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Nuno Portas Industrialização da Construção —Política Habitacional No quadro das políticas habitacionais, a industrialização da construção tem vindo a assumir relevo crescente. Trata-se de um tema com aspectos múltiplos, não apenas tecnológicos e económicos, mas também so- ciais e culturais, que importa examinar em conjunto. Em relação a Portugal, interessa ver os termos em que se insere ou pode in- serir na problemática geral da Habitação no Paia. 1. A industrialização da construção, sobretudo na sua forma da pré-fabricação, constitui actualmente um tema cujo interesse excede largamente o da estrita tecnologia vindo a ser abordada em estudos de desenvolvimento económico, de investimento na habitação, ensino ou saúde, de distribuição da mão-de-obra, de produtividade do sector, desde o projecto à edificação.. É ainda entendida, dadas as características de extrema seriação que imprime aos edifícios, como desafio, no plano cultu- ral, às preocupações dos arquitectos no actual momento de evolu- ção do movimento moderno, quarenta anos após ter tido como apóstolos radicais, precisamente as duas maiores figuras euro- peias desse mesmo movimento: Walter Gropius e Le-Corbusier. Num movimento caracterizado, simultaneamente, pela adesão das formas à evolução das técnicas e à expressão das necessidades efectivas, compreender-se-á toda a importância que se está atri- buindo à real e impressionante expansão de uma evolução técnica que então não passava de aspiração programática e poética. Para estes pioneiros e antes que dispusessem de clarificações socio- lógicas, a arquitectura, que passava do serviço das situações de privilégio para o de uma sociedade nivelada e industrializada, deveria necessariamente assumir a seriação, a repetição, mesmo 90

Industrialização da Construção —Política Habitacional

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NunoPortas

Industrializaçãoda Construção—Política Habitacional

No quadro das políticas habitacionais, aindustrialização da construção tem vindo aassumir relevo crescente. Trata-se de umtema com aspectos múltiplos, não apenastecnológicos e económicos, mas também so-ciais e culturais, que importa examinar emconjunto. Em relação a Portugal, interessaver os termos em que se insere ou pode in-serir na problemática geral da Habitação noPaia.

1. A industrialização da construção, sobretudo na sua formada pré-fabricação, constitui actualmente um tema cujo interesseexcede largamente o da estrita tecnologia — vindo a ser abordadaem estudos de desenvolvimento económico, de investimento nahabitação, ensino ou saúde, de distribuição da mão-de-obra, deprodutividade do sector, desde o projecto à edificação..

É ainda entendida, dadas as características de extremaseriação que imprime aos edifícios, como desafio, no plano cultu-ral, às preocupações dos arquitectos no actual momento de evolu-ção do movimento moderno, quarenta anos após ter tido comoapóstolos radicais, precisamente as duas maiores figuras euro-peias desse mesmo movimento: Walter Gropius e Le-Corbusier.Num movimento caracterizado, simultaneamente, pela adesão dasformas à evolução das técnicas e à expressão das necessidadesefectivas, compreender-se-á toda a importância que se está atri-buindo à real e impressionante expansão de uma evolução técnicaque então não passava de aspiração programática e poética. Paraestes pioneiros e antes que dispusessem de clarificações socio-lógicas, a arquitectura, que passava do serviço das situações deprivilégio para o de uma sociedade nivelada e industrializada,deveria necessariamente assumir a seriação, a repetição, mesmo

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a uniformização, não só nos programas como no processo técnicode os estender à escala das massas.

Nesses anos, em que Gropius iniciou a formação sistemáticade arquitectos preparados para abordar a produção industrial, aindústria da construção não dava sinais de alteração dos pro-cessos de trabalho que não fossem os resultantes da generalizaçãodo novos materiais, como o aço, o betão, os derivados da madeira,as fibras sintéticas.

Este fenómeno da retardada evolução do sector no sentidoda industrialização, explicava-se aliás pela persistência de umadescontinuidade da procura, no tempo, nos locais e nas exigênciasindividuais; por outro lado, porque a construção tradicionalapresentava um elevadíssimo nível profissional que pouco a poucoadoptava instrumentos mais mecanizados. Sucede que a máquinatinha reduzidas possibilidades de substituição do operário nasoperações mais especializadas da arte de construir.

As razões normalmente aduzidas para explicação do progres-sivo abandono da técnica tradicional são as seguintes: a procurasupera sensivelmente a capacidade de fornecimento da indústria;a rapidez exigida não pode ter resposta nos métodos habituais;a possibilidade de produzir componentes de características espe-ciais e por novos processos, permite novas formas e maior graude organização; a evolução do condicionalismo geral conduz ooperário a preferir emprego nas indústrias mais mecanizadas queoferecem melhores condições.

