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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-52 ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-1, 15, 17 ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-16, 42, 6, 8 ANDRÉ DIAS IRIGON-29 Carolina Augusta da Rocha Rosado-52 DF035417 - VIVIANE MONTEIRO-20 DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO-20 ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-26, 30 ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-4, 49 ES001204 - ZELIO GUIMARAES SILVA-17 ES001296 - JAQUES MARQUES PEREIRA-17 ES001370 - VANDERLAN COSTA-15 ES002662 - CHRISTINA MARIA FOEGER DE PAULA-8 ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-16 ES003749 - CARLOS QUINTINO-15 ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-10 ES004525 - ADELIA DE SOUZA FERNANDES-2 ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-16 ES004588 - ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA-11 ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-23 ES005898 - MARIO JORGE MARTINS PAIVA-24 ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-17 ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS-40 ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-9 ES007873 - CLAUDIA CARLA ANTONACCI STEIN-42 ES007981 - VALERIA ANGELA COLOMBI COGO-41 ES008297 - ANDRÉIA DADALTO-28 ES008304 - VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-24 ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-55 ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-23 ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-54 ES008839 - OSWALDO AMBROZIO JUNIOR-43 ES008970 - ESTEFANIA APARECIDA MACHADO-17 ES009141 - UDNO ZANDONADE-25 ES009366 - SUZANA AZEVEDO CRISTO-19 ES009746 - CHARLES WAGNER GREGÓRIO-41 ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-26, 27 ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-12 ES010785 - PEDRO COSTA-57 ES010876 - WALDEMIR JACQUES MOTTA-48 ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-16 ES011709 - IGOR SOARES CAIRES-17 ES011863 - RICARDO DETONI NEVES-17 ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA-12 ES012071 - FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-24 ES012179 - DANIELLE GOBBI-20 ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-30 ES012459 - SABRINA CUPERTINO DE CASTRO LAIBER-17 ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-3 ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-16 ES013547 - TAINÁ DA SILVA MOREIRA-17 ES013838 - MICHELLE LOIOLA MACHADO DALL'ORTO MARQUES-45 ES013930 - TIAGO BRANCO ABREU-17

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RELAÇÃO DE ADVOGADOS (E/OU PROCURADORES) CONSTANTES NESTA PAUTA:

ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL

ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO-52ANA BEATRIZ LINS BARBOSA-1, 15, 17ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN-16, 42, 6, 8ANDRÉ DIAS IRIGON-29Carolina Augusta da Rocha Rosado-52DF035417 - VIVIANE MONTEIRO-20DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO-20ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA-26, 30ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO-4, 49ES001204 - ZELIO GUIMARAES SILVA-17ES001296 - JAQUES MARQUES PEREIRA-17ES001370 - VANDERLAN COSTA-15ES002662 - CHRISTINA MARIA FOEGER DE PAULA-8ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE-16ES003749 - CARLOS QUINTINO-15ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA-10ES004525 - ADELIA DE SOUZA FERNANDES-2ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ-16ES004588 - ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA-11ES004623 - SEBASTIAO TRISTAO STHEL-23ES005898 - MARIO JORGE MARTINS PAIVA-24ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA-17ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS-40ES007025 - ADENILSON VIANA NERY-9ES007873 - CLAUDIA CARLA ANTONACCI STEIN-42ES007981 - VALERIA ANGELA COLOMBI COGO-41ES008297 - ANDRÉIA DADALTO-28ES008304 - VANESSA MARIA BARROS GURGEL ZANONI-24ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA-55ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO-23ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA-54ES008839 - OSWALDO AMBROZIO JUNIOR-43ES008970 - ESTEFANIA APARECIDA MACHADO-17ES009141 - UDNO ZANDONADE-25ES009366 - SUZANA AZEVEDO CRISTO-19ES009746 - CHARLES WAGNER GREGÓRIO-41ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY-26, 27ES010751 - MARCELO MATEDI ALVES-12ES010785 - PEDRO COSTA-57ES010876 - WALDEMIR JACQUES MOTTA-48ES011598 - MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS-16ES011709 - IGOR SOARES CAIRES-17ES011863 - RICARDO DETONI NEVES-17ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA-12ES012071 - FREDERICO J. F. MARTINS PAIVA-24ES012179 - DANIELLE GOBBI-20ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ-30ES012459 - SABRINA CUPERTINO DE CASTRO LAIBER-17ES012938 - JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES-3ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS-16ES013547 - TAINÁ DA SILVA MOREIRA-17ES013838 - MICHELLE LOIOLA MACHADO DALL'ORTO MARQUES-45ES013930 - TIAGO BRANCO ABREU-17

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ES013950 - ANDERSON RIBEIRO DA SILVA-23ES014029 - EMILIO AUGUSTO TRINXET BRANDÃO JUNIOR-17ES014093 - VANUZA CABRAL-47ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO-44ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO-20ES014562 - VICTOR SANTOS CALDEIRA-23ES014622 - MARINA BASTOS VIEIRA MENDITH-17ES014974 - CRISTIANO FERREIRA COSTA-53ES015029 - ALBER WESLEY ALVES DA SILVA-53ES015377 - ARNAUD NORBIM ETELVINO-53ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA-40ES015611 - ANDRÉ BAPTISTA RIGO-43ES015618 - MARIA DE LOURDES COIMBRA DE MACEDO-22ES015633 - GRASIELLE PEREIRA DOS SANTOS-45ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS-56ES015869 - GIOVANI LOPES RODRIGUES-25ES015965 - PEDRO HENRIQUE S MENEZES-1ES016165 - CARLOS AUGUSTO ALMEIDA-45ES016565 - LUCIENE TREVIZANI GONÇALVES-24ES016751 - Valber Cruz Cereza-21, 29, 50ES017107 - HELENICE DE SOUSA VIANA-56ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS-22ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES-20ES017407 - MARCILIO TAVARES DE ALBUQUERQUE FILHO-20ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA-56ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES-20ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRA BORGES-20ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca-20ES017725 - GABRIELA NATALINO DE LIMA-25ES017915 - Lauriane Real Cereza-21, 29ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO-5ES018465 - PAULO CEZAR AMANCIO DA SILVA JUNIOR-28ES019206 - DAIANY BIONDO-41ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO-31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38ES022393 - VANESSA ALDRIGUES CÂNDIDO-39GUSTAVO CABRAL VIEIRA-46HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA-55Isabela Boechat B. B. de Oliveira-51, 53JAILTON AUGUSTO FERNANDES-9JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS-4JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-5JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA-49JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA-20, 40LIDIANE DA PENHA SEGAL-46, 51LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA-50LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA-13MARCELA BRAVIN BASSETTO-28, 56Marcelo Camata Pereira-3MARCIA RIBEIRO PAIVA-12MARCOS FIGUEREDO MARÇAL-27MARCOS JOSÉ DE JESUS-39, 45MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA-18MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO-21PEDRO GALLO VIEIRA-31, 32, 33, 34, 35, 36, 37, 38PEDRO INOCENCIO BINDA-41, 47, 57PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA-7

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RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK-14RODRIGO BARBOSA DE BARROS-19RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA-10, 2SC019770 - GUSTAVO PALMA SILVA-6SC020238 - Antonio Carlos Carara Ponciano-26SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI-11TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS-44, 48THIAGO COSTA BOLZANI-14THIAGO DE ALMEIDA RAUPP-22, 54UBIRATAN CRUZ RODRIGUES-43

1ª Turma RecursalJUIZ(a) FEDERAL DR(a). BOAVENTURA JOAO ANDRADE

Nro. Boletim 2014.000140 DIRETOR(a) DE SECRETARIA LILIA COELHO DE CARVALHO MAT. 10061

18/09/2014Expediente do dia

FICAM INTIMADAS AS PARTES E SEUS ADVOGADOS DOS ATOS ORDINATÓRIOS/INFORMAÇÕES DA SECRETARIANOS AUTOS ABAIXO RELACIONADOS

91001 - RECURSO/SENTENÇA CÍVEL

1 - 0006476-29.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006476-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x URIEL MENEZES (ADVOGADO: ES015965 - PEDRO HENRIQUE S MENEZES.).Processo nº 0006476-29.2009.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: UNIÃOEmbargado: URIEL MENEZESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. RESTITUIÇÃO AO ERÁRIO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO.DESCONTOS INDEVIDOS. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS. CONTRADIÇÃO. AUSÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO.EMBARGOS DESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 145-146, em razão de acórdãoproferido por esta Turma Recursal (fls. 141-143). Alega a embargante que o julgado foi contraditório ao lhe imporcondenação ao pagamento de honorários advocatícios de sucumbência fixados em 10% sobre o valor da condenação (art.55, caput, da Lei nº 9.099/1995), não obstante a ausência de apresentação de contrarrazões. Dessa forma, requer sejasanado o apontado vício e excluída a condenação em verba honorária sucumbencial.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-se queesta aponta a existência de contradição no julgado.

Não assiste razão à embargante. Na seara recursal dos Juizados Especiais a simples ausência de contrarrazões não obstaa condenação do recorrente vencido em honorários, porquanto a teleologia da norma inserta no art. 55, caput, 2ª parte, daLei nº 9.099/1995 consiste em “desestimular recursos improcedentes e não remunerar o trabalho desenvolvido para a

�elaboração de contrarrazões” .Nessa toada, esta Turma Recursal, inclusive, editou o Enunciado nº 55, o qual prevê, verbis: “a omissão do advogado daparte recorrida em apresentar contrarrazões ao recurso não isenta o recorrente vencido de pagar honorários advocatícios”(Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73).Considerando que o embargado, embora não tenha apresentado contrarrazões (fl. 134), encontra-se assistido poradvogado regularmente constituído, conforme procuração de fl. 07, não há que se falar na existência de contradição nojulgado embargado.Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

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Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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2 - 0000703-63.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000703-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IOLANDA SANTOSRODRIGUES (ADVOGADO: ES004525 - ADELIA DE SOUZA FERNANDES.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).Processo nº 0000703-63.2010.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: IOLANDA SANTOS RODRIGUESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. DESISTÊNCIA DO RECURSOINOMINADO. HOMOLOGAÇÃO. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. EMBARGOSDESPROVIDOS.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 157-160, em razão de decisãohomologatória de desistência de recurso inominado (fls. 154-155). Alega o embargante que o julgado foi omisso econtraditório porquanto baseado em premissa que diverge da jurisprudência consolidada no âmbito do Superior Tribunal deJustiça – STJ – REsp 1.267.995/PB, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, art. 543-C do Código de ProcessoCivil e Resolução nº. 8/2008 do STJ. Dessa forma, requer sejam sanados os apontados vícios para que a decisão respeitea interpretação dada pelo STJ à matéria.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Sem razão o embargante em seu pleito. Isso porque não há que se falar em adstrição à aludida regra de ordememinentemente processual civil, sem que se harmonize com microssistema dos Juizados Especiais.Por outro lado, não se pode olvidar a regra do art. 502 do CPC, esta sim inteiramente aplicável ao caso já examinado.Sendo assim, não se identifica hipótese alguma ensejadora de embargos de declaração, porquanto manifestamenteausentes: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida (art. 48 da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

Nessas condições, voto por conhecer, mas desprover os embargos de declaração.

A C Ó R D Ã O

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Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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3 - 0000734-82.2007.4.02.5053/01 (2007.50.53.000734-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Marcelo Camata Pereira.) x ANTONIO BRUNHARA (ADVOGADO: ES012938 -JOSÉ LUCAS GOMES FERNANDES.).Processo nº 0000734-82.2007.4.02.5053/01– Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesEmbargante: ANTÔNIO BRUNHARAEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA RURAL POR IDADE. EXERCÍCIO DEATIVIDADE URBANA POR TEMPO SUPERIOR A 3 ANOS. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL.OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. EMBARGOS DESPROVIDOS.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 124-125, em razão dedecisão de adequação proferida à fl. 121, em que esta Turma Recursal concluiu pela perda de qualidade de seguradoespecial, tendo em vista que o demandante exercera atividade urbana por mais de 3 (três) anos.

Alega o embargante que a decisão foi omissa e contraditória porquanto não se manifestou sobre o requerido às fls. 108-109quanto ao juízo de admissibilidade do pedido de uniformização de interpretação de lei federal – PEDILEF interposto peloembargado. Naquela oportunidade, aduziu a parte autora que o presente caso não guarda similitude com aquele queensejou o sobrestamento do feito – PEDILEF nº 2007.50.50.011080-5/01 (decisão de fl. 106). Requereu o encaminhamentodos presentes autos à Turma Nacional de Uniformização – TNU para análise de admissibilidade do incidente.

Pois bem. Conforme se verifica no teor da Decisão de fl. 114, o tratamento dado à matéria pela TNU foi:

O acórdão recorrido admitiu que o trabalhador rural mudou-se para a zona urbana e exerceu atividade urbana de vigia noperíodo de 1991 a 2001. Assim, desconsiderou o tempo de serviço correspondente a esse período. Entretanto, somou operíodo de atividade rural anterior à atividade urbana (período de 1979 a 1990) ao período de atividade rural posterior àatividade urbana (a partir de 2001), apurando tempo de serviço rural descontínuo equivalente à carência da aposentadoriapor idade.

O INSS interpôs pedido de uniformização de jurisprudência alegando divergência entre o acórdão da turma recursal e ajurisprudência da TNU, segundo a qual a descontinuidade da atividade rural admitida pelo art. 143 da Lei nº 8.213/91 éapenas aquela em que o exercício da atividade urbana intercalada não supera o período de três anos.

O julgamento do pedido de uniformização de jurisprudência ficou sobrestado, aguardando a decisão da TNU em outrorecurso representativo de controvérsia, com a mesma tese jurídica (PEDILEF 2007.50.50.011080-5).

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O juiz da TNU escolhido como relator proferiu decisão monocrática dando provimento ao pedido de uniformização dejurisprudência representativo, decidindo, naquele caso, que, no período de dez anos em que o trabalhador rural mudou-separa a zona urbana, ele perdeu a qualidade de segurado especial, de forma que o tempo de atividade rural anterior àmudança para a zona urbana não poderia ser computado para os fins do art. 143 da Lei nº 8.213/91. O relator do PEDILEFdeterminou que a Turma Recursal adequasse o acórdão recorrido. Igual decisão deve ser estendida para o presente caso.

Encaminhem-se os autos ao relator do acórdão recorrido para adequação do julgado à decisão da TNU.

A seguir veio Decisão desta Relatoria na fl. 121, in verbis:

O INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS interpôs Incidente de Uniformização questionando o acórdão defls. 88-89, na parte em que decidiu sobre o preenchimento do tempo mínimo de carência do benefício previdenciário deaposentadoria por idade rural, nos moldes do § 2º do art. 48 c/c com o art. 143 da Lei nº 8.213/1991.

O acórdão recorrido considerou que o afastamento por parte do recorrido da lide rural no período de 1979 a 1990 nãoenseja a perda da qualidade de segurado especial, com base na súmula n°. 41 da Turma Nacional de Uniformização (TNU).De acordo com o decisum, o fato de o segurado ter se afastado do meio rural por mais de dez anos não gera, por si só, aperda da qualidade de segurado especial, sendo possível, para fins de preenchimento da carência exigida, a soma dosperíodos laborados em meio rural anteriores ao exercício de atividade urbana comos exercidos no retorno ao ambiente rural.

Todavia, em decisão monocrática, o Juiz Federal Dr. Antonio Fernando Schenkel do Amaral e Silva da TNU deu provimentoao pedido de uniformização de jurisprudência representativo, decidindo, no presente caso, que, o período de dez anos emque o trabalhador rural mudou-se para a zona urbana, ele perdeu a qualidade de segurado especial, de forma que o tempode atividade rural anterior à mudança para a zona urbana não poderia ser computado para os fins do art. 143 da Lei n°8.213/1991.

Remetidos os autos a esta Relatoria para adequação do julgado à decisão da TNU, na forma do art. 8º, inciso X, daresolução 22/2008 do Conselho da Justiça Federal, passo a exercer o juízo de retratação.

Dessa forma, dou provimento ao recurso interposto às fls. 80-82 para desconstituir a condenação da AutarquiaPrevidenciária a concessão do benefício de aposentadoria por idade rural.

A presente decisão monocrática será referendada pela Turma Recursal, em sessão de julgamento, conforme dispõe o art.6º, X do Regimento Interno da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo.

Por sua vez, o embargante traz como causa de pedir a não apreciação do inconformismo com o sobrestamento (fl. 106 -em 10.03.2011).

Ocorre que, seja porque as premissas lançadas na irresignação pontual não levam à consequência regimental dasubmissão da matéria à TNU, eis que não se cuida de inadmissão, mas de cumprimento à regra do § 2º do art. 15 doRegimento Interno do Colegiado Nacional de Uniformização, seja porque preclusa a matéria, na medida não interposto oagravo previsto nos §§ 4º e 5º do mesmo dispositivo, certo é que não se identifica hipótese alguma – já a esta altura -ensejadora de embargos de declaração, porquanto manifestamente ausentes: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida(art. 48 da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

Nessas condições, voto por conhecer, mas desprover os embargos de declaração.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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4 - 0002638-44.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.002638-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA FÁTIMA NASCIMENTODE PAULA (ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGUROSOCIAL - INSS (PROCDOR: JOAO CARLOS DE GOUVEIA FERREIRA DOS SANTOS.).Processo nº 0002638-44.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: MARIA FÁTIMA NASCIMENTO DE PAULARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PENSÃO POR MORTE. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIOS.REGRAMENTO DE JUROS DE MORA APÓS MEDIDA PROVISÓRIA Nº 2.180-35/2001. ACÓRDÃO AJUSTADO.RECURSO PROVIDO EM PARTE.

Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 135-141, em razão doacórdão de fls. 121-124.

Alega que o acórdão é contraditório, pois apesar de embasado na Súmula nº 31 da Turma Nacional de Uniformização –TNU considerou a sentença homologatória de acordo na Justiça do Trabalho como único e exclusivo fundamento paraconcessão da pensão por morte. Aduz, ainda, ausência de registro do vínculo trabalhista na carteira profissional do falecidoe de testemunhas que corroborem o vínculo. Sustenta que sequer houve determinação para anotação do período laboradona CTPS. Por fim, argumenta a existência de omissão quanto à sistemática de juros legais aplicáveis após a edição daMedida Provisória nº 2.180-35, de 24.08.2001, a qual acrescentou o art. 1º-F à Lei nº 9.494/1997. Pretende sejam sanadosos vícios e prequestionada a tese autárquica.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Oportuno reproduzir trecho do julgado:

(...) Conforme se observa no documento conciliatório (fl. 26), a empresa, ora recorrida, acordou de pagar quantia líquida deR$ 2.100,00 (dois mil e cem reais) ao esposo da recorrente, contudo, o juiz a quo ainda assim julgou improcedente o pedidode pensão por morte por inexistir expresso reconhecimento de vínculo de emprego pela recorrida, nem anotação de vínculode emprego na CTPS.

Este relator possui entendimento diverso. O pedido autoral da reclamação trabalhista é, justamente, a declaração daexistência de vínculo de emprego, além da condenação da recorrida às verbas trabalhistas referente à rescisão de contratoe demais direitos que possui o trabalhador. Assim, diante de uma sentença homologatória de acordo entre as parteslitigantes, pressupõe-se que foram reconhecidos os pedidos da exordial trabalhista pela empresa ré, caso contrário, nãohaveria interesse da reclamada em firmar a proposta conciliatória.

Por fim, tendo em vista o entendimento adotado por este Juízo de que existiu relação de emprego pelo período de20/05/2008 a 05/03/2009, na data do óbito do esposo da autora (24/11/2009 – fl. 15) ainda persistia o período de graça.Destarte, mantida a qualidade de segurado do falecido no momento de seu óbito, não existe óbice a concessão da pensãopor morte à recorrente.

Pois bem. Não se coaduna com escopo da legislação ao tratar da pensão por morte, benefício que independe de carência,a negativa a dependente de segurado com histórico contributivo regular. Acrescente-se a isso o fato de o segurado, aindaem vida, ter exercitado o direito de reclamar verbas trabalhistas não adimplidas pelo empregador e isso,independentemente da presença do INSS no polo passivo, neste caso específico; certo é que, não se extrai qualquerindicativo de irregularidade. Vale dizer, acordo eventualmente facilitado entre as partes, mas, ao contrário, situação deindevida onerosidade para o empregador demandado regularmente pelo segurado instituidor da pensão.

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Assim colocado, não se mostra razoável ignorar os fatos acima explicitados, simplesmente porque o vínculo não foi anotadona carteira de trabalho ou porque não houve testemunhas que confirmassem referido vínculo, tendo em vista que o acordofoi homologado judicialmente e as contribuições previdenciárias correspondentes foram recolhidas, conforme se extrai dasentença homologatória de acordo (fl. 26).

Nessa perspectiva, negar o benefício de pensão por morte ao dependente, além de penalizá-lo sem motivação de fatoválida, não se harmoniza com a teologia do art. 26, inciso I, da Lei nº 8.213/1991, e denota enriquecimento sem causa daautarquia, na medida em que vertidas as contribuições pertinentes.

Nesse contexto, inexiste omissão ou contradição no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento dacausa foram analisados na decisão colegiada.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.

Outrossim, o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alega incidir àespécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil, pois ojulgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Noutro ponto, quanto à aplicação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009, não há anecessidade de se aguardar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal quanto à modulação dos efeitos da decisãoproferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que não houve determinação daquela Suprema Corte de sobrestamentodos feitos enquanto não ultimada a modulação.

Nessa ocasião, oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª Turma Recursal em diversos julgados proferidos nasessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dos arestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLOCOELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 -

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei

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9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Assim sendo, apenas em relação a esse aspecto, o acórdão pontualmente merece ser ajustado, vale dizer, emconformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de moraserão de 1% (um por cento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redaçãoda Lei nº 11.960/2009. A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A,caput, da Lei nº 8.213/1991.

Embargos de declaração conhecidos e parcialmente providos.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer edar parcial provimento aos embargos de declaração, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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5 - 0007901-23.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007901-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PAULO CESAR CORREA(ADVOGADO: ES018035 - MARCOS ANTONIO DURANTE BUSSOLO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: JOSÉ GHILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº 0007901-23.2011.4.02.5050/01Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: PAULO CÉSAR CORREARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. JUROS DE MORA. OMISSÃO. JULGAMENTO DE AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO. EXCEPCIONAL PRESCINDIBILIDADE DE PUBLICAÇÃO.EFEITO VINCULANTE. RECURSO PROVIDO EM PARTE. ACORDÃO REFORMADO EM PARTE MÍNIMA.Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em razão do acórdãodesta 1ª Turma Recursal (fls. 51-54), para fins de prequestionamento.Alega o embargante, em resumo, que o acórdão guerreado foi omisso quanto à incidência do art. 5º, da Lei nº 11.960/2009,bem como acerca da ocorrência de prescrição/decadência. Sustenta, ainda, contradição quanto à eficácia da decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nºs ADI 4357/DF e ADI 4425/DF, rel.orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgadas em 13 e 14.03.2013, conforme Informativo nº 698 do STF,sob a alegativa de que o entendimento não é definitivo, uma vez que o acórdão daquele julgamento ainda não foi publicado.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento exige a presençade um ou mais dos motivos previstos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, ou seja: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida,esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, este aponta a existênciade omissão e contradição no julgado.Decadência do direito de revisão do ato de concessão inicial do benefício. Conquanto se trate de matéria não suscitada peloembargante no Juízo de origem e arguida apenas em sede recursal, merece ser conhecida dada sua natureza de ordempública. Assim sendo, passo a analisá-la.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997 foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear a

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revisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.In casu, o benefício foi concedido em 20.09.2002 (fl. 1), ou seja, quando já vigia o novo prazo decadencial, introduzido pelaaludida Medida Provisória. A demanda foi ajuizada em 21.11.2011 (fl. 15), portanto dentro do prazo decadencial previsto.Ausência de publicação da ADI. Noutro ponto, consigne-se, a pendência de publicação do julgado no bojo de Ação Diretade Inconstitucionalidade – ADI não impede a produção de seus efeitos, tendo em vista o efeito vinculante da decisãoproferida pelo STF em sede de controle concentrado de constitucionalidade; de par com o imperativo da busca permanentede tornar efetiva a garantia do tempo razoável de duração do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição daRepública), dentre outros aspectos ligados à efetividade jurisdicional. Nesse sentido, mutatis mutandis, é o entendimento dopróprio STF ao ensejo das Reclamações 15.926, relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 28/06/2013, DJe-148DIVULG 31/07/2013 PUBLIC 01/08/2013; 16.031 relatoria do Ministro Roberto Barroso, julgamento em 21/08/2013, DJe-167DIVULG 27/08/2013 PUBLIC 27/08/2013; e 16.033 relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 26/08/2013, DJe-172DIVULG 02/09/2013 PUBLIC 03/09/2013.Juros de mora. Em relação à discussão acerca da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação doart. 5º da Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, emrazão da possibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ªTurma Recursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Nessas condições, conheço dos embargos de declaração e a eles dou parcial provimento, para ajustar o acórdão, de modoque em seu “item 22” (fl. 54) passe a constar a seguinte redação:

22) As prestações vencidas deverão ser acrescidas de juros de mora calculados com base no índice oficial de remuneraçãobásica dos juros aplicados à caderneta de poupança, mutatis mutandis (REsp. nº 1.270.439 – PR, Rel. Min. Castro Meira) ecorreção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº8.213/1991, observada a prescrição quinquenal.

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ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, àunanimidade, no sentido de conhecer os embargos de declaração e a eles dar parcial provimento, na forma da ementaintegrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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6 - 0008325-65.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.008325-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x ANTONIO LODI (ADVOGADO:SC019770 - GUSTAVO PALMA SILVA.).Processo nº 0008325-65.2011.4.02.5050/01Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: ANTONIO LODIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. OMISSÃO. DECADÊNCIA. FATONOVO EM SEDE RECURSAL. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. CONHECIMENTO ADMISSÍVEL. RECURSOIMPROVIDO. ACÓRDÃO MANTIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em razão de acórdãoproferido pela Turma Recursal (fls. 96-99).Sustenta, em síntese, omissão no acórdão objurgado a respeito da decadência do direito de revisão do benefício, tendo emvista que o benefício previdenciário originário foi concedido em 16.05.2000 e a ação foi ajuizada em 13.12.2011; e ainda anecessidade de manifestação quanto à incidência da norma do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição da República.Este recurso, como sabemos, assenta-se em motivação vinculada, cujo cabimento requer a presença dos pressupostosinsertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida, esta última desde queconfigure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, denota-se a existência de omissão no julgado.Conquanto se trate de matéria não suscitada pelo embargante no Juízo de origem e arguida apenas em sede recursal,merece ser conhecida dada sua natureza de ordem pública. Assim sendo, passo a analisá-la.

A respeito, e inclusive a partir de um precedente desta 1ª Turma Recursal, a Turma Nacional de Uniformização - TNU jáfirmou entendimento de que o fato de o instituidor da pensão ter perdido, em vida, o direito de revisão de sua aposentadorianão pode prejudicar o titular da subsequente pensão por morte. Confira-se o aresto a seguir transcrito:

PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DERIVADA DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.DIREITO DE REVISÃO. PRAZO DECADENCIAL AUTÔNOMO. CÔMPUTO DO PRAZO A PARTIR DA CONCESSÃO DAPENSÃO. INCIDENTE IMPROVIDO.

1. Pedido de concessão de revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário de pensão concedido em09/11/1998, originário de benefício concedido em 16/03/1994, mediante a aplicação da variação integral do IRSM defevereiro de 1994 (39,67%) na composição do índice de atualização dos salários-de-contribuição anteriores a março de1994, antes da conversão dos valores em URV.2. Sentença de procedência do pedido.3. Recurso inominado do INSS apenas no que diz à decadência do direito. A Turma Recursal da Seção Judiciária doEspírito Santo manteve a sentença referindo que o prazo decadencial deve ser considerado em razão da data de início da

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pensão por morte e não do benefício do instituidor da pensão. Considerou, ainda, que se o instituidor/aposentado perdeu,em vida, o direito de revisar o ato de concessão da sua aposentadoria-base, esse fato não prejudica o titular dasubsequente pensão por morte, o qual pode discutir amplamente todos os critérios que tenham influenciado o cálculo doseu benefício, ainda que fundados em dados que poderiam ter sido questionados pelo aposentado atingido peladecadência.4. Incidente de uniformização de jurisprudência, interposto pelo INSS, com fundamento no art. 14, § 2º, da Lei nº10.259/2001.5. Alegação de que o acórdão recorrido diverge do entendimento da Turma Recursal da Seção Judiciária do Paraná(2007.705.001.9477-1), destacando que o prazo decadencial iniciado contra o instituidor do benefício continua a corrercontra o sucessor.6. Incidente admitido na origem.7. Seguindo a linha de raciocínio perfilhado pela Magistrada Simone Lemos Fernandes, nos autos do PREDILEF n.2009.72.54.003963-7, julgado em 29 de março de 2012, considero que a pensão por morte e o benefício previdenciário doqual deriva são, de fato, benefícios atrelados por força do critério de cálculo de ambos, tão-somente. Mas são benefíciosautônomos, titularizados por pessoas diversas que, de forma independente, possuem o direito de requerer a revisão decada um deles, ainda que através de sucessores (pois a pensão por morte pressupõe, logicamente, o falecimento de seuinstituidor), sendo que o prazo decadencial de revisão da pensão começa fluir a partir da data da concessão. Certo que ossucessores de segurado já falecido podem requerer, judicialmente, o reconhecimento de parcelas que seriam devidasàquele por força de incorreto cálculo de seu benefício. Mas não é este o tema discutido nestes autos, já que a autora nãopostulou diferenças sobre a aposentadoria de seu falecido marido, mas tão-somente diferenças sobre a pensão por morteque percebe.8. Dessa forma, considero que existe prazo decadencial autônomo, diferenciado, relativo ao direito de revisão da pensãopor morte percebida pela autora, computado a partir da data de sua concessão, o qual foi concedida em 09/11/1998. (PU n.2008.50.51.001325-4. Relator Juiz Federal Adel Américo Dias de Oliveira. DOU 27.7.2012)9. In casu, como a parte autora começou a perceber benefício em novembro de 1998, o prazo decadencial decenalcomeçou a fluir a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação, consoante regraprevista no art. 103 da Lei n. 8.213/91, não se consumou a decadência.10. Ante o exposto, voto por reafirmar o entendimento de que existe prazo decadencial autônomo, diferenciado, relativo aodireito de revisão da pensão por morte, computado a partir da data de sua concessão, e para negar provimento ao incidentede uniformização interposto pelo INSS.11. Sugiro ao eminente Presidente desta Turma que imprima, ao resultado desse julgamento, a sistemática prevista no art.7º, VII, ‘a’, do RITNU. (grifei)

Nessas condições, o mesmo entendimento aplica-se a este caso, em que o autor da demanda não requereu a revisão dobenefício originário de auxílio-doença previdenciário, mas agora pretende, dentro do prazo legalmente previsto, obter arevisão do benefício de aposentadoria por invalidez, eis que o prazo decadencial para revisão de seu benefício é autônomoe começa a fluir a partir da concessão da aposentadoria por invalidez e não a partir da data de concessão do benefíciooriginário.In casu, o benefício de aposentadoria por invalidez foi concedido em 22.03.2002 (fl. 25), enquanto a ação revisional foiajuizada em 13.12.2011 (fl. 28), não tendo, portanto, transcorrido o prazo decenal previsto no art. 103 da Lei nº 8.213/1991,de modo que não há que se falar em decadência do direito de revisão.Portanto, não merece prosperar a alegativa de que a pretensão autoral não pode ser acolhida, eis que já operada adecadência do direito à revisão da aposentadoria do de cujus, o que, via de consequência, inviabilizaria a revisão da RMI daaposentadoria por invalidez.Noutro ângulo, oportuno realçar Decisão ainda no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF, ao ensejo do Agravo deInstrumento nº 758.396 Espírito Santo, relatoria do Ministro CELSO DE MELLO, aplicável à matéria sob exame, in verbis:

“(...) A configuração jurídica do prequestionamento decorre de sua oportuna formulação em momento procedimentalmenteadequado. Não basta, no entanto, só arguir, previamente, o tema de direito federal para legitimar o uso da via do recursoextraordinário. Mais do que a satisfação dessa exigência, impõe-se que a matéria constitucional questionada tenha sidoefetivamente apreciada na decisão recorrida (RTJ 98/754 – RTJ 116/451).”

Portanto, dos embargos de declaração conheço, mas os desprovejo.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

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BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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7 - 0004234-92.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.004234-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL (PROCDOR:PERYLLA CASTRO MARTINS VEIGA.) x EDUARDO NUNES MARQUES.Processo nº 0004234-92.2012.4.02.5050/01 - Juízo de origem: 1º JEF de Vitória Recorrente: UNIÃORecorrido:EDUARDO NUNES MARQUESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PAGAMENTO DE DIÁRIAS INTEGRAIS AO MAGISTRADO. RESOLUÇÃO Nº 4 DE 2008 DOCONSELHO DE JUSTIÇA FEDERAL. RESOLUÇÃO Nº 22 DE 1999 DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO.INCOMPATIBILIDADE. APLICAÇÃO DA NORMA DO CJF. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA EM MÍNIMA PARTE.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende, em síntese, o pagamento de 17,5 (dezessete e meia)diárias, referente à complementação daquelas recebidas no período de 09.09.2009 a 03.10.2009 sob o argumento de queaplicável ao seu caso o art. 105 da Resolução nº 4 de 2008 do Conselho de Justiça Federal (CJF).Sentença (fls. 49-53): julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a União ao pagamento de 10,5 (dez e meia)diárias, no valor de R$ 5.785,50 (cinco mil setecentos e oitenta e cinco reais e cinqüenta centavos), relativas àcomplementação de 18 (dezoito) diárias, devidas no período antes assinalado.

Razões da recorrente (fls. 56-71): a) preliminar de incompetência absoluta dos Juizados; b) atuação da Administração combase no princípio da legalidade; c) a pretensão autoral encontrava resistência em norma interna do próprio TribunalRegional Federal da 2ª Região – Resolução nº 22 de 1999. Pretende seja conhecido e provido o recurso, e caso nãoacolhida a preliminar de incompetência, julgado improcedente o pedido.

Sem contrarrazões (fl. 72).Preliminar de incompetência. Desde logo, a preliminar de incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais deve serafastada. E assim o faço tendo em conta, dentre outros fatores, que dificilmente uma ação em face da AdministraçãoPública não implicará, ainda que reflexamente, modificação (desconstituição dos efeitos pontuais) de um ato administrativo.Logo, a interpretação literal do art. 3º, inciso III, da Lei nº 10.259/2001 levaria à situação extravagante do esvaziamento dacompetência dos Juizados Especiais Federais. Nesse rumo, à luz da teleologia e dos critérios que informam omicrossistema dos JEFs (art. 2º da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001), emerge adequado interpretar arestrição constante do dispositivo como impediente de causas de maior complexidade, as quais efetivamente demandeminstrução probatória manifestamente, caso a caso, incompatível com o rito célere dos JEFs. Entendimento contráriorepresentaria desconformidade não só o disposto no art. 98, inciso I, da Constituição da República, quando estabeleceu acriação dos Juizados Especiais competentes para as causas cíveis de menor complexidade, como também as garantiasconstitucionais da efetividade da jurisdição e do acesso qualificado à justiça.Pois bem. O recorrido – Juiz Federal - lotado na Subseção Judiciária de Cachoeiro de Itapemirim-ES foi designado pelo Ato

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nº 491 da Corregedoria-Regional do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, para assumir a titularidade da 1ª Vara Criminalde Vitória-ES no período de 09.09.2009 a 03.10.2009, com prejuízo de jurisdição na origem. Contudo, foram-lhes pagasapenas 7,5 (sete e meia) diárias, com base na Resolução TRF2 nº 22 de 1999, com redação dada pela Resolução nº21/2004.Verifica-se que à época da designação já vigia a Resolução nº 4 de 2008 do Conselho Federal de Justiça (CJF), eregistre-se, percebe-se inconformidade pontual desta com as Resoluções/TRF2 que fundamentaram o indeferimento depagamento de diárias integrais. Confira-se Resolução/ CJF nº 4:Art. 103. O magistrado ou o servidor que, a serviço, se deslocar da sede, em caráter eventual ou transitório para outro pontodo território nacional ou para o exterior, fará jus a passagens e diárias, na forma prevista nesta Resolução.

Art. 104. Ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo, o magistrado ou o servidor não fará jus a diárias quando:I – o deslocamento da sede constituir exigência permanente do cargo;II – se deslocar dentro da mesma região metropolitana, assim como aglomeração urbana ou microrregião, constituída pormunicípios limítrofes e regularmente instituídas; eIII – se descolar em áreas de controle integrado mantidas com países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos órgãos,entidades e servidores brasileiros consideram-se estendidas.Parágrafo único. Nas hipóteses previstas nos incisos II e III desde artigo, se houver pernoite fora da sede, serão pagasdiárias, sempre fixadas para os afastamentos dentro do território nacional.

Art. 105. As diárias serão concedidas por dia de afastamento da sede do serviço, incluindo-se o de partida e o de chegada,destinando-se a indenizar o magistrado ou o servidor das despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoçãourbana.Parágrafo único. O magistrado ou o servidor fará jus somente à metade do valor das diárias nos seguintes casos:I – quando o deslocamento não exigir pernoite fora da sede;II – na data do retorno à sede; eIII – quando a União custear por meio diverso as despesas extraordinárias cobertas por diárias. (Grifo não original)

E, o Conselho Nacional de Justiça – CNJ pela Resolução nº 73, de 28 de abril de 2009 no art. 7º dispõe no mesmo sentido.Nesse passo, o deslocamento do recorrido da sua sede funcional – Cachoeiro de Itapemirim-ES - Vitória-ES atendia aosrequisitos para a percepção das diárias integrais. Isso por que: a) o deslocamento da sede funcional deu-se por designaçãoex-officio para atuar, com prejuízo da jurisdição na origem, na 1ª Vara Criminal de Vitória-ES; b) o deslocamento nãoocorreu dentro da mesma região metropolitana; c) a distância entre as cidades é cerca de 130 km; d) não se compatibilizacom a designação com prejuízo de jurisdição na origem, envolvendo as cidades de Cachoeiro de Itapemirim e Vitória, sempernoite no destino. Aliás, a recorrente não questiona esse fato.Por oportuno transcreve-se a forma de cálculo feito pelo TRF2 para o pagamento das diárias pagas pela metade, com basena Resolução TRF2 nº 22 de 1999 e nas informações oferecidas pelo magistrado ao Núcleo de Magistratura do egrégioTRF2 (fl. 14):1ª semana: 3 dias (09 a 11/09) = 1,5 diária;2ª semana: 5 dias (14 a 18/09) = 2 diárias;3ª semana: 5 dias (21 a 25/09) = 2 diárias;4ª semana: 5 dias (28/09 a 02/10) = 2 diárias.TOTAL: 7,5 (sete e meia) diárias.A conjugação dos elementos fático-operacionais acima realçados, revelam um contexto conducente à ausência de dúvidano sentido de que o recorrido faz jus ao pagamento de diárias integrais, referentes aos 15 (quinze) dias úteis quepermaneceu em local diverso de sua sede funcional.Isto porque, esses foram os dias informados pelo magistrado ao Tribunal para o cálculo das diárias (fl. 14). Assim,considerando que já haviam sido pagas 7,5 diárias, são devidas apenas 7,5 diárias restantes.Oportuno ressaltar que, supervenientemente o Tribunal Regional Federal da 2ª Região revogou a Resolução nº 22 de 1999para torná-la compatível com a Resolução do CJF, mediante a Resolução nº 34, de 1º de julho de 2013, que prevê no § 2ºdo art. 2º a percepção de diárias nos dias de efetivo deslocamento para a Unidade jurisdicional da designação, quandoimplicar pernoite. E, em assim sendo, essa nova realidade normativa no âmbito do TRF2 há de ser considerada, na formado art. 462 do Código de Processo Civil.Portanto, merece reparo a r. sentença recorrida, em parte mínima, para reduzir a condenação da União ao pagamento de7,5 diárias restantes.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento.Sem condenação em custas na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honoráriosadvocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001, em consonânciacom o Enunciado nº 97 do FONAJEF e com o entendimento majoritário desta Turma Recursal, ressalvado o entendimentopessoal deste Relator (Recurso nº 0003301-85.2013.4.02.5050/01, julgado na sessão de 21/05/2014 por esta TurmaRecursal).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

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Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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8 - 0006827-36.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.006827-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x CLEUZA MARIA D AVILADEMONER (ADVOGADO: ES002662 - CHRISTINA MARIA FOEGER DE PAULA.).Processo nº 0006827-36.2008.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: CLEUZA MARIA D AVILA DEMONERRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE RURAL. TRABALHO URBANO DEUM MEMBRO DA FAMÍLIA. OMISSÃO. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO NO JULGADO. EMBARGOSDESPROVIDOS.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo réu da demanda em primeiro grau às fls. 456-465, em razão de acórdãoproferido por esta Turma Recursal (fls. 451-453). Alega o embargante que o julgado foi contraditório ao firmar oentendimento de que a renda advinda do extenso vínculo urbano do esposo da embargada não se mostrou suficiente paradescaracterizar o regime de economia familiar. Assevera que há nos autos prova de que o labor rurícola da esposa édesnecessário à subsistência da família, tendo em vista que o seu esposo sempre exerceu a função de frentista comganhos superiores ao salário mínimo, tanto que com seu falecimento, a embargada passou a receber pensão por morte novalor de R$ 695,12, competência maio/2009. Aponta, outrossim, a existência de omissão no julgado quanto à definição doscritérios de juros e correção monetária aplicáveis, ante a pendência de modulação de efeitos das ADI´s 4425 E 4357. Dessaforma, requer sejam sanados os apontados vícios.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição do embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Sem razão o embargante em seu pleito. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamenteanalisados na decisão colegiada.Nesse passo, calha pertinente rememorar fragmento elucidativo do julgado, in verbis:8) A profissão de servente escolar, registrada na certidão de casamento, não afasta outras provas as quais comprovamefetivamente que a autora exerceu atividades rurícolas após o ano de 1969.

9. Nesse ponto, cabe ressaltar a oitiva das testemunhas Irany Antonio Mattedi (fl. 410) e de Gervasio José Pivetta (fl. 411),respectivamente:

“Que conhece a autora há vinte anos, que a autora trabalhou para Sebastião José Pivetta, Hilton Corteletti, com seu irmãoJosé Pacifico D’Avila; que a autora trabalhava ela e o marido; que não tinha empregados, nem meeiros; que o plantio era detomate numa área de 2ha.; que a autora só trabalhava na lavoura; que o marido da autora chegou a sair para trabalhar naindustria em Fundão e na suas folgas ele trabém [sic] trabalhava na roça; que acredita que o dinheiro que a autoraganhava não era suficiente para manter o casal, pois o marido teve que trabalhar fora. Dada a palavra a advogada daautora, às perguntas respondeu: que a autora foi vizinha do depoente quando ela morou em Várzea Alegre; que o maridoda autora, após sair do emprego na industria de Fundão, voltou a trabalhar com Adilson Corteletti, cunhado da autora.”

