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ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI Alessandra Elias Monteiro DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL. Aprovada por: ________________________________________________ Prof. Cláudio Fernando Mahler, D.Sc. ________________________________________________ Dr. Marco Antonio Batista da Silva, D.Sc. ________________________________________________ Prof. Márcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D. ________________________________________________ Prof. Rogério de Aragão Bastos do Valle, D.Sc. RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL SETEMBRO DE 2006

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ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI

Alessandra Elias Monteiro

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS

PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS

PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Cláudio Fernando Mahler, D.Sc.

________________________________________________ Dr. Marco Antonio Batista da Silva, D.Sc.

________________________________________________ Prof. Márcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Rogério de Aragão Bastos do Valle, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO DE 2006

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MONTEIRO, ALESSANDRA ELIAS

Índice de Qualidade de Aterros

Industriais – IQRI [Rio de Janeiro] 2006

XIII, 201 p. 29,7cm (COPPE/UFRJ,

M.Sc., Engenharia Civil, 2006)

Dissertação – Universidade Federal do

Rio de Janeiro, COPPE

1. Resíduos Industriais

2. Análise do Valor

3. Segurança, Meio Ambiente e Saúde

I. COPPE/UFRJ II. Título (série)

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“O que ocorrer com a terra,

recairá sobre os filhos da terra.

Há uma ligação em tudo.”

Carta do Chefe Seattle

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, a Deus, sempre.

Agradeço a meus pais, por toda formação, incentivo e suporte emocional que

sempre me deram.

A meus irmãos, Ricardo e, agora, Isabella, pelo carinho. Em especial ao nosso

“reizinho”, João Henrique, por ter surgido num momento tão importante, trazendo muita

sorte.

À vovó, sempre preocupada com meu futuro: “filha, depois que você terminar este

estudo, acabou?” Não vó, acho que é apenas o começo...

À tia Jamile e Hilda, pelo apoio e carinho nas horas difíceis...

Ao Ro (meu “príncipe de olhos azuis”), pelo incentivo, apoio, carinho, amizade e

muitos ensinamentos. Chegou de repente, na hora exata de um momento difícil, me

trazendo muita paz, conforto, segurança, alegria e a certeza de um lindo caminho pela

frente. Quero que fique para sempre!

Às minhas amigas de sempre, Beth, Giu e Lu. Giu, conseguimos!

Ao meu orientador, professor Doutor Cláudio Fernando Mahler, pela orientação,

amizade, apoio e confiança depositada.

Ao Doutor Marco Antonio Batista da Silva, Engenheiro de Meio Ambiente e

Consultor Técnico da Petrobras, por ter tido uma participação especial e incansável na

construção de cada etapa deste trabalho, sempre com muita dedicação e atenção.

Ao professor Doutor Márcio Almeida pela contribuição na pré-banca e participação

na banca avaliadora.

Ao professor Rogério do Valle também pela participação na banca avaliadora.

A todos os professores do PEC / COPPE, pelas brilhantes aulas do curso de

mestrado.

Especialmente ao professor Roberto, do departamento de Estruturas, pela

disponibilidade e, principalmente, paciência e compreensão.

Aos funcionários da secretaria do PEC / COPPE, em especial ao Raul, pela

atenção.

Ao Thelmo Fernandes, do laboratório de informática.

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Ao Doutor José Luiz Bampa Sauerbronn, Coordenador de Resíduos e Áreas

Impactadas da Petrobras.

Aos responsáveis pelas operadoras dos aterros estudados pela colaboração e

participação neste trabalho.

Aos amigos de curso: Saulo Loureiro, pelas dicas, apoio e incentivo; Calle e

Petrônio pela ajuda na impressão; Maria Alice, Juliana e Luís.

Aos companheiros de trabalho, em especial Dr. Paulo Toledo e Vicente de Paula,

pela confiança e flexibilidade de horário que me permitiram concluir esta dissertação.

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Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS – IQRI

Alessandra Elias Monteiro

Setembro/2006

Orientador: Cláudio Fernando Mahler

Programa: Engenharia Civil

A presente dissertação consiste na elaboração de um sistema de classificação

para aterros de resíduos industriais, através da criação de um Índice de Qualidade,

baseado nos já existente índices de qualidade para aterros urbanos da CETESB (2000),

aprimorado por FARIA (2002) e LOUREIRO (2005).

São introduzidas as variáveis relativas à gestão do meio ambiente (LOUREIRO,

2005), de segurança e saúde, além da adequação das variáveis existentes para atender

às exigência legais determinadas para resíduos provenientes de atividades industriais,

com a finalidade da preservação do meio ambiente e da saúde humana.

Foi utilizada a Teoria da Análise do Valor como ferramenta comparativa

multicritério, com a qual foram mensuradas as variáveis inseridas no sistema, que geram

o Índice de Qualidade de Aterros Industriais – IQRI, classificando as localidades em

condições inadequadas, controladas, adequadas ou ambientais, de acordo com a

pontuação obtida da avaliação.

O IQRI foi aplicado para três aterros industriais de relevante importância no Brasil

e pôde-se concluir que, mesmo aterros que possuem certificação ISO 14001, como no

caso A, podem não atingir a faixa de condição ambiental determinada pelo IQRI, que

demonstra ser uma ferramenta criteriosa de avaliação.

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Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

INDEX OF QUALITY OF INDUSTRIAL WASTE LANDFILLS - IQRI

Alessandra Elias Monteiro

September/2006

Advisor: Cláudio Fernando Mahler

Department: Civil Engineering

The present dissertation consists on the elaboration of a system to classify

industrial waste landfills, through the creation of an Index of Quality, based on already

existing index of quality for urban landfills (CETESB, 2000; improved for FARIA, 2002 and

LOUREIRO, 2005).

Environmental management (LOUREIRO, 2005), safety and health variables were

introduced, beyond the adequacy of the existing ones to take care of to legal requirements

for residues proceeding from industrial activities, with the purpose of the environment and

the human health preservation.

Tthe Theory of the Analysis of the Value was used as comparative multicriterion

tool, with which the inserted variables in the system had been evaluated, to generate the

Index of Quality of Industrial Waste Landfills - IQRI, classifying the sites in inadequate,

controlled, adjusted or environmental conditions, in accordance with punctuation of the

evaluation.

The IQRI was applied for three important industrial landfills in Brazil, and it could be

concluded that even landfills with ISO 14001 certificaion, cases A and B, for example, can

not reach the band of environmental condition determined by the IQRI, that demonstrates

to be a criteriosa tool of evaluation.

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ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO 01

1.1. Justificativa 02 1.2. Objetivo 03 1.3. Descrição dos capítulos 04

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 06

2.1. Meio Ambiente 06 2.1.1. Desenvolvimento sustentável 08

2.1.2. Poluição ambiental 10

2.1.3. Saúde ambiental 11

2.2. O elemento solo 12 2.2.1. Da geotecnia clássica à geotecnia ambiental 13

2.2.2. Poluição / contaminação dos solos 15

2.3. Resíduos sólidos 17 2.3.1. Definição 18

2.3.2. Classificação 18

2.3.2.1. Quanto à origem 18

2.3.2.2. CONAMA 20

2.3.2.3. ABNT 20

2.3.2.3.1. Resíduos Classe I 22

2.3.2.3.1.1. Resíduos tóxicos 27

2.3.2.4. Política Nacional de Resíduos Sólidos 28

2.3.2.4.1. Resíduos industriais 29

2.3.2.4.1.1. Poluição da água e dos solos por resíduos industriais 35

2.3.3. Características dos resíduos 38

2.4. Tratamento e disposição final do lixo 39 2.4.1. Disposição de resíduos de fontes especiais 46

2.4.1.1. Disposição de resíduos sólidos industriais 46

2.4.1.2. Disposição de resíduos radioativos 50

2.4.1.3. Disposição de resíduos de portos e aeroportos 50

2.4.1.4. Disposição de resíduos de serviços de saúde 50

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2.4.2. Tratamento de resíduos de fontes especiais 51

2.4.2.1. Tratamento de resíduos sólidos industriais 51

2.4.2.2. Tratamento de resíduos radioativos 52

2.4.2.3. Tratamento de resíduos de portos e aeroportos 52

2.4.2.4. Tratamento de resíduos de serviços de saúde 52

2.5. Gerenciamento de resíduos sólidos 53 2.6. Inventário de resíduos industriais 57

III. ÍNDICES DE QUALIDADE APLICADOS A ATERROS DE LIXO 60

3.1. IQR 60 3.2. IQA 62 3.3. IQS 64 3.4. IQRI 65

3.4.1. Parâmetros relativos aos critérios de localização 67

3.4.2. Parâmetros relativos aos critérios de infra-estrutura implantada 67

3.4.3. Parâmetros relativos aos critérios das condições operacionais 68

3.4.4. Parâmetros relativos aos critérios de gestão de SMS 68

IV. METODOLOGIA ADOTADA 70

4.1. Análise multicritério 70 4.2. Teoria da análise do valor 72

4.2.1. Conceitos básicos 74

4.2.2. Plano de trabalho da Análise do Valor 76

4.3. Aplicação da análise do valor no IQRI 79

V. PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DE ATERROS INDUSTRIAIS 86

5.1. Parâmetros relativos aos critérios de localização 87 5.1.1. Geotécnicos 88

5.1.1.1. Capacidade de suporte do solo 88

5.1.1.2. Permeabilidade do solo 90

5.1.2. Hidrogeológico 92

5.1.3. Clima 93

5.1.3.1. Pluviometria 93

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5.1.3.2. Direção predominante dos ventos 94

5.1.3.3. Recorrência de chuvas de inundação 94

5.1.4. Hidrológico 94

5.1.5. Topografia 95

5.1.6. Conformidade Legal 96

5.1.6.1. Autorização do município 96

5.1.6.2. Licenciamento do OECA 97

5.1.6.3. Existência de notificações e/ou multas 97

5.1.6.4. Certificação de qualidade ambiental 97

5.1.7. Características do entorno 98

5.1.7.1. Distância de núcleos habitacionais 98

5.1.7.2. Distância de centros produtores 99

5.1.7.3. Distância de ecossistemas sensíveis 99

5.1.7.4. Distância de faixas de domínio de rodovias 100

5.1.7.5. Acessibilidade 100

5.1.8. Áreas de empréstimo 101

5.1.8.1. Disponibilidade de material para recobrimento 101

5.1.8.2. Qualidade do material para recobrimento 101

5.1.9. Durabilidade 102

5.2. Parâmetros relativos aos critérios de infra-estrutura implantada 102 5.2.1. Isolamento e sinalização 102

5.2.1.1. Isolamento visual da área / cinturão verde 102

5.2.1.2. Cercamento da área 103

5.2.1.3. Portão de acesso com guarita 103

5.2.1.4. Sinalização 104

5.2.2. Equipamentos 104

5.2.2.1. Balança 104

5.2.2.2. Trator de esteiras ou compatível 105

5.2.2.3. Outros equipamentos 105

5.2.3. Infra-estrutura básica 106

5.2.3.1. Luz, força, água, telefone, esgoto 106

5.2.3.2. Condições da malha viária interna 107

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5.2.4. Impermeabilização de base 107

5.2.5. Sistemas de drenagem 111

5.2.5.1. Subsuperficial do percolado 111

5.2.5.2. Águas pluviais definitiva 112

5.2.5.3. Águas pluviais provisória 113

5.2.5.4. Gases 114

5.2.6. Sistemas de Tratamento 116

5.2.6.1. Percolado 116

5.2.6.2. Gases 117

5.2.6.3. Pré-tratamento do resíduo 117

5.2.7. Impermeabilização e cobertura final 118

5.3. Parâmetros relativos aos critérios das condições operacionais 119 5.3.1. Controle do recebimento dos resíduos 119

5.3.1.1. Caracterização do resíduo 120

5.3.1.2. Mapeamento da disposição 122

5.3.1.3. Recobrimento imediato dos resíduos 122

5.3.1.4. Compactação dos resíduos 123

5.3.1.5. Descarga de resíduos líquidos ou patogênicos / radioativos 124

5.3.1.6. Sistema de manifesto de resíduos 124

5.3.2. Sistemas de monitoramento 125

5.3.2.1. Águas subterrâneas 126

5.3.2.2. Águas superficiais 128

5.3.2.3. Percolado 129

5.3.2.4. Gases 129

5.3.2.5. Estabilidade dos maciços de solo e lixo 130

5.3.2.6. Detecção de vazamentos 132

5.3.2.7. Controle de ruídos 132

5.3.3. Geral 133

5.3.3.1. Atendimento às estipulações de projeto 133

5.3.3.2. Relatório anual 133

5.3.3.3. Plano de inspeção 134

5.3.3.4. Presença de queimadas 136

5.3.3.5. Presença de elementos dispersos pelo vento 136

5.3.3.6. Acesso à frente de trabalho 137

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5.4. Parâmetros relativos aos critérios de gestão de SMS 137 5.4.1. Segurança e saúde 139

5.4.1.1. Atendimento às normas de segurança e medicina do trabalho 140

5.4.1.2. Lava-rodas de veículos nas saídas da manipulação de resíduos 146

5.4.1.3. Existência de ação trabalhista relativa a segurança e saúde 146

5.4.2. Meio ambiente 147

5.4.2.1. Identificação dos aspectos e dos impactos ambientais 148

5.4.2.2. Objetivos, metas e programas ambientais 150

5.4.2.3. Garantia dos recursos necessários 151

5.4.2.4. Sistema de treinamento e comunicação 151

5.4.2.5. Controle da documentação do SGA 154

5.4.2.6. Programa e planos de emergência 154

5.4.2.7. Plano de contingência 156

5.4.2.8. Controle, monitoramento e medição das operações 158

5.4.2.9. Atendimento aos requisitos legais e demais subscritos 159

5.4.2.10. Programa de auditorias internas 160

5.4.2.11. Análises críticas pela administração, ações corretivas e preventivas 164

5.4.2.12. Plano de fechamento do aterro e previsão de uso futuro 165

5.4.2.13. Programas de responsabilidade social 167

VI. ANÁLISE DOS RESULTADOS E COMENTÁRIOS FINAIS 168

6.1. Caso A 168

6.2. Caso B 171

6.3. Caso C 177

6.4. Comentários Finais 178

VII. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS 181

7.1. Conclusões 181

7.2. Sugestões de pesquisas futuras 182

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 183

APÊNDICE A – IQRI 189

APÊNDICE B – IQRI, CASO A 191

APÊNDICE C – IQRI, CASO B 193

APÊNDICE D – IQRI, CASO C 195

ANEXO A – IQR 197

ANEXO B – IQA 198

ANEXO C – IQS 199

ANEXO D – TAB.: MUDANÇA NOS PRINCÍPIOS EM FUNÇÃO DE ACIDENTES 200

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I. INTRODUÇÃO

Os riscos ambientais que vêm ameaçando o Planeta como a escassez ou finitude

de recursos, deterioração da qualidade ambiental e de vida das populações, as agressões

sobre o uso do solo, a ameaça de extinção de espécies animais e vegetais, as taxas de

crescimento demográfico com o conseqüente aumento da demanda por bens e serviços,

alimentam o crescimento da consciência ecológica e da preocupação ambiental, que

passam a ter maior peso com o fenômeno da globalização.

A situação preocupa tanto os poderes públicos quanto a iniciativa privada e as

sociedades civis, em decorrência da tomada de consciência e do amadurecimento político

de instituições e da comunidade, que devem de forma participativa dividir o planejamento

e gerenciamento do meio ambiente, em função do desenvolvimento da humanidade e

com preocupação também voltada para as futuras gerações.

Os procedimentos legais do tipo fiscalização e controle devem ser revisados,

também sendo necessário uma melhoria no processo de tomada de decisões ambientais,

sempre levando em consideração as questões do planejamento e gerenciamento.

Conforme mostram algumas estatísticas do IBGE (2002), no Brasil, a prática

tradicional de se enterrar os resíduos em um canto do terreno da empresa, sem nenhuma

medida de controle, gerou vários territórios de risco e passivos ambientais. Da mesma

maneira, ainda é comum o despejo de resíduos industriais junto com os resíduos sólidos

urbanos nos aterros sanitários, vazadouros municipais e terrenos baldios.

Dentro deste contexto, surge a iniciativa da presente dissertação, pelo fato de o

gerenciamento dos resíduos sólidos industriais ser hoje um dos principais problemas

vivenciados pelas empresas na área de meio ambiente. Segundo dados da Companhia

de Tecnologia de Saneamento Ambiental do estado de São Paulo – CETESB (2005) –

somente no estado de São Paulo são gerados anualmente 535 mil toneladas de resíduos

Classe I, perigosos, e 25 milhões de toneladas de resíduos Classe II, menos

problemáticos em termos de potencial poluidor. A principal atividade industrial geradora

de resíduos perigosos é a química, que gera 177 mil t/ano, o que corresponde a

aproximadamente 33% do total de resíduos Classe I gerados no estado.

Pela legislação – Lei 9605/98: lei de Crimes Ambientais – estes resíduos devem

ser dispostos, tratados ou temporariamente estocados em locais adequados. Porém, os

dados do IBGE (2002) demonstram que boa parte dos mesmos está sendo depositada de

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forma inadequada, o que representa um grande perigo para o gerador, porque é ele o

responsável pelo resíduo.

Segundo números da CETESB (2005), das 535 mil toneladas de resíduos classe

I, 53% são tratados, 31% são estocados e 16% são dispostos no solo. Atualmente, a

principal forma de tratamento de resíduos classe I, no estado de São Paulo, é a

incineração. Outra alternativa importante para classe I seria o co-processamento em ou

queima em fornos de cimento ou siderúrgicos e de fundição.

Com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, no início de 1998, que estabelece

pesadas sanções para os responsáveis pela disposição inadequada de resíduos, as

empresas que prestam serviços nesta área tiveram aumento significativo na demanda por

estes serviços.

Os avanços que vêm ocorrendo na legislação contribuem para a solidificação dos

sistemas de gestão ambiental das empresas compromissadas e avalizam a

responsabilidade sócio-ambiental, fazendo com que indústrias e a sociedade obtenham

benefícios.

Além da busca crescente de certificações em normas internacionais por parte das

indústrias, outras atitudes são buscadas para adequação às legislações ambientais e às

exigências do mercado consumidor, como a busca do emprego de tecnologias limpas e

novas formas de destinação e tratamento dos resíduos industriais.

Ao longo dos tempos, a geração de rejeitos nas indústrias, tem sido cada vez

maior. A devolução destes rejeitos ao meio ambiente de forma inadequada, propicia a

contaminação do solo, das águas e do ar, trazendo vários prejuízos ambientais, sociais e

econômicos.

1.1. Justificativa

Durante os anos 80, a recuperação de locais contaminados foi um tópico

ambiental destacado, o que perdura até os dias atuais. As descobertas de inúmeras

catástrofes ambientais que resultaram das práticas inadequadas de disposições do

passado têm aumentado conhecimento e preocupação do público sobre a questão.

Nos últimos anos, esta preocupação se manifesta com a promulgação de uma

série de legislações (federais, estaduais e municipais), nos campos do gerenciamento,

limpeza, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final dos resíduos,

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abrangendo a questão do “berço ao túmulo”, que é a tradução literal da expressão

americana “cradle to grave“, ou seja, desde a geração do resíduo até sua disposição final.

Faz-se necessária uma mudança de paradigmas. O resíduo, hoje visto como não

produto, ou produto não-intencional, deve passar a ser visto como bem material para ser

reusado no mesmo processo produtivo, ou reaproveitado para outros processos ou

produtos. Se devolvido à natureza, como no caso dos aterros, ou outras formas de

destinação, deve funcionar para processos ecológicos que contribuam para a

conservação e regeneração do estoque de recursos naturais.

Atualmente, conforme aconselha o Ministério do Meio Ambiente, existem práticas

e ferramentas, que ainda não são totalmente aplicadas, como tecnologia mais limpa,

ecoeficiência, e produção limpa. O empresariado também já está tendo esta consciência,

investindo em melhoria de processos, de metodologias e treinamento de funcionários, o

que está contribuindo para a redução da geração de resíduos na fonte. Para os resíduos

em que não há formas de melhoria, em função de limitação tecnológica ou outras, as

empresas estão investindo em processos de reciclagem, que atualmente são fontes de

recursos para elas.

Sendo assim, a fim de analisar a qualidade dos aterros industriais, a presente

dissertação propõe-se a desenvolver um índice de qualidade para esses aterros, de forma

a cumprir uma das etapas do sistema de gerenciamento dessa sorte de resíduos,

identificando parâmetros de “boa conduta”, do ponto de vista ambiental, da segurança e

da saúde humana, para os projetos e a operação dessas unidades de destinação.

1.2. Objetivo

A presente dissertação tem como objetivo principal elaborar um Índice de

Qualidade de Aterros Industriais (IQRI) a ser utilizado como uma ferramenta para a

classificação de aterros destinados a resíduos industriais, nos moldes dos já existentes

sistemas de classificação para aterros sanitários (CETESB, 2000; FARIA, 2002; e

LOUREIRO, 2005).

Após a elaboração do Índice de Qualidade de Aterros Industriais, objetiva-se fazer

uma aplicação em três casos reais, de aterros de importância significativa no Brasil de

forma a testar sua aplicação e comprovar a eficácia do mesmo.

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De maneira geral, o IQRI pode estender e implementar os sistemas de inventários

estaduais de resíduos industriais, contribuindo, da mesma maneira, para o inventário

nacional.

Na medida em que define os parâmetros para o bom funcionamento destes

aterros, dos pontos de vista operacional, de gestão de meio ambiente, segurança e

saúde, auxilia a elaboração de políticas de gerenciamento desenvolvidas para esta

atividade.

Poderá ser utilizado também na definição de ações e diretrizes para projetos e

construção de novos aterros industriais, estabelecendo medidas preventivas e melhorias

no processo de controle à poluição e preservação dos recursos naturais.

1.3. Descrição dos capítulos

Esta dissertação foi estruturada em oito capítulos.

A introdução ao tema, sua justificativa e o objetivo do trabalho são apresentados

no primeiro capítulo. Demonstra-se, em linhas gerais o estado atual da arte dos resíduos

industriais e se justifica a relevância do desenvolvimento deste estudo como uma

ferramenta de auxílio ao gerenciamento de aterros industriais, com vistas à preservação

do meio ambiente, segurança e saúde humana.

O segundo capítulo traz uma revisão bibliográfica dos temas “meio ambiente”, “o

elemento solo” e “resíduos sólidos”. Primeiramente são apresentadas definições para

“meio ambiente” e acrescentado o conceito de desenvolvimento sustentável. Ainda neste

contexto, surge a questão da poluição e da saúde ambiental. Em seguida, em se tratando

do elemento solo, são abordados tópicos sobre a poluição / contaminação dos solos e a

evolução da Geotecnia Clássica à Geotecnia Ambiental. Então, entra-se com as

definições, classificações e caracterização dos resíduos sólidos, com atenção especial

para os resíduos industriais e a participação destes nos processos de poluição da água e

contaminação dos solos. Também são explicados alguns métodos de tratamento e

disposição final de resíduos sólidos e a importância do sistema de gerenciamento, além

de citar o estado atual da arte do inventário nacional de resíduos sólidos.

No capítulo III são apresentados os índices de qualidade aplicados a aterros de

lixo, sendo eles o IQR (CETESB, 2000); o IQA (FARIA, 2002); o IQS (LOUREIRO, 2005);

e a proposta do IQRI, como uma ferramenta análoga às anteriores para a avaliação e

classificação de aterros industriais, e uma visão geral dos parâmetros a ele relacionados.

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A metodologia adotada para a elaboração do IQRI é apresentada no quarto

capítulo, que descreve a análise multicritério e a teoria da análise do valor, como uma

ferramenta de auxílio no processo de tomada de decisão para a mensuração das

variáveis propostas.

No quinto capítulo são apresentadas os critérios determinados para a avaliação

dos aterros industriais. Foram propostos quatro critérios de avaliação (características do

local; infra estrutura implantada; condições operacionais; e sistema de gestão de

segurança, meio ambiente e saúde (SMS).

Para cada critério foram elencados parâmetros, ou funções de avaliação, conforme

nomenclatura dada pela metodologia adotada – análise do valor –, de acordo com as

variáveis que os compõem. Estas variáveis foram elaboradas de modo a priorizar

parâmetros relativos à ciência da Geotecnia Ambiental e do meio ambiente como um

todo, com a preservação das coleções hídricas, atmosférica e da saúde e segurança da

comunidade do entorno, bem como dos funcionários e demais pessoas que têm acesso

ao aterro.

Ainda neste capítulo são apresentadas as tabelas com a mensuração de cada

variável.

O capítulo VI faz o relato dos estudos de caso com a análise dos resultados

obtidos e os comentários finais da dissertação. Foram estudados três casos reais de

aterros industriais para a aplicação do IQRI e a obtenção da classificação destes de

acordo com a pontuação obtida.

Por fim, o sétimo capítulo descreve as conclusões obtidas a partir dos casos

estudados e levantamentos realizados para a elaboração do índice além de sugerir

tópicos para pesquisas futuras.

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II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Meio Ambiente

“... Minha palavra é como as estrelas - elas não empalidecem. Como (o homem branco)

pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos

donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós?

Decidimos apenas sobre coisas de nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para meu

povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas

escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na

crença de meu povo...”.

Trecho da Carta do Cacique Seattle, escrita em 1855 ao Presidente dos

Estados Unidos, Franklin Pierce.

Para dar início a esta discussão e entendimento das questões e problemas

ambientais, vê-se necessário a definição do termo ambiente.

Para AVELAR (2002), o ambiente pode ser definido de várias maneiras, de acordo

com o ponto de vista e o interesse adotado por cada observador. Neste sentido, esta

definição dependerá da percepção, do nível de escolaridade e dos hábitos que o indivíduo

traz ao longo de sua formação como ser humano. A palavra ‘ambiente’ tem significados

diferentes para cada representante da sociedade, por exemplo: um índio, um seringueiro,

um agricultor, um cidadão urbano, um advogado, um engenheiro, um executivo, etc; a

princípio, cada um deles terá uma conceituação diferente para tal vocábulo.

Porém, surge a necessidade de uma conceituação ampla que possa ser adotada

por diversos profissionais e entendida por indivíduos sem formação acadêmica específica.

Como as questões que envolvem o tema ambiente estão presentes na vida e relações de

qualquer ser humano, uma conceituação mais genérica é importante, principalmente nos

trabalhos interdisciplinares, em que profissionais de diversas áreas precisam atuar em

interação.

A definição adotada foi criada a partir de trabalhos desenvolvidos no âmbito da

geografia, mas que tem utilidade para profissionais de outras áreas.

GALVÃO (1992) definiu ambiente como “o produto da relação homem - meio,

sociedade – natureza, ou seja, a natureza recriada pela sociedade, a natureza da qual o

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homem é parte integrante e não apenas a natureza onde o homem é um mero ‘agente

antrópico’”.

Em síntese, o homem é parte integrante do meio em que vive (ambiente), e

depende dele para sua sobrevivência. Seus atos são decisivos para a preservação ou

destruição do ambiente, ou parte dele.

Até a década de 60, a única preocupação com o meio ambiente consistia em

assegurar que os rejeitos produzidos pelo homem fossem afastados da população,

depositados longe de modo a não contaminar a população que os gerou.

Porém, a partir dessa década, com a disseminação dos conceitos de proteção

ambiental, houve uma sutil mudança na interferência da engenharia, entre outras áreas

de conhecimento científico e tecnológico, que passam a atuar não mais com o propósito

de modificar o meio ambiente natural, mas de preservá-lo. Assim, como não existe

“impacto ambiental zero”, a abordagem passa a ser de controlar e minimizar os impactos

da atividade humana sobre o meio ambiente, e não somente preservar.

Outra polêmica contribuição para o debate a cerca das causas e soluções para a

deterioração ambiental, é o “Manifesto pela Sobrevivência”, datado de 1972, onde o

consumismo extremado, de interesse do industrialismo capitalista é acusado como

responsável pela degradação ambiental.

Desde então, são discutidas questões, causas e proposta que justificam a

degradação e também a preservação ambiental. Os problemas já existiam há muito,

porém parece que eles se tornam cada vez mais gritantes e, nos dias de hoje, sua

percepção parece mais óbvia.

Conforme cita a Carta Magna (1988): “todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações” (art. 225 da Constituição Federal).

Conservação da natureza e proteção do meio ambiente são hoje problemas da

responsabilidade de todos. Cada indivíduo, como simples cidadão, deve fazer sua parte,

que já contribui para o todo.

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2.1.1. Desenvolvimento Sustentável

“A colonização e os modelos de acumulação capitalista que a sucederam,

igualam-se quando observados sob a ótica social e ambiental. Por outro lado, as

agressões ambientais produzidas pelo atual modelo de desenvolvimento urbano-

industrial, baseado na reprodução e acumulação de capital, através da expropriação da

natureza, do espaço e do trabalho assalariado, pouco diferem daquelas praticadas pelos

colonizadores / conduzidos pelo mercantilismo, baseados na rapinagem dos recursos

naturais” (AMADOR, 1997).

O tema desenvolvimento sustentável sempre se correlaciona com as questões do

meio ambiente, que vêm sendo mundialmente discutida. A partir da década de 70,

informações sobre recursos naturais, considerando-se que muitos deles não são

renováveis, passam a ser mais divulgadas e tornam-se mais evidentes.

Na Conferência de Estocolmo1, em 1972, a visão dos problemas era nitidamente

uma visão “primeiro mundista”. Nesta Conferência, as discussões centraram-se nos

aspectos técnicos da contaminação provocada pela industrialização, no crescimento

populacional e na urbanização. Essa visão é alterada, quando na Conferência de 1992

(Rio-92) a percepção dominante passa a ser a de que os problemas de meio ambiente

não podem se dissociar dos problemas de desenvolvimento.

AMADOR (1997) cita que “a partir do Relatório Brundtland da ONU, apresentado

em 1987, com o título ‘Nosso Futuro Comum’, que foi resultado de pesquisas realizadas

entre 1983-1987, sobre o estado ecológico da Terra, introduziu-se um novo paradigma

para orientação da economia mundial, já globalizada que seria denominado

‘desenvolvimento sustentado’”.

O “desenvolvimento sustentado” seria definido pelo relatório de Brundtland (1987)

como aquele que “atende as necessidades do presente sem comprometer a capacidade

de as gerações futuras também atenderem as suas; é um processo de mudança no qual a

exploração dos recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento

tecnológico e a mudança institucional estão de acordo com as necessidades atuais e

futuras; é uma correção, uma retomada do crescimento, alterando a qualidade do

desenvolvimento, a fim de torná-lo menos intensivo de matéria-prima e mais eqüitativo em

1 Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano. Estocolmo, 1972.

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seu impacto. Ou seja, a busca simultânea de eficiência econômica, justiça social e

harmonia ecológica.

As propostas desse relatório partem do pressuposto de que é possível e desejável

conciliar desenvolvimento econômico e conservação ambiental, através do

“desenvolvimento sustentável”. Antes mesmo da Rio-92, esse documento sublinhava que

as possibilidades de materialização de um estilo de desenvolvimento sustentável estariam

diretamente relacionadas com a superação da pobreza, com a satisfação das

necessidades básicas de alimentação, saúde, habitação e saneamento, com a

necessidade de uma nova matriz energética que privilegie fontes renováveis de energia e

com o processo de inovação tecnológica cujos benefícios sejam compartilhados por

países ricos e pobres.

Este novo conceito de desenvolvimento foi amplamente aceito pelas sociedades

industriais do Primeiro e Terceiro Mundo, além de orientar a Rio-92, Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Os três principais documentos

que resultaram desta conferência – a ‘Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento’; ‘Os Quinze Princípios para o Gerenciamento Sustentável das

Florestas’ e o ‘Plano Abrangente para Guiar a Ação Nacional e Internacional em Direção

ao Desenvolvimento Sustentável (Agenda 21)’ – estão todos baseados na premissa da

inseparabilidade do meio ambiente e do desenvolvimento.

A Agenda 21 foi um dos principais responsáveis pela consolidação da idéia de que

o desenvolvimento e a conservação do meio ambiente devem estar sempre unidos em

prol da compatibilidade entre crescimento econômico e o direito ao usufruto da vida em

ambiente saudável pelas futuras gerações.

O atual quadro ambiental vivido no Planeta e a crise ecológica são resultantes de

ações predatórias do passado, bem como do tipo de desenvolvimento vigente, que se

caracteriza como “concentrador, explorador de pessoas e dos recursos da natureza”

(AMADOR, 1997).

Desde a Revolução Industrial, o progresso e a expansão do modelo civilizatório

ocidental justificam a exploração dos povos e a sistemática destruição dos ecossistemas.

O modelo de desenvolvimento deve combinar sustentabilidade ecológica,

viabilidade econômica e equidade social, cujo pressuposto é a erradicação dos

mecanismos que geram a exclusão social.

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Ao se falar em desenvolvimento sustentável não se pode deixar de lado um

conceito essencial para a existência humana: a ecoeficiência.

Para ASSIS (2001), a ecoeficiência significa “consumir menos energia,

harmonizando o desenvolvimento econômico com o ambiental, através de práticas como

a conservação de energia, reciclagem e sustentabilidade [...] Este conceito é fundamental

para a compreensão do desenvolvimento sustentável, que pode ser caracterizado como

aquele em que a velocidade da inevitável agressão ambiental é menor do que a

velocidade com que a natureza consegue reagir para compensar esses danos”.

O desenvolvimento sustentável demanda reformas não somente de âmbito

ecológico e ambiental, mas inclusive e principalmente de cunho social, econômico,

espacial e cultural.

2.1.2. Poluição ambiental

A origem do termo “poluição” vem do latim polluere, que, etimologicamente

significa sujeira, degradação. Em termos mais atuais, a poluição é tudo o que ocorre em

um meio e altera prejudicialmente suas características originais, afetando a saúde, a

segurança e bem-estar da população, cria condições adversas às atividades sociais e

econômicas, ocasiona danos relevantes à flora, à fauna e a qualquer recurso natural, aos

acervos históricos, culturais e paisagísticos. O termo “poluição” engloba todos os rejeitos

químicos tóxicos liberados pelo homem na biosfera, além de substâncias que possam

causar desequilíbrio ao meio ambiente, mesmo que não sejam prejudiciais aos

organismos.

O conceito de poluição está diretamente ligado aos de “estranheza”,

“desequilíbrio”, “concentração”, assim, “só polui aquilo que é estranho ao ambiente, que o

desequilibra por se apresentar em concentrações excessivas” (MAHLER, et al., 2002).

Quando há um desequilíbrio, causado por acúmulo de elementos estranhos, de forma que

modifique o ambiente o afastando dos padrões iniciais ou de padrões desejáveis, diz-se

que há poluição.

Em 1965, o documento “Para restaurar a qualidade do nosso ambiente”,

preparado pelo Comitê Científico Oficial da Casa Branca definiu poluição como

modificação desfavorável do mundo natural, que aparenta inteira ou parcialmente ser um

produto da ação humana, mudando através de efeitos diretos ou indiretos os critérios que

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governam a distribuição dos fluxos de energia, os níveis de radiação, a composição físico-

química do mundo natural e a abundância das coisas vivas.

A história da poluição tem ligação direta com o progresso tecnológico. A partir da

era industrial, meados do século XIX, a contaminação de águas, ar e solo passou a ter

maior relevância em termos locais, nas áreas próximas a indústrias ou cidades industriais

muito povoadas. Porém, a partir da Segunda Guerra Mundial, com o surgimento de

tecnologias mais modernas e crescimento de efluentes urbanos e industriais, que levam à

acumulação de dejetos em grande escala e à liberação de novas substâncias tóxicas no

ar, água e solo, é que vieram os maiores problemas. Como agravantes, são as

substâncias liberadas que, além de tóxicas, podem ser não biodegradáveis ou até

indestrutíveis, permanecendo um longo período como fontes potenciais de problemas.

Os efeitos da poluição, pouco conhecidos, recaíam sobre as camadas sociais mais

baixas, por habitarem as proximidades das áreas industriais, em situações de

insalubridade, que eram associadas às taxas de mortalidade.

As forças do mercado apresentavam uma ação reativa contra qualquer discussão

sobre impactos ambientais causados pelas respectivas atividades econômicas. Assim, o

meio ambiente emergiu nos países industrializados como sinônimo de custo adicional

para os agentes privados.

“A poluição era considerada um efeito externo negativo, na medida em que os

danos que ela provocava não eram diretamente considerados pelo mercado, constituindo-

se num custo social não compensado, ou seja, imposto à sociedade” (STARLING, 2003).

O meio ambiente tem sido degradado através de diferentes formas. Pode-se

observar a utilização da água como meio de transporte para dejetos e rejeitos, o solo é

prejudicado pelo lançamento do lixo a céu aberto e a qualidade do ar é alterada pela

emissão de gases nocivos por indústrias e veículos.

O Brasil e o Mundo vêm passando por crises ambientais decorrentes de várias

causas, como o aumento exponencial da população e do consumo de energia;

intensificação dos processos de industrialização e de urbanização.

2.1.3. Saúde ambiental

Somente depois de a poluição das águas e do ar terem se tornado objetos de

vasta legislação e da criação de órgãos governamentais para aplicação destas leis,

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passou-se a reconhecer que a qualidade do solo pode representar um problema de saúde

pública e representar riscos para os ecossistemas.

Saúde pública e meio ambiente devem ser tratados de forma interligada, uma vez

que um meio contaminado poderá causar problemas de saúde nas pessoas e/ou

impactos aos ecossistemas. A avaliação da saúde ambiental parte do princípio de que o

homem é interdependente dos ecossistemas, assim, toda e qualquer alteração do meio

ambiente vai afetar a saúde do homem, assim como as ações antrópicas também vão

ocasionar impactos ambientais.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), saúde ambiental se

refere aos aspectos da saúde e qualidade de vida humana determinado por fatores

ambientais, sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais.

Portanto, a sistemas de gerenciamento que garantem a preservação dos recursos

naturais contribuem para a preservação da saúde humana.

2.2. O elemento solo

Pode-se dizer que a necessidade do homem trabalhar com os solos é tão antiga

quanto a civilização. Desta época datam os problemas de fundações e de obras de terra

das grandes construções como as pirâmides do Egito, os templos da Babilônia, a Grande

Muralha da China, os aquedutos e as estradas do império romano. Porém, somente a

partir do século XVII são encontrados os primeiros trabalhos sobre o comportamento

quantitativo dos solos.

O solo, juntamente com a água e o sol, é a base da vida na Terra; é o substrato

para as plantas; é um importante ecossistema: mais animais vivem no solo que sobre ele.

O solo permitiu a constituição da base alimentar, a evolução social e cultural do homem. É

um recurso natural renovável se e quando administrado e manejado através de princípios

racionais e naturais.

CASTRO (1994) definiu solo como um “complexo sistema natural, multilimítrofe,

zona em que se interpenetram as fases sólida, líquida e gasosa; o mineral e o orgânico; o

vivo e o inerte; sínteses e decomposições; nascimento e morte; lixiviação e evaporação;

translocações; dissolução e precipitação; redução e oxidação; simbioses; enfim um

complexo corpo heterogêneo incessantemente submetido a uma complexa dinâmica, o

solo é primordialmente um ente natural autônomo, não conservativo, organizado, em

constante evolução (nasce, cresce, amadurece, torna-se senil e pode rejuvenescer)

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formado independentemente da ação do homem por processos particulares e submissos

a leis que lhe são próprias”.

Em linhas gerais, pode-se afirmar que o solo é a formação natural que se

desenvolve na porção superficial da crosta da Terra, resultado da interação dos

processos físicos, químicos e biológicos sobre as rochas. Enfim, é o produto do

intemperismo físico-químico da rocha de origem e do modo de transporte e deposição dos

sedimentos assim formados.

Em sua estrutura encontram-se três fases: sólida (os grãos minerais

representados por minerais primários e argilominerais, e os sólidos orgânicos,

representado pela matéria orgânica presente nos solos); líquida (naturalmente a água); e

gasosa (o ar). É composto por unidades estruturais independentes entre si, que interagem

mutuamente na presença das fases líquida e/ou gasosa e que preenchem os vazios da

trama reticular formado pelo arranjo destas unidades. A interação entre estas unidades é

a principal condicionante de sua resistência e rigidez.

O solo como material de construção é o mais ilustre representante dos materiais

particulados, é um meio heterogêneo e de composição altamente variável.

2.2.1. Da Geotecnia Clássica à Geotecnia Ambiental

A Mecânica dos Solos, que estuda o comportamento dos solos quando tensões

são aplicadas, por exemplo nas fundações, ou aliviadas, como nas escavações, constitui-

se numa Ciência de Engenharia chamada de Engenharia Geotécnica ou Engenharia de

Solos (PINTO, 2000).

No âmbito da engenharia civil, a Geotecnia Clássica é a ciência responsável pela

investigação do solo, projetos de fundação e pavimentação de estradas, fundação de

casas e edifícios, tanques de armazenamento de produtos, estruturas offshore,

barragens, túneis e outras estruturas subterrâneas. Além disso, analisa e estuda

problemas relacionados a movimentos de massa, como escorregamentos e estabilidade

de encostas (CAPUTO, 1978).

Com as contribuições de pesquisadores como Coulomb, Rankine, Darci, Terzaghi,

Casagrande, Taylor, Skempton, Bishop e Peck, a Geotecnia Clássica cresceu

mundialmente entre os séculos XVIII a XX, por seus trabalhos científicos sobre a ciência e

prática da mecânica dos solos e da engenharia de fundações, o que também agregou

conhecimento sobre mecânica das rochas e geologia (SILVA, 2005).

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Em 1925, o prof. Karl Terzaghi publica seu famoso livro Erdbaumechanik, sendo

um marco decisivo nos estudos de comportamento dos solos, que, a partir de 1936, foi

oficialmente batizada como Mecânica dos Solos.

Pela interdisciplinaridade com outras ciências da terra, o prof. Milton Vargas cita

que “o fenômeno da mecânica dos solos tem que ser conhecido em sua totalidade

geológica, física, e técnica; surge aí a geotécnica, que combina uma geologia, mais

observada do ponto de vista físico, e uma mecânica dos solos, mais ligada aos problemas

geológicos”.

Com o acelerado processo de industrialização, no período pós II Guerra Mundial,

houve grande aumento de produção de produtos industrializados, assim como grande

aumento de consumo de produtos químicos orgânicos e de metais pesados. Essa

produção em massa, levou a uma crescente quantidade de rejeitos.

O início da operação de centrais nucleares e a consciência sobre os problemas de

contaminação relacionados a rejeitos nucleares pode ter sido o motivo que iniciou os

engenheiros geotécnicos nos assuntos da área ambiental.

Em 1970, a legislação que instituiu a avaliação de impacto ambiental nos EUA

(National Environmental Policy Act) exigia investigação detalhada sobre os possíveis

impactos ambientais de projetos na área nuclear, com a disposição de rejeitos radioativos.

Então, aos engenheiros geotécnicos couberam os trabalhos de investigação e

caracterização do solo adequado para a disposição desses rejeitos. A partir desse

momento, os aspectos ambientais passaram ser mais uma das questões relacionadas a

ciência da Geotecnia.

Porém, os problemas relacionados à disposição de rejeitos e à remediação dos

solos não se restringem aos conhecimentos da Geotecnia Clássica, mas incorpora

conceitos referentes a legislação ambiental, hidrogeologia, química ambiental, geoquímica

e microbiologia, quando necessário (BARBOSA, 1998).

Assim, surgiu, no início da década de 90, uma nova especialidade da engenharia

civil que é a Geotecnia Ambiental, passando a fornecer soluções adequadas para os

problemas de gerenciamento de produtos perigosos e não perigosos, como também para

o gerenciamento de áreas contaminadas. Esta nova ciência surge com caráter multi e

interdisciplinar, envolvendo conhecimentos sobre o comportamento do solo, rocha e água

subterrânea, e como eles interagem com os contaminantes (BARBOSA, 1998).

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Com o crescimento do manuseio e geração de rejeitos químicos, através do

crescente processo de industrialização, os problemas ambientais tendem a aumentar,

cabendo à Geotecnia Ambiental fornecer as soluções adequadas técnica e

economicamente para o gerenciamento destes rejeitos e a remediação das áreas por eles

contaminadas.

Desta maneira, os problemas típicos de competência da Geotecnia Ambiental

podem ser agrupados em três grupos: a remediação de áreas contaminadas; o

gerenciamento de resíduos ou rejeitos; e a minimização dos resíduos por reciclagem

(SILVA, 2005).

2.2.2. Poluição / contaminação dos solos

A poluição do solo é um problema mundial causado pelo lixo, pesticidas,

defensivos agrícolas e demais produtos químicos dispostos diretamente no solo ou

lançados na atmosfera e disseminados pelas chuvas.

Em ecossistemas naturais, o lixo orgânico é reciclado por organismos

decompositores existentes no solo, porém nas cidades, que são grandes produtoras de

lixo, não ocorre esta reciclagem natural. O lixo urbano acumulado causa poluição

alimentar, da água, do ar, e principalmente do solo, e afeta a saúde humana por contato

direto e indireto, pela proliferação de vetores ou transmissores de doenças, roedores,

insetos, etc.

Em condição natural, a fração sólida do solo se encontra em equilíbrio físico-

químico com as frações líquida e gasosa presentes. Conseqüentemente, a presença de

substâncias químicas estranhas ao ambiente natural induz um desequilíbrio físico-químico

que, por sua vez, induzirá uma série de transformações no interior da massa de solo, até

que seja atingida uma nova condição de equilíbrio.

A poluição do solo é a alteração prejudicial de suas características naturais, com

eventuais mudanças na estrutura física, resultado de fenômenos naturais ou de atividades

humanas. Os cuidados com a poluição do solo estão principalmente associados ao

contato da água com o solo superficial e sub-superficial e à preservação da qualidade das

águas.

As fontes de poluição podem ser de origem natural (terremotos, vendavais,

inundações) e/ou derivadas das atividades humanas (disposição de resíduos sólidos e

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líquidos, urbanização e ocupação dos solos, atividades agropecuárias e extrativas,

acidentes nos transportes de cargas).

A partir do momento em que se dispõe resíduos sólidos indiscriminadamente no

solo sem nenhum tratamento prévio, pode haver a contaminação. Pelo processo de

degradação que passam estes resíduos, são gerados gases poluentes que são emitidos

para a atmosfera, e líquido percolado de composição diversa e contaminante, que infiltra

no solo atingindo o lençol freático.

Neste sentido, pelo desequilíbrio deste sistema geoquímico, são desencadeados

processo e reações dentro da massa de solo, em direção a uma nova condição de

equilíbrio, que afetam diretamente seu pH, pela presença de substâncias ácidas e

alcalinas; seu estado de oxi-redução (reversão das condições de drenagem); e variação

da concentração eletrolítica da água presente nos solos, com sua salinização ou

dessalinização, entre os principais desequilíbrios relacionados à disposição de resíduos e

contaminação por ação antropogênica.

A contaminação do subsolo em aterros tem origem na infiltração dos lixiviados

através das camadas impermeabilizantes. A interação solo-contaminante é muito

complexa, uma vez que muitos fenômenos físicos, químicos e biológicos podem ocorrer

simultaneamente (COELHO, et al, 2003). Este processo implica em mudanças nos dois

agentes envolvidos, solo e contaminante, em relação às suas respectivas condições

originais.

Do ponto de vista do solo, estas mudanças se refletem no arranjo estrutural da

massa e/ou na sua composição química e mineralógica, onde a propriedade do solo mais

sensível à mudanças é a permeabilidade.

O movimento dos poluentes não depende apenas do fluxo do fluido no qual essas

sustâncias estão envolvidas, mas também de mecanismos que por sua vez dependem de

processos físicos, químicos e biológicos aos quais essas substâncias são submetidas

(COELHO, et al, 2003).

Os projetos de sistemas de disposição de resíduos (industriais, urbanos e de

mineração) baseavam-se na hipótese de que a condutividade hidráulica é o principal fator

que governa a migração do contaminante. Porém, estudos mais recentes evidenciam a

difusão molecular como mecanismo preponderante no caso de solos finos (solos

argilosos) com baixa permeabilidade.

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Os mecanismos de transporte e retenção de contaminantes em meios porosos

saturados têm origem por processos físicos ou químicos.

Como processos físicos, tem-se o transporte por advecção (fluxo); por gradiente

de concentração ou difusão molecular; por mistura mecânica ou dispersão; ou por

dispersão hidrodinâmica.

Já os processos químicos de transporte são: por adsorção – desorção ou reações

de precipitação-dissolução.

Sob ambos os aspectos, efeitos no solo e efeitos no contaminante, o processo de

interação afeta o avanço da espécie química através do solo, atingindo níveis mais

profundos e águas subterrâneas.

