industria de defesa e segurança no brasil

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segurança pública

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  • Defesa BNDES Setorial 38, p. 373-408

    * Respectivamente, engenheiro do Gabinete da Presidncia, economista e gerente do Departamento de Indstria Pesada da rea Industrial, contador do Departamento de Comrcio Exterior 1 da rea de ComrcioExterioregerenteexecutivodoDepartamentodeApoioSubsidiriaemLondresdareaInternacional. Os autores agradecem os comentrios de Andr Luiz Silva de Arajo, Haroldo Fialho Prates, Marcio Nobre Migon, Marcos Rossi Martins, Necesio Antonio Krapp Tavares, Ricardo Berer e Sergio Bittencourt Varella Gomes, isentando-os da responsabilidade por erros remanescentes.

    Panorama sobre a indstria de defesa e segurana no Brasil

    Srgio Leite Schmitt Correa FilhoDaniel Chiari BarrosBernardo Hauch Ribeiro de CastroPaulus Vincius da Rocha FonsecaJaime Gornsztejn*

    ResumoComocrescimentoeconmicoeoganhodeimportnciadoBrasilnaesferainternacional, o tema defesa ressurge nas discusses por sua relevncia es-tratgica. A eliminao do hiato formado pelo baixo investimento em defesa nas ltimas dcadas, proporcionalmente inferior ao dos outros pases, cria uma oportunidade de crescimento para a indstria. Um novo marco regu-latrio traz condies de preferncia para empresas brasileiras, ao mesmo tempo em que o oramento se mostra crescente. O presente artigo traz um panorama da indstria de defesa e segurana no Brasil e das transformaes pelas quais vem passando em razo das recentes polticas pblicas para a defesa e as possibilidades de atuao do BNDES.

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    374 IntroduoNos ltimos anos, os pases emergentes aumentaram sua importncia

    relativa no mundo. Pases como Brasil, Rssia, ndia e China (os chamados BRICs)socadavezmaisglobalmenterelevantesemrelaoeconomia,enquanto diversos pases desenvolvidos ainda sofrem os efeitos das ltimas crises.Esseganhoderelevncia,aliadostransformaeseconmicaseso-ciais pelas quais o Brasil vem passando, que o conduzem, pelo menos, a um protagonismo regional, traz uma reflexo sobre o papel da Defesa Nacional.

    Conforme define a Poltica Nacional de Defesa (PND), Defesa Nacional o conjunto de medidas e aes do Estado, com nfase no campo militar, para a defesa do territrio, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaas preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.

    Estudos mostram que h uma correlao, no longo prazo, entre o Pro-duto Interno Bruto (PIB) e o gasto militar [Ablett e Edrmann (2013)]. Em outraspalavras,ocrescimentoeconmicotrazconsigoumapreocupaoemdispor de meios que permitam assegurar a defesa dos interesses nacionais. O gasto militar faz parte do conjunto de instrumentos de um Estado forte.

    Diferentemente da lgica de outros setores, definidos pela oferta de pro-dutos, o setor de defesa e segurana definido por sua demanda. O setor au-tomotivo, por exemplo, definido pelo produto que vende, sejam automveis ou autopeas. O setor de defesa e segurana, ao contrrio, ainda que inclua empresas com produtos exclusivos, assim caracterizado pelo fato de os prin-cipais clientes serem as Foras Armadas e de Segurana. Exemplificando, se uma empresa fabrica produtos de interesse das Foras Armadas, mesmo que eles tambm tenham uso civil, pode-se consider-la uma empresa de defe-sa. Essa caracterstica de ter os produtos consumidos por tipos diferentes de usuriostrazumdesafioconstruodetrabalhossobreaindstria,vistoquea caracterizao da oferta desafiadora por natureza, encontrada de forma pulverizada por vrios segmentos industriais e de servios.

    Enquanto a defesa voltada contra ameaas externas, a segurana tem um enfoque interno ao pas. Ainda que conceitualmente diferentes, so com-plementares,atmesmonoquesereferesempresas,motivopeloqualseconvencionou cham-las de indstria de defesa e segurana.

    Segundo a PND, Segurana a condio que permite ao Pas preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacionais,

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    Defesa

    livre de presses e ameaas, e garantir aos cidados o exerccio de seus di-reitos e deveres constitucionais.

    O presente artigo est estruturado de forma a trazer um panorama da inds-tria de defesa no Brasil e no mundo, as transformaes previstas para o pas nos prximos anos, principalmente decorrentes do novo arcabouo regulatrio e da implementao de polticas, e o papel do BNDES nesse novo cenrio.

    A indstria de defesa e segurana no mundo A indstria de defesa e segurana tem estrutura oligopolizada, sendo os

    principais players grandes conglomerados, com atuao diversificada tam-bm fora desses mercados, conforme mostra a Tabela 1. A maior parte des-sesgruposeconmicospraticaaestratgiadediversificarsuasatividades,valendo-se da aplicao dual de muitas tecnologias como forma de ampliar seus mercados. Em 2011, os dez maiores grupos faturaram US$ 220 bilhes somente com vendas para o setor de defesa.

    Tabela 1 | Principais grupos da indstria de defesa, 2011Posio Grupo Origem Setores de

    atividadeReceita defesa

    (US$ milhes correntes)

    % receita defesa no

    faturamento

    1 Lockheed Martin EUA Aeronaves, eletrnica,msseis, espacial

    36.270 78

    2 Boeing EUA Aeronaves, eletrnica,msseis, espacial

    31.830 46

    3 BAE Systems Reino Unido

    Artilharia, aeronaves, eletrnica,msseis, navios, armas leves/munio, veculos militares

    29.150 95

    4 General Dynamics EUA Artilharia, eletrnica,navios, armas leves/munio, veculos militares

    23.760 73

    Continua

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    376Posio Grupo Origem Setores de

    atividadeReceita defesa

    (US$ milhes correntes)

    % receita defesa no

    faturamento

    5 Raytheon EUA Eletrnica,msseis

    22.470 90

    6 Northrop Grumman

    EUA Aeronaves, eletrnica,msseis, espacial, navios, servios

    21.390 81

    7 EADS Unio Europeia

    Aeronaves, eletrnica,msseis, espacial

    16.390 24

    8 Finmeccanica Itlia Artilharia, aeronaves, eletrnica,msseis, armas leves/munio, veculos militares

    14.560 60

    9 L-3 Communications

    EUA Eletrnica,servios

    12.520 83

    10 United Technologies

    EUA Aeronaves, eletrnica,motores

    11.640 20

    Fonte: SIPRI.

    Em razo da particularidade do setor, os Estados Nacionais e suas res-pectivas estratgias de defesa cumprem papel determinante no desenvol-vimento dessa indstria. Os pases investem montantes elevados para suas respectivas indstrias desenvolverem, em cooperao com entidades de pesquisa e desenvolvimento militares e civis, produtos a serem utilizados na Defesa Nacional. Aps o desenvolvimento desses produtos, os Esta-dos garantem a demanda da indstria nacional por meio de encomendas pblicas para equipar suas Foras Armadas com os produtos desenvolvi-dos. Por meio da encomenda inicial, do prprio pas em que se situa ou de onde provm seu controle de capital, a indstria buscar ainda a in-sero dos produtos desenvolvidos no mercado externo. Nessa frente, o Estado tambm tem papel relevante, tanto no direcionamento geopoltico da comercializao dos produtos de defesa, como na prpria viabilizao

    Continuao

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    Defesa

    financeiradacomercializao,viamecanismospblicosdeapoiosex-portaes. Dessa maneira, os principais grupos/empresas dessa indstria esto localizados em pases que tm os maiores oramentos de defesa. Caberessaltarquecomumaexistnciaderestriesformaiscomer-cializao de produtos e servios que incorporam tecnologias sensveis para pases no alinhados militar e politicamente ao pas detentor dessas tecnologias.Ademais,osetordedefesanoestsujeitosregrasdaOr-ganizaoMundialdoComrcio(OMC)notocantepolticacomercialpraticada pelos pases.

    A Tabela 2 mostra o ranking dos pases com os maiores oramentos de defesa no mundo em 2012, com destaque para os Estados Unidos, que gasta sozinhovalorequivalentesomados11pasesposicionadoslogoabaixo(cerca de 39% dos gastos mundiais em defesa). Observa-se tambm que o oramento brasileiro, situado no 11o posto, o menor entre os pases do BRIC, tanto em termos absolutos, quanto em percentual do PIB.