“Que conhece a Cleusa desde quando ela era criança; que em Varzea [sic] Alegre a autora trabalhou para Sebastião JoséPivetta; que depois que ela casou ela continuou trabalhando na roça na propriedade do Sebastião e depois no Hilton José

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Corteletti e depois para Adilson Corteletti; que a autora sempre trabalhou com a família, primeiro com o pai e depois com omarido dela; que em Várzea Alegre, a autora somente trabalhou na roça; que o que a autora ganhava não era suficiente,mas dava para levar uma vida digna; que nunca teve empregados trabalhando para ela; que a autora trabalhava na lavourade café e plantava, milho feijão e arroz [sic], sendo que estes três últimos para seu sustento; que a autora também plantoutomate nos Corteletti. Dada a palavra a advogada da autora, às perguntas RESPONDEU: que a autora morava napropriedade do pai do depoente, mesmo depois que ela casou.”

10. Por outro lado, o trabalho do marido no meio urbano não desconstituiu a qualidade de segurada especial da autora,porquanto a renda do marido não se mostrava suficiente para o sustento da família, apenas se somava à renda obtida como labor rural, para melhor qualidade de vida do núcleo familiar.

11. Insta salientar, que mesmo trabalhando no meio urbano, o esposo da recorrida a auxiliava nas horas vagas (informadopela testemunha Irany Antonio Mattedi – fl. 410). Portanto, restou configurada a necessidade das atividades no meio ruralpara o complemento da renda familiar.

12. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. Confira-se:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. CONTRARIEDADE À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DEJUSTIÇA. CONHECIMENTO. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. SUA DESCARACTERIZAÇÃO, NECESSARIAMENTE,EM FACE DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES URBANAS, POR UM DOS MEMBROS DO GRUPO FAMILIAR. I – Tendoficado demonstrado que o acórdão da Turma Recursal de origem destoa da jurisprudência dominante do Superior Tribunalde Justiça sobre o tema de direito material, deve o pedido de uniformização ser conhecido. II – O regime de economiafamiliar não necessariamente fica descaracterizado pelo fato de um dos membros do grupo familiar possuir rendaproveniente de outra atividade. Ele só estaria descaracterizado se a renda obtida com a outra atividade fosse suficiente paraa manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade agrícola. (STJ, RESP 691.391). (grifei)

13. Registre-se, não é vedado pela legislação o recebimento do benefício de pensão por morte e de aposentadoria,conforme art. 124, da Lei 8.213/1991.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pelo embargante.Quanto à aventada omissão, não há a necessidade de se aguardar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal – STFquanto à modulação dos efeitos da decisão proferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que não houve determinaçãodaquela Corte de sobrestamento dos feitos enquanto não ultimada a modulação.Embargos de declaração conhecidos, mas desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal - 1ºRelatorAssinado eletronicamente

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9 - 0000769-74.2009.4.02.5052/01 (2009.50.52.000769-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIA SANTOS DE JESUS(ADVOGADO: ES007025 - ADENILSON VIANA NERY.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JAILTON AUGUSTO FERNANDES.).Processo nº 0000769-74.2009.4.02.5052/01

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Embargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargada: CLAUDIA SANTOS DE JESUSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. JUROS DE MORA. OMISSÃO. JULGAMENTO DE AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE. AUSÊNCIA DE PUBLICAÇÃO. EXCEPCIONAL PRESCINDIBILIDADE DE PUBLICAÇÃO.EFEITO VINCULANTE. RECURSO PROVIDO EM PARTE. ACORDÃO REFORMADO EM PARTE MÍNIMA.Trata-se de embargos de declaração interpostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS às fls. 103-110, em razãodo acórdão desta 1ª Turma Recursal (fls. 96-98), para fins de prequestionamento. Alega o embargante, em resumo, que oacórdão guerreado foi omisso quanto à fixação dos juros de mora; e ainda contraditório quanto à eficácia da decisãoproferida pelo Supremo Tribunal Federal nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade nºs ADI 4357/DF e ADI 4425/DF, rel.orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgadas em 13 e 14.03.2013, conforme Informativo nº 698 do STF,sob a alegativa de que o entendimento não é definitivo, uma vez que o acórdão daquele julgamento ainda não foi publicado.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento exige a presençade um ou mais dos motivos previstos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, ou seja: obscuridade, contradição, omissão ou dúvida,esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição do embargante, este aponta a existênciade omissão e contradição no julgado.Consigne-se, a pendência de publicação do julgado no bojo de Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI não impede aprodução de seus efeitos, tendo em vista o efeito vinculante da decisão proferida pelo STF em sede de controleconcentrado de constitucionalidade; de par com o imperativo da busca permanente de tornar efetiva a garantia do temporazoável de duração do processo (art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição da República), dentre outros aspectos ligados àefetividade jurisdicional. Nesse sentido, mutatis mutandis, é o entendimento do próprio STF ao ensejo das Reclamações15.926, relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 28/06/2013, DJe-148 DIVULG 31/07/2013 PUBLIC 01/08/2013;16.031 relatoria do Ministro Roberto Barroso, julgamento em 21/08/2013, DJe-167 DIVULG 27/08/2013 PUBLIC 27/08/2013;e 16.033 relatoria da Ministra Cármen Lúcia, julgamento em 26/08/2013, DJe-172 DIVULG 02/09/2013 PUBLIC 03/09/2013.Pois bem. Em relação à discussão acerca da observância plena do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redação do art. 5ºda Lei nº 11.960/2009, diante do julgamento pelo Supremo Tribunal Federal das ADIs nº 4.357/DF e 4.425/DF, em razão dapossibilidade de modulação temporal de seus efeitos; oportuno destacar o entendimento adotado por esta 1ª TurmaRecursal em diversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, como exemplo destaco, por elucidativo, um dosarestos, unânime, relatado pelo Juiz Federal PABLO COELHO CHARLES GOMES, in verbis:

“Processo: 0002834-14.2010.4.03.5050/01 - VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. ACÓRDÃO DA TURMA RECURSAL QUE FIXOU JUROS DE MORA DE 1% AO MÊS,POR CONSIDERAR INTEIRAMENTE INCONSTITUCIONAL O ART. 1º-F DA LEI 9.494/1997 COM REDAÇÃO DADAPELO ART. 5º DA LEI 11.960/2009. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO SENTIDO DE QUE O STF, AO JULGAR ASADINS 4.357 E 4.425, APENAS DECLAROU A INCONSTITUCIONALIDADE DA TR COMO ÍNDICE DE CORREÇÃOMONETÁRIA, SEM AFETAR OS JUROS LEGALMENTE FIXADOS (RESP 1.270.439). EMBARGOS PROVIDOS PARADETERMINAR, A PARTIR DE 30/06/2009, A INCIDÊNCIA DE JUROS NA FORMA PREVISTA NO ART. 1º-F DA LEI9.494/1997.

(...)

13. A Primeira Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Espírito Santo interpreta a decisão do Min. Luiz Fuxcomo sendo destinada única e exclusivamente aos Presidentes dos Tribunais, a fim de impedir a paralisação do pagamentodos precatórios até que o STF discipline as conseqüências da declaração de inconstitucionalidade de diversas normasinstituídas pela EC 62/2009 sobre relações continuativas em curso (por exemplo, precatórios cuja pagamento foi parcelado,ou que foram pagos fora da ordem cronológica em razão de deságio). A ordem de suspensão, portanto, não esvazia oconteúdo da declaração de inconstitucionalidade do emprego da TR como índice oficial de correção monetária, uma vezque esta não interfere em relações continuativas referentes a pagamento parcelado de precatórios. Tanto é assim que oart. 27 da Lei 12.919/2013, com efeitos a partir de 01/01/2014, adotou o INPCA-E como fator de correção monetária dosprecatórios: “A atualização monetária dos precatórios, determinada no § 12 do art. 100 da Constituição Federal, inclusiveem relação às causas trabalhistas, previdenciárias e de acidente do trabalho, observará, no exercício de 2014, a variaçãodo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - Especial - IPCA-E do IBGE”.14. Mesmo que a decisão do STF seja mais abrangente, inequivocamente (i) não impôs a suspensão de todos osprocessos envolvendo a matéria e (ii) não obstou que, em sede de controle incidental de inconstitucionalidade, os Tribunais(observada a cláusula de reserva de Plenário) e as Turmas Recursais (para as quais o art. 97 da CRFB/1988 é inaplicável)afastem a utilização da TR como índice de correção monetária, mediante simples remissão aos fundamentos adotados novoto condutor do Min. Luiz Fux na ADIn 4.42515. Como conseqüência, a Primeira Turma Recursal, rendendo-se à orientação assentada pelo STJ no REsp 1.270.439,considera aplicáveis às condenações da Fazenda Pública (i) desde 30/06/2009, os juros de mora estabelecidos no art. 1º-Fda Lei 9.494/1997 (exceto nas condenações referentes a questões tributárias, nas quais a SELIC é fator de correçãomonetária e de juros de mora) e (ii) por considerar inconstitucional o emprego da TR determinado pelo art. 1º-F da Lei9.494/1997, o IPCA-E como critério geral de correção monetária, mantido o INPC para as condenações referentes aquestões do regime geral de previdência (art. 41-A da Lei 8.213/1991, não aplicável às condenações referentes a questõesassistenciais) e a SELIC para as condenações referentes questões tributárias.

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16. Embargos de declaração conhecidos e providos para, reformando o acórdão na parte em que declarou inconstitucionala fixação de juros de mora imposta pelo art. 5º da Lei 11.960/2009, fixar que, até 29/06/2009, os juros de mora serão de 1%e, a partir do dia 30/06/2009, serão fixados na forma da redação atribuída ao art. 1º-F da Lei 9.494/1997, devendo observar,no mais, o Manual de Cálculos da Justiça Federal.”

Nessas condições, ante a omissão do julgado no que refere aos juros de mora e correção monetária, conheço dosembargos de declaração e para a eles dar parcialmente provimento no sentido de sanear o julgado embargado, de modoque em seu “item 12” (fl. 98) passe a constar a seguinte redação:

12) Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social –INSS a restabelecer o benefício de auxílio-doença previdenciário - NB 5371924783 (fl. 42), em favor da recorrente, com DIBem 03.02.2010, consoante a fundamentação supra. As prestações vencidas deverão ser acrescidas de juros de moracalculados com base no índice oficial de remuneração básica dos juros aplicados à caderneta de poupança, mutatismutandis (REsp. nº 1.270.439 – PR, Rel. Min. Castro Meira) e correção monetária pelo Índice Nacional de Preços aoConsumidor (INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº 8.213/1991.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo, àunanimidade, no sentido de conhecer e dos embargos de declaração e a eles dar parcial provimento, na forma da ementaintegrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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10 - 0001563-35.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.001563-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OENES NERI (ADVOGADO:

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ES003841 - NELSON DE MEDEIROS TEIXEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.).Processo nº. 0001563-35.2008.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: OENIS NERIRecorrido: INSS – Instituto Nacional de Seguridade SocialRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA PROPORCIONAL. CÔMPUTO DE TEMPO ESPECIAL.EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20/1998. RECURSO PROVIDO EM PARTE. SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de aposentadoria por tempo decontribuição proporcional com averbação dos períodos laborados sob condições especiais.Sentença (fls. 138-142): julgou improcedente o pedido, sob o argumento de que: a) à época do requerimento administrativo(31.03.2008) não havia tempo suficiente para a concessão do benefício; b) não há comprovação de que a exposição aoagente nocivo era habitual e permanente.Razões do recorrente (fls. 146-153): a) a sentença destoa das provas dos autos, porquanto a autarquia previdenciária jáhavia reconhecido em 31.03.2008, mesmo sem conversão do tempo especial, tempo de serviço equivalente a 31 anos 1mês e 22 dias, faltando apenas 1 ano 10 meses e 27 dias; b) incumbe à recorrida a fiscalização quanto ao preenchimentodo PPP (Perfil Profissiográfico Previdenciário). Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente opedido.

Contrarrazões às fls. 155-156.

Pois bem. Quanto ao tempo trabalhado em condições especiais, ressalte-se que, apesar de os Decretos nº 53.831/64 e83.080/79 apenas requisitar o enquadramento da profissão como nociva, conforme seus anexos, pacífico o entendimentojurisprudencial no sentido de que a ausência do enquadramento da atividade desempenhada não inviabiliza a suaconsideração para fins de concessão de aposentadoria, se nociva à saúde ou à integridade física do trabalhador.Confira-se:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.RECONHECIMENTO PELO TRIBUNAL A QUO DO EXERCÍCIO DO LABOR EM CONDIÇÕES ESPECIAIS.NECESSIDADE DE REEXAME DE PROVA PARA A ALTERAÇÃO DESSA CONCLUSÃO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVOREGIMENTAL DA UNIÃO DESPROVIDO. 1. Em observância ao princípio do tempus regit actum, deve ser aplicada nopresente caso a legislação anterior à Lei 9.032/95, vigente no momento da prestação do serviço, que não elenca asatividades exercidas pelo segurado na lista de categorias expedida pelo Poder Executivo que gozam de presunção absolutade exposição aos agentes nocivos. 2. A comprovação da insalubridade da atividade laboral encontrava-se disciplinadapelos Decretos 53.831/64 e 83.080/79, que elencavam as categorias profissionais sujeitas a condições nocivas de trabalhopor presunção legal, fazendo jus à contagem majorada do tempo de serviço. 3. A jurisprudência desta Corte já pacificou oentendimento de que o rol de atividades previsto nos citados Decretos é exemplificativo, sendo possível que outrasatividades não enquadradas sejam comprovadamente reconhecidas como insalubres, perigosas ou penosas. 4. O Tribunala quo, com base na análise do acervo fático-probatório produzido nos autos, reconheceu a condição de insalubridade daatividade laboral exercida pelo segurado. A alteração dessa conclusão, na forma pretendida, demandaria necessariamentea incursão das provas dos autos, o que, contudo, encontra óbice no enunciado da Súmula 7 do STJ, segundo a qual apretensão de simples reexame de prova não enseja Recurso Especial. 5. Agravo Regimental desprovido. (AgRg no AREsp5904, Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Primeira Turma, julgamento em: 22.04.2014)

Dessa forma, para ser considerado o labor especial imprescindível lastro probatório suficiente à sua comprovação. No caso,�os PPP’s (fls. 25-27) demonstram níveis de ruído superiores ao permitido para a época .

Oportuno destacar que o Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito da Petição nº 9.059/RS, de relatoria do MinistroBENEDITO GONÇALVES, em 28.08.2013, publicado no DJe 09.09.2013, decidiu nos seguintes termos:

PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ÍNDICE MÍNIMO DE RUÍDO A SERCONSIDERADO PARA FINS DE CONTAGEM DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. APLICAÇÃO RETROATIVA DOÍNDICE SUPERIOR A 85 DECIBÉIS PREVISTO NO DECRETO N. 4.882/2003. IMPOSSIBILIDADE. TEMPUS REGITACTUM. INCIDÊNCIA DO ÍNDICE SUPERIOR A 90 DECIBÉIS NA VIGÊNCIA DO DECRETO N. 2.172/97.ENTENDIMENTO DA TNU EM DESCOMPASSO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE SUPERIOR. 1. Incidente deuniformização de jurisprudência interposto pelo INSS contra acórdão da Turma Nacional de Uniformização dos JuizadosEspeciais Federais que fez incidir ao caso o novo texto do enunciado n. 32/TNU: O tempo de trabalho laborado comexposição a ruído é considerado especial, para fins de conversão em comum, nos seguintes níveis: superior a 80 decibéis,na vigência do Decreto n. 53.831/64 e, a contar de 5 de março de 1997, superior a 85 decibéis, por força da edição doDecreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003, quando a Administração Pública reconheceu e declarou a nocividade àsaúde de tal índice de ruído. 2. A contagem do tempo de trabalho de forma mais favorável àquele que esteve submetido acondições prejudiciais à saúde deve obedecer a lei vigente na época em que o trabalhador esteve exposto ao agentenocivo, no caso ruído. Assim, na vigência do Decreto n. 2.172, de 5 de março de 1997, o nível de ruído a caracterizar odireito à contagem do tempo de trabalho como especial deve ser superior a 90 decibéis, só sendo admitida a redução para85 decibéis após a entrada em vigor do Decreto n. 4.882, de 18 de novembro de 2003. Precedentes: AgRg nos EREsp

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1157707/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, DJe 29/05/2013; AgRg no REsp 1326237/SC, Rel. Min.Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 13/05/2013; REsp 1365898/RS, Rel. Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe17/04/2013; AgRg no REsp 1263023/SC, Rel. Min. Gilson Dipp, Quinta Turma, DJe 24/05/2012; e AgRg no REsp1146243/RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 12/03/2012. 3. Incidente de uniformização provido. (Grifado)

Ressalte-se, não é necessária a demonstração de que a atividade tenha ocorrido de forma habitual e permanente emperíodos anteriores a publicação da Lei nº 9.032/1995. Destaque-se:

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO. TEMPO DE SERVIÇOEXERCIDO EM CONDIÇÕES ESPECIAIS. INCIDÊNCIA DA LEI VIGENTE NO MOMENTO DA PRESTAÇÃO. DECRETOS53.831/64 E 83.080/79. ROL EXEMPLIFICATIVO. COMPROVAÇÃO DO EXERCÍCIO DE FORMA HABITUAL EPERMANENTE. DESNECESSIDADE. 1. A recorrente não logrou comprovar o dissídio jurisprudencial nos moldes exigidospelos arts. 541, parág. único do CPC e 255 do RISTJ, uma vez que não realizou o necessário cotejo analítico entre oacórdão recorrido e os paradigmas, a fim de demonstrar a similitude fática e jurídica entre eles. 2. Em observância aoprincípio do tempus regit actum, deve ser aplicada a legislação vigente no momento da prestação do serviço em condiçõesespeciais. 3. O rol de categorias profissionais danosas previsto nos Decretos 53.831/64 e 83.080/79 é meramenteexemplificativo, podendo ser também considerada especial a atividade comprovadamente exposta a agentes nocivos,mesmo que não conste no regulamento. Precedentes do STJ. 4. A exigência de exposição de forma habitual e permanentesob condições especiais somente foi trazida pela Lei 9.032/95, não sendo aplicável à hipótese dos autos, que é anterior àsua publicação. 5. No caso, incide a redação original do art. 57 da Lei 8.213/91, que impõe para o reconhecimento do direitoà majoração na contagem do tempo de serviço que a nocividade do trabalho seja permanente, o que ocorre na presentehipótese, uma vez que restou devidamente comprovado que o recorrente estava em contato direto com agentes nocivos nodesempenho de suas atividades mensais de vistoria em coletas e acondicionamentos de efluente. 6. Recurso Especialparcialmente conhecido e, nessa extensão, provido, para determinar o retorno dos autos ao Juízo de 1a. instância, para queanalise os demais requisitos para a concessão do benefício pleiteado e prossiga no julgamento do feito, consoanteorientação ora estabelecida. (REsp 977400/RS, Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIS FILHO, Quinta Turma, julgamento em:09.10.2007) (Grifado)

A aposentadoria, como se afere da leitura do art. 9º da Emenda Constitucional nº 20/1998, é devida para o segurado quehavia cumprido os requisitos (idade mínima de 53 anos para os homens e 30 anos de contribuição) à época da publicaçãoda Emenda (16.12.1998). Para aqueles que não cumpriram o requisito de tempo de contribuição, há a sujeição às regras detransição, qual seja, para a aposentadoria proporcional o “pedágio”, que é um período adicional de contribuição equivalente

�a quarenta por cento do tempo que, na data da publicação da Emenda, faltaria para atingir 30 anos .Nesse sentido, confira-se julgado elucidativo do STJ:

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA PROPORCIONAL. CÔMPUTO DO TEMPO DE SERVIÇO.REQUISITOS. RGPS. ART. 3º DA EC 20/98. CONCESSÃO ATÉ 16/12/98. DIREITO ADQUIRIDO. REQUISITOTEMPORAL. INSUFICIENTE. ART. 9º DA EC 20/98. OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA. REGRAS DE TRANSIÇÃO. IDADEE PEDÁGIO. PERÍODO ANTERIOR E POSTERIOR À EC 20/98. SOMATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. APOSENTADORIAINTEGRAL. REQUISITOS. INOBSERVÂNCIA. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. I - A questão posta em debaterestringe-se em definir se é possível a obtenção de aposentadoria proporcional após a vigência da Emenda Constitucional20/98, sem o preenchimento das regras de transição ali estabelecidas. II - Ressalte-se que as regras aplicáveis ao regimegeral de previdência social encontram-se no art. 201 da Constituição Federal, sendo que as determinações sobre aaposentadoria estão em seu parágrafo 7º, que, mesmo após a Emenda Constitucional 20/98, manteve a aposentadoria poridade e a por tempo de serviço, esta atualmente denominada por tempo de contribuição. III - A Emenda Constitucional20/98 assegura, em seu artigo 3º, a concessão de aposentadoria proporcional aos que tenham cumprido os requisitos até adata de sua publicação, em 16/12/98. IV - No caso do direito adquirido em relação à aposentadoria proporcional, faz-senecessário apenas o requisito temporal, ou seja, 30 (trinta) anos de trabalho no caso do homem e 25 (vinte e cinco) no casoda mulher, requisitos que devem ser preenchidos até a data da publicação da referida emenda. Preenchidos os requisitosde tempo de serviço até 16/12/98 é devida ao segurado a aposentadoria proporcional independentemente de qualquer outraexigência, podendo este escolher o momento da aposentadoria. V - Para os segurados que se encontram filiados aosistema previdenciário à época da publicação da EC 20/98, mas não contam com tempo suficiente para requerer aaposentadoria – proporcional ou integral – ficam sujeitos as normas de transição para o cômputo de tempo de serviço.Assim, as regras de transição só encontram aplicação se o segurado não preencher os requisitos necessários antes dapublicação da emenda. VI - A referida emenda apenas aboliu a aposentadoria proporcional, mantendo-a para os que já seencontravam vinculados ao sistema quando da sua edição, com algumas exigências a mais, expressas em seu art. 9º. VII -O período posterior à Emenda Constitucional 20/98 não poderá ser somado ao período anterior, com o intuito de se obteraposentadoria proporcional, senão forem observados os requisitos dos preceitos de transição, consistentes em idademínima e período adicional de contribuição equivalente a 20% (vinte por cento), este intitulado "pedágio" pelosdoutrinadores. VIII - Não contando a parte-autora com o período aquisitivo completo à data da publicação da EC 20/98,inviável o somatório de tempo de serviço posterior com anterior para o cômputo da aposentadoria proporcional semobservância das regras de transição. IX - In casu, como não restaram sequer atendidos os requisitos para a aposentadoriaproporcional, o agravante não faz jus à aposentadoria integral. X - Agravo interno desprovido. (STJ - AgRg nos EDcl no Ag:724536 MG 2005/0197643-2, Relator: Ministro GILSON DIPP, Data de Julgamento: 16/03/2006, T5 - QUINTA TURMA,Data de Publicação: DJ 10/04/2006 p. 281, undefined) (Grifado)

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No caso, verifica-se que o recorrente nasceu em 02.02.1953 (fl. 18), possuindo assim, 45 anos à época da Emenda, nãocumprindo o requisito etário, e não assistindo direito à aposentadoria por tempo de contribuição proporcional à época dorequerimento administrativo.

Todavia, nada obsta o reconhecimento do tempo de serviço exercido sob condições especiais para fins de averbaçãoperante a autarquia previdenciária.

Merece, portanto, reformada a sentença recorrida.

Nesse sentido, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para julgar parcialmente procedente o pedido paracondenar o INSS a averbar como tempo especial os períodos de 01.03.1990 a 30.11.1991 e 02.06.1992 a 31.11.1995.

Sem condenação em custas, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 29. Sem condenaçãoem honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001, emconsonância com o Enunciado nº 97 do FONAJEF e com o entendimento majoritário desta Turma Recursal, ressalvado oentendimento pessoal deste Relator (Recurso nº 0003301-85.2013.4.02.5050/01, julgado na sessão de 21/05/2014 por estaTurma Recursal).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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11 - 0002466-73.2008.4.02.5050/02 (2008.50.50.002466-8/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) ANA BRUNOW DOSSANTOS (ADVOGADO: ES004588 - ALBERTO JOSE D' OLIVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: SIMONE LENGRUBER DARROZ ROSSONI.).Processo nº 0002466-73.2008.4.02.5050/02 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: ANA BRUNOW DOS SANTOSEmbargado: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL, APOSENTADORIA POR TEMPODE CONTRIBUIÇÃO E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NECESSIDADE DE PRÉVIO REQUERIMENTOADMINISTRATIVO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. INCONFORMISMO. PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOSDESPROVIDOS.

Trata-se de embargos de declaração opostos pela autora da demanda em primeiro grau às fls. 157-161, em razão deacórdão proferido pela Turma Recursal (fls. 152-154). Alega a embargante, em resumo, que: i) o acórdão embargadobaseou-se em decisão recente do Supremo Tribunal Federal – STF cujos efeitos não podem recair sobre situaçõespretéritas, sob pena de violação a ato jurídico perfeito; ii) não há que se falar em ausência de interesse de agir, porquantodepreende-se dos autos a existência de efetiva resistência por parte da autarquia embargada em conceder o pleiteadobenefício; iii) que a demanda foi ajuizada em 2008, ou seja, há aproximadamente 06 (seis) anos ou 72 (setenta e dois)meses. Multiplicada a quantidade de meses pelo valor de um salário-mínimo (valor do benefício pretendido), resultaráquantia superior ao teto dos Juizados Especiais Federais - 60 (sessenta) salários-mínimos –, pelo que há que sereconhecida a incompetência absoluta deste Juízo para apreciação e julgamento do feito; e iv) é cabível a condenação emhonorários advocatícios em homenagem ao Princípio da Causalidade. Dessa forma, pretende seja reconhecida a existênciade omissão no julgado para que integrado o acórdão e assim redistribuído o feito ao Juízo competente ou modificado ojulgado com base nas teses aduzidas. Pretende, outrossim, ver prequestionada a matéria.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da arguição da embargante, verifica-se queeste aponta a existência de omissão no julgado.

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Nesse ponto, calha gizar que todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram devidamente analisados nadecisão colegiada, inclusive no que tange às matérias questionadas nesses embargos. Confira-se:

8) Na sistemática adotada pela Lei nº 10.259/2001, somente a decisão que deferir medidas cautelares no curso doprocesso e a sentença definitiva são recorríveis, na forma dos arts. 4º e 5º. Contudo, a expressão “sentença definitiva” deveser interpretada em sentido mais amplo, notadamente porque a Lei nº 12.153/2009, que instituiu os Juizados Especiais daFazenda Pública na Estrutura dos Estados-Membros e do Distrito Federal, teve o cuidado de não incluir na redação de seuart. 4º, que dispõe sobre o recurso cabível em face de sentenças, a expressão “definitiva”, afastando de vez qualquerdúvida que pudesse pairar sobre as hipóteses de cabimento do recurso inominado nessa seara. Esse dispositivo deve seraproveitado no âmbito dos Juizados Especiais Federais, de modo a garantir a necessária coerência e consistência domicrossistema processual dos Juizados especiais, composto basicamente pelas Leis nº 9.099/1995, 10.259/2001 e12.153/2009.

9) Pois bem. Como ressabido, para um provimento de mérito é necessário o interesse de agir, é dizer, que a tutelajurisdicional seja necessária, útil e adequada.

10) Na seara previdenciária, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça – STJ que “o interesse processual do segurado e autilidade da prestação jurisdicional concretizam-se nas hipóteses de recusa de recebimento do requerimento ou b) negativade concessão do benefício previdenciário, seja pelo concreto indeferimento do pedido, seja pela notória resistência daautarquia à tese jurídica esposada”.

11) Não é o que se verifica in casu, na medida em que não se depreende dos autosa existência de um mínimo de resistência por parte da autarquia recorrida em conceder o pretendido benefício, porquantosequer houve requerimento administrativo neste sentido. Os documentos de fls. 38-40 apenas dão conta do indeferimentode benefício de natureza acidentária no ano de 1995 e de auxíliodoença previdenciário em 1997.

12) Esclareça-se: ao perfilhar tal entendimento não se pretende criar óbice ao exercício do direito de acesso à justiça ouvilipendiar a garantia da inafastabilidade da jurisdição, constitucionalmente garantidos (art. 5º, XXXV, da Constituição daRepública), mas sim, ao contrário, prestigiar tais núcleos constitucionais imutáveis, evitando-se que a máquina judiciáriaseja movimentada em vão, diante da factível probabilidade de a parte autora ver reconhecido o seu direito já na searaadministrativa.

13) Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

14) Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.

15) Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 85, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001. (fls. 152-153)

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo.

Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o magistrado, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegaçõesdas partes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, detal sorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem quese achem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Quanto ao prequestionamento, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “Mesmo nos embargos de declaração com fim deprequestionamento, devem-se observar os lindes traçados no art. 535 do CPC (obscuridade, dúvida, contradição, omissãoe, por construção pretoriana integrativa, a hipótese de erro material). Esse recurso não é meio hábil ao reexame da causa”.(STJ – Primeira Turma, Resp. 11465-0-SP, rel. Min. Demócrito Reinaldo, DJU 15-02-93).

Embargos de declaração conhecidos e desprovidos.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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12 - 0004991-57.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.004991-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) FUNASA - FUNDACAONACIONAL DE SAUDE (PROCDOR: MARCIA RIBEIRO PAIVA.) x WILLIAN AGUIAR MARTINS (ADVOGADO: ES010751 -MARCELO MATEDI ALVES, ES011893 - LEONARDO PIZZOL VINHA.).Processo nº 0004991-57.2010.4.02.5050/01 – Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE - FUNASARecorrido: WILLIAN AGUIAR MARTINSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. VENCIMENTOS E RENDIMENTOS. GRATIFICAÇÃODE DESEMPENHO. GDPST. GRATIFICAÇÃO DE CARÁTER GERAL. APOSENTADOS E PENSIONISTAS.POSSIBILIDADE DE EXTENSÃO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Cuida-se de recurso inominado interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 185-201 em razão de sentença quejulgou procedente o pedido, para condenar a Ré: a) a abster-se de efetuar descontos referentes à devolução de valores atítulo de Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho - GDPST, bem como a devolveros valores já descontados; b) a restabelecer o pagamento da GDPST no importe de 80 pontos a partir do início do mandatoclassista até de 15.12.2010 e, a partir desta data, deverá receber tantos pontos quantos forem aqueles estabelecidos emface da avaliação da instituição, não lhe sendo devida a pontuação da avaliação individual.

Sustenta, em suas razões: a) preliminarmente, ilegitimidade passiva da FUNASA, porquanto após o fim da licença para odesempenho de mandato classista o servidor foi redistribuído ao Ministério da Saúde em 14.09.2010, não obstante aUnidade Pagadora tenha sido alterada somente abril/2012; b) a licença para o desempenho de mandato classista deu-sesem remuneração, ou seja, sem ônus para os cofres públicos, portanto incabível a condenação imposta; c) a gratificação éde natureza “pro labore”, ou seja, vantagem condicionada à efetividade do desempenho das funções dos servidores naunidade; d) observância do princípio da legalidade e da impossibilidade de concessão de aumento pelo Poder Judiciário; e)não configuração dos requisitos para dispensa da restituição do pagamento indevido. Dessa forma, requer seja conhecido eprovido o recurso, reconhecendo-se a ilegitimidade passiva da FUNASA. Eventualmente, pugna pela improcedência dapretensão autoral. As contrarrazões encontram-se nas fls. 207-210.

Preliminar de ilegitimidade passiva. Considerando que a recorrente era a fonte pagadora à época da licença para oexercício do mandato classista e que é também a responsável pela cobrança do débito (fls. 17-18) resta prejudicada aalegação de ilegitimidade.

A licença para o exercício de mandato classista não é óbice à percepção da gratificação de desempenho, porquantoconsiderado como efetivo exercício. Essa a previsão contida no art. 102, inciso VIII, alínea “c”, da Lei nº 8.112/1990.

A Gratificação de Desempenho da Carreira Previdenciária, da Saúde e do Trabalho (GDPST), foi instituída pela MedidaProvisória nº 431/2008, posteriormente convertida na Lei nº 11.784/2008. Tal gratificação foi criada para substituir a antigaGDASST, e sua concessão, nos termos da lei, deve observar o limite máximo de 100 (cem) pontos e o limite mínimo de 30(trinta) pontos, sendo que 20 (vinte) pontos eram atribuídos aos resultados obtidos na avaliação de desempenho individual e80 (oitenta) pontos eram conferidos em função dos resultados presentes na avaliação de desempenho institucional.

O art. 5º-B, § 6º, da MP nº 431/2008 também contemplou a possibilidade de incorporação da GDPST aos proventos deaposentados e pensionistas. Para as aposentadorias e pensões instituídas até 19.02.2004, a GDPST seria fixada em 40%(quarenta por cento) do valor máximo do respectivo nível, a partir de 01.03.2008. E, na data de 01.01.2009, a porcentagemseria modificada para 50% (cinqüenta por cento). Com relação às aposentadorias e às pensões fundadas após 19.02.2004,aplicar-se-ia, para alguns beneficiários, o percentual constante do inciso I do art. 5º-B da MP 431/2008 e, para os outros, odisposto na Lei 10.887/2004. O § 5º do art. 5º-B da MP nº 431/2008, ainda, estabelecia que até a efetiva avaliação dedesempenho do exercício profissional, a GDPST seria paga em valor correspondente a 80 (oitenta) pontos, conforme

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disposição do art. 20 da Lei nº 8.270/1991. Diante disto, fica evidenciado o caráter geral da gratificação, uma vez que estasó assumiria seus contornos de pessoalidade a partir da avaliação do exercício laboral. Em outras palavras, a GDPST sóseria concedida de forma desigual, com base no desempenho profissional de cada servidor, na hipótese de superveniênciade regulamentação do procedimento de avaliação de desempenho individual e institucional. Até lá, a vantagem seriapercebida por todos os servidores ativos, sem distinção, motivo pelo qual também deve ser recebida, nos mesmospercentuais, pelos inativos e pensionistas, pois a eles se estende a gratificação de caráter geral.

O Supremo Tribunal Federal assentou que as gratificações de desempenho, como a GDPST, possuem duplo caráter: (1)predominantemente pro labore faciendo, em razão da variação da pontuação conforme desempenho individual einstitucional e (2) ocasionalmente ex facto officii, em razão de a pontuação ser atribuída, em certas situações, emdecorrência da simples ocupação do cargo. A caracterização da natureza pro labore faciendo da gratificação somente temlugar com a edição de norma regulamentadora que viabilize as avaliações de desempenho, sem as quais a gratificaçãoadquire um caráter de generalidade, que determina a sua extensão aos servidores inativos.

Finalmente, afasta-se a alegação de violação ao princípio da independência dos poderes, eis que a hipótese não cuida deelevação de remuneração de servidor (ativo ou inativo). Trata-se, isto sim, de interpretação de lei que estabelece critériosde concessão de vantagem remuneratória, ponderação perfeitamente atribuível ao Judiciário, no exercício de sua típicafunção jurisdicional.

Para mais, não há falar em violação ao art. 5º, inciso II, da Constituição da República, bem como àqueles ventilados norecurso, porquanto o conteúdo substancial do princípio da legalidade não predica a mera coincidência da condutaadministrativa à lei, mas reclama adesão ao espírito dela, à finalidade que a anima.

Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade na forma da ementa, que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal RelatorAssinado eletronicamente

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13 - 0003670-79.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.003670-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: LUIS EDUARDO NOGUEIRA MOREIRA.) x ROGERIO MARTINS DA VITÓRIA.Processo n.º 0003670-79.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: UNIÃORecorrido:ROGÉRIO MARTINS DA VITÓRIARelator Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. AUXÍLIO-CRECHE OU PRÉ-ESCOLAR. EQUIPARAÇÃO. ISONOMIA. NÃOOCORRÊNCIA. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau pretende a condenação da União no pagamento dasdiferenças entre os valores recebidos pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidores lotados nos TribunaisSuperiores, a título de auxílio pré-escolar, no período indicado na inicial.Sentença (fls. 80-85): julgou procedente o pedido para condenar a União no pagamento do valor, a ser apurado na fase deexecução, referente à diferença entre o valor recebido pela parte autora e os maiores valores pagos aos servidores lotadosnos Tribunais Superiores, no período indicado na petição inicial, referente ao benefício de auxílio-creche, respeitada aprescrição quinquenal e o teto dos Juizados Especiais Federais, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de ProcessoCivil.

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Razões da recorrente (fls. 87-101): Preliminarmente: a) a incompetência absoluta do Juizado Especial Federal, porquantose pretende, por via oblíqua, a declaração de nulidade de ato administrativo federal, o que encontra óbice no art. 3º, §1º,inciso III, da Lei nº 10.259/2001. No mérito: a) que os atos legais e regulamentares expedidos pelos órgãos do PoderJudiciário Federal, dos quais resultou a atribuição de valores inferiores àqueles conferidos aos servidores do STF eTribunais Superiores a título de auxílio-creche ou pré-escolar, guardam consonância com a legislação aplicável, traduzindotípico exercício do poder discricionário da Administração Pública de regular a matéria; b) invoca, dentre outros, o princípioda legalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), a autonomia financeira do Poder Judiciário (art. 99,caput e §1º, idem), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula 339 do STF, que veda o aumento devencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia; c) que inexiste no ordenamento jurídico brasileiroobrigatoriedade de se assegurar isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmopoder (art. 37, inciso XIII e 39, §1º da CR); d) a unificação de valores é, em realidade, uma política da Administração e nãoum direito subjetivo do servidor; e e) o § 4º do art. 40 da Lei nº 8.112/1990 assegura isonomia de vencimentos para cargosde atribuições iguais ou assemelhadas, ressalvadas as vantagens relativas à natureza ou ao local de trabalho, exceção aque se subsume o auxílio-creche ou pré-escolar, verba de cunho indenizatório. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso para extinguir o processo sem resolução de mérito, ante a incompetência absoluta do Juízo; caso não acolhida apreliminar, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestação acerca dosprincípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de incompetência absoluta dos Juizados Especiais Federais, porquanto não se cuida dedemanda que tem por objeto a declaração de nulidade de ato administrativo federal, mas sim a fixação de sua abrangência,razão pela qual não encontra óbice na previsão do art. 3º, § 1º, inciso III, da Lei nº 10.259/2001.Passo ao mérito. Extrai-se das razões do recurso que a tônica do exame recai, preponderantemente, sobre a eficácia doprincípio da isonomia, especificamente se é possível, na perspectiva legal e jurídica a equiparação do patamar pecuniáriopago a título de auxílio-creche ou pré-escolar aos servidores dos órgãos do Poder Judiciário Federal de primeiro e segundograus àquele alçado pelos servidores do STF e Tribunais Superiores em cargos correspondentes.Como se sabe, o princípio em voga tem, de direito, a extensão e compostura que a ordem jurídica houver lhe atribuído, sejapela Constituição – ápice do sistema político-normativo -, seja pela legislação infraconstitucional com ela consonante.Referido princípio guarda assento constitucional no caput do art. 5º: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção dequalquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, àliberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)”. (grifei)Dessume-se que o legislador constituinte colocou em relevo dois aspectos do princípio da isonomia, quais os de igualdadeformal e de igualdade material. Aquela primeira decorre da afirmação “todos são iguais perante a lei”, e deve ser entendidacomo igualdade na aplicação do direito, assumindo “particular relevância no âmbito da aplicação igual da lei (do direito)

�pelos órgãos da administração e pelos tribunais” . Esta última, por sua vez, acha-se ligada à expressão “sem distinção dequalquer natureza”, compreendida no sentido de que a lei deverá respeitar o conteúdo discriminativo positivo, ouaffirmatives actions, inerente às categorias paradigmaticamente confrontadas, não podendo ser fonte de discriminaçãoinjustificada e desproporcional ou estabelecer critérios de igualdade/desigualdade sem razão. Trata-se, em outras palavras,do clássico conceito aristotélico de igualdade que reclama “tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais”.Na lição doutrinária, a desigualdade se produz quando:a norma distingue de forma não razoável ou arbitrária um tratamento específico a pessoas diversas. Para que asdiferenciações normativas possam ser consideradas não discriminatórias, torna-se indispensável que exista umajustificativa objetiva e razoável, de acordo com critérios e juízos valorativos genericamente aceitos, cuja existência deveaplicar-se à finalidade e efeitos da medida considerada, devendo estar presente por isso uma razoável relação deproporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade perseguida, sempre em conformidade com os direitos e

�garantias constitucionalmente protegidos. (grifei)

Por outro lado, a observância da igualdade se dá quando indivíduos ou situações iguais não são arbitrariamente tratadoscomo desiguais.No tocante aos servidores públicos, especificamente, e naquilo que interessa ao feito, a Constituição prevê, verbis:Art. 39 – (...)

§1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais componentes do sistema remuneratório observará:

I – a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira;

II – os requisitos para a investidura;

III – as peculiaridades dos cargos.

O texto anterior do §1º, entretanto, dispunha:§1º - A Lei assegurará, aos servidores da administração direta, isonomia de vencimentos para cargos de atribuições iguaisou assemelhados do mesmo Poder ou entre servidores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, ressalvadas asvantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou ao local de trabalho.

