverbas alimentares, agravam a situação do recorrente, impondo-se, desse modo, a justa reparação moral.

3. Alega, também, que a sentença deveria ser anulada em virtude de sua iliquidez. O fato de não constar na referidadecisão um valor determinado não é argumento válido. Os parâmetros ali consignados são facilmente determináveis por

Page 226: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

uma simples conta matemática.

4. Aduz, ainda, que foi vítima de fraude, restando afastada, assim, a sua responsabilidade. Não há nos autos qualquerprova do alegado. Quando instada a demonstrar o referido contrato (despacho de fls. 153) onde seria verificada a supostafraude, a parte recorrente manteve-se silente, não produzindo qualquer prova. Não há fraude, mas sim erro operacional dorecorrente. Portanto, não há como acatar a referida exclusão.

5. Por fim, requer a diminuição do valor dos danos morais. Percebe-se que o recorrido sofreu durante trinta e seis mesesum desconto importante em seu benefício previdenciário, diminuindo, assim, sua capacidade econômica para arcar com asdespesas mensais, aumentando, consequentemente, as preocupações e os desconfortos quanto à sua receita ao final domês, pois sua remuneração não era paga em sua totalidade. Desse modo, é adequada a condenação do réu por danosmorais. No arbitramento da indenização advinda de danos morais, o julgador prezou pela razoabilidade, atendendo àspeculiaridades do caso. Sentença irretocável em todos os seus aspectos.

10. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.

11. Custas ex lege. Honorários advocatícios devidos pelo Recorrente fixados em 10% do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo, conhecer e, no mérito, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, na forma da ementaconstante dos autos, que passa a integrar o presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

179 - 0003173-41.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.003173-9/01) EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS- ECT (ADVOGADO: MATHEUS GUERINE RIEGERT.) x ANDRESSA APARECIDA BRAIDO BRUNORO (ADVOGADO:CARLO ROMAO.).E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. CORREIOS. ILEGITIMIDADES ATIVA E PASSIVA. NÃO RECONHECIMENTO. TALÃO DECHEQUE EXTRAVIADO. FALHA NO SERVIÇO. ART. 14 E PARÁGRAFO ÚNICO. CDC. RESPONSABILIDADEOBJETIVA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela ECT em face da sentença que julgou procedente o pedido de danos morais.Alega, em preliminar, ilegitimidades ativa e passiva; quanto ao mérito, argui ausência de ato lesivo. Requer,subsidiariamente, a redução do quantum indenizatório.

Argui a ECT, a ilegitimidade ativa da parte autora, sob a alegação de que a mercadoria, até o efetivo recebimento, pertenceao remetente. A relação de consumo decorrente da utilização do serviço postal explorado pela Empresa Brasileira deCorreios e Telégrafos - ECT abrange, além da referida empresa, os usuários do serviço (remetente e destinatário), os quaispossuem legitimidade ativa para propor ação indenizatória amparada em danos supostamente causados pela ineficiênciana sua prestação. Preliminar rejeitada.

Argui, ainda, a ilegitimidade passiva. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos atua em regime de exclusividade naprestação dos serviços postais. Dessa forma, assume, em relação aos contratantes, todos os riscos inerentes ao contratode transporte firmado. O fato de o talonário de cheques necessitar de desbloqueio por parte do correntista é irrelevante,tendo em conta a sua aceitação por parte da população e do comércio em geral sem que se verifique o devido desbloqueio.Preliminar rejeitada.

De acordo com o art. 14, da Lei n.º 8.078/90, “o fornecedor de serviços responde, independentemente da existência deculpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem comopor informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos”. O parágrafo primeiro do citado dispositivoestabelece ser o serviço defeituoso “quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se emconsideração as circunstâncias relevantes”.

Verifica-se que os atos que deram origem à demanda tiveram como causa primária a falha na prestação do serviço. Édever da Empresa Pública criar procedimentos que garantam segurança no transporte dos bens postos sob sua confiança.Havendo falha apta a gerar uso indevido de cheques por terceiros, há que se reconhecer a sua responsabilidade. Atente-separa o fato de que a EBCT sequer comunicou a autora sobre o extravio de sua correspondência a fim oportunizar que amesma providenciasse a sustação dos cheques junto ao banco, mostrando menosprezo ao tratamento devido em casoscomo tais.

Page 227: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Argui, ainda, que a remessa do talonário de cheques foi feita de forma irregular. Conforme se depreende da leitura doManual do Atendendo trazido pelos Correios, qualquer papel representativo de valor ao portador só pode ser aceitomediante declaração de valor. A EBCT podia recusar o recebimento da encomenda e não o fez. Ao contrário. Aceitou amercadoria mesmo contrariando suas próprias normas internas. Acabou por assumir, assim, todos os riscos inerentes aocontrato. Dessa forma, não há que se falar, in casu, de ausência de responsabilidade de sua parte.

Em relação ao quantum indenizatório, entendo o valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) fixado dentro da razoabilidade.Recurso conhecido e improvido.

Custas ex lege. Condenação do recorrente em honorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

180 - 0004892-29.2006.4.02.5050/01 (2006.50.50.004892-5/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: AFONSO CEZAR CORADINE.) x MARIA CONCEICAO CARVALHO PIN (ADVOGADO: EGEU ANTONIOBISI.) x OS MESMOS (ADVOGADO: HENRIQUE ROCHA FRAGA.).E M E N T A

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. TRIBUTÁRIO. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. LC 118/2005. STF. ADEQUAÇÃO. RECURSOCONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. A União interpôs recurso extraordinário questionando o acórdão recorrido na parte em que decidiu sobre o prazo deprescrição.

2. O recurso extraordinário estava sobrestado aguardando a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a matéria.

3. O acórdão recorrido considerou que a Lei Complementar nº 118/2005, na parte em que tratou da prescrição de indébitotributário, somente se aplica aos pagamentos indevidos posteriores à sua vigência. Assim, para os pagamentos anteriores a09/06/2005, o prazo de prescrição seria de dez anos, a despeito da data do ajuizamento da ação.

4. O Supremo Tribunal Federal, porém, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 566.621/RS, pacificou o entendimentode que, nas ações de repetição de indébito ou compensação de indébito tributário ajuizadas após 09/06/2005, o prazoprescricional é de cinco anos, a despeito da data do pagamento indevido. Eis a ementa do acórdão (data de publicação DJE11/10/2011 - ata nº 153/2011. DJE nº 195, divulgado em 10/10/2011):

“DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 –DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS –APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOSAJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005.Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para ostributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anoscontados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN.A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido.Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova.Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa tambémse submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação.A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por leinova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como aaplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhumaregra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e degarantia do acesso à Justiça.Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a eficácia da norma, permite-se a aplicação doprazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corteno enunciado 445 da Súmula do Tribunal.O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mastambém que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos.Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo

Page 228: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampoucoimpede iniciativa legislativa em contrário.Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerando-se válida a aplicação do novoprazo de 5 anos tão-somente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 dejunho de 2005.Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados.Recurso extraordinário desprovido.”

5. A parte autora ajuizou a presente demanda em 24/08/2006, portanto, quando da vigência da LC 118/2005. Aplica-se, incasu, a prescrição quinquenária às parcelas anteriores a 24/08/2001.

6. Recurso parcialmente provido a fim de aplicar a prescrição na forma estabelecida em regime de repercussão geral.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

181 - 0006892-94.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006892-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.) x TEREZINHA PARDINHO DE JESUS CHIOCA(ADVOGADO: JOSANIA PRETTO COUTO.).PROCESSO Nº 0006892-94.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006892-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: TEREZINHA PARDINHO DE JESUS CHIOCARELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

ASSISTÊNCIA SOCIAL. LOAS. INCAPACIDADE. IDADE. 65 ANOS COMPLETOS NO DECORRER DO PROCESSO.PERDA DO OBJETO. RECURSO PREJUDICADO.

Trata-se de recurso interposto em face da sentença que julgou procedente o pedido de concessão do benefício assistencialprevisto na Lei n. 8.742/93 (LOAS). Sustenta o recorrente, em suas razões recursais, que a perícia judicial atestou aincapacidade parcial da recorrida, fato que impede a concessão do benefício requerido.

A controvérsia cinge-se à incapacidade da autora, se parcial ou total. Verifico que a recorrida completou 65 anos no dia02/11/2011, destarte, o presente recurso perde seu sentido, tendo em vista que, a despeito da incapacidade, a autora farájus ao benefício em virtude de ter completado a idade mínima exigida na lei.

Recurso prejudicado.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo julgar prejudicado o recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

182 - 0004228-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004228-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIVAL ROSA DE FRANÇA(ADVOGADO: SILVANA SILVA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAOCARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).PROCESSO Nº 0004228-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004228-8/01)RECORRENTE: EDIVAL ROSA DE FRANÇARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

Page 229: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDOE IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui que há nosautos documentos que atestam sua incapacidade.

O autor percebeu auxílio-doença entre 12/2007 a 09/2009. Após o ajuizamento da presente ação, foi submetido a períciatendo sido diagnostica doença valvar aórtica operada com implante de prótese mecânica. O respectivo laudo, contudo, foiconclusivo pela ausência de incapacidade.

Foram juntados aos presentes autos laudos particulares afirmando a incapacidade da parte autora. Em que pese todo ocontexto probatório trazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelojuízo, deve prevalecer o último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médicoparticular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudopericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 18/03/04, pág. 59).”

