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Influência do Abaulamento de Pista na Ocorrência de Patologias em Vias Não Pavimentadas Nervis, L.O. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA/RS, Porto Alegre-RS – Brasil Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, Santa Cruz do Sul-RS – Brasil [email protected]; [email protected] Bittencourt, B.K. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre-RS – Brasil [email protected] Resumo: O abaulamento adequado da pista de rolamento se constitui num aspecto técnico de importância fundamental para o bom desempenho e durabilidade das vias não pavimentadas. Pistas pouco abauladas ficam vulneráveis ao surgimento de buracos (“panelas”) em razão da ocorrência de acúmulo das águas pluviais sobre a via. Por outro lado, pistas com excesso de abaulamento tendem a apresentar o surgimento de sulcos de erosão (“costeletas”). Este trabalho consistiu na realização de um levantamento de patologias dessa natureza identificadas em vias não pavimentadas, incluindo somente aquelas em que se verificava com evidência que a causa de origem poderia estar relacionada com o abaulamento da via. Para tal, percorreram-se vias executadas pelo INCRA/RS e já em operação há algum tempo (1,5 a 2,5anos) localizadas em quatro regiões do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, incluindo quatro soluções de revestimento primário diferentes. Na região circundante de cada patologia observada, foram realizadas três medidas do abaulamento da via com a utilização de um inclinômetro digital. Como produto deste trabalho, apresenta-se uma recomendação de faixa de abaulamento adequado para vias não pavimentadas com características semelhantes àquelas investigadas. Abstract: The adequate crown of the roadway constitutes a technical aspect of fundamental importance for the performance and durability of unpaved roads. Roads which the crown is low are vulnerable to form potholes due to the accumulation of water on the surface road during a rain. On the other hand, roads with excessive crown tend to develop washboarding. This work consisted of a survey of such problems identified in unpaved roads, including only those which was verified with evidence that the root cause could be related to the crown. To this end, unpaved roads built by INCRA/RS and has been in operation for some time (1.5 to 2.5 years) located in four regions of the state of Rio Grande do Sul, Brazil, including four different wearing course types was inspected. In the region surrounding each defect observed, three measurements of the crown were taken with using a digital inclinometer. As a result of this work, presents a recommendation of a crown range for unpaved roads with characteristics similar to those investigated. 1 INTRODUÇÃO As vias não pavimentadas, de acordo com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT (2011), representam aproximadamente 86% do total da malha viária nacional (apenas 14% são pavimentadas) e aproximadamente 92,0% das estradas do Rio Grande do Sul (apenas 8,0% são pavimentadas). Evidenciada a expressiva predominância das vias não pavimentadas frente às pavimentadas e os consequentes custos para a sua implantação e manutenção, depara-se com a necessidade de buscar constantemente o aprimoramento de técnicas e critérios de execução voltados a proporcionar um melhor desempenho e durabilidade para essas vias. Nesse sentido, o abaulamento adequado da pista de rolamento se constitui num aspecto técnico de fundamental importância. Tem-se observado que pistas pouco abauladas ficam vulneráveis ao surgimento de buracos (“panelas”) em razão do acúmulo das 1

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Influência do Abaulamento de Pista na Ocorrência de Patologias em Vias Não Pavimentadas

Nervis, L.O.Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA/RS, Porto Alegre-RS – Brasil Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC, Santa Cruz do Sul-RS – [email protected]; [email protected]

Bittencourt, B.K.Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre-RS – [email protected]

Resumo: O abaulamento adequado da pista de rolamento se constitui num aspecto técnico de importância fundamental para o bom desempenho e durabilidade das vias não pavimentadas. Pistas pouco abauladas ficam vulneráveis ao surgimento de buracos (“panelas”) em razão da ocorrência de acúmulo das águas pluviais sobre a via. Por outro lado, pistas com excesso de abaulamento tendem a apresentar o surgimento de sulcos de erosão (“costeletas”). Este trabalho consistiu na realização de um levantamento de patologias dessa natureza identificadas em vias não pavimentadas, incluindo somente aquelas em que se verificava com evidência que a causa de origem poderia estar relacionada com o abaulamento da via. Para tal, percorreram-se vias executadas pelo INCRA/RS e já em operação há algum tempo (1,5 a 2,5anos) localizadas em quatro regiões do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, incluindo quatro soluções de revestimento primário diferentes. Na região circundante de cada patologia observada, foram realizadas três medidas do abaulamento da via com a utilização de um inclinômetro digital. Como produto deste trabalho, apresenta-se uma recomendação de faixa de abaulamento adequado para vias não pavimentadas com características semelhantes àquelas investigadas.