Percebe-se, ao ângulo estritamente gramatical, que após a alteração promovida pela Emenda Constitucional nº 19, de4.6.1998, restou suprimida a garantia a priori de isonomia entre os servidores da administração direta para cargos de

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atribuições iguais ou assemelhados do mesmo Poder.Contudo, conquanto modificada a redação original do § 1º do art. 39 da CR, não se afigura judicioso concluir pelaautomática exclusão da garantia de isonomia aos servidores públicos, seja pela teleologia que informa a hermenêuticaconstitucional, da qual o Preâmbulo da Constituição consubstancia exemplo frisante, seja porque remanesce comocoordenada básica apta a orientar as questões atinentes ao princípio da isonomia o caput do art. 5º, o qual, conformeassentado anteriormente, assume particular relevância no âmbito da aplicação da lei (do direito) pelos órgãos daAdministração e pelos Tribunais.É digno de registro, ademais, que o teor do § 1º do art. 39 da CR, tal como se achava em sua antiga redação, continua

�vigente na legislação infraconstitucional. Cuida-se do § 4 do art. 41 da Lei nº 8.112/1990 , preceptivo que somentecorrobora o acerto da interpretação sistemática conferida ao texto atual.Ingressando na análise estrita da legislação acerca da matéria em debate, tem-se o Decreto nº 977/1993, que dispõe sobrea assistência pré-escolar destinada aos dependentes dos servidores públicos da Administração Pública Federal direta,autárquica e fundacional, assim preconiza:Art. 1° A assistência pré-escolar será prestada aos dependentes dos servidores públicos da Administração Pública Federaldireta, autárquica e fundacional, nos termos do presente decreto.Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional deverão adotar planos deassistência pré-escolar, destinados aos dependentes dos servidores, contemplando as formas de assistência a seremutilizadas: berçário, maternal, ou assemelhados, jardim de infância e pré-escola, quantitativo de beneficiários, previsão decustos e cotas-partes dos servidores beneficiados.Parágrafo único. A Secretaria da Administração Federal da Presidência da República baixará ato normalizando osprocedimentos a serem obedecidos pelos órgãos e entidades na elaboração dos respectivos planos de assistênciapré-escolar.Art. 3° A assistência pré-escolar de que trata este decreto tem por objetivo oferecer aos servidores, durante a jornada detrabalho, condições de atendimento aos seus dependentes, que propiciem:I - educação anterior ao 1° grau, com vistas ao desenvolvimento de sua personalidade e a sua integração ao ambientesocial;II - condições para crescerem saudáveis, mediante assistência médica, alimentação e recreação adequadas;III - proteção à saúde, através da utilização de métodos próprios de vigilância sanitária e profilaxia;IV - assistência afetiva, estímulos psicomotores e desenvolvimento de programas educativos específicos para cada faixaetária;V - condições para que se desenvolvam de acordo com suas características individuais, oferecendo-lhes ambientefavorável ao desenvolvimento da liberdade de expressão e da capacidade de pensar com independência.Art. 4° A assistência pré-escolar alcançará os dependentes na faixa etária compreendida desde o nascimento até seis anosde idade, em período integral ou parcial, a critério do servidor.1° Consideram-se como dependentes para efeito da assistência pré-escolar o filho e o menor sob tutela do servidor, que seencontrem na faixa etária estabelecida no caput deste artigo.2° Tratando-se de dependentes excepcionais, será considerada como limite para atendimento a idade mental,correspondente à fixada no caput deste artigo, comprovada mediante laudo médico.Registre-se: em 15 de dezembro de 2006, sobreveio a Lei nº 11.416 que, ao dispor sobre as carreiras dos servidores doPoder Judiciário da União, previu novos benefícios a serem concedidos aqueles servidores, por exemplo o adicional dequalificação – AQ (art. 14); no entanto, nada dispôs acerca do auxílio pré-escolar.Nessa contextura, continuou a cargo do próprio Poder Judiciário dispor sobre os valores pagos a este título aos seusservidores, inclusive no âmbito do Poder Judiciário da União, na forma do art. 99 da CR, in verbis:Art. 99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira.

§ 1º - Os tribunais elaborarão suas propostas orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demaisPoderes na lei de diretrizes orçamentárias.

[...]

Por seu turno, a Lei nº 11.798/2008, que dispõe sobre a composição e competência do Conselho da Justiça Federal,preconiza em seu art. 5º, no que interessa:Art. 5º. Ao Conselho da Justiça Federal compete:

examinar e encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça:

a) proposta de criação ou extinção de cargos e fixação de vencimentos e vantagens dos juízes e servidores da JustiçaFederal de primeiro e segundo graus;

Desse modo, utilizando-se desse poder regulamentar, o Conselho da Justiça Federal - CJF, por meio da Portaria nº 87, de21 de dezembro de 2007, assim disciplinou a questão:O PRESIDENTE DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL, no uso de suas atribuições legais, tendo em vista o dispostonos arts. 9º e 13 da Resolução nº 588, de 29 de novembro de 2007, e nos autos do Processo nº 2003160183, resolve:

Art. 1º Fixar, para o exercício de 2008, em R$ 280,00 (duzentos e oitenta reais) o valor mensal do auxílio pré-escolar a serpago aos servidores do Conselho da Justiça Federal e aos servidores e magistrados da Justiça Federal de primeiro esegundo graus. (grifei)

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Passo seguinte, em 29 de janeiro de 2010, adveio a Portaria nº 05, do Conselho da Justiça Federal, resolvendo, verbis:Art. 1º Fixar em R$ 450,00 (quatrocentos e cinquenta reais) o valor do auxílio pré-escolar a ser pago aos servidores doConselho e da Justiça Federal de primeiro e segundo graus a partir de 1º de janeiro de 2010, observada a disponibilidadeorçamentária.

Posteriormente, a Portaria Conjunta n° 5, de 05 de dezembro de 2011 unificou os valores per capita mensais e estabeleceuuma política conjunta de reajuste do auxílio-alimentação e da assistência pré-escolar, nos seguintes termos:Art. 1 ° O valor mensal do auxílio-alimentação a ser pago no âmbito dos órgãos signatários desta portaria é fixado em R$710,00 (setecentos e dez reais), a partir de 20 de dezembro de 2011.

Art. 2° O valor-teto mensal para a assistência pré-escolar a ser pago no âmbito dos órgãos signatários desta portaria éfixado em R$ 561,00 (quinhentos e sessenta e um reais) por dependente, a partir de 1 ° de janeiro de 2012. (grifei)

Art. 3° A concessão dos benefícios a que se refere esta portaria e o valor da participação dos beneficiários no custeio daassistência pré-escolar (cota-parte) observarão a regulamentação própria expedida no âmbito de cada órgão.

Art. 4° A atualização dos valores dos benefícios objeto desta portaria será feita por meio de portaria conjunta dos órgãos orasignatários, tendo por base a variação acumulada de índices oficiais, os valores adotados em outros órgãos públicosfederais e as disponibilidades orçamentárias.

Art. 5° Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

Atualmente, o tema encontra-se disciplinado pela Portaria Conjunta nº 1, de 27 de março de 2014, nos seguintes termos:OS PRESIDENTES DO CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DOCONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL, DO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO E DO CONSELHO SUPERIOR DAJUSTIÇA DO TRABALHO, DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR E DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERALE DOS TERRITÓRIOS, no uso de suas atribuições:

CONSIDERANDO o disposto no art. 91 da Lei n. 12.919, de 24 de dezembro de 2013 - Lei de Diretrizes Orçamentárias,RESOLVEM:

Art. 1º Os valores per capita mensais do auxílio-alimentação e da assistência pré-escolar, no âmbito dos órgãos signatáriosdesta.

Portaria, a contar de 1º de janeiro de 2014, serão, respectivamente, de R$ 751,96 (setecentos e cinquenta e um reais enoventa e seis centavos) e de R$ 594,15 (quinhentos e noventa e quatro reais e quinze centavos).

Parágrafo único. A implantação dos novos valores observará a disponibilidade orçamentária dos órgãos.

Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data da sua publicação.

O encadeamento lógico-normativo acima realçado denota que a fixação dos valores em patamares distintos daqueles� � � �estabelecidos, por exemplo, pelo STF nas Resoluções nºs 316/2005 , 368/2008 , 412/2009 e 432/2010 , pautou-se na

discricionariedade conferida ao Conselho da Justiça Federal pelos dispositivos constitucionais e infraconstitucionais jámencionados, sempre balizada pela existência de disponibilidade orçamentária. Some-se a isso o fato de que as diferençasapuradas em juízo comparativo mostram-se mínimas, não evidenciando ausência de razoabilidade significativa a ensejar oajuste postulado. Resta saber se esses atos normativos do CJF harmonizam-se com a garantia constitucional da isonomia.Vejamos. O pressuposto lógico ou motivo que embasa a concessão do auxílio-creche ou pré-escolar recebido pelosservidores públicos consiste em restituição de despesa feita com creche pelo servidor em benefício do órgão em queexerce suas atividades, que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar os filhos daqueledurante a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seu serviço. Assim, o reembolso(assistência indireta) restitui a verba empregada para custear gastos com creches e estabelecimentos análogos, despesasque deveriam, em princípio, ser suportadas pelo empregador, por meio da disponibilização do serviço em espécie –constituindo verba indenizatória que não se confunde com remuneração. Nessa linha: RESP 267301 / SC - DJ: 29.04.2002– p. 219.Nesse diapasão, podem coexistir validamente, no âmbito do mesmo Poder, diferenciações regionalizadas quanto aosvalores a serem recebidos a título de auxílio-creche ou pré-escolar desde que bem delineados cada um dos critérios dedesigualação, de modo que se possa extrair, de sua correlação lógica com o valor nominal atribuído ao benefício, ummínimo de razoabilidade e proporcionalidade, notadamente quando tais valores são paradigmaticamente confrontados, oque, de fato, verifica-se ter ocorrido in casu no período da adoção da desigualação combatida.De outra parte, cumpre registrar a ausência de comprovação pela parte recorrida de que os valores fixados pelo CJF a títulode auxílio-creche ou pré-escolar não cumpriram o seu mister no período postulado, revelando-se, por exemplo, emdescompasso com o preço pago com mensalidades de creches e pré-escolas no mercado local; ônus que de fato lheincumbia, nos termos do art. 333, inciso I, do Código de Processo Civil.Por tudo isso, infere-se que a desigualdade conjuntural verificada na quantificação dos valores a título de auxílio-creche oupré-escolar dentre os órgãos do Poder Judiciário da União no período pretérito reclamado não contrasta com a garantiaconstitucional da isonomia à espécie: a uma, porque não arbitrária, mas sim estabelecida nos limites da legalidade, namedida em que o administrador foi legalmente autorizado pelo ordenamento jurídico a quantificar os valores, desde que

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dentro de um juízo de proporcionalidade e razoabilidade; a duas, porque o tempo decorrido desde o recebimento dosvalores díspares milita em desfavor da postulação deduzida.

�Ressalta-se, por fim, que não se trata da aplicação do enunciado da Súmula nº 339 do Supremo Tribunal Federal , ao qualnão se subsume verbas de natureza indenizatória como a presente – as quais se exaurem na finalidade específica - massim, de juízo – sem embargos de posições em contrário – guiado pela razoabilidade, adequação e proporcionalidade, depar com as questões inerentes à gestão orçamentária.Sobre tema correlato já se manifestou a Turma Nacional de Uniformização – TNU em precedente aplicável, mutatismutandis, ao caso em tela e cuja ementa a seguir transcrevo:ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS DA JUSTIÇA FEDERAL. AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DEEQUIPARAÇÃO COM SERVIDORES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES, DO CNJ E DO TJDF. ISONOMIA. 1. O acórdãorecorrido reconheceu direito de servidor público federal da Justiça Federal de 1º e 2º graus em receber auxílio-alimentaçãocom o mesmo valor auferido pelos servidores dos tribunais superiores, do Conselho Nacional de Justiça e do Tribunal deJustiça do Distrito Federal e Territórios. O fundamento central da decisão foi a isonomia entre servidores ocupantes demesmo cargo. 2. O acórdão paradigma da 4ª Turma Recursal do Rio Grande do Sul, em contrapartida, considerou que aisonomia assegurada pelo art. 41, § 4º, da Lei nº 8.112/90 refere-se tão somente aos vencimentos, não tendo pertinênciacom a indenização de alimentação determinada por mera norma administrativa e custeada pelo órgão ou entidade em queo servidor estiver em exercício. 3. Está demonstrada divergência jurisprudencial em relação a questão de direito material. Oacórdão paradigma teve a autenticidade demonstrada com a indicação da URL que permite acesso na internet à fonte dojulgamento. 4. O art. 41, § 4º, da Lei nº 8.112/90 somente garante isonomia de vencimentos, de forma que não serve defundamento para estabelecer equiparação de auxílio-alimentação, verba com natureza indenizatória. 5. O art. 37, XIII, daConstituição Federal proíbe a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito deremuneração de pessoal do serviço público. 6. A Súmula nº 339 do STF enuncia que “Não cabe ao Poder Judiciário, quenão tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia”. Oauxílio-alimentação não tem natureza de vencimentos, mas as razões da súmula são mesmo assim aplicáveis para repelir arevisão do valor dessa vantagem com fundamento na isonomia. Em matéria de vantagens de servidores públicos, cumpreao legislador, e não ao Poder Judiciário, dar-lhe concretização. 7. O Supremo Tribunal Federal recentemente decidiu emagravo regimental em recurso extraordinário interposto contra acórdão da Turma Recursal do Rio Grande do Norte serimpossível majorar o valor de auxílio-alimentação sob fundamento de isonomia com servidores de outro órgão: “EMENTA:AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDORES PÚBLICOS. REAJUSTEDE AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE EQUIPARAÇÃO DE VENCIMENTOS POR DECISÃO JUDICIALSOB O FUNDAMENTO DO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA ISONOMIA: SÚMULA N. 339 DO SUPREMO TRIBUNALFEDERAL. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO” (RE-AgR 670974, Segunda Turma, Rel.CÁRMEN LÚCIA, DJ 10/10/2012). 8. Uniformizado o entendimento de que não cabe ao Poder Judiciário majorar o valor deauxílio-alimentação dos servidores da Justiça Federal de 1º e 2º graus com base no fundamento de isonomia com o valorauferido pelos servidores dos tribunais superiores, do Conselho Nacional de Justiça ou do Tribunal de Justiça do DistritoFederal e Territórios. 9. Incidente provido para reformar o acórdão recorrido, julgando improcedente a pretensão da parteautora. 10. O Presidente da TNU poderá determinar que todos os processos que versarem sobre esta mesma questão dedireito material sejam automaticamente devolvidos para as respectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo dadistribuição do incidente de uniformização, para que confirmem ou adequem o acórdão recorrido. Aplicação do art. 7º, VII,“a”, do regimento interno da TNU, com a alteração aprovada pelo Conselho da Justiça Federal em 24/10/2011.Acordam osmembros da Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais dar provimento ao incidente de

�uniformização. (PEDILEF 05028447220124058501, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, DOU 14/06/2013 pág.85/112.) (grifei)Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação da União ao pagamentodas diferenças pleiteadas.Sem custas e condenação em honorários advocatícios ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1ºda Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesxkeb/jesgecs

14 - 0004425-74.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004425-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JORGE PAULO DOSSANTOS (ADVOGADO: RJ155930 - CARLOS BERKENBROCK.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: THIAGO COSTA BOLZANI.) x OS MESMOS.Processo nº 0004425-74.2011.4.02.5050/01 - Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSEmbargado: JORGE PAULO DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. BENEFÍCIO DERIVADO.INOCORRÊNCIA DE DECADÊNCIA. INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em razão de acórdãoproferido pela Turma Recursal (fls. 61-65).Sustenta, em síntese, omissão no acórdão objurgado a respeito da decadência do direito de revisão do benefício, tendo emvista que o benefício previdenciário originário foi concedido em 09.02.2001 e a ação foi ajuizada em 03.06.2011; enecessidade de manifestação quanto à incidência da norma do art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição da República.Pretende, sejam conhecidos e providos os embargos, sanando-se o vício apontado.Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição dos embargantes, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.Oportuno rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:6) In casu, o benefício previdenciário de auxílio-doença foi concedido em 09.02.2001 (fl. 17), ou seja, quando já vigia o novoprazo decadencial, introduzido pela aludida Medida Provisória. Contudo, a presente demanda somente foi ajuizada em03.06.2011, tendo transcorrido o prazo decenal legalmente previsto. Resta patente, assim, a decadência do direito do autor.

7) No mesmo sentido, a Turma Nacional de Uniformização - TNU, a qual contou com a seguinte redação:

PREVIDENCIÁRIO. DECADÊNCIA. REVISÃO DE ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO. DIREITO INTERTEMPORAL.CONFLITO DE LEIS NO TEMPO. SUCESSÃO DE NORMAS REDUZINDO E AUMENTANDO O PRAZO. BENEFÍCIOCONCEDIDO APÓS 28/6/1997. 1. A partir de 28/06/1997, começou a correr o prazo decadencial de dez anos para arevisão dos benefícios previdenciários. O prazo decadencial foi reduzido para cinco anos a partir de 21/11/1998 e tornou aser aumentado para dez anos a partir de 20/11/2003. Quando sobreveio norma jurídica reduzindo para cinco anos o prazodecadencial em curso, prevaleceu a solução clássica de direito intertemporal concernente à retroatividade das leis sobreprazos prescricionais: se, para terminar o prazo antigo, falta tempo igual ou maior que o estabelecido pela lei nova,aplica-se esta, contando-se da data da sua vigência o novo prazo. Quando a lei tornou a aumentar o prazo de decadênciapara dez anos, a nova lei aplicou-se imediatamente, mas computando-se o lapso temporal já decorrido na vigência danorma revogada. 2. Para os benefícios concedidos até 27/06/1997, aplica-se o prazo de decadência de dez anos, contado apartir de 27/6/1997; para os benefícios concedidos a partir de 28/06/1997, ao final, sempre se aplica o prazo de decadênciade dez anos, contado a partir a partir do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação. 3. OPresidente da TNU poderá determinar que todos os processos que versarem sobre esta mesma questão de direito materialsejam automaticamente devolvidos para as respectivas Turmas Recursais de origem, antes mesmo da distribuição doincidente de uniformização, para que confirmem ou adequem o acórdão recorrido. Aplicação do art. 7º, VII, “a”, doregimento interno da TNU, com a alteração aprovada pelo Conselho da Justiça Federal em 24/10/2011. 4. Incidenteparcialmente provido. (PEDIDO 201071560008762, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, DOU 31/08/2012.)

8) Por outro lado, remanesce o interesse do autor da demanda quanto ao pedido de revisão do salário-de-benefício doauxílio-doença com reflexo na aposentadoria por invalidez, concedida em 03.09.2003 (fl. 19), com base na média dosmaiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desprezando-seos 20% (vinte por cento) menores, nos termos do art. 29, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, com a redação dada pela Lei nº9.876/1999. (Grifo não original)

Nesse contexto, o que se observa é a irresignação da embargante quanto ao mérito do julgado, porquanto sustenta a tesede que a decadência deve ser analisada sob a ótica da concessão do benefício originário.Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pela embargante.Noutro ângulo, oportuno realçar Decisão ainda no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF, ao ensejo do Agravo de

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Instrumento nº 758.396 Espírito Santo, relatoria do Ministro CELSO DE MELLO, aplicável à matéria sob exame, in verbis:

“(...) A configuração jurídica do prequestionamento decorre de sua oportuna formulação em momento procedimentalmenteadequado. Não basta, no entanto, só arguir, previamente, o tema de direito federal para legitimar o uso da via do recursoextraordinário. Mais do que a satisfação dessa exigência, impõe-se que a matéria constitucional questionada tenha sidoefetivamente apreciada na decisão recorrida (RTJ 98/754 – RTJ 116/451).”

Assim colocado, nenhuma das hipóteses constantes do art. 48 da Lei nº 9.099/1995, conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001 identifica-se na matéria em foco; porquanto a causa de pedir destes embargos, cuida, isto sim, é de aspectosecundário e superveniente ao mérito objeto do acórdão objurgado.

Nessas condições, desprovejo os embargos de declaração. É o voto.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgabd

15 - 0000998-76.2005.4.02.5051/01 (2005.50.51.000998-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: ANA BEATRIZ LINS BARBOSA.) x JOEL NUNES (ADVOGADO: ES003749 - CARLOS QUINTINO, ES001370- VANDERLAN COSTA.).Processo nº 0000998-76.2005.4.02.5051/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: UNIÃORecorrido:JOEL NUNESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO CIVIL PERCENTUAL DE 28,86%. SÚMULA Nº 13 DATNU. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. MP 2.131. LIMITE TEMPORAL DO REAJUSTE 28.12.2000. RECURSO IMPROVIDO.REFORMA DA SENTENÇA SOMENTE PARA ALTERAR A SISTEMÁTICA DOS JUROS DE MORA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende o pagamento da complementação da diferença dosreajustes já percebidos até o limite de 28,86% concedido aos servidores militares de alta patente pelas Leis nº 8.622/1993 e8.627/1993.Sentença (fls. 37-39): julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a UNIÃO ao pagamento das diferenças entreo percentual já recebido por força das Leis nº 8.622/1993 e 8.627/1993 e o percentual de 28,86%, no período de janeiro de1993 a dezembro de 2000, respeitada a prescrição qüinqüenal, ou seja, de 10.08.2000 até 28.12.2000 (advento da MedidaProvisória nº 2.131), acrescidas de correção monetária, desde a data em que cada parcela se tornou devida, e juros demora, de 1% ao mês, desde a citação.

Razões do recorrente (fls. 54-57): a) prescrição do direito postulado, porquanto o servidor não realizou o acordo previsto naMP nº 2.169-43 de 24.08.2001; b) o prazo prescricional para pleitear as diferenças iniciou-se com a edição das Leis nº8.622/1993 e 8.627/1993 e, portanto teve fim em 1998; c) os juros de mora são devidos em 0,5% ao mês até a edição daLei nº 11.960/2009, e posteriormente o disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997. Pretende que seja conhecido e provido orecurso, julgando-se improcedente o pedido. Eventualmente, caso seja mantida a sentença, requer a modificação da

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sistemática de aplicação dos juros de mora.

Contrarrazões às fls. 62-64.Preliminar de prescrição afastada. A ação foi ajuizada em 15.08.2005, portanto estariam prescritas as parcelas anteriores a15.08.2000. Ocorre que os efeitos financeiros do reajuste controvertido somente se estenderam até dezembro/2000, porquea Medida Provisória nº 2.131, de 28.12.2000, previu a reestruturação da carreira dos militares das Forças Armadas erevogou o art. 2º da Lei nº 8.627/1993. Assim, está prescrito apenas o período anterior a agosto/2000, fazendo jus arecorrida as parcelas compreendidas entre agosto/2000 e dezembro/2000, como bem colocado na sentença de primeirograu.

Nesse sentido, a Súmula nº 13 da Turma Nacional de Uniformização:

O reajuste concedido pelas Leis nº 8.622/93 e 8.627/93 (28,86%) constituiu revisão geral dos vencimentos e, por isso, édevido também aos militares que não o receberam em sua integralidade, compensado o índice então concedido, sendolimite temporal desse reajuste o advento da MP nº 2.131 de 28/12/2000.

O reposicionamento concedido aos servidores públicos militares, determinado pelas Leis nº 8.622/1993 e 8.627/1993,culminou num reajustamento diferenciado para os diversos postos e graduações da hierarquia militar, sendo que os OficiaisGenerais foram beneficiados com uma revisão maior enquanto que os demais servidores públicos militares, de menorhierarquia, tiveram reajustes que se situaram em patamares inferiores.

Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RMS 22.307/DF, assegurou também aos servidores públicoscivis a percepção do índice de 28,86% sob o fundamento de que tal reposicionamento constituiu-se em revisão geral deremuneração, que deveria ser estendido aos servidores civis, nos termos do art. 37, inciso X, da CR, entendimento que foisedimentado pela Súmula nº 672 do STF.

Juros de mora. Apenas em relação a esse aspecto, a sentença pontualmente merece ser ajustada, vale dizer, emconformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de moraserão de 1% (um por cento) ao mês e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com aredação da Lei nº 11.960/2009.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, no ponto referente aos juros de mora.Sem condenação em custas na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honoráriosadvocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001, em consonânciacom o Enunciado nº 97 do FONAJEF e com o entendimento majoritário desta Turma Recursal, ressalvado o entendimentopessoal deste Relator (Recurso nº 0003301-85.2013.4.02.5050/01, julgado na sessão de 21/05/2014 por esta TurmaRecursal).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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16 - 0006537-16.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.006537-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) LENITA CARIDADE COTTA(ADVOGADO: ES003720 - IZAEL DE MELLO REZENDE, ES013284 - SARITA DO NASCIMENTO FREITAS, ES011598 -MARIANA PIMENTEL MIRANDA DOS SANTOS, ES004538 - ANA MERCEDES MILANEZ.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.) x OS MESMOS.Processo nº 0006537-16.2011.4.02.5050/01 - Juízo de origem: 3º JEF de VitóriaEmbargante: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIALEmbargada: LENITA CARIDADE COTTARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO RECEBIDO EM RAZÃO DE TUTELA ANTECIPADAPOSTERIORMENTE REVOGADA. PRETENSÃO DE RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. INSURGÊNCIA CONTRA OMÉRITO DO DECISUM. RECURSO DESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, em razão de acórdãoproferido pela Turma Recursal que entendeu pela inexigibilidade de restituição de benefício previdenciário recebido emrazão de tutela antecipada.

Sustenta, em síntese, a possibilidade de restituição dos valores pagos a título de benefício previdenciário com base emdecisão judicial provisória, tendo em vista o posicionamento recente do Superior Tribunal de Justiça. Pretende, sejamconhecidos e providos os embargos para efeito de prequestionamento.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição dos embargantes, verifica-seque este aponta a existência de omissão e contradição no julgado.

Oportuno rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:12) No que concerne à pretensão recursal do INSS, esta Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Estado doEspírito Santo no Enunciado nº 52 assentou o entendimento de que é inexigível a restituição das prestações recebidas emrazão de medida antecipatória. Confira-se:

Enunciado nº 52. É inexigível a restituição de benefício previdenciário ou assistencial recebido em razão de tutelaantecipada posteriormente revogada. (Diário Eletrônico da JF da 2ª Região, 13-12-2010, pág. 73).

13) No mesmo sentido é o entendimento expresso na Súmula nº 51 da Turma Nacional de Uniformização, in verbis:

Súmula nº 51 da TNU - Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente revogada emdemanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pela embargante.

Noutro ângulo, oportuno realçar Decisão ainda no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF, ao ensejo do Agravo deInstrumento nº 758.396 Espírito Santo, relatoria do Ministro CELSO DE MELLO, aplicável à matéria sob exame, in verbis:

“(...) A configuração jurídica do prequestionamento decorre de sua oportuna formulação em momento procedimentalmenteadequado. Não basta, no entanto, só arguir, previamente, o tema de direito federal para legitimar o uso da via do recursoextraordinário. Mais do que a satisfação dessa exigência, impõe-se que a matéria constitucional questionada tenha sidoefetivamente apreciada na decisão recorrida (RTJ 98/754 – RTJ 116/451).”

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Assim colocado, nenhuma das hipóteses constantes do art. 48 da Lei nº 9.099/1995, conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001 identifica-se na matéria em foco; porquanto a causa de pedir destes embargos, cuida, isto sim, é de aspectosecundário e superveniente ao mérito objeto do acórdão objurgado.

Nessas condições, os desprovejo. É o voto.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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17 - 0001279-93.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.001279-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIA DO ROSARIOOLIVEIRA E OUTROS (ADVOGADO: ES005926 - EDUARDO THIEBAUT PEREIRA, ES014029 - EMILIO AUGUSTOTRINXET BRANDÃO JUNIOR, ES001296 - JAQUES MARQUES PEREIRA, ES001204 - ZELIO GUIMARAES SILVA,ES008970 - ESTEFANIA APARECIDA MACHADO, ES012459 - SABRINA CUPERTINO DE CASTRO LAIBER, ES011863 -RICARDO DETONI NEVES, ES013930 - TIAGO BRANCO ABREU, ES013547 - TAINÁ DA SILVA MOREIRA, ES014622 -MARINA BASTOS VIEIRA MENDITH, ES011709 - IGOR SOARES CAIRES.) x UNIAO FEDERAL (PROCDOR: ANABEATRIZ LINS BARBOSA.).Processo nº 0001279-93.2009.4.02.5050/01 - Juízo de origem:1º JEF de VitóriaEmbargantes: CLAUDIA DO ROSARIO OLIVEIRA, RICARDO BARROSO, ROSELI GONÇALVES AÇAFRÃO, GIOVANAPEDRINI GORZA NUNES e RONNE DE CASTRO CISCOTTOEmbargada: UNIÃORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAEMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SERVIDOR PÚBLICO. POLICIAIS FEDERAIS. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE.IMPOSSIBILIDADE. OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. INSURGÊNCIA CONTRA O MÉRITO DO DECISUM. RECURSODESPROVIDO.Trata-se de embargos de declaração opostos pelos autores da demanda em primeiro grau, em razão de acórdão proferidopela Turma Recursal. Alegam, em síntese, que o julgado é omisso quanto à tese arguida pelos embargantes, e contrário àprova dos autos. Pretende, sejam conhecidos e providos os embargos, a fim de sanar os vícios apontados.

Os embargos de declaração, como sabemos, constituem recurso de motivação vinculada, cujo cabimento requer estejampresentes os pressupostos insertos no art. 48 da Lei nº 9.099/1995, quais os de obscuridade, contradição, omissão oudúvida, esta última desde que configure “dúvida objetiva”. In casu, pela leitura da argüição dos embargantes, verifica-seque este aponta a existência de omissão no julgado.

Oportuno rememorar, nesse passo, fragmento elucidativo do julgado, in verbis:Nesse contexto, os servidores da Carreira de Policial Federal passaram a ser remunerados exclusivamente por subsídiofixado em parcela única, sendo vedada a percepção de gratificações, abonos, prêmios, verbas de representação ouqualquer outra espécie remuneratória, nos exatos termos do § 4º do art. 39 da Constituição da República, aplicável aospoliciais federais por força do disposto no § 9º do art. 144 da Constituição da República.

Portanto, o que seria devido como "adicional de periculosidade" e "adicional noturno" não procede mais, na medida em quepercebem remuneração na forma de subsídio. Por outro lado, registre-se que os autores não comprovaram que a aplicaçãoda regra tenha lhes trazido decesso remuneratório.

Assim, não tendo o servidor direito adquirido a regime jurídico de composição de vencimentos, mas apenas àirredutibilidade de remuneração, não faz jus ao recebimento dos adicionais de periculosidade e noturno após a implantaçãoda sistemática do subsídio.

Consigne-se, a via dos embargos declaratórios não deve ser utilizada para veiculação de mero inconformismo; ademais, acontradição passível de correção por esta via deve pressupor antagonismo lógico entre duas premissas necessariamenteintrínsecas ao próprio julgado, limitando-se este Juízo à verificação do encadeamento racional entre as proposiçõesinternas do texto. Nada disso foi apontado pela embargante.

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Outrossim, o fato de o acórdão guerreado não ter se manifestado expressamente sobre os artigos de lei que a parte alegaincidir à espécie não leva à conclusão de que ofendido o art. 48 da Lei nº 9.099/1995 ou 535 do Código de Processo Civil,pois o julgador, desde que fundamente suficientemente sua decisão, não está obrigado a responder todas as alegações daspartes, a ater-se aos fundamentos por elas apresentados nem a rebater um a um todos os argumentos levantados, de talsorte que a insatisfação quanto ao deslinde da causa não oportuniza a oposição de embargos de declaração, sem que seachem presentes os elementos constitutivos definidos pela Lei como causa eficiente de sua incidência.

Portanto, inexiste omissão no acórdão impugnado. Todos os pontos necessários ao julgamento da causa foram analisadosna decisão colegiada.

Nessas condições, conheço dos embargos de declaração, mas lhes nego provimento.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer,mas desprover os embargos de declaração, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante dopresente julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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18 - 0001668-05.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.001668-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: MARCUS VINÍCIUS CHAGAS SARAIVA.) x CLAUDIANE CAMARA DE JESUS RAGGI.Processo nº. 0001668-05.2014.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: UNIÃORecorrida: CLAUDIANE CÂMARA DE JESUS RAGGIRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTATRIBUTÁRIO. AUXÍLIO-CRECHE E PRÉ-ESCOLAR. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA. DESNECESSIDADE DE JUNTADA DE DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZAÇÃORETIFICAÇÕES. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau pretende a declaração de inexistência de relaçãojurídico-tributária referente à incidência de imposto de renda sobre auxílio-creche ou auxílio-pré-escolar, bem como arestituição dos valores descontados a este título, devidamente corrigidos.

Sentença (fls. 77-81): julgou procedente o pedido para: i) declarar a inexistência de relação jurídica tributária entre aspartes, relativa a imposto de renda pessoa física incidente sobre as verbas denominadas auxílio pré-escolar eauxílio-creche; e ii) condenar a União a restituir à parte autora, respeitado o limite de alçada e a prescrição quinquenal, osvalores indevidamente descontados sob este título, devidamente corrigidos pela Taxa SELIC.

Razões da União (fls. 84-101): a) trata-se de verba de natureza remuneratória e não indenizatória, atraindo, assim, aincidência do imposto de renda; e b) inexiste nos autos comprovação do pagamento de despesas com creche ou educaçãopré-escolar nos exercícios em questão. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para julgar improcedente apretensão autoral. Subsidiariamente, pugna seja determinada a comprovação das despesas como medida preparatória àliquidação do indébito.Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 106).Inicialmente, afasto a necessidade de outros documentos, eis que os coligidos pela parte autora se afiguram suficientespara julgamento da lide. Quanto à prescrição, em casos como o presente devem ser excluídas da discussão as parcelascobradas anteriormente ao quinquênio que antecedeu o ajuizamento da ação, nos termos do art. 168, do Código TributárioNacional.Passo ao mérito. A solução da controvérsia em questão passa pela análise de dois pontos fundamentais, a saber: (i)

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identificação da hipótese de incidência do tributo; e (ii) aferição do caráter remuneratório ou indenizatório da verba.O auxílio pré-escolar recebido pelos empregados e servidores públicos guarda nítida natureza indenizatória, porquanto nãose trata de quantia habitual que integra o patrimônio do servidor, tampouco é paga em razão do seu trabalho, em dinheiroou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. Em verdade, a indenizaçãopossui natureza reparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente docontrato de trabalho, ao passo que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesasdiretamente relacionadas com a execução dos serviços prestados.O auxílio ora questionado consiste em restituição de despesa feita com creche pelo servidor em benefício do órgão em queexerce suas atividades, que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar os filhos daqueledurante a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seus serviços. Nesse sentido: ERESP413322/RS - DJ 14.04.2003 p: 173; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007 p. 249; REsp 489955/RS - DJ de 13.06.2005 p.232; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007, p. 249). Por tal motivo, o auxílio pré-escolar não representa, de forma alguma,acréscimo patrimonial, já que objetiva ressarcir despesa que foi transferida ao servidor pela Administração Pública.O art. 7º do Decreto 977/93, que dispõe sobre a assistência pré-escolar destinada aos dependentes dos servidores públicosda Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, estabelece que: “A assistência pré-escolar poderá serprestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, queconsiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade”. Assim, oreembolso (assistência indireta) restitui a verba empregada para custear gastos com creches e estabelecimentos análogos,despesas que deveriam, em princípio, ser suportadas pelo empregador, por meio da disponibilização do serviço em espécie– constituindo verba indenizatória que não se confunde com remuneração. Nessa linha: RESP 267301 / SC - DJ:29.04.2002 – p. 219.Doutro vértice, o princípio da universalidade (art. 153, III, § 2º, I, da CF/88) impõe que o IR incida, indistintamente, sobre asdiversas espécies de rendimentos, desde que descritos na hipótese de incidência. Ocorre que o auxílio-creche oupré-escolar, como já explicado, não representa acréscimo patrimonial, de modo a não se caracterizar como fato gerador doIR. Portanto, a não incidência do tributo sobre a parcela de auxílio pré-escolar não implica violação ao princípio dauniversalidade e aos demais dispositivos constitucionais e infraconstitucionais ventilados no recurso.A propósito, oportuno registrar que o entendimento ora esposado encontra-se consagrado no Enunciado nº. 53 desta TurmaRecursal do Espírito Santo que prevê, verbis: “Não incide imposto de renda sobre auxílio-creche pago a servidor públicofederal”.Não foi outro, aliás, o entendimento albergado pelo Conselho da Justiça Federal – CJF nos autos do processoadministrativo nº CF-PES-2012/00156, sessão ordinária de 24.09.2012, publicada no DOU de 24.10.2012. Confira-se:PROCESSO N. CF-PES-2012/00156ASSUNTO: SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DO IMPOSTODE RENDA SOBRE O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO PRÉ-ESCOLARINTERESSADOS: Magistrados e servidores da Justiça FederalRELATOR: Conselheiro PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA

DECISÃO: O Conselho decidiu: a) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem comoo CJF, a não mais reterem na fonte imposto de renda que incida sobre os valores pagos a magistrados e a servidores atítulo de auxílio pré-escolar; (grifei)

b) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a devolverem os valoresque foram retidos a título de imposto de renda incidente sobre o auxílio pré-escolar pago a magistrados e a servidoresdurante o exercício de 2012. Vencido, nesse ponto, o Conselheiro Massami Uyeda, o qual entende que devem ser pagostambém os valores correspondentes aos exercícios anteriores;

c) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a fornecerem, aosmagistrados e aos servidores, a documentação necessária à apresentação de declaração retificadora de imposto de rendareferentes aos anos anteriores a 2012, para fins de prestarem novos informes à Receita Federal do Brasil.

Sobreleva realçar, por fim, a prescindibilidade de juntada de declarações de ajuste e de realização das retificações dasDeclarações Anuais de Imposto de Renda para fins de liquidação da sentença, visto que é faculdade do contribuinte optarpela repetição ou pela compensação, conforme decidiu a Turma Nacional de Uniformização – TNU no Pedido nº200871500124271, de relatoria do MM. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, publicado no DOU de 08.06.2012.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Não tendo havido participação de advogado constituído nesta causa, incabível a condenação da recorrente vencida emhonorários advocatícios (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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19 - 0105277-26.2013.4.02.5054/01 (2013.50.54.105277-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: RODRIGO BARBOSA DE BARROS.) x NUMMILA RENATA BAIÔCO RIBEIRO (ADVOGADO: ES009366 -SUZANA AZEVEDO CRISTO.).Processo nº. 0105277-26.2013.4.02.5054/01– Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente: UNIÃORecorrida: NUMMILA RENATA BAIÔCO RIBEIRORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

TRIBUTÁRIO. AUXÍLIO-CRECHE E PRÉ-ESCOLAR. IMPOSTO DE RENDA. NÃO INCIDÊNCIA. VERBA DE NATUREZAINDENIZATÓRIA. DESNECESSIDADE DE JUNTADA DE DECLARAÇÕES DE AJUSTE OU REALIZAÇÃORETIFICAÇÕES. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau pretende a declaração de inexistência de relaçãojurídico-tributária referente à incidência de imposto de renda sobre auxílio-creche ou auxílio-pré-escolar, bem como arestituição dos valores descontados a este título, devidamente corrigidos.

Sentença (fls. 33-37): julgou procedente o pedido para: i) declarar a inexigibilidade do imposto de renda sobre os valoresrecebidos pela parte autora a título de auxílio pré-escolar; ii) condenar a União a se abster de deflagrar novas incidências deIRPF sobre tais rubricas, bem como a restituir à parte autora os valores descontados a este título desde o início de suapercepção, com as devidas correções, abatendo-se os valores já restituídos administrativamente.

Razões da União (fls. 55-65): a) trata-se de verba de natureza remuneratória e não indenizatória, atraindo, assim, aincidência do imposto de renda; b) inexiste nos autos comprovação do pagamento de despesas com creche ou educaçãopré-escolar nos exercícios em questão; e c) aplicabilidade da Taxa SELIC caso reconhecida a existência de eventualindébito a ser repetido. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para julgar improcedente a pretensão autoral.Subsidiariamente, pleiteia que esta Turma Recursal se pronuncie expressamente quanto ao modo de devolução do supostoindébito, pois, uma vez já efetuadas as Declarações de Ajuste Anual, os valores restituíveis certamente não correspondemaos meramente retidos.Contrarrazões às fls. 69-73.Inicialmente, afasto a necessidade de outros documentos, eis que os coligidos pela parte autora se afiguram suficientespara julgamento da lide. Quanto à prescrição, em casos como o presente devem ser excluídas da discussão as parcelascobradas anteriormente ao quinquênio que antecedeu o ajuizamento da ação, nos termos do art. 168, do Código TributárioNacional.Passo ao mérito. A solução da controvérsia em questão passa pela análise de dois pontos fundamentais, a saber: (i)identificação da hipótese de incidência do tributo; e (ii) aferição do caráter remuneratório ou indenizatório da verba.O auxílio pré-escolar recebido pelos empregados e servidores públicos guarda nítida natureza indenizatória, porquanto nãose trata de quantia habitual que integra o patrimônio do servidor, tampouco é paga em razão do seu trabalho, em dinheiroou utilidades, como fruto da contraprestação por serviços prestados ou da mera disponibilidade. Em verdade, a indenizaçãopossui natureza reparadora ou substitutiva, como consequência excepcional, fortuita e mediatamente decorrente docontrato de trabalho, ao passo que os valores ressarcitórios correspondem à restituição ao servidor de despesasdiretamente relacionadas com a execução dos serviços prestados.O auxílio ora questionado consiste em restituição de despesa feita com creche pelo servidor em benefício do órgão em queexerce suas atividades, que, valendo-se da prerrogativa de não constituir local apropriado para abrigar os filhos daqueledurante a fase pré-escolar, prefere reembolsá-lo dessa despesa para mantê-lo a seus serviços. Nesse sentido: ERESP413322/RS - DJ 14.04.2003 p: 173; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007 p. 249; REsp 489955/RS - DJ de 13.06.2005 p.232; REsp 625506/RS - DJ de 06.03.2007, p. 249). Por tal motivo, o auxílio pré-escolar não representa, de forma alguma,acréscimo patrimonial, já que objetiva ressarcir despesa que foi transferida ao servidor pela Administração Pública.O art. 7º do Decreto 977/93, que dispõe sobre a assistência pré-escolar destinada aos dependentes dos servidores públicosda Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, estabelece que: “A assistência pré-escolar poderá serprestada nas modalidades de assistência direta, através de creches próprias, e indireta, através de auxílio pré-escolar, queconsiste em valor expresso em moeda referente ao mês em curso, que o servidor receberá do órgão ou entidade”. Assim, oreembolso (assistência indireta) restitui a verba empregada para custear gastos com creches e estabelecimentos análogos,despesas que deveriam, em princípio, ser suportadas pelo empregador, por meio da disponibilização do serviço em espécie– constituindo verba indenizatória que não se confunde com remuneração. Nessa linha: RESP 267301 / SC - DJ:29.04.2002 – p. 219.Doutro vértice, o princípio da universalidade (art. 153, III, § 2º, I, da CF/88) impõe que o IR incida, indistintamente, sobre asdiversas espécies de rendimentos, desde que descritos na hipótese de incidência. Ocorre que o auxílio-creche oupré-escolar, como já explicado, não representa acréscimo patrimonial, de modo a não se caracterizar como fato gerador doIR. Portanto, a não incidência do tributo sobre a parcela de auxílio pré-escolar não implica violação ao princípio dauniversalidade e aos demais dispositivos constitucionais e infraconstitucionais ventilados no recurso.A propósito, oportuno registrar que o entendimento ora esposado encontra-se consagrado no Enunciado nº. 53 desta Turma

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Recursal do Espírito Santo que prevê, verbis: “Não incide imposto de renda sobre auxílio-creche pago a servidor públicofederal”.Não foi outro, aliás, o entendimento albergado pelo Conselho da Justiça Federal – CJF nos autos do processoadministrativo nº CF-PES-2012/00156, sessão ordinária de 24.09.2012, publicada no DOU de 24.10.2012. Confira-se:PROCESSO N. CF-PES-2012/00156ASSUNTO: SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DO IMPOSTODE RENDA SOBRE O BENEFÍCIO DO AUXÍLIO PRÉ-ESCOLARINTERESSADOS: Magistrados e servidores da Justiça FederalRELATOR: Conselheiro PAULO ROBERTO DE OLIVEIRA LIMA

DECISÃO: O Conselho decidiu: a) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem comoo CJF, a não mais reterem na fonte imposto de renda que incida sobre os valores pagos a magistrados e a servidores atítulo de auxílio pré-escolar; (grifei)

b) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a devolverem os valoresque foram retidos a título de imposto de renda incidente sobre o auxílio pré-escolar pago a magistrados e a servidoresdurante o exercício de 2012. Vencido, nesse ponto, o Conselheiro Massami Uyeda, o qual entende que devem ser pagostambém os valores correspondentes aos exercícios anteriores;

c) orientar os tribunais regionais federais e suas respectivas seções judiciárias, bem como o CJF, a fornecerem, aosmagistrados e aos servidores, a documentação necessária à apresentação de declaração retificadora de imposto de rendareferentes aos anos anteriores a 2012, para fins de prestarem novos informes à Receita Federal do Brasil.