Argui, ainda, que suas condições pessoais permitiriam concluir pela ausência de capacidade. Não assiste razão aorecorrente. A situação pessoal do autor somente teria relevância caso fosse constatada incapacidade parcial para otrabalho, assim, como a perícia concluiu pela plena capacidade, não há como reconhecer-se o direito pleiteado.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

183 - 0002603-84.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002603-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ERI BERGER (DEF.PUB:LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Carolina Augusta daRocha Rosado.).PROCESSO Nº 0002603-84.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002603-9/01)RECORRENTE: ERI BERGERRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDOE IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui que há nosautos documentos que atestam sua incapacidade.O autor percebeu auxílio-doença entre 06/2003 a 11/2009. Após o ajuizamento da presente ação, foi submetido a períciatendo sido diagnostica Hérnia discal lateral direita em L5 – S1. O respectivo laudo, contudo, foi conclusivo pela ausência deincapacidade.Foram juntados aos presentes autos laudos particulares afirmando a incapacidade da parte autora. Em que pese todo o

Page 230: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

contexto probatório trazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelojuízo, deve prevalecer o último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médicoparticular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudopericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim daJustiça Federal, 18/03/04, pág. 59).”Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

184 - 0000765-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000765-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FRANCISCO LUIZ DA SILVA(ADVOGADO: ARIELLA DUTRA LIMA, OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO Nº 0000765-72.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000765-7/01)RECORRENTE: FRANCISCO LUIZ DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDOE IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui que há nosautos documentos que atestam sua incapacidade.O autor percebeu auxílio-doença entre 09/07/2007 a 05/11/2008. Após o ajuizamento da presente ação, foi submetido aperícia tendo sido diagnosticada Psicose não-orgânica não-especificada. O respectivo laudo, contudo, foi conclusivo pelaausência de incapacidade.Argui a parte recorrente existirem nos autos documentação suficiente a comprovar sua incapacidade. Foram juntados aospresentes autos laudos particulares afirmando a incapacidade da parte autora. Em que pese todo o contexto probatóriotrazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelo juízo, deve prevalecero último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim da Justiça Federal,18/03/04, pág. 59).”Argui, ainda, que suas condições pessoais permitiriam concluir pela ausência de capacidade. Não assiste razão aorecorrente. A situação pessoal do autor somente teria relevância caso fosse constatada incapacidade parcial para otrabalho, assim, como a perícia concluiu pela plena capacidade, não há como reconhecer-se o direito pleiteado.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 231: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

185 - 0002937-21.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002937-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA LUBELIA MAIATOSTES (ADVOGADO: PRISCILA TEMPONI VILARINO GODINHO, Gleison Faria de Castro Filho.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO Nº 0002937-21.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002937-5/01)RECORRENTE: MARIA LUBELIA MAIA TOSTESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO DESFAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui haver nosautos documentos que atestam a existência de incapacidade.A autora foi submetida a duas perícias na área de ortopedia e uma na área de psiquiatria. Foi diagnosticada peloortopedista artrose na coluna lombar e alterações inflamatórias no ombro direito. O médico psiquiatra, a seu turno,diagnosticou ser a recorrente portadora de transtorno depressivo recorrente. Contudo, todos os exames periciais realizadosforam conclusivos pela ausência de incapacidade.Argui, que suas condições pessoais permitiriam concluir pela ausência de capacidade. Não assiste razão ao recorrente. Asituação pessoal do autor somente teria relevância caso fosse constatada incapacidade parcial para o trabalho, assim,como a perícia concluiu pela plena capacidade, não há como reconhecer-se o direito pleiteado.Argui a parte recorrente existirem nos autos documentação suficiente a comprovar sua incapacidade. Conforme consignadona sentença, a maioria dos laudos e atestados juntados aos autos referem-se a períodos em que havia incapacidadereconhecida administrativamente pelo INSS, não havendo qualquer controvérsia a respeito. Os atestados de fls. 33 e 40,por sua vez, carecem de elementos fundamentais como assinatura do médico e a data em que foram emitidos. Os demaisnão atestam incapacidade da recorrente. Ademais, registre-se que no conflito entre os laudos particulares e o laudoproduzido pelo juízo, deve prevalecer o último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “Olaudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO -Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).”Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

186 - 0005812-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005812-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CELIA DAS NEVESSAMUEL (ADVOGADO: LILIAN MAGESKI ALMEIDA, JOSE GERALDO NUNES FILHO.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).PROCESSO Nº 0005812-61.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005812-0/01)RECORRENTE: CELIA DAS NEVES SAMUELRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

Page 232: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – NULIDADE – LAUDO – OMISSÃO – NÃO CARACTERIZAÇÃO –ENFERMIDADE – INCAPACIDADE NÃO CONFIGURADA – LAUDOS PARTICULARES – ENUNCIADO N.º 08 TR/ES –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui, em preliminar,a nulidade da sentença; quanto ao mérito, aduz haver nos autos documentos que atestam sua incapacidade.

A autora foi submetida a perícia tendo sido diagnostica artrose na coluna lombar e cervical. O respectivo laudo, contudo, foiconclusivo pela ausência de incapacidade.

Argui a recorrente a nulidade da sentença tendo em vista ser baseada em laudo pericial omisso. O laudo pericial, emboralacônico, não é nulo, porque esclareceu satisfatoriamente a matéria fática. Nos juizados especiais, os atos processuais sãoregidos pela simplicidade e pela informalidade (art. 2º da Lei nº 9.099/95), razão pela qual o laudo pericial não precisaconter fundamentação detalhada.

Argui que a moléstia da qual é portadora está em processo de agravamento. Conforme destacado no laudo, a artrose éenfermidade de evolução lenta, sendo comum a todos os seres humanos. O fato de estar doente não indica incapacidade.A única limitação funcional a que está submetida a autora é evitar carga de peso extremo, situação perfeitamentecompatível com as atividades habituais de costureira. Não restando devidamente caracterizada a incapacidade, indevida é aconcessão do benefício pleiteado.

Argui a parte recorrente existirem nos autos documentação suficiente a comprovar sua incapacidade. Foram juntados aospresentes autos laudos particulares afirmando a incapacidade da parte autora. Em que pese todo o contexto probatóriotrazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelo juízo, deve prevalecero último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim da Justiça Federal,18/03/04, pág. 59).”

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

187 - 0001226-44.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001226-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JESSE FARIA DA COSTA(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.).PROCESSO Nº 0001226-44.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001226-4/01)RECORRENTE: JESSE FARIA DA COSTARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO PERICIAL DESFAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDOE IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Page 233: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui que há nosautos documentos que atestam sua incapacidade.

O autor percebeu auxílio-doença entre 12/11/2008 a 31/02/2011. Após o ajuizamento da presente ação, foi submetido àperícia tendo sido diagnostica cirrose hepática alcoólica, pancreatite crônica e colelitíase. O respectivo laudo, contudo, foiconclusivo pela ausência de incapacidade.

Argui a parte recorrente existirem nos autos documentação suficiente a comprovar sua incapacidade. Foram juntados aospresentes autos laudos particulares afirmando a incapacidade da parte autora. Em que pese todo o contexto probatóriotrazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelo juízo, deve prevalecero último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim da Justiça Federal,18/03/04, pág. 59).”

Argui, ainda, que suas condições pessoais permitiriam concluir pela ausência de capacidade. Não assiste razão aorecorrente. A situação pessoal do autor somente teria relevância caso fosse constatada incapacidade parcial para otrabalho, assim, como a perícia concluiu pela plena capacidade, não há como reconhecer-se o direito pleiteado.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

188 - 0002517-79.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002517-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CARLOS ALBERTO DESOUZA (ADVOGADO: LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA, ERICKADANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).PROCESSO Nº 0002517-79.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002517-9/01)RECORRENTE: CARLOS ALBERTO DE SOUZARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – INCAPACIDADE PARCIAL E DEFINITIVA – CONDIÇÕESPESSOAIS – IDADE – DESEMPENHO DE ATIVIDADES DIVERSAS – POSSIBILIDADE – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou parcialmenteprocedente a pretensão autoral. O direito ao benefício do auxílio-doença restou reconhecido, sendo a posterior conversãoem aposentadoria por invalidez negada. Argui que os autos documentos acostados aos autos, bem como suas condiçõespessoais induzem concluir pela incapacidade laboral total.O recorrente alega haver necessidade de nova perícia. Apresenta quesitos e argumenta não haver tido oportunidade derequerê-los. O autor foi devidamente intimado após a confecção do laudo pericial, não o impugnando em seus termos.Trata-se, portanto, de matéria preclusa. Ademais, há dados suficientes ao julgamento da questão.O autor percebeu auxílio-doença no período entre 07/08/2008 a 25/08/2011. O benefício foi restabelecido em virtude daconcessão da antecipação dos efeitos da tutela. No exame pericial realizado em juízo, foi constatada incapacidade parcial edefinitiva.

Page 234: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Argui que suas condições pessoais permitiriam concluir pela incapacidade total. O autor traz farto conjunto probatórioindicando a submissão a procedimento cirúrgico, RPG, fisioterapia e tratamento medicamentoso. O expert atestou serpossível ao recorrente desempenhar o seu labor habitual de vendedor, contudo terá produtividade menor que os demais.Resta consignado no laudo a possibilidade de reabilitação do autor. Em que pese todo o conjunto probatório acostado aosautos, inclusive as condições pessoais do recorrente, verifico que, sendo viável a reabilitação do enfermo, há de serexplorada essa alternativa. A idade da parte autora – 48 anos – indica, apesar da lesão no braço – força laboral suficiente àexecução de outras atividades compatíveis com seu estado geral. Conforme afirmado no exame pericial, há condições dedesempenho de outras funções que não dependam de esforço com o membro superior. Portanto, deve o autor sersubmetido à readaptação, fazendo jus somente ao auxílio doença.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

189 - 0000448-65.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000448-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ DA SILVA(ADVOGADO: JANETE MARCIA DIAS, MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO Nº 0000448-65.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000448-8/01)RECORRENTE: JOSÉ DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA E POSTERIORCONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – LAUDO DESFAVORÁVEL – CONDIÇÕES PESSOAIS –INCAPACIDADE NÃO CONSTATADA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-doença e sua posterior conversão em aposentadoria por invalidez. Argui que suascondições pessoais permitem concluir presente a incapacidade.O autor foi submetido a perícia tendo sido diagnostica artrose na coluna lombar e cervical. O respectivo laudo, contudo, foiconclusivo pela ausência de incapacidade.Argui, que suas condições pessoais permitiriam concluir pela ausência de capacidade. Não assiste razão ao recorrente. Asituação pessoal do autor somente teria relevância caso fosse constatada incapacidade parcial para o trabalho, assim,como a perícia concluiu pela plena capacidade, não há como reconhecer-se o direito pleiteado.Argui a parte recorrente existirem nos autos documentação suficiente a comprovar sua incapacidade. Foram juntados aospresentes autos laudos particulares afirmando a incapacidade da parte autora. Em que pese todo o contexto probatóriotrazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelo juízo, deve prevalecero último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é provaunilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendoconclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim da Justiça Federal,18/03/04, pág. 59).”Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

