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Indústria das Ciências Vegetais Guia de Propriedade Intelectual

Indústria das Ciências Vegetais Guia de Propriedade ... · Os seis tipos de proteção cobertos por esse guia – ... divisões, cultura de tecidos) e materiais de colheita (flores

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Índice

1. Objetivo

2. O que é Propriedade Intelectual?

3. Propriedade Intelectual – Visão Geral

4. A influência do TRIPS

5. Patentes

6. Segredos Comerciais

7. Proteção de Dados de Segurança e Eficácia

8. Direitos de Variedades Vegetais

9. Direitos Autorais

10. Marcas

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1. OBJETIVOEste guia tem dois objetivos:

• Definir e explicar resumidamente os maisrelevantes direitos de propriedade intelectualaplicáveis à indústria das ciências vegetais econsequentemente reduzir eventuais riscos deconfusão.

• Assistir os representantes da indústria noentendimento da importância da proteção de dadosregulatórios e do papel complementar quedesempenha em conjunto com outras ferramentasde propriedade intelectual.

Este manual não é uma opinião formal. O manual nãotrata de forma exaustiva de direitos de propriedadeintelectual disponíveis. Também não endereça leis depropriedade intelectual de jurisdições específicas.

2. O QUE É PROPRIEDADE INTELECTUAL?O termo Propriedade Intelectual (PI), algumas vezestambém designado propriedade industrial, é utilizadoem vários contextos, mas é algumas vezes utilizado ouentendido de forma incorreta.

Por definição, o termo inclui qualquer criação dointelecto ao qual é dada a proteção legal depropriedade. Descreve de forma ampla todas as formasreconhecidas de PI, incluindo patentes, segredoscomerciais, proteção de dados de segurança e eficácia,direitos de variedades vegetais, direitos autorais emarcas.

Este guia irá focar nos seis tipos de direitos de PI maisimportantes para a indústria de ciências vegetais:patentes, segredos comerciais, proteção de dados desegurança e eficácia, direitos de variedades vegetais,direitos autorais e marcas. Os membros da redeCropLife devem ser o mais específico possível nadiscussão de questões de PI e devem evitar usar otermo PI para descrever todos os referidos itens deforma geral. Este guia abrange tanto a proteção de PIpara a área de Químicos Agrícolas como paraBitecnologia Vegetal.

3. PROPRIEDADE INTELECTUAL – VISÃO GERALQUAL É A PROTEÇÃO DE PROPRIEDADE INTELECTUALDISPONÍVEL?Os seis tipos de proteção cobertos por esse guia –patentes, segredos comerciais, proteção de dados desegurança e eficácia, direitos de variedades vegetais,direitos autorais e marcas – variam muito na formacomo podem ser adquiridos, o prazo da proteçãoconcedida e a forma de utilização. Não obstante asdiferenças, no entanto, todos esses direitos têm em

comum o fato de serem concedidos e passíveis deexecução de forma independente pelos governosnacionais.

PATENTE garante direitos exclusivos para inventores porum prazo determinado, em contraprestação àdivulgação da invenção. Uma patente garante ao seuproprietário, o direito de impedir que outros fabriquem,usem, vendam. comercializem ou importem a invençãopatenteada pelo prazo de duração da patente, que éusualmente de 20 anos da data em que a patente forregistrada junto à agência nacional de patentes.

SEGREDO COMERCIAL é uma fórmula, prática, processo,projeto, instrumento, padrão ou compilação deinformações que não sejam de conhecimento dopúblico em geral ou que não sejam facilmenteacessadas pelo público em geral, e que permitem queum negócio possa ter uma vantagem econômica sobrecompetidores ou clientes. Em algumas jurisdições, taissegredos são designados “informações comerciaisconfidenciais” ou “informações classificadas”.

PROTEÇÃO DE DADOS DE SEGURANÇA E EFICÁCIA é aproteção contra o uso comercial não autorizado dedados de saúde e eficácia apresentados para finsregulatórios.