Sobreleva realçar, por fim, a prescindibilidade de juntada de declarações de ajuste e de realização das retificações dasDeclarações Anuais de Imposto de Renda para fins de liquidação da sentença, visto que é faculdade do contribuinte optarpela repetição ou pela compensação, conforme decidiu a Turma Nacional de Uniformização – TNU no Pedido nº200871500124271, de relatoria do MM. Juiz Federal Vladimir Santos Vitovsky, publicado no DOU de 08.06.2012.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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20 - 0105543-88.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.105543-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.) x VALÉRIA ANCHITE MARTINSROCHA (ADVOGADO: ES017590 - ROGÉRIO FERREIRA BORGES, ES017407 - MARCILIO TAVARES DEALBUQUERQUE FILHO, ES017356 - DANIEL FERREIRA BORGES, ES017591 - FABIOLA CARVALHO FERREIRABORGES, DF035417 - VIVIANE MONTEIRO, ES014169 - CLARISSE JORGE PAES BARRETO, ES012179 - DANIELLEGOBBI, DF036024 - IRIS SALDANHA BUENO, ES017721 - Miguel Vargas da Fonseca.).Processo nº 0105543-88.2014.4.02.5050/01 - Juízo de origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida:VALÉRIA ANCHITE MARTINS ROCHARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE. ART.1º-F DA LEI 9.494/1997 COM A REDAÇÃO DA PELA LEI Nº 11.960/2009. CONSEQUÊNCIAS DA DECLARAÇÃO DEINCONSTITUCIONALIDADE PELO STF. ORIENTAÇÃO FIRMADA PELO STJ NO RESP 1.270.439. RECURSOIMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.Este recurso inominado foi interposto pela ré da demanda em primeiro grau às fls. 122-144, em razão de sentença (fls.112-119) que julgou procedente a pretensão autoral de renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo decontribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefício da mesma espécie, em razão de o (a) segurado (a) tercontinuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

Sustenta a recorrente: a) constitucionalidade e imperatividade da vedação legal ao emprego das contribuições posteriores àaposentadoria; b) o contribuinte em gozo de aposentadoria pertence a uma espécie que apenas contribui para o custeio dosistema, não para a obtenção de benefícios; c) ao aposentar-se, o segurado fez uma opção por uma renda menor, masrecebida por mais tempo; d) o ato jurídico não pode ser alterado unilateralmente; e) violação ao art. 18, parágrafo 2º, da Leinº 8.213/1991. Pugna, assim, pela reforma do julgado, julgando-se improcedente o pedido.

Contrarrazões às fls. 149-155.

A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado (a) que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

No caso sob exame, cuida-se de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (fl. 14), com DIB em 13.03.2013 erenda mensal inicial (RMI) de R$ 2.546,27. Por sua vez, após aposentar-se, o (a) recorrido (a) continuou laborando,conforme fls. 16-17.

A Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se de ato com eficáciaex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual se pretenda renunciar.Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Esta Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimento de necessidade dedevolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins de obtenção de novobenefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2. Incidente improvido.(PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. Relatora JUIZAFEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

Entretanto, não se me afigura a solução mais justa com quem continuou trabalhando e contribuindo para o RGPS após aaposentadoria, sem contrapartida, considerando que: (i) primeiro, caso o que recebeu de proventos por direito, tiver que serdevolvido é como se a renúncia não só o penalizasse, como se a tornasse proibitiva, na medida em que dificilmente secompatibilizaria com a situação sócio-econômica da massa de aposentados, além de seu caráter alimentar e por issolegitimamente não repetível; e (ii) não faria justiça com quem apenas busca uma chance de, trabalhando mais econtribuindo, melhorar – não obstante o fator previdenciário e a tábua da mortalidade – um pouco, seu rendimento navelhice contributiva, sinalagmática e comutativa, como sói ocorrer a partir do comando expresso no § 5º, do art. 195, daConstituição da República; o qual restaria, inversa unilateralmente desnaturado, em nome da universalidade contributiva.

Não destoa desse raciocínio aquele esposado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamentodo REsp 1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código deProcesso Civil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:

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RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE. 1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade derenúncia a aposentadoria e, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a quepretende abdicar. 2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar períodocontributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para aconcessão de posterior e nova aposentação. 3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e,portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ. 4.Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionouposterior aposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada aimposição de devolução. 6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdãosubmetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMANBENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

Noutro ponto, quanto à aplicação do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com redação dada pela Lei nº 11.960/2009, não há anecessidade de se aguardar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal quanto à modulação dos efeitos da decisãoproferida nas ADI´s 4.357 e 4.425, na medida em que não houve determinação daquela Suprema Corte de sobrestamentodos feitos enquanto não ultimada a modulação. Esse, inclusive, o entendimento adotado por esta 1ª Turma Recursal emdiversos julgados proferidos na sessão de 26.02.2014, a exemplo do Processo nº 0002834-14.2010.4.03.5050/01, darelatoria do Juiz Federal Pablo Coelho Charles Gomes.

Nessas condições, conheço do recurso, a ele nego provimento.

Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgabd

21 - 0102202-38.2013.4.02.5002/01 (2013.50.02.102202-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) PEDRO FELICIO(ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza, ES017915 - Lauriane Real Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARIA DA PENHA BARBOSA BRITO.).Processo nº 0102202-38.2013.4.02.5002/01 – Juízo de origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: PEDRO FELICIORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 46-50, em razão de sentença (fls.42-44) que julgou improcedente a pretensão autoral de renúncia ao benefício previdenciário de aposentadoria por tempo decontribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefício da mesma espécie, porém com salário de benefíciomais vantajoso, em razão de o (a) segurado (a) ter continuado trabalhando e contribuindo para o Regime Geral de

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Previdência Social – RGPS.

Sustenta ter direito à revisão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão, porquanto não há preceito legal impeditivo. Pretende seja conhecido e provido orecurso, julgando-se procedente o pedido.

Sem contrarrazões (fl. 57).

A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado (a) que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

No caso sob exame, cuida-se de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (fl. 30), com DIB em 05.08.1997 erenda mensal inicial (RMI) de R$ 243,07. Por sua vez, não há dúvida que, após aposentar-se, o recorrente continuoulaborando, conforme se verifica às fls. 10-12.

A Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se de ato com eficáciaex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual se pretenda renunciar.Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Esta Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimento de necessidade dedevolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins de obtenção de novobenefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2. Incidente improvido.(PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. Relatora JUIZAFEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

Entretanto, não se me afigura a solução mais justa com quem continuou trabalhando e contribuindo para o RGPS após aaposentadoria, sem contrapartida, considerando que: (i) primeiro, caso o que recebeu de proventos por direito, tiver que serdevolvido é como se a renúncia não só o penalizasse, como se a tornasse proibitiva, na medida em que dificilmente secompatibilizaria com a situação sócio-econômica da massa de aposentados, além de seu caráter alimentar e por issolegitimamente não repetível; e (ii) não faria justiça com quem apenas busca uma chance de, trabalhando mais econtribuindo, melhorar – não obstante o fator previdenciário e a tábua da mortalidade – um pouco, seu rendimento navelhice contributiva, sinalagmática e comutativa, como sói ocorrer a partir do comando expresso no § 5º, do art. 195, daConstituição da República; o qual restaria, inversa unilateralmente desnaturado, em nome da universalidade contributiva.

Não destoa desse raciocínio aquele esposado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamentodo REsp 1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código deProcesso Civil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE. 1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade derenúncia a aposentadoria e, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a quepretende abdicar. 2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar períodocontributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para aconcessão de posterior e nova aposentação. 3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e,portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ. 4.Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionouposterior aposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada aimposição de devolução. 6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdãosubmetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMANBENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

Por essas razões, merece guarida a pretensão do segurado de renunciar à aposentadoria com o escopo de, ante acontinuidade laborativa, agregar o tempo de contribuição posterior à jubilação para perceber benefício mais vantajoso.

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a: i)desconstituir a aposentadoria por tempo de contribuição usufruída pelo recorrente, concedendo-lhe novo benefício de

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mesma espécie, independentemente de devolução dos proventos; ii) computar o tempo de serviço efetivamente prestadoapós jubilamento; iii) pagar-lhe as prestações vencidas, acrescidas de juros de mora, calculados com base no índice oficialde remuneração básica dos juros aplicados à caderneta de poupança, mutatis mutandis (REsp. nº 1.270.439 – PR, Rel.Min. Castro Meira) e correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A,caput, da Lei nº 8.213/1991.

Sem custas e condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n.º 9.099/1995 e art. 1º daLei n.º 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso do autor e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgabd

22 - 0000164-55.2014.4.02.5052/01 (2014.50.52.000164-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) SEBASTIAO ANTONIORODRIGUES (ADVOGADO: ES017116 - GERALDO PEREIRA FUNDÃO DOS SANTOS, ES015618 - MARIA DELOURDES COIMBRA DE MACEDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: THIAGO DEALMEIDA RAUPP.).Processo nº 0000164-55.2014.4.02.5052/01 - Juízo de origem: 1ª VF São MateusRecorrente: SEBASTIAO ANTONIO RODRIGUESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. RMI. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO EPOSTERIOR JUBILAMENTO. POSSIBILIDADE. DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. DESNECESSIDADE.RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.Este recurso inominado foi interposto pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 33-37, em razão de sentença (fls.26-28) que julgou improcedente (art. 285-A, do Código de Processo Civil) a pretensão autoral de renúncia ao benefícioprevidenciário de aposentadoria por tempo de contribuição; e, como consectário, de concessão de novo benefício damesma espécie, porém com salário de benefício mais vantajoso, em razão de o (a) segurado (a) ter continuado trabalhandoe contribuindo para o Regime Geral de Previdência Social – RGPS.

Sustenta ter direito à revisão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição usufruído, com o acréscimo dotempo laborado após sua concessão, porquanto este é o entendimento majoritário da jurisprudência atual. Pretende sejaconhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido

Citado o Instituto Nacional do Seguro Social apresentou contrarrazões às fls. 41-43.

A matéria discutida é meramente de direito e tendo ocorrido a citação do INSS na forma do art. 285-A, § 2º do CPC,impõe-se o julgamento da causa com fulcro no art. 515, §3º, do CPC.

A questão em debate importa aferir a viabilidade jurígena de segurado (a) que continuou em atividade remunerada econtribuindo para o RGPS renunciar a benefício previdenciário, com o escopo de, ao tempo de contribuição apurado porocasião de sua concessão, ver acrescido aquele relativo à atividade laborativa – e respectivas contribuições – posterior àjubilação, para assim auferir renda mensal mais vantajosa.

No caso sob exame, cuida-se de benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (fl. 11), com DIB em 31.10.1996 erenda mensal inicial (RMI) de R$ 798,19. Por sua vez, não há dúvida que, após aposentar-se, a recorrente continuoulaborando, conforme se verifica às fls. 13-20.

A Turma Nacional de Uniformização perfilhou entendimento de que a renúncia à aposentadoria trata-se de ato com eficáciaex tunc, ensejando, desta feita, a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria à qual se pretenda renunciar.

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Observe-se:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO PARA FINS DE OBTENÇÃO DE NOVO BENEFÍCIO, TAMBÉM NO REGIMEGERAL DE PREVIDÊNCIA, COM UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO UTILIZADO NO PRIMEIRO.DEVOLUÇÃO DOS VALORES PERCEBIDOS. NECESSIDADE. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Esta Turma Nacional deUniformização de Jurisprudência dos Juizados Especais Federais sedimentou o entendimento de necessidade dedevolução dos valores percebidos a titulo de aposentadoria à qual se pretenda renunciar, para fins de obtenção de novobenefício, no mesmo regime, com observância do tempo utilizado para concessão do primeiro. 2. Incidente improvido.(PEDILEF 200872550094057 PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. Relatora JUIZAFEDERAL SIMONE DOS SANTOS LEMOS FERNANDES. DOU 06/05/2011) (grifei)

Entretanto, não se me afigura a solução mais justa com quem continuou trabalhando e contribuindo para o RGPS após aaposentadoria, sem contrapartida, considerando que: (i) primeiro, caso o que recebeu de proventos por direito, tiver que serdevolvido é como se a renúncia não só o penalizasse, como se a tornasse proibitiva, na medida em que dificilmente secompatibilizaria com a situação sócio-econômica da massa de aposentados, além de seu caráter alimentar e por issolegitimamente não repetível; e (ii) não faria justiça com quem apenas busca uma chance de, trabalhando mais econtribuindo, melhorar – não obstante o fator previdenciário e a tábua da mortalidade – um pouco, seu rendimento navelhice contributiva, sinalagmática e comutativa, como sói ocorrer a partir do comando expresso no § 5º, do art. 195, daConstituição da República; o qual restaria, inversa unilateralmente desnaturado, em nome da universalidade contributiva.

Não destoa desse raciocínio aquele esposado pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamentodo REsp 1334488/SC, realizado no dia 08 de maio de 2013 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código deProcesso Civil e RES. n º. 8/2008-STJ). Confira-se:RECURSO ESPECIAL. MATÉRIA REPETITIVA. ART. 543-C DO CPC E RESOLUÇÃO STJ 8/2008. RECURSOREPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. DESAPOSENTAÇÃO E REAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AAPOSENTADORIA. CONCESSÃO DE NOVO E POSTERIOR JUBILAMENTO. DEVOLUÇÃO DE VALORES.DESNECESSIDADE. 1. Trata-se de Recursos Especiais com intuito, por parte do INSS, de declarar impossibilidade derenúncia a aposentadoria e, por parte do segurado, de dispensa de devolução de valores recebidos de aposentadoria a quepretende abdicar. 2. A pretensão do segurado consiste em renunciar à aposentadoria concedida para computar períodocontributivo utilizado, conjuntamente com os salários de contribuição da atividade em que permaneceu trabalhando, para aconcessão de posterior e nova aposentação. 3. Os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e,portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, prescindindo-se da devolução dos valores recebidos daaposentadoria a que o segurado deseja preterir para a concessão de novo e posterior jubilamento. Precedentes do STJ. 4.Ressalva do entendimento pessoal do Relator quanto à necessidade de devolução dos valores para a reaposentação,conforme votos vencidos proferidos no REsp 1.298.391/RS; nos Agravos Regimentais nos REsps 1.321.667/PR,1.305.351/RS, 1.321.667/PR, 1.323.464/RS, 1.324.193/PR, 1.324.603/RS, 1.325.300/SC, 1.305.738/RS; e no AgRg noAREsp 103.509/PE. 5. No caso concreto, o Tribunal de origem reconheceu o direito à desaposentação, mas condicionouposterior aposentadoria ao ressarcimento dos valores recebidos do benefício anterior, razão por que deve ser afastada aimposição de devolução. 6. Recurso Especial do INSS não provido, e Recurso Especial do segurado provido. Acórdãosubmetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (REsp 1334488/SC, Rel. Ministro HERMANBENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/05/2013, DJe 14/05/2013).

Por essas razões, merece guarida a pretensão do segurado de renunciar à aposentadoria com o escopo de, ante acontinuidade laborativa, agregar o tempo de contribuição posterior à jubilação para perceber benefício mais vantajoso.

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a: i)desconstituir a aposentadoria por tempo de contribuição usufruída pelo recorrente, concedendo-lhe novo benefício demesma espécie, independentemente de devolução dos proventos; ii) computar o tempo de serviço efetivamente prestadoapós jubilamento; iii) pagar-lhe as prestações vencidas, acrescidas de juros de mora, calculados com base no índice oficialde remuneração básica dos juros aplicados à caderneta de poupança, mutatis mutandis (REsp. nº 1.270.439 – PR, Rel.Min. Castro Meira) e correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A,caput, da Lei nº 8.213/1991.

Sem custas e condenação em honorários advocatícios, em atenção ao disposto no art. 55 da Lei n.º 9.099/1995 e art. 1º daLei n.º 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso do autor e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

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Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

jesgabd

23 - 0101143-31.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.101143-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JANAINA MEIRELESROSEMBERG LIMA (ADVOGADO: ES014562 - VICTOR SANTOS CALDEIRA, ES013950 - ANDERSON RIBEIRO DASILVA.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES008736 - ALESSANDRO ANDRADE PAIXAO, ES004623- SEBASTIAO TRISTAO STHEL.).Processo nº. 0101143-31.2014.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: JANAINA MEIRELLES ROSEMBERG LIMARecorrida: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. SAQUE DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. ATENDIMENTO PREFERENCIAL NEGADO. FATOS QUE, EMTESE, PODEM CARACTERIZAR DANO MORAL. NECESSIDADE DE REABRIR A FASE INSTRUTÓRIA. RECURSOPROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende indenização a título de dano moral supostamentesofrido em decorrência de demora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sentença (fls. 61-66): julgou improcedente o pedido por considerar que não houve lesão aos bens que integram os direitosda personalidade, não estando configurada a existência de dano moral.Razões da recorrente (fls. 69-78): a) não foi oportunizada a produção de prova necessária; b) padece de problemaspsicológicos de depressão e estado de ansiedade (CID F 31.5 - transtorno afetivo bipolar, episódio atual depressivo gravecom sintomas psicóticos) que lhe conferem direito a atendimento prioritário, o que não foi respeitado pela recorrida; c) queaguardou por aproximadamente 02 (duas) horas na fila para ser atendida em uma das agências da recorrida (Agência VilaRubim) quando foi sacar seu benefício previdenciário de auxílio-doença; d) que a Lei do Município de Vitória/ES nº7.598/2008 estabelece o dever de indenizar por espera substancial na fila do banco; e) a espera por tempo superior aquatro vezes o período fixado em lei denota inequívoco defeito na prestação de serviço, tendo o condão de expor o cliente aangústias, aflições e desequilíbrio em seu bem estar; f) que o descaso da instituição financeira em atender à legislação deregência, de par com a circunstância de ser portadora de patologia psicológica, são suficientes para transcender à esferado mero aborrecimento do dia a dia e ensejar a reparação por dano moral. Pretende, assim, seja conhecido e provido orecurso para julgar procedente a pretensão autoral.

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As contrarrazões foram apresentadas às fls. 90-101.No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempo adequado,tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional, comercial,de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto, não éincomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.De outra parte, é preciso ter em mente que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz degerar, numa perspectiva do não aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordemque expresse abalo diferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária.No caso específico deste processo, a petição inicial especifica que em 22.10.2013 a recorrente dirigiu-se até uma dasagências da recorrida (Agência nº 0880- Vila Rubim –fl. 18) para sacar benefício previdenciário de auxílio-doençaprevidenciário (fl. 20) concedido em razão de problemas psicológicos (depressão, nervosismo, ansiedade). Para tanto,precisou aguardar por quase 02 (duas) horas para ser atendida, tendo-lhe sido negado atendimento preferencial, emboraconstasse da carta de concessão do benefício que ao efetuar o pagamento do benefício a instituição financeira deveriagarantir “pagamento em local adequado, sem fila externa, nem fila com tempo superior a trinta minutos de acordo com alegislação local vigente” (fl. 21).Considerando que tais fatos, no contexto, traduzem acontecimento que, em tese, desborda a realidade do cotidiano e quepode ter afetado o sentimento de honra da recorrente sob o ângulo protetivo da dignidade humana, necessária a reaberturada instrução processual com realização de audiência de instrução e julgamento para melhor averigação dos fatos.Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para anular a sentença e determinar a reabertura da faseinstrutória com designação de audiência de instrução e julgamento.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado EletronicamenteJesxkeb/jesgecs

24 - 0103236-55.2014.4.02.5053/01 (2014.50.53.103236-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CLAUDIA LOURETTEFRANÇA RAMOS (ADVOGADO: ES016565 - LUCIENE TREVIZANI GONÇALVES, ES008304 - VANESSA MARIABARROS GURGEL ZANONI.) x CEF-CAIXA ECONOMICA FEDERAL (ADVOGADO: ES012071 - FREDERICO J. F.MARTINS PAIVA, ES005898 - MARIO JORGE MARTINS PAIVA.).Processo nº. 0103236-55.2014.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de LinharesRecorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – CEFRecorrida: CLAUDIA LOURETTE FRANÇA RAMOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSO PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende indenização a título de dano moral supostamentesofrido em decorrência de demora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sentença (fls. 40-41): julgou procedente o pedido para condenar a Caixa a pagar à parte autora o valor o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), a ser corrigido monetariamente pelo INPC a partir da data da sentença até a data do pagamento.A seguir, em face do valor corrigido, deverão incidir juros de mora de 1% ao mês a contar da data do ato ilícito (art. 398 doCódigo Civil), qual seja, a data em que a autora permaneceu o longo tempo na fila.

Razões da recorrente (fls. 44-67): a) não prestou com defeito seus serviços, tampouco praticou qualquer ato que possa darensejo à indenização; b) a espera em fila de estabelecimento bancário não pode ser considerada como lesão a direitopersonalíssimo, tratando-se, em verdade, de mero contratempo ou dissabor; c) para que haja o dever de indenizar éimprescindível a existência de conduta ou omissão eivada de negligência ou imprudência e que esta tenha dado causa aum dano efetivamente ocorrido, o que, no caso, não restou comprovado, d) é assente na jurisprudência pátria o

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entendimento de que a espera em fila de atendimento em banco trata-se de situação costumeira, situando-se no campo deaborrecimento a ensejar, quando muito, multa administrativa; e) caso mantido o entendimento de se compensarmoralmente o suposto dano moral, mister observar que o critério fixado na r. sentença para o arbitramento desteapresenta-se completamente inadequado. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para julgar totalmenteimprocedente a pretensão autoral.

Contrarrazões nas fls. 77-89.

A controvérsia diz com a existência ou não de dano moral.

Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, alterada pela Lei nº

�9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN (art. 48,inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Linhares a Lei nº 2.167/2000.Registre-se: o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal que positive normas dedefesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).

Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.

A previsão de 30 (trinta) minutos como tempo máximo para atendimento em estabelecimento bancário constante da Lei�Municipal de Linhares/ES nº 2.167/2000 de fato indica razoabilidade. Isso porque, considerado o aspecto concorrencial

entre as muitas instituições bancárias, de par com o tempo de espera máximo de espera estabelecido no art. 7º da Lei nº8.906/1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB), tomado com parâmetro, tem-se como razoável o tempomáximo – portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo,estaria configurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil(art. 186 do Código Civil).

No caso em exame, a recorrida afirma ter ficado por aproximadamente 1 (uma) hora e 09 (nove) minutos aguardandoatendimento em uma das agências da recorrente para efetuar um saque em sua conta poupança no valor de R$ 3.400,00(três mil e quatrocentos reais) para pagamento de 02 (duas) faturas de cartão de crédito, serviço que não está disponívelnos terminais de auto-atendimento em virtude do limite disponibilizado para saque nos terminais. Destarte estaria, em tese,configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir a existência de dano para ser reconhecido odever de indenizar.

Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa seja capaz de gerar, numa perspectivado não aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.

Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do recorrente sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.

No caso específico deste processo, trata-se de mero aborrecimento. Senão vejamos: a necessidade de comparecimentoaos bancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Não obstante, os bancos disponibilizam meiosalternativos aos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet. Sabe-se que na prática, nemsempre atendem plenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede que os clientes, em tese, mudemde banco. Na verdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação de mercado.

Noutro vértice, em casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pela recorrida. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se, masnão aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso, necessariamentecomo dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuições preferencialmenteproativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveis como esta.

Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANO

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MORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, quepodem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)

Merece reparo, portanto, a sentença recorrida para desconstituir a condenação da recorrente ao pagamento de indenizaçãopor dano moral.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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JESXKEB/jesgecs

25 - 0002175-97.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.002175-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) CEF-CAIXA ECONOMICAFEDERAL (ADVOGADO: ES017725 - GABRIELA NATALINO DE LIMA, ES009141 - UDNO ZANDONADE.) x NELSONDAVID SAITH (ADVOGADO: ES015869 - GIOVANI LOPES RODRIGUES.).Processo nº. 0002175-97.2013.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEFRecorrido: NELSON DAVID SAITHRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. ESPERA EM FILA DEBANCO. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. INSUFICIÊNCIA. MERO DISSABOR. RECURSO PROVIDO.SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende indenização a título de dano moral supostamentesofrido em decorrência de demora na prestação de serviço, vale dizer, de espera em fila de banco.Sentença (fls. 49-55): julgou parcialmente procedente o pedido para condenar a Caixa a pagar à parte autora o valor de R$2.000,00 (dois mil reais), corrigidos pela SELIC, exclusivamente, a partir daquela decisão.

Razões do recorrente (fls. 59-71): a) o recorrido não utilizou meio idôneo para comprovar sua permanência na fila pelotempo alegado, limitando-se a apresentar documento que indica horário em que foi atendido; b) não obstante todas ascomodidades eletrônicas ou de utilização rápida oferecidas pela recorrente aos clientes, optou por realizar o depósitoatravés dos operadores de caixa da agência justamente no dia em que os empregados da Universidade Federal do EspíritoSanto - UFES, aposentados e pensionistas, recebem seus respectivos pagamentos, o que colabora para o aumento novolume de atendimentos; c) o fato de ter supostamente aguardado por cerca de 2 (duas) horas na fila não comprova abaloem sua dignidade ou grande dissabor suficiente para caracterizar o dano moral; d) é assente na jurisprudência pátria oentendimento de que a espera em fila de atendimento em banco trata-se de situação costumeira, situando-se no campo deaborrecimento a ensejar, quando muito, multa administrativa; e) caso mantido o entendimento de se compensarmoralmente o suposto dano moral, mister observar que o critério fixado na r. sentença para o arbitramento desteapresenta-se completamente inadequado. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para julgar totalmenteimprocedente a pretensão autoral.

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Contrarrazões às fls. 78-89.A controvérsia diz com a existência ou não de dano moral.Nos termos do art. 24, inciso V, da Constituição da República, compete concorrentemente aos entes federados legislarsobre matéria de consumo. Assim, à União cabe editar as normas gerais e aos Estados e aos Municípios suplementar essanormatividade, observadas as peculiaridades regionais e locais (art. 24, § 1º, da CR/88). E assim foi feito. A União editou oCódigo de Defesa do Consumidor; o Estado do Espírito Santo editou a Lei Estadual nº 6.226/2000, recentemente alterada

�pela Lei nº 9.857/2012 - que não cuida de matéria financeira inserta nas atribuições do Banco Central do Brasil – a BACEN(art. 48, inciso XIII, da CR/88), mas das relações de consumo (ADI nº 2591/DF)-, e o Município de Vitória a Lei nº

�7.598/2008 - que alterou o Código de Posturas e de Atividades Urbanas do Município de Vitória (Lei Municipal nº6.080/2003). Registre-se: o Supremo Tribunal Federal já assentou a constitucionalidade da legislação municipal que positivanormas de defesa do consumidor, em consonância com o CDC (RE. 432.789-9/SC).Pois bem. No tocante à prestação de serviços bancários, há de destacar a necessidade de que sejam prestados em tempoadequado, tendo em vista os afazeres e a escassez de tempo das pessoas frente a inúmeros compromissos: profissional,comercial, de saúde, familiar, de estudo etc., de par com o que, diga-se, se paga de tarifas por esses serviços. No entanto,não é incomum a manutenção de quantidade insuficiente de pessoas para atendimento adequado em caixas de agênciasbancárias e outros setores, o que gera demora excessiva, transtornos e prejuízos para os clientes; tudo somado ao fato deque o expediente destinado ao público é reduzido em relação ao expediente de outros serviços.

�Contudo, o tempo máximo de atendimento estabelecido no art. 124-A da Lei Municipal de Vitória/ES nº 7.598/2009 , a dizer,10 (dez) minutos para dias de expediente normal ou 20 (vinte) minutos em dias de pagamentos aos funcionários públicosmunicipais, estaduais e federais, em dias de vencimentos das contas das empresas concessionárias de serviços públicos ede recebimento dos tributos municipais, estaduais e federais, não indica razoabilidade. É bastante exíguo e não expressaadequação frente aos usos e costumes da população usuária e dos fornecedores dos serviços bancários, de modo aconfigurar conduta danosa e indenizável, tal como se encontra na norma. A experiência e a convivência diária denotam adificuldade, quando não impossibilidade de atendimento do limite de tempo prescrito, com potencial de não só gerardesencontros, atritos e lides evitáveis, mas também de levar a descrédito a lei.Qual seria, então, o tempo máximo razoável? Conquanto não seja papel do Poder Judiciário suprir lacuna legislativa ouatuar como legislador positivo, tem-se um parâmetro na legislação federal do que seria o tempo razoável de espera, mutatismutandis, na fila de um estabelecimento bancário. Trata-se do art. 7º da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Ordem dosAdvogados do Brasil – OAB). Lá se estabeleceu o tempo de espera máximo do Advogado para o ato judicial em 30 (trinta)minutos do horário previsto.Considerado o aspecto concorrencial entre as muitas instituições bancárias, surge como razoável o tempo máximo –portanto excepcional – de espera de 30 (trinta) minutos para o atendimento bancário. Ultrapassado esse prazo, estariaconfigurada a falha no serviço bancário “fato do serviço”, nos termos do art. 14 do CDC e tipificado como ilícito civil (art. 186do Código Civil). No caso em exame, o recorrido afirma ter ficado por aproximadamente 2 (duas) horas aguardandoatendimento; destarte estaria, em tese, configurado o ato ilícito e o nexo de causalidade, havendo ainda de se perquirir aexistência de dano para ser reconhecido o dever de indenizar.Acontece que a situação idônea à caracterização de dano moral exige que a ofensa capaz de gerar, numa perspectiva donão aceitável pelo sentimento médio do meio social, um reflexo individual interno de tal ordem que expresse abalodiferenciado frente ao que a média dos cidadãos na convivência cotidiana.Ausentes esses atributos, a ofensa, embora existente, caso a caso, consubstancia aborrecimento absorvido pela dinâmicada vida comunitária. Portanto, frise-se, caso a caso, o aborrecimento não apresenta substrato jurígeno para ser indenizado.O dano moral, que é o aborrecimento com os atributos que o coloca para além do socialmente aceitável, v.g.: aquele quedesborda a realidade do cotidiano ou que tenha afetado o sentimento de honra do recorrido sob o ângulo protetivo dadignidade humana, sim.No caso específico deste processo, o recorrido alega que procurou a Agência nº 0662 (UFES) em 05.07.2013, às12h47min, para efetuar pagamentos. Permaneceu na fila por cerca de 02 (duas) horas e 20 (vinte) minutos aguardandoatendimento. Em virtude de tais fatos, atrasou-se para chegar ao trabalho e por isso sofreu advertência por parte de seuchefe.Tal situação configura, em realidade, de mero aborrecimento não suficiente para comprovar um abalo emocional e psíquico,que ultrapasse o mero aborrecimento. Senão vejamos.A necessidade de comparecimento aos bancos e atendimento pelos caixas é uma realidade nacional. Não obstante, osbancos disponibilizam meios alternativos aos clientes, tais como caixas de auto-atendimento, agendamento e internet.Sabe-se que na prática, nem sempre atendem plenamente às necessidades dos usuários. Por outro lado, nada impede queos clientes, em tese, mudem de banco. Na verdade, a liberdade de escolha é uma expressão da auto-regulação demercado.Noutro vértice, nos casos nos quais o cliente não possa optar por outra instituição bancária (FGTS, PIS,Seguro-Desemprego), estar-se-ia diante de caso de dano patrimonial, e não moral. Não se estar a concordar ou a justificara falha noticiada pelo recorrido. Mas certo é que seus efeitos, embora indesejáveis, podem ser absorvidos – repita-se, masnão aceitos – como atendimento demorado e anômalo e que tem que ser mudado, mas não, neste caso, necessariamentecomo dano moral, mas, p. ex., pela presença fiscalizadora do setor do Poder Público com atribuições preferencialmenteproativas, de modo a, ao assegurar o atendimento respeitoso ao cidadão, obviar demandas evitáveis como esta.Não é outro o entendimento que predomina na jurisprudência pátria:AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - ESPERA EM FILA DE BANCO POR TEMPO SUPERIOR AO E MEIA HORA FIXADO PORLEGISLAÇÃO LOCAL - INSUFICIÊNCIA DA SÓ INVOCAÇÃO LEGISLATIVA ALUDIDA - OCORRÊNCIA DE DANOMORAL AFASTADO PELA SENTENÇA E PELO COLEGIADO ESTADUAL APÓS ANÁLISE DAS CIRCUNSTÂNCIASFÁTICAS DO CASO CONCRETO - PREVALÊNCIA DO JULGAMENTO DA ORIGEM. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ -RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO.1.- A só invocação de legislação municipal ou estadual que estabelece tempo máximode espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito à indenização, pois dirige a sanções administrativas, que

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podem ser provocadas pelo usuário.2.- Afastado pela sentença e pelo Acórdão, as circunstâncias fáticas para configuraçãodo dano moral, prevalece o julgamento da origem (Súmula 7/STJ).3.- Recurso Especial improvido. (REsp 1340394/SP, Rel.Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/05/2013, DJe 10/05/2013) (grifo nosso)

CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO. ESPERA EM FILA DE BANCO. CEF. INVOCAÇÃO DA LEGISLAÇÃO MUNICIPAL.INSUFICIÊNCIA. DANO MORAL INEXISTÊNCIA. 1. De acordo com a jurisprudência, "a só invocação de legislaçãomunicipal ou estadual que estabelece tempo máximo de espera em fila de banco não é suficiente para ensejar o direito àindenização, pois dirige a sanções administrativas, que podem ser provocadas pelo usuário". (REsp 1218497/MT, Ministro

�Sidnei Beneti, Terceira Turma, DJe 17/09/2012). 2. Apelação improvida. (AC 200836000005768, DESEMBARGADORFEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, TRF1 - QUINTA TURMA, e-DJF1 DATA:16/11/2012 PAGINA:751.) (grifo nosso)

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. ESPERA EM FILA DE BANCO POR PERÍODO SUPERIOR A 1 (UMA) HORA. DANOMORAL NÃO CONFIGURADO. AFASTAMENTO DE INDENIZAÇÃO. INVERSÃO DO ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA.HONORÁRIOS DEVIDOS PELA PARTE AUTORA. APELO PROVIDO. 1. Apelação Cível em Ação Ordinária, interpostacontra sentença que julgou procedente o pedido formulado pela parte autora, no sentido de obter indenização decorrente dedemora no atendimento bancário, fixada esta em R$3.000,00 (três mil reais), corrigida monetariamente a partir da data daprolação da sentença. A magistrada de primeiro grau deixou assentado que a indenização, nessa hipótese, tem comofundamento o fato de o cidadão não poder ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta deeficiência, decorrente do mau atendimento da CEF. Deve ser frisado que o tempo de espera do Apelado resultou em 1(uma) hora e 25 (vinte e cinco) minutos, fato não contestado pela ora Recorrente. 2. Para a caracterização do dano moral,cabe averiguar a ocorrência de perturbação nas relações psíquicas, nos sentimentos, nos afetos e na tranqüilidade de umapessoa, em decorrência do ato cometido por terceiro, resultando em afronta ao direito do bem estar emocional, afetivo epsicológico, que importa em diminuição do gozo destes bens, o que leva ao dever de indenizar. 3. Não restou comprovadonos autos dano moral passível de indenização, não bastando a simples alegação, de forma genérica, de demora superior a1 (uma) hora de atendimento bancário para fazer incidir a reparação por danos morais, merecendo a comprovação doconstrangimento, o qual não pode ser confundido com mero dissabor ou aborrecimento. 4. O fato não foi capaz de ensejarqualquer sofrimento ou lesão psicológica ao autor, de forma que descabe indenização por dano moral, não havendoviolação ao princípio da dignidade da pessoal humana, por se tratar de mero dissabor para o Apelado. 5. Inversão do ônusda sucumbência. Honorários arbitrados em R$200,00 (duzentos reais) em desfavor da parte autora. 6. Apelo conhecido eprovido. (AC 200985000004153, Desembargador Federal Francisco Barros Dias, TRF5 - Segunda Turma, DJE -Data:18/11/2010 – p. 373). (grifo nosso)

DIREITO CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL. TEMPO de ESPERA. FILA DE BANCO. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL. LEINº 1.758/2001. TANGARÁ da SERRA/MT. OFENSA À DIGNIDADE da PESSOA HUMANA. INEXISTÊNCIA.RESPONSABILIDADE NÃO CARACTERIZADA. I - O desrespeito da instituição financeira ao tempo máximo de 30 minutospara atendimento do cliente, estabelecido em lei municipal, pode ensejar a aplicação das medidas de advertência e multaprevistas na respectiva legislação, mas a condenação à indenização por dano moral exige a ocorrência de lesão capaz deatingir a dignidade da pessoa humana, o que não se verifica no presente caso. II - Recurso improvido. (Processo234087520074013, JULIER SEBASTIÃO da SILVA, TR1 - 1ª Turma Recursal - MT, DJMT 26/06/2009.) (grifo nosso)Merece reparo, portanto, a sentença recorrida para desconstituir a condenação da recorrente ao pagamento de indenizaçãopor dano moral.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxkeb/JESGECS

26 - 0002700-21.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.002700-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCIANO PEREIRA FILHO(ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY, SC020238 - Antonio Carlos Carara Ponciano.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.).Processo nº 0002700-21.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: MARCIANO PEREIRA FILHORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29,§5º, DA LEI Nº 8.213/1991. MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende, com base no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991, sejarecalculada a renda mensal inicial – RMI de seu benefício de aposentadoria por invalidez decorrente de transformação deauxílio-doença, com pagamento das parcelas atrasadas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.Sentença (fls. 29-32): julgou improcedente o pedido por considerar correta a sistemática adotada pelo INSS para calcular aRMI da aposentadoria por invalidez da parte autora, na medida em que, como este benefício resultou de transformação deauxílio-doença originário, a RMI deve equivaler a 100% do salário-de-benefício que serviu de base para o cálculo da RMI doauxílio-doença, reajustado pelos mesmos índices de correção dos benefícios em geral, em conformidade com o art. 36, §7º, do Decreto nº 3.048/1999.

Razões do recorrente (fls. 34-41): a) a fixação da aposentadoria por invalidez no mesmo valor do auxílio-doença trata-se deinegável arbitrariedade praticada pela autarquia recorrida, já que a lei prevê critério próprio para apuração do valor dosalário de benefício da aposentadoria por invalidez; b) a independência e a autonomia nos critérios de cálculo e concessãoentre a aposentadoria por invalidez e o auxílio-doença decorrem de expressa determinação legal e vem sendo amplamentereconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça – STJ e pela Turma Nacional de Uniformização –TNU; e c) o art. 36 do

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Decreto nº 3.048/1999 apenas regulamenta a Lei nº 8.213/1991, não podendo a ela sobrepor-se. Pretende seja conhecido eprovido o recurso para julgar procedente a pretensão autoral.

As contrarrazões foram apresentadas às fls. 45-60.

A matéria encontra-se pacificada no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF que, em sessão plenária realizada em21.09.2011, decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, ser o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991aplicável somente aos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

Na ocasião, ponderou-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como tempode serviço apenas quando intercalado com períodos de atividade. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença queantecede a conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também nãogera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012). (grifei)

Considerando que o entendimento esposado pelo magistrado sentenciante está em consonância com a jurisprudênciaacima destaca, não merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, tendo em vista o deferimento do benefício da gratuidade da justiçaà fl. 32, na forma do art. 12 da Lei nº. 1.060/1950.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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27 - 0001010-20.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.001010-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS FIGUEREDO MARÇAL.) x MANOEL ALVES DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES010117 - JOAO FELIPE DE MELO CALMON HOLLIDAY.).Processo nº 0001010-20.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: MANOEL ALVES DE OLIVEIRARelator: JUIZ FEDERAL BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL DE BENEFÍCIO. APLICAÇÃO DO ART. 29,§5º, DA LEI Nº 8.213/1991. MATÉRIA DECIDIDA EM REPERCUSSÃO GERAL. RECURSO PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende, com base no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991, sejarecalculada a renda mensal inicial – RMI de seu benefício de aposentadoria por invalidez decorrente de transformação deauxílio-doença, com pagamento das parcelas atrasadas, acrescidas de juros de mora e correção monetária.Sentença (fls. 84-87): julgou procedente o pedido para condenar o INSS a: i) recalcular a RMI da aposentadoria porinvalidez da parte autora na forma do art. 29, § 5º, da Lei 8.213/1991, para que seja considerado no cálculo o período doauxílio-doença recebido durante o período básico de cálculo da aposentadoria por invalidez, devendo ser utilizado comosalário-de-contribuição, no respectivo período, o salário-de-benefício (reajustado nas mesmas épocas e bases dosbenefícios em geral) que serviu de base para o cálculo da renda mensal do auxílio-doença; e ii) pagar à parte autora asdiferenças devidas no valor de R$20.706,61 (vinte mil setecentos e seis e sessenta e um centavos), fl. 68, o qual deverá seratualizado no momento da expedição do RPV.