Abstract: The adequate crown of the roadway constitutes a technical aspect of fundamental importance for the performance and durability of unpaved roads. Roads which the crown is low are vulnerable to form potholes due to the accumulation of water on the surface road during a rain. On the other hand, roads with excessive crown tend to develop washboarding. This work consisted of a survey of such problems identified in unpaved roads, including only those which was verified with evidence that the root cause could be related to the crown. To this end, unpaved roads built by INCRA/RS and has been in operation for some time (1.5 to 2.5 years) located in four regions of the state of Rio Grande do Sul, Brazil, including four different wearing course types was inspected. In the region surrounding each defect observed, three measurements of the crown were taken with using a digital inclinometer. As a result of this work, presents a recommendation of a crown range for unpaved roads with characteristics similar to those investigated.

1 INTRODUÇÃO

As vias não pavimentadas, de acordo com o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes – DNIT (2011), representam aproximadamente 86% do total da malha viária nacional (apenas 14% são pavimentadas) e aproximadamente 92,0% das estradas do Rio Grande do Sul (apenas 8,0% são pavimentadas).

Evidenciada a expressiva predominância das vias não pavimentadas frente às pavimentadas e

os consequentes custos para a sua implantação e manutenção, depara-se com a necessidade de buscar constantemente o aprimoramento de técnicas e critérios de execução voltados a proporcionar um melhor desempenho e durabilidade para essas vias. Nesse sentido, o abaulamento adequado da pista de rolamento se constitui num aspecto técnico de fundamental importância. Tem-se observado que pistas pouco abauladas ficam vulneráveis ao surgimento de buracos (“panelas”) em razão do acúmulo das

1

águas pluviais. Por outro lado, pistas com abaulamento excessivo tendem a desenvolver sulcos de erosão (“costeletas”).

Kennedy e Mullen (2000) afirmam que a causa para o surgimento dos buracos (“panelas”) pode ser a umidade excessiva, a drenagem ineficiente, a graduação inadequada da camada, ou a combinação desses fatores. Os autores recomendam um abaulamento de aproximadamente 6 a 8,5%, apresentando uma ressalva para o caso de areia solta, no qual a declividade deve ser reduzida para aproximadamente 2% ou menos, devido à natureza excessivamente erosiva da areia.

Skorseth e Selim (2000) enfatizam que quando uma via não pavimentada não tem abaulamento, durante uma chuva, a água irá rapidamente acumular-se na superfície da estrada causando o amolecimento do revestimento, podendo eventualmente também gerar o amolecimento do subleito. Mesmo que o subleito permaneça firme, o tráfego irá rapidamente ocasionar pequenas depressões na pista, as quais evoluem progressivamente até se tornarem buracos. Os autores recomendam um abaulamento de aproximadamente 4%.

Keller e Sherar (2003) e Baesso e Gonçalves (2003) recomendam abaulamentos de 3 a 5% e de 4%, respectivamente.

O objetivo deste trabalho é definir uma faixa de abaulamento adequado para vias não pavimentadas com características semelhantes àquelas investigadas.

2 METODOLOGIA

2.1 Critérios e Técnicas Adotados

A pesquisa consistiu em investigar a ocorrência de buracos (“panelas”) e sulcos de erosão (“costeletas”) em vias não pavimentadas executadas pelo INCRA/RS e já em operação há algum tempo (1,5 a 2,5anos) localizadas em quatro regiões do estado do Rio Grande do Sul, Brasil, incluindo quatro soluções de revestimento primário diferentes. Foram consideradas somente as patologias em que se verificava com evidência que a causa de origem poderia estar relacionada com o abaulamento da via, ou seja, desprezaram-se as ocorrências em que próximo a elas se constatassem drenagens laterais com deficiências ou obstruídas.