    Tabela 2 | Pases com os 15 maiores oramentos de defesa (US$ bilhes correntes, % do PIB e % do gasto mundial), 2012

    Posio Pas Oramento (US$ bilhes

    correntes)

    % do PIB % do gasto mundial

    1 EUA 682,5 4,4 38,9

    2 China 166,1 2,0 9,5

    3 Rssia 90,7 4,4 5,2

    4 Reino Unido 60,8 2,5 3,5

    5 Japo 59,3 1,0 3,4

    6 Frana 58,9 2,3 3,4

    7 Arbia Saudita

    56,7 8,9 3,2

    8 ndia 46,1 2,5 2,6

    9 Alemanha 45,8 1,4 2,6

    10 Itlia 34,0 1,7 1,9

    11 Brasil 33,1 1,5 1,9

    12 Coreia do Sul 31,7 2,7 1,8

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    378Posio Pas Oramento

    (US$ bilhes correntes)

    % do PIB % do gasto mundial

    13 Austrlia 26,2 1,7 1,5

    14 Canad 22,5 1,3 1,3

    15 Turquia 18,2 2,3 1,0

    Subtotal 15 maiores 1.432,7 2,7 81,7Total mundial 1.753,0 1,9 100,0

    Fonte: Elaborao prpria, com base em dados do SIPRI.

    A insero externa dos produtos de defesa e segurana fundamental para que a indstria local adquira escala e qualidade. Para que o pas alcance novos mercados, especialmente os desenvolvidos, a atualizao tecnolgica dos produtos fundamental. O comrcio exterior de equipamentos de defe-sa movimentou US$ 247 bilhes nos dez anos compreendidos entre 2003 e 2012.1 Nesse perodo, os produtos mais representativos foram aeronaves (US$ 108,1 bilhes), navios (US$ 37,7 bilhes), msseis (US$ 32,7 bilhes) e veculos blindados (US$ 29,3 bilhes).

    Depois de atingir US$ 30,5 bilhes em 2011, o intercmbio mundial se reduziu para US$ 28,2 bilhes em 2012. A despeito da queda no ltimo ano, o setor vem se recuperando dos impactos da crise financeira internacional que comprometeu o dinamismo do setor, principalmente em 2008 e 2009. A Tabela 3 mostra essa evoluo.

    Tabela 3 | Comrcio exterior de equipamentos militares por categoria de produto (em US$ milhes de 1990), 2003-2012

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total

    Aeronaves 9.058 10.440 8.096 9.410 11.736 9.771 10.284 11.829 15.804 11.660 108.088

    Navios 2.993 3.005 5.099 4.975 3.996 3.226 3.712 2.632 3.144 4.880 37.662

    Msseis 2.389 2.732 2.985 3.664 3.566 3.887 3.546 2.989 3.446 3.490 32.694

    Veculos blindados

    2.062 1.862 1.901 3.024 3.586 3.040 3.387 3.786 3.352 3.310 29.310

    Sensores 1.175 1.304 1.247 1.409 1.441 1.352 998 1.173 1.356 1.594 13.049

    Sistema de defesa area

    640 525 852 975 919 1.496 1.353 1.127 1.302 1.095 10.284

    1 Os dados de comrcio exterior esto em valores constantes de 1990.

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    Defesa

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total

    Motores 702 962 708 645 722 930 938 1.106 1.168 1.360 9.241

    Artilharia 201 385 411 490 537 513 470 679 640 496 4.822

    Satlites 0 0 50 0 0 0 0 0 0 0 50

    Arma antis- -submarino

    0 0 0 0 0 0 0 7 7 14 28

    Outros 196 189 104 95 157 175 165 258 246 272 1.857

    Total 19.416 21.405 21.452 24.688 26.661 24.391 24.853 25.587 30.465 28.172 247.090

    Fonte: SIPRI.

    Estados Unidos o maior exportador mundial de produtos de defesa. No perodo de 2003 a 2012, o pas exportou US$ 75,5 bilhes, o que represen-tou 30,5% das exportaes globais. Conforme exibido na Tabela 2, a Rssia tem o terceiro oramento mundial em defesa. A indstria de defesa russa permanece relevante, mesmo com o fim da Unio Sovitica e dos vultosos gastosmilitaresqueerampraticadospocadaGuerraFria.Opasose-gundo maior exportador mundial, com exportaes acumuladas no perodo supracitado de US$ 62,8 bilhes. Ainda na mesma base de comparao, o Brasil ocupou apenas a 22a posio (Tabela 4), com participao nfima de 0,2% nas exportaes globais. Mais adiante, ser detalhada a posio do Brasil no comrcio exterior.

    Tabela 4 | Maiores exportadores de equipamentos militares (em US$ milhes de 1990), 2003-2012Posio (2003-2012)

    Pas 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2003-2012

    1 EUA 5.677 6.787 6.796 7.711 7.990 6.808 6.921 8.335 9.672 8.760 75.455

    2 Rssia 5.428 6.194 5.196 5.156 5.608 6.710 5.877 5.974 8.620 8.003 62.766

    3 Alemanha 1.732 1.121 2.104 2.654 3.184 2.319 2.465 2.647 1.295 1.193 20.714

    4 Frana 1.474 2.376 1.842 1.752 2.416 2.071 2.065 971 1.796 1.139 17.901

    5 Reino Unido 752 1.234 1.009 949 1.008 1.003 1.004 1.121 1.006 863 9.949

    6 China 692 380 314 623 454 579 1.076 1.518 1.506 1.783 8.925

    7 Holanda 336 218 568 1.158 1.235 467 502 381 563 760 6.188

    8 Itlia 355 249 823 521 694 391 501 542 878 847 5.802

    9 Espanha 98 56 112 847 594 610 971 280 1.455 720 5.743

    10 Ucrnia 296 200 295 559 728 367 348 475 553 1.344 5.165

    Subtotal dez maiores 16.840 18.815 19.059 21.930 23.911 21.325 21.730 22.244 27.344 25.412 218.608

    22 Brasil 0 46 1 44 53 92 37 176 47 32 527

    Total 19.416 21.405 21.452 24.688 26.661 24.391 24.853 25.587 30.465 28.172 247.090

    Fonte: SIPRI.

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    380 A indstria de defesa e segurana no BrasilDe acordo com a Associao Brasileira das Indstrias de Materiais de

    Defesa e Segurana (Abimde), as empresas associadas tiveram um fatura-mento de US$ 2,7 bilhes em 2009 ou cerca de R$ 5,4 bilhes.2 A parti-cipao da indstria de defesa no PIB foi de 0,17%. Embora os dados de faturamento da indstria sejam escassos, dados disponveis do segmento de equipamentos blicos sero apresentados a seguir.

    As vendas de equipamento blico pesado, armas e munies alcanaram R$ 935 milhes em 2009, cerca de 17% da receita da indstria naquele ano. O faturamento do segmento ampliou 134% entre os anos de 2005 e 2009, como mostra o Grfico 1. Tal aumento deve-se sobretudo ao esforo de rea-parelhamento das Foras Armadas e de Segurana do pas.

    Grfico 1 | Vendas de equipamento blico pesado, armas e munies* (em R$ milhes), 2005-2009

    399518

    652 700

    935

    0100200300400500600700800900

    1.000

    2005 2006 2007 2008 2009

    Fonte: IBGE/PIA-Produto. * Os dados referem-se ao Cnae 2550.

    A indstria de defesa gera cerca de 25 mil empregos diretos e cem mil indiretos [Abimde (2011)]. Em 2011, a indstria brasileira empregou aproximadamente 11,2 milhes de trabalhadores formais, e a indstria de transformao, na qual se insere a indstria de defesa, empregou quase 7,7 milhes [MDIC (2012)]. Embora a indstria de defesa represente uma parte pequena do emprego industrial, h perspectiva de forte crescimento para os prximos anos em virtude dos diversos projetos estratgicos previstos para atendimentosdemandasdasForasArmadasnosprximosvinteanos.

    2 Considerando a taxa de cmbio comercial mdia para compra em 2009 de R$/US$ 1,9968.

  • 381

    Defesa

    Esses projetos esto consolidados no Plano de Articulao e Equipamento da Defesa Nacional (Paed), que ser tratado na seo seguinte. O aumento dos efetivos policiais tambm exigir maior oferta de produtos e mais em-pregos na indstria de defesa. A maior parte da indstria de defesa fornece produtos tanto para as Foras Armadas quanto para as Foras de Segurana.

    Oramento de defesa O oramento de defesa abrange o Ministrio da Defesa (MD) e as trs

    Foras Armadas e discrimina trs tipos de despesas: pessoal, custeio e in-vestimento. A despesa com pessoal a maior rubrica. No perodo de 2003 a 2012, representou 76,5% dos gastos totais.3 Com o aumento recente das despesas de investimento, a participao da despesa com pessoal vem di-minuindo. Em 2012, equivaleu a 71% do oramento. As despesas com ina-tivos e pensionistas representam a maior parcela dos gastos com pessoal. Em 2012, corresponderam a 61,7% desses gastos.

    Ocusteiocontemplaasdespesastipicamentevoltadasmanutenodacapacidade permanente de preparo da estrutura militar para pronto empre-go: alimentao, fardamento, suprimento de combustveis e lubrificantes, armamentos leves e suas munies, transporte, adestramento para uso dos meios etc. Em 2012, as despesas de custeio somaram R$ 8,2 bilhes, cifra 72,3% maior do que a verificada em 2003. O crescimento do efetivo e o es-foro de reaparelhamento das foras armadas contriburam com o resultado.