Razões do recorrente (fls. 90-104): a) art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991 deve ser aplicado exclusivamente nas hipóteses doart. 55, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, a dizer, naquelas em houve retorno ao trabalho após a cessação do benefício porincapacidade, não podendo ser utilizado para os casos de benefícios decorrentes de transformação de auxílio-doença emaposentadoria por invalidez, eis que nestas situações não se pode falar em tempo de gozo de benefício intercalado comperíodos de atividade; b) a pretensão revisional encontra óbice no art. 15 da Lei nº 9.528/1997 que expressamente revogouo §1º do art. 44 da Lei nº 8.213/1991, o qual permitia a contagem do tempo de recebimento de auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez não intercalado com períodos de atividade; c) deve ser conferida interpretação restritiva ao art.55, inciso II, da Lei nº 8.213/1991, à luz do princípio contributivo encartado no art. 201, caput, da Constituição da República,com redação que lhe foi dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998; d) a revisão nos moldes pretendidos ofendediretamente o disposto no art. 195, §5º, da Constituição da República, tendo em vista que não pode o Estado criar, majorarou estender benefício sem a correspondente fonte de custeio; e e) em 21.09.2011, o plenário do STF deu provimento aRecurso Extraordinário (RE 583834) interposto pelo INSS, no sentido da argumentação exposta. Pretende seja conhecido eprovido o recurso, para julgar improcedente a pretensão autoral.

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Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 109).

A matéria encontra-se pacificada no âmbito do Supremo Tribunal Federal – STF que, em sessão plenária realizada em21.09.2011, decidiu, em recurso submetido à sistemática da repercussão geral, ser o art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991aplicável somente aos casos em que o auxílio-doença, dentro do período básico de cálculo de futuro benefício, tenha sidoauferido de forma intercalada com períodos de atividade normal, não se concedendo igual amparo ao segurado que estejaem gozo de auxílio-doença no interregno imediatamente anterior à concessão da aposentadoria por invalidez.

Na ocasião, ponderou-se que o art. 55, II, da Lei nº 8.213/1991 considera o tempo de gozo de auxílio-doença como tempode serviço apenas quando intercalado com períodos de atividade. Por conseguinte, o tempo de gozo do auxílio-doença queantecede a conversão em aposentadoria por invalidez, não podendo ser aproveitado como tempo de serviço, também nãogera salários-de-contribuição que possam ser considerados para novo cálculo do salário-de-benefício da aposentadoria porinvalidez. Eis a ementa do julgado:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. CARÁTER CONTRIBUTIVO.APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-DOENÇA. COMPETÊNCIA REGULAMENTAR. LIMITES.1. O caráter contributivo do regime geral da previdência social (caput do art. 201 da CF) a princípio impede a contagem detempo ficto de contribuição.2. O § 5º do art. 29 da Lei nº 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social – LBPS) é exceção razoável à regraproibitiva de tempo de contribuição ficto com apoio no inciso II do art. 55 da mesma Lei. E é aplicável somente às situaçõesem que a aposentadoria por invalidez seja precedida do recebimento de auxílio-doença durante período de afastamentointercalado com atividade laborativa, em que há recolhimento da contribuição previdenciária. Entendimento, esse, que nãofoi modificado pela Lei nº 9.876/99.3. O § 7º do art. 36 do Decreto nº 3.048/1999 não ultrapassou os limites da competência regulamentar porque apenasexplicitou a adequada interpretação do inciso II e do § 5º do art. 29 em combinação com o inciso II do art. 55 e com os arts.44 e 61, todos da Lei nº 8.213/1991.4. A extensão de efeitos financeiros de lei nova a benefício previdenciário anterior à respectiva vigência ofende tanto oinciso XXXVI do art. 5º quanto o § 5º do art. 195 da Constituição Federal. Precedentes: REs 416.827 e 415.454, ambos darelatoria do Ministro Gilmar Mendes.5. Recurso extraordinário com repercussão geral a que se dá provimento.”(RE 583.834, Relator MIN. AYRES BRITTO, DJE 14/02/2012, divulgado em 13/02/2012). (grifei)

Considerando que o entendimento esposado pelo magistrado sentenciante está em desacordo com a jurisprudência acimadestaca, merece reparo a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para desconstituir a condenação do INSS a revisar a RMI dobenefício do recorrido com base no art. 29, § 5º, da Lei nº 8.213/1991.Sem custas e condenação em honorários advocatícios ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1ºda Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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jesgecs

28 - 0003551-84.2014.4.02.5050/01 (2014.50.50.003551-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OLGA MARTINS PIMENTEL(ADVOGADO: ES018465 - PAULO CEZAR AMANCIO DA SILVA JUNIOR, ES008297 - ANDRÉIA DADALTO.) xINSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo nº. 0003551-84.2014.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF VitóriaRecorrente: OLGA MARTINS PIMENTELRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº. 1.523-9/1997, POSTERIORMENTE CONVERTIDANA LEI Nº. 9.528/1997. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DANORMA QUE FIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau pretende a revisão da Renda Mensal Inicial - RMI de seubenefício previdenciário de aposentadoria – fl. 11.Sentença (fls. 60-62): pronunciou a decadência do direito à revisão e julgou extinto o processo com resolução do mérito,nos termos do art. 269, inciso IV, do Código de Processo Civil.

Razões do recorrente (fls. 65-75): a) o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisória nº1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição, sobpena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito; b) o entendimento jurisprudencialdominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para afastar adecadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

As contrarrazões às fls. 80-92.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Leinº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.

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Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidosanteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626.489, com repercussão geral, eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 30.09.1982 – fl. 11). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 21.05.2014 (fls. 38-39), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito da autora.

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Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 40, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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29 - 0001142-90.2011.4.02.5002/01 (2011.50.02.001142-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) NAMIRO JOSE DE OLIVEIRA(ADVOGADO: ES017915 - Lauriane Real Cereza, ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ANDRÉ DIAS IRIGON.).Processo nº. 0001142-90.2011.4.02.5002/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: NAMIRO JOSÉ DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DA LEI Nº8.213/1991 COM REDAÇÃO DADA PELA MEDIDA PROVISÓRIA Nº. 1.523-9/1997, POSTERIORMENTE CONVERTIDANA LEI Nº. 9.528/1997. POSSIBILIDADE. TERMO INICIAL DO PRAZO DECENAL. DATA DA ENTRADA EM VIGOR DANORMA QUE FIXOU REFERIDO PRAZO (28.06.1997). RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau pretende a revisão da renda mensal inicial – RMI de seubenefício previdenciário de aposentadoria, com inclusão dos valores das contribuições sobre a gratificação natalina dosanos imediatamente anteriores à concessão do benefício, pagando as diferenças devidas, acrescidas de juros e correçãomonetária.Sentença (fls. 135-136): pronunciou a decadência do direito à revisão e julgou extinto o processo com resolução do mérito,nos termos do art. 269, inciso IV, do Código de Processo Civil.

Razões do recorrente (fls. 138-141): a) o prazo decadencial inserto no art. 103 da Lei nº. 8.213/1991 pela Medida Provisórianº 1.523-9/97, mais tarde convertida na Lei nº 9.528/1997, não incide sobre os benefícios anteriores à data de sua edição,sob pena de causar inequívoco gravame ao segurado e afrontar o ato jurídico perfeito; b) o entendimento jurisprudencialdominante milita em favor da tese ora defendida. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso para afastar adecadência, julgando-se procedentes os pedidos deduzidos na inicial.

Não foram apresentadas contrarrazões.A tônica do exame recai sobre a eficácia temporal da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997 - posteriormente convertida na Lei

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nº. 9.528/1997 –, mais precisamente sobre a aplicabilidade do prazo decadencial por ela estatuído para revisão de atoconcessório de benefício previdenciário anterior à data de entrada em vigor daquele diploma normativo.Inicialmente, e para propiciar uma melhor compreensão da questão posta em juízo, convém sumariar o histórico dalegislação que rege o tema.O art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, em sua redação original, não previa prazo decadencial para a revisão dos atos deconcessão dos benefícios previdenciários, referindo-se apenas à prescrição das parcelas não pagas. Ocorre que em27.06.1997, com a edição da Medida Provisória nº. 1.523-9/1997, posteriormente convertida na Lei nº. 9.528/1997, foiconferida nova redação ao mencionado dispositivo legal, o qual passou a prever prazo de 10 (dez) anos para se pleitear arevisão do cálculo da renda mensal inicial. Posteriormente, adveio a Lei nº. 9.711/1998 reduzindo aludido prazo decadencialpara 5 (cinco) anos. Atualmente, no entanto, o art. 103 da Lei nº. 8.213/1991, com redação dada pela Lei nº 10.839/2004,fixa em 10 (dez) anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para pleitear arevisão do ato de concessão de benefício, considerando como termo a quo o dia primeiro do mês seguinte ao dorecebimento da primeira prestação, ou do dia da ciência do indeferimento definitivo no âmbito administrativo.Pois bem. Durante algum tempo a jurisprudência divergiu acerca da retroatividade do prazo decadencial introduzido pelaMedida Provisória nº. 1.523-9/1997 para revisão de ato concessório de benefício concedido antes da data de sua entradaem vigor, tendo o Superior Tribunal de Justiça sufragado inicialmente o entendimento pela irretroatividade da referidanorma, ao argumento de que: “somente pode atingir as relações jurídicas constituídas a partir de sua vigência, vez que anorma não é expressamente retroativa e trata de instituto de direito material” (REsp nº 479.964/RN, Sexta Turma), a CorteEspecial, no julgamento do MS nº 9.157/DF (Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 07/11/2005).Contudo, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp nº 1.309.529/PR, realizado nodia 28 de novembro de 2012 sob o regime de recurso repetitivo (art. 543-C do Código de Processo Civil e RES. n º.8/2008-STJ), consolidou o entendimento que já vinha ganhando espaço na jurisprudência no sentido de que o prazodecadencial de dez anos introduzido pela Medida Provisória nº1.523-9/1997 na redação do art. 103 da Lei nº. 8.213/1991também se aplica aos benefícios concedidos antes de sua entrada em vigor, havendo de ser considerado, no entanto, comotermo a quo para cômputo do lapso extintivo do direito a data de entrada em vigor da inovação legislativa, a dizer,28.06.1997. Confira-se:DIREITO PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL PARA REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIOPREVIDENCIÁRIO ANTERIOR À VIGÊNCIA DA MP N. 1.523-9/1997. RECURSO REPETITIVO (ART. 543-C DO CPC ERES. N. 8/2008-STJ).

Incide o prazo de decadência do art. 103 da Lei n. 8.213/1991, instituído pela MP n. 1.523-9/1997, convertida na Lei n.9.528/1997, no direito de revisão dos benefícios concedidos ou indeferidos anteriormente a esse preceito normativo, com otermo a quo a contar da vigência da MP. Até o advento da MP n. 1.523-9/1997 (convertida na Lei n. 9.528/1997) não haviaprevisão normativa de prazo decadencial da ação de revisão do ato concessivo de benefício previdenciário. Todavia, com anova redação dada pela referida MP ao art. 103 da Lei n. 8.213/1991 (Lei de Benefícios da Previdência Social), publicadaem 28/6/1997, ficou estabelecido ser de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado oubeneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício. Portanto, até 27/6/1997 – dia anterior à publicação da referidaMP –, qualquer segurado poderia exercer seu direito de revisão do benefício, não havendo previsão para fulminar tal direitopelo decurso futuro de prazo. Entretanto, a contar de 28/6/1997, com a publicação da inovação legal citada, os mesmossegurados continuaram a poder exercer seu direito de revisão, mas desta vez sob novo regime jurídico, isto é, com prazode 10 anos a contar da alteração legislativa (MP n. 1.523-9/1997). Assim, relativamente aos benefícios anteriormenteconcedidos, o termo inicial do prazo de decadência do direito de revisão é a data em que entrou em vigor a norma fixando oreferido prazo decenal. Ademais, o suporte de incidência do prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei n. 8.213/1991 é odireito de revisão dos benefícios, e não o direito ao benefício previdenciário. O direito ao benefício está incorporado aopatrimônio jurídico, e não é possível que lei posterior imponha a modificação ou extinção. Já o direito de revisão dobenefício consiste na possibilidade de o segurado alterar a concessão inicial em proveito próprio, o que resulta em direitoexercitável de natureza contínua sujeito à alteração de regime jurídico. Por conseguinte, não viola o direito adquirido e o atojurídico perfeito a aplicação da citada norma sobre o direito de revisão das prestações concedidas antes da instituição doprazo decadencial. Portanto, a lei nova se aplica às situações jurídicas anteriores, mas o termo inicial do prazo decadencialdeve ser a contar da vigência da norma instituidora (28/6/1997). Precedentes citados: REsp 1.303.988-PE, DJe 21/3/2012, eAgRg no AREsp 103.845-SC, DJe 1º/8/2012. (REsp 1.309.529-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012. 1ªSeção). (grifei)

Desse modo, os benefícios com DIB anterior a 28.06.1997, data inicial de vigência da referida Medida Provisória, estarãoimpedidos de serem revistos a partir de 28.06.2007. Mais precisamente, em 01.08.2007 - 10 (dez) anos contados do “diaprimeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação” ocorrido após o início da vigência da MP n º1.523-9/1997 - operou-se a decadência das ações que visem à revisão do ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997.

Consigne-se: outro não era o entendimento consagrado no âmbito das Turmas Recursais do Rio de Janeiro. Confira-se:Enunciado 63Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. (Precedente: Processo nº 2007.51.51.018031-4/01. Aprovado na Sessão Conjunta das Turmas Recursais,realizada em 04/09/2008 e publicado no DOERJ de 10/09/2008, pág. 139, Parte III).

Na mesma senda o Enunciado nº 16, editado no I Fórum Regional de Direito Previdenciário da 2ª Região (I FOREPREV)em março de 2009, verbis: “Decai em 10 anos o direito de pleitear a revisão do ato concessório dos benefícios concedidos

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anteriormente a 28.06.97 (data da edição da MP 1.523-9), sendo o termo inicial o dia 01.08.97”.Posteriormente, foi a vez da Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência das Turmas Recursais dos JuizadosEspeciais Federais da 2ª Região consolidar sua jurisprudência na Súmula n º 08, a qual contou com a seguinte redação:Em 01.08.2007 operou-se a decadência das ações que visem à revisão de ato concessório de benefício previdenciárioinstituído anteriormente a 28.06.1997, data de edição da MP nº 1.523-9, que deu nova redação ao art. 103 da Lei nº8.213/91. Precedente: processo nº 2008.50.50.000808-0. (Publicado no Diário da Justiça de 10 de julho de 2009, p.105)Mais recentemente, o Supremo Tribunal Federal julgou o Recurso Extraordinário nº 626.489, com repercussão geral, eassentou que é de dez anos o prazo para revisão de benefícios previdenciários até mesmo anteriores à Medida Provisórianº 1.523/1997, convertida na Lei nº 9.528/1997. À unanimidade. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso. Julgamento:Sessão de 16.10.2013.In casu, o benefício fora concedido antes de 28.06.1997 (DIB em 17.10.1996 – fl. 105). Contudo, a presente demandasomente foi ajuizada em 18.08.2011 (fl. 103), após, portanto, 01.08.2007, tendo transcorrido o prazo decenal legalmenteprevisto. Resta patente, assim, a decadência do direito do(a) autor(a).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 109, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

JESXKEB/jesgecs

30 - 0008248-61.2008.4.02.5050/01 (2008.50.50.008248-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: ELZA ELENA BOSSOES ALEGRO OLIVEIRA.) x LAURA FLORENCIO DA SILVA(ADVOGADO: ES012203 - BRUNO DE CASTRO QUEIROZ.).Processo nº. 0008248-61.2008.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: LAURA FLORÊNCIO DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE DERIVADA DE APOSENTADORIA. REVISÃO DO ATO DE CONCESSÃO.TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL DECENAL. DATA DE CONCESSÃO DA PENSÃO. DECADÊNCIA NÃOCONFIGURADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a revisão do benefício previdenciário de pensão pormorte (NB nº 1003332401) decorrente de aposentadoria por tempo de contribuição percebida por seu falecido esposo, Sr.INÁCIO PEREIRA DA SILVA.Sentença (fls. 43-45): afastou a alegação de decadência e julgou procedente o pedido para condenar o INSS a: i) revisar arenda mensal inicial do benefício da parte autora na forma exposta à fl. 31; ii) pagar à parte autora o valor apontado à fl. 39,

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referente às diferenças entre a renda mensal revisada e a renda mensal paga, com correção monetária e juros de mora, àtaxa de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação.

Razões do recorrente (fls. 47-54): com base no prazo decenal previsto no art. 103 da Lei nº 8.213/1991, argúi aconfiguração de decadência do direito de revisão da aposentadoria por tempo de contribuição concedida ao falecido maridoda recorrida em 31.01.1985 - fl. 20, e, consequentemente, impossibilidade de revisão da renda mensal inicial da pensão pormorte dela decorrente. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se improcedente o pedido deduzidona inicial, pronunciando-se a decadência.

Contrarrazões nas fls. 58-66.Não merece prosperar a alegativa de que a pretensão autoral não pode ser acolhida, eis que já operada a decadência dodireito à revisão da aposentadoria do de cujus, o que, via de consequência, inviabilizaria a revisão da RMI da pensão pormorte percebida pela recorrida.A respeito a Turma Nacional de Uniformização - TNU no PEDILEF 200972540039637 já firmou entendimento de que o fatode o instituidor da pensão ter perdido, em vida, o direito à revisão de sua aposentadoria não pode prejudicar o titular dasubsequente pensão por morte. Confira-se o aresto a seguir transcrito:PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PRESENÇA DE SIMILITUDE FÁTICO-JURÍDICA EDE DIVERGÊNCIA ENTRE OS JULGADOS CONFRONTADOS. PROVIMENTO. ENFRENTAMENTO DO MÉRITO DOINCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO. REVISÃO DE BENEFÍCIO. PENSÃO POR MORTE DERIVADA DEAPOSENTADORIA. DECADÊNCIA. CÔMPUTO DO PRAZO APLICÁVEL. INCIDENTE IMPROVIDO. 1. Trata-se de AgravoRegimental contra decisão proferida pelo em. Presidente desta Turma Nacional, que inadmitiu o Incidente de Uniformizaçãode Jurisprudência formulado por Zuleide da Silva Guizzo em face de acórdão prolatado pela 2ª Turma Recursal dosJuizados Especiais Federais de Santa Catarina. O julgado da Turma Recursal deu provimento ao recurso inominadointerposto pelo INSS, reconhecendo a decadência do direito à revisão pretendida. O incidente foi inadmitido na origem,decisão mantida pela Presidência desta Turma Nacional, ao fundamento de inexistência de similitude fático-jurídica entre osacórdãos em cotejo e de ausência de prequestionamento. Inconformada, a Agravante insiste na presença dos requisitosnecessários ao conhecimento de seu Pedido de Uniformização. 2. Considero que a decisão guerreada merece, datamaxima venia, reparos. Isto porque a despeito de um certa impropriedade técnica constante no voto condutor do acórdãoparadigma, que torna relativamente confusa a compreensão do objeto daquele julgamento, verifico, com um certo esforço,que afasta a decadência do direito à revisão de pensão por morte derivada de aposentadoria por considerar que osbenefícios são atrelados. Adentro, pois, o conhecimento e julgamento do Pedido de Uniformização manejado pelaagravante. 3. O objeto deste recurso é peculiar. Adianto que caso lhe seja negado provimento, nenhum sentido tem asuspensão do feito por força da repercussão geral reconhecida sobre o tema “decadência do direito à revisão de benefícioprevidenciário”, uma vez que se trata de pensão por morte concedida após a alteração do art. 103 da Lei n.º 8.213/91, queinstituiu prazo decenal para que o segurado a promova. 4. Lembro que até junho de 1997, inexistia, no ordenamento jurídicopátrio, disposição legal que fixasse prazo decadencial para revisão de concessão de benefício previdenciário. Apenas apósa publicação da Medida Provisória n.º 1.523-9/97, hoje convertida na Lei n.º 9.528/97, é que essa pretensão passou asujeitar-se a prazo decadencial decenal, nos termos da modificada redação do art. 103 da Lei n.º 8.213/91. 5. Consideroque a pensão por morte e a aposentadoria da qual deriva são, de fato, benefícios atrelados por força do critério de cálculode ambos, tão-somente. Mas são benefícios autônomos, titularizados por pessoas diversas que, de forma independente,possuem o direito de requerer a revisão de cada um deles, ainda que através de sucessores (pois a pensão por mortepressupõe, logicamente, o falecimento de seu instituidor). Certo que os sucessores de segurado já falecido podemrequerer, judicialmente, o reconhecimento de parcelas que seriam devidas àquele por força de incorreto cálculo de seubenefício. Mas não é este o tema discutido nestes autos, já que a autora não postulou diferenças sobre a aposentadoria deseu falecido marido, mas tão-somente diferenças sobre a pensão por morte que percebe. 6. Considero que existe adecadência do direito de revisão da aposentadoria propriamente dita, concedida ao falecido esposo da autora em 1983,tema, como já dito, suspenso por repercussão geral (benefício concedido antes de 1997); e considero que existe prazoautônomo, diferenciado, relativo ao direito de revisão da pensão por morte percebida pela autora, que lhe foi concedida em14/09/1998, quando já vigente, no ordenamento jurídico, a regra da decadência do direito à revisão de benefícioprevidenciário. 7. O fato é que a autora começou a perceber benefício em 1998, quando já existente, no ordenamentojurídico, a clara regra prevista na atual redação do art. 103 da Lei n.º 8.213/91, que não exige grande esforço interpretativopara a sua aplicação, pois o prazo decadencial, regularmente instituído por lei, começa a correr a partir do primeiro dia domês subsequente ao do recebimento da primeira prestação. Como somente ajuizou esta ação em 2009, o fez quandocaduco o direito de revisão. 8. Anoto que o prazo decadencial não atinge o direito em si, senão de forma reflexa, fulminandoapenas o direito da revisão de um ato de concessão. Em outras palavras – o direito potestativo de obter revisão do ato deconcessão não se confunde com o direito subjetivo às diferenças eventualmente postuladas. 9. Assim, caso a autorativesse ajuizado a competente ação em prazo inferior ao consignado no mencionado art. 103, poderia alcançar a revisão deseu benefício, ainda que com recálculo do benefício anterior, já que atrelados, repito, apenas na forma de cálculo. Mascomo ajuizou esta ação mais de 10 anos após o início da percepção de pensão por morte, não possui mais o direito derevisá-la (independentemente de a aposentadoria de seu ex-cônjuge poder sê-lo, caso decida o eg. Supremo TribunalFederal pela inaplicabilidade de prazo decadencial a benefícios concedidos antes de 1997). Registro, apenas por cautela,que esta segunda pretensão já estaria, de toda forma, atingida pela prescrição quinquenal, por força da data do óbito. 10.Assim entendo por bem dar provimento a este Agravo Regimental e, prosseguindo no conhecimento e julgamento do

�Incidente de Uniformização, nego-lhe provimento. É como voto. (PEDILEF 200972540039637, JUÍZA FEDERAL SIMONEDOS SANTOS LEMOS FERNANDES, TNU, DOU 11/05/2012.) (grifei)

Destarte, a beneficiária da pensão por morte não poderá ser prejudicada pela falta de revisão do benefício de origem dentrodo prazo legalmente previsto, eis que o prazo decadencial para revisão de seu benefício é autônomo e começa a fluir a

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partir da concessão da pensão por morte e não a partir da data de concessão do benefício originário.In casu, o benefício de pensão por morte foi concedido à recorrida em 01.04.2008 (fl. 20), enquanto a ação revisional foiajuizada em 16.12.2008 (fl. 01), não tendo, portanto, transcorrido o prazo decenal previsto no art. 103 da Lei nº 8.213/1991,de modo que não há que se falar em decadência do direito de revisão.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida, devendo ser mantida em seus demais pontos por seus própriosfundamentos, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995, extensível aos Juizados Especiais Federais por forçado art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

JESXKEB/jesgecs

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31 - 0102455-76.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102455-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x IVANETE GOMES NASCIMENTO (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).Processo nº 0102455-76.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102455-6/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): IVANETE GOMES NASCIMENTORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:

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ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

32 - 0101872-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101872-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x LEOPOLDO GOMES NETTO (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).Processo nº 0101872-91.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.101872-6/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): LEOPOLDO GOMES NETTORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativos

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de seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

Page 65: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 124-125, em razão de decisão

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Page 66: ÍNDICE DE PESQUISA DA 1ª TURMA RECURSAL RELAÇÃO … · Trata-se de embargos de declaração opostos pelo autor da demanda em primeiro grau às fls. 124-125, em razão de decisão

Jesgecs

33 - 0102995-27.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102995-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x RUTH DE OLIVEIRA DO NASCIMENTO (ADVOGADO: ES020468 - EVANDROJOSE LAGO.).Processo nº 0102995-27.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102995-5/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): RUTH DE OLIVEIRA DO NASCIMENTORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadro

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de inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

34 - 0102834-17.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102834-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x JORGE DOS SANTOS (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSE LAGO.).Processo nº 0102834-17.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102834-3/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): JORGE DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O

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decisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

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A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

35 - 0102983-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102983-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x MIRIAN FERREIRA DOS SANTOS (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).Processo nº 0102983-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.102983-9/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): MIRIAN FERREIRA DOS SANTOSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .

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No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

36 - 0105743-32.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105743-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x RAYMUNDO BONA DE ARAÚJO (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).Processo nº 0105743-32.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105743-4/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): RAYMUNDO BONA DE ARAÚJORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foram

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absorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

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Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

37 - 0104923-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104923-1/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x CLEONICE COSTA FALCAO (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).Processo nº 0104923-13.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.104923-1/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): CLEONICE COSTA FALCAORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensãoda parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.

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Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

38 - 0105927-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105927-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) UNIAO FEDERAL(PROCDOR: PEDRO GALLO VIEIRA.) x MESSIAS FRANCISCO DA SILVA (ADVOGADO: ES020468 - EVANDRO JOSELAGO.).Processo nº 0105927-85.2013.4.02.5050/01 (2013.50.50.105927-3/01) Juízo de Origem: 2ºJuizado Especial - ESRecorrente: UNIÃORecorrido(a): MESSIAS FRANCISCO DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. EXTINÇÃO DO DNER. REDISTRIBUIÇÃO DOS SERVIDORES DAATIVA PARA O DNIT. CRIAÇÃO DE PLANO ESPECIAL DE CARGOS E SALÁRIOS. LEI Nº. 11.171/2005. EXTENSÃO DEVANTAGENS PARA OS SERVIDORES APOSENTADOS/PENSIONISTAS DO DNER. POSSIBILIDADE. ISONOMIA EPARIDADE. MATÉRIA DECIDIDA SOB A SISTEMÁTICA DO RECURSO ESPECIAL REPETITIVO. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ 08/2008. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o(a) demandante em primeiro grau, servidor(a) aposentado(a)/pensionista do extintoDepartamento Nacional de Estradas de Rodagem - DNER, pretende a equiparação funcional e remuneratória com osservidores do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT.Sentença (fls. 105-114): julgou procedente o pedido de equiparação entre o cargo em que seu deu a aposentadoria/pensão

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da parte autora em relação aos cargos que os servidores em atividade do extinto DNER foram absorvidos pelo DNIT, nosmesmos padrões e critérios estabelecidos pela Lei nº 11.171/2005, respeitada a prescrição quinquenal e o teto dosJuizados Especiais Federais. Assentou que a União, na condição de responsável pelo pagamento dos proventos dosservidores do extinto DNER, deverá arcar com o pagamento nos mesmos moldes dos servidores da ativa que foramabsorvidos na estrutura da nova autarquia federal, garantido-lhes o direito à paridade em relação a estes.

Razões da recorrente (fls. 116-130): Preliminarmente: a) a existência de coisa julgada, visto que a matéria em debate já foidecidida na ação coletiva n° 2006.34.00.006627-7, que tramitou junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Odecisum transitou em julgado favorecendo os aposentados e pensionistas do DNER; no entanto, encontra-se pendente dejulgamento ação rescisória ajuizada pelos mesmos argumentos ora declinados; b) a ocorrência de prescrição de fundo dedireito. No mérito: a) nos termos dos arts. 113 e 117 da Lei n° 10.233/2001, com a extinção do DNER, os servidores inativosde seu quadro e os pensionistas foram transferidos para o quadro de pessoal do Ministério dos Transportes, enquanto queos servidores ativos, juntamente com servidores da União (Ministério dos Transportes), foram transferidos para os quadrosde pessoal dos recém criados Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - DNIT, Agência Nacional deTransportes Terrestres - ANTT e Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ; b) os servidores do DNER foramrealocados de acordo com suas especialidades, de modo que os inativos foram absorvidos pelo Ministério dos Transportes(Lei n° 10.233, de 05 de junho de 2001), enquanto que os servidores em atividade foram aproveitados pelo DNIT, ANTT eANTAQ. Entretanto, alguns anos depois, com a Lei nº 11.171/2005, os servidores do DNIT - dentre eles os egressos doextinto DNER - foram agraciados com melhorias, em razão de um novo plano de cargos e salários o que não foi estendidoaos servidores inativos do DNER absorvidos pelo Ministério dos Transportes e deu azo à propositura da presente demanda;c) o direito à paridade entre ativos e inativos, reconhecido no art. 40, § 4º, da Constituição da República somente se refere aservidores ativos e inativos pertencentes a um mesmo órgão da Administração, de maneira que pretender que osservidores inativos egressos do DNER, hoje vinculados ao Ministério dos Transportes, aproveitem as vantagens legalmenteconferidas aos servidores do DNIT apenas porque alguns dos antigos servidores do mesmo DNER foram absorvidos peloDNIT, implica colocar os inativos em situação de absoluta e indevida vantagem; d) invoca, dentre outros, o princípio dalegalidade (arts. 37 e 5º, inciso II, da Constituição da República), os arts. 2º, 61, §1º, inciso I, “a” e 169 da CR e a Súmula339 do STF, que veda o aumento de vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia. Pretende, assim,seja conhecido e provido o recurso para extinguir o processo sem resolução de mérito pelo acolhimento das preliminaresarguídas. Caso superadas, requer seja julgada improcedente a pretensão autoral. Eventualmente, pugna pela manifestaçãoacerca dos princípios constitucionais invocados no recurso, para fins de prequestionamento.

Não foram apresentadas contrarrazões.Desde logo rejeito a preliminar de existência de coisa julgada. Isso porque depreende-se do art. 104 do Código de Defesado Consumidor, intercambiante do microssistema processual coletivo, que os efeitos da decisão proferida na ação coletivaapenas alcançarão os titulares da ação individual caso estes requeiram sua suspensão dentro do prazo legal. Não foi o queocorreu in casu. Por essa razão, desacolho a preliminar.Quanto à prescrição, considerando que a demanda versa sobre relação jurídica continuativa que envolve obrigação de tratosucessivo, devem ser excluídas da discussão as diferenças de proventos que deveriam ter sido pagas anteriormente aoquinquênio que antecedeu o ajuizamento desta ação, por aplicação do enunciado da Súmula nº 85 do Superior Tribunal de

�Justiça .No mérito: a matéria não merece maiores digressões, porquanto a 1ª Seção do STJ no julgamento do REsp 1.244.632/CE,de Relatoria do Ministro Castro Meira, submetido à sistemática dos recursos repetitivos (art. 543-C do Código de ProcessoCivil), já assentou o entendimento de que os servidores aposentados pelo extinto DNER, que passaram a compor o quadrode inativos do Ministério dos Transportes, fazem jus às mesmas retribuições dos servidores ativos do DNER que foramincorporados ao DNIT, autarquia que sucedeu o DNER. Logo, a eles devem ser estendidos os benefícios e vantagensinstituídas pelo novo Plano de Cargos e Salários dos servidores do DNIT, promovido pela Lei n. 11.171/2005, sob pena dedesobediência à paridade de vencimentos entre servidores ativos e inativos e pensionistas. Eis a ementa do julgado:ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC ERESOLUÇÃO STJ N.º 08/2008. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. SERVIDOR QUE PRESTOU SERVIÇOS NOEXTINTO DNER. DNIT. SUCESSOR DO DNER. VINCULAÇÃO DO INATIVO AO MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES.PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS DO DNIT. APLICAÇÃO. PRECEDENTES. 1. O servidor aposentado do extinto DNER,ainda que passe a integrar o quadro de inativos do Ministério dos Transportes, deve ter como parâmetro de seus proventosa retribuição dos servidores ativos do DNER absorvidos pelo DNIT, pois esta autarquia é que é a sucessora do DNER, nãohavendo razão jurídica para justificar qualquer disparidade. Precedentes. 2. Não é dado ao Poder Público criar subterfúgiopara deixar de cumprir regramento expresso existente no Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis da União(arts. 189 e 224) que impõe a paridade de vencimentos e proventos entre os servidores ativos e inativos e pensionistas. 3.Assim, o fato de ter a lei transferido ao Ministério dos Transportes a responsabilidade pelo pagamento dos inativos doextinto DNER não pode tornar sem efeito a norma que determina a paridade entre ativos e inativos oriundos do mesmoquadro de pessoal, ainda que atualmente estejam vinculados a entidades distintas por força de legislação superveniente. 4.Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao art. 543-C do CPC e à Resolução STJ n.º 08/2008. ..EMEN: (RESP201100514667, CASTRO MEIRA, STJ - PRIMEIRA SEÇÃO, DJE DATA:13/09/2011 ..DTPB:.) (grifei)A propósito, o Supremo Tribunal Federal – STF, no julgamento do RE nº 677.730 ocorrido em 28.08.2014, decidiu que o art.40, §8º, da Constituição da República, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 20/1998, ao estatuir a regra daparidade de vencimentos entre servidores ativos e inativos que tivessem exercido cargos correspondentes dispensaria aedição de lei que promovesse a extensão de vantagens, razão pela qual afastou a incidência da Súmula nº 339 do STF eestendeu aos servidores aposentados e pensionistas do DNER os benefícios e vantagens resultantes do Plano Especial deCargos do DNIT, instituído pela Lei nº 11.171/2005.

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Destarte, inexistindo qualquer novidade nas razões recursais a ensejar modificação nos fundamentos constantes dasentença recorrida, merece ser ela mantida tal como proferida, em conformidade com o art. 46 da Lei nº 9.099/1995,extensível aos Juizados Especiais Federais por força do art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, nos termos do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pela União, fixados em10% (dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995 e art. 1º da Lei nº 10.259/2001).

A C Ó R D Ã O

Decide a Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Estado do Espírito Santoconhecer do recurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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Jesgecs

39 - 0001998-70.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001998-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARIA DA PENHA PEREIRABESSA (ADVOGADO: ES022393 - VANESSA ALDRIGUES CÂNDIDO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.).Processo nº. 0001998-70.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: MARIA DA PENHA PEREIRA BESARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. FUNGIBILIDADEDAS AÇÕES POR INCAPACIDADE. OCORRÊNCIA DE LITISPENDÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇAMANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento de auxílio-doença cessadoadministrativamente, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 61): julgou extinto o processo sem julgamento do mérito ante a ocorrência de litispendência.

Razões da recorrente (fls. 64-66): não obstante a identidade de partes e a causa de pedir os pedidos são distintos,porquanto este processo visa a concessão de aposentadoria por invalidez ou subsidiariamente o restabelecimento doauxílio-doença cessado adminstrativamente em 30.06.2008, e aquele pretende a concessão de aposentadoria por invalidezdesde 01.07.2008.

Contrarrazões nas fls. 69-73.Passo a demonstrar o quadro fático que se subsume após consulta ao Sistema Informatizado de AcompanhamentoProcessual – Apolo:

Proc. nº 0002948-50.2010.4.02.5050Proc. nº 0001998-70.2012.4.02.5050

Data do ajuizamento18.06.201026.04.2012

Causa de pedirCessação do NB 51949887-3, em 30.06.2008.Cessação de auxílio-doença em 30.06.2008.

PedidoConcessão de aposentadoria por invalidez a partir de 01.07.2008.Concessão de aposentadoria por invalidez; subsidiariamente o restabelecimento do auxílio doença cessado em 30.06.2008.

SentençaJulgou improcedente o pedido com base no laudo pericial.Extinguiu o processo ante a ocorrência de litispendência.

Pois bem, incide nas ações por incapacidade o princípio da fungibilidade, sendo legítimo ao julgador conceder benefício porincapacidade diverso daquele pleiteado desde que fundada em prova técnica suficiente, consistindo, pois, numa exceção aoprincípio da congruência.Assim dispõe o Enunciado nº 22 das Turmas Recursais do Espírito Santo: “Não há julgamento extra petita quando adecisão concede auxílio-doença ao invés da aposentadoria por invalidez, ou vice-versa, desde que satisfeitos todos osrequisitos para obtenção do benefício concedido”.

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Nesse sentido, resta concluir que os pedidos são iguais, isto porque, caso fosse constatada apenas a incapacidade parcialpoderia o magistrado conceder o benefício de auxílio-doença, não obstante o pedido de concessão de aposentadoria porinvalidez.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Defiro o pedido de assistência judiciária gratuita.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça, nos termos do art. 55da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado EletronicamenteJesxlil/jesgabd

40 - 0003146-19.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.003146-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) OLIVAL MONTOVANELI(ADVOGADO: ES006249 - SERGIO RIBEIRO PASSOS, ES015549 - LARISSA FURTADO BAPTISTA.) x INSTITUTONACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: JOSÉ VICENTE SANTIAGO JUNQUEIRA.).Processo nº. 0003146-19.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: OLIVAL MONTOVANELIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO - EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. QUALIDADE DE SEGURADOVERIFICADA. REALIZAÇÃO DE PERÍCIA MÉDICA. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão do benefício de auxílio-doençaprevidenciário, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez, negado administrativamente em 27.12.2011.Sentença (fl. 34): julgou improcedente o pedido por considerar ausente a qualidade de segurado.

Razões do recorrente (fls. 37-39): a) a qualidade de segurado não foi questionada pelo recorrido ao tempo do requerimentoadministrativo; b) o último vínculo empregatício encerrou-se em abril/2010; c) há comprovação do recebimento do segurodesemprego. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido.

Contrarrazões às fls. 43-45.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção auxílio-doença de 08.05.2013 a 26.06.2013 e atualmente em gozo de aposentadoria por invalidezprevidenciária desde 27.06.2013.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 9, em 05.06.2012, retrata hipertensão arterial severa e diabetes; com incapacidade laborativa.CID I20 (angina instável); CID I10 (hipertensão essencial - primária); CID E23.2 (diabetes insípido).

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 59 anos (fl. 12)Grau de instrução: não informadoProfissão/ocupação/área de atuação: repositor (fl. 1)

Reabilitação profissional:

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( ) sim (x) não

- Observações:

O motivo do indeferimento administrativo do auxílio-doença foi a ausência de incapacidade laborativa (fl. 15). Todavia, omagistrado de primeiro grau julgou improcedente o pedido, sob o argumento de perda da qualidade de segurado,dispensando-se a realização de perícia médica.Qualidade de segurado. Verifica-se que o último vínculo de trabalho do recorrente encerrou-se em 05.04.2010 (fl. 28). E, defato, há comprovação de recebimento de seguro-desemprego (fl. 12), o que estende o período de graça por 24 (vinte equatro meses) meses, de forma que mantida a qualidade de segurado ao tempo do requerimento administrativo(27.12.2011).Dessa forma, para a efetiva inferência do direito autoral ao benefício previdenciário, imprescindível a realização de períciamédica, especialmente após a constatação de que houve percepção de auxílio-doença em período posterior aorequerimento administrativo e, no momento, o segurado encontra-se em gozo de aposentadoria por invalidez, conformedemonstrado no item nº 5 supramencionado.A prova pericial é técnica e juridicamente necessária naquelas matérias em que o conhecimento científico especializadoressaia indispensável, máxime o ramo médico, área complexa do conhecimento. Desta feita, a experiência adquirida pelojuiz, seja em função da praxe processual seja por intermédio de outras vivências pessoais, deve, em regra, ser aliada aosconhecimentos técnico-científicos do médico perito nas ações em que se pleiteiem benefícios previdenciários que cubram orisco social advindo da incapacidade laborativa.Assim sendo, excepcionalmente voto no sentido do encaminhamento do processo ao juízo de origem para na especialidadecorrespondente à patologia submeter o recorrente a exame médico específico elucidativo à luz de suas argüições, a fim deverificar a data de início da incapacidade, considerando que, no momento, o segurado está recebendo benefício deaposentadoria por invalidez.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento, para assim, tornar insubsistente a r. sentença recorrida,com o fim de viabilizar a produção da prova pericial e a prolação de novo julgamento com a presença do examemédico/perícia.Sem condenação em custas e honorários nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxanf/jesgabd

41 - 0000474-26.2012.4.02.5054/01 (2012.50.54.000474-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) KATIA FERNANDAMORELATO (ADVOGADO: ES007981 - VALERIA ANGELA COLOMBI COGO, ES019206 - DAIANY BIONDO, ES009746 -CHARLES WAGNER GREGÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: PEDROINOCENCIO BINDA.).Processo nº. 0000474-26.2012.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente: KATIA FERNANDA MORELATO

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Recorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. NEOPLASIA MALIGNA.AGRAVAMENTO DA DOENÇA. INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA. RECURSO PROVIDO. SENTENÇAREFORMADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a concessão do benefício previdenciário deauxílio-doença desde o requerimento administrativo, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 145-147): julgou parcialmente procedente o pedido, confirmando a concessão de tutela antecipada, paracondenar o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS a conceder o benefício de auxílio-doença, com data de início dobenefício – DIB - em 05.12.2011 e data de início do pagamento - DIP - na data da sentença.

Razões da recorrente (fls. 151-161): a) há incapacidade total e definitiva para as atividades laborais, em razão de serportadora de tumor mamário recidivante; b) a doença que acomete a autora está elencada no art. 151 da Lei nº 8.213/1991como doença grave que assegura o direito à aposentadoria por invalidez; c) a doença teve início em 2009 e houveagravamento. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido de concessão deaposentadoria por invalidez.