Page 235: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

190 - 0001105-16.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001105-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) VERUZA ATAIDE SILVA(DEF.PUB: VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: IsabelaBoechat B. B. de Oliveira.).PROCESSO Nº 0001105-16.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.001105-3/01)RECORRENTE: VERUZA ATAIDE SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO DOENÇA – LAUDO PERICIALDESFAVORÁVEL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de restabelecimento de auxílio-doença. Argui que há nos autos documentos que atestam sua incapacidade.A parte autora percebeu auxílio-doença entre 11/02/2010 a 23/03/2011. Após o ajuizamento da presente ação, foisubmetida a perícia não tendo sido diagnostica nenhuma patologia ortopédica. Restou consignado no laudo respectivosomente o relato da recorrente de dor lombar, não tendo sido constatada qualquer alteração.Argui existirem nos autos documentação suficiente a comprovar sua incapacidade. Há apenas um laudo particularafirmando a incapacidade da parte autora, cuja data é correspondente ao período em que esteve em gozo de auxíliodoença. Não há qualquer outro elemento comprobatório da incapacidade após a cessação do benefício. Ademais, noconflito entre os laudos particulares e o laudo produzido pelo juízo, deve prevalecer o último, de acordo com o Enunciado n.º08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “O laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular. (DIO - Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).”Argui, ainda, que suas condições pessoais permitiriam concluir pela ausência de capacidade. Não assiste razão aorecorrente. A situação pessoal do autor somente teria relevância caso fosse constatada incapacidade parcial para otrabalho, assim, como a perícia concluiu pela plena capacidade, não há como reconhecer-se o direito pleiteado.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

191 - 0000322-49.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000322-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDINA DA SILVA SCHIMIDT(ADVOGADO: JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO Nº 0000322-49.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000322-4/01)RECORRENTE: EDINA DA SILVA SCHIMIDTRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

Page 236: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. RURÍCOLA. QUALIDADE DE SEGURADO VERIFICADO. PROVA MATERIALSUFICIENTE. INCAPACIDADE. LAUDO DESFAVORÁVEL. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido de auxílio-doença.Alega, quanto ao primeiro requerimento realizado, haver prova nos autos de que ostentava a qualidade de segurado; quantoao segundo, que os laudos juntados atestam sua incapacidade.

2. A parte autora requereu em 23/11/2007 o benefício do auxílio-doença n.º 522.773.833-1. A Autarquia Previdenciáriareconheceu a incapacidade a partir de 26/03/2004 (Sistema Plenus de fl. 56), indeferindo o benefício, porém, sob oargumento de não restar comprovada a qualidade de segurado da autora. A recorrente juntou aos autos o Contrato deParceria Agrícola de fls. 23/24 com prazo de vigência de 04 anos – 05/01/2000 a 05/01/2004. O art. 13, II, da Lei n.º8.213/91, estabelece o período de graça ao segurado obrigatório pelo prazo de 12 meses. Considerando-se as datas do fimdo contrato, do início de incapacidade e o período de graça, constata-se que o indeferimento pelo INSS foi indevido.Destarte, deve ser o recorrido condenado a pagar o benefício do auxílio-doença no período correspondente.

3. Quanto ao segundo requerimento, cujo fundamento para indeferimento seria a incapacidade, entendo não assistir razãoao recorrente. Com efeito. A perícia realizada foi conclusiva quanto à ausência de incapacidade da parte autora. Em quepese todo o contexto probatório trazido pela recorrente, entendo que no conflito entre os laudos particulares e o laudoproduzido pelo juízo, deve prevalecer o último, de acordo com o Enunciado n.º 08, da Turma Recursal do Espírito Santo: “Olaudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular. (DIO -Boletim da Justiça Federal, 18/03/04, pág. 59).”

4. Argui, por fim, que o perito não possui especialidade na área médica correspondente à da enfermidade alegada. Como jáfirmado nesta Turma Recursal, não há obrigatoriedade que haja a correlação entre a patologia apresentada pelo periciado ea especialidade do médico. Tratando-se de mera preferência, ausente qualquer nulidade na prova pericial produzida.5. Pelo exposto, dou parcial provimento ao recurso. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios ante asucumbência recíproca.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo dar parcial provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

192 - 0006325-29.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006325-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ADELANDE JOSE DA SILVA(ADVOGADO: CLARENCE ILDAWALD GIBSON OVIL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.).PROCESSO Nº 0006325-29.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.006325-5/01)RECORRENTE: ADELANDE JOSE DA SILVARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. RURÍCOLA. QUALIDADE DE SEGURADO. AUSÊNCIA. INCAPACIDADEPRÉ-EXISTENTE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Trata-se de recurso interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedente o pedido de auxílio-doença. Arguiser a incapacidade posterior ao ingresso no RGPS. Requer, destarte, a reforma da sentença.

2. O autor foi submetido a exame pericial no qual foi constatado tumor cerebral (craniofaringioma) com disfunção hipofisáriacomo seqüela. O primeiro vínculo laboral do recorrente teve início em 2006. Há prova nos autos de que a incapacidade jáestava presente desde 2002. A legislação é clara em vedar a concessão de auxílio-doença ou aposentadoria por invalidezao segurado já portador da incapacidade quando do ingresso ao RGPS.

3. A parte autora argui possuir a qualidade de trabalhador rural. Não há nos autos qualquer indício da veracidade de tal

Page 237: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

alegação. A própria inicial qualifica o recorrente como auxiliar técnico em informática. Ademais, trata-se de matéria nãoventilada na inicial, sendo defeso à parte inovar nas razões de recurso.

4. Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por serbeneficiário da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

193 - 0000301-33.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000301-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x FRICIANO ALVES DE ALMEIDA (DEF.PUB:VINICIUS COBUCCI SAMPAIO.).PROCESSO Nº 0000301-33.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000301-5/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: FRICIANO ALVES DE ALMEIDARELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NÃO REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL.ATESTADO DE MÉDICO ASSISTENTE NÃO É FONTE SEGURA DA EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE. SENTENÇAANULADA.

Trata-se de recurso interposto em face de sentença que condenou o INSS a conceder auxílio-doença. A sentençareconheceu a existência de incapacidade laborativa exclusivamente com base em atestados de médico assistente.

O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deveser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo,“o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, masacreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho. Além disso, o resultado da perícia administrativa pretérita não implica reconhecimento de incapacidade atual, atéporque o quadro clínico e a aptidão laboral são dinâmicos, alteram-se com o tempo. Por tais razões, faz-se necessária arealização de perícia médica judicial, a fim de verificar a existência atual de inaptidão para o trabalho.

Tutela antecipada mantida tendo em vista presentes os seus requisitos.

Sentença anulada, a fim de que a recorrida seja submetido a perícia médica judicial.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

194 - 0000215-62.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000215-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DO

Page 238: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x LINDACIR DOS SANTOS RIBEIRO (ADVOGADO:BRUNO DE CASTRO QUEIROZ, RODRIGO LOPES BRANDÃO.).PROCESSO Nº 0000215-62.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000215-1/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: LINDACIR DOS SANTOS RIBEIRORELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NÃO REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA JUDICIAL.ATESTADO DE MÉDICO ASSISTENTE NÃO É FONTE SEGURA DA EXISTÊNCIA DE INCAPACIDADE. SENTENÇAANULADA.

Trata-se de recurso interposto em face de sentença que condenou o INSS a conceder auxílio-doença. A sentençareconheceu a existência de incapacidade laborativa exclusivamente com base em atestados de médico assistente.

O atestado médico equipara-se a mero parecer de assistente técnico, de forma que eventual divergência de opiniões deveser resolvida em favor do parecer do perito do juízo. De acordo com o Enunciado nº 8 da Turma Recursal do Espírito Santo,“o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio,imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”.O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelo paciente, masacreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo o tratamento queconsidere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doença incapacitante éverdadeira. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico assistente não é fonte segura da existência da incapacidade para otrabalho. Além disso, o resultado da perícia administrativa pretérita não implica reconhecimento de incapacidade atual, atéporque o quadro clínico e a aptidão laboral são dinâmicos, alteram-se com o tempo. Por tais razões, faz-se necessária arealização de perícia médica judicial, a fim de verificar a existência atual de inaptidão para o trabalho.

Tutela antecipada mantida tendo em vista presentes os seus requisitos.

Sentença anulada, a fim de que a recorrida seja submetido a perícia médica judicial.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO PARA ANULAR A SENTENÇA.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

195 - 0004132-57.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.004132-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSÉ MAURO GOMES(ADVOGADO: SILVANA SILVA DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉGUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO Nº 0004132-57.2011.4.02.5001/01 (2011.50.01.004132-6/01)RECORRENTE: JOSÉ MAURO GOMESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO DOENÇA. ENFERMIDADE DECORRENTE DE TRABALHO. JUSTIÇA FEDERAL.INCOMPETÊNCIA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pela autora em face da sentença que extinguiu o processo sem julgamento domérito. Argui a recorrente ser a Justiça Federal competente para processamento e julgamento do presente feito.

Para o deslinde da questão posta nos autos, importa trazer à baila a definição legal de acidente de trabalho encartada nosartigos 19 a 21 da Lei nº 8.213/1991, que assim dispõem: “Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício dotrabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei,provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,

Page 239: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

da capacidade para o trabalho.”

A jurisprudência posiciona-se no sentido de não ser a doença degenerativa, a priori, doença ocupacional. Entretanto, sendoagravada pela atividade laboral desempenhada pelo segurado, passa a reconhecer-se como enfermidade do trabalho,tomando-se por afastada a competência da Justiça Federal. Destarte, a teor do art. 109, I, é materialmente incompetente ojuiz federal para as ações que versem sobre acidente de trabalho.

Recurso improvido. O recorrente, embora sucumbente, está isento de custas e honorários advocatícios, por ser beneficiárioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

196 - 0000708-45.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000708-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x IZABEL CRISTINA NUNES DOS SANTOSDAMACENO (ADVOGADO: ELIAS GONÇALVES DIAS.).PROCESSO Nº 0000708-45.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000708-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: IZABEL CRISTINA NUNES DOS SANTOS DAMACENORELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO RECLUSÃO – RENDA MENSAL – HORAS EXTRAS –HABITUALIDADE NÃO CONFIGURADA – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇAMANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS, ora recorrente, em face de sentença que julgou procedente apretensão de concessão de auxílio-reclusão. Sustenta que a renda mensal do recluso afasta a concessão do benefício.