    Osinvestimentosreferem-seaquisiodosmeioserecursosdestina-dosadequaoeaoaparelhamentodasForasArmadas,normalmentedegrande vulto, com produtos e temporalidade definidos (por exemplo, aqui-sio de avies e helicpteros, navios e embarcaes, carros de combate, armamentos pesados e suas munies, instalaes de grande porte). As despesas de investimento ampliaram-se sobremaneira, passando de R$ 1,5 bilho em 2003 para R$ 10,1 bilhes em 2012 568% de aumento. Con-forme ser detalhado na seo seguinte, o governo federal est promoven-do um esforo para reequipar as foras de defesa, provendo-as dos meios materiais necessrios para uma atuao satisfatria.

    Como j descrito, nem todos os gastos do pas em defesa representam demanda por produtos da indstria de defesa. A demanda vem apenas de

    3 Os dados desta subseo esto em valores constantes de 2012.

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    382 parte dos gastos de custeio e de investimento. Os setores de segurana pblica e privada e outros Estados Nacionais respondem pelo restante da demanda.

    O Grfico 2 mostra a composio do oramento de defesa brasileiro.

    Grfico 2 | Despesas com defesa (em R$ milhes de 2012),* 2003-2012

    43.33643.874

    47.87750.772

    54.00554.582

    61.324

    67.753

    64.488

    66.379

    0

    10.000

    20.000

    30.000

    40.000

    50.000

    60.000

    70.000

    80.000

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012Despesa de pessoalDespesa de custeio

    Despesa de investimentoDespesa total

    Fonte: Ministrio da Defesa/Secretaria de Coordenao e Organizao Institucional.*Deflator:IGP-DI.

    Despesas com segurana pblicaAs despesas totais com a segurana pblica aumentaram de forma con-

    tnua de 2006 a 2009, saltando de R$ 39,7 bilhes para R$ 51,1 bilhes no perodo.4 O ano de 2010 registrou queda nas despesas e, em 2011, estas voltaram a crescer, atingindo patamar semelhante ao de 2009.

    Assim como nos gastos em defesa, apenas parte desses gastos representa demanda para a indstria de defesa e segurana. Grande parte do oramen-to destinada a pagamento de pessoal, e outra parte representar demanda para outros setores industriais, como o de alimentos.

    A Tabela 5 mostra as despesas realizadas pelos estados e pela Unio.

    4 Os dados desta subseo esto em valores constantes de 2011.

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    Defesa

    Tabela 5 | Despesas realizadas com a funo segurana pblica (em R$ milhes constantes de 2011)

    Ano Estados Unio Total

    2006 35.225 4.439 39.664

    2007 37.393 5.904 43.297

    2008 39.417 7.023 46.441

    2009 42.946 8.162 51.108

    2010 40.418 7.779 48.198

    2011 45.658 5.744 51.402

    Fonte: Anurio do Frum Brasileiro de Segurana Pblica (2012).

    Outra estatstica importante e que se correlaciona positivamente com a demanda por produtos de defesa e segurana o efetivo policial. O le-vantamento das sries histricas enfrentou dificuldades por causa da in-disponibilidade e da baixa qualidade de muitos dados. Por tais problemas, o histrico da polcia civil no ser apresentado no presente artigo. Em 2011, a polcia civil contava com efetivo aproximado de 118 mil funcio-nrios. Mesmo considerando-se apenas os efetivos das polcias militar, federal, rodoviria federal e da guarda civil municipal, possvel observar uma tendncia de aumento das Foras de Segurana do pas, conforme indicado na Tabela 6.

    Tabela 6 | Efetivos das foras policiais Brasil Militar Outros efetivos* Total

    2006 407.488(1) n.d. 407.488

    2007 411.610(2) n.d. 411.610

    2008 404.281(3) n.d. 404.281

    2009 416.506(4) 75.624 492.130

    2010 418.486(5) 81.839 500.325

    2011 432.095(6) 86.774 518.869

    Fonte: Anurio do Frum Brasileiro de Segurana Pblica, diversos anos.* Polcia federal, polcia rodoviria federal e guarda civil municipal.1 AM, PA, RJ e TO dados de 2007.2 RO e SP dados de 2008.3 AP, MG, PR, PE, PI, RS, SC dados de 2009.4 AL, CE, MT, RJ, RO dados de 2011.5 AL, CE, MG, RJ, RO dados de 2011.6 PA dados de 2010.

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    384 Principais grupos/empresas Com as boas perspectivas vislumbradas para o setor de defesa no Brasil,

    muitos grupos e empresas de grande porte vm investindo ou analisando a possibilidade de investir no setor. Parte da indstria de defesa brasileira atua de maneira diversificada, atendendo ao mercado civil e, muitas vezes, fornecendo produtos e solues completamente distintos. Em alguns casos, como o da Embraer e o da Odebrecht, o setor de defesa representa apenas uma pequena parte do faturamento.

    A base industrial de defesa brasileira foi mapeada preliminarmente no estudo Diagnstico Base Industrial de Defesa, da Agncia Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), elaborado por equipe contratada da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Alm de oficinas de trabalho, o estudo foi realizado por meio de pesquisa de campo com uma amostra de importantes empresas. A Tabela 7 lista essas empresas, assim como o tipo de controle de capital e os principais produtos e atividades de-senvolvidas. Outros players importantes, como Andrade Gutierrez, Queiroz GalvoeCamargoCrrea,tmplanosdeingressarnosetor,conformesercomentado adiante.

    Tabela 7 | Empresas/instituies da base industrial de defesa Empresa Controle do

    capitalPrincipais produtos/atividades

    no setor de defesaImbel Indstria de Material Blico do Brasil

    Estatal nacional

    Projeto e fabricao de armas leves (pistolas, fuzis, metralhadoras), explosivos de uso militar e civil, munies pesadas (granadas para morteiros e propelentes para msseis e foguetes) para o Exrcito Brasileiro

    Forjas Taurus S.A. Privado nacional

    Projeto e fabricao de armas leves (revlveres, pistolas, carabinas e metralhadoras)

    Companhia Brasileira de Cartuchos

    Privado nacional

    Fabricao de munies leves e de munies para canhes de mdio calibre (20 mm-30 mm)

    Condor S.A. Indstria Qumica

    Privado nacional

    Projeto e fabricao de armas e equipamentos no letais

    Fbrica Almirante Jurandyr da Costa Muller de Campos (FAJCMC)

    Estatal nacional

    Fabricao de munies pesadas para a Marinha do Brasil

    Continua

  • 385

    Defesa

    Empresa Controle do capital

    Principais produtos/atividades no setor de defesa

    Avibras Indstria Aeroespacial S.A.

    Privado nacional

    Projeto e fabricao de sistemas de artilharia e de foguetes ar-terra de 37 mm e 70 mm; fabricao de propelentes para msseis e foguetes e de explosivos de uso militar e civil; desenvolvimento de sistemas de propulso e de estruturas aerodinmicas para msseis; industrializao e integrao de msseis e foguetes; desenvolvimento de VANT (Veculo Areo No Tripulado)

    Mectron Engenharia, Indstria e Comrcio Ltda.

    Privado nacional

    Projeto de msseis ar-ar, ar-superfcie e superfcie-superfcie; desenvolvimento de sistemas de guiagem de msseis, de equipamentosesistemasavinicosparaaeronaves militares, e de equipamentos e sistemas para o Programa Espacial Brasileiro

    Orbisat da AmazniaIndstriae Aerolevantamento S.A.

    Privado nacional

    Desenvolvimento e fabricao de radar de vigilncia area de baixa altitude; servios de imageamento por radar

    Ominisys Engenharia Ltda.

    Privado estrangeiro

    Fabricao de radares de vigilncia, defesa area, trfego areo e meteorolgicos

    Atmos Sistemas Ltda.

    Privado nacional

    Projeto e fabricao de radares meteorolgicos

    AEL Sistemas S.A. Privado estrangeiro

    Fabricaolocaldesistemasavinicosembarcados em aeronaves militares

    Atech Negcios em Tecnologias S.A.

    Privado nacional

    Desenvolvimento de sistemas integrados devigilncia,eletrnicaeinteligncia;desenvolvimento de sistemas de controle de armas de embarcaes e de aeronaves; desenvolvimento de simuladores de operaes militares

    Embraer S.A. Privado nacional

    Projeto e fabricao de aeronaves leves de ataque/treinamento militar, de aeronaves de vigilncia; desenvolvimento de aeronave de transporte de carga/tropa e reabastecimento em voo; desenvolvimento de sistema de comunicao entre aeronaves e comandos em terra; manuteno aeronutica e suporte logstico; modernizao de aeronaves militares usadas; formao de joint venture com a Elbit no segmento de VANTs; aquisio de 90% da divisoderadaresdaOrbisatdaAmazniaIndstria e Aerolevantamento S.A. e de 50% da Atech Negcios em Tecnologias S.A.