DIREITOS DE VARIEDADES VEGETAIS, também conhecidocomo direitos de cultivares, são direitos conferidos aoobtentor de uma nova variedade de plantas, quegarantem ao obtentor controle exclusivo sobre omaterial de propagação (incluindo, sementes, cortes,divisões, cultura de tecidos) e materiais de colheita(flores de corte, frutas, folhagem) de uma novavariedade por um determinado número de anos.

DIREITOS AUTORAIS é o conjunto de direitos conferidoao autor ou criador de um trabalho original, incluindo odireito de copiar, distribuir ou adaptar o trabalho. Estaproteção está disponível tanto para trabalhospublicados quanto para trabalhos não publicados.

MARCA é conferida para reduzir a confusão no Mercadomediante a proibição do uso não licenciado de umamarca registrada ou uma marca de natureza similar,em bens que tenham a mesma natureza ou naturezasimilar àquela em relação à qual a marca foiregistrada.

Patentes, Segredos Comerciais, Proteção de Dados deSegurança e Eficácia Apesar das proteções decorrentesde patentes, segredos comerciais e proteção de dadosde segurança e eficácia serem frequentementeaplicáveis ao mesmo produto, elas cobrem diferentesaspectos do produto. Os direitos também sãoaplicáveis durante diferentes prazos. O frequentementemencionado Acordo sobre Aspectos dos Direitos de

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Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio(TRIPS) é o acordo internacional mais influente sobredireitos de PI. O TRIPS foi assinado como parte darodada Uruguai do GATT, que criou a OrganizaçãoMundial de Comércio (OMC) em 1995. Todos osmembros da OMC (incluindo países menosdesenvolvidos e países desenvolvidos) estão vinculadosàs disposições do TRIPS.

Desde a sua entrada em vigor, o TRIPS se provou umaferramenta essencial na melhoria das leis de PI em umnúmero considerável de países. O TRIPS estabelece ospadrões mínimos de proteção de várias formas de PI.Tais padrões são bem definidos para patentes (ParteII.5, Artigos 27-34) e marcas (Parte II.2, Artigos 15-21), mas não tão definitivos em relação à proteção deinformações não divulgadas (Parte II.7, Artigo 39).Apesar de algo confuso, o Artigo 39 especificamentedispõe sobre a proteção de segredo comercial ouinformações confidenciais comerciais e a proteção dedados de segurança e eficácia relacionados a“produtos químicos agrícolas”. Como parte damencionada proteção de informações não divulgadas, oTRIPS também dispõe sobre os padrões mínimos paraa execução de direitos de propriedade intelectual(Parte III.1-5; 7 Artigos 41-46), e disposiçõestransitórias para a concessão de patentes paraagroquímicos e farmacêuticos (Parte VII, Artigo 70.8).

De acordo com o Artigo 27 do TRIPS, os membros daOMC precisam conceder proteção por meio de patentespara variedades vegetais e invenções de biotecnologia1

agrícola, mas podem optar por não patentear plantas eanimais, exceto microrganismos2. Caso os Membrosoptem por não patentear plantas, tais invenções devemser protegidas por um método efetivo alternativo deproteção. Não há uma explicação mais detalhada sobreo sistema alternativo de proteção; no entanto, aConvenção da União Internacional para a Proteção deNovas Variedades Vegetais (UPOV) para a proteção devariedades vegetais é considerada o padrãopreferencial para a proteção de variedades vegetais.

4. A INFLUÊNCIA DO TRIPSPatentes surgiram há centenas de anos quando amaioria das invenções era de natureza mecânica. Oconceito foi ampliado para a indústria química na

medida de seu desenvolvimento duranteaproximadamente os últimos cem anos, mas comalguma dificuldade. Inicialmente, patentes sobredeterminados químicos não eram autorizadas ou eramcriadas restrições sobre o pedido de patente (e.g.processos apenas). A proteção por patente está sendoagora ampliada para incluir biotecnologia, novamentecom alguma dificuldade. Houve muito progresso nosúltimos anos, tanto em relação à ampliação do númerode países e regiões com leis de patentes adequadas,como na redução ou extinção da discriminação contrapatentes para químicos. O TRIPS contribuiuenormemente para que tais objetivos fossem atingidos.Assim, o Acordo da OMC fez com que vários paísessignatários melhorassem as suas leis de patente paraque elas seguissem os padrões mínimos do TRIPS oueliminassem discriminações contra estrangeiros.