São precisamente estes problemas de base que surgem coma efectivação dos primeiros grandes programas nacionais de ha-bitação, nomeadamente em dois países europeus: a França (apósa lei Loucheur de 1934), e a U.R.S.S. Ê no entanto após a segundaguerra mundial que a importância e sobretudo a urgência de taisprogramas, as dificuldades de mão-de-obra nos países mais desen-volvidos ou a sua maior necessidade em actividades prioritárias,sobreleva inclusivamente a preocupação pelos custos mínimos deprodução, que eram então superiores aos obtidos pelos métodostradicionais. Na última década aquela tendência acentua-se, for-temente acompanhada por investigações especializadas, nos paí-ses socialistas, em França e na Escandinávia e mais recentementena Grã-Bretanha, onde aliás vinha sendo desenvolvida, desde19461, a aplicação da coordenação modular e a pré-fabricação de

i A experiência foi iniciada no Coonjdado de Hartfordshire ao qual sejuntou o de Nottingham, sendo depois apoiada pelo Ministério da Edu-cação e constituindo, agora, um consórcio de administrações locais (CLASP)que aceitam uma baae modular pana os seus edifícios e asseguram pro^gramas a longo prazo que atingem um volume da ordem de 20 % do total,o que garante condições económicas à produção de elementos. Actualmenteconstroem-se em Itália escolas CLASP, enquanto apenas o Condado quelançou o sistema construiu nos últimos 15 anos uma escola cada 3 semanas!

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elementos para a política acelerada de equipamento escolar, hojeconsiderada exemplar em todo o mundo. Tendo-se verificadoassim um reencontro das preocupações dos arquitectos-reforma-dores, com as das políticas nacionais e da própria organizaçãoda indústria desses países — e não é por acaso que cobrem re-giões onde se verificaram as mais importantes alterações so-ciais—, os aspectos socio-culturais destes avanços tecnológicostêm sido objecto de sucessivas reuniões internacionais de estudode que aqui nos fazemos eco2.

Procura-se, portanto, fazer o ponto, nas breves notas que seseguem, sobre as características com que se pode apresentar oprocesso de industrialização da construção, principais determi-nantes e reflexos de ordem económica e social, aspectos da inci-dência cultural que terão sobre os problemas arquitectónicos eurbanísticos.

Os sistemas de pré-f abricaçâo

2. Ao falar-se correntemente de industrialização e pré-f abri-cação pode-se perder de vista que estes termos cobrem um campomais restrito do que o designado por «racionalização», na qualespecialistas de grande responsabilidade, como Blachére ou Triebel,têm posto a maior ênfase. Com efeito a racionalização do sectorinclui a organização do estaleiro, a crescente mecanização dasactividades, o aumento de produtividade do trabalho, a organiza-ção do mercado e, finalmente, a fabricação, em regime industrial,de grandes elementos, constituindo uma série de tarefas de orga-nização essenciais para a melhoria de rendimento, não só dos sis-temas de pré-fabricação propriamente ditos, como das outrastécnicas que naturalmente continuarão a coexistir com aquelas.

Costumam-se definir aqui três ou quatro estádios de evolução,de acordo com o grau de intervenção da mecanização:

O primeiro ou tradicional: produção artesanal de materiais,assentamento predominantemente manual.

O segundo ou corrente: produção predominantemente indus-

2 Recordam-sie principalmente os dois últimos Congressos do ConseilInternational du Bâtiment-CIB, em Rotter&am (1959) e Cambridge (1962),a conferência de Londres da Cement and Conerete Association «HousingFrom the Factor^», 1902 e ainda o Seminário «Architecture and SystemBuilding» realizado em 1963 na Architectural Association, também emLondres. Em 1958, a O.E.E.C. havia feito publicar «Prefabrioated Build-ing. A Survey of some European systems» — Paris, e a publicação oficialitaliana «La Casa» dedicava ao assunto o fascículo n.° 4, incluindo contri-buições notáveis, no plano metodoilógico, de G. C. Aitgan, Ciribini e R. Walters.

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trial de elementos (como blocos, pavimentos, etc.)» assen-tes e acabados por processos manuais.

O terceiro ou industrializado: produção industrial de todasas partes, colocadas em obra por meios mecânicos ape-nas accionados ou coadjuvados por trabalho manual.

Um quarto grupo pode ainda ser considerado para distinguiras técnicas industriais de produção de grandes unidades compos-tas, tridimensionais, com pesos superiores a 5 toneladas.

As características mais importantes dos dois últimos grupos,que aqui interessam, podem portanto descrever-se deste modo:incremento das operações que se realizam anteriormente aoi tra-balho no estaleiro pela produção prévia, em instalações de tipoindustrial, mais ou menos próximas do local da obra, de elementoscomponentes de apreciáveis dimensões — painéis de parede, pavi-mentos, escadas, coberturas, blocos-divisões, etc, que uma veztransportados para a obra, são montados e ligados entre si3.Assim, a constante variação de cada fase de trabalho que carac-teriza o artesanato cede o passo a graus previstos de constânciaque é peculiar das formas operacionais parcial ou totalmente me-canizadas.