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    386Empresa Controle do

    capitalPrincipais produtos/atividades

    no setor de defesaOdebrecht Defesa e Tecnologia

    Privado nacional

    Participao no Consrcio Baa de Sepetiba, juntamente com a empresa francesa DCNS, para: construo de quatro submarinos convencionais da classe Scorpne e da parte no nuclear do submarino nuclear brasileiro; construo de estaleiro para a fabricao de submarinos (incluindo os cinco citados); construo de base naval de submarinos; aquisio do controle da Mectron Engenharia, Indstria e Comrcio Ltda.

    Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro

    Estatal nacional

    Fabricao de embarcaes militares diversas

    Empresa Gerencial de Projetos Navais

    Estatal nacional

    Gerenciamento de projetos da Marinha do Brasil; comercializao de produtos e servios disponibilizados pelo segmento naval da indstria nacional de defesa, incluindo embarcaes militares, reparos navais, sistemas de combate embarcados, munio de artilharia, servios oceanogrficos e apoio logstico

    Inace Indstria Naval do Cear S.A.

    Privado nacional

    Construo de embarcaes de patrulha para a Marinha do Brasil

    Eisa Estaleiro Ilha S.A.

    Privado estrangeiro

    Construo de embarcaes de patrulha para a Marinha do Brasil

    Santos Lab Privado nacional

    Fabricao de Mini-VANTs e de alvos areos

    Flight Technologies Privado nacional

    Fabricao de Mini-VANTs e de sistemas avinicosintegradosembarcadosemaeronavesmilitares e civis

    OptoEletrnica Privado nacional

    Sistemas pticos para msseis e satlites

    Helibras Privado estrangeiro

    Fabricao de helicpteros de pequeno e mdio portes; manuteno, reparo e modernizao de helicpteros usados militares e civis

    Agrale S.A. Privado nacional

    Projeto e fabricao de veculos utilitrios leves militares e civis

    Iveco Latin America Ltda.

    Privado estrangeiro

    Desenvolvimento e fabricao de Veculo Blindado de Transporte de Pessoal Mdio de Rodas 6x6 (VBTP-MR)

    INB Indstrias Nucleares do Brasil

    Estatal nacional

    Fornecimento do combustvel nuclear para o Laboratrio de Gerao Ncleo-Eltrica da Marinha do Brasil (Labgene)

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    Defesa

    Empresa Controle do capital

    Principais produtos/atividades no setor de defesa

    Outros fornecedores de produtos e servios para o setor nuclear: Nitroqumica, Alcoa, Sactres, Villares Metals, Nuclep, Jaragu, Weg, Genpro

    Diversos Fornecimento de produtos qumicos, alumnio, forjados, aos, estruturas metlicas, equipamentos pesados, motores e servios de engenharia, respectivamente

    Fonte: Elaborao prpria, com base em Ferreira e Sarti (2011).

    Comrcio exteriorO Brasil ocupa uma posio estruturalmente deficitria no comrcio de

    produtos de defesa. Alm do baixo volume exportado, a grande concentra-o das vendas externas em aeronaves (destaque para a Embraer Defesa e Segurana) e a grande variao do fluxo comercial evidenciam uma presen-a bastante tmida do pas no cenrio internacional. Essa posio fica mais evidente tomando-se como base o oramento de defesa do pas, o 11o do mundo em 2012, vis--vis o volume exportado, o 25o do mundo em 2012. No perodo de vinte anos compreendido entre 1993 e 2012, o pas exportou US$ 739 milhes em produtos de defesa. As importaes, por seu turno, superaram US$ 5,4 bilhes resultando em um dficit acumulado de US$ 4,7 bilhes. Navios, aeronaves e veculos blindados foram as principais cate-gorias de produtos importados e as que mais contriburam para o dficit comercial. Cabe salientar que todas as categorias de produtos registraram saldos negativos no perodo.

    Observando-se os subperodos destacados na Tabela 8, verifica-se que, no ltimo quinqunio, as exportaes cresceram 166,7% em relao ao an-terior, em razo, sobretudo, das vendas maiores de avies militares.

    Tabela 8 | Comrcio exterior de equipamentos militares por categoria de produto (em US$ milhes* e %), 1993-2012

    Categoria de produto

    1993-1997

    1998-2002

    2003-2007

    2008-2012

    1993-2012

    Exportaes acumulado (US$ milhes)* %Aeronaves 115 16 134 312 577 78

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    388Categoria de

    produto1993-1997

    1998-2002

    2003-2007

    2008-2012

    1993-2012

    Veculos blindados 54 2 0 11 67 9

    Artilharia 0 17 0 17 34 5

    Msseis 0 0 0 25 25 3

    Navios 0 0 10 11 21 3

    Sensores 0 8 0 8 16 2

    Motores 0 0 0 0 0 0

    Outros 0 0 0 0 0 0

    Total 169 42 144 384 739 100

    Importaes acumulado (US$ milhes)* %Aeronaves 254 469 316 560 1.599 29

    Veculos blindados 114 64 1 400 579 11

    Artilharia 36 34 1 0 71 1

    Msseis 182 108 70 164 524 10

    Navios 957 641 190 157 1.945 36

    Sensores 33 221 170 80 504 9

    Motores 61 31 54 64 210 4

    Outros 0 9 0 0 9 0

    Total 1.637 1.573 801 1.424 5.435 100

    Saldo comercial acumulado (US$ milhes)* %Aeronaves (139) (453) (182) (248) (1.022) 22

    Veculos blindados (60) (62) (1) (389) (512) 11

    Artilharia (36) (17) (1) 17 (37) 1

    Msseis (182) (108) (70) (139) (499) 11

    Navios (957) (641) (180) (146) (1.924) 41

    Sensores (33) (213) (170) (72) (488) 10

    Motores (61) (31) (54) (64) (210) 4

    Outros 0 (9) 0 0 (9) 0

    Total (1.468) (1.531) (657) (1.040) (4.696) 100

    Fonte: Elaborao prpria, com base em SIPRI.* Valores constantes de 1990.

    Continuao

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    Defesa

    Contedo tecnolgico Grande parte das tecnologias desenvolvidas para a defesa tem aplicao

    dual: militar e civil. Assim, os investimentos pblicos em desenvolvimen-to de produtos de defesa, alm de contriburem para melhorar a defesa e a segurana do pas, podem gerar benefcios adicionais para a sociedade, sob a forma de novos produtos que elevam seu bem-estar. Como exemplos em-blemticos do transbordamento da tecnologia militar para aplicaes civis, possvel citar a criao da internet, por meio de redes militares norte-ame-ricanas; a telefonia celular, originalmente desenvolvida para comunicaes militares; e a aplicao em larga escala de sistemas de geoposicionamento por satlite (GPS).

    Ademais, o elevado contedo tecnolgico dos produtos de defesa faz com que,quantoagregaodevalor,osetordedefesaapresenteosmelhoresindicadores,comparativamenteaoutrasatividadeseconmicas,conformemostra a Tabela 9, elaborada pela Organizao para a Cooperao e Desen-volvimentoEconmico(OCDE).

    Tabela 9 | Valor agregado por atividade econmica

    Setor econmico Relao valor/peso (US$/kg)

    Minerao (ferro) 0,02

    Agrcola 0,3

    Ao e celulose 0,3-0,8

    Automotivo 10

    Eletrnico(udio,vdeo) 100

    Defesa (foguetes) 200

    Aeronutica (avies comerciais) 1.000

    Defesa (msseis)/telefones celulares 2.000

    Aeronutica (avies militares) 2.000-8.000

    Espao (satlites) 50.000

    Fonte: ABDI (2010).

    InvestimentosCabedestacarqueaexpectativaquantorealizaodosinvestimentos

    elencados na Estratgia Nacional de Defesa (END) provocou uma primei-ra onda de aquisies e associaes de empresas no setor. A Embraer, por

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    390 exemplo, aps a criao, em dezembro de 2010, da subsidiria integral Embraer Defesa e Segurana, adquiriu participao nas seguintes empresas: Orbisat (64,7%) fabricante de radares; Atech (50%) desenvolvimento de sistemas de comando e controle, fuso de dados; Harpia Sistemas (51%) joint venture com a AEL Sistemas (controlada pelo grupo israelense Elbit) para o desenvolvimento de veculos areos no tripulados; AEL Sistemas (25%)sistemasavinicosembarcadosemaeronaves;e,maisrecentemente,Visiona (51%) joint venture com a Telebrs para implementar o programa do Satlite Geoestacionrio de Defesa e Comunicaes Estratgicas (SGDC), quevisaatendersnecessidadesdecomunicaosatelitaldogovernofede-ral, incluindo o Programa Nacional de Banda Larga e um amplo espectro de comunicaes estratgicas de defesa, alm de capacitar o setor espacial brasileiro (entidades de ensino e pesquisa e tambm empresas) por meio da execuo do programa SGDC.