O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em queestiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Para a concessão do benefício, é necessário o cumprimento dosseguintes requisitos: o segurado que tiver sido preso não poderá estar recebendo salário da empresa na qual trabalhava,nem estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço; a reclusão deverá ter ocorridono prazo de manutenção da qualidade de segurado; o último salário-de-contribuição do segurado (vigente na data dorecolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das contribuições), tomado em seu valor mensal,deverá ser igual ou inferior aos valores estipulados em portaria, independentemente da quantidade de contratos e deatividades exercidas, considerando-se o mês a que se refere.

Argui o INSS que a renda obtida pelo esposo preso é incompatível com o benefício em tela. Conforme declaração daEmpresa Ambitec de fl. 25, o salário teve valores de R$385,00 (trezentos e oitenta e cinco reais) entre 07/2006 a17/03/2008, e R$417,99 (quatrocentos e dezessete reais e noventa e nove centavos) entre 06/2007 a 03/2008.

A autora juntou aos autos o CNIS de fl. 18 onde se constata a variação do salário percebido. Da análise de tal documento,verifica-se que dos últimos vinte salários de contribuição percebidos no período, o recluso obteve renda superior ao limitelegal em 08 oportunidades: janeiro, fevereiro, maio, julho, agosto e outubro de 2007 e janeiro e fevereiro de 2008. Frise-seque, mesmo nestes meses a diferença entre o salário e o teto imposto na lei era diminuta. Apenas no mês de janeiro/2008 adiscrepância ganha maior relevância, época em que houve renda superior a R$ 2.200,00.

Analisando-se detidamente as verbas que compunham o salário de contribuição do recluso, constata-se que as horasextras percebidas faziam com que, ocasionalmente, o salário ultrapassasse o limite legal. Conforme entendimentojurisprudencial, a exclusão destas vantagens é possível caso possuam natureza esporádica: “O conceito de renda mensalbruta - expressão utilizada no art. 13, da EC nº 20/98 - foi equiparado ao de salário-de-contribuição pelo artigo 116, doDecreto nº 3.048/99. IV – Se o valor do último salário-de-contribuição, circunstancialmente, ultrapassar o limite legalestabelecido para a concessão do auxílio reclusão em virtude do recebimento de verbas de caráter extraordinário –exemplo: horas extras –, ou não espelhar a média registrada no período imediatamente precedente, podem os valoresreferentes a essas verbas serem excluídas para fins de aferição do preenchimento do requisito de segurado de baixarenda”. (AC 200351040030506, Relator Desembargador Federal Marcello Ferreira de Souza Granado – TRF 2, Fonte:

Page 240: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E-DJF2R – Data: 27/07/2010).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal RelatoAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

197 - 0000006-96.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000006-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LUCINEA DOS SANTOS(ADVOGADO: ANTONIO JOSE COELHO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDROINOCENCIO BINDA.).PROCESSO Nº 0000006-96.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000006-6/01)RECORRENTE: LUCINEA DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - PREVIDENCIÁRIO – AUXÍLIO RECLUSÃO – RENDA MENSAL ACIMA DO TETO LEGAL –HORAS EXTRAS – HABITUALIDADE – RECURSO CONHECIDO E, NO MÉRITO, IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora, ora recorrente, em face de sentença que julgou improcedente apretensão de concessão de auxílio-reclusão. Sustenta que as verbas extraordinárias não devem ser consideradas nocálculo da renda mensal do segurado preso.

O auxílio-reclusão é um benefício devido aos dependentes do segurado recolhido à prisão, durante o período em queestiver preso sob regime fechado ou semi-aberto. Para a concessão do benefício, é necessário o cumprimento dosseguintes requisitos: o segurado que tiver sido preso não poderá estar recebendo salário da empresa na qual trabalhava,nem estar em gozo de auxílio-doença, aposentadoria ou abono de permanência em serviço; a reclusão deverá ter ocorridono prazo de manutenção da qualidade de segurado; o último salário-de-contribuição do segurado (vigente na data dorecolhimento à prisão ou na data do afastamento do trabalho ou cessação das contribuições), tomado em seu valor mensal,deverá ser igual ou inferior aos valores estipulados em portaria, independentemente da quantidade de contratos e deatividades exercidas, considerando-se o mês a que se refere.

O valor do salário de contribuição máximo no ano de 2010 para efeito de percepção de auxílio reclusão era de R$ 810,18. Orecorrente juntou aos autos contracheques de fls. 61/62 onde se percebe que a renda mensal bruta variou entre R$863,38 aR$1.632,51 neste ano. Verifica-se, assim, que o autor percebeu naquele ano valores superiores aos fixados como limite.Requer a parte autora que sejam desconsideradas verbas extraordinárias. Da análise do conjunto probatório, constata-se anatureza habitual da percepção de horas extras. A exclusão destas vantagens somente seria possível caso fossem denatureza esporádica. A jurisprudência assim entende: “O conceito de renda mensal bruta - expressão utilizada no art. 13, daEC nº 20/98 - foi equiparado ao de salário-de-contribuição pelo artigo 116, do Decreto nº 3.048/99. IV – Se o valor do últimosalário-de-contribuição, circunstancialmente, ultrapassar o limite legal estabelecido para a concessão do auxílio reclusão emvirtude do recebimento de verbas de caráter extraordinário – exemplo: horas extras –, ou não espelhar a média registradano período imediatamente precedente, podem os valores referentes a essas verbas serem excluídas para fins de aferiçãodo preenchimento do requisito de segurado de baixa renda”. (AC 200351040030506, Relator Desembargador FederalMarcello Ferreira de Souza Granado – TRF 2, Fonte: E-DJF2R – Data: 27/07/2010).

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, nos termos da Lei. Sem condenação em honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefícioda assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Page 241: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

198 - 0000948-34.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000948-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ZENAIDE SANTANABORGES (ADVOGADO: JAMILSON SERRANO PORFIRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.).PROCESSO Nº 0000948-34.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000948-6/01)RECORRENTE: ZENAIDE SANTANA BORGESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. EX-ESPOSA. DEPENDÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. PROVADOCUMENTAL. INEXISTÊNCIA. PROVA TESTEMUNHAL FRÁGIL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de pensão pormorte. Argui a recorrente haver prova nos autos da dependência econômica. Requer, destarte, a reforma da sentença.

Para comprovação da convivência conjugal, a legislação não exige início de prova material. Há apenas a ressalva constantedo art. 14, parágrafo único, do Decreto 77.077/76 no sentido de que qualquer prova "capaz de constituir elemento deconvicção" será suficiente à certificação da vida em comum.

No caso dos autos, toda a documentação indica não haver tido a dependência econômica. Com efeito. Consta naDeclaração de fl. 77 a afirmação espontânea da autora que já se encontrava separada de fato do de cujus há cerca de oitoanos antes de seu falecimento. A declaração de fls. 39 traz a informação de que o ex-marido falecido era meeiro dodeclarante e que o casal, desde 1995, já se encontrava separado de fato. Não há qualquer prova de que havia percepçãode alimentos por parte da autora. A prova testemunhal, que a princípio seria suficiente a suprir a prova documental, éomissa. Nenhuma testemunha soube informar se, a despeito da separação, a autora recebia pensão do ex-marido.

Dessa forma, considerando a inexistência de prova documental e a fragilidade da dos depoimentos das testemunhas, nãohá como reconhecer-se o direito ao benefício pleiteado.

Recurso Improvido. Sem condenação em custas e honorários por ser a parte recorrente beneficiária da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

199 - 0002194-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002194-7/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.) x NEUZA HELENA REICHHLENLOPES (ADVOGADO: RAIMUNDO NONATO NERES.).PROCESSO Nº 0002194-11.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002194-7/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NEUZA HELENA REICHHLEN LOPESRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

Page 242: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. ESPOSA. SEPARAÇÃO. RECONCILIAÇÃO. INÍCIO DE PROVA MATERIAL.INEXISTÊNCIA. IRRELEVÂNCIA. PROVA TESTEMUNHAL HARMÔNICA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de pensão pormorte. Argui o recorrente não haver prova nos autos da reconciliação do casal. Requer, destarte, a reforma da sentença.

A parte autora e o de cujus se separaram. Após breve período, houve a reconciliação sem, entretanto, ter sido formalizadatal situação. Alega o INSS não restar devidamente comprovada a retomada da relação matrimonial. Para tanto, afirma ser oendereço constante da certidão de óbito diferente da residência da autora.

O de cujus necessitava de acompanhamento a consultas e perícias médicas. A autora não podia acompanhá-lo em virtudedo trabalho. Era comum, então, o falecido ter a companhia da irmã, oportunidade em que pernoitava na residência desta.Quando do falecimento, tanto o óbito quanto o funeral foram providenciados também por esta. Dessa forma, natural que oendereço constante da certidão seja o da declarante.

Argui o INSS não haver prova documental apta a comprovar a relação marital. Para comprovação da convivência conjugal,a legislação não exige início de prova material. Há apenas a ressalva constante do art. 14, parágrafo único, do Decreto77.077/76 no sentido de que qualquer prova "capaz de constituir elemento de convicção" será suficiente à certificação davida em comum. Dessa forma, tendo sido o depoimento das testemunhas firmes e harmônicos, resta comprovado orestabelecimento da sociedade conjugal entre a autora e o de cujus.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

200 - 0003986-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003986-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GECIMAR MARIA DEOLIVEIRA (ADVOGADO: SHIRLEY VASCONCELOS PASSOS BARROS, SIMONE AFONSO LARANJA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.) x IRENE GONÇALVES E OUTRO(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.).PROCESSO Nº 0003986-97.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003986-1/01)RECORRENTE: GECIMAR MARIA DE OLIVEIRARECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. UNIÃO ESTÁVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. CONCUBINATO IMPUROCARACTERIZADO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela autora em face da sentença que julgou improcedente o pedido de pensão pormorte. Argui a recorrente haver prova nos autos da dependência econômica. Requer, destarte, a reforma da sentença.

A parte autora e o de cujus mantiveram união estável há alguns anos. Houve separação e o ex-companheiro falecido iniciouum novo relacionamento com a co-ré. Em seu depoimento prestado em juízo, a recorrente alega que o segurado mortoconvivia em união estável tanto com ela quanto com a Sra. Irene. A testemunha Maria atesta que o de cujus visitava aautora com regularidade, sem haver, no entanto, a convivência.

