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i UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO E AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS EM ADOLESCENTES Marília Padilha Martins Tavares NATAL - RN 2019

INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO …

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i

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO

DO ESFORÇO FÍSICO E AS RESPOSTAS

PSICOFISIOLÓGICAS EM ADOLESCENTES

Marília Padilha Martins Tavares

NATAL - RN

2019

ii

INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO

E AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS EM ADOLESCENTES

MARÍLIA PADILHA MARTINS TAVARES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação Física da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como requisito

parcial para obtenção do grau de mestra em

Educação Física.

iii

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS

Tavares, Marília Padilha Martins.

A influência da interocepção sobre a regulação do esforço

físico e as respostas psicofisiológicas em adolescentes / Marília Padilha Martins Tavares. - 2019.

75f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Educação

Física, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Natal, RN, 2019.

Orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy.

1. Interocepção - Dissertação. 2. Regulação do esforço físico -

Dissertação. 3. Acurácia Interoceptiva - Dissertação. 4.

Consciência Interoceptiva - Dissertação. 5. Resposta Afeitva -

Dissertação. 6. Percepção Subjetiva de Esforço - Dissertação. I.

Elsangedy, Hassan Mohamed. II. Título.

RN/UF/BSCCS CDU 796.012.12-053.6

Elaborado por Adriana Alves da Silva Alves Dias - CRB-15/474

iv

AGRADECIMENTOS

Não há outra forma de iniciar os agradecimentos, sem antes agradecer à Deus

por todas as alegrias e principalmente por todas as dificuldades que me tornaram mais

madura e forte. Hoje, Senhor, entendo que tudo acontece na nossa vida para nos

preparar pra algo e diante disso, agradeço todos os momentos bons e ruins que me

fizeram chegar ate aqui.

Ao meu pai agradeço todo o incentivo, apoio e confiança de que conquistaria

todas essas vitórias. Hoje, pai, realizamos mais um sonho do nosso caminho tão árduo

em ser professor, com certeza o dom em ministrar aula foi boa parte advinda do

senhor. Obrigada por estar presente diante das suas dificuldades. Te amo. A minha

irmã, Raquel Padilha, sei que brigamos muito e que somos pessoas totalmente

diferentes, mas obrigada por estar presente.

A minha guerreira (mãe), esse título de mestre é uma grande vitória nossa, não

foi fácil passar por tudo que passamos de 2015 para cá, mas aos trancos e barrancos

superamos todas as dificuldades uma ao lado da outra, você sendo meu porto seguro

e eu o seu, e finalmente chego hoje para por no teu coração mais uma alegria. Mãe,

você é meu grande espelho, como mulher, como profissional e como mãe, minha

grande fonte de inspiração, se eu tenho um perfil forte e determinado foi porque puxei

a você, e hoje quando dizem que somos parecidas de fisionomia e personalidade eu

agradeço porque não há elogio maior do que parecer com a senhora. Obrigada por me

apoiar, e pelas palavras confortantes nos meus ataques de ansiedade. Te amo.

A Letícia Silveira, obrigada por sempre andar ao meu lado, por me consolar nos

momentos mais difíceis, por me acalmar nos meus picos de ansiedade, por acreditar

em mim quando nem eu acreditei. Você foi meu grande ponto de apoio e

extremamente fundamental nesse processo. Chego hoje a esse momento da minha

vida por todos os empurrões e apoios que você me deu. Obrigada por ser tão incrível,

te amo.

v

A Hassan por fazer jus ao nome professor, por me ensinar além do meio

acadêmico, por me formar como pessoa e por ter a grande sensibilidade em entender

que somos pessoas. Sua compreensão e orientação não me permitiram desistir, muito

do que aprendi com você como pessoa, quero poder passar para meus futuros alunos.

Parabéns, Hassan e o meu muito obrigada.

Aos meus amigos, meu muito obrigado por todo o apoio diretamente ou

indiretamente e por acreditarem em mim. Principalmente, o meu muito obrigada as

mais presentes: Maru, Julia Braga, Clara Salviano e Aline Albuquerque. Agradeço em

especial a Daniel Machado e Helo Faro que em muitas vezes me orientaram e com

sua experiência me guiaram para um processo mais tranquilo, agradeço a vocês a

parceria e companheirismo, com toda certeza são amigos que carrego no peito. Um

agradecimento do coração a Mayra e Raissa por tornarem o ambiente tão mais

confortável e agradável, se hoje consigo ir todos os dias ao laboratório a culpa é de

vocês. Obrigada, Ariane, por ter me acompanhado no momento mais difícil da minha

vida, por ter me dado força e ter me lembrado todos os dias o quanto eu era capaz,

meu ingresso no mestrado só aconteceu pelo teu apoio. Por fim, obrigada IFRN –

Campus Ipanguaçu pela experiência majestosa, por me mostrar o quanto amo lecionar

e por ter me dado presentes incríveis.

vi

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS .............................................................................................. VIII

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... VIII

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS ................................................ IX

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1

2 OBJETIVO GERAL ............................................................................................. 4

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................................. 4

3 HIPÓTESE ........................................................................................................... 4

4 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 5

4.1 INTEROCEPÇÃO ........................................................................................................................... 5

4.2 ACURÁCIA INTEROCEPTIVA .......................................................................................................... 7

4.3 SENSIBILIDADE INTEROCEPTIVA ................................................................................................... 8

4.4 CONSCIÊNCIA INTEROCEPTIVA ................................................................................................... 10

4.5 RELAÇÃO DA INTEROCEPÇÃO COM ANSIEDADE, ESTRESSE E DEPRESSÃO .................................... 11

4.6 INTEROCEPÇÃO, SEXO E IMC ..................................................................................................... 13

4.7 REGULAÇÃO DA INTENSIDADE DO EXERCÍCIO FÍSICO .................................................................... 14

5 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................. 17

5.1 DESENHO EXPERIMENTAL .......................................................................................................... 18

5.2 PROCEDIMENTOS....................................................................................................................... 21

5.2.1 Avaliação antropométrica ......................................................................................................... 21

5.2.2 Nível de depressão, estresse e ansiedade ............................................................................ 21

5.2.3 Preferência e tolerância da intensidade do exercício físico ................................................ 21

5.2.4 Maturação somática .................................................................................................................. 22

5.2.5 Avaliação da frequência cardíaca em repouso ..................................................................... 22

5.2.6 Acurácia interoceptiva ............................................................................................................... 22

vii

5.2.7 Sensibilidade interoceptiva ....................................................................................................... 23

5.2.8 Consciência interoceptiva ......................................................................................................... 24

5.2.9 Percepção subjetiva de esforço ............................................................................................... 24

5.2.10 Escala de sensação (prazer/desprazer) ................................................................................. 24

5.2.11 Teste Incremental ...................................................................................................................... 25

5.2.12 Testes de corrida ....................................................................................................................... 25

5.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ............................................................................................................... 26

ETAPA 1 - ACURÁCIA INTEROCEPTIVA .................................................................................................. 27

ETAPA 2 – CONSCIÊNCIA INTEROCEPTIVA............................................................................................. 32

7 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 37

8 CONCLUSÃO .................................................................................................... 43

9 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 43

APÊNDICE I – TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE) .. 54

APÊNDICE II - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ............ 56

ANEXO I - ESCALA DE PERCEPÇÃO SUBJETIVO DE ESFORÇO...................... 60

ANEXO II - ESCALA DE RESPOSTA AFETIVA ..................................................... 61

ANEXO III – DASS-21 .............................................................................................. 62

ANEXO IV – PRETIE-Q ............................................................................................ 63

ANEXO V – COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP) ........................................ 64

viii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Três dimensões distintas de interocepção, inicialmente propostas por

Garfinkel e Critchley (2013), e adaptadas no presente manuscrito.

Tabela 2 - Caracterização da amostra alocados pela acurácia interoceptiva cardíaca.

Tabela 3 - Caracterização da amostra quanto a consciência interoceptiva.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Desenvolvimento cronológico das visitas e avaliações.

Figura 2. Fórmula matemática do cálculo de acurácia cardíaca.

Figura 3. Fluxo de pessoas no decorrer das visitas.

Figura 4. Comparação da distância percorrida, entre os grupos, em exercício com

instrução livre e com instrução para o máximo.

Figura 5. Percentual da frequência cardíaca reserva dos grupos, nos exercícios

(instrução livre e instrução máxima).

Figura 6. Comparação da percepção subjetiva de esforço, entre os grupos, durante

exercício com instrução livre e com instrução para o máximo.

Figura 7. Comparação da resposta afetiva, entre os grupos, durante exercício com

instrução livre e com instrução para o máximo.

Figura 8. Comparação da distância percorrida, entre os grupos, em exercício com

instrução livre e com instrução para o máximo.

Figura 9. Percentual da frequência cardíaca reserva dos grupos, nos exercícios

(instrução livre e instrução máxima).

Figura 10. Comparação da percepção subjetiva de esforço, entre os grupos, durante

exercício com instrução livre e com instrução para o máximo.

Figura 11. Comparação da resposta afetiva, entre os grupos, durante exercício com

instrução livre e com instrução para o máximo.

ix

LISTA DE SIGLAS, ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS

AAI – Alta acurácia interoceptiva;

BAI – Baixa acurácia interoceptiva;

ACI – Alta consciência interoceptiva;

BCI – Baixa consciência interoceptiva;

%FCres – Percentual da frequência cardíaca de reserva;

bpm – Batimentos por minuto;

CEP – Comitê de ética em pesquisa;

FCrep – Frequência cardíaca de repouso;

IMC – Índice de massa corporal;

kg – Quilogramas;

kg.m-2 – Quilogramas por metros ao quadrado;

m – Metros;

TDBC – Teste de detecção dos batimentos cardíacos;

TCLE – Termo de consentimento livre e esclarecido;

UFRN- Universidade Federal do Rio Grande do Norte;

VFC – Variabilidade da frequência cardíaca;

DASS21 – Questionário de estresse, ansiedade e depressão

PRETIE-Q – Questionário de preferência e tolerância da intensidade do exercício

físico.

PSE – Percepção subjetiva de esforço

VO2 máx – Volume de oxigênio máximo

x

RESUMO

INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO

E AS RESPOSTAS PSICOFISIOLÓGICAS EM ADOLESCENTES

Autor: Marília Padilha Martins Tavares

Orientador: Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

O presente estudo verificou a influência da interocepção (acurácia e consciência) sobre a

regulação do esforço físico e respostas psicofisiológicas durante dois testes de corrida em

adolescentes. Participaram 45 adolescentes (15,55 ± 0,78 anos), na primeira etapa, os

indivíduos foram alocados no grupo de alta acurácia interoceptiva (AAI; n=20) quando

obtinham no teste de detecção dos batimentos cardíacos porcentagem de acerto ≥ 85% e ≤

84% alocados no grupo de baixa acurácia interoceptiva (BAI; n=25) e na segunda etapa os

grupos foram divididos em alta (ACI; n=28) e baixa (BCI; n=17) consciência interoceptiva .

Os participantes realizaram dois testes de corrida, diferindo na instrução dada, um com

instrução livre e outro com instrução máxima, durante 10 minutos. Durante o exercício, foi

aferido a frequência cardíaca, a percepção subjetiva de esforço (PSE) e a resposta afetiva, a

cada 2 minutos. A normalidade foi testada por Shapiro-Wilk e score-z. O teste T para amostras

independentes e o Mann-Whitney utilizados para comparar os grupos. O modelo de Equações

de Estimativa Generalizada verificou diferenças nas respostas de PSE e afeto. Na etapa 1 o

grupo BAI percorreu maior Ao comparar a distância percorrida encontramos uma maior

distância percorrida pelo grupo BAI (p<0,05), não apresentando diferença entre as respostas

de PSE e afeto (p>0,05), nos dois testes de corrida. Na etapa dois em instrução máxima, o

grupo BCI percorreu maior distância (p=0,026), entretanto com instrução livre não houve

diferença entre os grupos (p=0,097), quanto à resposta afetiva, PSE e frequência cardíaca os

grupos obtiveram respostas semelhantes nos dois testes (p>0,05). Concluímos que sujeitos

com alta acurácia interoceptiva apresentam maior conservação ao selecionar a intensidade do

exercício físico, independente da orientação recebida, que designou diferentes intensidades.