O desenvolvimento da biotecnologia e de novosprodutos derivados de biotecnologia, tais como plantasgeneticamente modificadas, demonstra a necessidadede harmonização ainda em outra área relacionada àproteção por patentes. O TRIPS estabelece apossibilidade de exclusão de plantas da proteção porpatentes desde que exista um sistema alternativo deproteção: isso faz com que surjam novas perguntas,especialmente quando a Convenção UPOV(desenvolvida para atender as necessidades deobtentores tradicionais e não de invenções debiotecnologia) é aplicável como mecanismo padrão deproteção de variedades de vegetais.

Produtos para a Proteção Agrícola e Produtos deBiotecnologia Vegetal estão sujeitos à aprovação decomercialização e uso pelas autoridadesgovernamentais regulatórias. Tal aprovação tem comobase a verificação de estudos científicos sobre aeficácia e segurança de produtos em seres humanos,animais e no meio ambiente. Sociedades apresentamos dados de saúde, segurança e dados ambientais paraas autoridades regulatórias de registro que irão revisartais dados e tomar uma decisão se o produto éadequado para ser registrado e vendido. Odesenvolvimento de dados de registro envolve uminvestimento de vários anos e um alto valor emdinheiro por entidades de pesquisa (em 2010, o customédio para a introdução de um químico foi de $256milhões)3. A maior parte do investimento financeiro

1 Artigo 27.1 do TRIPS. Sem prejuízo do disposto nos parágrafos 2º e 3º abaixo, qualquer invenção, de produto ou de processo,em todos os setores tecnológicos, será patenteável, desde que seja nova, envolva um passo inventivo e seja passível de aplicaçãoindustrial. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 4º do art.65, no parágrafo 8º do art.70 e no parágrafo 3º deste Artigo, aspatentes serão disponíveis e os direitos patentários serão usufruíveis sem discriminação quanto ao local de invenção, quanto a seusetor tecnológico e quanto ao fato de os bens serem importados ou produzidos localmente,2 Também podem deixar de conceder patentes processos essencialmente biológicos para a produção de plantas ou animais excetoprocessos não biológicos e microbiológicos.3 Phillips McDougall. (2010). O custo da Descoberta de Novos Produtos Agro-químicos, Desenvolvimento & Registro e Pesquisa &Desenvolvimento para o Futuro. http://www.croplife.org/files/documentspublished/1/en-us/REP/5344_REP_2010_03_04_Phillips_McDougal_Research_and_Development_study.pdf

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precisa ser feita no início do desenvolvimento doproduto. Ainda, o investimento de tempo e dinheiro éde alto risco uma vez que o registro e a venda de umnovo produto não são certos.

Em vista do acima, os dados fornecidos para finsregulatórios para autoridades governamentais são ativosrelevantes que devem ser protegidos contra o usocomercial desleal por competidores que desejam sebeneficiar sem ter incorrido em despesas para gerartais dados. A natureza proprietária e a necessidade deproteção de tais dados têm sido amplamente aceitos ereconhecidos tanto pela OMC quanto pela Organizaçãopara a Cooperação e Desenvolvimento Econômico(OECD). O artigo 39.3 do Acordo TRIPS determina aproteção de dados apresentados às autoridadesnacionais de registro como recurso contra aconcorrência desleal: “Os Membros que exijam aapresentação de resultados de testes ou outros dadosnão divulgados, cuja elaboração envolva esforçoconsiderável, como condição para aprovar acomercialização de produtos farmacêuticos ou deprodutos agrícolas químicos que utilizem novasentidades químicas, protegerão esses dados contra seuuso comercial desleal. Ademais, os Membros adotarãoprovidências para impedir que esses dados sejamdivulgados, exceto quando necessário para proteger opúblico, ou quando tenham sido adotadas medidaspara assegurar que os dados sejam protegidos contra ouso comercial desleal.”