O edifício resultante assemelhar-se-ia ainda a uma construçãode,tipo tradicional, feita com «tijolos gigantes», se a esta alteraçãoquantitativa se não juntasse uma modificação qualificativa: ofornecimento à obra dos painéis, já revestidos e acabados e in-cluindo caixilharias, canalizações, peças de equipamento, etc. Asconsequências do aumento de dimensões e desta realização emfábrica de parte dos inúmeros e morosos trabalhos de «acaba-mento», que nas obras correntes se seguem ao «tosco», são já demolde a introduzir importantes modificações na estrutura dosectoii\

Decorrendo das dimensões dos elementos, surge a justificação

3 Os principais sistemas que estão sendo utilizados no estrangeiro paraa construção de grandes edifícios (sem considerar portanto os que, maisligeiros, se destinam sobretudo à construção de moradias individuais oujá os referidos para o equipamento escolar) são originários da França, Di-namarca, Hoflanda, Suécia e Grã-Bretanha, além dos países da Europa deLeste. Na sua grande maioria os elementos fabricados constituem pavimen-tos, paredes divisórias (quase sempre resistentes) e troços de paredes exte-riores, resistentes ou não, empregando o betão como principal material.O peso dos elementos é por um lado factor de encarecimento dos transportes;e colocação mas, por ou/tro, resulta do emprego de betõeis mais económicos.Outras marcas apresentam painéis aligeirados pelo emprego de tijolo ou demassas celulares e, no caso das paredes exteriores, recorrem na sua maioriaà inclusão de camadas de material plástico expandido, fibras minerais, etc,a fim de obter os níveis exigidos de conforto térmico. O acabamento destespainéis é nuns casos o do próprio material e, noutros., revestimento cerâmicoincluído no processo de fabrico.

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e a necessidade de um. elevado grau de mecanização, quer dalinha de fabrico, quer da armazenagem e transporte até aos esta-leiros, quer, sobretudo, da sua elevação por gruas ou macacos,até ao respectivo ponto de aplicação (os elementos podem apre-sentar pesos que, conforme os sistemas, variam entre 2 e 10 tone-ladas, para citar apenas os processos «pesados» à base de betão,que são o caso mais corrente no que respeita à construção dehabitações).

Esta mecanização reduz consideravelmente o trabalho detransporte a braços ainda corrente, e empregado no assentamentode pequenas unidades — alvenarias, por ex. — em que se baseiaa construção tradicional. O facto de se trabalhar com materiaisjá elaborados, constituindo elementos compostos em série, eliminapor seu turno toda uma sequência de tarefas que nas obras sãodificilmente mecanizáveis e, sobretudo, que só com dificuldade sepodem realizar em simultaneidade. Reduzindo ainda, por este mo-tivo, a mão-de-obra no fabrico e no assentamento, reduz-se prin-cipalmente e por forma drástica a duração global da construção.

Assim, a uma poupança em mão-de-obra da ordem de 25 a35 % segundo dados britânicos, corresponderia um período deconclusão que pode ser inferior até quatro vezes ao corrente.Acresce ainda que a construção decorre na sua maior parte eminstalações que, não só aceleram artificialmente a secagem dasmassas, como a põem ao abrigo das variações atmosféricas queconstituem um não desprezível contratempo nas vicissitudes deuma obra4. As fábricas da Europa Continental indicam produ-

4 Os números apresentados pelos diversos países são a este respeitodificilmente concludentes. Segundo um eetuido experimental levado a efeitopela Building Research Station, um edifício para 40 fogos em 9 andarese composto por cerca de um milhar de peças pré-fabricadas ocupou durante1 mês uma instalação fabril com 41 operários, à razão de 10 horas-homempor cada peça de cerca de 10 m2 de área. A montagem no edifício foi feitapor 15 homens, correspondendo a cada painel 7,7 horas. O tempo gasto atéà conclusão do edifício não atingiu d meio ano, enquanto se poderá consi-derar corrente, para iguaj. volume de obra, um prazo de um e meio a doiaanos. Por seu turno, o Director do Instituto de Investigação da Construção,de Praga, indica uma regressão de 20,6 a 17,4 e a 12,2 horas/m3 de cons-trução, respectivamente da técnica de tijolo para dois tipos de prè--fabricação de painéis de betão, ou seja, no tipo mais1 favorável,1000 horas por habitação concluída. Números equivalentes se podem encon-trar noutros países socialistas onde, no entanto, a comparação com o sieototftradicional é menos relevante, diada a existência de um deliberado desinte-resse pela evolução dos sistemas não industrializados. Por isso os dadosfranceses ou suecos não são tão unívocos: no primeiro caso atingem-se pro-gressos iguais e superiores na produtividade e poupança de mão-de-obra emempresas que trabalham segundo métodos correntes mas particularmentebem organizadas. No caso sueco é nos edifícios altos que a construção in-dustrial apresenta sensível vantagem, porque nos edifícios de média alturaverificam-se já necessidades equivalentes de mão-de-obra em qualquer dos

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ções diárias equivalentes ao fornecimento de 2 a 8 habitaçõespor dia.