2.3. Resíduos sólidos

Em 1992, quando da realização da ECO 92 – Conferência das Nações Unidas

para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – a crescente produção de resíduos sólidos

em todo o mundo foi amplamente discutida e considerada fundamental para a

preservação ambiental.

Dentre as muitas atividades humanas geradoras de resíduos, tem-se:

- os aglomerados urbanos que geram lixo doméstico, de prestadores de

serviços, de varredura e limpeza pública, hospitalar e de pequenas indústrias,

assim como sedimentos de dragagem e esgoto;

- obras civis, com a geração de entulhos e bota-foras;

- usinas termoelétricas, que geram rejeito sólido (cinza volante) e gases

(emanações atmosféricas ou lama de lavagem dos gases);

- usinas nucleares, que geram rejeito radioativo e efluente líquido (água de

resfriamento).

- as indústrias, que produzem rejeitos sólidos e líquidos;

- a atividade de mineração, que produz rejeitos sólidos, líquidos e estéreis

(escavações).

A tecnologia utilizada para dispor esses rejeitos varia com a consistência dos

mesmos, sua capacidade tóxica em potencial, restrições de legislação vigente, e aos

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avanços tecnológicos quanto aos processos de tratamento e às técnicas de disposição e

controle de contaminação.

A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), pela norma ABNT NBR

10004 denomina lixo como resíduo sólido.

2.3.1. Definição

A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa "cinza". Pelo dicionário, ela é

definida como “sujeira, imundice, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor”. Na

linguagem técnica, pode-se dizer que lixo é sinônimo de resíduos sólidos, sendo

representado por materiais descartados pelas atividades humanas.

Assim, lixo é, basicamente, todo e qualquer resíduo sólido proveniente das

atividades humanas ou gerado pela natureza em aglomerações urbanas, como folhas,

galhos de árvores, terra e areia espalhados pelo vento, etc.

Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, no surgimento das

primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequena quantidade e constituído

essencialmente de sobras de alimentos.

A partir da Revolução Industrial, as fábricas começaram a produzir objetos de

consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando

consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas. O

homem passou a viver então a era dos descartáveis em que a maior parte dos produtos

— desde guardanapos de papel e latas de refrigerante, até computadores — são

inutilizados e jogados fora com enorme rapidez.

A sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluição do solo, das águas e

piorou as condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente nas

regiões menos desenvolvidas. Até hoje, no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos

nos centros urbanos é simplesmente vazada sem qualquer cuidado em depósitos

existentes geralmente nas periferias das cidades.

2.3.2. Classificação

2.3.2.1. Quanto à origem

A origem pode ser um elemento para a caracterização dos resíduos sólidos. Os

diferentes tipos de lixo podem ser, então, agrupados em quatro classes, a saber:

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- Lixo residencial: resíduos sólidos gerados nas atividades diárias em casas,

apartamentos, etc.

- Lixo comercial: é aquele produzido em estabelecimentos comerciais, cujas

características dependem da atividade ali desenvolvida.

- Lixo público: são os resíduos da varrição, capina, raspagem, etc.,

provenientes dos logradouros públicos (ruas e praças, por exemplo), bem

como móveis velhos, galhos grandes, aparelhos de cerâmica, entulho de obras

e outros materiais inservíveis deixados pela população, indevidamente, nas

ruas ou retirados das residências através de serviço de remoção especial.

- Lixo de fontes especiais: é aquele que, em função de determinadas

características peculiares que apresenta, passa a merecer cuidados especiais

em seu acondicionamento, manipulação e disposição final, como por exemplo,

o lixo industrial, o hospitalar, atômico, espacial e o radioativo.

Estes resíduos, de fontes especiais, estão a seguir melhor classificados:

- Lixo dos serviços de saúde (RSSS): Os serviços hospitalares, ambulatoriais,

farmácias, são geradores dos mais variados tipos de resíduos sépticos,

resultados de curativos, aplicação de medicamentos que em contato com o

meio ambiente ou misturado ao lixo doméstico poderão ser patógenos ou

vetores de doenças, devem ser destinados a incineração.

- Lixo atômico: Produto resultante da queima do combustível nuclear,

composto de urânio enriquecido com isótopo atômico 235. A elevada

radioatividade constitui um grave perigo à saúde da população, por isso deve

ser enterrado em local próprio, inacessível.

- Lixo espacial: Restos provenientes dos objetos lançados pelo homem no

espaço, que circulam ao redor da Terra com a velocidade de cerca de 28 mil

quilômetros por hora. São estágios completos de foguetes, satélites

desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que

explodiram normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das

armas anti-satélites.

- Lixo radioativo: Resíduo tóxico e venenoso formado por substâncias

radioativas resultantes do funcionamento de reatores nucleares. Como não há

um lugar seguro para armazenar esse lixo radioativo, a alternativa

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recomendada pelos cientistas foi colocá-lo em tambores ou recipientes de

concreto impermeáveis e a prova de radiação, e enterrados em terrenos

estáveis, no subsolo.

Nas atividades de limpeza urbana, os tipos doméstico e comercial constituem o

chamado lixo domiciliar, que junto com o lixo público, representam a maior parcela dos

resíduos sólidos produzidos nas cidades.

2.3.2.2. CONAMA

Como uma definição legal, a resolução CONAMA 05, de 05 de agosto de 1993, se

aplica aos resíduos sólidos gerados nos portos, aeroportos, terminais ferroviários e

rodoviários e estabelecimentos prestadores de serviço de saúde. Esta resolução serve de

parâmetro ao definir resíduos sólidos como: resíduos em estado sólido e semi-sólido, que

resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, domestica, hospitalar,

comercial, agrícola, de serviço de varrição.

A resolução, de maneira genérica, classifica o lixo quanto suas características

físicas, sendo:

- Seco: papéis, plásticos, metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras,

guardanapos e tolhas de papel, pontas de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas,

porcelana, espumas, cortiças.

- Molhado: restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos,

legumes, alimentos estragados, etc.

2.3.2.3. ABNT

A Norma Brasileira – ABNT NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação –

define resíduo sólido como “resíduos nos estado sólido e semi-sólido, que resultam de

atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e

de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes dos sistemas de

tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções

técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível”.

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A identificação do processo ou atividade que dá origem ao resíduo, bem como a

identificação de seus constituintes e características, baseiam os processos de

classificação.

Em 1987, a norma brasileira citada classificava os resíduos em três classes, como

Classe I (perigosos); Classe II (não-inertes); e Classe III (inertes).

Para se enquadrarem na Classe I, deveriam apresentar periculosidade (risco à

saúde pública ou ao meio-ambiente) e as características descritas na Norma

(inflamabilidade; corrosividade; reatividade; toxicidade; patogenicidade).

Os resíduos Classe II poderiam ter propriedades como combustibilidade,

biodegradabilidade ou solubilidade. Já os Classe III, representavam materiais como

rochas, tijolo, vidros, certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente.

Na revisão da norma, em 2004, tem-se a classificação em apenas duas classes

(Classe I e Classe II), porém sendo a segunda classe subdividida em duas (Classe II A e

Classe II B). A Classe I permanece com os resíduos perigosos e a Classe II passa a ser

a denominação para os não perigosos, sendo Classe II A os não inertes (antiga Classe II)

e Classe II B, os inertes (antiga Classe III).

Importante observar que a definição de “resíduo classe I - Perigoso” não mais se

limita às características já especificadas na versão anterior, quanto a inflamabilidade,

corrosividade, reatividade, toxicidade, ou patogenicidade. A essas características foram

acrescentadas as condicionantes independentes de “periculosidade” e de “origem” do

resíduo. A periculosidade é conceituada em função de riscos à saúde pública (provocando

mortalidade, incidência de doenças ou acentuando seus índices) ou ao meio ambiente

(quando o resíduo for gerenciado de forma inadequada). Pela última condicionante, o

resíduo poderá ser diretamente classificado como perigoso se sua origem é conhecida e

consta de listagens fornecidas pela Norma nos seus anexos.

Em síntese, os resíduos perigosos são aqueles que pela composição têm

elementos químicos perigosos ao meio ambiente ou que não sofrem degradação. Podem

ser inflamáveis, tóxicos, corrosivos, reativos ou patogênicos. É o caso da borracha, do

couro, do lodo de tratamento de efluentes de processos galvânicos, da borra ácida de

refino de óleo e dos resíduos hospitalares infectantes. Os não inertes são materiais que

degradam na natureza, mas não agridem o meio ambiente por não conterem compostos

ou elementos químicos perigosos. É o caso das sobras da indústria alimentícia e do ferro.

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Já os inertes são os que não têm lixiviação ou uma degradação no meio ambiente.

Poucos atendem esta realidade. É ocaso de vidros limpos, madeira e papéis.

2.3.2.3.1. Resíduos Classe I

A ABNT NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação – fornece procedimentos

que viabilizam a identificação de riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública

dos resíduos sólidos, em termos de periculosidade. Por esta norma, um resíduo é

considerado perigoso, ou Classe I, quando suas propriedades físicas, químicas e infecto-

contagiosas representam:

- risco à saúde pública: caracterizado por aumento de mortalidade ou incidência de

doenças;

- risco ao meio ambiente: quando manuseados de forma inadequada;

- dose letal50 (DL50) (oral, ratos): dose letal para 50% de uma população de ratos,

quando administrada por via oral;

- concentração letal50 (CL50): concentração de uma substância que acarreta a

morte de 50% da população exposta, por via respiratória;

- dose letal50 (dérmica, coelhos): representa dose letal para 50% da população de

coelho testada, administrada por via dérmica.

Os resíduos perigosos têm potencial de causar, ou contribuir de forma significativa

para a mortalidade ou incidência de doenças irreversíveis ou impedir a reversibilidade das

demais; além de apresentar perigo imediato ou em potencial à saúde pública ou ao

ambiente quando transportados, armazenados, tratados ou dispostos de maneira

inadequada. Desta forma, torna-se importante o tratamento ou acondicionamento

adequados, no local de produção e nas condições estabelecidas pelo OECA – Órgão

Estadual de Controle Ambiental.

A Agenda 21 indica que uma das prioridades do manejo de resíduos é a redução

dos resíduos perigosos, como parte de um enfoque de mudanças dos processos

industriais e dos padrões de consumo, por meio de estratégias de prevenção da poluição

e de tecnologia limpa, como a recuperação destes resíduos para converte-los em

matérias úteis.

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Enfim, resíduos perigosos são aqueles cujas características sejam uma das

citadas em parágrafos anteriores ou constem nos anexos A ou B da ABNT NBR 10004.

Para eles são adicionadas as seguintes características:

- inflamabilidade: “um resíduo sólido é caracterizado como inflamável (código de

identificação D0011), se uma amostra representativa dele, obtida conforme a ABNT NBR

10007, apresentar qualquer uma das seguintes propriedades:

a) ser líquida e ter ponto de fulgor inferior a 60ºC, determinado conforme ABNT

NBR 14598 ou equivalente, excetuando-se as soluções aquosas com menos de

24% de álcool em volume;

b) não ser líquida e ser capaz de, sob condições de temperatura e pressão de

25ºC e 0,1 MPa (1 atm), produzir fogo por fricção, absorção de umidade ou por

alterações químicas espontâneas e, quando inflamada, queimar vigorosa e

persistentemente, dificultando a extinção do fogo;

c) ser um oxidante definido como substância que pode liberar oxigênio e, como

resultado, estimular a combustão e aumentar a intensidade do fogo em outro

material;

d) ser um gás comprimido inflamável, conforme a Legislação Federal sobre

transporte de produtos perigosos (Portaria nº204/1997 do Ministério dos

Transportes)”;

- corrosividade: código de identificação D002, quando o resíduo ou uma amostra

dele for:

a) “aquosa e apresentar pH inferior ou igual a 2, ou superior ou igual a 12,5, ou

sua mistura com água, na proporção de 1:1 em peso, produzir uma solução que

apresente pH inferior a 2 ou superior ou igual a 12,5;

b) líquida ou, quando misturada em peso equivalente de água, produzir um líquido

e corroer o aço (COPANT 1020) a uma razão maior que 6,35mm ao ano, a uma

temperatura de 55ºC, de acordo com USEPA SW 846 ou equivalente”;

- reatividade: código de identificação D003, quando o resíduo ou uma amostra

dele apresentar propriedades de:

a) “ser normalmente instável e reagir de forma violenta e imediata, sem detonar”;

b) reagir violentamente com água;

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c) formar misturas potencialmente explosivas com água;

d) gerar gases, vapores e fumos tóxicos em quantidades suficientes para provocar

danos à saúde pública ou ao meio ambiente, quando misturados com água;

e) possuir em sua constituição os íons CN- ou S2- em concentrações que

ultrapassem os limites de 250mg de HCN liberável por quilograma de resíduo ou

500mg de H2S liberável por quilograma de resíduo, de acordo com ensaio

estabelecido no USEPA SW 846;

f) ser capaz de produzir reação explosiva ou detonante sob a ação de forte

estímulo, ação catalítica ou temperatura em ambientes confinados;

g) ser capaz de produzir, prontamente, reação ou decomposição detonante ou

explosiva a 25ºC e 0,1 MPa (1 atm);

h) ser explosivo, definido como uma substância fabricada para produzir um

resultado prático, através de explosão ou efeito pirotécnico, esteja ou não esta

substância contida em dispositivo preparado para este fim”;

- toxicidade: possuem códigos P, U e D e encontram-se nos anexos D, E e F da

ABNT NBR 10004. Esta característica se dá quando o resíduo ou uma amostra dele

apresentar uma das seguintes propriedades:

a) “quando o extrato obtido desta amostra, segundo a ABNT NBR 10005, contiver

qualquer um dos contaminantes em concentrações superiores aos valores

constantes no anexo F. Neste caso, o resíduo deve ser caracterizado como tóxico

com base no ensaio de lixiviação, com código de identificação constante no anexo

F;

b) possuir uma ou mais substâncias constantes no anexo C e apresentar

toxicidade. Para avaliação desta toxicidade, devem ser considerados os seguintes

fatores:

- natureza da toxicidade apresentada pelo resíduo;

- concentração do constituinte no resíduo;

- potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem

para migrar do resíduo para o ambiente, sob condições impróprias de manuseio;

- persistência do constituinte ou qualquer produto tóxico de sua degradação;

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- potencial que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, tem

para degradar-se em constituintes não perigosos, considerando a velocidade em

que ocorre a degradação;

- extensão em que o constituinte, ou qualquer produto tóxico de sua degradação, é

capaz de bioacumulação nos ecossistemas;

- efeito nocivo pela presença de agente teratogênico2, mutagênico3,

carcinogênico4 ou ecotóxico5, associados a substâncias isoladamente ou

decorrente do sinergismo entre as substâncias constituintes do resíduo;

c) ser constituída por restos de embalagens contaminadas com substâncias

constantes nos anexos D ou E;

d) resultar de derramamentos ou de produtos fora de especificação ou do prazo de

validade que contenham quaisquer substâncias constantes nos anexos D ou E;

e) ser comprovadamente letal ao homem;

f) possuir substância em concentração comprovadamente letal ao homem ou

estudos do resíduo que demonstrem uma DL50 oral para ratos menor que 50mg/Kg

ou CL50 inalação para ratos menor que 2mg/L ou uma DL50 dérmica para coelhos

menor que 200mg/Kg”;

- patogenicidade: (código de identificação D004) “quando uma amostra

representativa dele contiver ou se for suspeita de conter microorganismos patogênicos,

proteínas virais, ácido desoxirribonucléico (ADN) ou ácido ribonucléico (ARN)

recombinantes, organismos geneticamente modificados, plasmídios, cloroplastos,

mitocôndrias ou toxinas capazes de produzir doenças em homens, animais ou vegetais”.

Vale observar que os resíduos de serviços de saúde são classificados em outra

norma (ABNT NBR 12808) e os resíduos de estações de tratamento de esgotos 2 definido pela ABNT NBR 10004 como “qualquer substância, mistura, organismo, agente físico ou estado de deficiência que, estando presente durante a vida embrionária ou fetal, produz uma alteração na estrutura ou função do indivíduo dela resultante”. 3 definido pela ABNT NBR 10004 como “qualquer substância, mistura, agente físico ou biológico cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea possa elevar as taxas espontâneas de danos ao material genético e ainda provocar ou aumentar a freqüência de defeitos genéticos”. 4 definido pela ABNT NBR 10004 como “substâncias, misturas, agentes físicos ou biológicos cuja inalação, ingestão ou absorção cutânea possa desenvolver câncer ou aumentar sua freqüência. O câncer é resultado de processo anormal, não controlado da diferenciação e proliferação celular, podendo ser iniciado por alteração mutacional”.

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domésticos e os resíduos sólidos domiciliares, exceto os originados na assistência à

saúde da pessoa ou animal, não são classificados segundo os critérios de

patogenicidade.

A agência de proteção ambiental americana (EPA – Environmental Protection

Agency) utiliza o termo “resíduos perigosos” para identificar resíduos que podem causar

danos á saúde humana e ao meio ambiente. Possui uma listagem específica para estes

resíduos: resíduos de setores industriais específicos, como resíduos de refinaria de

petróleo; resíduos de processos industriais que utilizam solventes para limpar e

desengraxar; produtos químicos que ameaçam a saúde humana. Além disto, um resíduo

perigoso deve apresentar características de inflamabilidade ou facilidade de explosão,

corrosividade, ou que tenha constituintes tóxicos.

Os principais contaminantes que conferem periculosidade aos resíduos são os

seguintes:

Organo-halogenados: na presença de óleos no lixo, os solventes halogenados tendem a

ser associados a esta fase.

Cianetos: foram identificados vários mecanismos de decomposição e eliminação. Por

exemplo, a conversão para ácido cianídrico volátil, a formação de cianetos complexos,

hidrólise de formiato de amônia, formação de tiocianatos e biodegradação poderão

ocorrer. Recomenda-se um pré-tratamento de resíduos com cianetos.

Metais pesados: o cromo, quando presente em forma solúvel, hexavalente, cromato ou

dicromato, pode representar um risco ambiental. Normalmente, em aterros, estes

compostos são reduzidos, na presença de matéria orgânica, para a forma trivalente de

maneira a precipitar como hidróxido em pH neutro, comumente existente nos aterros. O

mercúrio poderá ser originário de baterias, tubos fluorescentes, entulhos. Há evidências

de que o Mercúrio é mobilizado como sulfato sob as condições anaeróbicas reinantes no

aterro. Havendo frações argilosas presentes, o mercúrio poderá ser firmemente ligado por

adsorção ou por troca iônica.

Ácidos : deveria ser prática normal a neutralização de resíduos ácidos, antes da sua

disposição em trincheiras ou lagoas rasas, no aterro. É essencial que a capacidade de

neutralização inerente ao lixo doméstico não seja excedida. Caso contrário, os metais

5 definido pela ABNT NBR 10004 como “substâncias ou misturas que apresentem ou possam apresentar riscos para um ou vários compartimentos ambientais”.

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pesados serão ressolubilizados e a atividade microbiana será inibida. Foi determinado

que 1kg de lixo fresco poderá neutralizar 22g de ácido sulfúrico e 1kg de lixo decomposto

será preciso para neutralizar 33g desse mesmo ácido.

Óleos: a adsorção em componentes do lixo é um mecanismo de atenuação importante.

Estudos demonstraram que não acontecia drenagem livre quando a concentração do óleo

não superava os 5% em peso.

PCB's (policloreto de bifenila): estas substâncias foram encontradas em aterros

industriais, provenientes de capacitores, resíduos de destilação e tortas de filtro. Pela sua

baixa solubilidade e degradabilidade, admite-se que elas sejam retidas nos aterros. Não

há evidência de que a presença de outras substâncias orgânicas afete a mobilidade dos

PCB's, porém, a presença de solventes deveria ter efeitos significativos. Alguns ensaios

mostram a presença de PCB's no chorume em concentrações entre 0,01 e 0,05 mg/l.

Fenóis: pode-se constituir em problema grave, uma vez que o limite da OMS –

Organização Mundial de Saúde – para fenol é de 0,022 mg/l; e muitos resíduos industriais

contêm este produto em proporção superior a estes valores.

Solventes: durante a deposição em aterro, os solventes podem perder-se por

evaporação para a atmosfera ou ser absorvidos pelo lixo, onde poderão ser submetidos à

biodegradação. Testes de laboratório mostram a grande dificuldade de se prognosticar a

extensão de cada um destes processos.

2.3.2.3.1.1. Resíduos tóxicos

São considerados resíduos tóxicos: pilhas não-alcalinas, baterias, tintas e

solventes, remédios vencidos, lâmpadas fluorescentes, inseticidas, embalagens de

agrotóxicos e produtos químicos. As substâncias não biodegradáveis estão presentes nos

plásticos, produtos de limpeza, em pesticidas e produtos eletroeletrônicos, e na

radioatividade desprendida pelo urânio e outros metais atômicos, como o césio, utilizados

em usinas, armas nucleares e equipamentos médicos. O cádmio, níquel, mercúrio e

chumbo são os principais contaminantes.

A separação adequada desses materiais é de extrema importância para evitar a

contaminação do solo e dos lençóis freáticos.

Alguns cuidados básicos devem ser tomados também no acondicionamento

desses resíduos, como guardá-los em sacos bem fechados, em local arejado e protegido

do sol, das crianças e dos animais. Os medicamentos vencidos, restos de tinta e verniz, e

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embalagens de inseticidas, que ainda não podem ser reciclados, devem ser armazenados

em aterro industrial em condições adequadas, para evitar a contaminação do meio

ambiente. Esses resíduos são tratados por meio de encapsulamento.

2.3.2.4. Política Nacional de Resíduos Sólidos

Pela lei Federal que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 6938/81)

e estabelece diretrizes e normas dos diferentes tipos de resíduos sólidos, os resíduos

urbanos, de mineração e industriais, sofrem a seguinte classificação:

- resíduos urbanos: são classificados como resíduos comuns. São

provenientes de residências ou qualquer outra atividade que gere resíduos

com características domiciliares (estabelecimentos comerciais e prestadores

de serviços), bem como os resíduos de limpeza pública urbana.

Classificados como resíduo não perigoso, são autorizados para disposição nos

aterros municipais. A composição física destes resíduos é usualmente denominada

composição gravimétrica por ser expressa em porcentagem do peso total. Esta

composição varia dentro de uma mesma cidade, de acordo com o nível socioeconômico

do bairro onde é feita a coleta.

Segundo esta lei, os resíduos de mineração e industriais, entre outros, são

classificados como resíduos especiais, e definidos como:

- resíduos minerais: são provenientes de qualquer atividade de âmbito

extrativo, do beneficiamento dos minerais e da recuperação de solos e áreas

contaminadas;

Os resíduos minerais variam com o tipo e o processo da mineração. Esta

atividade gera rejeitos sólidos (provenientes da escavação e a lama proveniente do

beneficiamento) e líquidos (drenagem da área de mineração, efluente das lagoas de

decantação e drenagem ácida). Os de escavação podem ser classificados como estéreis

(solos, pedaços de rocha) e os do processo de beneficiamento (lamas) como perigosos,

pois contém metais pesados e outros compostos tóxicos. Os efluentes de lagoas de

decantação possuem composição química complexa: água e constituintes orgânicos e

inorgânicos. A drenagem ácida produz substâncias instáveis e que oxidam na presença

de oxigênio e água.

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Além da contaminação do solo, por ser a atividade de mineração uma das

principais fontes antropogênicas de metais pesados para o solo, gera vários outros

impactos ambientais, regionais e socioeconômicos.

- resíduos industriais: resíduos em estado sólido ou semi-sólido, provenientes de

qualquer atividade industrial, bem como das pesquisas de atividades industriais, incluindo-

se os lodos provenientes das instalações de tratamento de águas residuárias, aqueles

gerados em equipamentos de controle da poluição, assim como determinados líquidos

cujas particularidades tornem inviável seu lançamento na rede pública de esgotos ou

corpos d’água, ou exijam soluções economicamente inviáveis em face da melhor

tecnologia para tal. Porém, nem todos os resíduos produzidos por indústria, podem ser

designados como lixo industrial. Algumas indústrias do meio urbano produzem resíduos

semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais poderão ser

enquadrados em lixo especial e ter o mesmo destino.

Para os usuários do serviço de limpeza pública, ou seja, o produtor do lixo, fica por

esta lei proibida a disposição para a coleta pelo sistema público dos resíduos especiais

(minerais e industriais), o que não ocorre com os comuns (urbanos).

Os rejeitos industriais também possuem características físico-químicas que

variam com a tipologia da indústria e com o processo utilizado. Na atividade industrial são

gerados rejeitos sólidos, semi-sólidos, líquidos (efluente) e gasosos (emissões

atmosféricas). Estes resíduos, além de poluir os corpos d’água receptores, conferem cor,

odor e turbidez, alteram sua temperatura e pH, alterando todo um ecossistema existente,

e causando danos ao meio-ambiente. Muitas vezes, são classificados como perigosos,

por isso devem ser adotadas medidas de controle da produção destes resíduos e da

minimização da geração na fonte.

2.3.2.4.1. Resíduos Industriais

Produzidos em todos os estágios das atividades humanas, os resíduos, em

termos tanto de composição como de volume, variam em função das práticas de consumo

e dos métodos de produção. As principais preocupações estão voltadas para as

repercussões que podem ter sobre a saúde humana e sobre o meio ambiente (solo, água,

ar e paisagens). Os resíduos perigosos, produzidos sobretudo pela indústria, são

particularmente preocupantes, pois, quando incorretamente gerenciados, tornam-se uma

grave ameaça ao meio ambiente.

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Os geradores de resíduos industriais são obrigados a cuidar do gerenciamento,

transporte, tratamento e destinação final dos mesmos, e essa responsabilidade é para

sempre. O lixo doméstico é apenas uma pequena parte de todo o lixo produzido. A

indústria é responsável por grande quantidade de resíduo: sobras de carvão mineral,

refugos da indústria metalúrgica, resíduo químico e gás e fumaça lançados pelas

chaminés das fábricas.

O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões fatais ao

ambiente. Nele estão incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes),

metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos que ameaçam os ciclos naturais

onde são despejados. Assim, a saúde do ambiente, e conseqüentemente dos seres que

nele vivem, torna-se ameaçada, podendo levar a grandes tragédias, se não houver

tratamento e destinação adequados.

O consumo habitual de água e alimentos - como peixes de água doce ou do mar -

contaminados com metais pesados coloca em risco a saúde. As populações que moram

em torno das fábricas de baterias artesanais, indústrias de cloro-soda que utilizam

mercúrio, indústrias navais, siderúrgicas e metalúrgicas, correm risco de serem

contaminadas.

Os metais pesados são muito usados na indústria e estão em vários produtos. São

apresentados no quadro abaixo os metais usados, suas fontes e riscos à saúde.

Tabela 2.1: Principais metais usados na indústria, suas fontes e riscos à saúde

Metais De onde vêm Efeitos

Alumínio Produção de artefatos de alumínio;

soldagem de medicamentos

(antiácidos) e tratamento

convencional de água.

Anemia por deficiência de ferro,

intoxicação crônica.

Arsênio Metalurgia; manufatura de vidros e

fundição.

Câncer (seios paranasais).

Cádmio Soldas; tabaco; baterias e pilhas. Câncer de pulmões e próstata; lesão

nos rins.

Chumbo Fabricação e reciclagem de baterias

de autos; indústria de tintas; pintura

Saturnismo (cólicas abdominais,

tremores, fraqueza muscular, lesão

30

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em cerâmica; soldagem. renal e cerebral).

Cobalto Preparo de ferramentas de corte e

furadoras.

Fibrose pulmonar (endurecimento do

pulmão) que pode levar a morte.

Cromo Indústrias de corante, esmalte, tintas,

ligas com aço e níquel; cromagem de

metais.

Asma (bronquite); câncer.

Fósforo

amarelo

Veneno para barata; rodenticidas (tipo

de inseticida usado na lavoura) e

fogos de artifício.

Náuseas; gastrite; odor de alho;

fezes e vômitos fosforescentes; dor

muscular; torpos; choque; coma e

até morte.

Mercúrio Moldes industriais; certas indústrias

de cloro-soda; garimpo de ouro;

lâmpadas fluorescentes.

Intoxicação do sistema nervoso

central.

Níquel Baterias; aramados; fundição e

niquelagem de metais; refinarias.

Câncer de pulmão e seios

paranasais.

Fumos

metálicos

Vapores (de cobre, cádmio, ferro,

manganês, níquel e zinco) da

soldagem industrial ou da

galvanização de metais.

Febre dos fumos metálicos (febre,

tosse, cansaço e dores musculares)

– parecido com pneumonia.

Fonte: http://www.ambientebrasil.com.br/

Pela nova versão da ABNT NBR 10004:2004, a classificação de resíduos não

pode ser baseada apenas no critério da disposição final, mas deve também considerar “a

identificação do processo ou atividade que lhes deu origem, de seus constituintes e

características, e a comparação destes constituintes com listagens de resíduos e

substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido”. Complementando, “a

segregação dos resíduos na fonte geradora e a identificação da sua origem são partes

integrantes dos laudos de classificação, onde a descrição de matérias-primas, de insumos

e do processo no qual o resíduo foi gerado devem ser explicitados”.

A performance da destinação dos resíduos industriais é função de sua tipologia.

Atualmente, estima-se a produção de resíduos industriais no Brasil em cerca de um

milhão de toneladas no ano, distribuídos segundo a tabela abaixo por tipologia industrial:

31

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Tabela 2.2 – Produção anual de resíduos em função do setor industrial

SETOR KT/ANO

Químico / petroquímico 400

Metalúrgico 150

Montadoras 150

Auto-peças 100

Outros 200

Total 1000

Fonte: Seminário Internacional – As melhores práticas em gestão integrada de resíduos

sólidos, Rio de Janeiro, 2003.

A indústria elimina resíduo por vários processos. Alguns produtos, principalmente

os sólidos, são amontoados em depósitos, enquanto que o resíduo líquido é, geralmente,

despejado nos rios e mares, de uma ou de outra forma.

Certos resíduos perigosos são jogados no meio ambiente indiscriminadamente.

Pouco se sabe como lidar com eles com segurança e espera-se que o ambiente absorva

as substâncias tóxicas. Porém, essa está longe de ser uma solução segura para o

problema. Muitos metais e produtos químicos não são naturais, nem biodegradáveis. Em

conseqüência, quanto mais se enterram os resíduos, mais os ciclos naturais são

ameaçados, e o ambiente se torna poluído. Desde os anos 50, os resíduos químicos e

tóxicos têm causado desastres cada vez mais freqüentes e sérios.

Atualmente, há mais de 7 milhões de produtos químicos conhecidos, e a cada ano

outros milhares são descobertos. Isso dificulta, cada vez mais, o tratamento efetivo do

resíduo.

Os resíduos perigosos e não inertes devem ser tratados e destinados em

instalações apropriadas para tal fim. Os aterros industriais precisam ser dotados de

sistemas de proteção para evitar a contaminação do ambiente, além de instalações

devidamente preparadas para receber estes resíduos, sendo normalmente operados por

empresas privadas, seguindo o conceito do poluidor-pagador.

As indústrias tradicionalmente responsáveis pela maior produção de resíduos

perigosos são as metalúrgicas, as indústrias de equipamentos eletro-eletrônicos, as

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fundições, a indústria química e a indústria de couro e borracha. Predomina em muitas

áreas urbanas a disposição final inadequada de resíduos industriais, por exemplo, o

lançamento dos resíduos industriais perigosos em lixões, nas margens das estradas ou

em terrenos baldios, o que compromete a qualidade ambiental e de vida da população.

Nos setores de indústria química e petroquímica, é produzido uma série de

materiais sólidos e resíduos oleosos, muitas vezes contaminados com agentes químicos,

o que dificulta a destinação final apropriada a esse passivo ambiental.

Para tratar a questão dos resíduos industriais, o Brasil possui legislação e normas

específicas. Pode-se citar a Constituição Brasileira em seu Artigo 225, que dispõe sobre a

proteção ao meio ambiente; a Lei 6.938/81, que estabelece a Política Nacional de Meio

Ambiente; a Lei 6.803/80, que dispõe sobre as diretrizes básicas para o zoneamento

industrial em áreas críticas de poluição; as resoluções do Conselho Nacional do Meio

Ambiente - CONAMA 257/263 e 258, que dispõem respectivamente sobre pilhas, baterias

e pneumáticos e, além disso, a questão é amplamente tratada nos Capítulos 19, 20 e 21

da Agenda 21 (Rio-92), além de diretrizes e instruções técnicas ditadas pelos órgãos

estaduais de controle ambiental.

Em síntese, o governo federal, através do Ministério do Meio Ambiente – MMA e

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – está

desenvolvendo projeto para caracterizar os resíduos industriais através de um inventário

nacional, para traçar e desenvolver uma política de atuação, visando reduzir a produção e

destinação inadequada de resíduos perigosos.

Com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, no início de 1998, que estabelece

pesadas sanções para os responsáveis pela disposição inadequada de resíduos, as

empresas que prestam serviços na área de resíduos sentiram um certo aquecimento do

mercado – houve empresa que teve aumento de 20% na demanda por serviços logo após

a promulgação da lei – mas tal movimento foi de certa forma arrefecido com a emissão da

Medida Provisória que ampliou o prazo para que as empresas se adeqüem à nova

legislação.

Tanto a legislação brasileira quanto a européia têm os princípios da

responsabilidade, que é do gerador de resíduos. Exemplificando, na França e no Brasil o

gerador tem a responsabilidade de escolher um centro de tratamento que seja adequado,

legal e ambientalmente, ficando essa escolha sob a sua responsabilidade, e também de

escolher um transportador que seja credenciado.

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O operador, por sua vez, tem a responsabilidade de cumprir as obrigações legais

em geral e aquelas decorrentes da licença que ele possui, em particular.

A legislação francesa estabelece que a empresa deve, em primeiro lugar, evitar a

geração de resíduo; que, se houver geração, deve-se primeiramente tentar o

reaproveitamento do resíduo, recuperando a matéria-prima; no caso do tratamento fora da

usina, deve-se antes buscar um tratamento que possibilite uma valorização térmica; e, em

último lugar, deve-se utilizar o aterro.

A esperança das empresas que investiram em tecnologia e instalações para

tratamento e disposição de resíduos industriais está na disseminação da ISO 14000, pois

as empresas que aderirem à norma terão que gerenciar adequadamente seus resíduos, e

numa maior atuação fiscalizadora por parte dos órgãos de controle ambiental.

A soma das ações de controle, envolvendo a geração, manipulação, transporte,

tratamento e disposição final, traduz-se nos seguintes benefícios principais:

• minimização dos riscos de acidentes pela manipulação de resíduos

perigosos;

• disposição de resíduos em sistemas apropriados;

• promoção de controle eficiente do sistema de transporte de resíduos

perigosos;

• proteção à saúde da população em relação aos riscos potenciais oriundos

da manipulação, tratamento e disposição final inadequada.

• intensificação do reaproveitamento de resíduos industriais;

• proteção dos recursos não renováveis, bem como o adiamento do

esgotamento de matérias-primas;

• diminuição da quantidade de resíduos e dos elevados e crescentes custos

de sua destinação final;

• minimização dos impactos adversos, provocados pelos resíduos no meio

ambiente, protegendo o solo, o ar e as coleções hídricas superficiais e

subterrâneas de contaminação.

Muitas vezes uma empresa quer tratar os seus resíduos e há uma consciência do

gerador neste sentido, mas todo tratamento, ou grande parte dos tratamentos de

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resíduos, representa custo. Mesmo a reciclagem gera custo e isso significa que, se uma

determinada empresa fizer o tratamento e o seu vizinho ou competidor não o fizer, isto

colocará a primeira empresa numa posição de menos competitividade no mercado.

Então, só procura o serviço de gerenciamento ou de destinação de resíduos,

aquele gerador que compete no mercado em termos globais e precisa apresentar uma

política clara de meio ambiente, com finalidade da visibilidade para o mercado, que se

mostra cada vez mais exigente quanto às políticas de gestão e preservação ambiental .

Um resíduo não é, por princípio, algo nocivo. Muitos resíduos podem ser

transformados em subprodutos ou em matérias-primas para outras linhas de produção.

O gerenciamento de resíduos tem-se transformado, nas últimas décadas, em um

dos temas ambientais mais complexos. O número crescente de materiais e substâncias

identificados como perigosos e a geração desses resíduos em quantidades expressivas

têm exigido soluções mais eficazes e investimentos maiores por parte de seus geradores

e da sociedade da forma geral. Além disso, com a industrialização crescente dos países

ainda em estágio de desenvolvimento, esses resíduos passam a ser gerados em regiões

nem sempre preparadas para processá-los ou, pelo menos, armazená-los

adequadamente.

A manipulação correta de um resíduo tem grande importância para o controle do

risco que ele representa, pois um resíduo relativamente inofensivo, em mãos

inexperientes, pode transformar-se em um risco ambiental bem mais grave.

2.3.2.4.1.1. Poluição da água e contaminação dos solos por resíduos industriais,

tóxicos ou perigosos

Segundo dados do IBGE (2002), 38% dos municípios brasileiros registraram

ocorrência, entre junho de 2001 e junho de 2003, de poluição freqüente da água

(nascentes, águas subterrâneas, rios, lagos, lagoas, enseadas, represas, açudes, baías,

mares, etc).

Dentre as possíveis causas levantas pela pesquisa para a poluição das águas, o

despejo de resíduos industriais, óleos ou graxas (inclusive derramamento de petróleo)

representam 25% do total dos municípios afetados pela poluição de água.

Já a ocorrência de contaminação dos solos foi registrada em 33% dos municípios

brasileiros.

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Conforme o gráfico 2.1, nas Grandes Regiões, a ocorrência de contaminação dos

solos se concentra nas regiões Sul e Sudeste, com 50% e 34%, respectivamente, de seus

municípios vitimados por algum tipo de contaminação de solo.

Gráfico 2.1 – Proporção dos municípios brasileiros que registraram ocorrência de

contaminação de solo, segundo Grandes Regiões – 2002.

33

2225

34

50

27

0

10

20

30

40

50

60

Total Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de população e Indicadores Sociais,

Pesquisa de Informações Básicas Municipais, 2002.

Por esta estatística sabe-se que das causas de contaminação do solo levantadas,

cerca de 10% se refere à disposição de resíduos industriais (resíduos tóxicos e/ou com

metais pesados) e 16% à disposição de resíduos de unidades de saúde (gráfico 2.2).

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Gráfico 2.2 – Proporção dos municípios brasileiros com contaminação do solo por causa

apontada, segundo Grandes Regiões – 2002.

10 10 812 10

1416

32

21 19

7

21

05

101520253035

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Resíduos Industriais (%) Resíduos de Unidades de Saúde (%)

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de população e Indicadores Sociais,

Pesquisa de Informações Básicas Municipais, 2002.

Os resultados encontrados em relação aos municípios das regiões Norte e Centro

Oeste refletem a fragmentação territorial destas regiões (449 e 463 municípios,

respectivamente), não traduzindo associação entre atividade econômica e contaminação

ambiental ou entre fator populacional e impactos decorrentes da geração de resíduos.

Tomando os resultados por faixa populacional, verifica-se a tendência de aumento

proporcional de municípios com casos de contaminação dos solos conforme aumenta o

número de habitantes, sendo 67% dos municípios com mais de 500 mil habitantes

afetados por algum tipo de contaminação de solo. Destes, 59% registraram como causa

da contaminação a disposição de resíduos industriais.

Pela pesquisa, fica evidente a relação direta entre o aumento populacional e o

aumento da freqüência de problemas relacionados com a qualidade ambiental.

Quanto à destinação, 97% do total dos municípios brasileiros não possuem aterro

industrial dentro de seus limites territoriais, utilizando-se de outras alternativas para

destino destes resíduos. Dentre estes, 69% declarou não gerar resíduos tóxicos em

quantidade significativa, restando pelo menos 30% de município que geram resíduos em

quantidade não desprezível e não possuem aterro industrial.

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A forma de destinação de resíduos tóxicos mais freqüentes nas regiões Norte,

Nordeste e Centro-Oeste é o “lixão” a céu aberto nos próprios municípios.

Esta realidade dos “lixões” municipais como receptores destes resíduos, aponta

para a necessidade de ações que efetivamente se traduzam na adequação da sua

destinação, uma vez que resíduos industriais, tóxicos ou perigosos representam grande

perigo e, dadas as possibilidades de exposição, podem representar grande risco à

população e ao meio ambiente.

2.3.3. Características dos resíduos

Para a caracterização dos resíduos sólidos, há três áreas principais a se

investigar:

- características físicas:

• composição gravimétrica: traduz o percentual de cada componente em relação ao

peso total do lixo;

• peso específico: é o peso dos resíduos em função do volume por eles ocupado,

expresso em kg/m3. Sua determinação é fundamental para o dimensionamento de

equipamentos e instalações;

• teor de umidade: esta característica tem influência decisiva, principalmente nos

processos de tratamento e destinação do lixo. Varia muito em função das estações

do ano e da incidência de chuvas;

• compressividade: também conhecida como grau de compactação, indica a

redução de volume que uma massa de lixo pode sofrer, quando submetida a uma

pressão determinada. A compressividade do lixo situa-se entre 1:3 e 1:4 para uma

pressão equivalente a 4 kg/cm2 . Tais valores são utilizados para

dimensionamento de equipamentos compactadores;

• geração per capita: relaciona quantidade do lixo gerado diariamente e o número

de habitantes de determinada região. Muitos técnicos consideram de 0,5 a 0,8

kg/habitante/dia como a faixa de variação média para o Brasil.

- características químicas:

• poder calorífico: indica a capacidade potencial de um material desprender

determinada quantidade de calor quando submetido à queima;

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• potencial de hidrogênio (pH): indica o teor de acidez ou alcalinidade do material;

• teores de cinzas, matéria orgânica, carbono, nitrogênio, potássio, cálcio, fósforo,

resíduo mineral total, resíduo mineral solúvel e gorduras: importante conhecer,

principalmente quando se estudam processos de tratamento aplicáveis ao lixo;

• relação C/N ou relação carbono/nitrogênio: indica o grau de decomposição da

matéria orgânica do lixo nos processos de tratamento/disposição final.

- características biológicas:

O estudo da população microbiana e dos agentes patogênicos presentes no lixo

urbano, ao lado das suas características químicas, permite que sejam discriminados os

métodos de tratamento e disposição mais adequados. Nessa área são necessários

procedimentos de pesquisa.

2.4. Tratamento e disposição final do lixo

As maneiras inadequadas de disposição final do lixo, que vêm sendo praticadas

por grande número de cidades brasileiras refletem o desconhecimento dos aspectos

sanitários e ambientais envolvidos, o despreparo técnico e a falta de recursos econômicos

da maioria dos Municípios para enfrentar o problema. O que se faz, na maioria dos casos,

é afastar o lixo dos centros urbanos, se possível, escondendo-o da vista da população.

São os conhecidos “lixões” a céu aberto existentes na maioria de nossos Municípios. Tais

lixões representam pra sociedade verdadeiras tragédias ambientais e também sociais,

uma vez que um sem número de pessoas sobrevive da catação do lixo, em precárias

condições de higiene e saúde, estando expostas a doenças e riscos relacionados a tal

atividade.

Nos processos de recuperação de lixões para a implantação de aterros sanitários,

o que deveria ser a meta dos municípios brasileiros, deve-se levar em consideração a

questão social da mão-de-obra catadora de lixo, freqüentemente encontrada nos lixões.

Não se pode pensar em resolver apenas os problemas ambientais causados por estas

unidades inadequadas de destinação de resíduos sólidos, sem se pensar no problema

social que pode ser causado com a erradicação dos mesmos.

Para o bom funcionamento de um aterro sanitário, não se deve permitir a presença

de catadores. Desta maneira, a mão-de-obra existente nos lixões deve ser absorvida de

alguma maneira pelo responsável pela operação do aterro, seja como contratação, seja

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como cooperativa, ou outra forma, com o devido treinamento e capacitação destas

pessoas, para evitar o dano social que pode vir a causar para elas.

A destinação ou disposição final, como o próprio nome sugere, é a última fase de

um sistema de limpeza urbana. Geralmente esta operação é efetuada imediatamente

após a coleta. Em alguns casos, entretanto, antes de ser disposto o lixo é processado,

isto é, sofre algum tipo de beneficiamento, visando melhores resultados econômicos,

sanitários e/ou ambientais.

Quando o processamento tem por objetivo fundamental a diminuição dos

inconvenientes sanitários ao homem e ao meio ambiente, diz-se então que o lixo foi

submetido a um tratamento.

Várias são as formas de processamento e disposição final aplicáveis ao lixo

urbano. Na maioria das vezes, ocorrem associadas. As mais conhecidas são:

- compactação: Trata-se de um processamento que reduz o volume inicial de lixo

de 1/3 a 1/5, favorecendo o seu posterior transporte e disposição final. Isto pode se dar

nas estações de transferência;

- trituração: consiste na redução da granulometria dos resíduos através de

emprego de moinhos trituradores, objetivando diminuir o seu volume e favorecer o seu

tratamento e/ou disposição final;

- incineração: processo de destruição térmica, onde há redução de peso, do

volume e das características de periculosidade dos resíduos, com a conseqüente

eliminação da matéria orgânica e características de patogenicidade (capacidade de

transmissão de doenças) através da combustão controlada. A redução de volume é

geralmente superior a 90% e em peso, superior a 75%.

Para a garantia do meio ambiente, a combustão tem que ser continuamente

controlada. Com o volume atual dos resíduos industriais perigosos e o efeito nefasto

quanto à sua disposição incorreta com resultados danosos à saúde humana e ao meio

ambiente, é necessário todo cuidado no acondicionamento, na coleta, no transporte, no

armazenamento, tratamento e disposição desses materiais.

Esta forma de tratamento visa, pela queima controlada do lixo em fornos

projetados, transformar totalmente os resíduos em material inerte, além da redução de

volume e de peso, conforme exposto anteriormente. Do ponto de vista sanitário pode ser

um método eficiente, se executado da maneira adequada. A desvantagem fica por conta

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dos altos custos de instalação e operação, além dos riscos de poluição atmosférica,

quando o equipamento não for adequadamente projetado e/ou operado.

As unidades de incineração podem ser instalações pequenas, projetadas e

dimensionadas para um resíduo específico, ou grandes instalações com múltiplos

propósitos, para incinerar resíduos de diferentes fontes. No caso de materiais tóxicos e

perigosos, estas instalações requerem equipamentos adicionais de controle de poluição

do ar, com conseqüente demanda de maiores investimentos.

As principais características dos resíduos que apresentam maior potencial para o

processo de incineração são:

Resíduos orgânicos constituídos basicamente de carbono, hidrogênio e/ou

oxigênio;

Resíduos que contém carbono, hidrogênio, cloro com teor inferior a 30% em peso

e/ou oxigênio;

Resíduos que apresentam seu poder calorífico inferior (PCI) maior que 4.700

kcal/kg (não precisando de combustível auxiliar para queima).

As características dos resíduos e seu comportamento durante a combustão

determinam como devem ser misturados, estocados e introduzidos na zona de

incineração. Alguns líquidos com baixo ponto de fulgor são facilmente oxidados enquanto

outros, incapazes de manter a combustão, deverão ser introduzidos através de uma

corrente de gás quente ou aspergido diretamente sobre a chama.

Os incineradores trabalham na faixa de 1200 a 1400 ºC e o tempo de detenção é

de 0,2 a 0,5 segundos, em alguns casos podendo chegar até 2 segundos.

Para que um resíduo chegue a ser incinerado é necessário que ele esteja apto a

ser transportado e esteja devidamente caracterizado, física, química e físico-

quimicamente. Existe uma série de atividades preliminares que podem ser

desempenhadas pelo gerador ou pelo prestador de serviço de incineração ou até mesmo

por um terceiro, sendo credenciado de um dos dois.

Estas atividades se resumem a: exame de carga e seu acondicionamento (a

granel, em sacos, em bombonas, em tambores metálicos, em containers, etc); coleta de

amostra composta para a caracterização em laboratório; acondicionamento para o

transporte; obtenção das Licenças Ambientais junto aos órgãos ambientais nas duas

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esferas (gerador e incinerador); aviso ou permissão de tráfego de outros Estados que

estejam situados no roteiro; carregamento do veículo e amarração da carga; inspeção

geral do veículo, da documentação e do motorista.

Atualmente, os incineradores industriais existentes no país e que prestam serviços

a terceiros estão localizados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e

Alagoas.Pela dimensão do parque industrial brasileiro, a capacidade instalada é ainda

muito pequena, principalmente se comparada com os incineradores industriais de países

europeus ou dos EUA.