Depois de identificada cada patologia, a mesma era registrada numa planilha de campo, na qual eram anotadas as informações sobre a localização (estaca), presença ou não de aterro, e sobre tratar-se ou não de um ponto baixo da via. Em seguida, eram registradas também 3 medidas

de abaulamento realizadas na região circundante do defeito encontrado.

Para a realização das medidas de abaulamento foi utilizado um inclinômetro digital de alumínio, com comprimento de 80cm e precisão de uma casa decimal.

2.2 Caracterização das Áreas de Estudo

Para fins de organização, as áreas em questão foram agrupadas conforme exposto a seguir:

Grupo 1: Anel viário em Hulha Negra-RS;Grupo 2: Projetos de Assentamento (PAs) Coqueiro, Ximbocu, Sepé Tiaraju e Palma em São Luiz Gonzaga-RS;Grupo 3: Projeto de Assentamento (PA) Rubira em Piratini-RS;Grupo 4: Projetos de Assentamento Capela e Sino em Nova Santa Rita-RS.

De acordo com informações extraídas do site da Secretaria de Planejamento e Gestão do estado do Rio Grande do Sul (SEPLAG/RS), os grupos 1 e 3 se encontram inseridos na unidade geomorfológica denominada de Depressão Central e os grupos 2 e 3 no Planalto Meridional e no Escudo Sulriograndense, respectivamente (figura 1). A unidade geomorfológia denominada de Depressão Central é formada por rochas sedimentares e é caracterizada por terrenos de baixa altitude, o Planalto Meridional é formado por rochas basálticas decorrentes de um grande derrame de lavas, ocorrido na era Mesosóica e o Escudo Sulriograndense é constituído de rochas ígneas do período Pré-Cambriano. O clima do estado é o temperado do tipo subtropical, classificado como mesotérmico úmido.

2

Figura 1: Localização dos grupos de estradas alvos da pesquisa no mapa de geomorfologia do RS.

Consultando-se o Mapa de Biomas elaborado pelo Instituto brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, verificou-se que os quatro grupos elencados acima estão compreendidos no bioma Pampa. De acordo com nota técnica que acompanha o referido Mapa, esse tipo de bioma se caracteriza por apresentar clima chuvoso, sem período seco sistemático, com frequência de frentes polares e temperaturas negativas no período de inverno, vegetação rasteira do tipo herbácea/arbustiva, relevo aplainado e suave ondulado, marcado pela presença das chamadas coxilhas.

Nos subitens seguintes será apresentada uma descrição física e geológica dos quatro grupos elencados acima. As informações referentes às hipsometrias, temperaturas e precipitações pluviométricas foram extraídas do site da SEPLAG/RS. A classificação geológica foi efetuada a partir do mapa geológico elaborado pelo Serviço Geológico do Brasil – CPRM.

1.1.1 Grupo 1

O caminho conhecido como “Anel Viário” consiste numa estrada que interliga dezenas de PAs localizados nos Municípios de Hulha Negra-RS, Aceguá-RS e Candiota-RS. O trecho alvo da pesquisa, com extensão de 32,0km, encontra-se localizado integralmente no Município de Hulha Negra-RS e compreende uma fração dessa estrada. As obras de revestimento primário foram executadas no ano de 2008, concluídas no mês de dezembro desse mesmo ano. A via possui uma largura média total (computando-se as sarjetas) de 8m e uma largura média de plataforma de rolamento (com revestimento primário) de 6m. Nos trechos compreendidos entre as estacas 0+000m a 12+000m e 17+500m a 26+300m o revestimento primário foi composto por duas camadas de materiais granulares extraídos mecanicamente de áreas de empréstimo da província geomorfológica vizinha (Escudo Sulriograndense) e aplicados in natura sobre o subleito conformado. A primeira, com 15cm de espessura, foi constituída de pedras e pedregulhos provenientes de rocha de quartzito, com diâmetro máximo na ordem de 10cm. A segunda, com 5cm de espessura, consistiu num “saibro” oriundo da intemperização de rocha granítica. Nos demais trechos, sob essas camadas foi executada uma camada de reforço do subleito com espessura de 30cm constituída de solo residual de arenito (horizonte C).

As altitudes locais ficam compreendidadas

entre 91 a 180m, a temperatura média anual é de 18ºC e a precipitação pluviométrica média anual é de 1400 a 1500mm.