5. PATENTES A patente é um conjunto de direitos exclusivosconcedido por um estado (governo nacional) a uminventor ou seu cessionário por um período limitado detempo em troca da divulgação pública de umainvenção. O procedimento para a concessão depatentes, os requisitos aplicáveis ao patenteado e oprazo dos direitos exclusivos variam amplamente nosdiversos países de acordo com as leis nacionais eacordos internacionais. Tipicamente, no entanto, umpedido de patente deve incluir um ou mais pedidosdefinindo a invenção, que deve ser nova, não óbvia eútil ou aplicável à indústria. Na maioria dos países, odireito exclusivo concedido a um patenteado é o direitode impedir que outros produzam, usem, vendam oudistribuam a invenção patenteada sem permissão. Éapenas um direito de impedir que outros usem ainvenção por um prazo determinado. De acordo com oTRIPS, patentes devem estar disponíveis nos paísesmembros da OMC para quaisquer invenções na área detecnologia e o prazo de proteção disponível deve ser deao menos vinte anos.

6. SEGREDO COMERCIALGenericamente, qualquer informação comercialconfidencial que garante uma vantagem competitiva aum negócio pode ser considerada um segredocomercial. Segredos comerciais incluem segredosindustriais e comerciais. O uso não autorizado de taisinformações por pessoas que não o seu detentor éconsiderado como uma prática desleal e uma violaçãodo segredo comercial. Dependendo do sistema jurídico,a proteção de segredos comerciais constitui parte doconceito geral de proteção contra concorrência deslealou tem por base disposições específicas oujurisprudência sobre proteção de informaçõesconfidenciais. O termo segredo comercial é geralmentedefinido de forma ampla e inclui processos defabricação, nomes e endereços de cientistas,composição de fórmulas, e métodos analíticos paraimpurezas, dentre outros elementos. Apesar de adeterminação final do que constitui um segredocomercial depender de circunstâncias de cada casoespecífico, claramente, práticas desleais relacionadas asegredos comerciais incluem espionagem comercial ouindustrial, quebra de contrato e quebra de confiança.

7. PROTEÇÃO DE DADOS DE SEGURANÇA E EFICÁCIAFundamentalmente, os dados gerados por umasociedade para o registro de seus produtos são detidose permanentemente proprietários daquela sociedade.Esse princípio fundamental tem por base o “direito depropriedade” de cada pessoa. Mencionado direito depropriedade é um direito fundamental em vários paísese se aplica a qualquer coisa de valor. No passado,vários países aplicaram esse princípio ao manuseio dedados regulatórios e, consequentemente, protegeraminformações de serem incorretamente usadas por prazoindefinido. Apesar de tal princípio continuar a seradequadamente aplicado a segredos comerciais (e.g.informações sobre processos de fabricação e similares),alguns governos têm uma visão diferente de dadosproprietários de registro de saúde, segurança e meioambiente. Eles concordam ser necessário protegerdados de segurança e eficácia por vários motivos (taiscomo se evitar a repetição de testes com animais porum requerente posterior de registro), mas aplicamprazos de duração para a proteção e, consequentementelimitam os direitos de propriedade dos detentores dosdados.

Na prática, governos concedem ao detentor dos dadosum período para o uso exclusivo dos dados: a maioriados países concede dez anos para a proteção dequímicos agrícolas. O período de exclusividade garanteque tais dados não serão disponibilizados para uso oucitados por qualquer outro requerente de registro sem oconsentimento expresso do detentor dos dados. De

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forma similar, é entendido que as autoridadesregulatórias não podem violar o período deexclusividade permitindo que os dados apresentadospelo primeiro requerente do registro sejam usados narevisão do pedido de registro dos requerentesposteriores.

PONTOS CHAVE NA PROTEÇÃO DE DADOS REGULATÓRIOS1. A possibilidade de executar direitos relacionados a

segredos comerciais e à proteção de dados desegurança e eficácia impede a concorrência desleale, consequentemente é um instrumento valiosopara encorajar a indústria a investir nodesenvolvimento e registro de novos ingredientesativos e produtos. Este incentivo somente seráefetivo caso exista um sistema de proteçãoadequado e confiável

2. Dados de segurança e eficácia apresentados àsautoridades regulatórias são proprietários dasociedade que os apresentar e devem serprotegidos do uso não autorizado por qualqueroutro requerente de registro. É reconhecido, emprincípio, que requerentes posteriores podem gerarseus próprios dados exceto se proibido porlegislação específica (e.g. lei sobre patentes)

3. Registros/autorizações não devem ser concedidas arequerentes que não sejam os proprietários dosdados apresentados para a autoridade de registroou que não tiveram acesso aos dados conferidopelo proprietário dos dados

4. O método e prazo de proteção de dados desegurança e eficácia em cada país/região–incluindo um prazo de uso exclusivo (i.e, o prazode proteção da informação) pelo detentor dosdados – deve ser determinado pelas autoridadeslocais.