Deve-se levar em consideração que grande parte de resíduos que antes eram

encaminhados para essas empresas, atualmente estão indo para cimenteiras. A

existência dessas duas alternativas cria uma competição, contribuindo para uma redução

nos preços cobrados pelos incineradores, acirrando a concorrência. Pode-se observar

uma maior consciência está sendo incutida nos geradores de resíduos, provocada tanto

pela competição do mercado com medidas “ambientalmente corretas”, quanto pelo receio

das sanções oriundas da aplicação da lei de Crimes Ambientais, bem como por uma ação

fiscalizadora mais regida dos órgãos ambientais.

Segundo a ABETRE (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento,

Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais), no Brasil são 2,9 milhões de

toneladas de resíduos industriais perigosos produzidos a cada 12 meses, o que é

confrontado com os dados da tabela 2.2, e apenas 600 mil são dispostas de modo

apropriado. Do resíduo industrial tratado, 16% vai para aterros, 1% é incinerado e os 5%

restantes são co-processados.

O grande volume de resíduo não tratado segue para lixões, conduta que contribui

para graves acidentes ambientais, além de causar problemas a nível de saúde pública.

Para os resíduos de saúde classificados como patogênicos, por exemplo, uma das

alternativas consideradas adequadas pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA) é a incineração. Esta técnica, por sua segurança, vem reduzindo passivos

ambientais constituídos por resíduos perigosos.

- co-processamento: por definição, é a técnica que permite a queima de resíduos

em fornos de cimento mediante dois critérios básicos: reaproveitamento de energia,

sendo o material utilizado como substituto ao combustível, ou reaproveitamento como

substituto da matéria - prima, de forma que o resíduo a ser eliminado apresente

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características similares às dos componentes normalmente empregados na produção de

clínquer.

O co-processamento é uma técnica de disposição final, que, de forma semelhante

à incineração, se utiliza a temperatura para oxidar os resíduos. Uma particularidade desta

técnica é o fato de não gerar cinzas, pois as mesmas ficam agregadas no cimento, e

outra, o fato de ter um tempo de detenção maior.

No forno de produção de clínquer, onde os resíduos são queimados, a

temperatura na entrada é de cerca de 1200ºC, chegando 2000ºC na chamada zona de

maçarico. As altas temperaturas nos fornos, aliados ao tempo de detenção e a alta

turbulência do interior dos equipamentos, resultam na destruição de quase toda a carga

orgânica. As cinzas, formadas pela parte inorgânica, ficam incorporadas ao clínquer.

Recentemente, o Greenpeace (organização não governamental ambientalista)

criticou a proposta para a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) pelo fato de

constar no documento a incineração e o co-processamento em fornos de cimento como

as principais políticas para a redução de resíduos. Pela avaliação do Greenpeace estes

métodos são prejudiciais à saúde humana, por despejarem substâncias tóxicas no meio

ambiente.

Porém, um estudo da ABLP - Associação Brasileira de Limpeza Pública, mostra

que os sistemas modernos de incineração de lixo são dotados de sistemas

computadorizados de controle contínuo das variáveis de combustão, tanto na câmara

primária quanto na de pós-combustão, bem como, nas demais etapas de depuração de

gases e geração de energia.

Segundo a ABLP, vários processos estão se sofisticando atualmente no pré-

tratamento do lixo, anterior à incineração, para aumentar a sua homogeneização, baixar a

umidade e melhorar o poder calorífico, de tal forma a transformá-lo em um combustível de

qualidade para a máxima geração de energia. Sofisticam-se também os processos de

combustão com o aumento dos sistemas de turbilhonamento, secagem, ignição e controle

da combustão.

A Resolução CONAMA 264/99 não permite que os resíduos domiciliares brutos e

certos resíduos perigosos venham a ser processados em cimenteiras, tais como os

provenientes dos serviços de saúde, os rejeitos radioativos, os explosivos, os

organoclorados, os agrotóxicos e afins.

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- compostagem: trata-se de método para decomposição do material orgânico

existente no lixo, sob condições adequadas, de forma a se obter um composto orgânico

para utilização na agricultura.

Apesar de ser considerado um método de tratamento, a compostagem também

pode ser entendida como um processo de destinação do material orgânico presente no

lixo. Isto porque possibilita enorme redução da quantidade de material a ser disposto no

aterro sanitário (somente o que for rejeitado no processamento).

- reciclagem: a reciclagem dos materiais recuperáveis no lixo urbano tem cada

vez maior aceitação no mundo. As vantagens econômicas, sociais, sanitárias e

ambientais sobre os outros métodos são evidentes.

Este processo constitui importante forma de recuperação energética,

especialmente quando associado a um sistema de compostagem. Apenas alguns

componentes do lixo urbano não podem ser reaproveitados. É o caso de louças, pedras e

restos de aparelhos sanitários, que até o momento, pelo menos, não têm nenhum

aproveitamento econômico. Outros são considerados resíduos perigosos, como restos de

tinta e pilhas, por exemplo, e devem ser separados para evitar a contaminação do

composto. Dependendo das características regionais, a reciclagem pode representar um

fator importante de redução de custos dentro do sistema de limpeza urbana.

A FEEMA – órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro – em suas diretrizes

técnicas, recomenda a reciclagem direta ou indireta (através do pré tratamento e posterior

reutilização como matéria prima) dos resíduos gerados, através de seu reaproveitamento

pela própria atividade geradora ou por terceiros.

- lixão: de acordo com o IPT (1995) é uma forma inadequada de disposição final

de resíduos sólidos, com a simples descarga dos mesmos sobre o solo, sem nenhuma

medida de proteção ambiental ou à saúde pública. Daí a proliferação de vetores de

doenças, a geração de maus odores, e principalmente a poluição do solo, águas

superficiais e subterrâneas e do ar. Pela falta de controle dos resíduos recebidos nos

lixões, verifica-se também a disposição de rejeitos dos serviços de saúde e industriais.

- aterro controlado: é uma técnica de dispor os resíduos sólidos no solo,

cobrindo-os com uma camada de material inerte, e assim minimizando os danos ao meio

ambiente, à saúde pública e à segurança. Pelo fato de a área de disposição ser

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minimizada, produz poluição localizada. Geralmente não dispõe de impermeabilização de

base nem de processos de tratamento de chorume ou gases.

- aterro sanitário: consiste basicamente na compactação dos resíduos em

camadas sobre o solo, empregando-se, por exemplo, um trator de esteira, o seu

recobrimento com uma camada de terra ou outro material inerte, na freqüência

necessária, reduzindo o lixo ao menor volume possível e, principalmente na adoção de

procedimentos para proteção do meio ambiente, da higiene e saúde pública e segurança.

Tais procedimentos são: a proteção de águas superficiais e subterrâneas através de

camada impermeabilizante e adequada drenagem; a disposição adequada em células e a

compactação diária para permitir o tráfego de caminhões coletores e demais

equipamentos e reduzir recalques futuros do local; recobrimento diário do lixo com uma

camada de terra para impedir a procriação de vetores e a presença de outros animais ou

catadores; controlar gases e líquidos através de drenos específicos; manter os acessos

em boas condições, inclusive em épocas de chuva; isolar e tornar indevassável o aterro e

evitar incômodos à vizinhança. Os aterros podem servir também na recuperação de áreas

deterioradas, como pedreiras abandonadas, grotas, escavações decorrentes de extração

mineral e regiões alagadiças, o que demanda estudos apropriados.

Assim, são denominados, quando projetados e implantados especialmente para a

disposição de resíduos sólidos urbanos. Uma forma de destinação de resíduos de baixo

custo e de tecnologia conhecida.

É de se ressaltar que a falta de tratamento adequado ao lixo é uma das principais

causas de doenças nas grandes cidades, principalmente nas periferias dos centros

urbanos, onde crianças e adultos convivem com resíduos sólidos e esgoto a céu aberto.

As moléstias mais conhecidas são: diarréias infecciosas, amebíase, febre tifóide, malária,

febre amarela, cólera, tifo, leptospirose, entre outras.

Para os resíduos sólidos industriais existem os aterros próprios, geralmente

classificados como aterro classe I, aterro classe II (A ou B). as soluções de destinação

final destes resíduos vão depender do ramo da atividade industrial, do porte da empresa,

da área que ela ocupa para operar suas unidades de processo e do grau de

comprometimento das gerências com relações á questões ambientais entre outras.

Nem todos os resíduos classe I podem ter outra destinação que não os aterros,

que devem ser devidamente preparados, célula por célula, possibilitando o isolamento do

resíduo e evitando o contato com o solo.

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O custo dos aterros também facilita o uso desta alternativa, já que a incineração,

além de ter custo mais elevado, também conta com maior custo de transporte, pois só há

incineradores no Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Alagoas.

Outra alternativa de deposição no solo é a mistura dos resíduos com o solo para

que os microorganismos façam a decomposição do produto, mas não é muito utilizada por

ser aplicada a um número restrito de resíduos.

Uma das vantagens da destinação correta dos resíduos é não ter que arcar com

os prejuízos posteriormente, pois se for ambientalmente correta, esta destinação não

implicará em impactos ambientais e nem à saúde humana.

Qualquer que seja a alternativa escolhida para a destinação final de resíduos, é

necessária a autorização do órgão ambiental do estado.

É de responsabilidade do gerador fazer a destinação do resíduo e submetê-la à

aprovação do OECA.

No caso de São Paulo, a Cetesb exige ainda o monitoramento da água e do solo e

a apresentação de relatórios.

2.4.1. Disposição de resíduos de fontes especiais

2.4.1.1. Disposição de resíduos sólidos industriais

Os métodos de destinação mais empregados são os seguintes.

- landfarming: é um tratamento biológico no qual a parte orgânica do resíduo é

decomposta pelos microorganismos presentes na camada superficial do próprio solo. É um

tratamento muito utilizado na disposição final de derivados de petróleo e compostos

orgânicos.

O tratamento consiste na mistura e homogeneização do resíduo com a camada

superficial do solo (zona arável 15 a 20cm). Concluído o trabalho de degradação pelos

microorganismos, nova camada de resíduo pode ser aplicada sobre o mesmo solo,

repetindo-se os mesmos procedimentos sucessivamente. Porém o processo de landfarming

demanda áreas extensas na medida em que as camadas, ainda que sucessivas, são pouco

espessas.

- aterros industriais: podem ser classificados conforme a classe ou

periculosidade dos resíduos a serem dispostos.

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Qualquer que seja o aterro destinado a resíduos industriais, são fundamentais os

sistemas de drenagem pluvial e a impermeabilização do seu leito para evitar a

contaminação do solo e do lençol freático com as águas da chuva que percolam através

dos resíduos, como se evidencia através da figura abaixo.

O primeiro passo é evitar, através de barreiras e valas de drenagem, que as águas

da chuva que precipitam além dos limites do aterro contribuam com o volume que percola

no interior do aterro, reduzindo assim a quantidade de líquido a ser tratado.

O segundo passo é impermeabilizar o leito do aterro, preferencialmente com o

auxílio de uma manta plástica, impedindo que o percolado venha a contaminar o solo e o

lençol d'água subterrâneo.

A maior restrição quanto aos aterros, como solução para disposição final de lixo, é

sua demanda por grandes extensões de área para sua viabilização operacional e

econômica, lembrando que os resíduos permanecem potencialmente perigosos no solo

até que possam ser incorporados naturalmente ao meio ambiente.

Um aterro industrial, com capacidade para receber 15 mil toneladas, demanda um

investimento inicial de US$2 milhões, com um custo operacional entre US$100,00 a

US$200,00 por tonelada. O custo operacional varia com o grau de toxicidade do resíduo

disposto.

Um cuidado especial que se deve tomar na operação de aterros industriais é o

controle dos resíduos a serem dispostos, pois, em aterros industriais, só podem ser

dispostos resíduos quimicamente compatíveis, ou seja, aqueles que não reagem entre si,

nem com as águas de chuva infiltradas.

Os fenômenos mais comuns que podem ter origem na mistura de resíduos

incompatíveis são geração de calor, fogo ou explosão, produção de fumos e gases

tóxicos e inflamáveis, solubilização de substâncias tóxicas e polimerização violenta. Antes

de se dispor os resíduos no aterro, deve-se consultar as listagens de compatibilidade

publicadas pelos órgãos de controle ambiental.

- aterro classe II: é como um aterro sanitário para lixo domiciliar, mas

normalmente sem o sistema de drenagem de gases.

A 1,5m do nível máximo do lençol freático, a partir de baixo para cima, o aterro

Classe II é constituído das seguintes camadas:

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- camada de impermeabilização de fundo, com manta plástica (0,8 a 1,2mm de

espessura) ou com argila de boa qualidade

(k = 10-6cm/s);

- camada de proteção mecânica somente se a impermeabilização for feita com

manta sintética);

- sistema de drenagem de percolado;

- camadas de resíduos (de 4,0 a 6,0m de altura) entremeadas com camadas de

solo de 25cm a 30cm de espessura;

- camada de impermeabilização superior, com manta plástica (0,8 a 1,2mm de

espessura) ou com argila de boa qualidade

(k = 10-6cm/s; e > 50cm);

- camada drenante de areia (necessária somente se houver impermeabilização

superior);

- camada de solo orgânico;

- cobertura vegetal com espécies de raízes curtas.

O líquido percolado, coletado através de um sistema de drenagem, deve ser

conduzido para tratamento. O tipo de tratamento a ser adotado depende das

características dos resíduos aterrados, sendo usual a adoção de um processo físico-

químico completo seguido de um processo biológico convencional.

- aterro classe I: as condições de impermeabilização dos aterros classe I são

mais severas que as da classe II. A distância mínima do lençol d'água é de três metros e

as seguintes camadas são obrigatórias:

- dupla camada de impermeabilização inferior com manta sintética ou camada

de argila (e > 80cm; k < 10-7cm/s);

- camada de detecção de vazamento entre as camadas de impermeabilização

inferior;

- camada de impermeabilização superior;

- camada drenante acima da camada de impermeabilização superior.

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A agência de proteção ambiental americana (EPA – Environmental Protection

Agency) conta com um programa de restrições para disposição em terra para resíduos

perigosos – land disposal restrictions (LDR) program – cujos principais componentes são:

- proibição da disposição: antes de ser destinado em terra, o resíduo perigoso

deve sofrer um pré-tratamento que o faça atingir padrões mínimos de

qualidade. Qualquer método de tratamento que levem os componentes

químicos a níveis de concentração apropriados, exceto a diluição; ou a

utilização de tecnologias de tratamento especificadas pela própria EPA;

- proibição da diluição: o resíduo deve ser devidamente tratado e não

simplesmente ter concentração diluída pelo acréscimo de água, solo ou

resíduo não perigoso. A diluição não reduz a toxicidade dos constituintes

perigosos;

- proibição do armazenamento: o resíduo deve ser tratado e não armazenado

indefinidamente, para prevenir que geradores e as facilidades da disposição e

armazenamento se prolonguem por longos períodos. O armazenamento deve

ser efetuado de maneira adequada em tanques, containers ou estruturas para

armazenagem, mas somente com a finalidade de acumular as quantidades

necessárias para facilitar a recuperação apropriada, o tratamento ou a

disposição.

- barragens de rejeito: são usadas para resíduos líquidos e pastosos, com teor de

umidade acima de 80%. Possuem pequena profundidade e necessitam muita área. São

dotados de um sistema de filtração e drenagem de fundo (flauta) para captar e tratar a

parte líquida, deixando a matéria sólida no interior da barragem.

Nesse tipo de barragem só existe a dupla camada de impermeabilização inferior. A

camada de impermeabilização superior não é executada, uma vez que o espelho d'água é

utilizado para evaporar parte da fração líquida.

Após o encerramento, quando a capa superior do rejeito já se encontra

solidificada, procede-se a uma impermeabilização superior com uma camada de argila

para reduzir a infiltração de líquidos a serem tratados.

- outras formas de disposição: além dos tipos de disposição apresentados nos

itens anteriores, resíduos considerados de alta periculosidade ainda podem ser dispostos

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em cavernas subterrâneas salinas ou calcárias, ou ainda injetados em poços de petróleo

esgotados.

2.4.1.2. Disposição de resíduos radioativos

São três os processos de disposição final do lixo nuclear, todos eles extremamente

caros e sofisticados:

- construção de abrigos especiais, com paredes duplas de concreto de alta

resistência e preferencialmente enterrados;

- encapsulamento em invólucros impermeáveis de concreto seguido de

lançamento em alto-mar. Esse processo é muito criticado por ambientalistas e

proibido em alguns países;

- disposição final em cavernas subterrâneas salinas, seladas para não

contaminar a biosfera.

2.4.1.3. Disposição de resíduos de portos e aeroportos

O destino final obrigatório, por lei, para os resíduos de portos e aeroportos é a

incineração. Entretanto, no Brasil, somente alguns aeroportos atendem às exigências da

legislação ambiental, não havendo o menor cuidado na disposição dos resíduos gerados

em terminais marítimos e rodoferroviários.

Atualmente, o medo de algumas doenças tem levado as autoridades federais e

estaduais a ter maiores precauções com os resíduos de portos e aeroportos.

2.4.1.4. Disposição de resíduos de serviços de saúde

O único processo de disposição final para esse tipo de resíduo é a vala séptica,

método muito questionado por grande número de técnicos, mas que, pelo seu baixo custo

de investimento e de operação, é o mais utilizado no Brasil.

A rigor, uma vala séptica é um aterro industrial classe II, com cobertura diária dos

resíduos e impermeabilização superior obrigatória, onde não se processa a coleta do

percolado.

Existem duas variantes de valas sépticas: as valas sépticas individuais, utilizadas

por hospitais de grande porte, e as valas sépticas acopladas ao aterro sanitário municipal.

No primeiro caso, devem-se executar as valas em trincheiras escavadas no solo,

com a largura igual à da lâmina do trator, altura entre 3,00 e 4,50 metros e dimensionadas

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para atender a uma geração periódica de resíduos (mensal, semestral ou anual). Em

seguida procede-se à impermeabilização do fundo e das laterais da trincheira escavada e

dá-se início à deposição dos resíduos, que devem ser cobertos diariamente tanto na

superfície superior, quanto no talude lateral.

A impermeabilização superior deve ser iniciada tão logo o volume de resíduos

atinja a altura final da trincheira e deve evoluir com a disposição dos resíduos.

Quando a vala séptica está acoplada ao aterro municipal, deve-se separar um lote,

próximo à entrada, onde se fará a disposição de resíduos de serviços de saúde. Esse lote

deve ser cercado e isolado do resto do aterro.

Os procedimentos para a disposição dos resíduos e execução das camadas de

impermeabilização são semelhantes aos já descritos.

2.4.2. Tratamento de resíduos de fontes especiais

2.4.2.1. Tratamento de resíduos sólidos industriais

É comum proceder ao tratamento de resíduos industriais com vistas à sua

reutilização ou, pelo menos, torná-los inertes. Contudo, dada a diversidade dos mesmos,

não existe um processo preestabelecido, havendo sempre a necessidade de realizar uma

pesquisa e o desenvolvimento de processos economicamente viáveis.

Em termos práticos, os processos de tratamento para os resíduos sólidos

industriais mais comuns são:

a) Reciclagem / recuperação de resíduos sólidos industriais

Em geral, trata-se de transformar os resíduos em matéria-prima, gerando

economias no processo industrial. Isto exige vultosos investimentos com retorno

imprevisível, já que é limitado o repasse dessas aplicações no preço do produto, mas

esse risco reduz-se na medida em que o desenvolvimento tecnológico abre caminhos

mais seguros e econômicos para o aproveitamento desses materiais

Para incentivar a reciclagem e a recuperação dos resíduos, alguns estados

possuem bolsas de resíduos, que são publicações periódicas, gratuitas, onde a indústria

coloca os seus resíduos à venda ou para doação.

b) neutralização, para resíduos com características ácidas ou alcalinas;

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c) secagem ou mescla, que é a mistura de resíduos com alto teor de umidade

com outros resíduos secos ou com materiais inertes, como serragem;

d) encapsulamento, que consiste em revestir os resíduos com uma camada

de resina sintética impermeável e de baixíssimo índice de lixiviação;

e) incorporação, onde os resíduos são agregados à massa de concreto ou de

cerâmica em uma quantidade tal que não prejudique o meio ambiente, ou

ainda que possam ser acrescentados a materiais combustíveis sem gerar

gases prejudiciais ao meio ambiente após a queima;

f) processos de destruição térmica, como incineração e pirólise .

2.4.2.2. Tratamento de resíduos radioativos

Ainda não existem processos de tratamento economicamente viáveis para o lixo

radioativo. Os processos pesquisados, envolvendo a estabilização atômica dos materiais

radioativos, ainda não podem ser utilizados em escala industrial.

2.4.2.3. Tratamento de resíduos de portos e aeroportos

Não são empregados métodos de tratamento para esse tipo de resíduos.

2.4.2.4. Tratamento de resíduos de serviços de saúde

São muitas as tecnologias para tratamento de resíduos de serviços de saúde. Até

pouco tempo, a disputa no mercado de tratamento de resíduos de serviços de saúde era

entre a incineração e a autoclavagem, já que, em muitos países, a disposição em valas

sépticas não é aceita.

Recentemente, com os avanços da pesquisa no campo ambiental e a maior

conscientização das pessoas, os riscos de poluição atmosférica advindos do processo de

incineração fizeram com que este processo tivesse sérias restrições técnicas e

econômicas de aplicação, devido à exigência de tratamentos muito caros para os gases e

efluentes líquidos gerados, acarretando uma sensível perda na sua parcela de mercado.

Todavia, novas tecnologias foram desenvolvidas, dando origem a diferentes

processos já comercialmente disponíveis. Qualquer que seja a tecnologia de tratamento a

ser adotada, ela terá que atender às seguintes premissas:

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- promover a redução da carga biológica dos resíduos, de acordo com os

padrões exigidos, ou seja, eliminação do bacillus stearothermophilus no caso

de esterilização, e do bacillussubtyllis, no caso de desinfecção;

- atender aos padrões estabelecidos pelo órgão de controle ambiental do estado

para emissões dos efluentes líquidos e gasosos;

- descaracterizar os resíduos, no mínimo impedindo o seu reconhecimento como

lixo hospitalar;

- processar volumes significativos em relação aos custos de capital e de

operação do sistema, ou seja, ser economicamente viável em termos da

economia local.

Os processos comerciais disponíveis que atendem a estas premissas

fundamentais estão listados a seguir:

- incineração;

- incineradores de grelha fixa;

- incineradores de leito móvel;

- fornos rotativos;

- pirólise;

- autoclavagem;

- microondas;

- radiação ionizante;

- desativação eletrotérmica;

- tratamento químico;

- central de tratamento de resíduos de serviços de saúde.

2.5. Gerenciamento de resíduos sólidos

Dos tempos imperiais aos dias atuais, os serviços de limpeza urbana vivenciaram

momentos bons e ruins. Hoje, a situação da gestão dos resíduos sólidos se apresenta em

cada cidade brasileira de forma diversa, prevalecendo, entretanto, uma situação nada

alentadora.

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Considerada um dos setores do saneamento básico, a gestão dos resíduos sólidos

não tem merecido a atenção necessária por parte do poder público. Com isso,

compromete cada vez mais saúde pública e os recursos naturais, especialmente o solo e

os recursos hídricos. A interdependência dos conceitos de meio ambiente, saúde e

saneamento é hoje bastante evidente, o que reforça a necessidade de integração das

ações desses setores em prol da melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

As instituições responsáveis pelos resíduos sólidos municipais e perigosos, no

âmbito nacional, estadual e municipal, são determinadas através dos seguintes artigos da

Constituição Federal, quais sejam:

- Incisos VI e IX do art. 23, que estabelecem ser competência comum da União,

dos estados, do Distrito Federal e dos municípios proteger o meio ambiente e

combater a poluição em qualquer das suas formas, bem como promover

programas de construção de moradias e a melhoria do saneamento básico;

- Já os incisos I e V do art. 30 estabelecem como atribuição municipal legislar

sobre assuntos de interesse local, especialmente quanto à organização dos

seus serviços públicos, como é o caso da limpeza urbana.

De acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos6, “a coleta do

lixo é o segmento que mais se desenvolveu dentro do sistema de limpeza urbana e o que

apresenta maior abrangência de atendimento junto à população, ao mesmo tempo em

que é a atividade do sistema que demanda maior percentual de recursos por parte da

municipalidade”.

Os serviços de varrição e limpeza de logradouros também são muito deficientes na

maioria das cidades brasileiras. Apenas os municípios maiores mantêm serviços

regulares de varrição em toda a zona urbanizada, com freqüências e roteiros

predeterminados.

O problema da disposição final assume uma magnitude alarmante. Considerando

apenas os resíduos urbanos e públicos, o que se percebe é uma ação generalizada das

administrações públicas locais ao longo dos anos em apenas afastar das zonas urbanas o

lixo coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamente inadequados, como

encostas florestadas, manguezais, rios, baías e vales. Mais de 80% dos municípios

6 Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos. IBAM / Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República – SEDU / Governo Federal.

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vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d'água ou em áreas

ambientalmente protegidas, a maioria com a presença de catadores entre eles crianças,

denunciando os problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.

A participação de catadores na segregação informal do lixo, seja nas ruas ou nos

vazadouros e aterros, é o ponto mais agudo e visível da relação do lixo com a questão

social. Trata-se do elo perfeito entre o inservível lixo e a população marginalizada da

sociedade que, no lixo, identifica o objeto a ser trabalhado na condução de sua estratégia

de sobrevivência.

Gerenciar o lixo de forma integrada demanda trabalhar integralmente os aspectos

sociais com o planejamento das ações técnicas e operacionais do sistema de limpeza

urbana.

Por outro lado, o manejo e a disposição final dos resíduos industriais, tema menos

discutido pela população que o dos resíduos domésticos, constituem um problema ainda

maior que certamente já tem trazido e continuará a trazer no futuro sérias conseqüências

ambientais e para a saúde da população. No Brasil, o poder público municipal não tem

qualquer responsabilidade sobre essa atividade, prevalecendo o princípio do "poluidor-

pagador". Os estados interferem no problema através de seus órgãos de controle

ambiental, exigindo dos geradores de resíduos perigosos e não inertes sistemas de

manuseio, de estocagem, de transporte e de destinação final adequados. Contudo, nem

sempre essa interferência é eficaz, o que faz com que apenas uma pequena quantidade

desses resíduos receba tratamento e/ou destinação final adequados. As administrações

municipais podem agir nesse setor de forma suplementar, através de seus órgãos de

fiscalização, sobretudo considerando que a determinação do uso do solo urbano é

competência exclusiva dos municípios, e assim, eles têm o direito de impedir atividades

industriais potencialmente poluidoras em seu território, seja através da proibição de

implantação, seja através da cassação do alvará de localização.

Uma estratégia importante no gerenciamento de resíduos se baseia na

minimização da geração, com adoção de técnicas que possibilitem a redução do volume

e/ou toxicidade dos resíduos e de sua carga poluidora.

A minimização de resíduos tem como principais objetivos a prevenção da geração

de resíduos perigosos e a utilização de alternativas de disposição que não incluam a

destinação do solo.

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As práticas de minimização, por oferecerem uma possibilidade de redução dos

custos de destinação associada a alteração dos produtos obtidos no tratamento e/ou

separação dos resíduos, têm-se mostrado economicamente vantajosas.

Segundo STARLING (2003), “as ações de minimização a serem investigadas

durante o estudo do processo industrial são de dois tipos: atividades de caráter

organizacional, como treinamento de pessoal, e alterações do caráter técnico”.

Existem basicamente duas estratégias para minimização de resíduos: redução na

fonte e reciclagem.

a) redução na fonte: consiste na redução ou eliminação da geração de um

resíduo através de modificações dentro do processo, tais como:

• alterações tecnológicas: através do uso das tecnologias limpas, em busca de se

alcançar, dentro das possibilidades técnicas, a produção com geração de

“quantidade zero” de resíduos;

• mudanças de procedimento: com a adoção de boas práticas de operação num

processamento industrial, com objetivo de limitar a geração desnecessária de

resíduos atribuída à intervenção humana.

De acordo com STARLING (2003), é possível alcançar este objetivo através de

“treinamento de pessoal, controle de inventário, segregação das correntes de resíduos,

melhoria no manuseio dos materiais, criação de escalas para utilização de equipamentos,

prevenção de derramamentos e vazamentos e manutenção preventiva (...), programação

das operações por batelada, de modo a limitar freqüência de limpeza dos equipamentos

(...), segregação dos resíduos perigosos dos não perigosos, de modo a minimizar o

volume de resíduos contaminados”.

• substituição de produtos auxiliares, ou seja, substituição de um produto por outro

idêntico, se o substituto funcionar adequadamente como reposição do produto

original; seu custo econômico justificar a substituição; se o processamento e a

destinação dos resíduos gerados na fabricação do substituto reduzem as

conseqüências ambientais; se tiver custo / benefício ambiental atrativo.

b) Reciclagem: através do reuso ou recuperação dos resíduos ou de seus

constituintes que apresentem algum valor econômico.

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Esta prática se torna conveniente por diminuir a quantidade de resíduos lançados

no meio ambiente, além de contribuir para a renovação de recursos naturais não

renováveis, minimizando sua utilização, e possibilitar a geração de renda.

A reciclagem por recuperação de um resíduo depende da proximidade da

instalação de reprocessamento, custo de transporte de resíduos, volume de resíduos

disponíveis para o reprocessamento e os custos de estocagem do resíduo no ponto de

geração ou fora do local de origem.

Em muitos países, inclusive no Brasil, existem sistemas de troca de informações,

as “Bolsas de Resíduos” como forma de incentivar as atividades de reciclagem.

De maneira geral, a recuperação é executada de três formas distintas: uso direto

ou reutilização do produto dentro do processo, recuperação de um material secundário

para um determinado uso final e remoção das impurezas do resíduo para obtenção de

uma substância relativamente pura e passível de reutilização.

Em síntese, as empresas, em prol do desenvolvimento sustentável, vêm

assumindo um papel cada vez mais notável, estimulando o desenvolvimento de iniciativas

com vistas a preservar os recursos do planeta e assegurar a perenidade de seus

negócios. Esse movimento não se orienta apenas no sentido de cumprir a legislação

ambiental, mas tem um alcance bem maior, visando atuar de forma pró-ativa na

elaboração de projetos que aplicam a teoria dos três Rs – Redução, Reuso ou reutilização

e Reciclagem - para minimizar os materiais dispostos em aterros sanitários ou

incinerados.

2.6. Inventário de resíduos industriais

Em gestão ambiental, a preocupação com o manuseio e destinação adequados de

resíduos está diretamente relacionado aos seus potenciais impactos ambientais e riscos à

saúde pública. No Brasil, essas questões foram impulsionadas pelos re-enquadramentos

promovidos pela Resolução CONAMA N° 313 de 2002, que estabelece novas diretrizes

para o Inventário Nacional de Resíduos Industriais e, pela Norma Técnica ABNT NBR

10004:2004 sobre a nova metodologia para classificação de resíduos.

Esta resolução reforça a preocupação ambiental em colocar o Inventário Nacional

de Resíduos Industriais como parte integrante do processo de licenciamento ambiental.

Instrui que a Norma ABNT NBR 10004 é uma fonte de referência para elaboração deste

inventário, um formulário desenvolvido para a coleta de informações sobre os resíduos

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existentes ou gerados em atividades industriais. O conjunto de inventários elaborados

pelas indústrias, por sua vez, será instrumento para o estabelecimento dos Programas

Estaduais de Gerenciamento de Resíduos Industriais e, em momento posterior, do Plano

Nacional de Gerenciamento de Resíduos Industriais. Essa resolução revogou a anterior

sobre o tema, a Resolução CONAMA Nº 6 de 1988.

A Norma ABNT NBR 10004:2004, revista e ampliada, confirma a mesma

preocupação, pelo fato de uma destinação adequada de resíduos se iniciar pela sua

identificação e classificação. A versão de 2004, substituiu a versão publicada em 1987.

O controle efetivo dos resíduos industriais com características de periculosidade é

uma preocupação de toda a sociedade e depende da manutenção de dados atualizados

da geração e destinação final, possibilitando a avaliação da fonte poluidora e a

identificação da real necessidade de cada ramo industrial realizar seu gerenciamento de

maneira otimizada.

O inventário de resíduos industriais torna-se um marco para a efetiva gestão

desses resíduos nos estados, já que permite a avaliação e a caracterização da geração e

destinação final dos resíduos sólidos decorrentes de atividades industriais. Deve-se

considerar esse estudo como um tópico de relevante interesse no âmbito dos planos de

controle ambiental dos estados. A prévia realização do inventário pode ser considerada

como uma ferramenta básica na avaliação do quadro de resíduos sólidos, através de

dados cadastrais e pesquisas de campo nas fontes geradoras, bem como com a

sistematização das informações sobre geração, acondicionamento, transporte,

armazenamento e destino final.

Na geração de impactos ambientais, pode-se afirmar que a atividade industrial é

uma das fontes mais representativas, em termos de potencial poluidor. Porém, com o

desenvolvimento de novas e melhores tecnologias, além da pressão de um mercado

globalizado cada vez mais competitivo e exigente quanto à preservação do meio ambiente

e pela certificação ambiental, com adoção de normas de qualidade ambiental – normas da

série ISO 14000 – este cenário vem sendo alterado, principalmente no que diz respeito ao

tratamento de efluentes líquidos e a emissões gasosas. Entretanto, em relação ao

gerenciamento de resíduos sólidos, o tratamento continua incipiente. A falta de políticas

nacionais eficientes e de investimentos públicos e privados que incentivem a adoção de

práticas de controle contribui consideravelmente para este quadro de deficiência.

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A escassez de informações precisas quanto a tipologia e localização das

indústrias, características e quantificação dos resíduos, identificação das áreas de risco

com passivos ambientais por disposição inadequada também são fatores que influenciam.

Pelo principio do poluidor pagador, a legislação ambiental confere ao gerador a

responsabilidade pelo tratamento prévio e destinação final ou armazenamento temporário

adequados para seus resíduos, de maneira que não comprometa o meio ambiente. A

certificação ambiental e a adoção de medidas preventivas e corretivas no controle da

poluição vêm sendo, de certa forma, impostas pela conscientização e pressão do

mercado, baseadas nos planos de gestão ambiental das unidades industriais. Esses

planos visam minimizar, reaproveitar e reciclar os resíduos, diminuindo assim os custos

com tratamento e destinação final.

Enfim, a elaboração do inventário tem como principal objetivo a aplicação dos

resultados obtidos para subsidiar a elaboração de políticas de gestão que viabilizem a

definição de ações e diretrizes prioritárias no estabelecimento de medidas preventivas e

de melhoria no processo de controle da poluição, pela interação do setor industrial com os

órgãos públicos e também com a comunidade.

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III. ÍNDICES DE QUALIDADE APLICADOS A ATERROS DE LIXO

Segundo o Programa Ambiental das Nações Unidas – UNEP (United Nations

Environment Programme), os indicadores podem se transformar em uma importante

ferramenta para tornar acessível a informação científica e técnica para os diferentes

grupos de usuários. A função dos indicadores é resumir a grande quantidade de dados,

tornando acessível o seu entendimento.

Os índices são instrumentos que medem cada indicador, atribuindo-lhe valores

numéricos, ou são resultados da combinação de várias variáveis ou parâmetros em um só

valor, assumindo um peso relativo a cada componente do índice. Eles permitem observar

e acompanhar a situação do meio ambiente, o impacto e as conseqüências dos

processos de desenvolvimento sobre os recursos naturais, as funções ecológicas e as

inter-relações entre os diferentes fatores do desenvolvimento.

A agregação de indicadores para a formação dos índices exige, geralmente, que

diferentes medidas sejam transformadas em uma escala comum. A transformação em

escala comum é acompanhada pelo desenvolvimento de um esquema que tenta

expressar a distribuição diferencial de cada um dos dados, conforme critérios específicos

de decisão.

Entre os critérios de padronização ou uniformização de indicadores, podem ser

mencionadas as funções lineares (contínuas ou segmentadas), funções não lineares

(contínuas ou segmentadas) e o método de normalização. Este último é muito empregado

por órgãos ambientais sendo empregado na confecção, por exemplo, do IDH (Índice de

Desenvolvimento Humano) das Nações Unidas.

A padronização tem por finalidade expressar os indicadores em unidades

comparáveis entre si.

3.1. IQR

O Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos – IQR – é um instrumento criado

pelo Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares do Estado de São Paulo e,

conforme expresso no Manual de Gerenciamento Integrado, IPT / CEMPRE (2000), é

apenas exemplificativo, o que permite alterações.

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É composto por quarenta e uma variáveis, sendo estas divididas em três

macroconjuntos: características do local, infra-estrutura implantada e condições

operacionais.

É plotado em um formulário (Anexo A), que, quando preenchido, permite alcançar

uma nota que enquadra as instalações de destinação final de resíduos urbanos em três

condições: inadequadas, controladas ou adequadas. Desta maneira, permite estabelecer

um critério único de avaliação em todo o estado.

A classificação atingida pelo IQR padroniza as avaliações das condições

ambientais das instalações, o que o torna um importante instrumento de decisão para a

continuidade de operação ou o fechamento de um local de disposição de lixo. Auxilia,

ainda, no estabelecimento de medidas corretivas, visando a evolução da área para galgar

uma avaliação satisfatória e a licença de operação. Em São Paulo, tornou-se um

instrumento bem sucedido por contar com apoio jurídico do Termo de Ajuste de Conduta

– TAC – estabelecendo um comprometimento entre municípios e estado.

O cálculo do IQR é feito com base em levantamento realizado por técnicos da

CETESB, sobre as características locacionais, estruturais e operacionais dos sistemas de

tratamento de lixo, considerando a população urbana de cada cidade e a produção de

resíduos "per capita". Este trabalho é realizado desde 1997, permitindo comparar e aferir

as ações de controle implementadas pela instituição, fornecendo subsídios para os

programas desenvolvidos.

O IQR, alicerçado no conhecimento técnico dos funcionários da CETESB, afastou

parcialmente, o empirismo da avaliação, pois os requisitos enumerados ao longo do

formulário são representativos. Outro ponto relevante é a correlação de cada avaliação

com um peso, isto é, uma nota específica que não aceita valores intermediários.

A incerteza no resultado do IQR reside no preenchimento do formulário. Tendo em

vista o critério de avaliação pouco preciso, pode ocasionar avaliações distintas de um

operador para outro, dando origem a pequenas distorções nos resultados. Outro fato que

não deve ser desprezado é que o IQR está baseado numa inspeção expedita, que não

requer ensaios, o que também pode contribuir para o desvio da situação real.

Os itens e sub-itens do IQR estão relacionados da seguinte maneira:

O item I, ou o macro conjunto referente às Características do Local, conta com os

seguintes sub-itens: capacidade de suporte do solo; proximidade de núcleos

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habitacionais; proximidade de corpos d’água; profundidade do lençol freático;

permeabilidade do solo; disponibilidade de material para recobrimento; qualidade do

material para recobrimento; condições do sistema viário, trânsito, acesso; isolamento

visual da vizinhança; legalidade da localização.

O item II, macro conjunto da Infraestrutura Implantada, contempla os seguintes

sub-itens: cercamento da área; portaria / guarita; impermeabilidade da base do aterro;

drenagem de chorume; drenagem de águas pluviais definitiva; drenagem de águas

pluviais provisória; trator de esteiras ou compatível; outros equipamentos; sistema de

tratamento do chorume; acesso à frente de trabalho; vigilantes; sistema de drenagem de

gases; controle do recebimento de cargas; monitorização de águas subterrâneas;

atendimento a estipulações de projeto.

O terceiro item, referente às Condições Operacionais, se compõe dos sub-itens:

aspecto geral; ocorrência de lixo descoberto; recobrimento do lixo; presença de urubus,

gaivotas; presença de moscas em grande quantidade; presença de catadores; criação de

animais (bois, etc); descarga de resíduos do serviço de saúde; descarga de resíduos

industriais; funcionamento da drenagem pluvial definitiva; funcionamento da drenagem

pluvial provisória; funcionamento da drenagem do chorume; funcionamento do sistema de

tratamento do chorume; funcionamento do sistema de monitoramento das águas

subterrâneas; eficiência da equipe de vigilância; manutenção dos acessos internos.

3.2. IQA

O Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos Urbanos – IQA (FARIA, 2002) –

implementa o IQR, acrescentando alguns itens não contemplados, suprimindo outros e os

organizando, além de modificar os intervalos da avaliação do IQR.

Para estabelecer pesos para os novos parâmetros de avaliação, foi utilizada a

Análise do Valor como instrumento multicriterial.

Os três macro conjuntos, ou itens, permaneceram com a mesma denominação

adotada pelo IQR, tendo o segundo e o terceiro grupos sofrido alterações.

A seguir são apresentados os parâmetros técnicos e a determinação dos critérios

de avaliação relacionados com o formulário do IQA (constante no Anexo AI).

O item I – Características do Local – permaneceu com os seguintes sub-itens,

apenas reorganizados quanto à ordem em que se encontravam no IQR: capacidade de

suporte do solo; permeabilidade do solo; proximidade de núcleos habitacionais;

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proximidade de corpos d’água; profundidade do lençol freático; disponibilidade de material

para recobrimento; qualidade do material para recobrimento; condições do sistema viário,

trânsito, acesso; isolamento visual da vizinhança; legalidade da localização.

O item II – Infraestrutura Implantada – inicialmente com quinze parâmetros no IQR,

passou a dezesseis. O sub-item vigilantes foi suprimido em detrimento da inclusão dos

sub-itens cercamento da área e guarita. O monitoramento dos efluentes do aterro e da

estabilidade dos maciços de lixo e solo também foram incluídos na análise. Além disso, o

conjunto foi reorganizado seguindo o procedimento de ingresso e disposição dos

resíduos. Desta maneira, passou a contemplar os seguintes subitens, na seguinte ordem:

cercamento da área; portaria / guarita; controle do recebimento de cargas; acesso à frente

de trabalho; trator de esteiras ou compatível; outros equipamentos; impermeabilidade da

base do aterro; drenagem de chorume; drenagem de águas pluviais definitiva; drenagem

de águas pluviais provisória; drenagem de gases; sistema de tratamento do chorume;

monitoramento de águas subterrâneas; monitoramento das águas superficiais, lixiviados e

gases; monitoramento da estabilidade dos maciços de solo e lixo; atendimento a

estipulações de projeto.

Já o terceiro item, referente às Condições Operacionais, passou de dezesseis a

vinte e dois sub-itens. O sub-item aspecto geral foi suprimido pelo caráter subjetivo que

apresenta. Os sub-itens ocorrência de lixo descoberto e recobrimento do lixo foram

substituídos por presença de elementos dispersos pelo vento, recobrimento diário e

compactação do lixo. Os novos requisitos incluídos foram: presença de queimadas;

funcionamento do sistema de monitoramento dos efluentes do aterro e da estabilidade

dos maciços; medidas corretivas; dados gerais do aterro; e plano de fechamento do

aterro.

Assim, passou a ter a seguinte configuração na ordem a seguir: presença de

elementos dispersos pelo vento; recobrimento diário do lixo; compactação do lixo;

presença de urubus, gaivotas; presença de moscas em grande quantidade; presença de

queimadas; presença de catadores; criação de animais (bois, etc); descarga de resíduos

do serviço de saúde; descarga de resíduos industriais; funcionamento da drenagem do

chorume; funcionamento da drenagem pluvial definitiva; funcionamento da drenagem

pluvial provisória; funcionamento da drenagem de gases; funcionamento do sistema de

tratamento do chorume; funcionamento do sistema de monitoramento das águas

subterrâneas; funcionamento do sistema de monitoramento das águas superficiais,

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lixiviados e gases; funcionamento do monitoramento da estabilidade dos maciços;

medidas corretivas; dados gerais sobre o aterro; manutenção dos acessos internos; plano

de fechamento do aterro.

3.3. IQS

A elaboração do Índice de Qualidade no Sistema de Gestão Ambiental em Aterros

de Resíduos Sólidos Urbanos – IQS (LOUREIRO, 2005) – surge com o intuito de inserir

aspectos e variáveis ambientais para a garantia da qualidade do gerenciamento e da

disposição final de resíduos sólidos urbanos. A proposta introduz requisitos de gestão

ambiental, utilizando a norma ABNT NBR ISO 14001 (Sistema da Gestão Ambiental –

especificação e diretrizes para uso) como critério de adequação ao IQA, e como

aprimoramento do desempenho ambiental em todos os níveis.

LOUREIRO (2005) parte da hipótese que, “considerando apenas os parâmetros de

classificação do IQA, um aterro classificado como ‘adequado’ (ou sanitário) não garante

uma atividade de tratamento e disposição final de seus resíduos ambientalmente segura”.

O IQS (Anexo C) foi composto por quatro grupos, sendo os três primeiros

transpostos do IQA (FARIA, 2002) sem sofrerem alterações quanto aos seus sub-itens,

mais um quarto, adicionado à classificação, portanto com a seguinte composição:

Características do Local, Infra-estrutura Implantada, Condições Operacionais e Sistema

da Gestão Ambiental.

Nos três primeiros grupos, como não sofreram alterações, não foi aplicada a

Análise do Valor, porém no item Gestão Ambiental incluído ao sistema, essa ferramenta

foi utilizada para se atribuir pesos aos novos parâmetros. As funções utilizadas foram as

10 (dez) listadas a seguir, onde se aplicou a Matriz de Avaliação Funcional, que permitiu a

comparação de cada função com as demais, determinando, a cada momento, sua

importância, através da ponderação adequada, variando de zero a três.

As funções utilizadas por LOUREIRO (2005), tendo como base a Norma ABNT

NBR ISO 14001 e que integram o item Sistema de Gestão Ambiental são: identificação

dos aspectos e impactos ambientais significativos; objetivos, metas e programas

ambientais; garantia dos recursos necessários (humanos, de tecnologia, financeiros);

sistema de treinamento (competência e conscientização) e comunicação (interna e

externa); controle da documentação do SGA (registros); programa e planos de

emergências; controle, monitoramento e medição das operações (relativas aos impactos

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significativos); atendimento aos requisitos legais e demais subscritos; programa de

auditorias internas; análises críticas pela administração (auditorias internas, leis,

comunicação, objetivos, metas e programas ambientais) e ações corretivas e preventivas

(mitigar impactos).

Ao final da comparação, os pesos atribuídos a cada função foram somados,

determinando-se o percentual deles em relação ao total dos pesos de todas as funções.

Seguindo o critério de pontuação máxima do IQA, de cinco pontos, as funções de

maior importância receberam esta pontuação, com as demais proporcionalmente.

Assim, esta classificação define as áreas como inadequadas, controladas,

adequadas e ambientais.

3.4. IQRI

O Índice de Qualidade de Aterros de Resíduos Industriais – IQRI – surge como

uma metodologia análoga à dos índices estudados anteriormente.

Consiste em um formulário elaborado para a avaliação de aterros de resíduos

industriais, sendo esse o principal diferencial dos índices anteriormente estudados, eu são

voltado para aterros de resíduos sólidos urbanos.

A abordagem principal do IQRI está no sentido de priorizar os aspectos de

preservação do solo e ambientais como um todo, com vistas à promoção do menor grau

de impacto possível ao ambiente.

Este Índice pode ser utilizada como ferramenta de auxílio aos órgãos ambientais

no processo de licenciamento de aterros existentes, por ditar regras de boa conduta sob a

ótica tanto operacional quanto da qualidade ambiental, além de orientar a adequação

daqueles que porventura não tenham atingido o índice satisfatório de qualidade.

Para a implantação de novos aterros, pode ser adotado como instrução técnica

para a prática de boas maneiras, seguindo a legislação vigente e primando pela qualidade

da vida humana e a preservação ambiental.

Para elaboração deste índice, foram utilizadas as definições de aterros e resíduos

industriais adotadas pela FEEMA.

Assim, serão considerados resíduos industriais aqueles “resultantes dos processos

industriais, inclusive os líquidos, que por suas características peculiares não podem ser

lançados na rede de esgoto ou em corpos d’água e que não são passíveis de tratamentos

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convencionais. Incluem-se também os resíduos gerados nos sistemas de tratamento de

efluentes e emissões atmosféricas”.

Da mesma maneira, aterro industrial é definido como “a alternativa de desatinação

de resíduos industriais, que se utiliza de técnicas que permitam a disposição controlada

destes resíduos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, e minimizando os

impactos ambientais. Essas técnicas consistem em confinar os resíduos industriais na

menor área e volume possível, cobrindo-os com uma camada de material inerte na

conclusão de cada jornada de trabalho ou intervalos menores, caso necessário”.

Tendo como base o IQS, partindo do princípio que este é um aprimoramento do

IQA e do IQR, foram utilizados alguns de seus parâmetros que se mostram pertinentes à

disposição de resíduos industriais, sofrendo alterações quanto à ordem que se

apresentam, e suprimidos os avaliados como exclusivamente relativos a resíduos sólidos

urbanos.

A denominação dada pelo IQR, IQA e IQS de item e sub-item se refere ao que foi

denominado neste trabalho de critério e parâmetro, respectivamente.