Do exame dos autos é de se reconhecer que não restou configurada a união estável. Com efeito. A prova dos autos é deque não houve rompimento da convivência conjugal do falecido, que não se afastou do lar para conviver sob o mesmo tetocom a ora recorrente, fato que a mesma confirma. Embora tenha havido um relacionamento duradouro da Autora com ofalecido, o que se caracteriza nos autos é a o chamado concubinato impuro, que não pode ser entendido como uniãoestável.

Page 243: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A jurisprudência assim se pronuncia: “O concubinato impuro do tipo adulterino, isto é, a relação extra-conjugal paralela aocasamento, não caracteriza união estável para fins de recebimento de pensão por morte instituída por servidor público, nãojustificando a divisão de pensão por morte com a(o) cônjuge que enviuvou. 3. Pedido de uniformização parcialmenteconhecido e, no mérito, provido. (PEDILEF 200640007098350, Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, TNU - TurmaNacional de Uniformização, 29/05/2009)”.

Em face do exposto, nego provimento ao recurso. Sem condenação em custas e honorários por ser a parte recorrentebeneficiária da assistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

201 - 0000538-13.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000538-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZA CANDEIAESTEVES E OUTRO (ADVOGADO: ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).PROCESSO Nº 0000538-13.2010.4.02.5052/01 (2010.50.52.000538-8/01)RECORRENTE: TEREZA CANDEIA ESTEVESRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PAIS. DEPENDÊNCIA. NÃO CONFIGURAÇÃO. PROVA DOCUMENTAL.INEXISTÊNCIA. PROVA TESTEMUNHAL FRÁGIL. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelos autores em face da sentença que julgou improcedente o pedido de pensãopor morte. Arguem os recorrentes haver prova nos autos da dependência econômica. Requerem, destarte, a reforma dasentença.

Os recorrentes não juntaram aos autos quaisquer provas da alegada dependência econômica. A prova documental éinexistente. A prova testemunhal que, a princípio, seria suficiente a comprovar a dependência dos pais relativamente aofilho falecido, é por demais frágil. Ademais, o de cujus estava desempregado há um ano, estando ele, em verdade, nadependência de seus genitores.

Recurso Improvido. Sem condenação em custas e honorários por ser as partes recorrentes beneficiárias da assistênciajudiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

202 - 0000890-40.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000890-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: BRUNO MIRANDA COSTA.) x SEBASTIÃO HADDAD GUALBERTO (ADVOGADO:ARIELLA DUTRA LIMA, OLDER VASCO DALBEM DE OLIVEIRA.).PROCESSO Nº 0000890-40.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000890-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: SEBASTIÃO HADDAD GUALBERTORELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

Page 244: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. FILHO MAIOR. INVALIDEZ APÓS A MAIORIDADE. LEGISLAÇÃO.POSSIBILIDADE. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença que julgou procedente o pedido de pensão pormorte. Argui o recorrente que o fato de a invalidez ocorrer após a maioridade obsta ao recebimento do benefício em tela.Requer, destarte, a reforma da sentença.

A discussão nos autos cinge-se à seguinte questão: a invalidez ocorrida após a maioridade do dependente e antes do óbitodo segurado impede a concessão da pensão por morte?

A Lei n.º 8.213/91, em seu art. 16, I, estabelece ser dependente do segurado o filho inválido. Da análise da norma,verifica-se que o que justifica a manutenção do benefício de pensão por morte é a situação de invalidez do requerente e amanutenção de sua dependência econômica relativamente ao segurado, sendo irrelevante o momento em que a invalideztenha surgido, se antes ou após a maioridade. A norma não faz qualquer restrição quanto a possibilidade de a invalidez serposterior à maioridade civil. Para casos como tal, aplica-se o conhecido princípio hermenêutico segundo o qual "onde a leinão distingue, não pode o intérprete distinguir" ('ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus'). Destarte,considerando-se que a perda da condição de dependente só pode ocorrer por expressa disposição legal, é de ser mantida asentença.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

203 - 0002768-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002768-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.) x MANUEL MARCOSDA COSTA (ADVOGADO: VALTEMIR DA SILVA.).PROCESSO Nº 0002768-34.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002768-8/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: MANUEL MARCOS DA COSTARELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE ESPECIAL. RUÍDO. EPI EFICAZ. IRRELEVÂNCIA. SÚMULA Nº 9 DA TNU. RECURSOCONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pelo INSS em face da sentença de fls. 39/44 que julgou procedente o pedido deaposentadoria especial. Argui, em síntese, que o EPI eficaz elimina a condição especial da atividade desenvolvida.

Ab initio quadra esclarecer que o STJ, por meio de sua 5ª Turma, em decisão proferida no REsp 956.110/SP, passou aacompanhar o entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência pátria no sentido de ser cabível, mesmo após28.05.1998, a conversão em comum do tempo de serviço prestado em condições especiais, para fins de concessão deaposentadoria.

Conforme entendimento da Turma Nacional de Uniformização, expressado por meio da Súmula 09, da TNU: “O uso deEquipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, nãodescaracteriza o tempo de serviço especial prestado”. Diante do exposto, nego provimento ao recurso.

Recurso do INSS improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária

Page 245: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

do Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

204 - 0004449-05.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004449-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALMIR RIOS (ADVOGADO:FLAVIO CHEIM JORGE, MARCELO ABELHA RODRIGUES, ALEX DE FREITAS ROSETTI, CHRISTINA CORDEIRO DOSSANTOS, CARLOS EDUARDO AMARAL DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: Marcos Figueredo Marçal.).PROCESSO Nº 0004449-05.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004449-6/01)RECORRENTE: ALMIR RIOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – STF – REPERCUSSÃO GERAL –AUXÍLIO DOENÇA PERCEBIDO DE FORMA ININTERRUPTA – INAPLICABILIDADE DA REVISÃO EM TAIS CASOS – –RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial. Em suas razões, requer a aplicação do §5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/91.

2. O Supremo Tribunal Federal julgou, em regime de repercussão geral, a matéria objeto da presente demanda nosseguintes termos:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.(RE 583834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012)

3. No caso dos autos, a percepção do auxílio doença pelo recorrente se deu de modo ininterrupto até a concessão daaposentadoria por invalidez. Não houve períodos intercalados do benefício com atividade laborativa. Registre-se que o STFnão distingue a época da concessão do benefício, se antes ou após à Lei n.º 9.876/1999. Dessa forma, seguindo orientaçãodo Pretório Excelso, nego provimento ao recurso.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

205 - 0004970-81.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004970-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOSE GOMES DOS

Page 246: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

SANTOS (ADVOGADO: LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).PROCESSO Nº 0004970-81.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004970-2/01)RECORRENTE: JOSE GOMES DOS SANTOSRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial. Em suas razões, requer a aplicação do §5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/91.

2. O Supremo Tribunal Federal julgou, em regime de repercussão geral, a matéria objeto da presente demanda nosseguintes termos:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.(RE 583834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012)

3. No caso dos autos, a percepção do auxílio doença pelo recorrente se deu de modo ininterrupto até a concessão daaposentadoria por invalidez. Não houve períodos intercalados do benefício com atividade laborativa. Dessa forma, seguindoorientação do STF, nego provimento ao recurso.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

206 - 0000188-79.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000188-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x REINALDO DA VITORIA BARCELOS NORBIM(ADVOGADO: RODRIGO LOPES BRANDÃO, BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).PROCESSO Nº 0000188-79.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000188-2/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: REINALDO DA VITORIA BARCELOS NORBIMRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – STF – REPERCUSSÃO GERAL –AUXÍLIO DOENÇA PERCEBIDO DE FORMA ININTERRUPTA – INAPLICABILIDADE DA REVISÃO EM TAIS CASOS –

Page 247: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

RECURSO CONHECIDO E PROVIDO – SENTENÇA REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial. Em suas razões, requer a aplicação do §5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/91.

2. O Supremo Tribunal Federal julgou, em regime de repercussão geral, a matéria objeto da presente demanda nosseguintes termos:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.(RE 583834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012)

3. No caso dos autos, a percepção do auxílio doença pelo autor se deu de modo ininterrupto até a concessão daaposentadoria por invalidez. Não houve períodos intercalados do benefício com atividade laborativa. Dessa forma, seguindoorientação do STF, dou provimento ao recurso do INSS para julgar improcedente o pedido autoral.

A C Ó R D Ã OVistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

207 - 0001853-82.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001853-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) GELSON REIS(ADVOGADO: LIDIANE ZUMACH LEMOS PEREIRA, DULCINEIA ZUMACH LEMOS PEREIRA.) x INSTITUTO NACIONALDO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).PROCESSO Nº 0001853-82.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001853-5/01)RECORRENTE: GELSON REISRECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO – RMI – APLICAÇÃO DO ART. 29, §5º, DA LEI N. 8.213/91 – RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto pelo autor, ora recorrente, em face da sentença que julgou improcedente apretensão externada na inicial. Em suas razões, requer a aplicação do §5º do art. 29 da Lei n.º 8.213/91.

2. O Supremo Tribunal Federal julgou, em regime de repercussão geral, a matéria objeto da presente demanda nosseguintes termos:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situações

Page 248: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

em que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.(RE 583834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012)

3. No caso dos autos, a percepção do auxílio doença pelo recorrente se deu de modo ininterrupto até a concessão daaposentadoria por invalidez. Não houve períodos intercalados do benefício com atividade laborativa. Dessa forma, seguindoorientação do STF, nego provimento ao recurso.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os membros da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

208 - 0000378-82.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000378-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x MARIA DE LOURDES NIERO DACONCEIÇÃO (ADVOGADO: PATRÍCIA LIMA SANTOS, ANDRÉ CARLESSO.) x OS MESMOS.PROCESSO Nº 0000378-82.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.000378-9/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS E MARIA DE LOURDES NIERO DA CONCEIÇÃORECORRIDO: OS MESMOSRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. FRAUDE. DESCONTO INDEVIDO. DANOS MATERIAL EMORAL CONFIGURADOS. INSS. LEGITIMIDADE PASSIVA. BANCO. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. NÃOCONFIGURAÇÃO. ERRO GROSSEIRO. DANO MORAL. VALOR PROPORCIONAL. RECURSOS CONHECIDOS EIMPROVIDOS. SENTENÇA IRRETOCÁVEL.