A formação geológica predominante é composta por folhelho, siltito e argilito, calcário e marga do grupo Passa Dois, éon Fanerozóico, era Paleozólica, período Permiano.

1.1.2 Grupo 2

Compreendeu a inspeção de 11,5km de vias, cujas obras foram executadas no ano de 2009, finalizadas no mês de dezembro desse mesmo ano. A largura média total das vias é de 6m e largura média de plataforma de rolamento é de 4,8m. O revestimento primário consistiu no agulhamento de uma camada de 16cm de espessura de basalto decomposto.

A altitude local fica compreendida na faixa de 91 a 180m, a temperatura média anual é de 19ºC e a precipitação pluviométrica média anual é de 1800 a 1900mm.

A geologia local é constituída por derrames basálticos granulares finos a médios, melanocranáticos cinza, horizontes vesiculares preenchidos por zeolitas, carbonatos, apofilitas e saponita, intercalações com os arenitos Botucatu, do grupo São Bento, éon Fanerozóico, era Mesozóica, período Cretáceo.

1.1.3 Grupo 3

As 3 vicinais inspecionadas totalizam 14,6km. As obras de revestimento primário foram executadas nos anos de 2008 e 2009, sendo as mesmas finalizadas no mês de junho de 2009. As vias possuem uma largura média total de 6m e uma largura média de plataforma de rolamento de 4m. O revestimento primário consistiu na aplicação de uma camada de 10cm de espessura de “saibro” oriundo da intemperização de rocha granítica.

A altitude no local está compreendida na faixa de 271 a 360m. A temperatura média anual é de 17ºC e a precipitação pluviométrica média anual é de 1500 a 1600mm.

A geologia local é constituída por gnaisse granítico a granodiorítico, foliação marcante e deformação de alta temperatura, presença frequente de septos de paragnaisses, pertencentes ao complexo Granítico-Gnáissico Pinheiro Machado, éon Proterozóico, era Neoproterozóica, período Ediacariano.

1.1.4 Grupo 4

Foram inspecionadas 06 vicinais, totalizando uma extensão de 11,0km. As obras de revestimento primário foram executadas nos anos de 2009 e

3

1 2 34+200 sim sim esquerda 2,5 2,8 0,0 1,8 1,5 0,874+200 sim sim direit a 0,8 0,4 0,0 0,4 0,4 1,004+800 sim sim direit a 1,4 2,1 0,0 1,2 1,1 0,929+500 não sim esquerda 0,9 3,4 3,5 2,6 1,5 0,579+600 sim sim esquerda 2,0 1,4 1,2 1,5 0,4 0,27

18+800 não não esquerda 1,1 0,9 0,9 1,0 0,1 0,1219+900 não não direit a 0,8 2,4 3,4 2,2 1,3 0,6021+400 não não esquerda 3,2 1,9 0,6 1,9 1,3 0,6821+400 não não direit a 0,3 0,3 0,0 0,2 0,2 0,8725+300 sim sim esquerda 0,5 1,6 1,5 1,2 0,6 0,5125+500 sim sim direit a 0,8 1,5 0,8 1,0 0,4 0,3931+400 não não esquerda 0,9 1,3 0,5 0,9 0,4 0,4431+400 não não direit a 0,9 1,3 0,1 0,8 0,6 0,80

1,30,70,52,62,0Abaulamento Médio + Desvio P adrão (%) 2,3

Coeficiente de Variação

1,31,00,8

Maior dos Valores de Abaulament o (%) 3,5

Desvio P adrão

Desvio P adrão (%)

Coeficiente de Variação

Grupo 1 - Anel Viário em Hulha Negra - RS

1

Abaulamento Médio (%)

Leituras (%) Abaulamento Médio (%)Vicinal Estaca

P resença de Aterro

P ont o Baixo T rilha

Ext . (km)

32,0

2010, sendo as mesmas finalizadas no mês de junho de 2010. As vias possuem uma largura média total de 6m e uma largura média de plataforma de rolamento de 4m. Nas vicinais 01, 02, 04 e no trecho compreendido entre as estacas 0+000m a 0+800m da vicinal 01 o revestimento primário foi composto por duas camadas de materiais granulares adquiridos junto ao comércio local, sendo a primeira, com 10cm de espessura, constituída de brita graduada e a segunda, com 2cm de espessura, constituída de pedrisco, ambos de origem basáltica. Nos demais trechos, sob essas camadas, foi executado um reforço de subleito de 10cm de espessura de solo residual de arenito (horizonte B).