As técnicas mais evoluídas procuram actualmente intensifi-car o aperfeiçoamento qualitativo já referido: inclusão na cadeiade fabrico do máximo de trabalhos de acabamentos e instala-ções (revestimentos interiores, pinturas, electricidade, etc), porforma a deixar os edifícios praticamente concluídos após a! sim-ples montagem das peças. Outras tentativas referem-se às liga-ções a seco entre os elementos (portanto tendentes a montagemmais rápida), ao aperfeiçoamento dessas juntas, à capacidade deisolamento térmico e acústico, às formam e texturas das facesexteriores dos blocos. Entretanto, os países socialistas, cujaorientação no sentido da industrialização é desde há muito ra-dical, incrementam a produção dos seus sistemas tri-dimensionais,pré-fabricando não já painéis, mas sim «caixas», correspondentesa uma, duas ou mais divisões habitáveis, ao bloco sanitário, àsescadas, etc, que são simplesmente sobrepostas por meios mecâ-nicos comandados de uma central, podendo chegar a realizar nafábrica 80 % do total das operações, isto é, um trabalho no esta-leiro cerca de duas vezes menos do que a exigido pelas técnicasde pré-fabricação a que nos temos vindo a referir. Na Checoslo-váquia, por exemplo, a produção em massa de um bloco sanitário(que agrupa as divisões de banho, WJC, lavabo e banca de cozi-nha e, que, inteiramente acabado, será integrado em diversostipos de habitações) passa, de 1959 para 1961, de 12 000 para43 000 unidades.

Convirá acentuar ainda que, sendo em princípio a estandar-dização um ponto de partida para o processo de industrialização,a generalização daquela não se verificou ainda, o que impõe umadistinção que frequentemente passa desapercebida: dispõe-se, hojeao fim e ao cabo, de «sistemas» comerciais que produzem a sériecompleta de componentes que permitem repetir certos protótipose só esses. Outra coisa será a verdadeira estandardização, quepressupõe um acordo dimensional entre consumidores e produto-res e terá como resultado a produção em massa de peças justa-poníveis e intermudáveis, mas não exclusivamente da produçãode um só fabricante. As consequências desta importante fase dematuração da construção industrial reflectir-se-ão sobretudo naliberdade de concepção e de organização dos projectos, por se

sistemas. Atkinson, da Building Research Station, afirma também que noscasos das regiões africanas ou asiáticas, a racionalização das técnicas dotijolo e blocos de betão deu economias não inferiores às dos outros proces-sos; o mesmo se diga de técnicas não-convencionais, mas diferentes da pré--fabricação, tal como o «betão sem-fios», cuja aplicação foi há anos preco-nisada pelo Eng.° Ruy José Gomes em publicação do Laboratório Nacionalde Engenharia Civil.

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por de um mais vasto vocabulário de peças e que não exigiria, comoagora, uma reinvenção integral do desenho das peças para cadaencomenda.

Objectivos económicos

3. Da anterior observação dos «sistemas» ressaltam os seusobjectivos mais indiscutíveis: a economia da mão-de-obra, a eco-nomia nos tempos de produção.

A economia da mão-de-obra é mais sensível na redução donúmero de horas-operário no estaleiro, é ainda importante na fasede produção fabril e permite, finalmente, a transferência de deter-minadas categorias de trabalhadores mais ou menos necessáriasnoutros sectores, já que as operações a fazer neste não são degrande complexidade.

Quanto à rapidez, radica na quase independência das máscondições do tempo, na produção contínua de elementos acabados,na disponibilidade de stocks, nas operações de montagem que ten-dem a ser feitas a seco; no aumento de rendimento das máquinasresultante da menor variedade de operações a realizar. Anote-seque a rapidez de montagem se verifica principalmente nos sis-temas de painéis portantes que dispensam uma estrutura resis-tente independente, normalmente exigida em edifícios de maisde 3 pisos para as solicitações sísmicas previstas pela regulamen-tação portuguesa e que, a ter de manter-se na pré-fabricação,reduzirá substancialmente as vantagens desta na duração doestaleiro.