Contrarrazões às fls. 169-170.Intimado a se manifestar acerca da petição e dos documentos de fls. 173 e 174-196, o INSS não se manifestou – fl. 199.A controvérsia diz com a existência ou não da incapacidade total e definitiva.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário e aposentadoria por invalidez na Itália (fl. 27), e percepção deauxílio-doença em razão da antecipação de tutela no período de 05.12.2011 até o presente momento.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Laudo médico particular à fls. 7-8, em 06.01.2011, informa paciente portadora de carcinoma de mama (C 50.9), FC III,submetida à cirurgia com esvaziamento axilar em 2009, seguida de quimioterapias (mantidas até o presente momento),radioterapia e hormonioterapia; em conseqüência do esvaziamento axilar apresenta linfedema recorrente (CID I 89.0) demembro superior direito, aos mínimos esforços, necessitando em caráter permanente de fisioterapia com drenagemlinfática do membro citado; caráter permanente lesão, pela extensão do procedimento (linfadenectomia axilar direita); emdecorrência do linfedema apresenta incapacidade física para atividades físicas cotidianas e profissionais, pelo risco deagravamento;

Laudo médico particular à fl. 11, em 02.01.2012, refere neoplasia maligna de mama (CID 10 C 50), com recaída na axiladireita (após Epirrubicina, Docetazel e Herceptin). Atualmente realizando quimioterapia paliativa com Cisplatina eGencitabina. Fará três a quatro meses de quimioterapia, seguida de cirurgia;

Notificação de alta hospitalar à fl. 10, em 05.06.2012, informa realização do procedimento de linfadenectomia radical axilarunilateral;

- Laudos acostados em sede recursal:

Atestado médico à fl. 195, em 21.10.2013, informa paciente portadora de Neoplasia Maligna de Mama (CID 10 C50).Atualmente em tratamento com Herceptin e Anastrozol. Encontra-se sintomática para neoplasia de base devido à naturezaavançada da doença. Deverá permanecer afastada das atividades profissionais em caráter definitivo;

Ultrassonografia do ombro direito à fl. 185, em 27.11.2013, imprime massas sólidas hipoecóicas de contorno lobulado,localizadas nas partes moles na região retroescapular, medindo respectivamente 6,3 x 3,8 x 3cm e 1,9 x 1,9 x 1,5cm,devendo corresponder a metástases;

Laudo histopatológico à fl. 186, em 03.12.2013, conclui carcinoma invasor na região retroescapular direita. Informa aindaque os achados morfológicos juntamente com os dados clínicos informados são consistentes com carcinoma ductalmetastático de mama;

Laudo médico particular à fl. 191, em 05.12.2013, informa paciente com câncer de mama, operada em 2009, MRM+EA;realizou tratamento com QT e RXT adjuvante além do bloqueio hormonal. Apresentou, em 2011, recidiva em região axilar,sendo ressecada e reirradiada. No momento evoluiu com nova metástase, lesão em partes moles, na região retroescapulardireita já confirmada por biopsia e laudo histopatológico, necessitando iniciar com urgência tratamento quimioterápico, pois

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o atraso do mesmo coloca a paciente em risco de progressão de doença e morte;

Laudo histopatológico à fl. 189, em 12.04.2014, conclui adenocarcinoma metastático na região subescapular direita. Informaainda que os achados morfológicos juntamente com os dados clínicos informados são consistentes com neoplasiametastática com sítio primário em mama;

Laudo médico às fl. 187, em 09.05.2014, informa paciente com membro superior direito sem motricidade por alcoolizaçãodo plexo branquial, apresentando edema postural e por desuso do segmento. Solicita fisioterapia motora passiva, paraprofilaxia de TVP, facilitação da drenagem do edema residual.

Laudo de perícia médica administrativa: (x) sim () não

Laudo médico pericial (fls. 35-39), em 02.03.20011, considerou limitação funcional em virtude de acometido pós exéresecirúrgica de gânglios axilares direitos, limitação de atividade com risco de exposição a cortes pelo esvaziamento axilar.Fixou a data do início da doença – DID - em 23.09.2009 e data de início da incapacidade (DII) em 07.10.2009. Informou quea pericianda pode realizar atividades leves, sem prejuízo da ortostase e sedestação, com intervalo mais freqüentes que onormal se houver referência a mobilização contínua de membro superior direito. Ademais indiciou limitação para atividadescom risco de lesões cortantes e perfurantes devido ao esvaziamento axilar. A incapacidade é temporária, com prazo de seismeses, podendo exercer outras atividades;

Laudo médico pericial às fls. 60-65, em 16.04.2012, sugere concessão de aposentadoria por invalidez.

Condições pessoais:Idade: 37 anos (fl. 4)Grau de instrução: não informadoProfissão/ocupação/área de atuação: controle de qualidade em fábrica de óculos e garçonete (fl. 35)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em neurologia e neurocirurgia em 05.03.2013 (fl. 130-134),foi verificado que a pericianda é portadora de tumor mamário recidivante (quesito do INSS nº 1 – fl. 132). A origem dadoença é degenerativa (quesito do INSS nº 2 – fl. 132). A data provável de início da doença é 2009 (quesito do INSS nº 3 –fl. 132). A característica da doença consiste em tumor mamário (quesito do INSS nº 4 – fl. 132). Não existe nexo decausalidade entre a doença o local e o trabalho desenvolvido pela segurada (quesito do INSS nº 5 – fl. 132). A doença induzincapacidade total e temporária para o trabalho, indicando que a possível data de início corresponde ao ano de 2009(quesito nº 6 e 8-10 – fl. 133). O tempo necessário para o tratamento da doença e recuperação dependerá do seguimentomédico e progressão ou remissão da doença (quesito nº 11- fl. 133).Esclareceu o perito, que há necessidade de uso frequente de medicação; no momento mantêm protocolo quimioterápico noHospital Santa Rita de Cássia (quesito do Juízo nº 2 – fl. 133). O perito informou que a doença poderá ser controladaatravés do uso de medicamentos, sendo o tratamento custeado pela rede pública de saúde (quesito do juízo nº 3 – fl. 134).Concluiu pela incapacidade temporária, tendo em vista a possibilidade de recuperação. No entanto, consignou que no casode manutenção de quimioterapia ou presença metástase a pericianda estaria incapacitada total e permanente.Ocorre que, o substrato-fático realçado no item nº 6 conjugado com os documentos de fls. 173-196 demonstram oagravamento da doença, com diagnóstico de nova metástase em 27.11.2013 (fls. 185-186) e necessidade de tratamentoquimioterápico, com urgência (fl. 191), conforme laudo médico de fl. 191, em 05.12.2013.Assim, em harmonia com a conclusão do perito do Juízo de que “caso mantenha protocolo de quimioterapia ou presença demetástase, a incapacidade será total e permanente” – fl. 134, a segurada faz jus à aposentadoria por invalidez.Nesse contexto, faz jus a recorrente à aposentadoria por invalidez, mesmo porque o não acolhimento previdenciário emsituações como a presente importa, na prática, apenas responder à demanda, mas não a soluciona na medida em quecertamente retornará ao Poder Judiciário com a mesma causa de pedir. Ademais, a aposentadoria por invalidez implicaavaliação periódica das condições clínicas do segurado (art. 71 da Lei nº 8.212/1991).Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento para condenar o INSS a converter o benefício deauxílio-doença em aposentadoria por invalidez com DIB em 27.11.2013, porquanto do contexto fático-probatório exsurgeque a recorrente, já naquela época, teve diagnosticada nova metástase, o que implica em incapacidade total e definitivapara o trabalho.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

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Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

42 - 0001414-03.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.001414-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDINALVA FRONTINO(ADVOGADO: ES007873 - CLAUDIA CARLA ANTONACCI STEIN.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL -INSS (PROCDOR: ANA PAULA BARRETO MONTEIRO ROTHEN.).Processo nº. 0001414-03.2012.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: EDINALVA FRONTINORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ANÁLISE DAS CONDIÇÕESSOCIAIS. INCAPACIDADE TOTAL E DEFINITIVA VERIFICADA. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento do benefício de auxílio-doença, composterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 44-45): julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social –INSSa restabelecer o auxílio-doença desde a cessação, em 03.02.2012.

Razões da recorrente (fls. 50-54): a) é portadora de neoplasia de mama direita, doença crônica e sem métodos de cura,que a impossibilita de realizar atividades que demandem esforço físico com os membros superiores; b) inviável areabilitação para o trabalho, consideradas suas condições pessoais e sociais; c) há incapacidade total e definitiva para otrabalho, cabendo a aposentadoria por invalidez. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente opedido de conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

Contrarrazões às fls. 61-64.A controvérsia diz com a natureza e extensão da incapacidade para o trabalho existência, encontrando-se preenchidos osdemais requisitos. (fl. 43)Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 22.02.2011 a 03.02.2012 (fl. 43).

Histórico contributivo:

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Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Mamografia bilateral à fl. 12, em 06.05.2011, revela mamas predominantes adiposas, ausência de microcalcificaçõessuspeitas, nódulo espiculado no QSE (Quadrante Superior Externo) da mama direita com diagnóstico de neoplasia demama, que apresentou redução de 50% pós-quimioterapia e linfonodos nos prolongamentos axilares, com característicasradiológicas normais;

Exame histopatológico (microscopia) à fl. 13, em 17.05.2011, referencia carcinoma ductal invasivo de mama, grau II deSearff-Bloom e Richardson modificado por Elston e Ellis, carcinoma ductal in-situ de alto grau (grau nuclear: 3), de padrãoarquitetural cibriforme e sólido, com comedonecrose focal, em parênquima peritumoral, margens cirúrgicas livres, peleexibindo foco de infiltração carcinomatosa em derme profunda, sem comprometimento da epiderme, com focos de invasãoangiolinfática, ausência de focos de invasão perineural detectáveis, presença de área de fibrose e hialinose em parênquimaadjacente a neoplasia, presença de desmoplasia estromal moderada e leve infiltrado inflamatório crônico peritumoral emestástase em 3 de 11 linfonodos dissecados;

Laudo médico particular às fls. 09-10, em 15.12.2011, demonstra paciente com diagnóstico de carcinoma ductal invasivo demama direita (CID C50). Submetida a 06 sessões de quimioterapia neo-adjuvante. Mastectomizada a direita do dia17.05.2011. Prosseguiu com radioterapia (fez 25 sessões) e acompanhamento com fisioterapia. No momento encontra-seem tratamento com hormonioterapia. Possui restrição de movimentos do membro superior direito. Laudo médico particularhistopatológico pós-mastectomia à fl. 11 refere carcinoma ductal invasivo de mama grau II, carcinoma ductal de alto grau depadrão cribriforme e sólido, comedonecrose focal em parenquima peritumoral, margens cirúrgicas livres, pele exibindo focode infiltração carcinomatosa em derme profunda sem comprometimento e epiderme com focos de invasão angiolinfáticas.

Laudo médico particular à fl. 11, em 08.03.2012 assegura impossibilidade de realização de trabalho com esforço ou quepossa provocar lesão;

Laudo médico particular às fls. 07-08, em 28.02.2012, refere paciente com neoplasia maligna da mama (CID 10 C50.9),submetida à mastectomia radical à patey (sic), com esvaziamento ganglionar da axila homolateral. Não pode realizaresforços, sofrer traumas ou pegar peso com o braço direito, receber injeções intra-musculares, depilar axila e medirpressão arterial, sob pena de desenvolver linfedema pós-mastectomia (CID I97.2), sendo a limitação permanente eirreversível;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 47 anos (fl. 3)Grau de instrução: 4ª série primária do Ensino Fundamental (fl. 89)Profissão/ocupação/área de atuação: auxiliar de serviços gerais (fl. 27)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em oncologia, em 05.06.2012 (fls. 27-29), foi verificadoquadro de neoplasia da mama direita (quesito nº 1 – fl. 27). Quanto às características da doença, afirmou que a segurada“foi submetida à masectomia total e esvaziamento axilar, com metástase em 33 linfonodos em 11 examinados, margenscirúrgicas livres” (quesito nº 2 – fl. 27). Em relação à origem da doença, asseverou que, por se tratar de neoplasia, pertenceao grupo das doenças crônico degenerativas (quesito nº 7 – fl. 27). Consignou, ainda, que a periciada não possui aptidãofísica e mental para exercer sua atividade habitual de auxiliar de serviços gerais porque “submetida a esvaziamento axilardireito, o que a impede de efetuar esforços repetitivos com o membro superior direito e também não expor a situações queofereçam risco de traumas no referido membro” (quesito nº 9 – fl. 28). Aquilatou, que não há risco de morte ouagravamento da doença se continuar exercendo sua atividade habitual, mas que há o risco de desenvolver linfoedema seexercer atividades que exponham o referido membro a traumas (quesito nº 10 – fl. 28). Questionado sobre as limitaçõesfuncionais que impediriam o desempenho da atividade habitual, afirmou que “a pessoa examinada pode andar, subirescadas, carregar peso compatível com a sua estrutura, ficar em pé, trabalhar sentada, mas não pode exercer atividadesque exponha o membro superior direito a traumas e esforços repetitivos” (quesito nº 11 – fl. 28).Concluiu, assim, que há incapacidade parcial e definitiva para a função de auxiliar de serviços gerais (quesito nº 14 – fl. 28).Ademais, em resposta ao quesito de nº 17 - fl. 29, afirmou que “a pessoa examinada apresentou-se ao exame em bomestado geral, lúcida, orientada, deambulando normalmente. Cicatriz torácica com 16 cm referente a mastectomia eesvaziamento axilar direito. Ausência de linfoedema. Poderá desenvolver atividades que não exponham o membro superiordireito a esforços repetitivos e traumas. A incapacidade para a função de auxiliar de serviços gerais é parcial e definitiva.Podendo exercer atividades leves e que não exponham o membro superior direito a riscos de traumas e esforços

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repetitivos”.Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ).Extrai-se dos autos que a recorrente possui quadro de neoplasia da mama direita. Por sua vez, no laudo pericial de fls.27-29, constatou-se a ausência de incapacidade total para o trabalho, entendendo pela capacidade residual, apesar dereconhecido o quadro supracitado.Nesse sentido é válido rememorar que o perito do Juízo afirmou a incapacidade parcial da recorrente para o labor,enaltecendo que a segurada não pode exercer atividades que exponham o membro superior direito a esforços repetitivos,bem como a riscos de trauma. Ocorre que a segurada trabalhou desde 2004 como auxiliar de serviços gerais, assim, taisrestrições não são compatíveis com as atividades diárias deste labor, que, obviamente, exige uma boa mobilidade dosmembros superiores. Destarte, se conseguir exercer suas atividades laborais, estará abaixo da média de rendimentoalcançada, em condições normais, pelos trabalhadores da mesma categoria profissional.Consigne-se, isoladamente consideradas decerto tal patologia não consubstancia fator impediente do exercício laboral. Noentanto, analisada dentro de uma perspectiva holística e transdisciplinar, vale dizer, conglobadamente e à vista da condiçãosocioeconômica, profissional e cultural da segurada, sem olvidar que a mesma estudou somente até a 4ª série (fls. 81-82),denotam a existência de incapacidade não apenas para a atividade profissional habitual da recorrente (auxiliar de serviçosgerais), a qual demanda esforço físico dos braços e boa mobilidade dos mesmos, como para toda e qualquer atividade quelhe garante a subsistência.Assim, considerando notadamente, o quadro clínico apresentado afigura-se pouco factível o (re) ingresso da recorrente nomercado de trabalho em igualdade de condições com os demais trabalhadores da mesma categoria profissional e sem riscode agravamento do quadro clínico, entendo que se trata de incapacidade total e definitiva. Assim colocado, faz jus asegurada ao recebimento da aposentadoria por invalidez.Oportuno registrar, a Turma Nacional de Uniformização – TNU já assentou que “a possibilidade de reabilitaçãoprofissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico. Em tese, havendo incapacidadeparcial para o trabalho, circunstâncias de natureza socioeconômica, profissional e cultural devem ser levadas em conta paraaferir se existe, na prática, real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho.” Vale conferir o aresto jurisprudencial,verbis:VOTO-EMENTA APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE PARCIAL PARA O TRABALHO. ANÁLISE DASCONDIÇÕES PESSOAIS PARA DESCARTAR POSSIBILIDADE DE REABILITAÇÃO PROFISSIONAL. 1. A sentença julgouprocedente o pedido para condenar o INSS a restabelecer o benefício de aposentadoria por invalidez desde a suacessação, em 14.10.2008. O acórdão recorrido reformou a sentença por considerar que, embora não haja dúvidas acercada incapacidade parcial do autor, atestada por meio de perícia médica judicial, este possui pouco mais de 40 anos – jovem,portanto –, podendo ser qualificado para outra profissão após a reabilitação de sua saúde. Todavia, o julgado ignorou aapreciação das condições pessoais para efeito de descartar a possibilidade de reabilitação profissional. 2. O incidente deuniformização não embute pretensão direta a reexame de prova, mas apenas arguição de divergência jurisprudencial emtorno de critério jurídico para valoração da prova. Não cabe à TNU decidir se, no caso concreto, as condições pessoais dorequerente são suficientes para caracterizar a impossibilidade de reingresso no mercado de trabalho, mas apenas definir,em tese, se tais condições precisam ser levadas em conta na aferição da possibilidade de reabilitação profissional. 3. Apossibilidade de reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico. Emtese, havendo incapacidade parcial para o trabalho, circunstâncias de natureza socioeconômica, profissional e cultural,devem ser levadas em conta para aferir se existe, na prática, real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho. 4.Ao ignorar tais questões, trazidas nas provas relacionadas nos autos, a exemplo do extrato do Cadastro Nacional deInformações Sociais (fl. 13), no qual consta o analfabetismo como nível de escolaridade do segurado; e do extrato deInformações do Benefício (fl. 12), que indica a condição de desempregado do autor, o acórdão recorrido divergiu doentendimento consolidado na TNU. 5. Incidente conhecido e parcialmente provido para: (a) reafirmar a tese de que apossibilidade de reabilitação profissional não deve ser analisada exclusivamente sob o ponto de vista clínico e físico; (b)anular o acórdão recorrido; (c) determinar a devolução dos autos à Turma Recursal de origem para que retome ojulgamento do recurso inominado interposto em face da sentença, com adequação à tese jurídica ora firmada.(PEDIDO 00168413020084013200, JUIZ FEDERAL HERCULANO MARTINS NACIF, DJ 05/11/2012.)

Assim colocado, faz jus a recorrente à aposentadoria por invalidez, mesmo porque o não acolhimento previdenciário emsituações como a presente importa, na prática, apenas responder à demanda, mas não a soluciona na medida em quecertamente retornará ao Poder Judiciário com a mesma causa de pedir. Ademais, a aposentadoria por invalidez implicaavaliação periódica das condições clínicas do segurado (art. 71 da Lei nº 8.212/1991).Fixo a data de início do benefício – DIB em 03.02.2012, data da cessação indevida do benefício que ensejou a propositurada presente demanda.Portanto, merece reparo a r. sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento, para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSSa converter o benefício previdenciário de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, com DIB em 03.02.2012,consoante a fundamentação supra.Sem condenação em custas e em honorários advocatícios, de acordo com o art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995, conjugadocom o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer do

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recurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxjun/jesgabd

43 - 0001018-85.2010.4.02.5053/01 (2010.50.53.001018-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: UBIRATAN CRUZ RODRIGUES.) x SALVADOR GONÇALVES MELO(ADVOGADO: ES008839 - OSWALDO AMBROZIO JUNIOR, ES015611 - ANDRÉ BAPTISTA RIGO.).Processo nº. 0001018-85.2010.4.02.5053/01 – Juízo de Origem: 1ª VF LinharesRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrido: SALVADOR GONÇALVES MELORelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA PREVIDENCIÁRIO. NATUREZA ACIDENTÁRIAATRIBUÍDA POR EQUÍVOCO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a restabelecimento de auxílio-doença cessadoadministrativamente, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 165-166): julgou procedente o pedido confirmando a antecipação de tutela concedida para determinar orestabelecimento do auxílio-doença desde a cessação (27.10.2010), por considerar demonstrada a incapacidadetemporária, baseando-se no laudo médico pericial.

Razões do recorrente (fls. 167-169): impossibilidade de manutenção do benefício concedido na sentença, porquanto omesmo tem natureza acidentária. Pretende seja conhecido e provido o recurso, para reformar a sentença e modificar o tipode benefício concedido (de acidentário para previdenciário).

Contrarrazões nas fls. 176-178.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos seguintes períodos: 25.07.2002 a 20.12.2002; 29.03.2008 a27.08.2013 (antecipação da tutela – fls. 115-116); 21.01.2014 a 30.09.2014.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Laudos médico particulares à fl. 26, 73, 79 e 108, respectivamente em 10.07.2002, 17.04.2008, 16.10.2008 e 30.09.2010referem necessidade de afastamento das atividades laborativas por mais 90 dias, devido às sequelas causadoras deincapacidade física temporária, completa e total, ocasionadas por compressão radicular lombar (Hérnia Discal Lombar – empreparo para cirurgia); em tratamento medicamentoso, fisioterápico e propedêutica ambulatorial;

Atestado médico particulares à fl. 72, em 31.03.2008, com prazo de quinze dias de afastamento;

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Hemograma completo às fls. 82-86, em 28.02.2009 e 02.03.2009;

Atestados médico particulares à fl. 75 e 106, em 01.09.2009 e 04.12.2009, revela paciente submetido em 03.06.2009 àureterolitotripsia à esquerda (retirada de cálculo de uréter).

Relatórios médico particulares à fl. 76 e 94, em 31.09.2009, 05.11.2009, atestam paciente em acompanhamentocardiológico devido à insuficiência coronariana; submetido à angioplastia 03.2009, hipertenso e dislipêmico. No momento,em classe funcional II (NYHA). No segundo relatório apresentava-se classe funcional III (CCS). CID 10 I20, CID 10 I10 eCID 10 E78;

Exame cineangiocoronariografia pela técnica transradial à fl. 107, 31.05.2010, conclui coronariopatia aterosclerótica decaráter incipiente stents com resultado mantido e ponte miocárdia na ACDA; função ventricular esquerda presevada;

Declarações médico particulares à fl. 98, 104, 105, em 05.06.2010, 01.07.2010, 07.07.2010, revelam internação hospitalarno período de 27.05.2010 a 05.06.2010 com quadro de síndrome coronariana aguda (CID I20.0). Ficou na UTI por quatrodias, submetido a cateterismo Deve ficar afastado do trabalho por tempo indeterminado.

Relatório médico particular à fl. 102, em 05.07.2010, relata acompanhamento cardiológico devido à insuficiênciacoronariana; submetido à angioplastia (03.2009), hipertenso e dislipêmico. No momento, evoluiu com dor torácica esíncope, há 20 dias realizado novo cateterismo com ponte miocárdia. Importante causa dos quadros de angina. Solicitouafastamento definitivo de suas atividades físicas e profissionais para adequado tratamento. CID 10 I 20 e CID 10 E 78;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 61 anos (fl. 70)Grau de instrução: não informadoProfissão/ocupação/área de atuação: motorista (fl. 1)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em neurologia em 11.05.2011 (fl. 142), o periciando sofre decomplicação decorrente da cirurgia na coluna lombar (quesito nº 1 – “a”). Acerca da origem da doença, o perito respondeuser decorrente do manuseio e cicatrização do local da cirurgia(quesito nº 1 – “b”). Afirmou que o início da doença coincidecom a primeira cirurgia (2004), sendo esta a data de início da incapacidade (quesito nº 1 – “c”). Concluiu pela existência deincapacidade por aproximadamente seis meses (quesito nº 2). Questionado, afirmou que, no momento da perícia, não hánenhuma atividade laboral a ser exercida pelo segurado, tem em vista o quadro de dor que o periciado diz sofrer (quesito nº6). Ao final, o perito teceu as seguintes considerações: “o periciado deverá ser revisto pelo cirurgião responsável pelo atocirúrgico, e este deverá resolver e curar a dor existente ou encaminhar o periciado para um centro especializado em dor”(quesito nº 7).O perito anexou laudo de exame de ressonância magnética da coluna lombo-sacra, à fl. 144, realizada em 28.06.2011, querevela “atitude escoliótica de convexidade para a esquerda; espondilodiscoartrose lombar, principalmente em L4-L5;abaulamento discal difuso em L3-L4 que está associado a rotura concêntrica de fibras do anel fibroso em seu contornoforaminal esquerdo; abaulamento discal difuso em LA-L5 que projeta-se para as regiões inferiores dos forames neuraisonde reduz as suas amplitudes e indenta a face ventral do saco dural; abaulamento discal difuso em L5-S1 que projeta-separa as regiões inferiores dos forames neurais onde reduz as suas amplitudes e está associado a pequena hérnia discalpóstero-mediana que não determina repercussões significativas sobre as raízes nervosas descendentes; “status”pós-operatório tardio em L4-L5 caracterizado por laminectomia à direita, pequena retratação do saco dural em direção alaminectomia, sem evidência de fibrose peridural nem de aracnoidite adesiva; alterações degenerativas não-hipertróficasnas facetas articulares em L4-L5.”Nessa moldura fática, extrai-se que, em realidade, cuida-se de pleito de auxílio-doença previdenciário, independentementeda atribuição de errônea natureza acidentária dada ao benefício na seara administrativa; de modo que, na perspectiva dagarantia constitucional do acesso qualificado à justiça e seus corolários, tenho não merece guarida a pretensão recursal,tendo em vista tratar-se de providência a ser tomada na seara administrativa, porquanto já resguardado o direito material dosegurado.Insta dizer que às fls. 151-153, o recorrente reconhece a origem degenerativa da doença. Assim, não há que discutir amodificação da natureza do benefício após a sua cessação.No que se refere às petições de fls. 192 e 198-199, cabe realçar que a concessão judicial de benefício previdenciário nãoimpede a revisão administrativa pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na forma prevista em normaregulamentadora, mesmo durante o curso da demanda. A tese foi firmada pela Turma Nacional de Uniformização dosJuizados Especiais Federais (TNU), em julgamento realizado em 17 de maio de 2013. O incidente de uniformização,

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interposto pelo INSS, foi conhecido e provido. Confira-se:PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO POR INCAPACIDADE. POSSIBILIDADE DE REVISÃO ADMINISTRATIVA. CURSO DADEMANDA. ART. 71 DA LEI 8.212/91. ART. 101 DA LEI 8.213/91. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO PROVIDO.REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 7º DO RITNU. 1. O INSS, ora recorrente, pretende a modificação doacórdão que, confirmando a sentença por seus próprios fundamentos, determinou que o prazo para a reavaliação periódicado benefício de auxílio-doença fosse iniciado a partir do trânsito em julgado da decisão final. Argumenta que o prazoestipulado pelo art. 71 da Lei 8.212/91 deve ser contado a partir da perícia e não do trânsito em julgado. Cita comoparadigma o recurso n. 2007.36.00.703003-5, oriundo da Turma Recursal de Mato Grosso. 2. Inicialmente, o incidente foiinadmitido pelo Presidente desta Turma, que entendeu incidir na espécie a Questão de Ordem 3 deste colegiado, em razãode suposta ausência de indicação da fonte da qual extraído o aresto paradigma. Entretanto, em virtude de embargosdeclaratórios interpostos pelo INSS, a questão foi revista e o pedido, aceito, por restar configurada a divergência nacional.3. Razão assiste ao recorrente. Dispõe o art. 71 da Lei 8.212/91 que o INSS deve rever os benefícios previdenciários, aindaque concedidos judicialmente, para verificar se persistem as condições clínicas que levaram ao seu deferimento. Já o art.101 da Lei 8.213/91 impõe a obrigatoriedade de o segurado em gozo de auxílio-doença e aposentadoria por invalidezsubmeter-se a exame médico disponibilizado pela Previdência Social, sob pena de suspensão do benefício. 4. Dessa forma,ainda que se trate de benefício deferido judicialmente, o titular deve ser convocado pelo INSS, na forma prevista em normaregulamentadora, para comparecer na repartição e passar por nova perícia, na qual será aferido se persistem os motivosque autorizaram a concessão. Poder-se-ia argumentar que o deferimento judicial justificaria um tratamento diferenciado, porter o segurado sido avaliado por um perito imparcial, auxiliar do juízo, que concluiu pela incapacidade. Todavia, não hárazão para a distinção. A uma, porque a lei não o fez; ao contrário, deixou claro que o benefício concedido judicialmentedeveria ser reavaliado. A duas, porque a avaliação médica não se distingue, mesmo se o médico for servidor do INSS,tendo em vista a sua vinculação com a ciência médica e os protocolos de saúde, que são únicos para todo profissional damedicina. 5. É de se registrar que o INSS não convoca os beneficiários para a revisão considerando a doença de que sãoacometidos, mas pelo tipo de benefício: se se trata de auxílio-doença, a cada seis meses; se aposentadoria por invalidez, acada dois anos. Isso diminui a carga da pessoalidade que pode causar ruído na aferição da incapacidade, como já ocorreuno passado, quando certas doenças eram mal vistas pela Administração previdenciária, que impunha revisão em prazoscurtíssimos. 6. No caso em exame, é de se constatar que o acórdão recorrido contrariou o conteúdo da norma prevista noart. 71 da Lei 8.212/91, já que proibiu o INSS de rever administrativamente o benefício de auxílio-doença até o trânsito emjulgado da decisão. 7. Julgamento de acordo com o art. 46 da Lei 9.099/95. 8. Incidente conhecido e provido para (i) firmara tese de que a concessão judicial de benefício previdenciário não impede a revisão administrativa pelo INSS, na formaprevista em norma regulamentadora, mesmo durante o curso da demanda; (ii) decotar a parte do acórdão que manteve asentença e autorizou a revisão do benefício somente após o trânsito em julgado da decisão final. 9. Julgamento realizado deacordo com o art. 7º, VII, a), do RITNU, servindo como representativo de controvérsia. (PEDILEF 50005252320124047114,JUIZ FEDERAL GLÁUCIO FERREIRA MACIEL GONÇALVES, TNU, DOU 07/06/2013 pág. 82/103.)Ademais, neste caso, o perito do Juízo estipulou prazo de seis meses para a recuperação, no entanto, o benefício porincapacidade foi mantido por período muito superior. O auxílio-doença previdenciário tem como característica sertemporário e é o que o difere da aposentadoria por invalidez.Ressalte-se, por fim, que o pedido de reconsideração acerca da cessação administrativa do benefício deve ser apreciandotambém na seara administrativa; e caso negado abre-se ao segurado o direito de ajuizar nova demanda judicial.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários devidos pela parte recorrente, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação, com base no art. 55, da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxlil/jesgabd

44 - 0005463-92.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.005463-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) EDIO DA SILVA(ADVOGADO: ES014129 - LUIZ CARLOS BARRETO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).Processo nº 0005463-92.2009.4.02.5050/01 Juízo de origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: EDIO DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE VERIFICADA. POSSIBILIDADE DEREABILITAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento do benefício previdenciário deauxílio-doença cessado administrativamente e sua conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fl. 131): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.Razões do recurso (fls. 136-142): a) necessidade de nova perícia oftalmológica; b) o fato de não ter apresentado sintomasno dia da perícia não significa ausência da doença e da incapacidade para o labor; c) a incapacidade para o trabalho éfenômeno multidimensional e não pode ser avaliada tão somente do ponto de vista médico. Pretende seja conhecido eprovido o recurso, para que seja designada outra perícia oftalmológica. Alternativamente requer a reforma da sentença paraconverter o auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, fixando a data de início do benefício (DIB) em 06.08.2009.As contrarrazões foram apresentadas às fls. 147-151.A controvérsia diz com a existência de incapacidade definitiva ou permanente, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos (fls. 38-39).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 07.12.2006 a 06.08.2009 (fl. 38).

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Laudo oftalmológico particular à fl. 37, em 16.06.2006, refere acuidade visual sem correção, sendo 0.2 no olho direito e 0.1no olho esquerdo; refração: acuidade com correção, sendo 0.5 no olho direito e 0.2 no olho esquerdo. Conclui inaptidãopara função de motorista carteira tipo “D”. Informa passado de traumatismo de face;

Laudo médico particular à fl. 19, em 24.11.2006, evidencia alterações de comportamento e sintomas alucinatórios (ouvevozes), com ideias de perseguição, e sintomas agressivos. CID10 F20.0 (esquizofrenia paranóide);

Laudo médico particular oftalmológico à fl. 35, em 15.03.2007, imprime maculopatia em ambos os olhos, acuidade visualsem correção, sendo 0.1 nos dois olhos; refração: acuidade com correção, mas sem uso de correção óptica. Concluiinaptidão para qualquer atividade laborativa, principalmente motorista carteira tipos “C”, “D” e “E” (CID10 H47 – outrostranstornos do nervo óptico e das vias ópticas; H54.2 – visão subnormal de ambos os olhos);

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Laudo médico particular à fl. 22, em 28.08.2007, revela doenças mentais - CID10 F20.0;

Laudo médico particular oftalmológico à fl. 32, em 15.07.2009, assegura maculopatia em ambos os olhos, visão cromáticaprejudicada, motibilidade ocular alterada, pressão intraocular alterada; acuidade visual sem correção, sendo 0.1 em ambosos olhos; refração: acuidade com correção, mas sem correção óptica nos dois olhos. Conclui incapacidade laborativa paraqualquer tipo de atividade, principalmente de motorista para carteira tipos “C”, “D” e “E” (CID10 H47 – outros transtornos donervo óptico e das vias ópticas; H54.2 – visão subnormal de ambos os olhos);

Laudo médico particular oftalmológico à fl. 42, em 17.09.2009, refere maculopatia em ambos os olhos, biomicroscopianormal, visão cromática prejudicada, motibilidade ocular alterada, pio pressão intraocular alterada. Acuidade visual semcorreção, sendo 0.1 em ambos os olhos; refração: acuidade visual com correção, mas sem correção óptica nos dois olhos.Adição para perto: + 2,75. Conclui inaptidão para qualquer tipo de atividade laborativa, principalmente motorista carteirastipos “C”, “D” e “E” (CID10 H47 – outros transtornos do nervo óptico e das vias ópticas; H54.2 – visão subnormal de ambosos olhos);

Observações:

Laudos de perícia médica administrativa (fls. 109-118).

Em 12.12.2006 (fl. 111), foi considerado inapto para o trabalho. Ao exame físico, segurado acompanhado queixando déficitvisual acentuado em ambos os olhos. Fundoscopia, maculopatia em ambos os olhos, visão monocromática prejudicada,motilidade ocular alterada, PIO alterada; acuidade visual sem correção: OD – 0,1 e OE – 0,1. Início da incapacidade fixadaem 07.12.2006.

Em 23.07.2009 (fl. 114) considera estado geral do segurado inalterado com relação ao último há dois anos. Apesar da idadede 41 anos, opina o perito por sugerir LI (aposentadoria por invalidez). Ao exame físico, refere segurado inicialmenteacompanhado pelo cônjuge; com distúrbio depressivo-psiquiátrico e possivelmente neurológico, em controlemedicamentoso até com boa resposta; porém, mostra-se apático e só fala quando para responder perguntas. Deambulasem limitações aparentes; olhos semicerrados na deambulação e ao consultar documentos parecem revelar baixa acuidadevisual. Resultado: existe incapacidade laborativa.

Em 06.08.2009 (fl. 115), convocado para revisão médica, refere quadro estável, sem descompensação clínica-psiquiátrica,não incapacitante para funções que não ofereçam risco a terceiros, já habilitado e déficit visual não incapacitante. Não usalentes de correção, deambula sozinho, sem auxílio, ao sair da Agência desvia do portão normalmente, conversa com aesposa normalmente, com boas gesticulações. Resultado: existe incapacidade laborativa.

Em 14.10.2009 (fl. 118), ao exame clínico refere deambulação livre na área interna e externa da Agência; lúcido, orientado,coerente, com boa memória, sem déficit cognitivo; bom estado geral; calosidades palmares. Resultado: Não existeincapacidade laborativa.

Em 22.11.2010 (fl. 117), o perito tece as seguintes considerações: apesar de não apresentar sinais de instabilidadepsiquiátrica no momento e devido à função de motorista de caminhão, encaminho à Reabilitação Profissional em virtude dodéficit visual bilateral. Resultado: Existe incapacidade laborativa. Início da incapacidade: 07.12.2006.

Condições pessoais:Idade: 46 anos (fl. 38)Grau de instrução: não informado.Profissão/ocupação: motorista de caminhão (fls. 76)

Reabilitação profissional:(x) sim ( ) não

- Observações: Na perícia médica administrativa em 22.11.2010 o segurado foi encaminhado a Reabilitação Profissional emvirtude do déficit visual bilateral.

Conforme a perícia do Juízo às fls. 76-78, em 18.03.2011, realizada por médica especialista em oftalmologia, afirmou aperita que o periciado é portador de deficiência mental (quesito nº 01 – fl. 76). Assegurou não ter identificado lesãoanatômica ou funcional nos olhos, porém o paciente é letárgico e parece ter doença de natureza psiquiátrica – possui laudocom diagnóstico de esquizofrenia. (quesito nº 2 - fl. 76). Sugeriu avaliação por médico psiquiatra (quesito nº 13 – fl. 76).Relatou “pensar” que o periciado não possui doença oftalmológica, destacando que não foi possível verificar sua visãodevido a condição psiquiátrica (quesito n º 7 – fl. 76). Concluiu ser a incapacidade definitiva, porquanto o periciado életárgico, não possui aptidão mental e faz uso de medicamentos psicotrópicos (quesito nºs 11 e 14 - fl. 76).Por sua vez, a perícia do Juízo às fls. 103-104, em 28.09.2011, realizada por médico especialista em psiquiatria, constatoutranstorno depressivo moderado (CID10 – F32.1) - quesito nº 01 – fl. 103, de origem adquirida (quesito nº 02 – fl. 103), cominício há aproximadamente 05 (cinco) anos. Concluiu pela capacidade do periciando, porquanto se apresentou lúcido,orientado no tempo e espaço, coerente, calmo, cooperativo, sem alterações de percepção da realidade. Ausência desonolência, sinais e/ou sintomas psicóticos como delírios ou alucinações; com juízo crítico e consciência preservados.

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Destacou ainda ausência de sinais e/ou sintomas de efeitos colaterais de medicação de que faz uso que o impeça deexercer sua atividade habitual, no momento do exame pericial. Quadro psiquiátrico estabilizado (quesito nº 04 – fl. 103).Com efeito, ante as considerações do perito do Juízo - especialista em psiquiatria - foi comprovado que não háincapacidade para o trabalho sob o ponto de vista psiquiátrico, salientando que embora tenha diagnóstico de transtornodepressivo moderado, não ficou comprovada a incapacidade. Nesse ponto, as conclusões do especialista em psiquiatriadevem prevalecer sobre a manifestação do perito de especialidade diversa.Todavia, embora a perícia oftalmológica não tenha constatado deficiência visual, outros elementos demonstram a inaptidãopara a função de motorista, em razão de problemas visuais, a exemplo do ofício do INSS encaminhado ao DETRAN-ES (fl.16), em 29.02.2008, o qual informa: “Pelo fato de ter sido considerado incapaz de exercer a função de motoristaprofissional/conduzir veículos automotores pela perícia médica do INSS, encaminhamos o segurado Edio da Silva, RG832211, CPF 957.691.027-72, para que seja avaliado pela Junta Médica deste órgão.” O mesmo documento relata alta dosegurado em 06.08.2009; aptidão para a função de servente de obras e CID H54.2 (visão subnormal de ambos os olhos);apto para o trabalho/função de servente de obras.

A perícia administrativa realizada em 22.11.2010 (item “6”) constatou incapacidade laborativa, fixando DII em 04.12.2006,oportunidade em que relata encaminhamento à reabilitação profissional, em razão do déficit visual bilateral. Ressalte-se,não há notícia acerca da conclusão da reabilitação.

Assim, o recorrente tem direito ao benefício por incapacidade até que seja reabilitado para outra função compatível com adeficiência visual constatada. Fixo a data de início do benefício – DIB na data da cessação indevida, a dizer, 07.08.2009 – fl.38, uma vez que o contexto probatório, em especial a perícia administrativa de fl. 117, atesta que nesse período, orecorrente se encontrava incapaz para o trabalho.Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para condenar o Instituto Nacional do Seguro Social– INSS ao pagamento do benefício previdenciário de auxílio-doença, em favor do recorrente, com DIB em 07.08.2009 até aconclusão do processo de reabilitação, consoante a fundamentação supra.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, com base do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, à unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal– 1º RelatorAssinado eletronicamente

jexmms/jesgabd

45 - 0000095-97.2012.4.02.5050/01 (2012.50.50.000095-3/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: MARCOS JOSÉ DE JESUS.) x ADRIANA DIAS (ADVOGADO: ES013838 -MICHELLE LOIOLA MACHADO DALL'ORTO MARQUES, ES016165 - CARLOS AUGUSTO ALMEIDA, ES015633 -GRASIELLE PEREIRA DOS SANTOS.).Processo nº. 0000095-97.2012.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: ADRIANA DIASRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOSLEGAIS PREENCHIDOS. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a restabelecimento de auxílio-doença, cessadoadministrativamente em 22.03.2011, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 91-93): julgou procedente o pedido de restabelecimento do auxílio-doença desde 23.03.2011 e de conversãoem aposentadoria por invalidez, com data de início do benefício (DIB) em 16.05.2012, por considerar demonstrada aincapacidade definitiva, baseando-se no laudo médico pericial.

Razões do recorrente (fls. 95-101): a) a doença é decorrente de acidente de trabalho, portanto, a Justiça Federal éincompetente; b) não cabe aposentadoria por invalidez, porque o laudo pericial constatou que a lesão no menisco do joelho

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direito incapacita temporariamente para atividade habitual e não abrange todas as atividades laborativas; c) a recusa aotratamento cirúrgico deve ser justificada, e no processo sequer foi discutido. Pretende seja conhecido e provido recurso,para reformar a sentença, julgando-se improcedente o pedido.

Contrarrazões nas fls. 106-107.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade total para o trabalho, encontrando-se demonstrados os demaisrequisitos (fls. 78).Preliminar de incompetência absoluta da Justiça Federal. Alega o recorrente que a doença é decorrente de acidente detrabalho, porquanto a recorrida mencionou realizar movimentos repetitivos de digitação que lhe ocasionaram incapacidade.Todavia, o perito verificou a existência de lesão no joelho, sem mencionar ser decorrência do trabalho habitual da recorrida.Portanto, não se tratando de lesão decorrente de acidente de trabalho, rejeito a preliminar arguida.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 02.11.1998 a 01.03.1999; em gozo do benefício desde23.02.2011, em razão da tutela antecipada concedida na sentença – fls. 91-93.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Exame de ressonância magnética do ombro direito à fl. 28, em 25.08.2010, conclui bursite subacrômio-subdeltoideanaincipiente e tendinopatia incipiente do supra-espinhoso;

Laudo médico particular à fl. 40, em 09.09.2010, dirigido ao INSS refere bursopatia e tendinopatia crônica em ombro direitoe tenossinovite em punho. Em uso de AINH e fisioterapia, sem melhora do quadro. CID M75 (lesões no ombro) e M65(sinovite e tenossinovite);

Laudo médico particular à fl. 16, em 24.03.2011, revela lesão cirúrgica no joelho direito, necessitando submeter-se àartroscopia do joelho;

Laudo médico particular à fl. 18, em 25.03.2011, dirigido ao INSS refere bursite e tendinite no ombro direito;

Laudo fisioterapêutico à fl. 14, em 14.04.2011, refere tratamento fisioterapêutico para tendinite no ombro bilateral, maisacentuada no direito; quadro álgico intenso. Sem limitações de ADM (amplitude de movimento);

Laudo médico particular à fl. 39, em 03.05.2011, dirigido ao INSS refere dor em joelho direito e no ombro direito. CID M75(lesões no ombro), M23 (transtorno interno do joelho) e M54 (dorsalgia);

Exame de ultrassonografia dos punhos à fl. 26, em 21.07.2011, imprime discreto espessamento peritendineo [sic] dostendões e quatro túneis bilateralmente e sinais de tenossinovite do primeiro túnel no punho esquerdo;

Exame de ressonância magnética do ombro direito à fl. 27, em 21.07.2011, conclui bursite subacrômio-subdeltoideana;tendinopatia do supra espinhoso e mínima tenossinovite do cabo longo do bíceps;

Declaração de fisioterapeuta à fl. 45, em 18.08.2011, refere tratamento de ombro direito e punho esquerdo;

Atestados médicos particulares às fls. 12, 20, 34, e 50 respectivamente em 25.04.2011, 31.03.2011, 08.07.2011 e27.04.2011.