Entretanto, a consciência interoceptiva parece só exercer influência em exercício com

instrução máxima.

Palavras chaves: Interocepção Cardíaca; Acurácia Interoceptiva; Consciência Interoceptiva;

Percepção Subjetiva de Esforço; Resposta Afetiva; Regulação do Esforço Físico.

xi

ABSTRACT

INTEROCEPTIVE INFLUENCE ON PHYSICAL EFFORT AND PSYCHOPHYSIOLOGICAL

RESPONSES IN ADOLESCENTS

Author: Marília Padilha Martins Tavares

Advisor: Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

The present study verified the influence of interoception (accuracy and awareness) on the

regulation of physical effort and psychophysiological responses during two running tests in

adolescents. Participants were 45 adolescents (15.55 ± 0.78 years), in the first stage, the

subjects were allocated in the high interoceptive accuracy group (AAI; n = 20) when they

obtained a heart rate test of ≥ 85% and ≤ 84% were allocated in the group of low interoceptive

accuracy (BAI; n = 25) and in the second stage the groups were divided into high (ACI; n = 28)

and low (BCI; n = 17) interoceptive awareness. The participants performed two running tests,

differing in the given instruction, one with free instruction and one with maximum instruction,

for 10 minutes. During exercise, the heart rate, the subjective perception of effort (PSE) and

the affective response were measured every 2 minutes. Normality was tested by Shapiro-Wilk

and z-score. The T-test for independent samples and the Mann-Whitney used to compare the

groups. The Generalized Estimating Equation model verified differences in PSE responses and

affection. In step 1, the BAI group ran higher. When comparing the distance traveled, we found

a greater distance walked by the BAI group (p <0.05), showing no difference between the PSE

and affection responses (p> 0.05) in both tests of racing. In stage two, the BCI group ranged

farther (p = 0.026); however, with free instruction there was no difference between the groups

(p = 0.097), as for the affective response, PSE and heart rate the groups obtained similar

responses in the groups. two tests (p> 0.05). We conclude that subjects with high interoceptive

accuracy present greater conservation when selecting the intensity of physical exercise,

regardless of the orientation received, which assigned different intensities. However,

interoceptive awareness seems to only exert influence in exercise with maximum instruction.

Key words: Cardiac Interoception; Interoceptive Accuracy; Interoceptive Consciousness;

Subjective Perception of Effort; Affective Response; Regulation of Physical Effort

1

1 INTRODUÇÃO

Ao praticar exercício físico existem diversos fatores que podem influenciar a

regulação da intensidade do exercício, desde fatores motivacionais, como a auto

eficácia, até fatores exteroceptivos(ambientais) e fatores interoceptivos (do corpo).

Para entender a influência da exterocepção, em 1980 Pennebaker e Lightner

demonstraram que quando os indivíduos praticam exercício em ambiente com maior

quantidade de informações externas, por exemplo, uma corrida cross-country, eles

tendem a realizar a tarefa de corrida em menor tempo. Quanto a influência dos fatores

internos (interocepção), no mesmo estudo, Pennebaker e Lightner expõem que

perceber as informações corporais internas (interocepção) afetam de forma negativa

a percepção da intensidade do exercício físico 1.

Nos últimos anos percebe-se um crescente número de estudos relacionados à

interocepção, simultaneamente, há o surgimento de diversos conceitos. Para melhor

esclarecimento, definimos interocepção como a capacidade perceptiva nas

informações corporais provenientes do meio interno que são processadas em áreas

cerebrais, podendo afetar o comportamento consciente e/ou inconsciente de um

indivíduo2. Garfinkel et al. 3,4 apontam que há três dimensões de interocepção, a

acurácia interoceptiva, definida como a precisão na detecção das sensações

corporais, que pode ser medida por meio do teste de detecção dos batimentos

cardíacos; a sensibilidade interoceptiva, representada pela auto percepção da

tendência para ser internamente auto focado, que é avaliada através de questionários

subjetivos de autorrelato; e a consciência interoceptiva, descrita como a relação entre

a acurácia e a sensibilidade interoceptiva3,4.

Damasio5 postula que os sinais interoceptivos são regularmente integrados aos

processos de tomada de decisão (hipótese do marcador somático). Em todos os

contextos, no qual se espera que uma decisão seja tomada, os resultados das

possíveis alternativas de ação são antecipados. Essa antecipação produz uma

resposta visceral específica para ser integrada nas respostas afetivas ao resultado

esperado 6. Essas informações aferentes, vindas de alterações viscerais e

2

somatossensoriais são enviadas ao cérebro, são importantes para o surgimento das

emoções e para regulação do esforço físico 5,7. Nessa lógica, durante o exercício físico,

os feedbacks dos processos corporais internos, decorrentes da demanda fisiológica

da intensidade do exercício, influencia a regulação do esforço físico 1,8 por meio do

aumento e diminuição da percepção subjetiva de esforço 9. Além do que, as

informações interoceptivas influenciam na formação das respostas afetivas (prazer ou

desprazer) sentida durante o exercício físico 10.

Estudos têm apontado à existência de uma variabilidade interindividual na

acurácia interoceptiva 1,2,9,11. Essa variabilidade interindividual tem sido atribuída a

diversos fatores, como sexo, IMC, parâmetros cardiovasculares, contato com

estímulos interoceptivos e aptidão física2,11–15. A maior acurácia interoceptiva tem

apresentado uma relação positiva com a magnitude da emoção sentida, tomada de

decisão, ativação das estruturas cerebrais envolvidas no processamento dessas

informações e doenças como a depressão 14,15. Em contrapartida, menor acurácia

interoceptiva está relacionada a um maior esforço físico, a maiores elevações da

frequência e do débito cardíaco durante uma tarefa livre de ciclismo em adultos 16.

Um estudo pioneiro, realizado por Pennebaker e Lightner, aponta que quando

os sujeitos realizam exercício com carga constante, em ambiente fechado, recebendo

informações sonoras de sua respiração, a percepção de fadiga ao exercício físico é

maior1. Herbert et al. 16 verificou que adultos com alta acurácia interoceptiva

selecionam um menor esforço físico (frequência cardíaca, volume sistólico, débito

cardíaco) percorrendo uma menor distância do que os indivíduos com baixa acurácia,

em tarefa de ciclismo, com duração de 15 minutos em intensidade autosselecionada,

ou seja, indivíduos adultos que percebem melhor as informações do corpo tendem a

se preservar durante o exercício físico. Por outro lado, Georgiou et al. 17 demonstraram

que crianças com maior nível de acurácia interoceptiva apresentam maior nível de

atividade física e percorrem, em teste máximo, maiores distâncias em teste físico.

Esses estudos demostram que a interocepção apresenta ter influência sobre a

resposta de perceptual de fadiga e sobre a distância percorrida durante exercício físico.

No entanto, o estudo da Herbert et al.16 os adultos percorrem menor distância, já no

3

estudo da Georgiou et al.17 as crianças percorrem maior distância no teste. Apesar de

apresentarem comportamentos diferentes, alguns fatores são influenciadores dessa

diferença comportamental, entre eles podemos citar a instrução. No estudo da Herbert

et al.16 os adultos autosselecionavam a carga, não estando portanto ameaçados a

atingir um objetivo, sem nenhum fator motivador ou autoeficaz18, no estudo da

Georgiou et al.17 as crianças precisavam desempenhar o máximo, por ser um teste de

esforço máximo, apresentando um fator motivacional, estando essas crianças sobre

‘ameaça’ em correr a maior distância. Outro fator influenciador é o tempo do exercício,

o fato dos adultos terem que pedalar durante 15 minutos pode ter desencadeado uma

maior preservação para realizar toda a atividade.

Ademais, os estudos foram direcionados a populações adulta e infantil,

dificultando a comparação quanto ao comportamento dos indivíduos, e a extrapolação

para a adolescência, período crítico de desenvolvimento durante o qual as escolhas

pessoais de estilo de vida e os padrões de comportamento se estabelecem, incluindo

a escolha de ser fisicamente ativo19. Atualmente, a atividade física habitual do

adolescente diminuiu progressivamente ao longo o último meio século, devido as

várias mudanças tecnológicas e sociais, desencadeando em uma diminuição da

atividade física regular 20–22. Na tentativa de reverter esse quadro é visto que a

atividade física na adolescência pode contribuir para o desenvolvimento de estilos de

vida saudáveis23. Para a prática de atividade física e sua continuação ao longo da

vida, Solomon24 sugere que quando as pessoas derivam prazer de uma atividade,

elas provavelmente procurarão a repeti-la. Em outro contexto, se houvesse

desprazer, desconforto ou dor as chances de repetirem a atividade ou aderirem por

um longo tempo deveria ser diminuída. Dentro desse contexto a percepção das

informações corporais na construção de uma resposta de prazer ou desprazer sentido

diante da atividade física, a variabilidade interindividual da percepção das informações

corporais (os níveis interoceptivo) podem exercer influência sobre a formação da

resposta afetiva (prazer e desprazer) e consequentemente sobre a aderência do

indivíduo quanto a sua prática, portanto, a interocepção pode ser um fator que

influencie nas chances desses adolescentes repetirem a atividade.

4

2 OBJETIVO GERAL

O objetivo desse estudo foi verificar a influência da interocepção sobre a

regulação do esforço físico e respostas psicofisiológicas durante duas condições de

exercício, que apresentam diferentes instruções, em adolescentes.

2.2 Objetivos Específicos

Comparar entre os grupos de alta e baixa acurácia e consciência interoceptiva

se há diferença das variáveis psicológicas (estresse, ansiedade e depressão); se há

diferença quanto ao condicionamento físico (VO2máx); comparar qual dos grupos

apresentam alguma tolerância e preferência de exercício entre os grupos.

3 HIPÓTESE

Acreditamos que na faixa etária escolhida os adolescentes estejam no período

em escolher uma vida ativa ou inativa, nos fazendo acreditar que essa escolha já esteja

sendo tomada e muito próxima do comportamento inativo dos adultos, nesse sentido

acreditamos que os adolescentes com alta interocepção, apresentariam mesmo

comportamento que os adultos 1,16. Em instrução livre, acreditamos que os grupos irão

diferir quanto a distância percorrida e uma homogeneidade nas respostas

perceptuais25. Na instrução para um exercício máximo, devido a intensificação das

informações interoceptivas relacionada à maior intensidade de realização do exercício

físico, os sujeitos apresentarão respostas psicofisiológicas semelhantes e semelhante

regulação do esforço físico.

5

4 REVISÃO DA LITERATURA

A revisão de literatura tem o intuito de detalhar com mais clareza pontos chaves

discutidos na pesquisa, para melhor inserir o leitor sobre o tema. Dessa forma,

colaborando com uma melhor construção do desfecho do estudo e assimilação do

conteúdo. Tendo como função demonstrar a necessidade ou oportunidade do estudo

e auxiliar na interpretação de resultados.

4.1 Interocepção

A primeira teoria sobre interocepção foi desenvolvida em 1884 por James-

Lange, onde foi proposto que informações viscerais (ou seja, informações internas)

estão ligadas a experiências emocionais26. A definição do termo interocepção foi

introduzida por Sherrington em 1948, no qual englobava apenas a percepção das

informações viscerais, sendo distinguida da exterocepção (percepção do ambiente

externo) e propriocepção (reconhecimento espacial do corpo) 2,11,27. No entanto, a

literatura exibe diversas definições, desencadeando uma imprecisão conceitual. Dessa

forma, determinamos a definição da interocepção como a percepção das informações

corporais aferentes viscerais, que atinge a consciência e afetam o comportamento de

forma direta ou indireta, determinando o humor, sensação de bem-estar e emoções

4,6,11,28. Em uma perspectiva neural, os modelos teóricos descrevem a interocepção

como uma construção do sistema nervoso central, refletindo a comunicação entre a

periferia (isto é, o corpo) e o cérebro na manutenção da homeostase. 4,29–31 Porém,

somente a partir da Teoria das Emoções proposta por William James e Carl Lange que

a interocepção tornou-se importante. Essa teoria explica o papel da percepção das

informações corporais (interocepção) na formação das emoções e do controle do

comportamento em geral. Eles definiram as emoções sendo em essência o sentimento

gerado a partir das mudanças corporais, quando estas ocorrem. 2,32,33.