Trata-se de Recursos Inominados interposto pelo INSS, pela parte autora e pelo Banco Matone S/A, em face da sentençaque julgou procedente o pedido autoral de condenação ao pagamento de indenização por danos morais e materiais. Emsuas razões, o INSS argui: em sede preliminar, ilegitimidade ativa; quanto ao mérito, alega que não há responsabilidadecivil e, consequentemente, não há danos morais e materiais a serem reparados. O autor, a seu turno, requer a majoraçãodo quantum relativo aos danos morais. O Banco Matone S/A, por sua vez, argui: em preliminar, a incompetência absolutado juízo; quanto ao mérito, não restarem caracterizados danos morais ou materiais.

A tese de ilegitimidade passiva do INSS não merece prosperar. Desde que o INSS é responsável pelo desconto e tem comoatribuição cancelá-lo após informações prestadas pela instituição financeira responsável, é parte legítima para figurar nopólo passivo da presente demanda. Ademais, em decorrência de suposto erro por parte do servidor da Autarquia,imprescindível se torna a sua presença no presente feito. Preliminar Rejeitada.

O Banco Matone S/A argui como preliminar a incompetência absoluta do juízo em razão da complexidade da causa. Foramjuntados aos autos o documento de identidade de fls. 37 e contrato de fls. 126/129. Pelo simples confronto dos documentosapontados, verifica-se a grosseria da falsificação. Desnecessária, destarte, a produção de prova pericial a fim de se verificara autenticidade da grafia aposta no contrato de consignação. Preliminar Rejeitada.

Aduz a Autarquia Previdenciária não haver qualquer conduta de sua parte apta a gerar o dano alegado pela parte autora.Da análise do conjunto probatório acostado aos autos, verifica-se que, quando da fraude perpetrada, foram apresentadosdocumentos com dados incorretos. O nome do pai da autora, bem como o número da certidão de nascimento e a data daexpedição do RG são diversos dos documentos pessoais da recorrida.

Page 249: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

A Instrução Normativa n.º 28 editada pelo INSS estabelece critérios e procedimentos operacionais relativos à consignaçãode descontos para pagamento de empréstimos e cartão de crédito, contraídos nos benefícios da Previdência Social. Emseu art. 3º, exige-se das instituições financeiras a apresentação do documento de identidade e CPF do segurado, o contratoassinado e a autorização para a devida consignação. Percebe-se, desse modo, que a Autarquia dispunha de dadossuficientes a verificar a autenticidade da consignação requerida. Não procedendo com a diligência necessária, acaba porcontribuir para o evento lesivo.

Acrescente-se que o art. 9º da citada IN-28 prevê que a contratação de empréstimo somente poderá ser efetivada noEstado em que o beneficiário tem seu benefício mantido. Tendo sido o contrato firmado no Rio Grande do Sul e percebendoa autora o seu benefício na agência de Linhares, patente se torna o erro cometido pela Autarquia Previdenciária.

O Banco Matone S/A aduz que o contrato em questão foi efetivamente firmado pela parte autora. Essa questão restasuperada. Diante da constatação de que os documentos apresentados à Instituição Financeira possuem dados diversosdos originais da parte autora, percebe-se que o Banco ter sido vítima de fraude.

Aduz, ainda, que não houve qualquer situação vexatória à parte autora. Os descontos foram efetuados no benefícioprevidenciário, o qual possui natureza de verba alimentar. O fato de se descontar mensalmente valor superior a 25% do seubenefício previdenciário, o qual correspondente a um salário mínimo, induz concluir ter a parte autora enfrentadodificuldades em honrar seus compromissos por erro grosseiros dos réus.

A parte autora, a seu turno, requer a majoração do quantum fixado a título de danos morais. Verifico que o valor foi fixadode modo proporcional ao dano sofrido. Cinco mil reais é quantia suficiente a penalizar os réus e, do mesmo modo,recompor o abalo a que foi submetida.

Recursos conhecidos e improvidos. Sentença irretocável.

Custas ex lege. Condenação do Banco Matone S/A e do INSS em honorários advocatícios arbitrados em 10% (dez porcento) do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento aos recursos.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelator

Assinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

209 - 0003830-12.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003830-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FIRMINO RAMOS(ADVOGADO: CARLO ROMAO.) x DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNIT(PROCDOR: SERGIO ROBERTO LEAL DOS SANTOS .).PROCESSO Nº 0003830-12.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.003830-3/01)RECORRENTE: FIRMINO RAMOSRECORRIDO: DEPARTAMENTO NACIONAL DE INFRA-ESTRUTURA DE TRANSPORTES - DNITRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RESPONSABILIDADE CIVIL. DNIT. CONDUTA OMISSIVA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA. DEFEITOS NA PISTA.SINALIZAÇÃO. PRESENÇA. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de Recurso Inominado interposto pelo autor em face da sentença que julgou improcedentes os pedidos de danosmorais e materiais. Alega, em síntese, que não havia sinalização suficiente no local do acidente.

O acidente sofrido pelo autor foi registrado no Boletim de Ocorrência de fls. 06/08. Consta deste documento que ascondições climáticas eram boas sem qualquer restrição quanto à visibilidade. Consta, ainda, a existência de sinalizaçãodevida.

O registro da ocorrência produzido pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal é um ato administrativo que, como tal,goza de presunção de legitimidade e veracidade. A fim de desconstituí-lo, deve a parte interessada demonstrar, peloselementos de prova disponíveis, a inveracidade do que ali se constata. Não há qualquer prova nos autos que infirme ocitado boletim de ocorrência, nem que demonstre obstáculo à sinalização. Assim sendo, não restando demonstrada a culpa

Page 250: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

do recorrido, não há como reconhecer-se devido o direito alegado.

Recurso improvido. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios por ser o recorrente beneficiário daassistência judiciária gratuita.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo negar provimento ao recurso.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

210 - 0000638-08.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000638-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EMPRESA BRASILEIRA DECORREIOS E TELÉGRAFOS - ECT (ADVOGADO: MATHEUS GUERINE RIEGERT, CÍNTIA VERNETTI BESKOW.) xDEUZIMAR ALVES VIZA (ADVOGADO: DAVID RIOS FERREIRA, SÉRGIO AUGUSTO CARDOZO.).PROCESSO Nº 0000638-08.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.000638-5/01)RECORRENTE: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS - ECTRECORRIDO: DEUZIMAR ALVES VIZARELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE CIVIL. CORREIOS. MERCADORIA EXTRAVIADA. CONVENÇÃOINTERNACIONAL. NÃO APLICAÇÃO. DANO MORAL PROPORCIONAL AO DANO. RECURSO CONHECIDO EIMPROVIDO.

Trata-se de recurso interposto pelos Correios em face da sentença que julgou procedente o pedido de ressarcimento pordanos morais e materiais. Alega o recorrente estar ausente sua responsabilidade civil. Alega que a mercadoria foi entregueaos correios da Bélgica e que, por convenção internacional, resta afastada a sua responsabilidade civil.

O serviço postal foi contratado pela autora junto aos Correios, o qual deve empreender o zelo necessário para que o serviçoseja prestado de acordo com as condições prefixadas, quais sejam, no modo, tempo e lugar predefinidos. Quando dacontratação há duas situações a serem consideradas: a do consumidor e a do fornecedor de serviços.

O consumidor, parte vulnerável das relações de consumo, em regra, confia no serviço contrato. Tem em mente queeventual sinistro, avaria ou extravio ocorrido com a mercadoria será prontamente ressarcido pelo fornecedor do serviço,mormente quando contrato seguro, como no caso em apreço.

O fornecedor, a seu turno, conhece antecipadamente todos os riscos e dificuldades inerentes a esse tipo de serviço. Porisso, engloba no valor cobrado todos os imprevistos que podem vir a ocorrer. Em assim sendo, tem por responsabilidadearcar com eventuais situações em que haja a perda ou deterioração da encomenda a si confiada. Conforme já consignado,a autora contratou seguro, o que reforça a responsabilidade da ECT. Eventual cláusula transferindo a responsabilidade aterceiro estranho ao contrato deve ser reputada como nula, a teor do art. 51, I, Código de Defesa do Consumidor. Ajurisprudência é pacifica no mesmo sentido: “Pretendendo a ré operar a exploração desse negócio, ainda que com taisdificuldades e, sentindo-se capacitada para tanto, deve ser responsabilizada pelas obrigações assumidas em decorrênciado contrato, de modo que não lhe socorre a alegação de que estaria isenta de culpa pelo fato da encomenda ter sidodestinada a outro país”. No mesmo julgado, destaca-se trecho onde se percebe ser a contratação do seguro prescindível:Com isso, não se pode condicionar a reparação do dano à contratação de seguro fora do preço já pago pelo consumidor,que como visto, varia de acordo com a correspondência/encomenda postada. (Processo 03491482120054036301Relator(a): Juíza Federal Elidia Aparecida de Andrade Correa – TR-SP. Fonte: DJF3 data: 02/06/2011). Destarte, restaafastada a tese da irresponsabilidade da recorrente.

Quanto ao dano moral, percebe-se a sua ocorrência. O fato de a autora ter buscado informações junto à Empresaresponsável e apenas as obtendo após o ingresso com o presente feito, revela comportamento apto a gerar o dano moral.Relativamente ao quantum fixado, entendo proporcional ao ato ilícito perpetrado pela recorrente.

Recurso a que se nega provimento. Custas ex lege. Sem condenação em honorários advocatícios por não estar a parteautora representada por advogado.