Parece, no entanto, que estes dois objectivos básicos se nãotraduzem necessariamente, quer em sistemas capitalistas, quer emsocialistas, em menores custos ou melhoria do Standard da habfatacão acabada. Segundo a opinião de Alfredo Turin, perito dasNações Unidas5, que tem procedido a inquéritos nos mais diversospaíses, a redução do emprego de mão-de-obra, conduz a uma me-lhor utilização dos recursos humanos, nomeadamente à diminuiçãodo esforço físico, e portanto a maior duração do seu período derendimento óptimo, mas não a um embaratecimento global; amak>r rapidez apenas contribuirá para essa redução, na medidaem que reduzir os prazos dos investimentos ou em que permiteo cumprimento dos programas sociais previstos. Mas põe, poroutro lado, a necessidade de instalação e amortização de um par-que de maquinaria e da sua conservação. Acrescente-se, ainda, quena indústria da construção, diferentemente da automobilística,

5 Nesta parte do artigo sieguem-se de perto as considerações feitas numtrabalho notável sobre a matéria — «Aspectos Económicos da Industrializa-ção da Construção», traduzido em Portugal in Arquitectura, n.os 74 e 75.

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por exemplo, as matérias-primas ou semi-elaboradas constituemcerca de 60 % do custo total, não sendo o seu valor alterado pelograu de industrialização, antes podendo ser agravado se se verifi-carem as referidas duplicações da estrutura ou o recurso a ma-teriais mais onerosos, mas mais leves para o transporte a distân-cia. De resto, os sectores tradicionais procuram, também por seuturno e com êxito, ainda que mais fragmentário, diminuir oscustos de produção, através da mecanização parcial, da integraçãode elementos pré-fabricados, da racionalização do estaleiro e daprodutividade. Segundo a autorizada opinião de G. BLACHÈRE, aconstrução «racionalisada» cobre hoje já as vantagens aduzidaspara os «sistemas», sem incorrer na inflexibilidade e nos proble-mas das juntas entre elementos, da colocação e de transporte quelimitam estes últimos 5a.

No aspecto da qualidade, podem pôr-se no activo dos sistemasindustriais, a possibilidade e aplicação de investigação especiali-zada a protótipos experimentais que conduzirá à obtenção de pa-redes de melhores características térmicas, pavimentos maisisoladores, blocos sanitários concebidos por forma mais correcta.Mas em compensação a maior rigidez conceptual pode conduzira soluções menos adaptadas aos terrenos e mais acentuadamenteblocadas, carácter que se reflecte também na compartimentaçãointerior onde se verificam algumas vezes distribuições do espaçomenos adaptadas às necessidades..

Condições económicas e incidência cultural

4. Se OiS aspectos mais positivos são precisamente as eco-nomias no emprego da mão-de-obra e a rapidez de execução,infere-se que a introdução da pré-fábricação de edifícios só temsentido se integrada num plano nacional de investimentos emhabitação, ensino, ou outros equipamentos e, consequentemente,num plano de utilização da mão-de-obra, o que só desde há poucosanos se tem generalizado.

Note-se o enquadramento em que o problema surge, porexemplo, no recente segundo Relatório Saraceno, da ComisioneNazionale di Programazione Económica: «Para a realização dosobjectivos (...) exige-se a unificação dos instrumentos legisla-tivos numa lei-quadro sobre a construção subvencionada, que con-centre os meios disponíveis e proceda à unificação num Enteúnico das variadas entidades que actuam neste sector. Parece opor-tuno que no quadro desta nova orientação legislativa se desenvolvaa habitação cooperativa, se revejam as disposições relativas aos

5a Vd. Building Research and Documentation, d B , Rotterdam, 1961,págs. 479-484.

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projectos, concursos, direcções dos trabalhos e se encorajem ade-quadamente as técnicas de pré^fabricação, no quadro de maisacentuada industrialização do sector da construção.»

Com efeito, a condição essencial, básica, para a expansão naconstrução da metodologia industrial é a continuidade da procura,garantida por um programa. Continuidade programada que teráde ser verificada no tempo — assegurando uma 1'aboração contínuaque não terá necessariamente de se basear na repetição das mes-mas peças, dado o baixo custo dos moldes empregados — e noespaço, dado que a localização da unidade fabril deverá ser pen-sada por forma a servir estaleiros não afastados mais do que50 km, e que a instalação de fábricas junto às obras exige porseu turno operações que é frequente fixarem-se à volta do milharde fogos. É fácil de ver que se encontra aqui, também, o tal graveproblema da carência de áreas disponíveis para a habitação não--especulativa...

Ora actualmente, estas garantias só poderão ser fornecidaspelo «cliente público», centralizado numa entidade ou a partirde um «consórcio» de organismos diferentes. Mas mesmo nestaúltima hipótese parece imprescindível1 um acordo programáticosobre o Standard e características dos edifícios, que permita aelaboração de projectos unificados.