A partir desta interpretação, a interocepção foi definida como o ato de sentir,

interpretar e integrar as informações dos sistemas internos do corpo conscientemente.

6

Garfinkel et al.3,4 revelam a existencia de três dimensões que compõem a

interocepção, como mostra a figura 1. A acurácia interoceptiva (medida objetiva) pode

ser mensurada através da precisão na detecção das sensações corporais; a

sensibilidade interoceptiva (medida subjetiva) representada pela auto confiança, do

indivíduo, em ser um bom ou mau percebedor; e a consciência interoceptiva, descrita

como a habilidade metagognitiva, sendo a relação entre a acurácia e a sensibilidade,

estimada através do mapeamento da área das curvas de precisão (curva ROC) 3,4.

Tabela 1. Três dimensões distintas de interocepção, inicialmente propostas por Garfinkel e Critchley (2013), e adaptada no presente manuscrito.

Acurácia

Interoceptiva

Sensibilidade

Interoceptiva

Consciência

Interoceptiva

Definição Precisão objetiva na detecção das informações corporais internas (medida objetiva)

Autopercepção em ser internamente autofocado, ou seja, a autopercepção em ser um bom ou mau percebedor das informações corporais

Consciência metacognitiva da precisão interoceptiva

Exemplo Você pode relatar com precisão as batidas do seu coração?

Você acredita que é capaz de detectar sensações corporais internas?

Você “sabe” se está avaliando com precisão ou imprecisão seus batimentos cardíacos?

Modo de avaliação

Avaliado através de testes objetivos de acurácia interoceptiva

Avaliada por meio de medidas de autorrelato subjetivas que avaliam a interocepção

Relação entre acurácia e sensibilidade interoceptiva

Exemplo Desempenho interoceptivo: Tarefa de detecção e Tarefa de rastreamento dos batimentos cardíacos

Questionários, como de Percepção Corporal de Porges, ou perguntas de confiança

Área sob curvas ROC mapeando a confiança na precisão

Sabendo disso, durante a última década, pesquisadores interessados em

entender as contribuições funcionais da interocepção, começaram a voltar sua atenção

7

para a questão de como as diferenças interindividuais moldam a experiência e o

comportamento humano 1,2,4,9,11,14,34. Para isso dar-se necessidade em entender com

maior destreza o que cada dimensão da interocepção (acurácia, sensibilidade e

consciência) mede e representa na modulação das emoções e comportamento

humano.

4.2 Acurácia Interoceptiva

Das dimensões comportamentais interoceptivas, a mais utilizada visa avaliar a

acurácia interoceptiva, que consiste na quantificação dos sinais corporais, sem

manipulação tátil. Há dois métodos de quantificar a acurácia interoceptiva cardíaca,

uma criada por Schandry35 que se baseia na estimativa dos próprios batimentos

cardíacos de forma intrínseca, direcionando a atenção do sujeito, apenas, aos próprios

batimentos cardíacos (teste de detecção dos batimentos cardíacos). Outro método é

determinado através da discriminação dos próprios batimentos cardíacos com eventos

sonoros ou luminosos externos (teste de discriminação dos batimentos cardíacos) 35–

37.

Uma via que explica a percepção cardíaca, é através dos mecanorreceptores

no coração, no pericárdio e em outras partes do corpo que geram sinais aferentes em

cada batimento 38. Portanto, parece plausível que os indivíduos, particularmente

aqueles com alta percepção mecanoceptora, desenvolvam uma capacidade de

reconhecer e contar seus batimentos cardíacos, estimando suas taxas cardíacas com

precisão. Por razões práticas, as tarefas de contagem de batimentos cardíacos são

medidas amplamente utilizadas para quantificar as diferenças individuais na

capacidade interoceptiva na literatura 16,17,28,36. Apesar da imprecisão conceitual, é

comum encontrar artigos que utilizam um teste de quantificação interoceptiva, com

denominação de sensibilidade ou consciência.

A acurácia, portanto, configura a dimensão interoceptiva que expressa o

desempenho comportamental interoceptivo, de forma quantitativa e objetiva,

8

afirmando em quanto o indivíduo é capaz ou não, em perceber as informações

corporais. Nesse sentido, podemos obter de forma quantificada a precisão de

contagem ou de discriminação de cada individuo, distinguindo assim a variabilidade

interindividual, fator esse determinante na formação comportamental e emocional,

variando de individuo a individuo. 2,9,14,39 Estudos mostram que maior acurácia

interoceptiva tem apresentado relação positiva com a magnitude da emoção sentida,

com a ativação das estruturas cerebrais envolvidas no processamento emocional12,17.

Além disso, estudo realizado por Herbert et al.16 objetivando verificar a influência da

acurácia interoceptiva sobre o controle do esforço físico, encontraram que sujeitos com

menor acurácia apresentam maior aumento na resposta hemodinâmica durante tarefa

de ciclismo livre durante 15 minutos. Desta forma, estes percorreram uma distância

maior estatisticamente significativa (7.41 ± 0.96 km vs. 6.66 ± 0.58 km), no entanto os

dois grupos não diferiram no nível percepção de fadiga ao final do exercício, medido

por meio de uma escala numérica de 0-10 (7,51 ± 1,32 vs. 7,30 ± 1,49)16, ou seja,

indivíduos com maior acurácia interoceptiva se preservaram mais e ainda assim

obtiveram mesma percepção de fadiga. No entanto, esse comportamento acaba sendo

diferente em crianças, Georgiou et al.17 objetivando verificar a influencia da acurácia

interoceptiva sobre o nível de atividade física e desempenho em teste máximo,

encontraram que crianças com maior acurácia apresentam maior nível de atividade

física e com uma maior distância percorrida durante o teste máximo de 6 minutos.

Nesse sentido, os estudos demonstram que a acurácia interoceptiva apresenta ter

relação com a regulação do esforço físico.

4.3 Sensibilidade Interoceptiva

A sensibilidade interoceptiva tem como característica principal sua

subjetividade, isso porque a sensibilidade é representada pela auto afirmação do

individuo, quanto a sua sensibilidade em perceber as informações corporais, como

também a auto percepção em ser um bom percebedor ou não. O caráter subjetivo, a

autoconfiança e a convicção de ser ou não um bom percebedor das informações

corporais internas, é definido como sensibilidade interoceptiva 40. A sensibilidade é

9

avaliada por medidas subjetivas como a confiança de ter uma boa capacidade em

perceber as informações corporais e/ou o quanto se sente envolvido pelos sinais

interoceptivos 3,4.

Há duas formas de mensurar a sensibilidade interoceptiva. Uma das

abordagens é a utilização de questionários de autorrelato relacionando as sensações

corporais percebidas, como o questionário de percepção corporal 41, questionário de

consciência corporal 42, questionário de autoconsciência 43 e a avaliação

multidimensional da consciência interoceptiva (MAIA)44. Essa abordagem mensura a

autopercepção do individuo com as informações do corpo, no qual o individuo elenca

e pontua o quanto sente essas informações no cotidiano. A segunda é realizada

através da autoconfiança no desempenho durante a realização de uma tarefa de

acurácia interoceptiva. Essa segunda abordagem é realizada através de uma pergunta

que dicotomiza a confiança que o individuo tem em como foi seu desempenho no teste

de acurácia interoceptiva, ou seja, após realizar um teste de acurácia interoceptiva é

questionado ao individuo se ele obteve um bom desempenho no teste, dessa forma o

individuo fica exposto a responder entre “sim” ou “não”. Devido às medidas de

autorrelato serem muito subjetivas, em alguns estudos a estratégia adotada é a de

combinar uma medida de confiança no desempenho da testes de acurácia

interoceptiva 3,4. Esses índices autorrelatados são usados para avaliar a qualidade

subjetiva da interocepção, ou seja, a crença das pessoas sobre sua própria habilidade

em perceber conscientemente sinais provenientes do interior do corpo.

Ao estudar a relação do exercício físico com a sensibilidade interoceptiva,

Mehling et al.45 verificaram a influência de um programa de exercícios integrativos de

12 semanas sobre a melhora da sensibilidade interoceptiva em veteranos de guerra

com sintomas de estresse. O grupo que praticou exercícios aeróbios e meditação

apresentou melhora na sensibilidade, realizado pelo questionário MAIA, nos domínios

de ouvir o corpo, consciência emocional e autorregulação. Curiosamente, Brytek-

Matera e Koziel46 exploraram a relação da sensibilidade interoceptiva em mulheres

que praticam exercício físico e que não praticam, os autores encontram que a melhor

sensibilidade interoceptiva está prevista em mulheres praticantes de exercício físico.

10

Todavia, não encontramos estudos buscando entender a influência da sensibilidade

sobre a autorregulação do esforço físico.

4.4 Consciência Interoceptiva

O termo “conscientização interoceptiva” foi frequentemente representado por

métodos de precisão cardíaca, ou por questionários. Entretanto ao longo dos anos e

do surgimento de novas definições, desencadeou na ressignificação deste termo,

sendo reunindo a perspectiva qualitativa (sensibilidade) e quantitativa (acurácia)

visando representar a metacognição (apresentado através da curva ROC). Este é

quantificado como uma medida de grau em que um teste de caráter objetivo, no caso

o teste de detecção dos batimentos cardíacos (acurácia), é previsto por um teste de

caráter subjetivo, como a tarefa de confiança autorrelatada em perceber os batimentos

cardíacos (sensibilidade). O desempenho desta relação é dado através da área sob a

curva ROC, no qual quanto mais próximo de 1 mais forte é a relação entre as variáveis.

3,4

A outra abordagem classifica a consciência interoceptiva como uma consciência

metacognitiva. Flavell e Wellman sugeriram que o conhecimento metacognitivo se

desenvolve através da conscientização, por parte do sujeito, sobre o modo como

determinadas variáveis interagem influenciando as atividades cognitivas 47. A

metacognição encontra-se também associada, ao conhecimento sobre os próprios

recursos cognitivos ou sobre as estratégias mais apropriadas para a realização de uma

tarefa específica (conhecimento do conhecimento) envolvendo a utilização de

mecanismos autorregulatórios durante a realização de uma tarefas 48. Tarricone

indicou que a principal interação entre metacognição e autorregulação é controlar,

monitorar e regular estratégia para atender às demandas e objetivos da tarefa49.

Aplicado ao exercício de endurance, os processos metacognitivos inclui a

autoinstrução, automonitoramento, autoavaliação, relaxamento e planejamento 49–52.

Com efeito, as cognições descritas como autorregulação ativa podem ser

consideradas processos metacognitivos53. Sabendo disso, alguns desses processos

11

metacognitivos são responsáveis na autorregulação durante exercício físico, seja

preparando de forma prévia para a atividade, como ajudando no entendimento da

demanda interoceptiva proveniente do exercício físico.

Um alto nível de consciência interoceptiva reflete a capacidade (ou seja, a meta-

conscientização) de um indivíduo em saber quando ele está tomando decisões boas

ou ruins no nível de precisão comportamental interoceptiva 39.

4.5 Relação da interocepção com ansiedade, estresse e depressão

A ansiedade, estresse e depressão foram conceituadas como transtornos

interoceptivos porque reduzem a capacidade dos indivíduos de relatar adequadamente

a informação corporal, produzindo uma experiência alterada, como por exemplo, baixa

autoestima ou antecipação de danos futuros de si 54,55. Essa representação somática

depende de processos baseados em crença que afirmam ou negam a verdade de um

estado do eu e do mundo 55. Assim, o reconhecimento e a interpretação da

desregulação interoceptiva tem papel importante no desenvolvimento de condições de

saúde mental 39,55–59.

Nos transtornos de ansiedade, a desregulação interoceptiva pode resultar em

aumento do foco e sensibilidade aos estímulos interoceptivos 55. Assim, um indivíduo

com transtorno do pânico pode antecipar uma sensação corporal como o aumento da

frequência cardíaca e quando tal sensação ocorre durante atividades diárias, como no

exercício, o indivíduo pode interpretar o aumento da frequência cardíaca como um

ataque de pânico iminente 60. Nos transtornos depressivos, Dunn et al. relataram que

indivíduos com depressão leve podem ter uma precisão interoceptiva reduzida,

enquanto indivíduos com depressão grave podem não diferir em sua precisão de

controles saudáveis 61. A redução da precisão interoceptiva na depressão também se

reflete na diminuição dos potenciais evocados por batimentos cardíacos em

comparação com indivíduos saudáveis 62, podendo estar associada à atividade

alterada no córtex insular, podendo ser observada em indivíduos deprimidos. Portanto,

12

a sintomatologia depressiva está associada a uma tendência à diminuição da precisão

interoceptiva, que pode adicionalmente ser moderada pelo nível de ansiedade 63.