Foram incluídos mais parâmetros de avaliação, seguindo as determinações da

legislação ambiental em vigor, das normas técnicas, diretrizes e instruções técnicas

ditadas por órgãos ambientais, que se mostraram mais rígidas para os resíduos

industriais que as relativas aos resíduos urbanos.

Também foram adotadas normas de segurança do trabalho e saúde ocupacional

para a operação destes aterros, bem como alguns parâmetros utilizados pela Petrobras

em auditorias realizadas em aterros que recebem seus resíduos, tendo em vista que “a

indústria petroquímica possui lugar de destaque no que tange as questões econômicas e

ambientais no mundo, devido à grande magnitude de recursos envolvidos e de serem

potencialmente poluidoras do meio ambiente” (STARLING, 2003).

A inclusão de novos parâmetros (sub-itens), a subtração de outros, bem como o

re-arranjo dos mesmos, confere uma formatação diferente para a tabela do IQRI

(constante no Apêndice A).

O primeiro item passou a ser denominado de Critérios de Localização do Aterro,

em vez de Características do Local. O segundo e terceiro itens, Infraestrutura Implantada

e Condições Operacionais, mantiveram a mesma nomenclatura. O quarto item, além do

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sistema de gestão ambiental, passa a ser denominado de Gestão de Segurança, Meio

Ambiente e Saúde, por incluir normas de segurança e saúde ocupacional.

Desta maneira, o IQRI ficou dividido em 4 macro conjuntos de critérios e seus

respectivos parâmetros (sub-itens), que, por sua vez, são compostos por variáveis, sendo

eles:

3.4.1. Parâmetros relativos aos critérios de características do local:

• geotécnicos (capacidade de suporte do solo; permeabilidade do solo);

• hidrogeológico (nível d’água subterrâneo em época de máxima precipitação);

• clima (pluviometria; direção predominante dos ventos; período de recorrência de

chuvas de inundação);

• hidrológico (distância de corpos d’água superficiais);

• topografia (formas e declividade do terreno);

• conformidade legal (autorização do município; licenciamento do OECA – órgão

estadual de controle ambiental; existência de notificações e/ou multas; certificação

de qualidade ambiental);

• características do entorno (distância de núcleos habitacionais; distância de centros

produtores; distância de ecossistemas sensíveis; distância de faixas de domínio de

rodovias; acessibilidade);

• áreas de empréstimo (disponibilidade de material para recobrimento; qualidade);

• vida útil;

3.4.2. Parâmetros relativos ao critério infra-estrutura implantada:

• isolamento e sinalização (isolamento visual da área e cinturão verde; cercamento

da área; portão de acesso com guarita e controle; sinalização);

• equipamentos (balança; trator de esteiras ou compatível; outros equipamentos);

• infra-estrutura básica (luz, força, água, telefone, esgoto; condições da malha viária

interna);

• impermeabilização de base (geomembrana PEAD, argila compactada, camada

drenante);

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• sistemas de drenagem (subsuperficial do percolado; águas pluviais definitiva;

águas pluviais provisória; gases);

• sistemas de tratamento (percolado; gases; pré-tratamento do resíduo);

• impermeabilização e cobertura final (argila compactada, geomembrana PEAD,

camada drenante, camada de solo original com vegetação nativa);

3.4.3. Parâmetros relativos aos critérios das condições operacionais:

• controle do recebimento e da disposição de resíduos (caracterização do resíduo;

mapeamento da disposição; recobrimento imediato dos resíduos; compactação

dos resíduos; descarga de resíduos líquidos ou patogênicos / radioativos / reativos

/ inflamáveis; sistema de manifesto de resíduos);

• sistemas de monitoramento (águas subterrâneas; águas superficiais; percolado;

gases; estabilidade dos maciços de solo e lixo; detecção de vazamentos; controle

de ruídos);

• geral (atendimento a estipulações de projeto; relatório anual; plano de inspeção;

presença de queimadas; presença de elementos dispersos pelo vento; acesso à

frente de trabalho);

3.4.4. Parâmetros relativos aos critérios de gestão de segurança, meio ambiente e saúde (SMS):

• segurança e saúde (atendimento às normas de segurança e medicina do trabalho;

lava-rodas de veículos nas saídas das áreas de manipulação de resíduos;

existência de alguma ação trabalhista);

• meio ambiente (identificação dos aspectos e dos impactos ambientais

significativos; objetivos, metas e programas ambientais; garantia dos recursos

necessários (humanos, tecnológicos e financeiros); sistema de treinamento

(competência e conscientização) e comunicação (interna e externa); controle da

documentação do SGA; programa e planos de emergência; plano de contingência;

controle, monitoramento e medição das operações (relativas aos impactos

significativos); atendimento aos requisitos legais e demais subscritos; programa de

auditorias internas; análises críticas pela administração (auditorias, leis,

comunicação, objetivos e metas) e ações corretivas e preventivas; plano de

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fechamento do aterro e previsão de uso futuro; programas de responsabilidade

social.

Todas as variáveis que foram mantidas do IQS permaneceram com a mesma

ponderação. Para atribuição de pesos às novas variáveis foi utilizada a Teoria da Análise

do Valor.

Todos os parâmetros de avaliação estão descritos na Matriz de Avaliação

Funcional (descrita no item 4.3), técnica que permitiu a comparação de cada parâmetro

com os demais, determinando o grau de importância ou necessidade entre eles, através

de uma pontuação que varia de zero a três.

Ao final da comparação, os pontos atribuídos a cada parâmetro foram somados,

determinando-se o percentual deles em relação à pontuação total.

O resultado obtido da matriz serviu como subsídio para a mensuração das

variáveis propostas.

A Matriz de Custeio de Funções não teve finalidade para o IQRI, embora toda

Teoria da Análise do Valor tenha sido exposta como parte da pesquisa realizada.

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IV. METODOLOGIA ADOTADA

4.1. Análise Multicritério

A gestão ambiental, como um processo de tomada de decisões, deve repercutir

positivamente sobre a variável ambiental de um sistema. Nesse caso, a tomada de

decisão consiste na busca da opção que apresente o melhor desempenho, a melhor

avaliação, ou ainda, a melhor aliança entre as expectativas de quem tem o poder de

decidir e suas disponibilidades em adotá-la (SOARES, 2004).

O apoio à decisão é uma atividade que, tendo por base modelos claramente

explicitados, mas não necessariamente formalizados, auxilia na obtenção de elementos

de resposta às questões que se apresentam a um interventor em processo de decisão.

Na presente dissertação, a Teoria da Análise do Valor foi a ferramenta de análise

multicriterial utilizada para a mensuração das variáveis propostas.

As variáveis do sistema proposto para a classificação de aterros de resíduos

industriais, foram elaboradas de modo a priorizar parâmetros relativos à ciência da

Geotecnia Ambiental, de maneira a preservar a qualidade do substrato de solo e das

coleções hídricas, para evitar qualquer possibilidade de contaminação dos mesmos em

aterros de disposição desta sorte de resíduos. As variáveis propostas foram mensuradas

com o auxílio da ferramenta Análise do Valor.

De acordo com a DZ-1311/94 da FEEMA, OECA do Rio de Janeiro, “não é

permitida a disposição de resíduos industriais diretamente no solo, sem que haja os

controles necessários”. Desta forma, foram analisadas variáveis que englobam a questão

da preservação do ambiente como um todo – a contaminação de solos, de recursos

hídricos, atmosférica, além do impacto de vizinhança com o entorno da área – bem como

o sistema de gestão ambiental e de aspectos relacionados à segurança dos trabalhadores

e saúde ocupacional.

Para melhor entendimento dos termos utilizados, torna-se necessário a definição

de alguns conceitos básicos dos componentes de uma análise multicritério.

Para SOARES (2004), a análise multicritério é uma ferramenta de apoio à decisão

que deve ser vista como uma atividade com dois componentes principais: a construção do

modelo e a gestão do processo. A integração desses dois componentes e a maneira

como se articulam definem o procedimento de apoio à decisão multicritério.

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O modelo é materializado pelo conjunto de algoritmos associados aos objetivos

propostos. O primeiro passo consiste em definir o conjunto de ações (alternativas) que

serão avaliadas, os critérios de avaliação, que dependem de parâmetros (procedimento

de classificação e caracterização de impactos). Em seguida, os parâmetros componentes

de cada conjunto de critérios devem ser relativizados (ponderados) e, finalmente,

agregados segundo um modelo matemático predefinido.

O processo de decisão consiste no papel atribuído e na participação de cada um

dos atores no processo de negociação.

Dentre os conceitos básicos da análise multicriterial, pode-se citar:

• Ação: política, programa, projeto, opção, alternativa, ou seja, os elementos objetos

de comparação;

• Análise: exame de cada parte de um todo para se conhecer sua natureza, suas

proporções, suas funções e relações;

• Atores: são os indivíduos ou grupo de indivíduos que influenciam direta ou

indiretamente a decisão;

• Avaliação: determinar a valia ou valor, o preço e o merecimento; calcular, estimar;

reconhecer a grandeza, a intensidade, a força de algo. Procedimento de

comparação de resultado com um padrão de referência;

• Critérios: expressão qualitativa ou quantitativa de pontos de vista, objetivos,

aptidões ou entraves relativos ao contexto real, permitindo o julgamento das ações

potenciais. Representam as conseqüências sobre diferentes ações, que permitirão

julgá-las;

• Parâmetros: são os elementos de avaliação de um critério;

• Análise multicritério: análise visando explicitar um conjunto coerente de critérios,

que permita interpretar as diferentes conseqüências de uma ação;

• Agregação: consiste em obter uma informação sintética pela aplicação de um

algoritmo às informações contidas em uma matriz de desempenho;

• Agregação total: agregação de todos os pontos de vista a considerar e atribuição

de um valor para cada ação;

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• Agregação parcial: agregação que permite comparar as ações par a par e

estabelecer relações de superação entre elas;

• Problemática: é a maneira pela qual o problema de decisão é abordado;

• Análise de sensibilidade: consiste em fazer variar um elemento do sistema para

observar como varia o resultado final.

A metodologia utilizada visou definir os critérios que permitissem avaliar os efeitos

causados ao meio ambiente, pela ação da disposição de resíduos provenientes de

processos industriais. Nesta etapa foi definido o sistema e a quantificação dos elementos

nele intervenientes. Para a construção destes critérios foram utilizados elementos

estruturais denominados parâmetros.

A construção de uma família coerente de critérios deve respeitar três princípios

básicos (SOARES, 2004):

• Exaustividade: todos os pontos de vista devem ser levados em consideração;

• Não-redundância: o mesmo ponto de vista não deve ser considerado duas ou mais

vezes (direta ou indiretamente);

• Coerência: se a avaliação de uma ação a é igual à avaliação de uma ação b sobre

todos os critérios com exceção de apenas um critério (cuja avaliação de a é

melhor que b), então se pode afirmar que a ação a é preferida em relação à b.

Em seguida, os parâmetros relativos aos critérios estabelecidos devem ser

avaliados normalmente, esta etapa é formalizada por meio de uma matriz de avaliação

funcional ou tabela de desempenho, respeitando os critérios básicos supracitados.

Nesta dissertação, foi utilizada a matriz de avaliação funcional. Os pontos

exprimem a importância ou necessidade relativas de cada parâmetro em relação ao outro,

par a par, correlacionando linhas e colunas da matriz.

4.2. Teoria da Análise do Valor

A Teoria da Análise de Valor foi criada pelo Engº Lawrence D. Miles, durante a 2ª

Guerra Mundial. A guerra reduzira as disponibilidades de matérias-primas e mão-de-obra

para fabricação de suprimentos bélicos e produtos de uso civil, o que forçava a introdução

de materiais e processos substitutos. Na ocasião, trabalhando na General Electric, Miles

sintetizou as técnicas por ele desenvolvidas como uma abordagem de análise das

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funções de um determinado produto, para efeito de pesquisa de outros mais baratos e

que desempenhassem as mesmas funções, reduzindo os custos, racionalizando-o e

otimizando-o, para atender às necessidades dos consumidores.

A Análise do Valor é usada de forma sistemática para considerar uma gama de

interesses e, sendo uma metodologia, pode ser aplicada com as devidas alterações em

qualquer campo de atividades.

Em 1975, a SAVE – Society of Value Engineers – definiu a metodologia como “um

esforço organizado, dirigido à análise das funções de sistemas, produtos, especificações,

padrões, técnicas, práticas e procedimentos, com a finalidade de satisfazer as funções

requeridas ao menor custo”.

No Brasil, passou a ser utilizada de forma tímida a partir de 1970, evoluindo

consideravelmente e, a partir de 1980, com resultados reais em indústrias e órgãos

governamentais. Desta aplicação original, várias outras foram se mostrando altamente

férteis, a ponto de estar sendo usada hoje nos mais variados campos de atividades, com

excelentes resultados. Aplicada em produtos, sistemas, serviços e construção civil, tem

dado grande contribuição à sociedade, por colaborar com a conservação de recursos

naturais, por criar desenvolvimento tecnológico e por participar de forma decisiva na

elevação dos padrões de qualidade de vida da população.

São etapas de uma aplicação da Análise do Valor:

• Definir o problema, analisá-lo, definir o objetivo e sua extensão;

• Estabelecer alternativas;

• Avaliar as conseqüências de cada alternativa (modo funcional);

• Escolher a melhor alternativa (seleção de idéias); e

• Implementação (ação que surge da decisão).

Baseado em tal metodologia, é possível classificar dentre um número de soluções

para certo objetivo, qual delas seria a melhor, de acordo com os critérios adotados e

seguindo o critério escolhido, de modo a atender o grau de satisfação e interesses de

todas as partes interessadas.

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4.2.1. Conceitos básicos

Para análise de um “item” (objeto, produto, processo, serviço ou sistema), os

conceitos básicos da metodologia são três: função, valor e desempenho.

Função é o objetivo de um produto ou sistema, operando em sua maneira

normalmente prescrita, portanto função é “qualquer coisa” que faz o objeto ou sistema

funcionar ou vender (CSILLAG, 1995). Assim, função é “aquilo que deve ser

desempenhado” (FARIA, 2002). No caso de um aterro de resíduos sólidos industriais,

pode ser definida como: acondicionar o lixo proveniente de processos industriais. Há um

número finito de funções que o objeto deve desempenhar. No entanto, cada função

possui diferentes graus de importância, dependendo da companhia em questão ou do

momento em que o estudo está sendo realizado. Uma função é descrita através de um

verbo de ação, seguido de um substantivo. Por exemplo, a base do aterro deve ter solo

com característica argilosa ou argilo-arenosa, tendo a “função” de “ser impermeável”,

sendo esta apenas uma das funções necessárias em um aterro.

O conceito de função é fundamental dentro da Análise do Valor. Pode ser definida

como: a característica a ser obtida do desempenho de um item, se o item realizar sua

finalidade, objetivo ou meta. É a finalidade ou motivo da existência de um item ou parte de

um item.

CSILLAG (1995) classifica as funções em dois tipos: quanto à necessidade e

quanto ao tipo de aplicação.

Quanto à necessidade, são:

• Básicas ou primárias – são aquelas para a qual o objeto é adquirido ou projetado,

pode-se dizer que é a própria razão da existência do objeto. Exemplo: o aterro tem

o objetivo de receber e confinar os resíduos;

• Secundárias ou auxiliares – são as funções que acrescentam utilidade ao objeto,

complementando as funções básicas, tais como evitar odores e proliferação de

vetores.

Quanto ao tipo de aplicação:

• Funções de uso – são sempre expressas por um verbo e um substantivo

mensurável. São vinculadas à utilidade que a função tem em satisfazer

necessidades de natureza operacional;

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• Funções de estima ou estética – são sempre expressas por um verbo e um

substantivo não mensurável. Estão relacionadas às necessidades

comportamentais e afetivas do usuário.

Valor: a Analise do Valor trabalha o valor econômico, intrínseco ao item e ao

desejo de satisfação de necessidades das entidades (pessoas ou empresas que o

produzem ou o adquirem). O valor pode ser definido como o equivalente justo em

dinheiro, mercadoria etc., especialmente de coisa que pode ser comprada ou vendida.

Existem quatro tipos de valor econômico, assim temos:

• Valor de uso: as propriedades ou qualidades que permitem o serviço que o item

desempenha;

• Valor de custo: os recursos necessários para produzir ou obter um item;

• Valor de estima: as características ou atratividades que tornam desejável a posse

do item;

• Valor de troca: as qualidades, propriedades do item que possibilitam sua troca por

outra coisa.

Um mesmo item deve prover a satisfação de quem o adquire ou utiliza e de quem

o fornece ou produz, sendo dois valores que devem ser atendidos pelo mesmo item; um

para o usuário e um para o produtor. Do ponto de vista do usuário esta satisfação

denomina-se qualidade; do fornecedor, significa atingir a meta, ou “ganhar dinheiro”, que

é a razão principal para a qual se produzem objetos, prestam-se serviços, executam-se

processos e organizam-se sistemas.

Desempenho: pode ser definido como o conjunto específico de habilidades

funcionais e propriedades que o fazem adequável para uma finalidade específica. Ou

ainda, é o conjunto da medição ou apreciação que se faz do item, quanto ao cumprimento

ou adequação de suas funções necessárias; este conjunto inclui aspectos de:

• Efetividade: que se cumpra a função;

• Confiabilidade: que o faça sempre; e

• Durabilidade: e por algum tempo (por um tempo mínimo preestabelecido).

Quanto mais essencial a função (mais necessária ou mais importante que as

demais), maiores serão os seus requisitos de desempenho. O desempenho do objeto é

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avaliado também, como somatório do desempenho de suas funções (ou das funções de

seus componentes), assim podendo-se medir o desempenho num grau de importância

relativa das funções.

4.2.2. Plano de trabalho da Análise do Valor

O Plano de Trabalho é a forma sistemática de desenvolvimento e aplicação da

metodologia do Valor, que prevê as principais fases a serem seguidas, a partir da

identificação do “objeto” a ser alvo da técnica.

Como basicamente é orientada para a análise e solução de problemas,

constituindo um esforço deliberado para identificar e selecionar o método de menor custo,

todos os planos de trabalho têm esta única vertente e direção, e suas fases seguem os

clássicos passos deste processo:

• Definir o problema, analisá-lo, definir o objetivo e seu escopo;

• Estabelecer alternativas;

• Avaliar as conseqüências de cada alternativa (abordagem funcional);

• Escolher a melhor alternativa (seleção de idéias);

• Implementação (ação decorrente da decisão).

As Sociedades Americana e Japonesa de Engenheiros de Valor propõem um

modelo simplificado com cinco fases: preparatória; informativa ou analítica; criativa ou

especulativa; avaliatória; conclusiva.

Preparatória: definição do problema ou escolha do objeto de estudo,

determinando ainda o plano de trabalho em função do objetivo que se pretende atingir.

Seguindo o fundamento da metodologia, a fase preparatória questiona qual o objeto ou

recurso a ser estudado, seja ele um produto, um serviço ou processo. Assim, identifica-se

o objeto a ser estudado ou a ser atingido e definem-se os grupos interessados no objetivo

em questão.

Informativa ou Analítica: esta fase compreende o recolhimento do maior número

possível de dados e informações sobre o objeto. Começa com a abordagem funcional

(descrição, classificação e diagramação das funções), seus custos e seu “valor” em

termos de utilidade e satisfação para os usuários. Para submeter o objeto à Análise do

Valor, caracteriza-se bem o conjunto de funções de um objeto.

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A abordagem funcional pode ser definida como a determinação da natureza

essencial de uma finalidade, considerando que todo objeto ou ação, para existir, tem uma

finalidade. Ela reduz o projeto a requisitos chamados funções. O processo de definir

torna-se um método para remover bloqueios na criatividade.

É importante mostrar todas as funções orientadas ao projeto de uma maneira

organizada, tornando-se compreendidas suas relações e importâncias relativas. Para isto,

especialistas na matéria sintetizaram o plano de trabalho da Análise do Valor em duas

perguntas, sendo elas:

• Por que a função é necessária?

• Como a função é realizada?

A Teoria da Análise do Valor, na fase informativa ou analítica, busca a

satisfação das necessidades dos consumidores, através da oferta das funções

necessárias, valendo-se dos recursos que possam oferecê-las, ao menor custo

possível, garantidas a qualidade, a segurança e a durabilidade.

Em seguida, num maior nível de abstração, procura-se descrever as funções

que o usuário requer do objeto. Definem-se as suas propriedades e características,

não importando a maneira como estas funções são produzidas.

As funções requeridas pelo usuário podem ter diferentes graus de

necessidade e importância, sendo divididas, como visto anteriormente, em básicas ou

principais e secundárias ou auxiliares.

Para simular a avaliação das funções definidas para o projeto, a técnica

empregada foi a da “Matriz de Avaliação Funcional”, que implica na comparação de

cada função com as demais, determinando a cada momento, sua necessidade e

importância, com a ponderação adequada, de zero a três (CSILLAG, 1995):

• 3 pontos: função muito mais importante ou necessária que a outra;

• 2 pontos: função significativamente mais importante ou necessária que a

outra;

• 1 ponto: função pouco mais importante ou necessária que a outra;

• 0 pontos: função de igual importância ou necessidade que a outra.

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A seguir descrevem-se as funções que concorrem, produzem e suportam as

funções requeridas pelo usuário, e denominadas de funções “definidas pelo

fornecedor do objeto”, também denominadas de ‘parâmetros’, descritos no capítulo V.

Quando essa comparação estiver terminada, somam-se os pesos atribuídos

de cada parâmetro e determina-se o percentual deles em relação ao total dos pesos

de todas as funções. Pode-se plotar os valores relativos num gráfico por função, para

visualização da série de funções com suas importâncias relativas.

A técnica ponderacional é aplicada quando uma alternativa deve ser

relacionada entre pequenos números de outras. Um dos processos mais potentes é o

de ponderar diferentes critérios de avaliação. O procedimento geral para a maioria

dos métodos é gerar uma lista de critérios de avaliação, designar os pesos, avaliar

cada alternativa com esses critérios e selecionar a alternativa que melhor satisfaça.

A metodologia Análise do Valor procura determinar o valor relativo de cada

função exigida, que inclui o custo ou percentual de custo, avaliando as funções que

merecem maior atenção ou estudo, no sentido de aumentar o desempenho funcional

esperado do projeto. Para tal, considera-se o custo total do objeto como 100% e as

parcelas do custo de suas funções, que são posteriormente associadas aos

componentes, como percentuais do total do custo do objeto.

Em seguida, monta-se a Matriz de Custeio de Funções, analisando-se cada

parte, procurando atribuir quanto seu custo é utilizado para cumprir a função,

variando de zero, parte que não cumpre função até 100%, onde toda parte cumpre

apenas uma função. Determina-se a porcentagem do custo total, correspondente a

cada parte, e soma-se o percentual da função no custo total do objeto. Essa técnica

não indica os custos desnecessários, mas mostra claramente onde estão os altos

custos ou onde ocorrem os maiores gastos de cada função desempenhada.

Criativa ou Especulativa: é a fase de busca de alternativas. O objetivo desta

fase é gerar muitas idéias alternativas para cumprir as funções escolhidas, dentro do

mais amplo grau de liberdade possível. Aplica-se, nesta fase, variadas técnicas de

criatividade. A equipe multidisciplinar, envolvida no projeto, deve buscar soluções

eficientes que minimizem o custo das funções críticas, sem prejudicar o seu

desempenho.

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Avaliatória: fase em que são feitas a análise das alternativas viáveis, a

seleção das melhores alternativas e a indicação da melhor alternativa, antecipando

assim problemas potenciais, caso venham a ser implantadas.

A relação desempenho/custo é o indicador que sinaliza quais são as funções

críticas. O desempenho funcional é aquele atribuído a cada função na Matriz de

Avaliação Funcional e o custo funcional é a resultante da Matriz de Custeio de

Funções. Valores dessa relação inferiores a um, destacam funções que requerem

maior atenção e estudo durante o trabalho de desenvolvimento do projeto.

Conclusiva: que compreende a fase de escolha, implantação e

acompanhamento. Escolhida a melhor alternativa, elabora-se uma proposta para

implantação, com uma visão de custos e benefícios.

Em uma tomada de decisão, é fundamental o estabelecimento de prioridades,

isto é, ao se analisarem as funções ou atributos considerados mais importantes em

relação aos demais, atacam-se os problemas mais críticos e se aproveitam as

melhores oportunidades para a obtenção de resultados, além de se adotar um

procedimento ordenado e sistematizado de estudo do assunto.

É importante lembrar que um plano de trabalho pode sofrer adequações de

acordo com a área de interesse profissional de quem o formula e adota. Esta

adequação aperfeiçoa cada plano em sua aplicação.

4.3. Aplicação da Análise do Valor na elaboração do IQRI

Para esta dissertação foi utilizada a matriz de avaliação funcional. As funções

do aterro industrial, também denominadas parâmetros de avaliação são compostas

pelas variáveis propostas, tendo sido definidas de acordo com as normas e

legislações vigentes (descritas no capítulo V), alem do conhecimento de especialistas

da área.

As funções foram organizadas segundo quatro critérios, sendo eles: de

localização do aterro; da infra-estrutura implantada para seu funcionamento; das

condições operacionais; e relativos à gestão de segurança, meio ambiente e saúde

(SMS). Estes critérios, com seus respectivos parâmetros (funções) de avaliação e as

respectivas variáveis, além das fontes de consulta, estão descritos no Capítulo V.

A denominação dada pelo IQR, IQA e IQS de item e sub-item se refere ao que

foi denominado neste trabalho de critério e parâmetro, respectivamente.

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A avaliação de cada parâmetro, procurou respeitar os três princípios básicos da

análise multicritério (exaustividade, não redundância e coerência).

Definidos os mesmos, foi atribuída uma pontuação para cada um, a partir da

avaliação feita através da matriz, onde cada parâmetro foi disposto em linhas e colunas, e

comparados par a par para a aferição do grau de importância ou necessidade.

Cada letra integrante da célula da matriz representa um parâmetro (de acordo com

a legenda apresentada). Quando comparados dois parâmetros, a plotagem do resultado é

feita pela letra que representa o mais importante ou necessário, seguida do valor, ou grau

de importância ou necessidade (de 0 a 3) em relação ao outro.

Toma-se como exemplo descritivo a primeira linha da matriz:

O parâmetro geotécnico, representado pela letra A, quando comparado com o

topografia (E), legal (F), vida útil (I), isolamento e sinalização (J), equipamentos (K) e infra

estrutura básica (L), é avaliado como muito mais importante ou necessários que estes,

logo, A3.

Quando comparado com o hidrogeológico (B), clima (C), hidrológico (D),

características do entorno (G), áreas de empréstimo (H), controle do recebimento e da

disposição do resíduo e geral (S), é avaliado como mais importante ou necessário, A2.

Ao se comparar com os sistemas de monitoramento (R), percebe-se que é pouco

mais importante ou necessário, A1.

Já pela comparação com a impermeabilização da base (M), sistemas de drenagem

(N) e de tratamento (O), impermeabilização e cobertura final (P), segurança e saúde (T) e

meio ambiente (U), demonstra o mesmo grau de importância ou necessidade, ou seja, A0.

Desta forma, o somatório da pontuação deste parâmetro corresponde a 33 pontos,

o que representa 8,75% de um total de 377 pontos.

Após a aplicação da matiz, com a avaliação do grau de importância ou

necessidade entre os parâmetros, pôde-se mensurar cada uma de suas variáveis, pela

metodologia expressa nos quadros 01 e 02. Através da ponderação dos pontos atribuídos

para cada parâmetro na Matriz de Avaliação Funcional, foram atribuídos os pesos das

variáveis, que pode variar de 0 a 5, seguindo a metodologia do IQS.

Para as variáveis ora mensuradas no IQA e IQS, foram utilizados os mesmos

pesos por eles atribuídos.

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Matriz de avaliação funcional:

B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U Soma % A A 2 A 2 A 2 A 3 A 3 A 2 A 2 A 3 A 3 A 3 A 3 A 0 A 0 A 0 A 0 A 2 A 1 A 2 A 0 A 0 33 8,75 B B 1 B 0 B 2 B 2 B 1 B 1 B 2 B 2 B 2 B 3 B 0 B 0 B 0 B 0 B 2 B 1 B 2 T 1 U 1 21 5,57 C D 2 C 0 C 2 G 2 C 1 C 1 J 1 K 2 C 2 M 3 N 3 O 3 P 3 Q 2 R 2 S 2 T 3 U 3 6 1,59 D D 2 D 2 D 1 D 1 D 2 D 2 D 2 D 3 D 0 D 0 D 0 D 0 D 2 D 1 D 2 T 1 U 1 22 5,84 E E 1 G 2 E 1 E 2 J 1 K 1 E 2 M 2 N 2 O 2 P 2 Q 2 R 2 S 1 T 3 U 3 6 1,59

FUNÇÕES: F G 2 H 1 I 1 J 2 K 2 F 2 M 2 N 2 O 2 P 2 Q 2 R 2 S 2 T 3 U 3 2 0,53 A Geotécnicos G G 2 G 2 G 1 K 1 G 2 M 2 N 2 O 2 P 2 Q 1 R 1 S 2 T 3 U 3 13 3,45 B Hidrogeológicos H H 2 J 1 K 2 L 1 M 2 N 2 O 2 P 2 Q 2 R 1 S 1 T 3 U 3 3 0,80 C Clima I J 2 K 2 L 2 M 3 N 3 O 3 P 3 Q 3 R 2 S 1 T 3 U 3 1 0,27 D Hidrológicos J K 1 J 2 M 3 N 3 O 3 P 3 Q 2 R 1 S 1 T 2 U 2 9 2,39 E Topografia K K 3 M 3 N 3 O 3 P 3 Q 1 R 1 S 1 T 2 U 2 14 3,71 F Legal L M 3 N 3 O 3 P 3 Q 2 R 2 S 2 T 3 U 3 3 0,80 G Características do entorno M M 0 M 0 M 0 M 1 M 2 M 2 T 1 U 1 28 7,43 H Áreas de empréstimo N N 0 N 0 N 1 N 2 N 2 T 1 U 1 28 7,43 I Vida úti l O O 0 O 1 O 2 O 2 T 1 U 1 28 7,43 J Isolamento e sinalização P P 1 P 2 P 2 T 1 U 1 28 7,43 K Equipamentos Q Q 0 Q 1 T 2 U 2 28 7,43 L Infraestrutura básica R S 1 T 2 U 2 18 4,77 M Impermeabilização de base S T 1 U 1 14 3,71 N Sistemas de drenagem T T 0 36 9,55 O Sistemas de tratamento U 36 9,55 P Impermeabilização e cobertura final 377 100 Q Controle de recebimento e da disposição de resíduo R Sistemas de monitoramento 3 pontos: função muito mais importante ou necessária que a outra S Geral 2 pontos: função mais importante ou necessária que a outra T Segurança e saúde 1 ponto: função pouco mais importante ou necessária que a outra U Meio ambiente 0 ponto: função de igual importância ou necessidade que a outra

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Quadros 01 e 02 – avaliação das variáveis QUADRO 1 QUADRO 2

PARÂMETRO P v PONTUAÇÃO (P) OBTIDA PARA CADA FUNÇÃO C Clima: 6 NA MATRIZ DE AVALIAÇÃO FUNCIONAL Ca pluviometria 1 Parâmetro P Cb direção predominante dos ventos 1 A Geotécnicos 33 Cd recorrência de chuvas de inundação 1 B Hidrogeológicos 21 E Topografia: 6 C Clima 6 Ea forma e declividade do terreno 1 D Hidrológicos 22 F Legal: 2 E Topografia 6 Fa autorização municipio 5 F Legal 2 Fb licenciamento OECA 1 G Características do entorno 13 Fc existência notificações e/ou multas 1 H Áreas de empréstimo 3 Fd certificação de qualidade ambiental 1 I Durabilidade 1 G Características do entorno: 13 J Isolamento e sinalização 9 Ga distância de núcleos habitacionais 2 K Equipamentos 14 Gb distância de centros produtores 2 L Infraestrutura básica 3 Gc distância de ecossistemas sensíveis 2 M Impermeabilização de base 28 Gd distância de faixas de domínio de rodovias 2 N Sistemas de drenagem 28 Ge acessibilidade 3 O Sistemas de tratamento 28 I Durabilidade 1 P Impermeabilização e cobertura final 28 Ia Vida útil 1 Q Controle de recebimento e da disposicão 28 J Isolamento e Sinalização: 9 R Sistemas de monitoramento 18 Ja isolamento visual 4 S Geral 14 Jb cercamento 2 T Seguranca e saúde 36 Jc portão 1 U Meio ambiente 36 Jd sinalização 2 K Equipamentos: 14 Legenda (QUADRO 1): Ka balança 2 v Peso atribuído às variáveis Kb trator de esteiras 5 P Pontuação obtida da matriz de avaliação funcional Kc outros 1 v Peso da variável, adaptado de FARIA (2002) L Infraestrutura básica: 3 ou LOUREIRO (2005) La luz, força, água, telefone, esgoto 1 Lb malha viária 2 Legenda (QUADRO 2): O Sistemas de tratamento: 28 Funções (parâmetros) que não sofreram alteração Oa percolado 5 quanto às variáveis propostas por FARIA (2002) Ob gases 3 ou LOUREIRO (2005) Oc pré-tratamento 4 Funções (parâmetros) que sofreram alteração Q Controle do recebimento: 28 quanto às variáveis propostas por FARIA (2002) Qa caracterização do resíduo 4 ou LOUREIRO (2005) Qb mapeamento da disposição 4 Qc recobrimento imediato 4 Cálculo de v, a partir de P: Qd compactação do resíduo 4 Pmáx = 36 Qe desc. resíduos líq. ou patog/radio/reat/inflam 4 Pmín = 1 Qf sistema de manifesto de resíduos 3* ∆ P = 35 T Segurança e Saúde: 36 intervalo de variação de v = 5

Ta atend. normas segurança e medicina trab 5 então: 35/5 = 7

Tb lava rodas 5 Assim: Tc existência de alguma ação trabalhista 3* Se 1 < P ≤ 8, então v = 1 U Meio Ambiente: 36 Se 8 < P ≤ 15, então v = 2 Ua identificação dos aspectos e impactos 5 Se 15 < P ≤ 22, então v =3 Ub objetivos, metas e programas ambientais 3 Se 22 < P ≤ 29, então v = 4 Uc garantia dos recursos necessários 2 Se 29 < P ≤ 36, então v = 5 Ud sistema de treinamento 2 Ue controle da documentação SGA 1 Uf programa e planos de emergência 4 Ug plano de contingência 4 Uh controle, monitoramento e medição 4 Ui atendimento aos requisitos legais 5 Obs: Uj programa de auditorias internas 2 * ao se comparar esta variável com as demais relativas Uk análises críticas pela administração 2 ao mesmo parâmetro, percebeu-se menor grau de Ul programas de responsabilidade social 5 importância ou necessidade.

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Será apontado como modelo de comparação o IQS, por ser o aprimoramento

do IQA, que por sua vez é um aprimoramento do IQR, com a inclusão de um critério

de avaliação (sistema de gestão ambiental), sem alteração dos demais.

O parâmetro clima, quando avaliado pela matriz, demonstra participação

pequena, 6 pontos do total de 377 pontos obtidos, o que gera um baixo percentual

(1,59%) em relação às outras funções. Assim, após a aplicação da metodologia, o

peso máximo atribuído para esta variável é de um.

Pelo mesmo motivo e tendo atingido mesma pontuação na matriz de avaliação

funcional, também foi atribuído peso um para a variável referente ao parâmetro

topografia.

O IQS atribui peso cinco para a variável referente à legalidade da localização,

o que no IQRI passa a ser denominado autorização do município, pertencente ao

parâmetro legal que, pela matriz de avaliação funcional soma apenas dois pontos do

total de pontos obtidos, que origina um percentual extremamente baixo (0,53%),

representando dois pontos na matriz. Parte-se do princípio que algumas unidades

podem ser operadas de maneira adequada, inclusive do ponto de vista ambiental, e

talvez atuarem com tecnologia desconhecida pelos órgão ambientais sem cumprir o

exigido por estes. Leva-se em consideração que a questão operacional e os

resultados dos monitoramentos tenham grau de importância maior que o

preenchimento de requisitos legais.

Assim, para as demais variáveis que compõem este parâmetro, o peso máximo

atribuído foi um, e não cinco.

Para o parâmetro características do entorno, que engloba o sub-item

condições do sistema viário – trânsito – acesso (IQS), aqui denominada

acessibilidade, entende-se que este parâmetro influi diretamente no ambiente local no

que diz respeito à preservação ambiental e da qualidade de vida da população que

vive nas proximidades. Por isso, tem grau de importância mais representativo (13

pontos, 3,45%, segundo matriz de avaliação funcional), conferindo peso máximo igual

a dois para as variáveis relativas ao mesmo.

O parâmetro durabilidade também se mostra pouco representativo (1 ponto,

0,27%), recebendo peso máximo igual a um.

Quanto ao isolamento e sinalização da área, com representatividade de

2,39%, as variáveis isolamento visual da área, cercamento e portão de acesso,

mantiveram a pontuação máxima de quatro, dois e um, respectivamente, adotada no

IQS. A variável proposta, sinalização, recebe peso máximo de dois.

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Para os equipamentos, parâmetro diretamente relacionado à operação da

unidade, com participação de 14 pontos (3,71%), a variável balança recebe peso dois.

Com relação ao parâmetro infra-estrutura básica, também de baixa

representatividade com 3 pontos da matriz (0,80%), já que as condições de operação

não devem ser prejudicadas na ausência ou deficiência deste, a variável malha viária

surge em analogia ao que o IQS denomina manutenção dos acessos internos,

permanecendo com peso dois, e a variável luz, força, telefone, esgoto é contemplada

com peso um.

Para os sistemas de tratamento, que têm participação mais representativa no

total de pontos atribuídos (28 pontos, 7,43%), a única variável incluída foi a existência

de pré-tratamento do resíduo antes de sua disposição. Para ela, foi atribuído peso

quatro.

O controle do recebimento e da disposição do resíduo (carga) recebeu a

mesma pontuação que os sistemas de tratamento (28 pontos, 7,43%), demonstrando

elevado grau de importância ou necessidade, sendo suas variáveis contempladas com

peso quatro. Neste parâmetro, apenas a variável sistema de manifesto de resíduos

recebeu peso três, pois entende-se que possui menor grau de importância ou

necessidade que as demais.

O recobrimento imediato do resíduo, acompanhou a pontuação que o IQS

determina para recobrimento diário, peso quatro. O IQS aponta dois sub-itens,

descarga de resíduos de serviços de saúde e descarga de resíduos industriais, que

aqui são acoplados numa única variável: descarga de resíduos líquidos ou

patogênicos, radioativos, reativos e inflamáveis, que recebe pontuação igual a quatro.

No quarto grupo de critérios, que recebe denominação de gestão de segurança, meio ambiente e saúde (SMS), em vez de gestão ambiental apenas, o

parâmetro segurança e saúde é incluído, apresentando 9,55% de participação na

formulação total dos pontos (36), ou seja, alto grau de importância ou necessidade.

Para ele foram propostas três variáveis, sendo elas: atendimento às normas de

segurança e medicina do trabalho, com peso 5; existência de lava-rodas dos veículos

na saída da área de manipulação dos resíduos, também peso cinco; e existência de

alguma ação trabalhista relacionada a este parâmetro, que recebe peso três por ter

aspecto mais legal que operacional.

No parâmetro meio ambiente, também com pontuação de 36, foram adotadas

todas as variáveis do IQS com os mesmos pesos, tendo sido incluídas duas variáveis:

plano de contingência, que recebeu peso quatro em analogia à existência de plano de

emergência; e programas de responsabilidade social, com peso cinco.

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A partir da mensuração de todas as variáveis, é elaborado o formulário do IQRI

(Apêndice A), composto pelos parâmetros e respectivas variáveis, com a avaliação de

cada uma através de pesos. O técnico, quando da aplicação do formulário em sua

inspeção ao aterro analisado, verifica a existência das variáveis e lança a pontuação

referente à avaliação feita in loco.

Como exemplo, toma-se o parâmetro geotécnico. Para este, são propostas

duas variáveis: capacidade de suporte do solo; e permeabilidade do solo. Se, durante

a avaliação do aterro, for comprovada a adequada capacidade de suporte do solo, de

acordo com os requisitos definidos para esta variável no Capítulo V, a pontuação

obtida será igual a cinco. Caso contrário, o aterro receberá pontuação zero. Da mesma

maneira para a permeabilidade do solo: cinco pontos para uma baixa permeabilidade;

dois pontos para média; e zero ponto para alta.

Ao final, são somados todos os pontos obtidos da avaliação de todas as

variáveis. Este resultado é dividido por 21,1 para se obter uma “nota” de 0 a 10, já que

a soma máxima dos pesos das variáveis tem valor igual a 211.

A partir do resultado obtido, avalia-se a condição do aterro como: inadequada

(de 0 a 6,0 pontos); controlada (de 6,01 a 8,0); adequada (de 8,01 a 9,0); e ambiental

(de 9,01 a 10,0 pontos), conforme metodologia elaborada por LOUREIRO (2005).

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V. PARÂMETROS PARA A AVALIAÇÃO DE ATERROS INDUSTRIAIS

O aterro é uma forma de disposição de resíduos no solo que, fundamentado

em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, garante um

confinamento seguro em termos de poluição ambiental e saúde pública (NETO, et al

1985).

Na presente dissertação, as variáveis do sistema proposto para a classificação

de aterros de resíduos industriais foram elaboradas de modo a priorizar parâmetros

relativos à ciência da Geotecnia Ambiental, de maneira a preservar a qualidade do

substrato de solo e das coleções hídricas, para evitar qualquer possibilidade de

contaminação dos mesmos nesta tipologia de aterros. As variáveis propostas foram

mensuradas com o auxílio da ferramenta Análise do Valor, como análise multicriterial.

Para tanto, foram analisadas variáveis que englobam a questão da

preservação do ambiente como um todo – contaminação de solos, recursos hídricos e

atmosférica e impacto de vizinhança com o entorno da área – bem como o sistema de

gestão ambiental e de aspectos relacionados à segurança e saúde humana. De

acordo com a DZ-1311/94, “não é permitida a disposição de resíduos industriais

diretamente no solo, sem que haja os controles necessários”.

As fontes de pesquisa foram a norma vigente para implantação de aterros de

resíduos industriais classe I no país (ABNT NBR 10157:1987); diretrizes técnicas do

órgão ambiental do estado do Rio de Janeiro – FEEMA – (DZ-1311/94 e DZ-1313/01)

e de São Paulo – CETESB – (NETO, et al 1985; PROCEDIMENTO L10101, 1988);

além de variáveis pertinentes colhidas dos sistemas propostos pela Cetesb – órgão

ambiental do estado de São Paulo, que elaborou IQR –, por FARIA (2002) – IQA – e

por LOUREIRO (2005) – IQS – sendo estes referentes à classificação de aterros

sanitários. Nos aspectos relativos à gestão de segurança, meio ambiente e saúde,

foram consideradas também algumas variáveis aferidas pelo sistema de auditoria

ambiental da Petrobras em aterros que recebem resíduos industriais classe I, para a

destinação de resíduos desta empresa. Parâmetros estipulados pela Agência de

Proteção Ambiental Americana (USEPA) e pela diretriz 1999/331/CE do Conselho da

União Européia, também foram avaliados.

Desta maneira, as variáveis foram organizadas em 4 grupos de critérios com

diferentes parâmetros, sendo eles:

1. de localização do aterro;

2. da infra-estrutura implantada no aterro;

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3. das condições operacionais do aterro;

4. do sistema de gestão de segurança, meio ambiente e saúde (SMS) do aterro.

De acordo com a USEPA, os padrões do projeto para aterros industriais

requerem: uma barreira de proteção dupla; sistemas duplos de captação e da remoção

do lixiviado; sistema de detecção de vazamento; controle da água de infiltração e de

dispersão de vento; além de programa da garantia de qualidade da construção. Não

pode haver descarte de resíduos líquidos. A inspeção e o monitoramento da área

devem ser constante.

Em linhas gerais e de acordo com RODRIGUES (2003), as condicionantes

técnicas para os aterros industriais se dividem em três grupos: projeto; operação e

finalização.

Para o grupo projeto devem ser estudadas as condições para os sistemas de

impermeabilização; para os limites operacionais (condições físicas, químicas, etc) e as

condições geotécnicas relativas à qualidade do solo.

Nas condicionantes relativas à operação, são propostos o monitoramento do

lençol freático, o gerenciamento dos percolados e o do maciço de solo.

Para a finalização do aterro, RODRIGUES (2003) sugere o fechamento

(selamento) após o uso, bem como a manutenção da área após o fechamento (por 10,

20 ou até 30 anos) e o reaproveitamento da mesma após o encerramento.

5.1. Parâmetros relativos ao critério de localização

Assim como um aterro sanitário, ou outra alternativa de deposição de rejeitos,

um aterro de resíduos industriais deve ser localizado em uma área conveniente, de

forma a minimizar os riscos à saúde humana e ao meio ambiente.

A importância de se analisar aspectos relacionados à localização dos aterros

se dá também para favorecer a redução dos custos relativos ao preparo, operação e

fechamento do aterro.

O local de implantação de um aterro deve atender: ao planejamento do

desenvolvimento econômico, social e urbano da região; às diretrizes fixadas para o

uso e ocupação do solo; à proteção da saúde pública; e à defesa do meio ambiente

(NETO, et al 1985).

Os índices de qualidade estudados para aterros sanitários – IQR, IQA e IQS –

agrupam alguns destes parâmetros no item denominado “características do local”.

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Nesta dissertação foram definidos os seguintes parâmetros relacionados às

características do local: geotécnicos; hidrogeológico; clima; hidrológico; topografia;

conformidade legal; características do entorno; áreas de empréstimo e vida útil.

5.1.1. Geotécnicos

A geologia e o tipo de solo existente na área de implantação de um aterro

industrial são informações importantes na determinação da capacidade de depuração

do solo e da velocidade de infiltração.

De acordo com instrução técnica da FEEMA-RJ para requerimento de licenças

para aterros de resíduos industriais perigosos (IT-1304/01), a caracterização geológica

e geotécnica do local do aterro industrial deve conter: perfil do solo; espessura;

granulometria, índice de vazios, porosidade; homogeneidade; constante de

permeabilidade e limites de plasticidade e liquidez; posição e dinâmica do lençol

freático; qualidade e importância econômica das águas subterrâneas.

As investigações devem ser realizadas através de técnicas correntes,

mapeamento detalhado da superfície, sondagens diretas e indiretas, ensaios “in situ” e

laboratoriais.

Para sondagens de recolhimento, a IT-1304/01 recomenda o número de

mínimo de furos de acordo com a área do aterro, conforme quadro:

Quadro 5.1: número de furos de sondagem conforme área do aterro

ÁREA DO ATERRO (A) (m2) NÚMERO DE FUROS

A < 1500 3

1500 < A < 25000 6

25000 < A < 35000 9

35000 < A < 45000 12

A > 45000 A critério da FEEMA

Fonte: IT-1304/01-R.5 – FEEMA / RJ

Para este parâmetro foram analisadas as seguintes variáveis: capacidade de

suporte do solo; e permeabilidade do solo.

5.1.1.1. Capacidade de suporte do solo

Em qualquer tipologia de aterro – destinado a resíduos urbanos ou industriais –

deve-se assegurar a estabilidade do substrato geológico, bem como da massa de

resíduos e das estruturas associadas, de modo a evitar desabamentos.

Por capacidade de carga de um solo, sabe-se que é a pressão que, aplicada a

ele, causa seu colapso ou escorregamento. Pode-se acrescentar a esta pressão um

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coeficiente de segurança, da ordem de 2 a 3, para se obter a pressão admissível,

tanto à ruptura quanto às deformações excessivas do solo.

Mesmo não sendo um termo geotécnico adequado, esta variável permaneceu

com a mesma nomenclatura adotada pelo IQR. Na realidade, será avaliada a

capacidade de resistência do solo à compressibilidade, deformações e recalques.

A compressibilidade é definida como a capacidade do solo em mudar de forma

ou de volume quando submetido a forças externas. Nos solos finos a

compressibilidade é mais elevado do que nos solos grossos, porque a estrutura

granular é mais ampla e complexa, e os grãos, escamosos ou alongados, sofrem

deformações por flexão ou dobramento. Esses solos, quando submetidos a uma

pressão externa, sempre estarão sujeitos à compressão. Por outro lado, como a

permeabilidade é baixa e a água tem dificuldade de sair dos poros, para fora da massa

de solo, a estrutura suporta uma parte de pressão exercida, sendo a outra suportada

pelo líquido (NETO et al, 1985).