    O Grupo Odebrecht, em meados de 2010, formou uma joint venture com a Cassidian, que integra o maior grupo de defesa e segurana euro-peu EADS (faturamento de US$ 16.390 milhes em 2011, na rea de defesa). No incio de 2011, adquiriu o controle da brasileira Mectron, que desenvolve msseis e radares. Tambm em 2011, foi criada a Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT), para centralizar os investimentos do grupo na rea de defesa e segurana. A Construtora Norberto Odebrecht (CNO) tem participao de 50% no Consrcio Baa de Sepetiba (os outros 50% per-tencemempresaestatalfrancesaDirectiondesConstructionsNavalesetServices DCNS), responsvel pela construo de estaleiro e base naval a serem utilizados pela Itagua Construes Navais (ICN) sociedade de propsito especfico da qual participam a DCNS (51%) e a CNO (49%), com uma golden share da Unio Federal , encarregada da construo de quatro submarinos convencionais da classe Scorpne e do casco do primeiro submarino nuclear brasileiro. O valor total do Programa Nacional de Desen-volvimento de Submarinos (Prosub), englobando a construo do estaleiro e base naval, transferncia de tecnologia de construo de submarinos pela DCNS para a ICN e a construo dos cinco submarinos, est orado em 6,7 bilhes. No incio de 2013, foi anunciada a dissoluo da joint venture entre Odebrecht e Cassidian, em funo de reorientao estratgica dos dois gruposquantoatuaonomercadodedefesabrasileiro.AOdebrechtde-clarou que a escolha dos parceiros tecnolgicos ser feita a cada programa, de acordo com as especificidades requeridas.

  • 391

    Defesa

    Em dezembro de 2011, foi anunciada a constituio de joint venture entre Andrade Gutierrez Defesa e Segurana e o grupo francs Thales para atuar no mercado brasileiro de defesa e segurana. O grupo Thales considerado o 11o maior no setor de defesa no mundo, tendo faturado US$ 9.480 milhes em 2011 com vendas para defesa nos segmentos de artilharia, sistemas ele-trnicos,msseis,veculosmilitares, armas leves/muniese construonaval. Tem participao de 27% do governo francs e 25,9% da Dassault Aviation em seu capital. No Brasil, o grupo Thales detm 100% do contro-le da Omnisys, empresa com sede em So Bernardo do Campo (SP), que desenvolve e fabrica radares para os segmentos de vigilncia, defesa area, controle de trfego e meteorolgico.

    Outros dois grandes grupos oriundos do setor de construo pesada, Camargo Corra e Queiroz Galvo, esto avaliando oportunidades e parce-rias estratgicas para tambm ingressarem no setor de defesa brasileiro, de acordo com artigos veiculados na imprensa [Fariello (2012b)].

    Alm do movimento de grandes grupos nacionais, de ingresso no se-tor de defesa, cabe destacar a presena estrangeira no capital de algumas empresas nacionais, tais como: EADS (detm 42% da Equatorial Sistemas Ltda., fornecedora para o setor espacial brasileiro); Thales (possui 100% da Omnisys, conforme j citado); Elbit (detm o controle da AEL Siste-mas, tambm citada anteriormente, da Ares Aeroespacial e Defesa S.A. e daPeriscpioEquipamentosOptrnicosS.A.,sendoasduasltimastam-bmfornecedorasdesistemaseletrnicossForasArmadasbrasileiraseadquiridas pela Elbit em dezembro de 2010).

    PolticasA poltica do Estado brasileiro para a Defesa Nacional estabelecida por

    dois documentos principais: a PND e a END.5 A PND, aprovada pelo Decre-to Presidencial 5.484, de 30 de junho de 2005, e revisada recentemente, em julho de 2012, por ocasio da submisso ao Congresso Nacional, tem como

    5 Outro documento pblico de interesse o Livro Branco de Defesa Nacional, enviado ao Congresso Nacional, pela Presidncia da Repblica, em agosto de 2012. Contm apresentao transparente de temas sensveis de defesa e segurana, assim como dados estatsticos, oramentrios e institucionais sobre as Foras Armadas e a Defesa Nacional. Objetiva promover a ampliao da participao da sociedadenosassuntosdedefesaesegurana,bemcomoestabelecerambientedeconfianamtuaentreo Brasil e os demais pases. Pode ser acessado pelo link: .

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    392 premissas os fundamentos, objetivos e princpios dispostos na Constituio Federal e encontra-se em consonncia com as orientaes governamentais e a poltica externa do pas, alicerada na busca de solues pacficas das controvrsias e no fortalecimento da paz e segurana internacionais.

    Segundo descrito na PND, o Brasil defende uma ordem internacional baseada na democracia; no multilateralismo; na cooperao; na proscri-o de armas qumicas, biolgicas e nucleares; e na busca de paz entre as naes. Defende a reformulao e democratizao das instncias de-cisrias dos organismos internacionais como forma de reforar a soluo pacfica de controvrsias e sua confiana nos princpios e normas do di-reito internacional.

    O entorno estratgico no qual o Brasil se insere e sobre o qual exerce posio de liderana abrange o subcontinente da Amrica do Sul, Atlntico Sul e frica Ocidental. Com os pases que compem esse entorno, o Brasil tem laos de cooperao e amizade que persistem por longo perodo. Alm disso, o pas vem se posicionando como lder do bloco nas questes polti-caseeconmicasdeinteresseregional.

    Emdecorrnciadessalideranaregionaledesuaimportnciaeconmica(stimo maior PIB do mundo, em abril de 2013), como mostra a Tabela 10, o Brasil aspira uma participao mais efetiva nos fruns multilaterais mundiais e a incluso entre os membros permanentes do Conselho de Segurana da Organizao das Naes Unidas (ONU).

    Tabela 10 | Pases com os 15 maiores Produtos Internos BrutosPosio Pas PIB (US$ milhes)

    1 EUA 15.684.7502 China 8.227.0373 Japo 5.963.9694 Alemanha 3.400.5795 Frana 2.608.6996 Reino Unido 2.440.5057 Brasil 2.395.9688 Rssia 2.021.9609 Itlia 2.014.07910 ndia 1.824.832

    Continua

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    Defesa

    Posio Pas PIB (US$ milhes)

    11 Canad 1.819.08112 Austrlia 1.541.79713 Espanha 1.352.05714 Mxico 1.177.11615 Coreia do Sul 1.155.872Subtotal 15 maiores 53.628.301

    Total mundial 71.707.302Fonte: Fundo Monetrio Internacional World Economic Outlook Database (abr. 2013).

    Emquepesesua importnciaeconmica,osgastosdoBrasilcomdefesa (nominais ou em percentual do PIB) esto aqum dos realizados pelos pases-membros permanentes do Conselho de Segurana da ONU, ou mesmo dos realizados pelo conjunto de pases emergentes com as-piraessimilaressbrasileiras(BRIC)noquetocapolticaexterna,como j demonstrado na Tabela 2. Isso parece indicar que algum esfor-o deve ser feito para se realizar uma atuao mais efetiva na rea de defesa, sobretudo no reaparelhamento das Foras Armadas, visto que, do total de gastos com defesa, cerca de 75% referem-se a gastos com pessoal (ativos e inativos).

    necessrio considerar que, ao assumir papel mais relevante nos organis-mos multilaterais promotores e defensores da paz mundial, o Brasil dever dispor de estrutura mnima, em relao a meios de defesa, a ser empregada em eventuais foras de coalizo com capacidade de projeo de poder para alcanar os objetivos de manuteno da paz. Isso exigir investimentos do pas no reaparelhamento de sua defesa.

    Apesar da postura pacifista do Estado brasileiro, a persistncia de en-travespazmundial,assimcomoaexistnciadegrandesmananciaisderecursos naturais (gua doce, minerais, fontes de energia e biodiversidade) no territrio nacional, exige a ateno do Estado com o reaparelhamento progressivo das Foras Armadas e sua atualizao permanente, de modo a assegurar poder de dissuaso com credibilidade suficiente para coibir eventuais ameaas externas. O planejamento da Defesa Nacional prioriza a AmazniaeoAtlnticoSul,pelariquezaderecursosepelavulnerabilidadede acesso pelas fronteiras terrestre e martima.

    Continuao

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    394 A END foi aprovada pelo Decreto 6.703, de 18 de dezembro de 2008, e recentemente revisada, em julho de 2012, tambm por ocasio da submisso ao Congresso Nacional, para aprovao. Busca dotar o pas de estrutura de defesa capaz de atender aos objetivos estratgicos traados pela PND, con-templando aes de curto, mdio e longo prazos em trs vertentes principais: (i) reorganizao das Foras Armadas; (ii) reestruturao da indstria nacio-nal de defesa; e (iii) poltica de composio dos efetivos das Foras Armadas.

    Na vertente da reorganizao das Foras Armadas, a END preconiza sua atuao de forma conjunta, sob a coordenao do Estado Maior Conjunto das Foras Armadas (EMCFA).

    A END prope que as Foras Armadas sejam organizadas sob a gide dotrinmiomonitoramento/controle,mobilidadeepresena.Devemserdesenvolvidas as capacidades de monitorar e controlar o espao areo, o territrio e as guas jurisdicionais brasileiras; assim como a mobilida-deestratgica(capacidadedechegarrapidamenteregiodeconflito)ea mobilidade ttica (capacidade de mover-se dentro dessa regio), que, conjugadas,permitirosForasumaefetivapresenanaregiodecon-flito, quando necessrio. A realizao bem-sucedida de cada uma das par-tesdessetrinmiorequeroempregodeprodutosindustriaisespecficos.Para o monitoramento, por exemplo, so requeridos satlites, sensores, radares etc. Para a funo de mobilidade, so necessrios desde avies at viaturas blindadas; e para a presena efetiva, armas, avies de caa, submarinos, entre outros produtos. A demanda por produtos de defesa , portanto, influenciada pela(s) capacidade(s) de que as Foras Armadas necessitam dispor.