Laudos de perícia médica administrativa: (x) sim () não

Fl. 78, em 22.03.2011, relatou segurada, no momento, sem alterações objetivas do exame clínico, em uso de medicaçãoleve e sem programação cirúrgica ou relato de internações recentes. Não há incapacidade laborativa;

Fl. 79, em 14.04.2011, o perito ao considerar o exame clínico e a documentação apresentada, não encontrou elementostécnicos para constatação de incapacidade no momento;

Fl. 80, em 20.05.2011, ao considerar a história clínica, o exame físico e a documentação apresentada, não encontrouelementos técnicos para constatação de incapacidade laborativa no momento.

Condições pessoais:Idade: 40 anos (fl. 11)Grau de instrução: não informado.Profissão/ocupação/área de atuação: operadora de caixa (fl. 68)

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Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia em 16.05.2012 (fl. 68), foiverificada que a periciada é portadora de lesão no menisco do joelho direito com indicação cirúrgica. Perguntado acerca dascaracterísticas da lesão respondeu: “dor no joelho com instabilidade articular, derrame articular e atrofia muscular”. Acercada origem da doença o perito informou que é adquirida. Em relação à aptidão física e mental, no momento do examepericial, para exercer a atividade habitual, atingindo a média de rendimento alcançado, em condições normais, pelostrabalhadores da mesma categoria profissional, o perito informou que não há, sendo necessário operar o joelho.Esclareceu o perito que as limitações funcionais são: ”andar, subir e descer escadas e sentar”. Fixou a data de início daincapacidade em 21.07.2011. Afirmou que a incapacidade é temporária para sua atividade habitual. Por fim, disse que osmétodos terapêuticos capazes de reabilitar total ou parcialmente consistem na intervenção cirúrgica do joelho, eposteriormente na realização de fisioterapia e repouso.Pois bem. O magistrado prolator da sentença, entendendo que a cirurgia é o único meio viável para a recuperação, no casoconcreto, e que o segurado não é obrigado a se submeter a procedimento cirúrgico julgou a incapacidade definitiva.Com efeito, face às limitações impostas pelo quadro clínico diagnosticado e considerando que não houve discussão quantoà recusa ao procedimento cirúrgico, conclui-se, portanto, pela incapacidade parcial e temporária. Assim colocado, arecorrida faz jus ao benefício de auxílio-doença até que se cure ou seja reabilitada para função compatível com suacondição físico-clínica, mostrando-se prematura a conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.Merece parcial reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento, para desconstituir a condenação do InstitutoNacional do Seguro Social – INSS à conversão do benefício de auxílio-doença em aposentadoria por invalidez,mantendo-se o benefício de auxílio-doença em favor da recorrida, com DIB em 23.03.2011, consoante a fundamentaçãosupra.Sem condenação em custas na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honoráriosadvocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001, em consonânciacom o Enunciado nº 97 do FONAJEF e com o entendimento majoritário desta Turma Recursal, ressalvado o entendimentopessoal deste Relator (Recurso nº 0003301-85.2013.4.02.5050/01, julgado na sessão de 21/05/2014 por esta TurmaRecursal).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

46 - 0007643-13.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.007643-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) TEREZINHA MARCIANOLAURINDO (DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).Processo nº. 0007643-13.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 3º JEF de VitóriaRecorrente: TEREZINHA MARCIANO LAURINDORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADENÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a restabelecimento de auxílio-doença cessadoadministrativamente em 22.08.2011, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 127-128): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se nolaudo médico pericial.

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Razões do recorrente (fls. 131-142): Preliminarmente argúi ausência de citação do recorrido. No mérito sustenta que: a) operito do juízo confeccionou seu laudo em discordância com os laudos apresentados; b) o magistrado não está adstrito aolaudo pericial; c) o trabalho que realiza envolve acentuado esforço físico, incompatível com sua condição de saúde; d) o seuquadro mórbido não é de aptidão laboral, uma vez que novamente lhe foi concedido benefício de auxílio-doença.

Contrarrazões nas fls. 154-161.Preliminar de ausência de citação do INSS. A ausência da citação não trouxe prejuízo à parte recorrida, porquanto asentença lhe foi favorável, razão pela qual rejeito a preliminar.No mérito, a controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho.Convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fática ensejadora da causa de pedir recursal,esquematizados no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos seguintes períodos: 20.10.1992 a 04.12.1992; 17.06.2007 a22.08.2011; 19.07.2012 a 10.06.2013; 13.09.2013 a 08.10.2013; e 04.02.2014 até a presente data (Verificado no CadastroNacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias).

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Declaração médico particular à fl. 56, em 04.09.2008, relata tratamento fisioterápico para quadro clínico de lombalgia, comboa evolução;

Exame particular à fl. 32, em 22.03.2010, conclui alterações mielínicas focais distais dos nevos medianos compatível comsíndrome do túnel do carpo bilateral muito discreta.

Declaração médico particular à fl. 67, em 19.11.2010, relata paciente em tratamento fisioterápico pós operatório em ombrodireito, com boa evolução clínica. Orienta a necessidade de continuidade do tratamento para melhorar a amplitude demovimento e ganho de força do membro superior direito;

Declaração trabalhista à fl. 20, em 23.08.2011, informa o não retorno ao trabalho após a cessação do auxílio-doença;

Laudo médico particular, à fl. 21, em 17.10.2011, descreve processo degenerativo crônico, com dor em ombro direito eesquerdo. Já realizou cirurgia com colocação de âncoras de fixação. Apresenta dificuldade de mobilização e perda de forçado braço direito. Orienta continuar o tratamento de reabilitação motora. Não apresenta condições de laborar;

Laudo médico particular à fl. 22, em 17.08.2011, narra dor crônica na lombar e no joelho;

Declaração médico particular à fl. 24, em 31.01.2011, revela tratamento fisioterápico pós-operatório com bons resultados,mesmo com presença de quadro de hipotrofia muscular em ombro direito. Orienta a necessidade de continuar o tratamento;

Exame médico particular do joelho direito à fl. 29, em 02.09.2011, revela osteófitos nos côndilos femorais, platôs tibiais eeminências intercondilianas. Alterações degenerativas nos côndilos femorais, mas posteriormente. Redução do espaçoarticular fêmoro-tibial medial. Calcificação tênue posteriormente ao espaço articular fêmoro-tibial medial, podendorepresentar corpo livre;

Exame médico particular do ombro direito à fl. 30, em 02.09.2011, conclui alterações pós-cirúrgicas com âncoras de fixaçãoadjacentes ao tubérculo maior umeral, que se apresenta esclerótico. Alterações degenerativas marginais na articulaçãoacrômio-clavicular. Acrômio tipo II segundo Bigliani. Relação articular gleno-umeral mantida nas grafias obtidas. Ausênciade concreções radiopacas em tecidos moles particulares.

Exame médico particular da coluna lombo-sacra à fl. 30, em 02.09.2011, descreve desvio escoliótico destro-convexo comcomponente rotacional. Corpos vertebrais de altura e alinhamento posterior mantidos, com osteofitos marginais incipientes.Espaços discais de amplitudes usuais. Pedículos íntegros. Esclerose interapofisária em L5-S1. Eixo lordótico lombarconservado.

Exame médico particular da coluna lombar à fl. 31, em 14.02.2011, imprime espondiloartrose lombar. Pequenoabaulamento assimétrico látero-foraminal esquerdo do disco invertebral de L3-L4, ocupando parcialmente o recesso inferiordo forame neural relacionado. Abaulamento discal difuso em L4-L5 e posterior paramediano esquerdo de L5-S1,comprimindo o saco dural e reduzindo as dimensões dos forames neurais, onde mantém contato com as raízes neuraisintraforaminais esquerda de L4-L5 e bilateral de L5, predominando à esquerda em L4-L5, onde se associa a processoinflamatório perineural intraforaminal.

Laudo de perícia médica administrativa: () sim (x) não

Condições pessoais:Idade: 59 anos (fl. 111)

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Grau de instrução: 8ª série (fl. 111)Profissão/ocupação: auxiliar de serviços gerais (fl. 111)

Reabilitação profissional:( ) sim (X) não

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em ortopedia e cirurgia de mão, em 04.05.2012 (fl. 111-114),em exame físico, foi constatado: “periciada lúcida e orientada no tempo e espaço, respondendo bem às solicitações comboa mobilidade dos membros inferiores, andando bem, sem auxílio de muletas ou terceiros. Durante o exame sentou-secom facilidade e levantou-se sem apoio nos móveis. Cicatrizes nas palmas das duas mãos relacionadas à cirurgia desíndrome do túnel do carpo. Boa mobilidade dos dedos e punhos, sem aderências nas cicatrizes. Boa mobilidade da colunalombar sem alterações neurológicas dos membros inferiores. Usando joelheira à direita com compressão local causandoedema da perna direita. Mobilidade do ombro direito com limitação da abdução e rotação externa.”Em resposta aos quesitos complementares (fl. 113), afirmou o perito, que a periciada apresentou lesão tendinosa no ombrodireito e síndrome do túnel carpiano bilateral. Entretanto, não foi constatado nenhum impedimento para o desempenho desua função habitual (quesitos nº 1 e 10 – fl. 113).Em sua conclusão, o médico perito descreve que: “a autora apresentou lesão no ombro direito que foi operada com bomresultado, tendo mobilidade recuperada com clínica sem alterações. Também foi operada com síndrome do túnel do carpobilateral com bom resultado, mesmo porque apresentou exame com alteração leve no pré operatório, tendo bomprognóstico. Não verificamos alterações incapacitantes no exame da autora.”Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ). Entretanto, no caso em apreço, osubstrato-fático realçado no item nº 7 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bemdesse particular, que a doença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.O que se verifica é que à época da cessação do benefício não havia incapacidade, fato confirmado pela perícia do Juízo.Aliás, não existem laudos que comprovem a incapacidade no intervalo entre o benefícios de auxílio-doença, ou seja, noperíodo de 28.08.2011 (data da cessação) e 19.07.2012 (data de concessão de novo benefício por incapacidade).Registre-se, ainda, o posterior reconhecimento de incapacidade não tem o condão de infirmar a conclusão do perito doJuízo à época do exame pericial.Some-se a isso, a circunstância de que: ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica, ou comprovada grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se: “O médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelopaciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo otratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doençaincapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fonte suficienteda existência de incapacidade para o trabalho.” (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 92, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxkeb/jesgabd

47 - 0000490-48.2010.4.02.5054/01 (2010.50.54.000490-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) IZALTINO PEREIRA DASILVA (ADVOGADO: ES014093 - VANUZA CABRAL.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº. 0000490-48.2010.4.02.5054/01– Juízo de Origem: 1ª VF ColatinaRecorrente: IZALTINO PEREIRA DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PERDA DAQUALIDADE DE SEGURADO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença, requerido em15.06.2009 e indeferido administrativamente, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez, bem como a tutelaantecipada do benefício e o pagamento dos atrasados desde a data de início incapacidade (DII), fixada pela períciaadministrativa em 02.05.2009.Sentença (fls. 50-51): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada à incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente (fls. 55-57): a) o ponto controvertido é a qualidade de segurado, que não foi analisada pelomagistrado de primeiro grau, por considerar ausente a incapacidade; b) necessidade de designação de audiência deinstrução e julgamento para comprovar a qualidade de segurado especial. Pretende a anulação da sentença, comdesignação de audiência de instrução e julgamento a fim de comprovar o exercício de atividade rural pelo recorrente.

Sem contrarrazões.A controvérsia diz com a existência ou não da qualidade de segurado especial no momento da DII.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Não houve percepção de auxílio-doença previdenciário.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Não há.Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 27 anos (fl. 7)Grau de instrução: ensino fundamental completo (fl. 39)Profissão/ocupação/área de atuação: lavrador (fl. 1)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico perito em 13.09.2011 (fl. 38-41), não foi verificada a existência de doençae/ou lesão incapacitante para seu trabalho habitual (quesito nº 1 do INSS e nº 2 do Juízo – fl. 39 e 41). Esclareceu o peritoque o periciado, em 02.05.2009, sofreu um acidente de motocicleta com múltiplas fraturas (antebraço esquerdo, péesquerdo e bacia), e que na data da perícia, transcorridos mais de dois anos, não apresentava seqüela incapacitante(quesito nº 13 do INSS – fl. 40).Relatou o perito que o recorrente apresentou queixa de dor na região esquerda do quadril e lombar esquerda com áreas de“dormência” no membro inferior esquerdo; e que atribuiu os sintomas ao acidente ocorrido em 02.05.2009. Narra ainda queo periciado foi submetido à cirurgia em razão do acidente.Não obstante a constatação de capacidade do recorrente, fato é que a perícia administrativa fixou a DII em 02.05.2009 –data do acidente de moto acima referido. Assim, ante a constatação de incapacidade para o trabalho, resta verificar aqualidade de segurado.

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Para comprovação da qualidade de segurado especial o recorrente juntou aos autos: a) Declaração escolar (fl. 16), emitidaem 10.06.2009, atesta aluno cursando a 7ª etapa do EJA/ Ensino Fundamental em Pancas; b) Certidão eleitoral à fl. 17, em10.06.2009 refere profissão de trabalhador rural, com endereço no meio rural; c) Contrato de parceria agrícola à fl. 20, comvigência de 02.06.2009 a 02.06.2012 e registro em Cartório em 09.06.2009.Os documentos apresentados pelo recorrente não se prestam à comprovação de início de prova material da qualidade desegurado especial. Todos os documentos são contemporâneos à época do acidente de moto.Por ocasião da entrevista rural o recorrente informa que “antes de ter a carteira assinada trabalhava no meio rural; queretornou para a roça em meados de 2007; que trabalha na propriedade de José Valeriano em Laginha do Pancas; quetrabalha de forma individual; que trabalha com café; que os conhecidos da região lhe ajudaram na colheita devido ao seuacidente; que produz para o gasto”.Por sua vez, o entrevistador concluiu que “não formou convicção em face de o contrato ter sido efetuado em 06/2009,posterior ao acidente, sem homologação do exercício da atividade rural” – relatório do recurso administrativo à fl. 13.Oportuno realçar o exercício de atividade urbana pelo recorrente no período de 2004 a 2007, sem, contudo ter ocorridorecebimento de seguro-desemprego.Nesse contexto, apesar de verificada a incapacidade, não foi comprovada a qualidade de segurado, sendo inócua adesignação de audiência para comprovação da qualidade de segurado especial, porquanto não há início de prova materialmínimo.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 40, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

48 - 0008287-53.2011.4.02.5050/02 (2011.50.50.008287-4/02) (PROCESSO ELETRÔNICO) LEONIRO BALKE(ADVOGADO: ES010876 - WALDEMIR JACQUES MOTTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: TELMA SUELI FEITOSA DE FREITAS.).Processo nº. 0008287-53.2011.4.02.5050/02 – Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: LEONIRO BALKERecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADEANTERIOR AO REINGRESSO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença e/ou aposentadoria porinvalidez desde a data do requerimento administrativo em 30.08.2011.Sentença (fls. 69-70): julgou improcedente o pedido por considerar: (i) a perda da qualidade de segurado; (ii) o estado deincapacidade para o trabalho é anterior ao reingresso ao Regime Geral de Previdência Social - RGPS.

Razões do recorrente (fls. 76): a) é devido o auxílio-doença porque a incapacidade adveio por motivo de progressão ouagravamento da doença; b) não houve perda da qualidade de segurado. Pretende a reforma do julgado, julgando-seprocedente o pedido inicial.

Contrarrazões nas fls. 86-93.A controvérsia diz com a existência ou não da qualidade de segurado.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:

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Histórico previdenciário:Não houve percepção de auxílio-doença previdenciário (fls. 61-62)

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Encaminhamento médico particular para avaliação por médico especialista em nefrologia à fl. 28, em 04.03.2011, revelaDiabetes Mellitus tipo 2, hipertensão arterial e dislipidemia.

Encaminhamento médico particular ao cardiologista à fl. 17, em 06.05.2011, refere Diabetes Mellitus tipo 2, hipertensãoarterial, e nefropatia diabética. Necessita consulta para ajuste das medicações.

Declaração médico particular à fl. 19, em 23.05.2011, revela nefropatia diabética (síndrome nefrótica); Diabetes Mellitus hácerca de 15 anos com dificuldade de deambular devido ao inchaço. No momento em controle ambulatorial quinzenal.

- Observações:

Laudo de perícia médica administrativa: (x) sim () não

Perícias realizadas em 17.06.2011 e 12.08.2011, respectivamente às fls. 64 e 65, constataram incapacidade laborativadecorrente de síndrome nefrótica. Fixaram DID em 01.06.1996 e DII em 18.05.2011. Ressalta que a nefropatia grave nãoisenta de carência, ante a ausência de enquadramento legal;

Condições pessoais:Idade: 57 anos (fl. 14)Grau de instrução: não informadoProfissão/ocupação/área de atuação: vendedor de comércio atacadista – atualmente desempregado (fl. 64)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia administrativa a incapacidade é fato incontroverso. Assim, passo à análise da qualidade de segurado,considerando que a DII fixada pela perícia administrativa foi 18.05.2011.Pois bem. O recorrente cessou o pagamento de contribuições previdenciárias em novembro/2002 e voltou a contribuir em20.07.2011 com pagamento retroativo das competências de janeiro a junho/2011 (fl. 62); portanto, a incapacidade é, defato, anterior ao reingresso ao RGPS.Ademais, o recorrente já afirmava na sua petição inicial que “é portador da doença que o aflige desde o ano de 1996. Em2007, especificamente a partir de maio daquele ano fatídico, a doença se agravou desencadeando um processo dedegeneração no organismo que o impossibilita de trabalhar a quase dois anos, ocasionando sérias seqüelas, comdificuldades inclusive para andar. Com a agravante de que, as perspectivas são sombrias, por tratar-se de enfermidadecrônica e degenerativa.” – fl. 08.Nesse contexto, não prospera a tese do recorrente no sentido de que a doença incapacitante sobrevém por motivo deprogressão ou agravamento, isto porque, a progressão e o agravamento ocorreram em momento anterior ao reingresso aoRGPS, logo não é cabível o auxílio-doença, ou a aposentadoria por invalidez.Por fim, registre-se que embora a nefropatia grave esteja incluída no rol do art. 151, da Lei nº 8.213/1991, sendodispensada da carência, não restou comprovada a qualidade de segurado ao tempo do início da incapacidade.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 69-70, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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Juiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

49 - 0000119-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000119-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARLI ANTUNES(ADVOGADO: ES000269B - MARIA DE FATIMA MONTEIRO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: JOSÉ GUILHERME BARBOSA DE OLIVEIRA.).Processo nº. 0000119-62.2011.4.02.5050/01– Juízo de Origem: 3º JEF VitóriaRecorrente: MARLI ANTUNESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. FALTA DECARÊNCIA. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento de auxílio-doença cessadoadministrativamente em 13.10.2010, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 144-146): julgou improcedente o pedido por considerar que a incapacidade é anterior ao reingresso noRegime Geral de Previdência Social – RGPS.

Razões do recorrente (fls. 155-156): a) o magistrado não considerou para efeito de carência a contribuição recolhida em24.03.2010 referente ao mês de março/2010, sob o argumento de que paga fora do prazo; b) a competência de março/2010somente venceria em 15.04.2010, portanto o pagamento foi realizado dentro do prazo legal. Pretende seja conhecido eprovido o recurso, julgando-se procedente o pedido inicial.

Contrarrazões nas fls. 160-163.A controvérsia diz com o preenchimento ou não da carência exigida para a concessão do auxíliod-doença.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário no período de 24.08.2010 a 31.08.2012 e 18.09.2013 a 26.09.2013(tutela antecipada concedida à fl. 44).

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:

Declaração de internação hospitalar à fl. 128 e 134, em 18.06.2009 com alta em 19.06.2009 para punção aspirativa comagulha fina; diagnóstico de nódulo axilar esquerdo;

Exame de patologia à fl. 129, em 18.06.2009 conclui achados citológicos compatíveis com Hiperplasia linfóide reacional;

Declaração de evolução médica à fl. 96, em 20.07.2010, revela entrada no hospital no dia 16.07.2010 com palpitações eposteriormente dor precordial sob monitoramento cardíaco, com irradiação para MSE, associado à sudorese fria e palidezcutânea. Recebeu alta em 23.7.2010 (fl. 101);

Declaração médico particular à fl. 26, em 06.12.2010, demonstra cardiomiopatia hipertrófica do tipo obstrutiva e arritmiaventricular (CID I42 e I49).

- Observações:

Laudo de perícia médica administrativa: (x) sim () não

(v.i) Laudo de perícia médica administrativa à fl. 122, em 13.10.2010, conclui aptidão para o trabalho. Não considerou acardiopatia como grave;

(v.ii) Laudo de perícia médica administrativa à fl. 123, em 09.02.2011, conclui ausência de elementos técnicos que

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justifiquem a concessão do benefício. Fixou a DID em 01.01.2000.

Condições pessoais:Idade: 60 anos (fl. 10)Grau de instrução: 1º grau (fl. 37)Profissão/ocupação/área de atuação: auxiliar de serviços gerais (fl. 1)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em cardiologia em 29.03.2011 (fl. 37-42) foi verificado que apericiada é portadora de cardiomiopatia hipertrófica tipo obstrutiva, hipertensão arterial III/C (grave), arritmia ventricular edoença arterial coronariana obstrutiva crônica (quesito nº 1 – fl. 39). Afirmou o perito que no momento da perícia não haviaaptidão física e mental para exercer a atividade habitual (quesito nº 9 – fl. 39). Questionado acerca de possíveis limitaçõesprofissionais, respondeu o perito que há limitação para atividade laboral que demande esforço físico ou estresse emocional(quesito nº 11 – fl. 41). Estimou a data de início da incapacidade (DII) em julho/2010 (quesito nº 12 – fl. 41). Concluiu que aincapacidade é total, permanente e omniprofissional (quesitos nº 15, 16 e 17 – fl. 42).Fixada a DII em julho de 2010 pelo perito do juízo, passo a análise da qualidade de segurado.Pois bem. A recorrente perdeu a qualidade de segurada em fevereiro/1986. Voltou a contribuir em março/2010 ao efetuar opagamento de contribuição previdenciária em 24.03.2010. Registre-se, o pagamento ocorreu dentro do prazo, porquanto ovencimento somente ocorreria no dia 15 do mês seguinte.Todavia, para aproveitar as contribuições anteriormente vertidas ao sistema, para efeito de carência, seria necessário orecolhimento de ao menos 04 (quatro) contribuições, conforme art. 24, § único, da Lei nº 8.213/1991, o que não se verifica.Diversamente como se encontra alçado na sentença ora recorrida, que considerou a data de entrada do requerimentoadministrativo em 24.08.2010 para fins de verificação de carência, considero como marco a DII fixada pelo perito do Juízoem julho/2010 (item 12, fl. 41). Nessa data, a segurada somente possuía duas contribuições válidas, portanto não possuía acarência suficiente para a obtenção do benefício de auxílio-doença.Ademais, as doenças que acometem a recorrente - cardiomiopatia arterial grave, arritmia ventricular e doença arterialcoronariana obstrutiva crônica - não estão presentes no rol do art. 151, da Lei nº 8.213/1991, e, portanto, não são isentas decarência.Portanto, voto no sentido de confirmar, por fundamento diverso, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fls. 32-33, nos termosdo art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Jesxlil/jesgabd

50 - 0000668-06.2010.4.02.5051/01 (2010.50.51.000668-2/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JOAO CLENIO DA SILVANASCIMENTO (ADVOGADO: ES016751 - Valber Cruz Cereza.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: LUCIANA CAMPOS MALAFAIA COSTA.).Processo nº. 000668-06.2010.4.02.5051/01 – Juízo de Origem: 1ª VF CachoeiroRecorrente: JOÃO CLENIO DA SILVA NASCIMENTORecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADELABORAL NÃO VERIFICADA. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença requeridoadministrativamente em 05.11.2009, mas indeferido, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 71-72): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente (fls. 74-78): a) o perito do juízo não considerou os atestados e/ou laudo (s) médico (s) dando conta deque é portador de espondilodiscoartrose; b) o trabalho de rural envolve acentuado esforço físico, incompatível com suacondição de saúde. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido.Não foram apresentadas contrarrazões (fl. 79).A controvérsia diz com a incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demais requisitos (fls. 86-87).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 29.05.2008 a 30.11.2008 e de 29.12.2008 a 30.09.2009 (fl.87).Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Tomografia computadorizada da coluna lombar à fl. 21, em 14.01.2008, revela sinais de espondilodiscoartrose lombar,discopatia com abaulamento difuso em L3-L4 e L4-L5, tocando a face ventral do saco tecal e reduzindo a amplitude dosrecessos inferiores dos forames neurais bilateralmente;

Laudos médicos particulares às fls. 22 e 24-36, em 17.04.2008, 18.05.2009, 22.07.2008, 29.06.2009, 04.11.2009,13.11.2008, 17.07.2008, 23.06.2009, 17.12.2008, 30.10.2009, 02.04.2009, 05.06.2008, 17.11.2008 e 05.06.2008,respectivamente, referem diagnóstico de lombalgia crônica;

RX escanometria à fl. 23, em 12.09.2005, evidencia encurtamento de 60 (sessenta) milímetros do membro inferior direito;

Laudo de perícia médica administrativa: (x) sim – fls. 39-52 ( ) não

-Observações: Perícias médicas administrativas realizadas em:

02.07.2009, 20.05.2009, 28.01.2009, 31.07.2008 e 10.06.2008 concluíram pela existência de incapacidade laborativa;

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05.11.2009, 24.11.2008, 18.11.2008, 24.04.2008, 12.03.2008, 03.01.2008, 25.10.2007, 26.09.2007 concluíram pelainexistência de incapacidade laborativa.

Histórico laboral:Idade: 59 anos (fl. 15).Grau de instrução: não informado.Profissão/ocupação: Trabalhador rural – lavoura de café (fl. 56).Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

Conforme a perícia do Juízo (fls. 56-57), em 08.10.2010, foi verificado quadro de espondilodiscoartrose lombar (CID M19) esequela de fratura com escoliose lombar e discrepância de membros inferiores por trauma ocorrido há 20 (vinte) anos(quesitos do autor nº 03 – fl. 56), patologias que, no sentir do perito, não o incapacitam para o exercício da atividadehabitual de trabalhador rural (quesito nº 06 – fl. 57). Ao exame físico o periciado apresentou-se com marcha claudicanteleve por conta da discrepância em membros inferiores, cicatriz cirúrgica em membro inferior direito, ausência de atrofias oucontraturas musculares; cruzou e descruzou os membros inferiores sem restrições; lasegue negativo; musculaturastorneadas; anda na ponta dos pés (quesito nº 13 - fl. 57).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatoscomprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte. Entretanto, no caso em apreço, o substrato-fático realçado noitem nº 5 não se mostra apto a afastar a conclusão do perito judicial, cabendo realçar, a bem desse particular, que adoença, por si só, não garante o benefício: a contingência amparada pela Lei é a incapacidade.Some-se a isso, a circunstância de que ”o laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericialproduzido pelo juízo é, em princípio, imparcial. O laudo pericial, sendo conclusivo a respeito da plena capacidade laborativa,há de prevalecer sobre o particular” (enunciado nº 8 desta Turma Recursal). Portanto, somente na via da excepcionalidadeo laudo oficial cede passo aos elementos de prova carreados pela recorrente, vale dizer, diante de prova material robusta eharmônica ou comprovada e grave falha no laudo pericial, hipóteses não verificadas neste caso.Registre-se, “o médico assistente diagnostica e trata. Não lhe cabe averiguar a veracidade dos fatos narrados pelopaciente, mas acreditar (esta é a base da relação médico-paciente), fazendo o diagnóstico nosológico e propondo otratamento que considere mais indicado. Já o médico perito se preocupa em buscar evidências de que a queixa de doençaincapacitante é ou não real. Por isso, o diagnóstico emitido pelo médico não encarregado da perícia não é fonte suficienteda existência de incapacidade para o trabalho”. (Recurso nº 0000018-16.2011.4.02.5053/01, julgado na sessão de14.12.2011 por esta Turma Recursal, relatoria do Juiz Federal Rogério Moreira Alves).Oportuno destacar que a incapacidade constatada posteriormente por perícia do Juízo realizada em 07.12.2012 em outroprocesso judicial (fls. 84-85) não se mostra suficiente a infirmar a conclusão do laudo pericial do Juízo realizada em08.10.2010.Não merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento do benefício da gratuidade da justiça à fl. 53,nos termos do art. 55 da Lei nº 9.009/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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jesxdse/jesgabd

51 - 0000744-96.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.000744-0/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x JACKSON MOSCHEM CARLOS E OUTROS(DEF.PUB: LIDIANE DA PENHA SEGAL.).Processo nº. 0000744-96.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorridos: JACKSON MOSCHEM CARLOS, JEAN MARTINS CARLOS, JULIA MARTINS CARLOS e JAILAN MARTINSCARLOS, SUCESSORES DE JALDE CARLOS JUNIORRepresentantes: APARECIDA MOSCHEM NEVES E ROSANGELA MARTINS DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PRORROGAÇÃODO PERÍODO DE GRAÇA. DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO. INCAPACIDADE FIXADA ADMINISTRATIVAMENTE EMDATA ANTERIOR À PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA PORFUNDAMENTO DIVERSO.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau, Sr. JALDE CARLOS JUNIOR, pretende a concessão dobenefício previdenciário de auxílio-doença, indeferido administrativamente sob o argumento de perda da qualidade desegurado, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 107-108): julgou parcialmente procedente o pedido para conceder o benefício de auxílio-doençaprevidenciário no período de 04.11.2010 (data do requerimento administrativo - DER) a 02.07.2011 (data do óbito), porconsiderar: a) prorrogado o período de graça por 24 meses em razão do recebimento do seguro-desemprego; b) constada aincapacidade laborativa na data da perícia administrativa (02.07.2007).

Razões do recorrente (fls. 114-116): a) não restou comprovada a qualidade de segurado na época do requerimentoadministrativo; b) o magistrado sentenciante considerou que o seguro-desemprego percebido pelo falecido autor importouna prorrogação do período de graça; todavia, optou o de cujus pelo retorno ao trabalho antes do término do recebimento doseguro-desemprego, perdurando seu último vínculo empregatício até 05.08.2008. Pretende seja conhecido e provido orecurso para reformar a sentença, julgando-se improcedente o pedido.

Contrarrazões nas fls. 120-127.A controvérsia diz com a existência ou não da qualidade de segurado.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 19.03.2002 a 26.03.2002 e de 17.08.2007 a 04.12.2007.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

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Histórico clínico:

Exame de endoscopia digestiva alta à fl. 17, em 27.07.2007, concluiu úlcera gástrica em atividade péptica,endoscopicamente neoplásica;

Laudo médico particular à fl. 15, em 16.08.2007, revela internação no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória em30.07.2007 com quadro de epigastralgia de forte intensidade, com queimação, náusea e vômito; hiporexia progressiva;disfagia para alimentos sólidos; emagrecimento de dez quilos em dois anos; endoscopia digestiva alta realizada há doisanos evidencia lesão ulcerada gástrica de aspecto suspeito. A biópsia gástrica conclui quadro de adenocarcinoma deestômago bem diferenciado, com infiltração superficial da musculatura. Realizado gastrectomia subtotal comlinfadenectomia retroperitoneal e regional, relativo a B2. Quadro evolui bem no pós-operatório; ficou em dieta zero porquatro dias, seguida da dieta líquida, e posteriormente pastosa; hoje, sem intolerância alimentar. Necessitou fazer uso detrês bolsas concentradas de hemácias (no dia do procedimento cirúrgico – 10.08); fez uso de cefazolina 1 g de8/8h por 3dias. No momento está de alta, em boas condições, mas sugere afastamento das atividades laborativas por período mínimode três meses;

Declaração médico particular à fl. 32, 16.08.2007, revela quadro de epigastralgia de forte intensidade, com vômito edesfalgia há dois anos. Refere emagrecimento de dez quilos no período. É tabagista (2 maços/dia) há 20 anos, e ex-usuáriode drogas. Realizou exame que evidenciou lesão com infestação superficial da mucosa, com teste de uréase positivo. Nãofoi realizado nenhum tratamento. Paciente em 09.08.20074 com queixa de queimação no estômago. Faz uso de omeprazol40mg. Histórico familiar de neoplasia. Realizou exame 10.08.2007 de gastectomia subtotal e linfadenectomia retroperitonea,devido à adenocarcinoma gástrico. Blastone gástrico de pequena curvatura sem linfadenomegalia visceral regional; fígado ebaço livre; superfície peritoneal sem implantação;

Exame de endoscopia digestiva alta à fl. 27, em 22.07.2010, conclui gastrectomia parcial com reconstrução em Y de Roux;gastrite enantemática moderada de coro gástrico; friabilidade em região de anastomose gastro-jejunal estendendo atépequena curvatura de corpo proximal;

Exame de tomografia computadorizada do abdômen e pelve à fl. 20, em 23.07.2010, imprime colelitíase;

Exame de tórax à fl. 26, em 23.07.2010, informa campos pleuro-pulmonares com transparência normal; seios costo-frênicoslivres; área cardíaca normal;

Resumo clínico de alta hospitalar à fl. 24, em 24.08.2010, informa entrada no hospital no dia 24.08.2010, referindo dor emflanco e hipocôndrio direito há dois meses, com piora há 20 dias. Nega outros sintomas associados. Evidencia colelitíase(pedra na vesícula). Foi diagnosticado com colecistite, submetido à Colecistectomia;

Declaração médico particular à fl. 28, em 17.09.2010, revela paciente sem condições para exercer suas atividadeslaborativas por 180 dias a partir desta data (CID 10 C16);

Exame de biopsia simples à fl. 25, em 28.09.2010, conclui adenocarcinoma moderadamente diferenciado, infiltrativo,padrão intestinal (Lauren), na amostragem;

Exame de endoscopia digestiva alta à fl. 23, em 13.10.2010, conclui gastrectomia parcial com anastomose em Y de Roux efriabilidade e edema em toda a pequena curvatura de corpo gástrico até a região da anastomose;

Exames histopatológicos à fl. 22, em 14.10.2010, evidenciam gastrectomia parcial com anastomose em Y de Roux,friabilidade e edema em toda a pequena curvatura de corpo gástrico até a região da anastomose;

Exame de tomografia computadorizada do abdômen total à fl. 21, em 19.10.2010, imprime lesões hipodensas no lobodireito do fígado de limites imprecisos e origem a esclarecer e considerou como hipótese diagnóstica esteatose hepática;

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 38 anos na data do óbito (fl. 58)Grau de instrução: não informado.Profissão/ocupação/área de atuação: motorista Carreteiro (fl. 2)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Não foi realizada a perícia judicial marcada para 26.07.2011, uma vez que o segurado veio a falecer no dia 02.07.2011 (fl.57).

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A autarquia recorrente sustenta a falta da qualidade de segurado à época do requerimento administrativo, porquanto a datade início da incapacidade - DII foi fixada em 23.07.2010 pela perícia médica administrativa, ao passo que o último vínculoempregatício do segurado encerrou-se em agosto/2008.Sem razão a autarquia previdenciária em suas razões.Com efeito, o falecido segurado requereu o benefício de seguro-desemprego, percebido a partir de 06.06.2008, com últimaparcela prevista para 05.08.2008 (fl. 104).De acordo com o art. 15, § 2º, da Lei nº 8.213/1991, o prazo do inciso II do referido dispositivo é acrescido por mais dozemeses, desde que haja comprovação da situação de desemprego pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho eda Previdência Social. In casu, a própria comprovação de percepção de seguro-desemprego denota a existência dedesemprego involuntário e dá ensejo à prorrogação do período de graça e manutenção da qualidade de segurado até15.09.2010.Considerando que a perícia do INSS fixou como DII a data de 24.07.2010 (fl. 48), faria jus o falecido segurado à percepçãodo benefício de auxílio-doença previdenciário.Não ressoa a alegativa do INSS de que o último vínculo empregatício do falecido segurado havia se encerrado emagosto/2008, e que não restaria configurada a prorrogação do período de graça, na medida em que o benefício do seguro-desemprego fora percebido em decorrência de encerramento de vínculo empregatício anterior. Isso porque é irrazoávelconsiderar ter havido renúncia à percepção do benefício de seguro-desemprego e, consequentemente, à prorrogação doperíodo de graça, porquanto o segurado encontrava-se de fato com saúde debilitada e impossibilitado de exercer suasatividades habituais em igualdade de condições com os demais trabalhadores da mesma categoria, tanto que se desligoudo último vínculo empregatício após ter laborado apenas 13 (treze) dias.Portanto, voto no sentido de confirmar, por fundamento diverso, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem custas, na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Honorários advocatícios devidos pelo INSS, fixados em 10%(dez por cento) sobre o valor da condenação (art. 55, caput, da Lei nº 9.099/1995).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

52 - 0006155-91.2009.4.02.5050/01 (2009.50.50.006155-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) JUSTINA ROFFNER FRASSI(DEF.PUB: ALINE FELLIPE PACHECO SARTÓRIO.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:Carolina Augusta da Rocha Rosado.).Processo nº. 0006155-91.2009.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF VitóriaRecorrente: JUSTINA ROFFNER FRASSIRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

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VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. REQUISITOSLEGAIS NÃO PREENCHIDOS. DOENÇA PREEXISTENTE. NÃO AGRAVAMENTO. RECURSO IMPROVIDO. RECURSOIMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTO DIVERSO.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença requeridoadministrativamente em 19.11.2009, mas negado, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 43-44): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente (fls. 47-52): a) o laudo pericial é omisso, incompleto e contraditório; b) os laudos médicos particularesque atestam a incapacidade para o trabalho não foram considerados pelo perito do Juízo e pelo magistrado sentenciante; c)apesar de a perícia constatar a capacidade laborativa, sugeriu avaliação de especialista em cardiologia, pois constatoupatologias cardíacas incapacitantes; d) o perito do juízo não procedeu a nenhum exame complementar; e) as condiçõespessoais não foram analisadas para a concessão do benefício.

Contrarrazões nas fls. 58-61.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho e com a qualidade de segurado.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Não há.

Histórico contributivo:Fl. 96.

Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 07, em 06.10.2009, revela doença arterial coronariana severa. Angioplastia em 2007 emcoronária esquerda sem sucesso, com oclusão total ao término do procedimento. Revascularização do miocárdio há dezanos;

Laudo médico particular à fl. 08, em 09.09.2009, descreve quadro de artrose e ostopenia de ombros, osteoporose de colunalombar; em tratamento medicamentoso e incapacidade laborativa;

Exame de radiografia dos ombros à fl. 10, em 05.08.2009, evidencia osteopenia nos elementos ossos focalizados; espaçosarticulares conservados; partes moles Peri-articulares sem alterações;

Exame de radiografia da coluna lombo-sacra à fl. 11, em 05.08.2009, descreve osteopenia nos elementos ósseosfocalizados; pedículos íntegros; espaços discais conservados; eixo lordótico lombar conservado e sem instabilidadelombo-sacra; lombarização de S1 à direita;

Exame de densitometria óssea, à fl. 12, em 15.06.2009, revela existência de osteoporose;

Exame médico particular de radiografia da coluna dorso-lombar (perfil), à fl. 13, em 06.05.2009, informa osteopenia;osteófitos marginais anteriores incipientes e difusos; fratura leve, tipo acunhamento, do corpo de T7; artrose interapofisárialombar inferior; calcificações parietais na aorta lombar.