Durante o processo de compressibilidade, os vazios do solo vão diminuindo e,

conseqüentemente, os recalques desenvolvem-se ao longo do tempo. Existem dois

tipos normais de recalque: por adensamento, onde o índice de vazios se altera e

ocorre uma variação de volume (característicos de carregamentos permanentes com

drenagem de líquidos); e o imediato, que ocorre sem alteração do índice de vazios, ou

seja, a volume constante, sendo típico das areias e de carregamentos rápidos das

camadas de argila, logo após a aplicação da carga.

Os ensaios de sondagem à percussão, eventualmente complementados por

outros ensaios geotécnicos, fornecem os perfis geotécnicos dos solos, de onde se

pode estimar sua capacidade de carga. Estes perfis indicam os horizontes dos

diversos tipos de solo, suas resistências e a posição do nível d’água.

Adotando a pontuação estudada por FARIA (2002), o peso máximo – cinco – é

considerado para capacidade de suporte do solo avaliada como adequada, ou seja,

compatível com a massa de resíduo depositada, com a velocidade de disposição dos

resíduos e também com o tráfego de máquinas pesadas.

Caso contrário, este quesito receberá avaliação inadequada, com peso mínimo

igual a zero.

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Tabela 5.1 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

Adequada 5 Capacidade de suporte do solo

inadequada 0

5.1.1.2. Permeabilidade do solo

Apesar de o termo geotécnico mais apropriado para esta variável ser

condutividade hidráulica do solo, será adotada a mesma nomenclatura do IQR, ou

seja, permeabilidade de solo.

Dependendo do tipo e estado do solo, seu grau de saturação, sua estrutura e

anisotopria, e temperatura, os coeficientes de condutividade hidráulica (k) dos solos

são tanto menores quanto menores os vazios nos mesmos e, conseqüentemente,

quanto menores as partículas.

Existem alguns procedimentos para a determinação do coeficiente de

condutividade hidráulica dos solos. São eles: ensaios com permeâmetros (de carga

constante ou carga variável); ensaios de campo; ou métodos indiretos.

O coeficiente de condutividade hidráulica (k) dos solos foi determinado por

LAMBE & WHITMAN (1970) de acordo com a seguinte tabela:

Tabela 5.2: Classificação dos solos de acordo com o coeficiente de permeabilidade

(LAMBE & WHITMAN, 1970)

Grau de permeabilidade k (cm/s)

Alta k > 10-1

Média 10-1 < k <10-3

Baixa 10-3 < k <10-5

Muito baixa 10-5 < k <10-7

Praticamente impermeável para fins de engenharia k < 10-7

Alguns fatores influenciam na variação do coeficiente de condutividade

hidráulica do solo. Pelo estado do solo, quanto mais fofo ele é, mais permeável.

Pelo grau de saturação, sabe-se que um solo não saturado tem coeficiente de

condutividade hidráulica menor do que o que ele apresentaria se estivesse totalmente

saturado.

Outro fator é a anisotropia e estrutura do solo: a condutividade hidráulica não

depende só da quantidade de vazios do solo, mas também da disposição relativa dos

grãos. Por exemplo, solos residuais e os evoluídos pedologicamente, apresentam

graus de permeabilidade maiores em função dos macroporos de sua estrutura, por

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onde a água percola mais rapidamente. Pela anisotropia, sabe-se que os solos

sedimentares apresentam maiores coeficientes de condutividade hidráulica na direção

horizontal do que na vertical.

A influência da estrutura é notada também nos solos compactados: geralmente,

quando compactado mais seco, a disposição das partículas (estrutura floculada)

permite maior passagem de água do que quando compactado mais úmido (estrutura

dispersa), ainda que com o mesmo índice de vazios.

A temperatura influi no coeficiente de condutividade hidráulica, pois com ela

variam o peso específico e a viscosidade da água que percola pelo solo.

De acordo com as dimensões de suas partículas e dentro de determinados

limites convencionais, as frações constituintes dos solos recebem designações

próprias, que, de acordo com a escala granulométrica brasileira (ABNT), são:

- pedregulho – conjunto de partículas cujas dimensões (diâmetros

equivalentes) estão compreendidas entre 76 e 4,8mm:

- areia: entre 4,8 e 0,05mm;

- silte: entre 0,05 e 0,005mm;

- argila: inferiores a 0,005mm.

A tabela abaixo (CASAGRANDE & FADUM, 1944) associa os diferentes tipo de

solo com a permeabilidade.

Tabela 5.3: Intervalo de variação de k para os diferentes tipos de solos

(CASAGRANDE & FADUM, 1944)

Tipo de solo k (cms)

Pedregulho k > 1

Areia 10-3 < k < 1

Silte argiloso 10-7 < k < 10-3

Argila k < 10-7

Impermeável para fins de engenharia k < 10-8

Pela DZ-1313/01 (FEEMA-RJ), diretriz técnica para impermeabilização inferior

e superior de aterros de resíduos industriais perigosos, para a construção destes

“deverão ser selecionadas, preferencialmente, áreas naturalmente impermeáveis”,

caracterizadas pelo “baixo grau de saturação, pela relativa profundidade do lençol

freático, e pela predominância no subsolo, de material argiloso com coeficiente de

permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10-7 centímetros/segundo”.

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Esta mesma diretriz ainda proíbe a construção de aterros em áreas cuja

predominância no subsolo seja de material com coeficiente de permeabilidade maior

que 1,0 x 10-4 centímetros/segundo.

A Diretriz 1999/331/CE do Conselho da União Européia, de 26/04/1999, relativa

à deposição de resíduos em aterros, determina que tanto a base quanto os taludes do

aterro devem ser constituídos de uma camada mineral que satisfaça as condições de

permeabilidade e espessura de efeito combinado em termos de proteção do solo e das

águas subterrâneas e de superfície, pelo menos equivalente à que resulta das

seguintes condições:

• Aterros para resíduos perigosos: k ≤ 1,0 x 10-7cm/s – espessura ≥ 5m;

• Aterros para resíduos não perigosos: k ≤ 1,0 x 10-7cm/s – espessura ≥ 1m;

• Aterros para resíduos inertes: k ≤ 1,0 x 10-5cm/s – espessura ≥ 1m;

Sempre que a barreira geológica não ofereça de maneira natural as condições

acima descritas, deverá ser complementada e reforçada artificialmente por outros

meios que resultem em proteção equivalente.

Para a baixa permeabilidade do solo, de acordo com a DZ-1313/01 (FEEMA-RJ),

foi definido peso cinco para um solo cujo coeficiente de permeabilidade tenha valores

menores ou iguais a 10-7cm/s (baixa permeabilidade). A média permeabilidade estará

compreendida no intervalo de 10-7cm/s a 10-5cm/s, com peso dois; e a alta para k ≥10-

5cm/s, peso zero.

Tabela 5.4 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

Baixa (k ≤ 10-9cm/s) 5

Média (10-7 ≤ k ≤ 10-9cm/s) 2

Permeabilidade

Alta (k ≥ 10-5 ) 0

5.1.2. Hidrogeológico: nível d’água subterrâneo em época de máxima precipitação

Este parâmetro se refere à profundidade do lençol freático em época de

máxima precipitação.

De acordo com a ABNT NBR 10157:1987, “entre a superfície inferior do aterro

e o mais alto nível do lençol freático deve haver uma camada de espessura mínima de

1,50m de solo insaturado. O nível do lençol freático deve ser medido durante a época

de maior precipitação pluviométrica da região”.

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A DZ-1311/94 (FEEMA-RJ) estipula como 2 (dois) metros a distância mínima

entre o nível inferior do aterro e o nível mais alto do lençol freático, determinado em

época de máxima precipitação.

Assim, a avaliação do aterro receberá peso zero, quando a profundidade (x) do

lençol freático for menor que dois metros, por ser este o afastamento mínimo (mais

restritivo) recomendado para a proteção do recurso natural, evitando danos ambientais

e riscos à saúde e segurança humana.

FARIA (2002), através do IQA, adota peso quatro para a profundidade (x) do

lençol freático em época de máxima precipitação acima de 3 metros, pontuação que

deve ser mantida por se tratar de maior restrição quanto a espessura do substrato

exigida.

Analogamente ao IQA, a faixa entre 2 e 3 metros de profundidade (x) do lençol

freático receberá peso dois.

Tabela 5.5 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

x > 3m 4

2m < x < 3m 2

Profundidade do lençol freático em

época de máxima precipitação

x < 2m 0

5.1.3. Clima

Para o parâmetro clima foram propostas as seguintes variáveis: pluviometria;

direção predominante dos ventos; e recorrência de chuvas de inundação.

5.1.3.1. Pluviometria

O índice pluviométrico da área onde está instalado o aterro influencia

diretamente na quantidade (volume) e na qualidade do líquido percolado gerado.

Portanto, quanto maior o índice pluviométrico do local, maior geração de

lixiviado.

Assim, de acordo com o índice de pluviometria, o aterro será avaliado conforme

tabela 5.5.

Tabela 5.5 – avaliação quanto à pluviometria da área

Variável Avaliação Peso

até 2000 (mm/ano) 1 Pluviometria

> 2000 (mm/ano) 0

93

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5.1.3.2. Direção predominante dos ventos

Existem estudos que comprovam a incidência de doenças respiratórias em

residentes em comunidades no entorno de aterros de resíduos. Além disso, a direção

dos ventos predominantes não deve possibilitar o transporte de poeira ou maus odores

para núcleos habitacionais.

Por isso a importância da direção predominante dos ventos, se em direção a

centros urbanos ou contrária a estes.

Desta forma, será adotado peso zero para aterros localizados em áreas onde

os ventos predominantes vão em direção a área urbana e peso um para ventos em

direção contrária a área urbana.

Tabela 5.6 – avaliação quanto à direção predominante dos ventos

Variável Avaliação Peso

Direção contrária a área urbana 1 Direção predominante dos ventos

Em direção a área urbana 0

5.1.3.3. Recorrência de chuvas de inundação

Segundo a ABNT NBR 10157:1987, “o aterro não deve ser executado em

áreas sujeitas a inundações, em períodos de recorrência de 100 anos”.

Desta maneira, se o período de recorrência de chuvas de inundação for maior

ou igual a 100 (cem) anos, o peso atribuído ao aterro será um. Do contrário, período

menor que cem anos, peso igual a zero.

Tabela 5.7 – avaliação quanto ao período de recorrência de chuvas

Variável Avaliação Peso

≥ 100 anos 1 Período de recorrência de chuvas de

inundação < 100 anos 0

5.1.4. Hidrológico: distância de corpos d’água superficiais

O parâmetro hidrológico é referente à proximidade do aterro à cursos d’água

superficiais.

Pela ABNT NBR 10157:1987, “o aterro deve ser localizado a uma distância

mínima de 200m de qualquer coleção hídrica ou curso d’água; a critério do OECA,

essa distância poderá ser alterada”.

Como a FEEMA-RJ tem uma diretriz mais restritiva, a DZ-1311/94, que

recomenda que ”o aterro deverá situar-se fora da faixa marginal de proteção de

94

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qualquer corpo d’água e respeitada a distância mínima de 300 (trezentos) metros”,

esta será adotada para a distância mínima.

Desta maneira, se o aterro se localiza longe, ou seja, a uma distância (d)

superior a 300m de qualquer curso d’água superficial, receberá peso três. A distância

sendo menor que 300m mas havendo a aprovação do OECA, garante pontuação igual

a um. Do contrário, o peso adotado será zero, pela potencialidade de comprometer o

uso público do recurso natural.

Tabela 5.8 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

longe, d > 300m 3

d < 300m, com aprovação do OECA 1

Proximidade de corpos d’água

superficiais

d < 300m, sem aprovação do OECA 0

5.1.5. Topografia (forma e declividade do terreno)

Esta característica é um fator determinante na escolha do método construtivo e

nas obras de terraplenagem para a construção da instalação.

Devem ser analisadas duas variáveis: a declividade do terreno e as formas do

relevo.

A ABNT NBR 100157:1987 recomenda locais com declividade superior a 1% e

inferior a 20%.

Pela DZ-1311/94, “não é permitida a instalação de aterros em áreas

inundáveis”.

São recomendados terrenos levemente inclinados ou encostas suaves, em

detrimento de encostas íngrimes ou zonas alagáveis.

Assim, áreas com declividade (x) alta (acima de 20%) ou muito baixa (abaixo

de 1%), receberão peso zero. Para a declividade média recomendada (maior que 1%

e menor que 20%), será atribuído peso um.

Tabela 5.9 – avaliação quanto à declividade do terreno

Variável Avaliação Peso

1% < x < 20% 1 Declividade do terreno

1% > x > 20% 0

95

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5.1.6. Conformidade Legal

A legislação vigente impõe restrições de âmbito federal, estadual e municipal

para a implantação de aterros. Caso a área de disposição não seja vedada por lei, a

localidade é permitida.

A DZ-1311/94 proíbe a instalação de aterros em áreas de recarga de aqüíferos,

de proteção de mananciais, mangues e habitat de espécies protegidas, ecossistemas

de áreas frágeis ou em todas aquelas definidas como de preservação ambiental

permanente, conforme legislação em vigor.

O critério legal perde um pouco do valor muitas vezes pela falta de estrutura

dos órgãos públicos brasileiros na análise e licenciamento de muitos

empreendimentos. Pode ocorrer de certo empreendimento funcionar com tecnologias

inovadoras e até desconhecidas pelos órgãos públicos, muitas vezes estrangeira,

porém eficazes do ponto de vista operacional e de preservação do meio ambiente.

Mas o cenário ideal seria, além de tudo, a conformidade legal do empreendimento.

5.1.6.1. Autorização do município

O aterro deve possuir autorização do município para seu devido

funcionamento. O ideal é a estipulação de uma zona específica determinada pela lei

de zoneamento municipal para a implantação do aterro, de maneira que esteja

também localizada próximo aos centros produtores dos resíduos.

Algumas leis estaduais, como no Rio de Janeiro, por exemplo, e a lei federal,

definem ZEI’s – zonas de uso estritamente industrial – como locais especificamente

para implantação de indústrias. Estas são zonas de concentração da atividade

industrial que devem ser consideradas no momento da escolha da área para

implantação de um aterro industrial, para que esteja próximo aos centros produtores

de resíduos.

Através de seus planos diretores, os municípios devem definir as diretrizes do

desenvolvimento urbano com o adequado zoneamento e lei de uso e ocupação do

solo, de maneira a tornar a cidade funcional, minimizando ao máximo os impactos de

vizinhança e ambientais.

Esta a importância da autorização do município para a implantação de um

aterro, no sentido da conformidade do uso e ocupação do solo.

Assim, havendo a autorização do município, o aterro recebe peso cinco. Não

havendo, peso zero.

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Tabela 5.10 – avaliação quanto à autorização municipal

Variável Avaliação Peso sim 5 Autorização do município não 0

5.1.6.2. Licenciamento do OECA (órgão estadual de controle ambiental)

Dependerão de licenciamento ambiental, sem prejuízo de outras licenças

exigíveis, a localização, a construção, a instalação, a ampliação, a modificação e a

operação dos empreendimentos ou atividades que utilizarem recursos ambientais,

efetiva ou potencialmente poluidoras, ou capazes, sob qualquer forma, de causar

degradação ambiental.

Segundo a DZ-1311/94 da FEEMA, a instalação e operação do aterro deverão

atender às restrições das licenças ambientais e não alterar a qualidade das coleções

hídricas.

Para os aterros que possuem a devida licença de operação emitida pelo OECA

será atribuído peso um. Os que não possuem, receberão peso zero.

Tabela 5.11 – avaliação quanto ao licenciamento ambiental

Variável Avaliação Peso

Licenciado 1 Licença ambiental

Não licenciado 0

5.1.6.3. Existência de notificações e / ou multas

Em pesquisa realizada com algumas auditorias do sistema de gestão integrado

realizadas pela Petrobrás, pôde-se observar que o fato de existir qualquer notificação

ou multa emitida pelo OECA, ou mesmo alguma exigência adicional de ordem

municipal para o empreendimento é fato considerado.

Portanto, o caso de haver alguma notificação ou multa implica em peso zero

para o aterro. Não havendo, será atribuído peso um.

Tabela 5.12 – avaliação quanto à existência de notificações / multas

Variável Avaliação Peso

não 1 Existência de notificações e/ou multas

sim 0

5.1.6.4. Certificação de qualidade ambiental

Este parâmetro aponta para a certificação do aterro em relação à qualidade

ambiental e de gestão dos sistemas de segurança no trabalho e saúde ocupacional do

aterro.

97

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Para a qualidade ambiental, deve ser seguida a norma ISO 14.001, que reflete

em peso um para o aterro. Caso contrário, receberá peso zero.

Tabela 5.13 – avaliação quanto à certificação de qualidade ambiental

Variável Avaliação Peso

sim 1 Certificação

não 0

5.1.7. Características do entorno

A lei federal 10.157/01, conhecida como Estatuto da Cidade, aponta a

obrigatoriedade da elaboração do Plano Diretor participativo para os municípios

brasileiros com mais de 20 mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas ou

com interesses turísticos, entre outros. Pelo plano diretor, uma das exigências que

devem ser feitas para a localização de determinado empreendimento é o Estudo de

Impacto de Vizinhança – EIV –, instrumento previsto pelo Estatuto da Cidade que

avaliará as características do entorno da área em que será implantado o

empreendimento, contemplando seus efeitos positivos e negativos quanto à qualidade

de vida da população residente em suas proximidades, além de apontar as medidas

de proteção à saúde humana e de preservação ambiental.

Um dos instrumentos de planejamento urbano propostos pelos planos diretores

é o zoneamento municipal e a ordenação do uso e ocupação do solo urbano. Através

da definição de zonas específicas e dos parâmetros de uso e ocupação do solo

propostos, um empreendimento receberá ou não autorização do município para sua

implantação e funcionamento. Além da ordenação do território municipal, o

zoneamento prevê a minimização dos impactos de vizinhança e ambientais.

Assim deve-se levar em consideração a proximidade de núcleos habitacionais,

a distância dos centros produtores de resíduos e de ecossistemas sensíveis.

A questão da acessibilidade à área do aterro e a preservação de faixas de

domínio de rodovias também são consideradas por este parâmetro de características

do entorno.

5.1.7.1. Distância de núcleos habitacionais

A ABNT NBR 10157:1987 sugere que a distância mínima do limite da área útil

do aterro a núcleos populacionais seja de 500m.

Com relação a este parâmetro, a DZ-1311/94 da FEEMA é mais restritiva que a

norma brasileira, relatando que “a área útil do aterro deverá localizar-se no mínimo a

1.000 (mil) metros de residências, de hospitais, clínicas e centros médicos e de

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reabilitação, de escolas, de asilos, de orfanatos e creches, de clubes esportivos e

parques de diversões e outros equipamentos de uso comunitário já existentes ou

previstos”. Desta maneira será considerada a distância recomendada pela DZ.

Para avaliação com peso dois, será considerada a distância de núcleos

habitacionais acima de mil metros, e menos que isso, será considerado peso zero.

Tabela 5.14 – avaliação quanto à distância de núcleos habitacionais

Variável Avaliação Peso > 1000m 2 Distância de núcleos habitacionais < 1000m 0

5.1.7.2. Distância de centros produtores

A distância dos centros produtores de resíduos à localização do aterro deve ser

levada em consideração pelo custo do transporte e pelo zoneamento adotado pelo

município em que se localiza.

Um aterro industrial localizado numa zona destinada a atividades industriais, ou

próximo a ela terá maior pontuação que a situação inversa. Este fato, além de

minimizar os custos relativos ao transporte dos resíduos, evita transtornos sociais e

urbanos ao entorno da área em que esteja localizado o aterro.

Desta maneira, adotou-se a distância de centros produtores localizados a

menos que 10 km como a mais aceitável, sendo para isto atribuído peso dois. Entre 10

e 20 km, seria uma condição intermediária (peso um), e maior que 20km, indesejável

para a localização do aterro, peso zero.

Tabela 5.15 – avaliação quanto à distância de centros produtores

Variável Avaliação Peso

d < 10 km 2

10 km < d < 20 km 1

Distância (d) de centros produtores

d > 20 km 0

5.1.7.3. Distância de ecossistemas sensíveis

A DZ-1311/94 da FEEMA não permite a “instalação de aterros em áreas de

recarga de aqüíferos, áreas de proteção de mananciais, mangues e habitats de

espécies protegidas, ecossistemas de áreas frágeis, ou em todas aquelas definidas

como de preservação ambiental permanente, conforme legislação ambiental em vigor”,

o que é reiterado pela DZ-1313/01 do mesmo órgão.

SILVA (2005) considera meio ambiente como qualquer ecossistema sensível –

mangue, praia, costões, área de proteção ambiental e outros ecossistemas protegidos.

Para estes ambientes determinou quatro faixas de distância que pode os separar de

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uma área contaminada por petróleo, situação que pode ser tomada como análoga a

uma área de disposição de aterros de resíduos industriais. Apesar de SILVA (2005)

adotar a menor faixa de distância entre 0 e 500 (quinhentos) metros, de maneira mais

restritiva que a legislação estadual para distância de corpos hídricos superficiais, será

mantida a mesma distância mínima de 300 (trezentos) metros adotada para recursos

hídricos superficiais, considerando que estes também são caracterizados pela

sensibilidade do ecossistema.

Desta maneira, o aterro receberá peso mínimo quando estiver localizado a até

300 metros de qualquer ecossistema sensível sem aprovação do OECA. Para

distância menor que 300m mas havendo a aprovação do OECA, pontuação igual a

um, e peso dois, quando esta distância for maior que trezentos metros.

Tabela 5.16 – avaliação quanto à distância de ecossistemas sensíveis

Variável Avaliação Peso d > 300 m 2

d ≤ 300 m, com aprovação do OECA 1 Distância (d) de ecossistemas sensíveis

d ≤ 300 m, sem aprovação do OECA 0 5.1.7.4. Distância de faixas de domínio de rodovias

Seguindo a DZ-1311/94, adotou-se como 50 (cinquenta) metros a distância

mínima para a localização de um aterro em relação à faixa de domínio das rodovias

municipais, estaduais e federais.

Atingindo esta distância, o aterro recebe pontuação de dois. Não atingindo,

pontuação de zero.

Tabela 5.17 – avaliação quanto à distância de faixas de domínio de rodovias

Variável Avaliação Peso

d > 50 m 2 Distância (d) de faixas de domínio

d ≤ 50 m 0

5.1.7.5. Acessibilidade

O aterro deve ser localizado o mais próximo possível dos centros produtores de

resíduos, além de apresentar um acesso livre de trânsito intenso, com vistas à

redução dos custos de transporte.

A malha viária deve estar sempre conservada e em constante manutenção,

pelo desgaste proveniente do tráfego de veículos pesados.

Não havendo no entorno malha viária, ou havendo, porém em estado precário,

de maneira que não garanta o seguro acesso ao aterro, será atribuído peso mínimo

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igual a zero. Havendo malha viária de acesso em boas condições, peso atribuído de

três.

Tabela 5.18 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

Malha viária em boas condições 3 Acessibilidade

Inexistência de malha viária ou em condições precárias 0

5.1.8. Áreas de empréstimo

Este parâmetro pode refletir nas condições operacionais do aterro, como custo

de transporte de material para recobrimento, assim como nas questões relativas à

preservação da qualidade das coleções hídricas, pela qualidade referente ao material

de recobrimento.

Assim, devem ser analisadas tanto a qualidade e a quantidade deste material,

quanto a distância da jazida mais próxima ao aterro.

5.1.8.1. Disponibilidade de material para recobrimento

A disponibilidade de material para o recobrimento dos resíduos é de suma

importância, uma vez que o empréstimo de solo para esta finalidade encarece o custo

de operação de um aterro.

Se no próprio local do aterro houver material em quantidade satisfatória para o

recobrimento imediato dos resíduos, sem a necessidade de empréstimo, a avaliação

adotada como suficiente recebe peso quatro. Será avaliado como insuficiente, peso

dois, quando houver empréstimo parcial; e insuficiente, peso zero, nos casos de

empréstimo total.

Tabela 5.19 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente – sem empréstimo 4

insuficiente – empréstimo parcial 2

Disponibilidade do material de

recobrimento

nenhum – empréstimo total 0

5.1.8.2. Qualidade do material para recobrimento

O material para recobrimento mais adequado deve apresentar fácil

escavabilidade e textura argilo-arenosa de composição variando de 50% a 60% de

areia e o restante uma mistura equilibrada entre silte e argila.

Receberá avaliação boa, peso dois, o material com aproximadamente 50% de

areia, 25% de silte e 25% de argila. Se estas características do solo de recobrimento

não forem atingidas, deverá ser avaliado como ruim e peso mínimo de zero.

101

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Tabela 5.20 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

boa 2 Qualidade do material para

recobrimento ruim 0

5.1.9. Durabilidade (vida útil)

A ABNT NBR 10157:1987, recomenda a construção de aterros com vida útil

mínima de 10 anos.

Por ser mais restritiva, será utilizada a diretriz da FEEMA – DZ-1311/94 – que

recomenda que “o aterro deverá ser construído em áreas cujas dimensões permitam

sua utilização por período mínimo de 20 (vinte) anos”, da mesma maneira redigido na

DZ-1313/01 do mesmo órgão.

O peso adotado será de um para a previsibilidade de vida útil maior que 20

anos, e peso zero para menor que vinte anos.

Tabela 5.21 – avaliação quanto à vida útil

Variável Avaliação Peso

> 20 anos 1 Vida útil

< 20 anos 0

5.2. Parâmetros relativos ao critério infra-estrutura implantada

Após a análise dos parâmetros relacionados a localidade do aterro, o passo

seguinte é a verificação da infra-estrutura implantada para seu funcionamento, ou seja,

as obras de engenharia ali instaladas que visam a plena operação da área.

Para isto foram definidos como parâmetros de avaliação: isolamento e

sinalização; equipamentos; infra-estrutura básica; impermeabilização de base;

sistemas de drenagem; sistemas de tratamento; impermeabilização e cobertura final.

5.2.1. Isolamento e sinalização

O isolamento do aterro consiste no fechamento com cerca e portão, que

circunda completamente a área em operação, construído com objetivo de impedir o

acesso de pessoas estranhas e animais.

5.2.1.1. Isolamento visual da área / cinturão verde

É aconselhável o isolamento visual do local escolhido para a implantação do

aterro, evitando a poluição visual e a depreciação patrimonial excessiva da redondeza.

O cinturão verde consiste num cinturão executado como cerca viva, com

espécies arbóreas no perímetro da instalação.

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“A área útil do aterro deverá ser isolada por faixa de vegetação (cinturão verde)

composta por plantas lenhosas, arbóreas, arbustivas e até herbáceas, dispostas no

entorno da área destinada a aterro industrial”, segundo a DZ-1311/94.

No caso de haver cinturão verde, ou outra alternativa que atenda à finalidade

de um bom isolamento visual a que se propõe, se atinge peso quatro. Caso contrário,

peso zero.

Tabela 5.22 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 4 Isolamento visual

não 0

5.2.1.2. Cercamento da área

O cercamento da área é uma medida de segurança, de forma a impedir o

acesso de pessoas estranhas e animais.

A existência de cercamento da área garante pontuação de dois pontos.

Tabela 5.23 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 2 Cercamento da área

não 0

5.2.1.3. Portão de acesso com guarita

De acordo com os critérios adotados pela DZ-1311/94, a área do aterro deve

impedir o acesso de pessoas estranhas e de animais, sendo isolada e controlada.

A portaria / guarita deve ser o único acesso ao aterro, tendo como função o

controle da entrada e saída de veículos. Neste local são realizados os trabalhos de

recepção, inspeção e controle dos caminhões e veículos que chegam na área do

aterro, bem como o controle do recebimento de cagas.

Na portaria deve ocorrer a identificação e anotação dos funcionários, visitantes

e veículos que ingressam no aterro, preenchimento do formulário padrão de controle

de caminhões com as seguintes informações: placa do veículo, hora de entrada e

origem do resíduo, peso carregado e peso descarregado.

O portão garante o isolamento da área, de forma a impedir o acesso de

pessoas estranhas e animais. Os portões devem permanecer fechados fora das áreas

de funcionamento.

A portaria / guarita cumprindo sua função garante pontuação igual a um.

103

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Tabela 5.24 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 1 Portaria / guarita

não 0

5.2.1.4. Sinalização

A sinalização consiste em placas indicativas das unidades e advertência nos

locais de risco.

O aterro deve conter sinalização na(s) entrada(s) e na(s) cerca(s) com

tabuletas contendo os dizeres “Perigo – Não Entre”, conforme ABNT NBR 10157:1987.

Conforme a tabela 5.25, será avaliado o aterro quanto à sinalização.

Tabela 5.25 – avaliação quanto à sinalização

Variável Avaliação Peso

sim 2 Sinalização

não 0

5.2.2. Equipamentos

Dentre os equipamentos operacionais para o funcionamento de um aterro,

foram elencados: balança; trator de esteiras ou compatível; demais equipamentos

listados no item 5.2.2.3.

5.2.2.1. Balança

A disposição em aterro deve ser controlada e gerida de forma a evitar ou

reduzir os potenciais efeitos negativos sobre o ambiente e os riscos para a saúde

humana.

As pesagens periódicas são a melhor forma de se conhecer as quantidades de

resíduos gerados, assim como as flutuações que podem ocorrer de acordo com as

épocas do ano. Assim, a utilização de balanças, de capacidade mínima de 30

toneladas é de suma importância. Recomendam-se balanças automáticas para evitar

erros e fraudes.

Devem estar disponíveis na balança fichas e documentos contendo, entre

outras informações, cópia do laudo de classificação para caracterização dos resíduos

sólidos industriais provenientes de cada um dos geradores, “clientes” do aterro.

Os caminhões com carga de resíduos, que chegarem na área da balança de

pesagem, devem ficar estacionados em local adequado para espera junto ao

acostamento lateral da balança, até que as verificações preliminares e eventual coleta

de amostras para realização de ensaios expeditos comprovem a caracterização e

104

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adequação dos resíduos industriais aos parâmetros especificados no manifesto de

resíduos do transportador, bem como no laudo de classificação dos resíduos

industriais.

A existência da balança garante a pontuação dois para o aterro.

Tabela 5.26 – avaliação quanto à existência de balança

Variável Avaliação Peso

sim 2 Balança

não 0

5.2.2.2. Trator de esteiras ou compatível

O rendimento operacional ou produção de máquinas e equipamentos de

terraplenagem como tratores de esteira, pás-mecânica, rolos compactadores e outros,

pode ser calculado facilmente com a ajuda de manuais de produção, sempre que o

trabalho é feito em solos conhecidos, como saibro, argila, areia, etc. O equipamento

recomendado para compactação dos resíduos sólidos e da camada de cobertura é o

trator de esteira, que alcança maior eficiência.

Estudos comprovam que o trator de esteira mais aconselhável é o tipo D6, de

modo que apresenta melhor compactação, num menor número de passadas.

O desmonte das “pilhas” de resíduos deve ser feito com o auxílio da lâmina do

trator de esteira, que, em seguida, procederá a seu espalhamento e compactação.

Assim, o equipamento recomendado para a compactação do resíduo e da camada de

cobertura, por alcançar grande eficiência, é o trator de esteira.

O equipamento de compactação deve estar permanentemente à disposição na

frente de operação do aterro.

A permanência constante e a eficiência satisfatória de um trator de esteira no

aterro requerem a avaliação máxima de cinco. A permanência periódica ou a

ineficiência solicita peso dois, pois não fica garantido o cobrimento adequado nem a

compactação.

Tabela 5.27 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

Permanente / eficiente 5

Periodicamente / ineficiente 2

Trator de esteira ou compatível

Inexistente 0

5.2.2.3. Outros equipamentos

Para a operação de um aterro, são necessários os seguintes equipamentos:

105

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• Trator de esteira, para espalhamento e compactação dos resíduos e das

camadas de recobrimento dos mesmos;

• Retro/pá carregadeira para construção dos sistemas de drenagem;

• Motoniveladora e rolo compactador vibratório, para compactação da base

impermeabilizante e da camada de capeamento final, bem como para

conservação das vias internas;

• Caminhão basculante para o transporte de terra;

• Caminhão-pipa para umedecimento periódico das vias de acesso em épocas

de estiagem;

• Estacas e piquetes de madeira, para demarcação dos serviços de

terraplenagem.

Esta variável é analisada segundo a tabela 5.28 abaixo:

Tabela 5.28 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 1 Outros equipamentos

não 0

5.2.3. Infra-estrutura básica

Trata-se da infra-estrutura básica para o funcionamento de um aterro.

Para este parâmetro foram elencadas as seguintes variáveis: luz, força, água,

telefone, esgoto; e as condições da malha viária interna.

5.2.3.1. Luz, força, água, telefone, esgoto

Consiste na ligação à rede de energia para uso dos equipamentos e ações de

emergência no período noturno, caso necessário; ligação à rede de telefonia fixa,

celular ou rádio para comunicação interna e externa, principalmente em ações de

emergência; ligação à rede pública de abastecimento de água tratada ou outra forma

de abastecimento, para uso nas instalações de apoio e para umedecimento das vias

de acesso.

A infra-estrutura básica também possibilita o uso imediato de diversos

equipamentos (bombas, compressores, etc).

O local deve possuir sistema de comunicação interno e externo, para pelo

menos permitir seu uso em ações de emergência.

Assim, a avaliação segue a tabela 5.29 abaixo:

106

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Tabela 5.29 – avaliação quanto à existência de infra estrutura básica

Variável Avaliação Peso

completa 1 Luz, força, água, telefone, esgoto

incompleta 0

5.2.3.2. Condições da malha viária interna

As vias internas devem ser construídas e mantidas de maneira a permitir sua

utilização sob quaisquer condições climáticas.

Atendendo a este quesito, a avaliação receberá peso dois.

Tabela 5.30 – avaliação quanto às condições da malha viária interna

Variável Avaliação Peso

boas 2 Condições da malha viária interna

precárias 0

5.2.4. Impermeabilização de base

Os aterros industriais deverão possuir sistema duplo de impermeabilização

inferior, composto de manta sintética sobreposta a uma camada de argila compactada,

de forma a alcançar coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10-7cm/s,

com espessura mínima de 60cm, devendo ser mantida uma distância mínima de dois

metros entre a superfície inferior do aterro e o nível mais alto do lençol freático

determinado em época de máxima precipitação.

Sobre o material sintético deverá ser assentada uma camada de terra com

espessura mínima de 50cm.

Na escolha da manta sintética a ser aplicada, deverão ser observados os

seguintes aspectos: resistência química aos resíduos a serem dispostos, o

envelhecimento à ozona, à radiação, à ultra violeta e aos microorganismos; resistência

à intempéries para suportar os ciclos de umedecimento – secagem; resistência à

tração, flexibilidade e alongamento, suficiente para suportar os esforços de instalação

e operação; resistência à laceração, abrasão e punção de qualquer material

pontiagudo ou cortante que possa estar presente nos resíduos; facilidade para

execução de emendas e reparos em campo em quaisquer circunstâncias.

A camada de impermeabilização de base deve garantir a segura separação da

disposição de resíduos no subsolo, impedindo a contaminação do lençol freático e do

meio natural através de infiltrações do percolado.

Um sistema de tratamento de base deve apresentar as seguintes

características: estanqueidade, durabilidade, resistência mecânica, resistência às

107

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intempéries, compatibilidade físico-química-biológica com os resíduos a serem

aterrados e seus percolados.

Dentre os materiais comumente empregados em tratamento de base de

aterros, destacam-se solos argilosos e argilas compactadas e as geomembranas

sintéticas. As camadas impermeabilizantes devem ser executadas com controle

tecnológico e atender a características tecnológicas de permeabilidade e espessura

mínima especificadas em norma, de forma a representar barreiras à migração de

poluentes contidos no percolado.

Pela experiência de países como os Estados Unidos e a Alemanha, o tipo de

geomembrana que tem se mostrado mais adequado para a impermeabilização de

base de aterros é a de polietileno de alta densidade (PEAD) com 2mm de espessura,

devido a suas características de resistência mecânica, durabilidade e compatibilidade

com uma grande variedade de resíduos.

Nos processos de impermeabilização, a garantia da qualidade não fica

atestada apenas pela definição de materiais, mas sim com adequado projeto de

aplicação e controle tecnológico de execução.

A DZ-1313/01 estabelece critérios para a impermeabilização de base de

aterros industriais. Estes aterros “deverão possuir sistema duplo de impermeabilização

inferior, composto por manta sintética sobreposta a uma camada de argila compactada

de forma a atingir um coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10-7

centímetros/segundo, com espessura mínima de 60 (sessenta) centímetros (...). sobre

o material sintético deverá ser assentada uma camada de terra com espessura mínima

de 50 (cinquenta) centímetros”.

Devido à pressões hidrostáticas e hidrogeológicas, bem como à condições

climáticas, tensões da instalação, da impermeabilidade ou originárias da operação

diária, este sistema duplo deverá ser construído de modo a evitar rupturas. Deverá,

também, ser assentado sobre uma base ou fundação capaz de suportá-lo, além de

resistir aos gradientes de pressão acima e abaixo da impermeabilização, de maneira a

evitar sua ruptura por assentamento com pressão ou levantamento do aterro.

Além disto, este sistema deverá cobrir toda a área útil do aterro, inclusive as

paredes laterais de cada célula, para que o percolado não entre em contato com o

solo natural.

• Geomembrana sintética

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O uso da resina de polietileno tem crescido nos últimos anos como matéria

prima para fabricação de geomembranas, para fins de revestimento

impermeabilizante. As primeiras geomembranas de PEAD (polietileno de alta

densidade) foram utilizadas na Europa em 1973 e nos EUA em 1974. Até os dias de

hoje, elas vêm sendo utilizadas, expostas ou enterradas, em obras de proteção

ambiental e contenção de fluidos.

Entre os polímeros usados na confecção de geomembranas flexíveis, incluem-

se, além do PEAD: borracha butílica; borracha de epiclorídrina (ECO); borracha de

nitrila; borracha de etileno-propileno (EPDM); cloreto de polivinila (PVC); elastômetros

termoplásticos; neopreno (borracha de cloropreno); polietileno clorado (CPE);

polietileno clorossulfonado (CSPE); poliolefinas elastificadas (ELPO); e terpolímero de

etileno-propileno (EPT) (NETO et al, 1985).

Existem diversos estudos na literatura internacional que comprovam a eficácia

destas geomembranas em obras realizadas há mais de 20 anos.

São mantas poliméricas flexíveis com permeabilidade extremamente baixa (da

ordem de 10-12cm/s) e que são utilizadas como barreiras para líquidos e vapores.

Um aspecto delicado é com relação às emendas necessárias na aplicação das

geomembranas em campo. Vazamentos podem ocorrer através de emendas mal

feitas, o que compromete a eficácia do material.

Os mecanismos que podem alterar ou causar danos à geomembrana são:

tensão de tração devido à deformação, altas temperaturas, oxidação e ataques

químicos.

Segundo LOUREIRO (2005), “para projetos bem concebidos e elaborados do

ponto de vista geotécnico e geossintético, a tensão na geomembrana, devido a

recalques e outras deformações, deve ser muito pequena. No fundo da vala de

resíduos, pequenos gradientes e pequenos recalques, não causarão grandes tensões

na geomembrana. Em taludes íngremes poderão ocorrer tensões de cisalhamento, por

isso é recomendado o uso de geomembranas texturizadas, que possuem maior

resistência de atrito de interface do que as lisas. Se o escorregamento relativo da

geomembrana versus talude for minimizado, tensões de cisalhamento poderão ser

geradas, mas provavelmente não ocorrerá tensionamento na geomembrana. É

recomendável se ter um ângulo de atrito na interface, sobre a geomembrana, maior

que sob a mesma, pois se ocorrer deslizamento sobre a geomembrana, a tensão

gerada será pequena”.

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Quando expostas a calor excessivo, podem estar sujeitas a mudanças de

propriedades físicas ou mecânicas.

• Argila compactada

Conforme ora citado, a camada de argila deverá ser compactada para atingir

coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0 x 10-7 centímetros/segundo e

possuir espessura mínima de 60 (sessenta) centímetros.

Durante os trabalhos, é fundamental um rigoroso controle de compactação em

cada espessura do solo espalhado, para verificar se o tratamento da base está de

acordo com as especificações definidas no projeto técnico.

NETO et al (1985) citam que um solo argiloso para ser considerado como

impermeabilização de aterros deve atender às seguintes características:

- ser classificado como CL, CH, SC ou OH segundo o sistema unificado de

classificação de solos;

- apresentar uma porcentagem maior do que 30% de partículas passando pela

peneira número 200;

- apresentar índice de plasticidade maior ou igual a 15;

- apresentar limite de liquidez maior ou igual a 30%;

- apresentar pH maior ou igual a 7;

- apresentar coeficiente de permeabilidade inferior a 10-7 cm/s quando

compactado.

• Camada drenante

A camada drenante tem como principal finalidade servir como barreira para que

as altas temperaturas do interior do aterro não atinjam a geomembrana de PEAD,

além da função drenante do percolado.

Atendendo as especificações ditadas e atingindo a eficiência da

impermeabilização de base, o aterro receberá peso cinco para esta variável. Se

alguma especificação deixar de ser atingida, a impermeabilização de base funcionará

parcialmente, recebendo pontuação igual a três. Quando não obedecer a nenhuma

especificação, peso zero.

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Tabela 5.31 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 5

parcialmente 3

Impermeabilização de base

não 0

5.2.5. Sistemas de drenagem

O bom funcionamento dos sistemas de drenagem interna é fundamental para a

estabilidade do aterro e a garantia da segurança e da preservação dos recursos

naturais.

Serão tratados os sistemas de drenagem subsuperficial do percolado; de águas

pluviais definitiva; de águas pluviais provisória; e de gases.

Cabe ressaltar que alguns aterros, por não receberem resíduos orgânicos

apresentam pouca produção de gás.

5.2.5.1. Subsuperficial do percolado

O sistema de drenagem para a coleta e remoção do líquido percolado deve ser:

• Instalado imediatamente acima da impermeabilização;

• Dimensionado de forma a evitar a formação de uma lâmina de líquido

percolado superior a 30cm sobre a impermeabilização;

• Construído de material quimicamente resistente a pressões originárias da

estrutura total do aterro e dos equipamentos utilizados em sua operação;

• Projetado e operado de forma a não entupir durante o período de vida útil e pós

fechamento do aterro.

No Brasil, os sistemas de coleta de percolado mais utilizados são: planos

inclinados e tubos de coleta.

Pelo sistema de planos inclinados, o fundo do aterro é constituído de vários

planos inclinados, que vão direcionar a drenagem do percolado para os canais de

coleta. Em cada canal de coleta são instalados tubos perfurados que vão conduzir o

percolado para fora do corpo do aterro, de onde seguirão para destinação final.

Geralmente estes planos têm inclinação de 1% a 5%, enquanto a inclinação dos

canais varia entre 0,5% e 1%.

No sistema de tubos de coleta no fundo do aterro, divide-se o tubo em séries

de faixas retangulares, com barreiras de argila da largura das células. Dentro dessas

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barreiras, no sentido das tiras, são colocados os tubos perfurados para coleta do

percolado, diretamente sobre a camada de geomembrana. Estes tubos têm

declividade de cerca de 1,2% a 1,8%, sendo que por este método, efetua-se uma

coleta muito mais rápida do percolado.

Os drenos também poderão ser preenchidos com brita nº 3 e pedra-de-mão,

com diâmetro em torno de 0,5m. Para evitar a colmatação do dreno, recomenda-se

colocar material sintético sobre as britas.

O sistema de drenagem horizontal, dividido em faixas retangulares na base do

aterro, é chamado espinha de peixe, composto de “espinhas dorsais” ou drenos

primários, para onde convergirão os drenos secundários. O espaçamento dos ramos

secundários é de 30m, que devem formar um ângulo interno de 45º a 60º com o dreno

principal. Os drenos principais convergirão para um único ponto, de onde será dirigido

ao sistema de tratamento. É aconselhável a inclinação de mais ou menos 2% da

tubulação transversal, já a inclinação longitudinal mais adequada é de 1,5%.

As redes e caixas de passagens que conduzem o percolado ao tratamento

devem estar sempre desobstruídas.

Assim, com a drenagem completa do lixiviado e de acordo com as

especificações, o aterro é contemplado com peso cinco. Caso este sistema seja

insuficiente, mal projetado ou executado, aumentando o risco de contaminação do

lençol freático, será adotado peso um.

Tabela 5.32 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 5

insuficiente 1

Drenagem do lixiviado

inexistente 0

5.2.5.2. Águas pluviais definitiva

A precipitação é a parcela mais importante no balanço hídrico, no que refere à

produção de líquido percolado. O desvio das águas antes da entrada no corpo do

aterro diminui consideravelmente esta produção.

A drenagem ineficiente das águas de chuva pode provocar maior infiltração no

maciço do aterro, aumentando o volume do percolado gerado e contribuindo para a

instabilidade do maciço.

112

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Os dispositivos de drenagem pluvial previstos no projeto do aterro (canaletas,

caixas de passagem e descida d’água) devem ser mantidos desobstruídos para

impedir a entrada de água no maciço do aterro.

O período que exigirá maior frequência de inspeção no sistema de drenagem

pluvial coincidirá com as épocas de intensa pluviosidade. O sistema de desvio das

águas superficiais da área do aterro deve ser capaz de suportar uma chuva de pico de

25 anos.

As águas de chuva devem ser drenadas diretamente para cursos d’água ou

bacias de infiltração localizadas mais próximos.

A drenagem de águas pluviais definitiva permanecerá ativa após o fechamento

do aterro. As águas precipitadas, provenientes da micro-bacia, nas adjacências da

área de disposição devem ser captadas por canaletas, escavadas no próprio terreno e

acompanhar as curvas de nível, porém garantindo a declividade do dreno.

Este sistema de drenagem deverá ser inspecionado regularmente e

obrigatoriamente após as tempestades, com a finalidade de manter, repor,

desassorear e esgotar as bacias de contenção e de dissipação de energia a fim de

manter o sistema em operação

O bom dimensionamento para o funcionamento suficiente deste sistema de

drenagem implica em peso quatro para o aterro. Caso o funcionamento seja

insuficiente, peso dois.

Tabela 5.33 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 4

insuficiente 2

Drenagem de águas pluviais definitivas

inexistente 0

5.2.5.3. Águas pluviais provisória

Além dos dispositivos de drenagens pluviais definitivos instalados, devem ser

escavadas canaletas de drenagem provisória no terreno a montante das frentes de

operação, de forma a minimizar a infiltração das águas de chuva na massa de lixo

aterrado. À medida que o aterro avançar, o deslocamento da drenagem deve ocorrer

para uma posição mais a montante da bacia.

A drenagem provisória ou dinâmica é composta de canaletas sem revestimento

especial, que avançam junto com a evolução do aterro, assim, ao longo do tempo de

operação da área, canaletas são destruídas e outras são construídas.

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Esta drenagem provisória deve interligar-se ao sistema de drenagem

permanente.

A avaliação da drenagem pluvial provisória encontra-se na tabela 5.34 abaixo:

Tabela 5.34 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 2

insuficiente 1

Drenagem de águas pluviais provisórias

inexistente 0

5.2.5.4. Gases

Em geral, a formação de gases em aterros de resíduos se devem à

decomposição da matéria orgânica em meio anaeróbio, que produz, principalmente

gás carbônico (CO2) e metano (CH4); ou as reações de resíduos incompatíveis

indevidamente dispostos em conjunto, que gerará, principalmente, gases tóxicos.

Estes gases podem migrar pelos meios porosos do sub-solo, drenos do percolado, etc,

e atingir redes de esgoto, fossas e poços, causando problemas, uma vez que

concentrações de CH4 entre 5 e 15% são explosivas (NETO, et al 1985).

Os drenos para gases são construídos com a superposição de tubos

perfurados, revestidos de brita nº 4, perfazendo ao todo um diâmetro de 1,0m. O

dimensionamento destes drenos depende da vazão a ser drenada, porém como não

existem modelos de geração comprovados, normalmente são construídos de forma

intuitiva, prevalecendo o bom senso do projetista.

Na prática, os diâmetros dos tubos variam de 0,2m a 1,0m, em função da altura

do aterro. Para aterros de pequena altura (até 15m) e grande área superficial, são

utilizados tubos de até 0,4m; nos aterros de alturas maiores, são utilizados tubos

armados de até 1,0m de diâmetro, para dar vazão aos gases gerados e suportar os

recalques diferenciais e a movimentação sofrida pelos resíduos aterrados. Os drenos

podem ser interligados ao sistema de drenagem de percolado.

Quando são utilizados tubos de até 0,40m de diâmetro, costuma-se também

preenchê-los com pedra britada, para conferir maior resistência à estrutura.