    No campo da reorganizao da indstria nacional de defesa, a END pro-pe o desenvolvimento de capacitaes tecnolgicas independentes pela indstria nacional de defesa, e que tais capacitaes sejam empregadas nos produtos de defesa a serem utilizados pelas Foras Armadas brasileiras. Com isso, pretende-se que a participao da indstria nacional nas compras de produtos de defesa para as Foras Armadas brasileiras aumente gradual-mente, reduzindo-se a dependncia com relao a fornecedores externos, o que aumentar a capacidade de dissuaso do pas.

    Destaca-se que o ciclo de desenvolvimento de produtos de defesa em geral longo, envolvendo primeiramente o domnio das tecnologias a serem utilizadas, em seguida a produo de prottipos a serem testados e homolo-

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    Defesa

    gados pelas Foras Armadas, e ento a produo em srie. Dada a importn-cia do desenvolvimento tecnolgico incorporado aos produtos, a formao de recursos humanos capacitados cientistas, engenheiros e tcnicos espe-cializados fundamental para que o ciclo completo do desenvolvimento de produto se viabilize. Esse ciclo idealmente envolve as universidades, os institutos de cincia e tecnologia e a indstria, cada qual com seu conheci-mento e suas caractersticas prprias de atuao.

    Atualmente, o emprego de novas tecnologias em defesa vem motivando profundas alteraes na doutrina, nos conceitos operacionais e organizacio-nais militares, o que se convencionou chamar de Revoluo em Assuntos Militares [Longo e Moreira (2007)]. Essa revoluo impulsionada pelas tecnologias da informao e comunicao (TIC) e combina capacidade de vigilncia, comando, controle, computao e informao (inteligncia) C4I somada a foras dotadas de armas precisas, integradas em um ver-dadeiro sistema de sistemas. Redes de sensores sofisticados, sistemas de radares, imageamento de satlites, veculos areos no tripulados e avies invisveis tornaram possvel construir uma completa e precisa fotografia virtual do campo de batalha (terra, mar e ar) e atacar e destruir uma fora inimiga com pouca exposio de seus meios a riscos.

    Nos pases mais desenvolvidos, as atividades de pesquisa e desenvolvi-mento (P&D) para gerao de inovao na rea de defesa e segurana so realizadas pelo governo (em instituies militares e institutos de pesquisa estatais), em parceria com o setor privado (em institutos de pesquisa civis e empresas). A maior parte do risco financeiro do desenvolvimento su-portada pelo governo, tendo em vista as incertezas associadas a P&D. Os elevados gastos governamentais so justificados pelos empregos civis das tecnologias geradas e pelo salto tecnolgico proporcionado pelas inovaes sempresasenvolvidas.ATabela11mostraaimportnciadeP&Demdefesa no total de gastos nessas atividades nos pases mais desenvolvidos.

    Tabela 11 | Investimentos governamentais em P&D em pases selecionados, 2010Pas Valor (US$ milhes PPC) % defesa % civil

    EUA 148.448 57,3 42,7

    Frana 18.744 14,7 85,3

    Reino Unido 14.081 16,9 83,1

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    396Pas Valor (US$ milhes PPC) % defesa % civil

    Coreia do Sul 14.502 15,8 84,2

    Austrlia 4.860 6,5 93,5

    Alemanha 28.422 5,0 95,0

    Japo 32.202 4,8 95,2

    Espanha 11.610 1,4 98,6

    Brasil 13.701 0,7 99,3

    Itlia 11.859 0,7 99,3

    Fonte: Elaborao MCTI, com base em OCDE, Main Science and Technology Indicators 2011/2; Brasil:Siafi.

    Outro fato importante que motiva os investimentos em P&D na rea de defesa e segurana que as tecnologias envolvidas so frequentemente objeto de cerceamento pelos pases que as dominam, de modo a manterem vantagensestratgicas(militareseeconmicas).Muitasvezesonicoca-minho para superar o cerceamento o desenvolvimento prprio.

    No campo tecnolgico, a END estabelece prioridade para o desenvolvi-mento autctone dos setores nuclear, ciberntico (TIC) e espacial, justamente aqueles nos quais o acesso a tecnologias sensveis e componentes crticos tem dificultado o avano dos programas nacionais, em especial o Progra-ma Nuclear da Marinha e o Programa Nacional de Atividades Espaciais.

    Alm da importncia dos transbordamentos tecnolgicos proporcionados pelos investimentos em P&D nas reas de defesa e segurana para aplicaes civis,emrelaoagregaodevalor,osprodutosdedefesaeseguranaapresentam os melhores indicadores, comparativamente a outras atividades econmicas,conformejdemonstradonaTabela9.

    Outro importante aspecto da END o estabelecimento das necessidades de meios de defesa do pas no longo prazo, possibilitando o planejamento de aquisies compatvel com o aumento gradual da participao da indstria nacional nas compras de defesa. As Foras Armadas brasileiras elaboraram seus planos de reaparelhamento, consolidando-os no Plano de Articulao e Equipamento da Defesa (Paed), que quantifica as demandas quanto a meios indispensveissatisfaodesuasnecessidadesoperacionais,considerandoo horizonte temporal de vinte anos. Existem tambm projetos cujos objeti-vossocomunsstrsForas,queseroadministradospeloprprioMD.

    Continuao

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    Defesa

    A Tabela 12 resume os principais programas no mbito do Paed, os quais esto expostos no supracitado Livro Branco de Defesa Nacional.

    Tabela 12 | Resumo dos Programas do PaedProjetos MB Perodo

    previstoValor global estimado at 2031 (R$ milhes)

    1. Recuperao da Capacidade Operacional 2009-2025 5.372,3

    2. Programa Nuclear da Marinha (PNM) 1979-2031 4.199,0

    3. Construo do Ncleo do Poder Naval 2009-2047 175.225,5

    4.SistemadeGerenciamentodaAmazniaAzul (SisGAAz)

    2013-2024 12.095,6

    5. Complexo Naval da 2a. Esquadra/2 Fora de Fuzileiros da Esquadra

    2013-2031 9.141,5

    6. Segurana da Navegao 2012-2031 632,8

    7. Pessoal 2010-2031 5.015,6

    Subtotal MB 211.682,3

    Projetos EB Perodo previstoValor global estimado at 2031 (R$ milhes)

    1. Recuperao da Capacidade Operacional 2012-2022 11.426,8

    2. Defesa Ciberntica 2011-2035 839,9

    3. Guarani 2011-2034 20.855,7

    4. Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron)

    2011-2035 11.991,0

    5. Sistema Integrado de Proteo de Estruturas Estratgicas Terrestres (Proteger)

    2011-2035 13.230,6

    6. Sistema de Defesa Antiarea 2010-2023 859,4

    7. Sistema de Msseis e Foguetes ASTROS 2020

    2012-2023 1.146,0

    Subtotal EB 60.349,4

    Projetos FAB Perodo previstoValor global estimado at 2031 (R$ milhes)

    1. Gesto Organizacional e Operacional do Comando da Aeronutica

    2010-2030 5.689,0

    2. Recuperao da Capacidade Operacional 2009-2019 5.546,7

    3. Controle do Espao Areo 2008-2030 938,3

    4. Capacitao Operacional da FAB 2009-2033 55.121,0

    Continua

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    Projetos FAB Perodo previstoValor global estimado at 2031 (R$ milhes)

    5. Capacitao Cientfico-Tecnolgica da Aeronutica

    2008-2033 49.923,9

    6. Fortalecimento da Indstria Aeroespacial e de Defesa Brasileira

    2009-2030 11.370,2

    7. Desenvolvimento e Construo de Engenhos Aeroespaciais

    2015-2030 A ser determinado

    pelo Pnae8. Apoio aos Militares e Civis do Comando da Aeronutica

    2010-2030 3.229,6

    9. Modernizao dos Sistemas de Formao e Ps-Formao de RH

    2010-2028 352,0

    Subtotal FAB 132.170,7

    Projetos Administrao Central MD Perodo previstoValor global estimado at 2031 (R$ milhes)

    1. Sistema de Comunicaes Militares por Satlite (Siscomis)

    2004-2031 369,0

    2. Sistema de Comunicaes Militares Seguras (Sisted)

    2004-2031 217,4

    3. Desenvolvimento do Sistema de Informaes de Logstica e Mobilizao de Defesa (Sislogd)

    2012-2023 7,7

    4. Modernizao da Defesa Antiarea das Estruturas Estratgicas

    2012-2023 3.500,0

    5. Modernizao do Sistema de Proteo daAmaznia

    2012-2023 752,6

    6.SistemadeCartografiadaAmaznia 2012-2023 1.004,5

    Subtotal Administrao Central MD 5.851,2

    Total 410.053,6

    Fonte: Livro Branco de Defesa Nacional.