Laudo de perícia médica administrativa: () sim (X) não

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 72 anos (fl. 03)Grau de instrução: não informadoProfissão/ocupação: Dona de casa (quesito nº 07 – fl. 23 e quesito nº 8 – fl. 85)

Reabilitação profissional:( ) sim (X) não

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico ortopedista às fls. 23-25, em 29.01.2010, não existe doença ortopédicaincapacitante para suas atividades habituais. (quesito nº 1 – fl. 23). Informou ter se baseado em exames complementares,no exame físico e nos laudos médicos apresentados (quesito nº 12 – fl. 24). Ao final da perícia fez a seguinte observação:“paciente cardiopata, com isquemia do miocárdio e lesões coronarianas sem condições de tratamento cirúrgico conformelaudos. Sugiro perícia especializada com cardiologista/cirurgião cardíaco.” – fl. 25.Fls. 65-66. A Turma Recursal, por ocasião do julgamento do recurso interposto, converteu o julgamento em diligência para

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determinar a realização de perícia médica na área de cardiologia.Realizada perícia judicial com médico especialista em cardiologia, às fls. 84-88, em 31.08.2012, foi constatada a existênciade “doença coronariana crônica com revascularização do miocárdio e atc prévias” (quesito nº 01 – fl. 84). Questionadoacerca das características da patologia respondeu que “é uma deficiência na irrigação miocárdica ocasionada peladiminuição da luz ou diâmetro interno de uma ou mais artérias coronárias. O processo de diminuição do diâmetro interno deuma artéria coronária ocorre principalmente devido ao depósito de colesterol na camada média da artéria. No ponto onde asplacas gordurosas se acumulam, o vaso sanguíneo estreita-se e o fluxo sanguíneo fica mais lento. Estes acúmulos degordura também são chamados de placas de ateroma. Implica sempre em doença grave que se não tratada pode evoluirpara infarto agudo do miocárdio.”Asseverou o perito que em relação à atividade habitual a incapacidade é parcial, devendo evitar atividades que a submetama esforço físico moderado a intensos (quesito nº 17 – fl. 86). Afirmou que a incapacidade é parcial e temporária, sendonecessário “cateterismo cardíaco para avaliar se há progressão da doença com novas lesões coronarianas e determinartratamento adequado ao controle da doença.” (quesito nº 20 – fl. 86). Sobre as limitações impostas pela patologia disse quenão há, podendo andar, trabalhar sentada, permanecer em pé, mas deve evitar carregar peso (quesitos nº 11 e 12 – fl. 85).Questionado acerca da possibilidade de recuperação ou reabilitação para o exercício de outra atividade respondeu

afirmativamente, porém não há registros de tentativas de reabilitação (quesito nº 16 – fl. 86). Ressaltou que há capacidademotora e funcional para desempenhar atividades inerentes a uma vida civil independente (quesito nº 25 – fl. 87).Instado a se manifestar sobre a data de início da incapacidade (DII), o perito do juízo à fl. 260, informou que “há examesque determinam já em 2004, (ecocardiograma realizado), que evidencia alterações segmentares em extensa área cardíaca.Já nesta época portanto, portadora de doença coronariana cônica e com a incapacidade instalada para atividades comesforços moderados a intensos.” [sic]Pois bem. Conforme relatado pelo perito do Juízo, a patologia incapacitante de origem cardiológica já existia no ano de2004. Portanto, quando a recorrente voltou a verter contribuições ao sistema em abril/2009, a incapacidade já existia (fl. 96).Aliás, esse o motivo do indeferimento administrativo do benefício (fl. 35).De outra sorte, não restou evidenciado que houve agravamento da doença, mas que a incapacidade era pré-existente aoreingresso no Regime de Previdência Social – RGPS. Assim, indevida a concessão do benefício de auxílio doença, combase no art. 59, § único, da Lei nº 8.213/1991.Não obstante, o § 2º do art. 42 da Lei nº 8.213/1991, também aduz que a patologia pré-existente não garante o direito àconcessão de aposentadoria por invalidez, salvo agravamento da doença ou lesão.Registre-se, o INSS não recorreu da sentença que entendeu ser fato incontroverso o período de carência e a qualidade desegurado, tampouco interpôs embargos de declaração, não obstante constar da contestação impugnação específica acercada ausência da qualidade de segurado. Nas contrarrazões ao recurso aduziu apenas haver capacidade para o labor. E, porfim, argüiu a falta da qualidade de segurado quando se manifestou acerca do segundo laudo pericial do Juízo (fls. 94-98).Nesse contexto, apesar de verificada a incapacidade, não foi comprovada a qualidade de segurado especial.Portanto, voto no sentido de confirmar, por fundamento diverso, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios ante o deferimento da Gratuidade de Justiça às fls. 17-19, nostermos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxkeb/jesgabd

53 - 0004193-62.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.004193-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INSTITUTO NACIONAL DOSEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR: Isabela Boechat B. B. de Oliveira.) x ERNESTINA PEREIRA DA SILVA(ADVOGADO: ES014974 - CRISTIANO FERREIRA COSTA, ES015377 - ARNAUD NORBIM ETELVINO, ES015029 -ALBER WESLEY ALVES DA SILVA.).Processo nº. 0004193-62.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRecorrida: ERNESTINA PEREIRA DA SILVARelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. INCAPACIDADE

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TOTAL E DEFINITIVA VERIFICADA. JUROS DE MORA AJUSTADA CONFORME ENTENDIMENTO DO STJ. RECURSOPARCIALMENTE PROVIDO. SENTENÇA AJUSTADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento do auxílio-doença cessadoadministrativamente, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 78-80): julgou procedente o pedido de restabelecimento do benefício de auxílio-doença previdenciário comDIB (data de início do benefício) em 01.12.2010 e conversão em aposentadoria por invalidez com DIB em 28.02.2011.

Razões do recorrente (fls. 86-95): a) o termo inicial da aposentadoria por invalidez foi firmado na data da perícia judicial(11.08.2011), mas a DIB restou fixada na data de início da incapacidade (DII) - 28.02.2011; b) o termo inicial dos juros demora deve corresponder à data da citação válida; c) aplicabilidade do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997 com a redação dadapela Lei nº 11.960/2009. Pretende, assim, seja conhecido e provido o recurso, a fim de reformar parcialmente a sentença,alterando a DIB da aposentadoria por invalidez para 11.08.2011. Alternativamente, requer a aplicação dos juros de mora apartir da citação e no montante previsto no art. 1º-F da Lei 9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009.Contrarrazões às fls. 102-106.A controvérsia diz com a verificação da natureza e extensão da incapacidade laboral, encontrando-se preenchidos osdemais requisitos (fl. 60).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário: 12.02.2010 a 22.05.2010 e 04.08.2010 a 30.11.2010 (fl. 60).Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Solicitação à fl. 27, em março de 2009, de fisioterapia para coluna vertebral, devido à espondiloartrose;

Solicitação à fl. 26, em 08.01.2010, de fisioterapia na coluna lombar e nos membros inferiores;

Ressonância magnética da coluna lombar à fl. 18, em 12.02.2010, imprime espondilodiscopatia, pequena protrusão discalforaminal esquerda em L4-L5, ocupando parcialmente o recesso inferior do respectivo forame neural; pequena protrusãodiscal foraminal esquerda em L4-L5, ocupando parcialmente o recesso inferior do respectivo forame neura; pequenoabaulamento discal posterior em L5-S1, não compressivo; e, formação expansiva sólida, intracanalar, extradural delocalização posterior ao nível de L2-L3, determinando estenose severa do canal vertebral com compressão e agrupamentodas raízes da cauda eqüina.

Relatório de diagnóstico de atendimento à fl. 16, em 25.02.2010, evidencia lombociatalgia intensa com parestesia nosmembros inferiores há 6 meses; formação expansiva sólida, de contornos regulares, sem impregnação significativa pelocontraste extradural posterior ao nível de L2L3, medindo cerca de 3,2 x 2,1 cm, insinuando-se para o interior do canalvertebral e determinando redução significativa da sua amplitude, comprimindo e determinando agrupamento das raízes dacauda eqüina; cone medular tópico de aspecto habitual, terminando no nível de L1; indica ressecção do tumor e artrodeseposterior;

Laudo anátomo-patológico por médico particular à fl. 17, em 18.05.2010, conclui pela presença de cortes histológicosconstituídos por fragmentos de osso trabecular, medula óssea amarela, ligamento amarelo, tecido hematopoiético, músculoesquelético, epitélio escamoso ceratinizado e lamelas de escamas córneas e estroma fibroso. Quadro histológicocompatível com cisto epidérmico;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

Observações:Histórico laboral:Idade: 60 anos (fl. 11)Profissão/ocupação: artesã/feirante (fl. 01)Reabilitação profissional:( ) sim (x) nãoObservações:

Conforme a perícia do Juízo realizada em 13.08.2011 (fls. 50-51) foi verificado quadro de tumoração expansiva sólida nocanal medular L5-L3 (quesito nº 1 - fl. 50). Em relação à origem, alegou tratar-se de doença de origem genética (quesito nº2 – fl. 50). Questionado sobre a data de início da doença, asseverou que os sintomas tiveram início há 03 anos (quesito nº 3- fl. 50). Quanto às características da doença, afirmou que há “tumoração expansiva solida levando a uma esterose severado canal vertical com dor e limitação funcional” (quesito nº 4 – fl. 50). Assegurou, ainda, que a doença induz incapacidadepara o trabalho (quesito nº 6 – fl. 50), com início na data da cirurgia - 28.02.2011 (quesito nº 7 – fl. 50), além de já existir aincapacidade em 11.05.2010, consoante exame clínico e radiológico cirúrgico (quesito nº 7.1 – fls. 50-51). Em relação àpatologia que comete a periciada e o impedimento para o labor, esclareceu que a periciada apresenta “incapacidade totalpara atividade laborativa” (quesito nº 9 – fl. 51), de forma definitiva (quesito nº 10 – fl. 51).

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Extrai-se dos autos que a recorrida é incapaz para o trabalho de forma total e definitiva, porquanto é portadora detumoração expansiva sólida no canal medular L5-L3.Em relação à data da conversão do auxílio-doença em aposentadoria por invalidez, tem-se que foi fixada pela r. sentençana data de início da incapacidade total e definitiva por ter sido essa a fixada pelo perito do Juízo.Por outro lado, quanto aos juros de mora, o termo inicial fixado na sentença é o requerimento administrativo, entendendoque o indeferimento do benefício configurou ato ilícito.Nesse ponto, não assiste razão ao INSS quando afirma que os juros de mora deveriam incidir a partir da citação válida. OSTJ pacificou o entendimento de que, em se tratando de responsabilidade extracontratual, a mora tem termo inicial na datado ilícito. Tal entendimento cristalizou-se na súmula nº 54 daquela Corte, cujo enunciado é o seguinte: “os juros moratóriosfluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual.” Tal entendimento é encampado pela TNU,como se depreende do seguinte julgado:EMENTA PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO. INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL. DANOMORAL. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. DATA DO EVENTO DANOSO. 1. É assente o entendimento de que, em setratando de indenização por danos morais, decorrente de responsabilidade civil extracontratual, os juros de mora incidem apartir do evento danoso, nos termos da Súmula 54 do STJ ("os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em casode responsabilidade extracontratual"). 2. Não incidência da Súmula 362 do STJ. 3. Incidente conhecido e provido, com adeterminação de devolução dos recursos com mesmo objeto às Turmas de origem a fim de que, nos termos do art. 15, §§1º e 3º, do RI/TNU, mantenham ou promovam a adequação da decisão recorrida. (T.N.U. – Processo PEDIDO200432007117063 - PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. Relator(a) JUIZ FEDERALPAULO RICARDO ARENA FILHO. Fonte DOU 14/10/2011 – grifo nosso).Juros de mora. Apenas em relação a esse aspecto, a sentença pontualmente merece ser ajustada, vale dizer, emconformidade com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, REsp 1.270.439, até 29.06.2009 os juros de moraserão de 1% (um por cento) a.m. e, a partir de 30.06.2009 incide a regra do art. 1º-F da Lei nº 9.494/1997, com a redaçãoda Lei nº 11.960/2009. A correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), na forma do art. 41-A,caput, da Lei nº 8.213/1991.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para ajustar a sentença quanto à incidência dos jurosde mora.Sem condenação em custas na forma do art. 4º, inciso I, da Lei nº 9.289/1996. Sem condenação em honoráriosadvocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1º da Lei nº 10.259/2001, em consonânciacom o Enunciado nº 97 do FONAJEF e com o entendimento majoritário desta Turma Recursal, ressalvado o entendimentopessoal deste Relator (Recurso nº 0003301-85.2013.4.02.5050/01, julgado na sessão de 21/05/2014 por esta TurmaRecursal).

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa que fica fazendo parte integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado eletronicamente

Jesxjun/jesgabd

54 - 0001220-31.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001220-8/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) INICLEZ ALVES DEOLIVEIRA (ADVOGADO: ES008817 - MARIA REGINA COUTO ULIANA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL- INSS (PROCDOR: THIAGO DE ALMEIDA RAUPP.).Processo nº. 0001220-31.2011.4.02.5052/01– Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: INICLEZ ALVES DE OLIVEIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. INCAPACIDADE COMPROVADA. AUSÊNCIA DEQUALIDADE DE SEGURADO ESPECIAL. RECURSO IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA POR FUNDAMENTODIVERSO.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença indeferidoadministrativamente em 23.05.2011, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez, bem como o pagamento dosatrasados.Sentença (fls. 85-86): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudo

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médico pericial.

Razões do recorrente (fls. 90-93): a) esteve incapacitado para o trabalho no período de 23.05.2011 a 05.09.2011, emvirtude de realização de procedimento cirúrgico de osteossíntese para tratamento de fratura na perna; b) a incapacidade noperíodo alegado foi confirmada pela perícia do Juízo; d) o trabalho que realiza envolve acentuado esforço físico,incompatível com sua condição de saúde. Pretende assim, seja conhecido e provido o presente recurso julgando-seprocedente o pedido.

Contrarrazões na fl. 97.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, bem como com a qualidade de seguradoespecial.Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Não houve percepção de auxílio-doença previdenciário (fl. 81)

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias. Não há históricocontributivo.

Histórico clínico:Receituário médico particular à fl. 38, em 06.05.2011, revela paciente em pós-operatório, com redução da capacidade parao trabalho e prazo estimado para recuperação de noventa dias;

Atestado médico particular à fl. 39, em 06.05.2011, atesta necessidade de afastamento do trabalho por quinze dias;

Laudo de perícia médica administrativa: () sim (x) não

Observações:Histórico laboral:Idade: 28 anos (fl. 16)Profissão/ocupação: trabalhador rural - lavrador (fl. 46)Reabilitação profissional:( ) sim (x) nãoObservações:

Conforme a perícia do Juízo às fls. 71-74, realizada em 08.03.2012, por médico perito foi constatada a ocorrência de fraturada perna direita decorrente de acidente em maio de 2011. Relata o perito que o periciado foi operado e houve consolidaçãocompleta da lesão (quesito nº 02 – fl. 72). Assegurou que o periciado esteve incapacitado no período de recuperação dafratura - aproximadamente seis meses (conclusão – fl. 72). Concluiu pela ausência de incapacidade para o trabalho(quesitos nºs 05 e 06 – fls. 72-73).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatoscomprovados, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil).Pois bem. O laudo pericial embora tenha concluído pela ausência de incapacidade no momento da perícia do Juízo atestoua incapacidade durante o processo de recuperação.Assim, ante a constatação de incapacidade para o trabalho, resta verificar a qualidade de segurado.Para comprovação da qualidade de segurado especial, o recorrente juntou aos autos: a) Declaração de exercício deatividade rural emitida pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pinheiro no período de 21.06.2008 a 17.05.2011, emitidaem 17.05.2011 e registro de filiação em 16.05.2011 (fl. 15); b) Contrato de parceria agrícola, no período de 21.06.2008 a20.06.2011, firmado pelo pai do recorrente (fls. 19-21); c) Recibo de declaração de entrega de ITR em nome de terceiros (fl.22); d) Comprovante de pagamento de Contribuição Sindical Agricultor Familiar em 31.05.2011 (fl. 35) por terceiros.Registre-se a Declaração emitida pelo Sindicato é contemporânea ao mês do acidente que vitimou o recorrente. Os demaisdocumentos também foram produzidos à época do acidente e estão em nome de terceiros.Por ocasião da entrevista rural (fls. 46-47), o recorrente não logrou êxito em comprovar o exercício da atividade rural.Questionado se possui outra fonte de renda afirmou que “trabalhou um período para ajudar a família a noite de garçon e umperíodo na albesa no horário da noite”. Em outro ponto da entrevista disse “que ao solicitar a informação de sua atividadecoloca como autônomo por trabalhar por conta própria por trabalhar na propriedade deles mesmos”.Nesse contexto, apesar de verificada a incapacidade, não foi comprovada a qualidade de segurado especial.Portanto, voto no sentido de confirmar, por fundamento diverso, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele nego provimento.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, ante o deferimento da Gratuidade de Justiça à fl. 54, nos termos doart. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c/ art. 1º da Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

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Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele negar provimento, à unanimidade, na forma da ementa que passa a integrar o julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal Relator – 1º RelatorAssinado eletronicamente

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55 - 0001095-63.2011.4.02.5052/01 (2011.50.52.001095-9/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCOS ELEUTERIOALVES (ADVOGADO: ES008522 - EDGARD VALLE DE SOUZA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: HENRIQUE BICALHO CIVINELLI DE ALMEIDA.).Processo nº. 0001095-63.2011.4.02.5052/01 – Juízo de Origem: 1ª VF São MateusRecorrente: MARCOS ELEUTERIO ALVESRecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. PEDIDO DE AUXÍLIO-DOENÇA. LIMITAÇÃO FUNCIONAL DEFINITIVA.SEQUELA DA CONSOLIDAÇÃO DE ACIDENTE. FUNGIBILIDADE DOS BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE.POSSIBILIDADE. CONCESSÃO DE AUXÍLIO-ACIDENTE NÃO ACIDENTÁRIO. RECURSO PROVIDO EM PARTE.SENTENÇA REFORMADA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende a concessão de auxílio-doença requeridoadministrativamente em 11.03.2011.Sentença (fls. 69-70): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente (fls. 74-76): a) nulidade da sentença, porquanto não respondidos os quesitos formulados ao perito doJuízo; b) o quadro mórbido o impede de trabalhar, porque a atividade rural demanda permanecer abaixado e fazer esforçosfísicos; c) o perito não constatou incapacidade laboral, inobstante o reconhecimento da presença das patologias; d) osexames realizados pelo perito do Juízo foram superficiais. Pretende seja conhecido e provido o recurso, para anular asentença recorrida. Eventualmente requer seja julgado procedente o pedido de concessão de auxílio-doença e dereabilitação do segurado para outra atividade.

Contrarrazões na fl. 81.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se demonstrados os demaisrequisitos (fl. 69).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos seguintes períodos: 30.10.2007 a 12.03.2008 e 30.05.2008 a31.08.2009.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Laudo médico particular, de 02.03.2011 (fl. 7) relata paciente com quadro de dor residual no quadril, devido à fraturaocorrida há 03 anos e 06 meses. Foi operado por duas vezes, apresentando limitação funcional com dificuldade dedeambulação. O exame de raio-x mostra postura viciosamente consolidada. Encaminhado para a perícia jurídica do INSS;

Laudo de perícia médica administrativa: () sim (x) não

Condições pessoais:Idade: 53 anos (fl. 6)Grau de instrução: ensino fundamental incompleto – 4ª série (fl. 58)

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Profissão/ocupação/área de atuação: Lavrador (fl. 58)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico especialista em ortopedia e traumatologia em 20.03.2012 (fl. 58-61) foiverificado que o periciado sofreu fratura no fêmur proximal direito, consolidada e sem desvio (quesito nº 2 – fl. 59). Acercada origem da lesão, respondeu que o segurado relatou acidente em 2007 (quesito nº 3 – fl. 59).No exame físico, o perito constatou encurtamento de quase cinco centímetros do membro inferior direito, flexão do quadrildireito até noventa graus e bloqueio de rotação interna e externa do fêmur. Referiu ainda dois exames de radiografia doquadril direito datados de 27.05.2008 e 17.01.2011, respectivamente, que imprimem fratura consolidada de fêmur proximalcom um parafuso e calo ósseo exuberante e sinais de artrose do quadril e, fratura do fêmur proximal direito fixado complaca e parafusos.Ao final da perícia concluiu que “o autor sofreu fratura do fêmur proximal e foi tratado cirurgicamente. Tem limitação daflexão e rotação do quadril tendo dificuldade para permanecer abaixado. Pode andar, sentar-se e levantar-se semlimitações e sem necessitar de terceiros. Não há incapacidade, tem apenas dificuldade de ficar abaixado.” – fl. 59.Dos autos extrai-se que em decorrência de acidente ocorrido em 2007, o recorrente fraturou o fêmur e foi submetido a duascirurgias. Todavia, resultaram seqüelas da segunda cirurgia, ou seja, lesões consolidadas que ocasionaram reduçãopermanente na capacidade para o trabalho, conforme explicitado pelo perito do Juízo. Segundo o perito, o recorrente sentedor no quadril direito e na coluna lombar e possui encurtamento do membro inferior direito.O segurado relatou ao perito que “atualmente trabalha meio dia e não consegue ficar abaixado. Consegue fazer colheita decafé mas não consegue pegar peso.” – fl. 58.Pois bem, incide nas ações por incapacidade o princípio da fungibilidade, sendo legítimo ao julgador conceder benefício porincapacidade diverso daquele pleiteado desde que fundada em prova técnica suficiente, consistindo, pois, numa exceção aoprincípio da congruência.Assim dispõe o Enunciado nº 22 das Turmas Recursais do Espírito Santo: “Não há julgamento extra petita quando adecisão concede auxílio-doença ao invés da aposentadoria por invalidez, ou vice-versa, desde que satisfeitos todos osrequisitos para obtenção do benefício concedido”.Do substrato-fático evidenciado denota hipótese de auxílio-acidente não acidentário, por haver lesão consolidada resultantede seqüela que implica redução permanente da capacidade para o trabalho, conforme art. 86, da Lei nº 8.213/1991.Registre-se ainda, na via administrativa cabe ao INSS, diante do quadro de incapacidade ou limitação, avaliar o benefíciocondizente à situação do segurado, na medida em que o requerimento administrativo é de “benefício por incapacidade”.Pela mesma razão, cabe ao magistrado analisar a causa de pedir, e mesmo que a parte tenha realizado um pedido diverso,conceder benefício adequado ao contexto fático. Nesse sentido, confira-se julgado da Turma Nacional de uniformização –TNU:AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. AUXÍLIO-ACIDENTE. FUNGIBILIDADE ENTRE BENEFÍCIOSPREVIDENCIÁRIOS POR INCAPACIDADE INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO EXTRA PETITA. 1. A sentença julgouimprocedente pedido de restabelecimento de auxílio-doença de concessão de aposentadoria por invalidez, porque o autornão está incapacitado para o exercício do labor campesino e porque a limitação funcional é pequena (10% a 30%) edecorreu de acidente de trânsito. O autor interpôs recurso inominado alegando que a redução da capacidade laborativaenseja a concessão de auxílio-acidente e que, apesar de não requerido na petição inicial, o direito a esse benefício pode serreconhecido no presente processo em razão da fungibilidade dos benefícios por incapacidade. A Turma Recursal mantevea sentença pelos próprios fundamentos, sem enfrentar a fundamentação específica articulada no recurso. 2. O autorinterpôs pedido de uniformização alegando contrariedade à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, segundo a qualnão configura nulidade por julgamento extra petita a decisão que, verificando o devido preenchimento dos requisitos legais,concede benefício previdenciário de espécie diversa daquela requerida pelo autor. 3. O princípio da fungibilidade é aplicadoaos benefícios previdenciários por incapacidade, permitindo que o juiz conceda espécie de benefício diversa daquelarequerida na petição inicial, se os correspondentes requisitos legais tiverem sido preenchidos. Prevalece a flexibilização dorigor científico por uma questão de política judiciária: considerando que se trata de processo de massa, como são ascausas previdenciárias, não seria razoável obrigar o segurado a ajuizar nova ação para obter a concessão de outra espéciede benefício previdenciário cujos requisitos tenham ficado demonstrados durante a instrução processual. 4. O núcleo dopedido deduzido na petição inicial é a concessão de benefício por incapacidade. O auxílio-acidente, assim como oauxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, constitui espécie de benefício previdenciário por incapacidade. A aferiçãodos pressupostos legais para concessão de auxílio-acidente em processo no qual o autor pede auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez não afronta o princípio da congruência entre pedido e sentença, previsto nos artigos 128 e 460do Código de Processo Civil. Em face da relevância social da matéria, é lícito ao juiz adequar a hipótese fática aodispositivo legal pertinente à adequada espécie de benefício previdenciário. 5. O Superior Tribunal de Justiça já decidiuvárias vezes que não configura julgamento extra petita a concessão de auxílio-acidente quando o pedido formulado é o deauxílio-doença ou aposentadoria por invalidez: Sexta Turma, Rel. Min. Paulo Gallotti, REsp 541.695, DJ de 01-03-2004;Quinta Turma, Rel. Min. Félix Fischer, REsp 267.652, DJ de 28-04-2003; Sexta Turma, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, REsp385.607, DJ de 19-12-2002; Quinta Turma, Rel. Min. Gilson Dipp, REsp 226.958, DJ de 05-03-2001; STJ, Sexta Turma, Rel.Min. Fernando Gonçalves, EDcl no REsp 197.794, DJ de 21-08-2000. 6. O fato de o pedido deduzido na petição inicial nãoter se referido à concessão de auxílio-acidente não dispensa a Turma Recursal de analisar o preenchimento dos requisitosinerentes a essa espécie de benefício. Precedente da TNU: Processo nº 0500614-69.2007.4.05.8101, Rel. Juiz federal AdelAmérico de Oliveira, DJU 08/06/2012. 7. Pedido parcialmente provido para: (a) uniformizar o entendimento de que não

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extrapola os limites objetivos da lide a concessão de auxílio-acidente quando o pedido formulado é o de auxílio-doença ouaposentadoria por invalidez; (b) determinar que a Turma Recursal promova a adequação do acórdão recorrido, analisandose os requisitos para concessão do auxílio-acidente foram preenchidos.ACÓRDÃO Acordam os membros da TurmaNacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais dar parcial provimento ao incidente de uniformização. Brasília,

�16 de agosto de 2012. (PEDILEF 05037710720084058201, JUIZ FEDERAL ROGÉRIO MOREIRA ALVES, TNU, DJ06/09/2012.)

Assim, faz jus o segurado ao benefício de auxílio-acidente não-acidentário. Fixo a DIB na data do requerimentoadministrativo, a dizer em 11.03.2011, porquanto o laudo médico de fl. 7 e as afirmações do perito do Juízo, emitidas apósanálise de radiografia realizada em 17.01.2011, evidenciam a consolidação das lesões e conseqüente limitação funcional dorecorrente para a atividade habitual de lavrador ao tempo do pedido administrativo do benefício por incapacidade.Merece reparo, portanto, a sentença recorrida.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou parcial provimento para condenar o INSS a conceder o auxílio-acidente,desde a data do requerimento administrativo (11.03.2011). As parcelas vencidas serão acrescidas de juros de mora,calculados com base no índice oficial de remuneração básica dos juros aplicados à caderneta de poupança (art. 1º-F da Leinº 9.494/1997, com a redação da Lei nº 11.960/2009) e correção monetária pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor(INPC), na forma do art. 41-A, caput, da Lei nº 8.213/1991.Sem custas ou condenação em honorários advocatícios, ante o disposto no caput do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 c/c o art.1º da Lei nº 10.259/2001.ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar parcial provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de junho de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

56 - 0002085-60.2011.4.02.5050/01 (2011.50.50.002085-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) DEVARGIL YGIDIO DA SILVA(ADVOGADO: ES015788 - JOSE ROBERTO LOPES DOS SANTOS, ES017107 - HELENICE DE SOUSA VIANA,ES017552 - MARCELO NUNES DA SILVEIRA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS (PROCDOR:MARCELA BRAVIN BASSETTO.).Processo nº. 0002085-60.2011.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 2º JEF de VitóriaRecorrente: DEVARGIL YGIDIO DA SILVARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTA

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PRODUÇÃO DENOVA PROVA PERICIAL. NECESSIDADE. SENTENÇA ANULADA.

Sumário da controvérsia: o demandante em primeiro grau pretende o restabelecimento de auxílio-doença cessadoadministrativamente, com posterior conversão em aposentadoria por invalidez.Sentença (fls. 58-59): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente (fls. 62-69): a) omissão e contradição da sentença por não analisar as provas dos autos; b) a doençaimpossibilita o exercício profissional, devido à fraqueza muscular em membros superiores e inferiores; c) laudo pericial doJuízo inconsistente, porquanto não se referiu à doença predominante (Hanseníase), embora tenha constatado existência dehipertensão arterial que não foi sequer mencionada; d) dificuldade de reinserção no mercado profissional devido à idade eàs condições físicas. Pretende seja conhecido e provido o recurso, julgando-se procedente o pedido.

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Contrarrazões nas fls. 75-79.A controvérsia diz com a existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se demonstrados os demaisrequisitos (fls. 12).Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Houve percepção de auxílio-doença previdenciário nos períodos de 31.07.2004 a 10.09.2004 e de 10.03.2010 a 01.02.2011.

Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.

Histórico clínico:Laudo médico particular à fl. 18, em 24.06.2010, refere paciente portador de MH (hanseníase) e reação reversa.Diagnóstico fisioterapêutico de polineuropatia em região de cotovelos, punhos e tornozelos. Relata câimbras e parestesia.Ao teste físico apresenta fraqueza muscular grau IV em punho e dedos e grau V em tornozelos. Recomendação derepouso.

Laudo médico particular à fl. 15, em 07.02.2011, relata paciente em tratamento fisioterápico devido ao diagnóstico clínico dehanseníase. Apresenta déficit de força muscular, pele desidratada, e parestesia.

Laudos médicos particulares às fls. 13, 14 e 16, em 04.01.2011, 13.07.2010, 14.06.2010, relata paciente com MHD ereação reversa. Em uso de Poliquimioterapia – PQT, e prednisona. Apresenta grau de incapacidade, sem condições derealizar atividades laborativas normais.

- Observações:

Condições pessoais:Idade: 62 anos (fl. 10)Grau de instrução: não informado.Profissão/ocupação/área de atuação: trabalhador braçal - rasteleiro (fl. 62)

Reabilitação profissional:( ) sim (x) não

- Observações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico perito em 24.08.2011 (fl. 35-36) foi verificado que o periciado é portadorde hipertensão arterial, doença degenerativa, que implica no aumento de riscos de eventos cardiovasculares (quesitos 1, 2e 3 – fl. 35). Explicou ser tratável com uso correto de hipotensores (quesito 4 - fl. 35). Concluiu pela ausência deincapacidade para o trabalho habitual (quesito 6 – fl. 35).Ao exame clínico constatou o perito do Juízo que o periciado está em bom estado geral, lúcido, orientado, pressão arterial200/100mmhg, eucárdico, eupnéico, movimentos livres, marcha normal. Questionado acerca da sua história clínica, opericiado referiu fazer tratamento de hipertensão arterial.Considerando que desde o ajuizamento da ação o recorrente bate-se por demonstrar que é portador de hanseníase,patologia embora curável, mas de considerável potencial incapacitante ante a sua alta virulência. E, tendo em vista que olaudo pericial do Juízo deu conta da realização de anamnese e exame clínico, mas não se manifestou sobre essa afecçãoimportante entendo que assiste razão ao recorrente.Assim sendo, excepcionalmente voto no sentido do encaminhamento do processo ao Juízo de origem para naespecialidade correspondente à patologia submeter o recorrente a exame médico específico elucidativo à luz de suasargüições.Registre-se nessa perspectiva que o beneficio de auxílio-doença retratado nos autos teve seu encerramento em01.02.2011, enquanto há laudo médico particular (fl. 18), dando conta de que em 07.02.2011 o recorrente encontrava-se emtratamento.Pelo exposto, conheço do recurso e a ele dou provimento, para assim, tornar insubsistente a r. sentença recorrida, com ofim de viabilizar a produção da prova pericial e a prolação de novo julgamento com a presença do exame médico/perícia.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1ºda Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, na forma da ementa supra integrante do julgado.

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Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

Jesxlil/jesgabd

57 - 0000711-94.2011.4.02.5054/01 (2011.50.54.000711-5/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) ALZIRA TEODORAFERREIRA (ADVOGADO: ES010785 - PEDRO COSTA.) x INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS(PROCDOR: PEDRO INOCENCIO BINDA.).Processo nº. 0000711-94.2011.4.02.5054/01 – Juízo de Origem: 1ª VF de ColatinaRecorrente: ALZIRA TEODORA FERREIRARecorrido: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSSRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTARECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. DOENÇAS DE PARKISON EALZHEIMER. PERÍCIA EM NEUROLOGIA. NECESSIDADE. RECURSO PROVIDO. SENTENÇA ANULADA.

Sumário da controvérsia: a demandante em primeiro grau pretende a concessão de aposentadoria por invalidez indeferidaadministrativamente, desde a data do requerimento administrativo em 14.12.2010.Sentença (fls. 92-93): julgou improcedente o pedido por considerar não demonstrada a incapacidade, baseando-se no laudomédico pericial.

Razões do recorrente (fls. 97-110): a) o perito do juízo não considerou os atestados e/ou laudo (s) médico (s) dando contade que é portadora de Mal de Alzheimer, principal fator que a impede de trabalhar; b) os problemas na coluna lombar geramdores recorrentes, que pioram com esforço físico inerente à sua atividade de faxineira; c) o laudo pericial não foi capaz deelucidar o estágio do problema neurológico da recorrente. Pretende seja conhecido e provido o recurso, para anular asentença a fim de que seja realizada nova perícia na área de neurologia.Contrarrazões às fls. 115-116.A controvérsia diz com existência ou não de incapacidade para o trabalho, encontrando-se preenchidos os demaisrequisitos. (fl. 53)Antes de ingressar na análise de mérito, convém explicitar aspectos relevantes para a figuração da situação fáticaensejadora da causa de pedir recursal, no quadro a seguir:Histórico previdenciário:Percepção de auxílio-doença previdenciário: 24.09.2009 a 25.12.2009 e 09.04.2010 a 10.05.2010 (fl. 53).Histórico contributivo:Verificado no Cadastro Nacional de Informações Sociais - CNIS e compartilhado entre as Relatorias.Histórico clínico:Eletroencefalograma digital e mapeamento cerebral à fl. 19 em 19.05.2009 evidencia presença de ondas sharp e complexoespículas ponta-onda em todo o segmento;

Laudos médicos emitidos pelo Sistema Único de Saúde - SUS às fls. 23, 26 e 32, respectivamente em 13.07.2010,23.09.2010 e 01.06.2011 apresentam paciente com quadro de perda de memória; CID G20 (doença de Parkison) e CIDG30 (doença de Alzheimer), sem condições de trabalhar;

Laudo médico emitido pelo Sistema Único de Saúde - SUS à fl. 27 em 26.08.2010 evidencia discopatia, com dor lombar,devendo evitar esforço físico;

Laudo de perícia médica administrativa: ( ) sim (x) não

Histórico laboral:Idade: 62 anos (fl. 05)Grau de instrução: 4ª série do Ensino Fundamental (fl. 81)

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Profissão/ocupação: Faxineira (fl. 35)Reabilitação profissional:( ) sim (x) nãoObservações:

Conforme a perícia do Juízo realizada por médico do trabalho em 29.06.2012 (fls. 79-83) foi verificado que a periciada éportadora de síndrome dolorosa lombar (quesito nº 1 do INSS – fl. 81). Quanto à origem, afirmou o perito tratar-se dedoença degenerativa (quesito nº 2 do INSS - fl. 81). Afirmou que a doença teve início “há 30 anos de acordo com o relato dapericiada” (quesito nº 3 do INSS – fl. 81). Asseverou, ainda, que a periciada não apresenta no momento do exameincapacidade (quesito nº 7 do INSS – fl. 82), e que a doença somente induz incapacidade na fase aguda (quesito nº 6 doINSS – fl. 82). Questionado sobre a necessidade de uso de medicação freqüente, respondeu afirmativamente, e que estáem uso de Rivastigmina (tratamento de doença de Parkison e Alzheimer), Maleato de Enalapril e Cloridrato de Verapamil(tratamento de hipertensão) – quesito nº 2 do Juízo – fl. 83. Informou ainda o perito que a doença pode ser controlada pelouso de medicamentos e o tratamento é oferecido pela rede pública de saúde (quesito nº 3 do Juízo – fl. 83).Ao exame físico, o perito constatou “bom estado geral, lúcida, orientada em tempo e espaço, porém apresenta em algunsmomentos lapsos de memória com informações não precisas. [...]. Cicatriz abdominal de aproximadamente 30 cm emregião mediana e cicatriz em região de fossa ilíaca direita e esquerda. [...] hipertensão em tratamento” (fl. 81). Concluiu pelaausência de incapacidade para o exercício de suas funções laborais. (fl. 83).Por certo, o juiz não está adstrito ao laudo pericial, podendo formar a sua convicção com outras circunstâncias ou fatos

�comprovados nos autos, ainda que não alegados pela parte (art. 131 do Código de Processo Civil ).A magistrada sentenciante, com base no laudo pericial do Juízo julgou improcedente a pretensão do autoral aoentendimento de que a doença pode ser controlada através de tratamento medicamentoso.Entretanto, dessume-se do contexto fático-recursal que se trata de patologia de agravamento progressivo, e em sendoassim, ante as nuances do caso concreto e a fim de prestigiar o princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, inciso III,da Constituição Federal), especialmente no que se refere à garantia das condições básicas de subsistência física, e,igualmente, sob a ótica da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, inciso XXXV, da CR), tenho por razoável e prudenteoportunizar dirimir a questão de mérito, mediante a realização de perícia médica na especialidade neurologia, a fim deavaliar o estágio das doenças de Alzheimer e Parkison e a situação da incapacidade.Nessas condições, conheço do recurso e a ele dou provimento, para assim, tornar insubsistente a r. sentença recorrida,com o fim de viabilizar a produção da prova pericial na especialidade neurologia.Sem condenação em custas e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei nº 9.099/1995 conjugado com o art. 1ºda Lei nº 10.259/2001.

ACÓRDÃO

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer dorecurso e a ele dar provimento, à unanimidade, na forma da ementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

BOAVENTURA JOÃO ANDRADEJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

jesxjun/jesgabd

91009 - CONFLITO DE COMPETÊNCIA

58 - 0005974-56.2010.4.02.5050/01 (2010.50.50.005974-4/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) Juizo Federal do 1º JuizadoEspecial Federal Do E.S. x JUÍZO FEDERAL DO 2º JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO.Processo nº. 0005974-56.2010.4.02.5050/01 – Juízo de Origem: 1º JEF de VitóriaSuscitante: Juízo do 1º Juizado Especial Federal de Vitória/ESSuscitado: Juízo do 2º Juizado Especial Federal de Vitória/ESRelator: Juiz Federal BOAVENTURA JOÃO ANDRADE

VOTO-EMENTAPROCESSUAL CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. 1º E 2º JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS DE VITÓRIA/ES.CONEXÃO E CONTINÊNCIA CONFIGURADAS. SÚMULA Nº 235 DO STJ AFASTADA. CONFLITO CONHECIDO PARAFIRMAR A COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITADO.

Trata-se de conflito negativo de competência suscitado pelo Juízo Federal do 1º Juizado Especial Federal de Vitória/ES emface do Juízo Federal do 2º Juizado Especial Federal de Vitória/ES.Embora quando do exame de prevenção tenha reconhecido a existência de relação de continência entre esta demanda e a

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de nº 2010.50.50.00655-7 (fl. 50), o Juízo suscitado, em decisão de fl. 54, reviu seu posicionamento e concluiu não haveridentidade entre as demandas a ensejar a reunião dos feitos, por entender que a presente ação tem por objeto a ocorrênciade novo dano com nova inserção do nome da parte autora nos cadastros de restrição ao crédito após o trânsito em julgadoda sentença proferida nos autos de nº 2010.50.50.00655-7. Diante disso, aplicou o enunciado da Súmula 235 do Superior

�Tribunal de Justiça - STJ e encaminhou o feito à livre distribuição.Redistribuído, o Juízo Federal do 1º Juizado Especial Federal de Vitória/ES suscitou conflito negativo de competência porentender presentes os seguintes motivos: i) a presente demanda somente foi ajuizada em virtude da inclusão do nome daparte autora nos cadastros do Serasa no mês de outubro de 2010, decorrente de débito existente na conta de nº 545-9,agência nº 3993 (CEF), gerado pelo não encerramento da aludida conta na época própria, o que se tornou objeto dediscussão nos autos nº 2010.50.50.000655-7, ajuizada no mês de fevereiro daquele mesmo ano; e ii) ao que se depreendedo referido processo foi proferida sentença na data de 29.11.2010, a dizer, posteriormente à distribuição do presente feitoao 2º Juizado, ocorrida em 22.11.2010, razão pela qual inaplicável, no caso, a Súmula nº 235 do STJ.Ressaltou o suscitante que, no próprio termo de assentada (fl. 48), restou consignado que a ré se comprometeria a cancelara dívida da conta corrente da parte autora, bem como a retirar o seu nome dos órgãos de proteção ao crédito em relação aoobjeto do referido processo, o que, no caso, traduz, na maior parte, o pedido desta ação, remanescendo neste processoapenas a análise do pedido de condenação das rés em dano moral.

�Pois bem. Recebo o presente Conflito de Competência, na forma do art. 32 do Regimento Interno das Turmas Recursaisdos Juizados Especiais Federais do Estado do Espírito Santo.Preceituam os arts. 103 e 104 do Código de Processo Civil - CPC, verbis:Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir.Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, maso objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras.Da própria definição legal dos institutos dessume-se que a continência traz ínsita a conexão, na medida em que para suaconfiguração é imprescindível a identidade de causa de pedir, o que por si só já torna as ações conexas.Contudo, registre-se, não basta a existência de identidade de causa de pedir, uma vez que exige a lei processual apresença de dois requisitos cumulativos, tais sejam, identidade de partes e de causa de pedir, ao passo que o objeto deveráser distinto sob pena de caracterizada litispendência.Por outro lado, forçoso reconhecer a suficiência de apenas um dos elementos da causa de pedir, a dizer, quer dos fatos,quer dos fundamentos jurídicos, por ser essa a interpretação que mais se coaduna com a teleologia dos institutos

�(economia processual e harmonia entre os julgados), abrangendo um número maior de situações amoldáveis ao instituto .No caso em apreço, há identidade de partes (FERNANDA DE CARVALHO OLIVEIRA X CAIXA ECONOMICA FEDERAL) ede causa de pedir, por decorrerem ambas as demandas do mesmo fato - débito existente na conta de nº 545-9, agência nº3993 (CEF), gerado pelo não encerramento da aludida conta na época própria -, muito embora os fundamentos jurídicossejam distintos.Nesse contexto, não resta dúvida da existência de continência entre os feitos, o que enseja a reunião dos mesmos peranteum só Juízo para julgamento conjunto, nos termos do art. 253, inciso I, do CPC, o que deverá se dar no Juízo do 2ºJuizado Especial Federal de Vitória/ES, por ser ele o Juízo Natural da primeira demanda ajuizada (processo nº2010.50.50.00655-7).Calha realçar a inaplicabilidade da Súmula nº 235 do STJ ao caso, porquanto consoante bem realçado pelo Juízo suscitanteà fl. 57, verifica-se que foi proferida sentença nos autos de nº 2010.50.50.000655-7 em data posterior (30.11.2010 – fl. 49) àdistribuição deste feito àquele mesmo Juízo, ocorrida em (22.11.2010 – fl. 38), o que afasta a aplicação do referidoenunciado sumular.Nessas condições, conheço do Conflito Negativo de Competência para firmar a competência, pela continência, do Juízosuscitado, isto é, o Juízo Federal do 2º Juizado Especial Federal de Vitória/ES.É como voto.

A C Ó R D Ã O

Decide a 1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Estado do Espírito Santo conhecer doconflito negativo de competência e firmar a competência do Juízo do 2º Juizado Especial Federal de Vitória/ES, na forma daementa supra integrante do julgado.

Vitória, 17 de setembro de 2014.

Boaventura João AndradeJuiz Federal – 1º RelatorAssinado Eletronicamente

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Dar parcial provimentoTotal 10 : Dar provimentoTotal 12 : Ementa/AcórdãoTotal 1 : Negar provimentoTotal 26 : Rejeitar os embargosTotal 9 :