A tubulação de drenagem de gases pode ser substituída por outra estrutura

com funções idênticas. Por exemplo, podem ser usados fardos de tela metálica de

formato cilíndrico, preenchidos com pedra, sem tubo condutor. Neste caso, mesmo

que ocorra oxidação e conseqüente rompimento da tela, devido à ação corrosiva dos

líquidos percolados, as pedras continuarão formando um canal drenante eficiente.

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Pode-se também utilizar uma camisa metálica constituída por um segmento de tubo

metálico com alças em uma das extremidades. Tal camisa é preenchida com pedras e,

a medida em que as camadas de resíduos se sobrepõem, é puxada pelas alças e

novamente preenchida com pedras, repetindo-se a operação até a superfície final do

aterro, formando um cilindro de pedras com funções idênticas aos drenos

convencionais.

No caso do uso de fardos de tela ou de camisas deslizantes, recomenda-se

que nos últimos metros de dreno seja colocado um tubo condutor, permitindo a saída

dos gases de forma controlada rente ao solo, e não de forma dispersa.

Os gases devem receber tratamento adequado imediatamente após o início de

sua produção, com o adequado controle de emissões atmosférica (sistema de

filtragem) de forma a evitar que sua dispersão pelo aterro contamine a atmosfera e

cause danos a saúde.

Uma boa alternativa é a utilização de queimadores especiais na terminação

dos drenos de gases. Além de mais baratos, são mais resistentes, possibilitam a

queima dos gases a uma altura segura, facilitam a tomada de amostras para análises

e impedem a formação de escavações profundas caso seja destruído, porque sob a

superfície os drenos foram construídos sem a utilização do tubo condutor. Para o

espaçamento entre os drenos, também não há um critério definido. NETO et al (1985)

recomendam que um distanciamento entre 30 e 70m de um dreno a outro.

De qualquer forma, é comum observar a saída de gases pela superfície final

dos aterros, mesmo no caso daqueles bem drenados. Esta observação é importante,

principalmente nos estudos de utilização futura para aterros encerrados.

Conhecendo-se esta problemática, é recomendado que seja preparada uma

malha de drenos horizontais sob a cobertura final do aterro, convergentes para os

verticais, sempre que se pretenda um uso futuro de maior responsabilidade para o

aterro, como estacionamento de veículos ou instalações que utilizem equipamentos

elétricos.

A drenagem dos gases é avaliada como suficiente, peso três, quando os

drenos estiverem construídos dentro das especificações técnicas acima listadas.

Fugindo a estas especificações, a drenagem é avaliada como insuficiente, recebendo

peso um.

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Tabela 5.35 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Drenagem de gases

inexistente 0

5.2.6. Sistemas de tratamento

Os sistemas de tratamento abrangem o tratamento do líquido percolado;

tratamento dos gases e a existência ou não de pré tratamento recebido pelos resíduos

antes da disposição no aterro.

5.2.6.1. Percolado

Os aterros industriais produzem percolados de qualidades variáveis.

A vazão e as características físicas, químicas e biológicas do percolado estão

intrinsecamente relacionadas e dependem, basicamente, das condições climatológicas

e hidrogeológicas da região do aterro, bem como das características dos resíduos e

das condições operacionais do aterro.

O percolado deve ser tratado de forma a atender aos padrões de emissão e

garantir a qualidade do corpo receptor.

O tratamento do percolado representa, ainda, um grande desafio na elaboração

de projetos de aterros, uma vez que suas características são alteradas em função da

quantidade de água incorporada, das características dos resíduos dispostos e,

principalmente, da idade do aterro.

De um modo geral, quando há opção do tratamento do percolado “in situ”,

utilizam-se com muita freqüência as lagoas de estabilização. Essas lagoas são

grandes reservatórios, delimitados por diques de terra, construídos de forma simples.

Além de apresentarem custo baixo e tecnologia simples, oferecem boa eficiência no

tratamento do percolado.

O correto tratamento do percolado visa reduzir o potencial poluente de um

aterro sobre as águas subterrâneas. Assim, deve-se analisar a conveniência do

método escolhido, mediante o volume e a carga poluidora a ser tratada.

O sistema de tratamento será avaliado como suficiente (peso cinco) ou

insuficiente / inexistente (peso zero).

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Tabela 5.36 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 5 Tratamento do percolado

Insuficiente / inexistente 0

5.2.6.2. Gases

O tratamento dos gases visa reduzir o potencial poluente de um aterro sobre as

emissões atmosféricas. Assim, deve-se analisar a conveniência do método escolhido,

mediante o volume e a carga poluidora a ser tratada.

Em análise comparativa com os sistemas de drenagem de percolado e de

gases e o sistema de tratamento do lixiviado, o sistema de tratamento de gases será

avaliado como suficiente (peso três) ou insuficiente / inexistente (peso zero).

Tabela 5.37 – avaliação quanto ao tratamento de gases

Variável Avaliação Peso

suficiente 3 Tratamento dos gases

Insuficiente / inexistente 0

5.2.6.3. Pré-tratamento do resíduo

A diretriz técnica DZ-1311/94, assim como a EPA, recomendam a

implementação de programas de tratamento preliminar dos resíduos, antes de se

verificar a forma mais viável de destinação, visando o controle da poluição.

Assim, alguns programas devem ser implementados, como:

“a) programas de controle de desperdício, visando a conscientização e

conservação ambiental, voltados para a minimização da geração de resíduos;

b) programas de redução de resíduos, em cumprimento à lei 2011, de

10.07.92, que poderão abranger as seguintes alternativas:

- adoção de tecnologia limpa ou menos poluente;

- substituição de matéria prima;

- alteração das características do produto final e de sua embalagem;

- reciclagem de materiais nas etapas de produção;

- reaproveitamento de resíduos na própria empresa ou por terceiros;

- melhoria da qualidade ou substituição de combustíveis e o aumento da

eficiência energética;

- implantação de sistemas de circuito fechado”.

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O pré-tratamento dos resíduos por processos químicos ou físicos, tem como

objetivo alterar as características, composição ou propriedades dos resíduos, de modo

a reduzir seu grau de periculosidade e tornando mais eficaz sua desatinação final.

A inertização é um processo químico exotérmico que transforma os resíduos

perigosos e não inertes em produtos inertes ou em outra classe toxicológica de forma

que mesmo contendo metais pesados, estes estejam em estado insolúvel e não

lixiviável.

Outros métodos de tratamento são mais conhecidos e mais freqüentes, como a

solidificação, o encapsulamento, a neutralização, a redução precipitação, a oxidação,

a destruição térmica e o “landfarming”.

Se a administração do aterro exige o pré tratamento do resíduo a ser disposto

nele quando necessário, será avaliado com peso quatro.

Tabela 5.38 – avaliação quanto ao pré-tratamento dos resíduos

Variável Avaliação Peso

sim 4 Pré-tratamento dos resíduos

não 0

5.2.7. Impermeabilização e cobertura final

Quando do fechamento de cada célula de um aterro industrial, a

impermeabilização superior a ser aplicada deverá garantir que a taxa de infiltração na

área seja tão pequena quanto possível; desta forma, esta impermeabilização deverá

ser, no mínimo, tão eficaz quanto o sistema de impermeabilização inferior empregado.

Segundo a DZ-1313/01, deverá compreender as seguintes camadas, de cima

para baixo, com declividade maior ou igual a 3%:

• Camada de solo original com vegetação nativa

A camada de solo original deverá ter espessura de 60cm, para garantir o

recobrimento com vegetação nativa de raízes não axiais.

• Camada drenante

A camada drenante deverá ter espessura de 25cm, com coeficiente de

permeabilidade maior ou igual a 1,0x10-3cm/s.

• Geomembrana PEAD

A geomembrana utilizada deverá contar com especificação da utilizada no

sistema de impermeabilização inferior.

118

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• Argila compactada

A camada de argila compactada deverá possuir 50 cm de espessura, com

coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 1,0x10-7 cm/s.

Atingindo a eficiência da impermeabilização e cobertura final, o aterro receberá

peso cinco, analogamente à avaliação feita para a impermeabilização de base. Se

alguma especificação deixar de ser atingida, a impermeabilização de base funcionará

parcialmente, recebendo pontuação igual a três. Quando não obedecer a nenhuma

especificação, peso zero.

Tabela 5.39 – avaliação quanto à impermeabilização e cobertura final

Variável Avaliação Peso

sim 5

parcialmente 3

Impermeabilização e cobertura final

não 0

5.3. Parâmetros relativos aos critérios das condições operacionais

Seguindo a avaliação dos aterros, o próximo passo é a verificação de suas

condições operacionais, ou seja, a forma como o aterro está sendo operado para a

minimização dos impactos gerados e a maximização da preservação dos recursos

naturais e da saúde humana.

Para isto foram definidos como parâmetros de avaliação: o controle do

recebimento dos resíduos; os sistemas de monitoramento; e parâmetros gerais, como

o atendimento ás estipulações feitas em projeto, existência do relatório anual e plano

de inspeção, e demais observações sobre o aterro como presença de queimadas, de

elementos dispersos pelo vento e acesso à frente de trabalho.

5.3.1. Controle do recebimento de resíduos

É efetuado controle de entrada de resíduos industriais no aterro com objetivo

de assegurar e garantir que se receba somente resíduos industriais autorizados e

compatíveis com as suas instalações e licenciamento ambiental do aterro.

O controle do recebimento de cargas consiste na operação de inspeção

preliminar, durante a qual os veículos coletores, previamente cadastrados e

identificados, são vistoriados por um funcionário (fiscal) do aterro, treinado e instruído

para o desempenho adequado desta atividade. Este profissional deve verificar e

registrar a origem, a natureza e a classe dos resíduos que chegam ao

empreendimento; orientar os motoristas quanto a unidade na qual os resíduos devem

ser descarregados; impedir que resíduos incompatíveis com as características do

119

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empreendimento ou provenientes de fontes não autorizadas sejam lançados no

mesmo; promover a pesagem dos veículos.

Outra verificação e admissão, ocorrida no ingresso do caminhão, é a análise do

transporte dos resíduos, ou seja, caminhões abertos ou com caçamba devem estar

protegidos com lona, para impedir a dispersão de resíduos ao longo da via de acesso

ao local destinado.

Devem estar disponíveis na balança fichas e documentos contendo, entre

outras informações, cópia do laudo de classificação para caracterização dos resíduos

sólidos industriais provenientes de cada um dos geradores.

Estes documentos servem para comprovação pelo fiscal, laboratorista e

balanceiro da veracidade da informação contida no manifesto de resíduos7, que

deverá acompanhar o resíduo entregue pelo caminhão transportador e representar a

carga de resíduos que o aterro está recebendo.

Como o aterro só deverá receber resíduos industriais autorizados e

compatíveis com as suas instalações e licenciamento ambiental, serão feitas

verificações visuais pelo fiscal, além do funcionário da balança de acesso ao aterro,

para checar se o manifesto de resíduos está de acordo com a carga contida no

caminhão e, com o laudo de classificação do resíduo a ser recebido.

Após esta conferência, encontrando-se a carga em estrito acordo com os

documentos citados, o caminhão é pesado e vai ser descarregado normalmente na

frente de serviço.

Em caso de dúvida, deverá ser impedido o acesso do veículo e providenciada a

inspeção com coleta de amostras por profissionais habilitados e treinados.

Dentre as etapas do controle de recebimento, tem-se: a caracterização do

resíduo; análise laboratorial; mapeamento da disposição; recobrimento imediato;

compactação; se há descarga de resíduos incompatíveis com o empreendimento, ou

seja, patogênicos / radioativos / reativos / inflamáveis, ou de resíduos líquidos.

5.3.1.1. Caracterização do resíduo

Previamente à disposição final no aterro, toda empresa deverá apresentar o

laudo de classificação para caracterização de resíduos sólidos gerados no seu

processo produtivo, como forma de comprovar a classificação dos mesmos, conforme

a ABNT NBR 10004:2004.

7 Sistema de manifesto de Resíduos – FEEMA-RJ

120

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O laudo é encaminhado à operadora do aterro, onde será feita a avaliação do

seu conteúdo, observando principalmente, se os resíduos analisados são classificados

como não perigosos - classes IIA e IIB. Se pertencerem a classe I – resíduos

perigosos, o aterro não poderá os receber, a menos que haja o pré-tratamento dos

mesmos.

Caso fique alguma dúvida quanto a classe em que o resíduo se enquadra, a

empresa geradora deverá fazer uma nova análise. Com o resultado da segunda

análise, será repetido todo o procedimento anteriormente descrito.

Se mesmo assim restarem dúvidas, uma cópia do laudo de classificação

deverá ser encaminhada ao OECA responsável pela empresa geradora, que então

tomará as decisões cabíveis, ficando com a decisão final de como deverá proceder a

empresa geradora dos resíduos.

De acordo com instrução técnica para o requerimento de licença para aterros

de resíduos industriais perigosos da FEEMA (IT-1304/01), os aterros devem

caracterizar seus resíduos, de forma a conter:

“- tipo, origem e estado físico;

- qualidade, especificando o nome químico e comercial dos constituintes dos

resíduos ou das substâncias que lhe deram origem;

- quantidade diária e mensal;

- freqüência do recobrimento;

- ocorrência de odores;

- peso específico dos resíduos.”

A análise laboratorial é uma etapa fundamental na caracterização dos resíduos.

A ABNT NBR 10157:1987 proíbe qualquer instalação de receber um resíduo

sem que este tenha sido previamente analisado para determinação de suas

propriedades físicas e químicas, uma vez que disso dependerá seu correto manuseio

e disposição.

Para a análise laboratorial dos resíduos devem ser adotados os critérios de

amostragem especificado nas ABNT NBR’s 10004, 10005 e 10006, enquanto a

metodologia de coleta será realizada como define a ABNT NBR 10007.

O laudo da análise laboratorial deverá ser encaminhado à operadora do aterro.

A análise laboratorial deve contemplar os seguintes aspectos:

121

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• Reatividade: em água, ácido sulfúrico e em hidróxido de sódio;

• pH;

• Aspecto físico, odor, cor;

• Líquidos livres;

• Teor de umidade: pela DZ-1311/94, é vedada a disposição de resíduos líquidos

em aterros industriais, sendo admitidos resíduos com até 70% de umidade;

• Sólidos totais, fixos e voláteis;

• Arsênio; cádmio; chumbo; mercúrio; selênio; bário; cromo total; cromo

hexavalente; berílio; níquel; antimômio; cianetos; benzeno

A adequada caracterização dos resíduos a serem descarregados no aterro

receberá como avaliação peso quatro.

Tabela 5.40 – avaliação quanto à caracterização do resíduo

Variável Avaliação Peso

sim 4 Caracterização do resíduo

não 0

5.3.1.2. Mapeamento da disposição

Em caso de presença de focos de queimadas ou qualquer outro tipo de

acidente, com o mapeamento da disposição dos resíduos, torna-se mais fácil

reconhecer a fonte do acidente para a adoção das medidas de emergência cabíveis.

Pelo fato de a mistura de dois ou mais resíduos causar um efeito sinérgico,

com reações indesejáveis ou incontroláveis que possam resultar em conseqüências

adversas ao homem, ao meio ambiente, aos equipamentos e à própria instalação,

também torna-se importante o mapeamento da disposição.

A avaliação deste parâmetro se dará de acordo com a tabela 5.41.

Tabela 5.41 – avaliação quanto ao mapeamento da disposição

Variável Avaliação Peso

sim 4 Mapeamento da disposição

não 0

5.3.1.3. Recobrimento imediato dos resíduos

Para aterros sanitários, no final de cada jornada de trabalho o lixo deve receber

uma camada de terra, espalhada em movimentos de baixo para cima para o efetivo

recobrimento.

122

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Porém, para resíduos industriais, recomenda-se não apenas o recobrimento

diário dos resíduos, mas o recobrimento imediato após cada atividade de disposição,

com espessura de 0,30m.

O recobrimento imediatamente após a deposição visa prevenir a proliferação

de vetores e a dispersão dos resíduos.

O solo de cobertura geralmente provém da área de empréstimo, podendo

também ser proveniente de operações de cortes / escavações executadas.

O empoçamento de água sobre o aterro também deve ser evitado. Para tanto,

recomenda-se assegurar um bom caimento quando da execução do recobrimento.

Atendidas estas recomendações, o recobrimento imediato é julgado com peso

quatro. No caso do recobrimento diário do resíduo, de forma que não seja

imediatamente após sua deposição, o peso atribuído será dois. Caso não haja

recobrimento, peso zero.

Tabela 5.42 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

imediato 4

diário 2

Recobrimento do resíduo

não 0

5.3.1.4. Compactação dos resíduos

A operação de compactação deverá ser realizada com movimentos repetidos

do equipamento de baixo para cima, procedendo-se, no mínimo a seis passadas

sucessivas em camadas sobrepostas, até que todo material disposto em cada camada

esteja adequadamente adensado, ou seja, até que se verifique por controle visual que

o incremento do número de passadas não ocasiona redução do volume aparente da

mesma.

O equipamento de compactação deve estar permanentemente à disposição na

frente de operação do aterro.

A compactação dos resíduos sendo executada adequadamente, o aterro é

julgado com peso quatro; inadequadamente, peso dois; caso não haja compactação,

peso zero.

123

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Tabela 5.43 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

Adequada 4

Inadequada 2

Compactação do resíduo

Inexistente 0

5.3.1.5. Descarga de resíduos líquidos ou patogênicos / radioativos / reativos /

inflamáveis

A EPA proíbe a descarga de resíduos líquidos em aterros. Pela DZ-1311/94,

também é vedada a disposição de resíduos líquidos em aterros industriais, sendo

admitidos resíduos com até 70% de umidade.

Além disso, pela mesma diretriz é vedada a disposição em aterros industriais

de resíduos patogênicos, inflamáveis, radioativos e reativos.

Foi adotado o peso quatro para o aterro que não recebe os resíduos que te

disposição vetada pela legislação vigente em aterros industriais.

Tabela 5.44 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

não 4 Descarga de resíduos líquidos ou patogênicos /

radioativos / reativos / inflamáveis sim 0

5.3.1.6. Sistema de Manifesto de Resíduos / Carga

O Sistema de Manifesto de Resíduos é um instrumento de controle que,

mediante o uso de formulário próprio, permite conhecer e controlar a forma de

destinação dadas pelo gerador, transportador e receptor de resíduos.

O sistema de manifesto de resíduos foi criado pelo órgão ambiental do Rio de

Janeiro para subsidiar o controle dos resíduos gerados no estado, desde sua origem

até a destinação final, evitando seu encaminhamento para locais não licenciados,

como parte do Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras.

A DZ-1311/94 dita responsabilidades e obrigações do gerador, transportador e

receptor dos resíduos, que devem constar no manifesto de resíduos.

O gerador de resíduos será obrigado a:

- Fornecer ao transportador e ao receptor a caracterização exata de cada

resíduo, bem como informações abrangentes sobre os riscos envolvidos

nas operações de transporte, transbordo, tratamento e disposição;

124

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- Exigir do transportador o uso de veículos e equipamentos adequados e em

boas condições operacionais, para a carga a ser transportada;

- Enviar resíduos apenas às empresas devidamente licenciadas pelo OECA;

- Todas as atividades que em alguma data dispuseram resíduos sem o

conhecimento do OECA, em locais não licenciados, deverão informar a

qualidade e a quantidade dos resíduos dispostos, bem como fornecer

informações sobre o local e data de lançamento.

Caberá ao transportador confirmar as informações constantes em todos os

campos do Manifesto e informar ao OECA as divergências encontradas, se for o caso.

O receptor do resíduos será obrigado a:

- Exigir do gerador a caracterização exata da cada resíduo, bem como as

informações abrangentes sobre os riscos potenciais envolvidos nas

operações de tratamento e disposição;

- Cuidar para que os estágios de reprocessamento, tratamento e disposição

de resíduos se façam sem riscos de danos para o meio ambiente, à saúde

humana e ao patrimônio público e privado.

No relacionamento entre gerador, transportador e receptor, deverão ser

observados os procedimentos do sistema manifesto de resíduos industriais (DZ 1310).

O aterro, como receptor do resíduo, será responsável por qualquer acidente

que cause danos ao meio ambiente ou a terceiros, salvo se tais danos forem causados

por elementos ou substâncias distintas daquelas informadas pelo gerador.

A avaliação quanto a existência do manifesto de resíduos se dará de acordo

com a tabela 5.45.

Tabela 5.45 – avaliação quanto ao sistema de manifesto de resíduos / carga

Variável Avaliação Peso

sim 3 Sistema manifesto de resíduos

não 0

5.3.2. Sistemas de monitoramento

O monitoramento é uma atividade muito importante, que deve ser constante e

contínua em todas as etapas da operação de um aterro.

O monitoramento do aterro consiste de um sistema de medições de campo e

ensaios de laboratório a serem realizados sistematicamente durante a fase de

operação do aterro, e prolonga-se após seu fechamento, por um determinado período.

125

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O plano de monitoramento deve contemplar a eficácia das medidas mitigadoras

e a eficiência ambiental do sistema como um todo, possibilitando a verificação de

eventuais falhas e/ou deficiências e a implementação de medidas corretivas para

evitar o agravamento dos impactos ambientais.

Devem ser instalados equipamentos para o acompanhamento e controle

ambiental do empreendimento, como poços de monitoramento de águas subterrâneas,

medidores de vazão, piezômetros e medidores de recalques horizontais e verticais.

Desta maneira, para avaliar a eficiência do aterro quanto a sua operação e ao

controle ambiental, devem ser previstos, no mínimo:

• O controle das águas superficiais da área, por meio da coleta de amostras em

pontos a montante e a jusante do local onde é lançado o resíduo;

• O controle das águas subterrâneas, por meio da coleta de amostras nos poços

de monitoramento instalados a montante e a jusante do aterro;

• O monitoramento da qualidade do líquido percolado antes e depois do

tratamento;

• A caracterização dos resíduos da massa aterrada;

• O monitoramento geotécnico do aterro;

• O controle da saúde do pessoal envolvido na operação do aterro;

• O monitoramento dos gases gerados;

• O controle dos ruídos produzidos, de forma a minimizar impactos de

insalubridade para operadores do aterro e comunidades circunvizinhas;

• O sistema de detecção de vazamentos.

5.3.2.1. Águas subterrâneas

A contaminação do subsolo em aterros tem origem na infiltração dos lixiviados

através das camadas impermeabilizantes. A interação solo-contaminante é muito

complexa, uma vez que muitos fenômenos físicos, químicos e biológicos podem

ocorrer simultaneamente (COELHO, et al, 2003).

assim, o objetivo do monitoramento de águas subterrâneas, nas imediações do

aterro, é controlar e manter a qualidade destas, pelo menos nos mesmos patamares

em que se encontravam antes da implantação do aterro.

As medições devem fornecer informações sobre as águas subterrâneas

susceptíveis de serem afetadas por descargas do aterro. A Diretriz 1999/31/CE

126

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determina que devam existir no mínimo três pontos de monitoramento, sendo pelo

menos um ponto de medição, localizado na região de infiltração, e dois na região de

escoamento. Este número pode ser aumentado com base em controles

hidrogeológicos específicos e em caso de necessidade de uma identificação o mais

rápida possível de uma descarga acidental de lixiviado nas águas subterrâneas.

Esta mesma diretriz recomenda que a amostragem deve ser realizada, no

mínimo em três locais distintos, antes das operações do aterro, de forma a estabelecer

valores de referência para futuras amostragens.

O monitoramento deve ser realizado por meio de métodos diretos e/ou

indiretos.

O método direto constitui-se basicamente na perfuração de poços em pontos

estratégicos do terreno, permitindo a coleta de amostras para a realização de análises

em laboratório ou leitura direta contínua do nível do lençol e características de possível

contaminação. A norma ABNT NBR 13895:1997 recomenda o número mínimo de

quatro poços a serem instalados, sendo um a montante e três a jusante do aterro, em

relação ao fluxo subterrâneo. O poço de montante tem a função de verificar a

qualidade do aqüífero, antes de sua passagem sob o aterro, e os de jusante de avaliar

a ocorrência de alterações das características iniciais e em que grau ocorreram. Desta

maneira, por se tratar de maior restrição quanto ao número de poços de

monitoramento, será adotada a norma brasileira para analisar se este parâmetro está

sendo suficientemente alcançado.

O controle qualitativo é realizado por meio da execução de poços

piezométricos, que permitem a tomada de água em várias profundidades e

possibilitam a materialização das plumas de poluição. De acordo com algumas

premissas de operação ditadas pela Petrobrás, baseadas na ABNT NBR 10157:1987,

os poços deverão ser revestidos na sua porção superior, encapsulados (areia ou

cascalho) e telados ou perfurados. O diâmetro deverá ser o menor compatível com a

facilidade da retirada e a segurança da incolumidade da amostra, devendo ser

também devidamente tamponado.

Como método indireto é possível citar o método elétrico que visa identificar a

resistência do subsolo em diferentes profundidades. O conhecimento do subsolo da

região permite identificar alterações causadas por elementos estranhos como

poluentes.

Para a qualidade da água subterrânea, deverão ser atingidos os limites fixados

na Portaria 036/90 do ministério da Saúde. De acordo com a ABNT NBR 10157:1987,

127

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caso o padrão de proteção do aqüífero seja excedido, o responsável pela instalação

fica obrigado a recuperar a qualidade do aqüífero contaminado, apresentando um

plano de correção do problema ao OECA.

O monitoramento das águas subterrâneas deverá ter freqüência mínima

semestral nos poços de montante e jusante. Segundo a agencia ambiental americana

– EPA –, para a água potável primária, no primeiro ano a freqüência deverá ser

quadrimestral e nos anos seguintes, anual.

Pelo monitoramento, deverá ser registrado o nível do lençol freático a cada

coleta realizada além da determinação da sua velocidade e direção de escoamento.

O monitoramento de águas subterrâneas requer peso três, quando atender a

norma ABNT NBR 13895:1997. O peso um, caracteriza o monitoramento fora das

especificações acima descritas.

Tabela 5.46 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Monitoramento de águas subterrâneas

inexistente 0

5.3.2.2. Águas superficiais

No caso de águas superficiais, vizinhas aos aterros, amostragens sistemáticas

permitem a perfeita avaliação ambiental das alterações nos cursos d’água da região,

por migração lateral do percolado ou pela contaminação das águas pluviais, drenadas

da superfície.

O controle das águas de superfície deverá ser efetuado em, pelo menos, dois

pontos, um a montante e outro a jusante do curso d’água, ou através da acumulação

de água drenada em tanques ou lagoas. Com base nas características da instalação

do aterro, os órgãos competentes podem determinar a não obrigatoriedade destas

medições.

A Diretriz 1999/31/CE recomenda que a amostragem, a medição de volume e a

composição dos lixiviados devem ser efetuadas separadamente em cada ponto em

que surjam. Os parâmetros a medir e as substâncias a analisar variam de acordo com

a composição dos resíduos depositados.

Deverão ser respeitados os limites ditados pela resolução CONAMA 357/05.

Caso o monitoramento atenda às recomendações acima, a pontuação é peso

três.

128

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Se apenas uma das condições analisadas não se encontrar em conformidade,

a avaliação cai para um.

Tabela 5.47 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Monitoramento de águas superficiais

inexistente 0

5.3.2.3. Percolado

Pela DZ-1311/94, “é obrigatória a monitoragem do percolado do aterro e a sua

influência em águas superficiais e subterrâneas próximas, devendo os dados ser

enviados à FEEMA, através do Programa de Autocontrole – PROCON”. Esta exigência

poderá ser adotada para aterros em todo território nacional, remetendo-se os dados ao

OECA responsável, como uma atitude pró-ativa, mesmo não havendo programas de

auto controle em determinados estados.

Na operação do sistema de tratamento é preciso efetuar de modo sistemático a

medição da vazão de percolado e determinar a sua composição antes e depois do

tratamento, e na saída do maciço.

A avaliação do monitoramento de percolado obedece a seguinte tabela 5.48.

Tabela 5.48 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Monitoramento de lixiviado

inexistente 0

5.3.2.4. Gases

Alguns gases como metano, gás carbônico e oxigênio devem ter

monitoramento constante, com freqüência mínima quinzenal. Os demais, segundo as

necessidades, de acordo com a composição dos resíduos depositados, com vista a

refletir as suas propriedades lixiviantes. O monitoramento da qualidade do ar envolve,

também, a análise do ar no local do aterro e nas proximidades. O gás gerado não

deve exceder 25% do limite mínimo de explosão para o CH4, em estruturas.

Devem ser tomadas medidas adequadas para controlar a acumulação e

dispersão dos gases de aterro. Os gases devem ser captados, tratados e utilizados.

Caso os gases captados não possam ser utilizados para a produção de energia,

deverão ser queimados. A captação, tratamento e utilização dos gases devem reduzir

129

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ao mínimo os efeitos negativos ou a deterioração do ambiente e os perigos para a

saúde humana.

A avaliação do monitoramento de gases obedece a seguinte tabela 5.49.

Tabela 5.49 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Monitoramento de gases

inexistente 0

5.3.2.5. Estabilidade dos maciços de solo e lixo

Os aterros de resíduos são obras de engenharia construídas no solo e muitas

de suas estruturas ou partes constituintes são executadas com terra. As principais

obras que ocorrem em um aterro são: construção de diques de contenção; construção

de bermas de equilíbrio; aberturas de valas para colocação de tubulações; construção

de acessos de terra; e construção de camadas de terra compactada para sub-base de

impermeabilizações ou sua proteção.

No Brasil o estudo da resistência dos resíduos sólidos ainda é muito recente.

Poucos trabalhos experimentais têm sido desenvolvidos com intuito de estudar o

comportamento frente à resistência e compressibilidade destes materiais.

Até o momento, pela ausência de outros modelos consolidados, o estudo da

estabilidade de aterros vem sendo desenvolvido segundo métodos clássicos de

análise de estabilidade por equilíbrio limite, adotando-se como critério de ruptura

Mohr-Coulomb, uitlizando-se parâmetros de resistência c e φ.

Em relação à estabilidade de taludes, existem na literatura algumas referências

sobre deslocamentos horizontais em aterros sanitários.

O monitoramento da estabilidade dos maciços de solo e de lixo é importante

por envolver a segurança e a saúde dos operários do aterro bem como das

comunidades vizinhas, e para garantir a qualidade de operação do mesmo,

preservando os sistemas e dispositivos instalados para o bom funcionamento do

aterro, garantindo a qualidade ambiental e a preservação dos recursos naturais.

Devem ser instalados piezômetros e medidores de recalques horizontais e

verticais.

A análise de estabilidade dos maciços de solo e da massa de resíduo, disposta

no aterro, deve ser efetuada a partir de parâmetros específicos, utilizando-se métodos

de análise adequados ao tipo e às condições do local em consideração.

130

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A finalidade dessa análise é a obtenção do modelo de ruptura desses maciços,

para se definir a geometria estável do aterro e de seus entornos, adotando-se critérios

de segurança adequados para obras civis. São considerados os seguintes aspectos:

• Resistência ao cisalhamento;

• Compressibilidade do solo de fundação local;

• Comportamento geomecânico do maciço de lixo (coesão, ângulo de atrito

interno e peso específico, determinando sua resistência e compressibilidade);

• Altura de lixo e inclinação dos taludes;

• Estado de saturação, nível de percolado; e

• Flutuação do percolado dentro da massa de lixo (pressão neutra e condições

de drenagem de biogás e percolado).

As análises de estabilidade podem ser efetuadas utilizando-se métodos

convencionais.

Os riscos diretos de ruptura dos taludes de um do aterro de resíduos sólidos

podem vitimar operários e afetar máquinas e equipamentos. Os riscos ambientais

associados referem-se à exposição dos resíduos, com conseqüências sanitárias e de

poluição localizada.

O monitoramento da estabilidade dos aterros envolve o controle de

deformações verticais e horizontais do maciço, através de marcos superficiais (figura

5.1), com os objetivos de avaliar a estabilidade dos taludes, prever recalques futuros,

bem como rever a potencialidade de aumento de vida útil do aterro.

Figura 5.1 – disposição de marcos superficiais e inclinômetros para monitoramento da

estabilidade de taludes (PESSIN et al,2003).

Marcos superficiais e inclinômetros

Superfície provável de ruptura

131

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O suficiente monitoramento dos maciços de solo e resíduos recebe peso três.

Sendo este monitoramento avaliado como insuficiente, peso um.

Tabela 5.50 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

Suficiente 3

Insuficiente 1

Monitoramento da estabilidade de solo e

resíduos

Inexistente 0

5.3.2.6. Detecção de vazamentos

De acordo com a EPA, o sistema de monitoramento do aterro deve contemplar

um sistema de detecção de vazamentos, ou seja, um sistema drenante colocado sob

as camadas impermeabilizantes, que objetiva detectar eventuais falhas na

impermeabilização.

Este sistema deve ser construído de forma a coletar e carrear os líquidos

vazados até um ponto de observação, que não deverá ser um meio de entrada de

águas pluviais na área do aterro.

O sistema deve ser constituído de drenos-testemunha e poços de inspeção.

Se houver aparecimento de líquido no sistema de detecção, o responsável

deverá: notificar o OECA em sete dias; analisar a qualidade deste efluente; remover,

tratar, se for o caso, e dispor o líquido acumulado; diminuir a níveis aceitáveis o fluxo

de líquido percolado, através da recuperação da impermeabilização ou de outras

medidas equivalentes.

Em analogia aos demais sistemas de monitoramento, para o suficiente controle

da detecção de vazamentos foi atribuído peso três. Caso este controle seja

insuficiente, peso igual a um.

Tabela 5.51 – avaliação quanto ao sistema de detecção de vazamentos

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Detecção de vazamentos

inexistente 0

5.3.2.7. Controle de ruídos

O controle do ruído é parte integrante do controle ambiental, com objetivo de

minimizar os impactos causados às comunidades adjacentes.

Deverão ser feitas pelo menos três medições do nível de ruído na área de

entorno do empreendimento, sendo estas representativas de um ciclo de produção,

132

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apresentando laudos das mesmas e comparação com os limites estabelecidos por lei

específica.

Da mesma maneira, conforme a avaliação dos itens anteriores referentes aos

sistemas de monitoramento, para o suficiente controle de ruído foi atribuído peso três.

Se for insuficiente, peso um.

Tabela 5.52 – avaliação quanto ao controle de ruídos

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Controle de ruído

inexistente 0

5.3.3. Geral

Para este parâmetro foram definidas varáveis que refletem as características

gerais do aterro como o atendimento às estipulações feitas no projeto, a existência de

relatório anual e do plano de inspeção, bem como observações de campo como a

presença de queimadas e de elementos dispersos pelo vento e o acesso à frente de

trabalho.

5.3.3.1. Atendimento a estipulações de projeto

Às vezes, o aterro não está atendendo as condições estabelecidas, mas está

em conformidade com o projeto, que atende uma condição especial da área, ao caso

concreto.

A avaliação quanto ao atendimento às estipulações de projeto segue conforme

a tabela 5.53.

Tabela 5.53 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 2

parcialmente 1

Atendimento às estipulações de projeto

não 0

5.3.3.2. Relatório anual

Os procedimentos de operação do aterro devem ser sistematizados para que a

eficiência de sua operação seja maximizada, assegurando seu funcionamento como

destinação final ambientalmente adequada, ao longo de toda sua vida útil.

Tais procedimentos devem ser registrados em relatórios diários, relatórios

mensais de consolidação dos dados e, por fim, relatórios anuais, além de formulários e

planilhas apropriadas, plantas de reconstituição das obras efetivamente executadas

133

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(“as built”). Estes documentos devem ser numerados, catalogados e arquivados, de

modo a propriciar avaliação periódica do empreendimento, assim como o

desenvolvimento de estudos e pesquisas referentes ao desempenho das instalações

que o compõem.

O relatório anual deve conter:

• A descrição do tipo e a quantidade de resíduos recebidos no ano e

acumulada;

• Os dados relativos ao monitoramento das águas superficiais e

subterrâneas e, se for o caso, de efluentes gasosos gerados;

• Avaliação do desempenho do sistema, com apresentação de dados

sobre a possibilidade de contaminação do solo.

Em consonância com a avaliação do parâmetro de atendimento às

estipulações de projeto, a existência do relatório anual segue a seguinte avaliação,

conforme tabela 5.54.

Tabela 5.54 – avaliação quanto à existência de relatório anual

Variável Avaliação Peso

sim 2 Relatório anual

não 0

5.3.3.3. Plano de inspeção

De acordo com a norma da CETESB para tratamento de resíduos sólidos

industriais no solo, o administrador do aterro deverá inspecionar a instalação para

identificar e eliminar defeitos e irregularidades que possam interferir negativamente no

processo ou causar acidentes prejudiciais à saúde pública e ao meio ambiente.

Para tal, deverá ser estabelecido um plano de inspeção, de forma que haja a

verificação da integridade de todos os elementos constitutivos do sistema.

A tabela 5.55.1 sugere como poderá ser realizada a inspeção do aterro.

Tabela 5.55.1 – Plano de Inspeção e Manutenção

COMPONENTE

ESTRUTURA

EQUIPAMENTO

POSSÍVEIS FALHAS

OU DETERIORAÇÃO

FREQUÊNCIA

DE

INSPEÇÃO

AÇÕES

CORRETIVAS

Cerca Danificação ou remoção

de elementos

semanal Reparo ou

reposição

134

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Balança Danificação de

componentes

semanal Reparos

Acessos internos Buracos, erosão ou

empoçamento de água

diária Reparos

Danificação ou

interrupção da seção

semanal Reparos Drenos de águas

pluviais

Assoreamento ou

obstrução por terras ou

resíduos

semanal Desobstrução

Danificação da tampa diária Reparos

Remoção da tampa diária Reposição da

tampa

Presença de líquidos no

seu interior

diária Verificação da

procedência do

líquido e correção

da irregularidade

Poços de inspeção

e

drenos-testemunha

Presença de resíduos ou

materiais no entorno

diária Remoção e

limpeza do entorno

Danificação por chuvas diária Reparos Camada de

proteção da

impermeabilização Danificação por esforços

durante o aterramento

diária Reparos

Erosão semanal Reposição de terra Taludes e outras

superfícies Danificação da camada

de proteção semanal

semanal Reparos

Danificação da caixa ou

da proteção sanitária

semanal Reparos Poços de

monitoramento de

aqüífero Dificuldade de acesso semanal Desobstrução do

acesso

Fonte: NETO et al (1985).

135

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Analogamente à avaliação do parâmetro de atendimento às estipulações de

projeto e à existência do relatório anual, segue a seguinte avaliação, conforme tabela

5.55.

Tabela 5.55 – avaliação quanto à existência de plano de inspeção

Variável Avaliação Peso

sim 2 Plano de inspeção

não 0

5.3.3.4. Presença de queimadas

Por se tratar de aterros industriais, sem a presença de resíduos cuja

composição apresente matéria orgânica, reduz-se consideravelmente a potencialidade

de queimadas. Este potencial também é reduzido pelo não recebimento de resíduos

reativos nestes aterros e pelo funcionamento adequado do sistema de drenagem de

gases.

Pela presença de queimadas dispersas pela massa de resíduos, observa-se

que houve alguma falha no controle de recebimento dos resíduos ou no sistema de

captação e tratamento de gases.

Havendo focos de queimadas no aterro, este receberá avaliação com peso

mínimo de zero. Não havendo, será adotado peso um.

Tabela 5.56 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

não 1 Presença de queimadas

sim 0

5.3.3.5. Presença de elementos dispersos pelo vento

Em locais desfavorecidos com presença de vento intenso, a presença de

elementos dispersos pode ser evitada com a colocação de uma tela móvel,

posicionada na frente de trabalho, e por uma operação de cobrimento eficiente.

Esta condição de não presença de elementos dispersos garante peso um para

a instalação.

Tabela 5.57 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

não 1 Presença de elementos dispersos pelo

vento sim 0

136

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5.3.3.6. Acesso à frente de trabalho

É recomendado o acesso livre à frente de trabalho, sem nenhum tipo de

obstrução durante todas as estações do ano. Em épocas de chuvas fortes, a

conservação do acesso deve ser uma preocupação constante.

A área de disposição dos resíduos deve ser previamente delimitada por uma

equipe técnica de topografia. No início de cada dia de trabalho, deverão ser

demarcados com estacas facilmente visualizadas pelo tratorista os limites laterais, a

altura projetada e o avanço previsto da frente de operação ao longo do dia.

A demarcação da frente de operação diária permite uma melhor manipulação

do resíduo, tornando o processo mais prático e eficiente.

O caminhão deve depositar o resíduo em “pilhas” imediatamente a jusante da

frente de operação demarcada, conforme definido pelo fiscal do aterro.

O comprimento da superfície de trabalho vai variar com as condições locais. A

superfície de trabalho é o local do aterro onde os resíduos estão sendo

descarregados, depositados e compactados durante um determinado período de

trabalho. Quanto menor a frente de operação, maior a garantia da disposição

adequada.

Se o aterro tiver bom acesso à frente de trabalho, será adotado peso dois. Se o

acesso for considerado ruim, o peso será zero.

Tabela 5.58 – Subitem do IQA (FARIA, 2002 – modificado)

Variável Avaliação Peso

bom 2 Acesso à frente de trabalho.

ruim 0

5.4. Parâmetros relativos aos critérios de gestão de segurança do trabalho, meio ambiente e saúde ocupacional (SMS)

Mesmo com a existência de legislações rigorosas, certificados e normas e

investimentos em tecnologia de processo, alguns empreendimentos continuam

apresentando algumas falhas, que podem acarretar em acidentes.

O desempenho de SMS depende da existência de processos e operações

seguros, com pessoas competentes, responsáveis, conscientes, motivadas e com alto

nível de atenção uma cultura de SMS bem consolidada.

137

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Portanto, o ser humano é o foco deste processo. É preciso combinar esforços

de planejamento com mudanças de hábitos e atitudes comportamentais, através da

educação e do treinamento do elemento humano.

Apesar da criação da OIT (Organização Internacional do Trabalho) datar de

1919, o modelo prevencionista só ganhou força após os acidentes ocorridos nos anos

de 1980, que foram eventos determinantes para que as organizações decidissem

implementar um sistema de gestão da segurança.

A questão ambiental passou a ter maior importância também no final dos anos

80, após a publicação do Relatório de Brundtland “Nosso Futuro Comum”. Assim como

a conferência de Estocolmo (Suécia), a convenção no Rio de Janeiro em 1992

também contribuiu para o desenvolvimento das ações ambientais.

Alguns fatos históricos foram marcantes para a mudança organizacional em

relação aos valores de SMS. Podem ser citados o acidente de Bhopal, na Índia (1984),

considerado como um dos mais catastróficos da indústria química; Fixborough

(Inglaterra); Sevezo (Itália); Chernobyl (Rússia); Exxon Valdez (EUA); Piper Alpha

(Escócia); Vila Socó (Brasil).

A partir do acidente de Bhopal, em 1988, surgiu no Canadá o Responsible Care

(Atuação Responsável), um programa da indústria química constituído por uma série

de princípios e práticas responsáveis de gerenciamento voltado para a prevenção de

acidentes.

Este programa foi adotado pela maioria das entidades representativas da

indústria química no mundo como um “código de conduta”, com objetivo de mudar a

opinião pública em relação às indústrias que, naquele momento, eram consideradas

responsáveis pelo descaso com que tratavam as questões de segurança e proteção

ambiental.

No Brasil, o programa “Atuação Responsável” é coordenado pela ABIQUIM

(Associação Brasileira das Indústrias Químicas) e contribui para implementar

programas mundiais, patrocinados pela ONU, que possibilitaram a mudança do

cenário degradante do pólo petroquímico de Cubatão.

O Anexo D apresenta uma tabela que representa as mudanças ocorridas e a

melhoria das legislações no mundo, em função dos acidentes ocorridos.

138

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5.4.1. Segurança e saúde

Um aterro deve ser operado e mantido de forma a minimizar a possibilidade de

fogo, explosão ou derramamento/vazamento de resíduos no ar, água superficial ou

solo que possam constituir ameaça à saúde humana ou ao meio ambiente.

Partindo dos princípios listados abaixo, foram estabelecidos parâmetros de

gestão de segurança e saúde nos aterros industriais.

• O respeito pela manutenção de condições seguras de trabalho deve ser uma

preocupação constante na instalação, e nesse sentido os recursos necessários

devem ser disponibilizados, não somente para o atendimento dos requisitos

legais como também para a melhoria contínua do ambiente de trabalho.

• Todos os acidentes podem e devem ser prevenidos atuando nas causas que

os originam.

• Todas, e cada uma das pessoas que integram a instalação devem possuir o

direito de receber condições e ambientes seguros de trabalho e, por sua vez, a

responsabilidade de colaborar em sua manutenção.

• A participação e a capacitação dos colaboradores são essenciais para criar

hábitos e atitudes que favoreçam a prevenção de acidentes, sendo este o

objetivo a ser alcançado por todos os níveis da operadora.

Em relação aos parâmetros de segurança, em linhas gerais, pode-se dizer que

são fundamentais a permanência do encarregado devidamente treinado e capacitado

para o controle operacional da unidade; a designação de um técnico de segurança do

trabalho; o uso correto pelos funcionários de equipamentos de proteção individual

(EPI’s) como protetores faciais, luvas, botas e uniformes adequados às suas

atividades. Deve haver também a vacinação dos funcionários para prevenção de

doenças como tétano, hepatite B e difteria.

Qualquer problema constatado no aterro deve ser corrigido rapidamente para

evitar seu agravamento. Por este motivo, um serviço de manutenção eficaz é

imprescindível. Como atividades rotineiras, a Fundação Estadual de meio Ambiente de

Minas Gerais recomenda para operações em aterros sanitários, mas que são

pertinentes e devem ser utilizadas para os aterros industriais, as seguintes:

• Manter na área do aterro o manual de operação e um livro para registro de

ocorrências;

• Manter atualizados, na unidade, os cartões de vacinação dos funcionários;

139

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• Manter meio de comunicação para o contato com o responsável técnico e para

utilização em ações de emergência;

• Manter um estojo de primeiros socorros e repor periodicamente os materiais

utilizados;

• Fazer uso rigoroso dos EPI’s como protetores faciais, luvas, botas e uniformes,

de modo a minimizar a possibilidade de contaminação, pela redução da

exposição, e garantir a boa qualidade do trabalho;

• Manter um programa de capacitação e treinamento para todos os funcionários;

• Higienizar diariamente as instalações de apoio operacional;

• Limpar a unidade, removendo os materiais espalhados pelo vento, se for o

caso;

• Efetuar periodicamente a capina da área, para manutenção do paisagismo;

• Realizar inspeções e manutenções periódicas no sistema de recobrimento;

• Manter sempre limpas e desobstruídas as canaletas e os demais dispositivos

de drenagem;

• Limpar e fazer eventuais reparos nos equipamentos, veículos e máquinas no

final de cada dia de trabalho;

• Limpar e manter em boas condições de tráfego as vias de acesso externas e

internas;

• Fazer a manutenção da cerca de isolamento, dos portões e do cinturão verde,

evitando o acesso de pessoas não autorizadas e animais;

• Efetuar a fiscalização, o controle e a inspeção dos resíduos diariamente;

• Efetuar semestralmente o controle da saúde dos funcionários.

5.4.1.1. Atendimento às normas de segurança e medicina do trabalho

A portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho, regulamenta as Normas

Regulamentadoras – NR’s – do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT – relativas à segurança e medicina do trabalho. São elas:

• NR-1 – Disposições gerais;

• NR-2 – Inspeção prévia;

• NR-3 – Embargo e interdição;

140

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• NR-4 – Serviço especializado em segurança e medicina do trabalho – SESMT;

• NR-5 – Comissão interna de prevenção de acidentes – CIPA;

• NR-6 – Equipamento de proteção individual – EPI;

• NR-7 – Programas de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO;

• NR-8 – Edificações;

• NR-9 – Programas de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA;

• NR-10 – Segurança em instalações e serviços de eletricidade;

• NR-11 – Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais;

• NR-12 – Máquinas e equipamentos;

• NR-13 – Caldeiras e Vasos sob pressão;

• NR-14 – Fornos;

• NR-15 – Atividades e operações insalubres;

• NR-16 – Atividades e operações perigosas;

• NR-17 – Ergonomia;

• NR-18 – Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção;

• NR-19 – Explosivos;

• NR-20 – Combustíveis líquidos e inflamáveis;

• NR-21 – Trabalho a céu aberto;

• NR-22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração;

• NR-23 – Proteção contra incêndios;

• NR-24 – Condições sanitárias nos locais de trabalho;

• NR-25 – Resíduos industriais;

• NR-26 – Sinalização de segurança;

• NR-27 – Registro Profissional do Técnico de Segurança do Trabalho no MTB;

• NR-28 – Fiscalização e penalidades.