    Pode-se observar que os montantes previstos de investimentos so ele-vados, da ordem de R$ 20 bilhes/ano, em mdia. Isso significa que, para satisfazer as necessidades do Paed, apenas com recursos do oramento da Unio, ser necessrio um grande esforo, elevando-se substancialmente os investimentos em relao aos valores histricos. O Grfico 3 exibe os montantes investidos nos ltimos dez anos no reaparelhamento da Defe-sa Nacional.

    Continuao

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    Defesa

    Grfico 3 | Reaparelhamento da Defesa Nacional (R$ milhes constantes de 2012)

    1.484

    2.4062.286

    2.524

    3.6284.156

    5.747

    9.342

    6.816

    10.034

    0

    2.000

    4.000

    6.000

    8.000

    10.000

    12.000

    2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    Fonte: Elaborao prpria, com base em Ministrio da Defesa/Secretaria de Coordenao e Organizao Institucional.

    Precisamente, no financiamento do reaparelhamento de defesa reside o principal desafio a ser enfrentado ao se fomentar o desenvolvimento da indstria nacional de defesa. Atualmente, o Oramento Federal domina-do por aes de curto prazo, focando-se as discusses em torno da Lei de Oramento Anual, ficando em segundo plano o planejamento e a continui-dade de execuo de programas de longo prazo, como so caracterizados os programas de defesa, alm de outros de carter estratgico para o pas.

    No arcabouo normativo que rege o oramento da Unio, o mecanismo existente para tentar obter maior previsibilidade na alocao de recursos para os investimentos em reaparelhamento seria estabelecer uma lei especfica determinando a execuo, pelo menos, de um subconjunto dos programas elencados no Paed, para os quais os investimentos necessrios no estariam sujeitos a contingenciamento de recursos da Unio.

    Outras medidas seriam a incluso de alguns dos programas do Paed no Programa de Acelerao do Crescimento (PAC), que tem gozado de prio-ridade na execuo oramentria do governo; e a utilizao de modelos al-ternativos, tais como Parcerias Pblico-Privadas, para o financiamento de alguns programas do Paed, retirando-os do oramento de investimentos da Unio. Ressalte-se que o pressuposto bsico que existam garantias pblicas suficientes e adequadas para viabilizar a adoo desses modelos alternativos.

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    400 Consideraes sobre a END vis--vis a estratgia de outras democracias na rea de defesa

    Pode-sedizerqueaENDoprimeiropassoemdireoformulaode uma poltica de longo prazo para a rea de defesa, que compreende tanto as Foras Armadas como a Base Industrial de Defesa (BID), objetivando dotar o pas de capacidade de dissuaso efetiva contra ameaas externas. Tal capacidade s atingida com Foras Armadas bem adestradas e em per-manente estado de prontido, e adequadamente equipadas, com produtos fornecidos, na maior parte possvel, por empresas nacionais, que assegurem a continuidade de fornecimento, mesmo em situaes crticas.

    NoquetocaespecificamenteBID,ficaclaroque,paraseatingiraefe-tiva capacidade de dissuaso, deve-se buscar o domnio de tecnologias a serem aplicadas em produtos de defesa que atendero a necessidades espe-cficas e requisitos operacionais das Foras Armadas. Esse esforo tecnol-gico via de regra realizado em conjunto com ICTs militares ou civis, com apoio substancial de rgos de fomento governamentais, dado o elevado risco tecnolgico envolvido, e o carter estratgico do desenvolvimento buscado. Uma vez que as tecnologias em questo tenham sido dominadas, e prottipos tenham sido produzidos, testados e certificados pelas Foras Armadas,deve-segarantiraaquisiodeumlotemnimodeprodutossempresas fornecedoras nacionais, de forma que estas consigam remunerar seu investimento inicial. Para buscar sua sustentabilidade, as empresas da BID devem procurar tambm utilizar as tecnologias desenvolvidas em apli-caes em mercados no militares, assim como explorar oportunidades de exportao dos produtos de defesa j fornecidos domesticamente.

    Pode-se dizer que o que a END prope no difere do que pases com regime democrtico do mundo ocidental j praticam h dcadas. Eviden-temente, cada pas tem seu objetivo estratgico particular, e sua atuao na rea de defesa ser influenciada por tal objetivo, dando maior nfase ao desenvolvimento de determinadas competncias industriais em detrimento de outras. O Brasil ainda se encontra no estgio de implementao de polti-cas de longo prazo para a rea de defesa, enquanto outras naes concedem tratamento estratgico ao tema, garantindo recursos estveis que permitem que os programas principais de desenvolvimento sejam executados e as principais empresas nacionais sejam preservadas. Atualmente os pases do mundo ocidental com indstria de defesa mais desenvolvida (Estados Uni-

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    Defesa

    dos, Reino Unido, Frana, Alemanha e Itlia) apresentam oramentos de defesacomtendnciaestagnao,tendoemvistaagravecriseeconmi-ca pela qual esto passando. Em que pese essa dificuldade conjuntural, os programas estratgicos em desenvolvimento esto sendo preservados e as principais empresas que atuam na rea esto se voltando para oportunida-des no mercado externo.

    No Brasil, o fato de existir um processo de determinao anual do ora-mento da Unio dificulta o planejamento de atividades estratgicas, tais como as da rea de defesa. Esse modelo no exclusivo do pas, sendo adotado, por exemplo, nos Estados Unidos, onde anualmente o presidente do pas envia ao Congresso a proposta do oramento, incluindo os gastos em defesa. Em anos recentes, tem havido contingenciamentos (sequestrations) no oramen-to de defesa norte-americano, porm o volume de gastos realizados ainda to significativo que no chega a comprometer a supremacia militar do pas e a competitividade da indstria de defesa norte-americana. Na Frana, por exemplo, existe a Lei de Programao Militar (Loi de Programmation Militaire), que garante a execuo de oramento mnimo na rea de defesa por cinco anos consecutivos, facilitando o planejamento das atividades de P&D e de compras na rea de defesa. Dos dois exemplos descritos, pode-se inferir que o sucesso na implementao de polticas para a rea de defesa depende menos da adoo de modelo anual ou plurianual de oramento e mais do estabelecimento de prioridade estratgica de estado para a rea.

    Poltica industrial e a atuao do BNDESEm 2004, iniciou-se cooperao estreita entre o Ministrio da Cincia,

    Tecnologia e Inovao (MCTI) e o MD em busca do domnio das tecnologias de interesse da defesa, com a organizao, a sistematizao e a priorizao das demandas das trs Foras Singulares, centralizadas no Departamento de Cincia e Tecnologia do MD e na Secretaria Executiva do MCTI. A rea de defesa foi includa nas Aes Transversais dos Fundos Setoriais, assim como naschamadaspblicasparasubvenoeconmicainovaotecnolgica.

    Os investimentos do MCTI em P&D na rea de defesa desde 2004 supe-raram a cifra de R$ 1 bilho, por meio dos diversos instrumentos disponveis, principalmente via editais dos Fundos Setoriais e de subveno, operacio-nalizados pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

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    402 A relao entre Cincia, Tecnologia e Inovao na rea de Defesa for-taleceu-se com o lanamento da Poltica de Desenvolvimento Produtivo (PDP), em maio de 2008. Buscava-se aproveitar o potencial das tecnologias desenvolvidas no pas, por meio das iniciativas de MCTI e MD, e aplic-las na produo de bens finais, estimulando a indstria nacional.

    Por ocasio do lanamento da PDP, o BNDES integrou-se a essa ini-ciativadeestimularodesenvolvimentotecnolgicoautnomonacionalna rea de defesa. Uma das motivaes para um maior envolvimento do BNDES na PDP era o reconhecimento do mrito das iniciativas ligadas ao setordedefesanoquesereferepotencialidadeparaarrastarinovaestecnolgicas. No caso especfico do BNDES, a inteno era que fosse dado apoiofasedeindustrializao,concludaafasededesenvolvimentodosprodutos. Porm isso no se mostrou vivel, em funo da inexistncia de garantia, ou mesmo de previsibilidade e de constncia, de compras governamentais em volume e regularidade compatveis com a deciso de investimento das empresas.

    No tocante ao apoio pblico brasileiro para pesquisa, desenvolvimento e inovao (P,D&I), avanos importantes vm ocorrendo, especialmente tendo em vista os nmeros apresentados acerca da atuao do MCTI. O BNDES, nesse contexto, teria papel complementar a MCTI/Finep nos projetos de desenvolvimento tecnolgico. Como exemplos de projetos de desenvolvi-mento de produtos bem-sucedidos, podem ser citados:

    Radar Saber 60 (Comando do Exrcito/Orbisat): prottipos dispon-veis e j testados.

    Sistemas inerciais (Comando da Aeronutica/Navcon, Optsensys): girmetrosjtestadosemvooexperimentaldoveculoVSB-30.