Tocamos um ponto de maior interesse, que explica aliás umproblema estético que não deixa de aflorar nos textos sobre esteassunto. Trata-se da existência de um acordo profundo entre oestabelecimento das necessidades e exigências das famílias e arealidade que resulta do condicionamento sociológico das comu-nidades que consumirão as novas zonas habitacionais; comuni-dades com características niveladas, modelos de consumo, hábitosde vida e de cultura fortemente generalizados, desenhando umatipologia não apenas demográfica (como se usava), não apenaseconómica (como ainda se está vincando em certos países), masantes sócio-cultural. Esta tipologia, obtenível após trabalhos deinquérito que devem aliás evidenciar os próprios limites da situa-ção observada, isto é, a mobilidade social, a evolução das necessi-dades, etc, é essencial para a formulação dos programas, paramotivar o desenho das soluções formais, para fixar os principaiscritérios de dimensionamento — logo, de produção de elementospré-fabricados.

A perspectiva de uma produção em massa num domínio comoa habitação — que se prevê deva ser um bem durável por umperíodo de, digamos, uma centena de anos — é efectivamente umdesafio grave. Com efeito, a produção em massa pressupõe oconhecimento dos modelos de organização da vida, o estudo mi-nucioso das necessidades, e sobretudo a consciência da extraordi-nária mobilidade dos modos de vida nas sociedades em transição,

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o que dificulta a detecção das perspectivas prováveis de evolu-ção. A experiência dos países pioneiros é a estes títulos revela-dora: quer o pesado monolitismo esquartelado em divisões estan-ques, que foi praticado nos programas colossais dos países deLeste, quer a massificação abstracta de muitos dos «grands en-sembles» franceses, de que ainda há pouco nos fazíamos eco, aorecordar o brutal tratamento romanesco que deles faz uma Chris-tine Rochefort6. Os progressos realizados nos últimos anos noconhecimento das necessidades reais, conduzem-nos no entanto anão aceitar a crítica fácil», excessivamente subjectiva, às reali-zações onde se reflecte a tradução conceptual, formal, da realidadede um consumo de massa, da estandardização crescente das neces-sidades, da série afinal, perante a qual se reencontram utentes etécnicos. Mas daqui não se infere que esta seriação seja ilimitadaou se confunda com preguiça em aderir à objectividade de cadasituação, que suprima a flexibilidade de utilização do espaço inte-rior de uma habitação, a diversidade de perspectivas, a interpreta-ção de uma paisagem natural, a intencionalidade no tratamentourbanístico de uma rua, um pátio, uma praça... Pelo contrário,se suprimindo a criação arquitectónica por acanhada visãotecnicista, se suprimirem estes valores, cremos que não serão já oscríticos de arquitectura mas sim os sociólogos a lançar, algunsanos depois, como o fazem agora em Inglaterra ou em França,sinais tardios de alarme pela subestimação dos aspectos culturais,dos valores de individualidade, de privacidade, de identificaçãointeligente e sensível com o ambiente pré-existente, histórico ounatural, valores que são também consumo. Por outro lado, se umhabitante moderno pode experimentar a monotonia, nos paralele-pípedos com milhares de metros quadrados de fachadas neutral-mente envidraçadas, pode ressentir-se também de laboriosas di-versidades, de procuras de tipo dialectal, que não respondem à suamodernidade confiante. Ê nossa opinião que a adopção de técnicasde pré-fabricação, com a seriação e a rigidez relativas que neces-sariamente comporta, pela própria escala dos componentes queemprega, se pode traduzir numa benéfica transferência depreocupações de modelação formal, do plano da habitação para odo urbanismo das zonas residenciais. Parece confirmá-lo umexemplo recente, mas que se conta já como um marco na evoluçãodestes problemas — o conjunto, onde foi largamente usada a pré-~f abri cação, de Park Hill, em Sheffield.

Encarada nesta perspectiva, a industrialização apenas pode

e Vd. «Les petits enfants du siécle», do qual se fizeram curtias trans-crições sobre este assunto em artigo sobre «Arquitectura Integrada ?> pu-blicado em Jornal de Letras e Artes, n.° 84, de 8/5/1963.

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ser um trabalho de Gqmya, no qual o técnico social, o arquitecto,o investigador do conforto habitacional representam o máximoconhecimento possível das necessidades dos utentes, e o engenheiroestruturalista, o designer dos elementos industriais, o técnico deorganização do trabalho representam as necessidades tecnológicase a eficiência económica de um serviço. E assim, a industrializa-ção em vez de representar uma resposta drástica a uma situaçãode emergência ou de se constituir um fim em si mesma, para alémda sua real justificação económica ou social pode vir a constituiruma nova etapa perfeitamente adequada sociológica e cultural-mente, no quadro do desenvolvimento de uma sociedade.