• NR-29 – Segurança e Saúde no Trabalho Portuário

• NR-30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário

141

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• NR-31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária Silvicultura,

Exploração Florestal e Aquicultura

• NR-32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde

Além destas, existem 5 normas regulamentadoras para trabalhos rurais (NRR-1

a NRR-5).

Conforme a NR-1, “as normas regulamentadoras relativas à segurança e

medicina do trabalho, são de observância obrigatória pelas empresas privadas e

públicas (...)”.

Assim, deve-se levar em consideração se a operação do aterro conta com um

sistema de gestão da segurança e da saúde dos trabalhadores, em conformidade com

as normas regulamentadoras listadas e demais legislações pertinentes.

Dentre estas normas, foram destacadas algumas por terem sido observadas no

processo de auditoria ambiental executado pela Petrobrás em um dos aterros que

recebe seus resíduos. São elas:

• NR-4 – Serviço especializado em segurança e medicina do trabalho (SESMT)

A NR-4 prevê que as empresas que possuam empregados regidos pela CLT

manterão, obrigatoriamente, SESMT’s com a finalidade de promover a saúde, e

proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho.

A norma apresenta o dimensionamento para o SESMT, de acordo com o

número de empregados e o grau de risco da empresa. Os SESMT’s são compostos

por engenheiro de segurança do trabalho, médico do trabalho, enfermeiro do trabalho,

técnico de segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho, cada qual

com suas devidas atribuições.

• NR-5 – Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA)

Segundo a NR-5, a “CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e

doença decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o

trabalho com a prevenção da vida e a promoção da saúde do trabalhador”.

Todo estabelecimento que admita trabalhadores como empregados deve

constituir CIPA e mantê-la em regular funcionamento. A CIPA será composta por

integrantes do empregador e dos empregados, de acordo com dimensionamento

previsto na norma. Os representantes dos empregadores serão por eles designados, e

o dos empregados, eleitos em escrutínio secreto.

• NR-6 – Uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s)

142

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De acordo com a NR-6, “EPI é todo dispositivo individual, de fabricação

nacional ou estrangeira, destinado a proteger a saúde e a integridade física do

trabalhador”. O EPI adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e

funcionamento, deve ser fornecido aos empregados gratuitamente pela empresa.

Deve haver o controle sobre o uso correto pelos funcionários de equipamentos

de proteção individual (EPI’s) como protetores faciais, luvas, botas e uniformes

adequados às suas atividades. Os EPI`s devem conter os devidos certificados de

aprovação (CA). Para isso o empregador deve fornecer o treinamento para utilização

correta do EPI, tornar obrigatório seu uso, substituí-lo imediatamente quando

danificado ou extraviado.

• NR-7 – Programa de controle médico de saúde ocupacional – PCMSO

A NR-7 estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por

parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como

empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com

o objetivo da promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores.

Esta NR estabelece os parâmetros mínimos e diretrizes gerais a serem observados na

execução do PCMSO, podendo os mesmos ser ampliados mediante negociação

coletiva de trabalho.

O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da empresa

no campo da saúde dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas

demais NR’s.

Deverá considerar as questões incidentes sobre o indivíduo e a coletividade de

trabalhadores, privilegiando o instrumental clínico-epidemiológico na abordagem da

relação entre sua saúde e o trabalho.

O PCMSO deverá ter caráter de prevenção, rastreamento e diagnóstico

precoce dos agravos à saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza

subclínica, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais ou

danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.

• NR-8 – Edificações

Todas as edificações devem obedecer à NR-8, com relação aos requisitos

técnicos mínimos para a garantia da segurança e conforto aos que nela trabalham,

como altura mínima de pé direito, circulação e proteção contra intempéries.

• NR-9 – Programa de prevenção de riscos ambientais (PPRA)

143

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A Norma Reguladora – NR-9 – “estabelece a obrigatoriedade da elaboração e

implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam

trabalhadores como empregados, do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais –

PPRA, visando a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através

da antecipação, reconhecimento, avaliação e conseqüente controle da ocorrência de

riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de trabalho, tendo

em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais”.

Um aterro de resíduos perigosos é ambiente que requer mão-de-obra

preparada para lidar com os fatores de riscos ambientais, sendo estes considerados

pela NR-9 “como os agentes físicos, químicos e biológicos existentes no ambiente de

trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de

exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador”.

Pela norma, são considerados:

- agentes físicos: “diversas formas de energia a que possam estar expostos

os trabalhadores, tais como ruídos, vibrações, pressões anormais,

temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,

bem como o infra-som e o ultra-som”;

- agentes químicos: “substâncias, compostos ou produtos que possam

penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos,

névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de

exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da

pele ou por ingestão”;

- agentes biológicos: “bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários,

vírus, entre outros”.

Desta maneira, torna-se imprescindível a existência deste programa, seguindo

as diretrizes estabelecidas pela norma, para o bom funcionamento de um aterro de

resíduos industriais.

Além do campo de atuação, a norma estabelece a estrutura que deverá conter

um PPRA, os parâmetros mínimos e as diretrizes gerais a serem consideradas, além

das etapas para seu desenvolvimento.

A estrutura mínima de um PPRA conter: planejamento anual com

estabelecimento de metas, prioridades e cronograma; estratégia e metodologia de

ação; forma de registro, manutenção e divulgação dos dados; periodicidade e forma

de avaliação do desenvolvimento do PPRA.

144

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A elaboração do PPRA fica a cargo do SESMT, com colaboração da CIPA.

O PPRA deve incluir as “seguintes etapas:

a) antecipação e reconhecimento dos riscos;

b) estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle;

c) avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores;

d) implantação das medidas de controle e avaliação de sua eficácia;

e) monitoramento da exposição aos riscos;

f) registro e divulgação dos dados”.

• NR-17 – Ergonomia

De acordo com a NR-17, as condições de trabalho devem ser adaptadas às

condições psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de

conforto, segurança e desempenho eficiente. Da mesma maneira devem seguir ao

estabelecido na NR o mobiliário e equipamentos dos postos de trabalho, as condições

ambientais e a organização do trabalho.

• NR-23 – Proteção contra incêndio

Conforme NR-23, “todas as empresas deverão possuir:

a) proteção contra incêndio;

b) saídas suficientes para a rápida retirada do pessoal em serviço, em caso de

incêndio;

c) equipamento suficiente para combater o fogo em seu início;

d) pessoas adestradas no uso correto desses equipamentos”.

Deverá haver, conforme prevê a norma, exercícios de alerta e combate ao

fogo, que deverão ser feitos periodicamente, sob a direção de pessoas capazes de

prepará-los e dirigi-los como se fosse para um caso real de incêndio.

Todo estabelecimento ou local de trabalho deve ser provido de extintores

portáteis, a fim de combater o fogo em seu início. Estes extintores devem obedecer às

normas brasileiras ou regulamentos técnicos do Instituto Nacional de Metrologia,

Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO. A quantidade de extintores, bem

como sua loclização e identificação, estão descritos na norma.

Além disso, as edificações deverão respeitar a norma em relação à largura

mínima dos vãos de acesso, saídas de emergência, entre outros.

145

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• NR-24 – Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho

Todas as instalações de trabalho (instalações sanitárias, vestiários, entre

outras) devem seguir os regulamentos da NR-24.

Em todos os locais de trabalho deverá ser fornecida aos trabalhadores água

potável, em condições higiênicas. Os locais de trabalho deverão ser mantidos em

estado de higiene compatível com o gênero da atividade.

Para o devido atendimento das normas de segurança e saúde ocupacional o

aterro é avaliado com peso cinco. Atendendo parcialmente às normas, será atribuído

peso três. Caso não atenda, peso zero.

Tabela 5.59 – avaliação quanto ao atendimento às normas de segurança e saúde

Variável Avaliação Peso

sim 5

parcialmente 3

Atendimento às normas de segurança e

saúde

não 0

5.4.1.2. Lava-rodas de veículos nas saídas das áreas de manipulação de resíduos

Para o controle da qualidade ambiental, segurança e saúde, é recomendado

que haja instalações e procedimentos implementados para a lavagem de rodas dos

veículos nas saídas das áreas de manipulação dos resíduos, conforme Decreto Lei

1413/75, que dispõe sobre o controle da poluição do meio ambiente provocada por

atividades industriais.

Será atribuído peso cinco quando houver o sistema de lavagem de rodas para

os veículos que tramitarem pela área do aterro. Caso não haja, o peso será zero.

Tabela 5.60 – avaliação quanto ao sistema lava-roda de veículos nas saídas das

áreas de manipulação de resíduos

Variável Avaliação Peso

sim 5 Lava-rodas

não 0

5.4.1.3. Existência de alguma ação trabalhista relacionada com saúde e segurança

Esta variável tem como fonte uma auditoria realizada pela Petrobras, como um

item a ser observado.

Desta forma, a existência de alguma ação trabalhista relacionada com saúde e

segurança contra a operadora do aterro deve ser considerada e avaliada segundo a

tabela 5.61.

146

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Tabela 5.61 – avaliação quanto à existência de ação trabalhista

Variável Avaliação Peso

não 3 Existência de ação trabalhista

sim 0

5.4.2. Meio ambiente

Segundo ROVERE (2002), a gestão ambiental de uma empresa é formada por

“elementos da função global de gestão que determinam e implementam a política

ambiental”. Já o Sistema da Gestão Ambiental (SGA) é “parte do sistema global de

gestão que compreende a estrutura organizacional, as responsabilidades, as práticas,

os procedimentos e recursos para a determinação e implementação da política

ambiental”.

MAGRINI (2003) recomenda que uma organização deve possuir os seguintes

instrumentos para obtenção de uma correta Gestão Ambiental:

• Sistema de informações e dados ambientais;

• Sistema de informação, formação e participação do pessoal;

• Sistema de informação e participação do público;

• Avaliação, controle e prevenção dos efeitos sobre os componentes do meio

ambiente (ar, água, solo, etc.);

• Auditoria ambiental;

• Contabilidade (balanço) ambiental; e

• Sistema de prevenção e redução de acidentes.

Já BAMPA (apud LOUREIRO, 2005), considera que o programa da Gestão

Ambiental, em empresas de tratamento de resíduos, deve garantir sua

responsabilidade permanente pelo passivo e que o processo industrial do tratamento

de resíduos está sendo aplicado da melhor forma, evitando ações civis públicas,

indenizações, processos, etc. Essa afirmação deve gerar como conseqüência:

• O licenciamento do processo;

• O cumprimento à tecnologia contratada;

• A eficiência do processo pela avaliação dos resultados;

• A redução das concentrações dos contaminantes gerados; e

• O aprimoramento da qualidade ambiental.

147

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Considerando o exposto acima, LOUREIRO (2005), pela Norma ABNT NBR

ISO 14001, elencou os dez seguintes parâmetros, a serem avaliados para o critério da

gestão de meio ambiente:

a) Identificação dos aspectos e impactos significativos;

b) Objetivos, metas e programas ambientais;

c) Garantia dos recursos necessários (humanos, tecnológicos, financeiros);

d) Sistema de treinamento (competência e conscientização) e comunicação (interna e

externa);

e) Controle da documentação do SGA (registros);

f) Programa e planos de emergências;

g) Controle, monitoramento e medição das operações (relativas aos impactos

significativos);

h) Atendimento aos requisitos legais e demais subscritos;

i) Programa de auditorias internas;

j) Análises críticas pela administração (auditorias internas, leis, comunicação,

objetivos, metas e programas ambientais) e ações corretivas e preventivas (mitigar

impactos).

A estes dez parâmetros foram acrescentados mais três, sendo eles: plano de

contingência; plano de fechamento do aterro com previsão de uso futuro; programas

de responsabilidade social. Desta maneira, este bloco passa a contar com treze

parâmetros de avaliação.

5.4.2.1. Identificação dos aspectos e dos impactos ambientais

Antes de se analisar os parâmetros da gestão ambiental nos aterros, é

necessário definir e compreender a importância e a abrangência do estudo e da

avaliação de impacto ambiental, que a implantação e a operação de uma unidade de

tratamento e/ou disposição final de resíduos poderá causar ao meio ambiente local e

circundante.

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), instituída pela Lei Federal n°6.938, de

31/08/1981, instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, é formada por um

conjunto de procedimentos capazes de assegurar que se faça um exame sistemático

dos potenciais impactos ambientais de uma atividade proposta e de suas alternativas,

bem como assegurar que seus resultados sejam apresentados de forma adequada

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para a consideração do público em geral e dos responsáveis pela tomada de decisão.

Além disso, tais procedimentos devem garantir que, no caso de decisão favorável à

implantação do projeto, as medidas determinadas para a proteção ao meio ambiente

sejam efetivamente adotadas.

Um impacto ambiental deriva de uma ação sobre o meio ambiente. Na

concepção de AIA em vigor, o conceito de impacto ambiental adquire um caráter

preventivo. É considerado como a diferença entre a situação do meio ambiente,

natural e social futuro, modificado pela realização de um projeto, e a situação do meio

ambiente futuro tal como teria evoluído sem o mesmo projeto.

A definição, de impacto ambiental, estabelecida na Resolução CONAMA n°

01/1986, é “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do

meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia, resultante das nas

atividades humanas que direta ou indiretamente, afetem:

• a saúde, a segurança e o bem estar da população;

• as atividades sociais e econômicas;

• a biota;

• as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e

• a qualidade dos recursos ambientais.”

A identificação dos aspectos e impactos ambientais, bem como seu grau de

significância nas atividades, produtos e serviços por ele controlados e/ou

influenciados, deverá ser realizada pela administração do aterro.

Segundo LOUREIRO (2005), “aspecto ambiental é o elemento das atividades,

produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente.

Um aspecto pode ter mais de um impacto associado, benéfico ou adverso, significativo

ou não. Esse impacto pode ser do passivo, atual e do futuro dessas atividades”.

A análise e estudo dos potenciais impactos ambientais negativos é ferramenta

importante para comprovar as hipóteses de contaminação possíveis num aterro, do

solo, dos recursos hídricos ou da atmosfera, bem como sua significância, desta forma,

avaliando a condição ambiental e com finalidade de evitar danos ao meio ambiente.

O aterro terá como avaliação suficiente – peso cinco, pontuação máxima –

caso a administração do aterro possua levantamento completo e atualizado de todos

os aspectos envolvidos em suas operações, dos impactos a eles relacionados e seus

respectivos graus de significância estabelecidos. Caso não seja capaz de listar todos,

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mas possuir um grau de conformidade a este requisito, será avaliado como insuficiente

– peso dois. Não atendendo, deverá ser classificado como inexistente – peso zero.

Tabela 5.62 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 5

insuficiente 2

Identificação dos aspectos e dos

impactos ambientais

inexistente 0

5.4.2.2. Objetivos, metas e programas ambientais

Os programas ambientais de um aterro, sempre deverão considerar os

seguintes aspectos:

• “A legislação ambiental em vigor;

• Os aspectos e impactos ambientais significativos;

• As opções de tecnologias empregadas nos processos;

• As condições financeiras, operacionais e comerciais;

• A prevenção da poluição, bem como a redução das concentrações dos

contaminantes gerados;

• A visão das partes interessadas (empreendedor, população, governo);

• Um plano de ação (voluntária) com fins de certificação; e

• A melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental”.

Estes programas podem ser descritos por seus objetivos e planos de atividades

específicas de todos os processos, relacionados à melhoria na proteção do meio

ambiente, incluindo as medidas adotadas para alcançar estes objetivos e os prazos

estabelecidos para tais medidas.

Esta avaliação considera também a designação de responsáveis pelos

programas em cada nível e função do aterro, os meios e os prazos de execução.

Será classificado da seguinte forma: quando a administração do aterro possuir

um programa elaborado, com objetivos e metas estabelecidos, consistentes com sua

política ambiental, considerando os fatores acima, receberá peso três, sendo

classificado como suficiente. Se o programa for classificado como insuficiente,

receberá peso um; quando não houver programa, ou seja, avaliado como inexistente,

peso zero.

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Tabela 5.63 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 3

insuficiente 1

Objetivos, metas e programas

ambientais

inexistente 0

5.4.2.3. Garantia dos recursos necessários (humanos, tecnológicos e financeiros)

Todos os recursos necessários para a correta operação do aterro deverão ser

disponibilizados pela administração. Sempre deverá ser levada em consideração o

potencial de armazenamento de resíduos, baseado na vida útil do aterro.

Este parâmetro terá classificação de suficiente – peso dois – caso estes

recursos sejam providenciados e mantidos num grau de atendimento às expectativas

de demanda. Caso contrário, será classificado como insuficiente, pontuação nula.

Tabela 5.64 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 2 Garantia dos recursos necessários

insuficiente 0

5.4.2.4. Sistema de treinamento (competência e conscientização) e comunicação

(interna e externa)

O correto funcionamento de um aterro é fundamental na minimização de

possíveis efeitos danosos ao meio ambiente. Desta forma, a capacitação do operador

é um fator primordial e os responsáveis pelo local de disposição devem fornecer

treinamento adequado aos seus funcionários.

A administração deve identificar as necessidades de treinamento para todo

pessoal que trabalhe na instalação ou em seu nome, fazendo com que estas pessoas

estejam conscientes dos aspectos ambientais associados aos seus trabalhos, bem

como as conseqüências possíveis pela não observância de seus procedimentos

operacionais.

Deverá existir um sistema de comunicação, interna e externa, eficaz, entre

todas as partes envolvidas: funcionários, órgão de controle ambiental, população. Este

sistema de comunicação deverá contemplar:

• “Programa de educação ambiental com a comunidade local;

• Sistema de informações e dados ambientais;

• Sistema de informação, formação e participação do pessoal;

151

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• Sistema de informação e participação do público; e

• Pesquisa de satisfação de clientes e visitantes”.

Segundo MARQUES (apud LOUREIRO, 2005), a adoção da norma ISO 14001

não garantirá, por si só, resultados ambientais ótimos, dependendo também do

processo de treinamento, de conscientização do público, clientes e outros integrantes

envolvidos, voltado para a mudança cultural, exigida em face às novas legislações

ambientais. Neste caso, o treinamento deve ter o objetivo de fazer com que o

integrante participe ativamente das exposições e não passivamente como ocorre ainda

em diversos processos, tornando-o pouco eficaz.

A série ISO 14000 foi baseada em um exemplo de operação industrial holístico

orientado por sistemas. Essa abordagem faz com que as pessoas de diferentes partes

da organização (projeto, produção, qualidade, saúde, segurança ambiental, etc.)

trabalhem juntas. Isso requer trabalho de equipe, cooperação, boa comunicação e um

treinamento extensivo para tornar os integrantes conhecedores dos aspectos

ambientais de seu trabalho (MARQUES et al, 2002 apud LOUREIRO, 2005).

Essa mudança cultural demanda tempo e esforço. O objetivo é que todos os

integrantes se apropriem das questões ambientais de seu trabalho. Dessa forma, as

questões ambientais se tornam ligadas às decisões básicas por toda operação.

A implementação de um Sistema de Gestão Ambiental, atendendo

corretamente as necessidades de treinamento, pode promover a redução dos custos

internos das organizações, aumentar a competitividade e facilitar o acesso aos

mercados consumidores, em consonância com os princípios e objetivos do

desenvolvimento sustentável (MARQUES et al, 2002 apud LOUREIRO, 2005).

A educação ambiental tem um papel muito importante, porque desperta cada

integrante para a ação e a busca de soluções concretas para os problemas ambientais

que ocorrem principalmente no dia-a-dia, no local de trabalho, na execução de sua

tarefa, portanto onde ele tem poder de atuação para a melhoria da qualidade

ambiental dele e dos colegas. Esse tipo de educação extrapola a simples aquisição de

conhecimento; é muito mais do que isso, faz com que o integrante vá em busca da sua

própria capacitação; é fundamental que ele reconheça na educação ambiental um

novo fator de progresso.

Conceder mais autonomia aos empregados em suas funções tem provado ser

uma das soluções mais inteligentes para alcançar o sucesso. Assim, a educação

ambiental deverá eliminar as idéias errôneas de que as soluções de problemas

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dependem somente às chefias ou aos setores de segurança e higiene. Ninguém

melhor do que o próprio integrante responsável por uma tarefa para dizer de que

forma ela deva ser executada, e como ajudar a resolver os problemas por ela

apresentada.

Um dos objetivos da educação ambiental deverá ser estimular a participação

de todos os seus integrantes na apresentação de sugestões e propostas de ações e,

ainda, permitir a reavaliação contínua dos resultados alcançados, através de

campanhas de incentivo, seminários internos, treinamentos, conscientização,

utilizando os recursos computacionais hoje existentes (hipermídia, multimídia, internet,

hipertexto), alusivos à proteção e à melhoria do meio ambiente.

O novo perfil a ser adotado por uma organização deverá passar por um

processo de educação e conscientização ambiental por todos os seus integrantes.

Para que esse processo ocorra com eficiência, e traga para a organização uma

imagem positiva e de credibilidade é essencial um eficaz processo de treinamento

(MARQUES et al, 2002 apud LOUREIRO, 2005).

Uma vez estabelecida a decisão de mudança cultural dentro da organização

almejando melhores resultados ambientais, essa decisão deve ser transparente e

todos da organização devem tomar conhecimento dessa mudança.

A incorporação dos conceitos de um SGA no dia-a-dia de uma organização

requer uma mudança de cultura em todos os níveis. A inserção desses novos

conceitos na cultura da organização exige um sistema de treinamento eficiente entre

seus vários níveis hierárquicos através do estabelecimento de um programa de

educação ambiental que mobilize todos os integrantes.

O treinamento deve incluir também, e principalmente, a forma de operação da

instalação, enfatizando-se a atividade específica a ser desenvolvida pelo indivíduo e

os procedimentos a serem adotados em casos de emergência.

Deve ser feito um registro contendo uma descrição do programa de

treinamento realizado por cada indivíduo na instalação.

Desta maneira, se o sistema de treinamento e comunicação for eficiente, o

aterro é contemplado com peso dois. Se este sistema for ineficiente, peso zero.

Tabela 5.65 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

eficiente 2 Sistema de treinamento e comunicação

ineficiente 0

153

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5.4.2.5. Controle da documentação do SGA

Em aterros, o fundamental para o atendimento a este parâmetro é garantir que

documentos obsoletos ou procedimentos operacionais desatualizados ainda estejam à

disposição para uso e que haja um controle rigoroso dos registros de entrada e saída

dos resíduos. Estes registros deverão ser e permanecer legíveis, identificáveis e

rastreáveis.

Os registros ambientais poderão incluir, caso pertinente: relatórios de

incidentes, reclamações, informações de prestadores de serviços, manutenção de

equipamentos, informações judiciais, treinamento, auditorias internas, aspectos e

impactos significativos, leis ambientais, simulações de emergência e análises de

efluentes.

Portanto, caso a administração do aterro mantenha os registros de controle de

suas operações, conforme exposto acima, será dada avaliação com peso um. Do

contrário, receberá nota zero.

Tabela 5.66 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 1 Controle de documentos (registros)

não 0

5.4.2.6. Programa e planos de emergência

Trata-se do plano que define as ações que serão tomadas nos casos de

emergência como fogo, explosão, derramamentos e liberação de gases tóxicos,

descrevendo os equipamentos de segurança a serem utilizados, assim como a

identificação (incluindo meios de comunicação e alerta) das pessoas responsáveis

pela coordenação e participação no atendimento às ações de emergência.

Em caso de acidentes devem ser tomadas, coordenadamente, medidas que

minimizem ou restrinjam os possíveis efeitos danosos decorrentes. Tal seqüência de

procedimentos deve estar discriminada no plano de emergência, que deve conter:

a) Informações de possíveis incidentes e das ações a serem tomadas;

b) Indicação da(s) pessoa(s) que atuará(ão) como coordenador das ações de

emergência, indicando seu(s) telefone(s) e endereço(s); esta lista deve estar

sempre atualizada;

c) Lista de todo equipamento de segurança existente, incluindo localização, descrição

do tipo e capacidade.

154

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A administração do aterro deverá identificar o potencial e dar respostas a

situações de acidentes e emergências, com o objetivo de prevenir e mitigar os

impactos ambientais significativos. Deverá também analisar e revisar seus

procedimentos de preparação e resposta às situações de emergência, particularmente

após a ocorrência de acidentes, e realizar simulações destes procedimentos em

intervalos apropriados.

O programa de emergência deverá ser composto basicamente por dois planos:

de prevenção e redução de acidentes e de controle de emergências e ações de

melhoria.

A partir do levantamento dos impactos decorrentes das catástrofes potenciais,

um plano de emergência típico deve conter os seguintes elementos:

• Descrição e diagramas das instalações com potenciais situações de catástrofe;

• Procedimentos para áreas específicas de possibilidade de situações

inesperadas;

• Equipamentos e pessoal disponível;

• Funções de suporte logístico;

• Plano de evacuação; e

• Plano de notificação e requisitos para relatar a emergência.

Em aterros, deverão ser contempladas as situações de: vazamento de

lixiviado, pela camada impermeabilizante ou pelo sistema de drenagem e tratamento,

deslizamento de maciços de lixo, ruptura do solo de apoio, escapamento, explosões

ou incêndios causados pelo rompimento de bolsões de gases, etc.

Para cada aterro deve ser designado um funcionário que, lotado na própria

instalação ou em local de rápido acesso, tenha a responsabilidade de coordenar todas

as medidas necessárias para o controle dos casos de emergências.

Este coordenador deve estar familiarizado com o plano de emergência, com as

operações existentes nas instalações e a localização e características dos resíduos

manuseados, assim como deve ter autoridade para liberar os recursos necessários

para a consecução de tal plano.

O plano de emergência deve ser mantido em local de fácil acesso na

instalação e todos os funcionários devem ter conhecimento do seu conteúdo. Seu

objetivo principal é a minimização das conseqüências e a proteção da integridade

155

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física dos funcionários e/ou qualquer outra pessoa que esteja na área, dos

equipamentos e das instalações do aterro.

Portanto, caso exista um programa de emergência, que englobe todas as

possíveis situações acima descritas, bem como seja constatado o conhecimento de

todo pessoal do aterro quanto aos procedimentos de resposta estabelecidos e à

realização de simulações, será dada a pontuação quatro. Se qualquer um dos

requisitos citados não for atendido satisfatoriamente, será dada avaliação dois

(insuficiente) e, caso não haja sequer programa, este parâmetro deverá receber

avaliação zero.

Tabela 5.67 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 4

insuficiente 2

Programas e planos de emergência

inexistente 0

5.4.2.7. Plano de contingência

Toda empresa com potencial de gerar uma ocorrência anormal, cujas

conseqüências possam provocar sérios danos a pessoas, ao meio ambiente e a bens

patrimoniais, inclusive de terceiros, devem ter, como atitude preventiva, um plano de

contingência.

Entende-se como plano de contingência ao conjunto de procedimentos e

ações, referentes à integração dos diversos planos de emergências setoriais, bem

como a definição dos diversos recursos humanos, materiais e de equipamentos

complementares para a prevenção, controle e combate à emergência.

A contingência é uma situação de risco, inerente às atividades, processos,

produtos, serviços, equipamentos ou instalações industriais e que, ocorrendo se

caracteriza em uma emergência. Essa por sua vez é toda a ocorrência anormal, que

foge ao controle de um processo, sistema ou atividade, da qual possam resultar danos

a pessoas, ao meio ambiente, a equipamentos ou ao patrimônio próprio ou de

terceiros, envolvendo atividades ou instalações industriais.

No plano de contingência deverão constar: a forma de acionamento (telefone,

e-mail, "pager", etc.) de algum responsável; os recursos humanos e materiais

envolvidos para o controle dos riscos, bem como a definição das competências,

responsabilidades e obrigações das equipes de trabalho; e as providências a serem

adotadas em caso de acidente ou emergência.

156

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O plano de contingência deverá descrever as situações possíveis de

anormalidade e indicar os procedimentos e medidas de controle para o

acondicionamento, tratamento e disposição final dos resíduos nas situações

emergenciais.

Os exercícios simulados são fundamentais para validar os plano de

contingência e para o treinamento e preparação dos elementos participantes. Por isso

mesmo, os simulados são itens obrigatórios nos capítulos referentes a treinamento e

preparação dos planos de emergência/contingência.

Um programa de exercícios simulados precisa preparar progressivamente as

equipes de resposta para que desempenhem efetivamente suas funções de acordo

com todas as situações preconizadas no plano de contingência. Logicamente, o

principal teste da eficiência destes planos é a sua aplicação em situação real.

Os exercícios simulados têm como princípios norteadores, os seguintes:

• Garantir que o manejo/gerenciamento em todos os níveis suporte as atividades do

exercício;

• Estabelecer objetivos claros, realísticos e mensuráveis para o exercício;

• A meta do exercício é melhorar, não impressionar;

• Exercícios mais simples, e mais freqüentes, levam inicialmente a melhoras mais

rápidas;

• Não enfrentar exercícios complexos sem pessoal experiente e competente;

• Muitas atividades, locações e participantes podem complicar ou mesmo

desestruturar um exercício;

• Sucesso na avaliação é tão importante quanto o sucesso na condução do

simulado;

• Planejamento e condução de um exercício bem sucedido devem ser reconhecidos

como uma significativa realização.

Conforme orientação da Cetesb, pode-se considerar a existência de quatro

categorias básicas de exercícios: exercícios de notificação; exercícios tabletop;

exercício de uso de equipamentos; manejo de acidentes.

Em analogia à avaliação feita para a existência do plano de emergência,

existindo o plano de contingência, será atribuída a pontuação quatro. Se qualquer um

157

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dos requisitos citados não for atendido satisfatoriamente, será dada avaliação dois

(insuficiente) e, caso não haja, receberá avaliação zero.

Tabela 5.68 – avaliação quanto à existência de plano de contingência

Variável Avaliação Peso

suficiente 4

insuficiente 2

Plano de contingência

inexistente 0

5.4.2.8. Controle, monitoramento e medição das operações (relativas aos impactos

significativos)

A administração do aterro deverá identificar, monitorar e medir, regularmente,

as características principais das operações que possam ter impacto significativo,

documentando o desempenho dessas operações e o grau de atendimento aos

objetivos e metas ambientais, tais como:

• Padrões de aplicação e cumprimento às tecnologias contratadas;

• Prevenção dos efeitos sobre os componentes do meio ambiente (ar, água,

solo);

• Ensaios de caracterização (física, química e biológica) em laboratório;

• Monitoramento da estabilidade dos taludes, bolsões de gás e percolado; e

• A eficiência do processo pela avaliação dos resultados;

Como exemplos de controle operacional em aterros, se pode citar: a análise da

qualidade do material de recobrimento, os sistemas de drenagem do percolado, águas

pluviais, provisória e definitiva, e gases e os sistemas de tratamento de lixiviados e

gases. Quanto ao monitoramento, deve ser verificada a realização de análises

laboratoriais das águas subterrâneas, superficiais, lixiviados, gases, bem como a

medição dos recalques para o acompanhamento da estabilidade da massa de

resíduos e do solo.

Todos os equipamentos e instrumentos, utilizados para este fim, devem ser

devidamente calibrados e/ou verificados, antes de sua utilização. Em geral, muitas

administrações de aterros atendem a este critério através de contratos de intercâmbio

técnico com universidades públicas, que realizam visitas regularmente e fornecem

relatórios mensais de todas as medições realizadas.

Para esta avaliação deve ser considerada a eficácia de todos os sistemas de

coleta e tratamento de efluentes, sejam líquidos ou gasosos. Deverão também ser

158

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avaliados os monitoramentos dos taludes, bem como dos corpos d’água nas

proximidades do aterro, sendo atribuído peso quatro, caso todos estes critérios sejam

atendidos satisfatoriamente, bem como todos os registros pertinentes estejam em

salvaguarda na administração do aterro. Caso qualquer destas condições não seja

atendida, o peso será zero.

Portanto, caso exista um programa de controle eficaz, que englobe todas as

possíveis situações acima descritas, será dada a pontuação quatro.

Tabela 5.69 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

eficaz 4 Controle, monitoramento e medição de

operações ineficaz 0

5.4.2.9. Atendimento aos requisitos legais e demais subscritos

A administração do aterro deve identificar e ter acesso aos requisitos legais,

dentre outros, bem como determinar o modo pelos quais estes requisitos se aplicam

aos seus aspectos ambientais, devendo ser avaliados periodicamente a fim de se

medir o seu grau de atendimento, dentre os quais:

• O licenciamento do processo;

• As leis ambientais, de segurança, higiene industrial e Saúde; e

• Normas de armazenamento temporário e de transporte de resíduos.

COUTO & MAINIER (apud LOUREIRO, 2005), relacionam alguns entraves

para a identificação da legislação ambiental, devido à mesma não ser consolidada,

codificada nem possuir remissões, ao grande número de leis (federais, estaduais e

municipais), Resoluções e portarias, à não haver jurisprudência pacífica firmada, às

controvérsias e conflitos entre as leis e à variação da mesma entre um município e

outro.

No entanto, é possível identificar a legislação ambiental aplicável através de

livros, diário oficial, escritórios de advocacia ambiental, softwares, internet,

recuperação de documentos envolvidos na obtenção de licenças ambientais (caso já

as têm), além de consulta a órgãos de fiscalização ambiental, sendo necessária a

busca constante pelas atualizações disponíveis.

Dentre as muitas razões para a crescente busca por informações na área de

legislação ambiental, as principais são:

159

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• Necessidade, por parte da organização que tem ou busca ter seu Sistema de

Gestão Ambiental certificado em conformidade com a ABNT NBR ISO 14001,

de atender a todos os requisitos legais aplicáveis, ou seja, exigindo um melhor

conhecimento e aplicabilidade por parte de seu pessoal da legislação

ambiental pertinente;

• Pressão cada vez maior da sociedade sobre as organizações, para que estas

desenvolvam novos processos produtivos que não impactem o meio ambiente.

Cada vez mais a imagem da empresa passa a ser avaliada de acordo com sua

responsabilidade ambiental, e encontra-se vinculada às suas atitudes e

percepções com seu ambiente externo. A legislação assim torna-se um fator

crítico de sucesso do SGA;

• A legislação ambiental é muito dispersa e ampla, mudando de um município

para outro e de um estado a outro, obrigando as empresas a despenderem

mais com recursos humanos na vigilância de constantes mudanças efetuadas

por órgãos reguladores por meio de leis, decretos, resoluções, portarias, etc.

• Uma maior eficiência por parte das organizações no gerenciamento de suas

atividades, baseadas na legislação ambiental, possibilitará à empresa reduzir

seu passivo ambiental e, mais importante ainda, preveni-la de multas e

processos judiciais.

Este parâmetro é de fundamental importância, pois um aterro só poderá iniciar

suas operações com a Licença de Operação aprovada, passando por todas as etapas

de licenciamento ambiental, que somente se concretizarão após o reconhecimento do

atendimento a todos os requisitos legais. Portanto, caso o aterro esteja totalmente

conforme, será dada a avaliação máxima, peso cinco, mas se algum requisito não

estiver sendo cumprido, o avaliador deverá aplicar peso zero.

Tabela 5.70 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 5 Atendimento aos requisitos legais e

outros não 0

5.4.2.10. Programa de auditorias internas

Conforme o Regulamento CEE n° 1.386/93, Auditoria Ambiental é o

“instrumento de gestão que compreende uma avaliação sistemática, documentada,

periódica e objetiva do bom funcionamento da organização, do sistema de gestão e

dos equipamentos para a proteção do meio ambiente, com a finalidade de:

160

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a) Facilitar o controle dos procedimentos ambientais por parte da direção da

empresa;

b) Garantir a conformidade com as políticas da empresa, incluindo o atendimento

à legislação vigente.

A Auditoria Ambiental compreende o levantamento dos dados de fato,

necessários à avaliação da eficiência ambiental”.

Pelo Substitutivo da Lei 3.160/92, é o “exame periódico e ordenado dos

aspectos legais, técnicos e administrativos relacionados às atividades da instituição,

capazes de provocar efeitos nocivos ao meio ambiente, com os seguintes objetivos:

i. Verificar se a instituição está em conformidade com as exigências federais,

estaduais e municipais em termos de licenciamento ambiental;

ii. Verificar se a instituição, em seus procedimentos, equipamentos e instalações,

está cumprindo as restrições e recomendações constantes das licenças ambientais

e do estudo prévio de impacto ambiental, quando houver;

iii. Verificar se a instituição está cumprindo à legislação, normas e regulamentos

quanto aos padrões de emissão e aos parâmetros de qualidade ambiental da

região em que se localiza;

iv. Verificar se a instituição está cumprindo a legislação, normas, regulamentos e

procedimentos técnicos relativos à recuperação e manutenção da qualidade

ambiental da região em que se insere;

v. Avaliar a política ambiental da instituição, no que se refere a:

a. Adoção de medidas de avaliação, controle e prevenção do impacto

ambiental de suas atividades;

b. Gerenciamento do uso e conservação das fontes de energia;

c. Uso racional de matéria-prima e transporte;

d. Uso racional, conservação e reutilização de água de processo;

e. Minimização, reciclagem, tratamento e disposição segura de resíduos

sólidos, líquidos e gasosos;

f. Aperfeiçoamento de produtos e métodos de produção, tendo em vista

reduzir a agressão ao meio ambiente;

g. Prevenção e limitação de acidentes;

161

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h. Conscientização, treinamento e motivação de pessoal quanto aos cuidados

com a preservação ambiental;

i. Informação ao público externo sobre as atividades da instituição e

relacionamento com as comunidades localizadas em seu entorno”.

Já a Norma ABNT NBR ISO 19011:2002 (Diretrizes para auditorias de sistema

de gestão da qualidade e/ou ambiental) define Auditoria como “processo sistemático,

documentado e independente para obter registros, apresentação de fatos ou outras

informações, pertinentes ao conjunto de políticas, procedimentos ou requisitos, e

avaliá-los objetivamente para determinar a extensão na qual estes critérios são

atendidos”.

Ainda segundo a ISO 19011, “Auditorias internas, algumas vezes chamadas de

primeira parte, são conduzidas pela própria organização, ou em seu nome, para

análise crítica pela direção e outros propósitos internos, e podem formar a base para

uma auto-declaração de conformidade da organização”.

As auditorias externas incluem aquelas auditorias geralmente chamadas de

auditorias de segunda e de terceira parte. Auditorias de segunda parte são realizadas

por partes que têm um interesse na organização, tais como clientes, ou por outras

pessoas em seu nome. Auditorias de terceira parte são realizadas por organizações

externas de auditoria independente, tais como organizações que provêem certificados

de conformidade com os requisitos da ABNT NBR ISO 14001.

Segundo ROVERE (2002), uma auditoria ambiental deve ser planejada,

considerando as seguintes etapas:

• Identificação das áreas funcionais (ar, água, solo, resíduos, etc.);

• Tópicos específicos para cada área (licenças, etc.);

• Distinção das atividades de operação na planta de outras externas;

• Seleção dos tópicos;

• Identificação e listagem dos requisitos legais (federal, estadual e municipal),

pertinentes aos tópicos selecionados, bem como as respectivas políticas e

procedimentos da empresa;

• Determinação e identificação do nível de aprofundamento a ser dado a cada

tópico (espaço amostral); e

• Determinação do tipo e do nível das técnicas de auditoria a serem usadas para

cada tópico, com o devido cuidado a recursos e restrições.

162

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• A Norma ISO 14001 ainda estabelece que este programa deva considerar a

importância ambiental das operações do aterro, bem como os resultados de

auditorias anteriores e que devam ser estabelecidos requisitos para quem

as conduza, assegurando sua objetividade e imparcialidade.

A ABNT NBR ISO 19011 – “Diretrizes para a condução de auditorias de

sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental”, trata, entre outros assuntos, sobre

“a gestão de programas de auditoria, sobre a realização de auditorias internas ou

externas de sistemas de gestão da qualidade e/ou ambiental, assim como sobre a

competência e a avaliação de auditores”.

Esta norma recomenda que os auditores tenham conhecimentos e habilidades,

entre outras áreas, “nas leis, regulamentos e outros requisitos pertinentes à

organização a ser auditada”. Isto, no caso de Auditores de Sistema de Gestão

Ambiental, significa que devem conhecer a Legislação Ambiental.

Recomenda também que os auditores devem ter “habilidade para identificar a

aplicação das leis pertinentes e regulamentos relacionados aos processos, produtos

e/ou descargas no ambiente”, e que este conhecimento seja adquirido “através de

curso de treinamento nas leis pertinentes às atividades e processos a serem

auditados”.

Considerando o exposto, o programa de auditorias internas deverá ser avaliado

quanto ao grau de eficácia no cumprimento de seus objetivos, que são: verificar a

conformidade das operações do aterro com os requisitos legais, com o atendimento

aos demais requisitos anteriormente citados, bem como a capacidade de tratamento

do aterro, a fim de se dispor um diagnóstico do Sistema da Gestão Ambiental

implementado, contendo os seguintes procedimentos: escopo, freqüência,

metodologias, responsabilidades, requisitos, relatórios de resultados e ações de

melhorias.

Portanto, caso estes critérios sejam atendidos, receberá pontuação dois. Se

caso não forem suficientes, deverão receber peso um e, se não forem implementadas,

peso zero.

Tabela 5.71 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 2

insuficiente 1

Programa de auditorias internas

inexistente 0

163

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A auditoria ambiental, objeto de muita atenção nos tempos atuais, ainda não se

encontra disciplinada por legislação federal. Encontra-se em tramitação, no Congresso

Nacional, como Projeto de Lei. Apesar da inexistência de legislação federal, alguns

Estados e municípios criaram essa exigência em seu território, podendo ser citados os

Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro e, em São Paulo, o Município de Paulínia.

Independentemente da existência de exigência legal para sua realização, deve

ser observado que um grande número de empresas vem realizando, voluntariamente,

a auditoria ambiental, não apenas para verificar sua situação perante as normas

ambientais, mas, principalmente, por exigências do mercado. Com a entrada em vigor,

da série de normas ISO 14000, a realização de tais audiências aumentou

consideravelmente, na medida em que se trata de um dos requisitos para a obtenção

da certificação prevista na norma.

5.4.2.11. Análises críticas pela administração (auditorias, leis, comunicação,

objetivos e metas) e ações corretivas e preventivas (mitigar impactos)

A administração do aterro deve realizar análises críticas de suas operações,

considerando o atendimento aos requisitos supracitados, assegurando sua

pertinência, adequação e eficácia, devendo registrar os seguintes dados:

• Contabilidade (desempenho) ambiental;

• Auditorias internas e atendimento às legislações ambientais;

• Reclamações das partes interessadas (população, órgãos ambientais, etc.);

• O aprimoramento da qualidade ambiental (objetivos e metas ambientais);

• Normas e boas práticas de prevenção futura;

• Estabelecimento e implementação de ações corretivas e/ou preventivas;

• Ações voluntárias para melhoria do desempenho ambiental.

Portanto, deverão ser avaliadas as análises críticas realizadas, para medir o

grau de consistência e a abrangência dos assuntos tratados conforme exposto acima.

Caso os registros apresentados sejam suficientes, será atribuído peso dois. Caso a

administração do aterro não realize análises críticas regulares ou as mesmas não

tenham a consistência necessária de modo que suas operações sejam discutidas com

êxito, a pontuação será zero.

164

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Tabela 5.72 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

suficiente 2 Análise crítica e ações corretivas e

preventivas insuficiente 0

5.4.2.12. Plano de fechamento do aterro e previsão de uso futuro

Do plano de encerramento, devem constar:

a) Os métodos e etapas a serem seguidas no fechamento total ou parcial do

aterro;

b) O projeto e construção da cobertura final de forma a:

- Minimizar a infiltração de água na célula;

- Exigir pouca manutenção;

- Não estar sujeita a erosão;

- Acomodar assentamento sem fratura; e

- Possuir um coeficiente de permeabilidade inferior ao solo natural da área do

aterro;

c) A data aproximada para o início das atividades de encerramento;

d) Uma estimativa dos tipos e da quantidade de resíduos que estarão

presentes no aterro, quando encerrado;

e) Usos programados para a área do aterro após seu fechamento;

f) Monitoramento das águas após o término das operações;

g) Atividades de manutenção da área;

h) Provisão dos recursos financeiros necessários para a execução das tarefas

previstas neste plano.

A ABNT NBR 10157:1987 sugere que todas as operações para o total

encerramento da instalação devem ser realizadas até no máximo seis meses após o

recebimento da última carga de resíduos.

O plano de fechamento do aterro deve contemplar a descrição dos

procedimentos a serem realizados por ocasião do encerramento das atividades das

instalações, tais como:

• Indicação de como e quando o aterro será dado como encerado;

• Medidas que irão promover a desativação;

165

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• Operações de manutenção que serão observadas após o fechamento;

• Estimativas da qualidade e da quantidade dos resíduos dispostos até a data do

fechamento;

• Uso do local após o término das operações;

• Vida útil do aterro, estimada em função da quantidade de resíduos a ser

disposta;

• Cálculo dos elementos de projeto: dados e parâmetros do projeto, fórmulas e

hipóteses do cálculo, justificativas.

Além disso, após a desativação da unidade, o administrador do aterro deve:

• Manter o sistema de drenagem de águas superficiais não contaminadas;

• Manter o sistema de drenagem de águas pluviais contaminadas;

• Controlar a dispersão de resíduos causada pelo vento;

• Continuar a respeitar quaisquer proibições ou restrições relativas ao cultivo de

produtos agrícolas;

• Continuar o monitoramento da zona não saturada do solo;

• Estabelecer uma cobertura vegetal sobre a parte da instalação que estiver

sendo encerrada, de forma que essa cobertura não impeça substancialmente a

degradação e que seja capaz de desenvolver-se sem necessidade de grande

manutenção;

• Continuar a avaliar as alterações estatisticamente significativas na

concentração dos constituintes monitorados e, caso comprovada a alteração,

deve notificar ao órgão a que estiver subordinado no prazo estabelecido por

este.

O plano de fechamento e encerramento do aterro visa à minimização de

manutenção futura e evita a liberação de eventuais poluentes para o ambiente. A

existência de um plano é avaliada com peso um.

Tabela 5.73 – Subitem do IQS (LOUREIRO, 2005 – modificado)

Variável Avaliação Peso

sim 1 Plano de fechamento do aterro

não 0

166

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5.4.2.13. Programas de responsabilidade social

Os programas de responsabilidade social são parâmetros importantes a serem

analisados, uma vez que a implantação de um aterro industrial em determinada

comunidade influencia e impacta diretamente o cotidiano da mesma.

Deve-se buscar minimizar os impactos negativos com a preocupação do

isolamento visual da área e outros aspectos referentes ao bom funcionamento do

aterro, e maximizar os impactos positivos como a possibilidade de geração de trabalho

e renda e outros programas sociais, como educação ambiental ou educação de

adultos, por exemplo, principalmente para os moradores das comunidades do entorno.

Para a existência de programas de responsabilidade social, será atribuído peso

cinco. A não existência, denota peso zero.

Variável Avaliação Peso

sim 5 Programas de responsabilidade social

não 0

Tabela 5.74 – avaliação quanto à existência de programas de responsabilidade social

167

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VI. ANÁLISE DOS RESULTADOS E COMENTÁRIOS FINAIS

Foram desenvolvidos três estudos de caso com a aplicação do IQRI.

Por comprometimento ético com as operadoras destes aterros, não serão

citados os nomes nem as localidade. Os três aterros avaliados são aterros

particulares, com importância representativa no Brasil.

Para o caso A, não foram disponibilizados documentos ou plantas para análise.

Foi realizada uma vistoria da área onde pode-se observar o modo de operação da

unidade. Algumas informações não puderam ser disponibilizadas pelo responsável por

normas internas da empresa. Foram feitas fotografias e observações de campo.

Apesar de a ausência de alguns dados, o que pode comprometer a avaliação

final do aterro, a aplicação do IQRI demonstrou coerência com as observações feitas

in situ.

No caso B, muitas informações foram disponibilizadas, assim como plantas e

documentos. Foi realizado um levantamento fotográfico e aplicado o IQRI. Neste caso,

a avaliação final se mostra menos propensa a erros.

Para o caso C, também não houve problemas quanto à aquisição de

informações ou dados sobre o aterro. Apesar disto, o resultado final fica sujeito a

eventuais falhas pelo fato do Índice ter sido aplicado pelo próprio operador do aterro.

6.1. Caso A

Este caso trata de uma unidade de tratamento de resíduos industriais,

composta por aterro e unidade de incineração de resíduos. A aplicação do IQRI está

demonstrada no Apêndice B.

A unidade utiliza tecnologia estrangeira e é o único aterro a receber resíduos

Classe I licenciado no estado em que está localizado.

Possui área de 280 mil metros quadrados licenciada pelo OECA e conta com

autorização do município para seu funcionamento.

Ainda sobre o parâmetro legal, não foram disponibilizadas informações

suficientes para análise da variável “existência de multas ou notificações”, o que pode

comprometer a avaliação.