A C Ó R D Ã O

Page 251: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

211 - 0000629-60.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000629-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIÃO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x DIONIZIA DOS SANTOS SILVA (ADVOGADO: MARCELO MATEDIALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).PROCESSO Nº 0000629-60.2011.4.02.5055/01 (2011.50.55.000629-6/01)RECORRENTE: UNIÃO FEDERALRECORRIDO: DIONIZIA DOS SANTOS SILVARELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

RECURSO INOMINADO - SERVIDOR – GDPST – CARÁTER GENÉRICO – EXTENSÃO AOS INATIVOS –POSSIBILIDADE – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Trata-se de recurso inominado interposto pela FUNASA em face da sentença que julgou parcialmente procedente apretensão autoral, condenando a ré a pagar as diferenças devidas a título de GDPST.Em preliminar, argui o INSS a incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais ante a estipulação do valor dacausa ter sido realizada de forma aleatória. Percebe-se da peça exordial que a parte autora renunciou ao crédito excedenteao teto máximo. Dessa forma, irrelevante seja o valor superior ao limite dos JEF´s.A GDPST foi instituída pela Lei n.º 11.355/2006, com redação alterada pela Lei n.º 11.784/2008. A jurisprudênciaposiciona-se no sentido de ser estendido à GDPST o tratamento dado à GDATA: “...Ademais, destaque-se que a GDATAassemelha-se a GDASST, ante a necessidade de tratamento isonômico entre ativos e inativos, até que sejam efetivamenterealizadas as avaliações de desempenho individual...” e continua “Acrescente-se, por oportuno, que a Medida Provisória nº.431, de 14/05/2008, convertida na Lei nº. 11.784, de 22/09/2008, a qual alterou a redação dada à Lei nº. 11.355, de19/10/2006, tão-somente determinou a substituição da GDASST pela GDPST, havendo que ser reconhecido o direito àcontinuidade do pagamento da Gratificação de Desempenho aos embargados...” (EDAG 20090500000216601, RelatorDesembargados Federal Francisco Cavalcanti – TRF 5 – Fonte: DJE – Data: 27/05/2011).A questão também é objeto do enunciado 68 das Turmas Recursais dos JEF’s do Rio de Janeiro: “As gratificações dedesempenho de Atividade Técnico-Administrativa – (...) de Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho – GDPST (Lei11.355/2006, artigo 5º B, § 5°)(...), bem assim nov as gratificações de desempenho com idêntica natureza, estrutura efinalidade, embora detenham natureza pro labore faciendo, se transmudam em gratificações de natureza genérica,extensíveis aos servidores inativos em igualdade de condições com os ativos pela falta de regulamentação e de efetivaaplicação das necessárias avaliações de desempenho”.Os Beneficiários da Gratificação são os servidores públicos em atividade ocupantes de cargos públicos que integram aCarreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho – CPST. A Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho é compostapor cargos efetivos, regidos pela Lei 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que não estejam organizadas em Carreiraspróprias, e que sejam integrantes dos Quadros de Pessoal do Ministério da Previdência e Assistência Social e do Trabalhoe do Emprego, Ministério da Saúde e Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).A Lei 11.784/2008, em seu art. 40, § 5°, estabelece que até que fossem editados os atos referidos no art. 5°B, a GDPSTseria paga, indistintamente, em valor correspondente a 80 pontos aos servidores da ativa. Esta disciplina, estabelecendopontuação única e geral, sem qualquer vinculação com a produtividade individual ou com o desempenho institucional,configurou verdadeira majoração de vencimentos, ainda que temporária, uma vez que devida a todo e qualquer servidor,independentemente do respectivo desempenho, sendo assim, extensível seu pagamento, com base no mesmo percentual,aos inativos e pensionistas.A GDPST, até 22/11/2010, realmente possui aspecto de vantagem de caráter geral, reclamando extensão aos inativos paradar eficácia ao art. 40, § 8º da CF, com a redação anterior à EC 41/2003. Contudo, a partir da edição da regulamentação daavaliação individual da gratificação, não podem mais os inativos e pensionistas aproveitarem a mesma pontuação destinadaaos servidores em atividade, uma vez que esta passou a decorrer de fatores relativos à produtividade avaliadaindividualmente.Quanto ao início do direito à equiparação, verifica-se que tal se deu em 01/03/2008 com a edição da MP 441/2008. Dessaforma, estando a sentença de acordo com o ora fixado, nego provimento ao recurso.Recurso improvido. Custas ex lege. Condenação do recorrente arbitrado em 10% do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Page 252: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Vistos, relatados e discutidos estes autos, em que são partes as acima indicadas, decide a Turma Recursal do JuizadoEspecial Federal da Seção Judiciária do Espírito Santo CONHECER DO RECURSO E A ELE NEGAR PROVIMENTO, naforma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do presente julgado.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz FederalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

212 - 0004392-21.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004392-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: FLAVIO TELES FILOGONIO.) x NEUZA BASONI (ADVOGADO: MARCELOMATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA.).PROCESSO Nº 0004392-21.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004392-0/01)RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRECORRIDO: NEUZA BASONIRELATOR: Juiz Federal ALCEU MAURICIO JUNIOR

E M E N T A

SERVIDOR PÚBLICO. GDASS. GRATIFICAÇÃO GENÉRICA. EQUIPARAÇÃO ENTRE SERVIDORES ATIVOS EINATIVOS.

Trata-se de recurso inominada interposto pela FUNASA em face da sentença de fls. 147/149 que julgou parcialmenteprocedente o pedido de condenação da recorrente a pagar as diferenças apuradas a título de GDASS.

A matéria encontra-se absolutamente pacífica na jurisprudência. Conforme entendimento do STF, as vantagens de carátergeral, concedidas aos servidores da ativa, são extensíveis aos inativos e pensionistas, a teor do art. 40, §8º, CF/88,aplicando-se à GDASS a mesma linha de orientação firmada acerca da GDATA e da GDASST.

Em síntese, de acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, as diferenças a serem pagas a título de GDASSdevem ser fixadas nos seguintes termos: entre março/2007 e 30/06/2008, as diferenças entre 80 pontos e 30 pontos dovalor máximo da gratificação pertinente ao respectivo nível, classe e padrão aplicável à parte recorrida; entre 01/07/2008 e30/06/2009, as diferenças entre 80 pontos e 40 pontos; entre 01/07/2009 e a data do início (e não a data da conclusão) doprimeiro ciclo de avaliação de desempenho individual e institucional, as diferenças entre 80 pontos e 50 pontos, conforme aLei nº 11.501/2007.

A sentença condenou o recorrente a pagar a diferença apurada a título de GDASS correspondente a 80 pontos devidosentre 01/03/2007 até 29/02/2008 e até o início do primeiro ciclo de avaliação individual e institucional de que tratam os §§11º e 12º da Lei 11.501/2007. Destarte, não merece reforma a sentença.

Recurso conhecido e improvido. Sem custas, nos termos do art. 4º, I, da Lei nº 9.289/96. Condenação do recorrente emhonorários advocatícios, fixados em dez por cento do valor da condenação.

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciáriado Espírito Santo NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO.

ALCEU MAURICIO JUNIORJuiz Federal da Turma RecursalRelatorAssinado EletronicamenteArt. 1º, § 2º, III, “a”, da Lei nº 11.419/06

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91003 - MANDADO DE SEGURANÇA/ATO JUIZADO ESPECIAL

213 - 0000705-04.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000705-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: OLÍVIA BRAZ VIEIRA DE MELO.) x JUIZ FEDERAL DA VARA FEDERAL DECACHOEIRO DO ITAPEMIRIM x ELISABETH FINAMORE DIAS (ADVOGADO: JULIANA LEITE SCHWARTZ.).PODER JUDICIÁRIO SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Page 253: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

1ª Turma Recursal - 1. Juiz Relator

PROCESSO: 0000705-04.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000705-9/01)

V O T O

Trata-se de mandado de segurança impetrado pelo INSS contra ato jurisdicional praticado pela JUÍZA FEDERAL DA 1ªVARA FEDERAL DE CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM, que determinou o pagamento de precatório sem a limitação aopatamar de 60 (sessenta) salários mínimos sobre as parcelas vencidas até o ajuizamento da ação, nos autos do processo2008.50.51.000705-9, conforme decisão de fls. 432/434, e contra ELISABETH FINAMORE DIAS. Requereu, liminarmente,a suspensão dos efeitos da decisão interlocutória. Ao final, requereu a concessão da segurança, para que seja determinadaa revogação da decisão, no sentido de limitar as parcelas vencidas à propositura da demanda a 60 (sessenta) saláriosmínimos, conforme novos cálculos apresentados pela autarquia previdenciária às fls. 280/284 do processo originário.Requer ainda, caso não seja decretada tal limitação, que seja declarada a incompetência absoluta do Juizado EspecialFederal para o processamento, julgamento da causa e execução da sentença, extinguindo-se o feito ab initio. Anexoudocumentos (fls. 26/435).

Compulsando os autos, verifica-se que o impetrante celebrou acordo com a parte autora no qual ficou estabelecido queseria implantado o benefício de pensão por morte desde a data do requerimento administrativo, com o pagamento de 70 %dos valores atrasados. A autarquia previdenciária juntou planilha dos valores atrasados em 01/04/2010 (fls. 250/256). Aautora concordou com os valores apresentados, conforme manifestação de fl. 257. Despacho proferido (fl. 258) a fim deintimar a parte autora para renunciar ao excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, caso optasse pelo pagamento naforma de RPV – Requisitório de Pequeno Valor. Prazo decorrido sem manifestação conforme certidão de fl. 259. Precatóriode nº 50.00101.2010.000556 cadastrado em 14/06/2010 (fl. 260), no valor de R$ 78.426,75. Intimação das partes doprecatório expedido (fl. 261). A autarquia previdenciária manifestou ciência da expedição do precatório em 25/06/2010.Parte autora ciente da expedição em 06/07/2010.

Após intimação das partes, o INSS, em 17/08/2010, peticionou nos autos (fls. 404/415) informando a impossibilidade dopagamento integral do precatório expedido, em face da não-observância da limitação das parcelas vencidas ao teto doJuizado Especial Federal, fato apenas observado após análise mais acurada por parte da autarquia. Alega o INSS queocorreu erro material quando da elaboração dos cálculos, motivo pelo qual a sentença seria ineficaz na parte que excedeu aalçada estabelecida na lei. Aduz que a matéria é de ordem pública e indisponível, razão pela qual o magistrado deve, deofício, limitar as parcelas vencidas, quando do ajuizamento da ação, a 60 (sessenta) salários mínimos.

A autarquia apresentou novos cálculos, com o valor total retificado, para fins de expedição de novo precatório emsubstituição ao primeiro. Parte autora intimada para manifestar-se sobre a petição do INSS à fl. 416. Certidão de decurso deprazo à fl. 417. Despacho de fl. 418 solicitando ao Tribunal a suspensão do pagamento do referido precatório até a soluçãoda pendência. Nova intimação da parte autora para manifestar-se. Manifestação juntada aos autos em 14/10/2010requerendo o não-acolhimento da pretensão da ré por respeito à coisa julgada e à segurança jurídica.