No local as altitudes se situam na faixa de 0 a 90m, a temperatura média anual é de 19ºC e a precipitação pluviométrica média anual é de 1600 a 1700mm.

Com relação à geologia, as vicinais 01, 02, 04 e o trecho compreendido entre as estacas 0+000m a 0+800m da vicinal 01 se situam na formação geológica Parambóia do grupo Passa Dois, éon Fanerozóico, era Paleozólica, período Permiano, composta de arenito médio a fino, com geometria lenticular bem desenvolvida, ambiente continental eólico com intercalações fluviais. Os demais trechos se situam numa zona de depósitos

colúvio-aluviais constituídos de conglomerados, arenitos conglomeráticos, arenitos, siltitos e lamitos maciços, ou com laminação plano-paralela e estratificação cruzada acanalada, pertencentes ao éon Fanerozóico, época Cenozóica, período Neógeno, época Holocena.

3 RESULTADOS OBTIDOS

Os levantamentos de campo foram realizados nas seguintes datas:

Grupo 1: junho de 2011 (2 anos e 6 meses após a conclusão das obras);

Grupo 2: agosto de 2011 (1 ano e 8 meses após a conclusão das obras);Grupo 3: agosto de 2011 (2 anos e 2 meses após a conclusão das obras);Grupo 4: dezembro de 2011 (1 ano e 6 meses após a conclusão das obras).Nos itens a seguir são apresentados os resultados obtidos.

3.1 Buracos (“Panelas”)

Os dados coletados a campo e a respectiva análise estatística estão apresentados nas tabelas 1 a 4. Na figura 2 é ilustrado um exemplo desse tipo de patologia encontrada na inspeção de campo.

Tabela 1 – Resultados Obtidos - Patologia de Buracos (“Panelas”) para o Grupo de Estradas 1.

4

1 2 30+200 não não direit a 0,6 1,5 1,9 1,3 0,7 0,501+200 não não esquerda 3,1 2,3 2,1 2,5 0,5 0,213+000 sim sim direit a 2,6 2,8 1,9 2,4 0,5 0,193+400 sim sim direit a 1,3 0,7 1,8 1,3 0,6 0,430+700 não sim esquerda 3,1 3,3 3,4 3,3 0,2 0,051+300 não não direit a 1,0 0,0 1,0 0,7 0,6 0,872+100 não não direit a 4,6 1,9 2,8 3,1 1,4 0,442+200 sim sim direit a 1,2 1,1 0,2 0,8 0,6 0,663+200 não não direit a 3,6 3,4 3,9 3,6 0,3 0,074+700 não não esquerda 1,0 3,3 1,0 1,8 1,3 0,75

2,11,00,53,63,1

1

Abaulamento Médio (%) 2,1

3,8

Grupo 3 - PA Rubira em Piratini-RS

Vicinal EstacaP resença de Aterro

P onto Baixo T rilha

Leituras (%) Abaulamento Médio (%)

Desvio P adrão (%)

Coeficiente de Variação

Ext . (km)

Abaulamento Médio + Desvio P adrão (%) 3,3

2

3

5,9

4,9

Desvio P adrão 1,2Coeficiente de Variação 0,6

Maior dos Valores de Abaulamento (%) 4,6

1 2 31+300 sim sim direit a 1,1 1,1 0,7 1,0 0,2 0,241+500 não não direit a 1,8 0,6 1,9 1,4 0,7 0,50

2 1,1 1+000 não não esquerda 1,5 1,5 2,3 1,8 0,5 0,261+300 não sim direit a 3,6 4,0 2,2 3,3 0,9 0,293+300 não não esquerda 3,7 2,1 1,2 2,3 1,3 0,543+400 não não esquerda 0,1 0,5 1,7 0,8 0,8 1,09