5. Em países onde não há atualmente proteção dedados de segurança e eficácia ou onde háoportunidade de melhoria das disposiçõesexistentes, a questão da proteção de dados desegurança e eficácia deve ser efetivada mediante aconcessão de um período mínimo de exclusividadede uso ao detentor dos dados.

A concessão de direito de uso exclusivo (para dadosutilizados como base de um novo registro) deve:• Garantir ao menos uma exclusividade de, no

mínimo, dez anos, para novos químicos ao detentordos estudos (a partir da data da aprovação para acomercialização da inovação no país onde oproduto foi aprovado);

• Permitir a autorização do início da comercializaçãoda cópia de um produto baseado em dados desegurança e eficácia de um primeiro requerente,somente após o término do período deexclusividade de dez anos – e desde que orequerente do registro do produto cópia demonstreque o perfil químico da cópia (incluindo oingrediente ativo) é equivalente ao produto originalou possua seus próprios dados de segurança eeficácia, e, desta forma, demonstre que o produtonão representa um risco inaceitável aos usuários,ou ao ambiente;

• Estabelecer que qualquer publicação de resumosde dados em benefício da transparência nãorepresentarão divulgação ao domínio público e aperda de proteção;

• Estabelecer que o período de exclusividade seinicia na data “efetiva” da aprovação, i.e., na dataem que o requerente puder comercializar oproduto. Também deve ficar claro que durante arevisão pelas autoridades regulatórias, os dadosapresentados para registro serão tratados comoinformações comerciais confidenciais, e destaforma serão “naturalmente” protegidos de citaçõesou uso por requerentes posteriores.

8. DIREITOS DE VARIEDADES VEGETAISA Convenção UPOV foi assinada em Paris em 1961 eentrou em vigor em 1968. Ela foi revisada em 1972,1978 e 1991. A UPOV estabelece uma base para aproteção da propriedade intelectual de variedadesvegetais. Tais direitos são mais frequentementedesignados como proteção de direitos de variedadesvegetais (PVP) ou direitos de obtentores de vegetais.Para ter direito à proteção, a variedade vegetal deveser:• distinta (o requisito mais importante), i.e. passível

de diferenciação em razão de uma ou maiscaracterísticas de qualquer outra variedade cujaexistência seja de domínio público;

• estável, i.e. continua verdadeira em relação ao seudescritivo após repetidas propagações oureproduções;

• uniforme, i.e. homogênia em relação a umacaracterística particular de sua reprodução sexualou propagação vegetativa;

• nova, i.e. não ter sido ofertada para venda oucomercializada com o consentimento do obtentorou seu sucessor de direito, no país fonte, ou pormais do que quatro anos em qualquer outro país4.

Um pedido de proteção de variedade vegetal exige opreenchimento de um pedido de registro, umadescrição da variedade e o depósito do material depropagação. Tal material não estará publicamente

4 De acordo com a UPOV 1991:materiais da variedade não podem ter sido vendidos mais do que um ano antes do pedido deregistro no país fonte e por mais do que quatro anos em qualquer outro país.

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disponível e somente uma instituição do governopoderá usar tal material para demonstrar, de formaconclusiva, estabilidade e homogenia através deexperiências de crescimento. A Lei UPOV de 91amplia os direitos dos obtentores em três frentes.Primeiro, aumenta o número de ações para as quais énecessária a autorização prévia do obtentor, desde“propagar para fins de comercialização, venda emarketing”, nos termos da Lei UPOV de 78, até aprodução ou reprodução; condicionamento para fins depropagação; oferta para venda; venda ou outracomercialização; exportação; importação; e estocagempara os fins acima, nos termos da Lei de 91.