Enquanto a interocepção descreve a transmissão de sinais ascendentes no eixo

corpo-cérebro, o estresse representa um exemplo proeminente para a descida de

informações no eixo cérebro-corpo. A sinalização neural e endócrina do estresse, pode

alterar a atividade dos órgãos viscerais (por exemplo, efeitos inotrópicos e

cronotrópicos no miocárdio) e regiões cerebrais típicas, responsáveis por sua

percepção (por exemplo, tálamo, córtex insular) 64,65. Nesse sentido, pode-se

argumentar que a interocepção e o estresse estão intimamente ligados. Isso porque

certos hormônios do estresse são considerados importantes no processamento de

sinais interoceptivos. Primeiro, a ativação do sistema nervoso autônomo pode resultar

na liberação de catecolaminas, como a epinefrina. Embora as catecolaminas não

atravessem a barreira hematoencefálica e, portanto, não possam modular o

processamento de sinais interoceptivos ao nível do sistema nervoso central, a

epinefrina se liga aos receptores beta1-adrenérgicos no miocárdio. A ligação da

epinefrina aos adrenoceptores beta1 causam efeitos inotrópicos positivos (aumento da

contratilidade), cronotrópicos (aumento da frequência cardíaca) e dromotrópicos

(despolarização mais rápida), que levam a um aumento do débito cardíaco e uma

diminuição do período pré-ejeção ventricular 66. Do mesmo modo a atuação da

ocitocina desencadeia o aumento da variabilidade da frequência cardíaca em repouso,

levando ao aumento do débito cardíaco e diminuição do período pré-ejeção ventricular

67. Foi repetidamente demonstrado que os parâmetros cardiodinâmicos, tais como

período pré-ejeção ou débito cardíaco, estão associados com a precisão nas tarefas

de detecção dos batimentos cardíacos 13. É provável que a estimulação aumentada de

barorreceptores arteriais causados pelo maior débito cardíaco sejam responsáveis por

este efeito. Além disso, a ativação simpática periférica induzida por agentes beta1-

adrenérgicos e a atividade simpática central induzida por agentes alfa1-adrenérgicos

aumenta a precisão da percepção do batimento cardíaco 68.

13

4.6 Interocepção, sexo e IMC

Além dos transtornos interoceptivos que influenciam a interocepção, existem

outras variáveis que influenciam a variabilidade interoceptiva de pessoa para pessoa

como o sexo e IMC, que exercem influência sobre a interocepção e, portanto, também

são responsáveis por essa variabilidade interindividual 2,17,33,58. Embora mulheres e

homens relatem percepção similar quando o coração está acelerado, por exemplo,

evidências crescentes sugerem que a forma em perceber as informações corporais

podem ser diferentes, isso porque homens demonstram, através dos diferentes

paradigmas de detecção de batimentos cardíacos, consistentemente uma detecção

significativamente mais precisa do batimento cardíaco em repouso do que as mulheres

69–73. Em suma, embora os vários métodos de percepção de sinais atuem em diferentes

aspectos da interocepção (cardíaca, respiratória, digestório), a maioria demonstra de

maneira confiável que os homens são melhores que as mulheres na detecção de

vários índices fisiológicos em repouso e em ambientes de laboratório altamente

controlados69.

No entanto, independentemente do sexo, Rouse, Jones & Jones investigando a

influência do IMC sobre a interocepção descobriram que ao controlar a porcentagem

de gordura corporal, os indivíduos magros demonstravam maior precisão na detecção

de batimentos cardíacos do que os não magros. 74 Como também, Herbert e Pollatos75

comprovam que quanto maior o IMC menor é o desempenho interoceptivo dos

indivíduos, seguindo a ideia de que a interocepção interage com a regulação da

ingestão de alimentos na vida cotidiana, em parte, facilitando a detecção de mudanças

corporais que acompanham a saciedade. De acordo com isso, assume-se que

indivíduos com sobrepeso e obesos experimentam maiores dificuldades em detectar

com precisão esses sinais, uma vez que também mostram uma acurácia reduzida para

sinais cardíacos 75. Nesse estudo, o grupo com sobrepeso e obeso apresentaram

dificuldades acentuadas na detecção de sinais corporais internos75, isso pode ser

especulado pelo alto teor de gordura localizado no tronco, desencadeando um

isolamento dos sinais, tornando-os imperceptíveis para esta população. Essa relação

do IMC com a interocepção pode ser explicada pela capacidade individual em perceber

14

com precisão as informações/sinais corporais, em termos práticos a capacidade do

indivíduo em perceber a saciedade, ou a diferença de quando “está com fome” e não

com “vontade de comer” são importantes para a alimentação intuitiva. Herbert et al.76,

expõe que a interocepção explica 36% da variância de escores do IMC, sugerindo que

a alimentação intuitiva e sua conexão com a massa corporal são importantes e, em

grande parte, explicadas pela variabilidade interindividual em perceber com precisão

as informações corporais 76

4.7 Regulação da intensidade do exercício físico

Modelos teóricos recentes, como o do Governador Central 77, o Modelo

Psicobiológico-Motivacional 78, Modelo da Regulação Cerebral Consciente79 e a Teoria

do Modelo Duplo 25 suportam o importante papel de fatores cognitivos e interoceptivos,

que influenciam o controle da intensidade durante a realização do exercício físico. O

modelo teleoantecipatório, incluído no modelo teórico do Governador Central, admite

que os feedbacks periféricos influenciam a magnitude dos drives neurais que

determinam a extensão do recrutamento do músculo esquelético80. Além disso, as

informações psicológicas e fisiológicas relacionadas a realização do exercício físico,

determina previamente o esforço físico necessário pelo indivíduo para a realização da

tarefa. Bandura81 reforça que a autoeficácia percebida influencia o comportamento de

enfrentamento quando o indivíduo é exposto a estresse e desafios, além de determinar

quanto esforço será gasto para atingir o objetivo e por quanto tempo esses objetivos

serão perseguidos18,81,82. Durante o exercício físico contínuos feedbacks informam o

comando central sobre o estado de reserva de substrato energético, a taxa de acúmulo

de calor e estado de hidratação. Essas informações são integradas para regular o

comportamento durante exercício físico 80. Dessa forma, o cérebro é capaz de

modificar o comportamento para assegurar a homeostase e prevenir a falha

catastrófica80.

O modelo Psicobiológico-Motivacional, baseado na teoria de intensidade

motivacional, postula que a desistência da tarefa ocorre quando o esforço necessário

15

para realização do exercício é igual ao esforço máximo que o sujeito fará para finalizar

o exercício ou quando o sujeito acredita que chegou a sua capacidade máxima de

esforço, e que, continuar o exercício é percebido como impossível 78. Nesse modelo,

o aumento da percepção subjetiva de esforço (PSE) é decorrente de cópias eferentes

do córtex motor para o sensorial. Dessa forma, as informações corporais chegam a

nível cerebral sendo portanto percebidas, influenciando a regulação do esforço físico.

A forma consciente de modificação comportamental durante a realização do exercício

físico ocorre por meio da PSE, em que seu aumento indica o quanto o indivíduo está

próximo de finalizar o esforço físico78.

O modelo da Regulação Cerebral Consciente postula que o cérebro sempre

recebe informações aferentes periféricas para continuamente regular o recrutamento

muscular, porém, isso ocorre em diferentes níveis de consciência cerebral79. Em baixa

intensidade de esforço, na qual o desconforto físico é mínimo, o cérebro é capaz de

regular a atividade muscular por vias automáticas e requer nível mínimo de

consciência79. No entanto, quando sensações aferentes alcançam o nível crítico,

atingem um nível de consciência superior, requerendo um comportamento consciente

que atenda os feedbacks periféricos negativos79. Assim, o comportamento de diminuir

a intensidade de esforço físico ou o aumento da PSE é decorrente da intensificação

das sinalizações periféricas que alcançam níveis altos de consciência, modificando a

resposta comportamental.

A Teoria do Modelo-duplo postula que as respostas afetivas durante o exercício

são determinadas pela interação constante entre fatores cognitivos (avaliação da

informação sensorial, mudanças no foco de atenção) e fatores interoceptivos (por

exemplo, acidose, aumento da temperatura central)25. A teoria retrata que em

intensidades abaixo do limiar ventilatório (isto é, a intensidade limiar em que um

volume maior de dióxido de carbono é expulso do que o volume de oxigênio

consumido), respostas afetivas tendem a ser principalmente positivas e associadas a

fatores cognitivos25. No entanto, em intensidades acima do limiar ventilatório (isto é,

quando a frequência cardíaca, o consumo de oxigênio e o lactato sanguíneo começam

a subir inexoravelmente), as respostas afetivas são homogeneamente negativas,

16

fortemente ligadas à tensão fisiológica e impermeáveis à manipulação cognitiva.

Dessa forma, podemos concluir que abaixo do limiar há uma prevalência de fatores

cognitivos, e acima do limiar a prevalência de fatores interoceptivos. Isso ocorre

porque, em intensidades abaixo do limiar ventilatório, os indivíduos são capazes de

manter a ativação do córtex pré-frontal prevalecendo uma maior influência cognitiva.

Por outro lado, acima do limiar ventilatório a competição entre o córtex pré-frontal e as

regiões subcorticais, que recebem informações corporais, tornam-se cada vez mais

desafiadora, portanto, nessa intensidade a capacidade do indivíduo em manter a

ativação do córtex pré-frontal é ameaçada.83

Damasio propõe que as alterações viscerais compõe os processos de tomada

de decisão (hipótese do marcador somático) 5. Em todos os contextos, no qual se

espera que uma decisão seja tomada, os resultados das possíveis alternativas de ação

são antecipados. Essa antecipação produz uma resposta visceral específica para ser

integrada nas respostas afetivas ao resultado esperado 6. Nesse sentido, as respostas

transmitidas por circuitos somatossensoriais ou aferentes viscerais, são chamadas de

"marcadores somáticos", esses, portanto, moldam a tomada de decisão 34,84. Além

disso, o marcador somático pode ser realizado inconscientemente. Isso significa que

uma pessoa pode tomar decisões "conscientemente", mas o cérebro de forma

"inconsciente" é capaz de antecipar mudanças corporais e responder a um estímulo

externo antes que aconteça. Assim, no processo de antecipação de uma ação, através

do seu “sistema inconsciente” a hipótese do marcador somático mostra possibilidades

desfavoráveis ou favoráveis a partir da interpretação desse “sistema inconsciente”,

apoiando as decisões tomadas 5,85,86. Este processo é intitulado “as-if” (como se) por

Damasio. Segundo Dunn et al., os indivíduos com melhor percepção das informações

corporais interpretam essas mudanças inconscientes do estado do corpo

desencadeando na tomada de decisão, essa ação consciente depende principalmente

de como o indivíduo entende as informações corporais, sendo algo bom ou algo ruim39.

Ou seja, levando para a prática de exercício físico, ao indivíduo praticar exercício, caso

ele entenda aquelas informações corporais como algo ruim, ele tende a parar ou

diminuir, por outro lado, caso ele entenda aquelas informações como algo bom, ele

tende a continuar ou aumentar a intensidade da prática.

17

Portanto, o comportamento de diminuir ou aumentar a intensidade do esforço

físico, é influenciado pela intensificação das sinalizações periféricas que estão em

níveis confortáveis ou alcançam níveis altos de consciência, modificando a resposta

comportamental80. Estudos demonstraram o benefício da alta interocepção para

regular a tomada de decisão emocional, bem como processar emoções 28,87–89.

Ademais, os feedbacks dos sinais corporais internos estão relacionados com a

autorregulação da atividade física 16,17.

5 MATERIAIS E MÉTODOS

Nosso estudo tem caráter de pesquisa experimental com delineamento cruzado.