4 2,0 - - - - - - - - - -5 0,5 0+200 sim sim direit a 1,5 3,3 1,8 2,2 1,0 0,44

1+700 não não esquerda 3,1 3,7 2,7 3,2 0,5 0,162+000 sim sim esquerda 2,5 2,8 0,8 2,0 1,1 0,532+400 não sim esquerda 3,1 1,6 2,8 2,5 0,8 0,32

2,00,80,43,32,8

Grupo 2 - PAs Coqueiro, Ximbocu, Sepé Tiaraju e Palma em São Luiz Gonzaga-RS

Vicinal Est acaP resença de At erro

P ont o Baixo T rilha

Leit uras (%) Abaulamento Médio (%)

Desvio P adrão (%)

Coeficiente de Variação

Ext . (km)

Coeficiente de Variação 0,5Maior dos Valores de Abaulam ento (%) 4,0

Abaulamento Médio + Desvio P adrão (%) 3,1

1

Abaulamento Médio (%) 2,0Desvio P adrão 1,0

6

3

1,7

3,5

2,7

Tabela 2 – Resultados Obtidos - Patologia de Buracos (“Panelas”) para o Grupo de Estradas 2.

Tabela 3 – Resultados Obtidos - Patologia de Buracos (“Panelas”) para o Grupo de Estradas 3.

5

1 2 30+100 sim sim direit a 2,2 1,0 0,4 1,2 0,9 0,760+400 não não direit a 1,8 0,5 1,2 1,2 0,7 0,560+700 não não direit a 2,5 2,3 2,2 2,3 0,2 0,07

2 0,4 0+200 não sim esquerda 0,8 0,4 1,3 0,8 0,5 0,540+100 sim sim direit a 3,1 1,8 0,5 1,8 1,3 0,720+300 não sim esquerda 0,8 0,1 0,4 0,4 0,4 0,811+000 sim sim direit a 1,7 0,5 0,0 0,7 0,9 1,19

4 0,8 0+300 não não direit a 1,2 1,0 0,9 1,0 0,2 0,155 3,2 2+600 não não direit a 0,0 0,4 1,5 0,6 0,8 1,236 1,6 - - - - - - - - - -

1,10,60,52,31,7

Grupo 4 - PAs Capela e Sino em Nova Santa Rita-RS

3

3,5

1,5

Leit uras (%) Abaulamento Médio (%)

Desvio P adrão (%)

Coeficiente de Variação

1

Vicinal EstacaP resença de Aterro

P onto Baixo T rilha

Coeficiente de Variação 0,7Maior dos Valores de Abaulament o (%) 3,1

Abaulament o Médio + Desvio P adrão (%) 2,0

Abaulamento Médio (%) 1,1Desvio P adrão 0,8

Tabela 4 – Resultados Obtidos - Patologia de Buracos (“Panelas”) para o Grupo de Estradas 4.

Figura 2: Patologia do tipo Buraco (“Panela”) encontrada em estrada do grupo 3 em Piratini-RS.

Através dos resultados expostos nas tabelas 1 a 4, as estradas do grupo 3 foram as que se apresentaram mais sensíveis ao surgimento de “panelas” em função do pouco abaulamento. Numa das ocorrências, um dos valores foi de 4,6% e a respectiva média foi de 3,1% (estaca 2+100 da vicinal 3). Em outra (estaca 3+200 da vicinal 3), o abaulamento médio foi de 3,6%. A média de todos os valores do grupo foi de 2,1%, ligeiramente superior a de 2,0% do grupo 2. Por outro lado, as estradas do grupo 4 foram as que se mostraram menos sensíveis. Na pior situação, obteve-se um dos valores igual a 3,1% e a

respectiva média igual a 1,8% (estaca 0+100 da vicinal 3). A média geral foi de 1,1%, ligeiramente inferior a de 1,3% do grupo 1.

A comparação acima só foi possível porque os coeficentes de variação se encontram na mesma ordem de grandeza, o que aponta uma dispersão aproximada dos dados em cada grupo.

Aproximadamente metade das ocorrências dos defeitos se localizavam nos pontos baixos das vias, boa parte em trecho em aterro.