    Turbina aeronutica de pequena potncia (Comando da Aeronutica/TGM): prottipo concludo e testado.

    VBTP-MR (Comando do Exrcito/Iveco): primeiro prottipo j concludo e em teste.

    VANT (Comando da Aeronutica/Flight Technologies, Avibras): diversos testes em voo j realizados.

    A poltica industrial atual, denominada Plano Brasil Maior (PBM), enqua-dra o Complexo Industrial de Defesa na diretriz estruturante de ampliao e criao de novas competncias tecnolgicas e de negcios. Os objetivos do

  • 403

    Defesa

    PBM para o setor de defesa contemplam o incentivo a atividades e empre-sas com potencial de desenvolvimento tecnolgico de interesse da Defesa Nacional, assim como o uso do poder de compra do Estado para sustentar o desenvolvimento e crescimento dos negcios.

    Entre as principais medidas adotadas para o setor de defesa no mbi-to do PBM est a edio da Lei 12.598, de 22.3.2012. Essa lei estabelece benefcios nas compras pblicas de defesa em prol de empresas nacionais, em especial para um conjunto selecionado de empresas, classificadas como Empresas Estratgicas de Defesa (EED). De modo simplificado, as EEDs caracterizam-se pela alta capacitao tecnolgica; pela capacidade de for-necer Produtos Estratgicos de Defesa (PED)6sForasArmadasbrasilei-ras; e pelo controle de capital majoritariamente nacional (pelo menos 60% do controle efetivo).

    De acordo com a Lei 12.598/2012, as EEDs faro jus a benefcios fiscais (iseno de Imposto Sobre Produtos Industrializados IPI; Programa de In-tegrao Social PIS; e Contribuio para o Financiamento da Seguridade SocialCofins)nascomprasinternaseexternasvoltadasfabricaodeprodutos de defesa. As EEDs gozaro tambm de tratamento especial nas licitaes para desenvolvimento e fornecimento de PEDs para as Foras Armadas,quepoderoserrestritasparticipaodeEEDs.Nocasodeim-portao de PEDs, a lei prev que o MD poder exigir que os fornecedores estrangeiros se associem a uma EED para a realizao de pelo menos uma das etapas de desenvolvimento, fabricao, ou manuteno dos PEDs. No caso de formao de consrcios para o desenvolvimento de PEDs, a lide-rana caber a uma EED.

    A Lei 12.598 menciona tambm que as EEDs tero acesso a financiamento para programas, projetos e aes relativos a bens e servios de Defesa Nacional.

    O fortalecimento da indstria nacional de defesa passa pelo crescimento das EEDs, que esto situadas na ponta superior da cadeia produtiva e que tm maior capacitao tecnolgica, maior capacidade para desenvolver so-

    6 PEDs so produtos de defesa com alto contedo tecnolgico, alto grau de imprescindibilidade de usopelasForasArmadas,oudificuldadedeobtenonomercadoexterno.AlgunsexemplosdePEDsso recursos blicos navais, terrestres e aeroespaciais; equipamentos e servios tcnicos especializados para as reas de informao e de inteligncia; e servios tcnicos especializados nas reas de projetos, pesquisa e desenvolvimento tecnolgico.

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    404 lues para as Foras Armadas brasileiras e maior efeito multiplicador na gerao de encomendas para o restante da cadeia produtiva.

    A Lei 12.598 foi regulamentada pelo Decreto 7.970, de 28.3.2013. De acordo com esse decreto, o credenciamento de produtos de defesa (Prode), PEDs e EEDs ser responsabilidade do MD, com base em proposta a ser elaborada pela Comisso Mista da Indstria de Defesa (CMID).7 Segundo representantes do MD, espera-se que entre quarenta e cinquenta empresas sejam qualificadas como EEDs. Entre estas, parcela significativa tem porte pequeno ou mdio pelos critrios adotados pelo BNDES, enfrentando as mesmasdificuldadesdeacessoacrditoinerentessempresasdessesportes.

    Por fim, cabe destacar o Plano Inova Aerodefesa, ao conjunta entre BNDES, Finep, Ministrio da Defesa e Agncia Espacial Brasileira (AEB) para fomento a pesquisa, desenvolvimento e inovao nas empresas brasilei-ras das cadeias de produo aeroespacial, defesa e segurana, incentivando seus respectivos adensamentos, por meio de focos em tecnologias crticas para o Brasil. Lanado em maio de 2013, envolve recursos de pelo menos R$ 2,9 bilhes em diversos instrumentos das agncias envolvidas. Com o plano, espera-se que novos patamares de competitividade sejam alcana-dos pelo pas. Com quatro linhas temticas, o plano buscar desenvolver competncias em tecnologias, como propulso espacial, satlites, sensores remotos para defesa, sistemas de identificao biomtrica, materiais espe-ciais diversos, entre outras. A expectativa de que os projetos de inovao levados adiante pelo Inova Aerodefesa reduzam o hiato existente entre a indstria nacional de defesa vis--vis a indstria de defesa dos pases desen-volvidos, favorecendo a disseminao da atividade inovativa e fortalecendo a BID e os grupos de capital nacional.

    Consideraes finaisA implementao de polticas para defesa e segurana no Brasil, na me-

    dida em que cria um fluxo de investimentos no setor, traz consigo a oportu-nidade de crescimento e fortalecimento das empresas que atendem a esses segmentos. Alm disso, a relao prxima entre pesquisa e desenvolvimento e o investimento em defesa cria a possibilidade de disseminao para outros

    7 A CMID composta por quatro representantes do MD; trs representantes dos Comandos Militares (um de cada), um do Ministrio da Fazenda, um do Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), um do MCTI e um do Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto (MPOG).

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    Defesa

    setores. Para tanto, serve de inspirao o modelo norte-americano, que con-seguiu construir um sistema nacional de inovao por meio de P&D militar.

    No caso dos Estados Unidos, a Segunda Guerra Mundial e as mudanas institucionais ocorridas no pas nessa poca constituram-se em importantes marcos de transformao do sistema. Desde o perodo ps-guerra, a maior parte de P&D para defesa, representando, em 2009, 55% (US$ 85,2 bi-lhes) do total do oramento de P&D norte-americano [National Science Board (2012)].

    Uma caracterstica a destacar que, comparando-se os perodos pr e ps-guerra, proporcionalmente houve uma migrao das atividades de P&D realizadas por instituies pblicas para as organizaes privadas. A gran-de diferena reside no fato de que P&D para defesa tende a se focar mais no D, de desenvolvimento, que no P, de pesquisa. A Tabela 13 mostra claramente uma concentrao do gasto com desenvolvimento nos ora-mentos do Departamento de Defesa (90,0%) e da Nasa (71,3%), enquanto as demais instituies tendem a ter uma concentrao em pesquisa.

    Tabela 13 | Oramento de P&D nos Estados Unidos por agncia, em 2009 (apenas as seis maiores)

    Pesquisa bsica (%)

    Pesquisa aplicada (%)

    Desenvolvimento (%)

    Percentual do total

    (%)

    Department of Defense 2,5 7,4 90,0 51,1Department Health and Human Services

    52,8 47,0 0,3 26,7

    Department os Energy 41,1 31,6 27,3 7,4National Science Foundation

    92,3 7,7 0,0 4,6

    National Aeronautics and Space Administration (Nasa)

    17,2 11,5 71,3 4,5

    Department of Agriculture

    40,7 50,8 8,4 1,7

    Oramento P&D EUA (US$ milhes)

    32.877,9 30.830,9 69.640,2 -

    Representatividade das seis instituies selecionadas

    97,7 88,3 98,4 95,9

    Fonte: Elaborao prpria, com base em National Science Board (2012).

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    406 Como apontam Mowery e Rosenberg (1993), houve transbordamentos tecnolgicos relevantes em certos momentos, para certas indstrias, com impactoseconmicossignificativos.Algunsexemplosenvolvemainds-triamicroeletrnica,cujarpidadifusopodeseratribudaaofatodequeos requisitos dos produtos para uso militar e civil eram muito semelhantes j no incio do desenvolvimento, e a indstria da turbina a jato.

    No Brasil, tal diviso no to evidente, embora, de um modo geral, haja indcios de que a pesquisa tenha sido mais incentivada que o desen-volvimento tecnolgico, sobretudo quando considerados os indicadores mais representativos de cada um: produo cientfica (nmero de artigos publicados em revistas cientficas internacionais) e patentes (quantidade depositada e inventada por empresas brasileiras). Segundo dados tabulados pelo MCTI, a participao de artigos brasileiros em peridicos cientficos indexados praticamente dobrou nos ltimos12 anos, enquanto a quantidade de patentes concedidas pelo Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (Inpi) a residentes no Brasil caiu entre 2000 e 2011.

    H um espao importante para a construo de uma agenda de apoio indstriadedefesaesegurana,lastreadanonovoarcabouolegal.Aatuao do BNDES foca, portanto, no s no fortalecimento dessa inds-tria, mas nos efeitos de transbordamento das tecnologias desenvolvidas, deformaaobter,pormeiodepolticassetoriais, impactoseconmicosmais generalizados.

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