Na qual, foram convidados para participar do estudo, alunos do ensino médio do IFRN

– Campus Ipanguaçu, com idade de 14 a 17 anos e do sexo masculino (esse quesito

pelo fato do sexo ser fator influenciador sobre a interocepção). Para serem incluídos

no estudo, os voluntários precisavam atender os seguintes critérios: apresentar a

autorização dos responsáveis através do termo de consentimento livre e esclarecido e

o termo de assentimento livre e esclarecido; não fazer uso de medicamentos que

alterasse as respostas fisiológicas cardiovasculares ao exercício e/ou percepção de

fadiga; serem do sexo masculino, idade entre 14 a 17 anos; que não fossem atletas

de alta competitividade (integrantes de clubes amadores ou profissionais). e ser do

sexo masculino. Foram excluídos do estudo: voluntários que apresentaram alterações

musculoesqueléticas, sinais e/ou sintomas que impediram a realização das avaliações

propostas, hipertensos e a não participação em algum dos procedimentos do estudo.

Utilizamos o software Gpower versão 3.1.9.2 (Universität Kiel, Kiel, Alemanha) para

calcular o tamanho adequado da amostra para um teste t independente com os

seguintes critérios: (a) potência = 0,8; (b) tamanho do efeito d = 0,95 (calculado após

os resultados de Herbert et al. 16); (c) probabilidade de erro α = 0,05; e (d) taxa de

alocação N2 / N1 = 1. Assim, o tamanho da amostra necessário para atingir 80% de

poder foi de 15 participantes em cada grupo (30 no total). A amostra do estudo foi

composta por 45 adolescentes do sexo masculino com idade média de 15,55 ± 0,78

anos. Sendo agrupados no estudo número um pela acurácia interoceptiva, no grupo

18

de AAI e BAI. No estudo dois, separados em grupos através da consciência

interoceptiva, no grupo de ACI e BCI.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (CEP/UFRN), parecer número 2.054.692. Todos os

participantes foram instruídos a não realizarem exercícios físicos e a não ingerirem

bebidas cafeinadas durante as 24 horas que antecederam os procedimentos

experimentais. Os participantes após terem sido informados sobre os riscos,

benefícios e procedimentos do estudo obtiveram assinatura do responsável no Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), conforme Resolução 466/12 do

Conselho Nacional de Saúde do Brasil90, e foram submetidos aos procedimentos

experimentais.

5.1 Desenho experimental

As coletas de dados ocorreram na escola dos voluntários, em cinco visitas com

intervalo mínimo de uma semana. Na primeira visita, foram apresentados os riscos, os

benefícios e os procedimentos do estudo, e solicitado ao responsável a assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e ao voluntário a assinatura do

Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), aprovando a participação do

voluntário no estudo. Na segunda visita, os voluntários foram submetidos à anamnese,

avaliação antropométrica, avaliação do nível maturacional, nível de estresse,

ansiedade e depressão e o questionário de preferência e tolerância da intensidade de

exercício. Na terceira visita, realizaram a medida de variabilidade da frequência

cardíaca em repouso, o teste de detecção dos batimentos cardíacos e um teste de

aptidão aeróbia (Teste de Legér)91. Na quarta e quinta visita, realizaram o protocolo de

exercício aeróbio que consistia em 10 minutos de corrida, em volta da quadra de

voleibol. A diferença de uma visita para a outra se encontrou na instrução fornecida,

em uma foi orientado a percorrer a maior distancia possível (Instrução Máximo): “você

tem 10 minutos para dar o maior número de voltas que conseguir”; na outra foi

orientado a um exercício livre (Instrução Livre): “você tem 10 minutos de exercício”

19

(figura 1). Durante o teste foi monitorada a frequência cardíaca, a distância percorrida,

a percepção subjetiva de esforço e a resposta afetiva. Além disso, indivíduos que se

apresentaram indispostos no momento dos testes, foram automaticamente

remarcados, para amenizar qualquer influência motivacional.

Figura 1. Desenvolvimento cronológico das visitas e avaliações.

5.2 Fluxo dos participantes

20

Figura 3. Fluxograma da seleção da amostra

21

5.2 Procedimentos

5.2.1 Avaliação antropométrica

Uma balança digital (Welmy – modelo H110) com estadiômetro acoplado foi

utilizada para mensuração da massa e da estatura corporal. O índice de massa

corporal (IMC) foi calculado considerando-se o quociente entre a massa corporal em

quilogramas e a estatura em metros ao quadrado.

5.2.2 Nível de depressão, estresse e ansiedade

A Escala de depressão, ansiedade e estresse (DASS-21; Depression Anxiety

and Stress Scale) foi desenvolvida por Lovibond e Lovibond92 com o objetivo de medir

e diferenciar, os sintomas de ansiedade e depressão. A escala se agrupa em três

estruturas básicas. Uma primeira, (a) definida pela presença de afeto negativo, como

humor deprimido, insônia, desconforto e irritabilidade, que são sintomas inespecíficos

e estão incluídos tanto na depressão como na ansiedade; a segunda engloba (b)

fatores que constituem estruturas que representam sintomas específicos para

depressão (anedonia, ausência de afeto positivo); por fim, a terceira estrutura faz

referência aos (C) sintomas específicos de ansiedade (tensão somática e

hiperatividade). Este questionário é devidamente validado para língua portuguesa 93.

O questionário foi aplicado em forma individualizada com objetivo de assegurar a

integridade dos voluntários.

5.2.3 Preferência e tolerância da intensidade do exercício físico

O questionário de Preferência e Tolerância da Intensidade do Exercício Físico

(PRETIE-Q) foi utilizado para verificar as diferenças individuais em preferência e

tolerância à intensidade de exercício de cada indivíduo, no intuito de controlar essa

variável que pode exercer influência sobre a regulação do esforço físico durante os

testes de corrida. Este questionário é devidamente validado para língua portuguesa 94.

22

Composta por 16 afirmações, no qual os sujeitos devem marcar a resposta que

descreve melhor o que acredita e como se sente em uma escala do tipo likert de 1 (eu

discordo plenamente) a 5 (eu concordo plenamente). O questionário foi aplicado em

forma individualizada com objetivo de assegurar a integridade dos voluntários.

5.2.4 Maturação somática

O nível de maturação somática95 dos indivíduos foi avaliado através de medidas

de idade cronológica (IC), comprimento de pernas (CP), estatura total (E), altura tronco

encefálica (ATC) e massa corporal (MC)95. Esse método de avaliação estima o tempo

que o indivíduo está do pico de velocidade de crescimento (PVC), onde o valor zero

significa o início do PVC e os valores negativos e positivos significam os anos que

faltam ou passaram do PVC. Portanto, o valor -1 mostra que falta um ano,

aproximadamente, para o sujeito alcançar o PVC e o valor 1 significa que o PVC já

começou há um ano. A fórmula para predição dos anos até o PVC para meninos é: -

9,236 + [0,0002708 x (CP x ATC)] + [-0,001663 x (IC x CP)] + [0,007216 (IC x ATC)] +

[0,02292 x (MC/E)]. Esta avaliação vem sendo utilizada em outros estudos com

crianças e adolescentes como alternativa aos métodos mais invasivos de detecção do

nível maturacional 96,97.

5.2.5 Avaliação da frequência cardíaca em repouso

A frequência cardíaca de repouso (FCrep) foi considerada o valor médio do

trecho de cinco minutos mais estável dos iRR. Os sinais dos intervalos R-R (iRR) foram

registrados através do cadiofrequencímetro (RS800CX training computer, Polar®,

Finland). O registro dos ciclos cardíacos foi realizado durante 10 minutos com os

voluntários em decúbito dorsal sem realizar movimentos.

5.2.6 Acurácia interoceptiva

23

O método utilizado para quantificar a acurácia interoceptiva cardíaca consiste

em estimar a quantidade de batimentos cardíacos sem manipulação tátil de forma

intrínseca, conhecida como teste de detecção dos batimentos cardíacos (TDBC). Esse

método foi realizado através do programa Interoception Testing, desenvolvido pela

Sarah Garfinkel, utilizando um kit de desenvolvimento Monin OEM: Oxímetro (sensor

de dedo) e Xpod. Este método, foi realizado com o individuo deitado, submetendo-o a

estimar a quantidade de batimentos cardíacos, durante seis contagens de tempo, que

variam entre 20 a 50s aleatorizados pelo programa (Interoception Testing). A

quantidade de batimentos cardíacos estimado pelo sujeito, dentro destes períodos de

tempo, é comparada com a medida real de batimentos cardíacos registrados por meio

do sensor de dedo. Os valores estimados e reais são plotados em fórmula

matemática35 (figura 2).

𝐴𝐶Schandry = 1 − |∑BCreal − ∑BCestimado|

∑BCreal 𝑥 100

Figura 2. Fórmula matemática do cálculo de acurácia cardíaca. ACSchandry = Medida de acurácia

cardíaca pelo método de Schandry de contagem dos batimentos. Σ BCreal = Soma dos batimentos

cardíacos reais. Σ BCestimado = Soma dos batimentos cardíacos estimados.

Nesse sentido de acordo com a literatura, indivíduos que tenham uma

porcentagem de acerto ≥ 85% são classificados como alta acurácia interoceptiva (bons

percebedores), e os indivíduos que apresentarem acerto ≤ 84% são classificados como

baixa acurácia interoceptiva (ruins percebedores)17,35,89.

5.2.7 Sensibilidade interoceptiva

A medida subjetiva foi verificada através da autopercepção de desempenho no

teste de detecção dos batimentos cardíacos, que aconteceu após o teste, sendo

questionado ao voluntário se ele achava que obteve bom ou mau desempenho durante

o teste. Essa medida dicotômica é classificada como medida de confiança, no qual o

individuo relata sobre sua autopercepção em ser bom ou ruim em percepção as

informações corporais3.

24

5.2.8 Consciência interoceptiva

O método utilizado para avaliar a consciência interoceptiva é representado pela

relação da sensibilidade com a acurácia interoceptiva. Essa abordagem utiliza uma

representação gráfica, a Característica de Operação do Receptor (curva ROC), que

ilustra a relação entre a sensibilidade e especificidade de um teste diagnóstico

quantitativo sobre um sistema classificador binário. Nesse sentido, a consciência

interoceptiva é quantificada como uma medida de grau em que a acurácia interoceptiva

é prevista pela confiança subjetiva na tarefa de autorrelato, usando uma área sob a

curva ROC4. Dessa forma, a curva ROC gerou um p valor e um ponto de corte através

da relação desses dois métodos, levando a uma nova classificação dos grupos, na

qual está representada na etapa 2. Esse procedimento disponibiliza um ponto de corte

para classificar os grupos em alta consciência e baixa consciência interoceptiva,

baseada nas respostas de sensibilidade e acurácia da amostra.

5.2.9 Percepção subjetiva de esforço

A PSE pode ser definida como a intensidade subjetiva de esforço, tensão,

desconforto e ou fadiga experimentada durante a realização de exercício físico98. No

presente estudo, as respostas perceptuais durante a realização do exercício físico foi

verificada através da escala de PSE de Borg 6-2099. Esse instrumento de classificação

subjetiva do esforço é uma escala categórica composta por 15 pontos, que varia do

extremo mínimo 6 (“nenhum esforço”) até extremo máximo 20 (“esforço máximo”). Os

procedimentos descritos por Robertson e Noble foram adotados para utilização da

escala de PSE. A familiarização desta escala foi realizada durante o teste de esforço

máximo, durante o teste de corrida o voluntário carregava a escala na mão.

5.2.10 Escala de sensação (prazer/desprazer)

A resposta afetiva é um componente básico das respostas contrastantes

emocionais intensas e de curto prazo. Neste estudo, foi definida operacionalmente

25

como descritor de respostas positivas (prazer) e negativas (desprazer) em relação à

intensidade de realização do exercício físico. A resposta afetiva foi avaliada através da

escala de sensação de Hardy e Rejeski100. Esse instrumento é uma escala de Likert

bipolar composta de 11 pontos, variando entre +5 (“muito bom”) a -5 (“muito ruim”).

Durante o teste de corrida o voluntário carregava a escala na mão.