3.2 Sulcos de Erosão (“Costeletas”)

6

1 2 31 1,7 - - - - - - - - - -2 1,1 - - - - - - - - - -3 3,5 - - - - - - - - - -4 2,0 1+000 não não direit a 12,5 13 ,5 10,9 12,3 1,3 0,115 0,5 - - - - - - - - - -

1+500 não não direit a 11,5 8 ,1 10,3 10,0 1,7 0,171+600 não não direit a 9 ,9 13 ,1 12,8 11,9 1,8 0,15

11,41,30,1

10,010,1

Menor dos Valores de Abaulam ent o (%) 8 ,1Abaulam ent o M édio - Desvio P adrão (%) 9 ,6

Abaulamento M édio (%) 11 ,4Desv io P adrão 1 ,8

Coeficient e de Variação 0 ,2

Coeficient e de Variação

Grupo 2 - PAs Coqueiro, Ximbocu, Sepé Tiaraju e Palma em São Luiz Gonzaga-RS

VicinalExt . (km ) Est aca

P resença de At erro

P ont o Baixo T rilha

Leit uras (%) Abaulam ent o Médio (%)

Desv io P adrão (%)

6 2,7

1 2 32+700 não não esquerda 8 ,8 9 ,8 11,4 10,0 1 ,3 0,133+100 não não esquerda 9 ,4 9 ,6 10,0 9,7 0 ,3 0,03

16 +600 não não esquerda 7 ,9 10,2 8,6 8,9 1 ,2 0,1319 +600 não não esquerda 9 ,1 9 ,2 8,6 9,0 0 ,3 0,0429 +000 não não esquerda 7 ,2 7 ,5 7,1 7,3 0 ,2 0,03

9,01,10,17,37,9

Grupo 1 - Anel Viário em Hulha Negra - RS

VicinalExt . (km ) Est aca

P resença de At erro

P ont o Baix o T rilha

Leit uras (%) Abaulam en t o M édio (%)

Desvio P adrão (%)

Coeficien t e de Variação 0 ,1M enor dos Valores de Abaulam ent o (%) 7 ,1

Abaulam ent o Médio - Desv io P adrão (%) 7 ,8

Coeficient e de Variação

1 32 ,0

Abaulam ento Médio (%) 9 ,0Desvio P adrão 1 ,2

Os dados coletados a campo e a respectiva análise estatística constam nas tabelas 5 a 8. Na figura 3 é ilustrado um exemplo desse tipo de patologia encontrada na inspeção de campo.

Através dos resultados expostos nas tabelas 5 a 8, as estradas do grupo 1 foram as que se apresentaram mais sensíveis ao surgimento de “costeletas” em função do excesso de abaulamento. Numa das ocorrências, um dos valores foi de 7,1% e a respectiva média foi de 7,3% (estaca 20+000). A média de todos os valores do grupo foi de 9,0%. Nos demais grupos se obtiveram

valores de mesma ordem de grandeza (médias de 11,8% para os grupos 3 e 4 e 11,4% para o grupo 2). Nas estradas do grupo 4 foram encontradas somente duas ocorrências do defeito.

A comparação acima só foi possível porque os coeficentes de variação se encontram na mesma ordem de grandeza, o que aponta uma dispersão aproximada dos dados em cada grupo.

Somente uma das ocorrências se localizou em ponto baixo da via.

Tabela 5 – Resultados Obtidos - Patologia de Sulcos de Erosão (“Costeletas”) para o Grupo de Estradas 1.

Tabela 6 – Resultados Obtidos - Patologia de Sulcos de Erosão (“Costeletas”) para o Grupo de Estradas 2.

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1 2 31 3 ,8 0+300 não não esquerda 10,7 11 ,8 10 ,0 10 ,8 0 ,9 0,08

0+100 não não esquerda 13,2 13 ,9 9 ,8 12 ,3 2 ,2 0,180+700 não não direit a 11,5 11 ,9 12 ,4 11 ,9 0 ,5 0,040+800 não não esquerda 11,9 12 ,5 13 ,4 12 ,6 0 ,8 0,062+800 não não direit a 11,7 13 ,2 13 ,0 12 ,6 0 ,8 0,063+800 não não esquerda 10,2 10 ,2 10 ,4 10 ,3 0 ,1 0,013+900 não sim esquerda 14,1 12 ,9 11 ,8 12 ,9 1 ,2 0,091+300 não não direit a 10,8 13 ,4 13 ,5 12 ,6 1 ,5 0,121+900 não não direit a 11,6 13 ,6 13 ,7 13 ,0 1 ,2 0,094+200 não não direit a 10,6 11 ,3 11 ,5 11 ,1 0 ,5 0,044+800 não não direit a 8 ,3 8,8 10 ,4 9 ,2 1 ,1 0,12