Perspectivas da pré-fabricação, no caso português

5. Em que medida pode a industrialização do sector da cons-trução responder às dificuldades que tem apresentado e continuaa apresentar a concretização de uma política habitacional no nossoPaís? A resposta a esta pergunta só poderá ser dada num pla-neamento dos recursos a que até agora se não procedeu. Limita-mo-nos, pois, a alinhar alguns tópicos.

a) — Na sua quase totalidade, a construção de habitações é deiniciativa particular e tem apresentado características predomi-nantemente especulativas. O sector da construção em geral, aoqual corresponde no entanto perto de metade da formação docapital fixo e que emprega cerca de 10 % da população industrialactiva, está pulverizado, sobretudo no que respeita à construçãode habitações, em empresas de pequenas dimensões, «iniciativas»isoladas mais ou menos aventurosas, em geral ligadas à espe-culação sobre o solo. Necessariamente, a base da mão-de-obra em-pregue tem sido de características rudes, baseada no esforço ma-nual, na insensibilidade a riscos, na irregularidade do emprego,tornando-se o sector que primeiro absorve, tradicionalmente, amassa humana que abandona os campos. Neste momento, umagrave dificuldade parece ser a da falta de pessoal qualificadoque permita o enquadramento daquele. Calcula-se que a produti-vidade do sector, reduzidamente mecanizado e com ainda maisreduzidos quadros técnicos, seja inferior duas a três vezes à dopaís vizinho. O consumo de cimento, que Atkinson toma comoíndice significativo do desenvolvimento, ultrapassa fracamente olimite de lOOkg por habitante tomado para o grupo dos paísessubdesenvolvidos (a média europeia é de cerca de 300kg). Estenível de construção não constitui, obviamente, um serviço ao Paíse os seus produtos essencialmente hicrativísticos não estão aoalcance da população mais necessitada. A instalação de unidadesfabris no campo da construção pode constituir também um desafio

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à reconversão do sector tradicional, levando-o a acelerar a suamecanização e a organização racional do trabalho.

Em comunicação sobre este tema ao Congresso da Indústria,o eng.° Ruy José Gomes enuncia algumas tarefas de carácter evo-lutivo que devem reter-se: em primeiro lugar o fomentoi da me-canização dos estaleiros, para o que sugere a iniciativa oficial;o trabalho de investigação técnica e económica, que não pode serfeita unilateralmente por empresários ou por projectistas; o fo-mento imediato da pré-fabricação parcial de elementos integrá-veis na construção usual; a insistência em grandes programas nosquais se faça, sem inconvenientes culturais a repetição de pro-tótipos.

b) — O volume e a continuidade, nos anos e nos locais, daconstrução de carácter social—do Estado ou subsidiada — nãoapresentam valores significativos, se se exceptuarem alguns em-preendimentos de certa dimensão: o Bairro de Alvalade (1947/50),o Plano das IThas no Porto, a urbanização dos Olivais. Os inves^timentos, não planeados, não têm as características que podemconduzir à industrialização prudente da produção de edifícios.E o problema não tem estado e não está, cremos, na demora daconstrução,..

Esta dispersão está antes ligada a uma pulverização deentidades construtoras ou que de algum modo interferem nos em-preendimentos (ao que se soma um regime de concursos inade-quado), as quais, multiplicando as empreitadas, têm ainda fisca-lizações técnicas próprias. Impede-se assim o estabelecimentogeneralizado de standards económicos, conceptuais, construtivose, na obra, a realização de grandes empreitadas de dimensão in-dustrial. Não cremos que este condicionalismo e os reduzidosprogramas habituais possam garantir ias necessárias bases econó-micas à pré-fabricação.

c) — Outro grupo de obstáculos que ,se pode encontrar, umavez removidos os anteriores, são os que se referem à concepçãodos protótipos. Concepção urbanística e arquitectónica, após umadefinição dos níveis de custo — aspectos em que é fácil encontrarideias simplistas ou posições apaixonadas, como o de pensar que osistema segrega o «projecto-tipo» e que acabam os problemas detempo e o investimento nestes aspectos. Efectivamente, os sis-temas não prescindem do projectar, do esforço para obter a ade-quação possível aos hábitos de vida, para dar uma forma precisaà casa e ao bairro — o que obrigam é a levar esse trabalho aoâmago da tecnologia da indústria, e a acompanhá-lo do controloe da investigação especializada até aqui dispensados por se confiarexcessivamente no empirismo ou na rotina. Aspecto não subesti-mável é o da necessidade de remoção de Regulamentos em vigor

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com os quais se não compadece a nova atitude perante ò problema,ao exigir a fixação de necessidades e normas de qualidade em vezde medidas ou preceitos taxativos ditados pela experiência tra-dicional.