5.2.11 Teste Incremental

O teste de aptidão aeróbia multi-estágio de Léger91 foi utilizado para verificar o

nível de condicionamento, a velocidade máxima de corrida e a frequência cardíaca

máxima dos indivíduos. O teste de Léger consiste em correr uma distância de 20m em

ciclo de vai e vem, com velocidade inicial de 8 km/h durante 1 minuto e incremento de

0,5 km/h a cada minuto, sendo o ritmo marcado por sinais sonoros que deve ser

acompanhado pelos avaliados. A desistência voluntária ou o não cumprimento

consecutivo de dois trechos de 20m simultâneo ao sinal sonoro foram considerados

como fadiga voluntária e o teste será finalizado. O número da última volta completada

foi marcado para predizer o VO2máx através da equação: VO2máx (ml.kg-1.min-1) =

31,025 + 3,238V + 0,1536V x idade. Onde V= velocidade máxima obtida no teste (km.h-

1); Idade= idade em anos.

5.2.12 Testes de corrida

Os dois protocolos experimentais foram realizados de forma aleatória e cruzada,

em dias diferentes com intervalo mínimo de uma semana. Como também, foram

realizados de forma individual. A intensidade nos dois testes foi autosselecionada,

entretanto, em um o indivíduo foi instruído a percorrer a maior distância possível em

10 minutos (“você tem 10 minutos para percorrer a maior distância que conseguir”) e

no outro instruídos a se exercitar por 10 minutos (“você tem 10 minutos de exercício

físico”). Em ambas as condições os voluntários caminharam/correram ao redor de uma

quadra de vôlei (9m de largura e 18m de comprimento) durante 10 minutos. A cada 2

26

minutos, registrou-se a PSE por meio da escala de Borg 6-20101 e a resposta afetiva

por meio da Feeling Scale100. Ao final dos 10 minutos foi mensurada a distância total

percorrida, a partir da qual foi calculada a velocidade média durante a realização do

teste.

A FC foi continuamente registrada através do cadiofrequencímetro (RS800CX

training computer, Polar®, Finland) e a FC média dos últimos cinco segundos anteriores

aos minutos 2, 4, 6, 8 e 10 foram utilizados para análise estatística. Foi calculado a

%FCreserva total de cada teste de corrida a partir dos valores médios para descrever

a intensidade na qual a sessão de exercício físico foi realizada.

5.3 Análise Estatística

A normalidade dos dados foi testada pelo teste Shapiro-Wilk, assimetria e

curtose. Para cálculo da curva ROC, foi realizado o mapeamento da acurácia

interoceptiva sob a classificação da sensibilidade interoceptiva, obtendo a relação das

variáveis através da área da curva, para esse procedimento foi utilizado o programa

MedCalc. O Teste t para amostra independente verificou as diferenças, entre os

grupos, nas variáveis de caracterização e a distância percorrida em cada exercício, os

dados classificados como normais foram representados em média e desvio padrão.

Foi calculado o tamanho de efeito através do g de Hedges, para extrapolação quanto

a magnitude das comparações. Para dados não normais, foi realizado o Teste de

Mann-Whitney U, sendo apresentados em mediana e intervalo entre quartis. Para

comparar as variáveis (PSE e Afeto) mensuradas durante o exercício físico em vários

momentos, foi utilizada as Equações de Estimativa Generalizadas (GEE) (2 x 5), sendo

dois grupos definidos pela interocepção (etapa um: acurácia; etapa dois: consciência)

e cinco momentos durante o exercício (2°, 4°, 6°, 8°, 10° minutos). Para todos os testes

foi adotado um nível de significância p<0,05.

27

6 RESULTADOS

Foram realizados dois tipos de análise dos resultados, na etapa 1 as variáveis

foram analisadas separando os grupos quanto a acurácia interoceptiva. Na etapa 2 as

analises foram realizadas após alocação dos grupos quanto a consciência

interoceptiva.

ETAPA 1 - Acurácia Interoceptiva

A tabela 1 apresenta a estatística descritiva das medidas psicológicas, físicas e

fisiológicas da amostra na etapa 1. Nesse estudo, o ponto de corte para classificar os

indivíduos em alta ou baixa acurácia foi 85% de acerto no TDBC.

Tabela 2 - Caracterização da amostra alocados pela acurácia interoceptiva cardíaca.

AAI

(n=20)

BAI

(n=25) p

TDBC (%) 91,85 ± 3,19 42 ± 27,23 0,000*

Idade ± ±

PVC 0,47 ± 0,59 0,41 ± 0,62 0,743

Massa corporal (kg) 65,19 ± 11,15 67,37 ± 11,31 0,521

Estatura (m) 1,72 ± 0,05 1,72 ± 0,05 0,919

IMC (kg.m-2

) 21,89 ± 3,02 22,75 ± 3,68 0,403

FCrep (bpm) 81,55 ± 14,74 82,91 ± 13,58 0,226

VO2máx (ml.kg-1.min-1) 40,73 ± 4,91 43,56 ± 6,48 0,113

Estresse 4,3 ± 3,57 4,44 ± 2,34 0,881

Ansiedade 2,55 ± 2,39 2,8 ± 2,25 0,572

Depressão 3,95 ± 4,47 3,6 ± 2,91 0,898

28

Preferência 25,5 (24,0 – 27,75) 27,0 (23,0 – 29,5) 0,153

Tolerância 24,35 ± 2,7 24,48 ± 2,61 0,861

AAI – Alta Acurácia Interoceptiva; BAI – Baixa Acurácia Interoceptiva; TDBC – Teste de Detecção dos

Batimentos Cardíacos; PVC – Pico de Velocidade de Crescimento; IMC – índice de massa corporal;

VO2máx – Volume Máximo de Oxigênio; FCrep – frequência cardíaca de repouso; Dados expressos

em média e desvio padrão. Dados em mediana (quartil 25 – quartil 75);

A figura 4 apresenta a distância percorrida entre os grupos de alta e baixa

acurácia interoceptiva. E as figuras 5, 6 e 7 apresentam o comportamento do

percentual da frequência cardíaca, a PSE e a resposta afetiva, respectivamente,

durante os dois testes de corrida a cada 2 minutos com instrução livre e com instrução

máximo, dos voluntários. Ao comparar os grupos no exercício com instrução máxima

o grupo BAI percorreu uma maior distância do que o grupo AAI (1628,96 ± 321,56 m

vs. 1446,7 ± 235,19; p = 0,04; g = 0,64). Esse mesmo comportamento foi visto ao

comparar o grupo BAI e AAI (1226,44 ± 247,98 m vs. 1081,45 ± 156,48 m; p= 0,022;

g=0,70) em exercício com instrução livre.

Figura 4. Comparação da distância percorrida, entre os grupos, em exercício com instrução

livre e com instrução para o máximo, AAI (n=20) e BAI (n=25). * Diferença estatisticamente

significante p<0,05; AAI – Alta acurácia interoceptiva; BAI – Baixa acurácia interoceptiva.

29

A figura 5 mostra a resposta fisiológica do percentual da frequência cardíaca

reserva durante os dois testes de corrida, apresentada pelos dois grupos a cada dois

minutos. Os grupos com AAI e BAI apresentaram média de percentual de frequência

cardíaca máxima semelhante durante o teste com instrução livre (56,74 ± 24,06 vs.

50,8 ± 18,86; p = 0,359; g= 0.282), correspondente, e no teste com instrução máxima

(82,67 ± 7,3 vs. 80,75 ± 6,96; p = 0,373; g= 0.304), respectivamente.

Figura 5. Percentual da frequência cardíaca reserva dos grupos, nos exercícios

(instrução livre e instrução máxima), AAI (n=20) e BAI (n=25).

A Figura 6 mostra a resposta da PSE durante os testes de corrida reportados

pelos dois grupos a cada dois minutos. Durante o teste com instrução livre, houve

efeito significativo no tempo [W(4)= 41,191; p<0,0005], e do grupo [W(1)= 8,012; p=

0,005]. Entretanto, não foi significativo na interação grupo e tempo [W(4)= 5,708;

p=0,222]. A diferença apontada pelo efeito do grupo, no segundo minuto [11,2 (10,66

– 11,76) vs. 9,2 (8,5 – 9,94)] e quarto minuto [11,65 (11,01 – 12,32) vs. 10,36 (9,51 –

30

11,28)] o grupo AAI reportaram PSE maiores comparado ao grupo BAI,

respectivamente. Entretanto, a partir do sexto minuto os grupos apresentaram PSE

semelhante. No teste em que foi realizada a instrução máxima, houve efeito

significativo do tempo [W(4)= 70,051; p<0,0005]. Entretanto não houve diferença

significativa entre os grupos [W(1)= 1,325; p= 0,25], como também não apresentou

interação grupo e tempo [W(4)= 2,572; p= 0,632]

Figura 6. Comparação da percepção subjetiva de esforço, entre os grupos, durante exercício

com instrução livre e com instrução para o máximo, AAI (n=20) e BAI (n=25). AAI – Alta

acurácia interoceptiva; BAI – Baixa acurácia interoceptiva; PSE – Percepção subjetiva de

esforço (Borg 6-20).

A Figura 7 mostra o comportamento da resposta afetiva durante os testes de

corrida apresentada pelos dois grupos a cada dois minutos. No teste com instrução

livre, houve efeito significativo do tempo [W(4)= 34,027; p<0,0005], sendo diferente,

nos dois grupos, em todos os momentos ao longo do tempo. Contudo, não houve efeito

significativo da interação grupo e tempo [W(4)= 1,278; p=0,865] nem

efeito do grupo [W(1)= 3,471; p= 0,062]. No exercício com instrução máxima houve

efeito do tempo [W(4)= 66,495; p<0,0005], sendo diferente em todos os momentos ao

31

longo do tempo nos dois grupos. No entanto, não houve diferença significativa entre

os grupos [W(1)= 1,207; p= 0,272], como também não apresentou interação grupo e

tempo [W(4)= 2,141; p= 0,71].

Figura 7. Comparação da resposta afetiva, entre os grupos, durante exercício com instrução

livre e com instrução para o máximo, AAI (n=20) e BAI (n=25). AAI – Alta acurácia

interoceptiva; BAI – Baixa acurácia interoceptiva; PSE – Percepção subjetiva de esforço.

32

ETAPA 2 – Consciência Interoceptiva

A tabela 4 apresenta a estatística descritiva das medidas psicológicas, físicas e

fisiológicas da amostra do estudo dois. Nesse estudo o ponto de corte para classificar

os indivíduos em alta e baixa consciência foi 50% da TDBC.

Tabela 3 - Caracterização da amostra quanto a consciência interoceptiva.

ACI

(n=28)

BCI

(n=17) p

TDBC (%) 89,5 (81,2 – 93,0) 26,0 (17,0 – 33,5) 0,000*

Idade (anos)

PVC 0,43 ± 0,56 0,45 ± 0,69 0,906

Massa corporal (kg) 67,56 ± 11,81 64,5 ± 10,06 0,378

Estatura (m) 1,71 ± 0,04 1,72 ± 0,05 0,474

IMC (kg.m-2

) 22,88 ± 3,71 21,53 ± 2,68 0,2

FCrep (bpm) 81,89 ± 13,80 84,05 ± 13,44 0,569

VO2máx (ml.kg-1.min-1) 41,43 ± 5,26 43,75 ± 6,84 0,208

Estresse 6,25 ± 5,05 3,7 ± 2,82 0,06

Ansiedade 2,42 ± 2,34 3,11 ± 2,2 0,231

Depressão 3,78 ± 4,04 3,7 ± 2,99 0,798

Preferência 26,32 ± 2,76 25,82 ± 3,84 0,616

Tolerância 24,35 ± 2,45 24,52 ± 2,96 0,892

ACI – Alta Consciência Interoceptiva; BCI – Baixa Consciência Interoceptiva; TDBC – Teste

de Detecção dos Batimentos Cardíacos; PVC – Pico de Velocidade de Crescimento; IMC –

índice de massa corporal; VO2máx – Volume Máximo de Oxigênio; FCrep – frequência

33

cardíaca de repouso; Dados expressos em média e desvio padrão. Dados em mediana (quartil

25 – quartil 75);

A figura 8 apresenta os grupos de alta e baixa consciência interoceptiva, quanto

à distância percorrida, em exercício com instrução livre e com instrução para o máximo.

Ao comparar os grupos em exercício com instrução máximo o grupo BCI percorreu

uma maior distância do que o grupo ACI (1673,23 ± 340,68 m vs. 1471,89 ± 244,64 m;

p = 0,026; g = 0,69). Todavia, no exercício com instrução livre os grupos BCI e ACI

apresentam comportamento semelhante(1232,58 ± 260,26) m vs. 1119,14 ± 188,05 m;

p = 0,097; g = 0,51).