11 ,81 ,20 ,19 ,2

10 ,6

T rilhaLeit uras (%) Abaulam ent o

Médio (%)Desvio

P adrão (%)Coeficient e de Variação

Grupo 3 - PA Rubira em Piratini-RS

VicinalExt . (km ) Est aca

P resença de At erro

P ont o Baixo

Desv io P adrão 1,5Coeficien te de Variação 0,1

M enor dos Valores de Abaulam ent o (%) 8,3

2 5 ,9

3 4 ,9

Abaulam ent o M édio (%) 11 ,8

Abaulam ento M édio - Desvio P adrão (%) 10 ,3

1 2 31 3 ,5 - - - - - - - - - -

0+100 não não direit a 10,4 13,9 11 ,5 11,9 1,8 0,150+300 não sim esquerda 14,0 11,3 9 ,9 11,7 2,1 0,18

3 1 ,5 - - - - - - - - - -4 0 ,8 - - - - - - - - - -5 3 ,2 - - - - - - - - - -6 1 ,6 - - - - - - - - - -

11,80 ,10 ,0

11,711,7

Desvio P adrão (%)

Coeficien te de Variação

Grupo 4 - PAs Capela e Sino em Nova Santa Rita-RS

Vicinal Est acaP resença de Aterro

P ont o Baixo T rilha

Leit uras (%) Abaulam ent o M édio (%)

2 0 ,4

Menor dos Valores de Abaulam ento (%) 9 ,9Abaulam ent o Médio - Desvio P adrão (%) 10,1

Abaulam ent o Médio (%) 11,8Desvio P adrão 1 ,7

Coeficient e de Variação 0 ,1

Tabela 7 – Resultados Obtidos - Patologia de Sulcos de Erosão (“Costeletas”) para o Grupo de Estradas 3.

Tabela 8 – Resultados Obtidos - Patologia de Sulcos de Erosão (“Costeletas”) para o Grupo de Estradas 4.

8

Figura 3: Patologia do tipo Sulcos de Erosão (“Costeletas) encontrada em estrada do grupo 4 em Nova Santa Rita-RS.

4 CONCLUSÕES

A partir dos resultados obtidos são apresentadas na tabela 9 faixas de valores de abaulamento que teoricamente não estão inclusos na zona na qual foram encontradas as patologias de “panelas” e “costeletas”, considerando-se dois critérios diferentes quanto ao tratamento dos dados. A primeira delas leva em conta uma análise estatística, na qual toma-se a média dos valores e insere-se um deslocamento correspondente ao desvio padrão. A segunda, simplesmente leva em conta os valores extremos.

Tabela 9 – Faixa de valores de abaulamento não incidentes no entorno das patologias investigadas.

Grupos

Faixas de valores de abaulamentoA partir de análise

estatística

Considerando os valores extremos

1 2,3% a 7,8% 3,5% a 7,1%2 3,1% a 9,6% 4,0% a 8,1%3 3,3% a 10,3% 4,6% a 8,3%4 2,7% a 9,2% 4,6% a 7,1%

Considerando-se a situação mais desfavorável com relação à segurança, com base nas vias investigadas, recomenda-se a adoção das faixas de valores de abaulamento da última coluna da tabela 9 para vias não pavimentadas de características semelhantes. Uma faixa de valores de 5,0% a 7,0% abrange adequadamente todos os grupos de estradas investigados.

Uma atenção redobrada, quanto ao abaulamento das vias não pavimentadas, deve ser despendida nos pontos baixos das vias, em

especial sobre os aterros, pois através dos dados obtidos, verificou-se que aproximadamente metade das patologias de “panelas” ocorrem nessa situação. Isso se dá porque nesses pontos há uma tendência de ter-se uma convergência da água oriunda não somente do fluxo transversal, mas também do fluxo longitudinal. Aliado a isso, a depender da condição de qualidade em que o aterro foi construído, o mesmo pode apresentar tendência de amolecer com o acúmulo da água sobre a pista.

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