O solo natural possui adequada capacidade de suporte. A baixa

permeabilidade é garantida pelo duplo sistema de impermeabilização da base, com

camada de argila compactada que atinge coeficiente de permeabilidade de 10-8cm/s e

membrana de PEAD com 2,5mm de espessura. Além disso há uma camada drenante

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com pó de pedra, que também serve como proteção para a membrana. Este sistema

completo de impermeabilização da base garante pontuação máxima para esta

variável.

O terreno apresenta topografia plana (foto 6.2) e está situado em área em que

a pluviometria e a direção predominante dos ventos é favorável à sua localização.

Quanto às características do entorno, apesar de ser licenciado pelo OECA,

localiza-se próximo a núcleos habitacionais e a um rio de relevante importância para a

região (foto 6.1). Como o aterro é o único do estado a receber resíduos classe I, além

de receber resíduos de outros estados, os centros produtores são localizados a mais

de 50km. Essas características impedem a pontuação máxima para este parâmetro.

Para o segundo critério de avaliação do IQRI – infra estrutura implantada –

todas as variáveis receberam peso máximo. Os sistemas de drenagem de gases e

tratamento do perolado podem ser observados nas fotos 6.3 e 6.4, respectivamente.

Visão geral – célula em operação Foto 6.2: MONTEIRO (2005)

Corpo hídrico (canal) importante para a região

Visão aérea do aterro Foto 6.1: site da operadora

A fotos 6.5 e 6.6 representam o sistema de drenagem de águas pluviais e a

6.7, a vista geral de uma célula em operação, onde se vê um trator de esteira.

No critério de número 3 – condições operacionais – o parâmetro controle do

recebimento dos resíduos também preencheu os requisitos necessários para garantir

pontuação máxima em todas as variáveis.

Quanto aos sistemas de monitoramento, único parâmetro que se mostrou

deficiente foi o de controle de ruídos, cujas informações também não foram

disponibilizadas. Existe o controle analítico do percolado e das águas subterrâneas, e

a empresa declara os dados de monitoramento para o sistema de auto controle do

órgão ambiental.

169

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Sistema de drenagem de gases Foto 6.3: MONTEIRO (2005)

Sistema de tratamento de percolado Foto 6.4: MONTEIRO (2005)

Sistema de drenagem pluvial Sistema de drenagem pluvial (det) Foto 6.6: MONTEIRO (2005) Foto 6.5: MONTEIRO (2005)

Célula em operação Foto 6.7: MONTEIRO (2005)

Trator de esteira

O quarto critério – gestão de SMS – se mostrou o mais prejudicado da

avaliação pela indisponibilidade de muitos dados.

O perfil esquemático do aterro pode ser analisado pela figura 6.1, onde

observa-se o sistema de captação do percolado e os níveis de disposição dos

resíduos com os taludes de contenção em argila. O cinturão verde com espécies

arbóreas para isolamento visual também está representado neste esquema.

170

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Figura 6.1: perfil esquemático do aterro Fonte: site da operadora

Cinturão verde

A aplicação do IQRI demonstrou uma pontuação total de 7,90 para o aterro, o

que, apesar da susceptibilidade de variações pela não aquisição de muitos dados e

informações, demonstra coerência com a análise feita no campo.

Com esta pontuação a operação deste aterro recebe avaliação “condições controladas”, apesar de ser licenciado pelo OECA.

6.2. Caso B

Este caso trata do primeiro aterro comercial de resíduos industriais do Brasil.

O início de sua operação data de 1985.

Está localizado em uma área com cerca de 182 mil metros quadrados numa

região altamente industrializada e distante de áreas urbanizadas. A área total da

central de tratamento operada pela mesma empresa que opera o aterro é de cerca de

770 mil metros quadrados, onde quase 20 mil metros quadrados são destinados a

área de preservação permanente e 13 mil metros quadrados a reflorestamento com

espécies nativas. A foto 6.8 demonstra uma vista aérea do aterro e a figura 6.2, o

esquema da planta operacional. Pela foto 6.8, observa-se algumas estruturas do

aterro, como: portão de acesso, cinturão verde, malha viária interna, cobertura móvel

da célula para resíduos classe I, além dos prédios administrativos e laboratório.

171

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Cobertura móvel para célula classe I

O lençol freático está a cerca de 18m de profundidade.

Além das observações de campo, foram disponibilizados documentos (licença

de operação, certificado de qualidade de gestão ambiental, histórico da implantação,

etc) e plantas da área.

O IQRI foi aplicado, Apêndice C, resultando numa pontuação 9,05 para a

unidade, “condições ambientais”.

Figura 6.2: esquema da planta operacional Fonte: documentação da operadora

Vista aérea do aterro Foto 6.8: site da operadora

Cinturão verde Estrutura

administrativa, laboratório

Portão de acesso

172

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Para os parâmetros geotécnicos, pela boa qualidade do solo original, com

adequada capacidade de suporte e baixa permeabilidade, foi atingida pontuação

máxima. A tabela 6.1 revela o resultado dos ensaios de sondagem no solo.

Tabela 6.1 – dados dos furos de sondagem

Permeabilidade Furo Data Nível d’água (m)

k (cm/s) Prof. Ensaio

(m)

SP 03 02/85 10,05 NR -

SP 14 02/85 15,35 (1,9 x 10-6)

(1,6 x 10-6)

4,5 a 5,5

13,0 a 13,5

SP 16 02/85 14,70 3,5 x 10-7

5,0 x 10-7

6,0 a 7,0

8,5 a 9,5

SP 18*

(SP 26)

02/85

(02/86)

15,90 (3,8 x 10-6)

(8,6 x 10-6)

(1,4 x 10-6)

4,0 a 5,0

11,0 a 12,0

13,5 a 15,0

SP 21 (01/86) 16,60 NR -

SP 23 (01/86) 15,03 NR -

SP 37 09/95 12,50 NR -

SP 38 02/86 18,00 aprox.

SP 38 09/95 Seco (>26,37) NR -

SP 39*

(SP 22)

09/95

(01/86)

15,75 (2,4 x 10-5)

(6,27 x 10-7)

(1,39 x 10-6)

5,0 a 6,5

12,5 a 13,0

17,0 a 19,0

NR = não realizado

(*) Nos furos SP 14, SP 18 e SP 39, apesar de não terem sido realizados testes para

determinação de permeabilidade, foi realizada uma correlação com coeficiente de

permeabilidade dos poços SP 12, SP 26 e P 22, respectivamente. Esta correlação se

mostrou válida devido à proximidade entre eles e as características litológicas

semelhantes. Os dados entre parênteses se referem ao furo correlacionado.

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No primeiro critério de avaliação – características do local – só não atingiram

pontuação máxima os parâmetros hidrológico; características do entorno, pela variável

referente à distância de ecossistemas sensíveis; e durabilidade.

Quanto ao parâmetro hidrológico, o aterro apesar de possuir licença ambiental,

se localiza a menos de 300m de corpo d’água. Isto não permitiu a pontuação máxima

para este parâmetro. Da mesma maneira ocorre com a distância de ecossistemas

sensíveis. Alguns dados sobre o clima da região onde se localiza o aterro podem ser

observados pela tabela 6.2.

Tabela 6.2 – dados sobre o clima

MÊS PRECIPITAÇÃO (mm) EVAPORAÇÃO (mm) TEMPERATURA MÉDIA (ºC)

Janeiro 237,6 152,6 24,0

Fevereiro 218,4 157,8 25,0

Março 172,4 118,6 24,0

Abril 103,8 106,2 21,6

Maio 81,5 79,2 19,7

Junho 47,6 60,2 17,3

Julho 42,8 81,4 17,2

Agosto 18,5 99,2 18,5

Setembro 66,4 121,5 19,5

Outubro 81,7 154,3 21,9

Novembro 76,4 165,5 23,5

Dezembro 119,5 148,0 23,3

TOTAL 1266,7 1444,4 21,3

Fontes: Precipitação: 1987 a 1991 – DAEE, Posto E2-001 Santa Luzia, Caçapava.

Evaporação: 1980 a 1985 – CTH, Estação D2 014 HM, Pindamonhangaba.

Temperatura: 1980 a 1985 – CTH, Estação D2 014 HM, Pindamonhangaba.

O segundo critério – infra estrutura implantada – foi prejudicado pela não

existência dos sistemas de drenagem e tratamento de gases. Segundo informações do

operador da unidade, pelo fato de não haver descarga de resíduos orgânicos, não há

geração de gases, tornando dispensáveis estes sistemas. Apesar desta informação,

174

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de acordo com o IQRI a não existência destes sistemas demonstra uma falha na

operação do aterro, pois não somente resíduos orgânicos geram gases, mas também

as reações de resíduos incompatíveis indevidamente dispostos em conjunto, que

podem gerar, principalmente, gases tóxicos.(NETO, et al 1985).

O sistema de impermeabilização de base recebeu pontuação média, por não

contar com a camada de argila compactada. Esta camada se mostra dispensável pela

baixa permeabilidade apresentada pelo solo original que apresenta coeficiente de

permeabilidade de 10-8cm/s. As fotos 6.9, 6.10 e 6.11 demonstram algumas infra

estruturas implantadas.

Geomembrana PEAD Foto 6.9: MAHLER (2006)

ETE-1 – tratamento físico-químico Foto 6.10: site da operadora

ETE-2 – exclusivo para efluentes de areia de fundição Foto 6.11: site da operadora

Para o terceiro critério, além da não existência de monitoramento de gases, a

falta de sistema de detecção de vazamentos também impede a pontuação máxima

para o item.

Cabe ressaltar que neste aterro é dada muita importância para o controle de

recebimento de carga, existindo um laboratório na unidade que analisa amostras do

resíduo antes da sua disposição para verificar a conformidade com o manifesto de

resíduos apresentado. As fotos 6.12 e 6.13 demonstram a estrutura do laboratório.

Equipamentos do laboratório Foto 6.12: MAHLER (2006)

Equipamentos do laboratório Foto 6.13: MAHLER (2006)

Existem, também, células distintas para resíduos classe I e resíduos classe II

(fotos 6.14 e 6.15).

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Célula Classe I Foto 6.14: MAHLER (2006) Célula Classe II

Foto 6.15: MAHLER (2006)

A figura 6.3 revela um perfil esquemático dos detalhes construtivos da vala

para disposição de resíduos Classe I.

Figura 6.3. – Vala classe I (detalhes construtivos)

Fonte: site da operadora

No quarto critério – gestão de SMS –, para todos os parâmetros de gestão de

segurança e saúde, o aterro recebeu avaliação com pontuação máxima. Já no sistema

de gestão ambiental esta pontuação não pôde ser atingida pela insuficiência do plano

de contingência.

Este estudo de caso demonstrou menos probabilidade de variações no valor do

IQRI devido à disponibilidade de dados e informações obtidas.

Observa-se que a pontuação adquirida de 9,05 está muito próxima à faixa

imediatamente anterior da avaliação.

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6.3. Caso C

Inaugurado em 2000, o aterro possui área de 705 mil metros quadrados e

capacidade de cerca de 6,5 milhões de toneladas de resíduos. Trata-se de uma das

unidades de um centro de tratamento de resíduos, composto também por uma

unidade de bioremediação e uma usina de triagem de materiais recicláveis. O centro

está habilitado para receber resíduos de casse IIA e IIB, além de tratar resíduos classe

I.

Segundo informações obtidas da operadora, o centro foi considerado modelo

pelo OECA responsável. Pelas informações obtidas, este órgão emitiu índice de

qualidade igual a 9,8 para o aterro. Em 2004 o aterro conquistou certificação em

conformidade com a ISO 14001.

Quando da aplicação do IQRI (Apêndice D), obtém-se pontuação total igual a

9,81, o que avalia o aterro como “condição ambiental” de operação.

Para critério número 1 – características do local – a condutividade hidráulica do

solo original ser média (10-7 ≤ k ≤ 10-9cm/s), não permitiu a pontuação máxima para a

mesma. Além disto, as variáveis distância de corpos d’água superficiais e de

ecossistemas sensíveis também não receberam pontuação máxima, por, apesar da

aprovação do órgão ambiental, serem menor que 300 metros.

Para os demais critérios – 2, 3 e 4 – todas as variáveis receberam pontuação

máxima, o que contribuiu significativamente para a avaliação como condição ambiental

do aterro pelo somatório que resulta no IQRI.

As fotos de 6.16 a 6.19 revelam algumas estruturas existente no aterro.

Geomembrana de PEAD Foto 6.16: MAHLER (2004)

Poços de monitoramento Foto 6.17: MAHLER (2004)

177

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Sistema de drenagem pluvial Foto 6.18: MAHLER (2004)

Taludamento da área e vias de acesso Foto 6.19: MAHLER (2004)

Importante ressaltar que o resultado final do IQRI está sujeito a falhas por ter

sido aplicado pelo próprio operador do aterro, mesmo tendo sido comprovadas muitas

informações pela análise de fotografias da área e documentação pesquisada.

6.4. Comentários Finais

Todo processo industrial se caracteriza pelo uso de insumos (matérias-prima,

água, energia, etc) que, submetidos a uma transformação, dão lugar a produtos,

subprodutos e resíduos.

Quando se fala em meio ambiente, no entanto, o empresário imediatamente

pensa em custo adicional. Dessa maneira passam despercebidas as oportunidades de

uma redução de custos. Sendo o meio ambiente um potencial de recursos ociosos ou

mal aproveitados, sua inclusão no horizonte de negócios pode resultar em atividades

que proporcionam lucro ou pelo menos se paguem com a poupança de energia ou de

outros recursos naturais.

O gerenciamento dos resíduos sólidos industriais é hoje um dos principais

problemas vivenciados pelas empresas na área de meio ambiente.

Neste sentido, para proporcionar o bem-estar da população e minimizar os

impactos ambientais causados, as empresas necessitam empenhar-se na:

manutenção de condições saudáveis de trabalho; segurança, treinamento e lazer para

seus funcionários e familiares; contenção ou eliminação dos níveis de resíduos

tóxicos, decorrentes de seu processo produtivo e do uso ou consumo de seus

produtos, de forma a não agredir o meio ambiente de forma geral; elaboração e

entrega de produtos ou serviços, de acordo com as condições de qualidade e

segurança desejadas pelos consumidores.

Segundo estatísticas do IBGE (2002), a forma de destinação de resíduos

tóxicos mais freqüentes nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil é o

“lixão” a céu aberto nos próprios municípios.

178

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Esta realidade dos “lixões” municipais como receptores destes resíduos,

aponta para a necessidade de ações que efetivamente se traduzam na adequação da

sua destinação, uma vez que resíduos industriais, tóxicos ou perigosos representam

grande perigo e, dadas as possibilidades de exposição, podem representar grande

risco à população e ao meio ambiente.

Portanto, os dados evidenciam a necessidade de adequação da gestão dos

resíduos industriais e de maior aparelhamento dos órgãos federais, estaduais e

municipais de meio ambiente para tratamento efetivo da questão.

Para a visualização de processos de melhoria contínua dentro das

organizações, que deve ser almejado pelas mesmas, em busca de um sistema

integrado de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde, os indicadores se

mostram ferramentas eficientes para a visualização da evolução do processo. Neste

contexto, como indicador da qualidade do funcionamento de aterros de resíduos

industriais, foi desenvolvido o IQRI.

Em analogia aos índices existentes para aterros sanitários (CETESB, 2000;

FARIA, 2002; e LOUREIRO, 2005), o IQRI foi elaborado com base nas legislações e

normas técnicas pertinentes.

O sistema de variáveis elaborado contou com a ferramenta Análise do Valor

para a mensuração das variáveis inseridas, de forma a se obter uma avaliação final,

pelo somatório dos pontos, que classifica os aterros em quatro faixas de avaliação

relativas a sua operação: condições inadequadas; condições controladas; condições

adequadas; e condições ambientais.

Para esta tipologia de aterros são consideradas normas e procedimentos mais

rígidos, pelo fato de o potencial poluidor dos resíduos industriais ser muito

diversificado, menos previsível e mais elevado que o dos resíduos sólidos urbanos, o

que levou à necessidade da busca do maior número de informações possíveis, dentro

da legislação vigente, normas e diretrizes técnicas e conhecimento de especialistas da

área, para tentar esgotar as funções de reconhecimento do potencial poluidor destes

aterros, de maneira a evitar a redundância e sobreposição de funções (ou parâmetros)

e “cercar” todas as possibilidades para cada variável proposta.

Apesar da pequena amostragem realizada nesta dissertação, observou-se a

complexidade do perfeito funcionamento destas unidades, de maneira a atender todos

os parâmetros do sistema proposto, na condição ambientalmente correta, mesmo com

o esforço das empresas operadoras em relação à garantia da qualidade ambiental, o

que confere caráter criterioso para o IQRI.

179

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Através do IQRI, como ferramenta para instrumentação dos órgãos de

fiscalização e controle em suas atuações, as unidades de destinação final de resíduos

industriais poderão se adequar, quando for o caso, para atingir níveis mais altos de

avaliação. Em muitos casos atuará como um indicador da necessidade de mudança

de práticas para a melhoria contínua do sistema, auxiliando no processo de tomada de

decisão.

180

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VII. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS

7.1. Conclusões

Da mesma forma que a proposta de LOUREIRO (2005) para resíduos urbanos,

o presente Índice estabelece, para a avaliação de aterros industriais, quatro critérios: a

localização, a operação, a infra estrutura implantada e a gestão de segurança, meio

ambiente e saúde, tendo este último adotado variáveis relativas à segurança e saúde,

e não apenas aspectos ambientais, entendendo a importância de um sistema de

gestão integrado.

Assim como para aterros sanitários, a aplicação da mesma metodologia

mostrou-se adequada também para o desenvolvimento de um sistema de avaliação de

depósitos de resíduos industriais, que são regidos por legislação, normas e

procedimentos mais rígidos que os primeiros.

Os três aterros estudados são aterros particulares, licenciados pelos órgãos

ambientais dos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, e que têm importância

representativa no Brasil.

A metodologia Análise do Valor se mostrou adequada na ponderação das

variáveis propostas por avaliar o grau de importância ou necessidade de cada uma

delas, de acordo com a legislação, normas, instruções e procedimentos técnicos, além

do conhecimento de especialistas da área.

A Matriz de Avaliação Funcional empregada mostrou ser uma ferramenta

valiosa neste tipo de estudo, havendo contudo o risco de certa subjetividade inerente a

qualquer procedimento de avaliação de sistemas, em especial, quando na origem, os

pesos dos diversos fatores não tenham sido avaliados num trabalho laboratorial de

grupo e na aplicação, ela fique limitada a poucos usuários.

Após a aplicação do Índice, pôde-se concluir que a proposta deste trabalho foi

satisfeita, no sentido de elaborar o IQRI de forma a atender à legislação, normas e

instruções técnicas vigentes para a preservação da qualidade ambiental e da saúde

humana, e testar sua eficiência com aplicação prática em casos reais. O IQRI

demonstrou ser uma ferramenta criteriosa de avaliação, pois mesmo atingindo a

melhor faixa da pontuação (condição ambiental), estando o caso B ainda muito

próximo da faixa adequada, em nenhum dos casos foi atingido grau máximo (IQRI

igual a dez), mesmo sendo aterros conhecidos e com boa reputação diante de

especialistas e dos órgãos ambientais. O caso A, então, demonstrou estar bem

distante da melhor faixa de avaliação.

181

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Além disto, os resultados obtidos demonstraram que, mesmo aterros que

possuam certificação em conformidade com a ISO 14001, não operam aparentemente

em condições ambientais adquadas, de acordo com os parâmetros do IQRI, como no

caso A. Para o caso B, a pontuação obtida ficou muito próxima da faixa imediatamente

inferior, demonstrando que, talvez sob avaliação de outro especialista estaria sujeita a

oscilações e mudança da avaliação final. O caso C demonstrou condições ambientais

de operação, de acordo com avaliação do IQRI, demonstrando estar em conformidade

com as diretrizes ditadas neste trabalho para o bom funcionamento de um aterro.

7.2. Sugestões de novas pesquisas

Como proposta para novos estudos, esta metodologia pode ser aplicada em

outros aterros industriais para que se comprove com uma amostragem maior as

conclusões aqui obtidas, com um numero maior de especialistas preenchendo o IQRI.

Em outras pesquisas, poder-se-ia utilizar a Matriz de Avaliação Funcional por

uma equipe multidisciplinar para incorporar informações e conhecimentos de

diferentes áreas de atuação para garantir menor grau de subjetividade ao sistema.

Outra proposta seria a inserção do IQRI num sistema inteligente para a

formação de um banco de dados e informações de diferentes especialistas para este

sistema de avaliação. Como foi concluído, a diferença da percepção de especialistas

de diferentes áreas, pode alterar a formulação do Índice. Ainda dentro desta proposta,

seria interessante que uma equipe multidisciplinar reavaliasse a ponderação dos

pesos do IQRI.

Vale ressaltar a importância de todo um sistema de gerenciamento de resíduos

industriais, abrangendo a questão do “berço ao túmulo”, ou como muitos autores já

arriscam afirmar “do berço ao berço”, pelo incentivo ao reuso dos resíduos, e não

apenas a preocupação com a destinação final, mas desde o processo da geração do

resíduo ou, ainda melhor, da minimização de sua geração.

182

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APÊNDICE A – ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS – IQRI ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI

Aterro: Licenciado: Data: Técnico:

Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontosadequada 5 sim 4 capacidade de

suporte do solo inadequada 0

isolamento visual não 0 baixa 5 sim 2 média 2

cercamento da área não 0

Geotécnico permeabilidade do solo

alta 0

sim 1

x > 3m 4 portão / guarita

não 0 2m < x < 3m 2 sim 2 Hidrogeológico profundidade do

lençol freático x < 2m 0

Isolamento e sinalização

sinalização não 0

até 2000 1 sim 2 pluviometria > 2000 0

balança não 0 perm/eficiente 5 contrária a área

urbana 1 period / inefic 2

trator ou compatível

inexistente 0

direção predominante dos ventos

em direção a área urbana 0

sim 1

≥ 100 anos 1

Equipamentos

outros equipamentos não 0

Clima

período de recorrência < 100 anos 0

completa 1

> 300m 3 luz, força, água, telefone incompleta 0

< 300m c/ aprov 1 boas 2 Hidrológico distância corpos d'água superficiais

< 300m s/ aprov 0

Infra estrutura básica cond. malha viária

interna precárias 0 1%<x<20% 1 sim 5 Topografia declividade do

terreno 1%>x>20% 0

parcialmente 3 sim 5

Impermeabilização base

impermeabilização base

não 0 autorização do município não 0

suficiente 5

sim 1 insuficiente 1 licença ambiental não 0

subsuperficial percolado

inexistente 0 não 1 suficiente 4 notificações ou

multas sim 0

insuficiente 2 sim 1

águas pluviais definitiva

inexistente 0

Conf. Legal

certificação ambiental não 0

suficiente 2

> 1000m 2 insuficiente 1 dist. núcleos habitacionais < 1000m 0

águas pluviais provisória

inexistente 0 d < 10km 2 suficiente 3 10km<d<20km 1 insuficiente 1

dist. centros produtores

d > 20km 0

Sistemas de drenagem

gases inexistente 0

> 300m 2 suficiente 5 ≤ 300m c/ aprov 1

percolado insufic /inexist 0 distância de

ecossist.sensíveis ≤ 300m s/ aprov 0

suficiente 3

> 50m 2 gases

insufic /inexist 0 dist. faixa dominio rodovias ≤ 50m 0

sim 4

boa 3

Sistemas de tratamento

pré-tratamento resíduos não 0

Características do entorno

acessibilidade inex/precária 0

sim 5

suficiente 4 parcialmente 3 insuficiente 2

Impermeabil cobertura final

impermeabil cobertura final

não 0 disponibilidade material de recobrimento nenhum 0

2 INFR

AE

STR

UTU

RA IM

PLAN

TADA

Sub-total 2 máximo 56 boa 2

Áreas de empréstimo

qualidade material de recobrimento ruim 0

Observações:

> 20 anos 1 Durabilidade vida útil < 20 anos 0

1 LOC

ALIZA

ÇÃ

O

Sub-total 1 máximo 47

Detalhes:

189

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APÊNDICE A – ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS – IQRI (cont.)

ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI (CONT.) Aterro: Licenciado: Data: Técnico: Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

sim 4 sim 5 caracterização resíduo não 0 parcialmente 3

sim 4

atend. normas segur, medicina trabalho

não 0 mapeamento da disposição não 0 sim 5

imediato 4 lava rodas

não 0 diário 2 não 3

recobrimento dos resíduos

não 0

Segurança e saúde

ação trabalhista sim 0

adequada 4 suficiente 5 inadequada 2 insuficiente 2

compactação dos resíduos

inexistente 0

identificação aspectos e Impactos inexistente 0

não 4 suficiente 3 desc resíduos líq, patog / radioat sim 0 insuficiente 1

sim 3

objetivos, metas, progr. ambientais

inexistente 0

Controle do recebimento de resíduos

manifesto de resíduos não 0 suficiente 2

suficiente 3 garantia rec. necessários insuficiente 0

insuficiente 1 eficiente 2 águas subterrâneas

inexistente 0 sist. treinam, comunicação ineficiente 0

suficiente 3 sim 1 insuficiente 1

controle documentos não 0 águas superficiais

inexistente 0 suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

programas e planos de emergência inexistente 0 percolado

inexistente 0 suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

plano de contingência

inexistente 0 gases inexistente 0 eficaz 4 suficiente 3

contr., monit. operações ineficaz 0

insuficiente 1 sim 5 estabilidade do solo e resíduos

inexistente 0 atend. req. legais

não 0 suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1 insuficiente 1

detecção de vazamento

inexistente 0 programa de auditorias internas inexistente 0

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1

Sistemas de monitoramento

controle de ruídos inexistente 0

análises críticas, ações corret./ prevent

insuficiente 0

sim 3 sim 1 parcialmente 1

plano fechamento não 0

atendimento estipulações de projeto não 0 sim 5

sim 2

Meio ambiente

progr. resp. social não 0

relatório anual não 0

4 GE

STÃ

O SE

GU

RA

A, M

EIO

AM

BIEN

TE, S

DE

Sub-total 4 máximo 53 sim 2

plano de inspeção não 0 Total (1+2+3+4) máximo 211 não 1 IQRI = soma dos pontos / 21 presença de

queimadas sim 0 não 1 IQRI AVALIAÇÃO pres. elementos

dispersos vento sim 0 0 A 6,0 Condições inadequadas bom 2 6,01 A 8,0 Condições controladas

Geral

acesso a frente de trabalho ruim 0 8,01 A 9,0 Condições adequadas

3 CO

ND

IÇÕ

ES OPER

ACIO

NAIS

Sub-total 3 máximo 55 9,01 A 10,0 Condições ambientais Detalhes:

190

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APÊNDICE B – IQRI, CASO A ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI

Aterro: CASO A Licenciado: SIM Data: 09/2005 Técnico: MONTEIRO Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

adequada 5 sim 4 capacidade de suporte do solo inadequada

5 isolamento visual 0 não 0

4

baixa 5 sim 2 média 2

cercamento da área não 0

2 Geotécnico permeabilidade do solo

alta 0

5 sim 1

4 portão / guarita

não 0 1

x > 3m 2m < x < 3m 2 sim 2 Hidrogeológico profundidade do

lençol freático 0

2

Isolamento e sinalização

sinalização não 0

2 x < 2m até 2000 1 sim 2

pluviometria > 2000 0 1

balança não 0 2

perm/eficiente 5 contrária a área urbana 1

period / inefic 2

trator ou compatível inexistente 0

5 direção predominante dos ventos 0

1

sim 1

em direção a área urbana

≥ 100 anos 1

Equipamentos

outros equipamentos não 0

1

Clima

período de recorrência < 100 anos 0

1 completa 1

> 300m 3 luz, força, água, telefone incompleta 0

1

< 300m c/ aprov 1 boas 2 Hidrológico distância corpos d'água superficiais

< 300m s/ aprov 0 1

Infra estrutura básica cond. malha viária

interna precárias 0 2

1%<x<20% 1 sim 5 Topografia declividade do terreno 1%>x>20% 0

1 parcialmente 3

sim 5

Impermeabilização base

impermeabilização base

não 0 5

autorização do município não 0

5 suficiente 5

sim 1 insuficiente 1 licença ambiental não 0

1

subsuperficial percolado

inexistente 0 5

não 1 suficiente 4 notificações ou multas sim 0

0 insuficiente 2

sim 1

águas pluviais definitiva

inexistente 0 4

Conf. Legal

certificação ambiental não 0

1 suficiente 2

> 1000m 2 insuficiente 1 dist. núcleos habitacionais < 1000m 0

0

águas pluviais provisória

inexistente 0 2

d < 10km 2 suficiente 3 10km<d<20km 1 insuficiente 1

dist. centros produtores

d > 20km 0 0

Sistemas de drenagem

gases inexistente 0

3

> 300m 2 suficiente 5 ≤ 300m c/ aprov 1

percolado insufic /inexist 0

5 distância de ecossist.sensíveis

≤ 300m s/ aprov 0 1

suficiente 3 > 50m 2

gases insufic /inexist 0

3 dist. faixa dominio rodovias ≤ 50m 0

2 sim 4

boa 3

Sistemas de tratamento

pré-tratamento resíduos não 0

4

Características do entorno

acessibilidade inex/precária 0

3 sim 5

suficiente 4 parcialmente 3 insuficiente 2

Impermeabil cobertura final

impermeabil cobertura final

não 0 5 disponibilidade

material de recobrimento nenhum 0

4

2 INFR

AE

STR

UTU

RA IM

PLAN

TADA

Sub-total 2 máximo 56 56 boa 2

Áreas de empréstimo

qualidade material de recobrimento ruim 0

2 Observações:

> 20 anos 1 Durabilidade vida útil < 20 anos 0

1

1 LOC

ALIZA

ÇÃ

O

Sub-total 1 máximo 47 37

Detalhes:

191

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ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI (CONT.) Aterro: CASO A (cont.) Licenciado: SIM Data: 09/2005 Técnico: MONTEIRO Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

sim 4 sim 5 caracterização resíduo não 0

4 parcialmente 3

sim 4

atend. normas segur, medicina trabalho

não 0 3

mapeamento da disposição não 0

4 sim 5

imediato 4 lava rodas

não 0 0

diário 2 não 3 recobrimento dos resíduos

não 0

2

Segurança e saúde

ação trabalhista sim 0

0

adequada 4 suficiente 5 inadequada 2 insuficiente 2

compactação dos resíduos

inexistente 0 4

identificação aspectos e Impactos inexistente 0

2

não 4 suficiente 3 desc resíduos líq, patog / radioat sim 0

4 insuficiente 1

sim 3

objetivos, metas, progr. ambientais

inexistente 0 3

Controle do recebimento de resíduos

manifesto de resíduos não 0 3 suficiente 2

suficiente 3 garantia rec. necessários insuficiente 0

0

insuficiente 1 eficiente 2 águas subterrâneas

inexistente 0

3 sist. treinam, comunicação ineficiente 0

2

suficiente 3 sim 1 insuficiente 1

controle documentos não 0

1 águas superficiais

inexistente 0 3

suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

programas e planos de emergência inexistente 0

2 percolado

inexistente 0 3

suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

plano de contingência

inexistente 0 0

gases inexistente 0

3 eficaz 4

suficiente 3 contr., monit. operações ineficaz 0

4

insuficiente 1 sim 5 estabilidade do solo e resíduos

inexistente 0 3

atend. req. legais não 0

0

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1 insuficiente 1

detecção de vazamento

inexistente 0 3 programa de

auditorias internas inexistente 0 1

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1

Sistemas de monitoramento

controle de ruídos inexistente 0

1 análises críticas, ações corret./ prevent

insuficiente 0 0

sim 3 sim 1 parcialmente 1

plano fechamento não 0

1 atendimento estipulações de projeto não 0

3 sim 5

sim 2

Meio ambiente

progr. resp. social não 0

5 relatório anual

não 0 2

4 GE

STÃ

O SE

GU

RA

A, M

EIO

AM

BIEN

TE, S

DE

Sub-total 4 máximo 53 24 sim 2

plano de inspeção não 0

0 Total (1+2+3+4) máximo 211 7,90

não 1 IQRI = soma dos pontos / 21 presença de queimadas sim 0

1

não 1 IQRI AVALIAÇÃO pres. elementos dispersos vento sim 0

1 0 A 6,0 Condições inadequadas

bom 2 6,01 A 8,0 Condições controladas

Geral

acesso a frente de trabalho ruim 0

2 8,01 A 9,0 Condições adequadas

3 CO

ND

IÇÕ

ES OPER

ACIO

NAIS

Sub-total 3 máximo 55 49 9,01 A 10,0 Condições ambientais Detalhes:

192

Page 206: ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI … · 2011-12-08 · baseado nos já existente índices de qualidade para aterros urbanos da CETESB (2000), ... o Índice de Qualidade

APÊNDICE C – IQRI, CASO B ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI

Aterro: CASO B Licenciado: SIM Data: 08/2006 Técnico: MAHLER Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

adequada 5 sim 4 capacidade de suporte do solo inadequada 0

5 isolamento visual não 0

4

baixa 5 sim 2 média 2

cercamento da área não 0

2 Geotécnico permeabilidade do solo

alta 0

5 sim 1

x > 3m 4 portão / guarita

não 0 1

2m < x < 3m 2 sim 2 Hidrogeológico profundidade do lençol freático

x < 2m 0 4

Isolamento e sinalização

sinalização não 0

2

até 2000 1 sim 2 pluviometria > 2000 0

1 balança não 0

2

perm/eficiente 5 contrária a área urbana 1

period / inefic 2

trator ou compatível

inexistente 0 5 direção

predominante dos ventos

em direção a área urbana 0

1

sim 1

≥ 100 anos 1

Equipamentos

outros equipamentos não 0

1

Clima

período de recorrência < 100 anos 0

1 completa 1

> 300m 3 luz, força, água, telefone incompleta 0

1

< 300m c/ aprov 1 boas 2 Hidrológico distância corpos d'água superficiais

< 300m s/ aprov 0 1

Infra estrutura básica cond. malha viária

interna precárias 0 2

1%<x<20% 1 sim 5 Topografia declividade do terreno 1%>x>20% 0

1 parcialmente 3

sim 5

Impermeabilização base *

impermeabilização base

não 0 3

autorização do município não 0

5 suficiente 5

sim 1 insuficiente 1 licença ambiental não 0

1

subsuperficial percolado

inexistente 0 5

não 1 suficiente 4 notificações ou multas sim 0

1 insuficiente 2

sim 1

águas pluviais definitiva

inexistente 0 4

Conf. Legal

certificação ambiental não 0

1 suficiente 2

> 1000m 2 insuficiente 1 dist. núcleos habitacionais < 1000m 0

2

águas pluviais provisória

inexistente 0 2

d < 10km 2 suficiente 3 10km<d<20km 1 insuficiente 1

dist. centros produtores

d > 20km 0 2

Sistemas de drenagem

gases inexistente 0

0

> 300m 2 suficiente 5 ≤ 300m c/ aprov 1

percolado insufic /inexist 0

5 distância de ecossist.sensíveis

≤ 300m s/ aprov 0 1

suficiente 3 > 50m 2

gases insufic /inexist 0

0 dist. faixa dominio rodovias ≤ 50m 0

2 sim 4

boa 3

Sistemas de tratamento

pré-tratamento resíduos não 0

4

Características do entorno

acessibilidade inex/precária 0

3 sim 5

suficiente 4 parcialmente 3 insuficiente 2

Impermeabil ** cobertura final

impermeabil cobertura final

não 0 3 disponibilidade

material de recobrimento nenhum 0

4

2 INFR

AE

STR

UTU

RA IM

PLAN

TADA

Sub-total 2 máximo 56 46 boa 2 Observações:

Áreas de empréstimo

qualidade material de recobrimento ruim 0

2

> 20 anos 1 * o sistema de impermeabilização de base não conta com camada de argila compactada

Durabilidade vida útil < 20 anos 0

1

1 LOC

ALIZA

ÇÃ

O

Sub-total 1 máximo 47 44 ** o sistema de impermeabilização e cobertura final não conta com a camada drenante

Detalhes:

193

Page 207: ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI … · 2011-12-08 · baseado nos já existente índices de qualidade para aterros urbanos da CETESB (2000), ... o Índice de Qualidade

ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI (CONT.)

Aterro: CASO B (cont.) Licenciado: SIM

Data: 08/2006 Técnico: MAHLER Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

sim 4 sim 5 caracterização resíduo não 0

4 parcialmente 3

sim 4

atend. normas segur, medicina trabalho

não 0 5

mapeamento da disposição não 0

4 sim 5

imediato 4 lava rodas

não 0 5

diário 2 não 3 recobrimento dos resíduos

não 0

4

Segurança e saúde

ação trabalhista sim 0

3

adequada 4 suficiente 5 inadequada 2 insuficiente 2

compactação dos resíduos

inexistente 0 4

identificação aspectos e Impactos inexistente 0

5

não 4 suficiente 3 desc resíduos líq, patog / radioat sim 0

4 insuficiente 1

sim 3

objetivos, metas, progr. ambientais

inexistente 0 3

Controle do recebimento de resíduos

manifesto de resíduos não 0 3 suficiente 2

suficiente 3 garantia rec. necessários insuficiente 0

2

insuficiente 1 eficiente 2 águas subterrâneas

inexistente 0

3 sist. treinam, comunicação ineficiente 0

2

suficiente 3 sim 1 insuficiente 1

controle documentos não 0

1 águas superficiais

inexistente 0 3

suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

programas e planos de emergência inexistente 0

4 percolado

inexistente 0 3

suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

plano de contingência

inexistente 0 2

gases inexistente 0

0 eficaz 4

suficiente 3 contr., monit. operações ineficaz 0

4

insuficiente 1 sim 5 estabilidade do solo e resíduos

inexistente 0 3

atend. req. legais não 0

5

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1 insuficiente 1

detecção de vazamento

inexistente 0 0 programa de

auditorias internas inexistente 0 2

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1

Sistemas de monitoramento

controle de ruídos inexistente 0

3 análises críticas, ações corret./ prevent

insuficiente 0 2

sim 3 sim 1 parcialmente 1

plano fechamento não 0

1 atendimento estipulações de projeto não 0

3 sim 5

sim 2

Meio ambiente

progr. resp. social não 0

5 relatório anual

não 0 2

4 GE

STÃ

O SE

GU

RA

A, M

EIO

AM

BIEN

TE, S

DE

Sub-total 4 máximo 53 51 sim 2

plano de inspeção não 0

2 Total (1+2+3+4) máximo 211 9,05

não 1 IQRI = soma dos pontos / 21 presença de queimadas sim 0

1

não 1 IQRI AVALIAÇÃO pres. elementos dispersos vento sim 0

1 0 A 6,0 Condições inadequadas

bom 2 6,01 A 8,0 Condições controladas

Geral

acesso a frente de trabalho ruim 0

2 8,01 A 9,0 Condições adequadas

3 CO

ND

IÇÕ

ES OPER

ACIO

NAIS

Sub-total 3 máximo 55 49 9,01 A 10,0 Condições ambientais Detalhes:

194

Page 208: ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI … · 2011-12-08 · baseado nos já existente índices de qualidade para aterros urbanos da CETESB (2000), ... o Índice de Qualidade

APÊNDICE D – IQRI, CASO C ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI

Aterro: CASO C Licenciado: SIM Data: 08/2006 Técnico: OPERADOR Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

adequada 5 sim 4 capacidade de suporte do solo inadequada 0

5 isolamento visual não 0

4

baixa 5 sim 2 média 2

cercamento da área não 0

2 Geotécnico permeabilidade do solo

alta 0

2 sim 1

x > 3m 4 portão / guarita

não 0 1

2m < x < 3m 2 sim 2 Hidrogeológico profundidade do lençol freático

x < 2m 0 4

Isolamento e sinalização

sinalização não 0

2

até 2000 1 sim 2 pluviometria > 2000 0

1 balança não 0

2

perm/eficiente 5 contrária a área urbana 1

period / inefic 2

trator ou compatível inexistente 0

5 direção predominante dos ventos

em direção a área urbana 0

1

sim 1

≥ 100 anos 1

Equipamentos

outros equipamentos não 0

1

Clima

período de recorrência < 100 anos 0

1 completa 1

> 300m 3 luz, força, água, telefone incompleta 0

1

< 300m c/ aprov 1 boas 2 Hidrológico distância corpos d'água superficiais

< 300m s/ aprov 0 1

Infra estrutura básica cond. malha viária

interna precárias 0 2

1%<x<20% 1 sim 5 Topografia declividade do terreno 1%>x>20% 0

1 parcialmente 3

sim 5

Impermeabilização base

impermeabilização base

não 0 5

autorização do município não 0

5 suficiente 5

sim 1 insuficiente 1 licença ambiental não 0

1

subsuperficial percolado

inexistente 0 5

não 1 suficiente 4 notificações ou multas sim 0

1 insuficiente 2

sim 1

águas pluviais definitiva

inexistente 0 4

Conf. Legal

certificação ambiental não 0

1 suficiente 2

> 1000m 2 insuficiente 1 dist. núcleos habitacionais < 1000m 0

2

águas pluviais provisória

inexistente 0 2

d < 10km 2 suficiente 3 10km<d<20km 1 insuficiente 1

dist. centros produtores

d > 20km 0 2

Sistemas de drenagem

gases inexistente 0

3

> 300m 2 suficiente 5 ≤ 300m c/ aprov 1

percolado insufic /inexist 0

5 distância de ecossist.sensíveis

≤ 300m s/ aprov 0 2

suficiente 3 > 50m 2

gases insufic /inexist 0

3 dist. faixa dominio rodovias ≤ 50m 0

2 sim 4

boa 3

Sistemas de tratamento

pré-tratamento resíduos não 0

4

Características do entorno

acessibilidade inex/precária 0

3 sim 5

suficiente 4 parcialmente 3 insuficiente 2

Impermeabil cobertura final

impermeabil cobertura final

não 0 5 disponibilidade

material de recobrimento nenhum 0

4

2 INFR

AE

STR

UTU

RA IM

PLAN

TADA

Sub-total 2 máximo 56 56 boa 2

Áreas de empréstimo

qualidade material de recobrimento ruim 0

2 Observações:

> 20 anos 1 Durabilidade vida útil < 20 anos 0

1

1 LOC

ALIZA

ÇÃ

O

Sub-total 1 máximo 47 42

Detalhes:

195

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ÍNDICE DE QUALIDADE DE ATERROS INDUSTRIAIS - IQRI (CONT.) Aterro: CASO C (cont.) Licenciado: SIM Data: 08/2006 Técnico: OPERADOR Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos Item Parâmetro Variável Avaliação Peso Pontos

sim 4 sim 5 caracterização resíduo não 0

4 parcialmente 3

sim 4

atend. normas segur, medicina trabalho

não 0 5

mapeamento da disposição não 0

4 sim 5

imediato 4 lava rodas

não 0 5

diário 2 não 3 recobrimento dos resíduos

não 0

4

Segurança e saúde

ação trabalhista sim 0

3

adequada 4 suficiente 5 inadequada 2 insuficiente 2

compactação dos resíduos

inexistente 0 4

identificação aspectos e Impactos inexistente 0

5

não 4 suficiente 3 desc resíduos líq, patog / radioat sim 0

4 insuficiente 1

sim 3

objetivos, metas, progr. ambientais

inexistente 0 3

Controle do recebimento de resíduos

manifesto de resíduos não 0 3 suficiente 2

suficiente 3 garantia rec. necessários insuficiente 0

2

insuficiente 1 eficiente 2 águas subterrâneas

inexistente 0

3 sist. treinam, comunicação ineficiente 0

2

suficiente 3 sim 1 insuficiente 1

controle documentos não 0

1 águas superficiais

inexistente 0 3

suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

programas e planos de emergência inexistente 0

4 percolado

inexistente 0 3

suficiente 4 suficiente 3 insuficiente 2 insuficiente 1

plano de contingência

inexistente 0 4

gases inexistente 0

3 eficaz 4

suficiente 3 contr., monit. operações ineficaz 0

4

insuficiente 1 sim 5 estabilidade do solo e resíduos

inexistente 0 3

atend. req. legais não 0

5

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1 insuficiente 1

detecção de vazamento

inexistente 0 3 programa de

auditorias internas inexistente 0 2

suficiente 3 suficiente 2 insuficiente 1

Sistemas de monitoramento

controle de ruídos inexistente 0

3 análises críticas, ações corret./ prevent

insuficiente 0 2

sim 3 sim 1 parcialmente 1

plano fechamento não 0

1 atendimento estipulações de projeto não 0

3 sim 5

sim 2

Meio ambiente

progr. resp. social não 0

5 relatório anual

não 0 2

4 GE

STÃ

O SE

GU

RA

A, M

EIO

AM

BIEN

TE, S

DE

3 CO

ND

IÇÕ

ES OPER

ACIO

NAIS

Sub-total 4 máximo 53 53

sim 2

plano de inspeção não 0

2 Total (1+2+3+4) máximo 211 9,81

não 1 IQRI = soma dos pontos / 21 presença de queimadas sim 0

1

não 1 IQRI AVALIAÇÃO pres. elementos dispersos vento sim 0

1 0 A 6,0 Condições inadequadas

bom 2 6,01 A 8,0 Condições controladas

Geral

acesso a frente de trabalho 0

2 8,01 A 9,0 Condições adequadas ruim

9,01 A 10,0 Sub-total 3 máximo 55 55 Condições ambientais Detalhes:

196

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ANEXO A – IQR

197

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ANEXO B – IQA

198

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199

ANEXO C – IQS

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ANEXO D – TABELA: MUDANÇAS NOS PRINCÍPIOS DE NEGÓCIOS E DA MELHORIA DAS LEGISLAÇÕES DO MUNDO EM FUNÇÃO DOS ACIDENTES OCORRIDOS:

Ano Local Empresa Vítimas Produto Evento Mudanças

1974 Fixborough

Inglaterra

Ind. Química 28 mortos

89 feridos

US$ 150 milhões de

prejuízo

Ciclohexano Incêndio

Expplosão

Exigências legais para licenciamento de

instalações na Grã-Bretanha.

1976 Seveso

Itália

ICMESA

CHEMICAL

250lesões

600 pessoas retiradas

Tetraclorodibenzeno

paradioxina (agente

laranja)

Vazamento Aprimoramento das ferramentas de análise

de risco.

Exigências legais para licenciamento de

instalações.

1982 Rio de

Janeiro

Brasil

Transportador 6 mortes Pentaclorofenato de

sódio (Pó da China)

Intoxicação Primeira lei regulamentando o transporte

de produtos perigosos no Brasil (Decreto

88821/83).

1984 San Juanico

Mexico

PEMEX

(Refinaria)

550 mortes

2000 lesões

350 pessoas retiradas

Butano Incêndio

Explosão

Alteração nos projetos de combate a

incêndio em tanques sujeitos à BLEVE.

1984 Bhopal

Índia

UNION

CARBIDE

2.500 mortes

50.000 lesões

Isocianato de metila Vazamento Legislações mais rígidas. Acionistas

pressionam sobre aspectos rlacionados à

segurança e meio ambiente. Elaboração

de políticas de segurança. Pesadas

indenizações por danos.

200

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1984 Cubatão –

SP

Brasil

PETROBRAS

(gasoduto)

98 mortes NAFTA Incêndio

Explosão

A ONU incentiva projetos envolvendo

indústria, governo e comunidade visando

reverter a degradação ambiental.

Incêndio

Explosão

1986

Chernobil Usina Nuclear

Estatal

300 mortes

300.000 pessoas

retiradas

Impactos econômicos em

outros países da Europa

Plutônio e outros

materiais radioativos

Vazamento

radioativo

Pressão mundial para regulamentar

aspectos de segurança mais rigorosos.

Aperfeiçoamento dos planos de

emergência. Pesquisas em sistemas

alternativos de energia.

1988 Escócia Empresa de

Petróleo

(plataforma

Piper Alpha)

167 mortes

US$ 6 milhões em

prejuízos

Petróleo Incêndio

Explosão

Reavaliação dos riscos envolvendo

plataforma de petróleo.

1989 URSS Empresa

estatal de

petróleo

600 mortes Gás natural Incêndio

Explosão

Reavaliação dos riscos envolvendo a

comunidade vizinha a gasodutos e

instalações industriais.

1989 Alasca Exxon

(petroleiro)

Impactos ambientais e

econômicos

Petróleo Incêndio

Explosão

Alteração dos projetos dos petroleiros com

a obrigação de casco duplo. Incentivo ao

seguro ambiental

2001 Campos –

RJ

Brasil

PETROBRAS

(plataforma

P36)

11 mortes

US$ 45 milhões em

prejuízos

Petróleo Incêndio

Explosão

Reavaliação dos riscos envolvendo

plataformas de petróleo.

Fonte: ARAÚJO, 2004.

201