A autoridade impetrada proferiu sua decisão (fls. 432/434) baseando-se na Súmula 17 da Turma Nacional de Uniformização– TNU, que preceitua: “Não há renúncia tácita no Juizado Especial, para fins de fixação de competência”. Afirma que talsúmula é clara ao impedir a renúncia tácita, razão pela qual não pode o magistrado fazê-lo de ofício. Fundamenta que nafase de execução o título não pode ser limitado a nenhum valor, nem sequer ao limite de competência dos Juizados até aépoca do ajuizamento da ação, tanto é assim, que poderá ser expedido por Precatório. Afirma, ainda, que não se podeconfundir valor da causa com valor da condenação, que são institutos diferentes. Finalmente, indefere o pleito da autarquiaprevidenciária em vista da flagrante ofensa à coisa julgada, determinando o prosseguimento do pagamento da formaanteriormente determinada.

Liminar deferida por este relator às fls. 437/439, suspendendo a eficácia da decisão do Juízo a quo e determinando que aautoridade impetrada se abstivesse de determinar o pagamento de precatório sem a limitação ao patamar de 60 (sessenta)salários mínimos.

É o relatório do necessário. Passo a votar.

A questão de fundo discutida no presente mandado de segurança resume-se ao aparente conflito entre dois critérios queregem os Juizados Especiais Federais: a competência absoluta e a coisa julgada. O primeiro é causa geradora de nulidade,e, como requer o INSS, sua ofensa deve ser reconhecida de ofício pelo juiz. O segundo critério, de matriz constitucional,sustentado pelo Juízo a quo, impede que a decisão seja revista no atual momento. Comungo do entendimento firmado nadecisão de fls. 432/434.

Inicialmente, deve ser ressaltado que, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, existe norma expressa para pagamentosexcedentes a sessenta salários mínimos. O art. 17, § 4º da Lei nº 10.259/01 dispõe que se o valor da execução ultrapassaro teto-limite estabelecido para os Juizados Federais, o pagamento será feito sempre por meio de precatório, prevendo aindaa possibilidade de a parte exequente renunciar, caso queira, ao excedente. Nesse contexto, a limitação a sessenta saláriosmínimos restringe-se ao valor excedente à data da propositura da ação. Não pode ser confundido valor da causa com valorda condenação. São dois institutos diferentes e devem ser analisado em momentos distintos.

Page 254: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Porém, in casu, verifica-se que, no momento do ajuizamento da ação o valor-limite não foi observado. Apesar de o pedidoinicial abranger parcelas vencidas desde 19/11/2002 e, posteriormente, a RMI ter sido fixada em R$ 732,27 (referência:maio de 2003 – respeitando a prescrição quinquenal), foi dado à causa o valor de R$ 1.000.00 (hum mil reais) e não houvenenhuma impugnação por parte da autarquia previdenciária. Entendo, assim, que o momento para impugnação do valor dacausa, para fins de competência, encontra-se precluso. O reconhecimento da incompetência absoluta em qualquermomento ou grau de jurisdição pressupõe que ainda não tenha ocorrido a coisa julgada.

Com efeito, a competência dos Juizados Especiais é aferida no momento da propositura da ação, não havendo violação desua competência absoluta quando o valor apurado por ocasião da efetivação da sentença ultrapassa o teto de alçada.Assim, não cabe ao réu, somente agora, após o trânsito em julgado da sentença, às vésperas da expedição de precatório,exigir a renúncia ao excesso como forma de preservar a competência dos Juizados. Deveria o INSS, conforme dito, nomomento processual adequado, ter impugnado esse ponto, o que não foi feito.

Outro ponto a ser salientado é o de que nas causas sujeitas ao procedimento especial dos Juizados não cabe açãorescisória, conforme dispõe o art. 59 da Lei nº 9.099/95. Assim, se a ação rescisória não é admitida, também não se há deadmitir a desconstituição da coisa julgada, na fase de execução. O que o impetrante pretende com o mandado desegurança é exatamente um efeito próprio da rescisória, o que é incabível.

Reafirmo a tese já uniformizada pela TNU, por ocasião do julgamento do Pedido de Uniformização nº.2007.70.95.015249-0, da relatoria da Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, segundo a qual: a) no âmbito domicrossistema dos Juizados Especiais Federais não cabe a ineficácia da sentença naquilo que exceder ao limite decompetência, ou seja, não se aplica subsidiariamente o art. 39 da Lei nº. 9.099; b) na fase executiva, o valor do títuloexecutivo não pode ser limitado a qualquer patamar, nem sequer podendo ser restrito ao valor de alçada para fixação dacompetência dos juizados até a época do ajuizamento da ação; se o título transitado em julgado exceder ao limite de 60(sessenta) salários mínimos, caberá a expedição de precatório conforme expressamente previsto no art. 17, § 4º, da Lei nº.10.259/2001 e, por fim, c) ao se admitir essa limitação no microssistema dos juizados especiais federais, estar-se-iarescindindo, em parte, a sentença, pela via transversa do mandado de segurança, em afronta à vedação de ação rescisóriaprevista no art. 59 da Lei nº. 9.099/95.

Conforme entendimento do STJ: "Vícios, ainda que de ordem pública, ocorridos no processo de conhecimento, não têm ocondão de transpor a autoridade da coisa julgada e irradiar efeitos na fase de execução." (REsp 695.445/SP, Rel. Min.ARNALDO ESTEVES LIMA, Quinta Turma, DJe 12.5.2008). A limitação, após o trânsito em julgado, do valor do títuloexecutivo ao limite de sessenta salários mínimos à data do ajuizamento da ação, como requer o INSS, reconhece, por viatransversa, a possibilidade de renúncia tácita no Juizado Especial Federal, bem como impõe ao beneficiário de títuloexecutivo judicial a obrigatoriedade de renúncia ao excedente ao limite de competência, independentemente de qualquerrenúncia expressa neste sentido, o que é incabível, por afrontar a garantia constitucional da coisa julgada.

Nesse sentido:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO INSS. REDUÇÃO DO VALOR DACONDENAÇÃO NA FASE DE EXECUÇÃO. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA. VALOR DA CAUSA NO MOMENTO DAPROPOSITURA DA AÇÃO SUPERIOR AO LIMITE DE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. RENÚNCIA TÁCITA.IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 17 DA TNU. PRECLUSÃO. GARANTIA CONSTITUCIONAL DA COISA JULGADA.IMPROVIMENTO. 1 - No âmbito dos Juizados Especiais Federais, não há renúncia tácita para fins de fixação decompetência, nos termos do enunciado da Súmula 17 da TNU. Desse modo, a renúncia deve ser expressa, sendo omomento processual mais adequado para manifestá-la o do ajuizamento da ação. Na hipótese, inexiste manifestaçãoexpressa à renúncia ao excedente a sessenta salários mínimos na data da propositura da ação. 2 – Não suscitada aincompetência absoluta do JEF em decorrência do valor da causa no momento da propositura da ação exceder o limite desessenta salários mínimos durante toda a fase de conhecimento consuma-se a preclusão. 3 – A limitação, após o trânsitoem julgado, do valor do título executivo ao limite de sessenta salários mínimos à data do ajuizamento da ação, implica, porvia oblíqua, o reconhecimento da possibilidade de renúncia tácita, por via direta, afronta à garantia constitucional daintocabilidade da coisa julgada. 4 - O art. 39 da Lei nº.. 9.099/95 – “É ineficaz a sentença condenatória na parte que excedera alçada estabelecida nesta Lei” – não se aplica ao microssistema dos Juizados Especiais Federais, em face da regracontida no art. 17, § 4º, da Lei nº. 10.259/2001 – “Se o valor da execução ultrapassar o estabelecido no § 1o, o pagamentofar-se-á, sempre, por meio do precatório, sendo facultado à parte exeqüente a renúncia ao crédito do valor excedente, paraque possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatório, da forma lá prevista”. Precedentes desta TNU (PEDILEF200770950152490, Juíza Federal Jacqueline Michels Bilhalva, DJ 13.5.2010; PEDILEF 200833007122079, Juiz Federal

�José Eduardo do Nascimento, DJ 11.3.2011). 5 – Pedido de uniformização improvido. (PEDIDO 200733007130723, JUIZFEDERAL ALCIDES SALDANHA LIMA, DOU 25/11/2011.)

Em suma, no conflito aparente entre os critérios da coisa julgada e da competência absoluta, verifico que a autoridade dacoisa julgada material é preponderante, seja porque tem matriz constitucional, estando inserta no rol dos direitosfundamentais, seja porque tem previsão no âmbito processual, especificamente no art. 474 do Código de Processo Civil,que assim dispõe: ‘Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas as alegações edefesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do pedido’.

Do exposto, DENEGO A SEGURANÇA, tornando sem efeito a liminar deferida às fls. 432/434.

Page 255: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · ERICKA DANYELLE DE LACERDA L. C. DA COSTA-188 ERIN LUÍSA LEITE ... Certidão de Casamento, realizado em 19.04 ... (fl

Sem condenação em honorários.

É como voto.

E M E N T A

MANDADO DE SEGURANÇA – LIMITAÇÃO DE CONDENAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS AO PATAMARDE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS, NO MOMENTO DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO – AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO NOMOMENTO PROCESSUAL ADEQUADO – PRECLUSÃO – DECISÃO ACOBERTADA PELA COISA JULGADA –UTILIZAÇÃO DO MANDADO DE SEGURANÇA EM SUBSTITUIÇÃO À AÇÃO RESCISÓRIA – IMPOSSIBILIDADE –SEGURANÇA DENEGADA.

A C O R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Srs. Juízes da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais daSeção Judiciária do Espírito Santo DENEGAR A SEGURANÇA no presente mandamus, na forma do voto e ementa dorelator, que passam a integrar o presente julgado.

ASSINADO ELETRONICAMENTE

Pablo Coelho Charles GomesJuiz Federal Relator

Acolher os embargosTotal 4 : Dar parcial provimentoTotal 7 : Dar provimentoTotal 12 : Dar provimento ao rec. do autor e negar o do réuTotal 1 : Extinguir o processo sem resolução de méritoTotal 1 : Não conhecer o recursoTotal 2 : Negar provimentoTotal 183 : Rejeitar os embargosTotal 3 :