Além disso, tais atos não são apenas relacionados aomaterial de propagação reprodutivo ou vegetativo comona Lei UPOV de 78, mas também incluem materiaiscolhidos obtidos através do uso de materiais depropagação, e materiais de propagação e colheita daschamadas variedades “essencialmente derivadas”(EDV). Em terceiro lugar, a proteção foi aumentada deao menos quinze anos, para no mínimo vinte anos.

O direito dos obtentores de usar variedades protegidaspara a criação de novas variedades e para acomercialização de tais novas variedades semautorização do obtentor da variedade protegida (aisenção do “obtentor”’) foi mantida nas duas versões.No entanto, a Lei UPOV de 91 estabelece que se umanova variedade for considerada essencialmentederivada de uma variedade protegida, o obtentor danova variedade deve obter permissão do proprietário davariedade protegida antes da comercialização davariedade considerada como uma EDV. Algumas vezesé assumido, nos termos da Lei UPOV de 78, que umagricultor tem o direito de replantar sementes colhidasde variedades protegidas para seu próprio uso e aúltima versão não permite tal uso. Na realidade, tal“privilégio de agricultor” não é mencionado de formaalguma. Os padrões mínimos da Convençãoestabelecem que a aprovação prévia do obtentor énecessária para fins de propagação paracomercialização, venda e marketing, conformemencionado na Lei UPOV de 78. Apesar de o privilégiodo agricultor não ser compulsório, a maioria dos paísesmembros da Convenção de 1978 concede esse direito.A Lei da UPOV de 91 é mais específica sobre essamatéria. Apesar de o escopo do direito do obtentorincluir qualquer produção ou reprodução econdicionamento para fins de propagação, asautoridades governamentais podem, a seu critério,decidir sobre a manutenção ou não do privilégio doagricultor.

De acordo com o Artigo 15 da Lei da UPOV de 91, odireito do obtentor relacionado a uma variedade podeser restrito “para permitir que agricultores utilizem,para fins de propagação, em suas própriaspropriedades, o produto da colheita obtida medianteplantação … a variedade protegida …”. No entanto,caso assim façam, os Países Membros devem fornecerum mecanismo para garantir os legítimos interessesdos obtentores. Na Europa, esse último requisitoresultou em uma disposição nas legislações relevantesatravés da qual agricultores podem guardar sementessomente de um número limitada de espécies e, excetose eles forem considerados como pequenos produtores,devem pagar um royalty equivalente ao menos a 50%do royalty pago sobre sementes certificadas. A maioriaabsoluta dos membros da UPOV está na Europa,América do Norte, América Latina e Australásia. Noentanto, vem aumentando o interesse dos países emdesenvolvimento em aderir à UPOV e podemos esperarque vários outros países tornem-se membros nospróximos anos.

9. DIREITOS AUTORAISDireitos autorais e direitos relacionados protegemautores, artistas, produtores e exibidores e contribuempara o desenvolvimento cultural e econômico dasnações. Tal proteção preenche um papel decisivo naarticulação das contribuições e direitos de diferentesindivíduos e na relação entre eles e o público. Aproteção dos direitos autorais e direitos relacionadostem dois objetivos: encorajar uma cultura dinâmica ecriativa e retornar algum valor aos criadores de formaque eles possam ter uma vida econômica digna egarantir ao público acesso amplo ao conteúdo a custorazoável.

10. MARCAUma marca pode ser uma palavra, dispositivo, número,símbolo, forma diferenciada, cor ou qualquercombinação dos acima, usada para identificar bens ouserviços de forma a distingui-los de bens ou serviçossimilares de outra fonte. Em vários países, direitosexclusivos sobre uma marca são adquiridos a partir domomento em que a marca é primeiramente utilizada.No entanto, o registro da marca invariavelmenteconfere uma proteção mais forte do que aquelaconferida pelo direito de uso. Diferentemente de outrasformas de proteção de PI, uma marca pode sergeralmente mantida por prazo indeterminado, desdeque as taxas de renovação sejam pagas.

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Data de publicação: Junho de 2011

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