Projectar é, em última análise, defender as necessidades dosutentes e, directamente, as do cliente público para o qual o pro-blema número-um deixa de ser a procura do «mais barato possí-vel», mas sim a do «mais barato para obter certas exigências»,desde que se enquadre numa perspectiva de desenvolvimento.

Assim, do mesmo modo que há aumentos ulteriores de sériesque se não traduzem em economias reais e que o projectista podefazer variar, assim terá também de conhecer a decomposição doscustos de fabrico que lhe permita realizar opções em face dasnecessidades prioritárias, quer das famílias, quer das entidadesproprietárias.

A noção de custo complexivo, por exemplo, não é ainda uti-lizada entre nós, começando apenas agora a sentir-se nalgunsorganizadores a gravidade do problema dos custos de conservação;por esta razão cremos que o custo vulgarmente exigido para acasa tipicamente económica, entre nós (decorrente da rentabili-dade exigida aos capitais investidos), a obriga a ter característicasqualitativas tão baixas que de nenhum modo poderá ser «económi-ca» a sua exploração; este custo poderá mesmo ter de ser elevadoa fim de atingir os custos mínimos de produção, exequíveis emregime industrial.

d) — Obstáculo da maior gravidade é, no entanto, a carênciade terrenos em condições económicas realistas para as possibili-dades do País. Notam entidades empenhadas na construção! quenão podem construir porque não têm terrenos, ainda que dispo-nham de capital para investir nos edifícios; e que não têm terre-nos por carecerem de instrumentos legislativos que libertem a suaaquisição de clara utilidade social), das mais-valias decorrentes dospróprios planos de urbanização. Não cremos que a pré-fabricaçãopossa, neste caso, contribuir para a alteração de uma situaçãocrónica, cujo saneamento constitui precisamente uma condiçãoprévia para qualquer esforço contínuo, quantitativamente signi-ficativo em relação às necessidades reais, e cuja programação se váinserir no processo de desenvolvimento económico. Ao contrário,as morosas operações e o custo de instalação de um estaleiroindustrial, obrigam à escoíha de áreas de apreciáveis dimensõeso que, na impossibilidade referida, poderá ainda levar a permiti--las em zonas não planeadas.

É natural, apesar deste condicionalismo, que surjam iniciati-vas para a industrialização, sobretudo da parte das empresas quedetêm patentes e que procuram a sua expansão no espaço econó-

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mico europeu7. Não se vê, no entanto, que se possam encontrar, amenos que se verifiquem reformas, estruturais, as condições básicaspara que tais iniciativas sejam colocadas ao serviço prioritárioda habitação social, a menos que se espere delas a famosa pana-ceia que porá fim à burocratização e às dificuldades em projectarcoerente e intencionalmente os ambientes, que expropriará semcedências os terrenos urbanisticamente aptos, que obterá final-mente uma programação contínua e a longo prazo. Mas tais bene-fícios não são, propriamente, os decorrentes da construção indus-trializada.

7 Um exemplo recente veio a público em notícia desenvolvida numjornal diário da qual se recortam alguns parágrafos: «Uma entidade fran-cesa ofereceu ao Governo português o financiamento de um projectoque permitirá construir em 3 anos, entre 40 a 50 000 fogos nos arre-dores de Lisboa (...) e permite ao Governo que Mie faça os pagamentosno prazo de 10 anos. As duas principais clásiujlas exigidas no projectoapresentado oficialmente: 1.° que à empresa seja formalmente asseguradauma actividade regular e importante durante alguns anos>, de modo a jus-tificar a entrada em funcionamento de uma organização conveniente.2.° que se trate da realização de programas onde o pagamento e as amortiza-ções sejam garantidas pelo Estado ou por entidades oficiais (...)• A escolhados terrenos será feita logo que o plano seja superiormente aprovado, (...)afirmando-se que esta proposta obrigará à imediata baixa nas rendas lis-boetas, resolvendo assim um problema social gravíssimo pela entrada emexecução do espírito da lei 2092. (Afirmara-se antes que o cumprimentodeste diploma se encontrava 2 anos em atraso «por falta de técnicos»).Depois de estranhar a intervenção da prè-fabricação para colmatar a faltade técnicos, que os exige em número e qualificação, comentávamos, na RevistaArquitectura (n.° 76) que um clima de arrivismo, descoordenação e ineficiên-cia, se presta sempre a soluções de substituição total, quando se não acreditana capacidade em enfrentar os problema®, de encetar o caminho das solu-ções difíceis. Ocorria perguntar por que não se fez ainda a tentativa emrealizações experimentais, com técnicos e empresários portugueses, come-çando por remover os obstáculos legislativos e financeiros que porventuradificultassem o próprio ensaio.

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