Figura 8. Comparação da distância percorrida, entre os grupos, em exercício com instrução

livre e com instrução para o máximo, ACI (n=28) e BCI (n=17). Diferença estatisticamente

significante p<0,05; ACI – Alta consciência interoceptiva; BCI – Baixa consciência

interoceptiva.

A figura 9 mostra a resposta fisiológica do percentual da frequência cardíaca

reserva durante os dois testes de corrida, apresentada pelos dois grupos a cada dois

minutos. Os grupos com ACI e BCI apresentaram média de percentual de frequência

34

cardíaca máxima semelhante durante o teste com instrução livre respectivamente

(54,28 ± 22,43 vs. 52,05 ± 19,83; p = 0,738; g= 0.093), e no teste com instrução máxima

(82,63 ± 6,4 vs. 79,93 ± 7,96; p = 0,22; g= 0.461), respectivamente].

Figura 9. Percentual da frequência cardíaca reserva dos grupos, nos exercícios

(instrução livre e instrução máxima), ACI (n=28) e BCI (n=17).

A Figura 10 mostra a resposta da PSE durante os testes de corrida reportado

pelos dois grupos a cada dois minutos. Durante o teste com instrução livre, houve

efeito significativo no tempo [W(4)= 35,509; p<0,0005], sendo diferente em todos os

momentos ao longo do tempo, e no grupo [W(1)= 4,634; p= 0,031]. Entretanto, não foi

significativo na interação grupo e tempo [W(4)= 2,508; p=0,643]. A diferença apontada

pelo efeito do grupo, aconteceu no segundo minuto [10,60 (10,01 – 11,23) vs. 9,23 (8,3

– 10,19)] o grupo AAI reportaram PSE maiores comparado ao grupo BAI,

respectivamente, no entanto a partir do quarto minuto os grupos apresentaram PSE

semelhante. No teste em que foi realizada a instrução máxima, não houve efeito

significativo do grupo [W(1)= 2,347; p=0,126]. Apesar disso, foi encontrado efeito

significativo do tempo [W(4)= 76,268; p< 0,0005] e apresentou interação grupo e tempo

[W(4)= 11,075; p= 0,026], os grupos apresentam comportamentos diferentes no quarto

35

minuto, no qual o grupo ACI apresenta um aumento atenuado da PSE, quando

comparado ao grupo BCI [13,53 (12,84 – 14,26) vs. 12,0 (11,13 – 12,92)], a partir do

sexto minuto em diante e no segundo minuto, os grupos apresentam comportamento

semelhante.

Figura 10. Comparação da percepção subjetiva de esforço, entre os grupos, durante exercício

com instrução livre e com instrução para o máximo, ACI (n=28) e BCI (n=17). ACI – Alta

consciência interoceptiva; BCI – Baixa consciência interoceptiva; PSE – Percepção subjetiva

de esforço (Borg 6-20).

A Figura 11 mostra o comportamento da resposta afetiva durante os testes de

corrida, a cada dois minutos, apresentada pelos dois grupos. Em exercício com

instrução livre, foi encontrado efeito significativo do tempo [W(4)= 36,461; p<0,0005],

sendo diferente, nos dois grupos, em todos os momentos ao longo do tempo. Contudo,

não houve efeito significativo da interação grupo e tempo [W(4)= 3,293; p=0,510] nem

efeito do grupo [W(1)= 3,705; p= 0,054]. No exercício com instrução máxima houve

efeito do tempo [W(4)= 61,18; p<0,0005], sendo diferente em todos os momentos ao

longo do tempo nos dois grupos. No entanto, não houve diferença significativa entre

36

os grupos [W(1)= 2,846; p= 0,092], como também não apresentou interação grupo e

tempo [W(4)= 4,054; p= 0,399]

Figura 11. Comparação da resposta afetiva, entre os grupos, durante exercício com instrução

livre e com instrução para o máximo, ACI (n=28) e BCI (n=17). ACI – Alta consciência

interoceptiva; BCI – Baixa consciência interoceptiva; PSE – Percepção subjetiva de esforço.

37

7 DISCUSSÃO

O objetivo desse estudo foi verificar, em adolescentes, a influência da

interocepção (acurácia – etapa 1; consciência – etapa 2) sobre a regulação do esforço

físico e respostas psicofisiológicas durante duas condições de exercício, que

apresentam, entre elas, diferentes instruções. Os principais achados da etapa 1

mostram que os sujeitos com BAI percorreram maior distância, tanto em exercício com

instrução livre como na condição com instrução para realizar o esforço máximo,

obtendo a mesma resposta de PSE, afeto e frequência cardíaca de reserva comparado

aos sujeitos com AAI. Curiosamente, na etapa 2 do estudo, foi verificado semelhante

comportamento durante a instrução máxima, na qual o grupo com BCI percorreu maior

distância com mesmas respostas de PSE, afeto e frequência cardíaca de reserva

comparado ao grupo ACI. Entretanto, em exercício com instrução livre, os grupos de

ACI e BCI apresentaram comportamento semelhante tanto para a distância percorrida

como as respostas de PSE, afeto e frequência cardíaca de reserva.

A etapa 1 do estudo, reforça os achados de Herbert et al16 classificou os

indivíduos em dois grupos: AAI e BAI. Os participantes pedalaram em bicicleta

ergométrica durante 15 minutos e ficaram livres para escolher o ritmo da atividade.

Herbert et al. Constatou que os indivíduos com AAI adotaram um esforço físico menor

quando comparado aos sujeitos com BAI, reforçando o comportamento encontrado no

presente estudo no teste de corrida com instrução livre. Em que os indivíduos que são

bons percebedores dos batimentos cardíacos (AAI) selecionam um menor esforço

físico para a mesma resposta psicofisiológica, quando comparados aos maus

percebedores (BAI). O estudo de Pennebaker e Lightner1 (estudo 1), demonstrou que

para uma carga de corrida fixa os indivíduos reportaram uma maior percepção de

fadiga ao correr escutando o som de uma respiração ofegante. Nosso estudo reforça

esse resultado, no sentido inverso das respostas, ao dar a liberdade da autosseleção

do ritmo de corrida as respostas perceptuais se tornam semelhantes entre os

indivíduos.

Nossos resultados estão em consonância com os observados na literatura.

Apesar de que durante a prática de exercício físico as intensificações dos feedbacks

38

interoceptivos ocorram de forma similar em ambos os grupos, Schandry et al. 102

sugerem que bons percebedores têm uma melhor percepção dos feedbacks cardíacos

tanto em repouso quanto durante o aumento gradual do esforço físico. Nesse setido o

grupo AAI demonstra essa percepção dos sinais interoceptivo ao longo do exercício

físico, sendo que mais cedo que o grupo de BAI, a percepção desses sinais

interoceptivos influenciam o momento da escolha do ritmo de corrida.

Esse comportamento diferenciado entre os grupos, pode ser explicado pela

teoria do marcador somático de Damasio6,7, enfatiza o importante papel dos feedbacks

corporais em processos comportamentais. Damasio5 propõe que os processos

emocionais guiam o comportamento, particularmente a tomada de decisão. Os

“marcadores somáticos” são as alterações viscerais, sendo elas de forma consciente

e/ou inconsciente que são associadas as emoções, como exemplo a taquicardia com

ansiedade, ou com o medo, de acordo com a experiência de cada indivíduo. Nesse

sentido, essas alterações interoceptivas influenciam fortemente a tomada de decisão

subsequente. A nível cerebral, acredita-se que essas alterações interoceptivas são

processadas no córtex pré-frontal, amígdala, insula e hipocampo. Isso porque, a

capacidade dos sujeitos em realizar o pensamento abstrato de maneira rápida e

eficiente, como também o processamento e formação de emoções coincide com o

desenvolvimento dessas áreas e com o uso dos marcadores somáticos para guiar o

comportamento humano6,103. Babo-Rebelo104 relata o papel do monitoramento neural

dos sinais corporais internos sobre a autoconsciência. Os autores fornecem a

importância da insula anterior direita quanto a codificação de pensamentos

relacionados através do monitoramento da função cardíaca, reafirmando que esses

marcadores somáticos direcionam a atenção para opções mais vantajosas,

simplificando o processo de decisão. A cada nova exposição a situações semelhantes,

o indivíduo leva em consideração experiências anteriores. Portanto, as alterações

fisiológicas (por exemplo, a contração muscular, frequência cardíaca, postura,

expressão facial, entre outros) ocorrem no corpo e são transmitidas para o cérebro,

onde são transformadas numa emoção, essa transmite algo ao indivíduo sobre o

estímulo a qual foi exposto. Com o tempo, as emoções (e as respetivas mudanças

39

corporais) ficam associadas a situações específicas e a determinados resultados

passados (memórias)5.

Ademais, na tarefa em que a instrução foi desempenhar o esforço máximo, os

indivíduos com AAI também optaram por um menor ritmo e, portanto, percorreram

menor distância, do que o grupo BAI. Esse resultado contrapõe achados da Georgiou

et al. 17, realizado com crianças em exercício de esforço máximo, no qual o grupo AAI

percorreu uma maior distância do que o grupo BAI17. Essa divergência de resultado

pode ser explicada, porque no referido estudo o grupo AAI foi também o grupo mais

ativo fisicamente, e no presente estudo os grupos apresentaram aptidão aeróbia

semelhantes. Outro fator que pode explicar essa divergência é que durante o

desenvolvimento infantil existem melhorias do córtex pré-frontal ao longo da idade

como a velocidade de processamento, a habilidade de usar estratégias e a capacidade

de manipular e monitorar informações e essas habilidades ainda sofrem mudanças

marcantes dos 3 aos 11 anos105, faixa etária essa das crianças do estudo da Georgiou

et al. 17.

Contudo, uma questão que pode ser lançada sobre os nossos resultados é a

respeito de como a distância foi diferente tendo em vista que as respostas

psicofisiológicas foram semelhantes. Acreditamos que este resultado está associado

a escolha do ritmo dos grupos. É visto que a PSE tem se mostrado relevante na

regulação da intensidade durante o exercício físico 106. Curiosamente para as mesmas

respostas de PSE os indivíduos com AAI associam, aquela resposta perceptual, a um

ritmo de corrida menor do que o grupo BAI. Adicionalmente, a intensificação das

sensações aferentes através dos feedbacks metabólicos, provocando sensações

desagradáveis, desperta a consciência cognitiva e, também, aumenta a PSE e o

desprazer 79.

Concomitante, os grupos também não diferiram quanto a resposta fisiológica

(%FCreserva), isso pode ser explicado devido o processo de “retroalimentação”

durante o exercício. Por exemplo, antes de começar a tarefa os indivíduos traçam uma

estratégia para alcançar o objetivo da atividade, ao começar o exercício físico, o corpo

gera uma demanda fisiológica, essas informações interoceptivas quando percebidas

40

ajudam a autorregular a intensidade do exercício, fazendo com que o indivíduo

seleciona uma nova intensidade. Assim como, a semelhança das respostas

psicofisiológicas, entre os grupos, podem ser explicadas pela liberdade em

autosselecionar o ritmo do exercício, desencadeando na modulação tanto da resposta

fisiológica, quanto das respostas perceptuais. Isso pode ser visto tanto em exercício

com instrução livre, quanto em instrução máxima, o que nos faz entender que não

importando o objetivo da tarefa, os indivíduos com AAI mantem as respostas

perceptuais sobre controle, de forma que optam por um menor ritmo.

ETAPA 2

Na etapa 2 do estudo, na qual os grupos são agrupados através do nível de

consciência interoceptiva, observamos comportamento semelhante no teste de corrida

com instrução máxima, em que indivíduos com ACI demonstraram menor distância

percorrida. Esse comportamento pode ser explicado, porque ao se tornarem

conscientes do que estavam sentindo, autosselecionavam um esforço físico mais leve,

e o mais interessante os grupos apresentaram mesmas respostas psicofisiológicas.

No entanto, esse comportamento não acontece em exercício com instrução livre, no

qual os grupos apresentaram respostas psicofisiológicas e percorreram distancias

similares. É importante lembra que quando falamos de consciência interoceptiva,

falamos sobre um processo metacognitivo. Flavell e Wellman47 sugeriram que o

conhecimento metacognitivo se desenvolve através da consciencialização, por parte

do sujeito, sobre o modo como determinadas variáveis interagem influenciando as

atividades cognitivas. Para melhor esclarecimento, em contexto prático quando o

indivíduo realiza exercício físico, desencadeia diversos feedbacks interoceptivos

(cansaço, coração acelerado, dor muscular, respiração ofegante) que percebidos por

indivíduos mais acurados. Neste contexto, a consciência representa não apenas a

percepção deles, o indivíduo se torna consciente do que está acontecendo com o

corpo e o que aquilo significa (conhecimento do conhecimento).

41

O comportamento diferenciado entre os dois testes, pode ser explicado pela

teoria do modelo duplo25 o qual propõe que quando os indivíduos praticam exercício

físico abaixo do limiar ventilatório, há uma prevalência de fatores cognitivos, esses são

importantes no processamento das respostas perceptuais modulando o

comportamento durante a prática. No presente estudo, os indivíduos selecionaram

uma intensidade menor durante exercício com instrução livre, ou seja, realizaram o

teste com uma predominância de fatores cognitivos. Além disto, sabendo que a

consciência interoceptiva é uma consciência metacognitiva, Brown48 associa a

metacognição ao conhecimento sobre os próprios recursos cognitivos, sendo esses

essenciais no entendimento do que está acontecendo com o corpo, portanto a

prevalência de fatores cognitivos fortalece a consciência interoceptiva. Dunn et al.34

pontua que além de perceber as informações corporais, existe um ponto crítico

influenciador para a tomada decisão, ao perceber as informações interoceptivas, tudo

depende de como o indivíduo as interpreta. Se o individuo interpreta aquelas

informações como algo bom, ele tende a responder de forma positiva, o mesmo

acontece para o contrário. Essa interpretação pode ser modificada através das

experiências, por exemplo, o individuo gosta de fazer exercício físico, lhe dando bem

com aquelas informações, se dado momento aquelas informações forem associadas

a algo ruim, por causa de uma falha catastrófica, acredita-se que ele começa a mudar

sua interpretação sobre aquelas informações.

Desse modo, durante o exercício os indivíduos com alta consciência

interoceptiva, ao perceber aquela demanda interoceptiva, interpretavam ou tinha

consciência daquela prática como algo bom e, portanto, não sentiam a necessidade

de adotar um menor ritmo ou maior preservação. Como também a prevalência de

fatores cognitivos e exteroceptivo, diminuíam as chances das informações

interoceptivas exercerem tamanha influência sobre a regulação do teste. Todavia,

durante exercício com instrução máxima, diante da teoria do modelo-duplo, os

indivíduos possivelmente se exercitaram acima do limiar ventilatório, promovendo uma

prevalência dos fatores interoceptivos sobre a autosseleção do esforço físico.

42

Uma possível explicação para o grupo com ACI percorrerem uma menor

distância durante o teste de instrução máxima, é devido a prevalência dos fatores

interoceptivos nesta condição, os indivíduos mais conscientes dessa demanda

interoceptiva autorregularam o ritmo afim de manter as respostas psicofisiológicas

dentro de um padrão considerado adequado para a integridade homeostática em

detrimento dos estímulos motivacionais propostos durante a tarefa. Apesar da

intensidade do exercício mais intensa promover em ambos os grupos a prevalência de

fatores interoceptivos em decorrência da intensificação da sinalização aferente79,

indivíduos com alta consciência interoceptiva tomam consciência dessa intensificação

de uma forma mais rápida, autorregulando o esforço físico evitando uma falha

catastrófica.

Ao buscar entender os conceitos de interocepção e sua influência, chego a

conclusão que a acurácia pode afirmar se o indivíduo é um bom percebedor ou não, e

a consciência é a forma na qual ele entende aquelas informações. E apesar do objetivo

da tarefa, os indivíduos do grupo ACI conscientes da demanda interoceptiva percebida

e processada, optavam por selecionar um menor esforço físico e, portanto, uma maior

preservação durante o teste.

Nosso estudo, abrange as pesquisas quanto a uma população (adolescente)

pouco estudada que demonstra ter relação quanto a escolha de estilo de vida futuro.

Trazendo, portanto, uma variável que nos últimos anos demonstra ter influencia sobre

o exercício físico, na tentativa de entender uma possível barreira que pode levar o

adolescente desistir da prática regular de exercício físico. Nosso estudo não afirma tal

pensamento, no entanto abre novos pensamentos quanto a essa influencia

interoceptiva sobre a aderência ao exercício físico em um período da vida de extrema

importância comportamental. Sendo assim identificamos limitações como entender o

foco de atenção dos indivíduos durante a prática (pensamento associativo e

dissociativo), como fatores motivacionais, velocidade durante o teste para investigar o

pace dos grupos e o controle do ambiente externo.

43

8 CONCLUSÃO

Concluímos que os adolescentes com alta acurácia interoceptiva demonstraram

maior preservação durante o exercício físico, independente da instrução utilizada.

Contudo, indivíduos com alta consciência interoceptiva apresentaram maior

preservação apenas em exercício com instrução máxima.

Portanto, diante dos resultados encontrados, a interocepção apresenta

influência sobre a autorregulação durante exercício físico, independente das respostas

perceptuais. Demonstrando que ao estar em sintonia com as informações corporais, a

habilidade interoceptiva leva a um gerenciamento eficiente e mais eficaz de sua

energia, para uma maior preservação.

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54

APÊNDICE I – Termo de assentimento livre e esclarecido (TALE)

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)

Você está sendo convidado a participar da pesquisa A INFLUÊNCIA DA

INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO EM ADOLESCENTES,

coordenada pelo professor Marília Padilha Martins Tavares – (84) 99851-8483. Seus pais

permitiram que você participe.

Queremos saber se você sente o mesmo cansaço, durante o exercício físico, que o seu

colega e como você controla a sua velocidade durante a corrida.

Você só precisa participar da pesquisa se quiser, é um direito seu e não terá nenhum

problema se desistir. As crianças que irão participar desta pesquisa têm de 12 a 17 anos de

idade.

A pesquisa será feita no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Rio Grande do Norte – Campus Ipanguaçu, onde as crianças irão se pesar, verificar a altura

e medidas do corpo, pressão arterial, verificar a frequência do coração, farão um teste que

conta os batimentos do coração, um teste de saliva – que terão que cuspir em um copinho –

e três testes de corrida, o primeiro teste você correrá até o máximo que puder e o segundo e

terceiro você escolherá a velocidade que vai correr durante 10 minutos. Para isso, será usado

balança, fita métrica, um relógio que verifica a frequência do coração, um aparelho de pressão

arterial e uma escala, ele é considerado seguro, mas é possível ocorrer cansaço e tontura

depois do teste que corre o máximo que puder. Caso aconteça algo errado, você pode nos

procurar pelos telefones que tem no começo do texto. Mas há coisas boas que podem

acontecer como descobrir o seu condicionamento físico, a intensidade (velocidade) ideal dos

exercícios, se você consegue perceber as informações do corpo mais ou menos que os outros,

sua condição cardiovascular, entre outros.

Todos os testes da pesquisa serão realizados no horário da aula de educação física.

Ninguém saberá que você está participando da pesquisa; não falaremos a outras pessoas,

nem daremos a estranhos as informações que você nos der. Os resultados da pesquisa vão

ser publicados em revistas da área da saúde e no trabalho final do mestrado da pesquisadora

55

Marília Padilha Martins Tavares – (84) 99851-8483, mas sem identificar as crianças que

participaram.

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Eu ___________________________________ aceito participar da pesquisa A INFLUÊNCIA

DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO EM

ADOLESCENTES.

Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer.

Entendi que posso dizer “sim” e participar, mas que, a qualquer momento, posso dizer

“não” e desistir e que ninguém vai ficar com raiva de mim.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis.

Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da

pesquisa.

Natal, ____de _________de __________.

______________________________________

Assinatura do menor

______________________________________

Assinatura do pesquisador

56

APÊNDICE II - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Estamos solicitando a você a autorização para que o menor pelo qual você é

responsável participe da pesquisa: A INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A

REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO EM ADOLESCENTES, que tem como pesquisador

responsável Marília Padilha Martins Tavares.

Esta pesquisa pretende examinar a relação da capacidade que você tem em perceber

as informações do corpo sobre a regulação do esforço físico durante a realização de exercício

em adolescentes fisicamente ativos e sedentários.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é que pesquisas recentes relatam haver

variabilidade na capacidade humana em perceber estímulos interoceptivos, ou seja, perceber

alterações corporais. Assim, pessoas com maior interocepção – que é a capacidade nessas

informações do corpo - apresentam maior demanda fisiológica ao estresse físico e/ou

emocional, e maior intensificação das informações corporais. Dessa forma, os indivíduos

podem responder diferente ao estímulo do exercício e alterar seu comportamento durante o

exercício físico.

Caso você decida autorizar, todos os testes serão realizados durante a aula de

educação física na escola, na qual o voluntário será submetido a uma entrevista sobre sua

saúde, avaliação do peso, estatura e gordura corporal, avaliação do estágio maturacional,

ficará 10 minutos em repouso para verificar a frequência cardíaca, e mais 5 minutos para

pressão arterial de repouso. Ele será submetido ao questionário de ansiedade (IDATE), ao

teste de contagem dos batimentos cardíacos e ao teste de esforço máximo (léger). Nas outras

duas visitas, ele será submetido ao teste de contagem dos batimentos cardíacos e a um

protocolo de corrida com duração de 10 minutos. Estes procedimentos serão repetidos para

assegurar que as respostas serão repetitivas e não acontecem ao acaso. Não haverá gravação

de voz e captura de imagens, cada visita durará 40 minutos em média.

57

Durante a realização do teste de esforço máximo e o exercício de 10 minutos os riscos

são mínimos, ou seja, o risco é semelhante ao sentido num exame físico.

Pode acontecer um desconforto durante a realização do teste de aptidão aeróbia que

será minimizado pelo monitoramento do esforço físico e das variáveis fisiológicas de esforço

por profissionais capacitados e terá como benefício à descrição da aptidão aeróbia e

intensidade máxima suportada.

Em caso de algum problema que ele possa ter, relacionado com a pesquisa, ele terá

direito a assistência gratuita que será prestada pela pesquisadora responsável.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Marília

Padilha Martins Tavares, (84) 99851-8483 pesquisadora que compõe a equipe responsável

pelo estudo.

Você tem o direito de recusar sua autorização, em qualquer fase da pesquisa, sem

nenhum prejuízo para você e para ele.

Os dados que ele irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa

identificá-lo.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em

local seguro e por um período de 5 anos.

Se ele tiver algum gasto devido à participação nessa pesquisa, será assumido pela

pesquisadora e reembolsado para o voluntário.

Se ele sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, ele será

indenizado.

58

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o

pesquisador responsável Marília Padilha Martins Tavares.

Consentimento Livre e Esclarecido

Eu, ____________________________________________, representante legal do

menor ____________________________________________, autorizo sua participação na

pesquisa sobre a ‘A INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO SOBRE A REGULAÇÃO DO

ESFORÇO FÍSICO EM ADOLESCENTES”.

Esta autorização foi concedida após os esclarecimentos que recebi sobre os objetivos,

importância e o modo como os dados serão coletados, por ter entendido os riscos,

desconfortos e benefícios que essa pesquisa pode trazer para ele e também por ter

compreendido todos os direitos que ele(a) terá como participante e eu como seu representante

legal.

Autorizo, ainda, a publicação das informações fornecidas por ele em congressos e/ou

publicações científicas, desde que os dados apresentados não possam identificá-lo.

Natal, / / .

____________________________________

Assinatura do representante legal

Impressão datiloscópica do

representante legal

59

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo ‘A INFLUÊNCIA DA INTEROCEPÇÃO

SOBRE A REGULAÇÃO DO ESFORÇO FÍSICO EM ADOLESCENTES’, declaro que assumo

a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e

direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como

manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei

infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de

Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, / / .

_________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

60

ANEXO III - Escala de Percepção Subjetivo de Esforço

61

ANEXO II - Escala de Resposta Afetiva

62

ANEXO III – DASS-21

63

ANEXO IV – PRETIE-Q

64

ANEXO V – Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)

65